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D3 – DCO – ROTEIRO 1 
Continuação da Classificação Básica 
OBRIGAÇÕES DE FAZER (positivas – conduta comissiva) 
Nas obrigações de fazer interessa ao credor a própria atividade do devedor. 
Se o serviço puder ser prestado por terceiro a prestação do fato poderá ser fungível ou infungível 
senão puder ser prestada por outra pessoa. 
Obrigação de fazer fungível: aquelas em que a obrigação não foi pactuada em atenção à pessoa 
do devedor. Ex: se eu contrato o encanador Caio para reparar o cano da cozinha, nada impede — 
se as circunstâncias do negócio não apontarem em sentido contrário — que a execução do serviço 
seja feita pelo seu colega Tício. Nesses casos o art. 249 do CC prevê: 
 “Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à custa 
do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível. 
Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização judicial, 
executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido” 
 
Nas obrigações de fazer infungíveis, aquelas em que fica estipulado que apenas o devedor indicado 
no título da obrigação possa satisfazê-la, também denominadas de obrigações personalíssimas 
(intuitu personae), cujo adimplemento não poderá ser realizado por qualquer pessoa, em atenção 
às qualidades especiais daquele que se contratou. Ex: quando se contrata um renomado artista 
para pintar um retrato, ou um consagrado cantor para apresentar-se em um baile de formatura. 
Essas pessoas não poderão, sem prévia anuência do credor, indicar substitutos, sob pena de 
descumprirem a obrigação personalíssima pactuada. 
CONSEQUÊNCIAS do descumprimento da obrigação de fazer infungível: 
Se a prestação do fato se torna impossível sem culpa do devedor, resolve-se a obrigação, sem que 
haja consequente obrigação de indenizar. Ex; Se um malabarista foi contratado para animar um 
aniversário de criança, e, no dia do evento, foi vítima de um sequestro, a obrigação extingue-se por 
força do evento fortuito. 
Se a impossibilidade decorrer de culpa do devedor, este poderá ser condenado a indenizar a outra 
parte pelo prejuízo causado. Ex: O malabarista contratado se acidentou porque, no dia da festa, 
dirigia seu veículo alcoolizado e em alta velocidade. Nesse caso, o descumprimento obrigacional 
decorreu de sua imprudência, razão pela qual deverá ser responsabilizado. 
 
OBRIGAÇÕES DE NÃO FAZER (negativas – conduta omissiva): têm por objeto uma prestação 
negativa, um comportamento omissivo do devedor. Ex.: quando alguém se obriga a não construir 
acima de determinada altura, a não instalar ponto comercial em determinado local, a não divulgar 
conhecimento técnico para concorrente de seu ex-empregador, a não sublocar a coisa etc. 
Observação: 1- o devedor descumpre a obrigação de não fazer ao realizar o comportamento que 
se obrigara a abster-se. 2 – Embora no Direito das Obrigações deva prevalecer a liberdade 
negocial, deve ser observado que não serão consideradas lícitas as obrigações de não fazer que 
violem princípios de ordem pública e vulnerem garantias fundamentais. Ex: não casar, não sair da 
cidade, não transitar por determinadas ruas, não trabalhar etc. Todas elas atingem, em última 
análise, direitos da personalidade e não são juridicamente admitidas. 
 
D3 – DCO – ROTEIRO 2 
Conseqüências do descumprimento das obrigações de não fazer: 
Se o inadimplemento resultou de evento estranho à vontade do devedor, isto é, sem culpa sua, 
extingue-se a obrigação, sem perdas e danos: Ex: sujeito que se obrigou a não construir um muro 
em seu imóvel, a fim de não prejudicar a vista panorâmica do vizinho, mas, em razão de 
determinação do Poder Público, que modificou a estrutura urbanística municipal, viu-se forçado a 
realizar a obra que se comprometera a não realizar. Trata-se, portanto, de um descumprimento 
fortuito (não culposo) da obrigação de não fazer. 
Se o descumprimento da obrigação decorrer de ato imputável ao próprio devedor, que realizou 
voluntariamente a conduta que se obrigara a não realizar. Opera-se, então, o descumprimento 
culposo da obrigação de não fazer. Ex: em razão de um desentendimento qualquer, o vizinho, por 
espírito de vingança, resolva erguer o muro que não deveria levantar. 
Nesse caso o CC determina que no inadimplemento culposo, o credor, além das perdas e danos, 
poderá lançar mão da tutela específica, assim como previsto para as obrigações de fazer, podendo, 
inclusive, atuar pela própria força, em caso de urgência, independentemente de autorização judicial. 
(quando “a obrigação, apesar de inadimplida, ainda pode ser cumprida, e o seu cumprimento é de 
interesse do credor, podemos pensar na tutela do adimplemento da obrigação contratual na forma 
específica) 
OBSERVAÇÃO: Existe uma situação diferente quando o devedor se obrigou a NÃO praticar 
determinada conduta, mas, por sua culpa, a realizou no plano concreto. O fato, depois de realizado, 
não pode ser apagado da face da Terra. Ex: da estipulação contratual de uma obrigação de não 
revelar um segredo. Uma vez tornado público o conteúdo que se queria sigiloso, não há como 
retirar do conhecimento da comunidade correspondente o domínio de tal saber. 
O que deve ser levado em consideração quando descumprida uma obrigação de não fazer é se é 
possível (ou não) restituir as coisas ao status quo ante ou, mesmo assim, se o credor tem interesse 
em tal situação. Sendo possível, e havendo interesse do credor, pode este demandar judicialmente 
o cumprimento da obrigação de não fazer, sem prejuízo das perdas e danos, até o desfazimento 
do ato que o devedor se obrigou a não fazer, com base no art. 251 do Código Civil de 2002. 
 
 
Artigos do CC correspondentes: 
CAPÍTULO II 
Das Obrigações de Fazer 
 Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só 
por ele exequível. 
Art. 248. Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação; se por culpa 
dele, responderá por perdas e danos. 
Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo 
recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível. Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, 
independentemente de autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido. 
CAPÍTULO III 
Das Obrigações de Não Fazer 
Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-se do 
ato, que se obrigou a não praticar. 
Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena 
de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos. Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o 
credor desfazer ou mandar desfazer, independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido.

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