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Tecnologias no Ensino da Matemática U N O PA R TEC N O LO G IA S N O EN SIN O D A M ATEM ÁTIC A Tecnologias no Ensino da Matemática Keila Tatiana Boni Leandro Meneses da Costa Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Boni, Keila Tatiana B715t Tecnologias no ensino da matemática / Keila Tatiana Boni, Leandro Meneses da Costa. – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S. A., 2015. 176 p. ISBN 978-85-8482-102-0 1. Aprendizagem. 2. Didática. 3. Softwares. I. Costa, Leandro Meneses da. II. Título. CDD 371.33 © 2015 por Editora e Distribuidora Educacional S.A Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Presidente: Rodrigo Galindo Vice-Presidente Acadêmico de Graduação: Rui Fava Diretor de Produção e Disponibilização de Material Didático: Mario Jungbeck Gerente de Produção: Emanuel Santana Gerente de Revisão: Cristiane Lisandra Danna Gerente de Disponibilização: Everson Matias de Morais Editoração e Diagramação: eGTB Editora Sumário Unidade 1 | Novas tecnologias e educação: pressupostos teóricos Seção 1 - O ensino e a aprendizagem de Matemática na era tecnológica 1.1 | A educação matemática contemporânea 1.2 | Consequências do ensino tradicional de matemática 1.3 | A tecnologia como alternativa pedagógica para o ensino de matemática Seção 2 - A informática como processo de ensino e de aprendizagem 2.1 | Contribuições da informática no processo de ensino e aprendizagem de matemática 2.2 | Relações entre a matemática e a informática 2.3 | Os modelos matemáticos Seção 3 - Aprendizagem significativa por meio da utilização de tecnologias 3.1 | Aprendizagem significativa: breve apresentação de conceitos fundamentais 3.2 | Aprendizagem significativa em matemática por meio do uso de tecnologias Seção 4 - Documentos oficiais e as tecnologias 41 | O que dizem os Parâmetros Curriculares Nacionais de matemática a respeito das tecnologias no processo de ensino e aprendizagem 4.2 | O que dizem as Diretrizes Curriculares Nacionais a respeito das tecnologias no processo de ensino e aprendizagem de matemática 4.3 | Outros documentos oficiais que regem a educação matemática Unidade 2 | Estudo de questões didáticas e metodológicas sobre a inserção das TICs no âmbito educacional Seção 1 - O ensinar e o aprender Matemática com tecnologias da informação e comunicação (TICs) 1.1 | As TICs no processo de ensino e aprendizagem e aprendizagem de matemática 1.2 | Contribuições da internet no processo de ensino e aprendizagem de matemática 1.3 | Relação das TICs com algumas tendências pedagógicas para a educação matemática Seção 2 - O ensinar e o aprender Matemática com tecnologias da informação e comunicação (TICs) 2.1 | Reflexões sobre a formação de professores e as TICs 2.2 | O papel do professor frente às novas tecnologias na educação 07 55 11 21 31 43 59 73 11 15 17 21 23 31 34 43 44 45 59 62 66 73 78 25 Seção 3 - O ensinar e o aprender Matemática com tecnologias da informação e comunicação (TICs) 3.1 | O estudante como construtor de sua própria aprendizagem 3.2 | O papel das TICs no processo de construção do conhecimento por parte do aluno Seção 4 - O ensinar e o aprender Matemática com tecnologias da informação e comunicação (TICs) 4.1 | A contextualização de conceitos matemáticos possibilitada pelas TICs 4.2 | As TICs e as diferentes representações de conceitos matemáticos Unidade 3 | Aplicação de ferramentas tecnológicas no Ensino de Matemática Seção 1 - O uso de computadores nas aulas de matemática Seção 2 - O vídeo como recurso didático nas aulas de matemática Seção 3 - Criação de ambientes virtuais de aprendizagem Unidade 4 | Utilização de softwares matemáticos envolvendo situações de ensino e aprendizagem Seção 1 - Geogebra Seção 2 - Um olhar para a geometria, o uso do Geogebra Seção 3 - Winplot Seção 4 - Um olhar para as representações gráficas, uso do Winplot 83 87 103 113 121 143 151 159 163 99 139 83 87 90 85 Apresentação O avanço cada vez mais crescente das novas tecnologias vem implicando mudanças sociais, econômicas, culturais e, inclusive, educacionais. Nessa perspectiva, já não há mais lugar para um ensino de Matemática pautado em apenas definições, regras, manipulações aritméticas e algébricas, enfim, já não há lugar para um ensino de abordagem estritamente tradicional. Assim como a sociedade como um todo vem mudando devido ao progresso tecnológico, os atuais alunos precisam ser formados em consonância com a realidade e as exigências sociais da época. É nesse direcionamento que visamos abordar, neste livro, informações diversas e essenciais a respeito da incorporação de recursos e ferramentas tecnológicos no cenário educacional. Ao apresentarmos teorias e outras abordagens relacionadas à utilização de tecnologias na sala de aula, esperamos que as discussões propostas contribuam para a sua formação, no sentido de que assim você possa refletir sobre possibilidades pedagógicas para iniciar sua futura caminhada na área de Matemática. Para tanto é preciso que você perceba e compreenda que as tecnologias no âmbito educacional matemático podem se constituir como transformadoras: permitem que o aluno construa seu próprio conhecimento a partir das informações que lhe são disponibilizadas por meio de recursos e ferramentas tecnológicas, informações estas que, com a mediação do professor, se tornam conhecimentos; os objetos em estudo podem ser explorados pelo aluno por diferentes perspectivas, representações e contextos, contribuindo para que ocorra a aprendizagem significativa, uma vez que o aluno atribui sentido ao objeto em estudo ao se envolver com ele por meio de processo investigativo, levando-o a formar um pensamento mais crítico e flexível; aproximam pessoas distantes, oportunizando o compartilhamento de informações e conhecimentos; entre muitas outras atribuições que você conhecerá ao adentrar nos estudos que dará início com o presente material. NOVAS TECNOLOGIAS E EDUCAÇÃO: PRESSUPOSTOS TEÓRICOS Nesta seção serão apresentados alguns aspectos que descrevem o cenário atual da Educação Matemática, ou seja, como são realizadas as aulas de Matemática na atualidade. Além disso, serão abordadas quais as consequências de um ensino tradicional, o qual ainda é predominante, bem como serão elencadas as principais alternativas metodológicas para tentar contornar tais consequências, dentre as quais será dada maior ênfase a uma destas alternativas metodológicas: para as Tecnologias. Seção 1 | O ensino e a aprendizagem de Matemática na era tecnológica Objetivos de aprendizagem: Nesta unidade serão abordados assuntos relativos ao cenário atual da Educação Matemática, bem como o papel das tecnologias no processo de ensino e de aprendizagem de Matemática. Além disso, serão destacadas as contribuições da inserção de tecnologias nas aulas de Matemática para que ocorra a Aprendizagem Significativa e, ainda, será apresentado como os documentos oficiais que regem a Educação Matemática consideram a inserção de tecnologias no processo de ensino. Todas essas abordagens têm por objetivo levar você, estudante, a refletir sobre as implicações das tecnologias no processo de ensino e de aprendizagem de Matemática. Keila Tatiana Boni Unidade 1 Novas tecnologias e educação: pressupostos teóricos U1 10 Nesta seção será ressaltada a importância da informática para o processo de ensino e de aprendizagem de Matemática, bem como ao contrário: o papel da Matemática para o avanço da informática e das tecnologias como um todo. Nesse sentido, abordaremos em que aspectos a informáticacontribui para o ensino e a aprendizagem de Matemática, em especial quando, neste processo, envolve conceitos mais abstratos, destacando o papel dos modelos para contribuir, entre outros fatores, com a visualização, análise e interpretação destes conceitos. Nesta seção serão apresentados os principais conceitos com relação à Aprendizagem Significativa, destacando alguns elementos que, segundo alguns autores, são essenciais para que esse tipo de aprendizagem ocorra, ao contrário de uma aprendizagem baseada em memorização. Nessa perspectiva, tendo como base elementos essenciais para que aconteça a aprendizagem significativa, será destacado como a inserção de tecnologias no processo de ensino e de aprendizagem de Matemática pode contribuir para que este tipo de aprendizagem ocorra. Nesta seção serão ressaltadas as orientações de documentos oficiais que regem a Educação Matemática Básica, com relação às tecnologias. Nessa abordagem, destacamos o que estabelecem os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para o ensino de Matemática e convidamos você, estudante, a pesquisar e conhecer os documentos oficiais que regem a educação em âmbito estadual, destacando o quão próximas estão as orientações entre estes documentos, ao atribuírem às tecnologias um papel imprescindível no ensino atual de Matemática. Seção 2 | A informática como processo de ensino e de aprendizagem Seção 3 | Aprendizagem significativa por meio da utilização de tecnologias Seção 4 | Documentos oficiais e as tecnologias Novas tecnologias e educação: pressupostos teóricos U1 11 Introdução à unidade Sabe-se que a sociedade está vivenciando nos últimos anos uma explosão tecnológica. Sabe-se, ainda, que as tecnologias têm influenciado, e muito, a sociedade em todos os aspectos, inclusive na educação. Nesse sentido, o estudo que você realizará nesta unidade tem por objetivo levá- lo a refletir sobre o papel das tecnologias no campo da Educação Matemática. E para iniciar os estudos sobre as tecnologias na Educação Matemática, é necessário refletir sobre o cenário atual do ensino e da aprendizagem dessa disciplina, para que então seja possível compreender a essencialidade da inserção de tecnologias como uma alternativa pedagógica no âmbito da Educação Matemática. Portanto, você vai adentrar, a partir de agora, em algumas discussões a respeito de quais são os principais aspectos e as dificuldades enfrentadas pela Educação Matemática na contemporaneidade, dificuldades estas decorrentes, muitas vezes, da maneira como a Matemática é ensinada. Na perspectiva de contornar essas dificuldades, a inserção das tecnologias no ensino de Matemática pode trazer fundamentais contribuições para que a aprendizagem ocorra de maneira significativa, posição que é defendida, inclusive, em documentos oficiais que regem a educação, tais como os Parâmetros Curriculares Nacionais e as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica. Boa leitura! Novas tecnologias e educação: pressupostos teóricos U1 12 Novas tecnologias e educação: pressupostos teóricos U1 13 Seção 1 O ensino e a aprendizagem de Matemática na era tecnológica 1.1. A educação matemática contemporânea Nesta primeira seção, você estudará alguns aspectos que descrevem o cenário atual da Educação Matemática. Sendo assim, você terá a oportunidade de refletir sobre como estão sendo realizadas as aulas de Matemática na contemporaneidade. Ainda nesta seção, você conhecerá quais são as consequências de um ensino tradicional, o qual ainda é predominante, bem como as principais alternativas metodológicas para tentar contornar tais consequências, dentre as quais será dado maior enfoque para a alternativa metodológica Tecnologias. Ao pensarmos sobre aulas de Matemática, é bem provável que muitos imaginem a mesma cena: um professor escrevendo no quadro vários símbolos, regras, definições, exemplos de exercícios e, por fim, vários exercícios de fixação. Essas são características do ensino tradicional, o qual ainda persiste nos dias atuais. A matemática continua sendo considerada por muitos como uma disciplina exata, com resultados únicos e precisos, cujos focos de ensino são as operações aritméticas, as manipulações algébricas e as propriedades geométricas. Contudo, dessa maneira, dificilmente os estudantes conseguem atribuir sentido para os conceitos matemáticos em estudo, pois aprendem de maneira técnica e mecanizada, sem conseguir apreender qual a utilidade prática dos conceitos estudados. Nessa perspectiva, é essencial que o professor considere que [...] o aprendizado das crianças começa muito antes delas frequentarem a escola. Qualquer situação de aprendizado com a qual a criança se defronta na escola tem sempre uma história prévia. Por exemplo, as crianças começam a estudar aritmética na escola, mas muito antes elas tiveram alguma experiência com quantidades – elas tiveram que lidar com operações de divisão, adição, subtração e determinação de tamanho. Consequentemente, as crianças têm a sua própria aritmética pré-escolar, que somente psicólogos míopes podem ignorar (VYGOTSKY, 1989, p. 94-95). Novas tecnologias e educação: pressupostos teóricos U1 14 Nesse sentido, podemos entender que a aula expositiva (tradicional) pela qual muitos de nós (se não todos!) passamos não é a ideal: o conhecimento não é transmitido, mas é construído pelo próprio sujeito, tendo como base seus conhecimentos prévios, ou seja, os conhecimentos que possui antes de conceitos matemáticos formais serem apresentados no ambiente escolar. E ainda, ao serem apresentados conceitos formais aos estudantes, é essencial que o professor atente para a importância de valorizar os conhecimentos prévios do estudante e em relacionar estes conhecimentos com os conceitos formais, evitando, dessa forma, que os alunos substituam as suas próprias estratégias e procedimentos de cálculo pelas ensinadas pelo professor, ou se limitem a apenas recorrerem a regras, fórmulas e definições. É primordial que o professor compreenda que a Matemática escolar compreende, essencialmente, duas características: Estas duas características elencadas precisam ser enfatizadas no processo de ensino, porém, principalmente a última característica apresenta-se como um desafio para os educadores: como conduzir os alunos a se apropriarem de conhecimentos tão abstratos? Ambas as características requerem habilidades por parte de quem aprende, tais como: intuição, evidenciação de regularidades, representação, abstração e generalização. Porém, para que o aluno chegue ao ponto mais avançado do conhecimento matemático, que é em nível de abstração, ele precisa, de início, experimentar conceitos matemáticos por meio de ações concretas sobre objetos concretos. Em concordância com o exposto, Piaget (1973, p. 57) defende que • É uma ferramenta que permite o entendimento e o tratamento de problemas diversos, inclusive de outras áreas do conhecimento. Nesse sentido, a Matemática é uma ferramenta de grande aplicabilidade para resolver problemas práticos, bem como para explicar fenômenos variados por meio de fórmulas, teoremas e teorias matemáticas; • É uma ferramenta que permite realizar investigações no plano puramente matemático, sendo a Matemática constituída por conceitos e teoremas que formam as estruturas matemáticas. Assim, no plano puramente matemático, o principal objetivo é evidenciar e estudar invariantes e regularidades, que são submetidas a demonstrações baseadas no raciocínio lógico e em axiomas e teoremas já deduzidos. Novas tecnologias e educação: pressupostos teóricos U1 15 O papel inicial das ações e das experiências lógico-matemáticas concretas é precisamente de preparação necessária para chegar-se ao desenvolvimento do espírito dedutivo, e isto por duas razões. A primeira é que as operações mentais ou intelectuais que intervêm nestas deduções posteriores derivam justamente das ações: ações interiorizadas, e quando estainteriorização, junto com as coordenações que supõem, são suficientes, as experiências lógico-matemáticas enquanto ações materiais resultam já inúteis e a dedução interior se bastará a si mesma. A segunda razão é que a coordenação de ações e as experiências lógico-matemáticas dão lugar, ao interiorizar-se, a um tipo particular de abstração que corresponde precisamente à abstração lógica e matemática. Mas, para que ocorra todo esse processo de desenvolvimento é essencial que o aluno seja desafiado, ou, nas palavras de Piaget (1973), é preciso que haja desequilíbrios entre experiências provenientes de ações concretas e estruturas mentais (esquemas). É dessa maneira que o aluno é conduzido a “fazer” matemática, em detrimento de meramente reproduzi-la sem compreender o sentido e o significado do que está fazendo. Quanto ao “fazer” matemática, em concordância com o que foi apresentado, afirma Fischbein: Axiomas, definições, teoremas e demonstrações devem ser incorporados como componentes ativos do processo de pensar. Eles devem ser inventados ou aprendidos, organizados, testados e usados ativamente pelos alunos. Entendimento do sentido de rigor no raciocínio dedutivo, o sentimento de coerência e consistência, a capacidade de pensar proposicionalmente, não são aquisições espontâneas. Na teoria piagetiana todas estas capacidades estão relacionadas com a idade – o estágio das operações formais. Estas capacidades não são mais do que potencialidades que somente um processo educativo é capaz de moldar e transformar em realidades mentais ativas (1994, p. 232, apud GRAVINA, 2001, p. 52). Contudo, apesar das características que foram apresentadas precisarem ser consideradas ao mesmo tempo no processo de ensino e de aprendizagem de Matemática, o que se observa no ensino atual é que os alunos, no início da vida escolar, são privados de suas ações e conhecimentos prévios de caráter concreto. E, Novas tecnologias e educação: pressupostos teóricos U1 16 Além disso, de acordo com Dubinsky (1991, p. 31) Portanto, o ensino, na perspectiva construtivista, precisa enfatizar o planejamento de atividades desafiadoras, capazes de provocar no aluno a necessidade de se apropriar de ideias matemáticas de maneira profunda e significativa a partir de suas observações, experimentações, análise, interpretação, enfim, a partir de seus envolvimentos com o objeto de aprendizagem. Nesse sentido, a maneira tradicional de encarar o ensino e a aprendizagem de Matemática pode ocasionar diversos problemas para que ocorra realmente a aprendizagem de conceitos matemáticos pelo estudante. Em suma, pode-se concluir que o ensino de Matemática contemporâneo se caracteriza por metodologias de ensino antigas, que não têm, nos dias de hoje, apresentado uma aprendizagem tão eficaz, além de se apresentarem como uma contradição para a era em que estamos inseridos: uma era moderna, envolta por novas tecnologias, cada vez mais avançadas. Essa maneira de considerar o ensino de Matemática acarreta em diversas É necessário que o professor de Matemática organize um trabalho estruturado através de atividades que propiciem o desenvolvimento de exploração informal e investigação reflexiva e que não privem os alunos nas suas iniciativas e controle da situação. O professor deve projetar desafios que estimulem o questionamento, a colocação de problemas e a busca de solução. Os alunos não se tornam ativos aprendizes por acaso, mas por desafios projetados e estruturados, que visem a exploração e investigação (GRAVINA, SANTAROSA apud KAMPFF; MACHADO; CAVEDINI, 2004, p. 2). Na educação a preocupação principal deveria ser a construção de esquemas para o entendimento de conceitos. O ensino deveria se dedicar a induzir os alunos a fazerem estas construções e ajudá-los ao longo do processo… Aprender envolve abstração reflexiva sobre os esquemas já existentes, para que novos esquemas se construam e favoreçam a construção de novos conceitos… Um esquema não se constrói quando há ausência de esquemas pré-requisitos... ainda, mais adiante, os alunos são privados de desenvolver o caráter mais abstrato da Matemática. Tudo isso porque, durante todo o processo de ensino, o aluno assume o papel de mero receptor passivo de informações que são transmitidas pelo professor. Mas, como o professor pode desenvolver uma prática pedagógica que vise envolver, concomitantemente, as duas características da Matemática escolar? Novas tecnologias e educação: pressupostos teóricos U1 17 consequências para a aprendizagem de conceitos relacionados a esta disciplina, e é sobre tais consequências que você estudará na sequência. Quais são as consequências de um ensino totalmente tradicional, especialmente no ensino de Matemática? 1.2. Consequências do ensino tradicional de matemática Como você acabou de estudar, o ensino tradicional de conceitos matemáticos, o qual predomina atualmente, pode conduzir a problemas no processo de ensino e de aprendizagem destes conceitos. Alguns destes problemas são: Primeiro, alunos passam a acreditar que a aprendizagem de matemática se dá através de um acúmulo de fórmulas e algoritmos. Aliás, nossos alunos hoje acreditam que fazer matemática é seguir e aplicar regras. Regras essas que foram transmitidas pelo professor. Segundo, os alunos acham que a matemática é um corpo de conceitos verdadeiros e estáticos, do qual não se duvida ou questiona, nem mesmo nos preocupamos em compreender porque funciona (D’AMBRÓSIO, 1989, p. 15). O primeiro problema diz respeito à maneira com que muitos encaram a Matemática: aprender Matemática tem sido entendido como a simples memorização da tabuada, de regras e fórmulas. Muitas vezes o próprio professor tem essa concepção: acredita que seus alunos aprenderam a partir do momento em que conseguem responder rapidamente à tabuada e aplicam corretamente regras e fórmulas ao resolver exercícios. Porém, quando ao estudante é proposta uma situação-problema, fica claro que ocorreu apenas memorização, ou seja, o aluno não aprendeu de fato, pois é nesse momento que eles tentam aplicar as regras aprendidas e, muitas vezes, apresentam erros grosseiros por não pararem para refletir sobre a problemática da situação proposta, por não compreenderem quais são os conceitos envolvidos na situação e, principalmente, por não terem aprendido qual o sentido e qual o conceito relacionado às regras que lhe foram ensinadas. Todavia, dentre os problemas elencados, um dos mais preocupantes é o segundo, uma vez que a partir do momento em que o estudante deixa de se preocupar em compreender por que e como funcionam determinados conceitos matemáticos, ele deixa de refletir sobre tais conceitos e, consequentemente, a Novas tecnologias e educação: pressupostos teóricos U1 18 aprendizagem destes torna-se mecanizada, ou seja, pautada em memorização e reprodução de exercícios de acordo com exemplos apresentados pelo professor. Além disso, dessa forma o aluno não consegue compreender o quão próximo a Matemática escolar está de sua realidade, o quanto ela está presente e se faz necessária em diversos momentos do seu cotidiano. Diante de problemas matemáticos, muitas vezes o estudante procura por palavras- chave que o indiquem que algoritmo utilizar para solucionar tal problema e, quando não consegue realizar essa identificação, simplesmente desiste, alegando não ter aprendido como resolver aquele tipo de problema. Isso ocorre porque o trabalho desenvolvido com esse estudante não contribuiu para que ele pensasse de maneira mais flexível, tampouco foi estimulado e incentivado no ambiente escolar a não temer o erro e a ter coragem de tentar caminhos e estratégias novas de resolução. Estas consequências, em geral, são atribuídas às concepções de ensino e de aprendizagem do professor: muitos acreditam que os conceitos matemáticos aprendidos em determinados momentos são importantes para servirem como base para conceitos que serão estudadosem anos escolares posteriores. E é isso o que respondem quando o estudante questiona: “onde vou usar isso?”. Contudo, o objetivo principal na prática pedagógica do professor não pode ser apenas a quantidade de conteúdos trabalhados, tendo em vista os conceitos que serão trabalhados futuramente. O foco do ensino da Matemática deve ser levar o estudante a construir seu próprio conhecimento e desenvolver seu raciocínio lógico e, para isso, o estudante precisa ser desafiado e necessita compreender o verdadeiro sentido do conceito que está sendo estudado. Portanto, dizer ao estudante que aquilo que está sendo ensinado é importante porque ele vai precisar daquele conhecimento para aprender novos conceitos no ano escolar seguinte não é a melhor motivação para conscientizar o estudante sobre a importância de aprender matemática. A melhor maneira de motivar os estudantes a se interessarem por aprender conceitos matemáticos é promover meios de levá-los a vivenciar situações de investigação, exploração e descobrimento. É dessa forma que se incentiva a criatividade e o pensamento flexível: ao se trabalhar com situações-problemas. Em suma, a atribuição do professor de Matemática, dentre tantas outras atribuições, é fomentar [...] propostas que colocam o aluno como o centro do processo educacional, enfatizando o estudante como um ser ativo no processo de construção de seu conhecimento. Propostas essas onde o professor passa a ter um papel de orientador e monitor das atividades propostas aos alunos e por eles realizadas (D’AMBRÓSIO, 1989, p. 16). U1 19Novas tecnologias e educação: pressupostos teóricos Muitas são as propostas e metodologias de trabalho para a prática pedagógica que contribuem para que o aprender matemática por parte do estudante realmente ocorra. Dentre estas propostas e metodologias podemos citar a Resolução de Problemas, a Modelagem Matemática, a História da Matemática, a Etnomatemática, Jogos, e muitas outras, dentre as quais destacaremos no nosso presente estudo as tecnologias. A seguir são apresentados alguns links para que você possa conhecer em maiores detalhes cada uma das metodologias para o ensino da Matemática que foram apresentadas: • Resolução de Problemas: <http://www.ufrrj.br/emanped/paginas/ conteudo_producoes/docs_24/metodologia.pdf • Modelagem Matemática: <http://www.somatematica.com.br/artigos/a8/> • História da Matemática: <http://repositorio.ufpa.br/jspui/ bitstream/2011/1750/4/Dissertacao_HistoriaMatematicaMetodologia.pdf> • Etnomatemática: <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/ arquivos/2430-8.pdf> • Jogos: <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/ arquivos/1948-6.pdf> 1.3. A TECNOLOGIA COMO ALTERNATIVA PEDAGÓGICA PARA O ENSINO DE MATEMÁTICA Atualmente vivemos em um mundo totalmente tecnológico: as crianças já crescem tendo contato com toda essa tecnologia e com a rapidez de informações. Agora, tente imaginar o quão difícil pode ser para uma criança que vive nessa época tecnológica, repleta de informações e de inovações, ser obrigada a ficar, no mínimo quatro horas por dia, sentada em uma cadeira e ouvindo o professor explicar diversos conceitos aparentemente sem sentido e desconexos da realidade. Os currículos de Matemática, muitos livros didáticos e até mesmo algumas metodologias estão totalmente em discordância com o mundo atual. Assim, uma alternativa para cativar o interesse do estudante com relação à aprendizagem de conceitos matemáticos seria inserir ferramentas tecnológicas em seu ensino, ou seja, conectar a Matemática escolar com o mundo atual. Dentre estas ferramentas tecnológicas podemos citar a calculadora e o computador. Tantos professores proíbem o uso de calculadora em suas aulas, desconsiderando que o uso dessa ferramenta ocorre de maneira excessiva no cotidiano. Então, por que não utilizar essa ferramenta em sala de aula? É importante que o professor de Matemática ensine aos seus alunos como manusear essa ferramenta de maneira correta e, sobretudo, ensine o significado e as ideias relacionadas às operações que realizam por meio da calculadora. Novas tecnologias e educação: pressupostos teóricos U1 20 De acordo com Ponte (1989), ainda que as calculadoras comuns, utilizadas com frequência no dia a dia, sejam relativamente simples, utilizá-las em sala de aula implica um esforço de aprendizagem, uma vez que a partir de sua utilização o estudante poderá explorar e compreender, antes da explicação e sistematização do conteúdo pelo professor, que existem prioridades estabelecidas para as diversas operações e diferentes funções para cada tecla. Entretanto, assim como qualquer outra ferramenta tecnológica, a calculadora é apenas um instrumento para auxiliar no processo de aprendizado. Sobretudo é preciso que o aluno compreenda o significado das operações que realiza por intermédio da calculadora, compreenda o sentido de número, enfim, é preciso que o aluno encare os resultados que obtém por meio da calculadora de maneira crítica, sendo capaz de decidir de maneira correta se a resposta que obteve faz ou não sentido, avaliando se sua própria resposta ou estratégia de cálculo está correta. Ao permitir a utilização de calculadoras em sala de aula, durante o desenvolvimento de atividades, se contribui para que o tempo de aula seja mais proveitoso, pois se perde menos tempo com inúmeros cálculos, além de tornar a atividade mais desafiadora e menos cansativa de ser resolvida. Ainda, ao minimizar o tempo gasto para efetuar inúmeros cálculos, se ganha tempo para o desenvolvimento do raciocínio, que deve ser o foco do ensino de Matemática. Sendo assim, ao utilizar a calculadora, bem como diversas outras ferramentas tecnológicas, em sala de aula, é necessário que fique bem claro para o aluno quais são os objetivos dessa utilização ao aprender determinado conteúdo matemático. Além disso, é preciso que o aluno apreenda as possibilidades e limitações dos recursos tecnológicos. Afinal, a utilização de recursos tecnológicos no processo de ensino, tendo em vista a aprendizagem efetiva, está relacionada com o uso eficaz e com a exploração dessas tecnologias. Ainda, percebe-se que no ensino atual de Matemática, muitos conceitos relevantes para o estudante como cidadão deixam de ser abordados pelo professor, o qual prioriza conceitos abstratos que justifica como importantes para dar sequência a conceitos posteriores. Dentre esses conceitos importantes que, como foi mencionado, não são trabalhados ou não são muito valorizados em sala de aula, pode-se citar as noções de estatística. Saber interpretar e analisar informações por meio de tabelas e gráficos é de suma importância, e esse estudo poderia ser potencializado com a utilização de computadores, por exemplo, para construir diferentes tipos de gráficos. Além das calculadoras e dos computadores, muitas outras ferramentas podem ser classificadas como tecnológicas. Se considerarmos os significados da palavra tecnologia de acordo com diversos Novas tecnologias e educação: pressupostos teóricos U1 21 [...] deve comunicar à mente humana ideias que permitem o processo de interação por meio de ações e operações. Sendo assim, régua, compasso e “computador” são como qualquer outro objeto, no entanto, o que torna estes objetos tecnologias é a presença de uma linguagem e uma necessidade que relaciona sujeito e objeto na construção de ações e operações que envolvem o pensamento humano (MERLO; ASSIS, 2010, p. 8). Tecnologias são os meios, os apoios, as ferramentas que utilizamos para que os alunos aprendam. A forma como os organizamos em grupos, em salas, em outros espaços, isso também é tecnologia. O giz que escreve na lousa é tecnologia de comunicação e uma boa organização da escrita facilita e muito a aprendizagem. A forma de olhar, de gesticular, de falar com os outros, isso também é tecnologia. O livro, a revista e o jornal são tecnologias fundamentais para a gestão e para a aprendizagem, e aindanão sabemos utilizá-las adequadamente. O gravador, o retroprojetor, a televisão, o vídeo também são tecnologias importantes e também muito mal utilizadas, em geral (MORAN, 2003, p. 153). Sendo assim, diversos objetos podem ser considerados como ferramentas tecnológicas no processo de ensino, e considerar tais objetos como tecnológicos ou não depende de como serão utilizados em sala de aula. Mas, o que é considerado como tecnologia? dicionários, podemos resumir que tecnologia pode ser compreendida como um conjunto de processos racionais que têm por objetivo viabilizar habilidades práticas humanas. De acordo com a definição apresentada, podemos considerar que materiais simples, como régua e compasso, também podem ser considerados como ferramentas tecnológicas. O segredo está em como todas essas ferramentas serão utilizadas em benefício do processo de ensino. Uma ferramenta tecnológica, para assim ser considerada, De acordo com o que defende Moran (2003), assim como as ferramentas tecnológicas, tudo o que fazemos em sala de aula de maneira que esteja voltado à linguagem e a relacionar sujeito com objeto de aprendizagem pode ser considerado como tecnologias. Além disso, o que Moran (2003) enfatiza, e que em geral ocorre no cenário educacional contemporâneo, é que os professores não estão bem preparados e, portanto, não se sentem seguros para realizar mediações tecnológicas em suas aulas. E é nesse sentido que vemos que tantas escolas, temendo não acompanhar as tecnologias, fazem a aquisição de computadores, aparelhos de data-show, dentre tantos outros, mas que são recursos pouco utilizados de maneira efetiva em sala de aula. Mas, então, como utilizar a tecnologia em favor do ensino de Matemática? O que o professor precisa conhecer a respeito da utilização de computadores em suas aulas? É sobre estes e outros assuntos que abordaremos na próxima seção. Novas tecnologias e educação: pressupostos teóricos U1 22 1. Classifique cada uma das afirmativas a seguir em V (verdadeira) ou F (falsa): ( ) O ensino de matemática atual, em geral, ocorre de maneira construtiva, ou seja, sendo o aluno o centro do processo educativo e o professor o mediador de todo o processo. ( ) O ensino de matemática contemporâneo continua ocorrendo de maneira tradicional, por meio de aulas expositivas. ( ) No ensino tradicional de matemática, por meio de aulas expositivas, o estudante consegue aprender conceitos matemáticos de maneira significativa, pois, ao seguir exemplos do professor, ele começa a pensar de maneira mais crítica e reflexiva, o que é possibilitado pela memorização. ( ) É possível considerar como ferramentas tecnológicas qualquer objeto, assim como é possível considerar tecnologia como qualquer ação, desde que tudo isso esteja voltado para a linguagem e a construção de ações profícuas que contribuam para relacionar o sujeito com o objeto a ser aprendido. 2. De acordo com o que estudamos sobre ferramentas tecnológicas, assinale a alternativa que apresenta os itens que podem ser considerados como ferramentas tecnológicas: I – Lousa; II – Calculadora; III – Régua; IV – Tablet; V – Data-show. a) I, II e III. b) II, IV e V. c) IV e V. d) I, II, III, IV e V. Que outras ferramentas podem ser consideradas como tecnológicas e potenciais para contribuir com o processo de ensino e aprendizagem de Matemática? E, além da construção e interpretação de gráficos, que outras atribuições do uso de computadores podem ser exploradas no ensino de Matemática? Novas tecnologias e educação: pressupostos teóricos U1 23 Seção 2 A informática como processo de ensino e aprendizagem Nesta segunda seção, você terá a oportunidade de reconhecer a importância da informática para o processo de ensino e aprendizagem de Matemática e a importância da Matemática para que ocorra o avanço da informática e das tecnologias. Nesse direcionamento, abordaremos em que aspectos a informática contribui para o ensino e a aprendizagem de Matemática, principalmente quando esta contempla conceitos muito abstratos, para os quais os modelos podem contribuir efetivamente para que haja melhor compreensão destes conceitos por meio da visualização, análise e interpretação que os modelos proporcionam. 2.1. Contribuições da informática no processo de ensino e aprendizagem de matemática Por meio de computadores é possível alargar as abordagens tradicionais de resoluções de problemas, além de colocar em prática novas estratégias de interação e de simulação. Devido às potencialidades do computador em relação aos níveis de cálculo, de visualização e de modelação, é possível encorajar os estudantes a questionarem, a experimentarem, a levantarem e testar hipóteses, enfim, é possível tornar a resolução de problemas (metodologia tão importante no âmbito da educação matemática) mais desafiadora e, ao mesmo tempo, mais dinâmica. Uma das consequências que acarreta o ensino tradicional de Matemática diz respeito à aversão de estudantes com relação a essa disciplina, aversão essa que muitas vezes é oriunda da maneira como conceitos matemáticos são “aprendidos” por esse aluno: de maneira descontextualizada e sem sentido, constituída apenas por regras e memorização. Assim, por meio do uso de computadores e outros recursos tecnológicos, além do aluno ter a oportunidade de construir seu próprio aprendizado por meio da experimentação, observação e percepção, acaba gostando de aprender matemática, pois é possível, dessa maneira, perceber o quanto conceitos dessa disciplina estão presentes no dia a dia, bem como perceber qual o sentido das regras, fórmulas e definições estudadas. Novas tecnologias e educação: pressupostos teóricos U1 24 São diversas as possibilidades de utilizar os computadores como ferramentas educacionais de complementação no ensino de Matemática. Dentre estas possibilidades podem-se destacar os softwares educativos e a internet, os quais serão abordados com maior profundidade em outros momentos no decorrer do nosso estudo. O mais importante é que o professor compreenda que a informática pode ser utilizada como ferramenta para complementar o seu trabalho pedagógico e, no caso da Matemática, algumas contribuições dizem respeito à possibilidade de no computador apresentar um mesmo conceito (muitas vezes abstrato) por diferentes perspectivas: como animação, som, controle de movimentos (modelos dinâmicos) etc. A apresentação de conceitos matemáticos por diferentes perspectivas e representações é essencial, por exemplo, no ensino de Geometria, pois muitos estudantes manifestam dificuldades com relação aos processos de raciocínio dedutivo, métodos e generalizações. Assim, as representações diversas de um mesmo objeto geométrico, possibilitadas pelos computadores, contribuem para a formação da imagem mental e compreensão de propriedades abstratas que, muitas vezes, não ficam muito claras nos desenhos em papel representando tal objeto. Você acabou de estudar o quanto a informática é importante para contribuir com o processo de ensino e aprendizagem de Matemática. E, ao contrário, será que a Matemática também é importante para a informática? Com certeza podemos afirmar que, do mesmo modo que a informática é importante para a Educação Matemática, a Matemática é essencial e importante para a informática. Em concordância com essa afirmação, Ponte e Canavarro (1997) mencionam que [...] as relações entre a matemática e a informática desenvolvem- se nos dois sentidos. A matemática tem contribuído decisivamente para o surgimento e incessante aperfeiçoamento tanto dos computadores como das Ciências da Computação. Mas a matemática, como ciência dinâmica e em constante evolução, está também a ser fortemente influenciada pela Informática, tanto no que respeita aos problemas que coloca como aos métodos que usa na sua investigação. Estas relações dão importantes indicações para a utilização dos instrumentos computacionais no processo de ensino-aprendizagem.(PONTE; CANAVARRO, 1997, p. 1). Novas tecnologias e educação: pressupostos teóricos U1 25 Diante do que foi exposto até então, percebe-se que a informática pode se caracterizar como profícua para o ensino de Matemática, seja por meio de programas específicos construídos para essa área do conhecimento (dos quais alguns ainda serão apresentados em nosso estudo), seja por meio da internet e outros. Do mesmo modo, a informática necessita de conceitos matemáticos para sua evolução e aprimoramento. E seguem: Tal como os computadores trazem novas oportunidades à Matemática, também é a Matemática que os torna incrivelmente eficazes... As aplicações, o computador e a Matemática constituem um poderoso sistema fortemente unido produzindo resultados que anteriormente seriam impossíveis e originando ideias até aqui nunca imaginadas (MSEB, 1989, p. 36 apud PONTE; CANAVARRO, 1997, p. 10). 2.2. Relações entre matemática e a informática Como você acabou de estudar, do mesmo modo que a informática é importante para a Matemática, esta é importante para a informática. Assim como qualquer outra ciência, a Matemática não está posta em seu produto final, mas está em constante evolução, sendo os problemas deixados em aberto em certa época, solucionados em época posterior. E isso ocorre porque, com o passar do tempo, novos instrumentos vão surgindo para auxiliar a encarar problemas e resultados antigos, o que contribui para que ocorra a reformulação de teorias, de metodologias e, até mesmo, de notações. Dentre estes instrumentos, com certeza um que merece destaque no âmbito da Educação Matemática é a informática. Deste modo, podemos considerar que a informática está estritamente relacionada com a investigação matemática, pois esta ferramenta contribui (entre outras contribuições) para possibilitar a realização de experiências, testando conjecturas que envolvem grande quantidade de números e de cálculos. Além disso, o computador possibilita decompor um problema em grande número de casos especiais, os quais puderam ser verificados um a um. Reflita sobre a importância de realizar cálculos tão longos e complexos por meio dos computadores, se estes cálculos dificilmente serão estudados em sala de aula, bem como pelo fato de esses cálculos não serem baseados em tentar responder a preocupações de utilidade prática? Novas tecnologias e educação: pressupostos teóricos U1 26 Apesar de os cálculos realizados pelo computador, em especial os relacionados a realizarem demonstrações mais complexas (principalmente com relação à teoria dos números) não estarem, em geral, pautados em solucionar preocupações práticas e cotidianas, são fundamentais para codificações e decodificações de mensagens enviadas por meio de sistemas de telecomunicações, por exemplo. E este exemplo é apenas um de múltiplos outros exemplos. Dentre estes múltiplos exemplos, pode-se destacar o quanto a informática contribui para que a Matemática evoluísse no decorrer do tempo. Afinal, foram muitas as áreas da Matemática que foram estudadas, porém postas em parte por não haver a possibilidade de continuar devido à complexidade dos cálculos envolvidos. Em suma, os computadores têm contribuído com a Matemática no sentido de que se constitui em um meio insubstituível para gerar, tratar e analisar dados e, consequentemente, para tomar decisões. Outra grande contribuição dos computadores, não apenas na Matemática, como em demais áreas, é a possibilidade de criar modelos matemáticos para descrever situações reais. Afinal, para estudar determinada situação, muitas vezes se torna complexo realizar representações em termos reais de determinado objeto, enquanto que a utilização de computadores permite criar representações digitais que são relativamente mais simples e, quando bem usados, podem levar a uma compreensão mais clara e exata da situação em estudo. Na verdade, o principal responsável por fazer com que a Matemática avance é a resolução de problemas. Isso porque a resolução de problemas envolve, ao mesmo tempo, todos os processos essenciais da Matemática: descoberta de regularidades, formulação de conjecturas, demonstração, matematização de situações reais, axiomatização de teorias e refinamento dos conceitos. Ora, a informática, do mesmo modo, pode envolver todos estes processos essenciais da Matemática. Portanto, o próprio computador pode ser considerado como fonte de problemas matemáticos. Até agora, vimos o quanto o uso dos computadores é importante para potencializar o processo de ensino e aprendizagem de Matemática. Mas, em que aspectos a matemática é importante para os computadores? De maneira geral, a matemática influencia fortemente com a evolução dos computadores. A resolução de problemas relacionados à análise de algoritmos e estruturas de dados contribui para o surgimento de novos conceitos, bem como de novos métodos de trabalho. Como a resolução de problemas é fundamental tanto para a evolução da Matemática quanto para a evolução dos computadores, existem casos em que se Novas tecnologias e educação: pressupostos teóricos U1 27 torna praticamente impossível distinguir o que envolve apenas Matemática e o que envolve apenas as Ciências da Computação. Assim sendo, a Matemática e as Ciências da Computação estão interligadas de maneira muito intensa: a Matemática contribui de maneira decisiva para o nível dos fundamentos das Ciências da Computação, e estas oportunizam o tratamento e análise de aplicações de conceitos matemáticos por meio de modelos matemáticos. 2.3. Os modelos matemáticos Para definir o que é modelo é necessário levar em consideração a área de formação a que estamos nos referindo. Na Matemática, podemos conceituar um modelo matemático como sendo uma representação simplificada de propriedades fundamentais de determinado objeto ou situação real, ou seja, propriedades fundamentais de objetos são formalizadas por meio de um sistema artificial que é o que chamamos de modelo. De acordo com Gazett (1989), são características básicas do modelo: • O modelo é um sistema mentalmente concebível ou fisicamente executável; • O modelo consiste de uma imagem muito bem definida do original que representa; • O modelo possibilita representar o original que representa em alguma investigação; • O novo conhecimento produzido a partir do estudo do modelo é significativo para o objeto real. Assim, em suma, podemos entender que um modelo matemático é uma representação simplificada da realidade, porém, ainda que seja simplificada, é uma representação tão adequada, ou seja, preserva tão fielmente tantas características da realidade, que é possível utilizar um modelo em determinadas situações e enfoques no lugar do objeto real representado pelo modelo. Quando o modelo apresenta características fiéis ao objeto real que representa, dizemos que o modelo é representável. Porém, ainda que um modelo não seja, de início, representável, ele poderá ser aperfeiçoado gradativamente. Esse processo de aperfeiçoamento corresponde ao que é chamado de validação em procedimentos científicos. Mas, afinal, o que determina a validade de um modelo? Cada pessoa que cria um modelo para representar algo real considera que o modelo é eficiente quando atende aos propósitos por ela estabelecidos. Nessas Novas tecnologias e educação: pressupostos teóricos U1 28 condições, podemos entender que eficiência é algo muito subjetivo, pois envolve a satisfação do modelador com relação aos objetivos que pretende com tal modelo. Ainda nessa perspectiva, de acordo com o nível de rigor do modelador, até chegar ao modelo que considera como eficiente pode haver um longo processo e, portanto, um modelo dificilmente será considerado como definitivo, pois ele poderá ser melhorado constantemente. Em geral, modelos que são eficientes apresentam tradução contextual conveniente, que pode ser explicitada por meio de isomorfismo entre o modelo e o objeto ou situaçãoreal que representa. Mas, em síntese, qual é o papel dos modelos? A principal atribuição dos modelos é representar de maneira simplificada objetos ou situações reais complexas, de maneira que possibilite o tratamento, o entendimento e a resolução do objeto ou situação real que representa, ainda que tudo isso não corresponda totalmente à realidade. Entretanto, é essencial que o modelo não se distancie muito do real que representa, para evitar que a representação (o modelo) deixe de ser representável. Como podemos classificar um modelo? Os modelos podem ser classificados como mais complexos e menos complexos. Os menos complexos são possíveis de serem abordados por meio de métodos empíricos, enquanto que os mais complexos necessitam, na maioria das vezes, de recorrer a métodos hipotético-dedutivos para serem abordados. Sobre os métodos hipotético-dedutivos, (...) quando os conhecimentos disponíveis sobre determinado assunto são insuficientes para a explicação de um fenômeno, surge o problema. Para tentar explicar as dificuldades expressas no problema, são formuladas conjecturas ou hipóteses. Das hipóteses formuladas, deduzem-se consequências que deverão ser testadas ou falseadas. Falsear significa tornar falsas as consequências deduzidas das hipóteses. Enquanto no método dedutivo se procura a todo custo confirmar a hipótese, no método hipótetico-dedutivo, ao contrário, procuram-se evidências empíricas para derrubá-la. (GIL, 1999, p. 30). O modelo também pode ser classificado de acordo com sua natureza. Lachtermacher (2002) classifica o modelo em três tipos, conforme apresenta a figura a seguir: Novas tecnologias e educação: pressupostos teóricos U1 29 Figura 1.1 – Classificação de modelos de acordo com a natureza Fonte: Lachtermacher (2002) Modelos físicos • São modelos concretos, ou seja, construídos com materiais que permitem a manipulação real. • Exemplos: modelos de aeronaves; modelos de casas e prédios utilizados por engenheiros. Análogos • São modelos que representam relações por diferentes meios.• Exemplo: o marcador do tanque de combustível do automóvel que marca a quantidade de combustível em um tanque por meio de uma escala. Modelos Matemáticos ou Simbólicos • São modelos consituídos por varíaveis e expressões matemáticas. Portanto, envolvem informações quantitativas. • Exemplo: função que descreve valor a ser pago em uma conta de água em função do gasto de metros cúbicos de água ao mês em determinada residência. Mas, afinal, qual o sentido de utilizar modelos matemáticos na Educação Básica? Se considerarmos que a aprendizagem de conceitos matemáticos é um processo que depende principalmente da própria pessoa em aprendizado, bem como das relações que esta estabelece com os conceitos matemáticos e suas diferentes representações, podemos perceber o quão essencial é reconhecer que o ensino, nesse sentido, precisa ser voltado à reflexão, à análise e à construção de conhecimentos. E, durante todo esse processo de construção do aprendizado, o papel do professor é fundamental: é ele quem conduzirá seus alunos para se envolverem com as atividades por ele propostas, de maneira a encorajá-los a investigarem e refletirem sobre tais atividades. Propor atividades que levem o aluno a investigar e refletir é essencial para a aprendizagem em Matemática. Afinal, de acordo com Vergnaud (1990), é diante de situações (atividades) desafiadoras que o aluno constrói seu conhecimento. Mas, afinal, qual o sentido de utilizar modelos matemáticos na Educação Básica? Se considerarmos que a aprendizagem de conceitos matemáticos é um processo que depende principalmente da própria pessoa em aprendizado, bem como das relações que esta estabelece com os conceitos matemáticos e suas diferentes representações, podemos perceber o quão essencial é reconhecer que o ensino, nesse sentido, precisa ser voltado à reflexão, à análise e à construção de conhecimentos. Novas tecnologias e educação: pressupostos teóricos U1 30 E, durante todo esse processo de construção do aprendizado, o papel do professor é fundamental: é ele quem conduzirá seus alunos para se envolverem com as atividades por ele propostas, de maneira a encorajá-los a investigarem e refletirem sobre tais atividades. Propor atividades que levem o aluno a investigar e refletir é essencial para a aprendizagem em Matemática. Afinal, de acordo com Vergnaud (1990), é diante de situações (atividades) desafiadoras que o aluno constrói seu conhecimento. Isto porque, diante de situações desafiadoras, o aluno pode perceber que os conhecimentos que possui não são suficientes para tratar a situação com a qual se envolve, sendo preciso revisar os conhecimentos que já possui, bem como modificá-los, aperfeiçoá-los ou, até mesmo, substituí-los por outros novos que serão construídos a partir dos seus conhecimentos prévios, das necessidades diante da situação desafiadora e da mediação do professor. É nesse sentido que os modelos na Matemática se constituem como alternativa pedagógica potencialmente profícua para o processo de ensino e aprendizagem de Matemática. Os modelos matemáticos podem ser considerados como situações desafiadoras, pois se consituem como problemas que não apresentam, de início, ferramentas próprias para resolução. Desse modo, os modelos matemáticos exigem que o aluno investigue, bem como considere os conhecimentos que já possui para construir outros novos, a partir do aperfeiçoamento ou troca destes. Além disso, como, em geral, os modelos matemáticos representam um fato real, que pode fazer parte do cotidiano do aluno, os modelos contribuem para tornar o aprendizado mais significativo para ele, uma vez que, sendo a situação contextualizada com sua realidade, há o despertar do interesse do aluno para o estudo de Matemática, pois verifica a aplicabilidade de conceitos desta disciplina na realidade. Diante de uma situação proposta, o aluno precisa utilizar linguagem matemática para representar tal situação. Assim, diversas representações diferentes para a mesma situação podem ser construídas pelos alunos. E, além disso, em diferentes anos escolares é possível envolver uma mesma situação real, porém envolvendo encaminhamentos diferentes. Compartilhar as diferentes representações de uma mesma situação entre os alunos da sala de aula é importante para que eles apreendam a mesma situação por diferentes pontos de vista e reflitam sobre qual o modelo mais adequado para representar a situação. Do mesmo modo, propor uma mesma situação em diferentes anos escolares, envolvendo diferentes encaminhamentos, é essencial para que os alunos percebam diferentes aspectos da situação, bem como relações entre diferentes conceitos matemáticos que podem estar pautados à mesma situação. Novas tecnologias e educação: pressupostos teóricos U1 31 Outra atribuição dos modelos no ensino de Matemática, desde o Ensino Básico, consiste em tornar a sala de aula em um ambiente de debates envolvendo assuntos matemáticos, e vai além disso: permite aos alunos exercerem seus papéis de cidadãos, pois possibilita a discussão, reflexão e questionamentos acerca de assuntos reais, presentes em seus cotidianos. 1. Considerando as afirmativas a seguir, assinale a alternativa correta: I – A Matemática consiste em uma ciência posta e incontestável e, portanto, a informática pode contribuir apenas para que conceitos matemáticos abstratos sejam estudados e melhor compreendidos, não sendo possível fazer uso dessa ferramenta tecnológica para haver avanços e novas descobertas matemáticas. II – Os problemas matemáticos deixados em aberto com o passar dos tempos podem ser esclarecidos e, até mesmo, resolvidos com o auxílio da informática. III – A Matemática traz grandes contribuições para que ocorram avanços tecnológicos, em especial no que diz respeito à análise de algoritmos e estruturas de dados. Estão corretas as afirmativas: a) I e II. b) I e III. c) II e III.d) I, II e III. 2. Sobre a validade de modelos, é incorreto afirmar que: a) Determinar a validade de um modelo é algo muito subjetivo, ou seja, depende do sujeito que considera este modelo. Afinal, para validar um modelo, envolve a satisfação de quem está modelando com relação aos objetivos que pretende com tal modelo. b) Quando um modelo atende a, pelo menos, à maioria dos objetivos que o modelador espera do modelo que utiliza, tal modelo pode ser considerado como válido. U1 32 Novas tecnologias e educação: pressupostos teóricos c) Um modelo, em geral, passa por um longo processo de constantes aprimoramentos até chegar a ser considerado como eficiente. d) Para ser eficiente, no modelo precisa ficar claro o objeto (ou situação) que representa, bem como precisa apresentar tradução contextual apropriada para descrever tal objeto (ou situação). Como seria o uso adequado de computadores no ensino da Matemática? Reflita sobre como os computadores podem facilitar, enriquecer, ampliar e solidificar o acesso de nossos alunos aos conhecimentos matemáticos. Novas tecnologias e educação: pressupostos teóricos U1 33 Seção 3 Aprendizagem significativa por meio da utilização de tecnologias Nesta terceira seção, você aprenderá os principais conceitos relacionados à Aprendizagem Significativa e, neste estudo, será dada ênfase a alguns elementos que, de acordo com alguns autores, são fundamentais para que uma aprendizagem significativa ocorra, em detrimento de uma aprendizagem mecânica, pautada na reprodução e na memorização. Sendo assim, a partir dos estudos sobre os conceitos essenciais sobre a aprendizagem significativa, enfatizaremos, neste estudo, como a incorporação de tecnologias no processo de ensino e aprendizagem de Matemática pode trazer grandiosas contribuições para que a aprendizagem significativa, de fato, ocorra. 3.1. Aprendizagem significativa: breve apresentação de conceitos fundamentais Os estudos sobre a aprendizagem significativa têm como precursor o psicólogo David Paula Ausubel (1918-2008), por volta da década de 60. De acordo com Ausubel, a aprendizagem é um processo de modificação do conhecimento, e ele destaca a importância dos processos cognitivos dos estudantes. De acordo com Ausubel, a aprendizagem significativa é influenciada pelas interações decorrentes entre novas informações e a estrutura cognitiva do estudante. E estas interações ocorrem de maneira não arbitrária e substantiva, que são conceitos básicos da Aprendizagem Significativa de Ausubel. De acordo com Moreira (1997), a não arbitrariedade diz respeito ao relacionamento de uma nova informação que deve ocorrer com um conhecimento relevante e específico da estrutura cognitiva de quem está aprendendo, ao contrário de se relacionar com um aspecto qualquer de sua estrutura cognitiva. Quanto à substantividade, esta corresponde ao que deve ser interiorizado pela estrutura cognitiva: apenas o que for essencial na nova informação, e não as palavras ou os símbolos que representam esta informação. Outros conceitos da Aprendizagem Significativa são muito importantes, porém nosso objetivo de estudo não é abordar com profundidade esse assunto. O que realmente nos interessa ao envolver esse assunto é refletir sobre os dois tipos de aprendizagem que amplamente são discutidos na Educação Matemática: a Aprendizagem Significativa e a Aprendizagem Automática ou Mecânica. Novas tecnologias e educação: pressupostos teóricos U1 34 A respeito de ambos os tipos de aprendizagem que mencionamos, “para diferenciá-los é adequado que se faça a distinção entre dois processos de aprendizagem, denominados aprendizagem receptiva e aprendizagem por descoberta” (BORSSOI, 2013, p. 33). De acordo com Borssoi (2013), na aprendizagem receptiva ao aluno é apresentado o conhecimento a ser aprendido de maneira pronta e acabada, ou seja, lhe é disponibilizado na forma final, enquanto que no processo de aprendizagem por descoberta o conteúdo não é apresentado de imediato, de maneira já sistematizada, mas é oportunizado ao estudante que ele passe primeiro por um momento de descoberta, para então ele próprio incorporar significativamente o conhecimento em questão por sua estrutura cognitiva. Contudo, diferente do que imaginamos ao ler essas informações sobre os processos de aprendizagem, não é correto dizer que apenas a aprendizagem por descoberta leva à aprendizagem significativa, e tampouco a aprendizagem receptiva leva à aprendizagem mecânica. Ambos os processos podem acarretar na aprendizagem significativa, o segredo está na estratégia de ensino adotada pelo professor. Como já estudamos em seção anterior, o que prevalece no cenário atual da Educação Matemática é que a aprendizagem por recepção é a que predomina, uma vez que esta está relacionada ao ensino tradicional, por aulas expositivas. Assim, a aprendizagem por descoberta, em geral, não ocorre, pois a preocupação maior do professor é “dar conta” de todos os conteúdos que precisam ser trabalhados dentro do ano letivo, de acordo com o planejamento, não sobrando tempo hábil para desenvolver atividades que envolvem aprendizagem por descobertas. Afinal, neste processo é preciso tempo, uma vez que o estudante precisa experimentar, vivenciar, levantar e testar hipóteses, recomeçar no caso do fracasso e, além disso, cada estudante demanda tempo diferente de outros estudantes para aprender. Por outro lado, na experiência sabemos que muitos estudantes conseguem sucesso nessa maneira de ensino por recepção, e é nesse ponto que Ausubel defende que o ensino por recepção também pode levar à aprendizagem significativa: “[...] do ponto de vista da aquisição do conhecimento, o aluno em idade escolar, em nenhum estágio de seu desenvolvimento cognitivo necessita descobrir os conteúdos a fim de tornar-se apto a compreendê-los e usá-los significativamente” (MOREIRA, 1999 apud BORSSOI, 2013, p. 34). Em diversos momentos falamos sobre aprendizagem a ser construída pelo aluno e sobre estágio de desenvolvimento cognitivo. Tudo isso está relacionado à Teoria Construtivista de Jean Piaget. Procure pesquisar e conhecer mais sobre essa teoria tão importante para a área da Educação Matemática. Novas tecnologias e educação: pressupostos teóricos U1 35 Além de tudo isso que foi mencionado, para Ausubel a aprendizagem significativa depende, também, de aspectos motivacionais, que são específicos de cada sujeito. De maneira resumida, Ausubel indica as condições básicas para que o ensino conduza o estudante a uma aprendizagem significativa: Ainda, para que a aprendizagem significativa aconteça, faz-se necessário que estratégias sejam pensadas de maneira a facilitar nos alunos sua própria organização de estruturas cognitivas adequadas. Para isso, é preciso realizar uma análise conceitual do conteúdo que será trabalhado, tendo em vista identificar os conceitos e procedimentos básicos que servirão como nortes para a organização do material e das atividades que serão propostas. Outro aspecto a ser considerado nessa análise é quanto a evitar de sobrecarregar o estudante de informações que não são tão essenciais, minimizando suas possíveis dificuldades de organização cognitiva. Por fim, é preciso pensar sobre a melhor maneira de relacionar de maneira explícita os aspectos que são mais relevantes no conteúdo a ser estudado, com os aspectos mais relevantes da estrutura cognitiva do estudante. Em outras palavras, é essencial que os conhecimentos novos interajam com os conhecimentos prévios dos estudantes, para que ocorra, de fato, a aprendizagem significativa. a) O material organizado para o ensino deve ser potencialmente significativo; b) A estrutura cognitiva do aluno deve dispor de subsunçores (conhecimentos prévios) que permitam o relacionamento do que o aluno já sabe com os conhecimentos novos. c) O aluno deve apresentar uma predisposição positiva para aprender de maneira significativa, ou seja, para relacionaro conhecimento que já tem com o que deve aprender (BORSSOI, 2013, p. 36). Diante da abordagem sobre Aprendizagem Significativa que você acabou de estudar, relacione esse estudo com o estudo anteriormente realizado sobre a tecnologia e a Matemática: que relações você consegue estabelecer entre o ensino e a aprendizagem de Matemática, as tecnologias e a Aprendizagem Significativa? Como a utilização de tecnologias no ensino da Matemática pode contribuir para que ocorra a Aprendizagem Significativa de conceitos matemáticos? Novas tecnologias e educação: pressupostos teóricos U1 36 3.2 Aprendizagem significativa em matemática por meio do uso de tecnologias Por meio das novas tecnologias, em especial a informática, é possível oportunizar a criação de ambientes de aprendizagem que potencializam as tecnologias clássicas, tais como: lousa, giz e livro didático. Estes ambientes de aprendizagem possibilitados pelas novas tecnologias contribuem para que o estudante possa ter contato com um ambiente mais interativo, onde ele possa aprender conceitos matemáticos por meio da observação do comportamento destes conceitos, por exemplo, além de ter a oportunidade de receber um feedback ou de avançar em seus estudos por meio da pesquisa de novas informações a respeito do conceito estudado. Os conceitos matemáticos muito abstratos e, portanto, difíceis de entender, podem ser visualizados com facilidade por meio de softwares de modelagem e simulação adequados ao ensino. Portanto, as tecnologias de informação e comunicação (TICs) são importantes aliadas para fomentar a educação que tem por objetivo desenvolver nos estudantes habilidades para a construção do próprio conhecimento, para a colaboração e para o pensamento crítico. As contribuições das TICs vão além de promover a construção da aprendizagem pelos estudantes: constituem-se como ferramentas que potencializam o acesso às informações, permitindo que o estudante possa pesquisar além daquilo que foi estudado em sala de aula. Porém, apesar de saber que as tecnologias podem trazer diversas contribuições para o ensino e a aprendizagem de Matemática, é essencial que, ao utilizá- las, o professor estude qual a utilidade real da tecnologia que pretende utilizar para a aprendizagem. Isso porque nada adianta utilizar ferramentas e recursos tecnológicos se o professor não souber utilizar e nem souber com clareza qual a finalidade de envolver tais tecnologias em suas aulas. Ao inserir tecnologias em suas aulas, o professor precisa ter em mente que o objetivo dessa inserção precisa ser o de facilitar ao aluno o envolvimento com uma situação desafiadora, que o motive a colocar em prática sua percepção e construção de novas estratégias para buscar soluções, conduzindo-o, dessa forma, a uma aprendizagem significativa. Em concordância com o que foi exposto, Moran (2005, p. 131) ressalta que: Numa sociedade que privilegia cada vez mais o conhecimento, a escola pode ser um espaço de inovação, de experimentação saudável de novos caminhos. Com a fantástica evolução tecnológica Novas tecnologias e educação: pressupostos teóricos U1 37 Portanto, é função do professor disponibilizar e utilizar novas tecnologias em suas aulas, porém atentando para que estas sejam utilizadas como recursos para beneficiar suas aulas, mas não devem ser encaradas como substitutas das ações do professor, por exemplo, utilizando alguns recursos tecnológicos apenas para passar informações aos estudantes por meio de filmes, slides, imagens, enfim, que tenham por objetivo transmitir ao estudante as mesmas informações que o próprio professor disponibilizaria, tampouco para apenas ilustrar as suas aulas que permanecem exclusivamente tradicionais. Nesse sentido, o que realmente importa para que a aprendizagem por meio de recursos tecnológicos seja de fato significativa não é o potencial do recurso utilizado, mas é como o professor utiliza esse recurso e como ele é explorado nas atividades de ensino. Outra atribuição das tecnologias, que está relacionada ao processo de aprendizagem dos estudantes, corresponde à comunicação rápida possibilitada pela internet. Por intermédio dos meios de comunicação online é possível que os estudantes interajam e comuniquem suas ideias, suas opiniões e compreensões, trabalhando de modo colaborativo. Em suma, com o uso de tecnologias, assim como em outras aulas que não envolvam tais recursos, a aprendizagem significativa ocorre quando o estudante se envolve com tarefas de maneira ativa, intencional, construtiva e, também, de maneira colaborativa. É essencial que o estudante conheça o mesmo conceito matemático por outras perspectivas. Nessa perspectiva, o papel fundamental do ambiente escolar não é testar o conhecimento que é inerte do estudante, mas “as escolas devem ajudar os alunos a aprender como organizar e resolver problemas, compreender fenômenos novos, construir modelos mentais desses fenômenos, e, dada uma situação nova, definir metas e regular sua própria aprendizagem” (HOWLAND, JONASSEN, MARRA, apud BORSSOI, 2013, p. 42). Assim, as ações do ensino devem ser voltadas para o sentido de que os alunos desenvolvam e aprofundem tanto os significados que constroem quanto os podemos aprender de muitas formas, em lugares diferentes, de formas diferentes. Na educação formal, porém, sempre colocamos dificuldades para a inércia ou vamos mudando mais os equipamentos do que os procedimentos. Colocamos tecnologias na universidade e nas escolas, mas, em geral, para continuar fazendo o de sempre – o professor falando e o aluno ouvindo – com um verniz de modernidade. As tecnologias são utilizadas mais para ilustrar o conteúdo do professor que para criar novos desafios didáticos. Novas tecnologias e educação: pressupostos teóricos U1 38 significados que adquirem no envolvimento com atividades de aprendizagem. Para compreender melhor as relações, interações e dependências entre as características da aprendizagem significativa, observe a figura a seguir: Figura 1.2 – Características da Aprendizagem Significativa Fonte: Borssoi (2013, p. 43) Na figura apresentada, Borssoi (2013) apresenta quais são as características ou atributos que são importantes que professores e estudantes façam em sala de aula ao envolver tecnologias no processo de ensino e aprendizagem, tendo em vista fomentar a aprendizagem significativa. Além disso, a figura explicita a inter-relação entre cada uma dessas características. Na sequência, cada característica é explicada: • Intencional: essa característica diz respeito a considerar o que os estudantes pensam e querem saber sobre determinado assunto, partindo desses pensamentos e questionamentos para orientar as atividades de aprendizagem. Afinal, quando os estudantes se mostram interessados por algo, ou seja, quando têm a intenção de atingir um objetivo, como responder a questão por eles mesmos formulada, eles começam a agir ativamente sobre o próprio processo de aprendizagem e, consequentemente, aprendem mais. Nesse sentido, quando o estudante se mostra interessado em estudar e compreender algo, em buscar solucionar suas próprias indagações, ele não evita esforços e persiste ainda que erre várias vezes. Novas tecnologias e educação: pressupostos teóricos U1 39 Ainda com relação às tecnologias, se estas forem utilizadas pelos estudantes como ferramentas para facilitar suas buscas por respostas à suas perguntas, eles estarão utilizando essas tecnologias de maneira intencional e, portanto, aprendem de maneira significativa. • Autêntica: essa característica corresponde aos conteúdos estarem vinculados a fenômenos, ou seja, estarem contextualizados. Muitas vezes, devido ao pouco tempo que os professores possuem para trabalhar um currículo tão extenso, os fenômenos aos quais são aplicados conceitos matemáticos são removidos de seus contextos e apresentados de maneira sistematizada para os estudantes. Dessa forma, a falta de peculiaridadesda contextualização do conceito matemático ocasiona a perda de aspectos importantes que ajudariam a tornar tal conceito significativo. Ao contrário, quando no processo de ensino e de aprendizagem envolvendo determinado conceito as tarefas são apresentadas de maneira contextualizada com situações cotidianas e reais, além do estudante compreender melhor o conceito e se sentir mais motivado a compreendê- lo, torna-se mais simples associar esse conceito em outras situações. Além de apresentar contextualizações de conceitos matemáticos, é essencial que o professor incentive os estudantes a refletirem e comentarem sobre suas experiências pessoais em que o conceito matemático em estudo possa estar inserido. • Ativa: diz respeito a promover uma aprendizagem por meio da investigação, o que leva os estudantes a se envolverem de maneira ativa com o conteúdo. Assim, o estudante vivencia um processo intenso de avaliação, manipulação, análise, questionamentos, interpretações, comunicação de seus entendimentos, enfim, tudo isso baseado em suas próprias evidências e raciocínio. • Colaborativa: o trabalho em grupo, as interações entre estudantes e Novas tecnologias e educação: pressupostos teóricos U1 40 De acordo com Moreira (2014), os modelos mentais são representações internas de informações e que correspondem de maneira análoga àquilo que está sendo representado. Essas representações são de nível mais elevado e são fundamentais para a compreensão do cognitivo do sujeito. O conceito de modelo mental é algo bastante complexo e há muitas discordâncias entre diversos autores sobre o que são esses modelos e sobre como eles podem ser investigados. Porém, o link a seguir poderá te auxiliar a compreender um pouco mais o que são esses modelos mentais, na perspectiva do autor Marco Antônio Moreira: <http://www.if.ufrgs.br/~moreira/modelosmentaisport.pdf>. Acesso em: 10 nov. 2011. A tecnologia pode contribuir, e muito, com a construção e, principalmente, com a exteriorização de representações muito próximas de seus modelos mentais. Algumas ferramentas possibilitam que o estudante pense de maneira diferente, mais aprofundada e complexa, sobre o conceito estudado, do que pensaria sem o auxílio dessas ferramentas. Dentre as ferramentas tecnológicas que contribuem para a exteriorização de representações análogas a modelos mentais, podemos citar: mapas conceituais, micromundos, ferramentas que permitem modelar sistemas, fóruns de discussão etc. Para esclarecer, os mapas conceituais são esquemas estruturados que representam conjunto de ideias e de conceitos organizados em um tipo de rede de proposições, visando apresentar de maneira mais clara a explicitação do conhecimento e organizá-lo de acordo com a compreensão cognitiva de quem esquematizou o mapa conceitual. Em suma, são representações gráficas, relacionando palavras e conceitos, começando pelos mais abrangentes até aqueles menos inclusivos. Vale ressaltar que os mapas conceituais são propostos como uma estratégia potencialmente facilitadora de uma aprendizagem significativa. Os mapas conceituais têm uma organização hierárquica conceitual e são diagramas de significados, de relações significativas. Muitos mapas conceituais seguem um modelo hierárquico no qual os conceitos mais inclusivos, ou seja, os conceitos mais relevantes, ficam localizados na parte Novas tecnologias e educação: pressupostos teóricos U1 41 superior, sendo os conceitos mais específicos localizados, a partir de ramificações, na parte inferior. Porém, este é apenas um modelo de mapa conceitual, mas não necessariamente todos precisam ser organizados desta maneira. O que deve ficar claro no mapa é, em suma: quais são os conceitos mais relevantes e os mais específicos. Veja uma imagem que ilustra um mapa conceitual: Figura 1.3 – Exemplo de Mapa Conceitual Fonte: Disponível em: <http://fctecnologiaeducacional.blogspot.com.br/2013/10/mapa-conceitual.html>. Acesso em: 14 nov. 2014. Além dos mapas conceituais, citamos os micromundos como ferramentas tecnológicas que contribuem para a exteriorização de representações análogas a modelos mentais. Para conhecer o que são os micromundos, acesse: <http://pitagoras7.blogspot.com.br/2010/04/micromundos-como- ferramentas-cognitivas.html> Novas tecnologias e educação: pressupostos teóricos U1 42 Chegando ao fim do nosso estudo sobre a aprendizagem significativa por meio da utilização de tecnologias, é apresentado a seguir um esquema resumindo os aspectos relacionados às tecnologias no ensino da Matemática que contribuem para que a aprendizagem significativa ocorra de fato. Síntese de aspectos que precisam ser considerados para que a aprendizagem significativa ocorra ao utilizar tecnologias no ensino de Matemática Fonte: Adaptação de Howland, Jonassen e Marra (2011) apud Borssoi (2013, p. 46) Como você pôde observar por meio do esquema apresentado na figura acima, se as tecnologias não forem utilizadas com critérios e com objetivos bem estabelecidos pelo professor, o uso de toda essa tecnologia pode não implicar em contribuições para o aprendizado em Matemática. Nesse sentido, diante de informações possibilitadas pelas tecnologias, é essencial que o professor oriente seus alunos a codificar, integrar, contextualizar, organizar e interpretar estas informações. É esse um dos principais objetivos da utilização de tecnologias no ensino de Matemática visando à aprendizagem significativa: conduzir os alunos a transformarem as informações obtidas por meio de recursos e/ou ferramentas tecnológicos em conhecimentos que favoreçam o desenvolvimento desses alunos em Matemática. Novas tecnologias e educação: pressupostos teóricos U1 43 1. Considere as seguintes afirmativas: I – As TICs são grandes aliadas da educação matemática, pois contribuem para que os estudantes construam o próprio conhecimento, ao potencializar a estes estudantes o acesso rápido e fácil às informações, além de diversas outras atribuições. II – Para que a inserção de TICs no ensino de Matemática seja realmente profícua para o processo de ensino e aprendizagem dessa disciplina, basta que o professor tenha domínio das ferramentas tecnológicas que utiliza. III – Por meio das TICs o estudante tem acesso rápido e fácil a informações e, portanto, diante destas tecnologias, o papel do professor tende a ser minimizado e, até mesmo, substituído pelas TICs. Dentre as afirmativas, é correto afirmar que é(são) verdadeira(s): a) I. b) II. c) III. d) I e III. 2. Dentre as alternativas a seguir, todas estão corretas, exceto: a) Para que as tecnologias desempenhem um papel essencial para a aprendizagem significativa, é preciso que o professor utilize ferramentas tecnológicas como tecnologias parceiras de seu trabalho, evitando utilizar tais ferramentas para cumprir as mesmas ações que o próprio professor cumpriria. b) Um dos aspectos que contribuem para que a aprendizagem significativa ocorra é que os conceitos sejam apresentados de maneira atrelada a um contexto real para o qual tal conceito se aplica e, sempre que possível, permitir que os estudantes explicitem suas próprias vivências e experiências de maneira a associar a aplicabilidade do conceito em estudo. c) Uma das características que auxilia na promoção da aprendizagem significativa diz respeito a tornar explícitos os resultados de aprendizado desejados e os processos para alcançá-los, ou seja, é preciso envolver e articular as intenções Novas tecnologias e educação: pressupostos teóricos U1 44 do professor para orientar suas próprias ações, não podendo ser dada ênfase ao pensamento e intenções dos estudantes. d) Para que a aprendizagem significativa de fato ocorra, o papel das interações sociais é essencial, pois permite que o estudante conheça o conceito em estudo por outras perspectivas, outros pontos de vista, contribuindo para que o aluno reflita e pense de maneira mais flexível sobre esse conceito.Novas tecnologias e educação: pressupostos teóricos U1 45 Seção 4 Documentos oficiais e as tecnologias Nesta quarta seção, você conhecerá as orientações de documentos oficiais que regem a Educação Matemática Básica, orientações estas que dizem respeito às tecnologias. Nesse direcionamento será dada ênfase a um documento muito importante para a Educação: os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para o ensino de Matemática. E, além disso, você será convidado a pesquisar e buscar conhecer o que dizem os documentos oficiais que regem a educação em âmbito estadual, tendo em vista evidenciar as proximidades das orientações entre estes documentos, principalmente no que diz respeito ao importante papel da incorporação das tecnologias no processo de ensino e aprendizagem de Matemática. 4.1. O que dizem os Parâmetros Curriculares Nacionais de matemática a respeito das tecnologias no processo de ensino e aprendizagem Dentre as orientações apresentadas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) (BRASIL, 2001) de Matemática, contempla-se a inserção de tecnologias no processo de ensino e aprendizagem de Matemática. De acordo com o PCN de Matemática, alguns recursos tecnológicos, como calculadoras e computadores, já são utilizados por uma parcela significativa da população. Quanto à calculadora, destaca-se que seu uso é essencial no ensino de Matemática, em três aspectos: • Ela pode se caracterizar como um instrumento motivador, pois contribui para a realização de tarefas de cunho exploratório e de investigação; • Contribui para que o estudante perceba e compreenda a importância do uso dos meios tecnológicos disponíveis no cotidiano da sociedade; • É um poderoso instrumento de autoavaliação, pois o estudante pode utilizar a calculadora para conferir seus resultados e, até mesmo, corrigir seus próprios erros. Com relação ao computador como ferramenta tecnológica propícia para a aprendizagem, o PCN de Matemática defende que esta ferramenta contribui para a construção do conhecimento por meio de simulação. Novas tecnologias e educação: pressupostos teóricos U1 46 4.2. O que dizem as Diretrizes Curriculares Nacionais a respeito das tecnologias no processo de ensino e aprendizagem de matemática Assim como nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) (BRASIL, 2001) de Matemática, as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica defendem a necessidade de inserção de tecnologias no processo de ensino. De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais, é essencial que os professores reconheçam que seus alunos já nasceram na era digital e que, portanto, eles aprendem de maneira diferente da tradicional, maneira pela qual esses professores aprenderam. O ensino para esses alunos não pode ocorrer de maneira fragmentada: é preferível que eles realizem diversas tarefas ao mesmo tempo e é preciso que o professor envolva em suas aulas, de maneira indissociável, o aprender, o ensinar, o pesquisar, o investigar e o avaliar. Além disso, com relação às tecnologias no processo de ensino, nas Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica (BRASIL, 2013, p. 25) há o destaque de que: As tecnologias da informação e comunicação constituem uma parte de um contínuo desenvolvimento de tecnologias, a começar pelo giz e os livros, todos podendo apoiar e enriquecer as aprendizagens. Como qualquer ferramenta, devem ser usadas e adaptadas para servir a fins educacionais e como tecnologia assistiva; desenvolvidas de forma a possibilitar que a interatividade virtual se desenvolva de modo mais intenso, inclusive na produção de linguagens. Assim, a infraestrutura tecnológica, como apoio pedagógico às atividades escolares, deve também garantir acesso dos estudantes à biblioteca, ao rádio, à televisão, à internet, aberta às possibilidades da convergência digital. Ainda de acordo com o mesmo documento, os recursos tecnológicos, em especial de informação e comunicação, precisam ser inseridos no cotidiano escolar, de maneira Ainda com relação ao computador como recurso didático, se constitui como um grande aliado do desenvolvimento cognitivo dos alunos, devido ao seu caráter lógico-matemático. Diante da importância atribuída às tecnologias, o PCN de Matemática destaca a importância de maiores pesquisas na área, bem como a formação de professores para que estes estejam preparados para lidar de maneira objetiva com essas tecnologias. Ainda, o PCN de Matemática destaca que o computador pode ser utilizado tanto como elemento de apoio para o ensino, quanto como fonte de aprendizagem e como ferramenta para desenvolver habilidades, além de possibilitar a troca de informações e produções entre estudantes. Novas tecnologias e educação: pressupostos teóricos U1 47 4.3. Outros documentos oficiais que regem a educação matemática Os documentos oficiais que regem a educação matemática em outros Estados do país também destacam o papel importante da inserção e utilização de ferramentas tecnológicas no cenário escolar. Dentre as atribuições da tecnologia, os destaques são muito próximos dos apresentados pelos PCN de Matemática. Para saber um pouco mais sobre o que dizem alguns documentos oficiais estaduais quanto à tecnologia no ensino da Matemática, seguem links para consultar, respectivamente, os documentos curriculares de Matemática dos estados do Paraná e de São Paulo: • Paraná: <http://www.nre.seed.pr.gov.br/irati/arquivos/File/ matematica.pdf>. • São Paulo: <file:///C:/Users/Acer/Desktop/238.pdf>. a contribuir para a estimulação de criação de novos métodos didático-pedagógicos. Essa inserção tecnológica precisa ocorrer já na Educação Infantil, tendo em vista, por meio de recursos tecnológicos, fomentar a ampliação de conhecimentos científicos. Afinal, de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica: “O conhecimento científico e as novas tecnologias constituem- se, cada vez mais, condição para que a pessoa saiba se posicionar frente a processos e inovações que a afetam” (2013, p. 26). 1. Dentre as alternativas a seguir, estão corretas, exceto: a) O uso da calculadora no ensino de Matemática contribui para a realização de atividades e tarefas de caráter investigativo. b) O uso da calculadora no ensino de Matemática deve ocorrer apenas em anos escolares mais avançados, pois em anos finais do Ensino Fundamental I e início do Ensino Fundamental II não Novas tecnologias e educação: pressupostos teóricos U1 48 é possível e nem é interessante a utilização desta ferramenta. c) O uso da calculadora no ensino de Matemática permite evidenciar ao estudante o quanto é fundamental o uso dos meios tecnológicos que estão presentes no cotidiano da sociedade. d) O uso da calculadora no ensino de Matemática permite ao aluno avaliar a si mesmo e conferir ou corrigir os resultados que obteve em tarefas matemáticas. 2. Classifique as afirmativas a seguir em verdadeiras (V) ou falsas (F): ( ) O PCN de Matemática pontua que o uso de computadores auxilia no processo de construção do conhecimento por meio da assimilação. ( ) O PCN de Matemática defende que é importante que sejam realizadas mais pesquisas sobre os computadores como recursos didáticos e, além disso, a formação de professores precisa considerar a importância de formar profissionais preparados para lidarem com as tecnologias em sala de aula. ( ) De acordo com o PCN de Matemática, o uso de computadores é importante nas aulas de Matemática para que ao aluno seja oportunizado visualizar e, assim, facilitar sua compreensão sobre conceitos matemáticos mais abstratos, sendo a apresentação do conceito e transmissão das informações que o aluno precisará transformar em conhecimentos realizada estritamente pelo professor. Nesta unidade você aprendeu que: • Ainda que estejamos vivendo um momento cercado por novas tecnologias, o ensino de Matemática, em geral, se mantém tradicional, o que acarreta em diversas consequênciaspara a aprendizagem do estudante; Novas tecnologias e educação: pressupostos teóricos U1 49 • Muitas das consequências oriundas do ensino tradicional de Matemática podem ser minimizadas (e até suprimidas) se houver a inserção de tecnologias no processo de ensino de conceitos matemáticos, principalmente de conceitos mais abstratos; • As tecnologias, ao serem inseridas no processo de ensino de Matemática, precisam ser bem planejadas e ter objetivos claros, evitando, assim, que as tecnologias representem meramente uma substituição do professor em apenas transmitir conteúdos, bem como representem apenas uma maneira de ilustrar um ensino ainda integralmente tradicional; • A Matemática e a informática (computação) estão estritamente relacionadas, tendo em vista que a informática contribui com a aprendizagem em Matemática, pois, por meio de diversas ferramentas, em especial por meio de modelos, torna o ensino de conceitos matemáticos mais significativo e interessante para o estudante, bem como a informática precisa de conceitos matemáticos para que ocorram avanços; • Existem vários elementos que precisam ser considerados no processo de ensino e aprendizagem para que ocorra, de fato, a aprendizagem significativa, e muitos desses elementos podem ser envolvidos no uso de tecnologias. Portanto, as tecnologias se apresentam como alternativas pedagógicas potenciais para que ocorra aprendizagem significativa de conceitos matemáticos; • Os documentos oficiais que regem a Educação Matemática Básica defendem e destacam as contribuições das tecnologias como alternativas pedagógicas que potencializam o ensino e a aprendizagem de conceitos matemáticos. Nesta unidade, você pôde conhecer e refletir sobre como o ensino de Matemática, em geral, ocorre atualmente, bem como as principais consequências de um ensino que não condiz com o momento atual: um momento tecnológico. Novas tecnologias e educação: pressupostos teóricos U1 50 Assim, você pôde estudar o quanto a inserção de tecnologias no processo de ensino e aprendizagem de Matemática é essencial para que a aprendizagem de fato ocorra, ou seja, para que se consiga atingir uma Aprendizagem Significativa. E, além disso, o quanto a Matemática, do mesmo modo, é essencial para que ocorra o avanço das tecnologias. Ainda nesta unidade, você pôde conhecer o que dizem os documentos oficiais que regem a Educação Matemática a respeito da inserção de tecnologias no processo de ensino e aprendizagem de Matemática, destacando o quão essencial é esta inserção como alternativa metodológica para dinamizar e potencializar a aprendizagem de conceitos matemáticos. 1. Leia a seguinte afirmativa: “A possibilidade de testar diferentes caminhos, de acompanhar a evolução temporal das relações causa e efeito, de visualizar conceitos de diferentes pontos de vista, de comprovar hipóteses, faz das animações e simulações instrumentos poderosos para despertar novas ideias, para relacionar conceitos, para despertar a curiosidade e para resolver problemas” (RIVED, 2006). Considerando os estudos que você concluiu até o momento, e refletindo sobre a afirmativa apresentada acima, assinale a alternativa incorreta: a) A afirmativa pode ser considerada como descrevendo um modelo matemático, o qual permite que o aluno desperte sua curiosidade, relacione conceitos, compreenda o conceito matemático por outras perspectivas e por meio de simulações, etc. b) A afirmativa se relacionada à Matemática incorporada por tecnologias, em especial o uso de computadores, refere-se às possibilidades desta incorporação no sentido de permitir ao aluno despertar novas ideias por meio Novas tecnologias e educação: pressupostos teóricos U1 51 das visualizações e informações adicionais sobre conceitos matemáticos, entre outros, que os computadores permitem. c) A afirmativa, se relacionada à Matemática incorporada por tecnologias, se refere ao caráter dos computadores similar à resolução de problemas, uma vez que possibilita ao aluno testar e levantar hipóteses, testar diferentes caminhos etc. d) A afirmativa, se relacionada à Matemática incorporada por tecnologias, se refere à incoerência da incorporação desta no ensino de Matemática, uma vez que as características atribuídas ao uso de computadores não estão relacionadas às habilidades e competências a serem trabalhadas na disciplina de Matemática. 2. Julgue os itens a seguir, relativos ao processo de ensino e aprendizagem de Matemática para que a Aprendizagem Significativa ocorra, bem como as implicações da inserção de tecnologias nesse processo: I – As tecnologias contribuem para que o conhecimento seja construído pelo próprio aluno, em detrimento de ser meramente reproduzido; II – As tecnologias contribuem para que ocorra a prescrição e a repetição que são essenciais na aprendizagem de Matemática; III – As tecnologias contribuem para que haja articulação, ao invés de mera repetição. Está(ão) correta(s): a) I. b) II. c) II e III. d) I e III. 3. Sobre as características e atributos que são importantes que professores e estudantes façam em sala de aula ao envolver tecnologias no processo de ensino e aprendizagem, visando à ocorrência de aprendizagem significativa, assinale a alternativa que apresenta a relação correta de cada característica à sua descrição: Novas tecnologias e educação: pressupostos teóricos U1 52 Característica Descrição A – Intencional I – Essa característica diz respeito aos conteúdos estarem vinculados a fenômenos, ou seja, estarem contextualizados. Nesse direcionamento, as tecnologias podem auxiliar o professor na apresentação de contextualizações de conceitos matemáticos para seus alunos. B – Autêntica II – Essa característica corresponde a considerar o que os estudantes pensam e querem saber sobre determinado assunto, partindo desses pensamentos e questionamentos para orientar as atividades de aprendizagem. Quando as tecnologias são utilizadas pelos estudantes como ferramentas para facilitar suas buscas por respostas às suas perguntas, eles aprendem de maneira significativa. C – Ativa III – Essa característica diz respeito às representações mentais que são construídas pelos estudantes, as quais os auxiliam a ver diversas perspectivas, analisar e interpretar as diferenças e semelhanças entre os modelos mentais e, consequentemente, a articular seu pensamento com relação aos conceitos e conteúdos estudados, atributos estes que podem ser potencializados por intermédio da incorporação de tecnologias no processo de aprendizagem. D – Colaborativa IV – Essa característica corresponde à promoção de uma aprendizagem por meio da investigação, o que leva os estudantes a se envolverem de maneira ativa com o conteúdo. Por intermédio de tecnologias, o estudante pode vivenciar um processo intenso de avaliação, manipulação, análise, questionamentos, enfim, tudo isso baseado em suas próprias evidências e raciocínio. E – Construtitva V – Esta característica diz respeito ao trabalho em grupo, às interações entre estudantes e entre estudantes e professor, que são primordiais para que ocorra a aprendizagem significativa. Nesse processo de interação, as tecnologias podem auxiliar a aproximar os estudantes quando não estão próximos fisicamente e, até mesmo, aproximar de outras pessoas em várias partes do mundo. a) A-II; B-I; C-IV; D-V; E-III. b) A-I; B-III; C-V; D-II; E-IV. c) A-IV; B-III; C-IV; D-V; E-I. d) A-III; B-II; C-I; D-IV; E-V. Novas tecnologias e educação: pressupostos teóricos U1 53 4. Julgue os itens a seguir, sobre a aprendizagem significativa e as condições básicas para que ela ocorra no processo de ensino: I – É preciso que o material selecionado e organizado para o ensino seja potencialmente significativo; II – O aluno precisa apresentar-se propenso para aprender de maneira significativa, ou seja, precisa estar propenso para relacionar o conhecimento que já possui com o novo conhecimento;III – O aluno deve dispor, em sua estrutura cognitiva, de conhecimentos prévios que permitam o relacionamento dos conhecimentos prévios dos alunos com os novos conhecimentos. Estão corretos os itens: a) I e II. b) II e III. c) I e III. d) I, II e III. 5. Um modelo matemático é uma representação simplificada de propriedades fundamentais de determinado objeto ou situação real. E, para se constituir como um modelo matemático, uma representação sistematizada precisa apresentar algumas características básicas. São características básicas de um modelo, exceto: a) Deve ser uma imagem aproximada do original que representa. b) Deve ser mentalmente concebível ou fisicamente realizável. c) Deve possibilitar representar o original que representa em alguma investigação. d) Deve gerar um conhecimento que é significativo para o objeto ou situação real que apresenta. Novas tecnologias e educação: pressupostos teóricos U1 54 Novas tecnologias e educação: pressupostos teóricos U1 55 Referências BRASIL, Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais – Matemática. 3. ed. Brasília: MEC, 2001. BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica. Brasília: MEC, SEB, DICEI, 2013. BORSSOI, A. H. Modelagem matemática, aprendizagem significativa e tecnologias: articulações em diferentes contextos educacionais. 2013. 256 f. Tese (Doutorado em Ensino de Ciências e Educação Matemática) – Centro de Ciências Exatas, Universidade Estadual de Londrina, Paraná. 2013. D’AMBROSIO, B. S. 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Seção 1 | O ensinar e o aprender Matemática com tecnologias da informação e comunicação (TICs) Objetivos de aprendizagem: Nesta unidade o objetivo é conduzir você, estudante, a aprofundar seus conhecimentos a respeito da incorporação de Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) no processo de ensino e aprendizagem de Matemática, destacando a importância de alguns recursos, como, por exemplo, da internet, nesse processo, bem como a relação entre as TICs e as principais tendências da Educação Matemática. Ainda, tendo em vista que é primordial que você, futuro professor de Matemática, compreenda a importância das TICs no âmbito escolar, evidenciamos o papel do professor e o papel do aluno diante das novas tecnologias e, também, abordamos como as TICs contribuem para que a aprendizagem ocorra de maneira efetivamente significativa para o aluno, por meio da contextualização e representações diversas que as ferramentas tecnológicas possibilitam. Keila Tatiana Boni Unidade 2 ESTUDO DE QUESTÕES DIDÁTICAS E METODOLÓGICAS SOBRE A INSERÇÃO DAS TICS NO ÂMBITO EDUCACIONAL Título da unidade Nesta seção, você, futuro professor de Matemática, terá a oportunidade de refletir sobre o papel do professor na era tecnológica. Assim, envolveremos discussões a respeito da formação inicial e continuada desse professor, bem como sobre as considerações mais relevantes com relação ao trabalho do professor frente às novas tecnologias e como envolvê-las em suas aulas de maneira a potencializar o processo de ensino e aprendizagem. Nesta seção, você encontrará uma abordagem voltada à reflexão sobre o papel do aluno na atual era digital, bem como conhecer quem são esses alunos de hoje e como trabalhar a Matemática com eles. Como você estudará nesta seção, o aluno se torna, mais do que nunca, o principal responsável pela construção de sua aprendizagem. Nessa perspectiva, retomamos o papel do professor para auxiliar o aluno nesse processo, bem como as contribuições das TICs para que esse processo de aprendizagem ocorra de maneira significativa. Nesta seção trazemos uma breve abordagem a respeito de duas importantes atribuições da incorporação das TICs no processo de ensino e aprendizagem de Matemática: a facilidade de contextualização e de possibilitar representações diversas de conceitos matemáticos. Além disso, destacamos a essencialidade dessas duas características para que ocorra aprendizagem significativa em Matemática. Seção 2 | O professor de Matemática como agente inovador Seção 3 | A autonomia do estudante diante de seu processo de aprendizagem Seção 4 | A contextualização e as diferentes representações de conceitos matemáticos possibilitadas pelas TICs Estudo de questões didáticas e metodológicas sobre a inserção das TICs no âmbitoeducacional U2 59 Introdução à unidade Sabe-se que, atualmente, o mundo tem passado por grandes mudanças tecnológicas que só tendem a crescer exponencialmente cada dia mais. Todas essas mudanças vêm refletindo nos convívios sociais, nas finanças, na cultura e, principalmente, no âmbito educacional. Dentre as implicações que as novas tecnologias provocam na educação, destacamos o desafio da escola em considerar o modelo construtivista de ensino e aprendizagem, no qual os alunos se tornam os principais responsáveis pela construção de seus próprios conhecimentos, cabendo ao professor mediar e orientar todo esse processo. Nesse processo de construção do conhecimento, as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) contribuem, e muito, no sentido de permitir ao aluno obter novas informações e conhecer e se envolver com objetos do conhecimento por meio de diferentes perspectivas. Nesse cenário, cabe ao professor auxiliar o aluno a transformar todas essas informações em conhecimento. Sendo assim, as TICs, quando incorporadas no ensino, permitem ampliar de maneira considerável no que concerne ao favorecimento à formação do aluno como cidadão, para atuar de maneira crítica e reflexiva em seu meio social, uma vez que estas características podem ser desenvolvidas por meio da integração entre Matemática e TICs, ao oportunizarem ao aluno um espaço de investigação. E é partindo destes princípios que esta unidade vem destacar a você, futuro professor, as atribuições das TICs no âmbito educacional matemático, como estas devem ser incorporadas no processo de ensino, bem como o papel do aluno e do professor nesse novo contexto educacional. Boa leitura! Estudo de questões didáticas e metodológicas sobre a inserção das TICs no âmbito educacional U2 60 Estudo de questões didáticas e metodológicas sobre a inserção das TICs no âmbito educacional U2 61 Seção 1 O ensinar e o aprender Matemática com Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) Nesta primeira seção, você conhecerá as contribuições das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) no âmbito educacional, em especial, na Educação Matemática. Sendo assim, nesse estudo, você será levado a refletir sobre os benefícios que as ferramentas tecnológicas trazem para essa área de ensino ao serem incorporadas tanto no momento de introdução de um conceito, quanto no momento de reforçar a aprendizagem de um conceito já estudado. Quanto a essas ferramentas tecnológicas, nesta seção será dado maior enfoque à internet, bem como à relação entre essa e as demais ferramentas tecnológicas, considerando as principais tendências da Educação Matemática. 1.1. As TICs no processo de ensino e aprendizagem da matemática O professor de Matemática atual precisa ter consciência de que já não é suficiente desenvolver nos alunos competências de cálculo e de resolução de problemas. É preciso, além disso, estimular a curiosidade e o senso de investigação do aluno, bem como conduzi-lo a ver a Matemática como útil na vida cotidiana, como atual e como em constante evolução. Sendo assim, os alunos precisam ser conduzidos a desenvolver competências que os permitam investigar e resolver problemas de maneira mais crítica, sendo capazes de analisar e interpretar seus próprios resultados e processos de resolução. Mas, além disso, serem capazes de transpor todas estas competências em situações diversas, inclusive situações reais. Portanto, a aprendizagem significativa em Matemática não está relacionada a apenas dominar técnicas, regras e fórmulas, mas em buscar na Matemática auxílio para refletir, analisar e resolver situações-problemas. Para tanto, se faz necessário que os professores abdiquem da maneira tradicional de desenvolver suas aulas, incrementando nestas as tecnologias disponíveis. Afinal, por meio destas tecnologias, o professor poderá desenvolver contextos diversos de aprendizagem. Estudo de questões didáticas e metodológicas sobre a inserção das TICs no âmbito educacional U2 62 Contudo, ao inserir as TICs no processo educacional, primeiramente, é preciso considerar tanto os computadores como demais recursos tecnológicos como ferramentas de estudo, assim como consideramos a régua ou o lápis e papel. Todas estas ferramentas, quando são utilizadas de modo adequado e eficiente, contribuem para modificar a maneira pela qual conceitos são ensinados e aprendidos. O que se propõe, nessa perspectiva, é que as chamadas tecnologias tradicionais (lousa, lápis e papel, régua etc.) não sejam extintas, mas que é preciso perceber que hoje existem outras abordagens que, em muitos casos, podem se mostrar mais válidas e pertinentes para tratar um mesmo assunto. E essa validade e pertinência podem não corresponder, necessariamente, ao fato de uma ferramenta tecnológica mais moderna se mostrar mais eficiente para abordar determinado conceito, mas pelo fato de que as tecnologias que estão à disposição hoje atraem os jovens e podem, do mesmo modo, ao serem inseridas no ensino de Matemática, atrair os jovens para a aprendizagem de Matemática. Ainda com relação a tornar o aprendizado de Matemática mais atrativo para os alunos, Ponte e Canavarro (1997, p. 101) complementam que É possível utilizar a tecnologia a favor do processo de ensino e aprendizagem, em especial, de Matemática? A defesa quanto ao uso das TICs no ensino de Matemática está pautada na possibilidade destas possuírem recursos que permitem estabelecer um novo olhar sobre situações-problemas antigas, além de possibilitar manipulações que viabilizam novos questionamentos por meio de conjecturas matemáticas (SANTANA, 2002). Ainda com relação à inserção das TICs no âmbito da Educação Matemática, No que diz respeito aos valores e atitudes, a calculadora e o computador são particularmente importantes no desenvolvimento da curiosidade e do gosto por aprender, pois proporcionam a criação de contextos de aprendizagem ricos estimulantes, onde os alunos sentem incentivada a sua criatividade. Estudo de questões didáticas e metodológicas sobre a inserção das TICs no âmbito educacional U2 63 Portanto, vivemos em um momento em que as tecnologias associadas à educação não podem mais ser dissociadas e, além disso, as tecnologias precisam ser vistas pelos professores e demais profissionais da educação com normalidade, tal como se vê um livro didático, por exemplo. Mas, afinal, o que são as TICs que podem (e precisam) ser inseridas na Educação Matemática? As TICs (Tecnologias de Informação e de Comunicação) representam os recursos tecnológicos que podem ser utilizados de maneira integrada tendo em vista atingir um objetivo comum. Além disso, Quanto à Matemática, Ponte e Canavarro (1997) mencionam a possibilidade de ampliar seu aspecto experimental com o uso de tecnologias, de modo a fomentar, entre os alunos, um impulso investigativo característico da atuação dos matemáticos. Para D’Ambrósio (1999), “a tecnologia, entendida como a convergência do saber [ciência] e do saber [técnica], e a matemática, são intrínsecas à busca solidária de sobreviver e de transcender. A geração do conhecimento matemático não pode, portanto, ser dissociada da tecnologia disponível” (OLIVEIRA, 2008, p. 298). As TICs resultam da fusão das tecnologias de informação, antes referenciadas como informática, e as tecnologias de comunicação, denominadas anteriormente como telecomunicações e mídia eletrônica. Elas envolvem a aquisição, o armazenamento, o processamento e a distribuição da informação por meios eletrônicos e digitais, como rádio, televisão, telefone e computadores. (FIORENTINI; LORENZATO, 2006, p.45) Por meio do desenvolvimento de hardwares e softwares foi possível operacionalizar a comunicação e os processos decorrentes em meios virtuais. Porém, dentre todas as ferramentas que potencializaram o poder de informação e comunicação, destaca-se a internet. Afinal, foi por meio da internet que novos sistemas de comunicação einformação puderam ser criados, tais como e-mail, chat, fóruns, comunidades virtuais etc. Estudo de questões didáticas e metodológicas sobre a inserção das TICs no âmbito educacional U2 64 Ambientes virtuais De acordo com Santos (2003, p. 2), “[...] um ambiente virtual é um espaço fecundo de significação onde seres humanos e objetos técnicos interagem potencializando, assim, a construção de conhecimentos, logo, a aprendizagem. Então, todo ambiente virtual é um ambiente de aprendizagem? Se entendermos aprendizagem como um processo sociotécnico onde os sujeitos interagem na e pela cultura, sendo esta um campo de luta, poder, diferença e significação, espaço para construção de saberes e conhecimento, então podemos afirmar que sim”. 1.2. Contribuições da internet no processo de ensino e aprendizagem de matemática O acesso à informática, atualmente, precisa ser considerado como um direito ao qual o estudante deve poder usufruir de uma educação que inclua, inclusive, uma “alfabetização tecnológica” (BORBA; PENTEADO, 2003). Como você já estudou na unidade anterior, no âmbito educacional a informática apresenta um papel fundamental para o ensino de Matemática, uma vez que contribui para que a aprendizagem seja de fato significativa, por meio de contextualizações, de construções e visualizações de modelos, etc., que auxiliam o aluno a construir o seu conhecimento matemático. Ainda, de acordo com os PCN (BRASIL, 2001, p. 104), E, dentre todos os recursos tecnológicos que podem ser inseridos para provocar melhorias no processo de ensino e aprendizagem de Matemática, quais as atribuições da internet? Afinal, hoje a internet está, mais do que em qualquer época, presente no dia a dia dos alunos: os celulares, que hoje em dia qualquer indivíduo, até mesmo uma criança possui, já permitem o acesso à internet de praticamente qualquer lugar em que o indivíduo esteja. Estando a internet tão presente na vida cotidiana do aluno, por que não incluí-la a favor da Educação Matemática? É indiscutível a necessidade crescente do uso de computadores pelos alunos como instrumento de aprendizagem escolar, para que possam estar atualizados em relação às novas tecnologias da informação e se instrumentalizarem para as demandas sociais presentes e futuras. Estudo de questões didáticas e metodológicas sobre a inserção das TICs no âmbito educacional U2 65 Como você acha que a internet pode ser inserida no ensino de Matemática? E o que poderia ser explorado por meio da internet tendo em vista potencializar o processo de ensino e aprendizagem em Matemática? Para Moran (2003), por meio da internet é possível modificar significativamente a maneira de ensinar e de aprender, seja nos cursos presenciais ou nos cursos a distância. E todas as possibilidades que a internet apresenta dependerão exclusivamente da situação na qual o professor se encontra. Assim, o primeiro passo é o professor identificar a situação em que se encontra e, para isso, é fundamental que ele conheça os alunos que possui, suas características e interesses, além de considerar a quantidade de alunos que possui, os objetivos de aprendizagem que pretende atingir, entre diversos outros aspectos. De acordo com Moran (2003, p. 46), “[...] o professor tendo uma visão pedagógica inovadora, aberta, que pressupõe a participação dos alunos, pode utilizar algumas ferramentas simples da internet para melhorar a interação presencial-virtual entre todos”. Enfim, diante de tantas propostas que a internet pode oferecer para que o ensino de Matemática torne-se mais dinâmico e interessante, basta que o professor tenha conhecimento desse potencial educacional da internet e aprenda a conciliar esse recurso com suas aulas. Mas, que ferramentas a internet dispõe que podem ser utilizadas no ensino de Matemática? Os benefícios da inserção do computador nas aulas de Matemática são diversos e vão desde a simples disseminação de aulas expositivas até a contribuição no desenvolvimento de pesquisas. Alguns dos recursos que a internet dispõe e que podem ser aproveitados de maneira a aprimorar o ensino de Matemática são o correio eletrônico, o e-mail, os fóruns de discussão, os chats, blogs, sites, videoconferência, enfim, ferramentas estas que já têm sido muito utilizadas, principalmente, no ensino a distância. Mas, do mesmo modo, essas ferramentas poderiam contribuir com o ensino presencial: o professor poderia, por exemplo, se comunicar com a turma toda ou com apenas alguns alunos, orientá-los na realização de tarefas de casa, disponibilizar vídeos de apoio à aprendizagem, enfim, são múltiplas e diversificadas as possibilidades. Estudo de questões didáticas e metodológicas sobre a inserção das TICs no âmbito educacional U2 66 Portanto, na atualidade, é essencial que tanto professor quanto alunos dominem as ferramentas da web, pois esta representa uma maneira de manter contato entre pessoas que estão distantes e, além disso, possibilitar o acesso a diversas informações. São inúmeras as possibilidades fornecidas pela internet para que professores e alunos possam realizar pesquisas, dentro e fora da sala de aula. Para realizar estas pesquisas, os sites de busca, como o Google, apresentam uma maneira fácil e rápida, por meio de disparadores de busca, para encontrar respostas para qualquer tema solicitado. Estando o aluno diante de tantas informações que podem ser fornecidas por meio da internet, é papel do professor auxiliar seus alunos a serem críticos diante dos conteúdos encontrados na internet, alertando-os para terem cuidado com sites que se apresentam como pouco confiáveis e, até mesmo, inapropriados. Com relação às contribuições da internet para a Educação Matemática, Toledo e Lopez (2006, p. 46) defendem que As possibilidades inesgotáveis provenientes da internet são um meio de motivar os alunos, pois começam a ganhar um papel de destaque no processo de aprendizagem, em detrimento de ter o professor como centro de todo o processo de ensino, sendo um mero transmissor de informações que, muitas vezes, não se transformam em conhecimento por parte do aluno pelo fato deste não conseguir atribuir sentido e nem compreender o significado das informações transmitidas pelo professor. Ainda com relação à pesquisa na internet, Moran (2003, p. 46) defende que Na educação matemática podemos orientar nossos alunos a realizarem pesquisas em sites nacionais e internacionais, com interesses para o ensino da matemática. Alguns desses sites fornecem aspectos interessantes da área da matemática, apresentando problemas recentes que têm sido investigados, aspectos da história, apontando direções para possíveis investigações, ilustrando curiosidades que podem atrair a atenção dos alunos que se sintam desafiados por questões matemáticas. Podemos transformar uma parte das aulas em processo contínuo de informação, comunicação e pesquisa, por meio dos quais vamos construindo o conhecimento e equilibrando o individual e o grupal, entre o professor-coordenador-facilitador e os alunos- participantes ativos. Estudo de questões didáticas e metodológicas sobre a inserção das TICs no âmbito educacional U2 67 Outra ferramenta interessante que poderia ser utilizada no ensino são os blogs. Por meio destes, é possível postar diversas informações, as quais podem ser atualizadas com frequência, e que podem ser acessadas por qualquer pessoa. Além disso, é possível que as pessoas que acessam o blog registrem comentários acerca da informação exposta. Nesse sentido, o blog se apresenta como uma interessante ferramenta de comunicação no âmbito escolar que, dentre tantas possibilidades, Américo (2011, p. 30) destaca: • Apresentar várias etapas de um projeto desenvolvido na escola, na sala, em grupos ou mesmo individual; • Criação de um jornal on-line; • Divulgação de atividades; • Apoio a um eixo de trabalho ou mesmo a uma disciplina; • Preparar para encontros educacionais entre os profissionaisou entre os estudantes; • Divulgação de produções dos alunos em diferentes áreas do conhecimento; • Divulgar estudos realizados pelos alunos; • Desenvolver a curiosidade tecnológica, incentivando o aluno a buscar diferentes linguagens de programação; • Desenvolver habilidades nas diferentes áreas do conhecimento, aplicando os conteúdos estabelecidos em currículos; • Trabalhar com imagens criadas ou registradas pelos próprios alunos, ampliando suas habilidades cognitivas na área de criação; • Podem elaborar animações para postar no blog, como resultados de trabalhos; • Trazer a discussão de valores e da moral, quando na postagem de comentários, observando os limites do respeito à produção do próximo; • Ajudar a comunidade escolar com esclarecimentos e informações elaboradas pelos próprios alunos; • Incentivar a criação de concursos entre os alunos de suas produções. Estudo de questões didáticas e metodológicas sobre a inserção das TICs no âmbito educacional U2 68 Dentre as possibilidades destacadas, como já mencionamos, é possível que pessoas que acessem o blog registrem comentários relacionados ao seu conteúdo. Sendo assim, o blog ainda pode ser entendido como um espaço que aproxima pessoas e que permite a troca de ideias, de reflexões e experiências. Enfim, as diversas possibilidades fornecidas pela internet permitem tornar as aulas de Matemática mais atrativas e, ao mesmo tempo, mais proveitosas e significativas para os alunos. Além disso, trazem contribuições, também, para o professor: “[...] reservam ao professor a oportunidade de revitalizar seu papel, trazendo novas dimensões e perspectivas para o trabalho do mesmo” (AMÉRICO, 2011, p. 31). Em concordância com Américo (2011), Moran (2003, p. 58) explicita que Logo, o avanço das TICs proporciona um distanciamento cada vez menor entre pessoas, uma vez que recursos tecnológicos cada vez mais permitem aproximações entre estas pessoas por meio de comunicação virtual. 1.3. Relação das TICs com algumas tendências pedagógicas para a educação matemática Na unidade anterior, você já realizou um breve estudo sobre algumas alternativas (tendências) pedagógicas para a Educação Matemática, sendo que uma delas é a Tecnologia. Mas, será que esta pode ser inclusa em outras tendências? É sobre isso que você irá estudar a partir de agora! As tendências que na unidade anterior foram destacadas são: Modelagem Matemática, Etnomatemática, História da Matemática, Jogos, Resolução de Problemas (que não foi destacada, mas foi muito comentada) e Tecnologia (Informática). Começando pela Modelagem Matemática, você estudou que esta consiste em transformar problemas da realidade em problemas matemáticos, ou seja, em linguagem matemática. Sendo assim, a Modelagem Matemática corresponde à aquisição de saberes por meio da investigação: primeiro, observa-se fenômenos reais e, a partir de uma problemática sobre tal fenômeno, constrói-se um modelo matemático que permita exprimir informações a respeito do fenômeno em investigação. À medida que avançam as tecnologias de comunicação virtual, o conceito de presencialidade também se altera. Podemos ter professores externos compartilhando determinadas aulas, e um professor de fora ‘entrando’ por videoconferência na minha aula. Haverá um intercâmbio muito maior de professores, por meio do qual cada um colaborará em algum ponto específico, muitas vezes a distância. Estudo de questões didáticas e metodológicas sobre a inserção das TICs no âmbito educacional U2 69 Dessa forma, a Modelagem Matemática contribui, entre outros fatores, em conduzir o aluno a passar por um estado mais crítico e reflexivo acerca do seu próprio cotidiano. Para tanto, além de conhecimentos a respeito do fenômeno sendo investigado, na Modelagem Matemática faz-se necessário que o investigador tenha conhecimentos matemáticos e capacidade de percepção e análise. É com relação à construção de modelos, os quais podem ser funções, gráficos, equações etc., que a tecnologia pode ajudar: por meio do computador é possível construir e analisar de maneira mais profícua o modelo que descreve o fenômeno sendo investigado. Outra tendência na Educação Matemática é a Etnomatemática. Para D’Ambrósio (2001), a Etnomatemática é a arte de compreender e de valorizar as manifestações matemáticas de diferentes grupos sociais. Nesse sentido, na Etnomatemática tem- se por objetivo analisar as práticas e conhecimentos matemáticos próprios de diferentes contextos e grupos culturais. De acordo com Américo (2011, p. 18), A etnomatemática representa um caminho para uma educação renovada em que a matemática pode proporcionar questionamentos sobre as situações reais vivenciadas pela sociedade. A tendência socioetnocultural traz uma visão antropológica, social e política da Matemática e da Educação Matemática. Parte-se de problemas da realidade, inseridos em diversos grupos culturais, que gerarão temas de trabalho na sala de aula. Ainda, de acordo com D’Ambrósio (2001), é quando o professor consegue estabelecer a conexão entre o conteúdo em estudo com a realidade vivenciada pelo grupo que a riqueza do processo de ensino e aprendizagem matemática emerge. Diante do exposto, e considerando que a Etnomatemática constitui-se como um processo que visa conectar diferentes culturas e suas diferentes maneiras de se relacionar com a Matemática, percebe-se que a mesma está inter-relacionada com a realidade de determinada sociedade e, assim, podemos entender que as tecnologias então inclusas nessa tendência. Afinal, as tecnologias fazem parte do cotidiano de muitos grupos sociais, e estas tecnologias já influenciam, certamente, na matemática desses grupos. Além disso, vale ressaltar que, ainda que a Etnomatemática corresponda à valorização dos conhecimentos matemáticos próprios de cada grupo, essa tendência não exclui todos os conteúdos matemáticos do currículo, mas apenas aqueles que se apresentam como inúteis e desinteressantes de serem trabalhados em determinado momento escolar. Estudo de questões didáticas e metodológicas sobre a inserção das TICs no âmbito educacional U2 70 • A matemática como uma criação humana; • As razões pelas quais as pessoas fazem matemática; • As necessidades práticas, sociais, econômicas e físicas que servem de estímulo ao desenvolvimento das ideias matemáticas; • As conexões existentes entre matemática e conhecimentos como: filosofia, religião, lógica, dentre outros; • A curiosidade estritamente intelectual que pode levar à generalização e à extensão de ideias e de teorias; • As percepções que os matemáticos têm do próprio objeto da matemática, as quais mudam e se desenvolvem ao longo do tempo; • A natureza de uma estrutura, de uma axiomatização e de uma prova (MIGUEL e MIORIM, 2004 apud AMÉRICO, 2011, p. 19). Outra tendência na Educação Matemática é a História da Matemática, por meio da qual objetiva-se explicitar ao aluno o quanto a Matemática esteve e continua presente em todas as culturas e em fenômenos cotidianos. Por meio desta tendência o aluno tem a oportunidade de atingir de maneira mais efetiva os objetivos de aprendizagem a partir do momento em que ele percebe: Contudo, é essencial que o professor, ao utilizar a História da Matemática em suas aulas, compreenda que não basta citar datas e fatos históricos da Matemática, mas é preciso levar o aluno a refletir sobre as necessidades e preocupações de diferentes épocas e diferentes culturas, sobre a construção matemática para explicar ou solucionar cada situação correspondente a cada época e cultura e, sobretudo, levar o aluno a comparar os conceitos e procedimentos matemáticos de determinada época com os conceitos e procedimentos matemáticos atuais. Para a utilização da História da Matemática em sala de aula, o uso da internet para que o aluno realize pesquisas para compreender a criação de conceitos matemáticos e suas evoluções no decorrer da história é primordial. A tendênciaJogos, além de tornar a aprendizagem em Matemática mais interessante e divertida, contribui para que o professor possa identificar algumas dificuldades que os alunos ainda enfrentam em determinados conceitos dessa disciplina, dificuldades essas que podem ser minimizadas se trabalhadas de uma maneira mais dinâmica e contextualizada por meio de jogos. Porém, ao propor jogos em suas aulas, o professor precisa ficar atento para que estes jogos não impliquem em uma prática não diretiva, ou seja, em uma prática Estudo de questões didáticas e metodológicas sobre a inserção das TICs no âmbito educacional U2 71 que envolva os jogos apenas “por jogar”, sem deixar explícitos os objetivos que se pretende atingir com a inserção desses jogos em suas aulas. Isso não implica dizer que alguns jogos que os alunos já conhecem e estão acostumados a jogar em seu cotidiano não possam ser utilizados na sala de aula, mas enfatizamos que é a intervenção do professor, os objetivos que ele estipula para os jogos, bem como as relações que estabelece entre o jogo e os conceitos matemáticos em estudo, que atribuem ao jogo um caráter pedagógico. Jogos pedagógicos são aqueles que são inseridos em sala de aula de maneira intencional, objetivando introduzir um novo conceito ou envolver um conceito já trabalhado. São exemplos de jogos pedagógicos de Matemática: jogos da memória, nunca dez, banco imobiliário, dominó envolvendo operações matemáticas etc. De acordo a teoria construtivista, até por volta dos 12 anos é fundamental que a criança brinque e tenha contato com materiais concretos, pois, para Piaget (1995), as estruturas lógico-matemáticas ficam mais explícitas nas ações do que nas palavras nessas idades. Portanto, as ações representam o início da construção das operações futuras da inteligência. Em concordância com Piaget (1995), Cavalcante (2006) considera que a brincadeira para crianças de até 12 anos é essencial para que elas se desenvolvam. E, diante do exposto, o autor aponta fatores que justificam a inserção de jogos e brincadeiras no processo de ensino: • Favorecimento da criatividade; • Desenvolvimento da busca de novas estratégias de resolução; • Envolvimento com as regras; • Aprimoramento da organização do pensamento; • Desenvolvimento da intuição e da crítica (CAVALCANTE, 2006 apud AMÉRICO, 2011, p. 21). Além dos fatores elencados, as vantagens da inserção de jogos nas aulas de Matemática são muitas: permite ao professor analisar o desempenho de seus alunos e os erros que cometem, bem como permitem aos alunos se sentirem mais motivados para os estudos de conceitos matemáticos, além de terem a oportunidade de sanar suas dúvidas com seus colegas e com o professor de Estudo de questões didáticas e metodológicas sobre a inserção das TICs no âmbito educacional U2 72 A Revista Nova Escola apresenta um jogo interessante para trabalhar Cálculo Mental, jogado on-line ou que pode ser realizado o download. <http://revistaescola.abril.com.br/matematica/pratica-pedagogica/ feche-caixa-428064.shtml>. Conheça outros jogos matemáticos on-line ou disponíveis para download acessando: <http://www.ojogos.com.br/jogos/matematica>. <http://jogos360.uol.com.br/matematica/>. Por fim, mas não menos importante, abordamos a tendência Resolução de Problemas, a qual pode ser considerada como geradora de todos os conteúdos de Matemática, ou seja, podemos considerar que são as resoluções de problemas que engendram praticamente todas as atividades matemáticas. Aliás, para ressaltarmos a importância da resolução de problemas no âmbito da Educação Matemática, perceba que essa tendência está inserida em todas as demais tendências que foram apresentadas anteriormente. E, ainda, lembre-se de que na unidade anterior você estudou que a resolução de problemas é essencial para que ocorra a aprendizagem significativa em Matemática. De acordo com Costa (2004), a aprendizagem matemática só será significativa para o aluno se os conceitos estudados estiverem inseridos em situações familiares para ele, situações estas que precisam ser contextualizadas, problematizadas, investigadas e analisadas. Ao resolver problemas, sejam estes de natureza puramente matemática, ou relacionados a situações cotidianas, o aluno poderá aprender conceitos matemáticos de maneira interdisciplinar, ou seja, interligados a outras ciências, e poderá estruturar sua própria maneira de pensar e agir. maneira individual. Quanto a este último fator mencionado, a ocasião do jogo é interessante para aqueles alunos mais tímidos que durante as aulas permanecem com suas dúvidas, por se sentirem acanhados para fazer perguntas e expor suas dificuldades de compreensão e entendimento. O jogo pode ainda ser considerado como uma metodologia de Resolução de Problemas, uma vez que pode possibilitar ao aluno resolver situações de diversificadas naturezas, bem como buscar estratégias para enfrentar novas situações. Sendo assim, os jogos podem contribuir para que ocorra a aprendizagem significativa. Por meio de recursos tecnológicos, em especial por meio da internet, o professor poderá encontrar diversos jogos que ele poderá realizar download ou até mesmo propor para que seus alunos joguem on-line. Estudo de questões didáticas e metodológicas sobre a inserção das TICs no âmbito educacional U2 73 Ainda que a resolução de problemas possa ser proposta antes ou depois de conceitos matemáticos serem trabalhados, ao serem propostos antes de introduzir um novo conceito, oportuniza ao aluno construir seu próprio conhecimento, partindo de seus conhecimentos prévios e empíricos. Corroborando com essa afirmação, Mori e Onaga (2002, apud AMÉRICO, 2011, p. 22), defendem que [...] a Resolução de Problemas deve ser o ponto de partida da atividade matemática. Conceitos, ideias e procedimentos devem ser abordados mediante a exploração de problemas, ou seja, de situações em que os alunos precisem desenvolver algum tipo de estratégia para resolvê-los. Tais situações estimulam a curiosidade e a investigação, possibilitando que as experiências anteriores sejam utilizadas e outras sejam adquiridas, ampliando seus conhecimentos. Diante do que você aprendeu sobre a resolução de problemas em Matemática, reflita: que relações existem entre a aprendizagem em matemática e a resolução de problemas? Diante de tudo o que foi exposto até o momento sobre resolução de problemas, é possível traçarmos algo de intrínseco entre a aprendizagem em matemática e a resolução de problemas: o aluno aprende Matemática resolvendo problemas, assim como ele aprende Matemática para resolver problemas. Quanto às relações entre TICs e a tendência Resolução de Problemas, não há a necessidade de destacarmos aqui quais são essas relações, pois, uma vez que a resolução de problemas está inserida nas demais tendências que apresentamos, podemos considerar que as relações são praticamente as mesmas. Chegando ao final desta seção, vale ressaltar que a sociedade contemporânea está passando por constantes mudanças devido aos rápidos e contínuos progressos técnico-científicos, bem como devido ao avanço tecnológico das TICs. Diante dessas mudanças, é evidente que a maneira tradicional de ministrar aulas de Matemática tende a atender cada vez menos às perspectivas dos alunos sobre uma aula interessante e significativa. Nesse sentido, é essencial recorrer às tecnologias aliadas às tendências para o ensino de Matemática, visando despertar o interesse dos alunos e motivá-los a gostar de aprender Matemática. U2 74 Estudo de questões didáticas e metodológicas sobre a inserção das TICs no âmbito educacional 1. São muitas as contribuições que a incorporação das TICs proporciona no processo de ensino e de aprendizagem. Dentre as várias ferramentas tecnológicas que podem ser utilizadas a favor da educação, podemos citar os blogs. Dentre as muitas possibilidades que esta ferramenta proporciona para o processo de ensino e aprendizagem, écorreto considerar, exceto: a) Divulgar produções diversas dos alunos em diferentes áreas do conhecimento. b) Divulgar notas e ocorrências de alunos. c) Divulgar e/ou disponibilizar atividades extras e tarefas. d) Divulgar esclarecimentos e informações elaboradas pelos próprios alunos à comunidade escolar. 2. Julgue os itens a seguir, considerando a tendência História da Matemática: I – Essa tendência é importante para que o aluno perceba que a Matemática é uma criação humana; II – Essa tendência é importante para que o aluno compreenda porque as pessoas precisam fazer e fazem Matemática; III – Essa tendência é importante para que o aluno compreenda as relações entre a Matemática e outras áreas do conhecimento. Estão corretos os itens: a) I e II. b) II e III. c) I e III. d) I, II e III. Estudo de questões didáticas e metodológicas sobre a inserção das TICs no âmbito educacional U2 75 Seção 2 O professor de Matemática como agente inovador Nesta segunda seção, você terá a oportunidade de refletir sobre o papel do professor diante das tecnologias cada vez mais avançadas. Assim, você será convidado a se envolver em discussões e reflexões a respeito da formação inicial e continuada do professor. E, ainda, estudará as considerações mais relevantes com relação ao trabalho do professor diante das novas tecnologias, além de conhecer como envolver tais tecnologias no processo de ensino de maneira a potencializar este processo. 2.1. Reflexões sobre a formação de professores e as TICs Nessa perspectiva, frente às tecnologias cada vez mais avançadas em curtos intervalos de tempo, e diante das inseguranças de professores em lidarem com ferramentas tecnológicas, é que se considera que é primordial que a formação de professores, tanto inicial quanto continuada, precisa enfatizar a importância de inserir ferramentas tecnológicas na sala de aula atual e, sobretudo, auxilie o professor a descobrir como utilizar essas tecnologias tendo em vista potencializar sua prática pedagógica. E, com certeza, o maior desafio encontra-se, principalmente, na formação continuada de professores. Afinal, muitos ainda ensinam da mesma maneira que aprenderam, sem considerar que a realidade atual é totalmente diferente da época em que eles eram alunos, ou seja, as exigências sociais e, consequentemente, as exigências educacionais de hoje são outras. Na formação continuada, considerando a necessidade de inserção das tecnologias no contexto escolar em concordância com as exigências da sociedade contemporânea, os professores precisam “[...] (re)aprender a conhecer, a comunicar, a ensinar, isto é, (re)aprender a integrar o humano, o tecnológico, o individual, o grupal e o social” (PURIFICAÇÃO; NEVES; BRITO, 2010, p. 32). A formação para professores envolvendo conhecimentos tecnológicos contribui para que se evite que a escola permaneça obsoleta diante das novas tecnologias da informação e comunicação (TICs) que estão presentes no cotidiano do aluno. Sobre a inserção das TICs no cenário educacional, Purificação, Neves e Brito (2010, p. 33) complementam que Estudo de questões didáticas e metodológicas sobre a inserção das TICs no âmbito educacional U2 76 Assim, não basta apenas inserir computadores e outras ferramentas tecnológicas no ambiente escolar, mas é necessário que os professores estejam preparados para utilizar de maneira profícua estas ferramentas. Nesse sentido, faz-se necessária uma gestão de conhecimento, ou seja, é preciso que se pense e pratique novas formas de conceber, armazenar e transmitir informações, tendo em vista que estas se tornem efetivamente conhecimentos. Quando o professor utiliza recursos tecnológicos de maneira superficial, corre- se o risco de, ao invés de beneficiar a aprendizagem, agravar ainda mais a qualidade de suas aulas e as oportunidades de seus alunos compreenderem de maneira mais clara os conceitos abordados. Para que o conhecimento seja realmente efetivo, não basta a memorização de fórmulas, regras e procedimentos, mas é preciso compreender qual é o verdadeiro sentido destes. E, para que isso aconteça, é preciso que o ensino leve em consideração os conhecimentos prévios dos alunos, que o conceito em estudo esteja contextualizado com a realidade do aluno e fique clara a aplicabilidade do conceito em estudo em situações diversas. Assim, o aluno será capaz de atribuir sentido e compreender o significado dos conceitos que aprende. Mas, e quanto aos conceitos abstratos da Matemática? Afinal, muitos conceitos matemáticos estudados em sala de aula são bastante abstratos e difíceis de contextualizar com a realidade do aluno. É nesse e em outros aspectos que a tecnologia pode se apresentar como alternativa pedagógica e que as TICs podem ser consideradas como ferramentas propícias para ajudar o aluno a visualizar, analisar e interpretar tais conceitos mais abstratos. Além dessas atribuições, Purificação, Neves e Brito (2010) afirmam que utilizar tecnologias nas aulas de Matemática, em especial os computadores, envolve no processo de ensino e aprendizagem um campo de aplicação, um domínio técnico, um domínio algorítmico e, ainda, a própria esfera social, sendo que Essa inserção passa pelo exame do contexto educacional, pela compreensão das diferentes realidades sociais e sua interdependência, quer se considere a implantação de projetos que incorporem as tecnologias, quer se vislumbre a produção de programas, ou ainda se contemple a superação do que já está sedimentado no contexto educacional considerando os cenários tecnológico, informacional e informático. Para o campo de aplicação, pode-se escolher desde banco de dados até as especificidades de conteúdos matemáticos. No domínio técnico, a circunstância envolve as funções e os sistemas Estudo de questões didáticas e metodológicas sobre a inserção das TICs no âmbito educacional U2 77 do computador. No domínio de algoritmos, percebe-se a análise e a descrição na resolução de um problema. E, na esfera social, observam-se os efeitos de uma nova cultura, também, em sala de aula (PURIFICAÇÃO; NEVES; BRITO, 2010, p. 40). Contudo, o computador, assim como outros recursos tecnológicos, só poderá se constituir como um novo caminho no processo de ensino e aprendizagem se for bem utilizado, ou seja, se for bem planejada a sua utilização e se tiver claro quais os objetivos que se pretende atingir ao utilizá-lo. Apesar da abordagem sobre o computador, é preciso destacar que se faz necessária uma amplitude maior, para que haja o envolvimento de outras tecnologias no processo educativo, pois o que se pode observar é que, muitas vezes, a escola se limita a utilizar apenas os computadores como tecnologia de informação e comunicação, em detrimento de tantos outros recursos tecnológicos. Como formar professores que dominem os saberes necessários à prática docente e saibam utilizar as diferentes potencialidades das TICs a favor da aprendizagem matemática? Ainda nos dias atuais, a Matemática tem sido vista pelos alunos como uma ciência desconexa com a realidade, inflexível e repleta de regras e definições que levam o aluno a considerá-la como uma disciplina complexa. Essa visão precisa ser mudada e a inserção das TICs no cenário educacional pode contribuir, e muito, para que haja essa mudança de concepção acerca do que é a Matemática. Essa disciplina precisa ser vista como na sua essência: uma ciência que surgiu a partir da necessidade de resolver e descrever situações-problemas cotidianas e cujas definições, teoremas e representações foram evoluindo com o passar dos tempos. Nesse sentido, é preciso que fique explícito ao aluno que a Matemática continua em plena evolução e que a mesma continua sendo útil para explicar fenômenos e solucionar problemas cotidianos. Apesar de ferramentas pedagógicas contribuírem para contextualizar a Matemática e até mesmo permitir visualizar, analisar e interpretar conceitos mais abstratos, muitos professores evitamutilizar tais ferramentas por insegurança em como utilizar e, do mesmo modo, por insegurança em apresentar a aplicabilidade e contextualização da Matemática, que, muitas vezes, ele mesmo não aprendeu enquanto aluno. Estudo de questões didáticas e metodológicas sobre a inserção das TICs no âmbito educacional U2 78 Portanto, o trabalho pedagógico com a Matemática se constitui como um desafio para o professor, uma vez que, além de envolver o domínio de conceitos próprios da disciplina, faz-se necessária uma conduta relevante para o estímulo do aluno, bem como disposição para se manter em constante processo de aprendizado. Nesse processo constante de aprendizado, como você já estudou, é preciso que o professor busque se aperfeiçoar com relação ao ensino em concordância com o momento atual: um momento em que o desenvolvimento tecnológico cresce exponencialmente e influencia vários setores, inclusive o setor educacional. Aliás, o próprio avanço tecnológico é influenciado pelos avanços educacionais. Portanto, o professor precisa compreender esta inter-relação entre educação e tecnologia. Todavia, como você já estudou, não basta inserir tecnologias no processo educacional sem compreender o verdadeiro sentido e finalidade dessa utilização. Ao envolver TICs nas aulas, o professor precisa selecioná-las e planejar como utilizá-las tendo em vista fazer com que os alunos desenvolvam o pensamento ativo e reflexivo nas atividades desenvolvidas por intermédio ou com o auxílio de TICs, e, além disso, é essencial que essas atividades sejam investigativas, incluindo desafios que conduzam o aluno a analisar, questionar, levantar e testar hipóteses e, consequentemente, a construir e ampliar seus conhecimentos. O uso de maneira conveniente de TICs na educação depende, portanto, da formação do professor e não propriamente dos recursos tecnológicos que são utilizados. Contudo, do mesmo modo, os recursos que utiliza proporcionam ao professor novos conhecimentos. Mais uma vez, podemos perceber uma inter- relação entre TICs e educação: do mesmo modo que as ações do professor são essenciais para que o uso de recursos pedagógicos traga benefícios para o processo educacional, os mesmos recursos podem contribuir com a formação do professor, pois por meio de TICs o professor se informa e adquire novos conhecimentos. Incorporar novas tecnologias no processo educativo é fundamental, porém é preciso que fique claro que nenhum recurso ou ferramenta tecnológica irá substituir o papel do professor, tampouco o trabalho clássico da disciplina de Matemática que é a resolução de problemas. Apesar dos computadores e outros recursos tecnológicos auxiliarem no trabalho envolvendo resolução de problemas nas aulas de Matemática, ainda continua sendo essencial que o aluno vivencie situações em que crie e coloque em prática diferentes estratégias e procedimentos de cálculo mental, realize contas utilizando lápis e papel, manuseie réguas, compassos e esquadros para construir figuras geométricas e crie gráficos, enfim, tudo isso ainda continua sendo fundamental para que o aluno desenvolva seu raciocínio lógico-matemático. Nos cursos de formação de professores, seja inicial ou continuada, é preciso que vise à coerência entre as práticas que ocorrem nesses cursos e o desempenho que se espera do professor em sua prática docente. Estudo de questões didáticas e metodológicas sobre a inserção das TICs no âmbito educacional U2 79 Tardif e Raymond (2000) defendem que os professores tendem a ministrar suas aulas da mesma forma que aprenderam, ou seja, a concepção de ensino e aprendizagem que cada professor possui está pautada em suas próprias experiências e história de vida. Afinal, antes de se inserirem em seu ambiente de trabalho (a escola), todos eles já estiveram nesse ambiente, porém no papel de aluno. E, diante desta experiência, ao se inserirem como professores no ambiente escolar, já trazem consigo uma bagagem muito grande de conhecimentos e de crenças acerca da prática docente. Nesse sentido, A preparação do professor tem duas peculiaridades muito especiais: ele aprende a profissão no lugar similar àquele em que vai atuar, porém, numa situação invertida. Isso implica que deve haver coerência entre o que se faz na formação e o que dele se espera como profissional. Além disso, com exceção possível da educação infantil, ele certamente já viveu como aluno a etapa de escolaridade na qual irá atuar como professor (BRASIL 2002, p. 30). Com esta afirmação, Brasil (2002) corrobora com o que acabamos de defender: as vivências do professor como aluno, em especial como aluno na graduação, contribuem para a sua formação como docente, pois influenciarão de maneira significativa nas ações que exercerá em sua prática pedagógica. É nesse sentido que o cuidado na formação de professores deve estar voltado para explicitar a estes profissionais questões de autonomia: ainda que suas experiências como alunos sejam fortes influências em suas práticas, é essencial que tenham consciência de que não devem meramente reproduzir aquilo que aprenderam e da maneira que aprenderam, mas precisam considerar que existem alunos diferentes que aprendem de maneiras diferentes e que, portanto, ter autonomia é preciso para inovar suas práticas a partir de suas vivências, mas, sobretudo, de suas necessidades e tendo em vista atingir o máximo possível de aprendizagem de seus alunos. Ainda, é importante que, durante sua formação, o professor, enquanto aluno, vivencie práticas pedagógicas que sejam coerentes com as práticas que esperam que estes pratiquem quando professores (BRASIL, 2002). Sendo assim, com relação à inserção de tecnologias no processo de ensino e aprendizagem, em especial da Matemática, é primordial que oportunizem a utilização e aplicação de tecnologias no ensino, além de reforçar os efeitos destas no âmbito educacional. Com relação aos efeitos das tecnologias, Costa (2008) pontua: • Integração das TICs em todo o âmbito escolar (documentos, registros, etc.), bem como em todas as disciplinas; Estudo de questões didáticas e metodológicas sobre a inserção das TICs no âmbito educacional U2 80 • Existência de infraestrutura e de recursos adicionais que corroboram com o desenvolvimento do currículo dos alunos e com o trabalho inter e extraclasse do professor; • Incentivo da direção escolar com relação à utilização das TICs, reconhecendo e valorizando os profissionais da educação que fazem uso de recursos tecnológicos e, além disso, buscam melhorias para o uso destes; • Acompanhamento das atividades pedagógicas do professor, investigando os impactos de sua formação em sua prática pedagógica, sendo este acompanhamento realizado, sobretudo, após a formação desse profissional da educação. Ainda, segundo Costa (2008), os casos de insucessos e de retrocessos na inserção das TICs no cenário educacional estão relacionados à falta de atenção dada à complexidade da formação, bem como à singularidade do sujeito que está em formação. Sendo assim, é notório que ainda se faz necessário que ocorram muitos avanços na formação de professores, tendo em vista envolver as TICs no cenário educacional. Não basta que questões relacionadas às TICs estejam simplesmente presentes na ementa de cursos de formação inicial e continuada. É preciso explicitar de fato a importância da inserção de tecnologias no âmbito educacional e, sobretudo, como utilizar de maneira vantajosa para a aprendizagem os recursos tecnológicos. No caso da disciplina de Matemática, por exemplo, a utilização de TICs contribui para destacar o papel da linguagem gráfica, da importância do cálculo, bem como da manipulação simbólica (PONTE; OLIVEIRA; VARANDAS, 2003). Contudo, poucos professores têm essa compreensão das atribuições das TICs no processo de ensino, e essa compreensão não foi atingida, em geral, porque a formação pela qual passaram não contemplou esta abordagem. Ainda que as TICs se apresentemcomo ferramentas potenciais para a aprendizagem em Matemática, é preciso ressaltar, mais uma vez, que elas não se representam como solução para os problemas educacionais, pelo menos, não as TICs por si só. O que provoca mudanças significativas no processo de ensino e aprendizagem não é apenas a inserção de novas tecnologias nesse processo, mas as novas relações que elas propiciam, em especial, entre professor e aluno. 2.2. O papel do professor frente às novas tecnologias da educação Considerando as tecnologias que estão avançando cada vez mais, muitos especialistas em educação afirmam que o envolvimento das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) na educação é um processo sem volta. Afirmam, ainda, que o sucesso da inserção das TICs de maneira profícua para o processo de ensino depende essencialmente dos professores. Estudo de questões didáticas e metodológicas sobre a inserção das TICs no âmbito educacional U2 81 Formar para a nova tecnologia é formar o julgamento, o senso crítico, o pensamento hipotético e dedutivo [...]. Uma cultura tecnológica de base também é a evolução dos instrumentos (informática e hipermídia), as competências e a relação que a escola pretende formar [...]. A verdadeira incógnita é saber se os professores irão apossar-se das tecnologias como um auxílio do ensino, para dar aulas cada vez mais bem ilustradas por apresentações multimídias, ou para mudar de paradigma e concentrar-se na criação, na gestão e na regulação de situações de aprendizagem (PERRENOUD, 2000, p. 128). Assim, a educação contemporânea, diante de constantes mudanças tecnológicas, exige professores que quebram paradigmas do ensino tradicional, construindo uma nova concepção de ensino relacionada a essas inovações. Além disso, os professores dessa nova era da educação precisam se integrar dentro de uma visão inovadora, bem como serem capazes de elaborar estratégias, reconhecerem os potenciais dos recursos e das ferramentas tecnológicas disponíveis e, sobretudo, levarem em consideração a realidade em que a escola está inserida. Um ponto em que muitos especialistas em educação devem concordar é que, apesar da inserção inevitável de tecnologias na educação, o professor ainda continua sendo o grande agente de todo o processo educacional, com um diferencial nessa era cada vez mais tecnológica: como agente inovador de todo o processo educacional. Isso porque, no passado, o professor representava o centro de todo o processo educativo, sendo o portador de todo o conhecimento a ser transmitido e tendo os livros como ferramentas de apoio. Agora, esse agente educacional passa a ser inovador no sentido de que deixa de ser aquele que apenas transmite informações e passa a ser um orientador, auxiliando seus alunos a selecionar as informações pertinentes e realizar articulações entre as diferentes informações. Afinal, os alunos de hoje têm à disposição uma série de informações que são possibilitadas por meio das diferentes mídias, ou seja, das diferentes TICs, não devendo ser esse o papel fundamental do professor. O professor precisa agir Usar as TICs em salas de aula de hoje é sinônimo de transformar o modo de ensinar e integrar os conhecimentos que os alunos possuem no processo de ensino e aprendizagem. Os alunos que as escolas estão recebendo estão cada vez mais diante de novas tecnologias, que fornecem informações de maneira muito rápida e dinâmica. Nesse sentido, as aulas tradicionais já não são capazes de conduzir nossos alunos à aprendizagem e, portanto, é preciso mudar a nossa prática para conseguir a atenção de nossos alunos, fazendo uso de um mundo virtual. Nesse sentido, Estudo de questões didáticas e metodológicas sobre a inserção das TICs no âmbito educacional U2 82 como orientador, pois, diante de tantas informações, o aluno precisa de alguém que o auxilie a selecionar, a organizar e a analisar e interpretar estas informações, contribuindo, assim, para que estas se transformem em conhecimento. O que se percebe é que, para que o professor se torne um agente inovador, é preciso que ele esteja atento às novidades, ou seja, que não fique estagnado nos conhecimentos que já possui, sem considerar que os conhecimentos se encontram em constante evolução. Nesse novo cenário educacional é, ainda, uma das atribuições do professor inovador incentivar seus alunos para manter o senso de investigação. Como o professor poderá utilizar adequadamente as TICs em seu trabalho em sala de aula se, em sua formação, não encontra subsídios teóricos e práticos para sua prática docente? A construção do conhecimento e o processo de ensino e aprendizagem dependem do que cada pessoa é capaz de ver, de perceber, de interpretar, construir e reconstruir com relação à realidade. Assim, a utilização de TICs no processo de ensino já precisa ser vivenciada pelo professor enquanto aluno nos cursos de formação. Como, em geral, há um distanciamento muito grande entre o que o professor enquanto aluno supostamente aprende nos cursos de formação sobre a utilização das TICs na educação, evidencia-se que este professor se deparará com dificuldades para trabalhar em sala de aula da maneira que os alunos de hoje esperam: construindo o conhecimento a partir de momentos individuais e em grupo e por meio de estratégias pedagógicas que valorizam a contextualização e a utilização das TICs. Ainda, como as tecnologias estão em constante progresso, é preciso que um trabalho de formação voltado ao trabalho pedagógico com as TICs não seja desenvolvido apenas na formação inicial do professor, mas, sobretudo, em formações constantes e continuadas. Afinal, se as tecnologias estão sendo aperfeiçoadas a cada instante, por que não deve também o professor estar em constante processo de aperfeiçoamento? Além desses aspectos relacionados à formação inicial e continuada de professores, Outro aspecto importante é focarmos em inovações metodológicas. A formação do professor deve dar-lhe meios para auxiliá-lo a descobrir um outro modo de agir e de mudar para o benefício dos alunos. Dessa forma, precisamos, inicialmente, Estudo de questões didáticas e metodológicas sobre a inserção das TICs no âmbito educacional U2 83 provocar no professor uma consciência sobre o processo de ensino e aprendizagem, instalando um estado de insatisfação com a própria prática pedagógica vigente e, consequentemente, criando um desejo de mudança. Isto gera um movimento de percepção e reflexão na busca de estratégias pedagógicas que possibilitam uma aprendizagem mais significativa e contextualizada (SCHLÜNZEN JUNIOR, 2011, s/p). Diante de tudo o que foi exposto até então, pode-se considerar que o ponto principal a ser considerado para que haja a construção e a inovação de um contexto educacional envolvendo TICs é a formação do professor. Este precisa ser preparado para que esteja pronto a lidar com as mudanças advindas do progresso tecnológico. Contudo, esse não é um processo fácil, mas se constitui como um desafio a ser superado pelos profissionais da educação contemporânea. Isso porque envolve diversos fatores, tais como envolver os alunos em um nível de conhecimento que seja condizente com as exigências da sociedade atual, integrar e utilizar de maneira pedagógica as TICs na prática docente etc., sendo que cada um destes fatores já apresenta, por si só, níveis diferentes de complexidade. No link a seguir você poderá acessar a página da Revista Nova Escola em que traz uma abordagem sobre “O grande desafio de quem ensina”, tratando sobre a inserção de tecnologias na sala de aula. <http://revistaescola.abril.com.br/formacao/formacao-continuada/o- grande-desafio-de-quem-ensina-519559.shtml>. 1. Sobre o papel do professor frente às novas tecnologias, julgue os itens a seguir: I – O papel do professor perde destaque com a incorporação das TICs, pois muitas ferramentas tecnológicas são capazes de substituir efetivamente o papel do professor diante do processo de ensinoe aprendizagem. II – Incorporar as TICs no processo de ensino atual significa transformar o modo de ensinar e integrar os conhecimentos U2 84 Estudo de questões didáticas e metodológicas sobre a inserção das TICs no âmbito educacional que os alunos possuem, e para que essa incorporação seja profícua, depende essencialmente do professor. III – Diante das TICs sendo envolvidas no cenário educacional, é papel do professor se integrar dentro de uma visão inovadora, ser capaz de elaborar estratégias, reconhecer os potenciais dos recursos e das ferramentas tecnológicas disponíveis, mas, principalmente, é papel do professor conhecer e considerar a realidade em que a escola está inserida. Estão corretos os itens: a) I e II. b) II e III. c) I e III. d) I, II e III. 2. Analise a afirmação a seguir: “A preparação do professor tem duas peculiaridades muito especiais: ele aprende a profissão no lugar similar àquele em que vai atuar, porém, numa situação invertida” (BRASIL, 2002, p. 30). Assinale a alternativa que apresenta os itens que correspondem corretamente à afirmativa apresentada: I – Na formação do professor, em geral, esse profissional aprende sobre tecnologias e sobre a importância da inserção destas na prática; II – Na formação do professor, esse profissional estuda em um ambiente que é o mesmo em que irá atuar: na sala de aula; III – Na formação do professor, esse profissional aprende sobre sua profissão no mesmo tipo de ambiente em que irá atuar, porém, ao atuar, seu papel é de professor, enquanto, quando ele está aprendendo, tem seu papel invertido, sendo um aluno. a) I e II. b) II e III. c) I e III. d) I, II e III. Estudo de questões didáticas e metodológicas sobre a inserção das TICs no âmbito educacional U2 85 Seção 3 A autonomia do estudante diante de seu processo de aprendizagem Nesta segunda seção, você será conduzido a refletir sobre quem é o aluno de hoje e sobre como trabalhar a Matemática com estes alunos que já nasceram na era digital. Nesse direcionamento, você estudará que o aluno se torna, mais do que nunca, o principal responsável pela construção de sua aprendizagem e, por isso, é essencial que você volte a refletir sobre o papel do professor como auxiliador desse processo, bem como sobre as contribuições das TICs para que esse processo de aprendizagem tenda a ocorrer de maneira significativa. 3.1. O estudante como construtor de sua própria aprendizagem Como você já estudou até o momento, a educação e o sistema educativo sofreram e vêm sofrendo mudanças nos últimos tempos. E, ainda, podemos considerar que estas mudanças continuarão acontecendo de maneira exponencial. Isso porque tais mudanças são reflexos dos avanços tecnológicos que popularizaram o acesso à informação. Com a facilidade de acesso à informação, o processo de aprendizagem deixou de ser apenas individual para se tornar, principalmente, coletivo, ou seja, o conhecimento passou a ser compartilhado e construído de maneira coletiva. Nesse novo cenário educacional, o professor, que era o autor principal de todo o processo educativo, que era o detentor do conhecimento que era transmitido de maneira tradicional, essencialmente expositiva, sem permitir aos alunos momentos de reflexão e pensamento crítico, se torna o mediador do processo de ensino. Do mesmo modo, o aluno se transforma: para ele já não basta mais receber, de maneira passiva, os conhecimentos transmitidos pelo professor. Os alunos de hoje precisam de um sistema educacional que esteja de acordo com a realidade deles. Considerando que estes alunos vivem, desde que nasceram, cercados por tecnologias, tais como computadores, videogames, celulares cada vez mais modernos, internet cada vez mais rápida e acessível, mensagens instantâneas etc., o sistema educacional precisa pensar em maneiras de aproximar a educação dessa realidade cotidiana dos alunos. Estudo de questões didáticas e metodológicas sobre a inserção das TICs no âmbito educacional U2 86 Uma característica dos alunos da era tecnológica é que, diante de tantas informações ao mesmo tempo e cada vez mais rápidas, desenvolveram um modo de atenção que se divide entre diferentes tarefas ao mesmo tempo. Nesse sentido, o ensino precisa valorizar o trabalho de mesmos conceitos por diferentes meios: textos, imagens, vídeos etc. Podemos acrescentar, ainda, com relação a essa característica dos alunos de hoje, a questão da interdisciplinaridade: uma vez que a atenção deles pode ser voltada para várias tarefas ao mesmo tempo, por que não aproveitar essa característica para explorar o quanto conceitos, em especial os matemáticos, podem estar envolvidos em diversas outras ciências? Sendo assim, aquela velha concepção de que os métodos de ensino de antigamente que funcionaram para os adultos de hoje deverão, do mesmo modo, funcionar para os atuais alunos, precisa ser mudada. Para Linda Harasim, [...] a tecnologia faz parte do cotidiano de todos os jovens. Os alunos esperam que o professor se utilize disso em sala de aula. Seu papel mudou completamente, mas continua essencial. Ele guia o processo de aprendizagem, sendo o elo entre o aluno e a comunidade científica (BRISO, et al., 2009). Sendo assim, é evidente que o papel do professor mudou diante dos avanços tecnológicos que vêm vivenciando a sociedade. Deixando o professor de ser o centro de todo o processo educativo, este passa a ser centrado no aluno. O aluno passa a ser o principal responsável pela construção de seu próprio conhecimento, sendo o professor o mediador entre aluno e aprendizagem. A concepção de educação, portanto, muda nessas dimensões, uma vez que a exigência hoje é que nossos alunos precisam aprender a refletir, questionar, pensar de maneira crítica e flexível, enfim, serem capazes de compreender a realidade para que possam ter um posicionamento crítico diante de situações diversas e, assim, possam contribuir de maneira significativa com a sociedade em que estão inseridos. Além disso, diante de tantas tecnologias, é preciso considerar as possibilidades de aprendizagem diversas e que, portanto, a aprendizagem pode ocorrer a qualquer momento. Assim, o aluno desse contexto tecnológico precisa ser Reflita: qual é o papel do aluno na realidade educacional atual? E do professor? Estudo de questões didáticas e metodológicas sobre a inserção das TICs no âmbito educacional U2 87 3.2. O papel das TICs no processo de construção do conhecimento por parte do aluno As TICs, quando bem direcionadas, podem auxiliar os alunos na construção do conhecimento. Para isso, é preciso que as TICs sejam incorporadas de maneira interessante e instigante para os alunos. Sendo o conteúdo a ser estudado trabalhado de maneira a estimular a curiosidade do aluno em busca de aprender, o conhecimento começa a ser construído pelo próprio aluno a partir do seu envolvimento com o conteúdo em estudo. E, para esse processo, as TICs se constituem como importantes ferramentas para promover a curiosidade dos alunos. Dentre as muitas contribuições das TICs no ensino apresentadas por Paiva (2007) e Ponte (1997), podemos destacar aquelas que estão relacionadas à construção de conhecimento por parte dos alunos: autônomo em desenvolver o hábito da pesquisa e o interesse pela informação, pois assim, consequentemente, construirá sua aprendizagem ao passo que aprende a questionar e refletir de maneira crítica as informações que detém. • Ajuda o aluno a descobrir o conhecimento por si mesmo, ou seja, é uma forma de ensino ativo em que o professor se localiza entre a informação e os alunos, apontando caminhos e estimulando a criatividade, a autonomia (afinal, como você já estudou, são muitas as fontes de informação que precisam ser selecionadas para se transformarem em conhecimento) e o pensamento crítico; • Promove a metacognição (pensamento próprio), a organização desse pensamento e o desenvolvimento tanto cognitivo, quanto intelectual; • Aumenta a motivação;• Expande a quantidade de informações disponíveis para os alunos, informações estas que estão disponíveis de forma rápida e simples; • Oportuniza a interdisciplinaridade; • Permite ao aluno formular hipóteses, testá-las e analisar os resultados obtidos; • Permite o trabalho em simultâneo com outras pessoas fisicamente distantes; • Possibilita o tratamento de situações envolvendo medidas rigorosas de grandezas; • Cria micromundos de aprendizagem, ou seja, é capaz de simular de maneira conveniente experiências que na realidade são rápidas ou lentas demais ou, até mesmo, que utilizam materiais muito perigosos e em condições impossíveis de conseguir; U2 88 Estudo de questões didáticas e metodológicas sobre a inserção das TICs no âmbito educacional • A aprendizagem ocorre de fato de maneira significativa; • Ajuda o professor a detectar as dificuldades dos alunos, assim como permite que eles próprios percebam seus erros e aprendam a partir deles. • Permite ao aluno aprender por meio de jogos pedagógicos. 1. Julgue as afirmativas a seguir como verdadeiras (V) ou falsas (F): ( ) Devido às tecnologias, o sistema educativo vem sofrendo mudanças, mudanças estas que tendem a se estagnar com o passar do tempo. ( ) Por causa das TICs, o processo de aprendizagem passou a ser coletivo e o conhecimento passou a ser compartilhado. ( ) Diante das novas tecnologias, a principal exigência para a educação é que o aluno se torne uma pessoa autônoma, que saiba questionar e refletir de maneira crítica as informações que apreende. ( ) No novo cenário educacional, que foi se constituindo de acordo com os avanços tecnológicos, o papel do professor como principal responsável pelo processo de aprendizagem tornou-se mais intenso. 2. Com relação à construção do conhecimento pelo próprio aluno, é correto afirmar que as alternativas a seguir se referem a contribuições das TICs para esse processo, exceto: a) Ampliam a quantidade de informações disponíveis para os alunos de maneira rápida e fácil. b) Permitem o tratamento de situações envolvendo medidas muito grandes ou muito pequenas. c) Contribuem para que o aluno aprenda conceitos novos sozinho, sem mediação do professor. d) Auxiliam o professor a evidenciar as dificuldades dos alunos, além de permitirem que os próprios alunos percebam seus erros e aprendam com eles. Estudo de questões didáticas e metodológicas sobre a inserção das TICs no âmbito educacional U2 89 Seção 4 A contextualização e as diferentes representações de conceitos matemáticos possibilitadas pelas TICs Nesta quarta seção, você estudará a respeito de duas importantes atribuições da incorporação das TICs no processo de ensino e aprendizagem de Matemática: a facilidade de contextualização e de possibilitar representações diversas de conceitos matemáticos. E, ainda, você será conduzido a refletir sobre a essencialidade dessas duas características para que ocorra aprendizagem significativa em Matemática. 4.1. A contextualização de conceitos matemáticos possibilitada pelas TICs De acordo com os estudos que você realizou, provavelmente percebeu que a apropriação das TICs no espaço escolar faz ressignificar a concepção de conhecimento. Nessa ressignificação, dentre tantas atribuições das TICs para o ensino e a aprendizagem em Matemática, não poderíamos deixar de destacar o papel delas na contextualização de conceitos matemáticos. Essa contextualização não se refere apenas em aproximar a Matemática da realidade do aluno, mas também em mostrar conceitos estudados nas aulas de Matemática de maneira integrada com os conteúdos de outras áreas do conhecimento. Sobre essa questão de interdisciplinaridade, Borba e Penteado (2003, p. 64-65) defendem que: [...] À medida que a tecnologia informática se desenvolve, nos deparamos com a necessidade de atualização de nossos conhecimentos sobre o conteúdo ao qual ela está sendo integrada. Ao utilizar uma calculadora ou um computador, um professor de matemática pode se deparar com a necessidade de expandir muitas de suas ideias matemáticas e também buscar novas opções de trabalho com os alunos. Além disso, a inserção de TI no ambiente escolar tem sido vista como um potencializador das ideias de se quebrar a hegemonia das disciplinas e impulsionar a interdisciplinaridade. Estudo de questões didáticas e metodológicas sobre a inserção das TICs no âmbito educacional U2 90 Em Matemática existem recursos que funcionam como ferramentas de visualização, ou seja, imagens que por si mesmas permitem compreensão ou demonstração de uma relação, regularidade ou propriedade. Um exemplo bastante conhecido é a representação do teorema de Pitágoras, mediante figuras que permitem ‘ver’ a relação entre o quadrado da hipotenusa e a soma dos quadrados dos catetos (BRASIL, 1998, p. 45). A contextualização que é propiciada pela incorporação das TICs no processo de ensino e aprendizagem de Matemática contribui de maneira realmente significativa para esse processo, uma vez que as atividades tornam-se mais ricas e atrativas. Um exemplo de contextualização seria a simples oportunidade de visualizar conceitos matemáticos por meio de computadores: Para ilustrar o que descreve Brasil (1998), na figura a seguir apresentamos a representação do Teorema de Pitágoras, que pode ser encontrado na internet ou, até mesmo, pode ser construído pelo aluno, com a orientação do professor, fazendo uso de recursos computacionais: Figura 2.1 – Representação do Teorema de Pitágoras Fonte: Disponível em: <http://www.filosofia.com.br/historia_show.php?id=12>. Acesso em: 11 nov. 2014. 5 a b c5 3 4 4 3 a² = b² + c² Mas, afinal, o que significa contextualização em Matemática? [...] a contextualização da Matemática [pode ser entendida] como um processo sociocultural que consiste em compreendê-la, tal como todo conhecimento cotidiano, científico ou tecnológico, como resultado de um processo histórico e social. Portanto, não se restringe às meras aplicações do conhecimento escolar em situações cotidianas, nem somente às aplicações da Matemática em outros campos científicos (TOMAZ; DAVID, 2008, p. 19). Estudo de questões didáticas e metodológicas sobre a inserção das TICs no âmbito educacional U2 91 O ponto de partida e de chegada de uma prática contextualizada está na ação. Desta forma, através do diálogo que se estabelece entre as disciplinas e outras formas do conhecimento, entre os sujeitos das ações, a contextualização não nega as particularidades das disciplinas e dos métodos de ensino relacionados aos mais variados fatos reais, referentes ao estudo restrito ao aprendizado relativo a cada tipo e característica de apresentação da aprendizagem de nossos alunos, é evidenciada a uma mudança de postura na prática pedagógica. Tal atitude embasa-se no reconhecimento da construção do conhecimento, no questionamento constante das próprias posições assumidas e dos procedimentos adotados, no respeito à individualidade e na abertura à investigação em busca da totalidade do conhecimento (RAMOS, 2011, p. 25). Portanto, abordamos sobre a contextualização envolvendo a Matemática e situações cotidianas e envolvendo a Matemática a outras áreas do conhecimento, Todavia, segundo Tomaz e David (2008), a contextualização da Matemática vai muito além disso: envolve o processo histórico e social. Portanto, os aspectos epistemológicos das TICs propiciam ao ensino e à aprendizagem de Matemática a possibilidade de se tornarem contextualizados e, assim, significativos. A contextualização ocorre nas diferentes maneiras de estudar um objeto, bem como nas diferentes formas com que ele pode ser caracterizado. Nesse sentido, as TICs contribuem para que o aluno interfira e interaja com o objeto por diferentes perspectivas, o que lhe permite significar o conhecimento no sentido de que o objeto passa a ser estudado de maneira menos fragmentada, permitindo ao aluno perceber aproximações entre o objeto,a realidade e outras áreas do conhecimento. Dessa forma, podemos considerar que Ainda, a contextualização, aliada às TICs, contribui para que sejam ampliadas as capacidades do aluno de: • Se expressar por meio de diferentes linguagens e com o auxílio de novas tecnologias; • Se posicionar criticamente diante de informações; • Interagir de maneira crítica e funcional com o seu meio físico e social. Assim, em suma, a contextualização em Matemática, o que pode ser possibilitado pelas TICs, contribui para que o aluno possa dar significado aos conceitos que estão sendo estudados, bem como às suas dúvidas e questionamentos, sendo todo esse processo mediado pelo professor, o qual será o responsável por ajudar o aluno a sistematizar todas as informações obtidas, transformando-as, enfim, em conhecimento. Estudo de questões didáticas e metodológicas sobre a inserção das TICs no âmbito educacional U2 92 4.2. As TICs e as diferentes representações de conceitos matemáticos Assim como as TICs contribuem para que ocorra a aprendizagem significativa em Matemática por meio da contextualização de conceitos desta área, as TICs contribuem para que este tipo de aprendizagem ocorra a partir da possibilidade de alunos terem contato com diferentes representações de um mesmo conceito, o que também auxilia na formação de um pensamento mais crítico e flexível, uma vez que o aluno passa a conhecer um mesmo objeto matemático por diferentes perspectivas. Sobre as TICs relacionadas às diversificadas representações de conceitos matemáticos, Brasil (1998) menciona que recursos tecnológicos ajudam o aluno a: relativizar a importância do cálculo mecânico e da manipulação de simbólicos, os quais podem ser realizados de maneira mais rápida e eficiente por meio de computadores; perceber a importância do papel da linguagem gráfica, bem como de outras formas de representações, uma vez que, muitas vezes, o que não é possível evidenciar em uma forma de representação pode ser evidenciado em outra representação do mesmo conceito, o que contribui para a busca de novas estratégias para explicar fenômenos e resolver problemas; e construir uma visão mais completa sobre a verdadeira natureza da atividade matemática. Para ilustrar o que significa dizer que um mesmo conceito matemático pode ser representado de maneiras diferentes, observe a figura a seguir: X Y -2 -8 -1 -1 0 0 1 1 2 8 y = x³ 8 6 4 2 -2 -1-2 21 -4 -6 -8 Figura 2.2 – Representações diferentes de um mesmo conceito matemático Fonte: Vertuan (2007, p. 24) Uma teoria no âmbito da Educação Matemática que defende o papel das diferentes representações na aprendizagem de Matemática se refere aos Registros de Representação Semiótica (DUVAL, 2012). No caso da figura apresentada, existem três representações semióticas para um mesmo conceito matemático: em linguagem algébrica, tabular e gráfica. Estudo de questões didáticas e metodológicas sobre a inserção das TICs no âmbito educacional U2 93 A importância de representar um mesmo conceito de maneiras diferentes é justificada por Vertuan (2007, p. 24): “as compreensões do conceito matemático podem ser parciais, uma vez que um único registro pode não contemplar todas as características do objeto. Por isso, é adequada uma abordagem que relacione estes registros”. Nesse sentido, mais do que apenas representar um mesmo conceito em perspectivas diferentes, é essencial que o aluno seja capaz de relacionar esses diferentes registros, bem como ser capaz de ir de um registro a outro. Isso porque, para Duval (2009), passar de um registro de representação para outro não consiste apenas em mudar de modo de tratamento, mas em explicar as diferentes propriedades e aspectos de um mesmo objeto, uma vez que diferentes registros que representam um mesmo objeto matemático, em geral, não explicitam totalmente as características desse objeto, mas parcialmente, e assim, aquilo que não é explicitado em um registro pode ser identificado em outro. Nessa perspectiva, as TICs podem ser incorporadas às aulas de Matemática tendo em vista auxiliar o aluno na construção e visualização de conceitos matemáticos por meio de diferentes representações que podem ser possibilitadas por meio da internet, de softwares, programas de computador, entre outros recursos. Na Matemática os objetos estudados são conceitos, estruturas, propriedades e relações. Assim sendo, os objetos matemáticos são abstratos, ou seja, são inacessíveis, diretamente ou instrumentalmente, à percepção. Logo, para tornar possível a apreensão destes objetos, faz-se necessário representá-los por meio de símbolos, tabelas, gráficos, desenhos, entre outros. Nessa perspectiva, Duval (2012, p. 268) defende que “[...] os objetos matemáticos não estão diretamente acessíveis à percepção ou à experiência intuitiva imediata, como são os objetos comumente ditos “reais” ou “físicos”. É preciso, portanto, dar representantes”. Esses representantes são denominados por ele como Representações Semióticas, e podemos citar, como exemplos, uma figura geométrica, um enunciado em linguagem natural, uma fórmula algébrica e um gráfico cartesiano. Para saber mais sobre os Registros de Representação Semiótica, você encontrará nos seguintes links dois artigos que abordam sobre esta teoria. Assim, você poderá compreender melhor esta teoria e, sobretudo, poderá conhecer quais são as funções das representações na aprendizagem matemática e no desenvolvimento cognitivo. <http://www.ufrrj.br/emanped/paginas/conteudo_producoes/docs_28/ funcionamento.pdf> <https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/77260/000895933. pdf?sequence=1> Estudo de questões didáticas e metodológicas sobre a inserção das TICs no âmbito educacional U2 94 1. A apropriação das TICs no espaço escolar faz ressignificar a concepção de conhecimento e, nessa ressignificação, dentre tantas atribuições das TICs para o ensino e a aprendizagem em Matemática, destaca-se seu papel como em contribuir para a ocorrência: I – de contextualização matemática; II – de acomodação matemática; III – de representações diversificadas de um mesmo objeto matemático. Estão corretos os itens: a) I e II. b) II e III. c) I e III. d) I, II e III. 2. Sobre as contribuições das TICs com relação à contextualização matemática, é correto afirmar, exceto: a) Amplia a capacidade do aluno de se posicionar de maneira mais crítica diante das informações que recebe. b) Amplia a capacidade do aluno de perceber as formalidades da Matemática que são totalmente desvinculadas de situações reais. c) Amplia a capacidade do aluno de interagir de maneira crítica e operacional com o seu meio físico e social. d) Amplia a capacidade do aluno de se expressar por meio de linguagens diversificadas. Nesta unidade você aprendeu que: • As TICs precisam ser incorporadas no âmbito educacional, considerando as exigências sociais atuais, bem como acompanhando a realidade atual na qual os alunos estão inseridos; • As TICs, ao serem incorporadas na educação, em especial Estudo de questões didáticas e metodológicas sobre a inserção das TICs no âmbito educacional U2 95 na Educação Matemática, contribuem de maneira significativa para que ocorra de fato aprendizagem, bem como para a formação de alunos mais críticos e de pensamentos flexíveis por meio dos momentos de investigação e resolução de problemas que as TICs com a Matemática proporcionam; • Dentre as TICs, a internet se destaca como ferramenta importante para potencializar, entre outros fatores, no processo de ensino e aprendizagem de Matemática e outras áreas; • O professor já não é mais o centro do processo educacional, mas constitui-se como mediador de todo o processo, sendo assim, faz-se necessário que haja mudanças em cursos de formação inicial e continuada de professores, destacando o papel destes frente às novas tecnologias; • O aluno torna-se o principal responsável pela construção de seus conhecimentos; • As TICs contribuempara que ocorra a aprendizagem significativa em Matemática, uma vez que proporciona momentos de investigação, de contextualização e de representações diversas de conceitos matemáticos. Nesta unidade, você pôde conhecer as contribuições da incorporação de TICs no processo de ensino e aprendizagem de Matemática, em consonância com os objetivos de aprendizagem desta disciplina, com as exigências sociais frente às novas tecnologias, bem como considerando a aprendizagem de fato significativa. Além disso, você pôde conhecer o novo papel do professor e do aluno frente a essa nova realidade educacional: uma educação tecnológica. Estudo de questões didáticas e metodológicas sobre a inserção das TICs no âmbito educacional U2 96 1. Julgue os itens a seguir, considerando seus estudos sobre a incorporação das TICs no processo de ensino e aprendizagem de Matemática: I – Os alunos precisam ser levados a desenvolver competências relacionadas à investigação e à resolução de problemas para que possam se tornar capazes de encarar situações-problemas de maneira mais analítica e crítica; II – O professor precisa ter consciência de que seu papel mudou na nova realidade educacional (da era tecnológica), porém continua sendo primordial, sendo o responsável por estimular a curiosidade de seus alunos e o senso de investigação dos mesmos, além de conduzi-los a perceber o quanto a Matemática é útil no dia a dia. III – O professor precisa ter consciência de que o aluno precisa perceber o quanto a Matemática é útil no dia a dia, porém precisa ficar atento para não deixar de enfatizar o que é mais importante na aprendizagem de Matemática: dominar técnicas, regras e fórmulas matemáticas. Estão corretos os itens: a) I e II. b) II e III. c) I e III. d) I, II e III. 2. Sobre a incorporação das TICs no processo de ensino e aprendizagem de Matemática é correto afirmar: a) A incorporação das TICs contribui para que o professor possa aprofundar as formalidades matemáticas com seus alunos, ou seja, possa reforçar o domínio de fórmulas, de técnicas e de regras, que são as atribuições mais essenciais que o aluno de Matemática precisa dominar. b) Ao incorporar as TICs no processo de ensino e aprendizagem, o professor precisa considerar que todas as ferramentas tecnológicas são apenas ferramentas de estudo, assim como consideramos, por exemplo, a régua, o lápis, a lousa etc. É a maneira como estas são utilizadas que conduz à aprendizagem significativa. Estudo de questões didáticas e metodológicas sobre a inserção das TICs no âmbito educacional U2 97 c) Nos dias atuais, existem várias ferramentas mais válidas e pertinentes para tratar um mesmo assunto matemático e, portanto, estas ferramentas devem substituir a lousa, o lápis, a régua, enfim, estas tecnologias chamadas de tradicionais precisam ser substituídas por outras mais modernas. d) As TICs contribuem para possibilitar ao aluno visualizar conceitos mais abstratos e seus comportamentos, porém tudo isso poderia ser trabalhado do mesmo modo com ferramentas tradicionais, com a mesma potencialidade. 3. Julgue os itens a seguir, considerando os efeitos da incorporação de tecnologias no processo de ensino e aprendizagem de Matemática: I – Acompanhamento das atividades pedagógicas do professor; II – Integração das TICs em todo o âmbito escolar; III – Inexistência de recursos adicionais que confirmam o desenvolvimento do currículo dos alunos e o trabalho inter e extraclasse do professor. Estão corretos os itens: a) I e II. b) II e III. c) I e III. d) I, II e III. 4. Apesar dos avanços tecnológicos que estão cada vez mais influenciando o cenário educacional, ainda é evidente que os recursos tecnológicos não estão sendo incorporados de maneira efetiva no processo educacional. Considerando o que foi estudado sobre essa abordagem, assinale a alternativa que apresenta os itens que correspondem aos aspectos que indicam os casos de insucessos relacionados à incorporação das TICs. I – Atenção não dada à complexidade da formação de professores, bem como à singularidade de cada um deles. II – Consideração dos interesses dos alunos, que não se sentem confortáveis em aprender com o auxílio de recursos tecnológicos. III – Recursos tecnológicos, em sua maioria, não são profícuos para a aprendizagem de conceitos matemáticos. U2 98 Estudo de questões didáticas e metodológicas sobre a inserção das TICs no âmbito educacional Está(ão) correto(s) o(s) item(s): a) I. b) II. c) III. d) I e II. 5. Julgue os itens a seguir, considerando as diferentes representações de um mesmo conceito que são possibilitadas pelas TICs: I – Perceber que um mesmo conceito matemático pode ser representado de maneiras diferentes contribui para que o aluno desenvolva uma maneira mais crítica e flexível de pensar; II – Os recursos tecnológicos contribuem para que o aluno perceba a importância da representação gráfica, bem como de outras formas de representações; III – Nas diferentes representações de um mesmo conceito matemático evidenciam-se as mesmas características e propriedades deste conceito; IV – As diferentes representações de um mesmo conceito matemático contribuem para que o aluno busque novas estratégias para explicar fenômenos e resolver problemas; V – Como diferentes representações de um mesmo conceito matemático explicitam mesmas características e propriedades desse conceito, é essencial que o aluno saiba representá-lo de diferentes maneiras, ainda que não apreenda as relações existentes entre tais representações. Estão corretos os itens: a) I, II e III. b) I, II e IV. c) I, II e V. d) II, III e V. Estudo de questões didáticas e metodológicas sobre a inserção das TICs no âmbito educacional U2 99 Referências AMÉRICO, M. B. A internet no processo ensino-aprendizagem da matemática. Araranguá: 2011. BORBA, M. C.; PENTEADO, M. G. Informática e Educação Matemática. 3. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2003. BRASIL. Secretária de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática. Brasília: MEC, 1998. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: matemática. 3. ed. Brasília: MEC/SEF, 2001. BRASIL, Ministério da Educação. “Parecer CNE/CP 9/2001 – Homologado”. Despacho do Ministro em 17 de janeiro de 2002. Brasília: Diário Oficial da União de 18 de janeiro de 2002, Seção 1, p. 31. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/009.pdf> Acesso em: 15 out. 2014. BRISO, C. B.; et al. O papel do professor: guiar o aprendizado. 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Tese (Doutorado em Ciências da Educação), Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, Coimbra. PERRENOUD, P. 10 novas competências para ensinar. Trad. Patrícia Chittoni Ramos. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000. PIAGET, J. Seis estudos de psicologia. Trad. Maria Alice Magalhães D’Amorim e Paulo Sergio Lima Silva. 21. ed., Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995. PONTE, J. P.; CANAVARRO, A. P. Matemática e novas tecnologias. Lisboa: Universidade Aberta, 1997. PONTE, J. As novas tecnologias e a educação. Lisboa: Texto Editora, 1997. PONTE, J. P.; OLIVEIRA, H.; VARANDAS, J. M. O Contributo das Tecnologias de Informação e Comunicação para o Desenvolvimento do Conhecimento e da Identidade Profissional. In: FIORENTINI, D. (ed.). Formação de professores de Matemática: Explorando novos caminhos com outros olhares. Campinas-SP: Mercado de Letras, 2003. p. 159-192. PURIFICAÇÃO, I.; NEVES, T. G.; BRITO, G. S. 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Essa seção tem como objetivo possibilitar uma reflexão e estudo a respeito do uso de computadores nas aulas de Matemática, evidenciar o quanto essa TIC pode ser fundamental para potencializar o estudo de matemática, saindo dos primórdios tradicionais e explorando o uso da ferramenta de forma didática e pedagógica. Seção 1 | O uso de computadores nas aulas de matemática Objetivos de aprendizagem: Essa unidade tem por objetivo conduzi- lo no processo de aprendizagem a respeito da aplicação de ferramentas tecnológicas no ensino de Matemática, dando ênfase ao uso de computadores nas salas de aulas de Matemática, o uso de vídeos como recursos didáticos nas aulas de Matemática e a discussão acerca da criação de ambientes virtuais de aprendizagem. O objetivo é o de contribuir para a formação do docente, explanando seu leque de possibilidades de interagir de forma diferenciada em sala de aula. Uma vez que a necessidade de inovação é crescente no cenário educacional, hoje a tecnologia está presente cada vez mais no ambiente escolar, e cabe então à escola, junto com sua equipe e professores, tomar consciência da necessidade de atualização do cenário escolar com o cotidiano dos alunos, levando a patamares mais elaborados e menos impregnados dos moldes tradicionalistas. Nosso objetivo é incentivar você, futuro professor, a inovar com os recursos tecnológicos em sala de aula. Para isso, ofertamos aqui fundamentos básicos acerca dessa interação tecnológica e sala de aula. Leandro Meneses da Costa Unidade 3 APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS TECNOLÓGICAS NO ENSINO DE MATEMÁTICA Título da unidade Essa seção tem como objetivo possibilitar uma reflexão e estudo a respeito do uso do vídeo como recurso didático, apresentando o quanto essa TIC pode ser fundamental para potencializar o estudo de matemática, apresentando concepções gerais do uso dos vídeos no ensino que possam ser facilmente transferidas para as aulas de Matemática. Devido a poucos registros sobre o uso de vídeos em aula de Matemática, esperamos que esses parâmetros gerais possam despertar em você, estudante, a inquietação e a vontade de inovar em suas aulas. Logo, se espera que você entenda o quanto é fundamental, para potencializar o estudo de Matemática, sair dos primórdios tradicionais e ter a possibilidade de explorar o uso dessa ferramenta de forma didática e pedagógica. Essa seção tem como objetivo possibilitar uma reflexão e estudo a respeito da criação de ambientes virtuais de aprendizagem, bem como as suas potencialidades para o ensino. Como atualmente a informatização é algo presente já em grande parte dos cursos superiores, porém ainda com resistências na rede de ensino básico, os usos dos ambientes virtuais potencializam o estudo, ofertando aos alunos a praticidade de estudo, tanto em cursos presenciais, semipresenciais e a distância. As plataformas e a interatividade on-line é algo a se destacar e discutir. Então pretendemos aqui que você, leitor, se aproprie e entenda um pouco mais dos ambientes virtuais de aprendizagem, bem com a modalidade de ensino virtual, essa que cresce cada vez mais no âmbito educacional, e que sem esses ambientes virtuais não se sustentariam. Seção 2 | O vídeo como recurso didático nas aulas de matemática Seção 3 | Criação de ambientes virtuais de aprendizagem Aplicação de ferramentas tecnológicas no Ensino de Matemática U3 103 Introdução à unidade As inovações tecnológicas de forma alguma vieram para substituir o trabalho clássico desempenhado pela disciplina de Matemática em sala de aula. Para o desenvolvimento do aprendiz é importante que ele desenvolva estratégias como de cálculo mental, contas com algoritmos e criação de gráficos e de figuras geométricas com lápis, borracha, papel, régua, esquadro e compasso. São itens essenciais para o desenvolvimento do aluno na disciplina, pois colaboram para intensificar o desenvolvimento do raciocínio matemático, uma vez que ele desenvolve o conteúdo manuseando tais instrumentos e registros, associando-os de forma integrada, estabelecendo assim o aprendizado. Desta forma, para colaborar ainda mais com o desenvolvimento dos alunos é que nos propomos a falar sobre a aplicação de ferramentas tecnológicas no ensino de Matemática, uma vez que nas escolas das redes públicas de ensino, a presença de computadores e outros utensílios tecnológicos é algo cotidiano aos alunos, porém, às vezes, pouco explorados pelos professores, principalmente os de Matemática. Diante desta situação, percebemos que é necessário que o professor busque conhecimentos e se atualize para utilizar esses importantes recursos como ferramenta pedagógica que o auxilie no ensinode sua disciplina. Sendo assim, para potencializar o ensino é que nos propormos a discutir a integração das TIC (Tecnologia de Informação e Comunicação) no ensino da Matemática, uma vez que esse tema tomou um lugar importante nos contextos de pesquisa, em nível internacional, depois de alguns anos. Essa questão a respeito da integração das TICs nos leva a pensar que sua ascensão se dá no âmbito do aumento da oferta tecnológica ligada à educação, referente a disposições tecnológicas que se encontram na sociedade, com o uso de aparelhos eletrônicos que se desenvolveram e refletem essa expansão tecnológica. Sendo assim, percebemos que esse desenvolvimento de materiais e softwares tem implicações potenciais para o processo de ensino e aprendizagem de Matemática, em todos os níveis do sistema educativo e também fora desse sistema. Com esse enfoque na discussão da inserção das TICs é que iremos discutir sobre uso de computadores nas salas de aula de Matemática, o uso de vídeos como recursos didáticos nas aulas de Matemática e acerca da criação de ambientes Aplicação de ferramentas tecnológicas no Ensino de Matemática U3 104 virtuais de aprendizagem, cujo objetivo é articular tais assuntos para fornecer ao professor um leque maior de possibilidades de diversificar sua prática docente, e ofertar aulas mais dinâmicas e intrigantes aos seus alunos, atrelando o uso das tecnologias com as técnicas de sala de aula. Sendo assim, no sistema de ensino a tecnologia pode vir a assumir a função de apoio pedagógico, articulando todo o potencial técnico que a sociedade tecnológica pode oferecer para o processo de ensino-aprendizagem. E é em meio a toda a complexidade do aprender que destacamos a necessidade da busca de novas tecnologias para o ensino de Matemática, com isso esperamos que em cada seção o leitor possa ter contato com os prós e os contras, com as expectativas acerca da conduta docente, entre outros fatores que são necessários para a implementação dos recursos tecnológicos em sala de aula. Aplicação de ferramentas tecnológicas no Ensino de Matemática U3 105 Seção 1 O uso de computadores nas aulas de matemática Nesta seção será apresentado o computador como ferramenta a potencializar no ensino de Matemática, ferramenta essa presente no cotidiano dos alunos, com ênfase na estruturação dessa ferramenta para colaborar com o processo de ensino e aprendizagem da Matemática. Nessa seção realizaremos um estudo acerca do uso de computadores em aulas de Matemática, ferramenta essa presente hoje no cotidiano dos nossos alunos e sendo de grande ajuda para dinamizar o ensino de Matemática, sendo assim um grande potencializador da aprendizagem, devido à familiaridade da ferramenta pelos alunos. Como a escola que sempre foi considerada lócus de difusão do conhecimento, hoje em dia, na era das tecnologias da informação e comunicação, percebe-se que o acesso ao conhecimento não está mais restrito ao seu espaço, extrapolando as fronteiras da sala de aula. No entanto, ela sempre se apropriou das tecnologias produzidas pelo homem, sejam os instrumentos semióticos, como a linguagem escrita e materiais como o giz, quadro negro, livros, foram incorporados em seu contexto para incrementar o processo ensino-aprendizagem. A introdução do computador na escola é resultado desse processo histórico. No entanto, a velocidade com que as tecnologias da informação e comunicação invadiram as diversas instâncias sociais contrastou com a lentidão da escola em se apropriar delas (VIANNA, 2009, p. 18). Segundo Valente (1999, p. 2), “as primeiras iniciativas de introdução do computador/internet com fins pedagógicos nas escolas do Brasil surgiram na década de 70, com a primeira Conferência Nacional de Tecnologia Aplicada no Ensino Superior (I CONTECE), na Universidade Federal de São Carlos”. Sendo assim, com a discussão acerca da introdução do computador com fins pedagógicos, é que “em 1981 foi realizado o I Seminário Nacional de Informática na Educação, uma iniciativa do Ministério da Educação e Cultura (MEC). E esse movimento foi marco para que o governo se envolvesse em iniciativas com o objetivo de introduzir a informática nas escolas” (VIANNA, 2009, p. 19). Aplicação de ferramentas tecnológicas no Ensino de Matemática U3 106 Uma iniciativa foi “a criação do Programa Nacional de Informática na Educação (PROINFO), em 1997, que impulsionou a entrada maciça dos computadores na escola. Esse programa priorizou a capacitação dos professores para utilização dos computadores em sua prática cotidiana” (VIANNA, 2009, p. 19). Estudos sobre o PROINFO evidenciam que, conforme análises conduzidas por Vieira (2003), em discursos de seus capacitadores e capacitados enfatizam que, ao “compreender que apesar de essa proposta representar uma grande iniciativa do governo, sua continuidade implicava um investimento constante na manutenção dos equipamentos e em uma reorganização do processo de formação dos professores” (VIANNA, 2009, p. 19). Em uma análise crítica da evolução do processo de inserção do computador nas instituições escolares, Moraes (2006) aponta que o processo de inserção dos computadores nas escolas configurou-se como uma história paralela à política educacional. As políticas de inserção foram se desenvolvendo lentamente, demonstrando que não havia interesse relevante do Estado em ter uma população efetivamente formada (VIANNA, 2009, p. 19). Em conformidade com Vianna (2009), Allevato (2007) enfatiza que: De qualquer modo, as observações geralmente indicam que o comportamento dos estudantes que usam computadores é diferente dos demais, ou seja, daqueles que não têm contato com eles. Em linhas gerais, a utilização dos computadores nos ambientes de ensino de Matemática conduz os estudantes a modos de pensar e de construir conhecimento que são típicos do ambiente informático e, por vezes, favoráveis à aprendizagem de conteúdos ou à compreensão de conceitos matemáticos. Tais pesquisas destacam aspectos como o uso regular de representações múltiplas, a construção do conhecimento como rede de significados, as discussões desses significados com os colegas e com o professor, entre outros (ALLEVATO, 2007). Em contrapartida, percebemos que “também os enfoques pedagógicos estão se modificando e os professores têm experimentado momentos de instabilidade em suas práticas (BORBA; PENTEADO, 2001)” (ALLEVATO, 2007), uma vez que é um desafio sair de um esquema mais tradicional de ensino, para explorar as possibilidades que o uso do computador pode trazer para a sala de aula. Desta forma, os professores enfrentam a incerteza para criar um ambiente de ensino mais atrativo para seus alunos. Ao optar por aderir na prática docente ao uso de atividades de ensino com os computadores, é necessário compreender o papel desse recurso nos ambientes em que se insere e qual é sua relação com a atividade humana. Tikhomirov (1981) Aplicação de ferramentas tecnológicas no Ensino de Matemática U3 107 considera três teorias para caracterizar a relação “ser-humano-computador”: a teoria da substituição, a teoria de suplementação e a teoria de reorganização. Sob os pressupostos da teoria de substituição, o computador vem substituir o homem em todo tipo de trabalho intelectual, essa teoria se fundamenta na suposição de que os problemas que o homem resolve também podem ser resolvidos pelo computador. Já na teoria da suplementação, o computador é um recurso que incrementa, que vem para agregar ao modelo educacional praticado, sendo que aumenta o volume e a velocidade de processamento humano da informação, porém não como mediador, um auxílio para o aluno, mas formando e caracterizando como uma extensão quantitativa da atividade humana. No modo de reorganização, a estrutura da atividade intelectual humana é modificada e afetada pelo uso do computador, a qual consiste na modificação dos processos de criação, de busca e armazenamento de informações.Ao analisar essas três perspectivas é que ressaltamos, segundo Borba (1999), que a teoria da substituição é limitada, e não apropriada, pois ela vem no sentido de ignorar a complexidade dos processos humanos de pensamento envolvidos na escolha e resolução de problemas, uma vez que os processos desenvolvidos pelo computador são fundamentalmente diferentes daqueles realizados pelo ser humano. Sendo assim, da forma como entende esse autor, a segunda teoria, a suplementação, também se caracteriza como limitada, pois tem uma visão apenas quantitativa e não considera a natureza qualitativa do pensamento. Logo, a teoria da reorganização é a que melhor se aproxima da noção de “modelagem recíproca” proposta por Borba (1999), na qual o computador é visto como algo que molda o ser humano ao mesmo tempo em que é moldado por ele, ou seja, ambos se modificam e dão significados aos processos matemáticos. Há uma grande variedade de pesquisas já realizadas que buscam aprofundar as compreensões acerca da utilização da informática e do computador na Educação Matemática. No trabalho de Borba e Penteado (2001) são apresentados exemplos de como a informática pode ser inserida em situações de ensino e aprendizagem de Matemática, e podem ser grandes agentes geradores de conhecimento. Ao tecerem sobre a perspectiva teórica que fundamenta sua visão de conhecimento, os autores nos remetem às ideias de Pierre Levy (1993) referentes à forma como as tecnologias da inteligência, nomeadamente a oralidade, a escrita e a informática, estiveram atreladas à memória e ao conhecimento. Nesse sentido, a oralidade tinha o papel de estender nossa memória. Já com a difusão da escrita, ocorre uma ênfase na linearidade do raciocínio, as sequências lógicas e narrativas ganham destaque com as mudanças técnicas que tornaram acessíveis Aplicação de ferramentas tecnológicas no Ensino de Matemática U3 108 o livro, o papel e instrumentos afins. Assim, a informática traz formas de pensar qualitativamente diferentes das anteriores. A construção do conhecimento se dá, agora, com a presença de processos como, por exemplo, a simulação, a experimentação e a visualização. Em conformidade com essa perspectiva é que Borba e Penteado (2001) rejeitam a visão dicotômica entre ser humano e técnica, afirmando que: [...] os seres são constituídos por técnicas que estendem e modificam seu raciocínio e, ao mesmo tempo, esses mesmos seres humanos estão constantemente transformando essas técnicas. Mas, ainda, entendemos que o conhecimento só é produzido com uma determinada mídia, ou com uma tecnologia de inteligência. É por isso que adotamos a perspectiva teórica que se apoia na noção de que o conhecimento é produzido por um coletivo formado por seres-humanos-com-mídia, ou seres- humanos-com-tecnologias, e não, como sugerem outras teorias, por seres humanos solitários ou por coletivos formados apenas por seres humanos (p. 46). Ampliando esse ponto de vista exposto por Levy (1993), conseguimos compreender a dinâmica da interação entre os seres humanos e as mídias, analisando nesse grupo sua produção matemática, que por ele é denominado de coletivo pensante. Desta forma, as pesquisas que são realizadas no âmbito da Educação Matemática se apoiam na conjectura de que se juntam a outras mídias, propiciando uma reorganização do pensamento do coletivo pensante assim denominado. Assim, as compreensões que são suscitadas em termos das relações e as implicações da utilização do computador no ensino têm conduzido educadores e pesquisadores a rever os padrões metodológicos que prevalecem no ambiente escolar, principalmente em sala de aula, enrijecidos pelo currículo, quando dizem respeito ao uso de tecnologias em sala de aula. E enaltecendo que o trabalho dos professores deve ser o de olhar para as formas com que a aprendizagem em Matemática se realiza, para que possam confrontar e possibilitar uma nova configuração quando se fizer o uso de uma tecnologia em sala de aula, em atividades investigativas. Desta forma, buscamos evidenciar relações entre o ensino de Matemática e o uso de computadores, o que para Borba e Penteado (2005) é confirmado de forma a evidenciar que a relação entre a informática e a Educação Matemática deve ser pensada como uma transformação da própria prática educativa, ou seja, buscar por meio da mídia uma nova configuração da prática docente, que proporcione um ambiente de aprendizado significativo e motivador. E ainda é proposto por Borba (1999), no contexto da Educação Matemática, que os ambientes de aprendizagem construídos por aplicativos informáticos podem Aplicação de ferramentas tecnológicas no Ensino de Matemática U3 109 potencializar o aprendizado dos conteúdos curriculares e dinamizar o processo de ensino e aprendizagem, uma vez que a prática seja voltada à “Experimentação Matemática”, com possibilidades de surgimento e aperfeiçoamento de novos conceitos e, até mesmo, de novas teorias matemáticas. Logo, somos levados a perceber que o uso de computadores, ferramentas tecnológicas, em sala de aula é uma estratégia viável ao professor que se depara com a vontade de inovar em sala de aula. Para tal, podemos perceber que o uso de tecnologias nas aulas de Matemática é um assunto que vem de tempos gerando discussões, pois ao se tratar de um ambiente tecnológico, outros fatores são acionados nos alunos, que antes, no esquema tradicional, não eram evidentes. Defendemos o uso do computar em sala de aula como ferramenta de auxílio para com a disciplina de Matemática, uma vez que com o uso de softwares e outras ferramentas, podemos explorar campos da matemática que até então eram de difícil visualização para o aluno. Desta forma, a ferramenta computacional é tratada como um método a que o professor pode aderir para proporcionar aos alunos uma dinâmica diferenciada, uma vez que podemos, com o uso do computador, favorecer campos da álgebra, da geometria, tratamento da informação, entre outras áreas da matemática. Porém, não basta o professor propor o uso do computar de forma aleatória em sala de aula, pois corre o risco de os alunos não entenderem o que a ferramenta pode oferecer-lhes de benefício para com a aprendizagem. Desta forma, o professor, ao preparar suas aulas com referências a esse recurso, deve de antemão pensar sobre a dinâmica que ele terá de tecer para um melhor aproveitamento da ferramenta no desenvolvimento do conteúdo a ser aprendido pelos alunos. Porém, ainda é comum encontrarmos certa resistência ao uso do computador nas aulas de Matemática. Alguns fatores são considerados acerca de tal incidência, porque às vezes o professor não se sente confortável para ousar e tentar sair dos primórdios tradicionais, uma vez que ao fazer uso de tal ferramenta ele tem de estar preparado para as adversidades que podem vir a acontecer. Sair da zona de conforto é algo que ele tem de estar preparado para enfrentar, uma vez que a resistência e a permanência no uso somente do quadro e giz é menos arriscado e não coloca o conhecimento do professo à prova perante aos alunos que, em sua maioria, demonstram certa facilidade com o manuseio de ferramentas tecnológicas. Quebrar o paradigma da aula expositiva para proporcionar um ambiente de investigação talvez seja o trunfo em meio à diversidade da sala de aula, onde nos deparamos com alunos que não estão motivados com o método tradicional, e cabe então ao professor conseguir chamar a atenção do aluno. E uma forma é ousar em suas aulas, trazer o computador enquanto ferramenta de aprendizagem para despertar nos alunos o interesse e a postura investigativa que lhes serão um diferencial nos estudos. Aplicação de ferramentas tecnológicas no Ensino de Matemática U3 110 Seguindo a evolução tecnológica que a sociedade vivencia, o professor, segundo Kenski (2007), tem a necessidade de acompanhar a complexidade que os avanços tecnológicos impõem a todos, indistintamente, e isso perpassa por adaptar-seà mesma. Este é também o duplo desafio para a educação: adaptar-se aos avanços tecnológicos e orientar o caminho de todos para o domínio e a apropriação crítica desses novos meios. [...] A escola representa na sociedade moderna o espaço de formação não apenas das gerações jovens, mas de todas as pessoas. Em um momento caracterizado por mudanças velozes, as pessoas procuram na educação escolar a garantia de formação que lhes possibilite o domínio de conhecimentos e melhor qualidade de vida. (KENSKI, 2007, p. 18-19). Assim, seguindo neste sentido, o de lidar com os meios tecnológicos em sala de aula, é requerido do profissional que ele apresente a intenção de aprimorar seus conhecimentos e continuar a busca pelo conhecimento. Estando inserido neste contexto, o da desmistificação e apropriação do uso do computador nas aulas, professores e educadores adeptos à utilização das TICs necessitam e buscam uma metodologia para inserção das mesmas na prática docente. Essa busca metodológica pode ser a oportunidade desse docente de se especializar, e isso é algo muito importante, uma vez que o docente tem que estar sempre se atualizando perante as grandes divergências do mundo moderno. É necessário que ele esteja em constante aprendizado e atualização, e para isso destacamos a necessidade do docente em manter-se em formação continuada, para que cada vez mais esses desafios impostos pela modernidade não sejam empecilhos e, sim, desafios para melhorar sua prática docente. Desta forma, ao considerarmos o pressuposto da melhoria do ambiente de ensino com o uso do computador é que nos apoiamos no que defende Valente (1999), ou seja: que, ao trabalhar com os computadores podemos enriquecer os ambientes de aprendizagem e contribuir para o processo de construção do conhecimento, construção essa significativa, que possibilita ao aluno um ambiente diferenciado, com o objetivo de ser uma fonte de motivação, que possa instigar o aluno na aquisição do conhecimento e melhorar os índices de aprendizado de nossas escolas. O computador na sala de aula pode vir a ser considerado como uma ferramenta útil para potencializar o processo de ensino e aprendizagem dos alunos, e por isso precisamos determinar a sua importância, para que, em termos gerais, possa ajudar o aluno na construção do conhecimento. Essa “tem sido uma das grandes preocupações recorrentes de muitos educadores. A questão que se busca responder atualmente é: quais recursos são válidos para que os alunos avancem no processo de aprendizagem?” (PONTES; PONTES; SANTOS, 2012). E ao pensarmos na resposta a essa questão, não podemos negar que a figura Aplicação de ferramentas tecnológicas no Ensino de Matemática U3 111 “da informática na educação é importante, é inevitável, uma vez que o computador tornou-se objeto sociocultural integrante do cotidiano” dos alunos e da sociedade em geral, fato esse que não pode mais ser ignorado na escola e, principalmente, na sala de aula (PONTES; PONTES; SANTOS, 2012). Desta forma, notamos que ultimamente, para ser mais explícito nos últimos anos, o interesse e os questionamentos acerca da inserção do computador em sala de aula vêm aumentando, pesquisas buscam articular a questão exposta anteriormente na expectativa de firmar o recurso tecnológico, principalmente o computador, como uma das ferramenta essenciais na aquisição de conhecimento. Essa busca “parece justificar-se pela possibilidade de novos métodos para se alcançar uma melhoria da qualidade de ensino, só que se percebe ainda que o grande dilema talvez fique por conta do medo da substituição do homem pela máquina” (PONTES; PONTES; SANTOS, 2012). Porém, esse “medo” não pode ser a causa e nem mesmo vir a interferir em um processo que, na visão de Kenski (1998), é inevitável, pois ele enfatiza que as velozes transformações tecnológicas da atualidade impõem novos ritmos e dimensões à tarefa de ensinar e aprender. É necessário que se esteja em permanente estado de aprendizagem e de adaptação ao novo (PONTES; PONTES; SANTOS, 2012). Esse “medo” é um fator decisivo também para o professor, o qual deve se apropriar de novas metodologias para o ensino, e de forma específica o professor de Matemática, que deve apoderar-se de estratégias que lhe possibilitem a maior interação entre a disciplina e o aprendizado do aluno. Os questionamentos dos professores “com relação ao computador como prática educacional” têm se intensificado em todos os campos do conhecimento, não somente na matemática, mas nas demais disciplinas da educação básica, pois ainda “há um grande receio do uso, em virtude de acharem que podem ser substituídos pela máquina” (PONTES; PONTES; SANTOS, 2012). Contudo, é visível que o professor é peça fundamental para a interação do computador em sala de aula, desta forma é evidente que sua substituição pela máquina é algo fora de cogitação, pois defendemos o uso da máquina como ferramenta pedagógica, que sirva para promover em sala de aula a investigação e a interação da tecnologia com o processo de ensino-aprendizagem. Nas aulas de Matemática não é diferente, pensamos no professor como um orientador que vai disseminar em suas aulas a necessidade da ferramenta, para um processo investigativo, para auxiliar na resolução de problemas, para a confirmação de resultado, enfim, para dar uma sustentação no ensino da matemática. Aplicação de ferramentas tecnológicas no Ensino de Matemática U3 112 Hoje em dia contamos com diversos recursos no computador para dinamizar o ensino da matemática, seja com ferramentas básicas como o EXCEL¹ , que possibilita não só o tratamento estatístico, mas diversos outros tratamentos, como algébricos e outros. Os softwares² e softwares³ educacionais também ganham destaque enquanto a sua aplicabilidade é destinada a certos conteúdos, potencializando o estudo da matemática. Esses recursos, como foram citados, são possibilidades de articulação do ensino e o uso de tecnologias. Podemos ainda, além das ferramentas discutidas, citar o processo investigativo que a internet pode desencadear, uma vez que a preocupação com formas de articular a matemática com o cotidiano dos alunos cresce cada vez mais, desta forma também levantamos a hipótese do processo investigativo, em que os alunos e o professor façam toda uma investigação acerca de problemáticas, sejam do cotidiano ou fictícias, porém presentes no ambiente virtual de busca, para interagir a matemática. Esse enfoque investigativo é o que me chama mais a atenção no uso das tecnologias, é necessário despertar em nossos alunos não só o interesse, mas o senso crítico, e essa criticidade só é despertada quando ele é levado a confrontar hipóteses, situações e tecer comparações, enfim, quando ele é instigado a perceber o seu entorno de diversas formas possíveis. E na matemática não é diferente, o aluno nessa disciplina tem de testar hipóteses, confrontar resultados, e essas passagens podem ser melhor direcionadas se o aluno souber coletar informações de forma mais sistematizada e dinâmica. Sendo assim, destacamos, contudo, a necessidade de nas aulas de Matemática o recurso computacional ser implementado, para promover a interação da atualidade com a sala de aula, que deveras se encontra atrasada em relação ao avanço tecnológico. O uso do computador deve ser sistematizado e implementado sem “medo”, o professor deve entender a ferramenta como um auxílio para sua prática. ¹ O Excel é um software que permite criar tabelas e calcular e analisar dados. Este tipo de software é chamado de software de planilha eletrônica. O Excel permite criar tabelas que calculam automaticamente os totais de valores numéricos inseridos, imprimir tabelas em layouts organizados e criar gráficos simples. ² Softwares são programas de computador, que, por sua vez, designam um conjunto de instruções ordenadas que são entendidas e executadas pelo computador. Existem dois tipos principais de softwares: os sistemas operacionais (softwaresbásicos que controlam o funcionamento físico e lógico do computador) e os softwares aplicativos (executam os comandos solicitados pelo usuário, como os processadores de texto e planilhas eletrônicas). Dois outros tipos de softwares que contêm elementos dos softwares básicos e dos softwares aplicativos, mas que são tipos distintos, são: os softwares de rede, que permitem a comunicação dos computadores entre si, e as linguagens de programação, que fornecem aos desenvolvedores de softwares as ferramentas necessárias para escrever programas. ³ Os softwares podem ser considerados programas educacionais a partir do momento em que sejam projetados por meio de uma metodologia que os contextualize no processo ensino-aprendizagem. Desse modo, mesmo um software detalhadamente pensado para mediar a aprendizagem pode deixar a desejar se a metodologia do professor não for adequada ou adaptada a situações específicas de aprendizagem. Aplicação de ferramentas tecnológicas no Ensino de Matemática U3 113 Talvez aí esteja uma oportunidade de melhorar o ensino de matemática nas redes de ensino, tirando seu aspecto tradicionalista e informatizando a sala de aula, explorando os recursos que o computador, em conjunto com a internet, no caso, tem a oferecer para o processo de ensino-aprendizagem. Foi na década de 40 que surgiu o primeiro computador: o Eniac. Nessa época, era utilizado apenas para fins militares, e somente na década de 70 foram criados os microcomputadores. Sua popularização ocorreu na década de 90, quando empresas do setor de informática criaram dispositivos mais acessíveis, possibilitando a difusão desses instrumentos e a ampliação de seus recursos. Esse desenvolvimento tecnológico trouxe uma nova dinâmica à sociedade, possibilitando reconfigurações nas formas de viver das pessoas. Disponível em: <http://www.ufjf.br/ppge/files/2010/05/Andrea- Novelino.pdf>. Acesso em: 13 nov. 2014. 1. De acordo com o seguinte trecho: “Porém, de qualquer modo, as observações geralmente indicam que o comportamento dos estudantes que usam computadores é diferente dos demais, ou seja, daqueles que não têm contato com eles”. O que o autor pretende quando discorre sobre esse tema? Assinale a alternativa correta. a) Pretende, em linhas gerais, discutir que a utilização dos computadores nos ambientes de ensino de Matemática conduz os estudantes a modos de pensar e de construir conhecimento que são típicos do ambiente informático e, por vezes, favoráveis à aprendizagem de conteúdos ou à compreensão de conceitos matemáticos. b) Pretende, em linhas gerais, discutir que a utilização dos computadores nos ambientes de ensino de Matemática não conduz os estudantes a modos de pensar e de construir conhecimento que são típicos do ambiente informático e, por vezes, são pouco favoráveis à aprendizagem de conteúdos ou à compreensão de conceitos matemáticos. U3 114 Aplicação de ferramentas tecnológicas no Ensino de Matemática c) Pretende, em linhas gerais, discutir que a utilização dos computadores nos ambientes de ensino de Matemática conduz os estudantes a modos de pensar e de construir conhecimento que não são típicos do ambiente informático e, por vezes, desfavoráveis à aprendizagem de conteúdos ou à compreensão de conceitos matemáticos. d) N.D.A. 2. Segundo o objetivo, ao optar por aderir na prática docente ao uso de atividades de ensino com os computadores, é necessário compreender o papel desse recurso nos ambientes em que se insere e qual é sua relação com a atividade humana. Tikhomirov (1981) considera três teorias para caracterizar a relação “ser-humano-computador”. Assinale a sentença em que essas categorias são apresentadas corretamente. a) A teoria da substituição, a teoria de suposição e a teoria de reorganização. b) A teoria da substituição, a teoria de suplementação e a teoria de reorganização. c) A teoria da aquisição, a teoria de suplementação e a teoria de reorganização. d) A teoria da substituição, a teoria de suplementação e a teoria de interpretação. Ao trabalhar com o computador em sala de aula, o professor deve evidenciar em suas atividades conteúdos que podem ser explorados de que forma? Aplicação de ferramentas tecnológicas no Ensino de Matemática U3 115 Seção 2 O vídeo como recurso didático nas aulas de matemática Nesta seção será apresentado o vídeo como ferramenta a potencializar o ensino de Matemática, ferramenta essa presente no cotidiano dos alunos e pouco explorada em sala de aula. Apresentamos a estruturação dessa ferramenta para colaborar com o processo de ensino e aprendizagem da matemática. Deparamo-nos nesta sessão com o uso do vídeo como recurso didático nas aulas de Matemática, uma vez que este tem sido objeto de uso doméstico há muito tempo. No entanto, no ambiente escolar ainda encontramos resistência dos professores, que não incorporaram o vídeo como política pedagógica, e os que integram e estimulam o seu manuseio ainda aparecem de forma parcial e deficiente junto a essa concepção. Atualmente vivenciamos em cada momento o lançamento de novos artefatos tecnológicos de última geração, a todo tempo. Essa revolução tecnológica que se apresenta diante de nós faz parte integrante de nossas vidas neste novo século e nos permite visualizar uma nova sociedade, à qual damos o nome de sociedade da informação ou sociedade do conhecimento. Notamos que essa nova sociedade vem cada vez mais se modificando, tanto na sua maneira de comunicar quanto na disponibilização de informações. Sendo assim, são necessários mecanismos que facilitem e auxiliem no acesso a informações quase que simultaneamente ao acontecimento dos fatos. Um desses mecanismos seria o recurso do vídeo, com o qual um novo quadro social se configura. Sendo assim, podemos observar que nas duas últimas décadas do século XX, no campo das TIC’s ocorreu uma grande apropriação de novos recursos tecnológicos na sociedade, na escola, enfim, levando-nos a concluir que estamos a um passo de uma digitalização de quase tudo o que nos cerca. Observamos que o uso das TIC’s veio proporcionar certa mudança nas atividades, tanto pessoais quanto escolares, afetando valores, identidades, formas de trabalho e de expressão, tanto do sujeito, neste caso o aluno, quanto do professor. Aplicação de ferramentas tecnológicas no Ensino de Matemática U3 116 Caracterizando no campo educacional que a utilização desses novos recursos se torna um importante aliado no processo de ensino e aprendizagem de conceitos, devido à dinamização da prática pedagógica e a oferta de um ambiente descentralizado das práticas tradicionais, que visa a busca de inovação e a quebra de paradigmas. Aqui falaremos da importância do recurso vídeo para desencadear uma série de fatores que colaborem com a dinâmica de sala de aula, pois, uma vez que fazemos o uso dos meios de comunicação, estamos usando a linguagem e a sua aplicação. Sendo assim, o meio audiovisual não se configura como apenas um tipo de recurso didático, porém com o uso dele podemos criar um meio de construção de conhecimentos. A esse processo destacamos que sua possibilidade se dá devido pelo fato de o recurso vídeo possibilitar a síntese entre imagem e som, originando várias sensações que dependem do que é transmitido, abandonando o senso comum de ser apenas uma fonte de som e imagem e expressões geradas no espectador, dando origem a elementos de motivação para outras situações que poderão ser propostas, possibilitando o surgimento de um espectador crítico. Outro elemento que merece destaque quando falamos do uso de vídeos como recurso didático é o professor. É necessário compreender que ele poderá relacionar o vídeo com os conteúdos a serem discutidos em sala, e fazer com que o aluno compreenda que aquele vídeo é parte integrante da dinâmica de aula. Uma vez que é de comum acordo observarmos que os alunos imaginam que o vídeo é apenas um ilustrador do que o professor se propõe a ensinar, inserindo-osde formar a mostrar a esses alunos que eles são seres atuantes no meio tecnológico. Sendo assim, diante do que foi explicitado, percebemos que o uso deste recurso, o vídeo, exige do professor basear-se em uma metodologia bem segura, e de posse de seus objetivos para a aula, determinados para que eles possam ser alcançados. Mas é importante lembrar que não somente o embasamento metodológico e a explicitação do objetivo da aula irão garantir ao professor sucesso na prática, outros fatores podem afetar o desempenho, e o professor tem de estar preparado não só instrumentalmente para isso, mas psicologicamente, uma vez que inovar em sala de aula também é trabalhar com o imprevisto, ou mais, trabalhar com o inesperado. Esse é um fator desafiador presente quando trabalhamos com recursos tecnológicos, sejam mídias, vídeos, computadores entre outros. Observamos que, dentre a variedade tecnológica que se tem destacado nos últimos anos na escola, o vídeo tem aparecido de forma significativa, sendo um dos recursos mais utilizados para dinamizar e diferenciar a prática de sala de aula, passando de uma grande novidade da década de 70 para o uso comum dos anos 80 a 90, e atualmente quase que sempre presente no cotidiano escolar. Segundo Lima (2001), o vídeo passou dos anos 70, que era exclusivamente das emissoras, para as mãos da população na década de 80, devido à sua evolução técnica e por consequência de um barateamento dos equipamentos, ampliando o acesso ao meio. Aplicação de ferramentas tecnológicas no Ensino de Matemática U3 117 Com todo o avanço tecnológico que presenciamos no dia a dia, e com a disponibilidade de recursos, precisamos nos atentar e buscar melhorias na interação com a sala de aula de tais ferramentas. O uso do vídeo como instrumento didático se dá devido uma das características de sua parte, que é o fácil acesso a esse recurso tecnológico. Embora desde a década de 80 o recurso se popularizou, mas foi somente na década de 90 que seu uso se deu mais firmemente em sala de aula. Moran (1994) foi um dos primeiros a escrever sobre o assunto no Brasil. No artigo “O Vídeo na Sala de Aula”, o autor discute sobre a evidência de várias linguagens presentes na TV e no vídeo, e sobre o impacto causado por elas na comunicação. Porém, ainda Moran (1994) destaca que, desde que a inserção de tal tecnologia se iniciou no ambiente escolar, e até os dias de hoje, muito pouco se tem investido em divulgação dessa possibilidade de ferramenta metodológica, bem como também pouco se investiu em formação e capacitação para os professores, de forma a melhorar e potencializar o uso do recurso em sala de aula, assim aproveitando seu potencial didático. A escola está carente de práticas inovadoras que possibilitem interagir o conteúdo de forma mais prazerosa, e, enfim, que motivem os alunos a aprender, e o professor, desafiado, se motive a inovar em suas aulas, deixando os primórdios tradicionais e ousando mais em sua prática docente. Observamos que a escola encontra-se descompassada em relação ao desenvolvimento dos meios de comunicação. Ferrés (1998) destaca que a dificuldade do professor em promover mudança em sua prática docente é fator decisivo para tal implementação. O professor, no ponto de vista dele, ainda reluta em adotar estratégias e tecnologias, uma vez que tanto o professor quanto até mesmo a escola se protegem de tal inserção alegando motivos dentre vários (citamos o cultural, desmerecendo a potencialidade do recurso). O vídeo torna-se muito mais do que uma simples tecnologia, para a escola ele é um desafio (FERRÉS, 1998, p. 10). Ainda no âmbito do que o recurso tem a oferecer é que Moran (1994) enfatiza que a integração do vídeo no dia a dia da sala de aula não muda a relação ensino e aprendizagem. Porém, ele serve para aproximar o ambiente escolar do cotidiano, da linguagem e comportamentos da sociedade. Assim sendo, Ferrés (1998) levanta alguns critérios para a utilização do vídeo em sala de aula, tendo em vista o papel do recurso no processo de ensino e aprendizagem: a) Promover mudanças nas estruturas, ou seja, redefinir o olhar pedagógico, os quais incorporam o recurso audiovisual como mero auxiliar na prática educacional. b) O vídeo não substitui o professor, quando tratado de forma pedagógica, porém pode promover mudanças na função pedagógica do mesmo. c) Para que haja um bom aproveitamento das potencialidades ofertadas Aplicação de ferramentas tecnológicas no Ensino de Matemática U3 118 pelo vídeo, é necessário que os professores tenham uma capacitação específica para a sua utilização. d) O uso do vídeo como recurso didático não quer dizer que irá abandonar os meios didáticos tradicionais, porém sugere que se redirecione a prática, levando em conta agora as potencialidades do recurso, e as divergências de sala de aula. e) A inserção de um recurso audiovisual tem de levar em conta o aluno como centro do processo, para que o recurso não venha a ser um mero ilustrador do discurso do professor. f) Usar de forma coerente – como recurso audiovisual comprometido com a ruptura dos paradigmas tradicionais – deve centrar-se no processo de aquisição do conhecimento do que no produto em si. Desta forma, o professor procura envolver o aluno para que ele participe de todo o processo, de maneira criativa e proveitosa. g) Nenhuma tecnologia é boa ou má, a eficiência dos resultados depende do uso que é feito dela. h) Assim como todo meio de comunicação, o vídeo se expressa de forma autônoma, e com base nisso a escola tem de determinar a função de cada meio, para que esses sejam adequados aos objetivos traçados pela escola. i) Quanto maior a diversidade de uso o aluno fizer da tecnologia vídeo, no sentido de sua manipulação, pesquisa, experimentação, maior será a eficiência didática do recurso. Desta forma, enfatizando a utilização do vídeo em sala de aula é que levantamos alguns autores que relatam sobre a importância do seu uso em sala de aula e afirmam a importância deste recurso para o processo de ensino-aprendizagem. Dentre eles temos Orofino (2005), e Davel, Vergara e Gharidi (2007). Orofino (2005) relata sua prática em uma escola da periferia de Florianópolis, sobre um projeto feito com crianças carentes, em que o objetivo do projeto era gravar um vídeo de autoria dos próprios alunos, tendo como tema central a sexualidade e atitudes preventivas com relação à transmissão de AIDS. Em seu relato ele diz que após a elaboração e apresentação do vídeo, a turma demonstrou sentimentos de extrema satisfação e reconhecimento. Podemos assim destacar a questão não só de levar o vídeo para as nossas aulas, mas de ele ser um precursor, assim como Orofino (2005) fez. O vídeo foi o que desencadeou a aprendizagem. Podemos imaginar todos os processos acionados pelos alunos para desencadear tal atividade, desde pesquisar, confronto de informações, discussões, enfim, percebemos que ao levar o vídeo como ferramenta para os alunos, eles podem Aplicação de ferramentas tecnológicas no Ensino de Matemática U3 119 vir a desencadear sentimentos que melhorem sua relação com o aprendizado, tais como descritos, a satisfação e o reconhecimento por um trabalho bem feito. Poderíamos citar aqui várias experiências positivas sobre o uso do vídeo em aula, mas acreditamos que seria necessário também falarmos do quão desastroso pode ser o uso de forma inapropriada do vídeo na aula, pois enfatizamos o quão bom o recurso é, mas casos inesperados podem vir a acontecer. Desta forma, precisamos estar atentos sobre os riscos do seu uso em aula, porém, ainda assim vale relembrar quão desastroso pode ser o uso inapropriado do recurso em sala de aula para promover a aprendizagem. Assim como temos bons resultados, o inesperado pode acontecer, e estar preparado, ou pelo menos ter em mente os riscos, já ajuda no seu uso para promover a aprendizagem. Sendo assim, é preciso mobilizar acerca de tais imprudências, assim como podemosdizer a respeito do uso do vídeo em sala de aula, pois o recurso, que poderia vir a ofertar aos alunos possibilidades de uma interação diferenciada com o conteúdo, é visto de forma simplória e pouco proveitosa para o processo de ensino-aprendizagem. Ao pensarmos na utilização do vídeo nas aulas de Matemática, podemos levar em conta tudo o que já foi discutido até agora, pois, de maneira geral, o que foi discutido até agora se aplica em todas as subáreas do conhecimento, podendo ser relacionado a todas as disciplinas. Porém, como o nosso foco é a discussão acerca do seu uso nas aulas de Matemática, podemos citar estratégias nas quais se aplica o uso do recurso vídeo, seguindo os pressupostos já construídos até aqui. Sendo de extrema importância que o professor de Matemática possa ampliar seu leque de possibilidades de trabalhar de forma diferenciada, privilegiando não só o ensino de Matemática, mas o desenvolvimento do seu aluno perante a disciplina. Desta forma, o professor pode fazer uso do recurso para desencadear um estudo de uma situação-problema que possa ser trabalhada por meio da Matemática, assim ele pode se embasar em metodologias diferenciais que regem o campo da Educação Matemática, como a Resolução de Problemas, Modelagem Matemática, a Etnomatemática, entre outras. Contudo, o mais comum em aulas de Matemática é o professor levar trechos de reportagens, ou filmes, documentários, nos quais ele pode usar a problemática para embasar a discussão dos conteúdos abordados em sala de aula. Essa estratégia, quando bem utilizada, pode levar o aluno a entender o quanto a Matemática é presente em seu cotidiano. Outra forma de uso dos vídeos que podemos destacar nas aulas de Matemática é a abordagem de videoaulas, recurso esse cada vez mais utilizado no ensino da matemática. Esse uso vem de encontro à ideia dos múltiplos estilos de aprendizagens e inteligências. Aplicação de ferramentas tecnológicas no Ensino de Matemática U3 120 Sendo assim, destacamos que o processo de ensino-aprendizagem de Matemática, quando os alunos são: [...] submetidos a estímulos visuais e sonoros, torna-se mais dinâmico e cria-se assim um ambiente interativo e menos tradicional do ensino de matemática. Em matemática, tais videoaulas podem ser utilizadas tanto para contribuir com as atividades de ensino presencial quanto em educação à distância (EAD). A criação de videoaula pode servir de forma perfeita tanto para o estímulo quanto para o aperfeiçoamento dos vários métodos no ensino, sendo, portanto, uma ferramenta importante em todo esse processo educativo voltado para o ensino de matemática (MENEZES JÚNIOR, 2013, p. 25). Logo, percebemos que tanto como em precursor de problemáticas, caso do uso do recurso para promover a interação do cotidiano com a matemática, quanto como um reforço quando feito o uso de videoaulas, a interatividade é a chave para o processo educativo, sendo assim necessário ao professor estabelecer a melhor maneira de relacionar o conteúdo com o recurso. Desta forma, podemos então concluir que o recurso de vídeo, assim como as outras tecnologias, quando voltadas para o ensino, deve estabelecer uma relação de sinergia entre a prática docente, o conteúdo, a interação comm os sujeitos de sala de aula, para que possam motivar e estabelecer uma aprendizagem dinâmica e significativa ao aluno. Para que seja mais uma possibilidade de motivar os alunos a aprender, a matemática, assim como foi enrijecida pelas práticas tradicionalistas, carece de uma inovação. E você, futuro professor, pode fazer isso de forma diferente, abrindo as possibilidades das tecnologias estarem presentes em suas aulas, de ensinar matemática de forma mais significativa. Para enriquecer ainda mais nossos estudos, também é importante pensarmos nos impactos que o uso do recurso nas aulas pode acarretar, sejam eles positivos ou até mesmo negativos. Para saber mais sobre o assunto, propormos a leitura do seguinte artigo: O Impacto do uso das Tecnologias no Aprendizado dos Alunos do Ensino Fundamental I. Autores: LIMA. M. R.; SILMA. N. I.; ARAÚJO. R. K. S.; ABRANCHES. S.; Universidade Federal de Pernambuco. Aplicação de ferramentas tecnológicas no Ensino de Matemática U3 121 Artigo que discute e apresenta o vídeo como recurso de sala de aula, mostrando em tópicos os diversos panoramas do recurso visual em questão: O vídeo na sala de aula. Autor: José Moran. Disponível na página de acesso <http://www.eca.usp.br/prof/moran/site/textos/ desafios_pessoais/vidsal.pdf>. 1. O meio audiovisual não se configura como apenas um tipo de recurso didático, mas ele pode enfim ser considerado um meio de construção de conhecimentos. Desta forma, a respeito desse processo a sentença correta é: a) A esse processo destacamos que sua possibilidade se dá devido ao fato de o recurso vídeo possibilitar a síntese entre imagem e som, originando várias sensações que dependem do que é transmitido, abandonando o senso comum de ser apenas uma fonte de som e imagem e expressões geradas no espectador, dando origem a elementos de motivação para outras situações que poderão ser propostas, possibilitando o surgimento de um espectador crítico. b) A esse processo destacamos que sua possibilidade não se dá devido ao fato de o recurso vídeo possibilitar a síntese entre a imagem e som, mas sim ao abandono do senso comum, dando origem a elementos de motivação para outras situações que poderão ser propostas, oportunizando o surgimento de um espectador crítico. c) A esse processo destacamos exclusivamente a possibilidade se dar devido o recurso vídeo. d) A esse processo destacamos que sua possibilidade se dá devido ao fato de o recurso vídeo possibilitar a síntese entre a imagem e som, originando várias sensações que dependem do que é transmitido, abandonando o senso comum de ser apenas uma fonte de som e imagem e expressões geradas no Aplicação de ferramentas tecnológicas no Ensino de Matemática U3 122 espectador, dando origem a elementos de motivação para outras situações que poderão ser propostas, porém não dando origem a um espectador crítico. 2. O uso do recurso vídeo exige do professor basear-se em uma metodologia bem segura, e de posse de seus objetivos para a aula, determinado para que eles possam ser alcançados, mas é importante lembrar que não somente o embasamento metodológico e a explicitação do objetivo da aula irão garantir ao professor sucesso na prática, outros fatores podem afetar o desempenho e o professor tem de estar preparado não só instrumentalmente. Com base no parágrafo acima, assinale a alternativa correta a respeito da preparação do professor para fazer uso do recurso vídeo em sala de aula. a) Deve estar preparado fisicamente, uma vez que inovar em sala de aula também é trabalhar com o imprevisto, ou mais, trabalhar com o inesperado; esse é um fator desafiador presente quando trabalhamos com recursos tecnológicos, sejam mídias, vídeos, computadores, entre outros, b) Não deve estar preparado, uma vez que inovar em sala de aula também é trabalhar com o imprevisto, ou mais, trabalhar com o inesperado, e isso pouco importa na prática docente. c) Deve estar preparado psicologicamente, uma vez que inovar em sala de aula também é trabalhar com o imprevisto, ou mais, trabalhar com o inesperado; esse é um fator desafiador presente quando trabalhamos com recursos tecnológicos, sejam mídias, vídeos, computadores, entre outros, d) N.D.A. O vídeo como um recurso didático, assim como foi proposto no presente texto, pode ser considerado uma ferramenta importante para o processo de ensino-aprendizagem? Aplicação de ferramentas tecnológicas no Ensino de Matemática U3 123 Seção 3 Criação de ambientes virtuais de aprendizagem Nesta seção será apresentada a criação de ambientes virtuais de aprendizagem, com ênfase na estruturação desses ambientes para colaborar com o processo de ensino e aprendizagem. Desse modo, apresentamos essesambientes como uma forma de instrumento que venha a colaborar como uma ferramenta que potencializa e é pouco explorada no âmbito educacional. Com o desenvolvimento tecnológico, é comum encontrarmos hoje em dia, em meio ao ensino, mais fortemente nos cursos de graduação, o uso de ambientes virtuais de aprendizagem, ambientes esses interativos, que visam complementar a carga horária cursada, e para que o aluno tenha certa flexibilidade de horário para direcionar seus estudos, bem como promover a sua autonomia perante a aquisição de conhecimento. Esses ambientes aparecem fortemente nas estruturações de cursos em modalidade a distância, a famosa EaD, e as plataformas virtuais são praticamente a sala de aula do estudante que optar por essa modalidade de formação superior. Como dito, os ambientes virtuais estão mais presentes em cursos de graduação, devido à maior autonomia que o aluno apresenta, sendo que não vemos problema de estender esse recurso na Educação Básica, porém percebemos que devido a essa modalidade ser atual, ainda não foi disseminada em outras áreas, e poucos são os resultados de pesquisas que se tem com essa temática. Observamos que em cursos na modalidade a distância, ambientes virtuais são desenvolvidos com o objetivo de promover a aprendizagem. Esses ambientes se configuram como espaços eletrônicos construídos para permitir a veiculação e interação de conhecimentos e usuários. Falar sobre a Educação a Distância é algo não muito difícil hoje em dia, pois essa modalidade de ensino se tornou uma realidade concreta, no que diz respeito à estruturação do ensino brasileiro. Aplicação de ferramentas tecnológicas no Ensino de Matemática U3 124 Esta modalidade teve seu início de forma sistemática no fim do século XVIII, com a educação por correspondência, experimentando um estágio de desenvolvimento em meados do século XIX. Antes era apenas uma experiência com raízes nas cartas de Platão e nas epístolas de Paulo, com longa história de experimentações, avanços e recuos (OLIVEIRA, 2010, p. 22). Com base em alguns artigos sobre EaD, há aqueles que garantam que a informação não é educação, e que o conhecimento se fixa por meio da informação. Sendo assim, e a partir dessa premissa, não há como não aceitar o fato de que a história, inscrições, doutrinas e tudo o mais que foi deixado pelos povos antigos, visavam transmitir mensagens e princípios para a vida, não sejam formas de EaD. Logo novos meios de comunicação foram adotados com o passar do tempo, e o papel do professor como agente educador passou a ser dividido com esses meios. Inicialmente repercutido pelo texto didático, posteriormente pelo correio e depois, pelo rádio, televisão e por outros meios mais recentes, como a internet. Então podemos concluir que caminho para a EaD, então, teve início quando os homens começaram a aprender diretamente de textos escritos e não diretamente do professor. Desta forma é percebido um grande esforço dos estudiosos e pesquisadores dessa modalidade de ensino, em reunir um conjunto de informações para conceituar essa modalidade de ensino (OLIVEIRA, 2010, p. 22). Hoje em dia a Educação a Distância, nomeada de forma abreviada como EaD, é um recurso utilizado para informar, ensinar, doutrinar, repassar fatos instrutivos e educativos e apenas, ou de maneira categórica, que possa enriquecer as mentes ou buscar a verdade por parte dos que a quiserem. Essa se apresentou como uma grande inovação no dia a dia das instituições de ensino. Todorov (1994) afirma que a EaD teve início sob o signo da democratização do saber. Dessa forma se pensa no objetivo pretendido pelos mais antigos criadores de meios de transmissão de conhecimentos: transmitir ou deixar para as gerações futuras tudo o que pudesse ser útil a elas, seja para a prática vivenciada, seja para o desenvolvimento mental da sociedade. Contudo, percebemos que os princípios que regem a EaD são sustentados por concepções primordiais presentes na evolução da humanidade, como consta na história. Sendo assim, percebemos que, embora não fosse como é atualmente o marco da EaD, é o fato de poder aprender de forma direta sem a intermediação do professor, em princípio. Aplicação de ferramentas tecnológicas no Ensino de Matemática U3 125 Foi após os anos 90 que as circunstâncias permitiram que muitas escolas desenvolvessem ações mais autônomas, em diversas modalidades que praticavam, porém sendo um momento importante, por ter concedido às escolas a modalidade à distância, tendo inicialmente uma margem de liberdade na promoção de projetos tecnológicos e educacionais, os chamados cursos de aperfeiçoamento. Só que, infelizmente, essa implementação tecnológica não foi bem aceita. O que nos leva a pensar sobre a resistência a essa modalidade de ensino. Percebemos que a EaD tem aspectos importantes no seu desenvolvimento, que não podem ser ignorados, pois cabe ao aluno conhecer a teoria e a prática tecnológica, o que requer do indivíduo aprendizagens específicas, desenvolver habilidades que possam auxiliar no sucesso de seu aprendizado. Percebemos a importância da EaD está no sentido da preocupação em ofertar a democratização da educação, e o desenvolvimento de conhecimento em âmbito pessoal e social. Esse segmento inicialmente teve destaque em cursos de qualificação profissional, onde a aprendizagem era parte integrante do processo educacional, embora não seja obrigatoriamente desenvolvido, para posteriormente avançar e chegar no ponto em que nos encontramos hoje, com cursos de graduação totalmente na modalidade EaD. Observamos também que a EaD, somada às tecnologias, é uma modalidade educacional relativamente nova, que infelizmente ainda muitos indivíduos a consideram uma modalidade de baixa qualidade de ensino, e também como a comercialização de informações e conhecimento, por sua flexibilidade, barateando os custos em relação ao mesmo ensino na modalidade presencial. Para alguns estudiosos neste setor, proporcionar a qualificação profissional, podendo ampliar a clientela atendida, é um dos objetivos da EaD, pois o seu maior item de propaganda é a flexibilidade em relação aos estudos. Por ser dispensado de horários estipulados, o aluno se depara com a sua própria organização para estudar, porém é bom alertá-lo acerca do compromisso com a execução das atividades propostas no curso. Que vem ao encontro do que José Luis García Llamas diz a respeito da EaD: A educação a distância é uma estratégia educativa baseada na aplicação da tecnologia à aprendizagem sem limitação de lugar, tempo, ocupação ou idade dos estudantes. Implica em novas relações para os alunos e para os professores, novas atitudes e novos enfoques metodológicos. (1986 apud LOBO NETO, 2001, p. 22) Com a finalidade de oferecer flexibilidade, para satisfazer uma ampla gama de necessidades individuais de quem por ela se interessar, o sistema deveria permitir empregar outros recursos, tais como os meios sonoros, televisivos, cinematográficos ou impressos, como veículo de aprendizagem. Aplicação de ferramentas tecnológicas no Ensino de Matemática U3 126 Assim, aumentando a oferta dos cursos de graduação, pós-graduação, aperfeiçoamentos, extensão, entre outros, trazendo um desenvolvimento no que diz respeito à aquisição de autonomia e individualização no processo de aprendizagem, o diferencial da modalidade. Porém, para auxiliar os estudantes dessa modalidade, recursos como as TIC recebem destaque na EaD, pois essas tecnologias podem e devem ofertar a criação de comunidades educativas que fundamentam-se em redes de conhecimentos, que ajudem a construir uma sociedade mais humanitária. Tais recursos têm como fator essencial para a sua formação a qualidade das interações, mostrando a importância vigente no meio de comunicação utilizado na EaD. Esse meio de comunicação se caracteriza como fóruns, lá o aluno encontrará um tópico ou questão conforme a demanda das disciplinas cursadas, ou temasde aperfeiçoamento, dependendo do âmbito educacional que frequente, sendo necessária a interação dos indivíduos para promover uma discussão e melhor entendimento do que está sendo abordado como conteúdo de discussão. Esses fóruns ajudam a explanar o conhecimento, e também tirar eventuais dúvidas que possam surgir durante o processo de ensino-aprendizagem, eles devem ser muito bem explanados, pois são o meio de comunicação com todos os envolvidos no processo. Além dos fóruns, como já citados, segundo Alves e Nova (2003), outras tecnologias podem ser incorporadas na instituição como suporte para a comunicação entre os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem, como também na realização de atividades, além da representação do conhecimento em construção pelos alunos e respectiva aprendizagem. Após entendermos como se constitui a EaD, é importante apresentarmos e discutirmos seus princípios. Que se configuram como as indagações sobre a razão de ser de um aspecto da realidade. Desta forma, com esse fim acredita-se ser significativo expor o que difere a EaD da educação presencial. Os princípios da EaD que devem ser considerados é que ela está relacionada com a maneira com que o aluno é percebido e tratado por aqueles que organizam o currículo, estruturam os materiais didáticos, estruturam os encontros pedagógicos. Também destacamos a forma como os alunos assimilam à distância as informações, o desenvolvimento da superação, perante as novas formas de se apropriar dos conhecimentos. Em relação à diferenciação da EaD com o ensino presencial, destacamos que “na educação presencial há uma apropriação física que possibilita certa dependência do aluno em relação a toda a estrutura educacional que o rodeia, o que se altera significativamente quando se está distante do professor” (OLIVEIRA, 2010, p. 28). Aplicação de ferramentas tecnológicas no Ensino de Matemática U3 127 Logo, é o aluno que tem que se apropriar de estruturas que o aluno da modalidade presencial acaba deixando para o professor presencial, ou seja, isso é a capacidade de desenvolver a tal autonomia que a modalidade à distância tanto prega. Até agora podemos concluir que em cursos a distância, ambientes virtuais são desenvolvidos com o objetivo de promover a aprendizagem. Essa aprendizagem é disseminada por plataformas eletrônicas, que se configuram como espaços eletrônicos construídos para permitir a veiculação e interação de conhecimentos e usuários, para que o conteúdo seja disseminado e discutido. Esses ambientes são constituídos por softwares projetados para atuarem como salas de aula virtuais que se caracterizam por gerenciar os integrantes e promoção de interação entre participantes e a publicação de conteúdos. Esses ambientes são chamados de Sistemas de Gerenciamento de Aprendizagem (extraído do inglês – Learning Management Systems – LMS). Desta forma, os LMS são categorizados como Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA), que de alguma forma oferecem características de controle e gerenciamento inexistentes em outras interfaces da web. O que podemos caracterizar como diferença-chave dos ambientes virtuais de aprendizagem e os outros da web, é a questão deles terem uma dinâmica própria para atender ao fazer pedagógico, sendo orientados no sentido de se estabelecer metas para que o aluno possa atingi-las. Esses Ambientes Virtuais de Aprendizagem, os AVA, são concebidos para auxiliar a EaD, pois eles agregam todos os recursos pedagógicos e administrativos, oportunizando uma forma de gerenciar e promover mediações pedagógicas, que auxiliem o estudante no desenvolvimento de suas atividades e aquisição de conhecimento. Logo, torna-se importante também entendermos o que são os AVA. Em linhas gerais, “os AVA são softwares que ajudam no desempenho dos cursos a distância, são maneiras tecnológicas de aprendizado acessíveis na internet, que foram construídas para auxiliar os professores na administração dos assuntos abordados para seus estudantes” (OLIVEIRA, 2010, p. 65); e os estudantes, no gerenciamento dos conteúdos estudados, contam com a facilidade da visualização dos resultados crescentes ou não dos mesmos. Muitos autores tentam definir os AVAs, porém, um consenso que se pode perceber, é que a maioria os considera como um sistema computacional, destinado a dar suporte a atividades mediadas pelas tecnologias da informação e comunicação, permitindo a integração de diversas mídias, linguagens e recursos. Os AVAs podem propiciar interação de diversas tecnologias de Informação com o objetivo de gerar cada vez mais informações aplicáveis na educação. Desta forma, podem ser construídos, com outros softwares, sendo distribuídos através de licenças pagas ou gratuitas, aumentando o desenvolvimento de softwares livres, Aplicação de ferramentas tecnológicas no Ensino de Matemática U3 128 que fazem com que os recursos tecnológicos avancem ainda mais, pois, com o acelerado crescimento da tecnologia, percebemos esses avanços (OLIVEIRA, 2010). Em suma, um AVA deve ser utilizado de diversas maneiras e contextualizadas, devido à gama de softwares que podemos contar, pois a aplicabilidade de diversos conteúdos e suas interações com a tecnologia pode ser o diferencial de tal tratamento, ou seja, o aluno que conta com tal recurso deve ser dinâmico, para melhor entender as potencialidades de tal recurso. Destacamos também outro diferencial importante do uso dos AVAs, que é a questão de poder oferecer feedback aos alunos. Esse feedback é fundamental para que os alunos possam se avaliar. Confrontando seu desempenho com o resultado da avaliação, pois o ambiente possibilita ao aluno saber sobre sua organização, se está em dia com as atividades propostas, para que também possa se autoavaliar, observando se realmente está atingindo os objetivos caracterizados pelo curso. Desta forma, os objetivos orientados pelo feedback se caracterizam como um dos aspectos críticos de um ambiente de aprendizagem, pois, se o aluno não recebe comentários sobre as atividades que desenvolve em um curso, ele será impossibilitado de saber se está ou não atingindo os objetivos estabelecidos. Logo, o feedback é uma característica muito importante no AVA, pois a essa prática destacamos sua importância perante a associação do conteúdo e do desempenho que o aluno possa confrontar, e entender como o processo avaliativo é constituído. No AVA, os recursos que dão suporte à educação a distância são os mesmos a que na internet estamos acostumados, como correio eletrônico, fóruns, chats, conferências e bancos de recursos. Esses recursos são importantes para promover a discussão com os demais alunos, de forma a propiciar discussões, questionamentos e também interações entre todos os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem. Ao gerenciar esses ambientes englobamos diferentes aspectos, dos quais destacamos a gestão das estratégias de comunicação e mobilização dos participantes. A gestão da participação dos alunos se dá por meio dos registros das produções, interações e caminhos percorridos, a gestão de apoio e orientação dos formadores aos alunos e a gestão das atividades. Um grande exemplo de AVA é o Moodle,[...] esse software é voltado para auxiliar no processo de ensino e aprendizagem para contribuir com o desenvolvimento de cursos on-line, páginas de disciplinas, equipes de trabalho e sociedades de aprendizagem, ampliando sua margem de utilização, tendo como objetivo a abordagem social construtivista da educação (OLIVEIRA, 2010). Aplicação de ferramentas tecnológicas no Ensino de Matemática U3 129 Seu uso teve um grande avanço desde 1999, por ser um ambiente virtual de aprendizagem que possui diversos recursos técnicos associados às suas funcionalidades, e recursos aditivos, também conhecidos por módulos. Desta forma, também é importante enfatizar que o Moodle é um ambiente educacional, onde sua definição abarca a aprendizagem no sentido mais geral na utilizaçãode tecnologias, possibilitando aos aprendizes atuar simultaneamente como professores-alunos, pois a regulação e a aquisição de conhecimento se dão devido ao seu próprio empenho e interesse. Assim podemos destacar um fator importantíssimo, que é o conhecimento adquirido nos ambientes de aprendizagem, pois se centra no papel ativo dos participantes conforme reflexão na ação. Reflexão essa realizada entre os envolvidos na forma com que se desenvolve a aprendizagem, conflitando o feedback ofertador e as atividades realizadas. Contudo, podemos concluir que os Ambientes Virtuais de Aprendizagem são poderosas ferramentas de produção e disseminação de conhecimento, e, como observado, essa difusão acontece nos cursos a distância, semipresencial, através dos fóruns, dos chats etc. Possibilitam aos alunos a autonomia no processo de ensino-aprendizagem, podendo o aprendiz direcionar os estudos e ampliar sua aquisição e discussão de informações. Concluímos destacando que existem outras possibilidade de criar AVA, em ambientes de aprendizado. O uso de blogs e redes sociais pode ser também um grande trunfo para o profissional da educação. Até agora discutimos parâmetros sobre a EaD, sobre os ambientes virtuais, os AVAs, na concepção do aluno, porém enquanto ferramenta de auxílio na prática docente, podemos aproveitar esses ambientes virtuais, com o acesso da internet e que estão presentes no cotidiano de nossos alunos. Já que para eles é tão fácil mexer e interagir em redes sociais, gostaria de destacar aqui a possibilidade da criação de blogs. Eles são ambientes virtuais livres, que dão autonomia de se criar uma página em que se possa estender os assuntos tratados em sala de aula. Desta forma, destaco a importância de se aproveitar esses recursos tecnológicos, pois a escola tem que acompanhar a evolução tecnológica, e essas ferramentas talvez sejam o que faltava para tal interação e proporcionar um ensino significativo, dinâmico, motivador, que o aluno veja a escola e o processo de ensino-aprendizagem como necessidade para a sua evolução pessoal e social. O Moodle é um ambiente de aprendizagem a distância que foi desenvolvido por Dougiamas em 1999, caracterizado como um software Aplicação de ferramentas tecnológicas no Ensino de Matemática U3 130 gratuito, podendo ser modificado por qualquer pessoa, podendo se adaptar às diversas necessidades das mais diferentes instituições. Este ambiente vem sendo utilizado por várias instituições, principalmente possuindo comunidades cujos membros estão envolvidos em atividades que envolvem correções de erros e o desenvolvimento de novas ferramentas sobre estratégias educacionais de utilização do ambiente. Aqui destacamos o feedback como uma função presente e essencial nesta plataforma de aprendizagem. O Moodle é dotado de uma interface humano-computador simples e as páginas dos cursos são divididas em colunas personalizadas pelo educador, inserindo elementos em formato de caixas como Calendário, Usuários On-line, Lista de Atividades, dentre outros. Estas caixas em colunas à direita e à esquerda podem ser deslocadas de um lado para o outro (OLIVEIRA, 2010, p. 68). Artigo que discute e apresenta do vídeo como recurso de sala de aula, mostrando em tópicos os diversos panoramas do recurso visual em questão: O vídeo na sala de aula. Autor: José Moran. Disponível na página de acesso. Disponível em: <http://www.eca.usp.br/prof/moran/ site/textos/desafios_pessoais/vidsal.pdf>. 1. Foi após os anos 90 que as circunstâncias permitiram que muitas escolas desenvolvessem ações mais autônomas, em diversas modalidades que praticavam, porém sendo um momento importante, por ter concedido às escolas a modalidade a distância, tendo inicialmente uma margem de liberdade na promoção de projetos tecnológicos e educacionais, os chamados cursos de aperfeiçoamento. A respeito dessa consideração sobre a implementação dos EaDs, durante a história, a sentença correta é: Aplicação de ferramentas tecnológicas no Ensino de Matemática U3 131 a) É devido a esse contexto histórico que somos levados a pensar sobre a resistência a essa modalidade de ensino. b) Importância da EaD está no sentido da preocupação em ofertar a democratização da educação e a valorização comercial desta modalidade. c) Não se teve resistência na implementação dessa modalidade de ensino. d) Historicamente foi nos anos 90 que tivemos uma implementação total em todos os âmbitos de ensino, na modalidade EaD. 2. No AVA os recursos são importantes para promover a discussão com os demais alunos, de forma a propiciar discussões, questionamentos e também interações entre todos os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem. A sentença correta a respeito desse ambiente de aprendizagem é: a) No AVA, os recursos que dão suporte à educação a distância não são os mesmos que na internet. b) No AVA, os recursos que dão suporte à educação a distância são os mesmos a que estamos acostumados na internet, como correio eletrônico, fóruns, chats, conferências e bancos de recursos. c) No AVA, os recursos que dão suporte à educação a distância são, alguns, idênticos aos da internet, mas somente usamos o correio eletrônico. d) No AVA, os recursos que dão suporte à educação a distância são apenas os fóruns e chats. Faça uma reflexão sobre o ensino de matemática, e responda: de que forma poderia ser inserido um AVA nas aulas de Matemática? Aplicação de ferramentas tecnológicas no Ensino de Matemática U3 132 Nessa unidade você aprendeu que: • As inovações tecnológicas de forma alguma vieram para substituir o trabalho clássico desempenhado pela disciplina de Matemática em sala de aula. • A integração das TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação) no ensino da Matemática pode potencializar o aprendizado da mesma. • As primeiras iniciativas de introdução do computador com fins pedagógicos nas escolas do Brasil surgiram na década de 70. • Utilização dos computadores nos ambientes de ensino de Matemática conduz os estudantes a modos de pensar e de construir conhecimento que são típicos do ambiente informático e, por vezes, favoráveis à aprendizagem de conteúdos ou à compreensão de conceitos matemáticos. • Ainda é comum encontrarmos certa resistência ao uso do computador nas aulas de Matemática. • Quebrar o paradigma da aula expositiva para proporcionar um ambiente de investigação talvez seja o trunfo em meio à diversidade da sala de aula. • Uso de vídeo em sala de aula exige de professor basear-se em uma metodologia bem segura. • Outra forma de uso dos vídeos que podemos destacar nas aulas de Matemática é a abordagem de videoaulas. • Com o desenvolvimento tecnológico, é comum encontrarmos hoje em dia, em meio ao ensino, mais fortemente nos cursos de graduação, o uso de ambientes virtuais de aprendizagem. • Que em cursos a distância, ambientes virtuais são desenvolvidos com o objetivo de promover a aprendizagem, • Os AVAs podem propiciar interação de diversas tecnologias de informação com o objetivo de gerar cada vez mais informações aplicáveis na educação. Aplicação de ferramentas tecnológicas no Ensino de Matemática U3 133 Essa unidade foi elaborada com a intenção de que por meio dela você passasse a conhecer mais a respeito da aplicação de ferramentas tecnológicas no ensino de Matemática. Para tal estudo foi necessário que aprofundássemos nossos estudos sobre o uso de computadores nas aulas de Matemática, sobre o vídeo como recurso didático nas aulas de Matemática e, por fim, sobre os ambientes virtuais de aprendizagem, para que pudéssemos nos apropriar desses conceitos e entender melhor como o avanço tecnológico pode ser englobado em sala de aula. Esperamos que você tenha compreendido essa temática, que é muito importante para que a escola avance, deixe seus paradigmas tradicionais e venha a ousar, apropriando-se dos recursos tecnológicos na expectativa de diminuir a distância entre o ensino e a aprendizagem,de forma prazerosa e motivadora. Para aprofundar seus estudos e seu conhecimento acerca das ferramentas tecnológicas, sugerimos que faça as leituras indicadas e pesquise mais sobre o assunto. Faça todas as atividades de aprendizagem das seções. Anseio que tenha tido bons estudos e uma boa compreensão dos conceitos que estudamos nessa unidade, e desejo que continue realizando bons estudos nas próximas unidades desse livro. 1. Segundo Valente (1999), as primeiras iniciativas de introdução do computador/internet com fins pedagógicos nas escolas do Brasil surgiram exatamente na década de: a) 60 b) 70 c) 80 d) 90 e) N.D.A. 2. Segundo o que é proposto por Borba (1999), no contexto Aplicação de ferramentas tecnológicas no Ensino de Matemática U3 134 da Educação Matemática, os ambientes de aprendizagem construídos por aplicativos informáticos podem potencializar o aprendizado dos conteúdos curriculares e dinamizar o processo de ensino e aprendizagem. A alternativa que contempla corretamente essa proposta é: a) Proposta voltada para a “Experimentação Matemática” com possibilidades de estagnar o ensino de Matemática. b) Proposta voltada para a “Observação Matemática” com possibilidades de surgimento e aperfeiçoamento de novos conceitos e, até mesmo, de novas teorias matemáticas. c) Proposta voltada para a “Experimentação Matemática” com possibilidades de surgimento e aperfeiçoamento de novos conceitos, mas não de novas teorias matemáticas. d) Proposta voltada para a “Experimentação Matemática” com possibilidades de surgimento e aperfeiçoamento de novos conceitos e, até mesmo, de novas teorias matemáticas. e) N.D.A. 3. Estudos sobre o PROINFO evidenciam, segundo as análises conduzidas por Vieira (2003), que em discursos de seus capacitadores e capacitados: Enfatizam o quê? a) A compreender que, apesar de essa proposta representar uma grande iniciativa do governo, sua continuidade implicava um investimento constante na manutenção dos equipamentos e em uma reorganização do processo de formação dos professores. b) A compreender que, apesar de essa proposta representar uma grande iniciativa do governo, sua continuidade não implicava em um investimento constante na manutenção dos equipamentos e em uma reorganização do processo de formação dos professores. c) A compreender que, apesar de essa proposta representar uma grande iniciativa do governo, sua continuidade gerava uma reorganização do processo de formação dos professores e do ensino. Aplicação de ferramentas tecnológicas no Ensino de Matemática U3 135 d) A compreender que, apesar de essa proposta representar uma grande iniciativa do governo, sua continuidade implicava um investimento constante na manutenção dos equipamentos e em uma reorganização do processo de ensino. e) N.D.A. 4. O feedback é uma característica muito importante no AVA, pois essa prática se destaca perante o quê? a) Destaca-se perante a associação do portal e do desempenho. b) Destaca-se perante a associação do conteúdo e do desempenho. c) Destaca-se perante a associação do conteúdo consigo mesmo. d) Destaca-se perante a associação do conteúdo e com a prática do professor. e) N.D.A. 5. O Moodle é um ambiente educacional, onde sua definição abarca a aprendizagem no sentido mais geral na utilização de tecnologias. A alternativa que exprime corretamente essa definição e: a) Pois possibilita aos aprendizes atuarem simultaneamente como professores-alunos, pois a regulação e aquisição de conhecimento se dão devido ao seu próprio empenho e interesse. b) Pois possibilita aos aprendizes atuarem somente mediados por um professor. c) Pois possibilita aos aprendizes atuarem simultaneamente como professores, mas não com outros alunos, pois a regulação e aquisição de conhecimento se dão devido ao seu próprio empenho e interesse. d) Pois possibilita aos aprendizes atuarem simultaneamente como professores-alunos, pois a regulação e aquisição de conhecimento não se dão pelo seu próprio empenho e interesse. e) N.D.A. Aplicação de ferramentas tecnológicas no Ensino de Matemática U3 136 Aplicação de ferramentas tecnológicas no Ensino de Matemática U3 137 Referências ALLEVATO, N. S. G. Utilizando animação computacional no estudo de funções. Rencima, s. l. v. 1, n. 2, p. 111-125, jul./dez, 2010. 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Também serão apresentadas concepções teóricas necessárias para melhor entender a face pedagógica de tal software, para que o leitor possa não só conhecer, mas apropriar-se da ferramenta, entendendo sua potencialidade para com o ensino de Matemática. Seção 1 | Geogebra Objetivos de aprendizagem: Compreender, analisar, verificar sobre algumas práticas utilizando tecnologias na educação e, em especial, dentro da Educação Matemática. Portanto, conhecer e aprender atividades práticas envolvendo dois softwares, o Geogebra e o Winplot. São instrumentos tecnológicos que levam os alunos a verificar e analisar a respeito de conteúdos da Matemática, pois com o Geogebra, além de se trabalhar algebricamente, é possível compreender construções matemáticas. Por sua vez, o Winplot tem como principal função traçar gráficos de funções e efetuar algumas operações sobre eles. Leandro Meneses da Costa Unidade 4 UTILIZAÇÃO DE SOFTWARES MATEMÁTICOS ENVOLVENDO SITUAÇÕES DE ENSINO E APRENDIZAGEM Título da unidade Pretende-se enfatizar o trabalho de geometria utilizando o Geogebra, em especial voltado para a geometria plana, ou seja, as construções de figuras planas e a compreensão de conceitos de propriedades geométricas. Assuntos esses de extrema utilidade no âmbito educacional e que, às vezes, são trabalhados sem despertar nos alunos o interesse. Desta forma, pensamos em apresentar aspectos teóricos e práticos que auxiliam o professor no ensino de Geometria, justificando o foco e objetivo desta seção. Tem por objetivo conhecer o software Winplot: seus aspetos técnicos, históricos e de aprendizagem, para que você possa estruturar a ferramenta durante a leitura do material, e não somente isso, mas que venha a entender as possibilidades geradas pelo software para aprendizagem. Tal possibilidade é expressa com a intenção de que venha, por meio desta leitura, não só entender a possibilidade de diversificar em sala de aula, mas também de fazer uso na prática de tal ferramenta. Objetiva-se proporcionar a possibilidade de o leitor fazer um estudo sobre a importância de atividades práticas no estudo da Matemática. Desta forma, essa seção foca na discussão acerca da importância do estudo de funções e suas representações gráficas, conteúdo esse que às vezes pouco significa aos alunos, pois as limitações dos recursos usuais, como papel e lápis, não despertam a atenção e a criatividade de nossos alunos. Sendo assim, pensamos que a discussão sobre as atividades práticas seja uma ótima oportunidade de aprendizado, e utilizando o software Winplot, podemos fazer o estudo de diferentes gráficos dos mais diversos tipos de funções, analisando as plotagens e o comportamento das mesmas que são expressos no manuseio do software. Seção 2 | Um olhar para a geometria, o uso do Geogebra Seção 3 | Winplot Seção 4 | Um olhar para as representações gráficas, uso do Winplot Utilização de softwares matemáticos envolvendo situações de ensino e aprendizagem U4 143 Introdução à unidade Softwares são ferramentas potencializadoras que podem garantir ao ensino uma nova interface perante os paradigmas tradicionais aos quais estamos acostumados. O ensino, tanto básico quanto o superior, necessita que abordagens diferenciadas sejam praticadas com os sujeitos da aprendizagem. Nesta unidade seremos levados a discutir, refletir e analisar acerca de softwares que podem potencializar o ensino de Matemática. Nos propomos a fazer um recorte teórico que venha a contribuir com o entendimento das ferramentas. Também apresentamos dois softwares, o Geogebra e o Winplot, softwares esses gratuitos que são de fácil acesso e possibilitam uma nova estruturação da abordagem de ensino da Matemática. Nesta unidade serão contempladas quatro seções, como descrito abaixo. Utilização de softwares matemáticos envolvendo situações de ensino e aprendizagem U4 144 Utilização de softwares matemáticos envolvendo situações de ensino e aprendizagem U4 145 Seção 1 Geogebra Nesta seção será apresentado o software Geogebra como instrumento tecnológico a ser utilizado como ferramenta a potencializar no ensino de Matemática, e também reflexões a respeito do uso de tecnologias no ensino de Matemática, que devem ser desencadeadas para que possamos sair dos paradigmas tradicionais e nos atualizemos em relação ao avanço tecnológico presente no nosso cotidiano. Para isso apresentaremos concepções teóricas e a estrutura básica deste programa, bem como daremos ênfase à leitura de materiais auxiliares para que se possa melhor compreender o desenvolvimento do software e suas aplicabilidades. Destinamos essa seção para a discussão e apresentação do software Geogebra, ferramenta essa que elencamos como necessária para ser explorada no ensino de Matemática, uma vez que o foco de tal utilização é a possibilidade de inovar e mudar um pouco o cenário escolar, deixando de lado as práticas tradicionais e vivenciando uma abordagem metodológica diferenciada e voltada para a realidade dos nossos alunos. O uso de tecnologias é algo presente no cotidiano dos alunos, e cabe à escola acompanhar tal desenvolvimento social, uma vez que não podemos parar no tempo e realizar práticas em sala já ultrapassadas, que pouco mobilizam os alunos a aprender. Com isso, defendemos o uso de ferramentas tecnológicas que possam proporcionar aos alunos uma maior atribuição de significados ao estudo da Matemática. Percebemos que atualmente a tecnologia é praticamente uma extensão corporal da sociedade, e o computador já não é mais algo destinado a sociedades com poder aquisitivo mais elevado, a sua popularização e os avanços que temos vivenciado ajudam-nos a refletir sobre a importância da sua real inserção no âmbito escolar. Que ainda resiste, mas podemos destacar que o computador é um dispositivo que no contexto escolar pode vir a servir não só como uma ferramenta de ensino,ou até mesmo como uma forma inovadora da prática de sala de aula, mas também tal ferramenta ajuda no desenvolvimento de certas habilidades no aluno, que fazem com que ele possa perceber erros, e fazer uma troca de informações com os outros indivíduos envolvidos na dinâmica de sala de aula. Desta forma, entendendo que o computador é um gerador de aprendizagem, Utilização de softwares matemáticos envolvendo situações de ensino e aprendizagem U4 146 destacamos seu uso voltado para apoiar o ensino, não só por oferecer elementos visuais que lhe são característicos, ou pelo fato de compor um banco de dados, mas porque o trabalho estruturado com auxílio de tal ferramenta pode potencializar o desenvolvimento de habilidades, pois explora uma outra interface do conhecimento, e também possibilita ao aluno aprender com seus erros e aprender em coletividade com seus colegas, gerando um ambiente de comunicação em que a troca de informações é essencial para a aprendizagem. Em meio a essas possibilidades e ao que foi destacado, percebemos o contexto essencial que se gera sobre o uso do computador em sala de aula, uma vez que, de acordo com Borba e Penteado (2001), é um direito de todos na educação básica o acesso à informática. As escolas públicas e particulares devem oferecer uma educação que acarrete, no mínimo, uma “alfabetização tecnológica”. Os autores discutem o uso das tecnologias de informação (TI) na escola desde o final da década de 70, e acreditava-se que a implantação do uso de tecnologias nas escolas como prática de ensino acabaria com o emprego dos professores, pois causaria o medo de serem substituídos pela máquina de ensinar, como era conhecida. Na verdade, as inovações educacionais, em sua grande maioria, pressupõem mudança na prática docente, não sendo uma exigência exclusiva daquelas que envolvem o uso de tecnologia informática. A docência, independentemente do uso de TI, é uma profissão complexa. Nela estão envolvidas as propostas pedagógicas, os recursos técnicos, as peculiaridades da disciplina que se ensina, as leis que estruturam o funcionamento da escola, os alunos, seus pais, a direção, a supervisão, os educadores de professores, os colegas professores, os pesquisadores, entre outros. (BORBA; PENTEADO, 2001, p. 54) [...] as novas tecnologias geram o maior uso da informática e da automação nos meios de produção e serviços, implicando em novas atitudes dos seres humanos, consequentemente, a função da educação e da escola deve mudar, proporcionando formação integral do sujeito, crítica, consciente e voltada à liberdade. Sendo importante a compreensão e a orientação da inserção desta tecnologia dentro do contexto escolar, principalmente “no sentido de proporcionar aos indivíduos o desenvolvimento de uma inteligência crítica, mais livre e criadora.” (2003, p. 219) A visão de tecnologia deve ser associada ao conhecimento, segundo Borba (2002). Deste modo, uma mídia como a informática reorganiza o pensamento em vez de substituí-lo ou suplementá-lo, onde pode ser altamente problemático traçar comparações que possam ser deslumbradas em resultados como “melhor” ou “pior”. Sendo assim, de acordo com Miskulin: Utilização de softwares matemáticos envolvendo situações de ensino e aprendizagem U4 147 Percebemos, desta forma, o quão é necessário nos atentarmos para as potencialidades da informatização do ambiente escolar. Não podemos ignorar tal realidade, que se faz presente cada vez mais intensamente no cotidiano escolar, e é imprescindível para os professores incorporarem tal recurso em suas práticas de sala de aula, principalmente no âmbito da matemática, como frisam Hendres e Kaiber: É fato também que a informática cada vez mais toma conta do ambiente de sala de aula, por isso “o uso do computador no ensino de Matemática é uma necessidade atual e deve, cada vez mais, ligar- se à rotina didática dos professores e à escola em geral.” (2005, p. 26). Assim, ao nos remetermos ao ensino de Matemática, Hendres e Kaiber (2005) colocam que a informática é inserida no ensino por meio de softwares educativos, softwares esses que possibilitam ao aluno uma maior interação com a matemática, pois a ferramenta tecnológica permite ao aluno explorar em um âmbito mais profundo propriedades que não eram evidenciadas quando se usava papel e lápis. Existem inúmeros softwares para o ensino de Matemática, os que são comercializados, como o Cabri-Geométric, o Poly e o Matjlb, e outros que são gratuitos, que é nosso foco de disseminação, como o Wingeon, Winrar, Winplot (abordaremos esse no decorrer das seções) e o Geogebra. Vamos nos dedicar ao estudo do Geogebra como ferramenta de auxílio para o ensino de Matemática. Tal software é dinâmico e permite uma variedade de recursos para o ensino de Matemática. Apresentaremos, em um contexto geral, alguns itens essenciais para o trabalho com o Geogebra. Segundo Melo (2014), o Geogebra foi criado por Markus Hohenwarter, é um software gratuito de matemática dinâmica, que reúne recursos de geometria, álgebra e cálculo, que, se explorados adequadamente, auxiliam no entendimento de inúmeras propriedades que se fazem presentes no estudo dessas áreas da matemática. Esse software pode ser destacado levando em conta a forma de abordagem que lhe é atribuída, ou seja, a forma com que se trabalha com o software. Segundo Melo (2004), a abordagem com o software pode ser classificada como instrucionista ou construcionista. Será caracterizada como instrucionista quando o professor o utiliza como ferramenta de apoio na transmissão do conhecimento, e construcionista quando o aluno pode manipular o software, internalizando alguns conhecimentos. Segundo Bittencourt (2012), o Geogebra, em sua interface, possui todas as ferramentas tradicionais de um software de geometria dinâmica, permitindo ao construtor que o manuseia fazer construções como pontos, segmentos, vetores, retas, seções cônicas, bem como funções, e mudá-las dinamicamente depois de suas construções. Utilização de softwares matemáticos envolvendo situações de ensino e aprendizagem U4 148 É de extrema importância que, para acompanhar o que é proposto nessa unidade, o leitor faça o download do software, para que possa apropriar-se dos comandos necessários para o desenvolvimento de atividades no mesmo, como também é necessário que o leitor verifique as leituras indicadas, pois esse estudo paralelo ajudará no entendimento e manuseio da ferramenta. O GeoGebra é um software disponível para download (JAVA), seu endereço eletrônico é: www.geogebra.org. Primeiramente, deve-se baixar a última versão do software GeoGebra, procedendo da seguinte forma: 1. Acessar o site: www.geogebra.org. 2. Clicar na opção Download que fica na coluna esquerda da tela. 3. Clicar em: Download GeoGebra . 4. Aparecerá em parte da tela a figura 1 desta atividade, onde deverá selecionar a opção de acordo com o seu sistema operacional. 9. Ao concluir o donwload, clicar em FECHAR. 10. Abrir o ícone GeoGebra, que deverá estar na pasta escolhida. 11. Abrir o arquivo GeoGebra, com um clique duplo. 12. Clicar em EXECUTAR. 13. Selecionar o idioma, e clicar no botão OK. 14. Clicar em AVANÇAR. 15. Selecionar Aceito os termos do Contrato de Licença (após ler, é claro!) e clicar no botão Avançar em cada tela que for aparecendo. [16. Aguardar a instalação...] 17. Clicar em AVANÇAR e em seguida em CONCLUÍDO. 18. Finalmente, aparecerá a tela do GeoGebra para iniciar o trabalho. Observação: Caso não consiga executar o programa, será necessário baixar a máquina virtual Java, a partir do site http://www.java.com/ getjava/. (RIBEIRO, et al., 2009) Com base no que é apresentado por Bittencourt (2012), o GeoGebra apresenta na sua área de trabalho uma janela algébrica que corresponde a um objeto de Geometria, e vice-versa. Nele existe uma janela gráfica, na qual podem ser operadas as ferramentas de Geometria, com auxílio do mouse, que servem para fazerconstruções geométricas na janela de gráficos. Por outro lado, na janela algébrica podem ser dados comandos, que inserem funções no campo de entrada, usando o teclado. Ainda é destacado por Bittencourt (2012) que, de forma dinâmica, o software permite que ocultemos partes, janelas, dependendo de qual for o foco de trabalho no qual pretende-se utilizar o software. Apresentaremos aqui a estrutura do software Geogebra com base em Araújo e Nóbriga (2010), presentes na dissertação de mestrado de Bittencourt (2012), em que são apresentados os principais ícones do software GeoGebra, com explicações sobre suas ações, com o intuito de exemplificar e oferecer a você, leitor, uma base sobre esses comandos que se fazem presentes no manuseio do software. Com base no trabalho de Bittencourt (2012), apresentamos a interface inicial que encontramos quando abrimos o software. Utilização de softwares matemáticos envolvendo situações de ensino e aprendizagem U4 149 Figura 4.1 - Interface do Goegebra (tela) Figura 4.2 - Barra de ferramentas do Geogebra Fonte: Bittencourt (2012, p. 22). Fonte: Bittencourt (2012, p. 22) Na parte superior da tela existe a barra de menu, na qual aparecem os itens Arquivo, Editar, Opções, Ferramentas, Janelas e Ajuda, lá há elementos como, se clicar em arquivo, se poderá salvar o trabalho feito; ao clicar em exibir, você poderá ocultar ou evidenciar os eixos, entre outras funções elementares que correspondem a esses comandos. Abaixo da barra de menu está a barra de ferramentas, essa, por sua vez, apresenta 11 janelas com ferramentas distintas, assim como descrito por Bittencourt (2012) na Figura 2. Como exemplo citado por Bittencourt (2012), clicando na terceira janela abre- se uma lista de opções de componentes gráficos, que serão necessários para o manuseio do software, para as construções a serem desenvolvidas, conforme pode ser visualizado na Figura 3. Utilização de softwares matemáticos envolvendo situações de ensino e aprendizagem U4 150 Figura 4.3 - Menu apresentado na terceira janela Fonte: Bittencourt (2012, p. 22) Desta forma, apresentamos aqui, extraindo do trabalho de Bittencourt (2012), componentes iniciais para o uso do Geogebra. Para o aperfeiçoamento com a ferramenta é necessário que se dedique em explorar diversos tutoriais que estão disponíveis em páginas da internet. O trabalho na íntegra de Bittencourt (2012) está acessível pelo site: <http://sites.unifra.br/Portals/13/DISSERTA%C3%87%C3%83O-%20 Adilson_Bittencourt.pdf>. Lá você encontrará a dissertação de mestrado do autor, com elementos interessantes para que você descubra ainda mais sobre a ferramenta. Acesse o site <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAQSoAL/ geogebra-aplicacoes-ao-ensino-matematica?part=2>; Lá você encontrará um tutorial elaborado pela UFPR, em que todos os comandos do software são explicados e exemplificados. Com base no aprendizado dos comandos do Geogebra, também destacamos um tutorial elaborado num projeto que dá ênfase a esse software, como ferramenta potencializadora do ensino de Matemática, desenvolvido pela Universidade Federal do Estado do Paraná, na qual, no item Para saber mais, abaixo, destacamos o link de acesso a esse tutorial que irá ajudá-lo e muito na aquisição e manuseio da ferramenta. Utilização de softwares matemáticos envolvendo situações de ensino e aprendizagem U4 151 Ainda sobre a tela de apresentação do software, vale ressaltar que a janela de geometria é destinada à construção de objetos, onde pode ser modificado e colorido. Podemos também alterar a espessura de linhas, medir ângulos, medir distâncias, exibir cálculos etc. Como o foco do software é ser um elemento que potencializará o ensino de Matemática, destacamos que uma das características do Geogebra é poder potencializar a constituição de cenários para investigação, nos quais o aluno é capaz de experimentar situações em um processo dinâmico. Entende-se que as atividades e tarefas propostas na pesquisa constituem situações que possibilitam e estimulam a investigação e o questionamento, convidando o aluno a descobrir, formular questões, procurar respostas, levantar e verificar conjecturas. Espera-se que por meio do desenvolvimento das atividades seja provocado nos alunos um interesse pelo estudo de matemática. Sendo assim, buscamos evidenciar nesse pequeno acervo teórico um resumo da interface do software e todas as suas ferramentas, para que se possa entender o quanto tal diferenciação no ensino é promissora para desenvolver nos alunos a capacidade de crítica e a aquisição de habilidades necessárias para o estudo de matemática. Também gostaríamos de enfatizar que o professor deve reconhecer as possíveis potencialidades do uso do Geogebra em sala de aula e se esforçar para a criação de um ambiente de ensino de matemática com base na formulação de situações de aprendizagem, para o melhor desenvolvimento de sua prática de ensino em matemática. Apresentamos nessa seção fundamentos básicos e necessários para se iniciar o trabalho com o Geogebra, apresentamos recortes teóricos que tinham por objetivo levar o leitor também a refletir sobre o âmbito educacional propiciado pelo uso do software em sala de aula, bem como a necessidade de se inovar diante da evolução tecnológica em que atualmente estamos inseridos. 1. De acordo com Melo (2014), “com relação à forma de abordagem do software Geogebra, pode ser classificada como instrucionista ou construcionista”. Em que sentido esta abordagem é classificada como construcionista: a) Quando o professor o utiliza como ferramenta de apoio na transmissão do conhecimento. b) Quando o aluno pode manipular o software, internalizando alguns conhecimentos. U4 152 Utilização de softwares matemáticos envolvendo situações de ensino e aprendizagem c) Quando provoca nos alunos um interesse pelo software. d) Quando os professores manipulam as ferramentas do software. e) Quando promove o desenvolvimento social e contribui para a interação entre professor e aluno. 2. O Geogebra é um sistema de geometria dinâmica que permite realizar quais construções geométricas: a) Pontos, vetores, segmentos, retas, seções cônicas como com funções que podem se modificar posteriormente de forma dinâmica. b) Equações e coordenadas. c) Ícones e objetos. d) Segmentos, retas, seções cônicas e expressões algébricas. e) Pontos, vetores, segmentos, retas, seções cônicas, funções do 1º grau. Foram apresentados a interface e os comandos iniciais do software Geogebra. Em relação ao que foi proposto, quais impressões você destacaria sobre o manuseio do software? Para entender como o Geogebra pode auxiliar nas aulas de Matemática, sugerimos que amplie seus estudos lendo o seguinte artigo: • Geogebra – Possibilidades para o ensino de Matemática. Disponível no endereço:<http://ucbweb2.castelobranco.br/webcaf/ arquivos/20429/14961/Texto_11___Geogebra___Possibilidades_ para_o_Ensino_de_Matematica.pdf> Utilização de softwares matemáticos envolvendo situações de ensino e aprendizagem U4 153 Seção 2 Um olhar para a geometria, o uso do Geogebra Nesta seção serão apresentadas considerações sobre a utilização do software Geogebra evidenciando o ensino da Geometria, com ênfase nas construções geométricas para colaborar com o processo de ensino e aprendizagem. Deste modo, a utilização de ambientes de geometria dinâmica cria um ambiente de exploração e investigação que propicia situações para a formulação de conjecturas. Observamos que atualmente os recursos tecnológicos estão presentes quase que a todo o momento, não só socialmente, mas na escola é evidente a facilidade com que os alunos se apropriam de softwares e outros recursos tecnológicos. Em conformidade com o que é citado por Borba e Penteado (2005), o uso de Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) na educação matemática é um novo desafio a ser enfrentado na busca da qualidade de ensino. Vários estudos mostram que o professor queutiliza tecnologias em suas aulas pode obter resultados positivos ao confrontar as práticas tradicionais com o uso de tecnologias, que, por sua vez, além de contribuir para um ensino mais dinâmico e de maior qualidade, propicia a melhoria da prática pedagógica, devido à proximidade que é proporcionada entre os recursos atuais e o ensino da matemática. Nosso objetivo nesta seção é, como já foi descrito acima, enfatizar o trabalho de geometria utilizando o Geogebra, em especial voltado para a geometria plana, ou seja, as construções de figuras planas e a compreensão de conceitos de propriedades geométricas. Podemos observar a Geometria presente no dia a dia em tudo à nossa volta, como nas embalagens dos produtos, na arquitetura de casas e edifícios, na planta de terrenos, no artesanato e na tecelagem, nos campos de futebol e quadras de esportes, nas coreografias das danças e na grafia das letras. É necessário observar o espaço tridimensional, como, por exemplo, na localização e na trajetória de objetos e na melhor ocupação de espaços. Segundo Ponte, Brocardo e Oliveira: As investigações geométricas contribuem para perceber aspectos essenciais da atividade matemática, tais como a formulação e teste de conjecturas e a procura e demonstração de generalizações. A exploração de diferentes tipos de investigação geométrica pode também contribuir para concretizar a relação entre situações da Utilização de softwares matemáticos envolvendo situações de ensino e aprendizagem U4 154 realidade e situações matemáticas, desenvolver capacidades, tais como a visualização espacial e o uso de diferentes formas de representação, evidenciar conexões matemáticas e ilustrar aspectos interessantes da história e da evolução da Matemática. (2006, p. 71). Deste modo, o “software GeoGebra poderá contribuir de forma significativa no estudo da geometria, pois apresenta ferramentas dinâmicas para as construções planas e compreensão de conceitos e propriedades geométricas” (BRANDT; MONTORFANO, 2014). Busca-se uma reflexão sobre o termo “geometria dinâmica”, ambiente oferecido por softwares que possibilitam manipular construções e objetos geométricos na tela do computador. Descrevem-se razões que levaram à escolha, para este estudo, do software Geogebra e algumas pesquisas que buscam um olhar sobre a sua utilização no ensino e aprendizagem de geometria (PEREIRA, 2012, p. 26). No ensino de matemática a Geometria pode ser considerada como um corpo de conhecimentos fundamentais para a compreensão do mundo e participação ativa do indivíduo não só nos aspectos educacionais, mas em aspectos sociais, pois essa área da matemática ajuda na resolução de problemas de diversas áreas do conhecimento e desenvolve o raciocínio visual e espacial. Em inúmeras ocasiões, precisamos observar o espaço tridimensional à nossa volta e identificar estruturas geométricas que aqui são necessárias para a localização do indivíduo, em sua trajetória e para designar a melhor ocupação de espaços, entre outras ocupações e aplicabilidades. Lorenzato (1995) discorre sobre a importância da Geometria para os alunos, enfatiza que a função essencial é uma interpretação mais completa do mundo, interpretação essa essencial para a formação do indivíduo. Também ajuda na aquisição de uma comunicação mais abrangente, de uma visão mais abrangente sobre a matemática, que, infelizmente, é pouco estudada e valorizada pelas escolas. Porém, o que evidenciamos hoje em dia é um ensino pouco motivado em relação à matemática, principalmente em relação à geometria. Quadro-negro, lápis e papel são recursos fundamentais e essenciais para o ensino, porém enfatizamos a necessidade do uso de tecnologias para promover uma maior interação entre o aluno e o conteúdo, ou seja, no nosso caso enfatizamos a necessidade de que o professor aproveite na sua abordagem pedagógica o uso do Geogebra no ensino de geometria, para que possa ofertar a seus alunos um ensino dinâmico e voltado para a exploração dos conteúdos. Estaremos aqui abordando o ensino de geometria plana, porém para isso é necessário que você, estudante, procure outras bibliografias, que faça um estudo paralelo sobre as aplicabilidades do uso do Geogebra no ensino de matemática, para que possa explorá-lo em diversos contextos e conteúdos. Utilização de softwares matemáticos envolvendo situações de ensino e aprendizagem U4 155 O uso do Geogebra permite ao estudante e ao professor explorar diversos elementos dos conteúdos matemáticos. Estamos interessados aqui em proporcionar a você uma interação a respeitos dos fundamentos básicos para a utilização do software em com foco no ensino de geometria plana. O software possibilita, por exemplo, a discussão de conceitos fundamentais da geometria plana, como os conceitos de ponto, reta, semirreta e segmento de reta, como é descrito no trabalho de Andrade (2012). Nesse trabalho ela aborda o ensino de geometria para o Ensino Fundamental 2, utilizando o software Geogebra. Apresentaremos aqui recortes das discussões trazidas por ela em seu trabalho, porém, para um melhor aprofundamento, recomendamos que faça a leitura do material. Sugerimos a leitura do trabalho de Anadrade (2012) disponível em <http://www.uesb.br/mat/download/Trabamonografia/2012/ Monografia%20de%20Raoni.pdf> para que você entenda melhor os parâmetros que a autora aborda para o ensino de geometria no Ensino Fundamental 2. Na abordagem sobre os conceitos de ponto, reta, semirreta, segmentos de reta, conforme Andrade (2012), uma propriedade possível de se verificar é que por um ponto P passam infinitas retas. Confira na Figura 4. Figura 4.4 - Ponto e retas Fonte: Andrade (2012, p. 17) Utilização de softwares matemáticos envolvendo situações de ensino e aprendizagem U4 156 Em relação ainda a esse tema, outra propriedade que pode ser explorada é a de que por dois pontos, A e B, é definida apenas uma reta que os contenha. Essa propriedade, assim como descrito por Andrade (2012), também pode ser verificada fazendo uso na barra de ferramentas do item reta definida por dois pontos, como consta na Figura 5. Figura 4.5 - Reta que passa por dois pontos Figura 4.6 - Retas paralelas Fonte: Andrade (2012, p. 17) Fonte: Andrade (2012, p. 17) Observamos, e também é descrito por Andrade (2012), que só com uso do Geogebra podemos construir e abordar diversas estruturas com os alunos, que visualmente são melhor associadas pelos mesmos. Outra propriedade é que duas retas paralelas não possuem pontos comuns entre si, propiedade essa que fica muito clara quando contruída no Geogebra, conforme Figura 6. Utilização de softwares matemáticos envolvendo situações de ensino e aprendizagem U4 157 Figura 4.7 - Retas concorrentes Figura 4.8 – Semirreta Fonte: Andrade (2012, p. 17) Fonte: Andrade (2012, p. 17) Além do estudo das retas paralelas, podemos apresentar a propriedade entre as retas concorrentes, que é a de se cruzarem em apenas um ponto, ou ter apenas um ponto em comum, como consta na Figura 7. Estamos aqui descrevendo e abordando, com base em recorte do trabalho de Andrade (2012), esses fundamentos que até então eram apenas esboçados no quadro, ou em papel, e com pouco aspecto visual para os alunos. Assim, percebemos que embora os conceitos sejam fundamentais, e digamos que sejam até intrínsecos, mas os alunos necessitam estabelecer significados a esse conjunto de propriedades, para que possam desencadear um estudo coordenado sobre a geometria. Também podemos abordar o conceito de semirreta e segmento de reta. Existem comandos na barra de ferramentas que definem os conceitos de reta, semirreta e segmento de reta (Figuras 8 e 9). Seria interessante que o professor, assim como descrito por Andrade (2012), faça com que os alunos elaborem e conceituem as diferenciações entre tais conceitos, desta forma abordando de forma significativa o estudo da matemática. Utilização de softwares matemáticos envolvendo situaçõesde ensino e aprendizagem U4 158 Figura 4.9 - Segmento de reta Figura 4.10 - Polígonos no Geogebra Fonte: Andrade (2012, p. 17) Fonte: Andrade (2012, p. 22) Desta forma tentamos ilustrar a aplicabilidade dos conceitos fundamentais que embasam o estudo de geometria plana. Também destacamos a necessidade de se estabelcer com o aluno a conceitualização dos conceitos estudados, para que possa enfim proporcionar ao mesmo a possibilidade de estruturação dos conceitos por si só. Estimular a autonomia é necessário e uma iniciativa bem destacada no âmbito do uso de ferramentas tecnológicas. Outro conceito importante no estudo de geometria são os polígonos, e deles tiramos várias propriedades. O uso do Geogebra evidencia muito bem a definição de polígonos, como um conjunto de segmentos de retas fechados, como podemos ver na Figura 10, extraída do trabalho de Andrade (2012). Utilização de softwares matemáticos envolvendo situações de ensino e aprendizagem U4 159 Com o trabalho referente a polígonos, podemos destacar não só o estudo de áreas como as relações de ângulos, internos e externos, perímetro, ou seja, utilizar o Geogebra para melhor significar o estudo de matemática. Esperamos ter entusiasmado você a conhecer e a desafiar-se no uso dessa ferramenta, que muito pode contribuir para o ensino de matemática. Destacamos aqui que seria interessante e essencial que faça a leitura dos textos que foram pedidos até agora, eles foram escolhidos para poder embasar a construção da seção, bem como são necessários para o entendimnto do software e sua contribuição para o ensino de matemática. Propomos que você, aluno, leia o tutorial sobre o Geogebra, da UFPR, para que possa sistematizar melhor as ideias presentes na seção, bem como treinar o uso do software, pois esse tutorial explica passo a passo cada um dos comandos e algumas construções importantes no Geogebra. Que podem ser encontradas no endereço: <http://www. conhecer.org.br/enciclop/2010b/ensinando.pdf> 1. Observamos que atualmente os recursos tecnológicos estão presentes quase que a todo o momento, não só socialmente, mas na escola é evidente a facilidade com que os alunos se apropriam de softwares e outros recursos tecnológicos, em conformidade com o que é citado por Borba e Penteado (2001). O uso de Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) na educação matemática é um novo desafio a ser enfrentado pelas escola. Dentre as alternativas, assinale a correta: a) Na busca pela interação com a tecnologia na escola. b) Na busca de oferecer ao aluno mais qualidade para o ensino. c) Na buca de gerar uma revolução com o uso de tecnologias. d) Na busca de desafiar o professor. e) N.D.A. 2. Lorenzato (1995) discorre sobre a importância da Geometria para os alunos, enfatiza que a função essencial é uma interpretação mais completa do mundo, interpretação essa essencial para a formação do indivíduo. Também ajuda na aquisição de uma comunicação e uma visão mais abrangente a respeito da matemática. A respeito desse tema, assinale a alternativa em que Utilização de softwares matemáticos envolvendo situações de ensino e aprendizagem U4 160 consta a real posição da escola sobre esse assunto. a) Esse tema infelizmente não é estudado e valorizado pelas escolas. b) Esse tema é sempre estudado e valorizado pelas escolas. c) Esse tema, infelizmente, é pouco estudado e valorizado pelas escolas. d) Esse tema é estudado e não é valorizado pelas escolas. e) N.D.A. Ao estudar sobre o software Geogebra, reflita sobre quais os pontos que você destaca como mais significativos em uma dinâmica de aula com esse recurso? Propomos aqui a leitura de uma dissertação na qual a ferramenta Geogebra é um dos enfoques do documento, a leitura extra ajuda a ampliar a aquisição de conhecimento e é um hábito que deve ser cultivado. Disponível em: <http://www.ufjf.br/mestradoedumat/files/2011/05/ DISSERTA%25C3%2587%25C3%2583O-Thales-de-Lelis-N.pdf.> Utilização de softwares matemáticos envolvendo situações de ensino e aprendizagem U4 161 Seção 3 Winplot Nesta seção será apresentado o software Winplot, instrumento tecnológico para ser utilizado como ferramenta a potencializar o ensino de Matemática. Para isso, apresentaremos concepções teóricas sobre o uso do software, bem como a sua estrutura. Com o avanço tecnológico, cada vez mais fica evidente a necessidade de o ensino de Matemática se desvincular das práticas tradicionais, para que seja possível estabelecer novas formas de se ensinar um conteúdo. Destacamos o uso de ferramentas tecnológicas, no nosso caso os softwares, que se apresentam como grandes potencializadores no processo de ensino da Matemática. Deparamo-nos nesta seção com o uso do software como recurso didático nas aulas de Matemática, uma vez que o Winplot foi desenvolvido em 1985 pelo professor Richard Parris, da Philips Exeter Academy. É um software gráfico de usos múltiplos. Naquela época, o programa era executado no DOS e chamava- se Plot. Com o lançamento do ambiente operacional Windows® 3.1, o programa foi rebatizado para Winplot. A principal função do software é desenhar gráficos de funções de uma ou duas variáveis ou também mais de duas, que exibem gráficos em 2d e 3d. Executa vários comandos, depende da linguagem básica de programação, o software é freeware (gratuito) e pode ser obtido através de download (transferência) pela internet no seguinte endereço: http://math.exeter.edu/rparris/peanut/wppr32z.exe (versão em português) (LINS, 2014). Esse software livre auxilia muito no estudo de representações gráficas. Pesquisadores na área de educação matemática enfatizam que o uso imaginativo do Winplot para alunos do Ensino Médio é uma contribuição poderosa para a construção e assimilação de ideias, pois o fato do software possibilitar movimentar curvas pela variação de seus parâmetros, de forma controlada e eficiente, faz com que ele se caracterize como um recurso pedagógico de alcance ilimitado não somente para o estudante, mas também para o próprio professor que dele fizer uso. Em uma busca por um referencial teórico para embasar tal estudo percebemos que publicações sobre esse software se restringem mais a artigos, com relatos Utilização de softwares matemáticos envolvendo situações de ensino e aprendizagem U4 162 de experiências que retratam o uso e sua aplicação no âmbito da matemática, sendo mais configurados como tutoriais do que trabalhos que enfatizam aspectos de aprendizagem desencadeados pelo uso da ferramenta, e não evidenciam os aspectos de vantagem e desvantagens do uso do software. Assim, nos apoiamos no que tange ao uso de tecnologias nas aulas de matemática e inferimos que o uso do Winplot no desenvolvimento da aula dessa disciplina não só viabiliza a dinâmica de sala de aula, ou a estruturação e assimilação do conteúdo, mas pode fazer com que o aluno crie um processo de significação para tal, estabelecendo a construção do conhecimento de forma mais dinâmica e autônoma. Apresentaremos aqui um pouco sobre a estrutura do software, bem como suas características, que são essenciais para se entender seu manuseio. Na Figura 11 apresentamos a interface do software. Figura 4.11 - Interface do Winplot Figura 4.12 - Janela Fonte: O autor (2014) Fonte: O autor (2014) Observamos que aparentemente a estrutura aparece em branco, porém necessita que você vá até à barra menu, clique em janela, onde aparecerão algumas opções. Você precisará definir qual é a dimensão que quer trabalhar, como consta na Figura 12. Utilização de softwares matemáticos envolvendo situações de ensino e aprendizagem U4 163 Figura 4.13 - Cartesiano 2d Fonte: O autor (2014) Sera necessário tal definição, pois o Winplot é um software que possibilita a inserção de gráficos em 2d e em 3d, selecionando uma das opções. No nosso caso, foi selecionada a opção 2d, temos uma nova janela que se abre com os eixos cartesianos, como consta na Figura 13. Essa nova janelatem uma barra de ferramentas com os itens arquivo, equação, ver, mouse, um, dois, anim e outros, cada uma dessas ferramentas abre uma aba com funções a serem desenvolvidas. E é com essas ferramentas que você desencadeará todo o estudo das representações gráficas no software. Para melhor entendimento, destacamos a leitura de uma bibliografia referente ao uso do Winplot, neste texto serão explicados todos os comandos, bem como as funções iniciais do software. É necessário que se faça a leitura atenta e a reprodução dos tópicos no software em seu computador. Com isso apresentamos um conjunto de conjecturas acerca do Winplot, evidenciando mais um software e mais uma possibilidade de trabalho com tal tecnologia. Destacamos pontos iniciais que necessitam de seu empenho e esforço para um entendimento mais profundo. Indicamos a leitura do tutorial sobre o Winplot, tutorial esse que ajudará na sistematização do software. Disponível em: <http://wwwp.fc.unesp.br/~arbalbo/arquivos/introducao_winplot.pdf>. Também indicamos a leitura desse artigo para que você se aproprie dos aspectos metodológicos que envolvem o uso de tecnologias no ensino de Matemática. Disponível em: <http://www.uems.br/semana/2009/Trabalhos/tc_08.pdf> U4 164 Utilização de softwares matemáticos envolvendo situações de ensino e aprendizagem 1. A principal função do software Winplot é desenhar gráficos em exibição 2d e 3d. Desta forma, para construir gráficos de funções em 3d são necessárias quantas variáveis: a) Três variáveis. b) Umas ou duas variáveis. c) Uma variável. d) Duas variáveis. e) Nenhuma variável. 2. Quando estudamos o uso de tecnologias, nos deparamos com ferramentas que auxiliam e muito no âmbito escolar, principalmente em termos de aprendizagem, pois trabalhar com o visual ajuda na busca por relações. Desta forma, sobre as representações gráficas que podem ser feitas no Winplot, qual das opções abaixo não faz parte do currículo da Educação Básica: a) Funções trigonométricas. b) Funções polinomiais. c) Funções de três ou mais varáveis. d) Funções definidas por partes. e) N.D.A. Foi apresentada a interface do software Winplot. Em relação ao que foi proposto, reflita sobre as impressões que você destacaria sobre o manuseio do software. Para ampliar seus estudos e colaborar com o entendimento do assunto, propomos a leitura do artigo: Utilização do Winplot Como Software Educativo Para o Ensino de Matemática. Artigo esse que trata da utilização do software para ensino, disponível em: <http://www. orfeuspam.com.br/Periodicos_JL/Dialogos/Dialogos_6/Dialogos_6_ Willames_Adriano_Luciana.pdf> Utilização de softwares matemáticos envolvendo situações de ensino e aprendizagem U4 165 Seção 4 Um olhar para as representações gráficas uso do Winplot Nesta seção realizaremos um estudo sobre as atividades práticas com o uso do software Winplot, que é uma ferramenta que plota funções, isto é, mostra graficamente o comportamento de uma função. Entendendo a dificuldade dos alunos quanto ao conceito básico de funções, o software dá esse apoio visual de uma função, facilitando a compreensão matemática. As representações gráficas são essenciais no estudo de funções, elas ajudam a perceber parâmetros e regularidades. É de suma importância desencadear no aluno a capacidade de análise de gráficos, porém, quando fazemos uma representação no papel e lápis, às vezes perdemos características essenciais e fundamentais para tal estudo. Deste modo, as ferramentas tecnológicas, como os softwares de plotagem, ajudam a diminuir tal prejuízo em relação à aprendizagem dos alunos. Hoje em dia temos vários softwares que fazem tal plotagem. Optamos por dar ênfase ao Winplot, por ser um software livre e de fácil manuseio, sem falar que encontramos diversos tutoriais que auxiliam no manuseio do software. Começando essa seção, destacamos como devemos inicialmente preparar a ferramenta para tal uso. Abrimos o software, como feito e ilustrado na Figura 11, clicamos em janelas e escolhemos a opção 2d, como na Figura 12, então abrirá uma nova janela, como na Figura 13. Clicando em equação (Figura 14), uma lista de opções aparecerá. Figura 4.14 - Opção Equação Fonte : O autor (2014) Utilização de softwares matemáticos envolvendo situações de ensino e aprendizagem U4 166 Dentre as opções que ali apareceram você deve escolher a opção explícita, e uma nova janela aparecerá, essa janela é o campo onde definimos a função que queremos plotar, como na Figura 15. Figura 4.15 - Janela de plotagem Figura 4.16 - Função na janela de plotagem. Fonte : O autor (2014) Fonte: O autor (2014) No item f(x) =, deverá ser digitado o comando de entrada da função, por exemplo: seja a função f(x) = 2x²+3 , para inserir o argumento temos uma nomenclatura diferente, 2*x^2+3, outros símbolos são associados às operações. Como na Figura 16. Para obtenção do gráfico basta clicar no botão “ok” e assim temos a seguinte representação gráfica na janela com os eixos cartesianos, como consta na Figura 17. Utilização de softwares matemáticos envolvendo situações de ensino e aprendizagem U4 167 Figura 4.17 - Representação gráfica Fonte: O autor (2014) Observamos que uma nova janela se abre, com o título inventário, essa janela servirá para editar tal representação gráfica. Logo, devemos enfatizar que para iniciar a construção de gráficos no Winplot é necessário escrever as funções. Deste modo, acione equação e biblioteca para verificar a sintaxe das funções, isso o ajudará a entender melhor como entrar com os argumentos que geram a representação gráfica apropriada no software. Mostramos alguns exemplos de sintaxe: • sqr(x) significa raiz quadrada de x; • root(n,x) = raiz n–ésima de x; • sin(x) significa seno de x; • exp(x) significa ex. • gráfico da linear e quadratura Demostraremos algumas funções e suas representações feitas pelo Winplot. A função do primeiro grau do tipo f(x) = ax + b, por exemplo, a função f(x) = 2x + 4, ao ser digitada no software deve ser da seguinte forma: 2*x+4. Utilização de softwares matemáticos envolvendo situações de ensino e aprendizagem U4 168 Figura 4.18 - Gráfico da função linear Figura 4.19 - Gráfico da função quadrática Fonte: O autor (2014) Fonte: O autor (2014) Pelo gráfico podemos inferir a raiz, interseção com o eixo das ordenadas, estudo do sinal, enfim, algumas coisas que podemos abordar com tal ferramenta. Para a plotagem de uma função do segundo grau do tipo f(x) = ax² + bx +c, por exemplo, a função f(x) = x² + 5x – 6, para sua plotagem, a sintaxe deve ser feita da seguinte maneira: x^2+5*x+6, temos o seguinte gráfico. Utilização de softwares matemáticos envolvendo situações de ensino e aprendizagem U4 169 Evidenciamos pelo gráfico as raízes da função, sua concavidade, a inferência ao ponto de mínimo; podemos fazer o estudo do sinal, destacando algumas coisas que podemos abordar com tal representação. Sendo assim, podemos ainda plotar vários outros gráficos de funções polinomiais e trigonométricas, mas para tal recomendamos a leitura do material de apoio destacado nas seções Para saber mais. Apresentamos de forma abreviada os comandos básicos e necessários para iniciar as representações gráficas no Winplot. Destacamos que se faz necessário ao leitor que se atente às dicas de leituras, pois sugerimos lá tutoriais que ajudaram a entender melhor e apropriar-se dos comandos presentes no software. Sendo assim, destacamos que por meio dos tutoriais aqui indicados você terá subsídios para sozinho desencadear seu estudo sobre as representações gráficas contidas no Winplot. Para ampliar seus estudos e colaborar com o entendimento do assunto, propomos que você leitor acesse o link aqui descrito, disponível em: <http://wwwp.fc.unesp.br/~arbalbo/arquivos/introducao_winplot.pdf>. Nesta pagina você encontrará os comandos básicos do software, bem como exemplos de atividades para serem desenvolvidas. Também acesse o link descrito abaixo,de um tutorial que aborda os comandos para se fazer representações gráficas com o Winplot, disponível em: <http://math.exeter.edu/rparris/peanut/Explorando%20 Winplot%20-%20Vol%201.pdf> 1. No Winplot podem ser adicionadas e realizadas modificações nos gráficos construídos. Assim, para editar o gráfico é necessário acessar o “inventário de funções”. Ao acessar a janela de inventário, o usuário tem as seguintes opções: a) Editar, Apagar, Dupl, Copiar, Integrar, Nome, Mostrar gráfico, Mostrar variável, Família, Quadro. b) Editar, Apagar, Dupl, Copiar, Derivar, Nome, Mostrar plano cartesiano, Mostrar segmento, Família, Tabela. c) Visualizar, Apagar, Dupl, Copiar, Derivar, Nome, Mostrar segmento, Mostrar expressão, Família, Quadro. d) Editar, Apagar, Dupl, Copiar, Derivar, Nome, Mostrar gráfico, Mostrar equação, Família, Tabela. e) Editar, Apagar, Copiar, Derivar, Nome, Mostrar gráfico, Mostrar equação, Família, Tabela. Utilização de softwares matemáticos envolvendo situações de ensino e aprendizagem U4 170 2. Na janela de plotagem do software Winplot, que possibilita o estudo de representações gráficas, devemos estar atentos a um item quando vamos digitar os parâmetros e argumentos da função à qual se deseja a plotagem, que é: a) Sintaxe. b) Grade. c) Inventário. d) Interpretador de funções. e) N.D.A. Reflita sobre que aspectos do estudo de funções seriam mais interessantes de se fazer em uma abordagem metodológica com o Winplot. Indicamos a leitura desse material, no qual você pode explorar ainda mais informações sobre o software Winplot que foi apresentado na seção. Disponível em: <http://www.biblioteca.pucminas.br/teses/ EnCiMat_MotaJF_1.pdf>. Exemplos de atividades com o Winplot encontramos em: <http://www. ebah.com.br/content/ABAAABOLcAB/explorando-winplot-vol-1>. Nessa unidade você aprendeu que: • Em relação ao software Geogebra, vimos as concepções sobre aprendizagem e acerca do uso dessa ferramenta no ensino de Matemática. Também demos ênfase a aspectos de sua criação, ferramentas, estrutura e exemplos de atividades envolvendo Geometria. Utilização de softwares matemáticos envolvendo situações de ensino e aprendizagem U4 171 • Em relação ao software Winplot, tecemos e inferimos algumas concepções sobre a aprendizagem em ambientes que utilizam tal ferramenta, também falamos um pouco de suas características, como ferramentas de ensino e exemplos de representações gráficas de funções. 1. Segundo Melo (2004), a abordagem com o software pode ser classificada como instrucionista ou construcionista. A alternativa que apresenta a definição correta a respeito das classificações é: a) Será caracterizado como instrucionista quando o aluno utiliza como ferramenta de apoio na transmissão do conhecimento, e construcionista quando o professor pode manipular o software, internalizando alguns conhecimentos. b) Será caracterizado como instrucionista quando o professor não utilizar como ferramenta de apoio à transmissão do conhecimento, e construcionista quando o aluno não deve manipular o software, internalizando alguns conhecimentos. c) Será caracterizado como instrucionista quando o professor utiliza como ferramenta de apoio na construção do conhecimento, e construcionista quando o aluno pode manipular o software, internalizando alguns conhecimentos. d) Será caracterizado como instrucionista quando o professor utiliza como ferramenta de apoio na transmissão do conhecimento, e construcionista quando o aluno pode manipular o software, internalizando alguns conhecimentos. e) N.D.A. 2. Segundo Melo (2014), o Geogebra foi criado por Markus Hohenwarter, esse software de matemática é gratuito, reunindo recursos de diversos campos da matemática. A alternativa que contempla corretamente esses campos e: a) Geometria, Cálculo e Estatística. b) Geometria, Probabilidade e Cálculo. c) Geometria, Álgebra e Cálculo. d) Álgebra, Cálculo e Estatística. e) N.D.A. Utilização de softwares matemáticos envolvendo situações de ensino e aprendizagem U4 172 3. Uma das características do software Geogebra é poder potencializar a constituição de cenários em que o aluno é capaz de experimentar situações em um processo dinâmico. Esse cenário é típico de um cenário: a) Tradicionalista. b) Investigação. c) Reprodução. d) Tecnicista. e) N.D.A. 4. Uma característica importante do software Winplot é auxiliar em um tipo de representação específica. Dentre as opções abaixo, a que descreve corretamente esse tipo de representação é: a) Representação geométrica. b) Representação algébrica. c) Representação icônica. d) Representação gráfica. e) N.D.A 5. A respeito do tipo de representação feita na plotagem do Winplot, uma característica importante à possibilidade dessa representação está nas dimensões: a) 3d e 2d. b) 2d e 4d. c) 3d e 1d. d) 2d e 1d. e) N.D.A. U4 173Utilização de softwares matemáticos envolvendo situações de ensino e aprendizagem Esta unidade foi elaborada com a intenção de que, por meio dela, você passasse a conhecer mais a respeito dos softwares Geogebra e Winplot. Esse conhecer não só em relação a parâmetros práticos, mas em relação a parâmetros teóricos, sendo fundamental o uso dessas ferramentas para potencializar o ensino de Matemática. Para que isso fosse possível, houve a necessidade de apresentar as ferramentas, a estrutura, exemplos e sugestões de atividades matemáticas utilizando estes programas. Esperamos que você tenha entendido e refletido sobre o que foi apresentado nesta unidade. Ressaltamos a necessidade de se fazer as leituras indicadas durante o estudo, bem como a execução de todas as atividades de aprendizagem, tanto das seções quanto da unidade. Desejamos que tenha bons estudos e uma boa compreensão dos softwares que estudamos nessa unidade, e desejamos ainda que continue realizando bons estudos no decorrer do curso. Utilização de softwares matemáticos envolvendo situações de ensino e aprendizagem U4 174 Utilização de softwares matemáticos envolvendo situações de ensino e aprendizagem U4 175 Referências ANDRADE R. A., Geogebra: uma ferramenta computacional para o ensino de geometria no Ensino Fundamental . Monografia, UESB, 2012. Disponível em: <http://www.uesb.br/mat/download/Trabamonografia/2012/Monografia%20 de%20Raoni.pdf>. Acesso em: 18 nov. 2014. BITTENCOURT, A. O. O ensino da trigonometria no ciclo trigonométrico, por meio do software Geogebra. 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