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Autores: Prof. Cassio Marcos Vilicev 
 Prof. Helder Cravo da Costa
Colaboradoras: Profa. Renata Guzzo Souza Belinelo
 Profa. Raquel Machado Cavalca Coutinho
Anatomia dos Sistemas
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Professores conteudistas: Cassio Marcos Vilicev e Helder Cravo da Costa
Cassio Marcos Vilicev
Doutor em Ciências pela Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de São Paulo (2013). Mestre em 
Ciências pelo Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (2005). Possui especialização em 
Educação a Distância pela Universidade Paulista – UNIP (2012) e especialização em Didática do Ensino Superior pela 
Universidade Sant’Anna (1999). É graduado em Educação Física pela Universidade de Mogi das Cruzes (1989) e em 
Fisioterapia (1998) pela Universidade Bandeirante de São Paulo.
Sua carreira profissional começou como professor de Educação Física em escolas particulares de São Paulo, onde 
permaneceu de 1990 a 1998. Dedica-se à Universidade Paulista – UNIP e à Faculdade Santa Rita de Cássia, desde 
2004, como professor titular dos cursos de Graduação e Pós-Graduação em Odontologia, Fisioterapia, Enfermagem, 
Nutrição e Educação Física. É líder das disciplinas de Anatomia Humana, Cinesiologia e Semiologia desde 2006. Tem 
vários trabalhos publicados em diversas áreas das Ciências Biomédicas.
Helder Cravo da Costa
Mestre em Ciências Morfofuncionais pelo Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de São Paulo (2013). 
Possui especialização em Treinamento Esportivo pela Universidade do Norte do Paraná (1999). Graduado em Educação 
Física pela Faculdade de Educação Física de Sorocaba – Associação Cristã de Moços (1998) e em Biomedicina pelo 
Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio – Itu (2010).
Sua carreira profissional começou como professor de musculação em academias e preparador físico das equipes 
de base representativas da cidade de Sorocaba entre 1998 e 2002. Atuou como professor de anatomia em cursos 
técnicos da área da saúde: Enfermagem, Radiologia, Instrumentação Cirúrgica e Nutrição de 2000 a 2010. Dedica-se à 
Universidade Paulista – UNIP como professor assistente dos cursos de Educação Física, Fisioterapia, Nutrição, Psicologia, 
Radiologia, Enfermagem e Biomedicina, desde 2008, nas disciplinas de Anatomia Humana, Citologia, Histologia, 
Bioquímica, Fisiologia, Neurofisiologia e Patologia.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
V586a Vilicev, Cassio Marcos.
Anatomia dos Sistemas. / Cassio Marcos Vilicev, Helder Cravo da 
Costa. – São Paulo: Editora Sol, 2017.
248 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXIII, n. 2-002/17, ISSN 1517-9230.
1. Sistema nervoso. 2. Sistema urinário. 3. Sistemas genitais. I. 
Costa, Helder Castro da. II. Título.
CDU 611
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CENTRO UNIVERSITÁRIO PLANALTO DO DISTRITO FEDERAL – UNIPLAN
Reitoria
Reitor: Prof. Yugo Okida
Vice-Reitor: Prof. Fábio Nogueira Carlucci
Pró-Reitor Acadêmico: Prof. Humberto Venderlino Richter
Pró-Reitor Administrativo: Prof. Robson do Nascimento
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Sumário
Anatomia dos Sistemas
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................9
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................ 10
Unidade I
1 ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA NERVOSO ................................................................................................. 12
1.1 As origens da neuroanatomia ......................................................................................................... 13
1.2 Introdução à terminologia da neuroanatomia ........................................................................ 78
1.3 Divisão do SN ......................................................................................................................................... 80
1.3.1 Divisão do SN com base nos critérios anatômicos ................................................................... 81
1.3.2 Divisão do SN do ponto de vista funcional ................................................................................. 85
1.3.3 Divisão do SN com base na segmentação ou metameria ...................................................... 86
1.4 Papéis do SN ........................................................................................................................................... 86
1.5 O tecido nervoso ................................................................................................................................... 87
1.5.1 Visão geral dos neurônios ................................................................................................................... 88
1.5.2 Classificação dos neurônios ............................................................................................................... 90
1.5.3 Sinapses ...................................................................................................................................................... 91
1.5.4 Arco reflexo ............................................................................................................................................... 91
1.5.5 Neurogênese no SNC ............................................................................................................................ 93
1.5.6 Lesão e reparo no SNP .......................................................................................................................... 94
1.6 Neuroglias ............................................................................................................................................... 94
1.6.1 Neuroglias no SNC ................................................................................................................................. 94
1.6.2 Neuroglias no SNP.................................................................................................................................. 96
2 SISTEMA NERVOSO CENTRAL ..................................................................................................................... 97
2.1 Generalidades sobre o encéfalo ..................................................................................................... 97
2.2 Morfogênese do SN ...........................................................................................................................100
2.2.1 Da fertilização até a nidação ...........................................................................................................101
2.2.2 Folhetos embrionários ........................................................................................................................103
2.2.3 Formação do SN ....................................................................................................................................104
2.3 Anatomia da medula espinal .........................................................................................................106
2.4 Anatomia do bulbo ............................................................................................................................1122.5 Anatomia da ponte ............................................................................................................................115
2.6 Anatomia do mesencéfalo ..............................................................................................................117
2.7 Anatomia do diencéfalo ..................................................................................................................119
2.7.1 O tálamo .................................................................................................................................................. 120
2.7.2 O hipotálamo ......................................................................................................................................... 123
2.7.3 O epitálamo ............................................................................................................................................ 129
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2.7.4 O subtálamo ........................................................................................................................................... 130
2.8 Anatomia do telencéfalo .................................................................................................................131
2.8.1 Lobos do telencéfalo .......................................................................................................................... 132
2.8.2 Os núcleos da base .............................................................................................................................. 135
2.8.3 As áreas corticais ................................................................................................................................. 137
2.8.4 O mapa citoarquitetônico do córtex cerebral .......................................................................... 138
2.8.5 O homúnculo de Penfield ................................................................................................................. 139
2.9 Anatomia do cerebelo ......................................................................................................................141
2.10 O sistema ventricular .....................................................................................................................143
2.11 Barreiras encefálicas .......................................................................................................................144
2.12 A nutrição sanguínea do encéfalo ............................................................................................144
3 SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO ............................................................................................................146
3.1 As diferenças anatômicas, fisiológicas e farmacológicas relevantes entre 
as partes simpática e parassimpática do SNA ...............................................................................147
3.1.1 Diferenças anatômicas ...................................................................................................................... 147
3.1.2 Diferenças fisiológicas ....................................................................................................................... 148
3.1.3 Diferenças farmacológicas ............................................................................................................... 149
3.2 Papéis do SNA ......................................................................................................................................151
3.3 Reações do SNA ..................................................................................................................................152
3.4 Sistema nervoso entérico ................................................................................................................154
4 SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO ..............................................................................................................155
4.1 Os nervos periféricos .........................................................................................................................155
4.2 Os gânglios ............................................................................................................................................157
4.3 As terminações nervosas .................................................................................................................158
Unidade II
5 SISTEMA DIGESTÓRIO: PARTE SUPRADIAFRAGMÁTICA ................................................................162
5.1 A boca e os anexos ............................................................................................................................162
5.2 A faringe ................................................................................................................................................172
5.3 O esôfago ...............................................................................................................................................174
6 SISTEMA DIGESTÓRIO: PARTE INFRADIAFRAGMÁTICA ..................................................................175
6.1 O estômago ...........................................................................................................................................175
6.2 O intestino delgado ...........................................................................................................................177
6.3 O intestino grosso ..............................................................................................................................179
6.4 O mesentério ........................................................................................................................................181
6.5 O reto e o ânus ....................................................................................................................................182
6.6 O fígado ..................................................................................................................................................184
6.7 A vesícula biliar ...................................................................................................................................186
6.8 Os ductos extra-hepáticos ..............................................................................................................186
6.9 O pâncreas .............................................................................................................................................187
6.10 O baço ...................................................................................................................................................187
6.11 O peritônio ..........................................................................................................................................188
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Unidade III
7 SISTEMA URINÁRIO ......................................................................................................................................190
7.1 Os rins .....................................................................................................................................................190
7.2 Os ureteres ............................................................................................................................................194
7.3 A bexiga urinária ................................................................................................................................195
7.4 A uretra ...................................................................................................................................................196
8 SISTEMAS GENITAIS MASCULINO E FEMININO .................................................................................1978.1 Sistema genital masculino .............................................................................................................197
8.1.1 Os testículos ........................................................................................................................................... 197
8.1.2 Os epidídimos ........................................................................................................................................ 199
8.1.3 O funículo espermático ..................................................................................................................... 199
8.1.4 Os ductos deferentes .......................................................................................................................... 200
8.1.5 O escroto ................................................................................................................................................. 200
8.1.6 As glândulas seminais .........................................................................................................................201
8.1.7 Os ductos ejaculatórios ......................................................................................................................201
8.1.8 A próstata ................................................................................................................................................201
8.1.9 As glândulas bulbouretrais ................................................................................................................201
8.1.10 O sêmen ..................................................................................................................................................202
8.1.11 O pênis .....................................................................................................................................................202
8.1.12 A ereção ................................................................................................................................................ 204
8.2 Sistema genital feminino ................................................................................................................206
8.2.1 A vagina ....................................................................................................................................................207
8.2.2 O útero ..................................................................................................................................................... 208
8.2.3 As tubas uterinas ..................................................................................................................................210
8.2.4 Os ovários ................................................................................................................................................. 211
8.2.5 Os órgãos genitais externos .............................................................................................................212
8.2.6 As mamas .................................................................................................................................................213
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APRESENTAÇÃO
Caro aluno,
Neste livro-texto, iremos continuar o estudo da anatomia humana, focando o sistema nervoso, o 
sistema digestório, o sistema urinário e os sistemas genitais masculino e feminino.
Dentro do sistema nervoso, estudaremos os órgãos que são compostos por tecido nervoso, como o 
encéfalo, a medula espinal e os nervos, destacando os neurônios, as células da glia e as vias aferentes e 
eferentes de condução do impulso nervoso e suas terminações nervosas. Além disso, aprenderemos as 
divisões anatômicas do sistema nervoso e a divisão fisiológica.
Do ponto de vista anatômico, veremos os sistema nervoso central e o sistema nervoso periférico, 
enfatizando as características morfofuncionais de cada estrutura.
Do ponto de vista fisiológico, compreenderemos as divisões somática e visceral. A integração 
anatômica e fisiológica desse sistema é de suma importância para entendermos o funcionamento do 
sistema nervoso.
Estudaremos também o sistema digestório, que realiza o processamento dos alimentos para extração 
dos seus nutrientes. Esse sistema é formado por uma sequência de órgãos tubulares, com uma entrada e 
uma saída específica, o qual será responsável por uma série de processos físicos e químicos, permitindo 
o processamento e a absorção dos nutrientes.
Alguns órgãos que fazem parte desse processo são: boca, faringe, esôfago, estômago, intestino 
delgado e intestino grosso. Além disso, alguns outros órgãos são considerados anexos ao sistema 
digestório, mas desempenham papéis fundamentais para o processo digestivo: glândulas da boca, 
dentes, língua, pâncreas, fígado e vesícula biliar.
O metabolismo celular produz uma série de metabólitos e excretas que devem ser extraídos do 
nosso organismo. Assim, o sistema urinário desempenhará esse papel fundamental na homeostasia dos 
líquidos corporais. A partir de um processo de filtração, os rins fazem a depuração do sangue produzindo 
a urina – um veículo aquoso que transportará os resíduos solúveis.
Após a sua formação, a urina será transportada dos rins para a bexiga urinária por meio dos ureteres, 
onde será temporariamente estocada para sua futura eliminação para o meio externo através da uretra.
Tanto no homem quanto na mulher, esses órgãos possuem características semelhantes, exceto a uretra, 
que, no sexo masculino, apresenta papéis e características anatômicas particulares, como servir de passagem 
para a urina e o sêmen, apresentando, assim, uma interface entre sistemas urinário e genital.
A respeito desse último, estudaremos os órgãos que são responsáveis pela reprodução, destacando os genitais 
masculinos, pelos quais serão transportados os espermatozoides até os genitais femininos, onde ocorrerá o 
encontro com o ovócito, promovendo a sua fertilização e o futuro desenvolvimento em embrião e feto.
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INTRODUÇÃO
Esta disciplina Anatomia dos Sistemas objetiva servir como base e recurso aos estudantes que buscam 
carreiras relacionadas à área da saúde, entre elas Enfermagem, Nutrição, Fisioterapia e Educação Física. 
Este livro-texto representa uma introdução imprescindível à anatomia humana para os estudantes. O 
foco é favorecer os conhecimentos aplicados das estruturas anatômicas do organismo humano e noções 
sobre as bases para aplicação de outras disciplinas básicas. Retratamos, neste material, conhecimentos 
práticos que possibilitarão aos estudantes da área da saúde o uso de fatos concernentes às circunstâncias 
reais com que eles poderão deparar na profissão que escolheram.
Após a unidade inicial subdividida em neuroanatomia, seguem mais duas unidades abrangendo 
os aspectos anatômicos, funcionais e clínicos do sistema digestório e do aparelho urogenital. Todos os 
capítulos são acompanhados de Saiba Mais, Leituras Obrigatórias, Lembretes e Observações, que facilitarão 
sobremodo a memorização dos temas principais. As fotografias, tal como as figuras apresentadas e 
ricamente legendadas, ilustram bem as características de cada tema complementando o aprendizado.
A revisão terminológica, relevante num livro dessa natureza, abrangendo a versão dos epônimos 
muito utilizados na clínica médica, está resguardada tecnicamente pela terminologia anatômica. Há, 
ainda, notas explicativas com termos e expressões definidos, facilitando sobremodo a compreensão do 
texto, mesmo para os principiantes ainda não familiarizados com a terminologia da área.
Por fim nos direcionamos aos estudantes da área da saúde: no primeiro dia em que você avalia 
um paciente ou põe as mãos sobreele, carece de um conhecimento básico de anatomia humana 
para elucidar suas observações. É na anatomia que você descobre a linguagem científica básica que o 
conduzirá ao longo de toda a sua carreira profissional e possibilitará a você dialogar com seus colegas 
de uma equipe multidisciplinar.
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
Unidade I
Você̂ está dirigindo pela autoestrada e ouve um forte ruído à sua esquerda. Prontamente desvia 
para a direita. Matheus deixa uma anotação na mesa da cozinha: “Vejo você mais tarde. Fique com 
tudo pronto às 19 horas” – você sabe que “tudo pronto” é o jantar para os convidados. Você está 
dormitando, porém logo acorda e imediatamente o seu bebê começa a choramingar. O que tais fatos 
têm em comum? Eles são exemplos diários do funcionamento de seu sistema nervoso (SN), que traz 
quase que permanentemente suas células corporais em atividade.
O SN é o sistema regente de controle e comunicação do organismo. Todo pensamento, ato e emoção 
refletem a sua atividade. Suas células se comunicam por sinais elétricos e químicos, os quais são velozes 
e específicos, geralmente promovendo respostas instantaneamente.
Com somente 2 quilogramas de peso, cerca de 3% da massa corporal total, o SN é um dos menores, 
todavia mais complexos, dos 12 sistemas corporais. Essa rede de bilhões de neurônios e um número 
ainda maior de células da neuroglia está organizada em duas subdivisões principais: o sistema nervoso 
central (SNC) e o sistema nervoso periférico (SNP).
Encéfalo
Medula espinal
Nervos espinais
Figura 1 – SNC e SNP
 Observação
Os neurônios são células especializadas para a condução e a transmissão 
de sinais elétricos no SN. Já as células da neuroglia ajudam os neurônios a 
realizarem seus papéis – os astrócitos e os oligodendrócitos, por exemplo 
– no SNC, bem como as células de Schwann e as células satélites no SNP.
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Unidade I
 Lembrete
O SNC corresponde ao encéfalo e à medula espinal dos vertebrados, e o 
SNP corresponde aos neurônios, às células da neuroglia, aos gânglios e aos 
nervos cranianos e espinais que se situam fora do SNC.
Conquanto seja muitas vezes comparado a um computador, o SN é bem mais complexo e mutável 
do que qualquer dispositivo eletrônico. Ainda assim, como em um computador, o veloz fluxo de 
dados e a alta atividade de processamento dependem de atividade elétrica. Porém, diferentemente 
do computador, partes do cérebro apresentam a capacidade de reorganizar as conexões elétricas 
anteriormente estabelecidas conforme a chegada de novos dados, de tal modo que compõem parte do 
processo de aprendizagem.
Em conjunto com os órgãos endócrinos, o SN controla e adequa as atividades de outros sistemas. 
Esses dois sistemas partilham relevantes características estruturais e funcionais. Ambos dependem 
de alguma maneira de comunicação química com tecidos e órgãos-alvo, e habitualmente agem de 
maneira complementar.
Assim, o SN normalmente age provendo ligeiras e sucintas respostas a estímulos, alterando 
provisoriamente as atividades de outros sistemas orgânicos. A resposta pode ser praticamente imediata, 
ou seja, em poucos milissegundos, e os fins esvaecem logo após interromper a atividade nervosa. Em 
compensação, as respostas endócrinas caracteristicamente possuem desenvolvimento mais brando do 
que as do SN, porém comumente persistem mais tempo, ou seja, horas, dias ou anos. Os órgãos endócrinos 
modulam a atividade metabólica dos demais sistemas em resposta à disponibilidade de nutrientes e à 
demanda energética. Eles também coordenam processos ininterruptos por longos períodos, isto é, de 
meses a anos, como o crescimento e o desenvolvimento.
 Lembrete
Os órgãos endócrinos são responsáveis pela produção de hormônios, 
lançados diretamente na corrente sanguínea, atingindo determinados 
tecidos-alvo.
1 ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA NERVOSO
A neuroanatomia denota o estudo do SN. Ela apresenta o nome de sistema porque é composta por 
um tecido fundamental que é o tecido nervoso, o qual, por sua vez, é composto de células nervosas 
designadas de neurônios. Os neurônios, portanto, são as unidades morfofuncionais desse sistema.
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
1.1 As origens da neuroanatomia
Conceberemos qual poderia ter sido um dos primeiros instrumentos dos homens das cavernas 
para observar o sistema neural central, a “inauguração da neuroanatomia” com outro nome. Os 
homens das cavernas, quiçá, montaram um “machado” com uma extremidade distal esférica 
e uma extremidade proximal cilíndrica para empunhá-lo e erguê-lo. Ao abaixá-lo com força 
sobre o cume da cabeça de algum desafeto, abria-lhe o crânio mais como arma do que como 
uma ferramenta cirúrgica. Prontamente, vieram muitos séculos antes dos instrumentos mais 
adequados, como o trépano, uma técnica cirúrgica na qual “buracos” foram efetuados no crânio 
do indivíduo para abrandar a pressão intracraniana determinada por traumatismo craniano, de 
tal modo que essa técnica tivesse sido realizada para abrir os crânios com finalidades mais 
nobres, ou seja, as terapêuticas, contribuindo assim para o alívio e a sobrevivência dos indivíduos, 
conforme ilustra a figura seguir.
Figura 2 – Trepanação
Os egípcios desenvolveram informações aprofundadas de anatomia e fisiologia. Entretanto, 
não consideravam o cérebro relevante. A primeira citação do cérebro designadamente como órgão 
ocorreu nos papiros do antigo Egito. Os papiros são documentos preciosos, pois relatam a literatura 
médica mais antiga do mundo. Eles demonstram uma medicina baseada em evidências e apresentam 
descrições das doenças cardíacas, digestivas, pulmonares e nervosas. Além dos papiros, as esculturas 
egípcias, de aproximadamente 1500 a.C., também deixaram seu legado relacionado aos aspectos 
de saúde, uma vez que mostram, por exemplo, degenerações tróficas em partes do organismo, que 
significam um comprometimento de estruturas neuroanatômicas secundárias a patologias nervosas, 
como acontece em membros inferiores com amiotrofia típica nos casos de poliomielite, conforme 
ilustra a figura seguinte.
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Unidade I
Figura 3 – Placa de calcário representando um indivíduo com deficiência física
 Observação
A poliomielite é uma doença infecciosa aguda causada pelo poliovírus, 
que danifica o SNC e leva à destruição de neurônios motores, resultando 
em paralisia flácida.
O surgimento dos filósofos na Grécia e as escolas de medicina, por volta do século 5 a.C., levaram 
ao o caminho necessário para a efetivação de investigações sobre a anatomia humana. Para Platão, 
o cérebro era “a nossa parte mais divina”. Assim, ele seguiu a teoria cefalocêntrica, segundo a qual o 
cérebro era o centro da alma. Platão adotou o termo enkephalon. Em seus estudos, ele descreveu os 
giros e os sulcos cerebrais, conforme ilustra a figura seguinte.
 Observação
O termo giro não era conhecido pelos gregos ou romanos. Até o início do 
século XIX, essas estruturas anatômicas eram designadas de circunvoluções.
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
Sulco frontal superior
Sulco frontal inferior
Sulco pré-central
Sulco pós-central
Sulco intraparietal
Giro pós-central
Giro pré-central
Giro frontal médio
Giro frontal superior
Sulco central
Figura 4 – Vista superior dos giros e dos sulcos cerebrais
 Saiba maisVocê gostaria de saber um pouco mais sobre o tema? Leia este artigo 
sobre o legado de Hipócrates e do Corpus hippocraticum no período 
abrangido entre os séculos V e IV a.C. até o período greco-romano, com 
Galeno, em II d.C.
REBOLLO, R. A. O legado hipocrático e sua fortuna no período 
greco-romano: de Cós a Galeno. Scientiae Studia, São Paulo, v. 4, n. 1, 
p. 45-82, 2006. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/ss/article/
view/11067>. Acesso em: 4 set. 2016.
Alcméon, da escola de medicina de Crotona, foi o primeiro a motivar a noção anatômica a 
partir de observações experimentais. Ele considerava que o cérebro era o centro de emoções, 
conhecimento, mente e alma, e integrou os papéis dos órgãos dos sentidos ao cérebro. Segundo 
Alcméon, todos os vasos sanguíneos originavam-se da cabeça e seu papel era distribuir o pneuma, 
ou seja, a origem da alma e da vida ao cérebro.
Contudo, outros filósofos acreditavam que o pneuma fosse distribuído ao cérebro diretamente 
da respiração nasal. Alcméon cometeu alguns erros bizarros, por exemplo: achava que o 
espermatozoide fosse parte do cérebro do homem desde os 14 anos de idade. Em dissecções de 
animais, ele descobriu o nervo óptico e as tubas auditivas, afirmando erroneamente que as cabras 
respiravam pela orelha.
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Unidade I
Surge então a figura lendária de Hipócrates de Cós, considerado o “pai da medicina”. No campo 
da anatomia, nada efetuou de relevante. A base fundamentada de seu ensinamento é “teres aos 
deuses o direito de viver e confiá-los aos homens”. Atribui-se a Hipócrates uma ampla coleção de 
trabalhos médicos, enquanto outros são conferidos a discípulos seus e a outros autores.
Figura 5 – Escultura de Hipócrates
Os conhecimentos sobre o SN na medicina hipocrática são muito deficitários. As ideias de anatomia e 
fisiologia são inconsistentes; sabia-se que o cérebro era constituído de duas metades divididas por uma 
membrana e que fazia continuidade com a medula espinal. Conforme a teoria dos quatro humores, o 
cérebro seria a fonte da fleuma. As meninges eram bem conhecidas pela conjuntura que proporcionava 
o tratamento cirúrgico dos casos de traumatismo craniano. A trepanação era utilizada com assiduidade.
 Observação
As meninges são revestimento do SNC originado do mesênquima e de 
células da crista neural. Há três meninges: dura-máter, aracnoide-máter e 
pia-máter, conforme ilustram as figuras 6, 7 e 8.
 
Figura 6 – Dura-máter
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
Figura 7 – Aracnoide-máter
Figura 8 – Pia-máter
O cérebro é reconhecido como o centro receptor das sensações. No livro Dos Lugares no Homem, 
de Hipócrates, depara-se com a seguinte observação a propósito dos sentidos da audição e do olfato:
A meninge é perfurada no ponto através do qual nós escutamos. [...] Esta 
é a única perfuração da membrana que protege o cérebro. Na região das 
narinas não existe perfuração, porém uma espécie de porosidade, parecida 
a uma esponja; por este motivo um indivíduo escuta a uma distância maior 
do que aquela em que ele sente os cheiros (HIPÓCRATES, 1995, p. 23 apud 
REZENDE, 2009, p. 62).
Nessa época, o termo neuron empregava-se especialmente aos tendões, que eram confundidos com 
os nervos. Reconheciam-se tão somente os nervos mais facilmente identificáveis, como o óptico, o 
acústico, o trigêmeo, o vago, o plexo braquial e os nervos ulnar e isquiático.
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Unidade I
 Lembrete
O V par de nervo craniano, ou nervo trigêmeo, apresenta componentes 
sensitivos para a sensibilidade geral da face e componentes motores para 
os músculos da mastigação.
O X par de nervo craniano, ou nervo vago, possui componentes 
sensitivos para as vísceras torácicas e abdominais, e componentes motores 
para os músculos da faringe e da laringe.
 Saiba mais
Você sabia que a lombalgia ocupacional gera influências negativas 
na performance das atividades laborais e de vida na equipe de 
Enfermagem e que a lombalgia está relacionada com o nervo isquiático? 
O profissional de Enfermagem que deseja assistir, tratar e cuidar do 
outro também precisa de cuidados, fazendo-se necessário que suas 
condições de saúde física, mental e espiritual estejam em equilíbrio. 
Portanto, recomendamos a leitura do artigo científico:
BORGES, T. P.; et al. Aplicação da massagem para lombalgia 
ocupacional em funcionários de Enfermagem. Revista 
Latino-Americana de Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 20, n. 3, 
p. 511-9, maio/jun. 2012. Disponível em: http://www.scielo.
br/scielo.php?pid=S0104-11692012000300012&script=sci_
abstract&tlng=pt. Acesso em: 10 set. 2016.
Em outro livro, Da Natureza do Homem, Hipócrates propunha uma conexão entre o cérebro e a 
doença sagrada, a epilepsia. Para ele, essa patologia era uma modificação advinda do cérebro que tinha 
como causa fatores naturais – a suposição de uma origem divina era consequência da inexperiência 
humana. Cada uma das doenças possuía uma causa própria, decorrente de fatores externos.
Seu texto renuncia às superstições e às bruxarias que rodeavam a doença, e Hipócrates não acreditava 
que o “homem pudesse ser vitimado por um deus, representado de derradeira perfeição”, expressando, 
assim, que a doença era hereditária e a sua origem estava situada no cérebro. Como tal, não precisava 
ser tratada com feitiçaria, mas com dieta e drogas.
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
Outro anatomista importante no período grego foi o filósofo Aristóteles. Ele realizou centenas 
de dissecções em animais, porém aparentemente não teve a oportunidade de dissecar cadáveres 
humanos. Aristóteles dá excelentes descrições de alguns órgãos, sob o ponto de vista da anatomia 
comparada. Essas descrições foram, eventualmente, ilustradas com desenhos. Ele cometeu vários 
equívocos ao sustentar a teoria cardiocêntrica egípcia (quadro a seguir). Aristóteles dizia que o 
coração era o órgão mais formidável do organismo, a sede da alma e também da inteligência. Ele 
falava que de todas as partes do organismo não havia nenhuma tão fria como o cérebro, além 
de a mais seca e que apresenta menos sangue, servindo o cérebro somente para o resfriamento 
do sangue.
Quadro 1 – Estudiosos gregos influentes que apoiavam a doutrina cardiocêntrica
Teoria Cardiocêntrica
Aristóteles Praxágoras Diócles
IV século a. C.
III século a. C.
II século a. C.
I século a. C.
Estoicos
Ateneu
Crisipo Zenão
Adaptado de: Crivelatto e Domenico (2007).
Quando Atenas perdeu sua soberania, o centro médico de maior notabilidade na história da 
humanidade foi, sem dúvida, Alexandria, no Egito. Fundada por Alexandre, o Grande, apresentou-se 
como uma cidadela onde os melhores intelectos da Antiguidade fundamentaram os alicerces para o 
estudo sistemático da matemática, da física, da astronomia, da literatura, da geografia, da biologia e da 
medicina. Sua grandiosa biblioteca foi utilizada para arquivar mais de 500 mil papiros. Lá se encontravam 
cópias de todos os textos escritos pelos filósofos e médicos gregos.
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Unidade I
Figura 9 – A grande biblioteca de Alexandria
A escola de medicina de Alexandria floresceu devido à decadência progressiva da escola de medicina 
de Cós. As necessidades dos conhecimentos médicos fizeram que se tornasse imprescindível a prática 
de dissecação humana, até então proibida pelos gregos. A autorizaçãoda dissecação em Alexandria 
aconteceu durante a primeira metade do século III a.C., onde, pela primeira vez, a anatomia efetivou-se 
como uma disciplina. Esse parêntese da história foi interrompido após a renovação religiosa adivinda 
com o catolicismo, que se opôs à manipulação de cadáveres humanos.
Os dois primeiros e maiores professores de anatomia no período Alexandrino foram Herófilo da 
Macedônia e Erasístrato de Cós. Eles dissecaram cadáveres de condenados à morte e descreveram 
cuidadosamente suas estruturas anatômicas. Herófilo foi reputado por Galeno como referência em 
anatomia. Considerado como o “açougueiro de homens”, realizou aproximadamente 600 dissecações 
em cadáveres humanos, e os meios utilizados por ele afrontaram os seus contemporâneos. Murmúrios 
públicos denuncianaram Herófilo de praticar vivissecção com a autorização do faraó Ptolomeu. 
Entretanto, há possibilidades de a informação dessa prática realizada por ele não apresentar um fundo de 
verdade, pois a inveja de seus opositores poderia ter afetado negativamente o humor desses indivíduos.
 
Figura 10 – Herófilo da Macedônia 
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
Figura 11– Erasístrato de Cós
 Lembrete
Vivissecção é a ação de dissecar um indivíduo vivo com a finalidade de 
efetuar estudos de natureza morfofuncional.
Ao contrário de Aristóteles, Herófilo considerou o cérebro como a sede da inteligência, no lugar 
do coração. Ele, um especialista em SN, descreveu a anatomia do cérebro e do cerebelo, bem como 
dos ventrículos encefálicos, tendo valorizado a importância dessas cavidades do interior do cérebro e 
das meninges. Em suas descrições sobre as meninges, chamou-as de chorioid, pela semelhança com a 
membrana que envolve o feto.
 Herófilo refere-se ao IV ventrículo e ao sulco do soalho na parte inferior, como a confluência 
dos seios da dura-máter, designado posteriormente como “o torcular de Herófilo”, torcula (L.), cujo 
significado é o de uma cisterna ou poço para coletar o líquido da prensa de vinho. Ele foi também o 
primeiro a reconhecer que eram os nervos, e não as artérias, que geravam os movimentos voluntários, e 
distinguiu os nervos sensitivos dos nervos motores, embora ainda imperasse certa confusão entre nervos 
motores e tendões.
 Observação
Os nervos sensitivos levam informações da periferia até o SNC, enquanto 
os nervos motores conduzem as respostas do SNC até um órgão efetuador.
Os seios da dura-máter servem como canais de baixa pressão para o 
fluxo de sangue venoso em direção à circulação sistêmica.
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Unidade I
Figura 12 – O torcular de Herófilo
Nessa mesma época, Erasístrato preocupou-se mais com as funções do organismo do que com a 
forma, por isso é considerado o “pai da Fisiologia”. Em relação ao SN, Erasístrato e Herófilo compararam 
o cérebro humano ao dos animais, observando que a superfície cerebral no homem possuía maior 
complexidade e maior número de circunvoluções, o que explicaria a superioridade da inteligência 
humana sobre a dos animais. Erasístrato também determinou o cérebro e o cerebelo como estruturas 
parenquimatosas. Com maior segurança do que Herófilo, separou os nervos motores dos nervos sensitivos 
e descreveu o trajeto dos nervos dos órgãos e dos sentidos. Ele reconheceu o córtex cerebral, e não a 
dura-máter, como a origem dos nervos cranianos.
A última colaboração da Idade Antiga veio do anatomista Claudius Galeno. Suas descrições raramente 
se adequam aos órgãos humanos, pois foram focadas em macacos, bois, ursos e porcos. Quanto não teria 
realizado Galeno na anatomia, se lhe fosse consentida a dissecação de cadáveres humanos, uma vez que 
viveu numa época onde milhares de infelizes eram sacrificados pelo capricho brutal da população romana, 
em particular pelos seus imperadores, entretanto eles não autorizavam a anatomia a servir-se dos cadáveres.
Figura 13 – Retrato de Galeno
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
Durante a sua permanência em Roma, Galeno desenvolveu intensa atividade: realizava conferências e 
palestras para o público, escrevia sem parar e era médico das classes mais pobres. Sua personalidade era de 
um egocêntrico presunçoso e autoritário; queria estar sempre com a veracidade e buscava contradizer seus 
predecessores e contemporâneos, exceto Herófilo e Hipócrates, que ele reverenciava – em cuja obra e doutrina 
dos quatro humores Galeno se fundamentava para a explicação etiopatogênica das doenças e do seu tratamento.
Com Galeno, os conhecimentos sobre o SN tiveram um enorme progresso. Foi um cefalocentrista, 
entre os cardiocentristas, que deixou cristalina sua visão sobre o controle do movimento dos músculos 
pelos nervos que provêm do cérebro. Ao contrário de Aristóteles, Galeno considerava o cérebro como o 
centro das sensações e do pensamento, a sede da alma, porque dizia que nele se gerava o raciocínio e 
se conservava a recordação das imagens sensoriais.
 Saiba mais
Você gostaria de aprender um pouco mais sobre o tema? O renomado 
historiógrafo da medicina Roy Porter escreve em texto fascinante para o 
público sobre a história da medicina a partir de diferentes pontos de vista, 
como da história das doenças, dos médicos, do corpo, do laboratório, das 
terapias, da cirurgia e do hospital. Leia:
PORTER, R. Das tripas coração: uma breve história da medicina. Tradução 
de Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Record, 2004.
Quadro 2 – Aspectos crolonológicos de relevantes filósofos e médicos 
gregos seguidores da doutrina cefalocêntrica
Teoria Cefalocêntrica
Alcméon
Anaxágoras Diógenes Filolau
Alcméon Pitágoras
Galeno
Herófilo Erasístrato
Hipócrates Platão
VI e V séculos a.C.
V século a.C.
IV século a.C.
III século a.C.
II século d.C.
Adaptado de: Crivelatto e Domenico (2007).
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Unidade I
As principais observações de Galeno estão no campo do SN. Ele estudou a anatomia do encéfalo em 
seus detalhes e considerou o cérebro como a sede de funcionamento de toda a alma. Para ele, os nervos 
originavam-se do cérebro e da medula espinal, e não do coração, como ensinava Aristóteles. Classificou 
os nervos cranianos em nove pares: nervo óptico; nervo oculomotor; nervo facial; nervo troclear; nervo 
trigêmeo; nervo palatino; nervo acústico; grupo vocal; nervo hipoglosso. Descreveu igualmente 30 
pares de nervos espinais, o grande simpático toracoabdominal e a dupla inervação vagal e simpática dos 
órgãos abdominais.
 Lembrete
O III par de nervo craniano, ou nervo oculomotor, é um nervo motor 
para alguns músculos extrínsecos do olho.
O XII par de nervo craniano, ou nervo hipoglosso, é um nervo motor 
responsável pela inervação dos músculos extrínsecos e intrínsecos da língua.
Conceitos Gregos Sobre o Desenvolvimento do Cérebro
Sede da sensação e da compreensão
(Alcméon, século V a.C.)
O mensageiro do entendimento. A origem das atividades emocionais 
e morais (Hipócrates, 400 a.C.)
Sede da alma racional
(Platão, 427-347 a.C.)
Sede de resfriamento do calor corporal
(Aristóteles, 384-322 a.C.)
Sede de funcionamento de toda a alma
(Galeno, 129-216 d.C.)
Centro de comando corporal 
(Herófilo, 335-280 a.C.)
Figura 14 – Diagrama esquemático que representa os pensamentos sobre o cérebro, segundo filósofos 
e médicos gregos entre os séculos V a.C. e II d.C.
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
 Lembrete
A terminologia anatômica atual determina o número de 12 pares de 
nervos cranianos.
 Saiba mais
Vamos relaxar! No site a seguir, você conhecerá 45 fatos curiosos sobre 
o cérebro humano. Boa leitura!
45 FATOS curiosos sobre o cérebro humano. Revista Galileu, 2 set. 2016. 
Disponível em: <http://revistagalileu.globo.com/Caminhos-para-o-futuro/
Saude/noticia/2016/09/45-fatos-curiosos-sobre-o-cerebro-humano.
html>. Acesso em: 4 dez. 2016.
Galeno classificou os nervos em dois tipos: moles ou sensitivos (para os órgãos dos sentidos) e 
duros (para os movimentos), atraindo a atenção para o fato de que existem órgãos com os dois tipos 
de nervos, como a língua e os olhos, favorecidos ao mesmo tempo com sensitividade e movimento. Ele 
explicou a duplicidade dos órgãos dos sentidos, dos ventrículos encefálicos e dos próprios hemisférios 
cerebrais para a casualidade de que “se um deles sofrer lesão, o outro suprirá a função do que for 
lesado” (GALENO, 1854, p. 557 apud REZENDE, 2009, p. 69). Ainda descreveu o corpo caloso, o fórnice e 
o infundíbulo da hipófise e admitiu que essa estrutura anatômica se comunicava com a cavidade nasal.
 Observação
O corpo caloso consiste num conjunto de fibras transversais, que, 
ao cruzarem a linha média, abrem-se em leques, de forma a alcançar 
os diferentes pontos de toda a convexidade cerebral. Emergindo abaixo 
do corpo caloso, está o fórnice – feixe complexo de fibras nervosas. O 
infundíbulo da hipófise é uma formação nervosa em forma de funil.
Ainda sobre Galeno, ele apresentou pela primeira vez que o organismo era controlado pelo cérebro. 
Localizou uma alma funcional no enkephalon – a parte com a qual ele acreditava que pensávamos –, onde 
se encontra o pneuma psíquico. De tal modo, impôs ao cérebro os papéis da percepção que Aristóteles 
havia atribuído ao coração. Galeno sustentava a teoria de que o pneuma psíquico, uma substância 
que ele acreditava se desenvolver nos ventrículos encefálicos, fluiria através dos nervos cominando 
a sensação e os movimentos voluntários. Em sua visão, os vasos sanguíneos transportavam a energia 
vital, queimada pelo coração, levada então até a base inferior do cérebro, onde ela se transformava em 
princípios espirituais (rete mirable).
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Unidade I
Senso 
Comum
Cheiro
Artéria carótida
Consciência
Pneuma vital – fonte primária 
de pneuma psíquico
Pneuma psíquico conduzido 
pelos nervos espinais
Fonte secundária de 
pneuma psíquico
Pneuma psíquico alterado 
por estímulos sensoriais
Ventrículo preenchido com 
pneuma psíquico
Audição
Visão
Figura 15 – Representação da formação do pneuma psíquico
Galeno cometeu muitos erros, como o concernente à sua teoria da circulação sanguínea; todavia, 
sem nenhum equívoco, ele foi o médico e anatomista com o prestígio mais duradouro sobre a medicina: 
1.500 anos.
O desenvolvimento da tradição ético-religiosa, que vai se desdobrar por toda a Idade Média, impediu 
os estudos de anatomia. Concomitantemente, as invasões dos bárbaros enfraqueceram o Império 
Romano e devastaram a Biblioteca de Alexandria, onde estavam guardados os estudos gregos sobre 
medicina. No obscurantismo provocado pelo cristianismo na Europa, coube aos árabes os cuidados do 
material recuperado da biblioteca.
O conhecimento obtido da medicina grega, por meio de obras traduzidas, faria da Escola de 
Galeno a mais importante no mundo árabe islâmico. Hipócrates, Herófilo e Erasístrato, antecessores de 
Galeno, e os mais relevantes representantes da medicina clássica, seriam, ao mesmo tempo, venerados 
ao longo de todo o período de ouro dessa cultura. A medicina grega estaria sempre presente e guiaria 
os trabalhos e as pesquisas, devido aos obstáculos de desenvolverem tais atividades em anatomia e 
fisiologia, pela proibição da prática de vivissecção e dissecação. As noções do organismo humano 
emanavam dos gregos.
Na Idade Média, o organismo passou por um processo de ressignificação. As atenções dos indivíduos 
eram voltadas para as ameaças divinas, em comparação às quais os perigos ao organismo passaram a 
ser desdenhadas. Essa seria uma das explicações aceitáveis para a redução do interesse dos indivíduos 
diante das questões de saúde, como a medicina e, consequentemente, a anatomia. Além disso, os roubos, 
as epidemias, a fome, as batalhas empreendidas pelas cruzadas religiosas, os pagamentos de impostos, 
enfim, tudo no feudalismo contribuiu para que as inquietações dos indivíduos se retrocedessem para a 
necessidade de segurança proporcionada pela terra e pela religião.
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
 Saiba mais
Vamos nos posicionar na História? Neste artigo você irá entender 
por que a Idade Média tem sido frequentemente encarada como “A 
Idade das Trevas”, em razão da intransigência religiosa e do misticismo 
por excelência. Tal fato se deve, em grande parte, ao período seguinte – 
Renascimento – quando o termo foi cunhado, em oposição à Antiguidade 
“luminosa”, humanista e racional, e à redescoberta do humanismo nos 
séculos XV e XVI. Para saber mais acerca do assunto, acesse:
ALMEIDA, C. C. Do mosteiro à universidade: considerações sobre 
uma história social da medicina na Idade Média. Aedos, v. 2, n. 2, 
p. 36-55, 2009. Disponível em: <http://seer.ufrgs.br/aedos/article/
view/9830/5643>. Acesso em: 4 dez. 2016.
Por esses aspectos, no período medieval, a evolução da anatomia foi estorvada. Os poucos 
estudos das estruturas cerebrais foram imaginados por desenhos e pinturas sem o cuidado de ser 
realístico ou conceber a autêntica forma do cérebro. As figuras foram construídas usando-se de 
diagramas esquemáticos, bidimensionais, os quais retratavam papéis cerebrais diversos, deixando 
claro que o conceito anatômico era incompleto. Funções da visão, da audição, da gustação, 
da alma e mentais, por exemplo, eram projetadas para células, isto é, os ventrículos laterais, 
esboçados sem propósito de expressar a realidade da estrutura anatômica legítima, conforme 
ilustra a figura a seguir.
Figura 16 – Diagrama esquemático com ilustrações medievais da doutrina celular da função cerebral. Observa-se que não há 
preocupação em representar o cérebro de forma realista e com perspectiva
De tal maneira, foram descobertos, em manuscritos medievais, esboços do cérebro, efetuados 
por autor desconhecido, que mostram um texto de origem em Salerno, os quais datam do ano 
de 1250 e expõem o cérebro com giros e sulcos, todavia de maneira simples, irrigado por uma 
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rede de vasos sanguíneos oriundos do pescoço e da região cervical. Um pouco mais real do que 
os diagramas esquemáticos, mas não existe o cuidado de representar integramente a estrutura 
cerebral, porém se avizinha um pouco mais da anatomia realística do que os diagramas.
Figura 17 – Desenho medieval esboçando o cérebro e os vasos sanguíneos
No final da Idade Média e durante o Renascimento, a arte se preocupava mais com a representação 
da imagem humana. Nessa época, surgem magníficos professores e anatomistas, entre eles Jacopo 
Berengario. Conta a história ter ele dissecado mais de 100 cadáveres humanos. Professor em Bolonha 
durante 25 anos, Berengario realizou vivissecções, e em suas discussões expôs de maneira clara a presença 
de líquidos nos ventrículos encefálicos. Ele se opôs a alguns anatomistas que acreditavam na presença 
de “um vapor ou espírito”, encontrado em indivíduos vivos o qual era “condensado” em líquido após a 
morte. Era claro para ele, portanto, que esse líquidonão era “vapor” em organismos vivos. Berengario 
também descreveu a medula espinal, terminando no adulto ao nível de L2.
 Nenhuma pesquisa sobre a história da anatomia no período medieval pode ser considerada 
completa sem citar o nome de Mondino de Luzzi. Ele foi contemplado como o primeiro “restaurador da 
anatomia”. Mondino efetuou dissecções em cadáveres humanos de criminosos e escreveu o manual de 
dissecação, a Anatomia Mondini.
Figura 18 – Uma lição de anatomia. Mondino ilustra a dissecação de cadáver durante a cátedra. Um cirurgião efetua a dissecação e o 
professor Mondino aponta as estruturas anatômicas
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
Mondino encarou uma área muito desafiadora, como a anatomia do cérebro, entretanto foi hábil 
em prover uma descrição brilhante e racional por meio de suas dissecações. Atribuiu muitos dos papéis 
cerebrais aos ventrículos, brevemente destacando Galeno, que enfatizou o parênquima cerebral.
Figura 19 – Ventrículo encefálico
Segundo Mondino, uma vez que as membranas, a dura-máter e a pia-máter são levantadas, o 
cérebro vai aparecer. Ele observou que o encéfalo humano tem duas partes: a anterior, a qual chamou de 
prosencéfalo, e a posterior, que denominou de cerebelo. A parte anterior do encéfalo foi dividida em dois 
hemisférios cerebrais (direito e esquerdo), conforme ilustra a figura seguinte. Mondino dedicou grande 
atenção à descrição dos ventrículos encefálicos. “Os ventrículos encefálicos são em número de quatro. O 
ventrículo anterior é o ventriculus anterior magnus, sendo ele subdividido em: uma parte direita e uma 
esquerda” (CRIVELLATO; RIBATTI, 2006, p. 585, tradução nossa).
Hemisfério direito Hemisfério esquerdo
Figura 20 – Hemisférios cerebrais
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Unidade I
 Lembrete
Nessas duas partes dos hemisférios cerebrais (direita e esquerda), 
descritas por Mondino, encontram-se os ventrículos laterais da terminologia 
anatômica atual.
Cerebelo (L.), do latim cerebellum: pequeno cérebro (figura a seguir). O 
cérebro posterior, que está localizado na fossa posterior do crânio.
Hemisfério direito Hemisfério esquerdo
Figura 21 – Vista superior do cerebelo
Mondino complementou:
Estes ventrículos são espaçosos e, especialmente, em sua parte anterior 
temos o local de origem das nossas fantasias, já na parte posterior se 
encontram as nossas imaginações, enquanto na parte do meio está o ponto 
de encontro do modo de pensar da maioria dos indivíduos e as noções 
comumente admitidas pelos seres humanos, ou seja, o nosso senso comum 
(CRIVELLATO; RIBATTI, 2006, p. 585, tradução nossa).
Conforme Mondino, os papéis desses ventrículos laterais são, portanto, propor a fantasia, a 
imaginação e o senso comum. O terceiro ventrículo, chamado por ele de ‘’lacuna’’, ou ventrículo médio, 
está disposto no fundo da parte mediana do cérebro.
Este ventrículo é uma cavidade arredondada semelhante a um lago, e o seu 
papel está relacionado com a sede da meditação e do raciocínio (CRIVELLATO; 
RIBATTI, 2006, p. 585, tradução nossa).
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
O quarto ventrículo, denominado por Mondino de ventrículo posterior, está localizado na região 
posterior do encéfalo, ou seja, junto ao cerebelo. Mondino representou essa região como o ponto de 
origem da medula espinal e vários nervos motores. Para ele, o ventrículo posterior tinha uma forma 
piramidal e foi interpretado como o lugar da memória. De tal modo, Mondino seguiu a doutrina da 
localização psicológica de Galeno relacionada às funções situadas dentro dos ventrículos encefálicos.
 Lembrete
O encéfalo apresenta quatro ventrículos: dois laterais (I e II ventrículos), 
o III ventrículo e o IV ventrículo.
Curiosamente, Mondino descreveu uma estrutura com coloração “vermelho-sangue”, que possui 
a forma de um “verme longo caminhando no solo”, encontrada no espaço entre os dois ventrículos 
laterais. Esta estrutura anatômica corresponde aos plexos corióideos dos ventrículos laterais. De 
acordo com Mondino, esse órgão vascular foi relacionado com a atividade do pensamento, porque sua 
contração gera a obstrução da passagem do espírito vital, seguida de bloqueio de qualquer faculdade 
do pensamento.
Figura 22 – Plexos corióideos
 Observação
Os plexos corióideos, estruturas que se projetam para dentro dos 
ventrículos encefálicos, são responsáveis pela produção de líquido 
cerebrospinal (LCS).
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Unidade I
Notavelmente, Mondino não se limitou à descrição do cérebro para o aparelho ventricular, mas 
também considerou o tecido cerebral, comparando-o a uma substância como a medula óssea. Ele 
mencionou estruturas distintas na base de cada um dos ventrículos laterais e chamou-as de anchae 
por apresentarem uma forma curva que lembrava as nádegas. Há uma divergência histórica sobre essas 
estruturas descritas por Mondino. Elas seriam, quiçá, os corpos quadrigêmeos ou, mais provavelmente, 
as estruturas descritas por ele, na realidade, são os núcleos caudados da anatomia moderna.
 Observação
Os corpos quadrigêmeos são estruturas anatômicas localizadas na 
região posterior do mesencéfalo, formadas por dois colículos superiores e 
dois colículos inferiores.
Colículo superior
Tálamo
III ventrículo
Glândula pineal
MesencéfaloColículo inferior
Vérmis
Hemisfério cerebelar 
esquerdo
Hemisfério cerebelar 
direito
Figura 23 – Vista superior/posterior do cerebelo
 Observação
O núcleo caudado é cosiderado um dos núcleos da base. É assim 
denominado por ter uma longa extensão ou cauda.
O discípulo de Mondino de Luzzi, Guido da Vigevano, realizou dissecações em cadáveres e, a partir 
de seu manuscrito Anathomies, foi o primeiro cientista que utilizou quadros para esquematizar suas 
descrições anatômicas, sendo ele o precursor no desenvolvimento da proximidade entre a neuroanatomia 
e o desenho artístico, como demostram as figuras a seguir.
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
Figura 24 – Tábuas de anatomia: Guido da Vigevano
Guido fez esboços de trepanações cranianas por meio de um bisturi e um martelo, cujo intuito era 
mostrar o encéfalo e as duas meninges, até então conhecidas como a dura-máter e a pia-máter. Ele 
definiu as meninges como película.
Figura 25 – Trepanações cranianas
Outros achados relevantes de Guido da Vigevano estão relacionados com a medula espinal e a origem 
dos nervos espinais. Esses pares de nervos espinais atravessam os forames intervertebrais, formam os 
plexos nervosos e atingem todo o organismo. Ele demonstrou uma vaga padronização da estrutura 
cortical encontrada na superfície encefálica. Posto isto, os esboços de Guido foram uma contribuição 
valiosa para os avanços da história da neuroanatomia.
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Unidade I
Figura 26 – Medula espinal e nervos espinais
Ainda durante a Idade Média, existiu John Arderne, um importante cirurgião em Nottinghamshire 
e Londres, que teve, ao longo de sua vida profissional, oportunidades de aprender e desenvolver suas 
habilidades como cirurgião militar, pois nesse ínterim histórico ocorreu a Guerra dos Cem Anos do século 
XIV. De tal modo, ele observou os ferimentos causados pelas primeiras batalhas que utilizaram a pólvora.
Arderne descreveu seus estudos em latim eobviamente usou os ensinamentos de muitos dos autores 
escolásticos de enorme autoridade, como Galeno e Avicena. As figuras seguintes mostram, em cortes sagitais, 
a dissecação da cabeça ao períneo. Na figura a seguir, o cérebro é visto dividido em partes: frontal, média e 
terços posteriores, além dos giros e sulcos que são representados como linhas interrompidas. Na figura 28, ele 
manteve o mesmo padrão de secção do encéfalo. Nesta imagem, além da representação do cérebro, há uma 
tentativa de retratar de forma realística outras regiões e órgãos do corpo humano.
Figura 27 – Dissecção da cabeça ao períneo
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
Figura 28 – Dissecção da cabeça ao períneo
O Renascimento foi um período que suplicava por “titãs” e que os compôs por força do pensamento, 
paixão, caráter, versatilidade e sabedoria. A anatomia também teve tais “titãs”. Eles aniquilaram a 
anatomia escolástica de Galeno e cimentaram os fundamentos da anatomia cientifica. O precursor 
desse trabalho titânico foi Leonardo da Vinci, o verdadeiro criador foi Vesalius, e a findar esse trabalho 
esteve Harvey.
As produções que proporcionavam a articulação entre a arte e a ciência demonstrada em alguns 
dos primeiros estudos conhecidos sobre o cérebro não somente influíam como também deram forma 
ao objeto-livro, surgindo como referências em algumas de suas páginas. O trabalho conjunto entre 
cientistas e artistas já acontecia, da mesma maneira, no comentário das observações e, também, na 
preparação dos esquemas de representação daquilo que muitas vezes só poderia ser idealizado e 
explicado. Neste contexto, o próprio pesquisador era ao mesmo tempo cientista e artista, como foi o 
caso de Da Vinci. 
O grande renascentista italiano Leonardo da Vinci se dedicou com ardor às pesquisas minudenciadas 
do organismo humano, esboçando inúmeros desenhos com estudos anatômicos que representavam as 
estruturas interiores e as proporções do corpo, objetivando um maior realismo em sua obra. Ele estudava 
o organismo instituindo comparações e buscando simetrias com o microcosmos.
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Unidade I
Figura 29 – Leonardo da Vinci, o gênio do Renascimento
Da Vinci fez diversos desenhos representando o funcionamento dos órgãos corpóreos, como o 
cérebro, o esqueleto, o caminho de veias e as estruturas digestivas. Em algum momento da história, 
quiçá acirrado por um revigorado interesse na anatomia, ele tornou-se um “consumidor voraz “ de 
cadáveres. Por volta de 1508, Da Vinci fez moldes, em cera derretida, dos ventrículos encefálicos, para 
estudar a sua estrutura.
Figura 30 – Fisiologia do cérebro, de Leonardo Da Vinci 
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
Figura 31– Forma dos ventrículos, de Leonardo Da Vinci
O médico alemão Johann Dryander é considerado o primeiro anatomista a publicar um livro com 
imagens de suas dissecações. Ele divulgou em sua obra Anatomia Capitis Humani imagens que retratavam 
o impacto da transição dos desenhos da doutrina medieval, isto é, a teoria das células cerebrais, com a 
total despreocupação voltada para a representação realística do cérebro. A visão moderna que Dryander 
exibia em suas imagens representava as estruturas intracranianas de maneira realística, uma novidade 
para o período, como era vista por ele na dissecação das meninges, do cérebro, dos ventrículos e do 
crânio, conforme ilustra a figura seguir.
Figura 32 – Imagens da obra de Johann Dryander, Anatomia Capitis Humani
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Unidade I
Quando Michelangelo Buonarroti pintou A Criação de Adão, como parte da encomenda da pintura 
do teto da Capela Sistina, em Roma, feita em 1508 pelo Papa Júlio II, registrou em carta a melancolia de 
escultor forçado a desempenhar ocupação de pintor: “Isso não é da minha profissão. Perco o meu tempo 
sem resultado. Que Deus me ajude!” (NÉRET, 2000. p. 23).
Michelangelo seguramente não era um católico impetuoso; sua religiosidade permanecia mais para 
o corpo criado do que para a mente do divino criador. Manifestava sua curiosidade de homem do 
Renascimento, que o levara à dissecção de organismos humanos para que melhor compreendesse as 
formas que compunham sua escultura e sua pintura.
A partir de 1990, foram feitas descobertas acerca de alguns segredos contidos na pintura da Capela 
Sistina. Nesse ano, o médico americano Frank Meshberger descobriu que na cena A Criação de Adão o 
manto de Deus significava seguramente um corte de um crânio e do cérebro nele contido. Entre os anos 
de 1989 e 2003, o oncologista brasileiro Gilson Barreto pesquisou e descobriu a série completa do que ele 
denominou de O Código Michelangelo. A dissecção de praticamente todas as partes do organismo humano 
estava representada, e cada uma disfarçadamente apontada por rastros nas pinturas da Capela Sistina.
A primeira descoberta de um desenho escondido nas imagens da Capela Sistina, a que mostrou um 
cérebro idêntico com a imagem divina, faz jus a um cuidado especial. Nessa imagem, o Deus criador, em 
meio a seu manto envolvente e a um grupo de anjos, corresponderia às partes mais centrais do cérebro 
humano, como o corpo caloso. Na realidade, a imagem de Deus possui leve defeito diagonal que, em geral, se 
observa em processos de dissecação, contudo todas as partes anatômicas estão corretamente representadas 
na pintura. Há somente um detalhe que evade à correção anatômica que nenhum pesquisador conseguiu 
esclarecer: o braço estendido de Deus ultrapassa os limites de uma possível representação de caixa craniana.
 Saiba mais
A fim de aprofundar suas leituras sobre esses temas, leia:
ASSIS JUNIOR., H. Leonardo e Vesalius no ensino de anatomia humana. 
Metrocamp Pesquisa, v. 1, n. 1, p. 118-30, 2007.
KICKHÖFEL, E. H. P. A lição de anatomia de Andreas Vesalius e a ciência 
moderna. Scientiae Studia, São Paulo, v. 1, n. 3, p. 389-404, jul./set., 2003. 
Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid
=S1678-31662003000300008>. Acesso em: 28 maio 2016.
LIRA, W; ALVES, K. S. G. A anatomia do corpo humano através da arte. 
In: ENCONTRO NACIONAL DE EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS, 13., 2009, Castelo 
Branco. Actas... Castelo Branco (Portugal): Escola Superior de Educação do 
Instituto Politécnico de Castelo Branco, 2009. Disponível em: <http://files.
didatica-das-ciencias9.webnode.com/200000026-339b934957/Artigo%20
A%20anatomia%20do%20corpo%20atrav%C3%A9s%20da%20arte%20
ATAS.pdf>. Acesso em: 10 jan. 2017.
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
Figura 33 – A arte secreta de Michelangelo: uma lição de anatomia na Capela Sistina
As bases da anatomia como ciência foram determinadas por Vesalius de Bruxelas, em 1543, quando 
ele publicou os desenhos e os textos que compõem a obra De Humani Corporis Fabrica, que corrigia e 
reformulava os conceitos e as ilustrações anatômicas do período, na busca de uma “exatidão real”. A obra 
de Vesalius, ao priorizar a observação e a pesquisa, é apresentada como o início da ciência moderna. Ele 
é considerado o pai da anatomia e um autêntico representante da Renascença, reunindo ciência e arte. 
Entretanto, é chamado pelos seus inimigos da fé católica de o Martinho Lutero da anatomia humana.
Vesalius começa o seu livro e traz o tema a respeito do cérebro e do sistema nervoso:
O encéfalo é a sede da alma dos indivíduos e das suas faculdades. Ele reside 
no crânio, sendo que magnificamentese ajusta ao seu formato na cavidade 
superior da cabeça, e assim, ocupa todo esse espaço (GOMES et al., 2015, p. 
157, tradução nossa).
Em alguns trechos de seu livro, Vesalius faz menções da abertura do crânio com analogias à de 
um cofre:
Primeiro, o encéfalo está protegido por uma membrana, a dura-máter. Após 
a sua remoção, surgem as partes dos hemisférios cerebrais direito e esquerdo, 
que por sua vez é contínuo pela medula oblonga e medula espinal.
[...]
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Unidade I
Após a remoção da dura-máter, percebam que ela envia uma dobra entre 
os dois hemisférios cerebrais (foice do cérebro), e entre o cérebro e o 
cerebelo (tentório do cerebelo). Assim, a exposição dos hemisférios cerebrais 
possibilita a visualização de duas grandes cavidades (ventrículos laterais), os 
giros cerebrais e a substância branca subcortical. Em um nível mais profundo, 
observam-se estruturas subcorticais, como o tálamo, o globo pálido, o 
putame, o núcleo caudado e as cápsulas internas e externas. A remoção 
da parte posterior do cérebro revela o cerebelo e o tronco encefálico. Após 
“virar” anteriormente o cerebelo e todo o tronco encefálico, enfim a medula 
espinal aparece.
[...]
Internamente, os ventrículos laterais estão conectados com o III ventrículo, 
e este por sua vez é contínuo por um canal (aqueduto do mesencéfalo) que 
termina no IV ventrículo. Nos ventrículos pode ser observado um plexo ou 
redes (plexo corióideo). Vejam o septo (septo pelúcido), o corpo caloso, a 
abóbada (fundo de saco) e o cerebelo, sua relação com esses ventrículos 
(GOMES et al., 2015, p. 157, tradução nossa).
A figura a seguir (A, B, C, D) ilustra essa descrição:
Figura 34 – Ilustração de Fabrica (1555), de Andreas Versalius
Então, Vesalius segue com a sua descrição detalhada do crânio, da coluna vertebral e dos 
nervos periféricos:
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
Em uma visão da base do encéfalo, se revelam os sete pares de nervos 
cranianos, além do primeiro par de nervos que representam os nervos 
ópticos, sendo que estes acabam junto à túnica do olho. Entretanto, o órgão 
do olfato (trato olfatório) não deve ser classificado como um nervo, mas 
observem que se encontra na base do encéfalo (GOMES et al., 2015, p. 157).
Figura 35 – Ilustração de Fabrica (1555) SNP
Ele também dá considerações funcionais adequadas ao seu tempo, citando o “catarro do cérebro” 
e o seu fluxo através de um canal em forma de funil (infundíbulo) até as narinas, depois de ter sido 
“destilado” por uma glândula quadrada (hipófise):
Com a reflexão de que o “espírito vital” é produzido nos plexos corióideos e, 
desde o ar aspirado para os ventrículos encefálicos por meio da respiração, a 
força inata das substâncias cerebrais cria o “espírito animal” que o encéfalo 
faz uso, em partes, para os comandos principais da mente (GOMES et al., 
2015, p. 157).
 Observação
Pequeno glossário das estruturas anatômicas mencionadas por Vesalius:
• Bulbo ou medula oblonga é a parte inferior do tronco encefálico.
• Foice do cérebro é um septo vertical mediano em forma de foice que 
ocupa a fissura longitudinal do cérebro separando os dois hemisférios 
cerebrais.
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Unidade I
• Tentório do cerebelo é uma dobra da dura-máter que separa o 
cerebelo do lobo occipital do cérebro.
• Tálamo é parte do cérebro.
• Globo pálido e putame são estruturas que formam os núcleos da base.
• Cápsula interna consiste em um feixe de fibras localizadas no cérebro 
que apresenta partes do neurônio que se dirigem ao córtex cerebral 
ou partem dele com destino a regiões subcorticais.
• Cápsula externa é uma lâmina branca encontrada entre alguns dos 
núcleos da base.
• Aqueduto do mesencéfalo é uma passagem estreita no mesencéfalo 
que une o III ventrículo ao IV ventrículo.
• Septo pelúcido é uma estrutura anatômica fina que separa os dois 
ventrículos laterais.
Mesencéfalo
Ponte
Bulbo
Medula espinal
Cerebelo
Tálamo
IV ventrículo cerebral
Figura 36 – Vista medial do tálamo, tronco encefálico e cerebelo no plano de secção sagital
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
 Lembrete
O tronco encefálico é dividido em mesencéfalo, ponte e bulbo.
Foice do cérebro
Figura 37 – Vista inferior da meninge dura-máter
Corpo caloso
Ventrículo lateral
Septo pelúcido Núcleos da base 
(núcleo caudado)
Figura 38 – Vista anterior do cérebro no plano de secção coronal
Nomes relevantes seguiram Vesalius ou foram contemporâneos dele. Em Roma, Bartolomeu 
Eustachio foi professor de anatomia da Universidade della Sapienza; por sua vez, conseguiu autorização 
da Igreja para realizar dissecações. Ele fez muitas descobertas, e a sua fama – póstuma, aliás – adveio 
de seus maravilhosos desenhos anatômicos. Eustachio foi um dos primeiros anatomistas a reproduzi-los 
em cobre, em vez de madeira.
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Unidade I
Figura 39 – Ilustração de Eustachio mostrando o SNC e os nervos periféricos e cranianos
Em 1663, o médico e anatomista Franciscus Sylvius descreveu uma marca profunda na superfície lateral 
do cérebro que começava próximo da órbita curvando-se posterior e superiormente, seguia tão distal quanto 
a origem do tronco encefálico, separando o cérebro em uma parte superior e uma inferior, que foi chamada de 
sulco lateral. Em seu tributo, é nomeada, também, de fissura de Sylvius. Ele ainda descreveu outras estruturas 
anatômicas, como a artéria média do cérebro, a cisterna da fossa lateral do cérebro, a veia média profunda do 
cérebro, as veias médias superficiais do cérebro e a cavidade do septo pelúcido.
Sulco lateral
Cerebelo Ponte
Figura 40 – Sulco lateral
Professor de anatomia em Bolonha, Costanzo Varolio é conhecido mundialmente no campo da 
neuroanatomia. Seu nome está associado com a formação de uma estrutura anatômica denominada de 
ponte ou ponte de Varolio. Ele comparou a base e os pedúnculos cerebelares médios a uma ponte, sob a qual 
passavam as fibras longitudinais para a medula oblonga como se fosse a água sob uma ponte. Essa estrutura 
anatômica é hoje denominada de base da ponte, contendo as fibras corticospinais e pontocerebelares.
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
Figura 41 – Costanzo Varolio
 Observação
As fibras corticospinais são vias descendentes do córtex cerebral até a 
medula espinal.
Partes dos neurônios dos núcleos pontinos constituem as fibras 
transversais da ponte ou fibras pontocerebelares.
Antes de Costanzo Varolio, a ponte fora ilustrada por Bartolomeu Eustachio, em seu livro Tabulae 
Anatomicae de 1552, mas infelizmente esse trabalho permaneceu inédito por mais de 150 anos.
Varolio também contribuiu em outras descrições neuroanatômicas no século XVI. Teve particular 
atenção às origens intracranianas dos nervos e desenvolveu um novo método de dissecar o cérebro 
no plano axial, a partir da base cerebral em direção à convexidade. Esse método permitiu uma melhor 
visualização da estrutura cerebral e dos nervos cranianos. Ele também é considerado o primeiro a ter 
descrito os lobos cerebrais, ao postular que cada hemisfério cerebral era composto de três prominências, 
as quais Varolio denominou de anterior, média e posterior, acreditando que corresponderia ao I, II e IIIventrículos, respectivamente.
Um dos maiores filósofos ocidentais de todos os tempos foi René Descartes. Ele era conhecedor da 
descrição completa do organismo humano oferecida por Vesalius, em 1543.
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Unidade I
Figura 42 – René Descartes
No tocante à relação mente-cérebro, ou melhor, alma-corpo, Descartes menosprezou tanto a 
informação aristotélica de alma como forma do organismo quanto o conhecimento de alma como 
preceito de vida dos escolásticos. Ele definiu a alma como substância consciente ou pensamento, uma 
vez que a alma era diferente do organismo por apresentar uma natureza inseparável, enquanto o 
organismo era sempre divisível. Embora distintos, a alma interatuava com o organismo.
Através da glândula pineal, Descartes cria um pequeno órgão vestigial no cérebro. Esse órgão foi 
sugerido por tratar-se de uma das poucas partes não duplicadas do cérebro. Descartes reconstituiu a 
doutrina do ser dualista, de que alma e organismo eram compostos por diferentes substâncias – uma 
teoria que se tornou crença habitualmente acolhida por pensadores europeus.
Ele foi um exímio anatomista e fisiologista e estudou fenômenos simples, como o movimento 
involuntário que ocorre em um membro quando alguém queima a sua mão ou o seu pé em uma 
brasa; sugeriu essa ideia como arco reflexo. De forma brilhante, detalhou os componentes desse evento: 
primeiro a sensação de dor, em seguida a sua condução pelos nervos sensitivos que levam os estímulos 
até o SNC, posteriormente as respostas pelos nervos motores, que são excitados, e por fim os músculos 
responsáveis pelo ato.
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
Figura 43 – Ilustrações neuroanatômicas de René Descartes
 Lembrete
O arco reflexo é a resposta involuntária rápida a certo estímulo periférico 
originado pela alça de conexão sináptica localizada na medula espinal. É 
designado de simples, ao compreender somente um neurônio sensitivo e 
um motor, ou composto, quando entre eles existe um interneurônio.
Em razão da ausência de tecnologia apropriada para “desvendar” o cérebro, Vesalius e outros 
anatomistas do período restringiam-se a representações das características morfológicas do órgão. Isso 
também lhe permitia exceder discussões teológicas polêmicas, como a de que a prática da dissecção 
cerebral demandaria uma atitude de blasfêmia, pois denotaria a dissecção da alma.
Os anatomistas levavam em consideração o dualismo articulado por René Descartes. Por mais que o 
cérebro pudesse ser dito a sede da alma, ele não era a alma, e essa noção de que o órgão não tinha outros 
significados além da sua materialidade teria tornado pouco atraente a sua representação pitoresca e 
reproduzida, em oposição ao que aconteceu com o coração, largamente usado nas pinturas com temas 
religiosos, como o Sagrado Coração de Jesus.
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Unidade I
Figura 44 – O Sagrado Coração de Jesus
No Barroco, período profundamente religioso, o organismo passa a ser representado de forma 
contorcida e dramática, com a teatralização nas obras. De tal modo, a pintura busca a união entre o 
profano e o sagrado em um organismo comum. Rembrandt foi um grande conhecedor de anatomia, 
utilizando-se desse tema em seus quadros. Como na pintura A Lição de Anatomia do Dr. Deyman, 
ele apresentou a dissecação de um cérebro, baseado nas ilustrações de Veasalius. O homem morto 
na imagem é Joris Fonteijn, conhecido como “Janeiro Negro”, um ladrão que sofreu a pena de morte. 
Como era tradicional nesses dissecações, o estômago e os intestinos eram removidos antes do cérebro. 
Gysbrecht Calcoen, um indivíduo que visava proporcionar assistência e proteção aos seus membros, 
detém a calvária, enquanto Dr. Deyman remove a foice do cérebro.
Figura 45 – A Lição de Anatomia do Dr. Deyman
Em 1600, o médico, anatomista e fisiologista inglês Thomas Willis, autor do livro Patholigiae 
Cerebri, apresentou excelentes ilustrações que possibilitaram um conceito de localização de alguns 
papéis cerebrais, como o senso comum, a imaginação e a memória, situadas, respectivamente, no corpo 
estriado, no corpo caloso e no córtex cerebral.
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
Figura 46 – Retrato de Thomas Willis da página de título de Pathologiae Cerebri (1667)
 Lembrete
O corpo estriado é um dos núcleos da base.
Para Willis, o centro do movimento e da memória se abrigam no cérebro; o do movimento 
involuntário, no cerebelo; da imaginação, no corpo caloso; e o da sensibilidade e do senso comum, 
no corpo estriado, deixando óbvio que foi precursor em um enfoque ordenado da função cerebral 
fora dos ventrículos. Suas ideias estavam próximas da realidade, entretanto os saberes ainda eram 
muito empíricos.
Ele desponta como favorável à conhecida teoria dos espíritos animais, que se compõem no cérebro 
mediante destilação com base no sangue arterial e, a partir dos nervos, descem as regiões de atuação 
como os causadores da sensação e do movimento.
Em sua obra De Cerebri Anatome, Willis introduziu um novo sistema de numeração dos nervos 
cranianos, agrupados conforme as suas funções, descreveu extensamente sobre os núcleos da 
base, o tronco encefálico e o cerebelo, além de realizar esquemas detalhados das inervações vagal 
e simpática.
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Unidade I
Figura 47 – Página de título De Cerebri Anatome (2. ed., 1664). Ilustração mostra Willis à direita do cadáver.
Figura 48 – Os nervos cranianos e o tronco encefálico.
Figura 49 – Inervação vagal
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
Thomas Willis descreveu a clássica anastomose da circulação arterial e a sua função – complexo 
vascular na base do encéfalo –, conhecida como “polígono de Willis”, rompendo para sempre com a ideia 
galênica da rete mirable, ou seja, dos princípios espirituais.
Ele utilizou pela primeira vez a terminologia “ação reflexa”. Outra descrição relevante dele foi a de 
sugerir que o plexo corióideo fosse o responsável pela absorção do LCS.
Figura 50 – Ilustração da base de um encéfalo humano revelando o “polígono de Willis”
Na imagem anterior, observa-se que os giros cerebrais ainda não eram descritos com as mais elevadas 
precisões. Eles servem como um “pano de fundo” para as estruturas anatômicas da base do encéfalo 
que Thomas Willis ambicionou realçar, e algumas terminologias anatômicas ainda prevalecem até hoje, 
como o pedúnculo cerebral e as pirâmides.
Nicolaus Steno criticou de maneira inconveniente o trabalho de Willis, ao afirmar que as melhores 
descrições sobre o encéfalo que temos até o presente momento são aquelas que nos são oferecidas por 
este senhor.
 Leitura obrigatória
TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Encéfalo e nervos cranianos. In:___. 
Princípios de anatomia e fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 
2016. p. 523-4. Disponível em: <https://online.minhabiblioteca.com.br/#/
books/9788527728867/cfi/6/2!/4/2/2@0:15.1>. Acesso em: 3 dez. 2016.
Outra descrição relevante foi que Thomas Willis insinuou a ideia da barreira hematoencefálica, ao 
sugerir que somente as partículas menores, as quais seriam essenciais para o rápido desempenho dos 
papéis cerebrais, passsariam do sangue para o cérebro.
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Unidade I
 Observação
A barreira hematoencefálica é uma estrutura que evita ou dificulta 
a passagem de substâncias do sangue para o parênquima nervoso, 
cujo substrato anatômico são as junções oclusivas que unem as células 
endoteliais do revestimento capilar.
 Saiba mais
Agora, você já é capaz de compreender os papéis da barreira 
hematoencefálica. Para isso, sugerimos a leitura do artigo científico:
CABREIRA, L. M. B; CECCHINI, A. L. Imunopatologia da esclerose 
múltipla. Biosaúde, Londrina, v. 8, n. 2, p. 125-144, jul./dez. 2006. Disponível 
em: <http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/biosaude/article/view/125-
144/19402>. Acesso em: 4 dez. 2016.
Após Willis, a combinação de anatomia e ilustração do encéfalo ficou estancada até o final do 
século XVIII. O anatomista francês Félix Vicq d’Azyr, que incialmente se mostrou talentoso poeta, fora 
convencido por seu pai a prosseguir a tradição familiar de entrar para a medicina.
Encantado com as ideias de Étienne Bonnot de Condillac e John Locke, Vicq d’Azyr foi convencido 
de que o estudo humano deve ser alumiado pelo estudo dos animais; para ele, o lugar do homem na 
natureza não é totalmente compreendido sem uma simbiose com as demais espécies.
Figura 51 – Retrato de Félix Vicq d’Azyr. A assinatura de Vicq d’Azyr foi tomada de uma carta manuscrita encontrada na Biblioteca da 
Académie Nationale de Médecine e eletronicamente importada para o retrato
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
Vicq d’Azyr dissecou muitos animais pertencentes a espécies diferentes, incluindo raras 
amostras obtidas na África, e progressivamente desenvolveu um amplo conhecimento no campo 
da anatomia comparativa.
Figura 52 – O mandril
Os conhecimentos sobre a neuroanatomia não avançaram após as contribuições realizadas por 
Andreas Vesalius. Durante o século XVI, os tratados anatômicos de Jean Riolan e Raymond Vieussens 
e as descrições encefálicas estavam “enterradas” em capítulos dedicados à esplancnologia, sendo a 
dura-máter considerada como um “envelope” semelhante à pleura e ao peritônio que revestem as 
paredes torácica e abdominal, respectivamente.
Em contrapartida, Vicq d’Azyr era fascinado pelo encéfalo, considerando esses órgãos como os 
responsáveis pelo pensamento. De tal modo, ele percebeu que o avanço da neuroanatomia se beneficiaria 
imensamente com os conhecimentos funcionais desses órgãos.
Vicq d’Azyr dividiu a superfície convexa do cérebro em três grandes áreas: frontal, parietal e occipital, 
correspondendo às áreas anterior, média e posterior, como os lobos de outros anatomistas. Estudou o 
córtex cerebral, delimitando a fissura longitudinal do cérebro, o giro pré-central e o giro pós-central, 
entretanto não os nomeou. Foi também o primeiro anatomista a descrever o fascículo mamilotalâmico, 
a estria da camada granular interna do córtex cerebral e o forame cego, sendo este correspondente à 
terminação na fissura mediana anterior da medula espinal.
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Unidade I
Figura 53 – A) Desenho de um cérebro humano seccionado ao longo do plano sagital e que ilustra o corpo caloso, a estria da lâmina 
granular interna do córtex cerebral (faixa interna de Baillanger) e a glândula pineal. O bulbo olfatório, o pedúnculo e as estrias 
também são ilustrados em conjunto com a substância perfurada anterior. B) Desenhos de uma secção parassagital do cérebro 
humano que ilustra o fascículo mamilotalâmico
Vicq d’Azyr também forneceu insuperáveis representações da formação do hipocampo. Ele identificou 
os sulcos occipitoparietal e calcarino; os giros do cíngulo – o pré-cúneo e o cúneo –, o unco; a substância 
perfurada anterior; a ínsula; o trato espinotalâmico; vários sulcos cerebelares; e a estrutura interna da 
medula espinal. Além disso, é de Vicq d’Azyr, e não de Samuel Thomas Sömmerring como comumente 
se acredita, a descoberta da substância nigra.
Figura 54 –Reprodução de duas figuras em cores, de Vicq d’Azyr, as quais representam seções horizontais através 
do cérebro humano tomadas a dois níveis diferentes dorsoventrais
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
Vicq d’Azyr também complementou a descrição dos núcleos da base, fez uma clara distinção entre 
o núcleo caudado e o putame, observou a existência dos dois segmentos do globo pálido, que foram 
nomeados cinquenta anos mais tarde pelo alemão neuroanatomista Karl Friedrich Burdach e, por fim, 
demonstrou experimentalmente, bem como anatomicamente, a existência do forame interventricular 
entre os ventrículos laterais e o terceiro ventrículo.
Em geral, porém, o seu trabalho sobre a fisiologia cerebral era muito menos preciso do que a sua 
contribuição para a organização estrutural do cérebro. Como ele defendia uma ideia medieval e arcaica, 
sustentada por Galeno em relação à decussação dos nervos ópticos, acreditava que as fibras ópticas 
não cruzassem a linha média, exceto em alguns peixes, ao imaginar que o cruzamento dessa estrutura 
anatômica estivesse completo.
Lobo parietal
Lobo occipital
Sulco 
occipitoparietal
Sulco calcarino
Sulco central
Lobo frontal
Giro do cíngulo
Corpo caloso
Septo pelúcido
Diencéfalo
Mesencéfalo
Ponte
Cerebelo
Bulbo
Figura 55 – Vista medial do encéfalo em plano de secção sagital
Lobo parietal
Lobo frontal
Lobo da ínsula
Lobo temporal
Sulco central
Sulco lateral 
(com afastamento)
Lobo occipital
Figura 56 – Vista lateral do encéfalo
 Lembrete
Decussação é uma formação neuroanatômica formada por fibras 
nervosas que cruzam o plano mediano de forma oblíqua, como a decussação 
motora ou das pirâmides.
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Unidade I
 Observação
Pequeno glossário de algumas estruturas anatômicas mencionadas por 
Vicq d’Azyr:
• Glândula pineal, do latim pinealis, relativo ao pinho. É parte do 
epitálamo, sendo um órgão ímpar, mediano, que se localiza numa 
depressão entre os colículos superiores, abaixo do corpo caloso, do 
qual está separado pelo III ventrículo e pelas veias cerebrais.
• Bulbo olfatório é a principal estação retransmissora da via olfatória.
• Substância perfurada anterior é uma área achatada, deprimida, na 
superfície basal do hemisfério cerebral logo rostralmente ao trato 
olfatório. É assim denominada devido aos numerosos minúsculos 
orifícios deixados na sua superfície pela retirada de pequenos vasos 
de sangue penetrantes quando a pia-máter é removida.
• Pedúnculos cerebrais são dois feixes maciços de fibras, que possuem 
fibras corticofugais para níveis inferiores.
• Hipocampo é uma estrutura anatômica em forma de “C” em 
cortes coronais, salientando-se no interior do corno temporal do 
ventrículo lateral. Recebeu esse nome graças à semelhança com um 
cavalo-marinho.
• Giro do cíngulo, do latim cingulum, significa cinto ou cinta. 
Paleocórtex de quatro camadas situado superiormente ao corpo 
caloso. Parte do lobo límbico.
• Cúneo, do latim cuneos, quer dizer cunha. O cúneo é um lóbulo em 
forma de cunha na face medial do lobo occipital entre os sulcos 
occipitoparietal e calcarino.
• Unco, do latim uncus, referente a gancho. É a extremidade anterior 
curvada medialmente do giro para-hipocampal.
• Trato espinotalâmico. Trato é um feixe de fibras nervosas com a mesma 
origem, trajeto, função e destino. As fibras podem ser mielínicas ou 
amielínicas. Portanto, o trato espinotalâmico é uma via ascendente 
que passa pela medula espinal até o tálamo.
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
• Ínsula é uma estrutura anatômica profunda no sulco lateral.
• Substância nigra é uma massa pigmentada de neurônios disposta 
entre os pedúnculos cerebrais e o tegmento.
• Forame interventricular, ou forame de Monro, é a abertura entre o 
ventrículo lateral e o III ventrículo. Está situado entre as colunas do 
fórnice e a extremidade anterior do tálamo.
Tálamo
Nervo óptico
Quiasma óptico
Ponte
Pedúnculo cerebral
Figura 57 – Vista anterior do tálamo e do tronco encefálico
Figura 58 – Forame interventricular
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Unidade I
 Saiba mais
A hidrocefalia é uma patologia multifatorial que surge 
predominantemente na infância. Neste artigo, o autor realiza uma 
revisão histórica do diagnóstico e do tratamento, comentando as 
técnicas atuais, os resultados e as complicações.
CUNHA, A. H. G. B. Hidrocefalia na infância. Revista Brasileira de Neurologia 
e Psiquiatria, Salvador, v. 20, n. 1, 2006. Disponível em: <https://rbnp.emnuvens.
com.br/rbnp/article/download/74/35>. Acesso em: 9 dez. 2016.
No século XVIII, tivemos anatomistas relevantes, como as figuras ilustres de Antônio Pacchioni, 
Giovanni Maria Lancisi, Domenico Felice Cotugno, Giovanni Fantoni, Jacques-Bénigne Winslow e Samuel 
Thomas von Sömmering.
Figura 59 – A reprodução de um medalhão honorário do Pacchioni Dissertationes Físico-anatomicae (1721). “Esquerda: o anverso mostra o retrato 
de Antônio Pacchioni”. “Direita: o reverso representa uma cena mitológica: um gênio alado orienta uma criança (o próprio Pacchioni) em direção a 
Apollo, que, enquanto descobre um cadáver humano (anatomia), mostra a seu aluno o caminho para o templo de glória. A criança aos pés de Apollo 
segura em sua mão esquerda uma pinha (símbolo de Esculápio, o deus da Medicina e da cura na mitologia grego-romana); nas mãos de Pacchioni, 
uma lupa”. A latina inscrição diz: Non Inglorius Ibis (“Você não fica sem honra”)
Em 1705, Antônio Pacchioni descreveu as granulações da dura-máter. Ele postulou que os 
movimentos diastólico e sistólico das meninges poderiam forçar o fluido nervoso através dos nervos do 
cérebro em direção à periferia por meio da “função de espremê-los”. Suas preocupações com a anatomia 
funcional das meninges levou-o a ser lembrado por duas características dessa estrutura anatômica: as 
granulações aracnóideas e o forame de Pacchioni.
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
Figura 60 – Granulações e forame de Pacchioni
Giovanni Maria Lancisi foi um importante médico italiano, professor de cirurgia, anatomia e 
medicina teórico-prática na Universidade de Roma. No campo da neurociência, Lancisi escreveu 
Dissertatio Physiognomica (1710), no qual ele retratou a relação entre o mimetismo do músculo frontal 
e as fibras das meninges e do cérebro, e Dissertatio de Sede Cogitantis Animae (1712), dedicado ao 
médico Giovanni Fantoni, em que ele considerava o problema das localizações cerebrais e especificidade 
das funções corticais.
Figura 61 – Giovanni Maria Lancisi
Lancisi e outros autores compartilharam dos conceitos a respeito de as fibras de Pacchioni se cruzarem 
no corpo caloso, bem como a ideia de Pacchioni sobre o fluido nervoso que era “espremido” nos nervos 
do cérebro, sendo gerado pelo movimento das meninges. Em Dissertatio de Sede Cogitantis Animae 
(1712), por outro lado, ele sugeriu que a glândula pineal desempenhasse um papel relevante, uma vez 
que foi conectada até o tálamo através das habênulas. É interessante notar que a teoria de Lancisi foi 
recusada em 1749 por Johann Gottfried Zinn, que realizou uma série de experimentos cerebrais em cães.
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Unidade I
 Lembrete
Habênulas, do latim Habenula, diminutivo de Habena, “freio ou rédea”, 
consistem em um par de massas nucleares.
Os estudos anatômicos de Lancisi foram muito meticulosos, e ele forneceu uma excelente descrição 
do corpo caloso:
Ao corpo caloso, queremos dizer que a sua superfície medular é semelhante 
a uma faixa branca, com um dedo e meio de largura, que, na sua parte 
superior, funciona quase horizontalmente sob a sutura sagital. Ele é mais 
estreito na sua parte anterior e maior na sua parte posterior. Apresenta a 
forma de fundo de saco e colunas, e se curva, assumindo uma forma elíptica; 
neste formato, o corpo caloso se une e conecta os hemisférios cerebrais. O 
septo pelúcido, por outro lado, não é nada mais do que um prolongamento 
interior do corpo caloso e um fundo de saco, também, localizado na parte 
medular e mediana do cérebro (GRONDONA, 1965, p. 412 apud DI IEVA, 
2007, tradução nossa).
Em amostras de cérebros de cavalos, Lancisi observou as fibras que cruzam o corpo caloso e a sua 
união entre os dois hemisférios cerebrais. Após a remoção dos hemisférios cerebrais e da pia-máter, ele 
escreveu que os nervos medulares serão vistos numa direção transversal e paralela um ao outro.
Em Dissertatio de Sede Cogitantis Animae (1712), Lancisi continua:
Na parte superior do corpo caloso [...]. Eu observei uma coisa completamente 
ignorada ou não observada até agora: cada fibra transversal medular é 
interceptada em um ângulo direito a dois nervos, que são medulares, 
rodados e têm um diâmetro variável. Esses não são revestidos pela 
dura-máter, mas é envolvido pela aracnoide-máter ao longo do corpo 
caloso para a frente e para trás (GRONDONA, 1965, p. 417 apud DI IEVA, 
2007, tradução nossa).
Em resumo, ele descreveu a nervali longitudinales ab anterioribus ad posteriora excurrentes, que 
ainda são chamadas de “estrias longitudinais mediais” ou estrias de Lancisi, conforme a figura a seguir.
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
Figura 62 – Encéfalo humano (CC: corpo caloso; IG: indusium griseum; mLS: estrias longitudinais mediais; 
ILS: estrias longitudinais laterais, CR: radiação do corpo caloso; C: cerebelo)
Em suas dissecações, Lancisi também notou a presença de estrias longitudinais laterais. No 
entanto, em sua concepção do corpo caloso como a sede da alma e dos nervos como as fibras em 
que os espíritos poderiam fluir, ele interpretou as estrias longitudinais mediais, as quais ele descreveu 
como um “caminho” para o fluxo da alma ou quiçá para a consciência, localizada entre a parte 
anterior do corpo caloso e as colunas anteriores do fundo de saco, entre a parte posterior do corpo 
caloso e o tálamo, consistindo numa espécie de conexão entre a sede da alma e os órgãos periféricos, 
ou seja, entre a alma e o corpo.
Lancisi descreveu que a parte superior do corpo caloso, de ambos os lados, está coberta pelo 
giro do cíngulo, do qual está separado pelo sulco caloso em forma de fenda. Ele se encontra coberto 
por uma fina camada de substância cinzenta, o indusium griseum (giro supracaloso) e pelas estrias 
longitudinais mediais e laterais, conforme ilustram as figuras a seguir.
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Unidade I
Figura 63 – 1: Radiação do corpo caloso, fórceps menor (frontal) (telencéfalo); 2: Joelho do corpo caloso (telencéfalo); 3: Estria 
longitudinal lateral, indúsio cinzento, corpo caloso (telencéfalo); 4: Estria longitudinal medial, indúsio cinzento, corpo caloso 
(telencéfalo); 5: Córtex cerebral (telencéfalo); 6: Substância branca do cérebro (telencéfalo); 7: Massa cinzenta (telencéfalo); 
8: Esplêniodo corpo caloso (telencéfalo); 9: Cerebelo (metencéfalo); 10: Radiação do corpo caloso, fórceps maior (occipital) 
(telencéfalo); 11: Radiação do corpo caloso (telencéfalo); 12: Nesta área da dissecção horizontal projetando uma radiação do corpo 
caloso foram intersectadas fibras ascendentes para a coroa radiada, dando uma aparência desordenada para as fibras; 13: Sulco 
lateral (fissura de Silvio) (telencéfalo); 14: Polo occipital (telencéfalo)
Formado em medicina pela Universidade de Nápoles, em 1756, Domenico Felice Cotugno realizou 
diversas viagens a Roma, onde sofreu fortes influências de Giovanni Battista Morgagni, dedicando-se 
aos estudos da anatomia humana.
Figura 64 – Domenico Felice Cotugno
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
Cotugno descreveu a presença do líquido cerebrospinal (LCS) sob a dura-máter, dentro dos ventrículos 
encefálicos, circulando pela medula espinal e nos hemisférios cerebrais. Ele também esclareceu 
a circulação do LCS dos ventrículos encefálicos através do aqueduto do mesencéfalo até o espaço 
subaracnóideo. Além disso, concluiu que sua descoberta só foi possível devido ao fato de que uma nova 
técnica de dissecação tinha sido introduzida, sem que se separasse a cabeça do resto do corpo.
Seu discípulo, Heinrich Johann Nepomuk von Crantz, observou que a descoberta de seu mestre 
em anatomia era viável baseada em 20 dissecações realizadas em cadáveres humanos, posicionados 
verticalmente e de cabeça para baixo.
Há um consenso histórico de que Domenico Cotugno foi o primeiro a descobrir o LCS no espaço 
subaracnóideo. O nome fluido cerebrospinal foi introduzido por François Magendie na primeira metade 
do século XIX.
Algumas décadas mais tarde, Giovanni Fantoni corrigiu os erros cometidos por Antônio 
Pacchioni. Por um lado, ele mostrou que a dura-máter não apresenta qualquer feixe muscular; por 
outro, Fantoni afirmou que as granulações aracnóideas são as responsáveis pela reabsorção do LCS, 
e não pela sua secreção.
O LCS é conduzido até o seio sagital superior da dura-máter em vez da 
convexidade do hemisfério cerebral. De tal modo, combina com as leis da 
natureza, sendo que o próprio seio, e não as meninges, são irrigadas pela 
presença do líquido, e o sangue irá, por conseguinte, ser diluído (FANTONI, 
1738 apud OLRY, 1999, p. 10).
O francês Jacques-Bénigne Winslow descreveu as duas camadas da dura-máter sobre o encéfalo. A 
camada externa está intimamente aplicada à face interna do crânio. A camada interna envia tabiques 
para dentro entre as divisões maiores do encéfalo, designadas de foice do cérebro, tentório do cerebelo 
e foice do cerebelo.
Samuel Thomas von Sömmering também foi um dos mais experientes e famosos neuroanatomistas 
do século XVIII. Além da sua descrição do tronco encefálico e da classificação dos 12 pares de nervos 
cranianos, instituiu a teoria de que a alma se situa no ventrículo encefálico e tem contato com os nervos 
do corpo.
O seu estudo foi alinhado com o de Vicq d’Azyr e versava sobre a preocupação de dividir o corpo em 
partes compreensíveis ao estudo. Em sua magnífica obra Uber das Organ der Seele (1796), Sömmering 
realizou ilustrações do cérebro humano com lucidez e exatidão.
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Figura 65 – Ilustração em corte sagital e da base do encéfalo humano
Ainda no século XVIII, David Hartley preocupou-se com as localizações cerebrais, mostrando 
primeiramente que o córtex cerebral não era a sede da sensação, nem a causa exclusiva do movimento. 
A base da sensação e do movimento era a substância branca do cérebro e do cerebelo. Ademais, Hartley 
definiu a memória como a insistência das impressões sobre a substância cerebral. As circunvoluções do 
cérebro eram para aumentar o espaço disponível para a memória.
Hemisfério direito
Córtex cerebral 
(substância cinzenta)
Substância branca
Fissura longitudinal
Giro cerebral
Corpo caloso
Ventrículo cerebral 
(ventrículo lateral)
Sulco
Hemisfério esquerdo
Figura 66 – Vista anterior de encéfalo humano em plano de secção frontal
Contrariando as teorias holísticas dos séculos XVII e XIX sobre o funcionamento cerebral, Luigi 
Rolando defendeu que o SN poderia ter áreas caracterizadas do ponto de vista morfofuncional.
Figura 67 – Luigi Rolando
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
Ele averiguou ainda que apesar da variabilidade existiam sempre dois giros, dispostos 
transversalmente à fissura de Sylvius, um na região frontal e o outro na região lateral. Entre eles 
havia um sulco, também constante, que recebeu o nome de fissura de Rolando em sua homenagem, 
atualmente denominado sulco central.
Sulco central Sulco pré-central
Sulco pós-central
Ponte
Sulco lateral
Cerebelo
Sulco temporal 
superior
Figura 68 – Vista lateral do encéfalo humano
Após estudar os giros, os sulcos e a fissura, Rolando descreveu o cerebelo como a bateria que 
produz a eletricidade necessária para gerar a contração muscular.
Os conceitos de Rolando contrariaram a ideia holística e abriram caminho para uma nova teoria 
de organização funcional do cérebro, dando características topográficas para os papéis cerebrais.
O francês Marie Jean-Pierre Flourens, estudioso de anatomia comparada, sugeriu que as 
funções se encontrassem precisamente nas várias partes do córtex cerebral. Ele identificou o 
cerebelo como um coordenador motor – mesmo tendo idealizado de maneira errônea que esse 
controle era feito contralateralmente. Flourens descreveu perfeitamente o sistema vestibular 
como portador da vertigem e do nistagmo.
Figura 69 – Marie Jean-Pierre Flourens
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Unidade I
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Córtex é a “casca” formada por substância cinzenta e organizada 
em camadas.
O médico e anatomista vienense Franz Joseph Gall descreveu as intumescências cervical e 
lombossacral da medula espinal, diferenciou as substâncias cinzenta e branca, além de fazer a descrição 
das origens encefálicas dos nervos cranianos óptico, troclear e abducente.
Figura 70 – Franz Gall
Intumescência cervical
Intumescência lombossacral
Figura 71 – Intumescências cervical e lombossacral da medula espinal
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
 Lembrete
Intumescências cervical e lombossacral são regiões de onde emergem 
as raízes nervosas que compõem os plexos braquial e lombossacral, que 
inervam os membros superiores e inferiores, concomitantemente.
 Observação
O pequeno nervo troclear, ou IV par de nervo craniano, e o VI par de 
nervo craniano, ou nervo abducente, são também nervos motores para um 
dos músculos extrínsecos do olho.
Gall propôs, no começo do século XIX, que o comportamento humano poderia estar correlacionado 
com características faciais externas. Numa fase inicial do seu trabalho, ele se juntou ao anatomista 
Johann Kaspar Spurzheim e publicaram uma série de artigos científicos sobre a anatomia funcional 
e a psicologia.
Por discordar de Gall quanto à necessidade de um maior rigor científico para prosseguir suas 
afirmações, Spurzheim se separou e fundou a frenologia. Depois de décadas de notoriedade, a disciplina 
de frenologia desmoronou em infelicidade, quando foi recomendada como método para eleger membros 
do parlamento, entre outros.
Figura 72 – Johann Kaspar Spurzheim
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Unidade I
 Lembrete
Frenologia é uma teoria que reivindica ser apropriado determinar o 
caráter, as características da personalidade e o grau de criminalidade pelo 
formato da cabeça, observando os “caroços” ou as “protuberâncias”.
Co
nh
eci
me
nto Cultura
Me
mó
ria
Militância
Enigma
Eu
Hum
or
Terror
Genialidade
Figura 73 – Mapa frenológico
Franz Gall era um conhecedor da fisiologia cerebral. Apesar dos ataques, as suas ideias resistiram até 
os experimentos do neurologista francês Jean-Baptiste Bouillaud, que criou individualmente a teoria da 
localização, especialmente no que se referia à fala.
Compete a Pierre Paul Broca, anatomista, antropologista e cirurgião – um aluno de Bouillaud –, 
mostrar a relação entre o lobo frontal esquerdo e a linguagem denominada área de Broca. Suas conclusões, 
fundamentadas em avaliações clínicas e estudos anatômicos e, em especial, no estudo de dois pacientes 
e suas posteriores necropsias, são consideradas, hoje em dia, o marco inicial da neuropsicologia. Em 1865, 
Paul Broca associou o hemisfério esquerdo com a produção da fala e a ideia de dominância manual.
Figura 74 – Pierre Paul Broca
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
Figura 75 – Área de Broca. Nesta região, observam-se as áreas 44 e 45 de Brodmann, assim como o ramo horizontal (parte anterior 
da área 45), o sulco central e o ramo ascendente (parte posterior dessa mesma área)
Ao estudar a anatomia comparada dos sulcos e dos giros cerebrais de mamíferos, Paul Broca, em 
1877, descreveu que o “grande lobo límbico” era formado pelos giros do cíngulo e para-hipocampal, 
e a “fissura límbica” era constituída pelos sulcos, recentemente, chamados de sulco do cíngulo, sulco 
subparietal e sulco colateral, tendo aceitado o termo límbico em razão do seu significado (do latim 
limbus: orla, anel em torno de), uma vez que essas estruturas anatômicas, presentes em todos os 
mamíferos, estão em torno do topo do tronco encefálico.
Figura 76 – O grande lobo límbico de Broca
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Unidade I
A
B
Figura 77 – Sulcos e giros da face medial e da parte têmporo-occipital da face inferior do cérebro humano. Os sulcos das faces medial 
e inferior do cérebro A) delimitam os seus giros, B) formando um anel giral mais interno, o giro do cíngulo (GCi) continua com o 
giro para-hipocampal (GPH), compondo um verdadeiro giro límbico disposto em torno do corpo caloso (CC) e do tálamo (Ta). O giro 
para-hipocampal (GPH) continua com o giro do cíngulo (GCi) através do istmo (Ist), que se dispõe posteriormente ao esplênio do corpo 
caloso (Espl), e apresenta também precisas conexões ou continuidades com o giro do pré-cúneo (PreCu) e com o giro lingual (GLi). 
O sulco do cíngulo (SCi), o sulco subparietal (SSubP) e o sulco colateral (SCol), em conjunto, formam a fissura límbica, que separa o 
anel giral interno de um anel giral externo formado pelo giro frontal superior (GFS) ou medial (GFM), lóbulo paracentral (LPaC), giro 
do pré-cúneo (PreCu), giro do cúneo (Cu), giro lingual (GLi), giro fusiforme (GFu), e pelo giro temporal inferior (GTI), que, por sua vez, 
continua com os giros da face superolateral do cérebro, ao longo das suas margens superior e inferolateral. O sulco do cíngulo (SCi) 
separa o giro do cíngulo (GCi) do giro frontal superior (GFS) ou medial (GFM), e os seus ramos – sulco paracentral (SPaC) e ramo marginal 
ascendente (RMSCi) – delimitam anterior e posteriormente o lóbulo paracentral (LPaC). O sulco occipitoparietal (SPO), que separa os 
giros do pré-cúneo e do cúneo, emerge do ponto aproximadamente médio do sulco calcarino (FCa); enquanto a metade distal do sulco 
calcarino (FCa) separa o cúneo (Cu) do giro lingual (GLi), a sua metade proximal separa o giro lingual (GLi) do pré-cúneo (PreCu) e do 
istmo do cíngulo (Ist). O sulco colateral (SCol) separa o giro para-hipocampal (GPH) do giro fusiforme (GFu) e pode ser contínuo ou 
distinto do sulco occipitotemporal (SOT) que separa o giro para-hipocampal (GPH) do giro temporal inferior (GTI) e do sulco rinal (SRi) – 
que separa o unco do giro para-hipocampal (Un) do restante do polo temporal (PoTe). Na região subcalosa, sob o rostro do corpo caloso 
(Ro), dispõem-se verticalmente, imediatamente à frente da comissura anterior (ComAnt), os giros paraolfatório (GPaOlf) e paraterminal 
(GPaTe), delimitados pelos sulcos paraolfatórios anterior (SPaOlfAnt) e posterior (SPaOlfPost). Anteriormente a estes, dispõe-se o polo 
do cíngulo (PoCi), constituído por uma prega de conexão entre o giro do cíngulo (GCi) e o giro reto (GRe), que contorna a porção mais 
posterior do sulco rostral superior (SRoSup), que, por sua vez, separa esses dois giros. O giro reto (GRe) é constituído pela extensão basal 
do giro frontal superior (GFS) ou medial (GFM) e abriga no seu interior o sulco rostal inferior (SRoInf). FM: forame interventricular de 
Monro; Fo: fórnice; IIIv: terceiro ventrículo; VL: ventrículo lateral
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
Os trabalhos de Broca sobre a determinação das localizações cerebrais foram seguidos pelas 
interpretações neurológicas de Charcot, Gowers e Jackson, sobretudo quanto à representação da 
área motora, permitindo o começo da cirurgia de retirada dos tumores encefálicos antecipadamente 
localizados pelo exame neurológico. Esses relatos possibilitaram, também, a Fritsch e Hitzig detectar a 
localização do córtex motor, o que, por sua vez, abriu as portas para Ferrier começar seus experimentos 
com estimulação cortical, determinando uma nova fase na neurociência.
 Saiba mais
Este texto é uma tradução do capítulo “Brain and Behavior” (Cérebro 
e Comportamento) feita pela professora Maria Carolina Doretto. Nele 
você encontrará uma revisão morfofuncional do SN. Bons estudos!
KANDEL, E. R.; SCHWARTZ, J. H. Brain and behavior. In: ___. Principles 
of neural sciences. 2. ed. New York: Elsevier, 1985. Capítulo traduzido 
para o português por Maria Carolina Doretto. Disponível em: <http://
atividadeparaeducacaoespecial.com/wp-content/uploads/2014/07/
C%C3%89REBRO-E-COMPORTAMENTO1.pdf>. Acesso em: 9 dez. 2016.
A topografia funcional já não conseguia esclarecer de forma persuasiva as diversas manifestações 
clínicas relatadas na literatura médica. Pesquisadores desgostosos com essa circunstância passaram a 
se dedicar ao estudo das conexões entre as áreas cerebrais para poder encontrar os seus papéis, dando 
origem aos mapas corticais.
O primeiro destaque é para Alfred Campbell, que em seu trabalho estruturou diferenças regionais 
do córtex cerebral em relação à histologia, agregadas às descobertas clínico-patológicas dos hipotéticos 
papéis desempenhados por essa região, culminando na anatomia, na patologia e na fisiologia.
Joseph Jules Dejerine introduziu novas técnicas de dissecação de fibras brancas, agregadas à coloração 
por hematoxilina ferrosa, e conseguiu demonstrar diferentes correlações entre as áreas corticais e as 
suas projeções em territórios da linguagem, o que permitiu a descrição de lesões occipitotemporais, com 
extensão do esplênio do corpo caloso.
 Observação
A coloração por hematoxilina ferrosa é utilizada em histologia, em 
técnicas de coloração biológica.
As lesões occipitotemporais produziam inesperada perda do campo visual direito, atingindo a 
aptidão de leitura. Entretanto, os pacientes conservavam ilesa a aptidão de leitura, embora não 
compreendessem o que havia sido escrito. O quadro clínico foi chamado de alexia sem grafia.
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Unidade I
 Lembrete
O corpo caloso é dividido em: rostro, joelho, tronco e esplênio.
O neurologista alemão Carl Wernicke descreveu a relação causal entre a lesão no primeiro giro 
temporal esquerdo e uma das formas clínicas da afasia, denominada afasia sensorial.
O nome afasia sensorial foi sugerido por Wernicke para fazer frente à afasia motora descrita 
anteriormente por Broca. Na afasia motora de Broca, os pacientes falam pouco, entretanto compreendem 
a linguagem, enquanto na afasia sensorial de Wernicke a fala está preservada, porém a sua linguagem 
é inapropriada e a sua compreensão da linguagem dos outros está prejudicada.
Figura 78 – Diagrama de Wernicke de organização da linguagem no cérebro. No diagrama, a) ponto no qual a rota acústica entra no 
tronco encefálico; a1) terminação cortical da rota acústica; b) centro para imagens motoras verbais; b1) saída do tronco encefálico 
para rotas motoras centrífugas; O) polo occipital; F) polo frontal; C) sulco central; S) sulco lateral. A afasia poderia ser causada por 
qualquer lesão na rota a-a1-b-b1, porém o quadro clínico iria variar de acordo com o local preciso da lesão.
 Saiba mais
Seduziremos você a realizar a leitura do artigo científico 
Desenvolvimento Histórico e Fundamentos Metodológicos da 
Neuropsicologia Cognitiva. Nele você compreenderá o surgimento da 
neuropsicologia descrita como uma resultante dos estudos sobre as 
relações entre afasia e as lesões cerebrais. Para tanto, acesse:
KRISTENSEN, C. H. et al. Desenvolvimento histórico e fundamentos 
metodológicos da neuropsicologia cognitiva. Psicologia: Reflexão e 
Crítica, v. 14, n. 2, p. 259-74, 2001. Disponível em: <http://www.scielo.
br/pdf/%0D/prc/v14n2/7853.pdf>. Acesso em: 4 set. 2016.
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
Nos trabalhos científicos envolvendo as anatomias macroscópica, microscópica e funcional, o 
fisiologista francês François Magendie e Sir Charles Bell desenvolveram a Lei de Bell-Magendie: as raízes 
espinais anteriores são motoras, e as raízes posteriores são sensitivas.
Magendie descreveu o LCS em 1827, e o forame de Magendie, atualmente designado como 
abertura mediana do IV ventrículo, localizado no teto do IV ventrículo, em 1842. Ele também 
descreveu o espaço de Magendie, ou espaço subaracnóideo, correspondente aos principais sulcos 
dos hemisférios cerebrais.
Figura 79 – Encéfalo humano, hemisfério direito. 1: árvore da vida; 2: comisssura posterior; 3: tonsila cerebelar; 4: língula; 
5: mesencéfalo; 6: véu medular; 7: cisterna quadrigeminal; 8: teto do IV ventrículo; 9: aqueduto do mesencéfalo; 10: ponte; 
11: Forame de Luschka; 12: Forame de Magendie
Entre a pia-máter e a aracnoide-máter, há um espaço virtual chamado subaracnóideo. Este espaço 
subaracnóideo percorre o LCS, cujo papel consiste em suavizar os efeitos do peso relativo ao SNC 
(princípio de Arquimedes), prevenindo, de tal forma, os traumas devido ao contato com a superfície 
óssea. Nele podem também ser injetados anestésicos. O LCS é retirado para exames, como a análise 
microbiológica na suspeita de meningite.
A ideia de que espíritos animais percorriam os nervos, originada dos pensadores gregos, 
permaneceu como uma verdade até o século XVII, quando ficou evidenciada a natureza elétrica 
na condução nervosa, enfatizando-se, para isso, o trabalho de Luigi Galvani primeiramente, e, 
no século seguinte, o de Emil Du Bois-Reymond, que realizou seus estudos sobre a transmissão 
nervosa nas décadas de 1840 e 1870.
Ele sugeriu que os órgãos efetuadores seriam excitados pelos nervos por meio de corrente elétrica, 
ou de substâncias químicas liberadas nas terminações nervosas, terminando, assim, o ciclo dos espíritos 
como determinantes de atividade nervosa.
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Unidade I
Figura 80 – Luigi Galvani em experimentos com modelos animais (sapos)
Figura 81 – Máquina elétrica e arcos metálicos
Figura 82 – Trabalhos de Du Bois-Reymond mostrando o fluxo de corrente elétrica através do galvanômetro
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
O anatomista italiano Filippo Pacini redescobriu cerca de um século após Abraham Vater, anatomista 
alemão, as terminações nervosas encapsuladas de vasta distribuição. Essas terminações nervosas, 
atualmente, são designadas de corpúsculos de Vater-Pacini, nomeados em homenagem aos dois 
anatomistas. Outras terminações nervosas encapsuladas foram descritas pelo anatomista alemão Georg 
Meissner, em 1853. Hoje são designadas de corpúsculos de Meissner.
Em 1860, Johann Friedrich Wilhelm Krause descreveu novas terminações nervosas encapsuladas, 
os bulbos terminais de Krause, vastamente disseminadas e relacionadas à sensibilidade térmica. 
As terminações nervosas livres posicionadas no estrato germinativo da epiderme que conduzem 
sensibilidade tátil foram descritas por Friedrich Sigmund Merkel, anatomista alemão, em 1880. Em 1898, 
o anatomista italiano Ângelo Ruffini descreveu as terminações nervosas encapsuladas designadas de 
corpúsculos de Ruffini.
 Observação
Corpúsculo de Vater-Pacini: receptor sensorial encapsulado localizado 
no tecido subcutâneo, no periósteo e no pâncreas sensível à vibração de 
alta frequência.
Corpúsculo de Meissner: receptor sensorial encapsulado localizado nas 
papilas dérmicas que responde a estímulos de vibração de baixa frequência.
Corpúsculos de Krause: receptores sensoriais encapsulados sensíveis a 
estímulos mecânicos encontrados na região limítrofe entre pele e mucosa.
Corpúsculo de Merkel: receptor sensorial do tipo terminação nervosa 
com expansão e sensível a estímulos táteis.
Corpúsculos de Ruffini: receptores sensoriais encapsulados sensíveis à 
pressão encontrados na derme espessa e fina, no tecido subcutâneo e nas 
cápsulas articulares.
Grandes células em forma de frasco presentes no cerebelo foram descritas por Johannes Evangelista 
Purkinje, fisiologista da Boêmia, em 1837. Theodor Schwann, anatomista alemão, descreveu, em 1838, 
as células produtoras de mielina no SNP, denominadas de células de Schwann.
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Unidade I
Figura 83 – Johannes Evangelista Purkinje
 Lembrete
Mielina é o envoltório multilamelar que rodeia os axônios, sendo 
constituído por oligodendrócitos no SNC, ou por células de Schwann no SNP.
 Saiba mais
Vamos facilitar a compreensão dos próximos tópicos? Leia o artigo 
Origem e desenvolvimento da mielina no SNC: um Estudo de Revisão:
MENDES, P. B.; MELO, S. R. Origem e desenvolvimento da mielina no 
SNC: um estudo de revisão. Saúde e Pesquisa, Maringá, v. 4, n. 1, p. 93-99, 
jan./abr. 2016. Disponível em: <http://periodicos.unicesumar.edu.br/
index.php/saudpesq/article/view/1654/1208>. Acesso em: 9 dez. 2016.
O aprimoramento do microscópio no começo do século XIX proporcionou aos cientistas sua primeira 
chance de observar tecidos animais em magnificações maiores. Os nodos de Ranvier, que consistem em 
interrupções na bainha de mielina ao longo do axônio, no qual o citoplasma da célula de Schwann entra 
em contato com o axônio, foram descritos por Louis-Antoine Ranvier, histologista francês, em 1871.
No século XX, destacou-se o artista e médico Frank Henry Netter. Suas ilustrações inicialmente eram 
distribuídas aos médicos em cartões ou folders, até que, em 1899, foi publicado o Atlas de Anatomia 
Humana, que se encontra na 5ª edição, publicada em 2011.
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
As contribuições para a neuroanatomia, durante o século XX, foram inacreditáveis no que diz 
respeito à anatomia aplicada e, especialmente, à anatomia microcirúrgica. Com a finalidade de avançar 
as técnicas cirúrgicas, tornou-se necessária a compreensão de todas as vias de acesso, ou seja, das mais 
variadas formas de atingir determinadas áreas do encéfalo; assim, o conhecimento da neuroanatomia e 
as suas ilustrações agora se voltam para a prática neurocirúrgica.
Diversos estudos foram executados de forma descritiva sobre a anatomia aplicada à neurocirurgia, 
a fim de abordar as mais variadas temáticas, como as vias de acesso, as craniectomias, a anatomia de 
estruturas aplicadas à técnica cirúrgica, além de estudos que visam buscar a correlação da superfície 
cerebral com as estruturas anatômicas, e destas com os exames de imagem.
 Saiba mais
A craniectomia é uma forma de tratar a hipertensão intracraniana 
proporcionando espaço adicional para alojar o tecido cerebral lesado. 
Define-se traumatismo cranioencefálico como uma agressão ao cérebro, 
em consequência de um trauma externo, resultando em alterações 
cerebrais momentâneas ou permanentes, de natureza cognitiva ou de 
funcionamento físico, sendo essa lesão um problema de saúde pública na 
atualidade. A equipe de Enfermagem é de suma relevância nos processos 
que abrangem o tratamento terapêutico nesses tipos de lesões. Para isso, 
convidamos você a realizar a leitura do artigo científico:
SILVA, S. R. A. et al. O traumatismo craniano encefálico moderado e grave. 
Intesa, v. 9, n. 1, p. 38–42, jan./jun., 2015. Disponível em: <http://gvaa.com.br/
revista/index.php/INTESA/article/download/3245/3203>. Acesso em: 2 dez. 2016.
Os modernos estudos por ressonância magnética permitiram correlacionar a anatomia topográfica 
cortical como suas conexões pela tractografia, assim como a sua atividade específica na realização de 
determinado papel pela ressonância magnética funcional, possibilitando observar as diversas maneiras 
de inter-relação entre diferentes áreas topográficas, in vivo, com número de indivíduos e padronização 
de amostra nunca antes cogitado.
Figura 84 – Ressonância magnética mostrando a área de Broca (região triangular)
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Unidade I
Por fim, a neurofisiologia também teve um grande avanço durante o século XX. O fisiologista 
americano Walter Cannon explicou como o sistema nervoso autônomo (SNA) regula o meio interno 
do corpo. Ele foi o criador de duas elocuções mnêmicas na língua inglesa que, durante muito tempo, 
esclareceram as diferenças funcionais entre a parte simpática e a parte parassimpática do SNA. Segundo 
ele, a função simpática seria fight or flight, ou seja, “lutar ou fugir”; enquanto a parassimpática seria rest 
and digest, isto é, “repousar e digerir”.
 Lembrete
SNA é o sistema motor regulado pelo hipotálamo e constituído por 
pequenos neurônios motores, situados no tronco encefálico e na medula 
espinal, da qual partem fibras que se direcionam aos gânglios periféricos 
ou gânglios autônomos.
O quadro a seguir mostra a evolução na linha do tempo de outros anatomistas e as suas contribuições 
relevantes no avanço dos estudos em neuroanatomia.
Quadro 3
Nascimento Nome Contribuições
1675-1715 Domenico Mistichelli Descreveu a decussação das pirâmides.
1682-1771 Giovanni Battista Morgagni Descreveu o tubérculo cuneiforme.
1723-1765 Johann Lorenz Gasser Descreveu o gânglio sensitivo trigeminal e a impressão trigeminal.
1752-1832 Antonio Scarpa Descreveu os gânglios vestibular e coclear (do nervo vestibulococlear).
1791-1874 Jean Cruveilhier Descreveu o cruzamento dos tratos piramidais na decussação das pirâmides. 
1810-1868 Ludwig Türck Descreveu o trato corticoespinal anterior e o trato corticopontino.
1820-1875 Hubert von Luschka
Descreveu as aberturas pareadas nos recessos laterais do teto 
(aracnóideo) do IV ventrículo através das quais o liquor deixa o 
IV ventrículo e chega à cisterna magna. 
1843/44-1926 Camillo Golgi Descreveu o aparelho de Golgi, o órgão tendíneo de Golgi e os neurônios do tipo Golgi.
1861-1940 Henry Head Descreveu a anatomia e as variações dos principais nervos, do plexo braquial e as áreas dos dermátomos.
1883-1958 James Papez
Descreveu o circuito que conecta o hipocampo ao hipotálamo, 
tálamo e giro do cíngulo. Subsequentemente, esse circuito serviu 
de base para o conceito de sistema límbico.
1.2 Introdução à terminologia da neuroanatomia
A terminologia da neuroanatomia é detalhada na descrição da organização tridimensional complexa 
do encéfalo. Os eixos do SN são com facilidade entendidos em animais, que possuem um SNC mais 
simples do que aquele dos seres humanos. No gato, por exemplo, o eixo rostrocaudal se estende 
aproximadamente em linha reta desde o nariz até a cauda.
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
Dorsal
Rostral Caudal
Ventral
Figura 85 – Os eixos anatômicos e a sua relação com o SNC
Esse é o eixo longitudinal do SN, comumente designado de neuroeixo, porque o SNC possui uma 
organização longitudinal predominante. O eixo dorsoventral, perpendicular ao eixo rostral, se estende desde o 
dorso até o abdome. As terminologias posterior e anterior são sinônimos de dorsal e ventral, respectivamente.
Dorsal 
(superior)
Dorsal 
(posterior)
Rostral
Ventral 
(anterior)
Ventral 
(inferior)
Caudal
Figura 86 – Os eixos anatômicos e a sua relação com o SNC
 Lembrete
Neuroeixo é a linha imaginária que se estende da extremidade inferior 
da medula espinal até a região mais superior do encéfalo.
O eixo longitudinal do SN humano não é reto como no gato. Durante a formação, o encéfalo – e, por 
conseguinte, seu eixo longitudinal – sofre uma curvatura proeminente, ou flexura, na região do 
mesencéfalo. Em vez de descrever as estruturas anatômicas rostrais a essa flexura, normalmente 
se usam as terminologias superior e inferior. Essa curvatura do eixo reflete a insistência da 
flexura cefálica.
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Unidade I
Determinam-se três planos fundamentais em relação ao eixo longitudinal do SN nos quais as secções 
anatômicas são realizadas. As secções horizontais são realizadas paralelamente ao eixo longitudinal, de 
um lado a outro. As secções transversais são realizadas perpendicularmente ao eixo longitudinal, entre as 
faces anterior e posterior. As secções transversais do hemisfério cerebral são aproximadamente paralelas 
à sutura coronal do crânio e, por conseguinte, também denominados cortes coronais. As secções sagitais 
são realizadas paralelamente tanto ao eixo longitudinal do SNC quanto à linha mediana, entre as faces 
anterior e posterior. Uma secção mediossagital divide o SNC em duas metades simétricas, enquanto 
uma secção parassagital é realizada fora da linha mediana.
O quadro a seguir mostra o significado, com exemplos, de alguns afixos ou termos que são utilizados 
frequentemente em neuroanatomia.
Quadro 4
Afixos ou termos Significado Exemplo
Arac- Teia de aranha Aracnoide-máter
Braquio Braço Tronco braquiocefálico
Colículo Saliência Colículo inferior
Córtex “Casca” exterior Córtex cerebral
Di- Através Diencéfalo
Dura Duro, resistente Dura-máter
-encéfalo Pertencente ao encéfalo Mesencéfalo
Fago Comer Fagocitose
Fascículo Feixe Fascículo lateral
Foice Em forma de foice Foice do cerebelo
Glosso- Língua Glossofaríngeo
Lemnisco Fita Lemnisco lateral
Mes- Meio Mesencéfalo
Met- Depois Metencéfalo
Miel- MedulaMielencéfalo
Pedúnculo Ponte Pedúnculo cerebelar
Pros- Em Prosencéfalo
Romb- Em forma de diamante Rombencéfalo
Sub- Abaixo Subcortical
Tel- Final Telencéfalo
Trígono Com formato triangular Trígono do n. hipoglosso 
1.3 Divisão do SN
O SN é um todo. Sua divisão em partes tem um significado somente didático, pois estão 
intensamente relacionadas dos pontos de vista morfológico e funcional. O SN pode ser decomposto 
levando-se em consideração os critérios anatômico, funcional e embriológico. Existe ainda uma 
classificação quanto à segmentação.
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
1.3.1 Divisão do SN com base nos critérios anatômicos
Essa divisão, que é uma das mais estimadas, é composta por SNC e SNP. O SNC é aquele que se situa 
dentro do esqueleto axial, ou seja, a cavidade craniana e o canal vertebral, constituído pela superposição 
dos forames vertebrais; e o SNP é aquele que se situa fora desse esqueleto.
Em geral, idealiza-se que o SNC apresenta duas partes principais, o encéfalo e a medula espinal, 
que formam o neuroeixo. O encéfalo é dividido nas seguintes partes: o cérebro, o tronco encefálico e 
o cerebelo. O termo cérebro designa o par de hemisférios cerebrais e o diencéfalo. O tronco encefálico 
abrange o mesencéfalo, a ponte e o bulbo ou a medula oblonga. No homem, a relação entre o tronco 
encefálico e o cérebro pode ser rudemente confrontada à relação que há entre o tronco e a copa de 
uma árvore.
A figura a seguir mostra a localização do SNC e do SNP no organismo e esquematiza o encéfalo e a 
medula espinal, vistos lateralmente. Os principais nervos periféricos são mostrados em amarelo.
Figura 87 – O sistema nervoso (SN)
 Lembrete
De acordo com a localização de suas partes, o SN é dividido em SNC e SNP.
O mesencéfalo é a parte estreita do encéfalo que conecta o cérebro na ponte e no cerebelo. A sua 
cavidade estreita é designada como aqueduto do mesencéfalo, que interliga o III ventrículo e o IV ventrículo. O 
mesencéfalo compreende muitos núcleos e feixes de fibras nervosas ascendentes e descendentes.
O bulbo apresenta uma forma cônica, conectando-se com a ponte, superiormente, e a medula 
espinal, inferiormente. Abrange muitas quantidades de neurônios, designadas de núcleos, e serve de via 
para as fibras nervosas ascendentes e descendentes.
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Unidade I
A ponte situa-se sobre a face anterior do cerebelo, inferior ao mesencéfalo e superior ao bulbo. 
Ela deriva o seu nome do amplo número de fibras transversais, que conectam os dois hemisférios 
cerebelares, sobre sua face anterior. Também abrange muitos núcleos e fibras nervosas ascendentes 
e descendentes.
 Lembrete
O tronco encefálico é composto por aglomerados de neurônios 
chamados núcleos e por feixes de fibras.
O cerebelo é a formação nervosa volumosa, localizada atrás do bulbo e da ponte, adentrando a 
constituição do teto do IV ventrículo. O bulbo, a ponte e o cerebelo rodeiam uma cavidade preenchida 
com LCS, o IV ventrículo. Este se conecta superiormente ao III ventrículo por meio do aqueduto do 
mesencéfalo; inferiormente, continua com o canal central da medula espinal. Comunica-se com o 
espaço subaracnóideo por meio de três aberturas na parte inferior do teto. É através dessas aberturas 
que o LCS dentro do SNC atinge o espaço subaracnóideo.
O cérebro, a maior parte do encéfalo, compõe-se de dois hemisférios, que são conectados por uma 
massa de substância branca, designada como corpo caloso. Cada hemisfério cerebral expande-se do 
osso frontal ao osso occipital no crânio: superiormente à fossa anterior do crânio e à fossa média do 
crânio; posteriormente, o cérebro permanece acima do tentório do cerebelo. Os hemisférios cerebrais 
são separados por uma fenda profunda, a fissura longitudinal do cérebro, dentro da qual se projeta a 
foice do cérebro.
A figura a seguir mostra em secção sagital mediana o encéfalo. É possível observar o tronco 
encefálico, a estrutura cerebelar com suas fissuras e folhas, seu córtex, superficialmente, e sua região 
profunda composta de substância branca, na qual se encontram seus núcleos profundos.
Figura 88 – Tronco encefálico e cerebelo
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
O diencéfalo está quase totalmente escondido da superfície do encéfalo. Inclui o tálamo, dorsalmente, 
e o hipotálamo, ventralmente. O tálamo é uma massa ovoide, ampla de substância cinzenta, que se 
localiza de cada lado do III ventrículo. A sua extremidade anterior constitui o limite posterior do forame 
interventricular, a abertura entre os ventrículos laterais e o III ventrículo. O hipotálamo compõe a parte 
inferior da parede lateral e o assoalho do III ventrículo.
 Lembrete
Uma das regiões mais relevantes do SNC, o hipotálamo, pertence 
ao diencéfalo.
A medula espinal localiza-se dentro do canal vertebral, na coluna vertebral, e é envolvida por três 
meninges: a dura-máter, a aracnoide-máter e a pia-máter. A medula espinal é aproximadamente 
cilíndrica; inicia superiormente no forame magno do crânio, onde é contínua com o bulbo, e 
acaba inferiormente na região lombar. Abaixo, a medula espinal afila-se no cone medular, a partir 
do ápice do qual um prolongamento da pia-máter, o filamento terminal, desce para aderir ao 
dorso do cóccix.
Figura 89 – Região proximal da medula espinal, dentro do canal vertebral (a parte posterior das vértebras foi removida para exposição 
da medula). Em sua parte proximal, observa-se sua conformação cilíndrica e a emergência de filetes nervosos que formam os nervos 
espinais. Vê-se, ainda, a dura-máter, semirremovida nesta peça
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Unidade I
Figura 90 – Em sua região distal, vê-se sua terminação cônica e a cauda equina, que preenche a porção distal do canal vertebral
O SNP abrange os nervos cranianos e espinais, bem como os gânglios e as terminações nervosas. 
Portanto, são vias que transportam os estímulos ao SNC ou que carregam até os órgãos efetuadores as 
ordens procedidas da parte central.
 Lembrete
Gânglios são grupos de neurônios do exterior do SNC.
Nervos são feixes de axônios periféricos com um trajeto comum.
Os 31 pares de nervos espinais estão aderidos por meio das raízes anteriores ou motoras e das raízes 
posteriores ou sensitivas. Cada raiz adere à medula por uma sequência de radículas, as quais abraçam 
toda a extensão do segmento medular correspondente. Cada raiz nervosa posterior possui um gânglio 
da raiz posterior, cujas células dão origem às fibras nervosas periféricas e centrais.
Os 12 pares de nervos cranianos estão conectados com o encéfalo; os 2 primeiros pares de nervos 
cranianos, o nervo olfatório e o nervo óptico, apresentam origens encefálicas no telencéfalo e no 
diencéfalo, respectivamente. Os demais pares de nervos cranianos possuem origens encefálicas no 
tronco encefálico.
 Lembrete
O I par de nervos cranianos, ou nervo olfatório, conduz impulsos 
olfatórios originados da cavidade nasal, portanto são nervos sensitivos.
O II par de nervos cranianos, ou nervo óptico, são nervos sensitivos e 
conduzem impulsos de visão oriundos da retina.
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
Ainda que os nervos fiquem circundados por bainhas fibrosas em seu caminho através de diversas 
partes do corpo, eles são relativamente desprotegidos e frequentemente lesionados por traumatismos.
 Saiba mais
A análiseda evolução filogenética do SN possibilita a concepção da sua 
morfologia, que sejam entendidas relações entre os desenvolvimentos e 
as interações das estruturas nervosas e os prováveis comportamentos dos 
seus referentes seres, provocando questionamentos sobre a própria noção 
de fatos, como a consciência. Assim, sugerimos que você aprecie o artigo 
científico a seguir, acessando:
RIBAS, G. C. Considerações sobre a evolução filogenética do sistema 
nervoso, o comportamento e a emergência da consciência. Revista Brasileira 
de Psiquiatria, São Paulo, v. 28, n. 4, p. 326-38, 2006. Disponível em: <http://
www.scielo.br/pdf/%0D/rbp/v28n4/12.pdf>. Acesso em: 4 set. 2016.
1.3.2 Divisão do SN do ponto de vista funcional
Do ponto de vista funcional, pode-se dividir o SN em sistema nervoso somático (SNS) e sistema 
nervoso visceral (SNV). O SNS é também designado como SN da vida de relação, ou seja, aquele que 
relaciona o organismo com o meio. Para isso, a parte aferente do SNS se encaminha aos centros 
nervosos gerados em receptores periféricos, comunicando a estes centros sobre o que se passa no 
meio ambiente. Em contrapartida, a parte eferente do SNS conduz aos músculos estriados esqueléticos 
o comando dos centros nervosos, derivando movimentos que levam a maior relacionamento ou 
integração com o meio externo.
O SNV, ou da vida vegetativa, relaciona-se com a inervação das estruturas viscerais e é muito 
interessante para a integração da atividade das vísceras no sentido da homeostase. De tal modo, como 
o SNS, caracteriza-se no SNV uma parte aferente e outra eferente. O componente aferente leva os 
impulsos nervosos oriundos de receptores das vísceras, os visceroceptores, a áreas específicas do SNC. 
O componente eferente traz impulsos de certos centros nervosos até as estruturas viscerais acabando, 
pois, em glândulas, no músculo liso ou no músculo estriado cardíaco. Por definição, designa-se como 
SNA somente o componente eferente do SNV, e o SNA se divide em simpático e parassimpático.
 Observação
O controle de papéis como a digestão, a frequência cardíaca, a micção e 
a deglutição é realizado por uma parte do SN chamada de SNA.
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Unidade I
1.3.3 Divisão do SN com base na segmentação ou metameria
Pode-se dividir o SN em sistema nervoso segmentar e sistema nervoso suprassegmentar. A 
segmentação no SN é demonstrada pela conexão com os nervos. Refere-se, pois, ao sistema nervoso 
segmentar todo o SNP, mais aquelas partes do SNC que estão em relação direta com os nervos 
típicos, ou seja, a medula espinal e o tronco encefálico. O cérebro e o cerebelo dizem respeito ao 
sistema nervoso suprassegmentar. Os nervos olfatório e óptico se ligam ao cérebro, todavia não são 
considerados nervos típicos.
De tal modo, nos órgãos do sistema nervoso suprassegmentar, a substância cinzenta situa-se por 
fora da substância branca e forma uma camada fina, o córtex, que reveste toda a superfície do órgão. 
Já nos órgãos do sistema nervoso segmentar não há córtex, e a substância cinzenta pode se situar por 
dentro da branca, como acontece na medula espinal. O sistema nervoso segmentar aportou na evolução 
antes do suprassegmentar, e, funcionalmente, pode-se dizer que lhe é subordinado. Da mesma maneira, 
as comunicações entre o sistema nervoso suprassegmentar e os órgãos periféricos, os receptores e os 
efetuadores, realizam-se por meio do sistema nervoso segmentar.
 Lembrete
A substância cinzenta é a parte do tecido nervoso onde predominam 
corpos celulares de neurônios, enquanto a substância branca é a parte do 
tecido nervoso onde predominam axônios mielínicos.
1.4 Papéis do SN
O SN efetua trabalhos complexos. Ele nos possibilita sentir diversas fragrâncias, dialogar 
e recordar acontecimentos do passado. Do mesmo modo, ele produz sinais que controlam os 
movimentos corporais e regula o funcionamento dos órgãos internos. Essas várias atividades 
podem ser divididas em: sensitivas (aporte), integradoras (processamento) e motoras (saída).
No papel sensitivo, os receptores sensitivos detectam estímulos internos, como o 
aumento da pressão arterial, ou estímulos externos, como uma gota de água caindo na 
perna. Essas informações sensitivas são levadas ao encéfalo e à medula espinal por meio dos 
nervos cranianos e espinais.
No papel integrador, o SN processa as informações sensitivas, avaliando-as e tomando as 
resoluções apropriadas para cada resposta em uma atividade designada de integração.
No papel motor, após o processamento das informações sensitivas, o SN pode desencadear 
uma resposta motora específica por meio da ativação de efetores, como os músculos e as 
glândulas, através dos nervos cranianos e espinais. A estimulação dos efetores gera a contração dos 
músculos e a secreção de hormônios pelos órgãos endócrinos.
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
Os três papéis fundamentais do SN ocorrem, por exemplo, quando você escuta o aparelho 
de telefone tocar. O som do toque estimula receptores sensitivos em suas orelhas, sendo ele o 
papel sensitivo. Essas informações auditivas são então transmitidas para o encéfalo, onde são 
processadas, e é tomada a decisão de receber o telefonema, sendo ele o papel integrador. Após isso, 
o encéfalo estimula a contração de músculos específicos que lhe possibilitarão apanhar o telefone 
e apertar a tecla adequada para atendê-lo, sendo ele o papel motor.
O diagrama da figura a seguir mostra uma visão geral funcional do SN, apresentando a relação 
entre o SNC e o SNP, assim como os componentes e os papéis das divisões aferentes e eferentes.
Sistema Nervoso Central 
(encéfalo e medula espinal)
Sistema 
Nervoso 
Periférico
Receptores Efetuadores
Informação 
sensitiva 
na parte 
aferente
Receptores 
sensitivos 
especiais
Receptores 
sensitivos 
somáticos
Músculo
estriado
esquelético
Músculos lisos
Músculo
estriado
cardíaco
Glândulas
Comandos 
motores na 
parte 
eferente
Processamento de 
informação
Sistema nervoso 
somático
Sistema nervoso
autônomo
Parassimpático e simpático
Receptores sensitivos viscerais
Inclui
Figura 91 – Uma visão geral funcional do SN
1.5 O tecido nervoso
Os tecidos do organismo são classificados em quatro tipos fundamentais, com base na estrutura e na 
função: o tecido epitelial, que forra as superfícies do corpo, as cavidades do corpo, os ductos, e forma as 
glândulas; o tecido conjuntivo, que liga, sustenta e protege as partes do corpo; o tecido muscular, que 
se contrai para produzir movimentos; e o tecido nervoso, que principia e transmite impulsos nervosos 
de uma parte do organismo para outra.
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Unidade I
O tecido nervoso incide tão somente em dois tipos de células: os neurônios e as neuroglias. Assim, 
a menor unidade morfofuncional do SN é o neurônio, e uma célula especializada na transmissão de 
impulsos nervosos.
Existem tipos diferentes de neurônios contudo, pode-se observar que eles são constituídos pelos 
dendritos, que recebem impulsos de outras células; pelo corpo ou pericário, que é o centro metabólico 
do neurônio e onde é processado o impulso nervoso; e pelo axônio, que é o prolongamento que conduz 
o impulso nervoso. A figura seguinte mostra uma visão geral dos neurônios. Já a neuroglia (glia = cola) 
suporta, nutre, protege os neurônios e mantém a homeostase no líquido intersticial que banha os 
neurônios. As neuroglias são em torno de cinco vezes mais numerosas que os neurônios.
Corpo
Dendrito
Axônio
Núcleo do corpo
Bainha de mielina
Figura 92 –Visão geral dos neurônios
 Lembrete
O SN é formado por células nervosas, os neurônios, e por células 
chamadas de conjunto de neuroglia.
Axônio é o prolongamento do neurônio que leva o potencial de ação do 
pericário até seu alvo.
Dendrito é um dos prolongamentos que parte do pericário e recebe um 
influxo sináptico.
1.5.1 Visão geral dos neurônios
Os nomes conferidos aos neurônios foram indicados em razão do seu tamanho, forma, aspecto, 
função ou provável descobridor, como a célula de Purkinje, do cerebelo. O tamanho e a forma dos 
corpos celulares são bastante variáveis. O diâmetro do corpo celular pode variar de 4 micrômetros a 125 
micrômetros, por exemplo, a célula granular do cerebelo, como o neurônio motor da medula espinal.
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
Os neurônios podem exibir formas piramidal, ampuliforme, estrelada ou granular. Uma peculiaridade 
adicional desses pericários é o número de organização de seus processos. Alguns neurônios têm poucos 
dendritos, enquanto outros apresentam numerosas projeções de dendritos. Com exceção de dois tipos 
celulares, designados como células amácrinas, sem axônio, como os neurônios da retina e as células 
granulares do bulbo olfatório, todos os neurônios têm pelo menos um axônio e um ou mais dendritos. A 
figura a seguir ilustra os tipos básicos de neurônios quanto ao número de prolongamentos.
Axônio
Fusiforme Estrelado Piramidal Piriforme
Axônio Axônio
Corpo Corpo
Corpo
Dendrito
Figura 93
Os dendritos (grego: déndron = árvore), em geral, são curtos, de alguns micrômetros a alguns 
milímetros de comprimento, ramificados como se fossem galhos de uma árvore. Os dendritos têm 
“espinhas” que servem como pontos de contato sinápticos.
Os axônios (grego: áxon = eixo), na maioria dos neurônios, são longos e finos, e se originam do 
pericário ou de um dendrito principal, em uma região designada como cone de implantação. O axônio 
possui comprimento muito variável, dependendo do tipo de neurônio, podendo ter, na espécie humana, 
de alguns milímetros a mais de um metro. Eles são mielínicos ou amielínicos.
 Lembrete
O axônio, apresentando ou não bainha de mielina, é também 
denominado de fibra nervosa.
Cada neurônio apresenta somente um axônio, todavia cada axônio normalmente contém vários ramos 
designados como colaterais. Um axônio e seus colaterais acabam em ramos finos separados entre si, designados 
como telodendros. A extremidade distal de cada telodendro se expande no interior de pequenas estruturas 
em forma de bulbo, denominadas terminações axônicas. Nessas terminações são armazenadas substâncias 
químicas, chamadas de neurotransmissores. As moléculas dos neurotransmissores liberadas pelas terminações 
axônicas constituem o meio de comunicação em uma sinapse.
Alguns neurônios, entretanto, especializam-se em secreção. Seus axônios terminam próximos 
a capilares sanguíneos, que captam o produto de secreção liberado, em geral, um polipeptídio. Os 
neurônios desse tipo são designados como neuromoduladores e se encontram na região do cérebro.
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Unidade I
 Lembrete
Neurotransmissores são moléculas envolvidas na transmissão do 
impulso nervoso. São eles que medeiam a passagem do sinal elétrico entre 
dois neurônios ou entre um neurônio e uma fibra muscular.
Neuromoduladores são substâncias químicas aptas a alterar a 
transmissão do impulso nervoso.
 Leitura obrigatória
O neurônio é a unidade morfofuncional do SN. No ser humano maduro, 
se for destruído por traumatismo ou doença, não será substituído; é incapaz 
de realizar divisão celular. Leia o texto a seguir na Biblioteca Virtual:
SNELL, R. S. Neuroanatomia clínica. 7. ed. Tradução de Marcio Moacyr de 
Vasconcelos. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2013. Posição 2. Disponível 
em: <https://online.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-277-2451-7/
cfi/6/2[;vnd.vst.idref=capa.html]>. Acesso em: 10 dez. 2016.
1.5.2 Classificação dos neurônios
Os neurônios podem ser classificados de acordo com a sua forma e função. Quanto à forma, 
distinguem-se em neurônios multipolares, com muitos dendritos que se estendem a partir de todo o 
corpo. Os neurônios multipolares são encontrados no corno anterior da medula espinal, nas células de 
Purkinje no córtex do cerebelo e nas células piramidais no córtex do telencéfalo.
Outro tipo de neurônio classificado em razão de sua forma são os neurônios bipolares, que possuem 
um dendrito e um axônio, e estão presentes na retina, no epitélio olfatório, em gânglios dos nervos 
cranianos e na orelha interna.
Os neurônios pseudounipolares são os que apresentam um axônio dendrítico e se desenvolvem 
durante o período fetal de um neurônio bipolar. Eles são encontrados no gânglio espinal e nos gânglios 
sensitivos dos nervos trigêmeo, facial, glossofaríngeo e vago.
Por fim, os neurônios unipolares aparecem raramente em vertebrados e são encontrados, 
principalmente, durante a embriogênese. A figura a seguir ilustra os neurônios classificados quanto 
à forma.
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
Unipolar Bipolar Pseudounipolar Mutipolar
Figura 94
Funcionalmente, os neurônios podem ser classificados em três tipos: aferentes ou sensitivos; eferentes 
ou motores; interneurônios ou de associação. Os neurônios sensitivos são aqueles que transmitem o 
impulso oriundo da periferia para a parte central do SN. Os neurônios motores transmitem o impulso da 
parte central do SN em direção à periferia. Os interneurônios realizam a conexão entre os neurônios 
na parte central do SN, ou seja, ligam um neurônio a outro.
 Lembrete
Neurônio sensitivo ou neurônio aferente leva a informação ao SNC.
Neurônio motor é o que inerva o músculo estriado esquelético e a 
musculatura lisa das vísceras.
Interneurônio, situado entre dois outros neurônios, apresenta 
prolongamentos curtos.
1.5.3 Sinapses
As sinapses são pontos de transmissão descontínua de estímulos de um neurônio para outro ou 
para uma célula efetora, sendo ela um músculo ou uma glândula. Quanto à forma e ao modo de 
funcionamento, reconhecem-se dois tipos de sinapses: elétricas e químicas.
1.5.4 Arco reflexo
Os impulsos nervosos que se difundem em direção ao SNC, dentro ou fora dele, adotam modelos 
característicos, dependendo do tipo de informação, origem e destino. A via seguida pelos impulsos 
nervosos que geram um reflexo é designada como arco reflexo.
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Unidade I
Etapa 1
Chegada do 
estímulo e 
ativação do 
receptor
Etapa 2
Ativação de 
um neurônio 
sensitivo
Etapa 5
Resposta do 
efetuador
Etapa 3
Processamento 
da informação 
no SNC
Etapa 4
Ativação do 
neurônio 
motor
Estímulo
Efetuador Raiz 
Anterior
Raiz 
Posterior
Sensação 
transmitida ao 
encéfalo via 
colateral
--- Neurônio sensitivo 
(estimulado)
--- Neurônio 
motor (estimulado)
--- Interneurônio 
excitador
Legenda
Receptor
ARCO 
REFLEXO
Figura 95
 Lembrete
Reflexo é uma continuação rápida e previsível de ações involuntárias 
que ocorrem em resposta a determinadas alterações no ambiente.
Os reflexos, em geral, são usados para o diagnóstico de distúrbios do SN e para a localização da lesão. 
Caso um reflexo esteja ausente ou aguçado, o enfermeiro pode desconfiar de que a lesão se situa em 
algum local de uma certa via de condução. Diversos reflexos somáticos podem ser testados por meio 
da simples percussão de determinadas partes do organismo.Entre os reflexos somáticos clinicamente 
relevantes estão os seguintes:
• Reflexo patelar: esse reflexo de estiramento compreende a extensão da perna ao nível do joelho, 
por meio da contração do músculo quadríceps femoral, em resposta à percussão do ligamento 
patelar. Ele é inibido por lesões em nervos sensitivos ou motores que suprem o músculo, ou em 
centros de integração situados no segundo, terceiro ou quarto segmentos lombares da medula 
espinal. Geralmente, está ausente em indivíduos com diabetes mellitus ou neurossífilis, uma 
vez que acarretam degeneração dos nervos. Tal reflexo está aguçado em doenças ou lesões que 
envolvem determinados tratos motores descendentes que se originam de centros superiores do 
encéfalo e se direcionam para a medula espinal.
• Reflexo aquileu: esse reflexo de estiramento compreende a flexão plantar do pé, por meio da 
contração dos músculos gastrocnêmios medial, lateral e sóleo, em resposta à percussão do tendão 
de Aquiles. A ausência desse reflexo sugere lesão dos nervos que suprem os músculos posteriores 
da perna ou dos neurônios da região lombossacral da medula espinal. Ele também pode ocultar-se 
em indivíduos com diabetes mellitus, neurossífilis, etilismo e hemorragias subaracnóideas. Um 
reflexo aquileu aguçado sugere compressão medular ou lesão dos tratos motores do primeiro e 
do segundo segmentos sacrais da medula.
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
• Sinal de Babinski: esse reflexo é produzido por meio da estimulação branda da margem lateral 
da planta do pé. O hálux se estende, com ou sem abertura em leque dos outros dedos dos pés. Esse 
acontecimento normalmente é visto em crianças com menos de um ano e meio de idade devido 
à mielinização incompleta das fibras do trato corticospinal. A constância do sinal de Babinski 
após essa idade é anormal e sugere intercepção do trato corticospinal secundária a uma lesão, 
em geral, na sua parte superior. A resposta almejada após um ano e meio de idade é o reflexo de 
flexão plantar, ou Babinski ausente, isto é, a flexão plantar de todos os dedos dos pés.
• Reflexo cutâneo abdominal: esse reflexo compreende a contração dos músculos que compõem 
a parede abdominal em resposta à estimulação da parte lateral do abdome. A resposta almejada 
é uma contração da musculatura abdominal, acontecimento que gera o desvio do umbigo no 
sentido do estímulo. A ausência desse reflexo está agregada a lesões nos tratos corticospinais. 
Ele também pode estar ausente em lesões dos nervos periféricos ou dos centros de integração na 
parte torácica da medula espinal, como pode acontecer, neste último caso, na esclerose múltipla.
A maioria dos reflexos autônomos não é instrumento diagnóstico prático, pois é penoso 
estimular os efetores viscerais, localizados em partes internas do organismo. Uma ressalva é o 
reflexo pupilar, no qual as pupilas reduzem de diâmetro quando os olhos são sujeitos à luz. Como 
esse arco reflexo abrange sinapses de partes inferiores do encéfalo, a ausência do reflexo pupilar 
normal pode sugerir lesão encefálica.
1.5.5 Neurogênese no SNC
A neurogênese, ou seja, a formação de novos neurônios a partir de células-tronco indiferenciadas, 
ocorre com frequência em alguns animais, por exemplo, novos neurônios surgem e esvaecem, a 
cada ano, em alguns pássaros canoros. No passado, o mistério em humanos e em outros primatas 
era: “não existiriam novos neurônios” no encéfalo adulto.
Em 1992, cientistas canadenses descobriram sua imprevista revelação de que o fator de 
crescimento epidérmico (EGF), proteína parecida com um hormônio, estimulava células removidas 
de encéfalos de ratos adultos a se multiplicarem, como neurônios e astrócitos. Antes, conhecia-se que 
o EGF excitava a mitose em uma série de células não neuronais e gerava a cicatrização de lesões e a 
regeneração tecidual. Em 1998, pesquisadores mostraram que um número significativo de neurônios 
surge no hipocampo adulto, região encefálica crucial para o aprendizado.
A quase completa falta de neurogênese em outras áreas do encéfalo e da medula espinal parece 
ser resultado de dois fatores: influências inibitórias da neuroglia, principalmente dos oligodendrócitos, 
e falta de estímulos para o crescimento que estavam presentes durante o período fetal.
Os axônios do SNC são mielinizados pelos oligodendrócitos, e não pelas células de Schwann; 
essa mielina do SNC é um dos fatores que bloqueiam a regeneração neuronal. Quem sabe, o mesmo 
mecanismo obstrua o desenvolvimento do axônio, uma vez que se alcance uma certa região-alvo 
durante o desenvolvimento.
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Unidade I
Do mesmo modo, posteriormente a uma lesão no axônio, os astrócitos vizinhos multiplicam-se 
velozmente, compondo um tipo de tecido cicatricial que atua como um obstáculo físico 
para a regeneração. Assim, uma lesão no encéfalo ou na medula espinal se torna persistente. 
Investigações em decurso procuram formas de aperfeiçoar o ambiente para que os axônios 
medulares existentes possam atingir as regiões lesadas. Pesquisadores também estão tentando 
achar formas de excitar células-tronco adormecidas a “trocar” neurônios inutilizados durante 
uma lesão ou patologia e de desenvolver neurônios formados em laboratório que possam ser 
usados em eventuais transplantes.
1.5.6 Lesão e reparo no SNP
Os axônios e os dendritos que estão acompanhados de um neurolema podem ser reparados, contanto 
que o pericário esteja ileso, as células de Schwann continuem funcionais e não tenha sucedido uma 
ligeira organização de tecido cicatricial. A maioria dos nervos no SNP é constituída por prolongamentos 
que são cobertos por neurolema. Um indivíduo que apresenta uma lesão nos axônios de um nervo do 
membro superior, por exemplo, tem uma excelente oportunidade de readquirir o papel do neurônio.
1.6 Neuroglias
Outras células compõem, ainda, o SN, auxiliando para fornecer sustentação funcional ao neurônio – cada 
uma com um papel definido – e formando coletivamente as neuroglias – células da glia ou gliócitos. Algumas 
neuroglias são encontradas no SNC e no SNP, além de serem as células mais comuns do tecido nervoso, 
podendo a proporção entre neurônios e neuroglias variar de 1:10 a 1:50. Em comparação aos neurônios, a 
neuroglia não produz nem conduz impulsos nervosos e pode multiplicar-se e dividir-se no SN maduro.
 Lembrete
As células da neuroglia desempenham diversos tipos de papéis relevantes 
no SN tanto no SNC como no SNP.
1.6.1 Neuroglias no SNC
No SNC, a neuroglia compreende: os astrócitos, os oligodendrócitos, a micróglia e um tipo de glia 
com disposição epitelial, as células ependimárias. Os astrócitos (grego: astronm = estrela); (grego: kytos 
= vaso oco) possuem semelhança a uma estrela e estão entre as neuroglias mais numerosas e maiores 
no encéfalo.
Há dois tipos de astrócitos: os protoplasmáticos, localizados na substância cinzenta, e os fibrosos, 
encontrados na substância branca. São funções dos astrócitos: a manutenção da constância no meio 
interno do SNC, por meio da ingestão de metabólitos neuronais; a participação na estrutura da barreira 
hematoencefálica; a fagocitose de células mortas; a cicatrização no SNC, por exemplo, após infarto 
cerebral, em caso de esclerose múltipla; a formação e o intercâmbio do glutamato; além da sustentação 
e do isolamento de neurônios.
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
Figura 96 – Astrócitos protoplasmáticos e astrócitos fibrosos
 Lembrete
Os astrócitos realizam os papéis de sustentação e isolamento do neurônio.
Os oligodendrócitos (grego: oligo = pouco); (grego: dendron= árvore); (grego: glia = cola) são 
menores do que os astrócitos e possuem poucos prolongamentos, que também podem formar pés 
vasculares. O papel dos oligodendrócitos é a produção das bainhas de mielina que servem de isolantes 
elétricos para os neurônios do SNC. Um único oligodendrócito contribui para a formação da mielina de 
vários axônios.
As micróglias (grego: micros = pequeno); (grego: glia = cola), diferentemente de outros neurônios 
e outras neuroglias, é de origem mesodérmica e aparece precocemente durante o desenvolvimento do 
SNC. Elas são células pequenas e alongadas, que possuem poucos prolongamentos e desempenham o 
papel de defesa do neurônio. Dentre os papéis das micróglias estão: a apresentação de antígenos; a 
fagocitose; a mobilidade ameboide; e as secreções de citocinas e de fatores de crescimento. A figura a 
seguir ilustra diferentes tipos de células da neuroglia no SNC.
Figura 97 – Micróglias e oligodendrócitos
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Unidade I
As células ependimárias (grego: ependyma = roupa de cima) são células cuboides ou prismáticas 
que forram, como epitélio de revestimento simples, as paredes dos ventrículos encefálicos, do 
aqueduto do mesencéfalo e do canal da medula espinal. Um tipo de célula ependimária modificada 
recobre tufos de tecido conjuntivo, rico em capilares sanguíneos, que se projetam da pia-máter, 
constituindo os plexos corióideos, responsáveis pela formação do líquido cerebrospinal. Ela tem a 
função de regulação das trocas entre o LCS dentro dos ventrículos encefálicos e no canal da medula 
espinal mediante movimentos ciliares.
Além disso, há sugestão de que as células ependimárias também apresentariam um papel absortivo. 
Crê-se que as tais células carreguem substâncias químicas do LCS para a hipófise, cujo desempenho 
implicaria administração da produção de hormônios pelo lobo anterior da hipófise.
 Lembrete
As células ependimárias localizam-se nos ventrículos e estão associadas 
à produção do LCS.
Neurônio
Vaso de sangue
Astrócito
Oligodendrócito
Micróglia
Figura 98 – Visão esquemática da disposição das neuroglias no SNC
1.6.2 Neuroglias no SNP
A neuroglia periférica compreende as células-satélites, ou anfícitos, e as células de Schwann, 
oriundas da crista neural. Assim, as células-satélites envolvem os corpos celulares, dos gânglios 
sensitivos e do SNA, e as células de Schwann circundam os axônios, formando os seus envoltórios, 
quais sejam: a bainha de mielina e o neurilema. Cada célula de Schwann mieliniza apenas um axônio. 
Já os papéis das células-satélites consistem em regular a troca de nutrientes e produtos residuais 
entre o pericário e o líquido extracelular, bem como em colaboram para o isolamento do neurônio de 
quaisquer outros estímulos que não sejam aqueles situados nas sinapses.
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
 Saiba mais
Confrontado com outras espécies, o encéfalo humano é o mais complexo 
e influente, porque, além do grande número de neurônios, apresenta a 
capacidade admirável de reparar seus próprios papéis. O encéfalo expõe 
o crescimento de conexões neuronais. Durante nossa vida, somente um 
neurônio pode realizar de 6 mil a 20 mil conexões sinápticas com outros 
neurônios situados em várias partes do encéfalo, e o número de sinapses 
que cada neurônio é apto a fazer tem maior importância no papel encefálico 
do que o próprio número dessas células. Nosso encéfalo teve um longo 
caminho evolutivo. Com o intuito de desvendar os mistérios encefálicos, 
indicamos a leitura do seguinte artigo científico:
SCHMIDEK, W. R.; CANTOS, G. A. Evolução do sistema nervoso, 
especialização hemisférica e plasticidade cerebral: um caminho ainda a ser 
percorrido. Revista Pensamento Biocêntrico, Pelotas, n. 10, jul./dez. 2008. 
Disponível em: <http://www.fflch.usp.br/df/opessoa/Evolucao-Cerebro.
pdf>. Acesso em: 4 set. 2016.
2 SISTEMA NERVOSO CENTRAL
2.1 Generalidades sobre o encéfalo
A arte de pensamento do nosso encéfalo arquitetou a tecnologia para lançarmos foguetes no 
espaço, sanarmos patologias, mapearmos o genoma humano e fracionarmos os átomos, mas com 
todas essas concretizações, o encéfalo humano continua ainda vastamente desconhecido em seu 
próprio funcionamento.
Esse conjunto de estruturas anatômicas consiste em um dos maiores órgãos do corpo humano, 
formado por aproximadamente 100 bilhões de neurônios e de 10 a 50 trilhões de neuroglias. No homem 
adulto médio, o encéfalo humano pesa cerca de 1.400 mil gramas, o equivalente a 2% da massa corporal 
total. O encéfalo do homem é, em média, um pouco mais pesado do que o da mulher, ainda que isso não 
tenha relações com a inteligência. Dessa maneira, o peso do nosso encéfalo varia segundo numerosas 
situações, como a idade, a massa corporal, a estatura e a etnia.
Entretanto, o ser humano não é o que apresenta o maior encéfalo entre os vertebrados, pois esse não 
é somente o órgão do pensamento, porém especialmente e primitivamente um aparelho reflexo para a 
percepção dos sentidos e do movimento muscular. Por isso, os animais grandes possuem, para o serviço 
de seu volumoso corpo, um encéfalo pesado. Assim, o encéfalo da baleia é seis vezes maior do que o 
humano, e o do elefante, três vezes maior.
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Unidade I
Sabe-se que o desenvolvimento humano se iniciou intimamente nos macacos. O fato característico 
e determinante para o ser humano não é o aumento de seu encéfalo, mas a sua transformação e o 
desenvolvimento do lobo frontal. Superpondo-se o perfil craniano do macaco, do homem primordial de 
Java (que viveu há 1 milhão de anos), do homem europeu da Idade do Gelo (há 100 mil anos), do negro 
australiano e do europeu da atualidade, observa-se que nos últimos 100 mil anos o encéfalo aumentou 
muito pouco, contudo deslocou-se para diante, numa espécie de linha ondulada: o ser humano de hoje 
em dia é superior ao seu ancestral menos por sua massa encefálica do que pela posse do lobo frontal. 
De tal modo, quanto maior a fronte, tanto mais volumoso será o encéfalo.
Figura 99 – Durante a evolução das espécies, aconteceu um aumento progressivo na parte 
mais rostral do SNC, a chamada encefalização
 Lembrete
Percorrendo a escala dos vertebrados, podemos verificar agora uma 
tendência evolutiva, a da encefalização. Há um aumento gradativo do 
encéfalo, provocado por um acúmulo de células e circuitos nervosos na 
parte cefálica do animal.
Fatores de variação anatômica, como a idade, fazem que o peso do encéfalo humano se altere. Assim, 
ele alcança o seu peso máximo entre 20 e 30 anos de idade. Entre os 30 e 40 anos de idade, paralisa o 
seu desenvolvimento e, a partir dos 50 anos, reduz rapidamente. Dos 50 anos aos 70 anos de idade se 
aponta o maior descenso, de tal maneira que nos indivíduos de 70 a 80 anos o encéfalo humano pesa 
de 50 a 100 gramas a menos do que quando se tinha 30 anos.
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
Nenhum órgão avoluma tão veloz desenvolvimento durante os primeiros anos de vida como o 
encéfalo humano. O encéfalo do recém-nascido pesa em média 400 gramas; esse peso é duplicado 
com 1 ano de idade, ou seja, 800 gramas, e triplicado aos 5 anos, ou seja, 1.200 gramas. Durante a vida 
intrauterina, o acelerado desenvolvimento encefálico acontece desde o sexto mês até o oitavo mês 
de gestação. O peso do encéfalo no sexto mês de gestação é de 100 gramas, dobra no oitavo mês de 
gestação, ou seja, 200 gramas, e quadruplica no recém-nascido, chegando a 400gramas.
 Lembrete
Quanto maior o encéfalo de uma espécie, consequentemente com uma 
quantidade elevada de sulcos e giros, mais evoluída ela será! Portanto, se 
o córtex cerebral humano fosse “alisado e retificado”, desaparecendo os 
sulcos, daria uma superfície de cerca de 2 metros de comprimento.
Não têm valor algum todos os dados da literatura sobre diferenças no tamanho craniano e no peso 
encefálico nos diversos povos e raças. O exame encefálico é um dos mais difíceis trabalhos técnicos das 
medidas biológicas. O encéfalo possui 70% de água, ou seja, 1 quilograma desse líquido; por aí se pode 
calcular quão grandes serão os erros e as alterações nas medidas em consequência da simples variação 
no grau da umidade do encéfalo por ocasião do exame.
Na série dos pesos encefálicos, os europeus estão mais próximos dos negros que dos chineses, que 
compõem a raça de encéfalo maior. Mesmo assim, entre os países europeus, o peso médio do encéfalo 
humano varia, como nos alemães (1.425 gramas), nos suecos (1.399 gramas), nos ingleses (1.346 gramas), 
nos italianos (1.301 gramas) e nos franceses (1.280 gramas), contudo as discrepâncias entre a estatura 
e a massa corporal de uns e outros indivíduos, também, é um fator relevante.
Comparando-se, como fez no começo deste século o pesquisador Moebius, o tamanho da cabeça 
de 100 indivíduos das classes educadas com o de 100 presos débeis mentais, atingimos este resultado: 
tanto a maioria dos indivíduos instruídos como dos criminosos apresentaram uma cabeça de tamanho 
médio, sendo 55-58 o número de seu chapéu. Nos indivíduos cujo chapéu possui o número 55, há 
mais criminosos (10%) e menos indivíduos educados (1%), enquanto acima de 58 o número do chapéu 
corresponde mais a indivíduos cultos (40%) do que a criminosos (3%).
Obtém-se, assim, um resultado típico para todas as pesquisas dessa espécie: 100 indivíduos educados 
apresentam, juntos, dimensões encefálicas e cranianas maiores do que os 100 criminosos. Porém, como 
um indivíduo isolado não se pode estabelecer relação alguma. Há indivíduos cultos com cabeça pequena 
e dementes com crânio grande. Um encéfalo pequeno pode ser capaz de muito, e um grande, nada valer.
O mesmo resultado se tem comparando o encéfalo dos indivíduos produtivos. Não há relação 
direta entre o tamanho do encéfalo e a capacidade mental; a maioria dos indivíduos bem-dotados 
apresenta um encéfalo de tamanho médio, enquanto são relativamente poucos os que possuem 
encéfalo grande ou pequeno, entretanto com exceções: três dos maiores gênios em terrenos diversos, 
Rafael, Dante e Bach.
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A seguir, exemplificamos uma lista de alguns indivíduos de encéfalo médio: Bismarck (político), 
1.807 gramas; Kant (filósofo), 1.600 gramas; Giacomini (anatomista), 1.495 gramas; Broca (anatomista), 
1.484 gramas; Dante (poeta), 1.427 gramas; Einstein (físico), 1.230 gramas; Coveiro (zoólogo), 1.830 
gramas; Webster (advogado), 1.518 gramas; Tiedemann (médico), 1.253 gramas; Hausmann (urbanista), 
1.225 gramas; Franz Gall (pai da localização das funções cerebrais), 1.198 gramas.
Observamos que o encéfalo de Einstein não era maior do que a média, no entanto ele continha um 
número expressivamente menor de neurônios por unidade de volume. Esse achado aceita a conjectura 
de que, no encéfalo de Einstein, as conexões neuronais eram muito mais complexas do que a média. 
Graças ao número superior de sinapses por volume, os neurônios poderiam ficar mais distantes uns 
dos outros.
Portanto, as variações do peso encefálico nos seres humanos, conforme observado anteriormente, 
modificam-se dentro de limites muito extensos, sendo considerados como normais os encéfalos entre 
1.050 e 2.000 gramas. Acima do peso máximo apontado, os indivíduos são designados como macrocéfalos, 
e abaixo desses valores, como microcéfalos. Uma vez que não há necessidade de alargamento para 
adequar o encéfalo pequeno, o crânio também se mantém pequeno.
 Saiba mais
O desenvolvimento da inteligência é regido concomitantemente por 
aspectos genéticos, neurológicos e cognitivos. Ofertamos a você a leitura 
do artigo científico a seguir:
TORRES, V. S. Desenvolvimento da inteligência: aspectos envolvidos. 
Revista de Ciências Humanas, Florianópolis, n. 28, p. 11-34, 2000. 
Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/revistacfh/article/
view/23969/21438>. Acesso em: 12 dez. 2016.
Esperamos que a leitura seja de bom deleite!
2.2 Morfogênese do SN
O desenvolvimento pré-natal da espécie humana ocorre durante 266 dias, correspondendo ao 
período de 38 semanas. Na clínica médica, o período da gestação é calculado a partir do primeiro dia 
da última menstruação, ou seja, pós-menstruação. Dessa maneira, aos 266 dias relativos ao período de 
desenvolvimento pré-natal adicionam-se 14 dias, totalizando 280 dias, ou 40 semanas de gestação. 
Uma vez que o tempo entre a menstruação e a ovulação com a concepção subsequente é modificável, 
pois nem sempre obedece aos 14 dias, diferentes meios podem ser utilizados para estimar a data do 
nascimento, quando o dia da concepção é desconhecido.
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
A determinação do tempo de desenvolvimento pré-natal é realizada a partir do instante da 
fertilização, ou seja, pós-concepção. Assim, o desenvolvimento pré-natal pode ser dividido em três 
períodos. O primeiro período, denominado desenvolvimento precoce, corresponde às primeiras semanas 
de desenvolvimento – entre a primeira e a terceira semana. O segundo período, denominado período 
embrionário, envolve da quarta até a oitava semana de desenvolvimento. O terceiro período, chamado 
de período fetal, abrange da nona até a trigésima oitava semana de desenvolvimento pré-natal.
2.2.1 Da fertilização até a nidação
O desenvolvimento de cada ser humano começa com a fertilização do ovócito pelo espermatozoide. 
Após a fertilização, tem início uma série de eventos que caracterizam a formação do zigoto, que dará 
origem ao futuro embrião. O zigoto é uma célula única na qual estão presentes os 46 cromossomos 
oriundos dos gametas dos pais, portanto 23 cromossomos dos pais e 23 cromossomos das mães.
A partir de 24 horas contadas após a fertilização, o zigoto começa a sofrer sucessivas divisões mitóticas, 
primeiramente originando inúmeras células, até que por volta do sexto dia após a fertilização, já no útero, 
esse conjunto de células se implanta no endométrio. Damos a esse fenômeno o nome de nidação.
Repetidas mitoses, chamadas de clivagem, convertem o zigoto em um agrupamento de células, 
uma mórula (latim: morus = amora), por volta do quarto dia após o coito. No quinto dia, a mórula 
torna-se blastocisto (grego: kystis = vesícula), à medida que surgem espaços intercelulares que 
confluem compondo uma cavidade central ou blastocele (grego: koilos = cavidade), conforme ilustra 
a figura a seguir.
Figura 100 – Ilustrações sequenciais da primeira clivagem do zigoto com a formação da mórula
 Observação
A clivagem da célula tem início cerca de 30 horas após a fertilização. As 
primeiras células formadas são chamadas de blastômeros (grego: blasto = 
broto ou embrião; meros = partes).
Crê-se que sejam necessários, possivelmente, dois ou três dias para que se originem cinco ou seis 
clivagens, e, enquanto isso ocorre, o ovo passa através da tuba uterina. A mórula está envolta pela zona 
pelúcida e é constituída por uma massa celular externa, em torno de uma massa celular interna.
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A partir do estágio de oito blastômeros, eles se juntam fortemente entre si, levandoa um fenômeno 
de compactação do embrião, que, no entanto, é maciço. Ao penetrar na cavidade uterina, a mórula 
com 12 a 16 blastômeros tem 72 horas de evolução a partir da fertilização. Uma vez que a mórula se 
encontra dentro do útero, suas células periféricas segregam líquido, o que leva à formação de uma 
cavidade em seu interior. Esse estágio embrionário é denominado blástula ou blastocisto.
O blastocisto é formado por uma camada de células periféricas que abrangem o trofoblasto (grego: 
trophe = desenvolver ou nutrir), que corresponde à massa celular externa, e um maciço celular interno, 
o nó ou botão embrionário, que corresponde à massa celular interna ou embrioblasto. Calcula-se que no 
quarto dia, a partir da fertilização, o blastocisto conte com cerca de sessenta células.
 Observação
O embrioblasto é o grupo de blastômeros localizados centralmente, 
que dará origem ao embrião. A implantação do blastocisto completa-se 
durante a segunda semana do desenvolvimento. Com a progressão da 
implantação, acontecem modificações no embrioblasto, as quais resultam 
em uma placa bilaminar chamada de disco embrionário, composto pelo 
epiblasto e pelo hipoblasto.
O trofoblasto é a camada celular externa que comporá a parte 
embrionária da placenta.
Células especializadas do trofoblasto produzem projeções em forma de dedos, denominadas 
de sinciciotrofoblastos, que originam-se de uma parte específica do trofoblasto, chamada de 
citotrofoblasto, situado próximo ao embrioblasto. O blastocisto ampara-se contra o aborto, secretando 
um hormônio que indiretamente impede a menstruação. Até mesmo antes do início da implantação, 
o sinciciotrofoblasto secreta gonadotrofina coriônica humana, a hCG. Esse hormônio é análogo ao 
hormônio luteinizante em seus efeitos e, portanto, é capaz de conservar o corpo lúteo além do tempo 
que, caso oposto, deveria regredir.
Cerca de seis a nove dias após a fertilização, a hCG pode ser detectada no sangue da mulher grávida. 
Na urina, o hormônio pode ser detectado somente 14 dias pós-fertilização. A hCG também parece ser 
responsável pelas sensações de vômito, a êmese da gestação, durante os estágios iniciais.
A secreção de estrógenos e progesterona é conservada, e a menstruação normalmente é suspensa. 
A hCG cai em torno da décima semana da gestação. De fato, esse hormônio só é imprescindível durante 
as primeiras cinco ou seis semanas de gestação, porque a própria placenta se torna uma glândula ativa 
secretora de esteroides nesse momento.
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
 Lembrete
O blastocisto corresponde ao estágio de desenvolvimento do embrião 
que sucede a mórula e precede a gástrula. Consiste em uma camada de 
células e uma cavidade preenchida por líquido.
2.2.2 Folhetos embrionários
Durante a segunda semana de gestação, enquanto o blastocisto está sendo incluído na mucosa 
uterina, o embrioblasto se prolifera rapidamente. Ele se achata, e forma-se o folheto embrionário, que 
consiste de duas camadas: o ectoderma (grego: ecto = externo; derm = pele) e o endoderma (grego: 
endo = interno; derm = pele).
A terceira semana do desenvolvimento embrionário é caracterizada por formação da linha primitiva, 
desenvolvimento da notocorda e começo da morfogênese, ou gastrulação, processo pelo qual o folheto 
embrionário bilaminar é convertido em folheto embrionário trilaminar, momento em que uma terceira 
camada, a mesoderma (grego: meso = meio; derm = pele) forma-se entre o endoderma e o ectoderma. 
Cada um dos três folhetos embrionários dará origem a tecidos e órgãos específicos.
 Lembrete
O ectoderma origina a epiderme, os sistemas nervosos central e 
periférico, o olho, a orelha interna e os vários tecidos conectivos da cabeça.
O mesoderma dá origem a todos os músculos esqueléticos, células 
sanguíneas e revestimentos dos vasos sanguíneos, a todo o músculo liso 
visceral, todos os revestimentos serosos das cavidades do corpo, órgãos 
dos sistemas urinário e genital, à maior parte do sistema cardiovascular e a 
todos os tecidos conjuntivos do tronco.
O endoderma origina os revestimentos epiteliais das vias respiratórias e 
o trato gastrintestinal, incluindo glândulas associadas.
 Observação
A partir do nó ou botão embrionário, células mesodérmicas 
indiferenciadas (células mesenquimais) migram em sentido cefálico, 
compondo um bastão celular sólido, o processo notocorda, o qual, logo em 
seguida, assume uma luz constituindo um canal, a notocorda.
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O SN dos vertebrados tem origem no folheto embrionário mais externo do embrião, ou seja, no 
ectoderma – dado importante, pois remete à origem evolutiva do SN, que, primitivamente, teria 
aparecido na superfície externa dos animais. Na espécie humana, o surgimento do SN acontece na 
terceira semana de vida, quando parte do ectoderma se transforma no neuroectoderma, o que se traduz 
em um espessamento, a placa neural.
2.2.3 Formação do SN
Quando o embrião humano está com 1,5 milímetro de comprimento e aproximadamente 18 dias 
de vida, o ectoderma torna-se encorpado para compor a placa neural, que é piriforme e mais larga 
cranialmente, e desenvolve um sulco neural longitudinal, que em seguida exibe uma invaginação 
para o interior do embrião, compondo o sulco neural, cujas extremidades terminam se juntando e se 
sobressaindo do ectoderma para formar um tubo que se situa no interior do mesoderma, designado como 
tubo neural. Nesse momento de junção logo abaixo do ectoderma, compõem-se dois prolongamentos 
laterais, as cristas neurais.
placa neural
sulco neural
goteira neural
crista neural
tubo neural
gânglio espinhal
Figura 101 – Formação do tubo neural e da crista neural
O desenvolvimento do tubo neural, precursor do cérebro e da medula espinal, determina um 
processo chamado de neurulação. O tubo neural dá origem a elementos do SNC, enquanto a crista 
neural dá origem a elementos do SNP, além de elementos não pertencentes ao SN. Portanto, os 
elementos procedidos da crista neural são: os gânglios sensitivos, os gânglios do SNA, a medula da 
glândula suprarrenal, os paragânglios, os melanócitos, as células de Schwann, os anfícitos, as células C da 
tireoide e os odontoblastos. Contudo, pesquisas mais atualizadas confirmaram que algumas estruturas 
tidas como oriundas do ectoderma na realidade se originam da crista neural, como a dura-máter, a 
aracnoide-máter e algumas partes do crânio.
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
 Lembrete
A neurulação faz parte da organogênese nos embriões vertebrados e é 
o processo de formação do tubo neural, rudimento do SNC.
A extremidade anterior do tubo neural se desenvolve mais do que a parte posterior e compõe 
uma dilatação, designada vesícula encefálica ou arquencéfalo, o começo do SNC. Essa parte 
anterior, dilatada, vai compor o encéfalo, e a parte posterior, que não se diferencia tanto, vai 
compor a medula espinal.
A vesícula encefálica, prosseguindo o seu desenvolvimento, divide-se em três vesículas primordiais, 
designadas respectivamente: como prosencéfalo, a anterior; mesencéfalo, a média; e rombencéfalo, a 
posterior. Esta última é contínua com o tubo neural restante, a medula espinal.
Na fase seguinte, o prosencéfalo se divide outra vez, constituindo duas novas vesículas, o telencéfalo, 
a mais anterior, e o diencéfalo, a segunda. A segunda vesícula primitiva, e que agora passou a ser a 
terceira, persiste inalterada e prossegue sendo o mesencéfalo.
A última vesícula, o rombencéfalo, diferencia-se outra vez, constituindo duas novas vesículas: o 
metencéfalo,que vai formar a ponte e o cerebelo; e o mielencéfalo, que vai constituir o bulbo. As 
três vesículas encefálicas primordiais que dão origem a cinco vesículas secundárias estão ilustradas 
na figura a seguir.
Prosencéfalo
Telencéfalo
Diencéfalo
Mesencéfalo
Mesencéfalo
Metencéfalo
Mielencéfalo
Rombencéfalo
Figura 102 – Vesículas encefálicas
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Unidade I
A figura a seguir mostra o desenvolvimento do encéfalo desde o estágio de cinco vesículas (em 
torno da quinta semana) até um nível avançado, contudo ainda incompleto, do desenvolvimento 
(ao nascimento). Observe como a estrutura se torna progressivamente maior e mais complexa com o 
surgimento de sulcos e giros a partir do sexto mês de gestação.
5 semanas 7 semanas 14 semanas
24 semanas 40 semanas
Figura 103 – Desenvolvimento do encéfalo humano na vida intrauterina
2.3 Anatomia da medula espinal
Na estrutura anatômica do SNC, a medula espinal situa-se dentro do canal vertebral, que tem o papel 
de protegê-la. Contudo, as lesões medulares podem acontecer nos traumatismos da coluna vertebral, 
como em acidentes automobilísticos, hoje em dia cada vez mais corriqueiros. O termo medula procede 
de miolo, em razão de sua posição no interior das vértebras.
O seu limite superior é o bulbo, no plano transversal, passando entre os côndilos do osso occipital 
e C1, sendo esse plano que passa pela decussação das pirâmides, e seu limite inferior é L2. Em adultos, 
o seu comprimento fica em torno de 40 a 45 centímetros, com 1 centímetro de diâmetro. Em homens 
adultos, o peso da medula espinal varia entre 25 gramas e 30 gramas, e, em mulheres adultas, o peso da 
medula espinal varia entre 23 e 28 gramas. A medula espinal representa, portanto, um quinto do peso 
do cerebelo, somente 2% do peso do cérebro.
Figura 104 – Limite superior da medula espinal
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
O desenvolvimento em comprimento da medula espinal é equivalente ao da coluna vertebral até o 
terceiro mês de vida intrauterina, preenchendo toda a extensão do canal vertebral. As raízes medulares 
possuem um percurso horizontal para organizarem os nervos espinais e transcorrerem pelos seus 
forames intervertebrais.
Com base nesse período, a coluna vertebral tem um crescimento mais veloz do que a medula espinal, 
existindo uma ascensão ilusória, por isso, ainda que a medula espinal prossiga crescendo, a sua situação 
dentro do canal vertebral é cada vez mais superior. No momento do nascimento, a parte inferior da 
medula espinal localiza-se ao nível de L3 e, na idade adulta, ao nível do disco intervertebral de L1.
Cone medular
LCS
Filamento terminal Filamento terminal
Raiz do 1° nervo sacro 
(parte da cauda equina)
Fim do saco da aracnoide e dura (S2)
Nascimento
Adulto
Figura 105 – Desenvolvimento em comprimento da medula espinal
As raízes medulares, que, no começo, eram horizontais, passam, após a formação embriológica, a 
conduzir-se inferiormente de maneira mais oblíqua, para alcançarem os relativos forames intervertebrais. 
Um conjunto de raízes situadas embaixo da medula espinal expõe uma aparência de “rabo de cavalo”, 
sendo designado de cauda equina. Em razão de uma ascensão ilusória da medula espinal, inutiliza-se a 
correspondência entre os segmentos medulares e os segmentos vertebrais. O quarto segmento lombar 
vertebral, por exemplo, localiza-se debaixo da medula espinal, ao nível da cauda equina. A medula 
espinal corresponde à parte caudal do tubo neural, expondo raras mudanças durante a sua formação 
embriológica. O canal central, com as células ependimárias, é virtual. As raízes medulares, tanto quanto 
os nervos espinais, constituem parte do SNP.
Com uma aparência cilíndrica em quase toda a sua extensão, com algumas variações, a medula 
espinal é delicadamente achatada no seu eixo anteroposterior e possui duas dilatações: cervical, que se 
estende dos segmentos C4 até T1 da medula espinal; e lombossacral, que se estende dos segmentos L1 
até S3 da medula espinal.
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Unidade I
Essas dilatações da medula espinal – denominada de superior a intumescência cervical e de inferior a 
intumescência lombossacral – estão diretamente correlacionadas com o surgimento das raízes nervosas, 
que constituem o plexo braquial e o plexo lombossacral, que inervam os membros superiores e os 
membros inferiores, nessa ordem. A região final da medula espinal é delicada e compõe o cone medular, 
o qual se liga ao filamento terminal meníngeo.
Ao examinar a superfície externa da medula espinal intacta, após sua remoção do canal vertebral, 
verifica-se, em toda a sua extensão, a presença de seis sulcos: três sulcos anteriores e três sulcos 
posteriores. Esses sulcos são detalhes anatômicos relevantes para a orientação da medula espinal post 
mortem e a correspondência com as suas estruturas internas.
Anteriormente, observa-se que a fissura mediana anterior é central, bem profunda e com 
vasos de sangue no seu interior. Posteriormente, o sulco mediano posterior é pouco profundo, 
com vasos de sangue pouco aparentes, somente ao nível cervical, e o sulco intermédio posterior é 
localizado entre o sulco mediano posterior e os sulcos laterais posteriores. Lateralmente, verificam-se 
o sulco lateral anterior e o sulco lateral posterior, pouco profundo. Pelo sulco lateral anterior saem 
as radículas anteriores, enquanto pelo sulco lateral posterior adentram as radículas posteriores.
As estruturas anatômicas designadas de radículas são pequenos filamentos nervosos, podendo ser 
anteriores e posteriores. Um conjunto de radículas constitui as raízes, que também podem ser anteriores 
e posteriores. Essas estruturas anatômicas são vistas na superfície externa da medula espinal. Do mesmo 
modo, o gânglio, que é uma dilatação arredondada só encontrada na raiz posterior, portanto designado 
como gânglio da raiz posterior.
Substância cinzenta
Radículas da raiz posterior
Raiz posterior do n. espinal
Gânglio espinal
Gânglio espinal Nervo espinal
Ramo posterior do n. espinal
Ramo anterior do n. espinal
Raiz anterior do n. espinal
Radículas da raiz anterior
Substância branca
Figura 106 – A medula espinal
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
Outra estrutura anatômica vista na superfície externa da medula espinal é o tronco, que consiste 
na união das raízes anteriores e posteriores. Ele irá passar pelo forame intervertebral das vértebras 
adjacentes. Já o segmento é a parte da medula espinal que corresponde ao conjunto de radículas 
tanto anteriores quanto posteriores que adentram na constituição de uma raiz de cada lado e, enfim, 
a composição de um tronco nervoso. A medula espinal contém 31 segmentos, pois esse é o número de 
troncos nervosos, são eles: 8 cervicais, 12 torácicos, 5 lombares, 5 sacrais e 1 coccígeo.
O primeiro segmento cervical está entre o osso occipital e C1; por consequência, são 8 segmentos 
cervicais. Ainda, é sabido que os segmentos coccígeos precisavam ser três troncos, contudo dois dos 
segmentos, que se reservavam à cauda equina, retrocedem e por esse motivo somente um segmento 
coccígeo é funcional.
Como a medula espinal é menor do que a coluna vertebral, as radículas e as raízes necessitam se 
alongar para atingir os respectivos forames intervertebrais que lhes correspondem. Constitui-se, deste 
modo, no interior da coluna vertebral, depois de L2, um amontoado de radículas e raízes longas, que são 
designadas de caudaequina.
Figura 107 – Visão posterior da parte inferior da medula espinal e da cauda equina, após a abertura da dura-máter
 Lembrete
Medula espinal é um conjunto de raízes nervosas que emergem das 
partes mais distais da medula espinal e continuam no canal vertebral 
abaixo de L2 até emergirem pelos respectivos forames intervertebrais.
Outra estrutura anatômica relevante encontrada na medula espinal é o filamento terminal. Ele 
consiste num fio de pia-máter que se compõe no cone medular e atravessa o saco dural, onde é 
reforçado por dura-máter, fixando a medula espinal ao cóccix.
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Unidade I
 Observação
O saco dural é o envoltório terminal das meninges até os níveis de L2 e L3.
Os papéis da medula espinal estão relacionados à participação de processamento das informações 
sensoriais oriundas dos membros, do tronco e de muitos órgãos internos, ao comando direto dos movimentos 
corporais e ao desempenho das diversas funções viscerais. Também provê um caminho para a transmissão 
de dados sensoriais nos tratos que sobem até o encéfalo e dados motores nos tratos descendentes.
Ao realizar um corte transversal da medula espinal, é percebido que, em oposição ao visto no 
encéfalo, a substância cinzenta se encontra na parte profunda, e a substância branca, superficialmente. 
A substância cinzenta apresenta o aspecto de borboleta ou, também, da letra H, motivo pelo qual 
é comumente designada de “H medular”. As duas partes posteriores do H medular são designadas 
como colunas, cornos dorsais ou cornos posteriores. Já as duas partes anteriores do H medular são 
denominadas colunas, cornos ventrais ou cornos anteriores.
Substância 
cinzenta
Figura 108 – Fotomicrografia de secção de medula espinal corada com Luxol Fast Blue. Vê-se profundamente 
o “H” medular e, em seu entorno, a substância branca
Na substância branca, existem as fibras nervosas, na maioria com mielina, posicionadas paralelamente 
ao eixo longitudinal da medula espinal. Essas fibras nervosas se derivam tanto na medula espinal e 
projetam-se para o encéfalo, sendo chamadas de fibras ascendentes ou vias sensitivas, como ao 
contrário, ou seja, derivam-se no encéfalo e caminham para a medula espinal, sendo denominadas 
fibras descendentes ou vias motoras.
Todas essas fibras nervosas são reunidas em funículos ou cordões, em cada lado da medula espinal. 
O funículo anterior está localizado entre a fissura mediana anterior e o sulco lateral anterior; o funículo 
lateral está entre o sulco lateral anterior e o sulco lateral posterior; e o funículo posterior fica entre o 
sulco lateral posterior e o sulco mediano posterior. Na parte cervical, o funículo posterior é dividido em 
dois fascículos, grácil e cuneiforme, pelo sulco intermédio posterior, conforme ilustra a figura a seguir.
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
Sulco mediano 
posterior Sulco lateral posterior
Sulco lateral anterior Funículo anteriorFissura mediana anterior
Funículo lateral
Funículo posterior
Figura 109 – Esquema de medula espinal em secção transversal
 Leitura obrigatória
As vias ascendentes podem ser estudadas segundo a sua localização 
nos funículos medulares ou conforme as suas características funcionais. 
Elegemos aqui que você estude de acordo com as suas características 
funcionais. Fisiologicamente, o sistema somestésico pode ser dividido em 
três: exteroceptivo (sensibilidade tátil proveniente da pele); proprioceptivo 
(proveniente de receptores em músculos e articulações); interoceptivo 
(proveniente de receptores localizados em todo o organismo). Na Biblioteca 
Virtual, faça o estudo dessas vias, ao realizar a leitura e esquematizá-las 
para uma maior compreensão das vias ascendentes:
MARTINEZ, A. M. B.; ALLODI, S.; UZIEL, D. Medula espinal, gânglios da 
raiz dorsal, nervos espinais e vias ascendentes. In: ___. Neuroanatomia 
Essencial. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2014. Disponível em: 
<https://online.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-277-2396-1/
cfi/6/40!/4/2@0:0>. Acesso em: 10 jan. 2017.
 Lembrete
Funículos são cordões de substância branca ao longo da medula espinal.
A quantidade de substância branca se altera em relação à substância cinzenta, conforme o nível 
craniocaudal da medula espinal, tendo maior volume nos níveis mais altos. Portanto, nas intumescências 
cervical e lombar, a coluna anterior concentra mais a substância cinzenta, em virtude da formação dos 
plexos nervosos.
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Unidade I
Como todo o SNC, a medula espinal é protegida por membranas fibrosas designadas de meninges. 
Entre as meninges existem os espaços meníngeos, sendo eles: o espaço epidural ou extradural, que se 
localiza entre a dura-máter e o periósteo do canal vertebral; o espaço subdural, que se situa entre a 
dura-máter e a aracnoide-máter; e o espaço subaracnóideo, entre a aracnoide-máter e o tecido nervoso.
 Leitura obrigatória
A introdução de anestésicos nos espaços meníngeos da medula espinal 
de feitio, para bloquear as raízes nervosas que os atravessam, estabelece o 
procedimento de costume na prática médica, principalmente em cirurgias 
das extremidades inferiores, do períneo, da cavidade pélvica e em algumas 
cirurgias abdominais. Habitualmente são realizadas anestesias raquidianas 
e anestesias epidurais ou peridurais.
As lesões que afetam a medula espinal geram sintomas de perdas sensitivas 
ou paralisias motoras que se refletem nos núcleos e tratos envolvidos.
Sugerimos a leitura da “Nota Clínica: Punções Espinais, Mielografia, 
Anestesia Espinal e Anestesia Caudal” na Biblioteca Virtual:
MARTINI, F. H.; TIMMONS, M. J.; TALLISTSCH, R. B. O sistema nervoso: 
a medula espinal e os nervos espinais. In: ___. Anatomia humana. 6. ed. 
Tradução de Daniella Franco Curcio. Porto Alegre: Artmed, 2009. Disponível em: 
<https://online.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536320298/
cfi/399!/4/4@0.00:8.47>. Acesso em: 2 set. 2016.
2.4 Anatomia do bulbo
O bulbo ou medula oblonga se conecta com a ponte, superiormente, e a medula espinal, inferiormente. 
A união do bulbo e da medula espinal está na origem das raízes ventrais e das raízes dorsais do primeiro 
nervo espinal cervical, que corresponde aproximadamente ao nível do forame magno, considerado o seu 
limite inferior. O seu limite superior, entre o bulbo e a ponte, é mais evidente, sendo marcado pelo sulco 
bulbopontino, que aparece na face ventral, na região de transição entre essas duas estruturas.
Apresenta forma cônica, e a sua extremidade larga é dirigida superiormente. O canal central da 
medula espinal continua para cima na metade inferior do bulbo; na metade superior do bulbo, alarga-se, 
como a cavidade do IV ventrículo. Suas medidas aproximadas são 3 centímetros de comprimento, 2 
centímetros de largura e 1,5 centímetro de espessura.
Também abrange vários núcleos, que são massas de substância cinzenta, nas quais os neurônios 
compõem sinapses mútuas. Vários desses núcleos coordenam funções corporais vitais. O centro 
cardiovascular regula a frequência cardíaca, a intensidade do batimento cardíaco e o diâmetro dos vasos 
sanguíneos. A área respiratória rítmica do centro respiratório adequa o ritmo básico da respiração. Outros 
núcleos no bulbo coordenam os reflexos do vômito, da tosse, do espirro, da deglutição e do soluço.
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
Na face ventral do bulbo, está a fissura mediana anterior, que é continuada inferiormente com a fissura 
mediana anteriorda medula espinal. A fissura mediana anterior acaba superiormente em uma depressão, 
designada como forame cego. Em cada lado da fissura mediana, existe uma tumefação, denominada 
pirâmide, que é composta de feixes de fibras nervosas, designadas como fibras corticospinais, as quais 
se originam dos grandes neurônios no giro pré-central do córtex cerebral. As pirâmides adelgaçam-se 
inferiormente, e é cá que a maioria das fibras descendentes passa para o lado contrário, compondo a 
decussação das pirâmides.
 Observação
As pirâmides estão relacionadas com a motricidade voluntária, por 
meio do trato corticoespinal ou piramidal. A decussação das pirâmides 
oferece o cruzamento de informações de 85% das fibras do trato 
corticoespinal ou piramidal.
As fibras arqueadas externas anteriores são tipos de fibras nervosas. Elas nascem da fissura mediana 
anterior, acima da decussação das pirâmides, e passam lateralmente sobre a superfície do bulbo para 
adentrar o cerebelo.
Posterior e lateralmente às pirâmides, estão as olivas, com aproximadamente 1,5 centímetro de 
comprimento. São elevações ovais geradas pelos núcleos olivares inferiores subjacentes. No sulco 
entre a pirâmide e a oliva, nascem as radículas do nervo hipoglosso. Posteriormente às olivas, estão 
os pedúnculos cerebelares inferiores, que conectam o bulbo ao cerebelo. No sulco entre a oliva e o 
pedúnculo cerebelar inferior, nascem as raízes do nervo glossofaríngeo, as raízes do nervo vago e as 
raízes do nervo acessório.
 Observação
O IX par de nervo craniano, ou nervo glossofaríngeo, possui um 
componente motor para a musculatura da faringe e o músculo estilofaríngeo. 
Apresenta um componente sensitivo responsável pela sensibilidade da 
faringe, da pele de parte da orelha externa e da raiz da língua (sensibilidade 
geral e gustativa).
O XI par de nervo craniano, ou nervo acessório, é um nervo motor 
para os músculos trapézio e esternocleidomastóideo, bem como para os 
músculos do palato mole e da faringe.
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Unidade I
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As olivas são responsáveis pelo centro de associação para a postura, o 
equilíbrio e o tônus muscular.
A face ventral da metade superior do bulbo constitui a parte inferior do assoalho do IV 
ventrículo. Já a face ventral da metade inferior do bulbo é continuada com a face posterior da 
medula espinal e apresenta um sulco mediano posterior. Em cada lado do sulco mediano, existe 
uma tumefação alongada, o tubérculo grácil, oriundo do núcleo grácil subjacente. Lateralmente 
ao tubérculo grácil, existe uma tumefação semelhante, o tubérculo cuneiforme, oriundo do núcleo 
cuneiforme subjacente.
 Observação
O tubérculo grácil é responsável pela parte da via aferente da 
sensibilidade proprioceptiva consciente do membro inferior, enquanto 
o tubérculo cuneiforme é responsável pela parte da via aferente da 
sensibilidade proprioceptiva consciente do membro superior.
As figuras seguintes ilustram estruturas anatômicas encontradas no tronco encefálico.
Sulco bulbopontino
Fissura mediana anterior
Pirâmide
Oliva
Figura 110 – Face ventral do bulbo
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
Tálamo
Colículo superior
Colículo inferior
Mesencéfalo
Pedúnculo cerebelar médio
Pedúnculo cerebelar superior
Pedúnculo cerebelar inferior
IV ventrículo
Tubérculo cuneiforme
Sulco mediano dorsal
Tubérculo grácil
Figura 111 – Vista dorsal do tronco encefálico e do tálamo
 Lembrete
O bulbo é a parte inferior do tronco encefálico.
 Leitura obrigatória
Leia o texto a seguir na Biblioteca Virtual:
TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Encéfalos e nervos cranianos. 
In: ___. Princípios de anatomia e fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: 
Guanabara-Koogan, 2016. <https://online.minhabiblioteca.com.br/#/
books/9788527728867/cfi/6/48!/4/174/4/2@0:25.9>. Acesso em: 10 
dez. 2016.
2.5 Anatomia da ponte
A ponte é anterior ao cerebelo, sendo a estrutura anatômica que conecta o bulbo ao mesencéfalo, 
repousando sobre a parte basilar do osso occipital e o dorso da sela do osso esfenoide. Apresenta 
aproximadamente 2,5 centímetros de comprimento e deve o seu nome à aparência da sua face ventral, 
que representa uma ponte, conectando os hemisférios cerebelares. O limite superior da ponte é a fossa 
interpeduncular, o seu limite inferior é o sulco bulbopontino e o seu limite lateral é a emergência do 
nervo trigêmeo.
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Unidade I
A face ventral da ponte é convexa de lado a lado e exibe diversas fibras transversas, que convergem 
em cada lado para constituir o pedúnculo cerebelar médio. Há um sulco raso na linha média, o sulco 
basilar, que abriga a artéria basilar.
No sulco bulbopontino, entre a ponte e o bulbo, nascem, em ordem medial-lateral, o nervo abducente, 
mais próximo à linha média, logo acima das pirâmides, o nervo facial e o nervo vestibulococlear, ambos 
mais lateralmente, próximo do flóculo do cerebelo.
 Observação
O VII par de nervo craniano, ou nervo facial, possui componentes 
motores e sensitivos. Ele conduz impulsos motores, para os músculos da 
face, e sensitivos, para a sensibilidade gustativa na língua.
O nervo facial nasce medialmente ao nervo vestibulococlear e preserva relações anatômicas íntimas 
com o nervo. Entre o nervo facial e o nervo vestibulococlear, nasce o nervo intermédio, que é a raiz 
sensitiva do nervo facial.
 Observação
O VIII par de nervo craniano, ou nervo vestibulococlear, é um nervo 
sensitivo, que conduz impulsos de audição e equilíbrio originados na 
orelha interna.
A face dorsal da ponte é encoberta da vista pelo cerebelo, compõe a metade superior do assoalho 
do quarto ventrículo e apresenta formato triangular. A face posterior é limitada lateralmente pelos 
pedúnculos cerebelares superiores e dividida em metades simétricas por um sulco mediano.
Lateralmente a esse sulco mediano, existe uma elevação alongada, a eminência medial do IV 
ventrículo. A extremidade inferior da eminência medial do IV ventrículo é suavemente expandida, 
compondo o colículo facial, que é formado pela raiz do nervo facial, contornando o núcleo do nervo 
abducente. O assoalho da parte superior do sulco limitante é de cor cinza-azulada e chama-se locus 
ceruleus; sua tonalidade se deve a um grupo de neurônios fortemente pigmentados. Lateralmente ao 
sulco limitante está a área vestibular, produzida pelos núcleos vestibulares subjacentes.
 Lembrete
A ponte é a parte média do tronco encefálico.
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
2.6 Anatomia do mesencéfalo
O mesencéfalo representa o menor e menos diferenciado segmento do tronco encefálico infratentorial 
e situa-se superiormente à ponte, expandindo-se acima, até o diencéfalo e o III ventrículo. Separa-se da 
ponte pelo sulco pontino superior e do cérebro por um plano que une os corpos mamilares, relacionados 
ao diencéfalo, a comissura posterior.
Mede cerca de dois centímetros de comprimento e conecta a ponte e o cerebelo com o cérebro. O 
seu eixo longitudinal inclina-se anteriormente, durante sua ascensão, por meio da abertura no tentório 
do cerebelo. O mesencéfalo é atravessado por um canal estreito, o aqueduto do mesencéfalo, que é 
preenchido por LCS.
Na face dorsal do mesencéfalo, estão quatro colículos, ou corpos quadrigêmeos, que são 
eminências arredondadas divididas em um par superior e um par inferior, pelo sulco vertical e pelo 
sulco transverso. Acima dos colículos superiores, sobre o sulco que os separa, vê-sea glândula pineal, 
que é parte do epitálamo. Na linha média embaixo dos colículos inferiores, o nervo troclear surge. 
Esses são nervos de pequeno diâmetro que contornam a face lateral do mesencéfalo e adentram a 
parede lateral do seio cavernoso.
Os colículos superiores agem como centros reflexos para certas atividades visuais. Mediante os 
circuitos neurais da retina para os colículos superiores e os colículos superiores para os músculos 
extrínsecos do bulbo do olho, os estímulos visuais induzem os movimentos do bulbo do olho a seguir as 
imagens em movimento, por exemplo, um carro em movimento, e a analisar imagens inertes, como você̂ 
está praticando ao ler esta frase. Outros reflexos dos colículos superiores são o reflexo de acomodação, 
que adequa o formato da lente para visão de perto em relação à visão à distância, e os reflexos que 
coordenam os movimentos dos olhos, da cabeça e do pescoço em resposta aos estímulos visuais.
Colículos inferiores são parte das vias auditivas, retransmitindo os impulsos dos receptores da 
audição, localizados na orelha, para o tálamo. Eles também são centros reflexos para o reflexo de 
sobressalto, ou reflexo de Moro, aos movimentos súbitos da cabeça e do corpo que acontecem no 
momento em que se é surpreendido por um ruído alto, como o tiro de uma arma.
Na face ventral do mesencéfalo, existe uma depressão profunda na linha média, a fossa interpeduncular, 
que é delimitada em cada lado pelos pilares do cérebro. Diversos vasos de sangue pequenos perfuram 
o assoalho da fossa interpeduncular, e essa região se designa como substância perfurada posterior. O 
nervo oculomotor emerge de um sulco no lado medial dos pilares do cérebro e prossegue em frente, na 
parede lateral do seio cavernoso.
Na face lateral do mesencéfalo, os braços dos colículos superior e inferior sobem em direção 
anterolateral. O braço do colículo superior prossegue do colículo superior para o corpo geniculado 
lateral e o trato óptico. O braço do colículo inferior une este ao corpo geniculado medial.
Acima dos colículos superiores, sobre o sulco que os separa, observa-se a glândula pineal, que é parte do 
epitálamo. Abaixo dos colículos inferiores, emerge o nervo troclear, único par craniano a emergir dorsalmente.
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Unidade I
A substância nigra é uma lâmina cinzenta pigmentada, de coloração mais escura, composta por 
neurônios, abrangendo melanina, que separa, de cada lado, o tegmento do mesencéfalo do pilar do 
cérebro em uma secção transversal. Os neurônios que liberam dopamina se expandem da substância 
nigra até os núcleos da base e auxiliam na coordenação das atividades musculares subconscientes. A 
perda desses neurônios está associada à doença de Parkinson.
Do mesmo modo, tem-se os núcleos rubros, cujo nome concerne à cor avermelhada que o núcleo 
rubro possui, em cortes realizados em peças anatômicas não fixadas. Tal coloração se dá em virtude do 
rico suprimento de sangue e de um pigmento, abrangendo ferro, nos corpos celulares dos neurônios.
O núcleo rubro, importante para o controle da motricidade, apresenta formato oval, localizado no 
tegmento do mesencéfalo. Ao núcleo rubro, chegam especialmente fibras originárias do cerebelo e do 
córtex motor. Dele partem, por sua vez, fibras que se dirigem ao núcleo olivar inferior. Dele se origina 
também o trato rubroespinal.
As figuras a seguir mostram estruturas anatômicas relacionadas ao tronco encefálico.
Braço do colículo 
superior
Braço do colículo 
inferior
Nervo trigêmeo
Nervo vago
Nervo acessório
Nervo vestibulococlear
Nervo glossofaríngeo
Nervo troclear
Pedúnculo cerebral
Pedúnculos cerebelaresNervo facial
Nervo abducente
Nervo hipoglosso
Raízes ventrais 
cervicais
Sulco lateral anterior Sulco lateral posterior
Colículo 
superior
Colículo 
inferior
Pirâmide
Oliva
Figura 112 – Vista lateral do tronco encefálico, na qual são observadas as estruturas anatômicas 
e a emergência aparente no encéfalo dos nervos cranianos troclear a hipoglosso
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
Braço do colículo 
inferior
Braço do colículo 
superior
Fóvea superior
Pedúnculos cerebelares
Locus ceruleus
Eminência medial
Fóvea medial
Tubérculo grácil 
Tubérculo cuneiforme
Fascículo grácil
Fascículo cuneiforme
Glândula pineal
Nervo troclear
Fossa romboide
Sulco mediano
Sulco limitante
Colículo facial
Área vestibular
Estrias medulares
Trígono do vago
Sulco mediano posterior
Sulco intermédio posterior
Sulco lateral posterior
Óbex
Trígono do hipoglossoParte aberta do bulbo
Parte fechada do 
bulbo
Colículo 
superior
Colículo inferior
Figura 113 – Vista posterior do tronco encefálico após remoção do cerebelo, na qual se percebem as estruturas 
anatômicas e a emergência aparente, no encéfalo, do nervo craniano troclear
 Leitura obrigatória
Agora que você possui conhecimentos sobre o tronco encefálico, 
compreenderá as anotações clínicas envolvidas com essas estruturas 
anatômicas. Leia o texto na Biblioteca Virtual:
SNELL, R. S. O tronco encefálico. In: ___. Neuroanatomia clínica. 
7. ed. Tradução de Marcio Moacyr de Vasconcelos. Rio de Janeiro: 
Guanabara-Koogan, 2013. Disponível em: <https://online.minhabiblioteca.
com.br/#/books/978-85-277-2451-7/cfi/6/38!/4/2/4/444/8/4/2@0:96.9>. 
Acesso em: 10 dez. 2016.
 Lembrete
O mesencéfalo conecta a ponte com o diencéfalo.
2.7 Anatomia do diencéfalo
O diencéfalo, ou “cérebro intermédio”, pode ser dividido para estudos em duas grandes partes, 
situadas dorsal e ventralmente em relação ao sulco de Monro, ou sulco hipotalâmico. O termo diencéfalo 
faz referência à parte do SNC que, em conjunto com o telencéfalo, forma o cérebro. É composto, 
sobretudo, por estruturas anatômicas pares, contendo o tálamo como a estrutura central. As outras 
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Unidade I
estruturas anatômicas do diencéfalo localizam-se à volta do tálamo. Portanto, o diencéfalo subdivide-se 
em quatro partes: tálamo, hipotálamo, epitálamo e subtálamo. A sua observação se faz tão somente após 
a retirada de todas as estruturas anatômicas do telencéfalo ou em secções sagitais, secções coronais ou 
secções horizontais.
As partes do diencéfalo são designadas como órgãos circunventriculares, porque se localizam nas 
paredes do III ventrículo e monitoram as modificações químicas no sangue, pois não apresentam, nessa 
região, a barreira hematoencefálica. Os órgãos circunventriculares incluem parte do hipotálamo, da 
glândula pineal, da hipófise e algumas estruturas próximas. Funcionalmente, essas regiões controlam 
as atividades homeostáticas do aparelho neuroendócrino, como a regulação da pressão arterial, do 
equilíbrio hídrico, da fome e da sede.
Os órgãos circunventriculares também são considerados locais de entrada, no encéfalo, do HIV, 
vírus causador da aids. Uma vez no encéfalo, o HIV pode provocar demência, ou seja, a deterioração 
irreversível do estado mental, e outros transtornos neurológicos.
2.7.1 O tálamo
Principal estação de retransmissão de impulsos sensitivos que chegam ao córtex cerebral oriundos 
de outras partes do encéfalo e da medula espinal. O tálamo é uma massa de substância cinzenta, em 
formato oval, que compõe a maior parte do diencéfalo, ou seja, corresponde a 4/5 dele. Do grego 
thalamos, significa “câmara interna” ou “leito nupcial”, daí o nome pulvinar do tálamo. Suas dimensões 
são: 30 a 40 milímetros de comprimento; 20 milímetros de largura; 22 milímetros de altura. Existem dois 
tálamos, um de cada lado do III ventrículo.Figura 114 – Pulvinar do tálamo
Ele apresenta quatro faces: superior, inferior, medial e lateral, das quais somente a face superior e a 
face medial estão expostas. A face superior situa-se entre a estria terminal e a estria medular. A inferior 
restringe-se com o tegmento do mesencéfalo, e a lateral é delimitada pela cápsula interna, que a separa 
de um dos núcleos da base, o corpo estriado.
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
A face medial do tálamo compõe parte da parede lateral do III ventrículo e usualmente é conectada ao 
tálamo contrário por uma faixa de substância cinzenta, a aderência intertalâmica. Porém, essa aderência 
está ausente em aproximadamente 30% dos cérebros, consistindo, pois, em uma variação anatômica. 
Pesquisas mostraram que a aderência intertalâmica de brasileiros adultos se encontra ausente em 29,5% 
dos casos – esse número é maior em negros do que em brancos.
Na região posterior, inferiormente ao pulvinar do tálamo, encontram-se duas estruturas anatômicas 
denominadas corpos geniculados, lateral e medial, também designados como metatálamo. O corpo 
geniculado lateral, que tem relação com a visão, e o medial, que relaciona-se com a audição, unem-se 
aos colículos superiores e inferiores, respectivamente, por meio de seus braços.
 Lembrete
O corpo geniculado medial retransmite impulsos auditivos, da orelha 
para a área auditiva primária do córtex cerebral.
O corpo geniculado lateral retransmite impulsos visuais, da retina para 
a área visual primária do córtex cerebral.
Núcleo 
geniculado 
lateral
Núcleo 
geniculado 
medial
Figura 115 – Os núcleos talâmicos aparecem representados em cores e separados em grupos pela lâmina medular interna
Uma depressão relevante que se estende do aqueduto do mesencéfalo até o forame interventricular 
é designada como sulco hipotalâmico e sinaliza a separação anatômica entre o tálamo, acima do sulco, 
e o hipotálamo, abaixo do sulco. Na extremidade posterior do sulco hipotalâmico se situa o epitálamo.
O tálamo é um centro de integração com o córtex cerebral, o cerebelo e a medula espinal. Sabe-se que 
após a remoção do córtex cerebral o tálamo é hábil em distinguir sensações grosseiras. Entretanto, o córtex 
cerebral é fundamental à interpretação das sensações com base nas experiências prévias. Por exemplo, se o 
córtex sensitivo for destruído, ainda será possível distinguir a presença de um objeto quente na mão, mas o 
reconhecimento da forma, do peso e da temperatura correta do objeto ficará comprometido.
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Unidade I
Ele abrange muitos núcleos relevantes, e cada um deles emite axônios para determinada parte do 
córtex cerebral. O grupo anterior integra o circuito de Papez e, assim, é relacionado com as emoções, a 
regulação da vigilância e a memória. O grupo lateral contribui com as funções motoras, provavelmente 
no planejamento do movimento, do mesmo modo que faz parte das vias sensitivas, como o tato, a 
pressão, a propriocepção, a vibração, o calor, o frio e a dor oriundos da face e do corpo para o córtex 
cerebral. O grupo mediano apresenta um papel relacionado com a memória e o olfato. O grupo medial 
tem função de ativar o córtex cerebral. Esse grupo atua, também, nas emoções, no aprendizado, na 
memória, na consciência e na cognição, ou seja, no pensamento e no conhecimento de uma forma geral.
 Observação
O circuito de Papez é uma alça de conexões composta entre várias 
estruturas do sistema límbico, por exemplo, o hipocampo, os corpos 
mamilares do hipotálamo, os núcleos do tálamo anterior e medial, o giro 
do cíngulo e o córtex entorrinal.
III ventrículo
III ventrículo
Núcleos 
laterais e 
ventrais do 
tálamo
Núcleos 
posteriores do 
tálamo
Núcleos 
anteriores do 
tálamo
Núcleos mediais 
e medianos do 
tálamo
Aderência 
intertalâmica
Figura 116 – Secção horizontal do encéfalo, em que figuram centralmente os núcleos talâmicos 
separados pela lâmina medular interna
 Observação
Os núcleos talâmicos organizam e ampliam os sinais enviados 
para o córtex cerebral. É em razão disso que uma pessoa é capaz de se 
concentrar e conversar com outra pessoa em um restaurante grande e 
agitado, por exemplo.
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
Ao se efetuar uma secção sagital mediana no cérebro, é possível um estudo da anatomia pouco 
minudenciada do diencéfalo que nos possibilita observar tão somente algumas estruturas e limites 
anatômicos. Na parte ventral do diencéfalo se observam, da região anterior para a posterior, o quiasma 
óptico, o infundíbulo, o túber cinéreo e os corpos mamilares. Essas estruturas anatômicas serão 
detalhadas mais à frente, quando estudarmos a estrutura e a função do hipotálamo.
Aderência 
intertalâmica
Tálamo
Estria medular do 
tálamo
Glândula pineal
Sulco hipotalâmico
Hipotálamo
Lâmina terminal
Recesso do infundíbulo
Infundíbulo
Hipófise Túber 
cinéreo
Corpo mamilar
Quiasma óptico
Nervo óptico
Figura 117 – Secção sagital mediana no encéfalo para identificação das estruturas do diencéfalo
2.7.2 O hipotálamo
Situado na frente e abaixo do tálamo, é formado pelo quiasma óptico – em forma de X –, pelos 
tratos ópticos, que são prolongamentos do quiasma óptico, pelos corpos mamilares, pelo túber cinéreo 
e pela hipófise com o seu infundíbulo.
Lobo frontalLobo frontal
Lobo temporal
Quiasma óptico
Hipotálamo
Bulbo
Ponte
Vérmis
Cerebelo
Fissura horizontal
Nervo óptico
Corpos mamilares
Figura 118 – Vista inferior do encéfalo 
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Unidade I
Essa minúscula estrutura diencefálica, com massa de somente 4 a 5 gramas, e aproximadamente 
entre 1 e 2 centímetros, é uma parte muito relevante do SNC e essencial à vida. Controla o SNA e os 
órgãos endócrinos e, assim, a homeostase corporal. Tem localização adequada a essa finalidade, pois 
reside no centro do sistema límbico.
O sistema límbico é por vezes chamado de “cérebro emocional”, pois seu papel principal está conexo 
com um encadeamento de emoções, como a dor, o prazer, a docilidade, o afeto e a ira. Ele também está 
envolvido com o olfato e a memória. Experimentos indicaram que, quando diferentes áreas de sistemas 
límbicos de animais são acionadas, as reações dos bichos sugerem que estejam sentindo dor intensa ou 
prazer extremo.
O estímulo de outras áreas do sistema límbico de animais produz docilidade e sinais de afeição. 
A excitação do corpo amigdaloide ou de certos núcleos hipotalâmicos de um gato gera um padrão 
comportamental conhecido como ira, ou seja, o gato exibe as suas garras, ergue sua cauda, expande 
seus olhos, rosna e saliva. Em contrapartida, a retirada do corpo amigdaloide faz que o gato não sinta 
receio nem exprima agressividade.
Da mesma forma, o indivíduo cujo corpo amigdaloide está lesado não consegue distinguir 
manifestações de temor em outras pessoas ou sentir pânico em condições em que isso frequentemente 
seria apropriado, como ao ser agredido por um animal.
Junto a outras partes do telencéfalo, o sistema límbico também parece apresentar papéis na memória 
(lesões do sistema límbico geram mudanças de memória). Uma parte do sistema límbico, o hipocampo 
parece ter uma característica não observada em outras estruturas anatômicas do SNC; ter células que 
podem passar por mitoses. De tal modo, a parte do encéfalo que é responsável por alguns enfoques da 
memória pode desenvolver novos neurônios, mesmo em indivíduos senis.
 ObservaçãoPequeno glossário das estruturas anatômicas encontradas no hipotálamo:
• Corpos mamilares (do latim, diminutivo de mamma, “mamilo ou 
mama”) são duas eminências arredondadas, com aproximadamente 
5 milímetros de diâmetro, de substância cinzenta, notáveis na parte 
anterior da fossa interpeduncular. Apresentam dois papéis relevantes 
que estão integrados na evocação de memórias episódicas, como 
lembrar eventos, sendo importante na formação e evocação de 
memórias espaciais, por exemplo, encontrar um objeto e/ou um 
lugar. As memórias ligadas a emoções fortes e envolvendo atividades 
tradicionalmente benéficas à sobrevivência, como localizar comida, 
outros indivíduos ou possíveis parceiros sexuais, são mais facilmente 
armazenadas nessas estruturas anatômicas.
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
• Quiasma óptico é uma estrutura anatômica que está situada na 
parte anterior do assoalho do ventrículo. Acolhe as fibras mielínicas 
do nervo óptico, que aí cruzam em parte e prosseguem nos tratos 
ópticos, que se dirigem aos corpos geniculados laterais depois de 
contornar os pilares do cérebro.
• Túber cinéreo é uma área ligeiramente cinzenta, mediana, 
localizada atrás do quiasma óptico e dos tratos ópticos, entre 
estes e os corpos mamilares. No túber cinéreo se prende a hipófise 
por meio do infundíbulo.
O quadro resume os principais papéis dos núcleos do hipotálamo.
Quadro 5
Núcleos do hipotálamo
Hipotálamo anterior
Núcleos pré-ópticos:
– Ventrolateral: sono-vigília.
– Medial: controle hormonal parvocelular; termorregulação.
Hipotálamo posterior
Corpo mamilar: memória; emoção.
Tuberomamilar: sono-vigília (histamina).
Hipotálamo lateral
Hipotálamo lateral e área perifornical: vigília, ingestão de alimentos (orexina).
Hipotálamo medial
Paraventricular: ocitocina e vasopressina.
Supraóptico: ocitocina e vasopressina.
Arqueado: funções viscerais.
Supraquiasmático: ritmo circadiano.
Ventromedial: apetite; comportamento compulsório.
Dorsal medial: ingestão de alimentos e água; regulação da massa corporal.
Periventricular: hormônios parvocelulares.
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Unidade I
 Leitura obrigatória
Ainda que pequeno, o hipotálamo não deve ser notado como uma estrutura 
anatômica de pouca relevância; é o maior centro do cérebro para a manutenção 
do meio interno do corpo humano. Não há um tecido corporal que resista 
ao seu prestígio. As conexões do hipotálamo são complexas, e somente as 
principais vias devem ser memorizadas para utilização na parte clínica.
Incitamos você a consultar o conteúdo: “Distúrbios clínicos associados 
a lesões hipotalâmicas”, na Biblioteca Virtual:
SNELL, R. S. O hipotálamo e suas conexões. In: ___. Neuroanatomia 
clínica. 7. ed. Tradução de Marcio Moacyr de Vasconcelos. Rio de 
Janeiro: Guanabara-Koogan, 2013. Posição 13. Disponível em: 
<https://online.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-277-2451-7/
cfi/6/70!/4/2/4/160/2@0:0>. Acesso em: 14 dez. 2016.
2.7.2.1 Conexões do hipotálamo com a hipófise
O hipotálamo é conectado à hipófise por duas vias: as fibras nervosas, que prosseguem dos núcleos 
supraóptico e paraventricular para o lobo posterior da hipófise, ou neuro-hipófise, e os vasos de sangue 
portais longos e curtos, que conectam os sinusoides na eminência mediana e no infundíbulo com plexos 
capilares no lobo anterior da hipófise, ou adeno-hipófise. Tais vias permitem que o hipotálamo influencie 
as atividades dos órgãos endócrinos.
2.7.2.2 Trato hipotálamo‑hipofisário
O hormônio vasopressina, ou hormônio antidiurético, é produzido, sobretudo, nos neurônios do 
núcleo supraóptico. Seu papel é causar vasoconstrição, mas também desempenha um papel antidiurético 
relevante, elevando a absorção de água nos túbulos contorcidos distais e nos túbulos coletores do rim.
O outro hormônio é a ocitocina, que é produzida no núcleo paraventricular. A ocitocina estimula 
a contração do músculo liso do útero e causa a contração das células mioepiteliais que circundam os 
alvéolos e os ductos da mama. Próximo ao término da gestação, a ocitocina é produzida em grandes 
quantidades e estimula as contrações uterinas do trabalho de parto. Depois, quando o recém-nascido 
suga a mama, um reflexo nervoso a partir do mamilo estimula o hipotálamo a produzir mais hormônio. 
Isso provoca a contração das células mioepiteliais, e ajuda a ejeção de leite das mamas.
O núcleo supraóptico, que produz vasopressina, age como osmorreceptor. Caso a pressão osmótica 
do sangue que circula por meio do núcleo supraóptico fique elevada demais, os neurônios aumentam 
sua produção de vasopressina, e a consequência antidiurética desse hormônio aumenta a reabsorção de 
água pelos rins. Dessa forma, a pressão osmótica do sangue retorna a limites normais.
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
2.7.2.3 Sistema portal hipofisário
Os hormônios são produzidos em grânulos e transportados ao longo dos axônios das células 
neurossecretoras até a eminência mediana e o infundíbulo, onde os grânulos são liberados por exocitose 
em capilares fenestrados na extremidade superior do sistema portal hipofisário.
O sistema portal hipofisário é constituído de cada lado da artéria hipofisária superior, que é um 
ramo da artéria carótida interna. A artéria hipofisária superior adentra a eminência mediana e divide-se 
em tufos de capilares. Esses capilares drenam para vasos descendentes longos e curtos, que acabam 
na adeno-hipófise, dividindo-se em sinusoides vasculares que passam entre as células secretoras da 
adeno-hipófise.
O sistema portal transporta os hormônios de liberação e os hormônios inibidores da liberação 
para as células secretoras da adeno-hipófise. Os hormônios de liberação estimulam a produção e a 
liberação de hormônio adrenocorticotrófico, hormônio folículo-estimulante, hormônio luteinizante, 
hormônio tireotrofina e hormônio do crescimento. Já os hormônios inibidores impedem a liberação 
de hormônio estimulante de melanócitos e de hormônio luteotrópico. O hormônio luteotrópico, 
ou hormônio lactogênico, ou ainda prolactina, estimula o corpo lúteo a secretar progesterona 
e a glândula mamária a produzir leite. O hormônio inibidor do hormônio do crescimento, ou 
somatostatina, inibe a liberação de hormônio do crescimento.
2.7.2.4 Papéis do hipotálamo
Controle autonômico
O hipotálamo cumpre influência controladora sobre o SNA e parece unir o sistema autônomo e o 
sistema neuroendócrino, preservando, assim, a homeostase corporal. Fundamentalmente, o hipotálamo 
deve ser visto como um centro nervoso superior para o controle dos centros autonômicos inferiores no 
tronco encefálico e na medula espinal.
A estimulação elétrica do hipotálamo mostra que a área anterior do hipotálamo e a área pré-óptica 
influenciam as respostas parassimpáticas; estas abrangem diminuição da pressão arterial, redução da 
frequência cardíaca, contração da bexiga urinária, elevação da motilidade do trato gastrintestinal, 
elevação da acidez do suco gástrico, salivação e constrição pupilar.
Já a estimulação do núcleo posterior e do núcleo lateral causa respostas simpáticas, que incluem 
aumento da pressão arterial, aceleração da frequência cardíaca, interrupção do peristaltismo no trato 
gastrintestinal, dilatação pupilar e hiperglicemia.
Controle endócrino
Os neurônios dos núcleos hipotalâmicos, por meio da produção de fatores de liberação ou inibidores 
da liberação, controlam a produção hormonal da adeno-hipófise.
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Unidade I
Regulação da temperatura
A parte anterior do hipotálamo regula os mecanismos que dissipam a perda de calor e, ao ser 
estimulada, essa área causa sudorese e dilatação dos vasos de sangue cutâneos que diminuem a 
temperatura corporal. Já a estimulação da parte posterior do hipotálamo procede à inibição da sudorese 
e à vasoconstrição dos vasos de sangue cutâneos, também podem existir tremores, por meio dos quais 
os músculos estriados esqueléticos geram calor.
Regulação do consumo alimentar
A estimulação da região lateral do hipotálamo ocasiona a sensação de fome e procede à 
elevação da ingestão de alimentos. O principal núcleo envolvido é o paraventricular, que, por meio 
de receptores hipotalâmicos, monitora os níveis de insulina produzidos pelo pâncreas. É provável 
que os níveis de insulina e noradrenalina circulantes estimulem o hipotálamo a desencadear o 
impulso da fome. Ao estimular a região medial do hipotálamo, a alimentação é inibida e o consumo 
alimentar diminui. A destruição bilateral do centro da saciedade gera apetite voraz incontrolável, 
ocasionando obesidade extrema.
Regulação da ingesta de água
A estimulação de outras áreas da região lateral do hipotálamo gera elevação imediata na vontade 
de ingerir água; essa área é chamada de centro da sede. Além disso, o núcleo supraóptico do 
hipotálamo desempenha um controle prudente sobre a osmolaridade do sangue por meio da secreção 
de vasopressina.
Emoções e comportamento
As emoções e o comportamento são papéis do hipotálamo, do sistema límbico e do córtex 
pré-frontal. O hipotálamo é o integrador dos dados aferentes recebidos de outras áreas do SN e produz 
a expressão física das emoções; pode determinar elevação da frequência cardíaca, aumento da pressão 
arterial, secura da boca, bem como rubor ou palidez da pele e sudorese. Ademais, produz com constância 
atividade peristáltica maciça do trato gastrintestinal.
A estimulação dos núcleos laterais do hipotálamo pode gerar os sinais e os sintomas de raiva, 
enquanto as lesões dessas áreas podem levar à passividade. O núcleo ventromedial, ao ser estimulado, 
pode gerar passividade, enquanto lesões desse núcleo podem provocar raiva.
O hipotálamo, por meio de seus hormônios liberadores para a hipófise, desempenha influência 
essencial sobre o desenvolvimento sexual normal. Existem diferenças até microanatômicas entre o 
hipotálamo “masculino” e o hipotálamo “feminino”, que podem influir no comportamento sexual. 
Alguns homossexuais masculinos apresentam seus detalhes hipotalâmicos mais semelhantes aos 
das mulheres.
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
Controle dos ritmos circadianos
O hipotálamo coordena muitos ritmos circadianos, incluindo a temperatura corporal, a atividade 
adrenocortical, a contagem de eosinófilos e a secreção renal. O sono e a vigília, embora dependentes das 
atividades do tálamo, do sistema límbico e do sistema reticular ativador, também são controlados pelo 
hipotálamo. As lesões da parte anterior do hipotálamo interferem gravemente no ritmo de sono e de vigília.
As conexões da retina com o núcleo supraquiasmático desencadeiam modificações no hormônio 
do crescimento, nos hormônios corticosteroides e nos hormônios sexuais que se alteram conforme 
a percepção de dia e de noite. Essas modificações cíclicas são designadas como ritmo circadiano. A 
destruição daquele núcleo não suprime o ritmo, porém o torna fixo nas 24 horas. Os mecanismos 
complexos desse ritmo e a sua relevância estão para ser explicados. O interessante é que as mulheres 
esquimós não ovulam durante o inverno ártico, cujo escuro dura longos períodos, demonstrando a 
relação entre o ambiente e os processos internos.
2.7.3 O epitálamo
O epitálamo (grego: epi, “sobre”; thalamos, câmara interna) localiza-se na extremidade posterior do 
III ventrículo, inferiormente ao esplênio do corpo caloso, anteriormente à fissura cerebral transversa e 
superiormente ao mesencéfalo. O lúmen do III ventrículo estende-se por pequena distância em sua base, 
compondo o recesso pineal.
A estrutura não endócrina mais relevante do epitálamo é uma depressão em forma de triângulo, 
composta pela comissura das habênulas, pelas estrias medulares e pela comissura posterior. As 
estruturas habenulares e as estrias medulares são estruturas límbicas. Embora se acredite que os núcleos 
habenulares e as suas conexões se relacionem com o sistema límbico, não se sabe qual seu papel exato. 
Talvez os núcleos habenulares participem do olfato, especialmente nas respostas emocionais a odores, 
como o perfume da pessoa amada ou os biscoitos de chocolate que estão assando no forno.
Comissura 
posterior
Estria medular 
do tálamo
Habênula e 
comissura das 
habênulas
Glândula 
pineal
Colículo 
superior
Colículo 
inferior
Figura 119 – Vista medial dos hemisférios cerebrais de estruturas neurais (habênula, comissura das habênulas e estria medular) e 
endócrinas (glândula pineal) do epitálamo, além de estruturas de outras regiões encefálicas
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Unidade I
A comissura posterior marca o limite posterior entre o diencéfalo e o mesencéfalo. Constitui-se de 
fibras originadas de núcleos dessa região encefálica ainda não completamente explicadas. Dentre elas, 
existem fibras que cruzam da área pré-tectal para o núcleo de Edinger-Westphal do lado contralateral, 
muito relevante no reflexo consensual, isto é, a constrição das pupilas dos dois olhos, e não apenas do 
olho estimulado, em uma resposta reflexa bilateral ao excesso de luz.
As estruturas endócrinas mais relevantes do epitálamo são a glândula pineal e o órgão subcomissural. 
Esse órgão, ainda pouco pesquisado, é uma protuberância situada abaixo da comissura posterior do 
epitálamo, relacionada com o controle de secreção de aldosterona pela glândula suprarrenal. Já a 
glândula pineal é mais clara e mais bem-pesquisada, além de ser considerada uma glândula sem ductos, 
que mede, aproximadamente, 8 milímetros de comprimento.
A base da glândula pineal está presa às demais estruturas anatômicas do epitálamo por um 
pedúnculo de substância branca. Esse pedúnculo se divide anteriormente em duas lâminas, uma 
dorsal e outra ventral, as quais são separadas uma da outra pelo recesso pineal do III ventrículo. É 
ricamente irrigada e possui capilares fenestrados, não existindo, portanto, barreira hematoencefálica 
na glândula pineal. Sua inervação se faz por fibras simpáticas pós-ganglionares oriundas do 
gânglio cervical superior, as quais são relevantes na regulação da síntese do hormônio da glândula 
pineal, a melatonina. Essa inervação simpática traz dados do núcleo supraquiasmático, que age na 
regulação do ciclo circadiano.
Propõe-se, contudo, que a melatonina iniba outras glândulas endócrinas e participe da regulação de 
ciclos circadianos, inclusive do ciclo vigília-sono. Atualmente, tem sido sugerida a existência de conexão 
funcional entre a glândula pineal e o sistema imunológico. A melatonina influenciaria o sistema imune 
pela participação de mediadores, como os opioides, os endógenos e as citocinas, e pela interação direta 
com células do sistema imunológico.
O sistema imune, por sua vez, é hábil em modular o funcionamento do corpo pineal. A melatonina 
atuaria como removedora de radicais livres e de agentes antineoplásicos. Como a secreção de melatonina 
diminui gradualmente com a idade, explora-se que esse fato seja o responsável pelo surgimento de 
muitos distúrbios relacionados ao envelhecimento.
2.7.4 O subtálamo
Pequena região situada na parte posteroinferior do diencéfalo, na transição com o mesencéfalo. 
Limita-se superiormente com o tálamo, lateralmentecom a cápsula interna e medialmente com o 
hipotálamo. Como não é uma estrutura anatômica superficial, pode apenas ser observada em secções, 
preferencialmente a secção coronal. Única estrutura anatômica do diencéfalo que não se relaciona com 
o lúmen do III ventrículo.
Macroscopicamente, a única estrutura anatômica identificável inequivocamente é o núcleo 
subtalâmico, cujo epônimo é o corpo de Luys. Esse núcleo possui uma forma de lente biconvexa, com a 
sua extremidade inferior aproximando-se da substância negra.
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
O subtálamo também abrange diversos tratos importantes que ascendem a partir do tegmento para 
os núcleos talâmicos; as extremidades cranianas dos lemniscos medial, espinal e trigeminal são exemplos.
Por essa riqueza de conexões e por seu relevante papel na regulação da atividade motora, o subtálamo 
é considerado funcionalmente como um dos núcleos da base.
2.8 Anatomia do telencéfalo
O grande desenvolvimento dos hemisférios cerebrais sucedidos durante a evolução das espécies 
foi atingido com a caracterização do cérebro humano, cujas competências mais distintas se devem, 
particularmente, ao aparecimento e à formação do neocórtex, responsável pelo maior tamanho do SNC 
em relação ao corpo e ao grau de encefalização, e, principalmente, à sua complexa rede neural.
Assim, o nosso telencéfalo é a “sede da inteligência”. Ele é o responsável por nossa aptidão à ler, 
escrever, falar, realizar cálculos, compor músicas, lembrar o passado, planejar o futuro e “fantasiar” 
situações que nunca existiram. O telencéfalo é formado por um córtex cerebral externo, uma região 
interna de substância branca e núcleos de substância cinzenta localizados profundamente na substância 
branca, chamados de núcleos da base.
O córtex cerebral é uma região de substância cinzenta que compõe a face externa do telencéfalo. 
Ainda que apresente somente de 2 a 4 milímetros de espessura, o telencéfalo contém bilhões de 
neurônios dispostos em camadas. Durante a morfogênese do SN, quando o encéfalo cresce ligeiramente, 
a substância cinzenta do córtex se desenvolve muito mais rápido que a substância branca, mais profunda.
Os dois hemisférios cerebrais têm um formato ovoide, de menores proporções anteriormente, de 
160 a 180 milímetros de diâmetro no plano sagital e de 140 a 150 de milímetros de diâmetro no 
plano transversal. Em relação ao peso atribuído para o cérebro, a maior parte pertence aos hemisférios 
cerebrais, pois o diéncefalo é uma parte muito pequena em comparação aos hemisférios cerebrais. 
Raramente o peso de ambos os hemisférios cerebrais é idêntico; na maioria das vezes, o hemisfério 
cerebral direito varia em relação ao hemisfério cerebral esquerdo em alguns gramas. Além disso, há uma 
assimetria cerebral.
Cada hemisfério cerebral possui um polo frontal, um polo occipital e um polo temporal, e tem três 
superfícies: a superolateral, a medial e a inferior ou basal. À medida que as superfícies superolaterais dos 
hemisférios cerebrais se organizam sob a calvária, as superfícies mediais se confrontam, existindo entre 
si a foice do cérebro, e as superfícies inferiores ou basais repousam sobre a metade anterior da base do 
crânio, entre a fossa anterior do crânio e a fossa média do crânio, e sobre o tentório do cerebelo.
Os hemisférios cerebrais são incompletamente separados pela fissura longitudinal do cérebro e 
ligados por feixes de fibras de ambos os lados, que compõem as comissuras. A fissura longitudinal do 
cérebro abrange a segunda prega afoiçada da dura-máter, a foice do cérebro e as artérias cerebrais 
anteriores. Nas profundezas da fissura longitudinal do cérebro, a grande comissura, o corpo caloso, une 
os hemisférios cerebrais por meio da linha média.
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Unidade I
Ao examinar os hemisférios cerebrais a olho nu, observa-se que sua superfície não é lisa, mas, sim, 
pregueada. Essas pregas, anatomicamente chamadas de giros, são dobras do tecido nervoso e uma 
tática evolutiva para aumentar a área do córtex cerebral sem que seja necessário elevar o volume do 
crânio. Cada giro é delimitado por sulcos ou fissuras. Certos sulcos são constantes e adquirem nomes, 
sendo usados para delimitar anatomicamente os lobos do cérebro. A figura a seguir exemplifica alguns 
giros e lobos do cérebro.
Giro pré-central
Lobo occipital
Lobo frontal
Giro pós-central
Giro temporal 
superior
Giro temporal 
inferior
Cerebelo
Figura 120 – Vista lateral do encéfalo
2.8.1 Lobos do telencéfalo
A tradicional divisão de cada hemisfério cerebral em cinco lobos, sendo quatro relacionados aos 
ossos do crânio e o lobo insular, toma como principais limites o sulco central, o sulco lateral e uma linha 
imaginária que liga a emergência superomedial do sulco parieto-occipital com a incisura pré-occipital, 
que, por sua vez, localiza-se na margem inferolateral, aproximadamente 5 centímetros anteriormente 
ao polo occipital.
Figura 121 – Lobos do cérebro (vermelho: lobo frontal; azul: lobo parietal; laranja: lobo temporal; verde: lobo occipital)
O mais atual ponto de vista de considerar o giro pré-central e o giro pós-central como um lobo do 
cérebro – chamado de lobo central – e as estruturas límbicas como outro lobo isolado – chamado de 
lobo límbico – torna a divisão dos lobos do cérebro menos tirânica e mais relevada, uma vez que cada 
um dos lobos do cérebro passa a concentrar áreas mais afins dos pontos de vista anatômico e funcional. 
De tal modo, cada hemisfério cerebral é composto por sete lobos do cérebro: frontal, central, parietal, 
occipital, temporal, insular e límbico.
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
O lobo frontal ocupa a área anterior ao sulco central e superior ao sulco lateral. Nesse lobo, o 
giro frontal inferior no hemisfério cerebral esquerdo, na maioria dos indivíduos, contém a área da 
fala de Broca, que é fundamental para a articulação da fala. Grande parte do lobo frontal abrange 
o córtex de associação pré-frontal. Este é relevante no pensamento, na cognição e nas emoções. Os 
transtornos psiquiátricos do pensamento, como a esquizofrenia e os transtornos do humor, por exemplo, 
a depressão, estão ligados a papéis anormais do córtex pré-frontal de associação. Embora o órgão 
sensorial do olfato, o bulbo olfatório, permaneça situado na face ventral do lobo frontal, suas conexões 
estão prevalentemente no lobo temporal.
O lobo parietal ocupa a área posterior ao sulco central e superior ao sulco lateral, estendendo-se 
posteriormente até o sulco parieto-occipital. Ele intercede nas percepções de tato, dor e posição dos 
membros. Esses papéis são executados pelo córtex somatossensorial primário, que está̂ situado no giro 
pós-central. As áreas sensoriais primárias são os estágios principais do processamento cortical para os 
dados sensoriais. O lóbulo parietal superior contém áreas somatossensoriais de ordem superior para o 
processamento posterior dos dados somatossensoriais e outras áreas sensoriais. Juntas, essas áreas são 
fundamentais para uma autoimagem completa do corpo e intercedem nas interações comportamentais 
com o mundo em torno. Uma lesão nessa parte do lobo parietal no hemisfério direito, o lado do encéfalo 
humano especializado na consciência espacial, gera sinais neurológicos bizarros que abrangem o desmazelo 
de uma parte do corpo no lado contrário da lesão. Por exemplo, um paciente pode não vestir uma parte do 
corpo, ou pentear somente metade do cabelo. O lóbulo parietal inferior participa da integração de vários 
dados sensoriais para a percepção, a linguagem, oraciocínio matemático e a cognição visuoespacial.
O lobo temporal ocupa a área inferior ao sulco lateral. Ele desempenha uma abundância de papéis sensoriais 
e participa da memória e das emoções. O córtex auditivo primário, situado no giro temporal superior, age nas 
áreas adjacentes no giro temporal superior e dentro do sulco lateral; e o sulco temporal superior, na percepção 
e na localização de sons. O giro temporal superior no lado esquerdo é especializado na fala. Lesão da parte 
posterior desse giro, que está situada na área de Wernicke, afeta a compreensão da fala. O giro temporal 
médio, principalmente a parte próxima do lobo occipital, é fundamental para a percepção do movimento 
visual. O giro temporal inferior atua na percepção da forma visual e das cores. O giro temporal transverso 
anterior é relevante, pois nele se encontra o centro cortical da audição.
O lobo occipital ocupa a pequena área atrás do sulco parieto-occipital, e seu papel mais considerável 
é a visão. O córtex visual primário está situado nas paredes e partes mais profundas do sulco calcarino 
na face medial do encéfalo. Enquanto o córtex visual primário é relevante nos estágios principiais 
do processamento visual, as áreas visuais adjacentes de ordem superior cumprem um papel na 
elaboração da mensagem sensorial, possibilitando que sejam observadas a forma e a cor dos objetos. 
Por exemplo, na face ventral do encéfalo está uma parte do giro occipitotemporal medial relevante para 
o reconhecimento facial. Pacientes com uma lesão nessa área confundem faces com objetos inertes – 
uma condição designada de prosopagnosia.
Profundamente, no sulco lateral, encontram-se partes do lobo frontal, do lobo parietal e do lobo 
temporal. Esse território é designado como lobo insular. Posteriormente, durante o desenvolvimento 
pré-natal, o lobo insular torna-se encoberto. Partes desse lobo são relevantes no paladar, nas percepções 
corporais internas, na dor e no equilíbrio.
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Unidade I
 Observação
Os lobos do hemisfério cerebral não estão definidos nitidamente na face 
medial e na face inferior. Todavia, permanecem diversas áreas relevantes 
que devem ser reconhecidas e detalhadas a seguir:
• Lóbulo paracentral é uma área do córtex cerebral que rodeia a 
endentação determinada pelo sulco central na margem superior. A 
parte anterior do lóbulo paracentral é uma extensão do giro pré-central 
na face superolateral, e a parte posterior do lóbulo paracentral é uma 
extensão do giro pós-central. Na parte anterior e na parte posterior 
do lóbulo paracentral se situam, concomitantemente, a área motora 
e a área sensitiva relacionadas com a perna e o pé.
• Pré-cúneo é uma área do córtex delimitada anteriormente 
pela extremidade posterior e ascendente do sulco do cíngulo e 
posteriormente pelo sulco parieto-occipital.
• Cúneo é uma área triangular do córtex cerebral delimitada acima 
pelo sulco parieto-occipital, inferiormente pelo sulco calcarino e 
posteriormente pela margem superomedial.
• Área septal é a região situada abaixo do rostro do corpo caloso e 
adiante da comissura anterior à lâmina terminal. Consiste em um 
dos centros do prazer do cérebro. A área septal abrange o giro 
paraterminal e os giros paraolfatórios.
• O giro occipitotemporal medial estende-se do polo occipital ao polo 
temporal. É limitado medialmente pelo sulco colateral e sulco rinal, 
e lateralmente pelo sulco occipitotemporal. O giro occipitotemporal 
lateral é lateral ao sulco e contínuo com o giro temporal inferior.
• Giro lingual é uma região que está localizada na face inferior 
do hemisfério cerebral. Anterior ao giro lingual está o giro 
para-hipocampal; o último acaba anteriormente, como o unco 
semelhante a um gancho.
Assim, o unco, o giro para-hipocampal, o istmo do giro do cíngulo e o giro do cíngulo compõem 
uma formação contínua que circunda as estruturas inter-hemisféricas, e que muitos consideram 
como um lobo independente, o lobo límbico, parte relevante do sistema límbico, relacionado com o 
comportamento emocional e o controle do SNA.
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
Encontramos na face inferior do lobo frontal o bulbo e o trato olfatório, localizados sobre um sulco, 
chamado de sulco olfatório. Medialmente ao sulco olfatório está o giro reto, e lateralmente ao sulco 
olfatório há uma série de giros orbitais.
2.8.2 Os núcleos da base
Essa terminologia é empregada em uma coletânea de massas de substância cinzenta localizada dentro 
de cada hemisfério cerebral. Os núcleos da base executam um papel relevante no controle da postura e 
dos movimentos voluntários. À diferença de várias outras partes do SN demandadas no controle motor, 
os núcleos da base não apresentam conexões aferentes ou conexões eferentes diretas com a medula 
espinal. Tais núcleos são: o corpo estriado, o núcleo amigdaloide, o claustro, o núcleo accumbens e o 
núcleo basal de Meynert. Alguns dos papéis atribuídos a cada núcleo da base serão mostrados a seguir.
O corpo estriado, localizado lateralmente ao tálamo, abrange o núcleo caudado, o putame e o globo 
pálido. Ele pode ser dividido em: núcleo estriado, composto de núcleo caudado e putame, os quais são 
semelhantes do ponto de vista histológico e de origem embrionária; e núcleo pálido, representado pelo 
globo pálido.
No globo pálido, por conseguinte, distinguem-se duas regiões: o globo pálido medial e o globo pálido 
lateral. O globo pálido e o putame localizam-se lado a lado, compondo uma estrutura macroscópica, 
o núcleo lentiforme, separado do núcleo caudado pela cápsula interna. O núcleo lentiforme apresenta 
a forma e o tamanho aproximado de uma castanha-do-pará e não aparece na superfície ventricular, 
localizando-se profundamente no interior do hemisfério cerebral.
O núcleo caudado e o putame controlam as contrações involuntárias de determinados músculos 
estriados esqueléticos. Por exemplo, quando um indivíduo está deambulando, o núcleo caudado e o 
putame controlam as fases cíclicas dos movimentos dos membros superiores e inferiores, que acontecem 
entre o momento em que a decisão “começar a andar” é realizada e o momento em que a ordem “parar 
de andar” é dada.
O globo pálido regula o tônus muscular necessário para a execução de determinados movimentos 
voluntários do corpo. Por exemplo, quando você decide apanhar um objeto, o globo pálido posiciona o 
ombro e estabiliza o braço enquanto você̂ conscientemente busca e segura o objeto com o antebraço, 
o punho e a mão.
O núcleo amigdaloide é considerado parte do sistema límbico. Mediante suas conexões, influencia 
a resposta corporal às mudanças ambientais. Na sensação de medo, por exemplo, altera a frequência 
cardíaca, a pressão arterial, a coloração da pele e a frequência respiratória.
O claustro é uma delgada calota de substância cinzenta localizada entre o córtex da ínsula e o núcleo 
lentiforme. Entre o claustro e o núcleo lentiforme há outra lâmina branca, a cápsula externa. O claustro 
parece estar envolvido no processamento de informação visual em nível subconsciente. Evidências 
indicam que ele atua na focalização da atenção em padrões específicos ou características importantes.
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Unidade I
O núcleo accumbens é uma massa de substância cinzenta localizada na zona de união entre o 
putame e a cabeça do núcleo caudado numa área chamada de corpo estriado ventral.
O núcleo basal de Meynert macroscopicamente é de visualização difícil. Localiza-se na base do 
cérebro, entre a substância perfurada anterior e o globo pálido, região chamada de substância inominada,e contém neurônios grandes e ricos em acetilcolina.
A figura a seguir mostra alguns dos núcleos da base.
Tálamo
Cápsula 
interna
Corpo 
mamilar
Substância 
negra
Núcleo 
subtalâmico
Núcleo 
caudado
Globo pálido 
(lateral)
Globo pálido 
(medial)
Putame
Figura 122 – Secção coronal do encéfalo, no qual é possível observar o núcleo subtalâmico. Veja sua redondeza 
anatômica com núcleos mesencefálicos, como a substância negra
 Leitura obrigatória
Os distúrbios dos núcleos da base são, em geral, de dois tipos: os 
hipercinéticos e os hipocinéticos. A doença de Parkinson envolve os dois 
tipos de perturbações motoras. Conheça mais sobre essa patologia na 
Biblioteca Virtual:
SNELL, R. S. Os núcleos da base (gânglios da base) e suas conexões. 
In: ___. Neuroanatomia clínica. 7. ed. Tradução de Marcio Moacyr de 
Vasconcelos. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2013. Disponível em: 
<https://online.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-277-2451-7/
cfi/6/58!/4/2/6/2@0:0>. Acesso em: 10 dez. 2016.
As informações contidas serão de grande valia para você lidar com 
pacientes neurológicos.
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
2.8.3 As áreas corticais
O córtex cerebral age como centro integrador para os dados sensoriais, e como uma região de 
tomada de decisões para vários tipos de respostas motoras. Um exame anatômico dos dois hemisférios 
cerebrais demonstra que os giros e sulcos corticais são quase semelhantes. Entretanto, ao examinar 
o córtex cerebral do ponto de vista funcional, ele pode ser dividido em três especializações: as áreas 
sensoriais, ou campos sensoriais, responsáveis por estímulos sensoriais, traduzindo-os em percepção, 
ou seja, em consciência; as áreas motoras, responsáveis por comandar os movimentos dos músculos 
estriados esqueléticos; as áreas de associação, ou córtex de associação, responsáveis por integrar as 
informações de áreas motoras e de áreas sensoriais, além de comandar os comportamentos voluntários.
Para que a informação do ambiente resulte em um comportamento apropriado, ela deve ser 
trabalhada em várias fases: as primárias, as mais básicas, de tratamento da informação; as secundárias, de 
percepção e reconhecimento; as terciárias, de associação. Já a informação para o comportamento parte 
de uma fase terciária, para que, em uma região motora, sejam planejados e executados os movimentos 
relativos a esse comportamento.
O cérebro possui áreas especializadas em receber o que é captado pelos sentidos, chamadas de 
áreas sensoriais primárias. Já em áreas sensoriais secundárias, é executada a análise das informações 
recebidas pelas áreas primárias. As informações já adequadamente analisadas são, então, transmitidas 
às chamadas áreas de associação, as áreas terciárias, nas quais o que se percebe é associado às decisões 
seguintes, conscientes, e também são desenvolvidos processos não diretamente relacionados com a 
percepção ou o comportamento, como a memória.
A “decisão” da área de associação é transmitida às áreas motoras secundárias, onde um ato 
é planejado conforme os seus objetivos e as variáveis do meio. A execução em si é papel do córtex 
motor primário, que coordena diretamente o movimento. Os componentes dos movimentos não são 
conscientes, ou seja, o indivíduo não se intera de quantos músculos se contraem, bem como de quando 
e quantos músculos se contraem.
A informação que passa por uma via geralmente é processada em mais de uma dessas áreas. As áreas 
funcionais dos córtex cerebrais não basicamente correspondem aos lobos do cérebro. Por conseguinte, 
a especialização funcional não é simétrica no córtex cerebral, ou seja, cada lobo do cérebro apresenta 
funções especiais não compartilhadas com os lobos do telencéfalo correspondente do lado contrário. 
Essa lateralização cerebral do papel é, muitas vezes, mencionada como dominância hemisférica, ou 
dominância. A capacidade verbal e a linguagem tendem a estar concentradas no lado esquerdo do 
cérebro, e as habilidades espaciais, no lado direito do cérebro. O hemisfério cerebral esquerdo é o 
hemisfério dominante para os indivíduos destros, do mesmo modo que o hemisfério cerebral direito é 
dominante para muitas pessoas canhotas.
No entanto, até essas generalizações estão sujeitas a modificações. As conexões neurais no cérebro, 
bem como em outras partes do SN, mostram determinado grau de plasticidade. Por exemplo, se um 
indivíduo perder um dedo, as regiões do córtex motor e do córtex sensorial, antecipadamente destinadas 
a controlar o dedo, não ficarão inativas. Diante disso, as regiões vizinhas do córtex cerebral estendem 
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seus campos funcionais e adotam a parte do córtex cerebral que não é mais utilizada pelo dedo ausente. 
Igualmente, as habilidades frequentemente associadas com um lado do córtex cerebral podem ser 
desenvolvidas pelo outro hemisfério cerebral, por exemplo, quando um indivíduo destro, com a mão 
direita fraturada, aprende a escrever com a mão esquerda.
2.8.4 O mapa citoarquitetônico do córtex cerebral
Durante o século passado, estudos clinicopatológicos em seres humanos e eletrofisiológicos e de 
retirada em animais produziram evidências de que áreas distintas do córtex cerebral exercem papéis 
especializados. Entretanto, no século XIX, o anatomista Korbinian Brodmann dividiu o córtex cerebral 
em 52 áreas citoarquitetônicas diferentes de especialização, o que simplifica demais e ilude o leitor.
A divisão simples das áreas corticais em motoras e sensitivas é errônea, pois muitas áreas sensitivas 
são mais extensas do que as descritas originalmente, e sabe-se que respostas motoras são obteníveis 
por estimulação de áreas sensitivas. Até que uma terminologia aceitável seja concebida para descrever 
as diversas áreas corticais, as principais áreas serão denominadas segundo sua localização anatômica. O 
quadro a seguir resume alguma das principais conexões anatômicas do córtex cerebral.
Quadro 6
Papel
1, 2, 3 Propriocepção tátil.
4 Controle do movimento voluntário.
5 Estereognosia.
6 Planejamento dos movimentos dos membros e olhos.
7 Consciência espacial visuomotora e percepção.
8 Associado com o controle do movimento dos olhos.
9 Associado com lógica e cálculos.
10 Associado com atenção e alerta.
11 e 12 Associado a processo decisório e comportamentos éticos.
13 e 14 Associado a somatossensorial, memória verbal e motivação.
17 Visão. 
18 Visão e profundidade.
19 Visão, cor, profundidade e movimento.
20 Visão de formas.
21 Visão de formas.
22 Audição e fala.
23, 24, 25, 26, 27 Emoções, aprendizado e memória.
28 Odor/olfato, emoções, aprendizado e memória.
29, 30, 31, 32, 33 Emoções. 
34, 35, 36 Odor/olfato e emoções.
37 Percepção, visão, leitura e fala.
38 Odor/olfato, emoções, personalidade.
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
39 Percepção, visão, leitura e fala.
40 Percepção, visão, leitura e fala.
41 Audição.
42 Audição.
43 Paladar.
44 Fala, planejamento do movimento.
45 Pensamento, cognição e planejamento do comportamento.
46 Pensamento, cognição, planejamento do comportamento e movimento dos olhos.
47 Pensamento, cognição e planejamento do comportamento.
Movimentos oculares
Atenção visuoespacial
Raciocínio figurativo e analítico
Memória operacional espacial
Memória operacional 
de objetos
Cálculos matemáticos
Pré-ativação semântica
Antecipação da dor 
Olfação
Olfação
Dor
Audição
Reconhecimento 
de faces 
Reconhecimento de objetos
Compreensão linguística
Visãoanalítica
Atenção visuoespacial
Aproximações matemáticas
Raciocínio analítico
Processamento visuoespacial
Somestesia
Motricidade
Planejamento motor
Antecipação
Percepção de cores
Percepção de movimentos
Percepção de velocidade
Prazer tátil
Julgamento moral
Fala
Figura 123 – Divisão do córtex cerebral por Brodmann em 52 áreas citoarquitetônicas (A) e em áreas funcionais, 
(B) segundo sua ativação utilizando métodos de imagem
2.8.5 O homúnculo de Penfield
Os córtices somestésico primário e motor primário são topograficamente organizados e possuem 
uma representação ponto a ponto da superfície corporal deformada, constituindo homúnculos. Essa 
organização topográfica é sustentada nos feixes ascendentes e descendentes, permitindo a localização 
de estímulos e sensações, bem como o controle dos atos motores.
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Unidade I
As proporções do homúnculo motor são diferentes das do corpo em dimensão real, porque a área 
motora situada em uma região específica do córtex é proporcional ao número de unidades motoras 
envolvidas no controle da região corpórea, e não ao seu tamanho real. Como resultado, o homúnculo 
proporciona uma recomendação do grau de controle motor apurado acessível a cada região. Por exemplo, 
as mãos, a face e a língua, apropriadas de movimentos complexos, surgem em tamanhos muito grandes, 
à medida que a representação do tronco é moderadamente pequena. Essas proporções são semelhantes 
às do homúnculo sensitivo.
O homúnculo sensitivo e o homúnculo motor diferem em outros aspectos, porque algumas regiões 
intensamente sensíveis, como a planta, contêm poucas unidades motoras, enquanto outras regiões que 
possuem fartura de unidades motoras, como os músculos do olho, não são particularmente sensíveis.
Figura 124 – Divisão funcional do córtex em áreas sensitivas, motoras e associativas (integrativas). Veja que essa 
divisão, diferentemente das demais, não respeita limites anatômicos, como os giros e os sulcos. Secção coronal 
do hemisfério cerebral direito, ao nível de corte indicado no inserto. Nota-se a representação da superfície 
corporal nos córtices somestésico primário e motor primário
 Observação
Quando há lesão da área motora, pode existir redução da força muscular, 
que é chamada de paresia. Quando há perda total da força, acontece 
paralisia ou plegia.
Hemiplegia é a paralisia da metade direita ou esquerda do corpo humano.
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
 Leitura obrigatória
Assim como a informação ascende para níveis de processamento 
progressivamente mais complexos no SNC por meio das vias ascendentes, 
a informação processada percorre uma via de mesma direção, porém em 
sentido contrário, pelas vias descendentes. É desse jeito que a informação 
eferente do SN alcança os efetores (músculos e glândulas).
Convidamos você a estudar sobre as vias descendentes na Biblioteca 
Virtual:
MARTINEZ, A. M. B.; ALLODI, S.; UZIEL, D. Telencéfalo e vias descendentes. 
In: ___. Neuroanatomia essencial. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 
2014. Disponível em: <https://online.minhabiblioteca.com.br/#/
books/978-85-277-2396-1/cfi/6/48!/4/344/2@0:88.1>. Acesso em: 10 
dez. 2016.
2.9 Anatomia do cerebelo
O cerebelo é a formação nervosa volumosa localizada atrás do bulbo e da ponte, entrando na 
constituição do teto do IV ventrículo. Repousa sobre a fossa cerebelar do osso occipital e permanece 
espaçado ao lobo occipital do cérebro por uma prega da dura-máter designada de tenda do cerebelo.
Apresenta um desenho quase ovoide, ou de borboleta, alongado transversalmente e achatado 
anteroposteriormente. A face superior do cerebelo é identificada por ser inteira, apenas com uma 
pequena elevação na parte mediana. Já a face inferior exibe uma clara divisão entre o lado direito e o 
lado esquerdo, onde se encontra o verme. A face anterior fica volvida para o IV ventrículo.
O cerebelo apresenta as seguintes dimensões. Seu diâmetro transversal possui em média 9 centímetros, 
seu diâmetro anteroposterior 6 centímetros e o seu diâmetro vertical 5 centímetros. Pesa de 130 a 150 
gramas, ou seja, corresponde a 1/8 do peso do cérebro, porém seu peso absoluto é um pouco maior nos 
homens do que nas mulheres. Após o nascimento, o cerebelo cresce mais do que o resto do encéfalo, de 
modo que o peso relativo do corpo humano é um pouco maior em recém-nascidos do que em adultos.
O cerebelo tem um papel importante no sequenciamento das atividades motoras e na breve 
progressão de um movimento para o subsequente. Além disso, auxilia a controlar a interação 
momentânea de grupos musculares agonistas e antagonistas, isto é, grupos que agem de forma 
coordenada, por exemplo, um se contraindo e o outro relaxando. Cumpre também um papel 
fundamental, assessorando o córtex cerebral a coordenar a série de movimentos, planejando o 
próximo ato com antecedência de frações de segundo. Além disso, há evidências atuais de que o 
cerebelo também estaria envolvido em funções cognitivas e com a emoção.
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Unidade I
 Lembrete
O cerebelo coordena movimentos complexos, além de controlar a 
postura e o equilíbrio.
Esse órgão apresenta uma estrutura ímpar, mediana, longitudinal, inferior e de forma alongada, que 
se interpõe entre os dois hemisférios cerebelares, chamada de verme. Alguns autores classificam um 
verme superior como a discreta saliência longitudinal no meio da face superior do cerebelo. Possui duas 
grandes massas laterais que se assemelham aos hemisférios cerebrais e preenchem a fossa cerebelar do 
osso occipital, chamadas de hemisférios cerebelares.
Pode-se dividir o cerebelo em três lobos, de acordo com suas conexões. O lobo anterior, que 
se associa à medula espinal e atua nos movimentos grosseiros da cabeça e do corpo, também é 
chamado de paleocerebelo. O lobo posterior, que se associa ao neocórtex e controla os movimentos 
finos dos membros, também se denomina neocerebelo. Já o lobo flóculo nodular, que se associa 
ao sistema vestibular, sendo, portanto, fundamental no controle do equilíbrio e do balanço, é 
designado também de arquicerebelo.
A superfície do cerebelo tem dobras e sulcos profundos que sugerem uma árvore em cortes 
histológicos. Observa-se, assim, que o cerebelo é formado de um centro de substância branca, o corpo 
medular do cerebelo, donde surgem as lâminas brancas do cerebelo, forradas externamente por uma 
fina camada de substância cinzenta, o córtex cerebelar. O corpo medular do cerebelo com as lâminas 
brancas que dele surgem, quando observadas em cortes sagitais, recebem o nome de “árvore da vida”. 
No século XVIII, o óleo de cedro era usado como bálsamo, e por isso essa árvore ficou conhecida como 
árvore da vida. Winslow, em 1740, deu o nome de arbor vitae cerebelli ao cerebelo.
 Leitura obrigatória
Cada hemisfério cerebelar é conectado por vias nervosas especialmente 
ao mesmo lado do corpo humano, assim uma lesão em um hemisfério 
cerebelar gera sinais e sintomas que limitam o mesmo lado do corpo. Na 
Biblioteca Virtual, leia os sinais e os sintomas típicos de disfunção cerebelar; 
certamente será de grande valia para sua vida profissional:
SNELL, R. S. O cerebelo e suas conexões. In: ___. Neuroanatomia 
clínica. 7. ed. Tradução de Marcio Moacyr de Vasconcelos. Rio de Janeiro: 
Guanabara-Koogan, 2013. Disponível em: <https://online.minhabiblioteca.
com.br/#/books/978-85-277-2451-7/cfi/6/2[;vnd.vst.idref=capa.html]>. 
Acesso em: 10 dez. 2016.
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
2.10 O sistema ventricular
O encéfalo possui cavidades, e o fluido que preenche as “cavernas” e os canais dentro do encéfalo 
compõe o sistema ventricular. O fluido que percorre esse sistema é o LCS, o mesmo líquido do 
espaço subaracnóideo. O LCS é formado por um tecido especial, os plexos corióideos, localizados 
nos ventrículos encefálicos. Ele escorre dos ventrículos pareados do cérebro para uma sequência de 
ventrículos não pareados, interconectados no centro do tronco encefálico. Esse líquido sai do sistema 
ventricular e adentra o espaço subaracnóideo por meio de pequenos orifícios ou aberturas, perto 
do local onde o cerebelo se fixa no tronco encefálico. No espaço subaracnóideo, o LCS é absorvido 
pelos vasos por meio de estruturas anatômicas especiais chamadas de granulações aracnóideas – as 
granulações de Pacchioni.
O LCS tem três papéis fundamentais:
• Proteção mecânica: o LCS funciona como um meio amortecedor que protege os delicados tecidos 
do encéfalo e da medula espinal de cargas que, de outra forma, ocasionariam o impacto dessas 
estruturas anatômicas contra as paredes ósseas da cavidade craniana e do canal vertebral. O LCS 
também possibilita que o encéfalo “flutue” na cavidade craniana.
• Papel homeostático: o pH do LCS influencia a ventilação pulmonar e o fluxo sanguíneo 
encefálico, o que é relevante para a manutenção do controle homeostático para o tecido 
encefálico. O LCS também funciona como um sistema de transporte para hormônios 
polipeptídicos secretados pelos neurônios hipotalâmicos que atuam em locais longínquos 
do encéfalo.
• Circulação: o LCS é um meio para trocas secundárias de nutrientes e excretas entre o sangue e o 
tecido encefálico adjacente.
O LCS produzido nos plexos corióideos de cada ventrículo lateral passa para o III ventrículo por 
meio de duas aberturas estreitas e ovais, os forames interventriculares. Mais LCS é introduzido 
pelo plexo corióideo do teto do III ventrículo, e o fluido então escorre pelo aqueduto do 
mesencéfalo, em direção ao IV ventrículo. O plexo corióideo do IV ventrículo colabora com mais 
LCS, que entra no espaço subaracnóideo por meio de três aberturas no teto do IV: uma única 
abertura mediana e duas aberturas laterais, uma em cada lado. Na sequência, o LCS circula no 
canal central da medula espinal e no espaço subaracnóideo que circunda a superfície do encéfalo 
e da medula espinal.
Geralmente, o LCS é reabsorvido tão rapidamente quanto é produzido pelos plexos corióideos, a 
uma taxa de 20 ml/h (480 ml/dia). Como as taxas de produção e de reabsorção se equivalem, a pressão 
liquórica comumente é constante. Pela mesma razão, o volume do LCS fica constante.
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Unidade I
 Lembrete
O LCS é produzido, a partir do sangue, pelas células ependimárias que 
revestem os plexos corióideos dos ventrículos.
2.11 Barreiras encefálicas
O SN apresenta uma série de mecanismos ou táticas que propende a proteger seu parênquima 
de avarias e da entrada de substâncias tóxicas e patógenos. Entre essas técnicas, estão as barreiras 
encefálicas, que agem como uma barreira física, impossibilitando ou bloqueando a passagem de 
substâncias do sangue para o parênquima nervoso (barreira hematoencefálica), do sangue para o LCS 
(barreira hematoliquórica) e do LCS para o tecido nervoso (barreira liquor-encefálica). As barreiras 
são relevantes para o controle do microambiente do parênquima nervoso, a estabilidade de íons e a 
manutenção do ambiente neuroquímico.
 Leitura obrigatória
O que é uma elevação anormal no volume de LCS dentro do crânio? 
Descubra sobre essa e outras situações na Biblioteca Virtual:
SNELL, R. S. O sistema ventricular, o líquido cerebrospinal e as 
barreiras hematoencefálica e hematoliquórica. In: ___. Neuroanatomia 
Clínica. 7. ed. Tradução de Marcio Moacyr de Vasconcelos. Rio de Janeiro: 
Guanabara-Koogan, 2013. Disponível em: <https://online.minhabiblioteca.
com.br/#/books/978-85-277-2451-7/cfi/6/82!/4/4/2/2/2@0:0>. Acesso 
em: 10 dez. 2016.
Indubitavelmente, você irá adquirir informações importantes para o 
seu trabalho voltado para a neurologia infantil.
2.12 A nutrição sanguínea do encéfalo
O encéfalo é nutrido por duas artérias carótidas internas e duas vertebrais. As quatro artérias 
localizam-se dentro do espaço subaracnóideo, e seus ramos se anastomosam sobre a face inferior do 
encéfalo compondo o círculo arterial do cérebro, também chamado de polígono de Willis.
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
Artéria cerebral anterior
Artéria 
cerebral 
média
Artéria carótida 
interna Artéria basilar
Artéria comunicante 
anterior
Artéria 
comunicante 
posterior
Artéria 
cerebral 
posterior
Figura 125 – Círculo arterial do cérebro
A artéria carótida interna se inicia na bifurcação da artéria carótida comum, na qual comumente 
existe uma dilatação localizada chamada de seio carótico. Ela ascende no pescoço e perfura a base do 
crânio atravessando o canal carótico do osso temporal. À vista disso, a artéria prossegue horizontalmente 
para a frente através do seio cavernoso e emerge no lado medial do processo clinoide anterior, ao 
perfurar a dura-máter. Agora, ela adentra o espaço subaracnóideo ao penetrar a aracnoide-máter e 
volta-se posteriormente até a extremidade medial do sulco lateral do cérebro. Aqui, ramifica-se nas 
artérias cerebrais anterior e média.
Artéria carótida comum
Artéria 
carótida 
externa
Artéria 
carótida 
interna 
(parte 
cervical)
Artéria tireóidea superior
Figura 126 – Vista lateral da cabeça e do pescoço
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Unidade I
A artéria vertebral, ramo da primeira parte da artéria subclávia, sobe no pescoço atravessando 
os forames nos processos transversários das vértebras cervicais, adentra o crânio através do forame 
magno e penetra a dura-máter e a aracnoide-máter para alcançar o espaço subaracnóideo. À vista disso, 
prossegue para cima, para a frente e medialmente sobre o bulbo. Na margem inferior da ponte, junta-se 
ao vaso do lado contrário constituindo a artéria basilar.
A artéria basilar, composta pela junção das duas artérias vertebrais, sobe em um sulco na face 
anterior da ponte. Na margem superior da ponte, ramifica-se nas duas artérias cerebrais posteriores.
O círculo arterial do cérebro situa-se na fossa interpeduncular na base do cérebro e é composto pela 
anastomose entre as duas artérias carótidas internas e as duas artérias vertebrais. As artérias comunicante 
anterior, cerebrais anteriores, carótidas internas, comunicantes posteriores, cerebrais posteriores e basilar 
colaboram para o círculo. O círculo arterial do cérebro possibilita que o sangue nutrido pelas artérias 
carótidas internas ou vertebrais seja difundido a qualquer parte dos dois hemisférios cerebrais. Ramos 
corticais e centrais originam-se do polígono e nutrem a substância cerebral.
Variações nos tamanhos das artérias que compõem o círculo arterial do cérebro são frequentes e 
expõem-se à falta de uma ou das duas artérias comunicantes posteriores.
O corpo estriado e a cápsula interna são nutridos especialmente pelos ramos centrais estriados 
mediais e laterais da artéria cerebral média; os ramos centrais da artéria cerebral anterior nutrem o 
restante dessas estruturas anatômicas. O tálamo é nutrido especialmente por ramos das artérias 
comunicante anterior, basilar e cerebral posterior.
O mesencéfalo é nutrido pelas artérias cerebral posterior, cerebelar superior e basilar. A ponte é 
nutrida pelas artérias basilar e cerebelares inferioranterior e superior. Já o bulbo, pelas artérias vertebral, 
espinais anterior e posterior, cerebelar inferior posterior e basilar. Por fim, o cerebelo, pelas artérias 
cerebelares superior, inferior anterior e inferior posterior.
3 SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO
Nossos pensamentos conscientes, planos e atos concebem somente uma pequena fração das 
atividades do SN. Se toda a consciência fosse abolida, os processos vitais fisiológicos ainda permaneceriam 
praticamente inalterados, como uma noite de sono não é um fato que ameace a vida. Além disso, 
profundas condições de inconsciência não são essencialmente mais ameaçadoras, desde que a nutrição 
do organismo seja provida.
Indivíduos que sofreram graves traumatismos cranioencefálicos sobreviveram em coma durante 
décadas. A sobrevivência nessas conjunturas é provável, porque os ajustes rotineiros nos sistemas 
fisiológicos são executados pelo sistema nervoso autônomo (SNA), independentemente de nosso 
discernimento consciente. O SNA regula a temperatura corporal e coordena os papéis cardiovasculares, 
respiratórios, digestivos, urinários e reprodutores. De tal modo realizando-o, adequa a água, os eletrólitos, 
os nutrientes e as concentrações de gases dissolvidos nos líquidos corporais.
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
A designação SNA foi mencionada no século passado porque os anatomistas que o descreveram 
acreditavam que seus elementos funcionassem com certa independência do SNC. Atualmente, sabe-se 
que esse sistema não tem autonomia, portanto outros nomes foram sugeridos: sistema neurovegetativo, 
sistema nervoso visceral, vegetativo, autonômico e automático. Nenhum desses termos se revelou 
apropriado. A designação “sistema nervoso autônomo”, ainda que incorreta e limitada para exprimir seu 
papel, é a mais convencional e radicada. Realmente, como indica o próprio termo autônomo (grego: 
autónomos = regido por leis próprias, independente), referente a essa subdivisão motora do SNP ao 
apresentar uma certa independência funcional.
Esse tópico estuda a estrutura anatômica e as partes do SNA. Cada parte possui uma organização 
anatômica e funcional característica. Nosso estudo sobre o SNA se iniciará com a descrição das 
partes simpática e parassimpática. Entretanto, o SNA também abrange uma terceira parte a qual 
a maioria dos indivíduos desconhece: o sistema nervoso entérico (SNE) – uma extensa rede de 
neurônios e nervos situada nas paredes do trato digestório. Ainda que as atividades do SNE sejam 
influenciadas pelas partes simpática e parassimpática, muitos reflexos viscerais complexos podem 
ser principiados e coordenados localmente, sem instruções do SNC. Em conjunto, o SNE tem 
aproximadamente 100 milhões de neurônios – pelo menos a mesma quantidade que na medula 
espinal – e todos os neurotransmissores no encéfalo.
3.1 As diferenças anatômicas, fisiológicas e farmacológicas relevantes entre 
as partes simpática e parassimpática do SNA
Com base em suas características anatômicas, funcionais e farmacológicas, o SNA pode ser dividido 
em duas partes: simpática e parassimpática. A seguir apontamos algumas dessas diferenças encontradas 
no SNA.
3.1.1 Diferenças anatômicas
Essas diferenças dizem respeito, naturalmente, à morfologia, bem como determinam a localização 
dos corpos dos neurônios pré e pós-ganglionares, o tamanho das fibras pré e pós-ganglionares e a 
posição dos gânglios, a saber:
• O corpo do neurônio pré-ganglionar localiza-se entre os segmentos T1 e L2 da medula espinal 
na parte simpática, enquanto na parte parassimpática localiza-se no tronco encefálico e entre os 
segmentos S1 e S4 da medula espinal.
• O corpo do neurônio pós-ganglionar localiza-se nos gânglios paravertebrais e nos gânglios pré-vertebrais 
na parte simpática, enquanto na parte parassimpática localiza-se nos gânglios parassimpáticos.
• A fibra pré-ganglionar é curta na parte simpática e longa na parte parassimpática.
• A parte simpática apresenta longas fibras pós-ganglionares, enquanto a parte parassimpática tem 
fibras curtas.
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Unidade I
• A posição do gânglio é próxima do SNC, na parte simpática, e das vísceras, portanto longe do SNC 
na parte parassimpática.
A figura a seguir mostra as diferenças anatômicas entre as partes simpática e parassimpática do SNA.
Vísceras:
Glândula lacrimal
Coração
Bexiga urinária
Parassimpático
Parassimpático
Simpático
Figura 127 – Diferenças anatômicas entre os sistemas nervosos simpático e parassimpático
3.1.2 Diferenças fisiológicas
Essas diferenças dizem respeito, naturalmente, à função. Em geral, as partes simpática e 
parassimpática apresentam ações antagônicas. Por exemplo, no coração, o simpático gera a 
taquicardia e o parassimpático a bradicardia. Poucas vísceras são inervadas apenas pelo simpático 
ou pelo parassimpático.
A parte simpática do sistema desempenha papel difuso no organismo, porque as fibras 
pré-ganglionares compõem sinapses com diversos neurônios pós-ganglionares e a medula suprarrenal 
libera os transmissores simpáticos, como a adrenalina e a noradrenalina, que são distribuídos a todo 
o organismo através da corrente sanguínea. A parte parassimpática do SNA apresenta um controle 
mais individualizado, porque as fibras pré-ganglionares realizam sinapses com apenas alguns neurônios 
pós-ganglionares e não há um órgão comparável à medula suprarrenal.
As terminações pós-ganglionares simpáticas liberam noradrenalina na maioria das terminações e 
acetilcolina em algumas terminações, como as glândulas sudoríparas. As terminações pós-ganglionares 
parassimpáticas liberam acetilcolina.
A parte simpática do SNA prepara o organismo para emergências e atividade muscular intensa, 
enquanto a parte parassimpática poupa e armazena energia.
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
 Lembrete
A parte simpática do SNA: sistema de alerta.
A parte parassimpática do SNA: sistema de equilíbrio visceral.
A fim de promover o aprendizado das diferentes ações desses dois elementos do SNA, pode ser benéfico 
pensar que a atividade simpática é máxima em um homem que se encontra em um descampado com 
um touro prestes a agredi-lo. Seus pelos são arrepiados com temor e sua pele empalidece em razão da 
vasoconstrição, que redistribui o sangue da pele e das vísceras para o miocárdio e os músculos estriados 
esqueléticos. As pálpebras superiores são elevadas e as pupilas se dilatam vastamente para que ele possa 
observar em qual direção correr. Sua frequência cardíaca se eleva, bem como a resistência periférica das 
arteríolas, o que aumenta a pressão arterial. Os brônquios se dilatam para possibilitar fluxo respiratório 
máximo de ar. A atividade peristáltica é inibida e os esfíncteres intestinais são contraídos. O músculo 
esfíncter interno da uretra também é contraído – com certeza essa não é a ocasião para urinar ou defecar! 
O glicogênio é convertido em glicose para produzir energia e ele sua para reduzir calor corporal.
Figura 128 – Este indivíduo está fazendo hábil utilização da parte simpática do SNA
 Lembrete
Geralmente, tanto a parte simpática como a parassimpática apresentam 
papéis antagônicos (contrários), ou seja, uma corrige o excesso da outra.
3.1.3 Diferenças farmacológicas
Para que aconteça a transmissão do impulso nervoso das fibras autônomas para as vísceras, deve 
existir nesse local a liberaçâo de neurotransmissores, como a noradrenalina (NA) e a acetilcolina (ACh).
Reconhecer as localizações dos subtipos de receptores colinérgicos e adrenérgicos possibilita a prescrição 
de fármacos específicospara a aquisição dos efeitos inibitórios ou excitatórios em órgãos-alvo seletivos.
Por exemplo, a atropina, um fármaco anticolinérgico que bloqueia receptores muscarínicos da ACh, é 
rotineiramente administrado antes de cirurgias para prevenir a salivação e diminuir as secreções do sistema 
respiratório. Ela também é utilizada pelos oftalmologistas a fim de dilatar as pupilas para exame do olho.
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Unidade I
O fármaco anticolinesterásico neostigmina inibe a acetilcolinesterase, precavendo, de tal modo, a 
quebra enzimática da ACh e possibilitando que ela se acumule nas sinapses. Ele também é utilizado no 
tratamento da miastenia grave, uma situação em que a atividade do músculo estriado esquelético está 
danificada pela falta de estimulação da ACh.
A NA é um de nossos neurotransmissores da “sensação legal”, e fármacos que estendem a atividade da 
NA na membrana pós-sináptica auxiliam a melhorar a depressão. Os fármacos utilizados no tratamento 
de resfriados, tosse, alergias e congestão nasal incluem simpaticomiméticos, como a fenilefrina, que 
mimetiza o simpático atuando em receptores α-adrenérgicos.
Muitas pesquisas farmacêuticas estão voltadas para a obtenção de fármacos que afetam somente 
uma subclasse de receptores, e não todo o sistema adrenérgico ou colinérgico. Uma relevante contribuição 
foi a descoberta de fármacos que ativam especialmente receptores β2. Indivíduos asmáticos utilizam 
esses ativadores β2 para dilatarem seus bronquíolos pulmonares sem a ativação de receptores β1, que 
poderiam elevar sua frequência cardíaca. Classes seletivas de fármacos que controlam a atividade do 
SNA são mostradas no quadro a seguir.
Quadro 7
Classe do fármaco Receptor a que se liga Efeitos Exemplo Uso clínico
Agentes nicotínicos (pouco 
valor terapêutico, porém 
relevantes em razão de sua 
presença no tabaco).
Receptores nicotínicos 
da ACh de todos os 
neurônios ganglionares 
e no SNC.
Efeitos característicos de 
estimulação simpática, 
ritmo cardíaco irregular, 
pressão sanguínea 
elevada.
Nicotina. Utilizada em produtos 
para reduzir a 
dependência do fumo.
Agentes 
parassimpaticomiméticos 
(agentes muscarínicos).
Receptores muscarínicos 
da ACh.
Copia os efeitos da 
ACh, eleva os efeitos 
do SNP.
1-Pilocarpina;
2-Betanecol.
1-Glaucoma (drenagem 
do humor aquoso);
2-Dificuldade para urinar 
(eleva a contração da 
bexiga urinária).
Inibidores de 
acetilcolinesterase.
Nenhum, se liga à 
enzima (AChE) que 
degrada a ACh.
Efeito indireto em 
todos os receptores da 
ACh, estende o efeito 
da ACh. 
1-Neostigmina; 
2-Sarin.
1-Miastenia grave (eleva 
a disponibilidade da ACh);
2-Utilizado como arma 
química em guerras 
(da mesma maneira, é 
vastamente utilizado 
como inseticida).
Agentes 
simpaticomiméticos.
Receptores adrenérgicos. Eleva a atividade 
simpática prática 
em consequência 
da maior liberação 
de NA ou de sua 
ligação aos receptores 
adrenérgicos.
1-Albuterol 
(Ventolin);
2-Fenilefrina.
1-Asma (dilata os 
bronquíolos por se ligar 
aos receptores β2);
2-Resfriado 
(descongestionante 
nasal, liga-se aos 
receptores α1).
Agentes simpaticolíticos. Receptores adrenérgicos. Reduz a atividade 
simpática por 
bloquear receptores 
adrenérgicos ou inibir 
a liberação de NA.
Propranolol. Hipertensão arterial 
(membro de uma classe 
de fármacos designados 
de β-bloqueadores que 
diminuem a frequência 
cardíaca e a pressão 
sanguínea).
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
 Lembrete
A parte simpática do SNA é noradrenérgica, isto é, ativada pela 
noradrenalina, enquanto a parte parassimpática do SNA é colinérgica, ou 
seja, ativada pela acetilcolina.
3.2 Papéis do SNA
O SNA e os órgãos endócrinos mantêm a homeostase corporal. O controle endócrino é mais vagaroso 
e desempenha sua influência por meio dos hormônios hematogênicos.
Na maior parte do tempo, o SNA funciona no nível subconsciente. Não pressentimos, por exemplo, 
que nossas pupilas estão dilatando ou que as nossas artérias estão se constringindo. O sistema não 
deve ser notado como uma parte isolada do sistema nervoso, pois é sabido que ele exerce um papel 
com as atividades somáticas na expressão das emoções e que diversas atividades autonômicas, como a 
micção, podem ser mantidas sob controle voluntário. As atividades do SNA e dos órgãos endócrinos são 
integradas dentro do hipotálamo.
As partes simpática e parassimpática do SNA colaboram na manutenção da estabilidade do ambiente 
interno. A parte simpática prepara e mobiliza o organismo em uma emergência, quando há atividade 
física intensa e súbita, pânico ou ira. Já a parte parassimpática procura manter e armazenar energia, 
como no requerimento da digestão e da absorção de alimentos ao elevar as secreções das glândulas do 
trato gastrintestinal e ao estimular o peristaltismo, conforme ilustra a figura a seguir.
Figura 129
Nada como uma excelente refeição e uma poltrona aconchegante para facilitar as atividades da 
parte parassimpática do SNA.
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Unidade I
 Lembrete
A divisão em sistema nervoso simpático e parassimpático baseia-se 
não apenas nas características anatômicas específicas de cada divisão, mas 
também nas funções desempenhadas por elas.
3.3 Reações do SNA
A maior parte dessa fina regulação acontece inconscientemente ou sem nossa atenção. Você pode 
sentir quando as suas artérias estão contraindo ou suas pupilas dilatando? Possivelmente, não. Porém, 
se já ficou fechado num elevador antes de poder chegar ao banheiro e a sua bexiga urinária resolveu 
contrair como se tivesse vontade própria, você teve uma excelente noção dessa atividade. Essas reações, 
sendo conscientes ou não, são controladas pelo SNA.
Apresentamos duas condições extremas nas quais uma ou outra parte do SNA domina. Um caminho 
mais fácil para rememorar os papéis relevantes das duas partes do SNA é refletir sobre o parassimpático 
como a parte do “D”, ou seja, digestão, defecação e diurese (micção) e sobre o simpático como a parte 
do “E”, isto é, exercício, excitação, emergência e embaraço. Lembre-se, todavia, de que, embora seja 
mais fácil refletir sobre as duas partes do SNA trabalhando de uma forma “tudo ou nada”, como foi 
exibido, isso raramente ocorre. Um antagonismo dinâmico há entre as partes, e adaptações finas estão 
ininterruptamente acontecendo nas duas.
As partes simpática e parassimpática do SNA, em geral, cumprem controle antagonista sobre uma 
víscera. Entretanto, deve-se salientar que muitas vísceras não apresentam esse controle dual fino do 
SNA. Por exemplo, o músculo liso dos folículos pilosos; o músculo eretor do pelo responde à atividade 
simpática com contração e não existe controle parassimpático.
As atividades de algumas vísceras são mantidas sob um estado constante de inibição por um 
ou outro elemento do SNA. O coração de um atleta treinado é mantido em frequência baixa pelas 
atividades do sistema parassimpático. Isso tem relevância estimável, porque o coração é uma bomba 
mais eficaz quando se contrai lentamente do que durante contrações muito velozes, uma vez que 
possibilita enchimento diastólico apropriado dos ventrículos.
Sintetizaremos, a seguir, as respostas mais relevantes ocorridas nas duas partes do SNA. Perante o 
perigo, a parte simpática estimula “luta ou fuga”. Desse modo, acontecem:
• Produção de energia, deixando o indivíduo extremamente precavido com o objetivo de se proteger, 
ao mesmo tempo em que acontece a inibição das funções digestivas, abrangendo a salivação.• Contração de todos os esfíncteres intestinais e inibição do peristaltismo.
• Contração do esfíncter urinário.
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
• Vasoconstrição periférica, reduzindo o aporte sanguíneo na pele e no trato gastrintestinal. O 
sangue é mais dirigido para a musculatura estriada esquelética e também para os pulmões.
• Dilatação dos bronquíolos, nos pulmões, o que permite maior troca gasosa.
• Vasodilatação das artérias coronárias.
• Elevação dos batimentos cardíacos quando estamos com receio, assim como aumento da contração 
das células cardíacas – esse é um dos mecanismos que permitem maior aporte sanguíneo para a 
musculatura estriada esquelética, como um preparo para a “luta”.
• Dilatação da pupila, quando o indivíduo está com receio e existe o relaxamento do músculo ciliar, 
tornando o cristalino mais “raso”, o que permite chegar mais luz à retina.
• Estimulação da sudorese, do orgasmo e da secreção de adrenalina e noradrenalina.
A parte parassimpática, por sua vez, provoca o retorno às funções vegetativas regulares, harmonizando 
uma digestão apropriada e sensação de tranquilidade. De tal modo, acontecem:
• Dilatação dos vasos sanguíneos que se dirigem ao trato gastrintestinal, causando, consequentemente, 
maior afluxo sanguíneo no sistema digestório, que tem grande demanda metabólica.
• Elevação da secreção das glândulas salivares e aceleração do peristaltismo, o que, em conjunto 
com o maior fluxo sanguíneo para o sistema digestório, gera a favorável absorção de nutrientes.
• Constrição dos bronquíolos.
• Controle e regulação dos batimentos cardíacos, especialmente por ramos do X par de nervos 
cranianos, o nervo vago.
• Constrição da pupila e “ajuste” do cristalino.
• Contração da bexiga urinária.
• Envolvimento no estímulo do desejo sexual e na ereção dos órgãos genitais.
A figura a seguir representa as ações das partes simpática e parassimpática do SNA.
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Unidade I
Figura 130 – Resumo de algumas ações do SNA
3.4 Sistema nervoso entérico
O canal alimentar, além de ser inervado pelo SNA e considerado o suprimento nervoso extrínseco, 
recebe um suprimento nervoso intrínseco, o sistema nervoso entérico. Esse sistema trabalha sem a 
interferência direta do hipotálamo e o restante do SNC, coordenando as complexas funções que ali 
acontecem. O SNE, considerado o “cérebro dos intestinos”, situa-se inteiramente na parede do intestino, 
principiando no esôfago e estendendo-se até o ânus.
 Lembrete
O SNE é a parte do sistema nervoso que funciona independentemente 
do hipotálamo e do resto do SNC, coordenando as complexas funções que 
acontecem no canal alimentar.
Como o SNC, o SNE é formado por neurônios e neuroglias, as neuroglias entéricas, que são 
fundamentais para manter a integridade da mucosa intestinal. Ele apresenta um número de neurônios 
semelhante ao da medula espinal, calculado em cerca de 100 milhões de neurônios.
Ainda que esse número seja, aproximadamente, mil vezes menor que o do córtex cerebral, o elevado 
número de neurônios, por si só, evidencia a relevância desse sistema para a função gastrintestinal. Com essa 
quantidade de neurônios, as movimentações e as secreções organizadas pelo SNE são bastante concisas.
Deste modo, o SNE é composto por neurônios motores e sensitivos ligados por interneurônios 
organizados em dois circuitos neuronais interconectados: o plexo submucoso, ou de Meissner, e o plexo 
mioentérico, ou de Auerbach.
O plexo submucoso localiza-se na camada submucosa, mais exatamente entre a camada muscular 
circular e a mucosa, controlando as secreções gastrintestinais, pois ele inerva as glândulas secretoras, além 
do fluxo sanguíneo local. Já o mioentérico, externo em relação ao submucoso, situa-se entre as camadas 
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
musculares longitudinal externa e circular interna controlando as movimentações gastrintestinais, como 
a segmentação e o peristaltismo. Por isso o estímulo para que sejam executadas movimentações que 
empurrem o conteúdo alimentar para frente, ou seja, o peristaltismo, e misturá-lo com as enzimas, ou 
seja, a segmentação. Portanto, a pressão que é exercida nas paredes do canal alimentar determinará o 
tipo de movimento promovido pelo SNE.
Embora o SNE funcione sem a necessidade dos nervos extrínsecos do SNA, as estimulações simpática 
e parassimpática podem inibir ou estimular ainda mais as funções gastrintestinais.
A estimulação simpática tende a inibir as secreções e as movimentações peristálticas, e a estimulação 
parassimpática aciona as secreções e o peristaltismo.
Para findar, vale relembrar que o SNE não é completamente autônomo. Ele recebe informações 
indiretas do encéfalo por meio de axônios das partes simpática e parassimpática, que proveem um 
controle extra e podem sobrepor-se às funções da parte entérica em algumas ocasiões, como em casos 
de estresse agudo.
4 SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO
Toda a elegância do encéfalo humano seria infrutífera sem as suas ligações com o mundo exterior. 
Pondere uma experiência elucidando essa afirmativa: voluntários de olhos vendados que foram 
mantidos erguidos em um tanque de água morna com privação sensorial (uma condição que limita 
as aferências sensoriais) tiveram delírios. Um deles via elefantes que eram ora de cor rosa, ora de cor 
púrpura. Outro escutava um coro de vozes; outros, ainda, tinham delírios gustatórios. Grande parte 
de nossa salubridade está sujeita a um fluxo contínuo de dados do meio externo.
Não menos relevante para nosso conforto são os comandos do SNC emitidos aos músculos estriados 
esqueléticos e a outros órgãos efetores do corpo humano, os quais possibilitam que nos mexamos e 
zelemos por contentar nossas necessidades. O SNP provê essas ligações entre o mundo exterior e o 
nosso corpo. Fibras nervosas brancas cursam cada parte do corpo, permitindo que o SNC receba dados 
e realize suas resoluções.
O SNP abrange todas as estruturas neurais que se situam externamente ao encéfalo e à medula 
espinal, a saber: os nervos periféricos e seus gânglios agregados, bem como as terminações nervosas.
4.1 Os nervos periféricos
Os nervos são estruturas compostas por feixes de fibras nervosas que se mostram cobertas por um 
tecido conjuntivo, o que lhes dá uma coloração clara e serve para ligar a parte do SNC à parte do SNP.
 Observação
Os nervos podem ser de dois tipos: cranianos ou espinais.
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Unidade I
Os 12 pares de nervos cranianos apresentam esse nome, porque se originam do encéfalo, dentro da 
cavidade craniana, e passam através de diversos forames do crânio.
Cada nervo craniano possui um número, indicado por um numeral romano, e um nome. Os números 
lembram a ordem, de anterior para posterior, na qual os nervos se originam no encéfalo. Os nomes 
identificam a distribuição ou o papel dos nervos.
Três nervos cranianos (I, II e VIII) abrangem axônios de neurônios sensitivos e são, assim, chamados 
de nervos sensitivos especiais. Na cabeça, eles são peculiares e estão conexos aos sentidos especiais do 
olfato, da visão e da audição, concomitantemente. Os corpos celulares da maioria dos nervos sensitivos 
estão situados em gânglios localizados fora do encéfalo.
Cinco nervos cranianos (III, IV, VI, XI e XII) são classificados como nervos motores, pois abrangem 
somente axônios de neurônios motores quando deixam o tronco encefálico.
Os quatro nervos cranianos (V, VII, IX e X) são nervos mistos,abrangem axônios de neurônios 
sensitivos que adentram o encéfalo e neurônios motores que deixam o encéfalo.
 Leitura obrigatória
Convidamos você a acessar a Biblioteca Virtual, a identificar os nervos 
cranianos pelo seu nome, número e tipo, a relatar o papel de cada um e a 
compreender as suas correlações clínicas.
TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia e fisiologia. 14. 
ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2016, p. 507-19. Disponível em: 
<https://online.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527728867/
cfi/6/48!/4/572/2@0:66.6>. Acesso em: 15 dez. 2016.
Lesões na cabeça e choques fortes abalando o encéfalo são eventos frequentes 
em acidentes de carro. Os nervos cranianos parecem estar bem resguardados no 
lado inferior do encéfalo, porém o encéfalo, mergulhado em LCS, é como um 
tronco molhado de água; um golpe no topo da cabeça pode gerar um ricochete 
sério do encéfalo no assoalho do crânio. Exames neurológicos habituais abrangem 
testes para observar falhas orgânicas dos nervos cranianos.
Pedimos a você que conheça os métodos clínicos mais rotineiramente 
utilizados para estabelecer as disfunções dos nervos cranianos. Para isso, 
entre na Biblioteca Virtual:
VAN DE GRAAFF, K. M. Anatomia humana. 6. ed. São Paulo: Manole, 
2003. p. 413. Disponível em: <https://online.minhabiblioteca.com.br/#/
books/9788520452677/cfi/435!/4/4@0.00:51.7>. Acesso em: 10 dez. 2016.
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
Os 31 pares de nervos espinais – 8 pares de nervos cervicais, 12 torácicos, 5 lombares, 5 sacrais e 1 
coccígeo – têm origens na medula espinal e emergem através dos forames intervertebrais. Cada nervo 
espinal é composto por fibras sensitivas e motoras, sendo, portanto, todos os pares nervos mistos.
Salvo nos nervos torácicos T2 a T12, os ramos anteriores dos nervos espinais associam-se entre si e se 
separam outra vez como redes de fibras nervosas para compor os plexos nervosos. Existem quatro plexos 
de nervos espinais: cervical, braquial, lombar e sacral. Os nervos emergem dos plexos e são denominados 
conforme as estruturas que eles inervam ou o trajeto que eles prosseguem.
 Leitura obrigatória
Convidamos você a compreender a formação dos plexos nervosos. Para 
tanto, acesse a Biblioteca Virtual:
VAN DE GRAAFF, K. M. Anatomia humana. 6. ed. São Paulo: Manole, 
2003. p. 415-25. Disponível em: <https://online.minhabiblioteca.com.br/#/
books/9788520452677/cfi/438!/4/4@0.00:49.8>. Acesso em: 15 dez. 2016.
4.2 Os gânglios
Dividem-se em gânglios sensitivos dos nervos espinais, ou seja, os gânglios das raízes posteriores e 
dos nervos cranianos, e gânglios autonômicos.
Os gânglios sensitivos são tumefações fusiformes localizadas na raiz posterior de cada nervo espinal, 
logo proximais à junção da raiz com uma raiz anterior correspondente; são chamados de gânglios das 
raízes posteriores. Gânglios idênticos que também são encontrados ao longo do percurso dos nervos 
cranianos V, VII, VIII, IX e X são designados como gânglios sensitivos desses nervos.
Figura 131 – Gânglio espinal (apontado pela pinça)
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Unidade I
Os gânglios autonômicos, muitos dos quais apresentam forma irregular, localizam-se ao longo do percurso 
das fibras nervosas motoras do SNA. São encontrados nas cadeias simpáticas paravertebrais em volta das 
raízes das grandes artérias viscerais no abdome, e próximo das paredes de várias vísceras ou encravados nelas.
 Observação
A doença herpes-zóster é uma infecção viral do gânglio espinal, causa 
dor e comumente é unilateral. São agrupamentos de vesículas na pele cheias 
de líquido dispostas ao longo dos percursos dos nervos sensitivos periféricos 
atingidos. A doença se desenvolve em adultos que foram expostos primeiro 
ao vírus quando crianças e frequentemente é autolimitante. O tratamento 
pode envolver doses altas de drogas antivirais como aciclovir (zovirax).
4.3 As terminações nervosas
Em sua parte distal, os nervos vão entrar em contato com os órgãos periféricos por meio de terminações 
nervosas, que podem ser sensoriais ou motoras. As terminações nervosas sensoriais, também chamadas de 
receptores sensoriais, serão vulneráveis a determinado tipo de estímulo, a partir do qual desencadearão 
o surgimento de impulsos nervosos nas fibras sensitivas ao SNC. Existem, de tal modo, receptores táteis, 
térmicos e dolorosos. Do ponto de vista morfológico, os receptores poderão expor-se como terminações 
nervosas livres ou ser envolvidos por cápsulas ou formações de natureza conjuntiva.
As terminações nervosas motoras irão determinar o contato entre as fibras nervosas e os efetuadores, 
ou seja, os músculos ou as glândulas. Elas podem ser chamadas de junções neuromusculares ou junções 
neuroglandulares. Morfologicamente, essas terminações se semelham às sinapses entre os neurônios, 
acontecendo a liberação de um neurotransmissor, que agirá na membrana do efetuador.
Pressão: Vater-Pacini
Terminações livres
Fuso neuromuscular 
propriorreceptor
Terminação tendínea 
propriorreceptora
Ruffini Krause
Meissner
Figura 132 – Terminações nervosas sensoriais, como observadas ao microscópio óptico
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ANATOMIA DOS SISTEMAS
 Resumo
Vimos nesta unidade que o SNC é formado pelo encéfalo e pela 
medula espinal e apresenta substâncias cinzenta e branca. Está 
envolvido por meninges e banhado em LCS. A dura-máter é a meninge 
mais externa, espessa e em contato íntimo com o tecido ósseo. A 
aracnoide-máter é uma meninge em forma de rede que envolve o 
espaço subaracnóideo, que contém LCS. A delgada pia-máter junta em 
todo o contorno do SNC. Os ventrículos laterais (I e II), bem como o III e 
o IV ventrículos, são cavidades interligadas no interior do encéfalo que 
são sucessivas com o canal central da medula espinal. Essas cavidades 
são cheias de LCS, que compõe-se ininterruptamente pelos plexos 
corióideos a partir do plasma sanguíneo, sendo reabsorvido para o 
sangue pelas granulações aracnóideas.
Os neurônios são as unidades fundamentais estruturais e funcionais 
do SN, e células especializadas, chamadas neuroglias, oferecem suporte 
estrutural e funcional para as suas atividades. Um neurônio apresenta 
dendritos, um corpo celular e um axônio. Há vários tipos de neuroglias, como 
os oligodendrócitos, as micróglias, os astrócitos e as células ependimárias 
– encontradas no SNC – e as células de Schwann – encontradas no SNP.
O cérebro, consistindo de dois hemisférios convolutos, relaciona-se com 
as funções mais elevadas do encéfalo. O córtex cerebral possui circunvoluções 
com giros e sulcos. Cada hemisfério cerebral apresenta os lobos frontal, parietal, 
temporal e occipital. O lobo da ínsula localiza-se profundamente no interior do 
cérebro e não pode ser observado externamente. Os núcleos da base são massas 
especializadas de substância cinzenta encontradas no interior da substância 
branca do cérebro. O diencéfalo é composto de tálamo, hipotálamo, epitálamo e 
subtálamo. O tronco encefálico é dividido em três partes: o mesencéfalo, a ponte 
e o bulbo. O mesencéfalo apresenta os corpos quadrigêmeos e os pedúnculos 
cerebrais. A ponte consiste em tratos de fibras que comunicam o cerebelo e o 
bulbo com outras estruturas do encéfalo. O bulbo, que conecta o encéfalo à 
medula espinal, é composto de tratos ascendentes e descendentes da medula 
espinal. O cerebelo, outra parte do encéfalo, é formado por dois hemisférios 
unidos pelo verme e sustentado por três pares de pedúnculos cerebelares.
A medula espinal é caracterizada por uma intumescência cervical, umaintumescência lombossacral e dois sulcos longitudinais, que a dividem 
parcialmente em metades direita e esquerda. Tratos espinais ascendentes 
e descendentes da medula espinal são chamados de funículos. O sangue 
arterial atinge o encéfalo por meio das artérias carótidas internas e das 
artérias vertebrais.
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Unidade I
O SNP é composto de gânglios, terminações nervosas e nervos, divididos 
em dois tipos: cranianos e espinais. Os 12 pares de nervos cranianos estão 
conexos com o encéfalo e os 31 pares de nervos espinais estão ligados com 
a medula espinal.
O SNA, uma divisão funcional do SN, é composto de partes do SNC e 
partes do SNP. Músculo liso, músculo estriado cardíaco e glândulas recebem 
inervação autônoma.

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