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L IN G U A G E N S , C Ó D IG O S E S U A S T E C N O LO G IA S 01 - 02 - 03 - 04 - 05 - 06 - 07 - 08 - 09 - 10 - 11 - 12 - 13 - 14 - 15 - 16 - 17 - 18 - 19 - 20 - 21 - 22 - 23 - 24 - 25 - 26 - 27 - 28 - 29 - 30 - 31 - 32 - 33 - 34 - 35 - 36 - 37 - 38 - 39 - 40 - 41 - 42 - 43 - 44 - 45 - 46 - 47 - 48 - 49 - 50 - 51 - 52 - 53 - 54 - 55 - 56 - 57 - 58 - 59 - 60 - 61 - 62 - 63 - 64 - 65 - 66 - 67 - 68 - 69 - 70 - 71 - 72 - 73 - 74 - 75 - 76 - 77 - 78 - 79 - 80 - 81 - 82 - 83 - 84 - 85 - 86 - 87 - 88 - 89 - 90 - SIMULADO ENEM 2023 - VOLUME 1 - PROVA I C IÊ N C IA S H U M A N A S E S U A S T E C N O LO G IA S LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção inglês) QUESTÃO 01 FRANCIS, V. Disponível em: <https://twitter.com>. Acesso em: 1 nov. 2022. Em um tweet, o usuário cita duas metáforas que se referem ao comportamento humano. Ao compará-las, o autor do post constata que A. o descanso gera resultados melhores do que o estresse. B. a pressão constante traz grande prejuízo para as pessoas. C. as vivências pessoais ajudam a ampliar a visão de mundo. D. as pessoas reagem à sua maneira a diferentes estímulos. E. as estratégias citadas apresentarão resultados similares. Alternativa D Resolução: No tuíte, o usuário diz que diamantes são formados sob pressão e que a massa de pão cresce quando a deixamos descansar. São as duas metáforas a que o enunciado da questão se refere. Em seguida, pondera que cada pessoa é única e que o que motiva alguns pode ser um obstáculo para outros. Dessa forma, é possível concluir que cada indivíduo reage de uma forma a diferentes estímulos, conforme indica a alternativa D. As demais alternativas estão incorretas porque: A) o autor do tuíte não sugere que uma forma é melhor do que a outra; B) o texto não discorre sobre os efeitos da pressão nas pessoas; C) embora seja verdadeiro que as vivências pessoais ajudam a ampliar a visão de mundo, não é a isso que o texto se refere. Ele defende que as pessoas reagem de forma diferente a uma mesma experiência; E) os resultados das estratégias apresentadas no texto são diferentes, pois, conforme já dito, o que motiva alguns pode ser um obstáculo para outros. ALLV QUESTÃO 02 A Decade of Fruitless Searching Abby has been on dating apps for eight years, bouncing between OkCupid, Bumble, and Tinder. A committed user, she can easily spend two or more hours a day piling up matches, messaging back and forth, and planning dates with men who seem promising. But really, she is just over it all. Not a single long-term relationship has blossomed from her efforts. Yet Abby feels compelled to keep scrolling, driven by a mix of optimism and the fear that if she logs off, she’ll miss her shot at meeting someone amazing. “I just feel burned out,” said Abby. Tinder prompts a moment of reflection about how apps have reshaped not just dating culture, but also the emotional lives of longtime users. Like Abby, many users say years of swiping and searching have left them with a bad case of burnout. But Dr. Jack Turban, assistant professor of psychiatry, believes that for some, simply deleting the apps is not enough. “It’s important to understand why the apps are causing problems for you. Are you using the apps to self-soothe anxiety and unintentionally making your anxiety worse? Are you afraid you can’t attain love, so you’re settling for hookups, and that’s making you unhappy?” PEARSON, C. Disponível em: <www.nytimes.com>. Acesso em: 30 out. 2022 (Adaptação). A síndrome de burnout é um estado de esgotamento físico e mental causado por trabalho excessivo e estressante. No texto sobre aplicativos de relacionamento, a palavra burnout alude ao(à) A. número crescente de abandono de perfis. B. desgaste causado pela interação social online. C. dificuldade em encontrar parceiros bem-sucedidos. D. cansaço de viver relações complicadas e instáveis. E. ansiedade ao se encontrar com desconhecidos. Alternativa B Resolução: No texto, a palavra burnout é empregada para abordar o sentimento de saturação que muitos usuários experimentam após o uso prolongado de aplicativos de namoro: “Like Abby, many users say years of swiping and searching have left them with a bad case of burnout”. Dessa forma, a palavra exprime uma sensação de esgotamento, como evidenciado na alternativa B. A alternativa A está incorreta porque o texto não diz que o número de pessoas que abandonam seus perfis nos aplicativos está aumentando. A alternativa C está incorreta porque o problema não está em encontrar parceiros bem-sucedidos, mas na demora em encontrar alguém para um relacionamento estável. A alternativa D está incorreta porque o termo burnout está relacionado ao esgotamento provocado pela busca incessante por um parceiro em aplicativos de namoro, conforme já explicado, não a relacionamentos difíceis e instáveis. A alternativa E está incorreta porque o texto sequer menciona a relação entre ansiedade e o encontro com desconhecidos. JF2J ENEM – VOL. 1 – 2023 LCT – PROVA I – PÁGINA 1BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 03 ANDERSEN, S. Disponível em: <www.thingsinsquares.com>. Acesso em: 30 out. 2022. Na tirinha, a atitude da personagem ao comunicar-se com seu parceiro evidencia sua A. insatisfação com o comportamento do parceiro. B. imaturidade para assumir um compromisso sério. C. insegurança quanto aos sentimentos do parceiro. D. curiosidade no que diz respeito à vida conjugal. E. incompatibilidade com seu futuro marido. Alternativa C Resolução: No quadrinho, a personagem pergunta repetidas vezes ao seu parceiro se ele realmente gosta dela, ao que ele responde, ao longo de vários estágios da vida do casal, que sim. Ao expressar sua dúvida, a protagonista da tirinha está, portanto, demonstrando sua insegurança quanto aos sentimentos do parceiro, conforme aponta a alternativa C. As demais alternativas devem ser descartadas porque não há elementos na tirinha que as sustentam. QUESTÃO 04 ACKERMANN, K. Disponível em: <https://americanaddictioncenters.org>. Acesso em: 12 mar. 2022. [Fragmento] CJ8D Y1WG LCT – PROVA I – PÁGINA 2 ENEM – VOL. 1 – 2023 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Infográficos combinam informações visuais e verbais para transmitir conteúdo de forma clara e concisa. Segundo esse trecho sobre a insônia, o transtorno tende a acometer indivíduos que A. pertencem a grupos sociais de baixa renda. B. tomam medicamentos para distúrbios mentais. C. perdem o sono ao menos três noites por semana. D. realizam viagens durante a noite com frequência. E. recusam tratamento para problemas de ansiedade. Alternativa A Resolução: A. Correta. Pessoas que pertencem a grupos sociais de baixa renda (“have a lower income”) estão mais propensas a ter insônia, segundo o texto. B. Incorreta. O texto não menciona medicamentos para distúrbios mentais. C. Incorreta. A perda de sono ao menos três noites por semana indica que o indivíduo já sofre de insônia. D. Incorreta. A alternativa mistura duas informações apresentadas no texto: trabalhar à noite (“work at night”) ou viajar distâncias longas com mudanças de horários (“travel long distances with time changes”). E. Incorreta. A recusa em tratar da ansiedade não é mencionada como fator de risco para a insônia. Os fatores mencionados no texto são o estresse e a depressão. QUESTÃO 05 LETTERS TO THE EDITOR EVs Will Be Your Future, So Get Used to It Oct. 27, 2020 1:53 pm ET Regarding your editorial “Target: Your Gas Car” about the potential banning of sales of new fossil-fuel-powered cars (Oct. 22): There is nearly $1.3 trillion in outstanding automobile debt. About 35% of all-American adults who own a car have loans. An aggressive shift to electric cars will make the gas-powered vehicles obsolete and severely damage their valueas loan collateral. There are currently about 110 million auto loans outstanding. It doesn’t look like the global-warming crowd has thought this through. David Sitomer. Leawood, Kan. Disponível em: <www.wsj.com>. Acesso em: 10 dez. 2020. No que diz respeito à proibição da venda de carros movidos a combustíveis fósseis, o autor da carta enviada ao Wall Street Journal busca A. expor os enormes prejuízos ao meio ambiente causados por automóveis obsoletos. B. reconhecer que existe a possibilidade real de a venda de carros a gasolina ser banida. C. apresentar uma opção de uso dos automóveis diferente da proposta pelo editor do jornal. D. responsabilizar as autoridades governamentais pelos prejuízos causados pela possível proibição. E. chamar a atenção para os problemas financeiros que a mudança poderá causar aos consumidores. Alternativa E Resolução: O autor da carta ao jornal busca chamar a atenção para os problemas financeiros que a proibição da venda de veículos movidos a combustíveis fósseis poderá causar aos consumidores, uma vez que cerca de 35% dos proprietários de automóveis nos Estados Unidos têm empréstimos a pagar: “About 35% of all-American adults who own a car have loans”. O autor da carta afirma ainda que uma mudança tão brusca tornaria os veículos a gasolina obsoletos e afetaria muito seu valor, caso fossem usados como garantia de empréstimo: “An aggressive shift to electric cars will make the gas-powered vehicles obsolete and severely damage their value as loan collateral”. Logo, está correta a alternativa E. As demais alternativas estão incorretas porque: A) o autor da carta não fala em prejuízos ambientais causados por carros obsoletos; B) apesar de mencionar a possível proibição de vendas de carros a gasolina, esse não é o objetivo da carta; C) o autor da carta não propõe outro uso para os automóveis; D) o autor da carta não responsabiliza as autoridades governamentais por prejuízos financeiros, sequer as menciona. RM2A ENEM – VOL. 1 – 2023 LCT – PROVA I – PÁGINA 3BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção espanhol) QUESTÃO 01 Tránsito Bajo el negro manto del humo Se abre un valle de la ansiedad Ya se distingue bloque y concreto La hierba santa en las cajas de Fa En este valle de asfalto y plomo Se come el chile, tortilla y sal Y en la laguna de Xochimilco Yo me imagino un águila real Entre las piedras de un lago muerto Se oye el sollozo de una ciudad Otra colonia más que se extiende Otra familia sin sueldo ni hogar Pero la mata si sigue dando Cada uno lucha para ganar Todos gozamos la vida un rato Tránsito pasa que viene y va DOWNS, L. La línea. Ciudad de México: EMI, 2001. [Fragmento] A canção anterior faz parte de um álbum da cantora mexicana Lila Downs dedicado a temas como migração e exclusão indígena. Nesse sentido, no texto anterior, o eu poético A. reforça a ligação entre o processo de ascensão das cidades e o de seus moradores. B. entende como irrelevantes as transformações pelas quais passa o ambiente natural. C. pressupõe a existência de uma integração entre a cidade, o cidadão e a natureza. D. revela a morbidez do ambiente urbano que causa tanto pobreza quanto pesar. E. reconhece a disponibilidade das metrópoles para receber diferentes pessoas. Alternativa D Resolução: Na canção de Lila Downs, a cidade é retratada de forma mórbida, fria, onde os recursos naturais estão mortos e prevalecem os elementos de concreto e a negra poluição (“Bajo el negro manto del humo / Se abre un valle de la ansiedad / Ya se distingue bloque y concreto”; “Entre las piedras de un lago muerto”). Esse cenário não acolhe os que chegam ao local e provoca a tristeza na própria cidade, que segue chorosa (“Otra familia sin sueldo ni hogar”; “Se oye el sollozo de una ciudad”). Portanto, está correta a alternativa D. MPU2 A alternativa A está incorreta porque aquilo que foi entendido durante muitos anos como progresso urbano é considerado pelo eu lírico como a morte da cidade e a marginalização das famílias. Assim, não há, segundo a canção, uma verdadeira ascensão da cidade e tampouco de seus moradores. A alternativa B está incorreta porque, para o sujeito poético, as transformações do ambiente natural são relevantes e prejudiciais à vida como um todo, seja a da própria cidade, seja a das pessoas. A alternativa C está incorreta porque o eu poético não pressupõe que haja uma integração entre a cidade, o cidadão e a natureza, mas um desequilíbrio provocado pela urbanização impensada, que destrói a natureza e relega o cidadão a uma vida de pobreza. A alternativa E está incorreta porque o eu lírico não menciona a ideia de que as metrópoles tenham disponibilidade para receber diferentes pessoas, mas sugere que a cidade não acolhe quem a ela chega, não oferecendo emprego ou moradia. QUESTÃO 02 Las nuevas generaciones tienen modos de consumo, formación y entretenimiento en gran parte mediados por el universo digital, lo que, de acuerdo a las neurociencias, impacta directamente en las funciones del cerebro. Según considera Gabriela González Alemán, doctora en Genética del Comportamiento, para analizar la repercusión de lo digital en niños y adolescentes ante todo hay que tener en cuenta que este nuevo universo que se instaló en los últimos veinte años representa una realidad que no se opone ni suplanta a la que ya teníamos, sino que se integra. Pero la especialista advierte que esta nueva dimensión virtual tiene un impacto sobre las conexiones de las neuronas. Lucas Maenza, neurólogo infantil, considera que hay que prestar atención al uso: “si la tecnología es utilizada mayoritariamente con un fin recreativo, repercutirá de manera negativa ya que no se podrán promover áreas propias de aprendizaje”. VITALE, S. Disponível em: <https://www.lanacion.com.ar>. Acesso em: 6 nov. 2022. [Fragmento] O artigo de opinião discute a relação entre as novas gerações e o universo tecnológico. Para defender seu ponto de vista, a autora recorre a A. opiniões de pais e professores acerca da modificação do comportamento infantil. B. análises técnicas a respeito do uso do digital e de seu impacto na estrutura neural. C. exemplos de como o cérebro passa a atuar após o uso excessivo das tecnologias. D. projeções sobre a saúde psicológica das crianças que usam diariamente as telas. E. esclarecimentos sobre como a tecnologia mudou a rotina de crianças e adolescentes. QGVE LCT – PROVA I – PÁGINA 4 ENEM – VOL. 1 – 2023 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa B Resolução: De acordo com o artigo de opinião em análise, os modos de consumo, formação e entretenimento das novas gerações, majoritariamente mediados pela tecnologia, impacta nas funções do cérebro. Para defender essa perspectiva, são citadas análises de dois profissionais especialistas no assunto, as quais possuem um teor mais técnico, já que se embasam em conhecimentos científicos, e não em opiniões. Para a doutora em Genética do Comportamento Gabriela González Alemán, a nova dimensão virtual, que se integra à realidade já vivida, impacta as conexões dos neurônios e, para o neurologista infantil Lucas Maenza, se a tecnologia é utilizada majoritariamente com intenção recreativa, áreas do cérebro responsáveis pela aprendizagem não são estimuladas. Portanto, está correta a alternativa B. A alternativa A está incorreta porque o texto não cita opiniões de pais e professores, mas sim análises de profissionais especialistas em aspectos cerebrais. A alternativa C está incorreta porque o recurso utilizado para defender o ponto de vista do texto não são exemplos. A alternativa D está incorreta porque o texto não trata da saúde psicológica das crianças, mas sim do impacto da tecnologia no funcionamento neural. Além disso, não apresenta projeções. A alternativa E está incorreta porque o artigo não trata de como a tecnologiamudou a rotina das crianças e dos adolescentes. QUESTÃO 03 Disponível em: <www.latinspots.com>. Acesso em: 26 out. 2022. Na campanha do governo do Chile, a expressão No lo dejes pasar tem como intenção A. analisar a violência contra a mulher no país latino-americano. B. divulgar um grupo de aconselhamento às vítimas de violência. C. estimular as vítimas a denunciar ações de violência de gênero. D. conscientizar os homens da necessidade do respeito às mulheres. E. aconselhar as mulheres a dialogar com os homens sobre violência. Alternativa C Resolução: Na campanha em análise, os termos “un insulto, un empujón, un golpe” revelam um contexto de violência. Nesse sentido, a expressão “No lo dejes passar”, dirigida às mulheres, visa incentivá-las a não deixar que agressões aconteçam com elas e a denunciar esses abusos. A frase “Tolerancia cero a la violencia contra la mujer” também contribui para o entendimento de que não é possível aceitar nenhuma forma de violência. Portanto, está correta a alternativa C. A alternativa A está incorreta porque uma campanha institucional tem o objetivo de comunicar uma mensagem a um grande público, influenciando seus pensamentos e ações. Desse modo, a expressão pretende convencer sobre a realização de um comportamento (a denúncia), e não analisar a situação de violência. A alternativa B está incorreta porque o texto não menciona nenhum grupo de aconselhamento. A alternativa D está incorreta porque a campanha dirige-se às mulheres, e não aos homens, para que elas não deixem passar um ato de violência. A alternativa E está incorreta porque o texto não propõe um diálogo entre homens e mulheres, mas sim incentiva a denúncia. Z9C2 ENEM – VOL. 1 – 2023 LCT – PROVA I – PÁGINA 5BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 04 TERÁN, A. Disponível em: <https://imagenes.20minutos.es>. Acesso em: 31 out. 2022. A charge trata da onda de calor que atingiu a Europa no verão de 2022. Seu humor reside no fato de os especialistas A. proporem uma alternativa pouco inovadora. B. omitirem-se diante do problema de saúde. C. sugerirem uma solução na qual não confiam. D. expressarem seu pensamento de modo ineficaz. E. indicarem uma ação que não será levada a sério. Alternativa A Resolução: Na charge em análise, especialistas na questão da desidratação sugerem que as pessoas devam beber água para combater esse problema. Porém, espera-se que, por serem especialistas, eles sugiram alguma novidade, algo além do já conhecido conselho de beber água para se hidratar. O humor, nesse sentido, está relacionado à quebra de expectativa quanto à fala dos especialistas. A própria estrutura do texto com o uso de reticências, gerando uma pausa na leitura, propicia a criação e a quebra de uma expectativa. Portanto, está correta a alternativa A. A alternativa B está incorreta porque os especialistas não se omitem, mas revelam uma opinião. A alternativa C está incorreta porque não é possível saber se eles confiam ou não naquilo que sugerem. A alternativa D está incorreta porque o modo como os especialistas expressam seu pensamento não se mostra ineficaz, considerando que é possível compreender a mensagem. A alternativa E está incorreta porque não é possível afirmar que a ação indicada não será levada a sério. QUESTÃO 05 Más del 40% de los aproximadamente 7 000 idiomas del mundo están en riesgo de desaparecer y con ellos, su tradición, cultura e historia. El quechua, idioma que es reconocido oficialmente como lengua originaria en el Perú, podría enfrentar el mismo riesgo en el futuro. RDIW BRWW Aunque la tradición oral quechua ha permanecido a través de los siglos, si no se incorpora en el uso de las tecnologías modernas en un mundo que es cada vez más digital, podría correr la misma suerte que otras lenguas que se han extinguido. Por esta razón, hoy existen herramientas y tecnología para enfrentar ese riesgo. Es así como, en el marco del Decenio de las Lenguas Indígenas (2022-2032), Microsoft y el Ministerio de Cultura de Perú se unieron para promover el uso de Windows y Office 365 en la lengua quechua chanka a través del anuncio de una versión actualizada. Esto facilitará que las más de 3 millones de personas que hablan esta lengua en el Perú puedan crear oportunidades económicas, obtener habilidades tecnológicas, potenciar la educación y aprovechar los servicios ciudadanos, manteniendo su idioma y cultura local, sin enfrentar las barreras del idioma. Disponível em: <https://news.microsoft.com>. Acesso em: 4 nov. 2022. [Fragmento] A notícia aborda a disponibilização de ferramentas de informática em língua quéchua. A importância dessa ação está relacionada à A. ampliação do acesso a sistemas digitais para os cidadãos peruanos. B. divulgação da cultura quéchua a instituições privadas internacionais. C. valorização da modalidade padrão do idioma por empresas e governos. D. consolidação do ensino do idioma por meio de recursos computacionais. E. conservação da identidade e do patrimônio cultural pela via tecnológica. Alternativa E Resolução: Segundo o texto analisado, a disponibilização do Windows e do Office 365 em língua quéchua representa a possibilidade de conservação dessa língua originária, bem como da identidade e do patrimônio cultural que a ela estão atrelados (“Aunque la tradición oral quechua ha permanecido a través de los siglos, si no se incorpora en el uso de las tecnologías modernas en un mundo que es cada vez más digital, podría correr la misma suerte que otras lenguas que se han extinguido”). Portanto, está correta a alternativa E. A alternativa A está incorreta porque o foco da ação está na promoção da língua quéchua e na melhoria da qualidade de vida das pessoas que falam essa língua, e não na ampliação do acesso tecnológico a todos os peruanos. A alternativa B está incorreta porque não se busca divulgar a língua quéchua a outras nações, mas garantir meios tecnológicos que assegurem sua existência. A alternativa C está incorreta porque a disponibilização de ferramentas de informática em língua quéchua não visa valorizar a modalidade padrão da língua, mas promover a conservação da língua em todos os seus aspectos. A alternativa D está incorreta porque, embora o texto mencione a ideia de potencializar a educação por meio das ferramentas digitais em quéchua, não se pretende atuar no ensino do idioma. LCT – PROVA I – PÁGINA 6 ENEM – VOL. 1 – 2023 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 06 Disponível em: <www.willtirando.com.br>. Acesso em: 18 nov. 2020. A construção do humor na tirinha se dá pelo fato de a personagem principal A. apresentar sua opinião de forma duvidosa e com ressalvas. B. instruir o neto de forma oposta à instrução dada à outra mulher. C. compreender o que está acontecendo com o neto e com sua amiga. D. indicar causas diferentes para os sintomas considerando seu interlocutor. E. responder de forma grosseira, demonstrando que sua opinião é indesejada. Alternativa D Resolução: Na tirinha, a personagem Dona Anésia apresenta dois diagnósticos diferentes para os mesmos sintomas. Isso permite inferir a capacidade da senhora de analisar cada situação dentro do seu contexto de circulação: no garoto, aqueles sintomas não seriam comuns, logo seriam indicativos de alguma transformação pela qual estava passando, como uma relação amorosa; já na outra senhora, os sintomas eram esperados devido à sua idade avançada, o que por si só explicaria suas queixas. Está correta, assim, a alternativa D. A alternativa A está incorreta, pois a personagem é bem incisiva em suas respostas, não demonstrando qualquer dúvida sobre o que diz. A alternativa B está incorreta, pois a protagonista não instrui nenhuma das outras personagens, mas apenas infere a causa do que estão sentindo. Além disso, não se pode dizer que as respostas são opostas, mas apenas distintas. A alternativa C está incorreta, pois o humor não é gerado pela capacidadede Anésia compreender o que se passa com as personagens, mas pelo fato de ela relacionar sintomas iguais a causas diferentes de acordo com a idade. A alternativa E está incorreta, pois a forma seca e direta de falar é característica da personagem, contudo não é o elemento responsável pelo humor nessa tirinha. QUESTÃO 07 Um mês após incluírem o Brasil no mapa da gastronomia mundial com a adição d’A Casa do Porco no ranking dos melhores restaurantes do planeta, Janaína e Jefferson Rueda, chefs e donos do negócio, anunciaram a separação. Afetiva, somente. A partir dali seria cada um por si, vida que segue. Janaína vem sentindo certo ranço machista desde a separação. Diz que passaram a “culpá-la” pelo fim da relação, uma decisão tomada em comum acordo. Quando eram casados, irritava-se, com razão, ao ser invariavelmente identificada como “a mulher do Jefferson”. “Por que ele não era o marido da Janaína, entende essas coisas? Parecem pequenas, mas não são”, diz. GUIMARÃES, C. ‘Eu vivia sozinha’, diz Janaína Rueda. Disponível em: <www.folha.uol.com.br>. Acesso em: 6 set. 2022. [Fragmento adaptado] O argumento defendido por Janaína Rueda após a separação indica o(a) A. desfecho solitário após ser “cada um por si”. B. fim dos conflitos com o sócio do restaurante. C. conclusão sobre as discriminações sofridas por ela. D. término das atividades profissionais com o fim da relação. E. encerramento das comparações entre a chef e o ex-marido. Alternativa C Resolução: No fragmento da reportagem, a chef Janaína comenta ter sido culpada pelo fim do seu relacionamento com o marido, embora a decisão tenha sido tomada em comum acordo. Além disso, ela aproveita para comentar outras discriminações sofridas enquanto ainda estava casada, como o fato de ser identificada como “a mulher do Jefferson”. Ainda de acordo com Janaína, esses comentários aparentemente inofensivos carregam um “ranço machista”. Logo, está correta a alternativa C. A alternativa A é incorreta, pois não há na fala da chef nenhum comentário sobre a solidão após a separação. A alternativa B é incorreta, pois também não existe no fragmento nenhum comentário sobre o conflito com o ex-marido. A alternativa D é incorreta, pois o texto informa que a separação foi apenas afetiva. Janaína e Jefferson Rueda continuam chefs e donos do restaurante A Casa do Porco. A alternativa E é incorreta, pois o comentário da chef não menciona as comparações feitas entre ela e o ex-marido. 6A8P 1OXL ENEM – VOL. 1 – 2023 LCT – PROVA I – PÁGINA 7BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 08 Um turista brasileiro morreu após ser atingido por um bloco de gelo que desprendeu do teto de uma caverna na cidade de Ushuaia, na Argentina. O acidente aconteceu na quarta-feira, 2, em uma área de acesso proibido conhecida como “Cueva de Jimbo”, ou Caverna de Gelo, dentro do Parque Nacional da Terra do Fogo. Os visitantes entraram na Caverna de Jimbo, uma formação situada nas zonas glaciares, mesmo tendo o acesso proibido devido ao frequente desprendimento de pedras e fragmentos de gelo. A tragédia foi registrada por um dos turistas. Disponível em: <https://odia.ig.com.br>. Acesso em: 3 nov. 2022. Tendo em vista os recursos textuais e linguísticos utilizados, o autor do fragmento tem como objetivo A. narrar um fato ocorrido. B. alertar os novos viajantes. C. defender o turismo seguro. D. informar sobre as zonas glaciais. E. noticiar os perigos da Terra do Fogo. Alternativa A Resolução: A alternativa correta é a A, pois a reportagem tem como objetivo narrar um evento real ocorrido na cidade de Ushuaia, informando, assim, o leitor. A alternativa B é incorreta, pois o texto não é instrutivo, isto é, não visa conformar ou mudar comportamentos. A alternativa C é incorreta, pois o texto não defende uma tese sobre o turismo seguro. A alternativa D é incorreta, pois a notícia não aborda perigos das zonas glaciais em geral, mas um fato específico ocorrido na Caverna de Gelo. A alternativa E é incorreta, pois o texto não noticia os perigos da Terra do Fogo de forma mais geral. QUESTÃO 09 Deve-se ter cuidado ao passar no trapézio Mesmo que pese o desespero dos novos tempos Se um like serve ao ódio, bro, nesse episódio Breve o bom senso diz: respire um momento É sobre aprender tipo giz e lousa O espírito repousa, reza e volta cem por cento Cale tudo que o mundo fale Pense o quanto a vida vale Seja luz nesse dia cinzento EMICIDA. AmarElo. São Paulo: Sony Music; Laboratório Fantasma, 2019. As figuras de linguagem são recursos estilísticos que ajudam a conferir expressividade ao texto. Na construção do sentido da canção anterior, o último verso mescla a figura A. da comparação à do eufemismo, relativizando a importância do contexto. B. do pleonasmo à da prosopopeia, enfatizando a ação humana de superação. C. da metáfora à da antítese, revelando a possibilidade de se mudar de postura. D. da metonímia à da perífrase, retomando uma parte que promove identificação. E. da hipérbole à da sinestesia, exagerando o que se apreende pelo sentido da visão. D413 IPOU Alternativa C Resolução: Na composição do rapper Emicida, nota-se, no verso “Seja luz nesse dia cinzento”, o emprego da figura da metáfora no trecho “seja luz”, na medida em que o interlocutor não poderá denotativamente ser luz, mas precisa emanar algo bom, positivo. A expressão “dia cinzento” pode ser compreendida no sentido literal, como dia nublado, ou no sentido conotativo, significando dia ruim, com problemas. Observa-se ainda a utilização da antítese, uma vez que os sentidos de “luz” e “cinzento” se opõem. A junção dessas figuras promove a ideia de que o interlocutor pode mudar suas ações; mesmo que o dia seja ruim, suas ações não precisam ser. Ele pode emanar luz e positividade. Portanto, está correta a alternativa C. A alternativa A está incorreta porque não estão presentes no verso as figuras da comparação e do eufemismo. Além disso, o contexto, na canção, não é relativizado, pois um dia ruim pode afetar o interlocutor. Porém, espera-se que este supere a influência do contexto. A alternativa B está incorreta porque, ainda que se enfatize a ideia de superação, não estão presentes as figuras do pleonasmo e da prosopopeia. A alternativa D está incorreta porque não há metonímia ou perífrase, tampouco se retoma uma parte de algo que promoveria identificação. A alternativa E está incorreta porque não há hipérbole ou sinestesia, a qual prevê uma confluência entre as sensações advindas dos sentidos, e não somente uma sensação. QUESTÃO 10 O streetball, ou basquete de rua, é uma alternativa ao esporte convencional, jogado em quadras fechadas. Nele, os jogadores, chamados ballers, em vez de ter um rumo à cesta e chegar mais rápido a ela por meio da velocidade, realizam movimentos livres com as mãos – chamados handles ou moves. O basquete de rua é menos competitivo que a modalidade tradicional e dá ao jogador a liberdade de criar e improvisar jogadas espetaculares. Como o streetball valoriza mais a criatividade do atleta e a habilidade de improviso, a altura elevada não é fator indispensável. Com regras menos rígidas do que o basquete de quadra, o basquete de rua pode ser jogado com qualquer tipo de formação. No entanto, entre as disputas mais comuns, está o três contra três, que é o torneio mais conhecido no Brasil. Quem assiste a uma dessas disputas tem a garantia de presenciar um verdadeiro espetáculo, com jogadas inesperadas e enterradas sensacionais. Disponível em: <www.streetball.com.br>. Acesso em: 17 nov. 2022. As informações presentes no texto permitem identificar o streetball como uma prática esportiva A. restrita aos centros urbanos. B. oposta à modalidade tradicional. C. avessa à popularização do esporte. D. limitada aos ex-atletas profissionais. E. contrária à limitação dos movimentos. F88Ø LCT – PROVA I – PÁGINA 8 ENEM – VOL. 1 – 2023 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa EResolução: De acordo com o texto, uma característica que distingue o streetball do basquete tradicional é a valorização da criatividade do atleta para inovar nos movimentos corporais das jogadas e enterradas. Portanto, é correta a alternativa E. A alternativa A é incorreta, pois o basquete de rua pode ser praticado em qualquer espaço aberto. O único pré-requisito é a improvisação para criar jogadas espetaculares. A alternativa B é incorreta, pois o streetball incorporou as regras do basquete de quadra, ainda que sejam menos rígidas. Por exemplo, o basquete de rua pode ser jogado com qualquer tipo de formação, diferentemente da modalidade tradicional. A alternativa C é incorreta, pois o fato de ser praticado na rua e não exigir altura elevada são fatores que podem facilitar a popularização do streetball. A alternativa D é incorreta, pois o basquete de rua não é uma prática exclusiva de ex-atletas profissionais. QUESTÃO 11 Chega de abafar os gritos Chega de abusar dos ritos Chega de fingir que acha bom, quando está mal Chega de calar Na hora exata de dizer Uma palavra que podia ser A chave de acordar COSTA, A.; DUNCAN, Z. Abertura. Biscoito Fino, 2019. O eu lírico da canção de Ana Costa e Zélia Duncan apresenta uma mensagem social construída a partir da A. relação de oposição entre o gritar e o calar. B. associação entre os abusos reais e o sonho. C. convocação da resistência contra a violência. D. elaboração de palavras de apoio aos marginalizados. E. expressão da ausência de empatia com os oprimidos. Alternativa C Resolução: Nos três primeiros versos, o eu lírico utiliza o verbo no imperativo “Chega”, propondo o fim dos silenciamentos, dos abusos e do contentamento, fingindo “que acha bom, quando está mal”. Nos versos seguintes, o eu lírico afirma ter chegado a hora de não calar diante de uma palavra que pode interromper a opressão. Assim, é correta a alternativa C. A alternativa A é incorreta, pois a mensagem do eu lírico não se constrói a partir da relação entre o gritar e o calar. A alternativa B é incorreta, pois a canção não aborda o espaço onírico, mas os gritos e ritos que silenciam e perpetuam a violência. A alternativa D é incorreta, pois a mensagem apresentada é um chamado para um movimento de resistência e não se concentra especificamente no apoio aos marginalizados em geral. A alternativa E é incorreta, pois o eu lírico se dirige especialmente aos oprimidos pela violência, convocando-os à luta. A empatia com esse grupo, no entanto, não está presente nos versos apresentados. 7CEV QUESTÃO 12 Winston acionou um interruptor, e a voz diminuiu um pouco, mas ainda era possível distinguir as palavras. O instrumento (chamado teletela) podia ter o volume atenuado, mas não havia como desligá-lo por completo. Às costas de Winston, a voz da teletela ainda tagarelava sobre o ferro-gusa e a grande realização do Nono Plano Trienal. A teletela recebia e transmitia ao mesmo tempo. Qualquer ruído que Winston fizesse mais alto que um sussurro bem baixo seria captado. Além disso, enquanto permanecesse no campo de visão da placa de metal, ele também poderia ser visto, além de ouvido. Não tinha como adivinhar com que frequência, ou em que sistema, a Polícia do Pensar se conectava a um aparelho individual. Dava até para imaginar que vigiavam todo mundo o tempo todo. Mas, de qualquer modo, podiam conectar-se ao aparelho de alguém quando quisessem. Todos tinham que viver – e viviam, de fato, pois o hábito se tornara instinto – presumindo que cada som que emitissem seria ouvido, e, exceto na escuridão, cada movimento seu analisado. ORWELL, G. 1984. Rio de Janeiro: Antofágica, 2021. [Fragmento adaptado] A descrição do aparelho chamado “teletela” sugere uma sociedade caracterizada pelo A. desenvolvimento secreto de aparelhos espiões. B. comportamento individual suspeito de violência. C. monitoramento flexível no período de descanso. D. acomodamento coletivo com o rastreio contínuo. E. patrulhamento investigativo de crimes cibernéticos. Alternativa D Resolução: No fragmento de 1984, a teletela é apresentada como um instrumento de controle da população. Ela não podia ser desligada, recebia e transmitia informações ao mesmo tempo, sendo também capaz de ver e ouvir qualquer pessoa que permanecesse em seu campo de visão. Ainda de acordo com o texto, a teletela operava uma vigilância constante, podendo ser acessada pela Polícia do Pensar a qualquer momento. No entanto, as pessoas parecem ter desenvolvido uma postura resignada diante desse monitoramento, sugerindo que qualquer resistência a essa vigilância poderia ser um risco à sobrevivência. Tanto que, ao final do fragmento, o narrador afirma que “Todos tinham que viver – e viviam, de fato, pois o hábito se tornara instinto”. A alternativa correta, portanto, é a D. A alternativa A é incorreta, pois a teletela é um aparelho de espionagem conhecido por todos. A alternativa B é incorreta, pois, ao que o texto sugere, o monitoramento constante visava observar o pensamento das pessoas, contando, inclusive, com uma polícia especialista nesse assunto. A vigilância realizada pela teletela era constante. Mesmo que não fosse capaz de capturar os movimentos no escuro, os sons emitidos eram ouvidos, o que invalida a alternativa C. A alternativa E é incorreta, pois o fragmento não menciona a investigação de crimes cibernéticos. H6VI ENEM – VOL. 1 – 2023 LCT – PROVA I – PÁGINA 9BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 13 Poema dos olhos da amada Oh, minha amada Que os olhos teus São cais noturnos Cheios de adeus São docas mansas Trilhando luzes Que brilham longe Longe nos breus... Oh, minha amada Que olhos os teus Quanto mistério Nos olhos teus Quantos saveiros Quantos navios Quantos naufrágios Nos olhos teus... [...] Ah, minha amada De olhos ateus Cria a esperança Nos olhos meus De verem um dia O olhar mendigo Da poesia Nos olhos teus MORAES, V. Disponível em: <http://letras.mus.br>. Acesso em: 09 nov. 2012. Os elementos utilizados para a construção do poema-canção anterior evidenciam o aspecto lírico que caracteriza a poesia de Vinicius de Moraes, pois “Poema dos olhos da amada” apresenta A. subjetivismo intenso para revelar, por meio de antíteses e paradoxos, as características da figura feminina que encantam o eu lírico. B. tom íntimo e confessional para descrever a figura feminina a partir de uma linguagem metonímica, metafórica e sonora, inspirada em movimentos marítimos. C. linguagem poética construída com a intenção de mostrar o medo e o fascínio que o eu lírico sente quando está diante da figura amada. D. confluência entre os gêneros lírico e épico para expressar, em primeira pessoa, a visão particular de um eu lírico que se mostra triste e apaixonado. E. demonstração, por meio da organização de imagens contraditórias, de angústia e desespero do eu lírico devido ao distanciamento da amada. VJSN Alternativa B Resolução: O eu lírico do poema de Vinicius de Moraes apresenta a pessoa amada por meio de metáforas associadas ao ambiente marinho, valendo-se de imagens como os “cais noturnos”, “saveiros”, “navios” e “naufrágios”. A temática marinha é reforçada por uma linguagem sonora e rimada, construída a partir da repetição da letra “s” que simula o barulho e o movimento das ondas do mar. A comparação se constrói com base na metonímia, pois os olhos são explorados enquanto representação do ser como um todo. O poema tem um tom confessional, visto que o eu lírico compartilha o efeito que os olhos da pessoa amada têm sobre si, externando seus sentimentos mais íntimos. Assim, a alternativa B está correta. A alternativa A está incorreta, pois todos os conceitos explorados pelo eu lírico remetem ao ambiente marinho, não havendo contraposição de ideias. A alternativa C está incorreta, pois o fascínio – e não o medo – do eu lírico fica claro devido à grande admiração e atração pelafigura amada. A alternativa D está incorreta, pois o poema possui caráter dialético, representando um monólogo do eu lírico, que declara seu amor e admiração pelo ser amado. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois as metáforas exploradas pelo eu lírico convergem para uma mesma temática, que reforça a calma do sentimento por ele externado, como visto em “docas mansas”, e a possibilidade de retribuição, conforme expresso em “cria a esperança”. QUESTÃO 14 TEXTO I Banco do Brasil teve lucro recorde em 2013, mas resultado do quarto trimestre derruba ações BECK, M.; D’ERCOLE, R. Disponível em: <https://oglobo.globo.com>. Acesso em: 8 nov. 2022. TEXTO II Lucro do Banco do Brasil cai 24% no 4° tri, ação despenca REUTERS. Disponível em: <https://noticias.uol.com.br>. Acesso em: 8 nov. 2022. Ao comparar os dois textos, percebe-se que as manchetes criadas para falar sobre os lucros do Banco do Brasil em 2013 A. opõem-se por discordarem do resultado das ações. B. complementam-se ao mostrar informações diferentes. C. expõem visões ambíguas sobre a idoneidade da instituição. D. apresentam uma visão positiva sobre os rendimentos do banco. E. contrapõem-se na forma de apresentar a atividade anual da entidade. ZK29 LCT – PROVA I – PÁGINA 10 ENEM – VOL. 1 – 2023 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa E Resolução: A manchete do jornal O Globo apresenta uma visão positiva do Banco do Brasil, indicando que ele vinha em uma boa época de lucros, sofrendo uma derrubada de ações no quarto trimestre. Já a manchete da agência Reuters apresenta uma visão direta e aparentemente negativa sobre a queda do lucro do banco e sobre o fato de a ação despencar, acrescentando a informação do percentual do lucro reduzido. Por isso, a alternativa E é correta. A alternativa A é incorreta, pois os dois textos chegam à mesma conclusão: houve uma queda nas ações do Banco do Brasil. O que as difere, no entanto, é a abordagem utilizada para apresentar a informação. A alternativa B é incorreta, uma vez que as manchetes não se completam. As duas manchetes mencionam o lucro do banco e a queda de ações a partir de dois pontos de vista distintos. A idoneidade da instituição não é, direta ou indiretamente, colocada em pauta em nenhuma das duas manchetes, o que torna a alternativa C incorreta. A alternativa D está incorreta, uma vez que as manchetes divergem sobre a apresentação dos lucros bancários. Enquanto o texto I destaca o lucro recorde, o texto II foca a queda desse lucro no 40 semestre. QUESTÃO 15 Disponível em: <www.instagram.com>. Acesso em: 2 nov. 2022. O elemento coesivo que contribui para a construção de sentido da mensagem impressa na camiseta consiste no(a) A. romantismo sugerido pela imagem do coração. B. união assinalada pela proximidade das mangas. C. utilização de palavras do mesmo campo semântico. D. expressividade humorística de personificação das frutas. E. adoção de um mesmo vocábulo para referentes diferentes. L2PB Alternativa E Resolução: A camiseta apresenta a imagem de duas mangas estilizadas, com olhos e a imagem de um coração entre elas. Abaixo do desenho, a frase: “Quantas mangas tem esta camiseta?”. O efeito da mensagem é construído a partir do uso da palavra “mangas”, que pode se referir tanto às frutas desenhadas quanto à parte da camiseta que envolve os braços. Desse modo, está correta a alternativa E. A alternativa A é incorreta, pois a mensagem é composta com a combinação entre a imagem das mangas e a frase, que não se concentra no romantismo do desenho do coração. A alternativa B é incorreta, pois a proximidade das frutas não colabora para a construção de sentido da frase. A alternativa C é incorreta, pois a fruta chamada manga e a manga da roupa não fazem parte do mesmo campo semântico. A alternativa D é incorreta, pois a personificação das frutas também não contribui para construir o sentido da mensagem impressa na camiseta. QUESTÃO 16 [...] Lembro-me de que certa noite – eu teria uns quatorze anos, quando muito – encarregaram-me de segurar uma lâmpada elétrica à cabeceira da mesa de operações, enquanto um médico fazia os primeiros curativos num pobre-diabo que soldados da Polícia Municipal haviam “carneado”. [...] Apesar do horror e da náusea, continuei firme onde estava, talvez pensando assim: se esse caboclo pode aguentar tudo isso sem gemer, por que não hei de poder ficar segurando esta lâmpada para ajudar o doutor a costurar esses talhos e salvar essa vida? [...] Desde que, adulto, comecei a escrever romances, tem-me animado até hoje a ideia de que o menos que o escritor pode fazer, numa época de atrocidades e injustiças como a nossa, é acender a sua lâmpada, fazer luz sobre a realidade de seu mundo, evitando que sobre ele caia a escuridão, propícia aos ladrões, aos assassinos e aos tiranos. Sim, segurar a lâmpada, a despeito da náusea e do horror. Se não tivermos uma lâmpada elétrica, acendamos o nosso toco de vela ou, em último caso, risquemos fósforos repetidamente, como um sinal de que não desertamos nosso posto. VERISSIMO, Erico. Solo de clarineta. Porto Alegre: Globo, 1978, p. 44-45. No texto anterior, há uma metáfora que se relaciona à presença do escritor e, por extensão, à da literatura. Essa metáfora, no texto, associa-se à possibilidade de a literatura A. fazer suportar a dor em tempos de atrocidades e injustiças. B. apontar os ladrões, assassinos e tiranos da história. C. revelar a parte dos acontecimentos de seu tempo. D. denunciar as condições que ferem a dignidade do ser humano. E. encantar o leitor, produzindo prazer e alívio da realidade. R79H ENEM – VOL. 1 – 2023 LCT – PROVA I – PÁGINA 11BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa D Resolução: O fragmento de Erico Verissimo emprega uma metáfora a respeito de uma das funções sociais da literatura na sociedade. Ao rememorar um episódio em que ele segurou uma lâmpada elétrica para auxiliar um médico que fazia curativos num homem, ele reflete sobre como a literatura pode, metaforicamente, jogar luz sobre as mazelas do mundo, denunciando as condições em que muitos vivem. Por meio da literatura, é possível expor e criticar o que de mau acontece ao ser humano, por isso está correta a alternativa D. A alternativa A está incorreta porque o autor não defende, no trecho, que a literatura ajuda a suportar atrocidades e injustiças, mas sim a denunciá-las. A alternativa B está incorreta porque a luz da literatura, segundo o autor, impede que a escuridão, “propícia aos ladrões, aos assassinos e aos tiranos” recaia sobre o mundo. A alternativa C está incorreta porque, também segundo o autor, a literatura pode fazer mais do que apenas relatar acontecimentos, mas denunciar aqueles que agridem a dignidade humana. Finalmente, a alternativa E está incorreta porque, embora a literatura também tenha a função de levar prazer e alívio aos leitores, não é essa a defendida por Erico Verissimo. QUESTÃO 17 O que vocês diriam dessa coisa que não dá mais pé O que vocês fariam pra sair dessa maré? O que era pedra vira corpo Quem vai ser o terceiro a me responder? Andar por avenidas enfrentando o que não dá mais pé Juntar todas as forças pra vencer essa maré O que era pedra vira homem E um homem é mais sólido que a maré. CLUBE DA ESQUINA. Saídas e Bandeiras Nº 2. Disponível em: <https://www.letras.mus.br>. Acesso em: 3 nov. 2022. [Fragmento] As perguntas feitas pelo eu lírico promovem a identificação do leitor, uma vez que elas A. abordam a superação humana. B. delimitam a dimensão dos problemas. C. retratam o pessimismo dos brasileiros. D. representam as transformações cotidianas. E. integram as ações do homem com a natureza. Alternativa A Resolução: A alternativa correta é a A, pois as perguntas dirigidas ao interlocutor questionam o que as pessoas fariam para sair de uma situação difícil (ou, nas metáforas utilizadas: “dessa coisa que não dá mais pé”).Assim, a canção aborda situações que exigem resistência às adversidades, para a transformação de um homem forte e resistente, “mais sólido que a maré”. A alternativa B é incorreta, pois as metáforas utilizadas para descrever uma situação difícil não são direcionadas a um problema específico, permitindo a identificação de diferentes interlocutores. A alternativa C é incorreta, pois os versos propõem a superação, com um viés otimista de que as coisas podem melhorar. A alternativa D é incorreta, pois o eu lírico se refere às situações difíceis, sem menção às transformações específicas. A alternativa E é incorreta, pois a relação estabelecida entre o homem e as imagens da pedra e da maré é metafórica. ØPJ8 QUESTÃO 18 Não Há Vagas O preço do feijão não cabe no poema. O preço do arroz não cabe no poema. Não cabem no poema o gás a luz o telefone a sonegação do leite da carne do açúcar do pão O funcionário público não cabe no poema com seu salário de fome sua vida fechada em arquivos. Como não cabe no poema o operário que esmerila seu dia de aço e carvão nas oficinas escuras – porque o poema, senhores, está fechado: “não há vagas” Só cabe no poema o homem sem estômago a mulher de nuvens a fruta sem preço O poema, senhores, não fede nem cheira GULLAR, F. Melhores Poemas. São Paulo: Global Editora, 2004. O teor social presente no poema de Ferreira Gullar se constrói a partir do(a) A. metáfora, para criticar a alienação dos poemas da época. B. paralelismo, para respeitar as normas de estilo do gênero. C. metonímia, para representar os seres de espécies diferentes. D. hipérbole, para amplificar a criatividade da linguagem poética. E. versificação, para enfatizar os aspectos rítmicos da composição. NWK5 LCT – PROVA I – PÁGINA 12 ENEM – VOL. 1 – 2023 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa A Resolução: A alternativa correta é a A, pois o eu lírico fala de uma aparente impossibilidade de encaixe das mazelas sociais ao conteúdo dos poemas de seu tempo, como se os poetas estivessem alheios aos dramas da realidade. Os versos “o homem sem estômago / a mulher de nuvens / a fruta sem preço”, por exemplo, constroem um sentido figurado aos substantivos “homem”, “mulher” e “fruta” – sendo tais metáforas marcadas pela ideia de alheamento, alienação da vida social, da realidade desses poemas. A alternativa B é incorreta, pois o paralelismo não se relaciona com a construção do sentido dos versos. A alternativa C é incorreta, pois não há o emprego da metonímia para representar seres de diferentes espécies. A alternativa D é incorreta, pois não existe uma crítica de teor social elaborada a partir do uso de hipérbole. A alternativa E é incorreta, pois a versificação faz parte do gênero lírico – e não da construção das metáforas. QUESTÃO 19 Disponível em: <https://www.adamantina.sp.leg.br>. Acesso em: 2 nov. 2022. No cartaz do Governo do Estado de São Paulo, os elementos que delimitam o público-alvo da campanha de prevenção ao uso de drogas são identificados pelo(a) A. verbo imperativo e pelo uso dos pronomes. B. uso de hashtag e pela tipologia instrucional. C. tese defendida e pela autoridade do argumento. D. estratégia verbo-visual e pela menção aos filhos. E. linguagem coloquial e pela assertividade do conteúdo. Alternativa D Resolução: A alternativa correta é a D. Os elementos que identificam as mães, os pais ou outros cuidadores como público-alvo são: a imagem do pai em um momento afetivo com uma criança e o uso da expressão “seus filhos”. FØQØ A alternativa A é incorreta, pois o cartaz não utiliza verbos no imperativo. Embora a campanha tenha um intuito instrucional de prevenir o uso de drogas, não se observa o emprego de hashtag no cartaz, o que torna incorreta a alternativa B. A alternativa C é incorreta, pois não há utilização de um argumento de autoridade (como dados de pesquisas científicas). A alternativa E é incorreta, pois o texto não recorre à linguagem coloquial. QUESTÃO 20 É de tarde – hora de expediente na Delegacia. O TENENTE-DELEGADO está sentado à mesa. Veste farda (de polícia estadual do Ceará, lá por 1913), sem grande apuro, colarinho aberto, lenço no pescoço. Cabeça descoberta – vê-se o quepe pendurado a um torno, na parede. O TENENTE porta revólver e faca à cintura. O CABO LUCAS, fardado também, sabre à cinta, quepe na cabeça, de pé, inclina-se sobre a mesa, acompanhando as explicações que lhe dá O TENENTE. Este, com os objetos de sobre a mesa – tinteiro, mata-borrão, etc. – organiza um plano de cidade cercada, completando as faltas por indicações feitas com o lápis. QUEIROZ, R. A Beata Maria do Egito. Disponível em: <http://joinville.ifsc.edu.br>. Acesso em: 3 out. 2022. [Fragmento] O fragmento da peça escrita por Rachel de Queiroz, em 1958, apresenta uma característica típica do texto do gênero dramático, pois A. indica como os atores devem se dirigir à plateia. B. informa ao público como se desenvolverá a ação. C. influi no tipo de sotaque utilizado na representação. D. introduz uma sugestão sobre como encenar a peça. E. inspira o elenco a incluir gestos improvisados à cena. Alternativa D Resolução: O fragmento apresenta uma característica comum no texto dramático, que é a presença das rubricas ou didascálias. O texto de Rachel de Queiroz oferece algumas indicações cênicas que sugerem o espaço, a cena e a ação a ser desenvolvida a partir de orientações, como: o período do dia em que a cena acontece, a vestimenta do TENENTE-DELEGADO e do CABO LUCAS, o posicionamento dos atores em cena, a ação realizada e até detalhes dos objetos que compõem a cena, como os objetos dispostos sobre a mesa. Portanto, é correta a alternativa D. A alternativa A é incorreta, pois o fragmento traz orientações ao diretor e aos atores sobre como organizar a representação sem, no entanto, trazer nenhuma informação sobre a interação entre público e elenco. A alternativa B é incorreta, pois a didascália não é um texto produzido para orientar e instruir a plateia. Embora o texto dramático possa oferecer orientações sobre o trabalho gestual e prosódico, o fragmento de A Beata Maria do Egito não traz essa informação, o que torna incorreta a alternativa C. A alternativa E é incorreta, pois não há, no texto apresentado, orientações que sugiram a inclusão de improvisação à cena a ser representada. 1IE2 ENEM – VOL. 1 – 2023 LCT – PROVA I – PÁGINA 13BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 21 Vejo o jovem casal numa imagem esmaecida, uma foto em preto e branco que o tempo exagerou em desbotar. Algo em sua aparência os aliena, contribuindo à sensação de anacronismo – talvez o volume dos cabelos, as pregas marcadas de uma camisa, o banco de pedra maciça onde se sentam, algo além disso que não conheço e que de algum modo os eterniza. Porque são meus pais, e porque não estão sós, porque meu pai porta no colo uma menina, sei que é um registro do início dos anos 1980, e, no entanto, me parece bastante mais longínquo. São seres históricos esses que eu vejo. Não sei quanto os conheço. Não decifro seus sorrisos alegres. Não entendo bem o intrincado arranjo de atos e acasos que acabou por uni- los, mas sei que devo a essa união minha existência e as palavras indolentes que aqui escrevo. FUKS, J. A resistência. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. [Fragmento adaptado] A passagem registra um momento em que o narrador do romance de Julián Fuks A. argumenta sobre as lembranças da família. B. conta que compreende a história eternizada. C. sugere os perigos da simulação da memória. D. detalha com verossimilhança a união dos pais. E. descreve sua percepção sobre fatos do passado. Alternativa E Resolução: Ao observar uma fotografia em branco e preto, o narrador de A resistência descreve suas impressões sobre a imagem observada: o volume dos cabelos dos pais, a irmã no colo do pai (que indicaria que a foto foi retirada no início dos anos 1980), por exemplo. Ao mesmotempo que faz essa descrição, esse narrador conclui que são apenas percepções dessas pessoas próximas, mas que na fotografia são “seres históricos”, de sorrisos indecifráveis. Logo, é correta a alternativa E. A alternativa A é incorreta, pois o narrador não apresenta uma tese sobre as lembranças familiares. Especialmente ao final do fragmento, o narrador apresenta uma série de enunciados que mostram a incompreensão daquele registro fotográfico, como em “Não sei quanto os conheço”, o que invalida a alternativa B. A alternativa C é incorreta, pois, embora reconheça a dificuldade em decifrar a imagem, não há no fragmento a reflexão do narrador sobre a simulação da memória. A alternativa D é incorreta, pois os relatos do narrador são apenas fruto de sua observação. Ele inclusive afirma não entender o arranjo que uniu seus pais. QUESTÃO 22 Luamanda Luamanda consertou o vestido no corpo observando por alguns instantes o colo e o pescoço. Não, a sua pele não denunciava as quase cinco décadas que já havia vivido. As marcas no rosto, poucas, mesmo quando observadas de perto mentiam descaradamente sobre a sua idade. Nunca ninguém havia lhe dado mais de quatro décadas de vida. Um dia o lance mais alto que ela orgulhosamente aceitara fora de 35 anos. Sorriu ao ouvir a oferta. É, estava inteirinha, apesar de tantos trambolhões e acidentes de percurso em sua vida-estrada. Lua, Luamanda, companheira, mulher. Havia dias em que era tomada de uma nostalgia intensa. Era a lua mostrar-se redonda no céu, Luamanda na terra se desmilinguía todinha. Era como se algo derretesse no interior dela e ficasse gotejando bem na altura do coração. Levava a mão ao peito e sentia a pulsação da vida desenfreada, louca. EVARISTO, C. In: Olhos d’água. Rio de Janeiro: Pallas, 2016. [Fragmento] O fragmento do conto de Conceição Evaristo apresenta Luamanda, uma personagem marcada pelo(a) A. relação com as fases lunares. B. mistério sobre sua idade real. C. vaidade pela aparência jovem. D. nostalgia da juventude serena. E. experiência de uma vida intensa. Alternativa E Resolução: A alternativa E é a correta, pois, ao reparar em suas marcas, Luamanda relembra nostálgica as quase cinco décadas vividas, ainda que as rugas do seu rosto não correspondessem à “pulsação da vida desenfreada” da qual se relembra com nostalgia. A alternativa A é incorreta, pois a relação com a lua é construída pelo narrador, mas não é o que marca a lembrança da personagem. Além disso, o texto faz referência apenas à lua cheia. A alternativa B é incorreta, pois não há mistério a respeito da idade de Luamanda. A confusão sobre sua idade vem das pessoas que observam sua jovialidade, apesar dos percalços da vida. A alternativa C é incorreta, pois Luamanda sorri dos enganos sobre sua aparência jovial sem, no entanto, se gabar deles. A alternativa D é incorreta, pois a nostalgia demonstra que sua vida foi intensa, “desenfreada, louca”. HXEI 3G1K LCT – PROVA I – PÁGINA 14 ENEM – VOL. 1 – 2023 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 23 TEXTO I Quando falamos que uma árvore caiu na Avenida Paulista ou que uma explosão ocorreu na capital do Líbano, estamos relatando fatos. Não há discussão em relação à sua natureza: temos provas de que eles aconteceram. Agora, se dizemos que a árvore era bonita ou que a explosão foi o incidente mais grave da semana no mundo, não estamos apresentando fatos. Estamos emitindo a nossa opinião a respeito de um determinado acontecimento. Falando dessa forma pode parecer fácil distinguir acontecimentos de pontos de vista, mas, na prática, ainda temos muito o que avançar nesse quesito. Um relatório de habilidades de leitura feito pela Organização Para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em 2019, mostrou que apenas 10% dos jovens do mundo conseguem distinguir fato de opinião. No Brasil, a porcentagem dos que têm essa essa habilidade é de 2% – jovens de baixa renda não foram incluídos na amostragem. HABRICH, S. Disponível em: <https://claudia.abril.com.br>. Acesso em: 3 nov. 2022. [Fragmento] TEXTO II CORREA, R. Disponível em: <www.instagram.com>. Acesso em: 3 nov. 2022. O texto II retoma ironicamente a questão abordada no texto I, ao A. intensificar a representação da negação dos fatos. B. abordar a importância do respeito às opiniões alheias. C. exemplificar as consequências da crença na realidade. D. privilegiar a comparação de diferentes pontos de vista. E. ilustrar a facilidade de discernimento entre fato e opinião. Alternativa A Resolução: A alternativa correta é a A, pois, no texto II, se apresenta uma situação extremamente exagerada, na qual um dos personagens trata como opinião um fato óbvio: não estar utilizando paraquedas. A alternativa B é incorreta, pois a charge, texto II, retoma ironicamente a diferenciação entre fato e opinião, sem discutir a importância das opiniões alheias. A alternativa C é incorreta, pois o texto II exemplifica a crença em uma opinião. O homem sem paraquedas ignora a ausência do equipamento, ou seja, o fato apontado pelo colega. A alternativa D é incorreta, pois não há comparação de pontos de vista, mas a constatação irônica da diferença entre fato e opinião. A alternativa E é incorreta, pois, no caso da charge, não há confusão dos conceitos de fato e opinião, e sim uma negação da realidade. MWRM QUESTÃO 24 A polícia suburbana Noticiam os jornais que um delegado inspecionando, durante uma noite destas, algumas delegacias suburbanas, encontrou-as às moscas, comissários a dormir e soldados a sonhar. Dizem mesmo que o delegado-inspetor surripiou objetos para pôr mais à mostra o descaso dos seus subordinados. Os jornais, com aquele seu louvável bom senso de sempre, aproveitaram a oportunidade para reforçar as suas reclamações contra a falta de policiamento nos subúrbios. Leio sempre essas reclamações e pasmo. Moro nos subúrbios há muitos anos e tenho o hábito de ir para a casa alta noite. Uma vez ou outra encontro um vigilante noturno, um policial e muito poucas vezes é-me dado ler notícias de crimes nas ruas que atravesso. A impressão que tenho é de que a vida e a propriedade daquelas paragens estão entregues aos bons sentimentos dos outros e que os pequenos furtos de galinhas e coradouros não exigem um aparelho custoso de patrulhas e apitos. Aquilo lá vai muito bem, todos se entendem livremente e o Estado não precisa intervir corretivamente para fazer respeitar a propriedade alheia. Penso mesmo que, se as coisas não se passassem assim, os vigilantes, obrigados a mostrar serviço, procurariam meios e modos de efetuar detenções e os notívagos, como eu, ou os pobres-diabos que lá procuram dormida, seriam incomodados, com pouco proveito para a lei e para o Estado. Os policiais suburbanos têm toda a razão. Devem continuar a dormir. Eles, aos poucos, graças ao calejamento do ofício, se convenceram de que a polícia é inútil. Ainda bem. BARRETO, L. Disponível em: <www.dominiopublico.gov.br>. Acesso em: 18 maio 2021. A linguagem figurativa torna os textos mais expressivos e cria simbologias. Na descrição das delegacias realizada pelo autor, esse tipo de linguagem tem o intuito de A. generalizar o assunto, buscando o entendimento do leitor pouco proficiente. B. legitimar uma tese polêmica, embasando uma reprovação a um órgão oficial. C. qualificar a crítica contra os jornais, revelando a desenvoltura verbal do autor. D. garantir o tom coloquial do gênero literário, construindo expressões populares. E. amenizar o posicionamento do narrador, gerando imprecisão com a realidade. SKUM ENEM – VOL. 1 – 2023 LCT – PROVA I – PÁGINA 15BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa D Resolução: Ao descrever as delegacias, o narrador recorre a uma expressão popular, própria da oralidade (“às moscas”) para caracterizá-las. Essa expressão é uma manifestação da linguagem figurada, pois é empregada em seu sentido conotativo. Isso só é possível porque o gênerocrônica, que aborda o cotidiano, se vale do recurso da coloquialidade. Portanto, está correta a alternativa D. A alternativa A é incorreta, pois o entendimento do texto dependerá do conjunto linguístico, e não apenas de uma expressão de fundo coloquial. Além disso, a expressão não ocasiona generalização, mas demonstra uma circunstância. A alternativa B é incorreta, pois a expressão não está relacionada a uma tese polêmica, mas a uma constatação advinda dos jornais. A alternativa C é incorreta, pois a expressão não qualifica a crítica contra os jornais, uma vez que não se relaciona a ela. Uma expressão que cumpriria esse propósito seria “seu louvável bom senso”, utilizada ironicamente para mencionar a falta de bom senso dos jornais. A alternativa E é incorreta, pois o uso da expressão não ameniza a posição do narrador, mas a enfatiza, bem como visa a descrever a realidade das delegacias. QUESTÃO 25 TEXTO I Nas artes dramáticas, a quarta parede é uma convenção segundo a qual uma parede imaginária separa os atores do público. Graças a ela, o público é convidado a penetrar num universo que existe, supostamente, a despeito de sua presença. Os atores, mergulhados na ficção, agem como se a plateia não estivesse ali. Esta, por sua vez, assiste à ação que se desenrola diante de seus olhos sem se envolver ativamente com ela, mas, paradoxalmente, mais envolvida pela ilusão cênica, que ela fortalece. PAES, R. Quebrando a quarta parede. Disponível em: <https://www.aberje.com.br/coluna>. Acesso em: 3 out. 2022. TEXTO II ATOR – Eu posso pedir um favor pra vocês? Pra encerrar o ciclo de apresentação das personagens, nós vamos receber agora Maristela. Ela vai entrar em cena e dizer: “Meu nome é Maristela”, e a gente gostaria que vocês respondessem: “Boa noite, Maristela”. Pode ser? Mas Maristela vai repetir muitas vezes essa frase durante a peça. E a gente gostaria que todas as vezes que ela dissesse “Meu nome é Maristela”, vocês respondessem “Boa noite, Maristela”. Na última cena da peça, todas as personagens vão se utilizar do mesmo recurso. E, se vocês derem boa noite pra elas, o jogo aqui vai ser muito especial. CABRAL, I.; VÁZQUEZ, R. G. Pessoas Perfeitas. Disponível em: <http://satyros.com.br>. Acesso em: 3 out. 2022. [Fragmento] O texto II transgride a ideia da quarta parede apresentada no texto I, uma vez que o(a) A. ator se esquece de representar suas falas. B. atriz passa a contracenar sentada na plateia. C. elenco abandona o palco antes da última cena. D. personagem esclarece que a peça é uma ficção. E. público é convidado a interagir com o espetáculo. OUE4 Alternativa E Resolução: O texto I apresenta a quarta parede como uma convenção da arte dramática que delimita a separação entre público e atores. Nesse caso, os espectadores assistem ao espetáculo sem, no entanto, interagir com os atores em cena. O texto II apresenta uma ruptura dessa convenção, pois, nele, um ator dirige-se à plateia, pedindo um favor: responder “Boa noite, Maristela”, todas as vezes em que a atriz se apresentar. Além disso, o ator solicita a colaboração da plateia para um jogo especial, respondendo “boa noite” aos demais integrantes do elenco na última cena da peça. Logo, é correta a alternativa E. As demais alternativas não apresentam elementos que configurem com a ideia de transgressão da quarta parede exibida no fragmento. A alternativa A é incorreta, pois o texto traz a orientação a ser apresentada pelo ator. A alternativa B é incorreta, pois o texto indica a entrada da personagem, e não o posicionamento dela em cena. A alternativa C é incorreta, porque o fragmento anuncia que todas as personagens da peça estarão presentes na última cena. Embora alguns espetáculos utilizem trechos nos quais os atores conversam com o público dizendo que a obra é uma ficção, essa transgressão não está presente no fragmento de Pessoas Perfeitas, o que invalida a alternativa D. QUESTÃO 26 O que eu queria era um top five de discos pra não sentir nada; com essa lista, o Dick e o Barry estariam me fazendo um favor. Quanto a mim, vou escutar Beatles assim que chegar em casa. Abbey Road, provavelmente, mas vou programar o CD pra pular “Something”. Os Beatles eram figurinhas de brinde no chiclete, ver Help na sessão de sábado de manhã, brincar com guitarrinhas de plástico e cantar “Yellow Submarine” se esgoelando no fundão do ônibus da escola. Eles pertencem a mim, e não a mim e à Laura, ou a mim e à Charlie, nem a mim e à Alison Ashworth, e, mesmo que ouvi-los me faça sentir alguma coisa, não vai ser alguma coisa ruim. HORNBY, N. Alta Fidelidade. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. Para sugerir a importância dos Beatles, o narrador do romance faz uma A. menção ao significado das letras do quarteto. B. fusão entre memórias e as canções da banda. C. oposição com outros fãs dos músicos ingleses. D. descrição das suas músicas favoritas do grupo. E. seleção dos melhores álbuns para beatlemaníacos. Alternativa B Resolução: A alternativa correta é a B. No fragmento, o narrador comenta que deseja uma trilha sonora de discos para não sentir nada e diz que vai escutar Beatles quando retornar para casa. Na sequência, ele associa algumas canções do quarteto britânico com experiências pessoais, que compõem sua memória afetiva, como encontrar figurinhas da banda no chiclete, assistir ao documentário Help, brincar cantando “Yellow Submarine”. O narrador apenas menciona alguns trabalhos dos Beatles sem, no entanto, falar sobre o significado das letras do quarteto, invalidando a alternativa A. A alternativa C é incorreta, pois, para o narrador, esse conjunto de experiências embaladas pelos Beatles é uma experiência pessoal, que não se compara à de seus amigos. A alternativa D é incorreta, pois o narrador cita algumas canções, sem indicar que eram as suas favoritas. A alternativa E é incorreta, pois o narrador não faz uma seleção de álbuns para os fãs dos Beatles. GYLZ LCT – PROVA I – PÁGINA 16 ENEM – VOL. 1 – 2023 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 27 Disponível em: <www.politicadistrital.com.br>. Acesso em: 2 nov. 2022. Tendo em vista as características do gênero textual cartaz, o objetivo comunicativo do material produzido pelo governo do Distrito Federal é sensibilizar as pessoas a A. distinguirem o barulho do som ambiente. B. abaixarem o volume de sons automotivos. C. denunciarem os casos de poluição sonora. D. conhecerem a quantidade de queixas anônimas. E. indicarem o número de decibéis permitido por lei. Alternativa C Resolução: A alternativa correta é a C, pois, no cartaz, aparece em destaque a frase no imperativo (“denuncie”), dirigindo-se ao público-alvo da campanha – a população local, seja para agir na denúncia de casos de poluição sonora, seja respeitando o som. A alternativa A é incorreta, pois o texto não apresenta nenhuma distinção entre barulho e som ambiente. A alternativa B é incorreta, pois o cartaz não fala, em específico, de sons particulares. A alternativa D é incorreta, pois não há nenhuma menção às queixas anônimas no texto do cartaz. Embora o foco seja a denúncia e conscientização sobre a poluição sonora, o cartaz não apresenta o número de decibéis que configura o desrespeito à lei do silêncio, o que invalida a alternativa E. QUESTÃO 28 Assim que o sol começa a se pôr, João Tupã Centurião sai caminhando de casa em direção a um campinho de futebol. Lá ele espera o ônibus para ir à escola, a pouco mais de 3 km de sua casa. Centurião não é um aluno qualquer. Ele tem 102 anos e desde 2021 começou a frequentar a EJA (Educação de Jovens e Adultos) da escola estadual indígena Teko Ñemoingo e vive na aldeia Tekoha Ocoy, um território Avá-Guarani que fica a 60 quilômetros de Foz do Iguaçu, oeste do Paraná. Reconhecido e respeitado como líder, ele é o indígena mais longevo da comunidade. Seu objetivo é aprender a ler e escrever, além de fazer contas “para não ser enganado”,diz. PARO, D. Indígena de 102 anos aprende matemática na escola ‘para não ser enganado’. Disponível em: <https://tab.uol.com.br>. Acesso em: 6 set. 2022. [Fragmento adaptado] PS2M NQA6 No fragmento, Denise Paro noticia a alfabetização de João Tupã Centurião. O objetivo principal da autora é A. descrever parte da rotina do estudante centenário. B. orientar sobre práticas que garantem a longevidade. C. narrar os desafios da Educação de Jovens e Adultos. D. dissertar sobre a importância da luta da causa indígena. E. argumentar a favor do ensino formal dos povos originários. Alternativa A Resolução: A reportagem de Denise Paro descreve parte da rotina de João Centurião, um indígena centenário que frequenta a Educação de Jovens e Adultos (EJA). Logo, é correta a alternativa A. A alternativa B é incorreta, pois o texto apenas menciona a longevidade de Centurião, sem acrescentar dicas sobre a longevidade. A alternativa C é incorreta, pois a EJA não é o foco principal da reportagem. A alternativa D é incorreta, pois a referência ao território indígena serve apenas como contextualização para caracterizar o personagem da reportagem. A alternativa E é incorreta, pois o foco da reportagem se concentra apenas em João Centurião, e não no conjunto da comunidade dos povos originários. QUESTÃO 29 Monãg fez Za’àpĩg, o Universo, e Guakap, o mundo, e os deixou sem habitantes. Apenas modelou Guakap com as montanhas e as planícies, e o deixou assim. Wasiry, filho de Monãg, vendo que o pai tinha feito apenas a parte sólida do mundo, desceu para a Terra e aqui criou todos os vegetais. Wasiry fez isso porque queria morar no mundo. Depois de fazer todas as florestas e os campos com parte de seus cabelos, ele pegou um galho de pau-d’arco e começou a riscar o chão. Onde ele ia riscando, ia brotando água. Depois de criadas as florestas, o filho de Monãg pensou: “Não pode haver só vegetais. Agora vou criar os animais”. Depois disso, Wasiry quis descansar. Fez uma casa de folhas de karanã, amarrou sua rede e dormiu por muitos anos. Wasiry acordou descansado e viu que tinha feito tudo conforme o pai tinha pensado. Passou a viver no meio dos animais, mas ainda não estava satisfeito. Um dia, sentindo-se sozinho, pegou muitas sororinas e muitos jacamins, reuniu-os na margem do paraná do Urariá e os transformou em gente. As sororinas transformaram-se em mulheres, e os jacamins, em homens. Assim surgiu a raça humana. Então Wasiry ficou muito feliz. Muita gente saiu pelo mundo para morar em lugares longínquos, como os Karaywa, os brancos, e os Tapaiwna, os negros. Wasiry é considerado o Primeiro Pajé. Ele criou os curandeiros e ajuda seu pai a proteger as florestas e os segredos do Universo escondidos no cume das montanhas. YAMÃ, Y. Murũgawa: mitos, contos e fábulas do povo Maraguá. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2007. [Fragmento adaptado] Glossário Karanã: vegetal amazônico parecido com a cana. Sororina: ave não domesticável da Amazônia. Jacamim: árvore nativa da Floresta Amazônica. No texto de Yaguarê Yamã, a gênese do mundo está caracterizada como A. fruto da ação misteriosa do Universo. B. resultado da irresponsabilidade de Wasiry. C. reflexo da criação mitológica da raça humana. D. consequência da intervenção de figuras divinas. E. produto da elaboração escrita dos povos originários. GUG1 ENEM – VOL. 1 – 2023 LCT – PROVA I – PÁGINA 17BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa D Resolução: O texto de Yaguarê Yamã traz um mito de criação do mundo que conta a intervenção de figuras divinas, como Monãg, criador do Universo e da Terra, chamada de Guakap. Além disso, seu filho, Wasiry, é descrito como o responsável por criar os vegetais, os animais, a água e os seres humanos. Portanto, é correta a alternativa D. A alternativa A é incorreta, pois a gênese do mundo é identificada como a conquência da ação de Monãg. A alternativa B é incorreta, pois Wasiry não foi o criador do mundo, ele trouxe vida à Terra, em suas mais variadas formas. A alternativa C é incorreta, pois a raça humana é fruto da intervenção divina, e não a responsável por criar o mundo. Finalmente, é incorreta a alternativa E, pois o mito contado por Yamã é resultado da trasmissão oral dos povos originários. QUESTÃO 30 O toque do interfone furou meus ouvidos, aquele toque longo, sucedido por outro curto, que era a marca registrada de que ele iria pensar que eu não estava em casa, mas a luz do abajur da sala, acesa perto da janela do apartamento do segundo andar, denunciava minha presença. Esperei o segundo toque e ele veio como previsto, ainda mais comprido que o primeiro. Espiei pela janela. Sua bicicleta de roda fixa já estava presa com a tranca na grade do prédio, mostrando como ele tinha não apenas a expectativa, mas também a certeza de que iria subir. GALERA, D. Meia-noite e vinte. São Paulo: Companhia das Letras, 2016. [Fragmento] O trecho do romance é marcado pela quebra de expectativas do narrador, o que se expressa textualmente por meio do(a) A. recurso coesivo, demarcando a oposição de ideias. B. pontuação adequada, segmentando os eventos da narrativa. C. norma-padrão, conferindo a coerência às ações contraditórias. D. pronome pessoal, identificando o interlocutor no apartamento. E. linguagem coloquial, traduzindo os pensamentos do personagem. Alternativa A Resolução: A alternativa correta é a A, pois a quebra de expectativas do narrador é marcada, textualmente, pela conjunção adversativa “mas”, que reconhece que, apesar de o som indicar que a visita poderia pensar que ele não estava em casa, o abajur ligado denunciava sua presença ao visitante. A conjunção também quebra a expectativa do outro personagem tanto em pensar que a casa não estava habitada quanto em relação a ele ter certeza de que subiria até o apartamento. A alternativa B é incorreta, pois a organização do texto não é o que insere a ideia de adversidade. POXP A alternativa C é incorreta, pois a norma-padrão, apesar de ser a variante linguística utilizada, não é, em especificidade, o que expressa essa ideia de contrariedade. A alternativa D é incorreta, pois o pronome reto “ele”, de fato, faz referência a um interlocutor, mas, novamente, não é o elemento que contribui para a quebra de expectativa. A alternativa E é incorreta, pois a linguagem coloquial auxilia na caracterização do personagem narrador, não sendo um aspecto sintático. QUESTÃO 31 Nos últimos meses, o preço do café vem subindo por toda a Europa. No Brasil, principal produtor mundial, houve fortes geadas em julho de 2021, elevando o preço para 5,55 dólares o quilo. Em julho de 2022, o preço chegou a 5,80 dólares, antes de recuar para 4,80 dólares em agosto. Especialistas sugerem que uma xícara de café em cafeterias da Europa deveria custar entre 5 e 6 euros, especialmente na Alemanha. A barista Nicole Battefeld argumenta que o produto também deveria ser vendido mais caro nos supermercados, a pelo menos 20 euros o quilo. “Estamos simplesmente usurpando os agricultores do dinheiro investido. É uma outra forma de colonialismo: nós nunca nos demos conta totalmente de quanto trabalho está envolvido.” Battefeld observa que o café fair trade (produzido e comercializado segundo padrões de comércio justo), com contratos que oferecem aos fazendeiros 3 dólares por quilo, é apenas uma solução parcial. A barista frisa que preços do comércio justo subiram míseros 10 centavos de euro ao longo dos últimos 20 anos. Para a maioria dos pequenos agricultores da América Latina, os custos trabalhistas e de produção aumentaram. Segundo especialistas, muitos deles assinaram contratos a termo com multinacionais antes da pandemia, portanto, não lucrarão com os preços mais altos atualmente adotados. MATALUCCI, S. Café, a bebida que ameaça virar luxo na Europa. Disponível em: <www.dw.com>. Acesso em: 8 nov. 2022. Os argumentos apresentados na reportagem defendem uma ideia sobre a vendado café, segundo a qual o(a) A. público europeu tem optado por consumir a bebida em casa. B. pequeno agricultor sofre com as sanções das multinacionais. C. crise climática favorece a cafeicultura no mercado internacional. D. aumento do quilo do produto beneficia parcialmente os cafeicultores. E. comércio justo prejudica os contratos dos produtores latino-americanos. UHAY LCT – PROVA I – PÁGINA 18 ENEM – VOL. 1 – 2023 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa D Resolução: De acordo com a reportagem, os agricultores da América Latina não têm conseguido se beneficiar com o aumento do preço do café para a Europa, porque os gastos com a produção e com o pessoal têm aumentado. Além disso, os acordos de venda dos grãos com as multinacionais ou no fair trade não permitem o lucro com o aumento do valor de venda do produto. Assim, é correta a alternativa D. A alternativa A é incorreta, pois o texto não especifica o ambiente preferido para o consumo de café na Europa. A alternativa B é incorreta, pois o problema enfrentado pelos agricultores com as multinacionais são os contratos assinados antes da pandemia. A alternativa C é incorreta, pois as mudanças climáticas aumentam os custos de produção do café. A alternativa E é incorreta, pois, de acordo com a reportagem, o café fair trade é uma das soluções possíveis para que os agricultores sejam recompensados pelo investimento na produção. O problema seria o valor oferecido atualmente aos fazendeiros. QUESTÃO 32 Disponível em: <www.twitter.com>. Acesso em: 2 nov. 2022. [Fragmento adaptado] Esta publicação da rede social Twitter tem como um de seus objetivos principais o(a) A. registro imparcial dos fatos. B. defesa de causas individuais. C. reprodução da linguagem oral. D. narrativa de eventos cotidianos. E. descrição de fenômenos sociais. Alternativa D Resolução: A alternativa correta é a D, pois o tweet apresenta uma narrativa curta proveniente de um contexto pessoal e cotidiano, ocorrido em uma sala de aula. Estas narrativas, por sua vez, são comuns na rede social. A alternativa A é incorreta, pois as postagens no Twitter, como a do texto em questão, costumam trazer a opinião ou experiência individual do autor do texto. A alternativa B é incorreta, pois a publicação apenas narra uma experiência vivida pelo filho do autor da postagem, sem a defesa de um ponto de vista. 4ARM A alternativa C é incorreta, pois o tweet, em específico, não é marcado pela linguagem coloquial. A alternativa E é incorreta, pois, tampouco, há descrição de um fenômeno social – a história narrada é particular, e não o exemplo de um evento repetido. QUESTÃO 33 Disponível em: <https://martinssoares.mg.gov.br>. Acesso em: 2 nov. 2022 (Adaptação). Com o intuito de garantir a coesão e a coerência textual do cartaz, é necessária a substituição de “por” para A. “se”, pelo sentido condicional do vocábulo. B. “apesar de”, pela ênfase atribuída ao vocativo. C. “visto que”, pela consequência da ação anterior. D. “porque”, pela finalidade informativa da campanha. E. “além disso”, pela separação sintática do predicado. Alternativa A Resolução: A alternativa correta é A. A condição para a mulher (vocativo do período) “mostrar o x desenhado em vermelho” é, justamente, para as situações nas quais ela esteja sofrendo algum tipo de violência e precise de ajuda. Por estabelecer uma relação condicional, o recurso coesivo adequado é a conjunção “se”. A alternativa B é incorreta, pois “apesar de” expressa uma ideia contrária em relação à outra parte do enunciado, o que comprometeria a coesão e a coerência textual do cartaz. O conectivo “visto que” indica o motivo pelo qual algo ocorreu, por isso, a alternativa C é incorreta. A relação que seria estabelecida com o uso de “porque” é de causa e efeito, o que invalida a alternativa D. A alternativa E é incorreta, pois “além disso” costuma ser utilizado para dar mais clareza à ideia exposta. Ademais, a pontuação da frase está adequada, já que a vírgula foi utilizada após um vocativo. 3GAT ENEM – VOL. 1 – 2023 LCT – PROVA I – PÁGINA 19BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 34 Para reciclar embalagens plásticas, é preciso juntar várias toneladas de plásticos parecidos, feitos do mesmo tipo de plástico e, de preferência, da mesma cor. Mas como as embalagens de produtos de limpeza costumam ter uma cor diferente cada uma, isso se torna mais difícil de efetivamente acontecer. O que costuma acontecer com frequência é que essas embalagens chegam nas cooperativas de reciclagem (organizações que fazem a separação dos resíduos) e são separadas como rejeitos e vão direto para o aterro. Quando as cooperativas juntam diversas cores de plástico opaco, o plástico reciclado que é gerado é de uma coloração preta. Como consequência dessa coloração, poucas empresas têm interesse em comprá-lo para utilizá-lo em suas embalagens. Portanto, o ideal é que as embalagens sejam de plástico transparente ou opaco branco, pois são os mais encontrados e que geram um plástico reciclado desejado por outras empresas. LOTARIO, I. Disponível em: <http://reciclagemsemescandalo.com.br/>. Acesso em: 25 nov. 2018. [Fragmento] De maneira geral, os conectivos no texto anterior articulam o(a) A. resumo sobre os diversos tipos de plástico e processos de reaproveitamento. B. enumeração de diferentes causas que dificultam a reciclagem do plástico. C. alternância de eventos que ora viabilizam, ora impossibilitam a reciclagem. D. comparação entre as ações empreendidas nas cooperativas e nas empresas. E. progressão dos fatos por meio das relações estabelecidas entre as etapas da reciclagem. Alternativa E Resolução: No primeiro parágrafo, tem-se a identificação de uma finalidade e a apresentação de uma adversidade, introduzidas, respectivamente, pelas conjunções “para” e “mas”. No segundo parágrafo, há a apresentação das etapas da reciclagem do plástico, de sua chegada às cooperativas até a venda para as empresas, em uma relação de tempo, em “quando”; consequência, em “como consequência”; conclusão, em “portanto”; e explicação, em “pois”. Essas conjunções – ou locuções conjuntivas – dão noção de progressão às etapas de reciclagem, portanto a alternativa correta é a E. A alternativa A sugere que haja um resumo sobre os diversos tipos de plástico e processos de reaproveitamento, o que não pode ser inferido do texto, que se limita expor um processo de reciclagem. A alternativa B propõe que as conjunções atuam na enumeração de diferentes causas que dificultam a reciclagem do plástico, o que está incorreto, pois a única causa apontada é a diferença nas cores. 8D5Z A alternativa C sugere que haja uma alternância de eventos que ora viabilizam, ora impossibilitam a reciclagem, o que está incorreto, pois a construção do texto aborda apenas um evento: a reciclagem do plástico. A alternativa D propõe que haja uma comparação entre as ações empreendidas nas cooperativas e nas empresas, o que está incorreto, pois essas ações não são comparadas, já que são etapas diferentes do processo: recepção e reciclagem, por parte das cooperativas, e compra do produto final, por parte das empresas. QUESTÃO 35 LEMINSKI, P. Toda Poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. A ordenação gráfica das palavras do poema de Paulo Leminski, combinada com o conteúdo discursivo do texto, compõem a A. relação sensorial com a rima. B. representação da ação poética. C. reflexão lúdica do fazer literário. D. imprecisão amadora do escritor. E. visão sobre a finitude dos versos. Alternativa B Resolução: A alternativa B é a correta. No poema de Paulo Leminski, o conteúdo poético da pétala vincula-se à experiência visual, que remete à ideia de uma flor despetalando. A alternativa A é incorreta, pois a relação sensorial é majoritariamente visual. A alternativa C é incorreta, pois o poema não tem o fazer literário comotemática. A alternativa D é incorreta, pois a ordenação gráfica escolhida por Leminski é uma questão estilística, característica do movimento a que pertencia, o concretismo. A alternativa E é incorreta, pois a finitude representada visualmente no poema é da pétala, não dos versos. 8ZME LCT – PROVA I – PÁGINA 20 ENEM – VOL. 1 – 2023 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 36 THIAGO. Disponível em: <https://impresso.jc.ne10.uol.com.br>. Acesso em: 8 nov. 2022. Para a compreensão do humor do cartum, é necessário que haja conhecimento prévio sobre a A. proliferação dos vídeos de crimes noturnos. B. informação presente nas redes de vigilância. C. banalização dos assaltos nos centros urbanos. D. evolução das crises de estresse pós-traumático. E. expansão das tentativas de assalto à mão armada. Alternativa B Resolução: No cartum, um homem usando máscara e portando uma arma rende um homem, que aparece com os braços levantados e o rosto aflito, com lágrima saindo do olho direito. Sobre ele, há uma câmera de vigilância. Ela está apoiada em um poste, que contém uma placa com a mensagem: “Chore: você está sendo assaltado”. O humor é identificado com a relação estabelecida entre essa placa e as placas normalmente encontradas em espaços públicos, identificando a presença de vigilância de vídeo, acompanhadas da mensagem: “Sorria: você está sendo filmado”. Logo, é correta a alternativa B. A alternativa A é incorreta, pois a proliferação de vídeos de crimes não se relaciona com o efeito humorístico pretendido pelo cartum. A alternativa C é incorreta, pois o cartum ironiza as placas das câmeras, e não os crimes em centros urbanos. A alternativa D é incorreta, pois o estresse pós-traumático não é discutido no cartum. A alternativa E é incorreta, pois o foco da produção de Thiago não é a expansão dos assaltos, mas a atualização da mensagem das câmeras que monitoram as ações dos criminosos e o sofrimento das vítimas. QUESTÃO 37 No cotidiano profissional a enfermeira utiliza a comunicação para o desempenho de suas diversas atividades. Isso nos levou a refletir sobre a importância da linguagem corporal e seus efeitos na relação enfermeira- -paciente, uma vez que, através dela, são transmitidas inúmeras mensagens nem sempre conscientes e / ou manifestas (validadas) verbalmente. Ø3T9 AXAW A partir da pesquisa, foi possível evidenciar que a formação acadêmica tende a fazer com que o profissional de enfermagem busque controlar a expressão de seus sentimentos e emoções, de forma a não interferir no seu desempenho cotidiano. Porém, a convivência diária com situações de dor, morte, mutilações, entre outras, não só é desgastante como também gera conflitos diários, justificados apenas por uma tentativa de “controle” que excede os limites pessoais e profissionais. Entretanto, esta mesma formação enfatiza a atenção às necessidades psicossociais dos pacientes. Questionamos se um indivíduo que necessita suprimir os próprios sentimentos e emoções não se torna, com o passar do tempo, insensível à percepção das manifestações não verbais expressas por aqueles sob seus cuidados. Poderíamos dizer, então, que os sentimentos e emoções tanto do paciente quanto da enfermeira não estão sendo adequadamente valorizados durante a interação. SILVA, L. M. G. et al. Comunicação não verbal: reflexões acerca da linguagem corporal. Revista Latino-Americana de Enfermagem. Maio, 2005. De acordo com o artigo científico, a linguagem corporal de enfermeiras deve ser A. extravasada, para individualizar o desempenho cotidiano. B. evitada, para seguir as instruções da formação acadêmica. C. controlada, para evitar a manifestação explícita de emoções. D. abandonada, para ser discutida fora do ambiente de trabalho. E. valorizada, para equilibrar a prática com o atendimento humanizado. Alternativa E Resolução: De acordo com os autores do artigo, as profissionais de enfermagem utilizam a linguagem corporal para o desempenho de suas atividades, o que pode se tornar um dilema para elas. De um lado, está uma formação acadêmica que, segundo o artigo, exige o controle das emoções e dos sentimentos. Por outro lado, esse controle pode comprometer a convivência diária com os pacientes, tornando essa profissional insensível aos sentimentos daqueles de quem cuida e de si mesma. A partir da crítica, o artigo sugere a valorização da linguagem corporal das enfermeiras, a fim de melhorar a interação entre essas profissionais e seus pacientes. Portanto, é correta a alternativa E. A alternativa A é incorreta, pois o artigo fala na expressão da linguagem corporal sem, no entanto, sugerir o extravasamento desse comportamento, ou a individualização do desempenho da profissional. A alternativa B é incorreta, pois o artigo sugere que a linguagem corporal das enfermeiras tem efeitos na relação com o paciente. A alternativa C é incorreta, pois o artigo sugere que a tentativa de controle da linguagem corporal pode tornar as enfermeiras insensíveis às pessoas que estão sob seus cuidados. A alternativa D é incorreta, pois, segundo o artigo, a linguagem corporal deve fazer parte da reflexão sobre o trabalho das enfermeiras. ENEM – VOL. 1 – 2023 LCT – PROVA I – PÁGINA 21BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 38 Pedir comida por aplicativo se tornou uma febre mundial. Agora, como fica a periferia? Como acontece tradicionalmente, pontos mais afastados dos centros das cidades brasileiras sofrem com a exclusão, gastronômica inclusive. Para suprir essa falta, Iago, Lucas Fernando, Gabriel Vinícius e Naomy Oliveira, jovens moradores de bairros da periferia de Salvador, criaram o “TrazFavela”, aplicativo que conecta empresas com motoboys para oferecer serviço de delivery na quebrada. O aplicativo está revolucionando a vida dos moradores da perifa soteropolitana. Gás, comida, medicamentos, tudo pode ser entregue através do app. Salvador possui 3 milhões de habitantes e a segunda maior população do Brasil morando em favelas, com mais de 33% dos soteropolitanos vivendo nestes espaços, de acordo com o IBGE em 2011. Como boa parte da capital baiana, São Caetano é um bairro cravado de ladeiras. Além de pique e preparo físico, os entregadores precisam conhecer muito bem ruas e vielas da região. Ponto para o aplicativo, que contrata moradores locais para a operação do serviço de delivery. A tecnologia do “TrazFavela” mostra que, ao contrário do que é dito historicamente pelos veículos de comunicação e pela repressão excessiva do Estado, a quebrada é e pode muito mais. Todo mundo sai ganhando. Mas não é só isso. Você já parou pra pensar no potencial econômico das periferias brasileiras? Apesar de matemática não ser meu forte, a conta é simples. Um local com tamanha densidade populacional não só pode como quer consumir. VIEIRA, K. Delivery na quebrada. Disponível em: <www.hypeness.com.br>. Acesso em: 16 nov. 2022. [Fragmento adaptado] A reportagem de Kauê Vieira faz uma reflexão que defende o(a) A. potencial de consumo das regiões marginalizadas. B. crescimento de jovens empreendedores em favelas. C. melhora dos serviços de delivery em áreas periféricas. D. aumento da população soteropolitana morando na periferia. E. maior condicionamento físico dos entregadores de Salvador. Alternativa A Resolução: A alternativa correta é a A. Trazendo como exemplo o sucesso do aplicativo “TrazFavela”, a reportagem sugere que as regiões periféricas brasileiras guardam um grande número de consumidores em potencial, ainda não atendidos pelos serviços oferecidos nas áreas não marginalizadas. A alternativa B é incorreta, pois a referência aos jovens empreendedores criadores do aplicativo “TrazFavela” serve para contextualizar o argumento da reportagem. A alternativa C é incorreta, pois o aplicativo de delivery citado na reportagem ainda é uma exceção nas áreas periféricas. A alternativa D é incorreta, pois a densidade populacionalna periferia é um argumento do autor para mostrar o potencial econômico da periferia. A alternativa E é incorreta, pois o preparo físico dos entregadores não é o foco da reflexão proposta por Kauê Vieira. YPØJ QUESTÃO 39 Há uma semana, jornalistas da Folha reuniram-se para homenagear uma colega de trabalho. Os meliantes não somavam mais que trinta, num apartamento da avenida São Luís, com a música baixa. A uma da manhã, depois da sétima interfonada da vizinha, o bom senso decidiu encerrar a festa. Fui o primeiro a sair. Encontrei a própria, no hall, com o cabelo despenteado e cara de sono: “Aí dentro só tem maloqueiro. Não se consegue dormir!”. Ainda tentei: “Minha senhora, aproveita que amanhã é feriado e vai ler um livro, ou arrumar o armário...”. No térreo, a porta do prédio estava trancada. “Só saem daqui quando a polícia chegar!”, decretou, em conluio com o porteiro e zelador. “Minha senhora, isto é cárcere privado e formação de quadrilha”, tentamos. Nicas. A festa desceu. O bate-boca rendeu até a chegada da polícia. PAIVA, M. R. In: Crônicas para ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011. [Fragmento adaptado] No fragmento da crônica, a caracterização da vizinha do apartamento na avenida São Luís a anuncia como uma personagem de A. comportamentos femininos estereotipados. B. modos incorruptíveis em prol do bem comum. C. atitudes contraditórias no decorrer na narrativa. D. posturas que mobilizam os demais personagens. E. procedimentos respeitáveis para pôr fim ao conflito. Alternativa D Resolução: Na crônica de Marcelo Rubens Paiva, a vizinha é caracterizada como uma pessoa incomodada com o barulho vindo do apartamento onde o narrador se reunia com amigos. Por causa dessa mulher, a festa é interrompida e, ao tentar deixar o prédio, a vizinha impediu a saída do narrador, com a ajuda do porteiro e do zelador. Essa atitude mobilizou também as pessoas que ainda restavam na festa, provocando um bate-boca que, de acordo com o texto, só se encerrou com a chegada dos policiais. Desse modo, é correta a alternativa D. A alternativa A é incorreta, pois a crônica não enfoca a personagem da vizinha a partir de seu gênero, mas de sua inconveniência e incompreensão com o barulho do apartamento vizinho. A alternativa B é incorreta, pois a atitude de reclamar da festa e de prender as pessoas até a chegada da polícia não contou com o apoio de outros condôminos, além do porteiro e do zelador. A vizinha mantém o mesmo comportamento durante toda a narrativa. Segundo o texto, ela interfona sete vezes reclamando do barulho, ofende os participantes da festa, chamando-os de maloqueiros. Seu objetivo era encerrar a festa e deter os culpados até a chegada da polícia, o que invalida a alternativa C. A alternativa E é incorreta, pois a atitude de prender os convidados da festa contra a própria vontade é que acaba desencadeando o conflito, que exige a presença da polícia. K7OL LCT – PROVA I – PÁGINA 22 ENEM – VOL. 1 – 2023 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 40 Eu estava tomando café da manhã quando vi o Airton Senna se espatifar na curva Tamburello. Era 1º de maio. Um ano depois, no mesmo dia, minha avó também se arrebentou num poste na Av. Protásio Alves. Ela estava num táxi, era um fusca. Batida feia. Seu Ramiro, que é muito experiente, disse que no fim das contas todo mundo um dia vai bater de frente numa parede. Disse também que devemos nos preocupar com isso desde o início, pois mal aprendemos a limpar a bunda e já temos que saber que as pessoas quebram mesmo a cara, e que depois de aguentar uma vida inteira somos colocados num buraco e enterrados para sempre. Até o Airton Senna foi para um buraco, e isso que ele era campeão do mundo. O engraçado é que quando se está vivo, com saúde, ninguém pensa nessas coisas. TENÓRIO, J. O beijo na parede. Disponível em: <http://www.letras.ufmg.br/literafro>. Acesso em: 3 nov. 2022. [Fragmento] Ao falar sobre os acidentes de carro e a conversa com Seu Ramiro, o narrador estabelece correlações que refletem o(a) A. lamento sobre as mortes ocorridas. B. dano pela imprudência dos motoristas. C. pessimismo adotado ante as adversidades. D. derrotismo dos antigos campeões de corrida. E. ausência de atenção às possíveis fatalidades. Alternativa E Resolução: A alternativa correta é a E, pois o verbo “bater”, no texto, é mobilizado em um primeiro momento em seu sentido denotativo (através dos acidentes), para, depois, ser utilizado com sentido conotativo e metafórico: “bater de frente numa parede”, ou seja, se defrontar com um desafio – formando, assim, uma reflexão sobre a falta de atenção às fatalidades que podem surgir ao longo da vida. A alternativa A é incorreta, pois as mortes ocorridas servem de apoio para a reflexão sobre as “batidas” da vida. A alternativa B é incorreta, pois o texto não aborda os efeitos reais de uma batida. A alternativa C é incorreta, pois o texto trata da falta de atenção às adversidades, e não sobre a abordagem utilizada para quando elas surgirem. A alternativa D é incorreta, pois a referência ao Airton Senna serve para associá-lo ao acidente vivido pela avó. QUESTÃO 41 quando foi época de escolher faculdade ele fez questão de prestar fora de São Paulo, disse que aqui na cidade andava tudo muito caído, mas eu sabia, não era por isso que ele queria partir. a mala dele ficou pronta em meia hora 1 dia antes de partir. na rodoviária demos tchau ele do ônibus eu do chão (em algum lugar esquisito estávamos aliviados por não precisarmos mais nos ver todos os dias) BEI, A. O peso do pássaro morto. São Paulo: Editora Nós, 2017. [Fragmento adaptado] A estruturação do enredo no fragmento do livro de Aline Bei apresenta o(a) A. tristeza mútua com a despedida na rodoviária. B. ressentimento materno pela mudança do filho. C. libertação das regras sociais do vínculo familiar. D. insegurança juvenil para a escolha da faculdade. E. decepção coletiva com a vida na capital paulista. Alternativa C Resolução: A alternativa correta é a C. Ao despedir-se do filho que partia para estudar em outra cidade, a narradora expõe um alívio mútuo ao reconhecer que não precisariam mais se ver todos os dias. A alternativa A é incorreta, pois a despedida entre mãe e filho foi fria, à distância. A alternativa B é incorreta, pois a narradora sugere alívio pela mudança. A alternativa D é incorreta, pois o filho escolheu uma faculdade, partindo para a cidade escolhida. A alternativa E é incorreta, pois o pretexto para deixar São Paulo é apenas do filho, que, segundo a mãe, usou isso como pretexto para abandonar o lar. CBUG ZUII ENEM – VOL. 1 – 2023 LCT – PROVA I – PÁGINA 23BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 42 Marina dá aval ao PSB para encaminhar sua candidatura Disponível em: <https://epocanegocios.globo.com>. Acesso em: 17 maio 2020. [Fragmento] Em textos noticiosos, pode acontecer, muitas vezes, de serem gerados problemas de coesão devido ao emprego inadequado de algum termo. Isso pode ser constatado na manchete anterior, em que uma confusão de sentido é gerada pela A. duplicidade de sentido gerada em relação a quem pertence a candidatura. B. citação apenas do nome da política, não permitindo inferir de quem se trata. C. menção a um partido político sem que o significado de sua sigla seja esclarecido. D. referência à candidatura de uma política sem especificar o cargo a ser concorrido. E. sinalização de que a candidata permitiu a candidatura do partido ao qual se afiliou. Alternativa A Resolução: Na manchete jornalística em análise, há uma ambiguidade provocada pelo emprego do pronome possessivo “sua”, que não deixa claro a quem se refere: se à Marina ou ao partido PSB. Ou seja, numa leitura, Marina permitiria ao partido lançar a candidatura dela; em outra leitura, ela permitiria que o partido lançasse a candidatura dele. Está correta, assim, a alternativa A. A alternativa B está incorreta, pois Marina Silva é bem conhecida no meio político,sendo possível retomar, pelo contexto, de quem se trata, mesmo sem citar seu sobrenome. A alternativa C está incorreta, pois é comum que textos jornalísticos apenas tragam o nome do partido, sem especificar suas siglas, até mesmo porque estas são bem conhecidas. No caso, PSB é Partido Socialista Brasileiro. A alternativa D está incorreta, pois uma notícia relaciona-se ao seu momento de produção, assim, o cargo a ser disputado seria algo já em pauta no período, além de o texto exposto ser uma manchete, que deve ser curta e chamativa. A alternativa E está incorreta, pois o emprego do pronome “sua” não permite definir, com exatidão, de quem seria a candidatura. Portanto, essa seria apenas uma leitura – e que estaria incorreta, inclusive, pois a manchete se refere à candidatura de Marina Silva à presidência após a morte de Eduardo Campos. QUESTÃO 43 Atualmente, observa-se uma mudança, não apenas pelo rápido aumento do número de pessoas idosas, mas porque a maioria delas tem se mostrado corporalmente viva, com disponibilidade a participar de diferentes atividades em diversos setores, com desejo de progredir, com espaços abertos a novas experiências e convivências, enfrentando possíveis doenças crônicas com outros olhos, a fim de permitir substancial melhoria na qualidade de vida e sua inclusão social, gerando uma cultura positiva em relação à velhice. Dançar e resgatar a cultura já vivenciada em outros anos, criar espaços para promover a aprendizagem de novas culturas, sentindo o valor das emoções que emergem dos movimentos corporais sejam eles individuais, em duplas, trios, quartetos ou grandes grupos é uma das práticas mais benéficas para as pessoas acima de 65 anos. Discutir a dança como atividade física para os idosos nos remete a um universo complexo de linguagens, entre tantas outras formas de olhar para essa atividade física e artística. Como exemplo de trabalhos executados nessa linha de pensamento, temos as universidades da terceira idade, realidade em vários lugares do Brasil, que atendem essa população, promovendo discussões sobre o envelhecimento em diversas perspectivas, tais como: econômica, social, cultural, biológica, entre outras. BELO, A. Z.; GAIO, R. Dança para Idosos: resgate da cultura e da vida. Disponível em: <https://www.fef.unicamp.br>. Acesso em: 16 nov. 2022. [Fragmento adaptado] Para as autoras do artigo científico, a prática da dança pelos idosos pode A. substituir as experiências da juventude. B. aumentar as crises de doenças crônicas. C. enriquecer as vivências dessa fase da vida. D. resgatar as imagens positivas sobre a velhice. E. sobrecarregar as universidades da terceira idade. Alternativa C Resolução: De acordo com o artigo científico, a dança é uma atividade física benéfica para as pessoas acima de 65 anos, capaz de gerar uma cultura positiva em relação ao envelhecimento. Logo, é correta a alternativa C. A alternativa A é incorreta, pois a dança promove novas aprendizagens para os idosos. Além disso, não há no texto nenhum comentário sobre as experiências da juventude. A alternativa B é incorreta, pois a dança surge como uma alternativa de enfrentamento das doenças crônicas, melhorando a qualidade de vida das pessoas idosas. A alternativa D é incorreta, pois, de acordo com o artigo, a dança pode contribuir para a construção de imagens positivas sobre a velhice, uma vez que esse grupo precisa encarar uma série de estereótipos sobre essa fase da vida. A alternativa E é incorreta, pois as universidades da terceira idade surgem como espaços de acolhimento para a prática de atividades como a dança e o aprendizado de novas culturas. R3FM XBG9 LCT – PROVA I – PÁGINA 24 ENEM – VOL. 1 – 2023 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 44 Guatemala tem dia de protestos contra cortes na saúde e educação; manifestantes põem fogo no Congresso Um grupo de manifestantes ateou fogo no prédio do Congresso da Guatemala neste sábado (21), dia de protestos na capital do país contra o governo do presidente Alejandro Giammattei e contra cortes de gastos com saúde e educação no orçamento para o próximo ano. Os manifestantes entraram no prédio do Congresso e invadiram escritórios – como é sábado, todos estavam vazios. Alguns deles, na maioria encapuzados, colocaram fogo nas salas. Houve confronto com forças de segurança. Não há informação sobre feridos. Disponível em: <https://g1.globo.com>. Acesso em: 21 nov. 2020. [Fragmento] O gênero notícia é um texto cujo objetivo é informar um fato recente. O texto anterior relata a ocorrência de protestos na Guatemala, predominando em sua construção as tipologias A. argumentativa e expositiva. B. narrativa e argumentativa. C. descritiva e expositiva. D. expositiva e narrativa. E. injuntiva e descritiva. Alternativa D Resolução: Em notícias, de modo geral, a tipologia principal é a expositiva, cuja função é informar. Isso se faz notar no texto anterior pela apresentação direta e objetiva de fatos envolvendo os recentes acontecimentos na Guatemala. Além disso, a notícia também é composta pela tipologia narrativa, pois são relatados fatos situados no tempo e no espaço, envolvendo ainda personagens reais. Está correta, portanto, a alternativa D. As demais alternativas estão incorretas, pois a notícia não é composta predominantemente de nenhuma outra tipologia que não as duas citadas. A argumentação não se faz notar, pois o texto não expõe qualquer ponto de vista – e nem deveria, por se tratar de um texto supostamente imparcial. A injunção também não se faz presente, pois essa tipologia está associada a instruções, ordens e orientações. A tipologia descritiva, por sua vez, ocorre eventualmente nas notícias, pois a qualificação de personagens ou ambientes de acordo com suas características não é o foco do texto (na notícia em análise, há a descrição dos escritórios invadidos: “como é sábado, todos estavam vazios” e dos manifestantes: “na maioria encapuzados”). QUESTÃO 45 A escola deve aproveitar a competência comunicativa dos adolescentes que usam bem os gêneros digitais disponíveis na rede virtual para transformá-los em bons produtores de gêneros textuais valorizados na sala de aula e no mundo real. Para ilustrar como isso pode ser feito na prática, sugiro que o professor de Língua Portuguesa peça que os alunos construam ou tragam um texto produzido em um gênero digital com todas as abreviações e reduções que lhes são peculiares e, depois, o “traduzam” ou o retextualizem. Assim, eles poderão perceber no processo de transformação as diferenças entre os gêneros textuais e a necessidade de grafar as palavras de uma certa maneira, considerando o contexto situacional da produção daquele texto agora retextualizado. Impedir os adolescentes de usarem os gêneros digitais sob o pretexto de que prejudicam a aprendizagem da escrita “correta” é ignorar o fenômeno da variação linguística, é priorizar o ensino da forma em detrimento do conteúdo e transferir o fracasso metodológico do ensino da notação ortográfica para um fator externo à prática pedagógica que por si só não pode ser responsabilizado. XAVIER, A. C. Reflexões em torno da escrita nos novos gêneros digitais da internet. Disponível em: <https://periodicos.ufpe.br>. Acesso em: 2 nov. 2022. [Fragmento] Para ilustrar a ideia defendida, o autor do artigo científico apresenta uma proposta pedagógica para que os adolescentes A. retextualizem gêneros digitais, corrigindo as variações encontradas. B. comparem gêneros textuais, enfocando a variedade linguística brasileira. C. sejam internautas proficientes, dominando os gêneros digitais da atualidade. D. experimentem gêneros distintos, identificando a situação adequada para cada uso. E. abandonem as práticas comunicativas da internet, valorizando os contextos formais. Alternativa D Resolução: A alternativa correta é a D, pois o que o autor propõe é que, através da atividade sugerida, os alunos aprendam as especificidades de cada gênero de acordo com o contextocomunicativo, a fim de que eles compreendam o que é adequado, e o que não é, em cada situação comunicacional. A alternativa A é incorreta, pois o autor não defende que as marcas linguísticas dos gêneros digitais sejam erros. A alternativa B é incorreta, pois a atividade sugerida não se presta apenas à comparação, mas à transformação dos textos. A alternativa C é incorreta, pois, segundo o autor, os alunos já utilizam os gêneros digitais com proficiência. A alternativa E é incorreta, pois não é esperado que os jovens abandonem suas práticas digitas, apenas que eles dominem diferentes práticas letradas, compreendendo suas especificidades. U9NL CYA6 ENEM – VOL. 1 – 2023 LCT – PROVA I – PÁGINA 25BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO TEXTO I O Brasil possui mais de 45 milhões de brasileiros com algum tipo de deficiência. O levantamento é do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e corresponde a quase 25% da população do país. Mesmo com todo esse contingente de pessoas, ainda há muita discriminação. Esse preconceito é o capacitismo, que se refere às ações e expressões que inferiorizam essas pessoas. O termo é pautado na construção social de um indivíduo padrão perfeito, denominado como “normal”, que imputa às pessoas com alguma deficiência ao mesmo tempo um espectro de incapacidade para desempenhar atividades corriqueiras e de supercapacidade, quando estas mesmas ações são executadas. “Não é o fato de eu ser cega que me dificulta a vida. Quem institui a barreira que me coloca em desvantagem em relação à outra é a sociedade”, aponta a Doutora em Educação Martinha dos Santos. Santos observou que, muitas vezes, as pessoas dizem: “Olha, ele é cego, mas é casado. Essa conjunção adversativa exprime a contrariedade. Uma pessoa deficiente física não pode casar? Tenho o direito a ser igual quando a diferença me inferioriza e tenho o direito de ser diferente quando a igualdade me descaracteriza.”, conclui. Disponível em: <www.folhadelondrina.com.br>. Acesso em: 9 nov. 2022. [Fragmento adaptado] TEXTO II Disponível em: <www.cadetudo.com.br>. Acesso em: 9 nov. 2022. INSTRUÇÕES PARA A REDAÇÃO 1. O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado. 2. O texto definitivo deve ser escrito à tinta preta, na folha própria, em até 30 linhas. 3. A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número de linhas copiadas desconsiderado para a contagem de linhas. 4. Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que: 4.1. tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo considerada “texto insuficiente”; 4.2. fugir ao tema ou não atender ao tipo dissertativo-argumentativo; 4.3. apresentar parte do texto deliberadamente desconectada do tema proposto; 4.4. apresentar nome, assinatura, rubrica ou outras formas de identificação no espaço destinado ao texto. CCTM PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da Língua Portuguesa sobre o tema “A discriminação contra as pessoas com deficiência”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. TEXTOS MOTIVADORES TEXTO III Muitas vezes, o capacitismo linguístico surge nas gírias que usamos. O potencial de dano existe mesmo se as palavras não forem usadas contra uma pessoa com deficiência especificamente, mas ajuda a construir uma visão de mundo na qual ser uma pessoa com deficiência é negativo. Descrever alguém como “aleijado”, “incapacitado” é dizer que ele está “limitado”. Usar a deficiência como metáfora também é uma forma imprecisa de expressar o que realmente queremos dizer. A frase “se fazer de surdo”, por exemplo, perpetua estereótipos e, ao mesmo tempo, mascara a realidade da situação que descreve. Ser surdo é um estado involuntário, ao passo que as pessoas que “se fazem de surdas” diante de determinados apelos estão fazendo uma escolha consciente de ignorar essas solicitações. Rotulá-las como “surdas” as enquadra como passivas, ao invés de pessoas ativamente responsáveis por suas próprias decisões. Usar a deficiência para designar algo negativo ou inferior reforça atitudes e ações negativas e alimenta os sistemas mais amplos de opressão existentes. Disponível em: <www.bbc.com>. Acesso em: 9 nov. 2022. [Fragmento adaptado] TEXTO IV Outro exemplo de atitude capacitista é a construção de ambientes pautados em apenas uma experiência corporal considerada a normal, a desejável e a saudável, completa Simões, que é membro do Comitê Deficiência e Acessibilidade da Associação Brasileira de Antropologia. “Temos uma série de edifícios com portas de entrada, por exemplo, que dificultam o acesso de pessoas com cadeiras de rodas e pessoas com mobilidade reduzida. Construir uma entrada específica para pessoas com deficiência, por exemplo, é capacitista, uma vez que reconhece a especificidade do corpo, mas atribui a essa especificidade um valor negativo indicando que tal corpo não se encaixa no que é considerado normal e que todas as pessoas fazem.” Disponível em: <https://agenciabrasil.ebc.com.br>. Acesso em: 9 nov. 2022. [Fragmento] LCT – PROVA I – PÁGINA 26 ENEM – VOL. 1 – 2023 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO A proposta de redação orienta-se por uma temática geral: A DISCRIMINAÇÃO CONTRA AS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA Toda a coletânea apresenta informações referentes a esse tema e, de modo geral, também oferece elementos para que os alunos consigam problematizar seu enfoque. A proposição de um título não é obrigatória na redação do Enem, no entanto, caso os alunos decidam por dar um título a seu texto, a correção deve penalizar apenas aqueles que colocarem o tema como tal. Itens de correção de acordo com a grade Enem: I. Item destinado à avaliação da composição linguística do texto (uso da norma-padrão). São considerados os aspectos de domínio gramatical explorados na estruturação do raciocínio: concordância verbonominal, acentuação gráfica, ortografia, variedade vocabular, pontuação, entre outros recursos que, caso mal utilizados, devem ser penalizados. O aspecto linguístico deve ser considerado em função do conteúdo do texto. Desse modo, se o texto for claro, mas apresentar algumas falhas gramaticais que não prejudiquem o conjunto textual, elas devem ser penalizadas de forma moderada ou mesmo não ser penalizadas. • Para a obtenção de nota total nessa competência, são permitidos até dois erros linguísticos. Este item é avaliado em consonância com o item IV. II. Em um primeiro momento, é preciso que os alunos atentem para o tipo de texto solicitado: o dissertativo-argumentativo. Devem, portanto, mesclar essas suas duas condições: precisam progredir na exposição e no aprofundamento do tema ao mesmo tempo que usam as informações novas como conteúdo para seus argumentos na defesa de um determinado ponto de vista, sempre de maneira impessoal. Na compreensão do tema, é necessário que os alunos problematizem a situação abordada, que trata sobre a discriminação contra as pessoas com deficiência. O texto I, uma reportagem, apresenta uma definição sobre o capacitismo. O termo é utilizado para identificar as situações de discriminação às pessoas com deficiência, superestimando ou subestimando suas capacidades. O fragmento apresenta também o último dado do IBGE com o número de brasileiros com algum tipo de deficiência no Brasil, bem como o comentário da Doutora em Educação Martinha dos Santos. Cega, ela relata que não é sua deficiência que a desfavorece, mas o modo como a sociedade a observa. O texto II, uma charge, ilustra um caso de capacitismo. Um senhor se dirige para um homem na cadeira de rodas, dando boas-vindas à empresa, na função de guarita do estacionamento. Ao mesmo tempo, a pessoaem cadeira de rodas estende seu diploma, informando ao senhor que ele é Doutor em Economia. O texto III, uma reportagem, relata a presença do capacitismo linguístico, que contribui para reforçar a discriminação contra as pessoas com deficiência. De acordo com o texto, isso vale para o uso de expressões que nem sempre são dirigidas às pessoas com deficiência, mas são utilizadas para perpetuar estereótipos, como os termos “aleijado” e “incapacitado” para tratar das pessoas sofrendo alguma limitação. O texto IV, uma reportagem, traz um exemplo de atitude capacitista nas edificações, que não oferecem um acesso democrático a todas as pessoas, o que pode atribuir a esse grupo um valor negativo, pois elas não se encaixam naquilo que foi definido como “real”. • Sinalizar, na correção, a existência ou a ausência da tese de raciocínio. Caso não haja tese no texto dos alunos, este item deve ser penalizado com maior rigor: nota mínima ou zero. Penalizar também a presença de trechos longos que escapem às tipologias argumentativa e expositiva, como os de cunho narrativo. Este item é avaliado em consonância com o item III. III. Com relação à terceira habilidade avaliada, domínio da estrutura textual argumentativa, os alunos devem confirmar ou discutir sua tese por meio de estratégias argumentativas diversificadas, com certo grau de ineditismo e indícios de autoria, procurando fugir, ao menos parcialmente, de uma abordagem atrelada ao senso comum. No caso dessa proposta, podem ser utilizados os dados e as informações dos textos motivadores, cuidando para que não ocorra uma cópia destes. Tratando-se de um tema vinculado às demandas sociais, culturais, espaciais e econômicas, a argumentação deve levar a uma reflexão acerca da discriminação contra as pessoas com deficiência. Em um primeiro momento, podem-se mencionar alguns dos direitos assegurados às pessoas com deficiência no Brasil, como é o caso do Estatuto da Pessoa com Deficiência, que, desde 2015, visa garantir e promover exercícios dos direitos e das liberdades fundamentais, propondo a promoção de condição de igualdade. Além desse estatuto, a Lei de Cotas garante há mais de trinta anos a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho brasileiro. De acordo com essa lei, as empresas com cem ou mais empregados devem preencher uma parcela de seus cargos com pessoas com deficiência. Por fim, o há o plano da Política Nacional de Educação Especial (PNEE), que visa oferecer ensino equitativo, inclusivo e continuado. Apesar de todos esses avanços políticos, é necessário acrescentar que o tratamento dado às pessoas com algum tipo de deficiência no Brasil descumpre todos os propósitos de igualdade social e respeito às diferenças. Para isso, pode-se argumentar acerca da existência de um padrão compartilhado na sociedade brasileira que define o que seria uma pessoa considerada normal. Todos aqueles que não se encaixam dentro dessa perspectiva encontrarão dificuldades para a inserção plena na sociedade. A partir desse entendimento, pode-se definir, com apoio no texto I, o que é capacitismo e como essa prática pode reduzir as pessoas com deficiência a um estado de invalidez, impedindo o reconhecimento de todas as possibilidades desses indivíduos, criando barreiras na vida deles, que se veem apartados da sociedade. ENEM – VOL. 1 – 2023 LCT – PROVA I – PÁGINA 27BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO É possível incluir outros exemplos de atitudes capacitistas que são cometidas cotidianamente, tais como: considerar atividades corriqueiras realizadas pelas pessoas com deficiência como exemplos de superação, tratá-las de forma infantilizada, auxiliar uma pessoa com deficiência sem que ela peça ajuda, dirigir a palavra aos acompanhantes da pessoa com deficiência em vez de dirigir diretamente a ela. Pode-se mencionar o capacitismo no ensino, no qual muitas crianças com deficiência enfrentam barreiras para o acesso à educação. Na sala de aula, muitas delas não têm os exercícios adaptados para suas necessidades ou não são incluídas nas demais atividades. Além disso, o direito a intérprete ou acompanhante nem sempre é oferecido, dificultando o processo de aprendizagem desses alunos. A partir do texto II é possível apontar uma falsa inclusão oferecida por muitas empresas que, para cumprir a Lei de Cotas para as pessoas com deficiência, desconsideram a real capacidade dos indivíduos. Ou, ainda, o oferecimento de cargos nas empresas que exigem uma qualificação inferior à capacidade da pessoa. Com os textos III e IV, é possível mostrar que o capacitismo está impregnado na sociedade e vai além do contato direto com as pessoas com deficiência, ajudando a corroborar um imaginário negativo sobre aquelas pessoas que não se enquadram no perfil aceito socialmente. Pode-se mencionar a ausência de acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida, tanto nos espaços públicos quanto em suas residências. A partir das informações presentes no texto III, pode-se lembrar da existência de outros termos e de outras expressões que podem parecer inofensivos, mas que ajudam a reforçar a exclusão das pessoas com deficiência. Ainda com o texto IV, é possível levantar o capacitismo que ocorre quando a pessoa com deficiência é tratada como um problema, por causa da necessidade de acessibilidade. Isso ocorre, por exemplo, nos transportes urbanos, que nem sempre apresentam elevadores em funcionamento, bem como os espaços públicos que não oferecem rampas para facilitar o acesso de pessoas com mobilidade reduzida. • A ausência de problematização do enfoque deve ser penalizada com nota igual ou inferior a 50%. Este item deve ser avaliado em conexão com o item II, para que não haja penalização dupla dos mesmos problemas. IV. Na quarta habilidade, domínio da estrutura linguístico-semântica, os alunos devem demonstrar uso coerente de sequências discursivas, especialmente no que diz respeito às cadeias coesivas construídas no texto, com o auxílio de determinadas ferramentas da norma-padrão: pontuação, conectores, entre outros. As relações coesivas devem ser avaliadas entre as sentenças e entre os parágrafos. • Este item deve ser avaliado em conexão com o item I, para que não haja penalização dupla dos mesmos problemas. V. Na quinta habilidade avaliada, proposta de intervenção, os alunos devem propor estratégias para solucionar as situações-problema apresentadas ao longo do texto. Nesse sentido, deve haver detalhamento e variedade nas propostas apresentadas. Com relação ao tema em questão, devem ser apontadas medidas para solucionar os desafios citados na argumentação. É esperado que a proposta de intervenção apresente cinco elementos estruturantes: ação (o que deve ser feito); agente (quem realizará); meio / modo (como a ação será concretizada ou por meio de que instrumento); finalidade (para que a ação será feita); detalhamento. Considerando esses aspectos, pode-se sugerir que a promoção de um ambiente acessível a todos os cidadãos e livre de discriminação contra as pessoas com deficiência é responsabilidade do poder público e de toda a sociedade. Considerando a existência de direitos assegurados para as pessoas com deficiência, faz-se necessária a construção de uma nova maneira de compreensão e de relacionamento com as múltiplas experiências dos corpos compartilhando o espaço social. É papel do poder público a fiscalização e o cumprimento dessas garantias. No caso dos edifícios públicos e vias urbanas, é imprescindível a eliminação de qualquer barreira arquitetônica que impeça a mobilidade de todos os cidadãos. Por exemplo, projetar entradas únicas, capazes de contemplar todas as pessoas, é uma medida simples e eficiente. Também deve ser responsabilidade do poder público o investimento em tecnologias assistivas que contribuam para a melhor qualidade de vida da pessoa com deficiência. A informação e o respeito devem ser palavras incentivadoras na transformação de atitude em relação à inclusão da pessoa com deficiência. Asempresas, ao contratarem essas pessoas, devem garantir condições para que elas permaneçam no ambiente de trabalho, além de oferecer a possibilidade de desenvolvimento profissional de acordo com as necessidades do contratado. Os meios de comunicação e culturais devem retratar pessoas com deficiência como cidadãos ativos dentro da sociedade, sem reforçar estereótipos ou defini-los como heroicos e guerreiros por suas condições. Também é necessário oferecer visibilidade às pessoas com deficiência, abrindo espaço para que essas pessoas que têm militado contra o capacitismo possam ajudar a transformar a relação entre elas e a sociedade, como Letícia Guilherme, Mariana Torquato e Victor Di Marco, MC Billy Saga e a Pequena Lo, por exemplo. Pequenas práticas inclusivas também podem ser adotadas no ambiente digital, como o uso de manuais de linguagem inclusiva na internet ou o Teclado Anti Preconceito, aplicativo desenvolvido com a ajuda do linguista Thomas Daniel Finbow com sugestões de substituições para expressões preconceituosas. • A intervenção proposta pelos alunos deve estar em conformidade com a tese e a argumentação desenvolvidas ao longo do texto. Do contrário, deve haver penalização. LCT – PROVA I – PÁGINA 28 ENEM – VOL. 1 – 2023 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 46 a 90 QUESTÃO 46 A fábrica global instala-se além de toda e qualquer fronteira, articulando capital, tecnologia, força de trabalho, divisão do trabalho social e outras forças produtivas. Acompanhada pela publicidade, a mídia impressa e eletrônica, a indústria cultural, misturadas em jornais, revistas, livros, programas de rádio, emissões de televisão, videoclipes, fax, redes de computadores e outros meios de comunicação, informação e fabulação, dissolve fronteiras, agiliza os mercados, generaliza o consumismo. Provoca a desterritorialização e reterritorialização das coisas, gentes e ideias. Promove o redimensionamento de espaços e tempos. IANNI, O. Teorias da Globalização. Rio de Janeiro: Editora Civilização, 2002. [Fragmento] A metáfora acerca da “fábrica global” representa um fenômeno caracterizado, entre outros aspectos, pelo(a) A. fortalecimento do poder dos Estados Nacionais, que participam mais ativamente da regulação de oferta e demanda. B. redução das trocas comerciais, que ocorrem em associações econômicas e acordos para a unificação dos mercados. C. aumento dos custos de produção das empresas globais, que são afetadas pelo estreitamento das relações comerciais. D. formação de dois blocos oponentes de países, que são definidos por diferentes formas de governo e política econômica. E. desenvolvimento das tecnologias de telecomunicação e transporte, que compõem fluxos de capitais, informações e pessoas. Alternativa E Resolução: As transformações e o desenvolvimento tecnológico, especialmente da informática, telecomunicações e transportes, estruturaram redes e fluxos mais intensos, provocando mudanças nas formas de produzir e consumir, conforme apresentado no texto-base. A alternativa A está incorreta porque o fenômeno da globalização é caracterizado pela maior mobilidade internacional das empresas, cujas atividades intensificam a circulação de mercadorias, capitais e pessoas. Ao mercado é atribuído o papel de regulador dos preços pela lei da oferta e procura. Além disso, a formação de blocos econômicos de certa forma relativiza o poder dos Estados para o bem comum dos membros. A alternativa B está incorreta, pois as trocas comerciais aumentaram com a globalização e a existência de blocos, acordos e associações para o comércio. A alternativa C está incorreta porque o deslocamento das empresas é facilitado pelas tecnologias de telecomunicação e transporte, que diminuem as distâncias, e motivado pelas vantagens comparativas que certos países oferecem, de maneira a reduzir os custos de produção, como mão de obra mais barata e os benefícios fiscais. A alternativa D está incorreta, pois descreve o mundo bipolar da Velha Ordem Mundial, que caiu com o fim da União Soviética. CF4P QUESTÃO 47 Os egípcios embalsamam seus mortos, os romanos os queimam, os peônios os lançam nos pântanos. Os persas permitem que os filhos se casem com as mães; os egípcios, que os irmãos se casem com suas irmãs; a lei grega o proíbe. Quantas diferenças entre as diversas religiões, entre as opiniões dos filósofos, entre as narrativas dos poetas! Portanto, pode-se dizer que os homens pensaram sobre este ou aquele ponto o que lhes pareceu verdadeiro, não o que é verdadeiro. BROCHARD, V. Os céticos gregos. São Paulo: Odysseus, 2009. p. 265. Ao destacar a multiplicidade de crenças, o autor defende uma perspectiva que dialoga com a A. autonomia dos povos antigos. B. exaltação do discurso racional. C. validação quanto ao saber dogmático. D. dúvida sobre o conhecimento verdadeiro. E. imposição em relação aos valores ocidentais. Alternativa D Resolução: Ao explicitar a diversidade de crenças sem realizar juízos de valor sobre cada uma delas, o texto destaca o princípio cético da dúvida sobre a noção da existência de uma verdade única e universal. Desse modo, a alternativa correta é a D. A alternativa A está incorreta, pois a multiplicidade de crenças é um elemento presente em toda a história. Assim, o foco do trecho não é restrito ao elogio de um determinado período. A alternativa B está incorreta, pois o texto-base trata sobre costumes culturais, não discursos racionais em si. A alternativa C está incorreta porque o enxerto justamente critica uma postura dogmática do saber. A alternativa E está incorreta, já que a questão não trabalha com o Período Colonial ou Imperialista. Ela versa sobre a noção do conhecimento em si. QUESTÃO 48 TEXTO I Palestra de eugenia na feira pública AMERICAN PHILOSOPHICAL SOCIETY / SCIENCE PHOTO LIBRARY. Eugenics lecture at public fair, 1920s. TEXTO II Um indivíduo para casar-se terá de sujeitar-se a uma minuciosa análise do seu registro e da sua própria pessoa; só depois da folha corrida, fornecida pela repartição genealógica e do atestado de sanidade, terá o honroso direito ao casamento prolífico. Sim, prolífico, porque os indivíduos considerados inaptos à procriação terão apenas direito aos prazeres do hymeneu, quando previamente submetidos à esterilização. KEHL, R. Lições de Eugenia. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Francisco Alves, 1929. LRRU PGQS ENEM – VOL. 1 – 2023 CH – PROVA I – PÁGINA 29BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Analisando as ideias expostas nos textos, a proposta eugênica apresenta uma abordagem de: A. Determinismo genético do comportamento social. B. Capacitação individual da autonomia educacional. C. Cooperativismo local das funções produtivas. D. Conversão coletiva da doutrina religiosa. E. Maniqueísmo ético da conduta humana. Alternativa A Resolução: A questão apresenta dois textos-base que abordam aspectos da doutrina eugenista, corrente de pensamento proeminente no início do século XX. O enunciado questiona qual das alternativas indica o tipo de abordagem da proposta eugênica, de acordo com os textos. A alternativa correta é a A, pois, como deixam claros os textos-base, a eugenia apresenta uma abordagem determinística biológica para o comportamento social. A alternativa B está incorreta porque os textos não abordam capacitação individual. A alternativa C está incorreta porque os textos não tratam das funções produtivas. A alternativa D está incorreta porque a doutrina eugênica não é religiosa, mas ideológica. A alternativa E está incorreta porque não há maniqueísmo ético da conduta humana, mas de determinação genética da conduta humana. QUESTÃO 49 De fato, o imaginário atlântico, na permanente oscilação [...] perante a realidade oceânica, define-se agora a rota da navegação imaginária, torna-se a via de acesso ao Éden. Para muitos, pode muito bem ser o ponto onde deságuam alguns dos riosdo Paraíso. Seria como Amaro, o castelo com cinco torres, “e a cada uma destas torres saía um rio e entrava no mar cada um por si?”. Cadamosto parece assim pensar da foz do Senegal, e o mesmo do Orenoco. FONSECA, L. A. O imaginário dos navegantes portugueses dos séculos 15 e 16. Estudos Avançados, [S. l.], v. 6, n. 16, p. 35-51, 1992. Disponível em: <www.revistas.usp.br>. Acesso em: 15 dez. 2022 (Adaptação). O texto revela um dos aspectos presentes no processo de Expansão Marítima no período moderno, que se baseou, entre outros aspectos, na A. modernização tecnológica com o aprimoramento náutico. B. concepção fantástica de conquista do maravilhoso. C. reformulação teórica do conhecimento geográfico. D. confirmação idílica com a chegada na América. E. rejeição aventureira do legado ancestral. Alternativa B Resolução: O texto aborda o aspecto do imaginário em relação ao desconhecido no contexto de Expansão Marítima no Período Moderno. Esse imaginário traz a ideia do “maravilhoso”, no qual são enaltecidas a natureza exuberante, a promessa de riquezas, entre outros. A Expansão Marítima possibilitaria a conquista do “maravilhoso”, que muitas vezes associava as opulentes terras distantes ao aspecto divino, dessa forma, alimentando o imaginário fantástico, o que vai ao encontro da alternativa B. DVXO A alternativa A está incorreta, pois, embora a modernização tecnológica fosse um aspecto presente no contexto expansionista, não foi abordada no texto. A alternativa C também está incorreta, pois, embora nesse contexto se tenha uma reformulação das noções geográficas, bem como o desenvolvimento teórico desse campo do conhecimento, não é o aspecto tratado no texto. Contrariamente ao indicado na alternativa D, não se tem essa confirmação idílica. Essa concepção fantástica era um aspecto presente no imaginário europeu, não se tratando, portanto, de uma realidade. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois o espírito aventureiro fez parte desse contexto, bem como impulsionou diversas empreitadas por meio da inspiração gerada por viajantes anteriores, como Marco Polo, entre outros. QUESTÃO 50 Altura (ângulo com a horizontal) do Sol ao meio-dia Equinócio de outono Solstício de inverno Equinócio de primavera Solstício de verão 21 / Março 22 / Junho 23 / Setembro 22 / Dezembro JAN 85 80 75 70 65 60 55 50 45 40 35 A ltu ra (g ra us ) FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ BOCKZO, R.; ORTIZ, R. O movimento aparente do Sol e as estações do ano. Disponível em: <http://each.uspnet.usp.br>. Acesso em: 23 nov. 2022. O gráfico mostra a variação anual do ângulo de incidência dos raios solares sobre uma determinada cidade, cuja posição latitudinal está localizada entre o A. Trópico de Capricórnio e o Círculo Polar Antártico. B. Trópico de Câncer e o Trópico de Capricórnio. C. Trópico de Capricórnio e a Linha do Equador. D. Trópico de Câncer e o Círculo Polar Ártico. E. Trópico de Câncer e a Linha do Equador. Alternativa A Resolução: Devido ao movimento de translação da Terra e à inclinação do eixo do planeta, os raios solares incidem de forma perpendicular sobre a superfície, formando um ângulo de 90°, em algum momento do ano, apenas nas localidades situadas entre o Trópico de Câncer (23° 27’ N) e o Trópico de Capricórnio (23° 27’ S). Na localidade representada no gráfico, em nenhuma época do ano, o Sol incide de forma perpendicular, o que demonstra que está localizada fora da zona intertropical do planeta, tornando incorretas as alternativas B, C e E. Em 22 de dezembro, ocorre o solstício de verão no Hemisfério Sul, que corresponde à data em que os raios solares incidem de forma perpendicular sobre o Trópico de Capricórnio. Portanto, a localidade representada no gráfico está situada no Hemisfério Meridional e um pouco ao sul do Trópico de Capricórnio, visto que, em 22 de dezembro, recebe os raios solares com uma inclinação levemente inferior a 90°. Assim, a alternativa correta é a opção A, que indica que a posição latitudinal da cidade está entre o Trópico de Capricórnio e o Círculo Polar Antártico. A alternativa D está incorreta, pois indica uma localização correspondente ao Hemisfério Norte. HKWN CH – PROVA I – PÁGINA 30 ENEM – VOL. 1 – 2023 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 51 Disponível em: <https://historiollando.blogspot.com>. Acesso em: 28 nov. 2022. As rotas marítimas dos navegadores espanhóis indicadas no mapa foram impulsionadas, entre outros fatores, pelo(a) A. crença na ideia de esfericidade do planeta Terra. B. disputa pelas áreas recém-descobertas na América. C. desejo de controlar antigos caminhos para o Oriente. D. inviabilidade de se alcançar as Índias pela costa africana. E. interesse em integrar as várias vias comerciais com o Oriente. Alternativa A Resolução: O mapa apresenta as rotas de navegação de Cristóvão Colombo e Fernão de Magalhães, que viajaram a serviço da Coroa espanhola, no final do século XV e início do século XVI, respectivamente, com o objetivo de alcançar as Índias. Diferentemente das rotas empreendidas pelos portugueses, que buscavam chegar ao Oriente navegando para o leste, por meio do périplo africano, as rotas de navegação espanhola buscavam alcançar o mesmo objetivo navegando para o oeste, dando a volta ao redor do mundo, pois acreditavam na esfericidade da Terra. Portanto, a alternativa A está correta. A alternativa B está incorreta, pois apenas com a chegada de Colombo à América, em 1492, é que se tem início a disputa pelas terras do “Novo Mundo”. A alternativa C também está incorreta, pois, até então, não havia registros que indicassem que os europeus tivessem alcançado as Índias navegando para oeste, por meio da circum-navegação da Terra. Contrariamente ao indicado na alternativa D, apesar de todos os desafios encontrados, os portugueses, liderados por Vasco da Gama, chegaram às Índias em 1498, partindo da Europa e contornando o continente africano. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois, com as navegações representadas no mapa, a Coroa espanhola buscava uma rota alternativa às já existentes para o comércio das especiarias orientais. QUESTÃO 52 Está se instalando no mundo um ambiente desglobalizante. A globalização já não está em alta como em períodos anteriores. As guerras comerciais não são apenas entre os Estados Unidos e a China, elas superam as duas superpotências e chegam à Europa. A nova diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, a búlgara Kristalina Georgieva, alertou que a escalada protecionista ameaça causar efeitos de longo prazo que poderiam frear a economia durante toda uma geração. Além disso, há questionamentos perguntando o que aconteceu com as previsões de que a liberalização comercial e a globalização das finanças fariam a economia crescer e melhorariam o nível de vida de todos. Disponível em: <https://brasil.elpais.com> Acesso em: 8 set. 2020 (Adaptação). Além das evidências citadas no texto, outro processo atual que aponta para a ocorrência de uma tendência de “desglobalização” é o(a) A. emergência de nacionalismos e de movimentos anti-imigração. B. fortalecimento de organizações internacionais multilaterais. C. padronização mundial de hábitos culturais e de consumo. D. surgimento de novos blocos econômicos regionais. E. expansão mundial das empresas transnacionais. REDA TVU9 ENEM – VOL. 1 – 2023 CH – PROVA I – PÁGINA 31BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa A Resolução: A desglobalização tende a reduzir a integração entre os países no cenário global. Uma das formas pelas quais esse processo tem se manifestado é através da emergência de nacionalismos e de tendências anti-imigração, que provocam o isolacionismo, a adoção de medidas protecionistas e a intensificação das restrições para a circulação de pessoas entre as fronteiras dos países. A alternativa B está incorreta, pois a desglobalização leva ao contrário, que é o enfraquecimento das organizaçõesmultilaterais. As alternativas C, D e E estão incorretas, pois apontam tendências do processo de globalização. QUESTÃO 53 Logo depois da revolta liderada por Euno, na Ásia Menor, eclodira uma revolta de escravos liderada por um homem chamado Aristônico. [...] As crises políticas e as guerras externas, que criavam uma conjuntura favorável, somavam-se ao processo de consolidação do modo de produção escravista, com a sua expansão, no modelo de escravo-mercadoria, de maneira nunca antes vista, com milhares de escravos sendo integrados à produção, cativos trazidos de várias partes do mundo mediterrânico, uma realidade econômica e social que se confrontava com um sistema político que não atendia mais às exigências de seu tempo. ROSSI, R. A. As revoltas de escravos na Roma Antiga e o seu impacto sobre a ideologia e a política da classe dominante nos séculos II a.C. a I d.C. Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2011. p. 134 (Adaptação). Os aspectos descritos no texto, como as insurreições na Roma republicana, determinaram, no século I a.C., a A. extensão da cidadania romana. B. implantação do regime imperial. C. ampliação da participação política. D. viabilização da renovação democrática. E. manutenção da ordem socioeconômica. Alternativa B Resolução: As inúmeras revoltas sociais no final do período republicano, sobretudo as revoltas de escravos – as chamadas guerras servis – evidenciaram os conflitos de cunho socioeconômico e colocaram em xeque a própria estrutura republicana, o que invalida a alternativa E. Os grupos revoltosos defendiam a adoção de políticas de redistribuição das terras públicas (em expansão durante toda a fase republicana devido às guerras externas), a fundação de novas colônias e o fim da escravidão, regime que submetia prisioneiros de guerra a um tratamento desumano. As classes políticas dominantes, temerosas de adotar concessões que ameaçassem seus privilégios no enfrentamento das insurreições, optou pelo emprego da força militar e o fortalecimento do Exército romano, que já vinha sendo beneficiado pela expansão territorial. Nesse sentido, Roma assistiu à ascensão do autoritarismo e da centralização dos poderes nas mãos dos generais do Exército, que, no ano 31 a.C., levou à adoção de um novo sistema político: o Império Romano, o que torna a alternativa B correta e invalida a alternativa D. HGZZ Assim, as revoltas de escravos fizeram parte de um contexto maior de lutas sociais que foram reprimidas com limitação da cidadania romana, e da participação na vida política e democrática, o que invalida as alternativas A e C. QUESTÃO 54 TEXTO I O termo “revolução” passa a ser associado a rupturas e transformações, e é sem dúvida um produto linguístico da nossa modernidade. KOSELLECK, R. O conceito moderno de Revolução. In: Futuro Passado: contribuição à semântica dos tempos históricos. Rio de Janeiro: Contraponto, 2008 (Adaptação). TEXTO II Quando a necessidade de expansão das forças produtivas de uma dada formação social choca-se com as estruturas econômicas, sociais e políticas vigentes, estas começam a se desintegrar, para dar lugar a uma nova estrutura, já anunciada nos elementos contraditórios da sociedade que se extingue. QUINTANEIRO, T.; BARBOSA, M. L. O.; OLIVEIRA, M. G. Um toque de Clássicos: Marx, Durkheim e Weber. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003. A concepção de revolução proposta nos textos fundamenta-se no vínculo entre A. ciência e linguagem. B. conflito e transformação. C. modernidade e subversão. D. ruptura e assistencialismo. E. industrialização e ideologia. Alternativa B Resolução: A questão apresenta dois textos-base que abordam o tempo da revolução, destacando os aspectos de transformação e rupturas que são característicos de períodos revolucionários. O enunciado da questão pergunta qual das alternativas demonstra corretamente características que se vinculam às revoluções. A alternativa correta é a B, uma vez que as características de conflito e transformação são marcantes das revoluções e são destacadas no texto. A alternativa A está incorreta porque a linguagem é usada apenas como forma de exemplificação no texto I, não acarretando vínculo específico com a revolução. As demais alternativas estão incorretas porque revoluções não estão diretamente ligadas à modernidade (C); assistencialismo (D) ou industrialização (E). QUESTÃO 55 No tempo das mitas, é lastimável ver os índios, de cinquenta em cinquenta e de cem em cem, presos como malfeitores, com cordas e argolas de ferro; e as mulheres, os filhos e parentes se despedindo dos templos, deixando fechadas suas casas e os seguindo, dando alaridos aos céus, desgrenhando os cabelos, cantando em sua língua tristes canções e lamentos lúgubres, despedindo-se deles, sem esperança de voltar a vê-los, porque ali ficam e morrem infelizmente, nos socavões e labirintos de Huancavelica. AK5U DSRQ CH – PROVA I – PÁGINA 32 ENEM – VOL. 1 – 2023 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Vendem suas mulas, empenham suas roupas e, o pior de tudo, alugam suas filhas e mulheres aos proprietários das minas, aos soldados e mestiços, de 50 a 60 pesos, na tentativa de se verem livres do trabalho nas minas. SALINAS Y CÓRDOVA, B. In: GERAB, K.; RESENDE, M. A. C. (Org.). A rebelião de Túpac Amaru. São Paulo: Brasiliense, 1987. p. 12. O texto do Frei Buenaventura de Salinas, escrito no século XVII, denuncia uma relação de trabalho estabelecida na América Espanhola, caracterizada pela A. imposição do pagamento de tributos na forma de um ofício danoso aos indígenas. B. exploração da mão de obra dos indígenas por meio de atividades sem remuneração. C. escravidão da população indígena nas atividades econômicas desenvolvidas na colônia. D. obrigação dos povos nativos de prestarem serviços aos espanhóis em troca de proteção. E. conversão forçada dos indígenas que resistiam ao processo de colonização da América. Alternativa A Resolução: A) CORRETA – A mita, citada no texto, se orientava pela exploração temporária do trabalho de certo número de nativos. Estes eram escolhidos por meio de um sorteio, sendo remunerados com recursos de subsistência e moedas, o que era fundamental para manter o pagamento de tributos ao Estado e à Igreja. B) INCORRETA – A mita, como mencionado anteriormente, era um trabalho remunerado. C) INCORRETA – A mita é considerada um trabalho compulsório, mas os nativos não eram considerados uma mercadoria que poderia ser comercializada. Portanto, a mita não se confunde com a escravidão. D) INCORRETA – A exploração dos nativos por um espanhol que se apresentava como protetor caracterizava o sistema de encomienda, e não a mita. E) INCORRETA – A mita não está relacionada diretamente à conversão indígena, como no caso da encomienda. QUESTÃO 56 Trocando em miúdos: em vez de homogeneizar a condição humana, a anulação tecnológica das distâncias temporais / espaciais tende a polarizá-la. Ela emancipa certos seres humanos das restrições territoriais e torna extraterritoriais certos significados geradores de comunidade – ao mesmo tempo que desnuda o território, no qual outras pessoas continuam sendo confinadas, do seu significado e da sua capacidade de doar identidade. Para algumas pessoas, ela prediz uma liberdade sem precedentes face aos obstáculos físicos e uma capacidade incrível de se mover e agir à distância. Para outras, pressagia a impossibilidade de domesticar e se apropriar da localidade da qual têm pouca chance de se libertar para mudar-se para outro lugar. BAUMAN, Zygmunt. Globalização: as consequências humanas. Rio de Janeiro: Zahar, 1999. p. 25 (Adaptação). 3GLK De acordo com a perspectiva apresentada no trecho extraído do livro de Zygmunt Bauman sobre a globalização, são efeitos contraditórios desse processo: A. A inserção dos países periféricos como atores da economia global e a liberalização do mercado internacional.B. A democratização das tecnologias com a inclusão digital e o aumento das vendas de smartphones no mundo. C. O deslocamento internacional de pessoas facilitado pelo avanço tecnológico dos meios de transportes e as restrições à imigração. D. A redução das desigualdades regionais com os blocos econômicos e o desenvolvimento econômico dos países emergentes. E. A circulação de capital por meio das novas tecnologias de informação e comunicação, e o domínio de alta tecnologia pelos países em desenvolvimento. Alternativa C Resolução: Para resolver corretamente a questão, é preciso identificar um par contraditório do processo de globalização. A integração entre os países nesse processo é caracterizada pelo avanço tecnológico dos meios de transportes e de comunicação (“a anulação tecnológica das distâncias temporais / espaciais”). Ao mesmo tempo, a desigualdade, a injustiça e a pobreza (polarização) são capazes de deslocar fluxos populacionais intensos contra os quais os países, sobretudo os desenvolvidos, se resguardam, restringindo sua entrada. A alternativa A está incorreta porque os países pobres têm uma participação pouco significativa na economia global e o mercado internacional tem protecionismos por meio dos quais os países protegem seus mercados internos. A alternativa B está incorreta, pois a inclusão digital e o aumento das vendas de smartphones não são contraditórios. A alternativa D está incorreta porque há uma tendência de redução da desigualdade entre os países membros de um bloco, contudo, entre as grandes regiões do globo, as disparidades permanecem. A alternativa E está incorreta, pois a produção de alta tecnologia é controlada pelas economias desenvolvidas. A globalização é um processo desigual e alguns países detêm mais tecnologia do que outros – por isso, são mais globalizados do que outros. QUESTÃO 57 Daquilo em que devemos crer, não duvidemos por nenhuma falta de fé; daquilo que devemos compreender, nada afirmemos temerariamente: no primeiro caso, havemos de nos manter fiéis à autoridade; no segundo, havemos de procurar a verdade. Quanto à questão presente, acreditemos que o Pai e o Filho e o Espírito Santo são um só Deus, que criou e governa todas as coisas; que o Pai não é o Filho, e que o Espírito Santo não é o Pai nem o Filho, mas são Trindade de Pessoas em relação mútua, e são unidade na igualdade da essência. AGOSTINHO, S. De Trinitate – Livros IX e XIII. Covilhã: Universidade da Beira Interior, 2008. p. 42. 9W8J ENEM – VOL. 1 – 2023 CH – PROVA I – PÁGINA 33BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO O texto exprime uma construção discursiva que se caracteriza como A. senso comum. B. linguagem mítica. C. raciocínio filosófico. D. decadência cultural. E. conhecimento religioso. Alternativa E Resolução: O trecho da questão trabalha com a apresentação da compreensão cristã sobre a Santíssima Trindade. Desse modo, a alternativa correta é a E. A alternativa A está incorreta, já que esse é um texto técnico sobre um aspecto de certa crença religiosa. A alternativa B está incorreta, pois o texto se encaixa no período cristão, não mítico. A alternativa C está incorreta porque embora Agostinho utilize a religião em sua doutrina filosófica, o texto em si não trabalha diretamente com uma justificava argumentativa- -racional sobre determinado aspecto da religião ou do mundo. Nele, o autor estritamente apresenta um elemento de sua crença. A alternativa D está incorreta, pois não há juízo de valor sobre a ideia expressa. QUESTÃO 58 TEXTO I Os fusos horários do Brasil Disponível em: <www.poder360.com.br>. Acesso em: 21 nov. 2022 (Adaptação). TEXTO II Nas eleições de 2022, as seções eleitorais foram abertas às 8h e encerraram os trabalhos às 17h pelo horário de Brasília, desde que não houvesse eleitores na fila. Como consequência, estados com fuso horário diferente da capital federal tiveram de se adequar à medida. Disponível em: <www.cnnbrasil.com.br>. Acesso em: 21 nov. 2022 (Adaptação). EPKS Nas eleições realizadas em 2022, os eleitores das seções eleitorais do estado do Acre puderam registrar seus votos a partir de que horas no fuso horário local? A. 5h B. 6h C. 7h D. 8h E. 10h Alternativa B Resolução: O fuso do estado do Acre corresponde ao GMT –5 e o de Brasília corresponde ao GMT –3. Portanto, as duas localidades apresentam uma diferença horária de 2 horas, sendo o fuso do Acre atrasado em relação ao de Brasília, visto que esse estado está situado a oeste da capital federal. Nas eleições de 2022, as seções eleitorais foram abertas às 8 horas de acordo com o horário de Brasília. Assim, no estado do Acre, a votação foi iniciada a partir das 6 horas. A alternativa A está incorreta, pois aponta um horário para o início da votação caso o fuso acreano estivesse 3 horas atrasado em relação ao fuso horário oficial do Brasil. A alternativa C está incorreta, pois aponta o horário em que a votação foi iniciada nas localidades situadas no fuso de Cuiabá (GMT –4). A alternativa D está incorreta, pois, às 8 horas, as seções eleitorais foram abertas nos estados situados no próprio horário de Brasília. A alternativa E está incorreta, pois indica um horário para o início da votação caso o Acre tivesse um fuso adiantado em duas horas em relação ao horário de Brasília. QUESTÃO 59 O ponto de partida é certamente o espanto (Thaumazein), pois significa simplesmente que se questiona o óbvio, mas que ele é aceito precisamente enquanto óbvio. HELLER, A. A Filosofia Radical. São Paulo: Brasiliense, 1983. p. 20. [Fragmento adaptado] O conceito filosófico definido pelo autor se relaciona com o(a) A. necessidade de questionar a tradição. B. futilidade em investigar a natureza. C. tendência a aderir ao dogmatismo. D. estímulo para cultivar a Filosofia. E. ironia dos objetos da metafísica. Alternativa D Resolução: O espanto ou a admiração diante dos eventos do mundo é considerado, na Antiguidade, o elemento central de estímulo para o cultivo da Filosofia. Desse modo, a alternativa correta é a D. A alternativa A está incorreta, já que o espanto é mais do que questionar a explicação data pela tradição. Mas seu núcleo é gerar o incomodo ou motivação inicial para investigar sobre os mais diversos assuntos, sejam as crenças da tradição, seja o evento em si. A alternativa B está incorreta, pois o espanto é um chamado e valorização da investigação. A alternativa C está incorreta, já que do chamado para a investigação não decorre a adesão ao dogmatismo. A alternativa E está incorreta, pois o trecho apresenta de modo positivo o conceito do espanto / admiração. NI1G CH – PROVA I – PÁGINA 34 ENEM – VOL. 1 – 2023 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 60 Distrito Federal Disponível em: <https://brasilcc.blogspot.com>. Acesso em: 1 nov. 2022 (Adaptação). No mapa, as coordenadas geográficas têm o papel de A. informar o significado dos símbolos usados. B. mostrar os limites político-administrativos. C. evidenciar as distorções cartográficas. D. indicar referenciais para a localização. E. representar o grau de declividade. Alternativa D Resolução: As coordenadas geográficas possibilitam a localização de cada ponto da superfície e são obtidas pela interseção entre um meridiano e um paralelo. Os meridianos são linhas imaginárias que cortam a Terra no sentido norte-sul, ligando um polo ao outro, e indicam a longitude de uma localidade, que corresponde a sua distância do Meridiano de Greenwich (0°). Os paralelos são linhas imaginárias que circulam a Terra no sentido leste-oeste e indicam a latitude de uma localidade, que corresponde a sua distância da Linha do Equador (0°). No mapa, a representação dessas linhas imaginárias fornece referenciais para identificar a localização do Distrito Federal, que está situado nas imediações das longitudes de 47° 30’ O e 48° O e da latitude de 15° 45’ S. A alternativa A está incorreta,pois na legenda do mapa é que são apresentados os significados dos símbolos usados. A alternativa B está incorreta, pois os limites político-administrativos são representados cartograficamente por linhas, muitas vezes de traçado irregular, que mostram as divisões entre cidades, estados, países ou outras organizações políticas. A alternativa C está incorreta, pois as distorções presentes em um mapa estão relacionadas ao tipo de projeção cartográfica usado em sua elaboração. A alternativa E está incorreta, pois, em um mapa, as variações da altitude do terreno são representadas por meio de curvas de nível. GM8A QUESTÃO 61 Começarei por um pensamento do velho Catão, a quem muito amei e admiro singularmente. Costumava dizer que nossa superioridade política tinha como causa o fato de que os outros Estados nunca tiveram, senão isolados, seus grandes homens, que davam leis à sua pátria de acordo com seus princípios particulares; Minos em Creta, Licurgo na Lacedemônia, e, em Atenas, teatro de tantas revoluções, Teseu, Drácon, Sólon, Clístenes e tantos outros, até que para reanimar o seu desalento e debilidade achou Demétrio, o douto varão de Falero; nossa República, pelo contrário, gloriosa de uma longa sucessão de cidadãos ilustres, teve para assegurar e afiançar seu poderio, não a vida de um só legislador, mas muitas gerações e séculos de sucessão constante. CÍCERO, M. T. Da República. Tradução de Amador Cisneros. 2. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1980. p. 137. (Os Pensadores). De acordo com o texto, o cônsul Catão sustentava que a República Romana tinha como fundamento a A. constituição de um Estado popular. B. aversão à atuação dos legisladores. C. violação dos preceitos aristocráticos. D. descentralização dos órgãos políticos. E. construção coletiva baseada no Senado. Alternativa E Resolução: No texto, destaca-se que a República Romana não foi obra de um legislador ou de um herói mítico, mas o resultado de uma lenta elaboração. Isso significa que as instituições foram se estabelecendo e se aperfeiçoando no decorrer do tempo a partir das demandas da sociedade, sem interferências de líderes isolados ou de interesses particulares. Assim, a formação republicana foi coletiva, por meio do Senado: a “nossa República, pelo contrário, gloriosa de uma longa sucessão de cidadãos ilustres”, o que torna correta a alternativa E. A alternativa A está incorreta, pois não se pode afirmar que a República Romana se tratava de um Estado popular, mesmo porque a cidadania era restrita e, portanto, um número pequeno de indivíduos era considerado cidadão e podia participar plenamente da política. Além disso, não é essa a temática sustentada pelo autor. A alternativa B está equivocada, uma vez que o filósofo romano não critica a ação dos legisladores, mas a atuação deles a partir de princípios particulares. Na sua concepção, o trabalho de uma série de legisladores, pensando no coletivo, ao longo do tempo, permitiu a solidez da República em Roma. A alternativa C está incorreta, pois o pensador romano não questiona algum princípio aristocrático, uma vez que a República Romana era, em sua essência, excludente. A concepção de cidadania da Antiguidade limitava a ação política a um grupo seleto de indivíduos. Além disso, não é essa questão que foi motivo de orgulho pelo autor do texto. Por fim, a alternativa D está incorreta, pois, para o filósofo romano, o que garantiu o sucesso da República Romana foi o trabalho feito em várias gerações pelos políticos romanos, reagindo às demandas da sociedade. 44QD ENEM – VOL. 1 – 2023 CH – PROVA I – PÁGINA 35BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 62 Em 2022, pela primeira vez na história, a Copa do Mundo de futebol masculino foi jogada entre os meses de novembro e dezembro. A inédita mudança no calendário ocorreu por conta das altas temperaturas que o Catar, país-sede, apresenta no meio do ano quando vive o seu verão. Além disso, por ser localizado em um deserto, o país costuma sofrer com tempestades de areia e baixos índices de umidade do ar durante a estação mais quente, que coincide com o verão europeu. Por isso, a FIFA decidiu alterar o calendário, afinal, expor os atletas a condições climáticas extremas não seria exatamente a melhor maneira de promover o espetáculo. Quando começa a Copa do Mundo do Catar e por que esta edição é em novembro. Disponível em: <https://revistaforum.com.br>. Acesso em: 29 nov. 2022 (Adaptação). Como estratégia para aproveitar condições climáticas menos extremas, a definição da época do ano de realização da Copa do Mundo de 2022 levou em consideração um aspecto geográfico do país-sede, que é a A. distância do meridiano inicial. B. altitude das formas de relevo. C. vigência do horário de verão. D. posição latitudinal no globo. E. extensão do seu território. Alternativa D Resolução: A definição da época do ano de realização da Copa do Mundo de futebol masculino de 2022 levou em consideração a posição latitudinal do país-sede, o Catar. Este está localizado no Hemisfério Norte, em que, durante os meses de junho e julho, época em que a Copa do Mundo tradicionalmente é realizada, ocorre o verão, estação mais quente do ano, tornando as condições climáticas locais mais extremas e menos propícias para a realização desse evento esportivo. Com a transferência da Copa do Mundo de 2022 para os meses de novembro e dezembro, época em que o Hemisfério Norte passa pelo outono, pode-se aproveitar de condições climáticas menos extremas. A alternativa A está incorreta, pois a distância do meridiano inicial (Meridiano de Greenwich, 0°) indica a longitude de uma localidade e é usada como base para a definição de seu fuso horário. A alternativa B está incorreta, pois as mudanças entre as estações do ano não são determinadas pelas altitudes das formas de relevo. A alternativa C está incorreta, pois, durante os meses da Copa do Mundo de 2022, o Catar não passava pela estação do verão. A alternativa E está incorreta, pois o critério usado para definir a data da Copa do Mundo de 2022 foi a posição geográfica do território do Catar, e não a sua extensão. Esse evento já foi realizado tanto em países de grandes extensões territoriais (como o Brasil no ano de 2014) como em países de territórios mais reduzidos, como o próprio Catar. QUESTÃO 63 Na Grécia do período arcaico, a economia baseava- se na agricultura e na criação; terras e rebanhos pertenciam a grandes proprietários, os chefes dos clãs que diziam descender dos heróis lendários e que se tornaram, de fato, os dirigentes das cidades. MRCB EVI6 Formavam um conselho soberano e administravam a justiça em nome de um direito tradicional pautado por regras mantidas em segredo. Somente eles eram suficientemente ricos para obter cavalos, servos e equipamentos de guerra. De suas incursões guerreiras, dependia a sorte da cidade em um tempo em que as batalhas se davam em uma série de combates singulares. Proprietários do solo, detentores dos poderes político e judiciário, defensores da região, eram os verdadeiros “donos” das cidades – num regime aristocrático, ou oligárquico. FUNARI, P. P. Grécia e Roma. São Paulo: Contexto, 2002. [Fragmento adaptado] Conforme expresso no texto, no período compreendido como arcaico na história grega, a estrutura administrativa das cidades-estados, nesse contexto, era organizada de maneira que A. o exercício político era garantido aos cidadãos gregos. B. o chefe político era determinado pela intervenção divina. C. o poder era controlado por um pequeno grupo de nobres. D. a exclusão da participação política era limitada aos escravizados. E. a monarquia era fortalecida pela atuação dos proprietários de terras. Alternativa C Resolução: O texto aborda o Período Arcaico da Grécia Antiga, e é revelado que, nesse contexto, as terras, a economia agrícola e a criação de animais concentravam-se nas mãos de uma pequena parcela da população,os proprietários. Esse grupo possuía o poder econômico, eram os nobres, chefes dos clãs. Conforme descrito no texto, esses proprietários eram detentores do solo e do poder político, portanto, as cidades-estado, nesse contexto, se organizavam de maneira que esses nobres possuíam o controle político das cidades, o que vai ao encontro da alternativa C. A alternativa A está incorreta, pois o período abordado se trata do Período Arcaico, não se relacionando ao período democrático de Atenas. A alternativa B está incorreta, pois, embora os nobres locais alimentassem o imaginário popular, afirmando que descendiam de grandes heróis, não há, nesse aspecto, a afirmação de intervenção divina na escolha dos chefes. A alternativa D está incorreta, pois a exclusão política, nesse contexto, ia além dos escravizados, englobando outros grupos também. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois a atuação dos nobres proprietários de terra, os fortaleciam politicamente, tornando-os os dirigentes das cidades, portanto, não ocorre um fortalecimento de um sistema monárquico. QUESTÃO 64 Por mais de 400 anos, escolas de todo o mundo usaram mapas com distorções nos tamanhos dos continentes. Isso porque muitas das representações do mundo usadas atualmente são baseadas na projeção feita em 1569 pelo cartógrafo Gerhard Mercator, destinada aos navegadores da época. Seus gráficos respeitam a forma dos continentes, mas não os tamanhos. ØD68 CH – PROVA I – PÁGINA 36 ENEM – VOL. 1 – 2023 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Neles, a Europa está disposta no centro do mapa e áreas do Hemisfério Norte são vistas de forma exagerada. Um dos erros mais significativos corresponde aos tamanhos da África e da América do Sul, que parecem muito menores do que são na realidade. Disponível em: <www.bbc.com>. Acesso em: 22 nov. 2022 (Adaptação). As distorções presentes na projeção de Mercator estão associadas ao fato de que a representação cartográfica da realidade é capaz de A. restringir-se ao uso para a localização. B. desvincular-se do contexto histórico. C. expressar formas de dominação. D. eliminar as limitações técnicas. E. refutar a ciência moderna. Alternativa C Resolução: Os mapas elaborados a partir da Projeção de Mercator apresentam as características mencionadas no texto: a Europa está disposta no centro da representação, áreas do Hemisfério Norte são exageradas e áreas do Hemisfério Sul são menosprezadas. Com isso, esses mapas expressam formas de dominação, pois veiculam uma visão eurocêntrica do mundo. Esta foi hegemônica no contexto histórico em que essa projeção foi elaborada, marcado pela expansão marítimo-comercial e pela colonização europeia sobre outros territórios. A alternativa A está incorreta, pois as características dos mapas baseados na Projeção de Mercator evidenciam que as representações cartográficas veiculam determinadas visões de mundo, apresentando um caráter ideológico. Portanto, os mapas não servem apenas para fins de identificar a localização geográfica. A alternativa B está incorreta, pois, como já mencionado, os aspectos presentes na Projeção de Mercator estão relacionados ao contexto histórico na qual foi elaborada, correspondente ao período da expansão marítimo-comercial europeia. A alternativa D está incorreta, pois as distorções das áreas continentais presentes Projeção de Mercator são decorrentes do fato de que essa técnica cartográfica apresenta limitações. Isso porque nenhuma projeção é capaz de assegurar a transposição do globo terrestre para a superfície plana de um mapa sem gerar nenhum tipo de distorção das propriedades geométricas (formas, áreas ou distâncias). A alternativa E está incorreta, pois a Projeção de Mercator foi criada a partir dos princípios da ciência e da Cartografia Moderna. QUESTÃO 65 Assim, o verdadeiro espírito positivo consiste sobretudo em ver para prever, em estudar o que é, a fim de concluir disso o que será, segundo o dogma geral da invariabilidade das leis naturais. COMTE, A. Discurso sobre o espírito positivo. In: ______. Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1978. Partindo da observação do presente, o positivismo busca, como mencionado no texto, A. moldar os cidadãos que vivenciam a realidade material. B. confirmar as ideias que humanizam os dogmas religiosos. C. apaziguar os conflitos que acometem os saberes científicos. D. revelar as leis naturais que estruturam os fenômenos sociais. E. confrontar os argumentos que balizam a hegemonia econômica. SHC3 Alternativa D Resolução: A questão, trecho do filósofo Augusto Comte, versa sobre as características do positivismo. O enunciado questiona qual das alternativas representa a busca do positivismo. A alternativa correta é a D, pois de acordo com o texto-base, o positivismo busca aplicar a lógica das ciências da natureza aos fenômenos sociais, de forma a revelar as leis naturais pelas quais os fenômenos sociais se estruturam. A alternativa A está incorreta porque o positivismo não está empenhado em moldar os cidadãos. A alternativa B está incorreta, pois o texto-base não trata dos dogmas religiosos, mas das leis naturais que regem os fenômenos sociais. As alternativas C e E estão erradas porque o texto-base não menciona conflitos científicos ou aspectos econômicos. QUESTÃO 66 Devido à inclinação aproximada de 23,5° do eixo de rotação da Terra em relação ao eixo perpendicular ao plano de sua órbita em torno do Sol, a luz solar não atinge igualmente os dois hemisférios: numa dada época do ano, um dos hemisférios fica mais voltado para o Sol. IBGE. Atlas geográfico escolar. 8. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2018. A inclinação do eixo terrestre proporciona a A. duração equilibrada do fotoperíodo ao longo do ano. B. manutenção de elevada temperatura nos trópicos. C. alternância entre os períodos diurno e noturno. D. ocorrência dos solstícios de verão e inverno. E. instituição de um sistema de fusos horários. Alternativa D Resolução: A inclinação do eixo da Terra ao longo de seu movimento de translação faz com que, em um determinado momento, aproximadamente no dia 22 de junho, o Hemisfério Norte esteja mais voltado para o Sol, o que demarca o início do verão no Hemisfério Norte (solstício de verão) e do inverno no Hemisfério Sul (solstício de inverno). Nessa data, os raios solares incidem perpendicularmente sobre o Trópico de Câncer (23° 27’ N). Seis meses depois, no dia 22 de dezembro, ocorre o contrário. O Hemisfério Sul fica mais voltado para o Sol, o que demarca o início do verão no Hemisfério Sul (solstício de verão) e do inverno no Hemisfério Norte (solstício de inverno). Nessa data, os raios solares incidem perpendicularmente sobre o Trópico de Capricórnio (23° 27’ S). A alternativa A está incorreta, pois o movimento de translação e a inclinação do eixo terrestre causam variações do fotoperíodo (intervalo do dia em que uma localidade permanece iluminada pelo Sol) ao longo do ano. Por exemplo, na data do solstício de verão, há o período noturno mais curto e o diurno mais longo do ano. Já na data do solstício de inverno, ocorre o contrário. A alternativa B está incorreta, pois, quando um hemisfério está passando pelo inverno, o seu trópico recebe com menor intensidade os raios solares, contribuindo para uma redução da temperatura. A alternativa C está incorreta, pois a sucessão entre os períodos diurno e noturno resulta do movimento de rotação da Terra em torno do seu próprio eixo, que causa a alternância entre as partes da superfície expostas aos raios solares ao longo do intervalo de cerca de 24 horas. A alternativa E está incorreta, pois a necessidade de instituição de um sistema de fusos horários também decorre do movimento de rotação do planeta. D22V ENEM – VOL. 1 – 2023 CH – PROVA I – PÁGINA 37BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 67 Com o desenrolar das conquistas, Roma passou a basear grande parte de sua economia no trabalho escravo.Os escravos eram fundamentalmente prisioneiros de guerra, o que obrigava os governantes a se empenharem, constantemente, na conquista de novos territórios e povos. Os escravos podiam pertencer ao Estado ou a particulares. Trabalhavam nas grandes obras públicas, oficinas, agricultura, minas, pedreiras e também como criados, músicos, professores, secretários, podiam também ser gladiadores [...]. FUNARI, P. P. Grécia e Roma. São Paulo: Contexto, 2001. O texto destaca uma característica do sistema escravista da Roma Antiga que o diferencia do modelo moderno, identificada na A. indistinção entre a situação dos escravos rurais e urbanos. B. associação da escravidão a questões de cunho étnico- -racial. C. utilização do trabalho escravo em ofícios mais especializados. D. desvinculação da figura do escravo da condição de patrimônio. E. cooptação da mão de obra cativa restrita aos espólios de guerra. Alternativa C Resolução: A escravidão na Antiguidade possuía características que a distingue da escravidão moderna. O texto destaca que, na Roma Antiga, os escravos “trabalhavam nas grandes obras públicas, oficinas, agricultura, minas, pedreiras e também como criados, músicos, professores, secretários podiam também ser gladiadores”, indicando a utilização da mão de obra escrava nas mais diversas áreas, inclusive trabalhos mais especializados, não ficando restrita aos ofícios manuais como na modernidade, o que torna correta a alternativa C. A alternativa A está incorreta, pois, assim como na modernidade, a escravidão praticada no campo, durante a Antiguidade, era mais desgastante se comparada à escravidão urbana. A alternativa B também está incorreta, pois, diferentemente do modelo escravocrata moderno, como aquele empregado na colonização da América, a escravidão romana antiga não estava associada a aspectos de cunho étnico-racial, podendo se tornar escravos inclusive os próprios romanos. Contrariamente ao indicado na alternativa D, o texto destaca que “os escravos podiam pertencer ao Estado ou a particulares”, indicando a condição de patrimônio do cativo na Roma Antiga. Por fim, a alternativa E também está incorreta, pois, na Antiguidade, os escravos se encontravam nessa situação por derrotas nas guerras ou por dívidas. MM9E QUESTÃO 68 RAMOS, R. A importância da orientação solar na arquitetura. Disponível em: <www.gazetainformativa.com.br>. Acesso em: 29 nov. 2022 (Adaptação). A imagem mostra o movimento diário aparente do Sol em relação a uma residência localizada entre a Linha do Equador e o Trópico de Câncer durante o mês de A. dezembro. B. setembro. C. janeiro. D. março. E. junho. Alternativa E Resolução: A imagem mostra o movimento diário aparente do Sol em relação a uma residência localizada entre a Linha do Equador e o Trópico de Câncer durante o mês de junho. Isso porque, durante esse mês do ano, o Hemisfério Norte entra na estação do verão. Nessa época do ano, os raios solares incidem de forma perpendicular nas proximidades do Trópico de Câncer (23° 27’ N). Assim, essa localidade recebe a luz solar com maior intensidade e a partir da direção norte. As alternativas A e C estão incorretas, pois, em dezembro e janeiro, o Hemisfério Sul é que passa pela estação do verão. Nessa época do ano, os raios solares incidem de forma perpendicular nas proximidades do Trópico de Capricórnio (23° 27’ S). Portanto, durante esses meses, uma localidade situada entre a Linha do Equador e o Trópico de Câncer recebe os raios solares a partir da direção sul. As alternativas B e D estão incorretas, pois, durante os meses de setembro e março, os raios solares incidem de forma perpendicular nas proximidades da Linha do Equador, aproximando e ocorrendo o início das estações de primavera e outono. Portanto, uma localidade situada ao norte da Linha do Equador, nesses meses do ano, recebe os raios solares a partir da direção sul. QUESTÃO 69 Mesmo conseguindo se sobrepujar a Atenas, a vitória na guerra não levou ao estabelecimento de um império lacedemônio. As tensões internas agravadas pelo conflito prolongado e os conflitos subsequentes levaram a uma crise sem precedentes na sociedade espartana. A crise do século IV A.E.C. foi alvo da reflexão de muito estudiosos da época, tais como Platão e Aristóteles, que tentavam compreender como a grande Esparta, vitoriosa na sua guerra contra Atenas, conseguiu perder sua hegemonia na Hélade. P6X8 PT99 CH – PROVA I – PÁGINA 38 ENEM – VOL. 1 – 2023 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO O caso é que as contradições internas da sociedade esparciata foram agravadas profundamente devido ao conflito. O corpo de cidadãos, que já era diminuto se comparado ao de outras pólis, foi reduzido drasticamente com a guerra, levando ao conflito social interno. Disponível em: <http://repositorio.ufpel.edu.br>. Acesso em: 16 nov. 2020 (Adaptação). O texto associa os efeitos nocivos da Guerra do Peloponeso sobre Esparta à sua A. limitação imperialista. B. formação militarizada. C. disposição demográfica. D. estruturação geográfica. E. organização aristocrática. Alternativa E Resolução: Conforme o texto demonstra, Esparta possuía um reconhecido poderio militar, porém, do ponto de vista político, ainda vivia da forma oligárquica e aristocrática, condição essa que colocava sua política em constantes conflitos e desentendimentos internos. Esse fato impedia, segundo o autor, a unidade política e, consequentemente, dificultava a criação de um “Império”. Além disso, o fato de a política ser controlada por um número diminuto de indivíduos fazia com que as diferenças sociais fossem mais evidentes, o que contribuía para agitações e desestabilidades. Logo, a alternativa E é a correta. A alternativa A está incorreta, pois o texto demonstra que Esparta não conseguiu ser um Império exatamente pelos problemas políticos internos que possuía, dadas as rivalidades entre as oligarquias. A alternativa B está incorreta, pois, segundo o texto, não foi o fato de Esparta ter um poderoso exército que a impediu de se tornar um grande Império. Para o autor, o empecilho se deu pelo fato de Esparta ter uma política oligárquica, que vivia em constantes conflitos. O grande problema de Esparta não era o tamanho de sua população, e sim como a sua política era estruturada. Por se tratar de uma oligarquia excludente, Esparta vivenciava constantes conflitos políticos e sociais, o que comprometia o seu desenvolvimento, invalidando a alternativa C. Por fim, a alternativa D também está incorreta, pois a estrutura geográfica não era um problema para Esparta, mesmo porque os espartanos dominaram grande parte do Peloponeso. QUESTÃO 70 Os fusos horários foram essenciais para a globalização, mas alguns países os adotam de um jeito peculiar. Na China, o país todo segue um fuso, o de Pequim, o que gera distorções: nas cidades mais a Oeste do país, às vezes o Sol só nasce às 10h, e há dias em que já é meia-noite quando o Sol se põe. Disponível em: <https://super.abril.com.br>. Acesso em: 23 nov. 2022 (Adaptação). No interior do território chinês, a definição do fuso horário promove um(a) A. adequação à extensão longitudinal. B. inibição da integração nacional. C. respeito aos limites teóricos. D. padronização da hora legal. E. ajustamento à hora solar. Q4KQ Alternativa D Resolução: O território da China apresenta uma ampla extensão longitudinal. No entanto, o governo chinês adota um único fuso para todo o país, que corresponde ao horário oficial de Pequim. Isso implica uma padronização da hora legal, que corresponde ao horário oficial adotado por um país ou outro tipo de unidade administrativa. A alternativa A está incorreta, pois, caso fosse observada a ampla extensão longitudinal do território chinês, o país teria vários fusos horários. A alternativa B está incorreta, pois a adoção de um único fuso para todo o país visa facilitar a integração entre as diferentesregiões da China. A alternativa C está incorreta, pois, se houvesse um respeito aos limites teóricos dos fusos, a China teria vários fusos horários. Os limites teóricos foram estabelecidos pela divisão da superfície terrestre em 24 faixas de 15° de extensão longitudinal. Dentro dessas faixas, teoricamente, todas as localidades deveriam apresentar o mesmo fuso horário. A alternativa E está incorreta, pois a hora solar é definida a partir da passagem do Sol pelo meridiano do lugar. Se houvesse um ajustamento à hora solar na China, não ocorreriam as inconveniências citadas no texto para os moradores das cidades mais a Oeste do país, onde, em determinadas épocas do ano, o Sol só nasce às 10h e se põe quando já é meia-noite. QUESTÃO 71 Todas as teorias e leis científicas, pois, são hipotéticas e conjecturais; dizer que uma teoria qualquer está bem estabelecida e comprovada significa dizer apenas que ela resistiu a todos os testes e provas possíveis até então, testes e provas que, em última instância, visam, como dito, derrubá-la ou desmenti-la, sua única alternativa. GARCIA, F. L. Introdução crítica ao conhecimento. Campinas, SP: Papirus, 1988. p. 70. [Fragmento adaptado] Em relação ao conhecimento científico, a perspectiva defendida pelo autor ressalta o(a) A. abandono do senso comum. B. defesa da verdade empírica. C. exaltação da ciência natural. D. exclusividade da prova experimental. E. valorização do questionamento investigativo. Alternativa E Resolução: O texto-base ressalta que o conhecimento científico é aquele que perpetuamente questiona suas teorias e leis. Desse modo, a alternativa E está correta. A alternativa A está incorreta, pois o tipo de conhecimento trabalhado não só abandona o senso comum, mas está preparado para abandonar suas próprias leis e teorias gerais caso estas não se sustentem diante das investigações críticas. As alternativas B e D estão incorretas, já que o trecho não restringe à empiria e à Ciência. A alternativa C está incorreta porque o texto-base é generalizador, incluindo todos os tipos de ciência, ou, ao menos, não excluindo nenhum deles explicitamente. IYRQ ENEM – VOL. 1 – 2023 CH – PROVA I – PÁGINA 39BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 72 Os ofícios chamados artesanais estão desacreditados e é natural que sejam desprezados nas cidades. Arruínam o corpo dos operários que os exercem e o corpo dos que os dirigem, obrigando-os a levar uma vida caseira [...]. Ainda por cima, esses ofícios chamados artesanais não lhes deixam nenhum tempo livre para se ocuparem dos amigos e da cidade: de forma que quem exerce tais ofícios parece um indivíduo mesquinho quer nas relações com os amigos quer na ajuda prestada à pátria. XENOFONTE apud MOSSÉ, C. Atenas: a história de uma democracia. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1997. p. 30 (Adaptação). A crítica do historiador grego Xenofonte, apresentada no texto, explica a prática ateniense de A. excluir socialmente as mulheres. B. enaltecer a politização de artífices. C. limitar a migração de estrangeiros. D. garantir a amplitude da democracia. E. impedir a cidadania dos escravizados. Alternativa E Resolução: A crítica de Xenofonte indica como, em Atenas, não era considerado digno de se ocupar das discussões políticas o cidadão que exercia funções manuais, como era o caso dos ofícios artesanais. A desvalorização dos artífices decorria do fato de esse trabalho ser relegado a dois grupos em Atenas: os metecos – estrangeiros que eram bem-vindos na cidade, mas não possuíam cidadania devido à sua origem – e os escravos. Assim, tanto estrangeiros quanto escravos não possuíam personalidade jurídica, o que diminuía a amplitude da democracia ateniense e, em contrapartida, retroalimentava o estigma do escravismo e a desvalorização do trabalho manual, o que torna a alternativa E correta e invalida a alternativa D. A crítica de Xenofonte não diz respeito à questão de gênero, mas sim do trabalho em Atenas, o que invalida a alternativa A. Contrariamente ao indicado na alternativa B, não há um enaltecimento à politização dos artífices. A alternativa C está incorreta, pois o aspecto abordado por Xenofonte não se relaciona a uma suposta limitação à migração de estrangeiros. QUESTÃO 73 O confronto tecnológico foi uma das características básicas da Guerra Fria, pois tanto os Estados Unidos quanto a União Soviética procuravam ter os arsenais nucleares mais numerosos e de tecnologia mais avançada. Tal confronto tecnológico e equilíbrio armado criou uma das representações mais fortes da Guerra Fria, que foi o chamado “equilíbrio do terror”. Tal equilíbrio evitou uma guerra entre os dois países, pois aquele que atacasse primeiro correria o risco de sofrer um terrível e destruidor contra-ataque. BIAGI, O. O imaginário da Guerra Fria. Revista de História Regional, v. 6, n. 1, 2001. Disponível em: <https://www.faneesp.edu.br>. Acesso em: 18 nov. 2022. 5GES EAVF O texto evidencia que, durante a Guerra Fria, um enfrentamento militar direto entre as duas potências mundiais foi evitado devido à A. manutenção do poder de destruição mútua. B. atuação das organizações internacionais. C. limitação tecnológica da indústria bélica. D. valorização das relações diplomáticas. E. amenização das tensões ideológicas. Alternativa A Resolução: A Guerra Fria foi marcada pela corrida armamentista entre as duas potências rivais, os Estados Unidos e a União Soviética, o que envolveu o investimento e a acumulação de enormes arsenais bélicos pelos dois países. Essa corrida levou ao chamado “equilíbrio do terror”, em que um enfrentamento militar direto era evitado pelo enorme poder destruição mútua apresentado pelas duas potências. Qualquer uma das potências que atacasse militarmente a outra primeiro corria o risco de sofrer um destruidor contra-ataque como reação. A alternativa B está incorreta, pois o texto evidencia que um conflito militar direto foi evitado devido ao enorme poder bélico acumulado pelas duas potências. A alternativa C está incorreta, pois o texto indica que as duas potências detinham um arsenal bélico numeroso e de tecnologia avançada. A alternativa D está incorreta, pois havia uma grande tensão geopolítica e militar entre as duas potências rivais durante a Guerra Fria, o que dificultava a valorização das relações diplomáticas. A alternativa E está incorreta, pois a Guerra Fria foi marcada por um forte embate ideológico entre dois sistemas político-econômicos representados pelo bloco capitalista, liderado pelos Estados Unidos, e pelo bloco socialista, representado pela União Soviética. QUESTÃO 74 No conjunto do imaginário oceânico medieval, o oceano está associado à ideia do medo; Zurara no capítulo VIII da Crônica da Guiné descreve muito bem estes temores. O Atlântico aparece aí, sobretudo, como o outro lado, funcionando o Cabo Bojador como a fronteira da ruptura: “Como passaremos os termos que puseram nossos pais, ou que proveito pode trazer ao Infante a perdição de nossas almas juntamente com os corpos, pois conhecidamente seremos homicidas de nós mesmos?”. E acrescenta logo a seguir o cronista português: “navio que lá passe jamais poderá tornar. E, por isso, os nossos antecessores nunca se entremeteram de o passar”. FONSECA, L. A. O imaginário dos navegantes portugueses dos séculos 15 e 16. Estudos Avançados, 6(16), dez. 1992. [Fragmento adaptado] Os escritos do cronista Gomes Eanes de Zurara (1410-1474) revelam que, para o início do expansionismo marítimo ibérico, foi necessário o enfrentamento do(a) A. produção literária sobre viagens. B. crença espiritual do cristianismo. C. desenvolvimento náutico empírico. D. dimensão negativa do desconhecido. E. sentimento aventureiro dos navegadores. J38P CH – PROVA I – PÁGINA 40 ENEM – VOL. 1 – 2023 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa D Resolução: O Cabo Bojador situa-se na costado Saara Ocidental, no Oceano Atlântico, e a primeira passagem por ele foi completada pelo navegador português Gil Eanes, em 1434. O texto indica como Gomes de Zurara descreve a travessia do Cabo Bojador como algo impossível, demonstrando a existência de um medo coletivo e de uma barreira psicológica na mentalidade dos navegadores da época. Isso ocorria porque era comum o desaparecimento de embarcações que tentavam contornar o Cabo, o que fundamentou diversos mitos sobre monstros marinhos na região. A intransponibilidade do Bojador era uma preocupação espiritual para Zurara, que considerava a aventura de navegadores na região uma tentativa de autoaniquilação. No entanto, para o início do expansionismo marítimo ibérico, foi necessária a transposição do Cabo, o que demonstra a necessidade de enfrentar a dimensão negativa envolvida nas viagens marítimas, conforme indica a alternativa D. As demais alternativas apresentam incorreções. QUESTÃO 75 O que significa a frase “a revolução industrial explodiu”? Significa que a certa altura da década de 1780, e pela primeira vez na história da humanidade, foram retirados os grilhões do poder produtivo das sociedades humanas, que daí em diante se tornaram capazes da multiplicação rápida, constante, e até o presente ilimitada, de homens, mercadorias e serviços. Este fato é hoje tecnicamente conhecido pelos economistas como a “partida para o crescimento autossustentável”. Nenhuma sociedade anterior tinha sido capaz de transpor o teto que uma estrutura social pré-industrial, uma tecnologia e uma ciência deficientes, e consequentemente o colapso, a fome e a morte periódicas impunham à produção. HOBSBAWM, E. A era das revoluções: 1789-1848. São Paulo: Paz e Terra, 2015. De acordo com o texto, o conjunto de acontecimentos que se tornou conhecido como Revolução Industrial permitiu o(a) A. concentração da população rural. B. agravamento dos conflitos políticos. C. supressão das liberdades individuais. D. crescimento da produção econômica. E. retrocesso do conhecimento científico. Alternativa D Resolução: A questão apresenta texto-base do historiador Eric Hobsbawm acerca da Revolução Industrial, salientando o aumento da capacidade produtiva, de consumo e de serviços que esse evento trouxe para a sociedade. O enunciado pede que seja indicada a alternativa que apresenta as possibilidades ensejadas pela Revolução Industrial. A alternativa correta é a D, pois, como deixa claro o texto-base, o conjunto de transformações que ficou conhecido como Revolução Industrial permitiu o crescimento expressivo da produção econômica. A alternativa A está incorreta porque a Revolução Industrial fomentou o êxodo rural da população, não sua concentração no campo. 5YKT A alternativa B está incorreta, pois não há indicação de aumento de conflitos políticos no texto-base. A alternativa C está incorreta, pois a Revolução Industrial trouxe também, em seu esteio, o movimento de garantia das liberdades individuais. A alternativa E está incorreta porque a Revolução Industrial, em virtude do crescimento econômico, também fomentou o avanço científico. QUESTÃO 76 Agora surgem grupos maiores, monstruosos: aglomerações, heranças, federações, coalizões de Estados particulares [...]. Como, de outro modo, designar esses colossos? [...] A Espanha dos Reis Católicos também já não é um simples “Estado nacional”, e sim uma associação de reinos, de Estados e de povos unidos na pessoa dos soberanos. BRAUDEL, F. O Mediterrâneo e o mundo mediterrâneo na época de Filipe II. São Paulo: EDUSP, 2016. p. 11-12 (Adaptação). O fragmento faz referência às conquistas territoriais empreendidas pelos espanhóis a partir do final do século XV e sinaliza o processo de A. retração do espaço de poder político. B. restrição da agência colonizadora ibérica. C. proteção da autonomia do espaço ultramarino. D. diminuição da esfera de atuação metropolitana. E. organização da estrutura administrativa imperial. Alternativa E Resolução: O texto faz referência às bases da constituição da estrutura imperial espanhola, firmadas a partir do movimento de reconquista na Península Ibérica e garantidas pela Expansão Marítima iniciada no século XV. A anexação dos territórios ultramarinos faz com que os governos dos reis espanhóis passassem a se estender por um espaço muito maior do que o da própria Espanha. Nesse sentido, as conquistas territoriais referenciadas no texto representam a ampliação (e a fundação) da agência colonizadora dos espanhóis, bem como o aumento da esfera de atuação da Espanha enquanto metrópole de diversas colônias, invalidando as alternativas A, B e D. A alternativa C está incorreta, pois as colônias não possuíam autonomia política nem econômica, que era prerrogativa da metrópole. Para administrá-las, foi preciso constituir uma estrutura administrativa capaz de organizar todo o Império, que estava centralizado politicamente na Espanha e na figura do rei, o que vai ao encontro da alternativa E. QUESTÃO 77 O fim da Guerra Fria fez com que a proteção militar contra a ameaça comunista se tornasse irrelevante, na medida em que o ex-bloco dos países socialistas, juntamente com a China e o Vietnã por caminhos muito diferentes, tornaram-se integrados ao sistema econômico capitalista global. HARVEY, D. O enigma do capital: e as crises do capitalismo. São Paulo: Boitempo, 2011 (Adaptação). ARX2 JKEQ ENEM – VOL. 1 – 2023 CH – PROVA I – PÁGINA 41BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO O texto evidencia que o encerramento da Guerra Fria conduziu ao(à) A. manutenção das relações de poder entre as potências. B. retrocesso da tendência de globalização econômica. C. ruptura da polarização entre sistemas econômicos. D. contração do mercado de capitais e mercadorias. E. acirramento da busca por áreas de influência. Alternativa C Resolução: Com o fim da Guerra Fria, houve uma ruptura com a polarização entre dois sistemas político- -econômicos. Isso porque os países pertencentes ao antigo bloco socialista aderiram ao capitalismo. Além disso, como o texto aponta, países considerados socialistas, no caso a China e o Vietnã, por vias diferentes, também se integraram ao sistema econômico capitalista global. Portanto, a Nova Ordem Mundial, que emergiu a partir do encerramento da Guerra Fria, caracterizou-se pela consolidação de uma hegemonia mundial do capitalismo. A alternativa A está incorreta, pois o fim da Guerra Fria marcou o encerramento da ordem bipolar que caracteriza as relações de poder entre as duas potências rivais durante esse conflito. A Nova Ordem Mundial, que emerge com o término da Guerra Fria, foi caracterizada, do ponto de vista econômico, pela multipolaridade. A alternativa B está incorreta, pois a Nova Ordem Mundial também foi marcada pela intensificação do processo de globalização. A alternativa D está incorreta, pois, com o aprofundamento da globalização e a expansão do capitalismo, o fim da Guerra Fria foi acompanhado de uma ampliação dos mercados de capitais e mercadorias. A alternativa E está incorreta, pois a busca por áreas de influência pelas duas potências mundiais era um aspecto do período da Guerra Fria. QUESTÃO 78 A mulher espartana tinha a possibilidade de uma vida absolutamente não reclusa e, inclusive, uma participação no treinamento militar. Ao contrário das atenienses, podiam (e deviam) praticar exercícios físicos. Se elas eram mais “livres”, podiam sair mais frequentemente casa. Não se tratava de uma aberração, mas de uma decorrência natural de uma organização social que propositadamente enfraquecia a família, retirando toda a força dos vínculos conjugais, fazendo com que os filhos fossem criados pelo Estado e os maridos só visitassem as esposas de vez em quando. TORRES, M. R. Considerações sobre a condição da mulher na Grécia Clássica. Revista Mirabilia, n. 1, 2001, p. 51-52 (Adaptação). A descrição das condições de vidadas mulheres em Esparta demonstra o(a) A. fortalecimento do ideal guerreiro da cidade. B. supremacia da esfera privada sobre o coletivo. C. garantia de liberdades individuais à sociedade. D. enaltecimento de valores femininos pelo grupo. E. provimento de isonomia política entre os gêneros. YZD6 Alternativa A Resolução: O texto da questão indica como, em comparação com a estrutura social ateniense, a cidade-Estado de Esparta permitia uma vida mais “livre” para as mulheres. No entanto, tal “liberdade” não pode ser interpretada como totalmente positiva ou, ainda, como forma de valorização das mulheres e das características femininas. Esparta, localizada na Península do Peloponeso, seguia um modelo militarista de organização social, com uma rígida estratificação e ausência de igualdade entre gêneros e entre membros de diferentes camadas sociais. Os esparciatas (grupo de homens militares que detinha o poder político e econômico) compunham a elite espartana e detinham mais direitos do que os outros membros da cidade, que se organizavam de modo a favorecer o trabalho militar – encarado como coletivo e fundamental para a sobrevivência da cidade. A permissão de maior liberdade às mulheres e garantia de participação nas atividades físicas cumpria o objetivo de torná-las cidadãs fortes e preparadas para gerar e educar os futuros esparciatas. Nesse sentido, era a valorização do ideal guerreiro que estava em primeiro lugar, ou seja, a coletividade se sobrepunha às individualidades, o que torna a alternativa A correta e invalida as demais alternativas. QUESTÃO 79 O sensoriamento remoto caracteriza-se pela obtenção de informações de um objeto sem existir um contato físico com ele e, muitas vezes, a longas distâncias. As primeiras medições por sensoriamento remoto foram realizadas através de câmeras acopladas em aeronaves, balões, pipas, foguetes e até pássaros. Atualmente, imagens de sensores remotos podem ser obtidas a partir de diversas plataformas, como satélites, aeronaves, veículos aéreos não tripulados (VANTs), máquinas agrícolas autopropelidas, etc. BRANDÃO, Z. et al. Sensoriamento Remoto: conceitos básicos e aplicações na Agricultura de Precisão. In: BERNARDI, A. et al (ed.). Agricultura de Precisão: resultados de um novo olhar. Brasília, DF: Embrapa, 2014. Disponível em: <https://ainfo.cnptia.embrapa.br>. Acesso em: 22 nov. 2022 (Adaptação). O conjunto de tecnologias disponíveis para o sensoriamento remoto é responsável por conferir uma A. carência de diversificação das suas aplicações. B. uniformidade no detalhamento das imagens. C. variedade de níveis para a coleta de dados. D. falta de utilidade dos sensores passivos. E. imprecisão das informações obtidas. Alternativa C Resolução: Como o texto aponta, as imagens obtidas através do sensoriamento remoto podem ser captadas a partir de diversas plataformas, o que proporciona uma variedade de níveis para a coleta de dados: o terrestre, o aéreo e o orbital. No nível terrestre, a coleta de dados é realizada a poucos metros da superfície. No nível aéreo, a coleta é realizada através de sensores instalados em uma plataforma aérea, como aeronaves ou balões. Já no nível orbital, são usados sensores a bordo de satélites para coletar os dados sobre alvos na superfície. TJ5G CH – PROVA I – PÁGINA 42 ENEM – VOL. 1 – 2023 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO A alternativa A está incorreta, pois o sensoriamento remoto apresenta uma ampla variedade de aplicações, como, por exemplo, na agricultura, no planejamento urbano, na realização de previsões meteorológicas, nos estudos ambientais, entre outras. A alternativa B está incorreta, pois os diferentes níveis de coleta de dados proporcionam distintos graus de detalhamento das imagens. Por exemplo, no nível terrestre, são coletados dados com grande riqueza de detalhes, mas referentes a pequenas áreas. Já no nível orbital, são coletados dados de grandes áreas da superfície, com diferentes níveis de detalhe. A alternativa D está incorreta, pois os sensores passivos apresentam grande utilidade para o sensoriamento remoto. Esse tipo de sensor necessita de uma fonte externa de radiação eletromagnética para obter os dados, como, por exemplo, a radiação solar. Eles coletam a energia que é refletida ou emitida pela superfície. A alternativa E está incorreta, pois as informações obtidas através do sensoriamento remoto apresentam expressiva precisão, possibilitando o uso em diversos campos do conhecimento e de atividades humanas. QUESTÃO 80 A imagem do bom selvagem aparece desconstruída no Éden violado pelos nautas de Cabral, uma das missões de que o capitão-mor estava encarregado, ao assumir o comando da mais vasta armada já saída de Portugal [...], que Caminha tanto enfatizava a respeito dos brasis: “Porém o melhor fruto, que nela se pode fazer, me parece que será salvar essa gente. E esta deve ser a principal semente de Vossa Alteza em ela deve lançar.” Assim nascia, naquele encontro inicial, um novo povo [...]. PEREIRA, P. R. (org.). Carta de Caminha: a notícia do achamento do Brasil. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 2002 (Adaptação). O texto aborda o contexto de expansionismo marítimo português e expõe um trecho da Carta de Pero Vaz de Caminha, no qual é perceptível um dos objetivos do projeto colonizador para a nova terra, que se refere à A. rejeição do ideal mercantilista. B. propagação da fé religiosa católica. C. preservação da cultura local americana. D. supressão do indígena da agenda colonizadora. E. transposição da cultura indígena para a Europa. Alternativa B Resolução: O texto aborda o contexto das Grandes Navegações e, no trecho exposto da clássica Carta de Caminha, fica evidente o caráter etnocêntrico e religioso que norteou os empreendimentos marítimos lusitanos dos séculos XV e XVI, que, mesmo marcados por objetivos mercantilistas, não abandonavam as pretensões de expansão da fé católica, evidenciada no comentário do autor acerca “do melhor fruto que se pode tirar da terra, que é salvar esta gente”, ou seja, catequizar os nativos, o que torna a alternativa B correta e invalida a alternativa A. A alternativa C está incorreta, pois as relações culturais que marcaram esse contexto foram etnocêntricas, ou seja, a imposição da cultura europeia. LNCB Contrariamente ao indicado na alternativa D, o indígena é inserido na agenda colonizadora, no sentido de ser catequizado e explorado. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois não ocorre uma transposição da cultura ameríndia para a Europa. QUESTÃO 81 Se um fenômeno se estender por uma grande área, como é o caso da aridez do sertão da Região Nordeste, que atinge aproximadamente 1 000 000 km2, seria necessário um mapa com uma escala de aproximadamente 1 : 2 500 000 para representá-lo, o que é uma escala pequena. Em contrapartida, se um fenômeno abarcar uma área pequena, como é o caso de um deslizamento de terras, que pode chegar aproximadamente a 4 000 m2, deve ser representado em um mapa com escala de aproximadamente 1 : 1 000. GALO, M.; MARQUES, A. Escala geográfica e escala cartográfica: distinção necessária. Boletim de Geografia, Maringá, v. 26/27, n. 1, 2008/2009. Disponível em: <https://periodicos.uem.br>. Acesso em: 24 nov. 2022 (Adaptação). O texto indica que, na elaboração de uma representação cartográfica, a definição do tamanho da escala a ser utilizada é realizada com base no(a) A. tipo de projeção empregado no mapa. B. nível de abrangência dos fenômenos. C. ângulo da declinação magnética. D. altitude do terreno cartografado. E. posição longitudinal da área. Alternativa B Resolução: A escolha do tamanho da escala depende do nível de abrangência do fenômeno a ser cartografado. Um fenômeno que abrange uma área de grandes dimensões necessita de um mapa com escala pequena para ser representado, pois esta reduz a realidade um grande número de vezes. Já um fenômenoque abrange uma área reduzida pode ser representado em um mapa com escala grande, pois esta reduz a realidade um número menor de vezes, o que também possibilita a produção de um material cartográfico com maior nível de detalhamento. A alternativa A está incorreta, pois o tipo de projeção cartográfica a ser utilizado depende do tipo de propriedade da superfície terrestre que se pretende preservar (as formas, as áreas ou as distâncias). A alternativa C está incorreta, pois a declinação magnética é o ângulo formado entre o norte geográfico e o norte magnético. A alternativa D está incorreta, pois as variações da altitude de um terreno são representadas cartograficamente através de curvas de nível. A alternativa E está incorreta, pois a posição longitudinal de uma área corresponde a sua distância do Meridiano de Greenwich (0°). QUESTÃO 82 A monarquia portuguesa consolidou-se através de uma história que teve um dos seus pontos mais s i g n i f i c a t i v o s n a R e v o l u ç ã o d e 1 3 8 3 - 1 3 8 5 . 85ZD Ø958 ENEM – VOL. 1 – 2023 CH – PROVA I – PÁGINA 43BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO A partir de uma disputa em torno da sucessão ao trono português, a burguesia comercial de Lisboa se revoltou. [...] O problema da sucessão dinástica confundiu-se com uma guerra de independência, quando o rei de Castela, apoiado pela grande nobreza lusa, entrou em Portugal para assumir a regência do trono. No confronto, firmaram-se ao mesmo tempo a independência portuguesa e a ascensão ao poder na figura central da revolução, dom João, conhecido como Mestre de Avis [...]. Embora alguns historiadores considerem a Revolução de 1383 uma revolução burguesa, o fato importante está em que ela reforçou e centralizou o poder monárquico, a partir da política posta em prática pelo Mestre de Avis. Em torno dele, foram se reagrupando os vários setores sociais influentes da sociedade portuguesa: a nobreza, os comerciantes, a burocracia nascente. Esse é o ponto fundamental na discussão sobre as razões da expansão portuguesa. FAUSTO, B. História do Brasil. 14. ed. atual. e ampli. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2012. O processo de expansionismo marítimo português, conforme expresso no texto, foi viabilizado, entre outros aspectos, pela A. manutenção do espírito cruzadístico, motivando o envolvimento luso nas aventuras ultramar. B. desvinculação da burguesia lusa, afastando esse setor das questões relativas à Expansão Marítima. C. superação do misticismo medieval, suprimindo as crenças nas narrativas fantásticas sobre os mares. D. obtenção da estabilidade política, possibilitando empreendimento de recursos nas Grandes Navegações. E. dissociação da Igreja Católica, desenvolvendo um projeto cientificista de modernização de técnicas náuticas. Alternativa D Resolução: O texto descreve a Revolução de Avis, que ocorreu em Portugal em 1383, no qual por uma disputa de sucessão do trono, assumiu João de Avis. Esse processo significou a independência portuguesa em relação ao reino de Castela, que almejava o trono português, bem como a centralização política de Portugal em torno da figura do Mestre de Avis. A Revolução de Avis foi fundamental para o processo expansionista português, tendo em vista que a nova dinastia que assumiu o trono possuía ligação com a atividade naval de cabotagem (navegação costeira). Além disso, com a centralização política, a afirmação da soberania do Estado português, e a conquista da estabilidade política, a monarquia portuguesa pôde concentrar recursos para estimular as Grandes Navegações, o que vai ao encontro da alternativa D. A alternativa A está incorreta, pois, embora o espírito cruzadístico ainda estivesse presente nesse contexto, inspirando navegadores modernos, não é o aspecto abordado no texto. A alternativa B está incorreta, pois a burguesia lusa esteve presente no processo expansionista. Esse setor buscava ampliar seus ganhos comerciais com os feitos da Expansão Marítima. A alternativa C está incorreta, pois o misticismo ainda esteve presente no período, bem como as narrativas fantásticas, que não impediram os navegadores modernos de investirem nas empreitadas marítimas. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois a Igreja Católica esteve presente no processo expansionista, não ocorrendo a dissociação entre o Estado e a Igreja. Além disso, ocorreram também desenvolvimentos científicos relacionados à engenharia náutica. QUESTÃO 83 A Revolução Industrial desencadeou e intensificou um incessante movimento de inovação tecnológica, econômica e social – a generalização da economia industrial –, que mudou a face da Terra. As novas relações econômicas decorrentes da organização do sistema produtivo em torno das fábricas foi a chave para a implementação de “um novo ritmo de vida, uma nova sociedade, uma nova época histórica”. A passagem de sociedades tradicionais ao mundo moderno tornou-se um ideal e um objetivo quase universais. MUSSE, R. Apontamentos sobre o nascimento da Sociologia. Disponível em: <https://blogdaboitempo.com.br>. Acesso em: 08 out. 2018. A consolidação de um novo ritmo de vida pelo mundo, de acordo com o texto, foi impulsionada pelo(a) A. implementação do conhecimento sociológico na vida cotidiana. B. intensificação do uso da manufatura na produção de bens. C. valorização econômica concedida ao trabalho humano. D. adoção de modelos tradicionais de organização social. E. estabelecimento das novas relações de produção. Alternativa E Resolução: A Revolução Industrial, conforme o texto- -base demonstra, promoveu um movimento incessante de inovação tecnológica, científica e social. É por intermédio do surgimento e do uso dessas novas tecnologias, juntamente com a generalização da economia industrial, que houve a modificação da estrutura da sociedade europeia. Esse processo teve como consequência a desestruturação do feudalismo e a consolidação do novo modo de produção: o capitalismo. Assim, vamos analisar as alternativas: A) INCORRETA – Não foi o surgimento da Sociologia que estimulou a busca pela afirmação de um novo ritmo de vida pelo mundo. B) INCORRETA – O que foi intensificado pela Revolução Industrial foi a produção de bens pelos meios industriais, não pela manufatura. C) INCORRETA – O trabalho humano, no processo da Revolução Industrial, não era algo valorizado economicamente. Os trabalhadores ganhavam pouco e chegavam a trabalhar 16 horas por dia. D) INCORRETA – O texto-base demonstra o contrário. Ou seja, o objetivo era a passagem de sociedades tradicionais para o mundo moderno. E) CORRETA – Conforme é argumentado no texto-base, foi o estabelecimento das novas relações de produção que estimulou a implementação de um novo ritmo de vida pelo mundo. 8CUG CH – PROVA I – PÁGINA 44 ENEM – VOL. 1 – 2023 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 84 Atenas compeliu Caristo, na Eubeia, a juntar-se à Liga; está claro que o princípio “voluntário” teve carreira curta. Logo depois de Naxos, tentou sair da Liga [...], o que bastou para que fosse sitiada e massacrada por Atenas. Naxos “foi a primeira cidade aliada a ser escravizada contrariando o costume estabelecido”, [...] Caristo recusou-se a juntar-se à aliança e foi forçada a fazê-lo; Naxos pensou em deixá-la e foi impedida à força. E essas eram somente as primeiras de muitas cidades-estados na mesma posição, sujeitas à autoridade de outro Estado que agia em benefício de seus próprios interesses, políticos e materiais. FINLEY, M. I. Economia e Sociedade na Grécia Antiga. Tradução de Marylene Pinto Michael. São Paulo: Martins Fontes, 1989. p. 45 (Adaptação). O texto aborda o contexto grego no Mundo Antigo, revelando a atuação de Atenas no que se refere à A. dominação imperialista sob as demais pólis gregas. B. absorção da cultura local das demais sociedades helênicas. C. expansão do ideal democrático para as cidades- estados gregas.D. contenção da influência cultural macedônica na região da Hélade. E. consolidação da supremacia ateniense perante a sociedade espartana. Alternativa A Resolução: O texto aborda o contexto após as guerras médicas, período no qual foi criada a Liga de Delos, para fazer resistência frente aos fortes exércitos persas. As cidades-estado abdicaram de seu relativo isolamento e de sua autonomia para fazer parte da associação militar liderada por Atenas. A associação arrecadava impostos, depositados na ilha de Delos, visando o fortalecimento do Exército grego. Mesmo após a vitória grega contra os Persas, Atenas insistiu na manutenção da Liga, dando início ao período de submissão das demais cidades-estado a Atenas. Conforme expresso no texto, a manutenção dessas cidades na Liga deixou de ser voluntária, deixando claras as pretensões imperialistas de Atenas sobre as demais cidades gregas, o que vai ao encontro da alternativa A. A alternativa B está incorreta, pois ao contrário do indicado, nesse contexto, não há uma absorção por Atenas da cultura local das sociedades helênicas. A alternativa C está incorreta, pois embora, nesse contexto, a democracia tenha se consolidado entre os atenienses, não é perceptível essa expansão dos ideais democráticos pelas cidades gregas, tendo em vista que outras cidades mantinham outros regimes políticos, como é o caso de Esparta. A alternativa D está incorreta, pois as investidas macedônicas e o contato com essa cultura ocorrem em um período posterior ao abordado, não ocorrendo, portanto, nesse contexto, uma preocupação ateniense em conter influências macedônicas. Por fim, contrariamente ao indicado na alternativa E, não se pode afirmar que ocorreu a consolidação da supremacia ateniense frente a sociedade Espartana nesse contexto. Ø9BR Esparta, que fazia parte da Liga de Delos, não satisfeita com as ações atenienses, sai da Liga, e juntamente com outras cidades forma a Liga do Peloponeso, que enfrenta Atenas, eclodindo assim a Guerra do Peloponeso, que tem Esparta como vencedora ao final do conflito. QUESTÃO 85 No fuso do Antimeridiano de Greenwich (180°), está contida a Linha Internacional de Data (LID). Sua localização é tão convencional e arbitrária quanto a escolha de Greenwich para a longitude zero. Mas essa linha define a mudança da data. No fuso com essa linha, a hora legal é a mesma a oeste e a leste, mas a data à esquerda está adiantada um dia em relação à data à direita. Os viajantes que atravessam a linha da direita para a esquerda devem adiantar um dia no calendário, mas sem alterar a hora legal, e vice-versa quando atravessam no sentido contrário. CANALLE, J.; MATSUURA, O. Astronomia. Agência Espacial Brasileira, Programa AEB Escola, 2007. Disponível em: <https://www.gov.br>. Acesso em: 29 nov. 2022 (Adaptação). A necessidade de estabelecimento da LID é decorrente do(a) A. existência de distintas zonas climáticas. B. direção do norte magnético do planeta. C. sequência entre as estações do ano. D. intervalo de duração do ano solar. E. movimento de rotação da Terra. Alternativa E Resolução: O movimento de rotação da Terra é realizado em torno do seu próprio eixo e dura cerca de 24 horas. Esse movimento expõe as diferentes partes da superfície, ao mesmo tempo, de forma distinta aos raios solares, causando as diferenças horárias e a alternância entre os períodos diurno e noturno. Com isso, foi necessário estabelecer a Linha Internacional de Data (LID) como uma referência de posição longitudinal onde ocorre a passagem de um dia para o outro. A alternativa A está incorreta, pois a diferenciação das zonas climáticas do planeta (intertropical, temperadas e polares) resulta do movimento de translação. A alternativa B está incorreta, pois a direção do norte magnético resulta do campo magnético do planeta. A alternativa C está incorreta, pois a sucessão entre as estações do ano também é uma consequência do movimento de translação. A alternativa D está incorreta, pois o ano solar corresponde ao intervalo que o Sol leva para retornar a uma mesma posição em relação à Terra, sendo também associado ao movimento de translação do planeta. QUESTÃO 86 Os senadores tiveram que enfrentar o descontentamento da plebe com [...] problemas gerados a partir do destino dado às terras conquistadas e às riquezas que afluíram para o território romano. [...] Por isso, no final da República, assistiu-se à elaboração de uma autêntica literatura jurídica, que buscava comentar e justificar as leis existentes. [...] De igual maneira, cada Pretor eleito costumava reeditar as medidas tomadas pelos magistrados anteriores, reformulando o que achasse necessário, para se adaptar aos novos problemas que apareciam. GONÇALVES, A. T. M. Lei e ordem na República Romana: uma análise da obra “De Legibus” de Cícero. Justiça & História, Porto Alegre, v. 2, n. 3, 2002, p. 5 (Adaptação). 93SE LZTA ENEM – VOL. 1 – 2023 CH – PROVA I – PÁGINA 45BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Com base no texto, a República Romana, no contexto das conquistas territoriais do século II a.C., buscou o controle popular e a superação de conflitos sociais por meio do(a) A. populismo imperial. B. anulação de direitos. C. inacessibilidade das leis. D. modernização legislativa. E. democratização do poder. Alternativa D Resolução: No período republicano em Roma, o avanço das conquistas territoriais fez crescer o número de conflitos sociais, como indicado no texto da questão. Os territórios conquistados pelos romanos ou eram submetidos a uma pesada carga de impostos e, muitas vezes, eram apropriados pelos líderes militares, que exerciam forte autoridade e exploração sobre os plebeus. Nesse sentido, iniciou-se uma crise da república romana, pois cresceu a desigualdade entre plebeus, patrícios e militares, o que já invalida a alternativa E. De acordo com o texto, o direito foi um dos caminhos tomados pelos magistrados romanos para tentar conter os graves problemas sociais. Desde quando as leis romanas passaram a ser escritas, qualquer cidadão passou a ter condições de apelar contra arbitrariedades das elites. Isso aumentou a acessibilidade do direito pelos plebeus, o que invalida a alternativa C. O comentário, a reedição e reformulação das leis no novo contexto político da República romana foi uma forma de retomada do poder por meio da persuasão pela moral. Nesse sentido, houve uma modernização legislativa, o que vai ao encontro da alternativa D. A alternativa B está incorreta, pois, com a modernização legislativa, indicava- se o interesse político por reformas sociais, e evitava-se a guerra civil iminente em Roma. É importante notar que, nesse contexto, Roma ainda não era um Império, o que invalida, portanto, a alternativa A. QUESTÃO 87 O lugar tem muitos significados que são atribuídos pelas pessoas e traduz os espaços com os quais desenvolvemos vínculos mais afetivos e subjetivos do que racionais e objetivos, como, por exemplo, uma praça ou uma rua onde se brinca desde a sua infância. KUNDLATSCH, C.; PIREHOWSKI, D.; STANISKI, A. O conceito de lugar e suas diferentes abordagens. Revista Perspectiva Geográfica, v. 9, n. 11, 2014. Disponível em: <https://e-revista.unioeste.br>. Acesso em: 21 nov. 2022. Na perspectiva da Geografia, o lugar é definido como um espaço com o qual os indivíduos desenvolvem relações que resultam na A. anulação do valor simbólico das formas espaciais. B. constituição de um sentimento de pertencimento. C. delimitação de fronteiras político-administrativas. D. apropriação econômica dos recursos naturais. E. homogeneização interna do recorte espacial. K7NR Alternativa B Resolução: Na perspectiva da Geografia, o lugar é um espaço com o qual as pessoas desenvolvem um sentimento de pertencimento, pois é onde realizam a sua vivência e constroem as suas experiências, resultando em laços afetivos e pessoais com o espaço. A alternativaA está incorreta, pois o lugar envolve a atribuição de valor simbólico às formas espaciais, já que elas remetem às experiências e despertam sentimentos nos indivíduos. A alternativa C está incorreta, pois a delimitação de fronteiras político- -administrativas leva ao estabelecimento de territórios. A alternativa D está incorreta, pois a apropriação econômica dos recursos naturais não, necessariamente, gera uma relação afetiva com o espaço. A alternativa E está incorreta, pois um recorte espacial com uma homogeneidade interna em relação a uma determinada característica corresponde a uma região. QUESTÃO 88 O surgimento presumido da navegação astronômica no Ocidente em meados do século XV coincide, não por acaso, com o momento em que as caravelas portuguesas atingiram a altura da Guiné, afastada cerca de 30° de latitude de Lisboa. [...] Essa manobra, [...] domada pouco a pouco, foi conduzindo os navios cada vez mais Atlântico adentro [...]. Primeiro adotou-se a Estrela Polar, [...] no entanto, com o avanço progressivo rumo ao Hemisfério Sul, [...] novos referenciais estelares foram buscados, mormente o Cruzeiro do Sul. FERREIRA, A. M. Formas de apreensão do espaço em Portugal no contexto da Expansão Ultramarina. Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2010. p. 51-52 (Adaptação). O desenvolvimento das práticas descritas anteriormente implicou a A. abdicação do empirismo na ciência náutica. B. ampliação da confiança na cosmovisão religiosa. C. implementação de técnicas de navegação costeira. D. proliferação de sistemas e instrumentos de medição. E. multiplicação das narrativas mitológicas de viajantes. Alternativa D Resolução: A navegação astronômica é a prática de orientação no espaço marítimo a partir da posição dos astros, com auxílio da medição matemática e cálculo dos ângulos com instrumentos náuticos, como o sextante e o astrolábio. Com o movimento de expansão marítima a partir do século XV, a navegação astronômica foi cada vez mais desenvolvida e modernizada, com a proliferação de novos sistemas e instrumentos de medição, o que torna a alternativa D correta. A alternativa C está incorreta, pois os navegantes começaram, cada vez mais, a se afastar da costa e, com isso, não podiam mais contar com os referenciais territoriais. Tal método contrapõe-se à navegação costeira, ou de cabotagem, que era a navegação realizada anteriormente entre portos marítimos sem perder a costa como referencial. 2PD6 CH – PROVA I – PÁGINA 46 ENEM – VOL. 1 – 2023 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Nesse sentido, a navegação astronômica depende do empirismo e de novos sistemas de medição, o que invalida a alternativa A. As alternativas B e E estão incorretas, pois embora, nesse contexto, visões religiosas e narrativas mitológicas estivessem presentes, a navegação astronômica não implica a sustentação desses aspectos relacionados a navegação em alto mar. QUESTÃO 89 Em estudo publicado em 2014 sobre o comportamento de 1,7 mil pais americanos perante campanhas de vacinação, Reifler descobriu que dar informações concretas sobre benefícios das vacinas costuma ter pouco impacto em pessoas com visões fortemente negativas sobre a imunização. “As campanhas davam informações explicando que não há nenhuma prova de a vacina MMR (tríplice viral) causar autismo (mito inicialmente divulgado nos anos 1990) e de que você não pega gripe ao tomar vacina de gripe”, explica o pesquisador. Só que algo curioso acontecia: os pais entendiam as explicações e os fatos, mas mesmo assim não havia nenhum aumento na cobertura de imunização.Ou seja, os pais que não queriam vacinar seus filhos em geral continuavam sem vaciná-los, a despeito dos dados ofertados. IDOETA, P. A. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/>. Acesso em: 16 out. 2018. A modalidade de conhecimento adotada pelos pais que se recusam a vacinar os filhos, conforme o texto, representa a A. manifestação da pura e livre criatividade humana. B. adesão a crenças que ignoram determinados fatos. C. busca racional e metódica por verdades verificáveis. D. compreensão de que haja verdades dadas pela divindade. E. investigação crítica do conhecimento temporário e limitado. Alternativa B Resolução: Há diversas razões pelas quais grupos sociais aderem ou rejeitam determinadas evidências. O texto apresenta a postura de pais que, apesar das evidências do benefício das vacinas, recusam-se a fazê-lo em função de determinadas crenças sem embasamento nos fatos. A modalidade de conhecimento adotada pelos pais citados no texto representa o senso comum, que adota ou descarta evidências, fatos e opiniões sem rigor ou senso crítico apurado. A alternativa A está incorreta, pois essa descrição corresponde mais adequadamente à arte e ao conhecimento artístico. A alternativa C está incorreta, já que essa descrição corresponde à atividade científica. A alternativa D está incorreta porque essa descrição corresponde à religiosidade e à teologia. A alternativa E está incorreta, uma vez que essa descrição dialoga com algumas posições da Filosofia. P9BB QUESTÃO 90 A educação reduziu a alfabetização a um mero reconhecimento das letras. [...] Ao medo do uso excessivo da palavra escrita, somava-se o medo da palavra falada. Proíbem-se os discursos longos, incentiva-se o falar pouco. Esparta vira, como afirmou Ephraim David, o “cosmos do silêncio” [...]. Essa aversão ao lógos (Ἀớỵos) tinha uma função básica [...], aniquilando o questionamento das novas gerações, antes sempre questionadoras sobre a participação política, redivisão de terras e sempre receptivas às novidades externas. CERQUEIRA, F. V.; SILVA, M. A. O. (org.). Estudos sobre Esparta. Pelotas: Ed. UFPel, 2019. Os aspectos sociais da sociedade espartana descritos no texto revelam uma estratégia política de A. legitimar a participação política democrática para os cidadãos espartanos. B. garantir um maior controle social por meio da obediência à autoridade. C. instituir a promoção de direitos igualitários aos habitantes de Esparta. D. incentivar a diversificação da vida social dos cidadãos espartanos. E. aprimorar a educação formal oferecida pelo Estado espartano. Alternativa B Resolução: O texto sinaliza a redução da alfabetização, a limitação do envolvimento dos cidadãos de Esparta no exercício político, bem como a proibição do desenvolvimento da oratória. Essas estratégias estiveram relacionadas a uma atuação do Estado (no caso, a aristocracia espartana) para garantir um maior controle social e legitimar o seu poder político, por meio da instituição da obediência à autoridade, o que vai ao encontro da alternativa B. A alternativa A está incorreta, pois em Esparta não se tinha o regime democrático, além disso, a proibição de discursos longos ou mesmo a aniquilação ao questionamento das novas gerações e a participação política não fazem parte da esfera democrática. A alternativa C está incorreta, pois não há uma intenção de promover direitos em condições igualitárias aos habitantes. Além disso, é importante lembrar que nem todos os habitantes gozavam dos mesmo direitos e deveres. A alternativa D está incorreta, pois ao contrário do indicado, há uma tentativa de homogeneização da vida social dos cidadãos de Esparta. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois conforme o próprio texto descreve, a educação formal reduziu o seu papel, tendo em vista que a alfabetização passou para um mero reconhecimentos de letras. BQOA ENEM – VOL. 1 – 2023 CH – PROVA I – PÁGINA 47BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO