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2
Índice
INTRODUÇÃO
I. O QUE É A PASTORAL DA ESCUTA
II. JUSTIFICATIVAS PARA UMA PASTORAL DA ESCUTA
III. OS OBJETIVOS DA PASTORAL DA ESCUTA
IV. OS ESPAÇOS PARA EXERCER A PASTORAL DA ESCUTA
1. A escuta no expediente paroquial
2. Salas para o exercício da Pastoral da Escuta
3. A escuta ao ar livre
4. A escuta no interior da igreja
5. A escuta na capela do Santíssimo
V. PROCEDIMENTOS PARA A IMPLANTAÇÃO DA PASTORAL DA
ESCUTA NA PARÓQUIA
1. Conhecimento das propostas pastorais da diocese e da realidade
paroquial
2. Apresentação da Pastoral da Escuta e suas propostas
3. Planejamento de metas e objetivos a serem atingidos
4. Busca da pessoa certa para coordenar a Pastoral
5. Formação e preparação da equipe da Pastoral da Escuta
6. Elaboração de um calendário de atividades para a Pastoral da Escuta
7. Busca de recursos para a Pastoral da Escuta
8. Divulgação da Pastoral da Escuta
VI. PREPARAÇÃO E PROCEDIMENTOS DOS AGENTE DA
PASTORAL DA ESCUTA
1. Coloque-se à disposição para ajudar na Pastoral da Escuta
2. Ética na escuta
3. A pessoa do coordenador da Pastoral da Escuta e seus procedimentos
4. Dicas de procedimentos para os agentes da Pastoral da Escuta
5. Características de um bom agente da Pastoral da Escuta
6. Procedimentos do agente após a escuta
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
3
“Solicita-se dedicarmos tempo aos pobres, prestar a eles
amável atenção, escutá-los com interesse, acompanhá-los
nos momentos difíceis, escolhê-los para compartilhar horas,
semanas ou anos de nossa vida, e procurando,
a partir deles, a transformação de sua situação.”
(Documento de Aparecida, nº 397)
4
INTRODUÇÃO
A Pastoral da Escuta nasceu da necessidade do mundo moderno, em que as
pessoas quase não têm mais tempo de ouvir umas as outras. Os avançados meios de
comunicação, a tecnologia e a informática criam modalidades de interação que não
substituem o contato pessoal, o olho no olho, a presença física de alguém que nos
ouça gratuita e desinteressadamente. Essa carência de ser ouvido leva muitas pessoas
ao desespero e ao sentimento arrasador de solidão no meio da multidão, que pode ser
catastrófico, levando até ao suicídio. No afã de suprir essa carência de serem
escutados nas suas necessidades de partilha, muitos buscam na Igreja alguém que os
escute. Porém, o padre, sozinho, nem sempre dá conta de atender e ouvir essas
pessoas, e nem sempre a paróquia tem pessoas preparadas para auxiliá-lo nessa tarefa
pastoral.
Foi pensando nisso que preparei este subsídio sobre a Pastoral da Escuta. Sem
maiores pretensões, ele pretende ser uma ferramenta para auxiliar os padres e demais
agentes de pastoral nesse árduo trabalho de acolhimento em nossas comunidades,
para que elas sejam lugar de encontro com Cristo na pessoa do irmão, a partir da
escuta.
A Pastoral da Escuta é um braço da Pastoral da Acolhida. É uma forma primária,
no sentido de ser primordial, ou fundamental, de acolher aqueles que chegam carentes
de serem ouvidos nas suas necessidades elementares. O agente dessa Pastoral escuta
atentamente as necessidades e desabafos da pessoa, e busca apontar caminhos para
solucionar as dificuldades. É importante destacar de antemão que a maioria das
pessoas atendidas pela Pastoral da Escuta não necessita de mais nada além de ser
ouvida. Por isso, esse trabalho pastoral não carece de grandes investimentos. Basta
que haja voluntários que gostem de ouvir, e que não sejam dados a fofocas, para que
o trabalho seja realizado com resultados satisfatórios. Antes, porém, eles devem
receber as devidas orientações e alguma formação básica nessa área para poderem
atuar com capacitação.
Assim sendo, este subsídio pretende ser um guia de ajuda na preparação dos
agentes dessa pastoral, oferecendo as noções básicas sobre ela, bem como indicando
os procedimentos corretos para atuar nesse campo pastoral. Quem se dispuser a
ajudar na Pastoral da Escuta primeiro deve escutar e se preparar. Deve sair em busca
de materiais, formação e informação sobre ela. O tempo de preparação será indicado
pelo pároco de sua paróquia, mas cabe a cada agente ter a iniciativa de buscar
ferramentas e subsídios além daqueles que forem indicados. Quanto mais preparado
5
estiver o agente de pastoral, mais a pastoral será eficaz.
Em vista disso, este subsídio pretende ser uma ferramenta para auxiliar na
implantação, formação e ação dos agentes da Pastoral da Escuta. Dividido em seis
partes, busca apresentar didaticamente os passos para que a Pastoral da Escuta seja
uma realidade na paróquia.
A primeira parte busca definir o que é a Pastoral da Escuta. Na segunda, estão
suas justificativas e, na terceira, os objetivos dessa pastoral. A quarta parte indica
alguns dos espaços para o exercício da pastoral na paróquia, e a quinta, os
procedimentos para a implantação dela. A sexta e última parte traz indicações para a
preparação dos agentes, e indica também os procedimentos que se deve ter no
exercício dessa pastoral. Nas considerações finais estão uma breve reflexão sobre a
importância da escuta, como pastoral, e, por fim, algumas indicações bibliográficas
que ajudarão no aprofundamento do tema.
Esperamos que, como pedem o Documento de Aparecida e as Diretrizes Gerais da
Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (2011-2015), este subsídio venha contribuir
para o processo de evangelização permanente das paróquias e para o seu estado
permanente de missão.
6
I. O QUE É A PASTORAL DA ESCUTA
A Pastoral da Escuta é um serviço voluntário prestado por pessoas da paróquia.
Pessoas que tenham, antes, recebido um treinamento. Essas pessoas se dispõem a
escutar outras pessoas. A escuta deve ser feita em ambiente confidencial, onde a
pessoa se sinta à vontade para falar. O objetivo é oferecer uma conversa amiga, num
clima de verdadeira confiança, fazendo desse momento uma ocasião para a pessoa
desabafar sobre seus problemas. Quem escuta vai poder ajudar no discernimento de
problemas.
Quem escuta deve conhecer os recursos da paróquia e saber se ela tem condições
para uma ajuda imediata (caso a pessoa necessite) para solucionar o problema sofrido
pela pessoa ouvida. Se não tiver, essa pessoa deverá ser encaminhada para um
profissional especializado, como, por exemplo, um psicólogo, uma assistente social,
um advogado, um médico ou qualquer outro profissional que o problema da pessoa
ouvida demanda.
Os agentes da Pastoral da Escuta oferecem um pouco do seu tempo para colaborar
de forma livre e voluntária, no intuito de ajudar a pessoa que passa por problemas.
Deve ser um serviço inteiramente gratuito, sem nenhuma discriminação.
A Pastoral da Escuta, através do seu agente, tem como finalidade oferecer uma
ajuda como interlocutor diante das angústias ou momentos difíceis que alguém possa
estar passando. Ouvir e se esforçar para solucionar o problema partilhado é parte
inerente do processo de evangelização.
É preciso destacar que muitos casos atendidos pela Pastoral da Escuta são
resolvidos na hora, sem necessitar de nenhum outro procedimento além da escuta.
Isso poderá ser feito por um grupo de pessoas devidamente preparadas que reservarão
um pouco de seu precioso tempo para acolher e ouvir as pessoas que procuram
constantemente a comunidade.
A Pastoral da Escuta poderá ser formada por membros de outras pastorais e
movimentos, como, por exemplo, da RCC (Renovação Carismática Católica), do
ECC (Encontros de Casais com Cristo), da Pastoral da Acolhida e da Visitação, ou
com pessoas de outros movimentos e pastorais de sua paróquia e, sobretudo, por
pessoas que ainda não têm nenhuma atividade pastoral na comunidade e desejam
ajudar de alguma forma. É uma forma de inseri-las na comunidade.
A equipe da Pastoral da Escuta acolhe, ouve as necessidades, dá conselho e, se for
o caso, encaminha para o padre ou para um órgão que poderá solucionar o problema
7
da pessoa, caso o mesmo não seja apenas espiritual. O documento 71 recorda que,
“muitas vezes, as pessoas que procuram nossas comunidades necessitam, antes de
tudo, prover às suas necessidades básicasde alimentação, saúde, moradia...” (CNBB,
idem, p. 45). É dever de uma comunidade que se preocupa com a evangelização
oferecer todos os serviços que forem possíveis para solucionar esses problemas. A
Pastoral da Escuta funciona também como uma porta de acesso da pessoa na
comunidade e dos encaminhamentos dos seus problemas para outros serviços que a
Paróquia oferece.
Em vista disso, a Pastoral da Escuta pertence à dimensão do acolhimento. Como
foi dito anteriormente, ela é um braço da Pastoral da Acolhida. Acolher pela escuta,
pela atenção e pela valorização da outra pessoa que se dá pelo ato de ouvi-la. É um
serviço que a paróquia oferece, de modo organizado e sistemático, dispondo de
pessoas voluntárias, devidamente preparadas, treinadas para ouvir as pessoas que
necessitem de alguém que as escute.
Vivemos num mundo onde as pessoas precisam cada vez mais falar de suas
agruras, mas nem sempre encontram alguém que esteja disposto a escutar. A carência
de diálogo começa, muitas vezes, dentro das próprias famílias; ocorre pouca conversa
entre o casal e com os filhos. Daí surge a necessidade de ser escutado, de ter pessoas
em quem se possa confiar e desabafar, sem ter que pagar por isso.
A Pastoral da Escuta surge como uma resposta para essa necessidade elementar
das pessoas. Ela proporciona espaços e oportunidades para que as pessoas possam
falar e ser ouvidas. Ali, diante da pessoa que fala, há alguém com uma postura
humana, cristã, movida por solidariedade e compaixão, buscando exercer os
ensinamentos de Jesus, de acolher sem discriminar ou recriminar.
Como o próprio nome já diz, a Pastoral da Escuta é essencialmente escuta e não
deve ser confundida com confissão, terapia, orientação espiritual ou catequese,
embora o agente dessa pastoral deva, em algum momento, fazer uso de ferramentas
que podem estar relacionadas a algumas dessas áreas, ou outras de seu conhecimento,
mas ele não está ali como confessor, psicólogo, orientador espiritual, catequista ou
algum profissional da escuta. É alguém que se dispôs a simplesmente ouvir. A
Pastoral da Escuta implica retomar a condição de sujeito do agente que escuta,
através da Palavra de Deus, e revisar o caminho trilhado da pessoa que é escutada,
empenhando em ajudá-la pelo simples ato de escutar. Uma escuta silenciosa,
atenciosa, de modo que o outro se sinta muito à vontade para desabafar.
A Pastoral da Escuta deve ser uma ação fundamentada na Palavra de Deus. Ser
8
instrumento mediador de encontro entre aquele que fala e aquele que ouve. É,
portanto, uma missão ou tarefa ministerial. Quem está nesse ministério, ou ação
pastoral, deve viver plenamente essa acolhida, ouvindo as necessidades de seu
semelhante. O agente da Pastoral da Escuta é alguém que abre canais para que a
pessoa que está sendo ouvida encontre respostas para seus problemas e perceba a
ação de Deus em sua vida. Deus é o mediador entre quem fala e quem ouve. A
Palavra ilumina a mente de ambos e permite que Deus aja entre eles, apontando luzes
e caminhos. Quem se dispôs a escutar liberta a pessoa com sua escuta e leva-a ao
confronto com a Palavra. É uma troca recíproca de dons. Ao mesmo tempo que se
conforta alguém, também se é confortado. Assim sendo, há uma reciprocidade na
Pastoral da Escuta que beneficia a todos. A comunidade ganha muito com essa
Pastoral, pois ela fortalece os vínculos fraternos e traz de volta muitos afastados.
Enfim, a Pastoral da Escuta é um serviço realizado por agentes de pastoral,
voluntários da paróquia, indicados pelo pároco e devidamente preparados, com o
objetivo de auxiliar as pessoas que se encontram sozinhas ou com dificuldade de
encontrar pessoas que as ouçam, ou que estejam sobrecarregadas pelas tensões e
preocupações que se acumulam no dia a dia de suas vidas. É uma pastoral paroquial,
de pessoa para pessoa, mas que está vinculada à conjuntura das demais pastorais da
paróquia. De início, pretende apenas ser um ouvido atento e amigo, capaz de escutar
e solidarizar-se, oferecendo alento. Depois, com os desdobramentos desse
acompanhamento, pode-se aprofundar na ajuda, de acordo com a necessidade de cada
um. Nesse segundo estágio da Pastoral da Escuta, envolvem-se outras pastorais e
serviços da paróquia.
Enfim, a Pastoral da Escuta é um serviço organizado que dispõe de pessoas
voluntárias, devidamente treinadas para atender pessoas que necessitam de alguém
que as escute. Escutar pessoas que buscam alguém para ouvi-las com atenção e
respeito em momentos de aflição, sofrimento emocional e existencial. Essas são
algumas das ações dessa Pastoral que desponta na Igreja como uma resposta aos
desafios do mundo moderno, que caminha cada vez mais para o isolamento e o
individualismo, gerando pessoas solitárias e angustiadas. A Igreja quer ser a voz que
clama nesse deserto, através de uma Pastoral que escute as pessoas nas suas
angústias.
9
II. JUSTIFICATIVAS PARA UMA PASTORAL DA ESCUTA
São muitas as situações que justificam a necessidade de uma Pastoral da Escuta na
paróquia, e não seria possível apontar todas aqui. Vou indicar algumas, as mais
urgentes, e que estão, de certa forma, contempladas no Documento de Aparecida e
nas Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (2011-2015). Antes,
porém, apontarei duas dimensões, ou perspectivas, fundamentais dessa pastoral: a
dimensão pastoral e a dimensão bíblica. São perspectivas que servem como alicerce
para as justificativas de uma pastoral dessa natureza.
Dimensão Pastoral: o serviço da escuta, quando organizado ou sistematizado na
paróquia, ganha o status de pastoral. Pastoral é a ação do pastor, isto é, do agente de
pastoral, seja ele consagrado ou não.
Diante de tantos desafios na gestão pastoral de uma paróquia, acolher as pessoas,
disponibilizando tempo para ouvi-las, talvez seja a primeira e a mais básica de todas
as ações pastorais. Sem esse acolhimento preliminar, todas as demais ações pastorais
poderão ser prejudicadas.
O ato da escuta deve começar pelo padre. Pela função que exerce, ele deve ser o
primeiro a dar exemplo de acolhimento e escuta. Ele precisa reservar dias e horários
para atender as pessoas e ouvi-las com atenção, sem pressa e com caridade pastoral.
Nasce, assim, o primeiro passo para uma Pastoral da Escuta.
O segundo passo é estender esse serviço aos demais agentes de pastoral, para que
eles possam auxiliá-lo nesse árduo trabalho de acolhimento a partir da escuta. Assim,
a Pastoral da Escuta vai surgindo e se fortalecendo, ganhando novas dimensões, no
sentido de se ampliar como serviço pastoral prestado pela paróquia.
Dimensão bíblica: a Pastoral da Escuta tem fundamentação bíblica. São muitas as
passagens bíblicas que mostram a importância e o valor da escuta. Deus nos ouve e
nos ensina a ouvi-lo. Deus nos escuta em nossas necessidades e quer que façamos o
mesmo com nossos semelhantes. Quando escutamos o próximo, estamos sendo
instrumentos de Deus na vida dessas pessoas que são ouvidas por nós. Como
acontece na proclamação da Palavra, em que emprestamos nossos lábios para que
Deus fale através deles, na escuta pastoral, emprestamos nossos ouvidos a Deus para
que Ele escute os clamores de seu povo.
Vejamos algumas passagens bíblicas que mostram a importância da escuta:
Deus escuta o clamor de seu povo que vivia na escravidão do Egito e os liberta
(Ex 3,7): Deus nos ouve primeiro. Ela sabe das nossas necessidades e sofrimentos, e,
10
quando clamamos, ele nos ouve. Ele ouviu o clamor do seu povo escravo no Egito e o
libertou. Ele continua a ouvir nossos clamores e a nos libertar. Cabe a cada um de nós
saber esperar o tempo de Deus. Assim, ele nos ensina a escutar, escutando-nos. A
Pastoral da Escuta tem também essa finalidade: ser resultado de pessoas que foram
ouvidas por Deus e que dão demonstração disso ouvindo aos outros. A atitude de
escuta do nosso semelhante é uma atitude de quem escutou a Deus e foi ouvido por
ele.
Escuta, ó Israel! O Senhor nosso Deus, o Senhor é único (Dt 6,4): Deus pede que
o povo o escute. Somente escutando a Deus é possível tersua promessa realizada.
Muitas vezes, queremos atingir nossas metas, mas não paramos para escutar a Deus.
Quem não tem paciência e fé para escutar a Deus provavelmente não conseguirá
escutar seus irmãos. A Pastoral da Escuta é uma pastoral que carece primeiro de
escutar a Deus. É preciso ter fidelidade e coerência aos seus ensinamentos para
podermos nos colocar diante do outro para ouvi-lo e ajudá-lo a encontrar
discernimento.
Fala, que o teu servo escuta (1Sm 3,9-11): Samuel é orientado por Eli a se colocar
em uma atitude de escuta a Deus. Deus nos fala de diversas maneiras, mas é preciso
ter os ouvidos atentos para poder escutá-lo. Assim sendo, antes de atuar na Pastoral
da Escuta, seus agentes precisam exercitar a oração da contemplação e da escuta a
Deus, pois somente quem leva uma vida de oração exercita seus ouvidos para Deus e
para seu próximo. Samuel tornou-se um grande profeta porque soube escutar a Deus.
Toda manhã ele faz meus ouvidos ficar atentos para que eu possa ouvir como
discípulo (Is 50,4): Isaías se coloca diante de Deus como discípulo, isto é, como
alguém que ouve atentamente e aprende as lições do Senhor. Assim, suas ações são
guiadas por ele e fundamentadas na sua Palavra. É preciso romper com as barreiras e
resistências que temos para escutar Deus e nos colocarmos humildemente diante dele
para escutá-lo. Somente assim seremos também bons escutadores. Quem não se
coloca para ouvir Deus dificilmente consegue ouvir seus irmãos.
Maria sentou-se aos pés do Senhor, e ficou escutando sua palavra (Lc 10,39): as
irmãs Marta e Maria recebem Jesus em sua casa. Marta deixa a visita e vai cuidar dos
afazeres da casa; Maria senta-se aos pés de Jesus para escutar a sua palavra. São duas
atitudes distintas que se complementam. É preciso primeiro escutar o Senhor para
depois poder agir fortalecido por sua palavra. Quem age sem escutar Deus anda
sempre agitado, estressado e nem sempre vê resultados satisfatórios de suas ações.
Quem reza antes, exercitando sua espiritualidade, age com mais firmeza, pois está
abastecido da Palavra de Deus. Maria teve uma atitude correta: ouviu primeiro para
11
depois agir. Ela foi elogiada por Jesus. Na Pastoral da Escuta, é a mesma coisa. É
preciso antes se colocar em oração diante do sacrário para depois ouvir as pessoas,
pois o que elas têm a dizer é parte valiosa da sua vida e não pode ser escutado de
qualquer jeito.
Estes e outros tantos exemplos bíblicos mostram que a escuta transforma a vida
das pessoas. Quem ouve e quem é ouvido saem transformados desse procedimento de
escuta. Por essa razão, a Pastoral da Escuta vem suprir uma lacuna que existe em
nossas paróquias, onde muitas vezes as ações práticas e os afazeres superam as
atitudes de escuta.
12
III. OS OBJETIVOS DA PASTORAL DA ESCUTA
Os objetivos constituem a finalidade de uma ação pastoral, ou seja, a meta que se
pretende atingir com os trabalhos de escuta desenvolvidos por essa pastoral.
São eles que indicam a equipe da Pastoral da Escuta, e a cada um dos agentes, o
que realmente desejam fazer. Sua definição clara ajuda em muito na tomada de
decisões quanto aos aspectos metodológicos do trabalho pastoral, afinal, temos que
saber o que queremos fazer, para depois resolvermos como proceder para chegar aos
resultados pretendidos.
Podemos distinguir dois tipos de objetivos:
• objetivos gerais;
• objetivos específicos.
Como o próprio nome diz, os objetivos gerais são aqueles mais amplos. São as
metas de longo alcance, as contribuições que desejam oferecer a paróquia e a Igreja
como um todo, com a Pastoral da Escuta.
Em geral, o primeiro e maior objetivo da equipe da Pastoral da Escuta e dos seus
agentes é obter uma resposta satisfatória ao seu trabalho de escuta. No entanto, para
cumprir os objetivos gerais, é preciso delimitar metas mais específicas dentro dos
trabalhos pastorais. São elas que, somadas, conduzirão ao desfecho do objetivo geral.
Por exemplo, se o objetivo geral da Pastoral da Escuta é contribuir para a inclusão
social das pessoas que são ouvidas, os objetivos específicos deverão estar orientados
para essa meta: descrever a situação de cada pessoa, sua realidade social, os
problemas que a pessoa vem enfrentando e compará-los com outras situações
similares; sistematizar os pontos determinantes para sua ocorrência etc. Cumpridos
esses objetivos parciais, certamente os agentes da Pastoral da Escuta conseguirão
atingir seu objetivo mais amplo.
Observe que a formulação dos objetivos, seja dos gerais, seja dos específicos, se
faz mediante o emprego de verbos no infinitivo: contribuir, analisar, descrever,
investigar, comparar e, sobretudo, escutar.
Assim sendo, cumpre ainda dizer que os objetivos têm função norteadora no
momento da avaliação das ações pastorais que vêm sendo desenvolvidas. Isso porque
uma ação pastoral é avaliada, em grande parte, pela capacidade de cumprir os
objetivos que se propõem em seus propósitos organizacionais. Então, o alerta é:
cuidado na hora de estabelecer os objetivos. Além de claros, estes têm que ser
exequíveis.
13
Parece óbvio dizer, mas o objetivo primordial da Pastoral da Escuta é escutar.
Escutar pessoas que buscam alguém para ouvi-las com atenção e respeito em
momentos de aflição, sofrimento emocional e existencial, ou em qualquer outro
momento que ela esteja vivendo e que necessite de desabafo ou de partilhar com
alguém a situação vivida.
Além desse objetivo básico geral, a Pastoral da Escuta tem também objetivos
específicos, como, por exemplo, estabelecer uma relação de ajuda à pessoa que busca
essa pastoral, proporcionando uma acolhida empática e ouvindo-a sem preconceito
nem julgamento; acolhendo bem, oferecendo privacidade e garantindo o sigilo sobre
aquilo que foi ouvido. Desse modo, a pessoa é acolhida e incluída na comunidade se
ela assim desejar, tudo com muita discrição.
Assim, a Pastoral da Escuta busca auxiliar as pessoas que se encontram
sobrecarregadas pelas tensões e preocupações que se acumulam no seu dia a dia e que
não têm quem as ouça. Além daqueles que vivem situações dessa natureza, a Pastoral
da Escuta atende também os que vivem na solidão, como as pessoas idosas e os que
têm dificuldades de relacionamento. Sendo assim, a Pastoral da Escuta é um
instrumento de acolhimento e inclusão que abre caminho para outras ações pastorais
da paróquia.
Em vista disso, a Pastoral da Escuta pretende ser um eficaz instrumento para o
desenvolvimento humano e cristão, de acolhimento e inserção na comunidade, num
processo criativo e desafiador que a paróquia disponibiliza aos seus fiéis e a todos os
que desejarem dela participar.
Outro objetivo dessa pastoral é oferecer respostas, com uma postura de discípulos
missionários que escutam para poder responder às urgências da ação evangelizadora
propostas nas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (2011-
2015), como, por exemplo, contribuir com o estado de missão permanente da
paróquia, atendendo sistematicamente as pessoas, ouvindo-as e buscando discernir
suas necessidades à luz da Palavra de Deus. Assim, numa atitude de escuta e diálogo,
anunciar à pessoa a Palavra de Deus. Com a Pastoral da Escuta, a paróquia vai se
tornando cada vez mais casa de iniciação à vida cristã e escola de oração, lugar não
apenas de celebração dos sacramentos, mas comunidade de comunidades, que ama e
acolhe; lugar de animação bíblica da vida pessoal e pastoral. É a paróquia a serviço
da vida plena para todos, que começa com o acolhimento através da escuta.
Quando a paróquia assume a Pastoral da Escuta, ela proporciona àquele que é
ouvido nas suas necessidades o encontro com Cristo na pessoa que a ouve. E a pessoa
14
que escuta faz a alegre experiência do discipulado. A escuta, na postura de discípulo,
promove a conversão pessoal tanto de quem escuta como de quem é escutado. Nesse
encontro, ocorre uma conversão recíproca. Ambos têm a ganhar nessa ação mútua
desencadeada pela Pastoral da Escuta. Quem escuta busca discernir os sinais do
Espírito Santo na vida e na históriada pessoa que é ouvida. A pessoa ouvida encontra
resposta em si mesma, pelo simples fato de poder falar e saber que alguém a escuta.
É, portanto, uma ação reparadora que ajuda a sanar as feridas abertas na vida daquele
que procurou a Pastoral da Escuta.
Voltando aos objetivos da Pastoral da Escuta e suas definições conceituais, vale
reafirmar que ela diz respeito a um fim que se quer atingir com a ação pastoral
desenvolvida por seus agentes. Os objetivos da Pastoral da Escuta podem ser
considerados finalidades e valores fundamentais da organização pastoral e devem ser
expressos em termos de expectativas futuras da pastoral e da paróquia. Nesse sentido,
fazem parte normalmente da declaração de missão evangelizadora da paróquia,
subdividida nos seus diversos trabalhos pastorais. Na hora de pensar a Pastoral da
Escuta, não se pode esquecer de traçar seus objetivos, tanto os gerais quanto os
específicos. Eles são de suma importância para que os trabalhos tenham um rumo e
confiram sentido às ações desenvolvidas. Em termos gerais, a missão e os objetivos
da Pastoral da Escuta determinam o tipo de estratégia e de estrutura que ela adotará, e
os tipos de processos e de procedimentos, de materiais ou recursos a serem usados e
de pessoas que atuarão nessa pastoral. Assim, os objetivos dão sentido e direção à
organização da pastoral; ajudam a assegurar o empenho dos agentes da pastoral em
trabalhar para uma finalidade comum; ajudam a distinguir com nitidez a direção dos
trabalhos ou os rumos que a pastoral vai tomando; ajudam a definir detalhadamente
outros objetivos e estratégias; estabelecem padrões de desempenho em relação aos
quais serão avaliados os progressos ou o desempenho da pastoral.
Na hora de definir os objetivos da Pastoral da Escuta, é importante saber que cada
objetivo deve descrever uma contribuição separada e distinta da missão da pastoral, e
não a combinação de certo número de contribuições diferentes; eles devem focar-se
no resultado final a atingir e não nos meios para o alcançar; cada objetivo deve
destacar a ação que conduz ao resultado final e as atividades detalhadas necessárias
para o atingir. Enfim, os objetivos devem ser explícitos quanto à natureza e à direção
da alteração requerida, mas podem não conter qualquer calendarização específica ou
meta em termos de resultado.
Seguem, resumidademente, algumas características dos objetivos da Pastoral da
Escuta. Eles precisam:
15
• ser coerentes com a realidade paroquial;
• ser viáveis, mas desafiantes;
• ter prazo ou metas a serem atingidas;
• ser mensuráveis tanto quantitativa quanto qualitativamente;
• ser clatos, explícitos e concisos;
• ser conhecidos e acreditados por toda a equipe de pastoral e pela paróquia;
• existir em número reduzido, para evitar dispersão.
Por fim, a Pastoral da Escuta busca também rezar pelas pessoas que pedem
orações, e as que não pedem. Essa oração é um compromisso do agente e da
comunidade. O compromisso do agente consiste em colocar aquela pessoa nas suas
orações pessoais. O compromisso da comunidade consiste na colocação do nome
daquela pessoa junto com as demais intenções da missa, e toda a comunidade reza
por ela. Assim, outro objetivo da Pastoral da Escuta é rezar pelas pessoas que são
ouvidas e, através da oração, interceder por elas para que seus problemas e
dificuldades sejam solucionados, conforme a vontade de Deus.
Para que esse objetivo seja atingido, é preciso que o agente que ora exercite sua
vida de oração e sua espiritualidade, e isso ele deve fazer de diversas maneiras,
sobretudo pelo exercício da Lectio divina. Através da leitura orante da Bíblia, o
agente da Pastoral da Escuta pratica sua vida de oração e desenvolve sua
espiritualidade de modo que ela possa ajudar a outros.
16
IV. OS ESPAÇOS PARA EXERCER A PASTORAL DA ESCUTA
O campo de ação da Pastoral da Escuta é o território da paróquia. A paróquia deve
oferecer os recursos (pessoais, materiais e espirituais) necessários, bem como espaços
adequados, de modo que a pastoral seja desenvolvida da maneira mais eficaz
possível.
Quando a paróquia é formada por redes de comunidades, os locais de escuta
podem ser distribuídos nessas comunidades, favorecendo, assim, que mais pessoas
possam ser atendidas. Porém, de início, é importante centralizar o trabalho em um
único local, até que ele esteja devidamente estruturado e com pessoas devidamente
preparadas para serem missionárias da escuta em outros locais do território paroquial.
À medida que o número de voluntários for crescendo, deverão ser expandidos os
locais de atendimento, mas sempre mantendo um núcleo central onde os trabalhos são
avaliados e devidamente acompanhados.
Em cada local de escuta, deve haver o mínimo necessário para que o trabalho seja
realizado com eficácia.
• Que seja um espaço onde a pessoa fique à vontade e se sinta segura, sem que
terceiros possam ouvir sua partilha;
• que ambos (quem ouve e quem é ouvido) estejam confortavelmente sentados;
• que não haja interferências externas durante a escuta, como, por exemplo, ruídos
excessivos, telefones fixos ou celulares, muito acesso de pessoas, algum tipo de
incômodo que impeça a pessoa de falar, ou que interrompa sua partilha etc.;
• que o local seja bem iluminado e ventilado, podendo ser até ao ar livre, desde
que haja privacidade na escuta;
• que tenha um espaço para oração antes e depois da escuta. O ideal seria a capela
do Santíssimo, mas pode ser outro local que favoreça a oração.
1. A escuta no expediente paroquial
Um procedimento importante para a credibilidade da Pastoral da Escuta começa
pela ação do padre, oferecendo um bom atendimento no expediente paroquial. O
expediente paroquial é o primeiro espaço para ouvir as pessoas. Assim sendo, é
fundamental que os padres (o pároco e os vigários paroquiais) tenham dias fixos para
atender as pessoas. Não precisa ser todos os dias, isso vai depender da demanda da
paróquia e do fluxo de pessoas no expediente paroquial que procuram o padre a fim
de serem ouvidas. Por exemplo, numa paróquia onde o pároco tem auxílio de vigários
paroquiais, estabeleça um dia para cada um dos padres ouvir as pessoas. O pároco
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dever escutar as pessoas, no mínimo, dois dias por semana, durante o expediente
paroquial. Se o pároco, ou administrador paroquial, não é auxiliado por outros padres
no atendimento, procure disponibilizar mais dias da semana para escutar as pessoas.
Nesse dia, esteja presente o tempo todo. Essa presença assídua e rigorosa confere à
Pastoral da Escuta e à paróquia credibilidade e respeito. Assim sendo, evite se
ausentar nos dias marcados para a escuta das pessoas; se, por algum imprevisto,
chegar atrasado ao atendimento, peça desculpas pelo atraso; evite deixar as pessoas
esperando por muito tempo sem dar satisfação; procure cumprir o horário previsto
para o atendimento de escuta. Fidelidade e responsabilidade são fundamentais para o
bom êxito da Pastoral da Escuta.
2. Salas para o exercício da Pastoral da Escuta
É importante que os padres e os agentes da Pastoral da Escuta tenham salas
privativas para escutar as pessoas. Essas salas devem possibilitar:
• Conforto tanto de quem ouve quanto de quem é ouvido. Conforto não é sinônimo
de luxo, mas de um espaço onde as pessoas possam se sentir bem, à vontade e
seguras de que o que ali se diz não é ouvido por terceiros;
• Nessa sala deve haver cadeiras confortáveis, uma boa iluminação; o local deve
ser arejado, estar sempre limpo e organizado;
• Disponibilize, nesse espaço, lenços descartáveis. É comum que as pessoas se
emocionem durante o desabafo;
• A sala poderá estar ornamentada com plantas naturais, quadros ou imagens que
transmitam paz, segurança e conforto para os que ali adentram para falar de seus
problemas.
Destaco, ainda, a importância da sala de escuta conferir segurança às pessoas que
serão atendidas. Segurança não apenas no sentido técnico do termo, ou seja, o que
requisitam os bombeiros, mas segurança no sentido da pessoa se sentir confiante e
não ter a preocupação de estar sendo ouvidapor terceiros; estar bem acomodada, de
modo que facilite que ela se abra, partilhe suas angústias, fale sem nenhum medo ou
barreira. O tipo e a disposição da sala contribuem muito para que isso ocorra. Uma
sala sem privacidade, onde qualquer pessoa pode entrar e sair a qualquer momento,
dá uma sensação de insegurança a quem está sendo atendido de modo particular.
Outra dúvida que alguns têm, quando se atende numa sala, é se se deve ou não
trancar a sala na hora do atendimento. Muitos que vêm para ser atendidos estão tão
inseguros que pedem para fechar a porta. Isso não é recomendado. Caso haja
necessidade, encoste a porta, mas nunca se deve trancar a porta enquanto se escutam
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as pessoas. O mais indicado é atender com a porta aberta.
A iluminação da sala de escuta também contribui, e muito, para o bom
acolhimento. Salas bem arejadas, com janelas amplas, ajudam as pessoas a se
sentirem melhores. É muito desagradável estar numa sala onde as pessoas se sentem
sufocadas, sem nenhuma visão externa. Se sua sala de escuta não possibilita esse
arejamento natural, procure, ao menos, colocar uma boa iluminação. Para isso,
consulte um profissional da área. As chamadas luzes frias dão uma luminosidade
mais natural que outros tipos de iluminação. É possível criar um bom espaço de
escuta mesmo que a estrutura da sala não favoreça. Isso exige um pouco de
criatividade e profissionalismo. Quem se preocupa com o bom atendimento, se
preocupa com esses detalhes, que parecem irrelevantes, mas fazem a diferença na
hora de acolher e escutar as pessoas.
Não deixe que a sala da Pastoral da Escuta pareça mais um depósito do que uma
sala de atendimento. Para isso, elimine do espaço tudo o que for desnecessário. A
mesa deve estar livre de objetos como, por exemplo, pastas, papéis, livros, revistas,
computador, objetos etc. Na estante, se houver, coloque poucas coisas. Somente as
estritamente necessárias e, claro, alguns objetos ornamentais. Os ornamentos ajudam
a quebrar a aridez de um espaço. Beleza faz bem ao corpo e à alma, e todos nós nos
sentimos bem nos lugares bonitos, agradáveis, bem organizados e limpos. Assim
sendo, prepare com carinho a sala da Pastoral da Escuta.
Se sua paróquia possui uma sala exclusiva para uso da Pastoral da Escuta, procure
organizar nela um quadro de avisos ou de controle dos horários de escuta. Essa
prática também ajuda na organização e no bom funcionamento da Pastoral. A
utilização de um quadro de avisos interno, isto é, de acesso apenas dos agentes da
Pastoral da escuta é de suma importância para que a equipe se organize. Nele poderão
ser colocados os atendimentos, por dia e horário, mas sem a identificação da pessoa
que será atendida, para preservar sua identidade, algo fundamental na Pastoral da
Escuta.
Esse procedimento de ter na sala uma tabela para o acompanhamento dos
atendimentos, além de facilitar a visualização das atividades, favorece a organização
dos agentes da Pastoral. Basta que se crie o costume de consultar o quadro para que
os atendimentos não sejam esquecidos. As demais atividades da Pastoral, como, por
exemplo, reuniões, cursos, retiros etc., devem constar no Plano Pastoral da Paróquia,
numa agenda à parte, mas não no quadro de controle dos atendimentos. Porém, é
preciso que, ao organizar o quadro ou tabela de atendimentos, se esteja atento para
não se esquecer de fazer as devidas anotações.
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3. A escuta ao ar livre
O serviço de escuta pode ser exercido também ao ar livre, embaixo de árvores, na
varanda, nas praças etc., desde que ofereça a condição básica, isto é, a privacidade. Se
a escuta for feita ao ar livre, procure encontrar uma forma de ambos (quem ouve e
quem fala) estarem sentados confortavelmente. Escolha lugares onde não ocorram
interrupções na escuta, onde não existam ruídos externos em demasia e nos quais a
pessoa que fala se sinta segura para falar. As regras para exercer a escuta em locais
abertos é a mesma dos locais fechados, isto é, nas salas. Procure deixar que a pessoa
fale, evitando interrompê-la; delimite o tempo de escuta antes de a pessoa começar a
falar; quando for interromper por causa do tempo, procure usar de delicadeza e
cuidado, para não parecer profissional demais ou que esteja cansado de ouvir; procure
levar consigo lenços descartáveis e ofereça-os caso a pessoa chore durante a partilha.
Quando se tem certa intimidade com a pessoa, a escuta pode ser feita durante uma
caminhada, mas sempre tendo claro que estão no exercício de uma pastoral e não
praticando exercícios físicos.
4. A escuta no interior da igreja
Geralmente, as igrejas oferecem, em seus interiores, espaços apropriados para
ouvir as pessoas. O ambiente de oração favorece que as pessoas se sintam mais
confiantes e se abram com mais facilidade, como pode ocorrer no interior da igreja.
Assim sendo, se as igrejas de sua paróquia (igreja matriz e capelas) têm ambientes
favoráveis para o exercício dessa pastoral, a escuta pode ser feita dentro deles,
escolhendo, para isso, um local adequado, onde não haja muito fluxo de pessoas.
Sente-se com a pessoa, de preferência ao lado dela, e a ouça com atenção.
5. A escuta na capela do Santíssimo
Há paróquias em que a capela do Santíssimo oferece espaço para ouvir confissões.
Nesse caso, o exercício da escuta também pode ocorrer nesse espaço. Mas vale
lembrar que nem sempre esse é o local mais indicado, pois comumente esse espaço
não é tão grande e sempre há alguém em oração ali, o que dificulta, ou impossibilita,
que a pessoa fale com privacidade, além de atrapalhar a oração de outros. Cito aqui
esse espaço como uma possibilidade remota, mas não como o lugar ideal para se
ouvir as pessoas no exercício da Pastoral da Escuta. Esse espaço deve, sim, servir
para a oração antes e depois da escuta. Ou então para que um membro da equipe da
Pastoral da Escuta fique a interceder enquanto a pessoa é ouvida. Assim sendo, avalie
com cautela se a capela do Santíssimo da sua paróquia oferece as condições
20
necessárias para o exercício da Pastoral da Escuta.
Esses são alguns dos espaços em que se pode exercer a Pastoral da Escuta, isto é,
espaços onde as pessoas podem ser ouvidas. De acordo com cada realidade paroquial,
outros espaços podem surgir e ser úteis para o exercício dessa pastoral. Cabe a cada
um averiguar sua realidade e encontrar a melhor forma de colocar em prática essa
pastoral. O mais importante é que as pessoas sejam ouvidas e que o espaço escolhido
ofereça condições para isso.
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V. PROCEDIMENTOS PARA A IMPLANTAÇÃO DA PASTORAL
DA ESCUTA NA PARÓQUIA
Para a implantação e consolidação da Pastoral da Escuta, alguns procedimentos
são necessários. Indicarei a seguir alguns que são gerais, que servem para todos,
porém há outros que dependem de cada realidade paroquial, os quais cabem às
equipes descobrir e colocar em prática.
Esses procedimentos correspondem a três fases da Pastoral: implantação,
consolidação e realização. O objetivo da primeira fase é obter as informações
necessárias para realizar um planejamento pastoral preciso e realista, definindo o que
fará parte das ações da Pastoral da Escuta e quais serão os papéis e responsabilidades
de cada pessoa envolvida na pastoral, determinando, assim, como ela será conduzida.
Essas fases são compostas das seguintes etapas:
1. Conhecimento das propostas pastorais da diocese e da realidade paroquial
Conhecimento das propostas pastorais da diocese: antes da implantação de
qualquer pastoral na paróquia, conheça primeiro as propostas pastorais da diocese.
Verifique se a diocese apoia essa modalidade de pastoral. Caso ainda não exista a
Pastoral da Escuta na diocese, apresente a proposta ao Conselho Diocesano de
Pastoral e ao Bispo. Mostre a importância dessa pastoral e as indicações que as
Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil apresentam que justificam a
implantação da Pastoral da Escuta. A Pastoral da Escuta ajuda a paróquia a responder
às exigências da ação evangelizadora da Igreja, e isso deve ser apresentado ao
Conselho Diocesano de Pastoral,caso este desconheça.
Conhecimento da realidade paroquial: toda pastoral busca responder a um tipo
específico de necessidade. Por exemplo, de que adianta ter uma Pastoral do Menor
numa paróquia de uma pequena cidade do interior cuja população tenha certo poder
aquisitivo e em que não existam crianças infratoras ou vivendo na rua? Ou, então, a
Pastoral dos Ribeirinhos onde não há essa população? Uma pastoral é implantada
para responder a uma necessidade específica. Isso vale para qualquer tipo de pastoral,
e com a Pastoral da Escuta não é diferente. Se não existe essa demanda na paróquia,
não há necessidade de se ter uma Pastoral da Escuta. Porém, sabemos que a maioria
das paróquias, principalmente as de grandes centros urbanos ou de regiões populosas,
carecem desse tipo de serviço, pois, quanto maior a cidade, mais as pessoas se
individualizam e sofrem de solidão e de falta de quem as ouça. Assim sendo, a
Pastoral da Escuta é algo necessário. Em vista disso, procure conhecer as demandas
22
da sua paróquia antes de implantar a Pastoral da Escuta. Se houver, de fato, essa
carência, a pastoral será necessária e dará bons resultados.
Elaboração de um mapa da realidade paroquial: nesse processo de conhecimento
da paróquia, o procedimento mais adequado é a elaboração de um mapa que
identifique e ajude a refletir essa realidade. Esse mapa poderá ser feito a partir de um
levantamento de dados que pode ser tarefa da Pastoral da Visitação ou de outros
agentes de pastorais que visitem as casas. Pode ser elaborado também aproveitando-
se os resultados de pesquisas censitárias que apontam a situação e as necessidades da
população, ou, ainda, preparando uma equipe que faça o levantamento da realidade a
partir de alguns elementos que sejam de interesse específico; nesse caso, se as
pessoas do território paroquial, ou da região, gostariam que a paróquia oferecesse
esse serviço. Podem também ser feitas consultas, na missa, em que as pessoas tenham
oportunidade de manifestar seu interesse por essa pastoral. Enfim, há diversos meios
para obter um mapa da realidade paroquial que ajude no processo de implantação da
Pastoral da Escuta e de outras pastorais e serviços que a paróquia queira oferecer. O
mais importante é que ele seja feito e, a partir dele, sejam dados os passos seguintes
na implantação da Pastoral da Escuta. Não dá para implantar a Pastoral da Escuta sem
antes escutar, ou consultar, a população sobre essa necessidade e ter um mapa que
possa guiar esses passos.
2. Apresentação da Pastoral da Escuta e suas propostas
Apresentação ao CPP: outro procedimento indispensável é a apresentação da
Pastoral da Escuta na reunião do Conselho Paroquial de Pastoral. Nessa ocasião,
explique o que é essa Pastoral da Escuta, onde e como ela atua, e quais as razões que
justificam sua implantação na paróquia. Se possível, faça um resumo em PowerPoint,
ou outro sistema, que favoreça a visualização e a melhor compreensão sobre essa
pastoral. Desse modo, os membros do CPP poderão opinar e votar sobre a
necessidade, ou não, de se implantar na paróquia a Pastoral da Escuta. Com o apoio
do CPP, tudo fica mais fácil, pois o CPP é o principal órgão de respaldo de uma
pastoral. Sem a aprovação do CPP, nenhuma pastoral deve ser implantada. Quando se
implanta uma pastoral sem a consulta ou aprovação do CPP, ela corre sério risco de
não dar certo. O pároco tem autoridade para decidir se implanta ou não uma pastoral,
mas, se ele não tiver o respaldo do CPP, a pastoral fica enfraquecida, podendo acabar
antes mesmo de dar os primeiros resultados.
Apresentação da equipe da Pastoral da Escuta à Comunidade paroquial: depois
de organizada a equipe, o passo seguinte é apresentá-la à Comunidade. Esse
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procedimento é muito importante porque faz parte da divulgação da Pastoral da
Escuta. Como proceder para a apresentação da equipe?
Essa apresentação pode ser feita de diversas maneiras. Procure usar todas que
puder, como, por exemplo, apresentando a equipe em todas as missas dominicais.
Combine com a equipe, escolha um domingo oportuno e faça as devidas
apresentações, que podem ocorrer logo após os avisos paroquiais. Chame os
membros da equipe à frente e apresente-os. Eles podem estar usando a veste da
pastoral, caso já a tenham. A veste pode ser uma camiseta com o nome da paróquia e
o nome da pastoral em destaque na frente ou no verso da veste.
Apresente também ao CPP. Convide todos os membros da Pastoral da Escuta para
participar de uma das reuniões do CPP. Nessa reunião, eles serão apresentados, e
cada um poderá partilhar suas expectativas em relação à pastoral, bem como
responder às perguntas dos membros do CPP. É uma maneira de valorizá-los e, ao
mesmo tempo, de ter o apoio do CPP.
A equipe pode se apresentar também nas instituições do bairro, ou da cidade,
como, por exemplo, nas escolas, creches, asilos, casas de recuperação, penitenciárias
etc., sempre tomando as devidas providências para a realização desse procedimento.
Quanto mais a equipe se fizer conhecida, mais a pastoral será conhecida e
procurada. Assim, ela ampliará seu campo de ação e, consequentemente, dará maior
contribuição à missão evangelizadora da paróquia.
Na hora de apresentar a equipe da Pastoral da Escuta, procure elucidar algumas
questões básicas, sem tomar muito tempo:
• O que faz a pastoral?
• A qual desafio ela responde?
• Qual o público-alvo?
• O que a equipe fez até agora?
• Como a equipe se prepara?
• Onde a equipe atua?
Respondendo a essas questões, as pessoas terão uma noção do que é a Pastoral da
Escuta e o que fazem seus membros.
Além da apresentação da equipe da pastoral para a comunidade, é importante que,
antes, os membros dessa equipe já tenham se conhecido e estejam devidamente
entrosados. Para isso, deve ser feita alguma dinâmica que favoreça esse
conhecimento e entrosamento entre os membros da equipe da Pastoral da Escuta.
Essa dinâmica, além de favorecer o conhecimento entre os Membros da equipe,
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favorece também que estes exercitem a escuta entre si para poder escutar os outros.
Apresento aqui uma sugestão de dinâmica, mas a equipe pode escolher outra que
melhor se adapte a sua realidade. A dinâmica sugerida chama-se “minha vida” e
conduz os participantes à escuta e, consequentemente, ao conhecimento do outro.
Essa é uma dinâmica de apresentação que traz excelentes resultados para o grupo ou
equipe de pastoral que está iniciando suas atividades na paróquia.
Seu tempo de aplicação varia de 40 a 45 minutos e não deve ter mais do que 20
pessoas participando. Por outro lado, é importante que tenha um número mínimo de
10 pessoas. Os materiais usados são: folhas de papel A4, canetas ou tinta. E os
procedimentos são os seguintes: o coordenador explica a finalidade e os objetivos da
atividade; em seguida, pede às pessoas que se dividam em grupos de 4 ou 6 pessoas
para falar das suas experiências de vida na infância e na vida eclesial. Seguem abaixo
algumas sugestões de questões para motivar a equipe. Se preferir, elas podem ser
adaptadas ou substituídas por outras:
• Quais são as tuas recordações mais marcantes?
• Em que idade começou a participar da Comunidade?
• Qual a ligação hoje com a Comunidade?
• O que costuma fazer nos dias livres?
• Já faz algum trabalho de escuta?
• Que tipo de leitura aprecia?
• O que espera da Pastoral da Escuta?
O coordenador pergunta o que as pessoas acharam mais interessante no exercício e
pede para comparar, no âmbito político, social e eclesial, as diferenças de ambiente e
as várias influências, pedindo também aos participantes que ilustrem suas ideias com
imagens ou desenhos. Vão aqui algumas dicas: iniciar o processamento abrindo
espaço para que os participantes façam comentários sobre sentimentos, dificuldades,
facilidades e outros que o grupo julgar importantes. Observar como ficam os
participantes com as declarações dos demais e se está ocorrendo integração.
Observações: o coordenador deverá ter em conta que o exercício não pode se tornar
uma análise psicológica, mas sim a percepção de procedimentosdiversificados.
Assim, antes de apresentar a equipe à comunidade, faça essa ou outra dinâmica de
conhecimento do grupo.
3. Planejamento de metas e objetivos a serem atingidos
Quando se tem metas a atingir, é preciso que se façam planejamentos antes. Ao
implantar a Pastoral da Escuta na paróquia, é preciso planejar antes os meios para
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atingir determinados fins (metas) e ter clareza de quais são esses fins, ou metas, a
serem atingidos. Esse planejamento consiste, entre outras coisas, num calendário, ou
programação, das atividades da pastoral a serem desenvolvidas e na preparação
humana e material da equipe. Nessa programação, é preciso que constem as reuniões,
as formações, os retiros e as confraternizações. Além disso, é importante que a equipe
da Pastoral da Escuta coloque no papel os objetivos gerais e os objetivos específicos
da pastoral. Esses objetivos devem ser definidos entre seus membros e em conjunto
com o pároco e o coordenador do CPP.
Assim sendo, coloquem no papel as metas e os objetivos da pastoral. Para isso, é
importante saber que metas são essas e o que se deseja realizar. Quanto aos objetivos,
eles devem fornecer referências específicas, quantitativas, que podem ser usadas para
mensurar o progresso em relação às metas da pastoral. Vale lembrar que as metas são
indicadoras das prioridades, ou do conjunto de prioridades a serem alcançadas pela
equipe, ou pela pastoral. Elas devem sempre ser atingíveis, pois, de outra maneira,
podem acabar por desmotivar sua realização. Pense nisso na hora de traçar as metas
da Pastoral da Escuta, para que seus agentes não desanimem na missão. Por exemplo,
se a equipe deseja atender duzentas pessoas por semana, mas não tem membros
suficientes para o trabalho de escuta e não possui os recursos necessários (formação e
espaço físico), não adianta querer começar na semana seguinte, pois muitas coisas
precisam ser planejadas antes. Agora, se a equipe decide ter essa meta, e vai, ao longo
do ano, planejando e adquirindo os meios para isso, a meta torna-se atingível. Já os
objetivos, sejam eles gerais ou específicos, refletem as várias etapas dessas metas até
sua conclusão. Nesse caso, eles são indicadores que ajudam a mensurar o progresso
das metas. Vale lembrar que eles devem ser realistas e ter um período de tempo
definido.
4. Busca da pessoa certa para coordenar a Pastoral
Já destacamos a importância da pessoa do coordenador de uma pastoral, ou
serviço, e do papel que ela tem no desempenho de uma ação pastoral, mas vale a pena
trazer de volta o tema devido a sua importância como procedimento a ser tomado
para a implantação da Pastoral da Escuta.
O fato é que é preciso que se tenha a pessoa certa no lugar certo, senão tudo pode
dar errado, ou pode não se atingir as metas desejadas. Assim sendo, em primeiro
lugar, é preciso que a pessoa escolhida para coordenar a Pastoral da Escuta se
identifique com a pastoral, e goste de ouvir e coordenar uma equipe que ouve; que
seja alguém bem envolvido com a comunidade paroquial, que conheça suas estruturas
26
de funcionamento e o contingente de fiéis; que seja alguém bem-quisto na
comunidade; que seja uma pessoa exemplar, não tendo nada que desabone a sua
pessoa, sejam questões morais ou éticas; que tenha boa vontade e espírito de
liderança; que tenha um bom relacionamento com o pároco etc.
Desse modo, antes de escolher a pessoa que vai coordenar a Pastoral da Escuta e
os membros da equipe pastoral, é importante pensar nas seguintes questões: quanto
custa ter uma equipe de escuta que não se escuta? Coordenador que, de fato, não
coordena? Membros da Pastoral da Escuta que não têm paciência para escutar os que
buscam a pastoral? Uma equipe de pastoral que, em vez de agregar valor, dificulta os
resultados da organização? Quanto custa, para a própria pessoa, atuar em algo que
não a motiva? Enfim, quanto custa ter a pessoa certa no lugar errado?
No caso das paróquias, ainda não há uma consciência de que subaproveitar os
agentes de pastoral, isto é, as mesmas pessoas atuando em todas as frentes pastorais,
pode custar muito para sua organização missionária ou, até mesmo, sua sobrevivência
enquanto paróquia em estado permanente de missão; e, para os agentes de pastoral,
pode causar um sentimento de sobrecarga, gerando cansaço e até estresse, que
desqualifica as ações missionárias da paróquia. Frequentemente, isso aparece com o
tempo, gerando acomodação e anacronismo pastoral na paróquia, que passa a ter
apenas uma pastoral de manutenção de suas estruturas, mas não revela o ardor
missionário e as inovações que os desafios de hoje propõem para uma paróquia em
estado permanente de missão.
Suponhamos que um excelente agente de pastoral seja escolhido para ser o
coordenador da Pastoral da Escuta. Porém, as características práticas e pessoais que
ele possui não servem para essa nova atividade. Não desenvolveu os comportamentos
de coordenação exigidos, ou não tem espírito de liderança, ou de coordenação de
equipe. Ele começa a ficar extremamente estressado e infeliz. A equipe e a
comunidade paroquial percebem que perderam um excelente agente de pastoral e
ganharam um péssimo coordenador.
Assim sendo, na hora de escolher a pessoa para coordenar a Pastoral da Escuta, a
equipe deve se preocupar com a satisfação pessoal daquela pessoa que escolherá para
a coordenação, e, consequentemente, com os bons resultados que ela pode vir a gerar
com sua satisfação e seu empenho. Desse modo, é preciso desenvolver uma série de
ações voltadas para a capacitação da pessoa que for escolhida para coordenar essa
pastoral, com foco principal nos aspectos cognitivos e comportamentais que a
pastoral e a função de coordenador exigem. Pesquisas realizadas têm demonstrado,
por exemplo, que mesmo os melhores coordenadores de pastoral não conseguem
27
operar milagres se não têm o perfil comportamental adequado para o que requer a
função.
As paróquias ainda são resistentes para entender que as pessoas, em suas atuações
pastorais, têm características comportamentais específicas e que estas devem ser
levadas em conta na hora de convidar as pessoas para participar, ou coordenar um
trabalho. São essas características, ou aptidões, que as orientam mais facilmente a ter
eficácia em determinadas funções em detrimento de outras. Por isso, é fundamental
que as pessoas e as equipes conheçam seu perfil pessoal, o perfil da pastoral e quais
são os pontos que deverão ser desenvolvidos ou redimensionados para o bom
desempenho de sua participação. Além disso, é preciso conhecer suas tendências em
relação ao trabalho, pessoas que possam complementá-las nas suas ações,
necessidades específicas de treinamento e desenvolvimento, e como elas poderão
efetivamente mudar suas características, tendo como objetivo aproximar-se do seu
progresso pastoral. Perfeitas relações entre as pessoas (padres, agentes da mesma
pastoral, agentes de outras pastorais, fiéis leigos que frequentam as missas e pessoas
que procuram a Pastoral da Escuta) serão os ingredientes mais importantes para o
desenvolvimento de uma boa coordenação pastoral. Assim sendo, deve-se perguntar:
como ser a pessoa certa no lugar certo?
5. Formação e preparação da equipe da Pastoral da Escuta
Formação de equipe: todo trabalho pastoral deve ser feito em equipe e não apenas
por um indivíduo. Não dá para pensar numa ação pastoral, qualquer que seja ela, sem
antes pensar numa equipe que a execute. Assim sendo, para a implantação da Pastoral
da Escuta, é preciso antes formar uma equipe, e que essa equipe cumpra a sua função,
que é, entre outras coisas, maximizar talentos individuais, porque isso é de vital
importância para o bom êxito não apenas da pastoral em si, mas da própria paróquia,
que tem suas equipes de trabalho como parte de sua organização pastoral e depende
delas para realizar suas ações missionárias.
O desempenho dessa equipe, entretanto, vai depender da qualidade do
entrosamento entre seus membros. Por essa razão, é preciso que, ao formar essa
equipe, se escolham pessoas com certas afinidades,ou então, que se desenvolvam
trabalhos, ou técnicas, de entrosamento entre elas, de modo que haja uma sintonia
entre a ação de cada indivíduo e a do grupo.
Vale lembrar que cada pessoa traz, além da sua personalidade, experiências
pastorais e pessoais que afetarão a equipe e serão afetadas por esta. Desse modo, o
tipo de formação da equipe será influenciado pela maneira como essas personalidades
28
e experiências se articularão. Assim, ao formar a equipe da Pastoral da Escuta,
busque promover formas de articulação dos saberes pautadas no respeito pelas
diferenças e pela bagagem que cada um traz. Desse modo, a equipe da Pastoral da
Escuta deve ser estruturada levando em consideração os perfis ou tendências pessoais
e personalidades dos indivíduos.
O espírito de liderança é importante no indivíduo, mas quando se fala de trabalho
em equipe, o líder terá que abdicar de certas atitudes para poder trabalhar em grupo.
Uma equipe de líderes não pode progredir, pois onde todos querem liderar, a
administração de conflitos ocupará a maior parte do tempo disponível para o trabalho
em equipe. Quem deve liderar na equipe da Pastoral é o coordenador. Uma equipe
ideal é aquela cujos membros assumem naturalmente funções ou papéis
complementares, e em que cada um desses papéis seja descrito em termos de pontos
fortes e fraquezas de cada perfil que o desenvolve. Numa equipe de pastoral, uma
pessoa coordena os trabalhos gerais dessa equipe. As outras tarefas, ou funções, são
distribuídas para os demais. Dentro da equipe deve haver lugar para todos, mas cada
um deve saber qual é o seu papel e como proceder. Assim, o coordenador monitora o
andamento da equipe, enquanto seus membros desempenham as ações que lhes
cabem, como, por exemplo, escutar, motivar, ajudar nos eventos que são
programados etc.
Enfim, ao formar a equipe da Pastoral da Escuta, defina claramente a missão de
cada um dentro dela, bem como as metas e objetivos da equipe e da pastoral como
um todo. Todos têm que saber qual é o objetivo do trabalho pastoral, para que o
esforço seja feito na mesma direção. Cada pessoa tem que estar ligada ao significado
maior do trabalho de escuta dentro da paróquia, que é o objetivo dessa pastoral, e ver
o mesmo como um desafio de colocar a paróquia em estado permanente de missão. Já
que se está falando de escuta, a comunicação clara é fundamental para alcançar o
objetivo dessa pastoral. É preciso ter a humildade de escutar e acatar as normas da
pastoral para que ela responda ao que se propõe.
Como foi dito antes, que cada um respeite a individualidade do seu companheiro
de trabalho e estimule a diversidade da equipe, evitando, assim, individualismos.
Lembre-se de que equipes são formadas de pessoas, e cada pessoa tem histórias de
vida, conhecimentos e experiências bem diferentes. É papel do coordenador da
pastoral respeitar e estimular as diferenças, fazendo com que cada membro da equipe
dê o seu melhor no exercício da pastoral. Outro ponto importante na hora de formar e
gerenciar a equipe da Pastoral da Escuta é estabelecer os papéis. Se os integrantes da
equipe não sabem qual função ou papel desempenhar, dificilmente conseguirão
29
atingir o objetivo comum da pastoral. Por isso, é necessário formar e preparar essa
equipe, como veremos no passo seguinte.
Preparação da equipe: uma vez formada a equipe que atuará na Pastoral da
Escuta, é hora de prepará-la. Nenhuma pessoa deve estar no exercício da pastoral sem
antes ter passado por treinamentos que a capacitem para o trabalho. Esse treinamento
vai desde a maneira como proceder na escuta até a formação mais aprofundada, de
conteúdos teológicos, espirituais e eclesiais, bem como noções básicas de psicologia
e outras ciências humanas que ajudam no processo formativo e nas relações humanas
e sociais. Mas esta deve ser feita em longo prazo, enquanto se atua na pastoral. A
preparação imediata é a técnica, em que a pessoa deve aprender como acolher e ouvir,
de modo que responda aos objetivos da Pastoral da Escuta.
É importante lembrar que a falta de investimento nos agentes da Pastoral da
Escuta através de formação e capacitação poderá conduzir a uma subutilização do
potencial desses agentes. Diante disso, fica claro que é preciso prepará-los e há muito
a fazer, pois a formação deve ser algo constante. Nunca se está totalmente pronto, há
sempre algo a aprender, e é preciso ter essa abertura. Assim sendo, comece pela
qualificação e capacitação dos agentes da Pastoral da Escuta, e a paróquia terá uma
equipe que saberá enfrentar e responder aos desafios dessa e de outras áreas.
É preciso sair do paradigma que afirma que formação, preparação ou treinamento
dos agentes de pastoral é despesa. No momento em que as paróquias e seus párocos,
o Conselho Econômico e os demais administradores paroquiais e agentes de pastoral
entenderem que a solução para responder às demandas da atualidade passa pela
formação e capacitação técnica e comportamental de seus agentes de pastoral e
demais fiéis leigos, certamente sairemos dessa vexatória condição de acomodação em
que muitos católicos, inclusive padres, se encontram. A equação é simples: quanto
mais investimentos houver em formação, treinamento, capacitação e recursos
pastorais, melhores resultados serão obtidos nas ações missionárias.
Podemos dividir o processo de preparação, ou capacitação, dos agentes da Pastoral
da Escuta em quatro áreas: técnica, humana, espiritual e eclesial. Na parte técnica,
como o próprio nome sugere, a pessoa aprende as noções básicas do funcionamento
da pastoral e como escutar as pessoas sem se envolver com a situação escutada, mas
também mantendo uma postura profundamente humana e espiritual. Essas
orientações já foram dadas aqui, mas podem ser aperfeiçoadas de acordo com cada
realidade paroquial. A formação humana corresponde ao aprendizado de alguns
temas da área da psicologia, sociologia, antropologia, da ética, entre outras. A
paróquia deve investir em formações voltadas para essas áreas, pois ajudarão os
30
agentes a se humanizarem cada vez mais. As outras duas modalidades de formação
são também fundamentais: a formação espiritual e a eclesial. A formação espiritual é
a que fará diferença na hora de escutar as pessoas. Quem exercita sua espiritualidade
age com mais confiança e transmite Deus à pessoa que está ouvindo. A
espiritualidade pode ser exercitada com retiros, com a prática da Lectio divina, com a
participação assídua nas missas e com a leitura de livros de espiritualidade e
orientações espirituais. A formação eclesial está vinculada à formação espiritual. É a
formação que vai inteirar o agente de pastoral da vida da paróquia e da Igreja de um
modo geral. Assim, ele entenderá melhor o que é ser igreja e agirá de acordo com
suas orientações e procedimentos.
Não se esqueça de fazer um calendário de formação para os agentes da Pastoral da
Escuta e procure cumpri-lo fielmente.
Em suma, é importante lembrar que uma equipe de pastoral, para ser bem
constituída e agir com eficácia, deve ter bem claras sua missão e suas metas pastorais.
Indico aqui os procedimentos para a equipe agir de modo que obtenha resultados com
suas ações:
• Atuar de maneira criativa;
• Concentrar-se nos objetivos e metas da pastoral;
• Manter explícitas as funções e responsabilidades de cada um;
• Participar das reuniões, com ideias, sugerindo melhorias;
• Basear-se nas potencialidades individuais;
• Apoiar a liderança e cada um dos membros;
• Desenvolver um ambiente de atuação em grupo (harmonia);
• Solucionar as discordâncias (evitando sentimentos como ciúme, inveja, raiva e
rancor);
• Evitar conflitos;
• Tomar decisões objetivas e avaliar sua própria eficiência;
• Escutar e dialogar.
Com essas precauções e procedimentos, a equipe da Pastoral da Escuta tem tudo
para dar certo.
6. Elaboração de um calendário de atividades para a Pastoral da Escuta
A equipe já foi formada e apresentada; é hora de elaborar um calendário de suas
atividades. Esse calendário deve considerar a realidade paroquial, com todos os seusdesafios, e as sugestões dos membros da equipe. Procure fazer um calendário que
contemple tudo o que a pastoral pretende realizar, como, por exemplo, data e hora
31
dos atendimentos de escuta, data das reuniões, data das formações sistemáticas, dos
retiros, das confraternizações etc.
Assim, antes de iniciar as atividades da Pastoral da Escuta, promova uma reunião
com a equipe da pastoral para programar as atividades e organizar o roteiro de
trabalho de escuta. Se possível, apresente esse calendário de planejamento na
Assembleia paroquial para que seja contemplado no Plano Paroquial de Pastoral.
Nessa programação, defina todas as datas, principalmente as de encontro da
equipe para avaliação das atividades exercidas. Para essas avaliações, prepare fichas
em que cada um possa colocar sua avaliação, bem como as situações de
acompanhamento especial que encontraram em seu trabalho de escuta. Nessa ficha, o
agente deve colocar também as dificuldades encontradas, as limitações pessoais e de
escuta, e até mesmo as de convívio, ou de trabalho com a equipe (se houver esse tipo
de dificuldade).
Defina as datas de reuniões da equipe e encaminhe antecipadamente a pauta da
reunião para todos os agentes, para que eles agreguem suas contribuições e outras
questões a serem tratadas durante as reuniões. Planeje também as oficinas de estudo,
cursos e palestras da equipe, bem como os retiros e as confraternizações, como
sugerido anteriormente.
Havendo necessidade, reserve algumas datas para dinâmicas de entrosamento,
pois sempre aparece gente nova para ajudar na equipe. Uma boa dinâmica de
apresentação e avaliação dos trabalhos nesses encontros entre os membros da pastoral
é a técnica do novelo de lã: entrega-se, para um componente da equipe, um novelo de
lã. Este deverá segurar o novelo enquanto está se apresentando, falando de si mesmo,
da sua história e da sua atuação na Pastoral da Escuta. Ao terminar, segura uma parte
do fio e passa o restante do novelo para outra pessoa da equipe, que deverá repetir a
operação até o novelo transformar-se numa teia, dando, assim, a oportunidade a todos
de se apresentar, expressar seus pensamentos e ideias sobre as atividades a serem
realizadas ou que realizaram no exercício da Pastoral da Escuta. É uma forma de
exercitar a escuta entre os membros da equipe. A teia construída simboliza a união da
equipe e fundamentará os valores, sentimentos e objetivos do trabalho na Pastoral da
Escuta. Simboliza também os cruzamentos entre as demais pessoas e quanto cada
uma é importante na realização do grande projeto da Pastoral da Escuta, na
construção da história de cada agente dessa pastoral e de cada pessoa ouvida. Assim,
ao iniciar cada momento de escuta, bem como as outras atividades da Pastoral, os
valores humanos, sociais, culturais e éticos vão também sendo trabalhados. É uma
maneira de agir e se preparar, simultaneamente.
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Como essa atividade, outras devem ser programadas, e devem ser indicados
procedimentos de operacionalização. Quando se faz um bom planejamento das
atividades, com um calendário de ações a serem realizadas, os trabalhos da pastoral
tendem a acontecer harmonicamente e com bons resultados.
7. Busca de recursos para a Pastoral da Escuta
Toda pastoral carece de recursos para ser viabilizada. Para a Pastoral da Escuta, o
recurso primordial é humano. Os recursos materiais estão relacionados mais com a
parte formativa e de realização de eventos. Por essa razão, dentro dos procedimentos
para a implantação da Pastoral da Escuta na paróquia, é preciso se preocupar com os
recursos para essa pastoral.
Recursos humanos: ao falar de recursos humanos, falamos do conjunto dos
agentes ou dos colaboradores da Pastoral da Escuta. Vinculados a estes está a função
de adquirir materiais, desenvolver ações competentes, usar bem os recursos da
pastoral e manter os agentes e colaboradores nessa pastoral, de modo que sintam
satisfação em atuar no trabalho pastoral. O objetivo básico que constitui a função de
recursos humanos é alinhar as políticas de recursos humanos com a estratégia da
pastoral. Assim sendo, o primeiro passo para implantar a Pastoral da Escuta é ter
pessoas que se disponham a fazer esse trabalho e que estejam, também, dispostas a se
preparar para exercer essa missão. Desse modo, ao falar de recursos humanos,
estamos falando também de gestão de competências, de investimento na formação de
pessoas. A gestão de competências tem também o objetivo de fornecer aos agentes
ferramentas para realizar a ação pastoral e desenvolver as pessoas, de modo que elas
tenham clareza, foco e critério para agir conforme orienta a pastoral. Essas
ferramentas são alinhadas com as atribuições das funções que cada um vai
desempenhar dentro da Pastoral da Escuta.
Recursos materiais: os recursos materiais correspondem ao material que a pastoral
vai necessitar para poder realizar suas ações. Essa pastoral não exige muitos recursos
materiais. Dentre eles, destaque para o espaço, que já foi amplamente destacado; os
subsídios de formação para os agentes; os recursos para a realização de encontros,
passeios, retiros etc.; a confecção de vestes para os agentes etc., entre outros. Assim,
recursos materiais são os itens ou componentes que a Pastoral da Escuta utilizará em
suas ações diárias, seja no trabalho de escuta propriamente dito, seja nas outras
atividades a ela relacionadas, em vista de atingir seu objetivo final.
Como buscar esses recursos?
Os recursos humanos são garimpados dentro da própria comunidade, através da
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divulgação da pastoral, como veremos a seguir, bem como através de convites a
pessoas que apresentem um perfil que se enquadre na Pastoral da Escuta. O convite
pode ser feito nas missas, nas reuniões do CPP ou em outras ocasiões e oportunidades
que surgirem.
Os recursos materiais podem vir dos eventos que a equipe promoverá, das doações
dos próprios membros dessa equipe, dos pedidos nas missas, quando houver
necessidade, e da própria paróquia, que deve investir parte de seus recursos
financeiros nessa pastoral.
8. Divulgação da Pastoral da Escuta
A maioria das paróquias possui quadros de avisos onde são colocadas informações
pastorais e outras coisas mais. O cuidado na hora de divulgar a Pastoral da Escuta
nesses murais é muito importante, pois corre-se o risco de ela passar despercebida em
meio a tantas outras informações. Se, no expediente de sua paróquia, ou no interior da
igreja, há um quadro de avisos, que ele seja adequado para divulgar a Pastoral da
Escuta. Que tal preparar um mural exclusivo para a Pastoral da Escuta? Há pessoas
hábeis na organização disso. Peça ajuda. Aqui vão algumas dicas:
• Não coloque os anúncios da Pastoral da Escuta de qualquer jeito;
• Cuide para que não fiquem no quadro outros avisos que neutralizem as chamadas
para a Pastoral da Escuta;
• Não escreva as chamadas para a Pastoral da Escuta com datas ultrapassadas ou
letras malfeitas, erros e detalhes que não atraiam a atenção de quem chega;
• Lembre-se: avisos, comunicados ou anúncios estão lá para serem lidos. Encontre
a forma mais adequada de chamar atenção para o que se quer anunciar, porém,
nada de bizarrices ou relaxo;
• Prepare murais e quadros de avisos bonitos para a Pastoral da Escuta. Coloque as
informações e ornamentos bem dispostos e harmônicos; ornamente tais quadros
e murais de modo que todos os que cheguem percebam a delicadeza de detalhes
e se interessem pela Pastoral da Escuta;
• Fica bem, nesses quadros de avisos da Pastoral da Escuta, uma bela frase de
acolhida, ilustrações condizentes com o tema ou imagens que transmitam paz,
serenidade e bom acolhimento;
• Uma sugestão é pedir, para alguém que goste desse tipo de ilustração, que se
responsabilize pela organização do mural, ou quadro de avisos, da Pastoral da
Escuta. A Pastoral da Comunicação poderá estar envolvida nesse trabalho, pois a
escuta é uma forma de comunicação, e a divulgação da Pastoral da Escuta cabe à
34
Pastoral da Comunicação.
Em suma, o ciclo de ação do processo de implantaçãoe realização da Pastoral da
Escuta pode ser resumido da seguinte maneira:
Em primeiro lugar, apresentam-se as propostas dessa pastoral. Uma vez aprovada,
vem a segunda etapa, que é a do planejamento. Planejar é traçar metas, objetivos a
serem atingidos. A terceira etapa é a da implantação propriamente dita. Essa etapa é
fundamental, pois é a partir dela que os trabalhos começam a se consolidar. Mas
ainda faltam outras etapas importantes. A fase seguinte é a que dará consistência à
Pastoral. É a fase da preparação do terreno onde serão lançadas as sementes da
pastoral – preparação dos recursos materiais e humanos que a Pastoral necessitará
para ser eficaz. A quinta fase é a de capacitação dos agentes. O fato de essa fase estar
em quinto lugar não significa que ela seja menos importante que as demais, mas é
porque, antes de oferecer formação, é preciso que se tenha algo de concreto. Por essa
razão, é necessário que alguns passos já tenham sido dados no processo de
implantação da Pastoral da Escuta. O sexto passo é o do acompanhamento da Pastoral
implantada e de toda a sua conjuntura, que inclui também os recursos materiais e
humanos dos quais a Pastoral necessita. Nenhum trabalho pastoral pode caminhar
bem se não houver o acompanhamento sério, em todas as suas dimensões. O sétimo e
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último passo está estritamente vinculado ao sexto. Ele está relacionado à assessoria
da Pastoral. Quem serão seus assessores? Entenda por assessores a equipe de
coordenação e seus agentes. Como já vimos anteriormente, é preciso que haja uma
boa coordenação para que a pastoral caminhe bem.
Esse é, portanto, ciclo de ação do processo de implantação e realização da Pastoral
da Escuta na paróquia. Cumpri-lo significa obter resultados satisfatórios na ação
missionária que essa pastoral propõe.
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VI. PREPARAÇÃO E PROCEDIMENTOS DOS AGENTE DA
PASTORAL DA ESCUTA
Além do investimento na parte estrutural e material da Pastoral da Escuta, o padre
que se preocupa em acolher bem na sua paróquia investe também na formação
humana e na qualificação de seus agentes de pastoral. Assim sendo, promove cursos
de formação voltados para a Pastoral da Escuta, contemplando a dimensão teológica,
pastoral e espiritual nesse processo formativo. É bom também investir recursos em
materiais formativos, como livros, revistas e outros materiais que ajudam a
enriquecer a formação dos agentes. Esse investimento possibilita que eles ajam com
mais qualidade e respondam com mais eficácia aos desafios dessa Pastoral. O padre
que tem visão pastoral se alegra por verem qualificados, ou em processo de
qualificação, seus agentes de pastoral, e nunca os vê como concorrentes. Ele oferece a
possibilidade dos fiéis leigos atuarem ativamente na Igreja, tendo-os como pessoas
colaboradoras, pessoas que estão na paróquia para somar forças e não para competir
com o padre.
1. Coloque-se à disposição para ajudar na Pastoral da Escuta
A paróquia é um espaço onde o voluntariado é muito bem-vindo e necessário.
Você, como paroquiano e paroquiana, poderá ajudar sua paróquia a ser melhor
colocando-se à disposição para ajudar na Pastoral da Escuta. Há muita cuisa a fazer.
Mesmo que você não tenha o dom de escutar, poderá fazer parte da equipe de
coordenação, como secretário ou secretária, ou como uma pessoa de “relações
públicas”, ou “marketing” da pastoral. Além da escuta propriamente dita, há outras
atividades dentro da Pastoral da Escuta que carecem de voluntários, de pessoas que
coloquem seus dons a serviço. Assim sendo, coloque-se à disposição para ajudar,
procure o padre ou membros que já atuam nessa pastoral e ofereça seus préstimos. Se
na sua paróquia ainda não existe a Pastoral da Escuta, que tal você ter a iniciativa de
implantá-la, apresentando a proposta ao pároco e ao CPP? Há muita coisa em que
você poderá ajudar, mesmo que você não seja alguém dado a escuta. Mas, se for
alguém que tem predisposição para escutar os outros, é melhor ainda, e seu lugar é,
sem dúvida, na Pastoral da Escuta.
Auxilie na divulgação da Pastoral da Escuta: há tantas coisas que se espalham
como cinza na comunidade, porém, na hora de divulgar um serviço dessa natureza,
pouca gente se dispõe à tarefa, e o trabalho corre o risco de não frutificar por falta de
divulgação. Como agente dessa pastoral, você poderá dar uma boa contribuição nesse
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quesito. A divulgação poderá ser feita de diversas maneiras.
• Convide pessoas do seu círculo de amizade para ajudar no trabalho de
divulgação;
• Ajude a espalhar os cartazes anunciando o serviço da pastoral e coloque faixas
na frente da igreja ou em locais de bastante acesso e visibilidade;
• Dê ideias que possam ajudar na divulgação para a equipe da pastoral;
• Fale nos seus círculos de relação (no trabalho, na escola, na rua, entre amigos e
conhecidos etc.) sobre a Pastoral da Escuta e incentive as pessoas a participar;
• Anuncie nos meios de comunicação aos quais a paróquia tem acesso (boletins,
jornais, rádio, televisão etc.);
• Anuncie nas missas e nos murais da igreja.
São pequenos gestos como esses que fazem a Pastoral da Escuta ser conhecida e
ter boa aceitação.
2. Ética na escuta
Ética é um termo derivado do grego ethos, que significa, entre outras coisas,
caráter, modo de ser de uma pessoa. Esse conceito forma um conjunto de valores
morais e princípios que norteiam a conduta e o comportamento humano nas relações
sociais. A ética serve para que haja equilíbrio e bom funcionamento social,
possibilitando que ninguém saia prejudicado, que as pessoas sejam respeitadas. Nesse
sentido, a ética, embora não possa ser confundida com as leis ou as normas, está
relacionada com o sentimento de justiça social, com o respeito humano e com os bons
modos das pessoas no trato com seus semelhantes. No exercício da Pastoral da
Escuta, o comportamento ético é fundamental, porque envolve também questões
morais e, sobretudo, a ética cristã, os valores evangélicos da caridade. Assim sendo,
escutar, no âmbito pastoral, exige de quem escuta uma postura ética. Quando se trata
de escuta por parte dos agentes da Pastoral da Escuta, essa postura se torna ainda
mais indispensável. Seguem algumas recomendações que podem ajudar os agentes da
Pastoral da Escuta a ter ética no exercício de sua missão:
• Nunca fale mal da vida alheia;
• Não desmereça o trabalho alheio nem desqualifique os outros;
• Não exponha a pessoa que você ouviu a situações vexatórias, ridículas etc.;
• Seja comedido nos seus comentários e evite aqueles que podem prejudicar a
pessoa que você ouviu, ou qualquer outra pessoa;
• Não leve adiante fofocas, comentários banais ou qualquer outro tipo de
comentário que não ajudará em nada os outros;
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• Não exponha, a terceiros, particularidades ouvidas durante a escuta pastoral;
• Em suas conversas com amigos, mesmo nos momentos mais informais, não
fique relembrando fatos e situações que você ouviu durante o trabalho de escuta;
• Não use ironia, apelido que o outro não aprova, brincadeiras de mau gosto etc.
Existem muitas outras situações que devem ser evitadas porque não se enquadram
dentro da ética da Pastoral da Escuta. Procure saber quais são e faça da sua escuta um
trabalho qualificado, verdadeira ação do discípulo e missionário de Jesus Cristo.
Mantenha a privacidade do espaço de escuta: não entre sem ser chamado, ou sem
se anunciar, nas salas e demais locais em que outra pessoa está no serviço de escuta.
Não é porque você é um agente da Pastoral da Escuta que poderá invadir o espaço no
qual outros agentes estão em atendimento pastoral. Caso tenha necessidade de
interromper, anuncie-se antes e peça licença. Porém, evite adentrar o espaço onde
outros estão sendo atendidos, a não ser que você tenha sido chamado. Lembre-se
sempre: os espaços da Pastoral da Escuta, quando estão sendo utilizados para essa
finalidade, são lugares reservados para os agentes da pastoral e as pessoas que estão
sendo ouvidas por eles. Quando tais espaços não são respeitados, e as pessoas perdem
essa noção de limite entre os espaços públicos e os espaçosreservados para a escuta,
instala-se a anarquia, a desorganização, e perde-se o controle da pastoral. Portanto,
não entre se você não foi convidado nos locais reservados para a escuta quando esta
estiver acontecendo.
3. A pessoa do coordenador da Pastoral da Escuta e seus procedimentos
Toda pastoral, para se desenvolver e dar resultados, precisa ter à frente
coordenadores que sejam lideranças, que tenham o perfil de líder. Com a Pastoral da
Escuta não é diferente. Seu coordenador, ou coordenadora, precisa saber conduzir a
equipe de modo que todos se sintam responsáveis pelo trabalho que se está
desenvolvendo. Se a coordenação da pastoral é algo importante, essa coordenação
ganha contornos favoráveis se a pessoa que coordena for um líder. Líder é aquela
pessoa que tem autoridade para comandar ou coordenar sem ser autoritário, que não
dá ordens, mas exemplos. Aquela pessoa cujas palavras e ações exercem influência
positiva sobre o pensamento e o comportamento de outras, e ajudam a decidir
situações. É aquela pessoa atenta às necessidades do indivíduo, do grupo e da
comunidade. Por exemplo, se você está participando da pastoral e detecta um
problema, procure imediatamente ter iniciativa de resolvê-lo, mesmo que não faça
parte diretamente da sua função ou da sua atividade naquele momento. Vale lembrar
que o coordenador é aquela pessoa da qual os demais membros da pastoral e da
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comunidade esperam uma iniciativa, uma resposta ou uma solução porque ele é a
referência naquela pastoral que coordena. Siga o exemplo bíblico de Maria, nas
Bodas de Caná (Jo 2,1-11). A certa altura da festa, o vinho veio a faltar. Foi ela,
Maria, quem detectou essa necessidade. Ela não sabia fazer vinho nem sairia para
comprar mais. Mas sabia que atitude tomar diante da situação, sabia a quem recorrer
para que não faltasse vinho. A pessoa que tem a função de coordenar, quando é líder,
sabe solucionar da melhor forma os problemas que surgem e tem iniciativas
inovadoras que ampliam o campo de ação da Pastoral e animam os demais em sua
missão.
O bom coordenador é aquele que, além da pastoral que coordena, sabe administrar
o tempo. O tempo é o primeiro e o mais importante elemento que devemos saber
administrar. Quem não consegue administrar o tempo dificilmente saberá administrar
qualquer outra coisa porque tudo depende do tempo. Segundo Peter Drucker, para
melhor administrar o tempo, vale a pena questionar:
• O que estou fazendo que não precisa ser feito?
• O que estou fazendo que poderia ser feito por outra pessoa?
• O que estou fazendo e apenas eu posso fazer?
• O que eu deveria fazer e não estou fazendo?
Procure seguir essas dicas e responder a esses questionamentos e estará adquirindo
uma das mais importantes habilidades que um coordenador de pastoral necessita
adquirir: a administração do tempo.
Procedimentos do coordenador numa reunião da Pastoral da Escuta: alguns
procedimentos tornam as reuniões mais eficazes e dão credibilidade à pastoral. São
procedimentos simples que qualquer pessoa com o mínimo de responsabilidade pode
fazer. Vejamos:
• Seja o primeiro a estar na sala e o último a sair;
• Prepare o ambiente de modo que todos se sintam bem;
• Conceda a palavra a todos os que desejarem falar;
• Incentive as pessoas a participar, dar opinião, principalmente os mais calados;
• Ouça mais e fale menos. Fale o necessário;
• Procure tomar decisões em conjunto, evitando que suas ideias prevaleçam
somente porque você está na coordenação da reunião e da pastoral;
• Faça com que a reunião seja democrática, que haja troca de ideias e respeito às
opiniões;
• Quando alguém estiver falando, volte sua atenção, inclusive o olhar, para ela.
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Mostre que você está interessado no que ela está dizendo;
• Redija, a cada reunião, uma ata. Para isso, deve ser escolhido um secretário;
• Vista-se de modo adequado para uma reunião, evitando certos exageros que
poderão desviar a atenção daquilo que é mais importante numa reunião, a pauta;
• Porte-se de maneira discreta, evitando palavras chulas, brincadeiras de mau
gosto, piadas e ironias, ou levar adiante acontecimentos ou situações
desagradáveis que presenciou no exercício da pastoral ou que ouviu de algum
agente dela;
• Procure contornar situações desconfortáveis que porventura venham a ocorrer
durante a reunião;
• Não menospreze nem discrimine ninguém, acolhendo a todos com igual simpatia
e educação;
• Respeite as decisões tomadas pela maioria, mesmo que não sejam as que você
esperava.
Essas são algumas recomendações que poderão ajudar o coordenador da pastoral a
conduzir bem uma reunião e fazer desse momento tão importante algo que se reverta
em benefício da comunidade, dos demais agentes e das pessoas que são acolhidas
para a escuta.
4. Dicas de procedimentos para os agentes da Pastoral da Escuta
Planejamento: ouvir as pessoas exige tempo. Quem se dispõe a escutar outras
pessoas deve disponibilizar um tempo para isso e, durante a escuta, não ficar
preocupado com outras coisas. Para isso, é preciso se organizar. É importante lembrar
que as pessoas mais desorganizadas são as que mais reclamam da falta de tempo ou
as que não cumprem seus compromissos em tempo hábil, ou, ainda, as que fazem
uma coisa pensando em outra que há por fazer. Assim sendo, procure fazer um
planejamento dos seus dias de escuta e procure dedicar-se integralmente a eles.
Assim se evita estresse e as pessoas são atendidas com qualidade.
Agendamento: vimos que faz parte da Pastoral da Escuta saber administrar o
tempo. Se a Pastoral da Escuta possui uma agenda de atendimentos, os coordenadores
e os agentes dessa pastoral precisam ter acesso a ela e preparar sua agenda pessoal de
escuta. Nessa agenda serão registrados os dias e horários de escuta, sem, contudo,
deixar de atender aqueles que procuram a Pastoral sem ter agendado. Mas ter uma
agenda ajuda na organização da Pastoral e no seu melhor desempenho.
Organize uma agenda geral registrando nela, dia a dia, todos os atendimentos, bem
como o nome do agente da pastoral que estará de plantão naquele dia e horário para a
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escuta. Sempre que surgir um atendimento de escuta, registre logo na agenda. Para
isso, é bom que a agenda esteja no expediente paroquial e que as secretárias ou
secretários paroquiais façam esse agendamento e comuniquem ao coordenador e à
pessoa que atenderá naquele dia.
Vale lembrar que não basta ter agenda, é preciso consultá-la, mas com certa
antecedência e frequência, para que não sejam esquecidos os atendimentos marcados.
Aqui entra também a colaboração de quem atende no expediente paroquial, que deve
entrar em contato com o agente da Pastoral da Escuta, lembrando-o do seu
compromisso.
Desse modo, o melhor caminho para a organização da Pastoral da Escuta é
agendar os atendimentos. Os secretários e secretárias precisam colaborar nesse
agendamento, pois, sem a colaboração deles, fica mais difícil esse trabalho, tendo em
vista que a maioria das pessoas que desejam ser escutadas procura os serviços de
escuta através do expediente paroquial. Assim sendo, colocar os atendimentos numa
agenda é uma forma de atender bem as pessoas. Além disso, não dá para confiar
somente na memória. A agenda é uma importante ferramenta de auxílio da memória.
Além disso, ela deve estar nas mãos, ou ao alcance delas, em todos os momentos
relacionados à Pastoral, principalmente numa reunião, numa conversa com o pároco,
nas atividades de escuta, para poder agendar o próximo atendimento etc.
Cuide do modo de falar: quem não sabe calar (ouvir) também não sabe falar.
Antes de falar, é preciso ouvir. Lembre-se, portanto, que ouvir é mais importante que
falar. Por essa razão, temos dois ouvidos e apenas uma boca. Embora a Pastoral da
Escuta prime pelo ouvir, há momentos em que é preciso que o agente fale; nessa
hora, todo cuidado é pouco, pois, dependendo de como se fala, pode-se colocar a
perder todo um trabalho que já foi feito até então na escuta. Assim sendo, para um
bom resultado pastoral, é fundamental o modo de falar de quem escuta. A palavrafalada tem um poder mágico. Fale com clareza e simplicidade, de modo que a pessoa
entenda o que você fala. Ao responder ao que escutou (se isso for necessário), articule
bem as palavras e procure passar a mensagem da forma mais objetiva possível,
facilitando seu entendimento. Além disso, quando for falar, procure transmitir
carinho à pessoa. Há muitas formas de se fazer isso, começando pelo tom e entonação
de voz. Falar com carinho é transmitir, através da fala, sentimentos de amor, de
sinceridade, de segurança. Para conseguir a mágica do acolhimento através da escuta
seguida de fala, evite usar palavras complicadas, discursos longos, palavras
inadequadas ou vulgares. Fale pouco, mas fale com o coração. Falar com o coração é
transmitir emoção enquanto fala. Quem fala com emoção fala com ânimo,
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transmitindo alegria e esperança. Suas palavras são palavras de vida. Fale com fé. Por
exemplo, se vamos a um retiro e falamos de Deus sem fé, estamos simplesmente
falando de Deus, mas se falamos com fé, estamos transmitindo Deus, oferecendo
Deus à outra pessoa que nos ouve. O agente da Pastoral da Escuta deve ser aquele
tipo de ouvinte que, ao falar com a outra pessoa, transmite Deus para ela.
Cuide do vestuário: para escutar as pessoas, não basta boa vontade. Há uma série
de fatores e situações que ajudam a acolher melhor, facilitando a sintonia entre quem
fala e quem escuta. Dentre esses procedimentos está o vestuário. Procure se vestir
adequadamente, com sobriedade, de modo que passe confiança e responsabilidade.
Vista-se com sobriedade e simplicidade, porém sem exageros ou relaxos. Vestir-se
com sobriedade, no caso dos homens, é não cair nos extremos, como, por exemplo,
ao escutar as pessoas no seu dia de atendimento, usar chinelos, calças ou camisas
amassadas, sujas ou manchadas, ou atender de bermudas, ou ainda com camisas
muito abertas ou com propaganda de produtos, de time de futebol ou com frases de
mau gosto. Para as mulheres, evitar usar roupas extravagantes, maquiagem, perfumes
ou acessórios com exageros. Evitar também roupas muito justas, curtas ou com
decotes.
Escute e fale com humildade: o agente da Pastoral da Escuta deve ouvir e falar
sempre com humildade, respeitando a outra pessoa, não importa quem ela seja. Cada
pessoa que chega para ser ouvida pela Pastoral da Escuta traz consigo uma gama de
situações e uma história que deve ser respeitada. Nunca se coloque como se fosse
superior a ela, de modo que sua escuta transmita uma imagem de prepotência ou
arrogância. Escute-a colocando-se numa atitude de serviço. Nisso você estará
acolhendo bem a outra pessoa. Lembre-se de que falar ou ouvir com humildade não é
ter uma atitude de submissão, mas de educação e fineza no trato com a pessoa.
Mostre, através de sua escuta e de sua fala, que você é uma pessoa de Deus, uma
pessoa de oração e não simplesmente um atendente de uma empresa que presta
serviços. Em tudo isso a voz e a audição têm um peso preponderante. Pense no seu
modo de falar e ouvir durante o exercício da Pastoral da Escuta.
Tenha alguns cuidados pessoais básicos: alguns cuidados pessoais da parte
daquele que ouve são fundamentais para uma boa escuta e para a autoestima de
ambos. A autoestima se revela não apenas na fala e no comportamento, mas,
sobretudo, no cuidado consigo mesmo, na atenção com os pequenos detalhes, que
confere boa aparência e prazer de viver. Se a pessoa que vai ouvir a outra não se
cuida, é sinal de que ela não se valoriza, e se ela não se valoriza e não cuida de si
mesma, de sua própria imagem, como poderá cuidar dos outros? É essa a mensagem
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subliminar que fica quando há desleixo de cuidados pessoais. Seus modos podem
ofender pela inadequação, pela ausência de sentimento de sociabilidade para com seu
interlocutor, pela impressão de falta de amor-próprio e até mesmo de falta de respeito
para com a outra pessoa quando o relaxo é demasiado. Isso poderá fazer com que a
Pastoral da Escuta perca credibilidade. Assim sendo, os cuidados consigo mesmo,
incluídas a higiene pessoal e a higiene do ambiente onde se vai escutar, devem ser
primordiais na hora de colocar em prática a Pastoral da Escuta. Em vista disso, antes
da escuta, escove bem os dentes; evite beber qualquer tipo de bebida alcoólica, café,
ou comer alimentos que deixem resíduos entre os dentes, ocasionando mau hálito,
como, por exemplo, alho, cebola etc. No caso dos homens, manter os cabelos e
barbas bem aparados e tratados. Não importa como você usa seus cabelos ou barba, o
que importa é como você cuida deles.
Desse modo, vale a pena insistir na ideia de que, para se atender bem a outra
pessoa, escutando-a como ela merece, é preciso, antes, estar bem consigo mesmo.
Quem não escuta a si mesmo dificilmente escutará bem os outros. Para estar bem
consigo mesmo é preciso ter alguns cuidados fundamentais, como os que indicamos
acima, entre outros, como, por exemplo, o cuidado com a saúde física e os cuidados
rotineiros de higiene pessoal, que podem parecer irrelevantes no exercício da Pastoral
da Escuta, mas que fazem toda diferença no bem-estar de quem ouve e de quem é
ouvido. Enfim, cuide de você para poder cuidar melhor dos outros.
Receba bem as pessoas: diz o provérbio popular que “a primeira impressão é a que
fica”. Sendo assim, acolha bem as pessoas. Quem procura a Pastoral da Escuta está,
geralmente, fragilizado. Ser bem recebido pela pessoa que vai ouvi-la é fundamental
para o trabalho de escuta e para a pessoa atendida. É valioso que o agente da Pastoral
da Escuta acolha com carinho e simplicidade, revelando na sua atitude o amor
misericordioso de Deus nesse primeiro contato. Portanto, receba com amor a pessoa
que vem para ser ouvida, dando-lhe muita atenção. Evite repreensões ou qualquer
outra atitude que possa ferir a sensibilidade de quem já está ferido pelas dificuldades
enfrentadas. Quando ela chegar, cumprimente-a estendendo-lhe a mão e olhando nos
seus olhos. Evite cumprimentá-la com um beijo ou outros gestos que demonstram
muita intimidade, exceto se, por questões culturais, esse procedimento for normal, ou
se você tiver, de fato, alguma intimidade com a pessoa.
Esclareça a diferença entre a escuta pastoral e o Sacramento da Confissão: boa
parte das pessoas que buscam a Pastoral da Escuta não sabe muito bem a diferença
entre o trabalho da pastoral e a Confissão (sacramento). Por essa razão, é bom que se
esclareça de antemão que não se trata de confissão sacramental; a Confissão, somente
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o padre está autorizado a ouvi-la. Caso a pessoa tenha vindo para se confessar,
oriente-a que procure o padre. Muitos ainda confundem conversa e desabafo com
Confissão, orientação ou direção espiritual, não sabendo fazer tais distinções. Cabe ao
agente da Pastoral da Escuta elucidar essas diferenças caso seja necessário. Para isso,
é preciso estar bem preparado. Independentemente se a pessoa veio para se confessar
ou conversar, procure deixá-la à vontade e fazer os devidos encaminhamentos. Se a
pessoa veio sem agendamento, pergunte-lhe se veio para se confessar ou para
conversar e explique as diferenças entre uma escuta pastoral e uma confissão. Às
vezes, as pessoas querem fazer as duas coisas, conversar e confessar. Nesse caso,
encaminhe para o padre.
Dê atenção à pessoa que fala: nunca demonstre falta de atenção para com a
pessoa durante a escuta. A distração, ou outro comportamento do gênero na hora da
escuta, dirá à pessoa que você não se importa com o que ela está dizendo. Portanto,
como já foi dito, evite fazer outra coisa enquanto alguém está falando, como, por
exemplo, escrever, assinar documentos, folhear revistas, olhar distante ou focado em
outro alvo, atender telefonemas ou conferir mensagens no celular etc. O momento de
escuta pastoral é um momento sagrado, e o agente da Pastoral da Escuta deve estar
presente de corpo e alma na vida daquela pessoa que é ouvida.
Enfim, procure ouvir. Embora a pessoa que procurou a Pastoral da Escuta queira
escutar palavras de conforto, não se pode esquecer que ela tem necessidade de falar,expor aquilo que a incomoda, enfim, nesse momento, é ela que necessita falar, e não
o agente da Pastoral da Escuta. Portanto, seja delicado e não a interrompa. Deixe-a
expor tudo o que deseja até que se sinta satisfeita, ou que o tempo estipulado termine.
Há casos em que não há necessidade de dizer quase nada, basta ouvir atentamente, e
já é o suficiente para que a pessoa possa se sentir bem. Somente no final, se for
necessário, emita sua opinião, mas seja breve e claro nas suas colocações.
Escuta em domicílios: a Pastoral da Escuta pode atender as pessoas em seus
domicílios, principalmente se a pessoa está enferma ou impossibilitada de ir até a
igreja ou ao local da escuta. Nesse caso, usam-se alguns procedimentos apropriados
para essa situação. Todos já ouvimos a expressão popular “visita de médico”, para
aquelas visitas rápidas. Essa expressão não existe por acaso e bem que poderia ser
aplicada para as escutas domiciliares, quando a pessoa está enferma. Visita de médico
é visita a alguém que está doente, portanto, debilitado, com dor, sentindo-se
desconfortável, podendo, naquele momento, não desejar visitas demoradas, ou
mesmo falar demasiadamente. Portanto, ao escutar pessoas em seus domicílios, leve
em conta a situação e a necessidade da pessoa. Embora cada caso deva ser tratado na
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sua particularidade, de um modo geral, toda pessoa debilitada, ou com alguma
limitação, precisa de privacidade. Calcule bem o tempo que permanecerá ouvindo a
pessoa e cuide para que sua presença não seja um transtorno na vida dela.
Critérios básicos para atuar na Pastoral da Escuta: o mínimo que se espera de
alguém que atua na Pastoral da Escuta é que seja uma pessoa que pratica a religião
católica, que tenha todos os sacramentos, que frequente assiduamente as missas, que
demonstre ter uma vida de oração e participação na comunidade paroquial. Alguém
de fé, sem ser fanático. Isso não se demonstra com palavras, mas na prática diária.
Procure ter algumas atitudes que demonstrem isso, como, por exemplo, rezar um
pouco diante do Santíssimo antes e depois da escuta; ter uma vida de oração;
participar assiduamente das missas; levar uma vida exemplar; se esforçar para ter
uma vida de oração em família; ser dizimista fiel; praticar obras de caridade. Além da
atuação na Pastoral da Escuta, sempre que puder, reserve um tempo para visitar
doentes, famílias carentes e outros tipos de necessitados da comunidade para escutá-
los nas suas necessidades e encaminhá-los para as pastorais que atuam nessas áreas,
como, por exemplo, a Pastoral da Saúde, os Ministros Extraordinários da Sagrada
Comunhão Eucarística, a Pastoral da Visitação, as Pastorais Sociais etc. Participe
também de algum outro trabalho voluntário na comunidade e seja a primeira pessoa a
participar de campanhas que a paróquia promove. Em casa, reserve um tempo para a
oração pessoal e também para a oração em família, como já foi sugerido antes.
Participe de terços, novenas (do Natal, da quaresma, da Campanha da Fraternidade,
da Semana de oração pela unidade dos cristãos etc.) e outros momentos de oração que
a comunidade promove. Uma pessoa de fé atuante é uma pessoa calma, equilibrada,
que sabe lidar com mais eficiência com todos os problemas, sejam eles da sua
pastoral ou da vida particular. Reze sempre, porque a oração é o “combustível” do
cristão e deve ser o combustível do agente da Pastoral da Escuta. Enfim, prepare-se
espiritualmente.
Como proceder durante a escuta: procure deixar a pessoa à vontade, mas coloque
limite no tempo. Pode ocorrer que, movida pela emoção, a pessoa acabe por perder a
noção do tempo. Quando isso ocorre, não é bom para ninguém; nem para ela, nem
para quem está ouvindo, nem para as demais pessoas que aguardam atendimento. A
melhor forma é delimitar o tempo, assim a pessoa entra na sala para ser atendida e já
sabe que tem um tempo limitado para falar. Quando seu tempo terminar, o agente
poderá, naturalmente, dizer a ela que o tempo acabou. A organização do horário
contribui para o bom desempenho da Pastoral da Escuta.
Antes, durante ou após a escuta, evite:
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• Discussões ou debate dos assuntos expostos;
• Brincadeiras ou expressões jocosas;
• Fazer algum tipo de piada;
• Falar palavrões ou usar palavras banais;
• Rir de modo que transpareça deboche ou gargalhar;
• Comer ou beber enquanto escuta as pessoas;
• Usar de ironias ou expressões irônicas;
• Falar coisas depreciativas de terceiros;
• Tratar as pessoas com desdém ou com discriminação;
• Fazer outra coisa enquanto escuta, como, por exemplo, atender telefone, ver
mensagens no celular, ler, escrever etc.;
• Demonstrar mau humor ou desinteresse em ouvir as pessoas;
• Estar vestido inadequadamente para esse serviço.
Evite também:
• Chegar atrasado ao local da escuta;
• Abreviar a escuta ou sair antes do horário combinado;
• No caso de não poder estar presente para escutar a pessoa, não avisá-la com
antecedência;
• Deixar a pessoa esperando por muito tempo;
• Qualquer tipo de atitude que transpareça grosseria ou má vontade em escutar;
• Tratar as pessoas com indiferença;
• Falar mais que a pessoa que está sendo ouvida;
• Bocejar enquanto a pessoa fala.
Exercite a atitude de escuta: todo agente da Pastoral da Escuta deve ser uma
pessoa atenta ao seu comportamento de ouvinte. Portanto, para saber escutar, é
preciso, antes de tudo, saber silenciar. Para poder responder aos desafios dessa
pastoral, é preciso que o agente se coloque no lugar do outro e sinta de corpo e alma o
que aquela pessoa deseja e aonde ela quer chegar com sua partilha ou desabafo,
percebendo o que está sendo dito em sua totalidade corporal e não apenas naquilo que
ela está dizendo. Nem sempre a pessoa que procura a Pastoral da Escuta sabe se
expressar corretamente. Seja paciente e não queira responder antes da pessoa falar.
Escutar não significa adquirir uma atitude apenas passiva, mas requer atividade
mental e envolvimento com o assunto. Quem está falando percebe se quem está
ouvindo está interessado ou não naquilo que é dito. É preciso reação, isto é,
demonstrar atenção e interesse no que a outra pessoa está dizendo. É preciso que
aquele que escuta esteja atento ao que o outro está falando, sem dispersar-se ou
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preocupar-se em encontrar argumentos para responder.
Por essa razão, é bom evitar também a ansiedade, querendo saber logo aonde a
pessoa quer chegar. A escuta pastoral não visa chegar a lugar algum naquilo que a
pessoa diz, mas simplesmente deixar que ela mesma chegue às respostas que busca.
A ansiedade em querer que a pessoa conclua a fala pode levar quem escuta a agir com
preconceito e até com emoções descontroladas, o que é muito prejudicial à Pastoral
da Escuta. Assim sendo, evite estar desatento àquilo que a pessoa diz e não a trate
com indiferença caso ela pergunte alguma coisa, ou peça a sua opinião. Procure ser
profissional, imparcial, mas, ao mesmo tempo, atencioso com a pessoa que está sendo
ouvida.
O equilíbrio emocional de quem escuta: o equilíbrio ou controle emocional é um
elemento de suma importância para quem tem a missão de ouvir outras pessoas, como
é o caso das pessoas que atuam na Pastoral da Escuta. Vamos perceber que pela
Pastoral da Escuta passam, além dos paroquianos com que já estamos acostumados,
diversas pessoas, muitas que não conhecemos. Como, por exemplo, pessoas que vêm
de outras paróquias, outras cidades, pessoas com problemas mentais e psicológicos e
outras tantas situações. É necessário muita cautela e equilíbrio emocional para lidar
com essa variabilidade de situações e os problemas que elas trazem. Em primeiro
lugar, é preciso receber e escutar a todos que procuram, dispensando o mesmo
tratamento, sem discriminação, sem nunca demonstrar atitude de menosprezo ou
agressividade. Não faça julgamentos antecipados e trate todos bem, conforme orienta
a Pastoral da Escuta. Às vezes, qualificamos as pessoas pela aparência, segundo
nossos conceitos, fazendo, assim, julgamentos precipitados que resultam em
tratamentos inadequados. Uma pessoa bem equilibradaemocionalmente não age
dessa maneira, acolhe a todos com um sorriso sincero e mantém-se serena diante de
qualquer pessoa, escutando-a com amor e atenção.
Desse modo, use sempre palavras educadas, precisas e, mesmo em situações
constrangedoras, não use palavras, atitudes ou expressões que possam humilhar a
pessoa que fala. Analise cada situação e procure responder a cada uma delas com um
olhar amoroso, de acordo com a necessidade.
Independentemente de quem seja a pessoa, trate-a sempre bem, com delicadeza,
presteza e objetividade nas respostas, caso seja necessário responder. Não seja rude
com ninguém, saiba pedir desculpas quando cometer erros, e evite conversas,
principalmente as que não estejam dentro do campo da Pastoral da Escuta. Assim
sendo, não use esse momento de escuta para falar da vida alheia, mesmo que a pessoa
que esteja a falar instigue situações desse tipo. Caso isso ocorra, apenas ouça e, se ela
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quiser reciprocidade, procure desviar o assunto e conduzir a conversa para outra
direção.
Ao sentir que tem dificuldade em manter o controle emocional no exercício da
Pastoral da Escuta, procure a ajuda do seu pároco, ou de profissionais da área, como,
por exemplo, psicólogos, que auxiliam a equipe da Pastoral da Escuta. Se durante a
escuta ocorrerem situações que fujam ao seu controle, ou que não esteja ao seu
alcance resolvê-las, anote e leve para a equipe que assessora a pastoral.
Atitude de quem escuta: a escuta começa antes mesmo de a pessoa estar
fisicamente presente. Começa quando ela vem, seja pessoalmente ou por telefone,
para agendar o dia da escuta. Desse modo, quem a atende deve escutá-la com atenção.
Caso essa tarefa seja das atendentes do expediente paroquial, estas devem receber o
devido treinamento junto com os agentes da Pastoral da Escuta. Aliás, as atendentes
do expediente paroquial devem fazer parte da Pastoral da Escuta, porque, sobretudo
nesse espaço, é preciso saber escutar.
O agente da Pastoral da Escuta deve aprender a ler nas entrelinhas, escutar aquilo
que se diz de modo subliminar, isto é, indiretamente. Subliminar deve ser também a
atitude de escuta. A escuta subliminar é aquele tipo de escuta que se dá por
intermédio de alguma postura, situação ou conjunto de fatos que não necessariamente
se configura numa relação direta, imediata, entre quem fala e quem ouve, porém é
eficaz porque responde às necessidades das pessoas sem que elas percebam. É algo
que acontece naturalmente através da postura, do comportamento, do olhar etc. Esse
tipo de escuta requer, para sua eficácia, sintonia com a pessoa que é ouvida.
A psicologia comportamental oferece uma série de ferramentas que ajudam a lidar
com a escuta subliminar. Nesse tipo de escuta, a mensagem veiculada, aquilo que se
quer atingir, ou o alvo pretendido não aparece diretamente, mas está envolto em
situações que, por si mesmas, já transmitem a mensagem que o interlocutor deseja. É
o que se chama de linguagem não verbal. A linguagem não verbal mostra aquilo que
a pessoa que escuta quer transmitir, ou dizer, mesmo que ela esteja em silêncio. Por
exemplo, se o agente da Pastoral da Escuta está ouvindo a outra pessoa sentado atrás
de uma mesa, sua postura vai demonstrar certo distanciamento, superioridade e
desníveis de posição que podem impedir que a outra pessoa se sinta acolhida, e isso
pode representar um obstáculo. Assim sendo, evite escutar as pessoas colocando-se
atrás de uma mesa, como numa relação de chefe e subordinado, exceto se a outra
pessoa também estiver na mesma situação. Caso a escuta se dê dessa maneira, ou
seja, de ambos terem diante de si uma mesa, proceda da seguinte maneira: demonstre
autocontrole, vigor e interesse. O corpo deve estar inclinado para a frente, as mãos ou
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os braços devem estar sobre a mesa, e não se esqueça de, enquanto estiver escutando,
olhar para as pessoas. Os cuidados com mãos e braços são importantes porque eles
revelam segurança, ou não, de quem está comunicando. Evite gestos ou acenos que
denotem desdém ou nervosismo, mesmo que a pessoa que esteja a falar demonstre
tais sentimentos. Quem escuta deve passar segurança, senão a Pastoral da Escuta
perde sua eficácia.
Nunca fique muito distante da pessoa que é ouvida. Isso revela que você é uma
pessoa desinteressada, isolada, que coloca barreiras para ouvir e não quer se envolver
com a situação ou com assunto partilhado. Quando age assim, a pessoa usa, sem
perceber, uma linguagem corporal defensiva. Essa linguagem vai ser demonstrada
também em outras posturas que devem ser evitadas quando se está no exercício da
Pastoral da Escuta, como, por exemplo, cruzar os braços, bocejar constantemente,
ficar com o olhar distante etc. Mas evite também ficar muito próximo da pessoa. Isso
pode deixá-la constrangida. Calcule uma distância ideal que não interfira na sua
partilha.
Ainda durante a escuta, numa sala, procure não se sentar de modo desconfortável
na cadeira, ou olhando para o chão, ou ainda numa postura de “suposto relaxamento”,
porque tudo isso pode denotar pressa ou desinteresse em escutar a pessoa. Se tiver
nas mãos uma caneta ou qualquer outro objeto, não fique manipulando-o de modo
que demonstre nervosismo e desconforto. Morder lápis ou caneta enquanto escuta
alguém, nem pensar! Não fique colocando a mão no pescoço em busca de conforto,
ou se levantando e tornando a sentar para mostrar que está cansado de ficar naquela
posição, ou ainda olhar constantemente para o relógio. Caso seja necessário, faça isso
apenas uma vez para dizer, diretamente à pessoa, que seu tempo está se esgotando e a
fala precisa ser encerrada.
Enfim, quando estiver no exercício da Pastoral da Escuta, comporte-se como pede
a ocasião. Evite, portanto, algumas posturas que podem desqualificar o serviço de
escuta. Em suma, evite cruzar as pernas com o tornozelo apoiado na coxa, rir de
modo exagerado, ou qualquer outra pose que demonstre superioridade. Se precisar
falar, fale olhando nos olhos da pessoa e evite desviar muito o olhar quando a pessoa
estiver falando. Sente-se de modo informal, mas não de modo relaxado. Em ambos os
casos, os extremos comunicam algo negativo. O excesso de formalismo demonstra
superioridade e até autoritarismo, enquanto o segundo pode demonstrar
desmerecimento à pessoa que é atendida. Busque o equilíbrio, sente-se com o corpo
encostado na cadeira e procure usar um tom de voz informal que transmita segurança
e tranquilidade.
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Não podemos nos esquecer de que estamos tratando de uma ação pastoral, e esta
significa ação em conjunto. É o serviço de uma comunidade, a paróquia, e não de um
indivíduo, embora seja um indivíduo quem está exercendo a função da escuta. Tudo o
que você fizer durante o exercício da Pastoral da Escuta, você faz em nome da
paróquia, da comunidade, portanto, evite o uso excessivo do “eu”. Usar o “nós” não é
falsa modéstia, mas sim uma manifestação de que você não está agindo sozinho ou
por conta própria, mas em conjunto e em nome da pastoral. Soa desagradável e
pedante quando alguém que atua nas pastorais da paróquia, como profissional ou
voluntário, usa somente o “eu” para falar dos seus feitos. Nem o pároco deve usar
essa expressão porque tudo o que se faz na paróquia, mesmo que seja algo de sua
iniciativa, é feito em comunidade e pela comunidade. Pelo menos, é assim que
deveria funcionar. Diga “eu” apenas quando você tratar com a equipe de coordenação
da pastoral sobre uma responsabilidade, uma tarefa ou serviço que lhe foi confiado
individualmente, ou quando se tratar de falhas ou erros da sua parte. Para as pessoas
que vêm para ser atendidas pela Pastoral da Escuta, é bom sempre usar o “nós” em
vez do “eu”.
No exercício da Pastoral da Escuta, podem ocorrer situações que demandam
discussões. Evite-as. Não fica bem debater com as pessoas em vez de escutá-las. Não
é momento para isso. Debates ou discussões podem expor tanto quem está escutando
como quem é escutado, sem contar que podem gerar uma situação desconfortável. Há
quem tenha facilidade em envolver a outra parte em discussões,mas quem está na
escuta deve estar devidamente treinado para não se envolver nelas. Quando perceber
que a pessoa que é ouvida tem dificuldade de se expressar sozinha, procure
tranquilizá-la, mas não falar por ela ou dar respostas sem tê-la ouvido. O mais
importante é analisar bem, com equilíbrio, a situação, e manter uma postura serena e
de escuta. Lembre-se de que debates verbais podem causar situações que
desfavorecem a Pastoral da Escuta.
Seja sempre uma pessoa discreta: infelizmente, a discrição não é uma qualidade
de todos, porém ela pode ser adquirida por todos; basta que haja interesse e esforço
para isso. A pessoa discreta é aquela que não faz alarde das coisas que viu ou ouviu.
Que não leva adiante uma fofoca ou algo que alguém com ela partilhou. Na paróquia,
as pessoas discretas são caras e, pode-se dizer, raras. O mais comum, principalmente
em paróquias pequenas, do interior, é a vida girar em torno da igreja. Os assuntos
mais interessantes, no sentido de aguçar a curiosidade alheia, são aqueles que se
referem às pessoas que estão envolvidas na paróquia: o padre, as atendentes
paroquiais, os ministros extraordinários da comunhão, enfim, as lideranças pastorais.
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Quando algo acontece, surge uma ocasião para aflorar comentários depreciativos e
ampliações dos fatos. Como diz o ditado popular, “quem conta um conto aumenta um
ponto”; as coisas acabam por ganhar proporções assustadoras dentro de nossas
comunidades paroquiais devido à falta de discrição. Nessas situações, pobre da
pessoa envolvida na trama! Torna-se uma espécie de bode expiatório, alguém visado
na comunidade. Por que isso acontece? Porque falta caridade, falta discrição no
comportamento da maioria das pessoas, até mesmo daquelas mais devotas. Portanto,
se você é agente da Pastoral da Escuta, ou pretende ser, não seja uma dessas pessoas.
Procure agir sempre com discrição e use da caridade que é própria do bom cristão.
Não leve adiante o que viu e ouviu. Não dê ouvido a fofocas. Agindo assim, você
estará prestando um grande serviço à Pastoral da Escuta, à comunidade e, sobretudo,
à pessoa que você escutou.
Seja gentil no exercício da Pastoral da Escuta: há pessoas que são gentis por
natureza e outras que têm que se esforçar para isso. Se essa segunda situação for o seu
caso, treine para isso antes de começar a ajudar na Pastoral da Escuta. Gentileza faz
parte da boa educação e não é apenas um dom exclusivo de alguns. É certo que uns
têm mais facilidade que outros, porém não é impossível ser gentil se houver boa
vontade e empenho para isso. Nesse caso, valem as regras da boa educação. A
gentileza vai desde o tom de voz e a postura do corpo até a presteza na escuta.
Ronaldo Polito lembra que “a gentileza pode estar no tom amável da voz, na
generosidade das palavras, na honestidade dos princípios e da ética” (idem, p. 29).
Quem usa de generosidade na escuta cria um ambiente favorável e faz com que a
pastoral atinja seus objetivos, além de elevar a própria autoestima e a consideração
que a pessoa que é ouvida tem pela igreja. A paróquia que tem como membros da
Pastoral da Escuta pessoas gentis e educadas avança no seu processo de
evangelização, uma vez que a escuta faz parte do acolhimento, e o acolhimento é
parte fundamental desse processo de evangelização.
Discernimentos durante a escuta: durante a escuta, faça discernimentos de pessoa
para pessoa, mas sem discriminação. Lembre-se de que cada caso é um caso e deve
ser ouvido na sua particularidade. Vale lembrar que todas as pessoas merecem ser
bem atendidas e ouvidas com atenção e carinho, independentemente da idade; porém,
para a escuta ser mais eficaz, é preciso fazer algumas adaptações de acordo com a
faixa etária de quem é escutado. Pessoas de mais idade sentem-se melhor com
atendimento mais personalizado, com clareza e objetividade. No caso de pessoas com
problemas de audição, ao falar, procure usar um tom de voz mais alto e olhando para
ela, sem gritar ou demonstrar grosserias. Chame-as de “senhor” ou “senhora”, porém,
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se elas manifestarem desacordo com essa forma de tratamento, chame-as de “você”
ou do modo que elas sugerirem. Os jovens geralmente dispensam formalidade no
tratamento, e a linguagem (verbal ou não verbal) usada na escuta pode ser condizente
com essa faixa etária; porém é bom tomar cuidado para não cair no ridículo usando
gírias ou expressões chulas quando tiver que falar. Nesse caso, seja o mais natural
possível na escuta dos mesmos, sem deixar de ser profissional, no sentido pastoral do
termo. Já as crianças devem ser escutadas e tratadas como crianças. Procure usar de
didática para atendê-las e escutá-las. Enfim, trate bem a todos e os escute
atentamente, independentemente da idade, sexo, cor ou classe social. As adaptações
são para atendê-las melhor e não para discriminá-las.
Evite o pessimismo: esse é um grave defeito que o agente da Pastoral da Escuta
deve se esforçar para corrigir, caso tenha tendência para atitudes e manifestações
dessa natureza. O pessimismo dificulta qualquer trabalho e impede que ele frutifique.
Pessoas pessimistas, além de pouco fazer, provocam o desânimo de outras pessoas. O
pessimista é aquele que nunca vê solução para os problemas, só enxerga os defeitos
alheios e as dificuldades do trabalho pastoral. Nunca tem ideias novas e não recebe
com ânimo as novas propostas e ideias dos outros. Além disso, costuma destacar mais
os defeitos que as qualidades dos outros, seja da pessoa que escuta, da pastoral ou da
comunidade. São aqueles que não enxergam alternativas e se acomodam. Além disso,
gostam de criticar quem faz.
Saiba explicar as diferenças entre a escuta pastoral e a confissão: muitos não
sabem fazer tal diferença e acham que é a mesma coisa. Confessar não é o mesmo
que conversar ou fazer uma direção espiritual. Portanto, ao atender uma pessoa pela
Pastoral da Escuta, explique primeiro a diferença entre uma conversa ou desabafo e
uma confissão. Se a pessoa desejar a confissão, encaminhe para o padre, dizendo a
ela os dias e horários em que o padre atende. Se ela veio para conversar, pedir um
conselho, buscar uma orientação espiritual, pode ser atendida pelos agentes da
Pastoral da Escuta. Ao deixar claro, de início, as diferenças entre confessar e
conversar, você ajudará melhor a pessoa e evitará equívocos dessa natureza.
Saiba diferenciar uma conversa para desabafo de uma direção espiritual: a
orientação espiritual é uma espécie de conversa mais aprofundada, com métodos
apropriados e maiores recursos. Ela é comumente dirigida por um padre, mas pode
muito bem ser dirigida por um leigo da Pastoral da Escuta, desde que esse esteja
devidamente capacitado para isso. Porém, é importante saber diferenciar uma
conversa de uma direção espiritual. A conversa é uma primeira etapa do contato entre
a pessoa que fala e o agente da Pastoral da Escuta. É algo mais informal e pode versar
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sobre diversos temas, enquanto a orientação espiritual, como o próprio nome sugere,
está voltada para um tipo de ajuda específica: a espiritual. Outra coisa que a
diferencia da conversa é o método. Numa direção espiritual, o agente da Pastoral da
Escuta, ou o padre, prepara antes o que e como vai orientar a pessoa. Depois, a partir
do que ouviu, oferece sua contribuição, bem como subsídios, ferramentas e métodos
de oração à pessoa que foi ouvida. Cabem aqui algumas recomendações que tornarão
a orientação espiritual do agente da Pastoral da Escuta mais eficaz.
• Como já foi orientado acima, marque sempre dia e horário;
• Seja pontual. Procure chegar sempre um pouco antes do horário marcado, nunca
depois;
• Se houver algum imprevisto impossibilitando sua chegada no horário, procure
dar as devidas justificativas e esclarecer os imprevistos, para que o ocorrido não
soe como desinteresse;
• Se precisar chegar atrasado, avise antes, se puder. Se ocorrerem imprevistos e
você se atrasar, peça desculpas;
• Durante a orientação, porte-se bem e demonstre interesse. Se ficar em dúvida,
pergunte;
• Quanto ao vestuário, vale a mesma recomendaçãodada acima: vista-se de modo
comedido;
• Não faça da orientação espiritual um momento de debate de ideias. Orientação
espiritual não é curso de filosofia ou teologia, ou mesmo curso de
espiritualidade. Portanto, não discuta conceitos. É momento de buscar as
ferramentas certas e necessárias para vivenciar a dimensão espiritual que existe
dentro da pessoa que veio buscar tal ajuda, e isso deve ser feito de modo
equilibrado e sereno;
• Não confunda orientação espiritual com sessão de cura e libertação, com
bênçãos, com atendimento psicológico ou coisa do gênero. Conduza a partilha da
pessoa com reflexões pertinentes e vá apontando caminhos. A pessoa vai expor
suas angústias, incertezas e buscas, e o agente da Pastoral da Escuta vai oferecer
as ferramentas espirituais para a pessoa lidar com elas;
• Não ultrapasse o tempo previsto. Nisso a orientação espiritual se parece com o
acompanhamento psicológico. Se, no acompanhamento psicológico, o psicólogo
ou o psicanalista tem o tempo certo para atender, na orientação espiritual não
deve ser diferente. O agente da Pastoral da Escuta deve ser também rigoroso com
o horário, porém sem ser técnico. Esse elemento é importante para não tornar a
orientação ineficaz. Mesmo que a reflexão esteja boa, fluindo bem naquele
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momento, há que interrompê-la se o tempo se esgotou. Assim você terá uma
motivação a mais para dar continuidade em outro momento. A pessoa terá
motivação para voltar.
5. Características de um bom agente da Pastoral da Escuta
Acessibilidade: ser acessível é ser uma pessoa de fácil acesso, isto é, aquela
pessoa a quem todos podem se achegar a qualquer momento, sem restrições ou medo.
Que é fácil de localizar, de falar com ela pessoalmente ou por telefone, que responde
aos contatos. Aquela pessoa que, na hora da escuta, facilita para o outro se abrir.
Interesse: seja uma pessoa que tem e demonstra ânimo e interesse pelas pessoas
que vieram para ser escutadas; interesse por suas ideias e por tudo o que ela partilhar.
Interesse não significa ser interesseiro, invadir a privacidade alheia nem bisbilhotar a
intimidade das pessoas, ou fatos que ela não deseja partilhar. A pessoa interessada
valoriza as opiniões do outro, toma iniciativa para ajudar, demonstra que quer, de
fato, ser-lhe útil. É uma pessoa que acata as boas ideias e as executa, sem
menosprezar a capacidade da pessoa ouvida.
Cortesia: a tensão e o estresse podem provocar desequilíbrios em qualquer pessoa,
e isso não é diferente com os agentes da Pastoral da Escuta. Quando estiver no
exercício da pastoral, procure ser uma pessoa cortês, deixando de lado qualquer
problema que possa estressá-lo. Para isso, é importante exercitar a cortesia, a boa
educação, sem perder a firmeza no comando da escuta, mesmo quando ouvir coisas
que o agridam interiormente. Afinal, você foi escolhido, ou se colocou à disposição
para escutar as pessoas, e elas devem ser a prioridade nessa hora. Portanto, na hora da
escuta, esqueça os seus problemas.
Bom humor: o bom humor dissipa as situações que ameaçam o bom andamento da
escuta. Lembre-se de que as pessoas que vêm para serem ouvidas nem sempre estarão
de bom humor. É mais provável que elas não estejam com bom humor, mas você
precisa estar para poder ajudar. Quando conduzimos as situações com bom humor,
tudo fica mais fácil, as pessoas se acercam mais de nós, e, com as pessoas ao nosso
lado, é mais fácil comandar a missão que nos foi confiada. Além disso, o bom humor
faz bem para a saúde do corpo e da alma. Todo problema diminui de tamanho quando
é encarado com bom humor. Assim sendo, antes de ir para a escuta, exercite o bom
humor e coloque um sorriso amável no rosto, recobrindo-o de simpatia.
Humildade: já falamos sobre a sua importância para a Pastoral da Escuta, mas vale
a pena retomá-la, não para ser repetitivo, mas para reforçar a sua importância. Ser
humilde não significa não ter autoridade. A humildade é facilitadora de acessos, ela
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abre caminhos, traz para perto de nós as pessoas e nos aproxima delas. Toda pessoa
humilde é benquista. Portanto, no exercício da Pastoral da Escuta, a humildade faz
toda a diferença. Como a humildade não é algo natural em todas as pessoas, procure,
no exercício de sua missão, exercitá-la. Ela lhe servirá para a vida e não apenas para a
Pastoral da Escuta.
Sinceridade: o uso da sinceridade faz bem para ambas as partes, mas é preciso ter
delicadeza na hora de manifestá-la. Portanto, não exagere na maneira de dizer o que
viu ou sentiu. Sinceridade em demasia é falta de educação. A sinceridade equilibrada
ajuda na coerência, e a coerência é fator elementar para quem quer exercer bem a
Pastoral da Escuta. Falar com sinceridade não é falar tudo o que se pensa em todo
momento, mas é ser transparente na hora de escutar e conversar com as pessoas,
principalmente nas conversas individuais proporcionadas pela Pastoral da Escuta. É
falar francamente, sem rodeios e indiretas, mas com delicadeza e bom senso. Essa
dica vale, sobretudo, para quem veio para ser escutado. Assim sendo, antes de a
pessoa iniciar sua partilha, oriente-a a ser bastante sincera, pois isso ajudará muito.
Ser sincero é dizer com clareza o que se pensa, sem usar de meias palavras, porém
com devido cuidado para não magoar as pessoas. Existem muitas formas de ser
sincero sem ser agressivo. Procure a forma mais eficaz para a sua situação. Assim,
você estará ajudando a solucionar os problemas da pessoa.
Interatividade: quem escuta as pessoas deve interagir com elas. As pessoas não
são peças de xadrez que se mudam ou colocam em outras posições, ou mesmo se
descartam sem antes consultá-las, ou de ouvi-las devidamente. Se até num jogo de
xadrez toda mudança de peça demanda devida reflexão, quanto mais quando se lida
com pessoas. Antes de tomar qualquer decisão ou emitir opiniões sobre o que
escutou, dialogue com a pessoa ouvida. A pessoa que você está ouvindo é parte
integrante e importante de um conjunto de situações, e não um ser isolado. Você não
é mais importante que ela e não está isento de problemas. Portanto, interaja com ela
como uma pessoa normal, que também tem limitações, mas que pode, de alguma
forma, contribuir para dirimir conflitos. Leve em conta as opiniões da pessoa ouvida,
se abra ao diálogo e evite qualquer atitude autoritária e arbitrária em relação à pessoa.
Lembre-se: a pessoa, o ser humano, qualquer que seja, é mais importante do que
qualquer projeto institucional, pastoral, por mais espetacular que eles possam parecer.
Essa é a proposta cristã da Pastoral da Escuta. A atenção dispensada à ovelha
desgarrada vai demonstrar o amor e o acolhimento que você tem com todo o rebanho.
Porém, se sua atenção for apenas para o conjunto do rebanho, as multidões, e se
esquecer do indivíduo, você poderá ser um ótimo empresário, mas um péssimo pastor
56
de ovelhas no sentido bíblico do termo, e um péssimo agente da Pastoral da Escuta.
Liderança: já tratamos da importância do coordenador da Pastoral da Escuta ser
um líder, mas liderança não é exclusividade do coordenador. Todo agente da Pastoral
da Escuta deve ser um líder. Líder é quem tem facilidade para entender o projeto do
grupo e o dos indivíduos, e saber conciliar ambos num projeto comum, sem perder o
controle da situação. É aquele que, a partir de tais ideias e projetos, lança novas ideias
que geram novas perspectivas. É quem sabe definir e esclarecer, acolher as opiniões,
dados e sugestões da equipe de pastoral e da pessoa que ele ouve no exercício da
pastoral. Sabe analisar e corrigir sem magoar nem ferir ninguém. É aquele que sabe
esclarecer os objetivos da pastoral e promove a coesão, conquistando as pessoas por
sua maneira eficiente de escutar e conduzir a situação. Ele sabe apontar caminhos e
consegue perceber os desvios. Sua liderança não diminui ninguém, pelo contrário,
sabe promover os outros, e essa promoção vem somar a sua liderança e não
representar um obstáculo ou concorrência.
Participe das reuniões da Pastoral e do CPP: todo agente da Pastoral da Escuta
sabe que, periodicamente,precisa participar de reuniões da pastoral. O coordenador
deve participar também das reuniões do CPP (Conselho Paroquial de Pastoral). Com
relação às reuniões mensais da Pastoral ou à reunião do CPP, é preciso fidelidade e
compromisso. Para tanto, saber como agir ou se portar nesses momentos ajuda no
desempenho não apenas da reunião propriamente dita, mas também da pastoral em
que a pessoa participa. É nessas reuniões que são avaliadas e planejadas as ações da
pastoral. É nas reuniões do CPP que a comunidade fica sabendo e participa dos
trabalhos das pastorais ali representadas. Nas reuniões, seja pontual; prepare os
assuntos que vai abordar e faça os devidos apontamentos dos assuntos tratados; se for
conduzir um assunto, seja objetivo sem ser superficial.
Informe o pároco sobre sua atuação na pastoral: todo agente da Pastoral da
Escuta deve atuar sob a tutela do pároco ou de quem faz a vez dele. O pároco é o
responsável pela paróquia, pela comunidade, portanto, é a primeira pessoa a quem se
deve prestar contas ou informar sobre os procedimentos tidos na ação pastoral. Ele
precisa saber o que, quando, onde e como os agentes da Pastoral da Escuta estão
procedendo. Quem age na paróquia por conta própria e não dá satisfação de suas
ações ao responsável por ela não está comungando com a Igreja e, desse modo,
carece de repensar suas ações.
Como e quando se deve fazer isso?
Oferecemos aqui algumas sugestões. Elas ajudarão você, agente da Pastoral da
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Escuta, a agir em consonância com a sua paróquia e com a equipe de pastoral.
Informe o padre de suas ações periodicamente, ou quando for solicitado: se você
é uma pessoa responsável, procure periodicamente o pároco de sua paróquia e
partilhe com ele sobre sua atuação na Pastoral da Escuta. Não espere acontecer algo
inusitado para procurá-lo. Procure-o para inteirá-lo de suas ações. Caso isso seja feito
nas reuniões mensais da pastoral, estando o padre presente, não há necessidade de
procurá-lo em outro momento, exceto se o caso for particular.
Nas reuniões mensais de avaliação da pastoral: toda pastoral ou movimento que
se preza promove reuniões periódicas para avaliação dos trabalhos. O ideal é que
essas reuniões sejam mensais ou quinzenais, dependendo da necessidade pastoral.
Nessas ocasiões, é dever do coordenador apresentar um relatório das suas atividades
na coordenação e da caminhada da pastoral, movimento ou grupo para os demais. Os
demais agentes da pastoral devem, nessas reuniões, partilhar como estão caminhando
seus trabalhos, apontando erros e acertos, e ajudando a planejar as ações. É sinal de
responsabilidade e organização promover tais reuniões de avaliação, e todos os
agentes da pastoral devem participar. Assim, além de dar satisfação uns aos outros e
reanimá-los mutuamente nos trabalhos, é possível corrigir os erros e dar novos e
acertados passos.
Nas reuniões mensais do CPP: as reuniões do Conselho Paroquial de Pastoral,
que, na maioria das paróquias, ocorrem geralmente uma vez por mês, são ocasiões
oportunas para os coordenadores da Pastoral da Escuta partilharem como andam os
trabalhos da pastoral. Para tanto, é importante apresentar uma espécie de relatório das
atividades desenvolvidas e os planos de ação a serem desenvolvidos. As reuniões do
CPP são ocasiões ímpares para inteirar os demais agentes de outras pastorais dos
serviços da Pastoral da Escuta e divulgá-la. Nas reuniões do CPP, deve participar
apenas o coordenador da pastoral, ou quem faz a vez dele. É o coordenador que
levará para os demais membros da pastoral, nas suas reuniões mensais, a pauta da
reunião do CPP.
Nas assembleias paroquiais: a assembleia paroquial é um momento muito
importante da vida da paróquia. Ela deveria acontecer todos os anos. É quando a
paróquia reúne todos os seus agentes de pastoral, bem como os demais fiéis católicos
que desejarem participar, para avaliar e planejar sua ação pastoral. Nessa ocasião,
cada coordenador de pastoral deve apresentar um balanço das atividades pastorais
que desenvolveu no decorrer do ano e planejar as ações que serão executadas no ano
seguinte, ajudando a elaborar o Plano Paroquial de Pastoral. Mesmo que o
coordenador tenha, no decorrer do ano, participado do CPP sobre as ações da Pastoral
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da Escuta, ele deve apresentá-la novamente na assembleia paroquial, conforme as
orientações da equipe que prepara a assembleia. Nesta, é comumente pedida a
participação de todos e não apenas do coordenador da pastoral.
Por ocasião da visita pastoral do bispo: é comum as paróquias receberem, de
tempo em tempo, a visita pastoral do bispo. Essa é uma ocasião importante para
apresentar a ele um relatório da Pastoral da Escuta. Reúna-se antes com o pároco e a
equipe, e proponha apresentar para o bispo como estão sendo desenvolvidos os
trabalhos dessa pastoral. Isso poderá ser feito através de uma reunião extraordinária
do CPP (Conselho Paroquial de Pastoral) com a presença do bispo. Sugira isso ao
pároco da sua paróquia, por ocasião da visita pastoral, e partilhe com o bispo as ações
missionárias da Pastoral da Escuta. Tenha como inspiração a passagem bíblica na
qual os apóstolos, depois de voltarem da missão, reúnem-se e partilham com Jesus
tudo o que fizeram (cf. Mc 6,30). É algo gratificante e animador.
Preparação espiritual do agente: para encerrar, quero destacar a importância da
preparação espiritual do agente da Pastoral da Escuta. Ela é fundamental para que o
trabalho dê certo.
A preparação espiritual se faz de diversas maneiras, como já apontamos
anteriormente, mas quero reforçar esse ponto devido a sua importância. O primeiro
procedimento é ter uma vida atuante na comunidade, participando assiduamente das
missas; o segundo é ter um compromisso orante com Deus, praticando a Lectio
divina. Os passos da Lectio divina ensinam as pessoas a escutar a Deus e,
consequentemente, aos seus irmãos. É um colocar-se diante de Deus, com ouvido de
discípulo (Is 50,4-5) e escutar o que Deus diz através de cada palavra, versículo e
imagem que nos tocam durante a leitura orante. É um deixar-se amar por Deus,
colocando-se inteiramente em suas mãos (Os 2,16; Jo 15,9) e perceber os sentimentos
que nos afetam nesse momento de entrega e escuta. É querer caminhar com Deus (Gn
12,1; Fl 3,12-14), escutando os apelos ou impulsos mais urgentes que emergem dessa
escuta orante de Deus. Esse exercício não está isento de resistências, como não estão
isentas de resistência as pessoas que escutamos na pastoral. Porém, depois desse
colocar-se para escutar, escutaremos também as resistências e poderemos encontrar
os meios e os procedimentos mais adequados para resolvê-las. Tudo isso, a leitura
orante nos proporciona. Por essa razão, o agente da Pastoral da escuta deve ter a
leitura orante da Bíblia como uma prática diária de sua vivência espiritual. Essa
prática é complementada com retiros e orientações espirituais.
Enfim, essas são orientações que podem ajudar os agentes da Pastoral da Escuta a
desempenhar bem suas funções, contribuindo melhor para a paróquia, a Igreja e as
59
pessoas que, de um modo geral, são ouvidas pela pastoral. São recomendações que
ajudam os agentes da pastoral a serem verdadeiros discípulos e missionários, como
pediu a Conferência de Aparecida.
6. Procedimentos do agente após a escuta
Depois da escuta, é necessário que o agente tome alguns procedimentos e faça
encaminhamentos, se houver necessidade, daquilo que ouviu.
O primeiro procedimento é “filtrar” aquilo que ouviu e extrair o elemento central
que está angustiando aquela pessoa. Muitas vezes, para falar de determinados
problemas, as pessoas dão muitas voltas, e é preciso estar muito atento para saber o
que está causando o sofrimento daquela pessoa. Uma vez detectado, é hora de
procurar dar respostas que estejam fundamentadas naquilo de essencial que se ouviu
da pessoa, sem se estender muito. Como foi dito antes, a prioridade é mais escutar do
que falar; ao falar, seja conciso e comedido nas respostas. Por exemplo, se a pessoa
relatou um problema de desavençafamiliar, procure extrair da sua fala o que
realmente está causando tal desavença e aconselhe-a de modo que ela possa encontrar
luzes para dirimir ou diminuir seu sofrimento. Muitas vezes, a palavra de alguém que
não está envolvido diretamente no problema pode indicar um caminho mais seguro
para agir.
Além de oferecer sua palavra, procure rezar com a pessoa, tranquilizá-la e mostrar
que, por pior que seja a situação que ela está vivendo, sempre há um caminho, uma
solução, e que é preciso buscar esse caminho ou solução com calma e serenidade,
sem atropelos, nervosismo ou estresse, e que você está ali para ajudá-la a encontrar
esse caminho.
Quando a pessoa traz problemas relacionados a questões materiais ou de saúde,
como, por exemplo, desemprego, problemas de saúde física ou mental, problemas de
ordem jurídica ou financeira, necessidades básicas, como falta de alimento ou
moradia etc., procure fazer os devidos encaminhamentos através de outras pastorais
ou entidades com que a paróquia tenha relações. Por essa razão, é importante que o
agente da Pastoral da Escuta conheça bem a estrutura da paróquia e sua conjuntura
pastoral. Assim, fica mais fácil fazer os encaminhamentos. Quando o problema é de
ordem psicológica, o procedimento mais indicado é encaminhar a pessoa para um
psicólogo. Para isso, é preciso que a paróquia tenha também um serviço dessa
natureza para poder responder a essa demanda. Ou, então, encaminhar para
psicólogos que possam atender de acordo com o poder aquisitivo daquela pessoa.
A mesma coisa quando o problema é de ordem espiritual. Nesse caso, a pessoa
60
deve escutar, do agente da Pastoral da Escuta, palavras de ordem espiritual, mas,
dependendo do caso, deve ser encaminhada ao padre, religioso ou religiosa, para que
estes possam prestar-lhe a devida assistência. Porém, muitos dos casos de ordem
espiritual podem ser resolvidos pelos próprios agentes, desde que estes estejam
devidamente preparados, como foi exposto anteriormente.
Enfim, quem escuta deve ter conhecimento sobre os recursos da paróquia e saber
se a mesma tem ou não condições materiais e estruturais para uma ajuda imediata
para solucionar o problema sofrido pela pessoa ouvida. Se não tiver, essa pessoa
deverá ser encaminhada para um profissional especializado, como foi indicado acima,
para que o problema da pessoa seja solucionado da melhor maneira.
O mais importante é que os agentes da Pastoral da Escuta sejam pessoas
comprometidas, gente que coloca a “mão na massa”, que age e faz a comunidade
agir, gente que tenha demonstrado, através da prática, interesse nas ações
evangelizadoras da paróquia.
Assim sendo, o agente deve ouvir e se esforçar para solucionar o problema
partilhado, uma vez que isso é parte inerente do processo de escuta e, sobretudo, do
processo de evangelização do qual a Pastoral da Escuta é parte. Muitos casos são
resolvidos na hora, sem necessitar de outra mediação ou outro procedimento além da
escuta. O agente acolhe em nome da pastoral, ouve as necessidades, dá conselho e, se
for o caso, faz os devidos encaminhamentos, como os indicados acima. O documento
71 da CNBB recorda que,“muitas vezes, as pessoas que procuram nossas
comunidades necessitam, antes de tudo, prover as suas necessidades básicas de
alimentação, saúde, moradia...” (CNBB, idem, p. 45). É dever de uma comunidade
que se preocupa com a evangelização oferecer todos os serviços possíveis para
solucionar esses problemas. Assim, a Pastoral da Escuta deve ser parceira das
Pastorais Sociais. Essa parceria ajuda a resolver muitos problemas trazidos pelos que
procuram a Pastoral da Escuta.
Outro procedimento importante após a escuta é reunir-se com a equipe para
partilhar os problemas que foram ouvidos e buscar soluções que não foram possíveis
de dar no momento da escuta. Nesse caso, tranquilize a pessoa, dizendo que buscará
com a equipe uma resposta ou solução para o problema dela.
Assim sendo, reúna-se com a equipe e avalie os problemas que ouviu no exercício
da pastoral. Tenha em mãos uma ficha de anotações desses problemas, caso eles
sejam diversos, ou de diferentes pessoas. Se possível, para seu controle pessoal, passe
esses dados ou problemas encontrados para uma planilha, de modo que facilite a
61
organização e a busca de soluções; partilhe as situações escutadas, mantendo sempre
uma postura ética na hora de relatar o que ouviu; avalie com o grupo tais situações e
pensem juntos numa solução. No próximo exercício de escuta, leve os resultados e os
encaminhamentos feitos em conjunto com a equipe.
Por fim, destaco aqui um relato ouvido por um agente da Pastoral da Escuta,
partilhado uma reunião com os demais. A pessoa disse: “Às vezes, só precisamos de
alguém que nos ouça. Que não nos julgue; que não nos subestime; que não nos
analise. Apenas ouça”. Assim sendo, ouvir é o procedimento primordial. Os demais
procedimentos, se necessários, virão depois, mas nem sempre são necessários.
62
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nessas considerações finais sobre a Pastoral da Escuta, quero lembrar, entre outras
coisas, a oportuna expressão de Rubem Alves, que diz: “Sempre vejo anunciados
cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer
aprender a falar. Ninguém quer aprender a ouvir” (Rubem Alves, 1999, p. 65).
Perante essa realidade constatada por Rubem Alves, procurei trazer aqui neste
subsídio não um curso de escutatória, mas as indicações básicas para uma modalidade
de pastoral pouco conhecida: a Pastoral da Escuta. É uma pastoral que, como o
próprio nome diz, age silenciosamente, sem muitos alardes, pois é próprio dessa
pastoral ouvir mais do que falar. É uma pastoral orante. É no silêncio da oração que
ouvimos Deus, e somente quem consegue ouvir Deus terá algo de Deus para
transmitir para os seus semelhantes. São tantos os ruídos que nos cercam; às vezes,
buscamos tais ruídos para não escutar as vozes que clamam em nós, ou então somos
nós mesmos que fazemos ruídos para abafar tais clamores internos e externos.
Rubem Alves diz ainda que “só posso ouvir a verdade do outro se eu parar de
tagarelar. Quem fala muito não ouve” (idem). Por essa razão, a Pastoral da Escuta
pede que seus agentes falem o menos possível. Vivemos em um mundo no qual a
escuta se resume aos profissionais da escuta, os psicólogos e os psicanalistas. As
pessoas não se escutam mais. Mas isso não significa que não exista necessidade de
ser ouvido. “Todo mundo quer ser escutado” (idem), diz Rubem Alves, e “como não
há quem os escute, os adultos procuram um psicanalista, profissional pago do
escutar” (idem). Mas nem todos têm acesso a um profissional da escuta. Além disso,
a Pastoral da Escuta, como foi dito antes, não quer ser concorrente nem ocupar o
lugar da psicanálise ou de qualquer área da psicologia. Pelo contrário, ela quer ser
uma resposta a uma sociedade que adoece por falta de escuta simples, inerente às
relações humanas. E diria mais, uma escuta necessária para a sobrevivência em
sociedade ou em comunidade. Como diz o Documento de Aparecida (nº 366),
“escutar com atenção e discernir ‘o que o Espírito está dizendo às Igrejas’”.
O Documento de Aparecida nos propõe uma nova postura pastoral, e a Pastoral da
Escuta busca responder a essa proposta. Diz o Documento que “é preciso ir além de
mudanças superficiais, apenas aparentes, como as que muitas vezes fazemos em
nossas paróquias como se fossem ‘grandes revoluções pastorais’, mas que no fundo
não passam de meros remakes de situações já existentes sob novas nomenclaturas”
(idem). É preciso uma mudança que brote do interior da pessoa, de modo que atinja
sua ação pastoral. Para isso, é preciso estar atento e escutar o Espírito, que aponta os
63
sinais dos tempos. Escutar os apelos da Igreja, os apelos da sociedade e, sobretudo,
escutar nossos semelhantes, pois é a pessoa, o indivíduo, que reflete os desafios da
sociedade e suas consequências. Por essa razão, apontamos aqui neste subsídio as
posturas e procedimentos que o agente da Pastoral da Escuta deve ter. Vimos que ele
deveter uma escuta ativa, no sentido de não apenas escutar por escutar, mas escutar
para transformar. A transformação que acontece silenciosamente, no gesto mais
profundo de acolher contido no ato da escuta.
Dessa maneira, o agente dessa pastoral precisa ter uma escuta ativa. A escuta ativa
é uma atitude que ultrapassa o simples ato de escutar aquilo que a outra pessoa tem a
dizer. Não se trata de deixar passar sobre si, passivamente, um emaranhado de
palavras que alguém está dizendo, mas sim de se estar intimamente junto à outra
pessoa, com um interesse benevolente, pautado pela caridade pastoral por ela e pela
situação que está sendo descrita. É a escuta no sentido bíblico do termo, encontrada
na postura de Maria, Mãe de Jesus, que escutava e guardava tudo em seu coração (Lc
2,19). Encontramos, nessa passagem bíblica, dois verbos – guardar e meditar – que,
quando aplicados pela Pastoral da Escuta, adquirem um significado tão especial
quanto o do texto citado. Guardar e meditar significa, entre outras coisas, escutar e
fazer memória dos acontecimentos e relatos que se está ouvindo da outra pessoa. É
dar-se conta de que, por trás dos relatos, às vezes, banais, há fatos carregados de um
sentido profundo na vida daquela pessoa, mas quase sempre oculto porque ela não
teve oportunidade de verbalizá-lo. Mais do que uma escuta psicológica ou
sociológica, é a escuta com os ouvidos da fé, direcionada por um olhar igualmente de
fé. É essa postura que deve predominar na Pastoral da Escuta, e Maria tem muito a
nos ensinar com sua postura orante de escuta. É nessa escuta atenta que ela percebe,
no desenvolvimento do Menino, que ele “crescia em sabedoria, estatura e graça”. Ela
viu ali os desígnios da vontade de Deus (Lc 2,52). Ela percebeu também nas Bodas
de Caná (Jo 2,3), a partir de uma escuta atenta, que faltava vinho, e indicou o
caminho certo. Quem escuta atentamente encontra o caminho, isto é, as respostas
mais acertadas para cada situação. O agente da Pastoral da Escuta, através de uma
escuta ativa, aponta caminhos aos seus interlocutores. Através dessa modalidade de
escuta, ele saberá ler o que ouviu numa perspectiva de fé e distinguir nos relatos
ouvidos as digitais da ação divina.
Na Pastoral da Escuta, é de extrema importância que a pessoa que está sendo
ouvida seja compreendida. Vale lembrar que compreender é até mais importante do
que ser compreendido, e que, para a pastoral, ouvir é mais importante do que falar.
Pense nisso na hora de atuar na escuta pastoral e faça uma escuta ativa.
64
A chave para a escuta ativa é a vontade e a capacidade de escutar o que o outro
tem a dizer, sem ficar preocupado em querer dar uma resposta de imediato. Não se
preocupe com as respostas, elas virão a seu tempo, se necessário for. Para a escuta
ativa, é importante que se tenha empatia. A empatia na escuta ativa exige certa
sensibilidade com as pessoas que estamos escutando, não simplesmente escutar por
obrigação. Empatia na escuta pastoral significa colocar-se na posição ou situação da
outra pessoa, num esforço para entendê-la e sentir o que ela está sentindo, vivenciar o
que ela está vivenciando, mas sem o envolvimento que dilui as fronteiras entre quem
fala e quem escuta. Conhecer as demarcações dessas fronteiras simbólicas é de suma
importância para a ajuda acontecer. Pode-se dizer que a escuta ativa e empática é uma
verdadeira arte e que, para atingi-la, é preciso exercitá-la. É a maneira mais sutil de
dar resposta com os ouvidos. Assim sendo, a escuta eficaz começa com uma escuta
ativa, isto é, com o saber ouvir. Portanto, essa é a habilidade mais importante do
agente da Pastoral da escuta: escutar com o coração. Em vista disso, ouvir ativamente
significa muito mais do que simplesmente ouvir. É deixar que a outra pessoa entre em
nossa vida através dos nossos ouvidos e atinja o coração.
O fato é que, muitas vezes, quando ouvimos, ficamos pensando no que vamos
dizer ou responder, e isso impede uma escuta de corpo e alma. Esse é um tipo de
procedimento que deve ser evitado na Pastoral da Escuta, porque ficar preocupado
com as respostas pode prejudicar a verdadeira escuta, pois com essa atitude
demonstramos que queremos que a outra pessoa também nos ouça, e não é esse o
objetivo da Pastoral da Escuta. Quando ouvimos ativamente, demonstramos com
nosso olhar e com outras expressões um vivo interesse no que a outra pessoa está
dizendo, e, assim, concentramo-nos na sua fala, envolvemo-nos com o que ela diz.
Com isso, aprendemos a compreender o outro, a respeitar suas fragilidades, a
perceber seus sentimentos mais profundos, a captar os pensamentos que sua fala não
expressa. É saber usar um pouco as ferramentas da psicologia, embora o agente da
Pastoral da Escuta não seja, especificamente, psicólogo nem use abordagens da
psicanálise no exercício da pastoral. Pede-se apenas que se tenha a sensibilidade
cristã de ouvir e acolher a pessoa, de modo que a própria atitude de escuta ofereça,
por si só, uma resposta satisfatória à pessoa que partilhou suas necessidades.
Temos, assim, a Pastoral da Escuta. Uma pastoral que vem para contribuir com
uma paróquia em permanente estado de missão, pronta a acolher o outro, como tem
pedido as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (2011-2015).
Com a Pastoral da Escuta, a paróquia evangeliza em meio às alegrias e esperanças,
tristezas e angústias que cada pessoa traz para ser partilhadas. Ela anuncia, por meio
65
da escuta, Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida (Jo 14,6), acolhendo, escutando e
rezando com a pessoa que partilha, e ajudando-a a discernir caminhos. A Pastoral da
Escuta é, assim, uma expressão incessante das atividades missionárias da paróquia. É
uma tentativa de escutar, além das pessoas, os sinais dos tempos e os desafios que
neles se manifestam. A Pastoral da Escuta deseja ser uma resposta aos desafios que
emergem numa sociedade que não valoriza a escuta do indivíduo, e que, por isso,
desqualifica a vida e a ameaça de diversas formas.
66
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LIMA, Marcos de. Para fazer bem o retiro – 4. São Paulo: CRB, 1996.
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2010.
______. Pastoral da Acolhida. Guia de implantação, formação e atuação dos
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Paulo: Paulus, 2012.
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POLITO, R. Superdicas para falar bem: em conversas e apresentações. São Paulo:
Saraiva, 2005a.
______. Vença o medo de falar em público. 8ª ed. São Paulo: Saraiva, 2005b.
TEIXEIRA, Dione Maria Sachet. O serviço de escuta à luz da Palavra de Deus:
desafios pastorais. Aparecida: Santuário, 2008.
67
Coleção ORGANIZAÇÃO PAROQUIAL
• Guia de gerenciamento e administração paroquial, José Carlos Pereira
• Dízimo e captação de recursos – Desafios às comunidades do século 21, Pe. Jerônimo
Gasques
• As sete chaves do dízimo – Segredo a ser descoberto, Pe. Jerônimo Gasques
• Pastoral da visitação – Paróquia em estado permanente de missão, José Carlos Pereira
• Pastoral da Escuta – Por uma paróquia em permanente estado de missão, José Carlos Pereira
68
Direção editorial: Claudiano Avelino dos Santos
Coordenação de desenvolvimento digital: Erivaldo Dantas
Assistenteeditorial: Jacqueline Mendes Fontes
Revisão: Caio Pereira
Iranildo Bezerra Lopes
Capa: Marcelo Campanhã
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Pereira, José Carlos
Pastoral da escuta: por uma paróquia em permanente estado de missão / José Carlos Pereira. — São Paulo:
Paulus, 2013. — (Coleção Organização paroquial)
ISBN 978-85-349-3591-3
1. Escuta - Aspectos religiosos - Cristianismo 2. Missões 3. Paróquias 4. Pastoral do Acolhimento I. Título. II.
Série.
12-14026 CDD-253.52
Índices para catálogo sistemático:
1. Escuta cristã: Teologia pastoral: Cristianismo 253.52
2. Igreja Católica: Serviços de escuta: Trabalho pastoral 253.52
3. Serviços de escuta: Igreja Católica: trabalho pastoral 253.52
© PAULUS – 2013
Rua Francisco Cruz, 229
04117-091 São Paulo (Brasil)
Fax (11) 5579-3627 • Tel. (11) 5087-3700
www.paulus.com.br
editorial@paulus.com.br
eISBN 978-85-349-3707-8
69
70
Scivias
de Bingen, Hildegarda
9788534946025
776 páginas
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Scivias, a obra religiosa mais importante da santa e doutora da Igreja
Hildegarda de Bingen, compõe-se de vinte e seis visões, que são
primeiramente escritas de maneira literal, tal como ela as teve, sendo, a
seguir, explicadas exegeticamente. Alguns dos tópicos presentes nas visões
são a caridade de Cristo, a natureza do universo, o reino de Deus, a queda do
ser humano, a santifi cação e o fi m do mundo. Ênfase especial é dada aos
sacramentos do matrimônio e da eucaristia, em resposta à heresia cátara.
Como grupo, as visões formam uma summa teológica da doutrina cristã. No
fi nal de Scivias, encontram-se hinos de louvor e uma peça curta,
provavelmente um rascunho primitivo de Ordo virtutum, a primeira obra de
moral conhecida. Hildegarda é notável por ser capaz de unir "visão com
doutrina, religião com ciência, júbilo carismático com indignação profética, e
anseio por ordem social com a busca por justiça social". Este livro é
especialmente significativo para historiadores e teólogas feministas. Elucida
a vida das mulheres medievais, e é um exemplo impressionante de certa
forma especial de espiritualidade cristã.
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Santa Gemma Galgani - Diário
Galgani, Gemma
9788534945714
248 páginas
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Primeiro, ao vê-la, causou-me um pouco de medo; fiz de tudo para me
assegurar de que era verdadeiramente a Mãe de Jesus: deu-me sinal para me
orientar. Depois de um momento, fiquei toda contente; mas foi tamanha a
comoção que me senti muito pequena diante dela, e tamanho o
contentamento que não pude pronunciar palavra, senão dizer, repetidamente,
o nome de 'Mãe'. [...] Enquanto juntas conversávamos, e me tinha sempre
pela mão, deixou-me; eu não queria que fosse, estava quase chorando, e
então me disse: 'Minha filha, agora basta; Jesus pede-lhe este sacrifício, por
ora convém que a deixe'. A sua palavra deixou-me em paz; repousei
tranquilamente: 'Pois bem, o sacrifício foi feito'. Deixou-me. Quem poderia
descrever em detalhes quão bela, quão querida é a Mãe celeste? Não,
certamente não existe comparação. Quando terei a felicidade de vê-la
novamente?
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74
DOCAT
Youcat, Fundação
9788534945059
320 páginas
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Dando continuidade ao projeto do YOUCAT, o presente livro apresenta a
Doutrina Social da Igreja numa linguagem jovem. Esta obra conta ainda com
prefácio do Papa Francisco, que manifesta o sonho de ter um milhão de
jovens leitores da Doutrina Social da Igreja, convidando-os a ser Doutrina
Social em movimento.
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76
Bíblia Sagrada: Novo Testamento - Edição
Pastoral
Vv.Aa.
9788534945226
576 páginas
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A Bíblia Sagrada: Novo Testamento - Edição Pastoral oferece um texto
acessível, principalmente às comunidades de base, círculos bíblicos,
catequese e celebrações. Esta edição contém o Novo Testamento, com
introdução para cada livro e notas explicativas, a proposta desta edição é
renovar a vida cristã à luz da Palavra de Deus.
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A origem da Bíblia
McDonald, Lee Martin
9788534936583
264 páginas
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Este é um grandioso trabalho que oferece respostas e explica os caminhos
percorridos pela Bíblia até os dias atuais. Em estilo acessível, o autor
descreve como a Bíblia cristã teve seu início, desenvolveu-se e por fim, se
fixou. Lee Martin McDonald analisa textos desde a Bíblia hebraica até a
literatura patrística.
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Índice
INTRODUÇÃO 5
I. O QUE É A PASTORAL DA ESCUTA 7
II. JUSTIFICATIVAS PARA UMA PASTORAL DA ESCUTA 10
III. OS OBJETIVOS DA PASTORAL DA ESCUTA 13
IV. OS ESPAÇOS PARA EXERCER A PASTORAL DA
ESCUTA 17
1. A escuta no expediente paroquial 17
2. Salas para o exercício da Pastoral da Escuta 18
3. A escuta ao ar livre 20
4. A escuta no interior da igreja 20
5. A escuta na capela do Santíssimo 20
V. PROCEDIMENTOS PARA A IMPLANTAÇÃO DA
PASTORAL DA ESCUTA NA PARÓQUIA 22
1. Conhecimento das propostas pastorais da diocese e da realidade paroquial 22
2. Apresentação da Pastoral da Escuta e suas propostas 23
3. Planejamento de metas e objetivos a serem atingidos 25
4. Busca da pessoa certa para coordenar a Pastoral 26
5. Formação e preparação da equipe da Pastoral da Escuta 28
6. Elaboração de um calendário de atividades para a Pastoral da Escuta 31
7. Busca de recursos para a Pastoral da Escuta 33
8. Divulgação da Pastoral da Escuta 34
VI. PREPARAÇÃO E PROCEDIMENTOS DOS AGENTE DA
PASTORAL DA ESCUTA 37
1. Coloque-se à disposição para ajudar na Pastoral da Escuta 37
2. Ética na escuta 38
3. A pessoa do coordenador da Pastoral da Escuta e seus procedimentos 39
4. Dicas de procedimentos para os agentes da Pastoral da Escuta 41
5. Características de um bom agente da Pastoral da Escuta 55
6. Procedimentos do agente após a escuta 60
CONSIDERAÇÕES FINAIS 63
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 67
80
	INTRODUÇÃO
	I. O QUE É A PASTORAL DA ESCUTA
	II. JUSTIFICATIVAS PARA UMA PASTORAL DA ESCUTA
	III. OS OBJETIVOS DA PASTORAL DA ESCUTA
	IV. OS ESPAÇOS PARA EXERCER A PASTORAL DA ESCUTA
	1. A escuta no expediente paroquial
	2. Salas para o exercício da Pastoral da Escuta
	3. A escuta ao ar livre
	4. A escuta no interior da igreja
	5. A escuta na capela do Santíssimo
	V. PROCEDIMENTOS PARA A IMPLANTAÇÃO DA PASTORAL DA ESCUTA NA PARÓQUIA
	1. Conhecimento das propostas pastorais da diocese e da realidade paroquial
	2. Apresentação da Pastoral da Escuta e suas propostas
	3. Planejamento de metas e objetivos a serem atingidos
	4. Busca da pessoa certa para coordenar a Pastoral
	5. Formação e preparação da equipe da Pastoral da Escuta
	6. Elaboração de um calendário de atividades para a Pastoral da Escuta
	7. Busca de recursos para a Pastoral da Escuta
	8. Divulgação da Pastoral da Escuta
	VI. PREPARAÇÃO E PROCEDIMENTOS DOS AGENTEDA PASTORAL DA ESCUTA
	1. Coloque-se à disposição para ajudar na Pastoral da Escuta
	2. Ética na escuta
	3. A pessoa do coordenador da Pastoral da Escuta e seus procedimentos
	4. Dicas de procedimentos para os agentes da Pastoral da Escuta
	5. Características de um bom agente da Pastoral da Escuta
	6. Procedimentos do agente após a escuta
	CONSIDERAÇÕES FINAIS
	REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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