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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE COMUNICAÇÃO E LETRAS CURSO DE LETRAS – TURMA 1A DISCIPLINA: LINGUÍSTICA I PROFESSORA: REGINA BRITTO VIVIAN GONÇALVES DE CARVALHO – TIA: 3138864-7 PROPOSTA: Resenha dos textos A Variação Linguística, de Ronald Beline, e A Mudança Linguística, de Paulo Chagas. Os textos A variação linguística, de Ronald Beline, e A mudança linguística, de Paulo Chagas, fazem parte da obra Introdução à Linguística I, organizada por José Luiz Fiorin. Em ambos são discutidos fatores que têm papel importante na evolução das línguas. Ronald Beline aborda, em A Variação Linguística, questões relacionadas às muitas variações existentes na linguagem oral, ressaltando a estreita relação entre língua e sociedade. Como produtos socioculturais, todas as línguas são constantemente submetidas a variações, visto que há múltiplos idiomas e sotaques por todo o mundo. O autor nos mostra que as variações podem ser notadas não apenas na comparação entre línguas diferentes, mas também entre falantes de um mesmo idioma, sejam eles de um mesmo país ou não. As variações estão presentes no léxico, na morfologia, na sintaxe e na fonética. Se considerarmos o aspecto social, notamos que tais variantes podem ocorrer sob influência do local de origem do falante (variação diatópica), da classe social em que este se encontra (variação diastrática) e do contexto no qual o discurso está inserido (variação diafásica). Cabe ao linguista variacionista analisar de que modo as variações ocorrem. Beline dimensiona a variação linguística de forma quantitativa, relacionando dados de maneira estatística, obtendo conclusões quanto à forma e à frequência das variantes dentro das comunidades analisadas. O autor também apresenta os passos necessários para a realização de uma pesquisa variacionista, tais como: coleta de dados e levantamento de hipóteses explicativas, levando em consideração fatores extralinguísticos como idade, sexo, nível de escolaridade, classe social e econômica à qual o falante pertence. Paulo Chagas, por sua vez, inicia A Mudança Linguística com uma abordagem diacrônica. É possível constatar diferenças na escrita e na fala ao longo do tempo, pois a língua não é algo estático, está em constante evolução. Nota-se, porém, que as mudanças são menos visíveis na língua escrita que na língua falada, visto que a primeira nem sempre assimila as alterações praticadas na segunda. Segundo o autor, a língua pode mudar sob o ponto de vista gramatical, em seu aspecto fonológico, morfológico, sintático, semântico e lexical, sendo que qualquer uma destas mudanças pode ocasionar alterações em outros níveis. Para entender porque a mudança linguística ocorre, devemos, primeiramente, considerar a utilização do código linguístico pelos falantes. Trata-se da dinâmica da linguagem, ou seja, a língua como instrumento de comunicação e expressão, recriada em cada situação de fala. Chagas cita também a dicotomia saussuriana entre diacronia e sincronia, que possibilita um estudo linguístico sem vínculo histórico, baseado na análise dos elementos da língua e suas correlações. A classificação de sincronia como a parte estática de uma língua e de diacronia como seu aspecto evolutivo estabelece uma regra rígida que coloca tudo aquilo que é sincrônico como estático, e o que é diacrônico como dinâmico. Jakobson, também citado por Chagas em A Mudança Linguística, nos mostra que este emparelhamento pode ocasionar um equívoco, uma vez que tanto os fatos sincrônicos como os fatos diacrônicos podem ser estáticos ou dinâmicos. Já Chomsky volta os estudos linguísticos para os aspectos internos do falante, numa crítica aos estruturalistas americanos, que tinham uma visão mecanicista da língua. A partir de Labov, a relação com o meio social em que a língua está inserida passa a ser considerada, surgindo assim a sociolinguística variacionista. Segundo Chagas, para que as mudanças linguísticas ocorram é preciso que a língua passe por um período em que variantes coexistam, até que aquelas que são menos utilizadas caiam em desuso, sendo substituída por outra que esteja mais bem integrada ao sistema. A mudança deve-se tanto a fatores linguísticos – funcionamento, organização e regras da língua – como a fatores extralinguísticos – contexto social no qual a língua está inserida. Chamados anteriormente de condicionamento linguístico, estes fatores agora são conhecidos como correlações. A origem da mudança, no entanto, tem causas diversas, tais como: contato entre uma língua e outra ou fatores internos à língua e à comunidade onde ela é falada. As mudanças linguísticas, portanto, têm sua origem nas alterações da fala, que passam a ter um caráter de diferenciação sistemática, sendo propagadas dentro da comunidade falante, envolvendo variações que ocorrem ao longo do tempo. Isto pode explicar, de certo modo, a diferença entre as modalidades escrita e falada da língua. Para que estas mudanças sejam detectadas é necessário o acompanhamento de uma comunidade linguística, comparando-se fala e escrita através do tempo. A estreita relação entre língua e comunidade faz com que a primeira esteja em constante movimento, sujeita a inovações e aprimoramentos. Assim, para o desenvolvimento das variações e das mudanças linguísticas é preciso que se relacionem fatores linguísticos e fatores sociais, já que a língua é parte fundamental da sociedade que a utiliza, influenciando-a e sendo por ela influenciada. Referências Bibliográficas BELINE, R. A Variação Linguística. FIORIN, J.L. (2007) (org.) Introdução à Linguística: I Objetos Teóricos. São Paulo: Contexto. p. 121-140. CHAGAS, P. A Mudança Linguística. FIORIN, J.L. (2007) (org.) Introdução à Linguística: I Objetos Teóricos. São Paulo: Contexto. p. 141-164.