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RESUMO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO 
 
A relação entre Homem, Educação, Trabalho e História pode ser interpretada da seguinte forma: 
 a História é a interpretação da ação transformadora do homem através do tempo; 
 o Trabalho é a ação transformadora do homem sobre a natureza; 
 a Educação é a ação transformadora do conhecimento. 
Existem vários tipos de Educação. Quando se pensa em Educação, imagina-se, em um primeiro 
momento, uma sala de aula com alunos e professores interagindo. É certo ou errado pensar dessa 
forma? O que você pensa sobre o assunto? 
Na realidade a Educação existe em todos os lugares e acontece a todo tempo. Ela é livre e pode ser 
expressa por meio de gestos, modos de agir, problematização de ideias, crenças, trabalho, família. 
Contemplando-a dentro de âmbito maior, verifica-se que a Educação se desenvolve de acordo com a 
geração e a cultura em que o indivíduo está inserido. 
Muitas vezes a Educação se processa associada à cultura de um povo. Antigamente a Educação era 
passada entre gerações através de exemplos de comportamentos e crenças que seguiam as tradições. 
Por exemplo: embora os índios não possuíssem escolas nas tribos, os ensinamentos dos 
antepassados eram transmitidos para os mais novos; por meio desse tipo de Educação o 
conhecimento era repassado de geração para geração. Sob esse ponto de vista, pode-se dizer que a 
Educação é um ponto chave dentro da produção de crenças e está intrinsecamente ligada à cultura 
de cada sociedade. 
Entretanto é preciso considerar também a existência da Educação com vistas ao desenvolvimento 
intelectual. Nesse caso, podemos falar sobre a Educação dada nas escolas, que é mais sistematizada, 
imposta por um sistema centralizador de poder, e que, muitas vezes, utiliza esse poder para 
controlar o saber e, assim, reforçar a desigualdade social. 
“A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência 
humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações 
da sociedade civil e nas manifestações culturais” 
Examinando o assunto, é possível discutir a importância da História para a Educação e concluir que, 
na verdade, é a de denunciar as formas ideológicas que utilizam a Educação como instrumento de 
poder. É através da História da Educação que podemos analisar e questionar a realidade 
educacional, por meio de investigações e estudos, tornando, assim, a ação educacional mais clara e 
transparente. Somente agindo de forma reflexiva, criticando os valores novos e os decadentes, 
teremos condições para responder a questões como: ”Que tipo de homem queremos formar?” 
O homem é feito de tempo, ou seja, o homem faz a história e é feito de história. Conhecer o homem 
é uma forma de situá-lo no tempo e no espaço, acompanhado de seus costumes, línguas e valores 
próprios do espaço e do tempo em que está inserido. 
A Educação deve ser concebida em um sentido mais amplo do que aquele que imaginamos. Ela está 
presente em vários aspectos de nossa vida, e é preciso ter ciência de que existem vários tipos de 
educação que atuam sobre o ser humano. Nós recebemos educação desde que nascemos, nos mais 
simples ensinamentos, mas ela também pode ocorrer de forma sistematizada ou intelectualizada; o 
importante é que sempre deverá estar de acordo com a cultura em que estamos inseridos. 
 De acordo com Brandão, 
A educação pode existir livre e, entre todos, pode ser uma das maneiras que as pessoas criam para 
tornar comum, como saber, como ideia, como crença, aquilo que é comunitário, como bem, como 
trabalho ou como vida, é também uma geração do modo de vida dos grupos sociais. (BRANDÃO, 
p25) 
A Educação participa do processo de produção de crenças e ideias, envolvendo as trocas e 
contribuindo para a formação dos grupos sociais. 
 Pedagogia 
É a ação do homem quando ele transmite ou modifica a herança cultural de forma crítica, ou seja, a 
pedagogia pode ser entendida como uma teoria crítica da Educação. 
 História 
História é uma palavra de origem grega, que significa investigação, informação. 
“A história é um profeta com o olhar voltado para trás: pelo que foi e contra o que foi, anuncia o 
que será”. (Eduardo Galeano) 
O primeiro recurso de que a História se valeu para explicar fatos e os aspectos gerais da condição 
humana foi o mito, relato simbólico transmitido pela tradição oral. Por exemplo: nas sociedades 
tribais da África, não existiam investigações e o conceito de História era apenas passado de geração 
para geração, dentro de um mesmo contexto. Eles acreditavam que os fenômenos eram criação dos 
mitos, atribuída a deuses. Assim como os índios, acreditavam e cultuavam os seus deuses, entre eles 
o Sol, a Lua, o trovão, etc. 
As crianças, nessas sociedades, aprendiam imitando o comportamento dos adultos nas atividades 
diárias e nas cerimônias dos rituais. 
Para esses povos, os acontecimentos da vida da comunidade não eram significativos, porque eles 
relacionavam o passado aos tempos primordiais, em que os deuses realizavam seus feitos 
extraordinários. Vendo por esse olhar, fazer história é recontar os mitos. 
Nessas sociedades os adultos ocupavam-se da caça e da pesca, do pastoreio e da agricultura, e as 
crianças aprendiam “para a vida e por meio da vida”, sem que houvesse alguém destinado a ensiná-
las, pois o saber era universal e todos os membros da tribo tinham o mesmo conhecimento. 
O homem primitivo era guerreiro por sua natureza, e daí decorriam os valores apreciados pela 
comunidade e que eram objetos da educação. 
Com as transformações ocorridas nas tribos, como a invenção dos barcos, por exemplo, surgia a 
necessidade de certa especialização, pois a construção de um barco implicava em conhecimentos 
não adquiridos pela e em sociedade. Dessa forma foi preciso que alguém aprendesse a construir esse 
barco. Assim, o saber passou a não ser mais universal, mas, sim, um privilégio de quem aprendeu a 
construir o barco. 
Os gregos também acreditavam na concepção dos deuses como criadores e condutores do destino 
do homem. Na sociedade grega cultivavam-se diversas religiões. 
Para melhor entender a história da Grécia, ela pode ser dividida em quatro períodos. 
1- Tempos Homéricos (Séc. XII ao VIII a. C.) 
 Aristocracia proprietária de terras; 
 Sistema escravista. 
2- Período Arcaico (Séc. VIII e VI a. C.) 
 Período marcado pela aparição da filosofia, que surge como uma forma de problematizar e 
discutir a realidade, e não questioná-la através do mito, “Deuses”. 
Sócrates 
 Os principais filósofos : Sócrates, Platão e Aristóteles. 
 Surgimento das cidades-estados, também denominadas “Polis”. 
 10% da população participavam da democracia. 
3- Período Clássico (Séc. IV e V a.c) 
 Apogeu da civilização Grega; 
 Surgimento da Escrita e da Escola; 
 Criação da arte e da literatura; 
 Surgimento dos sofistas – denominados professores da sabedoria, que, por exigirem 
remuneração para ensinar, não eram bem vistos pelos filósofos. 
4- Período Helenístico (Séc. III e II a.c) 
 Junção entre Grécia e Roma; 
 Apropriação, pelos romanos, do território e da cultura grega após a morte de Alexandre, em 323 
a.C.; 
 Conhecimentos como gramática, filosofia, geometria, aritmética, música são passados como 
educação. 
 A Pedagogia Grega e a Concepção de Educação para os 
Filósofos 
O termo “pedagogo”, de origem grega, tem a seguinte explicação etimológica: 
 Paidagogos 
 Pai (criança), dagogos (conduzir) 
 Refere-se ao escravo que acompanhava a criança à escola. 
A educação grega estava voltada, em um primeiro momento, para o desenvolvimento do belo, para 
a formação do indivíduo de acordo com o ideal de beleza, priorizando a educação física direcionada 
paraos esportes. 
Com a aparição dos filósofos, surgiram alguns questionamentos sobre a existência humana. Após se 
descobrir que o homem seria capaz de projetar o seu próprio destino, a preocupação voltou-se para 
a formação desse homem. 
Os filósofos gregos pensavam em algumas questões importantes sobre a Educação. Sócrates, por 
exemplo, questionava os seguintes aspectos: 
 O que é melhor ensinar? 
 Como é melhor ensinar? 
 Para que ensinar? 
Para Sócrates, a sabedoria começava com o reconhecimento da própria ignorância, e isso ele reflete 
na sua famosa frase: 
 “Só sei que nada sei.” 
Sócrates não deixou nenhuma obra escrita; quem escreveu sua trajetória foi Platão, seu amigo e 
discípulo. Sócrates acreditava que, para absorver o conhecimento, seria necessário definir 
rigorosamente o que se fala, através dos conceitos. Exemplo: para se compreender o enunciado 
“Diante dos atos de coragem”, é preciso descobrir o que é coragem, e, quando isso se dá, chegamos 
à definição do seu conceito; só, então, compreendemos o seu significado. Para ele, a Educação deve 
estar voltada para a vida moral; o diálogo; a capacidade de pensar; a análise do conteúdo. 
Já Platão acreditava que a educação não serviria apenas se alcançar o conhecimento de fora para 
dentro, mas também para despertar, no indivíduo, o que ele já sabia. 
Para Aristóteles, a Educação tinha a finalidade de ajudar o homem a alcançar a plenitude e a 
realização do seu ser; ele acreditava que o elemento essencial para se desenvolver a Educação devia 
estar na natureza, no hábito e na razão. 
Com base nessa reflexão, os gregos descobriram a especificação histórica e iniciaram um processo 
no qual pensavam em escrever somente o que achavam ser verdade. 
A história passou a ser vista como mestra da vida, levando os homens a compreenderem o seu 
próprio destino, ou seja, o homem era entendido como resultado da produção da sua própria cultura. 
“O homem se insere no tempo: o presente humano não se esgota na ação que realiza, mas adquire 
sentido pelo passado e pelo futuro”. (Aranha, 1996) 
Em 323 a.C., os romanos apropriaram-se do território e da cultura grega. Vamos entender como foi 
esse processo. 
 A Educação Romana 
A história de Roma pode ser dividida em três períodos políticos: 
1- Realeza (de 753 a 509 a.C.) 
 Desenvolvimento do comércio; 
 Realeza em que os reis tinham uma vida mais rural; 
 Substituição da posse de terra pela propriedade privada e surgimento da divisão de classes 
(plebeus e aristocratas); 
 Aristocracia de nascimento denominada (patrícios); 
 Aristocracia determinada pela riqueza, através do enriquecimento dos plebeus. 
Os plebeus eram os camponeses, comerciantes, artesãos. 
2- República (de 509 a 27 a. C.) 
 Os patrícios no comando de cargos políticos; 
 O enriquecimento da plebe; 
 A criação das escolas elementares, que recebiam as crianças dos 7 aos 12 anos; 
 Educação mais moral que intelectual; 
3- Império (de 27 a.C. a 476 d.C.) 
 Desenvolvimento cultural e urbano; 
 No século I a. C., estímulo à criação de escolas municipais em todo o Império, por iniciativa do 
Estado. 
 Aparição do cristianismo, destinado apenas aos escravos e plebeus; 
 Em 313, permissão para o culto ao cristianismo; 
 Final do séc. IV, estabelecimento do cristianismo como religião oficial; 
 Educação no Império: privilégio da elite dominante; 
 Objetivo do conhecimento estabelecido: dar respostas A Educação a questões práticas da 
sociedade; 
 Educação heróico–patrícia: preparação do guerreiro, aos 16 anos, com o encaminhamento do 
jovem para a formação militar ou política; 
 Decadência do Império. 
 Idade Média 
 A FORMAÇÃO DO HOMEM DE FÉ 
Com a decadência do Império, a religião passou a predominar, exercendo influência política e 
espiritual 
 Período de mil anos (de 476 a 1453); 
 Alta Idade Média (período em que surge à formação religiosa e começa existir a razão); 
 Baixa Idade Média (burgueses viviam nas cidades, chamadas “burgos”, denominação da qual se 
origina o termo “burguês”, que significa o homem da cidade); 
 O escravismo e o feudalismo; 
 Predomínio da agricultura e do artesanato; 
 A Sociedade: na Idade Média, a nobreza era composta por Marqueses, Condes, Viscondes, 
Barões e Cavalheiros; 
 A Educação 
Os monges eram os únicos letrados; foram eles os responsáveis pelas traduções das obras gregas, 
que foram escondidas pela Igreja. 
 Para os Servos, destinava-se uma formação cristã, com base na poesia, história e música. 
 A Pedagogia e a Religião 
Filosofia dos padres da Igreja, que perdurou do séc. II ao V. Duas filosofias predominaram nesse 
período: a Filosofia “Patrística” e a Filosofia “Escolástica”. 
A Filosofia “Patrística” é a filosofia elaborada pelos padres da Igreja. 
A Pedagogia era traduzida através da religião, formando os homens iluminados, ou seja, os bons 
cristãos. 
A educação surgiu com um único fundamento: o da salvação da alma para a vida eterna. 
A principal figura desse período foi Santo Agostinho (354-430). 
Para Santo Agostinho, o saber não é transmitido ao aluno, pois a verdade é uma experiência que não 
vem do exterior, mas sim de dentro de cada um. Toda educação é uma autoeducação, possibilitada 
pela iluminação divina. 
A Filosofia “Escolástica”: escolas cristãs - do séc. IX a XIV. 
O termo “escolástico” vem de “escola”, “autoridade – Papa”. 
Era o início do período das trevas. 
A Escolástica é a mais alta expressão da filosofia cristã medieval. 
O método escolástico era constituído por: leitura, comentários, questões, discussões sobre o livro 
sagrado: a “Bíblia”. 
“Os parâmetros de educação na Idade Média se fundam na concepção do homem como criatura 
divina, de passagem pela Terra e que devem cuidar, em primeiro lugar, da salvação da alma e da 
vida eterna” (Arruda, 1996, p. 73). 
A principal figura deste período foi São Tomás de Aquino (1225 -1274). Para ele, a Educação é uma 
atividade que torna realidade aquilo que é potencial, processo que o próprio educando desenvolve 
com o auxílio do mestre, atualizando as suas próprias potencialidades. 
RENASCIMENTO – REFORMA - Século XVI 
O espírito renovador manifesta-se, na religião, através de Martinho Lutero (14831546), e faz surgir, 
na Alemanha, a Reforma Protestante, com ideais de mudanças. 
Martinho Lutero (1483-1546) nasceu em uma modesta família de mineradores, seguiu seus estudos 
religiosos num mosteiro agostiniano, porém, em uma viagem à Itália, em 1510, ficou impressionado 
com a corrupção dominante nas esferas de poder do clero. A repugnância por tudo o que viu fê-lo 
afastar-se da Igreja Católica. 
Em 1517, publicou 95 teses sobre os abusos e as pretensões da Igreja oficial, iniciando uma 
tormentosa relação com Roma. 
A Reforma valorizava a religiosidade interior e o princípio da liberdade de leitura do texto sagrado, 
resultando, para todo cristão, a posse de instrumentos elementares de cultura e a necessidade de 
difundir essa posse em nível popular. 
O objetivo era o de estabelecer um vínculo direto entre Deus e o fiel. 
Em sua base, havia certa aversão pela hierarquia eclesiástica, considerada responsável pela 
desordem disciplinar e pela corrupção que dominava a Igreja em Roma; 
Martinho Lutero recebia o apoio dos nobres que estavam interessados no confisco do 
clero. 
A Educação tornou-se importante instrumento para a divulgação da Reforma. 
Lutero priorizou a gratuidade da instrução para todos, defendendo uma educação pública, sob 
responsabilidade do Estado. Propunha uma Educação através de jogos, exercícios físicos, música 
(seus corais tornaram-se famosos), e recomendava o estudo damatemática e da história além de 
valorizar a literatura. 
“Se não existissem nem a alma nem o Paraíso nem o Inferno, e ainda se não se deve levar em 
consideração apenas as questões temporais, haveria igualmente necessidade de boas escolas 
masculinas e femininas, e isso para poder dispor de homens capazes de governar bem e mulheres 
em condições de conduzir bem suas casas.” (Martinho Lutero) 
Para Lutero, a lei de Deus não podia ser mantida através de punhos e armas, mas apenas com a 
cabeça e com os livros. 
 Contra-Reforma 
Com a ruptura realizada pelos protestantes, mais precisamente por Martinho Lutero, a Igreja 
Católica procurou meios para reverter o quadro, pois estava perdendo os seus fiéis. 
Através de uma eleição, o Papa Paulo III Farnese convocou um concílio, chamado Concílio de 
Trento (1546-1563), com o intento de dar corpo às reivindicações. Esse Concílio reafirmava os 
princípios da fé e a supremacia Papal e determinava a criação de seminários para formar padres. 
O Concílio procurou determinar alguns pontos essenciais para a Igreja, como estudos bíblicos e 
teológico- filosóficos, com o objetivo de desenvolver as ordens religiosas. 
O objetivo era frear o avanço da heresia protestante e propagar a religião católica nos países do 
Novo Mundo. 
Esse movimento teve grande influência tanto cultural quanto pedagógica, pois a Igreja passou a dar 
importância não só à educação eclesiástica, mas também à educação dos jovens descendentes dos 
grupos dirigentes. 
O elemento mais importante da Pedagogia, na Contrarreforma, foi a proliferação de modelos de 
colégios e internatos espalhados pelo mundo. As ordens iniciaram com 144 e chegaram a 1749 
colégios. 
Em 1534, foi fundada a Companhia de Jesus, por Inácio de Loyola (1491-1556), um militar 
espanhol que, ao recuperar-se de um ferimento ocasionado em uma batalha, colocouse a serviço da 
fé. 
A Pedagogia dos Jesuítas estava voltada ao preparo rigoroso da mente (memorização) e direcionava 
a formação para o magistério através de manuais, normas e informações bibliográficas. 
Em 1550, foi fundado o Colégio Romano, para a formação do mestre. O resultado dessa experiência 
definiu-se através do documento “Organização dos Planos de estudos”, chamado Ratio Studiorum. 
Um trecho desse documento mostra o manual de regras: 
 “Repetições em casa. Todos os dias, exceto os sábados, os dias feriados e os festivos, designe uma 
hora de repetição aos nossos escolásticos para que assim se exercitem as inteligências e melhor se 
esclareçam as dificuldades ocorrentes. Assim um ou dois sejam avisados com antecedência para 
repetir a lição de memória, mas só por um quarto de hora; em seguida um ou dois formulem 
objeções e outros tantos respondam; se ainda sobrar tempo, proponham-se dúvidas. E para que 
sobre, procure o professor”. (Franca, 1952, p.145). 
 Não davam importância à história, à geografia e à matemática, pois consideravam ciências vãs. 
“Exclui-se da educação os conhecimentos históricos e os científicos, a menos que a história fosse 
deturpada de tal forma que ficasse irreconhecível ou a ciência fosse tão superficial, que mais 
parecesse uma brincadeira de salão”. (PONCE) 
Do fim do século XVI até o início do século XVIII, ninguém se atreveu a discordar da Companhia 
de Jesus. 
Em 1549, através de Manuel da Nóbrega, a Companhia de Jesus chegou a Salvador com o objetivo 
de criar a escola de ler e escrever, promover a catequese dos índios e propiciar educação aos filhos 
de colonos e formação de novos sacerdotes e da elite intelectual. 
Por interesses políticos, os jesuítas foram expulsos de vários países, e o Papa Clemente XIV 
extinguiu a Companhia de Jesus em 1773. 
O Sistema educacional sofreu uma desestabilização, porque os jesuítas possuíam muitos colégios. 
 RENASCIMENTO: HUMANISMO - Séculos 
XV e XVI 
 Época de transição – educação, religião, ciência, produção filosófica 
A Renascença europeia foi o período compreendido entre os séculos XV e XVI e tem esse nome por 
representar a retomada dos valores greco-romanos. 
Houve uma retomada das fontes da cultura grega, sem a intermediação dos comentadores da Igreja. 
A curiosidade era aguçada para a observação direta dos fatos, com redobrado interesse pelo corpo e 
pela natureza. 
Foram ampliados os conhecimentos da anatomia, na medicina, com a prática da dissecação de 
cadáveres humanos, até então proibida pela Igreja. 
Intensificou-se a criação nas artes em geral, como pintura, arquitetura, escultura e literatura. 
A Itália destacou-se como centro da nova produção cultural. 
Esse período da história distinguiu-se pela busca da individualidade, caracterizada pelo poder da 
razão de cada um para estabelecer seu próprio caminho. 
O homem foi buscar, na ciência, a explicação para a sua existência, buscando fundamento em uma 
cultura mais rica de conhecimentos, acesso à qual, na Idade Média, lhe foi negado. 
A educação procurou bases não religiosas, a fim de se tornar instrumento adequado para a difusão 
dos valores burgueses. 
Dentro do movimento humanístico destacam-se: 
 Juan Luis Vives (1492-1540) - Humanista espanhol, que lecionou na Universidade de Oxford e 
escreveu uma copiosa obra pedagógica. Seu principal trabalho foi o Tratado do Ensino. 
 Embora tivesse escrito sobre a educação da mulher, considerava fundamental sua presença no lar. 
Recomendava o cuidado com o corpo e a atenção com o aspecto psicológico no ensino. 
Reconhecia a importância da observação dos fatos e da ação como meio de aprendizagem 
 Erasmo de Rotterdam (1467-1536) - De origem holandesa, apesar de ser cristão pertencente à 
ordem dos Agostinianos, criticou severamente a Igreja corrupta e autoritária. Erasmo buscou, nos 
clássicos, as fontes da sabedoria grega, embora não desprezasse a ciência. 
Defendia o respeito e o amadurecimento da criança e por isso criticava a educação vigente, 
excessivamente severa. Recomendava o cuidado com a graduação do ensino e o abandono das 
práticas de castigos corporais. Para Erasmo, as crianças deveriam aprender se divertindo, sem a 
preocupação com resultados imediatos. 
 François Rabelais (1494-1553) - Frade beneditino e médico francês. 
Buscou resgatar o saber greco-latino, com igual cuidado pelos estudos da ciência, e criticou a 
tradição escolástica de maneira irônica e saborosa. 
Rabelais não escreveu uma obra propriamente pedagógica, mas, nos romances satíricos Gargantua e 
Pantagruel, deixou transparecer suas ideias a respeito da Educação. 
Michel de Montaigne (1533-1592) - Nasceu no castelo de Montaigne, propriedade da sua família; 
pertencia a uma família francesa da burguesia enriquecida com a posse de terras e propriedades, 
conseguindo, assim, um título de nobreza. 
Montaigne lia com facilidade as obras latinas. Ao descrever a si próprio e refletir sobre suas 
experiências, traçou o perfil da natureza humana, apresentando o homem com suas interrogações, 
dúvidas e contradições, o que encaminhou seu pensamento para certo ceticismo. 
Ceticismo é uma doutrina segundo a qual o homem nada pode conhecer com certeza; os céticos 
concluem pela suspensão do juízo e pela dúvida permanente. 
“Só nos esforçamos por guarnecer a memória, deixando de lado, e vazios, juízo e consciência. 
Assim como os pássaros vão, às vezes, em busca de grão que trazem aos filhotes sem sequer sentir-
lhe o gosto, vão nossos mestres pilhando a ciência nos livros e a trazendo na ponta da língua tão 
somente para vomitá-la e lançá-la ao vento. Tudo se submeterá ao exame da criança e nada se lhe 
enfiará na cabeça por simples autoridade e crédito”. (Montaigne, 1972. p. 71-78Pode-se perceber, 
em seu trabalho, a defesa de uma vida laica, diferente do que ensinavam os monges da Idade Média. 
Na esfera da Educação, Montaigne critica o trabalho com a memória.A Importância da História da 
Educação 
Através dessa visão histórica, foi possível verificar que a trajetória da Educação passa por vários 
contextos, em sua maioria relacionados com a política do período em que estão inseridos, portanto 
uma das principais ideias, ao se estudar a história da Educação, é situá-la dentro dos períodos 
históricos, para que se possa entender o processo educacional, uma vez que este sempre se vincula à 
política de cada período. 
Sendo assim podemos dizer que a Educação é um ato político, porque é intencional. Como 
exemplo, podemos mencionar como o tema da abolição dos escravos foi tratado em diferentes 
períodos. Durante muito tempo, a escola tradicional ensinou que a abolição dos escravos foi fruto 
da ação dos abolicionistas (geralmente brancos) que culminou com a assinatura da Lei Áurea, em 
13 de maio de 1888, pela qual a princesa Isabel outorga a liberdade aos negros. Não havia nenhuma 
menção à ação de Zumbi e de seus companheiros nos Quilombos dos Palmares, nem a centenas de 
outros gestos de rebeldia que desapareceram da memória do país como “irrelevantes”. Hoje esse 
quadro já foi revisto e Zumbi está presente em muitos livros didáticos. O objetivo é justamente este: 
que façamos uma reflexão crítica desse ensino histórico, 
A importância da HISTÓRIA para a Educação é a de denunciar as formas ideológicas que utilizam a 
Educação como instrumento de poder. 
Dessa forma, podemos levantar questionamentos e elaborar análises da realidade educacional, por 
meio de investigações, tornando, assim, a ação educacional mais clara. 
A história nos traz o conhecimento dos fatos antigos e dos novos, dando-nos ferramentas para que a 
ideia de uma educação inovadora não fique apenas no papel, não seja apenas uma intenção e, sim, 
uma reforma concreta para a educação atual. 
A importância do estudo da história, para o pedagogo, está justamente na identificação dessas fases, 
para que se possa entender os fatos ocorridos no passado e como eles afetam o nosso presente, e, 
através desse entendimento, aprender o que é possível fazer no sentido de contribuir para que, no 
futuro, possamos ter a Educação tão sonhada por todos, que vise a uma transformação social. 
O estudo da História da Educação implica na investigação de ordem econômica, política e social do 
país, pois é dessa forma que vamos compreender a problemática educacional. 
 O homem tem o seu olhar voltado para a 
Terra 
 Com a expansão das novas técnicas de produção, foi preciso que a atenção se voltasse ao ensino, e 
era urgente que ele se processasse com rapidez, pois se fazia necessário que a sociedade adquirisse 
os conhecimentos elementares, com base nos fatos da realidade, para corresponder ao 
desenvolvimento que se priorizava para a época. 
De acordo com essa visão, não fazia sentido associar a educação à religião, nem aos interesses 
apenas de uma classe, priorizando o ensino apenas para a aristocracia. 
A educação devia partir da compreensão das coisas e não apenas das palavras, ou seja, era preciso 
ensinar segundo do conceito de que a teoria e a prática devem caminhar juntas. 
Dentro dessa perspectiva nasceu a pedagogia realista, com o objetivo de dar respostas rápidas aos 
problemas da sociedade. 
A pedagogia realista foi representada por João Amós Comênio (15921670). 
Surgiram, nesse mesmo período, as ideias liberais de John Locke (1632 1704), enriquecendo os 
direitos da sociedade. 
A batalha por tornar o ensino púbico de responsabilidade do Estado foi um marco do período 
chamado de Século das Luzes (Iluminismo), que recebeu essa denominação porque representou o 
poder da razão humana ao interpretar e reorganizar o mundo de acordo com suas próprias ideias, 
sem intervenção da religião. 
O iluminismo foi um período rico em reflexões pedagógicas. O homem, em estado de natureza, 
seria livre, independente, e a educação visualizaria o aspecto intelectual e manteria seu interesse 
voltado para o aluno. 
Dentro dessa perspectiva, Jean Jacques Rousseau abordou a pedagogia naturalista. 
No século XIX, já com uma maturidade adquirida, a ciência apareceu como parte integrante da 
concepção do saber, própria do pensamento positivista expresso por Auguste Comte (1798-1857). 
O Positivismo baseava-se em fatos reais e na experiência, não admitindo a dúvida. 
O Positivismo desenvolveu-se no século XIX, com August Comte, priorizando a ideia de que a 
confiança do homem estava no conhecimento científico e considerando o homem o único capaz de 
descobrir as leis do universo. 
Já o pensamento pragmatista, constituído por uma escola de Filosofia, com origens nos EUA e na 
Grã-Bretanha, caracterizava-se pela descrença no fatalismo e pela certeza de que só a ação humana, 
movida pela inteligência e pela energia, podia alterar os limites da condição humana. A sociedade 
passou por momentos de dificuldades, enfrentando revoluções e, nesse instante, surgiram algumas 
organizações de trabalhadores. 
Essas associações foram criadas para defender os interesses dos trabalhadores. Nesse contexto 
nascia a teoria marxista ou do materialismo histórico-dialético. 
Foi um período da história em que se defendia, sob um ponto de vista político, a ideia de que a 
educação é universal e politécnica. Era o pensamento socialista. 
Por fim, desenvolveu-se o pensamento construtivista, que recusou a tradicional concepção 
metafísica de uma natureza humana universal, essencial e estática. 
De acordo com o construtivismo, o homem se faz pela interação social, pelas relações entre os 
homens e por sua ação sobre o mundo. 
O homem é um ser histórico-social e, por isso, a maneira como deve apreender a realidade é um 
processo dinâmico, que se expressa de formas diferentes no tempo. 
A história é entendida como experiência do indivíduo ou do grupo a que ele pertence: sempre que 
surgem fatores novos, as antigas estruturas lógicas se desfazem, sendo necessárias outras formas de 
equilíbrio. 
 A Pedagogia Realista - João Amós 
Comênio 
O realismo pedagógico privilegiava a experiência e acreditava em uma pedagogia que não fosse 
formal e retórica. 
 Fundamentada por essa visão, a educação partia da compreensão das coisas e não das palavras; a 
educação física era valorizada. A principal figura desse momento foi: João Amós Comênio, que 
nasceu em 1592, na República Tcheca, estudou na Alemanha, seguiu carreira religiosa, escreveu 
obras filosóficas e pedagógicas e morreu em 1670. 
A principal obra de Comênio foi o livro Didática Magna. 
Sua proposta era tornar a aprendizagem atraente e eficaz, organizando as tarefas dentro de três 
ideias que fundamentavam as bases da sua didática: a naturalidade, a intuição e a autoatividade. 
De acordo com Comênio, a questão que se colocava era: em vez de abrirmos os livros mortos, por 
que não abrirmos os livros da natureza? 
Para a época era novidade qualquer tipo de organização do trabalho didático e Comênio elaborou 
manuais, detalhando como deveria ser o procedimento do mestre para trabalhar de acordo com a 
capacidade de assimilação dos alunos. A aprendizagem tinha como ponto de partida aquilo que já 
era conhecido pelo aluno e deveria progredir do simples para o complexo, do concreto para o 
abstrato, privilegiando a educação dos sentidos. A organização do sistema escolar tinha por base os 
seguintes parâmetros: 
1- a idade dos educandos ; 
2- o lugar em que estavam inseridos; 
3- o objetivo das ações. 
Sua concepção era ensinar tudo a todos, ensinar para a vida, atingindo a sabedoria universal. O 
ensino deveria estar voltado para a prática, a fim de que houvesse progresso intelectual, moral e 
espiritual capaz de aproximar o homem de Deus. 
O aluno deveria adquirir um saber geral e integrado, ainda simplificado nos ensinos elementares. 
Nos outros graus, o conhecimento possibilitariaa análise crítica e a invenção. 
Comênio acreditava que a educação faria o aluno pensar por si mesmo, não como simples 
espectador, mas como ator. Pode-se dizer que o pensamento de Comênio tinha um caráter inovador, 
de sabor atual, apesar da época em que viveu. 
Era um período rico em reflexões pedagógicas e um dos aspectos marcantes estava na pedagogia 
política, centrada no esforço para tornar a escola livre de interesses de classe e da responsabilidade 
do Estado. Dentro desse contexto, surgiu John Locke (1632-1704), que contrariava a antiga 
educação e trazia as ideias políticas liberais, fazendo restrições à interferência do Estado na vida dos 
cidadãos e defendendo o direito da iniciativa privada. 
Locke priorizava a formação do homem gentil e valorizava a Educação Física, a História, a 
Geografia, a Geometria e as Ciências Naturais. 
Para Locke, a educação se concentraria muito mais no caráter do que na formação intelectual, 
portanto apresentou uma tríplice proposta para a educação: o desenvolvimento físico, moral e 
intelectual, caracterizando o “gentleman”, o gentil-homem. 
O seu pensamento pode ser resumido pela seguinte expressão: “Legitimidade do poder”. 
Todos seriam livres, iguais e independentes. 
Locke desenvolveu uma concepção empirista, afirmando que nada está no espírito que não tenha 
passado primeiro pelos sentidos. 
 A EDUCAÇÃO FEMININA NO 
ILUMINISMO 
Para uma camada da sociedade, a educação era ministrada através das seguintes disciplinas: 
gramática, poesia, história e leitura de obras religiosas, tornando a educação prazerosa. 
Para outra camada, a educação era extremamente religiosa e moral, enriquecendo a vida doméstica. 
Alguns filósofos, chamados de enciclopedistas, contribuíram para o desenvolvimento do 
pensamento iluminista nesse período. 
São eles: 
Denis Diderot (Langres, 5 de outubro de 1713 – Paris, 31 de julho de 1784): filósofo e escritor 
francês; também priorizou a aprendizagem de um ofício, assim como John Locke. 
Jean le Rond d'Alembert (Paris, 1717 — 1783): filósofo, matemático e físico francês; teve 
participação na edição da Encyclopédie, a primeira enciclopédia publicada na Europa. 
François-Marie Arouet, mais conhecido como Voltaire (Paris, 1694 - 1778): escritor, filósofo 
iluminista, conhecido pela sua perspicácia e espirituosidade na defesa das liberdades civil, religiosa 
e do livre comércio. 
Claude Adrien Helvétius (Paris, 1715 - 1771): filósofo e literato francês. A amizade com o 
enciclopedista D’Alembert abriu-lhe as portas da Academia de Berlim. Deixou diversas obras 
publicadas postumamente, entre elas: Verdadeiro sentido do sistema da natureza e Do homem e Das 
faculdades intelectuais e de sua educação. 
 O pensamento educacional de Jean 
Jacques Rousseau 
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), natural de Genebra, Suíça, filósofo, escritor, teórico político e 
um compositor musical autodidata, foi uma das figuras marcantes do Iluminismo. 
Abandonou sua terra natal aos 16 anos, levou uma vida conturbada, andando por diversos lugares 
até se fixar em Paris com os enciclopedistas, tornando-se muito amigo de Diderot. 
Em 1762, publicou Emílio e Contrato social. Essas obras foram condenadas em Paris e Rousseau 
foi obrigado a fugir, iniciando uma longa peregrinação. 
Segundo Rousseau, todo homem nasce bom e a sociedade é que o corrompe 
Ele acreditava que a criança não deveria ser encarada como um adulto em miniatura. Para ele, a 
educação deveria estar voltada para a vida, para a ação e para a curiosidade. 
Elaborou uma nova imagem da infância, vista como próxima do homem por natureza, articulando-a 
em etapas que iam da primeira infância à adolescência. 
A criança devia aprender a pensar respeitando seu desenvolvimento interno e natural. 
Sua principal obra foi Emílio, na qual relata a educação de um jovem acompanhado por seu 
preceptor (mestre). Essa educação acontecia longe da sociedade corrupta, priorizando a pedagogia 
naturalista. 
A educação apresentada na obra mostra a busca por uma espontaneidade original, livre da 
escravidão aos hábitos exteriores, a fim de formar o homem dono de si mesmo, agindo por 
interesses naturais e não por constrangimento exterior e artificial. Essa obra foi escrita em um 
período de dez anos e está dividida em cinco livros. 
O primeiro livro é dedicado à idade infantil, caracterizada por uma educação higiênica e capaz de 
não criar, no menino, hábitos não naturais e danosos. O segundo é dedicado à idade dos três aos 
doze anos e retrata uma infância caracterizada pela fraqueza, em razão da dependência, pela 
curiosidade e pela liberdade. Nessa fase destacou-se a importância de o educador perder algum 
tempo e intervir para ensinar a Emílio algumas noções essenciais, priorizando o fortalecimento do 
corpo e o uso correto dos sentidos, além de um pouco de desenho e geometria. O terceiro livro entra 
na idade que chamaríamos, hoje, de pré-adolescência, caracterizada por Rousseau como idade do 
útil. O quarto livro trata da adolescência de Emílio; o despertar das paixões e a atenção com os 
outros homens. As matérias aprendidas nessa fase deveriam ser: história, moral e religião. O quinto 
livro mostra o final feliz de Emílio com Sofia, seu amor. Emílio vai viver entre os homens, 
procurando ser, para eles, o benfeitor. 
Para Rousseau, o homem não se reduz à dimensão intelectual, como se a natureza pudesse ser 
apenas razão e reflexão. Entende, dessa forma, que os sentidos como emoções, instintos, 
sentimentos são anteriores ao pensar elaborado, portanto são mais dignos de confiança do que os 
hábitos de pensamento inculcados pela sociedade. 
 Educação Pragmatista 
O termo pragmatismo deriva da palavra grega, Prágma, que significa ação, do qual vêm as nossas 
palavras “prática e prático”. 
A visão do pragmatismo recai sobre o concreto e o adequado, e destaca os fatos, a ação e o poder, 
não pretendendo resultados especiais, pois é somente um método, que é anti-intelectualista e 
privilegia a prática e a experiência, reduzindo o verdadeiro ao útil, ou seja, a verdade será útil desde 
que sirva para o desenvolvimento do homem e da sociedade. Exemplo: a religião. 
A principal figura dessa vertente é John Dewey, (1859-1952), filósofo e pedagogo norte-americano, 
para o qual o pragmatismo se aproxima da filosofia social ou mesmo de uma prática da pesquisa 
política. 
O pragmatismo não concorda com a perspectiva de que o intelecto e os conceitos humanos podem, 
só por si, representar adequadamente a realidade. Caracteriza-se pela oposição à escola tradicional 
(memorização e predominância do intelectualismo), pelo realce às atividades manuais e ao interesse 
da criança, e pelo estímulo ao espírito de iniciativa e independência (sociedade democrática). 
Dewey fundou a escola experimental na Universidade de Chicago, onde a criança aprendia fazendo 
(Vida-experiência-aprendizagem); o esforço e a disciplina eram frutos do interesse. 
O fim da educação não é formar a criança de acordo com modelos, nem orientá-la para uma ação 
futura, mas dar-lhe condições para que resolva por si própria os seus problemas (Dewey). 
O conhecimento é uma atividade dirigida que não tem fim em si mesmo, mas está voltada para a 
experiência. Para Dewey, a escola não pode ser uma preparação para a vida, mas é a própria vida. 
As ideias são hipóteses de ação e são verdadeiras à medida que funcionam como orientadoras da 
ação. Dessa forma têm valor instrumental para resolver os problemas colocados pela experiência 
humana. 
O educador deve descobrir os reais interesses da criança e só avançar na ampliação de seus poderes, 
apoiando-se nesses interesses. 
As atividades manuais são importantes, porque apresentam problemas concretos para serem 
resolvidos.Século XIX- A Educação Positivista 
Positivismo é um conceito utópico que possui distintos significados, englobando tanto perspectivas 
filosóficas e científicas do século XIX quanto outras do século XX. 
O positivismo baseia-se em fatos reais e na experiência, não admitindo a dúvida. 
O iniciador da corrente positivista foi August Comte, para quem o Positivismo surgiu das crises 
social e moral do fim da Idade Média e do nascimento da sociedade industrial - processos que 
tiveram como grande marco a Revolução Francesa (1789-1799). 
Comte analisa os fenômenos humanos como fatos tanto da natureza quanto das ciências humanas, 
afastando o preconceito. Segundo ele, as leis da Educação passam por três etapas: 1 - infância: 
educação informal, livre de uma realidade imaginária; 2 - adolescência: fase de estudo sistemático 
da ciência; 3 - idade madura. A crítica que se faz é que, na realidade, a educação não seria tão 
positiva, pois as crianças não imaginariam forças divinas para explicar o mundo e nem os jovens se 
mostravam muito habituados a abstrações metafísicas. 
 PRINCIPAIS COLABORADORES 
Herbert Spencer (1820 - 1903) foi um filósofo inglês e um dos representantes do positivismo e da 
pedagogia individualista. 
No campo pedagógico, Spencer fez campanha pelo ensino da ciência, combateu a interferência do 
Estado na Educação e afirmou que o principal objetivo da escola era a construção do caráter. 
Spencer escreveu a obra A Educação intelectual moral e física, mostrando que o ensino das ciências, 
como centro da educação, é influenciado pelo naturalismo de Rousseau. 
John Stuart Mill (1806-1873) foi um filósofo e economista inglês e um dos pensadores liberais mais 
influentes do século XIX. 
Devido aos seus trabalhos abordando diversos tópicos, John Stuart Mill tornou-se contribuinte 
influente do que logo se transformou, formalmente, na nova ciência da Psicologia. 
Ele combatia a visão mecanicista de seu pai, James Mill, ou seja, a visão de que a mente é passiva e 
reage mediante o estímulo externo. Para John Stuart Mill, a mente exerce um papel ativo na 
associação de ideias. 
A Educação Positivista é caracterizada pela maturidade do espírito humano, pela luta contra o 
ensino leigo e contra o tradicionalismo da religião. 
 O pensamento socialista 
 A sociedade passando por um momento de dificuldades vê surgirem, decorrentes do caos, algumas 
organizações de trabalhadores que foram criadas para defender os interesses dos trabalhadores. 
Nasce, nesse momento, a teoria marxista ou o materialismo histórico-dialético. 
Esse período da história tratará a pedagogia sob um ponto de vista político, defendendo a visão da 
educação universal e politécnica. 
 PRINCIPAIS PEDAGOGOS: Pestalozzi, 
Froebel e Herbart. 
Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827): pedagogo suíço e educador pioneiro da reforma 
educacional, conheceu de perto o preconceito social e teve de lutar muito para se tornar conhecido 
numa sociedade dividida entre nobres e plebeus e entre ricos e pobres. 
Após a leitura de Emílio, Pestalozzi foi influenciado pelo movimento naturalista e tornou-se um 
revolucionário, juntando-se aos que criticavam a situação política do país. 
Como se tornou discípulo de Rousseau, também tinha convicção da bondade e da inocência 
humanas. 
Para ele, é tarefa do mestre desenvolver e estimular a espontaneidade do aluno, compreendendo a 
infância. 
Em 1891, Pestalozzi concentrou suas ideias sobre educação num livro intitulado Como Gertrudes 
ensina suas crianças. 
Pestalozzi foi um dos pioneiros da pedagogia moderna, influenciando profundamente todas as 
correntes educacionais, e longe está de deixar de ser uma referência. 
Fundou escolas e buscava cativar a todos para a causa de uma educação capaz de atingir o povo, 
num tempo em que o ensino era privilégio exclusivo da elite. Em sua escola expunha seu método 
pedagógico, que preconizava partir do mais fácil e simples para se chegar ao mais difícil e 
complexo. E continuar daí, medindo, pintando, escrevendo e contando, e assim por diante. 
Seu interesse sempre foi pela educação das crianças pobres, recolhendo, das ruas, órfãos, mendigos 
e pequenos ladrões. 
Sua concepção de educação aliava a formação ao trabalho profissional. Esse sonho durou apenas 5 
anos, pois ele não conseguiu apoio para manter financeiramente sua escola. 
A vida educa. Mas a vida que educa não é uma questão de palavras, e sim de ação (Pestalozzi). 
Para Pestalozzi a educação não se restringe à formação do homem-gentil, pois ela tem uma função 
social. 
Froebel (1782-1852): protestante, religioso convicto, para o qual o educando tem que ser tratado de 
acordo com sua dignidade de filho de Deus, dentro de um clima de compreensão e liberdade. O 
educador é obrigado a respeitar o discípulo em toda sua integridade; deve manifestar-se como um 
guia experimentado e amigo fiel que, com mão flexível, mas firme, exige e orienta. Não é somente 
um guia, mas também sujeito ativo da educação: dá e recebe; orienta, mas deixa em liberdade; é 
firme, mas concede. O educador deve conhecer os diversos graus de desenvolvimento do homem 
para realizar sua tarefa com êxito. Segundo ele, as cinco etapas de desenvolvimento vão desde que o 
homem nasce até sua adolescência. 
Para Froebel, o desenvolvimento ocorre segundo as seguintes etapas: a infância; a meninice; a 
puberdade; a mocidade e a maturidade. 
 Todas estas fases eram igualmente importantes 
Observava, portanto, a gradação e a continuidade do desenvolvimento, bem como a unidade das 
fases de crescimento. 
De acordo com sua pedagogia, a educação da infância se realiza através de três tipos de operações: 
a ação, o jogo e o trabalho. 
Seguidor de Pestalozzi, sua principal contribuição pedagógica está na atenção às crianças na fase 
anterior ao ensino elementar (Jardim da infância). 
Em 1873, Froebel abriu o primeiro jardim de infância, onde as crianças eram consideradas como 
plantinhas de um jardim do qual o professor seria o jardineiro. Froebel foi o primeiro educador a 
enfatizar o brinquedo, a atividade lúdica e a apreender o significado da família nas relações 
humanas. 
 Observou que, através dos jogos e do brinquedo, a criança estimula seu desenvolvimento sensório-
motor e inventa métodos, aperfeiçoando suas habilidades. 
Desenvolveu uma série de materiais, de acordo com cada fase da criança, para que elas se 
expressassem. 
O primeiro foi chamado de dons. Esses materiais tinham o objetivo de despertar a representação da 
forma, da cor, do movimento e da matéria. Exemplo: A Bola. O segundo: A bola, O cubo e o 
Cilindro. 
O terceiro: formado pela divisão dos cubos desmontáveis. 
 Sua concepção de educação segue os 
seguintes preceitos: 
• a criança não deve ser iniciada em nenhum novo assunto enquanto não estiver madura para ele. O 
verdadeiro desenvolvimento advém de atividades espontâneas; 
• na educação inicial da criança, o brinquedo é um elemento essencial; 
• os currículos das escolas devem basear-se nas atividades e interesses de cada fase da vida da 
criança; 
• a grande tarefa da educação consiste em ajudar o homem a conhecer a si próprio, a viver em paz 
com a natureza e em união com Deus. É o que ele chamou de educação integral. Sua concepção de 
ser humano era profundamente religiosa. 
• Priorizava também a dobradura, o recorte, o canto e a poesia para facilitar a educação moral e 
religiosa Acreditava que os primeiros anos de vida são básicos para a formação do homem. 
 Johann F. Herbart (1776-1841): filósofo e psicólogo alemão, fundador da pedagogia como uma 
disciplina acadêmica, pedagogia como ciência. 
Educação é compreendida como construção. Educação da vontade, sustentadaem três bases: 
governo (pais e mestres); instrução (desenvolvimento dos interesses) e disciplina 
(autodeterminação). 
Foi precursor de uma psicologia experimental aplicada à pedagogia, dentro de uma visão social, 
com a finalidade de formar o caráter por meio do estabelecimento da vontade, o que se alcança pela 
instrução (a educação da vontade). 
Para Herbart, a conduta pedagógica passa por três procedimentos básicos: o governo, a instrução e a 
disciplina. 
Governo – controle pela família, depois pelos mestres com o intuito de submeter a crianças às 
regras do mundo adulto, combinando autoridade e amor, além de manter a criança sempre ocupada. 
Instrução – o desenvolvimento de interesses, pois estes são um poder ativo que determina quais 
ideias e experiências receberão atenção. A instrução é concebida como construção, não separando a 
instrução moral da intelectual. 
Disciplina – supõe a autodeterminação, característica do amadurecimento moral, que leva à 
formação do caráter. 
Herbart, ao observar o insucesso do ensino nas escolas quanto à assimilação, aplicação de métodos, 
etc., propôs cinco passos para reverter a situação: 
Preparação - recapitulação do que já foi visto, orientada pelo mestre; 
Apresentação – o conhecimento novo partindo do concreto; 
Assimilação – Comparação entre o conhecimento que já possuía e o novo que recebeu, percebendo 
semelhanças e diferenças; 
Generalização – passo mais significativo na adolescência, pois o aluno deverá ser capaz de abstrair, 
chegando a concepções gerais; 
Aplicação – exercícios por meio dos quais o aluno mostrará o que aprendeu; só assim a massa de 
ideias adquire sentido vital, deixando de ser mera acumulação inútil de informação . 
Podemos observar que os cinco passos formalizam o ensino expositivo e a avaliação da escola 
tradicional. 
Para Herbart, o conhecimento é oferecido pelo mestre ao aluno, que só posteriormente o aplica à 
experiência vivida. 
O controle excessivo passa pelo governo e, consequentemente, para a disciplina, permeando a 
instrução. 
 Construtivismo 
A teoria construtivista recusa a tradicional concepção metafísica de uma natureza humana universal, 
essencial e estática. 
O homem se faz pela interação social, pelas relações entre os homens e por sua ação sobre o mundo. 
O homem é um ser histórico-social e, por isso, a aprendizagem da realidade é um processo 
dinâmico que se expressa de formas diferentes no tempo. 
A história é entendida como experiência do indivíduo ou do grupo a que ele pertence: sempre que 
surgem fatores novos, as antigas estruturas lógicas se desfazem, sendo necessárias outras formas de 
equilibração. 
JEAN PIAGET (1896-1980) - Nasceu em Genebra, Suíça, e foi considerado o maior expoente do 
estudo do desenvolvimento cognitivo. 
Estudou inicialmente Biologia, na Suíça, e, posteriormente, dedicou-se às áreas de Psicologia e 
Educação. 
Foi professor de Psicologia na Universidade de Genebra, tornando-se mundialmente reconhecido 
pela sua revolução epistemológica. Durante sua vida, Piaget escreveu mais de cinquenta livros. 
Durante seu trabalho, ao analisar os resultados dos testes que aplicava, Piaget percebeu 
regularidades nas respostas erradas das crianças de mesma faixa etária. Esses dados permitiram o 
lançamento da hipótese de que o pensamento infantil é qualitativamente diferente do pensamento 
adulto. 
Assim sendo, propôs o ensino em estágios (sensório-motor, intuitivo, das operações concretas e das 
operações abstratas), que representam o desenvolvimento mental da criança (inteligência e 
afetividade). 
A extensão desses estágios e períodos é determinada pela idade cronológica: estágio sensório-motor 
(de 0 a aproximadamente 2 anos);· estágio objetivo-simbólico (aproximadamente de 2 a 6 ou 7 
anos); estágio operacional concreto (aproximadamente de 7 a 11 ou 12 anos) e estágio operacional-
abstrato ou formal (de 11 ou 12 anos a 14 ou 15 anos). 
O interesse central de Piaget era a problemática epistemológica, ou seja, como se passa de um 
estado menor de conhecimento para um estado maior de conhecimento? 
Uma das contribuições de Piaget para a Pedagogia foi indicar conteúdos adequados a cada estágio 
do desenvolvimento infantil, sem desrespeitar as reais possibilidades mentais da criança, ou seja, 
considerando o seu desenvolvimento intelectual e afetivo. 
EMÍLIA FERREIRO - Emilia Beatriz 
MarIa Ferreiro Schavi, nasceu na Argentina, em 1936. É psicológa e pedagoga, de nacionalidade 
argentina, mas radicada no México; é doutora pela Universidade de Genebra, sob a orientação de 
Jean Piaget. 
Através dos seus estudos de linguística pôde observar a construção da linguagem escrita e sua 
natureza; como exemplo, observou as Garatujas, que indicam um processo inicial de construção do 
sistema representativo da escrita. Além disso, distinguiu os níveis de alfabetização: pré-silábico, 
silábico, silábico alfabético e alfabético. 
A partir dela, a criança passa a ser vista como sujeito que interage com a escrita como objeto de 
conhecimento. 
As teorias de Emília Ferreiro foram desenvolvidas em conjunto com Ana Teberosky (pedagoga de 
Barcelona). 
Graças às suas teorias, hoje, podemos superar as dificuldades enfrentadas por crianças com 
problemas de aprendizagem. 
VYGOTSKY (1896-1934). Lev Semenovitch Vygotsky nasceu na Rússia, foi psicólogo e um 
pensador importante em sua área. Foi pioneiro ao estabelecer a noção de que o desenvolvimento 
intelectual das crianças ocorre em função das interações sociais e condições de vida. 
Foi descoberto pelos meios acadêmicos ocidentais muitos anos após a sua morte, que ocorreu em 
1934, por tuberculose, aos 37 anos. 
Seus estudos focalizam a linha interacionista; a família e a escola; a internalização das atividades; o 
papel da escola; as zonas de desenvolvimento real e proximal. Para Vygotsky, o aprendizado da 
criança começa muito antes de ela frequentar a escola; seu aprendizado e desenvolvimento estão 
inter-relacionados desde o primeiro dia de sua vida. 
O nível de desenvolvimento real é caracterizado como o nível de desenvolvimento que já está 
completo: a criança já internalizou determinada função, como, por exemplo, amarrar os sapatos 
sozinha. 
Um dos conceitos mais importantes desenvolvidos por Vygotsky é o de Zona de desenvolvimento 
proximal, que se refere à diferença entre o que a criança consegue realizar sozinha 
(desenvolvimento real) e aquilo que, embora não consiga realizar sozinha, é capaz de aprender e 
fazer com a ajuda de uma pessoa mais experiente, um adulto ou uma criança mais velha ou que 
tenha maior facilidade de aprendizado (desenvolvimento potencial). Citando o mesmo exemplo, 
digamos que a criança ainda não saiba amarrar os sapatos sozinha, mas aprende a fazê-lo, com a 
ajuda de um adulto ou de outra criança, ou ainda com algum tipo de explicação. 
A Zona de Desenvolvimento Proximal é, portanto, tudo o que a criança pode adquirir em termos 
intelectuais, quando lhe é dado o suporte educacional devido. 
A Zona de Desenvolvimento Proximal é, portanto, tudo o que a criança pode adquirir em termos 
intelectuais, quando lhe é dado o suporte educacional devido. 
“A zona de desenvolvimento proximal define aquelas funções que ainda não amadureceram, mas 
que estão presentes em estado embrionário” (Vygotsky, 1989, p. 97). 
A ênfase em situar quem aprende e aquele que ensina como partícipes de um mesmo processo 
corrobora com outro conceito-chave na teoria de Vygotsky, o da mediação, como um pressuposto da 
relação eu-outro social. 
A relação mediatizada não se dá, necessariamente, pelo outro corpóreo, mas pela possibilidade de 
interação com signos, símbolos culturais e objetos. 
Um dos pressupostos básicos desse autor é que o ser humano constitui-se enquanto tal na sua 
relação com o outro. Para Vygotsky, a aprendizagem relaciona-seao desenvolvimento desde o 
nascimento, sendo a principal causa para o desabrochar do desenvolvimento do ser. 
 O contexto inicial da educação brasileira insere-se em um 
universo religioso e político . 
O período colonial teve uma longa duração e, por muito tempo, esteve sob o domínio do poder da 
Igreja. Os jesuítas chegaram ao país, enviados pela Companhia de Jesus, com a seguinte missão: 
catequizar os povos do Novo Mundo. O objetivo era impor a religião católica aos nativos em 
substituição à cultura indígena. 
Embora, para a Igreja, os interesses políticos se sobrepusessem aos direitos humanos, as tribos 
abrigadas pelos jesuítas gozavam de certa proteção, uma vez que esses religiosos impunham 
respeito e, assim, dificultavam a captura dos índios por aqueles que os queriam como escravos. 
Quando os jesuítas foram expulsos e retornaram à sua terra de origem, os índios, fechados em sua 
própria cultura, ficaram à mercê dos bandeirantes e de outros que visavam à escravidão desse povo. 
 Existe a educação de cada categoria de sujeitos de um povo; ela existe em cada povo, ou entre 
povos que se encontram. Existe entre povos que submetem e dominam outros povos, usando a 
educação como um recurso a mais de sua dominância (Brandão, 1989, p. 10). 
As primeiras escolas criadas pelos jesuítas eram frequentadas por filhos de índios e filhos de 
colonos. No entanto a relação ensino-aprendizagem estabelecida nessas escolas tinha objetivos 
diferentes: de uma lado, catequizar os indígenas e, de outro, instruir os filhos dos colonos. 
Com base no documento Radio Studiorum, que organizava as normas e regras que orientavam o 
processo de educação realizado pelos jesuítas, muitos colégios foram criados e estruturados. Assim 
sendo, os jesuítas detinham o monopólio da educação e os padres eram preparados e instruídos para 
ensinar. Dessa forma, durante um longo período, ninguém se atreveu a questionar o ensino 
estruturado pela Companhia de Jesus. 
A educação no Brasil sofreu intensa influência europeia, o que teve aspectos positivos e negativos. 
Por um lado, trouxe para cá os ideais iluministas que fundamentaram algumas reformas 
educacionais; por outro, essa influência pode ser entendida como uma forma de dominação. 
A Educação brasileira, em seus passos iniciais, teve erros e acertos, mas deixou uma importante 
herança para as fases seguintes. Cursos importantes foram criados, os quais formaram vários 
intelectuais brasileiros que, mais tarde, deram grande contribuição para o desenvolvimento do 
processo educacional no país. 
No entanto, observa-se com nitidez que a Educação estava vinculada a um poder central que a 
usava como instrumento de dominação. 
A princípio ensinava-se em todo e qualquer lugar; o ensino não acontecia necessariamente em uma 
sala de aula. Mas, quando houve maior preocupação com a estruturação do ensino, destacou-se o 
descaso para com a formação dos professores e com o investimento no ensino elementar, 
contrapondo-se à priorização do ensino superior. 
 A EDUCAÇÃO NO BRASIL: da Colônia ao 
Império 
A Educação e a fase política que predominam no período entre a colônia e o Império podem ser 
compreendidas sem três fases a primeira, a fase de chegada dos jesuítas; a segunda, a das reformas 
realizadas pelo Marquês de Pombal; e a terceira, a vinda da corte portuguesa ao Brasil , trazida por 
D. João Vl. 
A Educação no Brasil inicio- se no período colonial com a chegada, em 1549, dos padres jesuítas a 
Salvador, mais precisamente com Manuel da Nobrega. Membro da Companhia de Jesus, cujo 
ensino tinha como objetivo a propagação da fé. 
Qual a razão da vinda dos jesuítas ao Brasil? Com a ruptura do cristianismo e procurava bases para 
fazer o protestantismo iniciado por Martinho lutero, Com esse intuito, o Papa Paulo lll Famese fez 
uma convocação e , assim criou- se o Concílio de trento (1546 – 1563). 
Em 1534 , Inácio de Loyola (1491 – 1556) fundou a companhia de jesus. 
A educação orientada pelos jesuítas estava voltadas para a memorização e a formação para 
educação são definidas no documento “Organização dos Planos d Estudos”, chamado Ratio 
Studiorum. 
A intenção era propagar a religião católica pelo países do novo mundo entre eles o Brasil, uma terra 
a ser colonizada e catequizada. Assim traçaram- se novos rumos para a missão da Companhia de 
jesus. 
A ordem religiosa instalou – se no litoral. Penetrando nas indígenas, aprenderam o tupi guarani e 
fizeram funcionar uma escola de ler e escrever, com o fim de substituir a cultura indígena. 
 João de Aspilcueta Navarro foi o primeiro jesuíta a aprender a língua dos índios. O padre foi um 
dos primeiros missionários a chegar com a Companhia de Jesus. 
Na realidade seu nome correto era Juan Azpilikueta, porém, como os portugueses tinham uma 
grande dificuldade em pronunciálo, acabaram aportuguesando, primeiro chamando-o de Navarro, 
depois de Aspilcueta Navarro como ficou conhecido. 
Manoel da Nóbrega e Aspilcueta Navarro juntaram-se a José de Anchieta, que, por sua vez, era o 
responsável pela organização do ensino dos índios e dos filhos dos colonos. Anchieta, para atrair os 
alunos, utilizava recursos interessantes, como teatro, música, poesia. É necessário que fique bem 
claro que todo esse aprendizado tinha como conteúdo principal a religião e a moral cristã. 
A princípio, a educação iniciou-se com a instrução e a catequese dos índios e dos filhos dos 
colonos, com o objetivo da formação de novos sacerdotes e da elite intelectual. 
A educação ou catequese indígena fazia parte de um jogo de interesses que visavam, 
predominantemente, à integração dos índios ao processo de colonização e à sua conversão ao 
cristianismo, roubando-lhe sua herança cultural. Porém alguns colonos também queriam os índios 
para utilizá-los como escravos. Foi um conflito injusto. 
Por isso é injusto considerar o índio preguiçoso, sem levar em conta que, na sua cultura, tanto o 
objetivo do trabalho como o seu ritmo são bastante diferentes dos impostos pelos europeus (Aranha, 
1996, p. 101). 
Pode-se dizer que os índios passaram por um processo chamado aculturação, processo pelo qual 
duas ou mais culturas diferentes originam mudanças importantes numa delas ou em ambas. No 
caso, a mudanças ocorreram apenas em uma, monopolizando-a. 
Os jesuítas tinham o apoio do governo de Portugal e, por isso, ganhavam doações de terras para 
realizarem o trabalho de catequização. 
 Por que será que o governo de Portugal 
apoiava a Educação? 
É possível dizer que a Educação podia ser utilizada como uma ferramenta de domínio político e 
religioso, ou seja, de jogo de interesses sobre aquele que pensava que aprendia. 
O Brasil precisava desenvolver escolas que contemplassem a educação dos filhos de colonos 
brancos e mestiços. Dentro do plano de ensino havia aulas de português, religião, música 
instrumental, canto orfeônico e as aulas de ler e escrever. Uma das marcas da educação colonial era 
a falta de interesse pelas atividades técnicas e científicas, priorizando as escolas de leitura e escrita. 
Os colégios de maior influência foram o de Todos os Santos (Bahia), o de São Sebastião (Rio de 
Janeiro) e o Colégio São Paulo (São Paulo), considerados como centros de formação de religiosos. 
Esses colégios ministravam as aulas segundo o sistema educacional dos jesuítas. 
Vamos relembrar a Unidade I, na qual falamos sobre a filosofia da escolástica e a organização dos 
estudos. 
Os jesuítas tinham o monopólio do ensino. Durante muito tempo ninguém se atreveu a questionar o 
ensino ministrado e sistematizado pelos jesuítas, orientado por um conjunto de normas e regras 
organizadas em um documento chamado, como já mencionamos na Unidade I, de Radio 
Studiorum.Além do ensino regular, também articulavam um curso básico de Humanidades,em que 
se estudavam Letras Humanas, Filosofia/Ciência e Teologia. Porém os jovens que pertenciam à elite 
e que quisessem finalizar os seus estudos tinham que se deslocar para a Europa. 
No século XVIII, com a decadência da Igreja Católica, denunciava-se o dogmatismo da escolástica 
e os jesuítas foram expulsos de vários países. O Papa Clemente XIV extinguiu a Companhia de 
Jesus em 1773. 
A Companhia de Jesus foi expulsa do Brasil e de Portugal pelo Marquês de Pombal. 
 As reformas realizadas pelo Marquês 
de Pombal 
Marquês de Pombal nasceu em Lisboa (1669) e seu nome era Sebastião José de Carvalho e melo. 
Foi ministro do reino em Portugal e um dos principais responsáveis pelo a expulsão da Companhia 
de jesus tanto do Brasil quanto de Portugal tinha uma séria de reformas, chamadas de reformas 
Pombalinas , realizadas em 1772, e que deram início à 2ª fase de Educação no Brasil, período em 
que o Estado assumiu a responsabilidade pela Educação em Portugal e no Brasil. 
O sistema educacional, nessa fase sofreu uma desestabilização, porque os jesuítas possuíam muitos 
colégios e um sistemas de ensino estruturado e, com a sua expulsão, essa estrutura desapareceu. 
A intenção das reformas pombalinas era inserir o país no mundo moderno, no qual eram valorizadas 
as ideías propagandas pelo iluminismo. 
O Iluminismo foi um período muito rico em reflexões pedagógicas. Um dos aspectos mais 
marcantes estava na Pedagogia Política, como vimos na unidade passada. 
No contexto do Iluminismo, não fazia sentido atrelar a educação à religião, como nas escolas 
confessionais, nem aos interesses de uma classe, como queria a aristocracia. 
A educação pública trouxe, para o ensino no Brasil, pessoas leigas, sem um preparo adequado, 
representantes de ideias que o Estado defendia, retrocedendo, de certa forma, a educação construída 
pelos jesuítas, no que se refere à estrutura. 
As reformas pombalinas introduziram as aulas avulsas (aulas régias) com disciplinas isoladas, 
como: gramática latina, primeiras letras, retórica, filosofia. 
Esse período da Educação formou importantes intelectuais para o Brasil, como, por exemplo, José 
Joaquim de Azeredo Coutinho, que fundou o Seminário de Olinda, em 1800. 
O Marquês de Pombal assumiu a Universidade de Coimbra dentro dos ideais iluministas e, dessa 
forma, muitos jovens saíam do Brasil para irem complementar os seus estudos em Coimbra. 
Não podemos deixar de observar que, nesse período, houve uma grande desestruturação no sistema 
educacional, talvez causada pelo fato de a Educação não ter sido priorizada dentro de um contexto 
mais amplo. 
 A vinda da Corte Portuguesa para o 
Brasil 
Quando Napoleão invadiu Portugal, a Corte portuguesa veio para o Brasil, trazida por D. João VI, 
rei de Portugal, e instalou-se na cidade do Rio de Janeiro, que passou a ser a sede do governo. 
João Maria José Francisco Xavier de Paula Luís Antônio Domingos Rafael de Bragança. Por 
incrível que pareça esse era o nome completo de D. João VI. 
A Educação no Brasil, no período desde a chegada dos jesuítas até sua expulsão e, em seguida, com 
o processo de desagregação e decadência sofrido durante a vigência do sistema de educação 
imposto na colônia pelas reformas pombalinas, deixou marcas. Somente com a chegada de D. João 
VI, as estruturas da política educacional foram modificadas. 
Com a vinda da família real, em 1808,o ensino superior passou por um processo de organização, 
uma vez que se pretendia transformar o Brasil e torná-lo semelhante à Corte em Portugal. Por esse 
motivo, abriram os portos, criaram a Imprensa Régia, o Jardim Botânico, a biblioteca, museu, a 
escola de artes, o que trouxe uma grande contribuição para o desenvolvimento cultural. 
Mais adiante, no período do Império deu-se o surgimento de uma nova classe social, a pequena 
burguesia, com o grande crescimento urbano, as pessoas são levadas para cidades, principalmente 
de Minas Gerais para trabalhar na exploração dos minérios e na plantação de cana-de-açúcar. Essa 
nova urbanização exigia uma outra educação para formar pessoas capazes de atuar na política e na 
administração do país. 
A educação surgia como um processo de instrumentalizar a classe social emergente. 
Em 1808 foram criados o curso de Cirurgia, na Bahia, e os cursos de Cirurgia e Anatomia, de 
Medicina, além da Academia Real Militar, no Rio de Janeiro. 
O ensino, na Corte, foi estruturado em três níveis: primário (escola de ler e escrever), secundário 
(aulas régias) e superior. 
A Corte retornou a Portugal em 1821 e, um ano depois, em 1822, a Independência política no Brasil 
foi instaurada por D. Pedro I. 
Após a Constituição de 1824, a Educação passou a contar com as escolas primárias, ginásios e 
universidades. Porém não havia uma conformidade entre as propostas de ensino. Optou-se pela 
adoção de um método através do qual os alunos ajudariam uns aos outros mutuamente, ou seja, os 
mais adiantados ajudariam aqueles que apresentassem dificuldades na aprendizagem; o comando 
ficaria sempre nas mãos dos mais adiantados. Esse método, conhecido como método lancasteriano, 
teve início na Índia com Andrew Bell e depois foi recriado na Inglaterra. 
Em 1838, foi criado o Colégio Pedro II, destaque na época, o qual teve grande importância para a 
Educação. Foi criado para atender à educação do curso secundário, porém o seu foco passou a ser a 
preparação para o ensino superior.Com o passar do tempo, o currículo do Colégio foi submetido a 
várias reformulações, de acordo com as mudanças de concepções e pensamentos que eram trazidas 
da Europa. Esse currículo era trabalhado segundo um programa que ora priorizava o ensino literário 
ora, o científico. 
Em comparação com a educação europeia, observa-se uma inadequação do nível de ensino, pois a 
qualidade deste ficava muito aquém daquela almejada segundo os padrões europeus. Além de não 
haver preocupação com a formação científica, o ensino estava mais voltado aos jovens do que às 
crianças. 
Em 1850 consolidou-se o Império, iniciando uma nova fase na área da Educação, e, em 1854, criou-
se a Inspetoria-Geral da Instrução Primária e Secundária do Município da Corte, com o objetivo de 
supervisionar o ensino. Após oitenta anos da expulsão dos jesuítas, a iniciativa privada organizou-se 
para criar colégios dentro dos modelos deixados, por eles, como herança. Um exemplo é o Colégio 
Caraça, em Minas Gerais, administrado por padres. 
Os protestantes também trouxeram sua contribuição, criando escolas dentro dos padrões 
educacionais americanos, como o Colégio Mackenzie, fundado em São Paulo, no ano de 1870, e o 
Colégio Americano, em Porto Alegre, fundado em 1885, entre outros. 
A visão de criar, no século XIX, colégios orientados pelos padrões religiosos ia em direção oposta à 
dos outros países. Percebe-se nessa tendência os resquícios . 
deixados pela Igreja. Na época os colégios sem vínculos religiosos eram mais inovadores e 
progressistas. 
Pouco se falava na formação dos mestres; foram criados alguns cursos normais, com duração de 
dois anos, em algumas cidades do Rio de Janeiro, como Niterói, da Bahia, do Ceará e de São Paulo. 
Até esse momento não se falava em educação feminina, pelo simples motivo de que as mulheres, no 
período do Império, eram submissas em todos os aspectos, dedicando-se apenas às atividades 
domésticas. Poucas tinham acesso à leitura. Os dados apontam a existência de 174 escolas 
femininas, somente em 1873, em São Paulo. 
A Reforma Leôncio de Carvalho, em 1879, significou uma importante renovação para a Educação 
no período do Império, na medida em que propunha a liberdade no ensino. 
Leôncio de Carvalho, ministro do Império e professor da Faculdade de Direito de São Paulo, criou o 
Decreto de nº 7.247, que instituiu a liberdade no ensino. Essa reforma abrangia os ensinosprimário 
e secundário, no município da Corte, e também o ensino superior, em todo o País. Segundo esse 
decreto, qualquer pessoa que se sentisse preparada tinha liberdade para formular o seu próprio 
método e ensinar. 
A partir daí surgiram os exames vagos e rigorosos, com frequência livre, pois a lei entendia que, no 
ensino superior, o aluno deveria ter liberdade de frequência e assumir as suas ausências. A lei 
também estabeleceu a organização do ensino por matérias, ou seja, os alunos poderiam escolher as 
disciplinas a serem cursadas na escola e as que cursariam fora do ambiente escolar, condicionando o 
ensino aos exames. 
Exemplo: vestibular. 
Dentro do contexto apresentado percebe-se que não houve um grande desenvolvimento na área da 
Educação; houve, sim, uma sistematização de projetos educacionais que deixaram suas 
consequências, até os dias de hoje, na Educação Nacional. 
O contexto educacional do Brasil apropriou-se dos interesses da elite, uma vez que era esta que 
dominava a estrutura social, e, assim sendo, a Educação seguia os moldes que atendiam aos 
interesses de quem estava no poder. Foi um período de descaso para com a formação de professores, 
fato que demonstra a pouca importância dada à educação elementar. 
 O contexto inicial da educação brasileira insere-se em um 
universo religioso e político 
O período colonial teve uma longa duração e, por muito tempo, esteve sob o domínio do poder da 
Igreja. Os jesuítas chegaram ao país, enviados pela Companhia de Jesus, com a seguinte missão: 
catequizar os povos do Novo Mundo. O objetivo era impor a religião católica aos nativos em 
substituição à cultura indígena. 
Embora, para a Igreja, os interesses políticos se sobrepusessem aos direitos humanos, as tribos 
abrigadas pelos jesuítas gozavam de certa proteção, uma vez que esses religiosos impunham 
respeito e, assim, dificultavam a captura dos índios por aqueles que os queriam como escravos. 
Quando os jesuítas foram expulsos e retornaram à sua terra de origem, os índios, fechados em sua 
própria cultura, ficaram à mercê dos bandeirantes e de outros que visavam à escravidão desse povo. 
Existe a educação de cada categoria de sujeitos de um povo; ela existe em cada povo, ou entre 
povos que se encontram. Existe entre povos que submetem e dominam outros povos, usando a 
educação como um recurso a mais de sua dominância (Brandão, 1989, p. 10). 
 As primeiras escolas criadas pelos jesuítas eram frequentadas por filhos de índios e filhos de 
colonos. No entanto a relação ensino-aprendizagem estabelecida nessas escolas tinha objetivos 
diferentes: de uma lado, catequizar os indígenas e, de outro, instruir os filhos dos colonos. 
Com base no documento Radio Studiorum, que organizava as normas e regras que orientavam o 
processo de educação realizado pelos jesuítas, muitos colégios foram criados e estruturados. Assim 
sendo, os jesuítas detinham o monopólio da educação e os padres eram preparados e instruídos para 
ensinar. Dessa forma, durante um longo período, ninguém se atreveu a questionar o ensino 
estruturado pela Companhia de Jesus. 
A educação no Brasil sofreu intensa influência europeia, o que teve aspectos positivos e negativos. 
Por um lado, trouxe para cá os ideais iluministas que fundamentaram algumas reformas 
educacionais; por outro, essa influência pode ser entendida como uma forma de dominação. 
A Educação brasileira, em seus passos iniciais, teve erros e acertos, mas deixou uma importante 
herança para as fases seguintes. Cursos importantes foram criados, os quais formaram vários 
intelectuais brasileiros que, mais tarde, deram grande contribuição para o desenvolvimento do 
processo educacional no país. 
No entanto, observa-se com nitidez que a Educação estava vinculada a um poder central que a 
usava como instrumento de dominação. 
A princípio ensinava-se em todo e qualquer lugar; o ensino não acontecia necessariamente em uma 
sala de aula. Mas, quando houve maior preocupação com a estruturação do ensino, destacou-se o 
descaso para com a formação dos professores e com o investimento no ensino elementar, 
contrapondo-se à priorização do ensino superior. 
 A EDUCAÇÃO NO BRASIL : da Colônia ao 
Império 
A Educação e a fase política que predominam no período entre a Colônia e o Império podem ser 
compreendidas sem três fases: a primeira, a fase da chegada dos jesuítas; a segunda, a das reformas 
realizadas pelo Marquês de Pombal; e a terceira, a vinda da Corte portuguesa ao Brasil, trazida por 
D. João VI. 
 A Educação no Brasil iniciou-se no período colonial com a chegada, em 1549, dos padres jesuítas a 
Salvador, mais precisamente com Manuel da Nóbrega, membro da Companhia de Jesus, cujo ensino 
tinha como objetivo a propagação da fé. 
Qual a razão da vinda dos jesuítas ao Brasil? Com a ruptura do cristianismo e o avanço do 
protestantismo iniciado por Martinho Lutero, a Igreja católica procurava bases para frear o 
protestantismo. Com esse intuito, o Papa Paulo III Farnese fez uma convocação e, assim, criou-se o 
Concílio de Trento (1546-1563). 
Em 1534, Inácio de Loyola(1491-1556) fundou a Companhia de Jesus. A educação orientada pelos 
Jesuítas estava voltada para a memorização e a formação para o magistério, através de manuais, 
normas e informações bibliográficas. Suas normas para a Educação são definidas no documento 
“Organização dos Planos de Estudos”, chamado Ratio Studiorum. 
A intenção era propagar a religião católica pelos países do novo mundo, entre eles o Brasil, uma 
terra a ser colonizada e catequizada. Assim traçaram-se novos rumos para a missão da Companhia 
de Jesus. 
 A ordem religiosa instalou-se no litoral. Penetrando nas aldeias indígenas, aprenderam o tupi-
guarani e fizeram funcionar uma escola de ler e escrever, com o fim de substituir a cultura indígena. 
 João de Aspilcueta Navarro foi o primeiro jesuíta a aprender a língua dos índios. O padre foi um 
dos primeiros missionários a chegar com a Companhia de Jesus. 
Na realidade seu nome correto era Juan Azpilikueta, porém, como os portugueses tinham uma 
grande dificuldade em pronunciálo, acabaram aportuguesando, primeiro chamando-o de Navarro, 
depois de Aspilcueta Navarro como ficou conhecido. 
Manoel da Nóbrega e Aspilcueta Navarro juntaram-se a José de Anchieta, que, por sua vez, era o 
responsável pela organização do ensino dos índios e dos filhos dos colonos. Anchieta, para atrair os 
alunos, utilizava recursos interessantes, como teatro, música, poesia. É necessário que fique bem 
claro que todo esse aprendizado tinha como conteúdo principal a religião e a moral cristã. 
A princípio, a educação iniciou-se com a instrução e a catequese dos índios e dos filhos dos 
colonos, com o objetivo da formação de novos sacerdotes e da elite intelectual. 
A educação ou catequese indígena fazia parte de um jogo de interesses que visavam, 
predominantemente, à integração dos índios ao processo de colonização e à sua conversão ao 
cristianismo, roubando-lhe sua herança cultural. Porém alguns colonos também queriam os índios 
para utilizá-los como escravos. Foi um conflito injusto. 
Por isso é injusto considerar o índio preguiçoso, sem levar em conta que, na sua cultura, tanto o 
objetivo do trabalho como o seu ritmo são bastante diferentes dos impostos pelos europeus (Aranha, 
1996, p. 101). 
Pode-se dizer que os índios passaram por um processo chamado aculturação, processo pelo qual 
duas ou mais culturas diferentes originam mudanças importantes numa delas ou em ambas. No 
caso, a mudanças ocorreram apenas em uma, monopolizando-a. 
Os jesuítas tinham o apoio do governo de Portugal e, por isso, ganhavam doações de terras para 
realizarem o trabalho de catequização. 
Por que será que o governo de Portugal apoiava a Educação? 
É possível dizer que a Educação podia ser utilizada como uma ferramenta de domínio políticoe 
religioso, ou seja, de jogo de interesses sobre aquele que pensava que aprendia. 
O Brasil precisava desenvolver escolas que contemplassem a educação dos filhos de colonos 
brancos e mestiços. Dentro do plano de ensino havia aulas de português, religião, música 
instrumental, canto orfeônico e as aulas de ler e escrever. Uma das marcas da educação colonial era 
a falta de interesse pelas atividades técnicas e científicas, priorizando as escolas de leitura e escrita. 
Os colégios de maior influência foram o de Todos os Santos (Bahia), o de São Sebastião (Rio de 
Janeiro) e o Colégio São Paulo (São Paulo), considerados como centros de formação de religiosos. 
Esses colégios ministravam as aulas segundo o sistema educacional dos jesuítas. 
Os jesuítas tinham o monopólio do ensino. Durante muito tempo ninguém se atreveu a questionar o 
ensino ministrado e sistematizado pelos jesuítas, orientado por um conjunto de normas e regras 
organizadas em um documento chamado, como já mencionamos na Unidade I, de Radio 
Studiorum.Além do ensino regular, também articulavam um curso básico de Humanidades, em que 
se estudavam Letras Humanas, Filosofia/Ciência e Teologia. Porém os jovens que pertenciam à elite 
e que quisessem finalizar os seus estudos tinham que se deslocar para a Europa. 
No século XVIII, com a decadência da Igreja Católica, denunciava-se o dogmatismo da escolástica 
e os jesuítas foram expulsos de vários países. O Papa Clemente XIV extinguiu a Companhia de 
Jesus em 1773. 
A Companhia de Jesus foi expulsa do Brasil e de Portugal pelo Marquês de Pombal. 
 As reformas realizadas pelo Marquês de 
Pombal 
 Marquês de Pombal nasceu em Lisboa (1669) e seu nome era Sebastião José de Carvalho e Melo. 
Foi ministro do reino em Portugal e um dos principais responsáveis pela a expulsão da Companhia 
de Jesus tanto do Brasil quanto de Portugal. Tinha uma simpatia pela visão iluminista Realizou uma 
série de reformas, chamadas de Reformas Pombalinas, realizadas em 1772, e que deram início à 2ª 
fase da Educação no Brasil, período em que o Estado assumiu a responsabilidade pela Educação em 
Portugal e no Brasil. O sistema educacional, nessa fase, sofreu uma desestabilização, porque os 
jesuítas possuíam muitos colégios e um sistema de ensino estruturado e, com a sua expulsão, essa 
estrutura desapareceu. 
A intenção das reformas pombalinas era inserir o país no mundo moderno, no qual eram valorizadas 
as ideias propagadas pelo Iluminismo. 
O Iluminismo foi um período muito rico em reflexões pedagógicas. Um dos aspectos mais 
marcantes estava na Pedagogia Política, como vimos na unidade passada. 
No contexto do Iluminismo, não fazia sentido atrelar a educação à religião, como nas escolas 
confessionais, nem aos interesses de uma classe, como queria a aristocracia. 
A educação pública trouxe, para o ensino no Brasil, pessoas leigas, sem um preparo adequado, 
representantes de ideias que o Estado defendia, retrocedendo, de certa forma, a educação construída 
pelos jesuítas, no que se refere à estrutura. 
As reformas pombalinas introduziram as aulas avulsas (aulas régias) com disciplinas isoladas, 
como: gramática latina, primeiras letras, retórica, filosofia. 
Esse período da Educação formou importantes intelectuais para o Brasil, como, por exemplo, José 
Joaquim de Azeredo Coutinho, que fundou o Seminário de Olinda, em 1800. 
O Marquês de Pombal assumiu a Universidade de Coimbra dentro dos ideais iluministas e, dessa 
forma, muitos jovens saíam do Brasil para irem complementar os seus estudos em Coimbra. 
Não podemos deixar de observar que, nesse período, houve uma grande desestruturação no sistema 
educacional, talvez causada pelo fato de a Educação não ter sido priorizada dentro de um contexto 
mais amplo. 
 A vinda da Corte Portuguesa para o 
Brasil 
Quando Napoleão invadiu Portugal, a Corte portuguesa veio para o Brasil, trazida por D. João VI, 
rei de Portugal, e instalou-se na cidade do Rio de Janeiro, que passou a ser a sede do governo. 
João Maria José Francisco Xavier de Paula Luís Antônio Domingos Rafael de Bragança. Por 
incrível que pareça esse era o nome completo de D. João VI. 
A Educação no Brasil, no período desde a chegada dos jesuítas até sua expulsão e, em seguida, com 
o processo de desagregação e decadência sofrido durante a vigência do sistema de educação 
imposto na colônia pelas reformas pombalinas, deixou marcas. Somente com a chegada de D. João 
VI, as estruturas da política educacional foram modificadas. 
Com a vinda da família real, em 1808,o ensino superior passou por um processo de organização, 
uma vez que se pretendia transformar o Brasil e torná-lo semelhante à Corte em Portugal. Por esse 
motivo, abriram os portos, criaram a Imprensa Régia, o Jardim Botânico, a biblioteca, museu, a 
escola de artes, o que trouxe uma grande contribuição para o desenvolvimento cultural. 
Mais adiante, no período do Império deu-se o surgimento de uma nova classe social, a pequena 
burguesia, com o grande crescimento urbano, as pessoas são levadas para cidades, principalmente 
de Minas Gerais para trabalhar na exploração dos minérios e na plantação de cana-de-açúcar. Essa 
nova urbanização exigia uma outra educação para formar pessoas capazes de atuar na política e na 
administração do país. 
A educação surgia como um processo de instrumentalizar a classe social emergente. 
Em 1808 foram criados o curso de Cirurgia, na Bahia, e os cursos de Cirurgia e Anatomia, de 
Medicina, além da Academia Real Militar, no Rio de Janeiro. 
O ensino, na Corte, foi estruturado em três níveis: primário (escola de ler e escrever), secundário 
(aulas régias) e superior. 
A Corte retornou a Portugal em 1821 e, um ano depois, em 1822, a Independência política no Brasil 
foi instaurada por D. Pedro I. 
Após a Constituição de 1824, a Educação passou a contar com as escolas primárias, ginásios e 
universidades. Porém não havia uma conformidade entre as propostas de ensino. Optou-se pela 
adoção de um método através do qual os alunos ajudariam uns aos outros mutuamente, ou seja, os 
mais adiantados ajudariam aqueles que apresentassem dificuldades na aprendizagem; o comando 
ficaria sempre nas mãos dos mais adiantados. Esse método, conhecido como método lancasteriano, 
teve início na Índia com Andrew Bell e depois foi recriado na Inglaterra. 
Em 1838, foi criado o Colégio Pedro II, destaque na época, o qual teve grande importância para a 
Educação. Foi criado para atender à educação do curso secundário, porém o seu foco passou a ser a 
preparação para o ensino superior.Com o passar do tempo, o currículo do Colégio foi submetido a 
várias reformulações, de acordo com as mudanças de concepções e pensamentos que eram trazidas 
da Europa. Esse currículo era trabalhado segundo um programa que ora priorizava o ensino literário 
ora, o científico. 
Em comparação com a educação europeia, observa-se uma inadequação do nível de ensino, pois a 
qualidade deste ficava muito aquém daquela almejada segundo os padrões europeus. Além de não 
haver preocupação com a formação científica, o ensino estava mais voltado aos jovens do que às 
crianças. 
Em 1850 consolidou-se o Império, iniciando uma nova fase na área da Educação, e, em 1854, criou-
se a Inspetoria-Geral da Instrução Primária e Secundária do Município da Corte, com o objetivo de 
supervisionar o ensino. Após oitenta anos da expulsão dos jesuítas, a iniciativa privada organizou-se 
para criar colégios dentro dos modelos deixados, por eles, como herança. Um exemplo é o Colégio 
Caraça, em Minas Gerais, administrado por padres. 
Os protestantes também trouxeram sua contribuição, criando escolas dentro dos padrões 
educacionais americanos, como o Colégio Mackenzie, fundado em São Paulo, no ano de 1870, e o 
Colégio Americano, em Porto Alegre, fundado em 1885,entre outros. 
A visão de criar, no século XIX, colégios orientados pelos padrões religiosos ia em direção oposta à 
dos outros países. Percebe-se nessa tendência os resquícios deixados pela Igreja. Na época os 
colégios sem vínculos religiosos eram mais inovadores e progressistas. 
Pouco se falava na formação dos mestres; foram criados alguns cursos normais, com duração de 
dois anos, em algumas cidades do Rio de Janeiro, como Niterói, da Bahia, do Ceará e de São Paulo. 
Até esse momento não se falava em educação feminina, pelo simples motivo de que as mulheres, no 
período do Império, eram submissas em todos os aspectos, dedicando-se apenas às atividades 
domésticas. Poucas tinham acesso à leitura. Os dados apontam a existência de 174 escolas 
femininas, somente em 1873, em São Paulo. 
A Reforma Leôncio de Carvalho, em 1879, significou uma importante renovação para a Educação 
no período do Império, na medida em que propunha a liberdade no ensino. 
Leôncio de Carvalho, ministro do Império e professor da Faculdade de Direito de São Paulo, criou o 
Decreto de nº 7.247, que instituiu a liberdade no ensino. Essa reforma abrangia os ensinos primário 
e secundário, no município da Corte, e também o ensino superior, em todo o País. Segundo esse 
decreto, qualquer pessoa que se sentisse preparada tinha liberdade para formular o seu próprio 
método e ensinar. 
A partir daí surgiram os exames vagos e rigorosos, com frequência livre, pois a lei entendia que, no 
ensino superior, o aluno deveria ter liberdade de frequência e assumir as suas ausências. A lei 
também estabeleceu a organização do ensino por matérias, ou seja, os alunos poderiam escolher as 
disciplinas a serem cursadas na escola e as que cursariam fora do ambiente escolar, condicionando o 
ensino aos exames. 
Exemplo: vestibular. 
Dentro do contexto apresentado percebe-se que não houve um grande desenvolvimento na área da 
Educação; houve, sim, uma sistematização de projetos educacionais que deixaram suas 
consequências, até os dias de hoje, na Educação Nacional. 
O contexto educacional do Brasil apropriou-se dos interesses da elite, uma vez que era esta que 
dominava a estrutura social, e, assim sendo, a Educação seguia os moldes que atendiam aos 
interesses de quem estava no poder. Foi um período de descaso para com a formação de professores, 
fato que demonstra a pouca importância dada à educação elementar. 
 A criação da primeira Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional (4024/61). 
Vivemos um período histórico de extremo desenvolvimento econômico no país, porém, com o 
Golpe Militar, em 1964, o Brasil passou por uma transformação política, cultural e educacional que 
trouxe consequências até os dias atuais. 
 Foram vinte anos em que o Brasil perdeu a sua identidade social. 
A Primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 4024/61, que levou 13 anos para ser 
aprovada, já estava ultrapassada ao ser legitimada, uma vez que o país, nesse espaço de tempo, 
passou por um desenvolvimento significativo em vários aspectos. 
A educação continuava sob o jugo dos interesses de quem estava no poder. Assim sendo, enfatizou-
se o ensino para a profissionalização; incluíram-se, novamente, nos currículos escolares, aspectos 
religiosos, pois a Igreja católica era contra a discussão democrática no ensino; introduziram-se as 
aulas de OSPB – Organização Social e Política Brasileira e de Educação Moral e Cívica. Ou seja, 
havia um controle geral sobre o que seria ensinado à população brasileira. Porém, mesmo dentro 
desse contexto, figuras importantíssimas no quadro educacional brasileiro movimentaram-se no 
sentido de promover discussões sobre o ensino público e o privado, sobre a educação de jovens e de 
adultos, sobre a necessidade de possibilitar uma visão mais politizada às pessoas, resultando em 
algumas ações que visavam transformar a realidade educacional do país. 
Alguns importantes movimentos como o CPC (Centros Populares Culturais); MCP (Movimento de 
Cultura Popular); MEB (Movimento de Educação de Base); UNE (União Nacional dos Estudantes) 
buscaram uma reflexão sobre a sociedade e, por isso, foram extintos pelo Golpe Militar de 1964, 
uma vez que o governo os encarava como uma ameaça aos seus interesses. Entre esses movimentos, 
somente o MEB foi mantido, sob a condição de mudar seus objetivos. 
Fatos importantes contribuíram para o desenvolvimento da educação, como a criação da 
universidade de Brasília. 
As reformas realizadas no ensino de 1º e 2º graus mediante a nova Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional nº 5692/71 refletem, em um de seus artigos, a ideologia dos interesses 
internacionais. 
 O ensino de 1º e 2º graus tem por objetivo geral proporcionar ao educando a formação necessária 
ao desenvolvimento de suas potencialidades como elemento de autorrealização, qualificação para o 
trabalho e preparo para o exercício consciente da cidadania (Art. 1º LDBEN nº 5692/71). 
Entre os principais idealizadores de uma reforma concreta para a educação brasileira ressaltam-se 
Paulo Freire, Álvaro Vieira Pinto e Florestan Fernandes, em cuja trajetória observam-se o empenho 
e a preocupação com a transformação da sociedade através da educação. 
A Educação no Século XX: O Pensamento Pedagógico e as Políticas 
Educacionais na Segunda República: A Elaboração da Primeira Ldben 
 A Segunda República 
O período de 1946 a 1964 foi um período de extremo desenvolvimento para o país, com muitas 
mudanças no aspecto econômico. Após o Golpe Militar, em 1964, o Brasil passou também por uma 
transformação cultural e educacional. 
Em 1948 foi apresentado à Câmara dos Deputados o projeto de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional, elaborado por uma comissão de educadores de diversas tendências ideológicas, sob a 
orientação de Lourenço Filho. Tal projeto idealizava maior autonomia na organização dos sistemas 
de ensino, porém não foi aprovado pelo Deputado Gustavo Capanema e, por consequência, foi 
arquivado. 
 Em 1952, o projeto foi retomado pela Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados e 
a discussão sobre o assunto prolongou-se até 1956, quando foi encaminhado ao plenário. Depois de 
tanta luta, o projeto foi efetivamente aprovado tomando a forma de Lei. Nasceu, assim, a Primeira 
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 4024/61. 
Em 1959, Carlos Lacerda levantou uma discussão sobre o ensino público e o privado, dando apoio 
ao ensino privado e colocando o Estado como responsável pelos recursos necessários para a 
educação. Priorizava-se a igualdade entre os setores privados e públicos. 
Nesse período a Igreja católica assumia a seguinte posição: a escola democrática não educa, apenas 
instrui. 
Todo esse movimento significava olhar a educação com interesse, visando à formação de um povo 
mais culto e crítico, pois somente através da educação o povo pode deixar de ser submisso a ações 
autoritárias. Por isso existiam os movimentos, com interesses políticos, contra a democratização no 
ensino; justamente para frear a educação com acesso a todos. 
Nesse contexto, além do movimento intitulado Manifesto dos Pioneiros da Educação, os pioneiros 
realizaram, em 1959, o Manifesto dos Educadores. 
Quando a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional foi aprovada, depois de anos de 
discussão, acabou não contemplando todas as mudanças necessárias, no plano educacional, para 
acompanhar o desenvolvimento em processo no país, portanto podemos compreendê-la como 
ultrapassada. 
O Conselho Federal da Educação exigia a criação de um Plano Nacional de Educação com metas 
para oito anos. Esse plano destinou-se, especificamente, à ampliação de recursos. Passou por várias 
revisões e a última, em 1966, destinava recursos para educação de analfabetos com mais de 10 anos 
e para ginásios orientados para o trabalho. Após o anteprojeto de 1937, aideia do plano ficou só no 
papel, até 1962, quando foi instituído o primeiro Plano Nacional de Educação, após a primeira 
LDBEN. 
Todos esses desencontros aumentam o descompasso entre a estrutura educacional e o sistema 
econômico. De resto podemos observar como a legislação sempre reflete os interesses apenas das 
classes representadas no poder (Aranha, 1996. p.205). 
Após o Golpe Militar, o país entrou em um período conhecido como Período Autoritário (1964-
1985). 
A política era embasada na indústria e dependia do capital estrangeiro; havia uma redução do poder 
do Estado sobre a educação, em virtude do crescimento das instituições privadas. Esse quadro 
mostrava os interesses do capital externo em primeiro plano e as necessidades do povo sempre eram 
colocadas em segundo plano. Essa visão já havia se iniciado, anteriormente, no Governo de 
Juscelino Kubitschek, que foi extremamente nacionalista. 
Dentro do período autoritário, o governo se sentia ameaçado por todos os que não concordavam 
com a sua posição, e o comunismo era visto como uma das piores ameaças. 
As décadas de 50 e 60 foram marcadas por uma cultura produzida por grupos sociais que se 
manifestavam como elemento de transformação social. 
A Educação, nesse período de desenvolvimento, fundamentava-se na seguinte visão: o ensino 
deveria ser ministrado para a sociedade de acordo com as exigências do mercado internacional. 
Entre os anos de 1964 a 1971 foram assinados 12 acordos MEC-USAID, acordos com agências 
internacionais que serviam de diretrizes para o ensino superior e secundário. Os acordos tinham 
como principal objetivo diagnosticar e solucionar os problemas da educação brasileira com base na 
teoria do “capital humano” e dentro de uma visão empresarial. 
A segunda Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN)nº 5692/71 foi instituída com 
o objetivo de ajustar a educação brasileira ao modelo tecnicista e autoritário. 
O governo divulgava para a sociedade civil a ideologia do progresso e a elevação do status através 
da educação. 
No Governo Médici (período mais repressivo da história brasileira), travouse um acordo entre o 
Ministério da Educação e Cultura (MEC) e United States Agency for International 
Development(USAID), priorizando a assistência técnica e a cooperação financeira à organização do 
sistema educacional brasileiro. 
O ensino integrava as escolas primárias e médias. A formação do ensino médio e do ensino técnico 
profissional era volta da para o mercado de trabalho. 
Por que existia essa formação tão enfatizada para o trabalho? Pelo simples fato de essa configuração 
favorecera os interesses do Estado, já que havia a necessidade de mão de obra para abastecer as 
indústrias; porém era preciso cuidar para que não se abrissem perspectivas de reivindicações 
salariais. 
O Estado tinha o poder de decisão para interferir na formação da sociedade e, assim, implantou um 
projeto educacional tecno militar nas universidades, com cursos semestrais, sistema de créditos, 
separação das unidades de pesquisa das profissionalizantes, vestibular unificado e classificatório, 
ciclo básico, licenciaturas curtas, e instituiu o regime de pós-graduação. 
O ensino no Brasil, nesse período, organizava-se em níveis: primário, médio e superior. Pela Lei 
5692/71, o ensino de nível primário agregou-se ao antigo ginásio e passou a constituir o ensino de 
1º grau; o ensino médio transformou-se em 2º grau. 
Foram incorporadas aos currículos, dentro da parte diversificada, as disciplinas de Educação Física, 
Educação Artística, Educação Moral e Cívica, Programa de Saúde e Ensino Religioso, este 
obrigatório para os estabelecimentos oficiais e facultativos para os alunos. O Curso Supletivo tinha 
como objetivo suprir a escolarização regular de adolescentes e adultos que não a tivessem seguido 
ou concluído na idade apropriada. Já, para o ensino técnico-profissional, a lei 5.692/71 adotou uma 
orientação flexível, pela qual o aluno poderia optar por uma escola profissionalizante que também o 
preparasse para ingressar na universidade. Exemplos de órgãos responsáveis pelo ensino 
profissionalizante são o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, conhecido como SENAI, e o 
Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial, SENAC. 
Somente em 1968, por meio da lei nº 5.540, foi estabelecida a organização e a funcionalidade no 
Ensino Superior. 
Na década de 1960, ampliaram-se os movimentos que enfatizavam a educação de jovens e adultos. 
Tomava corpo o processo para a consolidação de uma educação fora do padrão básico. 
Na década de 50, a educação de jovens e adultos era concebida como uma educação de base, como 
desenvolvimento comunitário. Duas correntes compreendiam a educação de jovens e adultos: a 
primeira, a educação libertadora, proposta por Paulo Freire; e a segunda, a educação chamada de 
funcional, que visava à profissionalização. 
A história da educação de adultos no Brasil pode ser dividida em três períodos: 
1. De 1946 a 1958 – através das Campanhas chamadas cruzadas. 2. A partir de 1958, quando se 
realizou o 2º Congresso Nacional de Educação de Adultos, com a participação de Paulo Freire, que 
levou à criação do Plano Nacional de alfabetização de adultos, extinto pelo Golpe Militar de 1964. 
3. O governo militar - Campanhas: Cruzadas do ABC (Ação Básica Cristã) e MOBRAL . 
Alguns educadores marcaram essa fase da educação brasileira trazendo novos conceitos e visões 
para a Pedagogia. Entre eles destaca-se, por sua grande importância não só para a educação em 
geral, mas também para o ensino de jovens e adultos, Paulo Freire. 
Foi alfabetizado no chão do quintal da sua casa, à sombra das mangueiras, com palavras do seu 
mundo, não do mundo de seus pais. 
Dizia que a sua alfabetização não foi enfadonha, porque partiu de palavras e frases ligadas à sua 
experiência de vida, escritas com gravetos no chão de terra do quintal. 
Tais experiências o marcaram e, assim, ele propunha a alfabetização de adultos voltada ao mundo 
do adulto. 
Em 1960, o prefeito da cidade do Recife, Miguel Arraes, organizou o Movimento de Cultura 
Popular de Pernambuco (MCP) e Paulo Freire foi um dos intelectuais que se engajaram nesse 
movimento. O MCP trabalhava com a educação popular das crianças e dos adultos e utilizava, como 
ferramenta, o teatro popular. Foi através desse movimento que Paulo Freire realizou suas primeiras 
experiências no campo da alfabetização de adultos. 
Com o golpe militar de 1964, Paulo passou a ser constantemente perseguido pelo governo, que via 
em seu trabalho uma ameaça comunista e subversiva. 
Paulo Freire foi preso, permanecendo por 70 dias na prisão, na cidade do Rio de Janeiro. Após ser 
solto, ficou exilado na Bolívia, Chile, Estados Unidos e África, deixando, no Brasil, esposa e filhos. 
Retornou ao Brasil em 1980, com 58 anos. Mudou-se com sua família para São Paulo e, a convite 
de Dom Paulo Evaristo Arns, foi ministrar aulas na PUC (Pontifícia Universidade Católica). 
De outubro de 1988 até maio de 1991, assumiu o cargo de Secretário da Educação, no mandato da 
Prefeita Luiza Erundina. 
Em 1991, após sua saída da Secretaria da Educação, fundou, em São Paulo, o Instituto Paulo Freire, 
para estender e elaborar suas ideias. O instituto mantém até hoje os arquivos do educador, além de 
realizar numerosas atividades relacionadas ao legado do pensador e às questões da educação 
brasileira e mundial. 
A alfabetização, no contexto apresentado por Paulo Freire, é baseada na utilização de técnicas 
audiovisuais, facilitando o processo de ensino/aprendizagem aos alfabetizandos e alfabetizados, 
uma vez que partia da problematização e da pergunta, do diálogo, da leitura e da releitura crítica do 
mundo. 
A Pedagogia dialógica, trazida por Paulo Freire, retrata a visão de uma educação libertadora, que 
consiste no respeito aos educandos, não somente enquanto indivíduos, mas também como expressão 
de uma prática social,e que tem como ponto de partida a alfabetização. 
As ideias de Paulo Freire têm todo o delineamento de um pensamento político-pedagógico 
dialógico e libertador, condizente com atitudes indicativas da autonomia e do intercâmbio dos 
saberes entre o aprendiz e o educador. Para o educador, as questões e os problemas relacionados à 
educação não são de ordem pedagógica, mas sim de ordem política. 
Na sua visão, a educação e o sistema de ensino não modificariam a sociedade, mas a sociedade tem 
o poder de mudar o sistema instrucional. Afinal o sistema educacional pode ter um papel de 
destaque numa revolução cultural. Freire chama de revolução a consciente participação do povo; 
logo a pedagogia crítica contribui para revelar a ideologia esquecida na consciência das pessoas. 
Em sua principal obra, Pedagogia do Oprimido, Freire traz uma proposta antiautoritária, pela qual 
professores e alunos ensinam e aprendem juntos, engajados num diálogo permanente. Esse é um 
processo que não deve acontecer apenas em sala de aula, mas dentro de um circuito cultural 
constante. Todo educador deve acreditar que é possível ocorrer mudanças, todos devem participar 
da história, da cultura e da política; ninguém deve ficar neutro, nem estudar por estudar. Todos 
devem fazer perguntas, ninguém pode ficar alheio. “Ser rebeldes e não ser resignados”. 
 Contribuição mais importante na área 
educacional 
A proposta de Paulo Freire é mais do que um método que alfabetiza; é uma ampla e profunda 
compreensão da educação, que tem como cerne de suas preocupações a sua natureza política. 
“As qualidades e virtudes são construídas por nós no esforço que nos impomos para diminuir a 
distância entre o que dizemos e fazemos", escreveu o educador. "Como, na verdade, posso eu 
continuar falando no respeito à dignidade do educando se o ironizo, se o discrimino, se o inibo com 
minha arrogância?”. 
 Paulo Freire questiona: o professor tem a preocupação de agir na escola de acordo com os 
princípios em que acredita? E costuma analisar as próprias atitudes sob esse ponto de vista? 
As atividades de alfabetização exigem a pesquisa do que Freire chama de “Universo vocabular 
mínimo” entre os alfabetizandos. 
As contribuições de Freire deveriam ter alterado o rumo da educação brasileira. Freire, assim como 
muitos educadores, pensava em uma educação como instrumento para auxiliar o Brasil a realizar as 
transformações sociais e políticas necessárias. 
Na Educação de jovens e adultos, defendida por Paulo Freire, o educando é convidado a refletir 
sobre a sua condição de vida; é levado a perceber a sua contribuição na construção do mundo do 
qual é parte. O educando passa a ser um sujeito construtor de uma realidade social e política. Sua 
realidade é o ponto de partida para toda e qualquer busca do conhecimento através da educação. 
 O Método Paulo Freire 
O método proposto por Paulo Freire funciona, porque não aplica ao adulto o mesmo método de 
alfabetização aplicado às crianças. O Método consiste em três momentos entrelaçados, dentro do 
diálogo e da interdisciplinaridade: 
1º Momento – A INVESTIGAÇÃO TEMÁTICA - Educador e educando buscam, no universo 
vocabular do aluno e da sociedade em que ele está inserido, as palavras e temas centrais de sua 
biografia. As palavras são selecionadas de acordo com a sua função silábica, o valor fonético e 
principalmente seu significado social para o grupo. 
2º Momento- A TEMATIZAÇÃO - Educador e educando buscam o significado social desses temas, 
tomando consciência do mundo em que vivem, descobrindo novos temas geradores, relacionados 
com os que foram inicialmente levantados. É nessa fase que são elaboradas as fichas para a 
decomposição das famílias fonéticas, dando subsídios para a leitura e a escrita. 
3º Momento- A PROBLEMATIZAÇÃO - É a hora de formar a visão crítica, partindo para a 
transformação do contexto vivido. 
Há uma ida e vinda do concreto para o abstrato e vice-versa, voltando ao concreto para assim 
problematizá-lo. 
Evidencia-se a necessidade de uma ação concreta, cultural, política, social, visando à superação de 
situações-limite. Para pôr o método em prática é preciso trabalhar com a interdisciplinaridade. 
Um exemplo de desenvolvimento de um trabalho a partir de um tema gerador é este exposto a 
seguir. 
 Tema gerador: Os seres humanos e o planeta sobreviverão? 
 Trabalho a ser realizado: estudos da realidade, organização do conhecimento, a aplicação do 
conhecimento através de projetos ou tarefas. 
Arte-educação: artes visuais, colagem, pintura, modelagem, atividades musicais, as paisagens: 
naturais e construídas; 
 Debates: A indústria; A luta entre as classes sociais; Padrão de vida; Poluição; Discriminação; 
Colonização; Direitos humanos; Custo de vida; 
 Computação básica, Porcentagens- Frações; 
 Matemática: colocar em tabelas o custo de vida, a inflação, dados sobre salários. 
 Geografia: mapas, espaço social e físico, migração e explosão da população, urbanização dos 
bairros. 
Paulo Freire morreu no dia 2 de maio de 1997, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, de um 
ataque cardíaco. 
Outra figura importante no período da Segunda República foi Álvaro Vieira Pinto. Nasceu em 
Campos, Rio de Janeiro, em 1909. Formou-se em Medicina, em 1932, pela Faculdade Nacional de 
Medicina do Rio de Janeiro. Cursou Física e Matemática na Universidade do Distrito Federal 
(UDF).Foi indicado pelo reitor Alceu Amoroso Lima para ensinar lógica matemática, disciplina pela 
primeira fez oferecida no país. 
Em 1941, tornou-se colaborador da revista Cultura Política, publicação que reuniu os mais 
expressivos intelectuais do Estado Novo, assinando a coluna "Estudos e pesquisas científicas". 
Em meados de 1951, afastou-se da pesquisa médica, na qual se empenhara praticamente desde a sua 
formatura, para se dedicar exclusivamente ao ensino e ao estudo da Filosofia. 
Em 1955, a convite de Roland Corbisier, tornou-se chefe do Departamento de Filosofia do recém-
criado Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB), organizado no âmbito do Ministério da 
Educação e Cultura. 
Em 1962, assumiu a direção executiva do ISEB (Instituto Superior de Estudos Brasileiros)e 
enfrentou uma difícil situação financeira e uma permanente campanha difamatória movida pela 
imprensa conservadora, tendo à frente o Jornal “O Globo”. A oposição ao ISEB tinha como motor o 
comprometimento do instituto com as reformas de base defendidas pelo governo do Presidente João 
Goulart (1961-1964). 
Com o Golpe Militar, em 1964, que derrubou Goulart, e a repressão desencadeada a seguir, a sede 
do ISEB foi invadida pelos militares que decretaram sua extinção. Em dezembro de 1968, às 
vésperas da edição do AI-5 (Ato Institucional nº5), que marcou o endurecimento do regime militar, 
Álvaro foi exilado do País. Nos anos 70, traduziu obras de autores consagrados sempre usando 
diferentes pseudônimos. Em 1982, foi publicado seu livro Sete liçõessobre educação de adultos, 
originado de anotações de aulas ministradas no Chile, em 1966, época do exílio. 
A cultura brasileira, da forma como estava sendo construída no Brasil, era vista por Vieira Pinto e 
vários outros intelectuais, como alienada, transplantada, inautêntica, ornamental e marcada pelo 
complexo de inferioridade colonial. 
 Sua visão de Educação 
A educação, por ser constituída de intencionalidades, deve ser pensada a partir de uma concepção 
prévia de homem. 
A compreensão da realidade está essencialmente relacionada com o posicionamento, com os valores 
de uma consciência que uma determinada sociedade ou grupo social expressa. Álvaro Vieira Pinto 
concebia o homem a partir dos aspectos da história natural e da história desse homem enquanto 
produtor de cultura. 
Seu pensamento educacionalé de cunho sociológico e filosófico, portanto encontra-se vinculado às 
questões sociais, políticas e culturais de seu tempo. 
Suas principais obras são: Consciência e Realidade Nacional; Ideologia e Desenvolvimento 
Nacional; Sete lições sobre educação de adultos; O Conceito de Tecnologia (2ºVol.); A Questão da 
Universidade; Ciência e Existência; A Sociologia dos Países Subdesenvolvidos. 
Álvaro Vieira Pinto faleceu no Rio de Janeiro no dia 11 de junho de 1987. 
O terceiro educador, que, junto de Paulo Freire e Álvaro Vieira Pinto, marcou esse período é 
Florestan Fernandes. 
Nasceu em 1920. Além de político, foi considerado o primeiro sociólogo crítico brasileiro. Iniciou 
sua formação primária no Grupo Escolar Maria José, em Bela Vista, São Paulo, em 1926; fez o Tiro 
de Guerra em 1936 e o Curso de Madureza, no Ginásio Riachuelo, em São João da Boa Vista, São 
Paulo, entre 1938 e 1940. 
Em 1941, ingressou na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São 
Paulo, formandose em Ciências Sociais, em 1943, ano em que escreveu seu primeiro artigo para o 
jornal O Estado de São Paulo, intitulado “O Negro na Tradição Oral”. 
Iniciou sua carreira docente em 1945, como assistente do Professor Fernando de Azevedo, na 
cadeira de Sociologia II. 
Foi assistente catedrático, livre docente e professor titular da cadeira de Sociologia, substituindo o 
sociólogo e professor francês Roger Bastideem, em caráter interino até 1964, ano em que se 
efetivou na cátedra, com a tese “A integração do negro na sociedade de classes”. 
Como o título da obra permite entrever, o período caracteriza-se pelo estudo da inserção da 
sociedade nacional na civilização moderna, em um programa de pesquisa voltado para o 
desenvolvimento de uma sociologia brasileira. 
Nesse âmbito, orientou dezenas de dissertações e teses acerca dos processos de industrialização e 
mudança social no país e teorizou os dilemas do subdesenvolvimento capitalista. Nos termos da 
reforma universitária coordenada pelos militares, produziu diagnósticos substanciais sobre a 
situação educacional e a questão da universidade pública, identificando os obstáculos históricos e 
sociais ao desenvolvimento da ciência e da cultura na sociedade brasileira inserida na periferia do 
capitalismo monopolista. 
Preso político no presídio do Exército em São Paulo (1964), ao ser libertado tornou-se Professor 
Catedrático na USP, efetivado por concurso de Títulos e provas (1965).Novamente preso (1965), foi 
solto no ano seguinte através de um Habeas Corpus. Afastado de suas atividades na USP através do 
Ato Institucional nº 5, da ditadura militar (1969), ficou exilado no Canadá (1969-1970). Voltou ao 
Brasil (1972), passando a trabalhar como professor de cursos de Extensão Cultural. 
Foi professor visitante da Universidade de Yale (1977), até ser, no final desse ano, contratado como 
Professor da PUC, SP, da qual se tornou Professor Titular em 1978. Elegeu-se Deputado Federal 
Constituinte (1986) pelo Partido dos Trabalhadores (1987-1990), no qual se destacou na defesa da 
Escola Pública e no projeto da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 
Ainda foi reeleito Deputado Federal em 1990, também pelo Partido dos Trabalhadores (1991-1994). 
Defensor da Escola Pública, sempre foi ligado aos movimentos sociais e reivindicatórios e às 
organizações políticas de esquerda. 
O nome de Florestan Fernandes está obrigatoriamente associado à pesquisa sociológica no Brasil e 
na América Latina. 
Com mais de cinquenta obras publicadas, ele transformou o pensamento social no país e 
estabeleceu um novo estilo de investigação sociológica, marcado pelo rigor analítico e crítico e um 
novo padrão de atuação intelectual. 
Florestan começou a escrever no final dos anos 40 e, ao longo de sua vida, publicou mais de 50 
livros e centenas de artigos 
Suas principais obras foram: 
 Organização social dos morjocas(1949); 
 A função social da guerra na sociedade morjocas(1952); 
 A etnologia e a sociologia no Brasil (1958) (resenhas e questionamentos sobre a produção das 
Ciências Sociais no Brasil, até os anos 50); 
 Fundamentos empíricos da explicação sociológica(1959); 
 Mudanças sociais no Brasil(1960) (nesta obra Florestan faz um panorama de seu trabalho e 
retrata o Brasil); 
 Folclore e mudança social na cidade de São Paulo(1961) (esta obra reúne trabalhos e pesquisas 
realizadas nos anos em que Florestan foi aluno de Roger Bastide, na USP, dedicados a várias 
manifestações de cultura popular entre crianças da cidade de São Paulo); 
 A integração do negro na sociedade de classes (1964) (estudo das relações raciais no Brasil); 
 Sociedade de classes e subdesenvolvimento (1968); 
 A investigação etnológica no Brasil e outros ensaios (1975) (reedição, em volume, de artigos 
anteriormente publicados em revistas científicas e dedicados à produção recente da antropologia 
brasileira); A revolução burguesa no Brasil: Ensaio de Interpretação Sociológica(1975). 
Faleceu no dia 10 de agosto de 1995, em São Paulo, seis dias após um transplante de fígado mal 
sucedido.] 
 A Pedagogia histórico-crítica, a Constituição Federal e a 
LDBEN 9394/96 
O contexto histórico apresentado nesta unidade mostra a ruptura do regime autoritário e o 
reestabelecimento da democracia no país. 
Na área da Educação, algumas conquistas são alcançadas, entre elas a retomada da disciplina de 
Filosofia nos currículos escolares e uma nova visão pedagógica, apoiada na Pedagogia histórico-
crítica que prioriza um saber construído histórica, social e culturalmente, em que cada indivíduo 
produz a sua própria cultura e a sua história, ou seja, um saber de produção individual. Desenvolve-
se, então, um respeito pelo saber de cada um. Outro aspecto muito importante, dentro desse 
contexto é que o trabalhado realizado dentro das escolas públicas promove maior conscientização 
das classes menos favorecidas sobre a importância do respeito mútuo. 
Outra conquista do período é a Constituição Federal de 1988, que trata, em seu Capítulo III, Seção 
I, da Educação. Os seus artigos 205 a 214 estabelecem a educação como direito de todos e dever do 
Estado e da família. Dispõem, também, que a Educação deve ser promovida e incentivada por toda 
a sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania 
e sua qualificação para o trabalho. 
Após um longo período de discussão foi aprovada, no Governo do Presidente Fernando Henrique 
Cardoso, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96, que teve como relator Darcy 
Ribeiro. 
A LDBN 9394/96apresenta, no seu TÍTULO II, os Princípios e Fins da Educação Nacional, 
especificados nos seguintes artigos: 
Art. 2º. A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais 
de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo 
para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Art. 3º. O ensino será ministrado 
com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições; II - liberdade de aprender, ensinar, 
pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de ideias e de 
concepções pedagógicas; IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância; V - coexistência de 
instituições públicas e privadas de ensino; VI - gratuidade do ensino público; VII - valorização do 
profissional da educação escolar; VIII - gestão democrática do ensino público; IX - garantia de 
padrão de qualidade; X - valorização da experiência extraescolar; XI - a educação escolar, o 
trabalho e as práticas sociais. Nesse contexto é muito importante a atuação de alguns educadores e 
intelectuais no cenário da Educação brasileira. 
Darcy Ribeiro, além se ser o relator da LDBEN 99394/96, destaca-se principalmente por trabalhos 
desenvolvidos nas áreas de educação, sociologia e antropologia. 
A visão antiautoritáriade Maurício Tragtenbergé o guia de toda a sua atuação como intelectual. 
Moacir Gadotti dá continuidade ao trabalho de Paulo Freire, a quem denomina “Mestre Maior", o 
qual ensina que "mudar é difícil, mas é possível e urgente". 
Dermeval Saviani é filósofo da educação, fundador de uma pedagogia dialética que denominou 
Pedagogia histórico-crítica. Preocupa–se com o alcance político da ação pedagógica enquanto 
estratégia de construção da contra ideologia, sem, no entanto, confundir esta ação com uma ação 
propriamente política. 
Segundo a Pedagogia histórico-crítica, cada indivíduo produz a sua própria cultura e a sua própria 
história. A Pedagogia histórico-crítica proporciona ao aluno absorver o conhecimento como 
processo de sua própria produção. 
Guiomar Namo de Mello, relatora do Parecer das Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino 
Médio, participou também da elaboração das Diretrizes Curriculares da Educação Profissional e das 
Diretrizes Curriculares Nacionais para Formação de Professores da Educação Básica em Nível 
Superior. 
Marilena Chauí é reconhecida não só pela produção acadêmica, mas também pela participação 
efetiva no contexto do pensamento e da política brasileira. Seu livro, um Convite à Filosofia, 
tornou-se uma introdução surpreendente ao filosofar e é referência praticamente obrigatória para o 
Ensino Médio. 
Magda Soares coloca como seu principal foco de atenção a questão do letramento e aponta a 
diferença entre alfabetizar e letrar. Segundo sua visão, é de grande importância alfabetizar em um 
contexto em que a leitura e a escrita tenham sentido para o aluno. 
A educação nos dias atuais deve voltar sua atenção para os avanços tecnológicos e exercer a 
liberdade de experimentar novas metodologias, novos pensamentos educacionais, novas 
possibilidades. 
A Educação No Século XX: Ditadura Militar, Nova República e os 
Desafios Contemporâneos da Educação e da Pedagogia nos Dias Atuais 
Na Unidade V falamos sobre um momento da história que compreende a Segunda República (1946-
1964) e demos ênfase à elaboração da Primeira LDBEN (4024/61) e ao período autoritário (1964-
1985), em que se deu a promulgação da Segunda LDBEN 5692/71, a qual reduziu a continuidade da 
educação no ensino superior, uma vez que priorizava o Ensino Médio voltado à profissionalização. 
Em decorrência dessa Lei, o fracasso escolar começou a se instalar na educação. 
Dentro desse contexto, a educação brasileira precisava de uma reformulação. Teve início, então, um 
momento de intensa discussão a respeito da redemocratização do ensino e da democratização do 
País, em busca da retomada da educação idealizada na Primeira República, ou seja, uma educação 
leiga, gratuita e pública. 
Sendo assim, na década de 70, educadores brasileiros iniciaram um trabalho voltado a uma nova 
visão da Educação sob a orientação do que se chamou de “pedagogia histórico crítica”. 
 Por volta de 1980, os nossos intelectuais exilados por causa do Regime Militar começaram a 
retornar ao Brasil, uma vez que o regime autoritário entrava em declínio. 
Os educadores iniciaram um processo de retomada dos currículos escolares, principalmente dentro 
do que chamavam de educação popular. Entre esses educadores, alguns devem ser destacados: 
Darcy Ribeiro, Maurício Tragtenberg, Moacir Gadotti, Guiomar Namo de Mello e Dermeval 
Saviani. 
Nesse momento a sociedade lutava em busca da liberdade e de sua identidade nacional, criando um 
dos movimentos históricos mais importantes do país e que acabou, de vez, com o autoritarismo 
militar: o movimento conhecido como “Diretas Já”. 
O primeiro Presidente do Brasil eleito através do voto direto, após a ditadura militar, foi Tancredo 
Neves, porém, em virtude de sua morte, quem assumiu a liderança do país foi o seu vice José 
Sarney. 
Em virtude desse fato histórico, os movimentos sociais e os partidos extintos por causa do Regime 
Militar voltaram a fazer parte do cenário político brasileiro. 
Dentro da educação, tornou-se importante o curso de Magistério, já que o Brasil apresentava um 
quadro de fracasso escolar, e, assim sendo, era imprescindível concentrar esforços na formação de 
professores. Foram, então, criados os CEFAMS (Centros Específicos de Formação e 
Aperfeiçoamento do Magistério). 
Em 1988, surgiu outro evento histórico muito importante para os novos rumos do país: a 
promulgação da nova Constituição brasileira, Carta Magna do Estado, que contém normas sobre a 
formação dos poderes públicos, sobre os 
direitos e deveres dos cidadãos, etc. A Constituição brasileira foi aprovada no dia 27 de julho de 
1988 e promulgada no dia 05 de outubro de 1988. Seu principal objetivo era democratizar a 
sociedade brasileira e consolidar a ruptura com a Ditadura Militar. 
Em 1990, a Conferência de Educação para Todos, realizada na cidade de Jomtien, na Tailândia, 
aprovou a Declaração Mundial de Educação para Todos. 
Em 1995, o Ministério da Educação empenhou-se na elaboração dos Parâmetros Curriculares 
Nacionais (PCNs) e, em 1996, com a reformulação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional, foi aprovada a LDBEN 9394/96. O Presidente da República escreveu: Faço saber que o 
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei. 
Com essa reformulação, os currículos escolares passaram a especificar os temas transversais (ética, 
orientação sexual, saúde, meio ambiente, pluralidade cultural) a serem aplicados no ensino e a 
estabelecer a necessidade da interdisciplinaridade, trabalho interessantíssimo que insere a educação 
em um contexto extremamente atual, dentro de uma visão global do ensino em que todas as 
disciplinas são complementares entre si. 
É importante conhecer a trajetória de alguns educadores que trouxeram grandes contribuições para a 
educação brasileira. Um deles é Darcy Ribeiro (1922 — 1997), antropólogo, escritor e político 
brasileiro, conhecido por seu foco sobre a questão indígena e sobre a educação de um modo geral 
no país. 
Participou, juntamente com o amigo Anísio Teixeira, da defesa da escola pública, da discussão de 
Lei de Diretrizes e Bases da Educação e da criação da Universidade de Brasília, no início dos anos 
sessenta. Foi Diretor de Estudos Sociais do Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais do MEC 
(1957-1961); presidente da Associação Brasileira de Antropologia; Ministro da Educação e Chefe 
da Casa Civil do Governo João Goulart. Porém, com o golpe militar de1964, teve os direitos 
políticos cassados e exilou-se, retornando ao Brasil em 1976, quando voltou a se dedicar à educação 
e à política. Foi eleito vice-governador do Estado do Rio de Janeiro em 1982, pelo partido 
PDT.[Também foi o idealizador da Universidade Estadual do Norte Fluminense. Publicou vários 
livros, muitos deles sobre os povos indígenas. 
Darcy Ribeiro acumulou vários cargos, como o de Secretário de Estado da Cultura e Coordenador 
do Programa Especial de Educação. Criou, planejou e dirigiu, no governo de Leonel Brizola, a 
implantação dos Centros Integrados de Ensino Público (CIEP), um projeto pedagógico visionário e 
revolucionário no Brasil, que tinha como base a Escola Parque criada por Anísio Teixeira. Criou 
também a Biblioteca Pública Estadual, a Casa França-Brasil, a Casa Laura Alvim e o Sambódromo, 
onde colocou 200 salas de aula para fazê-lo funcionar, também, como uma enorme escola primária. 
Os centros (CIEP) prestavam assistência em tempo integral às crianças, proporcionando, inclusive, 
atividades recreativas e culturais para além do ensino formal, concretizando os projetos idealizados 
por Anísio. Pode-se dizer que, muito antes de os políticos de direita incorporarem o discurso 
referente à importância da Educação para o desenvolvimento brasileiro, Darcye Leonel Brizola já 
divulgavam estas ideias. 
Em 1990, foi eleito senador da República, função que exerceu defendendo vários projetos, entre 
eles uma lei dos transplantes que tornou possível usar órgãos dos mortos para salvar os vivos. 
Publicou, pelo Senado Federal, a Revista Carta, na qual os principais problemas do Brasil e do 
mundo são analisados e discutidos. 
Colaborou para a criação do Memorial da América Latina, edificado em São Paulo. Viveu em vários 
países da América Latina, conduzindo programas de reforma universitária. Foi professor de 
Antropologia da Universidade Oriental do Uruguai; assessor do presidente Salvador Allende, no 
Chile, e de Velasco Alvarado, no Peru. 
Diante de tudo o que realizou, ainda tinha uma mágoa profunda: dizia que havia somado mais 
fracassos em sua vida do que vitórias. Tinha a frustração de não ter conseguido alfabetizar todas as 
crianças brasileiras e de não ter, em sua luta, conseguido salvar os índios. 
Sua morte, após um lento processo de luta contra um câncer, foi anunciada em 1992 e comoveu 
todo o Brasil em torno de sua figura. 
Outro nome de destaque nesse cenário é o do polêmico Maurício Tragtenberg (19291998).Neto de 
imigrantes judeus fixados no interior do Rio Grande do Sul, iniciou sua aprendizagem em 
português, espanhol, esperanto e russo. Frequentou o grupo escolar em Porto Alegre, mas não foi 
além da terceira série do curso primário.Após a morte precoce do pai, transferiu-se com sua mãe 
para São Paulo, onde, ainda jovem, começou a trabalhar. 
Maurício falava de sua formação, que se deu de forma bastante interessante,com muito humor. 
Dizia que ela se concretizara em um bar, na Rua Ribeiro de Lima, frequentado por trabalhadores de 
várias origens que ali estabeleciam relações sociais e políticas. 
Filiou-se ao PBC (Partido Barsileiro Comunista), mas foi expulso com base em um artigo que 
proibia ao militante contato direto ou indireto com trotskistas ou com a obra de Leon Trótsky, autor 
por ele lido e relido. O trotskismo é uma doutrina marxista baseada no pensamento político e 
revolucionário do ucraniano Leon Tróstky. 
Maurício atribuía seu interesse político à sua origem; dizia que sua condição de judeu dentro da 
sociedade levou-o ao interesse precoce pela política; interesse esseque o remeteu à leitura de obras 
de autores como Plínio Salgado, Tasso da Silveira e outros. 
Passou a frequentar cursos aos finais de semana, fornecidos pelo PSB (Partido Socialista 
Brasileiro), ganhando seu primeiro livro de nível universitário, a História Econômica e Social da 
Idade Média, de Henri Pirenne. 
Trabalhou no Departamento das Águas de São Paulo, onde adquiriu experiência prática com a 
burocracia, diante da qual ficou indignado por conhecer de perto o jogo de interesses que a 
envolvia, como, por exemplo, a distribuição de cargos por apadrinhamento. Posteriormente, 
inspirando-se em Max Weber, criticou essa burocracia em seu livro Burocracia e Ideologia. 
Nesse período de sua vida, frequentava a Biblioteca Municipal Mário de Andrade, onde lhe foi 
possível ler o que lhe interessava e discutir assuntos diversos com um grupo de intelectuais que 
também frequentavam a biblioteca, entre eles, Antônio Cândido, que o convenceu a prestar 
vestibular na USP. 
No meio acadêmico, Tragtenberg ficou conhecido como autodidata, o que era apenas parcialmente 
verdadeiro, embora ele próprio costumasse alardear, provocativamente, o seu "primário 
incompleto". Ficou conhecido como autodidata, pelo simples fato de não ter uma formação 
acadêmica, mas elaborou, em 150 dias, uma monografia que foi aprovada pelo Prof. João da Cruz 
Costa, permitindo, assim, que ele prestasse o vestibular e ingressasse na Universidade de São Paulo 
(USP). 
Por seu espírito rebelde e senso de humor frequentemente sarcástico, mas, sobretudo, por sua 
profunda generosidade intelectual, deixou publicados, pelo menos,oito livros e inúmeros artigos em 
jornais e revistas de grande circulação no país, abrangendo diversos assuntos como educação, 
política, sociologia, história e administração. 
Através de uma crítica incisiva ao modelo pedagógico burocrático, Tragtenberg chegou à teoria da 
Pedagogia Libertária, que se expressa pelo questionamento de toda e qualquer relação de poder 
estabelecida no processo educativo e das estruturas que proporcionam as condições para que essas 
relações se reproduzam no cotidiano das instituições escolares. 
Outra importante figura no cenário educacional é Moacir Gadotti, seguidor de Paulo Freire. 
Nasceu na cidade de Rodeio, no ano de 1941. Foi professor titular da Faculdade de Educação da 
Universidade de São Paulo (USP) desde 1991. Atualmente é Diretor do Instituto Paulo Freire em 
São Paulo. Gadotti é licenciado em Pedagogia e Filosofia, Mestre em Filosofia da Educação pela 
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Doutor em Ciências da Educação pela 
Universidade de Genebra e Livre Docente pela Unicamp. 
Discípulo de Paulo Freire, tem contribuído de forma significativa para a reflexão sobre a educação 
em geral. 
Moacir Gadotti, além de amigo pessoal de Paulo Freire, foi também Chefe de Gabinete, quando 
Freire assumiu a Secretaria da Educação, na Prefeitura comandada por Luiza Erundina.Dessa 
amizade nasceu uma nova esperança para a educação brasileira, pois eram dois educadores 
totalmente comprometidos com a educação, principalmente com a educação de jovens e adultos. 
Ambos manifestavam a esperança de que é possível acabar com a opressão, com a miséria e com a 
ignorância, transformando o mundo em um lugar mais justo para se viver. 
Gadotti aposta na educação como parte integrante da formação daqueles que precisam ser libertos 
da opressão: os oprimidos e os que com eles lutam. Não se pode acreditar em um discurso que fale 
dos oprimidos, sem mostrar que há um mundo possível e mais justo. 
Utilizando a expressão de Paulo Freire, Gadotti acredita que existe, de um lado, uma educação da 
reprodução da sociedade, uma educação como prática da domesticação e, no outro extremo, uma 
educação contemplada como transformação, uma educação como prática da libertação. 
O professor deve caminhar lado a lado com a transformação da sociedade; ele não é um ente 
abstrato, ausente, mas, sim, uma presença atuante, participante e dirigente, que organiza, concretiza 
a ideologia da classe que representa esperança. 
Pela educação, é possível mudar o mundo, a começar pela sala de aula, pois grandes 
transformações não sedão apenas como resultantes dos grandes gestos, mas também a partir de 
iniciativas cotidianas, simples e persistentes. Portanto, não há excludência entre o projeto pessoal e 
o coletivo: ambos se completam dialeticamente. 
Gadotti aponta algumas categorias expressas na práxis pedagógica, como: cidadania; 
planetariedade; sustentabilidade; virtualidade; globalização; transdisciplinariedade. 
Dermeval Saviani, pedagogo e filósofo, nasceu em Santo Antônio de Posse, em 25 de dezembro de 
1943. 
Estudou no Seminário de Aparecida, em São Paulo, onde concluiu, em 1962, o Curso Colegial; fez 
parte do movimento Juventude Operária Católica (JOC), envolvendo-se em todas as transformações 
que estavam acontecendo no período em que se processava a renúncia de Jânio Quadros. 
Continuou os estudos de Filosofia na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de São Bento da 
PUC/SP, que era um reduto de estudantes burgueses. Trabalhava, naquela época, no Banco 
Bandeirantes e vivenciou profundas mudanças na sociedade, causadas pelo Golpe Militar em 1964. 
Deixou o Banco e foi lecionar Filosofia em escolas públicas. Ainda no ano de 1966, passou a 
trabalhar em um órgão da Secretaria da Educação de São Paulo. Em 1967 foi professor do Curso de 
Pedagogia da PUC/SP e ajudou a criar os Cursos de Mestrado e Doutorado em Filosofia da 
Educação nessa Instituição. 
Em 1970 foi lecionar na recém-criada Universidade Federal de São Carlos, onde ajudou a 
implantar,em 1976, o Mestrado em Educação, em convênio com a Fundação Carlos Chagas. 
Concluiu, em 1971, o Doutorado em Filosofia da Educação, na área de Ciências Humanas, na 
Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de São Bento, da PUC/SP. 
Em 1978 retornou como professor da PUC/SP e ajudou a criar o Doutorado em Educação nessa 
Instituição. Em 1979 ajudou a criar a ANDE – Associação Nacional de Educação. Foi o fundador da 
ANPED e do CEDES. 
Em 1986 concluiu a Livre Docência em História da Educação, na área de Ciências Humanas, na 
Faculdade de Educação da UNICAMP. Em 1988 participou da elaboração de um anteprojeto da 
LDBEN 9394/960- Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Atualmente é professor na 
UNICAMP, está envolvido com diversos projetos educacionais e de pesquisa. 
Dermeval Saviani sempre defendeu, de forma sistemática e intransigente, a escola pública; sempre 
se preocupou em analisar a prática educacional inserida num processo político social, mas sempre 
com uma visão de organização, do pensar sobre a ação e sob uma perspectiva de globalidade. 
A Pedagogia histórico-crítica está pautada em algumas reflexões sobre o conceito de educação e de 
escola que implicam questões como a identificação das formas desenvolvidas em que se expressa o 
saber objetivo, produzido historicamente, reconhecendo as condições de sua produção e 
compreendendo as suas principais manifestações, bem como as tendências atuais de transformação. 
Para Saviani, a educação é a apropriação do conhecimento, que se adquire através da transmissão 
para os educandos. O educador acredita na liberdade da sociedade através do desenvolvimento e da 
capacidade dos indivíduos de se organizarem em busca da harmonia comum. 
Neste contexto histórico é necessário também conhecer a atuação de Guiomar Namo de Mello e sua 
importância para a educação brasileira. 
Guiomar formou-se em Pedagogia, pela USP, no ano de 1966; fez mestrado e doutorado em 
Educação na PUC/SP entre os anos de 1976 e 1980, e pós-doutorado no Institute of Education da 
London University em 1991-1992. 
Trabalhou durante dez anos em escolas públicas estaduais; iniciou sua carreira como professora de 
ensino superior na PUC-SP, onde, de 1969 a 1985, respondeu pelas cadeiras de Psicologia Escolar e 
Psicologia Social, ministrando aulas de Psicologia Social, para cursos de pós-graduação, e de 
Metodologia de Pesquisa e Teorias da Educação Escolar, para o curso de graduação em Educação. 
Trabalhou como professora visitante na UNICAMP, na Universidade Federal de São Carlos e na 
Universidade Federal de Minas Gerais. 
Paralelamente à sua atividade docente, trabalhou mais de 10 anos como Pesquisadora na Fundação 
Carlos Chagas. No Departamento de Pesquisas Educacionais, dedicou-se ao estudo da educação 
como política pública, coordenando um grupo de pesquisadores que, a pedido da 
FINEP(Financiadora de Estudos Projetos), realizou a primeira análise abrangente da educação 
básica brasileira no período de 60 a 80. Em 1982 foi nomeada Secretária Municipal de Educação de 
São Paulo, cargo que ocupou até o final do mandato do Prefeito Mario Covas, em 1985. 
Na Secretaria Municipal de Educação de São Paulo liderou a implementação de inovações 
gerenciais e pedagógicas entre as quais se destacam: a proposta pedagógica das Escolas Municipais 
de Primeiro Grau e de Educação Infantil; a reestruturação da carreira do magistério municipal, com 
mecanismos de incentivos para que os professores permanecessem na docência; o Regimento 
Escolar que criou os Conselhos de Escola, abrindo espaço para a participação das famílias e 
comunidades na gestão escolar. Essas inovações – juntamente com outras experiências desse 
período – serviram de inspiração para a Constituinte de 1988 e para as reformas educacionais dos 
anos 90. 
Em 1986 elegeu-se Deputada Estadual de São Paulo. 
No Legislativo Paulista foi Presidente da Comissão de Educação e coordenou os trabalhos de 
elaboração da Constituição do Estado de São Paulo na área de políticas sociais e educação. Nesse 
período foi, ainda, assessora para assuntos educacionais do Senador Mário Covas, líder da 
Constituinte Nacional. 
Em 1990 e 1991 foi consultora no processo de preparação de projetos do Banco Mundial de 
Investimento em Educação na região Nordeste e no Estado de Minas Gerais. De 1992 a 1996 viveu 
no exterior, o primeiro ano em Londres, para concluir seu Pós-Doutorado, e os seguintes em 
Washington, onde trabalhou como Especialista Senior em Educação no Banco Mundial e no Banco 
Interamericano de Desenvolvimento. 
Em ambas as instituições gerenciou ou assessorou a preparação de projetos de investimento do setor 
público em educação na Argentina, no Paraguai, Equador, Uruguai e Bolívia. 
Em 1997 regressou ao Brasil para assumir a Direção Executiva da Fundação Victor Civita, uma 
organização sem fins lucrativos mantida pelo Grupo Abril que se dedica a publicações 
especializadas para professores de educação básica. 
Nessa posição vem exercendo a Direção Editorial da revista Nova Escola e de outras publicações 
especializadas entre as quais se destaca a Ofício de Professor. 
Em 1997 foi nomeada pelo Presidente Fernando Henrique para o cargo de Conselheira do Conselho 
Nacional de Educação (CNE) -Câmara de Educação Básica. 
De 1998 a 2000 deu consultoria a vários projetos educacionais entre os quais se destacam: a 
implementação da reforma curricular do Ensino Médio na SEMTEC (Secretaria de Educação Média 
e Tecnológica)/MEC; o projeto do Centro de Referência em Educação Governador Mário Covas, na 
Secretaria de Educação do Estado de São Paulo; a elaboração da proposta do MEC para reforma 
curricular dos cursos de formação de professores em nível superior, no MEC. 
Guiomar Namo de Mello é educadora, pesquisadora, ex-secretária municipal da educação da cidade 
de São Paulo, ex-deputada estadual, assessora de projetos de reforma educacional no Brasil e no 
exterior. 
Hoje atua como diretora da EBRAP – Escola Brasileira de Professores. A EBRAP é uma empresa 
dedicada a estudos, iniciativas e projetos na área de educação inicial e continuada de professores da 
educação básica. 
Guiomar presta consultoria para a empresa na área de projetos de formação inicial de professores da 
educação básica em nível superior, presenciais e a distância. Alguns projetos educacionais em 
andamento são: 
 Grupo Pitágoras: produção de material para cursos de formação de professores da educação 
básica; 
 Secretaria Municipal de Educação de São Paulo: um estudo da gestão pedagógica das escolas 
municipais; 
 Sistema de Ensino COC: revisão dos materiais de alunos e professores que estão sendo 
utilizados junto a escolas de redes municipais, em várias regiões do Estado de São Paulo e do país. 
 Secretaria de Educação do Estado de São Paulo: reelaboração da proposta curricular de 5ª a 8ª 
série e de ensino médio; formulação da política de Educação Profissional da Secretaria. 
 Outro ícone da educação brasileira é Marilena de Sousa Chauí. Nasceu no dia 4 de setembro de 
1941, em Pindorama, São Paulo. Filha do jornalista Nicolau Chauí e da professora Laura de Souza 
Chauí. É casada com o historiador da Unicamp Michael Hall. 
Marilena iniciou seus estudos no Grupo Escolar de Pindorama, interior paulista, onde realizou o 
curso primário. Ela deu sequência à sua formação secundária no Colégio Nossa Senhora do 
Calvário, na cidade de Catanduva, concluindo-a no Colégio Estadual Presidente Roosevelt, na 
capital. É graduada em Filosofia, Especialista em Licenciatura, Mestre e Doutora em Filosofia. 
Já foi Secretária Municipal da Cultura na cidade de São Paulo durante o mandato da ex-prefeita 
Luiza Erundina (1988-1992), porém saiu frustrada com os limites da ação administrativa e preferiu 
concentrar as atenções na vida acadêmica. 
Em uma entrevista para o programa Roda Viva, da TV Cultura, exibido em 1999, Marilena expôs 
seu pensamento demonstrando seu descontentamento com a política.que a melhor maneira de se participar da atividade política é através de intervenções públicas, 
debates, polêmicas, participação nas atividades de discussão do partido, mas eu não tenho nenhuma 
vocação para atividade administrativa. Foi um sacrifício para mim, foi muito complicado, foi muito 
difícil e não é o meu lugar. 
Marilena é Presidente da Associação Nacional de Estudos Filosóficos do século XVII, Doutora 
Honoris Causa pela Universidade de Paris VIII e Doutora Honoris Causa pela Universidad Nacional 
de Córdoba, da Argentina. 
Atualmente ela desenvolve, dentro da Faculdade de Filosofia da USP, uma pesquisa que recebe o 
nome de A elaboração espinosana de uma ciência dos afetos – ruptura com a tradição da 
contingência e afirmação da necessidade. 
Em sua obra é possível encontrar temas como ideologia, cultura, universidade pública, entre outros. 
Expressa seu pensamento a respeito da Filosofia da seguinte forma: 
Se abandonar a ingenuidade e os preconceitos do senso comum for útil; se não se deixar guiar pela 
submissão às ideias dominantes e aos poderes estabelecidos for útil; se buscar compreender a 
significação do mundo, da cultura, da história for útil; se conhecer o sentido das criações humanas 
nas artes, nas ciências e na política for útil; se dar a cada um de nós e à nossa sociedade os meios 
para serem conscientes de si e de suas ações numa prática que deseja a liberdade e a felicidade para 
todos for útil, então podemos dizer que a Filosofia é o mais útil de todos os saberes que os seres 
humanos são capazes. (Marilena Chauí) 
Marilena Chauí é, sob vários aspectos, uma das personalidades mais admiráveis do país, pois a 
formação de nossos Departamentos de Filosofia deriva da linha de atuação da pensadora. 
Sua ativa participação nas discussões sobre os rumos da Educação brasileira atesta a continuidade 
do seu engajamento, que vai além dos muros da USP, onde leciona há mais de 40 anos. 
Na sua visão, o Estado deve encarar a Educação como um investimento social e político e não sob o 
prisma de gasto público. 
Magda Becker Soares é a outra educadora de destaque no panorama da educação no Brasil. Mineira 
de Belo Horizonte, graduada em letras Neolatinas e doutorada em Didática pela Universidade 
Federal de Minas . Atualmente´r membro da associação nacional de Pós Graduação e Pesquisa em 
Educação, membro do comitê Assessor do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e 
Tecnológico , conselheira da communitee economique europeen e professora titular da 
Universidade federal de Minas Gerais. 
Sua experiência com a Educação está ligada à área de Ensino- Aprendizagem, língua Portuguesa e 
Linguística Aplicada. 
Em um artigo publicado no jonal Diário do Grande ABC, em 29 de agosto de 2003, ela destaca que 
letras é mais que alfabetizar; é ensinar a ler e escrever dentro de um contexto no qual a escrita e a 
leitura tenham sentido e façam parte da vida do aluno. 
Explica que, ao olharmos historicamente para as últimas décadas, podemos observar que o termo 
alfabetização, sempre entendido, de uma forma restrita, como aprendizagem do sistema de escrita, 
foi ampliado; já não basta aprender a ler e escrever, é necessário mais que isso para ir além da 
alfabetização funcional (denominação dada à alfabetização das pessoas que sabem ler e escrever, 
mas não sabem fazer uso da leitura e da escrita). 
O aluno precisa saber fazer uso das atividades de leitura e escrita e envolve- se com elas. Magda 
defende que para a adaptação adequada ao ato de ler e escrever, “é preciso compreender, inserir- se , 
avaliar apreciar a escrita e a leitura”. 
O que é letramento? Letramento não é um gancho em que se pendura cada som enunciado, não é 
treinamento repetitivo de uma habilidade, nem um martelo quebrando blocos de gramática. 
Letramento é diversão, é leitura à luz de vela ou lá fora, à luz do sol. São notícias sobre o 
presidente, O tempo, os artistas da TV e mesmo Mônica e Cebolinha nos jornais de domingo. É 
uma receita de biscoito, uma lista de compras, recados colados na geladeira, um bilhete de amor, 
telegramas de parabéns e cartas 
de velhos amigos. é viajar para países desconhecidos, sem deixar sua cama, e rir e chorar com 
personagens, heróis e grandes amigos. E um atlas do mundo, sinais de trânsito, caças ao tesouro, 
manuais, instruções, guias, e orientações em bulas de remédios, para que você não fique perdido. 
Letramento é, sobretudo, um mapa do coração do homem, um mapa de quem você é, e de tudo 
que você pode ser. 
 Alfabetização = ação de ensinar/aprender a ler e a escrever. 
Letramento = estado ou condição de quem não apenas sabe ler e escrever, mas cultiva e exerce as 
práticas sociais que usam a escrita. 
Após a apresentação do contexto da Educação Brasileira nos períodos que compreendem a Primeira 
República, a Segunda República e a Nova República, é possível concluir que a educação sempre 
esteve envolvida por interesses políticos, apesar dos esforços dos intelectuais brasileiros e das 
políticas públicas que poderiam servir para consolidar a nossa educação. No entanto, podemos dizer 
que houve conquistas e que estamos caminhando para alcançar efetivamente a educação tão 
almejada por nossos educadores. 
Voltando o olhar para os dias atuais, assistimos, com a chegada dos avanços tecnológicos, ao 
surgimento de uma nova sociedade, que exige uma educação voltada para a tecnologia. Dessa forma 
a mídia e a Internet, entre outras ferramentas, tornam-se agentes não só de informação, mas também 
de educação. Um dos aspectos mais importantes nesse quadro é o papel do educador, que, por 
exigência de sua posição no cenário educacional, deve estar constantemente atualizado. Tanto nas 
escolas públicas, quanto nas particulares, os alunos não apresentam mais os comportamentos de 
submissão relatados nas unidades estudadas; pelo contrário, além de trazerem consigo uma 
bagagem histórica e cultural, trazem também a informação. Por isso, o educador deve incorporar ao 
seu trabalho as ferramentas que propagam as informações e usá-las de acordo com a sua concepção 
de educação. 
A luta por uma escola democrática conseguiu resultados positivos, mesmo que muita coisa ainda 
esteja apenas no papel, pois a sociedade brasileira precisa ainda aprender a fazer uso pleno da 
democracia. 
Vivemos uma época em que a educação, além de ser considerada universal e um direito de todos, 
também deve ser continuada, reflexiva e crítica. Percebemos, então, que os nossos educadores não 
lutaram em vão, pois conquistamos o direito e o dever de um trabalho docente crítico, reflexivo e 
criativo. Dessa forma faz-se necessária a formação do pedagogo reflexivo, sempre aberto e disposto 
a lutar pela concretização dos ideais pelos quais lutaram e ainda lutam os educadores brasileiros 
interessados em uma educação libertadora capaz de transformar e humanizar a sociedade brasileira, 
já tão sofrida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 BIBLIOGRAFIA: APOSTILA 
CRUZEIRO DO SUL..I a VI 
 
ABRIL/2018 
 IRACI 
DOMINGUES

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