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. 1 Prefeitura Municipal de Goiânia/GO Auditor de Tributos do Município de Goiânia 1. O poder de tributar: competência tributária e capacidade tributária. ................................................. 1 2. Tributo: conceito e espécies (taxas, impostos, contribuição de melhoria e contribuições sociais/especiais). .................................................................................................................................. 11 3. Limitações ao poder de tributar: princípios e imunidades. .............................................................. 22 4. Legislação tributária: fontes do Direito Tributário, vigência, aplicação, integração e interpretação. 28 5. Obrigação tributária: conceito e espécies (principal e acessória). 6. Sujeitos ativos da obrigação tributária. 7. Sujeito passivo da obrigação tributária: contribuinte e responsável, solidariedade, responsabilidade por substituição, por sucessão, o terceiro responsável, responsabilidade por infrações. Repartição das Receitas Tributárias. ...................................................................................................... 37 8. Lançamento: competência, regras e modalidades. 9. Crédito tributário: suspensão. 10.Crédito tributário: extinção. 11. Crédito tributário: exclusão. ............................................................................... 47 12. Administração tributária: fiscalização. .......................................................................................... 70 13. Simples Nacional – Lei Complementar nº 123/2006 e alterações. ............................................... 75 14. Tributos Municipais: ISS, IPTU, ITBI (fato gerador, sujeito passivo e lançamento)..................... 121 Candidatos ao Concurso Público, O Instituto Maximize Educação disponibiliza o e-mail professores@maxieduca.com.br para dúvidas relacionadas ao conteúdo desta apostila como forma de auxiliá-los nos estudos para um bom desempenho na prova. As dúvidas serão encaminhadas para os professores responsáveis pela matéria, portanto, ao entrar em contato, informe: - Apostila (concurso e cargo); - Disciplina (matéria); - Número da página onde se encontra a dúvida; e - Qual a dúvida. Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhá-las em e-mails separados. O professor terá até cinco dias úteis para respondê-la. Bons estudos! 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 1 Competência tributária. Competência tributária é o poder constitucionalmente atribuído de editar leis que instituam tributos. Refere-se ao poder de criar tributos, sendo esse poder conferido pela Constituição Federal à União, aos Estados-membros, ao Distrito Federal e aos Municípios. O legislador constitucional determinou quais tributos cada ente político pode criar, bem como limitou esse poder de criação, impondo limites. O Código Tributário Nacional trata do tema nos artigos 6º a 8º: “Art. 6º A atribuição constitucional de competência tributária compreende a competência legislativa plena, ressalvadas as limitações contidas na Constituição Federal, nas Constituições dos Estados e nas Leis Orgânicas do Distrito Federal e dos Municípios, e observado o disposto nesta Lei. Parágrafo único. Os tributos cuja receita seja distribuída, no todo ou em parte, a outras pessoas jurídicas de direito público pertencerá à competência legislativa daquela a que tenham sido atribuídos. Art. 7º A competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra, nos termos do § 3º do artigo 18 da Constituição. § 1º A atribuição compreende as garantias e os privilégios processuais que competem à pessoa jurídica de direito público que a conferir. § 2º A atribuição pode ser revogada, a qualquer tempo, por ato unilateral da pessoa jurídica de direito público que a tenha conferido. § 3º Não constitui delegação de competência o cometimento, a pessoas de direito privado, do encargo ou da função de arrecadar tributos. Art. 8º O não-exercício da competência tributária não a defere a pessoa jurídica de direito público diversa daquela a que a Constituição a tenha atribuído.” O exercício do poder atribuído é uma faculdade, não uma imposição constitucional. Cada ente decide, de acordo com seus critérios de oportunidade e conveniência política, sobre seu exercício. No entanto, importante ressaltar que constituem requisitos essenciais da responsabilidade fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência constitucional do ente da federação (LRF, art. 11). Isso deve ser entendido com razoabilidade, já que se o tributo for antieconômico, não há como se entender pela obrigatoriedade de sua instituição. São características da competência tributária: - Indelegabilidade: a competência tributária é indelegável, conforme disposição expressa do artigo 7º do CTN; o ente político não pode delegar, conferir a outra pessoa de direito público a competência tributária que tenha recebido da Constituição Federal. O poder de tributar é exclusivo do ente político que o recebeu. - Irrenunciabilidade: o ente político pode até não exercer sua competência tributária, mas esta é irrenunciável, quem a possui não pode dela abrir mão. - Incaducabilidade: o poder de tributar é um poder-faculdade, o ente político o exerce quando lhe seja mais conveniente e oportuno, o fato de permanecer inerte e não criar o tributo não altera em nada sua competência tributária que permanece a mesma. O não exercício da competência não tem como consequência a perda da mesma. - Exclusividade: excetua esse princípio somente a possibilidade de instituição do imposto extraordinário de guerra; 1. O poder de tributar: competência tributária e capacidade tributária. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 2 - Inalterabilidade: não pode ser alterada pela própria pessoa jurídica que a detém; se uma pessoa política pretender, por meio de norma legal ou infra legal, dilatar as raias de sua competência tributária, de duas, uma: ou esta norma invadirá seara imune à tributação ou vulnerará competência tributária alheia. Em ambos os casos será inconstitucional. Classificação. Há classificação doutrinária dividindo a competência em: Competência privativa Refere-se à competência para criar impostos atribuída com exclusividade a um ente político. Os impostos tiveram sua competência para instituição definida pela CF/88 de maneira privativa. Assim, cabe privativamente a instituição dos seguintes impostos: a) À União: IR, II, IE, IOF, IPI, IEG, IGF, ITR, impostos residuais. b) Aos Estados e DF: IPVA, ITCMD, ICMS. c) Aos Municípios e DF; ISS, IPTU, ITBI. A lista de impostos dos Estados, DF e Municípios é absolutamente exaustiva, não podendo eles instituírem quaisquer outros. Já a da União é exemplificativa, já que os impostos residuais permitem a criação de uma série de outros impostos por meio de lei complementar, inclusive permitindo a bitributação e o bis in idem. Competência Tributária Comum É comum a competência para instituir taxas e contribuições de melhoria, já que caberá ao ente instituidor do serviço a sua cobrança. Porém, não se pode afirmar que todos os entes podem cobrar quaisquer taxas e contribuições de melhoria, já que a Constituição repartiu, também, competências administrativas, cabendo ao ente a quem ela foi deferida criar a respectiva taxa. O fato de os Estados-membros deterem a denominada competência residual na divisão constitucional de competências administrativas atribui a estes a competência residual para a instituição de taxas e contribuições de melhoria.Competência Tributária Cumulativa Prevista no art. 147 da CF/88, refere-se à competência da União em instituir impostos estaduais nos Territórios e os Municipais, caso eles não sejam divididos em Municípios, e da competência do DF instituir os impostos municipais em seu território. Por exemplo, a União poderia instituir, por meio de lei federal, o IPVA em dado território. Assim, possuem competência cumulativa a União e o DF. Competência Tributária Plena A União poderá instituir e cobrar todos os tributos previstos na Constituição da República, em caso de criação de Território e não sendo o território subdividido em Municípios. Seria o único caso de competência tributária plena. Entretanto, ela pode também, no caso de guerra externa ou sua iminência, exercer a bitributação e o bis in idem. Exercício da competência tributária. Como dito anteriormente, o exercício do poder atribuído é uma faculdade, não uma imposição constitucional. Cada ente decide, de acordo com seus critérios de oportunidade e conveniência política, sobre seu exercício. No entanto, importante ressaltar que constituem requisitos essenciais da responsabilidade fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência constitucional do ente da federação (LRF, art. 11). Isso deve ser entendido com razoabilidade, já que se o tributo for antieconômico, não há como se entender pela obrigatoriedade de sua instituição. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 3 Além disso, impôs a LRF a proibição de transferências voluntárias para os entes federados que deixem de instituir impostos de sua competência (art. 11, p. único). Dica! Em provas de concursos públicos, sugere-se seguir a literalidade da LRF, no sentido de que todos os tributos do ente devem ser instituídos e arrecadados, apesar de que, se na prática o tributo se revelar antieconômico, poderá o ente não instituí-lo. Porém, em provas que não se refiram direta ou indiretamente à LRF, deve-se entender que uma das características da competência tributária é a facultatividade do exercício. Capacidade tributária ativa. A competência tributária se distingue da capacidade tributária ativa. A primeira é o poder, a aptidão de criar tributos, é legislar instituindo tributos, já a segunda diz respeito à capacidade de ser sujeito ativo da relação jurídica tributária. A capacidade tributária ativa é a aptidão para ser colocado, por lei, na posição de sujeito ativo da relação tributária, ou seja, na posição de credor, com as prerrogativas que lhe são inerentes de fiscalizar o cumprimento das obrigações pelos contribuintes, lançar e cobrar os respectivos créditos tributários. Apenas as pessoas jurídicas de direito público é que têm capacidade tributária ativa, podendo, pois ser colocadas na posição de sujeito ativo de obrigações tributárias (art. 119 do CTN); aliás só as pessoas políticas de direito público desenvolvem atividade administrativa plenamente vinculada (art. 3º do CTN). Assim, sujeito ativo será o próprio ente político do qual a lei instituidora do tributo emana (posição esta que se presume) ou, se a lei expressamente designar, outras pessoa jurídica de direito público, ou seja, uma autarquia ou uma fundação. O INSS é uma autarquia federal colocada, por lei, na condição de sujeito ativo de diversas contribuições especiais.1 A capacidade tributária ativa é o poder de cobrar e fiscalizar o tributo; esta, ao contrário da competência tributária, é delegável a outras pessoas jurídicas de direito público. A delegação da capacidade tributária compreende as garantias e os privilégios processuais que competem à pessoa jurídica de direito público que a conferir. Importante o seguinte dispositivo do CTN: Art. 7º (...) (...) § 3º Não constitui delegação de competência o cometimento, a pessoas de direito privado, do encargo ou da função de arrecadar tributos. Esse dispositivo trata do caso, por exemplo, do estabelecimento bancário ou responsável por recolher determinado tributo ou de particulares que têm que reter na fonte determinados valores. O mero arrecadador não detém a capacidade tributária ativa, logo, não possui privilégio processual ou direito de ir a juízo cobrar. Imunidade tributária. A imunidade ocorre quando a Constituição Federal impede os entes de tributar determinadas situações, isso ocorre quando da delimitação da competência. Em termos simples, pode-se dizer que a imunidade é o impedimento constitucional de se tributar pessoas, coisas ou situações. Trata-se de hipótese de não incidência. Distinção entre imunidade, isenção e não incidência. Difere da isenção porque essa é concedida por meio de lei e é exercício de competência, podendo ser definida como a dispensa legal do pagamento. Trata-se de hipótese de exclusão do crédito tributário, uma vez que impede a formação do mesmo. 1 PAULSEN, Leandro. Direito tributário – Constituição e Código Tributário à Luz da Doutrina e da Jurisprudência. 6ª ed. rev. e atual. Porto Alegre: 2004. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 4 Perceba-se que na isenção há o fato gerador abstrato e concreto, porém não haverá o lançamento, uma vez que exclusão impede sua feitura. Já na imunidade sequer há fato gerador abstrato, portanto não poderá haver sua realização e tampouco lançamento, isso porque a imunidade é uma limitação constitucional ao poder de tributar. A isenção ocorre quando, o ente competente para instituir determinado tributo, resolve dispensar do pagamento certas pessoas e ou situações. É, portanto, uma faculdade daquele que detém a competência constitucional para instituir o tributo. IMUNIDADE ISENÇÃO Impedimento Constitucional à Tributação Causa de Exclusão do Crédito Tributário Delimitação de Competência/ Hipótese de Não Incidência Exercício da Competência Somente é Veiculada pela Constituição Federal Veiculada por meio de Lei Não há fato gerador Há fato gerador abstrato e concreto, porém não há lançamento. O rol de imunidades contidos nesse capítulo não é exaustivo, haja vista haver previsão de outras na Constituição Federal. Assim, sempre que a CF proibir a tributação de determinada situação ou pessoa, haverá imunidade. Atenção!!! Nem sempre a CF usa as expressões “imune”, “imunidade”. Muitas vezes as imunidades estão descritas com as seguintes expressões “não incidem”, “são isentos”. Ainda que se utilize a expressão isenção, em se tratando de impedimento constitucional à tributação, haverá imunidade. Vejamos o art. 5°, LXXIII que a um só tempo é exemplo de imunidade constante fora do rol do art. 150 e exemplo de imunidade veiculada sob a expressão “isento”. LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência; Imunidades em espécie. Imunidade Recíproca: contida no art. 150, IV, ‘a’, CF/88, é cláusula pétrea porque protege o pacto federativo. Proíbe que um ente tribute, por meio de imposto, a renda, o patrimônio e os serviço de outro. Como essa regra só é aplicável aos impostos, fica permitido a tributação por meio das demais espécies tributárias. Deve-se observar o disposto no § 2º do mesmo dispositivo legal que estende a imunidade para as autarquias e fundações públicas porém, diferentemente dos entes federados, esses órgãos somente terão imunidade se seu patrimônio, renda e serviços estiverem vinculados às suas finalidades essenciais. O § 3º veda a aplicação das imunidades ao patrimônio, à renda e aos serviços das empresas ou sociedades que, embora tenham capital público, sesujeitam às normas de direito privado ou que haja contraprestação ou pagamento pelo usuário. Isso se deve ao fato de a própria Constituição proibir a concorrência desleal. As pessoas jurídicas objeto de vedação são aquelas que atuam no mercado em concorrência com as pessoas jurídicas de direito privado. Ora, se essas recebem a imunidade, instala-se a concorrência desleal, visto que as demais continuarão a arcar com a carga tributária. Em que pese isso, o Supremo Tribunal Federal decidiu em 28 de fevereiro de 2013 pela extensão da imunidade recíproca aos Correios sob o fundamento de que a ECT realiza serviços essenciais e mesmo nas atividades em que há concorrência com a iniciativa privada, seu lucro é totalmente revertido para o cumprimento de suas finalidades institucionais. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 5 O Ministro Lewandowsk2 afirmou que a concessão da imunidade não constitui concorrência desleal, veja-se: “Não se pode equiparar os Correios a empresas comuns em termos de concorrência porque não concorre de forma igualitária com estas. Primeiro porque precisa contratar seus bens e serviços mediante a Lei 8.666/93, que engessa sobremaneira a administração pública”, afirmou o ministro ao destacar que “não há nenhuma disparidade de armas no que tange ao reconhecimento dessa imunidade fiscal relativamente aos Correios”. Ementa3 Recurso extraordinário com repercussão geral. 2. Imunidade recíproca. Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. 3. Distinção, para fins de tratamento normativo, entre empresas públicas prestadoras de serviço público e empresas públicas exploradoras de atividade. Precedentes. 4. Exercício simultâneo de atividades em regime de exclusividade e em concorrência com a iniciativa privada. Irrelevância. Existência de peculiaridades no serviço postal. Incidência da imunidade prevista no art. 150, VI, “a”, da Constituição Federal. 5. Recurso extraordinário conhecido e provido. A Corte também entendeu ser estendível a imunidade às sociedades de economia mista. Ricardo Alexandre4 explica: “resumindo a tese esposada, o Supremo Tribunal Federal afirmou que, sem prejuízo da necessidade de cumprimento de outros requisitos constitucionais e legais, a aplicabilidade da imunidade deve observar os seguintes requisitos (denominados “estágios” pela Corte): a) restringir-se à propriedade, bens e serviços utilizados na satisfação dos objetivos institucionais imanentes do ente federado; b) não beneficiar atividades de exploração econômica, destinadas primordialmente a aumentar o patrimônio do Estado ou de particulares; c) não deve ter como efeito colateral a quebra dos princípios da livre concorrência e do exercício de atividade profissional ou econômica lícita.”. Veja-se outros julgados importantes5: “Recurso extraordinário interposto de acórdão que considerou tributável propriedade imóvel utilizada pela Petrobras para a instalação e operação de condutos de transporte de seus produtos. Alegada imunidade tributária recíproca, na medida em que a empresa agravante desempenha atividade sujeita a monopólio. É irrelevante para definição da aplicabilidade da imunidade tributária recíproca a circunstância de a atividade desempenhada estar ou não sujeita a monopólio estatal. O alcance da salvaguarda constitucional pressupõe o exame (i) da caracterização econômica da atividade (lucrativa ou não), (ii) do risco à concorrência e à livre -iniciativa e (iii) de riscos ao pacto federativo pela pressão política ou econômica. A imunidade tributária recíproca não se aplica à Petrobras, pois: trata -se de sociedade de economia mista destinada à exploração econômica em benefício de seus acionistas, pessoas de direito público e privado, e a salvaguarda não se presta a proteger aumento patrimonial dissociado de interesse público primário; a Petrobras visa à distribuição de lucros, e, portanto, tem capacidade contributiva para participar do apoio econômico aos entes federados; a tributação de atividade econômica lucrativa não implica risco ao pacto federativo.” (RE 285.716-AgR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 2-3- 2010, Segunda Turma, DJE de 26-3-2010.). “A imunidade tributária gozada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) é da espécie recíproca (art. 150, VI, a, da Constituição), na medida em que a OAB desempenha atividade própria de Estado (defesa da Constituição, da ordem jurídica do Estado Democrático de Direito, dos direitos humanos, da justiça social, bem como a seleção e o controle disciplinar dos advogados). A imunidade tributária recíproca alcança apenas as finalidades essenciais da entidade protegida. O reconhecimento da imunidade tributária às operações financeiras não impede a autoridade fiscal de examinar a correção do procedimento adotado pela entidade imune. Constatado desvio de finalidade, a autoridade fiscal tem o poder -dever de constituir o crédito tributário e de tomar as demais medidas legais cabíveis. Natureza plenamente vinculada do lançamento tributário, que não admite excesso de carga.” (RE 259.976-AgR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 23-3-2010, Segunda Turma, DJE de 30-4-2010.) Vide: 2 Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=232199 3 Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%28RE%24%2ESCLA%2E+E+601392%2ENUME%2E%29+OU+%28RE %2EACMS%2E+ADJ2+601392%2EACMS%2E%29&base=baseAcordaos&url=http://tinyurl.com/b96q46d 4 ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado. São Paulo: Método, 2014. 5 Julgados disponíveis em: http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/publicacaoLegislacaoAnotada/anexo/Completo.pdf. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 6 RE 233.843, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 1º-12-2009, Segunda Turma, DJE de 18-12- 2009. “As sociedades de economia mista prestadoras de ações e serviços de saúde, cujo capital social seja majoritariamente estatal, gozam da imunidade tributária prevista na alínea a do inciso VI do art. 150 da CF.” (RE 580.264, Rel. p/ o ac. Min. Ayres Britto, julgamento em 16-12-2010, Plenário, DJE de 6-10-2011, com repercussão geral.). Imunidade Religiosa: como o Brasil é um estado laico, entendeu por bem o constituinte não permitir que fossem cobrados impostos das instituições religiosas, visto que esse poderia ser um meio utilizado para dificultar ou até mesmo impedir o exercício de determinada religião. Esse dispositivo deve ser interpretado em conjunto com o § 4º, de sorte que não somente o templo (prédio) seja imune mas, todo patrimônio, renda e serviços relacionados às atividades essenciais da instituição religiosa. Assim, se determinada igreja aluga a casa paroquial, a renda obtida é imune desde que empregada na manutenção das atividades essenciais. Nesse sentido, dois julgados do STF: “Recurso extraordinário. Constitucional. Imunidade Tributária. IPTU. Art. 150, VI, b, CF/1988. Cemitério. Extensão de entidade de cunho religioso. Os cemitérios que consubstanciam extensões de entidades de cunho religioso estão abrangidos pela garantia contemplada no art. 150 da Constituição do Brasil. Impossibilidade da incidência de IPTU em relação a eles. A imunidade aos tributos de que gozam os templos de qualquer culto é projetada a partir da interpretação da totalidade que o texto da Constituição é, sobretudo do disposto nos arts. 5º, VI, 19, I, e 150, VI, b. As áreas da incidência e da imunidade tributária são antípodas.” (RE 578.562, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 21-5-2008, Plenário, DJE de 12-9-2008.)”. "Instituição religiosa. IPTU sobre imóveis de sua propriedade que se encontram alugados. A imunidade prevista no art. 150, VI, b, CF, deve abranger não somente os prédios destinados ao culto, mas, também, o patrimônio, a renda e os serviços ‘relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelasmencionadas’. O § 4º do dispositivo constitucional serve de vetor interpretativo das alíneas b e c do inciso VI do art. 150 da CF. Equiparação entre as hipóteses das alíneas referidas." (RE 325.822, Rel. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 18-12-2002, Plenário, DJ de 14-5-2004.) No mesmo sentido: ARE 658.080-AgR, Rel. Min. Luiz Fux, julgamento em 13-12-2011, Primeira Turma, DJE de 15-2-2012; AI 690.712-AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 23-6-2009, Primeira Turma, DJE de 14- 8-2009; AI 651.138-AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 26-6-2007, Segunda Turma, DJ de 17-8- 2007.”. Imunidade dos Partidos Políticos, Sindicatos de Trabalhadores e Entidades Educacionais e Assistenciais sem fins lucrativos: Ao conferir imunidade aos partidos políticos, buscou o legislador constituinte proteger o pluralismo político, necessário para a manutenção da democracia. As entidades sindicais são imunes devido à necessidade de efetivar a liberdade de associação sindical, prevista constitucionalmente. Para que as entidades educacionais e assistenciais sem fins lucrativos gozem da imunidade precisam atender aos requisitos previstos em lei complementar, obedecendo ao disposto no art. 146, II, CF. Como essa lei não foi editada, utiliza-se o art. 14 do CTN, abaixo: Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é subordinado à observância dos seguintes requisitos pelas entidades nele referidas: I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título; II - aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais; III - manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão. § 1º Na falta de cumprimento do disposto neste artigo, ou no § 1º do artigo 9º, a autoridade competente pode suspender a aplicação do benefício. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 7 § 2º Os serviços a que se refere a alínea c do inciso IV do artigo 9º são exclusivamente, os diretamente relacionados com os objetivos institucionais das entidades de que trata este artigo, previstos nos respectivos estatutos ou atos constitutivos. Os rendimentos obtidos por essas instituições, se aplicados em suas finalidades essenciais, também gozam de imunidade; ex: estacionamento, aluguel de imóvel, etc. Veja-se a Súmula 724 do STF: Súmula 724. Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, c, da Constituição, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades essenciais de tais entidades”. Imunidade Cultural: tem por objetivo facilitar o acesso à cultura, promover a livre manifestação do pensamento, proporcionar a expressão artística, científica e intelectual bem como favorecer o acesso à informação. Por ser uma imunidade objetiva somente proíbe a cobrança de impostos sobre livros, jornais, periódicos e sobre o papel destinado a impressão desses. Logo, o estabelecimento comercial que os vende, por exemplo, não está imune. Sobre a possibilidade ou não de estender a imunidade aos demais materiais que são utilizados na confecção dos livros, jornais e periódicos, seguem alguns julgados do STF: Súmula 657 do STF - A imunidade prevista no art. 150, VI, d, da CF, abrange os filmes e papéis fotográficos necessários à publicação de jornais e periódicos. “A imunidade tributária relativa a livros, jornais e periódicos é ampla, total, apanhando produto, maquinário e insumos. A referência, no preceito, a papel é exemplificativa, e não exaustiva.” (RE 202.149, Rel. p/ o ac. Min. Marco Aurélio, julgamento em 26-4-2011, Primeira Turma, DJE de 11-10-2011.) Em sentido contrário: RE 324.600-AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 3-9-2002, Primeira Turma, DJ de 25-10-2002. Vide: RE 178.863, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 25-3-1997, Segunda Turma, DJ de 30-5-1997. “A imunidade tributária prevista no art. 150, VI, d, da CF não abrange os serviços prestados por empresas que fazem a distribuição, o transporte ou a entrega de livros, jornais, periódicos e do papel destinado a sua impressão. Precedentes. O STF possui entendimento no sentido de que a imunidade em discussão deve ser interpretada restritivamente.” (RE 530.121-AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 9-11-2010, Primeira Turma, DJE de 29-3-2011.) No mesmo sentido: RE 630.462-AgR, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 7-2-2012, Segunda Turma, DJE de 7-3-2012; RE 206.774, Rel. Min. Ilmar Galvão, julgamento em 3-8-1999, Primeira Turma, DJ de 29-10-1999. Discute a doutrina acerca da possibilidade da imunidade ser aplicada aos livros e publicações que ocorrem por outro meio que não o impresso, como os softwares e os chamados e-books. Muitos se mostram favorável posto que estar-se-ia cumprindo com o objetivo para o qual a imunidade foi criada. Outros, discordam por não haver previsão legal, já que a CF utiliza o termo “papel”. Os Tribunais ainda não se posicionaram concretamente sobre a matéria, portanto, caso haja questão sobre a temática é aconselhável que se afirme que não é estendível. Imunidade da Música Nacional: essa limitação foi introduzida pela EC 75/2013 oriunda da aprovação da chamada PEC da Música e proíbe a tributação de fonogramas e videofonogramas musicais desde que produzidos no Brasil e que contenham obras de autores brasileiros ou interpretadas por artistas nacionais. A intenção do legislador foi combater à pirataria e facilitar o acesso à cultura. Perceba-se que a imunidade atinge todos os suportes materiais e digitais que contenham fonogramas e videofonogramas, exceto a replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 8 Ricardo Alexandre6 trata dos tributos que a imunidade abrange: “Da mesma forma que comentado para as demais imunidades constantes do art. 150, VI, da Constituição Federal, deve-se atentar para o fato de que a imunidade musical somente se aplica a impostos, não impedindo a cobrança de contribuições como PIS, COFINS, CSLL etc. Além disso, por incidir sobre a renda dos agentes envolvidos com a produção, gravação, replicação, distribuição e venda dos fonogramas e videofonogramas, e não sobre estes arquivos, a incidência do Imposto de Renda não foi impedida pela nova regra. De maneira semelhante, tendo em vista o entendimento do STF no sentido de que a imunidade cultural não impede a incidência do ISS sobre os serviços de composição gráfica voltada para a impressão de livros, jornais e periódicos (AgRg no AI 723.018), tem-se como bastante provável que a Corte entenda pela incidência do imposto sobre os serviços de contratação de estúdio, músico, mixagem, produção fonográfica e videofonográfica. Por conseguinte, somente estão abrangidos pela imunidade os impostos que incidiriam diretamente sobre os fonogramas e videofonogramas se não fora o impeditivo constitucional. Nesta situação estão o IPI e o ICMS, que incidiriam na etapa de “prensagem” (salvo na replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser), e o ICMS, que incidiria sobre a distribuição e a venda, seja da mídia física, seja dos arquivos disponibilizados on-line. Na hipótese de exportação, também a incidência do imposto de exportação estará impedida.” Questões 01. (TCM/GO - Auditor Controle Externo – Jurídica – FCC/2015) A Constituição Federal atribui competência à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios para instituir impostos, taxas e contribuições de melhoria. Essas pessoas jurídicas de direito público também têm competência para instituir contribuições. De acordo com a Constituição Federal, os Municípios podem instituir contribuições (A) 1. cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefício destes, do regime previdenciário estatutário e2. para o custeio do serviço de iluminação pública, na forma das respectivas leis. (B) 1. para o custeio do serviço de iluminação pública, na forma das respectivas leis, 2. sociais e 3. cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefício destes, do regime previdenciário estatutário. (C) 1. para o custeio do serviço de iluminação pública, na forma das respectivas leis, 2. cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefício destes, do regime previdenciário estatutário e 3. de intervenção no domínio econômico. (D) 1. de intervenção no domínio econômico e 2. de interesse das categorias profissionais ou econômicas. (E) 1. de intervenção no domínio econômico, 2. sociais e 3. de interesse das categorias profissionais ou econômicas. 02. (TCM/GO - Auditor Conselheiro Substituto – FCC/2015) De acordo com a Constituição Federal, os Municípios brasileiros podem (A) instituir imposto sobre a transmissão causa mortis de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição. (B) em caráter excepcional, mediante lei complementar e prévia autorização do Senado Federal, instituir empréstimos compulsórios, no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse social. (C) instituir imposto sobre a prestação de serviços de qualquer natureza, definidos em lei complementar, inclusive a prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, definida na Lei Complementar n° 87/1996. (D) mediante prévia autorização do Congresso Nacional, e por meio de lei complementar, instituir empréstimos compulsórios para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública. (E) instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observados os princípios da legalidade, anterioridade, anterioridade nonagesimal (noventena) e da irretroatividade. 03. (PC/CE - Delegado de Polícia Civil de 1a Classe – VUNESP/2015) Cabe ao Distrito Federal o imposto sobre (A) exportação para o exterior de produtos nacionais ou nacionalizados (IE). (B) a importação de produtos estrangeiros (II). (C) a propriedade predial e territorial urbana (IPTU). 6 ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado. São Paulo: Método, 2014. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 9 (D) produtos industrializados (IPI). (E) operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários (IOF). 04. (SEFAZ- MT - Auditor Fiscal Tributário da Receita Municipal - Prova 2 - FGV - 2014) Com relação ao Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF), assinale a afirmativa correta. (A) Pode ser instituído pela União, pelos Estados e pelos Municípios, no exercício de competência concorrente. (B) Pode ser instituído pela União, mas, enquanto esta não o fizer, poderão instituí-lo os Estados, no exercício de competência supletiva. (C) Pode ser instituído pela União, mas, enquanto esta não o fizer, poderão instituí-lo os Municípios, no exercício de competência supletiva. (D) Pode ser instituído apenas pela União, por meio de lei complementar, inexistindo competência concorrente ou supletiva de qualquer outro ente público. (E) Pode ser instituído apenas pela União, por meio de lei ordinária, inexistindo competência concorrente ou supletiva de qualquer outro ente público. 05. (PGM - Niterói - Procurador do Município, 3ª Categoria (P3) – FGV/2014) Para custear serviço de saúde em favor de seus servidores, o Município X institui, por lei ordinária, contribuição compulsória equivalente a um dia de remuneração dos funcionários públicos a seu serviço. A esse respeito, assinale a afirmativa correta. (A) A lei municipal é inconstitucional, porque tal contribuição só poderia ser instituída por lei complementar. (B) A lei municipal é constitucional, pois se insere no exercício da autonomia político-administrativa do Município. (C) A lei municipal é inconstitucional, por violação à vedação de exigência de tributo com efeito confiscatório. (D) A lei municipal é constitucional, pois compete ao Município instituir contribuição, cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefício destes, do regime previdenciário próprio. (E) A lei municipal é inconstitucional, porque só à União compete instituir contribuições sociais para custeio da seguridade social, que abrange os serviços de saúde. 06. (LIQUIGAS - Profissional Júnior - Ciências Contábeis – CESGRANRIO/2014) Na organização constitucional das competências tributárias, existem tributos exclusivos da União. Nessa categoria, encontra-se a(o) (A) contribuição social (B) taxa sobre serviços de água (C) contribuição de iluminação pública (D) imposto sobre doações (E) imposto sobre serviços 07. (Prefeitura de Recife/PE - Auditor do Tesouro Municipal - Prova II – FGV/2014) Com relação à competência tributária, assinale a afirmativa correta. (A) Permite que uma pessoa jurídica de direito público delegue a outra a atribuição de executar leis em matéria tributária, conforme a legislação. (B) Significa que todos os entes políticos que compõem a Federação estão dotados de competência legislativa plena. (C) Representa o poder que é outorgado pela Constituição Federal para a criação de tributos a todos os entes administrativos de direito público. (D) Admite a delegação da administração dos tributos, porém não confere ao delegatário as garantias e privilégios do poder delegante. (E) Autoriza que pessoa jurídica de direito público possa exercer, em caráter residual, a competência conferida a outrem que, entretanto, não a exerce. 08. (TJ/SP - Titular de Serviços de Notas e de Registros – Provimento – VUNESP/2014) Em relação à competência residual tributária da União Federal, outorgada pela Constituição, é correto afirmar que: (A) esse direito não está sujeito ao princípio de legalidade e somente pode ser utilizado em caso de guerra ou comoção interna grave. (B) é o direito de instituir taxas e contribuições de melhoria. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 10 (C) é direito de a União instituir impostos não previstos no artigo 154, I da Carta Magna, desde que eles sejam não cumulativos e não tenham base de cálculo própria dos demais impostos descritos na Constituição. (D) é o direto de a União instituir impostos e contribuições sociais por lei complementar, desde que não cumulativos. 09. (DESENVOLVESP – Advogado – VUNESP/2014) A competência tributária para instituir imposto sobre a propriedade territorial rural pertence (A) exclusivamente à União. (B) privativamente aos municípios que optarem por fiscalizar e cobrar o imposto, na forma da lei, conforme determina a Constituição Federal. (C) concorrentemente à União e aos municípios que optarem por fiscalizar e cobrar o imposto, na forma da lei, conforme determina a Constituição Federal. (D) concorrentemente à União e ao Distrito Federal. (E) residualmente aos Estados e ao Distrito Federal, caso optem por fiscalizar e cobrar o imposto, na forma da lei, conforme determina a Constituição Federal. 10. (Câmara dos Deputados - Analista Legislativo - Consultor Legislativo Área III – CESPE/2014) O fato de o produto da arrecadação do imposto de renda retido na fonte ser destinado aos estados e ao Distrito Federal não retira a competência tributária ativa da União. ( ) Certo ( ) Errado Respostas 01. Resposta: A A regra de competência para as contribuições está descrita nos arts. 149 e 149-A da Constituição. Em regra, a competência é da União, contudo, há duas exceções. A primeira refere-se às contribuições para custeio de regime previdenciário em que são competentes os Estados, o Distrito Federal e os Municípios (art. 149, § 1º). A segunda confere competência paraos Municípios e o Distrito Federal instituírem contribuições para o custeio do serviço de iluminação pública (art. 149-A). 02. Resposta: E Essa alternativa está de acordo com o previsto no art. 149-A da Constituição Federal. 03. Resposta: C O Distrito Federal é competente para estabelecer os impostos estaduais (art. 155, CF) e municipais (art. 156, CF). Logo, pode instituir o Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana. 04. Resposta: D Os impostos atribuídos aos entes da federação pela Constituição são de competência privativa, logo, somente o ente competente poderá instituí-lo. Como a competência é facultativa, cabe ao ente verificar a conveniência da instituição. Em não exercendo essa faculdade, não poderá outro fazê-lo. Logo, o IGF, imposto de competência privativa da União, só pode ser instituído por ela e por nenhum outro ente. 05. Resposta: E De acordo com o art. 149 e 149-A da Constituição, os municípios são competentes para instituir contribuições para custeio de regime de previdência e para o custeio do serviço de iluminação pública. Dessa forma, lei que crie contribuição para outra finalidade é inconstitucional. 06. Resposta: A De acordo com a Constituição Federal (art. 149) somente a União pode instituir contribuições sociais. As taxas podem ser instituídas pelo ente que exerce a contraprestação, ou seja, é um tributo de competência comum. A contribuição para custeio da iluminação pública é de competência dos municípios e do Distrito Federal. Os impostos sobre doação competem aos Estados e ao Distrito Federal e os impostos sobre serviços são de competência dos municípios. 07. Resposta: A 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 11 De acordo com o art. 7º do CTN, a competência tributária é indelegável mas, a capacidade tributária ativa pode ser delegada. Essa envolve as funções de arrecadar, fiscalizar e executar leis. 08. Resposta: C A competência residual que somente a União possui está descrita no art. 154, I da CF e deve ser exercida por meio de lei complementar. Por meio da competência residual, a União fica autorizada a instituir impostos diferentes dos que estão previstos na Constituição, ou seja, que nela não estejam previstos e que não tenham o mesmo fato gerador e nem a mesma base de cálculo daqueles impostos já previstos. 09. Resposta: A De acordo com a Constituição Federal (art. 153, VI) o ITR é imposto de competência exclusiva da União. 10. Resposta: CERTO O fato de o produto da arrecadação do imposto de renda ser destinado aos estados e ao Distrito Federal nada tem que ver com a competência e sim com a repartição constitucional de rendas. Competência é a capacidade conferida pela Constituição a determinado ente para instituição de tributos. Nesse caso, a competência é exclusiva da União, de acordo com o art. 153, III. 2 Tributo. 2.1 Conceito. Tributo vem conceituado no art. 3º do CTN: Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. A primeira palavra utilizada para descrever tributo foi “prestação” e isso é da mais extrema importância, haja vista que toda obrigação jurídica tem por objeto uma prestação, seja ela de dar, de fazer, de não fazer, etc. Logo, vê-se que o tributo tem natureza jurídica obrigacional. Essa prestação é pecuniária, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir o que significa que é uma obrigação mensurável economicamente, que deve ser cumprida, em regra, em dinheiro, especificamente na moeda corrente no País, o que exclui o pagamento do tributo por meio do recebimento de coisas ou através da prestação de serviços. Existe, contudo, uma exceção que é a dação em pagamento, prevista no art. 156, IX, CTN. Por esse instituto é possível que o devedor entregue para a Fazenda Pública um bem imóvel a fim de extinguir o crédito tributário. O tributo é ainda uma prestação compulsória ou seja, na relação jurídico-tributária, diferentemente da relação contratual cível, não cabe manifestação de vontade das partes. Assim, a prestação é obrigatória porque decorrente da vontade da lei, não cabendo disposição de vontade das partes. O sujeito deve cumprir com a obrigação tributária não porque quer, mas porque realizou o fato gerador e, portanto, incidiu em hipótese que a lei determina o cumprimento de obrigação, qual seja, o pagamento. O tributo não deve constituir sanção de ato ilícito. Essa característica deve ser analisada sob dois ângulos. Primeiro, tributo não é sanção, não é penalidade, não é castigo, logo, ele não é instituído para punir o cidadão, ao contrário, o instrumento sancionatório é a multa. O segundo ângulo diz que não se pode tributar ato ilícito, ou seja, não se pode ter por fato gerador de um tributo um ato ilícito. Isso não significa que a renda e os bens que são obtidos por meios ilícitos não estejam sujeitos à tributação. Veja: não se pode ter um tributo cujo fato gerador seja o tráfico de substância entorpecentes (ato ilícito) mas, se determinado traficante compra uma casa, ela será tributada pelo IPTU. Isso porque para o Direito 2. Tributo: conceito e espécies (taxas, impostos, contribuição de melhoria e contribuições sociais/especiais). 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 12 Tributário não importa de onde veio o recurso, importa somente que o sujeito realizou o fato gerador. É o princípio segundo o qual o dinheiro não tem cheiro. Todo tributo é uma prestação instituída em lei, em decorrência do princípio da legalidade e do princípio democrático. Logo, somente a lei pode criar um tributo. De acordo com o princípio da legalidade previsto no art.5º, II da Constituição Federal, somente a lei pode obrigar alguém a fazer ou deixar de fazer alguma coisa. Ora, se o tributo implica em obrigação, ele somente pode ser instituído mediante lei. Deve ainda o tributo ser cobrado mediante atividade administrativa plenamente vinculada, o que significa que o agente público não exerce nenhum juízo de discricionariedade no que reporta à cobrança. Não se pode escolher entre cobrar ou não o tributo, ao contrário, deve-se total obediência à lei e se é a lei quem determina a cobrança, o agente obedece. Para ser considerado tributo se faz necessário a presença de todos esses cinco elementos. Aspecto Material O aspecto material do tributo, segundo ensinamento de Paulo de Barros Carvalho7 é o critério que faz referência a um comportamento seja ele de pessoas físicas ou jurídicas, de forma a designar o fazer, o não fazer, o dar e o ser. Logo, percebe-se que o critério material está sempre ligado a um verbo. Ex: circular mercadorias, ser proprietário de veículo automotor, etc. De acordo com Geraldo Ataliba8, o aspecto material é o mais complexo aspecto da hipótese de incidência, visto que contém a designação de todos os dados de ordem objetiva, que descreve os aspectos que lhe são substanciais, que lhe dão suporte, ou seja, é a própria consistência material do fato. A alíquota e a base de cálculo são dados que compõem o aspecto quantitativo do tributo, que é aquele que reporta ao valor, ao quantum será pago a título de tributo. São, portanto, os parâmetros utilizados para o cálculo do valor. A base de cálculo, como o próprio nome indica é o elemento sobre o qual a alíquota será aplicada para se descobrir o valor da obrigação tributária. Ex: valor venal do imóvel. A alíquota pode ser: Específica: é aquela em que o valor a ser pago se dá de acordo com unidade de quantificação, ex: Suponha-se que para determinada mercadoria a alíquota específica seja de trinta reais para cada cem unidades. Se o sujeito importou mil unidades, deverá pagar 300 reais a título de imposto de importação. Ad valorem: é aquele percentual que é aplicado sobrea base de cálculo para se saber qual o valor do tributo. Ex: imagine que a alíquota que incide sobre sua casa é de 2% e que a base de cálculo seja o valor venal do imóvel. Se sua casa possui o valor venal de R$ 200.000,00, você deverá pagar, a título de IPTU R$ 4.000,00. Os tributos são classificados em: - Quanto à Discriminação das Rendas por Competência: Federais: são os tributos de competência da União; Estaduais: os tributos de competência dos estados e Distrito Federal; Municipais: tributos de competência dos Municípios e Distrito Federal. Pelo fato de o Distrito Federal ter competência para instituir os tributos estaduais e municipais, a doutrina classifica sua competência como cumulativa. - Quanto ao Exercício da Competência Impositiva: Privativos: aqueles cuja competência a Constituição conferiu somente a determinado ente. Ex: IPVA, somente os estados podem instituí-lo, por isso é um tributo de competência privativa dos estados. Comuns: são aqueles que a Constituição disse ser de competência de todos os entes. Ex: taxas Residual: reportam à criação dos impostos previstos no art. 154, I, CF e das contribuições sociais para a seguridade social previstas no art. 195, § 4° também da Constituição. - Quanto à Finalidade: Fiscais: são aqueles cuja principal função é arrecadar recursos para os cofres públicos. Extrafiscais: a principal função é intervir no domínio econômico ou em uma situação social. Ex: Imposto de Importação e ITR. 7 CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2007 8 ATALIBA, Geraldo. Hipótese de Incidência Tributária. São Paulo: Malheiros, 1999. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 13 Parafiscais: são os tributos que se destinam a custear os serviços públicos de competência do Estado mas, que são desenvolvidos por outra pessoa jurídica. - Quanto à Hipótese de Incidência: Vinculados: são os tributos em que há uma contraprestação específica por conta do Estado. Ex: taxa de coleta de lixo. Ela é paga porque existe o serviço de coleta de lixo, logo o sujeito paga o tributo para receber ou após receber uma contraprestação específica. Não Vinculados: são aqueles tributos em que inexiste a contraprestação específica. Assim, o sujeito deve pagá-los porque realizou o fato gerador. É o caso dos impostos. O valor arrecadado com os impostos são aplicados nas mais diversas áreas de atuação do Estado, logo, o cidadão receberá uma contraprestação mas, em forma de serviços públicos, nada específico. -Quanto ao Destino da Arrecadação: Vinculada: quando todo o dinheiro arrecadado dever ser empregado em determinada(s) atividade(s). Ex: Empréstimo Compulsório, todo o valor arrecadado deve ser empregado na situação que deu origem à instituição do referido tributo. Não Vinculada: o Estado escolhe onde empregar o dinheiro arrecadado. Ex: impostos. -Quanto à Possibilidade de Repercussão do Encargo Econômico-Financeiro: Diretos: são os tributos em que o sujeito passivo da relação jurídico-tributária é quem deve suportar os encargos financeiros do tributo, não tendo possibilidade de repassar a outrem. Indiretos: são os tributos em que há um contribuinte de direito (aquele que realiza o fato gerador) e um contribuinte de fato (aquele que suporta o encargo econômico). Ex: ICMS: o contribuinte de direito é o estabelecimento que realiza a saída da mercadoria mas, quem suporta o encargo financeiro é o consumidor (contribuinte de fato). -Quanto aos Aspectos Objetivos e Subjetivos do Fato Gerador: Reais: são aqueles que incidem sobre bens, sobre coisas. Ex: IPVA: incide sobre o veículo automotor, sem se importar com a pessoa que é seu proprietário. Pessoais: levam em consideração as características pessoais do sujeito passivo. Ex: Imposto de Renda: preocupa-se com os dependentes, os gastos em determinadas áreas, etc. -Quanto às bases econômicas de incidência: Sobre o comércio exterior: Imposto de Importação e Imposto de Exportação. Sobre o patrimônio ou a renda: Imposto de Renda, ITR, IGV, IPVA, ITCMD, IPTU e ITBI. Impostos extraordinários: Imposto Extraordinário de Guerra. 2.2 Natureza jurídica. A NATUREZA JURÍDICA dos tributos é regulamentada pelo art. 4º do Código Tributário Nacional: Art. 4º A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la: I - a denominação e demais características formais adotadas pela lei; II - a destinação legal do produto da sua arrecadação. Vê-se que o fato gerador é o elemento que define a natureza jurídica do tributo, não importando o nome que a ele foi atribuído e nem mesmo o destino da arrecadação. Para o estudo do fato gerador é preciso distinguir os tributos vinculados dos não vinculados. Os primeiros são aqueles em que há uma contraprestação específica por parte do Estado. Ex: taxa, toda vez que uma pessoa paga uma taxa, ela recebe algo do Estado. Paga-se a taxa de coleta de lixo e tem-se o serviço de coleta de lixo, ou seja, o contribuinte paga o tributo para receber algo em troca do Estado. Já nos tributos não vinculados, o contribuinte tem o dever de pagar o tributo porque realizou o fato gerador mas, não receberá nada específico por parte do Estado a exemplo dos impostos. Logo, para se saber a natureza jurídica do tributo deve-se analisar seus elementos e verificar em qual espécie tributária ele se enquadra. Conhecendo isso é possível descobrir a natureza jurídica do tributo. Em concursos públicos, em regra, é cobrada a literalidade do art. 4º, acima transcrito. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 14 O Código Tributário Nacional adotou a teoria tripartida, pela qual a natureza jurídica do tributo vinculado é de imposto e dos não vinculados de taxa ou contribuição de melhoria. 2.3 Espécies. Existem três principais correntes sobre as espécies de tributos: a) Teoria dualista: são espécies tributárias apenas as taxas e os impostos; b) Teoria tripartida: adotada pelo CTN, são espécies as taxas, os impostos e as contribuições de melhoria; c) Teoria pentapartida ou quinquipartida: adotada pelo STF, são espécies os impostos, as taxas, os empréstimos compulsórios, as contribuições de melhoria e as contribuições especiais. 2.4 Imposto. São tributos não vinculados que tem incidência sobre as manifestações de riqueza por isso, diz-se que os impostos promovem a solidariedade social, afinal, aquele que, de alguma forma manifesta riqueza se obriga a fornecer recursos para o Estado cumprir com suas obrigações e objetivos. Alguns doutrinadores preferem dizer que os impostos incidem sobre fatores econômicos como a renda, a produção e a propriedade. Ambas as posições são harmônicas, haja vista que os fatos econômicos nada mais são do que manifestações de riqueza. Veja-se a definição do art. 16 do CTN: Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte. Percebe-se que o próprio conceito de imposto afirma ser esse um tributo não vinculado. Suas receitas, em regra, também não são vinculadas, cabendo ao administrador público, utilizando os critérios de conveniência e oportunidade, decidir pela melhor destinação. Dizer que o imposto é um tributo não vinculado significa que o cidadão deve pagá-lo, mas não receberá do Estado nenhuma prestação específica. O dever de pagar o imposto decorre unicamente da lei. Embora não se receba contraprestação direta e específica, os contribuintes de todos os impostos são beneficiados pela renda arrecadada pelos mesmos, haja vista que essas financiam vários serviços públicos como segurança, saúde, educação. Imagine que uma pessoa compre um automóvel. Nesse ato ela realiza o fato gerador do IPVA e deverá pagá-lo, contudo, nãoirá e não terá o direito de receber, em contrapartida, estradas e vias melhores porque o IPVA é um imposto e, como tal, é não vinculado. O dinheiro arrecadado pelo IPVA poderá ser aplicado no financiamento de outros serviços públicos que não a manutenção e conservação de vias e estradas públicas. De acordo com o art. 145, § 1º da Constituição Federal sempre que for possível os impostos devem respeitar a capacidade contributiva, leia-se: § 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. Impostos de caráter pessoal são aqueles que incidem de forma subjetiva, ou seja que considera os aspectos pessoais do contribuinte. Ex: Imposto de Renda: esse considera aspectos subjetivos como a quantidade de dependentes, os gastos com educação, saúde e previdência, etc. Já os impostos de caráter real são aqueles que desconsideram os aspectos subjetivos e incidem sobre uma determinada base econômica. Assim, pelo princípio da capacidade contributiva, o legislador deve considerar a possibilidade de instituir impostos de caráter pessoal e, se isso for possível, deve fazê-lo. 2.5 Taxa. São tributos vinculados e de competência comum pois, podem ser instituídos por todos os entes da Federação, desde que prestem o serviço ou exerçam o poder de polícia. Sua definição está no art. 145, II da Constituição Federal e 77 do Código Tributário Nacional. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 15 Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: [...] II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição; Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que correspondam a imposto nem ser calculada em função do capital das empresas. Dos dispositivos acima pode-se concluir que a taxa possui dois fatos geradores, quais sejam o exercício regular do poder de polícia e a prestação de serviço público específico e divisível, efetivo ou posto à disposição do contribuinte. Poder de Polícia: é uma atividade administrativa fundamentada no princípio da supremacia do interesse público. O art. 78 do CTN o define: Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando- se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder. Pelo poder de polícia os interesses individuais são restringidos de forma que o bem coletivo seja preservado. É exercido pela polícia administrativa. Ex: fiscalização. Imagine que João tenha um restaurante e que atenda diariamente uma média de 300 pessoas. Certo dia a vigilância sanitária bate às portas do estabelecimento comercial de João a fim de verificar se o mesmo segue todas as normas referentes à higiene. A fiscalização estará exercendo o poder de polícia e João deve submeter-se a esse procedimento, ou seja, o direito de propriedade e direito à livre iniciativa de João estão sendo restringidos em prol do bem comum: saúde dos consumidores. O mesmo ocorre com a inspeção veicular, com a expedição de alvarás, etc. Serviços Públicos Específicos e Divisíveis, Efetivos ou Potenciais: os serviços públicos são específicos quando o contribuinte sabe o que está pagando. Assim, se desejo retirar um passaporte, pago a taxa sabendo que é para a utilização do serviço de emissão desse documento. Para ser divisível é preciso que se possa identificar os usuários daquele serviço, que se possa mensurar quem e quanto cada um utilizou daquele serviço. Foi justamente por faltar a divisibilidade que o custeio do serviço de iluminação pública não pode ser cobrado mediante taxa, afinal, não é possível identificar todos os seus beneficiários. Veja-se Súmula a esse respeito: STF – Súmula 670 – O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa. O serviço efetivo é aquele efetivamente prestado ao contribuinte, a exemplo do serviço de coleta de lixo. Já o serviço potencial é aquele posto à disposição do contribuinte, como o serviço de combate a incêndio. O contribuinte não o utiliza cotidianamente mas, se precisar, ele está disponível. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 16 As taxas não podem ter a mesma base de cálculo ou o mesmo fato gerador dos impostos, contudo, a adoção de um ou alguns elementos da base de cálculo é permitida. Esse é o entendimento do STF, esposado na Súmula Vinculante nº 29, veja-se: STF – Súmula Vinculante 29 – é constitucional a adoção no cálculo do valor de taxa de um ou mais elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral identidade entre uma base e outra. Sobre os serviços dispõe o CTN: Art. 79. Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram-se: I - utilizados pelo contribuinte: a) efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título; b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua disposição mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento; II - específicos, quando possam ser destacados em unidades autônomas de intervenção, de utilidade, ou de necessidades públicas; III - divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um dos seus usuários. Art. 80. Para efeito de instituição e cobrança de taxas, consideram-se compreendidas no âmbito das atribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, aquelas que, segundo a Constituição Federal, as Constituições dos Estados, as Leis Orgânicas do Distrito Federal e dos Municípios e a legislação com elas compatível, competem a cada uma dessas pessoas de direito público. 2.6 Contribuição de melhoria. A Contribuição de melhoria é um tributo de competência comum, assim, todo o ente que fizer a obra pública que valorizar imóveis, é competente para a sua cobrança. Está descrita no art. 145, III da Constituição Federal: Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: [...] III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas. O fato gerador da contribuição de melhoria é a valorização imobiliária decorrente de obra pública. Assim, se uma obra pública valorizar sua casa, você deve pagar esse tributo, haja vista ser proibido o enriquecimento sem causa no ordenamento jurídico brasileiro. Perceba-se então que, são dois os requisitos da contribuição de melhoria: obra pública e valorização imobiliária. A contribuição de melhoria possui dois limites, quais sejam: o individual(o contribuinte não pode pagar valor maior que o quantum da valorização experimentada) e geral (a soma das contribuições não pode ultrapassar o valor total da obra). Imagine que foi construída uma escola pública municipal no seu bairro. O custo total da escola foi de um milhão de reais. Antes da construção, sua casa valia R$ 100.000, 00. Após a obra passou a valer R$ 150.00,00, ou seja, houve uma valorização de R$ 50.000,00. De acordo com esse exemplo, você poderá pagar até R$ 50.000,00 a título de contribuição de melhoria (limite individual) e o município não poderá receber mais de um milhão de reais, somando-se os valores pagos por todos os contribuintes (limite geral). Veja-se a regulamentação do Código Tributário: Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 17 realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado. Art. 82. A lei relativa à contribuição de melhoria observará os seguintes requisitos mínimos: I - publicação prévia dos seguintes elementos: a) memorial descritivo do projeto; b) orçamento do custo da obra; c) determinação da parcela do custo da obra a ser financiada pela contribuição; d) delimitação da zona beneficiada; e) determinação do fator de absorção do benefício da valorização para toda a zona ou para cada uma das áreas diferenciadas, nela contidas; II - fixação de prazo não inferior a 30 (trinta) dias, para impugnação pelos interessados, de qualquer dos elementos referidos no inciso anterior; III - regulamentação do processo administrativo de instrução e julgamento da impugnação a que se refere o inciso anterior, sem prejuízo da sua apreciação judicial. § 1º A contribuição relativa a cada imóvel será determinada pelo rateio da parcela do custo da obra a que se refere a alínea c, do inciso I, pelos imóveis situados na zona beneficiada em função dos respectivos fatores individuais de valorização. § 2º Por ocasião do respectivo lançamento, cada contribuinte deverá ser notificado do montante da contribuição, da forma e dos prazos de seu pagamento e dos elementos que integram o respectivo cálculo. 2.7 Empréstimo compulsório. Nessa espécie tributária, o contribuinte é obrigado a emprestar dinheiro para o Estado sempre que realizar o fato gerador. Veja-se a definição constante do art. 148 da Constituição: Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios: I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, "b". Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição. A primeira consideração a se fazer é que os empréstimos compulsórios são tributos de competência privativa da União, portanto, somente ela pode instituí-los. Para fazer isso, deve utilizar de lei complementar, sob pena de inconstitucionalidade formal. O empréstimo compulsório somente pode ser instituído quando ocorrerem os motivos descritos nos incisos do artigo supra e todos os recursos angariados com essa espécie devem ser aplicados na situação que motivou sua instituição, logo, são classificados como tributos de receita vinculada. Assim, se a União institui empréstimo compulsório para atender a despesas extraordinárias na área da saúde, toda a receita deve ser destinada para a área da saúde. Qualquer desvio, implica em crime de responsabilidade. Importante notar que, em regra, o empréstimo compulsório é exceção ao princípio da anterioridade, seja do exercício financeiro seguinte, seja nonagesimal, porém, se o motivo que ensejou sua instituição for o descrito no inciso II deve-se obedecer o princípio da anterioridade do exercício financeiro seguinte. A lei que institui tal tributo deve conter especificações quanto à forma e o prazo para a devolução dos valores emprestados. 2.8 Contribuições. Conforme disposto no texto Constitucional: Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 18 § 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão contribuição, cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefício destes, do regime previdenciário de que trata o art. 40, cuja alíquota não será inferior à da contribuição dos servidores titulares de cargos efetivos da União. § 2º As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico de que trata o caput deste artigo: I - não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação; II - incidirão também sobre a importação de produtos estrangeiros ou serviços; III - poderão ter alíquotas: a) ad valorem, tendo por base o faturamento, a receita bruta ou o valor da operação e, no caso de importação, o valor aduaneiro. b) específica, tendo por base a unidade de medida adotada. § 3º A pessoa natural destinatária das operações de importação poderá ser equiparada a pessoa jurídica, na forma da lei. § 4º A lei definirá as hipóteses em que as contribuições incidirão uma única vez. Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III. Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica. Da leitura dos dispositivos supra, extrai-se que a União é a única competente para instituir as contribuições sociais, as contribuições de intervenção no domínio econômico e as contribuições de interesse de categorias profissionais ou econômicas. As únicas exceções constam do § 1º do mesmo artigo e no art. 149-A. O § 2º declara que as receitas decorrentes da exportação são imunes às contribuições sociais e às contribuições de intervenção no domínio econômico. Logo, os exportadores estão imunes ao pagamento do PIS, da COFINS e de qualquer outra contribuição que incida sobre a receita originária da exportação. As contribuições sociais dividem-se em contribuições de seguridade social, contribuições sociais gerais e outras contribuições sociais. As contribuições sociais para o financiamento da seguridade social são reguladas pelo art. 195 da Constituição, veja-se: Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; b) a receita ou o faturamento; c) o lucro; II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201; III - sobre a receita de concursos de prognósticos. IV - do importador de bens ou serviçosdo exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. § 1º - As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios destinadas à seguridade social constarão dos respectivos orçamentos, não integrando o orçamento da União. § 2º - A proposta de orçamento da seguridade social será elaborada de forma integrada pelos órgãos responsáveis pela saúde, previdência social e assistência social, tendo em vista as metas e prioridades estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias, assegurada a cada área a gestão de seus recursos. § 3º - A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, como estabelecido em lei, não poderá contratar com o Poder Público nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios. § 4º - A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 19 § 5º - Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total. § 6º - As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, "b". § 7º - São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. § 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados permanentes, contribuirão para a seguridade social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei. § 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput deste artigo poderão ter alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão da atividade econômica, da utilização intensiva de mão-de-obra, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho. § 10. A lei definirá os critérios de transferência de recursos para o sistema único de saúde e ações de assistência social da União para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e dos Estados para os Municípios, observada a respectiva contrapartida de recursos. § 11. É vedada a concessão de remissão ou anistia das contribuições sociais de que tratam os incisos I, a, e II deste artigo, para débitos em montante superior ao fixado em lei complementar. § 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão não-cumulativas. § 13. Aplica-se o disposto no § 12 inclusive na hipótese de substituição gradual, total ou parcial, da contribuição incidente na forma do inciso I, a, pela incidente sobre a receita ou o faturamento. Essas contribuições não se sujeitam ao princípio da anterioridade do exercício financeiro seguinte, assim podem ser cobradas no mesmo exercício financeiro em que foram instituídas ou majoradas. Contudo, devem respeitar ao princípio da anterioridade nonagesimal. O supremo Tribunal Federal classifica como contribuições sociais gerais aquelas que são destinadas para outras áreas de atuação da União, como por exemplo, o salário-educação. Ainda pertencem a essa categoria as contribuições para financiar os serviços sociais autônomos, como o SESI e o SENAI. As contribuições para intervenção no domínio econômico possuem natureza extrafiscal, pois sua principal função é a intervenção no domínio econômico por meio da destinação da arrecadação para uma determinada atividade, configurando assim, um incentivo. As contribuições corporativas tem natureza parafiscal, visto que sua função é a arrecadação de recursos para financiar atividades de interesses de instituições que representam e fiscalizam as categorias profissionais e econômicas. A contribuição sindical encontra amparo no art. 8º, IV da Constituição. É obrigatória para todos os aqueles que exercem atividade dentro de uma categoria econômica ou profissional, bem como para os profissionais liberais. É destinada aos sindicados ou às federações sindicais, na ausência dos primeiros. Somente estão dispensados do pagamento desse tributo os aposentados. A contribuição para o custeio da iluminação pública – COSIP – encontra previsão no art. 149-A da CF, o qual atribui competência para os Municípios e o Distrito Federal institui-la. A própria Constituição vinculou o valor arrecadado à sua finalidade, ou seja, ao custeio da iluminação pública, de sorte que é defeso ao administrador utilizar esse recurso para outra finalidade. Questões 01. (TCM/GO - Auditor Controle Externo – Jurídica – FCC/2015) A Constituição Federal atribui competência à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios para instituir impostos, taxas e contribuições de melhoria. Essas pessoas jurídicas de direito público também têm competência para instituir contribuições. De acordo com a Constituição Federal, os Municípios podem instituir contribuições: (A) 1. cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefício destes, do regime previdenciário estatutário; e 2. para o custeio do serviço de iluminação pública, na forma das respectivas leis. (B) 1. para o custeio do serviço de iluminação pública, na forma das respectivas leis,2. sociais e 3. cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefício destes, do regime previdenciário estatutário. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 20 (C) 1. para o custeio do serviço de iluminação pública, na forma das respectivas leis, 2. cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefício destes, do regime previdenciário estatutário e 3. de intervenção no domínio econômico. (D) 1. de intervenção no domínio econômico e 2. de interesse das categorias profissionais ou econômicas. (E) 1. de intervenção no domínio econômico, 2. sociais e 3. de interesse das categorias profissionais ou econômicas. 02. (SEFAZ/MT - AUDITOR FISCAL TRIBUTÁRIO DA RECEITA MUNICIPAL – FGV/2014) Assinale a opção que apresenta elemento estranho ao conceito legal de tributo. (A) Prestação compulsória (B) Prestação pecuniária (C) Prestação com natureza de sanção (D) Prestação cobrada mediante atividade administrativa vinculada (E) Prestação instituída em lei 03. (MANAUSPREV – Procurador Autárquico – FCC/2015) De acordo com o que estabelece o Código Tributário Nacional, a contribuição de melhoria é um tributo que pode ser cobrado (A) em decorrência da valorização de imóvel de propriedade da pessoa jurídica de direito público que nele realizou benfeitorias. (B) como consequência do aumento do faturamento dos estabelecimentos comerciais próximos ao local em que foi realizada a obra pública que atraiu a freguesia. (C) como resultado da melhoria do fluxo viário de determinada região, em razão de obra pública realizada em suas cercanias. (D) em decorrência da melhoria da qualidade de vida de uma região, com o consequente aumento do valor dos imóveis ali localizados, ocasionada pela remoção das indústrias poluentes daquela área. (E) de sujeito passivo que teve seu imóvel valorizado em decorrência da realização de obra pública. 04. (SEFAZ/PI – Auditor Fiscal da Fazenda Estadual – FCC/2015) O caput do art. 77 do Código Tributário Nacional estabelece que as taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. Para fins de aplicação da norma acima transcrita, I. consideram-se serviços públicos divisíveis, osque podem ser prestados em parceria formada por duas ou mais pessoas jurídicas de direito público. II. consideram-se serviços públicos efetivamente utilizados pelo contribuinte, aqueles por ele usufruídos a qualquer título. III. consideram-se serviços públicos específicos, os que constam expressamente de contratos firmados entre a pessoa jurídica de direito público e o contribuinte utente do serviço. IV. consideram-se serviços públicos potencialmente utilizados pelo contribuinte, aqueles prestados por pessoa jurídica de direito público diversa da que instituiu a taxa. V. considera-se regular o exercício do poder de polícia, quando desempenhado pelo órgão competente, nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder. Está correto o que se afirma APENAS em (A) II e V. (B) IV e V. (C) I, II e V. (D) I, III e IV. (E) II, III e IV 05. (SEFAZ/BA – Agente Fiscal de Tributos Estaduais – FCC/2014) Sobre as contribuições relacionadas na Constituição Federal, é correto afirmar que (A) as contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 21 (B) os recursos arrecadados com a contribuição de intervenção no domínio econômico serão destinados, exclusivamente, para ações e serviços públicos de saúde e para a manutenção e desenvolvimento do ensino. (C) a União tem competência privativa para instituir contribuição previdenciária dos servidores dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, cuja alíquota não será inferior à da contribuição dos servidores titulares de cargos efetivos da União. (D) às contribuições sociais aplicam-se os princípios constitucionais da anterioridade (ano-calendário) e da anterioridade nonagesimal (noventena), cumulativamente. (E) todas as contribuições relacionadas na Constituição Federal são denominadas “contribuições parafiscais”, porque ocorre o fenômeno denominado “parafiscalidade”. 06. (SEFAZ/PE – Auditor Fiscal do Tesouro Estadual – FCC/2014) De acordo com a Constituição Federal, (A) a União poderá instituir, mediante lei ordinária, na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação. (B) a União poderá instituir, mediante lei ordinária, impostos não compreendidos em sua competência tributária, desde que sejam não cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados na Constituição Federal. (C) a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir contribuição de melhoria, decorrente de obra pública, ainda que não haja valorização imobiliária dela decorrente. (D) a União poderá instituir empréstimos compulsórios, mediante medida provisória, no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional. (E) os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública. 07. (SEFAZ/PE – Auditor Fiscal do Tesouro Estadual – FCC/2014) O Município de Caruaru-PE, mediante a edição da Lei no 5.658/2014, instituiu a cobrança de TLP - Taxa de Limpeza Pública, que tem como fato gerador os serviços de conservação e limpeza de logradouros públicos pelo referido município. Na situação hipotética, a cobrança desse tributo é (A) ilegítima, pois a competência para estabelecer cobrança de taxa sobre serviços de conservação e limpeza de logradouros públicos é do Estado. (B) ilegítima, pois o fato gerador corresponde a serviço público universal e indivisível, que não possibilita a individualização dos respectivos usuários. (C) legítima, pois visa a custear a prestação de serviços públicos específicos e divisíveis, ostentando o caráter retributivo inerente às taxas. (D) legítima, pois o fato gerador corresponde a serviço público universal e indivisível, prescindindo da individualização dos respectivos usuários. (E) ilegítima, pois o fato gerador, próprio de imposto, deve ser custeado pelas receitas decorrentes de sua exigência. 08. (LIQUIGAZ – Profissional Junior – CESGRANRIO/2014) Na organização constitucional das competências tributárias, existem tributos exclusivos da União. Nessa categoria, encontra-se a(o) (A) contribuição social (B) taxa sobre serviços de água (C) contribuição de iluminação pública (D) imposto sobre doações (E) imposto sobre serviços Respostas 01. Resposta: A. De acordo com a Constituição Federal, especificamente no § 1º do art. 149, os municípios são competentes para instituir contribuição a ser cobrada de seus servidores, para custeio, em benefício destes, do regime previdenciário. Já o art. 149-A autoriza os municípios a instituírem contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública. Logo, somente essas são de competência do município. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 22 02. Resposta: C. O art. 3º do CTN traz a definição de tributo e dela é possível se extrair seus elementos, veja-se: Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. Logo, a única alternativa incorreta é a que afirma que o tributo é prestação com natureza de sanção. Em direito tributário, a multa tem natureza sancionatório, não o tributo, conforme já explicado anteriormente. 03. Resposta: E. O fato gerador da contribuição de melhoria é a valorização imobiliária decorrente de obra pública. Assim, todo aquele que tem seu imóvel valorizado por causa de uma obra pública deve pagar o tributo. 04. Resposta: A. Serviços públicos divisíveis são aqueles que se pode identificar o usuário portando, a assertiva I está incorreta. Serviços públicos específicos são aqueles que o contribuinte identifica, ou seja, sabe para que está pagando portanto, errada também a assertiva III. Os serviços públicos potenciais são aqueles postos à disposição do contribuinte, podendo ele usufruir dos mesmos a qualquer momento logo, a assertiva IV está errada. Assim, somente estão corretas as assertivas II e V. 05. Resposta: A. Essa alternativa traz a imunidade prevista no art. 149, § 2º, I da Constituição Federal. 06. Resposta: A. O art. 154, em seu inciso I, exige a utilização de lei complementar para a instituição dos chamados impostos residuais, contudo, no que reporta aos impostos extraordinários (II) não há nenhuma exigência, logo, pode a União valer-se de lei ordinária para institui-los. 07. Resposta: B. O município de Caruaru não pode cobrar a taxa de limpeza pública pois, esse é um serviço não divisível uma vez que não se pode identificar os usuários. Taxa é tributo que tem como fato gerador a prestação de serviço público específico e divisível, potencial ou efetivo. Logo, a TLP é ilegítima. 08. Resposta: A. De acordo com o art. 149 da Constituição Federal, as contribuições sociais são tributos de competência exclusiva da União. Limitações do poder de tributar. Os tributos são criados de acordo com a competência tributária que a Constituição Federal atribui à União, Estados, Distrito Federal e Município, de modo que é estabelecido parâmetros que tutelam os valores que ela considera relevantes, tais como os direitos e garantias individuais. Sabe-se, assim, que o poder de tributar do Estado não pode ser ilimitado para que não haja violação dos direitos humanos e fundamentais, por isto que a ordem constitucional impões certos limites ao Estado para a realização de tal atividade. Limitações ao poder de tributar é o conjunto dos princípios e normas quedisciplinam os balizamentos da competência tributária. Neste prisma, limitação ao poder de tributar consiste em instrumentos que limitam a competência tributária do fisco, isto é, a delimitação do poder tributário do Estado de criar e arrecadar tributos. Os limites ao poder de tributar, ou seja, o exercício da competência tributária desdobra-se nos princípios constitucionais tributários e nas imunidades. Diante dos princípios e das demais normas constantes do texto constitucional, pode-se afirmar que são duas as principais características do sistema tributário: I) a rigidez, isto é, a Constituição não fornece ao legislador ordinário a liberdade para desenhar-lhe qualquer traço fundamental, uma vez que ela própria determina o campo de cada uma dessas pessoas dotadas de competência tributária; II) exaustão e complexidade, onde a Constituição estabelece todos os contornos do sistema, pouco relegando à legislação ordinária. 3. Limitações ao poder de tributar: princípios e imunidades. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 23 Na mesma linha de pensamento Eduardo Sabbag aduz que: A Constituição Federal impõe limites ao poder de tributar, ou seja, limites à invasão patrimonial tendente à percepção estatal do tributo. Essas limitações advêm, basicamente, dos princípios e das imunidades constitucionais tributárias estão inseridas nos arts. 150, 151, e 152 da Carta Magna. É de se salientar ainda que o Estado não pode agir na seara tributária sem respeitar o contribuinte, de modo a reduzi-lhe a dignidade, a individualidade e a privacidade. O governo não pode, portanto, sob a justificativa da arrecadação violar a Constitucional, isto é, violar os princípios constitucionais, que são os instrumentos dos Direitos Humano. Conforme disposto na CF/88, o assunto é tratado em seção própria: Seção II DAS LIMITAÇÕES DO PODER DE TRIBUTAR Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos; III - cobrar tributos: a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado; b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou; c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b; IV - utilizar tributo com efeito de confisco; V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público; VI - instituir impostos sobre: a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; b) templos de qualquer culto; c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser. § 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I. § 2º A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes. § 3º As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel. § 4º As vedações expressas no inciso VI, alíneas "b" e "c", compreendem somente o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 24 § 5º A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços. § 6º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, § 2.º, XII, g. § 7º A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição de responsável pelo pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente, assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso não se realize o fato gerador presumido. Art. 151. É vedado à União: I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País; II - tributar a renda das obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como a remuneração e os proventos dos respectivos agentes públicos, em níveis superiores aos que fixar para suas obrigações e para seus agentes; III - instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. Art. 152. É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino. Princípios do Direito Tributário. Os princípios constitucionais tributários compõem a delimitação do poder tributário conferido aos entes públicos, prevalecendo sobre todas as normas jurídicas, as quais têm validade apenas quando os princípios constitucionais são obedecidos. Esses princípios visam à proteção do contribuinte e uma solução interpretativa para o legislador. Conforme art. 150 da Constituição Federal de 1988, “sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios”, além das vedações citadas, apresentam-se outros princípios constitucionais necessários ao adequado entendimento do Sistema Tributário Brasileiro: Princípio da legalidade: (é vedado) cobrar ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça, ou seja, o imposto será devido apenas quanto da existência de uma lei que determine sua cobrança ou majoração (CF, art. 150, inciso I); Princípio da isonomia tributária: (é vedado) aplicar tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, ou seja, verifica-se a premissa de que todos são iguais perante a lei (CF, art. 150, inciso II);Princípio da irretroatividade tributária: (é vedado) exigir tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado. Assim, os fatos geradores serão tributados após a vigência da lei que tenha previsto a incidência do imposto (CF, art. 150, inciso: III, alínea: a); Princípio da anterioridade da lei: (é vedado) exigir tributos no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou (CF, art. 150, inciso: III, alínea: b); Princípio da Uniformidade Geográfica: os tributos cobrados pela União devem ser iguais em todo o território nacional, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados à promoção do equilíbrio e desenvolvimento socioeconômico de determinadas regiões do País (CF, art. 151, inciso: I); Princípio da Capacidade Contributiva: considera a capacidade econômica individual do contribuinte, assim o tributo será graduado conforme a capacidade do contribuinte, com o objetivo de proceder à 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 25 redistribuição de renda, exigindo mais dos contribuintes com maior capacidade econômica e reduzindo ou isentando os contribuintes com menor capacidade econômica (CF, art. 145, § 1º); Princípio da Vedação ao Confisco: o tributo cobrado deve ser justo, não podendo configurar-se em um ônus tão elevado que represente um confisco da renda ou bem do contribuinte. Constitui-se em um limite do poder de tributar concedido pela CF à União, Estado, Distrito Federal e Municípios (CF, art. 150, IV); Princípio da Imunidade Recíproca: a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios não podem instituir impostos sobre: (a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; (b) templos de qualquer culto; (c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; (d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. (CF, art. 150, VI); Princípio da Imunidade de Tráfego: nenhuma lei tributária poderá restringir ou limitar o tráfego no território nacional de pessoas ou bens, exceto a cobrança de pedágio pela utilização de vias públicas (CF, art. 150, V; CTN, art. 9º, III); Princípio da Transparência: a lei cuidará para que os contribuintes obtenham esclarecimentos referentes aos impostos incidentes sobre mercadorias e serviços (CF, art. 150, § 5º); Os princípios constitucionais tributários, além de proteger os interesses dos contribuintes contra excessos de arrecadação dos entes públicos, servem de norte aos legisladores para que o Sistema Tributário Nacional promova sua função básica essencial de promover a distribuição de renda e o bem- estar social. As imunidades foram tratadas no capítulo 1, ao qual remetemos o leitor. Questões 01. (MPT - Procurador - MPT/2013) No que diz respeito à tributação, considerando-se o texto constitucional e a jurisprudência do STF, considere as seguintes afirmações: I. É constitucional a lei do município que reduz o imposto predial urbano sobre imóvel ocupado pela residência do proprietário, que não possua outro. II. As taxas cobradas em razão exclusivamente dos serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis, são constitucionais, ao passo que é inconstitucional a cobrança de valores tidos como taxa em razão de serviços de conservação e limpeza de logradouros e bens públicos. III. O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa. IV. É inconstitucional a incidência do imposto sobre serviços de qualquer natureza (ISS) sobre operações de locação de bens móveis. Assinale a alternativa correta: (A) apenas as assertivas II e IV estão corretas. (B) apenas as assertivas I e III estão corretas. (C) apenas as assertivas III e IV estão corretas. (D) todas as assertivas estão corretas. (E) não respondida. 02. (TJ/RR - Titular de Serviços de Notas e de Registros - CESPE/2013) Acerca do poder de tributar, assinale a opção correta: (A) se a lei institui imposto sem alíquota, pode a administração integrá-la. (B) os particulares são os destinatários dos princípios jurídicos da tributação. (C) a imediatidade das medidas provisórias é incompatível com as normas tributárias, de maneira que entende o STF que tal instrumento normativo não pode veicular quaisquer regulações tributárias colocadas sob a égide da reserva legal. (D) a imunidade tributária, no Brasil, pode alcançar os impostos, as taxas, as contribuições de melhoria, os empréstimos compulsórios e as contribuições especiais. (E) do contribuinte só podem ser exigidos tributos quando se verificarem, no mundo fenomênico, os pressupostos de fato descritos em uma norma legal. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 26 03. (TRF/2ª Região - Juiz Federal - CESPE/2013) Assinale a opção correta acerca do Sistema Tributário Nacional: (A) compete aos estados a instituição de imposto sobre transmissão inter vivos, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física. (B) o produto da arrecadação do imposto sobre renda e proventos de qualquer natureza, incidente na fonte, pertence à União, mesmo que recaia sobre rendimentos pagos pelos estados. (C) os municípios e o DF poderão instituir taxa, na forma das respectivas leis, para custeio do serviço de iluminação pública. (D) o município pode atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual não superior ao índice oficial de correção monetária. (E) o aumento da alíquota do imposto sobre renda e proventos de qualquer natureza deve obedecer aos princípios da anterioridade anual e nonagesimal. 04. (AL/ES CESPE/2012) Acerca das limitações ao poder de tributar e dos impostos dos entes da Federação, assinale a opção CORRETA de acordo com a jurisprudência do STF: (A) a denominada imunidade tributária recíproca entre os entes da Federação se aplica em face de todas as espécies tributárias dispostas na CF. (B) é vedada pela CF a edição de lei municipal que estabeleça a incidência de alíquota progressiva ao imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana. (C) é vedado à União dispor sobre a isenção de impostos de competência estadual, ainda que em decorrência de sua atuação no âmbito internacional. (D) o estado-membro tem competência constitucional para instituir contribuição compulsória para custeio de serviços de assistência médica, hospitalar, odontológica e farmacêutica de seus servidores. (E) o estado-membro pode, no exercício da competência legislativa plena, dispor acerca de imposto sobre doação de bens móveis, considerando a ausência de lei complementar nacional que regule o tema. 05. (TCE/SP - FCC/2012) É aplicação do princípio da igualdade sob o aspecto material, em âmbito tributário, a disposição constitucional segundo a qual: (A) os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte. (B) o Governo poderá estabelecer critérios especiais de tributação, com o objetivo de prevenir desequilíbrios da concorrência. (C) a União poderá instituir impostos para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência. (D) cabe à lei complementar estabelecer normas gerais sobre definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e empresas de pequeno porte. (E) compete à União estabelecer normas gerais sobre a instituição de contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas. 06. (TJ/CE - TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS - IESES/2012) Leia atentamente as proposições abaixo e assinale a quese apresentar CORRETA: (A) consoante os ditames do sistema constitucional tributário, é aplicável a imunidade recíproca às autarquias e empresas públicas que prestam serviço público indireto, ainda que distribuam suas rendas e resultados, direta ou indiretamente, a particulares. (B) é vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino. (C) nos termos da Constituição da República, a imunidade tributária recíproca é integralmente aplicável às taxas. (D) a União ostenta competência constitucional concorrente para conceder isenções de tributos de competência dos Estados. 07. (SEFAZ/RJ - AUDITOR FISCAL DA RECEITA ESTADUAL – FGV/2012) Suponha que, em setembro de 2010, o Presidente da República tenha editado medida provisória majorando a alíquota de determinado imposto. Nesse caso, é correto afirmar que a medida provisória é: (A) constitucional, mas só produzirá efeito em 2011 se tiver sido convertida em lei em 2010. (B) inconstitucional, pois medida provisória não pode dispor sobre matéria reservada a lei complementar. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 27 (C) constitucional e produz efeito imediatamente após a sua edição. (D) inconstitucional, pois medida provisória não pode dispor sobre direito tributário. (E) inconstitucional, pois medida provisória pode instituir tributo, mas não pode alterar alíquota. Respostas: 01. Resposta: “D”. Item “I” – correto. Súmula nº 539, do Supremo Tribunal Federal: é constitucional a lei do Município que reduz o imposto predial urbano sobre imóvel ocupado pela residência do proprietário, que não possua outro. Item “II” – certo. Súmula Vinculante nº 19 que a taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis, não viola o artigo 145, II, da Constituição Federal. Item “III” – certo. Súmula nº 670 do STF: serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa. Item “IV”- correto. Súmula Vinculante nº 31. Resposta: assinalada como correta é a letra “D”. 02. Resposta: “E”. Letra “A” – incorreta. A fixação de alíquota deve ocorrer por meio de lei, e não por ato da administração pública (art. 97, IV, CTN). Letra “B” – incorreta. Princípios jurídicos da tributação previstos no art. 150, CF são aplicados ao Poder Público. Letra “C” – incorreta. Em matéria tributária temos normas que autorizam a cobrança imediata de um tributo instituído ou majorado (art. 150, §1º, CF). A imediatidade das medidas provisórias não é incompatível com as normas tributárias, o que torna a Resposta: errada (art. 62, §2º, CF). Letra “D” - incorreta. Certo é que a Lei Fundamental prevê imunidades a variadas espécies de tributos, e não apenas aos impostos (150, VI, CF), mas também para a taxa (art. 5º, XXXIV, LXXIII, LXXIV, LXXVI e LXXVII, CF), para a contribuição social e CIDE (art. 149, §2º, I, CF) e para a contribuição social (art. 195, §7º, CF). Todavia, não há previsão de imunidade para as contribuições de melhoria e para os empréstimos compulsórios. Letra “E” – correta. Conforme o art. 114 do Código Tributário Nacional que o fato gerador da obrigação principal, que é o pagamento, é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência. No direito tributário a lei deve prever a hipótese de incidência do tributo, que representa a situação abstrata capaz de gerar a relação jurídico-tributária. 03. Resposta: “D”. Resposta: “D” – correta – STJ pacificou entendimento de que é defeso, ao Município, atualizar IPTU, mediante decreto, em percentual superior ao índice oficial de correção monetária (Súmula nº 160, STJ). Este posicionamento decorre da regra tributária de que somente por lei pode ser aumentado o valor do tributo. Dessa forma a atualização do IPTU em valor superior ao índice oficial de correção monetária não pode ser realizado por decreto, já que somente a lei pode realizar este aumento do tributo. Por outro lado, é possível a atualização do valor, mediante decreto, em percentual não superior ao índice oficial de correção monetária. 04. Resposta: “E”. CORRETA a alternativa “E”, de modo que ao Estado compete instituir e cobrar imposto sobre doação de quaisquer bens ou direitos (art. 155, I, CF). 05. Resposta: “D”. O Princípio da Igualdade, sob aspecto material, consiste em tratar desigualmente os desiguais. Assim, a alternativa CORRETA é a letra “D”, pois cabe à lei complementar estabelecer normas gerais sobre definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e empresas de pequeno porte (art. 146, III, “D”, CF). Aliás, esta lei existe, e é a Lei Complementar nº 123/06, que consagra o chamado “Estatuto da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte”. 06. Resposta: “B”. É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino. Eis o teor do art. 152, da Lei Maior pátria. 07. Resposta: “A”. Nos termos do art. 62, §2º, da Constituição Federal, medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos (exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV e V, e art. 154, II), somente produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada.Assim, se essa medida provisória foi convertida em lei no ano de 2010, somente poderá valer no exercício financeiro de 2011, o que torna CORRETA a letra “A”. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 28 Fontes e princípios A palavra fonte significa origem ou causa de alguma coisa. Quando tratamos de fonte do direito tributário nos referimos à origem do direito tributário, o ponto de onde provem a norma jurídica. Existem dois tipos de fontes do direito tributário: fontes reais ou materiais e as fontes formais. Fontes Reais Ou Materiais Do Direito Tributário Considera-se fonte material do direito tributário o substrato fático ao qual se atribui uma consequência jurídica. São fontes materiais todos os fatos da vida que sofrem a incidência da norma tributária, tornando- se fatos jurídicos tributários (fato gerador). Os suportes fáticos do direito tributário, em regra, são fatos de natureza econômica, que revelam capacidade econômica, como por exemplo: auferir renda, ser proprietário de um imóvel ou de um automóvel, realizar uma prestação de serviço, industrializar produtos, importar e exportar mercadorias, pagar salário aos empregados, etc. Essas fontes reais, quando submetidas às fontes formais, ganham eficácia jurídica. As fontes formais agregam aos fatos da realidade (fontes materiais) consequências jurídicas, transformando meros fatos em fatos com relevância jurídica, que passam a produzir efeitos jurídicos. Como exemplo, temos que auferir renda é um fato da realidade que revela capacidade econômica, uma lei (fonte formal) institui o imposto de renda, determinando que quem aufere renda tem como obrigatório o seu pagamento. Ao fato real auferir renda, uma lei (fonte formal) atribuiu uma consequência jurídica: dever de pagar um tributo. Esse dever gera inúmeras consequências jurídicas à pessoa que aufere a renda. Fontes Formais As fontes formais do direito, consideradas o conjunto de normas que compõe esse ramo do Direito, dividem-se em dois grupos: - Fontes Formais Primárias: as fontes formais primárias inovam o sistema jurídico, introduzem normas inéditas na ordem jurídica, são os únicos veículos ejetores de normas inaugurais no ordenamento jurídico. Norma inédita é aquela que não existia, como por exemplo, a União tem competência para criar o imposto sobre grandes fortunas, ainda não criou, se resolver instituir o referido tributo, terá que criar uma norma que torneobrigatório o seu pagamento. Essa norma será introduzida no sistema jurídico tributário, por meio de uma fonte formal primária, no caso uma lei ordinária federal. 1. São fontes formais primárias: - Texto Constitucional: instrumento primeiro e soberano da ordem normativa, todo o sistema infraconstitucional deve observar os dispositivos constitucionais. É veículo de introdução no sistema de normas de estrutura, de organização e de competência. No caso específico do direito tributário, abriga normas de competência (que conferem aos entes políticos o poder de criar tributos), bem como normas limitativas do poder de tributar. - Lei Complementar: tem matéria expressamente prevista na Constituição Federal e um quórum de aprovação de maioria absoluta. Em matéria tributária, a Constituição Federal determinou que essa espécie de fonte formal fosse o veículo introdutor de variadas normas no sistema, tais como normas gerais, limites, criação de tributos, dentre outras. - Lei Ordinária: pode tratar de qualquer matéria, exceto aquelas que devem ser veiculadas por lei complementar. Difere-se pelo seu quórum de aprovação, que é de maioria simples. É o veículo mais apto a introduzir no sistema jurídico tributário as normas de incidência dos tributos (aquelas que criam os tributos, determinando quem deve pagar, porque deve pagar, onde deve pagar, quando deve pagar e quanto deve pagar), é neste diploma legal que o tributo deve ser descrito em sua plenitude. Também veiculam, em matéria tributária, deveres instrumentais ou formais (obrigações acessórias). Não há 4. Legislação tributária: fontes do Direito Tributário, vigência, aplicação, integração e interpretação. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 29 supremacia entre leis ordinárias federais, estaduais e municipais, todas desfrutam do mesmo status jurídico, diferindo apenas quanto ao âmbito de aplicação. - Lei Delegada: depois da criação das Medidas Provisórias, esse tipo de instrumento normativo caiu em desuso. Nesta espécie normativa o Congresso Nacional transfere competência legislativa para o Presidente da República (de ofício ou a pedido), e este dentro da delegação legislava. - Medida Provisória: prevista no art. 62 da Constituição Federal de 1988, é a espécie normativa de natureza infraconstitucional que possui força e eficácia de lei. O Presidente da República, em caso de relevância e urgência pode editá-la. Após sua criação pelo Chefe do Poder Executivo, deve passar pelo crivo do Poder Legislativo, que vai decidir se a medida provisória permanecerá no sistema (sendo convertida em lei) ou será dele excluída. Em matéria tributária, pode instituir e aumentar tributos. - Decretos Legislativos: espécie normativa de competência privativa do Congresso Nacional. Importante para o direito tributário por ser o veículo introdutor de normas de tratados e convenções internacionais. Quando o Presidente da República, assina um tratado internacional, suas regras só terão eficácia quando introduzidas no ordenamento jurídico nacional, essa introdução é realizada pelo decreto legislativo. Uma norma de tratado internacional quando entra no sistema normativo brasileiro, através de um decreto legislativo, tem status de lei ordinária. - Resoluções: são atos legislativos pelos quais os órgãos do Poder Legislativo (Congresso Nacional, Senado Federal e Câmara do Deputados) exercem suas competências privativas. Em matéria tributária é um exemplo a resolução do Senado Federal que fixa as alíquotas mínimas nas operações internas do ICMS (art. 155, § 2º, V, a da CF). - Tratado internacional: faz parte das atribuições do Presidente da República celebrar tratados, convenções e atos internacionais (CF, art. 84, VIII), sujeitos à competência exclusiva do Congresso Nacional para resolver definitivamente sobre eles, caso acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional (CF, art. 49, I). Segundo o art. 98 do CTN, “os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha”. O art. 96 do Código Tributário Nacional, determina qual o alcance da expressão “legislação tributária”, como fontes principais: “Art. 96. A expressão “legislação tributária” compreende as leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes.” 2. Fontes Formais Secundárias: São normas que não introduzem regras inéditas no sistema jurídico, não inovam a ordem jurídica. Acrescem normas ao sistema jurídico que se embasam em normas jurídicas já existentes. São elas: - Decreto Regulamentar ou Regulamento: é de competência privativa do chefe do Poder Executivo. Visa possibilitar a fiel execução da lei, não podendo ampliar ou reduzir a disposição da lei a que se refere. - Instrução ministerial: de competência dos Ministros de Estado, visa a execução de leis, decretos e regulamentos relativos a respectiva pasta. Tem vigência apenas no âmbito do Ministério. - Circular: é norma secundária que tem como objetivo a ordenação uniforme do serviço administrativo. - Portaria: regra geral ou individual que o superior edita para serem observadas por seus subalternos. - Ordem de Serviço: autorização concreta para que funcionários determinados, realizem um tipo de serviço específico. - Ato Normativo: ato expedido pela autoridade administrativa. - Decisão Administrativa: decisão de órgão singular ou coletivo de jurisdição administrativa, ao qual a lei atribua eficácia normativa. - Convênio: é ato normativo executivo infralegal, que expressa, em matéria tributária, ajuste de vontade entre entes federativos. A CF excepciona o princípio da legalidade, permitindo que certos convênios tenham força de lei, como é o caso da previsão encartada no art. 155, § 2º, XII, “g”, segundo o qual, cabe à lei complementar regular a forma como, mediante deliberação dos Estados e do Distrito Federal, isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados. As fontes secundárias estão tratadas no art. 100 do CTN: 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 30 “Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos: I - os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas; II - as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa; III - as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas; IV - os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Parágrafo único. A observância das normas referidas neste artigo exclui a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo.” Questões 01. (TJ/SP – Juiz - VUNESP/2014) Não podem ser considerados como fontes formais do Direito Tributário: (A) As leis delegadas, os decretos legislativos e as resoluções do Senado. (B) A jurisprudência e a doutrina. (C) Os tratados e as convenções internacionais. (D) As medidas provisórias. 02. (TJ-MG – Juiz - FUNDEP/2014) Em relação ao conceito de fontes formais do direito tributário, assinale a alternativa CORRETA. (A) Fontes formais do direito tributário são apenas as leis especificamente votadas e sancionadas ou promulgadas. (B) As fontes formais do direito tributário compreendem as leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes. (C) As fontes formais não contemplam os tratados e as convenções internacionais. (D) As fontes formais não contemplam os decretos legislativos e as resoluções. 03. (SEFAZ/RJ - Oficial de Fazenda - CEPERJ/2010) Dentre as fontesformais principais do Direito Tributário, não se incluem: (A) Resoluções do Senado Federal (B) Medidas Provisórias (C) Decretos Legislativos (D) Emendas Constitucionais (E) Ordens de Serviço 04. (PRODEST/ES - Analista Organizacional - Ciências Jurídicas - VUNESP/2014) Assinale a alternativa correta no que respeita às fontes do direito tributário. (A) Somente a lei, como resultado do exercício do Poder Legislativo, pode estabelecer a definição do fato gerador da obrigação acessória (B) Somente a lei pode estabelecer a atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo de um tributo, por constituir majoração do tributo. (C) Os tratados e as convenções internacionais não revogam e nem modificam a legislação interna (D) O conteúdo e o alcance dos decretos restringem-se aos das leis em função das quais sejam expedidos, determinados com observância das regras de interpretação estabelecidas no Código Tributário Nacional (E) Cabe à lei ordinária federal dispor sobre o adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas. 05. (SEFAZ/PI – Auditor Fiscal da Fazenda Estadual – FCC/2015) De acordo com o Código Tributário Nacional, a expressão legislação tributária compreende: I. o decreto publicado por determinado Estado, regulamentando a lei do IPVA por ele instituído. II. o convênio celebrado entre os Estados brasileiros, nos termos de lei complementar, para disciplinar matéria relacionada com a concessão de determinadas isenções no âmbito do ICMS. III. a decisão de órgão de jurisdição administrativa tributária, versando sobre matéria de ICMS, sendo que a lei do processo administrativo tributário deste Estado não atribui eficácia normativa a tais decisões. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 31 IV. a lei ordinária de um Município brasileiro, versando sobre remunerações e salários das autoridades fiscais daquela pessoa jurídica de direito público. Está correto o que se afirma APENAS em a) II e III. b) II, III e IV. c) I e II. d) I, III e IV. e) I e IV. 06. (PROCEMPA – Analista Administrativo – Advogado – FGV/2014) Por meio de tratado internacional celebrado pela União e regularmente incorporado ao nosso ordenamento normativo interno, os serviços de recuperação de motores elétricos deixam de sofrer a incidência de qualquer tributo. Diante de tal cenário, assinale a afirmativa correta. a) O tratado internacional é válido, desde que tenha sido incorporado por lei complementar. b) O tratado internacional é inválido, pois não pode dispor sobre questões tributárias. c) O tratado internacional é inválido, pois seu efeito prático é afastar a incidência do Imposto sobre Serviços (ISS), que é de competência dos Estados, sendo vedado à União conceder isenção de tributos que não sejam de sua competência. d) O tratado internacional é inválido, pois seu efeito prático é afastar a incidência do Imposto sobre Serviços (ISS), que é de competência dos Municípios, sendo vedado à União conceder isenção de tributos que não sejam de sua competência. e) O tratado internacional é válido, qualquer que tenha sido a forma de sua incorporação. Respostas 01. Resposta: B Destaca-se o posicionamento de Eduardo Sabbag: “As fontes formais correspondem ao conjunto das normas no Direito Tributário, estando inseridas no art. 96 do CTN, sob o rótulo de ‘legislação tributária’.” Art. 96. A expressão “legislação tributária” compreende as leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes. Desta forma, a jurisprudência e a doutrina não são consideradas fontes formais do Direito Tributário. 02. Resposta: B A alternativa correta é a “B”, haja vista que encontra-se de acordo com o prevê o artigo 96 do CTN. 03. Resposta: E Consoante o que dispõe a doutrina são fontes formais do Direito Tributário: Primárias: a Constituição Federal, a Lei Complementar, a Lei Ordinária, a Lei Delegada, a Medida Provisória, os Decretos Legislativos e as Resoluções. E secundárias: Decreto Regulamentar, a Instrução Ministerial, a Circular, a Portaria, a Ordem de Serviço, o Ato Normativo e a Decisão Administrativa. Assim, as Ordens de Serviço não se incluem entre as principais fontes do direito tributário. 04. Resposta: D A alternativa correta é a “D”, tendo em vista que coaduna-se com o previsto no artigo 99 do CTN, vejamos: Art. 99. O conteúdo e o alcance dos decretos restringem-se aos das leis em função das quais sejam expedidos, determinados com observância das regras de interpretação estabelecidas nesta Lei. 05. Resposta: C A afirmativa III está incorreta haja vista somente ser considerada legislação tributária a decisão de órgão de jurisdição administrativa tributária que a lei atribua eficácia normativa. A afirmativa IV também não está correta posto que a matéria tratada na lei municipal não versa sobre tributos e suas relações jurídicas. 06. Resposta: E Os Tratados Internacionais para ingressarem no ordenamento jurídico pátrio devem seguir um procedimento. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 32 A Constituição Federal, em seu art. 84 atribuiu competência privativa para o Presidente da República celebrar Tratados. Após a celebração, é preciso que o Congresso Nacional, utilizando de sua competência exclusiva, aprove-o (art. 49, CF). A aprovação se dá por meio de Decreto Legislativo. Superada essa etapa, o tratado deve ser ratificado pelo Presidente da República e, após, promulgado por meio de Decreto Presidencial. Cumprido esse procedimento, o tratado está recepcionado pelo ordenamento pátrio e, em regra, terá força de lei infraconstitucional. Contudo, em se tratando de tratados que versem sobre direitos humanos, o procedimento é diferente e vem descrito no art. 5º, § 3º da Constituição: § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. Vê-se que, quando o tratado tem por matéria direitos humanos é preciso que seja votado em dois turnos na Câmara e no Senado Federal e que seja aprovado por quórum qualificado de três quintos. Nesse caso os Tratados terão força de norma constitucional. Vigência, aplicação, integração e interpretação. Em se tratando de vigência espacial, a regra é a territorialidade, assim, a lei de cada ente vigora em seu respectivo território. Essa regra tem exceção prevista no art. 102, CTN que são os convênios de cooperação e as normas gerais da União. A vigência temporal é determinada no próprio corpo da lei, assim, a lei deve conter previsão de quando entrará em vigor, contudo, em sua ausência aplica-se a regra contida na Lei de Introdução ao Código Civil que é de 45 dias. Há que se observar as regras específicas contidas no art. 103 e 104. Eis as normas do CTN sobre o assunto: CAPÍTULO II Vigência da Legislação Tributária Art. 101. A vigência, no espaço e no tempo, da legislação tributária rege-se pelas disposições legais aplicáveis às normas jurídicas em geral, ressalvado o previsto neste Capítulo. Art. 102. A legislação tributária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios vigora, no País, fora dos respectivos territórios, nos limites em que lhe reconheçam extraterritorialidade os convênios de que participem, ou do que disponham esta ou outras leis de normas gerais expedidas pela União. Art. 103. Salvo disposição em contrário, entram em vigor: I - os atos administrativos a que se refere o inciso I do artigo 100, na data da sua publicação; II - as decisões a que se refere o inciso II do artigo 100, quanto a seus efeitos normativos, 30 (trinta) dias após a data da sua publicação; III - os convênios a que se refereo inciso IV do artigo 100, na data neles prevista. Art. 104. Entram em vigor no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que ocorra a sua publicação os dispositivos de lei, referentes a impostos sobre o patrimônio ou a renda: I - que instituem ou majoram tais impostos; II - que definem novas hipóteses de incidência; III - que extinguem ou reduzem isenções, salvo se a lei dispuser de maneira mais favorável ao contribuinte, e observado o disposto no artigo 178. Aplicação da Norma Tributária A regra contida no art. 105 trata da irretroatividade da lei tributária, ou seja, a lei não se aplica a fatos passados, somente a fatos futuros (que ainda não aconteceram) e a fatos pendentes (ainda não concluídos). Ricardo Alexandre9 sintetiza: - Fatos Geradores não consumados: aplicação imediata 9 ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado. São Paulo: Método, 2014. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 33 - Fatos Geradores pendentes: aplicação imediata - Fatos Geradores consumados: a lei nova não se aplica. O art. 106 traz exceções à regra do art. 105, ou seja, casos em que a lei tributária se aplica a fatos passados. Esse dispositivo deve ser interpretado em conjunto com o art. 105, III, “a” da Constituição10 que veda a aplicação da lei tributária a fatos geradores ocorridos antes de sua vigência quando ela instituir ou aumentar tributo. Diz o CTN: CAPÍTULO III Aplicação da Legislação Tributária Art. 105. A legislação tributária aplica-se imediatamente aos fatos geradores futuros e aos pendentes, assim entendidos aqueles cuja ocorrência tenha tido início mas não esteja completa nos termos do artigo 116. Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II - tratando-se de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de defini-lo como infração; b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Interpretação e Integração da Norma Tributária Eduardo Sabbag11 assim define interpretação: “a interpretação da lei é o trabalho investigativo que procura traduzir seu pensamento, sua dicção e seu sentido. É o ato intelectual de decifrar o pensamento do legislador, perquirindo a razão que animou suas ideias quando confeccionou aquele instrumento normativo. É mecanismo de tradução da mens legislatoris em palavras conclusivas de um raciocínio querido e, agora, a decifrar. Assim, interpretar a lei é compreendê-- la diante da pletora de significações possíveis que pressupõe, determinando, com exatidão, seu verdadeiro desígnio, ao demarcar os casos todos a que se estende sua aplicação.”. O art. 111 determina que alguns assuntos sejam interpretados literalmente, ou seja, sem ampliações. Já o art. 112 prega a interpretação mais favorável em caso de dúvida. Assim, em havendo dúvidas quanto à aplicação da lei, ela deve ser aplicada de forma mais benéfica para o contribuinte. A integração ocorre nos casos de lacunas da lei, quando o aplicador deverá preenchê-la utilizando-se dos elementos previstos no art. 108, CTN. Eis as normas do CTN sobre a matéria: CAPÍTULO IV Interpretação e Integração da Legislação Tributária Art. 107. A legislação tributária será interpretada conforme o disposto neste Capítulo. Art. 108. Na ausência de disposição expressa, a autoridade competente para aplicar a legislação tributária utilizará sucessivamente, na ordem indicada: I - a analogia; II - os princípios gerais de direito tributário; III - os princípios gerais de direito público; 10 Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: [...] III - cobrar tributos: a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado; 11 SABBAG, Eduardo. Manual de Direito Tributário. São Paulo: Saraiva, 2014. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 34 IV - a equidade. § 1º O emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não previsto em lei. § 2º O emprego da equidade não poderá resultar na dispensa do pagamento de tributo devido. Art. 109. Os princípios gerais de direito privado utilizam-se para pesquisa da definição, do conteúdo e do alcance de seus institutos, conceitos e formas, mas não para definição dos respectivos efeitos tributários. Art. 110. A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias. Art. 111. Interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I - suspensão ou exclusão do crédito tributário; II - outorga de isenção; III - dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias. Art. 112. A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpreta-se da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto: I - à capitulação legal do fato; II - à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos; III - à autoria, imputabilidade, ou punibilidade; IV - à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação. Questões 01. (SEFAZ/RJ - Auditor Fiscal da Receita Estadual - FGV/2011) Não pode(m) ser usado(a)(s) como técnica de interpretação e integração da legislação tributária (A) a equidade. (B) os princípios gerais de direito tributário. (C) os costumes. (D) os princípios gerais de direito público. (E) a analogia. 02. (PC/DF - Delegado de Polícia - FUNIVERSA/2015) Com base no disposto no Código Tributário Nacional (CTN) acerca das normas gerais de direito tributário, assinale a alternativa correta. (A) A interpretação da lei tributária que defina infrações ou estabeleça penalidades deve proteger, em caso de dúvida quanto à capitulação legal do fato, o interesse da coletividade, de forma mais favorável ao fisco. (B) A lei tributária não poderá retroagir ou ser aplicada a ato pretérito que ainda não tenha sido definitivamente julgado, mesmo que o cometimento desse ato não seja mais definido como infração. (C) Os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas entram em vigor na data da sua publicação, salvo disposição em contrário. (D) A outorga de isenção, a suspensão ou exclusão do crédito tributário e a dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias devem ser interpretadas sistematicamente e, sempre que possível, de forma extensiva. (E) As decisões dos órgãos singulares ou coletivos no âmbito da jurisdição administrativa entrarão em vigor quarenta e cinco dias após a data da sua publicação quando a lei atribuir a elas eficácia normativa. 03. (TCM-RJ – Procurador– FGV–2008) Assinale a afirmativa correta (A) A lei tributária que define infrações ou lhe comina penalidades interpreta-se da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto à capitulação legal do fato, bem como quanto à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos. (B) Na ausência de disposição expressa, a autoridade competente para aplicar a legislação tributária utilizará sucessivamente, na ordem indicada: a analogia; os princípios gerais de direito tributário; os princípios gerais de direito e a equidade. 1155683 E-book geradoespecialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 35 (C) A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios ou pelas leis complementares, para definir ou limitar competências tributárias. (D) Interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha sobre: suspensão, extinção ou exclusão do crédito tributário; outorga de isenção e dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias. (E) A definição legal do fato gerador é interpretada considerando-se a validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos. 04. (TJ-PA – Juiz– FGV–2007) Com base no CTN, em relação à legislação tributária, assinale a afirmativa incorreta. (A) O emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não previsto em lei. (B) O emprego da equidade não poderá resultar na dispensa de pagamento de tributo devido. (C) A lei tributária se aplica a ato ou fato pretérito, quando o ato não definitivamente julgado cominar penalidade menos severa que a prevista na lei ao tempo da sua prática ou reduzir o valor do tributo devido. (D) Dentre as normas complementares das leis, dos tratados e convenções internacionais e dos decretos, encontram-se as práticas reiteradas observadas pelas autoridades administrativas. (E) A lei tributária que define infrações ou lhe comina penalidades, em caso de dúvida quanto à natureza da penalidade aplicável ou a sua graduação, deve ser interpretada de maneira mais favorável ao acusado. 05. (AGU-PFN – Procurador– ESAF–2012) Sobre os tratados e as convenções internacionais em matéria tributária, a teor do disposto no Código Tributário Nacional, revogam a legislação tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha. Sobre o tema, é incorreto afirmar que: (A) consoante entendimento do STF, ainda quando fundados em tratados de integração, como no âmbito do Mercosul, os tratados e convenções internacionais só produzem efeito internamente após se completar o ciclo de aprovação interna previsto na Constituição Federal. (B) a expressão “revogam” não cuida, a rigor, de uma revogação, mas de uma suspensão da eficácia da norma tributária nacional, que readiquirá a sua aptidão para produzir efeitos se e quando o tratado for denunciado. (C) as normas classificadas pela doutrina como softlaw, que irradiam seus efeitos tanto no âmbito do direito internacional público como no privado, devem ser vistas apenas como fonte indireta de direito tributário. (D) o sistema constitucional brasileiro não consagra o princípio do efeito direto e nem o postulado da aplicabilidade imediata dos tratados e convenções internacionais. (E) internamente, os tratados internacionais são equivalentes às leis ordinárias nacionais, salvo nas exceções constitucionalmente previstas, em que as normas de tratados sobre direitos humanos são equiparados às normas constitucionais. Há, portanto, hierarquia entre os próprios tratados. 06. (AGU-PFN – Procurador– ESAF–2006) Considerando os temas “vigência e aplicação da legislação tributária” e “interpretação e integração da legislação tributária” e as disposições do CTN, marque com (V) a assertiva verdadeira e com (F) a falsa, assinalando ao final a opção correspondente. ( ) O emprego da analogia pode resultar na exigência de tributo. ( ) A lei tributária aplica-se ao ato ou fato pretérito, quando for interpretativa, ressalvadas as hipóteses em que redundar na aplicação de penalidade. ( ) Quando extinguir tributo, a lei tributária pode ser aplicada a fato anterior à sua vigência. ( ) A lei que disponha sobre moratória e remissão do crédito tributário deve ser interpretada, segundo o Código Tributário Nacional, em benefício do contribuinte. (A) F, F, V, F (B) V, V, F, F (C) F, V, V, F (D) V, F, F, V (E) F, V, V, V 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 36 07. (DPE-AM – Defensor– IC–2011) A respeito da vigência, aplicação e interpretação das normas tributárias indique a alternativa CORRETA: (A) Regra geral, a lei tributária começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada. No entanto, salvo disposição em contrário, os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas entram em vigor 30 (trinta) dias após a data da sua publicação. (B) Na ausência de disposição expressa, a autoridade competente para aplicar a legislação tributária utilizará sucessivamente e em ordem preferencial a analogia, os princípios gerais do direito tributário, os princípios gerais do direito privado e a equidade. A utilização dos princípios gerais de direito privado restringe-se à pesquisa da definição, do conteúdo e do alcance de seus institutos, conceitos e formas, inclusive para definição dos respectivos efeitos tributários. (C) Excepciona o princípio da irretroatividade, aplicando-se a fato pretérito, a lei expressamente interpretativa, e, nas hipóteses de atos não submetidos à coisa julgada, a lei que mitigue determinada penalidade pecuniária aplicável para as situações de descumprimento da obrigação tributária principal. (D) Interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha sobre suspensão, extinção ou exclusão do crédito tributário, outorga de isenção e dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias. (E) O Código Tributário Nacional admite a interpretação benigna exclusivamente para a lei que disponha sobre infrações, anistia e comine penalidades, sendo necessária a existência de dúvida sobre a tipicidade do fato, a autoria, imputabilidade ou punibilidade. Resposta 1. Resposta: C Nos termos do que dispõe o artigo 108 do CTN, os costumes não estão inseridos como técnica de interpretação e integração da legislação tributária. 2. Resposta: C Segundo preleciona o artigo 103 do CTN, salvo disposição em contrário, entram em vigor: I - os atos administrativos a que se refere o inciso I do artigo 100, na data da sua publicação. 03. RESPOSTA Alternativa A. (A) Art. 112, I e II, CTN. (B) Art. 108, I, II, III e IV, CTN. (C) Art. 110, CTN. (D) Art. 111, I, II e III, CTN. (E) Art. 118, I, CTN. 04. RESPOSTA Alternativa C. (A) Art. 108, § 1º, CTN. (B) Art. 108, § 2º, CTN. (C) Art. 106, II, c, CTN. (D) Art. 100, III, CTN. (E) Art. 112, IV, CTN. 05. RESPOSTA Alternativa E. STF, ADI 1.480; e art. 5º, § 3º, CF. 06. RESPOSTA Alternativa C. (1ª) Falsa. Art. 108, § 1º, CTN. (2ª) Verdadeira. Art. 106, I, CTN. (3ª) Verdadeira. Art. 150, III, a, CF, c/c art. 106, CTN. (4ª) Falsa. Art. 112, CTN. 07. RESPOSTA Alternativa C. (A) Incorreta – art. 103, I, CTN. (B) Incorreta – art. 108, I a IV, CTN. (C) Correta – art. 106, I e II, c, CTN. (D) Incorreta – art. 111, I a III, CTN. (E) Incorreta – art. 112, I a IV, CTN. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 37 5. Obrigação tributária. 5.1 Definição e natureza jurídica. A obrigação tributária nasce com a ocorrência do fato gerador. Assim, quando o sujeito realiza o comportamento descrito na lei como fato gerador de um tributo, surge entre ele e o Estado um vínculo jurídico subjetivo que é chamado de obrigação tributária. Podemos conceituar obrigação como sendo “o vínculo jurídico pelo qual uma pessoa (sujeito ativo), com base na lei ou em contrato (causa), pode exigir de outra, ou de um grupo de pessoas (sujeito passivo), o cumprimento de uma prestação possível, determinável e possuindo expressão econômica (objeto)”.12 A obrigação tributária se enquadra perfeitamente nos conceitos acima delineados, particularizado-se pelo seu objeto, o qual “será sempre uma prestação de natureza tributária,portanto um dar, fazer ou não fazer de conteúdo pertinente ao tributo. O objeto da obrigação tributária pode ser: dar uma soma pecuniária ao sujeito ativo, fazer algo (por exemplo, emitir nota fiscal, apresentar declaração de rendimentos) ou não fazer algo (por exemplo, não embaraçar a fiscalização). É pelo objeto que a obrigação revela sua natureza tributária”.13 Como o direito tributário é ramo do direito público a obrigação tributária é uma obrigação de direito público, fato que a torna indisponível pelo administrador fiscal, pois este não é o credor da obrigação. O credor ou sujeito ativo da obrigação tributária será sempre o Estado ou outra pessoa jurídica de direito público a que a lei tenha atribuído essa condição. A obrigação tributária é uma obrigação ex lege, o que significa que a obrigação tributária nasce da lei. O direito do Fisco cobrar o tributo e o dever do contribuinte efetuar o pagamento decorrem da lei. É irrelevante para o nascimento da obrigação tributária a vontade do contribuinte, este querendo ou não, uma vez realizado o fato da realidade que tem como consequência a obrigação de pagar o tributo, tem o dever de efetivar o pagamento. 5.2 Obrigação principal e acessória. Conforme previsto no CTN, pode ser concluído que a obrigação tributária pode ser principal ou acessória. A obrigação tributária principal surge com a ocorrência do fato da realidade previsto na norma como o fato que gera, que faz surgir, a obrigação do pagamento do tributo. A obrigação tributária principal é sempre uma obrigação de dar dinheiro (pagamento do tributo ou da penalidade pecuniária), portanto sempre terá natureza patrimonial. A obrigação tributária acessória decorre da legislação tributária (art. 96 do CTN) e consiste em prestações positivas (fazer) ou negativas (não fazer, tolerar), impostas ao contribuinte para facilitar a administração e a fiscalização tributária. A obrigação acessória não tem caráter patrimonial, mas decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. Ex.: entregar declaração anual, escriturar livro de apuração do lucro real, emitir nota fiscal, promover levantamentos físicos etc. 12 CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 16ª ed. São Paulo: Saraiva: 2004. 13 MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 17ª ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Malheiros: 2000. 5. Obrigação tributária: conceito e espécies (principal e acessória). 6. Sujeitos ativos da obrigação tributária. 7. Sujeito passivo da obrigação tributária: contribuinte e responsável, solidariedade, responsabilidade por substituição, por sucessão, o terceiro responsável, responsabilidade por infrações. Repartição das Receitas Tributárias. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 38 Segundo o CTN, a obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária. Esse é o sentido do § 3º do artigo 113 do CTN. O descumprimento de uma obrigação de fazer ou não fazer (acessória) gera uma obrigação de dar (principal), consistente na multa tributária. Podem estar previstas na legislação tributária (as obrigações acessórias), não necessariamente em lei, embora a sanção tenha de estar prevista em lei 5.3 Fato gerador. A lei prevê abstratamente determinadas situações que dão ensejo ao surgimento de obrigações tributárias. A previsão abstrata é conhecida como hipótese de incidência, enquanto sua concretização no plano fático denomina-se fato gerador, embora a legislação utilize os dois termos indiscriminadamente. Note-se que isto não é privativo do direito tributário, pois os direitos em geral têm fatos geradores: são os fatos jurídicos. A denominação fato gerador é preferida no Brasil, embora haja registro de muitas outras, como suporte fático, situação base de fato, fato imponível, fato tributário etc. Há também quem se utilize simplesmente dos termos fato gerador abstrato e fato gerador concreto. Incidência significa adequação, subsunção da situação fática (fato gerador) à previsão normativa (hipótese de incidência), enquanto a não-incidência é definida por exclusão. Não existe, assim, hipótese de não-incidência: a hipótese é sempre de incidência. Em direito tributário, o fato gerador deve ser definido em lei formal (CTN, art. 97, III). Isso, na verdade, é decorrência direta do art. 5º, II, da CF/88. Enquanto o art. 114 do CTN se refere ao fato gerador da obrigação principal (isto é, a que tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade – CTN, art. 113, § 1º), o art. 115 do Código disciplina o fato gerador da obrigação acessória (de fazer ou não fazer, todas as demais – art. 113, § 2º), a qual não está sujeita à reserva de lei formal. Porém, ao se referir a fato gerador, a doutrina sempre tem em vista o fato gerador de tributo. Há ainda o fato gerador presumido, previsto diretamente na Constituição (art. 150, § 7º) para os casos de substituição tributária progressiva, para frente ou subsequente: “A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição de responsável pelo pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente, assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso não se realize o fato gerador presumido”. Caso o fato gerador consistir numa relação jurídica condicional, aplicam-se os arts. 116, II e 117 do CTN. Se a condição é suspensiva, o fato gerador somente ocorre quando do implemento da condição. Porém, se a condição é resolutiva, o fato gerador ocorre com a prática do ato ou celebração do negócio. Os fatos geradores podem ser classificados em: a) instantâneos, quando ocorrem em um momento plenamente identificável (ex.: saída do produto do estabelecimento); b) continuados, quando constituem situações jurídicas que se prolongam no tempo como um verdadeiro status jurídico (ex.: propriedade de um imóvel); e c) de período, períodicos ou complexivos, quando correspondem a situações compostas por diversos fatos considerados no seu conjunto (ex.: rendimentos anuais da pessoa física). A lei instituidora de um tributo define não apenas a hipótese de incidência (antecedente da norma) como prescreve a obrigação decorrente (consequente) em seus diversos aspectos. Quanto ao antecedente ou hipótese, a norma tributária impositiva prevê: a) um aspecto material (o que – fato gerador); b) um aspecto espacial (onde – território no qual a ocorrência do fato implica o surgimento da obrigação tributária); e c) um aspecto temporal (quando – momento em que ocorre o fato gerador). Quanto ao consequente ou prescrição, a norma prevê: a) um aspecto pessoal (quem – sujeitos ativo e passivo da obrigação) e b) um aspecto quantitativo (base de cálculo e alíquotas quanto – critérios de cálculo da prestação). Normalmente o aspecto espacial confunde-se com o território do ente tributante (princípio da territorialidade), o que comporta exceções (ex.: CTN, art. 43, § 2º). O aspecto temporal não deve ser confundido com o prazo de recolhimento do tributo, que sequer integra a norma tributária impositiva e não está sujeito à reserva de lei, nem à anterioridade. Repita-se, o aspecto temporal define apenas o momento 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 39 da ocorrência do fato gerador, a partir de quando o tributo será devido. Isso é importantíssimo para fins de atualização monetária e termo inicial de incidência dos juros moratórios. No que tange ao aspecto quantitativo, a lei pode prever um valor fixo, o enquadramento em tabelas ou a aplicação de uma alíquota sobre uma base de cálculo. 6. Sujeito ativo. Sujeito ativo é a pessoa jurídica de direito público, titular do direito subjetivo de exigir a prestaçãopecuniária (tributo ou penalidade) ou a prestação não-pecuniária positiva ou negativa. A sujeição ativa está relacionada à capacidade ativa, que pode ser delegada pelo ente que detém a competência tributária. Assim, não necessariamente será sujeito ativo o detentor da competência tributária, mas sim quem possui capacidade tributária ativa. Apenas pessoas jurídicas de direito público podem ser sujeitos ativos de obrigação tributária. Isso não significa, porém, que pessoa jurídica de direito privado não possa ser destinatária do produto da arrecadação ou mesmo responsável pela retenção. Segundo o CTN: Art. 119. Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito público, titular da competência para exigir o seu cumprimento. Art. 120. Salvo disposição de lei em contrário, a pessoa jurídica de direito público, que se constituir pelo desmembramento territorial de outra, subroga-se nos direitos desta, cuja legislação tributária aplicará até que entre em vigor a sua própria. 7. Sujeito passivo. Sujeito passivo é a pessoa natural ou jurídica, privada ou pública, ou mesmo o ente despersonalizado, de quem se exige o cumprimento da prestação pecuniária (tributo ou penalidade) ou a prestação não- pecuniária positiva ou negativa. Divide-se em: a) Contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador; é ele quem realiza o fato gerador; b) Responsável, qualquer outra pessoa que esteja obrigada, POR FORÇA DE LEI, a pagar o tributo, seja em lugar do contribuinte ou junto a ele, direta, solidária ou subsidiariamente. Nesse sentido, confira-se o que dispõe o CTN: Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se: I - contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador; II - responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei. O responsável poderá ser um sucessor ou um terceiro, e poderá responder solidária ou subsidiariamente, ou, ainda, por substituição: Art. 122. Sujeito passivo da obrigação acessória é a pessoa obrigada às prestações que constituam o seu objeto. Art. 123. Salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes. O critério adotado pelo CTN para distinguir contribuinte e responsável é denominado, pela doutrina, critério da proximidade: o contribuinte é quem tem a relação imediata, mais próxima, direta com o fato gerador; o responsável tem uma relação indireta, sua ligação com o fato é mais distante, mais remota. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 40 Porém, é absolutamente ilegítima a definição de um responsável tributário que não tenha qualquer relação com o fato gerador. Ademais, somente lei poderá criar hipóteses de responsabilidade tributária. 7.1 Solidariedade. A solidariedade tem contornos próprios no Direito Tributário. Difere da solidariedade do Direito Civil pois aqui somente cabe a solidariedade passiva e não existe a figura da solidariedade consensual, logo somente a lei pode determiná-la. Há dois casos de solidariedade previstas no CTN, abaixo: Art. 124. São solidariamente obrigadas: I - as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; II - as pessoas expressamente designadas por lei. Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem. O primeiro caso é a chamada solidariedade natural e não precisa de lei específica para sua ocorrência. Ex: João e José são proprietários de uma casa, logo, ambos são devedores solidários do IPTU, porquanto possuem interesse comum na situação que constitui o fato gerador. Já no segundo caso a lei determina quem será solidário independente de esse ter ou não interesse comum na situação que constitui o fato gerador. Os efeitos da solidariedade vem descritos no art. 125 do CTN: Art. 125. Salvo disposição de lei em contrário, são os seguintes os efeitos da solidariedade: I - o pagamento efetuado por um dos obrigados aproveita aos demais; II - a isenção ou remissão de crédito exonera todos os obrigados, salvo se outorgada pessoalmente a um deles, subsistindo, nesse caso, a solidariedade quanto aos demais pelo saldo; III - a interrupção da prescrição, em favor ou contra um dos obrigados, favorece ou prejudica aos demais. Alguns benefícios fiscais podem ser concedidos de forma subjetiva, ou seja, considerando as características pessoais do sujeito. Nessa hipótese, a pessoa para se beneficiar deve comprovar satisfazer tais condições. É o que acontece, por exemplo, com as isenções para as pessoas portadoras de necessidades especiais. Em se tratando de efeito de solidariedade, se a isenção (dispensa legal do pagamento) ou a remissão (perdão) forem concedidas objetivamente, beneficia a todos os devedores solidários, porém se forem concedidas de forma subjetiva, somente beneficiará aquele devedor que comprovar o cumprimento dos requisitos legais. Sendo um dos devedores solidários beneficiado pela isenção ou pela remissão, a obrigação tributária subsistirá em relação aos demais, porém deve-se descontar a parte do isento ou remido. 7.2 Capacidade tributária. Capacidade Tributária é a aptidão para realizar o fato gerador e ocupar o polo passivo da relação jurídico-tributária. Não guarda relação com a capacidade civil, sendo bem mais ampla, veja-se a norma do CTN a respeito: Art. 126. A capacidade tributária passiva independe: I - da capacidade civil das pessoas naturais; II - de achar-se a pessoa natural sujeita a medidas que importem privação ou limitação do exercício de atividades civis, comerciais ou profissionais, ou da administração direta de seus bens ou negócios; III - de estar a pessoa jurídica regularmente constituída, bastando que configure uma unidade econômica ou profissional. Vê-se que, para o Direito Tributário não importa a idade da pessoa, nem sua condição mental ou regularidade jurídica, realizando o fato gerador, a pessoa física ou jurídica torna-se sujeito passivo da obrigação tributária. É por isso que uma criança, uma empresa juridicamente irregular e até mesmo os chamados loucos de todo gênero podem ser sujeitos passivos da obrigação tributária. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 41 7.3 Domicílio tributário. Domicílio Tributário é o local para onde o Fisco envia suas notificações, determina a repartição competente para o recolhimento do tributo e onde a pessoa será juridicamente demandada. O CTN traça as regras no art. 127, leia-se: Art. 127. Na falta de eleição, pelo contribuinte ou responsável, de domicílio tributário, na forma da legislação aplicável, considera-se como tal: I - quanto às pessoas naturais, a sua residência habitual, ou, sendo esta incerta ou desconhecida, o centro habitual de sua atividade; II - quanto às pessoas jurídicas de direito privado ou às firmas individuais, o lugar da sua sede, ou, em relação aos atos ou fatos que derem origem à obrigação, o de cada estabelecimento; III - quanto às pessoas jurídicas de direito público, qualquer de suas repartições no território da entidade tributante. § 1º Quando não couber a aplicação das regras fixadas em qualquer dos incisos deste artigo, considerar-se-á como domicílio tributário do contribuinte ou responsável o lugar da situação dos bens ou da ocorrência dos atos ou fatos que deram origem à obrigação. § 2º A autoridade administrativa pode recusar o domicílio eleito, quando impossibilite ou dificulte a arrecadaçãoou a fiscalização do tributo, aplicando-se então a regra do parágrafo anterior. A regra é que o contribuinte eleja seu domicílio tributário, caso não o faça aplicam-se as regras dos incisos acima. Não sendo possível a aplicação dessas regras ou sendo o domicílio eleito recusado pela autoridade administrativa, aplica-se a regra do § 1º. Assim: a) se o sujeito elegeu seu domicílio e esse não foi recusado: esse será seu domicílio. b) em não havendo eleição: aplica-se as regras dos incisos do art. 127; c) se as regras dos incisos não forem suficientes ou se a autoridade administrativa recusar o domicílio eleito: aplica-se o § 1°. 7.4 Responsabilidade tributária. O polo passivo da obrigação tributária é composto pelo contribuinte ou pelo responsável. A responsabilidade decorre de lei mas, o responsável deve ter alguma relação com o fato gerador, desde que não seja pessoal e direta. O art. 128 do CTN traça as regras gerais sobre responsabilidade tributária: Art. 128. Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a a este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação. Modalidades de Responsabilidade A doutrina classifica a responsabilidade tributária em por substituição e por transferência. Essa última é subdividida em por sucessão (arts. 130 a 133, CTN), por solidariedade (art. 124, CTN) e de terceiros (art. 134, CTN). O CTN divide as hipóteses de responsabilidade em: responsabilidade dos sucessores (arts. 129 a 133), responsabilidade de terceiros (arts. 133 e 134) e responsabilidade por infrações (arts 136 a 138). Passemos ao estudo de cada modalidade. Responsabilidade por Transferência A obrigação tributária nasce com um determinado devedor no polo passivo mas, a ocorrência de fato determinado por lei faz com que haja a transferência da sujeição passiva. Ex: Imagine que um proprietário de imóvel venha a falecer. A sujeição passiva do IPTU será transferida para o espólio. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 42 Responsabilidade por Substituição Nesse caso não há mudança na sujeição passiva posto que a lei, desde o início determina que a sujeição passiva recaia sobre pessoa diferente do contribuinte. Ex: fonte pagadora. A substituição tributária pode ser regressiva quando as pessoas que ocupam posições anteriores nas cadeias de produção e circulação são substituídas por aquelas que ocupam posições posteriores, ou progressiva, hipótese em que as pessoas que ocupam posições posteriores nessas cadeias são substituídas por pessoas que ocupam posições anteriores. 7.5 Responsabilidade dos sucessores. O art. 129 do CTN define regra quando ao marco temporal da transferência da responsabilidade: Art. 129. O disposto nesta Seção aplica-se por igual aos créditos tributários definitivamente constituídos ou em curso de constituição à data dos atos nela referidos, e aos constituídos posteriormente aos mesmos atos, desde que relativos a obrigações tributárias surgidas até a referida data. Percebe-se que o marco é a data da ocorrência dos eventos que a lei definiu como aptos a gerar a sucessão. O adquirente de bens imóveis é um sucessor e sua responsabilidade está disciplinada no art. 130, CTN: Art. 130. Os créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador seja a propriedade, o domínio útil ou a posse de bens imóveis, e bem assim os relativos a taxas pela prestação de serviços referentes a tais bens, ou a contribuições de melhoria, sub-rogam-se na pessoa dos respectivos adquirentes, salvo quando conste do título a prova de sua quitação. Parágrafo único. No caso de arrematação em hasta pública, a sub-rogação ocorre sobre o respectivo preço. Por esse dispositivo o adquirente sucede ao alienante no polo passivo da obrigação tributária, portanto, é uma sub-rogação pessoal em que ocorrendo a mudança do sujeito passivo, o adquirente passa a ser responsável pelo montante devido. Somente não responderá pelos débitos anteriores quando houver no título de transferência de propriedade, prova da quitação dos tributos. Em se tratando de arrematação em hasta pública, a sub-rogação é real, posto que o valor pelo qual o bem é arrematado é que irá sub-rogar. Quando se trata de adquirente de bens móveis a responsabilidade é pessoal por força do disposto no art. 131, I, CTN. O mesmo art. 131 disciplina a responsabilidade pessoal, veja-se: Art. 131. São pessoalmente responsáveis: I - o adquirente ou remitente, pelos tributos relativos aos bens adquiridos ou remidos; II - o sucessor a qualquer título e o cônjuge meeiro, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da partilha ou adjudicação, limitada esta responsabilidade ao montante do quinhão do legado ou da meação; III - o espólio, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da abertura da sucessão. Ocorre a remição quando o cônjuge, o ascendente ou o descendente, exercendo a ordem de preferência, resgata o bem que garante execução fiscal. Na sucessão causa mortis a responsabilidade tributária será do espólio no período entre a abertura da sucessão e a conclusão do processo de inventário, porquanto, até a morte o falecido era contribuinte. O espólio também será contribuinte dos fatos geradores realizados no período compreendido entre a morte e a formalização da partilha. Após essa serão contribuintes os sucessores a qualquer título e o cônjuge meeiro. Logo, o espólio somente será pessoalmente responsável pelos tributos que o falecido devia até a data da abertura da sucessão. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 43 Caso o espólio não pague os tributos que deve, seja como responsável, seja como contribuinte, o sucessor a qualquer título e o cônjuge meeiro serão pessoalmente responsáveis, até o limite de seus respectivos quinhões. Há também a sucessão empresarial disciplina nos arts 132 e 133 do CTN: Art. 132. A pessoa jurídica de direito privado que resultar de fusão, transformação ou incorporação de outra ou em outra é responsável pelos tributos devidos até à data do ato pelas pessoas jurídicas de direito privado fusionadas, transformadas ou incorporadas. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se aos casos de extinção de pessoas jurídicas de direito privado, quando a exploração da respectiva atividade seja continuada por qualquer sócio remanescente, ou seu espólio, sob a mesma ou outra razão social, ou sob firma individual. Art. 133. A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma ou nome individual, responde pelos tributos, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até à data do ato: I - integralmente, se o alienante cessar a exploração do comércio, indústria ou atividade; II - subsidiariamente com o alienante, se este prosseguir na exploração ou iniciar dentro de seis meses a contar da data da alienação, nova atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria ou profissão. § 1o O disposto no caput deste artigo não se aplica na hipótese de alienação judicial: I – em processo de falência; II – de filial ou unidade produtiva isolada, em processo de recuperação judicial. § 2o Não se aplica o disposto no § 1o deste artigo quando o adquirente for: I – sócio da sociedade falida ou em recuperação judicial, ou sociedade controlada pelo devedor falido ou em recuperação judicial; II – parente, em linha reta ou colateral até o 4o (quarto) grau, consanguíneo ou afim, do devedor falido ou em recuperação judicial ou de qualquer de seus sócios;ou III – identificado como agente do falido ou do devedor em recuperação judicial com o objetivo de fraudar a sucessão tributária. § 3o Em processo da falência, o produto da alienação judicial de empresa, filial ou unidade produtiva isolada permanecerá em conta de depósito à disposição do juízo de falência pelo prazo de 1 (um) ano, contado da data de alienação, somente podendo ser utilizado para o pagamento de créditos extraconcursais ou de créditos que preferem ao tributário. 7.6 Responsabilidade de terceiros. O CTN trata dessa temática em dois dispositivos que diferenciam-se pelo tipo de atuação do terceiro. No art. 134 a atuação foi regular, ou seja, sem afronta à lei, ao contrato social ou aos estatutos, já no art. 135 a atuação foi irregular. Veja-se: Art. 134. Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte, respondem solidariamente com este nos atos em que intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis: I - os pais, pelos tributos devidos por seus filhos menores; II - os tutores e curadores, pelos tributos devidos por seus tutelados ou curatelados; III - os administradores de bens de terceiros, pelos tributos devidos por estes; IV - o inventariante, pelos tributos devidos pelo espólio; V - o síndico e o comissário, pelos tributos devidos pela massa falida ou pelo concordatário; VI - os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício, pelos tributos devidos sobre os atos praticados por eles, ou perante eles, em razão do seu ofício; VII - os sócios, no caso de liquidação de sociedade de pessoas. Parágrafo único. O disposto neste artigo só se aplica, em matéria de penalidades, às de caráter moratório. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 44 Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: I - as pessoas referidas no artigo anterior; II - os mandatários, prepostos e empregados; III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. 7.7 Responsabilidade por infrações. A responsabilidade por infrações em Direito Tributário independe da intenção do agente, é o que se chama de responsabilidade objetiva, porém, em alguns casos o dolo serve como agravador da punição. Frise-se: a responsabilidade objetiva é a regra, contudo, é possível que a lei imponha a responsabilidade subjetiva, basta que isso fique expresso. O termo responsável deve ser entendido em sentido amplo, visto que a pessoa responsável pela infração é aquela que a cometeu e que, portanto, deve sofrer a punição. A penalidade mais comum em Direito Tributário é a multa mas, nos casos de alguns tributos como o imposto de importação e o imposto de exportação, é possível a aplicação da pena de perdimento e a proibição de gozo de regimes especiais de tributação. Como se trata de infração aplica-se o princípio do “in dubio pro reo”, ou seja, em caso de dúvida sobre a caracterização ou não da sonegação, da fraude ou do conluio, o contribuinte deve ser punido com a multa mais amena. A regra básica é que as consequências do ato ilícito sejam suportadas por aquele que o praticou, logo, em regra, a punição deve atingir direta e exclusivamente a pessoa física ou jurídica que violou o ordenamento jurídico. Contudo, o art. 137 do CTN traz hipóteses que o agente que praticou o ato em nome da pessoa jurídica, seja responsabilizado. Assim, a pessoa jurídica ocupará o polo passivo na qualidade de contribuinte do tributo e não de responsável pelo ilícito. O inciso I do referido artigo trata dos crimes e contravenções, portanto, das infrações de ordem criminal. Assim, todo aquele que cometer um crime tributário será pessoalmente responsável, a não ser que tenha agido no exercício regular de administração, mandato, função, cargo ou emprego, ou no cumprimento de ordem expressa emitida por quem de direito. Já o inciso II cuida das infrações administrativas que tenha o dolo como elementar, ou seja, são as infrações em que exige-se do sujeito passivo uma intenção específica, ex: “obter vantagem para si”. Por fim, o inciso III trata das infrações que decorram direta e exclusivamente de dolo específico de determinadas pessoas contra aquelas em nome das quais praticam esses atos. Isso ocorre quando, tendo uma pessoa o dever de zelar por outra, não o faz e, pior, procura prejudica-la ao praticar um ilícito. Eis a regra do art. 136 do CTN: Art. 136. Salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. O art. 137 trata da responsabilidade pessoal do agente. A regra é que aquele que cometeu o ato ilícito deverá suportar suas consequências de forma pessoal, veja-se: Art. 137. A responsabilidade é pessoal ao agente: I - quanto às infrações conceituadas por lei como crimes ou contravenções, salvo quando praticadas no exercício regular de administração, mandato, função, cargo ou emprego, ou no cumprimento de ordem expressa emitida por quem de direito; II - quanto às infrações em cuja definição o dolo específico do agente seja elementar; III - quanto às infrações que decorram direta e exclusivamente de dolo específico: a) das pessoas referidas no artigo 134, contra aquelas por quem respondem; b) dos mandatários, prepostos ou empregados, contra seus mandantes, preponentes ou empregadores; c) dos diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado, contra estas. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 45 Denúncia Espontânea Esse instituto está regulamentado no art. 138 do Código Tributário Nacional: Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração. A denúncia espontânea tem o poder de afastar a responsabilidade daquele que cometeu uma infração tributária, entretanto, para que isso ocorra é preciso que a pessoa confesse o ato antes que o Fisco realize qualquer providência tendente a lançar o tributo. Registre-se que para fins de estabelecer esse marco se faz necessária a comunicação formal ao sujeito passivo do início do procedimento. Essa comunicação deve conter ainda o período e os tributos que são objeto de apuração. Além da confissão em momento correto, é preciso que o sujeito recolha o valor devido a título de tributo acrescido dos juros de mora correspondente, porém, se não for possível a apuração de plano do valor do crédito tributário, deve o sujeito recolher o valor arbitrado pela autoridade fiscal. Segundo entendimento do Superior Tribunal de Justiça, o benefício da denúncia espontânea não se aplica às obrigações acessórias. Esse mesmo Tribunal entende ainda que o benefício não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por homologação declarados e não pagos. É o diz a Súmula 360: SÚMULA N. 360 –STJ -O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo. Questões 01. (TCM/GO – Procurador do Ministério Público de Contas – FCC/2015) De acordo com o Código Tributário Nacional, a obrigação tributária (A) secundária não tem existência independentemente da obrigação tributária primária. (B) secundária, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em obrigação essencial de pagar penalidade pecuniária(C) acessória tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade. (D) acessória decorre necessariamente de decreto. (E) acessória tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, previstas na legislação tributária. 02. (CODEBA –Advogado– FGV–2010) Assinale a alternativa correta acerca da obrigação tributária. (A) A suspensão da exigibilidade do crédito tributário não impede a execução fiscal. (B) Apesar da solidariedade das pessoas que tenham interesse comum na situação que constituiu o fato gerador da obrigação tributária, não há possibilidade de benefício de ordem, certo que o pagamento efetuado por um dos obrigados não exime a responsabilidade dos demais. (C) O contribuinte de direito pode reclamar a restituição do tributo indireto pago indevidamente, desde que, por sua natureza, comporte a transferência do respectivo encargo financeiro. (D) O sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. (E) A exigência de depósito prévio de parcela do tributo questionado como condição para interposição de recurso administrativo, no âmbito do contencioso fiscal, implica ofensa ao princípio constitucional da ampla defesa 03. (TCM-RJ – Procurador– FGV–2008) Com base no CTN, assinale a alternativa correta. (A) Os créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador seja a propriedade, o domínio útil ou a posse de bens imóveis, e bem assim os relativos a taxas pela prestação de serviços referentes a tais 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 46 bens, ou a contribuições de melhoria, sub-rogam-se na pessoa dos respectivos adquirentes, salvo quando conste do título a prova de sua quitação. No caso de arrematação em hasta pública, a sub-rogação ocorrerá em relação ao adquirente. (B) A pessoa jurídica de direito privado que resultar de fusão, transformação ou incorporação de outra ou em outra é responsável pelos tributos devidos até a data do ato pelas pessoas jurídicas de direito privado fusionadas, transformadas ou incorporadas. Contudo, tal hipótese não se aplica aos casos de extinção de pessoas jurídicas de direito privado, quando a exploração da respectiva atividade seja continuada por qualquer sócio remanescente, ou seu espólio, sob a mesma ou outra razão social, ou sob firma individual. (C) A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma ou nome individual, responde pelos tributos, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até a data do ato: integralmente, se o alienante cessar a exploração do comércio, indústria ou atividade; e subsidiariamente com o alienante, se este prosseguir na exploração ou iniciar, depois de seis meses a contar da data da alienação, nova atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria ou profissão. (D) Na visão do STJ, o mero inadimplemento de tributo constitui infração; por isso, os sócios, administradores ou não, são, em qualquer caso, pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos (E) A responsabilidade tributária é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração. 04. (TJ-MS – Juiz– FGV–2008) De acordo com o Código Tributário Nacional, a pessoa jurídica de direito privado que adquirir de outra, por qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma ou nome individual, responderá pelos tributos, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até a data do ato, de forma: (A) integral se o alienante cessar a exploração do comércio, indústria ou atividade. (B) integral, se este prosseguir na exploração ou iniciar, dentro de seis meses a contar da data da alienação, nova atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria ou profissão. (C) subsidiária com o alienante, se este prosseguir na exploração ou iniciar, após seis meses a contar da data da alienação, nova atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria ou profissão. (D) subsidiária com o alienante, independentemente se este prosseguir ou na exploração ou iniciar, dentro de seis meses a contar da data da alienação, nova atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria ou profissão. (E) exclusiva do alienante, não havendo responsabilidade do adquirente, já que as dívidas tributárias são daquele. 05. (Curitiba-PR - Procurador– PUCPR– 2007) A expressão “fato gerador” é criticada por vários segmentos da doutrina em razão de que: (A) não importa, para a análise das obrigações tributárias, a investigação sobre os fatos que deram origem a elas. (B) o fato concreto, legalmente descrito, quando ocorrido, nenhum efeito gera. (C) as situações concretas relevantes para o Direito Tributário não são os fatos jurídicos, e sim os atos jurídicos. (D) alude, ao mesmo tempo, à previsão abstrata da norma e à situação concreta a que ela se refere. (E) a obrigação tributária principal não nasce, segundo o CTN, com a ocorrência do fato gerador. 06. (TJ-MG – Juiz– VUNESP–2012) Assinale a alternativa que apresenta informação incorreta. (A) São solidariamente responsáveis tributários as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação tributária. (B) A isenção ou a remissão de crédito tributário, na hipótese de solidariedade, exonera, sem ressalvas, todos os obrigados. (C) A responsabilidade é solidária quando tanto o contribuinte quanto o responsável respondem sem o benefício de ordem. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 47 (D) A lei pode atribuir de modo expresso a responsabilidade tributária à terceira pessoa, quando esta estiver vinculada ao fato gerador da exação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindo- a a este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da mesma obrigação. Respostas: 01. Resposta: E A obrigação acessória é aquela que derivada de lei, impõe ao sujeito passivo a obrigação de fazer, não fazer ou tolerar que se faça. A alternativa correta transcreve o disposto no art. 113, § 2º do CTN. 02. RESPOSTA Alternativa D. (A) Incorreta – AgRg no AREsp 156.870/RJ. (B) Incorreta – art. 125, I, CTN. (C) Incorreta – art. 166, CTN. (D) Correta – art. 121, CTN. (E) O gabarito aponta esta assertiva como incorreta, mas a consideramos correta de acordo com a Súmula Vinculante 21. 03. RESPOSTA Alternativa E. Art. 130, caput, c/c art. 130, parágrafo único, CTN. (B) Art. 132, caput, c/c art. 132, parágrafo único, CTN. (C) Art. 133, I e II, CTN. (D) Súmula 430, STJ; e art. 135, CTN. (E) Art. 138, caput, c/c art. 138, parágrafo único, CTN. 04. RESPOSTA Alternativa A. Art. 133, I e II, CTN. 05. RESPOSTA Alternativa D. Art. 114, CTN; PAULSEN, Leandro. Direito tributário, p. 911-912. 06. RESPOSTA Alternativa B. (A) Correta – art. 124, I, CTN. (B) Incorreta – art. 125, II, CTN. (C) Correta – art. 124, parágrafo único, CTN. (D) Correta – art. 128, CTN. 8 Crédito tributário. Crédito tributário é a denominação dada pelo CTN à obrigação tributária, vista sob o ângulo do sujeito ativo, ou seja, o direito de crédito da Fazenda Pública, já apurado pelo lançamento e dotado de certeza, liquidez, e exigibilidade.Ele decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza dela. 8.1 Constituição de crédito tributário. Uma vez realizado o fato gerador, surge a obrigação tributária. Essa obrigação para ser exigível precisa passar pelo lançamento que é o ato que faz nascer o crédito tributário. Assim, o crédito é decorrente do lançamento e pode ser traduzido como o direito que tem o Fisco de exigir, do sujeito passivo, o cumprimento da obrigação tributária. Diz o CTN: Art. 139. O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta. Pela leitura depreende-se a natureza do crédito tributário que é a mesma da obrigação que lhe deu origem. Contudo, não se deve confundir obrigação tributária (vínculo jurídico que une o Fisco ao contribuinte) com o crédito tributário que é o direito de exigir o cumprimento daquela. Somente pode haver exigência da obrigação se houver crédito tributário. Tendo, ambos os institutos, uma mesma natureza, pode-se afirmar que o crédito tributário possui natureza de relação jurídica de direito público de caráter pessoal. 8. Lançamento: competência, regras e modalidades. 9. Crédito tributário: suspensão. 10.Crédito tributário: extinção. 11. Crédito tributário: exclusão. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 48 Sendo distintos os institutos, o crédito tributário possui autonomia em relação à obrigação, senão vejamos: Art. 140. As circunstâncias que modificam o crédito tributário, sua extensão ou seus efeitos, ou as garantias ou os privilégios a ele atribuídos, ou que excluem sua exigibilidade não afetam a obrigação tributária que lhe deu origem. Contudo, a extinção do crédito importa na extinção da obrigação tributária. Uma vez constituído o crédito tributário aplica-se a ele o princípio da indisponibilidade do patrimônio público, logo somente a lei pode dispensar seu pagamento ou garantias. Abaixo: Art. 141. O crédito tributário regularmente constituído somente se modifica ou extingue, ou tem sua exigibilidade suspensa ou excluída, nos casos previstos nesta Lei, fora dos quais não podem ser dispensadas, sob pena de responsabilidade funcional na forma da lei, a sua efetivação ou as respectivas garantias. 8.2 Lançamento. Como dito, o crédito tributário é constituído por meio do lançamento, ato que se passa a estudar. Segundo o CTN: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. O lançamento possui dupla função: declarar a existência de uma obrigação tributária e constituir o crédito tributário. Verifica-se no dispositivo supra transcrito que o legislador adotou a privatividade do Fisco para proceder ao lançamento, assim, não há lançamento sem a participação do Fisco ainda que essa seja somente tácita, como se verá nas modalidades. É ainda uma atividade vinculada posto que não cabe ao agente público grau de discricionariedade, ao contrário, a Administração deve ater-se somente à lei. No ato do lançamento a autoridade administrativa descreve o fato gerador qualitativa e quantitativamente, identifica todos os elementos da obrigação tributária e, após tudo documentado, procede à notificação do sujeito passivo. Assim, só se considera devidamente concluído o lançamento após a ciência do devedor por meio da notificação que pode ser por edital. Caso o valor do tributo esteja em moeda estrangeira a conversão para moeda nacional é feita no lançamento. Essa é a regra do CTN: Art. 143. Salvo disposição de lei em contrário, quando o valor tributário esteja expresso em moeda estrangeira, no lançamento far-se-á sua conversão em moeda nacional ao câmbio do dia da ocorrência do fato gerador da obrigação. De acordo com o art. 144 do mesmo diploma legal, aplica-se no ato do lançamento a legislação vigente à época do fato gerador. Assim, se o fato gerador do Imposto de Importação foi realizado em março de 2012 e, nessa data a alíquota do referido tributo era de 2% é essa que deve ser aplicada quando do lançamento, ainda que a legislação tenha sido modificada. Art. 144. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. § 1º Aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 49 garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros. § 2º O disposto neste artigo não se aplica aos impostos lançados por períodos certos de tempo, desde que a respectiva lei fixe expressamente a data em que o fato gerador se considera ocorrido. O § 1º traz exceção à regra do caput porém, nesses casos não há prejuízo para o contribuinte, por isso é permitido a aplicação de lei diferente. Perceba-se que a lei nova a ser aplicada trata de regras procedimentais do Fisco e de garantias e privilégios do crédito, não afetando e nem surpreendendo o contribuinte. Já o § 2º trata dos fatos geradores continuados. 8.3 Modalidades de lançamento. a) Por declaração: é aquele em que o sujeito passivo ou um terceiro deve prestar informações para que a autoridade administrativa possa calcular o montante do tributo, identificar os sujeitos da relação e proceder à notificação. É uma modalidade que exige a participação do Fisco e do particular. Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. § 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. § 2º Os erros contidos na declaração e apuráveis pelo seu exame serão retificados de ofício pela autoridade administrativa a que competir a revisão daquela. Os parágrafos do dispositivo acima tratam da revisão dessa modalidade de lançamento. Caso o particular não preste as informações necessárias ou, em ocorrendo o disposto no § 2º, o Fisco está autorizado a arbitrar os valores, veja-se: Art. 148. Quando o cálculo do tributo tenha por base, ou tome em consideração, o valor ou o preço de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos, a autoridade lançadora, mediante processo regular, arbitrará aquele valor ou preço, sempre que sejam omissos ou não mereçam fé as declarações ou os esclarecimentos prestados, ou os documentos expedidos pelo sujeito passivo ou pelo terceiro legalmente obrigado, ressalvada, em caso de contestação, avaliação contraditória, administrativa ou judicial. No caso de arbitramento é necessário que a autoridade administrativa fundamente. b) De ofício: é o tipo de lançamento em que a autoridade administrativa realiza a atividade na totalidade, cabendo ao contribuinte somente o pagamento. Um bom exemplo é o IPTU em que o Fisco realiza todos os passos descritos no art.142, CTN e envia o carnê para o contribuinte efetuar o pagamento. É aplicado nesses casos: Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos:I - quando a lei assim o determine; II - quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e na forma da legislação tributária; III - quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado declaração nos termos do inciso anterior, deixe de atender, no prazo e na forma da legislação tributária, a pedido de esclarecimento formulado pela autoridade administrativa, recuse-se a prestá-lo ou não o preste satisfatoriamente, a juízo daquela autoridade; IV - quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer elemento definido na legislação tributária como sendo de declaração obrigatória; V - quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada, no exercício da atividade a que se refere o artigo seguinte; VI - quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de terceiro legalmente obrigado, que dê lugar à aplicação de penalidade pecuniária; 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 50 VII - quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação; VIII - quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do lançamento anterior; IX - quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu fraude ou falta funcional da autoridade que o efetuou, ou omissão, pela mesma autoridade, de ato ou formalidade especial. Parágrafo único. A revisão do lançamento só pode ser iniciada enquanto não extinto o direito da Fazenda Pública. Percebe-se que o lançamento de ofício pode ser originário, quando a lei assim define ou subsidiário nos casos em que substitui uma outra modalidade de lançamento. d) Por Homologação: é a modalidade em que o contribuinte calcula e paga antecipadamente o tributo, cabendo ao Fisco homologar, ou seja, manifestar concordância. Caso discorde há o lançamento de ofício. Caso permaneça silente, após cinco anos, considera-se que houve homologação tácita. Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. § 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento. § 2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito. § 3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém, considerados na apuração do saldo porventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação. § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Em regra, não se pode alterar o lançamento após a notificação do contribuinte, porém, o art. 145 do CTN traz taxativas exceções: Art. 145. O lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo só pode ser alterado em virtude de: I - impugnação do sujeito passivo; II - recurso de ofício; III - iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos previstos no artigo 149. Deve-se ainda analisar o art. 146 do mesmo diploma legal: Art. 146. A modificação introduzida, de ofício ou em consequência de decisão administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em relação a um mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua introdução. A impugnação pelo sujeito passivo é a forma como ele resiste à pretensão do Estado. Por meio dela se instaura a chamada fase contenciosa do lançamento. Há também a fase oficiosa que se encerra com a notificação. O sujeito passivo usa a impugnação para tentar desconstituir ou alterar o lançamento. A ele é garantido a ampla defesa e o contraditório. Quando da decisão, seu pedido pode ser acatado total ou parcialmente, logo, o lançamento será alterado ou até mesmo anulado. Deve-se atentar para a possibilidade de a situação do contribuinte ser alterada para pior, uma vez que a reformatio in pejus é permitida. O recurso de ofício é também conhecido como duplo grau obrigatório ou recurso necessário e ocorre toda vez que a Fazenda sai vencida, total ou parcialmente, de um processo. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 51 A alteração por meio de iniciativa de ofício da autoridade administrativa ocorre devido ao fato de a própria Administração ser responsável por auferir a legalidade de seus atos e, em sendo verificado, sua ausência, o ato deve ser corrigido. A correção implica em alteração do lançamento. 9. Suspensão do crédito tributário. Após constituído o crédito tributário, o fisco pode imediatamente promover sua execução, já que a constituição o torna líquido, certo e exigível. Entretanto, existem hipóteses em que a possibilidade de promoção de atos de cobrança fica suspensa. São elas as seguintes: Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: I - moratória; II - o depósito do seu montante integral; III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo; IV - a concessão de medida liminar em mandado de segurança. V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial; VI – o parcelamento. Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o cumprimento das obrigações assessórias dependentes da obrigação principal cujo crédito seja suspenso, ou dela consequentes. Art. 141. O crédito tributário regularmente constituído somente se modifica ou extingue , ou tem sua exigibilidade suspensa ou excluída, nos casos previstos nesta lei, fora dos quais não podem ser dispensadas, sob pena de responsabilidade funcional na forma da lei, a sua efetivação ou as respectivas garantias. Importante destacar que o rol do art. 151 é exaustivo, sendo a determinação do art. 141 reforçada ante a norma do art. 111, I14, que determina a interpretação literal da legislação que disponha sobre suspensão do crédito tributário A primeira modalidade é a moratória que é a dilação do prazo para o pagamento do tributo. Pode ser concedida em caráter geral ou individual, quando a lei prever condições para sua concessão. Nesse caso há a necessidade da avaliação de cada caso para verificar se há ou não a presença dessas condições. O mesmo não ocorre com a moratória geral. Importante destacar que a União pode conceder moratória para tributos de competência dos demais entes, mas, é preciso que também conceda aos seus tributos. Por ser exceção ao princípio da privatividade de competência tributária essa só pode ocorrer em casos de extrema gravidade, de comoção social como guerras, catástrofes, etc. Vejamos as normas que o CTN traça acerca desse instituto: Art. 152. A moratória somente pode ser concedida: I - em caráter geral: a) pela pessoa jurídica de direito público competente para instituir o tributo a que se refira; b) pela União, quanto a tributos de competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, quando simultaneamente concedida quanto aos tributos de competência federal e às obrigações de direito privado; II - em caráter individual, por despacho da autoridade administrativa, desde que autorizada por lei nas condições do inciso anterior. Parágrafo único. A lei concessiva de moratória pode circunscrever expressamente a sua aplicabilidade à determinada região do território da pessoajurídica de direito público que a expedir, ou a determinada classe ou categoria de sujeitos passivos. Art. 153. A lei que conceda moratória em caráter geral ou autorize sua concessão em caráter individual especificará, sem prejuízo de outros requisitos: 14 Art. 111. Interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I - suspensão ou exclusão do crédito tributário; 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 52 I - o prazo de duração do favor; II - as condições da concessão do favor em caráter individual; III - sendo caso: a) os tributos a que se aplica; b) o número de prestações e seus vencimentos, dentro do prazo a que se refere o inciso I, podendo atribuir a fixação de uns e de outros à autoridade administrativa, para cada caso de concessão em caráter individual; c) as garantias que devem ser fornecidas pelo beneficiado no caso de concessão em caráter individual. Art. 154. Salvo disposição de lei em contrário, a moratória somente abrange os créditos definitivamente constituídos à data da lei ou do despacho que a conceder, ou cujo lançamento já tenha sido iniciado àquela data por ato regularmente notificado ao sujeito passivo. Parágrafo único. A moratória não aproveita aos casos de dolo, fraude ou simulação do sujeito passivo ou do terceiro em benefício daquele. Art. 155. A concessão da moratória em caráter individual não gera direito adquirido e será revogado de ofício, sempre que se apure que o beneficiado não satisfazia ou deixou de satisfazer as condições ou não cumprira ou deixou de cumprir os requisitos para a concessão do favor, cobrando-se o crédito acrescido de juros de mora: I - com imposição da penalidade cabível, nos casos de dolo ou simulação do beneficiado, ou de terceiro em benefício daquele; II - sem imposição de penalidade, nos demais casos. Parágrafo único. No caso do inciso I deste artigo, o tempo decorrido entre a concessão da moratória e sua revogação não se computa para efeito da prescrição do direito à cobrança do crédito; no caso do inciso II deste artigo, a revogação só pode ocorrer antes de prescrito o referido direito. Atente-se para o disposto no art. 155, CTN que prega a revogação da moratória individual quando o beneficiário agir com dolo, fraude ou simulação. Nesse caso a consequência será o pagamento do crédito acrescido de juros e penalidades e o não cômputo do prazo entre a concessão e a revogação para fins de prescrição. Caso a revogação ocorra por simples erro, sem ter o beneficiário agido com dolo, fraude ou simulação, tem-se como consequência o dever de pagar o tributo com juros. Não há penalidades e a revogação somente poderá ocorrer antes do prazo prescricional. A segunda modalidade é o parcelamento que também é uma dilação do prazo para pagamento do tributo. Eis a regulamentação dada pelo CTN: Art. 155-A. O parcelamento será concedido na forma e condição estabelecidas em lei específica. § 1o Salvo disposição de lei em contrário, o parcelamento do crédito tributário não exclui a incidência de juros e multas. § 2o Aplicam-se, subsidiariamente, ao parcelamento as disposições desta Lei, relativas à moratória. § 3o Lei específica disporá sobre as condições de parcelamento dos créditos tributários do devedor em recuperação judicial. § 4o A inexistência da lei específica a que se refere o § 3o deste artigo importa na aplicação das leis gerais de parcelamento do ente da Federação ao devedor em recuperação judicial, não podendo, neste caso, ser o prazo de parcelamento inferior ao concedido pela lei federal específica. Importante: Embora muito parecidos, os institutos da moratória e do parcelamento distinguem-se. A moratória somente pode ser concedida em situações excepcionais, enquanto o parcelamento é uma medida corriqueira. A moratória exclui a incidência de juros e multa, enquanto o parcelamento não. O depósito integral do montante é utilizado toda vez que o sujeito passivo quer discutir judicialmente o crédito tributário sem o risco de sofrer uma ação executiva. Assim, ele realiza o depósito integral do montante e suspende a exigibilidade do crédito tributário. Note-se que esse somente é necessário nas discussões judiciais, uma vez que os recursos e reclamações administrativas, por si só suspendem a exigibilidade. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 53 O simples questionamento do crédito na via administrativa, por meio de reclamações e recursos configura causa suspensiva. Não há necessidade de realização de depósito integral, porém, se o contribuinte o realizar ficará a salvo da incidência de juros e multa. A concessão de medida liminar em Mandado de Segurança também suspende a exigibilidade do crédito. Deve-se atentar que não basta a mera impetração do mandado de segurança, é necessário a concessão da medida liminar dentro dessa ação constitucional. A concessão de medida liminar ou tutela antecipada em outras ações judiciais também é causa suspensiva. 10. Extinção do crédito tributário. As hipóteses extintivas estão descritas no art. 156 do CTN e são taxativas, somente podendo ser ampliadas mediante Lei complementar, veja-se: Art. 156. Extinguem o crédito tributário: I - o pagamento; II - a compensação; III - a transação; IV - remissão; V - a prescrição e a decadência; VI - a conversão de depósito em renda; VII - o pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos termos do disposto no artigo 150 e seus §§ 1º e 4º; VIII - a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2º do artigo 164; IX - a decisão administrativa irreformável, assim entendida a definitiva na órbita administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória; X - a decisão judicial passada em julgado. XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei Parágrafo único. A lei disporá quanto aos efeitos da extinção total ou parcial do crédito sobre a ulterior verificação da irregularidade da sua constituição, observado o disposto nos artigos 144 e 149. A extinção do crédito tributário importa, em regra, também na extinção da obrigação tributária a ele referente. Algumas situações fogem a essa regra. Nas palavras de Robinson Sakiyama Barreirinhas15: “de fato, mesmo que o sujeito passivo pague o tributo lançado pelo fisco, extinguindo, a princípio, o crédito e a correspondente obrigação, pode ocorrer de a administração tributária verificar, posteriormente, algum fato que permita a revisão do lançamento efetuado (art. 149 do CTN). Nessa hipótese, o fisco pode rever o lançamento e complementar o crédito anteriormente constituído. Apesar daquele pagamento realizado pelo sujeito passivo, a obrigação tributária subsistiu. Há ainda casos em que o lançamento efetuado é revogado ou anulado por decisão administrativa ou judicial. No caso de a decisão se basear em defeito formal (lançamento efetuado por autoridade incompetente, por exemplo, ou erro na identificação do sujeito passivo, como outro exemplo), a decisão extingue o crédito tributário constituído, sem extinguir a obrigação tributária. Se ainda não ocorreu a decadência, o fisco poderá voltar a lançar o tributo da forma que entender correta.”. Passemos a estudar as causas extintivas: A primeira causa é o pagamento que ocorre quando o sujeito passivo entrega ao sujeito ativo o montante correspondente ao crédito tributário. Deve ser feito em dinheiro e possui algumas regras específicas, como se passa a estudar. De acordo com o art. 156, CTN, a penalidade imposta por não ter sido cumprida obrigação tributária (multa) não desobriga do dever de pagar o crédito de forma integral. O pagamento de uma prestação não faz presumir o pagamento das anteriores. Em não havendo regra específica, o vencimento do tributo se dá 30 dias após a notificação do sujeito passivo.15 BARREIRINHAS, Robinson Sakiyama. Manual de Direito Tributário: doutrina e jurisprudência. Rio de Janeiro: Forense, 2009, p. 359. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 54 O atraso no pagamento gera a incidência de juros e multa de mora, sem prejuízo da aplicação de penalidades. Isso não acontece no caso de consulta, expediente utilizado pelo contribuinte para sanar dúvidas em relação ao pagamento do tributo. Já o pagamento antecipado pode ou não gerar desconto, a depender de previsão na legislação tributária. Quando um mesmo devedor tiver débitos para com o mesmo ente, relativos ao mesmo tributo, a tributos diferentes, a penalidades pecuniárias ou aos juros, a imputação deve ser feita na seguinte ordem: primeiro paga-se os débitos em que ele seja o contribuinte e, havendo saldo, o que ele figura como responsável. Caso ele figure como contribuinte ou responsável de espécies tributárias diferentes, paga- se primeiro as contribuições de melhoria, depois as taxas e os impostos. Agora, imagine que um mesmo devedor figure como contribuinte de vários impostos, paga-se aquele que estiver mais próximo de prescrever e assim por diante. Em havendo mais de um imposto com mesma data de prescrição, prefere-se pagar aquele que tem maior valor. O art. 164, CTN prevê a ação de consignação em pagamento que é utilizada pelo sujeito passivo quando houver recusa no recebimento, subordinação desse ao pagamento de outro tributo ou penalidade, ao cumprimento de obrigação acessória, de exigências administrativas sem fundamento legal e, ainda quando mais de um ente exigir o cumprimento de tributo idêntico sobre o mesmo fato gerador. Segue as regras do CTN para o pagamento: Art. 157. A imposição de penalidade não ilide o pagamento integral do crédito tributário. Art. 158. O pagamento de um crédito não importa em presunção de pagamento: I - quando parcial, das prestações em que se decomponha; II - quando total, de outros créditos referentes ao mesmo ou a outros tributos. Art. 159. Quando a legislação tributária não dispuser a respeito, o pagamento é efetuado na repartição competente do domicílio do sujeito passivo. Art. 160. Quando a legislação tributária não fixar o tempo do pagamento, o vencimento do crédito ocorre trinta dias depois da data em que se considera o sujeito passivo notificado do lançamento. Parágrafo único. A legislação tributária pode conceder desconto pela antecipação do pagamento, nas condições que estabeleça. Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. § 2º O disposto neste artigo não se aplica na pendência de consulta formulada pelo devedor dentro do prazo legal para pagamento do crédito. Art. 162. O pagamento é efetuado: I - em moeda corrente, cheque ou vale postal; II - nos casos previstos em lei, em estampilha, em papel selado, ou por processo mecânico. § 1º A legislação tributária pode determinar as garantias exigidas para o pagamento por cheque ou vale postal, desde que não o torne impossível ou mais oneroso que o pagamento em moeda corrente. § 2º O crédito pago por cheque somente se considera extinto com o resgate deste pelo sacado. § 3º O crédito pagável em estampilha considera-se extinto com a inutilização regular daquela, ressalvado o disposto no artigo 150. § 4º A perda ou destruição da estampilha, ou o erro no pagamento por esta modalidade, não dão direito a restituição, salvo nos casos expressamente previstos na legislação tributária, ou naquelas em que o erro seja imputável à autoridade administrativa. § 5º O pagamento em papel selado ou por processo mecânico equipara-se ao pagamento em estampilha. Art. 163. Existindo simultaneamente dois ou mais débitos vencidos do mesmo sujeito passivo para com a mesma pessoa jurídica de direito público, relativos ao mesmo ou a diferentes tributos ou provenientes de penalidade pecuniária ou juros de mora, a autoridade administrativa 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 55 competente para receber o pagamento determinará a respectiva imputação, obedecidas as seguintes regras, na ordem em que enumeradas: I - em primeiro lugar, aos débitos por obrigação própria, e em segundo lugar aos decorrentes de responsabilidade tributária; II - primeiramente, às contribuições de melhoria, depois às taxas e por fim aos impostos; III - na ordem crescente dos prazos de prescrição; IV - na ordem decrescente dos montantes. Art. 164. A importância de crédito tributário pode ser consignada judicialmente pelo sujeito passivo, nos casos: I - de recusa de recebimento, ou subordinação deste ao pagamento de outro tributo ou de penalidade, ou ao cumprimento de obrigação acessória; II - de subordinação do recebimento ao cumprimento de exigências administrativas sem fundamento legal; III - de exigência, por mais de uma pessoa jurídica de direito público, de tributo idêntico sobre um mesmo fato gerador. § 1º A consignação só pode versar sobre o crédito que o consignante se propõe pagar. § 2º Julgada procedente a consignação, o pagamento se reputa efetuado e a importância consignada é convertida em renda; julgada improcedente a consignação no todo ou em parte, cobra-se o crédito acrescido de juros de mora, sem prejuízo das penalidades cabíveis. A compensação ocorre quando duas pessoas são devedoras e credoras entre si, por isso é possível o abatimento de uma dívida com outra. Eis os dispositivos do CTN a esse respeito: Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passivo, a lei determinará, para os efeitos deste artigo, a apuração do seu montante, não podendo, porém, cominar redução maior que a correspondente ao juro de 1% (um por cento) ao mês pelo tempo a decorrer entre a data da compensação e a do vencimento. Art. 170-A. É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial. A transação é uma espécie de acordo em que ambas as partes fazem concessões. Está disciplinada no art. 171 do CTN: Art. 171. A lei pode facultar, nas condições que estabeleça, aos sujeitos ativo e passivo da obrigação tributária celebrar transação que, mediante concessões mútuas, importe em determinação de litígio e consequente extinção de crédito tributário. Parágrafo único. A lei indicará a autoridade competente para autorizar a transação em cada caso. A remissão: é o perdão do crédito tributário. Art. 172. A lei pode autorizar a autoridade administrativa a conceder, por despacho fundamentado, remissão total ou parcial do crédito tributário, atendendo: I - à situação econômica do sujeito passivo; II - ao erro ou ignorância excusáveis do sujeito passivo, quanto a matéria de fato; III - à diminuta importância do crédito tributário; IV - a considerações de eqüidade, em relação com as características pessoais ou materiais do caso; V - a condições peculiares a determinada região do território da entidade tributante. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 56 Parágrafo único. O despacho referido neste artigo não gera direito adquirido, aplicando-se, quando cabível, o disposto no artigo 15516. A decadência é a perda do direito de promover o lançamento pela inércia e estáprevista no art. 173, CTN: Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados: I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extingue-se definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento. O Fisco tem cinco anos para promover o lançamento. São quatro os termos iniciais, a saber: a) Regra Geral: contida no inciso I do art. 173 do CTN. O prazo para o lançamento extingue-se em cinco anos, contados do primeiro dia do exercício financeiro seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; Ex: fato gerador realizado em agosto de 2013, nesse mesmo ano poderia ter sido realizado o lançamento, logo o termo inicial é dia 01 de janeiro de 2014. b) Regra da antecipação de contagem: contida no parágrafo único do art. 173 do CTN. A contagem inicia-se na data do ato tendente a lançar o tributo. Ex: fiscalização ou qualquer outra medida preparatória indispensável ao lançamento. Assim, se determinada empresa sofre fiscalização e, porventura, encontra- se alguma irregularidade, o fiscal a notifica. Sendo assim, o prazo decadencial já passa a correr a partir dessa data. c) Regra de anulação de lançamento por vício formal: contida no inciso II do mesmo dispositivo legal. A data em que se tornar definitiva a decisão que anulou o lançamento é o termo inicial para a contagem da decadência; d) Regra do lançamento por homologação: conforme já estudado, o art. 150, § 4º determina que a partir da data da ocorrência do fato gerador, se transcorridos cinco anos sem que a Fazenda Pública tenha se manifestado no que reporta à homologação, essa ocorrerá de forma tácita. O STJ tem entendido que a regra acima não é aplicável quando o contribuinte não realiza o pagamento na data correta. Logo, aplicar-se-ia a regra geral. Caso o pagamento tenha sido realizado com dolo, fraude ou simulação também aplica-se a regra geral. A Prescrição ocorre pela inércia do Estado em propor a Ação de Execução Fiscal. De acordo com o CTN o prazo é de cinco anos contados da constituição definitiva do crédito tributário, veja-se: Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data da sua constituição definitiva. Parágrafo único. A prescrição se interrompe: I – pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal; II - pelo protesto judicial; III - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; IV - por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito pelo devedor. Prescrição é assunto expressamente reservado à Lei Complementar no art. 146, III, b, da CF/88. É uma norma geral de direito tributário reservada a essa espécie legislativa. Assim, não teriam validade quaisquer normas ordinárias que instituíssem termos, prazos, hipóteses de suspensão ou de interrupção. 16 Art. 155. A concessão da moratória em caráter individual não gera direito adquirido e será revogado de ofício, sempre que se apure que o beneficiado não satisfazia ou deixou de satisfazer as condições ou não cumprira ou deixou de cumprir os requisitos para a concessão do favor, cobrando-se o crédito acrescido de juros de mora: I - com imposição da penalidade cabível, nos casos de dolo ou simulação do beneficiado, ou de terceiro em benefício daquele; II - sem imposição de penalidade, nos demais casos. Parágrafo único. No caso do inciso I deste artigo, o tempo decorrido entre a concessão da moratória e sua revogação não se computa para efeito da prescrição do direito à cobrança do crédito; no caso do inciso II deste artigo, a revogação só pode ocorrer antes de prescrito o referido direito. Importante recordar as consequências da revogação da moratória pois, essas também são aplicadas à remissão. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 57 Como se sabe, trata-se do prazo que tem a Fazenda para cobrar o crédito tributário, desaparecendo sua pretensão em 05 anos. O prazo deve ser contado a partir da constituição definitiva do crédito tributário. A prescrição não extingue apenas a pretensão, como ocorre no direito civil, extingue também o crédito tributário. No direito tributário não há renúncia à prescrição exatamente por isso, o pagamento feito a posteriori foi um pagamento sem causa, não havia vínculo. Essa que é a grande diferença da prescrição tributária para a prescrição de direito civil. No direito tributário a prescrição extingue a obrigação, pagamento de crédito prescrito é repetível, porque não há vínculo tributário, o pagamento é sem causa, diferentemente do direito civil, em que o pagamento seria de obrigação natural, logo, irrepetível. O crédito é cobrado a partir do momento em que não pode mais ser alterado, tendo se tornado definitivo. a) Lançamento de ofício: o prazo prescricional se inicia exatamente do primeiro dia após terminar o prazo dado ao contribuinte para pagar o tributo. Se houve impugnação, o prazo começa a contar a partir de quando se decide definitivamente sobre ela, sendo o contribuinte intimado da decisão final em desfavor da qual não caiba mais recurso. Logo, o prazo prescricional deve ser contado a partir de quando o tributo passa a ser exigível. b) Lançamento por homologação: no momento em que o contribuinte informa à Fazenda a constituição do crédito via DCTF, GFIP, GIA e outros documentos hábeis. A partir daí, ela terá os 05 anos para cobrar. Se o contribuinte entrega a declaração antes do vencimento do tributo, isso não terá o condão de adiantar a contagem do prazo prescricional. A contagem do prazo prescricional será contada, ainda, do vencimento. Muitas vezes o prazo prescricional tem seu termo inicial a partir da entrega do documento, data em que deverá ser feito o pagamento. Porém, outras vezes, quando se pode declarar, mas ainda se tem prazo para pagar, a obrigação somente se torna exigível findo o prazo. Logo, a data de início do prazo prescricional será aquela em que a fazenda pública pode legitimamente promover a inscrição em dívida ativa. Causas de Interrupção da Prescrição (art. 174, p. único) Interrupção são causas de reinício da contagem do prazo prescricional, desprezando-se os períodos já decorridos. a) Pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal: para as ações ajuizadas antes de 09/06/2005, que promoveu a modificação desse inciso, somente interromperia a prescrição a redação antiga, ou seja, a efetiva citação pessoal do devedor. Isso tornava problemático para a Fazenda Pública cobrar seus créditos, pois bastava aos devedores se esconderem para não serem citados. A alteração legislativa, com a redação atual, somente se aplica para as novas ações ajuizadas, pois o art. 174 do CTN deve ser interpretado em conjunto com o disposto no art. 219, § 1º, do CPC, de modo que o marco interruptivo atinente à prolação do despacho que ordena a citação do executado retroage à data do ajuizamento do feito executivo, a qual deve ser empreendida no prazo prescricional. Dessarte, a propositura da ação constitui o dies ad quem do prazo prescricional e, simultaneamente, o termo inicial para sua recontagem sujeita às causas interruptivas previstas no art. 174, parágrafo único, do CTN.17 b) Pelo protesto judicial: o protesto judicial é aquele previsto nos artigos 867 e seguintes do CPC. c) Por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor: no caso da redação antiga da letra a, utilizava-se de citação por edital para interromper aprescrição em desfavor dos devedores. d) Por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito pelo devedor: é o caso, v.g., de adesão ao REFIS, oportunidade em que o prazo fica suspenso até o pagamento final ou até a exclusão; a confissão feita pelo contribuinte para fins de parcelamento; e) Constituição definitiva do crédito tributário: essa hipótese não se encontra no artigo, mas é evidente que interrompe. É cediço que a constituição definitiva do crédito tributário, sujeita à decadência, inaugura o decurso do prazo prescricional de cinco anos para o Fisco cobrá-lo judicialmente. Nos casos em que o Fisco constitui o crédito tributário mediante lançamento, inexistindo quaisquer causas de suspensão da exigibilidade ou de interrupção da prescrição, o prazo prescricional conta-se da data em que o contribuinte for regularmente notificado do lançamento tributário (arts. 145 e 174 do CTN). Entretanto, sobrevindo causa 17 STJ. AgRg no REsp 1.293.997-SE, 2T, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 20/3/2012. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 58 de suspensão de exigibilidade antes do vencimento do prazo para pagamento do crédito tributário formalizado pelo contribuinte (em se tratando de tributos sujeitos a lançamento por homologação) ou lançado pelo Fisco, não tendo sido reiniciado o prazo ex vi do parágrafo único do art. 174 do CTN, o dies a quo da regra da prescrição desloca-se para a data do desaparecimento jurídico do obstáculo à exigibilidade (REsp 1.107.339-SP). Causas de Suspensão do Prazo Prescricional Suspendem a fluência do prazo prescricional: a) A concessão de moratória, parcelamento, anistia, remissão, isenção em caráter individual e mediante procedimento fraudulento do beneficiário, ficando o prazo suspendo até a anulação do favor; b) O depósito do montante integral, o parcelamento, a concessão de liminar ou tutela antecipada ao sujeito passivo, a concessão de liminar em mandado de segurança, a instauração de um PAF e a moratória, ficando a obrigação suspensa até que o crédito volte a ser exigível; c) A inscrição do débito tributário em dívida ativa, a suspensão durará 180 dias ou até a distribuição da execução fiscal, se esta ocorrer primeiro (LEF); d) Por ordem judicial. Repetição do Tributo Prescrito O tributo prescrito pago pode ser repetido, trata-se de um direito do contribuinte. Há o direito do contribuinte à repetição do indébito quando o montante pago foi em razão de um crédito tributário prescrito (STJ, REsp 646.328/RS). Conforme disposto nos arts. 168, I, e 156, I, do CTN, nos tributos sujeitos a lançamento de ofício, o prazo prescricional de cinco anos para pleitear a repetição tributária é contado da extinção do crédito tributário, do efetivo pagamento do tributo. O trânsito em julgado da declaração do STF relativa à inconstitucionalidade da Lei instituidora do tributo (controle concentrado) ou a publicação de resolução do Senado Federal que suspenda a execução da Lei (declaração da inconstitucionalidade em controle difuso) não têm influência na contagem do prazo prescricional referente aos tributos sujeitos ao lançamento de ofício ou por homologação (REsp 1.110.578-SP) . Prescrição Intercorrente Após constituído o crédito, o fisco tem 05 anos para propor a ação de execução fiscal, fundada na Certidão da Dívida Ativa. Porém, o art. 40 da LEF determina que caso na execução fiscal não seja encontrado o devedor, ou caso não tenham sido encontrados bens para a penhora, o processo seja suspenso por 1 ano. Se, ultrapassado esse prazo de 01 ano, não houvesse notícias do devedor ou de bens dele, era possível que fosse determinado o arquivamento dos autos. Porém, esse arquivamento não poderia ser por prazo indefinido. Caso o arquivamento se desse por um prazo superior a 05 anos, deveria ser decretada a prescrição intercorrente. Isso, entretanto, foi uma construção jurisprudencial. Porém, o artigo 40 foi posteriormente alterado, prevendo expressamente a prescrição intercorrente caso arquivado o processo por mais de 05 anos. Por que essa lei poderia tratar da prescrição, se não é Lei complementar? Pois a lei trata da prescrição no manejo do processo, e não da prescrição do crédito tributário. O que prescreve é o processo, já que a Fazenda foi omissa no manejo do processo executivo. Essa prescrição é aplicada, inclusive, para trás, ou seja, antes de ter entrado em vigor a lei que alterou a LEF. Prescrição Intercorrente em Procedimento Administrativo Não há se falar na existência de tal prescrição. Repita-se: inexiste prescrição no procedimento administrativo. Enquanto pendente o procedimento, enquanto não constituído definitivamente o crédito tributário, não corre o lapso prescricional, o que somente passa a acontecer com a ciência ao contribuinte acerca do encerramento do procedimento. A conversão do depósito em renda: é a modalidade que ocorre quando o depósito integral do montante foi realizado a fim de suspender a exigibilidade do crédito tributário enquanto a questão principal 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 59 é discutida judicialmente. Tendo o contribuinte saído perdedor desse processo, o depósito efetuado será convertido em renda, ou seja, será levantado pela Fazenda Pública, extinguindo o crédito. Já o pagamento antecipado e homologação do pagamento ocorre nos tributos sujeitos a lançamento por homologação. O Fisco tem 5 anos para promover a homologação expressa. Caso não o faça, transcorrido esse prazo ocorre a homologação tácita. Em ambas as hipóteses a homologação extingue o crédito tributário. A consignação em pagamento julgada procedente como já estudamos é uma ação disciplinada pelo art. 164, CTN. Se julgada procedente, o pagamento reputa-se efetuado e a importância é convertida em renda, extinguindo o crédito tributário. Pela importância, transcreve-se o § 2º do art. 164, CTN: § 2º Julgada procedente a consignação, o pagamento se reputa efetuado e a importância consignada é convertida em renda; julgada improcedente a consignação no todo ou em parte, cobra-se o crédito acrescido de juros de mora, sem prejuízo das penalidades cabíveis. A decisão administrativa irreformável ocorre quando o sujeito passivo se insurje administrativamente contra a pretensão do Fisco. Então, instaura-se o processo administrativo fiscal que se encerra com uma decisão. Se essa for favorável ao contribuinte e não houver mais possibilidade de modificação, extingue-se o crédito tributário. Muito semelhante é a decisão judicial passada em julgado só que essa ocorre quando o sujeito passivo utiliza a via judicial para se insurgir contra a pretensão do Fisco. A decisão passada em julgado é aquela contra qual não cabe mais recursos, ou seja, não pode ser mais reformada. Se favorável ao contribuinte, extingue o crédito tributário. A dação em pagamento em bens imóveis é entrega de um bem imóvel como forma de cumprir com a obrigação tributária. 11. Exclusão de crédito tributário. Excluir o crédito tributário significa impedir a sua constituição. Trata-se de situações em que, não obstante a ocorrência do fato gerador e o consequente nascimento da obrigação tributária, não pode haver lançamento, de forma que não surgirá o crédito tributário. Somente existem duas hipóteses de exclusão: a anistia e a isenção. A primeira exclui o crédito relativo à penalidade pecuniária, enquanto a segunda, a tributos. Em nenhuma das hipóteses ocorre a dispensa do cumprimento das obrigações acessórias dependentes da obrigação principal cujo crédito foi excluído. Diz o art. 175 do CTN: Art. 175. Excluem o crédito tributário: I - a isenção; II - a anistia. Parágrafo único. A exclusão do crédito tributário não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias dependentes da obrigação principalcujo crédito seja excluído, ou dela consequente. Diferença entre isenção e anistia: Isenção Anistia Exclui o crédito relativo ao tributo Exclui o crédito relativo à penalidade pecuniária A isenção é a dispensa legal do pagamento do tributo e deve ser feita por meio de lei específica, segundo regra contida no art. 150, § 6º, CF: § 6.º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 60 específica, federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, § 2.º, XII, g. O CTN assim disciplina a isenção: Art. 176. A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente de lei que especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo caso, o prazo de sua duração. Parágrafo único. A isenção pode ser restrita a determinada região do território da entidade tributante, em função de condições a ela peculiares. Art. 177. Salvo disposição de lei em contrário, a isenção não é extensiva: I - às taxas e às contribuições de melhoria; II - aos tributos instituídos posteriormente à sua concessão. Art. 178 - A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em função de determinadas condições, pode ser revogada ou modificada por lei, a qualquer tempo, observado o disposto no inciso III do art. 104. Art. 179. A isenção, quando não concedida em caráter geral, é efetivada, em cada caso, por despacho da autoridade administrativa, em requerimento com o qual o interessado faça prova do preenchimento das condições e do cumprimento dos requisitos previstos em lei ou contrato para sua concessão. § 1º Tratando-se de tributo lançado por período certo de tempo, o despacho referido neste artigo será renovado antes da expiração de cada período, cessando automaticamente os seus efeitos a partir do primeiro dia do período para o qual o interessado deixar de promover a continuidade do reconhecimento da isenção. § 2º O despacho referido neste artigo não gera direito adquirido, aplicando-se, quando cabível, o disposto no artigo 155. No que reporta à revogação da isenção onerosa, importante a Súmula 544 do STF, abaixo: STF. Súmula 544. Isenções tributárias concedidas, sob condição onerosa, não podem ser livremente suprimidas. Quando a isenção é concedida em caráter individual pode ser anulada de ofício se for constatado que o sujeito não satisfazia ou deixou de satisfazer as condições, ou que não cumpria ou deixou de cumprir os requisitos necessários para a concessão. Nesse caso, o tributo é cobrado com acréscimo de juros de mora. A anulação deve ocorrer antes do prazo prescricional. Cobra-se ainda penalidade pecuniária quando a isenção é obtida com dolo, fraude ou simulação, seja do beneficiário ou de terceiro em seu favor. Ainda nos casos de dolo, fraude ou simulação, não corre prazo prescricional entre a data da concessão e da anulação. A anistia é o perdão legal de infrações e está prevista no arts. 180 a 182 do CTN: Art. 180. A anistia abrange exclusivamente as infrações cometidas anteriormente à vigência da lei que a concede, não se aplicando: I - aos atos qualificados em lei como crimes ou contravenções e aos que, mesmo sem essa qualificação, sejam praticados com dolo, fraude ou simulação pelo sujeito passivo ou por terceiro em benefício daquele; II - salvo disposição em contrário, às infrações resultantes de conluio entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas. Art. 181. A anistia pode ser concedida: I - em caráter geral; II - limitadamente: a) às infrações da legislação relativa a determinado tributo; 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 61 b) às infrações punidas com penalidades pecuniárias até determinado montante, conjugadas ou não com penalidades de outra natureza; c) a determinada região do território da entidade tributante, em função de condições a ela peculiares; d) sob condição do pagamento de tributo no prazo fixado pela lei que a conceder, ou cuja fixação seja atribuída pela mesma lei à autoridade administrativa. Art. 182. A anistia, quando não concedida em caráter geral, é efetivada, em cada caso, por despacho da autoridade administrativa, em requerimento com a qual o interessado faça prova do preenchimento das condições e do cumprimento dos requisitos previstos em lei para sua concessão. Parágrafo único. O despacho referido neste artigo não gera direito adquirido, aplicando-se, quando cabível, o disposto no artigo 155. A anistia somente pode ser concedida para infrações ocorridas antes da vigência da lei concessiva, essa é a regra esposada no art. 180 supracitado. A concessão também somente pode ocorrer antes do lançamento da infração, visto tratar-se de causa de exclusão do crédito tributário. É proibido conceder anistia aos crime, contravenções e aos atos praticados com dolo, fraude ou simulação, seja pelo beneficiário ou por terceiro em seu favor. Também não é possível, salvo disposição em contrário, a concessão da anistia quando as infrações derivarem de conluio de duas ou mais pessoas físicas ou jurídicas. Conluio é assim definido pela Lei nº 4.502/64: Art. 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72. Pela importância, transcreve-se também os arts. 71 e 72 das referida Lei: Art. 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I - da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II - das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art. 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. A anistia também pode ser concedida em caráter individual. Nesse caso, são aplicadas as mesmas regras da isenção no que reporta à anulação do benefício. Garantias e privilégios do crédito tributário. Garantias são regras que asseguram direitos. Em sede tributária, elas facultam a entrada do Estado no patrimônio particular para receber a prestação relativa a tributos. São os meios jurídicos assecuratórios que cercam o direito subjetivo do Estado de receber a prestação tributária. Privilégios são as regras que põem o crédito tributário numa posição de vantagem quanto aos demais. As garantias previstas no CTN não são taxativas, podendo outras virem a ser estipuladas em outras leis de acordo com as peculiaridades dos tributos a que se refiram. Garantias e privilégios são medidas que visam assegurar a satisfação do crédito tributário. Essas estão previstas em rol exemplificativo nesse capítulo do CTN. Segundo o art. 184, CTN, ainda que a obrigação tributária seja de natureza pessoal (responsabilidade pessoal) o patrimônio total do devedor responderá pela dívida, ainda que sobre o bem recaia cláusula de inalienabilidade ou impenhorabilidade, ainda que o bem esteja gravado por ônus real. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 62 Essa regra comporta somente duas exceções: os bens declarados por lei como absolutamente impenhoráveis (art. 649 do Código de Processo Civil)18 e os bens gravados por ônus real em processo falimentar. Essa última não é propriamente uma exceçãoe sim uma limitação, dado que o crédito tributário não prefere mais os créditos com garantias real, desde que no limite do bem gravado. CAPÍTULO VI Garantias e Privilégios do Crédito Tributário SEÇÃO I Disposições Gerais Art. 183. A enumeração das garantias atribuídas neste Capítulo ao crédito tributário não exclui outras que sejam expressamente previstas em lei, em função da natureza ou das características do tributo a que se refiram. Parágrafo único. A natureza das garantias atribuídas ao crédito tributário não altera a natureza deste nem a da obrigação tributária a que corresponda. Art. 184. Sem prejuízo dos privilégios especiais sobre determinados bens, que sejam previstos em lei, responde pelo pagamento do crédito tributário a totalidade dos bens e das rendas, de qualquer origem ou natureza, do sujeito passivo, seu espólio ou sua massa falida, inclusive os gravados por ônus real ou cláusula de inalienabilidade ou impenhorabilidade, seja qual for a data da constituição do ônus ou da cláusula, excetuados unicamente os bens e rendas que a lei declare absolutamente impenhoráveis. Art. 185. Presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo, por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente inscrito como dívida ativa. Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica na hipótese de terem sido reservados, pelo devedor, bens ou rendas suficientes ao total pagamento da dívida inscrita. A partir do momento da regular inscrição em dívida ativa do crédito, qualquer alienação ou oneração de bens ou rendas será presumida fraudulenta, desde que o sujeito passivo tenha sido formalmente comunicado do fato e não lhe restem bens para arcar com a dívida. Provada a comunicação, a presunção será absoluta, não se aceitando qualquer prova em contrário. Não é mais necessária, como antes se exigia, a prévia citação do devedor para essa presunção. Nesse sentido: Portanto, se o débito já está regularmente inscrito em dívida ativa, qualquer alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo pelo sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, será considerada fraudulenta. (SABBAG, Eduardo. Manual de Direito Tributário. São Paulo: Saraiva, 2009, pg. 892) A redação dada pela Lei complementar n. 118/2005 veio a ratificar o entendimento de que a mera inscrição em dívida ativa – ato de controle no âmbito administrativo da legalidade da conduta fazendária, no qual se apuram a liquidez e certeza do crédito tributário – e, não mais a efetiva propositura da ação de execução fiscal, já se mostra bastante para configurar a fraude na alienação ou na oneração de bens, o que espelha um aumento das garantias do crédito tributário. A presunção só não se aplica se o sujeito passivo provar que deixou bens ou rendas suficientes ao total pagamento da dívida inscrita. 18 Art. 649. São absolutamente impenhoráveis: I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução; II - os móveis, pertences e utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado valor ou que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida; III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor; IV - os vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios; as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, observado o disposto no § 3o deste artigo; V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício de qualquer profissão; VI - o seguro de vida; VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas; VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família; IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social; X - até o limite de 40 (quarenta) salários mínimos, a quantia depositada em caderneta de poupança. XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos, nos termos da lei, por partido político 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 63 Então os requisitos são: a inscrição do crédito em dívida ativa previamente à alienação e a insolvência patrimonial do devedor por decorrência dessa alienação. Essa presunção de fraude doutrinariamente é considerada uma presunção iuris et de iuri (de direito e por direito), ou seja, absoluta, e o seu efeito é de tornar ineficaz, inoponível o negócio jurídico, a alienação, no caso, à Fazenda credora, que pode pedir que a penhora recaia sobre o bem alienado do devedor. Art. 185-A. Na hipótese de o devedor tributário, devidamente citado, não pagar nem apresentar bens à penhora no prazo legal e não forem encontrados bens penhoráveis, o juiz determinará a indisponibilidade de seus bens e direitos, comunicando a decisão, preferencialmente por meio eletrônico, aos órgãos e entidades que promovem registros de transferência de bens, especialmente ao registro público de imóveis e às autoridades supervisoras do mercado bancário e do mercado de capitais, a fim de que, no âmbito de suas atribuições, façam cumprir a ordem judicial. § 1o A indisponibilidade de que trata o caput deste artigo limitar-se-á ao valor total exigível, devendo o juiz determinar o imediato levantamento da indisponibilidade dos bens ou valores que excederem esse limite. § 2o Os órgãos e entidades aos quais se fizer a comunicação de que trata o caput deste artigo enviarão imediatamente ao juízo a relação discriminada dos bens e direitos cuja indisponibilidade houverem promovido. Foi introduzida em sede tributária pela Lei complementar nº 118/05. Caso o devedor citado não pague e nem apresente bens à penhora no prazo legal, e não forem encontrados bens penhoráveis, o juiz utilizará meios eletrônicos para comunicar aos órgãos e entidades bancários, de mercados de capitais e de registros públicos a ordem de indisponibilidade dos bens, na exata quantia necessária para satisfazer o credor. Segundo entendimento do STJ, com a introdução do art. 655-A no CPC, basta o requerimento do exequente para realização da penhora, não sendo mais necessário que se esgotem as tentativas para a localização de bens do devedor penhoráveis. Nesse sentido, a interpretação das alterações efetuadas no CPC não pode resultar no absurdo lógico em colocar o credor privado em situação melhor que o credor público, especialmente no que diz respeito à cobrança do crédito tributário. Em interpretação sistemática do ordenamento jurídico na busca de uma eficácia maior do provimento jurisdicional, deve-se conjugar o art 185-A do CTN com o art 11 da LEF e os artigos 655 e 655-A do CPC para possibilitar a penhora de dinheiro e depósito em aplicação financeira, independentemente do esgotamento de diligências para encontrar outros bens penhoráveis”. (REsp 1.074.228). Concluindo, o STJ já tem entendido que não é necessária essa demonstração de inexistência de outros bens pela Fazenda, podendo ser efetivada a penhora de dinheiro de imediato (REsp 1.097.895/BA). Isso porque dinheiro é o primeiro bem na lista de preferência da penhora (art. 655, CPC), não sendo correto impor esse ônus à Fazenda. SEÇÃO II Preferências Art. 186. O crédito tributário prefere a qualquer outro, seja qual for sua natureza ou o tempo de sua constituição, ressalvados os créditos decorrentes da legislação do trabalho ou do acidente de trabalho. Parágrafo único. Na falência: I – o crédito tributário não prefere aos créditos extraconcursais ou às importâncias passíveisde restituição, nos termos da lei falimentar, nem aos créditos com garantia real, no limite do valor do bem gravado; II – a lei poderá estabelecer limites e condições para a preferência dos créditos decorrentes da legislação do trabalho; e III – a multa tributária prefere apenas aos créditos subordinados. As regras sobre privilégios têm lugar quando o crédito está sujeito a concurso de credores, como no caso de falência, recuperação judicial, inventário, arrolamento e liquidação de empresas. O crédito tributário sempre preferirá a qualquer outro, salvo os decorrentes de relações de trabalho e de acidente de trabalho, ressalvados também outros pontos específicos que a lei determinar. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 64 O crédito tributário tem prioridade sobre os créditos chamados quirografários, comuns e também sobre os créditos com garantia real. Basicamente, como regra geral, o crédito tributário tem prioridade quase que absoluta, só perde prioridade para os créditos decorrentes da legislação do trabalho, chamados trabalhistas, e os de acidente de trabalho. Art. 187. A cobrança judicial do crédito tributário não é sujeita a concurso de credores ou habilitação em falência, recuperação judicial, concordata, inventário ou arrolamento. Parágrafo único. O concurso de preferência somente se verifica entre pessoas jurídicas de direito público, na seguinte ordem: I - União; II - Estados, Distrito Federal e Territórios, conjuntamente e pró rata; III - Municípios, conjuntamente e pró rata. O art. 187 não quer dizer que o crédito tributário seja prioritário em relação a qualquer outro. É preciso entender adequadamente o que ele dispõe. Quando o legislador no art. 187 do CTN estabeleceu que o crédito tributário não se submete a concurso de credores ou habilitação em falência, recuperação judicial, concordata, inventário ou arrolamento, ele quis dizer que o procedimento de cobrança do crédito tributário é sempre o da Lei nº 6.830/80, independentemente de estar deflagrado um concurso de credores em torno do patrimônio do devedor. O Fisco tem esse privilégio, ele não se submete a procedimentos de concurso de credores, a cobrança é feita na forma da Lei nº 6.830/80, LEF, salvo se optar expressamente pela habilitação, conforme visto no julgado do STJ acima (REsp 1.103.405/MG). O art. 187 do CTN trata de procedimento para exigir o crédito tributário. Dizer que o fisco não se submete ao procedimento do concurso de credores não é o mesmo que dizer que o fisco não se submeta à classificação de crédito. À classificação de crédito ele tem que se submeter, porque o crédito dele, embora prioritário, não tem prioridade absoluta. Art. 188. São extraconcursais os créditos tributários decorrentes de fatos geradores ocorridos no curso do processo de falência. § 1º Contestado o crédito tributário, o juiz remeterá as partes ao processo competente, mandando reservar bens suficientes à extinção total do crédito e seus acrescidos, se a massa não puder efetuar a garantia da instância por outra forma, ouvido, quanto à natureza e valor dos bens reservados, o representante da Fazenda Pública interessada. § 2º O disposto neste artigo aplica-se aos processos de concordata. Art. 189. São pagos preferencialmente a quaisquer créditos habilitados em inventário ou arrolamento, ou a outros encargos do monte, os créditos tributários vencidos ou vincendos, a cargo do de cujus ou de seu espólio, exigíveis no decurso do processo de inventário ou arrolamento. Parágrafo único. Contestado o crédito tributário, proceder-se-á na forma do disposto no § 1º do artigo anterior. Art. 190. São pagos preferencialmente a quaisquer outros os créditos tributários vencidos ou vincendos, a cargo de pessoas jurídicas de direito privado em liquidação judicial ou voluntária, exigíveis no decurso da liquidação. Art. 191. A extinção das obrigações do falido requer prova de quitação de todos os tributos. Art. 191-A. A concessão de recuperação judicial depende da apresentação da prova de quitação de todos os tributos, observado o disposto nos arts. 151, 205 e 206 desta Lei. Exigir a quitação de tributos em determinadas situações é forma de exigir indiretamente seu adimplemento. De acordo com o art. 191, CTN, a extinção das obrigações do falido requer prova de quitação de todos os tributos dos quais for sujeito passivo, responsável ou contribuinte, mesmo que o fato gerador seja alheio à sua atividade mercantil. Também a recuperação judicial depende da apresentação da prova de quitação de todos os tributos, de acordo com o art. 191-A. Neste último caso, a suspensão da exigibilidade do crédito com o parcelamento, com a consequente obtenção de certidão que atesta o fato, é prova de quitação, autorizando o gozo legal da recuperação judicial. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 65 Art. 192. Nenhuma sentença de julgamento de partilha ou adjudicação será proferida sem prova da quitação de todos os tributos relativos aos bens do espólio, ou às suas rendas. Art. 193. Salvo quando expressamente autorizado por lei, nenhum departamento da administração pública da União, dos Estados, do Distrito Federal, ou dos Municípios, ou sua autarquia, celebrará contrato ou aceitará proposta em concorrência pública sem que o contratante ou proponente faça prova da quitação de todos os tributos devidos à Fazenda Pública interessada, relativos à atividade em cujo exercício contrata ou concorre. Crédito Tributário na Falência O crédito tributário não está sujeito ao concurso de credores falimentar. Isso significa que ele não precisa ser habilitado no processo falimentar. Geralmente o que ocorre é uma penhora no rosto dos autos. Essa não sujeição, evidentemente, não significa que os valores devidos à Fazenda não serão pagos. O único concurso que ocorre é entre os próprios créditos tributários (da União, dos Estados e DF e dos Municípios). Apesar de a cobrança não estar sujeita à habilitação e falência, isso não significa que a habilitação está proibida, e sim que a Fazenda tem a prerrogativa de poder ou não se utilizar da LEF ou do concurso falimentar. Porém, a escolha de um rito importa na renúncia do outro. Não pode haver execução simultânea pelo mesmo crédito por dois ritos diferentes. Renúncia de receitas tributárias. A renúncia de receitas nada mais é do que a concessão de benefícios fiscais. O ente competente para a instituição do tributo também é competente para conceder os benefícios, contudo, por se tratar de dinheiro público, deve-se atentar para o princípio da indisponibilidade do patrimônio público. Esse princípio proíbe que o agente público conceda qualquer benefício fiscal, o que ele pode é aplicar o benefício previsto em lei no caso concreto. Logo, quem concede os benefícios é a lei e isso está em perfeita consonância com o princípio democrático. Ora, se a lei é expressão da vontade do povo, entende-se que o povo deseja a concessão do benefício. Os benefícios são concedidos pelos mais diversos motivos. Por vezes, concede-se o benefício para créditos tributários vencidos e não pagos, em outras a concessão impede que esses sejam lançados. Podem ainda ser concedidos para estimular o desenvolvimento de determinado setor econômico ou região geográfica. A renúncia de receitas é regulamentada pela Lei de Responsabilidade Fiscal – Lei Complementar 101/2000 – que estabelece os requisitos para sua legalidade, vejamos: Da Renúncia de Receita Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita deverá estar acompanhada de estimativa do impacto orçamentário- financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes, atender ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias e a pelo menos uma das seguintes condições I - demonstração pelo proponentede que a renúncia foi considerada na estimativa de receita da lei orçamentária, na forma do art. 12, e de que não afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo próprio da lei de diretrizes orçamentárias; II - estar acompanhada de medidas de compensação, no período mencionado no caput, por meio do aumento de receita, proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição. § 1o A renúncia compreende anistia, remissão, subsídio, crédito presumido, concessão de isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou modificação de base de cálculo que implique redução discriminada de tributos ou contribuições, e outros benefícios que correspondam a tratamento diferenciado. § 2o Se o ato de concessão ou ampliação do incentivo ou benefício de que trata o caput deste artigo decorrer da condição contida no inciso II, o benefício só entrará em vigor quando implementadas as medidas referidas no mencionado inciso. § 3o O disposto neste artigo não se aplica: 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 66 I - às alterações das alíquotas dos impostos previstos nos incisos I, II, IV e V do art. 153 da Constituição, na forma do seu § 1º; II - ao cancelamento de débito cujo montante seja inferior ao dos respectivos custos de cobrança. Por meio da concessão de benefícios se dá a renúncia de receitas, ou seja, o ente deixa de arrecadar, justamente por isso o dispositivo acima citado exige que haja previsão dos meios que serão utilizados para compensar o não ingresso dessa receita nos cofres públicos (estudo do impacto orçamentário- financeiro). A lei que concede os benefícios deve estar em consonância com a lei de diretrizes orçamentárias do ente concedente, ou seja, referidas renúncias devem constar como diretrizes orçamentárias. Deve ainda haver a comprovação do atendimento de um dos requisitos dos incisos I e II do artigo em comento. Essas exigências do art. 14 não são aplicadas para o Imposto de Importação, Imposto de Exportação, IPI e IOF, justamente por serem esses tributos extrafiscais. Também não são aplicados para os créditos tributários abaixo de determinado valor, haja vista que o processo para seu recebimento é muito mais oneroso do que o próprio valor do crédito. Passemos ao estudo das formas de renúncia: Isenção A isenção é forma de exclusão do crédito tributário porque, embora seja realizado o fato gerador, não haverá lançamento, logo, o crédito não será constituído. Isso porque a isenção é uma dispensa legal do pagamento. Assim, se a pessoa que realizou o fato gerador está legalmente desobrigada do pagamento não há que se falar em lançamento. A isenção, por força do § 6º do art. 150 da Constituição somente pode ser concedida por meio de lei específica, ou seja de lei que somente verse sobre esse assunto ou sobre um tributo especificamente. Somente é permitida no ordenamento jurídico brasileiro a isenção autônoma, ou seja, aquela que é concedida pelo ente competente para a instituição do tributo. Essa regra é extraída do art. 151, II da CF que proíbe as isenções heterônomas, vejamos: Art. 151. É vedado à União: [...] III - instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. Contudo, uma exceção a essa regra existe, qual seja: no art. 156, § 3º, II da CF/88 existe previsão de que lei complementar federal pode isentar do ISS as exportações de serviços para o exterior. O instituto da isenção vem regulamentado no Código Tributário Nacional, vejamos: Art. 176. A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente de lei que especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo caso, o prazo de sua duração. Parágrafo único. A isenção pode ser restrita a determinada região do território da entidade tributante, em função de condições a ela peculiares. Art. 177. Salvo disposição de lei em contrário, a isenção não é extensiva: I - às taxas e às contribuições de melhoria; II - aos tributos instituídos posteriormente à sua concessão. Art. 178 - A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em função de determinadas condições, pode ser revogada ou modificada por lei, a qualquer tempo, observado o disposto no inciso III do art. 104. Art. 179. A isenção, quando não concedida em caráter geral, é efetivada, em cada caso, por despacho da autoridade administrativa, em requerimento com o qual o interessado faça prova do preenchimento das condições e do cumprimento dos requisitos previstos em lei ou contrato para sua concessão. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 67 § 1º Tratando-se de tributo lançado por período certo de tempo, o despacho referido neste artigo será renovado antes da expiração de cada período, cessando automaticamente os seus efeitos a partir do primeiro dia do período para o qual o interessado deixar de promover a continuidade do reconhecimento da isenção. § 2º O despacho referido neste artigo não gera direito adquirido, aplicando-se, quando cabível, o disposto no artigo 155. O art. 178 trata das isenções onerosas, ou seja, daquelas que são concedidas por prazo certo e mediante o cumprimento de determinadas condições. Essas não podem ser revogadas, a não ser que se comprove que a pessoa nunca cumpriu ou deixou de cumprir as condições. Caso o sujeito tenha conseguido beneficiar-se da isenção por meio da utilização de meios fraudulentos, além da revogação, o sujeito sofrerá a aplicação de penalidade. A isenção difere da imunidade porque essa é o impedimento constitucional para que se tribute determinada situação ou coisa. Logo, a imunidade é hipótese de não incidência, uma vez que impossível será a realização do fato gerador. Sendo assim, a imunidade não é renúncia de receita, dado que se, não se pode tributar, também não se pode ter receita e, portanto, não se pode renunciar. Anistia Também é causa de exclusão do crédito tributário e consiste no perdão das penalidades cometidas anteriormente à vigência da lei que a concede. Difere da remissão porque essa ocorre após o lançamento. A anistia somente exclui a penalidade e não o crédito tributário. Não se pode conceder anistia para os crimes e contravenções tributárias, ou seja, para as infrações que estão descritas no Código Penal e na Lei de Contravenções Penais. A anistia também não é concedida para as infrações cometidas com dolo, fraude ou simulação, exceto de trata-se de conluio e houver expressa previsão legal. Veja-se as regras do CTN sobre a temática: Art. 180. A anistia abrange exclusivamente as infrações cometidas anteriormente à vigência da lei que a concede, não se aplicando: I - aos atos qualificados em lei como crimes ou contravenções e aos que, mesmo sem essa qualificação, sejam praticados com dolo, fraude ou simulação pelo sujeito passivo ou por terceiro em benefício daquele; II - salvo disposição em contrário, às infrações resultantes de conluio entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas. Art. 181. A anistia pode ser concedida: I - em caráter geral; II - limitadamente: a) às infrações da legislação relativa a determinado tributo; b) às infrações punidas com penalidades pecuniárias até determinado montante, conjugadas ou não com penalidades de outra natureza; c) a determinada região do território da entidade tributante, em função de condições a ela peculiares; d) sob condição do pagamento de tributo no prazo fixado pela lei que a conceder, ou cuja fixação seja atribuída pela mesma lei à autoridade administrativa. Art. 182. A anistia, quando não concedida em caráter geral, é efetivada, em cada caso, por despacho da autoridade administrativa, em requerimento com a qual o interessado faça prova do 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 68 preenchimentodas condições e do cumprimento dos requisitos previstos em lei para sua concessão. Parágrafo único. O despacho referido neste artigo não gera direito adquirido, aplicando-se, quando cabível, o disposto no artigo 155. Subsídio Os subsídios são auxílios econômicos concedidos pelo Poder Público a pessoas físicas ou jurídicas com o objetivo de aumentar a renda das mesmas, estimular as exportações ou abaixar os preços de determinados produtos. Corresponde às subvenções. Revela todas as ações que buscam socorrer determinadas situações em que o Poder Público entende imprescindível ao cumprimento de seus desígnios constitucionais, que é da satisfação das necessidades públicas. 19 Crédito presumido É instituto que assemelha-se à isenção parcial posto que dispensa do pagamento de impostos sobre o consumo que incidem em várias e diferentes fases dos processos de produção e comercialização. O objetivo é dispensar do pagamento uma dessas fases da produção sem, contudo, interferir na cadeia de arrecadação. A Lei de Responsabilidade Fiscal elenca ainda como formas de renúncia de receita a remissão, que já foi estudada no tópico referente à extinção do crédito tributário e a alteração ou modificação da alíquota ou base de cálculo, a exemplo da alíquota zero. Alíquota zero A alíquota zero ocorre quando o ente tributante atribui o percentual zero para a alíquota de determinado tributo, assim, quando a alíquota incide sobre a base de cálculo o valor do tributo é zero. A alíquota zero não é isenção ou não incidência e sim uma opção do ente tributante de zerar a tributação daquela situação e ou produto objetivando incentivar o consumo ou estimular determinado setor da economia. Trata-se de política provisória, por isso a revogação é possível, sem obediência ao princípio da anterioridade. Alguns doutrinadores afirmam que a alíquota zero é uma forma que o ente utiliza para fugir do princípio da legalidade, uma vez que, em regra, as hipóteses de renúncia de receita devem estar previstas em lei, face ao princípio da indisponibilidade do patrimônio público. Questões 01. (Prefeitura de Florianópolis/SC - Auditor Fiscal de Tributos Municipais - FEPESE/2014) De acordo com o Código Tributário Nacional, assinale a alternativa que indica o tipo de lançamento que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, e, opera-se pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade exercida pelo obrigado, constitui o crédito tributário. (A) Lançamento de ofício. (B) Lançamento antecipado. (C) Lançamento por declaração. (D) Lançamento por arbitragem. (E) Lançamento por homologação. 02. (PGE/PE - Direito - IPAD/2013) Considerando o disposto no Código Tributário Nacional, assinale a alternativa que preenche CORRETAMENTE a lacuna. Se a lei não fixar prazo para a homologação do lançamento tributário, será ele de ________ anos, a contar da ocorrência do fato gerador. (A) 2 (dois) (B) 3 (três) (C) 4 (quatro) (D) 5 (cinco) (E) 8 (oito) 19 Conceito extraído do Guia da Lei de Responsabilidade Fiscal, disponível em: http://www.tce.sc.gov.br/sites/default/files/guia_lrf_2ed.pdf. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 69 03. (BADESC – Advogado– FGV–2010) Com relação ao crédito tributário, assinale a afirmativa INCORRETA. (A) Deve ser inscrito na Dívida Ativa do Estado, se não pago no prazo legal. (B) Tem sua exigibilidade suspensa no caso de o contribuinte efetuar o depósito do seu montante integral. (C) Prefere a qualquer outro crédito, à exceção dos de origem trabalhista e de outros em processo de falência. (D) Extingue-se no prazo de 5 (cinco) anos contados da data da ocorrência do fato gerador. (E) Não se extingue com a morte do contribuinte devedor. 04. (TJ-MS – Juiz– FGV–2008) Em relação às preferências do crédito tributário previstas no CTN, assinale a afirmativa incorreta. (A) São extraconcursais os créditos tributários decorrentes de fatos geradores ocorridos no curso do processo de falência. (B) Na falência, o crédito tributário prefere a qualquer outro, seja qual for a natureza ou o tempo da constituição deste, ressalvados os créditos decorrentes de acidente de trabalho ou da legislação do trabalho, independentemente do seu valor. (C) A cobrança judicial do crédito tributário não está sujeita a concurso de credores ou habilitação em falência, recuperação judicial, inventário ou arrolamento. (D) São pagos preferencialmente a quaisquer créditos habilitados em inventário ou arrolamento, ou a outros encargos do monte, os créditos tributários vencidos ou vincendos a cargo do de cujus ou de seu espólio, exigíveis no decurso do processo de inventário ou arrolamento (E) São pagos preferencialmente a quaisquer outros os créditos tributários vencidos ou vincendos, a cargo de pessoas jurídicas de direito privado em liquidação judicial ou voluntária, exigíveis no decurso da liquidação. 05. (TJ-PA – Juiz – FGV–2007) Em matéria de lançamento e crédito tributário, assinale a alternativa correta. (A) Em conformidade com o CTN, quando regularmente notificado o sujeito passivo, o lançamento somente pode ser alterado por impugnação do próprio sujeito passivo, recurso de ofício ou por iniciativa de ofício da autoridade administrativa. (B) A atividade administrativa do lançamento é obrigatória; contudo, será discricionária quando o CTN expressamente autorizar. (C) A “teoria dualista” do Direito Tributário determina a aplicação da legislação vigente à época do lançamento do tributo para a apuração do crédito tributário, em qualquer hipótese. (D) A moratória, parcelamento, conversão do depósito em renda, concessão de liminar em mandado de segurança, reclamações e recursos administrativos são exemplos de suspensão da exigibilidade do crédito tributário. (E) A isenção não pode ser restrita a determinada região do território da entidade tributante, sob pena de violação do princípio constitucional da isonomia tributária. 06. (BESC – Advogado– FGV–2004) Esgotado o prazo legal para lançamento do tributo, sem que a Fazenda Pública o tenha efetuado, ocorre a situação de: (A) exclusão (B) suspensão (C) prescrição (D) perdão (E) decadência 07. (AGU-PFN – Procurador– ESAF–2012) Sobre a tributação no regime falimentar, assinale a opção correta. (A) A lei estabelecerá limites e condições para a preferência dos créditos decorrentes da legislação do trabalho em relação aos demais créditos, inclusive aos tributários. (B) Com as alterações havidas em relação ao regime falimentar, a alteração do Código Tributário Nacional deixa claro o propósito de preservar as empresas em dificuldades e consequentemente a oferta de empregos, pelo que se permite afirmar que o crédito tributário ganhou posições em relação à sistemática até então vigente. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 70 (C) Na falência, o crédito tributário prefere aos créditos extraconcursais e às importâncias passíveis de restituição. Todavia, não prefere aos créditos com garantia real, no limite do valor do bem gravado. (D) As multas contratuais e as penalidades pecuniárias por infração das leis penais ou administrativas, inclusive as multas tributárias, preferem aos credores quirografários. (E) O proprietário de bem arrecadado no processo de falência ou que se encontre em poder do devedor na data da decretação da falência poderá pedir sua restituição. Respostas 01. Resposta: E A resposta correta é a “E”, tendo em vista que o Lançamento por Homologação é aquele em que o contribuinte auxilia ostensivamente o Fisco na atividade do lançamento, recolhendo tributo, antes de qualquer providencia da Administração, com base em montante que ele própriomensura. Exemplos de tributos: ICMS, IPI, ITCMD. 02. Resposta: D De acordo com o artigo 150, §4º do CTN, se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de 5 (cinco) anos, a contar da ocorrência do fato gerador. 03. RESPOSTA Alternativa D. (A) Correta – art. 201, CTN. (B) Correta – art. 151, II, CTN. (C) Correta – art. 186, caput, c/c parágrafo único, CTN. (D) Incorreta – art. 173, I, CTN. (E) Correta – art. 131, II e III, CTN. 04. RESPOSTA Alternativa B. (A) Art. 188, CTN. (B) Art. 186, CTN, c/c art. 83, Lei n. 11.101/2005. (C) Art. 187, CTN. (D) Art. 189, CTN. (E) Art. 190, CTN. 05. RESPOSTA Alternativa A. (A) Art. 145, CTN. (B) Art. 3º, c/c art. 142, CTN. (C) J. F. REZEK, Direito internacional público, p. 4. (D) Art. 151, c/c art. 156, CTN. (E) Art. 176, parágrafo único, CTN. 06. RESPOSTA Alternativa E. Art. 142, c/c art. 173, CTN. 07. RESPOSTA Alternativa E. (A) Incorreta – art. 186, parágrafo único, II, CTN. (B) Incorreta – pela redação do parágrafo único, do art. 186, CTN, é possível verificar que o crédito tributário perde posições quando o assunto é preferência no regime falimentar. (C) Incorreta – art. 186, parágrafo único, I, CTN. (D) Incorreta – art. 186, parágrafo único, III, CTN. (E) Correta – art. 186, parágrafo único, I, CTN. 12 Administração tributária. As regras sobre a administração tributária se referem às formalidades acerca dos órgãos e agentes responsáveis pela concretização das normas tributárias. A EC nº 42/03 previu expressamente na CF/88 que as administrações tributárias são atividades essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas por servidores de carreiras específicas, tendo recursos prioritários para a realização de suas atividades, mediante, inclusive, vinculação de receitas de impostos para tais fins. Com a Lei nº 11.457/07 foi criada a SRFB, que passou a ser responsável por administrar e arrecadar todos os tributos federais, à exceção de algumas poucas contribuições e taxas. 12.1 Fiscalização. A fiscalização é atividade indispensável à efetividade da tributação, estando a ela sujeitas todas as pessoas. Ela não se confunde com o resultado da fiscalização, que pode encerrar em lançamento de tributos e imposição de multas. Contra a fiscalização regularmente efetivada ninguém pode se opor, tendo, inclusive, o dever de facilitá-la. Contra eventuais lançamentos e aplicações de multas, diferentemente, há vários meios de impugnação, seja na esfera administrativa ou judicial. 12. Administração tributária: fiscalização. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 71 Poderes das Autoridades Fiscais Os poderes são concedidos pelo legislador na exata medida para o eficiente exercício das atividades de fiscalização e arrecadação, levando em consideração a natureza específica de cada tributo ou em caráter geral. A legislação relativa à fiscalização aplica-se às pessoas naturais ou jurídicas, contribuintes ou não, inclusive às que gozem de imunidade tributária ou de isenção de caráter pessoal. Nesse sentido, é o texto do CTN: Art. 194. A legislação tributária, observado o disposto nesta Lei, regulará, em caráter geral, ou especificamente em função da natureza do tributo de que se tratar, a competência e os poderes das autoridades administrativas em matéria de fiscalização da sua aplicação. Parágrafo único. A legislação a que se refere este artigo aplica-se às pessoas naturais ou jurídicas, contribuintes ou não, inclusive às que gozem de imunidade tributária ou de isenção de caráter pessoal. Art. 195. Para os efeitos da legislação tributária, não têm aplicação quaisquer disposições legais excludentes ou limitativas do direito de examinar mercadorias, livros, arquivos, documentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais, dos comerciantes industriais ou produtores, ou da obrigação destes de exibi-los. Parágrafo único. Os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes dos lançamentos neles efetuados serão conservados até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram. Havendo negativa ou mera obstaculização da pessoa fiscalizada à exibição de documentos, pode o Fisco buscar em juízo acesso aos mesmos. Esse acesso não está sujeito à existência e comprovação de qualquer suspeita de irregularidade, é um direito potestativo da Fazenda Pública. Como consequência à negativa, sujeita-se o fiscalizado a multa, lançamento por arbitramento, denuncia por desacato, sujeição à força policial, ação de busca e apreensão etc. A própria CF/88 autoriza a Administração Tributária a entrar na intimidade econômica dos particulares mediante a identificação de seus patrimônios, rendimentos e atividades econômicas. O caráter sigiloso da escrituração comercial e fiscal e seus documentos não poderão ser opostos ao fisco, devendo os sujeitos passivos mantê-los até que ocorra a prescrição dos créditos decorrentes (não é correto falar que devem preservar os documentos por 05 anos, já que a prescrição pode ser suspensa ou interrompida). Inclusive, a Lei nº 8.212/81 determina que os livros comprobatórios dos recolhimentos e débitos previdenciários devem ser arquivados por, no mínimo, 10 anos. Porém, não podem os agentes de fiscalização atuar de forma abusiva, violando direitos básicos do contribuinte, como adentrar em seu domicílio sem autorização etc. Súmula 439, STF: “Estão sujeitos à fiscalização tributária ou previdenciária quaisquer livros comerciais, limitado o exame aos pontos objeto da investigação”. Assim, caso o fiscalizado não escriture os livros opcionais, não será obrigado a exibi-los. Porém, se os escriturar, o será. O CTN listou um rol não taxativo de pessoas obrigadas a atender as requisições fiscais; apesar de não taxativo, esse rol somente poderá ser ampliado por lei (art. 197). Art. 197. Mediante intimação escrita, são obrigados a prestar à autoridade administrativa todas as informações de que disponham com relação aos bens, negócios ou atividades de terceiros: I - os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício; II - os bancos, casas bancárias, Caixas Econômicas e demais instituições financeiras; III - as empresas de administração de bens; IV - os corretores, leiloeiros e despachantes oficiais; V - os inventariantes; VI - os síndicos, comissários e liquidatários; 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 72 VII - quaisquer outras entidades ou pessoas que a lei designe, em razão de seu cargo, ofício, função, ministério, atividade ou profissão. Parágrafo único. A obrigação prevista neste artigo não abrange a prestação de informações quanto a fatos sobre os quais o informante esteja legalmente obrigado a observar segredo em razão de cargo, ofício, função, ministério, atividade ou profissão. No que diz respeito ao inciso II, cabe esclarecer que o STF declarou inconstitucional o art. 5º da LC nº 105/01 que conferia às autoridades Fazendárias o direito de exigir diretamente das instituições financeiras informações bancárias. Nesse sentido: DECISÃO RECURSO EXTRAORDINÁRIO – SIGILO DE DADOS BANCÁRIOS – AFASTAMENTO – AUSÊNCIA DE ORDEM JUDICIAL – INVIABILIDADE – CONHECIMENTO E PROVIMENTO NOS AUTOS DE AGRAVO PROVIDO. 1. Discute-se, na espécie, a possibilidade de acesso do Fisco a informações bancárias do contribuinte sem autorização judicial, nos termos da Lei Complementar nº 105/01 e da Lei nº 9.311/96. 2. O Tribunal, na sessão plenária de 15 de dezembro de 2010, julgando o Recurso Extraordinário nº 389.808/PR, da minha relatoria, concluiu conflitar com a Carta da República norma legal que atribua à Receita Federal o afastamento do sigilo de dados relativos ao contribuinte, SEM PRÉVIA AUTORIZAÇÃO JUDICIAL, considerados os princípios da dignidade humana, da segurança, da estabilidade e da não surpresa. 3. Ante o precedente, conheço deste agravo e o provejo, consignando oenquadramento do extraordinário no permissivo da alínea “a” do inciso III do artigo 102 da Constituição da República. Aciono o disposto nos artigos 544, § 3º e § 4º, e 557, § 1º-A, do Código de Processo Civil e examino, desde logo, o extraordinário, conhecendo-o e provendo-o para, reformando o acórdão de origem, ASSENTAR A ILEGITIMIDADE DO ACESSO DO FISCO A INFORMAÇÕES BANCÁRIAS DO CONTRIBUINTE SEM AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. Custas pela recorrida, assim como os honorários advocatícios, que, presente a previsão do artigo 20 do Código de Processo Civil, fixo na base de 10% sobre o valor da causa devidamente corrigido. 4. Publiquem. Brasília, 30 de março de 2011. Ministro MARCO AURÉLIO Relator (STF, AI 737949, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, julgado em 30/03/2011, publicado em DJe-068 DIVULG 08/04/2011 PUBLIC 11/04/2011) As autoridades administrativas poderão requisitar o auxílio de forças públicas de quaisquer entes, que não poderá ser recusado pelas autoridades policiais, quando vítimas de embaraço ou desacato no exercício de suas funções, ou quando necessário para efetivar medidas previstas na legislação tributária. O poder de requisitar a força é da autoridade que preside a diligência. Tal força, entretanto, não poderá violar os direitos fundamentais, como a inviolabilidade do domicílio ou escritórios profissionais, de forma não autorizada, caso que dispensa mandado judicial. 12.2 Dívida ativa. Podemos conceituar a Dívida Ativa da Fazenda Pública como o conjunto de créditos líquidos e certos que compõe o Ativo Permanente (após a Medida Provisória 449/2008, o Ativo Permanente passou a integrar o Ativo Não Circulante). Assim, constitui dívida ativa o valor originário de débito, tributário ou não, a favor dos governos em todas as esferas, registrado com essa chancela na Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, no caso da União, e nos Estados e Municípios em suas respectivas seccionais, pelo não pagamento de tributo juridicamente constituído e esgotadas as exigências de prazos e cobranças. A inscrição na dívida ativa se dá, por exemplo, na ocorrência de falta do pagamento do IPTU devido ao município (sujeito ativo da obrigação tributária). Em síntese: Dívida ativa tributária: é aquela que reúne os créditos relativos a tributos lançados e não arrecadados. É o crédito da Fazenda Pública proveniente da obrigação legal relativa a tributos e respectivos adicionais e multas. Eis o que dispõe o CTN sobre a matéria: 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 73 CAPÍTULO II Dívida Ativa Art. 201. Constitui dívida ativa tributária a proveniente de crédito dessa natureza, regularmente inscrita na repartição administrativa competente, depois de esgotado o prazo fixado, para pagamento, pela lei ou por decisão final proferida em processo regular. Parágrafo único. A fluência de juros de mora não exclui, para os efeitos deste artigo, a liquidez do crédito. Art. 202. O termo de inscrição da dívida ativa, autenticado pela autoridade competente, indicará obrigatoriamente: I - o nome do devedor e, sendo caso, o dos corresponsáveis, bem como, sempre que possível, o domicílio ou a residência de um e de outros; II - a quantia devida e a maneira de calcular os juros de mora acrescidos; III - a origem e natureza do crédito, mencionada especificamente a disposição da lei em que seja fundado; IV - a data em que foi inscrita; V - sendo caso, o número do processo administrativo de que se originar o crédito. Parágrafo único. A certidão conterá, além dos requisitos deste artigo, a indicação do livro e da folha da inscrição. Art. 203. A omissão de quaisquer dos requisitos previstos no artigo anterior, ou o erro a eles relativo, são causas de nulidade da inscrição e do processo de cobrança dela decorrente, mas a nulidade poderá ser sanada até a decisão de primeira instância, mediante substituição da certidão nula, devolvido ao sujeito passivo, acusado ou interessado o prazo para defesa, que somente poderá versar sobre a parte modificada. Art. 204. A dívida regularmente inscrita goza da presunção de certeza e liquidez e tem o efeito de prova pré-constituída. Parágrafo único. A presunção a que se refere este artigo é relativa e pode ser ilidida por prova inequívoca, a cargo do sujeito passivo ou do terceiro a que aproveite. 12.3 Certidões negativas. São documentos aptos a comprovar a inexistência de débito de determinado contribuinte, de determinado tributo ou relativo a determinado período. A inscrição do contribuinte na dívida ativa gera uma certidão positiva de débito do contribuinte (sujeito passivo da obrigação tributária) demonstrando sua inadimplência e determinando prazos e penalidades previstas na lei. Certidões Positivas com Efeitos de Negativa São certidões nas quais, apesar da existência de débitos perante o fisco, o sujeito passivo se encontra regular. Com ela, o sujeito poderá praticar quaisquer atos que dependam da apresentação de certidão negativa. Ocorre em três situações: a) Quando os créditos ainda não estiverem vencidos; b) Quando os créditos estão em curso de cobrança executiva em que tenha sido efetivada a penhora; c) Quando os créditos estiverem com a exigibilidade suspensa. O servidor que emitir certidão errada por dolo ou fraude responderá pessoalmente pelo crédito tributário e juros de mora. Se emitir errada culposamente, não será responsabilizado. CAPÍTULO III Certidões Negativas Art. 205. A lei poderá exigir que a prova da quitação de determinado tributo, quando exigível, seja feita por certidão negativa, expedida à vista de requerimento do interessado, que contenha todas as informações necessárias à identificação de sua pessoa, domicílio fiscal e ramo de negócio ou atividade e indique o período a que se refere o pedido. Parágrafo único. A certidão negativa será sempre expedida nos termos em que tenha sido requerida e será fornecida dentro de 10 (dez) dias da data da entrada do requerimento na repartição. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 74 Art. 206. Tem os mesmos efeitos previstos no artigo anterior a certidão de que conste a existência de créditos não vencidos, em curso de cobrança executiva em que tenha sido efetivada a penhora, ou cuja exigibilidade esteja suspensa. Art. 207. Independentemente de disposição legal permissiva, será dispensada a prova de quitação de tributos, ou o seu suprimento, quando se tratar de prática de ato indispensável para evitar a caducidade de direito, respondendo, porém, todos os participantes no ato pelo tributo porventura devido, juros de mora e penalidades cabíveis, exceto as relativas a infrações cuja responsabilidade seja pessoal ao infrator. Art. 208. A certidão negativa expedida com dolo ou fraude, que contenha erro contra a Fazenda Pública, responsabiliza pessoalmente o funcionário que a expedir, pelo crédito tributário e juros de mora acrescidos. Parágrafo único. O disposto neste artigo não exclui a responsabilidade criminal e funcional que no caso couber. Questões 01. (CODEBA– Advogado –FGV– 2010) Com relação à dívida ativa tributária, é INCORRETO afirmar que (A) o controle da legalidade da inscrição em dívida ativa é a derradeira oportunidade que a Administração tem de rever os requisitos dos atos praticados no processo administrativo de cobrança, ocasião em que ainda pode modificá-los. (B) somente se admite a inscrição de débito em dívida ativa após o decurso do prazo fixado para pagamento, pela lei ou por decisão final proferida em processo administrativo. (C) provém de crédito de igual natureza (D) as informações relativas a inscrições na dívida ativa da fazenda pública podem ser divulgadas, sem que isso configure violação ao sigilo fiscal. (E) uma vez inscrito o débito em dívida ativa, tem-se que o título representativo desta goza de presunção de liquidez e certeza. 02. (TJ-PA–Juiz –FGV– 2009) Agentes do Fisco Estadual apreenderam notas e livros fiscais, durante determinada atividade fiscalizadora na empresa Beta, sem estarem munidos de mandado judicial para tal fim. Esse procedimento é considerado: (A) ilegal, pois qualquer apreensão de bem de empresa só pode ser feita através de mandado judicial. (B) abusivo, por representar excesso do exercício do poder de fiscalização. (C) inconstitucional, pois desta forma estariam quebrando o sigilo de dados da empresa. (D) legal, sendo os documentos de exibição obrigatória pelo contribuinte. (E) legal, se houver circunstância que o faça necessário, mas deve ser seguido do pedido ao Juiz que o convalide. 03. (AGU-PFN– Procurador –ESAF– 2012) Sobre a Dívida Ativa da União, é incorreto afirmar que: (A) seu conceito abrange qualquer valor cuja cobrança seja atribuída por determinação legal às autarquias federais. (B) à Dívida Ativa da União, de qualquer natureza, aplicam-se as normas relativas à responsabilidade prevista na legislação tributária, civil e comercial. (C) a inscrição em Dívida Ativa da União suspenderá a prescrição, para todos os efeitos de direito, pelo prazo previsto na lei, ou até a distribuição da respectiva execução fiscal, se esta ocorrer antes de findo aquele prazo (D) a Dívida Ativa da União, somente se for de natureza tributária, será apurada e inscrita na Procuradoria da Fazenda Nacional. (E) a inscrição em Dívida Ativa da União, que se constitui no ato de controle administrativo da legalidade, será feita pelo órgão competente para apurar a liquidez e certeza do crédito. 04. (AGU-PFN– Procurador –ESAF– 2012) Sobre o intercâmbio de informações protegidas pelo sigilo fiscal, entre as fazendas públicas dos entes federados, podemos afirmar, exceto, que: (A) não permite o compartilhamento de cadastros entre as administrações tributárias da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 75 (B) é menos rigoroso do que o envio de informações a autoridades não fazendárias, pois deve ser precedido de verificação acerca da regular instauração do processo administrativo e do objeto deste. (C) será executado ao amparo de forma estabelecida, em caráter geral ou específico, por força de lei ou convênio. (D) dá amparo, consoante entendimento do STF, à chamada prova emprestada entre o fisco federal e o fisco estadual, sendo tal prova coligida mediante a garantia do contraditório. (E) prescinde de justificação e abrange tanto aspectos empresariais quanto bancários. 05. (Curitiba-PR – Procurador– PUCPR–2007) Quanto à Administração Tributária, marque a alternativa INCORRETA: (A) A Fazenda Pública da União e as dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios prestar-se-ão mutuamente assistência para a fiscalização dos tributos respectivos e permuta de informações, na forma estabelecida, em caráter geral ou específico, por lei ou convênio. (B) A autoridade administrativa que proceder ou presidir a quaisquer diligências de fiscalização lavrará os termos necessários para que se documente o início do procedimento, na forma da legislação aplicável, que fixará prazo máximo para a conclusão daquelas. (C) mediante intimação escrita, são obrigados a prestar à autoridade administrativa todas as informações de que disponham com relação aos bens, negócios ou atividades de terceiros os bancos, casas bancárias, Caixas Econômicas e demais instituições financeiras. (D) Para os efeitos da legislação tributária, não têm aplicação quaisquer disposições legais excludentes ou limitativas do direito de examinar mercadorias, livros, arquivos, documentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais, dos comerciantes industriais ou produtores, ou da obrigação destes de exibi-los. (E) A legislação que rege a fiscalização tributária não se aplica às pessoas naturais ou jurídicas que gozem de imunidade tributária ou de isenção de caráter pessoal. Respostas: 01. RESPOSTA Alternativa A. (A) Incorreta – art. 2º, § 3º, c/c § 8º, Lei n. 6.830/80. (B) Correta – art. 201, CTN. (C) Correta – art. 201, CTN. (D) Correta – art. 198, § 3º, II, CTN. (E) Correta – art. 204, CTN. 02. RESPOSTA Alternativa D. Art. 195, parágrafo único, CTN, e Súmula 439, STF. 03. RESPOSTA Alternativa D. (A) Correta – art. 2º, § 1º, c/c art. 1º, Lei n. 6.830/80. (B) Correta – art. 4º, § 2º, Lei n. 6.830/80. (C) Correta – art. 2º, § 3º, Lei n. 6.830/80. (D) Incorreta – art. 2º, § 4º, Lei n. 6.830/80. (E) Correta – art. 2º, § 3º, Lei n. 6.830/80. 04. RESPOSTA Alternativa A. Vide Art. 199, CTN. 05. RESPOSTA Alternativa E. (A) Correta – art. 199, CTN. (B) Correta – art. 196, CTN. (C) Correta – art. 197, II, CTN. (D) Correta – art. 195, CTN. (E) Incorreta – art. 194, parágrafo único, CTN. A Lei Geral, também conhecida como Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, foi instituída pela Lei Complementar Federal n° 123/2006 para regulamentar o disposto na Constituição, que prevê o tratamento favorecido, simplificado e diferenciado a esse setor. Seu objetivo basilar é o de fomentar o desenvolvimento e a competitividade dos pequenos negócios, como estratégia de geração de emprego, distribuição de renda, inclusão social, redução da informalidade e fortalecimento da economia. Os benefícios criados pela Lei Geral, a exceção do tratamento tributário diferenciado, aplicam-se também ao produtor rural pessoa física e ao agricultor familiar. A síntese dos principais dispositivos da Lei Geral é apresentada a seguir. A LEI GERAL CLASSIFICA OS PEQUENOS NEGÓCIOS COM BASE NA RECEITA BRUTA ANUAL: - Microempreendedor Individual: até R$ 60.000,00; - Microempresa: até R$ 360.000,00; - Empresa de Pequeno Porte: de R$ 360.000,00 até R$ 3.600.000,00; 13. Simples Nacional – Lei Complementar nº 123/2006 e alterações. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 76 A LEI GERAL ASSEGURA A OBRIGATORIEDADE DO TRATAMENTO DIFERENCIADO PARA OS PEQUENOS NEGÓCIOS: Toda nova obrigação que atingir os pequenos negócios deverá especificar, no instrumento que a instituiu, o tratamento diferenciado, sob pena de não ser aplicada às Micro e Pequenas Empresas. As instâncias gestoras do tratamento diferenciado para micro e pequenas empresas são o Comitê Gestor do Simples Nacional (CGSN), vinculado ao Ministério da Fazenda; o Fórum Permanente das Micro e Pequenas Empresas e o Comitê para Gestão da Rede Nacional para Simplificação do Registro e Legalização de Empresas e Negócios (CGSIM), vinculados à Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidência da República. A LEI GERAL DESBUROCRATIZA A INSCRIÇÃO E BAIXA DAS EMPRESAS: O processo de registro e legalização de empresas deve ter trâmite simplificado e unificado, integrando todos os órgãos envolvidos por meio de sistema informatizado, e adotando o seguinte sequenciamento das etapas: consulta prévia do nome empresarial e viabilidade de localização, registro empresarial, inscrições fiscais e licenciamento de atividades. Fica instituída a entrada única de dados e documentos. O sistema informatizado deve permitir o compartilhamento de dados e a criação da base cadastral única de empresas. O CNPJ será a identificação nacional utilizada no cadastro único, dispensando-se as demais inscrições. Fica instituído o Alvará de Funcionamento Provisório, permitindo que empresas de baixo grau de risco iniciem suas atividades logo após o registro, inclusive em áreas ou edificação sem regulação fundiária ou imobiliária, inclusive habite-se, bem como na residência do empresário. A baixa de pequenos negócios é simplificada, transferindo-se para o titular da empresa os débitos porventura existentes. É vedada, aos órgãos participantes dos processos de registro, alteração e baixa de empresas, a criação de qualquer exigência não prevista em lei. A determinação do grau de risco dasatividades econômicas definida pelo CGSIM será aplicada no âmbito estadual ou municipal, caso não exista lei local específica. A LEI GERAL INSTITUI O REGIME TRIBUTÁRIO ESPECIAL E FACULTATIVO PARA OS PEQUENOS NEGÓCIOS – SIMPLES NACIONAL Todas as atividades econômicas, com exceção das especificamente vedadas, podem optar pelo Simples tendo como critério único o teto de faturamento (3,6 milhões). Para a micro e pequena empresa, o Simples Nacional engloba o recolhimento de oito impostos em uma única guia (Imposto de Renda Pessoa Jurídica – IRPJ; Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL; PIS/PASEP; Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS; Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI; Contribuição Patronal Previdenciária – CPP; Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS; Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISS). Para o Microempreendedor Individual, o Simples Nacional engloba três impostos em uma única guia, (Contribuição Patronal Previdenciária – CPP; Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS; Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISS). Os pagamentos serão em valores mensais fixos, independentemente do valor da receita bruta. O MEI é isento dos outros impostos. Os Estados que contribuem com menos de 5% do PIB nacional podem adotar sublimites para fim de recolhimento do ICMS e do ISS. A aplicação da Substituição Tributária do ICMS para os optantes do Simples Nacional será regulamentada pela Lei Geral a partir de 2016. É vedada, aos entes federativos, a exigência de obrigações tributárias acessórias relativas aos tributos incluídos no Simples, além das estipuladas pelo Comitê Gestor do Simples Nacional. As multas aplicadas aos pequenos negócios, decorrentes do não cumprimento de suas obrigações tributárias acessórias, terão seus valores reduzidos. A LEI GERAL INSTITUI O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL: Microempreendedor Individual (MEI) é o empresário individual legalizado que tenha receita bruta anual de até R$ 60.000,00 e optante pelo Simples Nacional, que não esteja impedido, pela Lei Geral, de optar por esta categoria – o MEI não pode possuir mais de um estabelecimento ou participar de outra empresa como sócio ou titular. Também não pode exercer atividades de serviços tributadas pelos Anexos V ou VI da Lei Geral. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 77 O MEI também pode ter um empregado contratado que receba o salário mínimo ou o piso da categoria. O Microempreendedor Individual é dispensado do pagamento de todos os custos, taxas, emolumentos e outros, relativos a inscrição, licenciamento ou baixa de seu negócio. O MEI também é dispensado do pagamento de contribuições para órgãos sindicais, de regulamentação, de anotação de responsabilidade técnica, de vistoria e fiscalização do exercício de profissões regulamentadas. A cobrança destas contribuições somente poderá ser efetuada mediante prévia autorização do MEI. Fica vedado às concessionárias de serviços públicos o aumento das tarifas pagas pelo MEI por conta da modificação de sua condição de pessoa física para jurídica. A LEI GERAL DETERMINA A FISCALIZAÇÃO ORIENTADORA PARA OS PEQUENOS NEGÓCIOS: A fiscalização dos pequenos negócios, nos aspectos trabalhista, metrológico, sanitário, ambiental, de segurança e de uso e ocupação do solo, devem ser prioritariamente orientadora (educativa e não punitiva) e baseada no critério de dupla visita, salvo nos casos em que a atividade ou a situação não forem compatíveis com este procedimento. A inobservância do critério da dupla visita implica na nulidade dos autos de infração. Os órgãos e entidades da administração pública federal, estadual, distrital e municipal devem observar o princípio do tratamento diferenciado e favorecido para os pequenos negócios na ocasião da fixação dos valores das multas e das demais sanções administrativas. A LEI GERAL DETERMINA A OBRIGATORIEDADE DE TRATAMENTO DIFERENCIADO E SIMPLIFICADO AOS PEQUENOS NEGÓCIOS NAS LICITAÇÕES PÚBLICAS: As licitações públicas realizadas no âmbito federal, estadual e municipal devem obrigatoriamente observar o tratamento diferenciado e favorecido para os pequenos negócios, objetivando a promoção do desenvolvimento econômico e social, a ampliação da eficiência das políticas públicas e o incentivo a inovação tecnológica. Caso não exista legislação estadual ou municipal regulamentando a participação dos pequenos negócios nas licitações públicas, deverá ser acatada a legislação federal. Para assegurar o tratamento diferenciado e favorecido para os pequenos negócios nas licitações, a administração pública deverá: - realizar licitações exclusivas para os pequenos negócios até o valor de R$ 80.000,00; - exigir dos licitantes a subcontratação de micro e pequena empresa; - estabelecer em certames para aquisição de bens de natureza divisível, cota de até 25% para a contratação de MPE; - assegurar em caso de empate, a possibilidade de negociação e a preferência para contratação de micro ou pequena empresa; - exigir a comprovação da regularidade fiscal apenas no ato da contratação, considerando prazo adicional para sanar restrições. A LEI GERAL ESTIMULA AS EXPORTAÇÕES DOS PEQUENOS NEGÓCIOS: - As micro e pequenas empresas optantes pelo Simples Nacional, usufruirão de regime diferenciado para a exportação de bens e serviços, com procedimentos simplificados para a habilitação, licenciamento, despacho aduaneiro e câmbio. - As micro e pequenas empresas poderão auferir receitas de exportações de bens e serviços até o teto de R$ 3.600.000,00, adicionais às receitas obtidas no mercado interno, sem que sejam excluídas do Simples Nacional. A LEI GERAL SIMPLIFICA AS RELAÇÕES DE TRABALHO: - O titular de micro ou pequena empresa pode ser representado perante a Justiça de Trabalho por terceiros que conheçam dos fatos, ainda que não possuam vínculo trabalhista ou societário. - Os pequenos negócios são liberados do cumprimento de uma série de obrigações trabalhistas, como a fixação do Quadro de Trabalho, de anotação de férias dos empregados nas fichas de registro, do emprego e matrícula de aprendizes nos cursos dos Serviços Nacionais de Aprendizagem etc. - As micro e pequenas empresas podem formar consórcios para acesso aos serviços especializados em segurança e medicina do trabalho. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 78 A LEI GERAL ESTIMULA O ASSOCIATIVISMO: - As micro e pequenas empresas optantes pelo Simples Nacional podem se associar para realizar negócios de compras e vendas nos mercados nacionais e internacionais, por meio da constituição de Sociedades de Propósito Específico. A LEI GERAL ESTIMULA O CRÉDITO E A CAPTALIZAÇÃO: - Cabe aos bancos públicos manter linhas de crédito específicas para os pequenos negócios, bem como divulgar os montantes disponíveis e as condições de acesso, que devem prever o tratamento simplificado e ágil. - Possibilita a criação do Sistema nacional de Garantia de Crédito, com o objetivo de facilitar o acesso dos pequenos negócios ao crédito e a demais serviços financeiros. - Possibilita a disponibilidade dos recursos do FAT para cooperativas de microcrédito. A LEI GERAL ESTIMULA A INOVAÇÃO: - Cabe à União, Estados, Municípios e as respectivas agências de fomento, instituições científicas e tecnológicas, núcleos de inovação tecnológica e instituições de apoio manter programas específicos para as micro e pequenas empresas. - As instituições públicas de fomento à inovação e tecnologia terão como meta a alocação de um mínimo de 20% dos recursos federais, estaduais e municipais em pesquisa, desenvolvimento e capacitação tecnológica em programas voltados para os pequenos negócios. A LEI GERAL FACILITA O ACESSO À JUSTIÇA: - As micro e pequenas empresas devem ser estimuladas a procurar formas alternativas parao tratamento de seus conflitos, como os institutos de conciliação prévia, mediação e arbitragem. - Deverão ser criados juizados especiais para tratamento das causas relacionadas aos pequenos negócios. LEI COMPLEMENTAR Nº 123, DE 14 DE DEZEMBRO DE 2006 Institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte; altera dispositivos das Leis no 8.212 e 8.213, ambas de 24 de julho de 1991, da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, da Lei no 10.189, de 14 de fevereiro de 2001, da Lei Complementar no 63, de 11 de janeiro de 1990; e revoga as Leis no 9.317, de 5 de dezembro de 1996, e 9.841, de 5 de outubro de 1999. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei Complementar: CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Art. 1o Esta Lei Complementar estabelece normas gerais relativas ao tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado às microempresas e empresas de pequeno porte no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, especialmente no que se refere: I - à apuração e recolhimento dos impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, mediante regime único de arrecadação, inclusive obrigações acessórias; II - ao cumprimento de obrigações trabalhistas e previdenciárias, inclusive obrigações acessórias; III - ao acesso a crédito e ao mercado, inclusive quanto à preferência nas aquisições de bens e serviços pelos Poderes Públicos, à tecnologia, ao associativismo e às regras de inclusão. IV - ao cadastro nacional único de contribuintes a que se refere o inciso IV do parágrafo único do art. 146, in fine, da Constituição Federal. § 1o Cabe ao Comitê Gestor do Simples Nacional (CGSN) apreciar a necessidade de revisão, a partir de 1o de janeiro de 2015, dos valores expressos em moeda nesta Lei Complementar. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 79 § 2o (VETADO). § 3o Ressalvado o disposto no Capítulo IV, toda nova obrigação que atinja as microempresas e empresas de pequeno porte deverá apresentar, no instrumento que a instituiu, especificação do tratamento diferenciado, simplificado e favorecido para cumprimento. § 4o Na especificação do tratamento diferenciado, simplificado e favorecido de que trata o § 3o, deverá constar prazo máximo, quando forem necessários procedimentos adicionais, para que os órgãos fiscalizadores cumpram as medidas necessárias à emissão de documentos, realização de vistorias e atendimento das demandas realizadas pelas microempresas e empresas de pequeno porte com o objetivo de cumprir a nova obrigação. § 5o Caso o órgão fiscalizador descumpra os prazos estabelecidos na especificação do tratamento diferenciado e favorecido, conforme o disposto no § 4o, a nova obrigação será inexigível até que seja realizada visita para fiscalização orientadora e seja reiniciado o prazo para regularização. § 6o A ausência de especificação do tratamento diferenciado, simplificado e favorecido ou da determinação de prazos máximos, de acordo com os §§ 3o e 4o, tornará a nova obrigação inexigível para as microempresas e empresas de pequeno porte. § 7o A inobservância do disposto nos §§ 3o a 6o resultará em atentado aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício profissional da atividade empresarial. Art. 2o O tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado às microempresas e empresas de pequeno porte de que trata o art. 1o desta Lei Complementar será gerido pelas instâncias a seguir especificadas: I - Comitê Gestor do Simples Nacional, vinculado ao Ministério da Fazenda, composto por 4 (quatro) representantes da Secretaria da Receita Federal do Brasil, como representantes da União, 2 (dois) dos Estados e do Distrito Federal e 2 (dois) dos Municípios, para tratar dos aspectos tributários; e II - Fórum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, com a participação dos órgãos federais competentes e das entidades vinculadas ao setor, para tratar dos demais aspectos, ressalvado o disposto no inciso III do caput deste artigo; III - Comitê para Gestão da Rede Nacional para Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios - CGSIM, vinculado à Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidência da República, composto por representantes da União, dos Estados e do Distrito Federal, dos Municípios e demais órgãos de apoio e de registro empresarial, na forma definida pelo Poder Executivo, para tratar do processo de registro e de legalização de empresários e de pessoas jurídicas. § 1º Os Comitês de que tratam os incisos I e III do caput deste artigo serão presididos e coordenados por representantes da União. § 2º Os representantes dos Estados e do Distrito Federal nos Comitês referidos nos incisos I e III do caput deste artigo serão indicados pelo Conselho Nacional de Política Fazendária - CONFAZ e os dos Municípios serão indicados, um pela entidade representativa das Secretarias de Finanças das Capitais e outro pelas entidades de representação nacional dos Municípios brasileiros. § 3º As entidades de representação referidas no inciso III do caput e no § 2º deste artigo serão aquelas regularmente constituídas há pelo menos 1 (um) ano antes da publicação desta Lei Complementar. § 4º Os Comitês de que tratam os incisos I e III do caput deste artigo elaborarão seus regimentos internos mediante resolução. § 5o O Fórum referido no inciso II do caput deste artigo tem por finalidade orientar e assessorar a formulação e coordenação da política nacional de desenvolvimento das microempresas e empresas de pequeno porte, bem como acompanhar e avaliar a sua implantação, sendo presidido e coordenado pela Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidência da República. § 6º Ao Comitê de que trata o inciso I do caput deste artigo compete regulamentar a opção, exclusão, tributação, fiscalização, arrecadação, cobrança, dívida ativa, recolhimento e demais itens relativos ao regime de que trata o art. 12 desta Lei Complementar, observadas as demais disposições desta Lei Complementar. § 7º Ao Comitê de que trata o inciso III do caput deste artigo compete, na forma da lei, regulamentar a inscrição, cadastro, abertura, alvará, arquivamento, licenças, permissão, autorização, registros e demais itens relativos à abertura, legalização e funcionamento de empresários e de pessoas jurídicas de qualquer porte, atividade econômica ou composição societária. § 8o Os membros dos Comitês de que tratam os incisos I e III do caput deste artigo serão designados, respectivamente, pelos Ministros de Estado da Fazenda e da Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidência da República, mediante indicação dos órgãos e entidades vinculados. § 9o O CGSN poderá determinar, com relação à microempresa e à empresa de pequeno porte optante pelo Simples Nacional, a forma, a periodicidade e o prazo: 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 80 I - de entrega à Secretaria da Receita Federal do Brasil - RFB de uma única declaração com dados relacionados a fatos geradores, base de cálculo e valores da contribuição para a Seguridade Social devida sobre a remuneração do trabalho, inclusive a descontada dos trabalhadores a serviço da empresa, do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS e outras informações de interesse do Ministério do Trabalho e Emprego - MTE, do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS e do Conselho Curador do FGTS, observado o disposto no § 7o deste artigo; II - do recolhimento das contribuições descritas no inciso I e do FGTS. § 10. O recolhimento de que trata o inciso II do § 9o deste artigo poderá se dar de forma unificada relativamente aos tributos apurados na forma do Simples Nacional. § 11. A entrega dadeclaração de que trata o inciso I do § 9o substituirá, na forma regulamentada pelo CGSN, a obrigatoriedade de entrega de todas as informações, formulários e declarações a que estão sujeitas as demais empresas ou equiparados que contratam trabalhadores, inclusive relativamente ao recolhimento do FGTS, à Relação Anual de Informações Sociais e ao Cadastro Geral de Empregados e Desempregados. § 12. Na hipótese de recolhimento do FGTS na forma do inciso II do § 9o deste artigo, deve-se assegurar a transferência dos recursos e dos elementos identificadores do recolhimento ao gestor desse fundo para crédito na conta vinculada do trabalhador. § 13. O documento de que trata o inciso I do § 9o tem caráter declaratório, constituindo instrumento hábil e suficiente para a exigência dos tributos, contribuições e dos débitos fundiários que não tenham sido recolhidos resultantes das informações nele prestadas. CAPÍTULO II DA DEFINIÇÃO DE MICROEMPRESA E DE EMPRESA DE PEQUENO PORTE Art. 3º Para os efeitos desta Lei Complementar, consideram-se microempresas ou empresas de pequeno porte, a sociedade empresária, a sociedade simples, a empresa individual de responsabilidade limitada e o empresário a que se refere o art. 966 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme o caso, desde que: I - no caso da microempresa, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais); e II - no caso da empresa de pequeno porte, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais). § 1º Considera-se receita bruta, para fins do disposto no caput deste artigo, o produto da venda de bens e serviços nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado nas operações em conta alheia, não incluídas as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos. § 2º No caso de início de atividade no próprio ano-calendário, o limite a que se refere o caput deste artigo será proporcional ao número de meses em que a microempresa ou a empresa de pequeno porte houver exercido atividade, inclusive as frações de meses. § 3º O enquadramento do empresário ou da sociedade simples ou empresária como microempresa ou empresa de pequeno porte bem como o seu desenquadramento não implicarão alteração, denúncia ou qualquer restrição em relação a contratos por elas anteriormente firmados. § 4º Não poderá se beneficiar do tratamento jurídico diferenciado previsto nesta Lei Complementar, incluído o regime de que trata o art. 12 desta Lei Complementar, para nenhum efeito legal, a pessoa jurídica: I - de cujo capital participe outra pessoa jurídica; II - que seja filial, sucursal, agência ou representação, no País, de pessoa jurídica com sede no exterior; III - de cujo capital participe pessoa física que seja inscrita como empresário ou seja sócia de outra empresa que receba tratamento jurídico diferenciado nos termos desta Lei Complementar, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de que trata o inciso II do caput deste artigo; IV - cujo titular ou sócio participe com mais de 10% (dez por cento) do capital de outra empresa não beneficiada por esta Lei Complementar, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de que trata o inciso II do caput deste artigo; V - cujo sócio ou titular seja administrador ou equiparado de outra pessoa jurídica com fins lucrativos, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de que trata o inciso II do caput deste artigo; VI - constituída sob a forma de cooperativas, salvo as de consumo; VII - que participe do capital de outra pessoa jurídica; 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 81 VIII - que exerça atividade de banco comercial, de investimentos e de desenvolvimento, de caixa econômica, de sociedade de crédito, financiamento e investimento ou de crédito imobiliário, de corretora ou de distribuidora de títulos, valores mobiliários e câmbio, de empresa de arrendamento mercantil, de seguros privados e de capitalização ou de previdência complementar; IX - resultante ou remanescente de cisão ou qualquer outra forma de desmembramento de pessoa jurídica que tenha ocorrido em um dos 5 (cinco) anos-calendário anteriores; X - constituída sob a forma de sociedade por ações. XI - cujos titulares ou sócios guardem, cumulativamente, com o contratante do serviço, relação de pessoalidade, subordinação e habitualidade. § 5o O disposto nos incisos IV e VII do § 4o deste artigo não se aplica à participação no capital de cooperativas de crédito, bem como em centrais de compras, bolsas de subcontratação, no consórcio referido no art. 50 desta Lei Complementar e na sociedade de propósito específico prevista no art. 56 desta Lei Complementar, e em associações assemelhadas, sociedades de interesse econômico, sociedades de garantia solidária e outros tipos de sociedade, que tenham como objetivo social a defesa exclusiva dos interesses econômicos das microempresas e empresas de pequeno porte. § 6º Na hipótese de a microempresa ou empresa de pequeno porte incorrer em alguma das situações previstas nos incisos do § 4o, será excluída do tratamento jurídico diferenciado previsto nesta Lei Complementar, bem como do regime de que trata o art. 12, com efeitos a partir do mês seguinte ao que incorrida a situação impeditiva. § 7o Observado o disposto no § 2o deste artigo, no caso de início de atividades, a microempresa que, no ano-calendário, exceder o limite de receita bruta anual previsto no inciso I do caput deste artigo passa, no ano-calendário seguinte, à condição de empresa de pequeno porte. § 8o Observado o disposto no § 2o deste artigo, no caso de início de atividades, a empresa de pequeno porte que, no ano-calendário, não ultrapassar o limite de receita bruta anual previsto no inciso I do caput deste artigo passa, no ano-calendário seguinte, à condição de microempresa. § 9º A empresa de pequeno porte que, no ano-calendário, exceder o limite de receita bruta anual previsto no inciso II do caput deste artigo fica excluída, no mês subsequente à ocorrência do excesso, do tratamento jurídico diferenciado previsto nesta Lei Complementar, incluído o regime de que trata o art. 12, para todos os efeitos legais, ressalvado o disposto nos §§ 9o-A, 10 e 12. § 9o-A. Os efeitos da exclusão prevista no § 9o dar-se-ão no ano-calendário subsequente se o excesso verificado em relação à receita bruta não for superior a 20% (vinte por cento) do limite referido no inciso II do caput. § 10. A empresa de pequeno porte que no decurso do ano-calendário de início de atividade ultrapassar o limite proporcional de receita bruta de que trata o § 2o estará excluída do tratamento jurídico diferenciado previsto nesta Lei Complementar, bem como do regime de que trata o art. 12 desta Lei Complementar, com efeitos retroativos ao início de suas atividades. § 11. Na hipótese de o Distrito Federal, os Estados e os respectivos Municípios adotarem um dos limites previstos nos incisos I e II do caput do art. 19 e no art. 20, caso a receita bruta auferida pela empresa durante o ano-calendário de início de atividade ultrapasse 1/12 (um doze avos) do limite estabelecido multiplicado pelo número de meses de funcionamento nesse período, a empresa não poderá recolher o ICMS e o ISS na forma do Simples Nacional, relativos ao estabelecimento localizado na unidade da federação que os houver adotado, com efeitos retroativos ao início de suas atividades. § 12. A exclusão de que trata o § 10 não retroagirá ao início das atividades se o excesso verificado em relação à receita bruta não for superior a 20% (vinte por cento) do respectivo limite referidonaquele parágrafo, hipótese em que os efeitos da exclusão dar-se-ão no ano-calendário subsequente. § 13. O impedimento de que trata o § 11 não retroagirá ao início das atividades se o excesso verificado em relação à receita bruta não for superior a 20% (vinte por cento) dos respectivos limites referidos naquele parágrafo, hipótese em que os efeitos do impedimento ocorrerão no ano-calendário subsequente. § 14. Para fins de enquadramento como microempresa ou empresa de pequeno porte, poderão ser auferidas receitas no mercado interno até o limite previsto no inciso II do caput ou no § 2o, conforme o caso, e, adicionalmente, receitas decorrentes da exportação de mercadorias ou serviços, inclusive quando realizada por meio de comercial exportadora ou da sociedade de propósito específico prevista no art. 56 desta Lei Complementar, desde que as receitas de exportação também não excedam os referidos limites de receita bruta anual. § 15. Na hipótese do § 14, para fins de determinação da alíquota de que trata o § 1o do art. 18, da base de cálculo prevista em seu § 3o e das majorações de alíquotas previstas em seus §§ 16, 16-A, 17 e 17-A, serão consideradas separadamente as receitas brutas auferidas no mercado interno e aquelas decorrentes da exportação. § 16. O disposto neste artigo será regulamentado por resolução do CGSN. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 82 Art. 3o-A. Aplica-se ao produtor rural pessoa física e ao agricultor familiar conceituado na Lei no 11.326, de 24 de julho de 2006, com situação regular na Previdência Social e no Município que tenham auferido receita bruta anual até o limite de que trata o inciso II do caput do art. 3o o disposto nos arts. 6o e 7o, nos Capítulos V a X, na Seção IV do Capítulo XI e no Capítulo XII desta Lei Complementar, ressalvadas as disposições da Lei no 11.718, de 20 de junho de 2008. Parágrafo único. A equiparação de que trata o caput não se aplica às disposições do Capítulo IV desta Lei Complementar. Art. 3o-B. Os dispositivos desta Lei Complementar, com exceção dos dispostos no Capítulo IV, são aplicáveis a todas as microempresas e empresas de pequeno porte, assim definidas pelos incisos I e II do caput e § 4o do art. 3o, ainda que não enquadradas no regime tributário do Simples Nacional, por vedação ou por opção. CAPÍTULO III DA INSCRIÇÃO E DA BAIXA Art. 4o Na elaboração de normas de sua competência, os órgãos e entidades envolvidos na abertura e fechamento de empresas, dos 3 (três) âmbitos de governo, deverão considerar a unicidade do processo de registro e de legalização de empresários e de pessoas jurídicas, para tanto devendo articular as competências próprias com aquelas dos demais membros, e buscar, em conjunto, compatibilizar e integrar procedimentos, de modo a evitar a duplicidade de exigências e garantir a linearidade do processo, da perspectiva do usuário. § 1o O processo de abertura, registro, alteração e baixa da microempresa e empresa de pequeno porte, bem como qualquer exigência para o início de seu funcionamento, deverão ter trâmite especial e simplificado, preferencialmente eletrônico, opcional para o empreendedor, observado o seguinte: I - poderão ser dispensados o uso da firma, com a respectiva assinatura autógrafa, o capital, requerimentos, demais assinaturas, informações relativas ao estado civil e regime de bens, bem como remessa de documentos, na forma estabelecida pelo CGSIM; e II - (Revogado). § 2º (REVOGADO) § 3o Ressalvado o disposto nesta Lei Complementar, ficam reduzidos a 0 (zero) todos os custos, inclusive prévios, relativos à abertura, à inscrição, ao registro, ao funcionamento, ao alvará, à licença, ao cadastro, às alterações e procedimentos de baixa e encerramento e aos demais itens relativos ao Microempreendedor Individual, incluindo os valores referentes a taxas, a emolumentos e a demais contribuições relativas aos órgãos de registro, de licenciamento, sindicais, de regulamentação, de anotação de responsabilidade técnica, de vistoria e de fiscalização do exercício de profissões regulamentadas. § 3o-A. O agricultor familiar, definido conforme a Lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006, e identificado pela Declaração de Aptidão ao Pronaf - DAP física ou jurídica, bem como o MEI e o empreendedor de economia solidária ficam isentos de taxas e outros valores relativos à fiscalização da vigilância sanitária. § 4o No caso do MEI, de que trata o art. 18-A desta Lei Complementar, a cobrança associativa ou oferta de serviços privados relativos aos atos de que trata o § 3o deste artigo somente poderá ser efetuada a partir de demanda prévia do próprio MEI, firmado por meio de contrato com assinatura autógrafa, observando-se que: I - para a emissão de boletos de cobrança, os bancos públicos e privados deverão exigir das instituições sindicais e associativas autorização prévia específica a ser emitida pelo CGSIM; II - o desrespeito ao disposto neste parágrafo configurará vantagem ilícita pelo induzimento ao erro em prejuízo do MEI, aplicando-se as sanções previstas em lei. § 5o (VETADO). Art. 5o Os órgãos e entidades envolvidos na abertura e fechamento de empresas, dos 3 (três) âmbitos de governo, no âmbito de suas atribuições, deverão manter à disposição dos usuários, de forma presencial e pela rede mundial de computadores, informações, orientações e instrumentos, de forma integrada e consolidada, que permitam pesquisas prévias às etapas de registro ou inscrição, alteração e baixa de empresários e pessoas jurídicas, de modo a prover ao usuário certeza quanto à documentação exigível e quanto à viabilidade do registro ou inscrição. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 83 Parágrafo único. As pesquisas prévias à elaboração de ato constitutivo ou de sua alteração deverão bastar a que o usuário seja informado pelos órgãos e entidades competentes: I - da descrição oficial do endereço de seu interesse e da possibilidade de exercício da atividade desejada no local escolhido; II - de todos os requisitos a serem cumpridos para obtenção de licenças de autorização de funcionamento, segundo a atividade pretendida, o porte, o grau de risco e a localização; e III - da possibilidade de uso do nome empresarial de seu interesse. Art. 6o Os requisitos de segurança sanitária, metrologia, controle ambiental e prevenção contra incêndios, para os fins de registro e legalização de empresários e pessoas jurídicas, deverão ser simplificados, racionalizados e uniformizados pelos órgãos envolvidos na abertura e fechamento de empresas, no âmbito de suas competências. § 1o Os órgãos e entidades envolvidos na abertura e fechamento de empresas que sejam responsáveis pela emissão de licenças e autorizações de funcionamento somente realizarão vistorias após o início de operação do estabelecimento, quando a atividade, por sua natureza, comportar grau de risco compatível com esse procedimento. § 2o Os órgãos e entidades competentes definirão, em 6 (seis) meses, contados da publicação desta Lei Complementar, as atividades cujo grau de risco seja considerado alto e que exigirão vistoria prévia. § 3o Na falta de legislação estadual, distrital ou municipal específica relativa à definição do grau de risco da atividade aplicar-se-á resolução do CGSIM. § 4o A classificação de baixo grau de risco permite ao empresário ou à pessoa jurídica a obtenção do licenciamento de atividade mediante o simples fornecimento de dados e a substituição da comprovação prévia do cumprimento de exigências e restrições por declarações do titular ou responsável. § 5o O disposto neste artigo não é impeditivo da inscrição fiscal. Art. 7o Exceto nos casos em que o grau de risco da atividade seja considerado alto, os Municípios emitirão Alvará de FuncionamentoProvisório, que permitirá o início de operação do estabelecimento imediatamente após o ato de registro. Parágrafo único. Nos casos referidos no caput deste artigo, poderá o Município conceder Alvará de Funcionamento Provisório para o microempreendedor individual, para microempresas e para empresas de pequeno porte: I - instaladas em área ou edificação desprovidas de regulação fundiária e imobiliária, inclusive habite- se; ou II - em residência do microempreendedor individual ou do titular ou sócio da microempresa ou empresa de pequeno porte, na hipótese em que a atividade não gere grande circulação de pessoas. Art. 8o Será assegurado aos empresários e pessoas jurídicas: I - entrada única de dados e documentosII - processo de registro e legalização integrado entre os órgãos e entes envolvidos, por meio de sistema informatizado que garanta: a) sequenciamento das seguintes etapas: consulta prévia de nome empresarial e de viabilidade de localização, registro empresarial, inscrições fiscais e licenciamento de atividade; b) criação da base nacional cadastral única de empresas; III - identificação nacional cadastral única que corresponderá ao número de inscrição no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas - CNPJ. § 1o O sistema de que trata o inciso II do caput deve garantir aos órgãos e entidades integrados: I - compartilhamento irrestrito dos dados da base nacional única de empresas; II - autonomia na definição das regras para comprovação do cumprimento de exigências nas respectivas etapas do processo. § 2o A identificação nacional cadastral única substituirá para todos os efeitos as demais inscrições, sejam elas federais, estaduais ou municipais, após a implantação do sistema a que se refere o inciso II do caput, no prazo e na forma estabelecidos pelo CGSIM. § 3o É vedado aos órgãos e entidades integrados ao sistema informatizado de que trata o inciso II do caput o estabelecimento de exigências não previstas em lei. § 4o A coordenação do desenvolvimento e da implantação do sistema de que trata o inciso II do caput ficará a cargo do CGSIM. Art. 9o O registro dos atos constitutivos, de suas alterações e extinções (baixas), referentes a empresários e pessoas jurídicas em qualquer órgão dos 3 (três) âmbitos de governo ocorrerá independentemente da regularidade de obrigações tributárias, previdenciárias ou trabalhistas, principais 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 84 ou acessórias, do empresário, da sociedade, dos sócios, dos administradores ou de empresas de que participem, sem prejuízo das responsabilidades do empresário, dos titulares, dos sócios ou dos administradores por tais obrigações, apuradas antes ou após o ato de extinção. § 1o O arquivamento, nos órgãos de registro, dos atos constitutivos de empresários, de sociedades empresárias e de demais equiparados que se enquadrarem como microempresa ou empresa de pequeno porte bem como o arquivamento de suas alterações são dispensados das seguintes exigências: I - certidão de inexistência de condenação criminal, que será substituída por declaração do titular ou administrador, firmada sob as penas da lei, de não estar impedido de exercer atividade mercantil ou a administração de sociedade, em virtude de condenação criminal; II - prova de quitação, regularidade ou inexistência de débito referente a tributo ou contribuição de qualquer natureza. § 2o Não se aplica às microempresas e às empresas de pequeno porte o disposto no § 2o do art. 1o da Lei no 8.906, de 4 de julho de 1994. § 3o (Revogado). § 4o A baixa do empresário ou da pessoa jurídica não impede que, posteriormente, sejam lançados ou cobrados tributos, contribuições e respectivas penalidades, decorrentes da falta do cumprimento de obrigações ou da prática comprovada e apurada em processo administrativo ou judicial de outras irregularidades praticadas pelos empresários, pelas pessoas jurídicas ou por seus titulares, sócios ou administradores. § 5o A solicitação de baixa do empresário ou da pessoa jurídica importa responsabilidade solidária dos empresários, dos titulares, dos sócios e dos administradores no período da ocorrência dos respectivos fatos geradores. § 6º Os órgãos referidos no caput deste artigo terão o prazo de 60 (sessenta) dias para efetivar a baixa nos respectivos cadastros. § 7º Ultrapassado o prazo previsto no § 6º deste artigo sem manifestação do órgão competente, presumir-se-á a baixa dos registros das microempresas e a das empresas de pequeno porte. § 8o (Revogado). § 9o (Revogado). § 10. (Revogado). § 11. (Revogado). § 12. (Revogado). Art. 10. Não poderão ser exigidos pelos órgãos e entidades envolvidos na abertura e fechamento de empresas, dos 3 (três) âmbitos de governo: I - excetuados os casos de autorização prévia, quaisquer documentos adicionais aos requeridos pelos órgãos executores do Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins e do Registro Civil de Pessoas Jurídicas; II - documento de propriedade ou contrato de locação do imóvel onde será instalada a sede, filial ou outro estabelecimento, salvo para comprovação do endereço indicado; III - comprovação de regularidade de prepostos dos empresários ou pessoas jurídicas com seus órgãos de classe, sob qualquer forma, como requisito para deferimento de ato de inscrição, alteração ou baixa de empresa, bem como para autenticação de instrumento de escrituração. Art. 11. Fica vedada a instituição de qualquer tipo de exigência de natureza documental ou formal, restritiva ou condicionante, pelos órgãos envolvidos na abertura e fechamento de empresas, dos 3 (três) âmbitos de governo, que exceda o estrito limite dos requisitos pertinentes à essência do ato de registro, alteração ou baixa da empresa. CAPÍTULO IV DOS TRIBUTOS E CONTRIBUIÇÕES SeçãoI Da Instituição e Abrangência Art. 12. Fica instituído o Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte - Simples Nacional. Art. 13. O Simples Nacional implica o recolhimento mensal, mediante documento único de arrecadação, dos seguintes impostos e contribuições: I - Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica - IRPJ; 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 85 II - Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI, observado o disposto no inciso XII do § 1o deste artigo; III - Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL; IV - Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - COFINS, observado o disposto no inciso XII do § 1o deste artigo; V - Contribuição para o PIS/Pasep, observado o disposto no inciso XII do § 1o deste artigo; VI - Contribuição Patronal Previdenciária - CPP para a Seguridade Social, a cargo da pessoa jurídica, de que trata o art. 22 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, exceto no caso da microempresa e da empresa de pequeno porte que se dedique às atividades de prestação de serviços referidas no § 5º-C do art. 18 desta Lei Complementar; VII - Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação - ICMS; VIII - Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISS. § 1o O recolhimento na forma deste artigo não exclui a incidência dos seguintes impostos ou contribuições, devidos na qualidade de contribuinte ou responsável, em relação aos quais será observada a legislação aplicável às demais pessoas jurídicas: I - Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou Relativas a Títulos ou Valores Mobiliários - IOF; II - Imposto sobre a Importação de Produtos Estrangeiros - II; III - Imposto sobre a Exportação, para o Exterior, de Produtos Nacionais ou Nacionalizados - IE;IV - Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR; V - Imposto de Renda, relativo aos rendimentos ou ganhos líquidos auferidos em aplicações de renda fixa ou variável; VI - Imposto de Renda relativo aos ganhos de capital auferidos na alienação de bens do ativo permanente; VII - Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira - CPMF; VIII - Contribuição para o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS; IX - Contribuição para manutenção da Seguridade Social, relativa ao trabalhador; X - Contribuição para a Seguridade Social, relativa à pessoa do empresário, na qualidade de contribuinte individual; XI - Imposto de Renda relativo aos pagamentos ou créditos efetuados pela pessoa jurídica a pessoas físicas; XII - Contribuição para o PIS/Pasep, Cofins e IPI incidentes na importação de bens e serviços; XIII - ICMS devido: a) nas operações sujeitas ao regime de substituição tributária, tributação concentrada em uma única etapa (monofásica) e sujeitas ao regime de antecipação do recolhimento do imposto com encerramento de tributação, envolvendo combustíveis e lubrificantes; energia elétrica; cigarros e outros produtos derivados do fumo; bebidas; óleos e azeites vegetais comestíveis; farinha de trigo e misturas de farinha de trigo; massas alimentícias; açúcares; produtos lácteos; carnes e suas preparações; preparações à base de cereais; chocolates; produtos de padaria e da indústria de bolachas e biscoitos; sorvetes e preparados para fabricação de sorvetes em máquinas; cafés e mates, seus extratos, essências e concentrados; preparações para molhos e molhos preparados; preparações de produtos vegetais; rações para animais domésticos; veículos automotivos e automotores, suas peças, componentes e acessórios; pneumáticos; câmaras de ar e protetores de borracha; medicamentos e outros produtos farmacêuticos para uso humano ou veterinário; cosméticos; produtos de perfumaria e de higiene pessoal; papéis; plásticos; canetas e malas; cimentos; cal e argamassas; produtos cerâmicos; vidros; obras de metal e plástico para construção; telhas e caixas d’água; tintas e vernizes; produtos eletrônicos, eletroeletrônicos e eletrodomésticos; fios; cabos e outros condutores; transformadores elétricos e reatores; disjuntores; interruptores e tomadas; isoladores; para-raios e lâmpadas; máquinas e aparelhos de ar-condicionado; centrifugadores de uso doméstico; aparelhos e instrumentos de pesagem de uso doméstico; extintores; aparelhos ou máquinas de barbear; máquinas de cortar o cabelo ou de tosquiar; aparelhos de depilar, com motor elétrico incorporado; aquecedores elétricos de água para uso doméstico e termômetros; ferramentas; álcool etílico; sabões em pó e líquidos para roupas; detergentes; alvejantes; esponjas; palhas de aço e amaciantes de roupas; venda de mercadorias pelo sistema porta a porta; nas operações sujeitas ao regime de substituição tributária pelas operações anteriores; e nas prestações de serviços sujeitas aos regimes de substituição tributária e de antecipação de recolhimento do imposto com encerramento de tributação; 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 86 b) por terceiro, a que o contribuinte se ache obrigado, por força da legislação estadual ou distrital vigente; c) na entrada, no território do Estado ou do Distrito Federal, de petróleo, inclusive lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, bem como energia elétrica, quando não destinados à comercialização ou industrialização; d) por ocasião do desembaraço aduaneiro; e) na aquisição ou manutenção em estoque de mercadoria desacobertada de documento fiscal; f) na operação ou prestação desacobertada de documento fiscal; g) nas operações com bens ou mercadorias sujeitas ao regime de antecipação do recolhimento do imposto, nas aquisições em outros Estados e Distrito Federal: 1. com encerramento da tributação, observado o disposto no inciso IV do § 4º do art. 18 desta Lei Complementar; 2. sem encerramento da tributação, hipótese em que será cobrada a diferença entre a alíquota interna e a interestadual, sendo vedada a agregação de qualquer valor; h) nas aquisições em outros Estados e no Distrito Federal de bens ou mercadorias, não sujeitas ao regime de antecipação do recolhimento do imposto, relativo à diferença entre a alíquota interna e a interestadual; XIV - ISS devido: a) em relação aos serviços sujeitos à substituição tributária ou retenção na fonte; b) na importação de serviços; XV - demais tributos de competência da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, não relacionados nos incisos anteriores. § 2o Observada a legislação aplicável, a incidência do imposto de renda na fonte, na hipótese do inciso V do § 1o deste artigo, será definitiva. § 3o As microempresas e empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional ficam dispensadas do pagamento das demais contribuições instituídas pela União, inclusive as contribuições para as entidades privadas de serviço social e de formação profissional vinculadas ao sistema sindical, de que trata o art. 240 da Constituição Federal, e demais entidades de serviço social autônomo. § 4o (VETADO). § 5º A diferença entre a alíquota interna e a interestadual de que tratam as alíneas g e h do inciso XIII do § 1º deste artigo será calculada tomando-se por base as alíquotas aplicáveis às pessoas jurídicas não optantes pelo Simples Nacional. § 6º O Comitê Gestor do Simples Nacional: I - disciplinará a forma e as condições em que será atribuída à microempresa ou empresa de pequeno porte optante pelo Simples Nacional a qualidade de substituta tributária; e II - poderá disciplinar a forma e as condições em que será estabelecido o regime de antecipação do ICMS previsto na alínea g do inciso XIII do § 1º deste artigo. § 7o O disposto na alínea a do inciso XIII do § 1o será disciplinado por convênio celebrado pelos Estados e pelo Distrito Federal, ouvidos o CGSN e os representantes dos segmentos econômicos envolvidos. § 8o Em relação às bebidas não alcóolicas, massas alimentícias, produtos lácteos, carnes e suas preparações, preparações à base de cereais, chocolates, produtos de padaria e da indústria de bolachas e biscoitos, preparações para molhos e molhos preparados, preparações de produtos vegetais, telhas e outros produtos cerâmicos para construção e detergentes, aplica-se o disposto na alínea a do inciso XIII do § 1o aos fabricados em escala industrial relevante em cada segmento, observado o disposto no § 7o. Art. 14. Consideram-se isentos do imposto de renda, na fonte e na declaração de ajuste do beneficiário, os valores efetivamente pagos ou distribuídos ao titular ou sócio da microempresa ou empresa de pequeno porte optante pelo Simples Nacional, salvo os que corresponderem a pró-labore, aluguéis ou serviços prestados. § 1o A isenção de que trata o caput deste artigo fica limitada ao valor resultante da aplicação dos percentuais de que trata o art. 15 da Lei no 9.249, de 26 de dezembro de 1995, sobre a receita bruta mensal, no caso de antecipação de fonte, ou da receita bruta total anual, tratando-se de declaração de ajuste, subtraído do valor devido na forma do Simples Nacional no período. § 2o O disposto no § 1o deste artigo não se aplica na hipótese de a pessoa jurídica manter escrituração contábil e evidenciar lucro superior àquele limite. Art. 15. (VETADO). 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 87 Art. 16. A opção pelo Simples Nacional da pessoa jurídica enquadrada na condição de microempresa e empresa de pequeno porte dar-se-á na forma a ser estabelecida em ato do Comitê Gestor, sendo irretratável para todo o ano-calendário. § 1o Para efeito de enquadramento no Simples Nacional, considerar-se-á microempresa ou empresa de pequeno porte aquela cuja receitabruta no ano-calendário anterior ao da opção esteja compreendida dentro dos limites previstos no art. 3o desta Lei Complementar. § 1º-A. A opção pelo Simples Nacional implica aceitação de sistema de comunicação eletrônica, destinado, dentre outras finalidades, a: I - cientificar o sujeito passivo de quaisquer tipos de atos administrativos, incluídos os relativos ao indeferimento de opção, à exclusão do regime e a ações fiscais; II - encaminhar notificações e intimações; e III - expedir avisos em geral. § 1º-B. O sistema de comunicação eletrônica de que trata o § 1o-A será regulamentado pelo CGSN, observando-se o seguinte: I - as comunicações serão feitas, por meio eletrônico, em portal próprio, dispensando-se a sua publicação no Diário Oficial e o envio por via postal; II - a comunicação feita na forma prevista no caput será considerada pessoal para todos os efeitos legais; III - a ciência por meio do sistema de que trata o § 1o-A com utilização de certificação digital ou de código de acesso possuirá os requisitos de validade; IV - considerar-se-á realizada a comunicação no dia em que o sujeito passivo efetivar a consulta eletrônica ao teor da comunicação; e V - na hipótese do inciso IV, nos casos em que a consulta se dê em dia não útil, a comunicação será considerada como realizada no primeiro dia útil seguinte. § 1º-C. A consulta referida nos incisos IV e V do § 1º-B deverá ser feita em até 45 (quarenta e cinco) dias contados da data da disponibilização da comunicação no portal a que se refere o inciso I do § 1º-B, ou em prazo superior estipulado pelo CGSN, sob pena de ser considerada automaticamente realizada na data do término desse prazo. § 1º-D. Enquanto não editada a regulamentação de que trata o § 1o-B, os entes federativos poderão utilizar sistemas de comunicação eletrônica, com regras próprias, para as finalidades previstas no § 1º-A, podendo a referida regulamentação prever a adoção desses sistemas como meios complementares de comunicação. § 2o A opção de que trata o caput deste artigo deverá ser realizada no mês de janeiro, até o seu último dia útil, produzindo efeitos a partir do primeiro dia do ano-calendário da opção, ressalvado o disposto no § 3o deste artigo. § 3o A opção produzirá efeitos a partir da data do início de atividade, desde que exercida nos termos, prazo e condições a serem estabelecidos no ato do Comitê Gestor a que se refere o caput deste artigo. § 4o Serão consideradas inscritas no Simples Nacional, em 1o de julho de 2007, as microempresas e empresas de pequeno porte regularmente optantes pelo regime tributário de que trata a Lei no 9.317, de 5 de dezembro de 1996, salvo as que estiverem impedidas de optar por alguma vedação imposta por esta Lei Complementar. § 5o O Comitê Gestor regulamentará a opção automática prevista no § 4o deste artigo. § 6o O indeferimento da opção pelo Simples Nacional será formalizado mediante ato da Administração Tributária segundo regulamentação do Comitê Gestor. Seção II Das Vedações ao Ingresso no Simples Nacional Art. 17. Não poderão recolher os impostos e contribuições na forma do Simples Nacional a microempresa ou a empresa de pequeno porte: I - que explore atividade de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber, gerenciamento de ativos (asset management), compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring); II - que tenha sócio domiciliado no exterior; III - de cujo capital participe entidade da administração pública, direta ou indireta, federal, estadual ou municipal; IV - (REVOGADO) 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 88 V - que possua débito com o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, ou com as Fazendas Públicas Federal, Estadual ou Municipal, cuja exigibilidade não esteja suspensa; VI - que preste serviço de transporte intermunicipal e interestadual de passageiros, exceto quando na modalidade fluvial ou quando possuir características de transporte urbano ou metropolitano ou realizar- se sob fretamento contínuo em área metropolitana para o transporte de estudantes ou trabalhadores; VII - que seja geradora, transmissora, distribuidora ou comercializadora de energia elétrica; VIII - que exerça atividade de importação ou fabricação de automóveis e motocicletas; IX - que exerça atividade de importação de combustíveis; X - que exerça atividade de produção ou venda no atacado de: a) cigarros, cigarrilhas, charutos, filtros para cigarros, armas de fogo, munições e pólvoras, explosivos e detonantes; b) bebidas a seguir descritas: 1 - alcoólicas; 2. (Revogado); 3. (Revogado); 4 - cervejas sem álcool; XI - (Revogado); XII - que realize cessão ou locação de mão-de-obra; XIII - (Revogado); XIV - que se dedique ao loteamento e à incorporação de imóveis. XV - que realize atividade de locação de imóveis próprios, exceto quando se referir a prestação de serviços tributados pelo ISS. XVI - com ausência de inscrição ou com irregularidade em cadastro fiscal federal, municipal ou estadual, quando exigível. § 1º As vedações relativas a exercício de atividades previstas no caput deste artigo não se aplicam às pessoas jurídicas que se dediquem exclusivamente às atividades referidas nos §§ 5o-B a 5o-E do art. 18 desta Lei Complementar, ou as exerçam em conjunto com outras atividades que não tenham sido objeto de vedação no caput deste artigo. I - (REVOGADO) II - (REVOGADO) III - (REVOGADO) IV - (REVOGADO) V - (REVOGADO) VI - (REVOGADO) VII - (REVOGADO) VIII - (REVOGADO) IX - (REVOGADO) X - (REVOGADO) XI - (REVOGADO) XII - (REVOGADO) XIII - (REVOGADO) XIV - (REVOGADO) XV - (REVOGADO) XVI - (REVOGADO) XVII - (REVOGADO) XVIII - (REVOGADO) XIX - (REVOGADO) XX - (REVOGADO) XXI - (REVOGADO) XXII - (VETADO); XXIII - (REVOGADO) XXIV - (REVOGADO) XXV - (REVOGADO) XXVI - (REVOGADO) XXVII - (REVOGADO) XXVIII - (VETADO). § 2o Também poderá optar pelo Simples Nacional a microempresa ou empresa de pequeno porte que se dedique à prestação de outros serviços que não tenham sido objeto de vedação expressa neste artigo, desde que não incorra em nenhuma das hipóteses de vedação previstas nesta Lei Complementar. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 89 § 3o (VETADO). § 4º Na hipótese do inciso XVI do caput, deverá ser observado, para o MEI, o disposto no art. 4o desta Lei Complementar. Seção III Das Alíquotas e Base de Cálculo Art. 18. O valor devido mensalmente pela microempresa ou empresa de pequeno porte, optante pelo Simples Nacional, será determinado mediante aplicação das alíquotas constantes das tabelas dos Anexos I a VI desta Lei Complementar sobre a base de cálculo de que trata o § 3o deste artigo, observado o disposto no § 15 do art. 3o. § 1o Para efeito de determinação da alíquota, o sujeito passivo utilizará a receita bruta acumulada nos 12 (doze) meses anteriores ao do período de apuração. § 2o Em caso de início de atividade, os valores de receita bruta acumulada constantes das tabelas dos Anexos I a VI desta Lei Complementar devem ser proporcionalizados ao número de meses de atividade no período. § 3o Sobre a receita bruta auferida no mês incidirá a alíquota determinada na forma do caput e dos §§ 1o e 2o deste artigo, podendo tal incidência se dar, à opção do contribuinte, na forma regulamentada pelo Comitê Gestor, sobre a receita recebida no mês, sendo essa opção irretratável para todo o ano- calendário. § 4o O contribuinte deverá considerar, destacadamente, para fim de pagamento, as receitas decorrentes da: I - revenda de mercadorias, que serão tributadas na forma do Anexo I desta Lei Complementar; II - venda de mercadorias industrializadas pelo contribuinte, queserão tributadas na forma do Anexo II desta Lei Complementar; III - prestação de serviços de que trata o § 5o-B deste artigo e dos serviços vinculados à locação de bens imóveis e corretagem de imóveis desde que observado o disposto no inciso XV do art. 17, que serão tributados na forma do Anexo III desta Lei Complementar; IV - prestação de serviços de que tratam os §§ 5o-C a 5o-F e 5o-I deste artigo, que serão tributadas na forma prevista naqueles parágrafos; V - locação de bens móveis, que serão tributadas na forma do Anexo III desta Lei Complementar, deduzida a parcela correspondente ao ISS; VI - atividade com incidência simultânea de IPI e de ISS, que serão tributadas na forma do Anexo II desta Lei Complementar, deduzida a parcela correspondente ao ICMS e acrescida a parcela correspondente ao ISS prevista no Anexo III desta Lei Complementar; VII - comercialização de medicamentos e produtos magistrais produzidos por manipulação de fórmulas: a) sob encomenda para entrega posterior ao adquirente, em caráter pessoal, mediante prescrições de profissionais habilitados ou indicação pelo farmacêutico, produzidos no próprio estabelecimento após o atendimento inicial, que serão tributadas na forma do Anexo III desta Lei Complementar; b) nos demais casos, quando serão tributadas na forma do Anexo I desta Lei Complementar. § 4o-A. O contribuinte deverá segregar, também, as receitas: I - decorrentes de operações ou prestações sujeitas à tributação concentrada em uma única etapa (monofásica), bem como, em relação ao ICMS, que o imposto já tenha sido recolhido por substituto tributário ou por antecipação tributária com encerramento de tributação; II - sobre as quais houve retenção de ISS na forma do § 6o deste artigo e § 4o do art. 21 desta Lei Complementar, ou, na hipótese do § 22-A deste artigo, seja devido em valor fixo ao respectivo município; III - sujeitas à tributação em valor fixo ou que tenham sido objeto de isenção ou redução de ISS ou de ICMS na forma prevista nesta Lei Complementar; IV - decorrentes da exportação para o exterior, inclusive as vendas realizadas por meio de comercial exportadora ou da sociedade de propósito específico prevista no art. 56 desta Lei Complementar; V - sobre as quais o ISS seja devido a Município diverso do estabelecimento prestador, quando será recolhido no Simples Nacional. § 5º As atividades industriais serão tributadas na forma do Anexo II desta Lei Complementar.. I - (REVOGADO) II - (REVOGADO) III - (REVOGADO) IV - (REVOGADO) 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 90 V - (REVOGADO) VI - (REVOGADO) VII - (REVOGADO). § 5o-A. (Revogado). § 5º-B Sem prejuízo do disposto no § 1º do art. 17 desta Lei Complementar, serão tributadas na forma do Anexo III desta Lei Complementar as seguintes atividades de prestação de serviços: I - creche, pré-escola e estabelecimento de ensino fundamental, escolas técnicas, profissionais e de ensino médio, de línguas estrangeiras, de artes, cursos técnicos de pilotagem, preparatórios para concursos, gerenciais e escolas livres, exceto as previstas nos incisos II e III do § 5º-D deste artigo; II - agência terceirizada de correios; III - agência de viagem e turismo; IV - centro de formação de condutores de veículos automotores de transporte terrestre de passageiros e de carga; V - agência lotérica; VI - (REVOGADO) VII - (REVOGADO) VIII - (REVOGADO) IX - serviços de instalação, de reparos e de manutenção em geral, bem como de usinagem, solda, tratamento e revestimento em metais; XI - (REVOGADO) XI - (REVOGADO) XII - (REVOGADO) XIII - transporte municipal de passageiros; XIV - escritórios de serviços contábeis, observado o disposto nos §§ 22-B e 22-C deste artigo. XV - produções cinematográficas, audiovisuais, artísticas e culturais, sua exibição ou apresentação, inclusive no caso de música, literatura, artes cênicas, artes visuais, cinematográficas e audiovisuais. XVI - fisioterapia; XVII - corretagem de seguros. § 5º-C Sem prejuízo do disposto no § 1º do art. 17 desta Lei Complementar, as atividades de prestação de serviços seguintes serão tributadas na forma do Anexo IV desta Lei Complementar, hipótese em que não estará incluída no Simples Nacional a contribuição prevista no inciso VI do caput do art. 13 desta Lei Complementar, devendo ela ser recolhida segundo a legislação prevista para os demais contribuintes ou responsáveis: I - construção de imóveis e obras de engenharia em geral, inclusive sob a forma de subempreitada, execução de projetos e serviços de paisagismo, bem como decoração de interiores; II - (REVOGADO) III - (REVOGADO) IV - (REVOGADO) V - (REVOGADO) VI - serviço de vigilância, limpeza ou conservação. VII - serviços advocatícios. § 5º-D Sem prejuízo do disposto no § 1o do art. 17 desta Lei Complementar, as atividades de prestação de serviços seguintes serão tributadas na forma do Anexo V desta Lei Complementar: I - administração e locação de imóveis de terceiros; II - academias de dança, de capoeira, de ioga e de artes marciais; III - academias de atividades físicas, desportivas, de natação e escolas de esportes; IV - elaboração de programas de computadores, inclusive jogos eletrônicos, desde que desenvolvidos em estabelecimento do optante; V - licenciamento ou cessão de direito de uso de programas de computação; VI - planejamento, confecção, manutenção e atualização de páginas eletrônicas, desde que realizados em estabelecimento do optante; VII - (REVOGADO) VIII - (REVOGADO) IX - empresas montadoras de estandes para feiras; X - (REVOGADO) XI - (REVOGADO) XII - laboratórios de análises clínicas ou de patologia clínica; XIII - serviços de tomografia, diagnósticos médicos por imagem, registros gráficos e métodos óticos, bem como ressonância magnética; 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 91 XIV - serviços de prótese em geral. § 5o-E. Sem prejuízo do disposto no § 1o do art. 17 desta Lei Complementar, as atividades de prestação de serviços de comunicação e de transportes interestadual e intermunicipal de cargas, e de transportes autorizados no inciso VI do caput do art. 17, inclusive na modalidade fluvial, serão tributadas na forma do Anexo III, deduzida a parcela correspondente ao ISS e acrescida a parcela correspondente ao ICMS prevista no Anexo I. § 5o-F. As atividades de prestação de serviços referidas no § 2o do art. 17 desta Lei Complementar serão tributadas na forma do Anexo III desta Lei Complementar, salvo se, para alguma dessas atividades, houver previsão expressa de tributação na forma dos Anexos IV, V ou VI desta Lei Complementar. § 5o-G. (Revogado). § 5o-H. A vedação de que trata o inciso XII do caput do art. 17 desta Lei Complementar não se aplica às atividades referidas no § 5o-C deste artigo. § 5o-I. Sem prejuízo do disposto no § 1o do art. 17 desta Lei Complementar, as seguintes atividades de prestação de serviços serão tributadas na forma do Anexo VI desta Lei Complementar: I - medicina, inclusive laboratorial e enfermagem; II - medicina veterinária; III - odontologia; IV - psicologia, psicanálise, terapia ocupacional, acupuntura, podologia, fonoaudiologia, clínicas de nutrição e de vacinação e bancos de leite; V - serviços de comissaria, de despachantes, de tradução e de interpretação; VI - arquitetura, engenharia, medição, cartografia, topografia, geologia, geodésia, testes, suporte e análises técnicas e tecnológicas, pesquisa, design, desenho e agronomia; VII - representação comercial e demais atividades de intermediação de negócios e serviços de terceiros; VIII - perícia, leilão e avaliação; IX- auditoria, economia, consultoria, gestão, organização, controle e administração; X - jornalismo e publicidade; XI - agenciamento, exceto de mão de obra; XII - outras atividades do setor de serviços que tenham por finalidade a prestação de serviços decorrentes do exercício de atividade intelectual, de natureza técnica, científica, desportiva, artística ou cultural, que constitua profissão regulamentada ou não, desde que não sujeitas à tributação na forma dos Anexos III, IV ou V desta Lei Complementar. § 6o No caso dos serviços previstos no § 2o do art. 6o da Lei Complementar no 116, de 31 de julho de 2003, prestados pelas microempresas e pelas empresas de pequeno porte, o tomador do serviço deverá reter o montante correspondente na forma da legislação do município onde estiver localizado, observado o disposto no §4o do art. 21 desta Lei Complementar. § 7o A sociedade de propósito específico de que trata o art. 56 desta Lei Complementar que houver adquirido mercadorias de microempresa ou empresa de pequeno porte que seja sua sócia, bem como a empresa comercial exportadora que houver adquirido mercadorias ou serviços de empresa optante pelo Simples Nacional, com o fim específico de exportação para o exterior, que, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, contado da data da emissão da nota fiscal pela vendedora, não comprovar o seu embarque para o exterior ficará sujeita ao pagamento de todos os impostos e contribuições que deixaram de ser pagos pela empresa vendedora, acrescidos de juros de mora e multa, de mora ou de ofício, calculados na forma da legislação relativa à cobrança do tributo não pago, aplicável à sociedade de propósito específico ou à própria comercial exportadora. § 8o Para efeito do disposto no § 7o deste artigo, considera-se vencido o prazo para o pagamento na data em que a empresa vendedora deveria fazê-lo, caso a venda houvesse sido efetuada para o mercado interno. § 9o Relativamente à contribuição patronal previdenciária, devida pela vendedora, a sociedade de propósito específico de que trata o art. 56 desta Lei Complementar ou a comercial exportadora deverão recolher, no prazo previsto no § 8o deste artigo, o valor correspondente a 11% (onze por cento) do valor das mercadorias não exportadas nos termos do § 7o deste artigo. § 10. Na hipótese do § 7o deste artigo, a sociedade de propósito específico de que trata o art. 56 desta Lei Complementar ou a empresa comercial exportadora não poderão deduzir do montante devido qualquer valor a título de crédito de Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI da Contribuição para o PIS/PASEP ou da COFINS, decorrente da aquisição das mercadorias e serviços objeto da incidência. § 11. Na hipótese do § 7o deste artigo, a sociedade de propósito específico ou a empresa comercial exportadora deverão pagar, também, os impostos e contribuições devidos nas vendas para o mercado interno, caso, por qualquer forma, tenham alienado ou utilizado as mercadorias. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 92 § 12. Na apuração do montante devido no mês relativo a cada tributo, para o contribuinte que apure receitas mencionadas nos incisos I a III e V do § 4o-A deste artigo, serão consideradas as reduções relativas aos tributos já recolhidos, ou sobre os quais tenha havido tributação monofásica, isenção, redução ou, no caso do ISS, que o valor tenha sido objeto de retenção ou seja devido diretamente ao Município. § 13. Para efeito de determinação da redução de que trata o § 12 deste artigo, as receitas serão discriminadas em comerciais, industriais ou de prestação de serviços na forma dos Anexos I, II, III, IV, V e VI desta Lei Complementar. § 14. A redução no montante a ser recolhido no Simples Nacional relativo aos valores das receitas decorrentes da exportação de que trata o inciso IV do § 4o-A deste artigo corresponderá tão somente aos percentuais relativos à Cofins, à Contribuição para o PIS/Pasep, ao IPI, ao ICMS e ao ISS, constantes dos Anexos I a VI desta Lei Complementar. I - (Revogado); II - (Revogado). § 15. Será disponibilizado sistema eletrônico para realização do cálculo simplificado do valor mensal devido referente ao Simples Nacional. § 15-A. As informações prestadas no sistema eletrônico de cálculo de que trata o § 15: I - têm caráter declaratório, constituindo confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos tributos e contribuições que não tenham sido recolhidos resultantes das informações nele prestadas; e II - deverão ser fornecidas à Secretaria da Receita Federal do Brasil até o vencimento do prazo para pagamento dos tributos devidos no Simples Nacional em cada mês, relativamente aos fatos geradores ocorridos no mês anterior. § 16. Na hipótese do § 12 do art. 3o, a parcela de receita bruta que exceder o montante determinado no § 10 daquele artigo estará sujeita às alíquotas máximas previstas nos Anexos I a VI desta Lei Complementar, proporcionalmente conforme o caso, acrescidas de 20% (vinte por cento). § 16-A. O disposto no § 16 aplica-se, ainda, às hipóteses de que trata o § 9o do art. 3o, a partir do mês em que ocorrer o excesso do limite da receita bruta anual e até o mês anterior aos efeitos da exclusão. § 17. Na hipótese do § 13 do art. 3o, a parcela de receita bruta que exceder os montantes determinados no § 11 daquele artigo estará sujeita, em relação aos percentuais aplicáveis ao ICMS e ao ISS, às alíquotas máximas correspondentes a essas faixas previstas nos Anexos I a VI desta Lei Complementar, proporcionalmente conforme o caso, acrescidas de 20% (vinte por cento). § 17-A. O disposto no § 17 aplica-se, ainda, à hipótese de que trata o § 1o do art. 20, a partir do mês em que ocorrer o excesso do limite da receita bruta anual e até o mês anterior aos efeitos do impedimento. § 18. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no âmbito das respectivas competências, poderão estabelecer, na forma definida pelo Comitê Gestor, independentemente da receita bruta recebida no mês pelo contribuinte, valores fixos mensais para o recolhimento do ICMS e do ISS devido por microempresa que aufira receita bruta, no ano-calendário anterior, de até o limite máximo previsto na segunda faixa de receitas brutas anuais constantes dos Anexos I a VI, ficando a microempresa sujeita a esses valores durante todo o ano-calendário, ressalvado o disposto no § 18-A. § 18-A. A microempresa que, no ano-calendário, exceder o limite de receita bruta previsto no § 18 fica impedida de recolher o ICMS ou o ISS pela sistemática de valor fixo, a partir do mês subsequente à ocorrência do excesso, sujeitando-se à apuração desses tributos na forma das demais empresas optantes pelo Simples Nacional. § 19. Os valores estabelecidos no § 18 deste artigo não poderão exceder a 50% (cinquenta por cento) do maior recolhimento possível do tributo para a faixa de enquadramento prevista na tabela do caput deste artigo, respeitados os acréscimos decorrentes do tipo de atividade da empresa estabelecidos no § 5o deste artigo. § 20. Na hipótese em que o Estado, o Município ou o Distrito Federal concedam isenção ou redução do ICMS ou do ISS devido por microempresa ou empresa de pequeno porte, ou ainda determine recolhimento de valor fixo para esses tributos, na forma do § 18 deste artigo, será realizada redução proporcional ou ajuste do valor a ser recolhido, na forma definida em resolução do Comitê Gestor. § 20-A. A concessão dos benefícios de que trata o § 20 deste artigo poderá ser realizada: I - mediante deliberação exclusiva e unilateral do Estado, do Distrito Federal ou do Município concedente; II - de modo diferenciado para cada ramo de atividade. § 20-B. A União, os Estados e o Distrito Federal poderão, em lei específica destinada à ME ou EPP optante pelo Simples Nacional,estabelecer isenção ou redução de COFINS, Contribuição para o PIS/PASEP e ICMS para produtos da cesta básica, discriminando a abrangência da sua concessão. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 93 § 21. O valor a ser recolhido na forma do disposto no § 20 deste artigo, exclusivamente na hipótese de isenção, não integrará o montante a ser partilhado com o respectivo Município, Estado ou Distrito Federal. § 22. (REVOGADO) § 22-A. A atividade constante do inciso XIV do § 5º-B deste artigo recolherá o ISS em valor fixo, na forma da legislação municipal. § 22-B. Os escritórios de serviços contábeis, individualmente ou por meio de suas entidades representativas de classe, deverão: I – promover atendimento gratuito relativo à inscrição, à opção de que trata o art. 18-A desta Lei Complementar e à primeira declaração anual simplificada da microempresa individual, podendo, para tanto, por meio de suas entidades representativas de classe, firmar convênios e acordos com a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, por intermédio dos seus órgãos vinculados; II – fornecer, na forma estabelecida pelo Comitê Gestor, resultados de pesquisas quantitativas e qualitativas relativas às microempresas e empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional por eles atendidas; III – promover eventos de orientação fiscal, contábil e tributária para as microempresas e empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional por eles atendidas. § 22-C. Na hipótese de descumprimento das obrigações de que trata o § 22-B deste artigo, o escritório será excluído do Simples Nacional, com efeitos a partir do mês subsequente ao do descumprimento, na forma regulamentada pelo Comitê Gestor. § 23. Da base de cálculo do ISS será abatido o material fornecido pelo prestador dos serviços previstos nos itens 7.02 e 7.05 da lista de serviços anexa à Lei Complementar no 116, de 31 de julho de 2003. § 24. Para efeito de aplicação dos Anexos V e VI desta Lei Complementar, considera-se folha de salários, incluídos encargos, o montante pago, nos 12 (doze) meses anteriores ao do período de apuração, a título de remunerações a pessoas físicas decorrentes do trabalho, incluídas retiradas de pró- labore, acrescidos do montante efetivamente recolhido a título de contribuição patronal previdenciária e para o FGTS. § 25. Para efeito do disposto no § 24 deste artigo, deverão ser consideradas tão somente as remunerações informadas na forma prevista no inciso IV do caput do art. 32 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991. § 26. Não são considerados, para efeito do disposto no § 24, valores pagos a título de aluguéis e de distribuição de lucros, observado o disposto no § 1o do art. 14. Art. 18-A. O Microempreendedor Individual - MEI poderá optar pelo recolhimento dos impostos e contribuições abrangidos pelo Simples Nacional em valores fixos mensais, independentemente da receita bruta por ele auferida no mês, na forma prevista neste artigo. § 1o Para os efeitos desta Lei Complementar, considera-se MEI o empresário individual a que se refere o art. 966 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), que tenha auferido receita bruta, no ano-calendário anterior, de até R$ 60.000,00 (sessenta mil reais), optante pelo Simples Nacional e que não esteja impedido de optar pela sistemática prevista neste artigo. § 2º No caso de início de atividades, o limite de que trata o § 1o será de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) multiplicados pelo número de meses compreendido entre o início da atividade e o final do respectivo ano- calendário, consideradas as frações de meses como um mês inteiro. § 3º Na vigência da opção pela sistemática de recolhimento prevista no caput deste artigo: I – não se aplica o disposto no § 18 do art. 18 desta Lei Complementar; II – não se aplica a redução prevista no § 20 do art. 18 desta Lei Complementar ou qualquer dedução na base de cálculo; III - não se aplicam as isenções específicas para as microempresas e empresas de pequeno porte concedidas pelo Estado, Município ou Distrito Federal a partir de 1o de julho de 2007 que abranjam integralmente a faixa de receita bruta anual até o limite previsto no § 1º; IV – a opção pelo enquadramento como Microempreendedor Individual importa opção pelo recolhimento da contribuição referida no inciso X do § 1o do art. 13 desta Lei Complementar na forma prevista no § 2º do art. 21 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991; V – o Microempreendedor Individual recolherá, na forma regulamentada pelo Comitê Gestor, valor fixo mensal correspondente à soma das seguintes parcelas: a) R$ 45,65 (quarenta e cinco reais e sessenta e cinco centavos), a título da contribuição prevista no inciso IV deste parágrafo; b) R$ 1,00 (um real), a título do imposto referido no inciso VII do caput do art. 13 desta Lei Complementar, caso seja contribuinte do ICMS; e 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 94 c) R$ 5,00 (cinco reais), a título do imposto referido no inciso VIII do caput do art. 13 desta Lei Complementar, caso seja contribuinte do ISS; VI – sem prejuízo do disposto nos §§ 1o a 3o do art. 13, o MEI terá isenção dos tributos referidos nos incisos I a VI do caput daquele artigo, ressalvado o disposto no art. 18-C. § 4o Não poderá optar pela sistemática de recolhimento prevista no caput deste artigo o MEI: I – cuja atividade seja tributada pelos Anexos IV ou V desta Lei Complementar, salvo autorização relativa a exercício de atividade isolada na forma regulamentada pelo Comitê Gestor; I - cuja atividade seja tributada na forma dos Anexos V ou VI desta Lei Complementar, salvo autorização relativa a exercício de atividade isolada na forma regulamentada pelo CGSN; II - que possua mais de um estabelecimento; III - que participe de outra empresa como titular, sócio ou administrador; ou IV - que contrate empregado. § 4º-A. Observadas as demais condições deste artigo, poderá optar pela sistemática de recolhimento prevista no caput o empresário individual que exerça atividade de comercialização e processamento de produtos de natureza extrativista. § 4º-B. O CGSN determinará as atividades autorizadas a optar pela sistemática de recolhimento de que trata este artigo, de forma a evitar a fragilização das relações de trabalho, bem como sobre a incidência do ICMS e do ISS. § 5º A opção de que trata o caput deste artigo dar-se-á na forma a ser estabelecida em ato do Comitê Gestor, observando-se que: I - será irretratável para todo o ano-calendário; II - deverá ser realizada no início do ano-calendário, na forma disciplinada pelo Comitê Gestor, produzindo efeitos a partir do primeiro dia do ano-calendário da opção, ressalvado o disposto no inciso III; III - produzirá efeitos a partir da data do início de atividade desde que exercida nos termos, prazo e condições a serem estabelecidos em ato do Comitê Gestor a que se refere o caput deste parágrafo. § 6º O desenquadramento da sistemática de que trata o caput deste artigo será realizado de ofício ou mediante comunicação do MEI. § 7º O desenquadramento mediante comunicação do MEI à Secretaria da Receita Federal do Brasil - RFB dar-se-á: I - por opção, que deverá ser efetuada no início do ano-calendário, na forma disciplinada pelo Comitê Gestor, produzindo efeitos a partir de 1º de janeiro do ano-calendário da comunicação; II - obrigatoriamente, quando o MEI incorrer em alguma das situações previstas no § 4º deste artigo, devendo a comunicação ser efetuada até o último dia útil do mês subsequente àquele em que ocorrida a situação de vedação, produzindo efeitos a partir do mês subsequente ao da ocorrência da situação impeditiva; III - obrigatoriamente, quando o MEI exceder, no ano-calendário, o limite de receita bruta previsto no § 1º deste artigo, devendo a comunicação ser efetuada até o último dia útildo mês subsequente àquele em que ocorrido o excesso, produzindo efeitos: a) a partir de 1º de janeiro do ano-calendário subsequente ao da ocorrência do excesso, na hipótese de não ter ultrapassado o referido limite em mais de 20% (vinte por cento); b) retroativamente a 1º de janeiro do ano-calendário da ocorrência do excesso, na hipótese de ter ultrapassado o referido limite em mais de 20% (vinte por cento); IV - obrigatoriamente, quando o MEI exceder o limite de receita bruta previsto no § 2º deste artigo, devendo a comunicação ser efetuada até o último dia útil do mês subsequente àquele em que ocorrido o excesso, produzindo efeitos: a) a partir de 1º de janeiro do ano-calendário subsequente ao da ocorrência do excesso, na hipótese de não ter ultrapassado o referido limite em mais de 20% (vinte por cento); b) retroativamente ao início de atividade, na hipótese de ter ultrapassado o referido limite em mais de 20% (vinte por cento). § 8º O desenquadramento de ofício dar-se-á quando verificada a falta de comunicação de que trata o § 7º deste artigo. § 9º O Empresário Individual desenquadrado da sistemática de recolhimento prevista no caput deste artigo passará a recolher os tributos devidos pela regra geral do Simples Nacional a partir da data de início dos efeitos do desenquadramento, ressalvado o disposto no § 10 deste artigo. § 10. Nas hipóteses previstas nas alíneas a dos incisos III e IV do § 7º deste artigo, o MEI deverá recolher a diferença, sem acréscimos, em parcela única, juntamente com a da apuração do mês de janeiro do ano-calendário subsequente ao do excesso, na forma a ser estabelecida em ato do Comitê Gestor. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 95 § 11. O valor referido na alínea a do inciso V do § 3o deste artigo será reajustado, na forma prevista em lei ordinária, na mesma data de reajustamento dos benefícios de que trata a Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, de forma a manter equivalência com a contribuição de que trata o § 2º do art. 21 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991. § 12. Aplica-se ao MEI que tenha optado pela contribuição na forma do § 1o deste artigo o disposto no § 4º do art. 55 e no § 2º do art. 94, ambos da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, exceto se optar pela complementação da contribuição previdenciária a que se refere o § 3o do art. 21 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991. § 13. O MEI está dispensado, ressalvado o disposto no art. 18-C desta Lei Complementar, de: I - atender o disposto no inciso IV do caput do art. 32 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991; II - apresentar a Relação Anual de Informações Sociais (Rais); e III - declarar ausência de fato gerador para a Caixa Econômica Federal para emissão da Certidão de Regularidade Fiscal perante o FGTS. § 14. O Comitê Gestor disciplinará o disposto neste artigo. § 15. A inadimplência do recolhimento do valor previsto na alínea “a” do inciso V do § 3o tem como consequência a não contagem da competência em atraso para fins de carência para obtenção dos benefícios previdenciários respectivos. § 15-A. Ficam autorizados os Estados, o Distrito Federal e os Municípios a promover a remissão dos débitos decorrentes dos valores previstos nas alíneas b e c do inciso V do § 3o, inadimplidos isolada ou simultaneamente. § 15-B. O MEI poderá ter sua inscrição automaticamente cancelada após período de 12 (doze) meses consecutivos sem recolhimento ou declarações, independentemente de qualquer notificação, devendo a informação ser publicada no Portal do Empreendedor, na forma regulamentada pelo CGSIM. § 16. O CGSN estabelecerá, para o MEI, critérios, procedimentos, prazos e efeitos diferenciados para desenquadramento da sistemática de que trata este artigo, cobrança, inscrição em dívida ativa e exclusão do Simples Nacional. § 17. A alteração de dados no CNPJ informada pelo empresário à Secretaria da Receita Federal do Brasil equivalerá à comunicação obrigatória de desenquadramento da sistemática de recolhimento de que trata este artigo, nas seguintes hipóteses: I - alteração para natureza jurídica distinta de empresário individual a que se refere o art. 966 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil); II - inclusão de atividade econômica não autorizada pelo CGSN; III - abertura de filial. § 18. Os Municípios somente poderão realizar o cancelamento da inscrição do MEI caso tenham regulamentação própria de classificação de risco e o respectivo processo simplificado de inscrição e legalização, em conformidade com esta Lei Complementar e com as resoluções do CGSIM. § 19. Fica vedada aos conselhos representativos de categorias econômicas a exigência de obrigações diversas das estipuladas nesta Lei Complementar para inscrição do MEI em seus quadros, sob pena de responsabilidade. § 20. Os documentos fiscais das microempresas e empresas de pequeno porte poderão ser emitidos diretamente por sistema nacional informatizado e pela internet, sem custos para o empreendedor, na forma regulamentada pelo Comitê Gestor do Simples Nacional. § 21. Assegurar-se-á o registro nos cadastros oficiais ao guia de turismo inscrito como MEI. § 22. Fica vedado às concessionárias de serviço público o aumento das tarifas pagas pelo MEI por conta da modificação da sua condição de pessoa física para pessoa jurídica. § 23. (VETADO). § 24. Aplica-se ao MEI o disposto no inciso XI do § 4o do art. 3o. Art. 18-B. A empresa contratante de serviços executados por intermédio do MEI mantém, em relação a esta contratação, a obrigatoriedade de recolhimento da contribuição a que se refere o inciso III do caput e o § 1o do art. 22 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e o cumprimento das obrigações acessórias relativas à contratação de contribuinte individual. (Vide Lei Complementar nº 147, de 2014) § 1º Aplica-se o disposto no caput em relação ao MEI que for contratado para prestar serviços de hidráulica, eletricidade, pintura, alvenaria, carpintaria e de manutenção ou reparo de veículos. § 1o Aplica-se o disposto neste artigo exclusivamente em relação ao MEI que for contratado para prestar serviços de hidráulica, eletricidade, pintura, alvenaria, carpintaria e de manutenção ou reparo de veículos. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 96 § 2º O disposto no caput e no § 1o não se aplica quando presentes os elementos da relação de emprego, ficando a contratante sujeita a todas as obrigações dela decorrentes, inclusive trabalhistas, tributárias e previdenciárias. Art. 18-C. Observado o disposto no art. 18-A, e seus parágrafos, desta Lei Complementar, poderá se enquadrar como MEI o empresário individual que possua um único empregado que receba exclusivamente 1 (um) salário mínimo ou o piso salarial da categoria profissional. § 1º Na hipótese referida no caput, o MEI: I - deverá reter e recolher a contribuição previdenciária relativa ao segurado a seu serviço na forma da lei, observados prazo e condições estabelecidos pelo CGSN; II - é obrigado a prestar informações relativas ao segurado a seu serviço, na forma estabelecida pelo CGSN; e III - está sujeito ao recolhimento da contribuição de que trata o inciso VI do caput do art. 13, calculada à alíquota de 3% (três por cento) sobre o salário de contribuição previsto no caput, na forma e prazos estabelecidos pelo CGSN. § 2º Para os casos de afastamento legal do único empregado do MEI, será permitida a contratação de outro empregado, inclusive por prazo determinado, até que cessem as condições do afastamento, na forma estabelecida pelo Ministério do Trabalho e Emprego. § 3º O CGSN poderá determinar, com relação ao MEI, a forma, a periodicidade e o prazo: I - de entrega à Secretaria da Receita Federal do Brasil de uma única declaração com dados relacionados a fatos geradores, basede cálculo e valores dos tributos previstos nos arts. 18-A e 18-C, da contribuição para a Seguridade Social descontada do empregado e do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), e outras informações de interesse do Ministério do Trabalho e Emprego, do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e do Conselho Curador do FGTS, observado o disposto no § 7o do art. 26; II - do recolhimento dos tributos previstos nos arts. 18-A e 18-C, bem como do FGTS e da contribuição para a Seguridade Social descontada do empregado. § 4o A entrega da declaração única de que trata o inciso I do § 3o substituirá, na forma regulamentada pelo CGSN, a obrigatoriedade de entrega de todas as informações, formulários e declarações a que estão sujeitas as demais empresas ou equiparados que contratam empregados, inclusive as relativas ao recolhimento do FGTS, à Relação Anual de Informações Sociais (Rais) e ao Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). § 5o Na hipótese de recolhimento do FGTS na forma do inciso II do § 3o, deve-se assegurar a transferência dos recursos e dos elementos identificadores do recolhimento ao gestor desse fundo para crédito na conta vinculada do trabalhador. § 6o O documento de que trata o inciso I do § 3o deste artigo tem caráter declaratório, constituindo instrumento hábil e suficiente para a exigência dos tributos e dos débitos fundiários que não tenham sido recolhidos resultantes das informações nele prestadas. Art. 18-D. A tributação municipal do imposto sobre imóveis prediais urbanos deverá assegurar tratamento mais favorecido ao MEI para realização de sua atividade no mesmo local em que residir, mediante aplicação da menor alíquota vigente para aquela localidade, seja residencial ou comercial, nos termos da lei, sem prejuízo de eventual isenção ou imunidade existente. Art. 18-E. O instituto do MEI é uma política pública que tem por objetivo a formalização de pequenos empreendimentos e a inclusão social e previdenciária. § 1o A formalização de MEI não tem caráter eminentemente econômico ou fiscal. § 2o Todo benefício previsto nesta Lei Complementar aplicável à microempresa estende-se ao MEI sempre que lhe for mais favorável. § 3o O MEI é modalidade de microempresa. § 4o É vedado impor restrições ao MEI relativamente ao exercício de profissão ou participação em licitações, em função da sua respectiva natureza jurídica. Art. 19. Sem prejuízo da possibilidade de adoção de todas as faixas de receita previstas nos Anexos I a VI desta Lei Complementar, os Estados poderão optar pela aplicação de sublimite para efeito de recolhimento do ICMS na forma do Simples Nacional em seus respectivos territórios, da seguinte forma: I - os Estados cuja participação no Produto Interno Bruto brasileiro seja de até 1% (um por cento) poderão optar pela aplicação, em seus respectivos territórios, das faixas de receita bruta anual até 35% 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 97 (trinta e cinco por cento), ou até 50% (cinquenta por cento), ou até 70% (setenta por cento) do limite previsto no inciso II do caput do art. 3o; II - os Estados cuja participação no Produto Interno Bruto brasileiro seja de mais de 1% (um por cento) e de menos de 5% (cinco por cento) poderão optar pela aplicação, em seus respectivos territórios, das faixas de receita bruta anual até 50% (cinquenta por cento) ou até 70% (setenta por cento) do limite previsto no inciso II do caput do art. 3o; e III - os Estados cuja participação no Produto Interno Bruto brasileiro seja igual ou superior a 5% (cinco por cento) ficam obrigados a adotar todas as faixas de receita bruta anual. § 1o A participação no Produto Interno Bruto brasileiro será apurada levando em conta o último resultado divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ou outro órgão que o substitua. § 2o A opção prevista nos incisos I e II do caput, bem como a obrigatoriedade prevista no inciso III do caput, surtirá efeitos somente para o ano-calendário subsequente, salvo deliberação do CGSN. § 3o O disposto neste artigo aplica-se ao Distrito Federal. Art. 20. A opção feita na forma do art. 19 desta Lei Complementar pelos Estados importará adoção do mesmo limite de receita bruta anual para efeito de recolhimento na forma do ISS dos Municípios nele localizados, bem como para o do ISS devido no Distrito Federal. § 1º A empresa de pequeno porte que ultrapassar os limites a que se referem os incisos I ou II do caput do art. 19 estará automaticamente impedida de recolher o ICMS e o ISS na forma do Simples Nacional, a partir do mês subsequente ao que tiver ocorrido o excesso, relativamente aos seus estabelecimentos localizados na unidade da Federação que os houver adotado, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 13 do art. 3o. § 1º-A. Os efeitos do impedimento previsto no § 1º ocorrerão no ano-calendário subsequente se o excesso verificado não for superior a 20% (vinte por cento) dos limites referidos. § 2o O disposto no § 1o deste artigo não se aplica na hipótese de o Estado ou de o Distrito Federal adotarem, compulsoriamente ou por opção, a aplicação de faixa de receita bruta superior à que vinha sendo utilizada no ano-calendário em que ocorreu o excesso da receita bruta. § 3o Na hipótese em que o recolhimento do ICMS ou do ISS não esteja sendo efetuado por meio do Simples Nacional por força do disposto neste artigo e no art. 19 desta Lei Complementar, as faixas de receita do Simples Nacional superiores àquela que tenha sido objeto de opção pelos Estados ou pelo Distrito Federal sofrerão, para efeito de recolhimento do Simples Nacional, redução na alíquota equivalente aos percentuais relativos a esses impostos constantes dos Anexos I a VI desta Lei Complementar, conforme o caso. § 4o O Comitê Gestor regulamentará o disposto neste artigo e no art. 19 desta Lei Complementar. Seção IV Do Recolhimento dos Tributos Devidos Art. 21. Os tributos devidos, apurados na forma dos arts. 18 a 20 desta Lei Complementar, deverão ser pagos: I - por meio de documento único de arrecadação, instituído pelo Comitê Gestor; II - (REVOGADO) III - enquanto não regulamentado pelo Comitê Gestor, até o último dia útil da primeira quinzena do mês subsequente àquele a que se referir; IV - em banco integrante da rede arrecadadora do Simples Nacional, na forma regulamentada pelo Comitê Gestor. § 1o Na hipótese de a microempresa ou a empresa de pequeno porte possuir filiais, o recolhimento dos tributos do Simples Nacional dar-se-á por intermédio da matriz. § 2o Poderá ser adotado sistema simplificado de arrecadação do Simples Nacional, inclusive sem utilização da rede bancária, mediante requerimento do Estado, Distrito Federal ou Município ao Comitê Gestor. § 3o O valor não pago até a data do vencimento sujeitar-se-á à incidência de encargos legais na forma prevista na legislação do imposto sobre a renda. § 4º A retenção na fonte de ISS das microempresas ou das empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional somente será permitida se observado o disposto no art. 3o da Lei Complementar no 116, de 31 de julho de 2003, e deverá observar as seguintes normas: I - a alíquota aplicável na retenção na fonte deverá ser informada no documento fiscal e corresponderá ao percentual de ISS previsto nos Anexos III, IV, V ou VI desta Lei Complementar para a faixa de receita 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 98 bruta a que a microempresa ou a empresa de pequeno porte estiver sujeita no mês anterior ao da prestação; II – na hipótese de o serviço sujeito à retenção ser prestado no mês de início de atividades da microempresa ou empresa de pequeno porte, deverá ser aplicada pelo tomador a alíquota correspondente ao percentual de ISS referente à menor alíquota prevista nos Anexos III, IV ou V desta Lei Complementar; II- na hipótese de o serviço sujeito à retenção ser prestado no mês de início de atividades da microempresa ou empresa de pequeno porte, deverá ser aplicada pelo tomador a alíquota correspondente ao percentual de ISS referente à menor alíquota prevista nos Anexos III, IV, V ou VI desta Lei Complementar; III – na hipótese do inciso II deste parágrafo, constatando-se que houve diferença entre a alíquota utilizada e a efetivamente apurada, caberá à microempresa ou empresa de pequeno porte prestadora dos serviços efetuar o recolhimento dessa diferença no mês subsequente ao do início de atividade em guia própria do Município; IV – na hipótese de a microempresa ou empresa de pequeno porte estar sujeita à tributação do ISS no Simples Nacional por valores fixos mensais, não caberá a retenção a que se refere o caput deste parágrafo; V – na hipótese de a microempresa ou empresa de pequeno porte não informar a alíquota de que tratam os incisos I e II deste parágrafo no documento fiscal, aplicar-se-á a alíquota correspondente ao percentual de ISS referente à maior alíquota prevista nos Anexos III, IV ou V desta Lei Complementar; V - na hipótese de a microempresa ou empresa de pequeno porte não informar a alíquota de que tratam os incisos I e II deste parágrafo no documento fiscal, aplicar-se-á a alíquota correspondente ao percentual de ISS referente à maior alíquota prevista nos Anexos III, IV, V ou VI desta Lei Complementar; VI – não será eximida a responsabilidade do prestador de serviços quando a alíquota do ISS informada no documento fiscal for inferior à devida, hipótese em que o recolhimento dessa diferença será realizado em guia própria do Município; VII – o valor retido, devidamente recolhido, será definitivo, não sendo objeto de partilha com os municípios, e sobre a receita de prestação de serviços que sofreu a retenção não haverá incidência de ISS a ser recolhido no Simples Nacional. § 4o-A. Na hipótese de que tratam os incisos I e II do § 4o, a falsidade na prestação dessas informações sujeitará o responsável, o titular, os sócios ou os administradores da microempresa e da empresa de pequeno porte, juntamente com as demais pessoas que para ela concorrerem, às penalidades previstas na legislação criminal e tributária. § 5o O CGSN regulará a compensação e a restituição dos valores do Simples Nacional recolhidos indevidamente ou em montante superior ao devido. § 6o O valor a ser restituído ou compensado será acrescido de juros obtidos pela aplicação da taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic) para títulos federais, acumulada mensalmente, a partir do mês subsequente ao do pagamento indevido ou a maior que o devido até o mês anterior ao da compensação ou restituição, e de 1% (um por cento) relativamente ao mês em que estiver sendo efetuada. § 7o Os valores compensados indevidamente serão exigidos com os acréscimos moratórios de que trata o art. 35. § 8o Na hipótese de compensação indevida, quando se comprove falsidade de declaração apresentada pelo sujeito passivo, o contribuinte estará sujeito à multa isolada aplicada no percentual previsto no inciso I do caput do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, aplicado em dobro, e terá como base de cálculo o valor total do débito indevidamente compensado. § 9o É vedado o aproveitamento de créditos não apurados no Simples Nacional, inclusive de natureza não tributária, para extinção de débitos do Simples Nacional. § 10. Os créditos apurados no Simples Nacional não poderão ser utilizados para extinção de outros débitos para com as Fazendas Públicas, salvo por ocasião da compensação de ofício oriunda de deferimento em processo de restituição ou após a exclusão da empresa do Simples Nacional. § 11. No Simples Nacional, é permitida a compensação tão somente de créditos para extinção de débitos para com o mesmo ente federado e relativos ao mesmo tributo. § 12. Na restituição e compensação no Simples Nacional serão observados os prazos de decadência e prescrição previstos na Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional). § 13. É vedada a cessão de créditos para extinção de débitos no Simples Nacional. § 14. Aplica-se aos processos de restituição e de compensação o rito estabelecido pelo CGSN. 1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA . 99 § 15. Compete ao CGSN fixar critérios, condições para rescisão, prazos, valores mínimos de amortização e demais procedimentos para parcelamento dos recolhimentos em atraso dos débitos tributários apurados no Simples Nacional, observado o disposto no § 3º deste artigo e no art. 35 e ressalvado o disposto no § 19 deste artigo. § 16. Os débitos de que trata o § 15 poderão ser parcelados em até 60 (sessenta) parcelas mensais, na forma e condições previstas pelo CGSN. § 17. O valor de cada prestação mensal, por ocasião do pagamento, será acrescido de juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic) para títulos federais, acumulada mensalmente, calculados a partir do mês subsequente ao da consolidação até o mês anterior ao do pagamento, e de 1% (um por cento) relativamente ao mês em que o pagamento estiver sendo efetuado, na forma regulamentada pelo CGSN. § 18. Será admitido reparcelamento de débitos constantes de parcelamento em curso ou que tenha sido rescindido, podendo ser incluídos novos débitos, na forma regulamentada pelo CGSN. § 19. Os débitos constituídos de forma isolada por parte de Estado, do Distrito Federal ou de Município, em face de ausência de aplicativo para lançamento unificado, relativo a tributo de sua competência, que não estiverem inscritos em Dívida Ativa da União, poderão ser parcelados pelo ente responsável pelo lançamento de acordo com a respectiva legislação, na forma regulamentada pelo CGSN. § 20. O pedido de parcelamento deferido importa confissão irretratável do débito e configura confissão extrajudicial. § 21. Serão aplicadas na consolidação as reduções das multas de lançamento de ofício previstas na legislação federal, conforme regulamentação do CGSN. § 22. O repasse para os entes federados dos valores pagos e da amortização dos débitos parcelados será efetuado proporcionalmente ao valor de cada tributo na composição da dívida consolidada. § 23. No caso de parcelamento de débito inscrito em dívida ativa, o devedor pagará custas, emolumentos e demais encargos legais. § 24. Implicará imediata rescisão do parcelamento e remessa do débito para inscrição em dívida ativa ou prosseguimento da execução, conforme o caso, até deliberação do CGSN, a falta de pagamento: I - de 3 (três) parcelas, consecutivas ou não; ou II - de 1 (uma) parcela, estando pagas todas as demais. Art. 21-A. A inscrição de microempresa ou empresa de pequeno porte no Cadastro Informativo dos créditos não quitados do setor público federal - CADIN, somente ocorrerá mediante notificação prévia com prazo para contestação. Art. 21-B. Os Estados e o Distrito Federal deverão observar, em relação ao ICMS, o prazo mínimo de 60 (sessenta) dias, contado a partir do primeiro dia do mês do fato gerador da obrigação tributária, para estabelecer a data de vencimento do imposto devido por substituição tributária, tributação concentrada em uma única etapa (monofásica) e por antecipação tributária com ou sem encerramento de tributação, nas hipóteses em que a responsabilidade recair sobre operações ou prestações subsequentes, na forma regulamentada pelo Comitê Gestor. (Incluído pele Lei Complementar nº 147, de 2014) Seção V Do Repasse do Produto da Arrecadação Art. 22. O Comitê Gestor definirá o sistema de repasses do total arrecadado, inclusive encargos legais, para o: I - Município ou Distrito Federal, do valor correspondente ao ISS; II - Estado ou Distrito Federal, do valor correspondente ao ICMS; III - Instituto Nacional