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CONTABILIDADE DE CUSTOS Autor Delma da Silva Indaial – 2021 1a Edição Indaial – 2021 Contabilidade de Custos Prof. Delma da Silva 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2021 Elaboração: Prof. Delma da Silva Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: apresentação Olá, estudante! Seja bem-vindo(a) à disciplina de Contabilidade de Custos! Neste material, você conhecerá os conceitos básicos relacionados ao tema e sua aplicabilidade no dia a dia de uma empresa industrial e no comércio. A temática é importante porque a competitividade afeta todos os tipos de organizações, independentemente de seu segmento. Além disso, atualmente, os consumidores estão mais espertos e exigentes, procurando aliar qualidade e preço. Assim, as empresas precisavam alcançar a lucratividade a partir de baixos custos e gastando pouco para não perder a qualidade de seus produtos, tendo os fornecedores como aliados, a fim de gerar vendas significativas. Para que isso seja uma realidade, a empresa precisa conhecer as necessidades do mercado. Portanto, a fim de melhorar as informações internas, os gestores utilizam estratégias ligadas à contabilidade de custos, área em que se concentram os cálculos para explicar o custo dos produtos fabricados ou vendidos e os serviços prestados. Nesse sentido, diante desse contexto, fique atento ao conteúdo que preparamos para aprender conceitos, terminologias e demais aplicabilidades da contabilidade de custos, bem como os melhores elementos utilizados para a tomada de decisão. Bons estudos! Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi- dades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra- mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida- de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun- to em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen- tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE sumário UNIDADE 1 Entendendo o Planejamento ...........................................................................................9 TÓPICO 1 - Introdução, definição e terminologias da contabilidade de custos ...........................13 TÓPICO 2 - Tipificação de custos e despesas ....................................................................................25 TÓPICO 3 - Diferença entre gastos e custos......................................................................................37 UNIDADE 2 Contabilidade de Custos: Métodos de Inventário de Estoque ................................45 TÓPICO 1 - Custos dos serviços prestados, do produto vendido e da mercadoria vendida ....49 TÓPICO 2 - Contabilidade de Custos Industrial e Comercial .........................................................63 TÓPICO 3 - Métodos de custeios: por absorção, variável e ABC ....................................................73 UNIDADE 3 - Prática da Contabilidade de Custos ...........................................................................87 TÓPICO 1 - Apuração dos custos de fabricação ................................................................................91 TÓPICO 2 - Formação de preço .........................................................................................................105 TÓPICO 3 - Contabilização de custos ...............................................................................................113 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................129 1 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA Entendendo o Planejamento UNIDADE 1 Esta unidade está dividida em três tópicos. No final de cada um deles, você encontrará atividades visando à compreensão dos conteúdos apresentados. TÓPICO 1 - Introdução, definição e terminologias da contabilidade de custos TÓPICO 2 - Tipificação de custos e despesas TÓPICO 3 - Diferenças entre gastos e custos. A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • entender o propósito da atividade da contabilidade de custos; • identificar a importância da área para a gestão de uma empresa; • conhecer as terminologias da contabilidade de custos; • compreender a relevância do objetivo da contabilidade de custos em au- xiliar no planejamento das empresas; • analisar as informações que o setor de custo das organizações detêm para a determinação do processo de produção. 22 3 Introdução da unIdade A contabilidade de custos é uma parte da ciência contábil dedicada ao estudo coerente dos custos incorridos para se obter vendas ou bens de consumo, sejam eles produtos ou mercadorias, sejam eles serviços. O departamento com a função financeira é responsável por acumular, organizar, analisar e interpretar o custo de produtos, estoques, serviços, componentes organizacionais, planos operacionais e atividades de distribuição. Assim, pode-se determinar os lucros, controlar as operações e auxiliar as operações, permitindo aos gestores estarem mais cientes no processo de tomada de decisão (MARTINS, 2018). Desse modo, com esta unidade, você aprenderá a determinar com precisão o custo de produtos e serviços, entenderá como aplicar seu conhecimento em custos de produtos e serviços para determinar preços de venda, licitar contratos e analisar a lucratividade relativa dos itens desejados. Além disso, aprenderá como utilizar a tecnologia para medir gerentes e subordinados no desempenho do departamento da organização, como projetar um sistema de contabilidade adequado para os sistemas de produção e distribuição da organização e como usar o sistema de contabilidade enquanto uma ferramenta para motivar os gerentes a perseguirem as metas organizacionais. 4 5 UNIDADE 1 1. Introdução, definição e terminologias da contabilidade de custos TÓPICO 1 1.1 Introdução do tópico Vamos iniciar nossa trilha de conhecimento e aprendizado sobre a contabilidade de custos estudando a respeito de definições e terminologiasrelacionadas ao assunto. Dessa maneira, antes da largada para os cálculos — que serão inúmeros ao longo da disciplina! —, iniciaremos compreendendo o conceito da contabilidade de custos. Provavelmente você já deve ter ouvido ou, até mesmo, conhece esse conceito, mas, aqui, irá entender sua aplicabilidade na rotina de uma empresa e/ou de um comércio. No decorrer da leitura, imagine-se um empresário, sedo que cada operação e transação devem ser visualizadas como se estivessem ocorrendo em tempo real. Vamos, então, desbravar esse seu lado empresário? Acompanhe o conteúdo! 1.2 Introdução à contabilidade de custos A contabilidade de custos nos fornece uma compreensão abrangente quanto aos conceitos de custos, seu comportamento e às técnicas relacionadas ao tema. Também nos possibilita o entendimento de como essas particularidades são aplicadas nas empresas de manufatura e serviços. Eliseu Martins (2018, p. 10), em seu livro Contabilidade de Custos, define os custos da seguinte forma: O custo é também um gasto, só que reconhecido como tal, isto é, como custo, no momento da utilização dos fatores de produção (bens e serviços), para a fabricação de um produto ou execução de um serviço. Exemplos: a matéria-prima foi um gasto em sua aquisição que imediatamente se tornou investimento, e assim ficou durante o tempo de sua estocagem; no momento de sua utilização na fabricação de um bem, surge o custo da matéria-prima como parte integrante do bem elaborado. Este, por sua vez, é de novo um investimento, já que fica ativado até sua venda. De modo geral, as entidades consomem todos os dias matéria-prima, materiais de embalagens, energia elétrica e demais insumos. As despesas, então, podem ser usadas para gerenciar, vender produtos, produzir, contratar transportadoras, pagar salários de colaboradores, transportar e treinar funcionários, gerenciar um projeto ou uma área, realizar a manutenção de equipamentos, pagar o aluguel, entre outras possibilidades. UNIDADE 1 Entendendo o Planejamento 6 Figura 1 - Sistema de informações gerenciais Sistema de informações gerenciais Contabilidade financeira Contabilidade gerencial Contabilidade de custos Sistema orçamentário Fonte: Martins (2018, p. 15). Em suma, não importa se o escopo de negócios da empresa é comercial, prestadora de serviços ou indústria. Sempre envolverá muitas despesas. Estudiosos acreditam que a contabilidade de custos surgiu na Revolução Industrial, com o objetivo de avaliar a quantidade de estoque das empresas por meio do processo de inventário das matérias-primas utilizadas no processo produtivo, bem como a quantidade de produtos que estão em processo de fabricação ou que já foram finalizados. A respeito desse assunto, Martins (2018, p. 3) nos explica que, “Até a Revolução Industrial (século XVIII), quase só existia a contabilidade financeira (ou geral), que, desenvolvida na Era Mercantilista, estava razoavelmente bem estruturada para servir as empresas comerciais”. Figura 2 - Contabilidade de custos Fonte: Pixabay (2021). Introdução, definição e terminologias da contabilidade de custos 7 Logo, temos que a contabilidade de custos fornece dados de custos detalhados necessários para que o gestor tenha controle das operações atuais e consiga planejar o futuro. Ela é a base de todas as atividades empresariais, utilizada como ferramenta para planejar e controlar a produção dos produtos, assim como para tomar decisões quanto aos custos indiretos e diretos das matérias-primas e de mão de obra. De acordo com Martins (2018), a fórmula aplicada para estoque, por exemplo, é dada por compras, menos estoque, resultando no custo de mercadorias vendidas. ATENCAO Temos, ainda, que princípios e convenções são utilizados na contabilidade de custos, como competência, registro pelo valor original e prudência (conservadorismo). Observe a figura a seguir para entender melhor! Figura 3 - Princípios e convenções aplicados à contabilidade de custos Princípio da Competência Convenção do Conservadorismo Convenção da Materialidade Princípio da Prudência (Conservadorismo) Princípio do Registro pelo Valor Original Princípios e Convenções Contábeis Fonte: Elaborada pela autora (2021). A grosso modo, os princípios e as competências funcionam do seguinte modo: • princípio da competência: estabelece que os efeitos das transações e demais eventos sejam confirmados dentro do prazo em que são cotados, independentemente de recebimento ou pagamento; • princípio do registro pelo valor original: estabelece que os componentes do patrimônio devem ser registrados primeiramente no valor original da transação, expresso em moeda nacional; • princípio da prudência (conservadorismo): sempre que forem propostas alternativas de alteração do valor patrimonial líquido que sejam efetivas, deve-se determinar o menor valor do ativo e o maior valor do passivo; UNIDADE 1 Entendendo o Planejamento 8 • convenção do conservadorismo (uniformidade): os padrões utilizados na convenção para determinar fatos e ações administrativas não devem ser alterados com frequência, ou seja, após um período, métodos e padrões uniformes devem ser usados para registrar fatos contábeis e preparar demonstrações financeiras; • convenção da materialidade (relevância): do ponto de vista de registro e controle, certas contas não devem ser relacionadas a valores ou fatos não relacionados. Os princípios da contabilidade de custos foram desenvolvidos para permitir que os fabricantes consigam lidar com muitos custos diferentes associados à fabricação, fornecendo seus próprios recursos de controle. Figura 4 - Aplicabilidade da contabilidade de custos Fonte: Anna Nekrashevich, Pexels (2021). As informações geradas pelo sistema de contabilidade de custos fornecem uma base para determinar os custos dos produtos e preços de venda, ajudando a administração a planejar e controlar as operações organizacionais. Com essa pequena introdução da contabilidade de custos, já podemos perceber quantas definições e quantos termos podem ser relacionados à área, não é mesmo? Por isso, no próximo item, conheceremos a definição da contabilidade de custos. Introdução, definição e terminologias da contabilidade de custos 9 1.3 Definição da contabilidade de custos Quando o processo produtivo da empresa se dava de forma totalmente manual, o cálculo do custo de produção era alcançado a partir de dois fatores: mão de obra e matéria-prima consumida. Para Martins (2018, p. 11): Pela própria definição de custo, podemos entender, ainda mais sabendo da origem histórica, por que se generalizou a ideia de que contabilidade de custos se volta predominantemente para a indústria. É aí que existe a produção de bens e onde a necessidade de seu custeamento se torna presença obrigatória. Em inúmeras empresas de serviços, todavia, passou-se a utilizar seus princípios e suas técnicas de maneira apropriada em função da absoluta similaridade de situação, principalmente nas entidades em que se trabalha por projeto (empresas de engenharia, escritórios de auditoria, de planejamento etc.). Com o crescimento da economia e das empresas, o acirramento da concorrência e os recursos cada vez mais escassos, houve a necessidade de aprimoramento dos mecanismos de planejamento e controle das atividades empresariais. Além disso, as inúmeras possibilidades de uso de fatores de produção determinam mudanças quase ilimitadas no comportamento dos custos de renda. Figura 5 - Mão de obra Fonte: Free-Photos, Pixabay (2021). UNIDADE 1 Entendendo o Planejamento 10 Portanto, a contabilidade de custos é essencial para qualquer empresa, principalmente em uma economia capitalista e competitiva como a nossa. Desse modo, sem conhecimento, é difícil tomar decisões confiáveis e assertivas para obter uma margem de segurança satisfatória. Nesse sentido, as informações sobre custos de produção e/ou comercialização — desde que organizadas,resumidas e reportadas de forma adequada — são essenciais. Ainda, existem muitos métodos de aplicação, o qual irá variar de acordo com a finalidade do custeio. 1.4 Terminologias da contabilidade de custos No trançado da contabilidade de custos, nos deparamos com nomes e termos para conceituar e especificar o processo produtivo em uma empresa, a prestação de serviço, entre outras denominações. Diante disso, vamos conhecer algumas dessas terminologias e seus exemplos para uma melhor compreensão? Um dos termos mais comentados diz respeito aos gastos, os quais estão ligados à aquisição de produto e/ou serviço, gerando para a empresa um sacrifício. Temos como exemplos os gastos com mão de obra ou compra de matéria-prima. Em contrapartida, o custo está relacionado ao gasto para aquisição de bem e/ou serviço para utilização no processo produtivo da empresa. Nesse caso, podemos citar como exemplos a energia elétrica e o pagamento do aluguel de espaço. Já a despesa é um serviço e/ou bem de consumo direto ou indireto que gerará receita. Podemos mencionar como exemplo a comissão de vendedores. O desembolso, por sua vez, está ligado ao pagamento de bem e/ou serviço. Importante destacar que a empresa, para fazer o registro de recebimentos e pagamentos, adota dois regimes, a saber: regime de caixa (registro do recebimento ou pagamento no momento da transição comercial) e regime de competência (registro da transição comercial após o seu pagamento). Temos, ainda, o investimento, que são os gastos para a aquisição de bens, direitos ou serviços (ativos da empresa); e a perda, que são os restos decorrentes do processo produtivo, de maneira previsível. Introdução, definição e terminologias da contabilidade de custos 11 A utilização de uma terminologia homogênea simplifica o entendimento e a comunicação. De acordo com Martins (2018), custo e despesa não são sinônimos, tendo sentido próprio, assim como investimento, gasto e perda. O gasto é a compra de um produto ou serviço que gera desembolso para a entidade. Já o desembolso é o pagamento da aquisição do bem ou serviço. Investimento é o gasto em função de sua vida útil ou de benefícios atribuíveis a um período futuro. Custo é o gasto relativo a um bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços. A despesa é o bem ou serviço consumido direta ou indiretamente para se obter receitas. Por fim, a perda é o bem ou serviço consumido de forma anormal e involuntária. NOTA Relevante mencionar, também, que podemos classificar os custos de várias maneiras, de acordo com a sua finalidade. Essa classificação é aplicada no cálculo de sistemas de custos variáveis. O importante é diferenciá-los dos custos fixos, a fim de obter subsídios com base nas flutuações dos custos para definir os preços de venda. 12 AUTOATIVIDADE 1. Como já pudemos descobrir, a contabilidade de custos é uma área da contabilidade que tem por objetivo calcular os valores para que a empresa, a partir da transformação de matéria-prima, consiga produzir seus produtos. Nesse sentido, relacione os termos listados a seguir às suas respectivas características. I - Custo. II - Investimento. III - Gastos. IV - Despesa. V - Desembolso. ( ) Atividades com base na vida útil ou nos benefícios que podem ser atribuídos a períodos futuros. ( ) Bens ou serviços consumidos direta ou indiretamente para obtenção de receita. ( ) Pagamentos para a compra de bens ou serviços que podem ser feitos antes, durante ou depois da entrada dos utilitários comprados. ( ) Bens ou serviços consumidos de forma anormal ou involuntária. ( ) Compra de algo que trará prejuízo financeiro para a empresa a partir de um sacrifício representado pela entrega ou promessa de entrega de ativos. Agora, assinale a alternativa com a sequência correta. ( ) I, III, V, II e IV. ( ) IV, II, I, III e II. ( ) II, I, V, IV e III. ( ) I, II, III, IV e V. 13 2. Ao longo de nossos estudos, pudemos identificar algumas diferenças entre determinadas terminologias utilizadas com frequência na contabilidade de custos. Entre essas terminologias, temos as despesas e os custos. Diante desse contexto, o que são as despesas para uma empresa industrial e o que são os custos para um comércio? Cite exemplos das suas situações. 3. Para alguns especialistas, a contabilidade de custos fornece informações para a contabilidade financeira quanto à contabilidade gerencial. A partir desses dados obtidos, o gestor da empresa consegue se orientar para a tomada de decisão. Diante disso, com base em nossos estudos a respeito do assunto, analise as afirmativas a seguir e a relação proposta entre elas. I - Por medir e avaliar os custos de acordo com os padrões contábeis, a contabilidade de custos é usada para atingir os objetivos da contabilidade financeira PORQUE II - quando usada internamente, pode satisfazer a contabilidade de gerenciamento fornecendo informações de custos sobre produtos, clientes, serviços, projetos, processos, atividades etc. Agora, assinale a alternativa correta. ( ) As afirmativas I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa da I. ( ) A afirmativa I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. ( ) As afirmativas I e II são proposições falsas. ( ) A afirmativa I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. 14 AUTOATIVIDADE 4. O objetivo da contabilidade é estudar o patrimônio da empresa. Suas principais funções são: registrar, organizar, provar, analisar e seguir as modificações de igualdade devido à atividade econômica ou social que a empresa exerce no contexto econômico. Sendo assim, descreva o princípio da competência e sua aplicabilidade na contabilidade de custos. 15 5. Normalmente, o processo de produção está diretamente ligado aos custos de matérias-primas, mas é possível transformar um custo indireto em custo direto, caso possamos quantificar o objeto de custo. Nesse contexto, pensando a respeito das terminologias da contabilidade de custos, analise as afirmativas a seguir e a relação proposta entre elas. I - Custo é todo gasto incorrido na produção de um bem ou na prestação de um serviço PORQUE II - tudo que é usado para produzir um bem ou serviço para ser vendido no mercado. Agora, assinale a alternativa correta. ( ) As afirmativas I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa da I. ( ) A afirmativa I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. ( ) As afirmativas I e II são proposições falsas. ( ) A afirmativa I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. 16 UNIDADE 1 Entendendo o Planejamento 17 TÓPICO 2 UNIDADE 1 2. Tipificação de custos e despesas 2.1 Introdução do tópico A competição no mercado está se tornando cada vez mais acirrada, ao passo que os consumidores estão exigindo preços mais baixos todos os dias. No entanto, normalmente, é o mercado que determina o preço de um produto ou serviço, não apenas o empresário que o está produzindo. Figura 6 - Tipificação de custos Fonte: falovelykids, Pixabay (2021). No contexto de concorrência generalizada, é importante identificarmos se estamos “ganhando dinheiro” quando produzimos e vendemos nossos produtos e/ou serviços. Isso porque, se não tivermos lucro, a empresa não conseguirá continuar no mercado competitivo. No tópico anterior, pudemos conhecer a definição de dois termos muito utilizados na contabilidade, que é a despesa e o custo. Agora, a partir deste momento, conheceremos os tipos de custos e despesas aplicados na contabilidade de custo. Para tanto, buscaremos novos contextos para que possa entender a importância dessa área não apenas para o lado empresarial, mas para o seu dia a dia também. 18 UNIDADE 1 Entendendo o Planejamento Em uma empresa, muitos gastos estão envolvidos. Estes podem ser divididos em despesas e custos, sendo que, dentro do âmbito dos custos, ainda podemos dividi-los em custos diretos,indiretos, fixos e variáveis. As despesas, por sua vez, podem ser divididas em ficas e variáveis. Para complementar essa definição, vale mencionar que o custo se trata das despesas da empresa relacionadas aos produtos ou serviços produzidos por ela. Portanto, está diretamente relacionado às atividades da organização. Figura 7 – Influência do custo e da despesa no balanço patrimonial Custo Integra o produto, vai para o estoque e aumenta o ativo circulante. Despesa Reduz o lucro e vai para o resultado, reduzindo o patrimonio líquido Fonte: Ribeiro (2016, p. 19). Diante disso, vamos estudar cada tipo de custo e despesa para compreender de que forma eles influenciam na contabilidade de custos? Acompanhe o conteúdo! 2.2 Custos diretos O custo direto é aquele que pode ser diretamente atribuível a determinado produto ou serviço. No entanto, também podemos dizer que é o custo diretamente incluído no cálculo do valor do produto fornecido. Assim, estamos nos referindo aos custos que podem ser medidos de forma clara e objetiva. É possível citar como exemplos de custos diretos as matérias-primas utilizadas diretamente no processo produtivo, bem como a mão de obra relacionada e os serviços terceirizados, mas estes estão diretamente ligados à atividade fim da empresa. Tipificação de custos e despesas 19 2.3 Custos indiretos Ao contrário dos custos diretos, os custos indiretos se referem aos incorridos com o cálculo do valor da mercadoria fornecida por rateio. Nesse sentido, podemos dizer que os custos indiretos estão ligados aos custos que não podem estar diretamente relacionados à atividade fim da organização. Diante dessa definição, temos como exemplos de custos indiretos os gastos com energia, água, aluguel etc. Estes interferirão nos produtos fornecidos pela empresa, mas não estão diretamente relacionados a eles. Isto é, os gastos com custos indiretos não serão incluídos diretamente nos custos do produto, pois é necessário realizar uma avaliação para inclui-los no preço final. Martins (2003) nos apresenta os seguintes custos de produção: Figura 8 - Custos de produção Matéria-prima Embalagens $ 2.500.000 $ 5.600.000 $ 1.000.000 $ 600.000 $ 100.000 $ 400.000 $ 300.000 $ 500.000 $ 200.000 Materiais de Consumo Mao-de-obra Salários da supervisão Depreciação das Máquinas Energia Elétrica Aluguel do Prédio Total Fonte: Martins (2003, p. 31). A matéria-prima e as embalagens podem ser apropriadas aos produtos que a empresa em questão está produzindo, pois foi possível identificar quando cada um consumiu desses itens. Os materiais de consumo, por sua vez, podem estar ligados aos lubrificantes das máquinas, por exemplo. Dessa maneira, eles não podem ser associados a cada produto diretamente. Além disso, outros desses materiais são de pequeno valor, então é provável que também não serão associados (MARTINS, 2003). A mão de obra, por outro lado, pode estar relacionada a cada produto oferecido pela organização, pois normalmente se contabiliza o quanto cada trabalhador se empenhou na produção e o quanto esses colaboradores custam para a empresa. Entretanto, importante mencionar que parte dessa mão de obra está ligada aos chefes de equipes de produção, sendo que, nesse caso, não conseguimos verificar quanto atribuir disso diretamente aos produtos (MARTINS, 2003). 20 UNIDADE 1 Entendendo o Planejamento Já os salários de supervisão são ainda mais complicados de alocar por meio de uma verificação direta e objetiva que a mão de obra dos chefes de equipes de produção. Afina, essa supervisão é a geral da fábrica. Nesse sentido, Martins (2003) nos explica que esse custo representa o gasto com a supervisão dos chefes de equipes. No caso da depreciação das máquinas, é comum que as empresas depreciem linearmente em valores iguais por período, mas não por produto. Ela até poderia ser apropriada ao produto, mas precisaria ser contabilizada de outra maneira. Martins (2003) cita que parte da energia elétrica pode ser alocada em alguns produtos, já que as máquinas envolvidas podem consumir mais força por possuírem um medidor próprio. Com isso, a empresa consegue verificar quanto consome cada item produzido. Contudo, o restante da energia é medido de forma geral. Por exemplo, dos R$ 500 mil apresentados, R$ 350 mil podem ser alocáveis, mas R$ 150 mil não. Finalmente, temos o aluguel do prédio, que é impossível de ser medido diretamente o quanto pertence a cada produto. Com base nessas explicações e no exemplo dado pelo autor, podemos chegar à conclusão de que algumas despesas podem ser alocadas diretamente aos produtos e/ou serviços oferecidos pela organização, necessitando do consumo exato (quantidade de quilos consumidos, embalagem, horas consumidas, eletricidade consumida etc.). 2.4 Custos fixos Os custos fixos têm certa regularidade e não mudam de acordo com as necessidades de produção. Exemplos claros desse tipo são os custos indiretos, o que pode incluir o espaço ocupado pela empresa locada, como o escritório; e um salário semanal fixo, ou seja, o salário e as funções da equipe de gerenciamento que não serão alterados com as mudanças nas vendas. A depreciação do equipamento também é quase sempre considerada uma despesa fixa. Vamos entender a respeito do custo fixo realizando uma aplicação de cálculo? Confira o recurso a seguir com atenção! Tipificação de custos e despesas 21 Imagine que a empresa de embalagem Doces e Travessuras, no mês de setembro de 2019, teve seus custos fixos totalizando R$ 5.000,00. No mês de outubro do mesmo ano, ela produziu R$ 2.000,00 em produtos para vender. Dessa maneira, o cálculo diante das informações apresentadas é feito da seguinte maneira: • somam-se todos os custos fixos (R$ 5.000,00); • somam-se todos os itens produzidos (R$ 2.000,00); • divide-se o custo fixo pela quantidade de itens produzidos ( ), a fim de obter o valor médio para a produção de cada item (R$ 2,50 por item). No exemplo em questão, portanto, o custo para fabricar cada item vendido pela empresa é de R$ 2,50. Assim, fica clara a importância de sabermos os custos para definir o custo de venda dos produtos no mercado! UNI Alguns custos fixos podem ser reduzidos para melhorar o fluxo de caixa, mas isso exige que algumas decisões sejam tomadas, como mudar para um local de trabalho mais barato ou reduzir o número de funcionários. Por outro lado, outros custos fixos — a exemplo da depreciação — não melhorarão o fluxo de caixa da organização, mas podem melhorar o balanço patrimonial. Para a maioria das empresas, um bom exemplo de custo fixo é o aluguel do local onde a organização exerce suas funções. Independentemente da produção, esse aluguel é sempre o mesmo, ainda que se tenha um mês de alta ou baixa demanda. 2.5 Custos variavéis Os custos variáveis são aqueles que dependem diretamente dos requisitos de produção para definir o seu valor. Eles incluem itens como: • matérias-primas (insumos diretos): quanto mais materiais diretos a empresa comprar, mais gastará com eles; • embalagens: quanto mais mercadorias a serem enviadas, maiores serão os custos envolvidos em envio e embalagem; • impostos diretos sobre as vendas: ICMS, simples, ISS, PIS, COFINS, IPI, IRPJ ou contribuição social; • mão de obra industrial: quanto mais produtos ou serviços a empresa oferecer, mais tempo os funcionários trabalharão; • comissões: quanto mais os vendedores vendem, mais comissões serão pagas. 22 UNIDADE 1 Entendendo o Planejamento A fórmula para encontrarmos os custos variáveis totais é dada pelo número total de um bem ou serviço vendido, vezes o custo variáveis por unidade. Vamos aplicar esse cálculo para uma melhor absorção do conteúdo? Acompanhe! Suponha que a empresa Traçados e Linhas possui um negócio que vende camisetas. Ela vende 1.800 camisetas por mês. O custo por unidade ou para ser vendida cada camiseta é de R$ 17,75. Assim, os custos variáveis totais são dados por . Isto é, o custo variávelserá de R$ 31,95. UNI Porém, vale ficarmos atentos à relação entre custos variáveis e vendas, pois se estas aumentarem, os custos variáveis também aumentarão. Do contrário, se as vendas caírem, consequentemente os custos variáveis cairão. O aumento dos custos variáveis nem sempre é uma má notícia para o negócio. Isso porque, como mencionamos, quando as vendas aumentam, é preciso fabricar mais produtos ou se preparar para realizar mais serviços. O valor gasto em custos variáveis aumentará. No entanto, esse aumento nas vendas trará mais receita para o negócio. Importante ressaltar, em contrapartida, que a receita precisa crescer mais rápido que as despesas. Se os custos variáveis aumentarem mais rápido que a receita, não haverá lucro. Outro fator importante para determinar a lucratividade em uma empresa é a margem de contribuição variável (receita marginal). Ela é conhecida pela diferença entre a receita e os custos variáveis. A respeito da margem de contribuição variável, para determiná-la, precisamos seguir um passo a passo, conforme exposto na sequência: • primeiro, deve-se encontrar o preço de um produto e/ou serviço ou a quantidade desse produto vendido para a empresa; • depois, determina-se o custo variável do produto ou serviço. Os custos variáveis variam de acordo com as vendas, incluindo materiais diretos, mão de obra direta e custos de transporte; • por fim, é preciso subtrair os custos variáveis do preço. A receita marginal variável é a solução para esse cálculo (custo variável - preço). Tipificação de custos e despesas 23 Imagine que, na pastelaria Massa Roma, o valor do pastel grande à moda da casa é de R$ 15,00. Para fazer e embalar, o proprietário do negócio tem um custo de R$ 5,50. Diante disso, podemos mencionar que a margem de contribuição variável do pastel é de R$ 9,50, pois R$ 15,00 – R$ 5,50 = R$ 9,50. UNI Podemos utilizar a receita marginal variável para analisar quanto dinheiro resta para cobrir os custos fixos. Conforme o resultado, é possível comparar o custo fixo total com o benefício marginal variável. Se o custo fixo for menor que a receita marginal variável, conseguimos identificar quanto lucro líquido se alcançou. Figura 9 - Custo fixo x custo variável Custo fixos São aqueles cujos valores permanecem constantes dentro de determinada capacidade de produção Custos variaveis São aqueles diretamente relacionados à produção.≠ Fonte: Elaborada pela autora (2021) Agora, sabendo a diferença entre cada tipo de custo, podemos observar que os custos são pontos críticos para a saúde financeira da empresa. Práticas erradas podem levar a perdas, como preços e planejamento de orçamento de negócios ruins. Assim, eles fazem parte da ferramenta de negócios, uma vez que não existe produto sem custo. Logo, devemos implementar estratégias de redução de custos para melhorar a rentabilidade do empreendimento. Com isso em mente, o relatório contábil utilizado de forma gerencial se tornará um importante suporte para se saber quando e quando é gasto, a fim de verificar a origem do maior custo do recurso. Os custos variáveis são os mais difíceis para cortar, pois estão diretamente relacionados à produção, mas não são impossíveis. Por meio de análise, pesquisa e planejamento aprofundado, resultados frutíferos podem ser alcançados. 24 UNIDADE 1 Entendendo o Planejamento 2.6 Despesas variaveis e fixas No que diz respeito às despesas, podemos definir como todas aquelas relacionadas à gestão da empresa, a exemplo de negócios, marketing, desenvolvimento de produtos e finanças. São, portanto, gastos necessários para manter o bom funcionamento da estrutura, mas que não contribuem diretamente para a produção de novos itens a serem comercializados pela organização. As despesas afetam as demonstrações contábeis financeiras, especialmente a demonstração do resultado, que relata o desempenho financeiro durante um período específico. No caso das despesas variáveis, tratam-se daquelas proporcionais ao volume de vendas (quanto maior o volume de vendas, maior o gasto). Elas permanecem inalteradas em seus aspectos unitários. Alguns exemplos de despesas variáveis são os fretes e as multas por atraso na entrega de produtos aos clientes, as comissões de venda, o gasto com combustível dos veículos da empresa e os incidentes ou acidentes na produção. Dizemos que as despesas variáveis estão em algum lugar entre o custo e a despesa. Isso porque, por não estarem diretamente relacionadas à quantidade de produtos produzidos ou vendidos, aparecem como “despesas”, mas ainda mantêm uma relação estreita com as atividades de produção e vendas. Já as despesas fixas não mudarão com a quantidade produzida ou vendida. Isso significa que uma taxa mensal será cobrada, independentemente de a empresa ter um bom desempenho nos negócios ou não. Alguns exemplos seriam as contas de água, energia elétrica e telefone, o salário dos funcionários, o aluguel do imóvel onde o negócio se localiza, as taxas bancárias e outros gastos frequentes da empresa. Figura 10 – Despesas Fonte: stevepb, Pixabay (2021). Tipificação de custos e despesas 25 Para calcular as despesas fixas e variáveis em uma empresa, o gestor precisará fazer duas coisas: mapear todas as entradas e saídas de dinheiro e estar familiarizado com alguns conceitos financeiros. Apesar da simplicidade, a maioria dos gestores ainda perde a oportunidade de se familiarizar com os termos financeiros e ignora esse ponto enquanto parte de uma decisão importante para o desenvolvimento do negócio. Lembre-se de que, se você aprender a classificar as despesas e controlar receitas e despesas mensais, alcançará seus objetivos financeiros com maior facilidade. Para tanto, precisa entender as definições financeiras de despesas (fixas e variáveis) e receitas (receita líquida, receita total e lucro). DICAS Para finalizarmos e você ter em mente os conceitos a que estamos nos referindo, vale anotar o seguinte para sempre consultar quando necessário: • receita bruta: é, basicamente, todo o dinheiro que entra na empresa; • receita líquida: é o resultado da receita bruta, menos suas devoluções, os impostos destacados na nota fiscal e os descontos comerciais; • lucro: é definido como a diferença entre receita líquida, menos todos os custos e as despesas envolvidos. Não é necessariamente bom ou ruim para uma empresa ter mais despesas fixas ou variáveis. No fim, tudo dependerá da combinação das variações de lucro e custo do produto e/ou serviço produzido e comercializado pela organização! 26 AUTOATIVIDADE 1. Considerando nosso material de estudos, podemos afirmar que os custos estão relacionados à atividade fim da empresa, ou seja, ao que ela produz, ao passo que as despesas não estão ligadas a essa atividade. Diante disso, no ambiente de uma empresa, podemos afirmar que: ( ) os custos diretos são apropriados aos produtos, como a matéria- prima. ( ) os custos indiretos podem ser alocados em cada produto, como a embalagem. ( ) os custos variáveis não variam no produto em seu processo produtivo, como o frete de mercadorias. ( ) os custos fixos têm relação direta com a quantidade produzida, como o aluguel. 2. O gerente de uma empresa terá maior controle sobre os custos e as despesas quando tem ao seu alcance um programa de otimização de recursos contínuo, tornando a organização mais competitiva em seu mercado comercial. Diante disso, com base em nossos estudos, temos alguns tipos de custos que podem ser analisados. Cite exemplos de custos variáveis. 3. Conhecer e entender os custos e as despesas que incorrem no processo produtivo de uma empresa é fundamental para que os gestores possam tomar decisões assertivas e, principalmente, para identificar a rentabilidade dos negócios. Sendo assim, considerando as terminologias estudadas, conceitue e exemplifique os custos fixos e as despesas variáveis. 4. Muitas despesas são automaticamente convertidas em despesas,enquanto outras entram primeiro no estágio de custo. Também temos aquelas que passam pelos estágios de investimento, custo, investimento e, em seguida, tornam-se despesas, de fato. Diante disso, com base em nossos estudos a respeito do assunto, analise as afirmativas a seguir e a relação proposta entre elas. I - Entre as principais vantagens de um cálculo correto de custos e despesas, podemos destacar a análise da margem de contribuição por produto 27 PORQUE II - esse cálculo ajuda as empresas a melhorarem os preços e, consequentemente, a margem opressiva. Agora, assinale a alternativa correta. ( ) As afirmativas I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa da I. ( ) A afirmativa I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. ( ) As afirmativas I e II são proposições falsas. ( ) A afirmativa I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. 5. Suponha que uma empresa gratifique seus vendedores exclusivamente por meio de um percentual incidente sobre o valor das vendas realizadas. Nesse caso, quanto mais eles venderem, mais serão bonificados. Nesse sentido, considerando nossos estudos a respeito do assunto, podemos dizer que a remuneração dos vendedores, para a empresa, é: ( ) uma despesa variável. ( ) um custo fixo. ( ) uma despesa fixa. ( ) um custo variável. 28 UNIDADE 1 Entendendo o Planejamento 29 TÓPICO 3 UNIDADE 1 3. Diferença entre gastos e custos 3.1 Introdução do tópico Muitas pessoas confundem os conceitos de despesas, custos e gastos, uma vez que eles parecem estar relacionados à mesma coisa, não é? No entanto, a verdade é que cada um traz sua definição adequada. Assim, entender a diferença entre essas terminologias é fundamental para equilibrar as finanças empresariais e pessoais, o que permite uma maior tranquilidade financeira. Pensando nisso, ao longo deste tópico, estudaremos qual é a diferença entre gastos e custos, uma vez que já compreendemos quanto às despesas. 3.2 Diferença entre gastos e custos De forma simples, podemos dizer que o gasto é a despesa financeira e todo sacrifício feito pela entidade para obter bens ou serviços. Por outro lado, o conceito de despesa é muito amplo e difícil de ser colocado em poucas palavras. Como exemplos de gastos, podemos citar a compra de máquinas, equipamentos, veículos, móveis e ferramentas. As despesas podem se tornar um investimento, sendo que este, por sua vez, tornará-se um custo e uma despesa ao mesmo tempo. Ribeiro (2016, p. 19) faz a definição de despesas e custos para que possamos entender que há uma diferença na linguagem da contabilidade de custos: Essas duas palavras (despesa e custos), embora, quando utilizada pela contabilidade de custo tecnicamente representem coisas diferentes, quando utilizadas na nossa linguagem comum ou integrando terminologias de outras profissões, em certos casos, podem representar coisas semelhantes. Custo é um gasto, ou seja, um sacrifício financeiro que uma entidade suporta quando usa fatores de produção para realizar bens ou serviços. No comércio, a aquisição de mercadorias é o custo, enquanto que, na indústria, essa mesma aquisição é entendida como de matérias-primas, insumos e mão de obra na produção de mercadorias. 30 UNIDADE 1 Entendendo o Planejamento Figura 11 – Gastos e custos Fonte: stevepb, Pixabay (2021). Conforme Ribeiro (2016), o gasto pode ser definido como uma parte da despesa e parte custo. Isso nos deixa um pouco confusos, não é? Esse assunto é complexo, mas a contabilidade de custos envolve os custos que beneficiam tanto as áreas de produção quanto as áreas administrativa e comercial. Assim, é necessário separar a parte que será classificada como despesa da parte que será classificada como custo. Suponha que a empresa Linhas e Traçados comprou 4.000 unidades de matéria-prima, mas utilizou apenas 1.800 unidades no processo de transformação em determinado período, sendo a diferença ativada a título de estoque de matéria-prima. Desse modo, o gasto foi relativo às 4.000 unidades, ao passo que o custo foi de 1.800 unidades. UNI Diferenças entre gastos e custos 31 O custo não deve considerar apenas o ganho com dinheiro, visto que há outros meios de se obter o que é necessário, como a força física. Diante dessas definições, é possível concluir que há uma mudança a qual pode causar confusão, mas vamos simplificar da seguinte forma: as despesas podem se tornar um investimento, mas este se torna um custo e uma despesa ao mesmo tempo. Devemos diferenciá-los considerando a finalidade dos produtos e/ou serviços consumidos, bem como seus impactos no orçamento. E mais importante do que defini-los, é saber controlá-los, independentemente de ser despesas, gastos ou custos! 32 AUTOATIVIDADE 1. No conceito contábil, despesas, custos e gastos não representam a mesma coisa. Entender essa diferença é importantíssimo para qualquer empresa, em especial para que se possa identificar o que deve ser ajustado ou o que pode ser mantido. Diante desse contexto, imagine a seguinte situação: a empresa Pascoina, no mês de fevereiro de 2021, iniciou a produção para a páscoa de 40.000 unidades de salgados. Ela teve os seguintes gastos: Chocolate meio amargo (CV) 1.000,00 Margarina (CV) 80,00 Depreciação do fogão (CF) 200,00 Comissão do vendedor (CV) 2.000,00 Ovos (CV) 70,00 Salário do pessoal da produção (CF) 2.480,00 Embalagem (CF) 150,00 Gás (CF) 20,00 Honorários fixos (CF) 3.000,00 Fonte: Elaborada pela autora (2021). Com base nos dados da tabela anterior, qual é o custo variável total e o custo fixo total? 2. Como bem sabemos, a contabilidade de custos atua nas empresas como uma investigadora das informações que irão ajudar na decisão e no planejamento do custo de produção para a formação do preço de venda. Assim, considerando a temática e nossos estudos a respeito, por que é correto afirmar que gastos são quaisquer despesas realizadas por indivíduos ou entidades, a fim de obterem produtos ou serviços? 33 3. Suponha o seguinte caso: o gestor da empresa Camiseta & Bermunda Ltda. apresentou as seguintes informações relacionadas ao seu processo de produção de dois produtos, informando o custo unitário e a quantidade produzida. Camiseta baby Quantidade produzida Custo unitário Custo total 2.000 unidades R$ 7,00 R$ 14.000,00 3.000 unidades R$ 7,00 R$ 21.000,00 4.000 unidades R$ 7,00 R$ 28.000,00 Camiseta lange Quantidade produzida Custo unitário Custo total 2.000 unidades R$ 15,00 R$ 30.000,00 3.000 unidades R$ 10,00 R$ 30.000,00 3.750 unidades R$ 8,00 R$ 30.000,00 Fonte: Elaborada pela autora (2021). Com base nas informações dispostas, podemos dizer que os custos das camisetas baby e lange, em relação à unidade de produto, são, respectivamente: ( ) variável e fixo. ( ) fixo e fixo. ( ) fixo e direto. ( ) variável e variável. 34 AUTOATIVIDADE 4. As empresas industriais são caracterizadas por suas atividades de produção, ou seja, por transformarem matérias-primas em produtos industriais. Tal atividade de transformação é conhecida como produção industrial. Nesse sentido, podemos dizer que os custos de amortização e depreciação dos equipamentos que a empresa utiliza no processo produtivo de mais de um produto, os salários de supervisores de produção, o aluguel de fábrica e a eletricidade (que não podem ser associados ao produto) devem ser classificados como custos: ( ) com materiais diretos. ( ) diretos. ( ) variáveis. ( ) indiretos. 5. Imagine a seguinte situação: a empresa Trânsito & Confusão mantém, entre os diversos itens componentes de sua estrutura de gastos mensais, itens como a taxa mensal constante de energia elétrica, a matéria-prima consumida, o aluguel do galpão da fábrica, a depreciação de equipamentos calculada com base em unidades produzidas e o contrato de seguro do prédio da administração geral. Nesse sentido, podemos afirmar que: ( ) a taxa mensalde energia elétrica e a matéria-prima consumida são custos fixos. ( ) o aluguel do galpão da fábrica e a depreciação de equipamentos são custos diretos. ( ) a matéria-prima consumida é um custo variável. ( ) o contrato de seguro do prédio da administração geral é um custo direto. RESUMO Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. CHAMADA A contabilidade de custos possui diversos objetivos básicos. Por sua vez, a aplicação do pensamento sistêmico explora e tenta provar a conexão entre os objetivos ideais da organização e os reais. Em alguns casos, esses objetivos podem ser determinados por ações em vez de ideais imaginários. As empresas adquirem matéria-prima para serem transformadas em produtos, sendo que o produto final é o resultado da agregação de diferentes materiais e esforços de produção. Diante dessa realidade, as pessoas acharam necessário revitalizar o sistema contábil estabelecendo uma metodologia de controle de custos, a qual fornece informações para usuários externos e investidores. No entanto, saber o custo de cada item utilizado e envolvido é essencial para entender se o produto a ser oferecido é lucrativo por determinado preço. Do contrário, deve-se analisar a possibilidade de reduzir os custos para alcançar resultados melhores. Assim, ao longo de nossos estudos sobre a contabilidade de custos, o desenrolar dos conceitos e a aplicabilidade se tornarão pontos de fácil compreensão, incluindo outras variáveis relacionadas ao tema, como os métodos de custeio. 45 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA Contabilidade de Custos: Métodos de Inventário de Estoque UNIDADE 2 Esta unidade está dividida em três tópicos. No final de cada um deles, você encontrará atividades visando à compreensão dos conteúdos apresentados. TÓPICO 1 - Custos dos serviços prestados, do produto vendido e da mercadoria vendida; TÓPICO 2 - Contabilidade de custos industrial e comercial; TÓPICO 3 - Métodos de custeios: por absorção, variável e ABC. A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • visualizar a aplicação dos métodos de custeios; • compreender a contabilidade de custos na visão do comércio; • analisar a contabilidade de custos sob a visão da indústria. 46 47 Introdução da unIdade O objetivo da contabilidade é acumular informações financeiras para serem utilizadas na tomada de decisões econômicas. Logo, pode-se definir que a finalidade da contabilidade financeira é coletar dados que possam ser aplicados para preparar as demonstrações financeiras, atendendo às necessidades de investidores, credores e outros usuários externos quanto às informações financeiras da organização. As declarações incluem balanço, demonstração de resultados, demonstração de resultados retidos e demonstração de fluxo de caixa. Embora tais demonstrações financeiras sejam úteis para gerentes e usuários externos, elas não são suficientes. Assim, outros relatórios, listas de verificação e análises devem ser considerados para uso interno em planejamento e controle. A gestão passa muito tempo avaliando os problemas e as oportunidades dos vários departamentos da empresa, em vez de verificar a organização como um todo. Como resultado, as demonstrações financeiras externas pouco ajudam a administração nos momentos das tomadas de decisões diárias. A contabilidade de custos, por sua vez, fornece outras informações necessárias para esses relatórios especiais de gerenciamento, bem como dados preciosos para preparar as demonstrações financeiras. Por isso, nesta unidade, conheceremos a contabilidade de custos na indústria e no comércio. O material exigirá um pouco mais de atenção da sua parte, mas, com uma leitura atenta, certamente irá tirar de letra! UNIDADE 2 Contabilidade de Custos: Métodos de Inventário de Estoque 48 49 UNIDADE 2 1. Custos dos serviços prestados, do produto vendido e da mercadoria vendida TÓPICO 1 1.1 Introdução do tópico Os empresários devem considerar a contabilidade como uma aliada do negócio, mas, para além disso, os profissionais contábeis devem entender quanto aos recursos relacionados e garantir informações precisas para que os gestores possam tomar as decisões corretas, firmando uma vantagem competitiva. O fato é que, independentemente de ser na indústria, nos negócios ou nos setores de serviços, a visão das contas corporativas não pode ser tão pragmática. A relação entre vendas e faturamento deve incluir um item essencial: o custo. Na prática, isso significa que os custos de produção ou compra de produtos e prestação de serviços devem ser subtraídos das vendas. Assim, eis que surge o custo dos produtos vendidos (CPV), o custo das mercadorias vendias (CMV) e o custos dos serviços vendidos (CSV). Esses três indicadores calculam o custo direto de produção e compra de produtos ou serviços da empresa em determinado período. Por esse motivo, além dos custos operacionais específicos, os saldos inicial e final dos estoques ou serviços em andamento também estão incluídos nessas contas. Dessa forma, CPV, CMV e CSV não considerarão o custo dos produtos em estoque ou dos serviços que ainda estão sendo implementados, mas consideram os itens que foram vendidos ou serviços prestados. Vamos nos aprofundar a respeito? 1.2 Custo dos produtos vendidos (CPV) O custo dos produtos vendidos (CPV) inclui todos os custos de produção e armazenamento do produto até a sua venda. Quando vendemos o produto, o valor da transação é incluído na conta da loja, certo? Porém, para saber o lucro dessa venda, é necessário deduzir do preço final as despesas que gastamos na produção ou obtenção do produto e armazenamento do produto. Tais despesas podem ser calculadas como o custo dos produtos vendidos para mostrar o lucro bruto, que é a diferença entre a despesa e a receita da transação. UNIDADE 2 Contabilidade de Custos: Métodos de Inventário de Estoque 50 Figura 12 - Custo de vendas Fonte: Freepik (2021). Importante lembrar que, deduzindo o custo das vendas do produto do preço de venda, conseguimos obter um lucro bruto. Para saber o lucro líquido, é necessário descontar outros valores, como aluguel e salários. O CPV está diretamente relacionado aos processos industriais, por isso, além do saldo de estoques, despesas gerais de fabricação, custos de matéria- prima e mão de obra, o indicador também é utilizado como variável. A fórmula do CPV é dada por , sendo que: = custo dos produtos vendidos; = estoque inicial; = insumos (matérias-primas, materiais de embalagem e outros) aplicados nos produtos vendidos; = mão de obra direta aplicada nos produtos vendidos; = gastos gerais de fabricação (aluguéis, energia, depreciações, mão de obra indireta etc.) aplicados nos produtos vendidos; = estoque final (inventário final). Custos dos serviços prestados, do produto vendido e da mercadoria vendida 51 Por exemplo, imagine que determinada empresa queira apurar o lucro bruto do primeiro mês em que seu novo produto ficou no mercado. Para tanto, ela deve calcular o custo dos produtos vendidos e compará-lo com o faturamento, que foi de R$ 450.000,00. A contabilidade repassou os seguintes dados: • estoque inicial de R$ 150.000,00; • insumos de R$ 70.000,00; • mão de obra de R$ 20.000,00; • gastos gerais de fabricação de R$ 30.000,00; • estoque final de R$ 15.000,00. Com tais informações, podemos realizar as substituições necessárias na fórmula anterior. Logo, temos o seguinte cálculo: Dessa maneira, temos que o custo dos produtos de vendidos da empresa, no mês em questão, foi de R$ 255.000,00. Para chegar ao lucro bruto, faremos o seguinte cálculo: R$ 400.000 - R$ 255.000= R$ 195.000,00. Ribeiro (2016, p. 31), quanto aos custos dos produtos vendidos, menciona que: Os produtos que tiveram seus processos de fabricação iniciados em períodos anteriores e encerrados no período atual receberão cargas de custos proporcionais ao processo de fabricação em cada um dos períodos durante os quais estiveram em fabricação. Essas cargas de custos são atribuídas no final de cada período, para que os referidos produtos inacabados possam ser devidamente avaliados para integrar os estoques finais de produtos em elaboração no término de cada um desses períodos. Portanto, temos que o custo dos produtos vendidos nos ajuda a realizar um controle financeiro correto, mostrando a situação real da empresa e auxiliando na formulação de preços adequados de acordo com a meta de lucro da empresa. UNIDADE 2 Contabilidade de Custos: Métodos de Inventário de Estoque 52 Ribeiro (2016) apresenta em sua obra o modelo da demonstração do custo dos produtos vendidos, assim como as expressões técnicas utilizadas para o preenchimento dessa demonstração. Observe o quadro na sequência. Quadro 1 - Demonstração do custo dos produtos vendidos 1 Estoque inicial de matérias-primas 2 (+) Compras líquidas de matérias-primas 3 (=) Custo das matérias-primas disponíveis (1 + 2) 4 (–) Custo das matérias-primas não aplicadas na produção 5 Estoque final de matérias-primas 6 Custo das vendas de matérias-primas 7 Subprodutos acumulados no período 8 Outros 9 (=) Custo das matérias-primas aplicadas (3 - 4) 10 (+) Mão de obra direta 11 (=) Custo primário (5 + 6) 12 (+) Outros custos diretos 13 Materiais secundários 14 Materiais de embalagem 15 Outros materiais 16 Gastos gerais de fabricação diretos 17 (=) Custos diretos de fabricação (7 + 8) 18 (+) Custos indiretos de fabricação 19 Materiais indiretos 20 Mão de obra indireta 21 Gastos gerais de fabricação indiretos 22 (=) Custo de produção do período (9 + 10) 23 (+) Estoque inicial de produtos em elaboração 24 (=) Custo de produção (11 + 12) 25 (–) Estoque final de produtos em elaboração 26 (=) Custo da produção acabada no período (13 - 14) 27 (+) Estoque inicial de produtos acabados 28 (=) Custo dos produtos disponíveis para venda (15 + 16) 29 (–) Estoque final de produtos acabados 30 (=) Custo dos produtos vendidos (17 - 18) Fonte: Adaptado de Ribeiro (2016). Na figura a seguir, podemos observar algumas expressões utilizadas na demonstração do custo dos produtos vendidos e o que cada uma representa. Custos dos serviços prestados, do produto vendido e da mercadoria vendida 53 Figura 13 - Expressões técnicas utilizadas no DCPV Custo das matérias-primas disponíveis Custo da produção acabada no período • Compreende o custo de produção, menos o estoque final de produtos em elaboração. • Fórmula dada por CPA = CP – EFPE Custo de produção • Compreende o custo de produção do período, mais o estoque inicial de produtos em elaboração. • Fórmula dada por CP = EIPE + CPP Custo de produção do período • Compreende a soma dos custos incorridos na produção do período dentro da fábrica. • Fórmula dada por CPP = Materiais + MO + GGF Custo primário • Compreende os gastos com matérias-primas aplicadas, mais os gastos com mão de obra direta. • Fórmula dada por CP = MP + MOD • Compreende o total das matérias-primas que a empresa teve à sua disposição durante o período para aplicar na produção. • Fórmula dada por CMPD = EIMP + CLMP Custo das matérias-primas aplicadas • Custo das matérias-primas disponíveis diminuído da somatória dos seguintes valores: custo do estoque final de matérias-primas, custo das vendas de matérias-primas, valor dos subprodutos acumulados durante o período (parte do custo dos subprodutos derivada de sobras de matérias-primas) e outros eventos que venham a reduzir o custo das matérias-primas disponíveis, como as baixas por perecimento, sinistro, furtos etc. • Fórmula dada por CMPA = CMPD – EF – V – SP – O' Custo de transformação • Embora o título não esteja evidenciado na DCPV, compreende a soma dos gastos com mão de obra (direta e indireta) e gastos gerais de fabricação (diretos e indiretos) aplicados na transformação dos materiais em produtos. • Fórmula dada por CT = MOT + GGFT Fonte: Adaptada de Ribeiro (2016). Agora que pudemos entender sobre o custo dos produtos vendidos, no próximo item estudaremos quanto ao custo das mercadorias vendidas. 1.3 Custo das mercadorias vendidas (CMV) O custo das mercadorias vendidas (CMV) é mais utilizado no comércio, porém pode incluir quaisquer atividades que não sejam necessárias ao setor, bastando que as empresas adquiram alguns produtos para revenda, como aqueles vendidos por salões de beleza aos clientes. Esse custo representa o custo do revendedor, distribuidor ou fabricante, desde a compra do produto até a sua venda ao cliente. Portanto, se o resultado for negativo, a receita de vendas, menos o custo das mercadorias vendidas, representará o lucro ou prejuízo bruto. O CMV se trata, então, de um cálculo de gerenciamento utilizado para medir o custo direto de produção e compra de um produto durante um período. IMPORTANT E UNIDADE 2 Contabilidade de Custos: Métodos de Inventário de Estoque 54 O CMV é amplamente utilizado por grandes empresas como um indicador para medir a lucratividade das vendas. Ele é relatado na demonstração de resultados do ano corrente e pode ser tratado como uma despesa durante o período contábil. A fórmula do CMV é dada por , sendo que: = custo das mercadorias vendidas; = estoque inicial; = compras; = estoque final (inventário final). Peguemos o exemplo anterior. Suponhamos, agora, que a empresa queira apurar o lucro bruto do mês de abril de 2021, quando o produto novo foi para o mercado. Seu faturamento no mês de março do mesmo ano foi de R$ 160.000,00. Além disso, temos: • estoque inicial de R$ 40.000,00; • compras de R$ 100.000,00; • estoque final de R$ 25.000,00. Com tais informações, também podemos realizar as substituições necessárias na fórmula anterior. Dessa maneira, temos o seguinte cálculo: Dados postos, conseguimos chegar ao resultado, sendo que o custo da mercadoria de vendidas no mês em questão foi de R$ 155.000,00. Já para chegarmos ao lucro bruto, faremos o seguinte cálculo: R$ 160.000 - R$ 115.000 = R$ 45.000,00. Ao combinar os custos incorridos com a receita de vendas, o princípio da consistência contábil pode ser alcançado. Custos dos serviços prestados, do produto vendido e da mercadoria vendida 55 Portanto, a fórmula CMV é particularmente importante para a gestão porque não só pode ser utilizada como um indicador de lucratividade, mas, também, pode ajudar os gestores da empresa a analisarem o modo como compram e vendem produtos. Geralmente, os cálculos melhoram esses processos e aprimoram o controle operacional. Figura 14 - Mercadorias vendidas Fonte: sunnygb5, Freepik (2021). Sem dúvida, o cálculo do custo das vendas é uma etapa muito relevante na avaliação da situação financeira da empresa. Contudo, vale mencionar que essa medida também pode trazer outros benefícios para o negócio. Uma delas é verificar se a política de compras está de acordo com as tendências de consumo. Por exemplo, uma empresa pode investir demais em um produto que não é mais atraente para o público-alvo. Desse modo, quando observamos essa situação, podemos gerenciar mais facilmente as despesas, comprando bens ou matérias- primas. Além disso, os cálculos CMV também são úteis para uma melhor gestão de estoque. Uma vez que existem informações relevantes sobre os produtos mais vendidos ou que ficaram mais tempo no armazém. A empresa, então, poderá tomar medidas para utilizar o espaço disponível, ajudando na redução de custos e no aumento da receita. UNIDADE 2 Contabilidade de Custos: Métodos de Inventário de Estoque 56 1.4 Custo dos serviços vendidos (CSV) O custo dos serviços vendidos diz respeito a um cálculo que pode mostrar o quanto a empresa gastarápara vender cada um de seus produtos em determinado período. Assim, ao descobrir quanto custará a execução de cada serviço vendido, o empresário poderá analisar melhor sua gestão. A fórmula do CSV é dada por , sendo que: = custo dos serviços vendidos; = saldo inicial dos serviços em andamento; = mão de obra direta aplicada nos serviços vendidos; = gastos diretos (locação de equipamentos, subcontratações etc.) aplicados nos serviços vendidos; = gastos indiretos (luz, mão de obra indireta, depreciações de equipamentos etc.) aplicados nos serviços vendidos; = saldo final dos serviços em andamento. Por exemplo, imaginemos que determinada empresa queira mensurar os custos de seus serviços vendidos no mês de abril de 2021 para outra organização. Os dados apurados podem ser observados a seguir: • saldo inicial de R$ 30.000,00; • mão de obra direta de R$ 20.000,00; • gastos diretos de R$ 8.000,00; • gastos indiretos de R$ 6.000,00; • saldo final de R$ 10.000,00. Custos dos serviços prestados, do produto vendido e da mercadoria vendida 57 Novamente, fazendo as substituições na fórmula de CSV, temos que: Com os cálculos realizados, podemos entender que o valor de R$ 54.000,00 é referente aos custos dos serviços vendidos no mês de abril de 2021. Ao compará- los ano a ano, conseguimos, inclusive, monitorar o aumento ou a diminuição dessas despesas. Ribeiro (2016) complementa que o CSV pode ser entendido como o valor do salário e dos encargos do trabalhador que executou a tarefa. Com ele, conseguimos verificar qual departamento está mudando ou exigindo mais atenção e, se necessário, traçar estratégias para reduzir despesas sem perder a produtividade. A Receita Federal brasileira distingue os serviços vendidos dos serviços prestados, levando em consideração que os primeiros dizem respeito a quando os segundos estão relacionados à mão de obra de terceiros, como os médicos em hospitais. Nesse caso, o que é disponibilizado é o tempo para a prestação direta de serviços. Outro exemplo seria a instalação de aparelhos de ar-condicionado ou a pintura de casas. No entanto, essa distinção não tem implicações financeiras. 58 AUTOATIVIDADE 1. Considerando o que estudamos até o momento, imagine a seguinte situação: a empresa Parafusos e Pregos S.A., no mês de março de 2021, teve movimentações de compra e venda de mercadorias conforme a tabela a seguir. Data Operação Valor 02/03/2021 Compra R$ 300,00 10/03/2021 Venda R$ 70,00 15/03/2021 Compra R$ 250,00 17/03/2021 Compra R$ 500,00 25/03/2021 Compra R$ 600,00 25/03/2021 Venda R$ 750,00 Fonte: Elaborada pela autora (2021). Considerando os dados anteriores e sabendo que os estoques no final dos meses de fevereiro e março de 2021 foram de R$ 950,00 e R$ 1.650,00, respectivamente, qual foi o custo de mercadoria vendida (CMV) da empresa? 2. Suponha o seguinte caso: a empresa Tuca e Tucano presta serviços de instalação de fibra óptica na cidade de Menorzinha do Sul. Devido à pandemia do COVID-19, no mês de outubro de 2020, a organização faturou R$ 395.000,00. Além disso, temos mais algumas informações para nos ajudar com os cálculos: • saldo inicial dos serviços em andamento de R$ 60.000,00; • mão de obra direta de R$ 90.000,00; • gastos diretos de R$ 10.250,00; • gastos indiretos de R$ 3.500,00; • saldo final dos serviços em andamento de R$ 29.650,00. Considerando os dados apresentados e nossos estudos, qual foi o custo do serviço vendido (CSV) pela empresa em questão? 59 3. Imaginemos o seguinte: a empresa Ômega Máscaras Ltda., devido à pandemia do COVID-19, precisou apurar o lucro bruto referente ao mês de novembro de 2020, considerando o lançamento de um produto. Seu faturamento foi de R$ 375.000,00, mas ainda temos outros valores a contabilizar: • estoque inicial de R$ 50.000,00; • insumos de R$ 35.000,00; • mão de obra de R$ 19.560,00; • gastos gerais de fabricação de R$ 24.250,00; • estoque final de R$ 15.000,00. Diante disso, qual é o custo dos produtos vendidos (CPV) pela empresa em questão? ( ) R$ 120.657,00. ( ) R$ 113.810,00. ( ) R$ 115.765,00. ( ) R$ 98.867,00. 60 AUTOATIVIDADE 4. O cálculo dos custos de mercadorias vendidas é muito importante para a empresa. Com ele, a organização consegue identificar algumas informações que, muitas vezes, auxiliam nas tomadas de decisões assertivas, gerando vantagens competitivas. Nesse sentido, como podemos conceituar o custo de mercadoria vendida? ( ) É a soma das despesas para produzir e armazenar uma mercadoria até que a venda seja efetivada. ( ) É um cálculo utilizado considerando a medição de custo, a qual está diretamente relacionada ao processo de produção ou à distribuição do produto. ( ) É o valor médio pago pelo cliente quando este clica em um anúncio patrocinado. ( ) É o custo ideal por clique, o qual será determinado pelo ROI desejado ou pelo investimento que se quer fazer. 5. Como pudemos estudar até o momento, a empresa, para realizar uma contabilização correta de seus gastos e custos envolvidos na produção e venda de seus itens, precisa contar com a usa de indicadores e cálculos específicos. Nesse sentido, com base em nossos estudos sobre a temática, relacione os itens listados a seguir aos seus respectivos exemplos. I - Custo de mercadoria vendida (CMV). II - Gastos diretos. III - Gastos indiretos. IV - Insumos. V - Gastos gerais de fabricação. 61 ( ) Mão de obra indireta, luz e depreciações de equipamentos. ( ) Materiais de embalagem, matérias-primas e outros materiais. ( ) Energia, depreciações, aluguéis e mão de obra indireta. ( ) Saldo de estoque final, compras e estoque final são utilizados para seu cálculos. ( ) Subcontratações e locação de equipamentos. Agora, assinale a alternativa com a sequência correta. ( ) I, III, IV, V, II. ( ) V, II, I, IV, III. ( ) II, IV, III, I, V. ( ) III, I, IV, V, II. 62 UNIDADE 2 Contabilidade de Custos: Métodos de Inventário de Estoque 63 TÓPICO 2 UNIDADE 2 2. Contabilidade de Custos Industrial e Comercial 2.1 Introdução do tópico Para a fabricação de um produto ou a realização de um serviço, precisamos considerar que materiais, trabalho, eletricidade, combustível, entre outros itens são necessários no processo. Portanto, o custo é a união de todas as despesas para a produção de um bem ou o fornecimento de um serviço. O custo difere das despesas, uma vez que os custos são utilizados em produção, enquanto as despesas são aplicadas direta ou indiretamente para se obter renda. Pensando nesse contexto, ao longo deste tópico, estudaremos em mais detalhes sobre a contabilidade de custo em dois cenários: industrial e comercial. Aliás, você saberia dizer qual é a diferença envolvida nos dois âmbitos? Vamos descobrir! 2.2 Contabilidade de custo industrial A contabilidade industrial é a aplicação dos princípios contábeis gerais para registrar e gerenciar o capital de empresas industriais. A exceção é a contabilidade, que é a única diferença de uma conta empresarial. Figura 15 - Operacionalização do custo industrial FINANCEIRO PRODUÇÃO COMERCIAL Fonte: Elaborada pela autora (2021). 64 UNIDADE 2 Contabilidade de Custos: Métodos de Inventário de Estoque Em essência, as empresas industriais usam inteligência de negócios e política tributária, resultando em contabilidade industrial em três níveis da indústria, a saber: • ciclo industrial ou de produção: inclui todas as atividades envolvidas para transformar os insumos em produtos; • ciclo mercantil ou comercial: consolida todas as operações, desde a compra de matéria-prima até a entrega ao cliente; • ciclo financeiro: envolve todas as operações e transações financeiras. Os preços industriais são ajustados ao custo total gerado na produção durante determinado período. Os custos consistem em três componentes: materiais diretos, mão de obra direta e custos indiretos de fabricação (CIF). A contabilidade de custo industrial,define como material direto todo produto (insumo) que faz parte do processo produtivo de uma empresa, de acordo com os custos e a finalidade de melhorar a cadeia produtiva, otimizando-a. Podemos classificar como materiais diretos: • matéria-prima: é o principal ingrediente utilizado no produto final, mas isso muda no processo de fabricação. Em muitos aspectos, os materiais são amplamente usados na produção. Os recursos da terra, por exemplo, são aplicados como bens diretamente em produto, tornando-se custos industriais quando convertidos de matérias- primas em sistemas industriais. A madeira é usada para fazer móveis; • material secundário: não é o material original do equipamento, mas pode ser facilmente identificado. Temos como exemplo os pregos em uma fábrica de móveis, os quais são utilizados para firmar os materiais primários; • material de embalagem: é utilizado para preparar produtos ou embalagens para embarque. Temos como exemplo o papelão que envolve os móveis prontos. Contabilidade de custos industrial e comercial 65 Importante apontar, nesse contexto, que a maioria das empresas tem o padrão de adotar centro de custos para realizar uma gestão eficiente do custo na administração e, até mesmo, do financeiro da organização. Vamos ver para frente como é operacionalização, no tópico Método de Custeio. ESTUDOS FU TUROS Já a mão de obra direta, como podemos imaginar, está ligada diretamente ao processo produtivo. Ribeiro (2016) a define como sendo o esforço do ser humano aplicado no processo de fabricação dos produtos. Podemos dizer, então, que o custo da mão de obra direta não envolve apenas salários, mas todos os cargos, como INSS, FGTS, férias etc., além de benefícios legais, como seguro saúde, despesas de transporte, fundos de pensão e benefícios adicionais (seguro de vida especial, por exemplo). Trazendo o conceito de mão de obra direta pela visão de Martins (2018, p. 121), podemos afirmar que se trata daquela […] relativa ao pessoal que trabalha diretamente sobre o produto em elaboração, desde que seja possível a mensuração do tempo despendido e a identificação de quem executou o trabalho, sem necessidade de qualquer alocação indireta ou rateio. Se houver qualquer tipo de alocação por meio de estimativas ou divisões proporcionais, desaparece a característica de “direta”. Figura 16 - Mão de obra direta Fonte: yanalya, Freepik (2021). 66 UNIDADE 2 Contabilidade de Custos: Métodos de Inventário de Estoque Vale distinguirmos que o custo de mão de obra direta diz respeito aos salários do setor produtivo, ou seja, ao que é pago aos trabalhadores que estão ligados diretamente ao processo produtivo (mão de obra). Sendo assim, pode ocorrer variação de acordo com a produção, sendo que a folha de pagamento do setor produtivo é fixa. Temos, ainda, os custos indiretos de fabricação, que são os gastos aplicados no processo produtivo e que dão origem ao produto ou serviço de forma direta ou indireta. A contabilidade de custos caracteriza como custos indiretos de fabricação, por exemplo, o gasto com a depreciação das máquinas, os gastos para a manutenção dos equipamentos utilizados no processo produtivo, entre outras possibilidades. Vamos realizar um cálculo para entendermos os conceitos na prática? Peguemos, por exemplo, o gasto com energia elétrica de determinada empresa, sendo que todo consumo é informando em apenas uma fatura de energia. Vamos supor que o rateio do consumo de energia elétrica um certo mês foi de R$ 1.500,00 para três produtos que a empresa produz (200 unidades de camisa verde, 100 unidades de calça azul e 10 unidades de casaco marrom). Considerando os dados mencionados, precisamos dividir o consumo total (R$ 1.500,00) pela quantidade de produtos (três). Desse modo, chegamos ao valor de R$ 500,00. A produção total resultou em 310 unidades. Assim, fazendo mais uma divisão (R$ 1.500 310), encontramos o valor de cada item: R$ 4,83. Agora, precisamos calcular o valor do consumo de energia elétrica para cada produto, conforme a quantidade produzida. Acompanhe a tabela a seguir! Tabela 1 - Cálculos do exemplo Produto Quantidade produzida Total Camisa verde 200 unidades R$ 4,83 200 = R$ 967,74 Calça azul 100 unidades R$ 4,83 100 = R$ 483,87 Casaco marrom 10 unidades R$ 4,83 10 = R$ 48,39 Fonte: Elaborada pela autora (2021). Para finalizarmos, precisamos entender, também, que o custo indireto de fabricação representa os gastos com a função de produção para a comercialização, ou seja, não pode ser associado ao produto em si. Contabilidade de custos industrial e comercial 67 2.3 Contabilidade de custo comercial Um comércio é basicamente composto pela compra, pelo título e pela venda de mercadorias. A princípio, esse processo pode parecer simples, mas envolve pequenas ações que visam à rentabilidade, ou seja, ao resultado. Entre as pequenas ações envolvidas, temos os controles, que são os registros de todos os custos de uma empresa para que se possa entender como eles ocorrem. Porém, o que se percebe é que os empreendedores são muito mais hábeis em comprar e vender do que manter o controle de custos. Na contabilidade de custo comercial, para a apuração deste, é necessário o empresário levar em consideração alguns critérios, como: • registro das mercadorias no controle de inventário, sendo que, caso a empresa já esteja informatizada, essas contas serão realizadas com maior agilidade; • cálculo do preço de venda de mercadorias, sendo que outras despesas ainda devem ser contabilizadas nesse caso, a exemplo dos impostos de vendas, das comissões de vendedores e dos encargos fixos; • acompanhamento e avaliação dos resultados de vendas, em que se observa o volume que a empresa vende e verifica se ele está gerando lucro ou não; • acompanhamento do ganho bruto de cada produto vendido, a fim de verificar a necessidade de se criar uma promoção para reduzir o estoque e/ou liquidar o estoque parado. Com esses dados em mãos e contabilizados adequadamente, consegue- se apurar a contabilidade comercial e identificar o que pode ser melhorado ou permanecer como está. Do contrário, pode ocorrer de o empresário tomar decisões equivocadas ou que lhe trarão prejuízos no longo prazo. 68 AUTOATIVIDADE 1. Imagine a seguinte situação: a empresa Bare & Bare quer elaborar o orçamento dos custos indiretos de fabricação. Ela nos traz três cenários, sendo que, no primeiro, foram produzidas 10 mil peças, no segundo, 20 mil peças e, no terceiro, 40 mil peças. Além disso, os custos indiretos variáveis são de R$ 5,00 por peça, enquanto os custos indiretos fixos totalizam R$ 50.000,00. Nesse sentido, com base em nossos estudos e nas informações dispostas anteriormente, como fica o orçamento da empresa por peça? 2. Suponha o seguinte caso: a empresa Mate & Suco, fabricante de bebidas, apresentou as seguintes informações quanto ao ano de 2020. Receita de vendas R$ 280.000,00 Mão de obra direta R$ 60.000,00 Mão de obra indireta R$ 77.000,00 Depreciação dos equipamentos R$ 1.500,00 Seguro do parque fabril R$ 300,00 Energia elétrica da empresa R$ 1.200,00 Compras de matéria-prima R$ 94.000,00 Materiais indiretos R$ 2.600,00 Fonte: Elaborada pela autora (2021). Para complementar o cálculo, a empresa também informou o estoque referente ao ano de 2019 e 2020, como podemos observar na próxima tabela. Estoque 2019 2020 Matéria-prima R$ 40.000,00 R$ 36.000,00 Produtos acabados R$ 32.600,00 R$ 24.000,00 Fonte: Elaborada pela autora (2021). Considere que o custo primário é igual à matéria-prima, mais a mão de obra direta. Já o custo de transformação é igual à mão de obra, mais os gastos gerais de transformação. Com isso em mente, qual o valor total de custo primário e custo de transformação? 69 3. A contabilidade de custos do produto visa processar o custo do item em desenvolvimento, bem como os custos total e unitário de produtos e serviços para fins administrativos. Também pode cobrira distribuição, o armazenamento, a venda e o custo de administração, além de custos financeiros e fiscais. Sendo assim, podemos classificar os custos primários como: ( ) matéria-prima e componentes adquiridos. ( ) custos diretos e indiretos. ( ) mão de obra direta e indireta. ( ) mão de obra direta e matéria-prima. 70 AUTOATIVIDADE 4. Os custos incorridos na empresa e que não foram diretamente atribuídos aos produtos, ou seja, não estão diretamente relacionados ao processo produtivo, identificam-se como custos indiretos de fabricação (CIF). Diante desse contexto, analise a tabela a seguir. Contas Valor em R$ Salário dos supervisores da fábrica R$ 85.000,00 Salário dos operadores de produção R$ 145.000,00 Energia elétrica do escritório de vendas R$ 5.000,00 Salário dos vigilantes da fábrica R$ 18.000,00 Embalagem utilizada na produção R$ 3.000,00 Salário da secretária do escritório de vendas R$ 2.500,00 Matéria-prima utilizada na produção R$ 39.000,00 Aluguel da fábrica R$ 15.000,00 Receita de vendas R$ 1.100.000,00 Impostos sobre vendas R$ 190.000,00 Energia elétrica da fábrica R$ 5.000,00 Depreciação das máquinas de produção R$ 7.000,00 Fonte: Elaborada pela autora (2021). Diante das informações anteriores, podemos afirmar que a soma dos custos indiretos de fabricação (CIF) da empresa em questão é de: ( ) R$ 125.000,00. ( ) R$ 132.500,00. ( ) R$ 130.000,00. ( ) R$ 115.000,00. Contabilidade de custos industrial e comercial 71 5. Com base em nosso material de estudos e no que vimos até o momento, podemos afirmar que são os custos dos insumos que convertem os materiais em produtos. Esses custos em questão são considerados custos de transformação. No caso, o que podemos entender como custos de transformação? ( ) Mão de obra direta e materiais diretos. ( ) Matéria-prima e custos indiretos de fabricação. ( ) Mão de obra direta e custos indiretos de fabricação. ( ) Matéria-prima, mão de obra direta e materiais diretos. 72 UNIDADE 2 Contabilidade de Custos: Métodos de Inventário de Estoque 73 TÓPICO 3 UNIDADE 2 3. Métodos de custeios: por absorção, variável e ABC 3.1 Introdução do tópico Os métodos de custeio dizem respeito a uma forma de calcular o preço de um produto ou serviço para cada organização, com base no projeto do fabricante. Afinal, o gestor da empresa, no momento da tomada de decisão quanto a determinado produto, utiliza informações das áreas contábil e comercial. A área de contabilidade, em particular, é responsável por gerar estratégias para reduzir os preços dos produtos e das matérias-primas durante o processo produtivo, sem reduzir a qualidade do item. Dessa forma, cabe ao gestor decidir para que tenha um processo produtivo de qualidade, evite desperdícios e encontre a alternativa mais adequada ao processo. Na área de negócios, esses profissionais, portanto, podem utilizar tais informações para preparar os preços de venda de seus produtos. Pensando nisso, ao longo deste tópico, conheceremos em maiores detalhes a respeito dos métodos de custeio: por absorção, variável e ABC. Acompanhe! 3.2 Método de custeio por absorção O método de custeio por absorção inclui custo fixo, custo variável, custo direto e/ou custo indireto. Nesse método, os custos diretos (como mão de obra e materiais gastos diretamente no processo produtivo) são estimados com base na quantidade consumida. Outros custos (custos indiretos), por sua vez, devem ser estimados de forma proporcional, com base em cálculos previamente realizados pelo departamento. No Brasil, a regulamentação contábil adota o método de absorção como o mais viável, visto que os gestores utilizam os resultados obtidos para a tomada de decisão. No entanto, por meio da análise de custos, são permitidos desvios na alocação desses custos durante o processo produtivo, causando prejuízos à produção. Isso interfere no resultado das empresas e no processo produtivo. NOTA 74 UNIDADE 2 Contabilidade de Custos: Métodos de Inventário de Estoque Temos, então, que o custeio por absorção consiste na apropriação de todos os custos (diretos e indiretos, fixos e variáveis) causada pela produção de recursos, dentro do ciclo de operação interno. Isto é, todas as despesas indiretas utilizadas na fabricação são rateadas para os produtos fabricados. De acordo com Martins (2018, p. 22), esse tipo de custeio […] é o método derivado da aplicação dos princípios de contabilidade geralmente aceitos, nascido da situação histórica mencionada. Consiste na apropriação de todos os custos de produção aos bens elaborados, e só os de produção; todos os gastos relativos ao esforço de produção são distribuídos para todos os produtos ou serviços feitos. Vamos a um exemplo de DRE do método de custeio por absorção. Tabela 2 - DRE por método de absorção DRE - Método por absorção Receita de vendas R$ 432.500,00 Custo dos produtos vendidos (R$ 302.125,00) Lucro bruto R$ 130.375,00 Despesas variáveis (R$ 21.625,00) Despesas fixas (R$ 93.000,00) Resultado operacional R$ 15.750,00 IRRF (R$ 2.362,50) CSLL (R$ 1.471,50) Resultado líquido R$ 11.970,00 Fonte: Elaborada pela autora (2021). É válido ressaltar que os custos fixos dos produtos, mesmo que estes sejam vendidos ou não, continuarão a existir. Os custos de absorção incluem a alocação de todos os custos (fixos ou variáveis) para o período de produção. Despesas não fabris (despesas), no caso, são excluídas. No custeio por absorção, os resultados não acompanham necessariamente a direção das vendas, sendo muitíssimo influenciados pelo volume de produção; seu montante, aliás, depende diretamente não só das receitas e volume produzido no período, mas também da quantidade feita no período anterior, já que isto afeta o custo unitário do estoque que passa a ser baixado no período seguinte. (MARTINS, 2018, p. 188) A principal diferença no custo de absorção são os custos e as despesas. Observe a figura a seguir para entender melhor o método de custeio por absorção. Métodos de custeios: por absorção, variável e ABC 75 Figura 17 - Custeio por absorção Custeio por Absorção Empresas de Manufatura Custos CPV Demonstração de resultados Lucro bruto Receita Despesas Lucro operacional Estoque de produtos Vendas Despesas Fonte: Martins (2018, p. 23). A separação entre custos e despesas, aliás, é relevante porque o custo já está incluído imediatamente nos resultados do período. Apenas os custos associados aos produtos vendidos serão tratados da mesma forma. 3.3 Método de custeio variável O método de custeio variável direto considera o estoque dos produtos apenas atribuídos aos custos variáveis, ou seja, os custos variáveis incorporados como custos dos produtos. Já os custos fixos e outros existentes no processo são considerados como despesas, lançados no demonstrativo de resultados. O demonstrativo do resultado do exercício (DRE) é um documento contábil em que são registradas as receitas e despesas da empresa no referente período, mediante seu resultado, após a dedução do Imposto de Renda, no qual a alíquota é de 15%. Caso o valor do resultado operacional antes do Imposto de Renda e da contribuição social for superior a R$ 20.000,00, há um adicional de 10%. No que se refere à contribuição social, a alíquota é de 9% sobre o resultado. IMPORTANT E O custeio variável é baseado na separação das despesas variáveis e dos encargos fixos, ou seja, na saída, que oscila proporcionalmente ao volume de produção/venda e despesas. Há alteração no volume da produção, enquanto os custos permanecem constantes. 76 UNIDADE 2 Contabilidade de Custos: Métodos de Inventário de Estoque O sistema cria informações importantes, como a margem de contribuição (MC), e fornece os subsídios necessários para tomar decisões. No entanto, esse método de custo não é aceito para demonstrações externas, porque fere os princípios reconhecidos no Brasil e é desconsiderado na legislação tributária. Os custosvariáveis, também conhecidos como custos diretos, nos traz que seus valores dependem diretamente do volume gerado no processo produtivo. Desse modo, é uma consequência do volume de vendas do produto. NOTA A separação de custos variáveis e fixos fornece ao gestor da empresa maior facilidade de planejamento para obter lucros, uma vez que, com ela, é possível simular o resultado que será alcançado. Vamos pensar em um exemplo para entender melhor? Considere que determinada empresa apresentou as seguintes informações referentes à sua produção do mês abril de 2021: • produção de 1.000 unidades acabadas; • custos variáveis no valor de R$ 20.000,00; • custos fixos no valor de R$ 12.000,00; • despesas variáveis no valor de R$ 4.000,00; • despesas fixas no valor de R$ 6.000,00; • vendas líquidas de 800 unidades. • preço unitário de R$ 60,00; • estoque final de produtos acabados de 200 unidades; • custo unitário de R$ 20,00. Para realizarmos os cálculos, primeiramente, vamos considerar o seguinte: • vendas liquidas = 800 unidades = 800 x 60 = 48.000,00 • estoque final de produtos acabados = 200 x 20 = 4.000 unidades; • custo do produto acabado = 20.000 ÷ 1.000 = R$ 20,00; • custo de produtos vendidos = 800 x R$ 20,00 = 16.000 unidades. Sabemos que há estoques inicial e final de produtos em elaboração. Assim, o cálculo da DRE deve ser feito conforme a próxima tabela. Confira! Métodos de custeios: por absorção, variável e ABC 77 Tabela 3 - DRE por método variável DRE - Método variável Receita de vendas R$ 48.000,00 Custo dos produtos vendidos (R$ 16.000,00) Despesas variáveis (R$ 4.000,00) Margem de contribuição R$ 28.000,00 Custos fixos (R$ 12.000,00) Despesas fixas (R$ 6.000,00) Resultado líquido R$ 10.000,00 Fonte: Elaborada pela autora (2021). No método de custeio variável, os custos fixos são considerados uma perda (prejuízos) porque, se a empresa não estiver em atividade, ou seja, o setor produtivo estiver parado e sem fabricação, não gerará produtos para a venda e, consequentemente, não haverá venda. Porém, continuará a ter custos fixos, o que resultará em um resultado negativo. 3.4 Método de custeio baseado em atividades (ABC) Por fim, temos que o método de custeio baseado em atividades (método ABC) é aquele em que as atividades realizadas no processo de produção fornecem eficiência e distribuição no cálculo de custos indiretos, reduzindo os erros causados divisão, ou seja, a departamentalização dos custos. Nesse método, os custos indiretos de fabricação (CIFs) são atribuídos aos produtos de forma mais precisa que os métodos anteriores, visto que as atividades consomem recursos, enquanto os produtos consomem atividades. Desse modo, ao adotar os custos indiretos de fabricação para as atividades, é possível identificar o consumo quando comparamos, por exemplo, com o método por absorção. Alguns autores da área chamam o método ABC como a primeira geração de métodos de custo. Inclusive, ele ganhou indicações em meados da década de 1980, sendo o resultado que se procurava para a distribuição de custos, especialmente nos produtos. NOTA 78 UNIDADE 2 Contabilidade de Custos: Métodos de Inventário de Estoque Por exemplo, imaginemos que a empresa Descomplica é especialista em atender o público que não sabe como se passa uma peça de vestuário. Isto é, ela faz esse trabalho para o cliente. Sendo assim, no mês de fevereiro de 2021, conforme alguns levantamentos, a organização teve a seguinte produção: Tabela 4 - Produção da empresa Produto Produção mensal Preço unitário Total das vendas Camisetas 10.000 unidades R$ 8,00 R$ 80.000,00 Camisas 5.000 unidades R$ 12,00 R$ 60.000,00 Fonte: Elaborada pela autora (2021). Iniciamos, então, o cálculo do método de custeio ABC, pelos custos diretos por unidade. Acompanhe a próxima tabela para entender os dados de forma mais clara. Tabela 5 - Custos diretos por unidade Custos diretos por unidade Camisetas Camisas Tecido R$ 2,00 R$ 2,00 Mão de obra direta R$ 0,50 R$ 0,80 Total por unidade R$ 2,50 R$ 2,80 Fonte: Elaborada pela autora (2021). A empresa também apresentou seus custos indiretos e suas despesas, os quais podemos observar com a tabela na sequência. Tabela 6 - Custos indiretos e suas despesas Aluguel R$ 15.000,00 Material de consumo R$ 10.000,00 Despesas com vendas R$ 8.000,00 Total R$ 33.000,00 Fonte: Elaborada pela autora (2021). Com todos esses números em mãos, vamos aplicar a metodologia seguindo três passos: identificar as atividades relevantes de cada departamento, atribuir os custos às atividades, fazer o levantamento dos direcionadores das atividades e da quantidade de direcionadores para cada produto. Métodos de custeios: por absorção, variável e ABC 79 Primeiramente, então, teremos que identificar as atividades relevantes de cada departamento. Para tanto, fazemos o seguinte: Quadro 2 - Atividades de cada departamento Departamentos Atividades Compras Comprar os materiais Corte e costura Cortar e costurar Fonte: Elaborado pela autora (2021). Depois, seguindo os passos necessários, precisamos atribuir os custos às atividades, conforme observamos na próxima tabela. Tabela 7 – Custos x atividades Departamentos Atividades Custos diretos Compras Comprar os materiais 15.000 ÷ 5.000 Corte e costura Cortar e costurar 18.000 ÷ 20.000 Total 33.000 ÷ 25.000 Fonte: Elaborada pela autora (2021). No terceiro passo, realizamos o levantamento dos direcionadores das atividades e da quantidade desses direcionadores para cada produto. Vejamos a seguir. Tabela 8 – Direcionados Departamentos Atividades Direcionadores de atividades Compras Comprar os materiais Número de pedidos Corte e costura Cortar e costurar Tempo de corte e costura Direcionadores de atividades Camisetas Camisas Número de pedidos 100 unidades 150 unidades Tempo de corte e costura 1.500 horas 2.000 horas Total 250 3.500 horas Fonte: Elaborada pela autora (2021). Com todas essas informações, podemos verificar qual é o custo de cada atividade de acordo com os direcionadores. Acompanhe a tabela a seguir. 80 UNIDADE 2 Contabilidade de Custos: Métodos de Inventário de Estoque Tabela 9 – Custos das atividades Comprar os materiais Custo total R$ 15.000,00 ÷ 5.000 Direcionador Número de pedidos Camisetas Camisas Total Número de pedidos 100 150 250 Proporção (n. de pedidos / total de pedido) 100 40% (100/250) x 100 60% (150/250) x 100 100% Custo para comprar os materiais 40% x 15.000 ÷ 5.000 R$ 6.000 ÷ 2.000 60% x 15.000 ÷ 5.000 R$ 9.000 ÷ 3.000 R$ 15.000,00 ÷ 5.000 Cortar e costurar Custo total R$ 18.000,00/20.000 Direcionador Tempo de corte e costura Camisetas Camisas Total Tempo de corte e costura 1.500 horas 2.000 horas 3.500 horas Proporção (n. de pedidos / total de pedidos) 42,85% 57,15% 100% Custo de cortar e costurar 42,85 % x 18.000 ÷ 20.000 = 7.713 ÷ 8.570 57,15 % x 18.000 ÷ 20.000 = 10.287 ÷ 11.430 R$ 18.000 ÷ 20.000 Fonte: Elaborada pela autora (2021). Métodos de custeios: por absorção, variável e ABC 81 Após todos os procedimentos de cálculos, podemos apresentar o demonstrativo do resultado, que resume os custos de produção de forma direta e indireta por atividade. Tabela 10 – DRE do exemplo analisado Camisetas Camisas Total Receita de vendas R$ 80.000,00 R$ 60.000,00 R$ 140.000,00 (-) Tecido R$ 20.000,00 R$ 10.000,00 R$ 30.000,00 (-) Mão de obra direta R$ 5.000,00 R$ 4.000,00 R$ 9.000,00 Custos diretos - subtotal R$ 25.000,00 R$ 14.000,00 R$ 39.000,00 (-) Comprar os materiais R$ 6.000,00 ÷ 2.000 R$ 9.000,00 ÷ 3.000 R$ 15.000,00 ÷ 5.000 (-) Cortar e costurar R$ 7.713,00 ÷ 8.570 R$ 10.287,00 ÷ 11.430 R$ 18.000,00 ÷ 20.000 Custos indiretos - subtotal R$ 13.713,00 ÷ 10.570 R$ 19.287,00 ÷ 14.430 R$ 33.000,00 ÷ 25.000 (=) Resultado antes do Imposto de Renda R$ 41.287,00 ÷ 44.430 R$ 35.713,00 ÷ 31.570 R$ 68.000,00 ÷ 76.000 Fonte: Elaborada pela autora (2021). Logo, temos que a ideia básica é atribuiratividades em custos privados e, em seguida, para os produtos. Primeiro, temos a busca pelos custos relacionados à atividade, ou seja, o que liderou esses custos. Depois, seguimos com a melhora da qualidade nos custos dos produtos. Como consequência, identificamos as atividades que alocam os custos totais. 82 AUTOATIVIDADE 1. Imagine o seguinte: determinada companhia nos informou que, no mês de fevereiro de 2018, produziu 1.000 unidades, com o custo de R$ 9.000,00 de materiais e R$ 3.000,00 de despesas operacionais. Foram vendidas 800 unidades a um preço unitário de R$ 200,00, com uma receita de R$ 16.000,00. O custo unitário de fabricação é R$ 9,00. Pensando nisso e em nossos estudos, adotando o método de custeio por absorção, podemos afirmar que o lucro obtido no mês de fevereiro foi de: ( ) R$ 5.760,00. ( ) R$ 9.000,00. ( ) R$ 4.000,00. ( ) R$ 16.000,00. 2. Como bem sabemos e pudemos aprender com nossos estudos, utilizado como uma ferramenta para calcular o custo de produção de determinado produto, o método de custeio é fundamental para precificação desse item. A respeito do assunto, sabendo que cada método de custeio possui características próprias com relação aos cálculos e às estratégias adotados, assinale a alternativa a seguir quanto ao conceito correto de um desses métodos. ( ) O método de custeio por absorção tem por objetivo dividir, no processo produtivo, todos os elementos do custo variável em cada etapa de produção. ( ) O método do custeio rateado é um sistema que estabelece o custo de produção dos produtos de linha. ( ) O método de custeio ABC é um sistema com base nas atividades do processo de produção, o qual qualifica os custos indiretos para os produtos. ( ) O método de custeio variável nos traz que os custos diretos e indiretos são adequados para os custos de produção. ( ) No método de custeio ABC não atribui custos às atividades para distribuí-los aos produtos. 83 3. Ao longo de nosso material, pudemos conhecer alguns métodos de custeio que auxiliam as organizações no controle de suas contas. Desse modo, fica mais fácil tomar decisões e compreender os custos envolvidos na produção. Diante disso, qual método a seguir atende aos princípios fiscais e é permitido pela legislação brasileira, incluindo custos fixo, variável, direto e/ou indireto? ( ) Método direto. ( ) Método por absorção. ( ) Método por estimativa. ( ) Método ABC. 4. Imagine o caso a seguir: a empresa Camisa & Camisetas, no mês de outubro de 2020, apresentou alguns dados para a produção de 600 unidades de camisas sociais, com um total de vendas de 400 dessas unidades ao preço unitário de R$ 120,00. No mesmo período, foram coletadas as informações a seguir: • custo variável unitário = R$ 20,00; • total de custos fixos = R$ 18.000,00; • despesas variáveis de vendas = R$ 2,00 por unidade; • inexistência de estoque inicial de produtos no período. Com base nas informações expostas, feitas as devidas apurações, calcule o custo dos produtos vendidos, o estoque final de produtos, o lucro líquido do período tanto pelo método de custeio por absorção quanto pelo método de custeio variável. 5. Pensemos o seguinte: uma empresa atacadista de móveis de Bela Vista do Salto/RS, no mês de agosto de 2020, incorreu nos seguintes custos: Salários e encargos sociais R$ 295.650,00 Depreciação de equipamentos R$ 39.000,00 Viagens e estadias R$ 45.655,00 Aluguel R$ 9.636,00 Outros* R$ 5.925,00 *Custos de atividades de apoio ao próprio departamento. Devem ser alocadas às atividades fim, com base no custo do salário. Fonte: Elaborada pela autora (2021). 84 AUTOATIVIDADE As atividades relevantes desempenhadas em determinado departamento foram: projetar novos produtos, elaborar fichas técnicas e treinar funcionários. O quadro de pessoal do departamento, seus respectivos salários (com encargos) e o tempo disponível são dados observados na tabela a seguir. Cargo Tempo Disponível (h) Salário ($) 1 gerente 2.000 R$ 60.000,00 1 secretária* 2.000 R$ 12.000,00 3 engenheiros 6.000 R$ 120.000,00 2 estagiários 2.000 R$ 12.000,00 *75% do tempo da secretária eram utilizados para dar assistência ao gerente; o restante, aos três engenheiros. Fonte: Elaborada pela autora (2021). Por meio de entrevistas e análises de processos, verificou-se que o tempo era gasto, nas atividades mais relevantes, da seguinte maneira: Cargo Projetar novos produtos Elaborar fichas técnicas Treinar funcionários Gerente 0,7 - 0,3 Secretária - - - Engenheiros 0,5 0,2 0,3 Estagiários - 1,0 - Fonte: Elaborada pela autora (2021). Além disso, com a análise da razão e investigação dos registros disponíveis, foi possível rastrear as seguintes proporções de consumo de recursos das atividades: Projetar novos produtos Elaborar fichas técnicas Treinar funcionários Depreciação 0,3 0,2 0,5 Viagens 1,0 - - Aluguel 0,4 0,1 0,5 Fonte: Elaborada pela autora (2021). Não se conseguiram rastrear os demais custos às atividades. Sendo assim, considerando todas as informações dispostas anteriormente e nossos estudos quanto à temática, calcule o custo de cada atividade. 85 RESUMO Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. CHAMADA Ao longo desta unidade, pudemos compreender que, quando a empresa realiza as compras materiais, pode incorrer em custos, além daqueles que serão pagos ao fornecedor. A organização ainda é responsável pelo pagamento de transportes, seguros, armazenamento e outras despesas com a aquisição. Se o material for importado, bilhões de bens ou produtos aéreos, despesas aduaneiras e outros custos alfandegários e de transporte estarão envolvidos. Dessa maneira, deve ser recordado que as empresas, enquanto prestadoras de serviços e/ou industriais, geralmente trabalham com ações materiais comumente usadas. No caso da indústria e do comércio, tem-se um estoque de produtos ou mercadorias acabados, respectivamente, para responder aos pedidos de clientes. Assim, em uma empresa industrial, por exemplo, o custo dos materiais corresponde aqueles que foram consumidos apenas na produção. Em um prestador de serviços, o custo dos materiais inclui aqueles usados para realizar o serviço. Ademais, é comum, tanto em empresas industriais quanto em empresas comerciais, existirem perdas de materiais durante a produção ou a realização do serviço. Tais perdas fazem parte do processo de fabricação ou execução. Elas podem ser minimizadas, mas raramente evitadas. São chamadas, na verdade, de perdas normais, integrando os custos materiais. Os métodos de custeio, então, fazem a gestão do custo unitário de um produto — passo fundamental na definição de preços —, bem como a análise do desempenho financeiro e o cálculo da lucratividade da empresa. Conforme as atividades da empresa ganham volume, torna-se mais difícil de controlar descontos diretos e indiretos aos produtos. Assim, o custo do cálculo reforça a importância dos métodos de custeio. Com eles, é possível ter uma visão mais precisa e detalhada da produção, independentemente da diversidade e complexidade da organização. 87 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA Prática da Contabilidade de Custos UNIDADE 3 Esta unidade está dividida em três tópicos. No final de cada um deles, você encontrará atividades visando à compreensão dos conteúdos apresentados. TÓPICO 1 - Apuração dos custos de fabricação TÓPICO 2 - Formação de preço TÓPICO 3 - Contabilização de custos A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • compreender como apurar os custos de um processo produtivo; • entender de que modo é feita a contabilização das operações com merca-dorias; • saber precificar o produto; • conhecer o sistema de controle de estoque. 88 89 Introdução da unIdade Já sabemos que a classificação dos itens de custo enquanto diretos ou indiretos está ligada ao grau de facilidade ou dificuldade de seu cálculo. No que tange à produção, a mão de obra atribuída é considerada um item de custo direto. Por outro lado, outros itens, como energia elétrica, mão de obra de supervisão, depreciação de máquinas e mão de obra de gerência têm sua alocação aos produtos de forma mais complicada, demandando critérios de rateio ou direcionadores que, muitas vezes, são arbitrários ou difíceis de compreender. Por conta disso, são considerados itens de custo indireto. A empresa, para buscar o lucro, deve ter produtos para venda, por isso, precisa realizar a produção de estoque para atender aos pedidos de compras. No estoque, mesmo que os produtos tenham um valor unitário diferente, não alteram a política da empresa em adotar um procedimento de controle por meio dos métodos de custeio. Revisando esses conceitos, podemos passar para a contabilização de custos, não é mesmo? Afinal, a contabilidade de custos envolve diversos fatores relacionados à empresa, incluindo o inventário de materiais. Este se trata da contagem de todos os itens e produtos que estão estocados na organização, estando diretamente ligado à contabilidade de custos e contabilidade geral. Dessa maneira, ao longo desta unidade, entenderemos a apuração de custos de fabricação, a formação de preço de mercado e a contabilização dos custos, evidenciando, logicamente, a importância da contabilidade de custos para as empresas. 90 91 UNIDADE 3 1. Apuração dos custos de fabricação TÓPICO 1 1.1 Introdução do tópico Para separar os custos envolvidos no processo produtivo de uma empresa, é crucial termos familiaridade com os conceitos de custos diretos, indiretos, variáveis e fixos. O cálculo de cada um deles é nada mais que o resultado de várias rotinas e inúmeros movimentos realizados durante o mês. O inventário do estoque é essencial para que a empresa tenha o controle de seus itens, a fim de desempenhar de forma ágil suas funções e obter os dados consolidados de todas essas informações diferentes para atingir o valor final. Pensando nesse contexto, no decorrer deste primeiro tópico, aprenderemos como calcular cada tipo de despesa que compõe o custo final da produção. Assim, para melhor compreender a apuração dos custos de fabricação, focaremos na composição do cálculo do custo final de produção. Acompanhe! 1.2 Custo dos materiais comprados O controle da recepção do material é o processo que gera informações sobre os custos de materiais comprados. Diante disso, as matérias-primas e os componentes adquiridos pela empresa devem ser controladas pelo cálculo do custo médio ponderado, ou seja, cada material recebido é atualizado nos valores integrados ao preço e multiplicado pelo valor do item no inventário, dividido pelo valor total. Obtém-se, então, um custo médio ponderado. Aliás, sua fórmula é dada por: (valor do produto (NF) x quantidade recebida) + (custo unitário x quantidade de estoque) ÷ (quantidade de estoque + quantidade recebida). Por exemplo, imaginemos um estoque inicial, em 1 de setembro, composto por 30 unidades de postes. Estes foram adquiridos por R$ 400,00 cada um, totalizando R$ 12.000,00. Observe a figura a seguir para analisar as demais baixas! Tabela 11 - Custo médio ponderado Data Descrição Quantidade Valor unitário Valor total 2 setembro Compra 10 R$ 420,00 R$ 4.200,00 3 setembro Venda 3 R$ 500,00 R$ 1.500,00 4 setembro Venda 28 R$ 450,00 R$ 12.600,00 5 setembro Compra 5 R$ 410,00 R$ 2.050,00 6 setembro Venda 10 R$ 480,00 R$ 4.800,00 Fonte: Elaborada pela autora (2021). UNIDADE 3 Prática da Contabilidade de Custos 92 Agora, verifique o exemplo a seguir, que calcula o custo médio de um produto específico. Primeiramente, temos o cálculo de custo médio em cada saída e, em seguida, o cálculo levando em conta a saída no final do mês. Tabela 12 - Custo médio ponderado com resultado final Data Entrada Saída Saldo Quant V.U Total Quant V.U Total Quant V.U Total 01/set 30 R$ 400,00 R$ 12.000,00 02/set 10 R$ 420,00 R$ 4.200,00 40 R$ 405,00 R$ 16.200,00 03/set 3 R$ 405,00 R$ 1.215,00 37 R$ 405,00 R$ 14.985,00 04/set 28 R$ 405,00 R$ 11.340,00 9 R$ 405,00 R$ 3.645,00 05/set 5 R$ 410,00 R$ 2.050,00 - 14 R$ 406,79 R$ 5.695,00 06/set 10 R$ 406,79 R$ 4.067,86 4 R$ 406,79 R$ 1.627,14 Soma 15 R$ 6.050,00 41 R$ 16.622,86 4 R$ 406,79 R$ 1.627,14 Fonte: Elaborada pela autora (2021). O custo médio ponderado é o método de avaliação em que podemos definir o valor de produtos do estoque. Em cada unidade adquirida, o cálculo sofre atualizações e, consequentemente, o estoque também devido à compra de outras unidades com um preço diferente. Assim, o método do custo médio ponderado tem importância porque, com ele, o gestor consegue visualizar o comportamento de seus produtos na expedição. Ainda sobre os custos dos materiais comprados, podemos comentar a respeito dos critérios de inventários de materiais. No final de cada período, a empresa faz a apuração dos resultados por meio da elaboração das demonstrações contábeis e do inventário de todos os materiais que estão em estoque. Os critérios de inventários mais conhecidos são o PEPS (primeiro que entra, primeiro que sai), o UEPS (último que entra, primeiro que sai) e o custo médio ponderado, que conhecemos e estudamos anteriormente. IMPORTANT E O PEPS é a sigla para a expressão “primeiro que entra, primeiro que sai”. Nesse método, podemos dizer que os estoques são avaliados pelos custos de aquisições mais recentes. Por exemplo, peguemos o mesmo caso anterior, com os mesmos dados. Pelo método em questão, temos o seguinte: Apuração dos custos de fabricação 93 Tabela 13 - Contabilização do PEPS Data Entrada Saída Saldo Quant V.U Total Quant V.U Total Quant V.U Total 01/set 30 R$ 400,00 R$ 12.000,00 02/set 10 R$ 420,00 R$ 4.200,00 30 R$ 400,00 R$ 12.000,00 10 R$ 420,00 R$ 4.200,00 03/set 3 R$ 500,00 R$ 1.500,00 27 R$ 400,00 R$ 10.800,00 10 R$ 420,00 R$ 4.200,00 04/set 27 R$ 400,00 R$ 10.800,00 9 R$ 420,00 R$ 3.780,00 1 R$ 420,00 R$ 420,00 05/set 5 R$ 410,00 R$ 2.050,00 - 9 R$ 420,00 R$ 3.780,00 - - 5 R$ 410,00 R$ 2.050,00 06/set - 9 R$ 420,00 R$ 3.780,00 - 1 R$ 410,00 R$ 410,00 4 R$ 410,00 R$ 1.640,00 Soma 15 R$ 6.250,00 41 R$ 16.910,00 4 R$ 410,00 R$ 1.640,00 Fonte: Elaborada pela autora (2021). Com o método PEPS, a empresa consegue reduzir a necessidade de manter produtos parados em seu estoque. A redução de armazenamento gerará, então, uma rotatividade de produtos, havendo lucro de forma mais rápida. Já o UEPS vem da expressão “último que entra, primeiro que sai”. Trata- se de um método que apresenta os estoques com valores mais reduzidos e custos dos produtos vendidos mais elevados. Ainda com base no exemplo, anterior, temos que: Tabela 14 - Contabilização do UEPS Data Entrada Saída Saldo Quant V.U Total Quant V.U Total Quant V.U Total 01/set 30 R$ 400,00 R$ 12.000,00 02/set 10 R$ 420,00 R$ 4.200,00 30 R$ 400,00 R$ 12.000,00 10 R$ 420,00 R$ 4.200,00 03/set 3 R$ 420,00 R$ 1.500,00 30 R$ 400,00 R$ 12.000,00 7 R$ 420,00 R$ 2.940,00 04/set 7 R$ 420,00 R$ 2.940,00 9 R$ 420,00 R$ 3.600,00 21 R$ 400,00 R$ 8.400,00 05/set 5 R$ 410,00 R$ 2.050,00 - 9 R$ 400,00 R$ 3.600,00 - - 5 R$ 410,00 R$ 2.050,00 06/set - 5 R$ 410,00 R$ 2.050,00 - 5 R$ 400,00 R$ 2.000,00 4 R$ 410,00 R$ 1.640,00 Soma 15 R$ 6.250,00 41 R$ 16.910,00 4 R$ 410,00 R$ 1.640,00 Fonte: Elaborada pela autora (2021). UNIDADE 3 Prática da Contabilidade de Custos 94 O UEPS é um dos métodos de controle de inventário mais eficiente para planejamento de produção, permitindo rápidos ajustes aos preços e às quantidades que devem ser fabricados após o consumo concretizado. Assim, os últimos produtos que entram no estoque devem ser vendidos. Claro que há um consumo médiodesse tempo para que o previsto de novos produtos esteja disponível. O objetivo desses métodos é separar o custo dos produtos entre o que foi vendido e o que permaneceu em estoque. A próxima tabela nos traz um comparativo dos três métodos de inventários para melhor compreendermos cada um deles. Tabela 15 - Comparativo entre métodos CMP PEPS UEPS Vendas R$ 18.900,00 Vendas R$ 18.900,00 Vendas R$ 18.900,00 (-) CMV R$ 16.622,80 (-) CMV R$ 16.610,00 (-) CMV R$ 16.500,00 (=) RCM R$ 2.277,20 (=) RCM R$ 2.290,00 (=) RCM R$ 2.400,00 Estoque final R$ 1.627,20 Estoque final R$ 1.640,00 Estoque final R$ 1.600,00 Fonte: Elaborada pela autora (2021). No Brasil, o método de avaliação de estoque para as empresas é muito importante, pois os gestores conseguem fazer um planejamento e controle da produção. 1.3 Custo de mão de obra Os custos de mão de obra estão relacionados às despesas com o pessoal envolvido diretamente na produção de um serviço ou produto específico. Em outras palavras, esse custo diz respeito aos valores do pagamento de profissionais responsáveis pelo que a empresa faz ou fabrica para seus clientes e consumidores. Martins (2018, p. 122), conceitua como custos de mão de obra: […] a parte relativa ao tempo realmente utilizado no processo de produção, e de forma direta. Se alguém deixa, por qualquer razão, de trabalhar diretamente o produto, esse tempo ocioso ou usado em outras funções deixa de ser classificado como mão de obra direta. Ainda podemos dizer que esse tipo de custo é a funcionalidade da força de trabalho direto. Ele nos permite medir, do ponto de vista contábil, a quantidade de trabalho utilizada para produzir cada mercadoria oferecida pela organização. Apuração dos custos de fabricação 95 A legislação brasileira, no âmbito trabalhista, nos traz que o funcionário, ao chegar no fim do mês com 220 horas trabalhadas, será remunerado com o salário acordado. Isso representa um gasto mensal fixo para o negócio. No entanto, os profissionais de contabilidade de custos alertam que, mesmo que o funcionário esteja disponível 220 horas, isso não significa que, na verdade, ele produziu em todos os momentos. NOTA Martins (2018), inclusive, em seu livro Contabilidade de Custos, faz uma estimativa do número máximo de horas que um trabalhador pode oferecer à empresa, considerando um exemplo possível. Veja a tabela a seguir. Tabela 16 - Horas do funcionário à disposição da empresa Número total de dias por ano 365 dias (-) Repousos semanais remunerados* 48 dias (-) Férias 30 dias (-) Feriados 12 dias (=) Número máximo de dias à disposição do funcionário x jornada diária (em horas) 275 dias 7,3333 horas (=) Número máximo de horas à disposição por ano 2.016,7 horas *Deduzidas quatro semanas já computadas nas férias Fonte: Adaptada de Martins (2018). UNIDADE 3 Prática da Contabilidade de Custos 96 Ainda sobre o assunto, Martins (2018) exemplifica o cálculo de remuneração anual de um funcionário. Observemos a próxima tabela. Tabela 17 - Cálculo de remuneração anual Salários = 2.016,7 horas R$ 10,00 R$ 20.167,00 Repousos semanais = 48 7,3333 = 352 horas R$ 10,00 R$ 3.520,00 Férias = 30 dias 7,3333 = 220 horas R$ 10,00 R$ 2.200,00 13º Salário = 220 horas R$ 10,00 R$ 2.200,00 Adicional constitucional de férias = 1/3 das férias R$ 733,33 Feriados = 12 7,3333 horas = 88 horas R$ 10,00 R$ 880,00 Total R$ 29.700,33 Fonte: Adaptada de Martins (2018). Vale lembrarmos que cada funcionário é obrigado a pagar os tributos e as contribuições mensalmente. Por conta disso, muitas empresas fazem o cálculo do custo do funcionário para empresa, conforme podemos observar na sequência. Tabela 18 - Contribuições mensais Previdência Social 20% Fundo de Garantia 8% Seguro de acidentes do trabalho 3% Salário-educação 2,5% SESI ou SESC 1,5% SENAI ou SENAC 1% INCRA 0,2% SEBRAE 0,6% Total 36,8% Fonte: Adaptada de Martins (2018). O cálculo do custo total anual para o empregador será, então, dado por: R$ 29.700,33 x 1,368 = R$ 40.630,05 R$ 40.630,05 ÷ 2.016,7 = R$ 20,14 Apuração dos custos de fabricação 97 Martins (2018, p. 124) complementam que “Os encargos sociais mínimos provocaram, então, um acréscimo de (20,14 ÷ 10,00) – 1 = 101,4% sobre o salário- hora contratado”. Nesse caso, esses hobbies não são mais classificados como forma de trabalho direto e tempo, sendo incluídos como custos indiretos para a taxa de produção. Em resumo, a folha de pagamento é considerada um custo fixo quando se obedece às 220 horas e não há possibilidade de comissões. No entanto, o custo do trabalho direto é variável porque pode sofrer mudanças na função da produção. 1.4 Custos indiretos Podemos definir os custos indiretos como os gastos que não apropriamos diretamente no processo produtivo, apenas no final. Diz respeito a um preço comum para tipos diferentes de mercadorias, sem separar o pacote de cada produto referente à quantidade unitária no exato momento em que ocorre o rateio. Martins (2018, p. 69) nos explica que “[…] todos os custos indiretos só podem ser alocados, por sua própria definição, de forma indireta aos produtos, isto é, mediante estimativas, critérios de rateio, previsão de comportamento de custos etc.”. De acordo com o autor, podemos apresentar um exemplo que mostra a importância dos custos indiretos em um departamento na empresa: • custo fixo por mês de mão de obra indireta, seguros, depreciação, parte do aluguel, entre outras inclusões = R$ 800.000,00; • custo variável de materiais, consumo de energia, ferramentas etc. = R$ 500,00/hm. Frente a esses dados, a fim de verificarmos o potencial que cada departamento retrata enquanto beneficiário dos serviços de manutenção, pensemos que a empresa em questão elaborou uma média dos últimos cinco anos, concluindo que: • departamento de furação = 25% dos trabalhados da manutenção; • departamento de fresagem = 40% dos trabalhados da manutenção; • pintura = 15% dos trabalhados da manutenção; • laboratório = 20% dos trabalhados da manutenção. UNIDADE 3 Prática da Contabilidade de Custos 98 Em determinado mês, contabilizou-se um total de 1.800 horas de trabalho (530 horas para furação, 880 horas para fresagem, 390 horas para laboratório e nada para pintura). Com isso, o custo total da manutenção pode ser observado a seguir. Tabela 19 - Custo total da manutenção Custo fixo R$ 800.000,00 Custo variável R$ 900.000,00 Total R$ 1.700.000,00 Fonte: Adaptada de Martins (2018). É importante compreendermos que os custos indiretos fazem parte da composição do preço final do produto, porém não são mensuráveis. Tabela 20 - Rateio de manutenção Função Fresagem Pintura Laboratório Parte fixa com base no potencial (média últimos anos) 25% $ 200.000 40% $ 320.000 15% $ 200.000 20% $ 160.000 100% $ 800.000 Parte variável com base no número de horas utilizadas 530h x $ 500/h = $ 265.000 880h x $ 500/h = $ 440.000 - 390h x $ 500/h = $ 195.000 $ 900.000 Total $ 465.000 $ 760.000 $ 120.000 $ 355.000 $ 1.700.000 Fonte: Adaptada de Martins (2018). A respeito desse exemplo, o autor nos traz o seguinte: Entre outras verificações que poderiam ser feitas, bastaria lembrar que, se a distribuição fosse com base somente no potencial, a pintura receberia R$ 255.000 (15% de R$ 1.700.000), recebendo parte do custo variável pelo qual ela não foi absolutamente responsável e, caso houvesse a alocação somente por horas de trabalho, a pintura não receberia nada, apesar de a manutenção ter parte de seus custos fixos também devido à necessidade de ter condições de prestar serviços à pintura. (MARTINS, 2018, p. 124) Os custos indiretos, quando apropriados ao produto, nos indica que, quando o item saiu da linha de produção, inicia-se a vinculação dos gastos. Desse modo, temos o rateio dos gastos proporcionalmenteà sua participação na composição do produto. Apuração dos custos de fabricação 99 Figura 18 - Diferença entre mão de obra indireta, materiais indiretos e outros custos indiretos É representada pelo trabalho nos departamentos auxiliares, serviços ou prestadores de serviços que não são mensuráveis em qualquer produto ou serviço executado, como supervisores de mão de obra, controle de qualidade, entre outros. São materiais utilizados em atividades de produção auxiliares ou cuja relação com o produto é irrelevante, como gorduras e lubrificantes, lixamento etc. Estão relacionados à presença de fabricação ou prestação de serviços, como amortização, seguro, manutenção de equipamentos etc. Mão de obra indireta Materiais indiretos Outros custos indiretos Fonte: Elaborada pela autora (2021). Embora tenhamos que saber que há despesas e entender o quanto elas representam para os cofres da empresa, não é possível determinar exatamente quanta energia foi gasta com cada porta produzida, por exemplo. Nesse caso, a solução é usar o que chamamos de critério aparente, que é estabelecer uma proporção aproximada. 100 AUTOATIVIDADE 1. Imagine o seguinte: no departamento de estoque da empresa São Paulo Ltda. trabalha Chico, que tem um salário de R$ 5,00 por hora trabalhada. O regime de trabalho em questão é de 44 horas semanais, sendo que Chico trabalha 15 dias por ano. Os encargos e as contribuições que incidem sob a folha de salário são: 20% para INSS; 8% para FGTS; 5,8% para entidade “S” (SENAI, SENAI etc.); 3% para seguro contra acidentes do trabalho. Trabalhando cinco dias de trabalho, sabendo que o funcionário não costuma requerer abono pecuniário de férias, temos o seguinte: Total dias do ano 365 (-) Domingo (48) (-) Sábado (48) (-) Férias (30) (-) Faltas abonadas e férias (15) Dias de trabalho na empresa 224 Fonte: Elaborada pela autora (2021). Ao todo, podemos considerar que Chico trabalha 44 5 = 8,8 horas por dia. Diante dessas informações, qual é o custo total do funcionário para a empresa por ano? Qual é a média de horas que o funcionário fica à disposição da empresa por ano? Qual é o custo médio de horas que o funcionário fica à disposição da empresa por ano? Já para a média de horas que o funcionário fica à disposição da empresa por ano, devemos considerar: 8,8 horas por dia 224 dias = 1.971,20 horas. Para identificar o custo médio de horas que Chico fica à disposição da empresa por ano, pegamos o custo total e divididos pela média de horas: = R$ 11,95 por hora. 101 2. Considerando nossos estudos, sabemos que as empresas podem utilizar a contabilidade e suas particularidades para controlar gastos, ganhos e outras informações pertinentes ao negócio, não é mesmo? Assim, imaginemos que uma empresa apresentou as seguintes movimentações na conta estoque de mercadoria: • dia 5 = compra de 10 unidades por R$ 25,00 cada; • dia 10 = venda de quatro unidades por R$ 35,00 cada; • dia 15 = venda de cinco unidades por R$ 40,00 cada; • dia 20 = compra de cinco unidades por R$ 30,00 cada; • dia 25 = venda de 10 unidades por R$ 40,00 cada. Utilizando o método do primeiro que entra, primeiro que sai, mais conhecido como PEPS, podemos chegar a qual conclusão? 3. Para controlar seus dados e, principalmente, as informações de estoque e mercadorias, as organizações podem utilizar os métodos de custeio. Com eles, tem-se uma visão mais apurada para a tomada de decisões assertivas. Nesse sentido, imagine que determinada empresa apresentou as seguintes movimentações na conta estoque de mercadoria, em determinado mês: Data Descrição Quantidade Valor unitário Valor total 02/06/2016 Estoque inicial 100 R$ 750,00 R$ 75.000,00 02/06/2016 Venda 60 R$ 800,00 R$ 48.000,00 10/06/2016 Compra 90 R$ 850,00 R$ 76.500,00 23/06/2016 Venda 80 R$ 875,00 R$ 70.000,00 25/06/2016 Compra 90 R$ 950,00 R$ 85.500,00 29/06/2016 Venda 150 R$ 1.010,00 R$ 151.500,00 Fonte: Elaborada pela autora (2021). Considerando o método de custo médio ponderado, é correto afirmar que a quantidade total, o valor unitário total e o total são de, respectivamente: ( ) 10 unidades, R$ 56,56 e R$ 565,63. ( ) 15 unidades, R$ 45,40 e R$ 657,00. ( ) 20 unidades, R$ 59,80 e R$ 897,98. ( ) 15 unidades, R$ 45,50 e R$ 750,98. 102 AUTOATIVIDADE 4. Com base no que estudamos até o momento, sabemos que o custo de inventário de estoque traz uma lista completa de todos os produtos preservados no estoque da empresa. Esse inventário identifica, classifica e determina o valor de cada produto. Sendo assim, em uma empresa que avalia o estoque final pelas compras mais recentes, enquanto o custo das mercadorias vendidas é avaliado pelas aquisições antigas, dizemos que ela pratica o método: ( ) PEPS (primeiro que entra, primeiro que sai). ( ) UEPS (último que entra, primeiro que sai). ( ) custo médio ponderado. ( ) inventário normal. Apuração dos custos de fabricação 103 5. Como já sabemos e aprendemos ao longo deste material, alguns gastos não têm relação direta com o produto, a exemplo dos salários do departamento administrativo, das despesas com copa e do material de expediente. Nesse sentido, estamos nos referindo ao quê? ( ) À mão de obra direta. ( ) Ao custo indireto. ( ) Ao custo direto de fabricação. ( ) À mão de obra indireta. 104 UNIDADE 3 Prática da Contabilidade de Custos 105 UNIDADE 3 2. Formação de preço TÓPICO 2 2.1 Introdução do tópico Um dos maiores desafios daqueles que querem entrar no mercado com um produto ou serviço inovador é definir quanto cobrar pelos produtos e/ou serviços oferecidos e de que modo fazer esse cálculo. Afinal, é necessário considerar alguns fatores para especificar um preço equilibrado e dentro da média de mercado. Martins (2018, p. 205, grifo nosso) descreve a formação de preço: Para administrar preços de venda, sem dúvida é necessário conhecer o custo do produto; porém essa informação, por si só, embora seja necessária, não é suficiente. Além do custo, é preciso saber o grau de elasticidade da demanda, os preços de produtos dos concorrentes, os preços de produtos substitutos, a estratégia de marketing da empresa etc.; e tudo isso depende também do tipo de mercado em que a empresa atua, que vai desde o monopólio ou do monopsônio até a concorrência perfeita, mercado de commodities etc. Esse processo é importante porque permite que consideremos um preço que, simultaneamente, compete com relação aos concorrentes, mas também é atraente para os clientes, cobrindo custos e possibilitando que a empresa seja lucrativa. Nesse sentido, a partir deste tópico, explicamos o que é a formação de preços, como funciona seu cálculo, de que maneira devemos calcular os preços dos parceiros e quais são os principais métodos de preços que podemos utilizar no processo. 2.2 Formação do preço de venda baseado nos investimentos A empresa pode optar pela aquisição de uma nova máquina que será utilizada no processo de produção, por exemplo, o que representa um investimento. As despesas desse investimento estarão presentes na formação do preço de venda do produto relacionado. Assim, no momento de estudar a formação de preço do produto, a empresa deve considerar o valor de tal investimento para que tenha o retorno dele. 106 UNIDADE 3 Prática da Contabilidade de Custos A fórmula para cálculo é dada pelo custo pleno, mais a porcentagem de retorno, vezes o capital investido, divididos pelo volume. Por exemplo, imaginemos que determinada empresa apresenta as seguintes informações: • custo pleno no valor de R$ 6,50; • retorno desejado de 20%; • capital investido no valor de R$ 10.000,00; • volume de vendas de 1.000 unidades. Nesse caso, temos que o preço de venda = R$ 6,50 + (0,20 x 10.000) / 1.000. Fazendo as contas, o PV totaliza R$ 8,50. 2.3 Formação do preço de venda baseado na maximização dos lucros e nos gastos No que tange à maximização dos lucros, cabe à empresa,no momento de realizar o cálculo da precificação do produto, acrescentar o percentual desejado. Dessa forma, ela buscará as estimativas (projeções) para obter o máximo benefício. No entanto, atualmente, as empresas estão procurando por sistemas de informação para melhorar o controle de seus custos no processo de produção. Isso facilita a formação dos preços de seus produtos conforme os gastos, uma vez que a organização passa a conhecer seus custos de produção. Dessa forma, o empresário estabelece as políticas que chamamos de vantagens competitivas, realizando uma gestão de todo o processo de produção, desde a compra de matéria-prima (custos fixos e variáveis) que chegam na entrega do seu produto (custos fixos e variáveis) até a finalização do item. A base de preço é a marcação. 2.4 Formação do preço de venda pelos métodos de custeio A formação do preço de venda de acordo com o método de absorção considera que os custos dos produtos consistem nas despesas incorridas no processo produtivo, como matérias-primas totais consumidas em trabalho direto, custos indiretos e preço de venda dos itens. Porém, ao aplicarmos todos os custos incorridos na comercialização de um produto ou na oferta de um serviço, devemos nos atentar ao fato de que o preço de venda calculado pode resultar em um valor maior que o produto ou serviço. Já a formação do preço de venda pelo método de custo variável nos traz que o valor total de custos e os encargos fixos da organização são projetados em determinado período. A soma desses gastos (despesas) com o valor de lucro desejado nos permite realizar simulações de vários preços em função do volume de produção até o intervalo da margem de contribuição. Formação de preço 107 A fórmula para cálculo diante do método de custo variável é dada por: P = (CT) + R% x CI) / V, em que P é o preço, CT diz respeito aos custos totais, R% é o retorno, CI é o custo de investimento e V está relacionado aos produtos produzidos. Vejamos um exemplo para melhor entendimento: certa empresa fez a aquisição de uma máquina no valor de R$ 50.000,00 para aperfeiçoar o processo produtivo. O setor de custos, então, planejou que o capital investido nessa aquisição proporcionasse um retorno de 20%. Os custos eram os seguintes: • salários no valor de R$ 24.000,00; • materiais diretos no valor de R$ 18.000,00; • depreciação no valor de R$ 8.000,00; • outros gastos no valor de R$ 20.000,00. No mês de julho de 2017, a empresa desejava produzir 800 mil biscoitos de chocolates. Diante dos dados, qual seria o preço mínimo a ser cobrado para cada do biscoito? Vamos realizar os cálculos para descobrir esse valor? Lucro auferido = R$10.000,00 (20% x 50.000) P = (CT + R% × CI) / V P = (70.000 + 20% 50.000) / 800.000 P = R$ 0,10 A formação de preço pode ser calculada de diversas formas, mas o importante é que, na base de custo, lembremos do custo de produção (se for indústria) ou do custo de aquisição (se for comércio). Ainda, ela resulta na tomada de decisão da empresa, observando que custos, despesas e gastos formarão o preço de venda. Diante disso, um dos métodos para a formação de preço utilizado pelas empresas é o markup, que iremos estudaremos a seguir. Continue a leitura do material! 2.4.1 Markups multiplicador e divisor O markup é um índice aplicado no somatório dos custos de um produto com a finalidade de formar o preço de venda. Ele pretende que o preço final do produto cubra toda a margem de custos, sendo a produção variável e os custos de ganho adequados à margem de cada produto. Aliás, esse índice pode ser calculado de duas maneiras: multiplicando, que multiplica o custo para obter o preço de venda; e dividindo, que divide o custo para se obter o preço de venda. 108 UNIDADE 3 Prática da Contabilidade de Custos O método de markup significa adicionar uma margem de lucro ao custo do produto ou à unidade de serviço para obter o preço de venda. Precisamos, então, calcular a marcação que os impostos, as comissões, as despesas administrativas, as despesas financeiras e as ações de lucro desejadas são necessárias. Com o índice em mãos, a empresa garantirá que o preço do produto ou serviço abrange despesas e ganhos. A fórmula do markup multiplicador é dada pelo preço de venda dividido pelo custo variável e por 1, dividido por 1, menos a soma das taxas percentuais. Por outro lado, a fórmula do markup divisor é dada pelo custo variável, dividido pelo preço de venda e por 1, menos a soma das taxas percentuais. Isto é: Markup multiplicador = Markup multiplicador = Markup divisor = Markup divisor = Vejamos um exemplo de markup divisor em que descobriremos o custo total de venda (CTV): suponha que tenhamos comprado um produto por R$ 30,00 (CMU = 30), sendo que o seu ICMS é de 18%, a taxa de despesas administrativas é de 6,45%, a participação do frete é de 2,75% e o lucro desejado é de 10%. Com essas informações, temos que o custo total de venda (CTV) é dado por: Tabela 21 - Custo total de venda do exemplo ICMS 18% Despesas administrativas + 6,45% Frete + 2,75% Lucro desejado + 10% Custo total de vendas (CTV) = 37,2% Fonte: Elaborada pela autora (2021). Agora, descobriremos o markup divisor (MKD): com o custo total de venda e o custo da mercadoria por unidade em mãos, podemos aplicar a fórmula MKD = (PV – CTV) / 100. Note que o preço de venda deve ser correspondente a 100%, logo, temos que: MKD = (100 – 37,2%) / 100 MKD = 62,8 / 100 MKD = 0,628 Formação de preço 109 Em um terceiro momento, encontraremos o preço de venda. Com o markup divisor calculado anteriormente, podemos descobrir a qual valor o produto deve ser vendido para que a empresa possa obter o lucro desejado. Para tanto, utilizamos a fórmula PV = CMU / MDK, em que temos o seguinte: PV = 10 / 0,627 PV = R$ 15,95 Portanto, podemos concluir que o produto deve ser vendido pelo valor de R$ 15,95, caso a organização busque uma taxa de lucro de 10%, considerando, ainda, todos os custos envolvidos no caso apresentado. Vejamos, agora, o markup multiplicador, que é muito útil para os cenários em que temos custos operacionais em todo o estabelecimento. Com ele, se os gastos forem padronizados, é possível aplicar o mesmo índice em tudo! Nosso primeiro passo será encontrar o markup multiplicador (MKM). Ainda com base nos dados do exemplo anterior, temos o markup divisor de 0,627, certo? Pegando esse valor e aplicando na fórmula MKM = 1 / MKD, chegamos ao seguinte: MKM = 1 / 0,627 MKM = 1,59 Feito isso, encontraremos o preço de venda aplicando a fórmula PV = PC MKM, lembrando, claro que nosso preço de custo é de R$ 10,00. Assim, temos que: PV = 10 1,59 PV = R$ 15,95 Como podemos notar em nosso exemplo, a aplicação do markup multiplicador é mais rápida e simples que o divisor, mas isso só é possível quando obtemos as mesmas condições de custos e desejamos o mesmo lucro sob todos os produtos. Do contrário, é mais vantajoso utilizar o markup divisor. 110 AUTOATIVIDADE 1. Pense no seguinte caso: atualmente, você paga R$ 3,50 pelo quilo da chapa de aço (custo). O ICMS envolvido é de 18%, assim como há PIS e CONFINS de 4,65%, mais comissão do vendedor de 3,5%, despesas administrativas de 7,5%. O lucro que deseja obter ante o imposto é de 10%. Com isso, temos que: Preço de venda (PV) 100,00% ICMS na venda 18,00% PIS e COFINS 4,65% Comissões 3,50% Despesas administrativas 7,5% Lucro antes dos impostos 10,00% Total custo total venda (CTV) 56,35% Fonte: Elaborada pela autora (2021). Nesse sentido, qual seria o markup divisor, considerando as informações dispostas? ( ) MKD = R$ 2,30. ( ) MKD = R$ 1,00. ( ) MKD = R$ 4,50. ( ) MKD = R$ 3,40. 2. O markup multiplicador é índice aplicado ao custo de um produto e/ ou serviço para a precificação, com base na margem de contribuição, acrescido do valor do custo unitário. Nesse sentido, considerando a mesma empresa da primeira questão, temos: Preço de venda (PV) 100,00%ICMS na venda 18,00% PIS e COFINS 4,65% Comissões 3,50% Despesas administrativas 7,5% Lucro antes dos impostos 10,00% Total custo total venda (CTV) 56,35% Fonte: Elaborada pela autora (2021). Diante disso, já com o markup divisor em mãos, qual seria o markup multiplicados, considerando as informações dispostas? ( ) MKM = R$ 2,60. 111 ( ) MKM = R$ 2,29. ( ) MKM = R$ 5,10. ( ) MKM = R$ 1,70. 3. O preço de vendas é a decisão de compra. No entanto, vivemos em meio a um mercado extremamente competitivo, fazendo com que o cliente desembolse valores diferenciados para a aquisição de bens e serviços necessários. Vamos, então, pensar em uma situação que nos traz os seguintes dados: • custo direto variável = R$ 20,00; • despesas variáveis = 7%; • despesas fixas = 30%; • lucro líquido = 8%. Com base na fórmula CU / 100% - (%CV + %DF + %ML), qual seria o valor de markup? ( ) R$ 45,60. ( ) R$ 34,75. ( ) R$ 36,36. ( ) R$ 54,89. 4. O preço de venda é um determinante para que a empresa tenha sucesso diante de um mercado tão competitivo quanto o nosso. Sem ele, é possível que os clientes sigam por outros caminhos devido à falta de cuidado nesse quesito. Sendo assim, defina com as suas palavras o conceito de preço de venda. 5. É importante lembrarmos que o valor que permanece no cálculo do markup é a margem de chamada do post. Podemos entender como os pequenos valores os quais devem ser adicionados. No final do mês, deve ser suficiente para pagar todos os custos, enquanto o restante será o resultado que se teve com a produção. Nesse sentido, com base em nossos estudos, explique o que é o markup. 112 UNIDADE 3 Prática da Contabilidade de Custos 113 UNIDADE 3 3. Contabilização de custos TÓPICO 3 3.1 Introdução do tópico A contabilização de custos pode parecer simples em um primeiro momento, mas isso se deve ao fato de que muitos cálculos são, de fato, mais fáceis de serem resolvidos. No entanto, também existem outros que exigem maior atenção devido à sua alta complexidade. É o caso dos custos que veremos ao longo deste tópico. Figura 19 - Esquema básico da contabilidade de custos Custos Indiretos Diretos Produto A Produto B Produto C Rateio Resultados Estoque Custo dos Produtos vendidos Despesas Vendas Fonte: Martins (2018, p. 47). Antes de iniciarmos, precisamos conceituar o método das partidas dobradas: com ele, para cada lançamento contábil em débito deve haver um lançamento em crédito correspondente. A contabilização de custos deve cumprir os padrões de débito e crédito. Além disso, a escrituração deve ser nos livros caixa e razão, também seguindo a prática da contabilidade geral. Lembrando, claro, que o débito representa os bens e direitos, ao passo que o crédito representa as obrigações. 114 UNIDADE 3 Prática da Contabilidade de Custos Aliás, dentro desse contexto, você já ouviu falar dos livros caixa, diário e razão? Pois este será o assunto do nosso primeiro item. Acompanhe o conteúdo com atenção! 3.2 Livros caixa, diário e razão Na escrituração contábil, utilizamos o livro diário, em que são registrados, em ordem cronológica, todos os fatos contábeis de uma empresa. Já o livro razão é detalhado com o nome das iniciativas no livro diário, agrupado em conta. No que diz respeito à semelhança entre esses dois livros, podemos mencionar: ordem cronológica de lançamentos, obrigatoriedade em haver abertura e encerramento, obediência ao método das partidas dobradas e apresentação da escrituração contábil digital (ECD) ou SPED contábil. Além disso, eles são utilizados no período de escrituração, a partir das mesmas informações. Não devem conter entrelinhas, rasuras ou qualquer indício que faça com que os registros sejam duvidosos. Na contabilidade, para o registro dos fatos ocorridos nas operações, as empresas utilizam as contas contábeis para registrar os resultados, aplicando os razonetes. Por exemplo, imaginemos que determinada empresa foi realizar a contabilização do custo de um novo produto. O setor de produção apurou as informações referentes ao processo produtivo e repassou para o setor de contabilidade realizar os lançamentos. Inicialmente, conforme as indicações, deveriam ser lançados todos os custos (diretos e indiretos) para uma conta chamada “custo de produção”. Tabela 22 - Custos diretos e indiretos Matéria-prima consumida R$ 3.000,00 Mão de obra (produção) R$ 6.000,00 Energia elétrica consumida R$ 1.500,00 Depreciação das máquinas R$ 500,00 Aluguel da fábrica R$ 1.500,00 Gastos gerais da fábrica R$ 600,00 Mão de obra (supervisão) R$ 900,00 Fonte: Elaborada pela autora (2021). No razonete, então, teremos algo como a tabela na sequência. Contabilização de custos 115 Tabela 23 - Razonete dos lançamentos Matéria-prima consumida Energia elétrica consumida Depreciação das máquinas Mão de obra (produção) R$ 3.000,00 R$ 1.500,00 R$ 500,00 R$ 6.000,00 R$ 3.000,00 R$ 1.500,00 R$ 500,00 R$ 6.000,00 Aluguel da fábrica Gastos gerais da fábrica Mão de obra (supervisão) Custo total de produção R$ 1.500,00 R$ 600,00 R$ 900,00 R$ 14.000,00 R$ 1.500,00 R$ 600,00 R$ 900,00 Fonte: Elaborada pela autora (2021). Outro ponto é que deveriam ser lançados todos os custos de produção aos estoques de cada produto, conforme podemos observar a seguir. Tabela 24 - Custos de produção Estoque de calças R$ 5.000,00 Estoque de camisas R$ 3.400,00 Estoque de jaquetas R$ 5.600,00 Fonte: Elaborada pela autora (2021). Já no razonete, teremos algo como a tabela na sequência. Tabela 25 - Razonete dos outros lançamentos Estoque de calças Estoque de camisas Estoque de jaquetas Custo total de produção R$ 5.000,00 R$ 3.400,00 R$ 5.600,00 R$ 14.000,00 R$ 14.000,00 Fonte: Elaborada pela autora (2021). Também deveriam ser lançados todos os custos dos produtos vendidos de cada item. Com isso, temos, então, as seguintes informações. Tabela 26 - Custos dos produtos vendidos Estoque de calças R$ 3.600,00 Estoque de camisas R$ 2.200,00 Estoque de jaquetas R$ 3.600,00 Fonte: Elaborada pela autora (2021). Novamente precisamos criar o razonete, conforme nos traz a próxima tabela. Tabela 27 – Razonete de estoques Estoque de calças Estoque de camisas Estoque de jaquetas Custo total de produção R$ 5.000,00 R$ 3.400,00 R$ 5.600,00 R$ 9.400,00 R$ 3.600,00 R$ 2.200,00 R$ 3.600,00 R$ 1.400,00 R$ 1.200,00 R$ 2.000,00 Fonte: Elaborada pela autora (2021). 116 UNIDADE 3 Prática da Contabilidade de Custos Com as informações que temos até o momento, já é possível calcular o resultado do período. Realizando os cálculos, temos os dados a seguir. Tabela 28 - Apuração do resultado Custo dos produtos vendidos R$ 9.400,00 Despesas de depreciação de escritório R$ 300,00 Aluguel do escritório R$ 700,00 Despesa financeira R$ 400,00 Gastos gerais de escritório R$ 200,00 Despesas de vendas R$ 400,00 Vendas a resultado R$ 15.000,00 Fonte: Elaborada pela autora (2021). Para o razonete, com base nos cálculos anteriores, temos que: Tabela 29 - Razonete conforme exemplo Depreciação dos equipamento de escritório Aluguel do escritório Despesas financeiras Gastos gerais de escritório R$ 300,00 R$ 700,00 R$ 400,00 R$ 200,00 R$ 300,00 R$ 700,00 R$ 400,00 R$ 200,00 Despesas de vendas Vendas Resultado Custo dos produtos vendidos R$ 400,00 R$ 15.000,00 R$ 11.400,00 R$ 15.000,00 R$ 9.400,00 R$ 9.400,00 R$ 400,00 R$ 15.000,00 R$ 3.600,00 Fonte: Elaborada pela autora (2021). Apuramos, então, um lucro líquido de R$ 3.600,00. Com isso, temos que: Tabela 30 - Apuração do resultado do exemplo Resultado R$ 11.400,00 R$ 15.000,00 R$ 3.600,00 R$ 3.600,00 Lucro acumulado R$ 3.600,00 Fonte: Elaborada pela autora (2021). Contabilização de custos 117 Na sequência, podemos realizar a apresentação do balanço patrimonial da empresa em questão em 31/12/2020, bem como a demonstração de resultado do exercício, conforme analisamos na próxima tabela. Tabela 31 - Balanço patrimonial da empresa Balanço patrimonialAtivo circulante Passivo circulante Caixa R$ 1.000,00 Duplicatas a pagar R$ 2.500,00 Banco conta em movimento R$ 2.400,00 Impostos a pagar R$ 1.500,00 Duplicatas a receber R$ 3.600,00 Total circulante R$ 4.000,00 Estoques Patrimônio líquido Calças R$ 1.400,00 Capital social R$ 14.000,00 Camisas R$ 1.200,00 Lucros acumulados R$ 3.600,00 Jaquetas R$ 2.000,00 Total R$ 17.600,00 Total estoques R$ 4.600,00 Total circulante R$ 11.600,00 Ativo não circulante Máquinas e equipamentos R$ 10.000,00 Total não circulante R$ 10.000,00 Total do ativo R$ 21.600,00 Total do passivo R$ 21.600,00 Fonte: Elaborada pela autora (2021). Agora, vejamos como fica a demonstração de resultados do exercício. Tabela 32 - Demonstração do resultado do exercício da empresa Demonstração do resultado do exercício Vendas R$ 15.000,00 (-) Custo dos produtos vendidos (R$ 9.400,00) (=) Lucro bruto R$ 5.600,00 (-) Despesas operacionais (R$ 2.000,00) (=) Lucro operacional R$ 3.600,00 Fonte: Elaborada pela autora (2021). Observamos, assim, que o produto dará para a empresa um lucro operacional no valor de R$ 3.600,00. Contudo, o importante aqui é apresentar a formalização dos lançamentos contábeis na contabilidade de custos. Vamos a um segundo exemplo? 118 UNIDADE 3 Prática da Contabilidade de Custos A empresa Lãs Finas, por meio do método de custeio por absorção, quer contabilizar e avaliar o seu estoque no final do exercício. Desse modo, vamos iniciar pela separação dos custos e das despesas. A empresa informou os seguintes gastos: Tabela 33 - Gastos incorridos Comissões de vendedores R$ 80.000,00 Salários da fábrica R$ 120.000,00 Matéria-prima consumida R$ 350.000,00 Salários da administração R$ 90.000,00 Depreciação da fábrica R$ 60.000,00 Seguros da fábrica R$ 10.000,00 Despesas financeiras R$ 50.000,00 Honorários da diretoria R$ 40.000,00 Materiais diversos da fábrica R$ 15.000,00 Energia elétrica da fábrica R$ 85.000,00 Manutenção da fábrica R$ 70.000,00 Despesas de entrega R$ 45.000,00 Correios, telefone, telex R$ 5.000,00 Material de consumo do escritório R$ 5.000,00 Total R$ 1.025.000,00 Fonte: Elaborada pela autora (2021). Teremos como custos de produção os itens informados a seguir. Tabela 34 - Custos de produção Salários da fábrica R$ 120.000,00 Matéria-prima consumida R$ 350.000,00 Depreciação da fábrica R$ 60.000,00 Seguros da fábrica R$ 10.000,00 Materiais diversos da fábrica R$ 15.000,00 Energia elétrica da fábrica R$ 85.000,00 Manutenção da fábrica R$ 70.000,00 Total R$ 710.000,00 Fonte: Elaborada pela autora (2021). Importante informar que os custos de produção são parte integrante do custo dos produtos. Já as despesas vamos dividir em dois departamentos: o primeiro é o departamento administrativo, enquanto o segundo será o departamento de vendas. Contabilização de custos 119 Tabela 35 – Departamentos e suas despesas Departamento administrativo Salários da administração R$ 90.000,00 Honorários da diretoria R$ 40.000,00 Correios, telefone e telex R$ 5.000,00 Material de Consumo do escritório R$ 5.000,00 Total R$ 140.000,00 Departamento de vendas Comissões de vendedores R$ 80.000,00 Despesas de entrega R$ 45.000,00 Total R$ 125.000,00 Fonte: Elaborada pela autora (2021). Despesas que não estão incluídas nos custos de produção e que totalizaram no final do período o valor de R$ 315.000,00, fazem parte diretamente do resultado do período, porém sem serem atribuídos aos produtos. Agora, suponhamos que a organização em questão tem na sua linha de produção três produtos diferentes, chamados A, B e C. Precisamos distribuir os custos de produção direta para os três elementos. Também assumiremos que, nessa empresa, além da matéria-prima, há custos diretos por parte da força de trabalho e de energia elétrica. Queremos saber, então, quanto de toda a matéria-prima utilizada, do trabalho direto e da energia elétrica direta foi aplicado em A, B e C. Para o consumo de matéria-prima, a empresa mantém um sistema de requisição. Desse modo, também precisaremos descobrir quanto foi usado de material retirado do armazém. A partir desses dados, a seguinte distribuição é conhecida: Tabela 36 - Distribuição Produto A R$ 75.000,00 Produto B R$ 135.000,00 Produto C R$ 140.000,00 Total R$ 350.000,00 Fonte: Elaborada pela autora (2021). A mão de obra é um pouco mais complexa de ser distribuída, uma vez que é necessário verificar os R$ 120.000,00. Para analisar esse ponto, a empresa mantém uma declaração (verificação) da maneira como os trabalhadores atuam em cada produto no mês e por quanto tempo. Esses detalhes e valores calculados nos trazem o seguinte: 120 UNIDADE 3 Prática da Contabilidade de Custos Tabela 37 - Mão de obra Mão de obra Indireta R$ 30.000,00 Direta Produto A R$ 22.000,00 Produto B R$ 47.000,00 Produto C R$ 21.000,00 R$ 90.000,00 Total R$ 120.000,00 Fonte: Elaborada pela autora (2021). Portanto, os R$ 90.000,00 serão atribuídos diretamente aos produtos, enquanto os R$ 30.000,00 restantes serão adicionados à função de custo indireto. A verificação do consumo de energia elétrica nos mostra que, após o consumo anotado na fabricação de produtos durante o mês, R$ 45.000,00 são diretamente atribuíveis, ao passo que R$ 40.000,00 são atribuíveis por critérios aparentes. Tabela 38 - Energia elétrica Energia elétrica Indireta R$ 40.000,00 Direta Produto A R$ 18.000,00 Produto B R$ 20.000,00 Produto C R$ 7.000,00 R$ 45.000,00 Total R$ 85.000,00 Fonte: Elaborada pela autora (2021). Após essas informações, apresentamos a tabela a seguir com o resumo para que possamos realizar a apropriação na próxima etapa. Acompanhe! Tabela 39 - Totalização dos custos diretos Gastos Produto A Produto B Produto C Indiretos Total Matéria-prima R$ 75.000,00 R$ 135.000,00 R$ 140.000,00 - R$ 350.000,00 Mão de obra R$ 22.000,00 R$ 47.000,00 R$ 21.000,00 R$ 30.000,00 R$ 120.000,00 Energia elétrica R$ 18.000,00 R$ 20.000,00 R$ 7.000,00 R$ 40.000,00 R$ 85.000,00 Depreciação - - - R$ 60.000,00 R$ 60.000,00 Seguros - - - R$ 10.000,00 R$ 10.000,00 Materiais diversos - - - R$ 15.000,00 R$15.000,00 Manutenção - - - R$ 70.000,00 R$ 70.000,00 Total R$ 115.000,00 R$ 202.000,00 R$ 168.000,00 R$ 225.000,00 R$ 710.000,00 Fonte: Elaborada pela autora (2021). Por esse resumo, podemos entender que o custo de produção (custos diretos) se dá pelo valor de R$ 485.000,00. Já os custos que ainda precisamos fazer a apropriação, ou seja, os custos indiretos, totalizam R$ 225.000,00. Essa apropriação dos custos indiretos é o nosso próximo passo! Contabilização de custos 121 Analisaremos o modo ou a possibilidade de associar os custos indiretos de R$ 225 000.00. Uma alternativa simplificada seria a concessão de produtos A, B e C proporcionais ao que todos já receberam de custos diretos. Esse critério é utilizado se os custos diretos forem a grande parte do custo total, não havendo outra visualização mais objetiva. Quanto menos indiretamente, menos arbitrariamente B e C podem ser concedidos. Teríamos então, algo como a tabela a seguir. Tabela 40 - Totalização dos custos diretos e indiretos Produtos Custos diretos Custos indiretos Totais R$ % R$ % Produto A R$ 115.000,00 23,71% R$ 53.351,00 23,71% R$ 168.351,00 Produto B R$ 202.000,00 41,65% R$ 93.711,00 41,65% R$ 295.711,00 Produto C R$ 168.000,00 34,64% R$ 77.938,00 34,64% R$ 245.938,00 Total R$ 485.000,00 100% R$ 225.000,00 100% R$ 710.000,00 Fonte: Elaborada pela autora (2021). Em outra situação, se temos conhecimento do tempo de produção de cada item vendido, a distribuição de custos indiretos apresenta os valores em tempo real. Tabela 41 - Custos indiretos Produtos Custos diretos Custos indiretos R$ % R$ % Produto A R$ 22.000,00 24,44% R$ 55.000,00 24,44% Produto B R$ 47.000,00 52,22% R$ 117.500,00 52,22% Produto C R$ 21.000,00 23,33% R$ 52.500,00 23,33% Total R$ 90.000,00 100% R$ 225.000,00 100% Fonte: Elaborada pela autora (2021). Chegamos,assim, à totalização do custo total de cada produto. Tabela 42 - Totalização do custo de cada produtos Produtos Custo direto Custo indireto Total Produto A R$ 115.000,00 R$ 55.000,00 R$ 170.000,00 Produto B R$ 202.000,00 R$ 117.500,00 R$ 319.500,00 Produto C R$ 168.000,00 R$ 52.500,00 R$ 220.500,00 Total R$ 485.000,00 R$ 225.000,00 R$ 710.000,00 Fonte: Elaborada pela autora (2021). Esses diferentes valores de custos indiretos e totais também são distintos para cada produto, podendo não apenas causar análises desordenadas, mas, também, reduzir o grau de credibilidade em relação às informações de custo. 122 UNIDADE 3 Prática da Contabilidade de Custos A forma de escrituração contábil desse procedimento pode ser variada. Existem dos critérios mais simples para os mais complexos. Em nosso exemplo, não há muita complexidade, mas em outros, pode ser muito diferente. ATENCAO Pelo critério simples, realizamos a contabilização de custos pelas informações da contabilidade financeira, considerando as contas apropriadas e a transferência direta de inventários, uma vez que os produtos são concluídos apenas no final do período, sem o registro das etapas de rateio. Temos, assim, o razonete a seguir. Tabela 43 - Critério simples Matéria-prima consumida Mão de obra (sal. fábrica) Depreciação de fábrica Seguro de fábrica R$ 350.000,00 R$ 120.000,00 R$ 60.000,00 R$ 10.000,00 Materiais diversos da fábrica Energia elétrica da fábrica Manutenção da fábrica R$ 15.000,00 R$ 85.000,00 R$ 70.000,00 Fonte: Elaborada pela autora (2021). O importante é conseguirmos fazer a distinção dos critérios de contabilização, pois são as representações gráficas das transações e dos registros das contas contábeis realizados por meio do método das partidas dobradas. Vejamos outro razonete conforme exemplo. Tabela 44 - Razonetes dos estoques dos produtos Estoque produto A Estoque produto B Estoque produto C R$ 170.000,00 R$ 319.500,00 R$ 220.500,00 Fonte: Elaborada pela autora (2021). Talvez você possa pensar que tais lançamentos simplificados não fornecem uma boa visão de como a distribuição de custos foi realizada. No entanto, com um bom sistema de banco de dados, as melhores fontes das referidas informações de distribuição serão sempre os próprios arquivos, não a apresentação dos livros diário e razão contábil. Pensando em contabilizar a partir do critério complexo, seria ter os custos contábeis representados pelo registro contábil, no mesmo grau de detalhe de mapas e arquivos de custo. Contabilização de custos 123 Tabela 45 - Apropriação dos custos indiretos aos produtos Débito Mão de obra direta R$ 90.000,00 Mão de obra indireta R$ 30.000,00 Total R$ 120.000,00 Crédito Mão de obra (sal. fábrica) R$ 120.000,00 Débito Energia elétrica direta R$ 45.000,00 Energia elétrica indireta R$ 40.000,00 Total R$ 85.000,00 Crédito Energia elétrica de fábrica R$ 85.000,00 Débito (estoques) Produto A R$ 75.000,00 Produto B R$ 135.000,00 Produto C R$ 140.000,00 Total R$ 350.000,00 Crédito Matéria-prima consumida R$ 350.000,00 Débito (estoques) Produto A R$ 22.000,00 Produto B R$ 47.000,00 Produto C R$ 21.000,00 Total R$ 90.000,00 Crédito Mão de obra direta R$ 90.000,00 Débito (estoques) Produto A R$ 18.000,00 Produto B R$ 20.000,00 Produto C R$ 7.000,00 Total R$ 45.000,00 Crédito Energia elétrica direta R$ 45.000,00 Débito (estoques) Produto A R$ 55.000,00 Produto B R$ 117.000,00 Produto C R$ 52.500,00 Total R$ 225.000,00 Crédito Mão de obra indireta R$ 30.000,00 Energia elétrica indireta R$ 40.000,00 Depreciação de fábrica R$ 60.000,00 Seguros de fábrica R$ 10.000,00 Materiais diversos de fábrica R$ 15.000,00 Manutenção de fábrica R$ 70.000,00 Total R$ 225.000,00 Fonte: Elaborada pela autora (2021). 124 UNIDADE 3 Prática da Contabilidade de Custos As contas ficariam da seguinte maneira: Tabela 46 - Razonetes do exemplo Matéria-prima consumida Mão de obra (sal. fábrica) Depreciação de fábrica Seguro de fábrica R$ 350.000,00 R$ 120.000,00 R$ 60.000,00 R$ 10.000,00 R$ 350.000,00 R$ 120.000,00 R$ 60.000,00 R$ 10.000,00 Materiais diversos da fábrica Energia elétrica direta Energia elétrica indireta Energia elétrica de fábrica R$ 15.000,00 R$ 45.000,00 R$ 40.000,00 R$ 85.000,00 R$ 15.000,00 R$ 45.000,00 R$ 40.000,00 R$ 85.000,00 Mão de obra direta R$ 90.000,00 R$ 90.000,00 Fonte: Elaborada pela autora (2021). Contabilização de custos 125 Os lançamentos dos razonetes nos trazem uma interpretação gráfica quanto ao aumento ou à diminuição das contas contábeis para que possamos entender como funcionam os registros das operações de uma empresa. Tabela 47 - Apuração de estoque Mão de obra indireta Estoque do produto A Estoque do produto B Estoque do produto C R$ 30.000,00 R$ 75.000,00 R$ 135.000,00 R$ 140.000,00 R$ 30.000,00 R$ 22.000,00 R$ 47.000,00 R$ 21.000,00 R$ 18.000,00 R$ 20.000,00 R$ 7.000,00 R$ 55.000,00 R$ 117.500,00 R$ 52.500,00 R$ 170.000,00 R$ 319.500,00 R$ 220.500,00 Fonte: Adaptada de Martins (2018). Essa forma de contabilidade está perto de todas as etapas do próprio custo e distribuição. Ela somente deve ser recomendada na prática se as informações contábeis analíticas forem necessárias. Martins (2018) conclui que o método mais complexo da contabilização deve ser evitado, visto que dificulta a contabilidade financeira devido ao número de lançamentos requeridos. Ainda, devido à dificuldade de manipulação das informações, aqueles que não tem conhecimento e experiência na área contábil devem optar por algo mais simples. 126 AUTOATIVIDADE 1. Vamos imaginar o seguinte: a indústria Tubos e Conexões fabricou, durante o mês de dezembro, apenas um tipo de produto. Não havia produtos em elaboração no início e no final do mês. As informações a seguir auxiliarão em nossos cálculos. Materiais R$ 60.000,00 Mão de obra direta. R$ 40.000,00 Gastos gerais de fabricação R$ 30.000,00 Fonte: Elaborada pela autora (2021). Além disso, foram produzidas 200 unidades para enviar como amostra. Diante dessas informações calcule o custo de produção, o custo unitário e como deve ser montado o razonete para apresentarmos os lançamentos. 2. Considerando nosso material de estudos, já sabemos que o razonete é a representação gráfica dos registros individuais das contas contábeis, as quais são apresentadas de forma mais didática. Nesse contexto, assinale a alternativa a seguir que traz um lançamento contabilizado pelo método complexo da compra de um equipamento pago à vista com caixa. ( ) Débito com máquinas e equipamentos e crédito com fornecedores. ( ) Débito com máquinas e equipamentos e crédito com caixa. ( ) Débito com caixa e crédito com máquinas e equipamentos. ( ) Débito com fornecedores e crédito com caixa. 3. Antes de fechar o balanço patrimonial, a empresa faz a apuração de resultado com base nas despesas e receitas incorridas no processo produtivo. Nesse momento, é apurado o resultado líquido. A respeito dessa apuração, podemos afirmar que: ( ) ela é realizada para analisarmos o resultado da empresa, se positivo (lucro) ou negativo (prejuízo). ( ) sua escrituração deve mencionar o rateio dos métodos de custeio utilizados no período contabilizado. ( ) ela é feita para verificarmos se os saldos das contas contábeis patrimoniais estão ajustados. 127 ( ) ela favorece o entendimento do contador da empresa para a tomada de decisão. 4. Com base em nosso material, aprendemos que, na contabilidade de custos, o uso da departamentalização tem por objetivo a elaboração, de forma clara, e atribuição dos custos por meio de rateios. Sendo assim, assinale a alternativa que define a departamentalização. ( ) Despesas incorridas no processo produtivo, incluindo custos indiretos. ( ) Os custos diretos adotam a condição de não oferecer a medida objetiva na aplicação do produto. ( ) Apropriação dos gastos referentes às etapas do processo produtivo. ( ) Os custos indiretos de fabricaçãoguardam relação com o volume de produção e a quantidade de estoque do produto. 5. Imaginemos o seguinte: a empresa XWQ apresentou os seguintes números para a elaboração da demonstração de resultado do exercício (DRE): • receita de vendas = R$ 2.000.000,00; • despesas gerais = R$ 450.000,00; • despesas comerciais = R$ 400.000,00; • custo de produto vendido = R$ 760.000,00. Agora, o administrador da empresa quer saber qual será o lucro operacional. Realize os cálculos e informe o resultado para ajudarmos a empresa com sua decisão. 128 RESUMO Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. CHAMADA Assim, chegamos ao fim do nosso material de estudos entendendo sobre a contabilização de custos. Aqui, pudemos realizar uma comparação com a contabilidade geral e concluirmos que a forma de escrituração e alocação das despesas e dos custos seguem a mesma lógica nos dois casos. Além disso, pudemos compreender sobre a formação de preço, em que todos os cálculos vistos até o momento formam a base para a precificação do produto ou serviço. Aliás, pudemos conhecer o cálculo do markup, que nos ajuda nessa questão. Esperamos que, com o que foi proposto, você possa aplicar os conhecimentos na prática e realizar uma correta contabilização dos gastos empresariais e — por que não? — pessoais. Certamente o conteúdo é de grande valia em sua caminhada! 129 REFERÊNCIAS MARTINS, E. Contabilidade de custos. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2003. MARTINS, E. Contabilidade de custos. 11. ed. São Paulo: Altas, 2018. RIBEIRO, M. O. Contabilidade de custos. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2016.