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Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com UMA ESCOLA PARA TODOS VALORIZANDO A DIVERSIDADE 4 DELINEAMENTO METODOLÓGICO 5 ASPECTOS HISTÓRICOS, LEGAIS E CONCEITUAIS DA INCLUSÃO 9 ESCOLA DOS DIFERENTES OU ESCOLA DAS DIFERENÇAS? 10 A ESCOLA COMUM NA PERSPECTIVA INCLUSIVA 12 A PEDAGOGIA DA NEGAÇÃO 13 O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO PARA O ALUNO COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL 16 A AVALIAÇÃO NA SALA DE RECURSOS MULTIFUNCIONAIS 16 A AVALIAÇÃO NA SALA DE AULA 20 A AVALIAÇÃO NA FAMÍLIA 21 O ACOMPANHAMENTO 21 O ACOMPANHAMENTO NA SALA DE AULA 25 UMA ESCOLA PARA TODOS VALORIZANDO A DIVERSIDADE 26 O OLHAR DO PROFESSOR FRENTE À EDUCAÇÃO ESPECIAL INCLUSIVA:DELINEAMENTO METODOLÓGICO 32 EDUCAÇÃO INCLUSIVA E CURRÍCULO 36 Inclusão na Educação infantil: Dialogando sobre formação de professores 40 Inclusão e qualidade na educação 42 A Tecnologia Assistiva 51 Os Produtos de Tecnologia Assistiva 58 Formação de professores para uma Educação Inclusiva mediada pelas tecnologias 62 Tecnologias, exclusão e limites 64 Orientações da LDB 9394/96 para se tratar da Educação Especial 69 Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com Construção de ambientes digitais de aprendizagem: contribuições para a formação do professor 74 Objetos com abordagens pedagógicas diferenciadas. 76 Objetos Auto-configuráveis 78 Portais de Conteúdo – “O Portal do Professor”: Um Exemplo Brasileiro 81 INCLUSÃO DIGITAL E SOCIAL DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA 83 UTILIZANDO UMA TECNOLOGIA ASSISTIVA EM AMBIENTE COMPUTACIONAL 85 INFORMÁTICA NA INCLUSÃO 95 DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIAS 95 A INFORMÁTICA E AS PESSOAS COM DEFICIÊNCIAS 97 Grupos mais afetados pela exclusão social 101 CONCLUSÕES 102 Referências 103 Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com UMA ESCOLA PARA TODOS VALORIZANDO A DIVERSIDADE Todos são iguais na diferença Na medida em que algumas pessoas pensam e refletem sobre esta nova forma de educação inspirada nas práticas inclusivas, podem surgir dúvidas a respeito de como a escola pode aceitar todas as pessoas. Será que uma criança deficiente conseguirá acompanhar o desenvolvimento de seus colegas? Será que todos conseguirão aprender da mesma forma? Esta criança não ficaria melhor em uma escola especial? Sua presença pode atrapalhar o andamento da sala? Este tipo de questionamento é muito comum por pessoas que ainda não compreenderam o verdadeiro papel da educação inclusiva. Com ideais advindos de uma cultura excludente por tantos anos, algumas pessoas ainda têm preconceitos e certa resistência a esta forma de educar na diversidade. Cabe lembrar que todos os indivíduos são diferentes entre si. Cada um vivencia experiências únicas, interage com o meio social de forma peculiar, recebe um tipo de educação e cultura de Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com acordo com o meio onde vive, tem um tipo diferente de inteligência. É pela riqueza de diferenças que são seres humanos históricos e sociais, capazes de fazer uso de suas melhores inteligências tanto na sala de aula quanto fora dela, enfim, capazes de mudar o mundo e transformarem a sociedade. DELINEAMENTO METODOLÓGICO Metodologia Como já especificado anteriormente, foi realizada uma pesquisa de campo com professores atuantes nas escolas públicas de Lins em classes regulares e apresentados os problemas que a direcionaram, sua justificativa, relevância e objetivos. Neste capítulo é relatado o delineamento metodológico elaborado, considerando-se a caracterização do tipo de estudo em que se constitui essa pesquisa, os cuidados com a opção metodológica adotada, as etapas na construção da pesquisa e os procedimentos e técnicas utilizados durante seu desenvolvimento para a coleta, seleção e análise dos dados. Esta pesquisa busca o conhecimento das concepções dos professores que estão atuando nas classes de ensino regular frente à realidade da educação inclusiva com a qual estão se deparando atualmente e quais as práticas pedagógicas que os professores acreditam ser favoráveis à educação inclusiva, procurando relacionar dimensões como meio social, formação escolar e profissional dos sujeitos da pesquisa. Em 20 de dezembro de 1996 entrou em vigor no Brasil, a Lei 9394, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. A partir daí pela primeira vez na história do nosso país, a Educação Infantil passou a ser vista como básica, ressaltando-se a importância para o sistema escolar. O brincar, jogos e brincadeiras passam a ser vistos como recursos necessários na construção da identidade, autonomia, e diferentes linguagens das crianças na educação infantil e nas séries iniciais. O profissional da Educação Infantil vem ao longo da história da educação no Brasil passando por diferentes exigências, isto inclui o que se espera do educador e o papel do professor frente a formação da criança. Essa perspectiva foi se Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com transformando ao longo dos anos, como pode-se verificar ao analisar o processo histórico da Educação Infantil. Buscou-se demonstrar a importância da formação do professor de educação infantil com relação a educação inclusiva. Neste sentido, o quadro teórico visa revelar como a Educação Infantil, em particular a oferecida às crianças das classes sociais menos favorecidas economicamente, desde o seu início, é norteada por um atendimento assistencialista, mostrando que mesmo após o reconhecimento desse segmento de ensino pela legislação brasileira e a sua inserção nas políticas públicas de Educação Básica, o atendimento a criança pequena deixa a desejar em muitos aspectos, em particular, ao que se refere à formação dos seus profissionais. A criança aprende nas práticas sociais, nas brincadeiras, na higiene, nos movimentos, no repouso, enfim, em todas as atividades por ela praticadas, sendo que o professor precisa entender e romper com as concepções polarizadoras, cabendo aqui a interdisciplinaridade. Outro ponto importante é que quando pequenas, as crianças aprendem na escola ações muito semelhantes àquelas que vivenciam na família, porém no estabelecimento educacional, esta experiência está vinculada aos desafios da vida coletiva numa cultura diversificada e também as exigências de um projeto político pedagógico sistematizado. O papel do professor mudou: de um transmissor de informação, ele passou a ser um facilitador de processo de aquisição do conhecimento. Cada país tem sua história, uma cultura e uma tradição educacional própria que condicionam a incidência das mudanças e a resposta a elas no sistema educacional. Ao mesmo tempo, porém há modos diferentes de compreender o significado da educação e de possíveis soluções alternativas diante dos problemas. É possível falar de ideologias em educação ao fazer referência ao conjunto de crenças e valores que sustentam uma determinada visão sobre as funções da educação, educador e educandoe suas relações com o conjunto da sociedade. Os valores e atitudes dos cidadãos diante das estratégias inclusivas são também fatores importantes no processo de transformação da educação. Sendo esse processo destinado ao aluno, deve existir uma articulação dinâmica entre escola e comunidade. “Todos nós no serviço educativo, devemos procurar erradicar a utilização de todas as formas de rotulação, incluindo as de necessidades especiais, que agora está na moda, reconhecendo que são essencialmente discriminatórias. Em seu lugar devemos encontrar vias de reconhecimento da individualidade de cada aluno, de que todas as crianças experimentam dificuldades de aprendizagem e de que todos podem ter êxito”. Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com A Educação Infantil mesmo com mais de um século de história relacionada com o cuidado e com a educação só foi reconhecida a pouco tempo como parte da educação básica e promoveu várias mudanças como já citamos anteriormente, porém ainda temos muitos problemas como espaços físicos adequados, materiais pedagógicos suficientes, formação de professores competentes e tudo isso precisa sim de investimentos e que tais investimentos podem ser realizado com aplicação de fundos apropriados e políticas públicas vigentes e operacionalizadas com a participação de todos os envolvidos. As crianças que passam pelo atendimento em creche ou pré-escola tem um desenvolvimento maior tanto intelectual quanto social e isso acaba resultando em uma economia para o país já que essas crianças dificilmente são reprovadas ou apresentam fracassos no decorrer do ensino fundamental. Já por outro lado, quando ocorre problemas nessa fase relacionada com a Educação Infantil podem os problemas se estender ao decorrer da vida e ocasionar sérios problemas chegando até mesmo a comprometer o desenvolvimento da criança. Mas para que ocorram resultados positivos é necessário professores capacitados e bem preparados. A inclusão rompe com os paradigmas que sustentam o conservadorismo das escolas, contestando os sistemas educacionais em seus fundamentos. Ela questiona a fixação de modelos ideais, a normalização de perfis específicos de alunos e a seleção dos eleitos para freqüentar as escolas, produzindo, com isso, identidades e diferenças, inserção e/ou exclusão. O poder institucional que preside a produção das identidades e das diferenças define como normais e especiais não apenas os alunos, como também as suas escolas. Os alunos das escolas comuns são normais e positivamente valorados. Os alunos das escolas especiais são os negativamente concebidos e diferenciados. Os sistemas educacionais constituídos a partir da oposição - alunos normais e alunos especiais - sentem-se abalados com a proposta inclusiva de educação, pois não só criaram espaços educacionais distintos para seus alunos, a partir de uma identidade específica, como também esses espaços estão organizados pedagogicamente para manter tal separação, definindo as atribuições de seus professores, currículos, programas, avaliações e promoções dos que fazem parte de cada um desses espaços. Os que têm o poder de dividir são os que classificam, formam conjuntos, escolhem os atributos que definem os alunos e demarcam os espaços, decidem quem fica e quem sai destes, quem é incluído ou excluído dos agrupamentos escolares. Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com Ambientes escolares inclusivos são fundamentados em uma concepção de identidade e diferenças, em que as relações entre ambas não se ordenam em torno de oposições binárias (normal/especial, branco/negro, masculino/feminino, pobre/rico). Neles não se elege uma identidade como norma privilegiada em relação às demais. Em ambientes escolares excludentes, a identidade normal é tida sempre como natural, generalizada e positiva em relação às demais, e sua definição provém do processo pelo qual o poder se manifesta na escola, elegendo uma identidade específica através da qual as outras identidades são avaliadas e hierarquizadas. Esse poder que define a identidade normal, detido por professores e gestores mais próximos ou mais distantes das escolas, perde a sua força diante dos princípios educacionais inclusivos, nos quais a identidade não é entendida como natural, estável, permanente, acabada, homogênea, generalizada, universal. Na perspectiva da inclusão escolar, as identidades são transitórias, instáveis, inacabadas e, portanto, os alunos não são categorizáveis, não podem ser reunidos e fixados em categorias, grupos, conjuntos, que se definem por certas características arbitrariamente escolhidas. É incorreto, portanto, atribuir a certos alunos identidades que os mantêm nos grupos de excluídos, ou seja, nos grupos dos alunos especiais, com necessidades educacionais especiais, portadores de deficiências, com problemas de aprendizagem e outros tais. É incabível fixar no outro uma identidade normal, que não só justifica a exclusão dos demais, como igualmente determina alguns privilegiados. A educação inclusiva questiona a artificialidade das identidades normais e entende as diferenças como resultantes da multiplicidade, e não da diversidade, como comumente se proclama. Trata-se de uma educação que garante o direito à diferença e não à diversidade, pois assegurar o direito à diversidade é continuar na mesma, ou seja, é seguir reafirmando o idêntico.De fato, a diversidade na escola comporta a criação de grupos de idênticos, formados por alunos que têm uma mesma característica, selecionada para reuni-los e separá-los. Ao nos referirmos a uma escola inclusiva como aberta à diversidade, ratificamos o que queremos extinguir com a inclusão escolar, ou seja, eliminamos a possibilidade de agrupar alunos e de identificá-los por uma de suas características (por exemplo, a deficiência), valorizando alguns em detrimento de outros e mantendo escolas comuns e especiais. Atenção, pois ao denominarmos as propostas, programas e iniciativas de toda ordem direcionadas à inclusão, insistimos nesse aspecto, dado que somos nós mesmos quem atribuímos significado, pela escolha das palavras que utilizamos para expressá-lo. É por meio da representação que a diferença e a identidade passam a Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com existir e temos, dessa forma, ao representar o poder de definir identidades, currículos e práticas escolares. Incluir, portanto, não significa homogeneizar, mas, ao contrário, dar espaço para a expressão das diferenças. Uma diferença que se mostra não como desigualdade, mas como afirmação contundente do princípio de que todos são iguais no universo dos direitos humanos, da liberdade de expressão, da sobrevivência com dignidade e das oportunidades. Este é o princípio sob o qual a escola deve guiar-se. Esta é a direção a ser apontada, buscada e desejada. Não se trata de uma questão secundária: todo o mais será uma conseqüência de como o sistema educacional lida com esta ideia. A água só moverá o moinho se o canalque a transporta estiver na direção correta. Mas, metáforas à parte, o grande desafio está em como implementar este princípio, pois não há grandes divergências quanto ao desejo de que o fazer pedagógico seja inclusivo. Pode até parecer um tanto óbvio, como se educação e inclusão fossem partes naturais de um único conjunto indissolúvel. ASPECTOS HISTÓRICOS, LEGAIS E CONCEITUAIS DA INCLUSÃO A escola reflete a sociedade e, tanto os professores como os alunos, trazem para dentro dela todas as suas contradições. Nosso modelo econômico capitalista é, por natureza, excludente e concentrador. A disputa pelo máximo lucro é a força principal que o move. E no Brasil, devido às suas características históricas peculiares, esta disputa assume uma dimensão quase grotesca: uma minoria abocanha a maior parte da renda e da propriedade, enquanto a grande maioria da população tem que sobreviver com uma renda salarial aviltante e um trabalho precarizado. A Declaração de Salamanca sobre princípios, políticas e práticas na área de necessidades educativas especiais alerta que “uma alta percentagem de deficiência constitui resultado direto da falta de informação, pobreza e baixos padrões de saúde. E os meios de comunicação, altamente oligopolizados e ideologizados, cuja propriedade pertence à classe social que se beneficia deste sistema, tratam de evitar qualquer discussão que denuncie este estado de coisas. O próprio sistema escolar é claramente apartado e desigual. De um lado, escolas privadas de Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com altíssima qualidade acessíveis apenas para a elite, formam esta mesma elite para continuar reproduzindo a desigualdade. De outro, escolas públicas com nível muito inferior, precarizadas, com professores mal remunerados e que tratam muito mais para formar mão-de-obra para o mercado de trabalho do que cidadãos críticos e conscientes. Este é o universo no qual a escola está inserida. E as diferenças não são somente econômicas e de classe social. Elas se apresentam também de outras formas: diferenças físicas, de idade, socioculturais e níveis de aprendizagem. São muitos elementos e características, transitórios ou permanentes, a exigir políticas educacionais, saberes pedagógicos e currículos específicos e flexíveis. Nas últimas três décadas o Brasil tem sido palco de uma discussão teórica que se refletiu na aprovação de uma legislação voltada para a educação inclusiva, tendo como foco principal os alunos designados como aqueles com necessidades educacionais especiais. Destaca-se aqui a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1996 e as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, ambas afinadas tanto aos princípios da Constituição Brasileira de 1988, quanto a documentos internacionais como a Declaração de Jomtien sobre a Educação para Todos, de 1990 e a Declaração de Salamanca sobre Princípios, Políticas e Práticas na Área de Necessidades Educativas Especiais, de 1994. ESCOLA DOS DIFERENTES OU ESCOLA DAS DIFERENÇAS? A educação inclusiva concebe a escola como um espaço de todos, no qual os alunos constroem o conhecimento segundo suas capacidades, expressam suas idéias livremente, participam ativamente das tarefas de ensino e se desenvolvem como cidadãos, nas suas diferenças. Nas escolas inclusivas, ninguém se conforma a padrões que identificam os alunos como especiais e normais, comuns. Todos se igualam pelas suas diferenças! Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com A inclusão escolar impõe uma escola em que todos os alunos estão inseridos sem quaisquer condições pelas quais possam ser limitados em seu direito de participar ativamente do processo escolar, segundo suas capacidades, e sem que nenhuma delas possa ser motivo para uma diferenciação que os excluirá das suas turmas. Como garantir o direito à diferença nas escolas que ainda entendem que as diferenças estão apenas em alguns alunos, naqueles que são negativamente compreendidos e diagnosticados como problemas, doentes, indesejáveis e a maioria sem volta? O questionamento constante dos processos de diferenciação entre escolas e alunos, que decorre da oposição entre a identidade normal de alguns e especial de outros, é uma das garantias permanentes do direito à diferença. Os alvos desse questionamento devem recair diretamente sobre as práticas de ensino que as escolas adotam e que servem para excluir. Os encaminhamentos dos alunos às classes e escolas especiais, os currículos adaptados, o ensino diferenciado, a terminalidade específica dos níveis de ensino e outras soluções precisam ser indagados em suas razões de adoção, interrogados em seus benefícios, discutidos em seus fins, e eliminados por completo e com urgência. São essas medidas excludentes que criam a necessidade de existirem escolas para atender aos alunos que se igualam por uma falsa normalidade - as escolas comuns - e que instituem as escolas para os alunos que não cabem nesse grupo - as escolas especiais. Ambas são escolas dos diferentes, que não se alinham aos propósitos de uma escola para todos. Quando entendemos esses processos de diferenciação pela deficiência ou por outras características que elegemos para excluir, percebemos as discrepâncias que nos faziam defender as escolas dos diferentes como solução privilegiada para atender às necessidades dos alunos. Acordamos, então, para o sentido includente das escolas das diferenças. Essas escolas reúnem, em seus espaços educacionais, os alunos tais quais eles são: únicos, singulares, mutantes, compreendendo-os como pessoas que diferem umas das outras, que não conseguimos conter em conjuntos definidos por um único atributo, o qual elegemos para diferenciá-las. A escola, enquanto principal instituição de construção do conhecimento tem sido confrontada com o desafio de tornar-se “inclusiva”. Implícita está, portanto, a constatação de que ela ainda tem uma prática que exclui, aparta e discrimina. Falar em inclusão nos remete às discussões sobre o direito à igualdade e o direito à diferença. As sociedades são, por mais homogêneas que tentem aparentar, multiculturais em sua essência. Não há país ou grupo social no qual todos os indivíduos sejam ou hajam da mesma forma, ou que professam a mesma fé, ou tenham as mesmas aspirações. Tanto nas suas ações cotidianas em busca da Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com sobrevivência, como nas interpretações simbólicas da existência, os seres humanos são absolutamente únicos. Um grupo se constrói por uma necessidade histórica de estar junto aos outros. O humano é gregário por natureza, o “ser social” tão aclamado. Mas o fato de estar inserido numa sociedade não significa abrir mão da individualidade. Ao contrário, só há sentido em estar num grupo na medida em que se preserva o espaço único de cada um de seus componentes. A necessidade de liberdade também é da natureza do humano. Ser livre para se apresentar emsuas características mais particulares, em seu modo próprio de ver e pensar o mundo, com suas totalidades e limitações, dono e senhor de suas idiossincrasias. A ESCOLA COMUM NA PERSPECTIVA INCLUSIVA A escola das diferenças é a escola na perspectiva inclusiva, e sua pedagogia tem como mote questionar, colocar em dúvida, contrapor-se, discutir e reconstruir as práticas que, até então, têm mantido a exclusão por instituírem uma organização dos processos de ensino e de aprendizagem incontestáveis, impostos e firmados sobre a possibilidade de exclusão dos diferentes, à medida que estes são direcionados para ambientes educacionais à parte. A escola comum se torna inclusiva quando reconhece as diferenças dos alunos diante do processo educativo e busca a participação e o progresso de todos, adotando novas práticas pedagógicas. Não é fácil e imediata a adoção dessas novas práticas, pois ela depende de mudanças que vão além da escola e da sala de aula. Para que essa escola possa se concretizar, é patente a necessidade de atualização e desenvolvimento de novos conceitos, assim como a redefinição e a aplicação de alternativas e práticas pedagógicas e educacionais compatíveis com a inclusão. Um ensino para todos os alunos há que se distinguir pela sua qualidade. O desafio de fazê-lo acontecer nas salas de aulas é uma tarefa a ser assumida por todos os que compõem um sistema educacional. Um ensino de qualidade provém de iniciativas que envolvem professores, gestores, especialistas, pais e alunos e outros Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com profissionais que compõem uma rede educacional em torno de uma proposta que é comum a todas as escolas e que, ao mesmo tempo, é construída por cada uma delas, segundo as suas peculiaridades. O Projeto Político Pedagógico é o instrumento por excelência para melhor desenvolver o plano de trabalho eleito e definido por um coletivo escolar; ele reflete a singularidade do grupo que o produziu, suas escolhas e especificidades. Nas escolas inclusivas, a qualidade do ensino não se confunde com o que é ministrado nas escolas-padrão, consideradas como as que melhor conseguem expressar um ideal pedagógico inquestionável, medido e definido objetivamente e que se apresentam como modelo a ser seguido e aplicado em qualquer contexto escolar. As escolas-padrão cabem na mesma lógica que define as escolas dos diferentes, em que as iniciativas para melhorar o ensino continuam elegendo algumas escolas e valorando-as positivamente, em detrimento de outras. Cada escola é única e precisa ser, como os seus alunos, reconhecida e valorizada nas suas diferenças. Para atender a todos e atender melhor, a escola atual tem de mudar, e a tarefa de mudar a escola exige trabalho em muitas frentes. Cada escola, ao abraçar esse trabalho, terá de encontrar soluções próprias para os seus problemas. As mudanças necessárias não acontecem por acaso e nem por Decreto, mas fazem parte da vontade política do coletivo da escola, explicitadas no seu Projeto Político Pedagógico - PPP e vividas a partir de uma gestão escolar democrática. A PEDAGOGIA DA NEGAÇÃO Alguns professores privilegiam o caminho das aprendizagens mecânicas quando atuam junto aos alunos que apresentam deficiência intelectual. Ao invés de apelar para situações de aprendizagem que tenham raízes nas experiências vividas pelo Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com aluno, atividades essas capazes de mobilizar seu raciocínio, propõem atividades baseadas na repetição e na memória. Frequentemente, essas atividades são desprovidas de sentido para os alunos. Esses professores privilegiam o caminho das aprendizagens mecânicas sob o pretexto de que os alunos os quais apresentam deficiência intelectual manifestam numerosas dificuldades nos processos de aprendizagem que eles agem pouco no mundo no qual evoluem e enfim, sob o pretexto de que os alunos antecipam o fracasso e não se apóiam sobre seus conhecimentos quando estão em situação de aprendizagem ou de resolução de problemas. Agindo desta maneira, tais professores se comportam como se não reconhecessem no aluno que apresenta deficiência intelectual um sujeito capaz de crescimento e de afirmação. Seu acompanhamento pedagógico parece respaldado por uma concepção de aluno que se apóia sobre a idéia de insuficiência ou de lacuna, mesmo de falta no que diz respeito ao raciocínio. Os professores não reconhecem nesse aluno capacidades cognitivas as quais convém mobilizar para favorecer a melhor interação com o meio onde ele vive. Consequentemente, eles negam um aspecto absolutamente fundamental do desenvolvimento humano, a saber, o intelectual. Em suma, eles se fecham em uma pedagogia da negação. Uma pedagogia que não reconhece o potencial dos alunos, sobretudo daqueles que apresentam deficiência intelectual e que, consequentemente, causa prejuízos para as suas aprendizagens e autodeterminação. A Pedagogia da negação encontra sua fonte na superproteção, que é um parente próximo da rejeição. A superproteção de um professor em relação a um aluno que apresenta deficiência intelectual pode se manifestar de várias maneiras. Por exemplo, quando o professor propõe frequentemente atividades que não provocam dificuldades verdadeiras para o aluno, com medo que ele perca a motivação para aprender ou com receio que ele não seja capaz de realizar a atividade. Quando aprova o trabalho do aluno sem que o aluno tenha demonstrado um esforço para a realização dele. Quando resolve o problema no lugar do aluno, logo que ele apresenta dificuldades. Quando o professor não desafia o aluno, provocando dúvida, contrapondo idéias. Quando o professor coloca na mochila do aluno o material necessário para os deveres e para as lições de casa ou quando resolve a tarefa para o aluno, ele está atuando sob o princípio da pedagogia da negação. É importante considerar que uma das grandes responsabilidades do professor de sala de aula, bem como do professor do AEE, consiste no desenvolvimento intelectual e da autonomia do seu aluno. O desenvolvimento intelectual do aluno com deficiência deve ser objeto de preocupação constante do professor. A inteligência deve ser estimulada e educada para que ele possa evoluir. E o aluno que apresenta deficiência intelectual não Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com escapa à regra. Mesmo o aluno que apresenta uma necessidade de apoio importante ou intenso, pode tirar proveito de intervenções educativas destinadas a favorecer ou estimular o desenvolvimento de suas estruturas intelectuais. Os exemplos, neste sentido, são numerosos na literatura científica. Diante dessa realidade, é inadmissível que a Pedagogia da negação continue a fazer adeptos entre os professores que têm a responsabilidade pela educação dos alunos. Um exemplo de atividades inadequadas é quando o professor impõe aos alunos longos exercíciosde multiplicação com ajuda de tabuadas sem que tenham construído o sentido da multiplicação. Os alunos podem dar respostas corretas apoiados apenas na tabuada, de forma mecânica, copiando resultados, sem compreender o sentido da operação. Nem todos os alunos que apresentam deficiência intelectual chegam a assimilar as operações de multiplicação e de divisão e a compreender o sentido destas. Este professor seria mais bem sucedido em sua ação pedagógica, se tivesse como objetivo o desenvolvimento lógico-matemático de seus alunos, se propusesse atividades de aprendizagem próximas aos interesses deles com base nas experiências vivenciadas por eles. Deste modo, o professor, provavelmente, teria contribuído mais para o desenvolvimento dos alunos e permitido a eles aprendizagens mais significativas. A qualidade da vida social e profissional das pessoas que apresentam deficiência intelectual repousa em boa parte sobre bases que são o desenvolvimento intelectual e as aprendizagens significativas que teve na escola e fora dela. Quando o professor percebe a capacidade de o aluno aprender, ele empreende ações que possibilitam essa aprendizagem. O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO PARA O ALUNO COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL O professor do atendimento educacional especializado deve propor atividades que contribuam para a aprendizagem de conceitos, além de propor situações vivenciais que possibilitem esse aluno organizar o seu pensamento. Esse atendimento deve se fundamentar em situações-problema, que exijam que o aluno utilize seu raciocínio para a resolução de um determinado problema. Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com Para desenvolver o AEE, é imprescindível que o professor conheça seu aluno e suas particularidades para além da sua condição cognitiva. O trabalho do professor do AEE é ajudar o aluno com deficiência intelectual a atuar no ambiente escolar e fora dele, considerando as suas especificidades cognitivas. Especificidades que dizem respeito principalmente à relação que ele estabelece com o conhecimento que promove sua autonomia intelectual. A AVALIAÇÃO NA SALA DE RECURSOS MULTIFUNCIONAIS Na sala de recursos multifuncionais, o aluno com deficiência intelectual poderá ser avaliado em função dos aspectos motores, do desenvolvimento da expressão oral e escrita, do raciocínio lógico matemático, do funcionamento cognitivo, da afetividade (comportamento e interação) e da relação que o aluno estabelece com o saber. Esta avaliação deve ser realizada preferencialmente através de situações lúdicas, as quais devem permitir a livre expressão do aluno. O professor do AEE acolhe a queixa trazida pela família ou pelo professor do aluno a respeito das dificuldades enfrentadas por este no contexto escolar. Como já referido anteriormente, ele avalia o aluno nos diferentes ambientes nos quais ele está implicado (família, escola, sala de recursos multifuncionais). Nesta avaliação, o professor do AEE considera os diferentes aspectos implicados no desenvolvimento do aluno, tal como já citado. Em relação aos aspectos motores, é importante que o professor observe se o aluno é capaz de manipular objetos de diferentes texturas, formas e tamanho, se ele é capaz de pegar no lápis para pintar, desenhar, bem como para fazer o traçado das letras. No caso do aluno apresentar acentuadas dificuldades motoras que impeçam o movimento necessário para realizar desenhos ou o traçado das letras, o professor deve começar a avaliação utilizando folhas de papel madeira e ir diminuindo gradativamente o tamanho do papel até chegar a usar o papel ofício para realizar pintura livre ou pintura a dedo dentre outras atividades. O fato de apresentar dificuldade motora não impede o aluno de participar de atividades de escrita ou de pintura, pois são muitas as possibilidades que o aluno pode ter para expressar sua representação do mundo. O computador se constitui em um recurso importante para expressão do aluno, além de outros recursos que o Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com professor pode lançar mão para permitir a manifestação do conhecimento da criança. Estes recursos podem ser utilizados por ocasião da avaliação do aluno. Para avaliar o desenvolvimento da expressão oral, o professor deve observar se o aluno compreende determinadas mensagens (recados), se ele é capaz de expressar suas idéias de modo coerente com o contexto em questão, mesmo quando ele não é capaz de falar. Nesse caso, ele pode, por exemplo, expressar sua compreensão através de desenhos, apontar o material apresentado pelo professor e ainda pode realizar movimentos corporais afirmativos ou negativos. Ainda com relação à expressão oral o professor deve verificar se o aluno verbaliza de forma clara suas idéias, se ele faz uso, ao falar, de um vocabulário amplo e diversificado. Essa avaliação pode ser feita por meio do reconto de uma história, que ele pode registrar pelo desenho ou construção de maquete, modelagem ou, ainda, pelo jogo simbólico. O aluno poderá ainda relatar situações vivenciadas, ou ainda usar prancha de comunicação ou jogos educativos para expressar seu conhecimento. Todos esses recursos possibilitaram a expressão oral do aluno e oferecerão informações importantes ao professor no sentido de compreender sua expressividade verbal e não verbal. Na avaliação da aquisição da língua escrita, diferentes atividades podem ser utilizadas com o objetivo de informar ao professor o conceito que o aluno tem sobre a escrita. Para exemplificar esse procedimento de avaliação, três exemplos serão apresentados: a atividade de avaliação do nome próprio, a produção espontânea e a leitura do texto memorizado. A avaliação do nome próprio objetiva verificar se o aluno compõe seu nome (que pode ser feito com alfabeto móvel) e se atribui importância à seqüência e ao conjunto das letras que formam seu nome. Na avaliação desse conhecimento, o professor deverá considerar se o aluno compõe o nome próprio sem ajuda do professor; se ele considera que o seu nome está escrito, mesmo quando falta alguma das letras que o compõem; se ele considera que seu nome está escrito quando todas as letras estão visíveis, ainda que a ordem das mesmas tenha sido alterada, e, por fim, se ele considera que seu nome está escrito quando todas as letras estão presentes na ordem adequada. As concepções que o aluno apresenta a respeito do seu nome indicam ao professor como este aluno está interagindo com a escrita do próprio nome, mesmo quando este ainda não produz esta escrita de modo independente e convencional. A avaliação da produção espontânea tem por objetivo verificar as hipóteses de escrita do aluno. O procedimento consiste, na proposição da escrita de uma lista de palavras de um mesmo grupo semântico (lista de animais, de frutas, de brinquedos, dentre outras) pelo aluno. Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com A partir das produçõesdos alunos (diferentes representações gráficas) o professor pode identificar o nível de compreensão que o aluno tem do sistema escrito. A avaliação com base na leitura de um texto memorizado tem por objetivos verificar se a criança lê o texto de memória ou se utiliza outras estratégias para realizar a leitura e ainda serve para verificar se a criança localiza no texto palavras solicitadas pelo professor. Nessa avaliação, o professor deverá observar: se o aluno lê o texto se apoiando na memória, lê o texto utilizando diferentes estratégias, indica as palavras solicitadas com apoio na memória ou lê, convencionalmente, as palavras solicitadas pelo professor. Outras propostas de avaliação da linguagem escrita podem ser efetuadas pelo professor do AEE, não com o intuito de alfabetizar esse aluno, mas com o objetivo de identificar sua evolução em leitura, as concepções que esse aluno apresenta sobre o universo da escrita, bem como sua relação com o saber escolar. A forma como o aluno se relaciona com o saber tem papel importante em seu processo de aprendizagem. Se este aluno se percebe como sujeito de aprendizagem capaz de contribuir ativamente com a construção de saberes no interior de seu grupo ele certamente terá uma motivação maior na mobilização de seus mecanismos de pensamento. A sala de aula comum se constitui espaço privilegiado para essa troca de saberes nas diferentes áreas de conhecimento. O aprendizado da matemática pode ser uma fonte de desenvolvimento intelectual e social muito importante para os alunos que apresentam deficiência intelectual. Para isto, é essencial que os aprendizados façam sentido para eles. É preciso que esses alunos sejam capazes de ver a pertinência dessa aprendizagem em situações concretas. Muito frequentemente, o ensino da matemática para os alunos que apresentam deficiência intelectual apela unicamente para os aprendizados mecânicos fundamentados na repetição e na memorização. O sentido que o aluno imprime às suas ações e o significado que dá aos signos lingüísticos e matemáticos que manipula são determinantes para o processo de aprendizagem deles. Logo, a intervenção do professor deve ser proposital para que o aluno dê sentido ao que faz e ao que expressa. O professor da classe regular é o responsável pelo ensino da matemática na sala. O professor do AEE não deve substituir o trabalho daquele professor. Ao professor do AEE, cabe conhecer o que o aluno sabe em função de suas experiências de vida, inclusive na escola. Deve ser estabelecido um clima de confiança entre professor e o aluno para que este último possa manifestar o que conhece a partir de suas experiências. A avaliação dessas experiências poderá ser realizada pelo professor do AEE através da proposição de situações-problema contidas nessas experiências, cujas Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com resoluções possam implicar a necessidade de o aluno levantar hipóteses mediante a mobilização de seus conhecimentos prévios. Essa mobilização poderá permitir que ele identifique e analise uma determinada alternativa de resolução de uma dada situação problema, na perspectiva de generalizar para outra situação semelhante. Intervenções como estas são de grande importância para o desenvolvimento intelectual do aluno e poderão contribuir no seu aproveitamento escolar. Os aspectos sócio-afetivos do aluno que apresenta deficiência intelectual também se constituem foco de atenção do professor do AEE durante a avaliação. As pessoas que apresentam deficiência intelectual podem ter dificuldade no plano sócio-afetivo, especialmente no que se refere à construção da imagem de si mesmo (SAHUC, 2006). Aspectos como a exclusão social, a dificuldade em interpretar as atitudes e os comportamentos dos outros em relação a si, a dificuldade de se fazer entender pelos outros e enfim, as experiências de fracasso nas diversas situações da vida quotidiana se constituem fatores suscetíveis de contribuir para esta situação. Uma baixa auto-estima pode interferir na motivação do aluno que apresenta deficiência intelectual quando ele está em situação de aprendizado ou de resolução de problemas. Este modo de funcionamento decorreria de sucessivas experiências de fracasso. Consequentemente, o professor do AEE não deve interpretar os comportamentos de busca de informações no meio externo como sendo a expressão de uma falta de atenção, uma vez que o aluno pode simplesmente estar exercendo um procedimento visando realizar um aprendizado ou resolver um problema. Além dos aspectos sócio-afetivos relacionados ao deslocamento do saber para o outro e de uma história de fracasso quase sempre associada a essa situação (deslocamento do saber), a avaliação do professor de AEE não pode desconhecer vivências culturais desse aluno. Uma fraca assimilação dos costumes e da cultura do próprio meio pode influenciar na construção de um pensamento pouco socializado. O professor do AEE deve levar em consideração essas características no momento de intervir junto ao aluno que apresenta deficiência intelectual. Porém, o professor deverá, sobretudo, mostrar-se plenamente consciente que é muito mais nos gestos e nas atitudes que nas palavras que o aluno que apresenta deficiência intelectual expressa seus sentimentos. Outro aspecto importante a ser avaliado na sala de recurso multifuncional é a relação que o aluno estabelece com o saber. Se ele mantém uma relação positiva ou se, ao contrário, o aluno não manifesta nenhuma motivação pelos conteúdos escolares. O professor avalia esta dimensão a partir da proposição de atividades pedagógicas (tais como Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com aquelas acima citadas) nas quais ele observa o modo como o aluno as realiza. Ele poderá, também, considerar esse aspecto a partir das informações oferecidas pelo professor do ensino comum. A AVALIAÇÃO NA SALA DE AULA Em sala de aula, o professor do AEE avalia como o aluno se relaciona com o conhecimento, como ele responde às solicitações do professor, se ele manifesta atitude de dependência ou autonomia e se é necessário o uso de recursos, equipamentos e materiais para acessibilidade ao conhecimento. Ele avalia, também, se o aluno apresenta melhor desempenho em atividades individuais, em pequenos grupos ou em grupos maiores e a forma como ele interage com seus colegas. O professor do AEE deve considerar, em sua avaliação, o modo como é feita a gestão da sala de aula pelo professor do ensino comum: a organização do espaço físico, o tipo de atividade proposta, se ele utiliza atividades que permitam o aluno se expressar, se ele está atento aos diferentes ritmos e estilos de aprendizagem dos alunos. Se ele utiliza estratégias da aprendizagem cooperativa e como procede em relação aos agrupamentos dos alunos. Essas informações podem ser obtidas em reuniões pedagógicas ou encontros com o professor do ensino regular. A AVALIAÇÃO NA FAMÍLIA O professor do AEE poderá obter junto à família informaçõesa respeito do aluno, sobre o seu desempenho nas atividades domiciliares, bem como sua relação com o ensino e com os conteúdos escolares. Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com É importante que o professor do AEE compreenda como o aluno se comporta em casa do ponto de vista da comunicação e da interação com os familiares, em que situações ele manifesta atitudes de autonomia e de dependência e como a família se relaciona com ele, ou seja, se há manifestação de superproteção ou de abandono. O contato com a família é fundamental, para que se possa conhecer o comportamento do aluno no ambiente familiar, quais suas preferências, como ele se relaciona com os familiares, o que gosta de fazer durante os momentos livres e quais as expectativas da família em relação ao aluno na escola e fora dela. Com base nas observações nesses três ambientes, o professor do AEE será capaz de construir um perfil do aluno, identificando as potencialidades e dificuldades dele e dos demais atores envolvidos com esse aluno nestes três ambientes: sala de aula comum, sala de recurso multifuncional e ambiente familiar. O ACOMPANHAMENTO O acompanhamento consiste no desenvolvimento de ações que visam ao progresso no desenvolvimento e na aprendizagem do aluno, bem como a sua melhor interação no espaço escolar. Ele visa à transformação, se necessário, dos esquemas de aprendizagem do aluno, bem como das práticas dos diferentes atores (professores e familiares) que atuam com esse aluno. As características do desenvolvimento e da aprendizagem do aluno com deficiência intelectual podem interferir no seu processo de construção do conhecimento. A ação pedagógica voltada para esse aluno deve resultar em opções que indiquem a possibilidade de reorganizar situações de aprendizagem que favoreçam esse processo. O acompanhamento implica, necessariamente, na elaboração de um plano de atendimento educacional especializado. Esse plano consiste na previsão de atividades que devem ser realizadas com o aluno na sala de recurso multifuncional. O acompanhamento prevê a articulação do professor do AEE com outros profissionais que possam dar suporte às necessidades específicas desses alunos. Prevê, também, a articulação com a família no sentido de construir as condições propícias ao desenvolvimento e aprendizagem. O acompanhamento implica na necessidade de avaliação permanente da evolução do aluno nos diferentes espaços educacionais e no redimensionamento do plano do AEE. Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com O acompanhamento visa, também, à superação de atitudes de dependência que comumente o aluno com deficiência intelectual apresenta em situações em que ele é desafiado a resolver uma determinada situação problema. Desse modo, é importante que o professor do AEE proponha atividades que promovam a vinculação do aluno com o êxito, bem como organize situações de aprendizagem a partir dos interesses manifestados pelo aluno e escolhas diante das possibilidades existentes. Essa proposta é possível na medida em que ocorra a promoção de situações diversificadas que permitam ao aluno se expressar livremente na sala de recursos multifuncionais e na sala de aula. A oferta dessas diferentes opções de atividades tem influência no desenvolvimento da autonomia e na independência do aluno frente às diferentes situações de aprendizagem. A foto ilustra uma criança com deficiência intelectual em atendimento na sala de recurso multifuncional na escola Padre Felice Pistoni, na cidade de Fortaleza. A atividade de acompanhamento consiste na apresentação de frases associadas às gravuras, com o objetivo de desenvolver a linguagem oral, bem como contribuir para sua evolução conceitual para a aprendizagem da leitura. O acompanhamento na sala de recursos multifuncionais visa, também, à organização da expressão verbal. Desse modo, é importante que o professor organize situações que permitam ao aluno estabelecer diferenças entre as características da língua oral e escrita. O professor do AEE deve proporcionar ao aluno o contato com as mais variadas formas de comunicação, porque esse contato possibilita o entendimento e a ampliação do seu vocabulário. Ele deve organizar situações em que o aluno seja provocado a se expressar oralmente através de descrições de imagens, fotos, recontos orais e relatos de experiências. A capacidade de estabelecer relações entre ações vivenciadas se constitui uma fragilidade do aluno com deficiência intelectual. A oralidade pode possibilitar o desenvolvimento dessa capacidade, permitindo-lhe transitar pelo mundo da representação, porque a palavra substitui o mundo físico dos objetos, ela permite ao sujeito planejar e organizar o pensamento, contribuindo para a compreensão da palavra oral e para a interpretação de significados. A ampliação do vocabulário possibilita o seu uso de modo compreensivo. Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com O professor do AEE pode propor a realização de jogos que demandem desafios que implicam o uso de estratégias cognitivas quando contextualizadas nas experiências e conhecimentos prévios do aluno em situações de resolução de problema. A foto ilustra uma atividade de acompanhamento realizada com um aluno que tem paralisia cerebral associada a dificuldades motoras e de linguagem e deficiência intelectual. A atividade consiste em utilizar jogos de encaixe com a finalidade de desenvolver suas habilidades de preensão e punção, bem como desenvolver sua capacidade comunicativa. Na sala de recursos multifuncionais, o professor do AEE deve realizar ações específicas pelas quais os alunos possam distinguir o que é essencial do que é secundário no processo de compreensão de uma história ou de outras situações. Por exemplo, diante de uma situação problema vivida por um personagem de uma história em quadrinho solicitar que o aluno identifique as causas e conseqüências da situação vivida pelo personagem dentro da lógica do aluno. O professor pode planejar diferentes situações que possibilitem a livre expressão do aluno na dramatização, na pintura, no desenho, na modelagem, na dança, na música, na escrita, no jogo pedagógico e em outras. Geralmente a pessoa que apresenta deficiência intelectual não utiliza de maneira espontânea as estratégias cognitivas que permitam antecipar suas ações. O professor tentará, então, fazer com que o aluno reconstitua essas ações no plano do pensamento e organizá-las em função do fim que ele pretende alcançar. Por exemplo, se ele quer construir uma maquete, deverá reunir os elementos necessários para essa construção. Qualquer situação concreta real e de interesse do aluno pode ajudar na capacidade de antecipação. As possibilidades de atividades dessa natureza são muitas. O que importa, entretanto, é que ao longo dessas atividades o professor esteja presente no desenvolvimento delas, que ele encoraje o aluno e o apóie no planejamento de seus Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053- P rotegido por E duzz.com procedimentos, questionando sobre as razões de suas ações. O aluno poderá transferir esses conhecimentos nas atividades de sua rotina. Todo o acompanhamento e as atividades aqui propostas almejam desencadear o conflito cognitivo. Mas este só se efetivará mediante o reconhecimento do conflito pelo aluno. Quando, por exemplo, ele se auto-questiona, ou seja, dúvida e entra em contradição com o que faz, diz, explica. O conflito cognitivo pode emergir da discordância do aluno diante do resultado antecipado de uma ação e daquele por ele observado. Ele pode, também, resultar de uma oposição entre pontos de vista de colegas em uma situação de resolução de problemas. Os exemplos que acabaram de ser apresentados são ilustrações de intervenções que podem contribuir para o desenvolvimento da inteligência do aluno. É importante não negligenciar os alunos que apresentam deficiência intelectual no início da escolarização bem como na educação infantil. As dificuldades de evocação e de representação das crianças que apresentam deficiência intelectual e a sua limitada representação do mundo, ou seja, de interiorização da realidade pode ter uma influência negativa sobre a capacidade de significação dessas crianças, isto é, sobre a capacidade de dar sentido às atividades de natureza intelectual que lhes são propostas e, consequentemente, de mobilizar eficientemente seus esquemas cognitivos ou lingüísticos. A atividade apresentada a seguir é fundamentada na interiorização da ação e é destinada a favorecer o desenvolvimento das estruturas intelectuais em crianças que apresentam deficiência intelectual. A imitação e o jogo têm um papel muito importante na diferenciação entre significantes e significados e, consequentemente, na interiorização da ação. Situações vivenciadas pela criança durante o dia podem ser utilizadas para que ela reconstitua no pensamento aquilo que viveu. Essa reconstrução é importante para que ela se organize no espaço e no tempo e coordene as ações vividas em nível mental. É importante ressaltar que as ações do acompanhamento expressam o plano de atendimento educacional especializado, o qual é elaborado de acordo com a necessidade específica de cada aluno. O ACOMPANHAMENTO NA SALA DE AULA Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com O acompanhamento do professor do AEE na sala de aula do ensino comum se caracteriza por uma interlocução em que o professor do AEE deve procurar ouvir as dificuldades encontradas por esse professor para ensinar ao aluno com deficiência intelectual no contexto da sala de aula. Quando as dificuldades forem do âmbito da gestão da classe ou do ensino formal, essas dificuldades devem ser discutidas pela equipe pedagógica da escola da qual os professores em questão devem participar. A participação do aluno na sala de aula regular não deve ser negligenciada. A foto mostra quatro crianças durante uma atividade de jogo de dominó realizada em uma sala de aula regular. É importante considerar que a interação do aluno com seus pares na classe comum fazem dele um agente participativo que contribui ativamente para a constituição de um saber compartilhado. O aluno deverá perceber-se como sujeito que contribui para a construção de saberes coletivos, retirando disso múltiplas vantagens, inclusive a de acessar um papel social valorizado. Oportunizar ao aluno com deficiência intelectual viver integralmente a sua escolarização no espaço da sala de aula comum permite que ele se beneficie dessa convivência. Para clarificar as ações do professor do AEE, a seguir apresentamos um estudo de caso com o respectivo plano de AEE. Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com UMA ESCOLA PARA TODOS VALORIZANDO A DIVERSIDADE Todos são iguais na diferença Na medida em que algumas pessoas pensam e refletem sobre esta nova forma de educação inspirada nas práticas inclusivas, podem surgir dúvidas a respeito de como a escola pode aceitar todas as pessoas. Será que uma criança deficiente conseguirá acompanhar o desenvolvimento de seus colegas? Será que todos conseguirão aprender da mesma forma? Esta criança não ficaria melhor em uma escola especial? Sua presença pode atrapalhar o andamento da sala? Este tipo de questionamento é muito comum por pessoas que ainda não compreenderam o verdadeiro papel da educação inclusiva. Com ideais advindos de uma cultura excludente por tantos anos, algumas pessoas ainda têm preconceitos e certa resistência a esta forma de educar na diversidade. Cabe lembrar que todos os indivíduos são diferentes entre si. Cada um vivencia experiências únicas, interage com o meio social de forma peculiar, recebe um tipo de educação e cultura de acordo com o meio onde vive, tem um tipo diferente de inteligência. É pela riqueza de diferenças que são seres humanos históricos e sociais, capazes de fazer uso de suas melhores inteligências tanto na sala de aula quanto fora dela, enfim, capazes de mudar o mundo e transformarem a sociedade. No início da década de 80, a teoria da inteligência única começou a ser cientificamente questionada. Em seu lugar surgiu a teoria das inteligências múltiplas, tendo sido identificadas sete nas primeiras pesquisas, incluindo aquela que corresponde à antiga inteligência única, ou seja, a inteligência lógico-matemática, também conhecida como inteligência racional. Mais recentemente, a este total de sete inteligências foi acrescentada a inteligência naturalista (SASSAKI, 2006, p.131). Dessa maneira, sempre existiram salas de aula heterogêneas, e buscar o potencial de cada aluno de acordo com suas habilidades individuais significa descobrir talentos que se complementam. Ninguém é tão severamente prejudicado porque não possui uma ou outra habilidade. Independente da necessidade especial que uma pessoa possa apresentar, ela possui alguma habilidade que deve ser trabalhada e estimulada. Dessa forma, todas as pessoas podem aprender, mas cada uma de uma maneira diferente das outras. Dentro de uma perspectiva inclusiva de educação, a escola deve oferecer uma educação de qualidade sem excluir nenhum aluno, atendendo a Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com diversidade existente valorizando as inteligências de cada aluno, procurando saber quais são as habilidades e identificando seu estilo de aprendizagem, garantindo o sucesso dos alunos nas atividades escolares. Não somente a formas de ministrar as aulas, mas também as práticas avaliativas devem ser repensadas pelos professores. A idéia de submeter os alunos a testes, provas ou trabalhos no final de um período de aulas com o intuito de que eles provem por escrito o que aprenderam não é mais aceitável. Este tipo de avaliação partia de um pressuposto excludente, de que todos os alunos aprendiam da mesma maneira e tinham que atender aos mesmos objetivos. Dessa forma, ao valorizar os alunos pelas suas habilidadese individualidades, o professor é capaz de criar situações relevantes e significativas das quais podem ser extraídos os dados de avaliação de aprendizagem, nunca comparando os alunos entre si, mas sim comparando o aluno com seu próprio desempenho anterior. O caráter da avaliação não é prejudicar o aluno ou mostrar as suas falhas, ela deve servir como um elemento norteador que mostre onde o ensino precisa melhorar, onde o professor pode mudar suas abordagens educativas e onde a escola deve estruturar-se melhor para atender as necessidades de seus alunos. O princípio fundamental da escola inclusiva é o que de todas as crianças deveriam aprender juntas, independentemente de quaisquer dificuldades ou diferenças que possam ter. as escolas inclusivas devem reconhecer e responder às diversas necessidades de seus alunos, acomodando tanto estilos como ritmos diferentes de aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade a todos por meio de currículo apropriado, modificações organizacionais, estratégias de ensino, uso de recurso e parceria com a comunidade (...) dentro das escolas inclusivas, as crianças com necessidades educacionais especiais deveriam receber qualquer apoio extra que possam precisar, para que lhes assegure uma educação efetiva (UNESCO, 1994) Considerando estes pressupostos, para que uma educação inclusiva realmente aconteça nas escolas brasileiras são necessárias mudanças no que diz respeito ao processo de ensino e aprendizagem, no plano de trabalho didático-pedagógico, na avaliação educacional e na formação continuada de professores, dentre outras. Ao pensar em necessidades especiais, alguns professores se atentam apenas às pessoas com alguma deficiência física ou intelectual, no entanto a exclusão escolar e social atinge um foco ainda maior no contexto brasileiro. Dessa forma, ao adotar uma postura inclusiva de educação, esta deve abranger as diferenças de qualquer natureza. A inclusão coloca a questão da incorporação dessas crianças pelo ensino regular sob outra ótica, reconhecendo a existência das mais variadas diferenças, expressadas pelas crianças deficientes e superdotadas, crianças de rua e que trabalham, crianças de origem remota ou de Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com população nômade, crianças pertencentes à minorias lingüísticas, étnicas ou culturais e crianças de outros grupos marginalizados. (UNESCO,1994, p.4) De fato, inclusão é a capacidade de entender e reconhecer o outro, ter o privilégio de conhecer e compartilhar a diversidade existente entre as pessoas, acolhendo-as sem exclusão. As práticas inclusivas de educação beneficiam todos os envolvidos neste processo, pois estes aprendem a lidar com as diferenças, com as dificuldades e diminuir preconceitos desde a infância. Desenvolvem sentimentos como respeito e solidariedade, sem se deixar levar por sentimento como pena, estranhamento e sensação de superioridade. Porém, para a inclusão ser efetivamente realizada, toda a escola deve se envolver e ser devidamente estruturada, todos devem estar devidamente preparados e conscientizados, inclusive os pais dos alunos. Todo o projeto pedagógico da escola deve ser reelaborado e a reflexão deve envolver além da equipe escolar, toda a comunidade. Só assim todos terão acesso à importância da educação inclusiva e os benefícios que esta traz para toda sociedade. Isso significa que a mera mudança de nomenclatura não resolve o problema da exclusão, pois o processo de inclusão não ocorre de uma hora para outra com base em improvisos. Deve haver mudanças nas redes de ensino, reafirmando o compromisso dos sistemas na construção de um espaço escolar aberto e propício a receber as diferenças de quaisquer naturezas. De acordo com Oliveira (2006), a inclusão é um movimento que tem caminhado a passos tímidos, mas que representa um momento de transformação rumo a uma escola mais humanizadora e que, para tanto, são necessários esforços políticos dos representantes da sociedade civil na construção de uma nova realidade. A realidade escolar deve ser o reflexo da sociedade fora da escola, e vivenciando experiência de valorização das diferenças desde a infância, ao se tornarem adultos, os alunos não terão dificuldades de vencer os preconceitos. Com esta experiência, aprende-se que cada pessoa ocupa um lugar importante na sociedade, todos são dignos de valor e devem ser respeitados, aprende-se que para se ter um lugar no mundo deve-se considerar o outro, valorizando o que ele é e o que ele pode ser. Dessa maneira, o professor deve sempre valorizar as diferenças de seus alunos com diversidade, pois são elas que garantem a construção do conhecimento. Os preconceitos devem ficar para trás, o que importa agora é o trabalho de reflexão, sensibilização e comprometimento de todos os envolvidos neste processo. Todas as pessoas são capazes de aprender, ensinar, desenvolver e de realizar, mas para isso é necessário modificar pensamentos, quebrar as barreiras que estão impedindo que todos sejam inseridos na sociedade de forma autônoma exercendo sua cidadania. Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com A formação dos professores na educação inclusiva Como já visto anteriormente o professor tem um papel essencial para a realização de uma proposta de educação realmente inclusiva. Sua ação, tanto no que se refere ao ato de planejar seu trabalho como na sua atuação em sala de aula é determinado pela sua visão de mundo, pela leitura que faz da sociedade, da educação, de si mesmo como cidadão, de seu compromisso com seu aluno e das suas relações com ele. Esta postura pessoal é construída ao longo da vida, de acordo com as experiências vivenciadas, com a sua formação pessoal e também profissional. Como um professor será capaz de realizar práticas educacionais inclusivas se ele não tem posturas inclusivas em sua vida ou se não acredita ser possível esta forma de trabalho? Esta nova forma de educação impõe ao professor o desafio de disseminar conhecimentos que visem à construção de uma melhor qualidade de vida, desencadeadora de novas atitudes, para que o mestre possa desempenhar responsável e satisfatoriamente seu papel de agente transformador da educação. Educar significa instituir a integração dos educandos como agentes em seu lugar designado num conjunto social, do qual nem eles, nem seus educadores, têm o controle. Significa assegurar ao mesmo tempo a promoção desses mesmos educandos e, portanto, de seus educadores, em atores de sua própria história individual e da história coletiva em curso (NÓVOA, 1997, p.109). Pode-se perceber que a profissão docente não se dissocia do lugar que seus membros ocupam nas relações de produção e do papel que desempenham na manutenção da ordem social. Denari (2006) aponta que no momento em que a escola se impõe como um instrumento privilegiado de estratificação social, os professores também passam a ser investidosde ilimitado poder; tanto podem promover a inclusão como a exclusão do aluno diferente. Neste caso a diferença é vista por um lado negativo em que são atribuídas ao aluno características que o inferioriza perante os demais. Quando se parte do princípio de que todas as pessoas diferenciam-se umas das outras e podem conviver harmonicamente com esta diversidade, dadas as peculiaridades, cada aluno receberia atendimento diferenciado sem que isso desencadeasse um processo de marginalização. Esta convivência não deveria ser interpretada como uma concessão de um determinado grupo a outros, mas sim como um direito de todos reconhecido pela sociedade, sem qualquer discriminação. Nesse sentido, deve-se pensar em como se sente o professor de classe regular diante desta nova realidade de ter em sua sala alunos com necessidades educacionais especiais? Que influências têm seu trabalho sob a perspectiva do desenvolvimento do processo educativo dos seus alunos? Como vem se dando a formação docente? Somente a boa vontade basta Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com para realizar práticas inclusivas de educação? Os questionamentos são inúmeros, e considerando que as políticas de inclusão garantem acesso e permanência de todos os alunos nas salas de aula regulares, na formação do professor seria importante prever um preparo para lidar com a diversidade. Nota-se algumas impropriedades que vem sendo cometidas na forma de compreender e interpretar como se daria a formação de professores neste contexto, principalmente a formação do professor de educação especial. Falar de uma educação inclusiva que pressupõe, entre outras, a inserção de alunos com deficiência em classes comuns do ensino regular, é falar de uma pedagogia de suporte para que as diferenças não sejam meros pretextos para a não-aprendizagem. Assim, formar professores competentes e qualificados pode ser o alicerce para que se garanta o desenvolvimento das potencialidades máximas de TODOS os alunos, entre eles, os com deficiência (OLIVEIRA, 2004, p.2) Cabe ao professor, não se preocupar com as rotulações e organizar práticas educativas que permitam aos alunos ajudarem uns aos outros nas soluções das dificuldades encontradas. Deve ser flexível nos seus métodos de avaliação, contribuindo para a construção de uma escola de qualidade para todos, contribuindo para o aprimoramento do sistema escolar, no sentido de melhorar o acesso à educação das pessoas com necessidades educativas especiais. O princípio geral é o da igualdade de direitos, a questão da educação especial também precisa ser repensada como um conjunto de serviços e de recursos de apoio, orientados para a educação regular, em benefício de todos os aprendizes. A inclusão educacional exige que o professor reconheça que as dificuldades escolares encontradas não devem focalizar o aluno como culpado, mas sim considerar as limitações existentes nos sistemas de ensino e nas escolas. O desafio implica numa nova visão de necessidades educacionais especiais das escolas, dos professores e de todos os recursos humanos que nela trabalham. O professor deve pesquisar e se atualizar a respeito das necessidades educacionais de seus alunos, a ponto que possa planejar suas aulas e desenvolver práticas pedagógicas verdadeiramente inclusivas, de modo a atender a todos e a cada um valorizando o trabalho na diversidade entendida como um recurso e não como um obstáculo. As práticas avaliativas não devem ter o objetivo de rotular os alunos, estigmatizando-os ou segregando-os, mas necessariamente devem ter o objetivo de sinalizar as mudanças que precisam ocorrer para que o processo de ensino-aprendizagem seja efetivamente concretizado. Estes temas devem ser discutidos nas Secretarias de Educação, nas escolas durante as reuniões e planejamentos, nas universidades, na comunidade e por toda população, pois trata-se de um assunto que envolve toda a sociedade. Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com Os currículos escolares devem ser adaptados de modo que atendam as necessidades de todos os alunos, provendo oportunidades que sejam apropriadas aos diversos tipos de habilidades, não o contrário como vem ocorrendo ao longo dos anos, quando os professores fazem o currículo e os alunos que devem se enquadrar nele. O sucesso das escolas inclusivas depende muito do comprometimento de todos os envolvidos neste processo, principalmente dos professores, que são os que desempenham um papel diretamente com os alunos. Leite e Aranha (2005), afirmam que pensando em uma proposta de atuação a todos os alunos com qualidade, ou seja, num ensino pautado no atendimento à diversidade, a formação continuada pode constituir uma opção para que as mudanças qualitativas agregadas ao saber docente sejam refletidas no conhecimento dos alunos. Dessa forma, pode-se perceber que a inclusão não é só uma meta a ser alcançada, mas uma jornada com um propósito. Durante o curso desta jornada, os professores vão construir e ampliar suas habilidades sobre as experiências que já possuem com o objetivo de alcançar todas as crianças e suas necessidades de aprendizagem. Porém, eles também têm o direito de esperar apoio e oportunidades para o seu desenvolvimento profissional neste caminho, da mesma maneira que os pais e mães têm o direito para esperar que suas crianças sejam ensinadas por professores cuja capacitação preparou-os para ensinar todas elas. Essa tarefa pode não ser tão difícil quanto possa parecer, pois grande parte dos professores já tem muito do conhecimento e das habilidades que eles precisam para ensinar de forma inclusiva. O que muitas vezes lhes falta é confiança em sua própria competência. Isso acontece, em parte, ao mito existente há muito tempo acerca da especialização das necessidades especiais que os fazem acreditar que a capacitação especializada é um requisito para a inclusão. Além disso, poucos professores tiveram a oportunidade de ensinar todas as crianças na sua comunidade local, porque alguns alunos foram enviados para escolas especiais ou para escolas independentes (MITTLER, 2003, p.184). De acordo com Mittler (2003), esta atitude não justifica a falta de oportunidades de capacitação que a grande maioria dos professores vem vivenciando, mas representa uma base para futuras oportunidades de desenvolvimento profissional sobre os fundamentos que já existem. A criação de oportunidades para capacitação não significa influenciar o modo como os professores se sentem com relação à inclusão. Os professores precisam de oportunidades para refletir sobre as propostas de mudança que mexem com seus valores e com suas convicções, assim como aquelas que afetam a sua prática profissional cotidiana. É importante que a educação inclusiva não seja vista apenas como um modismo ou uma inovação que em pouco tempo cairá no desuso. Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com Esteprocesso de implantação é lento, porém extremamente importante para que se tenha uma sociedade igualitária nos direitos e no exercício da cidadania. O OLHAR DO PROFESSOR FRENTE À EDUCAÇÃO ESPECIAL INCLUSIVA:DELINEAMENTO METODOLÓGICO Metodologia Como já especificado anteriormente, foi realizada uma pesquisa de campo com professores atuantes nas escolas públicas de Lins em classes regulares e apresentados os problemas que a direcionaram, sua justificativa, relevância e objetivos. Neste capítulo é relatado o delineamento metodológico elaborado, considerando-se a caracterização do tipo de estudo em que se constitui essa pesquisa, os cuidados com a opção metodológica adotada, as etapas na construção da pesquisa e os procedimentos e técnicas utilizados durante seu desenvolvimento para a coleta, seleção e análise dos dados. Esta pesquisa busca o conhecimento das concepções dos professores que estão atuando nas classes de ensino regular frente à realidade da educação inclusiva com a qual estão se deparando atualmente e quais as práticas pedagógicas que os professores acreditam ser favoráveis à educação inclusiva, procurando relacionar dimensões como meio social, formação escolar e profissional dos sujeitos da pesquisa. Etapas da construção da pesquisa Diante do exposto na introdução e dos objetivos do presente trabalho, este estudo procura responder aos seguintes problemas: A compreensão que os professores das séries iniciais têm a respeito das práticas inclusivas de educação contribuem para a efetivação de tais práticas no seu dia a dia de trabalho? Os professores com especialização na área de educação especial são mais favoráveis á educação inclusiva do que os que não possuem formação específica na área? O nível de formação docente deve ser observado e analisado quando se Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com trata da garantia de uma educação para todos de qualidade respeitando e valorizando as diversidades? A partir dos questionamentos acima citados, a pesquisa seguiu as seguintes etapas: a) Levantamento bibliográfico; b) Análise documental – documentos oficiais; c) Coleta e seleção de dados com os sujeitos da pesquisa; d) Análise dos dados coletados e apresentação dos mais relevantes. Na primeira etapa, realizou-se um levantamento bibliográfico considerando os aspectos da temática a ser estudada quanto da metodologia a ser adotada, na busca para compreender quais os melhores caminhos a serem seguidos. Na segunda etapa, efetuou-se uma análise documental, considerando documentos publicados pelo MEC sobre a Educação Especial Inclusiva, em especial a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Na terceira etapa foi realizado o procedimento de coleta de dados através da aplicação do questionário e seleção dos dados relevantes observados. A quarta e última etapa constituiu-se na análise dos dados encontrados e as considerações pertinentes. Procedimentos metodológicos Para a coleta dos dados obtidos nesta pesquisa foi utilizado um questionário (APÊNDICE A), com um total de 20 questões fechadas de múltipla escolha, o que permitiu certa uniformidade de respostas e uma razoável facilidade de aplicabilidade. De acordo com Selltiz et al (1967), a utilização dos questionários apresenta as vantagens de sua natureza impessoal (dada pela padronização de perguntas e de instruções), asseguram certa uniformidade de mensuração; as pessoas podem ter maior confiança em seu anonimato, sentindo-se mais livres para emitir opiniões que temem ver desaprovadas, além de provocar menos pressão para uma resposta imediata, podendo considerar cada aspecto cuidadosamente. Através do questionário buscou-se compreender aspectos da formação escolar e profissional dos sujeitos, a relevância das atividades de formação das quais tenham participado, o tempo de experiência como educadores, opinião sobre a inclusão e seus prós e contras. A pesquisa foi realizada com 10 professores atuantes das salas regulares do Ensino Fundamental da rede pública de Lins. Apresentação e análise dos resultados Inicialmente, foram analisados alguns dados acerca do perfil dos sujeitos da pesquisa. Em seguida, os resultados são apresentados a partir de cada uma das questões que nortearam a presente Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com pesquisa, na qual foi realizada uma análise qualitativa e quantitativa, correlacionando os dados obtidos através dos questionários. Com relação aos professores que participaram desta pesquisa, 90% são do sexo feminino e 10% do sexo masculino. Todos trabalham com crianças na faixa etária de 6 a 10 anos de idade nas séries iniciais do Ensino Fundamental. Quanto ao nível de escolaridade desses sujeitos, 100% possuem formação superior, sendo que 50% fizeram curso de Pedagogia e outros 50% fizeram outros cursos. Sendo que 90% dos sujeitos cursaram em faculdades privadas e 10% em faculdades públicas estaduais; todos de maneira presencial. Nenhum destes profissionais é recém formado, 30% obtiveram o nível de escolaridade informado há um tempo de 3 a 7 anos, outros 30% de 8 a 14 anos, 20% de 15 a 20 anos e outros 20% há mais de 20 anos. Somente 30% dos entrevistados possuem especialização em nível de pós graduação, sendo que 20% são especializados em alfabetização e 10% em Educação Especial Inclusiva. Os outros 70% possuem somente a formação inicial. Quanto às atividades de formação continuada incluindo capacitação, treinamento e atualizações nos últimos dois anos, 80% afirmou a participação e 20% afirmaram não terem participado. Com relação à utilização dos conhecimentos adquiridos nas atividades de formação continuada para a melhoria de sua prática em sala de aula, 10% afirmaram que estes sempre contribuem, 70% disseram que quase sempre contribuem e 20% afirmaram que eventualmente contribuem para suas práticas pedagógicas. A respeito do tempo em que estão lecionando nas salas de aula de ensino regular, 10 % responderam de 1 a 2 anos, outros 10% de 3 a 5 anos, 20% de 6 a 9 anos, outros 20% de 15 a 20 anos e 40% há mais de 20 anos. A carga horária semanal também é variável, 30% trabalham trinta horas-aula semanais, 40% trabalham de 31 a 35 horas-aula semanais, 10% trabalham de 36 a 39 horas-aula semanais e 20% trabalham 40 horas-aula semanais. Destes, 60% cumprem esta carga horária somente em uma escola e outros 40% cumprem esta carga horária em duas escolas diferentes. Ao serem questionados se na formação inicial tiveram alguma disciplina que os preparam para a intervenção com alunos com necessidades educacionais especiais, apenas 30% responderam de forma afirmativa, sendo que 10% julgaram a formação insuficiente, 10% disseram ser suficiente e outros 10% qualificaram como boa esta formação; os outros 70% alegaram não ter tido em sua formação nenhuma disciplina que abrangesse este tema. Considerando a formação contínua e não especializada a respeito do trabalho com alunoscom necessidades educacionais especiais, apenas 10% alegaram ter realizado e relatou ser de nível bom os conhecimentos obtidos, outros 10% realizaram, mas julgaram as informações recebidas como insuficientes para a Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com prática docente com alunos com necessidades especiais; os demais 80% não tiveram nenhuma formação contínua a respeito deste tema. Nenhum dos sujeitos da pesquisa possui formação especializada em Educação Especial, e ao serem questionados se já trabalharam com alunos com necessidades especiais, 50% responderam de modo afirmativo, sendo que 20% disseram não se sentirem seguros ao trabalhar com tais alunos e 30% alegaram ter segurança neste tipo de trabalho. Os outros 50% responderam de modo negativo e todos alegaram não se sentirem seguros ao trabalharem com alunos com necessidades especiais de aprendizagem. Por fim, os professores sujeitos da pesquisa deveriam expressar suas opiniões a respeito de algumas afirmações sobre a educação de crianças com necessidades especiais. A primeira afirmação dizia que “o contato com alunos com necessidades educacionais especiais em aulas do ensino regular, não contribui para que os outros alunos assumam condutas inadequadas”. Diante desta afirmação, 70% dos professores disseram discordar, outros 30% disseram concordar. A segunda afirmava que “o aluno com necessidades educacionais especiais não pode enfrentar os desafios que se colocam na turma em igualdade de condições com o aluno dito normal”. Quanto a esta afirmação, 60% discordaram e outros 40% concordaram. A terceira dizia que “atender alunos com necessidades educacionais especiais nas turmas de ensino regular, não traz nenhum benefício”. Diante desta afirmação, 100% dos professores discordaram. A quarta dizia que “a eficácia pedagógica dos professores, nas turmas com alunos com necessidades educacionais fica reduzida, visto que têm de atender alunos com diferentes níveis de capacidade”. Quanto a esta afirmação, 60% concordaram e 40% discordaram. A quinta afirmava que “os alunos com necessidades educacionais especiais, obteriam mais proveito se fossem educados em instituições de ensino especial. Diante desta afirmação, 70% discordaram e 30% concordaram. A sexta dizia que “a inclusão escolar de alunos com necessidades educacionais especiais é uma moda que deixará de ser praticada quando se provar que não é rentável a longo prazo”. Diante deste apontamento, 80% dos professores discordaram e 20% concordaram. A sétima afirmava que “a presença de um aluno com necessidades educacionais especiais numa turma de ensino regular, proporciona novas situações de aprendizagem para outros alunos”. Diante desta afirmação, 100% dos professores concordaram. A oitava afirmava que “sem uma formação especializada, dificilmente o professor do ensino regular poderá dar uma resposta adequada aos alunos com necessidades educacionais especiais”. Diante desta afirmação, 70% concordaram e 30% discordaram. A nona afirmação dizia “tenho segurança ao Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com trabalhar com alunos com necessidades educacionais especiais”. Diante desta afirmação, 80% discordaram e 20% concordaram. A décima e última afirmação dizia que “a quantidade de alunos em sala de aula não interfere na qualidade do trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais”. Diante desta afirmação, somente 10% dos professores concordaram, outros 90% discordaram. Cabe lembrar que esta inclusão dos alunos com necessidades educacionais especiais não se restringe a integração dos mesmos com o objetivo único de socializá-los. Estes alunos estão incluídos com os mesmos objetivos dos demais, o sucesso da aprendizagem efetiva. A escola deve envolver a participação da família e da comunidade, e também buscar parcerias com outros setores da sociedade, para que as pessoas com necessidades educacionais especiais possam ser inseridas nesses espaços e para que a própria comunidade se desfaça de resistências e preconceitos. Estabelecidos o perfil e opiniões dos sujeitos da pesquisa, podem-se concluir os resultados deste estudo com uma análise geral dos dados, relacionando as concepções dos professores com os propósitos da política de inclusão educacional. É evidente que os professores das salas de aula regulares não são os únicos responsáveis pelo sucesso ou insucesso dos alunos com necessidades especiais de aprendizagem, mas exercem um papel fundamental na oportunização de experiências a estes alunos no dia a dia de suas salas de aula. Parecer final sobre a pesquisa Com esta pesquisa, pode-se perceber que o desafio colocado aos professores é grande e parte significativa destes profissionais não estão preparados para desenvolverem estratégias de ensino diversificado, valorizando as diferenças. Para se atingir o objetivo da equidade nos resultados da educação é necessária uma mudança fundamental nas nossas definições de equidade educativa. É fundamental considerarmos a forma como olhamos para as diferenças entre alunos, o modo como consideramos os objetivos da educação básica e secundária e o processo que adotamos na organização das escolas. Se o sucesso escolar é reconhecido possível para todos através de processos eficazes de ensino, à maior tarefa que se apresenta às escolas é criar ambientes de aprendizagem que fomentem a equidade em relação aos resultados de todos os alunos. O ponto de partida deveria consistir na identificação das práticas que negam um acesso igual ao currículo e reconhecer as práticas que facilitam este acesso (AINSCOW, 1995, p.59 apud JESUS, MARTINS e ALMEIDA 2006, p.80). Dessa maneira, pode-se perceber que a mudança de uma educação excludente para uma educação efetivamente inclusiva, não passará por um processo rápido. Segundo Stainback e Stainback (1999), tem havido uma ênfase considerável sobre de que maneira incluir todos os alunos na vida social da classe, mas uma Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com atenção consideravelmente menor tem sido dada à maneira como todos os alunos podem ser envolvidos numa aprendizagem ativa nas salas de aula inclusivas. Segundo Jesus, Martins e Almeida (2006), a construção de uma escola inclusiva veio recolocar na educação geral muitas responsabilidades que até então se mantinham atribuídas à educação especial. Acredita-se que a escola com práticas inclusivas não é uma utopia; no entanto, é necessário o envolvimento dos pais, profissionais, governantes e população em geral acreditando que esta seja algo pelo qual vale a pena lutar. Como já visto anteriormente, uma escola inclusiva não é algo que se crie por decreto; a sua construção implica necessariamente uma reforma profunda e geral em todo o Sistema Educativo, reconhecendo-se ainda a necessidade da vontade de mudar e dos esforços necessários para a realização desta mudança. EDUCAÇÃO INCLUSIVA E CURRÍCULO Este capítulo apresenta a discussãosobre a educação inclusiva e currículo, suas influências sobre as práticas docentes e as dificuldades por eles encontradas. As práticas docentes e a proposta curricular As manifestações de dificuldades de aprendizagem na escola apresentam-se como um contínuo, desde situações leves e transitórias que podem se resolver espontaneamente no curso do trabalho pedagógico até situações mais graves e persistentes que requerem o uso de recursos especiais para a sua solução. Atender a esse contínuo de dificuldades requer respostas educacionais adequadas envolvendo graduais e progressivas adaptações do currículo. Nessas circunstâncias, verifica-se a necessidade de realizar adequações significativas no currículo para o atendimento dos alunos e indicar conteúdos curriculares de caráter mais funcional e prático, levando em conta as suas características individuais (BRASIL, 2003, p. 50). As adaptações curriculares constituem, pois, possibilidades educacionais de atuar frente às dificuldades de aprendizagem dos alunos. Pressupõem que se realize a adaptação do currículo regular, quando necessário, para torná-lo apropriado às peculiaridades dos alunos com necessidades especiais. Não um novo currículo, mas um currículo dinâmico, alterável, passível de ampliação, para que atenda realmente a todos os educandos. De acordo com Mantoan: Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com A escola se democratizou abrindo-se a novos grupos sociais, mas não aos novos conhecimentos. Exclui, então, os que ignoram o conhecimento que ela valoriza e, assim, entender como democratização a massificação do ensino e não cria a possibilidade de diálogo entre diferentes lugares epistemológicos, não se abre a novos conhecimentos que não couberam, até então, dentro dela (2004, p.38). Compreende-se então que a escola buscou se democratizar, mas não se abriu a novos conhecimentos e não está aberta ao diálogo. Nesse contexto, para que as crianças com deficiência possam participar integralmente em um ambiente rico de oportunidades educacionais com resultados favoráveis, alguns aspectos precisam ser considerados, destacando-se entre eles: a preparação e a dedicação da equipe educacional e dos professores, o apoio adequado e recursos especializados, quando forem necessários, as adaptações curriculares e de acesso ao currículo. Algumas características curriculares facilitam o atendimento às necessidades educacionais especiais dos alunos, dentre elas: atinjam o mesmo grau de abstração ou de conhecimento, num tempo determinado, desenvolvidas pelos demais colegas, embora não o façam com a mesma intensidade, em necessariamente de igual modo ou com a mesma ação e grau de abstração. “As adaptações curriculares têm o objetivando de estabelecer uma relação harmônica entre as necessidades especiais dos alunos e a programação curricular. Estão focalizadas, portanto, na interação entre as necessidades do educando e as respostas educacionais a serem propiciadas” (BRASIL, 2003, p. 34). As necessidades especiais revelam que tipos de ajuda, diferentes das usuais, são requeridas, de modo a cumprir as finalidades da educação. As respostas a essas necessidades devem estar previstas e respaldadas no projeto pedagógico da escola, não por meio de um currículo novo, mas, da adaptação progressiva do regular, buscando garantir que os alunos com deficiências participem de uma programação tão normal quanto possível, mas considere as especificidades que as suas necessidades possam requerer. As adaptações curriculares não devem ser entendidas como um processo exclusivamente individual ou uma decisão que envolve apenas o professor e o aluno. Realizam-se em três níveis: no âmbito do projeto pedagógico (currículo escolar), no currículo desenvolvido na sala de aula e no nível individual. As ações adaptativas visam a flexibilização do currículo para que ele possa ser desenvolvido na sala de aula e atender às necessidades especiais de alguns alunos. As adaptações curriculares no nível do projeto pedagógico devem focalizar, principalmente, a organização escolar e os serviços de apoio. Elas devem propiciar condições estruturais para que possam ocorrer no nível da sala de aula e no nível individual, caso seja necessária uma programação específica para o aluno. As decisões curriculares devem envolver a equipe da Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com escola para realizar a avaliação, a identificação as deficiências e providenciar o apoio correspondente para o professor e o aluno. Devem reduzir ao mínimo, transferir as responsabilidades de atendimento para profissionais fora do âmbito escolar ou exigir recursos externos à escola. As medidas adaptativas desse nível são realizadas pelo professor e destinam-se, principalmente, à programação das atividades da sala de aula. Focalizam a organização e os procedimentos didático-pedagógicos e destacam o como fazer, a organização temporal dos componentes e dos conteúdos curriculares e a coordenação das atividades docentes, de modo que favoreça a efetiva participação e integração da criança, bem como a sua aprendizagem. Os procedimentos de adaptação curricular destinados à classe devem constar na programação de aula do professor. Logo, as adaptações curriculares visam garantir o acesso do aluno ao currículo, em todas as suas dimensões. Nesse sentido, a adequação curricular ora proposta procura subsidiar a prática docente propondo alterações a serem desencadeadas na definição dos objetivos, no tratamento e desenvolvimento dos conteúdos, no transcorrer de todo processo avaliativo, na temporalidade e na organização do trabalho didático-pedagógico no intuito de favorecer a aprendizagem do aluno (BRASIL, 1999, p. 13). Portanto, a atuação do professor na avaliação e no atendimento ao aluno são adaptações individualizadas do currículo, cabendo ao professor definir o nível de desenvolvimento do seu aluno e também a identificação dos fatores que podem interferir no seu processo de ensino-aprendizagem. As adaptações no nível da sala de aula visam a tornar possível a real participação do aluno e a sua aprendizagem eficiente no ambiente da escola regular. Consideram, inclusive, a organização do tempo de modo a incluir as atividades destinadas ao atendimento especializado fora do horário normal de aula, muitas vezes necessários e indispensáveis ao aluno. As modalidades adaptativas, nesse nível, focalizam a atuação do professor na avaliação e no atendimento a criança. Compete-lhe o papel principal na definição do nível de competência curricular do educando, bem como na identificação dos fatores que interferem no seu processo de ensino-aprendizagem. As adaptações têm o currículo regular como referência básica, adotam formas progressivas de adequá-lo, norteando a organização do trabalho consoante com as necessidades do aluno (adaptação processual). É importante ressaltar que as adaptações curriculares, seja para atender crianças nas classes comuns ou em classes especiais, não se aplicam exclusivamenteà escola regular, devendo ser utilizadas para os que estudam em escolas especializadas, quando a inclusão não for possível. Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com Além da classificação, por níveis, as medidas adaptativas podem se distinguir em duas categorias: adaptações de acesso ao currículo que correspondem ao conjunto de modificações nos elementos físicos e materiais do ensino, bem como aos recursos pessoais do professor quanto ao seu preparo para trabalhar com os alunos e adaptações nos elementos curriculares que focalizam as formas de ensinar e avaliar, bem como os conteúdos a serem ministrados, considerando a temporalidade. São definidas como alterações realizadas nos objetivos, conteúdos, critérios e procedimentos de avaliação, atividades e metodologias para atender às diferenças individuais das crianças. Algumas crianças com deficiência revelam não conseguir atingir os objetivos dos conteúdos e componentes propostos no currículo regular ou alcançar os níveis mais elementares de escolarização. Essa situação pode decorrer de dificuldades orgânicas associadas a déficits permanentes e, muitas vezes, degenerativos que comprometem o funcionamento cognitivo, psíquico e sensorial, vindo a constituir deficiências múltiplas graves. Currículos adaptados ou elaborados de modo tão distinto dos regulares implicam adaptações significativas extremas, adotadas em situações de real impedimento do aluno para integrar-se aos procedimentos e expectativas comuns de ensino, em face de suas condições pessoais identificadas. A elaboração e a execução de um programa dessa natureza devem contar com a participação da família e ser acompanhadas de um criterioso e sistemático processo de avaliação pedagógica e psicopedagógica do aluno, bem como da eficiência dos procedimentos pedagógicos empregados na sua educação. Inclusão na Educação infantil: Dialogando sobre formação de professores No âmbito histórico a formação do professor de educação infantil no Brasil, iniciou-se nos anos 70, através da institucionalização da Escola Normal e Instituto de Educação e após, pela habilitação do magistério. Mas só a partir da Constituição Federal de 1988, que a institucionalização foi devidamente efetivada, levando Ministério da Educação e Cultura a articular Políticas Nacionais que inseriam a formação dos professores. Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com A formação dos professores de educação infantil consiste em um dos fatores de maior relevância para os padrões de qualidade da educação, por isso, a capacitação dos profissionais dessa área seja tão essencial, assim como o investimento de políticas públicas voltadas a sua formação. De acordo com BRASIL/MEC: No Brasil a relevância da questão tem levado vários estudiosos e profissionais que atuam na área a promover discussões e elaborar propostas para a formação do profissional de educação infantil, especialmente daqueles que trabalham em creches (ROSEMBERG, 1992 apud BRASIL, 1994, p. 11). Portanto, observa-se que vários estudiosos estão propondo e incentivando a formação profissional docente para a educação infantil, principalmente dos que trabalham com crianças de 0 a 3 anos. De acordo com a política brasileira para educação infantil, a formação das crianças e dos professores deve ser orientada pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil, seguindo as condições necessárias para uma boa aprendizagem. Dentre essas diretrizes destaca-se uma das ações prioritárias apresentadas pela Política de Educação Infantil: “a promoção de formação e valorização dos profissionais da área, o que exige acordo e compromissos entre as instâncias que prestam esses serviços, as agências formadoras e as representações desses profissionais. Ao MEC cabe o papel de articulação e coordenação, além do apoio técnico e financeiro a ações desenvolvidas nessa direção.” (BRASIL, 1994, p. 12). Dessa forma, surgiu a necessidade de uma política de formação profissional mais eficaz que vise melhorias na preparação do educador. Atualmente muitos profissionais ligados ao ensino infantil não possui formação adequada, recebem baixos salários e às vezes trabalham em condições precárias, a minoria possui curso superior relativo à área de atuação, num percentual de 17%, por isso, a educação básica está deixando a desejar, considerando a desqualificação de grande parte dos seus profissionais atuantes. No caso da atuação na educação infantil que abrange a creche e a pré-escola, na qual os profissionais cumprem a função de cuidar e educar exige uma preparação mais aperfeiçoada do profissional e atualmente essa questão não está sendo contemplada nos mecanismos de sua formação, conforme está explicito na Política de Educação Infantil para a formação do professor dessa categoria de ensino. Os professores de qualquer nível do ensino precisam de uma política de formação que reconheçam a multiplicidade de práticas possíveis ao exercício de sua profissão, buscando assegurar a qualidade do trabalho com criança, adolescente ou adulto. A formação dos profissionais de Educação Infantil deve está Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com diretamente ligado ao conhecimento técnico e ao desenvolvimento de habilidades para realizar atividades diversas, interagindo com as crianças e com o mundo no qual ela está inserida. Também exigir políticas flexíveis, com garantia de autonomia dos Estados e municípios, participação da sociedade civil e descentralização das ações governamentais e investimentos financeiros que favoreçam o ensino infantil e a formação desses profissionais, além de contribuir para a organização de suas instituições e dirimir a exclusão. No final do século XX, foi elaborada a Declaração de Salamanca (1994) e junto a ela a Educação Inclusiva, com objetivo de suprir as necessidades de aprendizagem de todas as crianças, jovens e adultos, focando nos vulneráveis a exclusão. Nesse sentido buscou preparar a escola para receber todas as crianças sem discriminação ou preconceito rompendo as barreiras da exclusão, envolvendo toda comunidade escolar e preparando seus professores para ensinar na diversidade de estilos de ritmos existentes na sala. No século XXI, o perfil do profissional da educação infantil precisa está aberto às mudanças, reflexivo e pesquisador da própria prática. Atualmente nem as escolas nem os professores estão preparados para receber crianças com deficiência em suas classes regulares. Para a concretização do ensino inclusivo em classes regulares os professores precisam ser criativos e romper com as práticas pedagógicas homogêneas, procurando novas formas de transmitir o conhecimento de forma diversificada. “Assim para educar objetivando a diversidade, o docente deve adotar, em sua prática pedagógica, os princípios orientadores da inclusão.” (BRASIL, 2005, p. 23-24). Enfim, muito já se fez com relação a formação do professor de educaçãoinfantil, desde a década de 80 ao século XXI, surgiram políticas públicas que viabilizam a melhoria das condições de trabalho desse profissional, com o intuito de favorecer a educação das crianças, mas muito ainda precisa ser feito em relação a sua qualificação e remuneração, grande parte dos profissionais dessa área são do sexo feminino, recebem uma remuneração irrisória e não estão preparados para atuar em certa categoria do ensino, a exemplo do trabalho com os deficientes. Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com Inclusão e qualidade na educação O termo “qualidade” é largamente usado em Educação. Parece tão consensual que é profusamente usado tanto pelo discurso político como pelos próprios professores e investigadores. Mas existem vários olhares sobre a qualidade. Antes de mais, há um olhar diacrónico. Ao longo da história da Educação, “qualidade” tem assumido diferentes conceitos e significados. O que se considerava qualidade há 30 anos atrás não é certamente o que se considera hoje. Mais recentemente a utilização das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) tem sido considerado um factor de qualidade educativa. Pode existir também um olhar sincrônico. A qualidade pode ter significados diferentes em função do locus geográfico de que se fala e sobretudo em função dos diferentes participantes no processo educativo. Será que quando se fala de qualidade o termo quer dizer a mesma coisa para pais, alunos, gestores, professores ou políticos? Algumas aproximações do conceito de “qualidade” aproximam a sua aferição do nível de “satisfação do cliente”. Mas, em Educação, quem é o cliente? Os pais? A sociedade? Os alunos? E se são tantos e vários, podem eles ser igualmente satisfeitos com o mesmo serviço? A diversidade dos contextos educativos é tão grande que parece difícil falar de qualidade em termos absolutos ou essenciais; teremos certamente que nos referir à qualidade enquanto valor relativo resultante da interacção do processo educativo com diferentes condições do meio. A qualidade não é, pois, um termo que tenha um valor normativo absoluto, por muito que os discursos políticos e institucionais pareçam não ter dúvidas sobre isto. Os indicadores que se selecionam (e os outros que se ignoram), as formas e os momentos em que se avalia a qualidade são decisões políticas e, portanto, socialmente construídas em função dos objectivos que se deseja alcançar num determinado contexto. A qualidade filia-se, assim, mais nas negociações e relações de poder do que num consenso inquestionável e “natural”. Analisando os documentos produzidos por organizações internacionais (nomeadamente as Nações Unidas e a UNESCO) bem como o impacto que tiveram Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com nas legislações nacionais de múltiplos países, a Inclusão deve ser considerada como um dos factores que actualmente se tem que valorizar em termos de aferição da qualidade de um sistema educativo. Sobre a relação entre Inclusão e qualidade, Nóvoa (2005, p. 220) afirma que “[…] é preciso manter a tensão entre a qualidade e a equidade principalmente num período em que a situação económica tende a valorizar a “qualidade total” em lugar da “qualidade para todos”. Realçaríamos a expressão “Qualidade para todos”. O certo é que o termo qualidade tem sido mais associado a sistemas educacionais selectivos, competitivos e “meritocráticos” (para alguns) do que a sistemas mais universais e inclusivos (para todos). Há pouco tempo, em Portugal, a reinstalação de exames nacionais no final de cada ciclo da escolaridade básica – e a consequente possibilidade de reprovação - foi saudada por alguns partidos políticos como uma importante medida em favor da qualidade da educação... Qualidade e Educação Inclusiva Apesar de tão polissêmico, o conceito de qualidade mostra-se bem mais linear quando usado nos discursos políticos: é uma qualidade que é aferida sobretudo pelas (elevadas) competências académicas que os alunos adquirem e aferida por processos comparativos transnacionais. Assim, nesta perspectiva, a inclusão na escola regular de alunos com alguns tipos de problemas pode ser encarada como um contratempo para atingir esta qualidade através da “excelência acadêmica”. Para muitos profissionais e mesmo para o senso comum, quanto mais heterogénea e mais diversa é uma classe ou uma escola mais problemas haverá com o aproveitamento dos alunos e consequentemente menor será a qualidade atingida. Os argumentos sobre esta posição são que se gasta demasiada energia em tentar conciliar as diversas singularidades dos alunos e que se “perde tempo” com alunos com dificuldades, tempo este que podia ser usado para fazer progredir os alunos sem dificuldades. Assim, classes mais homogêneas teriam mais possibilidades de alcançar uma boa qualidade Mas... e se adotarmos como parâmetro de qualidade um gama alargada de saberes, competências e atitudes, se usarmos um conceito lato de qualidade(s) em que esta(s) se reporte(m) a diferentes actores, diferentes capacidades, a diferentes objectivos de aprendizagem? Se tivermos esta visão abrangente, verificaremos que a posição descrita antes, apesar da sua aparente solidez, é uma posição que só pode recrutar a seu favor a evidência ilusória do senso comum (RODRIGUES; LIMA-RODRIGUES, 2011). Senão vejamos: A percepção da diferença contribui para a construção da identidade e tem, por isso, um papel determinante na aprendizagem. Não se pode construir uma identidade senão num ambiente diverso. Nunca agradecemos o suficiente aos outros por nos ajudarem a entender e a estruturar o que somos a partir da diferença que neles percebemos. Quando olhamos a Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com qualidade no contexto do currículo global da escola (mesmo no sentido restrito de nível académico) verificamos que não são sempre os mesmos alunos que têm dificuldades nas mesmas situações. Todos têm, portanto, uma contribuição para a qualidade global da turma e da escola com os seus insucessos e os seus erros. Desta forma, a qualidade assume se mais no campo das heurísticas de ensino e menos no campo dos resultados. Uma educação de qualidade, neste aspecto, será a que é capaz de dinamizar a aprendizagem em grupos de alunos que podem apresentar tanto dificuldades como proficiência, em diferentes momentos, matérias ou contextos. Fazer depender a aprendizagem da interacção directa e individual com o professor é um modelo desatualizado deensino e aprendizagem. Os materiais, os colegas, os documentos, o meio, a pesquisa, são contextos que devem ser acionados para potenciar a aprendizagem de todos. Grandes teóricos da aprendizagem como Piaget, Vigotsky e Brunner, proporcionaram preciosas contribuições para conhecermos o quão indispensável à aprendizagem podem ser as mediações, os materiais e os contextos. Só é possível promover a aprendizagem de classes (naturalmente)heterogêneas se for criado na sala de aula um ambiente de trabalho em que o aluno disponha de autonomia e de meios de aprendizagem e de ensino que não se resumem à interacção directa com o professor. As dificuldades de alguns alunos podem ser usadas para encontrar estratégias de ensino para outros. Sabemos que o “erro” tem uma função educacional importante se puder ser analisado, contextualizado e entendida a sua correcção. É conhecido o exemplo das pessoas que têm problemas, por exemplo, em matemática e que finalmente superam as suas dificuldades quando a começam a… ensinar. Um ambiente de aprendizagem rico e diversificado é proveitoso para quem ensina e para quem aprende. As tarefas de ensino e aprendizagem constituem uma verdadeira divisão de perspectivas até no seu sentido mais etimológico de “visão a dois - di-visão.” Enfim, são as turmas heterogêneas e complexas as que proporcionam experiências aos alunos para viver, negociar e progredir em sociedades que elas próprias são complexas e conflituais. (Já imaginaram que sucesso desportivo teria uma equipa de futebol constituída pelos melhores onze jogadores do mundo mas... todos goleiros?) Defendemos que existe uma relação próxima entre EI e qualidade. Não pode haver qualidade numa escola que, de tanto perseguir a homogeneidade, acabe por se afastar dos valores que deve ter como escola para todos os alunos da comunidade em que se insere. Não pode haver inclusão se a preocupação da escola for nivelar (“normalizar”) o ensino para o adequar ao inexistente “aluno médio”. Uma educação que se reporte a uma tipologia de alunos Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com e que recorra a um leque restrito de experiências de aprendizagem irá prejudicar por falta de qualidade e respostas alunos cujas motivações, necessidades, capacidades e socialização os afastam do ritmo da maioria dos seus colegas (RODRIGUES, 2007). Precisamos de progredir no conhecimento dos factores que podem levar as escolas serem mais inclusivas e, desta forma, terem mais qualidade. Antes de mais recolhendo, sistematizando, aproveitando tudo o que a escola já é capaz de fazer. Ainscow (2007) afirma que “as escolas sabem mais do que o que usam” e, assim, se todas as escolas tiverem condições para usarem tudo o que podem e sabem fazer, ir-se-á verificar um enorme avanço. Mas o que a escola sabe e tem não é, certamente, suficiente para empreender este processo de inovação: é fundamental que as escolas recebam apoio para serem capazes de assumir novos desafios. Só quem se sente apoiado ousa fazer algo de diferente e de novo. Este apoio significa que a escola deve estar convicta de que dispõe de meios humano se materiais que lhe permita iniciar um processo de inovação. A EI é, em muitos aspectos, não uma evolução da escola integrativa mas, antes, uma ruptura com a escola tradicional (RODRIGUES, 2007). Por isso, é preciso que as escolas que querem apostar em projectos inclusivos sejam (e se sintam) apoiadas para empreender projetos criativos, originais e de qualidade para os alunos. A escola tem que se tornar uma organização mais coesa, mais confiante nos seus projectos e capaz de responder solidariamente aos desafios que se lhe deparam. Sem que a escola seja reforçada com mais e melhores recursos humanos e materiais, a Inclusão pode tornar-se numa retórica temporária e superficial. Claro que esta empresa não é fácil: conseguir a qualidade para todos os alunos através da Inclusão é uma tarefa muito mais árdua do que construir uma aparente qualidade para alguns dos alunos, através do reforço de práticas uniformizadoras e complacentes com a exclusão. A Inclusão é cúmplice da(s) qualidade(s). Não queremos uma Inclusão que promova uma “educação de saldo” na escola: todos os alunos têm direito a serem estimulados ao nível máximo das suas capacidades e apoiados nas suas dificuldades. O facto de todos os alunos terem pontos fortes e menos fortes é certamente um dos lugares de encontro que a escola tem de explorar. Mas a diversidade deve ser encarada como uma exigência de qualidade e não como um folclore “para inglês ver”. Talvez pudéssemos desenvolver projetos educacionais subordinados à ideia “reconhecer mais qualidade à diversidade e dar mais diversidade à qualidade”. Portugal: um estudo de caso Uma das qualidades que actualmente é reconhecida nos sistemas educativos é, sem dúvida em que medida os alunos, os professores e às escolas têm acesso às Tecnologias de Informação e Comunicação Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com (TIC). Este acesso tem sido objecto de grandes investimentos por parte dos diferentes Governos. Estes investimentos não serão estranhos ao facto das TIC darem por si só uma aura de “modernidade” e de “eficiência” aos sistemas que as usam. Portugal constituiria um bom estudo de caso sobre esta relação entre TIC e Educação. Em 1986 foi lançado a nível nacional um projecto de TIC para a Educação. Este projecto, designado Projecto Minerva (deusa grega do conhecimento…) que teve a duração de sensivelmente oito anos e implicou centenas de escolas portuguesas. Após a sua extinção em 1994 outros projectos, ainda que com modelos diferentes o vieram substituir. Mais recentemente o governo implementou um programa de distribuição/utilização de computadores pessoais para cada aluno chamado Magalhães (por analogia ao nome do navegador português de iniciou a primeira circum-navegação ao globo – Fernão de Magalhães). Estes computadores pessoais são produzidos expressamente para a Educação e integram-se na arquitectura de equipamentos que são desenvolvidos noutros países para propósitos idênticos. Só no presente ano lectivo (2010/2011) estima-se que serão distribuídos pelas escolas a preços dependentes das capacidades económicas das famílias dos alunos (de grátis até 150 Euros) 250.000 computadores pessoais “Magalhães”. Este programa, juntamente com outros ambiciosos programas de equipamento das escolas com “data-shows”, “quadros interactivos”, rede wireless, etc., constitui vasto programa de equipamento das escolas portuguesas com o acesso e utilização de TIC. Em relação aos alunos com deficiência foram criados 27 Centros de Avaliação e de Recursos de TIC que procuram assegurar por todo o país a avaliação e equipamento das escolas com a tecnologia de Apoio que os alunos com NEE necessitam. Este processo é ainda muito recente e existem muito poucos estudos sobre o seu efetivo impacto na Educação e na Educação Especial mas todo este processo tem sido apresentado pelo Governo como uma bandeira de evolução e de modernidade do sistema educativo. As TIC na Educação: promessas e realidades A chegada das TIC à Educação esteve quase sempre rodeada de alguns equívocos. Antes de mais pelo facto de se imaginar que a simples presença e utilização das TIC modificaria sensivelmente a escola. É interessante notar que os primeiros programasde uso escolas (chamados programas tutoriais) reproduziam o mais convencional que a escola podia apresentar: uma dinâmica de pergunta-resposta em que o computador (emulando um professor) sempre sabia a inequívoca resposta que o aluno tinha que encontrar. Rapidamente se tornou claro que as tecnologias, por si só não constituíam uma reforma educacional mas eram uma ferramenta que poderia ser usada ao serviço de qualquer modelo de escola: desde a mais tradicional à mais inovadora. Um segundo Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com equívoco era que a utilização das TIC pelos alunos podia ser tratada como um mero conteúdo curricular em que os alunos aprendiam a usar programas instrumentais (tais como os processadores de texto, as bases de dados, os programas de apresentação de dados, etc.). Ora tornou-se também evidente que, para que as tecnologias pudessem ser usadas e aproveitadas em todas as suas potencialidades, era necessário que não só os alunos se familiarizassem com elas (e muitas vezes até melhor que muitos professores…) mas que toda a comunidade escolar usasse as tecnologias de forma aberta e “natural” tal como se usariam equipamentos, bibliotecas ou outros recursos. Entender que as tecnologias eram algo que se devia ensinar aos alunos enquanto o resto da comunidade escolar permanecia num estado “Pré-tecnológico” foi também um equívoco ligado à utilização das TIC na Educação. A introdução das TIC na Educação é um processo de reforma que, como todos os processos semelhantes, implica tempo, meios e a atuação numa multiplicidade de factores. Sem procurar – dada a natureza do presente documento – ser exaustivo em relação a às condições que podem ser decisivas para que a reforma das TIC seja bem sucedida na Educação, lembraríamos o trabalho de Antonovsky (1987). Para este autor o sucesso dos processos de inovação depende de uma variável que ele designou por sentido de coerência. O sentido de coerência ou confiança pode definir-se como a percepção de que a) Os envolvimentos em que a pessoa actua são estruturados e previsíveis, b) os processos desenvolvem-se em conformidade com a planificação feita, c) existem recursos para responder às solicitações d) as solicitações são entendidas como desafios merecedores de energia, investimento e compromisso. São estas, segundo o autor, as características que um processo de inovação deve ter para poder ser bem sucedido. Olhando mais de perto para o processo de introdução das TIC em Educação e em Educação Especial entendemos a complexidade que este processo comporta: nem sempre os envolvimentos que usam as TIC são estruturados e previsíveis; os processos de TIC usam muitas vezes metodologias em que o aleatório e o imprevisto têm um papel determinante, os recursos são muitas vezes deficitários, os programas de financiamento que os facultam frequentemente respondem tardiamente às solicitações e, finalmente, encontra-se muitas vezes nos professores uma resistência à sua introdução por pensarem que as TIC são mais um trabalho ou a complicação no seu trabalho. Vemos assim que a introdução das TIC na Educação é um processo complexo em que a sua força motivacional e a sua aura de modernidade se confrontam com numerosos obstáculos oriundos da forma habitual de funcionamento da escola. Talvez sejam estas algumas das razões que têm atrasado Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com e dificultado que as TIC se integrem harmoniosamente, naturalmente, na Educação/Educação Especial. No entanto as realidades aproximam-se mais que nunca das promessas e é actualmente óbvio que as TIC têm um papel crescente e cada vez mais importante nas estratégias, nos ambientes, na informação e na dinâmica das escolas. 6 As TIC e Inclusão Situamos desta forma os parâmetros de análise das TIC e da Inclusão: de um lado uma tendência generalizada para usar nos sistemas educativos a perspectiva da inclusão enquanto modelo de qualidade da escola, por outro lado o imenso potencial das TIC para a Educação. Serão estes dois universos compatíveis,susceptíveis de se harmonizar? Não é evidente nem fácil por três razões principais: • As TIC desenvolveram-se em grande parte com base em modelos tutoriais. Quer isto dizer que as TIC se apropriaram de algumas as competências mais tradicionais do professor (ex: transmissão de um conhecimento fechado na dimensão e na profundidade). Encontramos ainda muito software e outras aplicações que reproduzem este modelo. Ora este modelo não se adequa a uma organização lectiva que tenha por objectivo a inclusão dado que se evitam modelos transmissivos fazendo tornando o aluno um agente activo da sua própria aprendizagem. • Outra questão prende-se com o carácter individual que as TIC , sabendo-se que uma enorme percentagem de aplicações são pensadas para um aluno individual sendo muito restritas as possibilidades de encorajamento de um trabalho de grupo. Ora a EI ao valorizar a contribuição de cada aluno para a aprendizagem de todos, dá uma particular atenção ao trabalho cooperativo, ao trabalho feito em grupo em que todos encontram uma área de participação. • Por fim, e em muitos países, verifica-se que as TIC são um factor adicional de desigualdade social. Tem sido repetidamente apontado por entidades internacionais (entre as quais a União Europeia) os perigos da info-exclusão, isto é a forma como significativos grupos de alunos podem ser excluídos ou ver a sua participação dificultada por causa do seu género, cultura ou meio socioeconómico de proveniência. A info-exclusão é pois um facto que, a não ser atalhado, pode ainda tornar mais difícil o processo de Inclusão de todos os alunos numa comunidade escolar. Não é pois, óbvio que as TIC sejam incondicionais aliadas da EI. Mas existe uma grande margem de conceitos e de modelos que, permitem pensar nas TIC como ferramentas que podem ou não ser usadas em EI. Florian (2010) chama a atenção exatamente para este fato ao dizer que as TIC podem ser usadas numa perspectiva de reforço de modelos tradicionais ou como reforço de modelos inclusivos. Esta autora, realça que se podem usar as TIC como um Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com “recursos adicional para alguns” ou no quadro de uma resposta educativa para todos. Haveria assim necessidade de três modificações (op.cit.): 1. Mudança de foco das diferenças dos aprendizes para a aprendizagem de todos (não “mais recursos só para alguns”), 2. Rejeição das crenças determinísticas sobre as aptidões e da ideia que a presença de alguns bloqueará o progresso de outros, e 3. formas de trabalho entre os alunos e entre estes e os professores que respeitem a dignidade dos alunos como membros plenos da sala de aula. As TIC, à semelhança de muitos outros recursos, é um poderoso instrumento que precisa de ser interrogado, escrutinado e pensado para poder ser usado como um aliado da EI(RODRIGUES, 1999). A vertiginosa evolução das TIC permite hoje em dia dispor de meios que podem constituir uma enorme mais valia para o desenvolvimento de ambientes inclusivos nas escolas. Daria quatro exemplos: 1. A existência em muitas escolas de modelos que incentivam a comunicação entre os alunos (ref. Intranet, facebook, plataformas de e-learning tipo Moodle, etc.), 2. a utilização de quadros interactivos e meios informáticos na apresentação das aulas, permitem que os alunos disponham apresentações que poderão usar em variados contextos (dentro e fora da sala de aula e da escola) 3. Os meios disponíveis de armazenamento, acesso e troca de documentação (tipo “Drop Box”) proporcionam possibilidades acrescidas de colaboração entre os alunos mesmo em espaços e tempo não escolares. 4. O crescente acesso de alunos aos meios informáticos e nomeadamente aos computadores e meios de comunicação (ref: telefones celulares com ligação à Internet) permite a existência de uma base de comunicação que pode ser usada para o desenvolvimento de ambientes inclusivos. É muito interessante verificar que se tem criado nos mídia e no “senso comum” uma incompatibilidade entre as TIC e a escola. Diz-se que os jovens recusam a escola para mergulhar no mundo das TIC. A este respeito evoco o estudo feito à 3 anos sobre a geração electrónica. Este estudo investiga, entre outros aspectos, como os jovens que foram educados já no mundo das TIC estabelecem as suas interacções usando essas mesmas TIC. E as conclusões são muito interessantes: 1. Cerca de 80% dos jovens internautas comunicam e pedem ajuda aos colegas em chats ou noutras formas de comunicação online e perto de um quarto contactam os professores; 2. Uma das principais utilizações sociais da rede é a interacção e comunicação, ainda que mediada, com os pares que os jovens conhecem da escola e de outros contextos; Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com 3. As actividades mais populares na rede entre os jovens portugueses inquiridos são receber mensagens de correio electrónico, consultar bibliotecas, enciclopédias, dicionários e atlas na rede ou procurar informação relacionada com os estudos; e 4. Para mais de 80% destes jovens verifica-se a clara preferência em comunicar com pessoas que conhecem de outros locais e, em especial, da escola. Afinal a e-generation, isto é, os jovens que hoje frequentam as nossas escolas estão receptivos e mesmo ávidos de interacção uns com os outros! Mesmo quando usam as tecnologias,eles procuram grupos, colegas, professores e contactos de forma a fortalecer a sua interacção. Síntese e recomendações As TIC são, como sempre foram e certamente serão, uma ferramenta, um utensílio que poderá ser usado a favor da Inclusão mas também no sentido inverso a ela. Antes como agora continuam em aberto a possibilidade de opção da escola e do professor. Muitos professores sentem-se ultrapassados pelas TIC. Outros julgam que o movimento das TIC – proveniente de fora da escola” é de tal forma inevitável e impositivo que não há nada a fazer. A esse professores diríamos que a opção sobre o que as TIC vai significar para os alunos e para a sua aprendizagem continua a ser uma possibilidade e não uma inevitabilidade. Precisamos de professores que não se “rendam” face ao avanço das TIC mas pelo contrário pensem o que é possível de fazer de novo, de melhor, com os novos meios que são postos à disposição da escola e dos alunos. Se um professor acha que está a ser ultrapassado pelas TIC então ele precisa de ajuda urgente para que não se torne descartável. Como síntese terminaríamos com dez recomendações que poderão contribuir para re-conceptualizar o papel das TIC na EI: • Antes de mais a escola e os professores deverão conhecer e partir dos recurso se dos conhecimentos e das possibilidades concretas que podem ser mobilizadas (equipamentos, programas, [...]). • Desenvolver dinâmicas inclusivas na sala de aula e usar os recursos existentes das TIC para toda a classe. São as dinâmicas inclusivas de aprendizagem que “convidam” as TIC para participar. • Usar recursos TIC para toda a classe pode implicar uma valorização ao nível da inclusão de alunos com NEE que tenham acesso a meios de Tecnologias de Apoio ou outras. • Usar as competências que os alunos têm para compartilhar com os outros de forma a estimular uma aprendizagem cooperativa e grupal. Com as TIC, como noutras áreas aprender é uma actividade relacional e cooperativa. Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com • Melhorar a comunicação/cooperação entre os professores sobre recursos pedagógicos ao nível informático e ao nível da NET. Os professores precisam também de trabalhar num ambiente inclusivo… • Criar situações em que as TIC sejam uma mais valia para a resolução de problemas ou desenvolvimento de projectos. Criar projetos que tornem as TIC imprescindíveis para a sua boa realização. • Criar situações em que as TIC sejam usadas como formas de discussão (ex: listas de discussão) blogs, e outros recursos) que impliquem uma participação/interacção aberta de grupos de alunos. • Incentivar os alunos a pesquisa de sítios/ programas em que se possam desenvolver projetos de pesquisa. Isto implica que sejam fornecidas indicações explícitas e acessíveis sobre onde encontrar a informação e não um vago “vão ver à Internet!”. • Usar as TIC para alargar a comunicação com outros grupos de alunos e escolas. Criar comunidades virtuais e solidárias (ex: serviços de pediatria de hospitais, comunicação com escolas de outros países/línguas) que dêem sentido à utilização das TIC. • Incentivar o planejamento coletivo dos professores. O campo das TIC implica conhecimentos muito díspares e quando se trabalha em grupo quase sempre há alguém que sabe “onde”, “como” e “o quê” diferente dos outros professores. As TIC em tempo de Educação Inclusiva são uma oportunidade para respeitar identidades e para criar ambientes de aprendizagem em cada aluno tenha a possibilidade de se sentir útil e participativo. Precisamos assim de desenvolver um pensamento pró-ativo sobre as TIC; isto é, não pensar nas TIC como um tsunami que tudo arrasa no seu caminho mas antes como um fértil e criativo curso de água que, conforme a forma como o dirigirmos, poderá irrigar e ajudar a florescer a Educação do século XXI numa perspectiva de dignificação e construção de oportunidades de igualdade para todos os alunos. Referências. A Tecnologia Assistiva Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com A Tecnologia Assistiva na mediação dos processos inclusivos Conforme são percebidos os instrumentos de mediação pela concepção sócio-histórica do desenvolvimento humano proposta por Vygotsky (1994), os recursos de acessibilidade, os recursos de Tecnologia Assistiva, podem ser situados como mediações instrumentais para a constituição da pessoa com deficiência, como sujeitodos seus processos, a partir da potencialização da sua interação social no mundo. Para Vygotsky (1994), é a possibilidade de relacionar-se, de entender e ser entendido, de comunicar-se com os demais, o que impulsiona o desenvolvimento do homem. Segundo ele: Desde os primeiros dias do desenvolvimento da criança, suas atividades adquirem um significado próprio num sistema de comportamento social e, sendo dirigidas a objetos definidos, são refratadas através do prisma do ambiente da criança. [...] Essa estrutura humana complexa é o produto de um processo de desenvolvimento enraizado nas ligações entre a história individual e a história social. (VYGOTSKY, 1994, p. 40). Por meio da mediação do outro, o ser humano pode, desde pequeno, ir atribuindo sentido ao que está ao seu redor. Dessa forma, o homem vai desenvolvendo internamente as suas funções mentais superiores, atribuindo um significado intrapsíquico, a partir dos significados construidos nas relações sociais intrapsíquicas (VYGOTSKY, 1989, 1994). São fundamentais para essa mediação, segundo Vygotsky (1994), os signos e os instrumentos. O ser humano conseguiu evoluir como espécie graças à possibilidade de ter descoberto formas indiretas, mediadas, de significar o mundo ao seu redor, podendo, portanto, por exemplo, criar representações mentais de objetos, pessoas, situações, mesmo na ausência dos mesmos. Essa mediação pode ser feita de duas formas: através do uso dos signos e do uso dos instrumentos. Ambos auxiliam no desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. (GALVÃO, 2004, p. 87). Portanto, os instrumentos e os signos proporcionaram, para Vygotsky (1994), a mediação que impulsiona o desenvolvimento. No entanto, as limitações de indivíduo com deficiência tendem a tornarem-se uma barreira para esses processos de significação do mundo por meio da mediação do outro. Dispor de recursos de acessibilidade, a chamada Tecnologia Assistiva, seria uma maneira concreta de neutralizar as barreiras causadas pela deficiência e inserir esse indivíduo nos ambientes ricos para a aprendizagem e desenvolvimento, proporcionados pela cultura. Claudia R. Mosca Giroto; Rosimar B. Poker & Sadao Omote (Org.) 7 0 Os instrumentos de mediação, segundo Vygotsky (1994), são, na verdade, objetos feitos com um fim específico: São coisas que carregam consigo o motivo pelo qual foram gerados, ou seja, a sua finalidade social. Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com Representam de imediato o que pretendem mediar na relação entre o ser humano e o mundo. No caso de uma ferramenta de trabalho, a partir do momento em que a pessoa descobre a sua finalidade social, ela irá carregá-la consigo, identificando, assim, para que serve a sua existência. Por exemplo, ‘uma tesoura serve para cortar’. (GALVÃO, 2004, p. 87). Já como exemplo de signos presentes no nosso tempo, necessários para essa mediação, talvez seja possível situar todas as novas possibilidades proporcionadas pelas Tecnologias de Informação e Comunicação, como os ambientes virtuais de interação e aprendizagem,enquanto importante realidade de nossa cultura, e cuja apropriação responsável e crítica a tornaria um meio concreto para a formação do sujeito e para a sua inclusão social (LÉVY, 1999). Detendo-me agora nos recursos de acessibilidade, na Tecnologia Assistiva, enquanto instrumento de mediação para a construção de sentidos, creio que é necessário analisar mais de perto como ocorrem esses processos de significação e construção de conhecimentos para a pessoa com deficiência, já que as limitações interpostas pela própria deficiência, incluídos aí todos os obstáculos sociais e culturais dela decorrentes, tenderiam a converter-se em sérias barreiras para essa atribuição de sentido aos fenômenos do seu entorno e à própria interação social. Com muita frequência a criança com deficiência apresenta significativas limitações em sua capacidade de interação com o meio e com as pessoas a sua volta. Mais ainda quando sofre as consequências da desinformação e dos preconceitos, devido às quais normalmente são subestimadas as suas potencialidades e capacidades, gerando tratamentos paternalistas e relações de dependência e submissão, fazendo com que assuma posturas de passividade frente à realidade e na resolução dos próprios problemas. Conforme mostra Valente (1991, p. 1): As crianças com deficiência (física, auditiva, visual ou mental) têm dificuldades que limitam sua capacidade de interagir com o mundo. Estas dificuldades podem impedir que estas crianças desenvolvam habilidades que formam a base do seu processo de aprendizagem. Dessa forma, as dificuldades de interação, agravadas ainda mais quando associadas a uma carência de estímulos, algo frequente, principalmente em situações de limitações econômicas e sociais mais acentuadas, tendem a gerar posturas de passividade diante da realidade. Nestes casos,surge a questão sobre como ocorre o desenvolvimento cognitivo e o aprendizado desses alunos, ou de que forma o professor e o ambiente educacional podem contribuir para isso, dadas as diferentes limitações decorrentes de sua deficiência, tais como as limitações de comunicação e linguagem, ou limitações motoras para o seu deslocamento e para a manipulação de objetos. Muitas vezes, essas limitações restringem Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com significativamente as interações dessas pessoas com os objetos do seu meio e com as pessoas. Uma criança com paralisia cerebral do tipo atetósico, por exemplo, além de, com muita frequência, não poder deslocar-se sozinha, tem problemas de coordenação motora que dificultam a manipulação de objetos também dificuldade para a sua comunicação oral com outras pessoas. [...] é frequente o problema motor ser acompanhado de problemas de aprendizagem, devido ao absentismo escolar (por doenças, intervenções cirúrgicas, superproteção familiar, etc.), à limitação das experiências adquiridas ao longo do seu desenvolvimento e a outras causas. (MUÑOZ; BLASCO; SUÁRES, 1997, p. 301). E os estudos tanto de Piaget (1975), quanto de Vygotsky (1994), mostram como essas interações são fundamentais para os processos de desenvolvimento e aprendizagem dessas crianças. Piaget (1975), por exemplo, demonstrou que as ações executadas pelos indivíduos são fundamentais para o seu desenvolvimento intelectual. Essa realidade é expressa por Flavell (1988, P. 81) da seguinte forma: Há uma característica mais fundamental da inteligência (e também da percepção) que Piaget enfatizou em várias publicações: em todos os níveis evolutivos, a cognição é uma questão de ações reais realizadas pelo sujeito [...] De acordo com Piaget, as ações realizadas pelo sujeito constituem a substância ou a matéria-prima de toda a adaptação intelectual e perceptual. Claudia R. Mosca Giroto; Rosimar B. Poker & Sadao Omote (Org.) E, segundo Piaget, não é somente a quantidade das ações, movimentos e interações que determinam as condições favoráveispara o desenvolvimento cognitivo, mas também a qualidade e a intensidade dessas interações. Braga (1995) chama a atenção para as conclusões de Piaget nesse sentido, ao comentar sobre os resultados de um estudo por ele desenvolvido sobre o atraso cognitivo de crianças da zona rural do Irã: “conclui que o retardo observado era causado pela combinação da falta de atividade e movimento, associada à falta de objetos para manipular e à interação social precária”. (BRAGA, 1995, p. 52). Na visão sócio-histórica de Vygotsky (1994, 1997) as interações sociais assumem uma relevância ainda mais acentuada para os processos do desenvolvimento cognitivo. Desenvolvimento e aprendizado, para Vygotsky (1994, 1997), estão intimamente inter-relacionados. Segundo ele, que enfatiza a importância das interações sociais, o aprendizado também resulta em desenvolvimento cognitivo já que novos processos de desenvolvimento começam a surgir a partir da interação da criança com outras pessoas (BRAGA, 1995). A partir dessa visão, Vygotsky (1994) propõe o conceito de “zona de desenvolvimento proximal”, definida por ele como: [...] a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes. (p. 112). Com Isso,o autor destaca a natureza social do aprendizado humano, fazendo ver que não basta avaliar uma criança apenas pelas atividades que ela já consegue realizar sozinha, mas que é importante detectar o seu nível de desenvolvimento potencial, com o leque de atividades e conhecimentos passíveis de já serem trabalhados e desenvolvidos pela criança em interação e com a ajuda de outras pessoas. Para ele “o aprendizado humano pressupõe uma natureza social específica e um processo através do qual as crianças penetram na vida intelectual daqueles que as cercam” (VYGOTSKY, 1994, p. 175). E, nas palavras de Miranda (1999a, p. 161), Pela própria mediação do outro, revestida de gestos, atos e palavras, a criança vai se apropriando e elaborando as formas de atividade prática e mental consolidadas e emergentes de sua cultura, num processo em que pensamento e linguagem articulam-se dinamicamente. Sendo isso verdade, quais seriam então as possibilidades e potencialidades de desenvolvimento de uma criança com deficiência, cujas limitações frequentemente comprometem sua capacidade de ação e interação? Se numa criança com deficiência a sua capacidade de ação e movimento, ou sua capacidade de comunicação e interação com outras pessoas, com frequência estão prejudicadas pela deficiência, estaria então essa criança, tanto para Piaget quanto para Vygotsky (1994), fadada a um retardo ou atraso significativo em seus processos de desenvolvimento e aprendizado? Não seria bem assim, segundo esses autores, mesmo reconhecendo as dificuldades maiores que essas crianças enfrentam. Piaget, em primeiro lugar, explicitou a sua percepção de que uma ação, a partir de uma determinada etapa de desenvolvimento da criança, não significa apenas o que pode ser observado de fora (BRAGA, 1995). Ele concebe e admite a noção de uma ação mental: “[...] a ação não se limita apenas a atos externos observáveis, nós assimilamos que uma ação interna é ainda uma ação”. (PIAGET, 1979, p. 33). Por outro lado, Vygotsky (1997), que estudou especificamente os processos de desenvolvimento cognitivo de crianças com deficiências, percebe uma “nova face” nos obstáculos interpostos pela deficiência: além das dificuldades decorrentes da mesma, ele enxerga nesses obstáculos também uma fonte de energia, uma mola propulsora para a busca de sua superação, principalmente através de “rotas alternativas”. Vygotsky desenvolve essas idéias em seu trabalho “Fundamentos da Defectologia” (1997), no qual conclui que os princípios fundamentais do desenvolvimento são os mesmos para as crianças com ou sem deficiência, mas que as limitações interpostas pela deficiência funcionam como um elemento motivador, como um estímulo, uma “supercompensação”, para a busca de caminhos Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com alternativos na execução de atividades ou no logro de objetivos dificultados pela deficiência. (GALVÃO FILHO, 2004, p. 28). Claudia R. Mosca Giroto; Rosimar B. Poker & Sadao Omote (Org.) 7 4 Portanto, Vygostky (1997, p. 14, tradução nossa) perceber uma dimensão positiva advinda das limitações interpostas pela deficiência: Todo defeito cria os estímulos para elaborar uma compensação. Por Isso o estudo dinâmico da criança deficiente não pode limitar-se a determinar o nível e a gravidade da insuficiência, mas inclui obrigatoriamente a consideração dos processos compensatórios, ou seja, substitutivos, super estruturados e niveladores, no desenvolvimento e a conduta da criança7 . Para explicar como, segundo ele, ocorre esse processo de compensação, o autor faz uma analogia com o que ocorre no organismo humano quando este é submetido a uma vacinação. Quando uma pessoa recebe uma vacina, o seu organismo, ao ser inoculado com os organismos tóxicos de uma doença, não só não sucumbe a essa doença, como, paradoxalmente, adquire uma maior resistência a ela. E é esse processo de transformar algo inicialmente negativo em algo positivo que ele chama de supercompensação: “Sua essência se reduz ao seguinte: todo deterioro ou ação prejudicial sobre o organismo provoca por parte dele reações defensivas, muito mais enérgicas e fortes que as necessárias para paralisar o perigo imediato.”8 (VYGOTSKY, 1997, p. 42. Tradução nossa). Apesar das grandes dificuldades, ou mesmo impossibilidades, da criança com deficiência física severa e/ou de comunicação oral, por exemplo, de interagir com o seu meio ambiente, torna-se compreensível, a partir dessa noção de supercompensação proposta por Vygotsky, o fato de que essas crianças possam apresentar o mesmo nível de desenvolvimento cognitivo que outras crianças da mesma idade que não possuam nenhuma dificuldade motora ou de comunicação, se forem devidamente estimuladas. Para Vygotsky, “a criança com defeito não é inevitavelmente uma criança deficiente. O'Grau do seu defeito e sua normalidade depende do resultado da compensação social, ou seja, da formação final de toda sua personalidade O desenvolvimento de uma criança com deficiência física ou sensorial não é inferior ao de outra criança, mas sim, diferente, singular, pois ela aprende caminhos alternativos para compensar, por exemplo, a falta de determinadas experiências motoras ou sensoriais, para elaboração do seu pensamento, sendo a experiência social o alicerce dos processos compensatórios (PERES, 2003). Essa realidade é verdadeira não somente na sua dimensão psicológica. Também na dimensão biológica, novos estudos têm detectado a utilização feita pelo cérebrode vias compensatórias, através da chamada “plasticidade cerebral”, estudos esses que também destacam a importância das interações, dos estímulos externos, para a aceleração do aparecimento dessas vias compensatórias (novas Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com redes neurais). No atual estágio de desenvolvimento da ciência, supõe-se que, quando ocorre uma lesão cerebral, os neurônios lesados não se regeneram. Porém, estudos têm demonstrado que, a partir de uma lesão ocorrida, o cérebro é capaz de realizar novas conexões entre os neurônios saudáveis, as quais permitem que esse cérebro passe a comandar e controlar, a partir da estimulação desses neurônios saudáveis, as mesmas atividades motoras, por exemplo, que normalmente só poderiam ser executadas em decorrência das conexões dos neurônios que foram lesados. E isso porque, como mostra Peres, “muitas das sinapses preexistentes no sistema nervoso central permanecem inativas ao longo da vida e somente serão ativadas se ocorrer uma lesão como na paralisia cerebral, mostrando que as conexões sinápticas podem ser modificadas permitindo a aprendizagem”. (PERES, 2003, p. 84). Também em função disso, portanto, fica evidente a importância dos estímulos externos e das interações sociais, para o desenvolvimento da pessoa com uma lesão cerebral. Na paralisia cerebral a interação da criança com as pessoas e os fenômenos que a cercam possibilita o surgimento de caminhos, tanto do ponto de vista do substrato neurológico quanto funcional, que viabilizam a superação de obstáculos gerados pela lesão cerebral [...] Para Vygotsky, o futuro destas crianças depende muito da possibilidade que elas venham a ter de interação com o meio social (BRAGA, 1995, p. 72): Havendo destacado, portanto, o papel vital das interações e dos estímulos externos para o desenvolvimento cognitivo e o aprendizado de alunos com deficiência, creio ser importante enfatizar que não é qualquer tipo, qualidade e intensidade dessas interações que efetivamente contribuem nesses processos. No trabalho que desenvolvo juntamente com um grupo de professores, no laboratório de informática com alunos com paralisia cerebral e outras deficiências motoras, sensoriais e intelectuais, tem sido possível detectar na quase totalidade dos alunos que nos procura, um acentuado atraso em seus processos de desenvolvimento cognitivo. No decorrer do trabalho, na medida em que vamos conhecendo melhor cada aluno, temos percebido, ao longo dos últimos 15 anos, como os atrasos, mais do que causados pela deficiência propriamente dita, são consequências ou da pouca intensidade ou da má qualidade das interações vividas pelos alunos ao longo de suas vidas. E, nisso, estão implicados diversos tipos de problemas, desde a falta de informações e capacitação da família, a preconceitos, isolamento e falta de confiança no potencial de cada um, tratamentos paternalistas que condicionam a uma atitude de passividade na solução dos próprios problemas, baixa auto-estima e tantos outros problemas. Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com Todos acarretam ou uma pobreza de interações para a pessoa com deficiência, ou um tipo de interação depreciadora de suas capacidades e potencial (GALVÃO FILHO, 2004, p. 41-42). Com Frequência,essa pobreza de estímulos ocorre, inclusive, nos ambientes educacionais. Os fracassos escolares vivenciados por muitos alunos, no interior de modelos educacionais que quase sempre culpam apenas o aluno por suas dificuldades, desresponsabilizando o sistema escolar, são exemplos de tipos de interação, de experiências sociais, que tornam mais um obstáculo, e não uma ajuda, para o aprendizado desse aluno. Essa visão do fracasso escolar centrada no aluno acaba por efetivar, de fato o fracasso. Isso mostra o quanto as expectativas do professor a respeito do aluno provocam a profecia autocumpridora. O aluno acredita que não é capaz de aprender e, desse modo, não aprende. (PERES, 2003, p. 72). Quando um aluno com deficiência ingressa em um sistema educativo tradicional, em uma escola tradicional, seja especial ou regular, frequentemente, vivência interações que reforçam uma postura de passividade diante de sua realidade, de seu meio. Frequentemente é submetido a um paradigma educacional no qual continua a ser o objeto, e não o sujeito, de seus próprios processos. Paradigma esse que, ao contrário de educar para a independência, para a autonomia, para a liberdade no pensar e no agir, reforça esquemas de dependência e submissão. É visto e tratado como um receptor de informações e não como construtor de seus próprios conhecimentos. Como alerta Bonilla (2005, p. 69): São exemplos de padrões naturalizados pela escola os métodos e programas calcados em lógicas lineares e a preocupação demasiada em possibilitar aos educandos o mero acesso a informações, descuidando-se de torná-las significativas. Presa a ritos e padrões, a escola se fechou para as transformações sociais que ocorrem no contexto onde está inserida, de forma que hoje se observa uma distância muito grande entre o mundo da escola e o mundo fora dela, seja este o mundo do trabalho, seja o do lazer. De outra forma, é bem diferente quando o educador vê o aluno com deficiência a partir do seu potencial, das suas capacidades e também de suas possibilidades de criar rotas alternativas por meio de supercompensação. Como mostra Vygotsky (1997, p. 46, tradução nossa) “Que perspectivas se.abrem diante de um pedagogo quando sabe que o defeito não é só uma carência, uma deficiência, uma debilidade, mas, também uma vantagem, um manancial de força e aptidões, que existe nele certo sentido positivo.” E a missão do educador nesses casos não é certamente a de facilitar, de diminuir as dificuldades para o aluno com deficiência, mas, sim, a de desafiá-lo, estimulá-lo, para que ele mesmo encontre as soluções para seus próprios problemas. Só assim estará, de fato, ajudando-o a crescer em direção a sua autonomia. Construir todo o processo educativo seguindo as tendências naturais a Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com supercompensação, significa não atenuar as dificuldades que derivam do defeito, mas tencionar todas as forças para compensá-lo, plantear só tarefas tais e fazê-lo de tal forma, que respondam a gradualidade do processo de formação de toda a personalidade sob um novo ângulo 11 (VYGOTSKY, 1997, p. 47, tradução nossa). Portanto, para que o aluno com deficiência seja esse sujeito ativo na construção do próprio conhecimento, é vital que vivencie condições e situações nas quais ele possa, a partir de seus próprios interesses e dos conhecimentos específicos que já traga consigo, exercitar sua capacidade de pensar, comparar, formular e testar ele mesmo suas hipóteses, relacionando conteúdos e conceitos. E possa também errar, para que reformule e reconstrua suas hipóteses, depurando-as. Por tudo isso, portanto, a mediaçãoinstrumental para a atribuição de sentidos aos fenômenos do meio, e para a busca de “rotas alternativas” para a construção de conhecimentos, encontra na Tecnologia Assistiva um forte aliado, na realidade específica da pessoa com deficiência. Sendo as riquezas da experiência social o alicerce dos processos compensatórios (PERES, 2003), a Tecnologia Assistiva surge, para a pessoa com deficiência, em muitos casos como um privilegiado elemento catalisador e estimulador na construção de novos caminhos e possibilidades para o aprendizado e desenvolvimento, na medida em que se situa com instrumento mediador, disponibilizando recursos para o “empoderamento” dessa pessoa, permitindo que possa interagir, relacionar-se e competir em seu meio com ferramentas mais poderosa, proporcionadas pelas adaptações de acessibilidade de que dispõe. Conforme analisei anteriormente, para Vygotsky (1997) a busca de caminhos alternativos, a nova rota aberta pela supercompensação, é estimulada e potencializada dependendo da quantidade e da qualidade dos estímulos externos e das interações sociais. E estes somente são viabilizados, no caso de muitas pessoas com deficiência, por meio de recursos de acessibilidade, por meio da Tecnologia Assistiva. Nesse contexto, a Tecnologia Assistiva surge como instrumento fundamental para uma verdadeira e eficaz atividade e participação de muitas pessoas com deficiência, seja em casa, na escola, no trabalho ou em qualquer outro ambiente. E em diferentes lugares a Tecnologia Assistiva é concebida tanto em termos de produtos, como em termos de serviços. Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com Os Produtos de Tecnologia Assistiva Falar de produtos de Tecnologia Assistiva (TA) é falar de um horizonte muitíssimo amplo de possibilidades e recursos. Conforme mencionei anteriormente, qualquer ferramenta, adaptação, dispositivo, equipamento ou sistema que favoreça a autonomia, atividade e participação da pessoa com deficiência ou idosa é efetivamente um produto de TA. Existem os produtos denominados de Baixa Tecnologia (low-tech) e os produtos de Alta Tecnologia (high-tech). Essa diferença não significa atribuir uma maior ou menor funcionalidade ou eficiência a um ou a outro, mas, sim, caracterizar apenas a maior ou menor sofisticação dos componentes com os quais esses produtos são construídos e disponibilizados. São considerados produtos de TA, portanto, desde artefatos simples como uma colher adaptada, uma bengala ou um lápis com uma empunhadura mais grossa para facilitar a preensão, até sofisticados sistemas computadorizados, utilizados para proporcionar uma maior independência, qualidade de vida, autonomia e inclusão social da pessoa com deficiência ou idosa (GALVÃO FILHO; DAMASCENO, 2006). Quanto à variedade de possibilidades desses recursos, as diferentes áreas de utilização propostas pela classificação da Norma Internacional ISO 9999, dão uma idéia da amplitude desse leque de opções. São recursos tanto para as atividades de vida diária, quanto para atividades educacionais, profissionais,esportivas, de lazer,entre tantas outras. As 11 classes propostas pela classificação da Norma Internacional ISO 9999, 2002, são: Classe 03 Ajudas para tratamento clínico individual Classe 05 Ajuda para treino de capacidades Classe 06 Órteses e próteses Classe 09 Ajudas para cuidados pessoais e de proteção Classe 12 Ajudas para mobilidade pessoal Classe Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com 15 Ajudas para cuidados domésticos Classe 18 Mobiliário e adaptações para habitação e outros locais Classe 21 Ajudas para a comunicação, informação e sinalização Classe 24 Ajudas para o manejo de produtos e mercadorias Classe 27 Ajudas e equipamentos para melhorar o ambiente, ferramentas e máquinas Classe 30 Ajudas para a Recreação Fonte: (ISO 9999, 2002) Essa classificação da ISO 9999, portanto, embora seja amplamente utilizada em trabalhos no mundo todo, não dá conta dos Serviços de Tecnologia de Apoio (ou Tecnologia Assistiva ou Ajudas Técnicas, expressões frequentemente utilizadas como sinônimos no Brasil). E também pode não ser a mais indicada para a organização de programas de formação (COMISSÃO EUROPÉIA, 1999b). Inclusive, reforçando essa opção por configurar-se numa classificação orientada apenas para produto, a 4ª edição dessa Norma Internacional publicada em 2007, altera a terminologia utilizada, trocando a expressão “Ajudas Técnicas”, utilizada até a versão de 2002, por “Produtos Assistivos”, ou, na sua versão em espanhol, de “Ayudas Técnicas” para “Productos de Apoyo” (ISO 9999, 2002). Essa nova versão da Norma altera a definição utilizada, passando a conceituar “Productos de Apoyo” como: Qualquer produto (incluindo dispositivos, equipamentos, instrumentos, tecnologia e software) fabricado especialmente ou geralmente disponível no mercado, para prevenir, compensar, controlar, atenuar ou neutralizar deficiências, limitações na atividade e restrições na participação.12 (ISO 9999,2007, p. 6, tradução nossa). Como o avanço acelerado dos recursos computacionais e telemáticos, vêm assumindo cada vez mais relevância, além de se tornarem cada vez mais acessíveis, os recursos de TA relacionados à área de informática. Na medida em que o computador e a internet passam a fazer parte, cada vez mais, do dia-a-dia de todas as pessoas, a permear todas as culturas (LÉVY, 1999) e a favorecer a comunicação e a execução de diversas atividades, os recursos de TA relacionados à área computacional também apresentam avanços acelerados, Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com abrindo novas possibilidades às pessoas com deficiência, algumas das quais que seriam impensáveis, ainda há pouco tempo atrás. Como, por exemplo, a capacidade de realizar tarefas complexas com mínimos movimentos do corpo, por pessoas com paralisias graves, até mesmo movimentar o próprio corpo ou controlar o ambiente, utilizando técnicas e dispositivos da tecnologia de informática. E novos e surpreendentes avanços não cessam de surgir nessa área, a cada dia. Porém,embora todas as tecnologias convergem, cada vez mais, para uma relação direta com as tecnologias de informática, não se pode deixar de estar atento às pequenas soluções artesanais do dia-a-dia, utilizadas em casa ou numa sala de aula, por exemplo, que, embora simples, muitas vezes têm o poder de solucionar problemas concretos e complexos. Soluções simples e artesanais que, frequentemente, apresentam um alto grau de eficiência e funcionalidade. Mesmo os dispositivos ou adaptações para uso de um recurso sofisticado como o computador, por exemplo, contrariando o mito de que se tratariam de recursos caros, pouco acessíveis ou indisponíveis no país, com frequência podem ser construídos de forma artesanal, fácil, barata, ou mesmo gratuita (GALVÃO FILHO; DAMASCENO, 2008). Hoje em dia, é sabido que as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) vêm se tornando, de forma crescente, importantesinstrumentos de nossa cultura e, sua utilização, um meio concreto de inclusão e interação no mundo (LEVY, 1999). Essa constatação é ainda mais evidente e verdadeira quando nos referimos a pessoas com deficiência. Nesses casos, as TIC podem ser utilizadas ou como Tecnologia Assistiva, ou por meio de Tecnologia Assistiva. Utilizamos as TIC como Tecnologia Assistiva quando o próprio computador é a ajuda técnica para atingir um determinado objetivo. Por exemplo, o computador utilizado como caderno eletrônico, para o indivíduo que não consegue escrever no caderno comum de papel. Por outro lado, as TIC são utilizadas por meio de Tecnologia Assistiva, quando o objetivo final desejado é a utilização do próprio computador, para o que são necessárias determinadas ajudas técnicas que permitam ou facilitem esta tarefa. Por exemplo, adaptações de teclado, de mouse, software especiais, etc. (GALVÃO FILHO; HAZARD; REZENDE, 2007, p. 30). São diferentes as formas de classificar sistematizar as maneiras de utilização das TIC como Tecnologia Assistiva. Opto, aqui, por apresentar uma classificação que divide essa utilização em quatro áreas(SANTAROSA, 1997): • As TIC como sistemas auxiliares ou prótese para a comunicação. • As TIC utilizadas para controle do ambiente. Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com • As TIC como ferramentas ou ambientes de aprendizagem. • As TIC como meio de inserção no mundo do trabalho profissional. Já quanto a utilização das TIC por meio de recursos de TA, a classificação que propomos (GALVÃO FILHO; DAMASCENO, 2002) divide esses recursos nas seguintes categorias: • Adaptações físicas ou órteses: São todos os aparelhos ou adaptações fixadas e utilizadas no corpo do aluno e que facilitam a interação do mesmo com o computador. • Adaptações de hardware: São todos os aparelhos ou adaptações presentes nos componentes físicos do computador, nos periféricos, ou mesmo, quando os próprios periféricos, em suas concepções e construção, são especiais e adaptados. • Softwares especiais de acessibilidade: São os componentes lógicos das TIC quando construídos como Tecnologia Assistiva. Ou seja, são os programas especiais de computador que possibilitam ou facilitam a interação do aluno com deficiência com a máquina. Em Todos Esses casos encontramos recursos tanto de alta tecnologia (high-tech), quanto de baixa tecnologia (low-tech). Mesmo para utilizar um sofisticado software especial de acessibilidade, é possível desenvolver acionadores artesanais simples, baratos, ou mesmo gratuitos, dependendo das necessidades específicas de cada usuário. Formação de professores para uma Educação Inclusiva mediada pelas tecnologias Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com A educação brasileira desde os primórdios baseia-se nos modelos externos com pouca adaptabilidade ao contexto sociocultural do país. Na verdade, não se pode falar de uma educação brasileira, pois os contextos regionais são diversos e diferentes.Em uma mesma região, há especificidades sociais, étnicas, econômicas que requisitam um planejamento pedagógico particular; construído com base nas políticas educacionais nacionais. Ao se considerarem as transformações provocadas pelo desenvolvimento das telecomunicações, essas especificidades não desaparecem; antes, tomam uma nova dimensão que precisa, também, estar delineada com base naquelas políticas nacionais. Não se pode,portanto,importar modelos,metodologias e tecnologias sem proceder a um cuidadoso trabalho de valorização das características socioculturais regionais nos saberes e competências locais, antecipando seus possíveis impactos para evitá-los ou minimizá-los sempre que possível. A intenção deste capítulo é fazer uma reflexão sobre a necessidade de se trabalhar o concreto, conhecer mais a legislação, reconhecer os problemas na escola e as limitações de cursos de Licenciatura e de Pedagogia que enfrentam limitações em relação à formação de licenciados e pedagogos preparados para enfrentar questões cada vez mais comuns nas salas de aula presenciais ou virtuais. Não se trata mais de discutir se os alunos com necessidades especiais ou em situação de deficiência devem ou não estar na sala de aula com os demais alunos. Não se trata mais de discutir se as tecnologias devam ou não ser introduzidas na escola. Constata-se que desde a infância até os anos mais avançados de idade, as pessoas estão cada vez mais em contato com as tecnologias digitais no seu cotidiano. Mesmo nas camadas sociais mais humildes, o celular já é um bem de consumo e o acesso à Internet não fica limitado às camadas mais ricas. A comunicação social faz uso dessas tecnologias e a escola as ignora. Por outro lado, as políticas educacionais de “Educação para Todos” ampliaram a possibilidade de todos, crianças, jovens, adultos e idosos, na condições mais diversas e adversas, estarem na escola e usufruírem do direito de se educarem; mais ainda, de se educarem com equidade e de se tornarem cidadãos e trabalhadores. Respondendo a um movimento internacional e respeito à diversidade e de inclusão, e inspirado pelo Marco de Ação da Conferência Mundial de Salamanca sobre Necessidades Educacionais Especiais: Acesso e Qualidade, (SALAMANCA, 1994), o MEC criou o Programa Nacional Educação Inclusiva:direito à diversidade que,entre outras ações,deu origem ao Projeto Educar na Diversidade nos Países do Mercosul, que envolveu, também, os Ministérios da Educação da Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai . Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com Em 2005, Como desdobramento a Secretária da Educação Especial lançou o Projeto de Formação Docente Educar na Diversidade e em 2006 foi publicado Educar para a Diversidade: material de formação docente, guia de orientação para a formação de gestores e professores para trabalharem com a diversidade e educação inclusiva. No portal do MEC, há disponibilizado material de boa qualidade gráfica, de conteúdo e com metodologia adequada para o desenvolvimento profissional docente. Assim, resta aos educadores, gestores, licenciados e pedagogos, apropriarem-se de metodologias que lhes permitam aprofundar seu conhecimento e desenvolver suas habilidades, de abordagens educacionais que identifiquem as necessidades emergentes da prática pedagógica, de tecnologias que lhes permitam usá-las de forma a assistir os alunos com necessidades especiais, auxiliando-os a se emanciparem e tornarem-se autônomos. Este capítulo parte da reflexão sobre alguns conceitos já bastante discutidos nas últimas décadas, passa-se pela discussão dos limites,exclusão e tecnologias, isto é, sobre o que é educação inclusiva, o que são tecnologias de informação e de comunicação e como elas podem se tornar tecnologias assistivas. Discute, ainda, a postura de uma grande parte de professores da educação básica na rede pública estadual e municipal e como ela pode ser mudada com base em trabalhos apresentados em alguns encontros,fóruns e seminários, pesquisas e fóruns de discussão em cursos de capacitação e palestras . As considerações finais buscam indicar algumas possibilidades, levantar alguns itens para um aprofundamento reflexivo e sugerir alguns temas para pesquisa. Tecnologias, exclusão e limites A compreensão inicial do termo tecnologia é de que se trata de máquinas. No quadro 2, elencam-se alguns conceitos obtidos no primeiro dia de aula de um curso de formação de professores, organizados em torno de quatro elementos principais: Conhecimento sistematizado, saber fazer, solução de problemas e melhoria de vida. Jornada da Educação Especial (UNESP); Fórum de Tecnologia Assistiva e Inclusão Social da Pessoa Deficiente (Núcleo de Desenvolvimento em Tecnologia Assistiva e Acessibilidade/UEPA) ; Seminário Nacional Promoção de Inclusão Mediada pelas Tecnologias Assistivas (UTP), entre outros; Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com Neste texto compreende-se tecnologia, produto sociocultural, como todo conhecimento sistematizado aplicado à solução de problemas ou à melhoria da vida dos seres humanos. Quando um professor utiliza seu corpo, sua voz, suas expressões faciais para se fazer compreender para despertar no aluno a aprendizagem, o professor está usando uma tecnologia comunicacional e ele próprio é o suporte tecnológico. Quando essa utilização é feita no sentido de emancipar o aluno, de o tornar mais competente para resolver suas limitações e superá-las, ou potencializar suas capacidades, esta tecnologia é assistiva. Entre muitas definições de tecnologias assistivas, escolheu-se a dada pela CORDE, por ser ampla e não se restringir ao sentido operacional: Tecnologia Assistiva é uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, , práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação, de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social. (CORDE, 2007). A tecnologia assistiva pode apoiar a ação docente tanto em processos de superação de limitações sensoriais, motoras, mentais e sociais, quanto em processos de potencialização de capacidades. Na educação básica, uma das áreas das Tecnologias Assistivas é a da Comunicação Alternativa Aumentada. Manzini e Deliberato (2004) apresentam-na como: [...] um conjunto de procedimentos técnicos e metodológicos direcionados a pessoas acometidas por alguma doença, deficiência, ou alguma outra situação momentânea que impede a comunicação com as demais pessoas por meio de recursos usualmente utilizados, mais especificamente a fala. ( MANZINI; DELIBERATO, 2004). A Comunicação Aumentativa Alternativa permite que as pessoas impossibilitadas de comunicação por deficiências congênitas ou adquiridas consigam transformar seus pensamentos em fala, podendo, assim expressarem-se, serem ouvidos e compreendidos. Ocorre, dessa forma, a interação social que os coloca em conexão com o mundo. Eles são capazes de expressarem suas emoções, e desenvolverem sua autoconfiança. Quando desenvolvem autoconfiança e autonomia, apresentam desenvolvimento acadêmico satisfatório, pois conseguem se alfabetizar e se comunicar. Ao se apropriar do conhecimento sobre a Comunicação Aumentativa Alternativa, os professores podem desenvolver estratégias que auxiliarão os alunos que não apresentam deficiências, mas não conseguem se expressar. Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com Dessa forma, a tecnologia assistiva não é apenas um apoio para os alunos com deficiências; ao contrário, podem dar suporte à orientação para a superação de dificuldades pontuais que impedem muitos alunos de se expressarem. Nas escolas da rede pública estaduais e municipais, no entanto, assiste-se,em geral, à resistência dos professores para a apropriação,utilização e até mesmo a invenção de novos usos das tecnologias disponibilizadas pelos programas educacionais federal, estaduais e municipais. A prática em uma capital brasileira com cerca de 300 professores e 40 coordenadores do programa de Educação de Jovens e Adultos constatou que a maioria ignorava os recursos e materiais didáticos disponibilizados no Portal do MEC tanto para a prática pedagógica com jovens e adultos quanto para a educação especial. As salas de informática eram utilizadas apenas por 0,5% (meio por cento) dos professores que trabalhavam com EJA. A maioria dos coordenadores desconhecia o portal do MEC e não acessaram o portal disponibilizado pela Secretaria da Educação. Constatou-se que havia uma política educacional federal compartilhada pela secretaria da educação municipal, mas ignorada pelos gestores e docentes na escola. Mais ainda, constatou-se, durante o curso de formação continuada, voltado para um diagnóstico, discussão dos problemas e busca de soluções, a resistência de muitos professores com base em preconceitos sociais, culturais e ideológicos. Essa atitude que é muito comum entre professores, ao menos nos grandes centros urbanos, provoca exclusão social que precisa ser combatida. A exclusão cruel que se realiza pela má formação inicial de professores se verifica, também, ao se estudar os indicadores internacionais que posicionam a educação brasileira em relação aos padrões internacionais; verifica-se na criação das cotas para os alunos de escola pública para as vagas na universidade; verifica-se nos concursos para empregos em que os candidatos precisam fazer cursos para concurso, pois a sua formação na educação básica não os preparou para concorrer nessas competições. Essa exclusão não é só dos indivíduos com deficiências motoras, sensoriais ou mentais, essa é exclusão é de grande parte da população que não tem condições de suprir a educação básica com uma educação suplementar paga. A situação é ainda mais grave quando se trata da educação inclusiva que se refere à educação das pessoas com deficiências, limitações e com necessidades especiais. Na verdade, a rotulação de educação inclusiva é incompreensível, visto que inclusão é uma das características intrínsecas do processo educacional. Porém, a grande maioria dos professores da educação superior desconhece o que seja conviver com a deficiência, não recebeu orientações sobre essa Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com condição, não se preocupou em saber como tratar essa questão do ponto de vista pedagógico e profissional. Assim, sua prática pedagógica revela essa ignorância e se coloca à parte do problema, considerando que essa deva ser uma preocupação da área da saúde. Por outro lado, a legislação impõe uma educação inclusiva por decreto e exige que seja cumprida, sem a devida preparação dos gestores escolares e dos docentes para a execução da lei. Assiste-se, assim, uma miopia e outra exclusão: alguns professores não querem pessoas (crianças, jovens, adultos) com deficiências ou necessidades especiais em suas salas de aula; outros “incluem”esses alunos, mas deixam nos sem assistência; outros incorporam-nos e passam a dar mais atenção a eles do que aos alunos regulares, criando a exclusão às avessas. Uma legião de profissionais mal preparados ou sem preparação alguma acaba criando maior exclusão do que a já que combatem. Em relação à ação docente mediada pela tecnologia, a mesma lógica que se empregou para tratar da inclusão/exclusão/deficiência, pode ser utilizada. Se o professor não tem ciência do que seja tecnologia e de que tecnologias estão disponíveis para a educação; se ele não utiliza suportes tecnológicos além dos tradicionais disponibilizados nas salas de aula; se ele não é usuário das tecnologias digitais; como ele poderá saber quais são as aplicabilidades dessas tecnologias como mediadoras no ensino, na aprendizagem, na reelaboração de conhecimentos existentes, e na construção de novos conhecimentos. Tanto a legislação federal, quanto a estadual e a municipal impõem aos gestores e docentes a utilização de novas tecnologias. Recursos federais, estaduais e municipais são investidos na implantação de estruturas tecnológicas que acabam ficando obsoleta e sem uso, pois se não se investe de forma adequada na sua manutenção nem na formação dos recursos humanos para a utilização dessas tecnologias na educação, na formação profissional e na inclusão de pessoas com ou sem deficiências, limitações e necessidades especiais. Por sua vez, nas escolas, em quaisquer níveis, ações isoladas acontecem para resolver problemas emergenciais quando essas situações se concretizam em uma sala de aula. Nessas ocasiões, ao se tentar compartilhar as práticas desenvolvidas com os demais participantes da comunidade escolar, os gestores e docentes que têm essas iniciativas são discriminados e rotulados com diferentes adjetivos (sonhadores, humanitários, ingênuos, etc). Os demais professores colocam-se em posição de nada ter a ver com essas situações, não se interessam, nem contribuem para a melhoria do trabalho docente com esses alunos. Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com Um dos limites, grave para a educação em geral, e para a educação inclusiva,em especial,é a falta de competência que se constata no corpo docente na educação básica em todas as regiões brasileira seja em relação à inclusão, seja em relação ao uso das tecnologias na educação. Esta autora se permite ser crítica e objetiva neste texto, pois é necessário se enxergar a situação atual com olhos abertos e com óculos que corrigem a miopia de filósofos, sociólogos e historiadores da educação brasileira, bem como de pesquisadores, docentes da educação superior e pedagogos que trabalham como docentes nos cursos de licenciatura, em especial nos cursos de Pedagogia. Há décadas, esses intelectuais ministram suas disciplinas, divulgando um discurso teórico, anacrônico, e doutrinam, a partir de suas visões ideológicas, mentes despreparadas, ávidas por orientação, ao invés de despertar nelas o interesse pela identificação, caracterização e compreensão dos problemas educacionais nas escolas e a busca conjunta de soluções junto à teoria para contribuir com a transformação dessa prática. Eles discursam que se deve partir da prática para a teoria e retornar à prática, mas o currículo documento e o currículo em ação desses cursos demonstram que os egressos licenciados não conhecem a prática, não aprenderam os conteúdos filosóficos, sociológicos, pedagógicos básicos, nem os conteúdos específicos de suas disciplinas, nem mesmo a metodologia de ensino; não sabem o que fazer quando são colocados na sala de aula. Muitos repetem os discursos de seus mestres, sem convicção ou com um radicalismo inflexível. Reproduzem uma prática obsoleta e não emancipam seus discentes. Enfim, discursam sobre uma educação inclusiva e realizam a exclusão. Pesquisas e trabalhos apresentados em encontros, seminários, cursos de formação continuada, congressos nacionais demonstram que o curso de Pedagogia e o eixo da Educação nos curso de Licenciatura necessitam de uma reformulação baseada na interlocução efetiva da área da Educação com outras áreas como a Sociologia, a Filosofia, a Psicologia, a terapia Ocupacional, a Fisioterapia, a Fonoaudiologia, a História, a Geografia, a Antropologia, as Letras, entre tantas outras áreas. Entre as pesquisas consultadas, estão os trabalhos de André (1999), Curi (2004), Durham, Wajskop (2009). A interlocução é necessária pois o ser humano é um ser complexo, mente, corpo sentimentos, e o seu desenvolvimento e a sua formação precisam estar apoiados por um planejamento que o contemplam em sua totalidade. Em síntese os limites que se apontam se referem à formação deficitária complementada por uma situação conjuntural que se impõe de certa forma aos professores. Imersos numa rotina escolar que os massacra e os limita na busca de novos horizontes, os professores deparam-se com tantos problemas, tantas Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com questões sociais que chegam à escola mais as cobranças administrativas, como o preenchimento de quadros de planejamento de aulas, relatórios, participação em cursos, etc. e mantém uma cultura de conformismo e acomodação. Por outro lado, constatam-se casos de educação inclusiva transformadora e emancipadora nas práticas docentes em escolas por todo o país. Desde a educação infantil aos cursos de pós-graduação stricto sensu, há exemplos de ações educativas isoladas ou colaborativas que indicam a viabilidade e a exequibilidade da inclusão respeitando-se o contexto sociocultural, reforçando a identidade local e seguindo as orientações das políticas educacionais nacionais. Professores isolados em suas escolas nas regiões rurais descobrem e inventam soluções para os problemas locais. Há uma riqueza de experiências silenciosas que concretizam a educação inclusiva. Essas experiências precisam ser investigadas, documentada e esses exemplos precisam ser divulgados e multiplicados pela ação proativa de educadores nos cursos de educação superior em projetos de parceria com as secretarias de educação estaduais e municipais e as escolas da educação básica. Afinal, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional já anunciava em 1996 (ano da Declaração de Salamanca) regulamentação da educação especial. Este texto refere-se a ela, aqui, neste ponto, pois está é uma das lacunas na formação dos gestores e professores: a interpretação e a compreensão do que a lei estabelece para além da sua simples leitura. Orientações da LDB 9394/96 para se tratar da Educação Especial A orientação da LDB 9394/96 em seus artigos 58 e 59 em relação à educação especial, precisa ser conhecida e compreendida pelos gestores educacionais, pelos professores e pelos demais profissionais envolvidos na escola.Essa Lei não estabelece que as escolas especiais vão acabar,mas declara como deve ser educação especial das pessoas (crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos) que apresentam necessidades educacionaisespeciais: Entende-se por educação Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais. [...] Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais: I - currículos,métodos,técnicas,recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades; II – terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados; III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns; IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora; V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular (BRASIL, 1996). A maioria dos estudantes dos cursos de Licenciatura, em especial os de Pedagogia, desconhece esse artigo. Embora seja estudada nesses cursos, poucos são os professores que promovem a leitura dirigida e a discussão da LDB 9694/96, aprofundando o conhecimento e provocando a reflexão sobre a política educacional ali expressa. É fundamental que todos os alunos de Licenciatura e todos os alunos de Pedagogia aprendam e apliquem o que a Lei estabelece. Reforça-se que não basta a leitura; também, são necessárias, a leitura crítica, a reflexão,e a pró-ação em relação ao que se estuda. Observe se que, não só da parte de leigos, mas também, de gestores e professores em todos os níveis de ensino, a compreensão de senso comum sobre a educação das pessoas com deficiências e com necessidades especiais é de que se coloquem essas pessoas nas salas de aula das classes regulares e que não se tenham mais escolas de educação especial. No entanto, não é essa a orientação que a LDB dá. Sugere-se o estudo dos artigos 58 e 59 da LDB 9394/96 na sua íntegra.Essa lei de diretrizes e bases da educação nacional define que a Educação Especial é “a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais”. Constata-se que a palavra “preferencialmente” dá espaço para que essa modalidade seja realizada em outros espaços. Assim, o gestor escolar precisa avaliar as condições locais a partir dos parágrafos 1o ., 2o . e 3º Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial. § 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular. § 3º A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil. (BRASIL, 1996) As pesquisas 3 realizadas com professores da educação básica e superior indicam que há resistência dos professores em receber alunos especiais em suas salas de aula e essa resistência se dá devido tanto à falta de conhecimento sobre as necessidades específicas dessas pessoas como pela falta de apoio, recursos e infra-estrutura adequada. No parágrafo 2, fica muito claro que o atendimento de pessoas com necessidades mais graves pode e deve ser feito em espaços especializados. Assim, como ter uma criança, jovem ou adulto com Síndrome de Down avançada em uma escola que não tem serviço especializado para as necessidades específicas e orientação dos professores das classes regulares? O que se assiste é o abandono dessas pessoas à sua própria sorte ou à caridade de um docente mais abnegado que, particularmente, busca sua formação, deixando, muitas vezes, de acompanhar os demais alunos para se centrar naqueles com necessidades. Ao se falar de educação inclusiva, de educação especial, não se espera que essa seja uma ação feita apenas por professores “abnegados”, mas por toda a comunidade escolar envolvida, uma vez que, no parágrafo 3o , está explícito que a “oferta de educação especial” é “dever constitucional do Estado”. Cabe à comunidade escolar reivindicar que sejam cumpridas as obrigações do Estado em relação ao direito social de educação de boa qualidade. Investimento em infraestrutura, suportes tecnológicos e recursos humanos capacitados são imprescindíveis para poder oferecer a educação regular, atender os alunos com necessidades especiais ou em situação de deficiência, ou encaminhar esses alunos para centros especializados que possam oferecer a modalidade com uma educação de excelência. A reivindicação precisa ser acompanhada de ação pró-ativa junto aos representantes municipais (vereadores), estaduais (deputados) e federais(deputados e senadores) e junto aos órgãos educacionais (secretarias de educação,e departamentos no MEC e na Secretarias de Ciência e tecnologia), em um movimento de baixo para cima para que as providências sejam tomadas em prazos definidos pela comunidade escolar em conjunto com esses setores. O inciso I do artigo 59 anuncia que os sistemas educacionais devem garantir “I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos” com Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com vistas a atender às necessidades das pessoas com deficiências, limitações, e mesmos aqueles com superdotação. Não basta integrar o aluno na sala de aula regular, se os professores não conhecerem seu perfil, o diagnóstico de sua necessidade, para poder desenvolver um programa curricular com os recursos necessários de modo a promover a aprendizagem desses alunos e sua emancipação como pessoa autônoma. Essa definição curricular exige competência do gestor pedagógico e do professor de modo que não se aplique ao aluno uma pedagogia protecionista, paternalista e que ele não se valha dessa condição para manter atitudes. No inciso II do artigo 59, afirma-se que deve ser garantida a “terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências,e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados”. O que se assiste, no entanto, é a irresponsabilidade de se promover alunos,em todos os níveis de ensino, porque se quer garantira certificação de alunos com necessidades especiais ou com deficiências, alegando o cumprimento da Lei. Alguns professores se recusam a trabalhar nessa direção, e denunciam em suas instituições casos de alunos que chegam ao quinto semestre de cursos de graduação sem terem o mínimo de domínio necessário em relação à compreensão da língua materna, de expressão e cálculo, mas que preenchem as estatísticas de promoção de inclusão da instituição. Por sua vez, alunos superdotados são considerados, muitas vezes, pejorativamente como “hiperativos” ou indisciplinados, não contando com orientação especial para o aproveitamento adequado de suas potencialidades, inclusive,em um programa de aprendizagem colaborativa, envolvendo outros alunos. Ao se questionar a certificação desses alunos com graves limitações mentais e de coordenação que foram “empurrados” até o último período do curso e que foram apenas um nome agregado nos trabalhos de grupo de seus colegas, ouvem-se, de coordenadores de curso e de professores, expressões como “ele não vai atuar no mercado profissional” ou “ela nunca vai conseguir passar em um concurso ou ser contratada por uma escola. Não é essa uma grande hipocrisia e uma exclusão social cruel? O inciso III do artigo 59 refere-se à garantia de recursos capacitados para a educação especial: “Os sistemas de ensino assegurarão [...] professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns”. (BRasil, 1996). Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com Constata-se, nos eventos de educação, nos currículos dos cursos de licenciatura e de Pedagogia, nos programas de capacitação de professores que não há programas regulares nem sistematizados para a formação de professores para desenvolverem a integração dos alunos nas classes regulares e não há professores em quantidade necessária e suficiente para o atendimento especializado. Em muitos cursos de licenciatura, oferece-se uma disciplina sobre educação especial ou sobre fundamentos da educação especial com carga horária de 30 horas em caráter eletivo. Se todo o curso de licenciatura ignora a questão seja no aspecto da história da educação, seja nos fundamentos sociológicos, filosóficos e antropológicos não abordam a questão da inclusão, exclusão, deficiência ou necessidades especiais, como um professor pode ter competência para tratar desses alunos, conversar com seus pares e dialogar com os profissionais de atendimento especializado? No inciso IV do artigo 49, assegura-se a “educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora”. (BRASIL, 1996). Está na lei, mas não se encontra na prática, embora exista uma legislação referente à responsabilidade social das empresas para que empreguem pessoas com necessidades especiais ou em situação de deficiência em funções m que suas potencialidades possam ser aproveitadas. Na realidade, constata-se um distanciamento entre a sociedade (organizações,sindicatos,empresas)e as instituições de ensino,responsáveis pela formação da pessoa, do cidadão e do profissional. Isso fica claro nas palavras de Seravalli, diretor do Departamento de Responsabilidade Social da CIESP5 , ao comentar as ações para a inclusão do indivíduo com deficiência no mercado de trabalho de muitas empresas no Estado de São Paulo: “Além de terem entendido a legislação (as empresas que empregam deficientes) dão valor à diversidade e têm um ganho de imagem muito grande”, afirma Seravalli, “há empresas que ainda conseguem obter aumento de produtividade”. Segundo esse diretor alguns passos são necessários para se iniciar o processo: percepção da importância da inclusão; avaliação interna dos cargos, verificando quais podem aproveitar as potencialidades do deficiente; recrutamento nas associações; diálogos com quem já usa os serviços de uma entidade voltada para a inserção dessas pessoas no mercado de trabalho. Diante da legislação existente, é de se estranhar que, na lista de entidades recomendadas por Seravalli, não há nenhuma instituição de ensino pública ou privada. Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com Esta é mais uma das dimensões sociais não atendidas pela formação escolar, apesar de ser uma das funções da escola preparar o indivíduo para o mercado de trabalho. Outra regulamentação que se considera importante é a Resolução Nº 2, de 28 de abril de 2008 que estabelece diretrizes complementares em relação à Educação Básica do Campo. No artigo 1, em seu enunciado define a área de atuação e no parágrafo 5 refre-se à Educação Especial: Art. 1º A Educação do Campo compreende a Educação Básica em suas etapas de Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio e Educação Profissional Técnica de nível médio integrada com o Ensino Médio e destina-se ao atendimento às populações rurais em suas mais variadas formas de produção da vida – agricultores familiares, extrativistas, pescadores artesanais, ribeirinhos, assentados e acampados da Reforma Agrária, quilombolas, caiçaras, indígenas e outros. § 5º Os sistemas de ensino adotarão providências para que as crianças e os jovens portadores de necessidades especiais, objeto da modalidade de Educação Especial, residentes no campo, também tenham acesso à Educação Básica, preferentemente em escolas comuns da rede de ensino regular Tanto a formação inicial quanto a formação continuada de professores da educação básica precisam conhecer a legislação referente às diretrizes para a educação básica do campo pois ao serem nomeados para trabalharem em escolas da rede pública podem ser indicado para escolas rurais e precisam estar preparados para trabalhar com a diversidade e a multiculturalidade. As mesmas referências que se faz neste texto com relação às necessidades especiais e aos alunos em situação de deficiência são extensivas à educação básica no campo. Nos encontros organizados pela UNESP (Marília), UEPA (Belém), UEM (Maringá), UFSCar (São Carlos, as referências às experiências de professores com alunos em classes regulares no campo começam, timidamente, a serem apresentados. De qualquer forma, não é apenas a questão da deficiência que precisa ser tratada em relação à formação do professor para trabalhar nas áreas rurais, mas toda a especificidade que envolve essa modalidade de educação. Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com Construção de ambientes digitais de aprendizagem: contribuições para a formação do professor No atual contexto escolar brasileiro e mundial, diante do desinteresse dos educadore sede sua formação inicial deficitária,é premente buscarmos alternativas pedagógicas que os auxiliem no processo de ensino/aprendizagem de forma a construírem ambientes de aprendizagem contextualizados e significativos (SCHLÜNZEN, 2000; ALMEIDA, 2001), em uma sociedade inclusiva. De acordo com Valente (2002) e Schlünzen (2000) a informática pode ser um recurso auxiliar para a melhoria do processo de ensino e aprendizagem, onde o foco da educação passa a ser o aluno, construtor de novos conhecimentos, em um ambiente contextualizado e significativo. Esse ambiente precisa despertar o interesse do aluno e motivá-lo a explorar, a pesquisar, a descrever, a refletir a depurar as suas ideias. Tal ambiente propicia a resolução de problemas que nascem em sala de aula e cujos alunos, juntamente com o professor, decidem desenvolver, com auxílio das TIC, atividades e/ou projetos que fazem parte de sua vivência e contexto (SCHLÜNZEN, 2000). Para atender essas demandas, em 2001 o Ministério da Educação (MEC) do Brasil criou o projeto Rede Interativa Virtual de Educação (RIVED) com o objetivo de criar materiais digitais e disponibilizá-los em um repositório, para serem utilizados pelos professores nas escolas da rede pública. Assim, esse projeto utiliza Objetos de Aprendizagem (OA) como ferramentas acessíveis e potencializadoras na criação de ambientes de aprendizagem via Web. Por OA consideramos a definição de Wiley (2001), ou seja, qualquer recurso digital que pode ser reusado para assistir a aprendizagem. Foi por meio deste projeto que se constituiu uma equipe de pesquisadores e alunos de graduação e pós-graduação na FCT/Unesp, sendo preferencialmente alunos dos cursos de Licenciatura e da área de Computação. Desde 2004 construímos OA analisando à interface e as dificuldades encontradas para cumprir com os objetivos estruturados no design pedagógico, assim como apontar resultados obtidos pela aplicação dos OA em contextos reais, Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com basicamente em escolas públicas; em atividades acadêmicas de formação de professores; e no projeto para inclusão de pessoas deficientes em contextos escolares e sociais. O grupo da FCT/Unesp incluiu no desenvolvimento dos objetos um importante diferencial com a preocupação com a acessibilidade, pautados nos dados apontam que cerca de 10% da população mundial é formada por pessoas com algum tipo de necessidade especial. No Brasil, entretanto, esse número é um pouco maior, chegando a aproximadamente 14% (IBGE, 2000). Os dados se tornaram mais do que uma motivação para os cuidado na produção de um OA acessível, com graus de flexibilidade, ou seja, com a capacidade de adaptação às necessidades de cada aprendiz que, segundo Valente (1999), minimizam as dificuldades que estes possam ter para a realização de suas atividades escolares e sociais. Embora conscientes da importância dos recursos de acessibilidade, ao desenvolvermos os objetos ainda percebemos uma série de complicadores técnicos e de caráter cultural e social. Uma importante iniciativa tomada para padrões de acessibilidade na Internet é a WAI (Web Accessibility Initiative) da W3C9 (World Wide Web Consortium), que organiza diversos padrões para a Internet (TANAKA, 2004). A WAI define 14 padrões de recomendações de acessibilidade que devem ser seguidos para se obter um ambiente digital de conteúdo acessível. Estes padrões descrevem os cuidados necessários para todo tipo de necessidade especial que uma pessoa possa ter e podem ser sintetizados nas seguintes características: fornecer textos equivalentes sobre animações, clipes de filme, botões, banners; controlar a ordem da leitura; fornecer controle sobre animações; fornecer legendas; fornecer controle sobre o áudio; usar cores com moderação; dar suporte a usuários com dificuldades de visão. Cabe destacar que nos objetos desenvolvidos pelo grupo da FCT/Unesp procuramos implementar todos os padrões de acessibilidade indicados, também pautados na idéia de que o objeto é e deve ser o mesmo utilizado tanto por alunos considerados normais, bem como, os com alguma necessidade especial, concepção fundamentada no conceito de escola inclusiva, de qualidade para todos (PELLANDA; SCHLÜNZEN; SCHLÜNZEN, 2005). Esta concepção vai ao encontro do que afirma Quintana (2004) quanto ao entendimento sobre a valorização da diferença, como oferecer meios a todo aluno, não unicamente àquele com algum tipo de necessidade, dificuldade ou deficiência explícita. Portanto, é importante construirmos ambientes digitais de aprendizagem com a criação de atividades educativas abertas ou semiabertas e, portanto, modificáveis, configuráveis e contextualizadas. Nosso grupo de pesquisadores tem Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com trabalhado sob esta concepção nos últimos dois anos e construído OA com estas características, alguns com forte embasamento em perspectivas pedagógicas, outros com recursos de auto-configuração para atender a adequação dos ambientes a necessidades e contextos dos alunos, bem como, com abordagens pedagógicas inovadoras. Objetos com abordagens pedagógicas diferenciadas. As atividades de investigação do grupo de pesquisadores da FCT/Unesp para o projeto RIVED (LIMA et al, 2007) pautaram-se em criar ambientes digitais de aprendizagem com vistas à mudança na forma de conceber o ensino e a aprendizagem, utilizando as tecnologias como potencializadoras desse processo. Assim, esta tecnologia pode ser usada na criação de um processo educacional melhor, mais inclusivo, possibilitando as habilidades individuais e oportunizando a construção de um mundo que dá um sentido maior para a vida. Com esta perspectiva, a produção e a disponibilização de OA permitirão ao professor maiores condições de escolha, definindo e encontrando recursos para transformar sua prática pedagógica, enriquecendo os ambientes de aprendizagem nas escolas brasileiras. Assim, acreditamos na integração das mídias digitais, na cooperação, no diálogo e na articulação curricular pela implementação de uma rede digital de compartilhamento de objetos de aprendizagem que, pela proposta de concepção definida no projeto RIVED, abarca vivências e experiências na formação de educadores e que englobam não apenas as dimensões cognitivas, mas Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com principalmente a disseminação de uma consciência social, ambiental, multidisciplinar e inclusiva. Acreditamos nos benefícios que os OA trazem, pois é baseado no sucesso das experiências já vivenciadas pelos pesquisadores e fundamentalmente pautada em uma abordagem Construcionista, Contextualizada e Significativa (SCHLÜNZEN, 2000), dando espaço a inclusão digital e social. Os OA propostos configuram-se como instrumentos pedagógicos capazes de contribuir na compreensão dos conceitos a serem trabalhados e desenvolvidos, já que eles possibilitam a construção dos significados e conhecimentos inter-relacionandoa teoria e a prática. Permitindo a utilização dos conhecimentos prévios do aluno, unindo e se reestruturando com os conhecimentos propostos no OA em atividades individuais ou colaborativas. Sendo assim o professor tem um importante papel, no qual, ao utilizar esse material, contribuirá com o aprimoramento do sistema educativo, incentivando a pesquisa e a construção de novos conhecimentos para a melhoria da qualidade, equidade e eficiência dos sistemas públicos. Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com Objetos Auto-configuráveis A produção de ambientes digitais com uma consciência da importância dos recursos de acessibilidade é uma das intenções mantidas permanentemente pelo grupo de nossos pesquisadores. Diante dos pressupostos já apresentados, os OA produzidos por nossa equipe estão estruturados de forma lúdica, com recursos multimidiáticos por meio dos quais se pretende abordar conceitos que apontam dificuldades de aprendizagem. Neste cenário, a estratégia de desenvolvimento de ambientes digitais pode permitir que sejam criadas comunidades de usuários envolvidos em uma aprendizagem que parte do contexto e das experiências de cada um, onde os conceitos possam ser vividos, em uma aprendizagem que parte do contexto e das experiências de cada um, onde os conceitos possam ser vividos, formalizados e aprendidos de maneira globalizada, com a qual são criados desafios e situações para a solução de problemas. Entretanto, o uso de várias mídias nos ambientes de aprendizagem atuais leva ainda ao emprego de softwares impessoais, com uma configuração única para todo usuário. Este cenário é ainda mais restritivo para alguns usuários especiais, como as pessoas com deficiência, que requerem elementos concretos para uma aplicação interativa adequada. A personalização de um ambiente digital – por exemplo, com fotos do ambiente familiar do usuário – transforma este instrumento em algo mais fortemente acoplado ao seu contexto. Este é apenas um exemplo de personalização. Temos trabalhado no desenvolvimento de experiências de construção de software educacional auto-configurável, que identifica o usuário e personalizar este ambiente de aprendizagem. Em especial, estamos nos reportando ao uso de Objetos de Aprendizagem (OA) que incluem uma ou diversas atividades pedagógicas em formatos distintos como animações, simulações, vídeos e textos, que podem ser acessadas em ambientes de aprendizagem diversos. Para isso, um banco de dados de perfil de usuário é implementado, acessado remotamente por ele e que pode interagir a distância com outros ambientes. Os resultados observados mostram que a auto-configuração de objetos de aprendizagem Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com transforma a tecnologia em um ambiente digital que vai ao encontro de uma educação mais contextualizada, compartilhada, inclusiva e aculturada. Nesta direção, o primeiro OA produzido foi o Scrapbook. No exemplo ilustrado pela Figura podemos observar que o aluno poderá configurá-lo de acordo com suas preferências, contextos, cultura. A ideia do objeto Scrapbook surgiu com o objetivo de decorar o álbum tradicional de fotografias com retalhos de papéis coloridos (revistas) para guardar, além de fotografias, outras lembranças de momentos vividos pelas pessoas. Assim, os principais objetivos do Scrapbook são:formalizados e aprendidos de maneira globalizada, com a qual são criados desafios e situações para a solução de problemas. Entretanto, o uso de várias mídias nos ambientes de aprendizagem atuais leva ainda ao emprego de softwares impessoais, com uma configuração única para todo usuário. Este cenário é ainda mais restritivo para alguns usuários especiais, como as pessoas com deficiência, que requerem elementos concretos para uma aplicação interativa adequada. A personalização de um ambiente digital – por exemplo, com fotos do ambiente familiar do usuário – transforma este instrumento em algo mais fortemente acoplado ao seu contexto. Este é apenas um exemplo de personalização. Temos trabalhado no desenvolvimento de experiências de construção de software educacional auto-configurável, que identifica o usuário e personaliza este ambiente de aprendizagem. Em especial, estamos nos reportando ao uso de Objetos de Aprendizagem (OA) que incluem uma ou diversas atividades pedagógicas em formatos distintos como animações, simulações, vídeos e textos, que podem ser acessadas em ambientes de aprendizagem diversos. Para isso, um banco de dados de perfil de usuário é implementado, acessado remotamente por ele e que pode interagir a distância com outros ambientes. Os resultados observados mostram que a auto-configuração de objetos de aprendizagem transforma a tecnologia em um ambiente digital que vai ao encontro de uma educação mais contextualizada, compartilhada, inclusiva e aculturada. Nesta direção, o primeiro OA produzido foi o Scrapbook. No exemplo ilustrado pela Figura podemos observar que o aluno poderá configurá-lo de acordo com suas preferências, contextos, cultura. A ideia do objeto Scrapbook surgiu com o objetivo de decorar o álbum tradicional de fotografias com retalhos de papéis coloridos (revistas) para guardar, além de fotografias, outras lembranças de momentos vividos pelas pessoas. Assim, os principais objetivos do Scrapbook são: • Possibilitar ao aluno expressar sua autoimagem e sentimentos por meio da confecção de um álbum digital, composto por fotos reais ou personagens, enfeitados com imagens ou desenhos; Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com • Possibilitar ao professor identificar a imagem que o aluno tem de si e do mundo que o cerca, a partir dos temas propostos no Scrapbooking; • Possibilitar um conhecimento mútuo entre professor e alunos, bem como as suas habilidades e possibilidades; • Facilitar a relação ensino-aprendizagem entre pessoas que se conhecem. Na escola, a atividade do Scrapbook ou a decoração de um álbum pelo aluno pode melhorar o relacionamento aluno-professor, tendo em vista a aprendizagem pelo contexto e significado. O Scrapbooking pode ser a oportunidade do aluno e do professor se conhecerem além da escola e assim sentirem-se mais próximos. Diante desta perspectiva é altamente recomendável que o professor também confeccione o seu próprio Scrapbook para que o aluno conheça-o melhor. A história da própria vida, contada através do Scrapbook, com figuras, observações, questionamentos e reflexões individuais, pode tornar evidente o que está obscuro no aluno, o que poderá definir um foco a ser conhecido ou até investigado pelo professor Todos esses materiais digitais são catalogados e publicados no portal de conteúdo do Ministério da Educação e disponibilizados gratuitamente para a comunidade de professores que podem utilizálos em suas atividades docentes. Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegidopor E duzz.com A proposta de portal de conteúdo a ser apresentada a seguir, ilustra um caso interessante de um ambiente aberto no qual o professor pode encontrar materiais digitais, propor estratégias associadas, ter um espaço de comunicação e de formação continuada Portais de Conteúdo – “O Portal do Professor”: Um Exemplo Brasileiro Com as experiências já vivenciadas pelo grupo de especialistas da FCT/Unesp, constatamos que a tecnologia é uma ferramenta que poderá ser usada como instrumento para facilitar a construção do conhecimento do educando. Nas escolas, o professor pode valer-se de informações provindas de várias áreas e envolver-se com diferentes disciplinas. Para tanto, é necessário que o professor conheça os recursos oferecidos pelas TIC, descobrindo as facilidades que elas oferecem para transformar o ensino. Neste sentido, o Projeto “Portal do Professor”10, do Ministério da Educação do Brasil, vem subsidiar ações que visam a melhoria do ensino nas escolas, por meio de um portal de conteúdos que é alimentado por um repositório de conteúdos digitais educacionais denominado “Banco Internacional de Objetos Educacionais (BIOE)”11. O objetivo é disponibilizar um espaço virtual de encontro para professores de todas as etapas da educação básica – educação infantil e ensinos fundamental Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com e médio, no qual poderão encontrar no portal inovações e estratégias na forma de ensinar, além de idéias e experiências de como integrar as novas tecnologias. Além de um portal com diversas informações disponíveis para o professor e para os alunos, o Portal oferece ferramentas para que o professor possa elaborar propostas de atividades (aulas) com o uso ou não das tecnologias. Com as experiências já vivenciadas pelo grupo de especialistas da FCT/Unesp, constatamos que a tecnologia é uma ferramenta que poderá ser usada como instrumento para facilitar a construção do conhecimento do educando. Nas escolas, o professor pode valer-se de informações provindas de várias áreas e envolver-se com diferentes disciplinas. Para tanto, é necessário que o professor conheça os recursos oferecidos pelas TIC, descobrindo as facilidades que elas oferecem para transformar o ensino. Neste sentido, o Projeto “Portal do Professor”10, do Ministério da Educação do Brasil, vem subsidiar ações que visam a melhoria do ensino nas escolas, por meio de um portal de conteúdos que é alimentado por um repositório de conteúdos digitais educacionais denominado “Banco Internacional de Objetos Educacionais (BIOE)”11. O objetivo é disponibilizar um espaço virtual de encontro para professores de todas as etapas da educação básica – educação infantil e ensinos fundamental e médio, no qual poderão encontrar no portal inovações e estratégias na forma de ensinar, além de idéias e experiências de como integrar as novas tecnologias. Além de um portal com diversas informações disponíveis para o professor e para os alunos, o Portal oferece ferramentas para que o professor possa elaborar propostas de atividades (aulas) com o uso ou não das tecnologias. Com isso,ele disponibiliza para a comunidade docente um conjunto de propostas que poderão ser re-utilizadas por outro professor, ou modificadas e/ou adaptadas para outros contextos e metodologias. Para cada nova proposta de atividade, um comitê científico definido pelo Ministério realiza uma avaliação e, caso esteja de acordo com os parâmetros de qualidade estipulados pelo MEC (NEVES, 2003), o material é publicado no Portal do Professor. Vale destacar que atualmente existe um grupo de pesquisadores e professores envolvidos também na elaboração de atividades para o Portal do Professor que também implementa um sofisticado recurso de busca. A tela de entrada do Portal do Professor, no qual podemos visualizar os seus recursos que compreendem: espaço de aula, Jornal do Professor, Recursos Educacionais, Cursos e Materiais, Interação e Comunicação, Links. Cada componente do portal disponibiliza recursos para apresentação de propostas de Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com aulas com ou sem tecnologias, informações para os professores, materiais digitais educacionais para aplicação em ambientes de aprendizagem, relação de cursos de formação inicial e continuada e ferramentas de comunicação e de informação. INCLUSÃO DIGITAL E SOCIAL DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA A TECNOLOGIA ASSISTIVA: O QUE TRATA? Em conformidade com o conceito adotado pelo Secretariado Nacional para Reabilitação e Integração de Pessoas com Deficiência em Portugal (SNRIPD) em seu Catálogo Nacional de Técnicas de Ajudas (CNAT), uma tecnologia assistiva, também chamada de ajudas técnicas, é: qualificar produto, instrumento, estratégia, serviço e prática utilizado por pessoas com deficiência e pessoas idosas, especialmente produzido ou frequentemente disponível para prevenir, compensar, aliviar ou neutralizar uma deficiência, incapacidade ou desvantagem e melhorar a autonomia e a qualidade de vida dos indivíduos. Em suma, a tecnologia assistiva é toda e qualquer ferramenta, recurso ou estratégia e processo desenvolvido e usado com o uso de proporcionar maior independência e autonomia em pessoa com deficiência. São consideradas como tecnologia assistiva, portanto, desde artefatos sim como uma colher adaptada ou um lápis com uma empunhadura, mas grossa para facilitar a preensão, até sofisticados programas especiais de putador que visam à acessibilidade. A Norma Internacional ISO 9999 classifica as ajudas técnicas ou tecnologia assistiva em 10 grupos diferentes: Classe 03 Ajudas para terapia e treinamento Classe 06 Órteses e próteses Classe 09 Ajudas para segurança e proteção pessoal Classe 12 Ajudas para mobilidade pessoal Classe 15 Ajudas para atividades domésticas Classe 18 Mobiliário e adaptações para residências e outros móveis Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com Classe 21 Ajudas para a comunicação, informação e sinalização Classe 24 Ajudas para o manejo de bens e produtos Classe 27 Ajudas e equipamentos para melhorar o ambiente, maquinaria e ferramentas Classe 30 Ajudas para o lazer e tempo livre Como diferentes formas de utilização das TICs como tecnologia assistiva foram sistematizadas e classificadas das mais variadas formas, dependendo para que quer dar cada pesquisador. Optou-se, aqui, por utilizar uma classificação que divide essa utilização em quatro áreas (SANTAROSA,1997): A. Como TICs como sistemas auxiliares ou prótese para comunicação. B. Como TICs utilizados para controle do ambiente. C. Como TICs como ferramentas ou ambientes de aprendizagem. D. Como TICs como meio de inserção no mundo do trabalho profissional. As TICs como sistemas auxiliares ou próteses para comunicação: talvez esta seja uma área em que os TICs possibilitado os avanços mas significativo. Em muitos casos, ou o uso dessas tecnologias é constitutivo na única maneira pela qual diversas pessoas podem se comunicar com o mundo exterior, tendo oportunidade de explicar seus desejos e pensamentos.Essas tecnologias têm possibilitado a otimização da utilização de sistemas A. Alternativas e Aumentativos de comunicação (Saac) com informações dos métodos tradicionais de comunicação alternativa, como os sistemas Bliss, PCS ou PIC, entre outros. Fernando Cesar Capovilla, pesquisando na área de diagnóstico, tratamento e reabilitação de pessoas com distúrbios de comunicação e linguagem, faz notar que: Já temos no Brasil um acervo considerável, e em acelerado recursos tecnológicos que podem melhorar a qualidade das interações entre pesquisadores, clínicos, professores, alunos e pais na área da Educação Especial, bem como aumentar o rendimento do trabalho de cada um deles. (CAPOVILLA, 1997). B. Como TICs, como tecnologia assistiva, também são usadas para controle do ambiente, possibilitando que uma pessoa com comprometimento motor pode comandar remotamente aparelhos, acender e apagar luzes, abrir e fechar portas, enfim, ter maior controle e independência nas atividades da vida diária. Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com C. As dificuldades de muitas pessoas com necessidades educacionais específicas no seu processo de desenvolvimento e aprendizagem têm encontrado ajuda eficaz na utilização de TICs como ferramenta ou ambiente de aprendizagem. D. E, finalmente, as pessoas com grave comprometimento motor podem tornar cidadãs ativas e produtivas, em vários casos, incluindo o seu sustento, através do uso das TICs. Com certa freqüência, essas quatro áreas se relacionam entre si, podem uma mesma pessoa usar TICs com finalidades presentes em duas ou mais dessas áreas. É um caso, por exemplo, de uma pessoa com problemas de comunicação e linguagem que utiliza o computador como prótese de comunicação e, ao mesmo tempo, como caderno eletrônico ou em outras atividades do ensino e aprendizagem. UTILIZANDO UMA TECNOLOGIA ASSISTIVA EM AMBIENTE COMPUTACIONAL Busca-se apresentar aqui diferentes adaptações, recursos e formas de utilização da tecnologia assistiva com a finalidade de possibilitar a interação, no computador, para pessoas com diferentes graus de comprometimento motor, sensorial e / ou comunicação e linguagem. Ou seja, uma utilização do computador por meio de tecnologia assistiva. Para esta apresentação, é usada uma classificação proposta pelo Programa InfoEsp, Informática, Educação e Necessidades Especiais, das Obras Sociais Irmã Dulce, em Salvador, Bahia, que sistematiza ou estuda recursos propostos situados em três grupos: A)Adaptações físicas ou órteses. São todos os aparelhos ou adaptações fixadas e usadas no corpo do usuário e que facilitam a interação do mesmo com o computador B)Adaptações de Hardwere São todos os aparelhos ou adaptações presentes nos componentes físicos do computador, nossos periféricos, ou mesmo quando os únicos periféricos, em suas concepções e construção, são especiais e adaptados. Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com C)Programas garantia de acessibilidade D)Software especiais de acessibilidade São os componentes lógicos das TICs quando construídos como tecnologia assistiva, ou seja, são os programas especiais de computador que possibilitam ou facilitam a interação da pessoa com deficiência com a máquina. Analisando melhor cada um desses três grupos e apresentando alguns exemplos práticos: a) Adaptações físicas ou órteses Quando se busca uma postura correta para um usuário com deficiência física em sua cadeira adaptada ou rodas usando almofadas ou faixas para esta- bilização do tronco ou velcro etc., antes do trabalho no computador, já se incluindo usar recursos ou adaptações muitas vezes bem usadas para auxiliar no processo de aprendizagem dessas pessoas. 1 Uma postura pré-requisito de restauração vital para um trabalho eficiente no computador. Algumas pessoas com seqüelas de paralisia cerebral têm o bônus muscular flutuante (atetóide), que faz com que o processo de digitação se torne lento e penoso pela amplitude do movimento dos membros superiores na digitação- aqui. Um recurso que pode ser usado com uma pulseira de pesos , que ajuda a reduzir a amplitude do movimento causado pela flutuação do bônus, criando uma digitação mais rápida e eficiente. Os pesos na pulseira podem ser adicionados ou diminuídos em função do tamanho, idade e força do usuário. pulseira de peso Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com Outra órtese utilizada é o estabilizador de punho e abdutor de polegar com ponteira para digitação, principalmente para pessoas com paralisia cerebral que apresenta essas necessidades (estabilização de punho e abdução de polegar). Além das adaptações físicas e ortopédicas, existem várias outras que também podem ser úteis, dependendo das necessidades específicas de cada pessoa, como ponteiros de cabeça, ou hastes fixadas na boca ou não queixo, quando existe ou controla cabeça, entre outras. Haste fixada na cabeça para digitação Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com b) Adaptações de Hardware Quando são necessárias adaptações nos periféricos, na parte física do computador, as adaptações de Hardware, antes de se buscar comprar acionadores especiais (switches) ou mesmo periféricos especiais, é fundamental procurar viabilizar, quando possível, soluções que utilizem os próprios “acionadores naturais” do computador, que são o teclado, o mouse e o microfone. Desta maneira, com muita freqüência são encontradas soluções de baixíssimo custo, ou mesmo gratuitas, mas de alta funcionalidade. Um dos recursos mais simples e eficientes para a adaptação de hardware é a máscara de teclado ou colméia. Trata-se de uma placa de plástico ou acrílico com um furo correspondente a cada botão do teclado, que é fixada sobre o aparelho, a uma pequena distância, com a finalidade de evitar que o usuário com dificuldade de coordenação motora pressione, involuntariamente, mais de uma tecla ao mesmo tempo. Essa pessoa deverá procurar o furo correspondente à tecla que deseja pressionar. Máscara de teclado encaixada Pessoas com dificuldade de coordenação motora associada a deficiência intelectual também podem utilizar a máscara de teclado junto com “tampões” de papelão ou cartolina que deixam à mostra somente as teclas que serão necessárias para o trabalho em função do software que será utilizado . Desta maneira, será diminuído o número de estímulos visuais (muitas teclas), que podem tornar o trabalho muito difícil e confuso para algumas delas devido a Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com dificuldades pessoais de abstração ou concentração. Vários tampões podem ser construídos, disponibilizando diferentes con- juntos de teclas, de acordo com o programa a ser utilizado. Máscara de teclado com poucas teclas expostas Outras adaptações simples que podem ser utilizadas dizem respeito ao próprio posicionamento do equipamento. Por exemplo, um determinado usuário que digita utilizando apenas uma das mãos, em certa etapa de seu trabalho com um programa que exigia que ele pressiona-se duas teclas simultaneamente, descobriu, por si mesmo que, seele colocasse o teclado em seu colo, na cadeira de rodas, poderia utilizar também uma mão para apertar uma tecla (Ctrl), enquanto pressiona outra tecla com a outra mão.Outro usuário está conseguindo agora usar o mouse para pequenos movimentos (utilização combinada com um simulador de teclado) com a finalidade de escrever no computador, pondo o mouse sobre suas pernas, em cima de um livro de capa dura ou de uma pequena tábua Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com Posicionamento do mouse no colo do usuário Outra solução empregada é reposicionar o teclado perto do chão para digi- tação com o pé, recurso utilizado por uma usuária que não pode digitar com as mãos. E assim, diversas variações podem ser feitas no posicio- namento dos periféricos para facilitar o trabalho da pessoa com deficiência, sempre, é claro, em função de suas necessidades específicas. Teclado reposicionado para digitação com o pé As pesquisas desenvolvidas desde 1993 pelo Programa InfoEsp, em Salvador, revelam que a imensa maioria das necessidades dos seus alunos são resolvidas com recursos de baixo custo. Ou seja, é quebrada certa convicção Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com generalizada, certo tabu, de que falar de adaptações e tecnologia assistiva para o uso do computador por pessoas com deficiência significa falar de aparelhos sofisticados, inacessíveis e de custos altíssimos. As pesquisas e a prática desmentem essa convicção e demonstram que, na maioria dos casos, dificuldades e barreiras até bastante complexas podem ser atenuadas ou eliminadas com recursos de custo muito baixo, mas de grande funcionalidade. Além das adaptações de hardware apresentadas anteriormente, existem muitas outras que podem ser encontradas em empresas especializadas, como acionadores especiais, mouses adaptados, teclados especiais, afora dispositivos especiais como impressoras Braille, monitores com telas sensíveis ao toque etc. (Cf. os endereços eletrônicos de alguns fornecedores no final deste texto). c) Softwares Especiais de Acessibilidade Alguns dos recursos mais úteis e mais facilmente disponíveis, mas muitas vezes ainda desconhecidos, são as “opções de acessibilidade” que já acompanham os sistemas operacionais. Por meio desses recursos, diversas modificações podem ser feitas nas configurações do computador, adaptando-o a diferentes necessidades dos alunos. Por exemplo, uma pessoa que, por dificuldades de coordenação motora, não consegue utilizar o mouse , mas pode digitar no teclado - o que ocorre com muita freqüência - tem a possibilidade de solucionar seu problema ao configurar o computador, por intermédio das Opções de Acessibilidade do Windows, para que a parte numérica à direita do teclado realize todos os mesmos comandos realizados pelo mouse. Além do mouse, outras configurações podem ser feitas, como a das “teclas de aderência”, a opção de “alto contraste na tela” para pessoas com baixa visão, e outras opções. Outros exemplos de Softwares Especiais de Acessibilidade são os simuladores de teclado e os simuladores de mouse. Todas as opções do teclado ou as opções de comando e movimento do mouse podem ser exibidas na tela e selecionadas, de forma direta ou por meio de varredura automática que o programa realiza sobre todas as opções. Na internet existe, por exemplo, o site do técnico espanhol Jordi Lagares <www.lagares.org>, no qual são disponibilizados paradownload diversos programas gratuitos por ele desenvolvidos. Trata-se de simuladores que podem ser operados de forma bem simples, além de serem programas muito “leves”. Por meio desse simulador de teclado e do simulador de mouse, um aluno do Programa InfoEsp, por exemplo, de 37 anos, pôde começar a trabalhar no computador e, agora, expressa melhor Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com todo o seu potencial cognitivo, começando a aprender a ler e a escrever. Esse aluno, que é tetraplégico, só consegue utilizar o computador por meio desses simuladores, que lhe possibilitam transmitir seus comandos ao computador somente por meio de sopros em um microfone. Isto lhe tem permitido, pela primeira vez na vida, escrever, desenhar, jogar e realizar diversas atividades que antes eram-lhe impossíveis. Ou seja, por meio de simples sopros, horizontes totalmente novos se abriram para ele, possibilitando que sua inteligência, anteriormente aprisionada em um corpo extremamente limitado, encontrasse novos canais de expressão e desenvolvimento. O microfone é fixado à cabeça Entretanto, algumas pessoas têm dificuldades na articulação ou na sincronia exigidas para a emissão desses sons ou ruídos no microfone. A solução encontrada foi acoplar ao microfone, por meio de fitas adesivas, um daqueles pequenos brinquedos infantis de borracha que produzem sons quando são pressionados. Desta maneira, o usuário pode comandar a varredura pressionando o brinquedo com a parte do corpo sobre a qual exerça maior controle (mão ou pé, joelho ou cabeça etc.). Com a pressão, o brinquedo emitirá som no microfone, o que acionará a varredura Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com Microfone com brinquedo de pressão acoplado. Esses simuladores podem ser acionados por intermédio de sopros, pequenos ruídos ou de pequenos movimentos voluntários feitos por diversas partes do corpo e até mesmo por piscadelas ou movimento dos olhos, utilizando se outros acionadores. Outros recursos bem simples, porém bastante úteis, foram desenvolvidos pela equipe do Programa InfoEsp. Por exemplo, adaptações nos mouses comuns, com a instalação de plugues laterais, disponibilizando, por meio desses pinos, uma extensão do terminal de acionamento do botão esquerdo do mouse. Com freqüência, um simples clique no botão esquerdo do mouse é suficiente para que o usuário possa desenvolver qualquer atividade no computador, comandando a varredura automática de um software , tal como escrever, desenhar, navegar na internet, mandar mensagens por e-mail etc. Para que isto seja possível, também são desenvolvidos diferentes acionadores (switches) para serem conectados nesses plugues dos mouses e, assim, poder-se efetuar o comando correspondente ao clique no botão esquerdo com a parte do corpo de que a pessoa tiver o controle voluntário (braços, pernas, pés, cabeça etc.). Tais acionadores são construídos até mesmo com sucata de computador, aproveitando-se os botões de liga/desliga dessas máquinas, às vezes para serem presos nos próprios dedos dos alunos ou para acionamento com a cabeça. São soluções simples, de custo praticamente nulo, porém de alta funcionalidade, e que se tornam para algumas pessoas com deficiência a diferença entre poder ou não utilizar o computador. Normalmente os softwares especiais de acessibilidade que funcionam com varredura automática aceitam o teclado, o mouse e/ou o microfone como acionadores (controladores) dessa varredura. Como exemplo, temos os Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com softwares simuladores de teclado, os simuladoresde mouse e os programas para a construção de pranchas de comunicação alternativa. O problema é que diversas pessoas com deficiência não conseguem utilizar nem o mouse, nem o teclado e nem o microfone se estes não forem, de alguma forma, modificados ou adaptados. Dar um clique no botão esquerdo do mouse, por exemplo, pode ser uma tarefa muito difícil ou mesmo impossível para alguns usuários em função de suas dificuldades de coordenação motora fina, ou por causa de alterações anatômicas em seus membros superiores que impedem a execução dessa tarefa. Outra sugestão aqui apresentada possibilita ampliar a área de acionamento do botão esquerdo do mouse para uma superfície bem maior, com o mesmo efeito de um simples clique no botão. Trata-se de uma caixa comum de fita de vídeo VHS, dessas onde se guardam as fitas, dentro e no centro da qual é introduzido e fixado, com uma tira de velcro, um mouse qualquer. Na capa dessa caixa é colada uma borracha comum de apagar lápis, na altura exata onde se encontra o botão esquerdo do mouse. Essa capa da caixa deve ficar entreaberta, podendo ser utilizadas peque- nas faixas de velcro para mantê-la nessa posição. Colocando-se esse dispositivo na frente do usuário, quando ele pressionar qualquer lugar na capa da caixa, a borracha em relevo no interior da mesma entrará em contato com o botão esquerdo do mouse, e o efeito será o acionamento do clique nesse botão. Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com INFORMÁTICA NA INCLUSÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIAS As tecnologias aqui apresentadas são compreendidas, na perspectiva de Lévy (1993), como tecnologias intelectuais que ampliam e modificam as funções cognitivas dos sujeitos, e devem favorecer a criação e a invenção de problemas, indo além da concepção de técnica como extensão ou prolon- gamento dos órgãos ou das ações do organismo, vistas apenas como solução de problemas, de acordo com Kastrup (2000). Nesse contexto, serão apresentadas as diversas tecnologias encontradas no processo de transposição das barreiras criadas por uma sociedade pedagogicamente preparada para os ditos “normais”. A evolução dos diversos elementos tecnológicos do cotidiano da pessoa com deficiência visual teve como ponto de partida a bengala, e hoje, com os avanços proporcionados pela informática, abrange tecnologias muito conhecidas como a escrita Braille, o ábaco, a impressora Braille, leitores de tela, computadores de mão, mouses para cegos, teclados especiais etc. A seguir, serão apresentadas várias tecnologias assistivas utilizadas para proporcionar uma maior independência à pessoa com deficiência visual. A bengala pode ser considerada como uma das primeiras tecnologias utilizadas por pessoas com deficiência visual. Foi introduzida em substituição ao bastão (bordão) e ao guia de pessoas com deficiência, tornando-se ferramenta indispensável para a locomoção por permitir localizar determinados obstáculos durante o trajeto e proporcionando, desta maneira, independência maior desses indivíduos. Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com Quanto à leitura e a escrita em Braille, constituem relevante marco para assegurar à pessoa com deficiência visual maior autonomia, possibilitando sua ascensão na sociedade e maior desenvolvimento intelectual. A escrita Braille foi criada em 1815, período em que a França estava envolvida em vários conflitos, e as mensagens que circulavam à noite não podiam ser lidas com utilização da luz, uma vez que ela chamaria a atenção do inimigo. A solução encontrada pelo oficial de artilharia Charles Barbier foi desenvolver um sistema de escrita noturna, baseada na elevação do relevo, que pudesse ser lida com os dedos, e que ficou conhecida como “escrita noturna”. Louis Braille interessou-se pelo sistema e o aperfeiçoou, passando ele então a chamar-se escrita Braille. Além do Braille, outro instrumento foi imprescindível, principalmente para o estudo da matemática: o ábaco, ou soroban. À medida que os cálculos foram evoluindo em complexidade e tamanho, sentiu-se a necessidade de um instrumento que pudesse ajudar a pessoa com deficiência visual na resolução dos problemas matemáticos. A solução encontrada foi a utilização do ábaco, amplamente utilizado pelos chineses e manuseado com grande eficiência por pessoas com deficiência visual. Uma pessoa treinada pode efetuar operações de soma, subtração, multiplicação, divisão e radiciação em velocidades comparáveis à de uma máquina de calcular, sem a necessidade do auxílio de outra pessoa. Prosseguindo processo evolutivo, tem-se o gravador, usado pelos indivíduos com deficiência visual tanto no ensino médio quanto no Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com superior com o intuito de gravar as aulas, proporcionando, desta maneira, grande autonomia, principalmente pela possibilidade de repetição das aulas inúmeras vezes. Com a utilização da máquina de escrever, as pessoas com deficiência visual também encontraram outra aliada no processo de independência, uma vez que as aulas eram datilografadas e depois transcritas para o Braille. A INFORMÁTICA E AS PESSOAS COM DEFICIÊNCIAS Com o surgimento da informática, pouco a pouco a velha máquina de escrever tornou-se obsoleta, cedendo lugar aos novos equipamentos, que estão melhorando consideravelmente a qualidade de vida das pessoas com deficiência visual. É o caso do Braille Falado, das impressoras Braille, dos computadores (laptop) munidos de avançados sintetizadores de voz, e dos scanners, entre outros. A seguir, apresentamos a descrição de algumas ferramentas: Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com a) Impressora Braille Existem diversos modelos, tanto para uso individual como para grandes e médias empresas. O objetivo desse hardware é imprimir no formato Braille, ou seja, em alto relevo, as informações contidas em qualquer documento no formato digital. b) Terminal Braille (Display Braille) O display é representado por uma ou duas linhas, compostas por caracteres Braille. É responsável pela reprodução dos dados gráficos exibidos na tela do computador, permitindo que a informação possa ser “lida” pelo tato, facilitando a navegação, sem frustrar a pessoa com deficiência visual por não enxergar o design das figuras que estão na internet. c) Braille Falado Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com É um hardware que pesa, em média, 450g, e possui sete teclas que podem ser utilizadas para a edição de textos. O Braille Falado pode assumir a funcionalidade de um sintetizador de voz quando acoplado a um computador, ou ainda ser utilizado para transferir e receber arquivos. Pode funcionar como calculadora, agenda eletrônica e cronômetro. d)Softwares Com o avanço das tecnologias, surgiram vários softwares que se propõem a auxiliar as pessoas com deficiência visual; entreeles, podem-se citar alguns como: Braille Fácil Este programa é utilizado para realizar a transcrição, para o Braille, de tex- tos editados no editor de texto do Windows. Zoom Text O ZoomText é um software independente projetado para pessoas com deficiência visual. Está disponível para as versões atualmente lançadas e suportadas dos sistemas operacionais Microsoft Windows. O programa permite que você veja e ouça tudo na tela do computador, além de fornecer acesso a aplicativos, documentos, email e Internet.O software pode ajudar indivíduos com 'perda precoce da visão, síndrome da visão computacional e deficiências visuais, como degeneração macular e glaucoma'. O Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com ZoomText possui suporte para dois monitores e é capaz de ampliar a tela até 60 vezes; Ele também permite que você escolha qual parte da tela será ampliada. A definição de texto é mantida para preservar a legibilidade. Os controles de cores ajudam a melhorar a clareza da tela e os ponteiros do mouse podem ser redimensionados. Ele também fornece recursos aprimorados de navegação para ajudar o usuário a iniciar programas, localizar documentos na área de trabalho, localizar os links e controles de hipertexto nas páginas da Web , encontrar palavras ou frases. No Windows Vista, o suporte à ampliação e ao leitor de tela é ativado no estágio de logon. Estas ideias convergem em direção a um forte movimento de inclusão para os visuais limitados,possibilitando sua independência. Para se conhecer como possibilidades da inclusão dos não-videntes, torna-se necessário armas aspectos da sua constituição. Os ambientes virtuais de abril dizem que possuem ferramentas com o máximo de maximizar a interatividade e o conhecimento participantes de volta. Entre Elas, destacam-é manipulado ação de textos e arquivos dos fóruns ou listas de discussão; a comunicação em tempo real (síncrona) e a comunicação assíncrona - em que o receptor e o emissor não precisa estar conectado ao mesmo tempo; administração do ambiente, permitindo uma configuração própria de cada usuário; estatisticamente avaliação sobre a assiduidade do aluno, segurança, testes e avaliação. Os ambientes virtuais de aprendizagem estimam-se em espaços que promover uma construção do conhecimento, mediado por ferramentas síncronas e assíncronas, e estão sendo desenvolvidas em software livre(Moodle e Teleduc, entre outros) ou proprietário (WebCT e Blackboard, entre outros). O Easy foi projetado seguindo padrões de acessibilidade que podem ser criados ao indivíduo portador de deficiência visual, por intermédio dos leitores de tela, capture como informações existentes no Moodle e interpretá-las, conforme se verifica na figura a seguir O Easy no processo de extração do recado do AVA Moodle Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com https://en.wikipedia.org/wiki/Web_pages A Figura apresenta a arquitetura do ambiente Moodle. Pode-se observar that o leitor de tela interage com as interfaces criadas em PHP (Linguagem usada para produzir páginas para a Internet). Essas páginas não seguem como diretrizes de acessibilidade, desta maneira, como informações serão "lidas" para as pessoas com deficiência visual de forma desconexa. O Easy acesso como essas informações contidas no repositório de dados, porém, difere da arquitetura anterior pelo fato de apresentar as informações extraídas aplicando padrões de acessibilidade, o que torna o dado mais bem estruturado para os leitores de tela e, consequentemente, uma informação acessível mente elaborada para o indivíduo portador de deficiência visual. Grupos mais afetados pela exclusão social Se analisarmos a formação das sociedades contemporâneas capitalistas ocidentais, perceberemos que essas sociedades se estabeleceram a partir da colonização e da escravização. Nesse processo liderado por países europeus, grupos sociais ficaram à margem da sociedade formada nas colônias. Esses grupos são, em geral, os negros de origem africana e os nativos das terras colonizadas – no caso das Américas, os povos indígenas. Em decorrência da marginalização desses povos e das ideologias racistas predominantes nos processos de colonização, as quais ainda persistem até hoje, houve e há a exclusão dessas categorias do processo de formação da sociedade. Assim, as medidas de inclusão social visam a integrar esses grupos vulneráveis à sociedade, garantindo os seus direitos. Deficientes físicos e deficientes mentais, portadores de comorbidades neurológicas e portadores de necessidades especiais, em geral, também foram, por muito tempo, excluídos da sociedade em razão de suas limitações. Durante muito tempo, pensou-se na urbanização, no lazer, na educação e no esporte voltados apenas para pessoas que não possuem limitações de mobilidade ou de desenvolvimento cognitivo. As pessoas com deficiências físicas, por exemplo, não conseguiam e, em muitos casos, ainda não conseguem andar na rua com segurança ou acessar espaços Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com públicos por não haver nesses locais instrumentos que viabilizem a sua inclusão, como guias para deficientes visuais ou rampas para acesso de cadeirantes a locais com escadarias. CONCLUSÕES É importante ressaltar que as decisões sobre a tecnologia assistiva e os recursos de acessibilidade a serem utilizados devem partir de estudo pormenorizado e individual com cada pessoa com deficiência. Ele deve ser iniciado por análise detalhada e pela escuta aprofundada de suas necessidades, para, a partir desse ponto, escolher os recursos que melhor respondam a essas necessidades. Freqüentemente é necessário ouvir também outros profissionais como terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas ou fonoaudiólogos antes da decisão sobre a melhor adaptação a ser utilizada. Enfim, fica claro que o uso de todas essas possibilidades e recursos da tec- nologia assistiva representa acesso ao enorme potencial de desenvolvimento e aprendizagem de pessoas com diferentes tipos de deficiência - o que muitas vezes não é tão transparente e tão facilmente perceptível nas interações corriqueiras do dia-a-dia na ausência desses recursos. Disponibilizar para essas pessoas novos recursos de acessibilidade, novos ambientes, na verdade, uma “nova sociedade” que as inclua em seus projetos e possibilidades, não significa apenas propiciar o crescimento e a auto-realização das pessoas com deficiências, mas, principalmente, é possibilitar para essa sociedade crescer, expandir-se, humanizar-se por meio das riquezas de maior e mais harmonioso convívio com as diferenças. Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com Referências ● “O PROFESSOR E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA: FORMAÇÃO, PRÁTICAS E LUGARES” – MIRANDA, T. G.; GALVÃO FILHO, T. A. (Org.). ● “PESQUISA NACIONAL DE TECNOLOGIA ASSISTIVA” – GALVÃO FILHO, T. A., GARCIA, J. C. D. ● “AS TECNOLOGIAS NAS PRÁTICASPEDAGÓGICAS INCLUSIVAS” – GIROTO, C. R. M.; POKER, R. B.; OMOTE, S.. (Org.). ● “EDUCAÇÃO INCLUSIVA, DEFICIÊNCIA E CONTEXTO SOCIAL: QUESTÕES CONTEMPORÂNEAS” – GALVÃO, N. C. S. S.; MIRANDA, T. G.; BORDAS, M. A.; DIAZ, F (Org.). Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com http://www.galvaofilho.net/noticias/baixar_livro.htm http://www.galvaofilho.net/noticias/baixar_livro.htm ● “ESTUDANTES COM DEFICIÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR” – PIMENTEL, S. C. (Org.). ● “TECNOLOGIA ASSISTIVA” – COMITÊ DE AJUDAS TÉCNICAS/SDH/PR. ● “TECNOLOGIA ASSISTIVA PARA UMA ESCOLA INCLUSIVA: APROPRIAÇÃO, DEMANDAS E PERSPECTIVAS” – GALVÃO FILHO, T. A. ● “TECNOLOGÍA ASISTIVA EN ENTORNO INFORMÁTICO: RECURSOS PARA LA AUTONOMÍA E INCLUSIÓN SOCIOINFORMÁTICA DE LA PERSONA CON DISCAPACIDAD” – GALVÃO FILHO, T. A.; DAMASCENO, L. L. ● “TECNOLOGIA ASSISTIVA NAS ESCOLAS: RECURSOS BÁSICOS DE ACESSIBILIDADE SÓCIO-DIGITAL PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA” – Instituto de Tecnologia Social – ITS BRASIL (Org.). ● “INCLUSÃO DIGITAL E SOCIAL DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA” – GALVÃO FILHO, T. A.; HAZARD, D.; REZENDE, A. L. A. ● “AMBIENTES COMPUTACIONAIS E TELEMÁTICOS NO DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS PEDAGÓGICOS COM ALUNOS COM PARALISIA CEREBRAL” – GALVÃO FILHO, T. A. Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com Licenciado para - E lisangela A parecida C astro R ossato - 74005081053 - P rotegido por E duzz.com