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Unidade I HISTÓRIA E CULTURA: A TRAJETÓRIA DO INTÉRPRETE E SUA ATUAÇÃOSUA ATUAÇÃO. História da interpretação Profa. Márcia Honora História da interpretação Um dos autores brasileiros que mais contribuiu com o registro da trajetória histórica do intérprete foi Pagura (2003), que nos leva a uma viagem desde a antiguidade até a atualidade. Segundo o dicionário Michaelis, intérprete significa: “Pessoa que interpreta. Pessoa que traduz a outrem, na língua que este fala, o que foi dito ou escrito por outra pessoa em língua diferente Tradutor O que interpreta umadiferente. Tradutor. O que interpreta uma obra de arte. O que toca ou canta uma obra musical.” (MICHAELIS, 1998) História da interpretação Segundo Metzger (2002), o intérprete, até o século XI, era o profissional que trabalhava tanto com a língua oral quanto com a escrita. Somente no século XII que começa a existir uma distinção entre essas duas ocupações. O intérprete é o profissional que trabalha com a palavra falada e o tradutor é o profissional que trabalha com a palavra na sua forma escrita. Tradutor x intérprete Semelhança: “a tradução e a interpretação lidam com um determinado texto em outra língua”. Diferença: o tradutor tem tempo adequado para realizar suas pesquisas e estudos para realização de um bom trabalho. O intérprete trabalha em tempo real em que a mensagem é passada e, por esse motivo, há uma maior necessidade de apresentar o domínio linguístico, cultural e técnico de ambas as línguas em que está sendo transmitida a mensagem. Aspectos históricos O primeiro registro histórico que temos da interpretação data de 3000 anos antes de Cristo, através de um hieróglifo egípcio. O papel do intérprete aparece também na Bíblia, na citação do Apóstolo Paulo: “E se alguém falar em língua desconhecida, faça-se isso por dois, ou quando muito três, e por sua vez, e haja intérprete” (I Coríntios 14:28). Além disso, o intérprete era um profissional solicitado na Idade Média. Aspectos históricos Na Idade Moderna e nas expedições marinhas, Cristovão Colombo trouxe intérpretes em sua expedição, nas línguas hebraico, caldeu e árabe, o que pouco ajudou no descobrimento das Américasdas Américas. Anterior à Primeira Guerra Mundial, as interpretações eram feitas basicamente em francês. Na Primeira Guerra Mundial, com a participação dos Estados Unidos e da Inglaterra, foi primordial a participação dos intérpretes. Aspectos históricos Entre 1918 e 1939, era comum a interpretação entre as duas línguas utilizadas na Liga das Nações: o inglês e o francês. Ao final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, foi necessário fazer um julgamento dos criminosos de guerra alemães, nas quatro principais línguas: inglês, francês, russo e alemão, chamado de Julgamento de Nuremberg. Ele convoca jovens intérpretes, surgindo assim o modelo de interpretação simultânea que conhecemos até os dias atuais. Criação da ONU Com a criação da Organização das Nações Unidas (ONU), que tem como um de seus objetivos manter a paz mundial, ficou cada vez mais consolidado que o inglês não seria a única língua da organização portanto os intérpretesorganização, portanto, os intérpretes teriam papel decisivo para que a organização se mantivesse. Atualmente são seis as línguas oficiais da ONU: inglês, francês, espanhol, russo chinês e árabe; além disso é arusso, chinês e árabe; além disso, é a organização com maior serviço de intérpretes no mundo. Interatividade Qual o fator histórico que mais influenciou o modelo de interpretação simultânea que temos atualmente? a) Primeira Guerra Mundial. b) Conquista do México.b) Conquista do México. c) Descobrimento do Brasil. d) Juramento de Nuremberg. e) Surgimento da Organização das Nações Unidas. Primeiras escolas Os primeiros intérpretes que surgiram na história foram formados na prática, enquanto trabalhavam, sem ter recebido nenhuma formação específica anterior, eram apenas bons conhecedores de línguasde línguas. A primeira escola específica criada pensando na formação do profissional da interpretação teve seu berço em Genebra, na Suíça, em 1941. Em 1972, a escola começa a oferecer também a formação de tradutores. Danica Seleskovitch Na década de 1950, a jovem Danica Seleskovitch é chamada para trabalhar como intérprete no Mercado Comum Europeu (atualmente União Europeia) e fez um trabalho que impressionou a todos transformando o treinamentoa todos, transformando o treinamento e a formação de intérpretes. Com a chegada de Danica Seleskovitch, na Sorbonne, em 1956, fez com que essa jovem intérprete fosse o nome mais reconhecido nas pesquisasmais reconhecido nas pesquisas sobre interpretação no mundo. Teoria interpretativa A importância de Danica Seleskovitch se dá pela mudança no paradigma na profissão do intérprete, que anterior à ela se baseava em um conhecimento específico em línguas, como citado anteriormente e depois de Seleskovitchanteriormente, e depois de Seleskovitch, passa a ser criada a “Teoria Interpretativa da Tradução ou Teoria do Sentido”. O estudo da tradução exige não apenas a competência linguística do indivíduoa competência linguística do indivíduo, mas também discernir os demais elementos cognitivos não linguísticos que, em uma dada situação, estão ligados ao enunciado. Interpretação no Brasil A história da interpretação no Brasil começa exatamente quando é “descoberto” pelos colonizadores. Os colonizadores foram “obrigados” a conhecer as línguas dos índios (que não eram poucas, devido ao plurilinguismo, às inúmeras tribos diferentes que se encontravam no Brasil na época da colonização) para poder exercer o poder de dominação da colôniadominação da colônia. Esse fato marcou a primeira forma de tradução oral (interpretação) no Brasil. Interpretação no Brasil Assim, a tradução “acaba se tornando, nas mãos dos colonizados, o único meio de resistência e, ao mesmo tempo, a arma mais poderosa para alcançar seus objetivos”. Em 1549, com a chegada dos jesuítas no Brasil, ocorreu uma grande revolução linguística. Os jesuítas aprenderam o nheengatu (língua franca da costa) para exercer a catequização dos índios. O nheengatu foi a língua oficial da colonização até 1759, quando os jesuítas foram expulsos. A língua portuguesa somente foi oficializada em 1823. Regulamentação A regulamentação da figura do intérprete somente ocorreu em 1808, com a abertura dos portos ao comércio exterior. Em 1943, foi nomeado o primeiro intérprete através de concurso público promovido pelas juntas comerciais. A tradução de forma profissional teve seu marco somente no início do século XIX, época em que ganhou significativa ênfase. No Brasil... Em 1930, com a política do Governo de Getúlio Vargas houve um grande incentivo à produção literária no Brasil, com a publicação de livros didáticos, técnicos e incentivo à tradução de obras estrangeirasobras estrangeiras. A tradução escrita se desenvolveu muito a partir de 1950. Com o Governo do Presidente Juscelino Kubitschek, a partir de 1956, o tradutor técnico teve sua atuação valorizadateve sua atuação valorizada. No Brasil... No Brasil, as primeiras instituições a formar um programa específico para a interpretação foram: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/RJ). Associação Alumni, em São Paulo. A Faculdade Ibero-Americana (Unibero) criou um programa que associava a formação do intérpretes e dos tradutores. Em 1999 a PUC/SP criou o curso de Em 1999, a PUC/SP criou o curso de Formação de Intérpretes de Conferência de Língua Inglesa. No Brasil... A Associação Brasileira de Tradutores foi fundada no Rio de Janeiro em maio de 1974, na Faculdade Ibero-Americana, e tinha uma seção em São Paulo. A profissão de tradutor foi regulamentada no Brasil apenas em setembrode 1988. Interatividade Qual o nome da intérprete criadora da “Teoria Interpretativa da Tradução ou Teoria do Sentido” que revolucionou toda uma forma de se interpretar? a) Danica Seleskovitch. b) Daniela Selenova. c) Pagura. d) José de Anchieta. e) Não se sabe o nome da intérprete. ATÉ A PRÓXIMA!