Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

VARIAÇÃO 
LINGUÍSTICA 
ORALIDADE E 
ESCRITA NA 
SALA DE AULA
A SOCIOLINGUÍSTICA 
A Sociolinguística é o ramo da linguística que estuda a
relação entre a língua e a sociedade. Podemos dizer
que é o estudo que descreve o efeito de qualquer e
de todos os aspectos da sociedade, incluindo as
normativas culturais, expectativas e contexto, na
forma como a linguagem é usada, bem como os
efeitos do uso da linguagem na sociedade
É importante enfatizar que o foco da
Sociolinguística é o efeito da sociedade
sobre a língua (BAGNO, 2007) e foi
considerada como ciência autônoma e
interdisciplinar a partir da metade do
século XX, mesmo se houveram
linguistas anteriores a 1960.
Vale salientar que a partir dos estudos de Ferdinand
de Saussure na França e da publicação da obra
Cours de Linguistique Générale (Curso de Linguística
Geral), em 1916, a linguística se firmou como ciência,
no entanto este estudo deixou espaços, porque ele
definiu a língua sob um ângulo social, como objeto
central de sua pesquisa linguística, opondo-se a fala
(parole), que é considerada algo individual.
Língua
sistema de normas
sistema 
estático
não se 
considera o falante
Sociolinguístic
a
relevância 
da fala
dialeto e 
variação
contexto de fala
fatores que
influenciam
uso na 
comunidade
A Sociolinguística se ocupa principalmente das
diversidades nos repertórios linguísticos das
diferentes comunidades conferindo as funções
sociais que a linguagem desempenha a mesma
relevância que até então se atribuía tão
somente aos aspectos formais da língua
(BORTONI-RICARDO, 2005, p. 20).
LÍNGUA
Comportamento social
Sistema não unitário
(BAGNO, 2000, p. 22
A compreensão que se faz referente
aos conceitos de erro, através das
variações linguísticas, têm sido um
dos causadores do desinteresse e
falta de motivo que levou muitas
pessoas a pensarem que não sabem a
língua portuguesa e a consideram
muito complexa e difícil.
Linguagem
Expressão 
do 
pensament
o
Instrumento
de 
comunicação
Interação
NORMA CULTA E VARIAÇÃO 
LINGUISTICA
Dialeto-padrão: também chamada norma-padrão culta, ou
simplesmente norma culta, é o dialeto a que se atribui, em
determinado contexto social, maior prestígio; é considerado o
modelo – daí a designação de padrão, de norma – segundo o
qual se avaliam os demais dialetos. É o dialeto falado pelas
classes sociais privilegiadas, particularmente em situações de
maior formalidade, usada nos meios de comunicação de massa
(jornais, noticiários de televisão, etc.), ensinado na escola, e
codificado nas gramáticas escolares (por isso, é corrente a falsa
ideia de que só o dialeto?padrão pode ter uma gramática),
quando qualquer variedade linguística
pode ter a sua (SOARES, 2000, p. 82-83)
Resultado de uma
atitude social
Língua culta
Língua coloquial
Nesta lógica, Marcuschi (1986) defende que a conversa
faz parte da vida diária de todos os seres humanos, já
que é através desta prática social que nós nos
expressamos e nos tornamos seres sociais que se
relacionam com outras pessoas, conseguindo assim a
realização de seus propósitos, por meio da conversação
que, por sua vez, apresenta inúmeras variações
linguísticas. Nesse entendimento, percebemos que a
língua adquire as características das comunidades que
fazem uso dela, agregando também valores culturais e
históricos.
"“É professor do Departamento de
Línguas Estrangeiras e Tradução da
Universidade de Brasília, doutor em
filologia e língua portuguesa pela
Universidade de São Paulo, tradutor,
escritor com diversos prêmios e
mais de 30 títulos publicados, entre
literatura e obras técnico-didáticas.
Atua mais especificamente na área
de sociolinguística e literatura
infanto-juvenil, bem como questões
pedagógicas sobre o ensino de
português no Brasil."
Marcos Bagno
PODEMOS AFIRMAR QUE A 
LÍNGUA É UM FENÔMENO 
POLÍTICO?
Marcos Bagno começa por dizer
que “trata da língua é tratar de
um tema político”. Explica: “Só
existe língua se houver seres
humanos que a falem. O homem
é um animal político
(Aristóteles), portanto, a
linguística é uma atividade
científica essencialmente
politizada.
A língua é como um rio que se renova, enquanto a
água do igapó, a gramática normativa, envelhece,
não gera vida nova ser que venham as
inundações. Com estas imagens Marcos Bagno
constrói a diferença entre a dinâmica da
língua/rio e o apego às normas/igapó da língua
culta que são guardadas, preservadas, e
divulgadas de maneira conservadora,
preconceituosa e prejudicial à vida social.
Oito mitos que revelam o
comportamento preconceituoso
de certos segmentos letrados da
sociedade frente às variantes no
uso da língua
Mito nº 1
“A língua portuguesa falada no Brasil apresenta uma unidade 
surpreendente”.
Mito nº2
“Brasileiro não sabe português/ Só em Portugal se fala bem 
português”.
Mito nº 3
“Português é muito 
difícil”
Mito nº 4
“As pessoas sem instrução falam tudo 
errado”.
Mito nº 5
“O lugar onde melhor se fala português no Brasil é o Maranhão”.
Mito nº 6
“O certo é falar assim porque se escreve assim.”
Mito nº 7
“É preciso saber gramática para falar e escrever 
bem“.
Mito nº8
“O domínio da norma culta é um instrumento de ascensão 
social”.
O círculo vicioso do 
preconceito lingüístico
1. Os três elementos 
que são quatro
O círculo vicioso do
preconceito lingüístico é
formado pela gramática
tradicional, pelos métodos
tradicionais de ensino pelos
livros didáticos.
A gramática tradicional inspira
a prática de ensino, que por sua
vez faz surgir a indústria do
livro didático que novamente
recorre a gramática tradicional
como fonte de inspiração e
teorias sobre o ensino da
língua, formando assim o
círculo vicioso.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais já
estão ajudando para que a escola se livre
de vários mitos, evitando assim que a
cultura de fala de muitas pessoas seja
apagada ou considerada inferior. Mas
ainda precisamos esperar para ver todos
esses esforços serem refletidos na prática,
e para isso os livros didáticos já estão um
pouco modificados para acompanhar as
novas concepções.
“Pior preconceito é aquele que uma 
pessoa exerce sobre si mesmo”.
O círculo vicioso que se forma ao redor do
falante da língua portuguesa faz com que
ele mesmo pense que nosso português é
difícil, ou que ele não sabe falar sua
própria língua corretamente. A mídia
aproveita-se disso. Devia ser o contrário,
aproveitar toda sua força para denunciar
tantos preconceitos e não haver este
mercado tão intenso que cresce em cima
de tantos mitos.
Subvertendo o preconceito 
lingüístico
É preciso reconhecer que o
preconceito lingüístico continua
muito forte, e nada vai mudar se
a sociedade que estamos
inseridos não tiver significativas
mudanças. Mas podemos tomar
algumas atitudes contra o
preconceito lingüístico.
Em primeiro lugar é preciso que
nos tornemos pessoas críticas e
investigadoras de nosso próprio
conhecimento lingüístico,
deixando de lado a atitude
repetidora, e passando para uma
atitude reprodutora, formando-
nos e informando-nos.
Em segundo, sermos mais críticos
quanto a nossa prática diária de
ensino. Ensinar sim o que nos é
cobrado, mas sempre com uma
atitude crítica, mostrando que esta
é apenas uma parte do grande
universo maravilhoso que é a
linguagem.
Terceiro atitude é ensinar
mostrando perante todas as
cobranças que as ciências evoluem,
assim como a ciência da linguagem
também. Não podemos mais
ensinar à moda antiga, precisamos
nos atualizar, e até mesmo inovar.
E a quarta atitude seria
assumir uma nova postura,
tendo como base o que o autor
chamou de DEZ CISÕES, porque
representa um corte com todas
as ultrapassadas normas da
gramática tradicional. São elas:
• Conscientizar-se de que todo
falante nativo de uma língua é um
usuário competente dessa língua,
dominando-a por completo.
• Aceitar a idéia de que não existeerro de português, apenas
diferenças ou alternativas.
• Não confundir erro de
português com erro de
ortografia, que é artificial e
pode mudar, ao contrário
da língua, que é natural.
• Reconhecer que tudo que a
gramática tradicional chama de
erro é na verdade um fenômeno
perfeitamente explicado, se a
maioria dos falantes usa uma
norma que difere da tradicional, é
porque já existe uma regra
sobrepondo-se à antiga.
• Aceitar que toda
língua muda e varia, o
que é visto hoje como
“certo”, já foi “erro”
no passado, e assim
sucessivamente.
• Conscientizar-se de que a língua 
portuguesa não vai nem bem , nem 
mal, ela apenas segue seu curso e 
sua evolução.
• Respeitar a variedade
lingüística de toda e
qualquer pessoa.
• Entender que a língua
permeia tudo, e nós somos a
língua que falamos, é ela que
molda nosso modo de ver o
mundo, e nosso modo de ver o
mundo molda a língua que
falamos.
• A língua está em tudo, e tudo está 
na língua
• Ensinar bem e para o bem,
respeitando o conhecimento do
aluno, valorizando o que ele já sabe
do mundo e da vida, reconhecendo
na língua que ele fala sua própria
identidade como ser humano,
sempre acrescentando e elevando
sua auto-estima.
O professor tem em suas mãos grandes
chances de acabar ou pelo menos
amenizar o preconceito lingüístico, pois
passam por ele todo tipo de falante.
Mas para isso é preciso que ele se dispa
de todo tipo de preconceito, que seja
mais crítico com o que ensina, e esteja
sempre atualizado. Só assim ele
conseguirá ensinar bem e para o bem,
fazendo do seu aluno alguém que
respeite todas as diferenças,
principalmente a grande variedade
lingüística do nosso país.

Mais conteúdos dessa disciplina