Prévia do material em texto
115 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Gestão de Custos SUMÁRIO 5 ANÁLISE DAS RELAÇÕES CUSTO/VOLUME/LUCRO: ELEMENTOS CRÍTICOS PARA A TOMADA DE DECISÕES A gestão de custos se orienta para viabilizar a tomada de decisões de natureza finan- ceira para os responsáveis pelo setor financeiro e pela alta administração das organi- zações empresariais. As empresas de todos os portes e setores beneficiam-se direta- mente dessas ferramentas na medida em que permitem elaborar custos de produção e margens de lucro associadas a um preço de venda. Esse preço, em geral, deve ser competitivo, de modo a permitir que essas empresas possam se manter no mercado e gerar resultados e dividendos aos seus acionistas e proprietários. Uma dessas ferramentas é a relação de custo/volume/lucro. Essa relação é utilizada de modo a entender as ligações existentes (e concretas) entre os custos de produ- ção, o volume de bens elaborados (ou o nível de atividades correntes) e as receitas geradas, para determinar a influência desses elementos sobre o lucro. Essas variá- veis, tomadas em uma perspectiva de curto prazo, viabilizam o crescimento de longo prazo e as decisões estratégicas da empresa, voltadas a questões fundamentais: o que se deve fabricar? Como se deve fazê-lo? Quais as dimensões ideais que a empresa deve assumir? INTRODUÇÃO A capacidade de uma empresa em assumir decisões estratégicas, voltadas ao seu crescimento, está intrinsecamente ligada à necessidade de efetuar medidas voltadas ao horizonte de curto prazo, para a formação de preços de venda que viabilizem a cria- ção de margens de lucro. Como é sabido, a relação entre custos de produção e lucros esperados é fundamental para definir a sobrevivência de uma empresa no mercado, seja a partir de si própria (isto é, a partir de sua capacidade de bancar a produção de bens e serviços para colocá-los no mercado), seja a partir do ambiente externo (dadas as condições de concorrência e níveis de preços das demais empresas). 116 Gestão de Custos FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO A manipulação das estruturas de custo, portanto, é um processo-chave, de natureza tática: o gerente de custos deve enfocar os diferentes setores da empresa, de modo a conectar o espaço operacional (onde se desenvolvem as rotinas de produção) e os itens de custo associados a esse espaço, à dimensão estratégica, isto é, que está ligada ao horizonte de longo prazo e aos objetivos gerais da empresa, conforme sua visão e seus valores. Ao longo desta unidade, essa analogia será retomada, de modo a demonstrar de que maneira a ferramenta de análise de custo/volume/lucro é capaz de determinar as condições objetivas de crescimento das organizações empresariais em seus diferentes níveis. 5.1 RELAÇÕES DE CUSTO/VOLUME/LUCRO O lucro associado às receitas de venda e ao nível de atividade de uma empresa não é estabelecido (ou ao menos não deveria ser) de forma arbitrária. Na verdade, a forma- ção de margens de lucro é um processo intrinsecamente dependente de outras variáveis. Entre essas variáveis, é possível citar os itens de custo (e, por consequência, dos custos associados a esses itens), o volume de produção, as receitas geradas e outros desem- bolsos eventualmente efetuados de modo a garantir a continuidade das operações da empresa (LINS; SILVA, 2017). A partir dessa relação, é criada a análise de custo/volume/lucro, que está associa- da aos métodos de determinação de custo (ou métodos de custeio) que auxiliam o gestor a tomar decisões associadas ao curto prazo, ou seja, à fabricação de produtos e respectiva alocação no mercado, dadas as condições de concorrência e estabilidade do espaço macroeconômico. Em linhas gerais, pode-se definir a relação de custo/volume/lucro como a forma pela qual o volume de vendas se articula com os custos de produção e lucros esperados. Trata-se, portanto, de um planejamento das margens de lucro esperadas pela empre- sa, que depende das peculiaridades associadas a esses itens de custo e do comporta- mento dos diferentes setores operacionais da empresa (CREPALDI; CREPALDI, 2018). A partir desse planejamento, a empresa tem condições de estimar os preços de venda que têm condições efetivas de ser viabilizados de acordo com os custos de produção 117 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Gestão de Custos SUMÁRIO e com as condições do mercado, ou seja, conforme a demanda potencial do público consumidor e do estado das empresas concorrentes. 5.2 ANÁLISE DO CONCEITO E SUAS APLICAÇÕES A importância do estudo relativo às estruturas de custo/volume/lucro é justificada à medida que viabiliza a tomada de decisões por parte dos gestores da empresa, consi- derando estas três dimensões (CREPALDI; CREPALDI, 2018): • dimensão 1: operação > opção entre fabricar um produto (arcando com os custos) ou comprá-lo de terceiros; > introdução de novas linhas de produção e itens para venda; > determinação dos preços de venda ao consumidor final e/ou para outras empresas; > dimensionamento ideal da empresa (em número de funcionários, capacida- de de produção, etc.). • dimensão 2: planejamento > facilidade na elaboração de orçamentos relativos à produção, viabilizando escolhas relativas à dimensão da operação; > projeção de lucros esperados (potenciais), contribuindo para as políticas de longo prazo da empresa; > redução de gastos e despesas, sejam elas de natureza operacional (e previs- tas, como viagens, telefone, cafezinho, material de escritório, etc.), sejam ines- peradas (quebra de máquinas, multas, encargos imprevistos, etc.). • dimensão 3: controle > viabiliza-se o controle orçamentário, isto é, a adesão da estrutura de custos reais aos custos esperados (e definidos mediante um orçamento); > confere maior flexibilidade aos orçamentos (a partir de margens de lucro potenciais e redução nos gastos reais). 118 Gestão de Custos FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO FIGURA 15 - DIMENSÕES DA ANÁLISE DE CUSTO/VOLUME/LUCRO OPERAÇÃO PLANEJAMENTO CONTROLE • Fabricar ou comprar • Novas linhas produti- vas • Preço de venda • Dimensionamento da empresa • Elaboração de orça- mentos • Projeção de lucros • Redução de gastos • Redução de despesas imprevistas • Aderência de custos reais aos custos espe- rados • Flexibilidade aos orçamentos Fonte: Elaborada pelo autor. Conforme a abordagem realizada na introdução desta unidade e a partir das dimen- sões apresentadas, pode-se perceber que a relação de custo/volume/lucro apresenta uma natureza tática. Ou seja, essa análise é realizada pelos gerentes de custos de acordo com os diferentes setores da empresa (dimensão operacional), de modo a alinhar as rotinas produtivas e os resultados gerados por esses setores aos objetivos definidos pela alta administra- ção da empresa, que são focados no longo prazo e na visão de futuro da organização (PADOVEZE, 2013). FIGURA 16 - DIMENSÕES DA EMPRESA E EFEITOS SOBRE A GESTÃO Nível estratégico (objetivos de longo prazo) Nível tático (gerência e planejamento) Nível operacional (rotinas produtivas e criação de bens) Fonte: Elaborada pelo autor. 119 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Gestão de Custos SUMÁRIO Essa análise viabiliza um cálculo preciso das condições que geram o equilíbrio nas linhas de produção, isto é, o volume de vendas que a empresa precisa desenvolver, de modo a cobrir os seus custos produtivos (SANTOS, 2017). Considere que a empresa Venturi Ltda. elabora um único item e que sua estrutura de preços e custos é demonstradado seguinte modo: Preço unitário de venda (PVu): R$ 300,00. Custos variáveis unitários (CVu): R$ 210,00. Custos fixos totais (CF): R$ 180.000. Qual o volume de vendas (em unidades), capaz de produzir lucros antes do pagamento de juros e Imposto de Renda (LAJIR), cuja alíquota é fixada em 25% sobre as vendas? solução: É preciso, em primeiro lugar, analisar a relação entre custos, volume e preço de venda por meio de um indicador elaborado como se segue: Índice = CVu PVu * RT Onde RT corresponde às receitas totais obtidas com as vendas. De acordo com os dados do exercício, tem-se: Índice = CVu PVu * RT = 210 300 * RT = 0,7 RT As Receitas Totais (RT) correspondem à soma entre o lucro, os custos fixos e o índice de custos variáveis: RT = Lucros + CF + Índice do CV 120 Gestão de Custos FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Logo, sabendo-se que o pagamento do Imposto de Renda corresponde a 25% das vendas, tem-se o seguinte: RT = , RT+ CF+ , RT = . , , * RT = / RT = 0 25 0 7 180 000 0 95 0 05 180000 180000 + →RT // , = $ . .0 05 3 600 000R Pode-se calcular, ainda, o volume de vendas (nível de atividade) a partir da razão entre as receitas totais e o preço de venda unitário; esse cálculo permi- te perceber o número de unidades necessárias para que a empresa tenha lucro antes dos juros e impostos: Volume de vendas RT PVu . unidades= = = 3600000 300 12 000 Extrapolando essa visão, a relação de custo/volume/lucro destina-se a avaliar de que forma os custos reagem, ou variam, de acordo com eventuais oscilações no volume de itens produzidos pela empresa, a partir do comportamento dos custos fixos, dos custos variáveis e das receitas de venda (CREPALDI; CREPALDI, 2018). A empresa D. Macedo Ltda. fabrica móveis artesanais e sua meta é manter uma margem de lucro igual a 30% em relação ao volume de vendas. Supo- nha que a empresa apresenta a seguinte estrutura de custos e vendas: • Vendas: R$ 60.000. • Custos variáveis: R$ 36.000. • Custos fixos: R$ 9.000. Qual o volume de receitas de venda, em reais, necessário para satisfazer à condição preconizada pela empresa? 121 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Gestão de Custos SUMÁRIO Para atender a essa questão, é necessário retomar o uso do indicador de custos variáveis: Índice = CVu PVu * RT Como não há os custos e preços unitários, é preciso usar os custos e receitas totais da seguinte forma: Índice = CV PV * RT * RT , RT= = 36000 60000 0 6 Aplicando esse índice ao cálculo da receita total (e sabendo que a empresa quer obter 30% de lucro sobre a receita), tem-se: RT = Lucros + CF + Índice do CV = 0,6RT + 9000 + 0,3RT RT = 0,9RT + 9000 → 0,1RT= 9000 → RT = 9000/0,1 = R$ 90.000 Logo, de acordo com a estrutura de custos fixos e variáveis da empresa, é necessário que ela venda ao menos R$ 90.000 em produtos para que tenha um lucro mínimo de 30% como esperado. Embora seja uma ferramenta voltada para o curto prazo, isto é, para a determinação de custos de produção e preços de venda, a análise de custo/volume/lucro é fundamen- tal para garantir, pela determinação de custos e receitas esperadas, a massa de recur- sos necessários para viabilizar investimentos da empresa e condições para o financia- mento de projetos em horizontes de longo prazo (CREPALDI; CREPALDI, 2018). 5.3 MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO Para entender melhor a relação de custo/volume/lucro, é importante retomar os dispositivos relacionados ao regime de custeio variável, no qual todos os custos de produção e despesas variáveis são subtraídos em relação à receita gerada com as vendas. 122 Gestão de Custos FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Nesse regime de determinação de custos, o conceito de Margem de Contribuição (MC) é bastante utilizado. Ele consiste, em linhas gerais, na diferença entre as receitas de venda (ou Receitas Totais, com símbolo RT) e o somatório dos custos variáveis e despesas variáveis (CV) (SANTOS, 2017). MC = RT- CV Por meio do cálculo desse indicador, obtém-se o volume de receitas geradas pela venda de um produto, que “contribui” para a amortização dos custos fixos e das despesas fixas, de modo a gerar lucro para a empresa. A empresa B. Alves apresenta os seguintes resultados de natureza financeira e contábil relacionados a um certo período de suas atividades de produção e venda do bem que elabora: • Vendas totais: R$ 1.380.000. • Custos fixos totais: R$ 217.500. • Custos variáveis totais: R$ 517.500. • Despesas fixas totais: R$ 150.000. • Despesas variáveis totais: R$ 117.000. A margem de contribuição é igual a: MC = RT - CV = 1380000 - 517500 - 117000 = R$ 745.500 Ou seja, em relação ao montante gerado pelas receitas de venda, observa- -se que o valor de R$ 745.500 corresponde à contribuição das receitas para amortização dos custos e receitas e formação do lucro. A Margem de Contribuição Unitária (MCu), por sua vez, demonstra a agregação de receitas para essa operação de amortização que é gerada com a venda de uma unida- de do bem produzido pela empresa. Nesse caso, a receita de venda RV coincide com 123 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Gestão de Custos SUMÁRIO o preço de venda PV, logo a receita unitária RVu é igual ao preço de venda unitário PVu, resultando na equação que se segue (CREPALDI; CREPALDI, 2018): MCu = PVu - CVu Onde: CVu = CustoVariávelTotal QuantidadeProduzida = CV Q A empresa L. Soglia fabrica 150.000 unidades do produto por ela transacio- nado ao longo de um certo período de tempo. Para viabilizar a produção desses itens, os custos variáveis correspondem ao valor de R$ 2.250.000; os custos fixos são iguais a R$ 1.350.000; e o preço unitário de venda é igual a R$ 32,50. Qual a margem de contribuição unitária? Solução: MCu = PVu - CVu CVu = CustoVariávelTotal QuantidadeProduzida = CV Q = 22500000 1500000 15 00=R$ , / unidade Logo, MCu = PVu - CVu = 32,50 - 15 = R$ 17,50 Ou seja, dentro do preço de venda unitário de R$ 32,50, o valor de R$ 17,50 será efeti- vamente agregado como receita para a empresa, a cada unidade de produto vendi- do. 124 Gestão de Custos FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO O estudo da margem de contribuição é, de um modo geral, positivo para o planeja- mento financeiro de uma empresa, a partir dos seguintes fatores (CREPALDI; CREPAL- DI, 2018): • auxilia a empresa a definir quais bens (no caso da linha produtiva ser compos- ta de mais de um item para venda) apresentam maior MC e, desse modo, devem receber um esforço de vendas mais direcionado; • permite definir qual o preço mínimo que pode ser praticado, no caso de reali- zar uma promoção; • ajuda os gestores ao manter produtos na linha de produção ou retirá-los perante a possibilidade de prejuízo; • auxilia a avaliar o desempenho de unidades produtivas e sua contribuição para a geração de resultados, de modo a manter filiais ou fechá-las, se necessário; • permite verificar a possibilidade de alocação alternativa de recursos (comprar pronto ou produzir individualmente); • ajuda a definir políticas de incentivo às vendas mediante iniciativas de redu- ção de preços; • é um indicador utilizado para o cálculo do ponto de equilíbrio, a ser estudado a seguir. 125 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Gestão de Custos SUMÁRIO FIGURA 17 - MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO E SEUS DIFERENCIAIS Esforço de vendas Preços mínimos MC Alocação de recursos Promoções Ponto de equilíbrio Previsão de lucros Avaliaçãoda produção Fonte: Elaborada pelo autor. Como você pode perceber, a margem de contribuição influencia a decisão sobre os tipos de bens que devem ser comercializados por uma empresa, ou as quantida- des consideradas ideais desses produtos, contribuindo ainda para definir as políticas de retração ou expansão de linhas produtivas, em um horizonte temporal de médio prazo (MARTINS; ROCHA, 2015). 126 Gestão de Custos FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Em algumas situações, um esforço de promoção de vendas por meio de reduções de preço e outros elementos de marketing pode gerar um movi- mento reverso, de impactos negativos para a imagem da empresa. Na déca- da de 2000, uma cadeia de lojas de móveis e eletrodomésticos lançou uma campanha com os slogans “Quer pagar quanto?” e “Olhou, levou”. Os funcio- nários das lojas tinham de utilizar broches com esses slogans, situação que gerou comportamentos inadequados de diversas pessoas e levou a empresa a ter de arcar com ações trabalhistas por assédio moral. Da mesma forma, a variação da margem de contribuição de um produto permite avaliar, de acordo com a capacidade produtiva, os resultados gerados, na forma de receitas de venda decorrentes de um esforço de redução de preços e/ou de flutuação positiva na demanda. Suponha que a empresa A.L. Santos Ltda. fabrica bermudas, elaborando mensalmente 7.000 unidades ao preço unitário de R$ 10,00. Sabe-se que, nessa organização, as despesas variáveis são correspondentes a 20% do preço de venda; os custos variáveis, por sua vez, são iguais a 12% do preço unitário. A capacidade de produção da empresa é de 10.000 peças, sem que o custo fixo, igual a R$ 9.000 mensais, seja alterado. De acordo com uma pesquisa encomendada pela empresa, o mercado local tem condições de absorver até 12.000 unidades mensais, caso a camiseta possa ser comercializada a R$ 7,00. 127 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Gestão de Custos SUMÁRIO Diante do exposto, caso a empresa resolva reduzir seu preço de venda, mantendo os custos fixos e a capacidade de produção, qual será o resultado final que ela perceberá? solução A situação atual da empresa é a seguinte: Quantidade de vendas mensais = 7.000. PVu = R$ 10,00. Despesas variáveis unitárias = 20% * 10 = R$ 2,00. CVu = 12% *10 = R$ 1,20. Capacidade de produção = 10.000 peças mensais. CF = R$ 9.000. situação nova: Demanda mensal = 12.000 peças. PVu = R$ 7,00. Despesas variáveis = 20% = R$ 1,40. CVu = 12% * 7 = R$ 0,84. Capacidade de produção = 10.000 peças mensais. CF = R$ 9.000. MCu=PVu-CVu (inclusas as despesas variáveis) MCu=10-2-1,20=R$ 6,80 MCT=MCu*Q=6,8*7000=R$ 47.600 128 Gestão de Custos FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Assim, no momento atual, os resultados da empresa, em termos da margem de contribuição total, serão iguais a R$ 47.600. Na situação nova (PVu = R$ 7), tem-se: MCu=PVu-CVu (inclusas as despesas variáveis) MCu=7-1,40-0,84=R$ 4,76 MCT=MCu*Q=4,76*10000=R$ 47.600 Logo, de acordo com as condições apresentadas, mesmo com o aumento na oferta de produtos como resultado da redução do preço de venda, os resul- tados finais, em termos de aumento de receita, serão nulos. Pelo exemplo, foi possível verificar que uma alteração na demanda gera um impac- to positivo nos resultados financeiros da empresa, como esperado; no entanto, esse resultado não consiste apenas no aumento das receitas. Deve-se, ainda, analisar (de acordo com a margem de contribuição) de que modo esse aumento de receitas contribui para a cobertura dos demais custos e despesas de produção, gerando lucro para a empresa (ASSAF NETO; LIMA, 2014). 5.3.1 PONTO DE EQUILÍBRIO Na área da gestão de custos, o ponto de equilíbrio corresponde ao nível de ativida- de (na forma de volume de vendas realizadas) que é necessário para que a empresa atinja a cobertura completa dos seus custos de produção. Ou seja, nessa condição de equilíbrio, os custos totais e as receitas totais estão em posição de igualdade, fazendo com que não haja lucros ou prejuízos em seus resultados (PADOVEZE, 2013). 129 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Gestão de Custos SUMÁRIO A partir da física, o conceito de equilíbrio remete à posição de repouso de um corpo, sem inclinação para nenhum lado ou dimensão. Trata-se, nesse caso, de uma situação de estabilidade na condição desse corpo, como resul- tado da anulação de forças antagônicas entre si ou da ausência de aplicação de forças sobre esse objeto. No momento em que a empresa ultrapassa esse ponto (conhecido também como ponto de nivelamento, ou conforme a expressão inglesa, break-even point), começa- -se a gerar lucro, ainda que haja aumento proporcional dos custos variáveis mediante o aumento da produção (LINS; SILVA, 2017). Nas ciências econômicas, a microeconomia estuda o comportamento das empresas mediante suas estruturas de preços e receitas. No modelo de concorrência perfeita, concebe-se a empresa como um agente individual, cuja condição principal é a operação na ausência de lucros. Ou seja, a empre- sa deve operar sob condições de equilíbrio. O conhecimento sobre o ponto de equilíbrio, portanto, é importante para que a empresa defina possíveis alterações de venda, de acordo com as condições do merca- do e de sua própria estrutura de custos. Na igualdade entre receitas totais e custos totais para o cálculo do ponto de equilí- brio, tem-se o seguinte: Receita Total = RT = PVu*Q Custo Total = CT = (CVu*Q) + CF Onde CF corresponde ao custo fixo de produção de um bem. 130 Gestão de Custos FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Assim, a fórmula do ponto de equilíbrio é dada pela razão entre custos fixos e a margem de contribuição unitária (CREPALDI; CREPALDI, 2018): PE = CV MCu A Empresa J. Sperandio Ltda. efetua a venda de 50.000 unidades mensais do bem que fabrica, cujos custos fixos totais são equivalentes a R$ 900.000 e os custos variáveis totais são iguais a R$ 4,5 milhões. A empresa deseja manter um ponto de equilíbrio igual a 25%, logo qual deve ser o preço de venda a ser fixado pela empresa? Solução: Custo Fixo unitário(CFu) $ / unidade CVu = 900000 50000 18 45000 = = R 000 50000 90=R$ / unidade Diante da falta da margem de contribuição individual, obtém-se primei- ramente a margem de contribuição total, a partir da fórmula do ponto de equilíbrio, cujo valor já é conhecido e igual a 25%, ou seja, igual a 0,25: PE CF MC MC MC R = = → = =0 25 900000 900000 0 25 3 600 000, , $ . . 131 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Gestão de Custos SUMÁRIO Portanto: MCu R unidade= = 3600000 50000 72$ / Por fim: MCu = PVu - CVu → 72=PVu-90 → PVu = R$ 162,00 Para esse preço de venda unitário, a demonstração de resultados do exercí- cio fica descrita do seguinte modo: Receita bruta (50.000 unidades * R$ 162) = R$ 8.100.000 (100%). - Custos Variáveis Totais = R$ 4.500.000. = Lucro Bruto = R$ 3.600.000. - Custos Fixos = R$ 900.000. = Lucro Líquido = R$ 2.700.000 (33,3% da receita). O ponto de equilíbrio pode, ainda, ser expresso graficamente. Para isso, pode-se iniciar com um gráfico que expressa a estrutura de custos fixos da empresa, que, pelo fato de não variar de acordo com a atividade da empresa, é defi- nido como uma linha reta. Suponha que o gráfico a seguir remeta a uma empresa cujos custos fixos são iguais a R$ 180.000: 132 Gestão de Custos FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portariaMEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO GRÁFICO 1 - ESTRUTURA DE CUSTOS FIXOS EM EXPRESSÃO GRÁFICA CF Q 180.000 Fonte: Elaborado pelo autor. Os custos variáveis, por sua vez, reagem de acordo com o aumento da produção, desde o ponto (0,0) até o infinito, elevando-se conforme a produção aumenta, de acordo com o gráfico que segue. Observe que, no gráfico estrutura de custos variáveis em expressão gráfica, a produção de 60.000 unidades corresponde a um custo variá- vel de R$ 180.000: GRÁFICO 2 - ESTRUTURA DE CUSTOS VARIÁVEIS EM EXPRESSÃO GRÁFICA CV Q 180.000 60.000 Fonte: Elaborado pelo autor. 133 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Gestão de Custos SUMÁRIO Compondo, desse modo, a estrutura de Custo Total (CT), é preciso pensar que, mesmo quando a produção é igual a zero, a empresa tem de arcar com os custos fixos. Logo, a reta que representa os custos totais parte do ponto que define o montante de custos fixos: GRÁFICO 3 - ESTRUTURA DE CUSTOS TOTAIS EM EXPRESSÃO GRÁFICA 180.000 Q 360.000 Custos Variáveis Custos Fixos 60.000 0 Fonte: Elaborado pelo autor. A receita total, por sua vez, também corresponde a uma reta ascendente, como demonstra o gráfico a seguir: GRÁFICO 4 - ESTRUTURA DE RECEITAS TOTAIS EM EXPRESSÃO GRÁFICA Q 360.000 RT 60.000 Fonte: Elaborado pelo autor. 134 Gestão de Custos FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO A reta de receita total, vale dizer, deve apresentar uma inclinação (declividade) maior que a reta de custos totais, de modo que aquela reta possa interceptar a reta de custos em algum momento, gerando um ponto que corresponderá ao ponto de equilíbrio. Assim, na sobreposição entre receitas e custos totais, o lucro será evidenciado (área azul do gráfico a seguir) no momento em que a empresa vende uma unidade a mais do que a quantidade correspondente ao ponto de equilíbrio, ou seja, 60.000 unidades. Se o volume de vendas for inferior até o nível relativo ao PE (área vermelha), obser- vam-se prejuízos (CREPALDI; CREPALDI, 2018): GRÁFICO 5 - PONTO DE EQUILÍBRIO EM EXPRESSÃO GRÁFICA 180.000 Q 360.000 $ PE RT CT Custos Variáveis Custos Fixos 60.000 0 Fonte: Elaborado pelo autor. É preciso, no entanto, mencionar que a determinação do ponto de equilíbrio – e das relações de custo/volume/lucro) – deve considerar a existência de alguns fatores que limitam intensamente a eficiência dessas ferramentas, quais sejam (MARTINS; ROCHA, 2015): • nem sempre os custos fixos são “eternamente” fixos; o aumento do nível de atividades pode gerar aumento dos custos fixos para além da quantidade produzida (por diversos fatores, como utilização excessiva de maquinário, gerando quebras, superaquecimento, etc.); 135 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Gestão de Custos SUMÁRIO • em decorrência, as expressões dos custos totais e despesas totais não são sempre lineares e podem oscilar exponencialmente de acordo com o compor- tamento dos custos fixos e variáveis; • a relação de custo/volume/lucro pressupõe que a demanda e a oferta serão mantidas ao longo do tempo, ignorando oscilações no mercado e no ambien- te externo; • as variações de estoques, decorrentes das oscilações mencionadas no ambien- te externo, não são consideradas. Apesar das limitações mencionadas, pode-se avaliar, por fim, que qualquer política de longo prazo de uma empresa, seja na forma da estimação de lucros futuros, seja da avaliação de projetos de investimento, por exemplo, deve considerar o comporta- mento do mercado e das condições de demanda, por meio de uma estimação preci- sa do volume de vendas e do ponto de equilíbrio (LINS; SILVA, 2017). 5.3.2 PONTO DE EQUILÍBRIO CONTÁBIL, ECONÔMICO E FINANCEIRO O ponto de equilíbrio corresponde, portanto, a uma situação contábil na qual a empresa consegue cobrir os seus custos de produção, gerando condições para a formação de lucros. Por meio desse ponto, a empresa deve planejar sua estrutura de receitas e custos. Há três formas de cálculo do ponto de equilíbrio, como se pode perceber pela figura a seguir: 136 Gestão de Custos FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO FIGURA 18 - EXPRESSÕES DO PONTO DE EQUILÍBRIO Ponto de equilíbrio Contábil Considera todos os custos e despesas fixas, relativas à atividade produtiva Econômico Inclui os custos de opor- tunidade (aplicação alter- nativa de recursos) em relação ao capital próprio Financeiro Considera apenas os custos que efetivamen- te geram desembolso de recursos financeiros (dedução de itens como depreciação) Fonte: Elaborada pelo autor. O Ponto de equilíbrio Contábil (PeC) se manifesta no momento em que há ativos (físicos e/ou monetários) suficientes para viabilizar a cobertura de todos os custos e despesas fixas da empresa. Ou seja, é o momento em que inexistem lucros ou prejuí- zos contábeis. Uma vez que o ponto de equilíbrio remete a uma certa quantidade de produtos vendidos, pode-se definir esse ponto em função de uma Quantidade de Equilíbrio (Qe). A partir desae índice, o ponto de equilíbrio contábil é expresso em função do montante de bens transacionados (CREPALDI; CREPALDI, 2018): Qe = CF MCu 137 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Gestão de Custos SUMÁRIO Suponha que a empresa T. Nogueira Alimentos ME, que corresponde a um Microempreendedor Individual (MEI) que vende porções de minichurros, apresenta a seguinte estrutura de custos e outros desembolsos: Gastos fixos totais: R$ 1.500,00. Custo variável unitário: R$ 7,50. Preço de venda unitário: R$ 15,00. Gastos com depreciação de maquinário: R$ 300,00. Custo de Oportunidade: R$ 300,00. De acordo com os dados apresentados, a Margem de Contribuição Unitária (Mcu) é igual a: MCu = 15 - (7,50 + Despesas variáveis)=15-7,50+0=R$ 7,50 Assim: PEC Qe MCu , = = = = CF 1500 7 50 200 Logo, o equilíbrio contábil será alcançado a partir do momento em que a empresa vender 200 porções de minichurros, como se pode verificar pelo demonstrativo de resultados do exercício: Vendas = 200 unidades * 15,00 = R$ 3.000,00. - Custos variáveis = 200 * 7,50 = R$ 1.500,00. = Margem de contribuição = R$ 1.500.00. - Custos fixos = R$ 1.500,00. = Lucro = zero. 138 Gestão de Custos FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO O Ponto de equilíbrio econômico (Pee) demonstra a situação a partir da qual há lucro nas atividades da empresa, no entanto o conceito transcende o ponto de equi- líbrio contábil à medida que inclui os Custos de Oportunidade (CO) no cálculo da quantidade de equilíbrio (LINS; SILVA, 2017). O conceito de Custo de Oportunidade remete aos valores que a empresa deixa de receber ao optar por uma decisão de compra, ação ou investimen- to. Supondo, por exemplo, que a empresa aloca um capital de R$ 10.000 em uma máquina, esperando um lucro mensal de 1,5% (150 reais), ela arca com o custo de oportunidade de estar investindo esse dinheiro, por exemplo, em um fundo de renda fixa com rentabilidade igual a 0,8% ao mês (nesse caso, o custo de oportunidade da compra da máquina é igual a 80 reais). A empre- sa deve, desse modo, avaliar sempre os resultados obtidos com suas ações, para verificar se os resultados gerados não estão sendo inferiores aos custos de oportunidade. A partir do Custo de Oportunidade, o PEE demonstra a margem de rendimento (rentabilidade) real que é gerada por uma opção de produção e que é contrastada em relação a outras opções de investimento, nãoaproveitadas pela empresa (e que, desse modo, compõem custos de oportunidade). Nesse caso, o PEE é obtido a partir de uma Quantidade de Equilíbrio Econômico (QeE), como se segue (CREPALDI; CREPALDI, 2018): QeE CF+ CO MCu = 139 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Gestão de Custos SUMÁRIO Prosseguindo com as informações do exemplo anterior, relativo à empresa T. Nogueira, o ponto de equilíbrio econômico é dado por: QeE CF+ CO MCu , unidades= = + = 1500 300 7 50 240 Cruzando essa informação com a DRE da empresa, observa-se: Vendas = 240 unidades * 15,00 = R$ 3.600,00. - Custos variáveis = 240 * 7,50 = R$ 1.800,00. = Margem de contribuição = R$ 1.800.00. - Custos fixos = R$ 1.500,00. - Custo de oportunidade = R$ 300,00. = Lucro = zero. O exemplo ajuda a perceber que, de acordo com a estrutura de custos da empresa, é necessário que sejam vendidos 240 porções de minichurros para que a empresa atinja o equilíbrio econômico (se vender apenas 200, atingirá apenas o equilíbrio contábil). Com a venda de 240 porções, os retornos gera- dos pela venda cobrirão os custos de oportunidade que estão sendo gerados a partir de uma não utilização do capital da empresa em aplicações alternativas. Por fim, o Ponto de equilíbrio Financeiro (PeF) apresenta a quantidade de equilíbrio, em termos de vendas, necessário para que a empresa possa honrar seus compromissos financeiros e saídas de caixa (PADOVEZE, 2013). Esse ponto corresponde às vendas que a empresa precisa fazer para que não fique sem dinheiro, ou seja, sem capital de giro, precisando recorrer a empréstimos que 140 Gestão de Custos FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO geram desembolsos financeiros relevantes. Nesse caso, outras despesas que não geram desembolso de recursos, como a depreciação de ativos, são excluídas do cálculo do PEF: QeE CF- Depreciação MCu = Utilizando ainda os dados da empresa T. Nogueira, tem-se: QeF CF Depreciação MCu , = − = − = 1500 300 7 50 160 Observe, portanto, que PEF é diferente de PEE à medida que no ponto de equilí- brio econômico os custos de oportunidade são acrescidos; isto faz, inclusive, que PEF possa ser inferior ao PEC. Nesses casos, mesmo que a empresa esteja contabilmente em condições de prejuízo contábil, ela ainda pode estar operando de modo a cobrir suas obrigações financeiras. E, ainda, se o desempenho da empresa cair a um nível inferior ao PEF, a solução será o endividamento – nesse caso, as despesas com pagamento de juros e amortizações deverão fazer parte do cálculo do novo ponto de equilíbrio (SANTOS, 2017). A partir desses conceitos, ressalta-se a importância do ponto de equilíbrio para o funcionamento de uma empresa, uma vez que se pode obter uma meta de vendas a ser alcançada pela empresa, concentrando esforços dos seus colaboradores para esse objetivo comum. 141 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Gestão de Custos SUMÁRIO O artigo de Ivan Pinto Dias, denominado “Algumas observações sobre a margem de contribuição”, é um dos primeiros artigos voltados para essa área da gestão de custos nos periódicos científicos brasileiros. O autor destaca, ao longo de seu estudo, os avanços (então) recentes na contabilidade de custos, que vinha aprimorando técnicas de análise a partir de uma integração com as ciências econômicas, gerando, dessa forma, a relação de custo/volume/lucro. 5.4 MARGEM DE SEGURANÇA Dentro do estudo do ponto de equilíbrio, você pôde verificar que há situações em que a empresa pode estar em relativo prejuízo contábil, mas ainda assim estar financei- ramente equilibrada. No entanto, é inevitável que uma queda acentuada nas vendas produza prejuízos em algum momento. Em geral, as empresas mantêm uma diferença entre margens de lucro e volume de custos para poder acomodar essas oscilações do mercado que venham a afetar as receitas da empresa, e o conceito de margem de segurança está atrelado a essa polí- tica de planejamento financeiro. Na verdade, a Margem de Segurança (MS) relativa a um produto procura demonstrar o volume de vendas que pode deixar de acontecer antes que a empresa passe a ter prejuízo nas suas operações (CREPALDI; CREPALDI, 2018). Para o caso de a margem de segurança ser expressa em unidades, o indicador é expresso por: MS=Qv-PEC Onde Qv corresponde à quantidade de bens vendidos. 142 Gestão de Custos FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO No caso de ser expresso por valor, a margem de segurança é dada por: MS=MSu*MCu Onde MSu corresponde à Margem de Segurança Unitária. Ou seja, a margem de segurança corresponde ao volume de receitas que a empresa pode perder até alcançar o ponto de equilíbrio. Trata-se, portanto, de uma relação percentual, na qual se eleva o MS quanto mais o volume de vendas (Q) diferir positi- vamente do Ponto de Equilíbrio (Qe): MS = Q Qe Q − Considere que a empresa S. Araujo comercializou 45.000 unidades do produ- to que ela fabrica ao longo de um mês e que o preço de venda corresponde a R$ 52,50 por unidade. É sabido, ainda, que os custos e despesas fixas são equivalentes a R$ 708.750,00, e os custos e despesas variáveis são iguais a R$ 22,50 por unidade. Qual a margem de segurança que deve ser mantida por essa empresa? Solução: MCu=PVu-CVu (inclusas as despesas variáveis) MCu=52,50-22,50=R$ 30,00 Logo, o ponto de equilíbrio é igual a: Qe CF MCu .= = = 708750 30 23 625 Observa-se, assim, que o PEC da empresa é igual a 23.625 unidades – qual- quer volume de vendas inferior a esse montante, portanto, trará prejuízo à organização. 143 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Gestão de Custos SUMÁRIO Repassando esse valor para a margem de segurança, pode-se obter, de acor- do com o volume corrente das vendas, a porcentagem de vendas que podem deixar de ser efetuadas antes que a empresa entre em uma zona de prejuízo: MS Q Qe Q , , %= − = − = = 45000 23625 45000 0 475 47 5 Ou seja, mesmo que a empresa perca até 47,5% do seu volume de vendas, ela ainda estará em uma zona de lucro contábil, acima do ponto de equilí- brio. Sabendo que a empresa vende 45.000 unidades a R$ 52,50, a margem de segurança (o valor das vendas cuja perda ela tem condição de sustentar sem entrar em prejuízo) é igual a: MS = 47,5% * 45.000 unidades * R$52,50 = 47,5%*2362500 = R$ 1.122.187,50 A partir da margem de segurança, a empresa pode, por exemplo, definir políticas de alteração de preços de venda que podem vir a afetar as quantidades vendidas; assim, de acordo com sua estrutura de custos de produção, pode-se prever os impac- tos negativos dessas mudanças sobre o potencial de geração de receitas de venda (ASSAF NETO; LIMA, 2014). BIBLIOGRAFIA COMENTADA Veja a seguir algumas indicações de obras que complementarão seu conhecimento sobre os assuntos abordados na disciplina. • FONTOURA, Fernando Batista Bandeira. Gestão de custos: uma visão integra- dora e prática dos métodos de custeio. São Paulo: Atlas, 2013. Nesta obra, o autor apresenta alguns elementos relativos à análise de custo/volume/ lucro de forma sintética e bastante elucidativa. No tópico 4.4, denominado “Margem de contribuição”, esse conceito é apresentado por meio de um esquema teórico assemelhado a um Demonstrativo de Resultado do Exercício (DRE), o que permite