Laurence Nardon, diretora do programa Américas do Instituto Francês de Relações Internacionais (Ifri), avalia que o presidente americano moldou à sua maneira o fim da globalização, um processo iniciado já no seu primeiro mandato e continuado por Joe Biden - e do qual o Brexit, no Reino Unido, também foi um marco importante…
"A virada que Trump acelera agora de forma brutal e excessiva está em curso desde 2015. As pessoas, os eleitores dos países ocidentais, cansaram da globalização dos anos 1990. Na realidade, isso começou com a grande crise financeira de 2008: ela fez muitas pessoas tomarem consciência de que a globalização não estava funcionando para elas, principalmente na classe média", explica a pesquisadora.
"Essa percepção nos levou ao Brexit e à primeira eleição de Trump. Hoje estamos vivendo a confirmação de um grande movimento de volta atrás da globalização", constata a autora de "Géopolitique de la puissance américaine" ("Geopolítica da potência americana", em tradução livre).
O componente ideológico de Trump acrescenta uma grande incerteza sobre este processo, salienta Vincent Vicard. O presidente defende a retirada dos Estados Unidos da cena internacional para se concentrar exclusivamente no povo americano – o que pode significar, por exemplo, cortar o apoio logístico americano que garante a segurança de grande parte do transporte de mercadorias ao redor do planeta.