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L IN G U A G E N S , C Ó D IG O S E S U A S T E C N O LO G IA S 01 - 02 - 03 - 04 - 05 - 06 - 07 - 08 - 09 - 10 - 11 - 12 - 13 - 14 - 15 - 16 - 17 - 18 - 19 - 20 - 21 - 22 - 23 - 24 - 25 - 26 - 27 - 28 - 29 - 30 - 31 - 32 - 33 - 34 - 35 - 36 - 37 - 38 - 39 - 40 - 41 - 42 - 43 - 44 - 45 - 46 - 47 - 48 - 49 - 50 - 51 - 52 - 53 - 54 - 55 - 56 - 57 - 58 - 59 - 60 - 61 - 62 - 63 - 64 - 65 - 66 - 67 - 68 - 69 - 70 - 71 - 72 - 73 - 74 - 75 - 76 - 77 - 78 - 79 - 80 - 81 - 82 - 83 - 84 - 85 - 86 - 87 - 88 - 89 - 90 - SIMULADO ENEM 2020 - VOLUME 2 - PROVA I C IÊ N C IA S H U M A N A S E S U A S T E C N O LO G IA S LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção inglês) QUESTÃO 01 WHO multi-country survey reveals widespread public misunderstanding about antibiotic resistance As World Health Organization (WHO) ramps up its fight against antibiotic resistance, a new multi-country survey shows people are confused about this major threat to public health and do not understand how to prevent it from growing. Antibiotic resistance happens when bacteria change and become resistant to the antibiotics used to treat the infections they cause. Overuse and misuse of antibiotics increase the development of resistant bacteria, and this survey points out some of the practices, gaps in understanding and misconceptions which contribute to this phenomenon. Almost two thirds (64%) of some 10,000 people who were surveyed across 12 countries say they know antibiotic resistance is an issue that could affect them and their families, but how it affects them and what they can do to address it are not well understood. For example, 64% of respondents believe antibiotics can be used to treat colds and flu, despite the fact that antibiotics have no impact on viruses. Close to one third (32%) of people surveyed believe they should stop taking antibiotics when they feel better, rather than completing the prescribed course of treatment. Disponível em: <http://www.who.int>. Acesso em: 25 fev. 2016 (Adaptação). A Organização Mundial da Saúde utiliza seu portal eletrônico para divulgar ações e informações úteis de saúde pública. Uma pesquisa divulgada pela Organização revelou que a resistência bacteriana é agravada pelo(a) A. ingestão de antibióticos próprios para o tratamento de gripe e resfriado. B. aumento dos casos de diagnósticos incorretos nos doze países pesquisados. C. aparecimento de um vírus cujas características se assemelham às de uma bactéria. D. desconfiança da comunidade médica nos medicamentos antibióticos existentes. E. desconhecimento da população acerca do uso racional de medicamentos. Alternativa E Resolução: Segundo o texto, o que agrava o problema da resistência bacteriana é o uso exagerado e indevido dos antibióticos, associado a práticas incorretas e falta de conhecimento sobre o assunto, conforme indica este trecho do segundo parágrafo: “Overuse and misuse of antibiotics increase the development of resistant bacteria, and this survey points out some of the practices, gaps in understanding and misconceptions which contribute to this phenomenon”. Assim, está correta a alternativa E. A alternativa A está incorreta porque, segundo o texto, antibióticos são inúteis para tratar gripes e resfriados, portanto não há antibióticos próprios para tratar essas doenças. A pesquisa foi, de fato, realizada em KLJZ 12 países, conforme indica a alternativa B, mas não é dito que houve aumento no número de diagnósticos errados. Não há menção no texto ao surgimento de um novo vírus, nem é dito que a comunidade médica desconfia dos atuais antibióticos, invalidando, assim, as alternativas C e D. QUESTÃO 02 In both democracies and dictatorships, it is getting harder to speak up Seeing something that the government claims is good and pointing out why it is bad is an essential function of journalism. Indeed, it is one of democracy’s most crucial safeguards. President Donald Trump, a right-wing politician, cannot censor the media in America, but his words contribute to a global climate of disdain for independent journalism. Authoritarians elsewhere often cite Mr. Trump, calling critical reporting “fake news” and critical journalists “enemies of the people”. The notion that certain views should be silenced is popular on the left, too. In Britain and America students shout down speakers they consider racist or transphobic, and Twitter users demand the ban of anyone who violates an expanding list of taboos. Many western radicals argue that if they think something is offensive, no one should be allowed to say it. Authoritarians elsewhere agree. What counts as offensive is subjective. Rwanda’s government interprets almost any criticism of itself as support for another genocide. In India proposed new rules would require digital platforms to block all unlawful content – a tough task given that it is illegal in India to promote disharmony “based on religion, race, place of birth, residence, language, caste or community”. Disponível em: <https://www.economist.com/>. Acesso em: 15 ago. 2019. [Fragmento adaptado] A liberdade de expressão é uma das questões centrais nos debates públicos atualmente. Ao abordar esse assunto no texto, o autor afirma que a censura à liberdade de opinião A. apresenta os índices mais alarmantes na Índia. B. precisa ser debatida com os jornalistas e a sociedade. C. é defendida por pessoas de posturas políticas diversas. D. dificulta o combate aos crimes de ódio nas redes sociais. E. causa a demissão de jornalistas que criticam os poderosos. Alternativa C Resolução: No primeiro parágrafo do texto, é dito que o presidente Donald Trump, um representante da ala direita da política, é frequentemente citado por pessoas autoritárias em todo o mundo quando usa termos como “notícias falsas” e “inimigos do povo” para se referir ao jornalismo e aos jornalistas que criticam suas posturas e atitudes, na tentativa de silenciá-los. No segundo parágrafo, o autor afirma que a noção de que certos pontos de vista deveriam ser silenciados também é uma ideia que permeia a ala esquerda da política, mostrando que a censura à liberdade de opinião / expressão é algo defendido por pessoas que adotam posturas políticas tanto voltadas para a direita quanto para a esquerda. Logo, está correta a alternativa C. PEW9 ENEM – VOL. 2 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 1BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 03 Disponível em: <https://www.glasbergen.com/>. Acesso em: 06 nov. 2019. A adolescência é uma fase de muitas mudanças que podem interferir na relação entre pais e filhos. No cartum, a crítica está no fato de os pais A. criarem expectativas contrárias aos sonhos do filho. B. tratarem o filho de maneira incompatível com a sua idade. C. envergonharem o filho com suas exigências despropositadas. D. confundirem o filho sobre a sua idade e responsabilidades. E. ignorarem os desejos do filho por estarem cada vez mais ausentes. Alternativa B Resolução: Uma possível tradução para o texto do cartum é: “Minha mãe ainda me trata como se eu fosse um bebê e meu pai vive me dizendo para eu agir como homem. Sempre levo comigo uma cópia da minha certidão de nascimento, caso esqueça minha verdadeira idade.” Assim, é possível concluir que os pais tratam o filho adolescente de forma incompatível com sua idade, pois, ora o tratam como criança, subestimando suas capacidades, ora exigem demais dele, esperando que se comporte como se já fosse adulto. Logo, está correta a alternativa B. QUESTÃO 04 We need plastic reduction policies before it’s too late Letters to the Editor November 3, 2019 at 8:32 p.m. GMT-3 Improving recycling infrastructure, as referenced in the Oct. 27 editorial “From sea to plastic sea,” unfortunately will not solve the oceanplastics problem. Looking to recycling to address the plastics crisis is like trying to mop water from an overflowing bathtub while the faucet is still running. It’s wishful thinking. Only 9 percent of plastic waste ever generated has been recycled, and with plastic production rates projected to quadruple between 2014 and 2050, we’ll never effect large-scale change by relying on recycling, no matter how skilled we become at it. The first order of business must be to turn off the faucet. Instead, the industry plans to open it up even more. Z7DW RBJR Consumers won’t be able to choose their way out of plastic until companies offer plastic-free choices. The plastic waste flooding our oceans will continue to increase until companies reduce the single-use plastic they are flooding into the market. We need strong policies that hold companies accountable for the crisis they’ve created by requiring that they reduce their production of this everlasting pollutant. We need more than wishful thinking. We need strong source reduction policies before it’s too late. (Andrew Sharpless, Washington) Disponível em: <https://www.washingtonpost.com>. Acesso em: 06 nov. 2019. De acordo com o autor do texto, melhorar a infraestrutura de reciclagem é insuficiente para combater a poluição causada por plásticos nos oceanos porque o(a) A. conhecimento técnico para produzir plástico sustentável ainda é limitado. B. indústria se recusa a arcar com o alto custo da produção de plástico reciclável. C. consumidor foge de sua responsabilidade em relação ao destino correto do plástico. D. plástico permanecerá no meio ambiente ainda por um longo tempo até se decompor. E. produção de plástico é muito maior do que a indústria da reciclagem consegue reciclar. Alternativa E Resolução: De acordo com o texto, melhorar a infraestrutura de reciclagem é insuficiente para combater a poluição causada por plásticos nos oceanos porque a produção desse material tende a aumentar muito mais do que a indústria da reciclagem é capaz de processar. Até hoje, apenas 9% do plástico produzido foi reciclado. Como espera-se que a produção desse material quadruplique até 2050, contar apenas com a reciclagem não será o suficiente para resolver o problema da poluição nos oceanos: “Only 9 percent of plastic waste ever generated has been recycled, and with plastic production rates projected to quadruple between 2014 and 2050, we’ll never effect large-scale change by relying on recycling, no matter how skilled we become at it”. Logo, está correta a alternativa E. QUESTÃO 05 Being depressed in the “world’s happiest country” The small, northerly nation, with a population of just 5.5 million people, has historically been stereotyped as having a melancholic mentality linked to its long, dark winters – it isn’t a place where you regularly see outpourings of joy or other positive emotions. Yet, like its Scandinavian neighbours, Finland satisfies many requirements that typically influence subjective well-being around the world. But many experts argue that this image of Finland as a happy nation glosses over ongoing challenges when it comes to mental health – especially when it comes to young people. Some believe it may even be making it harder for Finns to recognise and acknowledge depressive symptoms and seek treatment. JFPM LCT – PROVA I – PÁGINA 2 ENEM – VOL. 2 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Suicide rates in Finland are half what they were in the 1990s and have reduced across all age groups – a shift which has been linked to a nationwide suicide prevention campaign when things were at their worst, alongside improved treatment for depression. But they remain well above the European average. Meanwhile in a culture where privacy is valued, overt displays of emotions are rare and even small talk is typically kept to a minimum, acknowledging and discussing depression can remain a challenge for some Finns with the illness. SAVAGE, M. Disponível em: <https://www.bbc.com/>. Acesso em: 03 out. 2019. [Fragmento adaptado] A relação entre os termos “mental health”, “acknowledge” e “challenge”, no texto, refere-se ao fato de os finlandeses demonstrarem A. recusa em aceitar o título de país mais feliz do mundo. B. despreparo para lidar com maiores índices de suicídio. C. hesitação em aprender com outras nações escandinavas. D. resistência em admitir que sofrem problemas de saúde mental. E. dificuldade para ampliar o tratamento de quadros depressivos. Alternativa D Resolução: A relação dos termos “well-being”, “acknowledge” e “challenge”, no texto, refere-se à resistência dos finlandeses em admitir que sofrem problemas de saúde mental, conforme indica a alternativa D. “Well-being” significa “bem-estar”. “Acknowledge” significa “admitir, reconhecer” e, no texto, expressa a resistência dos finlandeses em reconhecer sintomas de depressão e buscar tratamento (“making it harder for Finns to recognise and acknowledge depressive symptoms and seek treatment” / “acknowledging and discussing depression can remain a challenge for some Finns with the illness”). Já “challenge” significa “desafio” e, no texto, refere-se ao desafio que é para os finlandeses enfrentar os problemas de saúde mental, especialmente a depressão (“ongoing challenges when it comes to mental health” / “discussing depression can remain a challenge for some Finns with the illness”). ENEM – VOL. 2 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 3BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção espanhol) QUESTÃO 01 QUINO. Toda Mafalda. Buenos Aires: Ediciones de la Flor, 2004. A tirinha aborda um tema presente nas relações familiares, caracterizado, nos pais, pelo(a) A. aflição, pois querem proporcionar uma educação de qualidade à filha. B. preocupação, devido à adaptação da criança ao ambiente escolar. C. decepção, por perceberem que a filha não mais depende deles. D. receio, em função do primeiro dia de aula da menina. E. sensação de velhice, relacionada ao crescimento da criança. Alternativa E Resolução: A alternativa E está correta, pois, no último quadro da tira, os pais de Mafalda enxergam-se como idosos pelo fato de a filha ir, pela primeira vez, à escola. A alternativa A está incorreta, pois a feição dos pais no último quadro não se relaciona com a qualidade da educação que querem proporcionar à filha, mas com o fato de perceberem que ela já vai à escola, o que implica que a menina cresceu e eles estão, consequentemente, envelhecendo. A alternativa B está incorreta, pois não há nenhuma menção relativa à adaptação da filha ao ambiente escolar na tirinha. As feições dos pais no último quadro relacionam-se a uma constatação de que o tempo de suas vidas está passando muito depressa. A alternativa C está incorreta, pois, embora a ida à escola represente uma surpresa para os pais, a independência da garota não os decepciona, mas apenas os faz sentir-se envelhecidos. A alternativa D está incorreta, pois na tirinha não se menciona nenhuma informação especificamente relacionada ao primeiro dia de aula da menina. Os aspectos físicos dos pais, no último quadrinho, indicam a sensação de passagem rápida de tempo (e de envelhecimento) que o fato de a filha ir à escola escancara. T969 QUESTÃO 02 Disponível em: <http://www.cdnqn.gov.ar/>. Acesso em: 25 out. 2019. A campanha realizada na cidade de Neuquén, na Patagônia Argentina, objetiva arrecadar A. luvas e cachecóis para acampamento no inverno. B. móveis e utensílios para as equipes da campanha. C. casacos e mantas para os cidadãos mais necessitados. D. mantimentos para crianças e adultos vítimas do frio. E. artigos de higiene e limpeza para moradores de rua da cidade. Alternativa C Resolução: A alternativa C está correta, pois o cartaz divulga uma campanha que promove a arrecadaçãode roupas para necessitados em função do frio que atinge a região de Neuquén, Argentina, no inverno. O seguinte trecho presente no cartaz justifica tal afirmação: “Recibiremos donaciones de ropa de abrigo para niños y adultos, frazadas, mantas y acolchados para repartir junto a ONGs y Asociaciones Sociales de nuestra ciudad”. A alternativa A está incorreta, pois, embora luvas e cachecóis sejam peças de roupa utilizadas no inverno, a campanha não arrecada as doações para que se faça um acampamento. A alternativa B está incorreta, pois não se visa a arrecadação de móveis e utensílios. Além disso, as arrecadações não se destinam aos membros das equipes da campanha, mas às vítimas do frio. A alternativa D está incorreta, pois a campanha não objetiva arrecadar mantimentos para vítimas do frio em Neuquén. A alternativa E está incorreta, pois a campanha não objetiva arrecadar artigos de higiene e limpeza, mas vestuário e roupas de cama para as pessoas que sofrem com o frio na região. LDC4 LCT – PROVA I – PÁGINA 4 ENEM – VOL. 2 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 03 Todavía nos quedan casi dos meses para sentarnos en nuestra butaca del cine y poder disfrutar de Star Wars episodio IX, El ascenso de Skywalker, la película que cerrará tanto la Trilogía de las Secuelas como la Saga Skywalker. Por su parte, los cómics de Star Wars están profundizando en diferentes tramas de los personajes principales de la Trilogía de las Secuelas, así como rellenando agujeros que fueron dejados en las películas como es el caso de la relación entre Leia y Rey o el entrenamiento de Kylo Ren bajo la tutela del Líder Supremo Snoke. De hecho, con Kylo nos vamos a quedar, ya que su serie de cómics de Star Wars: El ascenso de Kylo Ren nos mostrará al joven Ben Solo luchando codo con codo junto a Luke Skywalker contra los... ¡Caballeros de Ren! CAZALLAS, J. Disponível em: <https://www.hobbyconsolas.com>. Acesso em: 25 out. 2019. [Fragmento] No contexto do artigo, a expressão “codo con codo”, relacionada aos personagens Ben Solo e Luke Skywalker, caracteriza o(a) A. enfrentamento em uma batalha. B. parceria em um combate. C. vivência familiar conturbada. D. revelação de que são grandes inimigos. E. mudança na narrativa decorrente de sua amizade. Alternativa B Resolução: A alternativa B está correta, pois essa expressão, em espanhol, tem o sentido de estar “lado a lado”, “junto”, “perto”, ou seja, os personagens lutarão do mesmo lado na batalha. As explicações nas demais alternativas não correspondem à expressão destacada do texto. QUESTÃO 04 Los tonos tendencia del verano Te contamos los tonos que más se usarán esta temporada para que tu maquillaje y uñas estén a la moda. Pasteles Tanto el rosa, el lila, como el celeste pastel son colores que marcan tendencia. Transmiten calma y serenidad, ideales para aquellas que buscan expresar su carácter tranquilo. Además, aportan un toque femenino y delicado a tus manos. Coral El coral es un color que dice: ¡Llegó el verano! Se trata de un tono vibrante y energético que, por un lado, llama la atención y, por otro, muestra lo arriesgada que podés ser. Por supuesto, existen variantes ya que algunos son más eléctricos, cercanos al naranja, y otros más suaves, con tonalidad más rosada. […] Azul marino El azul está relacionado al mar y por eso, es uno de los más elegidos durante el verano. Además, combina con todo y deja ver un lado sofisticado. Es ideal para llevarlo con las uñas cortas para darle un toque sobrio a tus manos. 7VØ6 CSUY Cítricos Sin duda los colores cítricos son tendencia. El verde, amarillo y naranja hacen que lleves la calidez en tus manos. Son tonos divertidos y llamativos para esos momentos más casuales y quedan perfectos en pieles bronceadas. […] Disponível em: <http://bellezaxunproposito.com.ar>. Acesso em: 11 mar. 2016. A cada estação, novas tendências de cores surgem no mundo da moda e influenciam roupas, calçados, bolsas, maquiagem e unhas. De acordo com o texto, A. os tons de coral podem transmitir calma e serenidade. B. o lilás é um tom vibrante e energético, que chama a atenção. C. o azul-marinho deve ser evitado no verão por ser uma cor bastante sóbria. D. as cores pastel são recomendadas por serem bastante chamativas. E. os tons cítricos são chamativos e combinam com peles bronzeadas. Alternativa E Resolução: A alternativa correta é a E, pois, de acordo com o texto, as cores cítricas são divertidas, chamativas e ficam perfeitas em peles bronzeadas. A alternativa A está incorreta porque os tons de coral, diferentemente do que está registrado na alternativa, são vibrantes e energéticos. A alternativa B está incorreta porque o lilás transmite calma e serenidade. A alternativa C está incorreta porque o texto não menciona que o tom azul-marinho deve ser evitado, mas sim que é um dos tons mais escolhidos durante o verão, uma vez que está relacionado ao mar. A alternativa D está incorreta porque os tons pastel são considerados femininos e delicados. QUESTÃO 05 Piececitos Piececitos de niño, azulosos de frío, ¡cómo os ven y no os cubren, Dios mío! ¡Piececitos heridos por los guijarros todos, ultrajados de nieves y lodos! El hombre ciego ignora que por donde pasáis, una flor de luz viva dejáis; [...] MISTRAL, G. Disponível em: <https://www.culturagenial.com/>. Acesso em: 23 out. 2019. [Fragmento] O poema “Piececitos”, de Gabriela Mistral, trata de uma preocupação social contemporânea relativa A. às deficiências físicas dos adultos. B. à exploração da mão de obra infantil. C. à violência familiar nas grandes metrópoles. D. à problemática dos menores abandonados nas ruas. E. à precariedade das moradias onde vivem as crianças. 9TNP ENEM – VOL. 2 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 5BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa D Resolução: A alternativa D está correta, pois, por meio da referência aos pezinhos das crianças, retoma-se, metonimicamente, o modo como são tratadas: com indiferença e desdém, como informam os trechos “Piececitos de niño, / azulosos de frío, / ¡cómo os ven y no os cubren, / Dios mío!” e “El hombre ciego ignora / que por donde pasáis”. A alternativa A está incorreta, pois o poema, apesar de usar o termo “ciego” na última estrofe, não o faz denotativamente, ou seja, não aborda as deficiências físicas dos adultos. O termo é usado de modo conotativo, visando abordar o comportamento dos adultos em relação às crianças que vivem nas ruas. A alternativa B está incorreta, pois não se aborda a questão do trabalho infantil nesse poema. A alternativa C está incorreta, pois, embora as condições em que vivem as crianças nas ruas possam ter sido originadas em um problema familiar anterior, não se aborda essa questão no poema. A alternativa E está incorreta, pois, apesar de abordar a questão da precariedade da vida de muitas crianças, não se mencionam especificamente as condições de suas moradias, apenas o fato de que elas são tratadas com desdém pelos adultos nas ruas. LCT – PROVA I – PÁGINA 6 ENEM – VOL. 2 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 06 Uma rede social é definida como um conjunto de dois elementos: atores (pessoas, instituições ou grupos; os nós da rede) e suas conexões (interações ou laços sociais). Uma rede, assim, é uma metáfora para observar os padrões de conexão de um grupo social, a partir das conexões estabelecidas entre os diversos atores. A abordagem da rede tem, assim, seu foco na estrutura social, onde não é possível isolar os atores sociais nem suas conexões. RECUERO, R. Redes sociais na Internet. Porto Alegre: Sulina, 2009. (Coleção Cibercultura). Na abordagem proposta pela autora, as redes sociais são influenciadas pelo(a) A. busca por um comportamento singular no campo das relações humanas. B. aproximação entre sociedade e instituições relacionadas aos indivíduos. C. emprego que os sujeitos dão aos meios decomunicação digitais. D. comportamento dos atores e suas interações na sociedade. E. extensão de atores e conexões interpessoais à sociedade. Alternativa D Resolução: O fragmento aponta que uma rede social é construída por atores e suas conexões sociais, dessa forma, essa rede tende a ser influenciada pelo comportamento dos participantes e suas interações. Assim, a alternativa D está correta. A alternativa A está incorreta, pois não há menção, no texto, a uma busca por singularidade. A alternativa B está incorreta, pois a abordagem não define a aproximação da sociedade com instituições como influência para as redes sociais. O texto aborda as redes sociais, porém sem delimitá-las unicamente aos meios de comunicação digitais, por isso a alternativa C está incorreta. A alternativa E está incorreta, pois os atores definidos no texto são os indivíduos, instituições, ou seja, participantes da sociedade, portanto não há como ocorrer uma extensão deles para algo do qual eles já fazem parte. QUESTÃO 07 TEXTO I HUBERT. Folha de S.Paulo, 21 fev. 2018. 1XTJ T1ZE TEXTO II Intervenção federal no Rio é aprovada e valerá até dezembro Decreto de intervenção concede comando das forças de segurança e trava votações de PECs no Congresso Nacional. GARCIA, A. R7, 20 fev. 2018. Disponível em: <https://noticias.r7.com/>. Acesso em: 07 nov. 2019. A imagem do Cristo Redentor tal, como se vê na charge, foi motivada pelo(a) A. desejo dos cariocas de proteção militar. B. intervenção das Forças Armadas no Rio. C. exaltação dos cariocas às Forças Armadas. D. atitude de submissão dos cariocas ao Exército. E. comemoração da atuação do Exército no Rio. Alternativa B Resolução: Considerando o texto I e o que é solicitado na questão, verifica-se que o que motivou a elaboração da charge foi a intervenção das Forças Armadas no Rio de Janeiro, por isso a alternativa B está correta. As alternativas A e C estão incorretas, pois os textos não abordam opiniões da população da cidade, os cariocas. Portanto, não se pode afirmar que eles desejavam um reforço militar nem que exaltavam as Forças Armadas. O Cristo Redentor é um símbolo que representa o Rio de Janeiro, por isso um sentido possível para a charge seria o de submissão da cidade ao Exército, porém o que é solicitado é o que motivou a criação da imagem, e não a mensagem transmitida, o que faz com que a alternativa D seja incorreta. A alternativa E está incorreta, pois não se pode depreender que haja uma comemoração pela atuação do Exército. QUESTÃO 08 Segundo o especialista em marketing digital, Diego Brito, CEO da agência General Marketing: “O jogo mudou! Seja na política ou em nosso dia a dia, as redes sociais se tornaram a mídia de maior impacto e consequentemente a que possui uma maior eficiência para vender produtos, ideias e até mesmo presidentes da República. Não tem mais essa de que Facebook não funciona para a minha empresa. Se a sua empresa não está no Facebook, é ela que não está funcionando direito”. DINO. 62% da população brasileira está ativa nas redes sociais. Exame, 19 out. 2018. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/>. Acesso em: 24 set. 2019. [Fragmento] No fragmento, a tese defendida pelo especialista citado é a de que as redes sociais A. reforçam o caráter socioeconômico e cultural inerente ao ambiente digital. B. auxiliam na divulgação de produtos com objetivo de promover estilos de vida. C. subtraem valor cultural dos produtos e ideias anunciados pelo marketing digital. D. impactam os sujeitos envolvidos na comunicação e no processo de compra e venda. 3VG1 ENEM – VOL. 2 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 7BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO E. influenciam a adoção de comportamentos mais conscientes na decisão de compra. Alternativa D Resolução: O texto aponta que as redes sociais são, atualmente, responsáveis por grandes impactos na vida dos indivíduos, com grande capacidade de venda e influenciando até mesmo na escolha de presidentes. Por isso, a alternativa D está correta. A alternativa A está incorreta, pois não é inerente ao ambiente digital um caráter socioeconômico e cultural. A alternativa B está incorreta porque o texto não afirma que a divulgação de produtos tenha como objetivo promover determinados estilos de vida. A alternativa C está incorreta, visto que o especialista defende que as redes sociais não subtraem, mas agregam valor cultural aos produtos, o que se verifica em sua afirmação de que uma empresa que não está no Facebook não está funcionando direito. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois o que se pode entender pelo trecho em análise é que as redes sociais são um instrumento para aumento da oferta de consumo, ou seja, não há um intuito de influenciar comportamentos mais conscientes. QUESTÃO 09 O Velho Chico de águas corridas, antes navegáveis, completa 518 anos de descoberta nesta sexta-feira. É um senhor doente. Imponente, é um paciente grave. O excesso de terra e sedimentos diminuem o seu volume. Bancos de areia obstruem suas artérias e o tornam não mais navegável em vários trechos. O principal sintoma da morte de um rio é quando o mar invade as suas águas. Na foz, em Brejo Grande (SE), isso já ocorre. Lá, o São Francisco não tem mais força para entrar no Oceano Atlântico. O rio agoniza pela falta de cuidado dos homens. O diagnóstico: revitalização urgente. O remédio: desobstruir suas artérias. ALENCAR, O. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/>. Acesso em: 06 out. 2019. [Fragmento] Para justificar seu ponto de vista, o autor usa a personificação como um recurso discursivo, por meio do qual A. caracteriza o Rio São Francisco como um paciente doente, que precisa de cuidados imediatos. B. fornece informações de extrema importância sobre a recuperação do rio e de seus afluentes. C. cita responsáveis pelo grave estado ambiental em que o Rio São Francisco se encontra. D. indica a importância do rio para as populações ribeirinhas e para o continente em geral. E. sugere alguns cuidados e ações que podem ser tomadas para evitar a morte do rio. Alternativa A Resolução: A alternativa A está correta, pois a figura de linguagem da personificação é utilizada pelo autor para apresentar o Rio São Francisco como um paciente doente, que precisa de cuidados médicos. Termos como “senhor doente”, “paciente grave”, “desobstruir suas artérias” e “o rio agoniza” são usados para demonstrar o estado grave em que o rio se encontra, buscando sensibilizar o leitor para essa situação. PD44 As alternativas B e E estão incorretas porque o autor menciona que o rio precisa se recuperar, mas sem informações aprofundadas e sem especificar como isso pode ser feito. A alternativa C está incorreta, pois o autor não cita os responsáveis diretos pela situação em que o rio se encontra, apenas menciona que ele está morrendo pela falta de cuidados dos homens, fator que não está relacionado à estratégia de personificação. Já a alternativa D está incorreta porque, apesar de a importância do Rio São Francisco ser amplamente conhecida, não há citação sobre esse assunto no trecho em questão. QUESTÃO 10 MOGI GUAÇU. Prefeitura Municipal. Secretaria de Promoção Social. Muitas campanhas publicitárias chamam a atenção da sociedade para problemas sociais. No caso do texto anterior, seu objetivo comunicativo é A. mobilizar a população para o combate a toda forma de violência infantil. B. alertar os agressores sexuais de que seus atos são considerados crimes. C. evidenciar que essa prática abusiva pode atingir crianças e adolescentes. D. instruir as vítimas de abuso sexual a buscarem ajuda por meio da denúncia. E. conscientizar as pessoas da necessidade de denúncia do abuso sexual infantil. Alternativa E Resolução: A alternativa E está correta, pois a campanha publicitária aborda a questão do abuso sexual contra crianças e adolescentes, buscando promovera conscientização sobre essa problemática e incentivar a denúncia por meio dos canais de comunicação informados. A alternativa A está incorreta, pois a campanha visa à conscientização especificamente sobre o abuso sexual infantil, não abordando outras formas de violência contra crianças e adolescentes. A alternativa B está incorreta porque a campanha não é dirigida aos agressores, mas às pessoas que sabem da ocorrência dos abusos e podem atuar na denúncia, evitando serem cúmplices dessa prática. A alternativa C está incorreta, pois o fato de a prática abusiva poder atingir crianças e adolescentes é reforçado na campanha, mas não é seu objetivo principal, pois espera-se que as pessoas já tenham conhecimento dessa ocorrência e que, agora, denunciem. A alternativa D está incorreta, pois não é objetivo da campanha se dirigir às vítimas dos crimes, mas sim às pessoas que podem atuar na denúncia, o que é reforçado pelo imperativo negativo “Não seja cúmplice”, dirigindo-se ao interlocutor. 4S4K LCT – PROVA I – PÁGINA 8 ENEM – VOL. 2 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 11 Muitos especialistas acreditam que a galera consegue deixar o “internetês” só no mundo virtual. “Os jovens não confundem, não. Eles sabem que essa linguagem econômica só é adequada para os ambientes digitais”, diz a linguista Maria Irma Hadler Coudry, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp-SP). “O que pode acontecer é surgir uma outra variedade, como o internetês, mas a língua culta e essas variedades vão continuar convivendo”, diz Maria Irma. Disponível em: <https://super.abril.com.br/>. Acesso em: 04 ago. 2019. [Fragmento] Em relação ao chamado “internetês”, o texto defende que esse tipo de linguagem A. auxilia as comunicações virtuais. B. insere o indivíduo no meio digital. C. integra falantes jovens à sociedade. D. valoriza outras variedades linguísticas. E. atende a um contexto de comunicação. Alternativa E Resolução: O texto aborda a questão do internetês e aponta que, diferentemente do temor que há na sociedade, os jovens não irão confundir os tipos de linguagem e seus usos, pois esses neologismos atendem ao contexto virtual de comunicação. Assim, a alternativa E está correta. A alternativa A está incorreta, pois o foco do texto não é em relação ao internetês auxiliar nas relações virtuais. A alternativa B está incorreta, pois a linguagem da Internet não insere o indivíduo no meio digital, pois ela é utilizada por aqueles que já estão ali inseridos. A alternativa C está incorreta porque esse tipo de linguagem não integra o jovem à sociedade, pois, como afirma o texto, o uso ocorre apenas no ambiente virtual. A alternativa D está incorreta, pois o fragmento em questão delimita-se a abordar a questão do uso do internetês, sem apresentar consequências que ele pode gerar, apontando apenas que essas variadas formas de linguagem continuarão a conviver. QUESTÃO 12 QUINO. Toda Mafalda. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2010. 420 p. Na organização gramatical da tirinha, o autor empregou um pronome demonstrativo, cujo uso no texto é justificado, de acordo com a norma-padrão, por A. indicar que o objeto a que a personagem se refere está próximo a ela. B. evidenciar que a personagem se refere ao mundo real, o planeta Terra. C. funcionar como elemento coesivo que retoma um termo já exposto. 9LGT JFXH D. inferir que há mais de um mundo, e aquele é apenas um modelo. E. sugerir que o mundo reduzido é belo, mas o original não. Alternativa A Resolução: Entre os usos possíveis do pronome demonstrativo “este” há o uso para indicar algo que está próximo de quem fala, assim, a alternativa A está correta, pois, nesse caso, ele é usado para indicar o objeto ao qual Mafalda se refere (o globo) e que está próximo a ela. A alternativa B está incorreta, pois a personagem não se refere ao mundo real, mas ao modelo reduzido, para o qual aponta com seu dedo indicador. A alternativa C está incorreta, pois, apesar de um dos usos do pronome “este” ser o de retomar algo dito anteriormente, considerando sua utilização logo na primeira fala, não se verifica a retomada de qualquer elemento anterior. A alternativa D está incorreta porque não é possível inferir, pela fala de Mafalda, que existe mais de um mundo, até mesmo porque ela não fala de “um dos mundos”, mas sim “este é o mundo”, indicando uma única existência. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois a garota sugere sim, em sua fala, que apenas o modelo reduzido é carregado de beleza, enquanto o modelo original é um desastre. Contudo, considerando o solicitado na questão, relativo à norma-padrão, o pronome demonstrativo não é responsável por essa inferência de sentido. QUESTÃO 13 Alegria, formosa centelha divina, Filha do Elíseo, Ébrios de fogo entramos Em teu santuário celeste! Tua magia volta a unir O que o costume rigorosamente dividiu. Todos os homens se irmanam Ali onde teu doce voo se detém. Quem já conseguiu o maior tesouro De ser o amigo de um amigo, Quem já conquistou uma mulher amável Rejubile-se conosco! Sim, mesmo se alguém conquistar apenas uma alma, Uma única em todo o mundo. Mas aquele que falhou nisso Que fique chorando sozinho! Alegrias bebem todos os seres No seio da Natureza [...] SCHILLER, F. Ode à alegria (Ode an die Freude). Disponível em: <https://repositorioaberto.uab.pt/>. Acesso em: 08 nov. 2019. [Fragmento] Nos versos de Friedrich von Schiller, famosos por serem parte da “Sinfonia n. 9” de Beethoven, a voz lírica exalta, como temática, A. as fantasias do amor. B. as convenções sociais. BJ4C ENEM – VOL. 2 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 9BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO C. a força da fé na figura divina. D. a comunhão com a natureza. E. a fraternidade entre os humanos. Alternativa E Resolução: Trata-se de um poema de tom elevado e solene, construído originalmente para ser elogioso. O fragmento analisado foi extraído da “Ode à alegria”, composição do autor Friedrich von Schiller. A voz lírica do fragmento aponta para a importância de cativarmos uns aos outros em busca da amizade que unificará a humanidade. Desse modo, a alternativa E está correta. A alternativa A está incorreta, pois o amor aparece no texto como uma das possibilidades para a união, tal qual a amizade. A alternativa B está incorreta, pois as convenções sociais são antagonizadas pelo eu lírico, visto que foram elas as responsáveis pela separação dos homens. A alternativa C está incorreta, pois, no poema, a alegria é elevada ao posto divino, não havendo menção à fé religiosa. Finalmente, a alternativa D está incorreta, pois a natureza é vista como a provedora de alegria para todos os seres, de modo a reforçar as semelhanças entre os indivíduos. QUESTÃO 14 Faça uma coisa. Passe uma semana sem ouvir uma música, sem assistir uma novela, sem ir ao teatro, sem ler um livro, ver um filme, olhar para uma escultura, ou para um quadro. Fique um tempo sem dançar, sem recitar uma poesia e me diga o que resta da sua vida. Talvez assim você entenda qual é o valor da arte no seu dia a dia e o valor de um artista na formação da sociedade. SANTA CRUZ, T. Disponível em: <https://www.brasildefato.com.br/>. Acesso em: 11 nov. 2019. [Fragmento] O texto propõe uma reflexão crítica que parte do ponto de vista de que a profissão do artista A. influencia o desejo de ascensão social nas pessoas. B. aproveita-se de benefícios proporcionados pela publicidade. C. provoca mudanças nos valores sociais do sujeito que a exerce. D. contribui para a sensibilização das pessoas a valores humanos. E. resulta do apelo mercadológico por carreiras mais simples e fáceis. Alternativa D Resolução: O texto em questão aborda a arte e a importância dos artistas para a vida das pessoas, levando o leitor a uma reflexão sobre como as manifestações artísticas estão inseridas na rotina de todos os indivíduos. Dessa forma, a alternativa D está correta,pois é possível entender que o artista contribui para o bom proveito da vida. A alternativa A está incorreta, pois não há menção no texto sobre a busca por ascensão social. A alternativa B está incorreta, pois o autor não aborda a relação dos artistas e os benefícios advindos de sua vida pública. A alternativa C está incorreta porque o fragmento mostra a importância da arte e dos artistas, mas não aborda sua capacidade de gerar mudança de valores nos indivíduos. 3NA6 A alternativa E está incorreta, pois não se verifica citação a questões mercadológicas que envolvem as profissões artísticas. QUESTÃO 15 Era uma vez dois pobres lenhadores, que voltavam para casa através de um grande pinheiral. Era inverno, e a noite estava extremamente fria. A neve jazia espessa no solo e sobre os galhos das árvores: a geada fazia estalar os tenros ramos por onde eles passavam; e quando chegaram à Cachoeira da Montanha, viram-na suspensa, imóvel no ar, pois o Rei Gelo a beijara. O frio era tamanho que nem mesmo os animais e os pássaros sabiam como se arranjar. – Ufa! – rosnou o lobo, ao passar vacilante, pelo mato, com a cauda entre as pernas. – Este tempo é terrivelmente monstruoso. Por que o governo não toma alguma providência? – Piu, piu, piu! – pipilaram os pintarroxos verdes. – A velha terra está morta, e cobriram-na com sua mortalha branca. – A terra vai se casar, e este é o seu vestido de noiva – murmuraram as rolas entre si. Seus pezinhos cor-de-rosa estavam inteiramente gelados pela neve, mas elas achavam que deveriam dar à situação uma nota romântica. WILDE, O. O menino e a estrela. In: Contos e novelas de Oscar Wilde. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. p. 143. A expressão que abre o conto marca, na cultura eurocêntrica, o modo de construção temporal de muitos gêneros narrativos. No fragmento do autor irlandês Oscar Wilde, o tempo é apresentado como momento impreciso, vinculando-se a uma representação A. fantástica e transgressora dos contos populares. B. mágica e longínqua da paisagem e dos animais. C. objetiva e moralizante das relações pessoais. D. inverossímil e infantilizada da natureza. E. bem-humorada e irônica da vida rural. Alternativa B Resolução: A expressão “Era uma vez”, que abre o conto de Oscar Wilde, marca a imprecisão do tempo da narrativa, vinculando-se a uma representação mágica e longínqua da paisagem e das personagens. Corrobora essa ideia o trecho em que é informado que o Rei Gelo beijou a cachoeira, mencionando uma personagem de característica fantástica. Igualmente, o fato de os animais falarem também marca essa representação mágica do conto. Está correta, assim, a alternativa B. Improcede a alternativa A, pois, na narrativa, não há uma representação transgressora dos contos populares. Do mesmo modo, a alternativa C não procede, pois não se verifica no conto uma representação moralizante ou mesmo objetiva das relações pessoais. Ainda, no conto, não há uma representação inverossímil ou infantilizada da natureza, tampouco bem-humorada e irônica da vida rural, estando incorretas as alternativas D e E. HPG6 LCT – PROVA I – PÁGINA 10 ENEM – VOL. 2 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 16 Te encontro com certeza Talvez num tempo da delicadeza Onde não diremos nada, nada aconteceu Apenas seguirei como encantado, ao lado teu BUARQUE, Chico. Disponível em: <http://www.chicobuarque.com.br>. Acesso em: 23 ago. 2011. Os textos artísticos podem fazer uso da licença poética, que consiste na permissão para extrapolar as normas da Gramática Normativa. No trecho da canção apresentada, há uso de licença poética em relação A. à repetição do termo “nada”. B. ao termo “onde”. C. ao pronome “teu” (2ª pessoa do singular). D. ao adjetivo “encantado”. E. a um dos advérbios “talvez” / “apenas”. Alternativa B Resolução: Considerando o solicitado na questão, analisando o poema pelas normas gramaticais, a alternativa B está correta, pois o pronome relativo “onde” deve ser empregado apenas quando o antecedente a que se refere indica lugar físico. No caso do texto, “onde” retoma “um tempo de delicadeza”, que sugere ideia de tempo. Portanto, segundo a norma-padrão, os relativos adequados seriam “em que” ou “quando”. A alternativa A está incorreta, pois a repetição do termo “nada” não configura como erro gramatical utilizado como licença poética, sendo, na verdade, uma figura de linguagem. A alternativa C está incorreta, pois não há desvio de norma da Gramática Normativa na utilização de “teu”, o qual, inclusive, está de acordo com a utilização de “te” no primeiro verso. Já a alternativa D está incorreta, pois “encantado” foi utilizado em seu sentido denotativo, ou seja, o eu lírico está mesmo encantado, enfeitiçado pela pessoa amada. A alternativa E está incorreta porque os advérbios foram usados de acordo com a Gramática Normativa, não ocorrendo licença poética. QUESTÃO 17 TEXTO I Tinha vinte anos e pelo menos vinte escolhas diante de si, por isso sorriu ao divisar aquela jovem na sacada de um apartamento no prédio mais próximo. Ela vestia branco e tinha os cabelos soltos, como se fosse um milagre. Cabelos compridos, grossos e escuros, ondulados demais. Não podia ser diferente: era a Garota de branco. A Sinfonia em branco de Whistler. A poesia da visão. LISBOA, A. Sinfonia em branco. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Alfaguara, 2013. p. 42. SWQA EEEC TEXTO II WHISTLER, J. A. A garota branca. Óleo sobre tela, 215 × 108 cm. 1862. A referência ao quadro de Whistler no fragmento de Adriana Lisboa dialoga com a percepção artística do pintor, pois remete à produção de sentidos que ocorre pela A. religiosidade que permeia a arte. B. compreensão da intenção do artista. C. intertextualidade entre música e pintura. D. evocação de sentimentos a partir da forma. E. relação entre o elemento humano e arquitetônico. Alternativa D Resolução: Na obra de Adriana Lisboa, a garota de branco é como uma “poesia da visão” para o jovem que a admira, fazendo-o lembrar-se imediatamente da obra de Whistler. Conforme se pode observar no texto II, a “poesia da visão” conversa com os ideais estéticos de Whistler, para quem a arte deve apelar diretamente aos olhos, valorizando a forma. Logo, a alternativa D está correta. Na obra de Lisboa, a garota de branco aparece tal qual um milagre para a personagem, que não consegue acreditar em sua beleza. Esse milagre, no entanto, se relaciona à personificação de uma obra por ele conhecida, não fazendo menção à religião presente nas artes. Portanto, a alternativa A está incorreta. O ideal artístico de Whistler renega a necessidade de contextos para a obra de arte, dando espaço para seu efeito quando recebida por um público, logo a alternativa B está incorreta. A intertextualidade entre música e pintura está presente na obra de Whistler, mas não encontra eco na intertextualidade de Lisboa, cujo foco é a poesia advinda da forma. Desse modo, a alternativa C está incorreta. O selvagem e o urbano que aparecem nas obras de Whistler e Lisboa, respectivamente, estão opostos à pureza do branco. No entanto, a estética de Whistler se pauta no efeito da forma aos olhos de quem vê, estando a alternativa E, portanto, incorreta. ENEM – VOL. 2 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 11BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 18 TEXTO I À primeira vista, o microconto pode ser compreendido como sinal dos novíssimos tempos: ele dialoga com novas formas de representação – imediatas, objetivas, fragmentárias – que favorecem a economia de tempo dos leitores, habituados à leitura diagonal, em lugar da orientação linear. CHAUVIN, J. P. Reflexão sobre o microconto. Jornal da USP, 27 jun. 2016. Disponível em: <https://jornal.usp.br/>. Acesso em: 08 nov. 2019. [Fragmento] TEXTO II Fui me confessar ao mar. O que ele disse? Nada. TELLES, L. F. In: FREIRE, M. (Org.) Os Cem Menores Contos Brasileirosdo Século. 3. ed. São Paulo: Ateliê Editorial, 2008. A partir da relação entre os textos I e II, em que um define o gênero textual a que pertence o outro, a passagem do tempo, na narrativa do microconto, A. revela-se pelos agentes dos verbos. B. está marcada pelos verbos no passado. C. evidencia-se pela quantidade de verbos. D. explicita-se pelo curso ordenado de frases. E. está assinalada pela ambiguidade de “Nada”. Alternativa D Resolução: Ao analisar o microconto de Lygia Fagundes Telles sob a definição desse gênero por Jean Paul Chauvin, observa-se que o tempo da narrativa, econômico, fragmentário, se evidencia pela ordenação sequencial das frases. Logo, a alternativa correta é D. A alternativa A está incorreta, pois os agentes dos verbos evidenciam as personagens do microconto. A alternativa B está incorreta, pois os verbos no passado marcam que o tempo da narrativa é diferente do tempo narrado, mas não explicitam a passagem do tempo dentro da própria narrativa. A alternativa C está incorreta, pois a quantidade de verbos, dois (ou três, devido à ambiguidade de “nada”), não explicita a passagem temporal cronológica dos fatos, mas, sim, evidenciam a economia típica do gênero. A alternativa E está incorreta, pois a ambiguidade da palavra “Nada” afeta a semântica construída pelo microconto – já que pode indicar o imperativo para a execução do verbo “nadar” ou o pronome indefinido –, não relacionando com a marcação da passagem de tempo. Essa ambiguidade evidencia o tom humorístico do texto. QUESTÃO 19 O coração delator Sorri – pois o que tinha a temer? Dei as boas-vindas aos senhores. O grito, disse, fora meu, num sonho. O velho, mencionei, estava fora, no campo. Acompanhei minhas visitas por toda a casa. Incentivei-os a procurar – procurar bem. Levei-os, por fim, ao quarto dele. Mostrei-lhes seus tesouros, seguro, imperturbável. No entusiasmo de minha confiança, levei cadeiras para o quarto e convidei-os para ali descansarem de seus afazeres, enquanto eu mesmo, na louca audácia de um triunfo perfeito, instalei minha própria cadeira exatamente no ponto sob o qual repousava o cadáver da vítima. POE, Edgar Allan. Disponível em: <http://oficinaideiaseideais.blogspot. com.br/2008/09/discurso-direto-indireto-e-indireto.html>. Acesso em: 04 jun. 2013. 7IK7 ZMQ1 Em uma narrativa, o narrador incorpora no ato de narrar as vozes que compõem a história contada, encenando diálogos, reflexões e remissões a outros personagens. Para tanto, utiliza-se de procedimentos de representação que podem ser sintetizados em três: discurso direto, indireto ou indireto livre. No fragmento do conto de Edgar Allan Poe, nota-se o uso de discurso A. direto, uma vez que se utilizam travessões e falas explícitas das personagens que são interrogadas pelo narrador. B. indireto livre, pois ocorre a fusão tanto do discurso direto quanto do indireto, respectivamente comprovados pelo uso de travessões e elocução. C. indireto, já que não ocorre diálogo explícito e as cenas e atitudes das personagens são descritas pelo próprio narrador. D. indireto livre, pois se apresenta um fluxo de consciência do narrador, o qual se confunde com as falas de outras personagens. E. direto, porque, além do uso de travessões, o narrador expressa explicitamente seus sentimentos e atitudes com adjetivos e verbos de ação. Alternativa C Resolução: O fragmento em questão apresenta um narrador- -personagem, que descreve as cenas e os diálogos, porém sem utilizar marcações explícitas das falas, sendo, portanto, um discurso indireto. Dessa forma, a alternativa C está correta. A alternativa A está incorreta, pois não há no trecho travessões e falas explícitas de personagens. O discurso indireto livre define-se pela fusão das falas e pensamentos das personagens à voz do narrador, não havendo marcas, como travessões. Assim, a alternativa B está incorreta, bem como a alternativa D, visto que o trecho não apresenta fluxo de consciência do narrador nem características desse tipo de discurso. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois no texto não ocorre a utilização de travessões, característica do discurso direto. QUESTÃO 20 Um instante, senhor É mais fácil um camelo passar pelo buraco da agulha e um rico entrar no reino dos céus do que cancelar a TV a cabo. Sei o que digo: perdi uma tarde no telefone até a atendente Carla aceitar o fim de nossa relação – não sem antes levar-me à beira da loucura com as infinitas artimanhas que deve ter aprendido em gincanas Tropa de Elite de Vendas e outras aberrações oriundas do fascinante mundo do RH. A guerrilheira Carla nem perdia o rebolado. Pedia um instantinho, me deixava ouvindo aquela música new age de videogame e, cinco minutos depois, como se nada tivesse acontecido, oferecia-me o “Combo Deluxe” pelo preço do “Combo Master”, o “Combo Master” pelo preço do “Combo Comfort – mais a família Cineblix!, senhor Antonio, é um excelente negócio!”. PRATA, A. Disponível em: <https://blogdoantonioprata.blogspot.com/>. Acesso em: 28 set. 2019. [Fragmento] 8G7P LCT – PROVA I – PÁGINA 12 ENEM – VOL. 2 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO No texto, ao modificar um provérbio, o cronista tem como objetivo A. comparar uma citação bíblica com a dificuldade de se cancelar a TV a cabo. B. defender a persistência de atendentes diante dos pedidos de cancelamento. C. hiperbolizar o comportamento de usuários no cancelamento da TV a cabo. D. hierarquizar as dificuldades de cancelar um dos combos de serviço. E. relativizar os obstáculos para se cancelar o serviço de TV a cabo. Alternativa A Resolução: A crônica em questão busca mostrar, com humor, uma situação vivida por muitas pessoas. Com a quebra da expectativa relacionada à citação bíblica que inicia o texto, o cronista buscou demonstrar a dificuldade que os usuários têm para cancelar a TV a cabo, afirmando ser mais difícil do que as situações presentes no provérbio. Assim, a alternativa A está correta. A alternativa B está incorreta, pois o texto critica a insistência dos atendentes, e não defende. A alternativa C está incorreta, pois não há uma hipérbole em relação ao comportamento dos usuários, mas, sim, em relação à situação. A alternativa D está incorreta, pois o objetivo não é hierarquizar, mas apenas apresentar as dificuldades para se conseguir o cancelamento. Além disso, esses problemas também não são relativizados, portanto a alternativa E está incorreta. QUESTÃO 21 Era uma rua comprida, com muros altos, amarelos. Seu coração batia de medo, ela procurava inutilmente reconhecer os arredores, enquanto a vida que descobrira continuava a pulsar e um vento mais morno e mais misterioso rodeava-lhe o rosto. Ficou parada olhando o muro. Enfim pôde localizar-se. Andando um pouco mais ao longo de uma sebe, atravessou os portões do Jardim Botânico. Andava pesadamente pela alameda central, entre os coqueiros. Não havia ninguém no Jardim. Depositou os embrulhos na terra, sentou-se no banco de um atalho e ali ficou muito tempo. A vastidão parecia acalmá-la, o silêncio regulava sua respiração. Ela adormecia dentro de si. LISPECTOR, C. Amor. In: ______. Laços de Família. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. No conto de Clarice Lispector, o espaço apresenta importante função, porque A. associa-se ao enredo narrado. B. favorece o discurso indireto livre. C. reflete as emoções da personagem. D. evidencia as marcas do tempo narrativo. E. transparece análise geopolítica da obra. D9KZ Alternativa C Resolução: O espaço, no trecho de “Amor”, de Clarice Lispector, torna-se extremamente importante, pois reflete as emoções da personagem, por exemplo, assim como as paredes, amarelas, ela se acovarda; a inexistência de pessoas no Jardim Botânico, espaço carioca sempre tão cheio de pessoas, reflete a solidão sentida pela moça. Logo, a alternativa C está correta. A alternativa A está incorreta, pois o enredoconstitui-se pelo espaço, não se associa a este. A alternativa B está incorreta, pois não há discurso indireto livre no trecho. A alternativa D está incorreta, pois o tempo da narrativa, como as emoções da personagem, se reflete no espaço – fica vazio e parado. A alternativa E está incorreta, pois o espaço não garante uma análise geopolítica, fora as referências relativas à personagem, deve-se considerar apenas sua apresentação enquanto localização. QUESTÃO 22 Disponível em: <http://www.towbar.com.br/>. Acesso em: 10 jun. 2019. Nesse cartaz, o uso da imagem do operador de trânsito com uma placa sinalizadora na mão, associado ao texto verbal, tem o objetivo de A. chamar a atenção do público-alvo por meio do símbolo para o conteúdo da campanha. B. simbolizar a mudança de comportamento do interlocutor após a campanha. C. reforçar a argumentação criada pela campanha para seus interlocutores. D. explicitar o assunto da campanha por meio de símbolos referentes. E. incentivar o público-alvo a consumir produtos específicos. Alternativa A Resolução: A imagem utilizada na campanha, do agente com uma placa de sinalização, a qual tem o formato da placa de trânsito de parada obrigatória, busca chamar a atenção do público-alvo, que são os motoristas, para o tema abordado, que é a conscientização para evitar acidentes. Assim, a alternativa A está correta. A alternativa B está incorreta, pois a utilização da imagem não se relaciona a um comportamento que já mudou. A alternativa C está incorreta, pois o objetivo do uso da imagem não é reforçar a argumentação, mas chamar a atenção. U6P8 ENEM – VOL. 2 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 13BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO A alternativa D está incorreta, pois os símbolos utilizados não explicitam o assunto, apesar de se relacionarem a ele. A alternativa E está incorreta, pois não há referência a consumo de produtos, visto se tratar de uma campanha de conscientização, e não de incentivo à compra. QUESTÃO 23 Não é a primeira vez que me surpreendo com a utilização da Primeira Página da Folha para um brutal destaque a algo não apropriado (foto da modelo que acusa Neymar de estupro, 8/6). Lamentável a excessiva exploração de fofocas dessa natureza. Por outro lado, parabenizo o jornal pelo projeto Dias Melhores, que merece, sim, destaque. Fatos positivos trazem inspiração e esperança ao povo. SIMÕES, A. C. Painel do Leitor. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/>. Acesso em: 10 jun. 2019. Nesse texto, do tipo dissertativo-argumentativo, contido na seção Painel do Leitor, a presença da opinião sobre uma publicação jornalística se destaca pelo uso de A. caracterização do jornal onde foi publicado. B. vulgarização para referenciar os jornalistas. C. indicação da circunstância temporal de sua divulgação. D. conexão lógica entre a notícia e o ponto de vista do autor. E. retomada da notícia dada pela mídia onde está publicado. Alternativa A Resolução: O texto apresentado é a opinião de um leitor publicada no próprio jornal ao qual ele se direciona. Seu posicionamento é marcado pelas escolhas lexicais, que demonstram sua avaliação acerca dos assuntos e do jornal, como “brutal”, “não apropriado”, “Lamentável”. Dessa forma, a alternativa A está correta. A alternativa B está incorreta, pois não há presença de palavras inapropriadas que se refiram aos jornalistas. A alternativa C está incorreta, pois a indicação do tempo da publicação não é o que garante a presença de opinião. A alternativa D está incorreta, pois a existência de uma conexão lógica não indica que há um posicionamento. Por fim, a alternativa E está incorreta porque o fato de retomar a notícia garante entendimento sobre a que o leitor se refere, porém não é o que marca a presença de sua opinião. QUESTÃO 24 PACO – Você arranhou meu sapato. (Molha o dedo na boca e passa no sapato.) Meu pisante é legal pra chuchu. (Examina o sapato.) Você não acha bacana? TONHO – Onde você roubou? PACO – Roubou o quê? TONHO – O sapato. PACO – Não roubei. TONHO – Não mente. PACO – Não sou ladrão. TONHO – Você não me engana. MAW3 EE2Y TONHO – Onde conseguiu, então? PACO – Trabalhando. TONHO – Pensa que sou trouxa? PACO – Parece. (Ri.) TONHO – Idiota. (Paco ri.) TONHO – Nós dois trabalhamos no mesmo serviço. Vivemos de biscate no mercado. Eu sou muito mais esperto e trabalho muito mais do que você. E nunca consegui mais do que o suficiente pra comer mal e dormir nesta espelunca. Como então você conseguiu comprar esse sapato? PACO – Eu não comprei. TONHO – Então roubou. PACO – Ganhei. MARCOS, P. Dois perdidos numa noite suja. Disponível em: <https://www.ufsj.edu.br/>. Acesso em: 28 set. 2019. [Fragmento] A peça de Plínio Marcos, escrita em 1966, traz uma forte crítica à sociedade e às ideias vigentes na época. No excerto, essas características se evidenciam por meio do(a) A. preconceito de Tonho, ao acusar Paco de furto. B. fascínio dos amigos, ao contemplarem o tênis de luxo. C. desesperança de Tonho, ao relatar a rotina de sua vida. D. agressividade de Paco, ao contestar Tonho pelo ataque. E. rivalidade entre as personagens, ao disputarem o objeto de consumo. Alternativa A Resolução: O excerto do texto dramático traz uma discussão de duas personagens em torno da forma como uma delas (Paco) conseguira seu par de tênis. Entende-se pelo trecho que as duas personagens pertencem ao setor mais pobre da sociedade. A partir da acusação de Tonho de que Paco teria roubado o sapato, o que se revela é uma crítica ao preconceito de classe daquela época, mas que ainda perdura atualmente, que pode ser traduzido pela ideia defendida por Tonho: sendo o amigo pobre como ele, a única forma de ele ter tido acesso é pelo furto. Por isso, a alternativa A está correta. A alternativa B está incorreta, pois não há no texto referência a um fascínio pelo sapato por parte das personagens. A alternativa C está incorreta, pois o relato de Tonho sobre sua vida não reforça a crítica do texto aos valores da sociedade. A alternativa D está incorreta, pois não se pode afirmar que há agressividade na fala de Paco. A alternativa E está incorreta porque as personagens não disputam o objeto, apenas discutem sobre sua procedência. QUESTÃO 25 No país das masmorras Chegamos ao núcleo da questão. No estado atual das prisões brasileiras, é tão bárbaro prender quem tem 16 anos quanto quem tem 18 ou mais. Todos sabemos disso. O país não tem moral para exigir respeito à lei, quando não tem moral para dizer: isto é uma prisão, você perderá a liberdade e aprenderá um ofício; trate de se recuperar. ØA9U LCT – PROVA I – PÁGINA 14 ENEM – VOL. 2 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Quem pede leis mais rigorosas, simplesmente usa um eufemismo: queria que todo criminoso fosse fuzilado. COELHO, Marcelo. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/ colunas/marcelocoelho/1263968-no-pais-das-masmorras.shtml>. Acesso em: 04 jun. 2013. No fragmento anterior, a referência a uma conhecida figura de linguagem cria o efeito de sentido de A. atenuação da crítica àqueles que defendem penas mais rigorosas no país. B. minimização do impacto de um possível recrudescimento da lei. C. relativização dos problemas existentes nas prisões brasileiras. D. evidência do radicalismo de medidas que visam a endurecer as leis. E. estabelecimento de uma oposição entre presídios e campos de fuzilamento. Alternativa D Resolução: A figura de linguagem citada é o eufemismo, que se caracteriza pela busca por minimizar ou suavizar algo. O autor afirma que as pessoas utilizam essa figura para não dizer aquilo que realmente gostariam, mostrando, assim, que a busca por leis mais rígidas é uma medida radical. Portanto, a alternativa D está correta. A alternativa A está incorreta, pois não há atenuação das críticas, na verdade, o autor indica que o eufemismo ocorre na fala das pessoas. A alternativaB está incorreta, pois o texto não aborda os impactos que as leis mais duras poderiam causar. A alternativa C está incorreta porque o que se pode entender no texto é que os problemas das prisões são grandes, não havendo relativização sobre esse assunto. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois o autor não busca diferenciar os presídios dos campos de fuzilamento. Ele cita o “fuzilar” para afirmar que esse é o real desejo dos indivíduos que pedem leis mais rigorosas. QUESTÃO 26 A seta e o alvo Eu falo de amor à vida, você de medo da morte. Eu falo da força do acaso, você de azar ou sorte. Eu ando num labirinto e você numa estrada em linha reta. Te chamo pra festa mas você só quer atingir sua meta. Sua meta... É a seta no alvo, mas o alvo na certa não te espera. Eu olho pro infinito e você de óculos escuros. Eu digo te amo e você só acredita quando eu juro. Eu lanço minha alma no espaço, você pisa os pés na terra. Eu experimento o futuro e você só lamenta não ser o que era. Eu grito por liberdade, você deixa a porta se fechar. Eu quero saber a verdade e você se preocupa em não se machucar. Eu corro todos os riscos, você diz que não tem mais vontade. Eu me ofereço inteiro e você se satisfaz com metade. ZI3B Sempre a meta de uma seta no alvo, mas o alvo na certa não te espera. Então me diz qual é a graça de já saber o fim da estrada. Quando se parte rumo ao nada. MOSKA, Paulinho. A seta e o alvo. Disponível em: <http://letras.mus. br/zeca-baleiro/1244924/>. Acesso em: 04 jun. 2013. Na construção da canção anterior, o compositor optou por criar, ao longo da composição, oposições implícitas e explícitas. O verso transcrito a seguir que pode ser apontado como exemplo de oposição implícita é: A. “Eu falo de amor à vida, você de medo da morte.” B. “Eu ando num labirinto e você numa estrada em linha reta.” C. “Eu lanço minha alma no espaço, você pisa os pés na terra.” D. “Eu quero saber a verdade e você se preocupa em não se machucar.” E. “Eu me ofereço inteiro e você se satisfaz com metade.” Alternativa D Resolução: Considerando o solicitado no enunciado, verifica-se que em “Eu quero saber a verdade e você se preocupa em não se machucar” a oposição está subjetiva, pois pode-se entender que, ao não querer se machucar, a pessoa a quem se dirige a canção prefere mentiras que lhe garantem segurança. Assim, a alternativa D está correta. Analisando as proposições das demais alternativas, todas apresentam uma oposição explícita: em A, “vida” se opõe a “morte”; em B, “labirinto” se opõe a “estrada em linha reta”; em C, “espaço” é oposto de “terra”; e em E, “inteiro” é oposto de “metade”. Dessa forma, todas essas estão incorretas. QUESTÃO 27 VERISSIMO, L. F. As cobras em: se Deus existe que eu seja atingido por um raio. Porto Alegre: L&PM, 1997. O humor da tira decorre da reação de uma das cobras ao uso de pronome pessoal reto. A falha na comunicação entre as personagens acontece devido à falta de A. atenção ao processo comunicativo por parte dos interlocutores. B. compreensão de “nós” para referir-se a emissor e receptor. C. entendimento sobre “vocês” na situação comunicativa. D. interpretação do tom interrogativo do emissor. E. conhecimento acerca do uso de pronomes. RM96 ENEM – VOL. 2 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 15BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa B Resolução: O humor da tirinha de Luis Fernando Verissimo reside no questionamento, por uma das cobras à outra, que não compreendeu a utilização do pronome “nós”, primeira pessoa do plural, para referir-se a ambas, uma vez que apenas elas estavam presentes na cena. Logo, está correta a alternativa B. A alternativa A está incorreta, pois não é a falta de atenção que faz com que o pronome “nós” não tenha correspondência com as duas personagens, mas a ironia da interlocutora, o que leva à quebra de expectativa. A alternativa C está incorreta, pois “vocês” é usado para questionar quem seriam os sujeitos do discurso “nós”, sendo o efeito da quebra de expectativa. A alternativa D está incorreta, pois o tom interrogativo foi compreendido – tanto que houve uma pergunta como resposta, na qual reside a quebra de expectativa. A alternativa E está incorreta, pois os pronomes são usados de forma adequada, no entanto, o ruído sobre a quem ele se refere é que gera o humor. QUESTÃO 28 BAHIA. Governo do Estado. Essa campanha busca conscientizar a sociedade sobre a gravidade de atos racistas. Para tal, emprega como estratégia visual a A. emissão do projétil em vez de palavras. B. fonte maiúscula em letra manuscrita. C. expressão brava do indivíduo. D. tonalidade escura da imagem. E. mão com o punho cerrado. Alternativa A Resolução: O enunciado pede que seja apontada a estratégia utilizada para demonstrar a gravidade do racismo, o que é feito ao se utilizar o projétil saindo da boca do homem, mostrando, dessa forma, que, assim como uma bala pode causar ferimentos e até matar, as atitudes racistas também são perigosas. Logo, a alternativa A está correta. A alternativa B está incorreta, pois a fonte maiúscula busca chamar a atenção, mas não é o que se relaciona às ações racistas. A alternativa C está incorreta, pois apenas a expressão brava do indivíduo não se relaciona ao texto verbal, que afirma que o racismo mata. A alternativa D está incorreta, pois o tom escuro da campanha não faz referência à gravidade do racismo. KQF1 Por fim, a alternativa E está incorreta, pois o homem com o punho cerrado na imagem é Nelson Mandela, que foi um importante representante na busca dos negros por direitos. QUESTÃO 29 A moça tecelã Acordava ainda no escuro, como se ouvisse o sol chegando atrás das beiradas da noite. E logo sentava-se ao tear. Linha clara, para começar o dia. Delicado traço cor da luz, que ia passando entre os fios estendidos, enquanto lá fora a claridade da manhã desenhava o horizonte. Depois lãs mais vivas, quentes lãs iam tecendo hora a hora, em longo tapete que nunca acabava. Se era forte demais o sol, e no jardim pendiam as pétalas, a moça colocava na lançadeira grossos fios cinzentos do algodão mais felpudo. Em breve, na penumbra trazida pelas nuvens, escolhia um fio de prata, que em pontos longos rebordava sobre o tecido. Leve, a chuva vinha cumprimentá-la à janela. COLASANTI, M. In: GODOY, J. (Org.) Contos brasileiros contemporâneos. São Paulo: Moderna, 1991 (Adaptação). O conto se refere reiteradamente à “moça tecelã”. No entanto, para evitar a repetição excessiva dessa expressão, utiliza-se, como estratégia coesiva, A. os encadeamentos sequenciais entre os fatos narrados. B. as expressões circunstanciais de tempo e lugar. C. as conjunções indicativas de adição e condição. D. as omissões dos agentes das ações verbais. E. os sinônimos referentes a essa locução. Alternativa D Resolução: O enunciado solicita a identificação do recurso utilizado no texto para evitar repetições, que se faz necessário ao conto por se referir muitas vezes ao mesmo termo (moça tecelã). Assim, verifica-se que há a omissão dos agentes verbais, ficando a referência ao sujeito implícita na conjugação dos verbos. Por isso, a alternativa correta é a D. A alternativa A está incorreta, pois o encadeamento dos fatos garante a coesão do texto, porém não é o recurso que evita a repetição. A alternativa B está incorreta, pois as expressões de tempo e lugar garantem a marcação de tempo e espaço da narrativa, mas não é o que substitui o uso de “moça tecelã”. A alternativa C está incorreta, pois as conjunções são o que garantem a progressão textual e a linearidade da narrativa, porém não é o recurso utilizado para evitar o uso excessivo da expressão em questão. Já a alternativa E está incorreta porque são poucas as ocorrências de sinônimos (apenas duas), o que demonstra que não foi esse recurso o escolhido pela autora. TKWO LCT – PROVA I – PÁGINA 16 ENEM – VOL. 2 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINOQUESTÃO 30 TEXTO I Disponível em: <https://www.inca.gov.br/>. Acesso em: 03 out. 2019. TEXTO II A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda 150 minutos semanais de atividade física leve ou moderada (cerca de 20 minutos por dia) ou, pelo menos, 75 minutos de atividade física de maior intensidade por semana (cerca de 10 minutos por dia). Para se ter uma ideia, a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) mostrou que um a cada dois adultos não pratica o nível de atividade física recomendado pela OMS. Disponível em: <http://www.saude.gov.br/>. Acesso em: 03 out. 2019. [Fragmento] Os textos I e II propõem uma reflexão sobre a importância da atividade física, apresentando uma abordagem A. etária, mostrando como a idade influencia na prática de exercícios. B. funcional, constatando doenças curadas pela ação de exercícios. C. estética, evidenciando o corpo magro como finalidade dos exercícios. D. capitalista, indicando a ausência de tempo como causa da falta de exercícios. E. médica, apontando práticas físicas e suas consequências positivas. Alternativa E Resolução: Os dois textos da questão apresentam dados e informações do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde, demonstrando ser baseados em recomendações médicas. Assim, a alternativa E está correta. A alternativa A está incorreta, pois não há, nos textos, direcionamento que relacione a idade à prática de atividades físicas. LO3J Já a alternativa B está incorreta, pois não são apresentados casos em que doenças foram curadas. Os dados abordam como o exercício físico pode prevenir alguns males. A alternativa C está incorreta porque o emagrecimento estético não é um ponto apresentado no texto. Por fim, a alternativa D está incorreta, pois os textos também não abordam o capitalismo e sua consequência na disponibilidade de tempo das pessoas para se exercitarem. QUESTÃO 31 Sinha Vitória provava o caldo na quenga de coco. E Fabiano se aperreava por causa dela, dos filhos e da cachorra Baleia, que era como uma pessoa da família, sabida como gente. Naquela viagem arrastada, em tempo de seca braba, quando estavam todos morrendo de fome, a cadelinha tinha trazido para eles um preá. Ia envelhecendo, coitada. O galo batia as asas, os bichos bodejavam no chiqueiro, os chocalhos das vacas tiniam. Se não fosse isso ... An! em que estava pensando? Meteu os olhos pela grade da rua. Chi! que pretume! O lampião da esquina se apagara, provavelmente o homem da escada só botara nele meio quarteirão de querosene. RAMOS, G. Vidas secas. Rio de Janeiro: José Olympio, 1953. [Fragmento] No trecho da obra de Graciliano Ramos, entre as escolhas estruturais feitas para construir a narrativa, está o tipo de discurso. A opção do autor pelo discurso indireto livre tem como efeito de sentido A. destacar a voz da personagem, fundindo-a à do narrador onisciente. B. descrever o pensamento da personagem, associando-o ao do narrador onisciente. C. intensificar a onisciência do narrador, aliando-a com emoções e pensamentos da personagem. D. moralizar a personagem, repreendendo seu pensamento por meio da voz do narrador onisciente. E. alterar o ritmo do texto, alternando pensamentos e falas das personagens com as do narrador onisciente. Alternativa C Resolução: O discurso indireto livre caracteriza-se pela junção da voz do narrador às falas das personagens. No trecho em questão, verifica-se que esse tipo de discurso garante que a onisciência do narrador seja intensificada, com uma mistura da voz narrativa e os pensamentos e emoções da personagem. Assim, a alternativa C está correta. A alternativa A está incorreta, pois o discurso indireto livre não destaca a voz da personagem, o que ocorre quando se utiliza o discurso direto. A alternativa B está incorreta, pois a descrição de pensamentos de personagens é possível também nos demais tipos de discurso, não sendo específica do indireto livre. A alternativa D está incorreta, pois não há, no trecho, repreensão ou julgamento do narrador em relação aos pensamentos da personagem. Já a alternativa E está incorreta porque no tipo de discurso do trecho não há alteração do ritmo do texto, mas, sim, uma maior fluidez, visto que o leitor não tem a interrupção da leitura pela marcação de alternância de vozes. VHK7 ENEM – VOL. 2 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 17BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 32 TEXTO I Rosa de Hiroshima Pensem nas crianças Mudas telepáticas Pensem nas meninas Cegas inexatas Pensem nas mulheres Rotas alteradas Pensem nas feridas Como rosas cálidas Mas, oh, não se esqueçam Da rosa da rosa Da rosa de Hiroshima A rosa hereditária A rosa radioativa Estúpida e inválida A rosa com cirrose A antirrosa atômica Sem cor sem perfume Sem rosa, sem nada MORAES, V. Antologia poética. Rio de Janeiro: A Noite, 1954. TEXTO II A cidade de Hiroshima foi bombardeada pelos Estados Unidos em 6 de agosto de 1945. Três dias depois, um ataque nuclear também atingiria Nagasaki. Estas imagens históricas mostram o que sobrou das duas cidades, uma lembrança em preto e branco de um evento que deixou marcas profundas de dor na humanidade, e é considerado um dos marcos do final da Segunda Guerra Mundial. Disponível em: <https://www.nationalgeographicbrasil.com/>. Acesso em: 08 nov. 2019. [Fragmento] O principal recurso expressivo usado pelo texto I e que também serve para a construção imagética da situação descrita pelo texto II é a A. atribuição do caráter humano à natureza durante a Segunda Guerra. B. comparação entre antes e depois do ataque estadunidense. C. oposição entre Japão e Estados Unidos na Segunda Guerra. D. transformação do instrumento de destruição em objeto de reflexão. E. intensificação do sentimento de medo existente à época. Alternativa D Resolução: A alternativa D está correta, pois, no primeiro texto, a abordagem sobre a bomba atômica e suas consequências ocorre por meio de linguagem figurada, levando à reflexão. No segundo texto, também é possível perceber uma linguagem que busca envolver o leitor em um lado mais emotivo por meio de figuras de linguagem, como em “lembrança em preto e branco” e em “marcas profundas de dor”, o que leva a refletir sobre aquele momento vivido pela humanidade. A alternativa A está incorreta, pois não é NLQ1 atribuído caráter humano à natureza, mas, sim, são utilizadas metáforas para abordar as pessoas atingidas e os males que sofreram. A alternativa B está incorreta, pois não há comparação presente em nenhum dos textos. A alternativa C está incorreta, pois não é abordada a oposição entre os países envolvidos na situação retratada. A alternativa E está incorreta, pois não se verifica uma intensificação do medo à época, mas são apresentadas as consequências advindas da explosão. QUESTÃO 33 Na verdade, a vaca, senhores, foi solenemente para o brejo. A luta hoje é evitar que ela morra afogada. Se isto acontecer, em bom português, já era. Por isso, seria muito bom que os responsáveis pelo setor elétrico parassem de fazer bobagens e sandices e tivessem o mínimo de bom senso. BICALHO, R. Disponível em: <https://www.ocafezinho.com/>. Acesso em: 20 abr. 2019. [Fragmento adaptado] Esse texto, um artigo de opinião, apresenta uma crítica aos responsáveis pelo setor elétrico apoiada no uso do dito popular “A vaca foi pro brejo”. A conexão entre esse ditado e o restante do texto se evidencia por meio de A. sua atualização a uma nova circunstância pelo uso da expressão “Na verdade” e pela possibilidade expressa pelo verbo “seria”. B. uma comparação entre provérbio e uma nova situação, explicitada pela expressão “Na verdade” e pela locução conjuntiva “Por isso”. C. sua aplicação a um novo contexto pelo uso dos pronomes “ela” e “isto”, da conjunção “Se” e locução conjuntiva “Por isso”. D. uma descrição sobre brejo e vaca, contextualizada com o uso dos pronomes “ela” e “isto” e das conjunções “Se” e“e”. E. uma explicação de seu significado e conexão com as outras partes por meio dos pronomes “ela” e “isto”. Alternativa C Resolução: O ditado popular utilizado para sustentar a abordagem textual traz em si o sentido de que algo não ocorreu de forma correta. Assim, considerando o trecho apresentado, que aborda o setor elétrico, o ditado é utilizado para afirmar que a situação já saiu do eixo e, agora, é preciso tomar atitudes para que não ocorra uma piora. Para manter a conexão entre o dito popular e o restante do texto, o autor utiliza o pronome “ela”, retomando a “vaca”, que seria o setor elétrico; a locução “Se isto”, formada por uma conjunção e um pronome, refere-se à possibilidade dita anteriormente de a “vaca morrer afogada”; e a locução “Por isso” retoma o que já foi dito e introduz a sugestão apresentada pelo autor. Dessa forma, a alternativa correta é a C. A alternativa A está incorreta, pois “Na verdade” não se refere a uma atualização do ditado. A alternativa B está incorreta, pois não há comparação no texto entre o ditado e a situação apresentada. A alternativa D está incorreta, pois não há descrição dos termos relativos ao provérbio. A alternativa E está incorreta, pois não ocorre uma explicação do sentido do ditado no trecho em questão. 2ØPH LCT – PROVA I – PÁGINA 18 ENEM – VOL. 2 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 34 FREI LOURENÇO (adiantando-se) – Romeu! Romeu! Oh dor! Que sangue é este que mancha a entrada pétrea do sepulcro? (Entra no túmulo.) Romeu! Oh, pálido! Quem mais? Quê! Também Páris? E encharcado de sangue? Oh! que hora dura teve culpa deste acontecimento lamentável? A senhora se mexe. (Julieta desperta.) JULIETA – Ó meu bom frade, onde está meu senhor? Sei muito bem onde eu devia estar, onde me encontro. Mas onde está Romeu? (Barulho dentro.) JULIETA – Vai, que eu daqui não sairei jamais. (Sai frei Lourenço.) Que vejo aqui? Um copo bem fechado na mão de meu amor? Certo: veneno foi seu fim prematuro. Oh! que sovina! Bebeste tudo, sem que me deixasses uma só gota amiga, para alívio. Vou beijar esses lábios; é possível que algum veneno ainda se ache neles, para me dar alento e dar a morte. (Beija-o.) Teus lábios estão quentes. SHAKESPEARE, W. Romeu e Julieta. Tradução e introdução de Barbara Heliodora. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2011. [Fragmento] Uma das funções sociais relevantes ao gênero a que pertence Romeu e Julieta explícitas nesse trecho é A. questionar os valores morais de uma época. B. problematizar o suicídio entre os jovens amantes. C. despertar a emoção do público presente na plateia. D. denunciar a relação amorosa entre as personagens. E. evidenciar a submissão afetiva da mulher ao homem. Alternativa C Resolução: Considerando o solicitado no enunciado, ao analisar o trecho em questão, percebe-se uma busca por despertar a emoção do público / leitor. Assim, a alternativa C está correta. A alternativa A está incorreta, pois, apesar de o texto de Romeu e Julieta questionar os valores da época, é solicitada uma análise do trecho, no qual não se verifica tal função. A alternativa B está incorreta, pois o texto não busca problematizar o suicídio, ainda mais levando em conta o período de sua criação, quando tal tema não era abordado como o é atualmente. A alternativa D está incorreta, pois o trecho em questão não aborda a questão do amor dos jovens especificamente. A alternativa E está incorreta, pois não há referência à submissão afetiva da mulher. QUESTÃO 35 Há a mesa e as cadeiras, as paredes brancas,o retângulo das janelas por onde a luz do início da tarde, indireta e ardente, enche a casa de uma luminosidade moderada. Encostado na parede está o cinzeiro,de cerâmica, e entre o seu corpo e a parede, em desordem, as sandálias. E sobre o cinzeiro, preta, imóvel, aderida ao barro cheio de fumo, súbita, a aranha. Embora a ponta da sandália quase a toque, continua imóvel como se fosse um desenho negro, uma mancha de Rorschach estampada na superfície exterior do cinzeiro. OJDK HNJE Mas é demasiado gorda para dar essa ilusão. E expele, porque está viva, algo, um fluído, uma corrente, que permite, mesmo sem tê-la visto, saber que está ali. Quando a sandália a toca, retrocede um instante – é como se fosse retroceder, mas não faz mais do que pôr em movimento as patas traseiras – e depois salta para um lado, desprendendo-se do cinzeiro. Mal acaba de tocar o chão e a sola da sandália, que o Gato brande, já a esmaga contra a lajota vermelha. SAER, J. J. Ninguém, nada, nunca. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. p. 10-11. Nos gêneros épicos, a narrativa é construída de forma a manter uma tensão, reforçada por uma expectativa crescente, que envolve o leitor. No texto anterior, o que sustenta essa construção é o(a) A. exposição linear das ações, que concede verossimilhança à obra. B. apresentação de novas personagens, que alteram o rumo da trama. C. isenção de credibilidade do autor, que transfere o mistério à imaginação do leitor. D. descrição do espaço, que aumenta a expectativa sobre os próximos acontecimentos. E. ocultação dos sentimentos das personagens, que promovem um desfecho sem emoção. Alternativa B Resolução: Considerando o trecho em questão, a expectativa crescente é construída ao se apresentar, em diferentes momentos da narrativa, novos personagens, o que quebra a expectativa do leitor. Primeiramente, surge a aranha, que traz um novo olhar sobre o desenrolar do texto. Depois, é apresentado o Gato, que, por ser grafado com a letra maiúscula, deduz que se trata de uma pessoa, a qual surge com a sandália em mãos e, então, esmaga a aranha. Diante disso, entende-se que a alternativa B está correta. A alternativa A está incorreta, pois a exposição linear é uma opção do autor, não sendo a responsável por gerar expectativas no texto. A alternativa C está incorreta, pois não se percebe isenção de credibilidade do autor, e o mistério não fica a cargo da imaginação do leitor. A alternativa D está incorreta, pois a descrição do espaço apenas garante a criação imagética do ambiente, não sendo responsável pela tensão da narrativa. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois, mesmo não ocorrendo a explicitação dos sentimentos das personagens, eles ficam claros pelo desenrolar da narrativa. QUESTÃO 36 E para compor o quadro, a festejada liberdade do homem contemporâneo comporta um reverso penoso, um “preço a pagar”: ele está muito só. E quem é esse homem, por sua conta e risco, livre e sozinho? É um adolescente impulsivo e romântico. A sociedade atual é maioritariamente constituída por pessoas com esse perfil: imaturas, egocêntricas, sem respeito pelo outro, sem tolerância à frustração, sem paciência para o conhecimento, sem brio. E quando a imaturidade encontra a liberdade, o resultado está à vista. 9RP9 ENEM – VOL. 2 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 19BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Hoje temos uma sociedade sem rumo, ansiosa e deprimida. Nos últimos seis anos, o Brasil teve um aumento do consumo de antidepressivos de 74%, e remédios para a ansiedade, de 110% (dados da OMS, 2017). CARDOSO, M. Ansiedade e status: por que estamos sós? Disponível em: <https://vidasimples.com/>. Acesso em: 20 abr. de 2019. [Fragmento] O trecho em que a autora argumenta imparcialmente a favor da ideia que defende é: A. “[...] a festejada liberdade do homem contemporâneo comporta um reverso penoso, um ‘preço a pagar’: ele está muito só.” B. “É um adolescente impulsivo e romântico.” C. “Hoje temos uma sociedade sem rumo, ansiosa e deprimida.” D. “E quando a imaturidade encontra a liberdade, o resultado está à vista.” E. “Nos últimos seis anos, o Brasil teve um aumento do consumo de antidepressivos […].” Alternativa E Resolução: O enunciado solicita o trecho de argumento imparcial da autora. Entre as alternativas, a E está correta, pois trata-se de dados estatísticos da OMS, coletadospor meio de pesquisa. As demais alternativas estão incorretas, pois verifica-se traços de opinião da autora, visto que ela expõe seu posicionamento, porém sem confirmá-los com dados e informações concretas. QUESTÃO 37 Os filhos dos nossos heróis É ainda criança que se descobre que o mundo é um lugar hostil. É na adolescência que as desilusões da infância são confirmadas. Foi nessa época que passei a frequentar a escolinha do Zico. Treinávamos enfadonhamente três vezes por semana, sem muita esperança de jogarmos contra alguém, até que aconteceu: uns garotos japoneses viriam numa excursão e nos enfrentariam. Um jogo de verdade, contra outras pessoas. E internacional. No dia da partida, o próprio Zico deu a preleção, mas, em êxtase, eu mal conseguia ouvir. Nos despedimos do nosso herói e eu já ia me dirigindo à minha ponta-esquerda quando o treinador me chamou num canto: um dos filhos do Zico havia aparecido e queria jogar, mesmo nunca tendo participado de nenhum treino. E ele havia trazido uma espécie de amigo do condomínio, que naturalmente também queria jogar. Como consequência das vontades do filho do Rei e seu amigo, eu e mais um infeliz fomos para o banco, de onde assistimos ao time perder de 4 a 2. Eu sorri. FURLAN, D. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/>. Acesso em: 08 nov. 2019. [Fragmento] O6PP A crônica é um gênero textual marcado pela liberdade e pela associação entre distintas tipologias, podendo transitar, por exemplo, entre a argumentação e a narração. No fragmento desse texto, esse caráter híbrido se explicita devido à A. existência de um narrador-personagem para refletir sobre o tema. B. recorrência de metáforas para construir uma exposição argumentativa. C. sequência de fatos para servir de narrativa fictícia probatória de tese. D. caracterização descritiva do espaço e do tempo para retratar um ponto de vista. E. descrição psicológica das personagens para evidenciar o julgamento do narrador. Alternativa A Resolução: O caráter híbrido da crônica em questão é perceptível devido à presença de um narrador-personagem, que utiliza a narração de um fato ocorrido com ele para inserir sua argumentação acerca do assunto. Assim, a alternativa correta é a A. A alternativa B está incorreta, pois a utilização de metáforas não explicita a capacidade de transitar entre argumentação e narração. A alternativa C está incorreta, pois a sequência de fatos, em si, não é o que garante o hibridismo da crônica em análise. A alternativa D está incorreta porque o ponto de vista não é sustentado pela descrição do espaço e do tempo. A alternativa E está incorreta porque a descrição psicológica é uma ocorrência possível devido à existência do narrador-personagem, ou seja, não é o que garante a hibridização do texto. QUESTÃO 38 Não Um poema pode ser feito sem palavras Ou por um excesso de... Uma imagem vaga por entre os versos Constrói muros e os faz desabar. A poesia é uma comunidade sem fim. Do não ao não O mais inconfesso dos seres se verte; Dos holocaustos inimagináveis Ao saboroso gozo, O poeta..... o diferente das gentes Ou........... o indiferente Passeia por entre seus versos Inquietos CASA NOVA, V. Rastros. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2006. p. 74. A poesia frequentemente demonstra o compromisso de refletir sobre a sua própria construção textual. A partir da análise do conteúdo do texto de Vera Casa Nova, identifica-se, na estruturação dos versos, A. o rigor no emprego da norma culta da língua. B. a liberdade estética na utilização da língua escrita. HGFH LCT – PROVA I – PÁGINA 20 ENEM – VOL. 2 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO C. o apelo à verossimilhança e à lógica da linguagem. D. o emprego de um vocabulário de difícil interpretação. E. a linguagem denotativa na descrição do fazer poético Alternativa B Resolução: Vera Casa Nova apresenta em seu poema uma reflexão sobre o fazer poético. Por meio da metalinguagem, enquanto defende que a um texto poético é permitido ser livre para expressar qualquer sentimento, a forma do poema espelha o seu conteúdo. Assim, todos os recursos que a língua oferece podem ser usados para trazer expressividade ao texto, como nos versos “Um poema pode ser feito sem palavras / Ou por um excesso de...”, em que as reticências encarregam os leitores de completar a frase com aquilo que considerarem pertinente. A ideia proposta é justamente mostrar que a expressividade de um texto está na interpretação que cada leitor der a ele, valorizando, assim, o papel da poesia e do poeta em promover contemplações particulares. Está correta, portanto, a alternativa B. A alternativa A está incorreta porque nos textos não há, por exemplo, rigor no uso da pontuação, o que contraria a norma culta da língua. A alternativa C está incorreta porque a linguagem no texto é empregada, em alguns versos, sem lógica, como em “O poeta..... o diferente das gentes / Ou........... o indiferente”. A alternativa D está incorreta porque não há no poema vocabulário rebuscado, já que não é intenção da autora dificultar a compreensão do seu texto. Por fim, a alternativa E está incorreta porque, dado o caráter subjetivo do texto, a linguagem empregada é conotativa. QUESTÃO 39 O jornalismo prospectivo, com suas tintas proféticas, às vezes pode ser surpreendente. Como o caso anunciado pelo seguinte conjunto de título e subtítulo de uma revista, lidos com surpresa: “Dá para guardar esse segredo?”, pergunta o título curioso. E o subtítulo ou olho anuncia, assustador: “A Suíça, o maior paraíso fiscal do mundo, pode estar com os dias contados. E isso afeta milhares de brasileiros que escondem US$ 70 bilhões nas montanhas geladas dos Alpes”. Surpresa absoluta! A Confederação Suíça com os dias contados! Bomba nuclear? MACHADO, Josué. Revista Língua Portuguesa, n. 46, agosto de 2009. p. 32 (Adaptação). No trecho “que escondem US$ 70 bilhões nas montanhas geladas dos Alpes”, foi utilizada uma figura de linguagem denominada de A. metáfora. B. metonímia. C. ironia. D. hipérbole. E. símile. KIUF Alternativa B Resolução: No trecho analisado, ao afirmar que alguns brasileiros escondem dinheiro “nas montanhas geladas dos Alpes”, o autor utiliza-se de uma metonímia, que é a utilização de um termo ou expressão para prolongar o sentido. No caso em análise, o dinheiro encontra-se em bancos na Suíça, onde se localizam os Alpes suíços. Assim, a alternativa correta é a B. A alternativa A está incorreta, pois não há metáfora, uma comparação implícita, mas uma substituição por termos que se relacionam. A alternativa C está incorreta, pois não há presença de ironia no trecho destacado. A alternativa D está incorreta, pois a hipérbole é o exagero, o que não se verifica no trecho. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois a símile é uma comparação explícita, o que não se verifica no texto em análise. QUESTÃO 40 O país dos agrotóxicos O Brasil é o país que mais consome agrotóxicos no mundo. As consequências do uso de insumos químicos sobre o meio ambiente e a saúde da população brasileira são muito graves, e incluem ameaças como alta toxicidade, risco de câncer e de desenvolvimento de doenças neurológicas. O Decreto nº 4 074, de 2002, que regulamenta a lei, estabelece que os ministérios da Agricultura, da Saúde e do Meio Ambiente podem reavaliar o registro de agrotóxicos quando surgirem indícios da ocorrência de riscos que desaconselhem seu uso, mas esse processo tem se revelado pouco eficiente. Por isso, proponho um diálogo entre parlamentares, sociedade civil e a Anvisa para alcançar um acordo sobre a retirada desses princípios ativos presentes em agrotóxicos utilizados no Brasil e que já são proibidos no resto do mundo. Ao mesmo tempo, estabelecer um prazo para que saiam de circulação e viabilizar a autorização de seus substitutivos que tenham classes tóxicas inferiores. TEIXEIRA, P. Disponível em: <https://www.oglobo.globo.com/>.Acesso em: 04 abr. 2019. [Fragmento adaptado] A proposta de intervenção presente no parágrafo conclusivo do texto apresenta o objetivo de A. sugerir nova ação dos ministérios da Agricultura, da Saúde e do Meio Ambiente. B. ampliar as ações que já são executadas por lei, mas têm se revelado pouco eficientes. C. enfrentar coletivamente o problema, para seguir modelos já existentes em outros países. D. resgatar medidas permitidas pelo regulamento de 2002, adaptando-as a outras ocasiões. E. conciliar os interesses dos órgãos reguladores, para beneficiar a população e o agronegócio. Alternativa C Resolução: A questão solicita que o aluno identifique o objetivo da proposta de intervenção apresentada no texto. Considerando que o parágrafo conclusivo do texto já se inicia com a proposta de intervenção, verifica-se que o autor propõe “um diálogo entre parlamentares, sociedade civil e a Anvisa para alcançar um acordo” a respeito da utilização dos agrotóxicos que ainda são liberados no Brasil, mas que “já são proibidos no resto do mundo”. O objetivo é, portanto, enfrentar coletivamente o problema para seguir modelos já CMØ9 ENEM – VOL. 2 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 21BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO existentes em outros países, conforme afirma a alternativa C. O objetivo não é cobrar nova atuação dos Ministérios da Agricultura, da Saúde e do Meio Ambiente, conforme sugere a alternativa A, pois a atuação dos ministérios se revelou ineficaz e está inserida na argumentação, e não na conclusão. A proposta não é de ampliar as ações que já são executadas por lei, tendo em vista que o texto afirma justamente que as ações definidas por decreto não estão sendo executadas, o que invalida a alternativa B. Tampouco se trata de resgatar medidas adotadas anteriormente, pois o decreto de 2002 não teria revelado eficiência, o que invalida a alternativa D. A conciliação dos interesses das partes envolvidas, para beneficiar a população e o agronegócio, não pode ser inferida do texto, pois o agronegócio em momento algum é mencionado, invalidando a alternativa E. QUESTÃO 41 Disponível em: <https://twitter.com/>. Acesso em: 06 out. 2019. O efeito humorístico do texto anterior é provocado, no campo linguístico, pelo emprego de expressões que A. exprimem uma informalidade comunicativa. B. reproduzem vícios de linguagens coloquiais. C. debocham de uma variedade social da língua. D. singularizam um registro regional da linguagem. E. vangloriam o modo de falar de determinado povo. Alternativa D Resolução: A alternativa D está correta, pois o registro mostrado no texto é puramente regional, pois está relacionado ao modo de falar das pessoas de determinada região – no caso, os mineiros –, mostrando uma modalidade linguística singular. A alternativa A está incorreta, pois o texto é informal, porém não é esse tipo de registro que imprime humor ao texto. Já a alternativa B está incorreta, pois não se pode dizer que as expressões destacadas no texto sejam vícios de linguagem, mas tão somente características do modo de falar de determinado povo. A alternativa C está incorreta, pois o efeito humorístico do texto é provocado pelo emprego singular de uma variedade linguística que caracteriza o povo de determinada região, não havendo, no entanto, qualquer elemento que permita perceber ou inferir expressões que caçoam desse modo de falar. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois o texto, por meio das expressões apresentadas, não vangloria o modo de falar dos mineiros, mas apenas o exibe, em tom humorístico, mostrando suas particularidades. 4Q64 QUESTÃO 42 Irene era uma jovem nascida para não incomodar ninguém. Fora sua atividade matinal, ela passava o resto do dia tricotando no sofá do seu quarto. Não sei por que tricotava tanto, eu penso que as mulheres tricotam quando consideram que essa tarefa é um pretexto para não fazerem nada. Irene não era assim, tricotava coisas sempre necessárias, casacos para o inverno, meias para mim, xales e coletes para ela. Aos sábados eu ia ao centro para comprar lã; Irene confiava no meu bom gosto, sentia prazer com as cores e jamais tive que devolver as madeixas. Eu aproveitava essas saídas para dar uma volta pelas livrarias e perguntar em vão se havia novidades de literatura francesa. Desde 1939 não chegava nada valioso na Argentina. Mas é da casa que me interessa falar, da casa e de Irene, porque eu não tenho nenhuma importância. Pergunto-me o que teria feito Irene sem o tricô. A gente pode reler um livro, mas quando um casaco está terminado não se pode repetir sem escândalo. Certo dia encontrei numa gaveta da cômoda xales brancos, verdes, lilases, cobertos de naftalina, empilhados como num armarinho; não tive coragem de lhe perguntar o que pensava fazer com eles. CORTÁZAR, J. Casa tomada. Disponível em: <https://acervo.revistabula.com/>. Acesso em: 08 nov. 2019. [Fragmento] No fragmento do conto de Julio Cortázar, a presença de um narrador-personagem revela a intenção do autor de A. falar sobre si mesmo. B. conferir parcialidade no discurso. C. conduzir o leitor pedagogicamente. D. atribuir maior complexidade à narrativa. E. permitir visão mais íntima sobre si mesmo. Alternativa B Resolução: A narração em primeira pessoa no trecho do conto de Julio Cortázar evidencia a visão parcial dos fatos e das outras personalidades: como Irene agia, o que se queria narrar, sobre o que se queria escrever. Logo, está correta a alternativa B. A alternativa A está incorreta, pois o narrador-personagem, nesse caso, pouco fala sobre si, ainda que dê sua visão sobre os fatos e as personagens. A alternativa C está incorreta, pois a condução do leitor está presente numa tentativa do narrador ao dizer que quer fazer uma coisa, mas faz outra. No entanto, isso ocorre apenas parcialmente e, de certa forma, não é o fim da escolha do narrador-personagem pelo autor, mas um meio de explicitar a parcialidade do discurso. A alternativa D está incorreta, pois, ainda que o assunto seja a intimidade da personagem Irene, de sua casa e do narrador-personagem, o que poderia aumentar o grau de complexidade da narração, não é esse o objetivo do autor ao escolher seu narrador-personagem, uma vez que o foco narrativo não está em primeira pessoa na maior parte do fragmento analisado. A alternativa E está incorreta, pois, ainda que o narrador seja personagem, seu foco narrativo não está em primeira pessoa. K56K LCT – PROVA I – PÁGINA 22 ENEM – VOL. 2 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 43 A Gente no Adro – Com a faca raspam-lhe as mãos Que tanto haviam abençoado. – Do indicador e do polegar raspam-lhe esse gesto sagrado. – Parece que o sagrado é poeira: Muito facilmente é raspado. MELO NETO, J. C. Auto do Frade. São Paulo: Editora Objetiva, 2010. p. 45. Glossário: Adro: espaço de terreno em torno da igreja. O fragmento da obra de João Cabral de Melo Neto define-se como gênero dramático devido ao(à) A. seu tom poético. B. seu cunho político. C. seu caráter moralizador. D. sua perspectiva satírica. E. sua essência sensibilizadora. Alternativa C Resolução: Entre os gêneros dramáticos, estão os autos. O Auto do Frade, de João Cabral de Melo Neto, no trecho analisado, apresenta caráter moralizador ao ironizar que o sagrado, a fé, é algo que outro indivíduo pode retirar dos crentes. Essa é, também, uma característica típica dos autos. Logo, está correta a alternativa C. A alternativa A está incorreta, pois o tom poético está presente na escolha figurada de explicitar a fé no texto, no entanto, não é essa uma característica específica do auto. A alternativa B está incorreta, pois o cunho político fica implícito pela exposição do indivíduo no adro. A alternativa D está incorreta, pois a perspectiva satírica existe no texto – há uma crítica a fés volúveis –, no entanto, essa não é uma característica específica dos autos. A alternativa Eestá incorreta, pois a sensibilização pode ocorrer, mas não é o objetivo desse gênero textual. QUESTÃO 44 TEXTO I Depois da decepção na Copa do Mundo de 2014, a seleção brasileira de futebol volta a despertar expectativas nos seus torcedores. O Mineirão foi o palco do show no qual a seleção venceu por 3 a 0 seus temidos rivais argentinos. Erlandes Almeida da Costa (Campinas-SP), Painel do leitor, 12 nov. 2016. TEXTO II O sucesso de um homem passa com certeza pela sua humildade. Espero de coração que Dunga esteja assistindo à evolução do futebol da nossa seleção e que ele tenha aprendido como se monta e treina um time. Otávio de Queiroz (São Paulo-SP), Painel do leitor, 12 nov. 2016. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 14 nov. 2016. [Fragmento adaptado] 6OTM PVSU Para suprir as diversas necessidades de comunicação, os gêneros textuais combinam estruturas e linguagens razoavelmente previsíveis. Os textos anteriores podem ser reconhecidos como comentários de notícias ou reportagens online por A. conterem assinatura e identificação do local de escrita. B. emitirem a opinião de terceiros sobre textos do jornal. C. serem compostos fielmente por apenas um parágrafo. D. tratarem de tema contemporâneo e passível de discussão. E. utilizarem a primeira pessoa do singular na composição. Alternativa B Resolução: Os comentários em textos online são feitos por leitores que expressam suas opiniões acerca do conteúdo lido. Os textos I e II apresentam esse caráter, já que se percebe a parcialidade dos leitores Erlandes e Otávio a respeito da performance da seleção brasileira de futebol numa partida contra a Argentina: “a seleção brasileira de futebol volta a despertar expectativas”, “O Mineirão foi o palco do show”, “temidos rivais argentinos”, “Espero de coração”, “que ele tenha aprendido como se monta e treina um time”. A resposta correta, portanto, é a alternativa B. As demais alternativas estão incorretas porque as características expressas não são exclusivas do comentário online, não sendo, por isso, definidoras desse gênero. QUESTÃO 45 WEIWEI, A. Sementes de Girassol. Foto: Tauã Miranda / InfoArtSP. A instalação Sementes de Girassol foi composta por um grande tapete de pequenas sementes feitas de porcelana e pintadas por artesãos chineses. A originalidade dessa arte reside na A. simplificação da produção de composições artísticas. B. oposição entre linguagens artísticas diferenciadas. C. reflexão acerca dos locais de circulação da arte. D. apropriação de técnicas e materiais utilizados. E. crítica à produção artística em larga escala. Alternativa D Resolução: A obra apresentada na questão, conforme a descrição no enunciado, é composta por pequenas peças de porcelana em formato de sementes de girassol e pintadas à mão. Essa opção do artista garante sua originalidade, devido à escolha de material e técnica específicos e diferenciados. Dessa forma, a alternativa D está correta. A alternativa A está incorreta, pois a simplificação na produção não é específica dessa obra, não é em que reside a sua originalidade. A alternativa B está incorreta, pois não há oposição entre linguagens artísticas, mas uma junção entre elas. A alternativa C está incorreta, pois não há referência à busca por reflexão acerca dos locais de arte. 8MG5 ENEM – VOL. 2 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 23BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO A alternativa E está incorreta porque, mesmo considerando a crítica existente na instalação, não é ela que garante a originalidade da obra. LCT – PROVA I – PÁGINA 24 ENEM – VOL. 2 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO TEXTO I “Autismo virtual não trata apenas de uma nomenclatura médica. Foi um termo criado agora, por um pesquisador romeno, que indica o autismo desenvolvido pelo uso excessivo de telas. Na criança que já teria a genética do TEA (Transtorno do Espectro Autista), as telas seriam um ativador”, explica Terezinha Rocha de Almeida, neuropediatra, neurofisiologista e diretora médica do Núcleo de Atenção a Crianças Especiais e coordenadora da Pesquisa Preaut – Brasil. Disponível em: <https://www.gazetadopovo.com.br/>. Acesso em: 11 nov. 2019. [Fragmento adaptado] TEXTO II As tecnologias são grandes responsáveis pelo relacionamento de crianças e adolescentes com a informação e comunicação. O uso do som, da imagem, do texto e dos grafismos auxilia a cativá-los, facilitando a aprendizagem de acordo com a capacidade e o ritmo de cada um. Certamente, estamos diante de uma recente, vasta e poderosa forma de acesso à cultura e à socialização, que permite aos usuários (no caso, nossas crianças e adolescentes) a se apropriarem e atribuírem significação às informações obtidas na Internet e a manejá-las de acordo com suas necessidades, interesses e motivações. CAMPOS, L. R.; CAMPOS, L. R.; CAMPOS, N. A. R. Prós e Contras do Uso da Tecnologia. Disponível em: <http://www.residenciapediatrica.com.br/>. Acesso em: 13 nov. 2019. [Fragmento] TEXTO III Aumentou o tempo que meninos e meninas passam diante de algum tipo de tela – dos televisores aos smartphones. Hoje, 47% deles gastam mais de três horas com a atividade. Há cinco anos, o volume era de 35%. “Também chama a atenção o grande número de crianças que, com menos de 2 anos, já possuem algum dispositivo digital”, diz o neurologista infantojuvenil Marco Antônio Arruda, do Instituto Glia (SP). Segundo o estudo, 38% delas já têm um celular, tablet, computador, videogame ou TV – no passado, só 6% eram donas de um aparelho. Para o psicólogo Cristiano Nabuco, coordenador do Grupo de Dependências Tecnológicas do Instituto de Psiquiatria da USP, há algumas razões por trás disso. Em primeiro lugar, está o barateamento dos equipamentos, que aumenta o acesso a eles em todas as classes sociais. “Outro fato é que, cansados ao final de sua jornada de trabalho, os pais acabam utilizando a tecnologia para entreter as crianças”, diz. Por fim, como essa geração tem contato com esses aparelhos cada vez mais cedo, eles se transformam também em um estímulo de desenvolvimento das funções cognitivas”, completa. De fato, como mostrou a pesquisa, 60% dos pais acreditam que os dispositivos preparam melhor as crianças para o futuro. Disponível em: <https://revistacrescer.globo.com/>. Acesso em: 13 nov. 2019. [Fragmento] TEXTO IV SEM TELAS Veja as novas recomendações da OMS por faixa etária BEBÊS COM MENOS DE 1 ANO CRIANÇAS A PARTIR DE 2 ANOS CRIANÇAS DE 1 A 2 ANOS CRIANÇAS DE 3 A 4 ANOS Não devem ter contato com telas digitais. O uso de telas não deve superar uma hora por dia. As telas não são indicadas para crianças de 1 ano. O tempo diante de telas não deve superar uma hora por dia. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/>. Acesso em: 11 nov. 2019 (Adaptação). INSTRUÇÕES PARA A REDAÇÃO 1. O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado. 2. O texto definitivo deve ser escrito à tinta, na folha própria, em até 30 linhas. 3. A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número de linhas copiadas desconsiderado para efeito de correção. 4. Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que: 4.1. tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo considerada “texto insuficiente”. 4.2. fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo. 4.3. apresentar parte do texto deliberadamente desconectada com o tema proposto. 4.4. apresentar nome, assinatura, rubrica ou outras formas de identificação no espaço destinado ao texto. BR2C PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da Língua Portuguesa sobre o tema “Utilização de telas por crianças brasileiras”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos.Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. TEXTOS MOTIVADORES ENEM – VOL. 2 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 25BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO A proposta de redação orienta-se por uma temática geral: UTILIZAÇÃO DE TELAS POR CRIANÇAS BRASILEIRAS Toda a coletânea apresenta informações referentes a esse tema e, de modo geral, também oferece elementos para que os alunos consigam problematizar seu enfoque. A proposição de um título não é obrigatória na redação do Enem, no entanto, caso os alunos decidam por dar um título a seu texto, a correção deve penalizar apenas aqueles que colocarem o tema como tal. Itens de correção de acordo com a grade Enem: I. Item destinado à avaliação da composição linguística do texto (uso da norma-padrão). São considerados os aspectos de domínio gramatical explorados na estruturação do raciocínio: concordância verbo-nominal, acentuação gráfica, ortografia, variedade vocabular, pontuação, entre outros recursos que, caso mal utilizados, devem ser penalizados. O aspecto linguístico deve ser considerado em função do conteúdo do texto. Desse modo, se o texto for claro, mas apresentar algumas falhas gramaticais que não prejudiquem o conjunto textual, elas devem ser penalizadas de forma moderada ou mesmo não ser penalizadas. • Para a obtenção de nota total nessa competência, são permitidos até dois erros linguísticos. Este item é avaliado em consonância com o item IV. II. Em um primeiro momento, é preciso que os alunos atentem para o tipo de texto solicitado: o dissertativo-argumentativo. Devem, portanto, mesclar essas suas duas condições: precisam progredir na exposição e no aprofundamento do tema ao mesmo tempo que usam as informações novas como conteúdo para seus argumentos na defesa de um determinado ponto de vista sempre de maneira impessoal. Na compreensão do tema, é necessário que os alunos problematizem a situação abordada, que é a utilização de telas de equipamentos tecnológicos pelas crianças, compreendendo a necessidade de uma análise sob a perspectiva do desenvolvimento infantil e como esse uso pode interferir na vida dos infantes. O texto I traz a informação sobre um novo termo médico, o autismo virtual, advindo da percepção dos profissionais de saúde da relação entre o desenvolvimento do Transtorno do Espectro Autista em algumas crianças e o precoce acesso às telas. Contudo, o texto II já aborda como as tecnologias podem contribuir positivamente na relação das crianças com as informações e no processo de comunicação. Assim, o aluno deve elaborar sua tese considerando o acesso às telas pelas crianças como uma questão que necessita de debate e definições acerca do uso consciente. Essa necessidade fica clara ao verificar o texto III, que apresenta dados relativos à nova realidade brasileira, em que as crianças têm, cada vez mais, acesso a equipamentos eletrônicos, mesmo as de idade mais baixa, levando-as a gastarem mais tempo em frente às telas. Assim, relacionando o que foi exposto com o texto IV, fica claro que a problematização deve passar pela questão do tempo gasto e das consequências, positivas e negativas, do uso de telas pelas crianças, de forma a buscar atitudes a serem tomadas para garantir um acesso saudável, conforme as respectivas idades, assim como mostram os dados divulgados pelas Nações Unidas. • Sinalizar, na correção, a existência ou a ausência da tese de raciocínio. Caso não haja tese no texto dos alunos, este item deve ser penalizado com maior rigor: nota mínima ou zero. Penalizar também a presença de trechos longos que escapem às tipologias argumentativa e expositiva, como os de cunho narrativo. Este item é avaliado em consonância com o item III. III. Com relação à terceira habilidade avaliada, domínio da estrutura textual argumentativa, os alunos devem confirmar ou discutir sua tese por meio de estratégias argumentativas diversificadas, com certo grau de ineditismo e indícios de autoria, procurando fugir, ao menos parcialmente, de uma abordagem atrelada ao senso comum. No caso dessa proposta, podem ser utilizados os dados e informações dos textos motivadores, cuidando para que não ocorra uma cópia destes. Tratando-se de um tema que não solicita posicionamento “a favor ou contra”, a argumentação deve levar a uma reflexão acerca do assunto, de modo a demonstrar a existência de um problema que precisa ser analisado. Pode ser selecionado um argumento que demonstre as mudanças sociais provocadas pelo desenvolvimento tecnológico, abordando sobre como é difícil desvincular, atualmente, a criação dos filhos do acesso à tecnologia, visto que ela já está inserida no cotidiano das pessoas. Entretanto, deve-se abordar que, apesar das facilidades trazidas, há pesquisas que têm relacionado algumas ocorrências do Transtorno do Espectro Autista ao uso exacerbado de equipamentos eletrônicos, além de outras doenças que podem se desenvolver devido à exposição de crianças às telas e à diminuição do contato físico interpessoal. É preciso atentar para que a abordagem não seja feita com base no senso comum, buscando garantir traços de originalidade na exposição dos argumentos. A utilização dos dados das Nações Unidas garante credibilidade à argumentação, visto se tratar de uma organização mundialmente conhecida, bem como os pontos apresentados pela médica Terezinha Rocha, que é profissional reconhecida na área de estudo. Além disso, é interessante que o aluno insira dados de seu repertório cultural, demonstrando conhecimento diferenciado e fora do senso comum. • A ausência de problematização do enfoque deve ser penalizada com nota igual ou inferior a 50%. Este item deve ser avaliado em conexão com o item II, para que não haja penalização dupla dos mesmos problemas. LCT – PROVA I – PÁGINA 26 ENEM – VOL. 2 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO IV. Na quarta habilidade, domínio da estrutura linguístico-semântica, os alunos devem demonstrar uso coerente de sequências discursivas, especialmente no que diz respeito às cadeias coesivas construídas no texto, com o auxílio de determinadas ferramentas da norma-padrão: pontuação, conectores, entre outros. As relações coesivas devem ser avaliadas entre as sentenças e entre os parágrafos. • Este item deve ser avaliado em conexão com o item I, para que não haja penalização dupla dos mesmos problemas. V. Na quinta habilidade avaliada, proposta de intervenção, os alunos devem propor estratégias para solucionar as situações-problema apresentadas ao longo do texto. Nesse sentido, deve haver detalhamento e variedade nas propostas apresentadas. Com relação ao tema em questão, devem ser citadas medidas para conscientizar as pessoas sobre os efeitos do uso de telas pelas crianças, direcionadas, principalmente, para os pais e / ou responsáveis. Pode-se incluir a sociedade médica como um agente, que incentivará a abordagem do assunto nas consultas pediátricas, expondo para os responsáveis as consequências advindas de um uso indiscriminado e exagerado das telas pelos infantes. Também pode ser citado como agente o governo, representado pelo Ministério da Saúde, que, por meio de campanhas em postos de saúde e propagandas em meios de comunicação, abordará o assunto para gerar reflexão e atingir a população em geral. Ademais, os ambientes educacionais também são essenciais para colaborar para a mudança de pensamentos e de atitudes. Pode-se desenvolver uma proposta nas instituições de ensino, em que serão explorados mais momentos sem meios tecnológicos, desenvolvendo com as crianças atividades de interação com o próximo, além de momentos de meditação e exercícios de respiração, atitudes que já são desenvolvidas em algumas escolas, mas que precisam ser disseminadas para os demais ambientes educacionais. Além disso, convém envolver os pais e responsáveis, considerando que, muitas vezes, as crianças se prendem aos aparelhos como forma de distração enquanto os adultos estão em outras tarefas.Para isso, podem ser convidados especialistas que abordarão o tema, conscientizando educadores e pais. • A intervenção proposta pelos alunos deve estar em conformidade com a tese e a argumentação desenvolvidas ao longo do texto. Do contrário, deve haver penalização. ENEM – VOL. 2 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 27BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 46 a 90 QUESTÃO 46 Seguem suas virtudes morais a mesma gradação: todos devem possuí-las, mas somente tanto quanto convém a seu estado. Quem comanda deve possuí-las todas no mais alto grau. Sua função é como a do arquiteto, isto é, a da própria razão; as dos outros se regulam pela conveniência. [...] A força de um homem consiste em se impor; a de uma mulher, em vencer a dificuldade de obedecer. Mais vale, como Górgias, estabelecer a lista das virtudes do que se deter em semelhantes definições e imitar, no mais, a precisão do poeta que disse que um modesto silêncio é a honra da mulher, ao passo que não fica bem no homem. ARISTÓTELES. A Política. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1999 (Adaptação). As reflexões do pensador grego Aristóteles sobre as virtudes morais indicam que, no mundo helênico, A. valores de ordem cultural fundamentavam a exclusão política de mulheres. B. considerações de natureza filosófica eram desvalorizadas no exercício do poder. C. princípios democráticos asseguravam a atuação das mulheres na vida pública. D. decisões políticas eram tomadas por indivíduos das altas camadas da sociedade. E. preceitos morais garantiam a igualdade de direitos entre os habitantes das cidades. Alternativa A Resolução: O texto de Aristóteles fornece justificativas filosóficas e culturais típicas de seu tempo para a situação de inferioridade imposta às mulheres gregas. A exclusão política das mulheres era fundamentada pelos filósofos gregos a partir de considerações sobre as diferenças biológicas e a distribuição das virtudes morais entre os seres humanos, o que torna correta a alternativa A. A alternativa B está incorreta, pois a educação política dos cidadãos gregos valorizava a Filosofia, essencial para a formação dos homens políticos. A alternativa C também está incorreta, pois Aristóteles concorda com Górgias e acredita que às mulheres cabe o papel de manterem-se em silêncio e obedecer aos homens, pensamento que corrobora para a exclusão das mulheres da vida pública na cidade democrática. Contrariamente ao indicado na alternativa D, o sistema democrático ateniense dava o direito de participação política desde os pequenos proprietários e camponeses até os donos de grandes propriedades de terra. Por fim, a alternativa E também está incorreta, pois a democracia grega excluía alguns grupos como as mulheres, estrangeiros e escravos, motivo pelo qual não havia igualdade de direitos entre os habitantes das poleis helênicas. ØQNZ QUESTÃO 47 100,0 Em % Participação da população ocupada, segundo setores de atividade Brasil – 1970-2005 80,0 60,0 40,0 20,0 0,0 1970 Primário Secundário Terciário 1980 1990 1999 2005 KON, A. Mudanças recentes no perfil da distribuição ocupacional da população brasileira. Revista Brasileira de Estudos de População, São Paulo, v. 23, n. 2, p. 247-267, jul. / dez. 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/>. Acesso em: 06 nov. 2019. A análise do gráfico revela que, no período representado, a população ocupada no(a) A. comércio se deslocou para o ramo da indústria. B. setor rural foi mais absorvida pelo setor de serviços. C. campo mecanizado migrou para o setor tecnológico. D. ramo industrial acompanhou o crescimento urbano brasileiro. E. construção civil teve mais representatividade que na indústria. Alternativa B Resolução: De acordo com os dados, entre 1970 e 2005, houve uma redução da população ocupada no setor primário (agropecuária e extrativismo) e uma intensa absorção de trabalhadores pelo setor terciário (comércio e serviços). No gráfico, nota-se que, em 1990, o setor terciário já incorporava mais da metade da mão de obra brasileira. A alternativa A está incorreta porque, ao longo do período representado, a população ocupada no setor terciário foi a que teve o maior crescimento. A alternativa C está incorreta, pois, realmente, houve uma redução da população ocupada no setor primário, onde se situa o campo mecanizado. No entanto, essa população migrou para o setor de serviços, geralmente ocupando funções que exigem baixa qualificação profissional. As atividades econômicas que envolvem tecnologias avançadas já são chamadas de setor quaternário, mas não estão representadas no gráfico. A alternativa D está incorreta porque a população urbana cresceu mais do que a população ocupada no setor industrial. Com isso, a maior parcela dos trabalhadores urbanos foi absorvida pelo setor terciário. A alternativa E está incorreta, pois a construção e a indústria integram o mesmo setor: o secundário. QUESTÃO 48 Mas se compreendermos a Filosofia em um sentido próprio, isto é, como o resultado de uma atividade da razão humana que se defronta com a totalidade do real, torna-se impossível pretender que a Filosofia tenha estado presente em todo e qualquer tipo de cultura. O que a História nos mostra é exatamente o contrário: a Filosofia é um produto da cultura grega, devendo-se reconhecer que se trata de uma das mais importantes contribuições daquele povo antigo ao mundo ocidental. BORNHEIM, G. A. Os Filósofos Pré-Socráticos. São Paulo: Cultrix, 1998. 9J4N FCGW CH – PROVA I – PÁGINA 28 ENEM – VOL. 2 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO O texto apresenta elementos que deram início à atividade filosófica e que são caracterizados por A. buscar a origem da realidade na transcendência das essências. B. identificar o logos como princípio originário e organizador do mundo. C. sintetizar aspectos do pensamento oriental numa formulação original. D. estabelecer a cosmogonia como condição fundante do pensamento. E. indicar a origem histórico-geográfica do que se entende por Filosofia. Alternativa E Resolução: O texto-base da questão trata sobre o nascimento da Filosofia. Ao caracterizar o que é a Filosofia, o autor a divide em dois aspectos: como atitude frente à realidade; e sob a forma em que é desenvolvida para dar respostas sobre o mundo. Quando tratamos do segundo elemento, ou seja, a forma específica como as investigações sobre o mundo foram conduzidas, há aqueles que defendem que a Filosofia foi uma invenção singular e exclusivamente grega. O texto-base dessa questão não discute os itens mencionados nas alternativas A, B e D, por isso elas são incorretas. A alternativa C pede especial atenção para a diferença entre os termos “oriental” e “ocidental”, pois, em uma leitura rápida, pode-se confundir, mas, uma vez que a alternativa menciona uma síntese da cultura oriental, ela também está incorreta. Desse modo, a alternativa E está correta, já que o texto-base está, justamente, justificando motivos para que a origem da Filosofia seja grega. QUESTÃO 49 No Sul não encontramos habitantes, os quais provavelmente abandonaram essas costas, tão frequentadas por cristãos, porém no Norte os selvagens são completamente inofensivos. No que diz respeito aos produtos dessa região servem tanto para o sustento dos habitantes ou para o tráfico, há muitos e diversos, parece que a natureza recompensou o frio acentuado com muitos benefícios [...]. O que tem agravado [essa situação] é uma tola preguiça em muitos de nosso reino, ao preferir viver indiretamente e de forma miserável do que se aventurar para conseguir uma habitação nessas terras remotas nas quais a natureza muito prodigiosamente age. GILBERT, H. In: LIMA, L. M. O mundo americano na produção escrita inglesa: séculos XVI, XVII e XVIII. História, v. 31, 2012 (Adaptação). No relato da viagem à Newfoundland, ou Terra Nova, região da costa nordeste do atual Canadá, realizadano final do século XVI, o explorador inglês Humphrey Gilbert procurava A. reafirmar os impedimentos impostos pela natureza ao povoamento da região. B. demonstrar a receptibilidade dos povos nativos aos elementos culturais europeus. C. indicar as barreiras para o desenvolvimento de uma economia exportadora na região. O6XK D. prestigiar as iniciativas da Coroa inglesa para o financiamento de expedições ultramar. E. estimular a participação dos britânicos nos empreendimentos coloniais no Novo Mundo. Alternativa E Resolução: Em seu relato de viagem, o explorador inglês Humphrey Gilbert aconselha a Coroa britânica a investir na empresa colonizadora e enviar expedições para o povoamento do norte do continente americano. A região conhecida como Newfoundland, ou Terra Nova, foi encontrada no final do século XV por navegadores europeus que buscavam estabelecer novas rotas marítimas para o Oriente. A princípio, a Coroa inglesa não investiu no potencial de colonização das novas terras. Ao explorar o território, contudo, Gilbert assinala as vantagens que poderiam ser obtidas com o povoamento do local, que, mesmo vivendo baixas temperaturas, era capaz de produzir víveres tanto para subsistência dos habitantes quanto para a exportação, o que torna correta a alternativa E e invalida a alternativa C. A alternativa A está incorreta, pois o texto afirma que “a natureza recompensou o frio acentuado com muitos benefícios”. A alternativa B também está incorreta, pois, embora afirme que os nativos fossem “completamente inofensivos”, o texto não indica uma abertura deles à cultura europeia. Por fim, a alternativa D também está incorreta, pois, como indicado anteriormente, não houve uma participação efetiva da Coroa inglesa nas primeiras expedições para a América. QUESTÃO 50 VAUGONDY, R. 1778. Disponível em: <https://upload.wikimedia.org>. Acesso em: 30 out. 2019. No mapa, foram aplicadas técnicas cartográficas de representação do globo terrestre em um plano utilizando a projeção A. cônica, com um achatamento nas regiões de altas latitudes preservando as áreas. B. equidistante, que apresenta formas e áreas uniformes em regiões de baixas latitudes. C. cilíndrica, em que os paralelos e meridianos são retos conservando o formato dos continentes. D. azimutal, que procura manter as dimensões superficiais reais e as distorções nas latitudes médias. E. plana, em que o continente africano é o centro do mapa aumentando as distorções nas altas latitudes. GA4F ENEM – VOL. 2 – 2020 CH – PROVA I – PÁGINA 29BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa C Resolução: O mapa utiliza a projeção de Mercator, que é cilíndrica, ou seja, o globo terrestre é representado em uma superfície plana cilíndrica posicionada de forma tangente à linha do Equador. Essa projeção também é conforme, pois, através de meridianos e paralelos retos, conserva as formas dos continentes em detrimento das áreas. No mapa, percebe-se o exagero das regiões de altas latitudes e a redução das de baixas latitudes, o que é típico da projeção de Mercator. A alternativa A está incorreta, pois a projeção cônica apresenta meridianos retos e paralelos semicirculares, sendo mais utilizada para a representação de regiões de médias latitudes. A alternativa B está incorreta, pois a projeção equidistante preserva as distâncias, mas distorce as formas dos continentes. A alternativa D está incorreta, pois a projeção azimutal resulta do posicionamento de um plano tangente a qualquer ponto da superfície terrestre, que irá ocupar o centro do mapa, o que não pode ser identificado na representação cartográfica da imagem. Esta também não preserva as dimensões superficiais reais. A alternativa E está incorreta, pois plana e azimutal são termos que se referem a um mesmo tipo de projeção cartográfica. QUESTÃO 51 0 2 000 4 000 km Disponível em: <https://images.slideplayer.com>. Acesso em: 05 out. 2019. A proposta de regionalização do mundo apresentada adota como critério o(a) A. investimento em educação, que resulta no alto desenvolvimento tecnológico. B. área de influência dos Estados Unidos e da China como maiores potências. C. emissão atmosférica de gases de efeito estufa em toneladas por país. D. linha imaginária do Equador convencionada como paralelo principal. E. nível de desenvolvimento socioeconômico e de industrialização. Alternativa E Resolução: No contexto da Nova Ordem Mundial, o critério econômico distingue os países do norte, de elevado nível de desenvolvimento socioeconômico e industrialização, dos países do sul, que são considerados pobres ou em desenvolvimento. A alternativa A está incorreta, pois no interior das regiões há desigualdades quanto ao desenvolvimento tecnológico. 3SRH Um exemplo é a China, que está investindo cada vez mais em tecnologia, estando mais evoluída nesse aspecto que o restante dos países do sul. A alternativa B está incorreta porque a divisão do mundo em áreas de influência das potências mundiais era uma característica marcante da ordem bipolar do período da Guerra Fria, que foi superada pela emergência de uma Nova Ordem Mundial. Assim, a partir do final do século XX, o mundo não está mais dividido em bloco socialista e capitalista, mas sim em países do norte (desenvolvido) e sul (pobre ou subdesenvolvido). A alternativa C está incorreta, pois, entre os maiores emissores de gases estufa (Estados Unidos, União Europeia, China, Rússia, Japão e Índia), estão países tanto do norte como do sul. A alternativa D está incorreta porque a regionalização não se baseia na linha do Equador. Assim, há países, como a Austrália, que está localizada ao sul do Equador, mas que está entre os países do norte. QUESTÃO 52 A dureza do bronze não está no cobre, nem no estanho, nem no chumbo que serviram para formá-lo e que são corpos brandos ou flexíveis; está na mistura deles. A fluidez da água, suas propriedades alimentares e outras não estão nos dois gases que a compõem, mas na substância complexa que formam por sua associação. Apliquemos esse princípio à Sociologia. DURKHEIM, É. As regras do método sociológico. São Paulo: Martins Fontes, 2007. Em diálogo com as ciências naturais, o texto apresenta a concepção de Durkheim sobre a sociedade, que consiste em considerá-la um(a) A. todo maior do que as partes que a compõem. B. soma do número dos indivíduos que a habitam. C. resultado da divisão das consciências que a formam. D. produto dos conflitos das pessoas que a constituem. E. consequência dos tipos de solidariedade que a integram. Alternativa A Resolução: No texto-base, um fragmento da obra As regras do método sociológico, Durkheim demonstra que a dureza do bronze está na mistura de seus elementos, assim como as propriedades da água estão na substância complexa formada a partir da associação entre determinados elementos químicos. Por fim, o autor pede que esse princípio seja aplicado à Sociologia. A sociedade, para Durkheim, não é o resultado do somatório dos indivíduos que a compõem nem a justaposição de suas consciências. Para o autor, a sociedade se configura como uma síntese, ou seja, a vida está no todo, e não nas partes. Por isso, a sociedade é algo sui generis e, para a sociologia de Durkheim, o todo é mais importante do que as partes isoladas que o compõem. Logo, a alternativa A é a correta. A alternativa B é incorreta porque a sociedade, na teoria de Durkheim, é um todo maior do que as partes que a compõem, ou seja, ela é algo maior do que o mero somatório das consciências individuais. I7RX CH – PROVA I – PÁGINA 30 ENEM – VOL. 2 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO A alternativa C é incorreta porque a sociedade, conforme dito, para Durkheim, é uma síntese, não uma divisão dos que dela participam. A alternativa D é incorreta porque o texto-base não identifica a sociedade como um produto dos conflitos que nela existem. Por fim, a alternativa E éincorreta porque o texto-base não está apresentando os conceitos de solidariedade mecânica e orgânica, elaborados por Durkheim. QUESTÃO 53 Cantava a bela Deusa que viriam Do Tejo, pelo mar que o Gama abrira, Armadas que as ribeiras venceriam Por onde o Oceano Índico suspira; E que os Gentios Reis que não dariam A cerviz sua ao jugo, o ferro e ira Provaria do braço duro e forte Até render-se a ele ou logo à morte. CAMÕES, Luis de. Os Lusíadas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993. De acordo com o trecho dos Lusíadas, poema épico de Luís de Camões, a Expansão Marítima lusitana, no século XVI, A. privilegiava a exploração do Atlântico. B. simbolizava a promoção da fé católica. C. priorizava as ações de cunho comercial. D. buscava a conquista de metais preciosos. E. apregoava o belicismo contra outras nações. Alternativa E Resolução: Os Lusíadas é uma epopeia do poeta Luís de Camões, que narra a viagem de Vasco da Gama às Índias, no contexto da Expansão Marítima portuguesa. No trecho destacado na questão, Camões associa o expansionismo português às ações bélicas empreendidas pelos lusos contra os reinos gentios, que provariam ‟do braço duro e forte” do reino português, o que torna válida a alternativa E. A alternativa A está incorreta, pois o trecho do poema destaca a exploração do Oceano Índico, e não do Atlântico. A alternativa B também está incorreta, pois, ainda que o projeto expansionista português visasse a ampliação da fé católica, o trecho do poema não vincula o expansionismo luso a esse aspecto. É historicamente sabido que a Expansão Marítima do século XVI foi fortemente marcada por ações de caráter comercial, entretanto, não é esse o aspecto destacado pelo texto, o que invalida a alternativa C. Por fim, a alternativa D está incorreta, pois, ainda que os portugueses buscassem, por meio do expansionismo marítimo, conquistar metais preciosos, esse aspecto não é evidenciado no texto. YLGN QUESTÃO 54 Embora houvesse outras causas para revoltas, as principais foram a falta de pagamento dos tributos ou do suprimento de naus e, em alguns casos, a recusa ao serviço militar, pois os atenienses cobravam rigorosamente os tributos e se tornavam odiosos ao aplicar medidas coercitivas aos que não estavam acostumados ou relutavam em aceitar as durezas dos deveres. Também sob outros aspectos os atenienses já não agradavam como antes no comando; não participavam de expedições em igualdade de condições e subjugavam facilmente os dissidentes. TUCÍDIDES. História da Guerra do Peloponeso. Brasília: Editora Universidade de Brasília / São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2001. Ao narrar a história da Guerra do Peloponeso, o historiador grego Tucídides expõe que as origens do conflito residem na A. descentralização do poder político nas ligas formadas no período. B. limitação da influência das tradições democráticas entre os gregos. C. aprovação da expansão ateniense por parte das demais cidades-Estado. D. diminuição da capacidade opressiva de Atenas sobre o mundo helênico. E. insatisfação com a imposição da hegemonia ateniense ao restante da Grécia. Alternativa E Resolução: O domínio de Atenas sobre as demais cidades- -Estados na Grécia Antiga cresceu exponencialmente após o fim das Guerras Médicas. A Liga de Delos, formada para o conflito contra os persas, foi mantida pelos atenienses, que consolidaram as tradições democráticas e impuseram seus valores político-culturais ao restante da Grécia. Logo, surgiram movimentos de insatisfação com relação à tal situação, uma vez que as cidades viam-se obrigadas a pagar tributos aos atenienses e eram constantemente ameaçadas pelo exército de Atenas, que estava extremamente fortalecido naquele período, o que torna correta, portanto, a alternativa E e invalida a alternativas B e D. Contrariamente ao indicado na alternativa C, as cidades-Estado comandadas por Esparta formaram a Liga do Peloponeso e posicionaram-se contrariamente à imposição da hegemonia ateniense sobre o mundo grego. Por fim, a alternativa A também está incorreta, pois dentro de cada uma das ligas havia uma clara centralização do poder: Atenas comandava a Liga de Delos, e Esparta, a do Peloponeso. QUESTÃO 55 Desde os seus primórdios, com o lançamento do primeiro satélite Sputnik, em 1957, e o voo de Yuri Gagarin, em 1961, a exploração do espaço foi dominada pela rivalidade entre a União Soviética e os Estados Unidos. Nessa disputa tumultuada, empresas ficaram em segundo plano. Eram governos que custeavam os esforços. Disponível em: <http://www.bbc.com>. Acesso em: 18 set. 2017. K5EF PF3Q ENEM – VOL. 2 – 2020 CH – PROVA I – PÁGINA 31BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO A disputa entre as duas potências mencionadas no texto ficou conhecida como A. Détente. B. Corrida Espacial. C. Pacto de Varsóvia. D. Bloqueio de Berlim. E. Corrida Armamentista. Alternativa B Resolução: A Corrida Espacial durante a Guerra Fria foi caracterizada pela disputa entre os Estados Unidos e a União Soviética pela supremacia no desenvolvimento científico e tecnológico do setor espacial. A alternativa A está incorreta porque Détente é o período após a Crise dos Mísseis de Cuba até 1981, em que as tensões entre Estados Unidos e União Soviética reduziram por meio de acordos bilaterais e de relações diplomáticas reestabelecidas. A alternativa C está incorreta, pois o Pacto de Varsóvia foi a aliança militar entre os países socialistas europeus e a União Soviética. A alternativa D está incorreta, pois o Bloqueio de Berlim entre 1948 e 1949, foi a interdição pelos soviéticos das vias rodoferroviárias de Berlim Ocidental. A alternativa E está incorreta porque a Corrida Armamentista foi caracterizada pela pesquisa e desenvolvimento do setor bélico e de armamentos pelos Estados Unidos e União Soviética durante a Velha Ordem Mundial. QUESTÃO 56 Na fase republicana, assistimos à criação ou reformatação de festividades por influência exógena. Interessante é verificar que essas inovações frequentemente se davam em situações de crise nacional. Uma das formas mais simples de acolhimento das divindades exógenas era simplesmente dar-lhe o nome latino de uma divindade local similar. O politeísmo romano era aberto ao sincretismo religioso por meio de vários mecanismos de assimilação supervisionada de divindades exógenas. BRANDÃO, J. L.; OLIVEIRA, F. História de Roma Antiga: das origens à morte de César. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2015 (Adaptação). O processo apresentado no texto desempenhou um importante papel no contexto sociocultural da República Romana, pois A. visava eliminar as influências culturais exógenas. B. intensificava as tensões sociais existentes no período. C. representava a institucionalização da intolerância religiosa. D. configurava uma estratégia da nascente política imperialista. E. proporcionava a expansão desregulamentada de novas seitas. Alternativa D Resolução: Segundo o texto, o sincretismo religioso (ou seja, a assimilação e incorporação de festas religiosas e divindades cultuadas pelos estrangeiros) ocorria com frequência nos períodos de crise do regime republicano em Roma. V5KA Tal assimilação seria uma forma de controlar a difusão de novos elementos culturais que começavam a fazer parte da vida republicana à medida que o território romano ia se expandindo, fruto das conquistas militares e comerciais, o que torna correta a alternativa D e invalida a alternativa A. A alternativa B está incorreta, pois a expansão romana gerava tensões sociais das mais variadas ordens, e a religião representou, nesse momento, um método de controle social. Contrariamente ao indicado na alternativa C, tolerava-se o não romano, desde que este estivesse sob o controle da República. Por fim, a alternativa E também está incorreta, pois o sincretismo religioso ocorria de maneira supervisionada pelasautoridades republicanas, que atribuíam às religiões estrangeiras caracteres latinos. QUESTÃO 57 A liberdade passou a ser um importante valor nas sociedades contemporâneas principalmente a partir do surgimento do movimento iluminista e da Revolução Francesa, de 1789, inspirada em suas ideias liberais e racionalistas. Os iluministas criticavam o absolutismo – regime político em que o(a) rei / rainha tem o poder absoluto dentro do país. Esse regime estava vigente na maior parte de seus territórios, na época, e reprimia a voz do povo, proibindo-o, em muitos casos, de se manifestar contra o governo. Pode-se imaginar que as populações não estavam muito felizes com essa situação, certo? Por isso, a revolta contra esse sistema e os ideais de liberdade começaram a se propagar, inicialmente na Europa e, posteriormente, por todo o globo. Hoje, a liberdade é considerada um direito humano, presente na Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU. Disponível em: <https://www.politize.com.br/>. Acesso em: 08 nov. 2019. O conceito apresentado no trecho se difere da problemática do determinismo, uma vez que A. estabelece o ser humano como agente livre. B. aborda a dimensão política da ação humana. C. nega a possibilidade de reflexão sobre ser livre. D. defende o entendimento iluminista do assunto. E. problematiza a concepção dos direitos humanos. Alternativa B Resolução: A questão trata sobre a relação entre a ação política e a liberdade dos indivíduos ao comparar as ideias liberais e racionais do iluminismo ao tópico da liberdade. Logo, a alternativa B está correta. Assim, a alternativa A está incorreta porque, embora a ideia de que o ser humano é um agente livre seja contrária ao determinismo, a discussão do texto-base está no mencionado elo entre liberdade e política. A alternativa C está incorreta porque o texto-base é também uma reflexão sobre a liberdade. A alternativa D está incorreta porque, embora parta do iluminismo, o texto-base não se restringe ou não trata especificamente sobre ele. N9Q5 CH – PROVA I – PÁGINA 32 ENEM – VOL. 2 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Ou seja, o texto retrata o desenvolvimento do valor da liberdade na esfera político-moral, que teve seu início no iluminismo. Por fim, a alternativa E está incorreta porque o texto-base não defende, nem problematiza, mas sim explica o pensamento que embasa aquilo que aparece na Declaração dos Direitos Humanos. QUESTÃO 58 Thomas Malthus formulou uma suposta lei de população para argumentar que a humanidade jamais seria capaz de promover o desenvolvimento econômico, reduzir a pobreza e as taxas de mortalidade e aumentar a qualidade de vida das pessoas. Para Malthus, o desenvolvimento econômico seria inviável historicamente, pois a população, sendo uma variável independente, tendia a crescer sempre acima da disponibilidade dos meios de subsistência, o que inviabilizaria qualquer tipo de progresso social. ALVES, J. E. D. População, desenvolvimento e sustentabilidade: perspectivas para a CIPD pós-2014. Revista Brasileira de Estudos de População, Rio de Janeiro, v. 31, n. 1, p. 219-230, jan. / jun. 2014. Disponível em: <http://www.scielo.br/>. Acesso em: 05 nov. 2019. Para os malthusianos, a solução do problema mencionado estaria no(a) A. adoção de políticas públicas voltadas para educação e saúde. B. controle da natalidade conforme a disponibilidade de recursos. C. investimento no setor produtivo para elevar a produção de alimentos. D. redução do crescimento para diminuir a degradação do meio ambiente. E. estabilidade do crescimento demográfico pelo planejamento familiar. Alternativa B Resolução: A teoria malthusiana está fundamentada na ideia de que a população cresce em um ritmo superior à produção de alimentos. Assim, era necessário frear o crescimento populacional através do controle de natalidade, o que poderia ser alcançado por meio do casamento tardio e da abstinência sexual. Essa teoria antinatalista recomendava que o número de filhos fosse compatível com os recursos dos pais. A alternativa A está incorreta porque é a teoria reformista que defende que a adoção de políticas sociais, como a melhor distribuição de renda e a ampliação do acesso à educação e à saúde, é a solução para a pobreza e a fome. A alternativa C está incorreta porque Malthus desconhecia o desenvolvimento científico e tecnológico que promoveu a ampliação da capacidade produtiva de alimentos. A alternativa D está incorreta, pois a teoria ecomalthusiana é que relaciona o crescimento populacional à degradação ambiental. A alternativa E está incorreta, pois a teoria malthusiana recomendava o controle de natalidade para reduzir o crescimento populacional. O planejamento familiar, por sua vez, ocorre de forma espontânea e é propiciado pelas melhorias nas condições socioeconômicas da população. 9SE7 QUESTÃO 59 Venezuela – 2019 100+ 0,0% 0,0% População total: 32 725 144 Masculina Feminina 0,0% 0,0% 0,0% 0,1% 0,1% 0,3% 0,5% 0,9% 1,2% 1,7% 2,3% 2,7% 2,8% 3,1% 3,5% 3,9% 4,1% 4,2% 4,4% 4,5% 4,6% 4,6% 0,4% 0,7% 1,0% 1,4% 1,8% 2,5% 2,8% 2,9% 3,2% 3,6% 4,0% 4,1% 4,1% 4,2% 4,3% 4,4% 4,4% 0,2% 95-99 90-94 85-89 80-84 75-79 70-74 65-69 60-64 55-59 50-54 45-49 40-44 35-39 30-34 25-29 20-24 15-19 10-14 5-9 0-4 10% 8% 8%6% 6%4% 4%2% 2%0% 10% Disponível em: <https://images.populationpyramid.net>. Acesso em: 31 out. 2019. Analisando os dados, uma característica da estrutura demográfica do país representado é: A. Razão de dependência alta devido ao número elevado de jovens e adultos aptos ao trabalho. B. Taxa de fecundidade superior ao nível de reposição, resultando na alta proporção de jovens. C. Saldo migratório positivo, justificando a maior participação de adultos e idosos na pirâmide. D. Expectativa de vida elevada, que significa população idosa proporcionalmente alta. E. Envelhecimento por efeito da quantidade de idosos e da alta taxa de natalidade. Alternativa B Resolução: Conforme se vê no gráfico, o número de nascimentos, evidenciado pela base da pirâmide, é alto. Essa condição indica uma taxa de fecundidade acima do nível de reposição (em média 2,1 filhos por mulher). A estrutura etária da população venezuelana é, portanto, predominantemente jovem. A alternativa A está incorreta porque o corpo da pirâmide que representa a População Economicamente Ativa, isto é, os adultos, é mais estreito do que a base. Isso indica elevada quantidade de jovens – faixa etária economicamente dependente da população em idade ativa. A alternativa C está incorreta, pois o saldo migratório da Venezuela é negativo (saem mais pessoas do que chegam) em razão da crise econômica e política. Além disso, a participação de idosos na pirâmide é reduzida já que seu topo é estreito. A alternativa D está incorreta porque a população idosa, representada pelo topo da pirâmide, é pequena. A alternativa E está incorreta porque a Venezuela tem um número reduzido de idosos. P7DN ENEM – VOL. 2 – 2020 CH – PROVA I – PÁGINA 33BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 60 As ambiguidades da política papal em relação aos judeus são paradoxais: não estimula as conversões forçadas, opõe-se aos massacres de judeus no período das Cruzadas e, ao mesmo tempo, elabora teses que definem o contágio judaico no corpo da cristandade como um risco a ser debelado. FELDMAN, S. A. Memória, identidade e resistência cultural: os judeus entre a espada e a cruz na Espanha Medieval. Dimensões, v. 33, 2014 (Adaptação). No período medieval, a postura adotada por parte das altas autoridades católicas, descrita no texto, provocou a A. combinação de dogmas religiosos de diferentes seitas. B. intensificação das manifestações antissemitas na Europa. C. consolidação do princípio de liberdade de crença e culto. D. eliminação das religiões não cristãs do continente europeu. E. perpetuação de práticas favoráveis ao sincretismo religioso.Alternativa B Resolução: O antissemitismo é uma manifestação de preconceito religioso contra os povos de origem semita e que embasou perseguições e massacres de judeus desde a Antiguidade. No período das Cruzadas, o antissemitismo estimulou perseguição contra os judeus em toda a Europa, com grande emprego de violência. Nesse contexto, a postura paradoxal das autoridades católicas descrita no texto acabou aprofundando o sentimento antissemita na Europa, o que torna correta a alternativa B. O combate a um suposto “contágio judaico” no corpo da cristandade ocidental – que na prática relacionava-se ao aumento das migrações de judeus para a Europa, às práticas de sincretismo religioso e à difusão do pensamento judaico no Ocidente – foi representativo da intolerância religiosa vivenciada no período e total negação da liberdade religiosa, o que contraria, portanto, as alternativas A, C e E. Por fim, a alternativa D também está incorreta, pois a violência e a perseguição aos judeus não foram capazes de eliminar esse grupo religioso da Europa. QUESTÃO 61 No entanto, os fenômenos sociais são coisas e devem ser tratados como coisas. Para demonstrar essa proposição, não é necessário filosofar sobre sua natureza, discutir as analogias que apresentam com os fenômenos dos reinos inferiores. Basta considerar que eles são o único datum [dado] oferecido ao sociólogo. É coisa, com efeito, tudo o que é dado, tudo que se oferece ou, melhor, se impõe a observação. Tratar fenômenos como coisas é tratá-los na qualidade de data que constituem o ponto de partida da ciência. [...] É preciso portanto considerar os fenômenos sociais em si mesmos, separados dos sujeitos conscientes que os concebem; é preciso estudá-los de fora, como coisas exteriores, pois é nessa qualidade que eles se apresentam a nós. DURKHEIM, É. As regras do método sociológico. São Paulo: Martins Fontes, 2007. p. 28. HBKI 3G75 Ao propor tratar o fato social como coisa, a intenção de Durkheim é demonstrar a A. habilidade do sociólogo em se envolver subjetivamente com os fatos sociais. B. capacidade da Sociologia para estudar os fenômenos dos reinos inferiores. C. probabilidade baixa do sociólogo de identificar os fenômenos sociais. D. possibilidade da vida social ser estudada de maneira científica. E. facilidade para compreender os fenômenos do mundo social. Alternativa D Resolução: Émile Durkheim foi o responsável pela institucionalização da Sociologia como uma disciplina científica. Em As regras do método sociológico Durkheim pretende estabelecer as fronteiras entre a Sociologia e as demais ciências, particularmente as ciências naturais. Com o objetivo de criar uma ciência nova e apta a analisar os fenômenos sociais, o modelo de pesquisa escolhido por Durkheim para a Sociologia se constitui como uma adaptação do modelo das ciências naturais que, na época, dominavam o cenário científico. Assim, conforme o texto-base demonstra, ao propor tratar os fatos sociais como coisas, como data, ou seja, o ponto de partida da ciência e, paralelamente, considerá-los como coisas exteriores, isto é, independentes dos indivíduos, Durkheim está tentando estabelecer uma nova ciência e considerando a possibilidade de os fenômenos sociais serem estudados de maneira científica tal qual os fenômenos naturais. Assim, a alternativa correta é a D. A alternativa A é incorreta porque para Durkheim, o sociólogo deve abster-se de suas prénoções para analisar o mundo social. Ou seja, não deve se envolver subjetivamente com o objeto de pesquisa. A alternativa B é incorreta porque Durkheim propõe o fato social como coisa para demonstrar que ele independe dos indivíduos e que pode ser estudado de maneira científica por uma ciência, no caso, a Sociologia. A alternativa C é incorreta porque para Durkheim, a Sociologia é a ciência responsável pelo estudo dos fatos sociais. Dessa forma, o sociólogo deve identificar os fatos sociais pelas três características básicas desses fenômenos: a coercitividade, a exterioridade e a generalidade. Por fim, a alternativa E é incorreta porque Durkheim não pensa que a compreensão dos fenômenos sociais é algo fácil. Justamente por isso que ele propôs um método embasado cientificamente para o estudo desses fenômenos. QUESTÃO 62 Em termos constitucionais mais convencionais, o povo não só era elegível para cargos públicos e possuía o direito de eleger administradores, mas também era seu o direito de decidir quanto a todos os assuntos políticos e o direito de julgar, constituindo-se como tribunal, todos os casos importantes civis e criminais, públicos e privados. FINLEY, M. Democracia antiga e moderna. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1988. VXDF CH – PROVA I – PÁGINA 34 ENEM – VOL. 2 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO As características da democracia ateniense antiga apresentadas no texto, ainda vigentes nos governos democráticos contemporâneos, estão associadas, entre outros aspectos, à garantia da A. remuneração para o exercício das funções da administração pública. B. ampliação do direito à representação política na Assembleia Popular. C. tripartição do poder político em esferas independentes e harmônicas. D. adoção de critérios meritocráticos para a plena participação política. E. promoção da igualdade de direito de acesso aos cargos públicos. Alternativa E Resolução: O texto afirma que “o povo [...] era elegível para cargos públicos”, destacando o princípio da isocracia, que assegura a igualdade de direito dos cidadãos à candidatura a cargos políticos e de participação na administração pública na democracia, o que torna correta, portanto, a alternativa E. A alternativa A está incorreta, pois o texto não se relaciona à mistoforia, que era a remuneração para todos os cargos e funções públicas instituída por Péricles na Atenas Antiga, e que possibilitava a qualquer cidadão a oportunidade de se afastar temporariamente de suas atividades particulares para colaborar na administração da cidade. A alternativa B também está incorreta, pois a democracia ateniense se caracterizava pela participação direta dos cidadãos na tomada de decisões acerca dos assuntos públicos da cidade. Contrariamente ao indicado na alternativa C, não há no texto aspectos que remetam à tripartição do poder. Por fim, a alternativa D também está incorreta, pois, na democracia ateniense, eram considerados cidadãos os homens, filhos de pai e mãe atenienses e maiores de dezoito anos; assim, a meritocracia não representava um critério definidor da participação política. QUESTÃO 63 As áreas de alerta de desmatamento no bioma Cerrado somaram 863,51 km2 no mês de abril de 2019, segundo os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Os alertas são registrados pelo Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo (DETER), que é baseado em imagens de satélites de observação da Terra e destinado a orientar a fiscalização em campo, feita pelos órgãos competentes. INPE. Disponível em: <http://www.cbers.inpe.br>. Acesso em: 14 nov. 2019. Considerando a mencionada aplicação do sensoriamento remoto, as imagens de satélites constituem ferramenta para A. elaboração de mapas para fins militares pela alta precisão e abrangência espacial. B. combate à biopirataria em que há acesso, remessa e transporte do patrimônio genético. 5RU2 C. pesquisa científica de estudos populacionais em áreas de grande escala de detalhamento. D. monitoramento ambiental de recursos hídricos e para controle do desmatamento e das queimadas. E. desenvolvimento de cartas meteorológicas voltadas para a previsão do tempo em áreas urbanas. Alternativa D Resolução: O texto relata a utilização de imagens de satélites pelo Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo (DETER) para verificar áreas de desmatamento no Cerrado. Além do desmatamento, essas imagens também possibilitam monitorar queimadas e os recursos hídricos não apenas noCerrado, mas também em outros biomas brasileiros. A alternativa A está incorreta, pois as imagens de satélite para finalidade militar constituem informações confidenciais das Forças Armadas do Brasil, já as imagens do sistema citado no texto são disponibilizadas gratuitamente. A alternativa B está incorreta, pois o monitoramento remoto da biodiversidade é insuficiente para coibir a biopirataria. A repressão a essa atividade ilegal deve envolver os órgãos de monitoramento, fiscalização e policiamento. A alternativa C está incorreta, pois as imagens de satélite são capazes de registrar áreas extensas em pequena escala. Além disso, a aplicação do sensoriamento remoto apontada pelo texto é referente ao monitoramento ambiental, e não às pesquisas científicas. A alternativa E está incorreta, pois a aplicação do sensoriamento remoto mencionada pelo texto refere-se ao monitoramento ambiental. Essa tecnologia é utilizada para capturar imagens da atmosfera e estabelecer previsões do tempo, mas não é essa a aplicação descrita pelo texto. QUESTÃO 64 A transformação dos homens e mulheres africanos em escravos começava já na África, nas feitorias, ou no porto logo ao chegar na nova terra. Nesse processo, foram modificados, e suas referências culturais, redefinidas. Diversos povos – benguelas, cabindas, angolas, minas, entre tantos outros – embarcaram nos navios negreiros e passaram a ser chamados não mais pelas suas formas próprias de identificação ou pelas suas formas de organização social, mas sim pela ideia de nação. Por nação, os agentes do tráfico ou da Coroa referenciavam ou os portos de onde embarcaram, ou as regiões de onde eram provenientes, ou a identificação feita pelos próprios traficantes. Essas novas nomenclaturas foram assumidas e apropriadas pelos sujeitos escravizados, pois auxiliavam no processo de reorientação. ANDRADE, A. L. M. S. Diáspora africana. Disponível em: <https://www.geledes.org.br/>. Acesso em: 23 mar. 2019. [Fragmento adaptado] Verificado até meados do século XIX, o tráfico internacional de escravizados africanos para o Brasil impulsionou processos culturais que promoveram o A. apagamento completo das referências culturais de matriz africana. B. abandono voluntário da cultura africana por parte dos escravizados. AK7C ENEM – VOL. 2 – 2020 CH – PROVA I – PÁGINA 35BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO C. mapeamento dos grupos étnicos aos quais os escravizados pertenciam. D. reconhecimento precoce da influência cultural africana na formação do país. E. surgimento de novas configurações de identidade no contexto da escravidão. Alternativa E Resolução: O texto aponta que a prática escravista e o tráfico de escravos levaram à criação de novas formas de identificação dos povos africanos, diferentes daquelas que podiam ser verificadas no continente. Contudo, mesmo tendo sido criadas por personagens externos à África (como os traficantes, colonizadores e outros), tais identidades foram assumidas e apropriadas pelos escravizados, que precisavam se reorientar nos ambientes para os quais eram traficados. Assim, verifica-se um processo que demonstra a agência dos africanos escravizados na perpetuação de sua cultura, mesmo com as diversas tentativas de seu apagamento,o que torna a alternativa E correta. A alternativa A está incorreta, pois, a criação de novas identidades para os africanos, diferentes de suas próprias formas de identificação cultural, sugere, de fato, uma tentativa de apagamento dessa cultura nos ambientes escravistas. Contudo, o texto oferece um exemplo de como a cultura africana persistiu a partir da agência dos escravizados na apropriação das identidades criadas no contexto da escravidão. A alternativa B está incorreta, pois, o texto sugere uma apropriação das identidades criadas por agentes do tráfico ou da Coroa, o que demonstra o desejo por parte dos escravizados de manter a cultura africana nos ambientes escravistas. A criação de formas de identidade cultural desvinculadas das reais referências étnicas do continente africano acabou dificultando o mapeamento dos grupos étnicos aos quais os escravizados pertenciam. Os escravizados passavam a ser identificados não mais por sua etnia, e sim pelo porto onde ele foi vendido e transportado, o que invalida a alternativa C. Por fim, a alternativa D está incorreta, pois, o texto não sugere o reconhecimento da influência cultural africana na formação do país. Esse processo é muito recente na História do Brasil e, na verdade, a prática descrita no texto aponta para uma desvalorização da cultura dos africanos no ambiente escravista brasileiro. QUESTÃO 65 “Devemos reproduzir ou esterilizar os defeituosos? Por Albert Edward Wiggam”. Disponível em: <https://pinterest.com>. Acesso em: 12 nov. 2019. A capa da revista Physical Culture, de 1934, apresenta uma discussão que tem como base A. os conceitos funcionalistas. B. as visões mercadológicas. C. as teorias individualistas. D. os princípios religiosos. E. os ideais eugênicos. Alternativa E Resolução: A capa da revista Physical Culture, de 1934, apresenta a seguinte manchete: “Devemos reproduzir ou esterilizar os defeituosos?”. Quem assina a matéria é Albert Edward Wiggam, um expoente do pensamento eugênico. A eugenia, proposta como “ciência” por Francis Galton, visava “aprimorar” a raça humana. Assim sendo, seus seguidores propunham ideias como aquelas estampadas na revista, isto é, a segregação de deficientes e a esterilização de pessoas “anormais” e criminosas. Por isso, a alternativa correta é a E. As demais alternativas trazem perspectivas que não se coadunam com os ideais eugênicos. QUESTÃO 66 Ao longo da guerra comercial, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, alegou com frequência que o conflito forçaria empresas a retirar sua produção da China e transferi-la para os EUA. Depois de mais de um ano, ele se provou “meio-certo”. Mais de 50 corporações multinacionais anunciaram planos de mudar a produção para fora da China, ou estão considerando fazê-lo, de acordo com reportagem do Nikkei Asian Review. Apple, Google, Nintendo e Dell, entre outros, tentam evitar as penalidades de importação de US$ 250 bilhões de produtos chineses. Mas, em vez de mover suas operações para os EUA, como Trump afirmou, muitas dessas empresas estão planejando reconstruir suas cadeias de fornecimento fora de solo americano, principalmente no sudeste da Ásia. TELFORD, T. Disponível em: <https://www.gazetadopovo.com.br>. Acesso em: 31 out. 2019. PZ7S CHUU CH – PROVA I – PÁGINA 36 ENEM – VOL. 2 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO No contexto apresentado, os planos das transnacionais de deixar o território chinês tem como objetivo A. estabelecer melhores relações políticas com os Estados Unidos para obterem isenção alfandegária na exportação de seus produtos para esse país. B. ampliar a produção em economias periféricas que possuem mercado consumidor abundante visando diversificar os parceiros comerciais. C. priorizar a produção em países que assumem o compromisso com os direitos humanos e uma legislação trabalhista mais rígida. D. reduzir os custos do processo produtivo se beneficiando das políticas de isenção fiscal em países livres de tarifas adicionais dos Estados Unidos. E. retomar as negociações comerciais entre a China e os Estados Unidos para criar condições favoráveis ao fim das tarifas extras recíprocas. Alternativa D Resolução: Diante do contexto de guerra comercial, empresas transnacionais estão retirando-se da China para escapar dos tributos cobrados sobre as importações de produtos chineses pelos Estados Unidos. Ao se decidirem sobre a nova localização, essas empresas estão optando por países, como os do sudeste asiático, que oferecem vantagens locacionais, como incentivos fiscais, na disputa pelos capitais estrangeiros. A alternativa A está incorreta,pois as empresas estão deixando a China apenas para evitar as penalidades tributárias dos Estados Unidos sobre os produtos chineses. Tanto que, ao contrário do previsto pelo presidente estadunidense, essas empresas não estão se transferindo para os EUA. A alternativa B está incorreta, pois o mercado consumidor tornou-se um fator secundário na definição da localização industrial. Isso devido ao desenvolvimento dos meios de transportes, que facilitou o escoamento das mercadorias. A alternativa C está incorreta, pois a flexibilidade das leis trabalhistas é um fator atrativo para os empreendimentos produtivos. A alternativa E está incorreta, pois a instituição que pode retomar as negociações entre China e Estados Unidos, extinguir tarifas alfandegárias e amenizar a guerra comercial é a Organização Mundial do Comércio. QUESTÃO 67 Até 1913, o Brasil possuía apenas um único fuso horário, então houve a sanção da Lei 2 784, pelo presidente Hermes da Fonseca. A lei dividiu o território nacional em quatro fusos seguindo o Meridiano de Greenwich como referência. No dia 23 de junho de 2008, o horário foi alterado no Acre e parte do estado do Amazonas. Esses locais estavam no chamado quarto fuso e possuíam menos duas horas em relação à hora de Brasília – que aumentava para três durante o horário de verão. A diferença nesses locais passou a ser de uma hora em relação ao horário de Brasília – que aumentava para duas horas durante o horário de verão. LBBH Desde o começo, o novo fuso horário causou polêmica, e, três anos após a mudança, um referendo foi realizado no Acre para consultar a população sobre a alteração. O resultado das urnas mostrou que 56,8% dos eleitores optaram pelo retorno do antigo horário. Aproximadamente três anos depois do referendo, em outubro de 2013, o Senado Federal aprovou o projeto de lei restabelecendo o horário no Acre e em parte do Amazonas. Disponível em: <http://g1.globo.com>. Acesso em: 05 out. 2019. [Fragmento] Conforme o texto, um fator decisivo para o restabelecimento do fuso na mencionada região foi A. a diminuição da diferença com o horário oficial de Brasília. B. a discordância da maioria dos habitantes do estado do Acre. C. o prejuízo econômico e cultural dos estados do norte do país. D. a padronização de um fuso horário para cada estado brasileiro. E. os interesses políticos que visam maior integração regional sul-americana. Alternativa B Resolução: Como mencionado no texto, após os cidadãos do Acre, por meio de referendo, manifestarem sua insatisfação com a mudança, o fuso horário antigo foi restabelecido. A alternativa A está incorreta, pois o retorno do antigo fuso significou que o horário do Acre e parte do Amazonas voltou a ser duas horas atrasado em relação ao fuso de Brasília, ou seja, adicionou-se uma hora na diferença horária entre as duas localidades. A alternativa C está incorreta porque o quarto fuso brasileiro abrange somente o Acre e o extremo ocidental do Amazonas, e não toda a Região Norte. O suposto prejuízo foi o argumento usado para defender a mudança de fuso, que foi rejeitada pela opinião pública. A alternativa D está incorreta, pois o território brasileiro está dividido em quatro fusos horários. Portanto, cada fuso abrange mais de uma unidade da Federação. A alternativa E está incorreta porque, ao se eliminar o fuso do Acre, foi levada em conta a integração nacional, e não a regional em relação à América do Sul. Além disso, ao se restabelecer o fuso, priorizou-se a vontade dos cidadãos do Acre em detrimento da possível facilitação da integração nacional. QUESTÃO 68 TEXTO I Com Anaximandro, a problemática do princípio se aprofundou. Ele sustenta que a água já é algo derivado e que, ao contrário, o princípio é o infinito, ou seja, uma natureza infinita e indefinida, da qual provêm todas as coisas que existem. ANTISERI, D.; REALE, G. História da Filosofia: filosofia pagã antiga. São Paulo: Paulus, 2003. DFIC ENEM – VOL. 2 – 2020 CH – PROVA I – PÁGINA 37BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO TEXTO II Os pitagóricos foram os primeiros que se dedicaram às matemáticas e as fizeram progredir. Nutridos por elas, acreditaram que os princípios delas fossem os princípios de todas as coisas que existem. E, uma vez que nas matemáticas os números são, por sua natureza, os princípios primeiros, precisamente nos números eles acreditavam ver muitas semelhanças com as coisas que existem e se geram. ARISTÓTELES. Metafísica. Apud ANTISERI, D.; REALE, G. História da Filosofia: filosofia pagã antiga. São Paulo: Paulus, 2003 (Adaptação). Os textos, que abordam o pensamento de filósofos pré-socráticos, diferenciam-se a respeito do(a) A. aproximação do pensamento socrático. B. conclusão acerca da natureza humana. C. entendimento sobre a arché do cosmos. D. opinião sobre a relatividade da verdade. E. resgate dos valores da poesia homérica. Alternativa C Resolução: Ambos os textos que servem de base para essa questão tratam de diferentes pensadores do grupo conhecido como pré-socráticos. Esse grupo se caracterizava pela busca de explicações naturais e racionais para os eventos e para o mundo. Desse modo, a alternativa A está incorreta porque eles são anteriores ao pensamento socrático. A alternativa B também está incorreta porque a principal preocupação desses primeiros filósofos era sobre as coisas que nos cercam, e não tanto sobre as questões humanas. Além disso, o conteúdo apresentado pelos textos-base tratam sobre essa preocupação primária acerca do mundo. A alternativa D está incorreta porque os textos-base não discutem a questão da verdade. A alternativa E também está incorreta porque esse grupo é conhecido por representar certa ruptura com Homero, que era um dos maiores representantes da linguagem mitológica. Desse modo, a única alternativa correta é a C. QUESTÃO 69 A sangria do Novo Mundo se convertia num ato de caridade ou numa razão de fé. [...] Um vice-rei do México considerava que não havia melhor remédio do que o trabalho nas minas para curar a “maldade natural” dos índios. Juan Ginés de Sepúlveda, o humanista, sustentava que os índios mereciam o tratamento que recebiam porque seus pecados e idolatrias eram uma ofensa a Deus. O conde de Buffon afirmava que nos índios, animais débeis e frígidos, não se registrava “nenhuma atividade da alma”. GALEANO, E. As veias abertas da América Latina. São Paulo: L&PM, 2001. Os posicionamentos de contemporâneos ao processo de dominação espanhola da América reproduzidos no texto reforçam a A. impossibilidade de conversão religiosa dos povos indígenas americanos. 5JO7 B. negação dos abusos e excessos cometidos pelos colonizadores europeus. C. produção de justificativas ideológicas para a violência empregada no continente. D. fragilidade da organização sociocultural das comunidades indígenas americanas. E. inviabilidade do emprego da mão de obra nativa na exploração dos recursos minerais. Alternativa C Resolução: Os pensamentos reproduzidos no texto da questão demonstram a intenção de justificar as estratégias adotadas pelos colonizadores espanhóis no domínio dos territórios e dos povos americanos a partir do século XV. Diversos indivíduos contemporâneos ao processo de conquista da América empreendido pela Coroa espanhola – religiosos, nobres, filósofos – reproduziram a ideia de inferioridade dos povos nativos da América, e, a partir disso, consideravam a ação do europeu na América, ainda que com emprego de violência, uma espécie de ato civilizatório, motivado por caridade e pela fé católica, o que torna correta a alternativa C. As alternativas A e D estão incorretas, pois a colonização espanhola da América possuía um forte caráter evangelizador, e uma das formas da pretendida “salvação” dos povos americanos seria a conversão religiosa, necessária para a eliminação das práticas religiosas nativas, as chamadas idolatrias e heresias. A alternativaB também está incorreta, pois os posicionamentos reproduzidos no texto buscavam justificar os atos de violência e a exploração da mão de obra dos indígenas na atividade mineradora, e não os negar. Por fim, a alternativa E também está incorreta, pois a exploração mineral na América Espanhola fundamentou-se na exploração da mão de obra indígena. QUESTÃO 70 Já os condes nos palácios estavam preocupados com o desejo de empreender essa viagem, e todos os cavaleiros de um nível menos elevado cediam à mesma impulsão; mas até os pobres tão logo foram inflamados de um zelo tão ardente que nenhum dentre eles parou para considerar a modicidade de sua renda, nem para examinar se poderiam renunciar a sua casa, a suas vinhas ou a seus campos. CHAVES, T. S. R. Urbano II em Clermont-Ferrand: a pregação da Primeira Cruzada. Disponível em: <http://repositorio.unb.br>. Acesso em: 11 mar. 2019. O texto apresenta alguns reflexos da convocação da Igreja para as Cruzadas, sinalizando que a A. motivação dos pobres impulsionou o engajamento dos demais grupos. B. atuação popular representou a subordinação aos interesses da nobreza. C. concentração de renda dificultou um envolvimento maior dos populares. LYNN CH – PROVA I – PÁGINA 38 ENEM – VOL. 2 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO D. pregação católica motivou a junção de diversos setores sociais medievais. E. participação abrangente resultou no atendimento dos anseios econômicos dos diversos estamentos. Alternativa D Resolução: Conforme o texto demonstra, no contexto das Cruzadas, o fervor religioso uniu diferentes estratos sociais em um interesse comum, o que torna a alternativa D correta. A alternativa A está incorreta, pois, embora os populares tenham se engajado nos movimentos cruzadistas, não foi o seu envolvimento que encorajou os demais grupos sociais. A alternativa B está incorreta, pois, conforme o texto demonstra, havia uma motivação espiritual que levava os grupos populares a atuarem nas Cruzadas, não sendo, portanto, sua participação fruto da vontade dos nobres. A alternativa C está incorreta, pois, como indicado pelo texto, as classes populares foram demasiadamente engajadas nas Cruzadas, desconsiderando muitas das vezes fatores de ordem socioeconômica. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois, ao contrário do que a alternativa propõe, as Cruzadas não obtiveram êxito. Desse modo, os diversos interesses em jogo não foram completamente atendidos. QUESTÃO 71 A causa primordial do rápido progresso de nossas colônias americanas rumo à riqueza e à grandeza reside no fato de terem até agora aplicado quase todos os seus capitais na agricultura [...]. A maior parte do comércio da América, tanto do costeiro como do de exportação, é movimentada pelos capitais de comerciantes que residem na Grã-Bretanha. Mesmo muitos dos depósitos e armazéns que vendem aos varejistas, em algumas regiões, sobretudo na Virgínia e no Maryland, pertencem a comerciantes que residem na Grã-Bretanha [...]. SMITH, A. A riqueza das nações: investigação sobre sua natureza e suas causas. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1996 (Adaptação). Em obra publicada no final do século XVIII, o economista Adam Smith analisa aspectos do desenvolvimento econômico das colônias inglesas na América e aponta o(a) A. influência britânica nas redes comerciais de suas colônias. B. predomínio das atividades manufatureiras na América do Norte. C. independência dos colonos americanos com relação à metrópole. D. êxito do chamado colonialismo de povoamento na América Inglesa. E. tolerância britânica no que diz respeito ao enriquecimento dos colonos. Alternativa A Resolução: O economista Adam Smith aponta que, nas colônias inglesas na América, a maioria dos capitais era proveniente de comerciantes britânicos e era aplicada nas atividades agrícolas, o que torna correta a alternativa A. US4A A alternativa B está incorreta, pois, de acordo com a interpretação de Smith, a agricultura prevaleceria na América sobre as demais atividades econômicas, com grande exploração do território e ingerência da metrópole. A alternativa C também está incorreta, pois, para Smith, havia um certo grau de dependência entre as atividades econômicas desenvolvidas nas colônias americanas e o sistema financeiro inglês, que controlava não apenas os investimentos, mas também a exportação nos portos americanos. Contrariamente ao indicado na alternativa D, o texto destaca o caráter exploratório da colonização inglesa na América. Por fim, a alternativa E também está incorreta, pois, embora sugira um controle britânico sobre as redes comerciais coloniais, o texto não explicita uma tolerância (ou a ausência dela) com o enriquecimento dos colonos. QUESTÃO 72 Ali respondeu: “isto não é permitido. Vocês adoram outro Deus que não ele”. Então o rei disse: “qual é a descrição do Islã?” Então, Ali perseverou ensinando-o até que ele declarou a unidade de Deus e disse as palavras verdadeiras. Então, ambos foram até um monte e Ali começou a orar, seguido pelo rei no que ele dizia [...]. Na manhã, houve uma grande chuva e as inundações fizeram uma barreira entre eles e a cidade, na qual somente se poderia entrar com barcos sobre o Nilo. A chuva durou dezessete noites e dias. Quando o rei viu isso, ele convidou sua família, e então seus ministros, depois o povo da cidade e depois todos aqueles que viviam próximos [para abraçarem o Islã] e todos obedeceram. Mas aqueles mais distantes se recusaram, dizendo: “nós somos seus escravos. Não mude nossa religião”. Ali continuou ensinando-os as obrigações da religião e do Alcorão. AL SHAMMAKHI, A. In: MOTA, T. H. História Atlântica da Islamização na África Ocidental: Senegâmbia, séculos XVI e XVII. UFMG, 2018. O trecho descreve a passagem do viajante muçulmano Ali Yakhaf pelo reino de Gana durante um período de grande seca na região. A situação relatada indica a A. aceitação do islamismo pelos diferentes estratos da sociedade de Gana. B. expansão vertiginosa da religião muçulmana nos reinos do sul da África. C. assimilação de ritos islâmicos mediante o sincretismo com a religião cristã. D. utilização de estratégias violentas durante a dominação árabe no continente. E. dimensão da conversão dos líderes políticos para o processo de islamização. Alternativa E Resolução: O texto indica que o viajante Ali Yakhaf dirigiu-se inicialmente ao rei de Gana, ensinando-o os princípios da religião muçulmana. O rei aceitou a religião ao associar o fim da grande seca com a sua conversão ao islamismo. A partir disso, todo o reino foi chamado para converter-se, seguindo as ordens de seu líder. MWB5 ENEM – VOL. 2 – 2020 CH – PROVA I – PÁGINA 39BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Nesse sentido, compreende-se que a conversão do chefe do reino foi importante para potencializar o processo de islamização dos reinos africanos, uma vez que a religião dos líderes políticos acabou sendo imposta ao restante da população, o que torna correta a alternativa E. A alternativa A está incorreta, pois o texto indica que a aceitação da religião não ocorreu de forma uniforme, uma vez que houve grupos que recusaram a conversão. A alternativa B também está incorreta, pois, como indicado pelo texto, o viajante muçulmano seguiu pregando o islamismo para os grupos que haviam recusado a conversão, indicando um processo paulatino. Por fim, contrariamente ao indicado nas alternativas C e D, a situação descrita no texto demonstra uma faceta pacífica do processo de islamização dos reinos localizados ao norte do continente africano. Além disso, o texto indica uma estratégia de conversão baseada no convencimento, e não no sincretismo. QUESTÃO 73 A chave para aproveitar o bônus demográfico – ou o impulso ao crescimento econômico que pode ocorrer quando os países têm uma grande população em idade ativa – é permitir que os jovens exerçam seus direitos humanos e tenhama oportunidade de alcançar seu potencial. Disponível em: <https://nacoesunidas.org>. Acesso em: 06 nov. 2019. A afirmação feita pela diretora-executiva do Fundo de População das Nações Unidas baseia-se no entendimento de que, para aproveitar o bônus demográfico, um país deve promover a A. atração, a qualificação e a especialização dos imigrantes. B. capacitação, a educação e o emprego da população em idade ativa. C. redução da taxa de fecundidade e o aumento da expectativa de vida. D. elevação dos impostos sobre os setores primário, secundário e terciário. E. restrição das aposentadorias e o equilíbrio do saldo da previdência social. Alternativa B Resolução: O aproveitamento do bônus demográfico – quando a população em idade ativa (entre 15 e 64 anos) é maior que o número de dependentes econômicos (crianças e idosos), resultando em baixa razão de dependência – para o desenvolvimento econômico de um país, está relacionado ao aumento de produtividade dos trabalhadores através do incentivo à escolarização, à capacitação e à geração de empregos. A alternativa A está incorreta porque, ao contrário do que ocorre em uma estrutura etária envelhecida, o bônus demográfico representa a existência de uma proporção significativa de pessoas em idade ativa, o que torna a atração de mão de obra imigrante dispensável. A alternativa C está incorreta, pois o bônus demográfico já deriva da queda da fecundidade e do aumento da longevidade. FØHØ A alternativa D está incorreta, pois a elevação da carga tributária aumenta o peso econômico sobre a População Economicamente Ativa. A alternativa E está incorreta porque a existência de um bônus demográfico implica um reduzido número de dependentes, o que inclui os idosos, diminuindo a pressão sobre o sistema previdenciário. QUESTÃO 74 TEXTO I A ideia só desse Ser supremo inspira diretamente a fórmula sagrada do positivismo: o Amor por princípio, a Ordem por base e o Progresso por fim. COMTE, A. Catecismo positivista. São Paulo: Abril Cultural, 1978. (Os Pensadores). TEXTO II O amor vem por princípio, a ordem por base O progresso é que deve vir por fim Desprezaste esta lei de Auguste Comte E foste ser feliz longe de mim. ROSA, N.; BARBOSA, O. Positivismo. In: VASCONCELLOS, E. Noel Rosa: para ler e ouvir. São Paulo: Annablume, 2004. [Fragmento] As similaridades entre as ideias de Auguste Comte e a música de Noel Rosa evidenciam que o positivismo A. contestou os valores da sociedade ocidental. B. influenciou a Primeira República brasileira. C. defendeu os relacionamentos amorosos. D. ajudou na formação do samba nacional. E. incentivou as revoltas proletárias. Alternativa B Resolução: O primeiro texto-base, de Comte, apresenta a fórmula sagrada do positivismo: “o Amor por princípio, a Ordem por base, e o Progresso por fim”. O segundo texto-base é uma música de Noel Rosa em que a tal fórmula está presente na letra. É importante ressaltar que o positivismo de Comte teve bastante influência no Brasil, de forma que seus ideais serviram para alavancar uma troca de regime, com o advento da Proclamação da República. O setor brasileiro com maior presença da ideologia de Comte foram as Forças Armadas. Assim, percebe-se que a alternativa correta é a B. A alternativa A é incorreta porque os textos-base não demonstram o positivismo contestando valores ocidentais. A alternativa C é incorreta porque não há nos textos-base elementos que corroborem a defesa do positivismo pelos relacionamentos amorosos. A alternativa D é incorreta porque, embora apareça no samba de Noel, não há elementos para afirmar que o positivismo ajudou na formação do samba nacional. Por fim, a alternativa E é incorreta porque os textos-base não mostram que o positivismo incentivou revoltas do proletariado. OTYN CH – PROVA I – PÁGINA 40 ENEM – VOL. 2 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 75 Bem abaixo da superfície do nosso planeta, um fluxo de ferro derretido com temperatura quase tão quente quanto a superfície do Sol está ganhando velocidade. O fluxo líquido foi descoberto pela primeira vez por revelações do campo magnético, que protege a vida do planeta contra a radiação espacial, a partir de leituras do espaço a até cerca de três mil quilômetros abaixo da América do Norte e da Rússia. O vasto rio, de aproximadamente 420 quilômetros de largura e que percorre quase metade da circunferência do globo terrestre, triplicou em velocidade desde o ano 2000, e está agora circulando para oeste a algo entre 40 e 45 quilômetros por ano bem nas profundezas abaixo da Sibéria e se dirigindo para o subterrâneo da Europa. Disponível em: <https://socientifica.com.br>. Acesso em: 05 nov. 2019. [Fragmento adaptado] Considerando a recente descoberta citada no texto, a compreensão da dinâmica e das características da estrutura interna do planeta Terra aumentou com o seguinte desenvolvimento técnico e tecnológico: A. Criação das sondas que coletam rochas e realizam a análise geoquímica dos materiais. B. Aperfeiçoamento dos sismógrafos que detectam ondas sísmicas e composição mineralógica. C. Utilização de um scanner 3D que produz um mapeamento das estruturas internas terrestres. D. Monitoramento por satélites de fenômenos que ocorrem em diferentes camadas e profundidades. E. Método de astrogeologia que utiliza os meteoritos para compreender a dinâmica interna terrestre. Alternativa D Resolução: A descoberta citada no texto-base foi possível por meio de satélites que, a partir de suas órbitas, realizaram leituras do planeta e identificaram variações do campo magnético terrestre causadas por um fluxo de ferro derretido que está percorrendo o interior da Terra. A alternativa A está incorreta, pois não há tecnologia capaz de coletar rochas a uma profundeza superior a aproximadamente 12 quilômetros da superfície terrestre. A alternativa B está incorreta, pois o uso dos sismógrafos como método indireto de estudo das camadas interiores da Terra é relativamente antigo. Além disso, a análise da propagação das ondas sísmicas no interior do planeta é mais apropriada para indicar as variações nas características físicas das camadas internas da Terra. A alternativa C está incorreta porque o texto-base não aponta o uso de scanner, mas sim de leituras da Terra efetuadas a partir do espaço. A alternativa E está incorreta, pois o estudo dos meteoritos é importante para conhecer a composição química do interior da Terra, mas não é a tecnologia usada para a descoberta descrita no texto, que foi evidenciada por variações no campo magnético terrestre. ACLP QUESTÃO 76 E agora vou falar; e tu, escuta as minhas palavras e guarda-as bem, pois vou dizer-te dois únicos caminhos de investigação concebíveis. O primeiro diz que o ser é e o não-ser não é; este é o caminho da convicção, pois conduz à verdade. O segundo, que o não é, é, e que o não- ser é necessário; esta via, digo-te, é completamente sem conhecimento, porque não se pode conhecer o não-ser nem expressá-lo [...]. Necessário é dizer e pensar que só o ser é [...]. Jamais se conseguirá provar que o não-ser é; afasta, portanto, o teu pensamento desta via de investigação, nem te deixes arrastar a ela pela múltipla experiência do hábito. PARMÊNIDES apud BUZZI, A. R. In: Introdução ao pensar: o ser, o conhecimento, a linguagem. 25. ed. Petrópolis: Vozes, 1998. Disponível em: <http://www.pucrs.br>. Acesso em: 20 abr. 2017. Para Parmênides, as vias do conhecimento verdadeiro e falso são, respectivamente, as A. da Filosofia e da religião. B. da lógica e da dialética. C. da verdade e da opinião. D. da fantasia e do pensamento. E. do empirismo e do racionalismo. Alternativa C Resolução: Parmênides, ao propor as vias do conhecimento verdadeiro e falso, está falando da unidade – a ideia de perfeição, completude – e da multiplicidade – a ideia de imperfeição, limitação. A ideia de verdade em Parmênidesé relevante porque vai influenciar toda a tradição filosófica antiga, tendo forte reflexo na obra socrático-platônica. O problema ontológico apresentado por Parmênides foi discutido, mais ou menos diretamente, por toda a tradição filosófica desde então, tendo sido um dos últimos autores a abordá-lo o filósofo alemão Martin Heidegger. Parmênides, nesse trecho do Tratado sobre o Ser, identifica as vias do conhecimento verdadeiro e falso como as vias da verdade – única – e da opinião – múltipla. A resposta correta, portanto, é a alternativa C. A alternativa A está incorreta porque Parmênides não compreendia a religião como falsa. Em seu poema, inclusive, quem o conduz e revela a verdade é uma Deusa. As alternativas B e E estão incorretas porque são anacrônicas. Lógica e dialética, empirismo e racionalismo, são elementos e correntes criados em um momento posterior da Filosofia. A alternativa D está incorreta porque a fantasia não é a via do conhecimento verdadeiro. . QUESTÃO 77 Distribuição estimada da população global em 2015 CENTER FOR INTERNATIONAL EARTH SCIENCE INFORMATION NETWORK, 2015. Disponível em: <https://medium.com>. Acesso em: 05 nov. 2019. A população mundial apresenta distribuição espacial heterogênea, concentrando a maior proporção de habitantes nas regiões de JØOK PZFM ENEM – VOL. 2 – 2020 CH – PROVA I – PÁGINA 41BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO A. baixas e médias latitudes do Hemisfério Sul, onde predominam países de alto desenvolvimento humano. B. médias e altas latitudes da América do Norte, pela prosperidade econômica e políticas de incentivo à migração. C. médias e altas latitudes do continente europeu, pelas condições naturais favoráveis e investimentos produtivos. D. baixas e médias latitudes da África, pela alta taxa de crescimento vegetativo e grau significativo de urbanização. E. baixas e médias latitudes do continente asiático, pelo crescimento do processo de urbanização e industrialização. Alternativa E Resolução: Algumas áreas de médias e baixas latitudes da Ásia estão com a tonalidade mais escura do mapa, o que indica uma maior concentração populacional. Essas áreas correspondem ao Sul, Sudeste e Extremo Oriente da Ásia; com destaque para a Índia, China e Japão, que são países que passaram por um forte desenvolvimento do processo de urbanização e de industrialização. A alternativa A está incorreta, pois algumas áreas de médias e baixas latitudes do Hemisfério Sul estão em com uma tonalidade mais clara no mapa, o que indica baixa concentração populacional. Além disso, algumas dessas áreas correspondem a países africanos e latino-americanos com baixo nível de desenvolvimento humano. A alternativa B está incorreta, pois as áreas de altas e médias latitudes da América do Norte estão com uma tonalidade mais clara no mapa, o que indica baixa densidade demográfica. Além disso, o governo dos Estados Unidos tem adotado políticas para controlar a imigração. A alternativa C está incorreta, pois, principalmente, as áreas de altas latitudes da Europa estão com uma tonalidade mais clara no mapa, o que indica baixa densidade demográfica. Além disso, nessas áreas, as condições naturais nem sempre favorecem o povoamento devido às baixas temperaturas, sobretudo, durante o inverno. A alternativa D está incorreta, pois algumas áreas de médias latitudes da África estão com uma tonalidade mais clara no mapa, o que indica baixa densidade demográfica. Além disso, há países africanos com baixo grau de urbanização e industrialização. QUESTÃO 78 Muitas vezes eu ficava na casa de meu pai Tidjani após o jantar para assistir aos serões. Para as crianças, esses serões eram verdadeiras escolas vivas, porque um mestre contador de histórias africano não se limitava a narrá-las, mas podia também ensinar sobre numerosos outros assuntos, em especial quando se tratava de tradicionalistas consagrados. O mesmo ancião podia ter conhecimentos profundos sobre religião ou história, como também ciências naturais ou humanas de todo tipo. Era um conhecimento mais ou menos global segundo a competência de cada um, uma espécie de “ciência da vida”. BÂ, A. H. Amkoullel, o menino fula. São Paulo: Palas Athena / Casa das Áfricas, 2003. [Fragmento adaptado] 4EF2 Ao rememorar sua infância no Mali, o romancista e historiador africano Amadou Hampâté Bâ destaca a A. indisposição das novas gerações para absorver valores culturais tradicionais. B. importância da oralidade para a compreensão da história dos povos africanos. C. dificuldade enfrentada no continente africano para a escolarização das crianças. D. reprodução de conceitos ultrapassados e invalidados pela ciência contemporânea. E. objeção dos africanos com relação à assimilação de elementos culturais modernos. Alternativa B Resolução: O relato do historiador africano indica a importância da oralidade na transmissão da história e dos conhecimentos tradicionais das culturas africanas, o que torna correta a alternativa B. A alternativa A está incorreta, pois a descrição dos serões noturnos indica a valorização dos contadores de história por parte das novas gerações; esses anciãos são considerados escolas vivas, detentores de saberes únicos a respeito dos mais variados assuntos. As alternativas C e D também estão incorretas, pois a prática de transmissão oral desses saberes não representava a escolarização institucionalizada da forma em que ela é compreendida no Ocidente e na contemporaneidade e também não se relaciona com os conceitos contemporâneos de cientificidade. Por fim, os serões mencionados no texto estão ligados à transmissão de saberes tradicionais, o que contraria a alternativa E. QUESTÃO 79 Em vários lugares do planeta, fazer uma tatuagem é hoje visto como um sinal de independência, rebeldia e afirmação da identidade. Mas, para mim, a decisão de não me tatuar foi a minha versão da rebeldia, uma afirmação da minha duramente conquistada independência. Era minha maneira de dizer: “Eu não vou andar na linha”. Cresci vendo as tatuagens, assim como os piercings no nariz e na orelha, como símbolos da subordinação das mulheres. Minha mãe tem algumas tatuagens, e minha avó tinha ainda mais. E elas me disseram que não tiveram escolha sobre isso. A prática, no entanto, está em declínio – e muitas mulheres jovens, mesmo meninas, estão dizendo “não” para as tatuagens. Com a modernidade e o desenvolvimento frutos do contato com o mundo exterior, as coisas estão mudando na Índia rural e tribal. As tradições estão sendo modificadas, e as meninas nas aldeias não estão mais interessadas em se tatuar, diz Pandey. À medida que a malha rodoviária melhorou, a televisão e os celulares chegaram e as crianças começaram a ir à escola, muitas começaram a rejeitar o que foi transmitido ao longo das gerações. Disponível em: <http://www.bbc.com>. Acesso em: 09 out. 2017. [Fragmento] 63SH CH – PROVA I – PÁGINA 42 ENEM – VOL. 2 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO A entrevista feita com uma indiana que recusou a tradição da tatuagem é um indicador das mudanças induzidas pela globalização que, nesse contexto, é considerada um fenômeno A. logístico, em que o crescimento do comércio em larga escala foi promovido por um sistema global de transporte multimodal. B. cultural, em que há a tendência à aproximação das culturas por redes de comunicação e de transportes, pelo grande capital e pelos centros universitários. C. político, em que, pela transnacionalização dos investimentos, as empresas operam globalmente e os Estados nacionais se internacionalizam. D. econômico, em que o mercado consolidou-se como agente da globalização na Nova Ordem Mundial com a reorganização do mundo em blocos comerciais. E. tecnológico, em que, pela microeletrônica, iniciaram-se novas ondas tecnológicas de informação e comunicação, de biotecnologia e de pesquisa. Alternativa B Resolução: A globalizaçãopromove mudanças de raízes econômicas, políticas, sociais, logísticas, tecnológicas e culturais. Na cultura, uma perspectiva é a homogeneização direcionada pelo grande capital ao disseminar o consumo, pelas redes de comunicação e transportes ao conectarem pessoas e lugares, e pelas universidades ao fundamentarem e disseminarem o conhecimento. Logo, está correta a alternativa B. As alternativas restantes estão incorretas porque, embora descrevam aspectos da globalização, não estão contextualizadas no texto-base nem respondem à pergunta da questão. O texto cita uma mudança cultural: a rejeição de muitas mulheres à tatuagem tradicional na Índia à medida que a rede rodoviária melhorou, a televisão e os celulares chegaram e as crianças passaram a frequentar a escola. As mulheres não serem obrigadas a terem tatuagem é um fator de aproximação cultural com o restante do mundo. QUESTÃO 80 Para alguns tratava-se de castigo divino, punição dos pecados, aproximação do Apocalipse. Para outros, os culpados seriam os judeus, os quais foram perseguidos e trucidados. Somente em Borgonha, na França, foram mortos cerca de cinquenta mil deles. [...] Em Koenisberg, na Alemanha, uma criada que havia transmitido a peste a seus patrões foi enforcada depois de morta e a seguir queimada. REZENDE, J. M. A Sombra do Plátano: Crônicas de História da Medicina. São Paulo: Editora Unifesp, 2009. No processo de disseminação da Peste Negra na Idade Média, as atitudes descritas no texto revelam reações de A. segregação e de exclusão urbana. B. xenofobia e de preconceito social. C. arbitrariedade e de ignorância empírica. D. etnocentrismo e de preservação religiosa. E. delinquência e de autoritarismo excludente. PMRS Alternativa B Resolução: O texto indica que, durante a epidemia da Peste Negra na Idade Média, parte da população atribuía a culpa pela disseminação da doença aos judeus e que os indivíduos acusados de espalhar a peste, como a criada citada no texto, eram mortos, revelando, portanto, uma reação pautada na xenofobia e no preconceito social, o que torna correta a alternativa B. As demais alternativas apresentam reações que não podem ser associadas corretamente aos casos descritos no texto. QUESTÃO 81 A rigidez que a superfície da Terra apresenta é apenas aparente. Na realidade, a estrutura sólida, sustentáculo das ações humanas, tem uma dinâmica que faz com que ela se modifique permanentemente. Tal dinâmica não é facilmente perceptível pelo homem em face da baixa velocidade de movimentação. ROSS, J. L. S. (Org.) Geografia do Brasil. São Paulo: EDUSP, 2014. 546 p. (EDUSP. Didática, 3). O mencionado dinamismo da superfície é resultado da atuação A. do clima nas formas do relevo. B. da atividade magnética do núcleo. C. da estrutura do interior do planeta. D. do aquecimento pela energia solar. E. dos mecanismos interno e externo. Alternativa E Resolução: O dinamismo da superfície terrestre e a sua permanente mudança ao longo do tempo geológico derivam da interação entre as forças endógenas, impulsionadas do calor interno do planeta, e as forças exógenas, impulsionadas pela energia solar. A dinâmica interna dá origem às estruturas do relevo, que são desgastadas e esculturadas pela dinâmica externa. As alternativas A e D estão incorretas porque citam somente as forças externas que atuam na crosta da Terra. As alternativas B e C estão incorretas porque se referem exclusivamente a processos que ocorrem no interior do planeta. QUESTÃO 82 Quinto Império [...] Eu decifrei Astros e constelações, Conduzi embarcações, Destinei-me a navegar. Atravessei A Tormenta, a Esperança, Até onde o sonho alcança Minha fé pude cravar. Rasguei as lendas Do Oceano Tenebroso Para El Rey, o glorioso Não há mais trevas no mar. NÓBREGA, A. C. FREIRE, W. Disponível em: <https://www.vagalume.com.br>. Acesso em: 12 set. 2017. YF8F 4YSE ENEM – VOL. 2 – 2020 CH – PROVA I – PÁGINA 43BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO A canção descreve aspectos das viagens marítimas da época moderna, relacionando-as à(ao) A. confirmação do imaginário europeu acerca do Atlântico. B. ausência da participação governamental na empreitada. C. demarcação de um novo período na história da Europa. D. sonho da existência de reservas de ouro no além-mar. E. projeto civilizatório dos europeus para o Novo Mundo. Alternativa C Resolução: Apesar das grandes transformações no ideário do homem moderno e em diversos setores do conhecimento, o pensamento mítico e religioso ainda era muito presente no século XV. Entretanto, a canção, ao afirmar que rasgou as lendas do oceano tenebroso, rompe com o imaginário europeu do período, que acreditava na existência de monstros e abismos nos mares, o que invalida a alternativa A. Ao exaltar a figura do rei, a canção destaca a participação e a importância das monarquias na empresa marítima, contrariando a alternativa B. A Expansão Marítima dos séculos XV e XVI permitiu a compreensão mais ampla do mundo, tanto no aspecto geográfico quanto no cultural, mudando os rumos de povos e nações, demarcando um novo tempo na História da Europa, o que torna a alternativa C válida. A alternativa D está incorreta, pois, ainda que o interesse metalista tenha contribuído para o projeto de Expansão Marítima, o trecho da canção apresentado não destaca o aspecto comercial das Grandes Navegações. Por fim, apesar de trazer a ideia de expansão da fé, a canção não faz menção a um projeto civilizatório europeu no Novo Mundo, o que invalida a alternativa E. QUESTÃO 83 MT PA Macapá Belém Oceano Atlântico São Luís Teresina Palmas 12,14 cm 10,4 cm 4,04 cm 4,14 cm 50’00’W 45’00’W 50’00’W 45’00’W 0’ 0’ 0’ 0’ 0’ 0’ 5’ 0’ 0’ S 10 ’0 ’0 ’S 15 ’0 ’0 ’S 5’ 0’ 0’ S 10 ’0 ’0 ’S 15 ’0 ’0 ’S 10,14 cm AP MA TO BA GO PI S O L N IBGE. ØDVX Um avião realizou a rota no sentido Macapá – Belém – Palmas – Teresina – São Luís – Macapá. Sabendo que o deslocamento total foi de 3 268,8 quilômetros, a escala numérica do mapa é A. 1 : 40,86. B. 1 : 41. C. 1 : 80. D. 1 : 800 000. E. 1 : 8 000 000. Alternativa E Resolução: Distância real = 3 268,8 km Distância gráfica total = 40,86 cm 40,86 cm ––– 3 268,8 km 1 cm ––– X 40,86 x = 3 268,8 km X = 80 km ou 8 000 000 cm A alternativa A está incorreta porque 40,86 centímetros é a distância total no mapa percorrida pelo avião. A alternativa B está incorreta, pois 41 cm é o arredondamento do cálculo anterior. A alternativa C está incorreta porque 80 km é o denominador da escala em quilômetros, isto é, 1 centímetro no mapa equivale a 80 quilômetros do terreno. A alternativa D está incorreta, pois 800 000 resulta de uma conversão incorreta de 80 km para 8 000 000 cm. QUESTÃO 84 “Nasci na Baviera e cresci longe do que se tornaria a Cortina de Ferro e do muro que dividiria Berlim. Mas o ‘leste’ era uma ameaçadora gota vermelha no meu atlas escolar. Em maio de 1959, visitei Berlim pela primeira vez e fui para Berlim Oriental apenas cruzando uma fronteira invisível. Presenciei uma parada com assustadores tanques soviéticos, mísseis apontados e soldados marchando. Mais tarde, estudei na Universidade Livre de Berlim, no lado ocidental, e o muro foi erguido dividindo a cidade. Berlim Ocidental era uma ilha de liberdade, bem-estar e isolamento, algo ao mesmo tempo emocionante e deprimente. [...] No dia 9 de novembro de 1989, acompanhei maravilhado de Washington, nos EUA, as imagens alegres e incompreensíveis do muro sendo quebrado. No ano seguinte, visitei Berlim. Lembro que, quando me aproximava do muro, ouvia um barulho persistente: pingue-pongue-pingue- -pongue. Eram pessoas – muitas pessoas – martelando o muro e o destruindo. Esse era o jeito deles de ter certeza de que tudo aquilo não era um sonho.” Johannes Linn, pesquisador sênior do programa de Economia Global e Desenvolvimento do Brookings Institute. Disponível em: <http://infograficos.estadao.com.br>.Acesso em: 05 nov. 2017. Considerando a narrativa do texto anterior, a construção e a derrubada do Muro de Berlim representaram, de modo simbólico, respectivamente, a(o) A. imobilidade urbana e a ascensão imediata da economia alemã. WW78 CH – PROVA I – PÁGINA 44 ENEM – VOL. 2 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO B. stalinismo e a padronização do capitalismo na Europa Ocidental. C. enfraquecimento do socialismo e o início do modelo capitalista. D. supremacia do socialismo na Alemanha e a liberdade de expressão. E. autoritarismo do regime soviético e a consolidação do desejo popular. Alternativa E Resolução: O principal símbolo do fim da Guerra Fria é a queda do Muro de Berlim, em 1989. O Muro representava a divisão político-ideológica entre capitalistas e socialistas. Portanto, sua derrubada simbolizou o declínio do regime autoritário soviético e a democratização. A alternativa A está incorreta porque a ascensão econômica da parte Oriental da Alemanha não foi imediata. A reunificação alemã de 1990 continua incompleta e o Leste do país tem indicadores socioeconômicos distintos do Oeste. A alternativa B está incorreta, pois o regime totalitário stalinista vigorou antes da construção do Muro de Berlim. A alternativa C está incorreta porque o enfraquecimento do socialismo foi característica da época da derrubada do Muro. A alternativa D está incorreta, pois, na Guerra Fria, a Alemanha estava dividida. O lado Ocidental era capitalista e o Oriental era socialista. QUESTÃO 85 TEXTO I Para apaziguar os ânimos, o Império Romano buscou adotar uma ação que assegurasse, ao menos, uma alimentação adequada à população mais carente. Foi instituída por César Augusto a política de Pão e Circo (panem et circenses, no original em latim). A frase, aliás, tem origem na sátira X do poeta e humorista romano Juvenal, que viveu por volta do ano 100 d.C. No seu contexto original, o artista criticava a falta de informação do povo, que, segundo ele, não nutria qualquer interesse em assuntos ligados à política e só queria mesmo alimento e diversão. GUIA CONHEÇA A HISTÓRIA: Roma. 3. ed. São Paulo, 2016. p. 62. TEXTO II Fazendo uma analogia com o Império Romano, a Copa do Mundo aqui realizada, assemelha-se, consideravelmente, com a política romana do Pão e Circo. [...] Com isso, a plebe não interfere nos problemas sociais e continua acreditando que os espetáculos compensam a incompetência dos nossos governantes [...]. Aqui no Brasil, na época atual, vemos um governo preocupado em proporcionar um bom espetáculo nas arenas, fugindo de suas responsabilidades sociais relevantes. FOLHA DO JURUÁ. Disponível em: <http://www.folhadojurua.com.br>. Acesso em: 11 jan. 2017. Ao tratar da experiência da Copa do Mundo no Brasil como uma política de Pão e Circo, o jornalista busca ressaltar o(a) A. entretenimento como forma de engajamento político por demandas sociais. DPUR B. intolerância como matriz orientadora das variadas formas de diversão. C. semelhança das práticas de alienação social em períodos históricos distintos. D. aspecto autoritário vigente nas formas atuais de governos ocidentais. E. humor presente tanto na Roma Antiga quanto no Brasil nos dias atuais. Alternativa C Resolução: A chamada política de “pão e circo” foi estabelecida na Roma Antiga com a finalidade de manter o povo quieto, isto é, sem revoltas. Para isso, era preciso lhe garantir comida e diversão. Essa prática foi largamente utilizada durante o Império Romano. Considerando essa característica, o autor do texto II ressalta que “vemos um governo preocupado em proporcionar um bom espetáculo nas arenas, fugindo de suas responsabilidades sociais relevantes”, ou seja, existe uma prática de alienação social presente nos dois contextos históricos, conforme sinaliza a alternativa C. QUESTÃO 86 Uma anedota, narrada numa crônica do Hainaut, põe admiravelmente em foco esta espécie de perpétua flutuação do tempo. Em Mons, ia ter lugar um duelo judicial. Ao romper do dia, apenas um dos contendores se apresentou; chegada a hora nona, que marcava o termo da espera prescrita pelo costume, ele pediu que fosse constatada a falta de cumprimento do seu adversário. Não havia qualquer dúvida sobre o ponto de direito. Mas seria, de fato, a hora que se pretendia? Os juízes do condado deliberaram, olharam para o Sol, interrogaram os clérigos que a prática da liturgia obrigava a um conhecimento mais exato do ritmo horário e cujos sinos o marcavam, com maior ou menos aproximação, em proveito do comum dos homens. Decididamente, pronuncia-se a assembleia, a hora nona tinha passado. BLOCH, M. A Sociedade Feudal. Lisboa: Edições 70, 1982. O texto anterior expressa a relação da sociedade medieval com o tempo, demonstrando que, no período, prevalecia uma concepção que indicava a(o) A. contestação do controle da Igreja Católica sobre o tempo. B. determinação do tempo pautada no exercício do trabalho. C. negação da influência da natureza na medida do tempo. D. relativização da importância da transcursão do tempo. E. precisão e controle sobre a quantificação do tempo. Alternativa D Resolução: O texto, ao demonstrar a tentativa de se precisar a hora durante uma audiência judicial, indica que os indivíduos do período medieval viviam em uma sociedade na qual as maneiras de se medir o tempo eram imperfeitas, de modo que não havia, portanto, um controle sobre essa medida, contrariando a alternativa E. Apesar da existência de alguns instrumentos de medida da duração, como os relógios de água e as ampulhetas, o texto revela que não havia ali nenhum desses artifícios, indicando uma relativização da importância da transcursão do tempo, o que torna correta a alternativa D. R44C ENEM – VOL. 2 – 2020 CH – PROVA I – PÁGINA 45BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Contrariamente ao apontado na alternativa A, o texto demonstra a influência da religião na concepção de tempo durante a Idade Média, visto que “a prática da liturgia obrigava a um conhecimento mais exato do ritmo horário”. A concepção medieval de tempo e duração estava vinculada aos aspectos da natureza, como a posição do Sol e as estações do ano, que determinavam, por sua vez, o ritmo do exercício do trabalho, o que invalida, portanto, as alternativas B e C. QUESTÃO 87 A interligação entre as bolsas de valores, os bancos e as grandes corretoras de diversos países através de uma vasta rede de computadores aumenta a velocidade das transações e possibilita aos investidores movimentar instantaneamente suas aplicações financeiras. Disponível em: <https://mundoeducacao.bol.uol.com.br>. Acesso em: 01 nov. 2019. [Fragmento adaptado] A dinâmica do mercado de capitais ressaltada no texto é favorecida A. pelos meios de transporte que baratearam os custos logísticos com as inovações e o maior alcance. B. pela divisão dos países na Nova Ordem Mundial, delimitando áreas de influência das potências. C. pelas redes de comunicação que, no mundo globalizado, possibilitam maior nível de integração. D. pelo sistema global de investimentos capaz de reduzir as desigualdades econômicas. E. pela circulação livre de capitais, bens e pessoas no contexto dos blocos comerciais. Alternativa C Resolução: A existência de um sistema financeiro global é possibilitada pelo desenvolvimento dos meios de comunicação, com destaque para os do campo da informática, que permitiram a circulação instantânea de informações e capitais; integrando mercados, bolsas de valores, bancos e corretoras localizados em distintos locais do planeta. A alternativa A está incorreta porque, embora o desenvolvimento dos meios de transporte esteja associado à globalização, as transações do sistema financeiro mundial ocorrem de forma virtual. A alternativa B está incorreta, pois a divisão dos países estabelecida pela Nova Ordem Mundial é baseada no grau de desenvolvimento. A divisão a partir das áreas de influênciadas potências prevalecia durante a Guerra Fria. A alternativa D está incorreta porque a globalização do sistema financeiro tende a aprofundar as desigualdades econômicas, uma vez que os capitais não são distribuídos de forma uniforme pelo planeta. Isso porque a sua circulação segue a lógica capitalista, sendo investidos em atividades econômicas e regiões que ofereçam maiores perspectivas de lucro, mesmo que circunstancialmente. A alternativa E está incorreta, pois nem todos os blocos econômicos adotam a livre circulação de pessoas. Alguns blocos são apenas zonas de livre comércio, limitando a sua integração à livre circulação de mercadorias. 2QCY QUESTÃO 88 Tales foi o iniciador da Filosofia da physis, pois foi o primeiro a afirmar a existência de um princípio originário único, causa de todas as coisas que existem, sustentando que tal princípio é a água. ANTISERI, D.; REALE, G. História da Filosofia: filosofia pagã antiga. São Paulo: Paulus, 2003. O pensador citado faz parte da tradição de pensamento filosófico que buscava o conhecimento sobre o(a) A. natureza da realidade. B. imutabilidade do ser. C. essência imaterial. D. valor do discurso. E. justiça da pólis. Alternativa A Resolução: Tales é o primeiro dos chamados pré-socráticos. Esse grupo de filósofos é conhecido por iniciar a Filosofia com uma preocupação de formular uma explicação racional e natural das coisas. A alternativa B corresponde a uma ideia que aparece no pensamento de outro membro desse grupo, Parmênides. A alternativa C, normalmente, é atribuída à filosofia platônica, que inaugura a ideia de forma / essência. A alternativa D é amplamente defendida entre os sofistas, que são posteriores na história do pensamento. Por fim, a alternativa E corresponde a uma inovação socrática que se ocupa mais com as questões referentes ao homem e à cidade. Desse modo, essas alternativas estão incorretas. A alternativa A descreve justamente a principal característica do tipo de investigação desse grupo e, mais especificamente, do pensador de que se fala no texto-base. Por isso, ela é a alternativa correta. QUESTÃO 89 O empreendimento colonial hispânico funcionava relativamente bem quando coincidia com as práticas, padrões e estruturas nativos, mas do contrário enfrentava o mesmo nível de resistência tenaz que todos os povos tendem a exercer contra interferências externas radicais em seus estilos de vida. As manifestações de tal resistência, por sua vez, contribuíram para o desenvolvimento de uma percepção europeia dos nativos como intrinsecamente perversos, em vez de inocentes. RESTALL, M. Sete mitos da conquista espanhola. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006. No contexto de conquista da América, a percepção dos espanhóis acerca dos povos americanos, como descrita no texto, estava pautada na A. inferioridade belicista dos ameríndios. B. fragilidade dos indígenas às doenças. C. oposição nativa aos valores europeus. D. natureza politeísta das religiões locais. E. simplicidade da estrutura social nativa. VUIT 4OZG CH – PROVA I – PÁGINA 46 ENEM – VOL. 2 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa C Resolução: De acordo com o texto, quando o empreendimento colonial hispânico não coincidia com as práticas, padrões e estruturas nativos, os espanhóis enfrentavam forte resistência das comunidades indígenas. Essa oposição dos indígenas aos valores europeus, ainda segundo o texto, teria contribuído para a construção da percepção europeia que associava os nativos à perversão, o que torna correta a alternativa C. A alternativa A está incorreta, pois, embora os nativos fossem belicamente inferiores, o texto não associa a percepção europeia a esse aspecto. A alternativa B também está incorreta, pois, apesar de as doenças trazidas ao Novo Mundo pelos europeus terem dizimado parcela significativa dos povos indígenas, não há no texto uma relação entre a visão construída pelos espanhóis e pouco resistência indígena a essas doenças. O texto também não faz menção à cultura religiosa dos nativos, o que invalida a alternativa D. Por fim, contrariamente ao indicado na alternativa E, muitas comunidades nativas que viviam na América no período da conquista espanhola apresentavam complexa estrutura social. QUESTÃO 90 Bem diferente é a estrutura das sociedades em que a solidariedade orgânica é preponderante. Elas são constituídas não só por uma repetição de segmentos similares e homogêneos, mas por um sistema de órgãos diferentes, cada um dos quais tem um papel especial e que são formados, eles próprios, de partes diferenciadas. Os indivíduos não são mais agrupados segundo suas relações de descendência, mas segundo a natureza particular da atividade social a que se consagram. DURKHEIM, É. Da divisão do trabalho social. São Paulo: Martins Fontes, 1999 (Adaptação). Conforme o texto, a existência da solidariedade orgânica nas sociedades industriais pressupõe um(a) A. divisão social elevada do trabalho. B. consenso amplo entre os governos. C. aumento da confiança nas religiões. D. melhora nos índices de desigualdade. E. compartilhamento extenso de costumes. Alternativa A Resolução: No texto-base, uma passagem da obra Da divisão do trabalho social, Durkheim diz que as sociedades, onde há a presença da solidariedade orgânica, são constituídas por um sistema de órgãos diferentes. Isto é, os indivíduos são agrupados conforme a natureza particular da atividade social a que se consagram, ou seja, o agrupamento das pessoas se dá conforme a divisão social do trabalho. Logo, para o autor, nas sociedades de solidariedade orgânica há uma acentuada divisão do trabalho, fato que torna correta a alternativa A. A alternativa B é incorreta porque o texto-base não discute um consenso entre governos. A alternativa C é incorreta porque o texto-base não vincula a religião à solidariedade orgânica. WS5B A alternativa D é incorreta porque o texto-base não trabalha com a perspectiva de melhora nos índices de desigualdade. Por fim, a alternativa E é incorreta porque o extenso compartilhamento de costumes, para Durkheim, é uma característica das sociedades onde há solidariedade mecânica. ENEM – VOL. 2 – 2020 CH – PROVA I – PÁGINA 47BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO