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Resenha Crítica CASSOL, Roberto. Metodologia do ensino da geografia. 1. ed. Santa Maria: UFSM, 2005. 80 p. No texto, “A trajetória da Geografia como ciência e como disciplina escolar”, unidade “A” do livro Metodologia do ensino da geografia, Roberto Cassol aborda de maneira compreensível o percurso da disciplina geográfica ao longo do tempo, como ela foi utilizada ou deixada de lado em determinados momentos, e sua importância na formação de pessoas atuantes, que buscam transformações. Relata-se que o ensino de Geografia na Europa iniciou com o desenvolvimento do capitalismo industrial, em que o Estado passou a controlar os estudos, que antes estavam sob domínio da igreja. Neste período, as instituições de ensino passaram a ser vistas como meios essenciais para disseminar os ideais do Estado-Nação. Assim, dividia-se os estudos geográficos em: Geografia Física, Geografia Humana, vistas separadamente, e Geografia Geral e Geografia Regional. Quanto à introdução desta ciência no Brasil, Cassol (2005) menciona Carlos (2003), quando o autor diz que ela chegou ainda no período colonial, sendo percebida nos estudos naturalistas, e que continuaram sendo aprofundados no Império e Primeira República. Em 1930, com as mudanças ocorridas e a necessidade de se conhecer melhor o que se passava no país, criou-se os cursos superiores da disciplina nas universidades de São Paulo e do Distrito Federal. Houve, também, o início das atividades do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e a criação da Associação de Geógrafos Brasileiros (AGB). Já estabelecida, essa ciência passa a ser utilizada para diversos fins, ora com foco nas pesquisas relacionadas aos aspectos naturais, descritivos, ora enfatizando técnicas quantitativas, voltadas para o mercado, ou como meio de transmissão de ideologias, tornando o aluno enaltecedor do Estado. No entanto, com as renovações nos campos científico, tecnológico, informacional, e a globalização, veio a geografia crítica com uma visão avaliadora do que a sociedade faz ao longo do tempo: a organização do trabalho, a divisão da riqueza, as lutas sociais, o modo como utiliza natureza etc., em busca de tornar as pessoas mais ativas, engajadas por transformações. Questões humanísticas e culturais também ganharam importância. Em virtude dos fatos mencionados, compreende-se que a Geografia tem um papel importantíssimo na sociedade, e que, talvez, pelo seu poder de promover mudanças, a mesma tenha sido deixada de lado em alguns momentos. Seja os conhecimentos do meio físico, dos problemas sociais, políticos ou culturais, das análises quantitativas, das inovações tecnológicas, todos são abordados pelo geógrafo, que procura formar pessoas empenhadas em melhorar a realidade, que lutem pelos seus direitos, cumprindo suas obrigações, na tentativa de atingir os objetivos.