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Unidade 1 Livro Didático Digital Carolina Galvão Sarzedas Logística Reversa Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autora CAROLINA GALVÃO SARZEDAS A AUTORA Carolina Galvão Sarzedas Olá. Meu nome é Profª Drª Carolina Galvão Sarzedas. Sou formada em Ciências Biológicas, com mestrado e doutorado em Ciências e com experiência técnico-profissional na área de meio ambiente há mais de 18 anos. Minha formação acadêmica começou na UFRJ, onde me apaixonei pela Ciência e pela Educação. Tenho experiência tanto na área de orientação acadêmica quanto na produção de material didático para grandes empresas de Educação. Pelos motivos citados, fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar o seu time de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: INTRODUÇÃO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS) ............................. 10 Resíduos Sólidos ............................................................................................................................. 10 Classificação dos Resíduos Sólidos ................................................................................... 12 Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) .......................................................... 14 Logística Reversa ........................................................................................20 Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) ......................................................... 20 Sistema de Logística Reversa (SLR) .................................................................................. 21 Motivações para Implantação da LR ................................................................................24 Sociedade Responsável e a Importância dos Canais de Comunicação 27 Questões Ambientais Ligadas às Operações Logísticas ............30 Logística ................................................................................................................................................ 30 Logística Reversa ............................................................................................................................ 31 Dificuldades na Disseminação da Logística Reversa ............................................34 Governo ...............................................................................................................................35 Sociedade ......................................................................................................................... 36 Organizações .................................................................................................................. 36 Canais de Distribuição Reversos ..........................................................38 Classificação da Logística Reversa ................................................................................... 38 Canais de Distribuição ................................................................................................................ 39 Canais de Distribuição Reversos ..................................................................... 39 Logística Reversa 7 LIVRO DIDÁTICO DIGITAL UNIDADE 01 Logística Reversa8 INTRODUÇÃO Você sabia que as áreas de Desenvolvimento Sustentável e Logística Reversa são de grande influência para as empresas atualmente? Esta demanda tende a crescer com o aumento das legislações que controlam os impactos ambientais negativos gerados pelos empreendimentos e pela conscientização da sociedade, que cada vez mais prioriza produtos que possam ser reciclados ou são biodegradáveis. Portanto, entender o que é Logística Reversa, e como desenvolvê-la dentro das empresas, se tornou um grande atrativo de mercado. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo! Logística Reversa 9 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1. Nosso propósito é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o término desta etapa de estudos: 1. Apresentar a Política Nacional de Resíduos Sólidos. 2. Entender o conceito de Logística Reversa e suas vertentes. 3. Definir a logística do ponto de vista ambiental. 4. Descrever os canais de distribuição diretos e reversos. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! Logística Reversa10 Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS) INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo, você será capaz de entender como a PNRS instituiu a Logística Reversa e passou a ditar regras e responsabilidades acerca dos resíduos sólidos. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá! Resíduos Sólidos Segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei no 12.305/10), resíduos sólidos são definidos como todo material, toda substância, todo objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade. Figura 1 – Ciclo de reaproveitamento de resíduos Fonte: @pixabay https://pixabay.com/pt/vectors/sincronizar-sincroniza%C3%A7%C3%A3o-setas-150123/ Logística Reversa 11 Os resíduos podem ser encontrados em estados sólidos ou semissólido, ou ainda, na forma de gases contidos em recipientes, e líquidos com características que tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água. Geralmente, os resíduos gerados nas mais diversas atividades não são úteis para quem os gera, porém, podem ser reaproveitados em outros processos produtivos, como uma matéria-prima secundária. Por isso, resíduos diferem-se de rejeito ou lixo. O termo rejeito, na PNRS, é definido como: resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada. (BRASIL, 2010) Comumente, denominamos tudo o que “jogamos fora”, como lixo, porém, lixo ou rejeito é tudo que não é passível de tratamento ou reutilização. Com o desenvolvimento e o uso do petróleo como meio não energético, mas para produção de polímeros sintéticos, fez surgir uma nova classe de resíduos sólidos. Essa mudança cultural passou a aceitar como “normal” a não reparabilidade dos objetos, tornando-os cada vez mais descartáveis e aumentando ainda mais a geração de resíduos sólidos. Biologicamente, podemos dizer que não existe lixo. Todas as substâncias produzidas pelos seres vivos e que são prejudiciais ou inúteis para o organismo (como fezes, urina ou restos de organismos mortos), são reciclados por seres decompositores. Os substratos dos vegetais nada mais são do que substâncias mineraisexcretadas por estes mesmos seres decompositores. Até mesmo o oxigênio, essencial para a sobrevivência dos organismos aeróbicos é um resíduo produzido pelos seres fotossintéticos. Logística Reversa12 Classificação dos Resíduos Sólidos Estamos falando de resíduos sólidos, entretanto, precisamos entendê-los e classificá-los segundo a PNRS: I - Quanto à origem: a. Resíduos domiciliares – os originários de atividades domésticas em residências urbanas. b. Resíduos de limpeza urbana – os originários da varrição, limpeza de logradouros e vias públicas e outros serviços de limpeza urbana. c. Resíduos sólidos urbanos. d. Resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços – os gerados nessas atividades. e. Resíduos dos serviços públicos de saneamento básico. f. Resíduos industriais – os gerados nos processos produtivos e instalações industriais. g. Resíduos de serviços de saúde – os gerados nos serviços de saúde, conforme definido em regulamento ou em normas estabelecidas pelos órgãos do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) e do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária. h. Resíduos da construção civil – os gerados em construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, incluídos os resultantes da preparação e escavação de terrenos para obras civis. i. Resíduos agrossilvopastoris – os gerados nas atividades agropecuárias e silviculturais, incluídos os relacionados a insumos utilizados nessas atividades. j. Resíduos de serviços de transportes – os originários de portos, aeroportos, terminais alfandegários, rodoviários e ferroviários e passagens de fronteira. k. Resíduos de mineração – os gerados na atividade de pesquisa, extração ou beneficiamento de minérios. Logística Reversa 13 II - Quanto à periculosidade: a. Perigosos – inflamáveis, corrosivos, reativos, tóxicos, patogênicos, carcinogênicos, teratogênicos e mutagênicos (apresentam significativo risco à saúde pública ou à qualidade ambiental). b. Não perigosos – não se enquadram na descrição acima. A composição dos resíduos gerados por uma sociedade varia de acordo com os hábitos de vida de cada um dentro da sua situação socioeconômica. Esses resíduos podem ser classificados das seguintes maneiras: • Plásticos – garrafas, garrafões, frascos, embalagens. • Matéria orgânica – restos de comida. • Metais – latas. • Papel e papelão – jornais, revistas, caixas e embalagens. • Vidro – garrafas, frascos, copos. • Outros – roupas, óleos de motor, resíduos de eletrodomésticos. Alguns dos resíduos gerados por nós são altamente perigosos e danosos para o meio ambiente (exemplo: pilhas, baterias de telefones e equipamentos eletrônicos). A contaminação pode ser restrita ao local de despejo ou pode entrar em contato com riachos ou algum lençol freático, contaminando assim grandes áreas. IMPORTANTE: Ao término deste capítulo, você será capaz de entender como a PNRS instituiu a Logística Reversa e passou a ditar regras e responsabilidades acerca dos resíduos sólidos. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá! Logística Reversa14 Para este tipo de material, é necessário um sistema de coleta apropriado, em que empresas especializadas possam depois classificar, tratar e descartar em local seguro e adequado. Nos centros urbanos, os resíduos sólidos podem ser coletados de duas formas: Indiferenciada – quando não ocorre nenhum tipo de seleção durante a coleta. Seletiva – quando os resíduos são recolhidos e separados de acordo com o tipo e a destinação. E como veremos mais adiante, a PNRS passa a compartilhar a responsabilidade do descarte, não somente com a indústria e o comércio, mas também com todos que despejam resíduos de maneira pouco ecológica, causando degradação do meio ambiente e colocando em risco a vida de outros seres vivos. Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) Não podemos começar a discutir sobre Logística Reversa (LR) sem antes saber como surgiu essa atividade. A LR é um instrumento para aplicação da responsabilidade pelo ciclo de vida dos produtos, por isso, está intimamente relacionada com a PNRS. Segundo o Ministério do Meio Ambiente: a busca por soluções na área de resíduos reflete a demanda da sociedade que pressiona por mudanças motivadas pelos elevados custos socioeconômicos e ambientais. Se manejados adequadamente, os resíduos sólidos adquirem valor comercial e podem ser utilizados em forma de novas matérias-primas ou novos insumos. A implantação de um Plano de Gestão trouxe reflexos positivos no âmbito social, ambiental e econômico, pois não só tem diminuído o consumo dos recursos naturais, como vem proporcionando a abertura de novos mercados, gerando trabalho, emprego e renda, conduzindo à inclusão Logística Reversa 15 social e diminuindo os impactos ambientais provocados pela disposição inadequada dos resíduos. (MMA, on-line). Por tudo isso, a PNRS é considerada um marco regulatório para o gerenciamento correto de resíduos sólidos no Brasil, por dar direcionamento a todos os materiais que podem ser reciclados e àqueles que não podem mais ser reaproveitados. Este gerenciamento incentiva o descarte correto de forma compartilhada. A Política Nacional de Resíduos Sólidos integra poder público, iniciativa privada e sociedade civil e possui alguns objetivos que merecem ser destacados como: • Proteção da saúde pública e da qualidade ambiental. • Não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, bem como disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos. • Estímulo à adoção de padrões sustentáveis de produção e consumo de bens e serviços. • Adoção, desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias limpas como forma de minimizar impactos ambientais. • Redução do volume e da periculosidade dos resíduos perigosos. • Incentivo à indústria da reciclagem, tendo em vista fomentar o uso de matérias-primas e insumos derivados de materiais recicláveis e reciclados. • Gestão integrada de resíduos sólidos. • Capacitação técnica continuada na área de resíduos sólidos. • Integração dos catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis nas ações que envolvam a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos. • Incentivo ao desenvolvimento de sistemas de gestão ambiental e empresarial voltados para a melhoria dos processos produtivos e ao reaproveitamento dos resíduos sólidos, incluídos a recuperação e o aproveitamento energético. Logística Reversa16 • Estímulo à rotulagem ambiental e ao consumo sustentável. Percebemos com o que foi exposto anteriormente, que a lei propõe o incentivo ao reaproveitamento e à reciclagem, tendo como consequência direta a redução dos resíduos gerados. Enquanto que os rejeitos precisam ser destinados a locais onde não causem danos ambientais e nem gerem risco à saúde humana. A PNRS mostrou uma responsabilidade que ninguém sabia de quem era, o descarte de um produto em um local inadequado. O dever compartilhado passou a dividir entre todos os participantes da cadeia (produtor, fornecedor e consumidor), a responsabilidade pelo ciclo de vida dos produtos. EXPLICANDO MELHOR: Ciclo de vida de um produto – engloba o processo desde a extração da matéria-prima, produção, consumo, até o descarte final de um produto. Com isso, a responsabilidade recai sobre fabricantes, comerciantes, importadores, sociedade e responsáveis pelo manejo dos resíduos sólidos urbanos. A PNRS em seu Art. 6º coloca os seguintes princípios: I - A prevenção e a precaução. II - O poluidor-pagador e o protetor-recebedor. III - A visão sistêmica, na gestão dos resíduos sólidos, que considere as variáveis ambiental, social, cultural, econômica, tecnológica e de saúde pública. IV - O desenvolvimento sustentável. V - A ecoeficiência, mediante a compatibilização entre o fornecimento, a preços competitivos,de bens e serviços qualificados que satisfaçam as necessidades humanas e tragam qualidade de vida e a redução do impacto ambiental e do consumo de recursos naturais a um Logística Reversa 17 nível, no mínimo, equivalente à capacidade de sustentação estimada do planeta. VI - A cooperação entre as diferentes esferas do poder público, o setor empresarial e demais segmentos da sociedade. VII - A responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos. VIII - O reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável como um bem econômico e de valor social, gerador de trabalho e renda e promotor de cidadania. IX - O respeito às diversidades locais e regionais. X - O direito da sociedade à informação e ao controle social. XI - A razoabilidade e a proporcionalidade. E a PNRS ainda institui a seguinte ordem de prioridade na gestão e no gerenciamento de resíduos sólidos: não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos. Figura 2 – Ordem de prioridade de geração de resíduos Fonte: Elaborada pela autora. Logística Reversa18 A PNRS criou metas importantes para a extinção dos lixões e propôs instrumentos de planejamento nos níveis nacional, estadual, intermunicipal, microrregional, intermunicipal metropolitano e municipal, estabelecendo, também, que particulares se preocupem com seus planos de gerenciamento de resíduos sólidos. Porém, podemos perceber que nas grandes cidades que os lixões ainda existem e que nem todos possuem um plano de gerenciamento. Podemos concluir que a PNRS vem como uma grande importância acima de todas, que é mostrar que somente com o comprometimento de todos será possível a implementação de tais ações e mudanças para um mundo melhor e sustentável. NOTA: Um projeto de lei está sendo analisado para uma prorrogação no prazo para substituir os lixões por aterros sanitários até 2024. SAIBA MAIS: Quer saber um pouco mais sobre a Lei no 12.305/10 (PNRS)? Recomendamos a seguinte leitura: Fonte: https:// bit.ly/2RLUWRl https://bit.ly/2RLUWRl https://bit.ly/2RLUWRl Logística Reversa 19 RESUMINDO: E então? Gostou do que foi apresentado? Aprendeu tudo? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS, Lei nº 12.305/10) é considerada um marco regulatório para o gerenciamento correto dos resíduos no país. Diante de um quadro de falta de controle e destinação inadequados dos resíduos sólidos, foi fundamental definir e implementar políticas públicas adequadas para garantir a destinação adequada dos resíduos sólidos. Porém, além do poder público, a lei passa a compartilhar a cadeia de resíduos sólidos com os fabricantes, os produtores e os consumidores. Os resíduos sólidos passam a ser considerados um bem econômico e de valor social, gerador de renda, trabalho e promotor de cidadania, devido ao seu reconhecimento como bem reutilizável e reciclável. Na gestão e no gerenciamento é importante observar a seguinte ordem de prioridade: não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos. A lei passou a ter como objetivo o incentivo à indústria de reciclagem, ao desenvolvimento e ao aprimoramento de tecnologias limpas, ao estímulo do consumo sustentável e à integração dos catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis. Logística Reversa20 Logística Reversa INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender como funciona o processo de Logística Reversa. Vamos entender a importância da Política Nacional de Resíduos Sólidos para a sociedade, e como a reciclagem vem mudando a vida das pessoas. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá! Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) Vamos começar recordando a PNRS. A Lei nº 12.305/10 instituiu a PNRS, e nela estão dispostas regras de prevenção e redução na geração de resíduos, tendo como proposta a prática de hábitos de consumo mais sustentáveis, a partir de um conjunto de instrumentos que auxiliam na reutilização de resíduos, aumento da taxa de reciclagem e a destinação adequada dos rejeitos. Precisamos deixar bem claro, que até 2010, a gestão dos produtos pós-consumo não contava com instrumentos legais no Brasil. Não havia nenhuma lei que uniformizasse ou até mesmo, disciplinasse os procedimentos a serem adotados. A PNRS passou a atribuir aos fabricantes, importadores, comerciantes, distribuidores, entre outros, a responsabilidade compartilhada pela geração de resíduos. E ainda, define responsabilidade compartilhada como sendo o “conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, para minimizar o volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem como para reduzir os impactos causados Logística Reversa 21 à saúde humana e à qualidade ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos, nos termos desta Lei” (BRASIL, 2010). A PNRS passa a estruturar a LR por meio do retorno dos produtos após o consumo, de maneira independente do serviço público de limpeza e manejo de resíduos sólidos urbanos. O termo LR, na PNRS, é definido como um “instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada” (PNRS, Lei nº 12.305/10). A lei ainda estabelece que a LR deve ser estendida aos produtos que são comercializados em todos os tipos de produtos e de embalagens, isto é, de vidro, plástico ou metal, levando em consideração a extensão e o grau de impacto ao meio ambiente e à saúde pública dos resíduos gerados. Podemos sugerir, então, que com a legislação existente para a LR os setores produtivos passaram a rever os ciclos de vida dos seus produtos e a estruturar seu próprio Sistema de Logística Reversa. Com isso, diferentes elos da cadeia produtiva passaram a trabalhar de maneira cooperativa. Sistema de Logística Reversa (SLR) O desenvolvimento da PNRS e do seu instrumento LR veio da crescente preocupação com o meio ambiente e com a necessidade de reuso. Ao invés de um fluxo direto e único dos materiais, faz-se um fluxo circular, abrangendo o fluxo direto e o reverso. Logística Reversa22 Figura 3 – Representação da Logística Reversa Fonte: @freepik As atividades realizadas pela LR variam de acordo com o tipo de material e, também, por qual motivo este material entrou no sistema, podendo ser divididas e dois grandes grupos: produtos e embalagens. Sendo assim, a LR abrange a responsabilidade em promover o retorno dos produtos e embalagens pós-consumo, de maneira a direcioná-las para diversos destinos diferentes. Figura 4 – Processo de Logística Reversa Fonte: Lacerda, 2003. Logística Reversa 23 O fluxo da LR para as embalagens ocorre a partir da sua reutilização parou como no caso da Alemanha, por uma motivação legal. NOTA: na Alemanha, a legislação não permite o descarte de embalagens no meio ambiente, por isso, seus produtores são obrigados a reinseri-las no sistema de produção após sua utilização pelo consumidor final. Contudo, a reciclagem e o reparo dos produtos, dão origem ao fluxo da LR. Percebemos como o conceito de LR é amplo, pois cuida desde o planejamento e gerenciamento do produto fabricado e entregue ao consumidor, e seu caminho reverso, quando sai das mãos do consumidor e volta até à fábrica. No momento em que volta para o fabricante, o material pode ser reutilizado, reciclado, remanufaturado, coprocessado, entre outrosdestinos, porém de maneira isolada, não é possível garantir a eficiência do processo. Figura 5 – Algumas maneiras de utilizar o material que volta para a fábrica Fonte: Lacerda, 2003. Logística Reversa24 Motivações para Implantação da LR As empresas adotam o SLR por motivos específicos, dentre eles, podemos citar as questões ambientais, a redução de custo e a concorrência (diferenciação do produto). A empresa que adota a LR acaba por agregar valor ao seu produto. SAIBA MAIS: O valor agregado ao produto pode ser de natureza econômica, ecológica, logística, de imagem, corporativa, legal, entre outras. Percebemos até bem pouco tempo atrás como era crescente a descartabilidade dos produtos logo após o primeiro uso, sendo eles jogados em aterros sanitários, locais abandonados, ou até mesmo em rios e lagos, tornando tudo visível aos olhos da sociedade e contaminando o meio ambiente. A vigência da legislação vem tornando as empresas cada vez mais responsáveis pelo ciclo de vida dos seus produtos, e dando consciência de que o seu descarte está causando prejuízos ao meio ambiente. O fator econômico também está relacionado ao ambiental, pois ações de recuperação de produtos ou parte deles geram lucro, proporcionando redução de custos, economia de peças de reposição e o decréscimo no uso de materiais. Exemplo: Um equipamento pode voltar a uma empresa no final de sua vida útil, suas peças podem ser usadas tanto como peças sobressalentes ou podem ser vendidas em mercados secundários. Outros exemplos: O reuso de pallets evita a derrubada de novas árvores, a devolução de embalagens aos fornecedores, evita que elas sejam descartadas no meio ambiente, entre outros. Não podemos deixar de falar da vantagem competitiva em relação ao desenvolvimento de uma imagem de empresa verde por meio da Logística Reversa 25 criação de produtos e serviços que reduzam o impacto ambiental. Nesse sentido, alguns produtores mantêm a linha verde no seu processo, a fim de satisfazer a expectativa dos clientes, que esperam cada vez mais que as empresas reduzam o impacto ambiental de suas atividades e de seus produtos. Portanto, a imagem “verde” tornou-se um importante elemento de marketing. A PNRS também surge com uma questão muito importante, a responsabilidade pelo ciclo de vida dos produtos passa a ser compartilhada, com direitos e deveres individualizados e encadeados entre todos os elos do sistema produtivo, dividindo ainda a responsabilidade com o consumidor e o poder público. Pois no Brasil, são de responsabilidade pública, os serviços de saneamento básico que incluem o manejo de resíduos sólidos urbanos e a limpeza urbana, além do abastecimento de água, da coleta e do tratamento de esgoto e da drenagem urbana. Deste modo, o poder público está estreitamente ligado com o desenvolvimento, a educação, a saúde, o meio ambiente, os recursos hídricos e a produção de bens e o consumo. NOTA: As embalagens em geral e os medicamentos que não têm utilidade, também são tratados pelo Governo Federal como prioritários para a implantação dos SLR por meio de acordos setoriais. Atualmente, a logística das empresas vem sofrendo grandes mudanças, com o desenvolvimento de sistemas, os procedimentos e as soluções para lidar com a devolução de materiais e produtos. Fato este que requer algo grau de coordenação da gestão e ainda, uma cooperação entre empresas de tratamento e disposição final de resíduos. No Brasil, em resposta à PNRS, as empresas vêm aderindo de forma associativa, reunindo diferentes elos das cadeias produtivas, principalmente fabricantes e importadores, reunindo uma entidade gestora com o setor público, que atua como fiscalizador e regulamentador. Logística Reversa26 No aspecto social, precisamos falar que na maior parte das cidades brasileiras, as atividades de coleta de resíduos sólidos urbanos são realizadas de maneira totalmente desconectadas dos sistemas públicos. Geralmente, são realizadas por catadores de recicláveis ou sucateiros, que garimpam nas lixeiras das cidades latinhas de alumínio, papel, papelão, embalagens de garrafas PET e outros materiais que tenham valor para a venda. As operações de coleta feitas pelas grandes empresas acontecem diretamente na fonte dos geradores dos resíduos ou em pontos de concentração destes (podendo ser cooperativas ou depósitos) que são alimentados pelos catadores informais. É muito difícil para o poder público acompanhar a dimensão da atividade dos catadores, principalmente por não haver fiscalização e controle por parte das prefeituras. Porém, temos como um dos objetivos da PNRS, a integração dos catadores nas ações que envolvam a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos. Sua participação é fundamental para a reciclagem de materiais de alto valor agregado, como latinhas de alumínio. IMPORTANTE: Apenas uma pequena parte dos resíduos sólidos urbanos produzidos no país é seletivamente coletada; a maior parte da coleta é feita por catadores, autônomos ou associados em cooperativas, que retiram do lixo os materiais de mais alto valor, em condições de trabalho precárias e com baixa remuneração. Logística Reversa 27 Sociedade Responsável e a Importância dos Canais de Comunicação Fatores de extrema importância para que a LR funcione são a participação da população e a criação de canais de comunicação, de maneira que os SLR possam operar de forma eficiente durante todo o processo logístico. O consumidor precisa ser responsável por realizar a separação dos produtos pós-consumo e entregá-los para o sistema, pois só a adesão popular fará com que o sistema tenha quantidade suficiente de material para gerar economia de escala. Figura 6 – Separação correta dos resíduos Fonte: @freepik A participação do consumidor precisa ser estimulada, seja pela facilidade do descarte, seja pela confiança no endereçamento final do produto pós-consumo por parte das empresas. Além de se preocuparem com o tamanho dos resíduos descartados: equipamentos de tamanhos diferentes precisam de sistemas diferenciados de descarte. Grandes equipamentos, quando descartados, precisam ser retirados das casas dos consumidores e, pequenos equipamentos, precisam de postos de entrega voluntária localizados em pontos estratégicos da cidade. https://br.freepik.com/vetores-gratis/colecao-de-reciclagem-de-pessoas_7941703.htm Logística Reversa28 Exemplo: Um consumidor só irá descartar sua geladeira usada quando a nova já estiver funcionando, e se tiver alguém que faça o transporte do equipamento usado. A confiança na manutenção da privacidade também influencia no descarte de equipamentos como computadores, telefones e tablets, pois o consumidor precisa ter assegurado que o SLR utilizado pela empresa não fará uso dos dados gravados nestes equipamentos. Havendo dúvida, o usuário evitará o descarte. A logística das empresas precisa entender que o SLR precisa da adesão popular e para isso, é necessário que desenvolvam canais de comunicação confiáveis e que estimulem a participação contínua. O consumidor precisa ter acesso às informações do SLR, assim como, a localização dos postos de coleta e o destino final dos produtos descartados. SAIBA MAIS: Quer saber um pouco mais sobre a PNRS e os fundamentos da LR? Recomendamos a leitura do artigo a seguir. Fonte: https://bit.ly/360vsI3 https://bit.ly/360vsI3 Logística Reversa 29 RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu tudo? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Começamos vendo que a LR é um instrumento para aplicação da responsabilidade pelo ciclo de vida dos produtos, por isso, está intimamente relacionada com a Lei no 12.305/10 que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Nessa lei estão dispostas regras de prevenção e reduçãona geração de resíduos, tendo como proposta a prática de hábitos de consumos mais sustentáveis. A PNRS estrutura a LR por meio do retorno dos produtos após o consumo, de maneira independente do serviço público de limpeza e manejo de resíduos sólidos urbanos e ainda estabelece que a LR deve ser estendida aos produtos que são comercializados em todos os tipos de produtos e de embalagens. As empresas adotam o SLR por questões ambientais, a redução de custo e a concorrência (diferenciação do produto). A empresa que adota a LR acaba por agregar valor ao seu produto. Fatores de extrema importância para que a LR funcione são a participação da população e a criação de canais de comunicação, de maneira que os SLR possam operar de forma eficiente durante todo o processo logístico. Logística Reversa30 Questões Ambientais Ligadas às Operações Logísticas INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender como funciona a Logística Reversa do ponto de vista empresarial. Inserir a LR dentro de uma organização demanda muito estudo e análises de perdas e ganhos. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Logística Vocês já se perguntaram o que vem a ser um processo logístico? É um processo sistêmico de otimização do fluxo de informações, materiais ou de recursos de uma organização, de modo a integrar duas ou mais atividades operacionais ou gerenciais desde o ponto de partida até o destino de tais informações, materiais ou recursos. O objetivo da logística é sempre se adequar às necessidades dos consumidores e dos fornecedores. Por meio do planejamento, da implementação e do controle, a logística torna mais eficiente o fluxo direto e o fluxo inverso dos bens de consumo e de informações. Figura 7 – Processo de Logística Fonte: @freepik Logística Reversa 31 Atualmente, é comum dizer que a chave do sucesso empresarial pode estar na logística e na sua capacidade para diminuir custos e tempo de resposta nas solicitações dos clientes. Em um mundo comercial tão competitivo como o nosso, quem chegar primeiro ao cliente, oferecendo melhores condições e serviços, tem maiores probabilidades de ganhar da concorrência. NOTA: Dentre as atividades logísticas, podemos citar as principais como – transporte e gestão do transporte, gestão de matéria-prima e embalagem, manuseio de materiais, controle e gestão de estoques, e ainda, atendimento ao cliente, pesquisa, seleção e negociação com fornecedores e gestão dos sistemas de informação e comunicação. No contexto “meio ambiente”, o aumento das preocupações ambientais, aliado à necessidade de implementar soluções mais exigentes tem sido um desafio e uma oportunidade para as empresas apresentarem soluções alternativas, usando menos quantidade de matéria-prima e causando menor dano ambiental possível. Logística Reversa A LR entra no mundo corporativo com o objetivo de agregar valor às operações de modo a ser um diferencial competitivo entre as concorrentes, de modo que se tenha melhor aproveitamento dos materiais que são descartados fazendo com que eles voltem à utilização. A LR tem sua importância dimensionada pelos custos logísticos, comerciais e econômicos totais e pelas questões ambientais agregadas, fazendo com que as empresas invistam na diferenciação dos seus serviços. Valores ligados à responsabilidade socioambiental têm sido considerados diferenciais competitivos, fazendo com o departamento Logística Reversa32 logístico invista em projetos estratégicos alinhados à empresa, em busca de suprir esta necessidade. Acredita-se ainda que a LR deixou de ser apenas um diferencial de mercado para se tornar uma necessidade nas empresas. Cada vez mais as empresas devem estar atentas para este novo fenômeno, e implantar em sua cadeia logística o processo reverso, não somente para satisfazer a questão ecológica, mas por sobrevivência. Nos últimos anos, as atividades de reciclagem e reaproveitamento de produtos e embalagens vêm aumentando expressivamente dentro das empresas. Exemplo: Fabricantes de bebidas têm que gerenciar o retorno das garrafas, siderúrgicas que utilizam como insumo de produção a sucata gerada por clientes, indústrias de latas de alumínio que fazem uso de matéria-prima reciclada. Como já falamos anteriormente, algumas empresas passaram a ter que gerenciar o fluxo desde o ponto de origem até o de consumo, e o caminho reverso. Hoje, indústrias de eletrônicos, automóveis e de varejo lidam com o retorno de embalagens, de peças e com o reaproveitamento de materiais para produção. O planejamento reverso agrega valor econômico, ecológico, legal e de localização à LR e as respectivas informações, de maneira a operacionalizar o fluxo desde a coleta dos bens de pós-consumo ou de pós-venda. Isso se dá por meio dos processos logísticos de consolidação, separação e seleção, até a reintegração ao ciclo. Podemos, então, sugerir que as empresas precisam estar atentas a esse novo nicho, pois a responsabilidade ambiental está presente em todos os espaços do mercado. Lembrando que, sustentabilidade ambiental diz respeito à manutenção dos componentes e das funções dos ecossistemas de modo a assegurar que continuem viáveis, com capacidade de se autorreproduzir e se adaptar a alterações, para manter sua variedade biológica. Logística Reversa 33 Podemos dizer que o resultado da entrada da LR no mercado foi o começo do desenvolvimento do chamado “produto verde”, um novo conceito para os produtos que são mais duráveis, não tóxicos, biodegradáveis, recicláveis ou reutilizáveis, que não tenham excesso de embalagem ou que sejam elaborados a partir da reciclagem de materiais. Figura 8 – Selo de produto verde (ecologicamente correto) Fonte: @freepik Essa nova percepção tem levado os governos e as empresas a focarem suas pesquisas nestes aspectos, em que a inovação precisa estar intimamente relacionada com os sistemas naturais e com o desenvolvimento sustentável. Logística Reversa34 Dificuldades na Disseminação da Logística Reversa Porém, a LR não é uma vertente do mercado, ela precisa estar inserida na natureza da empresa e não basta desenvolver uma equipe de logística e ter boas ideias para adotar a LR. Em meio a algumas dificuldades de adoção podemos citar pelo menos duas mais significativas: 1. Impossibilidade de algumas organizações em atingir escala, isto é, alcançar um volume que torne economicamente viável a implementação do fluxo reverso. 2. Desconhecimento quanto à importância da adoção de práticas de Logística Reversa para a sustentabilidade ambiental do planeta tanto por parte de alguns gestores quanto de uma parcela da sociedade. Figura 9 – Dúvidas relacionadas com a LR Fonte: @freepik Assim, aos poucos, quando as empresas forem conseguindo resolver as questões citadas anteriormente, as boas práticas de LR vão ser cada vez mais disseminadas no Brasil, com a consequente redução de https://br.freepik.com/vetores-gratis/pessoas-triagem-de-lixo-para-reciclagem_3425205.htm Logística Reversa 35 efeitos ambientais negativos e o alcance da sustentabilidade econômica das empresas. Para que este ideal seja alcançado, emerge a importância da atuação do governo, da sociedade e das organizações. Governo O governo é quem possui a capacidade de subsidiar, estimular e implementar alguns tipos de programas de LR, assim como realizar campanhas de alcance nacional para evidenciar os benefícios ambientais, financeiros e sociais das práticas de LR. O Estado passa a ter um papel de suma importância no que se refere à adoção de práticas sustentáveis, seja por meio da adoção de instrumentos econômicos ou por meio da regulação formal. O comando destinado ao Estado compreende o estabelecimento de regulamentações governamentais relacionadas ao uso dos recursos ambientais, entre elas o cumprimento da legislação e a aplicação de sanções aoseventuais infratores. NOTA: A decisão de uma empresa em diminuir ou não a contaminação, infelizmente, ainda está diretamente relacionada à diferença entre os custos que poderão ser abatidos e a intensidade das sanções. As interferências governamentais que incitam investimentos de controle ou de prevenção da contaminação serão bem-sucedidas na medida em que gerarem tanto benefícios ambientais, como privados, de modo a ampliar o bem-estar social e melhorar as condições de competitividade das organizações. O Estado, com seu poder regulador, não tem que ser o único incentivo para as empresas melhorarem seu desempenho ambiental. A pressão por uma regulação formal e a consequente diminuição da contaminação ou do impacto ambiental gerado por diferentes fatores precisa ser motivada Logística Reversa36 pelas pressões da sociedade, dos grupos organizados ou das ONGs, do próprio mercado, dos consumidores e fornecedores, entre outros. Sociedade Nos dias de hoje, a ampliação dos resultados das práticas sustentáveis, vem da conscientização e do interesse da sociedade em participar de programas de LR. Os consumidores têm condenado práticas e abolido a compra de produtos de empresas irresponsáveis ambientalmente, o que força o mercado a se adaptar ou perder consumidores. Por outro lado, alguns investidores buscam a aproximação com empresas adeptas aos princípios da responsabilidade socioambiental. Organizações Para que os programas de LR sejam implantados e operacionalizados, é imprescindível que as empresas tenham responsabilidade ambiental e social. As organizações devem assumir a tarefa de concentrar esforços para a formação e estruturação das cadeias setoriais de LR. A responsabilidade ambiental funciona como um fator de diferenciação competitiva, porque dá às organizações participantes o status de empresas cidadãs ou “verdes”. São empresas com maiores percepções e sensibilidades quanto à importância em conciliar suas atividades operacionais à sustentabilidade do meio ambiente de modo a incluir a gestão ambiental em suas estratégias empresariais. Contudo, nas empresas, a LR precisa estar em equilíbrio entre o que é ambientalmente correto, o que tem menor custo e o que gera mais lucro. Para que esta conta seja economicamente viável, algumas condições precisam ser atendidas: • Mercado para produtos reciclados – as partes quantitativas e qualitativas do mercado reverso precisam ser analisadas, e somente depois, a operacionalidade e o retorno financeiro do novo produto podem ser medidos. • Qualidade dos materiais reciclados – a qualidade do produto advindo da LR está diretamente relacionada às matérias-primas originais, Logística Reversa 37 que dependem das condições, do tipo de coleta e da forma de reprocessamento do fluxo reverso. • Remuneração em todas as etapas reversas – o retorno financeiro obtido em cada fase reversa deverá satisfazer aos interesses econômicos dos inúmeros agentes envolvidos no processo. • Escala econômica de atividade – o retorno gerado deve estar em um nível suficiente e ser constante para garantir o alcance de uma escala econômica e empresarial. As cadeias reversas apresentam como dificuldades gerais a obtenção de regularidade de fornecimento e de quantidades satisfatórias. SAIBA MAIS: Para entender um pouco melhor das vantagens e desvantagens operacionais da LR recomendamos a leitura do artigo a seguir. Fonte:https://bit.ly/3cj2fJw RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu tudo? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. A logística é definida como um processo sistêmico de otimização do fluxo de informações, materiais ou de recursos de uma organização, integrando duas ou mais atividades operacionais ou gerenciais desde o ponto de partida até o destino destas informações, destes materiais ou destes recursos. Por meio do planejamento, da implementação e do controle, a logística torna mais eficiente o fluxo direto e o fluxo inverso dos bens de consumo e de informações. Com o aumento das preocupações ambientais, tem sido um desafio a busca por meios de usar menos quantidade de matéria-prima e causar menor dano ambiental possível. O planejamento reverso agrega valor econômico, ecológico, legal e de localização à LR, mas para que este ideal seja alcançado, emerge a importância da atuação do governo, da sociedade e das organizações. https://bit.ly/3cj2fJw Logística Reversa38 Canais de Distribuição Reversos INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender como funcionam os canais de distribuição diretos e reversos. Após entender a classificação da LR, você conseguirá distinguir reciclagem, reuso e remanufatura. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá! Classificação da Logística Reversa Todos os produtos que consumimos possuem um tempo de uso variável, que depende do seu ciclo de vida útil. Após seu vencimento, são descartados de formas diferentes, resultando em resíduos sólidos em geral. A maior parte destes resíduos é de embalagens ou de produtos que podem ter peças reaproveitadas ou produtos defeituosos e com pouco uso. Para melhor entendimento da Logística Reversa (LR), ela pode ser dividida e classificada em três tipos: LR de pós-venda, LR de pós- consumo e LR de embalagem. • LR de pós-venda – é aquela que controla o fluxo logístico correspondente aos bens de pós-venda. Produtos sem uso ou com pouco uso quando são devolvidos, entram nesta categoria. Pode-se incluir: produtos com falhas no funcionamento, erros nos pedidos, liquidação de vendas, entre outros. São produtos que podem ter valor comercial agregado e podem ser enviados à reciclagem ou reaproveitados. • LR de pós-consumo – é aquela que controla o fluxo físico correspondente aos bens de pós-consumo, ou seja, produtos que são descartados pelo consumidor. Ainda possuem vida útil e possibilidades de reutilização. Quando um produto é desmontado e seus componentes ainda podem ser aproveitados ou remanufaturados, são enquadrados Logística Reversa 39 nesta categoria. Por exemplo: resíduos industriais que voltam ao ciclo produtivo. No caso de não haver reaproveitamento, esses produtos serão destinados para lixões ou serão incinerados. • LR de embalagem: este tipo de logística pode estar incluído em pós- venda e pós-consumo. Podemos notar que existe uma tendência mundial de reaproveitamento das embalagens retornáveis ou de múltiplas viagens devido à grande quantidade de resíduos gerados despejados no meio ambiente. Canais de Distribuição Primeiramente precisamos definir o que vem a ser um Canal de distribuição, depois um Canal de distribuição direto, e só assim entenderemos qual é o caminho reverso. Bom, canais de distribuição, nada mais são, do que os caminhos que levam os produtos das empresas até seus respectivos consumidores. Os canais de distribuição podem ser exclusivos, seletivos ou intensivos. Nos canais exclusivos, o próprio fabricante escolhe seus revendedores, e os autorizam de forma exclusiva, a distribuir seus produtos. Exemplo: concessionárias de veículos autorizadas, onde os intermediários levam os produtos a um ponto de venda ou rede de lojas exclusivo da marca. Nos canais seletivos, o fabricante vende por meio de um grupo selecionado de intermediários, que possui boa reputação, localização, carteira de clientes, entre outras qualidades. Assim, o fabricante consegue boa cobertura do mercado, tem controle e menos custos. A cobertura intensiva possui a lógica de “quanto mais, melhor”. O fabricante vende por meio de tantos intermediários quanto forem possíveis. É muito usado para produtos de alto consumo e pouco valor agregado. Exemplo: produtos de higiene e alimentícios. Canais de Distribuição Reversos A logística de retorno ou LR tem seu início no consumidor finale termina no fornecedor (local de origem da matéria-prima). Em um conceito Logística Reversa40 mais amplo a LR pode ser dividida em cinco canais de distribuição: disposição final, retornos comerciais, retornos de garantia, sucatas de produção e/ou rejeitados e embalagens. Os canais de distribuição reversos apresentam objetivos e características distintas, que envolvem relações entre entidades diferentes, embora guardem forte interação e peculiaridade logísticas em alguns casos. NOTA: É importante lembrar que o fluxo de distribuição direto é caracterizado por meio de diversas possibilidades conhecidas como etapas de atacadistas ou distribuidores, chegando ao varejo e ao consumidor final. Figura 10 – Canais de distribuição diretos e reversos Fonte: Leite, 2003 (Adaptado). A redução do ciclo de vida útil dos produtos está intimamente associada ao aumento do número de bens e serviços fornecidos à sociedade. O que, como consequência, amplia a quantidade de resíduos gerados e nos encaminha para o esgotamento da capacidade dos Logística Reversa 41 sistemas tradicionais de disposição de resíduos (aterros sanitários, lixões, entre outros). É imprescindível que sejam elaboradas estratégias para a destinação final dos bens pós-consumo com a finalidade de reduzir o impacto ambiental gerado por eles. Essa realidade, como já foi explicado anteriormente, vem despertando nas empresas a consciência quanto à importância de um planejamento estratégico que inclua programas e regras de gestão de resíduos sólidos para “melhorar” os canais reversos, de modo a diminuir os impactos negativos que os produtos e processos industriais causam ao meio ambiente. Os canais de distribuição reversos assumem a forma de pós-venda ou pós-consumo. Por meio de atividades de reciclagem, desmanche ou reuso, podem dar origem a novos produtos que serão disponibilizados no mercado. Em geral, os canais reversos de pós-venda constituem-se dos mesmos agentes da cadeia direta. Os bens industriais de pós-venda retornam à cadeia de suprimentos (ao estoque da fábrica) quando: • Terminam seu prazo de validade. • Existe estoque em excesso no canal de distribuição. • Comprovados defeitos de fabricação. • Não atingem o nível de qualidade exigido. • Consignados são devolvidos. • Há avarias no transporte. • Entre outros. Todos esses motivos mencionados destinam alguns bens ainda em bom estado ou sem uso, para mercados secundários por meio de reformas, desmanches, reciclagem, dispostos em aterros ou, ainda, incinerados. Boa parte dos produtos vendidos por meio de canal de distribuição direto acaba retornando ao ciclo produtivo através de canais reversos. Logística Reversa42 Os bens de pós-venda, com pouco ou nenhum uso, fazem parte dos canais reversos de pós-venda. Os bens de pós-consumo, usados, porém descartados, voltam pelos canais reversos de pós-consumo. Os canais de distribuição reversos pós-consumo compreendem as distintas formas de processamento e de comercialização dos produtos de pós-consumo e de seus materiais constituintes, que se inicia na coleta e termina na reintegração do bem ao ciclo produtivo como matéria-prima secundária. Os canais reversos de pós-consumo são subdivididos em: • Canais reversos de reuso de bens duráveis e semiduráveis. • De remanufatura de bens duráveis. • De reciclagem de produtos e materiais constituintes. Caso os bens pós-consumo não se encaixem nestas revalorizações acima, terão sua disposição final em aterros sanitários ou serão incinerados. O reuso é considerado uma forma de reparo, reciclagem ou remanufatura que se caracteriza pela preservação da identidade principal do produto. Um exemplo de remanufatura é o que ocorre com motores de aeronaves e peças de máquinas, que por meio da desmontagem, montagem e do reparo de peças, produz-se um novo produto, só que remanufaturado. VOCÊ SABIA? A aquisição dos bens de pós-consumo durável é realizada normalmente por comerciantes estabelecidos, empresários de remanufatura, especializados por tipo de produto, ou seja, automóveis, computadores, máquinas operatrizes etc., ou por intermediários negociadores de lotes que arrematam a totalidade dos bens em empresas para posterior negociação. Logística Reversa 43 Já o desmanche, é o processo de desmontagem de um produto durável pós-consumo, e tem como objetivo a separação de componentes em condições de uso para reprocessamento e colocação no mercado de peças usadas. A reciclagem é o mais conhecido meio de se extrair componentes aproveitáveis de produtos descartados e transformá-los em matérias- primas recicladas ou secundárias, que poderão ser usadas na fabricação de novos produtos. Não tem como obrigação a preservação da estrutura do produto de origem. Exemplo: Entre os materiais largamente reciclados estão as embalagens de alumínio, os vidros, os papéis e os pneus. A reciclagem é justificada quando a recuperação do produto é mais vantajosa economicamente do que a disposição final. Hoje em dia, o mercado secundário de bens usados ou remanufaturados representam uma quantia importante no valor total da economia reversa, embora, os valores estimados sejam pouco documentados. Com o objetivo de amenizar o impacto ambiental negativo causado pelo esgotamento de recursos naturais, pela contaminação do meio ambiente e pela poluição, as legislações ambientais buscam responsabilizar as empresas ou as cadeias industriais pelo equacionamento dos fluxos reversos dos produtos de pós-consumo, contribuindo para a adoção da LR. Percebemos o aumento das exigências das legislações ambientais, no sentido de responsabilizar cada vez mais as empresas pelo ciclo de vida de seus produtos. Com isso, em um breve período de tempo, as empresas se tornarão totalmente responsáveis pelo destino de seus produtos desde a produção até a entrega aos seus clientes, incluindo a preocupação com o impacto que esses produtos causam ao meio ambiente. Sociedade e empresas precisam ter em mente que há a necessidade da integração da LR com a cadeia de suprimentos. O fluxo reverso de produtos deve ser considerado pela coordenação logística das empresas Logística Reversa44 como uma forma de gerar economia, mostrando que a implantação deste sistema irá refletir em vantagens competitivas para as empresas, com menores custos e melhoria de serviço ao consumidor. SAIBA MAIS: Quer se aprofundar no assunto de Canais de Distribuição? Recomendamos a leitura do artigo a seguir. Fonte: https:// bit.ly/3kH9Ynx RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu tudo? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Vamos começar com a definição de canal de distribuição direto, que são os caminhos que levam os produtos das empresas até seus respectivos consumidores. Os canais de distribuição diretos podem ser exclusivos, seletivos ou intensivos e vão depender de cada empresa. A redução do ciclo de vida útil dos produtos está associada ao aumento do número de bens e serviços fornecidos à sociedade. Sabendo que todos os produtos que consumimos possuem um tempo de uso variável e que muitas vezes esses produtos descartados podem ser reutilizados de diferentes maneiras, a LR é um interessante caminho para diminuir a quantidade de resíduos produzidos. A LR tem seu início no consumidor final e termina no fornecedor, e os seus canais reversos de pós-consumo podem ser divididos em de reuso de bens duráveis e semiduráveis, de remanufatura de bens duráveis e de reciclagem de produtos e materiais constituintes, e caso não encaixem em nenhum desses, serão depositados em aterros sanitários ou serão incinerados. https://bit.ly/3kH9Ynx https://bit.ly/3kH9Ynx Logística Reversa 45 REFERÊNCIAS BRASIL. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de ResíduosSólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12305.htm. Acesso em: 27 ago. 2020. LACERDA, L. Logística reversa: uma visão sobre os conceitos básicos e as práticas operacionais. Rio de Janeiro: CEL - Centro de Estudos em Logística–COPPEAD, UFRJ, 2003. LEITE, P. R. Logística reversa: meio ambiente e competitividade. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2003. MATTOS, W. C. ; SANTOS, S. S. A Logística reversa como ferramenta competitiva e de sustentabilidade ambiental. Revista Ensaios & Diálogos. 7; 94-104; 2014. SEBRAE. Como fazer seu produto chegar na quantidade, horário e local corretos? Disponível em: https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ artigos/como-definir-os-canais-de-distribuicao-do-seu-produto,bfbe7e 0805b1a410VgnVCM1000003b74010aRCRD. Acesso em: 27 ago. 2020. SILVA, N. R. ; MAGALHÃES, P. A. N. D. R. LOGÍSTICA REVERSA: Uma abordagem acerca das vantagens e desvantagens de sua implantação e utilização como diferencial competitivo no mercado. Disponível em: https://docplayer.com.br/19982555-Logistica-reversa-uma-abordagem- acerca-das-vantagens-e-desvantagens-de-sua-implantacao-e- utilizacao-como-diferencial-competitivo-no-mercado.html. Acesso em: 27 ago. 2020. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12305.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12305.htm https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/como-definir-os-canais-de-distribuicao-do-seu-produto,bfbe7e0805b1a410VgnVCM1000003b74010aRCRD https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/como-definir-os-canais-de-distribuicao-do-seu-produto,bfbe7e0805b1a410VgnVCM1000003b74010aRCRD https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/como-definir-os-canais-de-distribuicao-do-seu-produto,bfbe7e0805b1a410VgnVCM1000003b74010aRCRD https://docplayer.com.br/19982555-Logistica-reversa-uma-abordagem-acerca-das-vantagens-e-desvantagens-de-sua-implantacao-e-utilizacao-como-diferencial-competitivo-no-mercado.html https://docplayer.com.br/19982555-Logistica-reversa-uma-abordagem-acerca-das-vantagens-e-desvantagens-de-sua-implantacao-e-utilizacao-como-diferencial-competitivo-no-mercado.html https://docplayer.com.br/19982555-Logistica-reversa-uma-abordagem-acerca-das-vantagens-e-desvantagens-de-sua-implantacao-e-utilizacao-como-diferencial-competitivo-no-mercado.html Carolina Galvão Sarzedas Livro Didático Digital Unidade 2 Livro Didático Digital Carolina Galvão Sarzedas Logística Reversa Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autora CAROLINA GALVÃO SARZEDAS A AUTORA Carolina Galvão Sarzedas Olá. Meu nome é Profª Drª Carolina Galvão Sarzedas. Sou formada em Ciências Biológicas, com mestrado e doutorado em Ciências e com experiência técnico-profissional na área de meio ambiente há mais de 18 anos. Minha formação acadêmica começou na UFRJ, onde me apaixonei pela Ciência e pela Educação. Tenho experiência tanto na área de orientação acadêmica quanto na produção de material didático para grandes empresas de Educação. Pelos motivos citados, fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar o seu time de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: INTRODUÇÃO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Responsabilidade Social .......................................................................... 12 Definição ................................................................................................................................................ 12 Origem ..................................................................................................................................................... 13 Princípios da RS ................................................................................................................................ 14 Tipos de RS ........................................................................................................................................ 15 Responsabilidade Social Individual (RSI) .................................................... 15 Responsabilidade Socioambiental ................................................................ 15 Responsabilidade Social Corporativa (RSC) ............................................ 16 Responsabilidade Social Empresarial (RSE) ............................................ 16 Responsabilidade Social na prática ................................................................................. 17 Ferramentas de Avaliação de Desenvolvimento Sustentável .20 Definição de Desenvolvimento Sustentável ............................................................... 20 Sistemas Indicadores de Sustentabilidade .................................................................. 21 Dashborad of Sustentability (Painel de Sustentabilidade) .............22 Ecological Footprint Method (Pegada Ecológica) ................................23 System of Assessment Method-SAM (Barômetro da Sustentabilidade) ..........................................................................................................25 Adaptação do Método de Análise de Processo (MAP) ....................28 Certificações Ambientais ......................................................................... 31 Selos ambientais ............................................................................................................................ 31 International Organization of Standardization ou Organização Internacional para Padronização (ISO) .........................................................32 Rótulo Ecológico ..........................................................................................................33 Programa Carbon Free ou Carbono Livre ..................................................34 Conselho Brasileiro de Manejo Florestal ....................................................34 Selo Verde do CNDA ................................................................................................ 36 ECOCERT........................................................................................................................... 38 IBD .......................................................................................................................................... 39 Selo Orgânico ................................................................................................................ 40 Selo PROCEL ................................................................................................................... 41 Selo EURECICLO de Logística Reversa .......................................................41 Logística Reversa como Estratégia Competitiva ..........................44 Responsabilidade Social e Logística Reversa nas Empresas .......................44 Área Financeira ............................................................................................................ 46 Área de Vendas e Marketing ..............................................................................47 Área de Operações .................................................................................................. 48 Área de Desenvolvimento ................................................................................... 48 Área de Recursos Humanos .............................................................................. 48 Vantagens Competitivas Alcançadas com o uso da LR .................................... 49 O Futuro da LR no Brasil ........................................................................................................... 50 Logística Reversa 9 LIVRO DIDÁTICO DIGITAL UNIDADE 02 Logística Reversa10 INTRODUÇÃO Você sabia que a Logística Reversa tem desempenhado um importante papel na indústria do consumo? Porém, grande parte da conscientização da sociedade e das empresas resulta do desenvolvimento da responsabilidade social, um processo que vem gerando resultados positivos e aumentando a parcela da população e das empresas interessadas em pensar no próximo e no desenvolvimento sustentável. Mas, como sabermos se estamos no caminho certo para garantir a manutenção dos recursos naturais para o suprimento das gerações futuras? Devido à dificuldade de se medir o desenvolvimento sustentável, ao longo dos anos, ferramentas de avaliação vêm sendo aprimoradas. Uma boa maneira de avaliar a preocupação com a sobrevivência do planeta é o interesse cada vez maior das empresas em conseguir certificações ambientais, de modo a provar aos consumidores suas ações ambientais além do lucro. Entendeu? Ao longo desta Unidade letiva você vai mergulhar neste universo! Logística Reversa 11 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 2. Nosso propósito é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o término desta etapa de estudos: 1. Definir responsabilidade social e seu papel nas instituições. 2. Apresentar algumas ferramentas de avaliação de desenvolvimento sustentável. 3. Descrever as certificações ambientais mais significativas. 4. Mostrar o uso da Logística Reversa como estratégia competitiva. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! Logística Reversa12 Responsabilidade Social INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender como funciona a responsabilidade social. Isto será fundamental para que você entenda seu papel dentro das empresas e porque tem sido um importante diferencial de mercado. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá! Definição Vamos iniciar entendendo o que é Responsabilidade Social (RS) e porque seu papel tem sido tão importante dentro das empresas atualmente. Podemos conceituar RS como quando uma empresa assume, voluntariamente, seu papel na contribuição para um meio ambiente mais limpo e uma sociedade mais justa. RS pode ser compreendida em dois níveis: • Interno – está relacionado com todas as partes afetadas dentro da empresa, em especial, os funcionários. • Externo – está relacionado com as consequências das ações da empresa sobre a sociedade e o meio ambiente. Para uma empresa, ser socialmente responsável significa assumir que tudo que se faz pela organização atinge funcionários, consumidores, sociedade e meio ambiente, com geração de impactos internos e externos, diretos e indiretos. Por isso, a política da empresa e os seus objetivos devem ser elaborados de acordo com estes impactos gerados. O objetivo da RS vai além da geração de lucro e de benefícios para as pessoas internamente envolvidas, e deve ser expandido para o Logística Reversa 13 meio em que a empresa está inserida, de maneira a envolver medidas de melhoria de condições para a sociedade. Então, percebemos que RS não tem a ver com leis e normas, e sim com padrões éticos de conduta que se preocupam efetivamente com questões sociais e ambientais. Figura 1 – Responsabilidade social e desenvolvimento sustentável Fonte: @freepik Origem As primeiras manifestações acerca da RS surgiram em 1906, porém, foram consideradas de cunho socialista e não tiveram muito apoio. Somente a partir das décadas de 1950 e 1960, que EUA e Europa, respectivamente, iniciaram seu interesse pelo tema, criando associações de profissionais e abrindo um novo campo de estudo. A expansão da RS se deu a partir da mudança industrial e da globalização. Porque a partir daí, investidores, sociedade e empresas começaram a condenar os danos ambientais causados pelas atividades https://br.freepik.com/fotos-gratis/homem-mao-segurando-pequeno-globo_3143170.htm Logística Reversa14 econômicas e a cobrar dos governantes e dos empresários medidas de controle e vigilância apropriadas. Princípios da RS Um dos enfoques da RS é a visão socioeconômica, que defende a responsabilidade das empresas na promoção do bem-estar social, sem ignorar a geração de empregos e a obtenção de lucros. Entre os seus princípios podemos citar: • Foco nos lucros de longo prazo. • Melhor imagem da empresa perante a sociedade. • Menor controle governamental para o negócio. • Promoção de melhor ambiente de trabalho para todos. • Incorporação de maiores obrigações sociais. O que vem incorporado nestes princípios é a preocupação com o bem-estar tanto de funcionários, de colaboradores, quanto de outras empresas que contratam seus serviços ou compram seus produtos. Porém, é importante ressaltar que o valor incorporado tem que ser voluntário e genuíno, com o único interesse de causar impacto positivo na sociedade como um todo e lembrando sempre que uma empresa é uma comunidade constituída por pessoas, aquelas que trabalham, que fornecem outros insumos e as que consomem. Logística Reversa 15 Tipos de RS Responsabilidade Social Individual (RSI) É definida como a responsabilidade que todos, enquanto indivíduos, devem assumir, agindo de forma a preservar o bem-estar da comunidade na qual estão inseridos. Pode ser expressa na forma de interesse com os acontecimentos da sociedade e a busca por tentar solucionar alguns problemas locais. A RSI não se caracteriza apenas pela execução de trabalhos voluntários e doações às causas sociais, ser cordial com os vizinhos, fazer o descarte correto do seu lixo, de forma a agir e pensar no seu bem-estar e do outro, também é ter responsabilidade social. Exemplos: não consumir mais sacolas plásticas, deixar o carro na garagem alguns dias na semana, pesquisar melhor os candidatos das próximas eleições ou doar um pouco do seu tempo para atividades voluntárias. Responsabilidade Socioambiental Está relacionada com práticas de preservação ambiental. Portanto, uma empresa responsável socioambientalmente precisa ter como um dos seus objetivos principais, a criação de políticas voltadas para o meio ambiente. Exemplo: uso de papel reciclado nas empresas, plantio de mudas e árvores. Empresas de grande porte utilizam com mais frequência o conceito de Responsabilidade Social Corporativa, pois engloba ações voltadas para as questões internas e o meio ambiente. Logística Reversa16 Responsabilidade Social Corporativa (RSC) É o conjunto de ações internas realizadas pelas empresas com o objetivo de beneficiar a educação, a economia, a saúde, a moradia e o transporte dos seus funcionários. A RSC precisa ser executada como parte da filosofia da empresa, e deve guiar o princípio das suas operações, partindo do pressuposto de que a empresa é responsável pelas consequências sociais de suas ações. É uma RS que preza pelaqualidade de vida dos funcionários e oferece um ambiente onde todos possam se desenvolver de maneira igual. Exemplo: garantia dos direitos trabalhistas, manutenção do bem-estar no ambiente de trabalho, oportunidade de crescimento e aprimoramento profissional e programas de treinamento. Alguns benefícios para a empresa são vistos por meio dos resultados de programas sociais criados, pois proporcionam uma melhora da qualidade de vida dos funcionários e da sociedade, porém RSC não pode ser confundida com Responsabilidade Social Empresarial. Responsabilidade Social Empresarial (RSE) A RSE visa tanto o ambiente interno da empresa quanto se preocupa com os impactos negativos gerados por ela na comunidade. Possui forte ligação com gestão transparente, que valoriza a ética na relação com os funcionários e demais colaboradores. E ainda tenta minimizar os impactos ambientais negativos gerados pelas suas atividades. Exemplo: uma empresa com gestão transparente e ética, preocupada com a conservação da natureza, a diminuição das desigualdades sociais e o desenvolvimento sustentável. A sociedade vem se interessando cada vez mais por consumir serviços e produtos de empresas que se preocupam com o bem-estar de seus funcionários e com o meio ambiente. Estas ações mostram que a empresa está comprometida em causar impactos positivos dentro e Logística Reversa 17 fora da empresa, que refletem segurança e confiança para consumidores, fornecedores e sociedade em geral. Então, podemos constatar que é bem vantajoso ser uma empresa socialmente responsável. Há um aumento do reconhecimento e da reputação, pois as chances de atrair os melhores talentos do mercado tende a crescer, tornando a empresa cada vez mais competitiva e mais lucrativa. Responsabilidade Social na prática Vimos até o momento as definições dos diferentes tipos de responsabilidade social, porém, na prática, como ser uma empresa socialmente responsável? Os consumidores querem ver atitudes responsáveis, como: 1. Uso de estratégias para redução do impacto ambiental: este tipo de estudo tem sido muito utilizado pelas empresas. Exemplo: a Amanco (empresa que fabrica tubos e conexões) trocou o solvente à base de tolueno para usar outras matérias-primas menos poluentes. 2. Promover a educação do seu público-alvo: promover educação financeira para a população. Exemplo: o Banco Bradesco tem um projeto de educação financeira para pessoas carentes e ainda atua em parceria com a Fundação Amazônia Sustentável em ações socioambientais. 3. Desenvolver líderes ambientais: treinar seus próprios funcionários e colaboradores a se engajarem na mudança de atitude quanto às alterações climáticas no mundo. Exemplo: o banco HSBC criou em 2007, em parceria com a WWF- Brasil, um programa chamado Climate Partnership focado em quatro pontos estratégicos: pesquisa de biodiversidade em florestas tropicais, defesa dos recursos hídricos, mitigação dos impactos causados pelo CO2 Logística Reversa18 nas grandes metrópoles e engajamento das pessoas para a mudança de atitude dos indivíduos em todo o mundo. SAIBA MAIS: HSBC, WWF-Brasil, água e mudanças climáticas: novos desafios, novas propostas. Quer saber mais sobre este tema? Recomendamos a leitura do artigo a seguir: Fonte: https://bit.ly/3clktu7 4. Uso de produtos naturais: quanto menos processos e produtos químicos usados por nós, melhor será a nossa saúde e o meio ambiente. A Natura, por exemplo, está sempre investindo na capacitação de seus funcionários e na extração de produtos de forma cada vez mais natural e com o mínimo de dano ao meio ambiente possível. Exemplo: a extração de Murumuru (óleo extraído de uma planta nativa da Amazônia) era feita por famílias da região a partir de queimadas de áreas da floresta. A Natura passou a orientar essas famílias a não extrair óleo desta maneira, buscando a extração da matéria-prima sem necessidade de queimada. Esta ação preservou mais de três mil palmeiras de onde o produto é extraído. 5. Voluntariado: incentivar funcionários a fazer visitas a crianças e idosos em casas de acolhimento, pois o desenvolvimento deste tipo de consciência nos funcionários promove bem-estar destes indivíduos que, muitas vezes, necessitam de assistência. 6. Promover doações para instituições sociais: ajudar financeiramente alguma instituição pode desenvolver projetos de educação, saúde e bem-estar para comunidades carentes. Se a empresa não sabe como escolher uma instituição de confiança e credibilidade, pode procurar ONGs já engajadas na comunidade. Antes de doar, marque uma visita presencial ao local, pesquise seu histórico e suas ações na internet, de maneira a garantir a credibilidade da instituição e o destino das doações. https://bit.ly/3clktu7 Logística Reversa 19 Como dito anteriormente, a Responsabilidade Social deve fazer parte da filosofia das empresas e das pessoas, e não deve ser vista como uma ação obrigatória que gera mais lucros e isenção de impostos. É necessário que os atos sejam verdadeiros, com a vontade real de ajudar a sociedade e o meio ambiente. SAIBA MAIS: Para saber um pouco mais sobre Responsabilidade Social. Quer saber mais sobre esse tema? Recomendamos a leitura do artigo a seguir. Você é socialmente responsável? Saiba o que é responsabilidade social. Fonte: https://bit. ly/32Q9K7v RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu tudo? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que Responsabilidade Social pode ser definida como o papel que uma empresa assume na contribuição para um meio ambiente mais limpo e uma sociedade mais justa. Pode ser dividida em dois níveis: Interno (afeta principalmente os funcionários de uma empresa) e Externo (relacionado com a sociedade e o meio ambiente). Uma empresa socialmente responsável é aquela que assume as consequências de suas ações e dos impactos gerados interna e externamente. O objetivo tem que ser pautado em melhorias para a sociedade. Tipos de responsabilidade social: individual, socioambiental, corporativo e empresarial. Na prática, RS significa: usar estratégias para reduzir o impacto ambiental, promover educação, desenvolver líderes ambientais, usar produtos naturais, fazer trabalho voluntário, promover doações, entre outros. https://bit.ly/32Q9K7v https://bit.ly/32Q9K7v Logística Reversa20 Ferramentas de Avaliação de Desenvolvimento Sustentável INTRODUÇÃO: para o início do desenvolvimento de uma nova competência. Ao término deste capítulo você será capaz de entender como funcionam algumas ferramentas de avaliação de desenvolvimento sustentável. Você irá perceber que não há unanimidade entre especialistas sobre o melhor método, porém cada um, com sua particularidade, consegue analisar o nível de DS de uma empresa ou população. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá! Definição de Desenvolvimento Sustentável Primeiramente precisamos entender que desenvolvimento sustentável não é uma meta, mas sim um processo social que tem efeitos ambientais. A definição mais aceita e difundida é a de um sistema capaz de suprir as necessidades da geração atual, porém sem comprometer o suprimento de recursos naturais das gerações futuras. Um sistema para ser sustentável precisa considerar o equilíbrio entre as esferas econômica, social, ambiental e institucional. Nada mais é do que um desenvolvimento econômico, que planeja e reconhece que os recursos naturais são finitos. Porém, não podemos confundir desenvolvimento com crescimento econômico, pois este último depende do consumo crescente de energia Logística Reversa 21 e de recursos naturais, se tornando insustentável em longo prazo devido ao esgotamento dos recursos naturais. O desenvolvimento sustentável tem como fundamento a reduçãodo uso de matérias-primas e produtos e o aumento da reciclagem e da reutilização, sugerindo qualidade no lugar de quantidade. Alguns sistemas e algumas ferramentas têm sido desenvolvidos com o intuito de avaliar o grau de sustentabilidade do desenvolvimento, porém algumas características teóricas e práticas ainda são desconhecidas. Sistemas Indicadores de Sustentabilidade Um dos grandes desafios da construção de um sistema de desenvolvimento sustentável é conseguir criar sistemas capazes de medi-lo. A partir da estruturação de um método, é possível avaliar o desempenho e viabilizar uma gestão mais atualizada e responsável dos processos de serviços. A ideia de medir um desempenho sustentável se baseia na coleta de dados mensuráveis e rastreáveis das empresas que possam refletir seus principais aspectos. O maior desafio é compilar estes dados e transformá-los em informações acuradas, relevantes, robustas e viáveis em termos de custos. Nas últimas décadas foram desenvolvidas uma variedade de métodos e iniciativas, que podemos citar: medidas de princípios de sustentabilidade, contabilidade sustentável, relatório de sustentabilidade, entre outras. Porém, alguns pontos precisam ser destacados em relação aos métodos mencionados: • A falta de métodos para identificar aspectos relacionados aos processos de produção. • A falta de um método que analise de forma integrada os diferentes indicadores de desempenho para medir a sustentabilidade de maneira agregada. Logística Reversa22 IMPORTANTE: A maior parte dos especialistas da área de meio ambiente afirma que, uma ferramenta de avaliação pode ajudar a transformar a preocupação com sustentabilidade em uma solução pública consistente. A seguir, vamos dar exemplos de algumas ferramentas e sua utilização: Dashborad of Sustentability (Painel de Sustentabilidade) Segundo especialistas, o Painel é uma ferramenta que pode ser utilizada para medir o grau de sustentabilidade do desenvolvimento de um local, a partir da análise de uma região específica levando em consideração sua realidade ambiental e socioeconômica. Sua apresentação visual são três conjuntos de indicadores de desenvolvimento sustentável mostrando as dimensões primárias da sustentabilidade, levando em consideração a combinação das tendências econômicas, ambientais e sociais, fornecendo informações quantitativas e qualitativas sobre o processo em direção à sustentabilidade. Grande parte dos indicadores trata de maneira separada as dimensões ambiental, social e econômica, enquanto que o Painel de Sustentabilidade trata da interação entre eles, trazendo termos mais próximos da realidade como resultado. Para os especialistas do International Institute for Sustainable Development que desenvolveram o sistema, os indicadores são apresentações de medidas que compilam as características de um sistema ou que destacam seus pontos fracos e fortes. A simplificação de fenômenos complexos em várias esferas como social, médica, econômica e de organizações, oferece objetivos compatíveis com o desenvolvimento Logística Reversa 23 local. Estes indicadores facilitam as medidas e as transformam em dados numéricos indicativos de sustentabilidade. O Dashboard of Sustainability é um índice agregado de vários indicadores dentro de cada uma de suas dimensões (sócio, econômica, ambiental e institucional). Esta característica de agregação é necessária para que o sistema tenha credibilidade junto aos principais atores envolvidos no processo de tomada de decisão, desde a opinião pública até os especialistas da área. A partir do cálculo destes índices, deve- se obter o resultado de cada mostrador das dimensões. Uma função adicional calcula a média destes mostradores para que se possa chegar a um índice de sustentabilidade global (SDI). Se o objetivo for avaliar o processo decisório, calcula-se um índice de performance política (PPI). Ecological Footprint Method (Pegada Ecológica) A Pegada Ecológica é um processo de avaliação que reforça a visão de dependência entre a sociedade humana e o ecossistema. É uma técnica tanto analítica quanto educacional, que analisa não só a sustentabilidade das atividades humanas como também contribui para a conscientização da sociedade a respeito dos problemas ambientais. Figura 2 – Pegada Ecológica Fonte: @freepik https://br.freepik.com/fotos-gratis/vista-superior-de-livro-flores-e-oculos_4881638.htm Logística Reversa24 Segundo seus desenvolvedores, a Pegada Ecológica é uma ferramenta que transforma o consumo de matéria-prima e o aproveitamento de dejetos de uma população, ou de um sistema econômico, em área correspondente de terra ou água produtiva, tendo como resultado a medida de uma área de ecossistema necessária para a sobrevivência de um sistema ou população. NOTA: a Pegada Ecológica representa a apropriação de uma determinada população sobre a capacidade de carga do sistema total. O método não define a quantidade de pessoas que uma determinada área suporta, mas faz o inverso, calcula a área necessária para que a referida população ou um sistema econômico sobreviva sem prazo definido, com essa área fornecendo energia e recursos naturais e tendo a capacidade de absorver os resíduos ou dejetos do sistema. No entanto, precisamos nos ater a um detalhe: a espécie humana tem a capacidade de aumentar sua ocupação, uma vez que utiliza métodos tecnológicos, elimina espécies concorrentes, importa os recursos que faltam, entre outros. Segundo especialistas da ferramenta, se nosso objetivo for realmente viver de maneira sustentável, precisamos assegurar que os produtos e processos da natureza sejam usados de modo que tenham tempo de se regenerar, porém, estes mesmos profissionais admitem que a abrangência do método é limitada, uma vez que se faz uso de somente uma parcela da realidade. Logística Reversa 25 Figura 3 – Viver de maneira sustentável Fonte: @freepik System of Assessment Method-SAM (Barômetro da Sustentabilidade) O SAM é um método que avalia as condições humanas e ambientais e o seu progresso em direção ao desenvolvimento sustentável, uma vez que é uma combinação do bem-estar humano com o ecossistema. Seu uso é destinado a agências do governo, ONGs, e pessoas em geral envolvidas em questões relativas ao desenvolvimento sustentável. O uso desta ferramenta se inicia com a definição do sistema e da meta, e então, é feita a escolha de indicadores por meio de um método hierarquizado para chegar aos indicadores mensuráveis e seus critérios de performance. https://br.freepik.com/vetores-gratis/pessoas-com-conceito-de-sustentabilidade-ambiental_3425178.htm Logística Reversa26 EXPLICANDO MELHOR: A informação, então, é organizada nos subsistemas: humano e ecossistema, podendo ser ambientais, sociais, econômicos e institucionais. Primeiro é decidido quais serão os objetivos para os subsistemas e para os elementos, assim como, os critérios de desempenho para os indicadores, depois elementos-chave de cada dimensão são identificados. Parece vago, mas é uma metodologia flexível por não possuir um número fixo de indicadores na sua composição. A escolha é feita por analistas de acordo com a possibilidade de construção de escalas de desempenho, da área de estudo e da disponibilidade de informações. Sua aplicação é ampla, podendo variar desde uma escala local até uma escala global, de maneira a permitir comparar diferentes locais. IMPORTANTE: Indicadores podem ser; número de carros por habitantes, produção de pescado, consumo industrial de substâncias destruidoras da camada de ozônio, porcentagem de áreas protegidas, porcentagem do lixo urbano coletado e muitos outros. Por se tratar de uma combinação de indicadores, o Barômetro mostra seus resultados mediante índices representados em um gráfico. Quanto maior o número de indicadores, maior será o número de sinais observados.A escala de desempenho para cada indicador é dividida em cinco intervalos que representam condições que variam de sustentável a insustentável. O Barômetro de Sustentabilidade corresponde a uma escala de cinco faixas que marca a medida do indicador. A hierarquia do sistema Logística Reversa 27 assegura que um grupo de indicadores confiáveis retrate de forma adequada o estado do meio ambiente e da sociedade. NOTA: Um indicador isolado não fornece um retrato da situação como um todo, e é preciso uma combinação de indicadores para se obter uma visão geral do estado, da sociedade e do meio ambiente. Figura 4 – Exemplo de gráfico do Barômetro da Sustentabilidade Fonte: Kronemberger, 2013. É uma maneira lógica de transformar conceitos gerais de bem- estar, progresso e desenvolvimento sustentável, em um grupo concreto de condições humanas e ecológicas. Logística Reversa28 Adaptação do Método de Análise de Processo (MAP) O MAP foi desenvolvido para produzir um conjunto de indicadores de sustentabilidade que sejam objetivos, compreensivos e relevantes para o alvo da operação do negócio (uma empresa, um empreendimento ou uma atividade), além de possuir uma metodologia baseada na análise de processos que compreende a operação de negócios a ser avaliada expondo relações de “causa e efeito”. Como assim? Primeiro, o método começa com uma grande e profunda revisão da operação do negócio, em que se identificam prioridades como desenvolvimento econômico, proteção e melhoria do meio ambiente, desenvolvimento social, bem-estar humano, entre outros. No próximo passo se define a fronteira do sistema, regido por escalas temporais (período sobre o qual os impactos das operações de negócios são considerados) e espaciais (tamanho físico do sistema). A empresa gera efeitos em domínios de sustentabilidade que podem ser identificados como social, ambiental e econômico e podem ser vistos como uma reserva de valor (capital). Uma avaliação dos efeitos das atividades de negócio em cada tipo de capital será o segundo elemento do Quadro de Sustentabilidade. NOTA: Efeitos são “questões” significativas para o processo de negócio. Os problemas que serão descritos pelos indicadores precisam, de fato, cobrir a extensão e a natureza do impacto que será gerado. O elemento final no Quadro de Sustentabilidade será a escolha das métricas (medem a magnitude do impacto causado) que darão um valor para cada indicador. Logística Reversa 29 Figura 5 – Esquema do MAP Fonte: Chee Tahir et Darton, 2010. O que percebemos por meio deste método é que ele é simples e bem estruturado, podendo ser adaptado para diversas atividades, como um bom avaliador de desempenho em sustentabilidade, permitindo a produção de relatórios mais precisos e periódicos. Muitos outros métodos e muitas outras ferramentas de avaliação podem ser usados para calcular o desenvolvimento sustentável, porém os citados aqui possuem grande abrangência e possibilidades de adaptações para diversos sistemas de negócios. Logística Reversa30 SAIBA MAIS: Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos a leitura do artigo que mostra, na prática, como usar avaliadores de sustentabilidade: Análise dos indicadores de sustentabilidade do brasil segundo o painel de sustentabilidade do IISD e IBGE. Fonte: https://bit. ly/32TbTQ9 RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu tudo? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Primeiro, precisamos entender que desenvolvimento sustentável não pode ser considerado uma meta, mas sim um processo social que tem efeitos ambientais, e para sua avaliação e análise, alguns sistemas e algumas ferramentas têm sido desenvolvidos ao longo do tempo com o intuito de avaliar o grau de sustentabilidade do desenvolvimento. Algumas ferramentas e seu uso: 1) Painel de Sustentabilidade: é uma ferramenta utilizada para medir o grau de sustentabilidade do desenvolvimento de um local a partir da análise de uma região específica, levando em consideração sua realidade ambiental e socioeconômica. 2) Pegada Ecológica: é uma técnica tanto analítica quanto educacional, que analisa não só a sustentabilidade das atividades humanas, como também contribui para a conscientização da sociedade a respeito dos problemas ambientais. 3) Barômetro da Sustentabilidade (SAM): é um método que avalia as condições humanas e ambientais e o seu progresso em direção ao desenvolvimento sustentável, uma vez que é uma combinação do bem-estar humano com o ecossistema. 4) MAP: possui metodologia baseada na análise de processos que compreende a operação de negócios a ser avaliada expondo relações de “causa e efeito”. https://bit.ly/32TbTQ9 https://bit.ly/32TbTQ9 Logística Reversa 31 Certificações Ambientais INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo você será capaz de identificar os principais certificados ambientais. Estes selos garantem que determinado produto está de acordo com as normas ambientais. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá! Selos ambientais Os selos ambientais são uma garantia de que certo produto está em conformidade com o meio ambiente e foi produzido de maneira sustentável. Estes selos, de certa forma, garantem aos consumidores que o referido produto ou serviço possua maior responsabilidade socioambiental e minimize os impactos ambientais. Figura 6 – Ferramenta visual Fonte: @freepik Logística Reversa32 A presença do selo serve como ferramenta visual de comunicação entre consumidores, vendedores e produtores, pois passa importantes informações sobre critérios de produção e aumenta a confiança de quem se preocupa com a sustentabilidade. Há inúmeros selos e certificações no mercado, e cada um deles diz respeito a um público diferente. A seguir vamos conhecer alguns: International Organization of Standardization ou Organização Internacional para Padronização (ISO) A ISO é uma entidade cujo objetivo é aprovar normas internacionais em todos os campos técnicos, como: classificação de países, normas de procedimentos e processos, e normas técnicas. No Brasil, a ISO é representada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). A ISO 14.000 é a “família” de certificações ambientais mais difundidas e conhecidas, pois abordam vários aspectos de gestão ambiental. Exemplo: ISO 14001:2004 fornece requisitos para um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) e ISO 14004:2004 fornece orientações gerais para um SGA. As demais normas e orientações da família 14000 direcionam aspectos como: avaliação de desempenho, rotulagem, análise de ciclo de vida, de comunicação e de auditoria. A ISO 14001:2004 pode ser implementada por uma grande variedade de organizações independente do seu nível de maturidade de gestão ambiental, pois a referida norma não estabelece níveis de desempenho ambiental que já são implementados por outra ISO. Logística Reversa 33 Figura 7 – Símbolo da Organização Internacional para Padronização (ISO) Fonte: @pixabay Rótulo Ecológico Restabelecido pela ABNT, o programa Selo Verde é uma certificação colocada no produto que atesta quais os produtos e serviços são mais “amigos” do meio ambiente. É uma metodologia voluntária de rotulagem e certificação de desempenho cujo objetivo é dar informações sobre quais produtos são menos agressivos ao meio ambiente. As empresas interessadas devem solicitar o selo por meio do preenchimento de um formulário próprio e encaminhá-lo por e-mail. Figura 8 – Selo Rótulo Ecológico ABNT Fonte: https://bit.ly/3iVhr1S https://pixabay.com/pt/vectors/iso-padr%C3%A3o-s%C3%ADmbolo-global-154533/ https://bit.ly/3iVhr1S Logística Reversa34 Programa Carbon Free ou Carbono Livre É um selo que serve para empresas que contabilizam e compensam suas emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE) por meio da Iniciativa Verde. A ONG responsávelcalcula qual é o seu potencial de emissão de carbono e indica uma maneira compensatória de neutralizar a emissão. Exemplo: uma maneira compensatória é o plantio de árvores nativas da Mata Atlântica em Áreas de Preservação Permanente (APP). Figura 9 – Selo da ONG Carbon Free Fonte: https://bit.ly/3iVhr1S SAIBA MAIS: Iniciativa Verde. Quer saber mais sobre este tema? Recomendamos a consulta ao site a seguir. Fonte: http:// www.iniciativaverde.org.br. Acesso em: 27 ago. 2020. Conselho Brasileiro de Manejo Florestal O selo desta certificação com certeza já foi visto por você em pacotes de papéis para impressão. Esta certificação também é voluntária e seu processo começa com uma organização independente (certificadora) realizando uma vistoria em https://bit.ly/3iVhr1S http://www.iniciativaverde.org.br http://www.iniciativaverde.org.br Logística Reversa 35 um empreendimento florestal, de maneira a atestar o cumprimento das questões ambientais, econômicas e sociais pertencentes aos Princípios e Critérios do Conselho de Manejo Florestal (FSC). Depois, podemos resumir o processo em macroetapas: Contato inicial: a operação florestal entra em contato com a certificadora. Avaliação – Análise geral do manejo, da documentação e da avaliação de campo com o objetivo de preparar a operação para receber a certificação. Nessa fase são realizadas as consultas públicas quando os grupos de interesse podem se manifestar. Adequação – Após a etapa de avaliação, a operação florestal deve adequar as não conformidades (se houver). Certificação da operação – A operação florestal recebe a certificação. Nessa etapa, a certificadora elabora e disponibiliza um resumo público. Monitoramento anual – Após a certificação, a certificadora realiza pelo menos um monitoramento da operação ao ano. IMPORTANTE: O FSC Brasileiro não emite certificado, quem faz é responsável por essa função são as certificadoras, que avaliam as operações de manejo florestal para conceder ou não o direito de usar o selo FSC nos produtos. Também cabe a elas a auditoria nas operações certificadas e a precificação e cobrança por seu serviço. Figura 10 – Selo do Conselho Brasileiro de Manejo Florestal Fonte: https://bit.ly/3iVhr1S https://bit.ly/3iVhr1S Logística Reversa36 O uso do selo do Conselho Brasileiro de Manejo Florestal requer a obediência de 10 critérios e princípios: 1. Obediência às Leis e aos Princípios do FSC 2. Responsabilidades e direitos de posse e uso da terra. 3. Direitos dos povos indígenas. 4. Relações comunitárias e direitos dos trabalhadores. 5. Benefícios da floresta. 6. Impacto ambiental. 7. Plano de Manejo. 8. Monitoramento e avaliação. 9. Manutenção de florestas de alto valor de conservação. 10. Plantações. Selo Verde do CNDA O Conselho Nacional de Defesa Ambiental (CNDA) oferece uma “ecoetiqueta” que atesta a qualidade ecológica e socioambiental do produto ou serviço que tenha o apoio da sociedade civil. Para obter o selo, as empresas precisam comprovar periodicamente por meio de laudos técnicos, que o ciclo de vida de seus produtos é sustentável e estes também são “amigáveis” para todos os seres vivos do planeta. Os produtos oferecidos pelas empresas que desejam o selo não podem prejudicar a vida e nem utilizar recursos naturais de forma desenfreada, obedecendo às exigências e normas internacionais de proteção ambiental. As ecoetiquetas do CNDA são instrumentos importantes do mercado verde e servem para premiar esforços de ajustamento de conduta e participações em campanhas de apoio a movimentos socioambientais. Algumas variações do selo verde são: Selo de empresa amiga Logística Reversa 37 do meio ambiente ou Selo amigo do paciente, porém estes possuem requisitos mais brandos do que os necessários para a outorga do selo verde, uma vez que é apenas a vontade do ajustamento de conduta ou a influência benéfica sobre terceiros. Os selos CNDA são conhecidos como: Green label, Green Seal, entre outros nomes. Figura 11 – Selo verde do CNDA Fonte: https://bit.ly/3iVhr1S https://bit.ly/3iVhr1S Logística Reversa38 ECOCERT É uma cerificação para produtos orgânicos. A ECOCERT possui reputação internacional e possui a confiança da indústria e dos consumidores de produtos orgânicos, além de possuir muitas acreditações e por isso ser aceita na maior parte dos mercados. Parte da confiança vem do apoio que a ECOCERT dá aos seus clientes quanto às regras da agricultura orgânica. NOTA: A União Europeia a ECOCERT apoia a obtenção da permissão de importação pelos importadores. Para se obter a certificação, a ECOCERT dispõe de procedimentos claros e de fácil compreensão, que são executados por inspetores e administradores qualificados. Os orçamentos para a certificação são avaliados pelo tempo gasto com o projeto e com os custos, como análises de laboratório. A ECOCERT não cobra porcentagem em cima dos produtos comercializados e nem pelo uso do logotipo. A ECOCERT emite algumas certificações diferentes como: • Certificação de produtos orgânicos. • Ecoprodutos. • Cosméticos orgânicos e naturais. • Comércio Justo (ESR Brasil). • Selos Vegetarianos (SVB). • Bem-estar animal (Humane Certified Brasil). • Certificação sócio ambiental. • Atestado de insumo. Logística Reversa 39 Figura 12 – Selo ECOCERT Fonte: https://bit.ly/3iVhr1S IBD Também é um selo para produtos orgânicos que atua no Brasil e na América do Sul. Está fundamentada em princípios humanistas, de maneira a incentivar o comprometimento social dos projetos certificados e a legislação ambiental, para promover a recuperação e a conservação do meio ambiente. O IBD possui quatro acreditações internacionais: • IFOAM: Federação Internacional de Movimentos de Agricultura Orgânica, acreditação da maior rigidez para certificadoras de produtos orgânicos. • DAR: Deutsche Akkreditierungsrat, órgão com alta competência de credenciamento de certificadoras da Alemanha, que garante aos produtos certificados IBD acesso a todos os países da Comunidade Europeia. O DAR verifica se o IBD aplica as Normas ISO 65 para certificadoras no âmbito do regulamento orgânico CE 834/2007. • USDA: United States Department of Agriculture, que garante aos produtos certificados IBD acesso ao mercado norte-americano. https://bit.ly/3iVhr1S Logística Reversa40 • Demeter International: garante a certificação de produtos biodinâmicos com a marca DEMETER. Para conseguir a certificação IBD é necessário: • Desintoxicar o solo. • Não utilizar adubos químicos e agrotóxicos. • Atender às normas ambientais do Código Florestal Brasileiro. • Recompor matas ciliares, preservar espécies nativas e mananciais. • Respeitar as normas sociais baseadas nos acordos internacionais do trabalho. • Respeitar o bem-estar animal. • Desenvolver projetos sociais e de preservação ambiental. Figura 13 – Selo de certificações IBD Fonte: https://bit.ly/300SniO Selo Orgânico O selo da IBD é específico para a agricultura, e, para obtê-lo, o agricultor precisa seguir uma série de pré-requisitos na sua forma de produção, garantindo que o produto não possua nenhuma intervenção química, como o uso de agrotóxicos e fertilizantes artificiais. Figura 14 – Selo IBD para agricultura Fonte: https://bit.ly/300SniO https://bit.ly/300SniO https://bit.ly/300SniO Logística Reversa 41 Selo PROCEL Diferente dos outros apresentados até agora, o selo PROCEL promove o uso racional de energia elétrica e eficiente dos recursos naturais nas edificações para a redução dos impactos negativos ao meio ambiente e redução do desperdício. IMPORTANTE: estima-se um potencial de redução do consumo de energia elétrica em 50% para novas edificações, e de 30% para aquelas que promoverem reformas que contemplem os conceitos de eficiência energética em edificações. Figura 15 – Selo PROCEL de eficiência energética Fonte: https://bit.ly/3iVhr1SSelo EURECICLO de Logística Reversa Além de ser uma exigência da legislação, as certificações relacionadas com a Logística Reversa funcionam como um instrumento ambiental. O objetivo do Selo EURECICLO é a promoção de reciclagem com responsabilidade social, pois mediante compensação ambiental, conecta marcas de bens de consumo com recicladores. Como funciona: • Realiza-se a ponte entre as cooperativas de reciclagem e as empresas, o que permite a venda de créditos de reciclagem. • Créditos de reciclagem comprovam que a empresa está pagando pela reciclagem da mesma quantidade de resíduos colocada no mercado. • A comprovação é realizada pela apresentação de Notas Fiscais que são verificadas na Receita Federal. https://bit.ly/3iVhr1S Logística Reversa42 • A confiabilidade do sistema é dada pela plataforma tecnológica de rastreio das Notas Fiscais, pelos relatórios de compensação ambiental gerados e pela proteção jurídica em relação à PNRS. • Assim, as empresas recebem o selo, que é inserido em suas embalagens para informar ao consumidor o engajamento com a reciclagem e o certificado que comprova sua adequação à PNRS. Dessa forma, busca-se alcançar a missão de levar a sustentabilidade financeira e o desenvolvimento para o setor de reciclagem do Brasil. Figura 16 – Selo EURECICLO Fonte: https://bit.ly/3iVonw3 SAIBA MAIS: Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o acesso ao site a seguir. Fonte: https://bit.ly/3iVonw3 https://bit.ly/3iVonw3 https://bit.ly/3iVonw3 Logística Reversa 43 RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu tudo? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Vimos que os selos ambientais são uma garantia de que certo produto está em conformidade com o meio ambiente e foi produzido de maneira sustentável, o que garante aos consumidores que o referido produto ou serviço possui maior responsabilidade socioambiental e que busca minimizar os impactos ambientais. Há inúmeros selos e certificações no mercado como: Organização Internacional de Padronização (ISO), Rótulo Ecológico, Programa Carbono Livre, Conselho Brasileiro de Manejo Florestal (FSC), Selo verde do Conselho Nacional de Defesa Ambiental (CNDA), ECOCERT, IBD, Selo ORGÂNICO, Selo PROCEL e EURECICLO. Todos eles possuem a missão de informar ao consumidor o compromisso da empresa ou do produtor com a responsabilidade social e o desenvolvimento sustentável. Logística Reversa44 Logística Reversa como Estratégia Competitiva INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender que a Logística Reversa pode ser uma grande aliada à competitividade entre as empresas. Ser socioambientalmente responsável, além de melhorar a sociedade como um todo, atrai consumidores interessados em produtos ou serviços de empresas preocupadas com o meio ambiente. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá! Responsabilidade Social e Logística Reversa nas Empresas Geralmente, é descrita como a integração voluntária de preocupações ambientais e sociais em suas operações. Este comportamento tem importante conotação se levarmos em conta o ambiente altamente competitivo das empresas, que precisam satisfazer interesses diferentes advindos de funcionários, consumidores, fornecedores, Governo, entre outros. No panorama atual vemos um aumento da competição entre as empresas. E o que fazer para ser mais competitivo e sair na frente? Podemos citar os seguintes fatores responsáveis por diferenciar uma empresa: • A aplicação da LR proporciona benefícios ambientais que contribuem para o ganho de competitividade das empresas, passando a imagem de serem socialmente responsáveis. • A rentabilidade da empresa é refletida na redução de custos e na política liberal de retorno. Logística Reversa 45 • A utilização da LR oferece uma diferenciação estratégica na imagem corporativa e mostra um posicionamento como empresa cidadã e aumenta o valor da sua marca e dos seus produtos no mercado. O diferencial competitivo vai acontecer com a inclusão de variáveis ambientais, associadas a econômicas e sociais. O desenvolvimento da responsabilidade social nas empresas vem colaborando para que elas alcancem um desempenho sustentável, e tornando este, um importante avaliador da proatividade. Figura 17 – Área de atuação da LR Fonte: @pixabay Dentro da logística empresarial, a LR é responsável por planejar, operar e controlar os fluxos reversos de matérias-primas, produtos acabados e estoque, de modo a gerar valor ou destinar corretamente seus resíduos. O objetivo neste caso é satisfazer os interesses estratégicos da empresa e atender todos os agentes envolvidos no processo de LR. A seguir vamos resumir os principais indicadores de sucesso encontrados nos programas de LR das empresas: https://pixabay.com/pt/illustrations/mundo-pacotes-transporte-importa%C3%A7%C3%A3o-4292933/ Logística Reversa46 Área Financeira • Indicadores econômico-financeiros (liquidez, atividade, lucratividade e endividamento): A LR pode ser uma atividade atrativa para muitas empresas, não só pelo valor ambiental, mas também pelo retorno de algum recurso financeiro a partir dos produtos e resíduos que voltam para a empresa. • Acionista: As vantagens concretas para os acionistas vêm da confiabilidade de instituições financeiras em conceder empréstimos para empresas que geram valor social e ambiental. Práticas de responsabilidade social elevam o valor da empresa no mercado, tornando-as mais atrativas. O valor do acionista ainda pode ser analisado pelo resultado agregado de uma série de fatores, entre eles: Eficiência operacional. Eficiência financeira. Crescimento rentável. Racionalização do capital. • Acesso ao capital: O uso da LR como meio de melhorar a imagem de uma empresa é uma prática comum e gera aumento do valor da marca e de sua reputação, colocando-a no mercado das empresas socialmente responsáveis. Instituições financeiras, no momento de conceder empréstimos ou realizar investimentos, fazem uso de listas de verificação de caráter social e ambiental. IMPORTANTE: A Bovespa criou um Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) que integra as dimensões econômica, social e ambiental e que pode ser utilizado para avaliar investimentos. Logística Reversa 47 Com isso, as empresas conscientizam-se que investir em RS traz impactos econômicos que podem ser traduzidos em efeitos: Diretos: relacionados com aspectos internos como proteção ao meio ambiente, aumento de produtividade, aproveitamento adequado de recursos naturais, melhor organização do trabalho, entre outros. Indiretos: aumento de investimentos e possibilidades de financiamento e grande atenção dos consumidores na marca, aumentando a possibilidade de mercado. Área de Vendas e Marketing • Atração de retenção de clientes: Também chamado de Fidelização de Clientes, é um indicador fácil de ser medido mediante pesquisas de satisfação e estatísticas. Realizar atividades de qualidade no sentido ambiental e social é uma vantagem competitiva que resulta em estabelecimento de relações mais fortes e duradouras com os clientes. A LR se destaca como atividade competitiva, pois agrega valor ao produto e fornece ao consumidor informações que vão além da compra, como o destino dos resíduos gerados. • Valor da marca e reputação: Este indicador está diretamente relacionado com a valorização da imagem e da reputação da empresa. Atualmente há muita semelhança entre os produtos vendidos no mercado, o que gera no marketing a responsabilidade de estabelecer uma posição única para seus produtos, seja em ações diretas vinculadas aos produtos ou indireta por meio de associações positivas vinculadas a eles, aonde o aspecto ambiental vem sendo muito valorizado na hora do consumidor concretizar sua compra. LogísticaReversa48 Área de Operações • Eficiência operacional: Podemos definir eficiência operacional como sendo a capacidade de produzir resultados (produtividade) com o mínimo de esforço e recurso (custos). O uso da LR gera ganhos na competitividade e na economia, a partir do uso de componentes e materiais reciclados. • Licença para operar: Refere-se ao nível de aceitação da companhia pelas partes interessadas como governos, políticos, comunidade local, público em geral (pode incluir a licença obrigatória por legislação). Área de Desenvolvimento • Inovação: O investimento em inovação é muito importante para a estruturação dos canais reversos, trazendo a possibilidade de aproveitar melhor os recursos a serem reciclados. IMPORTANTE: A tecnologia é um fator necessário para garantir as condições essenciais no estabelecimento dos fluxos reversos de pós-consumo. Área de Recursos Humanos • Capital intelectual e humano: Talvez o capital humano seja o fator mais importante para a sobrevivência e a renovação da empresa em todos os níveis de atividade. O investimento em capital humano inclui: • Participação nos lucros e no capital da empresa. Logística Reversa 49 • Possibilidade de crescimento profissional. • Oferecimento de cursos e capacitações. • Respeito à empregabilidade. • Entre outros. NOTA: Na Europa, o investimento no capital intelectual e humano rende benefícios econômicos e sociais. Vantagens Competitivas Alcançadas com o uso da LR Diferenciação da Imagem Corporativa: A empresa se posiciona como empresa cidadã, de forma a agregar valor à sua marca e a seus produtos. Razões Competitivas: Uso de estratégias que diminuam as barreiras no momento da troca dos produtos e no retorno dos resíduos, desenvolvendo um atendimento diferenciado e fidelizando seus clientes. Restrições Ambientais: Avanço das legislações ambientais no sentido de responsabilizar as empresas por todo o ciclo de vida dos seus produtos de forma a colaborar com o desenvolvimento sustentável. Redução de Custos: As empresas têm obtido ganhos consideráveis com a produção de matérias-primas a partir de produtos reciclados e com o retorno de embalagens retornáveis, o que melhora os processos da LR e reduz custos. Logística Reversa50 A Logística Reversa deve ser concebida como uma ferramenta de uma proposta de produção e consumo sustentáveis. Em muitas empresas, o uso da LR se transformou em um meio de recuperar produtos que antes seriam jogados na natureza, agregando um valor próprio a eles ou criando um novo produto. E, ainda, muitas empresas têm feito a recuperação de produtos pós-consumo distribuindo pontos de coleta pelas cidades e cooperando com organizações que geram emprego e renda com a venda de sucata e material reciclado. Esta ação tem finalidade financeira, econômica e também reduz o impacto ambiental. NOTA: No mundo atual, praticar a responsabilidade social é tão importante na diferenciação de uma marca quanto a qualidade do produto ou serviço oferecido. Marcas socialmente responsáveis e que aplicam a LR criam uma imagem positiva para os indicadores de sucesso empresarial. O Futuro da LR no Brasil Assim como na Europa, as empresas brasileiras vêm se engajando cada vez mais na luta contra a geração de resíduos, estimulando a adoção de práticas mais conscientes, desde o momento da criação de embalagens menos poluidoras até ações desenvolvidas pelo setor de marketing com objetivo de conscientizar o público-alvo. Com o aumento do compromisso das empresas na LR de embalagens em geral, se tornou importante a apresentação de certificados com base em notas fiscais para comprovar que a empresa realmente reciclou os materiais que compõem seus produtos. Podemos tomar como exemplo o Selo EURECICLO, que adequa as empresas dentro da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e certifica todo o processo descrito acima, funcionando como um facilitador. Logística Reversa 51 O selo foi idealizado para solucionar problemas com a destinação final de embalagens geradas pelas empresas e a com a marginalização dos catadores de material reciclado. Segundo informações do Blog EURECICLO: A plataforma rastreia a reciclagem da cadeia pós-consumo. Esse serviço é vendido para as empresas em forma de um certificado de logística reversa, comprovando que elas atingiram a meta de 22% das embalagens recicladas. (EURECICLO, on-line) O selo foi criado para informar aos consumidores que as empresas das quais eles consomes estão regularizadas, gerando movimento e conscientização sobre a questão ambiental. SAIBA MAIS: Para saber mais sobre o selo EURECICLO. Quer saber mais sobre este tema? Recomendamos consultar o site seguir. Fonte: https://bit.ly/3iVonw3 https://bit.ly/3iVonw3 Logística Reversa52 RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu tudo? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos sobre responsabilidade social e Logística Reversa, usadas para aumentar a competitividade entre as empresas. Podemos definir as duas como sendo a integração voluntária de preocupações ambientais e sociais em suas operações. Fatores responsáveis por diferenciar uma empresa: 1) A aplicação da LR proporciona benefícios ambientais que contribuem para o ganho de competitividade das empresas. 2) A rentabilidade da empresa é refletida na redução de custos e na política liberal de retorno. 3) A utilização da LR oferece uma diferenciação estratégica na imagem corporativa, mostrando que um posicionamento como empresa cidadã e aumenta o valor da sua marca e dos seus produtos no mercado. Dentro da logística empresarial, a LR é responsável por planejar, operar e controlar os fluxos reversos de matérias-primas, produtos acabados e estoque, de modo a gerar valor ou destinar corretamente seus resíduos. Principais indicadores de sucesso em empresas que adotaram a LR: indicadores econômico-financeiros tradicionais, aumento de valor do acionista, acesso ao capital, atenção e retenção do cliente, aumento do valor da marca e da reputação, eficiência operacional, licença para operar, inovação e capital humano e intelectual. Logística Reversa 53 REFERÊNCIAS CAIADO, R. G. G.; QUELHASA, O. L. G.; LIMA, G. B. A. Avaliação de desempenho em sustentabilidade organizacional: proposta de adaptação do método de análise de processo. Sistema & Gestão, 10, 270-285, 2015. CAMPOS, C. A.; RIBEIRO, F. L. Aplicação da ferramenta dashboard of sustainability no processo de avaliação do desenvolvimento sustentável na agricultura familiar. XLV Congresso da Sociedade Brasileira de Economia, Agricultura e Sociologia Rural. 2007. Disponível em: https://pdfs. semanticscholar.org/fb78/2abd1171a7e55f64c41661da860ffdc30dd2.pdf . Acesso em: 28 ago. 2020. CUNHA, F. H.; OLIVEIRA, S. M.; VIO, R. C. A importância da logística reversa na construção da responsabilidade social agregadora de vantagens competitivas. Disponível em: http://www.aems.edu.br/ conexao/edicaoanterior/Sumario/2014/downloads/2014/A%20 import%C3%A2ncia%20da%20log%C3%ADstica%20reversa.pdf. Acesso em: 28 ago. 2020. HERNÁNDEZ, C. T. et al. A logística reversa e a responsabilidade social corporativa: um estudo de caso num consócio de gestão de resíduos industriais. Disponível em: https://www.aedb.br/seget/arquivos/ artigos07/1354_SEGET%20evento.pdf. Acesso em: 28 ago.2020. KRONEMBERGER, D. M. P.; JUNIOR, J. C. Aplicação do barômetro da sustentabilidade na análise comparativa do desenvolvimento brasileiro Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/ liv94508_cap5.pdf. Acesso em: 7 set. 2020. LEITE, P. R. Logística reversa: sustentabilidade e competitividade. 3. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2006. SERPA, D. A. F.; FOURNEU, L. F. Responsabilidade social corporativa: uma investigação sobre a percepção do consumidor. RAC, 11(3), 83-103,2007. MARQUES, M.; TEIXEIRA, C. A responsabilidade social das empresas e o desempenho organizacional. Polytechnical Studies Review, VI (10), 149- 164, 2008. https://pdfs.semanticscholar.org/fb78/2abd1171a7e55f64c41661da860ffdc30dd2.pdf https://pdfs.semanticscholar.org/fb78/2abd1171a7e55f64c41661da860ffdc30dd2.pdf http://www.aems.edu.br/conexao/edicaoanterior/Sumario/2014/downloads/2014/A%20import%C3%A2ncia%20da%20log%C3%ADstica%20reversa.pdf http://www.aems.edu.br/conexao/edicaoanterior/Sumario/2014/downloads/2014/A%20import%C3%A2ncia%20da%20log%C3%ADstica%20reversa.pdf http://www.aems.edu.br/conexao/edicaoanterior/Sumario/2014/downloads/2014/A%20import%C3%A2ncia%20da%20log%C3%ADstica%20reversa.pdf https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos07/1354_SEGET%20evento.pdf https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos07/1354_SEGET%20evento.pdf https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv94508_cap5.pdf https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv94508_cap5.pdf Carolina Galvão Sarzedas Livro Didático Digital Unidade 3 Livro Didático Digital Carolina Galvão Sarzedas Logística Reversa Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autora CAROLINA GALVÃO SARZEDAS A AUTORA Carolina Galvão Sarzedas Olá. Meu nome é Profª Drª Carolina Galvão Sarzedas. Sou formada em Ciências Biológicas, com mestrado e doutorado em Ciências e com experiência técnico-profissional na área de meio ambiente há mais de 18 anos. Minha formação acadêmica começou na UFRJ, onde me apaixonei pela Ciência e pela Educação. Tenho experiência tanto na área de orientação acadêmica quanto na produção de material didático para grandes empresas de Educação. Pelos motivos citados, fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar o seu time de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: INTRODUÇÃO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Logística Reversa: Conceitos Básicos e Práticas Operacionais ................................................................................................. 12 Introdução ............................................................................................................................................. 12 Logística e Meio Ambiente ....................................................................................................... 13 Logística e Cadeia de Suprimentos ................................................................................... 14 Práticas Operacionais ................................................................................................................... 15 Fatores que Influenciam a Eficiência da LR ................................................................. 18 Modelos de Gerenciamento de LR ...................................................... 21 Introdução ............................................................................................................................................. 21 Gerenciamento..................................................................................................................................22 Exemplo dos Correios..................................................................................................................26 Exemplos de Gerenciamento em LR ...................................................29 Introdução .............................................................................................................................................29 McDonald’s ...................................................................................................................... 30 Grupo Pão de Açúcar ............................................................................................... 30 NOKIA ................................................................................................................................... 31 HP ............................................................................................................................................32 Setor de Cosméticos .................................................................................................33 Pneus Bridgestone ..................................................................................................... 36 Suzano Papel e Celulose ...................................................................................... 36 Philips ....................................................................................................................................37 Coca-Cola ..........................................................................................................................37 Coprocessamento .......................................................................................40 Introdução ............................................................................................................................................ 40 Definição ................................................................................................................................................ 41 Fabricação Convencional de Cimento .............................................................................42 Danos Ambientais ........................................................................................................43 Coprocessamento ..........................................................................................................................45 Vantagens do Coprocessamento .....................................................................47 Coprocessamento de Pneus ..................................................................................................47 Estatísticas ........................................................................................................................................... 48 Logística Reversa 9 LIVRO DIDÁTICO DIGITAL UNIDADE 03 Logística Reversa10 INTRODUÇÃO Você sabia que a área de Logística Reversa é definida como um processo que percorre o fluxo reverso da logística? Isto é, começa em você, consumidor, e termina no fornecedor. O objetivo desse sistema é recuperar uma parte do valor do produto e ainda fazer a disposição adequada do resíduo gerado. Para um sistema eficiente é necessário que as empresas adotem gerenciamento e logística de resíduos integrados com os outros processos da empresa, de maneira a manter o desempenho e ainda diminuir os danos ambientais. A implantação de Sistemas de Logística Reversa não é um tema tão atual, diversas empresas no Brasil e no mundo já vêm integrando a reciclagem em seus processos, e podemos citar, por exemplo, a Coca-Cola, a Natura, a HP, entre muitas outras. Para o caso de algunsrejeitos, a solução é o direcionamento para o coprocessamento, no qual poderão ser transformados em cimento e combustível para o maquinário. Conseguiu entender? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo! Logística Reversa 11 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 3. Nosso propósito é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o término desta etapa de estudos: 1. Compreender como funciona a prática operacional da LR. 2. Entender o passo a passo para o Gerenciamento da LR. 3. Exemplificar SLR usados por empresas. 4. Definir Coprocessamento e suas vantagens. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! Logística Reversa12 Logística Reversa: Conceitos Básicos e Práticas Operacionais INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender como funciona a logística reversa e suas práticas operacionais, o que será fundamental para o entendimento da aplicação do sistema. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá! A Logística Reversa (LR) é um processo de planejamento, implementação e controle de fluxos de matérias-primas, produtos e informações que percorrem o fluxo inverso da logística, isto é, começa no consumidor e termina no fornecedor, de modo a recuperar parte do valor daquele produto ou fazer uma disposição apropriada do seu resíduo no meio ambiente. O aumento da preocupação da sociedade com a degradação ambiental e a instituição de legislações ambientais cada vez mais rígidas, vem fazendo com que empresas desenvolvam estudos de produção e descarte de matérias de modo a impactar o mínimo possível o meio ambiente. Segundo a legislação ambiental, as empresas são responsáveis pelo destino final dos produtos pós-consumo e também pelos impactos que eles provocam no meio ambiente. Associado a isso, tem a consciência ecológica dos consumidores, que preferem consumir de empresas “ecologicamente corretas” e que estão realmente engajadas em desenvolver um sistema eficiente de LR. Logística Reversa 13 Logística e Meio Ambiente A logística tradicional, baseada no fluxo direto do produto, ou seja, do fornecedor para o consumidor, precisa ter em seu planejamento a preocupação com o meio ambiente e com os produtos pós-consumo. A logística precisa ter um conhecimento técnico profundo de cada produto, os seus processos produtivos e os resultados econômicos e financeiros que cada um deles traz para a empresa, precisa ainda, saber como o serviço está sendo prestado e o tipo de relação existente com os clientes. E o meio ambiente, onde entra na logística? O meio ambiente não pode ser tratado isoladamente, precisa estar inserido como parte do processo econômico e logístico. O gerenciamento do processo precisa valorizar o meio ambiente, seja no momento da escolha da matéria-prima, no processo de desenvolvimento, na produção, até no transporte e no recolhimento dos resíduos para reciclagem. A logística tradicional funciona como uma vantagem competitiva para as empresas, pois é capaz de otimizar os recursos utilizados na cadeia de suprimentos com uma visão holística de modo a atender à otimização global, se tornando facilitadora no atendimento da visão sistêmica. DEFINIÇÃO: A visão holística significa observar ou analisar algo ou alguma área da vida de forma global, ou seja, como um todo e não de maneira fragmentada. Ao usar a abordagem holística para administrar um negócio, a organização garante que a empresa esteja em pleno potencial ao invés de simplesmente ter áreas fortes e frágeis. Logística Reversa14 Logística e Cadeia de Suprimentos O que seria uma cadeia de suprimentos, você já parou para pensar? Cadeia de suprimentos é o conjunto de atividades que integram canais de aquisição, produção, armazenamento e distribuição. Cada uma das etapas precisa ser planejada e controlada para que aconteçam sem danos às atividades subsequentes, com redução de custos e agregação de valor para os clientes finais sem perder a eficiência. Políticas básicas da Cadeia de Suprimentos: • O foco é a satisfação dos consumidores. • As estratégias são voltadas para conquistar a fidelidade dos consumidores finais. • Todas as atividades ligadas à continuidade do fluxo, desde o processamento de pedidos até a entrega precisam ser gerenciados de maneira eficiente e eficaz. Figura 1 – Cadeia de suprimentos Fonte: @freepik https://br.freepik.com/vetores-gratis/pacote-de-avatares-e-suprimentos-de-pessoas-de-negocios_5720549.htm Logística Reversa 15 Todas as partes envolvidas na cadeia de suprimento precisam ser acompanhadas por uma equipe de gestão bem desenvolvida. Porém, não podemos confundir cadeia de suprimentos com logística, ambas são atividades conectadas e dependentes entre si, porém a cadeia de suprimentos se responsabiliza por sistemas operacionais e métodos relacionados ao produto de forma direta ou indireta. Enquanto a logística, está preocupada com o deslocamento do produto desde a empresa até o cliente, sendo então, uma das etapas da cadeia de suprimentos. O que podemos concluir com estas informações? Que a Logística Reversa nada mais é do que uma parte da cadeia de suprimentos, com uma relevância que só aumenta nos últimos anos. A LR flui contra a corrente dos fluxos diretos, isto é, da ponta do consumo em direção ao fornecedor, pela cadeia de suprimentos, para que sejam reutilizados, reciclados ou reincorporados às mesmas cadeias de suprimentos ou a outras cadeias. Exemplificando: Resíduos reincorporados à mesma cadeia de suprimentos: latas de alumínio são coletadas após o uso e enviadas para virarem novas latas. Resíduos incorporados a outras cadeias de suprimentos: garrafas PET são recicladas e podem ser utilizadas, por exemplo, na produção de fibras têxteis. Práticas Operacionais Precisamos deixar claro que o conceito de sustentabilidade dentro das organizações produtivas começou a ser inserido pela obrigação legal em mitigar os impactos ambientais gerados e, posteriormente, de forma mais organizada e eficiente para redução de perdas e reaproveitamento de resíduos. Durante a fase de produção, a LR pode ser inserida como método de reaproveitamento de coprodutos e subprodutos. Após o consumo, a LR já funciona por meio do processamento de produtos usados com potencial de reuso como matéria-prima secundária. A partir daí, os departamentos Logística Reversa16 de gestão da produção e logística passaram a incorporar aspectos de sustentabilidade aos processos operacionais tradicionais. As técnicas usadas na gestão variam de acordo com o mercado de atuação, porém sempre com o objetivo de minimizar problemas entre fornecedores e consumidores. O desenvolvimento de novos sistemas e procedimentos para adequação da LR, assim como a diversidade de produtos e materiais, tem exigido um alto grau de coordenação na gestão, de maneira a formar uma rede com a participação de diversas empresas com funções desde o tratamento até a disposição final dos resíduos. Podemos apresentar as possíveis interações existentes entre os aspectos de gestão da LR da seguinte forma: Motivação • Externa: atendendo à Política Nacional de Resíduos Sólidos e a demanda dos consumidores. • Interna: financeira e ambiental. Tipo • Individual: só um setor participa. • Associativa: reunindo elos diferentes da cadeia produtiva. Gestão • Setor empresarial: reunido em uma unidade gestora. • Setor público: atuando na regulamentação e na fiscalização. Gerenciamento (compartilhado) • Fabricantes. • Importadores. • Governo. Relação com o mercado • Monopolista. • Competitivo. Logística Reversa 17 Dos desafios operacionais envolvidos para a implantação de Sistemas de Logística Reversa no Brasil podemos citar: 1. Modelo operacional: • Estabelecer parcerias com associações e cooperativas para suporteoperacional aos SLR. • Estabelecer um comitê de acompanhamento da implantação do sistema, de forma a implementar os ajustes necessários para a eficácia do modelo. • Detalhar o fluxo de informações e interfaces com o SINIR. • Detalhar as condições e o processo de formalização e cadastro das organizações gestoras. NOTA: SINIR – Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos. 2. Incentivo à Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I): • Fomentar a pesquisa para o desenvolvimento de novas técnicas de reciclagem. • Aplicações das matérias-primas recicladas e ecodesign. • Estabelecimento de taxas de reciclabilidade para as embalagens. • Definição de critérios de qualidade para produtos elaborados com matéria-prima secundária. • Criação de banco de dados para acesso às informações sobre o mercado de matéria-prima. • Promoção do mercado de matéria-prima secundária, com especificações técnicas e ambientais. Logística Reversa18 3. Infraestrutura: • Especificações técnicas para infraestruturas de descarte/recebimento e triagem. • Construção de um fluxo de LR sólido. • Necessidade de conhecimento sobre a capacidade do parque reciclador nacional. • Localização e qualificação das infraestruturas existentes, com reforço às capacidades instaladas para alguns setores. 4. Legislação Ambiental: • Definir condições técnicas para a certificação de recicladoras que comporão o sistema. • Definir critérios técnicos para o licenciamento ambiental dos pontos de recebimento/triagens e veículo dos SLR. Fatores que Influenciam a Eficiência da LR A eficiência do processo de LR vai depender do planejamento e do controle das áreas de gestão e logística, porém, alguns fatores podem ser identificados como sendo críticos na contribuição positiva no desempenho da LR, são eles: Controle de entrada: o estado dos materiais que retornam precisa ser identificado corretamente para, posteriormente, seguir o fluxo reverso ou não. Se o controle de entrada não for bem executado pode dificultar o processo subsequente, podendo ainda ser fonte de atrito entre consumidores e fornecedores. A chave para esta questão está no treinamento de pessoal. Exemplo: O controle de entrada identifica os produtos que podem ser revendidos, recondicionados ou totalmente reciclados. Padronização e mapeamento de processos: a LR precisa ter procedimentos e processos corretamente mapeados, formalizados e tratados como um processo regular para a empresa, pois só assim se obtém controle e melhoria contínua. Logística Reversa 19 Tempo de ciclos reduzidos: quanto maior o tempo do ciclo do produto, maior serão os custos desnecessários, pois ocorre atraso na entrada de capital em decorrência da venda do resíduo e ainda ocupa espaço na empresa. DEFINIÇÃO: Tempo de ciclo se refere ao tempo entre a identificação da necessidade de reciclagem, da disposição ou do retorno de produtos e seu efetivo processamento. Sistemas de informação: a aquisição ou o desenvolvimento de sistemas de informação é um grande desafio, porém passa a ser uma ferramenta fundamental para medir o tempo de ciclo, rastrear o retorno, medir o desempenho de fornecedores, obter informações para negociações e melhoria de desempenho. Os sistemas de LR exigem flexibilidade e níveis de variação que são difíceis de se obter no mercado. Rede logística planejada: é preciso implementar uma infraestrutura logística adequada para lidar com os fluxos de entrada de materiais usados e saída de materiais processados. Uma boa solução é a instalação de centrais dedicadas ao recebimento, à separação, ao armazenamento, ao processamento, à embalagem e à expedição de materiais retornados. Colaboração entre clientes e fornecedores: os conflitos relacionados à responsabilidade pelos danos do produto costumam ser comuns entre varejistas e indústrias. Varejistas culpam o transporte e a fabricação pelos defeitos, em contrapartida, os fornecedores suspeitam de abusos por parte dos varejistas, de modo a causar problemas de confiança em casos de devoluções. Para que o fluxo reverso seja eficiente e avance, é necessária uma relação colaborativa entre as partes envolvidas. SAIBA MAIS: tQuer saber mais sobre Logística Reversa? Recomendamos a leitura sobre algumas práticas operacionais. Fonte: https:// bit.ly/2RPwyOu https://bit.ly/2RPwyOu https://bit.ly/2RPwyOu Logística Reversa20 RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu tudo? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que LR é um processo de planejamento, implementação e controle de fluxos de matérias-primas, produtos e informações, que percorre o fluxo inverso da logística. Segundo a legislação ambiental, as empresas são responsáveis pelo destino final dos produtos pós-consumo e também pelos impactos que o mesmo provoca no meio ambiente. Podemos concluir que a LR flui da ponta do consumo em direção ao fornecedor, pela cadeia de suprimentos, para que os resíduos sejam reutilizados, reciclados ou reincorporados às mesmas cadeias de suprimentos ou a outras cadeias. Dentre desafios operacionais envolvidos para a implantação de Sistemas de Logística Reversa no Brasil, podemos citar: 1) modelo operacional. 2) Incentivo à Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I). 3) Infraestrutura. 4) Legislação Ambiental. Logística Reversa 21 Modelos de Gerenciamento de LR INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender como funcionam alguns modelos de gerenciamento em LR. Por meio destes modelos, as empresas são capazes de planejar e implantar sistemas adequados à sua atividade. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá!. Ter um negócio ambientalmente sustentável exige não só educação ambiental e boa vontade, mas também exige que o seu mercado de atuação seja competitivo e gere vantagens financeiras com a sua “marca verde”. Por que estou dizendo isso? Porque desenvolver um gerenciamento ambiental e colocá-lo em prática, requer custos adicionais para a empresa, desde maquinário, até a logística e a mão de obra especializada. Ser competitivo, neste caso, significa acima de tudo, gerenciar a cadeia de suprimentos e a logística de forma a manter em equilíbrio a manutenção dos padrões de desempenho ambiental e a necessidade de redução de custos. Para que o gerenciamento sustentável seja possível, é preciso que todos os envolvidos, fabricantes, transportadores e consumidores apoiem e adotem práticas mais eficientes. Em contrapartida, o poder público cobra por meio da criação de leis e normas ambientais, uma destinação correta dos resíduos com potencial para danos ambientais. O conceito cadeia de suprimentos foi desenvolvido nos anos de 1990, de maneira a ampliar a compreensão sobre as interações dos sistemas produtivos. Algumas interações ganharam mais espaço entre os consumidores e fornecedores (dentro do sistema produtivo) e entre o sistema produtivo e o meio ambiente (fora do sistema produtivo). Porém, a entrada do meio ambiente no sistema é de difícil contabilização, pela falta de mecanismos contábeis adequados a esta valoração. Logística Reversa22 NOTA: Assim como aspectos sociais e culturais, o meio ambiente é intangível. No intuito de aumentar a estruturação e diminuir as incertezas, novas variáveis passaram a ser desenvolvidas e incluídas na análise, e os limites foram expandidos para que as “externalidades” incorporadas possam ser componentes do sistema. Em relação à gestão ambiental, nem sempre é fácil a análise dos dados. Gerenciamento Cada setor produtivo deve desenvolver algumas ou todas as operações elencadas a seguir, dependendo da necessidade, da especialidade e da capacitação dos recursos humanos envolvidos: 1. Planejamento do processo – definição do escopo do processocom a definição dos produtos e materiais pós-consumo a serem processados. 2. Planejamento da cadeia – na logística reversa os consumidores e fornecedores ainda não se encontram estabelecidos ou atuando de forma colaborativa. Com isso, a identificação, contratação e capacitação de parceiros passam a ser etapas preliminares do processo. 3. Projeto de Logística Reversa: esta etapa requer algumas atividades: a. Identificação ou estimativa da frequência de descarte e dos volumes gerados por tipo de produto. b. Definição de rotas e meios de transporte para o recolhimento do produto ou material pós-consumo. c. Definição dos volumes mínimos a serem coletados e a frequência de coleta. Logística Reversa 23 d. Definição de etapas de pré-processamento como triagem ou desmontagem (total ou parcial). e. Definição sobre a necessidade de pontos de transbordo. f. Estabelecimento de parcerias para redução dos custos ou da redução do tempo de processamento. g. Definição dos procedimentos de destinação. IMPORTANTE: Os modos e as rotas de transportes precisam ser estabelecidos de forma eficiente, de modo a não impactar a viabilidade econômica do sistema. 4. Coleta: inicialmente, se pressupõe que seja a identificação das fontes geradoras, dos tipos de materiais e volumes gerados. Em seguida, vem a assistência técnica, devolução diretamente pelo consumidor ou por meio de cooperativas, associações e catadores independentes. De acordo com a cadeia produtiva, a coleta pode ser realizada a partir de Postos de Entrega Voluntária (PEV), ou com parcerias com empresas que já possuem grande conhecimento em operações de Logística Reversa, como os Correios. 5. Triagem: é a seleção manual ou mecânica de materiais, componentes e produtos, para que seja identificada sua aptidão ao reuso ou revenda imediata. 6. Teste: em caso de componentes e produtos aptos ao reuso e à revenda após o recondicionamento. Para dar continuidade ao processo, é preciso que o produto tenha as condições mínimas de funcionalidade e verificação dos critérios de segurança. 7. Armazenagem: às vezes é necessária a armazenagem para se atingirem os volumes mínimos viáveis economicamente para os processos de transporte e reciclagem. Para os demais processos, essa atividade pode ser suprimida. Logística Reversa24 8. Recondicionamento: é o processo de limpeza e reparo com o objetivo de restaurar as funcionalidades de componentes ou produtos danificados. Componentes recondicionados atuam como componentes no recondicionamento de outros produtos pós- consumo. Em alguns casos, esta etapa já faz parte da etapa de remanufatura. 9. Remanufatura: é o reparo e a manutenção dos equipamentos, das peças ou das partes, com o objetivo de restaurar as especificações do produtor, do fabricante ou do montador do produto final. Geralmente, são serviços prestados por terceiros e os produtos chegam a ser comercializados com garantias dos próprios fabricantes ou de terceiros. 10. Manufatura reversa: consiste no conjunto de processos constituídos, algumas ou todas das seguintes etapas: recebimento de produtos e materiais pós-consumo, armazenagem, pré-processamento, processamento, desmontagem, descaracterização, rastreabilidade, balanço de massa, gestão de estoque e venda. 11. Revenda: pode ocorrer a partir de quatro canais: • Pós-consumo a partir do fabricante – empresas atuantes em modalidades de aluguel ou comodato de seus equipamentos realizam a revenda destes após manutenção ou reparos. Exemplificando: empresa Xerox e suas copiadoras. • Pós-consumo a partir do consumidor – é um mecanismo ainda pouco utilizado em função da grande variação dos preços praticados e do custo do transporte, pois o consumidor anuncia o produto ou material por meio de bolsas de resíduos. • Pós-venda – ocorre quando os produtos são devolvidos aos fabricantes (por diversos motivos) e esses realizam a triagem, a destinação e a revenda com ou sem a desmontagem do produto. A assistência técnica nada mais é do que um segmento produtivo credenciado para a revenda de produtos remanufaturados. Essa alternativa está em crescimento no setor de equipamentos eletroeletrônicos. O Logística Reversa 25 credenciamento, em alguns casos, inclui a emissão de Nota Fiscal e concessão de garantia na revenda para produtos que passaram por reparos ou foram remanufaturados. 12. Destinação: quando ocorre confirmação da impossibilidade de reuso direto ou indireto (mediante testes e recondicionamento), o produto, os seus componentes ou os materiais seguem para destinação, que de acordo com a PNRS, pode ser reuso, reciclagem, incineração e disposição final em aterro. A forma da destinação vai depender da composição, do volume, da condição e da proximidade de unidades de reprocessamento. As métricas de avaliação de desempenho são importantes para o gerenciamento de processos logísticos. A seguir, temos alguns exemplos das métricas mais comuns: • Nível de emissões, efluentes e volume de resíduos sólidos gerados pelos processos logísticos. • Custos logísticos. • Nível de utilização e eficiência dos recursos logísticos. • Disponibilidade e demanda sobre os recursos logísticos. • Nível de serviço logístico, com o objetivo de avaliar o desempenho logístico como, disponibilidade de materiais nos pontos de uso, tempo de resposta a solicitações dos clientes, capacidade de customização de serviços, serviços agregados, entre outros. Podemos dizer, então, que para uma gestão logística eficaz dos recursos, das operações e dos processos, o gestor precisa ter não apenas o conhecimento técnico, mas também o conhecimento dos mecanismos legais e normativos relacionados ao setor produtivo em questão e do uso de sistemas de registro e processamento de informações. Logística Reversa26 Exemplo dos Correios Correios é uma empresa pública federal fundada em 1969, que tem como atividade principal o serviço de remessa de documentos e mercadorias. NOTA: É a única empresa brasileira presente em todos os municípios do país. Podemos dizer que a empresa possui uma estratégia de negócios focada na Logística Reversa, pois a capilaridade da cobertura logística e a confiabilidade dos seus serviços representam um grande diferencial no gerenciamento de canais. O Correios Log, como é chamado, funciona desde 2002 oferecendo soluções de logística integrada e por meio de contratos customizados, é possível fazer uso de serviços de recolha de produtos, principalmente, de pós-venda. Outro serviço disponível desde 2006 é a Logística Reversa em Agência (LRA), que faz remessas de um determinado produto para sua unidade processadora. Outro produto oferecido é o de coletar o produto de retorno simultaneamente à entrega do substituto, sem ônus para o remetente, este serviço é chamado Logística Reversa Simultânea, e pode ser domiciliar (LRSD) ou na agência (LRSA). Com essa forma inovadora, a empresa Correios usou toda sua experiência na logística direta para adequar seus processos à Logística Reversa. Em linhas gerais, os procedimentos são os mesmos, porém com o diferencial tecnológico propiciado pelo Sistema de Coleta – SCOL, que permite a identificação, o monitoramento e o rastreamento das remessas nos canais reversos. É uma maneira de atender não somente ao cliente, Logística Reversa 27 mas principalmente às exigências legais e normativas no que tange à responsabilidade compartilhada nos fluxos reversos. Os pedidos para a prestação do serviço podem ser realizados via internet, em qualquer dia e horário, pelos próprios clientes de contrato. O prazo para a coleta é definido de acordo com o porte dos municípios. D+1 para municípios com mais de 50.000 habitantes e D+2 para municípios com menos de 50.000 habitantes. Um diferencial interessante iniciado pelos Correios foi a possibilidade de rastrear os itens postados, agregando valorpara qualquer Sistema de Logística Reversa, uma vez que identifica de maneira eficiente a responsabilidade em caso de infração ou irregularidades ao longo do Sistema. Figura 2 – Correios Fonte: @freepik Os Correios conquistaram, ao longo do tempo, credibilidade por parte de outras empresas de diferentes portes e segmentos. Entre os principais clientes que contrataram o serviço de logística reversa pós- venda e pós-consumo, podemos citar: • Natura – devolução de produtos recusados por clientes, com retorno via consultora ou diretamente para a empresa. Logística Reversa28 • Multibrás – processo que prevê a coleta, conforme padrão estabelecido, de eletrodomésticos e peças defeituosas comercializadas pela Consul e Brastemp. • Empresas de e-commerce – contrato para o retorno de produtos comercializados pela Submarino, Americanas.com, Mercado Livre, entre outros. SAIBA MAIS: Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos a leitura do artigo a seguir. Modelo de Gerenciamento da Logística Reversa acessível. Fonte: https://bit.ly/32T4EHY RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu tudo? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter percebido que desenvolver um sistema de gerenciamento ambiental e colocá-lo em prática requer custos adicionais para a empresa, desde maquinário, até a logística e a mão-de-obra especializada. Para que seja possível, é preciso que todos os envolvidos, fabricantes, transportadores e consumidores apoiem e adotem práticas mais eficientes. Cada setor produtivo deve desenvolver alguma das seguintes operações: Planejamento do Processo, Planejamento da cadeia, Projeto de Logística Reversa, Coleta, Triagem, Teste, Armazenagem, Recondicionamento, Remanufatura, Manufatura Reversa, Revenda (pós-consumo a partir do fabricante, pós-consumo a partir do consumidor, pós-venda) e Destinação. Podemos concluir que para uma gestão logística eficaz dos recursos, operações e processos, o gestor precisa ter, não apenas o conhecimento técnico, mas também o conhecimento dos mecanismos legais e normativos relacionados ao setor produtivo em questão e do uso de sistemas de registro e processamento de informações. https://bit.ly/32T4EHY Logística Reversa 29 Exemplos de Gerenciamento em LR INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender como funciona na prática o gerenciamento de LR em algumas empresas. Você vai perceber que cada empresa adota o sistema que mais se adapta aos seus custos e à sua logística. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá!. Durante muito tempo, todos nós jogamos no lixo bilhões de dólares, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) em recursos que deixamos de ganhar com o reaproveitamento de resíduos ou com a venda de insumos para a reciclagem (plásticos, alumínio e vidro). EXPLICANDO MELHOR: Percebemos que esta postura, além dos prejuízos financeiros, sempre agravou problemas e tragédias relacionadas ao meio ambiente. Por exemplo: as garrafas PET e as sacolas plásticas, em dias de chuva, causam grandes estragos nas nossas cidades. Para uma empresa e para a sociedade, o desenvolvimento de Sistemas de Logística Reversa, vem sendo um meio sustentável e rentável de se trabalhar com a redução, reutilização e reciclagem, e ainda, uma maneira de se adequar às leis ambientais e conquistar novos consumidores. Pensando nisso, muitas empresas já têm em pleno funcionamento Sistemas eficientes. A seguir, listaremos algumas: Logística Reversa30 McDonald’s O óleo de soja é um elemento essencial para o funcionamento de um dos fast-foods mais conhecidos no mundo. E, pensando nisso, a rede teve uma ideia interessante quanto à sua reutilização aqui no Brasil. Fez um convênio com a empresa Martin-Brower e desenvolveu uma técnica de Logística Reversa que funciona da seguinte maneira: os caminhões que abastecem as filiais com alimentos recolhem todo o óleo usado para análise, depois o óleo é encaminhado para uma usina que os transforma em biocombustível, que é utilizado para reabastecer os próprios caminhões da empresa. Figura 3 – Reciclagem do óleo usado na rede Fonte: @freepik Grupo Pão de Açúcar Podemos dizer que o Grupo Pão de Açúcar foi um dos pioneiros em ações de sustentabilidade e atualmente conta com o maior programa privado de reciclagem do país. Em 2001, o grupo criou estações de recebimento de materiais recicláveis (metal, papel vidro, óleo de cozinha, plástico e papel), e receberam desde o seu lançamento, mais de 30 mil toneladas de resíduos, que são destinadas a cooperativas, destes 50% Logística Reversa 31 em papel, 22% em plástico, 22% em vidro, além de alumínio, metal e óleo usado. Em 2008 foi criado um programa de reciclagem pré-consumo, chamado “Caixa verde”, no qual os clientes podem depositar as embalagens de produtos adquiridos nas lojas antes de levá-los para casa. Exemplificando: Você compra uma pasta de dentes, e então pode descartar a caixinha para reciclagem já na saída do caixa, levando para casa apenas a bisnaga. Em parceria com a NOKIA, foi criado em 2010 o “Alô Recicle”, para recolhimento de celulares, baterias e acessórios, encaminhados para reciclagem. Figura 4 – Estação de coleta de material reciclável Fonte:https://bit.ly/3hRqC2i NOKIA O programa da NOKIA para reciclagem se chama “we:recycle” e funciona no mundo inteiro sendo responsável pela coleta de aparelhos de qualquer marca, estando presente em 85 países. O projeto não possui dados recentes, mas foi responsável pelo recolhimento de mais de 4 milhões de aparelhos em todo o mundo, porém calcula-se que apenas 2% dos usuários de celular no Brasil façam uso da reciclagem de aparelhos. https://bit.ly/3hRqC2i Logística Reversa32 IMPORTANTE: 80% de um celular pode ser reciclado, e entre os materiais podemos citar metais, cobre, platina, prata e plásticos. Figura 5 – Reciclagem de celular Fonte: @pixabay HP A HP criou um programa chamado HP Planet Partners Brasil para os clientes que quiserem enviar seus cartuchos e toners usados, de forma a devolvê-los para a empresa ao invés de descartar em lixos comuns. Há 50 pontos de coleta no Brasil. Após a coleta, todo o material é enviado para o centro de reciclagem da empresa, para que haja o processamento do material. Tampas, componentes eletrônicos e espuma são separadas. Os cartuchos e as peças plásticas são triturados até virarem pó, para então serem enviadas ao Canadá e usados na fabricação de novos https://pixabay.com/pt/photos/reciclagem-telefone-celular-2978601/ Logística Reversa 33 cartuchos. No Brasil, hoje em dia, algumas impressoras já possuem 50% de plástico reciclado em sua composição. Figura 6 – Sistema de reciclagem eletrônico Fonte: @pixabay Setor de Cosméticos Boticário A LR dos seus produtos é feita por meio do Programa de Reciclagem de Embalagens, no qual as embalagens pós-consumo podem ser devolvidas em qualquer loja do grupo, e enviadas para 21 cooperativas credenciadas em todo o país, em que os resíduos se tornam matérias- primas para outros processos. A empresa possui mais de 4 mil pontos de coleta em todo o Brasil e o resultado do sucesso se deve à parceria e ao engajamento dos franqueados e das suas transportadoras. Natura O programa Elos existe desde 2007 e possui a responsabilidade compartilhada entre os fornecedores de embalagem e a Natura, que além https://pixabay.com/pt/vectors/lixo-eletr%C3%B4nica-bin-reciclar-296550/ Logística Reversa34 de recolher as embalagens pós-consumo, realiza estudos de rastreamento e monitoramento do ciclo de vida das embalagens recicláveis. Além disso, a Natura aponta alguns temas prioritários em sustentabilidade associados à sua estratégia: Biodiversidade – o uso sustentável da biodiversidade é a principal plataforma tecnológicada Natura, e esse objetivo tornou-se mais evidente a partir do ano de 2000, com o lançamento da linha Ekos. O aprendizado e os resultados associados à gestão da linha Ekos têm consolidado na empresa uma especial atenção à região amazônica. Embora ativos da biodiversidade encontrados em outras regiões do país sejam utilizados nessa e em outras linhas de produtos, a região amazônica desempenha um papel relevante no portfólio de ativos. Amazônia: Programa Amazônia, “[...] um plano que busca incentivar a criação de cadeias sustentáveis e de novos negócios a partir da ciência, da inovação e do empreendedorismo, além do patrimônio natural e cultural da região”. Gases do Efeito Estufa (GEE) – em 2007, a empresa criou o Programa Carbono Neutro, por meio do qual concentra seus compromissos em relação à gestão das emissões de GEE que decorrem do negócio. A compensação/neutralização de emissões de GEE se dá mediante o apoio a projetos socioambientais, cuja implantação resulta em redução de emissões em atividades não relacionadas à operação da empresa. Em 2008, o resultado do inventário aponta para pouco mais de 188 mil toneladas de CO2 e de emissões absolutas (ou 3,57 kg de CO2 e/kg produto), considerando-se não apenas as operações da empresa em suas unidades (17% das emissões), mas também etapas à montante e à jusante de sua posição na cadeia: 1. Extração e transporte de matérias-primas e embalagens (38%). 2. Processos internos de beneficiamento e manufatura que se dão nos fornecedores e transporte até a Natura (9%). 3. Transporte de mercadorias desde a Natura até as CN, e então, até os consumidores (16%). 4. Descarte final de produtos e embalagens (20%). Logística Reversa 35 Impacto dos produtos – quanto ao impacto dos seus produtos, a abordagem da Natura considera todo o ciclo de vida do produto: busca- se a redução de impactos causados ao longo da produção, distribuição e consumo das mercadorias da empresa, sendo prioridades: a gestão de resíduos sólidos e o consumo de água. Avon O programa adotado pela Avon é denominado Dê a Mão para o Futuro: Reciclagem, Trabalho e Renda (DAMF) e já encaminhou mais de 110 mil toneladas de resíduos de cosméticos para a reciclagem, colaborando com mais de 128 cooperativas. Unilever A Unilever é uma empresa que fabrica produtos das marcas como Seda, Clear, Rexona, Lux, entre outros, e seu Sistema de Logística Reversa consiste em coletar as embalagens pós-consumo e enviar para reciclagem. Figura 7 – Logística Reversa de embalagens Fonte: @freepik Logística Reversa36 Pneus Bridgestone A empresa recebe pneus em final de sua vida útil e aplica o conceito de LR. A borracha dos pneus passa por um processo de trituração e picotagem, sendo de baixa qualidade para fabricação de novos pneus, porém pode ser usada em solados de sapatos, borracha para vedação, peças para reposição, asfalto e indústria automobilística. Figura 8 – Sistema de LR de pneus Fonte: @pixabay Suzano Papel e Celulose A Suzano foi a primeira empresa brasileira a produzir papel reciclado em escala industrial e, possui desde 2007, o Programa Investimento Reciclável e conta com diversas cooperativas de catadores. Em 2011 a empresa comercializou 1,3 milhões de toneladas de papel e lançou um material feito com pelo menos 30% de aparas pós-consumo de embalagem longa vida em parceria com a Tetra Pak. A Ciclo, uma empresa do segmento de telhas para a construção civil, é parceira neste projeto, e com associações e cooperativas de catadores. Estima-se que o polietileno e o alumínio recuperados das embalagens longa vida Tetra Pak sejam da ordem de 250 toneladas por mês e são utilizadas na fabricação de telhas. https://pixabay.com/pt/photos/pneus-pneus-usados-pfu-lixo-1846674/ Logística Reversa 37 Philips Há mais de 30 anos, a Philips vem trabalhando em um programa para reduzir o descarte inadequado de lixo eletrônico. A empresa tem postos de coleta em vários lugares credenciados espalhados pelo Brasil, em que é possível descartar lâmpadas, aparelhos e pilhas. Após o recolhimento, a empresa analisa os resíduos para decidir se serão reutilizados ou descartados. Coca-Cola A Coca-Cola é uma empresa que possui seu SLR muito bem estabelecido. As garrafas PET começaram a ser vendidas a partir de 1978 e se tornaram muito populares, porém, devido ao volume que ocupam em aterros e sua destinação inadequada, acabaram se tornando um produto muito criticado. Nas últimas décadas, a Coca-Cola experimentou três tipos principais de embalagem para o envase e a comercialização do refrigerante. As embalagens PET, de vidro, e as de alumínio. As garrafas PET são vantajosas porque acarretam economia de combustível e emissões reduzidas pelo transporte mais “leve” de um mesmo volume da bebida transportada em garrafas de vidro. Em 2007, a ANVISA, autorizou a produção de novas embalagens PET a partir de resina de PET reciclada, o que significou em um aumento em 15% na reciclagem de garrafas no país, disseminando a atuação de catadores. As embalagens de vidro apresentam vantagens e desvantagens em relação à garrafa em PET, em que as embalagens de vidro representam mais alto custo logístico em função do peso, mais alto consumo de combustível e maior ocorrência de quebras, com perdas de embalagem, e ainda tendem a ser banidas de grande parte dos eventos e áreas públicas por conta do risco de quebra e acidentes com o vidro. Como vantagem tem-se a preservação do gás da bebida e a possibilidade de reuso. No ano de 2000 a Coca-Cola lançou uma garrafa de vidro com especificações melhoradas (40% mais resistente e 20% mais leve) com o objetivo de atender a critérios de sustentabilidade e, com isso, conquistar um público diferenciado. Logística Reversa38 Por fim, as embalagens em alumínio possuem baixo peso (um pouco superior ao da embalagem em PET), são facilmente compactadas e apresentam maior potencial de reciclabilidade que a embalagem PET, considerando-se aspectos técnicos e mercadológicos. Em relação à LR dessas embalagens, as embalagens em alumínio parecem apresentar a maior vantagem. Em segundo lugar estariam as embalagens de vidro, apesar do impacto negativo em processos da logística reversa e em terceiro lugar, as embalagens em PET em razão do volume que ocupam e de restrições quanto à reciclagem da resina. IMPORTANTE: Não são apenas os fatores logísticos que norteiam o processo decisório. O mercado asiático, por exemplo, prefere embalagens de vidro a outros tipos de materiais, enquanto nos Estados Unidos, o consumo de plástico é bastante expressivo e corresponde mundialmente a um mercado de mais de US$ 23 bilhões em 2010. Figura 9 – Variedade de garrafas plásticas Fonte: @freepik Logística Reversa 39 SAIBA MAIS: Quer se aprofundar sobre o tema LR nas empresas brasileiras? Recomendamos a leitura do artigo: As 50 empresas do Bem. Fonte: https://bit.ly/3kHmQu9 RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu tudo? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que para uma empresa e para a sociedade o desenvolvimento de Sistemas de Logística Reversa vem sendo um meio sustentável e rentável de se trabalhar com a redução, reutilização e reciclagem, e ainda, uma maneira de se adequar às leis ambientais e conquistar novos consumidores. Vamos citar alguns exemplos: McDonald’s – desenvolveu uma técnica de logística reversa para transformar o óleo de soja usado em biocombustível para seus próprios caminhões. Grupo Pão de Açúcar – grupo criou estações de recebimento de materiais recicláveis, programa de reciclagem pré- consumo e “Alô Recicle. NOKIA – programa “we:recycle”. HP – coleta de cartuchos e toners usados, Setor de Cosméticos – reciclagem de embalagens e maquiagens pós-consumo, diminuição de GEE e cuidados com a Amazônia, Pneus Bridgestone – LR com a borrachados pneus usados. Suzano Papel e Celulose – reciclagem de papel e embalagens Tetra Pak. Philips – reciclagem de lâmpadas, aparelhos e pilhas usadas. Coca-Cola – desenvolvimento de embalagens menos danosas ao meio ambiente. https://bit.ly/3kHmQu9 Logística Reversa40 Coprocessamento INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender como funciona o coprocessamento. Isto será fundamental para entender as opções existentes para o descarte de rejeitos. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá! Percebemos com o andamento do nosso estudo que a produção e o descarte de resíduos sólidos são grandes desafios da nossa sociedade atual. O crescimento populacional associado ao crescimento econômico e aos avanços tecnológicos vem levando a uma maior produção industrial, maior geração de resíduos e com maior uso dos nossos escassos recursos naturais. Graças à facilidade de comprar e descartar, muitos produtos são jogados fora antes do fim de sua vida útil, aumentando ainda mais a carga de resíduos sólidos. A PNRS é uma lei que vem colaborando com o desenvolvimento de novas metodologias para o descarte e reaproveitamento dos resíduos, pois passou a responsabilizar as empresas pelo impacto ambiental provocado pelos resíduos gerados durante o seu processo produtivo. A busca por soluções e inovações para o manejo e para a destinação final de resíduos não pode parar, pois o crescimento populacional continua constante e o desenvolvimento dos setores industriais também. Uma excelente saída tem sido reutilizar os resíduos de matéria-prima, seja na própria indústria ou em colaboração com outras, com o intuito de diminuir custos e reduzir os impactos ambientais. Logística Reversa 41 Figura 10 – Esquema de coprocessamento em forno de cimento Fonte: @freepik Definição O coprocessamento pode ser definido como a integração de dois processos: 1. Queima de resíduos sólidos industriais que seriam descartados em aterros sanitários. 2. Fabricação de itens que precisam de altas temperaturas em seus processos produtivos. Podemos citar como exemplo a destruição sustentável de resíduos urbanos e provenientes do agronegócio em fornos de cimento. Uma vez que substitui matérias-primas e combustíveis tradicionais usados na fabricação do cimento, e dá uma destinação adequada para resíduos perigosos, contribuindo para a preservação do planeta e dos seus recursos naturais. Logística Reversa42 Pelos pontos de vista econômico, ambiental e de saúde humana, o coprocessamento surge como uma alternativa realmente interessante. Fabricação Convencional de Cimento Antes de avançarmos na técnica de coprocessamento, vamos dar uma pequena revisada no processo convencional de produção de cimento e o porquê de provocar tantos impactos ambientais negativos? O cimento é um material fundamental para as cidades e suas construções, porém sua fabricação não é simples e requer muita energia e o uso de diferentes mecanismos. Suas principais matérias-primas são: calcário e argila, ambos extraídos da natureza. NOTA: A argila e o calcário, embora extraídos da natureza, ainda podem ser encontrados em abundância. A produção do cimento na maioria das indústrias brasileiras é conhecida como via seca, e segue as seguintes etapas: • Moagem e homogeneização das matérias-primas como calcário (94%), a argila (4%) e quantidades menores de óxidos de ferro e alumínio (2%) até a obtenção de um pó fino, chamado de farinha crua. • A farinha fina é introduzida em forno rotativo onde é aquecido até uma temperatura de 1500 °C para clinquerização. • Resfriamento do clínquer. • Moagem do clínquer para adição de gesso (gipsita) e outras adições (calcário, pozolana ou escória) para a obtenção do cimento. • Ensacamento e expedição do produto final para comercialização. Logística Reversa 43 DEFINIÇÃO: O clínquer é definido como o cimento numa fase básica de fabrico, a partir do qual se fabrica o cimento, habitualmente com a adição de sulfato de cálcio, calcário e/ou escória siderúrgica. Figura 11 – Fabricação de cimento Fonte: @freepik Danos Ambientais Vamos começar listando os danos ambientais que podem ser causados durante a primeira etapa do processo, a extração das matérias- primas nas pedreiras. Há risco de impactos físicos como desmoronamentos das pedreiras e erosões devido às vibrações do terreno. Logística Reversa44 Pode acontecer aprofundamento de cursos d’água nos rios onde ocorre a extração da argila, levando a diminuição da quantidade de água nos leitos e causando danos aos habitats naturais existentes, diminuindo a biodiversidade das regiões. Os fornos que produzem o clínquer são alimentados por combustíveis provenientes de fontes não renováveis, como carvão e o coque de petróleo, muito usados pelo alto poder calorífico e baixo custo de aquisição. NOTA: Coque de petróleo é um material negro granular brilhante constituído por carbono (90 a 95%) e enxofre (5%). A produção de clínquer não gera resíduos sólidos diretamente, pois as cinzas provenientes da queima são incorporadas no próprio clínquer, porém há uma grande emissão de poluentes gasosos, como óxido de enxofre, óxido de nitrogênio, monóxido de carbono e, principalmente CO2, e ainda material particulado composto de chumbo, sendo todos eles poluentes. Estima-se que a indústria cimenteira contribua com 5% das emissões globais de CO2. Um grande estudo realizado mostrou que a produção de uma tonelada de clínquer seja a responsável pela emissão de uma tonelada de CO2. Com todos esses danos ambientais causados, o desenvolvimento do coprocessamento de resíduos na indústria cimenteira é uma solução social e ambientalmente adequada para resíduos provenientes de diversos processos industriais, além de reduzir o custo da produção com o reaproveitamento de matéria-prima. Logística Reversa 45 Coprocessamento A Resolução do CONAMA no 264/1999 estabelece duas classes de resíduos que podem ser coprocessados em processos industriais: resíduos que possam substituir matérias-primas e resíduos altamente energéticos que possam ser usados como combustíveis alternativos. Os materiais utilizados precisam possuir alto poder calorífico e total eliminação após a queima, e precisam ser rejeitos ou não possuir outro aproveitamento econômico. Existe uma grande variedade de resíduos que podem ser usados como substitutos de combustível e matérias-primas, entre eles: Combustíveis • Solventes, resíduos oleosos e resíduos têxteis. • Óleos usados (de carro e fábricas). • Pneus usados e resíduos de picagem de veículos. • Graxas, lamas de processos químicos e de destilação. • Resíduos de empacotamento e de borracha. • Resíduos plásticos de serragem e de papel. • Lama de esgoto, ossos de animais e grãos vencidos. • Resíduos do agronegócio. • Combustíveis derivados de resíduos urbanos. Matéria-prima • Lama com alumina (alumínio). • Lamas siderúrgicas (ferro). • Areia de fundição (sílica). • Terras de filtragem (sílica). • Refratários usados (alumínio). • Resíduos da fabricação de vidros (flúor). Logística Reversa46 • Gesso, cinzas e escórias. • Resíduos da perfuração de poços de petróleo. • Solos contaminados dos postos de combustíveis. Figura 12 – Exemplos de materiais que podem participar do processo de coprocessamento Fonte: @freepik Quando falamos em segurança, também podemos citar o coprocessamento como uma atividade mais segura para o trabalhador e para toda a comunidade. Entre as vantagens, podemos citar: • Atendimento à legislação ambiental existente. • Procedimento de aceitação e controle de resíduos. • Garantia da qualidade do clínquer coprocessado. • Garantia do processo produtivo. • Controle e proteção da saúde do trabalhador. https://br.freepik.com/vetores-gratis/conjunto-de-pilhas-de-material-de-construcao_5585200.htm Logística Reversa47 • Sistemas de proteção ambiental como filtros de alta eficiência controlam a emissão de material particulado na atmosfera, além do monitoramento das emissões de outros poluentes que garantem proteção à comunidade e aos trabalhadores das áreas de processamento. Vantagens do Coprocessamento Vantagens Ambientais • Preservação dos recursos naturais. • Redução das emissões dos gases que causam efeito estufa. • Diminuição do passivo ambiental. • Possibilidade de crescimento de outras tecnologias adequadas de destinação. Vantagens sociais • Geração de empregos diretos e indiretos. • Contribuição para a erradicação dos lixões e melhoria da saúde. Vantagens econômicas • Aumento da vida útil de aterros sanitários. • Diminuição dos custos de energia térmica. Coprocessamento de Pneus Atualmente, os pneus inservíveis são os principais resíduos utilizados no Brasil para o coprocessamento. É um tipo de iniciativa que vem amenizando problemas de saúde pública e ambientais. DEFINIÇÃO: Pneus inservíveis são pneus cuja vida útil terminou e que precisam ser descartados em um ambiente correto de modo que não cause o desequilíbrio ecológico e ambiental. Logística Reversa48 Os pneus demoram até 100 anos para se degradar, e por isso, são considerados além de um grande problema ambiental, um problema de saúde pública, pois são capazes de acumular água e desenvolver larvas de mosquitos causadores de doenças. A técnica de coprocessamento é, então, a melhor alternativa para a destruição definitiva de pneus sem condições de uso. Um único forno, com capacidade de produção diária de duas mil toneladas de clínquer pode consumir até quarenta mil pneus por dia. Figura 13 – Exemplo de coprocessamento com pneus Fonte: @freepik Estatísticas Entre os anos de 2000 e 2017 houve um aumento em cinco vezes na destruição de resíduos com uso de fornos de cimento, o que nos leva a constatar a importante evolução no coprocessamento, em 2017 foi o alcance de um patamar de 1.172 toneladas de resíduos coprocessados. https://br.freepik.com/fotos-gratis/feche-a-linha-de-pneus_5752344.htm Logística Reversa 49 SAIBA MAIS: Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos a leitura do artigo: O que é coprocessamento e quais suas vantagens ambientais? Fonte:https://bit.ly/2ROp3HK RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu tudo? Você deve ter aprendido que a busca por soluções e inovações para o manejo e destinação final de resíduos não pode parar, e uma excelente saída tem sido reutilizar os resíduos de matéria-prima. O coprocessamento pode ser definido como a integração de dois processos: 1) Queima de resíduos sólidos industriais que seriam descartados em aterros sanitários. 2) Fabricação de itens que precisam de altas temperaturas em seus processos produtivos. A produção do cimento é conhecida como: via seca, e segue as seguintes etapas: moagem e homogeneização das matérias-primas, clinquerização, resfriamento do clínquer, moagem do clínquer para adição de gesso e ensacamento. O coprocessamento de resíduos na indústria cimenteira é uma solução social e ambientalmente adequada, entre suas vantagens podemos citar: preservação dos recursos naturais, redução das emissões dos gases que causam efeito estufa, diminuição do passivo ambiental, possibilidade de crescimento de outras tecnologias adequadas de destinação, geração de empregos diretos e indiretos, contribuição para a erradicação dos lixões e melhoria da saúde, aumento da vida útil de aterros sanitários e diminuição dos custos de energia térmica. https://bit.ly/2ROp3HK Logística Reversa50 REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND. Panorama do Coprocessamento 2019, 2017. COUTO, M. C. L.; LANGE, L. C. Análise dos sistemas de logística reversa no Brasil. Engenharia Sanitária Ambiental, 22 (5), 889-898, 2017. DOI: 10.1590/ S1413-41522017149403. E-CYCLE. O que é coprocessamento e quais suas vantagens ambientais? Disponível em: https://www.ecycle.com.br/5918-coprocessamento.html. Acesso em: 28 ago. 2020. HERNÁNDEZ, C. T.; MARINS, F. A. S.; CASTRO, R. C. Modelo de gerenciamento da Logística Reversa. Gest. Prod., 19 (3), 445-456, 2012. LACERDA, L. Logística reversa: uma visão sobre os conceitos básicos e as práticas operacionais. Disponível em http://www.ecodesenvolvimento. org/biblioteca/artigos/logistica-reversa-uma-visao-sobre-os-conceitos. Acesso em: 28 ago. 2020. XAVIER, L. H.; CORRÊA, H. L. Sistemas de logística reversa: criando cadeias de suprimento sustentáveis. 2013. Disponível em: https://www. scribd.com/document/416225139/SistemasdeLogisticaReversa2013-pdf. Acesso em: 28 ago. 2020. https://www.ecycle.com.br/5918-coprocessamento.html http://www.ecodesenvolvimento.org/biblioteca/artigos/logistica-reversa-uma-visao-sobre-os-conceitos http://www.ecodesenvolvimento.org/biblioteca/artigos/logistica-reversa-uma-visao-sobre-os-conceitos https://www.scribd.com/document/416225139/SistemasdeLogisticaReversa2013-pdf https://www.scribd.com/document/416225139/SistemasdeLogisticaReversa2013-pdf Carolina Galvão Sarzedas Livro Didático Digital Unidade 4 Livro Didático Digital Carolina Galvão Sarzedas Logística Reversa Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autora CAROLINA GALVÃO SARZEDAS A AUTORA Carolina Galvão Sarzedas Olá. Meu nome é Profª Drª Carolina Galvão Sarzedas. Sou formada em Ciências Biológicas, com mestrado e doutorado em Ciências e com experiência técnico-profissional na área de meio ambiente há mais de 18 anos. Minha formação acadêmica começou na UFRJ, onde me apaixonei pela Ciência e pela Educação. Tenho experiência tanto na área de orientação acadêmica quanto na produção de material didático para grandes empresas de Educação. Pelos motivos citados, fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar o seu time de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: INTRODUÇÃO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Economia Circular ....................................................................................... 12 Economia Linear .............................................................................................................................. 12 Economia Circular ........................................................................................................................... 14 “Do Berço ao Berço” ................................................................................................... 16 Implantação da Economia Circular ................................................................................... 17 Modelos de Negócios Circulares ..........................................................21 Transição ................................................................................................................................................ 21 Produto como Serviço ..............................................................................................22 Compartilhamento ......................................................................................................23 Insumos Circulares ......................................................................................................24 Recuperação de Recursos ....................................................................................26 Virtualização ....................................................................................................................28 Ecologia Industrial .....................................................................................30 Introdução ............................................................................................................................................ 30 Ecossistemas Naturais................................................................................................................. 31 Ecossistemas Industriais ............................................................................................................ 31 Funcionamento de Ecossistemas Industriais .............................................................33 Mecanismos de Implementação ......................................................................34 Pesquisa ..............................................................................................................................35 Educação .......................................................................................................................... 36 Comunicação ................................................................................................................. 36 Políticas .............................................................................................................................. 36 Financiamento ................................................................................................................37 Exemplos de Ecoparque Industrial Kalundborg (Dinamarca) .........................37 TI Verde ...........................................................................................................42 Introdução .............................................................................................................................................42 Práticas de TI Verde .......................................................................................................................43 Vantagens na Área de TI Verde ............................................................................................45 Estratégias para Criar uma Empresa TI Verde .......................................................... 46 Sociedade Responsável ............................................................................................................ 48 Exemplos de Empresas de TI Verde ................................................................................ 49 Logística Reversa 9 LIVRO DIDÁTICO DIGITAL UNIDADE 04 Logística Reversa10 INTRODUÇÃO Você sabia que a área de Economia Circular possui um conceito dinâmico que se constrói com a prática, nas quais as atividades econômicas têm como função gerar e recuperar os valores dos produtos e serviços oferecidos, pensando em longo prazo? Alguns países do mundo, incluindo o Brasil, já começaram a trilhar mudanças no sentido de implantar a Economia Circular. A União Europeia vem discutindo a implantação, por meio de estudos, sobre a questão do desperdício alimentar e do desenvolvimento de indicadores específicos, como a produtividade dos recursos finitos, para acompanhamento da Economia Circular. A Ecologia Industrial introduz um conceito de trabalhar com a inversão de critérios e priorizar a produção de bens e serviços com objetivos ambientais e sociais, e o TI verde é um dos ramos que quando bem empregado traz vantagens às empresas no que diz respeito à diminuição de custos, ao aumento de produtividade e à melhora da qualidade dos seus serviços. Conseguiu entender? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo! Logística Reversa 11 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 4. Nosso propósito é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o término desta etapa de estudos: 1. Compreender a Economia Circular. 2. Exemplificar negócios circulares. 3. Definir Ecologia Industrial. 4. Entender a importância do TI verde. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! Logística Reversa12 Economia Circular INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender como funciona a Economia Circular e sua importância para o desenvolvimento de uma indústria mais sustentável que cause menos impactos ambientais. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá!. Economia Linear A Economia Linear teve origem na Revolução Industrial, no século XVIII em um modelo conhecido como “take-make-use-dispose”. A obsolescência era planejada de modo que a substituição de bens fosse estimulada para incentivar o mercado e aumentar os lucros das empresas. Este sistema ainda segue sendo praticado em alguns equipamentos eletrônicos que não possuem peças de reparo ou de substituição e são difíceis de desmontar sem danificar o produto. O meio ambiente foi sendo degradado à medida que recursos naturais foram sendo retirados em grandes quantidades, e resíduos foram sendo gerados e enviados para aterros. Enquanto as indústrias, os fornecedores de energia e os produtores de matéria-prima, seguiam sendo beneficiados pelo modelo linear de economia. De acordo com Bonciu (2014): até 2010, o planeta Terra precisava de um ano e meio para produzir e absorver o que é consumido como matéria-prima e eliminado como lixo em um ano. Ainda, de acordo com as estimativas das Nações Unidas, se as tendências atuais continuarem até 2030, a humanidade precisaria de duas Terras para funcionar e em 2050 três Terras. A economia linear baseada em produção-consumo-descarte está chegando ao limite. É preciso que haja a conscientização e o interesse da Logística Reversa 13 sociedade em desenvolver um modelo econômico que proporciona os bens e serviços necessários para a sobrevivência, porém sem aumentar o consumo de matéria-prima e a quantidade de resíduos gerados e descartados no meio ambiente. Figura 1 – Economia linear Fonte: elaborada pela autora. Atualmente, os desafios da sociedade contemporânea mudaram e a economia linear vem se tornando ineficaz para enfrentar situações como a redução da pobreza e das desigualdades sociais, as mudanças climáticas, a perda da biodiversidade, a escassez de água e a exaustão dos recursos naturais. A economia linear tem visão de curto prazo, baseada na redução de custos sem privilegiar o valor do seu produto no mercado e sem a preocupação de oferecer produtos e serviços de melhor qualidade e mais duráveis. Uma das soluções possíveis é o desenvolvimento de uma economia que consiga separar crescimento econômico, de consumo de recursos naturais. O novo modelo precisar associar crescimento econômico com a regeneração do meio ambiente, de maneira a gerar impactos sociais e econômicos positivos. Sob esta perspectiva, tem sido desenvolvida a Economia Circular. Esta nova percepção preza a projeção da produção em um modelo circular, em que inicialmente, os recursos são obtidos do meio ambiente, entretanto, o que seria resíduo é novamente inserido no processo econômico, tornando-se um novo recurso. É um ciclo de desenvolvimento positivo contínuo, que preserva e valoriza o capital natural, otimizando a produção de recursos e diminuindo os riscosdo processo. Logística Reversa14 NOTA: As práticas de reparo, reutilização e reciclagem eram comuns em toda a sociedade durante e imediatamente após a Segunda Guerra Mundial, uma vez que os recursos eram racionados ou direcionados para o chamado esforço de guerra. Terminado o racionamento, no entanto, os produtos foram novamente descartados ao final da vida. Economia Circular De acordo com a definição da Fundação Ellen Macarthur: “uma Economia Circular é regenerativa e restaurativa por princípio, seu objetivo é manter produtos, componentes e materiais em seu mais alto nível de utilidade e valor o tempo todo” Com isso, podemos entender a Economia Circular como sendo uma proposta de modelo econômico que integra: Ecologia Industrial, Engenharia do Ciclo de Vida, Gestão do Ciclo de Vida, Economia de Performance, entre outros. O conceito é baseado na filosofia do “ganho-ganho”, originário do pensamento do desenvolvimento ecoindustrial, no qual uma economia e um ambiente saudável podem coexistir. Figura 2 – Economia linear e circular Fonte: @freepik Logística Reversa 15 A repercussão em torno da Economia Circular ganhou força no mundo dos negócios em 2014, com o lançamento do relatório “Towards the Circular Economy: Accelerating the scale-up across global supply chains”, elaborado em colaboração com a Fundação Ellen MacArthur. A Economia Circular possui um conceito dinâmico em construção a partir da prática, em que as atividades econômicas têm como função gerar e recuperar os valores dos produtos e serviços oferecidos, com um pensamento em longo prazo e que envolva todas as partes do sistema econômico. A Economia Circular trabalha com três princípios básicos: 1. Preservação e aprimoramento do capital natural, de maneira a controlar os estoques finitos e equilibrar os fluxos de recursos renováveis. 2. Maximização do rendimento dos recursos, reduzindo seu desperdício, e fazendo circular os produtos e seus componentes com projetos elaborados visando a remanufatura, reforma e reciclagem dos materiais. 3. Estímulo à eficácia do sistema, excluindo dos projetos as externalidades negativas, reduzindo danos e desperdícios e focando em aumentar os impactos positivos para todas as partes interessadas. O que devemos achar muito interessante na Economia Circular é o fato dela englobar todas as fases das atividades, desde: Design dos processos, serviços e produtos – passa a prezar o desenvolvimento mais durável, reparável e atualizável, de modo a permitir que sejam remanufaturados e reciclados. Nesta fase, deve-se levar em conta que ao final do ciclo de vida do produto, ele poderá ser transformado em insumos para outras indústrias. Menor uso de energia e matéria-prima – a implementação da reutilização, remanufatura e reciclagem de produtos e materiais tenderá a diminuir a necessidade de matérias-primas, reduzindo o uso de energia para a produção. Este aspecto muda a educação, os valores e o comportamento de consumidores e produtores. Logística Reversa16 Leis e normas técnicas – para funcionar é preciso implantar leis específicas que alcancem todos os aspectos das atividades sociais e econômicas. “Do Berço ao Berço” O conceito do berço ao berço, do inglês “cradle to cradle”, nada mais é que a circulação de todos os materiais como nutrientes em ciclos técnicos ou biológicos. É um processo baseado nos sistemas naturais que se alimentam do que outros organismos “desperdiçam”. O pensamento dentro da Economia Circular precisa ser o de aproveitar os resíduos principais como “alimentos”, para serem usados novamente em produtos novos e de alta qualidade. Dentro deste sistema, o conceito de resíduo é eliminado porque projeta produtos e materiais com ciclos de vida seguros para os seres vivos e o meio ambiente. Estes produtos podem ser reutilizados constantemente por meio de técnicas e metabolismos biológicos que maximizem o uso de energias renováveis e de água, respeitando os impactos e mantendo os ecossistemas saudáveis. IMPORTANTE: A gestão de resíduos convencional é conduzida pela minimização dos custos de recolha e eliminação. Em uma Economia Circular, o objetivo é maximizar o valor em cada ponto da vida de um produto. Logística Reversa 17 Implantação da Economia Circular Podemos categorizar a Economia Circular inicialmente em três níveis: Micro (empresa ou individual) Neste nível, podemos inserir as estratégias e ações de desenvolvimento ecológico e de produção mais limpa. É quando as empresas passam a ser encorajadas a realizar um design ecológico de seus produtos e acompanhar auditorias de produção mais limpa, tornando públicas as informações sobre seu desempenho ambiental. O fechamento do circuito para os fluxos de energia e material, com a incorporação de políticas e estratégias mais eficientes, tem como foco a sustentabilidade a longo prazo, com a emissão de menos resíduos no meio ambiente. Meso (parque industrial ou ecoindustrial) O objetivo deste nível é incentivar o desenvolvimento de parques e redes ecoindustriais, geradores de benefícios para a economia regional e para o meio ambiente natural. Alguns indicadores de desempenho desenvolvidos para análise destas regiões e parques industriais usam metodologias conhecidas como análise de fluxo de material e energia, análise do ciclo de vida, emissões de CO2 e, claro, retorno econômico. Macro (ecocidades) O nível macro tem como objetivo promover atividades de produção e consumo sustentáveis, visando desenvolver uma sociedade orientada para a Economia Circular. Porém, a transição de uma economia linear para uma circular não é fácil e nem rápida por está associada a inovações nos sistemas de negócios cujos objetivos passam a ser alcançar maior efetividade sistêmica e impactos positivos. Além disso, sua implementação em larga escala envolve uma mudança de paradigma, que inclui todos os aspectos sociais e econômicos e não apenas as tentativas de reciclagem ou aumento da eficiência energética. Logística Reversa18 Figura 3 – Modelo de Economia Circular Fonte: @pixabay Para a transição na economia, além das diversas escalas do sistema econômico, é necessária a transformação do modelo mental da sociedade ou mindset. Será por meio da incorporação dos elementos do mundo circular que haverá a grande mudança cultural necessária. Alguns elementos de mindset precisam ser modificados como: Escopo – inclui visão ampla, além das melhorias de eficiência do processo, de modo a considerar os sistemas como uma fonte de ganho. Premissa – é preciso considerar as consequências das atividades (efetividade) e não apenas a eficiência (fazer mais com menos). Proposta de valor – a Economia Circular é baseada no valor agregado nos recursos, prezando por mantê-los no mais alto nível e por mais tempo. Foco – o lucro é importante, porém é obtido por meio de inovação e geração de novos valores. https://pixabay.com/pt/photos/casa-ver%C3%A3o-fam%C3%ADlia-flor-cor-3097046/ Logística Reversa 19 Personas – a sociedade, os consumidores e os fornecedores precisam sem considerados como parte integrante do negócio por intermédio dos valores que agregam informações importantes sobre design de produtos inovadores e circulares, e por fazerem parte da cadeia reversa de produtos. Ética – colaborar passa a ser mais importante do que competir. Papel – objetivo de aproximar mais os clientes e criar certa fidelidade, pois a experiência e o acesso passam a ser mais importantes do que a propriedade do produto. O conceito de Economia Circular é dinâmico e tem sido aperfeiçoado a partir das seguintes escolas de pensamento: • Design Regenerativo. • Economia de Performance. • Cradle to Cradle – Do berço ao berço. • Ecologia Industrial. • Biomimética. • Blue Economy. SAIBA MAIS: Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos a leitura do artigo: A fundação, de EllenMacArthur. Fonte: https://bit. ly/3cwamCR https://bit.ly/3cwamCR https://bit.ly/3cwamCR Logística Reversa20 RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu tudo? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que a economia linear baseada em produção-consumo-descarte está chegando ao limite e que a Economia Circular baseada na filosofia do “ganho-ganho”, originário do pensamento do desenvolvimento ecoindustrial, vem com um conceito atual no qual uma economia e um ambiente saudável podem coexistir. O que devemos achar muito interessante na Economia Circular é o fato dela englobar todas as fases das atividades: design dos processos, serviços e produtos, menor uso de energia e matéria-prima e leis e normas técnicas. Podemos categorizar a Economia Circular inicialmente em três níveis: Micro (empresa ou individual), Meso (parque industrial ou ecoindustrial) e Macro (ecocidades). Logística Reversa 21 Modelos de Negócios Circulares INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender como funcionam os negócios desenvolvidos a partir de modelos circulares. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá!. Transição Alguns países do mundo já começaram a trilhar mudanças no sentido de implantar a Economia Circular. A União Europeia vem discutindo a implantação por meio de estudos sobre a questão do desperdício alimentar e do desenvolvimento de indicadores específicos, como a produtividade dos recursos finitos, para acompanhamento da Economia Circular. A transição de um modelo linear para um modelo circular impacta tanto as atividades da organização quanto sua cadeia de valor, portanto é uma decisão estratégica. A empresa precisa redefinir seu papel frente às outras organizações e analisar as oportunidades de inovação para criação de processos, produtos e serviços melhores. Figura 4 – Negócios circulares Fonte: @freepik https://br.freepik.com/vetores-gratis/ecologia-linear-e-elementos-vetores-de-energia-renovavel_1105985.htm Logística Reversa22 Podemos descrever alguns modelos de negócios que apresentam elementos da Economia Circular: Produto como Serviço É um modelo de negócio que foca na função e nos serviços fornecidos por meio do uso dos produtos. Como assim? Você compra um produto e nele estão incluídos serviços, manutenção do produto e a devolução ao final da vida útil. O objetivo é aumentar a durabilidade, a capacidade de reuso e o compartilhamento do produto, pois para a empresa passa a ser mais interessante que sua vida útil seja estendida e que a logística reversa o traga de volta para que a empresa, mediante a remanufatura possa oferecer a outros clientes. EXPLICANDO MELHOR: Os fatores mencionados anteriormente determinam uma maior lucratividade, além de manter um relacionamento mais próximo e fiel com o cliente que dará mais preferência à qualidade do que à quantidade e à formação de sistemas circulares, focados no menor consumo de recursos e matérias-primas e em desempenho. Porém este modelo de negócio acaba sendo mais vantajoso e atraente para empresas com custos de operação de produtos elevados e que possuem meios de oferecer suporte e manutenção. Citamos por exemplo a empresa Philips Lighting que oferece serviços de iluminação. Há dois anos, a empresa começou a implantar no Brasil um sistema de oferecimento de serviços de iluminação, além de somente a venda de lâmpadas. Começou pela capacitação e estruturação da equipe de projetos e vendas, transformando fornecedores em parceiros. Atualmente a empresa possui seis projetos implantados no Brasil, representando 20% do seu faturamento total. A Philips Lighting passou a oferecer muito mais do que produtos de iluminação com qualidade, passou a oferecer serviços e soluções Logística Reversa 23 completos, como projetos com maior eficiência energética e de acordo com as necessidades dos clientes, sensores regulados em função da luminosidade do ambiente que diminuem de 70 a 80% dos custos de uso e aumento da vida útil das lâmpadas. Entre os serviços oferecidos está a instalação e a manutenção dos sistemas de iluminação, com operação e monitoramento remoto, gerenciando o fim de vida ou fim de um ciclo de utilização por parte dos clientes. IMPORTANTE: O novo modelo de negócio da Philips Lighting gera valor adicional ao seu próprio negócio em cima dos ativos físicos que instalam e cuja propriedade é retida pela empresa, por meio de uma gama diversa de serviços. Compartilhamento Neste tipo de negócio gera-se valor pelo compartilhamento do uso, do acesso ou da propriedade. Podemos identificar dois casos específicos de negócio: 1. Compartilhamento não monetizado – sem transação financeira, ocorre de cliente para cliente, ou seja, sua existência depende da participação e generosidade dos membros da comunidade em compartilhar bens e serviços. Entre as vantagens está a redução da necessidade de propriedade e armazenamento de bens. 2. Compartilhamento monetizado – ocorre algum acordo financeiro entre organizações e usuários. Muito comum em centros urbanos o aluguel de espaços em estacionamentos privados ou compartilhamento de espaço e logística (espaços de coworking). Um exemplo de compartilhamento não monetizado é o aplicativo “Tem Açúcar”, que, por um cadastro, é possível o compartilhamento na forma de empréstimo de qualquer objeto. Mais de 150 mil pessoas já estão compartilhando seus objetos via aplicativo, em mais de 10 mil bairros em todos os estados brasileiros. Logística Reversa24 Segundo cálculos baseados no preço médio de cada objeto emprestado, os usuários juntos já economizaram mais de 7,8 milhões de reais desde o lançamento da plataforma. SAIBA MAIS: Para saber mais sobre o “Tem Açúcar”, recomendamos a leitura do artigo: Tem açúcar? Fonte: https://bit.ly/2FHnIQJ Exemplo: Para exemplificar um modelo de negócio monetizado, temos o projeto VAMO (Veículos Alternativos para Mobilidade), com o objetivo de promover a mobilidade urbana e sustentável por meio do compartilhamento de veículos elétricos na cidade de Fortaleza. O serviço é uma parceria entre a prefeitura de Fortaleza e a empresa Serttel. Para usuários com Bilhete Único nos primeiros 30 minutos de utilização, a tarifa é de 15 reais, e sem Bilhete Único, 20 reais. O projeto já possui 10 estações, onde os usuários podem encontrar os carros elétricos e solicitar o serviço pelo aplicativo. SAIBA MAIS: Para saber mais sobre o VAMO, recomendamos a leitura do artigo, que se encontra no site da Serttel. Fonte: https://bit. ly/33Juptk Insumos Circulares São modelos de negócios que fazem uso de materiais que podem ou que já foram restaurados (reciclados, renovados, recondicionados, remanufaturados ou não contaminados). Podem acontecer em ciclos biológicos ou ciclos técnicos. A pureza é um item fundamental para este tipo de negócio, pois o https://bit.ly/2FHnIQJ https://bit.ly/33Juptk https://bit.ly/33Juptk Logística Reversa 25 uso de insumos não tóxicos viabiliza seu retorno seguro à biosfera ao fim do uso, tornando-se nutriente para a regeneração do capital natural no ciclo biológico. O ciclo técnico recupera materiais por meio da capacidade de desmontar, coletar e recuperar os ativos e os usa como insumos circulares. O objetivo é aumentar a longevidade das cadeias de valor e reduzir a dependência dos recursos finitos, fazendo deles negócios mais resilientes. Exemplo: Um bom exemplo de insumos circulares é a empresa ArcelorMittal. É a maior fornecedora de aço para o mercado de automóveis, construção, embalagens e eletroeletrônicos, e está em busca da circularidade em seus processos. Para isso, a empresa tem produzido aço com pegada de carbono positiva usando carvão vegetal, que é proveniente dos seus 109 mil hectares de florestas comcertificação Forest Stewardship Council (FSC). A empresa do grupo ArcelorMittal, que gerencia as florestas de eucalipto, é conhecida como BioFlorestas e já restaurou cerca de 135 mil hectares de áreas degradadas (incluindo reservas permanentes), produzindo aço com balanço positivo de emissões de carbono, reduzindo custos de gestão da floresta, e regenerando o ecossistema natural e gerando externalidades positivas para o ecossistema por meio de programas como a apicultura ou a reintrodução da fauna na região das florestas. A CBPak vem inovando como alternativa para o uso de embalagens. Ela usa fécula de mandioca como matéria-prima para seus produtos, de modo a torná-los 100% compostáveis. E ainda opera com um sistema de serviço que retém a propriedade da embalagem e cuida da logística reversa por meio de parceiros comerciais em locais próximos ao uso dos produtos para garantir que seja direcionada à compostagem. Logística Reversa26 IMPORTANTE: Um copo produzido pela CBPak absorve 3,7 g de gases de efeito estufa e consome 62% menos água do que um copo de plástico, que ainda gera 16,69 g de GEE. Além de não ocupar espaço nos aterros e possibilitar a regeneração do solo. Recuperação de Recursos Tem como principal objetivo a recuperação de valor e função de produtos, componentes e materiais, incluindo remanufatura e reciclagem (ciclo reverso) em ciclos abertos e fechados. É uma maneira de reduzir a demanda de capital natural e o desperdício de componentes e materiais, porque o uso em cascata de materiais e subprodutos recupera o valor para o que seria descartado. Para cadeias que envolvem consumidores finais, eles são peça- chave na hora de devolver os produtos usados ou indesejados, facilitando a recuperação do valor. Podemos tomar como exemplo as Lojas Renner, que estão implementando fundamentos de Economia Circular na forma de desenvolver seus produtos e na sua cadeia produtiva. A empresa vem estruturando um ciclo reverso junto aos seus fornecedores, recuperando cortes de tecidos que seriam destinados para aterros ou vendidos por baixo valor agregado. Com a USP, foi feita uma parceria para o desenvolvimento de protótipos de tecidos de malhas e jeans produzidos com fios reciclados, assim como, a reestruturação econômica e técnica de toda a cadeia reversa. Logística Reversa 27 NOTA: quando forem necessários observações ou complementações para o seu conhecimento. Um outro exemplo importante é a empresa carioca Rede Asta, que une circularidade, inclusão social e de gênero. São artesãs espalhadas por 10 estados brasileiros que transformam resíduos pós-industriais em arte. A Rede ainda possui uma plataforma virtual na qual é possível obter treinamentos de empreendedorismo e reaproveitamento de materiais. Entre seus projetos estão estojos para computador e bolsas a partir de sacos de cimento, além de ecobags e mochilas produzidas a partir de banners, capas de poltronas e uniformes. Um dos seus diferenciais é a inclusão de trabalhadoras de baixa renda, as tirando da informalidade e transformando-as em empreendedoras. Extensão da vida do produto O objetivo deste modelo de negócio é aumentar a vida útil de um produto fazendo com que ele permaneça mais tempo com o usuário, não só recuperando o valor de componentes e materiais, mas também gerando receita mediante oferta de serviços adicionais como manutenção. É um modelo apropriado para setores como os de máquinas e equipamentos industriais, ou onde novas versões de produtos geram benefícios de desempenho para os consumidores. A eStoks viu nesse nicho uma oportunidade de negócio. A empresa coleta produtos eletrônicos com defeitos no pré-consumo de grandes redes de varejo ou produtores parceiros e aplica um algoritmo para avaliar o status e a qualidade do produto e se vale a pena a reforma. De todos os produtos devolvidos por defeito de fábrica, 55% são reformados, 25% são reparados e vendidos a preços mais acessíveis nas lojas eStoks, e os outros 20% por não poderem ser recuperados, são desmontados e têm seus componentes reaproveitados. Logística Reversa28 Virtualização Muitas atividades que sempre foram entregues por meio físico, vêm sendo feitas por meio da forma digital. Com a ajuda de componentes eletrônicos, a computação em nuvem e redes de inteligência artificial está sendo possível entregar valor por meio virtual, através de serviços digitais. É um modelo de negócio que oferece oportunidades de desmaterialização de produtos físicos, reduzindo o uso de recursos naturais e se adequando ao mundo digital. A fornecedora de streaming Netflix praticamente substituiu as locadoras de vídeo. Até o final de 2017 já contava com 109,25 milhões de assinaturas em 190 países. O Spotify é uma plataforma streaming de músicas e podcast, que oferece conteúdo protegido por gerenciamento de direitos digitais de gravadoras e empresas de mídia. São oferecidas mais de 30 milhões de músicas para mais de 140 milhões de usuários mensais e mais de 60 milhões de assinantes pagantes. SAIBA MAIS: Para saber mais sobre o potencial brasileiro em Economia Circular, recomendamos a leitura do artigo: do Programa Circular Economy 100 Brasil. Fonte: https://bit.ly/3mIKRCU https://bit.ly/3mIKRCU Logística Reversa 29 RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu tudo? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que a transição de um modelo linear para um modelo circular impacta tanto as atividades da organização quanto sua cadeia de valor, portanto, é uma decisão estratégica. Entre alguns elementos que compõem empresas com Economia Circular, podemos citar: produto como serviço; compartilhamento do uso, do acesso ou da propriedade; insumos circulares, em que as empresas fazem uso de materiais que podem ou que já foram restaurados; recuperação de recursos, que é a recuperação de valor e função de produtos, componentes e materiais, incluindo remanufatura e reciclagem (ciclo reverso) em ciclos abertos e fechado; extensão da vida útil do produto e virtualização. Logística Reversa30 Ecologia Industrial INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender os conceitos, as propostas e as aplicações da Ecologia Industrial. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá! Podemos conceituar Ecologia Industrial como sendo um conjunto de propostas que possuem o objetivo de revolucionar os sistemas industriais, usando como base a estrutura e o funcionamento dos ecossistemas naturais. Na década de 1950 já se falava em metabolismo industrial, mas somente a partir dos anos de 1970 o conceito atual começou a ser difundido. Os dois conceitos são parecidos, porém a Ecologia Industrial evoluiu a partir do metabolismo industrial. Ambos têm como proposta maximizar a eficiência do uso de matérias-primas, reutilizando-as como materiais secundários de processos produtivos ao invés de simplesmente depositar no ambiente. Figura 5 – Ecologia Industrial Fonte: @freepik https://br.freepik.com/vetores-gratis/infografico-ecologia_799397.htm Logística Reversa 31 Ecossistemas Naturais Vamos começar relembrando o conceito de ecossistema, como sendo um conjunto formado pelas interações entre componentes bióticos (plantas, animais e micróbios) e abióticos (ar, água, solo e minerais). Em um ecossistema todos estes componentes interagem entre si e com os demais elementos de seu ambiente através da transferência de energia. Em um ecossistema natural, a natureza é a responsável pela criação do ambiente e pela evolução da comunidade, assim como pelas interações entre os organismos e fluxos de energia. Originalmente formada sem interferência humana, a natureza controla as interações entre as espécies ao longo de milênios de transformações. EcossistemasIndustriais Quando falamos de ecossistemas industriais, nos referimos ao fluxo de material e de energia entre diferentes empresas que podem ser comparadas a organismos capazes de metabolizar insumos. Os objetivos da Ecologia Industrial e da Logística Reversa são semelhantes, pois os dois se baseiam na maximização da eficiência dos processos industriais, com objetivos semelhantes aos da logística reversa, como redução, reutilização e reciclagem. Grande parte dos autores da área define três elementos essenciais para à perspectiva da Ecologia Industrial: 1. Ela é uma visão sistêmica, abrangente e integrada de todos os componentes da economia industrial e sua relação com a Biosfera. 2. Ela ressalta o fundamento biofísico das atividades humanas, isto é, os complexos padrões de fluxos de materiais e energia que existem tanto dentro quanto fora do sistema industrial, o que contrasta totalmente com os enfoques atuais que tendem a considerar a economia em termos de unidades monetárias abstratas. 3. Para ela, a dinâmica tecnológica (a evolução no longo prazo de conjuntos de tecnologias-chave) é um elemento essencial, mas Logística Reversa32 não único para uma transição do insustentável sistema industrial da atualidade para um ecossistema industrial viável. A Ecologia Industrial necessita da participação de toda a sociedade no que diz respeito ao “que produzir” e “para que produzir”, sendo responsável pela orientação das mudanças no mundo. A viabilidade econômica precisa acompanhar a viabilidade da vida em sociedade de forma digna e ética. Concluindo, não é suficiente só melhorar os padrões de produção com critérios de eficiência econômica e sustentabilidade ambiental. A Ecologia Industrial precisa trabalhar com a inversão de critérios e priorizar a produção de bens e serviços com objetivos ambientais e sociais. Sua implantação requer a transição de uma economia de fluxos lineares para um sistema de fluxos circulares. Economicamente falando, a aplicação de conceitos de Ecologia Industrial possivelmente aumenta a competitividade das empresas, porque acarreta a redução do impacto ambiental tornando-se mais atraente para os consumidores. Como consequência deste processo, espera-se que haja geração de empregos, pois novas empresas vão surgindo com o propósito de atender as demandas ambientais das empresas de maior porte. NOTA: A palavra “industrial” inclui todas as atividades humanas que têm lugar na moderna sociedade tecnológica. Turismo, habitação, serviços de saúde, transporte e agricultura também fazem parte do sistema industrial. Alguns aspectos-chave precisam ser considerados no que diz respeito à Ecologia Industrial: • Planejamento de produtos, processos e unidades produtivas, serviços e sistemas de tecnologia de modo a possibilitar sua adaptação a inovações sustentáveis com geração mínima de resíduos. Logística Reversa 33 • Minimização da produção de resíduos e consumo de recursos em todas as atividades. • Uso de alternativas o menos tóxicas possíveis, particularmente quando os materiais serão dispersos no meio ambiente. • Planejamento de produtos, processos e unidades produtivas para preservar a utilidade dos materiais e energia utilizados na manufatura inicial. • Planejamento de produtos físicos não apenas para realizar a sua função pretendida, mas também para serem reutilizados na criação de outros produtos no final da sua vida útil atual. O campo de atuação da Ecologia Industrial compreende algumas áreas, segundo a Sociedade Internacional para a Ecologia Industrial (ISIE), entre elas: • Estudos do fluxo de energia e materiais (metabolismo industrial). • Desmaterialização e descarbonização. • Inovações tecnológicas e meio ambiente. • Ecodesign (planejamento, design e avaliação do ciclo de vida). • Design para o meio ambiente. • Product stewardship (responsabilidade ampliada do produtor). • Simbiose industrial. • Parques ecoindustriais. • Políticas ambientais orientadas ao produto. • Ecoeficiência. Funcionamento de Ecossistemas Industriais Para que haja uma relação simbiótica industrial, e uma redução nos custos de produção e de tratamento de resíduos, é importante uma Logística Reversa34 conexão física entre as empresas para que a troca de água, resíduos ou energia seja permitida. O processo se torna mais eficiente com uma logística plena em relação ao fluxo de matéria e energia e a proximidade entre as instalações viabiliza os custos de transporte necessários. Alguns autores recomendam uma distância máxima de três quilômetros entre as empresas envolvidas. Contudo, a proximidade física é uma limitação, pois não é fácil aproximar espacialmente indústrias já existentes e estabelecidas. Para que os diferentes anseios de desenvolvimento sustentável sejam compatíveis e reais, muitas variáveis precisam ser equacionadas. Gerir resíduos, por exemplo, passa a ser uma disciplina de grande importância para a gestão ecoeficientes dos recursos naturais. Além da otimização dos sistemas produtivos, que passam a ser mais complexos, exigindo ferramentas versáteis e precisas apoiadas pelas esferas organizacionais, governamentais e na própria sociedade. Para iniciar a implantação da Ecologia Industrial é necessária a combinação do conhecimento de diversos especialistas técnicos formando equipes específicas. Portanto, o primeiro passo rumo ao ecodesenvolvimento industrial é a o desenvolvimento de uma rede de especialistas na área. Mecanismos de Implementação As atividades industriais precisam passar por grandes modificações para serem implementadas em um sistema de Ecologia Industrial. Entre alguns elementos essenciais, podemos citar: Otimização do uso de recursos – se o objetivo é sustentar o desenvolvimento humano em uma escala mundial, é necessária a otimização do uso de recursos que entram e que saem. Fechamento de ciclos de materiais e minimização de emissões – os novos produtos projetados precisam prezar por minimizar a dispersão de materiais, tanto durante a fabricação quanto na utilização. Ao final da Logística Reversa 35 vida útil do produto, a recuperação de materiais deve prezar pela sua reutilização em aplicações de alto valor. Desmaterialização das atividades – é minimizar a quantidade de recursos necessários para conseguir serviços equivalentes. NOTA: Desmaterialização relativa – é a obtenção de mais serviços e bens a partir de uma determinada quantidade de matéria. Desmaterialização absoluta – é a redução da necessidade de recursos no sistema industrial como um todo. Redução ou eliminação da dependência de fontes não renováveis de energia – é preciso melhorar a eficiência dos processos energéticos e adotar o uso de fontes de energia renováveis. Pesquisa O enfoque para as pesquisas de base em Ecologia Industrial precisa ser o gerenciamento de resíduos e o processamento de materiais. Os projetos precisam iniciar com a criação de novos materiais (Química Verde), incluindo desenvolvimento de novos produtos (Design for Environment) e sua fabricação, e culminando com uma tecnologia que permita a recuperação de matérias-primas, fechando o ciclo de materiais. É necessária uma profunda análise em casos na qual a Ecologia Industrial já esteja sendo aplicada e monitorada. Métodos já usados pelas empresas como produção mais limpa, ecoeficiência, sistemas de gerenciamento ambiental, entre outros, precisam servir como ponto de contato com a Ecologia Industrial, pois é muito importante usar ferramentas que já existem para implantar um novo sistema. Logística Reversa36 Educação Os conceitos básicos de Ecologia Industrial deveriam fazer parte dos currículos universitários das carreiras de economia, administração de empresas e ciências políticas. É preciso fazer com as pessoas compreendam e valorizem a ideia de que todas as atividades humanas têm uma base materiale que precisa ser preservada. Para os estudantes em idade escolar seria interessante a introdução de conceitos de ecologia científica. Para profissionais já formados é preciso fomentar cursos de extensão sobre Ecologia Industrial. IMPORTANTE: Não podemos deixar que a Ecologia Industrial seja uma disciplina para a próxima geração. Comunicação A Ecologia Industrial precisa ser difundida como uma prática que tem por objetivo o desenvolvimento sustentável. Deve-se criar e apoiar seminários e cursos intensivos de treinamento para ajudar os setores da economia a colocarem em prática a abordagem da Ecologia Industrial. Políticas As atuais políticas, leis ambientais e industriais precisam ser reavaliadas pelos países, levando em consideração a Ecologia Industrial no planejamento do desenvolvimento sustentável. A Ecologia Industrial precisa ter abordagem nas leis e políticas, e ao mesmo tempo garantir à sociedade que ela não ficará exposta a riscos ambientais e sanitários. A política de desenvolvimento econômico precisa ter como base o conhecimento dos fluxos de recursos dentro de uma área, para que possa Logística Reversa 37 ser feito um planejamento espacial, industrial e comercial que utilize os recursos disponíveis da forma mais eficiente possível. Financiamento O financiamento das atividades industriais focadas na Ecologia Industrial precisa ser avaliado sob uma perspectiva de longo prazo. A exigência atual de máxima lucratividade em curto prazo não é compatível com a Ecologia Industrial, e o equilíbrio entre lucro e sustentabilidade é um grande desafio no qual empresas e financeiras precisam se adequar. Exemplos de Ecoparque Industrial Kalundborg (Dinamarca) É o primeiro e mais difundido exemplo de parque ecoindustrial. Foi implantado em 1975 na Dinamarca. Dentro do sistema, podemos evidenciar alguns exemplos de reaproveitamento como: O fluxo de água aquecida (antes descartado) passou a ser reaproveitado na piscicultura e no aquecimento de 3,5 mil casas locais. Os dejetos da criação de peixes são reaproveitados como adubo na agricultura. O gás produzido (resíduo em refinarias) é reincorporado na geração de energia elétrica. O resíduo do processo de geração de energia termoelétrica é utilizado na pavimentação. Uma rede de simbiose industrial liga uma usina termoelétrica a carvão de 1500 MW com a comunidade e outras empresas. Há processos, ainda, com objetivos de reciclar materiais e energia de forma ecoeficientes. Logística Reversa38 O vapor da usina é vendido para a empresa farmacêutica e fabricante de enzimas Novo Nordisk, além de uma unidade da empresa petroleira e de energia Statoil ASA. NOTA: O conceito ecológico de cooperação ou simbiose é considerado um dos conceitos formadores da logística reversa. Figura 6 – Simbiose industrial Fonte: @freepik Burnside Park, (Halifax, Canadá) Mais de 1500 empresas vêm melhorando seu desempenho ambiental por meio de desenvolvimento de parcerias lucrativas. https://www.freepik.com/free-vector/lovely-ecosystem-concept-with-flat-design_2673502.htm Logística Reversa 39 Figura 7 – Burnside Park Fonte: https://bit.ly/3hNpXi5 EcoPark de Tuen Mun, (Hong Kong) É semelhante a um parque industrial, exclusivamente para reciclagem de resíduos e engenharia ambiental. Figura 8 – EcoPark de Tuen Mun, Hong Kong, imagem de computador Fonte:https://bit.ly/343SjjB https://bit.ly/3hNpXi5 https://bit.ly/343SjjB Logística Reversa40 No Brasil: MUAIs (Mini Usinas de Álcool Integradas, São Paulo) A interação ocorre na horticultura e na fruticultura, na produção de ração contendo levedura seca, na criação de gado e na produção de energia elétrica. O vinhoto, resultante da produção de álcool, biodigerido, transforma- se em fertilizante e gás. Pontas da cana e do sorgo, chamadas de ponteiros, normalmente descartados, passam a ser utilizados na alimentação do gado. Bagaço, palha seca, e resíduos orgânicos produzidos pelo gado, são queimados, assim como o biogás, e utilizados na produção de energia elétrica. Da levedura, parte é utilizada na produção de ração animal e parte é transformada em outros elementos, utilizados em produtos alimentícios. SAIBA MAIS: Quer se aprofundar em exemplos de Ecologia Industrial? Recomendamos a leitura do artigo: Parques ecoindustriais. Fonte: https://bit.ly/343SjjB https://bit.ly/343SjjB Logística Reversa 41 RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu tudo? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que Ecologia Industrial é um conjunto de propostas que possuem o objetivo de revolucionar os sistemas industriais, usando como base a estrutura e o funcionamento dos ecossistemas naturais, onde o objetivo é estimular o fluxo de material e de energia entre diferentes empresas, que podem ser comparadas a organismos capazes de metabolizar insumos. Os objetivos da Ecologia Industrial e da logística reversa são semelhantes, os dois se baseiam na maximização da eficiência dos processos industriais, com objetivos semelhantes aos da logística reversa, como redução, reutilização e reciclagem. Logística Reversa42 TI Verde INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender como funciona o TI verde e como um sistema simples pode fazer a diferença no uso de energia. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá!. A Tecnologia da Informação (TI) passou a fazer parte das empresas quando elas perceberam que a implementação informacional poderia moldar todas as suas atividades. O TI quando bem empregado traz vantagens às empresas no que diz respeito à diminuição de custos, aumento de produtividade e melhora da qualidade dos seus serviços. Figura 9 – TI verde Fonte: @pixabay https://pixabay.com/pt/vectors/%C3%ADcone-internet-computador-tela-364248/ Logística Reversa 43 Engana-se quem pensa de TI não provoca impactos no meio ambiente. A demanda de energia elétrica e os componentes utilizados na fabricação do hardware são grandes vilões ambientais. Por este motivo, algumas empresas vêm adotando ações de TI verde, para melhorar seus negócios e oferecer soluções. EXPLICANDO MELHOR: Tecnologia da Informação verde ou simplesmente TI verde apresenta-se como uma tendência mundial voltada para a redução dos recursos tecnológicos no meio ambiente. É uma maneira de desenvolver práticas que tornem o uso da tecnologia mais sustentáveis e menos prejudiciais, propondo meios de compatibilizar o uso dos recursos naturais às políticas sustentáveis existentes nas empresas. Os próprios executivos acreditam que o TI verde atualmente já faz parte do planejamento das empresas, principalmente no que diz respeito à redução do consumo energético e aos custos de resfriamento de equipamento. Práticas de TI Verde As práticas de TI verde podem ser divididas em três níveis: Abordagem incremental Não há modificações na infraestrutura nem nas políticas externas e sua função é apenas incorporar medidas de contenção de gastos. São medidas simples e que praticamente não geram custos na sua implantação. Com apenas o desligamento dos monitores em desuso, nota-se uma redução de consumo energético de 50% para monitores de CRT e 30% quando de LCD. Logística Reversa44 Exemplificando: • Uso de monitoramento automático de energia disponível nos equipamentos. • Desligamento de equipamentos em momentos de não uso. • Utilização de lâmpadas fluorescentes. • Otimização da temperatura das salas. Abordagem estratégica Convoca-se uma auditoria sobre a infraestrutura do setor de TI e sua relação com o meio ambiente. Discute-se o desenvolvimento e a implementação de novos meios viáveis de produção de bens ou serviços de forma ecológica. Exemplificando: • Criação de uma nova infraestrutura na rede elétrica visando maioreficiência. • Criação de sistemas computacionais de menor consumo elétrico (com novas políticas internas e medidas de controle dos seus descartes). • Preocupação com os gastos elétricos. • Leva-se em consideração o marketing gerado pelas medidas adotadas pela marca. Deep TI (TI fundo) ou radical Tem esse nome porque é mais amplo que os anteriores, incorpora e implementa na sua estrutura a visão de parque tecnológico, com maximização do desempenho com gasto elétrico mínimo. Exemplificando: • Projetos de sistemas de refrigeração. • Iluminação e disposição de equipamentos no local com base nas estruturas citadas anteriormente. O Google e o Yahoo possuem práticas que vão desde o planejamento de seu centro de dados de acordo com as normas e exigências ambientais, Logística Reversa 45 à locomoção de seus funcionários em veículos híbridos, uso de fontes alternativas de energia, virtualização dos servidores, até a gestão do consumo elétrico gerado pelo resfriamento de seus equipamentos. Figura 10 – Sustentabilidade Fonte: @freepik Vantagens na Área de TI Verde Quando pensamos em sustentabilidade, dificilmente associamos à área de sistemas e tecnologia de uma empresa, porém as vantagens ao desenvolver uma infraestrutura sustentável precisam ser tão fortes quanto os princípios éticos. Entre as vantagens podemos citar: Redução do custo energético: servidores e computadores consomem muita energia elétrica porque são usados de maneira contínua e precisam de resfriamento constante. Por meio da anotação na placa de dados sobre a potência em watts é possível analisar quais computadores e servidores são menos eficientes e quais podem ser melhorados. Logística Reversa46 Habilitação para tornar-se parceira de outras empresas sustentáveis – como as empresas são consumidoras e fornecedoras de produtos e serviços, o TI verde pode ser um diferencial para parcerias de negócios. NOTA: Empresas que possuem projetos sustentáveis zelam pelo conceito verde em todo o seu processo produtivo e tendem consumir e fazer parcerias com empresas com a mesma filosofia. Construção de uma imagem positiva para a empresa – a imagem de uma empresa e a valorização de processos e tecnologias sustentáveis é bem-vista por clientes por seu caráter inovador e responsável. Sustentabilidade e inovação andam juntas, e para que a primeira aconteça, é preciso aplicar ideias modernas na concepção do projeto. Estratégias para Criar uma Empresa TI Verde O primeiro passo é definir uma estratégia e estudar o nível de sustentabilidade desejado de acordo com seu porte. Com pouco investimento é possível fazer ajustes e obter resultados perceptíveis. Para uma abordagem mais ampla, é preciso contratar uma auditoria técnica, de modo a realizar avaliações individuais nos equipamentos e definir quais substituições ou melhorias vão gerar mais economia. Se houver um interesse ainda maior por parte da empresa, outras medidas podem ser adotadas, como o aproveitamento da água da chuva, o plantio de árvores, a compra de créditos de carbono, entre outros métodos. As ações podem ser agrupadas com relação aos resultados citados a seguir: Redução do consumo de energia e das emissões de carbono: • Atualização de sistema operacional e hardware – o desenvolvimento Logística Reversa 47 de projetos de hardware como software são os principais pontos de atuação que visam tanto a redução do consumo energético quanto a redução das emissões de carbono. • Virtualização de servidores – utilização de software que “emula” uma máquina virtual como um servidor físico, criando deste modo, um ambiente isolado e independente da máquina “real”, assim uma máquina física, dentro de sua capacidade de desempenho pode “hospedar” diversas máquinas virtuais independentes. Em termos de descarte de equipamentos, a virtualização auxilia na redução da contaminação ambiental ao substituir os equipamentos físicos com máquinas lógicas. • Implantação de Sistemas de Gestão Empresarial (ERP): por meio deste sistema é possível integrar todos os dados de uma empresa, possibilitando a automação de todas as informações. Os ERP diminuem custos, aperfeiçoam o fluxo de informações e o processo de gerenciamento, e ainda, reduzem os riscos e oferecem recursos para reduzir desperdícios. NOTA: A Microsoft lançou um produto que mede o impacto ambiental que as atividades de uma empresa causam, focando em especial o consumo de energia. Com estas informações, a empresa pode atuar nos pontos específicos e consequentemente reduzir tanto o consumo de energia como a emissão de gases de efeito estufa. Infraestrutura e conservação energética A infraestrutura empresarial precisa trabalhar em conjunto com os profissionais de TI com o foco voltado para a redução do consumo de energia e otimização da tecnologia. Para que um centro de dados tenha eficiência financeira e seja sustentável, os seguintes passos são considerados: 1. Avaliar o consumo e a eficiência energética. Logística Reversa48 2. Redesenhar o sistema de resfriamento. 3. Reconsiderar redundâncias. 4. Utilizar equipamentos ajustáveis em espaço e energia. 5. Virtualizar “storage” e servidores. 6. Utilizar dispositivos “Energy Star” ou com outros “selos Verdes”. 7. Doar ou reciclar servidores em desuso. 8. Verificar a infraestrutura predial. 9. Pesquisar fontes alternativas de energia. 10. Envolver a gerência no processo. Sociedade Responsável A sociedade pode adotar algumas ações a fim de colaborar com a sustentabilidade e o TI verde. Algumas são muito simples, como a aquisição de produtos desenvolvidos com materiais sustentáveis ou que sejam produzidos dentro de padrões verdes. Os produtos eletrônicos possuem metal em sua estrutura e possuem compostos químicos (mercúrio, chumbo e cádmio) que podem afetar os seres vivos e causar problemas de saúde como anemia, problema nos rins, nos pulmões e no sistemas reprodutor e nervoso. Para minimizar os problemas de contaminação do lixo eletrônico, algumas práticas podem ser realizadas, como o descarte correto de peças para que instituições e organizações possam tratá-lo sem causar impactos significativos ao meio ambiente, doação de equipamentos ainda em bom estado e redução do consumo de equipamentos supérfluos. A compra consciente de um produto também pode ser considerada uma atitude sustentável. Quando você compra um computador com a dimensão e as configurações corretas para o seu uso (doméstico, jogos, tratamento de imagens, entre outros) está contribuindo para a economia da energia e consequentemente, ajudando na conservação dos recursos naturais do planeta. Logística Reversa 49 E ainda, o consumidor ao adquirir um computador, pode configurar seu equipamento quanto à energia, de modo a equilibrar a relação entre consumo de energia e o desempenho do equipamento. Exemplos de Empresas de TI Verde A empresa Itautec, foi a primeira empresa do Brasil no ramo de TI a fabricar equipamentos livres de chumbo e ainda, possui um Centro de Reciclagem localizado em Jundiaí, em São Paulo. A Cemig (geradora e distribuidora de energia) começou suas iniciativas na área ambiental com a instalação de milhares de placas de energia solar, levando energia elétrica para vilarejos distantes e sem custos para o consumidor. Na iluminação pública, 58 mil pontos foram substituídos por sódio e contabilizaram a economia de 18 mil MW/h em um ano. Na Unilever, empresa que investe em sustentabilidade há muitos anos, o programa de consolidação do parque de impressoras reduziu o número de equipamentos em 60%. Figura 11 – Sustentabilidade Fonte: https://bit.ly/3hRXdoz https://bit.ly/3hRXdoz Logística Reversa50 SAIBA MAIS: Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos a leitura da do artigo: de empresas especializadas em implantar TI verde. Fonte: https://bit.ly/33JcZgs RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos?Aprendeu tudo? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que TI verde é uma maneira de desenvolver práticas que tornem o uso da tecnologia mais sustentáveis e menos prejudiciais, propondo meios de compatibilizar o uso dos recursos naturais às políticas sustentáveis existentes nas empresas. O TI verde já faz parte do planejamento das empresas, principalmente no que diz respeito à redução do consumo energético e aos custos de resfriamento de equipamento. Pode ter as seguintes abordagens: incremental, estratégica ou radical. Entre as vantagens podemos citar: redução do custo energético, habilitação para tornar-se parceira de outras empresas sustentáveis e construção de uma imagem positiva para a empresa. A sociedade também pode colaborar adotando ações a fim de colaborar com a sustentabilidade como a aquisição de produtos desenvolvidos com materiais sustentáveis ou que sejam produzidos dentro de padrões verdes. https://bit.ly/33JcZgs Logística Reversa 51 REFERÊNCIAS ARAÚJO, T. D.; QUEIROZ, A. A. F. S. L. Economia Circular: breve panorama da produção científica entre 2007 e 2017. XIX Engema. 2017 ISSN: 2359- 1048. Disponível em : http://engemausp.submissao.com.br/19/anais/ arquivos/417.pdf. Acesso em: 1 set. 2020. BONCIU, F. 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