Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

MANUAL DO CURSO DE 
LICENCIATURA EM DIREITO 
 
 
1º Ano 
Disciplina: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 
Código: 
Total Horas/1o Semestre: 125 
Créditos (SNATCA): 5 
Número de Temas: 07 
 
 
 
 
 
 
 
INSTITUTO SUPER 
 
 
 INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA- ISCED 
 
 
Direitos do autor (copyright) 
Este manual é propriedade do Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCD), e 
contêm reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução parcial ou total 
deste manual, sob qualquer forma ou por quaisquer meios (electrónico, mecânico, gravação, 
fotocópia ou outros) sem permissão expressa da entidade edito Instituto Superior de Ciências e 
Educação a Distância (ISCD). 
A não observância do acima estipulado o infractor é passível aplicação de processos judiciais 
em vigor no país. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Instituto Superior de Ciências e Educação a Distâcia (ISCD) 
Direcção Acádemica 
Rua, Dr Alemeida Lacerda, No 211, Ponta-Gêa 
Beira-Moçambique 
Telefone: 23322501 
Cell: +258 823055839 
Fax: 23.324215 
Email: direccao.geral@isced.ac.ma 
Website: www.isced.ac.mz 
 
mailto:direccao.geral@isced.ac.ma
http://www.isced.ac.mz/
Agradecimento 
Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCD) e o autora do presente manual 
agradece a colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste manual: 
Pela coordenação Direcção académica do IDCED 
Pelo design Direcção de qualidade e avaliação do ISCED 
Financiamento e logística Instituto Africano de Promoção de Edução à Distância 
(IAPED) 
 
Pela revisão final: 
 
Elaborado por: 
Dra. Cláudia Eunice Jone, Licenciada em Direito Pela Universidade Eduardo Mondlane 
Moçambique 
 
 
 
 
 
Índice 
Direitos do autor (copyright) ................................................................................................................ 1 
Agradecimento ...................................................................................................................................... 3 
Visão Geral ............................................................................................................................................ 9 
Bem vindo ao módulo de Direito das Obrigações ................................................................................ 9 
Objectivos do modulo ........................................................................................................................... 9 
Objectivos específicos ........................................................................................................................... 9 
Quem deveria estudar esse modulo ................................................................................................... 10 
Como está estruturado este módulo ........................................................................................................ 11 
Outros recursos ................................................................................................................................. 12 
Auto-avaliação e Tarefas de avaliação ........................................................................................ 12 
Ícones de actividade ................................................................................................................................ 12 
Habilidades de estudo ............................................................................................................................ 13 
Precisa de apoio? .................................................................................................................................... 14 
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) ..................................................................................................... 15 
Avaliação ................................................................................................................................................ 16 
TEMA I ................................................................................................................................................. 18 
Direito das obrigações e a definição legal de obrigação ..................................................................... 18 
Definição ............................................................................................................................................. 18 
Elementos da relação Obrigaciona ..................................................................................................... 19 
TEMA II ................................................................................................................................................ 20 
Objectivos e característica do direito das obrigações ........................................................................ 20 
Tipos de prestação .............................................................................................................................. 21 
TEMA III ............................................................................................................................................... 25 
Principios gerais do direito das obrigações ........................................................................................ 25 
Principio da autonomia privada .......................................................................................................... 25 
Restrições à liberdade de celebração ................................................................................................. 27 
Restrinções a liberdade de estipulação .............................................................................................. 28 
Clausulas contratuais gerais ................................................................................................................ 29 
Os contractos pré-formulados ............................................................................................................ 31 
O principio do ressarcimento dos danos ............................................................................................ 32 
Princípios da restrição do enriquecimento injustificado .................................................................... 32 
O princípio da fé .................................................................................................................................. 33 
O principio da responsabilidade patrimonial ...................................................................................... 33 
TEMA IV ............................................................................................................................................... 36 
Conceito e estrutura da obrigação ..................................................................................................... 36 
Generalidades ..................................................................................................................................... 36 
O credito como um direito a prestação (teoria classica) .................................................................... 37 
Teorias realistas .................................................................................................................................. 37 
Teorias Mista ....................................................................................................................................... 40 
Posição adoptoda ................................................................................................................................ 42 
TEMA V ................................................................................................................................................ 43 
Caracteristica da obrigacao ................................................................................................................. 43 
Generalidades .....................................................................................................................................43 
A mediação colabiração de vida ......................................................................................................... 44 
Autonomia .............................................................................................. Erro! Marcador não definido. 
Distinção entre direitos de creditos e direitos reais ........................................................................... 47 
A questão dos direitos pessoas de gozo ............................................................................................. 48 
Objectos da obrigação: a prestação .................................................................................................... 50 
Delimitação do conceito de prestação ............................................................................................... 50 
TEMA VI ............................................................................................................................................... 51 
Requisitos legais da prestação ............................................................................................................ 51 
Generalidades ..................................................................................................................................... 51 
Possibilidade física e legal ................................................................................................................... 51 
Licitude ................................................................................................................................................ 52 
Determinabilidade .............................................................................................................................. 52 
Não contrariedade à ordem pública e aos bons costumes................................................................. 53 
A complexidade intra obrigacional e os deveres acessorios de conduta ........................................... 53 
Modalidade de Obrigacoes ................................................................................................................. 54 
As obrigacoes naturais, problematicas da sua insercao no conceito de obrigacao ........................... 54 
Classificação das obrigações em função dos tipos de prestações ...................................................... 56 
Generalidades ..................................................................................................................................... 56 
Prestações fungiveis e infungiveis ...................................................................................................... 56 
Prestações estantaneas e prestações duradouras ............................................................................. 57 
Prestações de resultados e prestações de meios ............................................................................... 58 
Prestações determinadas e indeterminadas ...................................................................................... 59 
Obrigações de juro .............................................................................................................................. 62 
Indeterminação e pluralidade de partes na relação obrigacional ...................................................... 64 
A indeterminação do credor na relação obrigacional......................................................................... 64 
A pluraldade de partes na relação obrigacional ................................................................................. 65 
Generalidade ....................................................................................................................................... 65 
As obrigações conjuntas ou parciárias ................................................................................................ 65 
As Obrigações solidárias ..................................................................................................................... 66 
Generalidade ....................................................................................................................................... 66 
TEMA VII .................................................................................................. Erro! Marcador não definido. 
DA CONSTITUIÇÃO DAS OBRIGAÇÕES ................................................................................................ 67 
Capítulo VII .......................................................................................................................................... 67 
Classificacao das fontes das obrigacoes ............................................................................................. 67 
As diversas classificacoes de fontes das obrigacoes ........................................................................... 67 
Posicao adoptada ................................................................................................................................ 67 
TEMA VIII………………………………………………………………………………………………………………………………………….. 
Fontes das obrigacoes baseadas no principio da autonomia privada ................................................ 68 
O contrato ........................................................................................................................................... 68 
Generalidades ..................................................................................................................................... 68 
 Modalidades de contratos .................................................................................................................. 68 
Classificação dos contractos quanto a forma ..................................................................................... 68 
Classificação dos contractos quanto ao modo de formação .............................................................. 69 
Classificação dos contratos quanto aos efeitos .................................................................................. 69 
Contratos obrigacionais e reais ........................................................................................................... 69 
 A clausula de reserva da propriedade ................................................................................................. 70 
Clasificacao dos contratos entre sinalagmaticos e nao sinalagmatico ............................................... 70 
Classificação dos contratos entre onerosos e gratuitos ..................................................................... 72 
Classificação dos contratos entre comuntativos e aleatorios ............................................................ 72 
Contratos nominados e inominados ................................................................................................... 73 
Contratos típicos e atípicos ................................................................................................................. 73 
Contratos múltiplos ou combinados ................................................................................................... 73 
A união do contrato ............................................................................................................................ 74 
Formas de união de contrato .............................................................................................................. 74 
Os contratos priliminares .................................................................................................................... 75 
Generalidade, distinção entre contratos peliminares e contratação mitigada .................................. 75 
O contrato-promessa .......................................................................................................................... 75 
Modalidade de contracto-promessa................................................................................................... 76 
Forma de contrato-promessa............................................................................................................. 77 
Transmissão dos direitos e abrigações emergentes do contrato-promessa ...................................... 78 
A execução específica ......................................................................................................................... 78 
Articulação com o regime do sinal ...................................................................................................... 79 
Sinal e antecipação do cumprimento ................................................................................................. 79 
A eficacia real do contrato-promessa ................................................................................................. 80 
TEMA IX…………………………………………………………………………………………………………………………………………….. 
Pacto de preferencia ........................................................................................................................... 80 
Forma do pacto de preferencia .......................................................................................................... 81 
Os direitos de preferencia com eficacai real ...................................................................................... 81 
Modalidade de contrato a favor de terceiros ..................................................................................... 82 
O regime normal do contrato a favor de terceiros ............................................................................. 82 
A obrigacao de preferencia ................................................................................................................. 83 
A violacao de obrigacao de preferencia.............................................................................................. 84 
A indeminizacao por inccumpriment o em caso de simples eficacia obrigacional ............................. 84 
A accao de preferencia em caso de haver eficacaia real .................................................................... 84 
 ............................................................................................................................................................ 84 
O conteudo dos contratos .................................................................................................................. 85 
Regimes especiais ............................................................................................................................... 85 
A promessa de libertação de dívida como contrato falso a favor de terceiro ................................... 85 
As promessas em benefício de pessoas indeterminadas ou interesse público .................................. 86 
A promessa a cumprir depois da morte do promissário .................................................................... 86 
Contrato para pessoa a nomear ......................................................................................................... 87 
Noção e regime ................................................................................................................................... 87 
Natureza jurídica ................................................................................................................................. 87 
Negócios unilaterais ............................................................................................................................ 88 
O problema da eficácia dos negócios unilaterais ............................................................................... 88 
Promessa de cumprimento e reconhecimento de dívida ................................................................... 89 
Promessa pública ................................................................................................................................ 89 
Concurso publico................................................................................................................................. 90 
TEMA X……………………………………………………………………………………………………………………………………………… 
Fontes das obrigações no principio de resarcimento dos danos ........................................................ 91 
A resposábilidade civil por factos ilícitos ............................................................................................ 93 
O facto voluntario do lesante ............................................................................................................. 94 
Resposábilidade pre-contractual ........................................................................................................ 95 
Resposábilidade pelo risco .................................................................................................................. 96 
A resposábilidade comitente .............................................................................................................. 96 
Pressupos da responsábilidade pelo risco .......................................................................................... 97 
Casos de exlusão da resposábilidade .................................................................................................. 98 
Beneficio da resposábilidade .............................................................................................................. 99 
Responsábilidade pelo sacrificio ......................................................................................................... 99 
Obrigações de indmização ................................................................................................................ 100 
TEMA XI…………………………………………………………………………………………………………………………………………….. 
Enriquecimento Sem Causa .............................................................................................................. 101 
O enriquecimento sem causa como fonte das obrigações ............................................................... 101 
Bibliografia ........................................................................................................................................ 103 
 
 
 
 
 
Visão Geral 
 
Bem-vindo ao módulo de Direito das Obrigações 
 
 
Objectivos do módulo 
Ao terminar o estudo deste modulo de Direito da 
Obrigações deverás ser capaz de sabe quais são os 
sujeitos numa relação de credito a quem 
corresponde um dever de prestação, conhecer os 
direitos de credito, como eles nascem e como são 
cumpridos e como podem extinguir, saber que o 
Direito da Obrigações abrange a circulação de 
bens, prestação de serviços, instituição das 
organizações e sanções civis para comportamentos 
ilícitos e culposos e a compensação por danos, 
despesas ou pela obtenção de um enriquecimento 
ilícito. 
Objectivos específicos 
 Deverás conhecer o que é um contrato e os 
tipos de contractos; 
 Conhecer os fenómenos de transmissão de 
crédito e de dívidas; 
 Demonstrar a relevância da obrigação de 
indemnizar os danos causados a outrem; 
 Identificar os princípios gerais do Direito das 
Obrigações; 
 Saber que a constituição da obrigação é feita 
através de um negócio jurídico que tem em 
princípio que o resultado é um contrato; 
 Saber que o contrato deve ser pontualmente 
cumprido e só pode modificar ou extinguir por 
mútuo acordo ou consentimento dos 
contraentes ou nos casos admitidos pela lei. 
 Saber identificar ainda quando estamos em 
mora do devedor e como proceder; 
 Quando é que o pagamento pode ser feito a 
prestação; 
 Saber quando estamos em presença de um 
incumprimento. 
 
Quem deveria estudar esse módulo 
Este módulo foi concebido para estudantes do segundo ano do curso de 
licenciatura em direito. Poderá ocorrer contudo que hajam leitores que 
queiram-se actualizar e consolidar seus conhecimentos nesta disciplina, 
estes serão bem-vindos, não sendo necessário para tal se inscrever mas 
poderá adquirir o manual. 
 
Como está estruturado este móduloEste módulo de Contabilidade Geral, para estudantes do 1º ano do 
curso de licenciatura em Contabilidade e Auditoria, à semelhança dos 
restantes do ISCED, está estruturado como se segue: 
Páginas introdutórias 
 Um índice completo. 
 Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo, resumindo 
os aspectos-chave que você precisa conhecer para melhor 
estudar. Recomendamos vivamente que leia esta secção com 
atenção antes de começar o seu estudo, como componente de 
habilidades de estudos. 
Conteúdo desta Disciplina / módulo 
Este módulo está estruturado em Temas. Cada tema, por sua vez 
comporta certo número de unidades temáticas ou simplesmente 
unidades,. Cada unidade temática se caracteriza por conter uma 
introdução, objectivos, conteúdos. 
No final de cada unidade temática ou do próprio tema, são 
incorporados antes o sumário, exercícios de auto-avaliação, só 
depois é que aparecem os exercícios de avaliação. 
Os exercícios de avaliação têm as seguintes características: Puros 
exercícios teóricos/Práticos, Problemas não resolvidos e actividades 
práticas algumas incluído estudo de caso. 
 
Outros recursos 
A equipa de académicos e pedagogos do ISCED, pensando em si, 
num cantinho, recôndito deste nosso vasto Moçambique e cheio de 
dúvidas e limitações no seu processo de aprendizagem, apresenta 
uma lista de recursos didácticos adicionais ao seu módulo para você 
explorar. Para tal o ISCED disponibiliza na biblioteca do seu centro 
de recursos mais material de estudos relacionado com o seu curso 
como: Livros e/ou módulos, CD, CD-ROOM, DVD. Para além deste 
material físico ou electrónico disponível na biblioteca, pode ter 
acesso a Plataforma digital moodle para alargar mais ainda as 
possibilidades dos seus estudos. 
 
Auto-avaliação e Tarefas de avaliação 
Tarefas de auto-avaliação para este módulo encontram-se no final 
de cada unidade temática e de cada tema. As tarefas dos 
exercícios de auto-avaliação apresentam duas características: 
primeiro apresentam exercícios resolvidos com detalhes. Segundo, 
exercícios que mostram apenas respostas. 
Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de auto-avaliação 
mas sem mostrar os passos e devem obedecer o grau crescente de 
dificuldades do processo de aprendizagem, umas a seguir a outras. 
Parte das tarefas de avaliação será objecto dos trabalhos de 
campo a serem entregues aos tutores/docentes para efeitos de 
correcção e subsequentemente nota. Também constará do exame 
do fim do módulo. Pelo que, caro estudante, fazer todos os 
exercícios de avaliação é uma grande vantagem. 
Comentários e sugestões 
Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre determinados 
aspectos, quer de natureza científica, quer de natureza didáctico-
Pedagógica, etc, sobre como deveriam ser ou estar apresentadas. 
Pode ser que graças as suas observações que, em gozo de 
confiança, classificamo-las de úteis, o próximo módulo venha a ser 
melhorado. 
 
Ícones de actividade 
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens 
das folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes partes do 
processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de 
texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, 
etc. 
Habilidades de estudo 
O principal objectivo deste campo é o de ensinar aprender a 
aprender. Aprender aprende-se. 
Durante a formação e desenvolvimento de competências, para facilitar 
a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará empenho, 
dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons resultados apenas se 
conseguem com estratégias eficientes e eficazes. Por isso é importante 
saber como, onde e quando estudar. Apresentamos algumas sugestões 
com as quais esperamos que caro estudante possa rentabilizar o tempo 
dedicado aos estudos, procedendo como se segue: 
1º Praticar a leitura. Aprender a Distância exige alto domínio de 
leitura. 
2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida). 
3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e assimilação 
crítica dos conteúdos (ESTUDAR). 
4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a sua 
aprendizagem confere ou não com a dos colegas e com o padrão. 
5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades práticas ou as 
de estudo de caso se existirem. 
IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo, 
respectivamente como, onde e quando...estudar, como foi referido no 
início deste item, antes de organizar os seus momentos de estudo 
reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si: Estudo 
melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à noite/de 
manhã/de tarde/fins-de-semana/ao longo da semana? Estudo melhor 
com música/num sítio sossegado/num sítio barulhento!? Preciso de 
intervalo em cada 30 minutos, em cada hora, etc. 
É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado 
durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada ponto 
da matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando achar 
que já domina bem o anterior. 
Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler e 
estudar, que saber tudo superficialmente! Mas a melhor opção é juntar 
o útil ao agradável: Saber com profundidade todos conteúdos de cada 
tema, no módulo. 
Dica importante: não recomendamos estudar seguidamente por tempo 
superior a uma hora. Estudar por tempo de uma hora intercalado por 
10 (dez) a 15 (quinze) minutos de descanso (chama-se descanso à 
mudança de actividades). Ou seja que durante o intervalo não se 
continuar a tratar dos mesmos assuntos das actividades obrigatórias. 
Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalho intelectual 
obrigatório, pode conduzir ao efeito contrário: baixar o rendimento da 
aprendizagem. Por que o estudante acumula um elevado volume de 
trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo, criando interferência 
entre os conhecimentos, perde sequência lógica, por fim ao perceber 
que estuda tanto mas não aprende, cai em insegurança, depressão e 
desespero, por se achar injustamente incapaz! 
Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma 
avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda 
sistematicamente), não estudar apenas para responder a questões de 
alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobre tudo, estude 
pensando na sua utilidade como futuro profissional, na área em que 
está a se formar. 
Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que 
matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que 
resta, deve decidir como o utilizar produtivamente, decidindo quanto 
tempo será dedicado ao estudo e a outras actividades. 
É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será uma 
necessidade para o estudo das diversas matérias que compõem o 
curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar a estruturar a 
matéria de modo que seja mais fácil identificar as partes que está a 
estudar e Pode escrever conclusões, exemplos, vantagens, definições, 
datas, nomes, pode também utilizar a margem para colocar 
comentários seus relacionados com o que está a ler; a melhor altura 
para sublinhar é imediatamente a seguir à compreensão do texto e 
não depois de uma primeira leitura; Utilizar o dicionário sempre que 
surja um conceito cujo significado não conhece ou não lhe é familiar; 
Precisa de apoio? 
Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o 
material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas como 
falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis erros 
ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, página trocada ou 
invertidas, etc). Nestes casos, contacte os serviços de atendimento e 
apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR), via telefone, SMS, 
E-mail, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta participando a 
preocupação. 
Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes 
(Pedagógico e Administrativo), é a de monitorare garantir a sua 
aprendizagem com qualidade e sucesso. Dai a relevância da 
comunicação no Ensino a Distância (EAD), onde o recurso as TIC se torna 
incontornável: entre estudantes, estudante – Tutor, estudante – CR, etc. 
As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante, 
tem a oportunidade de interagir fisicamente com staff do seu CR, com 
tutores ou com parte da equipa central do ISCED indigitada para 
acompanhar as sua sessões presenciais. Neste período pode apresentar 
dúvidas, tratar assuntos de natureza pedagógica e/ou administrativa. 
O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30% do 
tempo de estudos a distância, é muita importância, na medida em que 
permite-lhe situar, em termos do grau de aprendizagem com relação 
aos outros colegas. Desta maneira ficará a saber se precisa de apoio 
ou precisa de apoiar aos colegas. Desenvolver hábito de debater 
assuntos relacionados com os conteúdos programáticos, constantes nos 
diferentes temas e unidade temática, no módulo. 
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) 
O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e 
autoavaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é 
importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues duas 
semanas antes das sessões presenciais seguintes. 
Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não 
cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do 
estudante. Tenha sempre presente que a nota dos trabalhos de campo 
conta e é decisiva para ser admitido ao exame final da 
disciplina/módulo. 
Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os 
mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docente. 
Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo 
os mesmos devem ser devidamente referenciados, respeitando os 
direitos do autor. 
O plágio1 é uma violação do direito intelectual do(s) autor(es). Uma 
transcrição à letra de mais de 8 (oito) palavras do testo de um autor, 
sem o citar é considerado plágio. A honestidade, humildade científica e 
o respeito pelos direitos autorais devem caracterizar a realização dos 
trabalhos e seu autor (estudante do ISCED). 
 
1
 Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária, propriedade intelectual de outras pessoas, sem 
prévia autorização. 
Avaliação 
Muitos perguntam: Com é possível avaliar estudantes à distância, 
estando eles fisicamente separados e muito distantes do docente/tutor!? 
Nós dissemos: Sim é muito possível, talvez seja uma avaliação mais 
fiável e consistente. 
Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com um 
mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar os conteúdos 
do seu módulo. Quando o tempo de contacto presencial conta com um 
máximo de 10%) do total de tempo do módulo. A avaliação do 
estudante consta detalhada no regulamento de avaliação. 
Os trabalhos de campo por si realizados, durante estudos e 
aprendizagem no campo, pesam 25% e servem para a nota de 
frequência para ir aos exames. 
Os exames são realizados no final da cadeira disciplina ou modulo e 
decorrem durante as sessões presenciais. Os exames pesam no mínimo 
75%, o que adicionado aos 25% da média de frequência, determinam 
a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira. 
A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira. 
Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 2 (dois) 
trabalhos e 1 (um) (exame). 
Algumas actividades praticas, relatórios e reflexões serão utilizados 
como ferramentas de avaliação formativa. 
Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em 
consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de 
cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as recomendações, a 
identificação das referências bibliográficas utilizadas, o respeito pelos 
direitos do autor, entre outros. 
 Os objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento de 
Avaliação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TEMA I 
DIREITO DAS OBRIGAÇÕES E A DEFINIÇÃO LEGAL DE OBRIGAÇÃO. 
 
DEFINIÇÃO 
 O direito das obrigações encontra-se essencialmente regulado no 
Livro II do Código Civil, no artigo 397º, que define a obrigação 
como “Vínculo jurídico por virtude do qual uma pessoa fica adstrita 
para com outra à realização de uma prestação”. 
 No entanto, o conceito de obrigação pode ser igualmente 
entendido em sentido amplo, podendo abranger todo e qualquer 
vínculo jurídico entre duas pessoas, como sejam os deveres 
jurídicos genéricos, os ónus e as sujeições. 
 Sujeição é correlata passiva dos direitos potestativos, consistindo 
na necessidade de suportar as consequências jurídicas 
correspondentes ao exercício de um direito potestativo2. Um 
exemplo é a situação de alguém que tem um prédio entre outros 
prédios e a via pública pode ver constituída sobre ele uma servidão 
legal de passagem em benefícios do prédio encravado (art. 1550º). 
Apesar de uma autorizada posição sustentar o contrário3, não 
parece possível incluir no conceito de obrigação a figura da 
sujeição, através da criação de uma categoria de direitos de 
créditos potestativos. Efectivamente, no estado de sujeição não é 
possível obstar a que surjam os efeitos jurídicos correspondentes 
ao exercício do direito potestativo, não havendo, portanto, 
possibilidade de violação da sujeição. Pelo contrário, a obrigação é 
eminentemente violável, ainda que o devedor acarrete nesses 
casos com a sanção da indemnização (art. 798º) ou da execução do 
seu património (art. 817º). 
 Ónus consiste na necessidade de adoptar uma conduta em 
proveito próprio, ou seja, na necessidade de realizar certo 
comportamento para beneficiar de uma situação favorável. Um 
exemplo de ónus da prova, referido no art. 342º. A obrigação não 
se confunde com o ónus uma vez que consiste num dever jurídico, 
imposto em benefício de outra pessoa, o credor (cfr. Art. 398º, nº 
 
2
Cfr. MANUEL DE ANDRE, Obrigações, p. 3 e ANTONIO MENEZES CORDEIRO, Tratado de direito civil 
português, I – Parte Geral, tomo 1, 3º ed., Coimbra, Almeida, 1987, pp. 357-358. 
3
Cfr. MENEZES CORDEIRO, Obrigação, 1º pp. 253 e ss. E 305 e ss. 
2). Pelo contrário, aquele que está onerado pelo ónus não tem 
qualquer dever, pelo que o seu não acatamento não se pode 
considerar ilícito, traduzindo-se apenas na perda ou na não 
obtenção de uma vantagem. 
O dever jurídico genérico consiste numa situação em que se 
encontram os outros sujeitos relativamente aos titulares de 
direitos absolutos. Relativamente a direitos de personalidade, 
como a vida, ou a direitos reais com a propriedade, todos os outros 
sujeitos estão obrigados a um dever geral de respeitos, cuja 
infracção pode acarretar responsabilidade civil com o 
correspondente dever de indemnizar os danos sofridos pelo titular 
(art. 483º). 
O que caracteriza a obrigação em relação a estas figuras é a 
circunstância de determinada pessoa se encontrar adstrita a 
realizar uma específica conduta, positiva ou negativa, no interesse 
de outra, também determinada (ou determinável). Esta conduta é 
designada por prestação. 
 
Elementos da relação Obrigacional 
{
− 𝑆𝑢𝑗𝑒𝑖𝑡𝑜
− 𝑂𝑏𝑗𝑒𝑐𝑜
− 𝑉í𝑛𝑐𝑢𝑙𝑜
− 𝐺𝑎𝑟𝑎𝑛𝑡𝑖
 
 
Existem dois tipos de sujeitos, um sujeito activo (credor) e um 
passivo (devedor). 
Credor – é o titular do direito a prestação; 
Devedor – é o titular da obrigação passiva, a pessoa sobre a qual 
recai o dever de efectuar a prestação. 
 
Exercício 
1. O que entendes por obrigação? 
2. Quem pode efectuar a prestação? 
3. Quando é que a obrigação é solidaria? 
4. Será que todas as obrigações são deveres jurídicos? 
 
TEMA II 
OBJECTIVOS E CARACTERÍSTICA DO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES. 
O direito das obrigações assume-se como um ramo do Direito Civil 
que constitui, como se sabe,o Direito privado comum. Por esse 
motivo goza das características do Direito Privado: a liberdade e a 
igualdade. Em princípio, os sujeitos das relações obrigacionais têm 
os mesmos poderes e são livres de fazer tudo o que não se 
encontre abrangido por uma proibição. Pelo contrário, o direito 
Público rege-se pelas características da autoridade e da 
competência. Uma das partes tem só por si poder provocar 
modificações na esfera jurídica alheia e só pode praticar actos para 
os quais a lei lhe atribui competência4. 
 Esta diferenciação tem reflexos no controle da motivação dos 
sujeitos. Enquanto no direito Público as decisões são vinculadas e, 
portanto, a sua motivação é sempre relevante, no direito privado a 
actuação dos sujeitos insere-se na sua liberdade de decisão, não 
relevando a motivação com que foi tomada, salvo em casos graves 
de desconformidade ao sistema jurídico, como hipótese de abusos 
de direito. 
 
No âmbito da classificação germânica Direito Civil que como se 
sabe distingue, além de uma parte geral, entre dois ramos de 
características estruturais, as obrigações e os Direitos Reais, e dois 
ramos de características institucionais, o Direito da Família e o 
Direito das Sucessões, e autonomização do Direito das Obrigações 
tem uma base estrutural: a distinção entre direitos de crédito e 
direitos reais, herdeira da velha contraposição romana entre as 
actiones in rem e as actiones in personam. Normalmente se refere 
que o Direito das Obrigações se refere à transição dos bens5. 
 
O direito das obrigações abrange matérias sujeitas a campos 
jurídicos distintos, as quais são unicamente unificadas através do 
conceito de obrigação. MENEZES CORDEIRO inclui entre esses 
campos a circulação de bens, as prestações de serviços, e as 
sanções civis6. 
 
4
Cfr. MENEZES CORDEIRO, Tratado, I-1, pp. 43 e ss. 
5
Cfr. OLIVEIRA ASCESSÃO, Direito Civil, Teoria Geral, I – Introdução. As Pessoas. Os bens, 2ª ed., Coimbra, 
Coimbra Editora, 2000, pp 12-13. 
6
Cfr. ANTONIO MENEZES CORDEIRO, Obrigações, 1º, p. 17. 
 
Para GERNHUBER aponta, entre as funções desempenhadas pelo 
Direito das Obrigações, a sua aptidão genérica para regular 
situações da vida, a transmissão dos bens, o gozo de bens alheios, 
a prestação de serviços, a compensação, a intervenção em 
património ou direito alheio, os elementos de organização e a 
segurança de existência7. 
 
O Direito das obrigações abrangerá essencialmente as seguintes 
realidades: 
Circulação de Bens: são abrangidas pelo Direito das Obrigações 
todas as situações das quais resulte alterações na ordenação 
jurídica dos bens através de negócios jurídicos. 
 
Assim, são regulados pelo Direito das Obrigações a transmissão 
dos direitos reais (cfr. Art. 408º) e os contratos que desencadeiam 
como a compra e venda (art. 874º e ss.) ou a doação (art. 940º e 
ss.) bem como a concepção de gozo de bens alheios – através de 
contractos como alocação (art. 1022º e ss) ou comodato (art. 
1129º e ss-) bem como os fenómenos de transmissão de créditos 
e dívidas – através de instituto da cessão créditos (art 577º e ss), 
sub-rogação (art 589º e ss), a solução de dívidas (art 595º e ss) e 
cessão da posição contractual (art. 424º e ss). 
 
Prestação – é objecto da obrigação, é conduta a que o devedor 
esta vinculado. 
 
 
 
Tipos de prestação 
Prestação ilícita – o objecto da obrigação é ilícito quando ele é 
contrário a uma norma legal constituindo, com tudo um 
comportamento materialmente passível 
 
7
Cfr.GERNHUBER, Das Schuldverhaltnis(Begrendung und Anderung, Pflichten und Strukturen, Drittwirkungen), 
Tubingen, Mohr, 1989, pp. 3 e ss. 
 
𝑃𝑟𝑒𝑡𝑎çã𝑜 𝑑𝑒
{
 
 
 
 𝑐𝑜𝑖𝑠𝑎 {
𝑃𝑟𝑒𝑠𝑒𝑛𝑡𝑒
𝐹𝑢𝑡𝑢𝑟𝑜 {
𝐴𝑏𝑠𝑜𝑙𝑡𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑒 𝐹𝑢𝑡𝑢𝑟𝑎 
𝑅𝑒𝑙𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑒 𝐹𝑢𝑡𝑢𝑟𝑎
𝑓𝑎𝑐𝑡𝑜 {
𝑃𝑜𝑠𝑒𝑡𝑖𝑣𝑜 (𝑓𝑎𝑧𝑒𝑟)
𝑁𝑒𝑔𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 {
𝑁ã𝑜 𝑓𝑎𝑧𝑒𝑟
𝐷𝑒 𝑝𝑎𝑡𝑡𝑖
 
 
Prestação de serviços: esta é genericamente abrangida pelo 
direito das obrigações através do contracto de prestação de 
serviços (art 1154º e ss), uma modalidade contratual atípica, que 
a lei regula em 3 modalidades típicas: o mandato (art 1157º e ss), 
o depósito (art 1185º e ss) e a empreitada (art 1207º e ss). O 
importante contracto de trabalho (cfr. Art 1152º) é, no entanto 
deixado para legislação especial (art 1153º), a qual justifica a 
autonomização de um novo ramo do direito: direito do trabalho. 
Instituição de organizações: temos o contracto da sociedade civil 
(art 980º e ss), que aparece regulado pelo direito das obrigações 
como forma comum de associação de pessoas para exploração de 
actividade económica lucrativa. Já a maneiras das sociedades 
comerciais é, no entanto, relegada para o direito comercial sujeita 
inclusivamente para um código próprio. 
 
As sanções civis para comportamentos ilícitos e culposos dos 
privados consistem essencialmente na obrigação de indemnizar 
os danos causados (art 562º e ss), em relação a responsabilidade 
civil subjectiva o sistema do código distingue a responsabilidade 
delitual (art 483º e ss) da responsabilidade civil obrigacional (art 
798º e ss) consoante esteja em causa a violação de uma situação 
jurídica absoluta, ou antes a violação d obrigações, neste caso 
sanção civil é uma compensação dos danos sofridos pelo lesado, 
levando aqui por vezes seja obliterada perante a valorização deste 
ultimo aspecto. 
 
As três modalidades de prestação de serviços que a lei regula são: 
{
𝑀𝑎𝑛𝑑𝑎𝑡𝑜 (𝑎𝑟𝑡. 1157°)
𝐷𝑒𝑝𝑜𝑠𝑖𝑡𝑜 (𝑎𝑟𝑡. 1185°)
𝐸𝑚𝑝𝑟𝑒𝑖𝑡𝑎𝑑𝑎 (𝑎𝑟𝑡. 1207°)
 
 
Compensação por danos, despesas e obtenção de 
enriquecimento, é abrangida pela responsabilidade e pelo risco 
(art 499º e ss) que, apesar de dar igualmente origem a uma 
obrigação de indemnização, não se apresenta neste caso como 
tendo natureza sancionaria, visando exclusivamente a 
compensação dos danos segundo critérios objectivos de 
repartição do risco. Já a compensação de despesas é abrangida 
pela gestão de negócio (art 464º e ss), instituto que visa tutelar as 
actuações realizadas sem autorização em benefícios de outrem. A 
compensação do enriquecimento sem causa (art 473º e ss), que 
visa precisamente determinar a compensação do enriquecimento 
obtido injustamente à custa de outrem. 
 
Importância do direito das obrigações: uma vez que abrange 
praticamente todo comércio jurídico-privado com a excepção das 
matérias reservadas ao direito comercial - e todas as sanções civis 
para actuação dos privados, bem como diversos institutos 
destinados a efectuar compensação por danos ou despesas 
verificadas ou por aquisições obtidas a custa alheia. 
 
Também como uma técnica desenvolvida desde os juristas 
romanos tornando-se assim um campo privilegiado para a 
investigação dogmática mais avançada. O direito das obrigações é 
entendido como o ramo do direito que mais importância 
desempenha na formação do jurista. 
 
𝑳𝒊𝒃𝒆𝒓𝒅𝒂𝒅𝒆 𝑪𝒐𝒏𝒕𝒓𝒂𝒕𝒖𝒂𝒍 {
𝐿𝑖𝑏𝑒𝑟𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝐶𝑒𝑙𝑒𝑏𝑟𝑎çã𝑜
𝐿𝑖𝑏𝑒𝑟𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝐶𝑒𝑙𝑒𝑏𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑜 𝑡í𝑝𝑜 𝑛𝑒𝑔𝑜𝑐𝑖𝑎𝑙
𝐿𝑖𝑏𝑒𝑟𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑒𝑠𝑡í𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 
 
 
 
Exercício 
1. Quais são as partes num contracto de prestação de serviço? 
2. Quais são as modalidades tipificadas num contracto de prestação 
de serviços? 
3. Quando é que duas ou mais pessoas se obrigação a contribuir 
com bens ou serviços para exercício em comum de uma certa 
actividade económica? 
 
 
 
 
 
 
 
TEMA III: 
PRINCIPIOS GERAIS DO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES. 
𝑷𝒓𝒊𝒏𝒄í𝒑𝒊𝒐
{
 
 
 
 
𝑫𝒂 𝒂𝒖𝒕𝒐𝒏𝒐𝒎𝒊𝒂 𝑷𝒓𝒊𝒗𝒂𝒅𝒂
𝑫𝒐 𝑹𝒆𝒔𝒔𝒂𝒓𝒄𝒊𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐 𝒅𝒐𝒔 𝒅𝒂𝒏𝒐𝒔
𝑫𝒂 𝒓𝒆𝒔𝒕𝒊𝒓𝒖𝒊çã𝒐 𝒅𝒐 𝒆𝒏𝒓𝒊𝒒𝒖𝒆𝒄𝒊𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐 𝑰𝒏𝒋𝒖𝒔𝒕𝒊𝒇𝒊𝒄𝒂𝒅𝒐
𝑫𝒂 𝒃𝒐𝒂 𝒇é
𝑫𝒂 𝒓𝒔𝒑𝒐𝒔á𝒃𝒊𝒍𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆 𝑷𝒂𝒕𝒓𝒊𝒎𝒐𝒏𝒊𝒂𝒍
 
Princípio da autonomia privada 
A autonomia privada e negócio jurídicoconsiste na possibilidade 
que alguém tem de estabelecer as suas próprias regras. 
Tecnicamente, porém, deve-se referir que as regras jurídicas 
caracterizam-se pela generalidade e abstracção, pelo que elas não 
podem ser criadas por actos privados. Efectivamente, o que os 
privados criam são comandos. A autonomia privada é assim a 
possibilidade de alguém estabelecer os efeitos jurídicos que se 
irão repetir na sua esfera jurídica. 
 
Por esse motivo, a autonomia privada não se confunde com o 
direito subjectivo, na autonomia privada existe uma permissão 
genérica de conduta, porque a todos os sujeitos da ordem jurídica 
é conhecida esta possibilidade de produção de efeitos jurídicos, 
não havendo nenhum que dela seja excluído. 
 
Pelo contrário, no direito subjectiva existe uma esfera de 
competência, já que relativamente a certo bem, quando ele é 
objectivo de um direito subjectivo, efectua-se a sua atribuição 
exclusivamente a uma pessoa, uma vez que todos outros sujeitos 
vêm a ser excluído dessa atribuição, subjectivo existe uma 
permissão de beneficiar das utilidades que aquele bem produz. 
 
Nos negócios jurídicos existe tanto liberdade de celebração como 
de estipulação, já que as partes não apenas têm a possibilidade de 
decidir celebrar ou não o negócio, mas também podem 
determinar quais são os seus efeitos jurídicos8. 
 
 
8
Cfr. MENEZES CORDEIRO, Tratado, I-1, p. 447 e ss. 
A simples promessa unilateral, sem que tenha ocorrido uma 
aceitação do seu benefício, que seja idónea à constituição do 
contrato, é por isso normalmente irrelevante9. 
 
A liberdade contratual é a parte mais importante da autonomia 
privada, enquanto princípio fundamental do Direito das 
Obrigações. 
 
Conforme se referiu a liberdade contratual admite 
tradicionalmente a liberdade de celebração, a liberdade de 
selecção do tipo negocial e a liberdade de estipulação. Por 
liberdade de celebração entende-se, as partes são assim livres de 
celebrar ou não o contracto, podendo recusar arbitrariamente 
qualquer proposta contratual, por muito vantajosa que ela seja, 
ou por muita necessidade que a outra parte tenha em relação a 
celebração do negócio. 
 
Relativamente à liberdade de selecção do tipo negocial, esta 
consiste em as partes não estarem limitadas aos tipos negociais 
reconhecidos pelo legislador (a enumeração dos contratos é 
meramente exemplificativo). Consequentemente, as partes 
podem livremente escolher os contractos que entenderem, 
mesmo que o legislador ignore totalmente a categoria escolhida 
(contractos inominados) ou não lhes tenha estabelecido qualquer 
regime (contracto atípico). 
 
Por liberdade de estipulação entende-se a faculdade de 
estabelecer os efeitos jurídicos do contracto, ou seja, a 
possibilidade conferida pela ordem jurídica, às partes de, por 
mútuo acordo, determinarem à sua vontade o conteúdo do 
conceito. 
 
Porém a igualdade jurídica não tem correspondência no plano 
económico, em certos contractos uma das partes, tem maior 
 
9
Fundamento desta solução é princípio invicto beneficium non datur, que impede que alguém seja credor de outrem 
sem a sua concordância. Há, porém excepções, como as dos arts. 459º e 463º. 
força económica e maior domínio da informação do que a outra 
parte. 
 
O princípio de igualdade, instituto pela Revolução Francesa, era 
hostil à protecção de certas categorias de pessoas, por outro lado, 
na soberania, os interesses assegurados pelos contractos a 
reconhecer, aparecessem por vezes como instrumento de 
exploração do mais fraco, o liberalismo económico exigia 
liberdade de comércio e de indústria, não podendo assim impor 
restrições baseadas nos direitos do contraente débil. 
 
Hoje não pode aceitar-se que genericamente todo e qualquer 
contracto seja sempre efectivamente baseado na livre 
determinação de ambos os sujeitos. Tal só sucederá se as partes 
estiverem constrangidas de forma idêntica à celebração daquele 
contracto, o que na nossa sociedade é um fenómeno raro. Da 
actual ordem económica fazem com que celebrar contractos para 
obter a satisfação das necessidades10, a parte economicamente 
mais fraca é facilmente constrangida à celebração do contracto, 
mesmo em condições que ela não aceitaria se tivesse outra 
possibilidade de satisfação das suas necessidades económicas. 
 
Assim, desigualdade económica das partes, a inovação da 
liberdade contratual torna-se meramente formal. Liberdade 
contratual consiste na proibição de celebração de negócios 
usuários, em que uma das partes consegue obter benefícios 
injustificados, outro tipo de restrições, que envolvem mesmo um 
certo afastamento da liberdade de celebração ou da liberdade de 
estipulação. 
 
Restrições à liberdade de celebração 
Restrição à liberdade de celebração consiste na obrigação de 
celebração do contracto, efectivamente, uma das partes (ou 
ambas) pode estar vinculadas, por obrigação contratual ou legal, à 
celebração do contracto com outra parte. A não celebração do 
 
10
As quais podem inclusivamente ser tão fundamentais como a sua habitação ou seu sustento (exs: o contracto de 
arrendamento ou no contracto de trabalho). 
contracto constitui, por isso nesses casos, um ilícito obrigacional, 
que gera obrigações de indemnização. 
 
Quando é, porém, a lei a impor obrigações de celebração de 
contratos, a autonomia privada encontra-se restringida, podendo 
essa restrição considerar-se como abusos de uma das partes que, 
em virtude de um maior poder económico poderia facilmente 
constranger a outra parte a aceitar condições contratuais 
desvantajosas. 
 
Os votos de consumidores levariam os fornecedores a alterar as 
suas condições contratuais, de acordo com a lei da oferta e da 
procura, em casos de monopólio ou de oligopólio. Hoje considera-
se prática restritiva de comércio e como tal proíbe, “recusar a 
venda de bens ou a de acordo com as disposições legais ou 
regulamentais aplicáveis, ainda que se trate de bens ou serviços 
não essenciais e que da recusa não resulte prejuízo para o regular 
abastecimentos do mercado”. 
 
O fracasso dos sistemas que ensaiaram estas tentativas levou, 
porém, à atenuação da importância desta função da obrigação de 
celebração dos contractos, que ficou regulada para situações 
excepcionais. 
 
Restrições a liberdade de estipulação 
As restrições a liberdade de estipulação são normalmente 
estabelecidas em virtude de uma função de ordenação do actual 
direito privado, que pretende disciplinar a liberdade contractual 
por forma a evitar que esta seja exercida em prejuízo da parte 
economicamente mais fraca. A autonomia privada pode em 
certos casos parecer insusceptível um de obter um adequado 
equilíbrio das prestações no contracto, o que leva o legislador a 
intervir em ordem a desempenhar uma função correctiva da livre 
negociação particular. 
 
Existem dois tipos de restrições a liberdade de estipulação, que 
são os contractos submetidos a um regime imperativo e as 
clausulas contractuais gerais ou contratos pré-formulados. 
 
Contractos submetidos a um regime imperativo - Diz respeito a 
imposição de uma disciplina contractual rígida em certos 
contractos. Essa imposição justifica-se em razão da maior 
relevância de certos contractos para satisfação das necessidades 
essenciais elementares que colocam uma das partes não 
dependência económica da celebração, levando a que ela seja 
forçada mesmo a aceitar condições iníquas, se a sua recusa em 
pedir a celebração do contracto. 
 
A única forma nesses contractos se proibir a estipulação de 
condições iníquas e o consequente abuso da economia privada 
que tal representa, consiste na imposição de uma disciplina 
injuntiva para esses contractos, que e vedado as partes a afastar. 
 
Clausulas contratuais gerais 
Consistem em situações típicas do trafegonegocial de massas em 
que as declarações negociais de uma das partes se caracterizam 
pela pré-elaboração, generalidade e rígidez. Cláusulas 
contractuais gerais caracterizam-se pela desigualdade entre as 
partes, pela complexidade e pela natureza formularia, umas das 
partes tem uma posição social ou económica mais relevante, que 
lhe serve de justificação para impor a situação à parte essas 
cláusulas são complexas e exaustivas. Cláusulas contractuais 
gerais constam normalmente de formulários, letras reduzidas e 
leitura difíceis, que o aderente não examina detalhadamente 
limitando-se a neles incluir os seus elementos de identificação. 
 
Nessas clausulas é manifestada a impossibilidade fáctica cujo uma 
das parte exerce a sua liberdade de estipulação conduzindo assim 
a efeitos perversos, pois o contracto pode ser celebrado sem que 
uma das partes se possa perceber do seu conteúdo, sendo 
confrontada com o regime contractual que aceitou no momento 
em que surge um litigio, demasiado tarde para reagir, também a 
possibilidade fáctica de serem introduzidas no contracto clausulas 
iníquas ou abusivas, em benefícios de um dos contraentes. 
 
Para evitar esses efeitos perversos a lei tem que intervir no 
sentido de restringir a liberdade de estipulação, o que realiza-se 
essencialmente através de dois vectores que são, procurar evitar 
a introdução no contracto de cláusulas de que o outro contraente 
não se apercebeu e impedir o surgimento de cláusulas iníquas ou 
abusivas. 
 
Além disso a lei tem que exigir o cumprimento de certas 
exigências específicas para permitir a inclusão clausulas 
contractuais gerais nos contractos singulares, essas exigências 
constam nos art. 5º a 7º LCCG que leva a três situações distintas 
que são: a comunicação das cláusulas contractuais gerais a outra 
parte (art. 5º LCCG); a pentenção de informação sobre os 
aspectos obscuros nelas compreendidas (art 6 LCCG); a existência 
de estipulações específicas de conteúdos distintos (7 LCCG). 
 
A lei específica que a comunicação à outra parte deve ser integral 
de modo a se tornar possível o conhecimento das clausulas, caso 
contrario as clausulas contractuais gerais consideram-se excluída 
do contracto singular e ainda deve se exigir informar a outra parte 
de todos aspectos existentes na clausula e prestar todo 
esclarecimento razoável solicitado a cerca das clausulas 
contractuais gerais, consideram-se excluídas dos contractos 
singulares pode, porém o contracto ser nulo quando essa 
exclusão conduzir a uma indeterminação insuprível de elementos 
essenciais ou a um desequilíbrio das prestações gravemente 
atentatório da boa-fé. Porém é possível visualizar ainda a 
possibilidade de a sua violação acarretar danos a outra parte. 
 
Caso aconteça deve haver uma indemnização, mas a 
interpretação e integração das clausulas contratuais gerais é 
sujeitas a regras específicas desfavoráveis a quem as pré-dispõe 
pois a lei determina que a sua interpretação e integração tem que 
ocorrer no contexto de cada contracto singular em que se incluam 
(art 10 LCCG, art 11, no 1 LCCG) e (art 11 no 2 LCCG), para impedir 
as clausulas iníquas ou abusivas cinge-se na proibição de certas 
clausulas contratuais gerais levando em conta a sistematização 
legislativa em três campos de regulação legislativas diversas, que 
são: as disposições comuns por natureza (arts 15 2 16 LCCG); as 
relações entre empresários ou profissionais liberais ou entre uns e 
outros, sejam pessoas singulares ou colectivas, desde que 
intervenham apenas nessa qualidade e no âmbito da sua 
actividade específica (art 17 a 19 LCCG); as relações com os 
consumidores finais, ou genericamente todas as não abrangidas 
pelas referências anterior (art 20 a 22 LCCG). 
 
Os contractos pré-formulados 
As proibições da LCCG deveriam aplicar-se não apenas em relação 
as cláusulas contratuais gerais, mais genericamente a todos 
contractos pré-formulados. A directiva 93/13/CEE veio assim 
estabelecer uma restrição a liberdade de estipulação: os 
contractos pré-formulados na relação entre profissionais e 
consumidores. 
 
Os contractos pré-formulados celebrados com os consumidores 
estabelece que ónus da prova que uma cláusula contratual 
resultou de prévia negociação recai sobre quem pretenda 
prevalecer-se do seu conteúdo, acrescida com a remição que o art 
9 nos 2 e 3 da lei 24/96, de 31 de Julho, estabelecida em relação 
aos contratos pré-formulados para o regime das cláusulas 
contratuais, permita cabalmente a aplicação do regime da LCCG 
perante contractos pré-formulados celebrados com os 
consumidores. 
 
A intervenção legislativa deve, porém considerar-se como 
totalmente desastrada, uma vez que estende a todos regimes do 
diplomas a todos os contractos pré-formulados, mesmo que 
tenham sido celebrados entre empresários e entidades 
equiparadas (Cfr: art 17 e ss. da LCCG), o que implica no fundo de 
rogar o requisito da generalidade em relação as cláusulas 
contratuais gerais, passando o diploma a ser indistintamente 
aplicável a todos contratos individualizados pré-formulados, mas 
os contractos pré-formulados celebrados entre empresários e 
entidades equiparadas deveram ser assim excluídos desse regime. 
 
O princípio do ressarcimento dos danos 
Esse principio pode enunciado sempre que exista uma razão de 
justiça que o dano deve ser suportado por outrem, que não o 
lesado, deve ser aquele e não este a suportar este dano, essa 
transferência de responsabilização dos danos do lesado é feita 
mediante a constituição de uma obrigação de indemnização mais, 
a injustiça do dano sofrido não é suficiente para se ter o direito a 
indemnização. 
 
Em muitas situações ocorre a imputação quando a lei, considera 
existir não apenas um dano injusto para o lesado, mas também 
uma razão de justiça que justifica que esse dano seja transferido 
para outrem. 
 
A consequência dessa é a de que o lesado não teria direito a 
qualquer indemnização a menos que demonstra-se a culpa do 
lesante. Em certos casos, a imputação de danos baseia-se em 
permissões legais de sacrificar bens alheios no interesse próprio, 
que têm como contrapartida o estabelecimento de uma obrigação 
de indemnização, esta situação denomina-se responsabilidade por 
factos lícitos ou pelo sacrifício que passa por três títulos de 
imputação de danos que são: imputação por culpa, imputação 
pelo risco e imputação pelo sacrifício. 
 
Princípios da restrição do enriquecimento injustificado 
Este principio já era expresso por POMPONIUS no Direito 
Romano, mas hoje encontra-se formalmente consagrado na 
norma do art. 473º, no 1, do código civil, constituindo por isso 
num princípio em forma de norma11, genericamente sempre que 
alguém obtenha um enriquecimento à custa de outrem sem causa 
justificativa tem que restituir aquilo com que injustamente se 
locupletou, por isso, que por vezes surjam posições a reclamar a 
não utilização deste principio, a sua formulação genérica não é 
destituída de valor jurídico, funcionando como uma ideia jurídica 
geral, que institui uma pauta de orientação segundo 
 
11
 Cfr. MENEZES LEITÃO, O enriquecimento, pp. 27 e ss, e notas, reed., pp29 e ss. 
determinados pontos de vista, que cabe à doutrina e 
jurisprudência concretizar em categoria jurídica especificas. 
 
O princípio da boa-fé 
Definindo-se como a ignorância de estar a lesar direitos os 
direitos alheios, sendo esse sentido de referência à posse de boa-
fé no art. 1260º. A obrigação consiste no dever de adoptar uma 
conduta em benefícios de outrem. Então assim em causa no 
vínculo obrigacional regras de comportamento que, 
adequadamente respeitadas, proporcionarão a satisfação do 
direito de crédito mediante a realização da prestação pelo 
devedor, sem que daí resultem danos para qualquer das partes. 
 
Por esse motivo a lei vem estabelecer deveres de boa-fé para 
ambos os sujeitos da relação obrigacional que visão por um ladopermitir o integral aproveitamento da prestação em termos de 
satisfação do interesse do credor e por outro lado evitar que a 
realização da prestação provoque danos ao credor, quer ao 
devedor. A boa-fé concretiza-se assim em regras impostas do 
exterior, que as partes devem observar na actuação do vínculo 
obrigacional, podendo servir para complementação do regime 
legal das obrigações, através de uma valoração a efectuar pelo 
julgador. 
 
O princípio da responsabilidade patrimonial 
Este princípio consiste na `possibilidade de o credor, em caso de 
não cumprimento, executar o património do devedor para obter a 
satisfação dos seus créditos. 
O credor poderia legitimamente apoderar-se dele e 
inclusivamente vendê-los como escravos ou mará-lo. O devedor 
esta por isso sujeito fisicamente ao poder dos credores que 
poderiam aplicar-lhe sanções físicas em caso de não 
cumprimento, o devedor se vincula a cumprir. Assim, a execuções 
das obrigações realizava-se de acordo com as seguintes fases: 
 
— Confissão ou condenação judicial do devedor; 
— Concessão de um prazo de trinta dias durante os quais o 
devedor ainda poderia cumprir a obrigação; 
— Prisão do devedor pelo credor (manus iniecto directa) ou pelo 
tribunal para entrega ao credor (manus iniectio indirecta) que 
poderia ser evitada com o cumprimento. 
 
Mais tarde admitiu-se que, quando o devedor ainda possuísse 
bens, fosse decretada a apreensão e venda desses bens para 
pagamento ao credor, em lugar de prisão do devedor. Admitiu-se 
que fosse o próprio devedor a ceder os seus bens ao credor, 
evitando assim a intervenção do tribunal. 
 
O aprisionamento do devedor foi posteriormente perdendo 
importância como sansão para o incumprimento das obrigações 
até desaparecer completamente. Hoje o credor apenas é apenas 
reconhecida a possibilidade de executar o património do devedor 
para obter a satisfação do seu crédito. 
 
Quanto a situação dos bens do devedor não susceptíveis de 
penhora, eles aparecem referidos nos arts. 822º à 824º - A do 
Código de Processo Civil. Trata-se de bens em que, por 
desempenharem uma função uma função essencial à subsistência 
ou à dignidade do devedor, ou em virtude de uma função a que 
estão afectos a ser superior à da garantia patrimonial dos 
créditos, a lei não autoriza a execução para fins da satisfação dos 
direitos de crédito. 
 
Exercício 
1. Quando é que um contrato é válido? 
2. Se alguém estiver obrigado a celebrar certo contrato e não 
cumprir a promessa pode a outra parte na falta de convecção em 
contrário obter sentença que obriga a outra parte a celebrar? 
3. Em que fase do contrato as partes estão obrigadas a agir de boa-
fé? 
4. Aquele que tira proveito de uma situação no prejuízo de outrem e 
daí resultar o enriquecimento será obrigado restitui-lo? Se sim, 
como será é que feito? 
 
TEMA IV 
CONCEITO E ESTRUTURA DA OBRIGAÇÃO GENERALIDADES 
 
Neste ponto abordar-se-á acerca do direito de credito que é a 
prestação ou o comportamento que o devedor esta vinculado a 
adoptar em benefício do credor, no entanto o objecto do direito 
do credito, alguns autores dizem que a prestação, outros 
defendem que e o património do devedor, outros ainda 
combinação dessa duas realidades e finalmente outros que 
sustentam que objecto do direito do credito consiste numa 
entidade complexa. 
 
No entanto existem várias teorias que sustentam essa ideia, 
tendo essa ideia que são: 
 
𝑇𝑒ó𝑟𝑖𝑎 {
𝑃𝑒𝑟𝑠𝑜𝑛𝑎𝑙𝑖𝑠𝑡𝑎 
𝑅𝑒𝑎𝑙𝑖𝑠𝑡𝑎𝑠
𝑀𝑖𝑠𝑡𝑎𝑠
𝐷𝑜𝑢𝑡𝑟𝑖𝑛𝑎𝑠 𝑑𝑎 𝐶𝑜𝑚𝑝𝑙𝑒𝑥𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑂𝑏𝑟𝑖𝑔𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙
 
 
As teorias personalistas defendem que o direito do crédito é um 
vínculo pessoal ou seja, um direito que tem por objecto uma 
conduta do devedor, primeiro como um direito sobre a pessoa do 
devedor, segundo o crédito como um direito a prestação do 
devedor. 
 
O crédito como um direito sobre a pessoa do devedor era uma 
solução tradicional do direito romano na época arcaica que 
configurava o direito do crédito representando um direito de 
domínio sobre uma pessoa. Efectivamente nessa altura a 
obrigação como uma sujeição da pessoa do devedor ao credor, 
que tinha o direito de o reduzir a escravidão se não cumprisse a 
obrigação e de o manter cativo até que o fizessem, mais 
actualmente o direito moderno já não permite uma actuação 
directa sobre a pessoa do devedor. 
Savigny diz que o direito d e credito caracterizar-se-ia por 
representar um domínio sobre uma actuação de prestação do 
devedor, para ele o credito consistiria num domínio sobre uma 
pessoa, esse domínio não residiria sobre a pessoa em globo mas 
sobre uma actuação sua, a qual seria excluída da liberdade do 
devedor sendo submetido a vontade de outrem que exerceria um 
direito de domínio sobre essa actuação. 
 
O crédito como um direito a prestação (teoria clássica) 
A teoria clássica classifica o direito de crédito como um direito a 
prestação ou o direito a uma conduta do devedor, que consiste na 
faculdade de exigir de determinada pessoa a realização de 
determinada conduta (prestação) em benefício de outrem. É um 
direito exclusivamente pessoal, dirigido contra uma pessoa ainda 
que valor patrimonial desta adstrição pessoal permita a execução 
do património do devedor em caso de comprimento. 
 
Teorias realistas 
Diz que o direito do crédito é um direito sobre o património 
devedor esta teoria considera diversas modalidades como, o 
credito como um direito sobre os bens do devedor, o credito 
como uma relação entre o património, o credito como um direito 
a transmissão dos bens do devedor e o crédito como espectativa 
da prestação, acrescida de um direito real de garantia sobre o 
património do devedor. 
 
O credito como um direito sobre os bens do devedor, esta 
concepção assemelha-se ao direito real, um direito sobre bens, 
havendo apenas que considerar que não recaia sobre bens 
determinados, mais antes sobre todo património do devedor, 
entendido como universalidade, assim esta teoria nega a 
existência de um direito a prestação considerando que por ser 
incoercível o cumprimento da obrigação se apresenta como acto 
absolutamente livre, que não objecto de um direito do credor. 
Brinz considera que o património não objecto da 
responsabilidade, mais um meio para sua efectivação, sendo o 
objecto da responsabilidade a pessoa, já que a actio é somente in 
personan. 
 
Bekker conclui-o que o património é o verdadeiro objecto do 
direito do crédito, dispensando a pessoa, para tal ele sustenta 
apresentando os seguintes argumentos: todos componentes 
patrimoniais podem servir para satisfação do credor, 
independentemente da vontade do devedor. 
 
A responsabilidade patrimonial não se altera com a mudança de 
titular de património (como sucede em caso de sucessão); 
 
O facto de o património ficar sem sujeito (exe: herança jacente), 
não impede o exercício da responsabilidade patrimonial; 
 
Os patrimónios da pessoas colectivas respondem pelas dívidas da 
mesma forma que os patrimónios pessoas; 
 
Pequenas partes de um grande património podem responder por 
dívidas próprias; 
 
As obrigações podem recair sobre bens determinados como no 
caso das garantias reais. 
 
Sendo assim o autor considera que o direito de crédito apenas 
pode abranger o património, contestado a eventual crítica de que 
o direito sobre o património seria um direito inseguro, já que o 
devedor poderia decepar. 
 
BERUNETTI, fala da concepção realista distinguindo as normas 
absolutas e normas finais, em que a primeira impõe uma pena 
para sua inobservância e a segunda é aquela sujeitão a simples 
necessidade de agir ou não agir de certo modo para atingir 
determinados objectivos, o autor sustenta o caracter apenas de 
norma final, que atribui ao cumprimento da obrigação, através de 
quatro proposições que são: 
— o credor não tem o direito a que o devedor aja; 
— Correlativamente, o devedor não tem o dever de agir; 
— Não existe, portanto, ma lei o imperativo,a norma que 
imponha ao devedor acção; 
— Em corolário, a inacção do devedor não se pode considerar um 
facto antijurídico, pois não é contraria a uma norma jurídica. 
 
O credito como relação entre patrimónios – esta concepção é 
defendida por EUGÉNE GAUDENT na sua obra Étud Sur Le 
Transport de dettesa à titre particulier, de 1898, onde o autor 
sustenta tendo o direito de credito sido na origem um vínculo 
pessoa;, hoje essa configuração estaria abandonada, tendo ele se 
transformado num vínculo entre patrimónios sendo as pessoas do 
credor e devedor meros representante jurídicos dos seu bens. 
 
A concepção da obrigação como relação entre patrimónios 
apresenta-se igualmente como falsa na medida em que os 
patrimónios são complexos de bens e as relações jurídicas apenas 
se estabelecem entre pessoas, não se identificando a titularidade 
de um património como a representação que consiste na 
substituição de pessoas na celebração de actos jurídicos. 
 
O credito como um direito à transmissão dos bens do devedor – 
esta tese realista defere das anteriores pois qualifica o direito de 
credito como um direito a transmissão dos bens do devedor, ou 
seja que vem a obrigação como um processo de aquisição de 
bens, os defensores dessa teoria acreditam que o fim da 
obrigação seria sempre a aquisição da propriedade, pelo que a 
diferença entre o direito de credito e o direito real residiria na 
circunstancia deste ser exercido directamente sobre a coisa, 
enquanto naquele haveria um fenómeno de propriedade 
indirecta, um direito à aquisição dos bens do devedor. 
 
Umas das concepções dessa teoria corresponde a tese que 
qualifica a obrigação como uma alienação da propriedade do 
devedor, nesta concepção tanto o direito de crédito como o 
direito real seriam direitos sobre bens, mais o direito real incidiria 
sobre bens em si e o direito de crédito sobre bens devidos. 
 
A outra concepção qualifica o credor como sucessor do devedor, 
esta concepção foi defendida sucessivamente por DURANTON, 
MARCADÉ, LAURENT e BAUDRY, LACANTINERIE para esses o 
fenómeno de sucessão estaria presente no direito de credito uma 
vez que o credor partiria dos direitos de outra pessoa designada 
como autor da sucessão, deste modo estaria na mesma posição 
que ele. Assim o direito de credito tem sempre como objecto a 
prestação do devedor, sendo o direito de uma conduta de outrem 
não caindo sobre os bens ou valores do seu património mesmo 
que o credor possa penhorar bens do devedor em caso de 
incumprimento, estes são sujeitos a venda executivo para 
pagamento, não fiando o credor proprietário desses bens . 
 
O crédito como espectativa da prestação, acrescida de um direito 
real de garantia sobre o património do devedor – esta é uma das 
teses realistas que nega a existência de um direito a prestação 
pois de acordo com PACCHIONI, diz que é possível distinguir na 
obrigação duas relação fundamentais, o debito que corresponde a 
um dever do devedor e responsabilidade corresponde a um 
estado de sujeição seja de uma pessoa, seja de um inteiro 
património. 
 
Teorias Mista 
 Para estas doutrinas a obrigação tanto tem por objecto a 
prestação como património do devedor, posição que se considera 
corresponder ao antigo direito romano, que distinguia entre a 
vinculação pessoal do devedor e a sua responsabilidade, bem 
como ao antigo direito germânico que estabelecia uma distinção 
entre a divida e responsabilidade. 
 
O credor teria assim dois direitos fundamentais o direito a 
prestação que seria um direito pessoal que seria satisfeito media 
o cumprimento voluntario por parte do devedor, e o segundo 
seria um direito sobre o património devedor que seria um direito 
real de garantia que se exerceria através da intervenção dos 
órgãos coactivos do estado mediante o processo de execução 
forçada. 
 
As doutrinas sustentando a complexidade de vínculo 
obrigacional – a obrigação como organismo, como estrutura, e 
como processo esta concepção é defendida HEINRICH SIBER este 
autor fala de obrigação em dois sentidos, sentido restrito que 
corresponde ao direito de credito individual, e sentido amplo que 
corresponde a relação casual que existe entre o credor e devedor 
da qual surge o direito de credito e a obrigação e ainda outras 
posições jurídicas de que o direito de credito é um mero 
elemento, de acordo com HEHROLZ esta concepção é dualista. 
 
A tese de KARL LARENZ configurou o vinculo obrigacional como 
uma estrutura e um processo, na qual a relação obrigacional não 
só consiste simplesmente no direito a prestação e no dever de a 
realizar mas também consiste numa relação jurídica global, assim 
esta relação obrigacional abrangeria um conjunto de deveres de 
prestação e de outros deveres de conduta, mais também poderes 
potestativos e situações de sujeição. 
 
A obrigação apresenta-se também como uma estrutura temporal, 
que admite um decurso de tempo com objectivo final, na qual o 
decurso de tempo pode implicar o surgimento a extinção de 
certos deveres secundários ou assessores, e o objectivo final da 
obrigação implica a sua extinção nesse momento, assim pode-se 
considerar a obrigação como um processo evolutivo. 
 
Para PESSOA GEORGE a obrigação constitui uma estrutura 
complexa. De acordo com preceitos modernos tem-se evitado a 
sobrevalorização da complexidade do vínculo obrigacional, dado 
que esta formulação é essencialmente descritiva, além de que, 
como salientaram ESSER/SCHMIDT, no processo civil não surge o 
direito do credor como complexo, mas o direito do credor como 
elemento insolado. 
 
Posição adoptoda 
A obrigação não pode-se considerar um direito incidente sobre os 
bens do devedor, sendo antes um vínculo pessoal entre os dois 
sujeitos, através do qual um deles pode exigir que o outro adopte 
determinado comportamento em seu benefício. 
 
É esta aliás a concepção adoptada pelo legislador que no art. 387º 
consagra a teoria clássica, definindo a obrigação como o vínculo 
jurídico por virtude do qual uma pessoa fica adstrita para com 
outra à realização de uma prestação. 
 
É também a posição adoptada pela grande maioria da doutrina 
portuguesa, que entende o direito de crédito como tendo por 
objecto a prestação, negando a existência de qualquer direito do 
credor sobre o património do devedor. 
 
Efectivamente, a acção executiva representa apenas a aplicação 
pelo estado de uma sansão pelo incumprimento das obrigações, 
através da qual se assegura protecção jurídica ao direito de 
crédito. Assim, no processo de execução o estado substitui-se na 
satisfação do direito de crédito, obtendo para o efeito os meios 
necessários através da execução do seu património. Ao credor 
não é, porém reconhecido qualquer direito sobre os bens do 
devedor. 
 
Exercício 
1. Quais são os objectos da Teoria Personalista Realista, Mista e a 
doutrina da complexidade obrigacional? 
2. Qual é a posição adoptada pelo legislador moçambicano? 
3. Para si qual é a teoria mais abrangente e por que motivo? 
TEMA V 
CARACTERISTICA DA OBRIGAÇÃO GENERALIDADES 
 
 As características obrigação são: 
{
− 𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚𝑜𝑛𝑖𝑎𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒
− 𝐴𝑚𝑒𝑑𝑖𝑎çã𝑜 𝑜𝑢 𝑐𝑜𝑙𝑎𝑏𝑜𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑒𝑣𝑖𝑑𝑎
− 𝐴 𝑟𝑒𝑙𝑎𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒
− 𝐴 𝑎𝑢𝑡𝑜𝑛ó𝑚𝑖𝑎 
 
 
 
Entende-se por patrimonialidade a susceptibilidade de a 
obrigação ser avaliável em dinheiro, tendo, portanto conteúdo 
económico. 
 
Esta tese foi rejeitada por WINDSCHEID e JHERING que afirmou 
ser um erro a doutrina da patrimonialidade da prestação, já que o 
direito civil não tutela apenas o património das pessoas, mas 
também outros interesse seus, admitindo, por isso não apenas 
que a prestação não tivesse valor pecuniário, mas também que o 
interesse do credor fosse tanto material como ideal excluindo 
apenas do âmbito da obrigação, relações extras-jurídicas como as 
de trato social. 
 
O actual código português afastou-se porém, dessa orientação 
referindo que a prestação não necessita de ter caracter 
pecuniário,mas deve corresponder a um interesse do credor, 
digno de protecção legal (art. 398º, no 2). Fica assim consagrada a 
admissibilidade de construir obrigações sem carris patrimoniais, 
como por exemplo a emissão de um desmentido ou de um pedido 
de desculpas, ou a obrigação de não fazer barrulho, quando o 
credor por razões de saúde, não pode suportar. 
 
Para ANTUNES VARELA, esta norma pretende excluir do âmbito 
da obrigação dois tipos de prestações: as prestações por simples 
caprichos ou manias do devedor e as prestações que 
correspondam a situações tuteladas por outras ordens 
normativas, como a religião a moral ou o trato social, é que não 
merecem, por esse motivo a tutela do direito. 
 
Para MENEZES CORDEIRO não há obstáculos a que se constituam 
obrigações relativas a meros caprichos ou manias desde que se 
refiram a situações jurídicas. Apenas se corresponderem a 
situações oriunda de outros complexos normativos, é que não 
será admissível a constituição de obrigações com esse objecto. 
 
Pensamos que a razão com MENEZES CORDEIRO, efectivamente, 
o facto de o interesse do credor corresponder a uma mania ou 
capricho para generalidade das pessoas (exemplos: a realização 
de tatuagem) não exclui a sua eventual importância para o credor 
e daí a admissibilidade de, através do exercício da autonomia 
privada, se constituir uma obrigação, penas se a situação disser 
exclusivamente respeito a outras ordens normativas é que a sua 
juridicidade é excluída e daí não poder-se uma efectiva 
constituição de obrigações. 
 
MENEZES CORDEIRO, da existência de uma patrimonialidade 
tendencial, o credito em quanto direito a prestação (art. 397º) é 
garantido através da acção de cumprimento e da execução de 
património do devedor (art. 817º). Consequentemente o direito 
de crédito consiste num activo patrimonial do credor da mesma 
forma que a obrigação é um passivo no património do devedor. 
 
A mediação colaboração de vida 
O credor não pode exercer directa e imediatamente o seu direito, 
necessitando da colaboração do devedor para obter a satisfação 
do seu interesse, em mediação uma vez que só através da 
conduta do devedor o credor consegue obter a satisfação do seu 
interesse. 
O direito de credito têm assim como característica a mediação da 
actividade do devedor ou a exigência da colaboração deste, para 
que o credor consiga obter a realização do seu direito, consistiria 
num poder directo e imediato sobre um coisa, naquelas o direito 
a prestação só é realizável através de um intermediário que é o 
devedor, que se vincula assim a prestar a colaboração necessária 
para que o credor obtenha satisfação do seu interesse. 
 
A recusa do devedor em emprestar, o credor possa obter a 
satisfação do seu direito à pretensão por via judicial, porem, que 
se deixe de considerar a mediação como característica das 
obrigações, já que por via judicial se pode substituir a conduta do 
devedor em ordem a obter a satisfação do direito do credor, tal 
ocorre precisamente porque o devedor se vinculou a prestar essa 
conduta para esse efeito. Na obrigação existe sempre uma 
vinculação à colaboração por parte do devedor sendo a 
colaboração devida o verdadeiro entendimento da mediação 
como característica do direito do crédito. 
 
A relatividade - É apontada como sendo uma das características 
das obrigações, que é entendida em dois sentidos diferentes: 
 
— O primeiro sentido é através de um prisma estrutural, isso 
refere-se que o direito de crédito se estrutura com base num 
relação entre credor e devedor. 
 
— o segundo sentido é através de um prisma de eficácia que se 
refere que o direito de credito apenas é eficaz contra o devedor, 
consequentemente, só a ele pode ser oposto e só por ele pode 
ser violado, daí que a obrigação não possa ter eficácia, externa, ou 
seja, eficácia perante terceiros. 
 
O direito de crédito apresenta-se como o direito de exigir de 
outrem uma prestação. Consequentemente, só pode ser exercido 
pelo seu titular, o credor, contra outra pessoa determinada que 
tenha o correlativo dever de prestar, ou seja o devedor, 
estruturando-se, por isso, com base numa relação jurídica entre 
dois sujeitos. 
 
Apenas o devedor deve prestar e apenas dele pode o credor exigir 
que realize a prestação, concluindo-se assim que o direito de 
crédito tem caracter estruturalmente relativo. 
 
Os direitos de créditos só poderiam ser violados pelo devedor, 
não tendo o terceiro qualquer responsabilidade pela usa 
frustração. Essa solução resultaria no nosso direito do art. 406º, 
no 2 (que refere que, em relação a terceiros, o contracto só pode 
produzir efeitos nos casos previstos na lei) e da distinção entre a 
responsabilidade delitual, e a responsabilidade obrigacional. 
 
Daqui resultaria que aos terceiros, o direito de crédito seria 
totalmente relevante não podendo violar, nem podendo ser por 
ele beneficiados, de acordo com o princípio “res inter alios ata 
aliis neque nocere prodesse potest”. Seria, por exemplo, o caso do 
credor se encontrar numa grande situação de dependência em 
relação à prestação, não haver mais ninguém em condições de 
realizar o terceiro, com o único fim de lesar o credor, convence o 
devedor a não cumprir a obrigação. 
 
Em situações como estas que representam infracções ao princípio 
da boa-fé, dos bons costumes ou da função sócio económica da 
autonomia Privada, justificar-se-á estabelecer a responsabilização 
do terceiro, para o que se poderá invocar o abuso de direito (art. 
334º). 
Em certos casos, porém, a constituição do segundo direito do 
crédito pode ser vista como abusiva para efeitos do art. 334º caso 
em que o terceiro poderá ser responsabilizado. 
 
Autónomia 
A autonomia é considerada como sendo uma obrigação, mas não 
impede a sua regulação pelo direito das obrigações nas partes não 
sujeitas ao regime específico, pois, a estrutura a obrigação 
autónoma e não autónoma é idêntica. 
 
O regime das duas é que pode divergir em maior ou menor 
medida o que não impede a qualificação de ambas como 
verdadeiras obrigações. Ora, o direito das obrigações é um ramo 
do direito civil cuja autonomização assenta precisamente em 
características estruturais uma vez em que a classificação 
germânica do direito civil não tem um critério homogéneo. A 
autonomização das disciplinas de direitos reais e direitos das 
obrigações tem por base as características, estruturais dos 
direitos a que se referem. Já o direito da família e das sucessões 
são autonomizados em função da fonte de onde resultam as 
relações de que tratam. É, por isso, perfeitamente natural que 
surjam situações estruturalmente obrigacionais noutros ramos de 
direito, mas esses não perdem a sua natureza de obrigações em 
virtude de ai serem inseridas. Daí que a autonomia não deve ser 
considerada como a características das obrigações. 
 
Distinção entre direitos de créditos e direitos reais 
A distinção desses dois direitos cinge-se no critério do objecto, daí 
que os direitos reais são direitos sobre coisas, enquanto os 
direitos de créditos são direitos a prestações ou seja, direito a 
uma conduta do devedor. 
 
Se o crédito é direito a prestação, ele caracteriza-se por necessitar 
da mediação ou colaboração do devedor para ser exercido. Assim 
mesmo quando a prestação por objecto uma coisa, o credor não 
possui qualquer direito directo sobre ela, o que só se sucederia se 
possui um direito real. 
 
Tem apenas o direito a que o devedor que entregue essa coisa. O 
credor necessita assim da colaboração do devedor para satisfazer 
o seu interesse. Nada disso acontece nos direitos reais. Neles o 
credor não necessitam da colaboração de ninguém para exercer o 
seu direito, já qui o seu direito incide directa e imediatamente, 
sobre uma coisa, não necessitando da colaboração de outrem 
para ser exercido. 
 
O direito de crédito distingue-se dos direitos reais em virtude da 
sua relatividade estrutural. O direito de crédito assenta numa 
relaçãoo que implica é que tenha ser exercido contra o devedor. 
O direito real não assenta em qualquer tipo de relação, encontra-
se desligado de relações interpessoais, dado que se exerce 
directamente sobre a coisa, podendo ser oposto a toda e 
qualquer pessoa: é o que se denomina a oponibilidade erga 
omnes do direito real. 
 
HECK qualificou o direito real como o muro que protege contra 
todas direcções e o direito do crédito como o muro que protege 
em apenas uma direcção. O direito de crédito é um direito 
relativo pelo que a sua oponibilidade a terceiros é limitada só 
podendo ocorrer em certas circunstância, por enquanto a 
oponibilidade do direito real a terceiros é plena. 
 
Uma outra característica dos direitos reais é denominada 
prevalência, e no seu sentido amplo significa prioridade do direito 
real. Também os direitos de crédito possuem característica de 
mediação do devedor, da relatividade, de uma oponibilidade a 
terceiros limitada, ausência de inerência da hierarquização entre 
si, enquanto os direitos reais são direitos imediatos, absolutos 
plenamente oponíveis a terceiros, inerentes a uma coisa, dotados 
de sequela e hierarquizáveis entre si na medida em que a 
constituição de um direito implica a perda de legitimidade para 
posteriormente constituir um outro. 
 
A questão dos direitos pessoas de gozo 
A nossa lei denomina estes direitos de direitas pessoas de gozo 
(Cfr: arts. 407º e 1682º - A), entre os quais se incluem os direitos 
do locatário (art. 1022º), do comendatário (art. 1129º), do 
parceiro pensador (art. 1121º) e do depositário (art. 1185º). A 
posição clássica da doutrina de GALVÃO TELLES e ANTUNES 
VARELA qualificaram estes direitos como direitos de créditos, 
enquanto a doutrina defendida por MANUEL HENRIQUE 
MESQUITA e NUNU QUINTO OLIVERIA, diz que os direitos de gozo 
constituiriam um tertiun genus entre os direitos de crédito e os 
direitos reais, enquanto para JOSÉ ANDRADE MESQUITA os 
direitos pessoas de gozo não seria direitos reais, porque são 
estruturalmente relativos já que se estruturam numa relação 
entre o credor e o devedor. Mas a configuração do direito pessoal 
de gozo como um direito misto entre os direitos de credito e os 
direitos reais implicam uma junção de características 
contraditórias entre si. 
 
O legislador pretendeu seguramente qualificar estes direitos 
como direitos de crédito estabelecendo que embora confiram o 
gozo de uma coisa, esse gozo resulta ou de uma obrigação 
positiva assumida pela outra parte e em parceria pecuária ou de 
uma obrigação negativa por estas assumida, ou ainda de uma 
autorização eventual. 
 
Não haveria assim um direito imediato sobre a coisa, conforme é 
característico dos direitos reais exigindo-se antes a mediação ou 
colaboração do devedor que vimos ser características dos direitos 
de crédito. Por outro lado a inserção sistemática do seu regime no 
título relativo aos contratos em especial não no livro dos direitos 
reais indica uma intensão de qualificação desses direitos como 
direitos de credito. 
 
Para além disso, o exercício do gozo sobre a coisa normalmente 
realiza-se sem a intervenção de qualquer pessoa. O locatário, o 
comodatário, o parceiro pensador e o depositário não necessitam 
de recorrer à outra parte para obter a satisfação dos seus direitos. 
Podem, obter directamente o gozo da coisa, a partir do momento 
em que esta lhes é entregue. 
 
A aplicação dos direitos pessoais de gozo de regras destintas dos 
direitos reais, uma delas é a desnecessidade de legitimidade para 
constituir validamente direitos pessoas de gozo sobre a coisa. 
Tendo em conta a regra do art. 407º é distinta do conflito entre 
direitos reais já que o conflito entre direitos pessoais de gozo é 
conflitos entre direitos validamente constituídos, por esse motivo 
a defesa dos direitos pessoas de gozo distinta dos direitos reais. 
 
Objectos da obrigação: a prestação 
Delimitação do conceito de prestação 
O art. 398º, no 2, estabelece, porém, um requisito suplementar, 
referindo-nos que a prestação, embora não necessite de ter valor 
pecuniário, deve corresponder a um interesse do credor, digno de 
protecção legal. 
 
Estamos aqui perante o problema da patrimonialidade da 
prestação, a que a lei recusa deu resposta negativa, embora seja 
claro que a grande maioria das prestações reveste valor 
patrimonial, uma vez que na actual sociedade económica, 
prestação de coisas, a simples concessão do seu uso, ou a 
prestação de qualquer serviço é susceptível de avaliação 
pecuniária e tem portanto conteúdo patrimonial. 
 
No entanto, a fórmula utilizada permite abranger como 
objecto da obrigação situação não patrimonial, mas que 
correspondam a interesses do credor que mereçam efectiva 
tutela jurídica, como a publicação de um pedido de desculpas ou 
de um desmentido em caso de difamação ou lesão da intimidade 
da vida privada. Já não constituirão, porém, objectos possível da 
obrigação situações que reconduzam a outras ordens normativas, 
como o cumprimento de deveres religiosos (rezar as orações, 
frequentar a igreja) ou de moral interna (perdoar determinada 
ofensa) ou situações de mera cortesia (como estar presente num 
jantar social). 
 
Exercício 
1. Quando é que se considera que a obrigação esta cumprida? 
2. A prestação pode ser coercivamente realizada? Como e quando? 
3. Distingue a obrigação do dever jurídico? 
 
 
 
 
TEMA VI: 
REQUISITOS LEGAIS DA PRESTAÇÃO GENERALIDADES 
 
Consequentemente, se a obrigação resultar de um negócio 
jurídico, a prestação estará naturalmente sujeita às regras 
relativas ao objecto negocial, que constam do art. 280º, tendo 
como consequência a nulidade do negócio se a prestação 
desrespeitar algum desses limites. Se assim a prestação for física 
ou legalmente impossível, o negócio será nulo e a obrigação não 
chega a constituir. 
 
A mesma situação ocorre se a prestação for ilícita, ou se for 
indeterminável. E o negócio será ainda nulo no caso de a 
prestação estipulada se apresentar contrária à ordem pública ou 
ofensiva dos bons costumes. As regras do art. 280º, relativas ao 
objecto negocial são assim plenamente aplicáveis à prestação. A 
prestação deve por isso ser física e legalmente possível, lícita, 
conforme à ordem pública e aos bons costumes e determinável. A 
verdade é que o legislador não deixou de voltar a referir-se aos 
requisitos da nos art. 400º e 401º, que terão assim que ser 
articulados com art. 280º. 
 
Possibilidade física e legal 
Para que a impossibilidade da prestação produza a sua nulidade 
do negócio jurídico, é necessário que ela constituía uma 
impossibilidade originária (cfr: art. 401º, no 1). Se a prestação vier 
a tornar-se supervenientemente impossível, após a constituição 
do negócio este não é nulo. A obrigação é que vai–se estender, 
por força do art. 790º. 
 
Casos em que a prestação é originariamente impossível mas a 
validade no negócio não é afectada. 
Serão os casos em que o negócio é celebrado para hipótese de a 
prestação se tornar possível, ou em que o negócio é sujeito a 
condição suspensiva ou a termo inicial, no momento da sua 
verificação a prestação já se tornou possível. 
 
A impossibilidade tem que ser absoluta, impedindo a realização 
da prestação e não meramente relativa, tornando excessivamente 
difícil ou onerosa a sua realização. A denominada impossibilidade 
relativa não se enquadra no conceito legal de impossibilidade 
referido no art. 280º, no 1 e 401º, pelo que não pode afectar a 
validade do negócio. 
 
A impossibilidade deve, por outro lado, ser objectiva e não apenas 
subjectiva. O art. 401º no 3, refere-nos que apenas se considera 
impossível a prestação que o seja em relação ao objecto e não em 
relação à pessoa do devedor. A impossibilidade superveniente, 
força o art. 791º, efectivamente as prestações são em princípio 
fungíveis, pelo que o seu cumprimento pode ser efectuado por 
qualquer pessoa (art. 767º, no 1). 
 
Assim, se só o devedor estiverimpossibilitado de prestar, ele deve 
fazer-se substituir no cumprimento da obrigação. Não há por isso 
qualquer obstáculo à constituição da obrigação se a 
impossibilidade for meramente subjectiva. 
Licitude 
 A ilicitude de negócio pode ser de resultado ou de meios, 
consoante o negócio vise objectivamente um resultado ilícito 
(como por exemplo, assassinar determinada pessoa) ou se 
proponha alcançar um resultado lícito, através de meios cuja 
utilização é proibida por lei (por exemplo, o tratamento de uma 
pessoa, em desrespeito às regras da medicina). Em ambos os 
casos art. 280º, no 1, considera o negócio como nulo, (ex: a 
aquisição de uma arma para cometer um homicídio). Nestes 
casos, uma vez que cada uma das partes pode ter um fim 
subjectivo distinto em relação ao negócio, o negócio só será nulo, 
no caso de o fim ser comum a ambas as partes (art. 281º). 
 
Determinabilidade 
Deve, porém, esclarecer-se que indeterminável não deve ser 
confundido com indeterminado, já que a obrigação pode 
constituir-se estando ainda a prestação indeterminadas, desde 
que ela seja determinável. São exemplos de prestações 
indeterminadas as obrigações genéricas (art 539º e ss.) e as 
obrigações alternativas (art 543º e ss.). 
 
Em caso de indeterminação da prestação, aplica-se à situação o 
art. 400º do código civil, que refere que a determinação da 
prestação pode ser confiada a uma ou a outra das partes ou a 
terceiro; mas que, em qualquer dos casos, deve ser feita segundo 
juízos de equidade se outros critérios não tiverem sido 
estabelecidos. Nesta norma, a referência a “juízos de equidade” 
não significa uma remissão para mero arbítrio das partes ou 
terceiros. 
 
Consequentemente, as partes ou o terceiro não poderão 
determinar arbitrariamente a prestação, tendo antes seguir 
critérios pré-estabelecidos de adequação ao fim d obrigação e 
prossecução do interesse do credor. 
 
Porém, não resulte do negócio qualquer critério que permita 
realizar a determinação da prestação, ele terá que ser 
considerado nulo por indeterminável (art. 280º no 1) não podendo 
o art. 400º servir para suprir essa novidade. 
 
Não contrariedade à ordem pública e aos bons costumes 
Não será por isso, válido o negócio jurídico que tenha por objecto 
a realização de favores sexuais. Já a referência à ordem pública 
corresponde aos denominados princípios fundamentais do 
ordenamento jurídico, implica a invalidade do negócio. A 
semelhança do que acontece com ilicitude, também apenas o fim 
subjectivo das partes, pode ser contrario a ordem pública ou aos 
bons costumes, nesse caso, o negócio só será nulo se o fim for 
comum a ambas partes (cfr: art. 281º). 
 
A complexidade intra obrigacional e os deveres acessórios de conduta 
A complexidade do direito obrigacional justifica-se em dois 
sentidos, um em sentido estrito que abrange o binómio direito de 
credito-dever, de prestar, e outro é o sentido amplo que abrange 
todo conjunto de situações jurídicas geradas no âmbito da 
alteração do credor e devedor, neste sentido a obrigação constitui 
analiticamente uma realidade complexa que permite abranger: 
— O dever de efectuar a prestação principal, que por sua vez 
pode analiticamente aina ser composta em sub-dever relativa a 
diversas condutas materiais ou jurídicas; 
— Os deveres secundários de prestação que correspondem a 
prestações autónomas ainda que especificamente acordadas com 
o fim de completar a prestação principal, sem a qual não fazem 
sentido; 
— Os deveres acessórios impostos através do princípio da boa-fé 
que se destinam a permitir que a execução da prestação 
correspondam apenas a satisfação do interesse do credor e que 
essa execução não implique danos para qualquer das partes; 
— Sujeições, como contraponto a algumas situações potestativas 
que competem ao credor; 
— Poderes ou faculdade, que o devedor pode exercer perante o 
direito de crédito; 
 
A obrigação constitui no fundo uma relação complexa, onde se 
encontra algo mais que a simples decomposição dos seus 
elementos principais como o direito a prestação e o dever de 
prestar, abrange ainda deveres acessórios, sujeições poderes ou 
faculdades e excepções. 
 
Modalidade de Obrigações 
As obrigações naturais, problemáticas da sua inserção no conceito de obrigação 
O que caracteriza as obrigações é a não exigibilidade judicial da 
prestação, resumindo-se a sua tutela jurídica à possibilidade de o 
credor conservar a prestação espontaneamente realizada, a que 
se refere o art. 403 do código. Como consequência exclui-se a 
possibilidade de repetição do indevido, referida no artigo 476 do 
código civil, salvo no caso de o devedor não ter a capacidade para 
realizar a prestação. 
 
Se o devedor não tiver a capacidade para realizar a prestação e a 
efectuar espontaneamente – ou seja, sem qualquer coacção (cfr. 
Art. 403., n 2) – já não pode pedir a restituição do que prestou, 
mesmo que estivesse convencido por erro, da concebilidade do 
vínculo. 
 
As obrigações naturais não podem ser convencidas livremente 
pelas partes do exercício da sua autonomia privada, uma vez que 
uma convenção nesse sentido equivaleria a uma renúncia ao 
credor ao direito de exigir o cumprimento, o que é expressamente 
vedado pelo ar. 809. As obrigações naturais não podem extinguir 
por prescrição, uma vez que as consequências desta 
correspondem precisamente em transformar uma obrigação civil 
em obrigação natural. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Classificação das obrigações em função dos tipos de prestações 
Generalidades 
Prestações de coisas e prestações de facto – prestações de coisas 
são aquelas cujo objecto consiste na entrega de uma coisa, 
enquanto prestação de factos são aquelas que consistem em 
realizar uma conduta de outra ordem, como na hipótese de 
alguém a cuidar de um jardim (art. 1154º). As prestações de 
coisas dizem respeito ao fornecimento de bens e as prestações de 
factos à realização de serviços, juridicamente, estas duas 
realidades justificam outras distinções. No entanto, o direito de 
crédito nunca incide directamente sobre a coisa, mas antes sobre 
a conduta do devedor, já que exige sempre a mediação da 
actividade do devedor, para o credor obter o seu direito, daí que 
mesmo nos casos de prestações de coisas, o credor não tem 
qualquer direito sobre a coisa, o que só se sucede nos direitos 
reis, mas antes um direito a uma prestação, que consiste na 
entrega dessa coisa. 
 
Pelo contrário, nas prestações de factos não possível distinguir 
entre a conduta do devedor e uma realidade que exista 
independentemente dessa conduta. 
 
As prestações de factos positivos são aquela que a prestação tem 
por objecto uma acção, e as de facto negativo, aquelas em que a 
prestação tem por objecto uma omissão do devedor, porém uma 
distinção consoante a omissão que é objecto da prestação 
corresponda a não realizar determinada conduta. Entre 
prestações de factos materiais e prestações de factos jurídicos, 
nas primeiras, a conduta que o devedor se compromete a realizar 
é uma conduta puramente material não destinada à produção de 
efeitos jurídicos. 
 
Prestações fungíveis e infungíveis 
Prestações fungíveis são aquelas em que a prestação pode ser 
realizada por outrem que não o devedor, podendo assim este 
fazer-se substituir no cumprimento, enquanto que as prestações 
infungíveis são aquelas em que só o devedor pode realizar a 
prestação, não sendo permitida sua realização por terceiro. 
 
Mas já o art. 767º no 2, refere que os caos em que a prestação 
infungível: quando a substituição do devedor no cumprimento 
prejudica o credor (infugibilidade natural), ou quando se tenha 
acordado expressamente que a prestação só pode ser realizada 
pelo devedor (infungibilidade convencional). 
 
A fungibilidade da prestação é, assim, a regra geral, pelo que o 
devedor pode em princípio fazer-se substituir no cumprimento. 
Admite-se que as partes, ao abrigo da sua autonomia privada,retirem ao devedor a faculdade de se fazer substituir por 
terceiros, transformando prestações que são naturalmente 
fungíveis em prestações infungíveis, isso denomina-se de 
infungibilidade convencional. 
 
Prestações instantâneas e prestações duradouras 
As primeiras são aquelas cuja execução ocorre num único 
momento, as segundas são aquelas cuja execução se prolonga no 
tempo em virtude de terem por conteúdo ou um comportamento 
prolongado no tempo ou uma repetição sucessiva de prestações 
insoladas por um período de tempo. 
 
O essencial para caracterização de uma prestação como 
duradoura é que a sua realização global dependa sempre do 
decurso de um período temporal, durante o qual a prestação deve 
ser continuada ou repetida, neste âmbito pode-se distinguir 
prestações duradouras continuas ou periódicas, nas primeiras a 
prestação não sobre qualquer interrupção, nas segundas a 
prestação sucessivamente repetidas em certos períodos de 
tempo, em ambos os casos trata-se de uma prestação duradoura, 
atendendo a que ela aumenta em função do decurso de tempo. 
 
As prestações instantâneas não têm o seu conteúdo e extensão 
delimitados em função de tempo. Estas prestações podem ainda 
classificar-se em prestações instantâneas integrais ou 
fraccionadas. As primeiras são as que são realizadas de uma só 
vez, as segundas são aquelas em que o seu montante global é 
dividido em várias fracções, a realizar-se sucessivamente. 
 
Nas prestações fraccionadas está-se perante uma única obrigação 
cujo objecto é divido em fracções com o vencidos intervalados, 
pelo que há sempre uma definição prévia do seu montante global 
e o decurso do tempo na influi no conteúdo e extensão da 
prestação mas apenas no seu modo de realização. 
 
Nas prestações periódicas verifica-se uma pluralidade de 
obrigações distintas embora emergentes de um vínculo 
fundamental que sucessivamente as origina pelo que por 
definição não pode haver qualquer fixação inicial do seu 
montante global, já que é o decurso de tempo que determina os 
números de prestações que é realizado, assim o locatário só deve 
as rendas correspondente ao tempo de duração do contracto de 
locação, sendo sempre em função do decurso de tempo que se 
determina ao conteúdo da sua obrigação. 
 
Prestações de resultados e prestações de meios 
Segundo esta classificação nas prestações do resultado o devedor 
vincular-se-ia efectivamente a obter um resultado determinado, 
respondendo por incumprimento se esse resultado não fosse 
obtido. Nas prestações de meio, o devedor não estaria obrigado a 
obtenção de resultado mas apenas a actuar com diligências 
necessárias para que esse resultado seja obtido. 
 
Nas prestações de resultado bastaria o credor demonstrar a não 
verificação do resultado para estabelecer o incumprimento de 
devedor, sendo este que, para exonerar da responsabilidade teria 
que demonstrar que inexecução é devida a uma causa que não 
lhe é imputável. Pelo contrário nas prestações de meio não é 
suficiente a não verificação do resultado para responsabilizar o 
devedor havendo que demonstrar que a sua conduta não 
corresponde a diligência a que tinha vinculado. 
 
Prestações determinadas e indeterminadas 
As primeiras são aquelas em que a prestação se encontra 
completamente determinada no momento da constituição da 
obrigação, as segundas são aquelas em que determinação da 
prestação ainda não se encontra realizada , pelo que essa 
determinação terá que ocorrer até ao momento do cumprimento. 
 
As razões para a determinação da prestação no momento da 
conclusão do negócio são várias, como, em que uma 
determinação é resultante das partes não terem julgado 
necessário tomar posição sobre o assunto, em virtude de existir, 
regras supletivas aplicável, a outra razão é resultante das partes 
terem pretendido conferir a uma delas a faculdade de efectuar 
essa determinação, porque só essa parte tem os conhecimento 
necessário para o poder fazer adequadamente 
 
As obrigações genéricas – são aquelas em que o objecto da 
prestação se encontra apenas determinado quanto a género, isto 
significa que prestação se encontra determinada apenas por 
referência a uma certa quantidade, peso ou medida de coisas 
dentro de um género, mas não esta ainda concretamente 
determinado quais os espécimes daquele género que vão servir 
para o cumprimento da obrigação. Enquanto a obrigação 
específica é aquela em que tanto os géneros como os espécimes 
da prestação se encontram determinados. 
 
As obrigações genéricas são bastantes comuns no começo, 
ocorrendo quase sempre que se efectua uma negociação sobre 
coisas fungíveis mas, isso não faz com que nessas obrigações 
tenham que ocorrer um processo de individualização dos 
espécimes dentro do género e, transferência da propriedade não 
pode ocorrer no momento da celebração do contrato. 
 
A concentração de obrigação genérica ocorre logo no momento 
em que o devedor procede a separação dentro do género das 
coisas que pretende usar para o cumprimento da obrigação, no 
entanto, a concentração de obrigação só ocorreria com o 
cumprimento da obrigação, só nesse momento se efectuando a 
transferência do risco para o credor, consequentemente, 
qualquer perecimento da coisa que ocorresse anteriormente a 
esse momento correria por conta do devedor. 
 
As obrigações alternativa, distinção das obrigações com faculdade 
alternativa. 
 
As obrigações alternativas consistem também na modalidade de 
prestações indeterminadas, que se caracterizam por existir duas 
ou mais prestações de natureza diferente, mas que o devedor se 
exonera com a mera realização de uma delas que, por escolha, 
vier a ser designada. Constituem obrigações alternativas aquelas 
que pressupõem uma escolha entre prestações mas, não são 
obrigações alternativas aquelas em que só exista uma prestação e 
que se estabeleça uma alternativa condicional. 
 
As obrigações alternativas representam modalidades de 
obrigações com indeterminada, por enquanto, as obrigações com 
faculdade alternativa são aquelas é que a prestação já se encontra 
determinada, mas se dá ao devedor a faculdade de substituir o 
objecto da prestação por outro. 
 
A diferença dessas duas obrigações reside na posição do credor, 
em que na s obrigações alternativas, o direito do credor abrange 
duas prestações, em relação as obrigações com faculdade 
alternativas que abrange apenas uma prestação. 
 
{
— Obrigaçõe Pecuniárias
—Generalidades
 
 
Estas obrigações correspondem às obrigações que tem dinheiro 
por objecto, visando, proporcionar ao credor o valor que as 
respectivas espécies monetárias possuem, mas não se consideram 
obrigações pecuniárias se visa simplesmente proporcionar ao 
credor o valor económico, mas sim, se for assegurar na ordem 
económica as função de meio legal de troca, meio legal de 
pagamento e unidade de conta. 
 
As obrigações pecuniárias subdividem-se em três modalidades, 
que são: 
1. Obrigações de quantidade – têm por objecto uma quantidade de 
moeda em curso no legal país que significa o cumprimento das 
obrigações pecuniárias se deve realizar apenas com espécies 
monetárias a que o estado reconheça função liberatória genérica, 
fazem parte dessas obrigações, as obrigações genéricas sujeitas 
ao regime respectivo tendo como base todo o universo da moeda 
com curso legal no país. 
 
A impossibilidade económica do devedor não é causa de extinção 
de obrigação, dado o facto de enquanto existir moeda com curso 
legal substituir o género acordado para pagamento. 
 
Em período de inflação e deflação, o valor da troca da moeda 
pode sofrer alteração entre o momento de constituição da 
obrigação e o momento do cumprimento, levando a que entrega 
das espécies monetárias já não tenha correspondência com o 
valor de troca que a moeda possuía no momento da constituição, 
sendo assim, para a resolução desse problema recorre-se ao 
principio do nominalismo monetário, segundo o qual se deve 
tomar em consideração somente ovalor nominal da moeda, 
independentemente de qual seja o seu valor de troca no 
momento de cumprimento. Esta situação leva a uma obrigação 
pecuniária com um longo prazo d cumprimento acarreta um risco 
de desvalorização da moeda e a perda do seu poder de compra, e 
que esse risco é suportado pelo credor, já que o devedor se 
liberta com a simples entrega da quantidade monetária 
convencional. 
 
2. Obrigações em moeda especifica – as obrigações em moedas 
específicas podem desempenhar uma função útil, que é a de 
permitir uma defesa das partes das partes contra a possibilidade 
de desvalorização. 
{
—As obrigações em certas espécies monetárias;
— As obrigações em valor de uma espécie monetaria.
 
 
3. Obrigações em moeda estrangeira: são aquelas em que a 
prestação é estipulada em relação a espécie monetária que têm 
curso legal apenas no estrageiro. A doutrina distingue, em relação 
a estas obrigações entre obrigações voluntárias próprias ou puras 
e obrigações voluntárias impróprias ou impuras. O próprio 
cumprimento das obrigações só pode ser realizado em moeda 
estrangeira, não podendo o credor exigir o pagamento em moeda 
nacional nem o devedor entregar estas moeda. 
 
 
Nas segundas, a estipulação da moeda estrangeira funciona 
apenas como unidade da referência para determinar, através do 
câmbio de determinada data, a quantidade de moeda nacional 
devida. 
 
Obrigações voluntárias mista, esta possibilidade é, no entanto, 
restrita ao devedor, constituindo, por isso, uma obrigação com a 
faculdade alternativa, já que o credor apenas pode exigir o 
cumprimento na moeda estipulada. 
 
Obrigações de juro 
As obrigações de juros correspondem igualmente a uma 
modalidade específica de obrigações, as quais se caracterizam por 
corresponderem à remuneração da cedência ou do diferimento 
da entrega de coisas fungíveis (capital) por um certo lapso de 
tempo. 
 
Os juros representação uma prestação devida como compensação 
ou indemnização pela privação temporária de uma quantidade de 
coisas fungíveis denominada capital de risco de reembolso desta. 
 
Historicamente, a obrigação de juros foi durante muito tempo 
olhada com desconfiança. O Antigo Testamento faz referência a 
uma proibição religiosa a cobrança de juros. 
 
A obrigação de juros aparece, por isso, como uma obrigação que 
se constitui tendo como referência uma outra obrigação (obriga 
de entrega ou restrição do capital) e constitui economicamente 
um rendimento desse mesmo capital. São, no entanto, duas 
obrigações distintas, já que, a partir do momento em que se 
constituí, o crédito de juros adquire autonomia em relação ao 
credito de capital, podendo qualquer deles ser cedido ou 
extinguir-se sem outro (art. 561º). 
 
Os juros convencionais são aqueles em que a sua taxa ou 
quantitativo é estipulada pelas partes. A lei, no entanto, coloca 
alguns limites a liberdade de estipulação das partes nesta sede, na 
medida em que prevê, no art. 1146º, entendido a todas 
obrigações de juros pelo art. 559º. 
 
A qualificação como usuários de quaisquer juros anuais que 
excedam os juros legais acima de 3% ou 5%, conforme exista ou 
não garantia legal (art. 1146º, no 1), sendo apenas permitidas a 
cobrança de juros superiores em se tratando de uma clausula 
moratória, caso em que esse limites são respectivamente 
elevados para 7% e 9% (art. 1146º, , no 2). 
 
Assim as partes estão impedidas de estipular juros que 
ultrapassem esses limites, e caso o façam, a lei determina, em 
derrogação ao art. 292º, na fixação dos juros nesses montantes 
máximos, ainda que tivesse sido outra a vontade dos contraentes. 
 
Pode ainda distinguir-se entre juros remuneratórios, 
compensatórios, moratórios e indemnizatórios. Os juros 
compensatório têm uma finalidade remuneratória, 
correspondente ao preço do empréstimo do dinheiro. O credor 
priva-se do capital por tê-lo cedido ao devedor por meio de 
mútuo, exigindo uma remuneração por essa cedência (art. 1145º 
no 1). 
 
Os juros compensatórios destinam-se a proporcionar ao credor 
um pagamento que compense uma temporária privação de 
capital, que ele não deveria ter suportado (v.g art. 480º e 1167º 
cc). 
 
Os juros moratórios têm uma natureza indemnizatória dos danos 
causados pela mora, visando recompensar o credor pelos 
prejuízos sofridos, em virtude do retardamento no cumprimento 
da obrigação pelo devedor (art. 806º). 
 
Os juros indemnizatórios são aqueles que se destinam a 
indemnizar os danos sofridos por outro facto praticado pelo 
devedor (máxime, o incumprimento da obrigação). 
 
Uma das regras importantes relativas à obrigação de juros é a 
proibição do anatocismo, ou seja, da cobrança de juros sobre 
juros, uma vez que essa cobrança poderia ser uma forma de 
indirectamente violar a proibição de cobrança de juros usuários. 
 
A lei consagra assim a regra de que juros não vence juros, a 
menos que haja convenção posterior ao vencimento, ou seja 
efectuada um notificação judicial ao devedor para capitalizar os 
juros ou proceder ao seu pagamento, sob pena de penalização 
(art. 560º, , no 1). 
 
Indeterminação e pluralidade de partes na relação obrigacional 
A indeterminação do credor na relação obrigacional 
Uma situação específica que pode ocorrer nas obrigações diz 
respeito à possibilidade de indeterminação do credor. 
Efectivamente, o art. 511º vem nos referir que o credor pode não 
ficar determinado no momento em que a obrigação é constituída, 
embora deva ser determinável, sob pena de ser nulo o negócio 
jurídico de que resulta a obrigação. No entanto, o devedor é 
obrigatoriamente determinado logo no momento em que a 
obrigação é constituída. 
 
A pluralidade de partes na relação obrigacional Generalidade 
 
De acordo com a definição do art,. 397º, a obrigação é o vínculo 
jurídico pelo qual uma pessoa fica adstrita para com outra à 
realização de uma prestação. a definição legal refere-se a um 
obrigação singular, na medida em que nela apenas se menciona 
um credor e um devedor. 
 
A obrigação pode também constitui-se abrangendo uma 
vinculação de várias pessoas para com outra (pluralidade passiva), 
ou uma vinculação de uma pessoa para com outras (pluralidade 
activa) ou ainda de várias pessoas para com outras (pluralidade 
mista). 
 
As obrigações plurais colocam o problema de determinar como se 
processa a contribuição dos diversos devedores para a realização 
da prestações a que estão vinculados e em que termos pode cada 
um dos credores exigir a prestação. 
As obrigações plurais colocam o problema de determinar como se 
processa a contribuição dos diversos devedores para realização da 
prestação a que estão vinculados e em que termos pode cada um 
dos credores exigir a prestação. Essa questão tem respostas 
diversas consoantes a modalidade de obrigações plurais em 
questão, conforme iremos verificar em seguida. 
 
As obrigações conjuntas ou parciárias 
Nas obrigações conjuntas ou parciárias, cada um dos devedores 
só está vinculado a prestar ao credor ou credores a sua parte na 
prestações e cada um dos credores só pode exigir do devedor ou 
devedor a parte que lhe cabe. 
A prestação é assim realizada por partes, prestando cada um dos 
devedores a parte a que se vinculou e não recebendo cada um 
dos credores mais do que aquilo que lhe compete. 
 
Nestas obrigações cada credor só pode exigir a sua parte no 
crédito e cada devedor só tem que prestar a sua na dívida. 
 
AS OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS 
GENERALIDADE 
As obrigações solidárias encontram-se previstas no art. 512º e ss., 
e se caracterizam pelo facto de nelas qualquer um dos devedores 
estar obrigado perante o credor a realizar a prestação integral 
(solidariedade passiva) ou ainda por qualquer um dos credores 
poder exigir do devedor a prestação integral (solidariedade activa) 
ou ainda pelo facto de qualquer um dos credores poder exigir a 
qualquer um dos credores a prestação devida por todos os 
devedores a todos oscredores (solidariedade mista). 
 
Solidariedade passiva – quando a prestação integral por um dos 
devedores libera todos os outros devedores em relação ao credor. 
 
Solidariedade activa – quando a prestação a um dos credores 
libera o devedor no conforto com todos os credores. 
 
Solidariedade mista – ocorre simultaneamente as duas situações, 
pelo que a realização integral da prestação por um dos devedores 
a um dos credores libera todos os devedores em relação a todos 
os credores. 
 
Exercício 
1. Quem pode fazer prestação? 
2. Quais são os tipos de contratos que conheces? 
3. Qual é o efeito da falta de pagamento de uma prestação? 
TEMA VII: DA CONSTITUIÇÃO DAS OBRIGAÇÕES 
 
CAPÍTULO VII 
CLASSIFICAÇÃO DAS FONTES DAS OBRIGAÇÕES 
AS DIVERSAS CLASSIFICAÇÕES DE FONTES DAS OBRIGAÇÕES 
Denominação por fonte de obrigações á obrigação, as categorias 
de facto jurídicos que produzem a constituição do vínculo 
obrigações. Elas classificam-se em obrigações que nascem do 
contrato e que nascem do delito. 
 
As fontes da obrigação produzem um efeito de direito (a 
vinculação de alguém a realizar a outrem uma prestação) e esse 
efeito de direito verifica-se sempre porque existe uma lei a 
determina-lo, verificados certos pressupostos. 
 
Posição adoptada 
As obrigações podem resultar de diversos fenómenos jurídicos. A 
dificuldade de classificar as fontes de obrigações é devido a 
heterogeneidade de situações abrangida na nossa disciplina. Que 
procura procurar colocar as fontes das obrigações de acordo com 
uma orientação dogmática mas adequada, distinguindo em 
primeiro lugar as fontes das obrigações que resultam das que não 
resultam da autonomia privada. 
 
As fontes resultantes da autonomia privada situam-se em 
primeiro lugar os contractos que consistem em negócios jurídicos 
bilaterais. As obrigações podem resultar de negócios jurídicos 
unilaterais em que uma apenas das partes, no exercício da sua 
autonomia privada, estabelece para se uma Auto vinculação 
através das constituições de uma relação jurídica obrigacional. 
Fora do campo exercício da autonomia privada, verificação 
igualmente fenómenos que dão origem a constituição de 
obrigações, as quais nesse caso não resultam de negócio jurídicos. 
Relações obrigacionais legais consistem em situações em que a lei 
atribui a determinados pressupostos. 
 
TEMA VIII 
FONTES DAS OBRIGAÇÕES BASEADAS NO PRINCIPIO DA AUTONOMIA PRIVADA: 
O CONTRATO 
GENERALIDADES 
OS NEGOCIOS JURIDICOS COSTUMAM SER DISTINGUIDOS EM 
UNILATERAL, que são os que possuem apenas uma parte, e 
contractos, que são os que possuem duas ou mais partes. 
 
Nos negócios unilaterais, Há apenas uma única declaração 
negocial, da qual resultam todos os efeitos jurídicos estipulados, 
independentemente de ter um único autor ou vário. No 
contracto, a emissão de apenas uma das declarações negociais 
não se apresentam como suficiente para produção dos efeitos 
jurídicos estipulados, uma vez que a lei os faz depender da 
emissão de uma segunda declaração negocial contraposta, mas 
integralmente concordante com a primeira (cfr: art. 232º). O 
contrato assume-se assim como o resultado de duas ou mais 
declarações negociais contrapostas, mas integralmente 
concordantes entre si, de onde resultam uma unitária estipulação 
de efeitos jurídicos. 
 
Consequentemente, os contractos pressupõe sempre uma 
proposta e sua aceitação, das quais deve resultar o mútuo 
consenso sobre todas as cláusulas sobre as quais uma das partes 
julgue necessário o acordo. 
 
Modalidades de contratos 
Classificação dos contractos quanto a forma 
São formais os contratos em que a declaração negocial só pode 
ser exteriorizada por uma determinada forma prevista na lei, 
designadamente um documento autêntico (a estrutura pública) 
ou particulares. São não formais aqueles contratos em que a 
declaração negocial pode ser exteriorizada por qualquer meio, 
incluído a oralidade. 
Como exemplo de contrato em que é exigida estrutura pública, 
temos os contratos de alienação de móveis (cfr: os art. 875º para 
compra e venda e 947º, no 1, a doação) e o mútuo, quando 
superior a 20.000 euros (art. 1143º). 
 
Classificação dos contractos quanto ao modo de formação 
Deve ainda distinguir-se, quanto ao seu modo de formação, em 
que contratos reais quoad constituionem e contratos consensuais. 
Os contratos reais quoad constituionem são aqueles para cuja 
celebração se exige a tradição ou entrega da coisa de que são 
objectos. Os contractos consensuais são aqueles em que essa 
entrega é dispensável. 
 
A questão de despensa da tradição e a consequente 
admissibilidade da constituição do contrato como consensual, só 
se pode colocar relativamente as situações em que a referência a 
tradição aparece apenas na descrição do tipo legal, já que sempre 
a lei exige imperativamente a tradição para constituição do 
contrato (como acontece no penhoro de coisas, na doação verbal 
de coisas móveis e no reporte), parece claro que as partes não 
podem dispensar. 
 
Porém a exigência da tradição tem uma clara função útil de não 
permitir que a execução do contrato ocorra numa fase posterior a 
da declaração negocial, exigindo que a execução do contracto se 
manifeste precisamente nessa declaração negocial. 
 
Classificação dos contratos quanto aos efeitos 
Contratos obrigacionais e reais 
Os contratos obrigacionais reconduzem-se à criação de direitos de 
crédito e obrigações, sendo a sua eficácia sobre a esfera jurídica 
das partes imediata. Os contratos reais colocam um problema 
particular, uma vez que pode suceder que a sua eficácia não seja 
imediata. O que se sucede sempre que não esteja preenchido, no 
momento de celebração do contrato, os requisitos necessários 
para que o contrato de origem a uma situação jurídica da 
natureza real. 
 
A transmissão da propriedade continua a realiza-se por efeitos de 
contrato, já que, embora não ocorra em nenhum momento a sua 
celebração continua a ser consequência directa deste e não de 
qualquer outro segundo acto, a partir pelo alienante, que o nosso 
sistema dispensa totalmente. 
 
A cláusula de reserva da propriedade 
A reserva de propriedade vem referida no art. 409º, podendo ser 
definida como a convenção pela qual o alienante reserva para si a 
propriedade da coisa, até ao cumprimento total ou parcial das 
obrigações da outra parte ou até a verificação de qualquer outro 
evento (art. 409º, no 1). 
 
A clausula de reserva de propriedade pode ser celebrada em 
relação a quaisquer bens, mas a lei dispões que no caso de bens 
imóveis ou móveis sujeitos a registo, só a clausula constante do 
registo é oponível a terceiros (art. 409º, no 2), nos outros casos, 
não será por isso exigida qualquer publicidade para se poder opor 
a reserva ao terceiro, mesmo que este esteja de boa-fé e tenha 
obtido a propriedade por transmissão do adquirente sobre 
reserva. 
 
Por acordo entre vendedor e comprador a transmissão da 
probidade fique deferida para o momento de pagamento integral 
do preço. A função desse acordo não é porem, permitir ao 
vendedor a continuação do gozo sobre o bem, uma vez que este é 
entregue ao comprado, mas apenas depender o vendedor das 
eventuais consequências do incumprimento do comprador, em 
caso de venda a prestações, o art. 934º, excluí imperativamente a 
impossibilidade de resolução do contracto se o comprador faltar 
ao pagamento de uma única prestação e esta não exceder a 
oitava parte do preço. 
 
Classificação dos contratos entre sinalagmáticos e não sinalagmático 
Os contratos são denominados sinalagmáticos ou sinalagmáticos 
consoante origem obrigações recíprocas para ambas as partes 
ficando assim ambas simultaneamente na posição de credores e 
devedores, ou na origem desses obrigações. 
 
Muitas vezes essa classificação é referida sobre as expressões 
bilaterais e unilateral, mas trata-se de expressões que devem ser 
evitadas para não potenciar confusões com a classificação dos 
negócios jurídicosem bilaterais e unilaterais. 
 
No exemplo do contrato – promessa unilateral parece-nos clara a 
inexistência de sinalagma, pois só uma das partes tem a obrigação 
de celebra o contrato definitivo. A situação do beneficiário da 
promessa unilateral não corresponde a qualquer obrigação pois 
ninguém lhe pode exigir que emita a sua declaração negocial. 
 
É verdade que nessas declarações é necessário para que o 
contrato definitivo se forme, mas tal corresponde a mera prática 
de um acto necessário ao cumprimento da obrigação pela outra 
parte cuja não realização envolve apenas a mora do credor (art. 
813º), não desencadeado a aplicação do regime do 
incumprimento das obrigações reciprocas. 
 
Por isso que existem a base para distinguir a classificação entre o 
contrato mono vinculante e bi vinculantes das classificações entre 
contrato sinalagmático e não sinalagmático. 
Os contratos sinalagmáticos opõem-se assim aos não 
sinalagmáticos. Este pode ser contratos unilaterais em que apenas 
umas das partes assume uma obrigação (como na doação 
obrigacional ou na fiança) ou contrato bilaterais imperfeitos em 
que uma das partes assume uma obrigação, mas a outra apenas 
realiza uma prestação em circunstâncias eventuais (como no 
mandato ou no deposito gratuito). 
 
A classificação dos contratos entre sinalagmáticos e não 
sinalagmáticos reconduz-se assim a existência de obrigações 
reciproca para ambas as partes do contrato ou apenas para uma 
delas. Um exemplo de contrato sinalagmático é a compra e venda 
onde, face (art. 879º b e c), se pode vislumbrar a existência de 
obrigações para ambas partes: a obrigação de entre de coisas 
para o vendedor e a obrigação de pagamento de preço para o 
comprador. 
 
Classificação dos contratos entre onerosos e gratuitos 
O contrato diz-se oneroso quando implica atribuições 
patrimoniais para apenas uma delas. Certos contratos como o 
mútuo, o mandato e o depósito podem ser tanto oneroso como 
gratuitos. 
 
A classificação entre contrato oneroso e gratuito não se confunde 
com a classificação anterior entre contrato sinalagmático e não 
sinalagmático. Um contrato pode ser oneroso e não ser 
sinalagmático como sucede com mútuo oneroso que, apesar de 
implicar atribuições patrimoniais para ambas partes (cedência do 
capital e pagamento dos juros) só faz sugerir obrigações para o 
mortuário (restituir o capita e juros), efectivamente os contratos 
reais quoad constituionem pode ser oneroso. 
 
A qualificação dos contratos entre onerosos e gratuitos. Porém, 
colocar problemas especiais no caso de o contrato instituir 
relações triangulares uma vez que colocando-se a distinção entre 
a onerosidade e gratuitidade em termos de existir ou não contra 
partida pela prestação realizada, numa dessas relações essa 
contra partida pode existir e na outra quando o contrato institui 
uma relação triangular, pode ser simultaneamente oneroso e 
gratuito. 
 
Os contratos gratuitos diferenciam-se normalmente dos contratos 
onerosos em termos de regime pela maior protecção que confere 
a parte que realiza a atribuição patrimonial. 
 
Classificação dos contratos entre comutativos e aleatórios 
Umas das outras classificações dos contratos distingue entre 
contractos comutativos e aleatórios. Estas classificação é restrita 
aos contratos oneroso uma vez que toma sempre por base a 
possibilidade de existência de duas atribuições patrimoniais. O 
contrato diz-se comutativo, quando ambas atribuições 
patrimoniais se apresente com certas e diz-se aleatório, quando, 
pelo menos uma das atribuições patrimoniais se apresente com 
inserta, quer quando a sua existência (an), quer quanto ao seu 
conteúdo (quantum). 
 
Contratos nominados e inominados 
Contratos típicos e atípicos 
O contrato diz-se nominado quando a lei o reconhece com 
categoria jurídica através de um nomen iuris. Pelo contrário o 
contrato diz-se inominado, quando a lei não o designa através 
nomen iuris, não o reconhecendo assim nas suas categorias 
contratuais. 
 
A integração de contrato entre as categorias legais opera-se 
através da sua qualificação e depende da sua circunstância dos 
elementos principais dos contractos correspondem os elementos 
principais do tipo legal independentemente de a vontade das 
partes irem ou não ao encontro dessa qualificação. 
 
A atipicidade legal pode, porém, ocorrer relativamente a certos 
contratos que, apesar de não estarem regulados na lei, são 
amplamente conhecidos na prática jurídica, levando pela sua 
simples designação as partes identifiquem um regime. 
 
Denomina-se de contracto misto aquele que reu em si regras de 
dois contratos totais ou parcialmente típico. Assumindo-se dessa 
forma como um contrato atípico, por não corresponder 
integralmente a nenhum tipo contratual regulado por lei como, 
porém, a sua atipicidade resulta da adopção de regras de dois ou 
mais contratos típicos põe-se um problema de conflito entre 
regimes aplicáveis, o que justifica à autonomização do contrato 
misto. 
 
Contratos múltiplos ou combinados 
São aqueles em que as partes estipulam que uma delas deve 
realizar prestações correspondentes a dois contratos típicos 
destintos, enquanto a outra realiza uma única contraprestação 
comum. Como exemplo teríamos a situação de alguém vender um 
automóvel a outrem e simultaneamente se comprometer a 
conduzi-la contra uma única contra prestação (compra e venda e 
prestação de serviço). 
 
Contracto em que uma parte se encontra obrigada a uma 
prestação típica de certo tipo contractual, enquanto que a contra 
parte se encontra obrigada a uma contra prestação oriunda de 
outro tipo contratual. 
 
A união do contrato 
A união do contrato permite que cada contrato mantenha sua 
autonomia, possibilitando a sua individualização em face de 
conjunto. 
 
Formas de união de contrato 
{
— União externa
—União interna
—União alternativa
 
 
União externa - quando a ligação entre diversos contratos 
resultam apenas das circunstâncias de serem celebrados ao 
mesmo tempo. 
 
União interna – uma relação de dependência já que na altura da 
sua celebração uma das partes estabeleceu que não aceitaria 
celebrar um dos contratos sem o outro. Essa dependência pode 
ser unilateral quando apenas um dos contratos depende do outro, 
ou bilateral quando ambos se encontram dependentes entre si. 
 
União alternativa – as partes declaram pretender ou um, ou 
outro, consoante ocorrer ou não a verificação de determinada 
condição. A verificação da condição implica assim a produção de 
efeitos de um dos contratos ao mesmo tempo que exclui a 
produção de efeitos de outros. 
OS CONTRATOS PRELIMINARES 
Generalidade, distinção entre contratos preliminares e contratação mitigada 
Os contratos preliminares, aqueles contratos cuja execução 
pressupõe a celebração de outros contratos. Na contratação 
mitigada a vinculação vai mais longe do que uma obrigação de 
contratar, procedendo logo a regulação efectiva dos contratos 
futuros. 
 
É manifestamente o que se sucede no acordo-quadro em que as 
partes, ao estipularem antecipadamente um enquadramento 
comum para toda uma série de contratos futuros, não 
estabelecem uma obrigação de contratar, mas antes determinam 
logo o contudo de futuros contratos, tornando-se essa estipulação 
eficaz logo que o futuro contrato é celebrado, sem necessidade de 
qualquer referência ao acordo-quadro. 
 
O contrato-promessa 
De acordo com definição prevista no art. 410º, no 1, o contrato-
promessa é convenção pela qual alguém se obriga a celebrar novo 
contrato. Uma obrigação de contratar, a qual pode ser relativa a 
qualquer outro contrato, (pode, por exemplo o contrato, 
definitivo exigir escrituras públicas e não haver possibilidade de a 
efectuar imediatamente). 
 
O contrato-promessa pode assim qualificar-se como um contrato 
preliminar que tem por objecto a celebração de um outro 
contracto, o contrato prometido. Constitui, no entanto, uma 
convenção autónoma deste,uma vez que se caracteriza 
normalmente por eficácia meramente obrigacional, mesmo que o 
contrato definitivo tenha eficácia real. 
 
A lei proíbe a venda a filhos e netos (art. 877o) naturalmente que 
também proibirá a celebração de contratos-promessa entre 
ambos, ou se a lei determina um critério supletivo para 
determinação do preço na compra e venda (atr. 883o), 
naturalmente que esse critério é também aplicável para 
determinação de preço com que se promete vender. O princípio 
da equiparação em, no entanto, objecto de duas importantes 
excepções (art. 410o, no 1) as disposições relativas a forma: 
 
As disposições que pela sua razão de ser não deva considerar-se 
extensiva ao contrato-promessa. 
 
A primeira excepção dela resulta que a fórmula de contrato 
promessa não seja necessariamente a mesma do contrato 
definitivo, o que permite que ao contrato-promessa seja atribuída 
a uma forma menos solene do que a que seria exigida para o 
contrato definitivo. 
 
A segunda excepção implica ao afastamento de todas as 
disposições ao contracto-prometido, justificada em função da 
configuração deste, em que não ser harmonizem com a natureza 
do contrato-promessa. 
 
O regime das perturbações da prestação no contrato de compra e 
venda não se estende ao contrato-promessa. Daí que, embora a 
venda de bens alheios seja nula sempre que o vendedor careça de 
legitimidade para a realização (art. 892o) o contrato-promessa de 
venda de bens alheios é valido já que, estando em causa uma 
mera obrigação de contratar, não se exige relação promitente-
vendedor qualquer requisite de legitimidade. 
 
Modalidade de contrato-promessa 
Este contrato classifica-se em contrato-promessa unilateral e 
bilateral. Como exemplo de contrato promessa bilateral, teríamos 
o caso de alguém prometer vender a outrem determinado imóvel 
por certo preço, e esse outrem simultaneamente se comprometer 
a compara-lo. 
 
Contrato promessa unilateral, teríamos o caso de alguém se 
comprometer da mesma forma a vender o imóvel por certo 
preço, mas a outra parte não se comprometer a comprar, ficando 
livre de o fazer ou não. 
 
Forma de contrato-promessa 
A tese da nulidade total do contrato veio a ser sufragada pelo STJ 
numa segunda fase, a partir de 1977, passando então a defender-
se que a forma de contrato-promessa bilateral e que atenta a 
natureza sinalagmática deste contrato, a invalidade de uma das 
obrigações tem que afectar igualmente a outra, uma vez que o 
sinalagma genético não pode ser válido apenas em metade. Não 
se justificaria, por isso, ponderar hipóteses de redução ou 
conversão, já que a vontade das partes no sentido da sua 
aplicação teria que ser inequivocamente demonstrada. Esta tese 
foi também por GALVÃO TELLES até 1986, como consequência da 
sua posição, face a legislação anterior, de que o próprio contrato-
promessa unilateral deveria ser assinado por ambas partes. 
 
O contrato-promessa bilateral que falte uma das assinaturas se 
apresenta como totalmente nulo, por falta da forma exigida por 
lei. A natureza sinalagmática do contrato-promessa bilateral 
torná-lo-ia radicalmente diferente do contrato-promessa 
unilateral que não reveste essa natureza. 
 
Em termos consensuais, não se afigura altamente problemática a 
qualificação da situação como invalidade parcial, uma vez que, 
apesar de se tratar de uma invalidade formal essa é cedível, em 
relação as duas partes. Por força do art. 410o no 2 admite-se que, 
no contrato-promessa unilateral, assinatura das partes seja 
apenas necessária para constituição da obrigação de contratar, 
adquirindo a outra parte o direito a celebração do contracto 
definitivo sem ter que assinar o contrato-promessa. 
 
A invalidade não pode ser invocada por terceiros, nem conhecida 
oficiosamente pelo tribunal e a omissão destas formalidades não 
constituem, por isso, uma verdadeira nulidade, por esse motivo, o 
promitente adquirente pode invocar essa invalidade a todo tempo 
admitindo-se, porém, que essa invocação possa ser restringida 
com base no abuso do direito. 
 
Transmissão dos direitos e obrigações emergentes do contrato-promessa 
Os direitos e obrigações emergentes da contracta promessa, que 
não sejam exclusivamente pessoais, se transmitem por morte ao 
sucessor das partes, ficando a transmissão por acto entre vivos 
sujeita as regras gerais. Caso as partes tenham celebrado o 
contrato-promessa tomando em consideração especificamente a 
pessoa do outro contraente, a própria natureza da relação 
impedira a transmissão por morte, ao abrigo do art. 2025o. 
 
A execução específica 
A lei admite a execução específica desta obrigação, que consiste 
em o devedor ser substituído no cumprimento obtendo o credor a 
satisfação do seu direito por via judicial. Neste caso a execução 
específica consistira em o tribunal emitir uma sentença que 
produza os mesmos efeitos jurídicos da celebração negocial que 
não foi realizada, operando-se assim a constituição do contracto 
definitivo. 
 
O não cumprimento da promessa atribui a outra parte do direito a 
recorrer a execução específica e também a execução específica 
deixa de ser possível a partir do momento uma impossibilidade 
definitiva. 
 
A possibilidade da execução específica da obrigação do contratar 
não se apresenta como o regime imperativo, pelo que as portes 
podem derroga-los através de convenção. 
 
Existem casos em que a execução específica se apresenta como 
incompatível com a obrigação assumida por índole específica do 
processo de formação do contrato prometido ou a sua natureza 
pessoal, não se apresenta como compatível com a sua 
constituição por central judicial. 
 
A execução especifica não protegeria adequadamente os 
interesses do adquirente, que ficaria sujeito a ver o bem 
posteriormente executado para o pagamento da divida ao credor 
hipotecário, e por esse motivo, a admite-se que na acção d 
execução especifica seja simultaneamente pedida a condenação 
do promitente faltoso na quantia necessária para espulgar a 
hipoteca, assim se conseguindo a sua extensão sem prejuízo para 
o beneficiário da promessa. 
 
A hipótese do promitente faltoso pode invocar a excepção do não 
cumprimento do contrato, caso em que a acção improcede se ele 
não consignar em deposito a sua prestação no prazo que lhe for 
fixado pelo tribular. 
 
Articulação com o regime do sinal 
Sinal e antecipação do cumprimento 
O sinal consiste numa cláusula acessória dos contrato onerosos 
mediante a qual uma das partes entrega a outra por ocasião da 
celebração do contrato, uma coisa fungível, que pode ter natureza 
diversa da obrigação contraída ou a contrair, este sinal, funciona 
como fixação das consequências do incumprimento, uma vez que 
se a parte que constituo o sinal deixou de cumprir a sua 
obrigação, a outra parte tem o direito de fazer sua a coisa 
entregue. O não cumprimento partir de quem recebeu o sinal, 
tem este o devedor em dobro (art. 442.º no 2., primeira parte.) 
Caso, se verifique o cumprimento do contrato, a coisa entregue 
será imputada na prestação devida, valendo, como princípio de 
pagamento ou restituída, caso essa imputação não seja possível 
(art. 442º n 1). 
 
Desta norma resulta que a entrega de quantias em dinheiro pelo 
promitente-comprador ao promitente-vendedor constituir 
presunção da estipulação de sinal por essa via, e isto mesmo que 
as quantias entregues ou sejam a título de antecipação ou 
princípio de pagamento do preço. A quantia entregue valera 
como antecipação do cumprimento de uma obrigação futuro 
devendo a quantia entregue ser imputada na prestação devida, 
apos a constituição dessa obrigação, ou restituída em singelo 
quando a obrigação naos w venha a constituir. 
 
O artigo 402º n 1 refere-se ao regime sinal em geral, indicando o 
seu funcionamento em casos de cumprimento da obrigação. O 
caso de cumprimento o sinal e imputado na prestação devida, 
quando coincida com esta. Se for impossível a imputação, por 
coisa entreguenão conseguir com a prestação devida deve o sinal 
ser restituído. A restituição do sinal em singelo ocorrera 
simultaneamente nos casos em que se verifique a impossibilidade 
de prestação pelo facto não imputável a qualquer parte. 
Efectivamente, e ambas situações as partes deixa de ter causa 
justificativa para a conservação do sinal pelo que terá o restituir. 
 
A eficácia real do contrato-promessa 
O contrato promessa com eficácia real esta sujeito a uma forma 
mais solene, uma vez que exigida escritura publica, a menos que 
não seja exigida essa forma para o contrato prometido, caso em 
que basta um simples documento particular, que lei exigia que 
tivesse reconhecimento de assinatura. 
 
 
TEMA IX 
PACTO DE PREFERÊNCIA 
O pacto de encontra-se previsto nos arts. 414º e ss. do código 
civil, sendo definido com “a convenção, pela qual alguém assume 
a obrigação de dar preferência a outrem na venda de 
determinada coisa “. O pacto de preferência constitui, a 
semelhança do contrato-promessa, um contrato preliminar de 
outro contrato. 
 
Porem, ao contrario do que sucede no contrato-promessa, o 
obrigado a preferência não se obriga a contratar, mas apenas a 
escolher alguém como contraente, no caso de decidir contratar, 
se esse alguém lhe oferecer as mesmas condições que consegui 
negociar com terceiro. 
 
O pacto de preferência e assim a convenção pela qual alguém 
assume a obrigação de escolher outrem como contraente, nas 
mesmas condições negociadas com terceiro, no caso de decidir 
contratar. 
 
Tal como resulta da definição, o pacto de preferência e um 
contrato unilateral, uma vez que apenas uma das partes assume 
uma obrigação, ficando a outra (o titular da preferência) livre de 
exercer ou não o seu Direito. 
 
Forma do pacto de preferência 
O pacto de preferência encontra-se sujeito ao mesmo regime do 
contrato-promessa. O pacto de preferência consiste num contrato 
unilateral, apenas terá que ser assinado pelo obrigado a 
preferência. Não se aplica ao pacto de preferência o regime do 
art. 410 n 3 pelo que esse documento não estará em caso algum 
sujeito a mais formalidades. 
 
Os direitos de preferência com eficácia real 
Esse Direito esta sujeito as características comuns dos direitos d 
crédito, entre quais se inclui a relatividade, pelo que, em 
princípio, não se pode ser oposto a terceiros. 
 
A lei admite, porem, que ao Direito de preferência seja atribuída 
eficácia real, desde que, respeitando a bens imoveis ou a móveis 
sujeitos a registo, as partes explicitamente o estipulem, celebrem 
o pacto de preferência por escritura publica ou, quando não seja 
exigida essa forma para o contrato prometido, por documento 
particular com assinatura do obrigado. 
 
É o caso do comproprietário (ART 1535. Nessa situação, estamos 
perante o que se denomina de preferência legais, as quais se 
caracterizam por terem sempre eficácia real, permitindo aos que 
dela disfrutam exercer o seu Direito de preferência, mesmo 
perante o terceiro adquirente. 
 
A lei vem esclarecer essa questão determinando que o Direito 
convencional de preferência não prevalece contra os direitos reais 
de preferência (art. 422º), o que corresponde a sua solução logica, 
uma vez que não faria sentido que as partes através de convenção 
tivessem a possibilidade de afectar direitos legalmente atribuídos. 
 
Modalidade de contrato a favor de terceiros 
Os contratos a favor de terceiros constituem uma categoria que 
abrange várias modalidades, de acordo com as seguintes 
classificações: 
a) Contratos a favor de terceiros verdadeiros e contratos a favor de 
terceiros falsos; 
b) Contrato a favor de pessoa determinada e contratos a favor de 
pessoas indeterminadas; 
c) Contratos a cumprir em vida do promissario e contrato a cumprir 
depois da morte do promissario. 
 
O regime normal do contrato a favor de terceiros 
A celebração do contracto atribui assim directamente o direito ao 
terceiro. No entanto, em homenagem ao principio invito 
beneficium nondatur, admite-se que o terceiro possa rejeitar a 
promessa, mediante declaração promitente, que a deve 
comunicar ao promissário (art. 447o no 1), caso em que se 
extinguirá o direito por si adquirido. 
 
A sua função é antes impedir a revogação da promessa, a qual 
pode ser efectuada enquanto a adesão não for manifestada (art. 
448o, no 1). Em princípio essa revogação compete ao promissário, 
mas necessita do acordo do promitente, quando a promessa 
tenha sido efectuada n interesse de ambos (art. 448o, no 2). 
Mesmo quando o terceiro manifesta a sua adesão a promessa 
poderá ainda ser revogada no caso de só dever ser cumprida após 
a morte do promissario, ou em se tratando de liberdade, se se 
verificarem os pressupostos da revogação. 
 
A obrigação de preferência 
A forma adequada de cumprir a obrigação de preferência é 
efectuar uma comunicação para preferência. Por isso, que as 
partes sempre optam por fazer estas comunicações por escrito, 
como forma de se precaverem para a hipótese de posterior 
discussão judicial da questão. 
 
Referir ao projecto de venda e ás cláusulas do respectiva contrato, 
parece claro que a comunicação da preferência tem que 
estabelecer por referencia a existência de um contrato preferível, 
não podendo ser considerada como comunicação para 
preferência a emissão de propostas contratuais ou de convites a 
contratar. 
 
Referir não apenas ao projecto de venda, mas também as 
cláusulas do respectiva contrato, a lei esclarece que não basta 
indicar os elementos gerais do negócio, mas que terão igualmente 
que ser comunicadas todas as estipulações particulares 
acordadas, que sejam relevantes para a decisão de exercício da 
preferência. 
 
Porem, antes a de que o nome do terceiro adquirente, desde que 
esteja determinado, tem que ser sempre indicado n comunicação 
para preferência, havendo quê mencionar a situação de 
indeterminação no caso contrario. Se a comunicação não indicar o 
nome do terceiro, não há qualquer hipótese de o titular da 
preferência verificar a veracidade das condições comunicadas, 
não fazendo qualquer sentido que ele fosse exercer a preferência. 
 
Situação. Pode-se considerar que o titular da preferência não tem 
que exercer o seu direito se não comunicação para preferência 
não for indicado o nome do terceiro. 
 
Efectuada a comunicação para preferência, conforme se referiu, o 
titular tem que exercer o seu direito no prazo de oito dias, salvo 
são pacto de preferência o vincular a um prazo mais curto, ou se o 
obrigado lhe assinalar. 
 
O direito de preferência só surge se o obrigado tome a decisão de 
celebrar o contrato em relação ao qual tenha concedido a 
preferência, não havendo incumprimento da obrigação de 
preferência se o obrigado celebrar um contrato de natureza 
diferente do contrato preferível, mesmo que esse contrato 
implique a não celebração por definitivo, Sendo assim, há duas 
hipóteses que a lei considerou poder ainda justificar a 
manutenção da preferência, que são os casos da união dos 
contratos e dos contratos mistos 
 
A violação de obrigação de preferência 
A indeminização por incumprimento o em caso de simples eficácia obrigacional 
A celebração de contrato com terceiro provoca, assim, o 
incumprimento definitivo da obrigação de preferência, o que 
implicara que o titular da preferência adquira o direito (art. 798º) 
uma indeminização por incumprimento. Se os direitos de crédito 
não prevalecerem contra direitos reais, estará vedado ao 
obrigado reclamar a coisa do terceiro adquirente. 
 
A acção de preferência em caso de haver eficácia real 
O direito de preferência pode gozar de eficácia real, o que 
sucedera sempre que se trate de direitos legais de preferência, ou 
caso as partes se atribuam essa característica ao pacto de 
preferência, cumprindo os requisitos de forma e publicidade para 
tal exigidos. 
 
A natureza de obrigação de preferência 
A obrigação de preferência corresponderia a uma verdadeira de 
contratar, sujeitarsimultaneamente a uma condição potestativa a 
parte debitoris, a que o devedor tome a decisão ser onde 
contratar, e a uma condição potestativa a parte credores, de que 
o credor queira exercer a preferência. 
 
A preferência só é violada quando é celebrado um contrato 
incompatível com preferência , o que nos leva a preferir aposição 
de que constitui uma obrigação de conteúdo negativo. 
 
O conteúdo dos contratos 
Contrato a favor de ter – é o contrato em que uma das partes (o 
promitente) se compromete perante (o promissório) a efectuar 
uma atribuição patrimonial em beneficio de outrem, estranho ao 
negocio. 
 
No âmbito de contrato a favor de terceiro verifica-se, por isso, por 
desejo do promissório, uma atribuição patrimonial indirecta deste 
ao terceiro, que é executada pelo promitente, mas o terceiro não 
é interveniente do contrato, embora adquira um direito contra o 
promitente, em virtude do compromisso deste para com o 
promissario. 
 
O contrato terceiro institui uma situação complexa, que pode ser 
dividida em: uma relação de descoberta (ou relação de provisão); 
relação de atribuição (ou relação de valuta); 
Uma relação de execução; 
Modalidades de contrato a favor de terceiro 
Essa modalidade de contrato classifica-se em: 
 
Regimes especiais 
A promessa de libertação de dívida como contrato falso a favor de terceiro 
Mas embora o promitente não assuma uma obrigação perante o 
terceiro, para obter o resultado da libertação a esse terceiro 
(cumprir a obrigação ou conseguir o seu acordo para satisfação do 
crédito por outra via). 
 
Daí que a lei considere que as partes não visaram atribuir ao 
terceiro qualquer direito de crédito, mas apenas proceder à 
exoneração do promissário, pelo que só o promissário poderá 
exigir do promitente o cumprimento da promessa. 
 
As promessas em benefício de pessoas indeterminadas ou interesse público 
Uma outra situação que apresenta especialidades em relação ao 
regime normal do contrato a favor do terceiro consiste na 
situação de a designação do benefício da prestação, não se referir 
a uma pessoa ou corresponder mesmo a um interesse público. A 
especialidade consiste no facto de se estabelecer uma 
legitimidade difusa para a exigência da prestação, a qual pode ser 
efectuada não apenas pelo promissório ou seus herdeiros. 
 
A promessa a cumprir depois da morte do promissório 
É duvidoso se nestes casos as partes pretendem atribuir ao 
terceiro logo um direito de credito sobre promitente, o qual 
apenas se vencerá no momento da morte do promissario, ou se, 
pelo contrário, pretendem que o direito de crédito apenas se 
constitua após a morte do promissário, beneficiando até lá o 
terceiro apenas de uma expectativa jurídica. Teoricamente a 
diferença entre duas soluções é a da que, na primeira, em casos 
de terceiro morrer antes do promissário, os seus herdeiros 
sucedem no seu direito sobre o promitente. No segundo caso, 
essa sucessão já não se verifica uma vez que o terceiro quando 
morreu ainda não era titular de qualquer direito. 
 
O que lei estabelece são duas regras interpretativas: a de que o 
direito só é atribuído com a morte do promissário, e a de que o 
promissário, e a de que o promissário designa subsidiariamente 
como beneficiário os herdeiros do terceiro, no caso de este 
falecer antes de adquirir esse direito. 
 
Uma outra característica específica da promessa a cumprir depois 
da morte do promissário é o facto de a promessa ser sempre 
revogável enquanto o promissário for vivo, independentemente 
da aceitação do terceiro. 
 
Contrato para pessoa a nomear 
Noção e regime 
Não ocorre, por isso, qualquer transmissão entre o nomeante ou 
nomeado. Dá-se antes um fenómeno de substituição de 
contraente, uma vez que, após a nomeação, o contrataente 
nomeado adquire os direitos e assume as obrigações proveniente. 
Daí que a lei preveja que, se não for efectuada a nomeação nos 
termos legais, o contrato irá produzir os seus efeitos em relação 
ao contraente originários (art. 455º, no 2). Admite-se, porém, 
estipulação em contrario. 
 
Assim, deve ser feita ao outro contraentre no prazo 
convencionado, ou na falta de convenção, dentro de cinco dias, a 
contar da celebração do contrato (art. 453º, no 1), e deve ser 
acompanhada para ser eficaz de instrumento de ratificação do 
contrario ou de procuração anterior à celebração (art. 453º, no 2). 
A nomeação tem como requisito necessário uma atribuição de 
poder representativo por parte do nomeado, por forma a garantir 
a sua vinculação ao contrato, exigindo a lei para o efeito, 
procuração ou ratificação, consoante essa atribuição de poderes 
representativos ocorre antes ou após a celebração de contratos 
para nomear. 
 
Natureza jurídica 
A natureza do contrato para pessoa a nomear é convertida. 
Alguma doutrina, no contrato para pessoa nomear existiria um 
fenómeno de representação anonima. Para outros, tratar-se-ia de 
um contrato a favor de terceiros. A maioria da doutrina, considera 
como um contrato celebrado simultaneamente em nome próprio 
e em nome alheio, sendo a sua celebração em nome próprio 
sujeita a uma condição resolutiva, que a sua celebração em nome 
alheio sujeita uma condição suspensiva (eficaz nomeação de 
terceiro). Em quanto no contrato a favor de terceiro, o terceiro 
não é parte do contrato, no contrato para pessoa a nomear vem a 
ser se a nomeação for efectuada eficazmente (art. 455º). 
 
Negócios unilaterais 
O problema da eficácia dos negócios unilaterais 
A forma privilegiada de constituição de obrigações, com base n 
princípio da autonomia privada, consiste na celebração do 
contrato, isso leva a uma certa limitação à constituição de 
obrigações por negócio unilateral, contra a qual a doutrina o põe 
as seguintes objecções: 
 
 A constituição de obrigações por negócio unilateral implicaria a 
constituição de um direito de crédito na esfera jurídica alheia sem 
o acordo do seu titular, violando-se assim a regra invito beneficiun 
non datur. 
 Admitir a eficácia dos negócios unilaterais como constitutivos de 
obrigações poderia conduzir a criação de vínculos 
precipitadamente assumida sem a prévia obtenção do acordo das 
partes em relação a elas. 
A primeira objecção é facilmente contornável, bastando consagrar 
também em relação aos negócios unilaterais a solução que vigora 
no contracto a favor de terceiro, em que o terceiro, embora 
adquira o direito, pode extingui-lo mediante a comunicação da 
sua rejeição. 
 
Enquanto a segunda objecção, ela não pode deixar de proceder. 
Considera-se efectivamente pouco adequado que a obrigação, 
dado que implica um vínculo entre duas pessoas, se constitua 
antes que o futuro credor comunique a sua aceitação de uma 
proposta contratual nesse sentido, a qual é normalmente sujeita a 
apertados prazos de exigência. Se deveria admitir a constituição 
de obrigação por negócio unilateral, por esse motivo, vem o art. 
457º do condigo civil estabelecer um principio da tipicidade dos 
negócios unilaterais, estabelecendo que “a promessa unilateral de 
uma prestação só obriga nos casos previstos na lei”. 
 
A doutrina maioritária interpreta essa norma como visando 
estabelecer uma limitação a celebração dos negócios unilaterais, 
instituindo um sistema de numerus clausus, que tem contribuído 
para que o negócio unilateral venha a funcionar como “parente 
pobre” em comparação com os contratos. 
 
Encontra-se efectivamente consagrada no art. 457º a tipicidade 
dos negócios unilaterais enquanto fonte de obrigações o que 
significa que, salvo nos casos previstos a lei, a emissão de uma 
simples declaração negocial, não é vinculante para o seu autor em 
termos de constituição de obrigações exigindo-se antes a 
celebração de um contrato. 
 
Promessa de cumprimento e reconhecimento de dívida 
A promessa de cumprimento e reconhecimento de dívida aparece 
referida no art. 458º, no 1, que nos refere o seguinte: 
 Se alguém, por simples declaração unilateral prometer umaprestação ou reconhecer uma divida, sem indicação da respectiva 
causa, fica o credor dispensado de provar relação fundamental, 
cuja existência se presume ate que provem o contrário. 
 
A lei exige, em termos de forma, que a promessa ao 
reconhecimento conste de documentos escrito, se outras 
formalidades não forem exigidas para a prova da relação 
fundamental (art. 458º, no 2) assim a promessa do cumprimento 
ou reconhecimento de dívida, embora a sua eficácia seja limitada 
a prova da relação fundamental, está, pelo menos, sujeita a forma 
escrita, constituindo assim uma prova documental (art. 362º) por 
documento particular (art. 373º e ss.), admitindo-se que, no 
entanto, que fique sujeita a uma forma superior, designadamente 
a escrita pública, caso a lei a exigia para a prova da relação 
fundamental, isso trata-se de uma prova por documento 
autentico. 
 
A promessa do cumprimento ou reconhecimento de dívida 
constituirá por isso, título executivo (art. 45º CPC), permitindo 
assim ao credor lançar imediatamente mão da acção executiva 
para a cobrança do seu direito. 
 
Promessa pública 
É a declaração negocial dirigida ao público, através da qual se 
promete uma prestação a quem se encontra em determinada 
situação ou pratique certo facto positivo o negativo. A lei 
determina que essa situação que implica imediatamente, e sem 
necessidade de aceitação do beneficiário, a vinculação do 
promitente a essa promessa (art. 459º no 1). 
 
A promessa pública é assim em primeiro lugar uma declaração 
emitida através de anuncio publico, que poderá revestir formas 
variadas abrangendo qualquer meio de comunicação social ou 
difusão pública de mensagem. 
A extensão da promessa pública pode ocorrer por caducidade ou 
revogação em que o promitente fixa um prazo de validade, ou 
este é imposto pela natureza ou fim da promessa. A promessa só 
é eficaz durante esse prazo, pelo que se o direito não for exercido 
nesse período, extinguir-se-á por caducidade. 
 
A promessa não tem um prazo de validade apenas se pode 
extinguir por revogação, que só pode ser realizada na forma da 
promessa ou em forma equivalente e nunca depois de a situação 
referida já se ter verificado ou o facto de ja ter sido praticado. 
 
Concurso publico 
O concurso público constitui uma modalidade especial de negócio 
unilateral distinta da promessa pública em virtude de oferta da 
prestação ocorre como prémio de um concurso, o que justifica 
que tenha que ser fixado prazo para a apresentação dos 
concorrentes sem o que o negócio não será válido. 
 
Uma vez que constitui um autêntico negócio unilateral o concurso 
público não se confunde com os concursos relativos a celebração 
do contracto. Nestes, esta em causa um processo de formação de 
um contrato, enquanto naquela ocorre antes a constituição de um 
negócio unilateral que atribui logo um direito de crédito à 
prestação recebida 
 
 
 
 
TEMA X 
Fontes das 
obrigações 
no princípio 
de 
ressarcimen
to dos 
danos 
A
 
r
e
s
p
o
s
á
b
i
l
i
d
a
d
e
Civil, pode ser classificada em responsabilidade por culpa, pelo 
risco ou pelo sacrifício. Na responsabilidade, por culpa que é a 
regra geral (Cfr: art. 483º no 1), a responsabilização do agente 
pressupõe um juízo moral da sua conduta, que leva a efectuar 
uma censura ao seu comportamento. 
 
Na responsabilidade pelo risco efectua-se a imputação de acordo 
com critérios objectivos de distribuição do risco. Já na 
responsabilidade pelo sacrifício, também preside de um juízo de 
desvalor da conduta do agente, sendo a imputação do dano 
baseada numa compensação ao lesado, justificada pelo sacrifício 
suportado. Na responsabilidade delitual esta em causa a violação 
de deveres genéricos de respeito, de normas gerais destinadas a 
 CONTRATO 
 PROMETIDO 
 CONTRATO - 
 - PROMESSA 
 
 
Coisas 
móveis 
 
Imóveis 
rústicos 
 
 
 
Documento autêntico 
 
 
Documento particular 
 
 
- Documento escrito 
 
- Assinado pela parte ou 
partes que se obrigam (sem 
necessidade de 
reconhecimento de 
assinaturas) 
 
Imóveis 
Urbanos 
 
(edifício ou 
fracção 
autónoma, 
construído, 
em 
construcção 
ou a 
construir) 
 
 
 
 
Documento autêntico 
 
 
 
Documento particular 
 
Reconhecimento presencial 
das assinaturas (perante 
notário) 
 
Certificação pelo notário da 
existência de: 
- licença de construcção 
- ou de utilização 
 
protecção de outrem, ou a prática de tatbestand delituais 
específicos. Já a responsabilidade obrigacional resulta de um 
cumprimento das obrigações. O nosso código tratou 
separadamente essa duas categorias de responsabilidade nos art. 
483º e ss, 799º e ss. 
 
O prazo de prescrição mais curtos é sujeita aos prazos de 
prescrição das obrigações (art. 309º, e ss), é diferente o regime da 
responsabilidade por actos de terceiros (art. 500º e 900º). 
 
Em caso de pluralidade de responsáveis na responsabilidade 
delitual o regime aplicável é o da solidariedade art. 497º, ao passo 
que na responsabilidade obrigacional só acontecerá se esse 
regime já vigorar para obrigação incumprida. 
 
As duas irresponsabilidades regem-se por regras de conflito 
diferente, pra responsabilidade obrigacional, cfr: art. 3º e ss., da 
convenção sobre a lei aplicável as obrigações contratuais. 
 
Tradicionalmente a doutrina distingue a responsabilidade delitual 
da obrigacional como tendo não apenas por fonte situações 
jurídicas diferentes mas também uma diferente natureza. 
Efectivamente, afirma-se que a responsabilidade delitual gera 
deveres primários de prestação, e consequentemente, consiste 
numa fonte da obrigações uma vez que através dela surge pela 
primeira vez uma relação obrigacional legal (cfr: art 483º do 
código civil,), pelo contrário a responsabilidade obrigacional não 
geraria deveres primários de prestação, mas apenas deveres 
secundários, uma vez que teria como pressuposto uma obrigação 
já existente, de que o dever de indemnizar se apresentaria como 
sucedânea, em caso de incumprimento (cfr: art. 798º), ou como 
paralelo em caso de mora. Efectivamente, a obrigação de 
indemnização em caso de incumprimento ou mora não se 
identifica com a obrigação inicialmente violada, uma vez que 
apresenta o princípio do ressarcimento de danos, desta vez 
resultante da violação do direito de crédito. 
 
A responsabilidade obrigacional, deve assim ser considerada 
como sendo uma fonte das obrigações a semelhança da 
responsabilidade delitual e não como uma mera modificação da 
obrigação inicialmente constituída. A sua especialidade resulta da 
circunstância de a sua fonte ser a frustração ilícita de um direito 
de crédito, o qual era primariamente tutelado através da acção de 
cumprimento. No entanto, o dever de prestar violado não se 
confunde com o dever de indemnizar os originados em 
consequência dessa violação tendo antes este uma fonte 
autónoma: a responsabilidade obrigacional. 
 
A diferença entre a responsabilidade delitual e obrigacional é que, 
enquanto a responsabilidade delitual surge como consequência 
da violação dos direitos absolutos, que aparecem assim 
desligados de qualquer relação inter-subjectiva previamente 
existe entre lesante e lesado, a responsabilidade obrigacional 
pressupõe a existência de uma relação inter-subjectiva, que 
primariamente a atribuía ao lesado um direito a prestação, 
surgindo como consequência da violação de um dever emergente 
dessa relação específica, por meio do qual alguém possa exigir de 
outrem uma prestação, mas a responsabilidade surge em 
consequência da violação de deveres específicos e não apenas de 
deveres genéricos de respeito, que se aparentam como 
contraposto aos direitos absolutos. 
 
A responsabilidade civil por factos ilícitos 
O art. 48º vem estabelecer uma clausula geral da 
responsabilidade civil subjectiva, fazendo depender a uma 
constituição da obrigação de indemnização da existência de uma 
conduta do agente (factos voluntários), a qual represente a 
violação deum dever imposto pela ordem jurídica (ilicitude), 
sendo o agente censurável (culpa) a qual tenha provocado danos, 
e sejam consequência dessa conduta (nexo de casualidade) entra 
facto e o dano. 
 
Surge-nos assim os seguintes pressupostos da responsabilidade 
civil subjectiva: 
 
{
Factos voluntarios do agente; 
Ilícitude, Culpa, Dano;
Nexo de casualidade entre o facto e o dano
 
 
O facto voluntaria do lesante 
Esta nunca poderia ser estabelecida sem existir um 
comportamento dominável pela vontade, que possa ser imputado 
a um ser humano que visto como expressão da conduta de um 
sujeito responsável. Não se exige, porém, que o comportamento 
do agente seja intencional ou se quer que consista numa 
actuação, bastando que exista uma conduta que lhe possa ser 
imputada em virtude de estar sob controlo da sua vontade. 
 
Não são por isso factos voluntários, por estarem fora do controle 
da vontade do agente, os acontecimentos do mundo exterior 
causador de danos. Não envolve, por isso, responsabilidade civil a 
situação o agente destruir um vaso de porcelana, precioso, 
porque cais sobre ele em consequência de uma síncope cardíaca 
ou for submetida a uma a coacção física (vis absoluta) para esse 
efeito. Se existir algum domínio da vontade já pode, porém haver 
responsabilidade como na hipótese da destruição do vazo tem o 
resultado um gesto brusco do agente. 
 
 A acção (art. 443º) e a omissão (art. 486º), tratando-se uma 
acção, a imputação da conduta ao agente apresenta-se como 
simples, já no caso da omissão essa imputação ao agente exige 
algo a mais, como a sua oneração com um dever específico de 
praticar o acto omitido. 
 
Alguém se obriga a vigiar um doente mental por forma a evitar 
que este se suicide, sempre que alguém possuir coisas ou exercer 
uma actividade que se apresenta como potencialmente 
susceptíveis de causar danos a outrem, tem igualmente o dever 
de tomar a providências adequadas a evitar a ocorrência de 
danos, podendo responder por omissão se não o fizer. As coisas 
ou actividades perigosas que se encontram no âmbito do controlo 
do sujeito, delimitam assim um campo específico de imputação, 
onde a ocorrência de danos o sujeita a responsabilidade por 
omissão. 
 
Responsabilidade pre-contractual 
Examinar-se-á a questão da culpa na formação do contrato ou 
responsabilidade contratual. Antes da celebração do contrato, as 
partes não adquiriam qualquer direito, uma vez que não se tinha 
verificado um válido exercício da autonomia privada. Assim, o 
facto de terem iniciado negociações, ou mesmo a emissão de 
declarações negociais não poderia nunca conduzir a uma situação 
de responsabilidade, no caso de o contrato não se vir a concluir, o 
que só ocorre quando é obtido o mútuo consenso sobre todas as 
cláusulas art. 232º. 
 
O autor qualificou essa situação como a da culpa na formação dos 
contratos, designando pela expressão latina culpa in contrahendo. 
 
A doutrina da culpa in contrahendo tem vindo a partir daí a ser 
recebida nos diversos ordenamentos continentais, que a nível 
jurisprudencial, quer a nível legislativo. 
 
Actualmente a doutrina da culpa in contrahendo torna-se 
imprescindível uma vez que a evolução da sociedade cada vez 
mais complexo o processo de formação do contrato, levando a 
existência de conversações múltiplas, envio de cartas de 
intensão, elaboração de acordos de principio e omissão de 
declarações negociais sob reserva. Ora, esta complexidade da 
formação dos contratos vai criando sucessivas situações de 
confiança nas partes, que seria inaceitável, que não viessem a ser 
juridicamente protegidas através da responsabilidade civil. É essa 
a função da responsabilidade pré-contratual, consagrada no 
artigo 227º com a seguinte formulação: 
 
1. Quem negocia com outrem para conclusão de um contrato deve, 
tanto nos preliminares como na formação dele, proceder segundo 
as regras da boa-fé sob pena de responder sob danos que 
culposamente causar a outra parte. 
2. A responsabilidade prescreve nos termos do artigo 498º. 
 
Responsabilidade pelo risco 
O risco consiste num outro título de imputação de danos que se 
basea na delimitação uma certa esfera de riscos pela qual deve 
responder outrem e não o lesado. De acordo com a concepção do 
risco criado cada pessoa que cria uma situação de perigo deve 
responder pelos riscos que resultam dessa situação. 
 
O nosso direito vem adoptar uma concepção restritiva da 
responsabilidade pelo risco, consagrando taxativamente a sua 
admissibilidade apenas nos casos previstos na lei (art. 483º no 2), 
são considerados como situações de responsabilidade pelo risco a 
actuação de pessoa em proveito alheio (art. 500º e 501º) e a 
utilização de coisas perigosas como animais (art. 502º), veículos 
(art. 50º e ss) e instalações de energia eléctrica e gás (art. 509º e 
ss), havendo ainda a considerar outras situações constantes dos 
diplomas especiais. Face ao disposto no artigo (art. 483º no), não 
é, no entanto, proceder a aplicação analógica das disposições 
respeitantes a responsabilidade pelo risco. 
 
A responsabilidade comitente 
No art. 500º a lei vem estabelecer a situação da responsabilidade 
do comitente, referindo no 1, que “aquele que encarregar outrem 
de qualquer comissão responde, independentemente de culpa 
pelos que o comissário causar, desde que sobre este recaia 
também a obrigação de indemnizar”. O no 2 estabelece, no 
entanto, que “a responsabilidade do comitente existe se facto 
danoso for praticado pelo comissário, ainda que intencionalmente 
ou contra as instruções daquele no exercício da função que lhe 
estava confiada”. 
 
 
 
 
A responsabilidade do comitente é uma responsabilidade 
objectiva, pelo que não depende de culpa sua na escolha do 
comissário, na sua vigilância ou nas instruções que lhe deu. No 
entanto, essa responsabilidade objectiva apenas funciona na 
relação com o lesado (relação externa), já que posteriormente o 
comitente terá na relação com o comissário (relação interna) o 
direito a exigir a restituição de tudo quanto pagou ao lesado, 
salvo se ele próprio tiver culpa. Pode-se, por isso, dizer que esta 
responsabilidade tem por função especifica a garantia de 
pagamento da indemnização lesado, dada a circunstancia de os 
comissários serem pessoas normalmente desprovida de 
património susceptível de suportar o pagamento de elevada 
indemnizações e, actuando eles no interesse e por conta do 
comitente, deve caber a este garantir ao lesado a indemnização. 
 
Pressuposto da responsabilidade pelo risco 
O art. 503º, no 1, estabelece que “aquele que tem a direcção 
efectiva de qualquer veículo de circulação terrestre e a utilizar o 
seu próprio interesse, ainda que por intermédio de comissário, 
responde pelos danos proveniente dos riscos próprios do veículo, 
mesmo que este não se encontre em circulação”. Temos assim 
uma responsabilidade objectiva do utilizador do veículo, limitadas 
aos riscos próprias do veículo. 
 
Antes de tudo a responsabilidade pelo risco recai sobre aquele 
que tiver a direcção efectiva do veículo de circulação terrestre e o 
utilizar no seu próprio interesse, ainda que por intermédio de 
comissário. 
 
A expressão “direcção efectiva do veículo” significa ter um poder 
de facto, ou exercer controlo sobre o veículo, independente da 
titularidade ou não de algum direito sobre o mesmo. Assim, terão 
a direcção efectiva do veículo não apenas os seus detentores 
legítimos, como o proprietário, usufrutuário, locatário e 
comodatário, mas também os detentores ilegítimos, com ladrão 
que procede ao roubo, furto, ou furto de uso do veículo. Pelo 
contrário sempre que falte esse poder de facto, excluir-se-á a 
direcção efectiva como no caso do proprietário a quem o veículo 
foi furtado, o cliente do serviço do táxi ou o aluno durante as 
aulas de condução. Apesar de se tratar de um caso de 
responsabilidade objectiva, a lei parece vir exigir a imputabilidade 
do agente nos termos do art. 503º,no 2, por considerar que os 
inimputáveis, não estão em condições poderes de facto sobre o 
veículo. 
 
Casos de exclusão da responsabilidade 
Conforme o resulta do art. 505o, para além de se manter a 
aplicação do regime da culpa do lesado (art. 570o), a 
responsabilidade pelo risco é excluída sempre que o acidente seja 
“imputável ao próprio lesado, ou, terceiro ou quando resulte de 
causa de força maior estranha ao funcionamento do veículo”. 
Haverá que procurar delimitar estes casos da responsabilidade 
pelo risco, é excluída sempre que o acidente seja imputável ao 
próprio lesado. Não significa nesta caso que seja exigível a culpa 
do lesado, sendo porém, necessário que a sua conduta tenha sido 
a única causa do dano. Assim os comportamentos automáticos 
ditados por medo ou é invisível, serão também determinantes da 
exclusão da responsabilidade pelo risco, uma vez que nesse caso o 
acidente deixa de se poder considerar como um risco próprio do 
veículo e passa a ser devido exclusivamente a outros factores. 
 
Se o lesado tiver actuado sem culpa, parece que a 
responsabilidade pelo risco (ou culpa) do condutor do veículo não 
é excluída verifica-se a culpa concorrente do lesado com a culpa 
do condutor aplicar-se-ia o regime do art. 570o. Não se 
demostrando a culpa do condutor a culpa do lesado concorrer 
com o risco próprio do veículo. Parece que nesse caso será 
excluída à responsabilidade do condutor do veículo. Não só 
porque aponta nesse sentido, a redenção do abrange do art. 505o 
mas também do art. 570o no 2, a culpa do lesado excluí o dever de 
indemnizar em caso de culpa resumida. 
 
A responsabilidade pelo risco do condutor do veículo, é excluída 
podendo o terceiro responder que a título de culpa pessoal, quer 
a outro título (como no caso de terceiro deixar escapar uma 
animal que utiliza no seu próprio interesse). Finalmente, a 
responsabilidade pelo risco será excluída sempre que o acidente 
resulte de causa de força maior estranha ao funcionamento do 
veículo. Por causa da foça maior, entende-se aqui o 
acontecimento imprevisível cuja as consequências não podem ser 
evitadas, exigindo-se, porém, que esse acontecimento seja 
exterior ao funcionamento do veículo. Assim, circunstâncias 
relativas ao funcionamento do veículo, ainda que provocadas por 
um factor externo como a derrapagem o rebentamento de pneus 
e quebra da direcção ou incêndio por curto-circuito do motor 
excluem a responsabilidade de risco. 
 
Benefício da responsabilidade 
Relativamente aos beneficiários da responsabilidade pelo risco, a 
lei vêm esclarecer que esta tanto aproveita a terceiros, como às 
pessoas transportadas abrangendo assim tanto os que se 
encontravam for a do veículo como dentro dele. No caso do 
transporte por virtude de contrato, no entanto a responsabilidade 
só abrange os danos que atinja a própria pessoa e as coisas 
podem ser transportadas sedo por isso excluído da 
responsabilidade objectiva os danos em coisas não transportadas 
com a pessoa e os danos reflexos sofridos pelas pessoas referidas 
nos arts. 495o nos 2 e 3, 496o no 2 no caso de transporte gratuito a 
responsabilidade apenas abrange os danos pessoais da pessoa 
transportada sendo, portanto, nesse caso ainda excluído os danos 
nas coisas transportadas com a pessoa. A lei vem ainda referir no 
art. 504o no 4 que são nulas as clausulas que excluem ou limitem a 
responsabilidade do transportador pelos acidente que atinge a 
pessoa transportada o que a contrario parece permitir que no 
contrato as partes excluam ou limitem a responsabilidade do 
transportador pelos dados que atingem as coisas transportadas. 
 
Responsabilidade pelo sacrifício 
Verifica-se a responsabilidade pelo sacrifício sempre que a lei 
preveja o Direito à indemnização a quem viu os seu direitos 
sacrificados em resultado de uma actuação lícita destinada a fazer 
prevalecer um Direito ou um interesse de valor superior. O caso 
mais importante em que a lei prevê uma responsabilidade pelo 
sacrifício ocorre no estado de necessidade (339o no 2), em que 
conforme se referiu é justificada a conduta do agente que 
sacrífica bens patrimoniais alheios para evitar um perigo actual de 
um dano manifestamente superior, quer do agente quer do 
terceiro. Nesse caso, a lei impõe imperativamente que o agente 
deva indemnizar o prejuízo causado se o dano for provocado por 
sua culpa exclusive. 
 
Nos outros casos, admite-se, mais apenas como possibilidade que 
o tribunal conceda uma indemnização equitativa, condenando 
nela não só o agente como todos os que tirarem proveito do actor 
ou contribuíram para o estado de necessidade assim conhecido o 
exemplo de alguém, para salvar uma pessoa cuja as roupas se 
encontram a arder, apagar o fogo com um casaco de peles que 
tem à mão, o agente será necessário e exclusivamente 
responsável se tiver sido ele a provocar o sinistro. 
 
Naturalmente que o direito geral de personalidade tem valor 
superior ao de um simples Direito de crédito, o que torna lícito o 
sacrifício desse último, mas esse sacrifício deve ser compensado 
com uma indemnização, sob pena de se porém m causa a eficácia 
vinculativa desse negócio. 
 
Obrigação de indemnização 
A obrigação de indemnização e tratada nos art. 562o e ss., como 
uma modalidade das obrigação. Efectivamente ela constituí uma 
categórica autónoma de obrigações em virtudes de possuir uma 
fonte específica (a imputação de um dano a outrem), ter 
conteúdo próprio (prestação de equivalente ao dano sofrido) e 
um particular interesse do credor, a eliminação do dano que 
sofreu. 
 
A exigência da indemnização não implica uma determinação 
exacta do montante dos danos antes da propositura da acção, 
podendo enta ela ser proposta sem essa indicação e 
inclusivamente no decurso de ser exigido um aumento da 
indemnização se o processo vier a revelar danos superiores aos 
inicialmente previstos, mas também o próprio tribunal não 
necessita de determinar o valor exacto dos danos, para atribuir 
indemnização podendo esta ser estabelecida equitativamente, 
dentro dos limites que se tiverem como provados, caso não seja 
possível determinar logo o montante dos danos poderá afixação 
da indemnização ser remetida para execução da sentença 
admitindo-se ainda nesse caso que o tribunal condene logo o 
devedor dentro do quantidade que considera já provado. 
 
TEMA XI: Enriquecimento Sem Causa 
 
Enriquecimento 
Definição 
Relativamente ao conceito de enriquecimento referido no art. 
473o no 1, do código civil, este deve ser entendido no sentido de 
vantagem de carácter patrimonial, excluindo-se assim do âmbito 
deste instituto as vantagens obtidas à custa de outrem, que não 
sejam susceptíveis de avaliação pecuniária, como sucessões com 
os benefícios de cariz espiritual o moral. 
 
O enriquecimento sem causa como fonte das obrigações 
A proibição do enriquecimento injustificado constitui um dos 
princípios constitutivos do nosso Direito Civil, com base nele, 
pedem-se justificar inúmeros institutos, como o cumprimento dos 
contratos, a garantia contra os vícios da coisa, a resolução por 
incumprimento, a alteração das circunstancias, e excepção de não 
cumprimento do contrato. 
 
Esse princípio vem a ser consagrado no art. 473o, no 1 do Código 
Civil, que dispõe que “aquele que, sem causa justificativa, 
enriquece à custa de outrem é obrigado a restituir aquilo com que 
injustamente se locupletou”. O exercício da acção de 
enriquecimento sempre que alguém obtenha um enriquecimento, 
à custa de outrem, sem causa justificativa. 
 
Assim sempre que se verificasse a reunião de todos estes 
pressupostos, seria possível interpor uma acção a exigir a 
restituição do enriquecimento sem causa. O problema, no 
entanto, é que esses pressupostos são tão amplos e genéricos, o 
nosso legislador decidiu consagrar expressamente no art. 474o, a 
denominada subsidiariedade do instituto do enriquecimento sem 
causa, determinando que “não há lugar à restituição por 
enriquecimento,quando a lei efectuar ao empobrecido outro 
meio de ser indemnizado ou restituído, negar o Direito à 
restituição ou atribuir outros efeitos ao enriquecimento”. Esta 
norma pretende estabelecer que a acção de enriquecimento seja 
último recurso a utilize pelo empobrecido, vedada a sua utilização 
no caso de possuir outro fundamento para uma acção de 
restituição, ou quando a lei atribui outros efeitos ao 
enriquecimento sem causa. Também é manifesto que a acção de 
enriquecimento poderá concorrer com a responsabilidade civil. 
 
Exercício 
1. O que é um contrato promessa? 
2. Até que ponto a lei permite que as partes tenham faculdade de 
fixar livremente o contudo dos contratos? 
3. O que entende por sinal num contrato promessa de compra e 
venda? 
 
 
Bibliografia 
 
Cfr. MANUEL DE ANDRE, Obrigações, p. 3 e ANTONIO MENEZES 
CORDEIRO, Tratado de direito civil português, I – Parte Geral, tomo 
1, 3º ed., Coimbra, Almeida, 1987, pp. 357-358. 
 
Cfr. MENEZES CORDEIRO, Obrigação, 1º pp. 253 e ss. E 305 e ss. 
Cfr. MENEZES CORDEIRO, Tratado, I-1, pp. 43 e ss. 
Cfr. MENEZES CORDEIRO, Tratado, I-1, pp. 43 e ss. 
Cfr. OLIVEIRA ASCESSÃO, Direito Civil, Teoria Geral, I – Introdução. 
As Pessoas. Os bens, 2ª ed., Coimbra, Coimbra Editora, 2000, pp 
12-13. 
Cfr. ANTONIO MENEZES CORDEIRO, Obrigações, 1º, p. 17. 
Cfr.GERNHUBER, Das Schuldverhaltnis(Begrendung und Anderung, 
Pflichten und Strukturen, Drittwirkungen), Tubingen, Mohr, 1989, 
pp. 3 e ss. 
Fundamento desta solução é princípio invicto beneficium non 
datur, que impede que alguém seja credor de outrem sem a sua 
concordância. Há, porém excepções, como as dos arts. 459º e 
463º. 
José António Filipe Garcez – Apontamentos sem 
cogitoergos.sun3.no.sapo.pt 
Almeida. Carlos Ferreira, os direitos dos consumidores, Coimbra

Mais conteúdos dessa disciplina