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ANATOMIA I e II 
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Sumário 
 
Sumário ...................................................................................................................... 1 
NOSSA HISTÓRIA ..................................................................................................... 2 
História da Anatomia................................................................................................. 3 
VESÁLIO .............................................................................................................................. 9 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ANATOMIA ......................................................... 13 
Definição .......................................................................................................................... 13 
Divisão.............................................................................................................................. 13 
PARTES CONSTITUINTES DO CORPO HUMANO ................................................ 15 
NOMENCLATURA ANATÔMICA ............................................................................. 18 
Posição Anatômica ........................................................................................................... 18 
Planos de Inscrição ........................................................................................................... 19 
Eixos ortogonais e Planos de Secção ................................................................................. 20 
Planos de Secção do Corpo ............................................................................................... 20 
Termos de Posição.................................................................................................. 22 
Termos de Direção .................................................................................................. 23 
Termos de Situação ................................................................................................ 24 
Outros termos de descrição anatômica ................................................................ 25 
CAVIDADES DO CORPO ......................................................................................... 31 
NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL DO CORPO HUMANO ...................... 33 
SISTEMAS ................................................................................................................ 35 
Referências .............................................................................................................. 41 
 
 
2 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, 
em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo 
serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação 
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. 
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que 
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de 
publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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História da Anatomia 
 
 O conhecimento anatômico do corpo humano data de quinhentos anos antes 
de Cristo no sul da Itália com Alcméon de Crotona, que realizou dissecações em 
animais. Pouco tempo depois, um texto clínico da escola hipocrática descobriu a 
anatomia do ombro conforme havia sido estudada com a dissecação. Aristóteles 
mencionou as ilustrações anatômicas quando se referiu aos paradigmas, que 
provavelmente eram figuras baseadas na dissecação animal. No século III A.C., o 
estudo da anatomia avançou consideravelmente na Alexandria. Muitas descobertas 
lá realizadas podem ser atribuídas a Herófilo e Erasístrato, os primeiros que 
realizaram dissecações humanas de modo sistemático. A partir do ano 150 A..C. a 
dissecação humana foi de novo proibida por razões éticas e religiosas. O 
conhecimento anatômico sobre o corpo humano continuou no mundo helenístico, 
porém só se conhecia através das dissecações em animais. No século II D.C., Galeno 
dissecou quase tudo, macacos e porcos, aplicando depois os resultados obtidos na 
anatomia humana, quase sempre corretamente; contudo, alguns erros foram 
inevitáveis devido à impossibilidade de confirmar os achados em cadáveres humanos. 
Galeno desenvolveu assim mesmo a doutrina da “causa final”, um sistema teológico 
que requeria que todos os achados confirmassem a fisiologia tal e qual ele a 
compreendia. 
 Porém não chegaram até nós as ilustrações anatômicas do período clássico, 
sendo as “séries de cinco figuras” medievais dos ossos, veias, artérias, órgãos 
internos e nervos são provavelmente cópias de desenhos anteriores. Invariavelmente, 
as figuras são representadas numa posição semelhante a de uma rã aberta, para 
demonstrar os diversos sistemas, às vezes, se agrega uma sexta figura que 
representa uma mulher grávida e órgãos sexuais masculinos ou femininos. Nos 
antigos baixos-relevos, camafeus e bronzes aparecem muitas vezes representações 
de esqueletos e corpos encolhidos cobertos com a pele (chamados lêmures), de 
caráter mágico ou simbólico mais que esquemático e sem finalidade didática alguma. 
 
 Parece que o estudo da anatomia humana recomeçou mais por razões práticas 
que intelectuais. A guerra não era um assunto local e se fez necessária dispor de 
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meios para repatriar os corpos dos mortos em combate. O embalsamento era 
suficiente para trajetos curtos, mas as distâncias maiores como as Cruzadas 
introduziram a prática de “cocção dos ossos”. A bula pontifica de sepulturis de 
Bonifácio VIII (1300), que alguns historiadores acreditaram equivocadamente proibir 
a dissecção humana, tentava abolir esta prática. O motivo mais importante para a 
dissecação humana, foi o desejo de saber a causa da morte por razões 
essencialmente médico-legais, de averiguar o que havia matado uma pessoa 
importante ou elucidar a natureza da peste ou outra enfermidade infecciosa. 
 O verbo “dissecar” era usado também para descrever a operação cesariana 
cada vez mais frequente. A tradição manuscrita do período medieval não se baseou 
no mundo natural. As ilustrações anteriores eram aceitas e copiadas. Em geral, a 
capacidade dos escritores era limitada e ao examinar a realidade natural, introduziram 
pelo menos alguns erros, tanto de conceito como de técnica. As coisas “eram vistas” 
tal qual os antigos e as ilustrações realistas eram consideradas como um curto-circuito 
do próprio método de estudo. 
 
 A anatomia não era uma disciplina independente, mas um auxiliar da cirurgia, 
que nessa época era relativamente grosseira e reunia sobre todo conhecer os pontos 
apropriados para a sangria. Durante todo o tempo que a anatomia ostentou essa 
qualidade oposta à prática, as figuras não-realistas e esquemáticas foram suficientes. 
 O primeiro livro ilustrado com imagens impressas mais do que pintadas foi a 
obra de Ulrich Boner Der Edelstein. Foi publicada por Albrecht Plister em Banberg 
5 
 
 
depois de 1460 e suas ilustrações foram algo mais que decorações vulgares. Em 1475, 
Konrad Megenberg publicou seu Buch der Natur, que incluía várias gravuras em 
madeira representando peixes, pássaros e outros animais, assim como plantas 
diversas. Essas figuras, igual a muitas outras pertencentes a livros sobrea natureza 
e enciclopédias desse período, estão dentro da tradição manuscrita e são dificilmente 
identificáveis. 
 Dentre os muitos fatores que contribuíram para o desenvolvimento da técnica 
ilustrativa no começo do século XVI, dois ocuparam lugar destacado: o primeiro foi o 
final da tradição manuscrita consistente em copiar os antigos desenhos e a conversão 
da natureza em modelo primário. Chegou-se ao convencimento de que o mais 
apropriado para o homem era o mundo natural e não a posteridade. O escolasticismo 
de São Tomás de Aquino havia preparado inadvertidamente o caminho através da 
separação entre o mundo natural e o sobrenatural, prevalecendo a teologia sobre a 
ciência natural. O segundo fator que influiu no desenvolvimento da ilustração científica 
para o ensino foi a lenta instauração de melhores técnicas. No começo os editores, 
com um critério puramente quantitativo, pensaram que com a imprensa poderiam 
fazer grande quantidade de reproduções de modo fácil e barato. Só mais tarde 
reconheceram a importância que cada ilustração fosse idêntica ao original. A 
capacidade para repetir exatamente reproduções pictórica, daquilo que se observava, 
constituiu a característica distinta de várias disciplinas científicas, que descartaram 
seu apoio anterior à tradição e aceitação de uma metodologia, que foi descritiva no 
princípio e experimental mais tarde. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 As primeiras ilustrações anatômicas impressas baseiam-se na tradição 
manuscrita medieval. O Fasciculus medicinae era uma coleção de textos de autores 
contemporâneos destinada aos médicos práticos, que alcançou muitas edições. Na 
primeira (1491) utilizou-se a xilografia pela primeira vez, para figuras anatômicas. As 
ilustrações representam corpos humanos mostrando os pontos de sangria, e linhas 
que unem a figura às explicações impressas nas margens. As dissecações foram 
desenhadas de uma forma primitiva e pouco realista. 
 Na segunda edição (1493), as posições das figuras são mais naturais. Os 
textos de Hieronymous Brunschwig (cerca de 1450-1512) continuaram utilizando 
ilustrações descritivas. O capítulo final de uma obra de Johannes Peyligk (1474-1522) 
consiste numa breve anatomia do corpo humano como um todo, mas as onze gravuras 
de madeira que inclui são algo mais que representações esquemáticas posteriores 
dos árabes. Na Margarita philosophica de George Reisch (1467-1525), que é uma 
enciclopédia de todas as ciências, forma colocadas algumas inovações nas 
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tradicionais gravuras em madeira e as vísceras abdominais são representadas de 
modo realista. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Além desses textos anatômicos destinados especificamente aos estudantes de 
medicina e aos médicos, foram impressas muitas outras páginas com figuras 
anatômicas, intituladas não em latim (como todas as obras para médicos), mas sim 
em várias línguas vulgares. Houve um grande interesse, por exemplo, na concepção 
e na formação do feto humano. O uso frequente da frase “conhece-te a ti mesmo” fala 
da orientação filosófica e essencialmente não médica. A “Dança da Morte” chegou a 
ser um tema muito popular, sobretudo nos países de língua germânica, após a Peste 
Negra e surpreendentemente, as representações dos esqueletos e da anatomia 
humana dos artistas que as desenharam são melhores que as dos anatomistas. 
 Os artistas renascentistas do século XV se interessavam cada vez mais pelas 
formas humanas, e o estudo da anatomia fez parte necessária da formação dos 
artistas jovens, sobretudo no norte da Itália. 
 Leonardo da Vinci (1452-1519) foi o primeiro artista que considerou a anatomia 
além do ponto de vista meramente pictórico. Fez preparações que logo desenhou, das 
quais são conservadas mais de 750, e representam o esqueleto, os músculos, os 
nervos e os vasos. As ilustrações foram completadas muitas vezes com anotações do 
tipo fisiológico. A precisão de Leonardo é maior que a de Vesalio e sua beleza artística 
permanece inalterada. Sua valorização correta da curvatura da coluna vertebral ficou 
esquecida durante mais de cem anos. Representou corretamente a posição do fetus 
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in utero e foi o primeiro a assinalar algumas estruturas anatômicas conhecidas. Só 
uns poucos contemporâneos viram seus folhetos que, sem dúvida, não foram 
publicados até o final do século passado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Michelangelo Buonarotti (1475-1564) passou pelo menos vinte anos adquirindo 
conhecimentos anatômicos através das dissecações que praticava pessoalmente, 
sobretudo no convento de Santo Espírito de Florença. Posteriormente expôs a 
evolução a que esteve sujeito, ao considerar a anatomia pouco útil para o artista até 
pensar que encerrava um interesse por si mesma, ainda que sempre subordinada à 
arte. 
 Albrecht Dürer (1471-1528) escreveu obras de matemática, destilação, 
hidráulica e anatomia. Seu tratado sobre as proporções do corpo humano foi publicado 
após sua morte. Sua preocupação pela anatomia humana era inteiramente estética, 
derivando em último extremo um interesse pelos cânones clássicos, através dos quais 
podia adquirir-se a beleza. 
 Com a importante exceção de Leonardo, cujos desenhos não estiveram ao 
alcance dos anatomistas do século XVII, o artista do Renascimento era anatomista só 
de maneira secundária. Ainda foram feitas importantes contribuições na 
representação realista da forma humana (como o uso da perspectiva e do sombreado 
para sugerir profundidade e tridimensionalidade), e os verdadeiros avanços científicos 
exigiam a colaboração de anatomistas profissionais e de artistas. Quando os 
anatomistas puderam representar de modo realista os conhecimentos anatômicos 
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corretos, se iniciou em toda Europa um período de intensa investigação, sobretudo no 
norte da Itália e no sul da Alemanha. O melhor representante deste grupo é Jacob 
Berengario da Capri (+1530), autor dos Commentaria super anatomica mundini (1521), 
que contém as primeiras ilustrações anatômicas tomadas do natural. Em 1536, 
Cratander publicou em Basiléia uma edição das obras de Galeno, que incluía figuras, 
especialmente de osteologia, feitas de um modo muito realista. A partir de uma data 
tão cedo como 1532, Charles Estienne preparou em Paris uma obra em que ressaltava 
a completa representação pictórica do corpo humano. 
 
VESÁLIO 
 
 Uma das primeiras e mais acertada solução para uma reprodução perfeita das 
representações gráficas foi encontrada nas ilustrações publicadas nos tratados 
anatômicos de Andrés Vesálio (1514-1564), que culminou com seu De humanis 
corpori, fabricada em 1553, um dos livros mais importantes da história do homem. 
Vesálio comprovou também que não são iguais em todos os indivíduos. Relatou sua 
surpresa ao encontrar inúmeros erros nas obras de Galeno, e temos que ressaltar a 
importância de sua negativa em aceitar algo só por tê-lo encontrado nos escritos do 
grande médico grego. Sem dúvida, apesar de ter desmentido a existência dos orifícios 
que Galeno afirmava existir comunicando as cavidades cardíacas, foi de todas as 
maneiras um seguidor da fisiologia galênica. Foram engrandecidas as diferenças que 
separavam seu conhecimento anatômico do de Galeno, começando pelo próprio 
Vesálio. 
 Talvez pensasse que uma polêmica era um modo de chamar atenção. Manteve 
depois uma disputa acirrada com seu mestre Jacques du Bois (ou Sylvius, na forma 
latina), que foi um convencido galenista cuja única resposta, ante as diferenças entre 
algumas estruturas tal como eram vistas por Vesálio e como as havia descrito Galeno, 
foi que a humanidade devia tê-lo mudado durante esses dois séculos. 
 
 
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 Vesálio tinha atribuído o traçado das primeiras figuras a um certo Fleming, mas 
na Fábrica não confiou em ninguém, e a identidade do artista ou artistas que 
colaboraram na sua obra temsido objeto de grande controvérsia, que se acentuou 
ante a questão de quem é mais importante, se o artista ou o anatomista. Essa última 
foi uma discussão não pertinente, já que é óbvio que as ilustrações são importantes 
precisamente porque juntam uma combinação de arte e ciência, uma colaboração 
entre o artista e o anatomista. As figuras da Fábrica implicam em tantos 
conhecimentos anatômicos que forçosamente Vesálio devia participar na preparação 
dos desenhos, ainda que o grau de refinamento e do conhecimento de técnicas novas 
de desenho, também para os artistas do Renascimento, excluem também que fora o 
único responsável. Até hoje é discutido se Jan Stephan van Calcar (1499-1456/50), 
que fez as primeiras figuras e trabalhou no estúdio de Ticiano na vizinha Veneza, era 
o artista. De qualquer maneira, havia-se encontrado uma solução na busca de uma 
expressão pictórica adequada aos fenômenos naturais. 
 No século XVII foram efetuadas notáveis descobertas no campo da anatomia e 
da fisiologia humana. Francis Glisson (1597-1677) descreveu em detalhes o fígado, o 
estômago e o intestino. Apesar de seus pontos de vista sobre a biologia serem 
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basicamente aristotélicos, teve também concepções modernas, como a que se refere 
aos impulsos nervosos responsáveis pelo esvaziamento da vesícula biliar. 
 Thomas Wharton (1614-1673) deu um grande passo ao ultrapassar a velha e 
comum idéia de que o cérebro era uma glândula que secretava muco (sem dúvida, 
continuou acreditando que as lágrimas se originavam ali). Wharton descreveu as 
características diferenciais das glândulas digestivas, linfáticas e sexuais. O conduto 
de evacuação da glândula salivar submandibular conhece-se como conduto de 
Wharton. Uma importante contribuição foi distinguir entre glândulas de secreção 
interna (chamadas hoje endócrinas), cujo produto cai no sangue, e as glândulas de 
secreção externa (exócrinas), que descarregam nas cavidades. 
 Niels Steenson, em 1611, estabeleceu a diferença entre esse tipo de glândula 
e os nódulos linfáticos (que recebiam o nome de glândula apesar de não fazer parte 
do sistema). Considerava que as lágrimas provinham do cérebro. A nova concepção 
dos sistemas de transporte do organismo que se obteve graças às contribuições de 
muitos investigadores ajudou a resolver os erros da fisiologia galênica referentes à 
produção de sangue. 
 Gasparo Aselli (1581-1626) descobriu que após a ingestão abundante de 
comida o peritônio e o intestino de um cachorro se cobriam de umas fibras brancas 
que, ao serem seccionadas, extravasavam um líquido esbranquiçado. Tratava-se dos 
capilares quilíferos. Até a época de Harvey se pensava que a respiração estimulava o 
coração para produzir espíritos vitais no ventrículo direito. Harvey, porém, demonstrou 
que o sangue nos pulmões mudava de venoso para arterial, mas desconhecia as 
bases desta transformação. A explicação da função respiratória levou muitos anos, 
mas durante o século XVII foram dados passos importantes para seu esclarecimento. 
 Hook (1635-1703) demonstrou que um animal podia sobreviver também sem 
movimento pulmonar se inflássemos ar nos pulmões. 
 Richard Lower (1631-1691) foi o primeiro a realizar transfusão direta de sangue, 
demonstrando a diferença de cor entre o sangue arterial e o venoso, a qual se devia 
ao constato com o ar dos pulmões. 
 John Mayow (1640-1679) afirmou que a vermelhidão do sangue venoso se 
devia à extração de alguma substância do ar. Chegou à conclusão de que o processo 
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respiratório não era mais que um intercâmbio de gases do ar e do sangue; este cedia 
o espírito nitroaéreo e ganhava os vapores produzidos pelo sangue. 
 Em 1664 Thomas Willis (1621-1675) publicou De Anatomi Cerebri (ilustrado por 
Christopher Wren e Richard Lower), sem dúvida o compêndio mais detalhado sobre o 
sistema nervoso. Seus estudos anatômicos ligaram seu nome ao círculo das artérias 
da base do cérebro, ao décimo primeiro par craniano e também a um determinado 
tipo de surdez. Contudo, sua obsessão em localizar no nível anatômico os processos 
mentais o fez chegar a conclusões equívocas; entre elas, que o cérebro controlava os 
movimentos do coração, pulmões, estômago e intestinos e que o corpo caloso era 
assunto da imaginação. 
 A partir de então, o desenvolvimento da anatomia acelerou-se. Berengario da 
Carpi estudou o apêndice e o timo, e Bartolomeu Eustáquio os canais auditivos. A 
nova anatomia do Renascimento exigiu a revisão da ciência. O inglês William Harvey, 
educado em Pádua, combinou a tradição anatômica italiana com a ciência 
experimental que nascia na Inglaterra. Seu livro a respeito, publicado em 1628, trata 
de anatomia e fisiologia. Ao lado de problemas de dissecação e descrição de órgãos 
isolados, estuda a mecânica da circulação do sangue, comparando o corpo humano 
a uma máquina hidráulica. O aperfeiçoamento do microscópio (por Leeuwenhoek) 
ajudou Marcello Malpighi a provar a teoria de Harvey, sobre a circulação do sangue, 
e também a descobrir a estrutura mais íntima de muitos órgãos. Introduzia-se, assim, 
o estudo microscópico da anatomia. Gabriele Aselli punha em evidência os vasos 
linfáticos; Bernardino Genga falava, então, em “anatomia cirúrgica”. 
 Nos séculos XVIII e XIX, o estudo cada vês pormenorizado das técnicas 
operatórias levou à subdivisão da anatomia, dando-se muita importância à anatomia 
topográfica. O estudo anatômico-clínico do cadáver, como meio mais seguro de 
estudar as alterações provocadas pela doença, foi introduzido por Giovan Battista 
Morgani. Surgia a anatomia patológica, que permitiu grandes descobertas no campo 
da patologia celular, por Rudolf Virchow, e dos agentes responsáveis por doenças 
infecciosas, por Pasteur e Koch. 
 Recentemente, a anatomia tornou-se submicroscópica. A fisiologia, a 
bioquímica, a microscopia eletrônica e positrônica, as técnicas de difração com raios 
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X, aplicadas ao estudo das células, estão descrevendo suas estruturas íntimas em 
nível molecular. 
 Hoje em dia há a possibilidade de estudar anatomia mesmo em pessoas vivas, 
através de técnicas de imagem como a radiografia, a endoscopia, a angiografia, a 
tomografia axial computadorizada, a tomografia por emissão de positrões, a imagem 
de ressonância magnética nuclear, a ecografia, a termografia e outras. 
 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ANATOMIA 
 
Definição 
 A Anatomia (anatome = cortar em partes, cortar separando) refere-se ao estudo 
da estrutura e das relações entre estas estruturas. A fisiologia (physis + lógos + ia) 
lida com as funções das partes do corpo, isto é, como elas trabalham. A função nunca 
pode ser separada completamente da estrutura, por isso você aprenderá sobre o 
corpo humano estudando a anatomia e a fisiologia em conjunto. Você verá como cada 
estrutura do corpo está designada para desempenhar uma função específica, e como 
a estrutura de uma parte, muitas vezes, determina sua função. Por exemplo, os pêlos 
que revestem o nariz filtram o ar que inspiramos. Os ossos do crânio estão unidos 
firmemente para proteger o encéfalo. Os ossos dos dedos, em contraste, estão unidos 
mais frouxamente para permitir vários tipos de movimento. 
 Assim, a Anatomia é a ciência que estuda a forma, a estrutura e organização 
dos seres vivos, tanto externa quanto internamente. E a Fisiologia é a ciência que 
estuda o funcionamento da matéria viva, investiga as funções orgânicas, processos 
ou atividades vitais. 
Divisão 
 A Anatomia macroscópica humana estuda o corpo humano e conforme o 
enfoque, recebe várias denominações: 
 ANATOMIA SISTEMÁTICA OU DESCRITIVA: estuda de modo analítico 
(separação de um todo em seus elementos ou partes componentes) e separadamente 
14 
 
 
as várias estruturas dos sistemas que constituem o corpo, o esquelético, o muscular, 
o circulatório, etc. 
 ANATOMIA TOPOGRÁFICA OU REGIONAL: estuda, de uma maneira 
sintética (método,processo ou operação que consiste em reunir elementos diferentes 
e fundi-los num todo), as relações entre as estruturas de regiões delimitadas do corpo; 
 ANATOMIA DE SUPERFÍCIE OU DO VIVO: estuda a projeção de órgãos e 
estruturas profundas na superfície do corpo, é de grande importância para a 
compreensão da semiologia clínica (estudo e interpretação do conjunto de sinais e 
sintomas observados no exame de um paciente); 
 ANATOMIA FUNCIONAL: estuda segmentos funcionais do corpo, 
estabelecendo relações recíprocas e funcionais das várias estruturas dos diferentes 
sistemas; 
 ANATOMIA APLICADA - salienta a importância dos conhecimentos 
anatômicos para as atividades médicas, clínica ou cirúrgica e mesmo para as artísticas; 
 ANATOMIA RADIOLÓGICA: estuda o corpo usando as propriedades dos raios 
X e constitui, com a Anatomia de Superfície, a base morfológica das técnicas de 
exploração clínica; 
 ANATOMIA COMPARADA: estuda a Anatomia de diferentes espécies animais 
com particular enfoque ao desenvolvimento ontogenético (desenvolvimento de um 
indivíduo desde a concepção até a idade adulta) e filogenético (história evolutiva de 
uma espécie ou qualquer outro grupo taxonômico) dos diferentes órgãos. 
 
 
 
 
 
 
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PARTES CONSTITUINTES DO CORPO HUMANO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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NOMENCLATURA ANATÔMICA 
 
Posição Anatômica 
 Na anatomia, existe uma convenção internacional de que as descrições 
do corpo humano assumem que o corpo esteja em uma posição específica, 
chamada de posição anatômica. 
 Na posição anatômica, o indivíduo está em posição ereta, em pé 
(posição ortostática) com a face voltada para a frente e em posição horizontal, 
de frente para o observador, com os membros superiores estendidos paralelos 
ao tronco e com as palmas voltadas para a frente, membros inferiores unidos 
(calcanhares unidos), com os dedos dos pés voltados para a frente. 
 Toda descrição anatômica é feita considerando o indivíduo em posição 
anatômica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Planos de Inscrição 
 São também chamados de Planos de Delimitação, pois delimitam o corpo 
humano por planos tangentes à sua superfície, os quais, com suas intersecções, 
determinam a formação de um sólido geométrico, um paralelepípedo. 
 Têm-se assim, para as faces desse sólido, os seguintes planos 
correspondentes: 
 Ventral ou anterior => plano vertical tangente ao ventre. 
 Dorsal ou posterior => plano vertical tangente ao dorso. 
 Lateral direito => plano vertical tangente ao lado do corpo. 
 Lateral esquerdo => plano vertical tangente ao lado do corpo. 
 Cranial ou superior => plano horizontal tangente à cabeça. 
 Podal ou inferior => plano horizontal tangente à planta dos pés 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Eixos ortogonais e Planos de Secção 
 A partir destes planos de inscrição são determinados eixos e planos que são 
utilizados como pontos de referência para descrever a situação, posição e direção de 
órgãos ou segmentos do corpo. 
 Unindo o centro de dois planos de inscrição opostos obtém-se três eixos: eixo 
longitudinal ou craniocaudal; eixo anteroposterior, dorsoventral ou sagital e 
eixo latero-lateral. O deslocamento de um eixo sobre o outro define um plano que 
secciona o corpo em 2 partes. Estes planos, perpendiculares entre si são chamados 
Planos de Secção: mediano ou sagital, frontal ou coronal e transversal ou 
horizontal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Planos de Secção do Corpo 
Os planos de secção são “cortes” feitos no corpo em posição anatômica. 
 
 Mediano ou Sagital => planos de secção paralelos aos planos laterais que 
divide o corpo em metades direita e esquerda. 
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 Frontal ou Coronal => planos de secção paralelos aos planos ventral e dorsal, 
que divide o corpo de forma a separar os planos ventral e dorsal. 
 
 Transversal ou Horizontal => planos de secção paralelos aos planos cranial 
e podal, que divide o corpo horizontalmente. 
 
Obs.: Toda secção do corpo feita por planos paralelos ao plano mediano é uma 
secção sagital, e os planos de secção são também chamados sagitais (nome sagital 
se deve ao fato de seguir a direção da sutura sagital (em forma de seta) entre os ossos 
parietais.) 
 
 
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Termos de Posição 
 
 Os termos de posição indicam proximidade aos planos de inscrição ou ao 
plano de secção mediano. São termos comparativos e indicam que uma estrutura é, 
por exemplo, mais cranial que outra. Nenhum órgão ou estrutura é simplesmente 
cranial ou ventral pois estes planos são tangentes e, portanto, estão fora do corpo e 
surgem apenas como referência. 
 
Termos de posição: 
 
 Medial => a estrutura que se situa mais próxima ao plano mediano em relação 
a uma outra. Ex. dedo mínimo em relação ao polegar. 
 Lateral => a estrutura que se situa mais próxima ao plano lateral (direito ou 
esquerdo) em relação a uma outra. 
 Ventral ou Anterior => estrutura que se situa mais próxima ao plano ventral 
em relação a uma outra. 
 Dorsal ou Posterior => estrutura que se situa mais próxima ao plano dorsal 
em relação a uma outra. 
 Cranial ou Superior => estrutura que se situa mais próxima ao plano cranial 
em relação a uma outra (que lhe será inferior ou podal). 
 Podal ou Inferior => estrutura que se situa mais próxima ao plano podal em 
relação a uma outra. 
 
 
 
 
 
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A figura 8 exemplifica estes termos: 
 A artéria aorta abdominal é medial em relação ao baço, 
 O baço é lateral em relação ao rim esquerdo, 
 O estômago é anterior em relação aos rins, 
 O fígado é posterior em relação ao músculo reto abdominal. 
 
Termos de Direção 
 
Acompanham os eixos ortogonais 
 Longitudinal ou craniocaudal. 
 Anteroposterior ou dorsoventral. 
 Látero-lateral 
Exemplos: 
 As falanges estão alinhadas em direção craniocaudal, os ossos carpais na 
direção látero-lateral; 
 Na traqueia e o esôfago estão alinhados na direção ânteroposterior. 
 
 
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Termos de Situação 
Mediano  Situada exatamente ao longo do plano de secção mediano. Médio e 
Intermédio são termos que indicam situação de uma estrutura entre outras duas: 
Médio  Quando as estruturas estão alinhadas na direção craniocaudal ou 
ânterodorsal. 
Intermédio  quando as estruturas estão em alinhamento látero-lateral. 
 
 
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Outros termos de descrição anatômica 
 Proximal e Distal. Esses termos são usados para comparar a distância de pelo 
menos duas estruturas em relação (1) a raiz do membro, (2) ao coração e (3) ao 
encéfalo e medula espinhal. 
 
 Proximal  estrutura que se encontra 
mais próxima da raiz dos membros (tronco), do 
coração ou do encéfalo e medula espinhal. 
 Distal  estrutura que se encontra mais 
distante da raiz dos membros, do coração ou do 
encéfalo e medula espinhal. 
 
 
 
 
 
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Palmar ou volar  face anterior da mão. A face 
posterior das mãos é chamada dorsal. 
Plantar  face inferior do pé. A face superior 
dos pés é chamada dorsal. 
 
 Oral e aboral são termos restritos ao tubo digestivo e indicam estruturas mais 
próximas ou distantes da boca, respectivamente. 
 Aferente e eferente indicam direção e são usados em anatomia para vasos e 
nervos. Aferente significa que impulsos nervosos ou o sangue são conduzidos da 
periferia para o centro, eferente se refere à condução do centro para a periferia. 
 Eferente  do centro para a periferia; 
 Aferente  da periferia para o centro. 
 No sistema circulatório, as veias cavas superior e inferior são aferentes por 
drenarem todo o sangue da periferia para o coração, que é o centro deste sistema. Aartéria aorta é eferente, pois impulsiona o sangue do coração para a periferia. 
 
 
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A raiz dorsal do nervo espinhal é aferente 
por conduzir impulsos nervosos da 
periferia para a medula espinhal, já a raiz 
ventral é eferente. 
 
 
 
 
 
 
 
 Fáscias são tecidos conjuntivos fibrosos 
que revestem ou delimitam órgãos e músculos. 
 Os termos superficial e profundo 
indicam as distâncias relativas entre as 
estruturas e a superfície do corpo. São também 
termos de situação que indicam estar contido 
nos planos superficiais ou nos planos profundos. 
Nesse caso, o limite entre superficial e 
profundo é a fáscia muscular. Estruturas 
superficiais são aquelas contidas no 
tegumento. 
 Estruturas profundas estão abaixo do 
tegumento. 
 Lesões limitadas ao tegumento são 
superficiais, e lesões que atingem a fáscia 
muscular já são consideradas profundas. 
 
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 O tegumento humano é formado pela pele (epiderme e derme) e tecido 
subcutâneo. A epiderme é um epitélio multiestratificado, formado por várias camadas 
de células achatadas justapostas. A camada de células mais interna, denominada 
epitélio germinativo, é constituída por células que se multiplicam continuamente; 
dessa maneira, as novas células geradas empurram as mais velhas para cima, em 
direção à superfície do corpo. À medida que envelhecem, as células epidérmicas 
tornam-se achatadas, e passam a fabricar e a acumular dentro de si uma proteína 
resistente e impermeável, a queratina. As células mais superficiais, ao se tornarem 
repletas de queratina, morrem e passam a constituir um revestimento resistente ao 
atrito e altamente impermeável à água, denominado camada queratinizada ou córnea. 
A derme, localizada imediatamente sob a epiderme, é um tecido conjuntivo que 
contém fibras proteicas, vasos sanguíneos, terminações nervosas, órgãos sensoriais 
e glândulas. Na derme encontramos ainda: músculo eretor de pêlo, fibras elásticas 
(elasticidade), fibras colágenas (resistência), vasos sanguíneos e nervos. Tecido 
subcutâneo: Sob a pele, há uma camada de tecido conjuntivo frouxo, o tecido 
subcutâneo, rico em fibras e em células que armazenam gordura (células adiposas ou 
adipócitos). A camada subcutânea, denominada hipoderme, atua como reserva 
energética, proteção contrachoques mecânicos e isolante térmico. Abaixo do tecido 
subcutâneo encontra-se a fáscia muscular. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Para os dentes são usadas expressões que 
definem suas faces. 
Oclusal  é a face livre e mastigadora dos 
dentes, que nos incisivos e caninos encontra-se 
reduzida a uma simples borda mastigadora. 
Vestibular é a face dirigida para o vestíbulo 
bucal: 
 Face labial a que está voltada para os 
lábios; 
 Face bucal a que está voltada para a 
bochecha. 
 
Lingual  face oposta à vestibular, está dirigida 
para a cavidade da boca. 
Mesial é a expressão usada para as duas faces 
do dente voltadas para os dentes vizinhos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CAVIDADES DO CORPO 
 Os espaços dentro do corpo que contêm os órgãos internos são chamados de 
cavidades do corpo. As cavidades ajudam a proteger, isolar e sustentar os órgãos 
internos. Como mostra as duas principais cavidades do corpo: dorsal e ventral. 
 
 A cavidade dorsal do corpo está localizada próxima à superfície posterior ou 
dorsal do corpo. Ela é composta por uma cavidade craniana, que é formada pelos 
ossos cranianos e contém o encéfalo e suas membranas (chamadas de meninges), e 
por um canal vertebral que é formado pelas vértebras (ossos individuais) da coluna 
vertebral e contém a medula espinhal e suas membranas (também chamadas de 
meninges), bem como o começo (raízes) dos nervos espinhais. 
 
 
32 
 
 
 A cavidade ventral do corpo está localizada na porção anterior ou ventral 
(frontal) do corpo e contém órgãos coletivamente chamados de vísceras. Como a 
cavidade dorsal, a cavidade ventral do corpo apresenta duas subdivisões principais - 
uma porção superior, chamada de cavidade torácica, e uma porção inferior, chamada 
de cavidade abdominopélvica. O diafragma (diaphragma = partição ou parede), uma 
camada muscular em forma de domo e importante músculo da respiração, divide a 
cavidade ventral do corpo em cavidades torácica e abdominopélvica. 
 A cavidade torácica contém duas cavidades pleurais em torno de cada pulmão, 
e a cavidade pericárdica (peri = em volta; cardi = coração), espaço em torno do 
coração. 
 O mediastino (medias = meio; stare = parar, estar), na cavidade torácica, 
contém uma massa de tecidos entre os pulmões que se estende do osso esterno à 
coluna vertebral (Figura 2). O mediastino inclui todas as estruturas na cavidade 
torácica, exceto os próprios pulmões. Entre as estruturas localizadas no mediastino 
estão o coração, o esôfago, a traqueia e muitos grandes vasos sanguíneos, como a 
aorta. 
 A cavidade abdominopélvica, como o nome sugere, está dividida em duas 
porções, embora nenhuma estrutura específica as separem. A porção superior, a 
cavidade abdominal, contém o estômago, o baço, o fígado, a vesícula biliar, o 
pâncreas, o intestino delgado e a maior parte do intestino grosso. A porção inferior, a 
cavidade pélvica, contém a bexiga urinária, porções do intestino grosso e os órgãos 
genitais internos. 
 
 
 
 
 
 
33 
 
 
 
 
NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL DO CORPO 
HUMANO 
 
 O corpo humano consiste de vários níveis de organização estrutural que estão 
associados entre si. O nível químico inclui todas as substâncias químicas necessárias 
para manter a vida. 
 As substâncias químicas são constituídas de átomos, a menor unidade de 
matéria, e alguns deles, como o carbono (C), o hidrogênio (H), o oxigênio (O), o 
nitrogênio (N), o cálcio (Ca), o potássio (K) e o sódio (Na) são essenciais para a 
manutenção da vida. Os átomos combinam-se para formar moléculas; dois ou mais 
34 
 
 
átomos unidos. Exemplos familiares de moléculas são as proteínas, os carboidratos, 
as gorduras e as vitaminas. 
 As moléculas, por sua vez, 
combinam-se para formar o próximo nível 
de organização: o nível celular. As células 
são as unidades estruturais e funcionais 
básicas de um organismo. Entre os muitos 
tipos de células existentes no corpo estão 
as células musculares, nervosas e 
sanguíneas. A Figura ao lado mostra 
quatro tipos diferentes de células de 
revestimento do estômago. Cada uma tem 
uma estrutura diferente e cada uma 
desenvolve uma função diferente. 
 O terceiro nível de organização é o 
nível tecidual. Os tecidos são grupos de 
células semelhantes que, juntas, realizam 
uma função particular. Os quatro tipos 
básicos de tecido são tecido epitelial, 
tecido conjuntivo, tecido muscular e tecido 
nervoso. As células na Figura acima 
formam um tecido epitelial que reveste o 
estômago. Cada célula tem sua função 
específica na digestão. 
 Quando diferentes tipos de tecidos estão unidos, eles formam o próximo nível 
de organização: o nível orgânico. Os Órgãos são compostos de dois ou mais tecidos 
diferentes, têm funções específicas e geralmente apresentam uma forma reconhecível. 
Exemplos de órgãos são o coração, o fígado, os pulmões, o cérebro e o estômago. A 
Figura acima mostra os vários tecidos que constituem o estômago. A túnica serosa é 
uma camada de tecido conjuntivo e tecido epitelial, estando localizada na superfície 
externa do estômago, que o protege e reduz o atrito quando o estômago se move e 
roça em outros órgãos vizinhos. As camadas de tecido muscular do estômago estão 
localizadas abaixo da túnica serosa e contraem-se para misturar o bolo alimentar e 
35 
 
 
transportá-la para o próximo órgão digestório (intestino delgado). A camada de tecido 
epitelial que reveste o estômago produz muco, ácido e enzimas que auxiliam na 
digestão.O quinto nível de organização é o nível sistêmico. Um sistema consiste de 
órgãos relacionados que desempenham uma função comum. O sistema digestório, 
que funciona na digestão e na absorção dos alimentos, é composto pelos seguintes 
órgãos: boca, glândulas salivares, faringe (garganta), esôfago, estômago, intestino 
delgado, intestino grosso, fígado, vesícula biliar e pâncreas. 
 O mais alto nível de organização é o nível de organismo. Todos os sistemas do 
corpo funcionando como um todo compõem o organismo - um indivíduo vivo. 
 
SISTEMAS 
 Sistema Esquelético; Sistema Muscular; Sistema Tegumentar; Sistema 
Nervoso; Sistema Endócrino; Sistema Circulatório; Sistema Respiratório; Sistema 
Digestivo; Sistema Urinário; Sistema Genital Masculino; Sistema Genital Feminino; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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4. Sistema Nervoso 
 Principais funções: ajustamento do 
organismo ao ambiente. Sua função é 
perceber e identificar as condições 
ambientais externas, bem como as 
condições reinantes dentro do próprio 
corpo e elaborar respostas que adaptem a 
essas condições. Função Sensorial, 
Integrativa e Motora. 
 Principais componentes: Sistema 
Nervoso Central (encéfalo e medula) e 
Sistema Nervoso Periférico. 
 
 
5. Sistema Endócrino 
 Principais funções: junto com o 
sistema nervoso, promove a manutenção 
37 
 
 
do equilíbrio do organismo (homeostase), 
por meio do controle das funções 
biológicas. 
 Principais componentes: Pineal ou 
Epífise, Hipófise (Pituitária), Tireóide e 
Paratireóide (abaixo da laringe) , Supra-
renais (superior aos rins), Pâncreas, 
Ovários e Testículos. 
 
6. Sistema Circulatório 
 Principais funções: transporte de O2, nutrientes, hormônios para as células e 
remoção de produtos indesejáveis; defesa do organismo (por meio do transporte de 
anti-toxinas e glóbulos brancos); também auxilia na manutenção do conteúdo de H2O 
e íons, pH e temperatura do corpo. 
 Principais componentes: coração, vasos (artérias, veias e capilares). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7. Sistema Respiratório 
 Principais funções: trocas gasosas (captação de O2 – remoção de CO2). 
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 Principais componentes: cavidades (ou fossas) nasais, faringe, laringe, 
traqueia (que se ramifica nos brônquios), alvéolos e pulmões. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8. Sistema Digestivo 
 Principais funções: realiza a 
digestão: quebra de alimentos, absorção 
dos componentes nutritivos e eliminação 
de substâncias indesejáveis). 
 Principais componentes: boca 
(língua, dentes, etc.), faringe, esôfago, 
estômago, intestino delgado, intestino 
grosso, reto e ânus. Possui glândulas 
anexas: glândulas salivares, fígado e 
pâncreas. 
 
9. Sistema Urinário 
39 
 
 
 Principais funções: excreção de 
substâncias tóxicas, o equilíbrio hídrico e o 
controle de íons. 
 Principais componentes: dois rins, 
dois ureteres, bexiga e uretra. 
 
 
10. Sistema Genital Feminino 
 Principais funções: reprodução. 
 Principais componentes: ovários, trompas, útero e vagina. 
 
 
 
40 
 
 
 
 
11. Sistema Genital Masculino 
 Principais funções: reprodução. 
 Principais componentes: bolsa escrotal, testículos, epidídimos, canais 
deferentes, uretra, vesículas seminais, próstata e pênis. 
 
 
41 
 
 
Referências 
 
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Análise das Técnicas Corporais / Blandine Calais – Germain; [tradução Sophie 
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TORTORA, Gerald J.; GRABOWSKI, Sandra Reynolds. Princípios de Anatomia e 
Fisiologia. 9ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.

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