Prévia do material em texto
DOENÇAS DA HIPÓFISE E HIPOTÁLAMO 1 🧠 DOENÇAS DA HIPÓFISE E HIPOTÁLAMO HIPOTÁLAMO "manda" na hipófise produz os hormônios da neuro-hipófise DOENÇAS DA HIPÓFISE E HIPOTÁLAMO 2 localiza-se na base do cérebro através dos sistemas efetores autônomo e endócrino, controlam o equilíbrio de líquidos e eletrólitos, a ingestão de alimentos e o equilíbrio de energia, a reprodução, a termorregulação, as respostas imunológicas e muitas respostas emocionais localização é um componente do diencéfalo estende-se da lâmina terminal até um plano vertical posterior aos corpos mamilares, e do sulco hipotalâmico até a base do encéfalo, abaixo do terceiro ventrículo. Encontra-se abaixo do tálamo e anterior à parte tegmental do sub-tálamo e ao tegmento mesencefálico. Lateralmente é delimitado pela parte anterior do subtálamo, pela cápsula interna e pelo trato óptico. Corpos mamilares – Eminências lisas e de formato hemisférico, dispostas lado a lado, anterio- res à substância perfurada posterior, compostas por substância cinzenta. Quiasma óptico – Recebe as fibras dos nervos ópticos que, ali, cruzam em parte e continuam nos tratos ópticos, direcionados aos corpos geniculados laterais. Túber cinéreo – Entre os corpos mamilares e o quiasma óptico, é uma massa convexa de substância cinzenta Infundíbulo – A extremidade superior do infundíbulo dilata-se para constituir a eminência mediana do túber cinéreo, enquanto sua extremidade inferior continua com a hipófise. DOENÇAS DA HIPÓFISE E HIPOTÁLAMO 3 é composto por substância cinzenta agrupada em núcleos e sistemas variados de fibras, como o fórnix, estrutura que divide-o em área medial, rica em substância cinzenta e abriga os principais núcleos, e área lateral, que contém menos corpos de neurônios e predomina as fibras de direção longitudinal. principais funções Controle do sistema nervoso autônomo Regulação da temperatura corporal Regulação do comportamento emocional Regulação do equilíbrio hidrossalino e da pressão arterial Regulação da ingestão de alimentos salgados (apresenta o centro da fome e o centro da saciedade) Regulação do sistema endócrino – relação com a hipófise Geração e regulação dos ciclos circadianos Regulação do sono e vigília Integração do comportamento sexual possui neurônios específicos capazes de sintetizar hormônios peptídicos DOENÇAS DA HIPÓFISE E HIPOTÁLAMO 4 Neurônios parvocelulares: caracterizados por axônios curtos, produzem peptídeos inibidores/estimuladores da adeno-hipófise Neurônios magnocelulares: caracterizados por axônios longos, produzem o ADH, no núcleo supraóptico, e ocitocina, no núcleo paraventricular, os quais são armazenados na neuro-hipófise. HIPÓFISE localiza-se na cavidade do osso esfenoide - sela túrcica estrutura ovoide tonalidade vermelho-acizentada contínua com o infundíbulo encontra-se na fossa hipofisal ou sela túrcica, do osso esfenoide acima dela tem o diafragma da sela, derivado da meninge dura-máter - separa a face superior da hipófise do quiasma óptico revestida por uma cápsula de tecido conjuntivo, contínua com a rede de fibras reticulares que suporta as células do órgão ADENO parte epitelial composição DOENÇAS DA HIPÓFISE E HIPOTÁLAMO 5 pars distalis: 90% pars tuberalis: circundada a haste infundibular pars intermedia: separa a parte epitelial da parte nervosa contém células especializadas na síntese e liberação de hormônios peptídicos controlada por neurônios hipotalâmicos, localizados na porção médio-basal do hipotálamo, os quais secretam hormônios (fatores hipofisários) que estimulam a síntese e liberação dos hormônios hipofisários quais são os fatores hipofisários? GHRH → GH TRH → TSH e PROLACTINA CRH → ACTH GnRH → LH e FSH hormônios TSH regula a tireoide ACTH regula a suprarrenal LH/FSH regula as gônadas - ovários e testículos GH crescimento PROLACTINA lactação é mais inibida do que estimulada é inibida pela DOPAMINA NEURO não possui células inclui a haste infundibular e a eminência mediana do túber cinéreo hormônios DOENÇAS DA HIPÓFISE E HIPOTÁLAMO 6 ADH (vasopressina) regula a osmolaridade dos fluidos através da concentração plasmática de sódio distúrbios patológicos: SIADH e diabetes insipidus OCITOCINA é estimulada pela sucção do mamilo ejeção láctea PAN-HIPOTIREOIDISMO diminuição da função hipofisária pode ser decorrente de um problema hipofisário ou hipotalâmico pode ser causado por mutações nos fatores de transcrição que determinam o desenvolvimento da adeno-hipófise DOENÇAS DA HIPÓFISE E HIPOTÁLAMO 7 DOENÇAS HIPOTALÂMICAS embriopáticas congênitas os mais comuns são as síndromes da linha mediana (tratos óptico e olfativo, fibras que ligam os dois hemisférios cerebrais, como o corpo caloso, o septo pelúcido e a comissura anterior) estão associados ao lábio leporino e à fenda palatina citogenéticas (cromossomiais) síndrome de Prader-Willi: principal representante é um distúrbio citogenético associado a microdeleções no cromossoma 15 manifesta-se com hipotonia muscular nos primeiros meses de vida, evoluindo com obesidade hipotalâmica (por hiperfagia), baixa estatura, hipogonadismo hipogonadotrófico (criptorquidismo, microfalo), alterações craniofaciais (dolicocefalia, diâmetro bifrontal estreito, “olhos de amêndoa”), mãos e pés pequenos, retardo mental, alterações comportamentais. Predominam as deficiências de GnRH e de GH. hereditárias síndrome de Kallman: principal representante distúrbio genético ligado ao X, caracterizado por anosmia ou hiposmia (perda da capacidade olfativa) associado ao hipogonadismo hipogonadotrófico. o problema está na ausência de uma proteína facilitadora da migração embriológica dos neurônios produtores de GnRH para o hipotálamo e dos neurônios do bulbo olfatório. é bem mais comum no sexo masculino (10:1) ♂ , levando ao deficit da androgenização puberal, formando-se um indivíduo com hábito eunuco – alta estatura e envergadura, imberbe, pênis pequeno (ou microfalo), testículos pré-puberais e voz fina. neoplásicas ou infiltrativas Os tumores hipotalâmicos (ou que invadem o hipotálamo) são importantes causas de pan-hipopituitarismo e diabetes insipidus central. adenoma hipofisário com invasão suprasselar: é o tumor mais comum DOENÇAS DA HIPÓFISE E HIPOTÁLAMO 8 o tumor origina-se na hipófise, mas invade o hipotálamo craniofaringioma: segundo mais comum mais comum em crianças, sendo o terceiro tumor mais frequente do SNC nesta faixa etária (perdendo apenas para os gliomas e para o meduloblastoma) derivados do epitélio de remanescentes da bolsa de Rathke manifestações sinais de lesão expansiva do SNC: cefaleia, vômitos, distúrbios visuais poliúria pelo diabetes insipidus (20% dos casos) pan-hipopituitarismo (50-75% dos casos) hiperprolactinemia é comum (25-50% dos casos), devido à perda do tônus dopaminérgico inibitório sobre os lactotrofos hipofisários mais comuns são o deficit de crescimento na criança e o hipogonadismo nos adultos (amenorreia na mulher e disfunção erétil no homem) hipotireoidismo 40% dos casos hipoadrenalismo 25% dos casos característica marcante: enorme tendência à calcificação TC ou RNM: 80% apresentam tratamento cirurgia de ressecção, associada ou não à radioterapia é comum o agravamento do hipopituitarismo e do diabetes insipidus após a cirurgia diagnóstico diferencial cisto da bolsa de Rathke → a diferenciação geralmente é só por análise histológica Outros tumores: disgerminomas suprasselares e o hamartoma hipotalâmico, este último associado, eventualmente, à hiperprodução (em vez de hipoprodução) de GnRH, levando à puberdade precoce. sarcoidose DOENÇAS DA HIPÓFISE E HIPOTÁLAMO 9 devido à invasão do hipotálamo pelos granulomas sarcoides granuloma eosinofílico ou síndrome X causa mais comum de diabetes insipidus em crianças trauma cranioencefálico podem ocorrer hemorragias no hipotálamo ou secção do pedículo hipofisário radioterapia DOENÇAS HIPOFISÁRIASadenoma hipofisário tumor intrasselar pode comprimir a glândula funcionante, levando à redução progressiva da secreção de seus hormônios (GH, LH/FSH, TSH, ACTH, prolactina). podem se estender para o hipotálamo, levando ao hipopituitarismo hipotalâmico neoplasias bem diferenciadas classificação tamanho microadenoma: <10mm macroadenoma: >10mm funcionamento funcionantes (3/4 dos casos) não funcionantes síndrome da sela vazia ♀ + comum pode ser congênito ou adquirido defeito no diafragma da sela túrcica que permite herniação da membrana aracnoide para fossa hipofisária Nos casos de longa duração, ocorre o aumento da sela túrcica, provavelmente devido à transmissão persistente da pressão intracraniana. DOENÇAS DA HIPÓFISE E HIPOTÁLAMO 10 A hipófise fica “achatada” no assoalho da sela e o pedículo hipofisário fica estirado – explicando a hiperprolactinemia em 15% dos casos. pode ser secundária a cirurgia, radioterapia ou infarto hipofisário apoplexia hipofisária definição hemorragia da hipófise que evolui para necrose, levando ao pan- hipopituitarismo súbito quadro clínico forte cefaleia, associada a náuseas e vômitos evolução rápida com queda do estado de consciência, choque (cardiogênico) refratário à reposição volêmica e hiponatremia grave pode desenvolver sinais de compressão de estruturas peri-hipofisárias Geralmente, ocorre por um sangramento de um tumor, evoluindo com infarto do tumor. pode ser espontânea (metade dos casos), mas tem sido associada a diversos fatores precipitantes como traumatismo craniano, hipertensão arterial, diabetes mellitus, radioterapia, testes dinâmicos hipofisários, cirurgias, distúrbios da coagulação etc. diagnóstico exame de imagem TC ou RNM tratamento glicocorticoide descompressão cirúrgica reposição hormonal posteriormente (avaliar danos) síndrome de Sheehan (necrose hipofisária periparto) associada à ocorrência de complicações obstétricas no periparto que levam à hemorragia uterina e à hipovolemia, precipitando uma isquemia seguida de infarto de mais de 75% da adeno-hipófise quadro clínico ausência de lactação amenorreia persistente DOENÇAS DA HIPÓFISE E HIPOTÁLAMO 11 outros sinais e sintomas de hipopituitarismo (hipotireoidismo, hipoadrenalismo) diagnóstico dosagens hormonais imagem RNM ou TC MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS FENÔMENOS EXPANSIVOS CEFALEIA SINTOMA COMUM parece ser causada pela expansão do diafragma da sela túrcica e, raramente, pela invasão do osso. LOCALIZAÇÃO VARIADA - Pode ser retro-orbitária ou referida para a parte superior do crânio início súbito de cefaleia, náuseas, vômitos e estado de coma indica apoplexia. HEMIANOPSIA BITEMPORAL perda de metade de um campo visual se deve a compressão do quiasma óptico pela expansão anterior do tumor oftalmoplegia com estrabismo compressão do IIIo, IVo e/ou VIo pares cranianos (lateralmente a hipófise) perda do reflexo fotomotor e consensual – midríase paralítica (IIIo) compressão do terceiro par perda do reflexo corneopalpebral compressão do quinto par - ramo oftalmico SINAIS E SINTOMAS De uma forma geral, o hipopituitarismo compromete, na ordem decrescente de frequência, os seguintes hormônios: GH > LH/FSH > TSH > ACTH > PRL. deficiência de GH DOENÇAS DA HIPÓFISE E HIPOTÁLAMO 12 crianças nanismo prejuízo do crescimento linear menos de 3cm abaixo da curva de crescimento, mas possuem proporções esqueléticas normais adultos fadiga, labilidade emocional, aumento da adiposidade central e diminuição da massa magra, da densidade mineral e da capacidade para o exercício aumento do risco cardiovascular deficiência de LH e FSH ou GnRH (gonadotrofinas) crianças puberdade tardia mulheres amenorreia, oligomenorreia, atrofia mamária, secura vaginal, dispareunia, perda da libido e infertilidade, osteoporose; homem perda da libido, impotência, redução da massa muscular, fraqueza, redução dos pelos corporais e da barba, osteoporose. deficiência de TSH ou TRH hipotireoidismo deficiência de ACTH ou CRH insuficiência suprarrenal secundária (hipófise – ACTH) ou terciária (hipotálamo – CRH) hipocortisolismo (baixos níveis de cortisol: anorexia, fadiga, fraqueza, náuseas e vômitos, com tendência à hipotensão arterial, hipoglicemia e à hiponatremia não há hiperpigmentação cutânea, pois a depende do estímulo à secreção de ACTH não há nem a hipercalemia, pois só ocorreria se houvesse hipoaldosteronismo associado – não é o caso. DOENÇAS DA HIPÓFISE E HIPOTÁLAMO 13 deficiência de prolactina distúrbio hormonal mais raro, pois geralmente a compressão do pedículo hipofisário ou do hipotálamo médio-basal levam à hiperprolactinemia pela perda de influência inibitória da dopamina sobre os lactotrofos. a deficiência de prolactina só ocorre quando a destruição hipofisária é muito grave único sintoma: perda da lactação na mulher. DIAGNÓSTICO determinar: o tipo e o grau de deficiência hormonal, etiologia e se há ou não alterações visuais rastreamento inicial: dosagens basais dos hormônios hipofisários e das glândulas-alvo. → se normais realizar testes da função hipofisária imagem: prefere-se RNM a TC DOENÇAS DA HIPÓFISE E HIPOTÁLAMO 14 TRATAMENTO tratar a causa básica – ex.: ressecção cirúrgica de um macroadenoma hipofisário ou de um craniofaringioma; corrigir os deficits hormonais HIPERPROLACTINEMIA o hipotálamo exerce função inibitória sobre a secreção de prolactina (ao contrário dos outros hormônios) através da DOPAMINA principais funções fisiológicas da prolactina DOENÇAS DA HIPÓFISE E HIPOTÁLAMO 15 (1) induzir e manter a lactação (principal); (2) inibir a função reprodutora, suprimindo o hormônio liberador das gonadotropinas (GnRH) hipotalâmicos e as gonadotrofinas hipofisárias; (3) inibir o impulso sexual (libido). ETIOLOGIA - DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL CAUSAS FISIOLÓGICAS: 1. Gestação 2. Lactação 3. Estresse/sono 4. Estimulação mamária/coito 5. Estimulação torácica (trauma, queimadura). CAUSAS NÃO FISIOLÓGICAS 1. Prolactinomas: segunda causa mais frequente 2. Acromegalia. 3. Fármacos (metildopa, verapamil, atenolol, reserpina, estrogênio, antiandrogênios, fenotiazinas, haloperidol, sulpirida, antidepressivos tricíclicos, fluoxetine, metoclopramida, cimetidina, ranitidina, fenitoína, morfina, cocaína, ácido valproico etc.). NEUROLÁPTICOS: bloqueiam os receptores da dopamina 4. Síndrome da sela vazia. 5. Craniofaringioma. 6. Tumores metastáticos. 7. Outros (hipotireoidismo primário, insuficiência renal crônica, cirrose hepática, epilepsias, anorexia nervosa). pseudoprolactinomas: tumores intrasselares que fazem compressão da haste e do sistema porta-hipofisário, com perda do mecanismo inibitório da dopamina PROLACTINOMA DOENÇAS DA HIPÓFISE E HIPOTÁLAMO 16 É o tipo histológico mais comum de adenoma hipofisário, sendo composto por células basófilas ou cromófobas hipersecretoras de prolactina. Pode ser um microadenoma (< 10 mm), tipo mais comum, ou um macroadenoma (> 10 mm). mais comum no sexo feminino (20:1), manifesto geralmente na faixa etária entre 20- 40 anos. O macroadenoma não tem preferência de sexo, ou é mais comum em homens, de acordo com algumas estatísticas. crescimento muito lento e pode permanecer estável por longos anos ou até mesmo regredir. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ♀ amenorreia, galactorreia, presente em até 80% dos casos, infertilidade, dispareunia e perda da libido. ♂ impotência, perda da libido, infertilidade, ou, se houver efeito de massa no SNC, cefaleia e defeitos visuais (hemianopsia bitemporal). Se a hiperprolactinemia for crônica manifestações do hipogonadismo podem ocorrer, tais como osteopenia, redução da massa muscular e diminuição do crescimento da barba. DIAGNÓSTICO quadro clínico + dosagem dos níveis séricos de prolactina e exclusão de outras causas de hiperprolactinemia Níveis de prolactina superiores a 150-200 ng/ml (normal até 15 ng/ml) são muito indicativos de prolactinoma. Os níveisde prolactina se correlacionam positivamente com o tamanho do tumor. estudo de imagem da região selar: TC ou RNM (método de preferência) EFEITO GANCHO macroprolactinomas volumosos podem cursar com níveis baixos de prolactina em ensaio imunométrico, pois níveis elevados de prolactina saturarem os anticorpos de captura e revelação do método DOENÇAS DA HIPÓFISE E HIPOTÁLAMO 17 o que é feito para driblar este efeito? realiza-se uma diluição prévia do soro (dosagem da prolactina diluída). MACROPROLACTINEMIA A ligação entre IgG e a prolactina altera as propriedades funcionais hiperprolactinemia sem sinais clínicos pode ser pesquisada por métodos específicos (pesquisa de macroprolactina em gel de polietilenoglicol ou cromatografia líquida). TRATAMENTO objetivos (1) controle dos sintomas; (2) redução do volume tumoral e preservação da função hipofisária nos pacientes com macroadenoma. indicação sintomas macroadenomas primeira opção farmacoterapia: agonistas dopaminérgicos atuam sobre os receptores D2 da dopamina nas células lactotróficas, inibindo a síntese de prolactina e o crescimento do tumor. normalização dos níveis de prolactina ocorre em 80-90% dos pacientes. As drogas disponíveis em nosso meio são: Bromocriptina 2,5 mg 2-3x ao dia, ou 7,5mg uma vez ao dia na forma de liberação lenta (SRO). principais efeitos colaterais: náuseas, cefaleia, tontura e fadiga. É a droga de escolha na gravidez, pela maior experiência desta droga durante a gestação. Cabergolina 0,5 a 1 mg 2-3 vezes por semana. DOENÇAS DA HIPÓFISE E HIPOTÁLAMO 18 É a droga de escolha pela melhor eficácia, melhor perfil de efeitos colaterais e posologia mais adequada. segunda opção alguns pacientes não respondem a medicação - tentar trocar a medicação; se não funcionar: cirurgia transesfenoidal outras indicações: macroprolactinomas com complicações (apoplexia com efeitos compressivos e risco de herniação) e com crescimento tumoral terceira opção radioterapia apenas para tumores grandes resistentes ao tratamento medicamentoso, e em que a cirurgia não obteve bons resultados. ACROMEGALIA e GIGANTISMO O GH age através da liberação de outro hormônio pelo fígado e outros tecidos periféricos, denominado IGF-1 (fator de crescimento insulina-símile tipo 1). Os adenomas hipofisários somatotróficos (hipersecretores de GH) correspondem a 10-15% de todos os adenomas hipofisários Nas crianças, a hipersecreção de GH leva a uma síndrome chamada gigantismo, gerando um crescimento linear desproporcional ao seu alvo genético Nos adultos, quando já temos o fechamento das placas epifisárias, surge a síndrome da acromegalia outras causas de acromegalia adenomas mistos de células secretoras de GH e prolactina; adenomas hipofisários ectópicos secretores de GH; carcinoma de células somatotróficas; adenomas pluri-hormonais; síndrome de McCune Albright e secreção ectópica de GH (muito raro) por tumores pancreáticos e linfomas. excesso de GHRH (<5%): pode ser hipotalâmico (hamartoma, glioma e gangliocitoma) ou ectópico, por tumores carcinoides, tumores das ilhotas pancreáticas, carcinoma de pulmão pequenas células, carcinoma medular da tireoide, feocromocitoma etc. DOENÇAS DA HIPÓFISE E HIPOTÁLAMO 19 não tem preferência por sexo mais comum entre 40-50 anos costumam ser macroadenomas (> 10 mm) sinais e sintomas decorrentes de fenômenos expansivos (ex.: cefaleia, hemianopsia bitemporal) MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E PROGNÓSTICO ALTERAÇÕES CRENIOFACIAIS Aumento da mandíbula (prognatismo). Aumento do nariz e lábios. Aumento dos espaços entre os dentes. Macroglossia. Aumento dos seios paranasais, bossa frontal. Aumento da sela túrcica. ALTERAÇÕES ACRAIS (EXTREMIDADES) Aumento do calibre dos dedos – dificuldade de usar anéis. Aumento progressivo do número do calçado. Aumento do coxim calcâneo (índice do calcâneo na radiografia). MANIFESTAÇÕES ARTICULARES Artrite de mãos, pés, quadril, joelho (semelhante à osteoartrite). MANIFESTAÇÕES CUTÂNEAS Aumento das pregas cutâneas (principalmente acima das sobrancelhas). Pele oleosa (aumento das glândulas sebáceas). Hiperidrose. Acrocórdons ou skin tags. MANIFESTAÇÕES METABÓLICAS Intolerância à glicose. DOENÇAS DA HIPÓFISE E HIPOTÁLAMO 20 Diabetes mellitus. MANIFESTAÇÕES CARDIOVASCULARES Hipertensão arterial. Hipertrofia ventricular esquerda/cardiomiopatia. Aumento do risco de complicações cardiovasculares e mortalidade (2-3X) OUTRAS MANIFESTAÇÕES Voz ressonante (aumento das cordas vocais). Apneia do sono (aumento do tecido retrofaríngeo). Aumento do risco de pólipos adenomatosos e câncer de cólon. DIAGNÓSTICO dosagem do GH e IGF-1 GH menor que 0,4 ng/ml e um IGF-1 normal excluem o diagnóstico padrão ouro → IGF-1 TOTG a produção de GH ser fisiologicamente suprimida pelo aumento dos níveis séricos de glicose Após uma carga de glicose de 75 g, determina-se o nível sérico de GH a cada 30min por duas horas. Na acromegalia, esta carga de glicose é incapaz de reduzir os níveis séricos do hormônio para < 1 ng/ml e, eventualmente, há uma elevação paradoxal do hormônio. exames de imagem: TC e RNM da sela túrcica Caso não se encontre nenhum tumor na região hipotálamo-hipofisária está indicada a dosagem do GHRH (se elevado indica a secreção de GH por um tumor ectópico) DOENÇAS DA HIPÓFISE E HIPOTÁLAMO 21 TRATAMENTO objetivos (1) controlar os efeitos de massa locais; (2) normalizar a disfunção hormonal; (3) preservar a função normal da hipófise quando o tratamento pode ser considerado efetivo? quando normaliza os níveis de IGF-1 e GH, que deve ser < 1 ng/ml durante o TOTG. cirurgia transesfenoidal tratamento primário de escolha controle pós-operatório deve ser feito com dosagens seriadas de GH (um mês após cirurgia) e IGF-1 (três meses após cirurgia) tratamento medicamentoso macroadenoma com expansão extrasselar → taxas de cura através da cirurgia são baixas, sendo indicado medicamentos análogos da somatostatina tratamento de escolha para a maioria dos pacientes agem através de sua ligação com receptores específicos (Somatostatin Receptors – SSTR) opções disponíveis: Octreotide LAR 10 a 30 mg IM a cada 28 dias; Lanreotide SR 30 mg IM a cada 7-14 dias e Lanreotide Autogel 60-120 mg SC a cada 28 dias. DOENÇAS DA HIPÓFISE E HIPOTÁLAMO 22 efeitos colaterais mais comuns são os gastrointestinais (náuseas, desconforto abdominal, flatulência etc.), que costumam ser leves e transitórios. Dor no local da aplicação, hipotireoidismo central, alopecia e colelitíase sintomática já foram relatadas. Este grupo de medicações também pode ser utilizado no pré-operatório com objetivo de reduzir a morbidade e melhorar as condições clínicas do paciente. agonistas dopaminérgicos atuam nos receptores D2 que também estão expressos nas células tumorais. cabergolina apresenta melhores resultados que a bromocriptina, pois sua capacidade de ligação com os receptores D2 e ação é mais prolongada. apresenta resultados inferiores aos obtidos pelos análogos de somatostatina, devendo ser usada preferencialmente nos pacientes com adenomas cossecretores de GH e prolactina. também pode ser associada aos análogos de somatostatina nos casos parcialmente resistentes ao tratamento isolado com os análogos. antagonista do receptor do GH deve ser indicada para os pacientes com resistência ou intolerância aos análogos da somatostatina Pegvisomant é um análogo mutado da molécula de GH (com maior afinidade pelo receptor do GH), que ocupa os receptores e bloqueia a produção hepática de IGF-1 normaliza os níveis de IGF-1 em 90%, porém não diminui o tumor, podendo até aumentá-lo 10-40 mg/dia SC o tratamento deve ser acompanhado apenas com a dosagem sérica do IGF-1, além dos exames de imagem. DOENÇAS DA HIPÓFISE E HIPOTÁLAMO 23 efeitos colaterais mais comuns são reação local e elevação das transaminases, que devem ser monitoradas com o tratamento (de 6/6 meses) inconvenientes: necessidade diáriade aplicação de injeção SC e o custo excessivo. radioterapia reservada para os casos que não apresentam indicação cirúrgica e não responderam ao tratamento medicamentoso. radioterapia convencional apresenta como inconvenientes um maior período para obtenção dos resultados, maior risco de hipopituitarismo e disfunção cognitiva, além de possível lesão do nervo óptico, isquemia cerebral e carcinogênese cerebral secundária; radioterapia estereotáxica permite a administração de uma dose elevada de radiação ionizante, com alta precisão, restrita a uma pequena região e com mínimo efeito nocivo ao tecido circunjacente. O risco de complicações é menor se a técnica for corretamente aplicada. OUTROS ADENOMAS HIPOFISÁRIOS ADENOMA CORTICOTRÓFICO DOENÇA DE CUSHING ADENOMA GONADOTRÓFICO Geralmente, se manifesta com pan-hipopituitarismo ou com puberdade precoce, se existente nas crianças ADENOMA TIREOTRÓFICO é uma causa muito rara de hipertireoidismo