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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Elaboração e Análise de Projetos Internacionais Aula 4 Prof. João Alfredo Lopes Nyegray CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Conversa inicial Você com certeza já ouviu dizer que as micro e pequenas empresas são a esmagadora maioria do total de empresas existentes não só no Brasil, mas também no mundo. Quando você andar pela sua cidade, repare na quantidade de pequenos negócios existentes. São lanchonetes, pequenas confecções, restaurantes, fábricas de móveis e estofados e muitas outras organizações, dos mais variados segmentos. Essas empresas, pelo seu porte, dificilmente poderão contratar um profissional de comércio exterior ou de relações internacionais para trabalhar em sua sede. E como elas fariam para se internacionalizar? É justamente aí que entra a importância do profissional de relações internacionais munido de conhecimentos sobre projetos internacionais! Uma parte considerável das empresas brasileiras não se internacionaliza pela absoluta falta de conhecimento no assunto. Nesta aula, você vai se familiarizar com os conteúdos iniciais de gestão de projetos, para que possa criá-los na prática! Contextualizando Anteriormente, você aprendeu que existem diversas formas pelas quais uma empresa pode se internacionalizar. Para cada uma dessas formas, corresponde não só uma estratégia, mas também um interesse diferente: aquilo que a empresa espera obter nos mercados internacionais. Em certos casos, é possível que determinada empresa esteja buscando a internacionalização apenas para escoar produtos parados em estoque, sem intenções mais amplas. Em outros, pode ser que a organização queira definitivamente “fincar o pé” no exterior, dependendo cada vez menos do mercado doméstico. A cada uma dessas pretensões corresponde um projeto diferente. Um deles efêmero, outro de caráter permanente, que deverá ser pensado, planejado e ajustado de acordo com outro intuito. Você, enquanto profissional de Relações Internacionais, deverá saber levar todos esses fatores em consideração quando CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico prestar atendimento aos seus clientes e, principalmente, elaborar projetos que permitam que eles atinjam seus objetivos, sejam quais forem. Problematizando Analise o texto abaixo: Projeto de exportação atenderá 192 empresas no ABC A Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) apresentou ao Consórcio Intermunicipal Grande ABC a proposta de implantação do Peiex (Projeto de Extensão Industrial Exportadora). A ideia é assessorar 192 empresas da região que não exportam seus produtos a [sic] ganharem o mercado internacional. O convênio para implementação do projeto deve ser assinado até o final do mês. “O próximo passo é formar um comitê que, com informações fornecidas pelas prefeituras, identificará as empresas que podem receber a assessoria. O objetivo é que até o final de outubro o Peiex já esteja em funcionamento no ABC”, explica Tiago Terra, coordenador do projeto. O Peiex é gratuito e consiste em uma assessoria às empresas com o objetivo de promover melhorias na gestão, produtos e relações com o mercado exterior. Técnicos extensionistas visitam as empresas, identificando problemas e apontando soluções. Em média, o trabalho soma 40 horas e dura de três a seis meses. “A cada ano a assessoria pode ser renovada, mas acreditamos que em três anos a empresa já esteja pronta para caminhar com suas próprias pernas”, destaca Terra. Em todo o Brasil são 27 núcleos operacionais e atuação em 10 estados. Para o coordenador do projeto, o ABC tem potencial para se tornar o núcleo com maior índice de sucesso. “É uma região que conta com empresas muito organizadas, na área de gestão”. Empresas de qualquer setor podem ingressar no Peiex. O investimento da Apex no núcleo do ABC é de R$ 500 mil. (Projeto, 2016) Considere as afirmações abaixo: 1) Para que o projeto de exportação tenha sucesso, é importante promover melhoria na gestão, produtos e relações internacionais da empresa participante. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2) Para que o projeto de exportação tenha sucesso, não serão necessárias melhorias na gestão, produtos e relações internacionais da empresa participante. 3) O projeto de exportação é importante para assessorar empresas não exportadoras a iniciarem sua atuação no mercado internacional. 4) O projeto de exportação é importante para consolidar a posição exportadora de empresas já internacionalizadas. Tendo em vista o texto acima, assinale a alternativa verdadeira: a) ( ) As afirmações 1 e 2 são falsas. b) ( ) As afirmações 1 e 3 são falsas. c) ( X ) As afirmações 2 e 4 são falsas. d) ( ) Somente a afirmação 3 é falsa. Comentário: A alternativa correta é a letra “c”. O projeto de exportação abordará as melhorias necessárias às empresas e seus produtos para que a exportação dê certo. A ideia central é internacionalizar empresas que nunca exportaram nem tiveram experiências internacionais. Para que essas iniciativas dêem certo, um projeto bem planejado e executado é fundamental. Tema 1 – Temas Centrais de Gestão de Projetos Você já comprou alguma coisa pela internet? Possivelmente, já. E de algum site de fora do país? Uma grande parte das pessoas já comprou, também, de sites internacionais. É curioso que uma grande parte dos itens comprados de sites estrangeiros pela internet, poderia ter sido adquirida também no Brasil. Assim, toda vez que você compra algo de fora do país, a loja física na qual você poderia ter obtido esse item, perde uma venda. Ou seja, em vez de essa loja concorrer com outros estabelecimentos do mesmo shopping center, bairro ou cidade, ela concorre com um vendedor do outro lado do planeta. É justamente por isso que se fala que hoje nós vivemos a era da hiperconcorrência. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico A gestão de projetos surge, justamente, para dar respostas mais rápidas a essas mudanças na concorrência, no ambiente e em quaisquer outros aspectos da vida gerencial, que se viram transformados pela rapidez da vida moderna: As empresas têm passado por um processo de transformação, organizando-se para poder dar respostas eficazes e ágeis aos problemas ambientais, e em especial àqueles que se referem à competição e ao posicionamento de mercado. Essas respostas constituem um conjunto de ações ou atividades que refletem a competência da empresa em aproveitar oportunidades, incluindo, portanto, sua capacidade de agir rapidamente, respeitando as limitações de tempo, custo e especificações. Para tal, investir na adoção de técnicas e ferramentas de gerenciamento de projetos é fundamental e tem sido uma preocupação crescente nas empresas. (Carvalho; Rabechini Jr., 2015) Perceba, então, como a gestão de projetos pode ser útil num mundo cada vez mais competitivo, auxiliando as empresas a agir de maneira ágil, com custos relativamente baixos. Mas, afinal, o que é um projeto? Para que os interessados e estudiosos entendam vários aspectos relativos ao universo da gestão de projetos, existe o PMBOK: Project Management Book of Knowledge, ou Um guia do conhecimento em gerenciamento de projetos, criado pelo Project Management Institute [Instituto de Gestão de Projetos] (PMI). O PMBOK define projetos como “um esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo” (PMI,2013). Se um projeto é um esforço temporário, podemos dizer com alguma certeza que se trata de algo que tem uma data de início e de fim bem definidos. Exemplos de projetos podem ser: um novo produto ou serviço, um protótipo de algo, uma nova estrutura a ser implantada pela empresa, a escolha e aquisição de um novo sistema de gestão da informação e assim por diante. Os esforços empreendidos no gerenciamento de projetos servem, dentre vários fatores, para que a organização consiga, de alguma forma, fazer algo novo com menos risco e menos custo. A construção de uma usina é um bom exemplo de um projeto. Nesse caso, trata-se de um projeto complexo. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Fonte: http://www.iengenharia.org.br/site/userfiles/usina_1.jpg Suponha que uma determina empresa tenha adquirido novas tecnologias de fabricação de certos produtos e um novo sistema de informação, para melhorar seu gerenciamento. Um projeto pode ser, em primeiro lugar, a escolha das novas tecnologias e, em segundo, o treinamento dos colaboradores para que eles possam lidar com essas novidades. Agora que você já entendeu o que é um projeto, o que é a gestão de projetos? É “a aplicação do conhecimento, habilidades, ferramentas e técnicas às atividades do projeto, para atender aos seus requisitos” (PMI, 2013, p. 5). Dependendo da extensão e complexidade de um determinado projeto, ele terá mais ou menos fases, mas essas fases podem ser agrupadas em cinco processos diferentes: Fases da implantação de um projeto Na maior parte das vezes, os projetos são utilizados para agregar algo novo a uma determinada empresa. Sendo assim, a gestão de projetos trabalha com prazos, recursos, e riscos normalmente estreitos. Iniciação Planejam ento Execução Monitora mento Encerram ento CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Tema 2 – A Estratégia nos Projetos Uma das maiores serventias dos projetos é auxiliar as empresas a cumprir sua estratégia. Antes de nos aprofundarmos nesse tema, porém, vale a pena que nos debrucemos por alguns instantes na questão da estratégia das/nas empresas. Sabemos, afinal, que a estratégia é uma maneira escolhida para se chegar a algum lugar ou para atingir determinado objetivo. Expressando de outra forma, “estratégia é um plano, ou algo equivalente — uma direção, um guia ou curso de ação para o futuro, um caminho para ir daqui até ali” (Ahlstrand; Lampel; Mintzberg, 2010). Mas, para que ela serve? Veja: “a estratégia deve conduzir uma organização através de mudanças e reformas de maneira a assegurar crescimento e sucesso sustentáveis. Sem uma estratégia claramente definida, as organizações tendem a perder o rumo, como um barco sem velas nem leme em meio a uma tempestade” (Carter; Clegg; Kornberger, 2010). Ou seja, a estratégia serve para que as empresas saibam aonde estão, aonde querem chegar e o que farão para chegar lá. Sabendo onde se está e aonde se quer chegar, traçar a estratégia fica mais fácil. É como se você estivesse em frente a uma montanha e precisasse decidir o que fazer para chegar do outro lado: escalando, cavando um túnel ou contornando-a. Essa lógica da estratégia como caminho a ser percorrido mediante um curso de ação tem sido utilizada desde os anos 1950, para auxiliar as empresas a atingirem seus objetivos. Estudiosos da área de gestão estratégica acabaram por criar as chamadas “estratégias genéricas”, que seriam aquelas passíveis de utilização por diversas organizações, de diversos portes e segmentos. A primeira delas é a chamada estratégia de diferenciação. Trata-se de criar um produto ou serviço exclusivo de determinada empresa, diferenciado, de forma que só ela disponha dele nesse formato. É o caso da Nike, da Coca Cola, da Apple e de tantas outras grandes empresas que oferecem produtos únicos. A segunda das estratégias genéricas é a de liderança de custos. É o caso das empresas que não têm como objetivo criar nada de altamente inovador ou CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico diferenciado, mas buscam oferecer determinado produto pelo preço mais baixo. Chamada também de “política de preços” ou “liderança de custos”, essa estratégia parte da economia de escala: produzir muito a baixos preços. Por fim, a terceira estratégia genérica consiste na chamada estratégia de enfoque, ou seja, a empresa concentra suas atividades e esforços para oferecer produtos e serviços para uma fatia pequena do mercado, buscando um tipo único de comprador, muitas vezes pouco interessado em preços baixos. O melhor exemplo possível desse tipo de estratégia é o da fabricante de aviões Embraer. Não é todo mundo que pode comprar um avião executivo, não é mesmo? Interior de um Legacy, avião executivo da Embraer Fonte: http://ec.i.uol.com.br/album/110412_embraer_legacy_f_008.jpg As estratégias genéricas podem ser escolhidas por qualquer empresa, conforme a sua realidade. Da mesma forma, podem ser aplicadas de alguma maneira aos projetos, seja pela criação de um produto único e diferenciado, seja pelo oferecimento de produtos baratos ou destinados a um mercado muito específico. Muitos são os que criticam essas estratégias, justamente por serem genéricas demais. Ainda assim, elas podem servir aos mais diversos interesses; e seu propósito é, justamente, serem genéricas. Tema 3 – O Escopo dos Projetos e o Planejamento Estratégico Imagine que você trabalha numa empresa que fabrica bebidas: sucos, refrigerantes e chás. As vendas estão baixas e um colega seu tem uma ideia: começar a fabricar, além das bebidas, calçados. Essa ideia faz algum sentido? CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Parece que não. Por que uma empresa de bebidas passaria a fabricar algo tão diferente do que está acostumada a fazer? Afinal, seu escopo é a fabricação de sucos, refrigerantes e chás. Da mesma forma que as empresas, os projetos também contam com algo chamado “escopo”. E o que é escopo? É “o trabalho que precisa ser realizado para entregar um produto, serviço ou resultado com as características e funções especificadas” (PMI, 2013, p. 105). Outra forma de entendermos o escopo é como o objetivo definido do projeto. No caso do exemplo anterior, a fabricação de bebidas, e não de calçados. Dito isso, você consegue relacionar os projetos e as estratégias das empresas? Simples: “os projetos são frequentemente utilizados como um meio de direta ou indiretamente alcançar os objetivos do plano estratégico de uma organização. Os projetos são, normalmente, autorizados como resultado de uma ou mais das considerações estratégicas” (PMI, 2013, p. 10). Sendo assim, se a estratégia de uma empresa é ter 30% de participação num determinado mercado, os projetos deverão facilitar que isso se materialize. Nesse caso, podem-se criar projetos relacionados a marketing, a treinamento do pessoal de vendas, ao aumento das vendas, a um melhor relacionamento com clientes etc. É comum que, em grandes empresas, muitos dos funcionários sejam estimulados a criar e desenvolver projetos diversos. Esses projetos são apresentados à diretoria ou à gerência geral, que os aprova ou não. Assim, é comum que muitos projetos sejam rejeitados, justamente por não contribuírem de alguma forma com a estratégia organizacional: é o caso da empresa que fabrica bebidas, cujo funcionário propõe que ela passe a fabricar calçados. O PMBOK oferece alguns exemplos sobre o enlace entre a gestão de projetos e o planejamento estratégico, veja: • Demanda de mercado (p.ex., uma companhiaautomobilística autoriza um projeto para a fabricação de carros energeticamente eficientes em resposta à escassez de gasolina); • Oportunidade/necessidade estratégica de negócios (p.ex., uma empresa de treinamento autoriza um projeto para criar um novo curso para aumentar sua receita); CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico • Necessidade de natureza social (p.ex., uma organização não governamental de um país em desenvolvimento autoriza um projeto para fornecer sistemas de água potável, latrinas e educação sanitária às comunidades vítimas de altos índices de doenças contagiosas); • Consideração ambiental (p.ex., uma companhia de serviços públicos autoriza um projeto para criar um novo serviço de compartilhamento de carros elétricos para reduzir a poluição); • Solicitação de cliente (p.ex., uma companhia de energia elétrica autoriza um projeto de construção de uma nova subestação para atender a um novo parque industrial); • Avanço tecnológico (p.ex., uma empresa de produtos eletrônicos autoriza um novo projeto para desenvolver um laptop mais veloz, mais barato e menor em decorrência dos avanços em memória computacional e tecnologia eletrônica); e • Requisito legal (p.ex., um fabricante de produtos químicos autoriza um projeto para estabelecer diretrizes para o manuseio correto de um novo material tóxico)” (PMI, 2013, p. 10) Perceba que todos esses exemplos estão ligados a um tipo de consideração: demanda, oportunidade, solicitação de clientes, requisitos legais; mas, independentemente de qual consideração levar sua empresa a recorrer a projetos, para que estes sejam aceitos e tragam ganho real para a organização, devem, de alguma forma, colaborar para que ela atinja sua estratégia de maneira mais fácil. Uma das ideias centrais é que o gerenciamento de projetos auxilie a empresa não só a dar respostas mais rápidas às necessidades ou mudanças de mercado, mas que ela perdure, oferecendo aos seus clientes produtos ou serviços atualizados e competitivos. Para isso, a gestão de projetos pode — e deve — contribuir com os objetivos do planejamento estratégico. Tema 4 – Ciclo de Vida dos Projetos Anteriormente, você aprendeu que os projetos são esforços temporários, ou seja, eles têm data de início e de término. Você viu, também, que, independentemente de quão complexo ou simples seja um projeto, pode-se dividi-lo em ao menos cinco fases distintas. Mas, além dessas fases, o que acontece entre o início e o fim de um projeto? A resposta é o que se chama de CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico “ciclo de vida”, no qual estão dispostos todos os atos que devem servir para concluí-lo com sucesso. De acordo com o PMBOK, “ciclo de vida do projeto é a série de fases pelas quais um projeto passa, do início ao término. As fases são geralmente sequenciais e os seus nomes e números são determinados pelas necessidades de gerenciamento e controle” (PMI, 2013, p. 38). Ciclo de vida de um projeto No tema anterior desta aula, você aprendeu sobre o escopo do projeto. A definição de um escopo é uma das primeiras coisas a serem postas em prática, uma vez que ela delimita qual a atividade-foco, o que deve ser feito. Mas um projeto não se limita a um escopo; existem várias outras partes que o compõe. Uma dessas partes é sua gestão do tempo, ou seja, a definição de sua duração e de seu cronograma. Por definição, os projetos não têm duração ad eternum, como vimos anteriormente. Dependendo da complexidade do projeto, ele será mais ou menos extenso, e seu cronograma contará com mais ou menos fases. Um projeto complexo pode ser a construção de uma usina ou de um metrô, enquanto que um projeto simples pode ser, por exemplo, a organização de uma viagem em família ou de uma festa qualquer. A partir do momento em que já se definiu o escopo do projeto e já se estabeleceu quanto tempo ele deverá durar, deve-se ocupar de outro ponto Tempo Custos Qualidade Recursos Humanos Escopo CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico crítico: seus custos. “O gerenciamento dos custos do projeto inclui os processos envolvidos em planejamento, estimativas, orçamentos, financiamentos, gerenciamento e controle dos custos, de modo que o projeto possa ser terminado dentro do orçamento aprovado” (PMI, 2013, p. 193). É interessante observar que, dentro do ciclo de vida dos projetos, cada fase tem seus processos próprios. No caso dos custos, esses processos são: Planejamento da gestão dos custos; Estimativa de custos; Determinação de orçamento; Controle de custos. E o que ocorreria se não houvesse esse controle? Bem, de forma geral, sem o controle sobre os custos o resultado final do projeto pode acabar sendo mais dispendioso que o retorno que ele trará. Justamente por isso, trata-se de uma parte central para a gestão de projetos e, ao mesmo, tempo, um fator crítico de sucesso. E além do escopo, dos prazos e dos custos, o que mais deve ser gerenciado num projeto? A qualidade! Para o PMBOK, o “gerenciamento da qualidade do projeto inclui os processos e as atividades da organização executora que determinam as políticas de qualidade, os objetivos e as responsabilidades, de modo que o projeto satisfaça às necessidades para as quais foi empreendido” (PMI, 2013, p. 227). E qual a importância disso? Preocupar-se com a qualidade é ter certeza de que o tempo e os recursos gastos serão bem aproveitados, chegando-se a um resultado final satisfatório. É, também, ter certeza de que o resultado final será o esperado. Tal qual a gestão de custos, a da qualidade também tem seus processos: Gerenciamento da qualidade; Garantia de qualidade; Controle de qualidade. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Além de vários outros aspectos relativos ao ciclo de vida dos projetos, existe a gestão dos recursos humanos empregados. Novamente, para o PMBOK, “o gerenciamento dos recursos humanos do projeto inclui os processos que organizam, gerenciam e guiam a equipe do projeto. A equipe do projeto consiste das pessoas com papéis e responsabilidades designadas para completar o projeto” (PMI, 2013, p. 255). Se você trouxer para o seu projeto pessoas que abrirão tempo em suas agendas para participar dele, é imprescindível que elas sejam bem gerenciadas, e que suas habilidades sejam bem aproveitadas no que lhes concerne. É importante observar que, muitas vezes, gestores de projetos buscam equipes com formações altamente distintas, com a intenção de enriquecer o resultado final. Tema 5 – Gerenciamento de Projetos e Riscos Por melhor que se gerencie um projeto, suas fases e seu ciclo de vida, não há como eliminar os riscos em sua totalidade. É justamente por isso que a gestão de projetos preocupa-se, também, com a gestão de riscos. Mas, o que é um risco? Um risco “é um evento ou condição incerta que, se ocorrer, provocará um efeito positivo ou negativo em um ou mais objetivos do projeto tais como escopo, cronograma, custo e qualidade. Um risco pode ter uma ou mais causas e, se ocorrer, pode ter um ou mais impactos” (PMI, 2013, p. 310). Ou seja, é algo que pode afetar negativamente o sucesso do projeto. A ideia do gerenciamento de riscos é “aumentar a probabilidade e o impacto dos eventos positivos e reduzir a probabilidade e o impacto dos eventos negativos no projeto” (PMI, 2013, p. 309). No decorrer do tempo que um projeto leva para ser concluído, muitas coisas podem ocorrer. Por exemplo: um colaborador essencial pode trocar de empresa ou ser demitido. Uma crise econômicapode abalar os recursos destinados ao projeto. Algum erro fabril ou contábil pode afetar a qualidade. Existem, enfim, muitas coisas que podem ocorrer. É justamente por isso que o PMBOK elenca uma visão geral dos possíveis riscos: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Planejar o gerenciamento dos riscos—O processo de definição de como conduzir as atividades de gerenciamento dos riscos de um projeto. [...] Identificar os riscos—O processo de determinação dos riscos que podem afetar o projeto e de documentação das suas características. [...] Realizar a análise qualitativa dos riscos—O processo de priorização de riscos para análise ou ação posterior através da avaliação e combinação de sua probabilidade de ocorrência e impacto. [...] Realizar a análise quantitativa dos riscos—O processo de analisar numericamente o efeito dos riscos identificados nos objetivos gerais do projeto. [...] Planejar as respostas aos riscos—O processo de desenvolvimento de opções e ações para aumentar as oportunidades e reduzir as ameaças aos objetivos do projeto. [...] Controlar os riscos—O processo de implementar planos de respostas aos riscos, acompanhar os riscos identificados, monitorar riscos residuais, identificar novos riscos e avaliar a eficácia do processo de gerenciamento dos riscos durante todo o projeto. (PMI, 2013, p. 309) Perceba como o processo de gerenciamento de riscos aborda diversas variáveis. Mas, de onde vem essa preocupação? Ela vem da incerteza quanto ao resultado final. Justamente por isso vem a ideia de buscar identificá-lo de antemão: “os riscos conhecidos são aqueles que foram identificados e analisados, possibilitando o planejamento de respostas” (PMI, 2013, p. 310). A partir do momento em que já se conhecem os riscos, caso de fato ocorram fica mais fácil responder a eles e minimizar seu impacto final. Existem várias maneiras de elencar os possíveis riscos de um projeto antes que ele seja iniciado: opiniões de especialistas sobre os temas de que ele trata, reuniões com membros da organização e partes interessadas, produção de relatórios, acompanhamento dos prazos, custos e qualidade etc. Sugere-se a criação de um plano de gestão de riscos, que deverá documentar e descrever possíveis problemas, além da metodologia do projeto, “papéis e responsabilidades; orçamento para gestão do risco; categorias de risco” (Carvalho; Rabechini Jr., 2015), entre outros. Pode-se dizer que é impossível criar um bom projeto sem a eficiente gestão de seus riscos. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Na Prática Leia atentamente a notícia a seguir: Cinco tendências que transformarão o gerenciamento de projetos Novas práticas e expectativas de negócio afetarão certificações e conhecimentos exigidos O cenário de gerenciamento de projetos será bem diferente no futuro. Mudanças vindas de clientes, novas práticas, expectativas das áreas de negócio e requerimentos de governo afetarão certificações, conhecimentos técnicos e treinamento exigidos dos profissionais. O impacto terá foco em pessoas, processos e tecnologias. A seguir, listamos cinco tendências que afetarão suas estratégias. 1. A estratégia corporativa precisa moldar as ações de forma mais específica Competição, recursos limitados, fatores do ambiente interno e externo, orçamento e tempo restritos, impacto dos negócios mais amplo. Os líderes empresariais precisarão transformar suas práticas de gestão e os times para focar todos os esforços na busca pelos objetivos de negócio das organizações. [...] 2. Ir além das hierarquias operacionais para aproveitar ao máximo os recursos humanos A cultura empresarial exerce grande influência no gerenciamento dos times de projeto. O contexto hierárquico é bastante comum, com empregados apenas absorvendo ordens que vem [sic] do topo. Cada vez mais, os líderes precisarão encontrar uma abordagem positiva e produtiva para promover e recompensar as pessoas para construir um time e ambiente mais forte. [...] 3. Ser socialmente responsável Os líderes corporativos andam cada vez mais preocupados com questões amplas. Dessa forma, tente medir os impactos sociais de seus projetos, bem como seus objetivos em um contexto amplo. Em um mundo conectado, tudo se torna público. Pessoas e empresas querem fazer negócio com organizações éticas, que forneçam níveis adequados de transparência em sua gestão. [...] 4. Dar Maior ênfase a habilidades não técnicas CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Soft skills se tornam cada vez mais importantes. Além de uma certificação em gestão de projeto ou treinamento técnico, busque profissionais com boas habilidades de comunicação para compor seus times. Grande parte de um projeto refere-se a “pessoas”. [...] 5. Investir em ferramentas e segurança para o trabalho remoto Gestão remota de projetos nãos serve para todas as empresas, porém, a cada dia que passa, mais trabalho passa a ser executado remotamente. Isso desencadeia a busca por ferramentas para gerir iniciativas a distância. Tenha a tecnologia adequada para manter os esforços no prazo e dentro do orçamento. (Cinco Tendências, 2016) Depois de analisar o texto acima, responda: quais das fases do ciclo de vida dos projetos podem ser apontadas? Em primeiro lugar a definição e gerenciamento do escopo, visto que o escopo do projeto deve estar lado a lado com a estratégia da empresa. Em segundo lugar, a melhora na gestão de recursos humanos, visto que a gestão de RH está diretamente ligada à liderança. Em terceiro lugar, a consideração ambiental dentro da gestão do escopo, uma vez que esta se relaciona diretamente a questões de responsabilidade social. Em quarto lugar, quando se fala em dar ênfase a aspectos não técnicos e enfatizar as pessoas, novamente se trata do bom gerenciamento dos recursos humanos. Por fim, o investimento em segurança das ferramentas para trabalho remoto liga-se à gestão de riscos, uma vez que é um risco para as empresas que informações sigilosas a respeito dos projetos acabem vazando. Síntese A gestão de projetos existe para dar respostas mais rápidas a mudanças na concorrência, no ambiente e em quaisquer outros aspectos da vida gerencial, que são transformados pela rapidez da vida moderna. O PMBOK define projetos como “um esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo” (PMI, 2013, p. 3). Gestão de projetos, por outro lado, é definida como “a aplicação do conhecimento, habilidades, ferramentas e técnicas às atividades do projeto para atender aos seus requisitos” (PMI, 2013, CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico p. 5). Dependendo da extensão e complexidade de um determinado projeto, ele terá mais ou menos fases, mas estas podem ser agrupadas em cinco processos diferentes. Uma das maiores utilidades dos projetos é auxiliar as empresas a cumprir sua estratégia. A “estratégia é um plano, ou algo equivalente – uma direção, um guia ou curso de ação para o futuro, um caminho para ir daqui até ali” (Ahlstrand; Lampel; Mintzberg, 2010, p. 24); e “a estratégia deve conduzir uma organização através de mudanças e reformas de maneira a assegurar crescimento e sucesso sustentáveis. Sem uma estratégia claramente definida, as organizações tendem a perder o rumo, como um barco sem velas nem leme em meio a uma tempestade” (Carter; Clegg; Kornberger, 2010, p. 17). Enquanto as estratégias têm seus objetivos, os projetos têm seus escopos. Um escopo é “o trabalho que precisa ser realizado para entregar um produto,serviço ou resultado com as características e funções especificadas” (PMI, 2013, p. 105). Outra forma de entendermos o escopo é como o objetivo definido para o projeto. A relação entre as estratégias e os projetos se dá porque “os projetos são frequentemente utilizados como um meio de direta ou indiretamente alcançar os objetivos do plano estratégico de uma organização. Os projetos são normalmente autorizados como resultado de uma ou mais das considerações estratégicas” (PMI, 2013, p. 10). Uma das ideias centrais é que o gerenciamento de projetos auxilie a empresa não só a dar respostas mais rápidas às necessidades ou mudanças de mercado, mas que ela perdure, oferecendo aos seus clientes produtos ou serviços atualizados e competitivos. Para isso, a gestão de projetos pode — e deve — contribuir com os objetivos do planejamento estratégico. De acordo com o PMBOK, “ciclo de vida do projeto é a série de fases pelas quais um projeto passa, do início ao término. As fases são geralmente sequenciais e os seus nomes e números são determinados pelas necessidades de gerenciamento e controle” (PMI, 2013, p. 38). A partir do momento em que se tenha definido o escopo do projeto, e quanto tempo ele deverá durar, deve-se ocupar de outro ponto crítico: seus custos. Em seguida, sobre a qualidade esperada e os recursos humanos necessários para que ele aconteça. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Por melhor que se gerencie um projeto, suas fases e seu ciclo de vida, não há como eliminar os riscos em sua totalidade. É justamente por isso que a gestão de projetos preocupa-se, também, com a gestão de riscos. Um risco “é um evento ou condição incerta que, se ocorrer, provocará um efeito positivo ou negativo em um ou mais objetivos do projeto tais como escopo, cronograma, custo e qualidade. Um risco pode ter uma ou mais causas e, se ocorrer, pode ter um ou mais impactos” (PMI, 2013, p. 310). A ideia do gerenciamento de riscos é “aumentar a probabilidade e o impacto dos eventos positivos e reduzir a probabilidade e o impacto dos eventos negativos no projeto” (PMI, 2013, p. 309). Referências AHLSTRAND, B.; LAMPEL, J.; MINTZBERG, H. Safari de estratégia – um roteiro pela selva do planeamento estratégico. Porto Alegre: Bookman, 2010. AMATUCCI, M. Teorias de negócios internacionais e a economia brasileira – de 1850 a 2007. In.: _____. Internacionalização de empresas. São Paulo: Editora Atlas, 2009. CAVUSGIL, S. T.; KNIGHT, G.; RIESENBERGER, J. Negócios internacionais — estratégia, gestão e novas realidades. São Paulo: Pearson, 2010. CARTER, C.; CLEGG, S.; KORNBERGER, M. Um livro bom, pequeno e acessível sobre estratégia. Porto Alegre: Bookman, 2010. CARVALHO, M. M.; RABECHINI Jr., R. Fundamentos em gestão de projetos. Construindo competências para gerenciar projetos: teoria e casos. 4. Ed. São Paulo: Atlas, 2011. CINCO TENDÊNCIAS que transformarão o gerenciamento de projetos. 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