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Língua Portuguesa 
 
 
 
 
 
 
ENEM 1 
LINGUAGEM 
Como estudar língua(gem) para o Enem? 
Para alcançar uma boa nota na prova de ‘Linguagens, 
códigos e suas tecnologias’ o aluno deve ser conectado com 
a sociedade, com a comunicação com o mundo. Assim, 
precisa dominar a língua(gem) e saber aplicá-la na vivência 
em eventos sociais. O destaque será a interpretação textual, 
atividade que requer muita atenção à leitura, visto que as 
questões mesclam apreensão e compreensão texto. Desse 
modo, em alguns momentos, nem tudo está explícito no 
texto – precisa-se inferir, deduzir, relacionar algumas 
informações para resolver as questões. 
 
 UNIDADE 1 
 
LINGUAGEM: 
A linguagem é todo sistema verbal e não verbal pré-
estabelecido que nos permite a realização da comunicação. 
Pode ser percebida pelos diversos órgãos dos sentidos, o que 
leva a distinguirem-se várias espécies ou tipos: linguagem 
visual, corporal, gestual, etc., ou, ainda, outras mais 
complexas, constituídas, ao mesmo tempo, de elementos 
diversos. Os elementos constitutivos da linguagem são, pois, 
gestos, sinais, sons, símbolos ou palavras, usados para 
representar conceitos, ideias, significados e pensamentos. 
 
Características do sistema verbal e não-verbal: 
a) Verbal: o destaque na comunicação são as palavras. 
b) Não-verbal: não considera as palavras, mas outros 
sinais. Como exemplo de linguagem não-verbal são os 
sinais de trânsito, gestos faciais, gestos corporais, etc. 
Observe alguns exemplos: 
 
Cartão vermelho – falta grave no futebol. 
 
 
Charge do autor Tacho – exemplo de linguagem verbal 
(óxente, polo norte 2100) e não verbal (imagem: sol, 
cactus, pinguim). 
 
 
Semáforo – indica ações através das cores 
 
 
Placas de trânsito – à frente “proibido andar de bicicleta”, 
atrás “quebra-molas”. 
 
 
Símbolo que se coloca na porta para indicar “sanitário 
masculino”. 
 
 
Imagem indicativa de “silêncio”. 
 
Mista ou híbrida 
Linguagem mista é o uso simultâneo da linguagem verbal 
e da linguagem não-verbal, usando palavras escritas e 
figuras ao mesmo tempo. 
 
Língua: é um código, um sistema organizado de signos, 
que possibilita a comunicação. 
 
A língua é um código aceito por convenção. Por isso, um 
indivíduo, isoladamente, não consegue modificá-la. As 
transformações da língua são ocasionadas por alterações 
linguísticas surgidas em comunidades ou grupos sociais. 
Além disso, a língua é usada tanto na escrita quanto na 
fala. No entanto, a fala e a escrita são usos distintos da 
língua”, pois os indivíduos não falam e escrevem da 
mesma forma. 
 
 
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias 
 
 
 
 
 
 
 2 
FIQUE LIGADO NO ENEM! 
A língua falada livre, concreta, não apresenta grande 
preocupação gramatical, tem vocabulário reduzido, 
constantemente renovado, e que pode contar com outros 
recursos extralingüísticos, como os gestos, as expressões 
faciais, a postura. A língua escrita, ao contrário, é abstrata, 
conservadora, refletida e exige maior esforço para elaboração e 
obediência às regras gramaticais. Seu vocabulário deve ser 
preciso e apurado. 
Tanto a língua falada/oral quanto a língua escrita apresentam 
níveis ou registros: Em situações formais, a expressão se dá 
coma utilização de uma língua mais gramatical, com pronúncia 
cuidada. Em situações menos tensas, como a do meio familiar, 
a língua adquire características de informalidade, e as 
preocupações com a clareza e a correção tornam-se menos 
rigorosas. 
 
Exercícios 
 
01 - (ENEM) 
 
A publicidade, de uma forma geral, alia elementos verbais 
e imagéticos na constituição de seus textos. Nessa peça 
publicitária, cujo tema é a sustentabilidade, o autor 
procura convencer o leitor a 
 
a) assumir uma atitude reflexiva diante dos fenômenos 
naturais. 
b) evitar o consumo excessivo de produtos reutilizáveis. 
c) aderir à onda sustentável, evitando o consumo 
excessivo. 
d) abraçar a campanha, desenvolvendo projetos 
sustentáveis. 
e) consumir produtos de modo responsável e ecológico. 
 
 
 
 
 UNIDADE 2 
 
NÍVEIS DE LINGUAGEM 
Os níveis de linguagem variam de acordo com o 
contexto onde se está emitindo uma comunicação, alguns 
dos principais fatores que determinam o nível de 
linguagem utilizado podem ser a origem e posição social 
do falante, o local e a ocasião em que o interlocutor se 
encontra, a região do país onde o mesmo adquiriu sua 
maneira de falar, e também se a linguagem utilizada é a 
falada ou a escrita. Quem realmente determina os níveis 
de linguagem a serem utilizados são os usuários da língua. 
 
Classificação: os níveis de linguagem são classificados de 
acordo com o contexto em que se encontram, os principais 
exemplos de níveis de linguagem estudados são: a 
linguagem coloquial, informal ou popular, a linguagem 
culta, formal ou padrão, a linguagem grupal, linguagem 
vulgar e a linguagem regional. 
 
Linguagem coloquial, informal: É a expressão mais 
espontânea do falante, sai naturalmente e sem 
policiamento da fala, por isso mesmo que geralmente não 
está de acordo com as normas gramaticais da língua e está 
sempre carregada de vícios de linguagem como solecismo 
(erros de regência, concordância e colocação), barbarismo 
(erros na pronúncia ou grafia), ambigüidade, cacofonia e 
pleonasmo. Outras características marcantes da linguagem 
coloquial são as expressões vulgares e as gírias. 
A linguagem popular é usada geralmente durante as 
conversações diárias entre amigos, situações informais e 
descontraídas, programas de TV (principalmente nos de 
auditório) e novelas. A linguagem informal também se 
manifesta na forma escrita, como quando escrevemos um 
bilhete, uma carta e principalmente na internet, quando 
utilizamos o MSN, Orkut, Twitter, blogs etc. 
 
Linguagem culta, formal ou padrão 
A linguagem culta obedece às regras da gramática. Reflete 
mais prestígio social e cultural devido ao nível de 
instrução exigido para o seu uso. Normalmente dominado 
por classes sociais e intelectuais mais prestigiadas. Ela é 
mais artificial, mais estável e menos sujeita a variações. 
A norma padrão está presente em todo povo civilizado, 
pois ela é quem assegura a unidade lingüística de uma 
nação. Por isso é ensinada nas escolas, devido à sua 
importância político-cultural. É regida pelas gramáticas 
normativas. 
A linguagem culta é utilizada pelas pessoas que detém 
maior nível de instrução, nivelado pelos estudos e/ou 
hábito da leitura. Ela é mais comumente utilizada na 
linguagem escrita e literária. A linguagem formal está 
presente em sermões, discursos, textos científicos, 
noticiários de TV, programas culturais etc. 
 
 
Língua Portuguesa 
 
 
 
 
 
 
ENEM 3 
Linguagem grupal 
 
A linguagem grupal é aquela própria de grupos 
fechados, ou seja, apenas quem faz parte do grupo em 
questão pode entender com total clareza as mensagens que 
estão sendo passadas. A linguagem grupal pode ser de 
natureza social ou etária. Elas são classificadas em técnica 
(jargão) ou gírias. 
A linguagem grupal pode ser encontrada em grupos 
sociais, profissionais, culturais etc. Podemos usar como 
exemplos as gírias utilizadas pelos surfistas, traficantes 
dos morros cariocas, marginais das grandes cidades, 
prostitutas, homossexuais, pichadores etc. Além das 
gírias, temos os jargões, que são linguagens técnicas que 
só são entendidas por quem faz parte do grupo 
profissional que atua na área, ou que ao menos seja 
instruído para isso. Dentre os jargões podemos 
exemplificar a linguagem dos hackers, dos geeks, nerds, o 
juridiquês, economês etc. 
 
Linguagem vulgar 
 
A linguagem vulgar infringe quase que totalmente as 
convenções gramaticais, ela está ligada aos grupos 
extremamente incultos, como analfabetos e pessoas que 
não tem nenhum ou quase nenhum contato com centros 
civilizados. 
 
Exercícios 
 
01 - (Enem) 
Aí, galera 
Jogadores de futebol podemser vítimas de estereotipação. 
Por exemplo, você pode imaginar um jogador de futebol 
dizendo ‘estereotipação’? E, no entanto, por que não? 
– Aí, campeão. Uma palavrinha pra galera. 
– Minha saudação aos aficionados do clube aos demais 
esportistas, aqui presentes ou no recesso dos seus lares. 
– Como é? 
– Aí, galera. 
– Quais são as instruções do técnico? 
– Nosso treinador vaticinou que, com um trabalho de 
contenção coordenada, com energia otimizada, na zona de 
preparação, aumentam as probabilidades de, recuperado o 
esférico, concatenarmos um contragolpe agudo com 
parcimônia de meios e extrema objetividade, valendo-nos 
da desestruturação momentânea do sistema oposto, 
surpreendido pela reversão inesperada do fluxo da ação. 
– Ahn? 
– É pra dividir no meio e ir pra cima pra pegá eles sem 
calça. 
– Certo. Você quer dizer mais alguma coisa? 
– Posso dirigir uma mensagem de caráter sentimental, 
algo banal, talvez mesmo previsível e piegas, a uma 
pessoa à qual sou ligado por razões, inclusive, genéticas? 
– Pode. 
– Uma saudação para a minha genitora. 
– Como é? 
– Alô, mamãe! 
– Estou vendo que você é um, um... 
– Um jogador que confunde o entrevistador, pois não 
corresponde à expectativa de que o atleta seja um ser algo 
primitivo com dificuldade de expressão e assim sabota a 
estereotipação? 
– Estereoquê? 
– Um chato? 
– Isso. 
(VERISSIMO, Luis Fernando. In: Correio Brasiliense, 
12/maio/1998.) 
 
O texto mostra uma situação em que a linguagem usada é 
inadequada ao contexto. Considerando as diferenças entre 
língua oral e língua escrita, assinale a opção que 
representa também uma inadequação da linguagem usada 
ao contexto: 
a) “O carro bateu e capotô, mas num deu pra vê direito.” 
(Um pedestre que assistiu ao acidente comenta com o 
outro que vai passando.) 
b) “E aí, ô meu! Como vai essa força?” (Um jovem que 
fala para um amigo.) 
c) “Só um instante, por favor. Eu gostaria de fazer uma 
observação.” (Alguém comenta em um uma reunião de 
trabalho.) 
d) “Venho manifestar meu interesse em candidatar-me ao 
cargo de secretária executiva desta conceituada 
empresa.” (Alguém que escreve uma carta 
candidatando-se a um emprego.) 
e) “Porque se a gente não resolve as coisas como têm que 
ser, a gente corre o risco de termos, num futuro 
próximo, muito pouca comida nos lares brasileiros.” 
(Um professor universitário em um congresso 
internacional.) 
 
 
 UNIDADE 3 
 
ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO 
 
 o locutor (aquele que diz algo a alguém) 
 
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias 
 
 
 
 
 
 
 4 
 o interlocutor (aquele com quem o locutor se 
comunica) 
 a mensagem (o texto, isto é, o que foi transmitido 
entre os falantes) 
 o código (a língua portuguesa) 
 o canal (a língua oral, ou seja, o meio físico que 
conduz a mensagem até o interlocutor) 
 o referente (o assunto da mensagem) 
 
Esses elementos podem ser esquematizados: 
 
FUNÇÕES DA LINGUAGEM 
Partindo dos elementos da comunicação, existem as 
chamadas funções da linguagem, que são muito úteis 
para a análise e produção de textos. As seis funções são: 
 
Função referencial (ou denotativa) 
É aquela centralizada no referente, pois o emissor oferece 
informações da realidade. Objetiva, direta, denotativa, 
prevalecendo a terceira pessoa do singular. Linguagem 
usada na ciência, na arte realista, no jornal, no “campo” do 
referente e das notícias de jornal e livros científicos. 
Ex: Numa cesta de vime temos um cacho de uvas, duas 
laranjas, dois limões, uma maçã verde, uma maçã 
vermelha e uma pêra. 
Função emotiva (ou expressiva) 
É aquela centralizada no emissor, revelando sua opinião, 
sua emoção. Nela prevalece a primeira pessoa do singular, 
interjeições e exclamações. É a linguagem das biografias, 
memórias, poesias líricas e cartas de amor. Primeira 
pessoa do singular (eu), Emoções, Interjeições; 
Exclamações; Blog; Autobiografia; Cartas de amor. 
Ex: a) Ah, que coisa boa! 
b) Tenho um pouco de medo... 
c) Nós te amamos! 
 
Função apelativa (ou conativa) 
É aquela que centraliza-se no receptor; o emissor procura 
influenciar o comportamento do receptor. Como o emissor 
se dirige ao receptor, é comum o uso de tu e você, ou o 
nome da pessoa, além de vocativos e imperativos. Usada 
nos discursos, sermões e propagandas que se dirigem 
diretamente ao consumidor. Segunda pessoa do singular, 
Imperativo; Figuras de linguagem, Discursos políticos, 
Sermões, Promoção em pontos de venda - Propaganda. 
 
 
Função Fática 
É aquela centralizada no canal, tendo como objetivo 
prolongar ou não o contato com o receptor, ou testar a 
eficiência do canal. Linguagem das falas telefônicas, 
saudações e similares. Interjeições, Lugar comum, 
Saudações, Comentários sobre o clima. 
Ex: - Olá, como vai, tudo bem? - Alô, quem está falando? 
 
 
Função poética 
É aquela centralizada na mensagem, revelando recursos 
imaginativos criados pelo emissor. Afetiva, sugestiva, 
conotativa, ela é metafórica. Valorizam-se as palavras, 
suas combinações. É a linguagem figurada apresentada em 
obras literárias, letras de música, em algumas 
propagandas. Subjetivida de Figuras de linguagem, 
Brincadeiras com o código, Poesia, Letras de música. 
Exemplo: 
Tecendo a manhã - João Cabral de Melo Neto 
Um galo sozinho não tece uma manhã: ele precisará 
sempre se outros galos. De um que apanhe esse grito que 
ele e o lance a outro; de um outro galo que apanhe o grito 
que um galo antes e o lance a outro; e de outros galos que 
com muitos outros galos se cruzem os fios de sol de seus 
gritos de galo, para que a manhã, desde uma tela tênue, se 
vá tecendo, entre todos os galos. 
 
Função metalinguística 
É aquela centralizada no código, usando a linguagem para 
falar dela mesma. A poesia que fala da poesia, da sua 
função e do poeta, um texto que comenta outro texto. 
Principalmente os dicionários são repositórios de 
metalinguagem. Referência ao próprio código, Poesia 
sobre poesia, Propaganda sobre propaganda, Dicionário. 
Ex: - Não entendi o que é metalinguagem, você poderia 
explicar novamente, por favor? - Metalinguagem é usar os 
recursos da língua para explicar alguma teoria, um 
conceito, um filme, um relato, etc. 
 
Língua Portuguesa 
 
 
 
 
 
 
ENEM 5 
FIQUE LIGADO NO ENEM! 
Em um mesmo texto, duas ou mais funções podem ocorrer 
simultaneamente: 
Exemplo: 
* uma poesia em que o autor discorre sobre o que ele sente ao 
escrever poesias pode conter as linguagens poética, emotiva e 
metalinguística ao mesmo tempo. 
 
Exercícios 
 
01 - (Enem) A biosfera, que reúne todos os ambientes 
onde se desenvolvem os seres vivos, se divide em 
unidades menores chamadas ecossistemas, que podem ser 
uma floresta, um deserto e até um lago. Um ecossistema 
tem múltiplos mecanismos que regulam o número de 
organismos dentro dele, controlando sua reprodução, 
crescimento e migrações. DUARTE, M.O guia dos 
curiosos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. 
Predomina no texto a função da linguagem: 
a) emotiva, porque o autor expressa seu sentimento em 
relação à ecologia. 
b) fática, porque o texto testa o funcionamento do canal de 
comunicação. 
c) poética, porque o texto chama a atenção para os 
recursos de linguagem. 
d) referencial, porque o texto trata de noções e 
informações conceituais. 
e) conativa, porque o texto procura orientar 
comportamentos do leitor. 
 
 UNIDADE 4 
 
VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS 
 
É possível pensar a língua como um grande conjunto de 
variedades. As diferenças perceptíveis no usa da língua 
caracterizam as diferenças linguísticas, que são 
decorrentes de distintos fatores. 
 
Entre os fatores que a ela se relacionam destacam-se 
os níveis da fala, que são basicamente dois: O nível de 
formalidade e o de informalidade. 
Compondo o quadro do padrão informal da linguagem, 
estão as chamadas variedades linguísticas, as quais 
representamas variações de acordo com as condições 
sociais, culturais, regionais e históricas em que é 
utilizada. Dentre elas destacam-se: 
 
Variações históricas: 
Dado o dinamismo que a língua apresenta, a mesma sofre 
transformações ao longo do tempo. Um exemplo bastante 
representativo é a questão da ortografia, se levarmos em 
consideração a palavra farmácia, uma vez que a mesma 
era grafada com “ph”, contrapondo-se à linguagem dos 
internautas, a qual fundamenta-se pela supressão do 
vocábulos. 
Analisemos, pois, o fragmento exposto: 
Antigamente 
“Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e 
eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: 
completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, 
mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, 
arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do 
balaio." 
Carlos Drummond de Andrade 
Comparando-o à modernidade, percebemos um 
vocabulário antiquado. 
 
Variações regionais: 
São os chamados dialetos, que são as marcas 
determinantes referentes a diferentes regiões. Como 
exemplo, citamos a palavra mandioca que, em certos 
lugares, recebe outras nomenclaturas, tais 
como: macaxeira e aipim. Figurando também esta 
modalidade estão os sotaques, ligados às características 
orais da linguagem. 
 
Variações sociais ou culturais: 
Estão diretamente ligadas aos grupos sociais de uma 
maneira geral e também ao grau de instrução de uma 
determinada pessoa. Como exemplo, citamos as gírias, os 
jargões e o linguajar caipira. 
As gírias pertencem ao vocabulário específico de certos 
grupos, como os surfistas, cantores de rap, tatuadores, 
entre outros. 
Os jargões estão relacionados ao profissionalismo, 
caracterizando um linguajar técnico. Representando a 
classe, podemos citar os médicos, advogados, 
profissionais da área de informática, dentre outros. 
Vejamos um poema e o trecho de uma música para 
entendermos melhor sobre o assunto: 
 
Vício na fala 
Para dizerem milho dizem mio 
Para melhor dizem mió 
Para pior pió 
Para telha dizem teia 
Para telhado dizem teiado 
E vão fazendo telhados. 
Oswald de Andrade 
 
FIQUE LIGADO NO ENEM! 
No livro "Preconceito Linguístico" o autor Marcos Bagno, 
defende com vigor a língua viva e verdadeiramente falada no 
Brasil. 
"O preconceito linguístico está ligado, em boa medida, à 
confusão que foi criada, no curso da história, entre a língua e 
gramática normativa". Marcos Bagno diz que a língua é como 
um rio que se renova, enquanto a gramática normativa é como a 
água do igapó, que envelhece, não gera vida nova a não ser 
que venham as inundações. 
Segundo o autor, o preconceito linguístico vem sendo 
alimentado diariamente pelos meios de comunicação, que 
pretendem ensinar o que é "certo" e o que é "errado", sem falar, 
é claro nos instrumentos tradicionais de ensino da língua, ou 
seja a gramática normativa e os livros didáticos. 
 
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias 
 
 
 
 
 
 
 6 
A substituição do haver por ter em construções existenciais, no 
português do Brasil, corresponde a um dos processos mais 
característicos da história da língua portuguesa, paralelo ao que 
já ocorrera em relação à ampliação do domínio de ter na área 
semântica de “posse”, no final da fase arcaica. Mattos e Silva 
(2001:136) analisa as vitórias de ter sobre haver e discute a 
emergência de ter existencial, tomando por base a obra 
pedagógica de João de Barros. Em textos escritos nos anos 
quarenta e cinquenta do século XVI, encontram-se evidências, 
embora raras, tanto de ter “existencial”, não mencionado pelos 
clássicos estudos de sintaxe histórica, quanto de haver como 
verbo existencial com concordância, lembrado por Ivo Castro, e 
anotado como “novidade” no século XVIII por Said Ali. 
Como se vê, nada é categórico e um purismo estreito só revela 
um conhecimento deficiente da língua. 
Há mais perguntas que respostas. Pode-se conceber uma 
norma única e prescritiva? É válido confundir o bom uso e a 
norma com a própria língua e dessa forma fazer uma avaliação 
crítica e hierarquizante de outros usos e, através deles, dos 
usuários? Substitui-se uma norma por outra? 
CALLOU, D. A propósito de norma, correção e preconceito linguístico: do 
presente para o passado, In: Cadernos de Letras da UFF, no 36, 2008. 
Disponível em: www.uff.br. Acesso em: 26 fev. 2012 (adaptado). 
Para a autora, a substituição de “haver” por “ter” em diferentes 
contextos evidencia que 
A) o estabelecimento de uma norma prescinde de uma pesquisa 
histórica. 
B) os estudos clássicos de sintaxe histórica enfatizam a 
variação e a mudança na língua. 
C) a avaliação crítica e hierarquizante dos usos da língua 
fundamenta a definição da norma. 
D) a adoção de uma única norma revela uma atitude adequada 
para os estudos linguísticos. 
E) os comportamentos puristas são prejudiciais à compreensão 
da constituição linguística. 
 
Exercícios 
 
01 – (Enem) S.O.S Português 
Por que pronunciamos muitas palavras de um jeito 
diferente da escrita? Pode-se refletir sobre esse aspecto da 
língua com base em duas perspectivas. Na primeira delas, 
fala e escrita são dicotômicas, o que restringe o ensino da 
língua ao código. Daí vem o entendimento de que a escrita 
é mais complexa que a fala, e seu ensino restringe-se ao 
conhecimento das regras gramaticais, sem a preocupação 
com situações de uso. Outra abordagem permite encarar as 
diferenças como um produto distinto de duas modalidades 
da língua: a oral e a escrita. A questão é que nem sempre 
nos damos conta disso. 
S.O.S Português. Nova Escola. São Paulo: Abril, Ano 
XXV, nº- 231, abr. 2010 (fragmento adaptado). 
 
O assunto tratado no fragmento é relativo à língua 
portuguesa e foi publicado em uma revista destinada a 
professores. Entre as características próprias desse tipo de 
texto, identificam-se marcas linguísticas próprias do uso 
 
 
 
a) regional, pela presença de léxico de determinada 
região do Brasil. 
b) literário, pela conformidade com as normas da 
gramática. 
c) técnico, por meio de expressões próprias de textos 
científicos. 
d) coloquial, por meio do registro de informalidade. 
e) oral, por meio do uso de expressões típicas da 
oralidade. 
 
 UNIDADE 5 
 
FIGURAS DE LINGUAGEM 
São recursos que tornam as mensagens que emitimos mais 
expressivas. Subdividem-se em figuras de som,figuras de 
palavras, figuras de pensamento e figuras de construção. 
A seguir, veremos as principais figuras de cada um dos 
tipos: 
ALITERAÇÃO – é a repetição ordenada de consoantes 
de mesmo som, podendo sugerir, além do próprio jogo de 
som, a ideia de movimento. 
Ex.: “A brisa do Brasil beija e balança” (Castro Alves, 
“O Navio Negreiro”). 
 
ONOMATOPEIA – é a imitação de determinado som a 
partir da criação de uma palavra. 
Ex.: “Um forró de pé-de-serra 
 Fogueira, milho e balão, 
 Um tum-tum-tum de pilão, 
 Um cabritinho que berra(...)” 
 (Jessier Quirino, “Paisagem de Interior”) 
 
METÁFORA – Consiste na utilização de uma palavra 
para designar outra, com base em traços de similaridade 
entre os seus conceitos. É a realização de uma comparação 
implícita, sem o emprego de um termo comparativo. 
Ex.: “O amor é pedra no abismo, a meio passo entre 
o mal e o bem” (Zeca Baleiro, “Cigarro”) 
 
CATACRESE – É o emprego de palavras com um 
sentido diferente do real, mas cujo uso reiterado torna 
imperceptível o sentido figurado. 
Ex.: “O pé da mesa”, “A perna da calça”, “Embarcar 
no avião”, etc. 
 
METONÍMIA – Assim como na metáfora, emprega-se 
um termo para designar outro, cujo conceito guarda uma 
relação lógica com o termo empregado. Substitui-se, por 
exemplo, o autor pela obra, a parte pelo todo, a marca pelo 
produto, etc. 
Ex.: “Devolva o Neruda que você me tomou, e nunca 
leu (...)” (Chico Buarque, “Trocando em Miúdos”) 
Aqui, refere-se ao autor Pablo Neruda em lugar da obra. 
 
ANTONOMÁSIA ou PERÍFRASE - É a utilização de 
uma expressão caracterizadorapara designar um nome 
próprio. 
Ex.: “O poeta dos escravos”, referindo-se a Castro 
Alves; 
 “A cidade maravilhosa”, em lugar de Rio de 
Janeiro. 
 
Língua Portuguesa 
 
 
 
 
 
 
ENEM 7 
 
SINESTESIA - É uma derivação da metáfora e ocorre 
quando numa mesma expressão misturam-se sensações 
percebidas por diferentes órgãos de sentidos. 
Ex.: “Você tem uma voz macia.” (a voz é percebida 
pela audição e a maciez, pelo tato) 
 “Sinto o cheiro doce da paixão.” (o cheiro é 
olfativo, enquanto o doce é percebido pelo paladar) 
 
ELIPSE – ocorre quando da omissão proposital de um 
termo facilmente identificável através do contexto ou de 
elementos presentes na própria oração. 
Ex.: “No jardim, flores secas e cores mortas” (há 
omissão de havia) 
 
EUFEMISMO – é a suavização de uma expressão por 
meio da sua substituição por outra mais polida e sutil. 
 Ex.: “João bateu as botas.” (em vez de : João 
morreu.) 
“Ela é uma dama da noite.” (em vez de: Ela é 
uma prostituta.) 
 
HIPÉRBOLE – é o exagero enfático de uma ideia. 
 Ex.: “Estou morrendo de sede.” 
 “Ele ganha rios de dinheiro.” 
 
PROSOPOPEIA ou PERSONIFICAÇÃO – é a 
atribuição de predicados próprios dos seres vivos a seres 
inanimados. 
 Ex.: “A noite chora a sua ausência.” 
 “Esta cama me convida ao sono.” 
 
ANTÍTESE – é a oposição de frases, orações ou palavras 
de sentido contrário. 
 Ex.: “Onde queres prazer sou o que dói (...)” 
(Caetano Veloso, “Quereres”) 
 “És velho na idade e jovem na alma.” 
 
IRONIA - é o uso de um termo com a finalidade de 
expressar o oposto do que este significa, dando um efeito 
humorístico ou crítico à mensagem. 
Ex.: “Moça linda,, bem tratada, três séculos de família, 
burra como uma porta: um amor” (Mário de Andrade) 
 
GRADAÇÃO – é a apresentação de ideias numa 
sequência ascendente (clímax) ou descendente 
(anticlímax). 
Ex.: “Um coração chagado de desejos 
 Latejando, batendo, restrugindo.” 
(Vicente de Carvalho). 
FIQUE LIGADO NO ENEM! 
DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO 
Uma palavra é tomada no sentido denotativo quando é 
entendida no seu sentido literal, na sua significação básica, sem 
que se leve em conta o contexto em que está inserida. Toma-se 
o sentido conotativo quando se faz uma análise contextual da 
palavra, admitindo-se a associação valorativa a outros conceitos 
possíveis. 
 
Exercícios 
 
01 – (Enem) 
Cidade grande 
Que beleza, Montes Claros. 
Como cresceu Montes Claros. 
Quanta indústria em Montes Claros. 
Montes Claros cresceu tanto, 
ficou urbe tão notória, 
prima-rica do Rio de Janeiro, 
que já tem cinco favelas 
por enquanto, e mais promete. 
(Carlos Drummond de Andrade) 
 
Entre os recursos expressivos empregados no texto, 
destaca-se a 
a) metalinguagem, que consiste em fazer a linguagem 
referir-se à própria linguagem. 
b) intertextualidade, na qual o texto retoma e reelabora 
outros textos. 
c) ironia, que consiste em se dizer o contrário do que se 
pensa, com intenção crítica. 
d) denotação, caracterizada pelo uso das palavras em seu 
sentido próprio e objetivo. 
 
 
 UNIDADE 6 
 
INTERPRETAÇÃO I 
(primeiros procedimentos) 
É notório que nas provas do Enem existe um predomínio 
das questões referentes à interpretação de textos 
de textos, que se diferem quanto ao tipo: podem solicitar 
apenas apreensão de sentidos ou a plena compreensão 
textual. 
O total entendimento de um texto solicita duas ações: 
Apreensão: captura dos sentidos apresentados ao longo 
do texto-base. Para isso, é necessário ressaltar que o 
sentido de um trecho do texto não é autônomo, mas 
depende das partes com as quais está relacionado. Para 
uma melhor apreensão, deve-se considerar contexto em 
que se enquadra o segmento proposto para análise. 
Compreensão consiste na percepção das correlações entre 
os sentidos inscritos no texto e outros sentidos já definidos 
e abordados em outros textos do cenário cultural. Sendo 
assim, a instância da compreensão pressupõe a da 
apreensão. 
 
FIQUE LIGADO NO ENEM! 
Devemos saber associar texto e contexto, pois as 
circunstâncias em que um texto é produzido são fundamentais 
para a sua plena compreensão. Tratando-se de textos verbais, 
o sucesso do total entendimento também é fruto da 
compreensão do significado das palavras no texto e dos 
mecanismos linguísticos empregados na sua constituição. 
 
 
 
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias 
 
 
 
 
 
 
 8 
Domínio do código 
Deve-se conhecer os signos utilizados para a construção 
do sentido do texto, bem como o modo como eles podem 
combinar-se entre si, levando sempre em conta o contexto. 
Nas questões que apresentam linguagem mista, ou seja, 
em que a linguagem verbal vem associada a linguagens 
não verbais, os códigos se complementam e a 
interpretação exige o domínio das regras de ambos. 
 
Repertório 
Compreende-se como todo tipo de conhecimento 
acumulado ao longo da vida escolar, transmitidos pelas 
várias disciplinas, e também os que são adquiridos com a 
participação na vida social e a assimilação de seus 
saberes e valores. 
O repertório é a bagagem de conhecimento que possibilita 
a percepção de correlações entre os sentidos 
inscritos no texto sob interpretação e outros textos 
(verbais ou não verbais) conhecidos ao longo da vivência 
cultural. 
Cabe ressaltar que só devemos aliar leitura, interpretação e 
conhecimento de mundo se o texto assim solicitar, pois, 
do contrário, cometeremos um equívoco. 
 
Intertextualidade 
Relação que um texto estabelece – através de referência 
implícita ou explícita – com um ou mais textos produzidos 
anteriormente. Entende-se aqui o texto em sentido amplo: 
verbal, não verbal, oral, enfim toda forma de comunicação 
entre um emissor e um receptor para dizer que a 
intertextualidade parte de um conhecimento de mundo 
prévio. 
 
Tipos de intertextualidade 
A comunicação entre os textos pode ocorrer de variadas 
formas. Para observarmos tais tipos, partimos do seguinte 
texto: 
 
Canção do exílio 
Minha terra tem palmeiras, 
Onde canta o Sabiá; 
As aves, que aqui gorjeiam, 
Não gorjeiam como lá. 
 
Nosso céu tem mais estrelas, 
Nossas várzeas têm mais flores, 
Nossos bosques têm mais vida, 
Nossa vida mais amores. 
 
Em cismar, sozinho, à noite, 
Mais prazer eu encontro lá; 
Minha terra tem palmeiras, 
Onde canta o Sabiá. 
 
Minha terra tem primores, 
Que tais não encontro eu cá; 
Em cismar – sozinho, à noite– 
Mais prazer eu encontro lá; 
Minha terra tem palmeiras, 
Onde canta o Sabiá. 
 
Não permita Deus que eu morra, 
Sem que eu volte para lá; 
Sem que desfrute os primores 
Que não encontro por cá; 
Sem qu'inda aviste as palmeiras, 
Onde canta o Sabiá. 
 
Poesia do poeta romântico Gonçalves Dias. Percebe-se 
claramente uma visão ufanista e saudosista da terra natal. 
 
Paráfrase 
Termo grego “para-phrasis”, que significa a repetição de 
uma sentença. Esse tipo de relação intertextual consiste 
em reproduzir um texto ou parte dele explicitamente, com 
outras palavras, sem que a ideia original seja alterada. 
 
Nova Canção do Exílio 
Carlos Drummond de Andrade 
Um sabiá 
na palmeira, longe. 
Estas aves cantam 
um outro canto. 
 
O céu cintila 
sobre flores úmidas. 
Vozes na mata, 
e o maior amor. 
 
Só, na noite, 
seria feliz: 
um sabiá, 
na palmeira, longe. 
 
Onde é tudo belo 
e fantástico, 
só, na noite, 
seria feliz. 
(Um sabiá, 
na palmeira, longe.) 
 
Ainda um grito de vida e 
voltar 
para onde é tudo belo 
e fantástico: 
a palmeira, o sabiá, 
o longe. 
 
Paródia: o texto original é retomado, de forma que seu 
sentido passa a ser alterado. Normalmente, a paródia 
apresenta um tom crítico, muitas vezes, marcado por 
ironia. 
 
Canção do exílio 
Murilo Mendes 
Minha terra tem macieiras da Califórnia 
onde cantam gaturamos de Veneza. 
Os poetas da minha terra 
são pretos que vivem em torres de ametista,os sargentos do exército são monistas, cubistas, 
os filósofos são polacos vendendo a prestações. 
A gente não pode dormir 
com os oradores e os pernilongos. 
Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda. 
 
Língua Portuguesa 
 
 
 
 
 
 
ENEM 9 
Eu morro sufocado 
em terra estrangeira. 
Nossas flores são mais bonitas 
nossas frutas mais gostosas 
mas custam cem mil réis a dúzia. 
 
Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade 
e ouvir um sabiá com certidão de idade! 
 
Citação acontece quando há uma transcrição de um 
texto ao longo de outro, marcada normalmente pelo uso 
de aspas. Vejam, na tirinha a seguir, um exemplo de 
citação: 
 
 
Epígrafe 
Termo grego “epi = posição superior”; “graphé = 
escrita”. Esse tipo de intertextualidade ocorre quando um 
autor recorre a algum trecho de um texto já existente, para 
introduzir o seu texto. É um trecho introdutório para 
outro que venha a ser produzido. A famosa “Canção do 
exílio” possui uma epígrafe, com versos de um escritor 
alemão – Wolfgang Goethe: 
 
Kennst du das Land, wo die Citronen blühen, 
Im dunkeln die Gold-Orangen glühen, 
Kennst du es wohl? — Dahin, dahin! 
Möcht ich... ziehn. 
 Goethe 
Canção do exílio 
 Minha terra tem palmeiras, 
Onde canta o Sabiá; 
As aves, que aqui gorjeiam, 
Não gorjeiam como lá. 
(...) 
 
Tradução da epígrafe feita pelo poeta Manuel Bandeira: 
 
 [Conheces o país onde florescem as laranjeiras? 
Ardem na escura fronde os frutos de ouro... 
Conhecê-lo? Para lá, para lá quisera eu ir!] 
 Goethe 
 
Exercícios 
 
01 – (Enem) Quem não passou pela experiência de estar 
lendo um texto e defrontar-se com passagens já lidas em 
outros? Os textos conversam entre si em um diálogo 
constante. Esse fenômeno tem a denominação de 
intertextualidade. Leia os seguintes textos: 
 
I. 
Quando nasci, um anjo torto 
Desses que vivem na sombra 
Disse: Vai Carlos! Ser “gauche” na vida 
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma poesia. Rio 
de Janeiro: Nova Aguilar, 1964) 
 
II. 
Quando nasci veio um anjo safado 
O chato dum querubim 
E decretou que eu tava predestinado 
A ser errado assim 
Já de saída a minha estrada entortou 
Mas vou até o fim. 
(BUARQUE, Chico. Letra e Música. São Paulo: Cia das 
Letras, 1989)III. Quando nasci u 
 
III. 
Quando nasci um anjo esbelto 
Desses que tocam trombeta, anunciou: 
Vai carregar bandeira. 
Carga muito pesada pra mulher 
Esta espécie ainda envergonhada. 
(PRADO, Adélia. Bagagem. Rio de Janeiro: Guanabara, 
1986) 
 
Adélia Prado e Chico Buarque estabelecem 
intertextualidade, em relação a Carlos Drummond de 
Andrade, por 
a) reiteração de imagens. 
b) oposição de idéias. 
c) falta de criatividade. 
d) negação dos versos. 
e) ausência de recursos. 
 
 
 UNIDADE 7 
 
INTERPRETAÇÃO II 
 
IDENTIFIQUE GÊNERO, REFERÊNCIAS E 
OUTROS DETALHES 
Após a leitura e ao fazer questionamentos para si sobre o 
que está estudando, o aluno deve identificar cada detalhe 
disposto no texto. Saber se é uma reportagem ou outro 
gênero, é uma forma, ou seja, identificar característica 
importantes do texto são vitais para uma melhor 
interpretação. 
 
Gêneros x Tipos Textuais 
Ao longo de nossa vivência enquanto falantes, temos a 
oportunidade de convivermos com uma enorme 
 
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias 
 
 
 
 
 
 
 10 
diversidade de textos. Basta sairmos às ruas que tão logo 
está confirmada esta ocorrência. São panfletos, outdoors, 
cartazes, dentre outros. Podemos classificar os textos 
sob duas vertentes: os gêneros e os tipos textuais. 
Antigamente, os vestibulares solicitavam a produção 
utilizando propostas pautadas nos tipos. Hoje em dia, o 
foco maior tem sido nos gêneros. Para um melhor 
desempenho nas provas, veremos ambos: 
 
Os gêneros textuais estão diretamente ligados às 
situações cotidianas de comunicação, fortalecendo os 
relacionamentos interpessoais por meio da troca de 
informações. Tais situações referem-se à finalidade que 
possui cada texto, sendo estas, inúmeras. Alguns 
exemplos: texto utilizadas para a comunicação: 
propagandas, cartas, bulas de remédio, canções, artigos de 
jornal, rótulos, receitas, charges etc. 
Para a identificação de um gênero, deve-se levar em conta 
três critérios básicos: o conteúdo, o estilo e a estrutura 
de composição. 
 
No caso do gênero “bula de remédio”, por exemplo,o 
conteúdo do texto deve ser marcado por informações 
sobre o medicamento em questão. O estilo deve ser 
objetivo, formal, caracterizado pela linguagem técnica. A 
forma de composição desse texto apresenta uma 
estrutura típica: “formas farmacêuticas e apresentações” 
(em frasco, comprimido ou em pomada, por exemplo), 
“composições”(aspectos químicos do produto), 
“informação ao paciente” (ação esperada, prazo de 
validade, reações adversas), “contraindicações e 
precauções” etc. Sem essas características de conteúdo, 
estilo e estrutura, um texto não pode ser classificado como 
“bula de remédio”. 
 
Os gêneros textuais são fenômenos históricos, que nascem 
e se desenvolvem no seio de dada cultura, de certa 
sociedade: a “bula de remédio” é um tipo de texto que não 
existe, por exemplo, em comunidades primitivas, que 
desconhecem a alopatia, a ciência e a escrita. 
O surgimento de novas tecnologias é um fator que 
impulsiona o surgimento de novos gêneros: se não 
existisse o telefone, não existiria o gênero conversa 
telefônica; se não existissem o computador e a internet, 
não haveria o bate-papo virtual, o e-mail e o blogue. 
 
Os gêneros servem de modelo de escrita para o 
enunciador (aquele que fala ou escreve) e funcionam 
como horizonte de leitura para o interlocutor: do mesmo 
modo que orientam como escrever, orientam também 
como o texto deve ser lido e interpretado. Como cada 
gênero apresenta suas próprias características, cada gênero 
determina o que se deve e o que se pode dizer, o que se 
deve e o que se pode interpretar. Cada profissão, cada 
esfera da atividade humana tem seus gêneros: advogados 
escrevem petições, médicos interpretam radiografias, 
arquitetos desenham plantas, cozinheiros preparam 
receitas, professores dão aulas. Saber ler com 
desenvoltura é ser capaz de interpretar e de produzir textos 
pertencentes a diferentes gêneros que circulam na 
sociedade no dia a dia. 
 
Na escola, os conteúdos das diversas disciplinas são 
transmitidos por meio de gêneros diversos, como gráficos, 
poemas, canções, quadros, documentos históricos, 
histórias em quadrinhos, grafites, etc. 
11. Importante ter sempre em mente: conhecer as 
características de cada gênero ajuda tanto a interpretá-los 
quanto a produzi-los. Já a classificação em tipos textuais, 
relaciona-se com a natureza linguística expressa pelos 
mesmos, classificando-se em instrucionais/injuntivos, 
narrativos, descritivos e dissertativos. 
 
Textos da tradição escolar 
Além do conhecimento dos gêneros textuais, para ter um 
bom desempenho na produção escrita e na interpretação 
textual é necessário também o reconhecimento das 
características dos tipos de texto mais comuns na tradição 
escolar: a injunção, a descrição, a narração e a 
dissertação 
 
Texto instrucional/ injuntivo: Indica como realizar uma 
ação. Utiliza linguagem objetiva e simples. Os verbos são, 
na sua maioria, empregados no modo imperativo, porém 
nota-se também o uso do infinitivo e o uso do futuro do 
presente do modo indicativo. Ex: ordens; pedidos; súplica; 
desejo; manuais e instruções para montagem ou uso de 
aparelhos e instrumentos; textos com regras de 
comportamento; textos de orientação (ex: recomendações 
de trânsito); receitas, cartões com votos e desejos (de 
natal, aniversário, etc.). 
 
Texto descritivo: é um retrato verbal. Então para que esse 
tipo de texto seja bem-sucedido, deve ser capaz de fazercom que o leitor visualize o que ou em está sendo 
descrito. 
Compare: 
a) A casa é pequena. Nela, há somente um dormitório, um 
banheiro, sala, cozinha e uma área de serviço. O jardim, 
embora também seja pequeno, é bonito e repleto de flores. 
b) A casa é pequena. Nela, há somente meu aconchegante 
cantinho de dormir, um banheiro, sala para acolher meus 
amigos quando me presenteiam com sua visita. Há 
também o meu terror: a cozinha. É nela que fica o 
fantasma das colorias – a geladeira! A área de serviço é o 
beco do trabalho! O jardim é um encanto. Lindo e 
colorido! 
I - Descrição Objetiva 
É aquela em que o observador apresenta o tema-núcleo de 
maneira impessoal, empregando a representação fiel ao 
aspecto exterior. 
I - Descrição Subjetiva 
É aquela em que o observador apresenta o tema-núcleo de 
maneira pessoal, empregando a imaginação e externando 
suas impressões pessoais. 
 
Texto narrativo: tem sua base em fatos, ações as quais 
fazem com que o enredo se desenvolva. Para que a 
narrativa tenha sucesso, é imprescindível que haja o 
conhecimento do tema e se defina o enredo, para só então 
escolher os personagens. Por quê? Porque a escolha 
prévia dos personagens é “um convite” à prolixidade, pois 
acabamos preocupando-nos com a participação de cada 
 
Língua Portuguesa 
 
 
 
 
 
 
ENEM 11 
um deles e nos esquecemos de enriquecer nosso 
desenvolvimento. 
ELEMENTOS DA NARRATIVA 
I – Enredo (apresentação, conflito, desfecho. Destaque: 
‘Clímax’) 
II – Narrador (1ª ou 3ª pessoa) 
III – Personagem (principais, secundários) 
IV – Tempo (cronológico, histórico, psicológico, do discurso) 
V - Espaço 
 
Além do narrador, outras vozes podem surgir no texto. 
Para inserir falas, faz-se uso do que chamamos 
discurso, que podem se apresentar de diferentes 
formas: 
Discurso direto: reproduz fiel e literalmente algo dito por 
alguém. Normalmente usa-se aspas ou travessões para 
demarcar a reprodução da fala de outra pessoa. 
Exemplo: “Não gosto disso” – disse a menina em tom 
zangado. 
Discurso indireto: o narrador, usando suas próprias 
palavras, conta o que foi dito por outra pessoa. Temos 
então uma mistura de vozes, pois as falas dos personagens 
passam pela elaboração da fala do narrador. 
Exemplo: A menina disse em tom zangado, que não 
gostava daquilo. 
Discurso indireto livre: É um discurso misto onde há uma 
maior liberdade, o narrador insere a fala do personagem de 
forma sutil, sem fazer uso das marcas do discurso direto. É 
necessário que se tenha atenção para não confundir a fala 
do narrador com a fala do personagem, pois esta surge de 
repente em meio a fala do narrador. 
Exemplo: A menina perambulava pela sala irritada e 
zangada. Eu não gosto disso! E parecia que ninguém a 
ouvia. 
 
Dissertação é um texto que se caracteriza pela exposição, 
defesa de uma idéia que será analisada e discutida a partir 
de um ponto de vista. Para tal defesa o autor do texto 
dissertativo trabalha com argumentos, com fatos, com 
dados, os quais utiliza para reforçar ou justificar o 
desenvolvimento de suas idéias. Organiza-se, geralmente, 
em três partes: 
Introdução - onde você explicita o assunto a ser 
discutido, com a apresentação de uma idéia ou de um 
ponto de vista que pretende defender. 
Desenvolvimento ou argumentação - em que irá 
desenvolver seu ponto de vista. Para isso, deve 
argumentar, fornecer dados, trabalhar exemplos, se 
necessário. 
Conclusão - em que dará um fecho coerente com o 
desenvolvimento e com os argumentos apresentados. Em 
geral, a conclusão é uma retomada da idéia apresentada na 
introdução, agora com mais ênfase, de forma mais 
conclusiva, onde não deve aparecer nenhuma idéia nova, 
uma vez que você está fechando o texto. 
 
FIQUE LIGADO NO ENEM! 
Reconhecer os tipos e/ou gêneros textuais pode ser uma 
excelente estratégia para interpretar os textos da prova do 
Enem. Uma vez que você domina a estrutura e a linguagem, 
fica mais rápido e mais fácil entender o texto e responder ao 
solicitado na questão. 
Depois, é interessante identificar a autoria, descobrindo se é de 
algum jornalista conhecido ou de alguma autoridade, por 
exemplo. 
 
Exercícios 
 
01 – (Enem) 
Câncer 21/06 a 21/07 
O eclipse em seu signo vai desencadear mudanças na sua 
autoestima e no seu modo de agir. O corpo indicará onde 
você falha – se anda engolindo sapos, a área gástrica se 
ressentirá. O que ficou guardado virá à tona, pois este 
novo ciclo exige uma “desintoxicação”. Seja comedida em 
suas ações, já que precisará de energia para se recompor. 
Há preocupação com a família, e a comunicação entre os 
irmãos trava. Lembre-se: palavra preciosa é palavra dita 
na hora certa. Isso ajuda também na vida amorosa, que 
será testada. Melhor conter as expectativas e ter calma, 
avaliando as próprias carências de modo maduro. Sentirá 
vontade de olhar além das questões materiais – sua 
confiança virá da intimidade com os assuntos da alma. 
Revista Cláudia. Nº 7, ano 48, jul. 2009. 
O reconhecimento dos diferentes gêneros textuais, seu 
contexto de uso, sua função específica, seu objetivo 
comunicativo e seu formato mais comum relacionam-
se aos conhecimentos construídos socioculturalmente. 
A análise dos elementos constitutivos desse texto 
demonstra que sua função é 
a) vender um produto anunciado. 
b) informar sobre astronomia. 
c) ensinar os cuidados com a saúde. 
d) expor a opinião de leitores em um jornal. 
e) aconselhar sobre amor, família, saúde, trabalho. 
 
 
 UNIDADE 8 
 
Interpretação Textual – Questões 
metalinguísticas 
A metalinguagem (uma das funções da linguagem, já 
abordada em aulas anteriores) consiste em usar a 
linguagem para fazer comentários sobre a própria 
linguagem utilizada num texto. 
Em resumo: A "metalinguagem" nada mais é do que 
usar um tipo de linguagem para falar dela própria. Ou 
seja: um filme sobre um filme, um livro sobre um livro, 
uma música sobre uma música, uma pintura com a 
imagem de alguém pintando, um desenhando com alguém 
desenhando e assim por diante. 
Nas provas do Enem, são uma constante, nesse tipo de 
questão, aquelas relativas à variação linguística. Sem usar 
nomenclatura ou termos específicos, as questões que 
envolvem metalinguagem cobram a identificação de 
determinada particularidade linguística presente no texto 
ou a explicação de quais recursos de linguagem foram 
acionados para produzir determinado sentido ou efeito de 
sentido. 
http://www.simplesmenteportugues.com.br/2009/11/tipos-de-discurso-direto-indireto-e.html
http://www.simplesmenteportugues.com.br/2009/11/tipos-de-discurso-direto-indireto-e.html
 
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias 
 
 
 
 
 
 
 12 
É comum também aparecerem questões que envolvam 
metalinguagem e literatura, uma vez que seu uso é 
bastante comum entre os escritores. 
Vale ressaltar que a metalinguagem não é exclusividade 
de textos verbais, como vemos nos exemplos abaixo: 
 
 
Um poema metalinguístico. 
 
Um aviso que fala do próprio aviso. 
 
Uma escultura fazendo uma escultura. 
FIQUE LIGADO NO ENEM! 
Outros possíveis tipos questões do Enem 
• Questões de simples apreensão: incluem-se neste grupo as 
questões que contêm, no interior do próprio texto, todos os 
dados 
• Questões de compreensão entre textos explícitos na prova, 
que propõem um texto como base e solicitam que se 
reconheçam relações estabelecidas (de compatibilidade ou 
incompatibilidade) entre ele e outro (ou outros). 
• Questões de compreensão entre textos explícitos e textos a 
serem referidos via memória. 
Trata-se também de questões que exigem compreensão, isto é, 
capacidade de correlacionar dados e conhecimentos contidos 
em textos diferentes. O texto de referência vem sempre 
explícito, e solicita comentários, operações ou julgamentos 
sobre ele com base em textos referidos que não constam 
explicitamente na prova, mas são pressupostos como 
conhecidos. O sucessonesse tipo de questão requer que o 
aluno tenha na memória aqueles textos carregados dos 
conhecimentos considerados úteis para quem sai do Ensino 
Médio e se dispõe a continuaros estudos superiores, seja de 
conhecimentos gerais, seja de disciplinas relacionadas ao 
currículo escolar. 
 
Outras dicas: 
Avaliação da leitura correta 
No ENEM, avalia-se a competência da leitura por meio de 
testes a respeito de um texto. O leitor deve ser capaz de 
distinguir as alternativas que contêm interpretações 
corretas das que contêm interpretações erradas. Devem ser 
consideradas corretas as que encontram sustentação no 
que vem exposto no texto; erradas, as que contêm 
distorções interpretativas. 
As alternativas corretas podem ser de vários tipos: 
• Reprodução literal do que vem explícito no texto – é o 
tipo mais fácil de reconhecer como interpretação 
correta do texto. Na verdade não exige esforço 
interpretativo além da alfabetização, pois se trata 
de uma cópia do que vem exposto no texto. Há, no 
entanto, alternativas que reproduzem literalmente trechos 
do texto, mas que reclamam competências interpretativas 
mais sofisticadas do que o mero reconhecimento da cópia. 
Trata-se de transcrições literais para o leitor escolher qual 
delas traduz ou exemplifica melhor determinado 
significado ou efeito de sentido. 
• Paráfrase de palavras ou expressões do texto – 
alternativa que traduz por meio de outras palavras o 
significado de uma palavra, uma expressão ou ainda um 
segmento mais extenso de um texto. 
• Explicitação de sentidos pressupostos – trata-se de um 
tipo de alternativa que traduz significados que, 
embora não venham expressos por palavras contidas nos 
enunciados, estão implicados sob a forma de pressupostos 
ou subentendidos por trás das palavras expressas. 
 
 
 
 
 
Língua Portuguesa 
 
 
 
 
 
 
ENEM 13 
Exercícios 
 
01 – (ENEM) 
Não tem tradução 
[...] 
Lá no morro, se eu fizer uma falseta 
A Risoleta desiste logo do francês e do inglês 
A gíria que o nosso morro criou 
Bem cedo a cidade aceitou e usou 
[...] 
Essa gente hoje em dia que tem mania de exibição 
Não entende que o samba não tem tradução no idioma 
francês 
Tudo aquilo que o malandro pronuncia 
Com voz macia é brasileiro, já passou de português 
Amor lá no morro é amor pra chuchu 
As rimas do samba não são I love you 
E esse negócio de alô, alô boy e alô Johnny 
Só pode ser conversa de telefone 
 
ROSA, N. In: SOBRAL, João J. V. A tradução dos bambas. Revista 
Língua Portuguesa. Ano 4, no 54. São Paulo: Segmento, abr. 2010 
(fragmento). 
 
As canções de Noel Rosa, compositor brasileiro de Vila 
Isabel, apesar de revelarem uma aguçada preocupação 
do artista com seu tempo e com as mudanças político-
culturais no Brasil, no início dos anos 1920, ainda são 
modernas. Nesse fragmento do samba Não tem 
tradução, por meio do recurso da metalinguagem, o 
poeta propõe 
a) incorporar novos costumes de origem francesa e 
americana, juntamente com vocábulos estrangeiros. 
b) respeitar e preservar o português padrão como forma 
de fortalecimento do idioma do Brasil. 
c) valorizar a fala popular brasileira como patrimônio 
linguístico e forma legítima de identidade nacional. 
d) mudar os valores sociais vigentes à época, com o 
advento do novo e quente ritmo da música popular 
brasileira. 
e) ironizar a malandragem carioca, aculturada pela 
invasão de valores étnicos de sociedades mais 
desenvolvidas. 
 
 UNIDADE 9 
 
GRAMÁTICA NO ENEM 
A gramática no ENEM é cobrada de maneira semântica, 
portanto não se baseia apenas em nomenclaturas. O 
candidato deve mostrar a sua habilidade de leitura e 
interpretação, compreender as diferentes formas de 
expressão, ler os diferentes tipos de textos 
contextualizando-os aos momentos histórico-socio-
cultural. Portanto deve apresentar habilidades amplas de 
interpretação, seja de textos verbais quanto dos não-
verbais. 
Sendo assim é importante que o leitor demonstre 
conhecimentos muito mais amplos que apenas aqueles 
relacionados à “decoreba”, mas sim à aplicação delas na 
construção de sentidos. 
Para isso vamos analisar alguns assuntos gramaticais e 
como eles são cobrados no ENEM. 
 
CONJUNÇÕES 
 De acordo com o tipo de relação que 
estabelecem, as conjunções podem ser 
classificadas em coordenativas e subordinativas. 
No primeiro caso, os elementos ligados pela 
conjunção podem ser isolados um do outro. Esse 
isolamento, no entanto, não acarreta perda da 
unidade de sentido que cada um dos elementos 
possui. Já no segundo caso, cada um dos 
elementos ligados pela conjunção depende da 
existência do outro. 
 
CONJUNÇÕES COORDENATIVAS 
 
 
CONJUNÇÕES SUBORDINATIVA 
 
Veja um exemplo 
 
 
(Armandinho / Facebook) 
No caso acima, as conjunções são usadas no segundo 
quadrinho ("e"), com o sentido e adição, unindo as 
 
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias 
 
 
 
 
 
 
 14 
palavras "muitos"; e no 3o quadrinho ("quando"), com o 
valor semântico de tempo. Veja que as conjunções 
contribuem para a progressão textual, desenvolvendo a 
história e, no caso do quadrinho, sendo fundamental para a 
formação do humor da tirinha. 
Além das conjunções, há as locuções conjuntivas. É o 
conjunto de palavras que possui o mesmo valor de uma 
conjunção. 
 
Exercícios 
 
Disponível em: http://clubedamafalda.blogspot.com.br. 
01- (ENEM- 2013) Nessa charge, o recurso 
morfossintático que colabora para o efeito de humor está 
indicado pelo(a): 
a) emprego de uma oração adversativa, que orienta a 
quebra da expectativa ao final. 
b) uso de conjunção aditiva, que cria uma relação de causa 
e efeito entre as ações. 
c) retomada do substantivo “mãe”, que desfaz a 
ambiguidade dos sentidos a ele atribuídos. 
d) utilização da forma pronominal “la”, que reflete um 
tratamento formal do filho em relação à “mãe”. 
e) repetição da forma verbal “é”, que reforça a relação de 
adição existente entre as orações. 
 
Veja o texto a seguir: 
Se você gritasse, 
se você gemesse, 
se você tocasse 
a valsa vienense, 
se você dormisse, 
se você cansasse, 
se você morresse... 
Mas você não morre, 
você é duro, José! 
 
02- No poema “E agora, José?”, de Carlos Drummond de 
Andrade, o trecho em destaque está construído com base 
nos sentidos estabelecidos pelas conjunções, 
respectivamente, de 
a)adição e oposição 
b)condição e adição 
c)condição e oposição 
d)consequência e adição 
e)condição e adição 
 
03- A palavra mesmo pode assumir diferentes 
significados, de acordo com sua função na frase. 
 Assinale a alternativa em que o sentido de mesmo 
equivale ao que se verifica na frase a seguir. 
 
 “Aos poucos, as ideias iam ficando mais claras, mesmo 
que ainda sentisse fortes dores de cabeça e no corpo.” 
 
a) Escute! Há mesmo necessidade de você vir? 
b) Não quero ser o mesmo que você. 
c) Irá assim mesmo. 
d) Não percebeu nada, mesmo estando atento. 
e) Não, mesmo! Fique aí! 
 
 UNIDADE 10 
 
VERBOS 
Os verbos são responsáveis não apenas para indicar ação, 
estado ou fenômeno da natureza; podem também 
expressar sentimentos, acidentes... 
Ex: Eu amo a vida. (sentimento) 
 Cai na rua. (acidente) 
São divididos em três modos verbais, nove tempos e 
ainda ordem afirmativa e negativa. Abaixo tabela das 
desinências verbais 
 
 
Presente do indicativo ___________________ __________________________ 
Pretérito perfeito do indicativo ___________________ __________________________ 
Pretérito imperf. do indicativo 
(1ª conj.) VA (VE) 
(2ª e 3ª conj.) — IA (IE) 
Pretérito mais-que-perf. Ind. RE/RA (ÁTONOS) 
Futuro do presente do ind. RE/RA (TÔNICOS) 
Futuro do pretérito do ind. RIA (RIE) 
Presente do subjuntivo 
(1ª conj.) E 
(2ª e 3ª conj.) — A 
Pretérito imperfeito subj. SSE 
Futuro do subjuntivo R 
Infinitivo impessoal R 
Gerúndio NDO 
Particípio DO, TO, SO 
 SINGULAR PLURAL 
 
Língua PortuguesaENEM 15 
D nº p 1ª 2ª 3ª 1ª 2ª 3ª 
Presente. do indicativo o s mos is/des m 
Pretérito Perfeito do ind. i ste u mos stes ram 
 
 Os olhos brasileiros de Darwin 
Quando o alemão Fritz Müller chegou ao interior de 
Santa Catarina, em 1852, era como se pousasse em outro 
planeta. Um planeta onde ele realizou estudos minuciosos, 
que lhe renderam fama internacional e o apelido de 
“príncipe dos exploradores” – cortesia de seu ídolo e fã, 
Charles Darwin. 
O fascínio pela fauna e flora abaixo do Equador foi o 
que atraiu o médico e filósofo de 31 anos ao vale do Itajaí, 
um deserto verde verde onde dois anos antes Hermann 
Blumenau havia criado uma colônia alemã batizada com 
seu sobrenome. 
GOMES, S. Superinteressante, julho de 2009. 
 
04- (UFSC – adaptado) Em relação ao texto é correto 
afirmar que: 
a) As formas verbais “chegou”, “realizou” e “renderam” 
representam uma sequência cronológica de eventos; 
b) a locução verbal “havia criado”, equivalente a 
“criara”, representa um tempo passado posterior a 
“atraiu”. 
c) O segundo parágrafo do texto pode ser reescrito da 
seguinte maneira, sem alteração das relações sintático-
semânticas: “O que atraiu o médico e filósofo de 31 
anos ao vale do Itajaí, dois anos antes, foi o fascínio 
pela fauna e flora do deserto verde no qual Hermann 
Blumenau viria a criar uma colônia alemã abaixo do 
Equador, que seria batizada com seu sobrenome”. 
d) A forma verbal “era” apresenta ideia de fato totalmente 
acabado. 
e) Há predomínio de verbos flexionados em um tempo 
verbal que representa fatos em andamento. 
 
FUVEST 2014 – 
 REVELAÇÃO DO SUBÚRBIO 
 Quando vou para Minas, gosto de ficar de pé, contra a 
vidraça do carro*, 
Vendo o subúrbio passar. 
O subúrbio todo se condensa para ser visto depressa, 
Com medo de não repararmos suficientemente 
Em suas luzes que mal têm tempo de brilhar. 
A noite come o subúrbio e logo o devolve, 
Ele reage, luta, se esforça, 
Até que vem o campo onde pela manhã repontam laranjais 
E à noite só existe a tristeza do Brasil. 
 Carlos Drummond de Andrade, Sentimento do mundo, 
1940. 
 (*) carro: vagão ferroviário para passageiros. 
 
 05- Considerados no contexto, dentre os mais de dez 
verbos no presente, empregados no poema, exprimem 
ideia, respectivamente, de habitualidade e continuidade 
a) “gosto” e “repontam”. 
b) “condensa” e “esforça”. 
c) “vou” e “existe”. 
d) “têm” e “devolve”. 
e) “reage” e “luta”. 
 
 UNIDADE 11 
 
PONTUAÇÃO 
Na língua portuguesa, a ordem normal dos termos em uma 
frase é: 
sujeito – verbo – complemento verbal – 
adjuntos adverbiais 
Se os termos da oração se dispõem assim, dizemos que 
ocorre ordem direta. 
 Você conquistará sua aprovação em breve 
 Suj. Verbo Comp. Verbal Adj. Adv. 
Caso ocorra alguma alteração nessa sequência, teremos a 
ordem indireta. 
 Em breve, você conquistará sua aprovação! 
 Termo 
 Deslocado 
Quando a oração está na ordem direta, não se separam 
seus termos imediatos por vírgulas. Ou seja, não devemos 
separar: 
- o sujeito do verbo 
- o verbo de seu(s) complemento(s) 
- o nome de seu(s) complemento(s) ou adjunto(s) 
 
A VÍRGULA será utilizada no interior da oração para 
separar: 
1 – expressões de caráter explicativo ou corretivo 
Ex.: Não teremos aula amanhã, ou melhor, depois de 
amanhã. 
2 – conjunções coordenativas intercaladas 
Ex.: Sua atitude, no entanto, pareceu-nos incoerente. 
3 – adjuntos adverbiais intercalados 
Ex.: O ator, naquele dia, parecia um pouco nervoso. 
4 – aposto intercalado 
Ex.: Obama, presidente dos EUA, ficou impressionado 
com a receptividade dosdos brasileiros. 
Importante: o aposto também pode ser intercalado por 
parênteses ou por travessões. Quando está posicionado no 
final da frase, pode vir precedido de dois-pontos. 
 
A VÍRGULA também é empregada para indicar o 
deslocamento de um termo na frase. 
1 – adjunto adverbial 
Ex.: No ano passado, fiz a viagem de meus sonhos. 
Importante: Se esse adjunto for um simples advérbio, a 
vírgula é dispensável. 
2 – complemento pleonástico 
Ex.: Esse livro, já o li quando cursava o Ensino Médio. 
3 – o nome de lugar na indicação de datas 
Ex.: Florianópolis, 21 de Setembro de 2003. 
Então... Fique de olho se lhe for solicitado que produza 
uma carta neste “vestiba”! 
 
A VÍRGULA também é usada para: 
1 – separar vocativo 
Ex.: Galera, fiquem de olho na pontuação. 
 
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias 
 
 
 
 
 
 
 16 
Lembre: Quando se quer dar maior ênfase ao vocativo, 
pode-se usar ponto de exclamação. 
2 – separar termos coordenados assindéticos, ou seja, 
ligadas sem emprego de conjunção 
Ex.: Seus conselhos me inspiraram tranquilidade, 
segurança, paz. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A VÍRGULA entre orações 
As orações que formam um período podem ser separadas 
por vírgulas ou não, dependendo de sua classificação. 
1 – orações subordinadas adjetivas explicativas: sempre 
separadas por vírgula. 
2 – orações subordinadas adjetivas restritivas: via de regra 
não são separadas por vírgula. 
Contudo admite-se vírgula ao seu final (Mas nunca antes 
delas!) quando: 
a) tiverem certa extensão. 
Ex.: O homem que foi sequestrado na semana passada em 
São José, é um empresário muito conhecido na região. 
b) houver sequência de dois verbos. 
Ex.: O homem que fuma, vive pouco. 
3 – orações subordinadas adverbiais: serão separadas por 
vírgula sempre que vierem antes da oração principal. 
4 – orações subordinadas substantivas: não devem ser 
separadas da principal por meio de vírgula (Com exceção 
das apositivas!). 
5 – orações coordenadas: são separadas por vírgula 
(Exceto as aditivas!) 
 
Exercícios 
 
6. As frases "Antigamente, ia-se à cidade" e "Hoje se vai 
ao shopping center" são igualmente iniciadas por advérbio 
de tempo. No entanto, separa-se por vírgula o advérbio da 
primeira, mas não o da segunda. Tal fato revela: 
a) uma distração por parte do emissor, pois o uso da 
vírgula é fundamental nessa situação. 
b) Um erro grave, visto que não se deve usar vírgula para 
separar o advérbio do restante da frase. 
c) Que falta, ao autor do texto, o domínio dos sinais de 
pontuação. 
d) Obrigatoriedade de emprego da vírgula apenas na 
primeira frase. 
e) Uma escolha estilística do emissor, uma vez que nesse 
tipo de construção é facultativo o emprego da vírgula. 
 
 
7. Considere os períodos I, II e III, pontuados de duas 
maneiras diferentes: 
I - Os jovens que amam são mais felizes. 
Os jovens, que amam, são mais felizes. 
II - Eu não fumo por opção. 
Eu não fumo, por opção. 
III - Os padres rezavam e o povo acompanhava a reza. 
Os padres rezavam, e o povo acompanhava a reza. 
Com pontuação diferente, ocorre alteração de sentido: 
a) Em todos os períodos. 
b) Em nenhum dos períodos. 
c) Somente nos períodos I e II. 
d) Somente nos períodos II e III. 
e) Somente nos períodos I e III. 
 
8. Observe as frases: 
I - Ele foi, logo eu não fui. 
II - O menino, disse ele, não vai. 
III - Deus, que é Pai, não nos abandona. 
IV - Saindo ele e os demais, os meninos ficarão sós. 
 
Assinale a afirmativa correta. 
a) Em I há erro de pontuação. 
b) Em II e III as vírgulas podem ser retiradas sem que haja 
erro. 
c) Na I, caso se mude a vírgula de posição, muda-se o 
sentido da frase. 
d) Na II, faltam dois pontos depois de disse. 
e) N.d.a. 
 
 
 
4- No segundo quadrinho da tira há uma vírgula e o 
terceiro quadrinho sugere a retirada do sinal de pontuação. 
a) Explique o sentido da oração com o sinal de pontuação. 
b) Explique o sentido da oração sem o sinal de pontuação. 
 
 
 UNIDADE 12 
 
PRONOMES E COLOCAÇÃO PRONOMINAL 
Entre eu e tu ou entre mim e ti? 
Para eu fazer ou para mim fazer? 
Para ti decidir ou para tu decidires? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Termos coordenados ligados pelas conjunções E, OU, 
NEM dispensamvírgula. 
Seus conselhos me inspiraram tranquilidade, 
segurança e paz. 
 
Se, no entanto, essas conjunções vierem repetidas para 
dar ideia de ênfase, a vírgula deverá ser empregada. 
Não fazia exercícios de Física, nem de Química, nem 
de Matemática, nem de Literatura, mas sonhava ser 
aprovado na UFSC. 
 
 
 
 
 
Compare: 
Para mim, passar no vestiba é moleza! 
Para eu passar no vestiba, será moleza! 
ME – TE – SE – O – A – LHE – 
NOS – VOS – OS – AS – LHES 
 
Língua Portuguesa 
 
 
 
 
 
 
ENEM 17 
Colocação Pronominal 
a) Próclise: posicionar o pronome antes do verbo. 
Ex.: Não te conheço muito bem. 
b) Mesóclise: o pronome “se intromete” no verbo... 
Ex.: Algum dia, conhecer-te-ei por completo. 
c) Ênclise: o pronome fica após o verbo (Sempre com 
hífen!). 
Ex.: Conheço-te muito bem, meu amigo! 
 
Regrinhas Básicas 
- Jamais devemos iniciar uma oração com esse tipo de 
pronome. 
- A mesóclise só deve ocorrer em início de orações ou 
após vírgulas e com verbos no Futuro do Presente ou do 
Pretérito. 
- A próclise é obrigatória com: 
. vocábulos indicativos de negação (não, nunca, jamais, 
nem, tampouco); 
. a palavra “que” (independentemente de sua classe 
gramatical); 
. pronomes indefinidos (tudo, nada, ninguém, alguém...); 
. conjunções subordinativas (se, caso, embora...); 
. pronomes relativos (que, que, qual, cujo...); 
. em + gerúndio (Ex.: Em se tratando de...); 
. orações interrogativas, exclamativas ou optativas. 
- Então, nos demais casos... Dá-lhe Ênclise!!! 
Mas fique atento ao pronome que irá empregar, 
principalmente se estiver trabalhando com a terceira pessoa! 
 
RECORDE 
VI (=Verbo Intransitivo) 
→ não pede objeto 
VTD (= Verbo Transitivo Direto) 
→ pede OD 
VTI ( Verbo Transitivo Indireto) 
→ pede OI 
VTDI (=Verbo Transitivo Direto e Indireto) 
→ pede OD e OI simultaneamente 
 
Pronomes também podem servir como complementos aos 
verbos: 
 
 
 
Exercícios 
 
1. A frase “Eu queria encontrar ela ainda hoje.” não 
respeita as regrinhas de nossa amada gramática de Língua 
Portuguesa. Por quê? 
2. Como reescrever a frase citada na questão anterior, de 
modo a seguir a norma culta? 
 
3. E como inserir o pronome “nos” no período 
“Conhecemos naquela festa.”, respeitando a Gramática 
Normativa? “Vou convidar todos para minha 
formatura!” 
 
4. Seria correto substituirmos o termo sublinhado pelo 
pronome “lhes”? Justifique sua resposta: 
 
 
 
5. Observando os três primeiros quadrinhos, pode-se 
perceber que, no diálogo entre Calvin e sua mãe, uma das 
formas verbais não condiz com as demais. Trata-se de: 
a) Ides. 
b) Pretendes. 
c) Tenhais. 
d) Segui. 
e) Julgais. 
 
6. Indique o que seja correto afirmar acerca da tira acima: 
01. O pronome empregado logo na abertura da segunda 
fala da Calvin apresenta um erro de acentuação, já que, 
sendo átono, não deveria receber acento gráfico. 
02. O termo “onde” (último quadrinho) pode ser 
substituído por “o qual”, mantendo-se o sentido da 
sentença. 
04. O pronome destacado em “Vós me julgais mal” exerce 
função de objeto direto. 
08. Reescrevendo o período “Segui vosso caminho!”, de 
modo a introduzir nele um pronome átono, teríamos 
“Segui-vos!”. 
16. Em “Vós me julgais mal”, o último vocábulo 
empregado é indicativo de modo. 
 
Texto 1 
O homem disse que tinha de ir embora – antes queria 
me ensinar uma coisa muito importante: 
- Você quer conhecer o segredo de ser um menino 
feliz para o resto da vida. 
- Quero – respondi. 
 
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias 
 
 
 
 
 
 
 18 
O segredo se resumia em três palavras, que ele 
pronunciou com intensidade, mãos nos meus ombros e 
olhos nos meus olhos: 
- Pense nos outros. 
Na hora, achei esse segredo meio sem graça. Só bem 
mais tarde vim a entender o conselho que tantas vezes na 
vida deixei de cumprir. Mas que sempre deu certo quando 
me lembrei de segui-lo, fazendo-me feliz como um 
menino. 
SABINO, Fernando. O menino no espelho. 
 
7. Em relação ao Texto 1, é correto afirmar que: 
01. o pronome enclítico empregado no trecho “quando me 
lembrei de segui-lo”, exerce função de objeto direto e 
resgata o substantivo “conselho”. 
02. o trecho “quando me lembrei de segui-lo”, pode ser 
substituído por “quando lembrei de segui-lo”, sem 
desrespeitar a norma culta. 
04. a palavra “que”, nas três ocorrências sublinhadas no 
texto, está funcionando como pronome relativo, pois, 
ao mesmo tempo em que liga orações, também aponta 
para um antecedente. 
08. em “como um menino” temos o conectivo “como” 
dando ideia de conformidade. 
16. a ênclise constante em “fazendo-me feliz como um 
menino” é facultativa, uma vez que alterar a colocação 
pronominal para qualquer outra posição, também 
estaria de acordo com a norma culta. 
32. Em “Na hora, achei esse segredo meio sem graça.”, 
temos “meio” como um vocábulo invariável 
 
 UNIDADE 12 
 
QUE e SE 
O termo "se" aparece na frase como: 
 
1. Pronome Reflexivo 
Os dois amam-se como 
irmãos. 
Elas deram-se as mãos. 
4. Partícula Expletiva ou de 
realce 
As moças sorriram-se 
agradecidas 
O povo riu-se ao ouvir tantas 
asneiras. 
2. Partícula Apassivadora 
Sabe-se que há pessoas 
safadinhas. 
Doam-se aulas de 
Gramática. 
5. Parte integrante de verbos 
Ele queixou-se do assunto. 
Maria referiu-se ao pai. 
3. Índice de 
Indeterminação do Sujeito 
Aqui se vive bem. 
Precisa-se de serventes. 
6. Substantivo 
O se é a palavra que estamos 
estudando. 
7. Conjunção Subordinativa 
Se você não ficar quieto, não vai aprender 
a lição. 
 
O termo "que" aparece na frase como: 
1. Advérbio 
Que fria está sua sala! 
5. Conjunção 
Penso que está tudo ok. 
2. Substantivo 
Há um quê de censura no 
ar. 
6. Pronome Interrogativo 
Que você quer comigo? 
3. Preposição 
Tinha que estudar. 
7. Pronome Relativo 
A candidata que treinei foi 
aprovada 
4. Interjeição 
Quê! Ela acreditou nisso? 
8. Partícula Expletiva ou 
de Realce 
Que nome que te deram.... 
 
Exercícios 
 
1- Classifique as funções da palavra “se” nas frases a 
seguir, numerando, convenientemente, os parênteses: 
1-Partícula apassivadora. 
2- Índice de indeterminação do sujeito. 
3- Partícula de realce. 
4-Partícula integrante do verbo. 
5-Conjunção subordinativa. 
( ) “Ela quer saber se eu me sinto realizado”. 
(Drummond) 
( ) “Acabou-se a confiança no próximo”. 
(Drummond) 
( ) Suicidou-se, pulando no fim da tarde de um 
prédio de 10 andares. 
( ) Precisa-se de operários. 
( ) “Sentia-se o cheiro da panela no fogo, chiando de 
toucinho no braseiro”. (José Lins do Rego) 
 
A sequência correta é: 
 
a) 4-3-5-2-1 
b) 5-3-2-4-1 
c) 4-5-2-1-3 
d) 5-3-4-2-1 
e) 5-3-2-1-4 
 
2. Em que oração a palavra "que" é um pronome relativo? 
 
a) Observei um quê de desconfiança em seu olhar. 
b) Que resultados você espera com essa atitude? 
c) A família é que lhe pagava todos os gastos. 
d) O itinerário que seguimos era o mais próximo. 
e) Não te intimides que há outros menos capazes. 
 
3. Identifique a frase em que a palavra "se" é pronome 
apassivador. 
 
a) Viaja-se pelas praias brasileiras no verão. 
b) Os namorados acomodaram-se no sofá, em silêncio. 
c) Deixou-se abater com a notícia de sua partida. 
d) Proibiam-se as queimadas por todo o território. 
e) Vivia-se tranqüilo naqueles confins da serra. 
 
4. Em que frase a palavra "se" é índice de indeterminação 
do sujeito? 
 
a) Aqui se aceitam encomendas de doces e salgados. 
b) O passante escondeu-se da chuva repentina. 
c) Neste restaurante italiano, come-se bastante bem. 
d) Os dois garotos protegiam-se da forte ventania. 
e) Liquidaram-se as dívidas em pouco tempo 
 
 
Língua Portuguesa 
 
 
 
 
 
 
ENEM 19 
 UNIDADE 13 
 
 
 
CONCORDANCIA VERBAL 
 
Sujeito O verbo concorda Exemplos 
Coletivo 
Coletivo + expressão no pluralNo singular 
Singular ou plural 
A multidão invadiu o parque. 
A turma de meninos saiu (ou saíram). 
Nome próprio no plural Com o artigo O Estados Unidos é um país de 1º mundo. 
Os Estados Unidos são um país de 1º mundo. 
Mais de um(a) No singular 
No plural se a ação for recíproca 
Mais de um aluno saiu cedo ontem. 
Mais de um aluno se olharam atravessado. 
Um dos que No singular, se a ação se refere a 
só um ser 
No plural, se a ação se refere a 
mais de um ser 
O Sol é um dos astros que aquece a Terra. 
 
O Sol é um dos astros que brilham. 
Pronome relativo que 
Pronome relativo quem 
Com o pronome que vem antes 
Com o pronome que está antes, ou 
na 3ª pessoa do singular 
Sou eu que pago a conta. 
Sou eu quem pago/ paga a conta. 
Sujeito Composto O verbo concorda Exemplos 
Núcleos antes do verbo No plural A mãe e a filha chegaram. 
Núcleos depois do verbo No singular ou plural Chegou/chegaram a mãe e a filha. 
Núcleos em graduação No singular ou plural Um olhar, um gesto, um sorriso bastava/bastavam. 
Núcleos reduzidos por: tudo, 
nada, ninguém, etc. 
No singular Pedro, Antônio, Renato, ninguém ficou contente. 
Pessoas diferentes Eu + tu = nós 
Tu + ele = vós 
Eu e tu fomos ao parque. 
Tu e ele fostes ao cinema hoje? 
 Um e outro, nem um nem outro No singular ou no plural Um e outro morreu/morreram. 
Nem um nem outro correu/correram. 
Nem Maria nem Antônio respondeu/responderam. 
Ligados pelas alternativas 
ou...ou, nem...nem 
No singular, se houver exclusão 
No plural, se não houver exclusão 
Ou Pedro ou Antônio casará com Maria. 
O machado ou a serra destruirão aquela mata. 
Núcleos ligados por com Com vírgula: singular 
Sem vírgula: singular/plural 
O professor, com seus alunos, saiu. 
O professor com seus alunos saiu/saíram. 
Sujeito O verbo concorda Exemplos 
Isto, isso, aquilo, tudo + verbo 
de ligação 
Como predicativo ou com o sujeito Isto são coisas deles. 
Tudo são flores. 
Nome próprio + verbo de 
ligação 
Com o sujeito Maria era as alegrias do pai. 
 Tempo: (hora, dia) com verbos: 
ser, dar, bater, soar 
 Com a palavra indicadora de 
tempo 
Hoje é primeiro de abril. 
Hoje são primeiro de abril. 
Soaram nove horas. 
Bateram dez horas. 
Preço, quantidade + verbo de 
ligação 
No singular Dez centavos é pouco. 
Dois quilos é muito. 
Verbos: ser, estar, haver, fazer e 
fenômenos da natureza 
 No singular Faz dez anos que não faço uma redação. 
Ontem nevou em Floripa. 
Havia muitos ratos no porão. 
Verbos apassivados pelo se Com o sujeito Alugam-se casas. 
Consertam-se sapatos. 
Indeterminado pelo se No singular Necessita-se de empregadas. 
Fala-se em assuntos dramáticos. 
Porcentagem No singular 
No plural 
70% do povo reclamou do presidente. 
70% das pessoas reclamaram do presidente. 
 
 
01. Preencha as lacunas corretamente, flexionando os 
verbos entre parênteses. 
a) _________o governador e sua filha ontem. (chegar) 
b) O governador e sua filha ________ ontem. (chegar) 
c) Ele, Zé e eu ____________ à festa ontem. (ir) 
d) Zé, tu e ele _____________ à festa ontem. (ir) 
e) Casas, florestas, rios, tudo ______ por água abaixo 
naquela enxurrada. (ir) 
f) _____________-se casas. (alugar – Pres.Ind) 
 
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias 
 
 
 
 
 
 
 20 
g) _____________-se de empregadas. (precisar de – Pres. 
Ind) 
h) _______________ dez acidentes na rua na semana 
passada. (haver) 
i) _______________ anos que não o vejo. (fazer – Pret. 
Perfeito) 
j) Naquele dia, 10% das crianças não ____________ na 
escola. (aparecer) 
k) Naquele dia, 10% do povo ________________o 
candidato. (eleger) 
l) Vossa Majestade não ____________ sair hoje. (poder – 
Pres. Ind) 
m) Três reais ____________ muito. (ser – Pres. Ind) 
n) Maria _________ as alegrias do pai. (ser – Pres. Ind) 
o) A água ou o fogo __________ a casa. (destruir – Pret. 
Perf.) 
02. Assinale a(s) frase(s) correta(s). 
01. Ireis de carro tu, vossos primos e eu. 
02. O pai ou o filho assumirá a direção da empresa. 
04. Mais de um dos candidatos se insultaram. 
08. Faz dez anos todos esses fatos. 
16. Faz dez anos que não passamos por aqui. 
32. Qual de nós irá sair com você? 
 
03. Marque as alternativas gramaticalmente corretas, 
quanto à concordância verbo-nominal. 
01. Esta jovem, ela próprio irá a Brasília avistar-se com o 
presidente. 
02. É necessário a paciência de todos para superarmos 
esses problemas. 
04. Menos festas, mais trabalho! 
08. A poesia que desejas está na página vinte e um. 
16. Eram perto do meio-dia, quando Mônica chegou. 
32. Não se ouviam murmúrios na sala. 
64. Aconteceu, ontem, alguns fatos interessantes. 
 
 UNIDADE 14 
 
CONCORDANCIA NOMINAL 
 
 Mesmo Elas mesmas resolverão o caso. 
Ela não sabia disso mesmo. 
 Junto Juntos iremos longe. 
Iremos junto com ele. 
 Anexo/Incluso 
 
Próprio 
Quite 
Leso 
Obrigado 
As cartas seguem anexas. 
As cartas seguem em anexo. 
Eles próprios assaltaram o caixa. 
Estou quite com você. 
Cometeu crimes de lesas-pátrias. 
Muito obrigada, diz a menina. 
 
Tal 
O filho é tal qual o pai. 
Os filhos são tais quais os pais. 
O filho é tal quais os pais. 
Os filhos são tais qual o pai. 
 Menos 
Alerta 
Pseudo 
Monstro 
Ela estava menos calma que ontem. 
Fiquemos alerta ao combate. 
As pseudo-atrizes foram presas. 
Elas são um monstro. 
 Só Só as meninas foram embora. 
As meninas ficaram sós. 
 
Meio 
Maria estava meio doente. 
Os fins não justificam os meios. 
Comi somente meia melancia. 
Bastante Eles estão bastante apaixonados. 
Comemos bastantes pêras. 
Proibido É proibida a entrada de pessoas feias. 
É proibido entrada de pessoas feias. 
Caro Compra caro os presentes. (adv.) 
Compra os presentes caros. (adj.) 
Longe Andei por longes terras. (adj.) 
Estavam longe de nós. (adv.) 
 
1. Em que casos a forma entre parênteses deve ficar no 
plural? 
01. O advogado se muniu de argumentos (bastante) para 
inocentar seu cliente. 
02. Seguem (anexo) os comprovantes solicitados. 
04. Eles ( mesmo) admitiram que tudo não passou de 
farsa. 
08. Os livros estão muito (caro). 
16. Eles vestiram calças (cinza). 
32. Encontraram os portões (meio) abertos. 
64. Os brinquedos de madeira custam mais (barato). 
 
2. Assinale a alternativa em que a concordância 
nominal da frase não atende às normas: 
a) Houve bastantes propostas, mas nenhuma agradou aos 
participantes. 
b) As crianças só se queixavam quando os pais as 
deixavam sós. 
c) O cabo exigia que as sentinelas se mantivessem alerta e 
meio escondidas. 
d) Encontrou semimortos pai e filho, bastante feridos no 
acidente. 
e) Perdido na ilha, alimentava-se de frutas e carne 
caprinas, que ali abundavam. 
 
3. Que frases estão de acordo com a modalidade culta? 
01. É necessário a tua participação. 
02. Não era permitida nenhuma participação. 
04. É proibido a passagem de alunos pelo corredor. 
08. É preciso calma nesta hora. 
16. Será permitida votação em segredo. 
32. É necessário paciência. 
 
 
 UNIDADE 15 
 
Como estudar literatura para o Enem? 
De forma geral, o ENEM espera que o candidato seja 
capaz de construir e aplicar conceitos aprendidos por ele, 
levando em conta a interdisciplinaridade. Sendo assim, é 
necessário que o conhecimento literário esteja aliado às 
relações que são estabelecidas com a história, a política, 
até mesmo à geografia e à economia do país. 
A estética, a estrutura formal, o modo de expressão 
discursiva são observados nas manifestações artísticas, 
não só nas literárias, mas em outros segmentos – 
principalmente na música, na escultura, na pintura e na 
arquitetura. 
 
Língua Portuguesa 
 
 
 
 
 
 
ENEM 21 
De modo geral, o ENEM avalia o quanto o candidato 
conhece a respeito do mundo em que vive, da realidade e da 
história de seu país e como se posiciona diante de tudo isso. 
A Literatura 
Costuma-se definir literatura,em sentindo amplo, como 
o conjunto de textos escrito sobre determinado tema. 
Nessas aulas, porém, o sentindo dado à palavra literatura 
é específico. A literatura que discutimos neste material é 
fundamentalmente ficcional e plurissignificativa, o que os 
permite classificá-la como arte. Assim, umas das 
definições possíveis para o texto literário é a de “obra de 
arte que tem como matéria-prima as palavras”. Por meio 
das palavras, o autor expressa sua maneira de ver o 
mundo, utilizando seu estilo pessoal e influenciado por 
tudo o que acontece a sua volta. 
 
FIQUE LIGADO NO ENEM! 
Texto literário x Texto não literário 
(ou utilitário) 
• A Literatura é uma forma de expressão artística. Todo artista 
trabalha com uma matéria-prima: o músico, com os sons; o 
pintor, com as cores; o escultor, com as formas; o arquiteto, 
com os espaços. Os escritores têm como matéria-prima a 
palavra. Logo, literatura pode ser vista como a ‘arte da palavra’. 
• O que define uma obra como literária não é sua “qualidade”, 
já que essa noção é discutível, pois varia de época para 
época, de cultura para cultura, mas sua vocação para criar 
sentidos através dos recursos formais da linguagem. 
• Os textos que consideramos literários apresentam 
semelhanças no modo de empregar certos recursos de 
linguagem. Os textos utilitários, também chamados de não 
literários, são aqueles em que a linguagem é utilizada, 
sobretudo, com a intenção de transmitir uma informação. Já 
os textos literários são aqueles em que a linguagem é 
utilizada não apenas para transmitir uma informação, mas 
também para, de alguma forma, proporcionar prazer, reflexão, 
comoção, identificação, sublimação, espanto… 
• Nos textos literários, a preocupação com o modo de dizer é 
muito mais evidente do que nos textos utilitários. 
 
Temas 
É natural que encontremos o mesmo tema em diferentes 
manifestações literárias (peças de teatro, poemas, 
romances, contos ou crônicas) com abordagens diferentes, 
dependendo do estilo do autor do gênero escolhido e da 
época a que pertence. 
 
Soneto 
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, 
Muda-se o ser, muda-se a confiança; 
Todo o Mundo é composto de mudança, 
Tomando sempre novas qualidades. 
 
Continuamente vemos novidades, 
Diferentes em tudo da esperança; 
Do mal ficam as mágoas na lembrança, 
E do bem, se algum houve, as saudades. 
 
O tempo cobre o chão de verde manto, 
Que já coberto foi de neve fria, 
E em mim converte em choro o doce canto. 
 
E, afora este mudar-se cada dia, 
Outra mudança faz de mor espanto: 
Que não se muda já como soía. 
Luís de Camões 
 
Como uma onda 
Nada do que foi será 
De novo do jeito que já foi um dia 
Tudo passa, tudo sempre passará 
A vida vem em ondas como o mar 
Num indo e vindo infinito 
Tudo que se vê não é 
Igual ao que a gente viu há um segundo 
Tudo muda o tempo todo no mundo 
Não adianta fugir 
Nem mentir pra si mesmo 
Agora 
Há tanta vida lá fora, aqui dentro 
Sempre como uma onda no mar 
Como uma onda no mar 
Como uma onda no mar 
Lulu Santos e Nelson Motta 
(compositores contemporâneos) 
 
FIQUE LIGADO NO ENEM! 
Vale destacar também que é comum a prova usar 
manifestações artísticas contemporâneas que sofreram 
influência de estilos anteriormente consagrados. 
 
Estilos de época 
Dessa forma, é possível convencionar que obras 
produzidas numa mesma época, sob as mesmas 
influências históricas e culturais tendem a ter 
características semelhantes. É o grupo de obras produzidas 
numa mesma época e sob as mesmas condições que 
chamamos de movimento artístico-literário. Todo escritor 
é influenciado pelos valores da época em que vive. Como 
a História é uma constante mudança, a percepção da 
realidade se modifica, e as manifestações artísticas, que 
sempre serão influenciadas pelo contexto histórico, 
também estão em constante mudança. Uma escola literária 
consiste nos escritores que, por terem vivido numa mesma 
época, têm a tendência de apresentar características 
literárias semelhantes. 
 
PRINCIPAIS ESCOLAS LITERÁRIAS – BRASIL E 
PORTUGAL 
 
 
 
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias 
 
 
 
 
 
 
 22 
 
 
FIQUE LIGADO NO ENEM! 
Estilo de época diz respeito a uma série de procedimentos 
estéticos que caracterizam determinado período histórico – 
porque foram usados repetitiva e constantemente, por uma ou 
mais geração de escritores. 
Estilo individual é a maneira peculiar com que cada escritor 
manipula a linguagem literária. Refere-se à capacidade de usar 
técnicas para obter um melhor resultado estético. 
 
Exercícios 
 
01- (ENEM) Leia o que disse João Cabral de Melo Neto, 
poeta pernambucano, sobre a função de seus textos: 
"Falo somente com o que falo: a linguagem enxuta, 
contato denso; Falo somente do que falo: a vida seca, 
áspera e clara do sertão; Falo somente por quem falo: o 
homem sertanejo sobrevivendo na adversidade e na 
míngua. Falo somente para quem falo: para os que 
precisam ser alertados para a situação da miséria no 
Nordeste." 
Para João Cabral de Melo Neto, no texto literário, 
a) a linguagem do texto deve refletir o tema, e a fala do 
autor deve denunciar o fato social para determinados 
leitores. 
b) a linguagem do texto não deve ter relação com o tema, 
e o autor deve ser imparcial para que seu texto seja 
lido. 
c) o escritor deve saber separar a linguagem do tema e a 
perspectiva pessoal da perspectiva do leitor. 
d) a linguagem pode ser separada do tema, e o escritor 
deve ser o delator do fato social para todos os leitores. 
e) a linguagem está além do tema, e o fato social deve ser 
a proposta do escritor para convencer o leitor. 
 
 UNIDADE 16 
 
GÊNEROS LITERÁRIOS 
Os conteúdos literários se organizam assume um gênero. 
Existem diversas concepções artísticas na Literatura. 
Há textos para divertir, para fazer pensar, para criticar a 
sociedade, para emocionar, para jogar com a linguagem. 
Cada uma dessas se manifesta por meio dos gêneros 
literários. O termo “gênero” origina-se do latim genus, 
eris, que significa nascimento, descendência, origem, e 
refere-se a um conjunto de características temáticas e 
formais intrínsecas às manifestações literárias. Sendo por 
muito tempo dividido em três categorias: épico, lírico e 
dramático. Tal divisão foi proposta na Grécia antiga (384 - 
322 a.C.) pelo filósofo grego Aristóteles. 
GÊNERO ÉPICO OU NARRATIVO 
Em sua origem, apresenta longos poemas narrativos, com 
linguagem elevada, multiplicidade de vozes, assunto 
histórico e influência mitológica. Sua marca é o 
sentimento dos valores coletivos, ou seja, a história 
contada exalta as qualidades e feitos de um povo. São 
conhecidos também como epopéias e foram os primeiros 
textos narrativos. Histórias como "A Ilíada", "Odisseia", 
"Os Lusíadas" e o mais recente "O Senhor dos Anéis" e 
"300" 
Atualmente, o gênero épico foi praticamente substituído 
pela prosa de ficção (fábulas, crônicas, contos, novelas e 
romances) e é comumente chamado de gênero narrativo. 
 
GÊNERO LÍRICO 
Gênero cuja composição, inicialmente, era acompanhada 
por uma lira. Modernamente, visto como expressão de 
uma subjetividade, como manifestação poética de algum 
tipo de sentimento, o que explicaria sua preferência pela 
primeira pessoa gramatical. 
 
GÊNERO DRAMÁTICO 
Está associado à arte da representação. O enredo 
desenvolve-se por meio da encenação dos atores mediante 
a apresentação do espetáculo teatral. Apresenta uma 
estrutura teatral, em que não há um narrador explícito e o 
texto é conduzido pelas próprias personagens, que se 
exprimem em discurso direto. 
Neste contexto, figuram-se a participação de elementos 
extraverbais, tais como cenário, figurino, iluminação, 
sonoplastia, entre outros. 
 
FIQUE LIGADO NO ENEM! 
Hoje em dia, cada um dos três gêneros clássicos pode aparecer 
em textos em PROSA ou em POESIA. 
• No texto em PROSA, o conteúdo não está diretamentesubordinado a questões rítmicas, o que equivale a dizer que as 
“linhas” do texto não possuem um tamanho predeterminado 
(não têm a forma de versos). 
• No texto POÉTICO, isto é, num poema, o conteúdo depende 
mais claramente das questões rítmicas; por isso, o tamanho das 
“linhas” do texto é predeterminado. Cada “linha” de um poema é 
chamada de verso, que se caracteriza por ter um ritmo (número 
de sílabas poéticas) que se repete – ou não - no poema. 
Observe: 
 
 
Língua Portuguesa 
 
 
 
 
 
 
ENEM 23 
*Vale destacar que há classificação para os versos, estrofes, 
tipos de rimas (ou ausência delas) com nomenclatura 
específica. 
 
Exercícios 
 
01 - (Enem) Gênero dramático é aquele em que o artista 
usa como intermediária entre si e o público a 
representação. A palavra vem do grego drao (fazer) e quer 
dizer ação. A peça teatral é, pois, uma composição 
literária destinada à apresentação por atores em um palco, 
atuando e dialogando entre si. O texto dramático é 
complementado pela atuação dos atores no espetáculo 
teatral e possui uma estrutura específica, caracterizada: 1) 
pela presença de personagens que devem estar ligados 
com lógica uns aos outros e à ação; 2) pela ação dramática 
(trama, enredo), que é o conjunto de atos dramáticos, 
maneiras de ser e de agir das personagens encadeadas à 
unidade do efeito e segundo uma ordem composta de 
exposição, conflito, complicação, clímax e desfecho; 3) 
pela situação ou ambiente, que é o conjunto de 
circunstâncias físicas, sociais, espirituais em que se situa a 
ação; 4) pelo tema, ou seja, a ideia que o autor 
(dramaturgo) deseja expor, ou sua interpretação real por 
meio da representação. 
 COUTINHO, A. Notas de teoria literária. Rio de Janeiro: 
Civilização Brasileira, 1973 (adaptado). 
Considerando o texto e analisando os elementos que 
constituem um espetáculo teatral, conclui-se que 
a) a criação do espetáculo teatral apresenta-se como um 
fenômeno de ordem individual, pois não é possível sua 
concepção de forma coletiva. 
b) O cenário onde se desenrola a ação cênica é concebido 
e construído pelo cenógrafo de modo autônomo e 
independente do tema da peça e do trabalho 
interpretativo dos atores. 
c) o texto cênico pode originar-se dos mais variados 
gêneros textuais, como contos, lendas, romances, 
poesias, crônicas, notícias, imagens e fragmentos 
textuais, entre outros. 
d) o corpo do ator na cena tem pouca importância na 
comunicação teatral, visto que o mais importante é a 
expressão verbal, base da comunicação cênica em toda 
a trajetória do teatro até os dias atuais. 
e) a iluminação e o som de um espetáculo cênico 
independem do processo de produção/recepção do 
espetáculo teatral, já que se trata de linguagens 
artísticas diferentes, agregadas posteriormente à cena 
teatral. 
 
 UNIDADE 17 
 
AS PRIMEIRAS ESCOLAS LITERÁRIAS: 
Estudamos os primeiros movimentos literários em língua 
portuguesa, observando as primeiras manifestações em 
Portugal e, no decorrer da história, no Brasil. 
 
 
 
TROVADORISMO 
Contexto histórico: 
 Primeira Época Medieval 
 Primeiro movimento literário de língua portuguesa – 
Século XII 
 Feudalismo 
 Relação de suserania e vassalagem 
 
Marco inicial: o marco inicial do Trovadorismo é a 
“Cantiga da Ribeirinha” (conhecida também como 
“Cantiga da Garvaia”), escrita por Paio Soares de Taveirós 
no ano de 1189. 
 
Trovadores: Na lírica medieval, os trovadores eram os 
artistas de origem nobre, que compunham e cantavam, 
com o acompanhamento de instrumentos musicais, as 
cantigas (poesias cantadas). Estas cantigas eram 
manuscritas e reunidas em livros, conhecidos como 
Cancioneiros. Temos conhecimento de apenas três 
Cancioneiros. São eles: “Cancioneiro da Biblioteca”, 
“Cancioneiro da Ajuda” e “Cancioneiro da Vaticana”. Os 
trovadores de maior destaque na lírica galego-portuguesa 
são: Dom Duarte, Dom Dinis, Paio Soares de Taveirós, 
João Garcia de Guilhade, Aires Nunes e Meendinho. 
 
No trovadorismo galego-português, as cantigas são 
divididas em: Satíricas (Cantigas de Maldizer e 
Cantigas de Escárnio) e Líricas (Cantigas de Amor e 
Cantigas de Amigo). 
Cantigas de Maldizer: através delas, os trovadores 
faziam sátiras diretas, chegando muitas vezes a agressões 
verbais. Em algumas situações eram utilizados palavrões. 
O nome da pessoa satirizada podia aparecer 
explicitamente na cantiga ou não. 
Cantigas de Escárnio: nestas cantigas o nome da pessoa 
satirizada não aparecia. As sátiras eram feitas de forma 
indireta, utilizando-se de duplos sentidos. 
Cantigas de Amor: neste tipo de cantiga o trovador 
destaca todas as qualidades da mulher amada, colocando-
se numa posição inferior (de vassalo) a ela. O tema mais 
comum é o amor não correspondido. As cantigas de amor 
reproduzem o sistema hierárquico na época 
do feudalismo, pois o trovador passa a ser o vassalo da 
amada (suserana) e espera receber um benefício em troca 
de seus “serviços” (as trovas, o amor dispensado, 
sofrimento pelo amor não correspondido). 
Cantigas de Amigo: enquanto nas Cantigas de Amor o 
eu-lírico é um homem, nas de Amigo é uma mulher 
(embora os escritores fossem homens). A palavra amigo 
nestas cantigas tem o significado de namorado. O tema 
principal é a lamentação da mulher pela falta do amado. 
 
FIQUE LIGADO NO ENEM! 
O Enem costuma apresentar a influencia que os 
cancioneiros exercem (eram) na MPB, como no exemplo 
abaixo. 
Rua, 
Espada nua 
Boia no céu imensa e amarela 
http://amantedaleitura2.blogspot.com.br/2012/10/trovadorismo-origem-do-trovadorismo-os.html
http://www.suapesquisa.com/artesliteratura/trovadorismo.htm
http://www.suapesquisa.com/feudalismo
http://www.suapesquisa.com/artesliteratura/trovadorismo.htm
http://amantedaleitura2.blogspot.com.br/2012/10/trovadorismo-origem-do-trovadorismo-os.html
http://www.suapesquisa.com/datascomemorativas/dia_dos_namorados.htm
 
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias 
 
 
 
 
 
 
 24 
Tão redonda a lua 
Como flutua 
Vem navegando o azul do firmamento 
E no silêncio lento 
Um trovador, cheio de estrelas 
Escuta agora a canção que eu fiz 
Pra te esquecer Luiza 
Eu sou apenas um pobre amador 
Apaixonado 
Um aprendiz do teu amor 
[Luísa, Tom Jobim] 
*a música aproxima-se das cantigas de amor. 
 
Novelas de Cavalaria 
 Longas narrativas em verso surgidas na Europa no 
século XII. Abordam as aventuras vividas pelos 
cavaleiros da Idade Média; 
 Tradição oral: lidas aos membros da corte; 
 Difusão da visão de mundo da época; 
 Harmonia interrompida quando o herói ou um grupo de 
homens se vê diante de um desafio; 
 Herói enfrenta perigos e provas a fim de alcançar seu 
objetivo; 
 Valorização do esforço e da moral do herói. 
 
Exercícios 
 
01 – (Enem) Leia atentamente o trecho de uma música de 
Caetano Veloso e, em seguida, assinale a alternativa 
correta. 
Um amor assim delicado 
Você pega e despreza 
Não devia ter despertado 
Ajoelha e não reza 
Dessa coisa que mete medo 
Pela sua grandeza 
Não sou o único culpado 
Disso eu tenho a certeza 
Princesa 
Surpresa 
Você me arrasou 
Serpente 
Nem sente que me envenenou 
Senhora, e agora 
Me diga onde eu vou 
Senhora 
Serpente 
Princesa 
(...) 
 
a) O texto remete ao lirismo trovadoresco presente nas 
cantigas de amigo. 
b) O texto apresenta uma clara postura de vassalagem 
amorosa. 
c) O texto é moderno, com referência clara às raízes da 
poesia palaciana. 
d) A presença do vocativo “Senhora” remete ao amor 
carnal, típico do período feudal. 
e) O homem posiciona-se como um herói perante a mulher 
amada. 
HUMANISMO 
O humanismo foi uma época de transição entre a Idade 
Média e o Renascimento. 
Como o próprio nome já diz, o ser humano passou a ser 
valorizado. 
Foi nessa época que surgiu uma nova classe social: a 
burguesia. Os burgueses não eram nem servos e nem 
comerciantes. 
Com o aparecimento desta nova classe socialforam 
aparecendo as cidades e muitos homens que moravam no 
campo se mudaram para morar nestas cidades, como 
conseqüência o regime feudal de servidão desapareceu. 
Foram criadas novas leis e o poder parou nas mãos 
daqueles que, apesar de não serem nobres, eram ricos. 
O “status” econômico passou a ser muito valorizado, 
muito mais do que o título de nobreza. 
As Grandes Navegações trouxeram ao homem confiança 
de sua capacidade e vontade de conhecer e descobrir 
várias coisas. A religião começou a decair (mas não 
desapareceu) e o teocentrismo deu lugar 
ao antropocentrismo, ou seja, o homem passou a ser o 
centro de tudo e não mais Deus. 
Os artistas começaram a dar mais valor às emoções 
humanas. 
É bom ressaltar que todas essas mudanças não ocorreram 
do dia para a noite. 
 
HUMANISMO = TEOCENTRISMO X 
ANTROPOCENTRISMO 
Algumas manifestações 
- Teatro 
O teatro foi a manifestação literária onde ficavam mais 
claras as características desse período. 
Gil Vicente foi o nome que mais se destacou, 
ele escreveu mais de 40 peças. 
Sua obra pode ser dividida em 2 blocos: 
Autos: peças teatrais cujo assunto principal é a religião. 
“Auto da alma” e “Trilogia das barcas” são alguns 
exemplos. 
Farsas: peças cômicas curtas. Enredo baseado no 
cotidiano. 
“Farsa de Inês Pereira”, “Farsa do velho da horta”, “Quem 
tem farelos?” são alguns exemplos. 
Poesia 
Em 1516 foi publicada a obra “Cancioneiro Geral”, uma 
coletânea de poemas de época. 
O cancioneiro geral resume 2865 autores que tratam de 
diversos assuntos em poemas amorosos, satíricos, 
religiosos entre outros. 
Prosa 
Crônicas: registravam a vida dos personagens 
e acontecimentos históricos. 
Fernão Lopes foi o mais importante cronista(historiador) 
da época, tendo sido considerado o “Pai da História de 
Portugal”. Foi também o 1º cronista que atribuiu ao povo 
um papel importante nas mudanças da história, essa 
importância era, anteriormente atribuída somente à 
nobreza. 
Obras 
“Crônica d’El-Rei D. Pedro” 
“Crônica d’El-Rei D. Fernando” 
“Crônica d’El-Rei D. João I” 
http://www.infoescola.com/literatura/humanismo/
http://www.infoescola.com/historia/feudalismo/
http://www.infoescola.com/literatura/humanismo/
http://www.infoescola.com/filosofia/antropocentrismo/
http://www.infoescola.com/literatura/humanismo/
http://www.infoescola.com/redacao/enredo/
http://www.infoescola.com/livros/a-farsa-de-ines-pereira/
http://www.infoescola.com/literatura/humanismo/
 
Língua Portuguesa 
 
 
 
 
 
 
ENEM 25 
 
A seguir, trecho de “O Auto da barca do Inferno de Gil 
Vicente” 
 
Chega o Parvo ao batel do Anjo e diz: 
Parvo — Hou da barca! 
Anjo — Que me queres? 
Parvo — Queres-me passar além? 
Anjo — Quem és tu? 
Parvo — Samica alguém. 
Anjo — Tu passarás, se quiseres; porque em todos teus 
fazeres per malícia nom er 
Vem um Sapateiro com seu avental e carregado de 
formas, e chega ao batel infernal, e diz: 
Sapateiro — Hou da barca! 
Diabo — Quem vem i? Santo sapateiro honrado, como 
vens tão carregado?... 
Sapateiro — Mandaram-me vir assim... E para onde é a 
viagem? 
Diabo — Para o lago dos danados. 
Sapateiro — Os que morrem confessados onde têm sua 
passagem? 
Diabo — Nom cures de mais linguagem! Esta é a tua 
barca, esta! 
Sapateiro — Renegaria eu da festa e da puta da barcagem! 
Como poderá isso ser, confessado e comungado?!... 
Diabo — Tu morreste excomungado: 
Nom o quiseste dizer. 
Esperavas de viver, calaste dous mil enganos... Tu 
roubaste bem trint'anos o povo com teu mester. Embarca, 
era má para ti, que há já muito que t'espero!Classicismo 
ou Quinhentismo 
 
Exercícios 
 
Leia os textos a seguir para responder às questões 
de 30 a 33, sabendo que, no texto I (Farsa de Inês 
Pereira), a personagem aparece na primeira parte casada 
com o marido que a maltrata e a tranca em casa e, na 
segunda parte, após a morte do companheiro, Inês, já 
casada novamente com Pero Marques, vinga-se dos maus-
tratos anteriores, tratando mal o novo marido. O texto 
II circulou pela Internet recentemente. 
 
 
Texto I 
 [Ainda casada com o primeiro marido], aqui fica Inês 
Pereira só, fechada, trabalhando e cantando esta cantiga: 
“Quem bem tem e mal escolhe, 
Por mal que lhe venha, não se anoje.” 
(Falado) 
Juro em todo meu sentido 
que, se solteira me vejo, 
assim como eu desejo, 
que eu saiba escolher marido, 
a boa-fé sem mal engano, 
pacífico todo o ano, 
que ande a meu mandar... 
Havia-me eu de vingar 
deste mal e deste dano! (...) 
[Trecho 2] 
[Já casada pela segunda vez] põe-se Inês às costas do 
[novo] marido, e diz: 
Inês – Marido, assi me levade! 
Pero – Ides à vossa vontade? 
Inês – Como estar no paraíso! (...) 
Canta Inês Pereira: 
Inês – “Bem sabedes vós, marido, 
quanto vos quero. 
Sempre foste percebido 
pera cervo (...).” 
VICENTE, Gil. Antologia do teatro de Gil 
Vicente. Introdução e estudo crítico de Cleonice 
Berardinelli. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984. 
 
Vocabulário 
Quem bem tem e mal escolhe, /Por mal que lhe venha, não 
se anoje: Quem tem melhor escolha e escolhe mal, por 
pior que seja, não se queixe. 
Pera: para 
Cervo: animal dócil e chifrudo 
 
Lembrando-se de que o texto foi escrito por Gil Vicente 
na época do Humanismo, aponte a alternativa que discorre 
sobre esse texto de forma correta. 
a) A Farsa de Inês Pereira permite-nos perceber que o 
principal objetivo de Gil Vicente, ao escrever, era 
distrair o público por meio do teatro. 
b) Como, no final, a mulher acaba conseguindo fazer o 
que planejara – maltratar o novo marido – a peça tem 
tendências feministas. 
c) A farsa apresentada expõe, de maneira crítica, 
singularidades da sociedade pré-renascentista, usando 
para isso, em vários momentos, o cômico. 
d) Percebe-se, por meio da Farsa de Inês Pereira, que no 
teatro de Gil Vicente têm mais importância o vestuário 
e o cenário do que o texto. 
e) Apesar de pertencer à época do Humanismo, a farsa 
possui traços trovadorescos, como o tipo de 
relacionamento amoroso apresentado. 
 
RENASCIMENTO 
Fim da idade das Trevas – Idade Média 
Século XVI – 1527 – Sá Miranda retorna da Itália 
trazendo esse estilo novo; 
Confiança quanto à capacidade criativa do homem – 
expansão marítima 
 
Predomínio do Antropocentrismo 
Classicismo ou Quinhentismo 
Português: características 
Influência dos padrões clássicos: Grécia 
Presença de seres mitológicos 
Versificação 
Predomínio da razão sobre os sentimentos 
Universalidade: Arte como expressão de verdades 
universais;Classicismo ou Quinhentismo 
Português: a epopeia 
 
Os Lusíadas - Luís Vaz de Camões 
Proposição: os feitos do povo português: a expansão 
marítima 
 
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias 
 
 
 
 
 
 
 26 
Invocação: busca de inspiração para o eu poético: as 
musas do rio Tejo 
Dedicatória: Dom Sebastião (Sebastianismo) 
Narração: viagem de Vasco da Gama 
Epílogo: lamento pelo fato de sua voz não ser ouvida por 
todos os portugueses 
Heroi: Vasco da Gama, metonímia do povo português 
Argumento: as façanhas dos navegantes portugueses 
ilustram a história de superação da nação portuguesa 
Presença do maravilhoso: o destino dos navegadores é 
definido pelos deuses 
Estrutura: 8.816 versos distribuídos em 10 cantos 
 
Canto I 
As armas e os barões assinalados, 
Que da ocidental praia lusitana, 
Por mares nunca dantes navegados, 
Passaram ainda além da Traprobana, 
Em perigos e guerras esforçados 
Mais do que prometia a força humana, 
E entre gente remota edificaram 
Novo Reino, que tanto sublimaram; 
E também as memórias gloriosas 
Daqueles reis que foram dilatando 
A Fé, o Império, e as terras viciosas 
De África e de Ásia andaram devastando; 
E aqueles que por obras valerosas 
Se vão da lei da Morte libertando 
Cantanto espalharei por toda a parte, 
Se tanto me ajudar o engenho e a arte 
 
Exercícios 
 
LXXVIII (Camões, 1525?-1580) 
Leda serenidadedeleitosa, 
Que representa em terra um paraíso; 
Entre rubis e perlas doce riso 
Debaixo de ouro e neve cor-de-rosa; 
Presença moderada e graciosa, 
Onde ensinando estão despejo e siso 
Que se pode por arte e por aviso, 
Como por natureza, ser fermosa; 
Fala de quem a morte e a vida pende, 
Rara, suave; enfim, Senhora, vossa; 
Repouso nela alegre e comedido: 
Estas as armas são com que me rende 
E me cativa Amor; mas não que possa 
Despojar-me da glória de rendido. 
CAMÕES, L. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008. 
 
SANZIO, R. (1483-1520). A mulher com o unicórnio. Roma, Galleria 
Borghese Disponível em: www.arquipelagos.pt. Acesso em: 29 fev. 2012. 
 
A pintura e o poema, embora sendo produtos de duas 
linguagens artísticas diferentes, participaram do 
mesmo contexto social e cultural de produção pelo fato 
de ambos 
a) apresentarem um retrato realista, evidenciado pelo 
unicórnio presente na pintura e pelos adjetivos usados 
no poema. 
b) valorizarem o excesso de enfeites na apresentação 
pessoal e na variação de atitudes da mulher, eviden 
cidas pelos adjetivos do poema. 
c) apresentarem um retrato ideal de mulher marcado pela 
sobriedade e o equilíbrio, evidenciados pela postura, 
expressão e vestimenta da moça e os adjetivos usados 
no poema. 
d) desprezarem o conceito medieval da idealização da 
mulher como base da produção artística, evidenciado 
pelos adjetivos usados no poema. 
e) apresentarem um retrato ideal de mulher marcado pela 
emotividade e o conflito interior, evidenciados pela 
expressão da moça e pelos adjetivos do poema. 
 
 
 UNIDADE 18 
 
Quinhentismo 
É a denominação genérica de todas as manifestações 
literárias ocorridas no Brasil durante o século XVI, no 
momento em que a cultura europeia foi introduzida no 
país. Note que, nesse período, ainda não se trata de 
literatura genuinamente brasileira, a qual revele visão do 
homem brasileiro. Trata-se de uma literatura ocorrida no 
Brasil, ligada ao Brasil, mas que denota a visão, as 
ambições e as intenções do homem europeu mercantilista 
em busca de novas terras e riquezas. As manifestações 
ocorridas se prenderam, basicamente, à descrição da terra 
e do índio, ou a textos escritos pelos viajantes, jesuítas e 
missionários que aqui estiveram. 
 Literatura Informativa 
A Carta de Caminha inaugura o que se convencionou 
chamar de Literatura Informativa sobre o Brasil. Este tipo 
de literatura, também conhecido como literatura dos 
 
Língua Portuguesa 
 
 
 
 
 
 
ENEM 27 
viajantes ou literatura dos cronistas, como consequência 
das Grandes Navegações, empenha-se em fazer um 
levantamento da “terra nova”, de sua floresta e fauna, de 
seus habitantes e costumes, que se apresentaram muito 
diferentes dos europeus. Daí ser uma literatura meramente 
descritiva e, como tal, sem grande valor literário. A 
principal característica da carta é a exaltação da terra, 
resultante do assombro do europeu diante do exotismo e 
da exuberância de um mundo tropical. Com relação à 
linguagem, o louvor a terra transparece no uso exagerado 
de adjetivos. 
 
Trecho da carta: 
Carta a el-Rei Dom Manuel sobre o achamento do 
Brasil 
Senhor, posto que o capitão-mor desta vossa frota, e 
assim os outros capitães escrevam a Vossa Alteza a nova 
do achamento desta Vossa terra nova, que se ora nesta 
navegação achou, não deixarei de também dar disso 
minha conta. (...) 
E assim seguimos nosso caminho, por este mar, de longo, 
até terça-feira d’ oitavas de Páscoa, que foram 21 dias 
d’Abril, que topamos alguns sinais de terra (...) E à quarta-
feira seguinte, pela manhã, topamos aves, a que chamam 
fura-buchos. Neste mesmo dia, a horas de véspera, 
houvemos vista de terra, isto é, primeiramente d’um 
grande monte, mui alto e redondo, e d’outras serras mais 
baixas ao sul dele e de terra chãcom grandes arvoredos, ao 
qual monte alto o capitão pôs o nome o Monte Pascoal e à 
terra A Terra de Vera Cruz. (...) 
E dali houvemos vista d’homens, que andavam pela praia, 
de 7 ou 8, segundo os navios pequenos disseram, por 
chegaram primeiro. (...) A feição deles é serem pardos, 
maneira d'avermelhados, de bons rostos e bons narizes, 
bem feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura, nem 
estimam nenhuma cousa cobrir nem mostrar 
suas vergonhas. E estão acerca disso com tanta inocência 
como têm em mostrar o rosto. (...) 
 
FIQUE LIGADO NO ENEM! 
Para o leitor de hoje, a literatura informativa satisfaz a 
curiosidade a respeito do Brasil nos seus primeiros anos de 
vida, oferecendo o encanto das narrativas de viagem. Para os 
historiadores, os textos são fontes obrigatórias de pesquisa. 
Mais adiante, com o movimento modernista, esses textos foram 
retomados pelos escritores brasileiros, como Oswald de 
Andrade, como forma de denúncia da exploração a que o país 
sofrera desde então. 
 
Quando o português chegou 
Debaixo duma bruta chuva 
Vestiu o índio 
Que pena! 
Fosse uma manhã de sol 
O índio tinha despido 
O português.. 
 Literatura Jesuítica 
Os impérios ibéricos continham em sua expansão uma 
profunda ambiguidade. Ao espírito capitalista-mercantil 
associavam um certo ideal religioso e salvacionista. Por 
essa razão, dezenas de religiosos acompanhavam as 
expedições a fim de converter os gentios. 
Como consequência da Contrarreforma, chegam, em 
1549, os primeiros jesuítas ao Brasil. Incumbidos de 
catequizar os índios e de instalar o ensino público no país, 
fundaram os primeiros colégios, que foram, durante muito 
tempo, a única atividade intelectual existente na colônia. 
Do ponto de vista estético, os jesuítas foram responsáveis 
pela melhor produção literária do Quinhentismo brasileiro. 
Além da poesia de devoção, cultivaram o teatro de caráter 
pedagógico, inspirado em passagens bíblicas, e 
produziram documentos que informavam aos superiores 
na Europa o andamento dos trabalhos. 
O instrumento mais utilizado para atingir os objetivos 
pretendidos pelos jesuítas (moralizar os costumes dos 
brancos colonos e catequizar os índios) foi o teatro. Para 
isso, os jesuítas chegaram a aprender a língua tupi, 
utilizando-a como veículo de expressão. Os índios não 
eram apenas espectadores das peças teatrais, mas também 
atores, dançarinos e cantores. 
Os principais jesuítas responsáveis pela produção literária 
da época foram o padre Manuel da Nóbrega, o missionário 
Fernão Cardim e o padre José de Anchieta. 
 
José de Anchieta (1534 - 1597) 
 
Nascido em 1534 na ilha de 
Tenerife, Canárias, o padre da 
Companhia de Jesus veio para o 
Brasil em 1553 e fundou, no ano 
seguinte, um colégio na região da 
então cidade de São Paulo. 
Faleceu na atual cidade de 
Anchieta, litoral do Espírito Santo, 
em 1597. 
Conhecido como o grande piahy ("supremo pajé 
branco"), Anchieta deixou como legado a primeira 
gramática do tupi-guarani, verdadeira cartilha para o 
ensino da língua dos nativos (Arte da gramática da língua 
mais usada na costa do Brasil). Destacou-se também por 
suas poesias e autos, nos quais misturava a moral religiosa 
católica aos costumes dos indígenas. 
Entre as peças de teatro da época, destaca-se o Auto de 
São Lourenço, escrita pelo padre José de Anchieta. Nela, 
o autor conta em três línguas (tupi, português e espanhol) 
o martírio de são Lourenço, que preferiu morrer queimado 
a renunciar a fé cristã. Anchieta intentou conciliar os 
valores católicos com os símbolos primitivos dos 
habitantes da terra e com aspectos da nova realidade 
americana. O sagrado europeu ligava-se aos mitos 
indígenas, sem que isso significasse contradição, pois as 
ideias que triunfavam nos espetáculos eram evidentemente 
as do padre. A liberdade formal das encenações saltava 
aos olhos: o teatro anchietano pressupunha o lúdico, o 
jogo coreográfico, a cor, o som. 
A obra do padre Anchieta também merece destaque na 
poesia. Além de poemas didáticos, com finalidade 
catequética, também elaborou poemasque apenas 
revelavam sua necessidade de expressão. Os poemas mais 
conhecidos de José de Anchieta são: “Do Santíssimo 
 
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias 
 
 
 
 
 
 
 28 
Sacramento” e “A Santa Inês”. Veja, abaixo, um trecho do 
poema: 
 
A Santa Inês 
Cordeirinha linda, 
Como folga o povo, 
Porque vossa vinda 
Lhe dá lume novo! 
Cordeirinha santa, 
De Jesus querida, 
Vossa santa vida 
O Diabo espanta. 
 
Exercícios 
 
Leia o texto a seguir para responder à questão. 
 
CARTA DE PERO VAZ 
A terra é mui graciosa, 
Tão fértil eu nunca vi. 
A gente vai passear, 
No chão espeta um caniço, 
No dia seguinte nasce 
Bengala de castão de oiro. 
Tem goiabas, melancias. 
Banana que nem chuchu. 
Quanto aos bichos, tem-nos muitos. 
De plumagens mui vistosas. 
Tem macaco até demais. 
Diamantes tem à vontade, 
Esmeralda é para os trouxas. 
Reforçai, Senhor, a arca. 
Cruzados não faltarão, 
Vossa perna encanareis, 
Salvo o devido respeito. 
Ficarei muito saudoso 
Se for embora d'aqui. 
(Murilo Mendes) 
 
castão - remate superior de uma bengala; 
cruzado - antiga moeda portuguesa; 
vossa perna encanareis - a expressão quer dizer que o rei 
"estava mal das pernas", isto é, sem dinheiro, "quebrado". 
As riquezas do Brasil poderão tirá-lo dessa situação. 
 
Há nesse texto uma sátira à expressão "dar-se-á nela 
tudo", contida na Carta de Caminha. Marque a 
alternativa que confirma essa tendência. 
a) "Tem goiabas, melancias 
Banana que nem chuchu." 
b) ( ... ) 
"No chão espeta um caniço, 
No dia seguinte nasce 
Bengala de castão de oiro." 
c) "A terra é mui graciosa 
Tão fértil eu nunca vi." 
d) "Quanto aos bichos, tem-nos muitos 
De plumagens mui vistosas. 
Tem macaco até demais." 
e) "Diamantes tem à vontade, 
Esmeralda é para os trouxas. 
Reforçai, Senhor, a arca. 
 UNIDADE 19 
 
BARROCO 
CONTEXTO: 
O período conhecido como Barroco, ou Seiscentismo,. 
O termo denomina genericamente todas as manifestações 
artísticas dos anos 1600 e início dos anos 1700. Além da 
literatura, estende-se à música, pintura, escultura e 
arquitetura da época. 
O Barroco foi um período do século XVI marcado pela 
crise dos valores Renascentistas, gerando uma nova visão 
de mundo através de lutas religiosas e dualismos entre 
espírito e razão. 
A Reforma Protestante (1517) contestou as práticas da 
Igreja Católica e propôs uma nova relação entre Deus e os 
homens. Uma das propostas desse movimento foi a 
tradução da Bíblia para os idiomas nacionais, abrindo 
caminho para novas interpretações das Escrituras, 
deixando a Igreja dividida e enfraquecida. O poder central 
da Igreja teve que reagir rapidamente. Em 1563 tem início 
a Contrarreforma, que tinha como objetivo combater a 
expansão do protestantismo e recuperar os domínios 
perdidos. Portanto, a Europa do século XVII reflete a crise 
religiosa do século anterior. O homem europeu se vê 
dividido entre duas forças opostas: o antropocentrismo o 
teocentrismo 
O movimento envolve novas formas de arte, abrangendo 
diversas manifestações artísticas. O Barroco é a estética 
que reflete essa tensão, ou seja, o embate entre a fé e a 
razão, entre espiritualismo e materialismo. 
 
Massacre de São Bartolomeu 
(Foto: Pintura: François Dubois/Reprodução) 
A tela do pintor francês apresenta o momento em que 
milhares de protestantes foram mortos em Paris, a mando 
dos reis católicos franceses, em 1572. 
 
ARTE BARROCA 
O Barroco tem manifestações nas artes plásticas, na 
música e na literatura, sendo que cada uma dessas esferas 
artísticas tem sua maneira de expressar a dualidade do 
homem barroco e sua tentativa de fundir valores 
contraditórios, como o gosto pelas coisas terrenas e a 
salvação pela fé. 
Na escultura, as dobras são agudas, as roupas costumam 
ser esvoaçantes e as figuras possuem um certo tom 
dramático. Uma das esculturas mais conhecidas do 
período é Êxtase de Santa Teresa, feita por Bernini. 
 
Língua Portuguesa 
 
 
 
 
 
 
ENEM 29 
 
O Êxtase de Santa Teresa 
(Foto: Escultura: Gian Lorenzo Bernini) 
 
Na pintura, é possível identificar o contraste entre claro e 
escuro. Como no exemplo abaixo, em que Caravaggio 
(pintor italiano) retrata a flagelação de Jesus. 
 
A Flagelação de Cristo 
(Foto: Pintura: Caravaggio / Reprodução) 
 
Na música de estilo barroco era comum o uso da 
polifonia e do contraponto. Um dos representantes mais 
importantes foi Vivaldi, responsável pela composição dos 
concertos "As quatro estações". 
A arquitetura barroca é lembrada pelo excesso de 
ornamentação. O estilo foi muito utilizado na construção 
de igrejas. O exemplo abaixo é da Basílica de Santiago de 
Compostela. 
 
Basílica do Bom Jesus de Matosinhos, em Contagem 
(MG) 
A influência barroca manifestou-se claramente nas 
pinturas feitas em tetos e paredes de igrejas e palácios. As 
cenas e elementos arquitetônicos (colunas, escadas, 
balcões, degraus) proporcionavam uma incrível ilusão de 
movimento e ampliação de espaço, chegando, em alguns 
casos, a dar a impressão de que a pintura era a realidade, e 
a parede, de fato, não existisse. 
 
 
Afresco da Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro 
Preto (MG), por Manuel da Costa Athayde 
 
BARROCO NA LITERATURA 
CULTISMO – É o jogo de palavras; é o rebuscamento 
da forma, é a obsessão pela linguagem culta, erudita, por 
meio de inversão da frase (hipérbato), do uso de palavras 
difíceis. É o abuso no emprego de figuras de linguagem, 
especialmente a metáfora, a antítese e o hipérbato. O 
principal cultista do barroco mundial foi o espanhol Luís 
de Gôngora. No Brasil, Gregório de Matos. 
CONCEPTISMO – É o aspecto construtivo do Barroco, 
voltado para o jogo das idéias e dos conceitos. É a 
preocupação com as associações inesperadas, seguindo 
um raciocínio lógico, racionalista. O principal conceptista 
do barroco mundial foi o espanhol Francisco de Quevedo. 
No Brasil, padre Antônio Vieira. 
 
BARROCO NO BRASIL 
As primeiras manifestações da literatura barroca 
brasileira ocorreram na Bahia, centro político e comercial 
da colônia durante o ciclo da cana-de-açúcar. Para muitos 
 
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias 
 
 
 
 
 
 
 30 
especialistas, os primórdios da literatura brasileira 
remontam a esse período. A justificativa é que, no século 
XVII, os escritores já nascidos na colônia teriam adaptado 
pela primeira vez uma estética europeia à realidade 
brasileira, colocando em prática uma espécie de 
“abrasileiramento” da linguagem literária. 
Didaticamente, o Barroco brasileiro tem seu marco 
inicial em 1601, com a publicação do poema 
épico Prosopopeia, de Bento Teixeira. 
 
Gregório de Matos (1633-1695) 
Produziu sátiras irreverentes, as quais justificam o apelido 
“Boca do Inferno”. Envolveu-se em inúmeras aventuras, 
foi degredado para Angola, voltou para o Brasil e foi para 
Recife. 
 POESIA RELIGIOSA: mostra o autor envolvido pelo 
sentimento de culpa e de arrependimento, implorando 
perdão. 
 
“Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado, 
Da vossa alta clemência me despido; 
Porque quanto mais tenho delinquido 
Vos tem a perdoar mais empenhado. 
Se basta a voz irar tanto pecado, 
A abrandar-vos sobeja um só gemido: 
Que a mesma culpa que vos há ofendido, 
Vos tem para o perdão lisonjeado.” 
[...] 
 
 POESIA LÍRICA: Mostra-se um poeta 
angustiado em face à vida, à religião e ao amor. 
Revela sua amada, uma mulher bela que é 
constantemente comparada aos elementos da 
natureza. Além disso, ao mesmo tempo que o 
amor desperta os desejos corporais, o poeta é 
assaltado pela culpa e pela angústia do pecado. 
“Anjo no nome, Angélica na cara! 
Isso é ser flor, e Anjo juntamente: 
Ser Angélica flor, e Anjo florente, 
Em quem, senão em vós, se uniformara: 
Quem vira uma tal flor, que a não cortara, 
De verde pé, da rama fluorescente; 
E quem um Anjo vira tão luzente, 
Que por seu Deus o não idolatrara?”[...] 
 
 POESIA SATÍRICA: mostra a crítica severa de 
uma sociedade marcada pela mediocridade e pela 
desonestidade, nasce de um sujeito lírico que 
adota um ponto de vista conservador e 
preconceituoso. Seus poemas satíricos renderam-
lhe o apelido de Boca do Inferno. 
 
“Triste Bahia! 
ó quão dessemelhante 
Estás e estou do nosso antigo estado! 
Pobre te vejo a ti, tu a mi abundante. 
A ti tricou-te a máquina mercante, 
Que em tua larga barra tem entrado, 
A mim foi-me trocando e, tem trocado, 
Tanto negócio e tanto negociante.” 
[...] 
 
 POESIA ERÓTICA: Também alcunhado de 
profano, o poeta mostra o uso de palavrões e 
alusões obscenas, além de exaltar a sensualidade 
e a volúpia das amantes que conquistou na Bahia, 
além dos escândalos sexuais envolvendo os 
conventos da cidade. 
 
Padre Antônio Vieira (1608-1697) 
Por onde passou ficou, ficou conhecido por seus sermões, 
discursos orais destinados aos fiéis sobre temas religiosos, 
bíblicos e morais. Porém, Antônio Vieira não se limitou à 
pregação religiosa, colocando seus sermões a serviço de 
suas ideias políticas e ideológicas. Em Portugal ganhou a 
antipatia da Inquisição ao defender o retorno dos judeus, 
perseguidos pelo tribunal, ao território português, para 
driblar a crise econômica. No Brasil, combateu com 
radicalismo a escravização dos índios e foi perseguido 
pelos colonos. 
Escreveu cerca de duzentos sermões em estilo conceptista, 
isto é, que privilegia a retórica e o encadeamento lógico de 
ideias e conceitos. Estão formalmente divididos em três 
partes: Intróito ou Exórdio, a apresentação, introdução 
do assunto; desenvolvimento ou argumento: defesa de 
uma ideia com base na argumentação; peroração: parte 
final, conclusão. 
Seus sermões mais famosos são: Sermão da Sexagésima, 
Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal 
contra as de Holanda, Sermão de Santo Antônio. 
 
FIQUE LIGADO NO ENEM! 
Nas artes plásticas, o Barroco manifestou-se tardiamente no 
Brasil, pois se tornou viável apenas com o suporte dado pela 
descoberta do ouro em Minas Gerais, que resultou na 
construção de igrejas de estilo barroco ao longo de todo o 
século XVIII. Destaque para Antônio Francisco Lisboa, 
Aleijadinho (1730-1814). 
 
 
 
Parte do Patrimônio Histórico da Humanidade, as esculturas de 
Aleijadinho, com seus olhares penetrantes, têm como 
característica a expressividade e a dramaticidade. 
 
 
 
 
Língua Portuguesa 
 
 
 
 
 
 
ENEM 31 
Exercícios 
 
01- O Barroco se caracteriza pelo movimento contínuo, 
curvas e contracurvas, a torção dos corpos e o 
planejamento tumultuado, buscando um efeito dramático. 
Com base nestas características, indique a alternativa que 
contém apenas escultura barroca. 
 
 
 UNIDADE 20 
 
ARCADISMO 
O Arcadismo, também conhecido como Setecentismo 
ou Neoclacissismo, é o movimento que compreende a 
produção literária brasileira na segunda metade do século 
XVIII. O nome faz referência à Arcádia, região do sul da 
Grécia que, por sua vez, foi nomeada em referência ao 
semideus Arcas (filho de Zeus e Calisto), mostrando 
assim, desde o princípio, as referências à mitologia grega 
que perpassa o movimento. 
Profundas mudanças no contexto histórico mundial 
caracterizam o período, tais como a ascensão do 
Iluminismo, que pressupunha o racionalismo, o progresso 
e as ciências. Na América do Norte, ocorre a 
Independência dos Estados Unidos, em 1776, abrindo 
caminho para vários movimentos de independência ao 
longo de toda a América, como foi o caso do Brasil, que 
presenciou inúmeras revoluções e inconfidências até a 
chegada da Família Real em 1808. 
O movimento tem características reformistas, pois seu 
intuito era o de dar novos ares às artes e ao ensino, aos 
hábitos e atitudes da época. A aristocracia em declínio viu 
sua riqueza esvair-se e dar lugar a uma nova organização 
econômica liderada pelo pensamento burguês. 
Neste período, centro econômico da colônia deslocou-se 
do Nordeste para o Sudeste, sendo Vila Rica e Rio de 
Janeiro, onde uma pequena burguesia letrada fazia ecoar o 
pensamento iluminista francês. 
No Brasil, o ano convencionado para o início do 
Arcadismo é 1768, quando houve a publicação de Obras, 
do poeta Claudio Manoel da Costa. 
De acordo com a crítica literária, o arcadismo brasileiro 
teve dois momentos: poético e ideológico, sendo o 
primeiro caracterizado pelo retorno à tradição clássica 
com a utilização dos seus modelos, e valorização da 
natureza e da mitologia, e o segundo influenciado pela 
filosofia presente no Iluminismo, que traduz a crítica da 
burguesia culta aos abusos da nobreza e do clero. 
 
Arcádia Ultramarina 
Trata-se de uma sociedade literária fundada na cidade 
de Vila Rica (MG), influenciada pela Arcádia italiana 
(fundada em 1690) e cujos membros adotavam 
pseudônimos, isto é, nomes artísticos, de pastores 
cantados na poesia grega ou latina. Por isso que alguns 
dos principais nomes do Arcadismo brasileiro publicavam 
suas obras com nomes inspirados na mitologia grega e 
romana. 
 
Principais características 
- inspiração nos modelos clássicos greco-latinos e 
renascentistas; 
- apreço pelas formas fixas; 
- mitologia pagã como elemento estético; 
- pastoralismo: poetas simples e humildes; 
- bucolismo: busca pelos valores da natureza; 
- exaltação da pureza, da ingenuidade e da beleza; 
- convencionalismo = repetição de termos desgastados; 
- uso de pseudônimos. 
 
Termos em latim 
O uso de expressões em latim era comum e estavam 
associados ao estilo de vida simples e bucólico. 
 Inutilia truncat: "cortar o inútil", referência aos excessos 
cometidos pelas obras do barroco. No arcadismo, os 
poetas primavam pela simplicidade. 
Fugere urbem: "fugir da cidade", do escritor clássico 
Horácio; 
Locus amoenus: "lugar ameno", um refúgio ameno em 
detrimento dos centros urbanos monárquicos; 
Carpe diem: "aproveitar a vida", o pastor, ciente da 
efemeridade do tempo, convida sua amada a aproveitar o 
momento presente. 
 
Cabe ressaltar, no entanto, que os membros da Arcádia 
eram todos burgueses e habitantes dos centros urbanos. 
Por isso a eles são atribuídos um fingimento poético, isto 
é, a simulação de sentimentos fictícios. 
 
FIQUE LIGADO NO ENEM! 
Um dos principais escritores que influenciaram árcades foi o 
poeta latino Horácio, que viveu entre 68 a.C. e 8 a.C., e foi 
influenciador do pensamento do “Carpe Diem”, que significa 
viver agora, desfrutar do presente, adotado pelo Arcadismo e 
permanente até os dias de hoje. Assim, pode aparecer, na 
prova, alguma produção atual inspirada em tal lema. 
 
 
 
 
 
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias 
 
 
 
 
 
 
 32 
Principais autores e obras: 
 Poesia Épica 
 Cláudio Manuel da Costa (Villa Rica) 
 Santa Rita Durão (‘Caramuru’) 
 José Basílio da Gama (‘O Uraguai’) 
 Poesia Lírica 
 Tomás Antônio Gonzaga (‘As Liras de Marília 
de Dirceu’). 
 Cláudio Manuel da Costa (‘Obras’) 
 Vale destacar também: Silva Alvarenga e 
Alvarenga Peixoto 
Poesia Satírica 
 Tomás Antônio Gonzaga (‘Cartas Chilenas’) 
 
Cláudio Manuel da Costa 
Nasceu em Mariana, MG, estudou no Rio de Janeiro e 
em Coimbra. Em 1768, publicou Obras, livro de poemas 
considerado o marco inicial do Arcadismo brasileiro. 
Envolveu-se com a Inconfidência Mineira. 
A poesia lírica é a parte mais representativa de sua obra, 
principalmente os sonetos. Produziu o poema épico, Vila 
Rica, publicado somente em 1839. 
 
Sonetos X 
Eu ponho esta sanfona, tu, Palemo, 
Porás a ovelha branca, e o cajado; 
E ambos ao som da flauta magoado 
Podemos competir de extremo a extremo. 
 
Principia, pastor; que eu te não temo; 
Inda que sejas tão avantajado 
No cântico amebeu: para louvado 
Escolhamos embora o velho Alcemo. 
 
Que esperas? Toma a flauta, principia; 
Eu quero acompanhar te; os horizontes 
Já se enchem de prazer, e de alegria:Parece, que estes prados, e estas fontes 
Já sabem, que é o assunto da porfia 
Nise, a melhor pastora destes montes. 
 
Tomás Antônio Gonzaga 
Nasceu na cidade de Porto, em Portugal, porém, filho de 
mãe portuguesa e pai brasileiro, vive parte da vida no 
Brasil. Formado em Direito pela Universidade de 
Coimbra, muda para o Brasil para trabalhar como ouvidor 
e juiz. Aqui, pretendia se casar com a jovem Maria 
Dorotéia Joaquina de Seixas Brandão, sua musa Marília. 
No entanto, como participara da Inconfidência Mineira, 
é preso e levado para o Rio de Janeiro. Quando sai da 
prisão, muda-se para Moçambique, na África, onde casa 
com Juliana de Sousa Mascarenhas. 
Tomás Antônio Gonzaga é o pastor Dirceu, pseudônimo 
criado pelo poeta para seu conjunto de liras famosas 
intitulado Marília de Dirceu, publicadas em três partes 
nos anos de 1792, 1799 e 1812. Nessa obra, Dirceu é o 
pastor que cultiva o ideal da vida campestre, que vive 
entre ovelhas em uma choupana e aproveita o momento 
presente ao lado da amada Marília. 
 
 
Lira I 
Eu, Marília, não sou algum vaqueiro, 
Que viva de guardar alheio gado; 
De tosco trato, d’expressões grosseiro, 
Dos frios gelos, e dos sóis queimado. 
Tenho próprio casal, e nele assisto; 
Dá-me vinho, legume, fruta, azeite; 
Das brancas ovelhinhas tiro o leite, 
E mais as finas lãs, de que me visto. 
Graças, Marília bela, 
Graças à minha Estrela! 
 
As "Cartas Chilenas“ 
Correspondem a uma coleção de doze cartas, poemas 
satíricos que circularam em Vila Rica poucos antes da 
Inconfidência Mineira. Assinadas por Critilo (Gonzaga), 
habitante de Santiago do Chile (Vila Rica) e endereçadas a 
Doroteu (Cláudio Manuel da Costa), residente em Madri. 
Critilo narra os desmandos do governador chileno, o 
Fanfarrão Minésio (Luís da Cunha Meneses). 
 
Basílio da Gama 
José Basílio da Gama era filho do capitão-mor, Manuel da 
Costa Villas-Boas e de uma neta de Leonel da Gama 
Belles, oficial da Colônia, de quem adotou o nome. 
Estudou no Rio de Janeiro, no Colégio dos Jesuítas, mas 
com a expulsão da Companhia de Jesus, já noviço, 
transferiu-se para o Seminário Episcopal de São José. 
 
"(...) Mais perto 
Descobrem que se enrola no seu corpo 
Verde serpente, e lhe passeia, e cinge 
Pescoço e braços, e lhe lambe o seio. 
Fogem de a ver assim, sobressaltados, 
E param cheios de temor ao longe; 
E nem se atrevem a chamá-la, e temem 
Que desperte assustada, e irrite o monstro, 
E fuja, e apresse no fugir a morte. 
Porém o destro Caitutu, que teme 
Do perigo da irmã, sem mais demora 
Dobrou as pontas do arco, e quis três vezes 
Soltar o tiro, e vacilou três vezes 
Entre a ira e o temor. 
[...] 
 
Frei Santa Rita Durão 
Mineiro de Mariana, Minas Gerais. Sua obra consiste 
basicamente no Caramuru, poema épico do 
descobrimento da Bahia, que narra as aventuras de Diogo 
Álvares Correia. Entre os personagens destacam-se: o 
português Diogo Correia, o Caramuru; e as índias Moema 
e Paraguaçu. Moema era apaixonada por Diogo, mas é 
Paraguaçu quem se casa com ele. Quando os dois estão 
indo para Paris, Moema se lança ao mar nadando atrás do 
navio e acaba morrendo afogada. 
 
 XLII 
Perde o lume dos olhos, pasma e treme, 
Pálida a cor, o aspecto moribundo; 
Com mão já sem vigor, soltando o leme, 
 
Língua Portuguesa 
 
 
 
 
 
 
ENEM 33 
Entre as salsas escumas desce ao fundo. 
Mas na onda do mar, que irado freme, 
Tornando a aparecer desde o profundo, 
-Ah! Diogo cruel! – disse com mágoa, 
E, sem mais vista ser, sorveu-se n’água. 
[...] 
 
Exercícios 
 
01 - Considerando o soneto de Cláudio Manoel da Costa e 
os elementos constitutivos do Arcadismo brasileiro, 
assinale a opção correta acerca da relação entre o poema e 
o momento histórico de sua produção. 
a) Os “montes” e “outeiros”, mencionados na primeira 
estrofe, são imagens relacionadas à Metrópole, ou seja, 
ao lugar onde o poeta se vestiu com traje “rico e fino”. 
b) O bucolismo presente nas imagens do poema é 
elemento estético do Arcadismo que evidencia a 
preocupação do poeta árcade em realizar uma 
representação literária realista da vida nacional. 
c) A relação de vantagem da “choupana” sobre a 
“Cidade”, na terceira estrofe, é formulação literária 
que reproduz a condição histórica paradoxalmente 
vantajosa da Colônia sobre a Metrópole. 
d) A realidade de atraso social, político e econômico do 
Brasil Colônia está representada esteticamente no 
poema pela referência, na última estrofe, à 
transformação do pranto em alegria. 
e) A oposição entre a Colônia e a Metrópole, como núcleo 
do poema, revela uma contradição vivenciada pelo 
poeta, dividido entre a civilidade do mundo urbano da 
Metrópole e a rusticidade da terra da Colônia. 
 
 
 UNIDADE 21 
 
ROMANTISMO 
 
Contexto Histórico na Europa 
 
A Liberdade Guiando o Povo (1830), de Eugène Delacroix 
 
Considera-se o marco inicial do romantismo na Europa 
a publicação do romance Os sofrimentos do jovem 
Werther, do escritor alemão Johann Wolfgang von Goethe 
no ano de 1774. Historicamente, um dos marcos principais 
do romantismo foram os movimentos de ideais libertários, 
destacando-se 
• Revolução Industrial: iniciou-se por volta de 1750, na 
Inglaterra, e se alastrou por toda a Europa ao longo do 
século XIX. A substituição da produção artesanal pela 
indústria, em série, teve como consequência, além da 
formação de uma nova classe – o proletariado - , a radical 
mudança no estilo de vida. 
• Revolução Gloriosa: na Inglaterra, conseguiu instituir, já 
no século anterior(1688-89), a Declaração dos Direitos 
limitando os poderes do rei às ´prerrogativas do 
Parlamento, que passava a ser competente para o 
lançamento de impostos, as eleições, a liberdade da 
palavra, as instituições judiciais, etc. 
• Revolução Francesa: representa a tomada do poder 
político pela burguesia. Os ideais revolucionários de 
Liberdade e Igualdade espalharam-se pela Europa e pelas 
Américas, inspirando outros movimentos. 
A Revolução Francesa, responsável pela difusão dos 
pensamentos Iluministras na Europa e nas suas colônias, 
que tanto inspirou os poetas árcades brasileiros. 
Com o processo de industrialização dos grandes centros, 
houve um delineamento das classes sociais: a burguesia, 
com riquezas provenientes do comércio, e os operários das 
indústrias. Logo, a literatura do período foi produzida pela 
classe dominante e para a classe dominante, deixando 
claro qual a ideologia defendida por seus autores. 
 
CONTEXTO HISTÓRICO BRASILEIRO 
 
Chegada da Família Real Portuguesa a Bahia (1952), de 
Candido Portinari 
 
Considera-se que o período romântico no Brasil inicia 
em 1836, com a publicação da obra Suspiros Poéticos e 
Saudades, do poeta Gonçalves de Magalhães. O 
desenvolvimento da literatura brasileira aconteceu a partir 
da vinda da Família Real para o Rio de Janeiro que gerou 
um forte desenvolvimento artístico e cultural na colônia. 
Vem da Europa o desenvolvimento da tipografia, que 
possibilitou o desenvolvimento da impressão em grandes 
quantidades. No início, os romances eram publicados 
diariamente nos jornais de forma fragmentada, assim, a 
cada dia um novo capítulo da história era revelado. Esse 
esquema, importado para a colônia, ficou conhecido como 
"folhetim" ou "romance de folhetim" e deu origem às 
telenovelas que conhecemos nos dias de hoje. 
Porém, a insatisfação das classes dominantes com o 
Império fez com que surgissem tentativas de 
independência da metrópole, produzindo um sentimento 
 
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias 
 
 
 
 
 
 
 34 
de nacionalismo que culminaria com a Declaração da 
Independência, em 1822, por Dom Pedro I. 
Outro aspecto importante: o Brasil era uma das poucas 
colônias americanas que ainda sustentava o sistema 
econômico baseado do trabalho escravo, o que gerou 
opiniões controversas por parte dosautores daquela época. 
Temos expressões literárias abolicionistas (o poeta 
Gonçalves de Magalhães) e outras que tratavam do tema 
superficialmente (o romancista Bernardo Guimarães) ou 
sequer tocavam na questão. 
 O que causa uma sensação de estranhamento é o 
paradoxo observado no período: ao mesmo tempo em que 
ideias sobre o sentimento de nacionalidade aflorava nos 
corações dos brasileiros (e demais latino-americanos), 
parte da população permanecia na miséria e/ou em 
situações de escravidão, sem acesso à emancipação e aos 
direitos humanos básicos. 
 
Características gerais do Romantismo: 
 A liberdade formal e a imaginação criativa ocupam o 
lugar das regras de composição clássicas. (Euforia e 
medo diante da liberdade, da democratização da arte) 
 Individualismo, sentimentalismo, egocentrismo, 
religião, fantasia, sonho, idade média, idealização, 
sonoridade, subjetivismo, melancolia, tédio, 
idealização da mulher, fuga da realidade, obsessão 
pela morte - escapismo, bem X mal, final feliz (ou 
morte como desfecho) 
 
POESIA ROMÂNTICA 
A poesia no período costuma ser dividida em três fases, 
que constituem as três gerações românticas: 
a primeira é a indianista; a segunda,byroniana; a 
terceira, condoreira. 
 
• A geração indianista, de cunho altamente nacionalista, 
caracterizou-se pela idealização do índio 
e pela valorização da natureza brasileira, tendo seu ponto 
mais alto na obra do maranhense Antônio 
Gonçalves Dias (1823-1864), autor dos Primeiros cantos 
(1846). 
 
Canção do exílio 
Minha terra tem palmeiras, 
Onde canta o Sabiá; 
As aves que aqui gorjeiam, 
Não gorjeiam como lá. 
 
Nosso céu tem mais estrelas, 
Nossas várzeas têm mais flores, 
Nossos bosques têm mais vida, 
Nossa vida, mais amores. 
 
Em cismar, sozinho, à noite, 
Mais prazer eu encontro lá; 
Minha terra tem palmeiras, 
Onde canta o Sabiá. 
Minha terra tem primores, 
Que tais não encontro eu cá; 
Em cismar – sozinho, à noite – 
Mais prazer eu encontro lá; 
Minha terra tem palmeiras, 
Onde canta o Sabiá. 
 
Não permita Deus que eu morra, 
Sem que eu volte para lá; 
Sem que desfrute os primores 
Que não encontro por cá; 
Sem qu’inda aviste as palmeiras, 
Onde canta o Sabiá. 
 
 Segunda – geração do mal-do-século, 
ultrarromântica ou byroniana – influência o poeta 
inglês 
Lord Byron, que levaria a profundezas extremas a 
melancolia e a rebeldia, ao ponto de cantar a morte como 
forma de escapar de uma vida indesejada. Negativismo, 
desilusão, tédio e dúvida são características da segunda 
geração do romantismo. A fuga da realidade é um dos 
temas preferidos que se manifesta na exaltação da morte e 
nas virgens sonhadoras. 
Principais autores: Álvares de Azevedo, Casimiro de 
Abreu, Junqueira Freire e Fagundes Varela. 
 
Essa geração foi marcada pelos exageros individualistas, 
misturando tédio e referências à morte. 
 O paulistano Manuel Antônio Álvares de Azevedo 
(1831-1852), autorde Lira dos vinte anos (1853), é um dos 
garndes nomes dessa geração. 
 
Pálida, à luz da lâmpada sombria, 
Sobre o leito de flores reclinada, 
Como a lua por noite embalsamada1, 
Entre nuvens de amor ela dormia! 
 
Era a virgem do mar, na escuma2 fria 
Pela maré das águas embalada! 
Era um anjo entre nuvens d’alvorada 
Que em sonhos se banhava e se esquecia! 
[...] 
 
Destaca-se também Casimiro José Marque de Abreu, 
natural do Rio de Janeiro, autor de ‘As primaveras’, 1859. 
Meus oito anos 
Oh! que saudades que tenho 
Da aurora da minha vida, 
Da minha infância querida 
Que os anos não trazem mais! 
Que amor, que sonhos, que flores, 
Naquelas tardes fagueiras 
À sombra das bananeiras, 
Debaixo dos laranjais! 
[...] 
 
 A terceira geração, conhecida como condoreira ou 
hugoana (por influência de Victor Hugo), foi 
caracterizada pela liberdade. Nessa época, a poesia 
social abriu seu espaço, muitas vezes inspirada no 
anseio pela República e pela Abolição. O maior 
poeta condoreiro no Brasil foi o baiano Antônio 
Frederico de Castro Alves (1847-1871), autor de 
Espumas flutuantes (1870). O fragmento a seguir 
 
Língua Portuguesa 
 
 
 
 
 
 
ENEM 35 
pertence ao canto IV de“Navio negreiro (tragédia no 
mar)”, o mais conhecido poema de Castro Alves: 
 
Era um sonho dantesco… O tombadilho 
Que das luzernas avermelha o brilho, 
Em sangue a se banhar. 
Tinir de ferros… estalar do açoite… 
Legiões de homens negros como a noite 
Horrendos a dançar… 
Negras mulheres suspendendo às tetas 
Magras crianças, cujas bocas pretas 
Rega o sangue das mães. 
Outras, moças… mas nuas, espantadas, 
No turbilhão de espectros arrastadas 
Em ânsia e mágoas vãs. 
(...) 
 
PROSA ROMÂNTICA 
Com o desenvolvimento da imprensa, criou-se um público 
leitor que impulsionou um grande número de publicações 
em folhetins, formato que permitiu o surgimento e 
desenvolvimento da prosa romântica, que, ao lado da 
poesia, formaram toda a produção literária romântica. 
O Romantismo marca o surgimento e a popularização do 
romance, da prosa de ficção na Literatura, publicado sob 
a forma de folhetins, o que dava características peculiares 
aos textos, como o fato de o narrador explicar a todo o 
momento os desdobramentos da narrativa, ou de cada 
capítulo terminar com um pequeno conflito não resolvido 
(para criar expectativa), recursos narrativos hoje utilizados 
nas séries televisivas e nas novelas, por exemplo. 
É importante destacar que, pelo fato da produção em prosa 
ter surgido no Romantismo, o nome romance é 
comumente associado ao movimento, muitas vezes sendo 
sinônimo de folhetim e de histórias românticas. No 
entanto, nem todo o romance é romântico/do Romantismo, 
uma vez que romance é apenas uma palavra que designa 
um gênero literário narrativo em prosa que teve vários 
desdobramentos ao longo do temo, como o romance 
realista e o romance naturalista. 
 
Principais características 
O romance romântico, mais do que as poesias, queria 
responder e atender aos questionamentos sobre a 
identidade nacional. A prosa romântica tinha o intuito de 
redescobrir o Brasil, trazendo à tona e reconhecendo todos 
os espaços que o compunham, não só exaltando uma 
característica nacional, como a poesia fazia. 
Era comum a presença do flashback, uma volta ao 
passado para explicar um fato do presente. O 
sentimentalismo era mais visível, uma vez que toda prosa 
romântica tem histórias de amor que tentam quebrar 
barreiras, terminando no casamento ou na morte (quando 
o amor não era possível). Essa idealização de um 
amor que quebra barreiras traz à tona a ideia de que o 
amor é a única forma das personagens se purificarem. 
O conflito narrativo na prosa romântica também tinha 
a idealização de um heroi, no entanto, apesar da 
coragem, da postura idealista e do desejo de justiça e 
moral, este herói esta inserido no contexto do romance ao 
qual pertence, podendo também ser uma heroína. O 
sentimento das personagens e os conflitos destes são 
mostrados na prosa e há também uma ideia muito forte de 
bem x mal, verdade x mentira, moral x imoral. 
 
Tipos de romances 
Temos quatro tipos de romances no movimento: o 
indianista, histórico, regional e urbano e era bem comum 
que os escritores da prosa do período caminhassem entre 
os vários tipos. 
 
Romance indianista 
O romance indianista traz à tona a vida, cultura, crença e 
costumes indígenas. O índio surge como herói, 
representando o Brasil e os brasileiros, sendo corajoso, 
heróico, forte, idealizado. Há uma valorização da natureza 
e o espaço onde ocorre a narrativa remete ao natural, à 
paisagem brasileira. Exemplos: Iracema, O 
Guarani e Ubirajara, todos de José de Alencar. 
 
Romance histórico 
O romance histórico traz o retrato de costumes de uma 
época passada, sendo um relato que muitas vezes mistura 
ficção e realidade. Exemplos: As Minas de Prata e A 
Guerra dos Mascates, ambos de José de Alencar. É 
importantesaber que romances indianistas também podem 
ser considerados históricos. 
 
Romance urbano 
Os romances urbanos são os mais lidos até hoje. Em sua 
grande maioria, este tipo no Romantismo narrava uma 
história que geralmente ocorria nas capitais, na alta 
sociedade. Funcionava como crítica aos costumes, 
mostrando a sociedade e os interesses desta em uma 
determinada época. Os heróis e heroínas deste romance 
faziam ou não parte desta alta sociedade e tinham que 
superar várias barreiras para a felicidade e a realização do 
amor e do casamento (que redimia as personagens de todo 
o mal e imoralidade que elas pudessem ter), tal como nos 
outros tipos de romances românticos. Exemplos: 
Lucíola, Diva, Senhora, A Viuvinha, todos de José de 
Alencar; Iaiá Garcia, Helena, A Mão e a Luva, de 
Machado de Assis; A Moreninha, de Joaquim Manuel de 
Macedo; e Memórias de um Sargento de Milícias, de 
Manuel Antônio de Almeida, que surge trazendo à tona os 
costumes da periferia, indo na contramão do retrato de 
costumes da alta sociedade, algo raro neste tipo de 
romance. 
 
Romance regionalista 
Por fim, temos o romance regionalista, passado em 
ambiente rural, mostrando costumes, valores e cultura 
típica de uma região. Este tipo de romance trazia um 
maior conhecimento do Brasil sobre si próprio, uma vez 
que voltava seu olhar pra regiões diferentes do Brasil, 
trazendo à tona sua diversidade. 
Neste cenário rural há um herói do campo, sertanejo, 
alguém que pertence à sua terra e é o retrato desta. É 
bravo e honrado, preza a moral e os costumes de seu 
ambiente, colocando-se contrário às liberalidades da 
cidade e dos homens de lá. É importante ressaltar que não 
há tensão social no romance romântico regionalista, sendo 
este apenas um retrato regional de costumes, sem críticas. 
Alguns exemplos de romances regionalistas 
http://rachacuca.com.br/educacao/literatura/memorias-de-um-sargento-de-milicias/
 
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias 
 
 
 
 
 
 
 36 
são: Inocência, de Visconde de Taunay; O Tronco do Ipê, 
Til e O Gaúcho, de José de Alencar; A Escrava Isaura, de 
Bernardo Guimarães. 
 
Teatro Romântico 
O teatro no Brasil, até então, era proveniente da Europa e 
tinha como principal objetivo agradar às elites brasileiras, 
que transformavam as apresentações em verdadeiros 
eventos sociais, principalmente nas grandes cidades. 
Embora alguns escritores já houvessem se arriscado na 
dramaturgia brasileira, como Castro Alves e José de 
Alencar, cujas obras eram baseadas nas europeias, ainda 
não havia uma discussão sobre o perfil do teatro 
brasileiro. Foi apenas com Martins Pena que o teatro 
passou a refletir as cenas e as problemáticas da realidade 
brasileira. 
FIQUE LIGADO NO ENEM! 
Destaque: José de Alencar é um dos maiores representantes do 
romantismo no Brasil e um dos principais nomes da literatura 
nacional. O autor ficou marcado por investir em uma literatura 
nacional, menos influenciada pelos colonizadores portugueses. 
Como resultado, as obras de Alencar apresentam a cultura do 
povo, a história e as regiões brasileiras com uma linguagem 
inovadora para a época. 
Trabalhou como jornalista, como muitos escritores, e teve 
atuação também na política, mas foi na literatura que recebeu 
maior reconhecimento. Elogiado pelos pares, ficou amigo de 
Machado de Assis, que o nomeou patrono da cadeira nº 23 da 
Academia Brasileira de Letras, fundada depois de sua morte. 
 
Exercícios 
 
01 - A referência ao escritor maldito, presente no último 
quadrinho, pode ser relacionada a um período que, da 
Alemanha e da França, no século XIX, espalhou-se por 
todo o ocidente, tendo representado no Brasil o fim da 
literatura colonial e o início do período nacional da nossa 
literatura. Assinale a alternativa em que se encontram o 
nome desse estilo de época e o de um de seus mais 
significativos autores no Brasil. 
a) BARROCO, levando-se em conta, principalmente, os 
textos conceptistas do padre Antônio Vieira. 
b) Romantismo, sobretudo se forem considerados os 
autores da poesia do mal do século, por exemplo, 
Álvares de Azevedo. 
c) NATURALISMO, na medida em que se considera o 
uso, na literatura, do determinismo ambiental para 
caracterizar ambientes decadentes descritos nas obras 
de autores como Aluisio de Azevedo. 
d) PARNASIANISMO, pois foi um movimento que 
rompia com o passado artístico e pregava a liberdade 
total de expressão, como se pode observar na obra de 
Oswald de Andrade. 
e) MODERNISMO, movimento que rompia com o 
passado artístico e pregava a liberdade total de 
expressão, como se pode observar na obra de Oswald 
de Andrade. 
 
 
 UNIDADE 22 
 
REALISMO E NATURALISMO 
 
Contexto Histórico 
 Surgiu a partir da segunda metade do século XIX. 
 As ideias do Liberalismo e Democracia ganham mais 
espaço. 
 Segunda fase da Revolução Industrial 
 As ciências evoluem e os métodos de experimentação 
e observação da realidade passam a ser vistos como os 
únicos capazes de explicar o mundo físico. 
 Em 1870, iniciam-se os primeiros sintomas da agitação 
cultural, sobretudo nas academias de Recife, 
SP, Bahia e RJ, devido aos seus contatos frequentes 
com as grandes cidades europeias. 
 Houve também uma transformação no aspecto social 
com o surgimento da população urbana, a 
desigualdade econômica e o aparecimento do 
proletariado. 
 
REALISMO 
O início da literatura realista se dá com a publicação do 
romance “Madame Bovary” de Gustave Flaubert, na 
França, em 1857, o qual é um espelho da realidade 
burguesa da época retratado na figura de uma mulher de 
classe média. No Brasil, Machado de Assis inicia os ideais 
do Realismo com “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, 
em 18881, um romance psicológico, cuja personagem 
principal é Brás Cubas, um defunto-autor que expõe ao 
leitor suas experiências pessoais 
 
Características do Realismo 
 Oposição ao idealismo romântico. Não há 
envolvimento sentimental 
 Representação mais fiel da realidade (como o próprio 
nome sugere) 
 Romance como meio de combate e crítica às 
instituições sociais decadentes, como o casamento, por 
exemplo. 
 Os cenários passaram a ser urbanos e o ambiente 
social passou a ser valorizado ao invés do natural. 
 Análise dos valores burgueses com visão crítica 
denunciando a hipocrisia e corrupção da classe 
 Influência dos métodos experimentais 
 Narrativa minuciosa (com muitos detalhes) 
 Personagens analisadas psicologicamente 
 A realidade da população é tratada à luz das teorias 
sociológicas emergentes: Positivismo, Determinismo, 
Darwinismo e Marxismo. 
 Não houve uma idealização da figura masculina como 
herói e sim uma exposição do homem que trabalha e 
que luta para sair de uma condição medíocre. 
 A linguagem no Realismo é mais simples, sem 
preocupações estéticas exacerbadas, de modo a 
abranger um público maior. 
 
 
http://www.infoescola.com/filosofia/liberalismo/
http://www.infoescola.com/sociologia/democracia/
http://www.infoescola.com/literatura/realismo/
http://www.infoescola.com/literatura/realismo/
http://www.infoescola.com/literatura/realismo/
http://www.infoescola.com/redacao/narracao/
 
Língua Portuguesa 
 
 
 
 
 
 
ENEM 37 
 Principais temáticas – A observação atenta das 
paisagens, das pessoas e dos fenômenos é feita com 
precisão rigorosa – e, em muitos romances realistas, o 
estudo analítico se sobrepõe ao dinamismo das ações. O 
mundo burguês, antes visto como a superação dos valores 
medievais, passa a ser considerado um universo 
extremamente problemático. Ocorrem, também, ataques 
contundentes ao conservadorismo da Igreja católica. 
Romances de Tese – narrativas que funcionam como uma 
espécie de laboratório no qual o escritor desenvolve 
estudos acerca da realidade exterior. 
Personagens – Em lugar de heróis, as personagens de 
romances realistas são pessoas comuns, cheias de 
problemas e limitações, geralmente vivendoem ambientes 
urbanos. As fronteiras entre o social e o psicológico 
muitas vezes determinam o jogo realista de “aparência 
versus essência”. 
Machado de Assis 
É considerado o maior escritor do século XIX, escreveu 
romances e contos, mas também aventurou-se pelo mundo 
da poesia, teatro, crônica e critica literária. 
Nasceu no Rio de Janeiro em 1839 e morreu em 1908. Foi 
tipógrafo e revisor tornando-se colaborador da imprensa 
da época. Sua infância foi muito pobre e a sua ascensão 
artística se deve a muito trabalho e dedicação. Sua esposa, 
Carolina Xavier, o incentivou muito na carreira literária, 
tanto que foi o primeiro presidente da Academia Brasileira 
de Letras. Ainda na fase romântica, escreveu: ”A mão e a 
luva”, “Ressurreição”, ”Helena” e “Iaiá Garcia”, que já 
revelavam algumas características que futuramente 
marcarão a fase realista e madura do autor, como a análise 
psicológica dos personagens, o humor, monólogos 
interiores e cortes na narrativa (uma das suas principais 
características). 
“Memórias Póstumas da Brás Cubas” (considerado o 
divisor de águas na obra machadiana) “Quincas Borba”, 
“Dom Casmurro”, “Esaú e Jacó” e “Memorial de Aires”, 
revelam o interesse cada vez maior do autor de aprofundar 
a análise do comportamento do homem, revelando 
algumas características próprias do ser-humano como a 
inveja, a luxúria, o egoísmo e a vaidade, todas encobertas 
por uma aparência boa e honesta. 
Destacou-se também na produção de contos como a “A 
Cartomante”, e crônicas publicadas na Gazeta de Notícias. 
Embora suas peças teatrais não tenham o mesmo nível que 
seus contos e romances, ele nos deixou “Quase ministro” 
e “Os deuses da casaca”. 
Como crítico literário, além de vários prefácios e ensaios 
destacam-se 3 estudos: “Instinto de nacionalidade”, “A 
nova geração” e “O primo Basílio” (a respeito do romance 
de mesmo nome de Eça de Queirós). 
 
NATURALISMO 
A escola literária naturalista é conhecida como uma 
ramificação radical do Realismo que se baseia na 
observação fiel da realidade e na experiência, logo, o 
indivíduo se determina pelo ambiente e pela 
hereditariedade. É no romance naturalista que a 
abordagem extremamente aberta do sexo aparece, o que 
resultou em algo muito chocante para a sociedade 
conservadora da época. 
Ao naturalistas acreditavam que o indivíduo é mero 
produto da hereditariedade e seu comportamento é fruto 
do meio em que vive e sobre o qual age. A perspectiva 
evolucionista de Charles Darwin inspirava os naturalistas, 
esses acreditavam ser a seleção natural que impulsionava 
transformação das espécies. 
Assim, predomina nesse tipo de romance o instinto, o 
fisiológico e o natural, retratando a agressividade, a 
violência, o erotismo como elementos que compõem a 
personalidade humana. 
O grande nome do naturalismo mundial é o francês Émile 
Zola. No Brasil, a prosa naturalista foi influenciada por 
Aluísio Azevedo com a obra O mulato, publicado em 
1881. Esta marcou o início do Naturalismo brasileiro e a 
obra “O cortiço”, também de sua autoria, marcou essa 
tendência. 
Destaca-se também o escritor Raul Pompéia e seu 
romance “O Ateneu”, que ora apresenta características 
naturalistas, ora realistas. 
 
Características 
 A principal característica do Naturalismo é 
o cientificismo exagerado que transformou o homem 
e a sociedade em objetos de experiências. 
 Os autores naturalistas criavam narradores oniscientes, 
impassíveis para dar apoio à teoria na qual 
acreditavam. 
 Descrições minuciosas e linguagem simples mesclada, 
às vezes por expressões fortes agressivas ou por temos 
científicos. 
 Preferência por temas como miséria, adultério, crimes, 
problemas sociais (patologia sociais), taras sexuais, e 
outras deturpações psíquicas ou físicas. A exploração 
de temas patológicos traduz a vontade de analisar 
todas as podridões sociais e humanas sem se preocupar 
com a reação do público. Tese experimental. 
 Os naturalistas abordam a existência humana de forma 
materialista. O homem é encarado como produto 
biológico passando a agir de acordo com seus 
instintos, chegando a ser comparado com os animais 
(zoomorfização). 
 Visão determinista do homem (animal, presa de forças 
fatais e superiores – meio, herança genética, fisiologia, 
momento). 
 Ao analisar os problemas sociais, o naturalista mostra 
uma vontade de reformar a sociedade, ou seja, 
denunciar esses problemas era uma forma de tentar 
reformar a sociedade. 
FIQUE LIGADO NO ENEM! 
Realismo Naturalismo 
Método de observação da 
realidade 
Método de experimentação da 
realidade 
Interpretação psicológica 
(dentro pra fora) 
Interpretação biológica (fora 
para dentro) 
Toma como base o indivíduo Toma como base o coletivo 
Retrata o universo interior da 
personagem 
humana: egoísmo, ciúme, 
mesquinharia, 
Retrata o universo exterior dos 
grupos 
humanos: os vícios, as taras, as 
patologias e 
http://www.infoescola.com/livros/helena-machado-assis/
http://www.infoescola.com/livros/iaia-garcia/
http://www.infoescola.com/livros/memorial-de-aires/
http://www.infoescola.com/literatura/a-cartomante/
http://www.infoescola.com/literatura/a-cartomante/
 
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias 
 
 
 
 
 
 
 38 
jogos de interesse, etc. 
 
anormalidades reveladoras do 
parentesco entre o 
homem e o animal, etc. 
Tem maior preocupação com 
o técnico 
literário, com o estilo e o 
apuro da linguagem. 
Tem maior preocupação em 
retratar os “fatos 
da vida”. 
Predomínio da narração. 
 
Predomínio da descrição. 
O tratamento imparcial e 
objetivo dos temas 
garante ao leitor um espaço 
de interpretação, 
de elaboração de suas 
próprias conclusões a 
respeito das obras. 
 
O tratamento dos temas a partir 
de uma visão 
determinista conduz e direciona 
as conclusões do 
leitor e empobrece literalmente. 
Narração em 1ª e/ou 3º 
pessoa. 
Narração em 3ª pessoa. 
 
 
Pesquise: 
 Conheça a pintura realista, principalmente as obras de 
Gustave Courbet, Daumier e do pré-realista Millet. 
 Informe-se sobre correntes filosóficas e científicas 
como o positivismo, de Augusto Comte; o 
determinismo, de Hipolyte Taine; o evolucionismo de 
Charles Darwin; o socialismo científico, de Max e 
Engels. 
 
Exercícios 
 
01 - (Enem) No trecho abaixo, o narrador, ao descrever a 
personagem, critica sutilmente um outro estilo de época: o 
romantismo. 
“Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis 
anos; era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça, e, 
com certeza, a mais voluntariosa. Não digo que já lhe 
coubesse a primazia da beleza, entre as mocinhas do 
tempo, porque isto não é romance, em que o autor 
sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e 
espinhas; mas também não digo que lhe maculasse o rosto 
nenhuma sarda ou espinha, não. Era bonita, fresca, saía 
das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e 
eterno, que o indivíduo passa a outro indivíduo, para os 
fins secretos da criação.” 
ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. 
Rio de Janeiro: Jackson,1957. 
A frase do texto em que se percebe a crítica do narrador 
ao romantismo está transcrita na alternativa: 
a) ... o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às 
sardas e espinhas ... 
b) ... era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça ... 
c) Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia 
daquele feitiço, precário e eterno, ... 
d) Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis 
anos ... 
e) ... o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins 
secretos da criação. 
 
 
 UNIDADE 23 
 
PARNASIANISMO 
O Realismo, o Naturalismo e o Parnasianismo foram 
movimentos literários contemporâneos: Realismo e 
Naturalismo na prosa, e Parnasianismo na poesia. 
Enquanto a prosa realista representou uma reação contra a 
literatura sentimental dos românticos, a poesia parnasiana 
pregou a rejeição do “excesso de lágrimas” e dalinguagem coloquial e declamatória do Romantismo, 
valorizando o cuidado formal e a expressão mais contida 
dos sentimentos, com um vocabulário elaborado (às vezes, 
incompreensível por ser tão culto), racionalista e temática 
voltada para assuntos universais. 
 
Origem – O parnasianismo, cujo nome deriva de Le 
Parnasse Contemporian, título de uma antologia francesa de 
poemas, de 1866, surge na França, no fim do século XIX. O 
poeta francês Théophile Gautier é considerado o precursor 
do movimento. No Brasil, em 1878, em jornais cariocas, 
um ataque à poesia do Romantismo gerou uma polêmica 
em versos que ficou conhecida como a Batalha do Parnaso. 
Entretanto, considera-se como marco inicial do 
Parnasianismo no país o livro de poesias Fanfarras, de 
Teófilo Dias, publicado em 1882. O Parnasianismo 
prolongou-se até a Semana de Arte Moderna, em 1922. 
 
Contexto Histórico – O movimento parnasiano é 
concebido como uma forma de RECUSA ao 
sentimentalismo e subjetivismo românticos, numa época 
de grande progresso industrial e desenvolvimento 
científico. A RACIONALIDADE então em voga motiva 
os parnasianos a exaltar a forma e procurar a 
PERFEIÇÃO e a BELEZA do verso nas métricas da 
ANTIGUIDADE CLÁSSICA. 
 
Características: 
 Formas poéticas tradicionais: com esquema métrico 
rígido, rima, soneto. 
 Purismo e preciosismo vocabular, com predomínios de 
termos eruditos, raros, visando à máxima precisão, e 
de construções sintáticas refinadas. Escolha de 
palavras no dicionário para escrever o poema com 
palavras difíceis. 
 Tendência descritivista, buscando o máximo de 
objetividade na elaboração do poema, assim separando 
o sujeito criador do objeto criado. 
 Postura antirromântica, baseada no binômio: 
objetividade temática/culto da forma. 
 Referências à mitologia greco-latina. 
 O esteticismo, a depuração formal, o ideal da “arte 
pela arte”. O tema não é importante, o que importa é o 
jeito de escrever, a forma. 
 A visão da obra como resultado do trabalho, do 
esforço do artista, que se coloca como um ourives que 
talha e lapida a joia. 
 Transpiração no lugar da inspiração romântica. O 
escritor precisa trabalhar muito, “suar a camisa”, para 
fazer uma boa obra. O poeta é comparado a um 
ourives. 
http://educacao.globo.com/literatura/assunto/movimentos-literarios/romantismo-primeira-geracao.html
 
Língua Portuguesa 
 
 
 
 
 
 
ENEM 39 
 
Principais Temas 
 Objetos raros e preciosos, que simbolizam a beleza e a 
perfeição, como vasos, estátuas de mármore e joias 
 Referência à mitologia Greco-romana, aos templos 
antigos e descrevem cenas históricas, paisagens etc. 
 Fazer poético, cultuando a língua e descrevendo o 
trabalho poético como resultado de esforço, técnica e 
dedicação, em vez de produto da inspiração. 
 
O Parnasianismo brasileiro não é uma exata reprodução 
do modelo francês, pois não obedece à mesma 
preocupação de objetividade, de cientificismo e de 
descrições realistas como na França. Foge do 
sentimentalismo romântico, mas não exclui totalmente o 
subjetivismo. Sua preferência dominante é pelo verso 
alexandrino de tipo francês, com rimas ricas, e pelas 
formas fixas, em especial o soneto. 
 
Principais Autores : Tríade parnasiana: Olavo Bilac; 
Alberto de Oliveira e Raimundo Corrêa. 
 
Exemplos: 
 
Olavo Bilac: 
 
Profissão de fé 
[..] Mais que esse vulto extraordinário, 
Que assombra a vista, 
Seduz-me um leve relicário 
De fino artista. 
 
Invejo o ourives quando escrevo: 
Imito o amor 
Com que ele, em ouro, o alto relevo 
Faz de uma flor. 
[...] 
 
Via Láctea - Soneto XIII 
"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo 
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto, 
Que, para ouvi-las, muita vez desperto 
E abro as janelas, pálido de espanto... 
E conversamos toda a noite, enquanto 
A Via-Láctea, como um pálio aberto, 
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto, 
Inda as procuro pelo céu deserto. 
[...] 
 
Alberto de Oliveira: 
 
Vaso Chinês 
Estranho mimo aquele vaso! Vi-o, 
Casualmente, uma vez, de um perfumado 
Contador sobre o mármor luzidio, 
Entre um leque e o começo de um bordado. 
 
Fino artista chinês, enamorado, 
Nele pusera o coração doentio 
Em rubras flores de um sutil lavrado, 
Na tinta ardente, de um calor sombrio. 
 
Mas, talvez por contraste à desventura, 
Quem o sabe?... de um velho mandarim 
Também lá estava a singular figura. 
Que arte em pintá-la! A gente acaso vendo-a, 
Sentia um não sei quê com aquele chim 
De olhos cortados à feição de amêndoa. 
Raimundo Corrêa: 
 
As pombas 
Vai-se a primeira pomba despertada... 
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas 
De pombas vão-se dos pombais, apenas 
Raia sanguínea e fresca a madrugada... 
 
E à tarde, quando a rígida nortada 
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas, 
Ruflando as asas, sacudindo as penas, 
Voltam todas em bando e em revoada... 
 
Também dos corações onde abotoam, 
Os sonhos, um por um, céleres voam, 
Como voam as pombas dos pombais; 
 
No azul da adolescência as asas soltam, 
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam, 
E eles aos corações não voltam mais... 
 
FIQUE LIGADO NO ENEM! 
Destacamos o fato dos parnasianos apresentarem métrica 
rígida, formas fixas e rimas ricas. Assim, vale lembrar: 
Métrica é a medida de um verso, definida pelo número de 
sílabas poéticas (ou métricas) que ele possui. 
A sílaba poética nem sempre corresponde a uma sílaba 
gramatical. Na divisão (ou contagem) das sílabas poéticas de 
um verso, considera-se as emissões de voz do verso como um 
todo. Além disso, conta-se apenas até a última sílaba tônica do 
verso. Essa contagem é chamada de escansão. Versos sem 
métrica são chamados versos livres. 
Os parnasianismo trabalhavam com versos rigorosamente 
planejados, como o mesmo número de sílabas poéticas. 
Formas Fixas: são poemas que apresentam um sistema de 
estrofes subordinado a certas regras, modelos clássicos 
consagradas, sendo o mais conhecido deles o soneto, formado 
por 04 estrofes [dois quartetos – 04 versos – e dois tercetos – 
03 versos]. 
 
Rima (repetição sonora )pobre se dá entre palavras da mesma 
classe gramatical, por exemplo, substantivo com substantivo, 
verbo com verbo, adjetivo com adjetivo. 
Já a rima rica, é formada por palavras de classes gramaticais 
diferentes. Os poetas parnasianos tem apreço pelas rimas ricas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias 
 
 
 
 
 
 
 40 
Exercícios 
 
01 - (Enem) 
Ouvir estrelas (Olavo Bilac) 
“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo 
perdeste o senso!” 
e eu vos direi, no entanto, 
que, para ouvi-las, muita vez desperto 
e abro as janelas, pálido de espanto! 
 
E conversamos toda a noite, enquanto 
a via láctea, como um pálio aberto, 
cinti la. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto, 
inda as procuro pelo céu deserto. 
 
Direis agora: “Tresloucado amigo! 
Que conversas com elas? Que senti do 
tem o que dizem, quando estão contigo?” 
 
E eu vos direi: “Amai para entendê-las! 
Pois só quem ama pode ter ouvido 
Capaz de ouvir e de entender estrelas.” 
 
 
Ouvir estrelas (Bastos Tigre) 
Ora, direis, ouvir estrelas! Vejo 
que estás beirando a maluquice extrema. 
No entanto o certo é que não perco o ensejo 
De ouvi-las nos programas de cinema 
 
Não perco fita; e dir-vos-ei sem pejo 
que mais eu gozo se escabrozo é o tema. 
Uma boca de estrela dando beijo 
é, meu amigo, assunto p’ra um poema 
 
Direis agora: Mas, enfim, meu caro, 
As estrelas que dizem? Que senti do 
têm suas frases de sabor tão raro? 
 
Amigo, aprende inglês para entendê-las, 
Pois só sabendo inglês se tem ouvido 
Capaz de ouvir e entender estrelas. 
 
A partir da comparação entre os poemas, verifica-se que, 
 
a) No texto de Bilac, a construção do eixo temático se 
deu em linguagem denotati va, enquanto no de Tigre, 
em linguagem conotativa. 
b) No texto deBilac, as estrelas são inacessíveis, 
distantes, e no texto de Tigre, são próximas, acessíveis 
aos que ouvem e as entendem. 
c) No texto de Tigre, a linguagem é mais formal, mais 
trabalhada, como se observa no uso de estruturas como 
“dir-vos-ei sem pejo” e “ enetendê-las”. 
d) No texto de Tigre, percebe-se o uso da linguagem 
metalinguísti ca no trecho “Uma boca de estrela dando 
beijo/é, meu amigo, assunto p’ra um poema”. 
e) No texto de Tigre, a visão romântica apresentada para 
alcançar as estrelas é enfatizada na última estrofe de 
seu poema e com a recomendação de compreensão de 
outras línguas. 
 
 UNIDADE 24 
 
SIMBOLISMO 
 
O capitalismo não se desenvolve de maneira uniforme no 
mundo, gerando concentração de capital em países como 
França, Inglaterra e Estados Unidos, instituindo-se as 
grandes potências e o imperialismo econômico. Diante 
disso, o mundo volta seu olhar para os interesses 
materiais. Entretanto, a classe trabalhadora não obteve 
melhorias em suas condições de vida, principalmente por 
causa da exploração de mão de obra como meio de auferir 
grandes lucros pelos empreendedores capitalistas. Isso 
gerou insatisfação e frustração ao homem comum, que 
passa a buscar conforto no lado místico e espiritual do 
universo. 
Tal busca pelo subjetivismo revela-se na arte como um 
retorno ao Romantismo, em que o anseio pelo refúgio fora 
do mundo real era valorizado. Nesse sentido, o 
predomínio da emoção supera o cientificismo e o 
objetivismo do período anterior, mas uma emoção 
carregada de frustrações e tristezas em decorrência do 
momento vivido na época. 
Assim, enquanto as correntes estéticas contemporâneas do 
Simbolismo (Realismo, Naturalismo e Parnasianismo) são 
entusiastas do clima de desenvolvimento científico do fim 
do século XIX, o Simbolismo nega essa aproximação e se 
opõe à racionalização e aos efeitos da industrialização na 
sociedade europeia. 
Origens – A publicação do livro de poemas As Flores do 
Mal, de Charles Baudelaire, em 1857, é considerado o 
marco do movimento na Europa. A expressão 
“simbolismo”, no entanto, é criada apenas em 1886, no 
Manifesto Simbolista de Jean Moréas. Outros dois poetas 
franceses importantes na difusão dos ideais simbolistas na 
Europa são Paul Verlaine e Stéphane Mallarmé. 
Principais características da produção artística 
 Predominância da emoção; 
 O objeto deve estar subentendido, não se mostrando 
claramente – daí o "símbolo"; 
 Musicalidade (através de aliterações, assonâncias e 
outras figuras de estilo); 
 Referências a cores, principalmente à branca; 
 Presença de motivos religiosos; a poesia 
representaria uma espécie de ritual; 
 Sonho, imaginação, misticismo espiritualismo; 
 Subjetividade; 
 Culto à forma, trabalho com as possibilidades do 
léxico 
 Uso da figura das figuras de linguagem: sinestesia, 
personificação, metáforas; 
 Abordagem vaga de impressões subjetivas e/ou 
sensoriais (Impressionismo), sobretudo na 
pintura. 
 
 
 
 
 
Língua Portuguesa 
 
 
 
 
 
 
ENEM 41 
Principais autores e suas obras no Brasil 
 Cruz e Sousa: Broquéis, Missal, Evocações, Faróis, 
Últimos sonetos. 
 Alphonsus de Guimaraens: Setenário das dores de 
Nossa Senhora, Câmara ardente, Dona Mística, 
Kiriale. 
 Pedro Kilkerry: Re-visão de Kilkerry(organizado por 
Augusto de Campos). 
 
Cruz e Sousa 
Filho de escravos libertos, João da Cruz e Sousa nasce em 
Florianópolis, em 1861, sendo educado pelos ex-senhores 
de seus pais. Após a morte de seus protetores, trabalha 
como professor e publica suas primeiras poesias em 
jornais locais. Redige o ‘Tribuna Popular’, no qual 
combate a escravidão. Em 1885 lança o primeiro livro, 
Tropos e Fantasias. 
Muda-se para o Rio de Janeiro em 1890, onde publica 
Broquéis (1893), obra que dá início ao Simbolismo no 
Brasil. Escreve também Missal (1893), Evocações (1898), 
Faróis (1900) e Últimos Sonetos (1905). Sua poesia, de 
grande musicalidade, é marcada pela sublimação do amor 
e pelo sofrimento com o racismo, a pobreza e a doença. 
Morre pobre, de tuberculose, em 1898. 
 
FIQUE LIGADO NO ENEM! 
Simbolismo nas artes plásticas 
Focalizando os aspectos sensoriais e sugestivos do Simbolismo 
na literatura e do Impressionismo na pintura e na música. O 
objetivo das diferentes modalidades artísticas é a expressão da 
vida interior, da "alma das coisas", que a linguagem poética 
permite alcançar, por detrás das aparências. A poesia simbolista 
sonda os mistérios do mundo e o universo inconsciente por 
meio de sugestões, do ritmo musical e do poder encantatório 
das palavras. Do mesmo modo, em lugar de representar os 
seres e as coisas do mundo de modo objetivo cmo era 
tradicional na pintura acadêmica, a força da pintura passou a 
residir no poder evocativo das imagens, utilizando um ponto de 
vista mais subjetivo, fazendo com que o pintor representasse o 
mundo não como ele era, mas como o pintor o tinha captado. 
 
Claude Monet: Crepúsculo em Veneza. (1908) 
 
 
 
Exercícios 
 
01 - (Enem) 
Cárcere das almas 
Ah! Toda a alma num cárcere anda presa, 
Soluçando nas trevas, entre as grades 
Do calabouço olhando imensidades, 
Mares, estrelas, tardes, natureza. 
 
Tudo se veste de uma igual grandeza 
Quando a alma entre grilhões as liberdades 
Sonha e, sonhando, as imortalidades 
Rasga no etéreo o Espaço da Pureza. 
 
Ó almas presas, mudas e fechadas 
Nas prisões colossais e abandonadas, 
Da Dor no calabouço, atroz, funéreo! 
 
Nesses silêncios solitários, graves, 
que chaveiro do Céu possui as chaves 
para abrir-vos as portas do Mistério?! 
 
CRUZ E SOUSA, J. Poesia completa. Florianópolis: 
Fundação Catarinense de Cultura /Fundação Banco do 
Brasil, 1993. 
 
Os elementos formais e temáticos relacionados ao 
contexto cultural do Simbolismo encontrados no 
poema Cárcere das almas, de Cruz e Sousa, são 
a) a opção pela abordagem, em linguagem simples e 
direta, de temas filosóficos. 
b) a prevalência do lirismo amoroso e intimista em 
relação à temática nacionalista. 
c) o refinamento estético da forma poética e o tratamento 
metafísico de temas universais. 
d) a evidente preocupação do eu lírico com a realidade 
social expressa em imagens poéticas inovadoras. 
e) a liberdade formal da estrutura poética que dispensa a 
rima e a métrica tradicionais em favor de temas do 
cotidiano. 
 
 UNIDADE 25 
 
PRÉ-MODERNISMO 
Tal momento, também conhecido período sincrético, 
situa-se, aproximadamente, nas duas primeiras décadas do 
séc. XX, precedendo o movimento modernista de 22. Na 
verdade, o Pré-Modernismo não corresponde a uma escola 
literária, mas sim as produções de alguns escritores que, 
não correspondendo a nenhuma das estéticas de fins do 
século XIX, tiveram uma produção de impacto, 
apresentando novas vertentes estilísticas e/ou temáticas 
em nossa literatura. 
 
Contexto histórico 
Momento de grande agito no Brasil e no mundo, 
destacando-se: 
 
 Primeira Guerra Mundial; 
 
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias 
 
 
 
 
 
 
 42 
 Início do século XX = transformações na maneira de 
pensar do homem moderno (ideia de nacionalismo / 
nazismo, fascismo e comunismo => intensas 
agitações; 
 Estado de insegurança e relação aos acontecimentos 
dos últimos anos do século XIX: expansão e/ou 
industrialização dos países europeus; 
 O nascimento da burguesia urbana, a industrialização e 
o surgimento do proletariado; 
 República Café com leite; 
 A imigração; 
 As revoltas da Vacina e da Chibata, no Rio de Janeiro; 
 Greves operárias em São Paulo; 
 Fanatismo religioso do Padre Cícero e de Antônio 
Conselheiro e o cangaço, no Nordeste; 
 Revolta de Canudos; 
 A Guerra do Contestado (na fronteira entre Paraná e 
Santa Catarina); 
 Segregação dos negros pós-abolição; 
 Política dirigida pela oligarquia rural; 
 Disputas provincianas como as existentes no Rio 
Grande do Sul entremaragatos e republicanos. 
 
O momento histórico brasileiro interferiu na produção 
literária, marcando a transição dos valores éticos do século 
XIX para uma nova realidade que se desenhava, 
essencialmente pautada por uma série de conflitos. 
 
Principais objetivos/características: 
 Necessidade de transformação nas artes (na temática e 
na linguagem literária); 
 Ruptura com os moldes simbolistas e parnasianos. 
 Estado de insatisfação do homem em relação à 
civilização (caminho traçado pelo homem, pela 
humanidade); 
 Ruptura com o passado para levá-lo de volta às 
origens primitivas; 
 Ruptura com o academicismo 
 Presença de linguagem coloquial, simples 
 Exposição da realidade social brasileira 
 Regionalismo e nacionalismo 
 Marginalidade das personagens: o sertanejo, o caipira, 
o mulato 
 Temas: fatos históricos, políticos, econômicos e 
sociais 
 
No geral, o Pré-Modernismo é uma literatura de 
Crítica Social; 
RUPTURA COM O PASSADO – Os autores adotaram 
inovações que feriam o academicismo; 
REGIONALISMO – A realidade rural brasileira é exposta 
sem os traços idealizadores do Romantismo. A miséria do 
homem do campo é apresentada de forma chocante; 
LITERATURA-DENÚNCIA – Os livros são em tom de 
denúncia da realidade brasileira. O Brasil oficial é 
substituído por um Brasil não oficial (sertão nordestino, 
caboclos interioranos, realidade dos subúrbios); 
CONTEMPORANEIDADE – A literatura retrata fatos 
políticos, situação econômica e social contemporâneos, 
diminuindo a distância entre realidade e ficção. 
 
Nesse momento, os escritores assumem uma posição mais 
crítica em relação à sociedade e aos modelos literários 
anteriores. Por isso, muitos escritores pré-modernos 
rompem com a linguagem formal do academicismo e, 
além disso, exploram temas históricos, políticos e 
econômicos, visto que o Brasil passava por momentos 
como a República do café com leite e inúmeras revoltas. 
 
Os Pré Modernistas que se destacaram na prosa 
foram: Euclides da Cunha, Graça Aranha, Monteiro 
Lobato e Lima Barreto. 
 
Euclides da Cunha (1866-1909) 
Euclides Rodrigues da Cunha foi um escritor, poeta, 
ensaísta, jornalista, historiador, sociólogo, geógrafo, poeta 
e engenheiro brasileiro. Ocupou a cadeira 7 na Academia 
Brasileira de Letras de 1903 a 1906. 
Publicou "Os Sertões: Campanha de Canudos" em 1902, 
obra regionalista, dividida em três partes: A Terra, o 
Homem, A Luta; retrata a vida do sertanejo e a Guerra de 
Canudos (1896-1897) no interior da Bahia. 
 
Graça Aranha (1868-1931) 
José Pereira da Graça Aranha foi um escritor e diplomata 
maranhense. Um dos fundadores da Academia Brasileira 
de Letras e um dos organizadores da Semana de Arte 
Moderna de 1922. 
Sua obra que merece destaque é "Canaã" publicada em 
1902 cuja obra aborda a migração alemã no estado do 
espírito Santo. Outras obras que merecem destaque: 
Malazarte (1914), A Estética da Vida (1921) e Espírito 
Moderno (1925). 
 
Monteiro Lobato (1882-1948) 
José Bento Renato Monteiro Lobato foi um escritor, 
editor, ensaísta e tradutor brasileiro. Um dos mais 
influentes escritores do século XX, Monteiro Lobato ficou 
muito conhecido por suas obras infantis de caráter 
educativo como, por exemplo, a sério de livros do Sítio do 
Picapau Amarelo. 
Em 1918 publica "Urupês" uma coletânea regionalista de 
contos e crônicas. Já em 1919 publica "Cidades Mortas" 
livro de contos que retrata a queda do Ciclo do Café. 
 
Lima Barreto (1881-1922) 
Afonso Henriques de Lima Barreto, conhecido como 
Lima Barreto, foi um escritor e jornalista brasileiro. Autor 
de uma obra critica veiculada aos temas sociais, o escritor 
rompe com o nacionalista ufanista e faz criticas ao 
positivismo. 
Sua obra que merece destaque é o "Triste Fim de 
Policarpo Quaresma" escrito numa linguagem coloquial, o 
autor faz crítica à sociedade urbana da época, em que 
critica a sociedade urbana da época. 
 
 
 
 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Burguesia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Burguesia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Proletariado
http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolta_da_Vacina
http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolta_da_Chibata
http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_de_Janeiro
http://pt.wikipedia.org/wiki/Padre_C%C3%ADcero
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B4nio_Conselheiro
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B4nio_Conselheiro
http://pt.wikipedia.org/wiki/Canga%C3%A7o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Nordeste_do_Brasil
http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_do_Contestado
http://pt.wikipedia.org/wiki/Fronteira
http://pt.wikipedia.org/wiki/Paran%C3%A1
http://pt.wikipedia.org/wiki/Santa_Catarina
http://pt.wikipedia.org/wiki/Aboli%C3%A7%C3%A3o_da_escravatura
http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Grande_do_Sul
http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Grande_do_Sul
http://pt.wikipedia.org/wiki/Maragatos
http://www.todamateria.com.br/arcadismo/
http://www.todamateria.com.br/politica-do-cafe-com-leite/
 
Língua Portuguesa 
 
 
 
 
 
 
ENEM 43 
FIQUE LIGADO NO ENEM! 
Augusto dos Anjos – Poeta singular. 
O autor utiliza características formais pertencentes ao 
parnasianismo e ao simbolismo, mas o conteúdo busca 
aproximação com a realidade, uma vez que as formas métricas 
são bem rígidas, mas os versos já apresentam certas 
características realistas. E o amor, tão caro aos românticos, é 
visto com ceticismo. 
É possível perceber a melancolia e o pessimismo nos escritos 
de Augusto dos Anjos. Outra característica do autor é a 
utilização de muitos termos científicos e médicos. 
Lançou o livro de poemas “Eu” em 1912 (período dito pré-
moderno), foi a única obra publicada em vida. O livro marca um 
período pré-modernista da literatura nacional. Um dos 
personagens dos seus poema, inclusive, não era uma pessoa e 
sim um pé de tamarindo. 
 
Exercícios 
01 - Fragmento de Triste fim de Policarpo Quaresma 
"Policarpo era patriota. Desde moço, aí pelos vinte anos, o 
amor da Pátria tomou-o todo inteiro. Não fora o amor 
comum, palrador e vazio; fora um sentimento sério, grave 
e absorvente. ( ... ) o que o patriotismo o fez pensar, foi 
num conhecimento inteiro de Brasil. ( ... ) Não se sabia 
bem onde nascera, mas não fora decerto em São Paulo, 
nem no Rio Grande do Sul, nem no Pará. Errava quem 
quisesse encontrar nele qualquer regionalismo: Quaresma 
era antes de tudo brasileiro." 
BARRETO, Lima. "Triste fim de Policarpo Quaresma". 
São Paulo: Scipione, 1997. 
Este fragmento de "Triste Fim de Policarpo Quaresma" 
ilustra uma das características mais marcantes do Pré- 
Modernismo que é o: 
a) Desejo de compreender a complexa realidade nacional. 
b) nacionalismo ufanista e exagerado, herdado do 
Romantismo. 
c) resgate de padrões estéticos e metafísicos do 
Simbolismo. 
d) nacionalismo utópico e exagerado, herdado do 
Parnasianismo. 
e) subjetivismo poético, tão bem representado pelo 
protagonista. 
 
 
 UNIDADE 26 
 
VANGUARDAS EUROPEIAS 
As vanguardas europeias foram manifestações artístico-
literárias surgidas na Europa, nas duas primeiras décadas 
do Século XX, e vieram provocar uma ruptura da arte 
moderna com a tradição cultural do século anterior. 
Com o advento da tecnologia, as consequências da 
Revolução Industrial, a Primeira Guerra Mundial e 
atmosfera política que resultou destes grandes 
acontecimentos, surgiu um sentimento nacionalista, um 
progresso espantoso das grandes potências mundiais, e 
uma disputa pelo poder. Várias correntes ideológicas 
foram criadas, como o nazismo, o fascismo e o 
comunismo, e também com a mesma terminação “ismo” 
surgiram os movimentos artísticos que chamamos de 
vanguardas. Todos pautavam-se no mesmo objetivo, que 
era o questionamento, a quebra dos padrões, o protesto 
contra a arte conservadora, a criação de novos padrões 
estéticos, que fossem mais coerentes com a realidade 
histórica e social do século que surgia. Estas 
manifestações se destacaram por sua radicalidade, a qual 
proporcionouque influenciassem a arte em todo o mundo. 
São elas: Expressionismo, Cubismo, Futurismo, Dadaísmo 
e Surrealismo. 
 
Futurismo: Surgiu através do Manifesto Futurista, criado 
pelo italiano Tommaso Matinetti em 1909. Suas 
proposições eram negar o passado, o academicismo e 
trazer o interesse ideológico, a pesquisa, a 
experimentação, a técnica e a tecnologia para a arte. 
Propunha “a destruição da sintaxe”, eliminando os 
adjetivos, advérbios. Usar os substantivos como nascem. 
Trocar sinais de pontuação por símbolos matemáticos e 
notas musicais. Marinneti pregava o desapego ao 
tradicionalismo, especialmente quanto à sintaxe da língua. 
Nas artes, de modo geral, o Futurismo exaltava: 
• a velocidade, o progresso; 
• a coragem, a audácia e a revolta; 
• o soco e a bofetada; 
• a guerra – única higiene do mundo. 
 
 
unique forms of continuity in space 
Umberto Boccioni 1913 
Ode ao burguês 
(Fragemento) 
 
Eu insulto o burguês! O burguês-níquel 
o burguês-burguês! 
A digestão bem-feita de São Paulo! 
O homem-curva! O homem-nádegas! 
O homem que sendo francês, brasileiro, italiano, 
é sempre um cauteloso pouco-a-pouco! 
 
Eu insulto as aristocracias cautelosas! 
Os barões lampiões! Os condes Joões! Os duques zurros! 
Que vivem dentro de muros sem pulos, 
https://www.google.com.br/search?biw=1366&bih=641&q=umberto+boccioni&stick=H4sIAAAAAAAAAGOovnz8BQMDgwUHnxCXfq6-gXFGdmFKhRIniG2YG5-XpCWbnWylX5ZZXJqYE59YVKIPxOX5RdlWQDqzuGTxU_XVTDPmvl-SvIPB1uTs0gWPTcsBH3IpwFUAAAA&sa=X&ei=IODSU5jZD8GwyASTg4LgBA&sqi=2&ved=0CMQBEJsTKAIwGA
 
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias 
 
 
 
 
 
 
 44 
E gemem sangue de alguns mil-réis fracos 
para dizerem que as filhas da senhora falam o francês 
e tocam os “Printemps” com as unhas! 
 [...] 
Álvaro de Campos 
 
Expressionismo: Surgido em 1912, expressava a agitação 
e inquietação que buscava subverter a estética da época. 
Pela primeira vez apareceu na livraria de arte der Sturm, 
em Berlim, expressando, como o nome diz, a renovação 
cultural que já estava em curso na Alemanha e em toda a 
Europa. O objetivo era expor a subjetividade do mundo 
interior do artista, e isto implicava no distanciamento da 
beleza, seja pela “caricatura” (resultado da distorção da 
imagem), seja pela expressão do sofrimento humano como 
pobreza, violência, paixão, visão da morte e outros 
sofrimentos humanos. 
 
 
Edvard Munch, ‘O grito’, 1893. 
 
O morcego 
 
Meia-noite. Ao meu quarto me recolho. 
Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede: 
Na bruta ardência orgânica da sede, 
Morde-me a goela igneo e escaldante molho. 
 
"Vou mandar levantar outra parede..." 
— Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho 
E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho, 
Circularmente sobre a minha rede! 
 
Pego de um pau. Esforços faço. Chego 
A tocá-lo. Minh'alma se concentra. 
Que ventre produziu tão feio parto?! 
 
A Consciência Humana é este morcego! 
Por mais que a gente faça, à noite, ele entra 
Imperceptivelmente em nosso quarto! 
[Augusto dos Anjos] 
 
Cubismo: Teve maior representatividade entre os anos de 
1907 e 1914, mais especificamente na pintura. Seu 
propósito era decompor, fragmentar as formas 
geométricas. Investia na subjetividade de interpretação das 
obras, afirmando que um mesmo objeto poderia ser visto 
de vários ângulos. Na literatura, caracteriza-se pela 
representação de uma realidade fragmentada, que é 
retratada por palavras dispostas simultaneamente, com o 
objetivo de formar uma imagem. Os principais artistas que 
representaram esta vanguarda foram: Pablo Picasso, 
Fernand Léger, André de Lothe, Juan Gris e Georges 
Braque, na pintura, e Apollinaire e Cendras na literatura. 
 
 
1907, com a tela Les Demoiselles d''Avignon, de Pablo 
Picasso 
 
 
 
Poema concreto de Guillaume Apollinaire 
1908 
 
Dadaísmo: Surgiu em 1916 em plena Primeira Guerra 
Mundial, a partir do encontro de alguns artistas refugiados 
que buscaram produzir algo que chocasse a burguesia. É 
mais um reflexo das emoções causadas pela Guerra, tais 
como revolta, agressividade e indignação. Objetos comuns 
do cotidiano são apresentados de uma nova forma e dentro 
de um contexto artístico; 
 Irreverência artística; 
 Combate às formas de arte institucionalizadas; 
 Crítica ao capitalismo e ao consumismo; 
 Ênfase no absurdo, nos temas e nos conteúdos sem 
lógica; 
 
Língua Portuguesa 
 
 
 
 
 
 
ENEM 45 
 Uso de vários formatos de expressão (objetos do 
cotidiano, sons, fotografias, poesias, músicas, jornais, 
etc.) na composição das obras de artes plásticas; 
 Forte caráter pessimista e irônico, principalmente com 
relação aos acontecimentos políticos do mundo. 
Na literatura, se caracteriza pela agressividade verbal, pela 
desordem nas palavras, pelo recorte a incoerência, a 
quebra da lógica e do racionalismo, e pelo abandono das 
regras formais do fazer poético: rima, ritmo, etc. 
 
 
A Fonte, 1917 / Marcel Duchamp 
 
Para fazer um poema dadaísta 
Pegue um jornal, 
Pegue uma tesoura, 
Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja 
dar ao seu 
poema. 
Recorte o artigo. 
Recorte em seguida com atenção algumas palavras que 
formam este 
artigo e meta-os no saco. 
Agite suavemente, 
Tire em seguida cada pedaço um após o outro. 
Copie conscienciosamente na ordem em que elas são 
tirada do saco. 
O poema se parecerá com você. 
E ei-lo um escritor infinitamente original e de uma 
sensibilidade 
graciosa, ainda que incompreendido do público. 
 Tristan Tzara 
 
Surrealismo: Esta vanguarda surgiu após a Primeira 
Guerra, na França, mais precisamente em 1924. Trouxe 
para a arte concepções freudianas, relacionadas à 
psicanálise. Segundo esta vanguarda, a arte deve surgir do 
inconsciente sem que haja interferências da razão. 
Trabalha frequentemente com elementos como a fantasia, 
o devaneio e a loucura. Os escritores do surrealismo 
rejeitaram o romance e a poesia em estilos tradicionais e 
que representavam os valores sociais da burguesia. As 
poesias e textos deste movimento são marcados pela livre 
associação de ideias, frases montadas com palavras 
recortadas de revistas e jornais e muitas imagens e ideias 
do inconsciente. 
 
 
Rosa mediativa, Salvador Dali. (1958) 
 
Pré-história 
Mamãe vestida de rendas 
Tocava piano no caos. 
Uma noite abriu as asas 
Cansada de tanto som, 
Equilibrou-se no azul, 
De tonta não mais olhou 
Para mim, para ninguém! 
Caí no álbum de retratos. 
 (Murilo Mendes) 
FIQUE LIGADO NO ENEM! 
No Brasil não poderia ser diferente, uma vez que este era o 
exato momento da história em que as manifestações artísticas 
estavam crescendo em nosso país, e que a maioria dos artistas 
se espelhavam nas tendências europeias, fosse para imitar-
lhes, fosse para combater-lhes. 
As vanguardas europeias passaram pela Literatura Brasileira 
deixando sua contribuição, especialmente ao somarem com a 
Semana de Arte Moderna e o movimento modernista, pois 
juntos vieram romper com a antiga estética que até então 
reinava em nosso país. 
 
Exercícios 
 
01 - (Enem) 
 
 
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias 
 
 
 
 
 
 
 46 
O quadro Les Demoiselles d’Avignon (1907), de Pablo 
Picasso, representa o rompimento com a estética clássica e 
a revolução da arte no início do século XX. Essa nova 
tendência se caracteriza pela 
 
a) pintura de modelos em planos irregulares. 
b) mulher como temática central da obra. 
c) cena representada por vários modelos. 
d) oposição entre tons claros e escuros. 
e) nudez explorada como objeto de arte. 
 
 
 UNIDADE 27 
 
MODERNISMO 
O modernismo foi um movimento literário e artístico do 
início do séc. XX, cujo objetivo era o rompimento com o 
tradicionalismo (parnasianismo, simbolismo e a arte 
acadêmica), a libertação estética, a experimentação 
constante e, principalmente, a independência cultural do 
Brasil. Apesarda força do movimento literário 
modernista, a base dessa corrente estética se encontra nas 
artes plásticas, com destaque para a pintura. 
No Brasil, este movimento possui como marco 
simbólico a Semana de Arte Moderna, realizada em 1922, 
na cidade de São Paulo, devido ao Centenário da 
Independência. No entanto, devemos lembrar que o 
modernismo já começou a se mostrar presente muito antes 
do movimento de 1922, seja com alguns elementos do 
pré-modernismo ou nas primeiras manifestações 
inspiradas nas Vanguardas Europeias. 
A Semana de Arte Moderna trouxe um rompimento, 
uma destruição das estruturas clássicas, acadêmicas, 
harmônicas, e por esse motivo tem caráter anárquico e 
destruidor. Mário de Andrade chamou a primeira fase do 
Modernismo de “fase da destruição”, já que é totalmente 
contrária ao parnasianismo ou simbolismo das décadas 
anteriores. Os artistas têm em comum a busca pela 
origem, daí vem o nacionalismo e acarreta a volta às 
origens e valorização do índio brasileiro. Manuel 
Bandeira publica, respectivamente, em 1917 e em 1919, 
"A cinza das Horas" e "Carnaval". Em 1921, durante o 
grandioso lançamento de "As máscaras", de Menotti del 
Picchia, Oswald de Andrade conclama a chegada do 
momento da revolução modernista no Brasil. Também em 
21, Di Cavalcanti expõe seus desenhos e caricaturas na 
mostra "Fantoches da Meia-Noite"; Mário de Andrade 
compõe sua série "Mestres do Passado", em que analisa a 
poesia parnasiana, considerada, então, referência de fazer 
poético. 
 
Cartazes de divulgação da Semana de Arte Moderna, de 1922 
 
O evento aconteceu entre 13 a 17 de fevereiro, quando 
os artistas referidos apresentaram sua arte moderna, 
sobretudo, à intelectualidade paulistana, sob a chancela do 
notabilizado pré-modernista Graça Aranha. O objetivo do 
evento era, claramente, chocar os presentes, 
ressignificando o próprio conceito de arte. Com esculturas 
e pinturas transgressoras, no Teatro Municipal de São 
Paulo, conferências de Graça Aranha, Menochi del 
Picchia, a declamação de "Os sapos", de Manuel 
Bandeira, crítica satirizante aberta aos parnasianos e 
Heitor Villa-Lobos apresentando-se de roupa formal e 
chinelo. O evento gerou ferozes críticas conservadoras, o 
que era, desde o princípio, seu objetivo. 
 
A primeira fase modernista também é marcada pelos 
manifestos nacionalistas. Podemos destacá-los da seguinte 
forma: 
• Manifesto Pau-Brasil: escrito por Oswald de Andrade, 
publicado no jornal “Correio da Manhã”, em 18 de março 
de 1924, apresentou uma proposta de literatura vinculada 
à realidade brasileira e às características culturais do povo 
brasileiro, com a intenção de causar um sentimento 
nacionalista, uma retomada de consciência nacional. 
• Antropofagia: publicado entre os meses de maio de 
1928 e fevereiro de 1929, sob direção de Antônio de 
Alcântara Machado, surgiu como nova etapa do 
nacionalismo “Pau-Brasil” e resposta ao “Verde-
Amarelismo”. Sua origem se dá a partir de uma tela feita 
por Tarsila do Amaral, em janeiro de 1928, batizada de 
Abaporu ( aba= homem e poru = que come). Assinado por 
Oswald de Andrade, tinha, como diz Antônio Cândido, 
“uma atitude brasileira de devoração ritual dos valores 
europeus, a fim de superar a civilização patriarcal e 
capitalista, com suas normas rígidas no plano social e os 
seus recalques impostos, no plano psicológico” 
• Verde-Amarelismo: este movimento surgiu como 
resposta ao “nacionalismo afrancesado” do Pau-Brasil, em 
1926, apresentado, principalmente, por Oswald de 
Andrade, liderado por Plínio Salgado. O principal objetivo 
http://educacao.globo.com/literatura/autores/oswald-de-andrade.html
 
Língua Portuguesa 
 
 
 
 
 
 
ENEM 47 
era o de propor um nacionalismo puro, primitivo, sem 
qualquer tipo de influência. 
• Anta: parte do movimento Verde-Amarelismo, 
representa a proposta do nacionalismo primitivo elegendo 
como símbolo nacional a “anta”, além de vangloriar a 
língua indígena “tupi”. 
 
Através das características desses manifestos, temos por 
análise a identificação de duas posturas nacionalistas 
distintas: de um lado o nacionalismo consciente, crítico da 
realidade brasileira, e de outro um nacionalismo ufanista, 
utópico, exacerbado. 
 
Principais características 1ª fase: 
Linguagem coloquial, [com inclusão de gírias, dialetos] 
cotidiano, negação da tradição cultural antipurista, 
antiacademicista, antiparnasianismo, verso livre, verso 
branco, nacionalismo crítico, ironia, sarcasmo, 
irreverência, poema-piada, liberdade de criação, direito à 
pesquisa – folclore. 
 
Principais escritores da 1ª fase do Modernismo: Mário 
de Andrade, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, 
Antônio de Alcântara Machado. 
 
Oswald de Andrade pode ser considerado o mais 
modernista dos modernistas, devido ao experimentalismo 
formal que caracterizou sua obra e que o colocou sempre 
no centro das discussões 
sobre arte moderna no Brasil. Oswald, além de ter 
participado ativamente da Semana de 22, foi o primeiro 
escritor a compor um romance de acordo com os preceitos 
do Modernismo: trata-se de Memórias sentimentais de 
João Miramar, obra de 1924 que dissolve os limites entre 
prosa e poesia. Mais tarde, em 1933, ele ainda escreveria 
outro romance modernista: Serafim Ponte Grande. Ainda 
compôs manifestos, como o Pau-Brasil (1924) e o 
Antropófago (1928), peças de teatro, como O homem e o 
cavalo (1934) e O rei da vela (1937), e livros de poemas, 
como Poesiaau-Brasil (1925) e Primeiro caderno de 
poesia do aluno Oswald de Andrade (1927). 
 
“Menina e moça 
Gostei de todas as festas 
Porque esse negócio de missa 
E procissão 
É só para os olhares 
Vou agora triste no trem 
Com aquela paixão 
No coração 
Vou emagrecer 
Junto às palmeiras 
Malditas 
Da fazenda” 
Oswald de Andrade, Pau-Brasil. 
 
Mário de Andrade foi o grande ativista político-cultural 
do Modernismo, tendo feito de tudo um pouco: romance, 
poesia, crítica, conto, ensaio. Sua obra sugere que ele 
buscava as novidades artísticas da mesma forma que se 
aprofundava nas tradições literárias, o que confirma seu 
ecletismo cultural e artístico. As duas paixões de Mário 
foram a cidade de São Paulo e o Brasil. Pauliceia 
desvairada (1922) e Lira paulistana (1946) tematizam 
São Paulo; Clã do jabuti (1927) e Macunaíma (1928), o 
Brasil. Macunaíma é sua obra mais importante. Nela, um 
narrador ágil e parodista vai apresentando lendas 
folclóricas revisitadas e misturando gêneros literários, ao 
mesmo tempo em que o protagonista, “o herói sem 
nenhum caráter”, representa um povo se formando, ainda 
sem características próprias definidas, 
 
“No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói de 
nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite. 
Houve um momento em que o silêncio foi tão grande 
escutando o murmurejo do Urarico era, que a índia 
tapanhumas pariu uma criança feia. Essa criança é que 
chamaram de Macunaíma. Já na meninice fez coisas de 
sarapantar. De primeiro passou mais de seis anos não 
falando. Si o incitavam a falar, exclamava: 
– Ai! que preguiça!... 
e não dizia mais nada. [...] Vivia deitado mas si punha os 
olhos em dinheiro, Macunaíma dandava pra ganhar 
vintém. E também espertava quando a família ia tomar 
banho no rio, todos juntos e nus. Passava o tempo do 
banho dando mergulho, e as mulheres soltavam gritos 
gozados por causa dos guaiamuns diz-que habitando a 
água doce por lá.” 
Mário de Andrade, Macunaíma. 
 
Manuel Bandeira é o grande poeta dos primeiros anos 
modernistas, e sua obra, de alguma forma, reflete sua 
biografia, sempre marcada pela luta contra a tuberculose. 
A primeira fase da poesia de Bandeira é melancólica e 
pessimista, principalmente em seu livro de estreia, A cinza 
das horas. Num segundo momento, abraçando mais 
abertamente a causa modernista, ele se torna bem-
humorado e espirituoso, em Libertinagem e Estrelada 
manhã. Por fim, nos seus últimos livros, Bandeira se 
revela maduro e disposto a brincadeiras experimentalistas, 
como, por exemplo, em Belo Belo e Lira dos 
cinquent’anos. 
A poesia de Bandeira valoriza basicamente três temas: o 
amor, que é muitas vezes visto na perspectiva 
Erótica; a infância, que se mistura com as lembranças do 
Recife; a morte, que anda junto às referências à 
tuberculose. 
 
Vou-me embora pra Pasárgada 
Vou-me embora pra Pasárgada 
Lá sou amigo do rei 
Lá tenho a mulher que eu quero 
Na cama que escolherei 
Vou-me embora pra Pasárgada 
E como farei ginástica 
Andarei de bicicleta 
Montarei em burro brabo 
Subirei no pau-de-sebo 
Tomarei banhos de mar! 
E quando estiver cansado 
Deito na beira do rio 
Mando chamar a mãe-d’água 
Pra me contar as histórias 
Que no tempo de eu menino 
 
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias 
 
 
 
 
 
 
 48 
Rosa vinha me contar 
Vou-me embora pra Pasárgada 
[...] 
Manuel Bandeira, Libertinagem. 
 
2ª FASE (1930) 
O 2º Tempo modernista, que vai de 1930 a 1945, é 
conhecido como a fase de consolidação do Modernismo 
brasileiro. Nessa fase, a literatura veio mais amadurecida, 
sem os excessos que marcaram a Semana de Arte 
Moderna. A arte era engajada e buscava refletir a 
realidade brasileira. Historicamente, trata-se de um 
período político conturbado: no Brasil, a ditadura Vargas, 
com avanços econômicos e trabalhistas, mas sérios 
problemas em termos políticos (perseguições, falta de 
liberdade de expressão, etc.); no mundo, a crise após a 
quebra na Bolsa de Nova York e a Segunda Guerra 
Mundial. A geração de 30 não deixou de lado as 
novidades artísticas cunhadas pela Semana de 22, 
misturando- as a uma crítica social mais sistemática, ao 
marxismo, ao existencialismo e ao surrealismo. A 
linguagem manteve-se próxima da popular e as obras 
apresentaram-se em prosa e poesia. Esta privilegia o 
sentimento humano, enquanto aquela, a crítica social. 
 
Principais representantes: Os principais nomes da prosa 
são: Jorge Amado, Rachel de Queiroz, Graciliano Ramos, 
José Lins do Rego e Érico Veríssimo. Na poesia: Cecília 
Meireles, Vinicius de Moraes, Jorge de Lima, Murilo 
Mendes. 
 
A prosa da 2ª fase abandona, em certa medida, a postura 
vanguardista dos primeiros anos do Modernismo, uma vez 
que os escritores se preocuparam em fazer uma literatura 
claramente de denúncia social, sobretudo no que diz 
respeito às desigualdades regionais do país. Do ponto de 
vista da linguagem, a geração de 30 continuou a 
aproveitar os registros orais na literatura, mas sem os 
exageros do 1º tempo. Do ponto de vista da estrutura da 
narrativa, voltou à tona o romance concebido no século 
XIX, 
 
REGIONALISMO DE 30 
Engajamento religioso e social – literatura de denúncia 
das condições humanas; tendência neorrealista; 
coloquialismo; nacionalismo; cotidiano; romance 
psicológico 
Temas apresentados por região: Coronelismo, Cacau na 
Bahia, Cana-de-açúcar, Seca no Ceará e em Alagoas, 
Misticismo e candomblé, Cangaço, Os pampas gaúchos 
Autores: Jorge Amado, Rachel de Queiroz, Graciliano 
Ramos , José Lins do Rego e Erico Veríssimo. 
 
Graciliano Ramos é considerado o maior representante 
da geração neo-realista nordestina, sua obra é considerada 
como "clássica" pela qualidade literária. Seus romances 
tratam tanto do social (miséria, fome, seca, latifúndio), 
como do psicológico (opressão, medo, angústia etc.). 
Linguagem condensada, sem retórica, obra neo-realista: 
romance crítico, de tensão entre a personagem e o meio 
(natureza e sociedade), romance de esquerda. Em março 
de 1936, sob suspeita de ter participado da ANL (Aliança 
Nacional Libertadora), Graciliano foi preso pela polícia de 
Getúlio Vargas. Levado para a prisão de ilha Grande (RJ), 
ficou lá um ano sem acusação formal. A experiência na 
prisão foi relatada em "Memórias do Cárcere". 
Principais obras: São Bernardo, Vidas Secas, Memórias 
do Cárcere, Angústia. 
 
Vidas Secas: história de uma família de retirantes que vive 
em pleno agreste os sofrimentos da estiagem. Universo 
pobre de um homem (Fabiano), uma mulher (Sinhá 
Vitória), os filhos e uma cachorra (Baleia). 
 Fabiano, Sinhá Vitória e os filhos são exemplos de seres 
convertidos em criaturas, animalizados, brutalizados por 
causa da precariedade de suas condições de vida, enquanto 
abandonam a terra onde nasceram, ressequida, estéril, 
procuravam na cidade uma forma de sobrevivência. 
Um trecho da obra que ilustra a perda de humanidade de 
Fabiano: "Os seus pés duros quebravam espinhos e não 
sentiam a quentura da terra. Montado, confundia-se com o 
cavalo(...)." 
Ao longo deste romance, é muito comum as vozes do 
narrador e das personagens se confundirem, através do 
discurso indireto livre, um dos mais importantes recursos 
narrativos de Graciliano Ramos, cuja retórica, e de muitos 
verbalismos, parece se alojar no interior das personagens, 
fundindo homem e paisagem, ação e processos mentais. 
Por essas razões, Graciliano Ramos significa a maturidade 
de nossa ficção regionalista, a expressão literária, a 
dimensão política, universal de nossos problemas 
aparentemente locais. 
 
José Lins do Rego escreveu obras que compõem os 
chamados romances do ciclo da cana-de-açúcar. Neles o 
autor recompõe sua infância, tendo sido descendente de 
grandes proprietários canavieiros do nordeste. Escritos em 
primeira pessoa, estes romances retratam literalmente a 
crise de tradição e a necessidade de modernização, a 
transformação do Engenho em usina. Esse tema é 
especialmente abordado em Fogo Morto (não faz parte do 
ciclo), que é escrito em terceira pessoa. Nele, o autor 
mostra as relações psicológicas dos vários tipos sociais (o 
velho Senhor, a Sinhá, o trabalhador jagunço etc.) perante 
uma usina de "Fogo Morto", isto é, parada, morta, 
decadente. 
Principais obras: Fogo Morto, Usina, Menino do Engenho. 
 
Érico Veríssimo nasceu no Rio Grande do Sul, em Porto 
Alegre entrou em contato com a vida literária e iniciou-se 
no jornalismo, começou a publicar romances. ‘Fantoches’ 
foi o primeiro (Contos que exibem estrutura de peças de 
teatro), mas Clarissa foi a primeira obra que o tornou 
popular. 
1º fase: Romance urbano - Visão otimista, linguagem 
simples, cotidiano da vida urbana dePorto Alegre, 
apresentação de problemas sociais, morais e humanos. 
Iniciou-se com a publicação de Clarissa, depois vieram: 
Caminhos Cruzados, Música ao longe, Um lugar ao sol, 
Olhai os lírios do campo, Saga, E o resto é silêncio. 
 2° fase: Romance histórico - Inicia-se com a obra O 
Tempo e o Vento, aborda a formação do Rio Grande do 
Sul desde as sua origens.(no século XVIII) até 1946. 
A obra é composta de três partes: 
http://elaineruizcederj.blogspot.com.br/2011/01/segunda-fase-do-modernismo-1930-1945.html
http://elaineruizcederj.blogspot.com.br/2011/01/segunda-fase-do-modernismo-1930-1945.html
 
Língua Portuguesa 
 
 
 
 
 
 
ENEM 49 
- O continente (1949) 
- O retrato (1951) 
- O arquipélago (1961) 
 3° fase: Romance político - Temas políticos e 
engajamento social. 
 O prisioneiro 
- O senhor embaixador 
- Incidente em Antares 
 
Rachel de Queiroz nasceu em Fortaleza, Ceará, ainda não 
tinha completado vinte anos quando publicou seu primeiro 
romance, ‘O Quinze’. Rachel foi a primeira mulher a ser 
eleita para a Academia Brasileira de Letras. 
‘O Quinze’ - O romance projetou nacionalmente o nome 
de Rachel de Queiroz. Retomando o tema da seca, que já 
fora tratado em outros romances, Rachel deu-lhe maior 
dimensão social, sem deixar de lado a análise psicológica 
de algumas personagens. 
A marcha penosa e trágica da família de Chico Bento, que 
representa o retirante, constitui o núcleo dramático da 
obra. A par disso, desenvolve-se o drama da 
impossibilidade de comunicação afetiva entre Vicente e 
Conceição; ele, um dono de fazenda sensível àmiséria 
que o rodeia, mas impotente para eliminá-la; ela, uma 
moça da cidade atraída pela figura livre e franca de 
Vicente, mas que não consegue penetrar em seu mundo 
rude, quase selvagem. 
Principais obras: O Quinze, João Miguel, Caminho de 
pedras, As três Marias, Dôra Doralina, Memorial de Maria 
Moura. 
 
Jorge Amado nasceu na Bahia, é o autor mais adaptado 
da televisão brasileira, quase sempre interessado em 
abordar problemas sociais e políticos, sua extensa obra 
trata tanto da região cacaueira da Bahia como da zona 
urbana de Salvador, era um hábil fixador de tipos 
humanos, costumes e festas populares. 
Principais obras: Jubiabá, Mar Morto, Capitães de areia, 
Terras do sem-fim, Gabriela, cravo e canela, Os velhos 
marinheiros, Dona flor e seus dois maridos, Tenda dos 
milagres, Tieta do Agreste. 
Terras do sem-fim - Este romance aborda a época da 
fixação e expansão das fazendas de cacau em São Jorge 
dos Ilhéus. 
Com a cobiça e o desejo de enriquecimento, surgem as 
lutas entre dois fazendeiros: o coronel Horácio da Silveira 
e Juca Badaró, da família dos Badarós, a mais rica da 
região. Ambas disputam as terras incultas de modo 
violento, principalmente Horácio, para quem as armas 
eram as únicas leis. 
Ao lado dessa linha principal do enredo, há o drama de 
Ester, esposa de Horácio, educada em outro meio e com 
outros sonhos, e que não se acostuma com a vida fechada 
e cercada de perigos que leva na fazenda, sempre 
sobressaltada pelos ruídos da mata e pelos crimes. Quando 
conhece Virgílio, um novo advogado que passa a 
frequentar sua casa, vê nele a figura de seus sonhos de 
adolescente, perdidos com o casamento com Horácio. 
Acaba por tornar-se sua amante. 
A estrutura do livro mantém um suspense na sequencia 
dos fatos que envolvem as lutas entre fazendeiros e 
capangas e o drama íntimo de Ester. No final, ela morre de 
tifo enquanto Virgílio, mais tarde, é assassinado por 
Horácio que ficara sabendo de tudo. Com a posse do 
Sequeiro Grande, Horácio torna-se o principal chefe de 
São Jorge do Ilhéus. 
 
POESIA 
Ampliação da temática: Social nacional para o Universal, 
Poemas de tendência mística, Revalorização de estilos 
anteriores, neossimbolismo. 
 
Principais autores: Carlos Drummond de Andrade, 
Cecília Meireles e Vinícius de Moraes. 
 
FIQUE LIGADO NO ENEM! 
O poeta Carlos Drummond de Andrade é o ‘campeão’ de 
presenças na prova do Enem. Seus textos já ilustraram 
questões da prova 16 vezes. 
 
Carlos Drummond de Andrade é considerado o maior poeta 
brasileiro do século XX. Foi também admirável cronista; sua 
prosa é distinta pela força da linguagem poética, que dá forma 
aos registros do cotidiano e da memória. Poeta "nascido 
intelectualmente dentro do Modernismo, sem laivo de passado e 
nem perigo de volta a ele", como observou Antonio Candido, 
Drummond produziu extensa obra, em que a poesia de enfoque 
social e a poesia relativa ao indivíduo se mesclaram e se 
fundiram. Para José Guilherme Merquior (1941 - 1991), 
Drummond é uma das grandes "fundações" do Modernismo; 
segundo o crítico, "este poeta renovou a linguagem e o 
endereço de nossa lírica. Depois dele, uma e outra se abriram a 
modos mais objetivos de direção social, que já não cabem no 
subjetivismo anterior. O humanista dos primeiros livros deu ao 
lirismo uma agudeza reflexiva e irônica que o virou pelo avesso; 
o autor de A Rosa do Povo passou a emocionar-se com os 
sentimentos coletivos, e finalmente o terceiro Drummond, 
de Claro Enigma considerado, fundou entre nós a grande 
meditação poética sobre as razões da existência, a pensativa 
poesia sobre a condição humana e as recentes significações do 
Neo-Humanismo contemporâneo." 
 
Murilo Mendes também estreou como autor modernista, 
mas sua trajetória poética foi bastante diferente da de 
Drummond. "Poeta dos contrários", segundo Antonio 
Candido, Mendes "começou pela poesia humorística e, 
depois de sofrer a impregnação surrealista, voltou à fé 
católica, passando a uma expressão cheia de sentimento 
do mistério e transcendência, com o mais completo senso 
do insólito da nossa poesia contemporânea. Afinal, tendeu 
para o verso breve e descarnado, guardando o toque de 
fantasmagoria que é um de seus encantos." 
Cecília Meireles foi bastante influenciada pela "corrente 
espiritualista" da qual participou Murilo Mendes, corrente 
divulgada pelos intelectuais cariocas que se agruparam em 
torno da revista Festa, de tendência neo-simbolista. É a 
principal voz feminina da poesia brasileira e, de acordo 
com Luciana Ategagno Picchio, "uma das vozes femininas 
mais puras de expressão portuguesa de todos os tempos". 
Sua obra poética é caracterizada pela reflexão filosófica, a 
musicalidade dos versos, a atmosfera fluida e etérea; entre 
 
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias 
 
 
 
 
 
 
 50 
seus temas mais caros estão a transitoriedade das coisas, a 
efemeridade da vida, a fugacidade do tempo. 
Jorge de Lima iniciou como poeta neoparnasiano, e 
depois de tornar-se adepto da estética Modernista 
produziu, em um primeiro momento, poesia social, e em 
uma segunda fase, poesia de expressão religiosa. Para José 
Aderaldo Castello, a fase da poesia social, composta dos 
"poemas negros" e "telúricos", reflete "o Nordeste 
açucareiro dos engenhos tradicionais, com os quais se 
relacionam aquelas ?realidades de nossa alma imensa?" e 
envolve "a presença africana". Já a segunda fase, 
caracterizada pela religiosidade, "é atemporalizada e 
distanciada da objetividade da primeira fase". 
Vinicius de Moraes, um dos mais populares poetas 
brasileiros, também foi influenciado pela "corrente 
espiritualista" e pelo Neo-Simbolismo no início de sua 
produção poética, mas com o passar do tempo sua obra 
passou a tematizar o amor sensual e os problemas sociais. 
Antonio Candido elencou, entre as principais 
características do autor, "a peculiaríssima ligação que 
estabeleceu entre o mar, a praia e a vida amorosa; a 
mistura do vocabulário familiar com uma espécie de casto 
impudor; a invenção de um léxico do amor físico que 
abole qualquer diferença entre ele e o que é considerado 
não-físico. E mais um uso próprio do ritmo de romance 
popular, quem sabe inspirado inicialmente em García 
Lorca. E uma reconstrução do soneto. (...)." 
 
Exercícios 
 
01 - (Enem) 
Confidência do Itabirano 
Alguns anos vivi em Itabira. 
Principalmente nasci em Itabira. 
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro. 
Noventa por cento de ferro nas calçadas. 
Oitenta por cento de ferro nas almas. 
E esse alheamento do que na vida é porosidade e 
[comunicação. 
A vontade de amar, que me paralisa o trabalho, 
vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e 
[sem horizontes. 
E o hábito de sofrer, que tanto me diverte, 
é doce herança itabirana. 
De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço: 
esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil, 
este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval; 
este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas; 
este orgulho, esta cabeça baixa... 
Tive ouro, tive gado, tive fazendas. 
Hoje sou funcionário público. 
Itabira é apenas uma fotografia na parede. 
Mas como dói! 
ANDRADE, C. D. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova 
Aguilar, 2003. 
 
Carlos Drummond de Andrade é um dos expoentes do 
movimento modernista brasileiro. Com seus poemas, 
penetrou fundo na alma do Brasil e trabalhou 
poeticamente as inquietudes e os dilemas humanos. Sua 
poesia é feita de uma relação tensa entre o universal e o 
particular, como se percebe claramente na construção do 
poema Confidência do Itabirano. Tendo em vista os 
procedimentos de construção do texto literário e as 
concepções artísticas modernistas, conclui-se que o poema 
acima 
a) representa a fase heroica do modernismo, devido ao 
tom contestatório e à utilização de expressões e usos 
linguísticos típicos da oralidade. 
b) apresenta uma característica importantedo gênero 
lírico, que é a apresentação objetiva de fatos e dados 
históricos. 
c) evidencia uma tensão histórica entre o “eu” e a sua 
comunidade, por intermédio de imagens que 
representam a forma como a sociedade e o mundo 
colaboram para a constituição do indivíduo. 
d) critica, por meio de um discurso irônico, a posição de 
inutilidade do poeta e da poesia em comparação com 
as prendas resgatadas de Itabira. 
e) apresenta influências românticas, uma vez que trata da 
individualidade, da saudade da infância e do amor pela 
terra natal, por meio de recursos retóricos pomposos. 
 
 
 UNIDADE 28 
 
3ª Fase do Modernismo (1945 – 1960) 
Em 1945 houve o termino da 2° Guerra Mundial, milhões 
de mortos na Europa, o holocausto, a queda de Hitler, o 
homem que ordenou a morte de milhões de judeus nos 
campos de concentração, as bombas atômicas, que 
causaram a morte instantânea de milhões de japoneses, e 
posteriormente destruiu a vida de outros. Como se não 
fosse suficiente Guerra Fria entre o pólo capitalista e o 
socialista, deixou no ar a ameaça de uma Guerra Nuclear 
que colocaria toda a humanidade em risco. 
Com o fim da ditadura Vargas em 1945, teve início a 
redemocratização brasileira. Para a arte, foi um período de 
particular efervescência. No terreno das artes visuais, 
destacou-se a obra de Oscar Niemeyer, arquiteto 
responsável pela construção da nova capital, Brasília, 
inaugurada em 1960. O esforço de interiorização da vida 
nacional e as ousadias arquitetônicas da cidade foram 
representativos da retomada de temas e de pesquisas 
formais, que atingiu a literatura nas obras de autores como 
Guimarães Rosa, João 
Cabral de Melo Neto e Clarice Lispector. 
 
Poesia: Propunham um acentuado rigor formal, o que 
lembra muito o Parnasianismo. Adotam uma linguagem 
mais erudita e uma temática mais universal. Exemplo: 
João Cabral de Melo Neto. 
 
Prosa: tanto no romance quanto nos contos existe a busca 
de uma literatura intimista, de sondagem psicológica, 
introspectiva e ao mesmo tempo. Promove-se a análise e 
observação do cotidiano; as “linhas” do fantástico, 
literatura psicológica / intimista, tendências a reflexões 
metafísicas. Além disso, o regionalismo adquire uma nova 
dimensão através da recriação dos costumes e da fala 
sertaneja penetra fundo na psicologia do jagunço do Brasil 
central. 
 
 
Língua Portuguesa 
 
 
 
 
 
 
ENEM 51 
João Cabral de Melo Neto: Estreou em 1942 com Pedra 
do Sono de forte influência de Carlos Drummond de 
Andrade e Murilo Mendes. Ao publicar O Engenheiro, em 
1945, traça os rumos definitivos de sua obra. Em 1956, 
escreve o poema dramático Morte e Vida Severina, que, 
encenado em 1966, com músicas de Chico Buarque, 
consagra-o definitivamente. 
No início da carreira, apresenta um tendência à 
objetividade, convivendo com imagens surrealistas e 
relativas aos sonhos: aos poucos, afasta-se da influência 
surrealista e aprofunda a tendência à substantivação, à 
economia da linguagem, submetendo as palavras a um 
processo crescente de depuração, com uso de metáforas, 
personificações e alegorias; a partir de 1945, influenciado 
por uma concepção arquitetônica, procede à 
geometrização do poema, aproximando a arte do Poeta à 
do Engenheiro; o repúdio ao sentimentalismo e ao 
irracionalismo leva-o à elaboração do poema objeto. 
Questiona o próprio ato de escrever e a função da poesia; 
na década de 50, surge e amadurece a preocupação 
política e principalmente a denúncia social do Nordeste e 
sua gente: os retirantes, as tradições e o folclore regional, 
a estrutura agrária canavieira, injusta e desigual. Aparece 
ainda a paisagem 
da Espanha, que apresenta pontos em comum com o 
cenário nordestino. Mantém viva e atuante a reflexão 
sobre a Arte em suas várias manifestações, como a pintura 
e a literatura. 
 
Trecho de ‘Morte e vida Severina’: 
 
“E se somos Severinos 
 iguais em tudo na vida, 
 morremos de morte igual, 
 mesma morte severina: 
que é a morte de que se morre 
de velhice antes dos trinta, 
de emboscada antes dos vinte, 
de fome um pouco por dia 
de velhice antes dos trinta, 
de emboscada antes dos vinte, 
de fome um pouco por dia 
(de fraqueza e de doença é que a morte severina 
ataca em qualquer idade, e até gente não nascida).” 
 
João Guimarães Rosa: Mineiro, formou-se em Medicina 
e clinicou pelo interior, foi ministro e pela carreira 
diplomática esteve em Hamburgo, Bogotá e ParisSua obra 
extremamente inovadora e original. Seu livro, Sagarana 
(1946), vem colocar uma espécie de marco divisor na 
literatura moderna do Brasil: é uma obra que se pode 
chamar de renovadora da linguagem literária. Seu 
experimentalismo estético, aliando narrativas de cunho 
regionalista a uma linguagem inovadora e transfigurada, 
veio transformar completamente o panorama da nossa 
literatura. Principais Obras: Sagarana, Corpo de baile, 
Grande sertão: veredas, Primeiras histórias, Tutaméia 
(Terceiras histórias), Estas histórias, Ave, palavra. 
Grande sertão veredas, considerado a obra prima do autor: 
o livro narra as memórias de Riobaldo, personagem 
principal, ex-jagunço, que assume a liderança do grupo 
após a morte do chefe Joca Ramiro. Conta a um doutor 
que nunca aparece, através de seu caráter insólito e 
ambíguo; na primeira parte do livro, Riobaldo faz um 
relato "caótico" e desconexo de vários fatos sempre 
expondo suas inquietações filosóficas enquanto que na 
segunda parte as ideias de Riobaldo são mais organizadas. 
A ambiguidade e o caráter ambivalente de Riobaldo, 
assim como o de outros personagens, dominam o 
romance. 
O sertão criado por Guimarães Rosa é uma realidade 
geográfica, social, política e psicológica. Nesse espaço 
(sertão-mundo), o sertanejo não é apenas o homem de 
uma região e de uma época específicas, mas homem 
universal defrontando-se com problemas eternos: o bem e 
o mal; o amor; a violência; a existência ou não de Deus e 
do Diabo etc. Por isso classifica-se seu regionalismo como 
regionalismo universalista. 
 
Clarice Lispector: Ucraniana, veio para o Brasil ainda 
bebê. Formou-se em direito mas viveu muito fora do 
Brasil pela carreira diplomática do marido, dedicando-se 
assim aos filhos e à literatura. Voltou ao Brasil separada e 
lançou vários livros. 
Características de suas obras: sondagem dos mecanismos 
mais profundos da mente humana; técnica 
“impressionista” de apreensão da realidade interior 
(predominância de impressões, de sensações); introdução 
da técnica do fluxo da consciência; quebra os limites 
espaço x temporais e o conceito de verossimilhança, 
fundindo presente e passado, realidade e desejo na mente 
dos personagens, cruzando vários eixos e planos 
narrativos sem ordem ou lógica aparente. 
Suas principais personagens são mulheres, mas não se 
limitam ao espaço do ambiente familiar, busca atingir 
valores essenciais humanos e universais tais como a 
falsidade de das relações humanas, o jogo das aparências, 
o esvaziamento do mundo familiar, as carências afetivas e 
as inseguranças delas decorrentes, a alienação, a condição 
da mulher, a coexistência dos contrastes, das 
ambiguidades, das contradições do ser; características 
físicas das personagens diluem-se: muitas nem nome 
apresentam. Há o predomínio do tempo psicológico e, 
portanto, subversão do tempo cronológico; as ações 
passam a ter importância secundária, servindo 
principalmente como ilustração de características 
psicológicas das personagens (introspecção psicológica). 
Destaca-se a presença da epifania (“revelação”): 
aparentemente equilibradas e bem ajustadas, subitamente 
as personagens sentem um estranhamento frente a um fato 
banal da realidade. Nesse momento, mergulham num 
fluxo de consciência, do qual emergem sentindo-se 
diferentes em relação a si mesmas e ao mundo que as 
rodeia; esse desequilíbrio momentâneo por certo mudará 
sua vida definitivamente.Pode-se destacar ainda a fusão de prosa e poesia, com 
emprego de figuras de linguagem: metáforas; antíteses (eu 
x não-eu, ser x não ser); paradoxos; símbolos e alegorias; 
aliterações e sinestesias, bem como 
uso de metalinguagem em associação com os processos 
intimistas e psicológicos, político-sociais, filosóficos e 
existenciais (A Hora da Estrela, 1977). 
 
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias 
 
 
 
 
 
 
 52 
Principais Obras: Perto do coração selvagem, Laços de 
família, A maça no escuro, A legião estrangeira, A paixão 
segundo G. H., Felicidade clandestina, A hora da estrela. 
 
Tendências contemporâneas: uma nova ruptura 
Em 1964, com o Golpe Militar, o Brasil recebe um ciclo 
de presidentes militares, eleitos indiretamente. Até 1968, a 
atividade cultural ainda se mantém dinâmica, mas com a 
decretação do Ato Institucional Nº 5 (AI-5) e a instituição 
da censura prévia, muitos artistas e intelectuais são 
obrigados a deixar o país. Embora autores das fases 
anteriores continuassem produzindo, houve uma ruptura. 
Algumas das manifestações dessa ruptura foram tão 
radicais que nos fazem lembrar a geração de 22. Muitas 
são as tendências que marcam a literatura contemporânea 
brasileira. 
Concretismo: Surge em 1956, com a publicação da 
revista Noigrandes. Esse movimento radicalizou a 
proposta de valorização da forma na poesia, incorporando 
a ela os signos da sociedade moderna. Foi representado e 
idealizado por Haroldo de Campos, Augusto de Campos e 
Décio Pignatari. 
Neoconcretismo: Em consonância com as propostas dos 
artistas plásticos Hélio Oiticica e Lygia Clark, surge 
como desdobramento do Concretismo. Esse movimento 
foi fundado por Ferreira Gullar que propunha a 
necessária participação (interação) do leitor na construção 
do texto. 
Poesia-Práxis: movimento liderado por Mário Chamie, 
que a partir de 1961 começou a adotar a palavra como 
organismo vivo gerador de novos organismos vivos, ou 
seja, de novas palavras. 
Poema-processo: Coloca em segundo plano o signo 
verbal, em detrimento dos signos gráficos. Surgiu em 
1967 e foi idealizado por Wlademir Dias-Pino. 
Poesia social: No contexto do golpe militar de 1964, 
surge uma poesia engajada e política, representada, 
entre outros, por Ferreira Gullar, Tiago de Melo e Geir 
Campos. 
Tropicalismo: Originou-se, ainda na década de 60, nos 
festivais de M. P. B. realizados pela TV Record, que 
projetaram no cenário nacional, os jovens Caetano Veloso, 
Gilberto Gil, o grupo Os Mutantes e Tom Zé, apoiados em 
textos de Torquato Neto e Capinam e nos arranjos do 
maestro Rogério Duprat. Com humor, irreverência, 
atitudes rebeldes e anarquistas os tropicalistas procuravam 
combater o nacionalismo ingênuo que dominava o cenário 
brasileiro, retomando o ideário e as propostas do 
Movimento Antropofágico de Oswald de Andrade. 
Apresentavam ironia e paródia, humor e fragmentação da 
realidade; enunciação de flashes cinematográficos 
aparentemente desconexos, ruptura com os padrões 
tradicionais da linguagem.Suas influências foram 
fundamentais na música, mas repercutiram também na 
literatura e no teatro. Com o AI-5, seus representantes 
foram perseguidos e exilados. 
Poesia marginal: Surgiu na década de 1970, é chamada 
de “marginal” porque não possuía vínculos 
com editoras ou distribuidoras para edição e/ou 
publicação, ou seja, era produção independente, de 
“publicação alternativa” das obras e pela temática do 
humor e da irreverência em relação às grandes questões da 
época. Torna-se assim manifestação de denuncia e de 
protesto, uma explosão de literatura geradora de poemas 
espontâneos, mal-acabados, irônicos, coloquiais, que 
falam do mundo imediato do próprio poeta, zombam da 
cultura, escarnecem a própria literatura. São seus 
representantes: Chacal, Charles, Paulo Leminski, Ledusha, 
Ronaldo Bastos, Cacaso, Francisco Alvim, Glauco 
matoso, Roberto Piva, entre outros. 
Prosaísmo: Manuel de Barros e Adélia Prado se 
diferenciaram por criar uma literatura marcada pela 
expressão lírica muito particular de seus mundos, seja pela 
reinvenção das palavras, pela valorização do prosaico, 
pela exigência do exercício diferenciado do olhar do 
leitor. 
Destacam-se, na denominada “poesia independente” e na 
produção contemporânea, Ana Cristina César, César, 
Alice Ruiz, Antônio Cícero, José Paulo Paes, além de 
Eucanã Ferraz, Frederico Barbosa e Ar- Alice Ruiz, 
Antônio Cícero, José Paulo Paes, além de Eucanã Ferraz, 
Frederico Barbosa e Alice Ruiz, Antônio Cícero, José 
Paulo Paes, Eucanã Ferraz, Frederico Barbosa e Arnaldo 
Antunes. 
 
Prosa 
Com o desenvolvimento das novas tecnologias, na 
literatura não havia mais a separação entre a arte culta e a 
arte popular, o que importava no momento era a 
comunicabilidade. Houve uma incorporação entre todas as 
estéticas passadas de forma inovadora. E como forma de 
tornar os problemas sociais mais leves, investe-se no 
humor e no erotismo, muitas vezes, problemas sérios são 
tratados com humor. Na prosa brasileira, destacamos o 
conto, a crônica e o romance 
Os romances contemporâneos são diversificados, estão 
entre o antigo e o moderno, podendo ser apontadas várias 
tendências, entra elas: O ultrarrealismo ou realismo 
feroz, que ressalta a violência, usando a técnica do 
impacto o seu cenário é o urbano, seus principais autores 
são: Paulo Lins, (Cidade de Deus) Rubem Fonseca e João 
Antonio. O regionalismo, onde é a sobrevivência do 
regionalismo, destaca-se o autor João Ubaldo Ribeiro. O 
romance histórico, ficção e a verdade lado a lado, usam-
se episódios históricos, adaptando- o para a ficção. Ana 
Miranda ganhou notoriedade quando falamos dessa 
tendência literária no contexto contemporâneo, com o 
Livro Boca do Inferno, onde a história passa-se no seculo 
XVII, na Guerra dos Emboabas (Paulistas e Portugueses 
disputam o ouro em Minas Gerais ) 
As correntes imigratórias, onde são os conflitos e as 
experiências de imigrantes e seus desentendes. Raduan 
Nassar, que escreveu Lavoura arcaica, que descreve a a 
desagregação de uma família libanesa. Outro autor é 
Milton Hatoum, que conta em prosa a história de 
imigrantes libaneses na Amazônia. Outra tendência que 
merece destaque é a daqueles autores que questionam o 
narrar e suas normas e que se empenham na desconstrução 
da narrativa tradicional, manejando a intertextualidade, a 
colagem e a montagem e, em alguns casos, até recorrendo 
a ilustrações. Muitos nomes podem ser citados, como o de 
João Gilberto Noll, Chico Buarque de Hollanda e 
Bernardo Carvalho. 
http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4664171620992638223
http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4664171620992638223
http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4664171620992638223
 
Língua Portuguesa 
 
 
 
 
 
 
ENEM 53 
 O conto passa a ter um papel relevante na literatura, 
talvez como forma de explorar a semelhança entre esta e a 
notícia pela facilidade dos textos serem curtos e 
apresentarem elementos do cotidiano urbano 
contemporâneo, como a violência, a religião, a moral, etc. 
Autores: Dalton Trevisan, Sérgio Sant’anna, Ricardo 
Ramos, Domingos Pellegrini Jr. E Inácio de Loyola 
Brandão, Murilo Rubião e J.J. Veiga, Moacyr Scliar, Caio 
Fernando Abreu, Lygia Fagundes Teles, Autran Dourado, 
Luiz Vilela, Fernando Sabino, Heloísa Seixas e Otto Lara 
Rezende, entre outros. 
Outro tipo de gênero narrativo muito popular na literatura 
contemporânea é a crônica. Rubem Braga, Otto Lara 
Resende, Paulo Mendes Campos e Fernando Sabino foram 
alguns escritores que ajudaram a manter vivo o prestígio 
do gênero. Na atualidade, merecem destaque Carlos 
Heitor Cony, Luis Fernando Veríssimo e Martha Medeiros 
pela legião de leitores que conquistaram. 
Teatro contemporâneo 
O teatro no mundo atual 
Tudo começou com a peça “Vestido de Noiva” de Nelson 
Rodrigues. Antes, a produção teatral brasileiranão tinha 
muita relevância. Na maioria das vezes, as peças exibidas 
no teatro eram estrangeiras. A peça é apresentada com 
uma linguagem criativa, foi dividida em três planos: o da 
realidade, o da alucinação e o da memória. Essa divisão 
representou uma inovação nunca vista no palco. É 
considerada pelos críticos a obra que melhor se encaixa na 
definição de peça psicológica. Dez anos depois da peça 
Vestido de Noiva, surge no teatro brasileiro, Jorge 
Andrade, com a peça A moratória, que também significou 
uma inovação ao trazer o Brasil rural para o teatro. Essa 
tendência foi seguida por outros dramaturgos. 
Em 1957, Ariano Suassuna atribui à sociedade rural um 
novo tratamento, fundindo em sua obra tendências opostas 
como: o espontâneo e o elaborado, o popular e o erudito. 
A peça O auto da compadecida é um exemplo bem-
sucedido. A peça conta histórias folclóricas associadas a 
manifestações de religiosidade. É uma obra inspirada nas 
obras de Gil Vicente. 
A partir daí, surgiram outros dramaturgos que 
revolucionaram e revolucionam o teatro brasileiro. 
Surge o teatro de arena, que trouxe para o palco os 
problemas sociais causados pela industrialização da 
sociedade brasileira. Fizeram parte dessa tendência: 
Gianfrancesco Guarnieri ( Eles não usam blak-tie-1958), 
Oduvaldo Viana Filho ( Rasga coração), Dias Gomes ( O 
pagador de promessas). Na década de 60, aparece mais um 
autor revolucionário, Plínio Marcos, com as peças Dois 
perdidos numa noite suja e Navalha na carne, que traz à 
tona o problema da marginalidade e a hipocrisia da 
sociedade brasileira. 
Nos anos 70, inicia-se o teatro experimental, com 
interpretações mais despojadas e de criação coletiva. A 
primeira obra escrita nessa tendência foi Trate-me leão 
(1977), dirigido por Vaz Pereira, Regina Casé e Luis 
Fernando Guimarães. Era uma peça para a qual não havia 
cenário e muitas passagens eram improvisadas. 
Mais recentemente, o teatro do “besteirol” (esquetes 
criados para explorar situações cômicas da vida cotidiana) 
tem ajudado a dramaturgia brasileira a cair novamente nas 
graças do público. Peças como Batalha de arroz num 
ringue para dois, de Mauro Rasi, e Como encher um 
biquíni selvagem, Miguel Falabella, tornaram-se sucesso 
imediato, lotando centenas de apresentações feitas ao 
longo dos anos. 
Hoje, o teatro brasileiro conta com vários autores de 
grande estilo que produzem peças dramática e cômica 
maravilhosas. Entre eles destacamos Juca de Oliveira, 
Maria adelaide Amaral, Walcyr Carrasco, Leilah 
Assunção, Millôr Fernandes, Fernando Bonassi , Naum 
Alves de Souza, Mário Bortolotto e Rubens Rewald. 
De 1980 para cá, além da permanência de autores surgidos 
em outras fases, registra-se a estreia de diversos escritores. 
Prevalece a temática urbana, flagrando a violência, a 
exclusão social e os desequilíbrios psicológicos 
decorrentes de um contexto social caótico. 
 
Exercícios 
 
TEXTO I 
O meu nome é Severino, 
não tenho outro de pia. 
Como há muitos Severinos, 
que é santo de romaria, 
deram então de me chamar 
Severino de Maria; 
como há muitos Severinos 
com mães chamadas Maria, 
fiquei sendo o da Maria 
do finado Zacarias, 
mas isso ainda diz pouco: 
há muitos na freguesia, 
por causa de um coronel 
que se chamou Zacarias 
e que foi o mais antigo 
senhor desta sesmaria. 
Como então dizer quem fala 
ora a Vossas Senhorias? 
MELO NETO, J. C. Obra completa. Rio de Janeiro: 
Aguilar, 1994 (fragmento). 
TEXTO II 
João Cabral, que já emprestara sua voz ao rio, transfere-a, 
aqui, ao retirante Severino, que, como o Capibaribe, 
também segue no caminho do Recife. A auto apresentação 
do personagem, na fala inicial do texto, nos mostra um 
Severino que, quanto mais se define, menos se 
individualiza, pois seus traços biográficos são sempre 
partilhados por outros homens. 
 SECCHIN, A. C. João Cabral: a poesia 
do menos. Rio de Janeiro: Topbooks, 1999 (fragmento) 
 
 
 
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias 
 
 
 
 
 
 
 54 
Com base no trecho de Morte e Vida Severina (Texto I) e 
na análise crítica (Texto II), observa-se que a relação entre 
o texto poético e o contexto social a que ele faz referência 
aponta para um problema social expresso literariamente 
pela pergunta “Como então dizer quem fala / ora a Vossas 
Senhorias?“. A resposta à pergunta expressa no poema é 
dada por meio da 
a) descrição minuciosa dos traços biográficos do 
personagem-narrador. 
b) construção da figura do retirante nordestino como um 
homem resignado com a sua situação. 
c) representação, na figura do personagem-narrador, de 
outros Severinos que compartilham sua condição. 
d) apresentação do personagem-narrador como uma 
projeção do próprio poeta, em sua crise existencial. 
e) descrição de Severino, que, apesar de humilde, 
orgulha-se de ser descendente do coronel Zacarias. 
 
 
 
GABARITO 
 
Unidades Gabarito 
 1 E 
2 E 
3 E 
4 C 
5 C 
6 A 
7 E 
8 C 
9 Gramática 
10 Gramática 
11 Gramática 
12 Gramática 
13 Gramática 
14 Gramática 
15 A 
16 C 
17 B, C, C 
18 B 
19 A 
20 E 
21 B 
22 A 
23 A 
24 C 
25 A 
26 A 
27 C 
28 C

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