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CONTABILIDADE INTERNACIONAL

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2011
Contabilidade 
internaCional
Prof.ª Aline Fernandes de Oliveira Czesnat
Copyright © UNIASSELVI 2011
Elaboração:
Prof.a Aline Fernandes de Oliveira Czesnat
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
 
657
C998c Czesnat, Aline Fernandes de Oliveira
 Contabilidade internacional /Aline Fernandes de Oliveira 
 Czesnat. Indaial : Uniasselvi, 2011. 225 p. : il.
 
 Inclui bibliografia.
 ISBN 978-85-7830-496-6
1. Contabilidade internacional.
 I. Centro Universitário Leonardo da Vinci
 
 
III
apresentação
Caro(a) acadêmico(a)!
A contabilidade vem passando por várias mudanças nos últimos 
anos. Nesse sentido, no ano de 2007, a Lei das Sociedades por Ações sofreu 
alterações. Estas mudanças ocorridas na normatização da contabilidade 
tiveram como objetivo harmonizar as normas contábeis nacionais às normas 
contábeis internacionais. Assim, o objetivo do processo de harmonização é 
fazer com que as informações contábeis disponibilizadas aos usuários não 
sejam tão diferentes, independente do país onde se encontram.
Pensando nisso, elaborou-se este Caderno de Estudos, que permitirá 
ao(à) acadêmico(a) obter um conhecimento a respeito do processo de 
harmonização contábil e seu reflexo nas normas contábeis brasileiras.
Assim, a fim de atingir este objetivo, este caderno foi dividido em 
três unidades, a saber: a Unidade 1 foi dividida em quatro tópicos, em que 
o primeiro aborda desde a evolução do ensino da contabilidade no Brasil, 
ao surgimento da lei das sociedades anônimas, ou Lei nº 6.404/76 e sua 
reformulação pela Lei nº 11.638/2007. No Tópico 2 é apresentado o processo 
de harmonização das normas contábeis brasileiras às normas contábeis 
internacionais, suas vantagens e desvantagens e as principais dificuldades 
encontradas pelo Brasil neste processo, assim como as informações contábeis, 
suas caraterísticas e seus usuários. Já no tópico terceiro são discutidos os 
principais órgãos nacionais e internacionais responsáveis pela harmonização 
contábil, seguido pela apresentação das normas contábeis internacionais, 
conhecidas como IFRS. Encerrando-se o Tópico 4, abordam-se as principais 
divergências encontrados no critério de reconhecimento e mensuração na 
contabilidade nacional e internacional. 
A Unidade 2 compreende o início da convergência das demonstrações 
contábeis brasileiras para as demonstrações contábeis internacionais. Neste 
capítulo foram abordados o BP, a DRE e a DMPL. Assim, esta unidade foi 
dividida em cinco tópicos. O Tópico 1 apresenta o Pronunciamento Técnico 
26, que trata da apresentação das demonstrações contábeis; no Tópico 2 é 
apresentado o balanço patrimonial e sua nova estrutura, seus grupos, suas 
alterações como exclusões e introdução de novos grupos. Aborda-se também 
o teste de recuperabilidade aplicado ao grupo do imobilizado e do intangível. 
No Tópico 3 são apresentadas as alterações sofridas no grupo do passivo e 
no patrimônio líquido, também com exclusões e introdução de novas contas. 
No Tópico 4, estão as demonstrações do resultado do exercício, com suas 
alterações e o novo modelo de DRE. E por fim, no Tópico 5 é apresentado 
IV
o DMPL, com as movimentações que afetam e não afetam as contas do 
patrimônio líquido de uma organização, o pronunciamento contábil que 
trata especificamente desta demonstração e suas formas de elaboração.
Na terceira e última unidade do Caderno de Estudos, tratou-se 
sobre as novas demonstrações contábeis incluídas entre as demonstrações 
contábeis obrigatórias pela Lei nº 11.638/2007 e também sobre as notas 
explicativas. Assim, esta unidade foi dividida entre três tópicos. No Tópico 1 
foi apresentada a DFC, seu conceito, suas contas, formas de elaboração e por 
fim os modelos de cada método. No Tópico 2 é apresentada a DVA, seguem 
o conceito e objetivo, empresas obrigadas a sua elaboração e publicação, 
as contas presentes nesta demonstração contábil e por fim sua forma de 
elaboração. No último tópico desta unidade, foram discutidas as notas 
explicativas que acompanham as demonstrações contábeis obrigatórias. 
Apresentando os assuntos que devem compor as notas explicativas, tanto na 
visão da legislação contábil quanto na visão do Comitê de Pronunciamentos 
Contábeis como na visão da Comissão de Valores Mobiliários.
Nas unidades deste Caderno de Estudos, apresentou-se um breve 
resumo sobre a contabilidade internacional. Nesse sentido, espera-se que 
o acadêmico(a) tenha um conhecimento sobre as novidades trazidas pela 
contabilidade internacional na contabilidade nacional, ampliando seu 
conhecimento quanto as alterações que as normas contábeis estão passando.
Prof.ª Aline Fernandes de Oliveira Czesnat
V
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
VI
VII
UNIDADE 1 – PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL MUNDIAL ........................... 1
TÓPICO 1 – CRESCIMENTO DO ENSINO E DA CONTABILIDADE NO BRASIL ............... 3
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3
2 EVOLUÇÃO DO ENSINO CONTÁBIL NO BRASIL ................................................................... 3
2.1 LEI DAS SOCIEDADES ANÔNIMAS OU LEI Nº 6.404 DE 1976 ............................................ 5
2.1.1 Noções gerais de uma sociedade anônima ......................................................................... 8
2.1.2 Classificação das S.A. ............................................................................................................. 9
2.1.3 Sociedade anônima aberta ..................................................................................................... 9
2.2 CENÁRIO CONTÁBIL HOJE: SURGIMENTO DA LEI Nº 11.638/2007 ................................. 10
2.3 SOCIEDADE DE GRANDE PORTE ............................................................................................. 13
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 16
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 17
TÓPICO 2 – A HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL ..............................................................................19
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 19
2 PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO DAS NORMAS CONTÁBEIS NACIONAIS ÀS 
NORMAIS CONTÁBEIS INTERNACIONAIS .............................................................................. 20
2.1 VANTAGENS E DESVANTAGENS DA HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL ............................ 21
2.2 RAZÕES QUE LEVAM AS DIFERENÇAS INTERNACIONAIS .............................................. 23
2.2.1 Aspectos do sistema legal do país ........................................................................................ 24
2.2.2 Influência e status da profissão contábil .............................................................................. 26
2.2.3 Ensino contábil e estrutura teórica contábil ........................................................................ 27
2.3 INFORMAÇÃO CONTÁBIL .......................................................................................................... 28
2.3.1 Características qualitativas da informação contábil .......................................................... 30
2.3.2 Usuários e suas características .............................................................................................. 36
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 39
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 40
TÓPICO 3 – ÓRGÃOS RESPONSÁVEIS PELO PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO 
CONTÁBIL MUNDIAL ................................................................................................... 43
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 43
2 ORGANISMOS NACIONAIS RESPONSÁVEIS PELA HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL ..... 44
2.1 CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE – CFC ............................................................. 44
2.2 COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS - CPC ....................................................... 45
2.3 COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS – CVM.................................................................... 48
2.4 INSTITUTO DOS AUDITORES INDEPENDENTES DO BRASIL – IBRACON ..................... 51
2.5 ORGANISMOS INTERNACIONAIS RESPONSÁVEIS PELA HARMONIZAÇÃO 
CONTÁBIL ........................................................................................................................................ 52
2.6 INTERNATIONAL ACCOUNTING STANDARDS BOARD – IASB .......................................... 52
2.6.1 International Financial Reporting Standards - IFRS ............................................................... 54
2.7 FINANCIAL ACCOUNTING STANDARDS BOARD - FASB ..................................................... 57
2.8 SECURITIES AND EXCHANGE COMMISSION – SEC ............................................................. 58
2.9 THE INTERNATIONAL ORGANIZATION OF SECURITIES COMMISSION - IOSCO 
(Organização Mundial das Comissões de Valores Mobiliários) ............................................... 58
sumário
VIII
2.10 ORGANIZATION FOR ECONOMIC COOPERATION AND DEVELOPMENT - OECD 
(Organização para Desenvolvimento e Cooperação Econômica) .......................................... 59
2.11 EUROPEAN UNION - UNIÃO EUROPEIA (EU) ..................................................................... 60
2.12 THE INTERNATIONAL FEDERATION OF ACCOUNTANTS – IFAC FEDERAÇÃO 
INTERNACIONAL DE CONTADORES) .................................................................................. 60
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 62
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 63
TÓPICO 4 – PRINCIPAIS DIVERGÊNCIAS NO CRITÉRIO DE RECONHECIMENTO E 
MENSURAÇÃO ENTRE AS NORMAS INTERNACIONAIS E NACIONAIS ... 65
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 65
2 PRINCIPAIS DIVERGÊNCIAS NO CRITÉRIO DE RECONHECIMENTO E 
 MENSURAÇÃO ENTRE AS NORMAS INTERNACIONAIS E NACIONAIS ....................... 66
2.1 PESQUISA E DESENVOLVIMENTO ........................................................................................... 66
2.2 CONTABILIZAÇÃO DO LEASING FINANCEIRO................................................................... 68
2.3 CONTABILIZAÇÃO DO GOODWILL ........................................................................................ 70
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 72
RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 74
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 75
UNIDADE 2 – ALTERAÇÕES NA ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ..... 77
TÓPICO 1 – PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CONTÁBIL 26: APRESENTAÇÃO DAS 
DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS .............................................................................. 79
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 79
2 PRONUNCIAMENTO TÉCNICO 26 – CPC 26............................................................................... 79
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 82
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 83
TÓPICO 2 – BALANÇO PATRIMONIAL ........................................................................................... 85
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 85
2 BALANÇO PATRIMONIAL .............................................................................................................. 85
2.1 ATIVO CIRCULANTE .................................................................................................................... 88
2.2 ATIVO NÃO CIRCULANTE .......................................................................................................... 89
2.2.1 Imobilizado .............................................................................................................................. 90
2.2.2 Mensuração do custo.............................................................................................................. 91
2.2.3 Avaliação do ativo imobilizado ............................................................................................ 92
2.3 EXTINÇÃO DA CONTA ATIVO DIFERIDO .............................................................................. 93
2.4 ATIVO INTANGÍVEL ..................................................................................................................... 94
2.4.1 Definição de ativo intangível ................................................................................................ 95
2.4.2 Reconhecimento e mensuração do ativo intangível .......................................................... 96
2.4.3 Mensuração do ativo intangível após o seu reconhecimento .......................................... 97
2.4.4 Vida útil dos ativos intangíveis ............................................................................................ 97
2.4.5 Amortização do ativo intangível .......................................................................................... 98
2.4.6 Exemplosde ativos intangíveis ............................................................................................ 99
2.5 TESTE DE RECUPERABILIDADE DO ATIVO (IMPAIRMENT) .............................................. 99
2.5.1 Exemplo prático desta situação, evidenciado por Coelho e Lins (2010) ......................... 101
2.5.2 Contabilização da perda ........................................................................................................ 102
2.6 COMPARAÇÃO DA ESTRUTURA DO ATIVO ANTES E DEPOIS DA ALTERAÇÃO ....... 103
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 105
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 106
IX
TÓPICO 3 – PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO ........................................................................ 109
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 109
2 PASSIVO ................................................................................................................................................ 109
2.1 PASSIVO CIRCULANTE ................................................................................................................ 109
2.2 PASSIVO NÃO CIRCULANTE ..................................................................................................... 110
2.3 AVALIAÇÃO DO PASSIVO ........................................................................................................... 110
2.4 COMPARAÇÃO DA ESTRUTURA DO PASSIVO ANTES E DEPOIS DAS 
 ALTERAÇÕES .................................................................................................................................. 110
2.5 PATRIMÔNIO LÍQUIDO ................................................................................................................ 111
2.5.1 Exclusão de contas do PL ...................................................................................................... 111
2.5.2 Novas contas do patrimônio líquido ................................................................................... 113
2.5.2.1 Criação da conta de Ajuste de Avaliação Patrimonial (AAP) .............................. 114
2.5.2.2 Exemplo do lançamento em uma conta de Ajuste de Avaliação Patrimonial 
(AAP) apresentado por FIPECAFI, (2010) .............................................................. 114
2.5.3 Criação da conta de Reserva de Incentivos Fiscais ............................................................ 115
2.5.4 Classificação da conta ações em tesouraria ......................................................................... 116
2.6 COMPARAÇÃO DA ESTRUTURA DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO ANTES DE DEPOIS 
 DAS ALTERAÇÕES ......................................................................................................................... 117
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 118
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 119
TÓPICO 4 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO ........................................ 121
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 121
2 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO ............................................................. 121
2.1 ALTERAÇÕES NA APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES DO RESULTADO DO 
EXERCÍCIO ....................................................................................................................................... 122
2.2 REGIME DE CAIXA E O REGIME DE COMPETÊNCIA .......................................................... 123
2.3 COMPARAÇÃO DA ESTRUTURA DA DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO 
EXERCÍCIO ANTES DE DEPOIS DAS ALTERAÇÕES .............................................................. 123
RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 125
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 126
TÓPICO 5 – DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO ............... 129
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 129
2 DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO - DMPL .................... 129
2.1 MOVIMENTAÇÕES QUE AFETAM AS CONTAS DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO ................ 130
2.2 MOVIMENTAÇÕES QUE NÃO AFETAM O PATRIMÔNIO LÍQUIDO ................................ 131
2.3 DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO SEGUNDO 
 O CPC 26 ........................................................................................................................................... 131
2.4 ELABORAÇÃO DA DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO 
 LÍQUIDO ........................................................................................................................................... 132
2.5 ESTRUTURA DA DMPL COM A LEI Nº 11.638/07 ................................................................... 141
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 146
RESUMO DO TÓPICO 5........................................................................................................................ 149
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 150
UNIDADE 3 – NOVA DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E COMPLEMENTOS ..................... 153
TÓPICO 1 – DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA .............................................................. 155
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 155
2 DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA - DFC ...................................................................... 156
X
2.1 EMPRESAS OBRIGADAS A ELABORAR A DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE 
 CAIXA - DFC .................................................................................................................................... 156
2.2 OBJETIVOS E FINALIDADES DA DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA – DFC ..... 157
2.2.1 Caixa e equivalentes de caixa ................................................................................................ 158
2.3 TRANSAÇÕES QUE AFETAM O CAIXA ................................................................................... 159
2.4 CLASSIFICAÇÃO DAS MOVIMENTAÇÕES EM FLUXO DE ATIVIDADES ....................... 160
2.4.1 Atividades operacionais ......................................................................................................... 160
2.4.2 Atividades de investimento ................................................................................................... 162
2.4.3 Atividade de financiamento .................................................................................................. 164
2.5 MOVIMENTAÇÕES DE INVESTIMENTO E DE FINANCIAMENTOS QUE NÃO 
 AFETAM O CAIXA DA EMPRESA .............................................................................................. 165
2.6 MÉTODOS DE ELABORAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA .......................................................... 165
2.6.1 Método a ser elaborado no Brasil ......................................................................................... 166
2.6.2 Método direto ......................................................................................................................... 166
2.6.3 Método indireto..................................................................................................................... 167
2.7 DIFERENÇAS ENTRE OS MÉTODOS DIRETO E INDIRETO ................................................. 167
2.8 VANTAGENS E DESVANTAGENS ENTRE OS DOIS MÉTODOS .......................................... 168
2.9 ESTRUTURA DA DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA .............................................. 169
2.9.1 Elaboração da demonstração do fluxo de caixa pelo método direto .............................. 170
2.9.2 Elaboração da Demonstração do Fluxo de Caixa pelo Método Indireto ........................ 180
2.9.2.1 Técnica para demonstrar as atividades operacionais ........................................... 181
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 184
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 185
TÓPICO 2 – DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO ..................................................... 187
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 187
2 DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO - DVA ............................................................ 187
2.1 OBJETIVO, FINALIDADE E CARACTERÍSTICAS DA DVA .................................................. 187
2.2 OBRIGATORIEDADE DA DVA .................................................................................................... 189
2.3 VALOR ADICIONADO .................................................................................................................. 190
2.4 ÍNDICES QUE O VALOR ADICIONADO SERVE COMO IMPORTANTE INDICADOR ... 190
2.5 COMPOSIÇÃO DA RIQUEZA DA DEMONSTRADA NA DVA ............................................ 192
2.5.1 Riqueza criada pela própria empresa .................................................................................. 192
2.5.2 Riqueza recebida em transferência ....................................................................................... 192
2.6 ELABORAÇÃO DA DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO .................................. 193
2.7 MODELO DA DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO ............................................ 193
2.7.1 Componentes da DVA ........................................................................................................... 194
2.8 EXEMPLO DE ELABORAÇÃO DA DVA .................................................................................... 197
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 202
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 203
TÓPICO 3 – NOTAS EXPLICATIVAS ................................................................................................. 207
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 207
2 NOTAS EXPLICATIVAS ..................................................................................................................... 207
2.1 NOTAS EXPLICATIVAS CONFORME A LEI DAS SOCIEDADES POR AÇÕES .................. 208
2.2 NOTAS EXPLICATIVAS DE ACORDO COM O CPC ................................................................ 210
2.3 NOTAS EXPLICATIVAS DE ACORDO COM A CVM .............................................................. 211
2.4 INFORMAÇÕES CONTIDAS NAS NOTAS EXPLICATIVAS .................................................. 213
2.4.1 Critérios de avaliação ............................................................................................................ 213
2.4.2 Investimentos em outras empresas quando relevante ...................................................... 214
2.4.3 Ônus, garantias e outras responsabilidades eventuais ou contingentes ........................ 214
2.4.4 Taxa, data de vencimento, e outras garantias ..................................................................... 214
XI
2.4.5 Ações do capital social ........................................................................................................... 215
2.4.6 Opção de compra de ações .................................................................................................... 215
2.4.7 Ajuste de exercícios anteriores .............................................................................................. 215
2.4.8 Eventos subsequentes ............................................................................................................ 215
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 216
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 218
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 219
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 221
1
UNIDADE 1
PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO 
CONTÁBIL MUNDIAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você será capaz de:
• proporcional ao(à) acadêmico(a) o conhecimento sobre as mudanças ocor-
ridas no cenário contábil nacional devido ao processo de harmonização 
contábil mundial.
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No final de cada um deles, você 
encontrará atividades que o(a) auxiliarão na apropriação dos conhecimentos.
TÓPICO 1 – CRESCIMENTO DO ENSINO E DA CONTABILIDADE NO 
BRASIL
TÓPICO 2 – A HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL
TÓPICO 3 – ÓRGÃOS RESPONSÁVEIS PELO PROCESSO DE 
HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL MUNDIAL
TÓPICO 4 – PRINCIPAIS DIVERGÊNCIAS NO CRITÉRIO DE 
RECONHECIMENTO E MENSURAÇÃO ENTRE AS 
NORMAS INTERNACIONAIS E NACIONAIS
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
CRESCIMENTO DO ENSINO E DA 
CONTABILIDADE NO BRASIL
1 INTRODUÇÃO
O cenário contábil no Brasil está passando por uma grande mudança nos 
últimos anos. No ano 2000 foi enviado ao Poder Legislativo um projeto de lei no 
qual se tinha o objetivo de alterar a lei das Sociedades Anônimas, Lei nº 6.404/76.
Em 2007, tal projeto de lei foi aprovado, sendo criada a Lei nº 11.638 de 
2007. Esta nova legislação teve como objetivo fazer alterações na lei das Sociedades 
Anônimas atualizando as regras contábeis nacionais, as normas contábeis 
internacionais, levando o Brasil à harmonização contábil mundial.
Porém, antes de se adentrar no processo de convergência às normas 
internacionais, é preciso compreender que o ensino da contabilidade no Brasil e 
o cenário normatizado, ou seja, a legislação na qual as empresas brasileiras estão 
sujeitas. 
Para isto faz-se uma breve excursão à criação e à evolução do ensino da 
contabilidade no Brasil, à legislação das Sociedades Anônimas e à criação do novo 
grupo de empresas classificados como Sociedades de Grande Porte.
2 EVOLUÇÃO DO ENSINO CONTÁBIL NO BRASIL
O ensino da contabilidade no Brasil, como conhecemos, é algo recente, 
podendo datá-lo do século XX. No entanto, em 15 de julho de 1809, foi dado o 
primeiro passo ao ensino da contabilidade no país. Neste ano foi promulgado um 
alvará às escolas de comércio da época, para lecionarem contabilidade, intituladas 
de “aulas práticas”. Mais tarde, em 1863, o já criado Instituto Comercial do Rio de 
Janeiro começa a oferecer a disciplina “Escrituração Mercantil”, a fim de tornar 
seus alunos aptos a realizarem a escrituração contábil.
A criação do primeiro Código Comercial Brasileiro em 1850 pode ser 
considerada o ponto de partida para o ensino oficial da contabilidade na Brasil, 
uma vez que:
“A promulgaçãodo primeiro Código Comercial Brasileiro por meio da Lei 
nº 556, de 25 de junho de 1850, trouxe a obrigatoriedade de as empresas manterem 
a escrituração contábil, seguirem uma ordem uniforme para os registros contábeis 
UNIDADE 1 | PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL MUNDIAL
4
e o levantamento, ao final de cada ano, dos balanços gerais. Ao determinar o uso 
das partidas dobradas reforça a necessidade do ensino comercial [...]”. (PELEIAS; 
BACCI, 2004, p. 41 e 42).
Porém, a primeira escola especializada no ensino da contabilidade, segundo 
Iudícibus (2004), surgiu em 1902, com a criação da Escola Alvares Penteado. No 
entanto, apenas em 1931 foi criado o primeiro curso de contabilidade propriamente 
dito. Este curso tinha objetivo de formar profissionais técnicos em contabilidade e 
perito contador. Para a formação do técnico, a durabilidade do curso era de dois 
anos e para formação do perito contador, o curso tinha durabilidade de três anos. 
O primeiro curso superior de Ciências Contábeis e Atuarias do Brasil foi 
aprovado pelo Decreto-lei nº 7.988 de 1945. Em 1946, de acordo com Robles Junior 
e Marion (1998), surgiam o Conselho Federal de Contabilidade e a Faculdade 
de Ciências Econômicas e Administrativas (FCEA) posteriormente denominada 
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA), instituição onde 
surgiu o primeiro núcleo de pesquisa contábil e, mais tarde, em 1970, o primeiro 
curso de pós-graduação em Ciências Contábeis do Brasil. (PELEIAS et al., 2007).
Com a criação da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade 
(FEA) os cursos de bacharelado em Ciências Contábeis passaram a ter uma grade 
curricular de quatro anos. De acordo com Robles Junior e Marion (1998, p. 15), 
apenas em 1962, a grade curricular do curso de contabilidade volta a ter nova 
alteração, quando passou a ser separado em dois ciclos de ensino intitulados de 
“ciclo de formação básica e ciclo de formação profissional”, conforme apresentado 
no quadro a seguir:
Ciclo de formação básica Matemática, Estatística, Direito e Economia
Ciclo de formação 
profissional
Contabilidade Geral, Contabilidade Comercial, 
Contabilidade de Custos, Auditoria e Análise 
de Balanço, Técnica Comercial, Administração e 
Direito Tributário.
QUADRO 1 – CICLO DE FORMAÇÃO BÁSICA E PROFISSIONAL
FONTE: Adaptado de: Robles Junior e Marion (1998)
No ano de 1992, nova alteração na legislação institui considerações sobre 
o conteúdo e durabilidade dos cursos de contabilidade, trazendo ainda normas 
para as instituições de ensino superior formar seus currículos, a fim de delimitar 
um perfil de profissional contábil que desejam formar. (ROBLES JÚNIO R; 
MARION, 1998).
Segundo Niyama (2008, p. 4), “a qualidade da educação na área contábil 
tem significativo impacto na qualidade e no tipo de informação, bem como no 
sistema contábil de gerar informação”. Ainda de acordo com o mesmo autor, a 
TÓPICO 1 | CRESCIMENTO DO ENSINO E DA CONTABILIDADE NO BRASIL
5
influência da escola italiana prevaleceu fortemente até os meados da década de 
70, até a vigência da Lei nº 6.404/76, que veio estabelecer critérios e procedimentos 
contábeis predominantemente influenciados pelas escolas norte-americanas de 
contabilidade.
2.1 LEI DAS SOCIEDADES ANÔNIMAS OU LEI Nº 6.404 DE 
1976
A Lei nº 6.404/76, conhecida como a Lei das Sociedades Anônimas (S/A), 
data de 15 de dezembro de 1976. Para compreendermos esta legislação, é preciso 
entender que o cenário econômico do país estava alterando, isto é, na década de 
70 o mercado financeiro estava nascendo e ocorria a reforma bancária, porém, 
para que este cenário ocorresse alguns passos foram dados, segundo Niyama 
(2008):
• As demonstrações contábeis das companhias abertas passaram a ser verificadas 
por auditores independentes obrigatoriamente.
• O Banco Central do Brasil publicou sua Circular nº 179/72, que padronizava 
a forma e a estrutura das demonstrações contábeis para a publicação pelas 
empresas classificadas como companhias abertas.
• O cenário contábil passou a sofrer forte influência da escola norte-americana, 
sendo demonstrado pelo começo dos estudos sobre os princípios contábeis.
Com o surgimento da Lei das Sociedades Anônimas, a contabilidade 
passou a ter novidades, como por exemplo, a criação dos registros auxiliares 
para atender a exigências fiscais e o dever de observar os princípios contábeis 
para a escrituração mercantil (NIYAMA, 2008). Esta legislação resultou em um 
verdadeiro aprimoramento e revolução da área contábil. (FIPECAFI, 2007). 
Segundo Martins, Martins e Martins (2007, p. 19), entre as novidades 
trazidas pela lei das S/A encontramos: 
Equivalência patrimonial, consolidação, correção monetária, 
eliminação das antigas contas de “pendente” do ativo e passivo, 
nomenclatura mais avançada (eliminação dos ilógicos “fundos” 
de depreciação, devedores duvidosos e outros), classificação mais 
moderna, introdução da demonstração das origens e aplicações 
de recursos e da mutação do patrimônio líquido, segregação entre 
demonstração do resultado e dos lucros ou prejuízos acumulados etc.
Além de suprir e acrescentar algumas contas e trazer novos procedimentos 
contábeis, a legislação tratava também dos aspectos do mercado financeiro. Entre 
estes aspectos encontramos as características das companhias classificadas como 
Sociedades Anônimas ou Sociedade por Ações.
Várias são as formas de se constituir uma empresa. Nesse sentido, no 
quadro a seguir estão apresentadas as várias formas de constituição de uma 
empresa:
UNIDADE 1 | PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL MUNDIAL
6
Sociedade Espécie de sócio.
Responsabilidade 
do sócio. Administração. Nome.
Formação do 
nome.
Constituição 
do capital.
Em comandita 
espécie. Comanditado;Comanditário.
Limitada para o 
comanditado;
Limitada para o 
comanditário.
Um ou mais 
sócio.
Razão social.
Nome de 
um ou mais 
comanditados; 
+ e companhia 
no fim.
Todos os 
sócios.
Em nome 
Coletivo. Solidários. Ilimitada para todos os sócios.
Um ou 
mais sócios 
indicados no 
contrato.
Razão social.
Nome de um 
ou + sócios; + 
e companhia 
no fim se 
faltar algum 
nome.
Todos os 
sócios.
Em cota de 
participação.
Sócio 
ostensivo;
Sócio 
participante.
Exclusiva do 
sócio ostensivo, 
que atua em 
nome próprio 
perante terceiros.
Sócio ostensivo 
(o participante 
não responde 
perante 
terceiros).
Não há (a 
sociedade 
não tem 
personalidade 
jurídica).
Não há. Todos os 
sócios.
Em comandita 
por ações. Comanditado;Comanditário.
Ilimitada para o 
comanditado;
Limitada para o 
comendatário.
Um ou + sócios 
comanditados 
escolhidos em 
assembleia.
Razão 
social ou 
denominação 
social 
opcional.
Nome de 
um ou + 
comanditados 
ou nome de 
fantasia + 
comandita p/
ações no fim.
Todos os 
sócios.
Anônima ou 
companhia. Acionistas.
Limitada ao 
preço de emissão 
das ações 
subscritas ou 
adquiridas. 
Diretoria e 
conselho de 
administração 
ou apenas 
diretoria. 
Denominação 
social.
Nome de 
fantasia + 
companhia ou 
S/A.
Todos os 
sócios.
Por cotas de 
responsabilidade 
limitadas. Cotistas.
Limitada ou 
capital subscrito; 
Os cotistas são 
solidários pelo 
capital a realizar.
Um ou + 
pessoas 
designadas no 
contrato ou ato 
separado.
Razão 
social ou 
denominação 
social.
Nome de 
um sócio 
ou + sócios 
+ limitada 
ou nome de 
fantasia + 
limitada.
Todos os 
sócios.
QUADRO 2 – FORMAS DE CONSTITUIR UMA EMPRESA
FONTE: Adaptado de: Ferreira (2010).
De uma forma geral, as empresas são regidas pelo novo Código Civil de 
acordo com a Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. No entanto, as empresa 
classificadas como Sociedades Anônimas possuem uma legislação específica 
denominada Lei das Sociedades por Ações, Lei nº 6.404 de 1976. 
 Segundo Niyama (2008, p. 8), “de uma forma geral, as empresas brasileiras 
classificam-se em dois grandes grupos: as sociedades anônimas e as sociedades 
por quota de responsabilidade limitada”. 
De acordo com o exposto no Quadro2, as sociedades anônimas possuem 
seu capital dividido em ações, responsabilizando os acionistas, (como são 
chamados dos donos deste tipo de empresa) apenas pela parte que lhe cabe ao 
capital, ou seja, a responsabilidade do acionista fica limitada ao preço de emissão 
das ações subscritas ou adquiridas por ele. (FERREIRA, 2010). 
TÓPICO 1 | CRESCIMENTO DO ENSINO E DA CONTABILIDADE NO BRASIL
7
No que se referente às ações de uma S/A, elas são classificadas como 
ações ordinárias e ações preferenciais. Destaca-se que este tipo de classificação 
também é apresentado no mercado financeiro de outros países, como por 
exemplo, o mercado financeiro dos Estados Unidos da América. Dependendo do 
tipo de ações que o sócio possua ela lhe conferirá certas vantagens e direitos, 
evidenciando assim, o interesse do portador da ação na companhia, conforme 
apresentado no quadro a seguir:
Tipo de Ação Interesse do portador Direitos e vantagens
PREFERENCIAL Remuneração
Tem o direito de receber os dividendos antes dos 
outros sócios (aqueles que possuem ações ordinárias), 
preferência em receber o capital caso a empresa seja 
dissolvida, possui a vantagem de fixa um dividendo 
mínimo. 
ORDINÁRIA Controle
Dá ao sócio o direito a voto, ou seja, este tipo de ação 
confere ao sócio o direito de decidir sobre a destinação 
dos resultados, elegem a diretoria e as alterações no 
estatuto da empresa, aprovam as demonstrações 
contábeis e por fim, deliberam sobre as ações da 
empresa.
QUADRO 3 – TIPOS DE AÇÕES
FONTE: Adaptado de: Assaf Neto (2001)
Conforme se observa no quadro anterior, os investimentos realizados nas 
sociedades por ações podem ser separados em dois objetivos, ou seja, quando 
se compra ações preferências, o maior interesse gira em torno do recebimento 
dos dividendos, enquanto o interesse das pessoas que compram ações ordinárias 
se concentrará no controle, isto é, o poder de decisão que este tipo de ação lhe 
confere.
Para que uma S/A negocie suas ações na bolsa de valores é preciso que ela 
esteja devidamente registrada no órgão responsável. No Brasil seu registro deve 
ser feito na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A venda ou não das ações 
da companhia no mercado financeiro qualificará esta empresa como companhia 
de capital aberto ou fechado. 
Uma S/A aberta (CIA. ABERTA) é aquela que negocia suas ações no 
mercado de valores mobiliários, já uma S/A fechada (CIA. FECHADA) é aquela 
que suas ações não foram aceitas para negociação no mercado de valores 
mobiliários. (art. 4º Lei nº 6.404/76).
Quanto às responsabilidades legais das Sociedades Anônimas, elas devem 
publicar suas demonstrações financeiras, no formato exigido pela legislação 
societária, possuir transparência referente ao aumento de capital e alterações dos 
UNIDADE 1 | PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL MUNDIAL
8
membros de sua diretoria e constituir um conselho fiscal. (NIYAMA, 2008). Ainda 
de acordo com o mesmo autor, as CIAs. abertas têm o dever de publicar suas 
demonstrações financeiras anualmente e a enviar a CVM trimestralmente suas 
demonstrações.
2.1.1 Noções gerais de uma sociedade anônima
I – CONCEITO
A sociedade anônima ou companhia terá o capital dividido em ações, do 
mesmo valor nominal, e a responsabilidade dos sócios ou acionistas será limitada 
ao valor das ações subscritas ou adquiridas.
II – CARACTERÍSTICAS
a) O capital social é dividido em ações.
b) Responsabilidade dos sócios limitada ao preço de emissão.
c) Formada no mínimo por dois sócios.
III – O OBJETO SOCIAL
Objeto social é o fim comum a que os sócios ou acionistas aderem e se 
vinculam, visando à organização de uma atividade para promovê-lo e atingi-lo. 
O objeto social da empresa deve ser definido no estatuto. A sociedade somente se 
obriga dentro dos limites do objeto social.
Os atos da administração que ultrapassarem esses poderes são ultra 
vires e, como tal, nulos de pleno direito. A sociedade anônima será sempre uma 
sociedade mercantil, não existe a possibilidade de ter a S/A um objeto civil ou 
ainda misto, civil e comercial. Será sempre comercial.
IV – DENOMINAÇÃO DA S.A.
As S.A. não possuem firma ou razão social. Este tipo de empresa possuem 
hoje apenas um nome comercial ou denominação comercial. Entretanto, poderá 
a denominação apresentar o nome do fundador da empresa apenas como firma 
de homenagem, não dizendo que fundador ou seus herdeiros sejam responsáveis 
por estas empresas classificadas como S.A.
A sociedade será designada por denominação acrescida das palavras 
“sociedade anônima” ou “companhia”, por extenso ou abreviada S.A. ou Cia. A 
denominação social é protegida, se a denominação for idêntica ou semelhante 
a de companhia já existente, assistirá à prejudicada o direito de requerer a 
modificação, por via administrativa ou em juízo, e demandar as perdas e danos 
resultantes.
TÓPICO 1 | CRESCIMENTO DO ENSINO E DA CONTABILIDADE NO BRASIL
9
2.1.2 Classificação das S.A.
I – ESPÉCIES DE S.A.
São elas: 
• Sociedade anônima de capital fechado.
• Sociedade anônima de capital aberto.
II – SOCIEDADE ANÔNIMA FECHADA
As S.A. fechadas são muito usadas por empresas de pequeno e médio 
porte e como tal, são constituídas nitidamente cum intuitu personae, isto é, têm 
em vista o caráter pessoal dos sócios, ou a sua qualidade de parentesco. As S.A. 
fechadas se assemelham as Ltda.
Sendo assim, os estatutos das S.A. podem impor limitações à circulação 
das ações nominativas contanto que:
a) Regulem minuciosamente tais limitações.
b) Não impeçam a sua negociação, nem sujeite o acionista ao arbítrio da 
administração da sociedade ou da maioria dos acionistas.
2.1.3 Sociedade anônima aberta
As S.A. abertas são aquelas que simplesmente possuam valores mobiliários 
de sua emissão admitidos à negociação em bolsa ou no mercado de balcão. Estes 
tipos de S.A. são destinados às grandes companhias.
Nas últimas décadas, o cenário econômico e financeiro mundial vem 
mudando devido à globalização dos mercados. Em consequência muitas 
empresas brasileiras puderam, além de negociar suas ações no mercado financeiro 
nacional, passar a negociar suas ações no mercado financeiro do exterior. Assim, 
elas tinham que estar adequadas às exigências contábeis daquele país, a fim de 
disponibilizarem as informações para os investidores estrangeiros.
 Nesse sentido, as empresas se viram numa situação em que elas 
precisavam manter duas contabilidades, ou seja, uma que suprisse as exigências 
da legislação e do fisco nacional e outra para a elaboração das demonstrações e 
demais relatórios, de acordo com as exigências do país com que estava negociando 
sua companhia.
 
Concomitantemente, aumentavam as discussões sobre os princípios 
fundamentais da contabilidade. Assim, tornava-se imprescindível que a legislação 
contábil brasileira precisava mudar, a fim de diminuir os custos contábeis e 
UNIDADE 1 | PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL MUNDIAL
10
aumentar a confiabilidade nas informações e empresas nacionais que negociavam 
no balcão de valores estrangeiros. Nesse sentido, no ano de 2000, sob iniciativa da 
CVM, foi encaminhado a Executivo o Projeto de Lei nº 3.741, que mais tarde viria 
a se tornar a Lei nº 11.638.
2.2 CENÁRIO CONTÁBIL HOJE: SURGIMENTO DA LEI Nº 
11.638/2007
Do Projeto de Lei nº 3.741, nasceria, mais tarde, a Lei nº 11.638 de 2007, 
que alterou e revogou alguns artigos da Lei das Sociedades por Ações (S.A.) e da 
Lei nº 6.385/76. Na visão de Azevedo (2009, p.26) a:
Finalidade maior era possibilitar a eliminação de algumas barreiras 
regulatórias que impediam a inserção total das companhias abertas no 
processo de convergência internacional, além de aumentar o grau de 
transparência das demonstrações financeiras em geral, inclusive em 
relação às chamadas sociedades de grande porte não constituídas sob 
a forma de sociedade por ações.
O cenário contábil no Brasil está sendo alterado. Com a aprovação da Lei 
nº 11.638, em 28 de dezembro de 2007, que entrou em vigor no dia 1 de janeiro de 
2008,alguns métodos de reconhecimento e procedimentos já institucionalizados 
na contabilidade nacional sofreram alterações. 
O objetivo da referida legislação foi o de atualizar as regras contábeis 
nacionais à nova realidade da economia brasileira e facilitar o processo de 
harmonização das normas contábeis brasileiras às normas internacionais de 
contabilidade, mais especificamente às normas internacionais editadas pelo IASB 
(International Acconting Standards Boards), assunto que será tratado mais adiante 
neste caderno.
ESTUDOS FU
TUROS
Mais adiante, neste Caderno de Estudos, será visto em detalhe o IASB 
(International Acconting Standards Boards).
As alterações realizadas pela Lei nº 11.638/07 na lei das S.A. levaram a 
mudanças fundamentais, principalmente a assuntos referentes ao conteúdo 
e formato das demonstrações contábeis, apoiada pela Deliberação da CVM nº 
506/06 e mais tarde pela Medida Provisória nº 449/2008, transformada na Lei nº 
11.941, no ano de 2009. A Medida Provisória nasceu de uma dificuldade quanto 
ao texto da Lei nº 11.638/07 (FIPECAFI, 2010).
TÓPICO 1 | CRESCIMENTO DO ENSINO E DA CONTABILIDADE NO BRASIL
11
A nova Lei nº 11.638/07 determinava em seu artigo 177, inciso 7º que os 
ajustes realizados com objetivo de convergir as normas contábeis brasileiras para 
as normas contábeis internacionais não poderiam servir de base para incidência 
de impostos e qualquer contribuição ou qualquer outro efeito tributário. No 
entanto, a própria Receita Federal manifestou sua dificuldade em reconhecer tal 
neutralidade tributária. Assim, o Governo editou a Medida Provisória nº 449/2008 
com que reconhece a total neutralidade tributária referida pela lei nº 11.638/07 e 
aproveitou para corrigir certos desvios que ocorreram devido a mudanças do 
cenário mundial durante os tramites da nova legislação no executivo. (FIPECAFI, 
2009).
A seguir, no quadro, estão apresentadas as principais novidades trazidas 
pela Lei nº 11.638/07 e pela MP nº 449/2008:
Novidade Onde encontrar
1
Inclusão de duas novas demonstrações contábeis: 
Demonstração do Fluxo de Caixa e a Demonstração do 
valor Adicionado.
Lei nº 11.683/07 arts. 176/188 
da Lei nº 6.404/76 (CPC 03 
e 09).
2 Novos grupos dentro do Ativo e Passivo no Balanço Patrimonial.
MP nº 449/08, art. 36 e arts. 
178/ 179 da Lei nº 6404/76;
(CPC 13).
3 Criação de uma nova conta: Intangível. Lei nº 11.683/07 arts. 178/179 da Lei nº 6.404/76 (CPC 04).
4
Imobilizado.
Classificam-se também no imobilizado, inclusive os bens 
decorrentes de operações que transfiram à companhia os 
benefícios, riscos e controle desses bens/ Arrendamento 
mercantil.
Lei nº 11.683/07 art. 179 da 
Lei nº 6.404/76 (CPC 27 e 06).
5 Redução do ativo ao valor recuperável/ Análise da Recuperação.
Lei nº 11.683/07 art. 183 da 
Lei nº 6.404/76 (CPC 01)
6 Eliminação da conta do Ativo Deferido.
MP nº 449/08, art. 37 e inciso 
X do art. 65 e Lei nº 6404/76, 
art. 299.
7 Eliminação da conta de Resultado de Exercícios Futuros.
MP nº 449/08, art. 37 e inciso 
X do art. 65 e Lei nº 6404/76, 
art. 299 - B.
8 Nova conta de PL: Ajuste de Avaliação Patrimonial. 
Lei nº 11.683/07 art. 178/182 
da Lei nº 6.404/76 e MP nº. 
449/08 art. 36 e 57.
9
Eliminação da conta de Reserva de Capital/ Vedada a 
constituição de Reserva de Capital no BP/ Subvenções de 
Investimentos e Doações/ Prêmio recebido na emissão de 
debêntures.
Lei nº 11.683/07 arts. 178/182 
da Lei nº 6.404/76 (CPC 07).
QUADRO 4 – PRINCIPAIS NOVIDADES TRAZIDAS PELA LEI Nº 11.638/07 E MP Nº 449/2008
UNIDADE 1 | PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL MUNDIAL
12
10 Vedada a abertura da conta de Reavaliação de Bens. Lei nº 11.683/07 arts. 178/182 da Lei nº 6.404/76 
11
Vedada a abertura ou permanência da conta Lucros 
Acumulados no BP, a destinação dos lucros seguir critério 
da CVM.
Lei nº 11.683/07 arts. 176/178 
da Lei nº 6.404/76 e MP nº 
449.
12 Classificação da conta Ações e Tesouraria no PL. Lei nº 11.683/07 art. 178 da Lei nº 6.404/76.
13 Criação da Conta Reserva de Incentivos Fiscais no PL. Lei nº 11.683/07 art. 195 da Lei nº 6.404/76.
14 Na conta Reserva de Lucros – a realizar criada nova base/ Limite do saldo das Reservas de Lucros.
Lei nº 11.683/07 art. 195 - A 
da Lei nº 6.404/76.
15
Novo critério de avaliação de ativos, em relação às 
aplicações em instrumentos financeiros, inclusive 
derivativos – Valor Justo.
Lei nº 11.683/07 art. 182 da 
Lei nº 6.404/76 (CPC 14).
16 Novo critério de avaliação das operações de longo prazo – Valor Presente.
Lei nº 11.683/07 arts. 183/184 
da Lei nº 6.404/76 (CPC 12).
17
Eliminação da expressão não operacional da Demonstração 
do Resultado do Exercício/Participação nos lucros incluir 
parte beneficiária.
Lei nº 11.683/07 art. 187 da 
Lei nº 6.404/76 e MP nº 449, 
arts. 36 e 58.
18 Transformação, Incorporação, Fusão e Cisão – avaliação e contabilização a critério da CVM.
Lei nº 11.683/07 art. 226 da 
Lei nº 6.404/76 e MP nº 449.
19 Nova definição de Coligada/Novo critério na Metodologia de Equivalência Patrimonial.
Lei nº 11.683/07 arts. 248/243 
da Lei nº 6.404/76 e MP nº 
449, art. 36.
20 Critério de avaliação e contabilização de Operações societárias – critério da CVM. MP nº 449, art. 37.
21 Correção do texto das Demonstrações Financeiras Consolidadas. MP nº 449, art. 36. 
22 Incorporações de Ações – subsidiária integral – critério da CVM. MP nº 449, art. 36.
23 Consórcio de empresa – correção do texto. MP nº 449, art. 36.
24 Instituições Financeiras (Cia. Aberta) seguir a legislação bancária. MP nº 449, art. 59.
25 Melhor transparência nas informações contábeis nas Notas Explicativas.
MP nº 449, art. 36 2 art. 176 
da Lei nº 6.404/76.
26
Recomendação da adoção dos padrões internacionais 
as Demonstrações Financeiras das Cias. Abertas e Cias. 
Fechadas
Lei nº 11.683/07 e art. 177, § 
5º e 6º da Lei nº 6.404/76. 
27
Separação da escrituração contábil da fiscal/Contabilidade 
Societária e Ajustes Fiscais – neutralidade fiscal, por 
meio da criação temporária do RTT (Regime Tributário 
Transitório).
Lei nº 11.683/07 art. 177 da 
Lei nº 6.404/76 e MP nº 449, 
art. 36. (CPC 13).
FONTE: Adaptado de: Azevedo (2009).
TÓPICO 1 | CRESCIMENTO DO ENSINO E DA CONTABILIDADE NO BRASIL
13
Conforme se observa no quadro anterior, várias foram as novidades 
apresentadas às empresas pela nova legislação contábil e pela MP nº 449/2008 
aos padrões contábeis brasileiros, principalmente referentes às demonstrações 
contábeis. Quanto à MP 449/2008, uma de suas maiores contribuições pode ser a 
separação entre aquela contabilidade que tem como objetivo gerar informações 
para seus usuários externos, daquela contabilidade voltada para uso do fisco, 
isto é, a contabilidade tributária (FIPECAFI, 2009). Já a Lei nº 11.638/07, sua 
maior contribuição está na contribuição ao processo de harmonização contábil 
internacional.
 
Não esquecendo que as alterações realizadas pela Lei nº 11.638/07 na lei 
das Sociedades por Ações abarcam as empresas de capital aberto, fechado e se 
estendem às empresas de grande porte.
DICAS
A Lei nº 11.638 de 2007, a MP nº 449/2008 e a Lei nº 11.941 de 2009 estão 
disponíveis no site: <www.cpc.org.br>.
2.3 SOCIEDADE DE GRANDE PORTE
Sociedades de Grande Porte de acordo com Lei nº 11.638/07, art. 3º, 
parágrafo único, estabelece que é aquela “sociedade ou conjunto de sociedades 
sob controle comum que tiver, no exercício social anterior, ativo total superior a 
R$ 240.000.000,00 (duzentos e quarenta milhões de reais) ou receita bruta anual 
superior a R$ 300.000.000,00 (trezentos milhões de reais)”.
A referida legislação não detalha as características que uma empresa deve 
ter para se qualificar como uma “Sociedade de Grande Porte” assim, para sua 
classificação fica a referência do porte da companhia. É importante destacar que o 
artigo 3º da nova legislação tinha como objetivo incluir as empresas constituídas 
como limitadas aos seus critérios. Assim, tirava das mãos da empresa a opção, 
entre outras obrigações, a publicaçãodas suas demonstrações contábeis.
Entre as sociedades possíveis de se classificarem como Sociedade de 
Grande Porte, encontram-se, segundo Azevedo (2009):
a) Sociedades Simples (art. 997, CC); inclusive as Cooperativas (art. 1.093 CC); 
Sociedades em Nome Coletivo (art. 1.039, CC); Sociedade em Comandita 
Simples (art. 1.045, CC);
UNIDADE 1 | PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL MUNDIAL
14
b) Sociedade Fechada: Sociedade de Economia Mista (art. 235); Sociedade em 
Comandita por Ações (art. 280 S/A. e art. 1.090, CC), todas as anteriormente 
citadas já são S/A, porém, podem também ser enquadradas como Grande 
Porte, desde que atendam aos requisitos citados acima.
Quando a obrigatoriedades, de acordo com o mesmo autor (2009), 
estas sociedades estão obrigadas, a partir de 2008, a Lei nº 6.404 de 76, porém, 
apenas ao que diz respeito às regras da escrituração contábil conforme artigo 
177, da auditoria também conforme o artigo 177 (inciso 3º) e das demonstrações 
financeiras conforme artigo 176 da referida legislação.
A seguir é apresentado um resumo das determinações da Lei nº 6.404/76 
em seus artigos 177 e 179 às empresas de grande porte: 
• Escrituração Contábil (artigo 177): a realização de sua escrituração deve seguir 
os princípios contábeis. O regime de competência deve ser aplicado às normas 
internacionais, à assinatura das demonstrações contábeis e à realização dos 
ajustes contábeis que devem ser eliminados para fins de apuração fiscal.
• Elaboração das Demonstrações Financeiras (artigo 179): as sociedades estão 
obrigadas à elaboração das seguintes demonstrações: Balanço Patrimonial; 
Demonstrações do Resultado do Exercício; Demonstrações dos Lucros ou 
Prejuízos Acumulados (podendo ser incluída a demonstração das Mutações do 
Patrimônio Líquido, conforme artigo 189 da referida legislação); Demonstrações 
do Fluxo de Caixa; Demonstração do Valor Adicionado (apenas para sociedade 
aberta), Parecer do Auditor Independente; e Notas Explicativas (não esquecendo 
as diretrizes exigidas pelo Comitê de Pronunciamento Contábil e do Conselho 
Federal de Contabilidade, e sua consonância com as normas internacionais de 
contabilidade).
• Auditoria Independente (artigo 177, inciso 3º): todas as demonstrações 
financeiras devem ser auditadas por um auditor independente, este profissional 
deve ser registrado na Comissão de Valores Mobiliários, conforme exigência 
da profissão e legislação.
A Lei nº 11.638/07 e a Medida Provisória nº 449/2008 levaram às Sociedades 
de Grande Porte novas exigências, conforme segue:
• Vedada a constituição da Reserva de Reavaliação.
• Criação da conta do Intangível.
• Novo conteúdo para contas do Imobilizado.
• Extinção da conta Lucros Acumulados.
• Criação da conta Ajuste de Avaliação Patrimonial.
• Equivalência Patrimonial nos Investimentos em outras sociedades.
• Avaliação do Ativo e Passivo.
• Eliminação das contas do Diferido e Resultado do Exercício Futuro (MP 
449/2008).
TÓPICO 1 | CRESCIMENTO DO ENSINO E DA CONTABILIDADE NO BRASIL
15
• Extinto para fins societários, o termo não operacional da DRE (MP 449/2008).
• Novos grupos patrimoniais para Ativo e Passivo (MP 449/2008).
• RRT (Regime Tributário Transitório) para 2008/2009 (MP 449/2008).
Assim, observa-se que a nova lei, além de abarcar todas as sociedades 
sujeitas à Lei das Sociedades por Ações é estendida a sociedades de grande porte. 
16
Neste tópico, você viu que:
• A evolução do ensino da contabilidade no Brasil data do início do século XX. A 
primeira escola especializada no ensino da contabilidade surgiu em 1902, com 
a criação da escola Alvares Penteado. O primeiro curso superior de Ciências 
Contábeis e Atuarias do Brasil foi aprovado apenas em 1945.
• Na sequência foi abordada a Lei das Sociedades Anônimas nº 6.404/1976. E as 
novidades contábeis trazidas às empresas sujeitas a ela, como por exemplo, a 
criação dos registros auxiliares para atender à exigência fiscal. Destacou-se que 
tal legislação apresentava também, aspectos referentes ao mercado financeiro, 
como por exemplo, as características das companhias classificadas como 
Sociedades Anônimas ou Sociedade por Ações.
• Apresentaram-se também, as várias formas de se constituir uma empresa: 
sociedade em comandita espécie, em nome coletivo, em cota de participação, em 
comandita por ações, anônima ou companhia e por cotas de responsabilidade 
limitadas.
• Foi dada maior ênfase nas empresas classificadas como Sociedades Anônimas, 
explorando o seu conceito, características, objetivo social e os tipos de empresas 
classificadas como S.A. Conjuntamente, explicando a diferença entre os tipos 
de ações que constituem o capital de tal tipo de organização, ou seja, ações 
ordinárias e ações preferencias.
• Abordou-se o cenário contábil hoje e o surgimento da Lei nº 11.638/07, 
demonstrando que o objetivo de tal legislação foi o de atualizar as regras 
contábeis nacionais a nova realidade da economia brasileira e facilitar o processo 
de harmonização das normas contábeis brasileiras as normas internacionais de 
contabilidade. Concomitante a isto foram apresentadas as alterações que a Lei 
nº 11.638/07 fez na Lei nº 6.404/76. 
• Na sequência, abordaram-se as novas classificações de empresas criadas pela 
Lei nº 11.638/07, chamadas de Sociedades de Grande Porte. Foi demonstrado 
o conceito dessas sociedades, como uma empresa se qualifica como tal, as 
obrigações para estas empresas, como por exemplo, quanto à escrituração 
contábil, à elaboração das demonstrações contábeis e à auditoria independente.
RESUMO DO TÓPICO 1
17
1 A Lei nº 6.404 data de 1976 e ficou conhecida como a Lei das Sociedades por 
Ações. Assim, com relação a esta legislação é correto afirmar que:
I- A criação da nova lei levou as empresas a elaborarem suas demonstrações 
contábeis de acordo com a escrituração contábil embasadas nos princípios 
contábeis.
II- A Lei das Sociedades por Ações sofreu forte influência da escola americana 
contábil.
III- Entre as novidades trazidas pela lei das Sociedades por Ações encontramos 
a consolidação do balanço.
IV- Esta legislação não se aplica às empresas de capital aberto. 
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As afirmativas I, II, e III estão corretas.
b) ( ) As afirmativas II e III estão corretas.
c) ( ) As afirmativas I e III estão corretas.
d) ( ) As afirmativas II e IV estão corretas.
2 Com relação à formação do capital das Sociedades Anônimas classifique as 
afirmativas em V para as verdadeiras e F para as falsas:
( ) O capital deste tipo de empresa é composto de dois tipos de ações: as 
preferenciais e as ordinárias.
( ) A ações ordinárias dão ao seu dono a preferência no recebimento dos 
dividendos, já as preferenciais dão aos seus donos o poder de tomar decisões 
organizacionais.
( ) A negociação das ações deste tipo de empresa apenas é negociado no 
mercado financeiro do país se a companhia estiver devidamente registrada 
na Comissão de Valores Mobiliários – CVM.
( ) A responsabilidade dos acionistas das Sociedades Anônimas é proporcional 
à parte que lhe cabe das ações, ou seja, da sua parte na empresa. 
3 Com relação a Lei nº 11.638 de 2007, é correto afirmar que:
a) ( ) A referida legislação anulou completamente a lei nº 6.404 de 1976.
b) ( ) A referida legislação revogou e alterou apenas alguns artigos da lei nº 
6.404 de1976.
c) ( ) A referida legislação não tem como objetivo facilitar a harmonização das 
normas contábeis brasileiras às normas internacionais de contabilidade.
d) ( ) Em 2008, entrou em vigor a lei nº 11.638, porém nenhum procedimento 
contábil foi alterado com a nova legislação.
AUTOATIVIDADE
18
4 Algumas novidades foram apresentadas com a aprovação da Lei nº 11.638 
de 2007. Assinale as afirmativas CORRETAS:
a) ( ) As principais novidades são em relação às demonstrações contábeis.
b) ( ) Foi incluída nova definição de empresa coligada.
c) ( ) Não foi incluída a definição de Sociedade de Grande Porte, pois já existia 
tal definição com a Leinº 6.404/76.
d) ( ) Recomendação da adoção dos padrões internacionais às demonstrações 
financeiras; das Cias. abertas e Cias. fechadas.
5 Com relação às Sociedades de Grande Porte, é correto afirmar que:
a) ( ) A classificação Sociedade de Grande Porte foi criada com a Lei 11.638/07.
b) ( ) Todas as empresas de capital aberto são classificadas como Sociedade de 
Grande Porte.
c) ( ) As empresas classificadas como Sociedade de Grande Porte não são 
obrigadas a publicarem Demonstrações contábeis.
d) ( ) Este tipo de sociedade não pode participar do mercado financeiro do 
país.
19
TÓPICO 2
A HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
A cada dia maior se torna a interdependência entre mercado e países, 
devido ao avanço da tecnologia da informação e das telecomunicações que 
estabeleceram este novo cenário, impondo mudanças às empresas atuais para 
que elas mantenham seus negócios. Nesse contexto, o avanço geográfico das 
entidades e a busca por novos investidores realçam a importância da qualidade 
das informações contábeis.
As informações contábeis são úteis para os usuários se elas os ajudam no 
processo de tomada de decisão, contudo, o bom entendimento destas informações 
é consequência da transparência e clareza das normas em que elas estão inseridas, 
pois diferentes interpretações levam a pouca credibilidade das informações 
contábeis.
Todavia, cada país adota princípios, regras e procedimentos contábeis 
próprios que divergem uns dos outros. Tal situação leva a grandes dificuldades 
de transpor as contas da empresa de um país para outro, tanto no intuito de 
entrar em um novo mercado ou para efeitos de consolidação. 
As dificuldades que uma empresa enfrenta ao tentar entrar em um novo 
mercado começam com as diferenças das normas contábeis de um país para 
outro, entretanto para que este obstáculo seja transpassado é preciso que muitos 
outros também sejam deixados de lado, pois as mudanças das normas contábeis 
não aconteceram de um dia para outro. É preciso burlar diferenças culturais, 
políticas, jurídicas, profissionais entre outros.
Assim, devido à relevância do tema, este capítulo abordará o processo 
de harmonização das normas contábeis brasileiras às normas contábeis 
internacionais, evidenciando as principais razões que levam às diferenças 
internacionais, verificando e avaliando os principais obstáculos no processo de 
harmonização das normas internacionais, analisando as vantagens e desvantagens 
da harmonização, as informações contábeis e suas características qualitativas e 
por fim os usuários e suas características. 
UNIDADE 1 | PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL MUNDIAL
20
2 PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO DAS NORMAS 
CONTÁBEIS NACIONAIS ÀS NORMAIS CONTÁBEIS 
INTERNACIONAIS
O primeiro passo dado pelo Brasil rumo à harmonização contábil 
internacional foi no ano de 2007, com a aprovação da Lei nº 11.638. No entanto, 
a busca pela convergência contábil internacional no Brasil, teve seu início com as 
mudanças econômicas sentidas com a abertura do mercado brasileiro na década 
de 1990, que trouxe um aumento do fluxo de capitais estrangeiros entrando no 
Brasil e o próprio aumento da captação de recursos de empresas brasileiras no 
mercado de capitais internacional.
A fim de se entender o processo de convergência, define-se harmonizar 
e padronizar: harmonizar é tornar duas ou mais coisas parecidas, porém, 
conservadas as peculiaridades de cada um. Já padronizar é tornar algo 
uniformizado, e uniformizar não gera espaço para as singularidades de cada país. 
(NIYAMA, 2008). Dessa forma, usar o termo “harmonização contábil” é mais 
apropriado para o processo de convergências das normas brasileiras às normas 
internacionais, ao invés de falarmos em “padronização contábil”. 
De acordo com o autor acima citado, a internacionalização das normas 
contábeis brasileiras é classificada como uma harmonização destas normas e 
não padronização. A padronização destas geraria uma série de conflitos, ainda 
maiores do que as enfrentadas pelo processo de harmonização hoje. Estes 
conflitos decorreriam em função da dificuldade de igualar as normas em países 
completamente diferentes, seja em questões culturais, fiscais, geográficas e outras.
A harmonização contábil não tem o objetivo de acabar com as diferenças 
entre os países, mas, sim, tornar a contabilidade compreensível, isto é, levar a 
informação contábil legível e útil em suas decisões independente do seu país de 
origem. A harmonização contábil se dará por meio da convergência das normas 
nacionais contábeis às normas contábeis internacionais, mais conhecidas como 
IFRS. (MOURAD, 2010).
A harmonização representa, portanto, o equilíbrio ou ponto intermediário 
entre o padrão contábil de cada país em relação ao padrão estabelecido pelas normas 
internacionais de contabilidade.
ATENCAO
TÓPICO 2 | A HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL
21
Na visão de Niyama (2008), a harmonização contábil é um processo no qual 
cada país conservará suas particularidades, porém harmonizará seus sistemas 
contábeis com outros países a fim de facilitar a troca, interpretação e compreensão 
das informações, contribuindo para redução das diferenças internacionais entre 
os relatórios contábeis, permitindo assim a comparabilidade das informações 
contida nestes.
O Conselho Federal de Contabilidade, em sua Resolução nº 1.055/05 
destaca como principais objetivos da harmonização das normas contábeis:
• A redução de riscos em investimentos internacionais quer sob a forma 
de empréstimos ou participações societárias, além da redução dos riscos 
comerciais, facilitando um melhor entendimento das demonstrações contábeis 
por parte dos investidores, financiadores e fornecedores.
• Maior facilidade no entendimento da linguagem internacional de contabilidade, 
com a apresentação de informações mais homogêneas.
• Diminuição do custo de capital ocorrido no processo de harmonização.
A harmonização contábil deve ser vista como um processo que visa 
diminuir as diferenças entre as práticas contábeis dos países, sem desconsiderar 
as diversas diferenças entre eles. 
2.1 VANTAGENS E DESVANTAGENS DA HARMONIZAÇÃO 
CONTÁBIL
O processo de harmonização das normas internacionais de contabilidade 
proporciona um conjunto de vantagens de natureza contábil, principalmente 
para os seus usuários. Niyama (2008) afirma que uma das vantagens da 
harmonização contábil, para países emergentes que buscam investidores e 
recursos estrangeiros, está no fato destes apresentarem seus relatórios contábeis 
em padrões internacionais, facilitando assim a leitura das informações presentes. 
Esses relatórios harmonizados geram certa segurança e maior transparência 
quando comparados àqueles relatórios ainda não harmonizados.
Antunes, Antunes e Penteado (2007) também defendem que a adoção das 
normas internacionais de contabilidade está associada a benefícios econômicos 
concretos na forma de atração de maior volume de investimento, uma vez que 
a demanda por informações contábeis confiáveis e comparáveis para suportar 
a variedade de transações e operações deste mercado, ou seja, quanto maior a 
transparência, clareza e compreensibilidade, das informações financeiras das 
empresas, menor será o risco percebido por um investidor a sua aplicação e 
também menor será o investimento na empresa para redução de custos. 
UNIDADE 1 | PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL MUNDIAL
22
Mais uma vantagem apresentada pela convergência das normas 
contábeis aos padrões internacionais, é o aumento da facilidade de comunicação 
internacional no mundo dos negócios com o uso de uma linguagem contábil bem 
mais homogênea. Pois, a adoção de padrões contábeis compreensíveis para o 
universo global dos investidores pode ser visto como um ponto vital no processo 
de atração de recursos externos. (ANTUNES; ANTUNES; PENTEADO, 2007).
Destaca-se ainda, a redução dos custos para empresas multinacionais 
com matriz e filial sediadas em países diferentes, uma vez que havia um gasto 
considerável para mantere gerenciar sistemas contábeis diferentes devido 
às exigências contábeis diversificados. A harmonização facilitará também, a 
elaboração das demonstrações contábeis consolidadas entre este tipo de matriz 
e suas filiais, pois era necessária a realização de ajustes devido às diferenças nos 
critérios contábeis. (NIYAMA, 2008). 
A internacionalização das normas irá facilitar também as negociações 
internacionais, contribuindo para fixação de preços e decisão de obtenção de 
recursos econômicos, tornando os mercados financeiros internacionais mais 
eficientes. Outra vantagem da harmonização contábil será a possibilidade de 
aumento do capital das empresas por meio de emissão de ações, pois em função 
do pequeno valor de resultados que podem ser retidos para o financiamento de 
novos projetos, o mercado financeiro internacional passa a ser uma saída para a 
obtenção destes recursos de capitais.
Acredita-se também que outra vantagem seria a maior consistência das 
informações contábeis, segundo Niyama (2008) e consequentemente do mercado 
financeiro, uma vez que os usuários internos e externos pudessem se basear no 
mesmo arcabouço de princípios e normas contábeis, pois a adoção de padrões 
contábeis compreensíveis para o universo global dos investidores é um ponto 
vital no processo de atração de recursos externos. 
Mesmo que tenhamos muitas razões para defender a harmonização 
contábil, ela também desperta algumas desvantagens. Assim, como desvantagem 
do processo de harmonização contábil encontramos a redução das opções de 
escolha de práticas contábeis apropriadas ao país. Uma vez que a contabilidade 
passará a ter um padrão único no seu contexto prático.
Destacamos também que o progresso da contabilidade pode sofrer certos 
danos, pois práticas contábeis bem difundidas nos países serão deixadas de lado. 
Dessa forma, as diferenças que levam a academia contábil às discussões e estudo 
das práticas poderão ser esquecidas.
Outra desvantagem da harmonização contábil, segundo Antunes, 
Antunes e Penteado (2007), é que este processo não leva em conta as diferenças 
fundamentais entre os países, como por exemplo, diferenças de cultura, da 
economia, religiosa entre outras, e que estas diferenças refletem nas práticas 
contábeis dos países. E estas diferenças podem dificultar, em muito, uma total 
harmonização.
TÓPICO 2 | A HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL
23
2.2 RAZÕES QUE LEVAM AS DIFERENÇAS INTERNACIONAIS
Mesmo a contabilidade sendo considerada a “linguagem dos negócios”, 
ela não é homogênea entre os países. Várias são as razões que levaram as diferenças 
das práticas contábeis internacionais. Características culturais, religiosas, 
políticas, econômicas, sistema legal, profissionais, acadêmicas entre outras são 
razões que influenciam, diretamente, na forma de reconhecimento e mensuração 
da contabilidade de um país, e consequentemente levando as práticas contábeis 
diferenciadas.
Nesse sentido, Weffort (2005) elaborou um resumo das principais causas 
listadas pelos estudiosos do assunto, que levam as divergências nas práticas e 
normas contábeis, conforme exposto no quadro a seguir:
Razões Genéricas Razões Específicas
Características e 
necessidades dos usuários 
das demonstrações contábeis.
- Nível de educação e sofisticação dos usuários 
(especialmente, do gestor de negócios e da comunidade 
financeira).
- Tipo de sistema de financiamento.
- Características das empresas: tamanho, complexidade, 
multinacionalidade, endividamento etc.
Características dos 
preparadores das
demonstrações contábeis 
(contadores).
- Sistema de educação profissional dos contadores.
- Status, idade e tamanho da profissão contábil. 
Modos pelos quais se pode 
organizar a sociedade sob 
a qual o modelo contábil se 
desenvolve.
- Sistema político. 
- Sistema econômico e nível de desenvolvimento. 
- Sistema jurídico.
- Sistema fiscal. 
Aspectos culturais.
- Valores culturais.
- Religião.
- Linguagem.
Outros fatores externos.
- Históricos (principalmente, invasões e herança 
colonial).
- Geográficos.
- Laços econômicos e políticos.
QUADRO 5 – PRINCIPAIS RAZÕES QUE LEVAM ÀS DIVERGÊNCIAS NAS NORMAS E PRÁTICAS 
CONTÁBEIS ENTRE OS PAÍSES
FONTE: Weffort (2005, p. 42)
Para colaborar com a autora anteriormente citada, foram diversas 
pesquisas realizadas a fim de identificar as principais causas das diferenças 
encontradas nos relatórios contábeis mundo a fora. Nesse sentido, Niyama (2008) 
apresenta mais sete razões que Elliot e Elliot (2002) listaram como razões que 
levam às divergências contábeis:
UNIDADE 1 | PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL MUNDIAL
24
• Aspectos do sistema legal do país; característica da base do direito do país.
• A forma como as empresas buscam seus recursos, seja no mercado acionário 
ou com credores: as empresas normalmente buscam dinheiro em bancos ou 
outra forma de financiadora ou no mercado financeiro do seu país.
• A relação entre o fisco e a contabilidade: a influência que o fisco tem na 
contabilidade ou vice-versa.
• A influência e o status da profissão contábil: o poder que o contador tem de 
influenciar na elaboração das normas contábeis.
• O grau de desenvolvimento do ensino e da teoria da contabilidade: a capacitação 
do profissional contábil e o desenvolvimento teórico da contabilidade.
• Acidentes históricos: descobertas, guerras religiosas e outras.
• A forma de comunicação – linguagem: diversas línguas pelo mundo.
Dessa forma, as razões que levam as diferenças nas práticas contábeis são 
consequências de diversas características ambientais, assim elas não devem ficar 
engessadas, pois as causas anteriormente listadas se entrelaçam, e, na maioria das 
vezes, uma influência na outra. 
A ligação entre as causas como, por exemplo, questões culturais e 
religiosas sempre influenciam na politica de um país, laços econômicos e políticos 
influenciam no sistema fiscal e assim por diante. Diante disto, Niyama (2008) 
comenta ser natural que o sistema contábil de um país seja influenciado pelas suas 
políticas, filosofia, leis entre outros, pois cada país busca proteger seus interesses.
2.2.1 Aspectos do sistema legal do país
A característica do sistema legal vigente no país influencia diretamente 
na contabilidade e consequentemente na adoção das normas internacionais de 
contabilidade. Entre os autores existe um consenso na classificação do sistema 
jurídico de um país, onde se diferenciam em dois grandes grupos, sendo chamados 
de Common-law e Code-law.
Os países classificados como países Code-law são aqueles que possuem 
como base do seu sistema jurídico o direito romano. Entre os aspectos do direito 
romano está o alto grau de detalhamento das normas e regras apresentadas, onde 
tudo deve ser rigorosamente encontrado na legislação. 
A cultura de um país Code-law pode ser vista na contabilidade, isto é, 
a normatização contábil é fortemente influenciada pelo governo, refletido na 
legislação tributária. Há pouca flexibilidade na apresentação e elaboração das 
suas demonstrações. As informações contidas nestes relatórios possuem seu 
foco em usuários como o credor e o governo, logo um maior protecionismo dos 
mesmos, pois as empresas buscam seus recursos junto a eles e não no mercado 
financeiro (investidores).
TÓPICO 2 | A HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL
25
2.2.1 Aspectos do sistema legal do país
Como reflexo da forte influência do governo na elaboração da legislação 
contábil, temos uma profissão fraca e pouco influente, ou seja, a sua atuação é 
voltada para atender às necessidades do governo e dos credores, como bancos. 
Já países classificados como Common-law são aqueles que possuem sua 
base jurídica no direito anglo-saxônico. Como forte característica desse modelo 
destaca-se o pouco detalhamento da legislação e foco principal no que não se 
deve fazer. Em culturas Common-law, pressupõe-se que, se não está escrito na lei, 
é aceito.
Para países anglo-saxônicos é importante levar em consideração o 
consenso popular. Assim, sua cultura, costumes e tradições sãofundamentais na 
hora de resolver um conflito.
Quanto às características da contabilidade em países Common-law, 
observa-se pouca intenção de escrever em lei e engessar as práticas contábeis, 
pois os aspectos técnicos mudam frequentemente, ainda mais com um mercado 
altamente dinâmico. Niyama (2008) destaca que as características do modelo 
anglo-saxônico proporciona uma maior invocação nos relatórios contábeis.
O foco das demonstrações contábeis no modelo Common-law são os 
investidores, diferentemente dos países Code-law. O mesmo autor afirma que 
foi a Grã-Bretanha a grande disseminadora desse modelo, e consequentemente 
espalhou o consenso de maior transparência e visando os acionistas destes 
relatórios, ou seja, as informações publicadas são voltadas para este público, o 
que não acontece em países do direito romano.
As empresas situadas em países Common-law buscam seus recursos no 
mercado acionários, caracterizando-o como um mercado financeiro forte. Existe 
pouca influência do governo, isto é, quem legisla em prol da contabilidade são os 
próprios contadores, e como consequência disto a profissão é considerada forte. 
Assim, como características dos modelos Common-law e Code-law temos:
BLOCO ANGLO-SAXÔNICO 
BLOCO CONTINENTAL
BLOCO ANGLO-SAXÓNICO BLOCO 
CONTINENTAL
Antecedentes
• Direito inglês.
• Profissão antiga, de grande dimensão 
e forte.
• Grandes mercados de capitais.
• Direito romano.
• Profissão ainda recente, de pequena 
dimensão e fraca.
• Pequenos mercados de capitais.
QUADRO 6 – CARACTERÍSTICAS DOS MODELOS COMMON-LAW E CODE-LAW
UNIDADE 1 | PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL MUNDIAL
26
Características Contabilísticas Genéricas
• Orientada para a imagem verdadeira 
e apropriada.
• Orientada para o investidor.
• Muita divulgação.
• Separação entre as regras 
contabilísticas e as fiscais.
• Predominam os standards 
profissionais e a substância sobre a 
forma.
• Orientada para a forma legal.
• Orientada para o credor.
• Pouca divulgação.
• A fiscalidade domina as regras 
contabilísticas.
• Predominam as disposições 
governamentais e a forma sobre a 
substância.
Características Contabilísticas Específicas
• Método da percentagem de 
acabamento.
• Cálculo das amortizações de acordo 
com períodos de vida útil.
• Não existência de reservas legais.
• Não existência de provisões para 
impostos.
• Reconhecimento como custos das 
despesas do primeiro estabelecimento.
• Método do contrato acabado.
• Cálculo das amortizações de acordo com 
regras fiscais.
• Existência de reservas legais.
• Existência de provisões para impostos.
• Capitalização das despesas do primeiro 
estabelecimento.
Alguns Exemplos de Países
• Austrália.
• Canadá.
• Dinamarca.
• Estados Unidos da América.
• Holanda.
• Nova Zelândia.
• Reino Unido.
• Alemanha.
• Bélgica.
• França.
• Grécia.
• Itália.
• Japão.
• Portugal.
FONTE: Adaptado de: Amaral (2008, apud NOBES 1996)
2.2.2 Influência e status da profissão contábil
No Brasil, a profissão contábil é representada pelo Conselho Federal de 
Contabilidade (CFC) e pelo Instituto dos Auditores Independentes do Brasil 
(IBRACON).
O amadurecimento da profissão contábil é consequência de vários fatores, 
porém, podemos destacar duas principais: primeiro a relação da contabilidade 
com o governo de seu país, e segundo a forma como as empresas captam seus 
recursos.
A forma como as empresas buscam seus recursos classifica o mercado 
financeiro como sendo forte ou fraco, ou seja, em países onde as companhias 
captam seus recursos no mercado de ações são classificados como forte, já em 
países onde as empresas buscam seus recursos junto a bancos e outros credores, 
o seu mercado de ações são classificados como fraco.
TÓPICO 2 | A HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL
27
2.2.2 Influência e status da profissão contábil
Niyama (2008) comenta que um mercado de ações forte ou fraca influência 
na credibilidade das informações publicadas pela contabilidade. Países com um 
mercado financeiro forte, como por exemplo, Estados Unidos da América e Grã-
Bretanha as divulgações contábeis são consideradas confiáveis e tempestivas. 
O autor comenta ainda que, as informações contábeis são requeridas pelos 
investidores, são os profissionais que normatizam a profissão e os critérios para o 
credenciamento dos auditores são estabelecidos pelos contadores. 
O amadurecimento e a influência da profissão e dos profissionais 
contábeis nestes países são vistos como fatores positivos, aumentando a confiança 
nas demonstrações contábeis fornecidas e nos relatórios gerados pela auditoria 
externa.
Já em países que possuem um mercado de ações fraco, isto é, aqueles 
onde as empresas buscam recursos junto a bancos e outros tipos de credores, as 
informações contábeis buscam atender às necessidades deste tipo de usuários. 
Um mercado de ações enfraquecido gera pouca demanda por informações 
contábeis, consequentemente, os contadores são vistos como fornecedores de 
informações para o fisco.
O fraco status da profissão contábil e a pouca influência dos profissionais 
geram certa insegurança na qualidade das informações disponibilizadas pela 
contabilidade e nos relatórios gerados pela auditoria. Nesse sentido, Niyama (2008, 
p. 29) lembra que os contadores são sempre lembrados “na hora de apresentar 
declaração do Imposto de Renda ou, no caso dos auditores, por ocasião de quebra 
ou falência de grandes empresas”. 
No caso brasileiro, observa-se forte influência do fisco na normatização 
da profissão contábil, o que baixa a influência dos profissionais na hora de editar 
suas leis e normas, há de se observar ainda que o status da profissão também é 
considerado abaixo do desejado, uma vez que órgão de classe contábil no país 
não “é politicamente forte o suficiente para influenciar órgãos governamentais 
legalmente autorizados para editar normas contábeis”. (NIYAMA, 2008, p. 29).
2.2.3 Ensino contábil e estrutura teórica contábil
Uma estrutura conceitual teórica bastante desenvolvida está relacionada 
a uma profissão amadurecida e influente e com uma base forte nos princípios e 
padrões contábeis, ficando longe da influência do governo. 
Niyama (2008) argumenta que em países Code-law existe pouca flexibilidade 
na elaboração das demonstrações contábeis devido à forte influência do fisco. 
Dessa forma, a estrutura teórica também fica empobrecida, pois a intervenção do 
governo na contabilidade dificulta a inovação dos pesquisadores da área.
 
UNIDADE 1 | PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL MUNDIAL
28
Conforme mesmo autor, há um desenvolvimento do arcabouço teórico 
contábil à medida que a parte prática se desenvolve. Nesse sentido, o Brasil 
por ser classificado como um país baseado no direito romano, e por possuir 
um mercado de capitais fraco, onde a maioria dos usuários das informações 
contábeis são instituições financeiras, o desenvolvimento do arcabouço teórico 
ficou prejudicado.
Porém, com a aprovação da Lei nº 11.638 de 2007 e principalmente com 
a desvinculação da contabilidade como um todo da área tributária, com a MP 
449/08, a contabilidade brasileira está tentando fazer alterações que estimulem 
o interesse dos pesquisadores, a fim de desenvolver a teoria contábil no país. 
A forte ligação da contabilidade brasileira com o governo ou o fisco prejudica a 
divulgação de informações, pois os usuários externos, em maioria são agências 
financiadoras. 
A formação dos contadores também é fator importante no desenvolvimento 
teórico. A separação entre técnico contador e contador graduado, juntamente 
com o pequeno número de cursos de mestrado e doutorado no país são fatores 
relevantes para a caracterização do tipo de informação que é prestado pela 
contabilidade hoje no país.
O ensino da contabilidade é pouco atuante na formação dos relatórios 
financeiros, na visão de Niyama (2008), devido ao:
• Baixo número de cursos com qualidade no ensino.
• O inexpressivo número de docentes com titulação adequada e formação 
acadêmica.
• A pouca influência gerada pelos órgãos da classee da academia contábil na 
elaboração das normas e legislação contábil.
Já aqueles países que adotam o modelo anglo-saxônico são caracterizados 
por possuírem uma estrutura teórica bastante desenvolvida, pois os usuários 
(investidores) são o foco da informação contábil. Nestes lugares, a teoria contábil 
é estimulada ao desenvolvimento, pois as necessidades dos usuários devem ser 
atendidas. Assim, o campo de inovação da teoria é bastante amplo.
2.3 INFORMAÇÃO CONTÁBIL
Uma informação é a união de dados organizados que juntos tomam 
sentidos e significado tornando-se úteis ao processo de tomada de decisão. Onde 
dados são fragmentos ou elementos brutos, que individualmente não levam à 
compreensão de um fato.
Quando os dados são organizados, eles se transformam em informação, 
por exemplo, os dados gerados pelo estoque permite ter a informação de quando 
existe a necessidade de compra e venda do material estocado.
TÓPICO 2 | A HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL
29
2.3 INFORMAÇÃO CONTÁBIL
Em se tratando especificamente das informações das contábeis, “elas 
resultam do processamento dos dados relacionados ao empreendimento, 
decorrentes das atividades desenvolvidas na organização”. (RIBEIRO FILHO; 
LOPES; PEDERNEIRAS, 2009, p. 307).
De acordo com os autores acima citados, as informações utilizadas pela 
contabilidade são colhidas por ferramentas e técnicas de fontes internas e externas 
à organização. Dessa forma, a contabilidade pode ser vista como um sistema de 
informação que garante a coleta, o registro, a acumulação e o tratamento das 
informações, tanto as de caráter financeiro como as de caráter não financeiro.
Com as novas alterações na legislação contábil brasileira, está se tentando 
elevar o nível informacional da contabilidade brasileira. Segundo Niyama (2008), 
a harmonização das normas contábeis tenta fazer com que as informações 
divulgadas em nosso país sejam mais amplas, e não tão restrita às agências 
financiadoras, visando assim aos investidores.
A forma mais comum da contabilidade se comunicar com seus usuários e 
evidenciar as informações contábeis é por meio das demonstrações contábeis.
ATENCAO
Na visão de Iudícibus, Marion e Farias (2009), a informação contábil é de 
fundamental importância para uma empresa, porém, para se obtê-la a empresa 
incorrerá em certo custo. Sabe-se que todo bem econômico gera um custo, e como 
este as informações não são diferentes, no entanto, o custo incorrido para se obter 
uma informação deve ser inferior ao benefício trazido por ela.
Fazer a relação entre o custo e o benefício da informação gerada nem 
sempre é fácil, Iudícibus, Marion e Farias (2009) comentam que os gestores sabem 
da importância de relacionar e mensurar estas duas variáveis, porém, mensurar e 
relacionar estas duas variáveis é muito difícil.
Os mesmos autores acrescentam que na prática, quando os gestores 
estiverem com dificuldade de relacionar o custo e o beneficio de uma informação 
(ou de um sistema de informação), a melhor opção é observar os exemplos de 
outras empresas, priorizando os casos bem sucedidos. 
Todavia, uma das formas de se avaliar a qualidade das informações 
contábeis, e, portanto comparar o custo de sua geração com o benefício trazido por 
ela é analisando algumas das suas qualidades ou características das informações 
contábeis. (IUDÍCIBUS; MARION; FARIAS, 2009).
UNIDADE 1 | PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL MUNDIAL
30
2.3.1 Características qualitativas da informação contábil
Nas atividades de uma organização, os gestores precisam das informações 
contábeis para auxiliar na escolha da melhor alternativa a fim de otimizar sua 
decisão. Porém, para que as informações disponibilizadas sejam úteis, elas 
devem possuir algumas características qualitativas, que segundo Hendriksen e 
Van Breda (2007) são elas que tornam a informação relevante para os usuários. 
Com a busca da harmonização contábil, o Comitê de Pronuncamentos 
Contábeis adotou integralmente o documento emitido pelo IASB (tratado mais 
a frete) intitulado Framework for the Preparation and Presentation of Financial 
Statements, e como consequência publicou o Promunciamento Conceitual Básico 
– Estrutura Conceitual para a Elaboração e Apresentação das Demonstrações 
Contábeis. 
De acordo com o próprio CPC, este documento traduzido no Brasil como 
Estrutura Conceitual Básica ou CPC 00, não objetiva ser uma norma, mas, sim, 
uma linha a ser seguida na elaboração dos pronunciamentos, normas e suas 
interpretações, principalmente em se tratado da análise e interpretação das 
informações contábeis, segundo Comitê de Pronunciamentos Contábeis.
O CPC 00 não faz comentários a respeito de princípios contábeis, porém, 
destina especial atenção às características qualitativas da informação contábil, 
principalmente a primazia da essência sobre a forma. As características tratadas 
neste documento já constavam, mesmo que na forma um pouco mais dispersa, 
na estrutura conceitual contáabil anterir à nova legislação e ao processo de 
harmonização. (CPC 00).
Assim, a novidade que o CPC 00 trouxe com relação às características 
qualitativas das informações contábeis é a união de todas as características 
das informações em um só documento. Fipecafi (2010) comenta que o ponto 
primordial com relação a estas características é a questão da primazia da essência 
sobre a forma na contabilidade. 
A essência sobre a forma é assunto fortemente divulgado e discutido 
em países, mas desenvolvidos contabilmente no Brasil. Esta discussão já 
vinha acontecendo entre os teóricos, porém não com tanto privilégio entre os 
profissionais. Agora com o processo de harmonização contábil e o CPC 00, tal 
discussão passou a ser feita em toda a esfera contábil nacional.
A estrutura conceitual discorre sobre a elaboração e apresentação das 
demonstrações contabeis. Assim, ela engloba os objetivos, as características 
qualitativas da informação contábil, definição, forma de reconhecimento e 
critérios de medição dos elementos que compõem as demonstrações contábeis. 
(CPC 00). 
TÓPICO 2 | A HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL
31
2.3.1 Características qualitativas da informação contábil Nesse sentido, Coelho e Lins (2010, p. 183) afirmam que:
No Brasil, as normas contábeis ininiciamente denominadas de 
princípios contábeis geralmente aceitos, atualmente representam-se 
apenas como pressupostos básicos e características qualitaticas das 
DC. Essas mudanças visam o alinhamento às normas internacionais 
de contabilidade inicialmente com a edição da Lei nº 11.638/07. 
Ainda de acordo com os mesmos autores, as características da informação 
são atributos que as tornam útil. Ateriormente à promulgação do CPC 00, a maioria 
dos autores tratava como características qualitativas das informações contábeis 
apenas a compreensibilidade, confiabilidade, relevância e comparabilidade. 
Com a introdução do CPC 00 ficou claro que as características qualitativas como, 
materialidade, representação adequada, neutralidade, prudência, integridade, 
primazia da essência sobre a forma também são características qualitativas das 
informações contábeis.
Compreensibilidade
A compreensibilidade está ligada com a clareza e objetivismo da 
informação contábil. Segundo Iudícibus, Marion e Farias (2010), uma informação 
compreensiva é considerada de fácil entendimento, isto é, as informações contábeis 
devem ser de fácil compreensão sobre todos os aspectos de determinada operação 
ou sobre os eventos, sendo expostos de forma clara e objetiva para o usuário a fim 
de facilitar sua utilização.
Quanto a essa característica qualitativa da informação, Mourad (2010) 
afirma ser compreensível é aquela informação que o usuário entende, no entanto, 
não se justifica excluir uma informação contábil por ela ser complexa, pois não se 
deve esquecer que há vários tipos de usuários, e o que pode ser complexo para 
um pode não ser para outro. Destaca-se ainda, que o usuário, quando interessado 
em determinada informação contábil, e esta não seja de seu entendimento, 
tema opção de buscar uma pessoa que entenda do assunto a fim de explicar a 
informação contida no relatório.
Nesse sentido, Mourad (2010) traz o exemplo dos relatórios disponibilizados 
pelos atuários sobre os planos de benefícios conforme IAS 19. O autor comenta 
sobre a complexidade das informações contidas neste tipo de relatório, o que 
o torna de difícil entendimento, pois há uma vasta gama de usuários das 
informações contábeis, no entanto, caso seja necessário, os interessados buscam 
um especialista na área que os ajudam no entendimento das informações.
As informações exigidas pelas normas internacionais de contabilidade 
sobre a performance financeira da empresa não deve ser uma barreira para sua 
divulgação. Na visão de Mourad (2010), os especialistas devem redigi-las de 
forma clara utilizando uma linguagem que seja comum aos usuários, a fim de 
torná-la útil à tomada de decisão. 
UNIDADE 1 | PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL MUNDIAL
32
Relevância 
Uma informação é relevante quando auxilia os usuários na tomada de 
decisão, isto é, a informação influenciará nas decisões tomadas pelos interessados 
ajudando-os a avaliar situações passadas, presentes e futuras ou confirmando 
algum evento do passado.
A relevância da informação contábil foi destacada pelo International 
Accounting Standards Committee (IASC) em seu documento intitulado Framework for 
the Preparation and Presentation of Financial Statements, como sendo a característica 
mais importante das informações contábeis (IUDÍCIBUS; MARION; FARIAS, 
2010).
IMPORTANT
E
Informação relevante é aquela pertinente à questão que está sendo analisada. 
A relevância da informação contábil possui dois papéis importantes: o 
primeiro denominado valor preditivo e o segundo é o valor de feedback. O valor 
preditivo da informação é aquele que possibilita ao usuário fazer predições 
corretas sobre o passado e o presente da entidade. A segunda característica, o 
valor de feedback, visa confirmar ou corrigir expectativas futuras, pois obtendo o 
resultado de uma decisão passada, esta informação servirá como base para tomar 
uma decisão futura. (HENDRIKSEN; VAN BREDA, 2007).
Iudícibus, Marion e Farias (2010) comentam que o valor preditivo das 
informações contábeis são constantemente utilizadas, como por exemplo, as 
informações financeiras passadas são utilizadas para prever a posição financeira 
futura da entidade, o pagamento de seus fornecedores, funcionários e governo. 
Nesse sentido, destacamos as demonstrações contábeis, como fonte de informação 
passada para previsão futura, tanto financeira como econômica da empresa.
Porém, para que uma informação seja útil, ela precisa ser oportuna, ou 
seja, a informação deve estar disponível para a tomada de decisão a tempo, pois 
deixará de ser oportuna se perder sua capacidade de influenciar na decisão. (CPC 
00).
Confiabilidade
Uma informação contábil será útil apenas se ela foi confiável. A 
confiabilidade é uma qualidade da informação que busca garantir que ela seja 
razoavelmente livre de erros e viés. Nesse sentido, FASB (apud HENDRIKSEN; 
TÓPICO 2 | A HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL
33
VAN BREDA, 2007) comenta uma informação confiável possui as funções de:
• Fidelidade na representação: uma informação confiável busca representar 
fielmente o que foi destinada a representar.
• Veracidade: estabelecer como verdadeira.
• Neutralidade: sua apresentação é composta de certa neutralidade, ou seja, é a 
ausência de viés na direção de um resultado determinado.
Para Mourad (2010), as informações contidas nas demonstrações contábeis 
são confiáveis quando elas são obtidas livres de erros no seu preparo, ou seja, 
aqueles erros consequentes dos processos ou do controle interno. 
Comparabilidade
Uma informação se torna significativa quando sua apresentação possibilita 
a comparação de uma entidade com outra. O exemplo disto, na identificação de 
tendência, como posição financeira e patrimonial, os usuários precisam comparar 
as demonstrações contábeis de uma empresa através do tempo. (IUDÍCIBUS; 
MARION; FARIAS, 2010).
O mesmo ocorre quando se busca comparar uma empresa com outra, 
isto é, o usuário deverá comparar as informações contidas nas demonstrações 
contábeis entre empresas a fim de identificar sua posição financeira e patrimonial 
dentro do mercado ou segmento em que atua. (MOURAD, 2010).
Porém, destaca-se ser importante a comunicação da politica contábil 
utilizada na elaboração das demonstrações contábeis e quaisquer alterações que 
possam ter ocorrido, a fim de não prejudicar a característica de comparabilidade 
das informações contábeis.
Iudícibus, Marion e Farias (2010) destacam a importância dos usuários 
identificarem a política contábil utilizada em operações semelhantes dentro 
de uma mesma empresa de um ano para o outro e em transações semelhantes 
entre entidades diferentes. Nesse sentido, os autores (2010, p. 47) afirmam 
que “a adequação aos padrões contábeis nacionais e internacionais, incluindo 
a evidenciação das políticas utilizadas pela entidade, ajuda a conseguir a 
comparabilidade”.
Mourad (2010, p. 17) exemplifica a comparabilidade da seguinte forma: 
A utilização de diferentes sistemas de mensuração de estoque gera 
diferentes resultados. O uso de um método é essencial para permitir 
aos usuários comparar um período para o outro. Não deve haver 
mudança de politica contábil, a menos que uma norma ou lei solicite a 
mudança, ou essa nova mudança seja feita em uma base comparativa 
(com os devidos efeitos registrados nas demonstrações contábeis 
anteriores) tornando as demonstrações contábeis mais relevantes e 
não menos confiáveis para os usuários das demonstrações contábeis 
em sua tomada de decisão.
UNIDADE 1 | PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL MUNDIAL
34
Dessa forma, observa-se que os critérios contábeis não devem ser alterados 
sem exigência de lei ou norma, e o mais importante, a empresa é obrigada a 
evidenciar em notas explicativas, as alterações que a mudança dos critérios 
contábeis refletiria nas demonstrações do período anterior.
Conjuntamente as qualidades anteriores, o Pronunciamento Conceitual 
Básico do Comitê de Pronunciamentos Contábeis, a fim de alinhar as normas 
nacionais as normas internacionais de contabilidade, comenta sobre outras 
características que a informação contábil deve possuir, sendo elas: representação 
adequada, neutralidade, prudência e a primazia da essência sobre a forma. 
Representação adequada
Para uma informação ser confiável, ela deve representar adequadamente 
as transações e demais eventos que ela diz representar. (CPC 00).
Neutralidade
Uma informação contábil é confiável quando ela é neutra e imparcial. 
(CPC 00).
Prudência
No registro das informações contábeis é comum se deparar com incertezas 
envolvendo alguns eventos, como por exemplo, o recebimento de contas a 
receber de liquidação duvidosa, o número de reclamações cobertas por garantias 
que possam ocorrer e entre outras. Assim, a prudência baseia-se na aplicação de 
certo grau de cautela no exercício dos julgamentos necessários às estimativas em 
condições de incertezas. (CPC 00).
Materialidade
A informação é considerada material se a sua omissão ou distorção tiver 
o poder influenciar as decisões econômicas tomadas pelos seus usuários. Dessa 
forma, a materialidade irá depender do tamanho do erro ou da consideração das 
circunstâncias específicas da omissão ou da distorção. (CPC 00). 
Primazia da essência sobre a forma
A fim de que as informações representem os eventos adequadamente, é 
necessário que os registros sejam contabilizados e apresentados conforme a sua 
substância e a realidade econômica, e não puramente a sua forma.
O atendimento a esse princípio é fundamental para a qualidade das 
informações contábeis e da representação do fato econômico e posição financeira 
de qualquer empresa. Na visão da FIPECAFI (2010), o profissional contador e o 
TÓPICO 2 | A HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL
35
auditor devem, antes de tudo, ter um profundo conhecimentoda operação a ser 
contabilizada e ter certeza de que o documento formal está representado, de fato, 
a essência econômica da ocorrência que está sendo contabilizada.
A fim de um melhor entendimento da essência sobre a forma, vamos 
discutir o exemplo elaborado por Coelho e Lins (2010). Os autores discorrem 
sobre três situações:
Situação 1: uma empresa de transporte sediada na cidade do Rio de Janeiro 
compra um ônibus que realizará o translado entre Rio e São Paulo uma vez por 
semana. Outra empresa, sediada na região central do país, em um município do 
interior, compra um ônibus que será utilizado diariamente em ruas sem asfalto e, 
portanto, com vários buracos ao longo do trajeto.
Situação 2: a empresa A compra um automóvel pelo sistema Leasing da empresa 
B, em 24 parcelas, quando ao final terá o direito de propriedade sobre o veículo.
Situação 3: uma entidade cujos clientes ainda têm contas a pagar realiza uma 
cessão de créditos a uma financeira, com a intenção de antecipar valores. Todavia, 
fica acordado que a empresa será responsável por possíveis não pagamentos, ou 
seja, a empresa deverá ressarcir ao banco os valores que os clientes não pagarem.
A seguir analisa-se cada uma das três situações anteriores:
Analisando a primeira situação, percebe-se que as duas empresas poderiam 
registrar a depreciação pelo mesmo valor, ou seja, 20% ao ano, de acordo com o 
método linear aceito pela legislação do imposto de renda. No entanto, fica claro 
que a empresa, sediada na região central do país terá um desgaste muito maior 
em seu ônibus, trocando peças com mais frequência e possivelmente trocará seu 
ônibus em menos tempo que a outra empresa.
Dessa forma, mesmo que a norma (forma jurídica) tenha estabelecido um 
índice igualitário, a situação real (essência) entre as duas empresas é diferenciada. 
Assim sendo, a utilização de um parâmetro igual para o registro da depreciação 
dos ônibus nas duas empresas não seria razoável, pois o desgaste aconteceria de 
forma mais acelerada em uma do que em outra.
O mesmo ocorre na situação 2, pois o contrato na estrutura jurídica aponta 
uma forma de arrendamento (leasing) a transação realizada, porém uma análise 
da realidade demonstra uma transação de compra e venda financiada. Dessa 
maneira, fica claro o conflito entre a essência e da forma.
A empresa A que fez o financiamento não pode contabilizar o bem 
financiado em seu patrimônio até o total quitamento das parcelas, pois o bem 
permanece em nome da outra empresa até se encerrar o financiamento. No 
entanto, na prática é a empresa A que está utilizando e incorrendo nas despesas 
do veículo com a manutenção e outras situações. Agora, olhando pela primazia 
UNIDADE 1 | PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL MUNDIAL
36
da essência sobre a forma, o correto seria a empresa A contabilizar o bem em seu 
ativo imobilizado, mesmo que aos olhos da forma jurídica tal registro não deve 
acontecer.
Na terceira situação deveria ser realizado o registro da provisão pela 
empresa a fim de registrar a essência da operação, mesmo que na realidade 
(juridicamente) não haja nenhuma dívida em questão.
Assim, os autores comentam que seguir rigidamente os aspectos jurídicos 
na contabilidade pode descaracterizar a essência econômica dos fatos, conforme 
visto anteriormente. Considerando o principal objetivo da contabilidade, que 
é fornecer informação útil e fidedigna sobre o patrimônio a essência econômica 
deve prevalecer sobre a forma. (COELHO; LINS, 2010). Destaca-se, porém, que 
não se está estimulando um ato de infração, isto é, infringir a lei, mas sim, observar 
a real situação do fato econômico, e caso a operação levar a uma distorção da 
situação econômica e como consequência deturpa a informação contábil, assim 
descaracterizando a verdade sobre a posição patrimonial da entidade, precisa-se 
dar prioridade à realidade econômica do fato e não à forma jurídica. (COELHO; 
LINS, 2010).
Integridade
Uma informação contábil é útil quando ela é completa, não esquecendo os 
limites de custo e materialidade. Omitir uma informação pode levar à distorção 
das informações publicadas ou até mesmo a uma informação mentirosa, assim, 
torná-la não confiável o e defini-la em termos de sua relevância. (CPC 00).
2.3.2 Usuários e suas características
O objetivo básico da contabilidade é gerar informação para auxiliar 
o usuário na tomada de decisão. Dessa forma, os usuários das informações 
contábeis são todos os interessados na empresa, podendo ser uma pessoa jurídica 
ou física. (FIPECAFI, 2010). 
Nesse sentido, a estrutura conceitual CPC 00 delimita os usuários da 
informação contábil como sendo:
Investidores: os investidores são os provedores de capital de risco da 
empresa e seus analistas que estão sempre atentos aos riscos que envolvem os seus 
investimentos e ao retorno que ele pode trazer. As informações são utilizadas por 
eles a fim de decidir se devem comprar, manter ou vender os investimentos por 
eles realizados. Eles também estão interessados em saber se a entidade poderá ou 
não pagar seus dividendos. 
TÓPICO 2 | A HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL
37
2.3.2 Usuários e suas características
Empregados: estes usuários buscam informações sobre a lucratividade e 
a estabilidade de seus empregadores. Interessam-se também em informações que 
os permitam avaliar a capacidade de seus empregadores quanto ao pagamento 
de sua remuneração, benefícios de aposentadoria e oportunidade de empregos.
Empresas financiadoras, fornecedores e outros credores: o interesse 
desse público gira em torno de informações que o permitam avaliar a capacidade 
da empresa em pagar seus empréstimos e os respectivos juros no vencimento.
Clientes: estes usuários buscam informações sobre a continuidade da 
empresa, principalmente se dependerem dela como um fornecedor importante.
Governo: este está interessado na destinação dos recursos realizados pelas 
entidades, como também, em colher informações que o auxilie no estabelecimento 
de regulamentação e políticas fiscais, como também, para que elas serviram de 
base para identificação de estatísticas, como por exemplo, a renda nacional.
Público em geral: as informações das empresas ajudam ao público na 
identificação da contribuição que elas levam à sociedade e a identificarem o 
desempenho e desenvolvimento recentes. 
Os usuários são classificados como usuários internos e externos 
(IUDÍCIBUS, 2004). São considerados usuários internos, segundo o mesmo autor, 
todos aqueles envolvidos na atividade de planejar, organizar, dirigir e controlar 
as operações da entidade. Já os usuários externos são aqueles que não estão 
envolvidos nas atividades da empresa, porém têm interesse em saber sobre suas 
operações e sobre sua situação econômica. (IUDÍCIBUS, 2004).
O interesse de cada grupo de usuários e de cada usuário nas informações 
contábeis varia. Nesse sentido, Hendriksen e Van Breda (2007) comentam que 
há problemas em definir qual o grupo principal de usuários das informações 
contábeis devido a sua variedade, como também à quantidade e ao tipo de 
informação ser divulgada, uma vez que, na maioria das vezes, dependerá do 
usuário a que elas se destinam.
No quadro a seguir, estão apresentadas algumas das necessidades dos 
usuários das informações contábeis:
UNIDADE 1 | PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL MUNDIAL
38
QUADRO 7 – NECESSIDADES INFORMACIONAIS DOS USUÁRIOS DA CONTABILIDADE
Necessidade informacionais dos usuários da contabilidade
Usuário Informações Primárias
Acionista 
minoritário Fluxo de dividendos; lucro por ações. 
Acionista 
controlador
Fluxo de dividendos; manutenção do lucro por ação; 
valor de marcado das ações; desenvolvimento do negócio.
Acionista 
preferencial Fluxo de dividendos mínimos; lucro por ação.
Financiadores
Geração de fluxo de caixa; capacidade de líquidas 
obrigações; avaliação do desempenho da empresa e de 
seus administradores.
Governo
Receita e lucros tributáveis; limites operacionais; 
produtividade; solvência; valor adicionado; beneficio acomunidade.
Empregados e 
sindicatos
Lucro; fluxo de caixa; liquidez; continuidade operacional; 
manutenção ou expansão da capacidade produtiva; 
investimento social.
Administração e
gestores
Taxa de retorno; situação de liquidez e endividamento 
e razoáveis; comportamento dos custos de produção, 
eficiência.
Entidades Sociais Plano de benefícios; proteção ao meio ambiente; investimentos sociais.
Instituição de 
pesquisa Rankings diversos.
FONTE: Adaptado de: Ribeiro Filho, Lopes e Pederneiras (2010)
39
QUADRO 7 – NECESSIDADES INFORMACIONAIS DOS USUÁRIOS DA CONTABILIDADE
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você viu que:
• Foi abordado o processo de harmonização das normas contábeis nacionais 
e as normas contábeis internacionais. Para isto foi definido o conceito 
de harmonização e o conceito de padronização. E porque se deve falar 
em harmonização e não padronização contábil. Destacaram-se ainda os 
principais objetivos da harmonização contábil, segundo o Conselho Federal de 
Contabilidade. 
• Foram demonstradas as vantagens e desvantagens que o processo de 
convergência das normas contábeis internacionais trará às empresas brasileiras. 
Entre outras vantagens foi apresentada a diminuição dos custos de publicação 
de demonstrações contábeis consolidadas e como desvantagem foi destaca que 
tal processo não leva em consideração as diferenças entre os países.
• Na sequência contemplaram-se as razões que levaram as diferenças 
internacionais entre os países na visão de vários autores. Entre as principais 
razões, destacando os aspectos do sistema legal, ou seja, os aspectos dos países 
classificados como Code-Law e Commom-Law, a influência e status da profissão 
contábil e por fim o ensino e o desenvolvimento da teoria contábil.
• Abordou-se, também, a informação contábil como fruto da contabilidade. As 
características qualitativas das informações contábeis apresentadas no CPC 
Conceitual Básico. E ainda de acordo com o CPC 00 foram vistos os usuários 
das informações contábeis e suas características.
40
1 Com relação à convergência das normas contábeis brasileiras às normas 
internacionais de contabilidade, é correto afirmar que:
I- ( ) É mais prudente falar em harmonizar as normas contábeis ao invés 
de falar em padronizar, pois padronizar geraria mais dificuldade a 
convergência das normas.
II- ( ) A harmonização das normas contábeis busca facilitar a troca, 
interpretação e compreensão das informações contábeis.
III- ( ) Segundo o Conselho Federal de Contabilidade, a harmonização 
contábil diminuirá os riscos de investimentos internacionais.
IV- ( ) A harmonização contábil deve ser vista como um processo que 
visa diminuir as diferenças entre as práticas contábeis dos países, 
desconsiderando as diversas diferenças entre eles.
Considerando as afirmações anteriores assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) A afirmativa II está correta.
b) ( ) As afirmativas I e III estão corretas.
c) ( ) As afirmativas III e IV estão corretas.
d) ( ) As afirmativas I, II e III estão corretas.
2 A harmonização das normas contábeis levará aos países diversas vantagens. 
Nesse sentido, preencha as lacunas com as opções de palavras a seguir:
a) Esses relatórios harmonizados geram certa ____________ e maior 
____________ quando comparados a aqueles relatórios ainda ________ 
harmonizados;
b) Mais uma vantagem da harmonização contábil é o __________ da facilidade 
de ____________ internacional no mundo dos negócios com o uso de uma 
__________ contábil bem mais homogênea;
c) A harmonização facilitará também, a elaboração das demonstrações 
contábeis _____________ entre ___________ e suas ___________ situadas em 
países diferentes;
d) A adoção das normas internacionais de contabilidade está associada a 
benefícios ________________ concretos na forma de atração de maior 
volume de ______________.
1 – aumento.
2 – econômicos.
3 – não.
4 – segurança.
5 – consolidada.
6 – linguagem.
7 – comunicação.
AUTOATIVIDADE
41
8 – investimento.
9 – filial.
10 – transparência.
11– matriz.
3 Alguns autores caracterizam os países como Common–law e Code–law, onde 
cada grupo possui características que não se confundem. Dessa forma, 
classifique as alternativas a seguir como verdadeiras (V) e falsas (F): 
( ) Países classificados como Common-law são conhecidos como países que 
possuem um profissional contábil independente, ou seja, forte influência 
do profissional contador na legislação de sua profissão. 
( ) Em países classificados como Code-law, a legislação contábil possui forte 
influência do governo, ou seja, forte influência fiscal em suas normas. 
( ) As informações contábeis são voltadas para os investidores em países 
classificados como Common-law, já em países classificados como Code-law, 
as informações contábeis são voltadas para credores. 
( ) A legislação contábil, em países classificados como Common-law é 
classificado como progressista, já em países Code-law é classificada como 
conservadora.
4 Correlacione a coluna das características qualitativas das informações com 
a segunda coluna:
Coluna 1
A - Compreensibilidade.
B - Relevância.
C - Confiabilidade.
D - Prudência.
E - Comparabilidade.
F - Essência sobre a forma.
Coluna 2
( ) As informações devem ser apresentadas de forma que o usuário as entenda.
( ) É importante que as políticas da empresa sejam mencionadas em seus 
relatórios a fim de tornar as informações contábeis comparáveis no decorrer 
dos exercícios.
( ) Esta característica busca garantir que a informação seja razoavelmente 
livre de erros e de viés.
( ) Uma informação útil quando ela influencia a tomada de decisão do usuário 
das informações.
( ) Baseia-se na aplicação de certo grau de cautela no exercício dos julgamentos 
necessários às estimativas em condições de incertezas.
( ) Deve-se observar se a forma jurídica é a real essência do fato econômico.
42
5 Com relação aos usuários da informação contábil, é correto afirmar que:
I- A contabilidade deve fornecer informação que leve os usuários à tomada 
de decisão.
II- As características dos usuários da informação contábil nacional e dos 
usuários da informação contábil internacional são diferentes devido às 
características do sistema legal do país.
III- Como grandes usuários das informações contábeis nacionais temos o 
governo e as agências financiadoras, por outro lado, em países anglo-
saxônicos, temos o acionista ou investidor.
IV- Como grandes usuários das informações contábeis nacionais temos o 
acionista e o investidor e, por outro lado, em países anglo-saxônicos temos 
o governo e agências financiadoras.
Considerando as afirmações anteriores assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As afirmativas II e III estão corretas.
b) ( ) Apenas a afirmativa I está correta.
c) ( ) As afirmativas I, II e III estão corretas.
d) ( ) As afirmativas III e IV estão corretas.
43
TÓPICO 3
ÓRGÃOS RESPONSÁVEIS PELO PROCESSO DE 
HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL MUNDIAL
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
O processo de convergência mundial às normas contábeis internacionais 
é um processo sem volta. Aos poucos, país a país passa a adotar as normas 
contábeis internacionais. Essa adoção não é compulsória, ou seja, não é obrigada 
aos países.
A harmonização das normas contábeis brasileiras às normas contábeis 
internacionais deu um grande passo com a aprovação da Lei nº 11.638/07, 
conforme já foi abordado. Porém, cadê destacar o papel dos órgãos da classe 
contábil que estão participando de tal processo.
Nesse sentido, destaca-se o papel do Conselho Federal de Contabilidade 
nesse processo. O CFC participa ativamente tornando norma os pronunciamentos 
técnicos elaborados pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis. O CFC 
juntamente com o IBRACON participam dentro do principal órgão internacional 
responsável pela harmonização contábil, o IASB, como representante do Brasil 
em tal organismo.
Como um dos principais órgãos brasileiros neste processo destaca-se o 
Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), que foicriado no ano de 2005 com 
o principal objetivo de estudar as normas contábeis internacionais e trazê-las 
para nossa realidade.
Conjuntamente a estes dois órgãos, temos ainda a Comissão de Valores 
Mobiliários (CVM) que regulamenta o mercado financeiro brasileiro e o 
Instituto Brasileiro dos Auditores Independentes do Brasil (IBRACON), também 
trabalhando ativamente no processo de harmonização contábil.
Como principal órgão internacional de contabilidade tem-se o International 
Accounting Standards Board (IASB), pois este é o organismo responsável pela 
criação das normas internacionais de contabilidade, conhecidas como International 
Financial Reporting Standards – IFRS.
Colaborando com o IASB, entre os organismos internacionais de 
contabilidade, para que exista uma harmonização contábil mundial, tem-se: 
44
UNIDADE 1 | PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL MUNDIAL
The International Organization of Securities Commission (IOSCO), Organization 
for Economic Cooperation and Development (OECD), European Union (EU), The 
International Federation of Accountants (IFAC), Financial Accounting Standards Board 
(FASB), Securities and Exchange Commission (SEC). Estes dois últimos organismos 
são norte-americanos.
2 ORGANISMOS NACIONAIS RESPONSÁVEIS PELA 
HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL
O processo de harmonização contábil precisa ser apoiado pelos organismos 
da classe contábil para que o movimento seja fortalecido. Assim, no Brasil são 
vários os órgãos com interesse no sucesso desse processo. 
Estas entidades participam da convergência contábil por meio de suas 
normatizações, estudos ou propostas concentram esforços para que as normas 
contábeis nacionais sejam harmonizadas com as normas internacionais de 
contabilidade. (NIYAMA, 2008).
Entre eles, citamos os mais atuantes, como o Conselho Federal de 
Contabilidade (CFC), o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), a Comissão 
de Valores Mobiliários (CVM), o Banco Central do Brasil (BACEN) e o Instituto 
Brasileiro dos Auditores Independentes (IBRACON). Porém, destaca-se que 
muitos outros participam deste processo.
2.1 CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE – CFC
O Conselho Federal de Contabilidade foi criado pelo Decreto-Lei nº 9.295, 
de 27 de maio de 1946. É uma Autarquia Especial de Caráter Corporativista, 
sem vínculo com a Administração Pública Federal. Sua estrutura, organização e 
funcionamento são estabelecidos pelo Decreto-Lei nº 9.295/46, normalizado pela 
Resolução CFC nº 960/03, que aprova o Regulamento Geral dos Conselhos de 
Contabilidade.
O CFC é integrado por 27 conselheiros efetivos e por igual número de 
suplentes - Lei nº 11.160/05 e tem por finalidade, nos termos da legislação em 
vigor: 
• Orientar, normalizar e fiscalizar o exercício da profissão contábil, por intermédio 
dos Conselhos Regionais de Contabilidade, cada um em sua base jurisdicional, 
nos Estados e no Distrito Federal. 
• Representar os CRCs e sob a forma de Conselho Especial de Tomada de 
Contas, examinar e julgar as contas do CFC, organizadas e prestadas por seu 
presidente. 
TÓPICO 3 | ÓRGÃOS RESPONSÁVEIS PELO PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL MUNDIAL
45
2.1 CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE – CFC
• Registro, fiscalização e desenvolvimento da profissão contábil.
Assim, destaca-se que o CFC tem como missão promover o desenvolvimento 
da profissão contábil, primando pela ética e qualidade na prestação dos serviços; 
realizando o registro e a fiscalização de profissionais e organizações contábeis; 
atuando como fator de proteção da sociedade. (CFC, 2011).
O papel do Conselho Federal de Contabilidade na harmonização das 
normas contábeis é fundamental, além de participar juntamente com IBRACON, 
por meio de representantes, do International Accounting Standards Board – 
IASB. Este é o órgão máximo dentro da profissão contábil. Nesse sentido, o CFC 
como protagonista no processo de convergência, criou, no ano de 2005, o Comitê 
de Pronunciamentos Contábeis.
No ano de 2009, devido à dificuldade e à necessidade de normatizar o 
processo de convergência às normas internacionais de contabilidade, o CFC, por 
meio da Resolução nº 1.253/09, aprovou o CPC 37, intitulado “Adoção Inicial 
das Normas Internacionais de Contabilidade”, como sendo um guia em língua 
portuguesa e em forma simplificada para atender às necessidades das empresas 
e do mercado nacional.
Ainda no mesmo ano, o CFC normatizou a adoção inicial das normas 
internacionais para as demonstrações consolidadas por meio da Resolução nº 1.198 
de 2009, e o CFC segue acompanhando o Comitê de Pronunciamentos Contábeis 
no processo de convergência por meio de suas resoluções e normatizações. Assim, 
é possível perceber o papel fundamental do Conselho Federal de Contabilidade 
no processo de harmonização contábil, uma vez que, este é o órgão normatizado 
e fiscalizado da contabilidade no Brasil (CFC, 2011).
2.2 COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS - CPC
O CPC foi criado pela Resolução CFC nº 1.055 de 2005. É um órgão suportado 
pelo Conselho Federal de Contabilidade, porém, com total independência nos 
seus pronunciamentos. Sua criação foi idealizada pela união dos esforços das 
seguintes entidades:
• ABRASCA - Associação Brasileira das Companhias Abertas.
• APIMEC NACIONAL - Associação dos Analistas e Profissionais de 
Investimento do Mercado de Capitais.
• BOVESPA - Bolsa de Valores do Estado de São Paulo.
• CFC - Conselho Federal de Contabilidade.
• FIPECAFI - Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis Atuariais e Financeiras.
• IBRACON - Instituto dos Auditores independentes do Brasil.
Cada instituição indica dois membros para participar do CPC, que no 
total possui 12 indivíduos. Para que seus pronunciamentos sejam aprovados são 
46
UNIDADE 1 | PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL MUNDIAL
necessários 2/3 dos votos. Além da representação pelas seis entidades, o CPC 
convida para a participação em suas deliberações, membros dos seguintes órgãos: 
• Banco Central do Brasil.
• Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
• Secretaria da Receita Federal.
• Superintendência de Seguros Privados (SUSEP).
O modelo do organizacional do CPC é espelhado nos órgãos que mais 
oferecem resultados do mundo, isto é, com a união dos preparadores das 
informações contábeis, os auditores destas informações, analistas e usuários, 
a academia contábil, além do apoio de autarquias como a CVM, BACEN e do 
Ministério da Fazenda entre outras.
O CPC foi criado com os seguintes objetivos: estudo, preparo e emissão 
de pronunciamentos técnicos sobre procedimentos de contabilidade e a divulgação de 
informações dessa natureza, para permitir a emissão de normas pela entidade reguladora 
brasileira, visando à centralização e uniformização do seu processo de produção, levando 
sempre em conta a convergência da Contabilidade Brasileira aos padrões internacionais.
Como razões para sua criação foram argumentadas:
• convergência internacional das normas contábeis (redução de custo de 
elaboração de relatórios contábeis, redução de riscos e custo nas análises e 
decisões, redução de custo de capital);
• centralizações na emissão de normas dessa natureza (no Brasil diversas 
entidades o fazem);
• representação e processo democráticos na produção dessas informações 
(produtores da informação contábil, auditor, usuário, intermediário, academia, 
governo).
O Comitê de Pronunciamentos Contábeis é dividido em quatro 
coordenadorias assim constituídas:
• Coordenadoria de Operações.
• Coordenadoria de Relações Institucionais.
• Coordenadoria de Relações Internacionais.
• Coordenadoria Técnica. 
Quanto à harmonização, as normas internacionais de contabilidade, o 
CPC será responsável pela convergência das demonstrações para os padrões 
internacionais do IASB. Nesse sentido, o CPC é responsável pela criação dos 
documentos intitulados de: Pronunciamentos Técnicos (CPCs), Interpretações e 
Orientações. Dessa forma, segundo o regimento interno do CPC:
TÓPICO 3 | ÓRGÃOS RESPONSÁVEIS PELO PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL MUNDIAL
47
• Art.14: Os Pronunciamentos Técnicos estabelecem conceitos doutrinários, 
estrutura técnica e procedimentos a serem aplicados.
• Art. 15: As Interpretações são emitidas para esclarecer, de forma mais ampla, 
os Pronunciamentos Técnicos.
• Art. 16: As Orientações possuem caráter transitório e informativo, destinando-
se a dar esclarecimentos sobre a adoção dos Pronunciamentos Técnicos e/ou 
Interpretações.
DICAS
Todos dos Pronunciamentos Técnicos, Interpretações e Orientações podem ser 
acessados no site do CPC: <www.cpc.org.br>.
Segundo FIPECAFI (2010, p. 15), quanto aos tramites legais para que 
os Pronunciamentos Técnicos, também conhecidos pela sigla CPC, sejam 
normatizados devem:
Assim, o processo acordado no Brasil é o de o CPC, primeiramente, 
emitir seu Pronunciamento Técnico, após discussão com as entidades 
envolvidas e audiência pública: após tem-se o órgão público (CVM, 
BACEN, SESUP etc.) ou mesmo privado (CFC etc.) emitindo sua 
própria resolução acatando e determinando o seguimento desse 
Pronunciamento do CPC. Assim, fica o Pronunciamento transformado 
em “norma” a ser seguida pelos que estiverem subordinados a tais 
órgãos. Com isso, a CVM, por exemplo, emite sua Deliberação (como 
tem feito desde 1986, com pronunciamentos emitidos pelo IBRACON) 
aprovando o Pronunciamento do CPC; o próprio CFC emite sua 
Resolução fazendo o mesmo idem com o BACEN, a SUSEP et al.
Segundo Martins, Martins e Martins (2007), é provável que na maioria 
das situações existam apenas traduções de normas do IASB; em outras, quando 
for necessário, ajustes serão efetuados sem mudanças substanciais e em casos 
extremos é que poderá haver alguma não convergência, que deverá ser temporária, 
ou por razões de ordem legal ou outra a ser devidamente sanada.
Destacam ainda, os mesmos autores, que em caso de se detectar que 
temos condições de emissão de uma norma tecnicamente melhor, ou de que há 
imperfeições na norma original, deveremos informar imediatamente ao IASB para 
que eles tenham a oportunidade de efetuar os ajustes, se com eles concordarem. 
Persistindo eventual divergência uma decisão terá que ser tomada que levará 
em conta a relevância da matéria e dos valores possivelmente envolvidos, com o 
objetivo maior da internacionalização das normas e outros, conforme cada caso.
48
UNIDADE 1 | PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL MUNDIAL
2.3 COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS – CVM
A Comissão de Valores Mobiliários é um órgão que tem por finalidade 
regular e fiscalizar o mercado de capitais, sendo assim, tem poder de criar normas, 
mas também de fiscalizar e punir eventuais irregularidades no que possam surgir. 
(CVM, 2011).
A CVM foi criada em 1976, por meio da Lei nº 6.385/76. É uma entidade 
autárquica e está vinculada ao Ministério da Fazenda. Sua sede está situada na 
cidade do Rio de Janeiro, e possui duas Superintendências, uma situada na cidade 
de Brasília e outra na cidade de São Paulo. Sua composição se dá da seguinte 
forma: um presidente e quatro diretores, que são nomeados pelo Presidente da 
República. 
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) foi criada para exercer as 
seguintes funções:
• assegurar o funcionamento eficiente e regular dos mercados de bolsa e de 
balcão; 
• proteger os titulares de valores mobiliários contra emissões irregulares e atos 
ilegais de administradores e acionistas controladores de companhias ou de 
administradores de carteira de valores mobiliários; 
• evitar ou coibir modalidades de fraude ou manipulação destinadas a criar 
condições artificiais de demanda, oferta ou preço de valores mobiliários 
negociados no mercado; 
• assegurar o acesso do público a informações sobre valores mobiliários 
negociados e as companhias que os tenham emitido; 
• assegurar a observância de práticas comerciais equitativas no mercado de 
valores mobiliários; 
• estimular a formação de poupança e sua aplicação em valores mobiliários; 
• promover a expansão e o funcionamento eficiente e regular do mercado de 
ações e estimular as aplicações permanentes em ações do capital social das 
companhias abertas.
Dessa forma, é possível observar que sua função da CVM é disciplinar 
o funcionamento do mercado de valores mobiliários, cuidar da atuação das 
empresas de capital aberto, dos intermediários financeiros, dos investidores e 
outros que tenham sua atividade legada ao mercado financeiro. (CVM, 2011).
O poder de regular as empresas de capital aberto é expresso na própria 
Lei das Sociedades por Ações. A legislação dá o poder a CVM de emitir pareceres, 
instruções e deliberações regulamentando a matéria contábil para as empresas 
S/A. 
Segundo Schmidt, Santos e Fernandes (2006, p. 17), a CVM “tem poder para 
disciplinar, criar normas e fiscalizar a atuação dos diversos agentes integrantes 
do mercado”, os autores afirmam ainda que “seu poder normalizador abrange 
TÓPICO 3 | ÓRGÃOS RESPONSÁVEIS PELO PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL MUNDIAL
49
2.3 COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS – CVM todas as matérias referentes ao mercado de valores mobiliários, que incluem 
entre outras as seguintes matérias”:
a) registros das companhias abertas;
b) registros de distribuições de valores mobiliários;
c) credenciamento de auditores independentes e administradores de carteiras de 
valores mobiliários;
d) organização, funcionamentos e operações da bolsa de valores;
e) negociação e interpretação no mercado de valores mobiliários;
f) administração e carteiras e custódia de valores;
g) suspensão ou cancelamento de registro, credenciamento ou autorizações;
h) suspensão e emissão, distribuição ou negociação de determinados valores 
mobiliários ou decretação de recesso de bolsa de valores.
A sistemática de registro e credenciamento tem como finalidade levar um 
fluxo de informação permanente aos interessados (investidores). A apresentação 
destas informações, por parte das companhias, é periódica, isto é, dependendo do 
tipo de informação podem ser fornecidas trimestralmente, anualmente e outras.
Estas informações podem ser classificadas como financeiras ou fatos 
relevantes. Como informação financeira entendem-se as informações contábeis 
e informações de fato relevantes decorrentes de fatos que podem influenciar a 
decisão do investidor quanto a negociar com valores emitidos pela companhia. 
(CVM, 2011).
A CVM não tem obrigação de fiscalizar qualquer informação disponibilizada pela 
empresa, no entanto, ela se preocupa com a regularidade e confiabilidade das informações 
destas, consequentemente normatiza e busca padronizar a forma de apresentação das 
mesmas.
ATENCAO
Segundo a própria CVM (2011), quando identificada qualquer 
irregularidade no mercado de valores mobiliários, a CVM tem competência para 
apurar, julgar e punir o responsável. Quando a CVM recebe uma denúncia ou 
suspeita de qualquer irregularidade, ela deverá abrir um inquérito administrativo, 
colher depoimentos, reunir informações e provas a fim de identificar o responsável. 
Depois de identificado, ela tem o direito de julgar e punir o/os responsáveis. 
As penalidades auferidas pela CVM variam de acordo com o delito, elas 
podem variar de simples advertências, multas, podendo até impossibilitar a 
empresa ou responsável de atuar no mercado de valores mobiliários.
50
UNIDADE 1 | PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL MUNDIAL
O papel da CVM no processo de harmonização contábil está concentrado 
em seus atos e revisões normativas dos procedimentos contábeis, onde esta 
autarquia busca equiparar os procedimentos nacionais aos internacionais. 
A CVM leva em consideração a harmonização das normas contábeis 
e, portanto, procura aperfeiçoar suas normas de modo que convirjam para 
as práticas internacionais e, para isso, procura acelerar esse processo de 
regulamentação, uma vez que, a partir de 2010 as companhias abertas devem 
apresentar suas demonstrações contábeis de acordo com as normas internacionais 
de contabilidade. Até 2009 essa exigência ficará facultada. (CVM, 2011).
Essa harmonização facilitará de certa forma,o acesso das empresas 
brasileiras às fontes externas de financiamento. Portanto, a CVM não mede 
esforços para que as demonstrações contábeis estejam de acordo com as normas 
internacionais. 
Nesse sentido, a CVM, antes mesmo da aprovação da Lei nº 11.638/07, 
já vinha sendo influenciada pelas normas contábeis internacionais. A exemplo 
disto, em 2006, a CVM emitiu a Deliberação nº 506, de 19 de julho de 2006, que 
tinha como objetivo estabelecer normas sobre o tratamento e divulgação de 
Seleção das Práticas Contábeis, Mudanças em Práticas Contábeis, Mudanças em 
Estimativas Contábeis e Correção de Erros.
A Deliberação nº 506/06 mantinha correlação com o IAS nº 8 (International 
Accounting Standard) e evidencia importância e a necessidade de que as práticas 
contábeis brasileiras sejam convergentes com as práticas contábeis internacionais, 
seja em função do aumento da transparência e da segurança nas nossas informações 
financeiras, seja por possibilitar, a um custo mais baixo, o acesso das empresas 
nacionais às fontes de financiamento externas. 
No ano de 2007, a CVM emitiu a Instrução CVM nº 457, de 13 de julho 
de 2007, nela a CVM estabelecia que as companhias de capital aberto deveriam 
elaborar suas demonstrações contábeis de acordo com as normas internacionais 
de contabilidade (IFRS) a partir de 2010, no entanto, deixava a critério das 
empresas a adoção das IFRS a partir de 2009.
Com a aprovação da nova Lei das S.A., em 2008, a CVM edita a Medida 
Provisória nº 449 de 2008, como já falado anteriormente. Esta MP tem como objetivo 
neutralizar os impactos dos novos métodos e critérios contábeis introduzidos na 
Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007, na apuração das bases de cálculos de 
tributos federais.
TÓPICO 3 | ÓRGÃOS RESPONSÁVEIS PELO PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL MUNDIAL
51
2.4 INSTITUTO DOS AUDITORES INDEPENDENTES DO 
BRASIL – IBRACON
O Instituto de Auditores Independentes do Brasil (IBRACON) conta 
com parcerias de outras entidades nacionais e internacionais, contribuindo 
com o aperfeiçoamento da profissão dos auditores independentes por meio 
de divulgações acerca das atividades do profissional bem como do campo de 
atuação.
 
A função deste órgão é aprimorar e desenvolver por meio de discussões 
as questões éticas da profissão de auditor e contador, fazendo com que estes 
profissionais compreendam suas funções de modo que as apliquem corretamente. 
O IBRACON é um órgão com poder de normatizar a profissão do auditor, isto 
é, ele emite normas contábeis profissionais. Atua também como representante da 
classe de auditores diante de órgãos públicos e da sociedade em geral. Possui 130 
empresas associadas em vários lugares do Brasil. (IBRACON, 2011). 
A fim de otimizar seu trabalho, o IBRACON se organiza em grupos, onde 
cada grupo de trabalho possui uma determinada função. A Comissão Nacional 
de Normas Técnicas (CNNT). Esta elabora pronunciamentos sobre normas de 
auditoria e princípios contábeis além de elaborar comunicados e interpretações 
técnicas. Porém, para isto, estes assuntos devem ser aprovados pela diretoria do 
IBRACON. 
Grupo de Trabalho 1 – INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS: tem por objetivo 
propor soluções técnicas para instituições financeiras da área contábil. Este grupo 
é constituído por associados do próprio grupo.
IBRACON. Grupo de Trabalho 2 – SEGURADORAS: tem por objetivo 
estudar e analisar temas referentes à auditoria e contabilidade acerca das 
instituições asseguradas, empresas de capitalização e de entidades abertas de 
previdência privada. Quando julgam necessário, emitem orientações sobre 
assuntos relacionados à área.
Grupo de Trabalho 3 - Grupo Técnico de Previdência: este grupo tem 
como atividade promover reuniões periódicas com vários órgãos a fim de discutir 
assuntos relacionados à auditoria.
A participação do IBRACON na convergência das normas contábeis 
está relacionada a sua participação no CPC e as suas normas reconhecendo os 
Pronunciamentos Técnicos emitidos pelo CPC. O IBRACON juntamente ao CFC 
participa, por meio de representantes, do International Accounting Standards Board 
– IASB.
52
UNIDADE 1 | PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL MUNDIAL
2.5 ORGANISMOS INTERNACIONAIS RESPONSÁVEIS PELA 
HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL
A busca pela harmonização contábil mundial tem unido esforços de uma 
série de entidades da classe contábil, conforme já visto anteriormente, são vários 
os órgãos nacionais envolvidos, e o mesmo ocorre com os órgãos internacionais 
de contabilidade.
Nesse sentido, podemos listar a participação de órgãos como: o International 
Accounting Standards Board (IASB), Financial Accounting Standards Board (FASB), 
The International Organization of Securities Commission (IOSCO), Organization for 
Economic Cooperation and Development (OECD).
2.6 INTERNATIONAL ACCOUNTING STANDARDS BOARD – 
IASB
O International Accounting Standards Board (IASB) é o atual Colegiado 
de Padrões Contábeis Internacionais. Até 2001, o IASB era conhecido como 
International Accounting Standards Committee (IASC) em português Comitê de 
Normas Internacionais de Contabilidade (IASC). O IASC foi criado em 1973, 
no Congresso Internacional de Contadores em Melbourne, na Austrália, pelos 
seguintes países: Austrália, Canadá, França, Alemanha, Japão, México, Holanda, 
Grã-Bretanha, Irlanda e Estados Unidos da América. (IASB, 2011).
Tinha como objetivo desenvolver um novo padrão de normas contábeis 
internacionais para serem aceitas internacionalmente, segundo Mourad (2010). O 
IASC foi uma fundação independente, sem fins lucrativos e com recursos próprios 
que vinham de várias instituições internacionais. Os primeiros pronunciamentos 
contábeis internacionais foram chamados de IAS, devido ao seu criador, o IASC. 
Tais pronunciamentos estão em vigor até hoje.
 De acordo com o mesmo autor, em 2001 o IASC deu espaço para o IASB 
que assumiu diversos projetos do seu antecessor. Assim, foi constituído o processo 
de criação e validação das novas normas internacionais de contabilidade a serem 
emitidas pelo IASB, intituladas de International Financial Reporting Standards ou 
IFRS.
O IASB é uma entidade independente do setor privado, sua sede é 
localizada em Londres, Grã-Bretanha. Ele é composto por um conselho de 
membros de mais de 140 organismos de todo o mundo. Os representantes do 
Brasil no IASB, conforme já visto anteriormente, são o CFC e o IBRACON.
Segundo Niyama (2008), o IASB tem como objetivo:
TÓPICO 3 | ÓRGÃOS RESPONSÁVEIS PELO PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL MUNDIAL
53
• Desenvolver, no interesse público, um conjunto único de normas contábeis 
globais de alta qualidade, inteligível, exequível, que exijam informações de 
alta qualidade, transparentes e comparáveis nas demonstrações contábeis e em 
outros relatórios financeiros, a fim de ajudar os participantes do mercado de 
capital e outros usuários em todo o mundo a tomar decisões econômicas.
• Promover o uso e sua aplicação rigorosa das normas internacionais.
• Promover a convergência das normas contábeis locais às normas contábeis 
internacionais de contabilidade de alta qualidade.
Assim, estas normas têm por objetivo a transparência em todos os dados 
disponibilizados, proporcionando um mercado de capital aberto para negociações, 
bem como a publicação de padrões contábeis de qualidade. Permitirá também, a 
comparação dos relatórios contábeis entre diferentes países. (NIYAMA, 2008). 
O mesmo autor destaca que as IFRS não têm caráter compulsório, ou seja, 
não são obrigatórias. Estas normas buscam servir de referência para facilitar a 
harmonização das normas contábeis, e como consequência facilitar o entendimento 
das informações contábeis pelos investidores, autoridades, e agentes econômicos 
em geral.
Cada uma das normas emitidas pelo IASB trata de assuntos específicos, 
porém em algumas situações é possível adotar mais de uma norma. Nestes casos, 
o órgão define um benchmarking que é um procedimento alternativo indicado. 
Devido a estas situações, as normas contábeisdo IASB foram criticadas por 
permitirem demasiadas alternativas contábeis para o tratamento de algumas 
transações e eventos, o que levou o IASB a considerar as seguintes prioridades:
• Desenvolver normas contábeis que vão ao encontro das necessidades dos 
mercados de capitais, em nível internacional e às empresas. 
• Desenvolvimento e implementação de normas adequadas aos países em 
desenvolvimento. 
• Eliminar as diferenças entre normas nacionais e internacionais.
Pode-se ser considerada grande dificuldade no estabelecimento de normas 
por parte do IASB a falta de autoridade que dê suporte aos seus esforços, sendo, 
pois, uma das maiores críticas que lhe são apontadas (NIYAMA, 2008). 
É elemento de destaque que existem alguns países que adotam somente 
as normas internacionais para empresas que necessitam de capital externo, 
conservando as normas nacionais para fins internos.
De acordo com Niyama (2008), a União Europeia aprovou uma decisão 
de que todas as empresas sediadas nos países-membros devem apresentar suas 
demonstrações contábeis consolidadas, a partir de 2005. A Bolsa de Nova York 
54
UNIDADE 1 | PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL MUNDIAL
aprovou uma medida semelhante, que permite que empresas estrangeiras 
lancem suas ações se os relatórios estiverem de acordo com as normas do IASB, 
também a partir de 2005.
O IASB está comprometido em diminuir as diferenças contábeis entre os 
países. Assim, está empenhado em harmonizar as normas e dos procedimentos 
contábeis que levam a elaboração das demonstrações contábeis dos países com as 
IFRS. (MOURAD, 2010).
Segundo o mesmo autor, a entidade elaborou o Framework, que inclui 
vários aspectos relevantes para a preparação das demonstrações contábeis, a 
seguir:
• objetivo das demonstrações contábeis;
• as características qualitativas que delimitam a utilidade das informações 
constantes nas demonstrações contábeis;
• definição, reconhecimento e mensuração dos elementos do balanço patrimonial;
• conceitos de capital e de custos de capital.
O Framework é visto como fundamental para o entendimento das IFRS. 
Neste documento está incluída a base dos princípios e das definições fundamentais 
dos diversos elementos do balanço patrimonial em IFRS. Os aspectos das 
demonstrações contábeis determinadas no Framework são aplicados a todos os 
segmentos e setores, seja comercial, financeiro, público e privado.
No Brasil, encontram-se os elementos do Framework no pronunciamento do 
CPC intitulado Estrutura Conceitual para a Elaboração e Apresentação das Demonstrações 
Contábeis. Documento este constante neste Caderno de Estudos.
ATENCAO
2.6.1 International Financial Reporting Standards - IFRS
As Normas Internacionais de Contabilidade, que inicialmente eram 
conhecidas como Internnational Accounting Standards (IAS), pois eram emitidas 
pelo antigo IASC, a partir de 2001 pararam a ser chamadas de International 
Financial Reporting Standards (IFRS) e emitidas pelo IASB. 
Segundo Lemes e Carvalho (2010), as IFRS não tratam apenas questões 
contábeis, mas buscam abranger todos os aspectos de temas que envolvem as 
divulgações de desempenho operacional por meio dos balanços, demonstrações 
do resultado do exercício, demonstrações de fluxo de caixa e notas explicativas.
TÓPICO 3 | ÓRGÃOS RESPONSÁVEIS PELO PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL MUNDIAL
55
2.6.1 International Financial Reporting Standards - IFRS
O processo de nascimento de uma IFRS começa quando o IASB recebe 
a sugestão de um tema a ser incluído em sua agenda, vindo das mais diversas 
esferas. A partir deste momento um grupo de profissionais do IASB analisa a 
questão e busca soluções que possam existir ao redor do mundo. (LEMES; 
CARVALHO, 2010).
Segundo Mourad (2010), como resultado da análise surge uma minuta para 
discussão, que é um documento resultante de uma audiência pública. Segundo o 
mesmo autor, quem tiver interesse pode acessar esta minuta e enviar sugestões e 
comentários ao IASB sobre o referido tema. Após análise das possíveis sugestões 
enviadas, o IASB reformula a minuta anterior e então delibera a emissão de uma 
IFRS.
Tais normas, juntamente com suas interpretações, são vistas como princípios 
contábeis que têm como objetivo dar maior transparência nas demonstrações 
contábeis e aumentar sua comparabilidade para diversas empresas em diferentes 
países, assim, disponibilizando mais informações para a tomada de decisão pelos 
usuários dessas informações. (MOURAD 2010).
Para Mourad (2010), a adoção das IFRS levam a vários pontos positivos, 
sendo eles:
• maior transparência para os investidores;
• maior facilidade para a captação de recursos no mercado;
• a adoção das IFRS pelas empresas evidencia maior consistência e modernidade;
• facilita para a empresa que já seja de capital aberto em seu país, tornar-se de 
capital aberto em outro país;
• aumenta a comparabilidade entre empresas de mesmo segmento de países 
diferentes;
• as maiores potências mundiais estão adotando as IFRS como única contabilidade 
no mundo, assim, a transparência está sendo muito considerada;
• treinamento de funcionários, que no longo prazo representam uma redução de 
custo para a empresa;
• aumento de divulgação de informações relevantes;
• abertura de um mercado de trabalho para contadores brasileiros em outros 
países;
• maior contato com a língua inglesa para elaboração e interpretação das IFRS.
Todavia, o mesmo autor destaca alguns pontos negativos na adoção das 
IFRS, conforme segue:
• é possível que ocorra um aumento nos custos, como divulgação de informações 
contábeis e implementação de sistemas;
• será necessário uma quantidade de tempo, possivelmente grande, para que se 
adequar as novas retinas;
56
UNIDADE 1 | PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL MUNDIAL
• o aumento da divulgação de informações exigirá que as empresas entendam 
os impactos para analistas e para o mercado de capitais e decidir sobre as 
divulgações contábeis críticas sobre sua posição financeira e patrimonial, 
sobre a gestão de risco, segmento e análises de sensibilidade, pois na prática, a 
decisão e a geração de tais informações levam tempo na empresa e devem ser 
aprovadas por diversos departamentos e gerências da entidade.
No quadro a seguir, encontram-se as 38 normas internacionais em vigor 
em 2010:
IAS 1 Apresentação das demonstrações contábeis
IAS 2 Estoque
IAS 7 Demonstração dos Fluxos de Caixa
IAS 8 Politicas Contábeis, Mudanças em estimativas Contábeis e Erros
IAS 10 Eventos após a data do Balanço
IAS 11 Contratos de Construção
IAS 12 Imposto de Renda
IAS 16 Imobilizado
IAS 17 Leasing
IAS 18 Receita
IAS 19 Benefícios de Empregados
IAS 20 Contabilidade e Divulgação para Benefícios Governamentais
IAS 21 Efeitos de mudanças da taxa de Câmbio
IAS 23 Custos de Empréstimos
IAS 24 Divulgação de Partes Relacionadas
IAS 26 Contabilidade e Relatórios dos Planos e Benefícios de Aposentadoria
IAS 27 Demonstrações Contábeis Consolidadas e Separadas
IAS 28 Investimentos em Coligadas
IAS 29 Relatórios Contábeis em Economias Hiperinflacionárias
IAS 31 Participação em Joint Ventures
IAS 32 Instrumentos Financeiros: Apresentação
IAS 33 Lucros por Ações
IAS 34 Relatórios Contábeis Intermediários
IAS 36 Impairment de Ativos
IAS 37 Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes
IAS 38 Ativos Intangíveis
IAS 39 Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração
IAS 40 Propriedades de Investimento
IAS 41 Agricultura
IFRS 1 Adoção pela Primeira Vez das Normas Internacionais de Relatórios Financeiros
IFRS 2 Pagamento com Base em Ações
IFRS 3 Combinação de Negócios
QUADRO 8 – LISTAS DAS NORMAS INTERNACIONAIS EM VIGOR ATÉ 2010
TÓPICO 3 | ÓRGÃOS RESPONSÁVEIS PELO PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL MUNDIAL
57
IFRS 4 Contrato de Seguros
IFRS 5 Ativos não Correntes Mantidos para Venda e Operações Descontinuadas
IFRS 6 Exploração e Avaliação de Recursos Minerais
IFRS 7 Instrumentos Financeiros: Divulgações
IFRS 8 Segmentos Operacionais
IFRS 9 Instrumentos Financeiros
FONTE: Lemes e Carvalho(2010, p. 4)
2.7 FINANCIAL ACCOUNTING STANDARDS BOARD - FASB
FASB é o Conselho de Padrões de Contabilidade Financeira que foi criado 
em 1973, por uma entidade independente, ou seja, os membros não podem estar 
ligados ao mercado de ações. Assim como o IASB, o FASB, emissor de normas 
norte-americano, também reconhece a necessidade da harmonização das normas 
contábeis, tendo assim, uma linguagem única (FASB, 2011).
O FASB (2011) emite os seguintes documentos:
a) SFAS – Statement of Financial Accounting Standards, é um pronunciamento 
sobre procedimentos de contabilidade financeira, que estabelece métodos 
e procedimentos para questões contábeis específicas, criando oficialmente, 
princípios de contabilidade geralmente aceitos. (GAAP).
b) FASIs – FASBA Interpretations (Interpretação do FASB), que modificam ou 
ampliam tratados em pronunciamentos do FASB.
c) TECHNICAL BULLETINS (Boletins Técnicos), que orientam sobre problemas 
contábeis e demonstrações financeiras.
Segundo o próprio FASB (2011), antes de emitir um padrão, a proposta 
é submetida a um grupo de pessoas que desenvolvem uma discussão acerca do 
assunto e emitem suas opiniões. Esse grupo de pessoas é composto por contadores 
públicos, servidores governamentais e membros da academia, por serem pessoas 
com um alto nível de conhecimento exigido para esta função. 
Após este processo, é construída uma proposta de padrões de contabilidade 
e esta é submetida a comentários públicos. Isto facilita para as empresas, pois são 
informadas anteriormente das futuras alterações, antes mesmo de entrarem em 
vigor por meio do efetivo pronunciamento do FASB.
O FASB, objetiva aproximar as informações das empresas americanas às 
europeias, visto que as diferenças nas normas contábeis podem prejudicar futuras 
decisões a serem tomadas pelos interessados em investimento no mercado de 
capitais. Com uma maior aproximação das informações facilitará o trabalho dos 
investidores no momento da análise.
58
UNIDADE 1 | PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL MUNDIAL
2.8 SECURITIES AND EXCHANGE COMMISSION – SEC
A função principal da SEC é proteger os investidores e manter a 
integridade dos mercados de valores. Devido a um número sempre crescente de 
novos investidores que está acontecendo é necessária a proteção do futuro do 
mercado de valores (SEC).
As leis e regulamentos que regem o setor de transações de valores nos 
Estados Unidos se originam em um princípio muito claro: todos os investidores, 
grandes instituições e os cidadãos, deverão ter acesso a certos dados concretos 
acerca de seus investimentos, antes de negociá-los. 
Para alcançar este objetivo, a SEC exige das empresas com títulos 
negociáveis que ofereçam todas as suas informações financeiras a sua disposição. 
(NIYAMA, 2008). 
Isto proporciona uma plataforma comum de conhecimentos para todos os 
investidores que a utilizam e julgam se devem comprar, vender, com segurança. 
Somente através do fluxo constante de informações oportunas e abrangentes, os 
investidores poderão tomar sua decisão sobre seus investimentos (SEC).
A SEC supervisiona também outros participantes do mundo das bolsas 
e mercados financeiros, incluindo as bolsas de valores, das corretoras, e fundos 
mútuos. A principal preocupação da SEC é promover a divulgação de informações 
importantes relacionadas com o mercado, mantendo negociação justa, bem como 
a proteção contra a fraude. (NIYAMA, 2008). 
Esta instituição regula o formato e o conteúdo das demonstrações 
contábeis das companhias abertas nos Estados Unidos da América, sendo ela 
a forma similar da Comissão de Valores Mobiliários brasileira. Tal instituição 
reconhece como sendo obrigatórios os pronunciamentos do FASB.
2.9 THE INTERNATIONAL ORGANIZATION OF SECURITIES 
COMMISSION - IOSCO (Organização Mundial das 
Comissões de Valores Mobiliários)
Diferente dos órgãos já mencionados, o IOSCO não está voltado 
diretamente para normatização contábil. O seu papel é incentivar e promover 
o desenvolvimento e a integridade do mercado de capitais por meio de uma 
rigorosa aplicação das normas de contabilidade internacionais, buscando desta 
forma, atuação justa, eficiente e íntegra. 
O IOSCO é formado por 115 órgãos reguladores e segundo Niyama 
(2008), abrange em torno de 85% do movimento global do mercado de capitais 
do mundo. Anualmente organiza eventos e conferências que contam com a 
participação da CVM.
TÓPICO 3 | ÓRGÃOS RESPONSÁVEIS PELO PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL MUNDIAL
59
2.8 SECURITIES AND EXCHANGE COMMISSION – SEC Conforme Niyama (2008), seus objetivos são:
• Auxiliar para a promoção de altos padrões de regulamentação de mercado de 
capitais, refletindo um mercado justo, eficiente e sadio.
• Fomentar a troca de informações e experiências visando ao desenvolvimento 
do mercado de capitais domésticos.
• Estabelecer padrões e efetivo monitoramento de transações internacionais, 
envolvendo títulos.
• Fomentar a integridade do mercado por meio de uma rigorosa aplicação de 
padrões regulatórios.
Em 1995, as companhias que transacionavam no mercado de capitais foram 
obrigadas a adotar as normas internacionais de contabilidade. Regra estabelecida 
pela IOSCO, que aparentemente, segundo Niyama (2008), facilitou para as 
empresas que pretendiam entrar no mercado norte-americano, cujas bolsas têm 
exigido demonstrações contábeis elaboradas com base no USGAAP (Generally 
Accepted Accounting Principles of USA - Princípios Contábeis Geralmente aceitos). 
Os USGAAP se preocupam em dimensionar as atividades econômicas. 
Desenvolveram-se quando surgiram indagações a respeito da execução destas 
atividades.
2.10 ORGANIZATION FOR ECONOMIC COOPERATION 
AND DEVELOPMENT - OECD (Organização para 
Desenvolvimento e Cooperação Econômica)
O OECD foi fundado em 1960, com a adesão de 20 países. Hoje é formada 
por 30 países e é conhecido também como “Clube dos Ricos”, isso porque esses 
países são responsáveis pela produção de mais de dois terços do PIB (Produto 
Interno Bruto) mundial. (NIYAMA, 2008). 
As publicações envolvem questões econômicas e sociais, tais como 
macroeconômicas, comércio, educação e ciência.
Seu papel é incentivar a harmonização das práticas contábeis, bem 
como agir como mediador para que os países membros possam se consultar a 
respeito de problemas econômicos preocupantes, como por exemplo, balança de 
pagamentos. (NIYAMA, 2008). 
Segundo Niyama (2008), a OECD possui um Grupo de Trabalho de 
Padrões Contábeis, que apoia esforços de entidades regionais, nacionais e 
internacionais para promover a harmonização contábil e atua como uma espécie 
de fórum de debates para troca de opiniões com as Nações Unidas, no que diz 
respeito à matéria contábil e relatórios financeiros. 
60
UNIDADE 1 | PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL MUNDIAL
2.11 EUROPEAN UNION - UNIÃO EUROPEIA (EU)
A União Europeia originou-se em Roma, por meio da assinatura do 
Tratado de Roma, em 25 de Março de 1957, tendo como países fundadores 
França, Alemanha, Holanda, Luxemburgo, Bélgica e Itália, instituindo-se, então, 
a Comunidade Econômica Europeia (CEE).
A harmonização das normas contábeis foi introduzida como parte 
integrante do programa de harmonização das leis empresariais. Necessidade 
surgida em função do objetivo principal que é fundamentado no desenvolvimento 
de um mercado único.
O objetivo do programa de harmonização, contudo, não era a uniformização 
das leis, mas sim a sua equivalência e comparabilidade. O programa de 
harmonização tem sido feito através de instrumentos legais dirigidos aos Estados 
membros, que são obrigados a transpor para as normas nacionais o seu conteúdo, 
dentro de um determinado período de tempo. (NIYAMA, 2008).
Segundo o mesmo autor, esta capacidade legal de introduzir alterações 
no sistema contábil de um país, a partir do exterior, é única no mundo. Nenhuma 
outra organização em nível mundial tem esse poder. Como consequência deste 
tipo de influência, há muita discussão e negociação entre os representantes de 
cadapaís na elaboração destes instrumentos legais.
Estes instrumentos legais são inicialmente preparados pela Federation des 
Experts Comptables Européens (FEE), mas aprovadas pela Comissão Europeia após 
longo e complexo processo de negociação política. Muitas vezes estes instrumentos 
possuem várias opções para o tratamento da mesma situação e conteúdos que, 
em função de compromissos políticos, muitas vezes são mesmo contraditórios. 
Porém em 2002, a União Europeia passou a obrigar as empresas dos seus 
países membros que têm suas ações negociadas em Bolsas de Valores a utilizar 
as normas do IASB, objetivando a eliminação do tempo a ser despendido na 
adaptação a outras normas internas.
2.12 THE INTERNATIONAL FEDERATION OF ACCOUNTANTS 
– IFAC FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE CONTADORES)
IFAC foi fundada em 1977, é uma organização não governamental sem 
fins lucrativos com sua sede em Nova York. É vista como um organismo que 
representa a classe contábil. Conta com a participação de 157 membros, e possui 
diversas atividades, e entre tais atividades está a de organizar o Congresso 
Internacional de Contadores. 
TÓPICO 3 | ÓRGÃOS RESPONSÁVEIS PELO PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL MUNDIAL
61
2.11 EUROPEAN UNION - UNIÃO EUROPEIA (EU) A IFAC se empenha em proteger os interesses públicos desenvolvendo 
seus trabalhos de modo a estreitar o relacionamento da profissão contábil e 
buscando a convergência internacional dos padrões contábeis. (NIYAMA, 2008). 
Esta entidade organiza-se em comitês que desenvolvem diversas 
atividades. Segundo NIYAMA (2008), a IFAC publica padrões profissionais e 
guias de recomendação por intermédio destes:
Comitê de Padrões de Auditoria: possui a finalidade normatizar padrões 
de auditoria, de controle de qualidade, de segurança da informação e serviços 
correlatos ao trabalho de auditoria, contribui também para a uniformidade das 
práticas profissionais em nível mundial. 
Comitê de Educação: sua finalidade é atuar como agente catalizador junto 
a países desenvolvidos ou em desenvolvimento ou naqueles cujas economias 
que estejam em fase de transição para aperfeiçoamento da educação na área 
contábil, por intermédio de programas ou estabelecimento de padrões ou guias 
de recomendação.
Comitê de ética: sua finalidade é estabelecer o Código de Ética para 
Contadores, em nível global, servindo de modelo para que órgãos profissionais 
de classe em cada país possam editar seus códigos de ética. 
Comitê de Contadores Profissionais para Gerenciamento dos negócios: 
referido comitê sucede ao Comitê de Contabilidade Financeira e Gerencial e sua 
finalidade é a de orientar contadores em matéria de gerenciamento de atividades, 
tais como: ABM, Balanced Scorecard, orçamento, governança corporativa, gestão 
de custos, capital intelectual, entre outros.
Comitê do Setor Público: é o responsável pela edição dos padrões 
contábeis internacionais do setor público, incluindo aspectos de auditoria para os 
governos locais, regionais e nacional. 
Comitê de Auditores Transnacionais: é um comitê executivo, cuja 
finalidade é identificar problemas na prática de auditoria, tais como controle de 
qualidade, práticas de auditoria, independência, treinamento e desenvolvimento 
e, finalmente, atuar de forma interativa entre firmas de auditoria multinacionais 
e reguladores internacionais com relação à qualidade dos trabalhos de auditoria 
e transparência dos atos.
Como atividade principal a IFAC emite orientação técnica e profissional e 
promotora de adoção dos pronunciamentos do IASB. 
A IFAC e o IASB são constituídos pelos mesmos membros, mas são 
organizações distintas. O objetivo da IFAC é fazer com que haja um maior contato 
entre as organizações de modo que se fixem os procedimentos e as normas 
contábeis semelhantes para que a harmonização ocorra. 
62
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, foram abordados os principais organismos responsáveis 
pela harmonização contábil mundial, tanto os nacionais como os internacionais. 
• Como principais organismos nacionais responsáveis pelo processo de 
harmonização das normas contábeis brasileiras às normas contábeis 
internacionais foram destacados:
– Conselho Federal de Contabilidade (CFC): com seu objetivo, finalidade e 
participação no processo de convergência às normas internacionais.
– Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC): com seu objetivo, finalidade e 
participação no processo de convergência às normas internacionais.
– Comissão de Valores Mobiliários (CVM): com seu objetivo, finalidade e 
participação no processo de convergência às normas internacionais.
– Instituto Brasileiro dos Auditores Independentes (IBRACON): com seu 
objetivo, finalidade e participação no processo de convergência às normas 
internacionais.
• Como principais órgãos internacionais responsáveis pelos processos de 
harmonização contábeis mundiais, foram abordados:
– International Accounting Standards Board (IASB): com seu objetivo, finalidade e 
participação no processo de convergência às normas internacionais.
• Neste momento foram destacadas as normas contábeis internacionais 
conhecidas como International Financial Reporting Standards – IFRS, 
apresentando conceitos, objetivos e a finalidade. Foi destacado que tais normas 
não são compulsórias aos países, mas, sim, facultativos, ou seja, é opção do 
país se adequar a elas ou não.
• Seguindo os órgãos internacionais responsáveis pelo processo de harmonização 
contábil foram apresentados:
– Financial Accounting Standards Board (FASB): com seu objetivo, finalidade e 
participação no processo de convergência às normas internacionais.
– Securities and Exchange Commission (SEC): com seu objetivo, finalidade e 
participação no processo de convergência às normas internacionais.
– The International Organization of Securities Commission (IOSCO): com seu 
objetivo, finalidade e participação no processo de convergência às normas 
internacionais.
– Organization for Economic Cooperation and Development (OECD): com seu 
objetivo, finalidade e participação no processo de convergência às normas 
internacionais.
– European Union - União Europeia (EU): com seu objetivo, finalidade e 
participação no processo de convergência às normas internacionais.
– The International Federation of Accountants (IFAC): com seu objetivo, finalidade e 
participação no processo de convergência às normas internacionais. 
63
1 Qual das alternativas apresenta apenas órgãos nacionais que estão 
participando do processo de harmonização das normas contábeis?
a) ( ) CPC – IBRACON – CVM. 
b) ( ) CVM – CPC – IASB.
c) ( ) FASB – SEC – IOSCO.
d) ( ) IFAC – CPC – CFC.
2 Qual das alternativas apresenta apenas órgãos internacionais que estão 
participando do processo de harmonização das normas contábeis? 
a) ( ) IASB – FASB – CFC.
b) ( ) IOSCO – IFAC – CVM.
c) ( ) IFAC – IASB – SEC.
d) ( ) CPC – SEC – OECD.
3 Várias são as entidades participantes do processo de harmonização contábil, 
tanto nacionais como internacionais. Dessa forma é correto afirmar que: 
a) ( ) Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é o órgão responsável por 
fiscalizar e normatiza o mercado de capitais, porém não tem poder para 
punir as empresas irregulares do mercado de capitais.
b) ( ) O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) é o órgão responsável 
por publicar as novas normas contábeis, conhecidas como CPC. No futuro, 
após as normas contábeis estarem completamente harmonizadas, este órgão 
não terá mais função e consequentemente, segundo sua própria legislação, 
ele será extinto.
c) ( ) O IBRACON, órgão responsável pelo registro de todos os contadores 
brasileiros, tem como finalidade a normatização da auditoria externa.
d) ( ) O Conselho Federal de Contabilidade (CFC) tem poder de fiscalizar 
os profissionais de contabilidade e ele utiliza os Conselhos Regionais de 
Contabilidade para esta função.
4 Com relação ao Comitê de Pronunciamentos Contábeis, é correto afirmar 
que: 
I- Este órgão é o responsável pela emissão das novas normas contábeis,ou 
seja, fica sobre sua responsabilidade a publicação das normas nacionais 
de contabilidade em harmonização com as normas internacionais de 
contabilidade.
II - Caso este órgão identifique a possibilidade de uma emissão de uma norma 
técnica melhor ou alguma irregularidade nas normas internacionais, o 
CPC deve informar ao IASB para que os ajustes sejam feitos, caso o IASB 
concorde.
AUTOATIVIDADE
64
III- Este órgão publica juntamente com seus pronunciamentos as interpretações 
e orientações, que visam colaborar com o entendimento das novas normas.
IV- A criação deste órgão foi no ano de 2005, cinco anos anteriormente a 
reformulação da lei das Sociedades por Ações.
Com relação a estas afirmações é CORRETO afirmar que: 
a) ( ) As afirmativas I, III e IV estão corretas.
b) ( ) As afirmativas I, II e IV estão corretas.
c) ( ) As afirmativas II e III estão corretas.
d) ( ) As afirmativas I, II e III estão corretas.
5 Com relação aos organismos internacionais de contabilidade, é CORRETO 
afirmar que: 
a) ( ) O IASB é o atual colegiado de padrões contábeis internacionais. Dessa 
forma, vários países têm seus representantes dentro do IASB, defendendo 
seus interesses e ajudando na elaboração das normas. Nesse sentido, 
representando o Brasil dentro do IASB, temos os órgãos CFC e IBRACON.
b) ( ) O FASB, órgão europeu é responsável pela emissão das normas contábeis 
em seu país.
c) ( ) A SEC pode ser comparada a nossa CVM, ou seja, entre outras 
responsabilidades tem a obrigação de proteger os investidores do mercado 
de ações europeu.
d) ( ) O IASB é responsável pela elaboração das normas internacionais de 
contabilidade conhecidas como IFRS e estas normas têm caráter compulsório 
a todos os demais países.
65
TÓPICO 4
PRINCIPAIS DIVERGÊNCIAS NO CRITÉRIO DE 
RECONHECIMENTO E MENSURAÇÃO ENTRE AS NORMAS 
INTERNACIONAIS E NACIONAIS
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
O Brasil está passando pelo processo de convergência às normas 
internacionais de contabilidade. Este é um processo que demorará algum tempo 
a se concretizar por completo, pois existe uma série de divergências entre os 
países, seja em se tratando das normas propriamente ditas ou características 
anteriormente listadas.
Pelo Brasil ter uma estrutura de legislação contábil atrelada ao governo gera 
algumas divergências entre as normas contábeis nacionais às normas contábeis 
internacionais. Entre as divergências mais comentadas entre os autores está a 
questão do reconhecimento de pesquisa e desenvolvimento, o reconhecimento 
do arrendamento mercantil e o Goodwill.
Com relação à pesquisa e desenvolvimento temos divergência em relação 
às normas internacionais com o tempo aceito para a amortização dos gastos 
relativos à fase de desenvolvimento. As normas internacionais aceitam que os 
gastos relativos à fase do desenvolvimento do projeto sejam até quatro anos. Já a 
legislação brasileira aceita a amortização do mesmo gasto em até dez anos.
Em se tratando do leasing ou arrendamento mercantil, como é tratado 
no Brasil, a legislação contábil determina que seja seguida a forma jurídica do 
bem, ou seja, de acordo com as características do contrato do arrendamento, seja, 
financeiro ou operacional. Enquanto que as normas internacionais orientam para 
a questão da essência sobre a forma.
Quanto à questão do Goodwill, a divergência entre as normas contábeis 
nacionais e internacionais está novamente na amortização deste valor. Novamente 
encontramos divergência no tempo de amortização nas normas do Brasil e nas 
normas internacionais.
66
UNIDADE 1 | PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL MUNDIAL
2 PRINCIPAIS DIVERGÊNCIAS NO CRITÉRIO DE 
RECONHECIMENTO E MENSURAÇÃO ENTRE AS NORMAS 
INTERNACIONAIS E NACIONAIS
Com o processo de harmonização contábil tendo sido iniciado no Brasil, 
algumas transações realizadas pelas empresas têm gerado discussões devido aos 
procedimentos e forma de mensuração destas transações. Entre elas encontramos 
o tratamento da Pesquisa e Desenvolvimento, contabilização do Leasing Financeiro 
e Goodwill. (NIYAMA, 2008).
2.1 PESQUISA E DESENVOLVIMENTO
De acordo com o IASB (2011), pesquisa e desenvolvimento possuem as 
seguintes definições:
Pesquisa: é o esforço para se descobrir novas informações que 
contribuirão para a criação de um novo produto, serviço, processo ou técnica ou 
aperfeiçoamento de um já existente. 
Desenvolvimento: é a aplicação de recursos voltada para um plano ou 
projeto para aperfeiçoamento de um produto, serviço, processo ou técnica, já 
anteriormente existente.
A questão que gera discussão na visão contábil é se tais gastos devem 
ser tratados como ativo ou serem tratados como despesa do período incorrido. 
(NIYAMA, 2008). Segundo o mesmo autor, a teoria contábil comenta que algumas 
despesas produzem efeito e têm o poder de beneficiar vários exercícios, e como 
consequência disso devem ser reconhecidas na mesma proporção que as receitas 
são obtidas ou a medida que os seus benefícios são auferidos. 
O autor segue comentando que os gastos com pesquisa e desenvolvimento 
são cada vez mais significativos, citando como principal as indústrias químicas e 
farmacêuticas.
Nas normas internacionais de contabilidade, os gastos com pesquisa são 
tratados como despesas quando incorridos, porém os gastos com desenvolvimento 
quando atenderem às condições listadas a seguir devem ser tratadas como ativo:
CONDIÇÕES
1 O produto ou processo em questão é claramente definido.
2 Os custos que são atribuídos podem ser identificados separadamente e 
mensurados com base segura.
3 A característica técnica do produto ou processo pode ser claramente identificada.
4 A empresa pretende produzir, disponibilizar no mercado ou utilizá-la 
internamente.
TÓPICO 4 | PRINCIPAIS DIVERGÊNCIAS NO CRITÉRIO DE RECO. E MENSURAÇÃO ENTRE AS NORMAS INT. E NACIONAIS
67
2.1 PESQUISA E DESENVOLVIMENTO
5 O produto ou processo possui mercado próprio, caso seja utilizado 
internamente a empresa tem condição de comprovar sua utilidade ou 
benefício.
6 A empresa tem recurso para terminar o projeto.
Os gastos com desenvolvimento que não atenderem às condições 
anteriormente citadas devem ser tratados como despesa do período.
ATENCAO
Para as normas internacionais se tais gastos forem capitalizados devem se 
amortizados com base sistêmica, considerando o período em que tais produtos 
forem inicialmente comercializados ou se o processo está pronto para utilização. 
A amortização tem prazo máximo de quatro anos.
Já no Brasil, segundo FIPECAFI (2010), a empresa deve identificar se o ativo 
está na fase de pesquisa ou de desenvolvimento. Os autores seguem afirmando 
que caso haja dificuldade em identificar qual a fase que o ativo se encontre, os 
gastos envolvidos nesse processo devem ser considerados como decorrente da 
fase de pesquisa.
Os gastos incorridos na fase do desenvolvimento devem ser reconhecidos 
no ativo somente se forem capazes de demonstrar: viabilidade técnica para 
conclusão; intenção de concluir o intangível; capacidade de usá-lo ou vendê-lo; 
mensuração da forma como este ativo deve gerar benefícios econômicos futuros; 
disponibilidade de recursos para terminar o desenvolvimento; capacidade de 
mensurar com segurança os gastos atribuíveis.
Segundo a legislação e normatização nacional brasileira, os gastos com 
desenvolvimento devem ser capitalizados como ativo e amortizados durante o 
período esperado de futuros benefícios econômicos, porém não superior a dez 
anos.
A CVM exige das empesas constante do mercado que vinculem e 
comprovem a capitalização destes gastos com a obtenção de receitas adicional 
no futuro. Há ainda algumas situações, na legislação nacional, que tais gastos 
podem ser tratados como despesas.
Já os custos que a empresa incorrer para manter um produto, que já 
existente no mercado, atraente para o cliente e para o mercado, esses custos não 
deveram ser ativados, mais sim registrado como despesa do período. Os custos 
com desenvolvimento que são ativados estão relacionadosnormalmente com o 
projeto, produção e teste de novos produtos. (FIPECAFI, 2010).
68
UNIDADE 1 | PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL MUNDIAL
Ainda na visão de FIPECAFI (2010) um aspecto fundamental a ser levado 
em conta no registro contábil dos gastos com desenvolvimento de produto e sua 
amortização é incerteza da viabilidade e do período que o beneficio será trazido, 
isto é, o atendimento do principio da confrontação de receitas e despesas.
Como consequência disto tais gastos são normalmente registrados como 
despesa do período em que são incorridos, com exceção de quando for possível 
evidenciar a viabilidade técnica e comercial do produto e comprovar a existência 
de recursos financeiros suficientes para a sua produção e comercialização, assim, 
consequentemente reduzindo a margem de incertezas da geração de benefícios 
econômicos futuros. (FIPECAFI, 2010).
2.2 CONTABILIZAÇÃO DO LEASING FINANCEIRO
Como característica do Leasing, tanto no âmbito nacional como internacional, 
temos o leasing financeiro e o leasing operacional. Quanto ao tratamento contábil na 
maioria dos países do leasing financeiro segue a classificação como uma compra a 
prazo (arrendatária) e financiamento (arrendadora), já o leasing operacional segue 
o tratamento de um aluguel. (NIYAMA, 2008).
A grande questão do leasing financeiro é em relação à primazia da essência 
sobre a forma, isto é, quem irá registrar como ativo o objeto do leasing? (NIYAMA, 
2008).
 
O mesmo autor segue afirmando que em uma visão legalista dos ativos, 
um bem não pode ser registrado como um ativo se não for de propriedade da 
empresa, assim consequentemente é a arrendadora que deve registrar este bem 
como seu ativo. Porém, para aqueles autores que defendem a visão econômica 
dos ativos, a essência deve prevalecer sobre a natureza jurídica da operação, 
isto é, a arrendatária que deve registrar o bem, mesmo que o ativo não seja de 
sua propriedade, pois é ela que está auferindo os benefícios econômicos e não a 
arrendadora.
Assim, para o IASB se a transação caracterizar em essência uma compra 
a prazo financiada, o bem arrendado deve ser capitalizado pela arrendatária em 
seu ativo imobilizado em contrapartida a uma obrigação no passivo.
O mesmo autor cita exemplos mencionados pelo IASB (2011) para se 
classificar um leasing financeiro:
1 no contrato tem que estar prevista a transferência da propriedade para a 
arrendatária;
2 o contrato tem que prever uma cláusula de opção de compra com um valor 
abaixo do mercado do bem;
3 o prazo estipulado no contrato do leasing cobre a maior parte da vida econômica 
estimada do bem arrendado;
TÓPICO 4 | PRINCIPAIS DIVERGÊNCIAS NO CRITÉRIO DE RECO. E MENSURAÇÃO ENTRE AS NORMAS INT. E NACIONAIS
69
2.2 CONTABILIZAÇÃO DO LEASING FINANCEIRO
4 o valor dos presentes pagamentos do leasing representa o valor de mercado 
(fair value) do bem arrendado;
5 o bem arrendado possui natureza especializada, de modo que apenas 
a arrendatária pode utilizá-lo sem que modificações substanciais sejam 
necessárias.
No Brasil, as operações de leasing são regulamentadas pela Lei nº 6.099 de 
1974, em que ficou denominado como arrendamento mercantil, e sua fiscalização 
é função do Banco Central do Brasil – BACEN, que estabeleceu critérios para sua 
classificação como arrendamento mercantil como financeiro e operacional.
O arrendamento mercantil financeiro deve apresentar as seguintes 
características, segundo Niyama (2008):
• Garantia do valor residual, base para a opção de compra. Normalmente 
este valor é um valor fixo ou percentual do ativo arrendado, em que sua 
representação é o valor mínimo contratualmente devido pela arrendatária, 
excrescendo ou não a opção de compra.
• Valor residual, base para a opção de compra, que um valor significativamente 
abaixo do mercado do bem arrendado.
• Todos os riscos e benefícios trazidos pelo uso do bem arrendado são transferidos 
para a arrendatária.
• Pagamento antecipado do valor residual garantido em única parcela ou durante 
a vigência contratual.
• O valor presente dos pagamentos mínimos decorrentes é de contraprestações a 
receber e do valor residual garantido é igual ou maior ao valor de mercado do 
bem arrendado no início do contrato.
No Brasil, mesmo um arrendamento mercantil apresentando características 
predominantemente financeiras, elas são contabilizadas como um aluguel a fim 
de obedecer à legislação fiscal, seja na arrendatária ou na arrendadora.
No entanto, o Conselho Federal de Contabilidade editou a Resolução 
921-01 (NBC T 10-2), contrapondo ao fisco, determinando a contabilização do 
arrendamento mercantil com características financeiras como financiamento de 
um bem. Nesse sentido, o CFC adotou os parâmetros similares ao do IASB (2011), 
a ver:
• A contraprestação e outros pagamentos previstos no contrato, devidos pela 
arrendatária, são suficientes para que o arrendador recupere o custo do bem 
arrendado durante o prazo contratual da operação e somando-se a isto, obtenha 
retorno sobre os recursos investidos.
• O valor residual ou a parcela principal que não estão incluídas nas parcelas a 
serem pagas pela arrendatária servirá de base para a opção de compra do em 
que foi arrendado, e significativamente abaixo do mercado.
• O bem que foi arrendado é específico de tal maneira que somente o arrendatário 
pode utilizá-lo em suas atividades.
70
UNIDADE 1 | PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL MUNDIAL
Na visão do Conselho Federal de Contabilidade e do Comitê de 
Pronunciamentos Contábeis, um arrendamento mercantil é classificado como 
financeiro quando há a transferência substancial dos riscos e benefícios inerentes 
à propriedade de um ativo, mesmo que o título de propriedade venha ou não a 
ser transferido.
Assim, os pagamentos das prestações do arrendamento mercantil 
financeiro não se caracterizaram como uma despesa e consequentemente serão 
registradas: parte como amortização parcial do saldo devedor da dívida e parte 
como pagamento de encargos financeiros, assim, o ativo deve ser depreciado pela 
sua vida útil e não pelo prazo de contrato. (AZEVEDO, 2009).
A essência sobre a forma deve prevalecer na classificação e na 
contabilização do arrendamento mercantil assim como nas demais operações. Na 
situação em que os riscos e os benefícios específicos da propriedade de um ativo 
arrendado são transferidos ao arrendatário, a contabilização deve ocorrer como 
uma venda financiada, segundo Azevedo (2009). Para o mesmo autor, se os riscos 
e os benefícios permanecerem para o arrendador devem ser reconhecidos como 
arrendamento operacional.
A classificação como arrendamento mercantil financeiro ou operacional 
deve ser no início do arrendamento e deve ser classificado de acordo com sua 
essência.
2.3 CONTABILIZAÇÃO DO GOODWILL
Antes de entramos na questão do Goodwill, vamos definir o que é um ativo 
intangível, uma vez que este ativo pertence a este grupo de ativos. Para as normas 
internacionais de contabilidade um ativo intangível “é um ativo identificável, 
sem substância física para uso na produção ou fornecimento de bens e/ou serviço, 
para ser alugado a terceiros ou para propósitos administrativos”. (NIYAMA, 
2008, p. 64).
A norma internacional que trata do ativo intangível é a IAS 38, e de 
acordo com Niyama (2008), esta norma a empresa deve reconhecer como um 
ativo intangível se e somente se:
• Se for provável que os benefícios econômicos futuros, que são atribuíveis ao 
ativo, permaneça na entidade.
• O custo deste ativo pode ser mensurável com certa confiabilidade.
TÓPICO 4 | PRINCIPAIS DIVERGÊNCIAS NO CRITÉRIO DE RECO. E MENSURAÇÃO ENTRE AS NORMAS INT. E NACIONAIS
71
ESTUDOS FU
TUROS
O ativo intangível será visto mais profundamente na Unidade 2 deste Caderno 
de Estudos, em que será tratado o Balanço Patrimonial. Neste momento será falado apenas 
de uma de suas possíveis contas.
Como regra geral, o IAS 38 exige que o ativo intangível seja amortizado 
em base sistêmica, de acordo com a melhor estimativa de vidaútil, não superior 
a 20 anos. Porém, quando a estimativa de vida útil do ativo for superior a 20 anos 
a empresa deve:
• Amortizar o ativo intangível durante a melhor estimativa de sua vida útil.
• Deve estimar o valor que o ativo intangível pode ser recuperado anualmente, a 
fim de identificar uma possível existência de perda por impairment.
• Mostrar as razões que levaram a empresa a estimar a vida útil do ativo 
intangível superior a 20 anos.
Niyama (2008, p. 65) afirma que “costuma-se afirmar que o Goodwill é 
um intangível que presumidamente permite a empresa auferir ganhos para os 
quais os ativos tangíveis isoladamente não teriam esta capacidade”. O mesmo 
autor argumenta que nesta linha, portanto, se incluem itens como boa reputação, 
imagem competência da administração, clientela etc.
Assim, o Goodwill é a diferença ou excesso pago entre o valor contábil das 
ações e o valor de mercado dos ativos líquidos, ou ainda o direito sobre os lucros 
futuros esperado da companhia. Este tipo de ativo intangível é mais comumente 
adquirido como resultado de renegociação de empresas, isto é, na compra de 
parte ou na totalidade de uma empresa pela outra, conhecido como ágio.
Nesse sentido, a principal questão que envolve o Goodwill é se: 
a) Ele deve ser reconhecido como ativo e amortizado de acordo com sua 
expectativa de ganhos futuros.
b) Deve ser baixado contra a conta de Patrimônio Líquido ou resultado do 
exercício.
Outra divergência referente ao Goodwill entre as normas brasileiras e as 
normas internacionais está em relação ao tempo de amortização. No Brasil, o 
Goodwill caracterizado como ágio deve ser amortizado de acordo com a sua vida 
útil, e não superior a 10 anos. No entanto, a legislação fiscal admite a inclusão do 
Goodwill como ativo e com amortização de até cinco anos.
72
UNIDADE 1 | PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL MUNDIAL
LEITURA COMPLEMENTAR
IMPACTO DA CONVERGÊNCIA PARA AS IFRS NA ANÁLISE 
FINANCEIRA: UM ESTUDO EM EMPRESAS BRASILEIRAS DE 
CAPITAL ABERTO
João Estevão Barbosa Neto; Warley de Oliveira Dias; Laura Edith 
Taboada Pinheiro
A globalização da economia mundial, principalmente em termos 
de captação de recursos internacionais, tem causado a necessidade de uma 
harmonização da contabilidade, uma vez que os investidores e demais usuários 
esperam que as informações contábeis sejam transparentes, confiáveis, relevantes 
e comparáveis no âmbito internacional com outras sociedades. (DELOITTE, 2007).
Na visão de Niyama (2005), o contexto de expansão dos mercados faz com 
que a harmonização contábil em todo o mundo seja necessária, pelo fato de que 
uma mesma transação possa ser registrada de forma diferente, dependendo do 
país de origem, gerando dificuldades na análise e comparação do desempenho e 
situação financeira das organizações.
Na percepção de Weffort (2005), a harmonização contábil pode ocorrer em 
dois âmbitos: nas práticas (harmonização de fato) e nas normas (harmonização 
de direito). A harmonização de fato diz respeito a uma efetiva aplicação dos 
procedimentos recomendados internacionalmente nas práticas contábeis 
locais, enquanto a harmonização de direito refere-se, de modo simplificado, à 
incorporação, na legislação nacional, do conteúdo das normas internacionais, 
tornando determinado procedimento contábil obrigatório, permitido ou proibido. 
Essas duas formas de harmonização podem ocorrer concomitantemente em 
determinados países.
Nesse sentido, a harmonização contábil no âmbito global, por meio da 
adoção das IFRS como padrão internacional, teve seu maior impulso no ano de 2001, 
quando a União Europeia determinou a adoção dos pronunciamentos emitidos 
pelo IASB para todas as demonstrações consolidadas das empresas listadas nos 
bolsas de valores europeias a partir de 2005. Outro fator que vem impulsionando 
a adoção das IFRS no mundo refere-se aos acordos celebrados entre o IASB e o 
FASB, nos anos de 2002 e 2006, com busca à eliminação de divergências entre o 
padrão internacional e o padrão norte-americano (US GAAP). Assim, entre outras 
questões, estabeleceu- se um conjunto de condições adequadas, para que até 
2008 fosse removida a exigência de reconciliação das IFRS para os US GAAP nas 
demonstrações financeiras das companhias estrangeiras registradas nos Estados 
Unidos (DELOITTE, 2007). Tal exigência foi atendida em novembro de 2007.
TÓPICO 4 | PRINCIPAIS DIVERGÊNCIAS NO CRITÉRIO DE RECO. E MENSURAÇÃO ENTRE AS NORMAS INT. E NACIONAIS
73
Contudo, o processo de convergência das normas contábeis brasileiras 
para as normas internacionais de contabilidade iniciou-se, efetivamente, com a 
promulgação da Lei no 11.638/07. A partir de então, ao longo de 2007 e 2008, 
foram emitidos pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis 14 CPCs, aprovados 
pela CVM até esse período, os quais tiveram que ser observados pelas empresas 
abertas e outras sociedades de grande porte ao elaborar as demonstrações 
contábeis referentes aos exercícios encerrados a partir de dezembro de 2008.
Destaca-se, ainda, o Comunicado nº 14.259/06 do Banco Central do Brasil 
(BACEN) e a Circular nº 357 da Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), 
que tornam obrigatória a elaboração e publicação de demonstrações financeiras 
consolidadas em IFRS a partir de 31 de dezembro de 2010 para as instituições por 
eles reguladas.
Estudos sobre os impactos nas demonstrações financeiras da transição 
para as IFRS vêm sendo desenvolvidos em vários países. Assim, Costa e Lopes 
(2008) estudaram o impacto da transição para as IFRS sobre a comparabilidade da 
informação financeira nas empresas portuguesas cotadas em bolsa. Os resultados 
mostram que existem diferenças relevantes em várias rubricas das demonstrações 
financeiras e inclusive em alguns índices contábeis.
Callao, Jarne e Laínez (2007) analisaram os efeitos da transição para IAS/
IFRS no que concerne à comparabilidade e à relevância da informação financeira 
na Espanha. Os resultados demonstram que a comparabilidade local se deteriorou 
e que não se verificou um aumento da relevância da informação financeira para 
os operadores no mercado de capitais local, devido ao hiato entre o valor contábil 
e o valor de mercado da empresa ser ainda maior com a aplicação das IFRS.
No Brasil, destaca-se o estudo realizado por Klann et al. (2008), cujo 
objetivo foi analisar o impacto das diferenças entre as normas contábeis brasileiras 
e as normas contábeis americanas nos indicadores de desempenho de empresas 
brasileiras. Os resultados demonstraram que os indicadores de desempenho das 
organizações analisadas não foram afetados significativamente pelas divergências 
entre as normas contábeis entre os dois países.
FONTE: Revista Contabilidade Vista & Revista, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo 
Horizonte, v. 20, n. 4, p. 131-153, out./dez. 2009.
74
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico foi visto que:
• As principais divergências entre as normas internacionais e nacionais de 
contabilidade, como o tratamento contábil da Pesquisa e Desenvolvimento, a 
contabilização do leasing, conhecido no Brasil como Arrendamento mercantil, 
e finalizando a contabilização do Goodwill.
• Destacou-se que, quando a empresa classificar como ativo os gastos ocorridos 
na fase de desenvolvimento de um produto, tais gastos devem ser amortizados 
em bases sistêmicas no máximo em 4 anos. Em se tratando das normas brasileiras 
de contabilidade, na legislação e normatização nacional brasileira, os gastos 
com desenvolvimento devem ser capitalizados como ativo e amortizados 
durante o período esperado de futuros benefícios econômicos, porém não 
superior a 10 anos.
• Demonstrou-se também o conceito de leasing ou arrendamento mercantil, 
assim como a apresentação de um arrendamento mercantil classificado como 
financeiro e classificado como operacional.
• Foi tratado que a diferença na questão do arrendamento mercantil entre as 
normas brasileiras e as normas internacionais está no reconhecimento da 
essência sobre a forma, ou seja, nalegislação brasileira o arrendamento 
mercantil segue a forma jurídica já nas normas internacionais ele segue a 
essência de fato.
• Tratou-se ainda do Goodwill. Apresentado conceitos e seus objetivos. Foi 
demonstrado que a diferença entre as normas nacionais e internacionais de 
contabilidade em se tratando do Goodwill é se ele deve ser reconhecido como 
ativo e amortizado de acordo com sua expectativa de ganhos futuros, se 
ele deve ser baixado contra a conta de Patrimônio Líquido ou resultado do 
exercício e por fim com relação a sua amortização.
75
AUTOATIVIDADE
1 Segundo as normas internacionais de contabilidade, os gastos com pesquisa 
devem ser considerados como despesas, porém quando atenderem a certas 
condições poderão se ativados. Com relação a estas condições, é correto 
afirmar que:
a) ( ) Observar se as características técnicas do produto ou processo podem ser 
claramente identificadas é condição para classificar tal gasto como ativo.
b) ( ) A clara definição do produto ou processo em questão não é considerada 
uma dessas questões.
c) ( ) O fato de a empresa ter recursos para terminar o projeto, não classifica 
tais gastos como ativo.
d) ( ) A empresa pretende produzir, disponibilizar no mercado ou utilizá-la 
internamente não é condição para a classificar tal gasto como ativo.
2 Analise as situações expostas e as classifique como sendo um Leasing 
Financeiro ou Leasing Operacional de acordo com as normas do IFRS:
( ) Financeiro ou ( ) Operacional - A entidade A aluga um automóvel para a 
diretoria. O prazo do aluguel é de 24 meses com opção de compra do veículo 
no final do contrato de aluguel pelo seu valor residual, considerando um 
valor mínimo de 1% do valor do preço de mercado do automóvel. A vida 
útil do veículo é de 30 anos. 
( ) Financeiro ou ( ) Operacional - A entidade C aluga uma de suas 
propriedades a terceiros durante o prazo de dez meses.
( ) Financeiro ou ( ) Operacional - A entidade J aluga uma turbina que foi 
projetada exclusivamente pela entidade G para atender a especificações 
detalhadas fornecidas pela entidade J, volume de operação e capacidade 
instalada específica da operação. A turbina dificilmente seria vendida a um 
terceiro sem ser substancialmente modificada.
3 Com relação à pesquisa e desenvolvimento, é correto afirmar que:
I- A fase de desenvolvimento é o esforço para se descobrir novas informações 
que contribuirão para a criação de um novo produto, serviço, processo ou 
técnica ou aperfeiçoamento de um já existente.
II- A fase da pesquisa é a aplicação de recursos voltada para um plano ou 
projeto para aperfeiçoamento de um produto, serviço, processo ou técnica, 
já anteriormente existente.
III- Nas normas internacionais de contabilidade os gastos com pesquisa são 
tratados como despesas quando incorridos.
IV- Nas normas internacionais de contabilidade os gastos com pesquisa são 
tratados como ativos quando incorridos.
76
Com relação a estas afirmações é correto afirmar que:
a) ( ) As afirmativas II e IV estão corretas.
b) ( ) As afirmativas I, II e III estão corretas.
c) ( ) Apenas a alternativa III está correta.
d) ( ) Apenas a alternativa I está correta.
4 Com relação ao Gooddwill encontramos divergências entre as normas 
contábeis brasileiras e as normas contábeis internacionais em se tratando 
de:
a) ( ) No conceito de Goodwill.
b) ( ) No tempo de amortização.
c) ( ) Na forma em que se adquire um Goodwill.
d) ( ) As normas internacionais entendem que o Goodwill deve trazer benefícios 
futuros à empresa e as normas brasileiras não consideram tais benefícios.
5 Existem várias divergências entre as normas internacionais e nacionais de 
contabilidade. Nesse sentido é correto afirmar que:
a) ( ) As operações com arrendamento mercantil ou leasing, de pesquisa e 
desenvolvimento e a contabilização do Goodwill podem ser considerados 
exemplos das divergências entre as normas internacionais e nacionais de 
contabilidade.
b) ( ) Em nossa legislação encontramos divergência entre as normas 
internacionais e nacionais apenas com relação à contabilização do Goodwill 
e nenhuma outra questão.
c) ( ) A legislação contábil nacional reconhece o arrendamento mercantil 
(leasing) apenas como arrendamento mercantil operacional, no Brasil não 
existe o arrendamento mercantil classificado como financeiro.
d) ( ) A legislação contábil internacional reconhece o arrendamento mercantil 
(leasing) apenas como arrendamento mercantil financeiro, ou seja, não existe 
o arrendamento mercantil classificado como operacional.
77
UNIDADE 2
ALTERAÇÕES NA ESTRUTURA 
DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você será capaz de:
• compreender as alterações sofridas pelas demonstrações contábeis devido 
às mudanças na legislação; 
• elaborar, entender e interpretar o balanço patrimônio, a demonstração do 
resultado do exercício e a demonstração das mutações do patrimônio lí-
quido. Assim como torná-lo apto a discutir as razões destas mudanças 
e seu benefício trazido a ciências contábeis.
Esta unidade está dividida em cinco tópicos. No final de cada um deles, você 
encontrará atividades que o(a) auxiliarão na apropriação dos conhecimentos.
TÓPICO 1 – PRONUNCIAMNENTO TÉCNICO CONTÁBIL 26: 
APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
TÓPICO 2 – BALANÇO PATRIMONIAL
TÓPICO 3 – PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO
TÓPICO 4 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO
TÓPICO 5 – DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO 
LÍQUIDO
78
79
TÓPICO 1
PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CONTÁBIL 26: 
APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) foi criado com o objetivo 
de estudar, preparar e de emitir os pronunciamentos técnicos sobre procedimentos 
de contabilidade. Tem como finalidade permitir a emissão de normas pela 
entidade reguladora brasileira, visando à centralização e uniformização do seu 
processo de produção, levando sempre em conta a convergência da Contabilidade 
Brasileira aos padrões internacionais.
Dessa forma, entre outros pronunciamentos técnicos encontra-se o CPC 
26. O objetivo de tal CPC é a apresentação das demonstrações contábeis. Neste 
documento estão definidas as demonstrações contábeis obrigatórias e a sua forma 
de apresentação.
Assim, torna-se importante ter conhecimento deste pronunciamento 
contábil para que não ocorram erros na hora de elaborações das demonstrações 
contábeis que levarão as informações contábeis aos usuários externos.
2 PRONUNCIAMENTO TÉCNICO 26 – CPC 26
Conforme já comentado anteriormente, o Comitê de Pronunciamentos 
Contábeis (CPC) foi criado com o objetivo de estudar, preparar e de emitir os 
pronunciamentos técnicos sobre procedimentos de Contabilidade e a divulgação 
de informações dessa natureza, a fim de permitir a emissão de normas pela 
entidade reguladora brasileira, visando à centralização e uniformização do seu 
processo de produção, levando sempre em conta a convergência da Contabilidade 
Brasileira aos padrões internacionais.
Assim, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis elabora os 
pronunciamentos técnicos com o objetivo de estabelecer conceitos doutrinários, 
estruturas técnicas e procedimentos a serem aplicados. Nesse sentido foi redigido 
o CPC 26 (2011), que trata sobre a apresentação das demonstrações contábeis.
O principal objetivo do CPC 26 (2011) é definir a base para apresentação 
das demonstrações contábeis, inclusive as separadas e as demonstrações 
consolidadas, a fim de garantir a comparabilidade entre exercícios da mesma 
entidade e entre entidades diferentes.
UNIDADE 2 | ALTERAÇÕES NA ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
80
DICAS
O CPC 26 completo está disponível no sítio do próprio CPC: <www.cpc.org.br>.
Neste mesmo documento, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) 
definiu como conjunto das demonstrações obrigatórias o balanço patrimonial, 
a demonstração do resultado do exercício, a demonstração das mutações do 
patrimôniolíquido, a demonstração do resultado abrangente, a demonstração do 
fluxo de caixa, a demonstração do valor adicionado para algumas empresas e as 
notas explicativas.
Tais demonstrações devem ser apresentadas pelo menos anualmente, 
evidenciando apropriadamente a posição financeira e patrimonial das entidades 
seu desempenho financeiro e o fluxo de caixa das empresas. O CPC 26 (2011) 
determina ainda que em praticamente todas as circunstâncias a representação 
adequada conforme a Estrutura Conceitual para a Elaboração e Apresentação das 
Demonstrações Contábeis contida no Pronunciamento Conceitual Básico do CPC 
é conseguida pela conformidade com as práticas contábeis brasileiras ensejadas 
pelos Pronunciamentos, Interpretações e Orientações do CPC.
Todavia, caso a administração da empresa chegue à conclusão de que 
a conformidade com um requisito de um Pronunciamento, Interpretação ou 
Orientação conduziria a uma apresentação tão enganosa que entraria em conflito 
com o objetivo das demonstrações contábeis estabelecido na Estrutura Conceitual 
para a Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis, a entidade pode 
não aplicar esse requisito, a não ser que esse procedimento seja terminantemente 
vedado do ponto de vista legal e regulatório. 
Entre outros pontos, o CPC 26 (2011) comenta que as empresas devem 
apresentar seus ativos e passivos separados em circulantes e não circulantes, 
exceto quando uma apresentação baseada na liquidez proporcionar informação 
confiável e mais relevante, como é o caso de certas instituições financeiras. 
O CPC 26 (2011) entende que o ativo circulante é aquele que estiver para 
ser realizado no decurso normal do ciclo operacional da entidade, ou estiver 
mantido essencialmente com o propósito de ser negociado ou estiver para ser 
realizado até doze meses da data do balanço ou for caixa ou equivalente de caixa. 
Com relação às receitas e despesas reconhecidas no exercício, o CPC 26 
(2011) comenta que sua apresentação deve estar constante na demonstração do 
resultado do exercício a não ser que outro pronunciamento ou interpretação exija 
diferente. 
TÓPICO 1 | PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CONTÁBIL 26: APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
81
Com relação à demonstração do resultado abrangente, o CPC 26 (2011) 
entende que caso esta demonstração esteja inserida na demonstração das mutações 
do patrimônio líquido, não será necessário sua publicação em separado.
Já as notas explicativas, que acompanham as demonstrações contábeis, 
devem apresentar as informações que são requeridas pelo pronunciamento, 
interpretações e orientações que não tenham sido apresentadas nas demonstrações 
contábeis. Estas informações devem ser adicionais e relevantes para os tomadores 
de decisão.
Comenta ainda, que a essência econômica deve prevalecer sobre a forma 
jurídica quando esta não representar aquela e isso colocar em risco o objetivo 
das demonstrações contábeis estabelecido no Pronunciamento Conceitual Básico 
Estrutura Conceitual para a Elaboração e Apresentação das Demonstrações 
Contábeis.
82
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico foi abordado:
• O Pronunciamento Técnico 26 ou CPC 26. Este CPC trata especificamente 
da apresentação das demonstrações contábeis. Assim, o CPC 26 tem como 
principal objetivo definir a base para apresentação das demonstrações 
contábeis, inclusive as separadas e as demonstrações consolidadas, a fim 
de garantir a comparabilidade entre exercícios da mesma entidade e entre 
entidades diferentes.
• Foram apresentadas também as demonstrações obrigatórias de acordo com 
o CPC 26. Quando elas devem ser apresentadas, a separação em circulante 
e não circulante do ativo e do passivo. Tratou da apresentação das receitas 
e despesas. Levantou que nas notas explicativas devem constar informações 
complementares, as encontradas nas demonstrações contábeis.
• Demonstrou-se que o CPC 26 afirma que deve prevalecer a essência sobre 
a forma quando não apresentar risco a informações contábeis contidas nas 
demonstrações contábeis. 
83
AUTOATIVIDADE
1 Está entre as demonstrações obrigatórias, de acordo com o CPC 26:
a) ( ) Balanço Patrimonial e Balanço Social.
b) ( ) Demonstração do Resultado do Exercício e Demonstração das Origens e 
Aplicações de Recursos.
c) ( ) Demonstração do Fluxo de Caixa e o Balanço Patrimonial.
d) ( ) Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos e Balanço Social.
2 É correto afirmar que:
a) ( ) O objetivo do CPC 26 é definir a base para apresentação das 
demonstrações contábeis.
b) ( ) O objetivo do CPC 26 é definir apenas as demonstrações contábeis 
obrigatórias.
c) ( ) O objetivo do CPC 26 é apenas definir as demonstrações contábeis 
consolidadas obrigatórias.
d) ( ) O objetivo do CPC 26 é definir o que é o significado do ativo e o 
significa passivo.
3 Preencha as lacunas com as palavras a seguir:
De acordo com o __________ as organizações devem ____________ seus 
__________ e ____________ separados em ____________ e ______________, 
a não ser quando uma apresentação baseada na liquidez proporcionar 
_____________ confiável e mais relevante. 
a) ativos.
b) pronunciamento contábil 26.
c) passivos.
d) informações.
e) demonstrar.
f) não circulante.
g) circulante.
4 Com relação às notas explicativas, o CPC 26 afirma que:
a) ( ) Elas não precisam acompanhar as demonstrações contábeis a não ser que 
seja necessário.
b) ( ) As informações nas notas explicativas devem ser relevantes ao processo 
de tomada de decisão dos usuários.
c) ( ) As informações contidas nas notas explicativas não precisam levar em 
consideração o CPC 26.
d) ( ) As informações constantes nas notas explicativas devem apresentar 
informações que já estejam nas demonstrações contábeis.
84
5 Com relação à essência sobre a forma, o CPC 26 comenta que:
a) ( ) A essência não deve prevalecer sobre a forma.
b) ( ) A forma deve prevalecer sobre a essência.
c) ( ) A empresa não precisa levar em consideração a essência sobre a forma 
na hora de elaborar suas informações contábeis.
d) ( ) A essência deve prevalecer sobre a forma jurídica, quando esta não 
distorcer as informações contábeis.
85
TÓPICO 2
BALANÇO PATRIMONIAL
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Nesse capítulo será tratado sobre o balanço patrimonial. Esta demonstração 
faz parte do conjunto de demonstrações contábeis de publicação obrigatória. 
No balanço patrimonial de uma organização encontramos os bem, diretos e 
obrigações da empresa.
Diferente das demais demonstrações, esta demonstração é considerada 
uma demonstração estática, pois evidencia os bens, diretos e obrigações da 
empresa naquele exato momento, ou seja, evidencia a estrutura patrimonial em 
um determinado momento.
As informações encontram-se dispostas pelo seu grau de liquidez. Com 
a aprovação da Lei nº 11.638/07, os grupos do ativo e do passivo no balanço 
patrimonial devem ser dispostos em circulantes e não circulante. No grupo do 
circulante encontram-se as contas que se realizaram no próximo exercício, já 
no grupo dos não circulantes estão dispostas as contas que serão realizadas no 
exercício seguinte.
Como objetivo, esta demonstração destina-se a evidenciar os elementos 
destinados a mensurar e explicar a posição patrimonial e financeira da empresa, 
isto é, evidencia a composição do patrimônio da empresa naquela data.
2 BALANÇO PATRIMONIAL 
Segundo Iudícibus, Marion e Farias (2009), o Balanço Patrimonial evidencia 
o saldo das contas de uma empresa após todos os lançamentos das operações 
de um exercício social terem sido realizados, após todos os provisionamentos e 
ajustes, assim como o encerramento das receitas e despesas terem sido executados.
O objetivo do balanço patrimonial é demonstrar a posição financeira e 
patrimonial da entidade em determinada data, evidenciando assim, uma posição 
estática. A Lei nº 6.404/76, no art. 178 – Consolidado com as alterações da Lei nº 
11.638/07 e MP nº 449/08 apresentam:
Art. 178. No balanço, as constas serão calcificadas segundo os elementosdo patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o 
conhecimento e a análise da situação financeira da companhia.
§1º No ATIVO, as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau 
de liquidez dos elementos nelas registradas, nos seguintes grupos:
UNIDADE 2 | ALTERAÇÕES NA ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
86
I – ATIVO CIRCULANTE; e (Incluindo pela MP nº 449/08).
II – ATIVO NÃO CIRCULANTE, composto por ativo realizável a 
longo prazo, investimento, imobilizado e intangível (Incluindo pela 
MP 449/08)
§ 2º No PASSIVO, as contas serão classificadas nos seguintes grupos:
I – PASSIVO CISRULANTE; (Incluindo pela MP 449/08).
II – PASSIVO NÃO CIRCULANTE; e (Incluindo pela MP 449/08).
III – PATRIMÔNIO LÍQUIDO, dividido em capital social, reservas de 
capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em 
tesouraria e prejuízos acumulados. (Incluindo pela MP 449/08).
§ 3º Os saldos devedores e credores que a companhia não tiver direito 
de compensar serão classificados separadamente.
É possível observar que o Ativo, Passivo e o Patrimônio Líquido passaram 
a ter nova composição com a aprovação da lei nº 11.638/07 e pela MP nº 449/08, 
a seguir é apresentada a nova e a antiga estrutura do balanço patrimonial para 
comparação:
BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO + PATRIMONIO LÍQUIDO
ATIVO CIRCULANTE
ATIVO NÃO CIRCULANTE
Realizado a longo prazo
Investimento
Imobilizado
Intangível
PASSIVO CIRCULANTE
PASSIVO NÃO CICULANTE
PATRIMONIO LÍQUIDO
Capital Social
Reservas de Capital
Ajuste de Avaliação Patrimonial
Reservas de Lucros
Ações em Tesouraria
Prejuízos Acumulados
FONTE: Lei n° 11.638/07
TABELA 1 – ESTRUTURA DO BALANÇO PATRIMONIAL SEGUNDO A NOVA LEI N° 11.638/07
BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO + PATRIMONIO LÍQUIDO
ATIVO CIRCULANTE
ATIVO REALIZADO A LONGO PRAZO
PERMANENTE
Investimento
Imobilizado
Diferido
PASSIVO CIRCULANTE
PASSIVO EXIGIVÉL A LONGO PRAZO
RESULTADO DE EXERCICIOS FUTUROS
PATRIMONIO LÍQUIDO
Capital
Reserva de Incentivos Fiscais
Reservas de Reavaliação
Reservas de Lucros
Lucros ou Prejuízos Acumulados
TABELA 2 – ESTRUTURA DO BALANÇO PATRIMONIAL SEGUNDO A LEI N° 6.404/76
FONTE: Lei n° 6.404/76
TÓPICO 2 | BALANÇO PATRIMONIAL
87
TABELA 1 – ESTRUTURA DO BALANÇO PATRIMONIAL SEGUNDO A NOVA LEI N° 11.638/07
Observando as duas estruturas apresentadas do balanço patrimonial, 
notam-se alterações na sua estrutura, isto é, segundo a Lei nº 11.638/07, o balanço 
patrimonial deve ser composto em grupo de circulante e não circulante, tanto 
no ativo quanto no passivo. Na nova estrutura observa-se a inclusão do ativo 
intangível e a exclusão do permanente e do diferido no grupo do ativo.
No grupo do passivo foi alterada a nomenclatura do grupo exigível a 
longo prazo para não circulante. No grupo do patrimônio líquido foram incluídas 
novas contas, como por exemplo, ajuste de avaliação patrimonial, e foi excluída 
a Reserva de Reavaliação e de Incentivos Ficais. Ainda quanto ao Patrimônio 
Líquido não se apresenta mais a conta de lucros, apenas se apresenta os prejuízos, 
segundo a Lei nº 11.638/07.
A FIPECAFI (2010) destaca a importância de se apresentar o balanço 
patrimonial com as contas classificadas de forma ordenada e uniforme, dessa 
forma permitindo aos usuários uma adequada análise e interpretação da situação 
patrimonial e financeira da empresa. Dentro do grupo do ativo não se deve deixar 
de respeitar a ordem de liquidez decrescente das contas, no passivo a respeitar a 
ordem decrescente de prioridade de pagamento das exigibilidades.
Os mesmos autores comentam que o ativo e do passivo devem seguir 
o regime de competência para seus registros e suas avaliações, seguindo 
estritamente tais orientações:
Contas a Receber. O valor dos títulos menos estimativos para perdas para reduzi-los ao valor provável de realização.
Aplicação em 
instrumentos financeiros 
e em direitos e títulos de 
crédito (temporário).
Pelo valor justo ou pelo custo amortizado (valor inicial 
acrescidos dos juros e outros rendimentos cabíveis), neste caso 
ajustado ao valor provável de realização, se este for menor.
Estoques.
O custo de aquisição ou de fabricação, reduzido pelas 
estimativas de perdas para ajustá-lo ao preço de mercado, 
quando este for menor. Nos produtos agrícolas e em certas 
commodities, ao valor presente.
Ativo imobilizado.
O custo de aquisição deduzida a depreciação, pelo desgaste ou 
perda de utilidade ou amortização ou exaustão. Periodicamente 
deve ser realizada a análise sobre a recuperação dos valores 
registrados. Os ativos biológicos, ao valor justo.
Investimentos relevantes 
em coligadas e 
controladas (incluindo 
Joint Ventures).
Pelo método de equivalência patrimonial, ou seja, com base 
no valor do patrimônio líquido da coligada ou controlada 
proporcionalmente à participação acionária. Quando de 
controlada, obrigatória a consolidação quando Joint Ventures, 
a consolidação proporcional.
Outros investimentos 
Societários. Igual aos instrumentos financeiros, não pode mais ao custo.
QUADRO 9 – ORIENTAÇÃO PARA REGISTRO DE CONTAS
UNIDADE 2 | ALTERAÇÕES NA ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
88
Intangíveis.
Pelo custo incorrido na aquisição deduzido do saldo da 
respectiva conta de amortização, quando aplicável, ajustado 
ao valor recuperável se este for.
Exigibilidades.
Pelos valores conhecidos ou calculáveis para as obrigações, 
encargos e riscos, incluindo o Imposto de Renda e dividendos 
obrigatórios propostos. Para alguns instrumentos financeiros, 
como a maioria dos empréstimos e financiamentos sujeitos 
à atualização monetária ou pagáveis em moeda estrangeira, 
pelos valores atualizados, pelos valores atualizadas até a 
data do balanço e ajustados por demais encargos, como juros 
(custo amortizado). Para outros instrumentos financeiros, 
pelo valor justo.
Patrimônio Líquido.
Valor residual composto por dois grandes conjuntos: 
transações com sócios e resultado abrangente. Mas não tem 
critério próprio de avaliação atribuído aos ativos e passivos.
FONTE: Adaptado de: FIPECAFI (2010)
2.1 ATIVO CIRCULANTE
O artigo 178 de Lei nº 6.404/76 determina que as contas do ativo sejam 
apresentadas em ordem decrescente de grau de liquidez. Nesse sentido, as 
contas de disponibilidades são as primeiras a serem apresentadas no balanço 
patrimonial, ou, conforme definido no artigo 179, dentro do ativo circulante.
A referida legislação entende que a titulação disponibilidades deve ser 
usada para caracterizar dinheiro em caixa, banco e valores equivalentes como 
cheque em mãos ou em trânsito que representam dinheiro para a empresa. 
Porém as normas internacionais utilizam, com muito mais frequência, o conceito 
de Caixa e Equivalentes de Caixa. 
Neste conceito de Caixa e Equivalentes de Caixa, as IFRS englobam as 
disponibilidades, isto é, disponibilidade que pode ser convertida em dinheiro 
em curto prazo e sem risco. Os equivalentes de caixa são mantidos para serem 
utilizados nas necessidades de curto prazo e não para investimentos. (FIPECAFI 
2010).
Todavia, os mesmos autores afirmam que os investimentos podem ser 
classificados como equivalentes de caixa desde que tenham seus vencimentos 
em curto prazo, ou como exemplo, até 90 dias a contar da data da contratação. 
Quando se trata de investimentos em outras empresas não podem ser classificados 
como equivalentes de caixa, a não ser que ele seja, em essência, um equivalente de 
caixa, como por exemplo, ações preferenciais com seu resgate definido no curto 
prazo e que atendam às definições de curto prazo.
TÓPICO 2 | BALANÇO PATRIMONIAL
89
Resumidamente, os investimentos como as aplicações em títulos de 
liquidez imediata e aplicações financeiras resgatáveis em até 90 dias, podem 
ser classificadas como equivalentes de caixa. Assim, observa-se que a novidade 
no circulante está apenas na nomenclatura a de Equivalentes de Caixa, em se 
tratando das normas internacionais de contabilidade.
2.2 ATIVO NÃO CIRCULANTE
A novidade trazida pela harmonização das normas contábeisnacionais 
às internacionais neste grupo foi a criação deste novo grupo denominado Ativo 
Não Circulante (ANC). Este grupo é composto do Ativo Realizado a Longo Prazo, 
Investimento, Imobilizado e o Intangível.
Criou-se também, uma nova conta denominado Ativo Intangível, assim 
como um novo conteúdo do Imobilizado. Neste grupo não se utiliza mais a 
expressão Ativo Permanente e foi extinta a conta de Ativo Diferido.
A Lei nº 6.404/76 em seu art. 179 – consolidado com as alterações da Lei nº 
11.638/07 e MP nº 449/2008, trouxe os novos textos:
Art. 179. As contas serão classificadas do seguinte modo:
I – no ativo circulante: mesmo texto da Lei nº 6.404/76, não houve 
alteração;
II – no ativo realizado a longo prazo: mesmo texto da Lei nº 6.404/76, 
não houve alteração;
III – em investimentos: mesmo texto da Lei nº 6.404/76, não houve 
alteração;
IV – no ativo imobilizado: os direitos que tenham por objetivo os bens 
corpóreos destinados à manutenção das atividades da companhia ou 
da empresa ou exercidos com a finalidade, inclusive os decorrentes de 
operações que transfiram à companhia os benefícios, riscos e controle 
desse bem; (Redação dada pela Lei nº 11.638/07).
VI – ativo intangível: os direitos que tenham por objetivos bens 
incorpóreos destinados à manutenção da companhia ou exercício com 
essa finalidade, inclusive o fundo de comércios adquirido. (Incluído 
pela Lei nº 11.638/07).
Com o objetivo de estar de acordo com as normas internacionais de 
contabilidade, foram específicas as novas definições nas seguintes contas:
• No ativo imobilizado foi acrescido além dos “bens corpóreos” acrescentou-
se ao final do texto contido no inciso IV do artigo 179, também os “inclusive 
os decorrentes de operações em que há transferência de benefícios, controle e 
risco desses bens” (Lei nº 11.638/07 e artigo 179, IV da Lei nº 6.404/76).
• Ativo diferido: eliminado da estrutura do balanço. Caso a empresa apresentasse 
valores nessa conta em 31.12.2008, e devido a sua natureza não fosse possível 
alocar em outro grupo de contas, o valor poderá permanecer no ativo sob 
UNIDADE 2 | ALTERAÇÕES NA ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
90
a mesma classificação até sua total amortização, sujeito à analise sobre a 
recuperabilidade de que trata o § 3º do art. 183 da Lei nº 6.404/76 (art. 37 da MP 
nº 449/08). 
• Inclusão do Ativo: separa os bens corpóreos dos bens incorpóreos, neste 
incluindo o Goodwill (fundo de comércio) adquirido. No entanto destaca-se 
que em se tratando de empresas abertas, o grupo do ativo intangível já existia, 
conforme Deliberação CVM nº 488/2005 (Lei nº 11.638/07).
2.2.1 Imobilizado
Conforme já visto, serão classificados no Imobilizado os direitos que 
tenham por objetivo os bens corpóreos destinados à manutenção das atividades 
da companhia ou da empresa ou exercidos com a finalidade, inclusive os 
decorrentes de operações que transfiram à companhia os benefícios, riscos e 
controle desses bens, conforme a Lei nº 11.683/07.
Segundo a FIPECAFI (2010), no CPC 27, que trata do ativo imobilizado, 
aprovado pela Deliberação CVM nº 583/09 e tornado obrigatório pela Resolução 
CFC nº 1.177/09, definiu o imobilizado como sendo um ativo tangível que é 
mantido para o uso na produção ou fornecimento de mercadoria ou serviço para 
aluguel a outros, ou para fins administrativos e que se espera utilizar por mais 
de um ano.
DICAS
O CPC nº 27 está disponível no sítio: <www.cpc.org.br>, a Deliberação CVM nº 
583/09 em: <www.cvm.gov.br> e Resolução CFC nº 1.177/09 em: <www.cfc.org.br>. 
Segundo Azevedo (2009), entre as novidades incluídas pela Lei nº 11.638/07 
no texto que conceitua ativo imobilizado, nós encontramos:
a) Neste grupo serão classificados apenas bens corpóreos, assim, os bens 
incorpóreos que se encontrassem neste grupo (caso houvesse) deverão ser 
reclassificados para o grupo dos Intangíveis.
b) O texto da lei introduziu que os bens “decorrentes de operações que transfiram 
à companhia os benefícios, riscos e controle desses bens” passam a ser 
classificados no Imobilizado, ou seja, independente de haver a transferência 
da propriedade do bem para a empresa os gastos decorridos com estes bens 
devem ser registrados no Imobilizado.
TÓPICO 2 | BALANÇO PATRIMONIAL
91
A grande alteração no conceito do Ativo Imobilizado é decorrente da nova 
bandeira defendida pela contabilidade internacional, isto é, a essência sobre a 
forma. Segundo o mesmo autor, sabe-se que a primazia da essência sobre a forma 
é condição importante para a qualidade das informações contábeis, é também 
uma das melhores formas de apresentar a real condição econômica, financeira da 
entidade.
Foi com base neste princípio que ocorreu a alteração no conceito do Ativo 
Imobilizado, quando a Lei nº 11.638/07 obriga a imobilizar os bens patrimoniais 
cujos riscos, benefícios e controle passam a uma entidade, mesmo que sem a 
transferência de sua titularidade jurídica (Orientação OCPC nº 2/2009, item 4). 
Azevedo (2009) observa que a partir do momento no qual a lei obriga 
o registro no Imobilizado dos bens que são decorrentes de transferência de 
benefícios, riscos e controle, e não da propriedade jurídica tem-se a guinada 
da forma sobre a essência. O mesmo autor afirma ser fundamental a essência 
prevalecer sobre a forma quando esta distorce a realidade econômica da empresa.
Dessa maneira, percebe-se que a legislação contábil nacional está 
avançando rumo às normas internacionais de contabilidade e não apenas nas 
normas propriamente ditas, mas também em filosofia, e como consequência há 
toda uma nova forma de fazer a analisar as demonstrações contábeis nunca vistas 
antes no Brasil. (AZEVEDO, 2009).
2.2.2 Mensuração do custo
Um imobilizado deve ser reconhecido pelo seu valor de custo, assim, “o 
custo de um item do imobilizado é o preço equivalente em moeda na data do 
reconhecimento”. (LEMES; CARVALHO, 2010, p. 69).
Os mesmo autores afirmam ainda que o ativo imobilizado deve ser mantido 
pelo seu valor de custo diminuindo a depreciação acumulada e as perdas por 
impairment reconhecidas. Assim, observa-se que os ativos imobilizados também 
sofrem perdas de seu valor recuperável.
A fim de se determinar se o ativo imobilizado deve ter seu valor reduzido 
ao valor recuperável, ou seja, se ele teve perda por impairment, à orientação da IAS 
36, que trata do assunto deve ser observada, assim como o CPC 01.
Assim, o teste de recuperabilidade tem como objetivo assegurar que os 
ativos não estejam registrados contabilmente por um valor maior do que aquele 
passível de ser recuperado seja por uso ou venda.
UNIDADE 2 | ALTERAÇÕES NA ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
92
ESTUDOS FU
TUROS
O teste de recuperabilidade ou Test Impairment será visto mais a frente neste 
Caderno de Estudos.
2.2.3 Avaliação do ativo imobilizado
Conforme já foi visto anteriormente, o ativo imobilizado deve ser 
avaliado pelo seu valor de custos de aquisição com suas devidas deduções, que 
corresponde ao saldo da depreciação, amortização ou exaustão.
 A depreciação é o valor do desgaste de um ativo registrado periodicamente 
em conta redutora chamada depreciação. Tal registro corresponde à perda de 
valor do direito de bens físicos, seja por desgaste, perda de utilidade, ação da 
natureza ou obsolescência.
O ativo imobilizado decorrente de investimentos de longo prazo deve 
ser ajustado a valor presente, já os demais ativos apenas quando houver efeito 
relevante. O ajuste a valor presente deve ser realizado com base em taxa de juros 
que reflitam as melhores avaliações do mercado.
Azevedo (2010) comenta que a intenção de se ajustar um crédito e uma 
obrigação a valor presente é a necessidade de se obter valores que realmente 
os representem na época de operação e não apenas a eliminar a expectativa de 
rendimento ou encargo futuro embutido nestes ativos e passivos.
O mesmo autor afirma que o ajuste a valor presente busca solucionar 
questões de juros embutidos nos preços das operações a prazo. Quando realizadauma negociação de longo prazo com juros embutidos, o autor afirma ser comum 
a contabilidade reduzir o valor do ativo a valor presente por meio de uma taxa 
de mercado.
• A exemplo de uma operação de cálculo a valor presente temos (Azevedo, 
2010):
Uma empresa tem um direito a receber no Ativo Realizado a Longo Prazo no 
valo de R$ 150.000,00 pelo prazo de 18 meses, com juros embutidos de 18%.
- Valor Presente = Valor nominal (:) (1 + Taxa unitária de juros)
[150.000,00 (:) (1 + 0,18)]
[150.000,00 (:) 1,18]
O valor presente R$ 127.118,64 representa o valor sem os juros a transcorrer 
nos próximos 18 meses.
Isto significa que a diferença de 22.881,36 (150.000,00 – 127.118,64) será tratada 
como receita financeira no resultado de exercício, apropriando-se mensalmente 
ao longo dos 18 meses [R$ 22.881,36 (:) 18 = 1.271,18 por mês].
TÓPICO 2 | BALANÇO PATRIMONIAL
93
2.2.3 Avaliação do ativo imobilizado
• Lançamentos Contábeis:
D – AÑC 150.000,00
C – (-) Retificadora / AÑC 127.118,64
C – Resultado do exercício (Receita Financeira) 22.881,36
Neste momento é preciso destacar que a nova legislação, além de 
introduzir o conceito de valor presente também introduziu o conceito de valor 
justo. O valor presente (presente value), conforme visto, é considerada a estimativa 
de valor corrente de um fluxo de caixa futuro, no curso normal das operações. 
Já o valor justo (fair value) corresponde ao valor que um ativo pode 
ser negociado ou um passivo pode ser liquidado, devendo ser entre partes 
interessadas, que conhecem o negócio e independentes entre si, sem se caracterizar 
uma transação compulsória ou fatores que levam a pressão para liquidação.
Valor presente e valor justo não são sinônimos.
ATENCAO
Será aplicado o teste de recuperabilidade caso existam reais evidências de 
que os ativos registrados estão avaliados por valores não recuperáveis no futuro, 
assim, a empresa deve reconhecer imediatamente a perda por impairment em 
contas de provisão.
2.3 EXTINÇÃO DA CONTA ATIVO DIFERIDO
A Lei nº 11.638/07, num primeiro momento, havia apenas modificado o 
conceito do ativo diferido, porém ela acabou desaparecendo das normas contábeis 
brasileiras (Temática Contábil IOB nº 7/09). 
As contas que se encontravam no ativo diferido devem ser realocadas 
ou desaparecerão. No caso de despesas pré-operacionais, como os gastos para 
manter o maquinário funcionando deverão ser tratados como custos destes ativos 
imobilizados e não poderão mais ser ativados.
Outras despesas pré-operacionais. Despesas com treinamento de pessoal 
da administração, vendas e outros deverão ir diretamente para resultado. Isto 
por causa da grande dificuldade de vincular estes gastos que se tornaram 
despesas com suas respectivas receitas, o que na prática tornava sua amortização 
sistemática bastante arbitrária. (AZEVEDO, 2009) .
UNIDADE 2 | ALTERAÇÕES NA ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
94
As benfeitorias realizadas em propriedade de terceiros, segundo o mesmo 
autor, deverão ser alocadas no imobilizado quando, como acontece na maioria 
dos casos, estiverem vinculadas a divisórias, obras, construções e reformas com 
ampliação e outras formas corpóreas que se integrarem ao imobilizado, que 
juridicamente não é da entidade.
Já os gastos com software, programas e outros exigirá certa análise antes 
de sua reclassificação. Quando um software ou programa for parte integrante da 
máquina, e esta não operar sem tais ativos, o gasto deve ser vinculado ao próprio 
ativo imobilizado. Entretanto, quando os programas, software e outros tiverem 
vida própria devem ser contabilizados no ativo intangível. 
Com a extinção do diferido, o ágio, que anteriormente era classificado 
nesta conta, necessariamente muda de lugar, segundo Azevedo (2009, p.113):
• Genuinamente à expectativa de geração de rentabilidade futura 
(goodwill), irão para o ativo intangível.
• Quando for a diferença entre o valor de mercado e o valor contábil de 
ativos e passivos da empresa adquirida, irão para a conta investimento.
Por fim, observa-se que mais poderá ser classificado ou poderá permanecer 
na conta de Ativo Diferido.
2.4 ATIVO INTANGÍVEL
Na busca pela harmonização contábil internacional, a Lei nº 11.638/07 
criou um novo grupo de contas classificado no Ativo Não Circulante após o 
Imobilizado, chamado de Ativo Intangível. Este grupo tem como objetivo, 
segundo Braga e Almeida (2008, p. 45) “contemplar direitos que tenham como 
objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da companhia ou exercício 
com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido”.
Coelho e Lins (2010, p. 71) conceituam o ativo intangível como “qualquer 
bem ou direito da empresa que a ela traz retorno patrimonial, econômico ou 
financeiro, que é invisível, incorpóreo e resultado da capacidade intelectual da 
empresa na sua construção ou utilização”.
O CPC que trata do Ativo Intangível é o CPC 04, IAS 38 e Resolução CFC nº 
1.139/2008.
ATENCAO
TÓPICO 2 | BALANÇO PATRIMONIAL
95
Para classificar um ativo como ativo intangível é exigido que a empresa 
demonstre que ele atende a dois requisitos (item 18 do CPC 04, e IAS 38 e 
Resolução CFC nº 1.139/208):
a) A definição de ativo intangível.
b) Os critérios de reconhecimento.
2.4.1 Definição de ativo intangível
Para que um ativo seja reconhecido como um ativo intangível ele deve 
atender a três critérios específicos: identificação, controle e geração de benefícios 
econômicos.
Um ativo intangível atende à identificação quando os gastos sobre esse 
ativo podem ser separadamente identificáveis de forma a serem distintos de 
outros ativos intangíveis, ou seja, quando ele:
• Pode ser separado da empresa e vendido, transferido, licenciado, alugado ou 
trocado, individualmente ou em conjunto com um ativo, um contrato ou um 
passivo relacionado.
• É resultado de um direito contratual ou outros direitos legais, mesmo que tais 
direitos não possam ser transferidos ou separados da entidade ou de outro 
direito e obrigação. 
A definição de um ativo intangível exige que ele seja identificável para poder 
diferenciá-lo do ágio ou goodwill.
ATENCAO
Quanto ao controle, ele acontece quando a empresa tem o direito sobre 
o benefício econômico futuro do ativo e reduz o acesso de terceiros a aqueles 
benefícios. Nesse sentido, Lemes e Carvalho (2010) mostram como exemplo o 
controle sobre um conhecimento industrial, quando uma entidade pode exercer 
o controle ao manter um segredo sobre determinado conhecimento técnico e de 
mercado por meio da confidencialidade dos seus funcionários. 
Assim como qualquer outro ativo, o ativo intangível para que seja 
reconhecido contabilmente deve proporcional a empresa um benefício econômico 
futuro, por meio de seu emprego nas atividades da entidade que o controla. Esses 
UNIDADE 2 | ALTERAÇÕES NA ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
96
benefícios futuros não incluem somente receita, sejam de vendas, de produto ou 
serviço, mas também por meio da redução dos custos ou de outros benefícios que 
resultem da utilidade do ativo intangível. 
A exemplo disto, temos a redução dos custos de produção de um 
determinado bem pela entidade, sem necessariamente aumentar as receitas, 
quando empregado o uso de certo conhecimento intelectual na melhoria do 
processo produtivo daquele bem. (LEMES; CARVALHO, 2010).
2.4.2 Reconhecimento e mensuração do ativo intangível
O CPC 04 (2011) exige o reconhecimento de um ativo intangível como tal 
além dos critérios anteriormente tratados, deve satisfazer os seguintes critérios 
de reconhecimento:
a) Probabilidade de que os benefícios econômicos futuros atribuíveis aos ativos 
serão gerados em favor da entidade.
b) O seu custo possa ser mensurado com segurança.
De acordo com a Resolução CFC nº 1.139/08 na avaliação da probabilidade 
de geração de benefícios futuros do intangível, a entidade deve buscar premissas 
confiáveis e que representem a melhor estimativa em relação ao conjunto de 
condições econômicas que existirão durante a vida útil doativo. E para julgar o 
grau de certeza dos fluxos dos benefícios futuros do bem, a empresa deve utilizar 
as evidências que estão disponíveis no momento do reconhecimento inicial, 
principalmente, as evidências externas.
Aqueles ativos intangíveis adquiridos separadamente, isto é, ativo 
intangível que não foi gerado por meio de combinação de negócios, deve ser 
mensurado primeiramente pelo preço de custo. Sendo que este custo compreende, 
segundo Lemes e Carvalho (2010):
• O preço de compra, inclusive os impostos de importação do ativo e impostos não 
recuperáveis, depois de deduzidos os descontos comerciais e os abatimentos.
• Todos os custos atribuíveis diretamente à preparação do ativo para o uso, 
como exemplo, custos de benefícios de empregados, honorários profissionais, 
e outros.
Já o custo de um ativo intangível adquirido por meio de uma combinação 
de negócio, é o valor justo na data da aquisição, onde este valor justo deve refletir 
a expectativa da empresa referente aos benefícios econômicos futuros, mesmo 
que a empresa tenha algumas incertezas quanto ao momento e montante dessas 
entradas. (IFRS 3). 
TÓPICO 2 | BALANÇO PATRIMONIAL
97
Com relação à estimativa de valor justo deste tipo de ativo, os mesmos 
autores comentam que a empresa deve basear o valor justo do ativo intangível 
adquirido por meio de uma combinação de negócio no prelo cotado no mercado, 
porém, caso esse não seja possível, outra opção será cota seu valor por meio de 
transações recentes de ativos similares.
2.4.3 Mensuração do ativo intangível após o seu 
reconhecimento
Após o reconhecimento inicial do ativo intangível, o bem poderá ser 
mantido pelo valor de custo ou ser reavaliado. De acordo com a FIPECAFI (2010), 
a possibilidade de o ativo intangível ser mensurado, utilizando como base seu 
valor reavaliado apenas poderá ser realizado se a lei permitir. Os mesmos autores 
destacam que segundo a Lei nº 6.404/76 a reavaliação dos ativos intangíveis e 
tangíveis não é permitida.
Mesmo nos países que adotam as normas internacionais de contabilidade, 
a possibilidade de mensurar os ativos intangíveis de acordo com seu valor 
reavaliado, não é muito comum, pois a maioria dos ativos intangíveis não possui 
um mercado muito ativo. Dessa forma, esta prática é muito pouco utilizada. 
(MOURAD, 2010).
O pronunciamento 04 do CPC assevera que o ativo intangível após seu 
reconhecimento inicial deverá ser mensurado pelo seu valor de custo menos a 
amortização acumulada e as possíveis perdas com que forem estimadas pelo teste 
de recuperabilidade (impairment).
2.4.4 Vida útil dos ativos intangíveis
A vida útil de um ativo intangível deve ser classificada em definida ou 
indefinida. Segundo Lemes e Carvalho (2010, p. 203) “a vida útil de um ativo 
será considerada indefinida se a entidade concluir, após análises, que não existe 
nenhum período de tempo previsível para o reconhecimento de benefícios 
econômicos futuros daquele ativo”.
Dessa maneira, percebe-se que quando o ativo intangível tem sua vida 
útil considerada indefinida não quer dizer que ele não irá acabar ou extinguir-se, 
mas que a empresa não consegue prever esse tempo.
Para Braga e Almeida (2008) um ativo intangível com vida útil definida são 
aqueles que possuem um período de tempo limitado de benefícios econômicos 
para a sociedade.
UNIDADE 2 | ALTERAÇÕES NA ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
98
Um ativo intangível de vida útil indefinida não deve ser amortizado.
ATENCAO
2.4.5 Amortização do ativo intangível
Com relação à amortização de um ativo intangível, o CPC 04 deixa claro 
que se um intangível tem sua vida útil definida deve ser amortizado, já o ativo 
intangível que possui sua vida útil indefinida não deve ser amortizado.
Segundo as normas internacionais de contabilidade, os ativos intangíveis 
adquiridos de terceiros são capitalizados no ativo da empresa e amortizado ao 
logo da sua vida útil quando todos os critérios de reconhecimento e separabilidade 
do IAS 38 são atendidos. Já aqueles ativos intangíveis que possuem vida útil não 
identificável não são amortizados, e o seu valor de recuperação é calculado, no 
mínimo, uma vez ao ano.
Conforme já foi mostrado, o CPC 04 trata a amortização dos ativos 
intangíveis da mesma forma que as IFRS, ou seja, são tratados com duas 
abordagens. Caso a vida útil do bem seja conhecida (determinada), utiliza-se a 
amortização, porém, se a vida útil do bem não seja conhecida ou sua delimitação 
seja impossível determinar de forma confiável será então utilizada a abordagem 
do teste de recuperabilidade ou impairment como é conhecido em inglês.
A FIPECAFI (2010) aponta que as novas práticas de contabilidade 
adotadas no Brasil, o goodwill ou ágio por expectativa de rentabilidade futura não 
deve ser amortizado, porém, seu valor contábil deve ser submetido ao teste de 
recuperabilidade ou impairment, nas considerações do CPC 01. Porém, os mesmos 
autores destacam que, mesmo o goodwill não podendo ser amortizado para fins 
contábeis na apuração do lucro tributável, no LALUR as companhias poderão 
continuar com a amortização desse ágio e se beneficiando dos benefícios fiscais, 
até ser mudada a legislação fiscal.
Lemes e Carvalho (2010) comentam que o valor de amortização de um 
ativo com vida útil definida deve ser alocado com base sistêmica pelo seu prazo 
de vida útil. Os mesmos autores seguem afirmando que a amortização deste 
intangível começa quando ele estiver pronto para o uso e se encerra no momento 
em que for baixado (ou reclassificado) para venda, nas formas do IFRS 5.
O CPC 04 (2011) apresenta que o método de amortização utilizado deve 
refletir o padrão de consumo pela entidade dos benefícios econômicos futuros. 
Se não for possível determinar esse padrão com segurança, deve ser utilizado o 
método linear. A despesa de amortização para cada período deve ser reconhecida 
TÓPICO 2 | BALANÇO PATRIMONIAL
99
no resultado, a não ser que outra norma ou pronunciamento contábil permita ou 
exija a sua inclusão no valor contábil de outro ativo. O período de amortização e 
o método de amortização para um ativo intangível, com vida útil, definida devem 
ser revistos pelo menos no final de cada exercício social. 
2.4.6 Exemplos de ativos intangíveis
Como exemplos de ativos intangíveis o CPC 04 (2011) apresenta: marcas; 
títulos de periódicos; softwares; licenças e franquias; direitos autorais, patentes 
e outros direitos de propriedade industrial, de serviços e operacionais; receitas, 
fórmulas, modelos, projetos e protótipos; e ativos intangíveis em desenvolvimento, 
softwares, patentes, direitos autorais, direitos sobre filmes cinematográficos, listas 
de clientes, direitos sobre hipotecas, licenças de pesca, quotas de importação, 
franquias, relacionamentos com clientes ou fornecedores, fidelidade de clientes, 
participação no mercado e direitos de comercialização.
2.5 TESTE DE RECUPERABILIDADE DO ATIVO (IMPAIRMENT)
Com a aprovação da Lei nº 11.638/07 veio a obrigatoriedade de realizar, 
periodicamente, uma análise sobre a recuperação dos valores registrados nos 
grupos do Balanço Patrimonial imobilizado e no intangível. Essa análise tem o 
objetivo de, segundo Azevedo (2009):
• registrar as perdas de valor de capital aplicado quando houver decisão de 
interromper os empreendimentos ou atividades a que se destinavam; ou
• registradas as perdas de valor de capital aplicado quando comprovado de que 
não poderão produzir resultados suficientes para recuperação desse valor; ou
• revisados e ajustados os critérios utilizados para determinar a vida útil 
econômica estimada e para cálculo da depreciação, exaustão e amortização.
O teste de recuperabilidade, conforme já explanado anteriormente, tem 
o objetivo de manter o ativo registrado pelo seu valor de recuperação, esse valor 
de recuperação seja pelo uso ou por venda. Assim, caso existam indícios de que 
o ativo esteja contabilmente registrado por um valor não recuperável no futuro, a 
empresa deve reconhecer imediatamentesua perda por meio da constituição da 
Provisão para Perdas (§ 3º, art. 183 da Lei nº 6.404/76, Deliberação CVM nº 52/07 
e Resolução CFC nº 1.110/07).
Assim, a empresa que comprovar por meios de documentos, que ela 
possui um ativo registrado contabilmente por um valor desvalorizado deverá 
calcular o valor recuperável e contabilizar a diferença, ou seja, a perda de valor, 
em uma conta de provisão de ajuste ao valor recuperável. (AZEVEDO, 2010).
Segundo o CPC 01 (2011), algumas questões podem dar indícios de que 
houve desvalorização. E estes indícios podem vir tanto de fontes internas como 
fontes externas a empresas:
UNIDADE 2 | ALTERAÇÕES NA ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
100
• Fontes externas:
a) durante o período, o valor de mercado de um ativo diminui sensivelmente, 
mas do que seria de se esperar como resultado da passagem do tempo do 
uso normal;
b) mudanças significativas no efeito adverso sobre a entidade ocorreram 
durante o período, ou ocorrerão em futuro próximo, no ambiente tecnológico, 
de mercado, econômico, legal, no qual a entidade opera ou no mercado para 
o qual o ativo é utilizado;
c) as taxas de juros de mercado ou outras taxas de mercado de retorno 
sobre o investimentos aumentaram durante o período, e esses aumentos 
provavelmente afetaram a taxa de desconto usada no calculo do valor de uso 
de um ativo ou diminuirão significativamente o valor recuperável do ativo;
d) o valor contábil do patrimônio líquido da empresa é maior que o valor de 
suas ações no mercado.
• Fontes internas:
a) evidência disponível de obsolescência ou dano físico de um ativo;
b) mudanças significativas, com efeitos adversos sobre a entidade, ocorreram 
durante o período, ou devem ocorrer em um futuro próximo, na medida ou 
maneira em que um ativo é ou será usado. Essas mudanças incluem o ativo 
que se torna inativo, planos para descontinuidade ou para reestruturação 
da operação a qual uma ativo pertence, planos para baixa de um ativo antes 
da data anteriormente esperada e reavaliação da vida útil de um ativo como 
finita ao invés de indefinida; e
c) evidência disponível, proveniente de relatório interno, que indique o 
desempenho econômico de um ativo é, ou será pior que o esperado.
FONTE: Disponível em: <http://www.cpc.org.br/pdf/cpc01-audiencia-publica.pdf>. Acesso em: 
16 nov. 2011.
O mesmo autor segue afirmando que hoje não é mais aceitável, pelas 
novas práticas contábeis, que uma entidade tenha em seu balanço patrimonial 
um ativo registrado por um valor maior ao que ele é capaz de produzir de caixa, 
seja na sua venda ou na sua utilização.
Um ativo está desvalorizando quando seu valor contábil excede o seu valor 
recuperável, com isso nasce a obrigatoriedade de reconhecer a sua desvalorização, lançado 
no referido valor apurado em conta de provisão para perda. (AZEVEDO, 2010).
ATENCAO
TÓPICO 2 | BALANÇO PATRIMONIAL
101
Quando se constata a perda do valor de recuperação de um ativo, a 
entidade deve reconhecer imediatamente a perda em seu resultado, por meio de 
uma provisão de perda, o que significa que o valor contábil excedeu o valor de 
recuperável.
2.5.1 Exemplo prático desta situação, evidenciado por 
Coelho e Lins (2010)
Uma empresa adquire um bem por R$ 20.000,00 com tempo de vida útil 
estimado em dez anos, após o primeiro ano verifica-se o seguinte:
O valor contábil do bem é de R$ 18.000,00, pois considera 2.000,00 como 
depreciação desse primeiro ano. No entanto, pelo fato do surgimento de um 
novo modelo com muitas funções complementares, o bem logo perde valor de 
mercado.
Com o mercado bastante ativo desse bem, em uma situação de venda, 
a empresa conseguiria o valor de R$ 12.000,00 pela venda deste bem. Assim, 
percebe-se que o ativo está desvalorizando.
Desta maneira, pode-se afirmar que o ativo está se desvalorizando quando 
o seu valor contábil é superior ao valor recuperável. A desvalorização, no exemplo 
dado, equivale a R$ 6.000,00. Neste caso, houve uma perda por impairment no 
valor de R$ 6.000,00.
 
Esse procedimento deve ser realizado, pelo menos, a cada fim de exercício 
social, caso haja indícios de que os valores registrados no ativo imobilizado e no 
intangível tenham desvalorizado (item 8 da Resolução CFC nº 1.110/07).
Azevedo (2010) assevera que as entidades sujeitas à analise periódica dos 
valores registrados nos ativos imobilizado e intangível são:
• Empresas classificadas como Sociedades Anônimas (Cia. Aberta).
• Cia. Fechada.
• Sociedade de Grande Porte.
• Sociedade Seguradoras.
• Instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo 
Bacen.
• Administradoras de consórcios.
UNIDADE 2 | ALTERAÇÕES NA ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
102
2.5.2 Contabilização da perda
A seguir, exemplos de contabilização de perda por teste de recuperabilidade 
apresentadas por Azevedo (2010, p. 216-218):
Exemplo 1 – Provisão para Perda total do ativo
Reconhecer a desvalorização quando o ativo estiver contabilizado por 
valor não recuperável no futuro.
1 – Posição inicial do bem em 31.12.20X8
Ativo Não Circulante
Imobilizado
Máquina X R$ 500.000,00
(-) Depreciação Acumulada (R$ 200.000,00)
(=) Valor Contábil R$ 300.000,00
2 – A empresa constatou que existe evidência clara de que se deseja 
interromper o empreendimento a que se destinava essa máquina X.
Realiza-se a contabilização da provisão para a perda:
Debita – Perda por Desvalorização da Máquina X (conta de resultado) R$ 300.000,00
Credita – Provisão par perda Máquina X (conta redutora do imobilizado) R$ 300.000,00
3 – Posição final em 31.12.20X8 após o ajuste de recuperabilidade
Ativo Não Circulante
Imobilizado
Máquina X R$ 500.000,00
(-) Depreciação Acumulada (R$ 200.000,00)
(-) Provisão para perda (R$ 300.000,00)
(=) Valor contábil -0-
Neste exemplo, o bem foi completamente inutilizado pela empresa. 
Assim, deve-se reconhecer a perda do valor que o bem estava registrado.
Exemplo 2 – Provisão para Perda parcial do ativo
1 – Posição inicial do bem em 31.12.20X8
TÓPICO 2 | BALANÇO PATRIMONIAL
103
Ativo Não Circulante
Imobilizado
Equipamento Y R$ 700.000,00
(-) Depreciação Acumulada (R$ 280.000,00)
(=) Valor contábil R$ 420.000,00
2 – A empresa contatou que este bem não poderá produzir resultados 
suficientes para recuperação desse valor, consequentemente entende, embasado 
em estudos e indicações previstas no item 10 da Resolução CFC nº 1.110/02, que 
30% do valor contábil (420.000,00 x 30% = 126.000,00) não serão recuperados 
por meio de venda futura desse bem.
Assim, realiza-se a contabilização da provisão para perda:
Ativo Não Circulante
Imobilizado
Equipamento Y R$ 700.000,00
(-) Depreciação Acumulada (R$ 280.000,00)
(-) Provisão para Perda (R$ 126.000,00)
(=) Valor contábil R$ 294.000,00
Neste exemplo, a empresa percebe que o equipamento Y perde 30% de 
seu valor contábil, ou seja, R$ 126.000,00 devemos ser baixados de seu valor na 
hora de registrar o bem no patrimônio da empresa.
Debita – Perda por Desvalorização do Equipamento Y (conta de resultado) R$ 126.000,00
Credita- Provisão par perda Equipamento Y (conta redutora do imobilizado) R$ 126.000,00
3 – Posição final do bem em 31.12.20X8
2.6 COMPARAÇÃO DA ESTRUTURA DO ATIVO ANTES E 
DEPOIS DA ALTERAÇÃO
A estrutura evidenciada a seguir apresenta o ativo contido no balanço 
patrimonial antes e depois das alterações trazidas pela Lei nº 11.638/07.
UNIDADE 2 | ALTERAÇÕES NA ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
104
QUADRO 10 – ESTRUTURA DO ATIVO ANTES E DEPOIS DA ALTERAÇÃO
ATIVO – ANTES ATIVO – DEPOIS 
ATIVO CIRCULANTE
a) Disponibilidades.
b) Direitos realizáveis no exercício social 
subsequente.
c) Aplicações de recursos em despesas do 
exercício seguinte.
ATIVO CIRCULANTE
a) Disponibilidades.
b) Direitos realizáveis no exercício social 
subsequente.
c) Aplicações de recursos em despesas do 
exercício seguinte.
ATIVO REALIZADO A LONGO PRAZO
Direitos realizáveis após o término do 
exercício seguinte, assim como os derivados 
de vendas, adiantamentosou empréstimos 
a sociedades coligadas ou controladas, 
diretores, acionistas ou participantes no 
lucro da empresa, que não constituírem 
negócios usuais na exploração do objeto 
da entidade.
ATIVO NÃO CIRCULANTE
a) Realizável a longo Prazo: Direitos 
realizáveis após o término do exercício 
seguinte, assim como os derivados de 
vendas, adiantamentos ou empréstimos 
a sociedades coligadas ou controladas, 
diretores, acionistas ou participantes no 
lucro da empresa, que não constituírem 
negócios usuais na exploração do objeto 
da entidade.
b) Investimento.
c) Imobilizado.
d) Intangível.
ATIVO PERMANENTE
a) Investimento: participações permanentes 
em outras empresas e os direitos de 
qualquer natureza, que não possam ser 
classificáveis no ativo circulante e que não 
se destinem a manutenção da atividade da 
companhia ou da empresa.
b) Imobilizado: direitos que tenham por 
objeto bens destinados à manutenção das 
atividades da empresa e da companhia ou 
exercidos com essa finalidade, inclusive 
os de propriedade industrial e comercial. 
c) Diferido: aplicação de recursos em 
despesas que contribuirão para a formação 
do resultado de mais de um exercício 
social, juros pagos ou creditados aos 
acionistas durante o período que anteceder 
o início das operações sociais.
Por fim, conforme evidenciado no quadro anterior, observa-se que a 
estrutura do ativo, constante no balanço patrimonial, sofreu alterações com a 
aprovação da Lei nº 11.638/07 e com o processo de harmonização das normas 
contábeis nacionais as normas internacionais de contabilidade.
FONTE: Adaptado de Azevedo (2010)
105
QUADRO 10 – ESTRUTURA DO ATIVO ANTES E DEPOIS DA ALTERAÇÃO
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você viu que:
• Foi demonstrado o balanço patrimonial da empresa. Abordou-se que com a 
nova legislação contábil a estrutura do balanço passou por alterações. Estas 
alterações foram em relação à extinção de antigos grupos patrimoniais, como 
por exemplo, do ativo permanente e do ativo diferido. 
• Porém, houve novas inclusões, como por exemplo, a do ativo intangível. 
Destacou-se também que o grupo do ativo passou a ser apresentado com a 
separação em circulante e não circulante.
• Ainda no grupo do ativo, observou-se que as maiores alterações estão no grupo 
do não circulante. Destacaram-se alterações no conceito do ativo imobilizado. 
Novo entendimento na forma de sua avaliação. Foram introduzidos novos 
conceitos, como por exemplo, valor de presente e valor justo para se realizar a 
avaliação de um bem do imobilizado.
• Foi observada a introdução do ativo intangível, com seu conceito, formas de 
definição, mensuração e reconhecimento. Ainda, neste tópico, discutiu-se a 
questão da vida útil de um intangível e sua forma de amortização.
• Abordou-se, também, o teste de recuperabilidade dos ativos imobilizados 
e intangíveis, ou test impairment, como é conhecido em inglês. Assim, como 
exemplo prático de aplicação do teste.
106
AUTOATIVIDADE
1 Com relação à nova estrutura do balanço patrimonial apresentado pela Lei 
nº 11.638/07, é correto afirmar que:
a) ( ) Apenas no grupo do ativo existe a separação entre ativo circulante e ativo 
não circulante.
b) ( ) No grupo do patrimônio líquido também é observada a apresentação 
entre patrimônio líquido circulante e patrimônio líquido não circulante.
c) ( ) O passivo será apresentado apenas com passivo circulante.
d) ( ) Tanto o ativo quanto o grupo do passivo devem ser apresentados em 
circulante e não circulante.
2 O grupo do ativo intangível foi criado pela Lei nº 11.638/07, assim com 
relação a este novo grupo do ativo é correto afirmar que:
I- O ativo intangível deve sempre ser amortizado independente de a empresa 
definir sua vida útil como definida ou indefinida.
II- O ativo intangível não deve ser amortizado pela empresa, mas sim realizado 
o teste de recuperabilidade mais de uma vez ao ano.
III- O ativo intangível não deve ser amortizado pela empresa quando ela definir 
sua vida útil.
IV- O ativo intangível deve ser amortizado pela empresa quando definir sua 
vida útil, porém quando o ativo intangível tiver sua vida útil considerada 
indefinida, a empresa deve aplicar o teste de recuperabilidade pelo menos 
uma vez ao ano. 
Assinale a alternativa CORRETA: 
a) ( ) As afirmativas I e II estão corretas.
b) ( ) As afirmativas II e III estão corretas.
c) ( ) As afirmativas I e III estão corretas.
d) ( ) As afirmativas I, II e IV estão corretas.
3 Com relação ao teste de recuperabilidade é correto afirmar que:
I- O teste de recuperabilidade deve ser realizado apenas nos ativos 
imobilizados.
II- O teste de recuperabilidade tem o objetivo de manter o ativo registrado 
pelo seu valor de recuperação, esse valor de recuperação seja pelo uso ou 
por venda.
III- O teste de recuperabilidade deve ser realizado ao menos uma vez ao ano, 
caso haja indícios de que os valores registrados no ativo imobilizado e no 
intangível tenham desvalorizado.
IV- Caso a empresa realize o teste de recuperabilidade e ela constate que houve 
uma perda de valor do seu ativo, a entidade deve reconhecer imediatamente 
esta perda.
107
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Apenas a afirmativa I está correta.
b) ( ) As afirmativas I, II e III estão corretas.
c) ( ) As afirmativas II, III e IV estão corretas.
d) ( ) As afirmativas II e III estão corretas.
4 No dia 31/12/10, a Cia. Alvorada apresentou os seguintes dados de seu ativo 
imobilizado:
Ativo Não Circulante
Imobilizado
Equipamento K R$ 200.000,00
(-) Depreciação Acumulada (R$ 50.000,00)
(=) Valor Contábil R$ 150.000,00
Neste mesmo dia, a Cia. Alvorada constatou que evidencia claramente 
que se deseja interromper o empreendimento a que se destinava esse 
equipamento. Nesse sentido, assinale a alternativa que melhor evidencia o 
registro contábil da provisão para perda desta máquina:
a) ( ) Debita – Perda por desvalorização do equipamento K (conta de resultado) 
– 150.000. 
 Credita – Provisão para perda equipamento K (conta redutora do imobilizado) 
– 150.000.
b) ( ) Debita – Perda por desvalorização do equipamento K (conta de resultado) 
– 200.000. 
 Credita – Provisão para perda equipamento K (conta redutora do imobilizado) 
– 200.000.
c) ( ) Debita – Provisão para perda por equipamento K (conta redutora do 
imobilizado) – 150.000. 
 Credita – Perda por desvalorização do equipamento K (conta de resultado) 
– 150.000.
d) ( ) Debita – Provisão para perda por equipamento K (conta redutora do 
imobilizado) – 200.000.
 Credita – Perda por desvalorização do equipamento K (conta de resultado) 
– 200.000.
5 A Cia. Alfa apresenta os seguintes dados em 31/01/X0:
Ativo Não Circulante
Intangível 
Valor contábil do ativo R$ 20.000,00
Valor máximo recuperável R$ 14.000,00
Perda por desvalorização R$ 6.000,00
108
De posse dos dados acima, assinale qual alternativa melhor evidencia 
o registro contábil que a Cia. Alfa deve demonstrar pela perda do bem do ativo 
intangível?
a) ( ) Debita – Perda por desvalorização do ativo intangível (resultado) – 14.000.
 Credita – Provisão para perda ativo intangível (conta redutora do ativo 
intangível) – 14.000.
b) ( ) Debita – Perda por desvalorização do ativo intangível (resultado) – 6.000.
 Credita – Provisão para perda ativo intangível (conta redutora do ativo 
intangível) – 6.000.
c) ( ) Debita – Provisão para perda ativo intangível (conta redutora do ativo 
intangível) – 14.000.
 Credita - Perda por desvalorização do ativo intangível (resultado) – 14.000.
d) ( ) Debita – Perda por desvalorização do ativo intangível (conta redutora do 
ativo intangível) – 6.000.
 Credita – Provisão para perda ativo intangível (resultado) – 6.000.
109
TÓPICO 3
PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico serão apresentados o passivo e o patrimônio líquido da 
empresa. No passivo são visualizadas todas as obrigações da empresa, já no 
patrimônio líquido é visto o capital próprio da organização.
Assim, como o ativo, o passivo tambémé separado em circulante e não 
circulante. No circulante, encontram-se as obrigações referentes ao próximo 
exercício e no grupo não circulante, encontram-se as obrigações que se realizarão 
no exercício seguinte.
Tal segregação não acontece no patrimônio líquido da organização, ou 
seja, este grupo é apresentado, também de acordo com a liquidez das contas, 
porém, não é segregada em circulante e não circulante.
O grupo do passivo evidencia aos usuários quanto a empresa deve a 
terceiros, já o patrimônio líquido mostra os recursos que os proprietários da 
empresa aplicam na organização. 
2 PASSIVO
Passivo são as obrigações da companhia. E assim como as contas do ativo, 
as do grupo do passivo também serão apresentadas de acordo com seu grau de 
liquidez.
A grande alteração no passivo ocorreu na sua forma de apresentação, 
onde a partir da Lei nº 11.638/07 apresentado em passivo circulante e passivo não 
circulante.
2.1 PASSIVO CIRCULANTE
No passivo circulante encontramos as obrigações da companhia, 
inclusive financiamentos para aquisição de direitos do ativo não circulante, serão 
classificados no passivo circulante quando se vencerem no exercício seguinte 
(art.178/180 da Lei nº 6.404/76 e art. 36 da MP nº 449/08).
110
UNIDADE 2 | ALTERAÇÕES NA ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
2.2 PASSIVO NÃO CIRCULANTE
O passivo não circulante (PÑC) foi criado pela Lei nº 11.638/07. Até então 
esse grupo era conhecido como passivo exigível a longo prazo. Neste grupo, 
encontramos as seguintes contas: obrigações da companhia, financiamentos para 
aquisição de direitos do ativo não circulante, serão classificados no passivo não 
circulante se tiverem vencimento em prazo maior, observando o dispositivo 
no paragrafo único do art. 179 (art.178/180 da Lei nº 6.404/76 e art. 36 da MP nº 
449/08).
Outra alteração no passivo foi a extinção da conta resultado do exercício 
futuro. Os valores encontrados nesta conta até 2008 deveriam ser reclassificados 
para passivo não circulante em contas de receitas diferidas (art. 37 MP nº 449/08).
2.3 AVALIAÇÃO DO PASSIVO
Segundo Coelho e Lins (2010), os critérios de avaliação das contas do 
passivo serão:
a) As obrigações da companhia, encargos e riscos, conhecidos ou calculáveis, 
inclusive Imposto de Renda a pagar com base no resultado do exercício, serão 
computados pelo valor de atualização até a data do balanço.
b) As obrigações em moeda estrangeira, com clausura de equivalência cambial, 
serão convertidas em moeda nacional à taxa de câmbio em vigor na bata do 
balanço.
c) As obrigações, encargos e riscos classificados no passivo não circulante serão 
ajustados ao seu valor presente, sendo os demais ajustados quando houver 
efeito relevante.
2.4 COMPARAÇÃO DA ESTRUTURA DO PASSIVO ANTES E 
DEPOIS DAS ALTERAÇÕES
PASSIVO – ANTES PASSIVO – DEPOIS
PASSIVO CIRCULANTE 
No passivo circulante, encontramos 
as obrigações da companhia, inclusive 
financiamentos para aquisição de direitos 
do ativo não circulante, serão classificados 
no passivo circulante quando se vencerem 
no exercício seguinte.
PASSIVO CIRCULANTE 
No passivo circulante, encontramos 
as obrigações da companhia, inclusive 
financiamentos para aquisição de direitos 
do ativo não circulante, serão classificados 
no passivo circulante quando se vencerem 
no exercício seguinte.
QUADRO 11 – ESTRUTURA DO PASSIVO ANTES E DEPOIS DA ALTERAÇÃO
TÓPICO 3 | PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO
111
FONTE: Adaptado de: Azevedo (2010)
Conforme evidenciado no quadro anterior, as alterações no passivo com 
a aprovação da Lei nº 11.638/07 foram na sua estrutura, onde antes tínhamos 
passivo circulante e passivo exigível a longo prazo e resultado de exercício futuro, 
e agora temos passivo circulante e passivo não circulante.
PASSICO EXIGIVÉL A LONGO PRAZO
O passivo não circulante (PÑC) foi criado 
pela Lei nº 11.638/07. Até então, esse grupo 
era conhecido como Passivo Exigível a 
Longo Prazo. Neste grupo, encontramos as 
seguintes contas: obrigações da companhia, 
financiamentos para aquisição de direitos 
do ativo não circulante, serão classificados 
no passivo não circulante se tiverem 
vencimento em prazo maior, observando o 
dispositivo no parágrafo único do art. 179.
PASSIVO NÃO CIRCULANTE
O passivo não circulante (PÑC) foi criado 
pela Lei nº 11.638/07. Até então esse grupo 
era conhecido como Passivo Exigível a 
Longo Prazo. Neste grupo encontramos as 
seguintes contas: obrigações da companhia, 
financiamentos para aquisição de direitos 
do ativo não circulante, serão classificados 
no passivo não circulante se tiverem 
vencimento em prazo maior, observando o 
dispositivo no parágrafo único do art. 179.
RESULTADO DE EXERCICIO FUTURO
2.5 PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Segundo Marion (2009), no patrimônio líquido estão evidenciados os 
recursos que os proprietários aplicaram na empresa. E assim, como nos demais 
grupos patrimoniais houve alterações introduzidas no grupo do patrimônio 
líquido pela Lei nº 11.338/07. E como resultado algumas foram excluídas e outras 
foram criadas neste grupo patrimonial. 
2.5.1 Exclusão de contas do PL
Conforme a Lei nº 11.638/07, foram excluídas as seguintes contas do 
patrimônio líquido:
a) A reserva de capital de prêmios para debêntures.
b) A reserva de capital de doações e subvenções governamentais para 
investimentos.
c) Reservas de reavaliação.
d) E reclassificação ou distribuição da conta lucro acumulados.
• Extinção da conta de Reserva de Capital de Prêmio para debêntures
A extinção da reserva de capital de prêmio de debêntures foi justificada 
por se entender que o prêmio recebido, normalmente, faz parte das condições de 
negociação, em função da atratividade desse papel ou de sua precificação, como 
por exemplo, a fixação da taxa de juros acima do mercado. 
112
UNIDADE 2 | ALTERAÇÕES NA ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
Assim, os valores dessa conta seriam reconhecidos como receitas não 
realizadas e o mais correto seria tratar como receita de exercício futuro, porém, tal 
conta foi extinta também conforme visto no capítulo do Passivo, sendo substituída 
por uma conta de passivo (passivo não circulante). 
Com a extinção de tal conta a lei teve como objetivo corrigir uma distorção 
contábil contida na legislação societária e alinhar as normas contábeis nacionais 
às normas contábeis internacionais. (BRAGA; ALMEIDA, 2008). 
• Extinção da conta de Reserva de Capital de doações e subvenções 
governamentais para investimentos
A exclusão da reserva de capital de doação e subvenções governamentais 
para investimentos ocorreu por se entender que o registro das doações e 
subvenções recebido pelas empresas vindo do governo devem ser registradas 
como receita e não como reserva. Assim, segundo Azevedo (2010), as justificativas 
para tal tratamento contábil destes valores foram as seguintes:
• Tais valores não devem ser creditadas diretamente no patrimônio 
líquido da empresa por se entender que as subvenções e doações são 
valores recebidos de uma fonte diversa de acionistas.
• As subvenções governamentais quase sempre estão atreladas a 
algum tipo de custo, isto é, a entidade tem o direito de recebê-las 
desde que realiza determinadas condições e obrigações impostas pelo 
governo, e estas condições e obrigações implicam ou implicaram uma 
despesa imediata ou futura para a empresa.
Assim, a partir do ano de 2008, as subvenções governamentais devem ser 
registradas como receita (conta de resultado) e confrontadas com as despesas 
que a subvenção pretender compensar, utilizando base sistêmica para tal 
procedimento.
Porém, o mesmo autor (2010, p. 154) destaca que a Lei nº 11.638/07 em seu 
art. 2º permite que:
a assembleia geral, por proposta dos órgãos administração, possa 
destinar para a conta de Reserva de Incentivos Fiscais a parcela do 
lucro líquido decorrente de doações ou subvenções governamentais 
para investimentos, que poderá ser excluída da base de calculo do 
dividendo obrigatório. (art.195-A). 
Os valores da conta de reserva de debêntures eas das doações e subvenção 
governamentais podem se mantidas em suas respectivas contas até que seus 
valores sejam totalmente utilizadas, conforme previsto na Lei nº 11.638/07.
• Extinção da Reserva de Reavaliação
Em se tratando da conta de reserva de reavaliação, a nova lei extinguiu 
qualquer possibilidade de uma sociedade por ações realizarem qualquer 
reavaliação espontânea de seu ativo imobilizado.
TÓPICO 3 | PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO
113
Caso uma entidade tenha saldo nesta conta, a Lei nº 11.638/07 apresentou 
duas opções para a empresa, sendo elas:
a) Poderá manter os valores existentes nessas reservas que deverão ser realizados 
de acordo com as novas regras, ou;
b) Estornar este saldo até o encerramento do exercício social em que a nova 
legislação entrou em vigor, isto é, as empresas tinham até o final do exercício 
social de 2008.
O mesmo autor destaque que a extinção de reavaliação por empresas de 
capital aberto no Brasil não acompanha as normas internacionais, pois as IFRS 
permitem a reavaliação de ativos imobilizados conforme IAS16 item 2, ou seja, a 
norma internacional permite a reavaliação do imobilizado pelo seu valor justo. As 
normas internacionais permitem também, porém em casos raros, a reavaliação de 
ativos intangíveis. 
• Reclassificação ou distribuição da conta Lucro Acumulados
A conta lucros acumulados que fazia parte do grupo do patrimônio líquido 
não aparece mais no balanço patrimonial. O mesmo autor comenta que os valores 
existem nesta conta em 31/12/2008 deveriam ser reclassificados para a conta de 
Reserva de Lucros, com sua destinação certa ou distribuído como dividendos.
A esse respeito o Conselho Federal de Contabilidade pronunciou-se 
esclarecendo que apenas as sociedades por ações estão obrigadas a não manter 
saldos positivos nestas contas (CFC nº 1.157/09, item 115). Assim, é permitido 
que as demais entidades, exceto as sociedades anônimas e de grande porte, a 
apresentação da conta lucros acumulados no balanço patrimonial com saldo 
positivo.
Destaca-se que a Lei nº 11.638/07 não eliminou a conta lucros acumulados, 
mas, sim a tornou de natureza transitória. Porém, a conta e a demonstração 
com sua movimentação devem fazer parte da demonstração das mutações do 
patrimônio líquido.
2.5.2 Novas contas do patrimônio líquido
A seguir serão apresentadas as contas criadas e as que passaram a integrar 
o patrimônio líquido segundo a nova legislação contábil (Lei nº 11.638/07). Dessa 
forma, serão apresentadas as seguintes novidades:
• Criação da conta de Ajuste de Avaliação Patrimonial.
• Criação da conta de Reserva de Incentivos Fiscais.
• Classificação das Ações em Tesouraria.
114
UNIDADE 2 | ALTERAÇÕES NA ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
2.5.2.1 Criação da conta de Ajuste de Avaliação 
Patrimonial (AAP)
A criação da conta de Ajuste de Avaliação Patrimonial (AAP) foi criada 
pela nova legislação com o objetivo de receber a contrapartida de aumento ou 
diminuição de valores dos elementos do ativo e do passivo do resultado de sua 
avaliação a valor justo, enquanto ainda não forem computadas no resultado, 
seguindo o regime de competência. (FIPECAFI, 2010).
De acordo com os mesmo autores, serão registradas na conta de AAP 
as variações do preço de mercado dos instrumentos financeiros mantidos para 
vendas futuras, assim como a diferença de valores dos ativos e passivos avaliados 
a preço de mercado em reorganização societária.
O saldo da conta de AAP pode ser tanto credor como devedor. 
ATENCAO
À medida que os ativos e passivos forem realizados, os seus referidos 
saldos na conta de AAP devam ser transferidos para o resultado do exercício.
2.5.2.2 Exemplo do lançamento em uma conta de 
Ajuste de Avaliação Patrimonial (AAP) apresentado por 
FIPECAFI, (2010)
Admite-se que a companhia X tenha adquirido um instrumento financeiro 
para venda futura. Assim, este bem foi classificado para venda pelo valor de R$ 
1.000,00. Após determinado período, este bem rendeu juros de R$ 300,00, e passou 
a ter um valor de mercado de R$ 1.500,00. Assim temos os seguintes lançamentos 
contábeis:
a) Aquisição do instrumento financeiro
Aquisição do Instrumento Financeiro Débito Crédito
Instrumento Financeiro 1.000,00
Caixa ou Banco 1.000,00
TÓPICO 3 | PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO
115
Neste momento estamos registrando a compra do instrumento financeiros 
no grupo do ativo.
 
b) Registro dos juros e atualização a valor de mercado
Registro dos juros e atualização a valor de mercado Débito Crédito
Instrumento Financeiro 500,00
Receita de Juros 300,00
Ajuste de Avaliação Patrimonial 200,00
Neste momento estamos registrando o ganho de juros incorrido no 
período e o ajuste a valor justo do instrumento financeiro de 200,00.
c) Venda do Instrumento Financeiro
Venda do Instrumento Financeiro Débito Crédito
Caixa ou Banco 1.500,00
Instrumento Financeiro 1.500,00
Ajuste de Avaliação Patrimonial 200,00
Ganho da venda de Instrumento Financeiros (conta 
dentre as receitas financeiras)
200,00
Neste momento estamos registrando a baixa do instrumento financeiro 
vendido, e o ganho tido pela avaliação a valor justo do bem de R$ 200,00.
2.5.3 Criação da conta de Reserva de Incentivos Fiscais
Dentro do grupo do patrimônio líquido foi criada também a conta 
de Reserva de Incentivos Ficais. A lei nº 11.638/07 adicionou à redação da Lei 
6.404/76 o art. 195-A: “a assembleia geral poderá, por proposta dos órgãos de 
administração, destinar para a reserva de incentivos fiscais a parcela do lucro 
líquido decorrente de doações ou subvenções governamentais para investimento, 
que poderá ser excluída da base de cálculo do dividendo obrigatório”.
O CPC 07 – Subvenção e Assistência Governamentais que trata deste assunto.
ATENCAO
116
UNIDADE 2 | ALTERAÇÕES NA ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
O objetivo da criação desta reserva é possibilitar as companhias abertas 
a registrarem as doações e subvenções para investimento no resultado do 
exercício e não mais na reserva de capital, conforme já estabelecido nas normas 
internacionais de contabilidade. (AZEVEDO, 2009).
Além do alinhamento da Lei nº 11.638/07, as normas internacionais 
de contabilidade, além de outras justificativas dos valores de subvenções e 
governamentais receberem o tratamento como se fossem receita, isto porque são 
pelo fato destas subvenções serem provenientes de outros fundos e não os dos 
sócios, assim não têm razão de serem registradas como patrimônio líquido. 
Outra razão mora no fato destas subvenções, com raras exceções, serem 
gratuitas, e por fim, olha-se a essência sobre a forma, pois assim como os demais 
tributos são registrados no resultado, as subvenções podem ser vistas como uma 
extensão da política fiscal da empresa, e em consequência disso, deve ser lançada 
em resultado.
A exemplo de subvenções governamentais, Azevedo (2010) cita:
• Assistência governamental: é a ação do governo com objetivo de fornecer 
determinado beneficio econômico a uma empresa desde que ela atenda a 
critérios específicos estabelecidos.
• Subvenção Governamental: é uma contribuição que normalmente assume 
caráter pecuniário, mas que não é restrita a esse tipo apenas, que o governo 
concede a uma empresa geralmente em troca de cumprimento passado ou 
futuro de algumas condições relacionadas às atividades operacionais da 
companhia.
• Isenções tributárias: são benefícios dados às empresas que são caracterizados 
como subvenções de investimento na forma de dispensa legal do pagamento 
de tributos sob qualquer forma jurídica.
• Empréstimos subsidiados: é quando o credor (normalmente o governo) abre 
mão do recebimento total ou parcial do empréstimo ou dos juros mediante o 
cumprimento de algumas condições.
2.5.4 Classificação da conta ações em tesouraria
A conta ações em tesouraria representam as ações que a empresa compra 
dela mesma. De acordo com a Lei nº 11.638/07, tal conta passou a fazer parte 
do grupo do patrimônio líquido. No entanto, sua apresentação no balanço 
patrimonialé de conta retificadora do grupo do patrimônio líquido, para efeito 
de evidenciar a origem dos recursos aplicados na sua aquisição. 
TÓPICO 3 | PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO
117
2.6 COMPARAÇÃO DA ESTRUTURA DO PATRIMÔNIO 
LÍQUIDO ANTES DE DEPOIS DAS ALTERAÇÕES
PATRIMÔNIO LIQUÍDO - ANTES PATRIMÔNIO LIQUÍDO - DEPOIS
Capital Social Capital Social
Não havia antes (-) Gastos com emissão de ações
Reserva 
de Capital
Ágio na emissão de ações
Reserva 
de Capital
Ágio na emissão de ações
Ágio na incorporação Ágio na incorporação
Alienação de partes beneficiárias Alienação de partes beneficiárias
Alienação de bônus de subscrição Alienação de bônus de subscrição
Resultado da correção monetária 
do capital realizado
Resultado da correção monetária 
do capital realizado
Não havia antes Opções outorgadas reconhecidas
Premio na emissão de debentures Eliminada após a alteração
Doações e subvenções para 
investimentos
Eliminada após a alteração
Reservas de Reavaliação Eliminada após a alteração
Reserva 
de Lucros
Reserva Legal
Reserva 
de Lucros
Reserva Legal
Reserva Estatutária Reserva Estatutária
Reserva para Contingencias Reserva para Contingências
Reservas de Lucros a Realizar Reservas de Lucros a Realizar
Reserva de Lucros para Expansão Reserva de Lucros para Expansão
Reserva Especial para Dividendos 
obrigatórios não distribuídos
Reserva Especial para Dividendos 
obrigatórios não distribuídos
Não havia antes da alteração Reserva de Incentivos Fiscais
Não tinha definição (-) Ações em Tesouraria (retificadora de Reserva 
Lucros utilizada para tal fim)
Não havia antes da alteração Ajuste de Avaliação Patrimonial
Não havia antes da alteração Ajuste Acumulados de Conversão
Lucros ou prejuízos acumulados Prejuízos acumulados
QUADRO 12 – ESTRUTURA DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO ANTES E DEPOIS DA ALTERAÇÃO
FONTE: Adaptado de: Azevedo (2010)
No quadro anterior estão expostas as alterações corridas no grupo do 
Patrimônio Líquido após a aprovação da Lei nº 11.638/07.
118
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico foi visto que:
• As informações que se encontram no passivo circulante e as informações que 
se encontram no passivo não circulante. Conjuntamente a isto foi apresentada 
a forma de se avaliar o passivo de contas do passivo. Na sequência foram 
mostradas comparações da estrutura do passivo antes e depois à reformulação 
da legislação contábil.
• Na sequência foi visto o patrimônio líquido da organização. Contas que foram 
excluídas, como por exemplo, Reserva de Capital de Prêmios para Debêntures 
e outras. Assim, como as novas inclusões feitas neste mesmo grupo, como por 
exemplo, a conta de Ajuste de Avaliação Patrimonial.
119
1 No passivo circulante devem ser registrados:
a) ( ) Valores a receber dos clientes.
b) ( ) Dívidas para com os sócios da empresa.
c) ( ) Obrigações que a empresa terá que saldar em até 24 meses.
d) ( ) Dívidas da empresa com os seus fornecedores a pagar em até 12 meses.
2 O passivo circulante:
a) ( ) É constituído pelas obrigações da entidade, inclusive financiamentos 
para a aquisição de bens e direitos, com vencimentos previstos para o 
decorrer do exercício social seguinte a data do balanço.
b) ( ) É formado por receitas de exercícios futuros, diminuídas dos custos e 
despesas a elas correspondentes. 
c) ( ) É formado por obrigações da entidade com vencimento previstos para 
após o termino do exercício social seguinte a data do balanço.
d) ( ) Representa o volume de recursos aplicados pelos sócios ou acionistas na 
entidade a longo prazo.
3 Com a aprovação da nova legislação contábil, o grupo do Patrimônio Líquido 
também sofreu algumas alterações, nesse sentido, analise as afirmativas que 
seguem:
I- Foi extinta a conta de Ajuste de Avaliação Patrimonial.
II- A conta de Reserva de Capital de doações e subvenções governamentais 
para investimentos foi extinta, pois se entende que seus valores deverão ser 
contabilizados como receitas no resultado da entidade.
III- A Conta Lucros acumulados que fazia parte do grupo do patrimônio 
líquido não aparece mais no balanço patrimonial e seus lucros deveriam 
ser reclassificados para a conta de Reserva de Lucros, com sua destinação 
certa ou distribuição como dividendos.
IV- Dentro do grupo do patrimônio líquido foi criado também à conta de 
Reserva de Incentivos Ficais.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As afirmativas I e IV estão corretas.
b) ( ) As afirmativas II e III estão corretas.
c) ( ) As afirmativas II, III e IV estão corretas.
d) ( ) As afirmativas I e III estão corretas.
AUTOATIVIDADE
120
4 Matematicamente, o patrimônio líquido pode ser expresso por:
a) ( ) PL = Ativo – Passivo.
b) ( ) PL = Passivo – Ativo.
c) ( ) PL = Ativo = Passivo.
d) ( ) PL = Ativo + passivo.
5 Ações em Tesouraria é uma das contas representativas do patrimônio 
líquido e corresponde ao montante de ações:
a) ( ) De emissão da própria e por ela recomprado no mercado.
b) ( ) Que a empresa compra de outras entidades.
c) ( ) Próprias que a empresa não disponibiliza no mercado.
d) ( ) Que a empresa disponibiliza para venda via área de tesouraria.
121
TÓPICO 4
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Na demonstração do resultado do exercício, a empresa evidencia todas 
as suas receitas, sejam elas, operacionais, financeiras e outras receitas, assim 
como o custo das mercadorias vendidas, isto é, quanto custou para a organização 
produzir o objeto de venda, por fim as suas despesas.
A demonstração do resultado do exercício é considerada por muitos como 
a demonstração contábil mais importante da empresa, pois nesta demonstração 
encontram-se informações a respeito das receitas e despesas, ou seja, relaciona as 
informações a respeito do desempenho da organização.
De uma forma geral, os gestores das organizações tentam conhecer as suas 
receitas e despesas, ao máximo, a fim de otimizar o resultado da organização. 
Enquanto que os acionistas ou sócios buscam esta demonstração a fim de avaliar 
o retorno do seu capital investido.
2 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO
A Demonstração do Resultado do Exercício é uma apresentação resumida 
das operações da realizadas pela empresa que ocorreram durante o exercício 
social, de forma a demonstrar o resultado líquido do período, incluindo o que se 
denominam de receitas e despesas realizadas. 
No art. 187 da Lei nº 6.404/76 estão estabelecidos os critérios para a 
elaboração da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) consolidado com 
as alterações da Lei nº 11.638/07 e da MP nº 449/08:
Art. 187. A demonstração do resultado do exercício discriminará:
I – a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos 
e os impostos;
II – a receita liquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços 
vendidos e o lucro bruto;
III – as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, 
as despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais;
IV – lucro ou prejuízo operacional, as outras receitas e as outras despesas; 
(Redação dada pela MP nº 449/08);
122
UNIDADE 2 | ALTERAÇÕES NA ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
V – o resultado do exercício antes do Imposto de Renda e a provisão para o 
imposto;
VI – as participações de debentures, empregados, administradores e partes 
beneficiárias, mesmo na forma de instrumentos financeiros, e de instituições ou 
fundo de assistência ou previdência de empregados, que não se caracterizem 
como despesa; (Redação dada pela MP nº 449/08);
VII – Lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ações do 
capital social.
§ 1º Na determinação do resultado do exercício serão computados:
a) As receitas e os rendimentos ganhos no período, independentemente da sua 
realização em moeda; e
b) Os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, correspondentes 
a essas receitas e rendimentos.
§ 2º (Revogado pela Lei nº 11.638/07).
2.1 ALTERAÇÕES NA APRESENTAÇÃO DAS 
DEMONSTRAÇÕES DO RESULTADO DO EXERCÍCIO
Asalterações introduzidas pela Lei nº 11.638/07 e pela MP nº 449/08 
apresentaram nova redação ao inc. VI do art. 187 da Lei nº 6.404/76. Assim, 
consequentemente a nova legislação passou a permitir que seja apresentado na 
DRE quando não se caracterizem como despesas as seguintes participações:
• Participações de debêntures.
• Empregados, administradores.
• Partes beneficiárias.
• Instrumentos financeiros.
• Instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados.
A MP nº 449/08 inseriu mais uma regra das normas contábeis 
internacionais às normas contábeis nacionais, isto é, a não segregação dos 
resultados em operacionais e não operacionais. Consequentemente, as entidades 
terão que apresentar as “outras receitas/despesas operacionais” no grupo 
operacional e não mais após a linha de “resultado operacional” (Resolução CFC 
nº 1.157/09 e OCPC nº 2/09).
O inciso 2 do artigo 187 da Lei nº 6.404/76 revogado pela Lei nº 11.638/07 
tratava da reavaliação de ativos, e conforme já mencionado anteriormente, 
procedimentos sobre reavaliação de espontânea de bens do ativo imobilizado 
foram eliminados pela Lei nº 11.638/07.
Com relação DRE, o CPC 26 fala da possibilidade de evidência em tal 
demonstração suas contas não pela função, como por exemplo, administrativas, 
vendas, custos dos produtos vendidos e outros, mas, sim, pela sua natureza, isto 
é, material consumido, mão de obra, aluguel e outros. Porém destacamos que a 
legislação em vigor determina a sua apresentação de acordo com as funções.
TÓPICO 4 | DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO
123
2.2 REGIME DE CAIXA E O REGIME DE COMPETÊNCIA
A demonstração do resultado do exercício pode ser elaborada pelo 
regime de caixa ou pelo regime de competência. Todavia, apenas pelo regime de 
competência é aceito pelo fisco e pelas normas contábeis, na hora de publicar tal 
demonstração. (BORINELLI; PIMENTEL, 2010).
Segundo os mesmos autores, o regime de caixa mede o fluxo financeiro 
da organização. É elaborado de acordo com as entradas e saídas do dinheiro 
da empresa, isto é, o regime de caixa apura o resultado no momento em que 
acontecem as entradas e as saídas do caixa da companhia. 
O regime de competência é considerado a receita obtida pela empresa, 
independente deste valor tem entrado no caixa da empresa, importando apenas o 
período em que a receita foi ganha. O mesmo ocorre com as despesas, ou seja, são 
reconhecidas no momento em que a empresa incorre na despesa, não importando 
se a empresa desembolsou, no exato momento ou não, o seu valor. (MARION, 
2009). 
2.3 COMPARAÇÃO DA ESTRUTURA DA DEMONSTRAÇÃO 
DO RESULTADO DO EXERCÍCIO ANTES DE DEPOIS DAS 
ALTERAÇÕES
QUADRO 13 – ESTRUTURA DA DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO ANTES E 
DEPOIS DA ALTERAÇÃO
DRE - ANTES DRE - DEPOIS
Receita Operacional Bruta Receita Receita Operacional Bruta Receita 
(-) Deduções e abatimentos da Receita bruta (-) Deduções e abatimentos da Receita bruta 
(-) Devolução de vendas/ Impostos e 
Contribuições incidentes sobre venda
(-) Devolução de vendas/ Impostos e 
Contribuições incidentes sobre venda
(-) Descontos/abatimentos (-) Descontos/abatimentos
(=) Receita Operacional Líquida (=) Receita Operacional Líquida
(-) Custos produtos vendidos (-) Custos produtos vendidos
(-) Custo das Mercadorias Vendidas (-) Custo das Mercadorias Vendidas
(-) Custo dos Serviços prestados (-) Custo dos Serviços prestados
(-) Custo dos Serviços prestados (-) Custo dos Serviços prestados
(-) Despesas Operacionais (-) Despesas Operacionais
(-) Despesas com vendas (-) Despesas com vendas
(-) Despesas Administrativas (-) Despesas Administrativas
(-) Despesas Tributários (-) Despesas Tributários
(+/-) Receita e Despesas Operacionais (+/-) Receita e Despesas Operacionais
(-) Despesas Financeiras (-) Despesas Financeiras
(+) Receitas Financeiras (+) Receitas Financeiras
(+/-) Variações Cambiais (+/-) Variações Cambiais
124
UNIDADE 2 | ALTERAÇÕES NA ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
(+/-) Outras receitas ou (despesas) Financeira (+/-) Outras receitas ou (despesas)
(=) Resultado Operacional Não existe mais esta separação
(-) Despesas não operacionais Não existe mais esta separação
(+) Receitas não operacionais Não existe mais esta separação
(=) Lucro Líquido Antes do Imposto de Renda e 
da Contribuição Social
(=) Lucro Líquido Antes do Imposto de 
Renda e da Contribuição Social
(-) Provisão para Imposto de Renda e 
Contribuição Social sobre o Lucro
(-) Provisão para Imposto de Renda e 
Contribuição Social sobre o Lucro
(=) Lucro Líquido pós-provisão e Antes das 
Participações
(=) Lucro Líquido pós-provisão e Antes das 
Participações
(-) Participações de Administradores, 
Empregados, Debêntures, Partes Beneficiárias, 
Contribuição Estatutária.
(-) Participações de Debêntures, 
Empregados, Administradores e Partes 
beneficiárias e Fundo de Assistência e 
Previdência de Empregados
(=) Lucro Líquido do Exercício (=) Lucro Líquido do Exercício
FONTE: A autora (2011)
No quadro anterior estão apresentadas as alterações introduzidas pela 
aprovação da Lei nº 11.638/07 na estrutura da Demonstração do Resultado do 
Exercício.
125
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você viu que:
• Foi abordada a demonstração do resultado do exercício. Foram vistas as 
alterações pela qual tais demonstrações passaram com a aprovação da nova 
legislação contábil.
• Foi evidenciada também a demonstração do resultado do exercício de acordo 
com o art. 187 da Lei nº 6.404/76 e pela Lei nº 11.638/07 e pela MP nº 449/08. 
Foram destacadas as novas legislações que alteraram a antiga redação da Lei nº 
6.404/76 que tratava da DRE.
• Observaram-se as alterações ocorridas, como por exemplo, a introdução na DRE 
de certas contas, quando atenderem às condições da lei, como, por exemplo, a 
introdução da conta de partes beneficiárias e instrumentos financeiros, quando 
não se caracterizarem como despesas.
• Não mais se separa a DRE em resultados operacionais e não operacionais, a 
partir de 2008, a apresentação destas contas serão apenas em outras receitas e 
despesas operacionais.
• Abordou-se o regime de caixa e o de competência, mostrando que a empresa 
pode elaborar esta demonstração pelos dois regimes, porém, para o fisco 
(governo) e para elaboração da DRE, para fins de publicação, deve ser adotado 
o regime de competência e não o de caixa. Ficando o regime de caixa apenas 
para fins gerenciais.
126
1 Com a reformulação da Lei das Sociedades por Ações, a contabilidade 
brasileira se encontra em um processo de harmonização, e neste processo as 
demonstrações contábeis também passaram por algumas alterações. Dessa 
forma, com relação à Demonstração do Resultado do Exercício, é correto 
afirmar que: 
I- A Demonstração do Resultado do Exercício é uma apresentação resumida 
das operações realizadas pela empresa que ocorreram durante o exercício 
social.
II- Não existe mais a segregação dos resultados em operacionais e não 
operacionais.
III- O CPC 26 possibilita a apresentação das contas na DRE de acordo com as 
suas funções.
IV- O CPC 26 possibilita a apresentação das contas na DRE de acordo com a 
natureza.
Assinale a alternativa CORRETA: 
a) ( ) As afirmativas III e IV estão corretas.
b) ( ) As afirmativas I e III estão corretas.
c) ( ) As afirmativas I e II estão corretas.
d) ( ) As afirmativas II e IV estão corretas.
2 Como exemplos de eventos que são contemplados na demonstração do 
resultado do exercício de uma empresa comercial têm-se:
I- Receitas brutas de vendas.
II- Reserva Legal.
III- Receitas Financeiras.
IV- Despesas com vendas.
Assinale a alternativa CORRETA: 
a) ( ) As afirmativas I e II estão corretas.
b) ( ) As afirmativas III e IV estão corretas.
c) ( ) As afirmativas I, III e IV estão corretas.
d) ( ) Apenas a afirmativa II está correta.
3 Uma característica do regime de competência é:
a) ( ) Receita recebida.
b) ( ) Aquisição de despesa.
c) ( ) Pagamento de despesa.
d) ( ) Consumo de despesa.
AUTOATIVIDADE
127
4 Sobre a demonstraçãodo resultado do exercício é correto afirmar que:
a) ( ) É uma demonstração estática pelo fato de ser levantada trimestralmente 
ou anualmente, dependendo do tipo de empresa.
b) ( ) Tem como finalidade demonstrar o lucro da entidade e sua composição, 
não podendo, portanto, ser elaborada quando há prejuízo.
c) ( ) É a demonstração que evidencia o resultado obtido pela entidade, por 
meio do confronto entre as receitas e despesas ocorridas ao longo de um 
período de tempo.
d) ( ) É a demonstração que evidencia os bens, direitos e obrigações obtidos 
pela empresa, por meio do confronto entre as receitas e despesas ocorridas 
ao longo de um período de tempo.
5 Com relação ao regime de competência é correto afirmar que:
a) ( ) É aceito somente pelo fisco.
b) ( ) É aceito somente pelos contabilistas.
c) ( ) É optativo. 
d) ( ) Pelo fisco e contabilistas.
128
129
TÓPICO 5
DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO 
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Neste capítulo será abordada a demonstração das mutações do patrimônio 
líquido. Com a reformulação da lei das Sociedades Anônimas, a DMPL passou 
a ser obrigatória. Anteriormente esta demonstração era facultativa, desde que a 
empresa publicasse a demonstração dos lucros e prejuízos acumulados não era 
necessário a publicação da DMPL.
A demonstração das mutações do patrimônio líquido tem como objetivo 
explicar e descrever as mudanças ocorridas nas contas do patrimônio líquido da 
empresa. Assim, será possível perceber nesta demonstração a destinação do lucro 
apurado pela organização.
Serão demonstrados conceitos, objetivos, contas que serão movimentadas 
e contas que mesmo fazendo parte do patrimônio líquido a sua movimentação 
não alteram o valor do mesmo. Buscará ainda, evidenciar a forma de elaboração 
uma demonstração do resultado do exercício. Será feito um breve comentário da 
DMPL na visão do Comitê de Pronunciamentos Contábeis.
2 DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO 
LÍQUIDO - DMPL
A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) evidencia 
a movimentação de todas as contas do patrimônio líquido que ocorreram no 
exercício social. Consequentemente, todos os aumentos ou diminuições ocorridas 
nas contas do PL serão evidenciados nesta demonstração.
Tal demonstração não era obrigatória pela Lei nº 6.404/76, porém a CVM 
por meio de sua Resolução 59/86 exigia sua publicação para as empresas de capital 
aberto. Todavia, com o CPC 26 – Apresentação das Demonstrações Contábeis, 
aprovado pela Deliberação CVM nº 595/09 e pela Resolução CFC nº 1.185/09 a 
publicação da Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido passou a ser 
obrigatória para as empresas sujeitas a tal legislação. 
130
UNIDADE 2 | ALTERAÇÕES NA ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
No CPC 26 – Apresentação das Demonstrações Contábeis – você encontra 
detalhes da apresentação e do conteúdo da DMPL. 
ATENCAO
De acordo com FIPECAFI (2010), a DMPL, podemos identificar:
• Aumento/diminuição de capital social da empresa.
• Constituição e/ou reversão da reserva de capital.
• Formação e utilidade das reservas originadas do lucro.
• Contrapartidas de ajustes de avaliação patrimonial em contas de ativo e passivo 
decorrentes de avaliação a valor justo.
• Compras de ações pela própria empresa para serem mantidas em tesouraria.
• Movimento da conta prejuízo acumulados.
Segundo os mesmo autores, a DMPL guarda se relaciona fortemente com 
a DRE, pois o resultado apurado na DRE tem sua contrapartida no patrimônio 
líquido, assim, a destinação deste valor também deve ser evidenciada na DMPL. 
(FIPECAFI, 2010).
Segundo FIPECAFI (2010), a DMPL é de suma importância, pois 
demonstra a formação das reservas e sua utilização, inclusive as reservas que não 
são originadas por lucros, também são importantes no entendimento do cálculo 
dos dividendos obrigatórios. Os mesmo autores destacam ainda que a DMPL é 
vital para as empresas que possuem investimentos em coligadas e controladas, e 
avaliam seus investimentos pelo método de equivalência patrimonial.
2.1 MOVIMENTAÇÕES QUE AFETAM AS CONTAS DO 
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Conforme FIPECAFI (2010), a seguir serão listados inúmeras situações 
que podem afetar as contas do patrimônio líquido levando-as assim a variações:
a) Aumento pelo lucro ou diminuição pelo prejuízo líquido do exercício.
b) Redução por dividendos.
c) Diminuição por pagamento ou crédito de juros sobre o capital próprio.
d) Aumento (quando a lei permite) por reavaliação de ativos.
e) Acréscimo por doações ou subvenções para investimentos recebidos (após 
transacionarem por resultados).
f) Aumento por substituição ou integralização de capital.
g) Aumento pelo recebimento de valores que excederam o valor nominal das 
ações integralizadas ou pelo preço de emissão das ações sem valor nominal.
TÓPICO 5 | DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO
131
h) Aumento devido ao valor de alienação de partes beneficiárias e bônus de 
subscrição.
i) Aumento devido a prêmios recebidos na emissão de debentures (após transitar 
por resultado).
j) Diminuição por ações próprias adquiridas ou acréscimo por suas vendas.
k) Aumento ou diminuição devido a ajustes de exercícios anteriores.
l) Diminuição por reversão da reserva de lucros a realizar para a conta de 
dividendos a pagar.
m) Aumento ou diminuição por outros resultados abrangentes.
n) Diminuição por gastos de emissão de ações.
o) Ajuste de avaliação patrimonial.
p) Ganhos ou perdas acumulados na conversão etc.
2.2 MOVIMENTAÇÕES QUE NÃO AFETAM O 
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Há movimentações que são realizadas no decorrer do exercício social pela 
empresa que não afetaram seu patrimônio líquido segundo FIPECAFI (2010), 
conforme segue:
a) Aumento de capital com a utilização de lucros ou de reservas.
b) Apropriação do lucro líquido do exercício, por meio da conta de lucros 
acumulados, para formação de reservas, como reserva legal, reserva de lucros 
a realizar, reserva estatutária e outras.
c) A reversão de reservas patrimoniais para a conta lucros ou prejuízos acumulados 
(conta transitória).
d) Compensação de prejuízo com reservas etc.
Existem movimentações na conta do patrimônio líquido que não alterarão o 
seu valor, conforme explanado anteriormente.
ATENCAO
2.3 DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO 
LÍQUIDO SEGUNDO O CPC 26
O modelo da DMPL apresentado no anexo do CPC 26 que já incluía a 
Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados sofreu uma retificação e com 
isso incluiu na DMPL a Demonstração do Resultado Abrangente e uma nova 
forma de apresentar as mutações do patrimônio líquido, sendo:
132
UNIDADE 2 | ALTERAÇÕES NA ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
• Transações de capital com os sócios; e
• Resultado abrangente.
Segundo o CPC 26 (2011), o Resultado Abrangente é “a mutação que 
ocorre no patrimônio líquido durante o período que resulta de transações e 
outros eventos que são derivados de transações com os sócios na sua qualidade 
de proprietários”.
Assim, o grupo do resultado abrangente é exposto com três componente 
básicos:
• Resultado líquido do período. 
• Outros resultados abrangentes.
• Reclassificação para o resultado.
Destaca-se que a empresa que optar por não incluir a Demonstração do 
Resultado Abrangente na DMPL, ainda será necessário a inclusão de uma coluna 
onde seja evidenciado o resultado abrangente da entidade, e a empresa estará 
assim, obrigada a publicar a Demonstração do Resultado Abrangente à parte, 
juntamente com as demonstrações obrigatórias.
2.4 ELABORAÇÃO DA DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES 
DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO
A elaboração desta demonstração é bastante simplificada, basta que sejam 
evidenciadas de forma ordenada as movimentações ocorridas no PL da empresa 
durante o exercício social. Assim, deve-se abrir um papel de trabalho onde tenham 
colunas e linhas. Nas colunas serão incluídas as contas ou subgrupos, onde na 
primeira coluna encontram-se as movimentações ou descrição da natureza das 
transações e na última coluna constará o patrimônio líquidototal:
A seguir está evidencia uma DMPL simplificada para entendimento, de 
acordo com Marion (2009): 
Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido
TÓPICO 5 | DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO
133
Movimentação
Capital
Realizado
Reservas
De
Capital
Reservas
De 
Incentivos 
Fiscais
Reservas de lucros
Lucros 
Acumulados
Total
Ágio na 
emissão 
de ações le
ga
l
Es
ta
tu
tá
ri
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p/
 c
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tin
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nc
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Lu
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os
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iz
ad
os
Saldos iniciais
(+ ou -) Ajuste 
de Exercício 
Anteriores
Aumento de 
Capital
QUADRO 14 – MODELO SIMPLIFICADO DE DMPL
FONTE: Adaptado de: Marion (2009)
Conforme evidenciado no quadro anterior, as linhas verticais da 
Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido serão compostas pelas 
contas ou subgrupos do patrimônio líquido da empresa.
Já as linhas horizontais da DMPL estarão listadas as movimentações das 
contas do patrimônio líquido do exercício social, conforme segue:
Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido
Movimentação
Capital
Realizado
Reservas
De
Capital
Reservas
De 
Incentivos 
Fiscais
Reservas de 
lucros Lucros 
Acumulados
Total
Ágio na 
emissão 
de ações le
ga
l
Es
ta
tu
tá
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a
p/
 c
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O
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tá
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Lu
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al
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os
Saldos iniciais
(+ ou -) Ajuste 
de Exercício 
Anteriores
Aumento de 
Capital
Reversão de 
Reservas
Lucro Líquido 
do Exercício
QUADRO 15 – MODELO SIMPLIFICADO COMPLETO DE DMPL 
134
UNIDADE 2 | ALTERAÇÕES NA ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
Proposta da 
Administração 
de destinação do 
lucro
Reserva Legal
Reserva 
Estatutária
Reserva 
orçamentária
Reserva p/ 
contingencias
Reserva de 
lucros a realizar
Dividendos
Saldo em XXX
FONTE: Adaptado de: Marion (2009)
As movimentações evidenciadas nas linhas horizontais da DMPL 
correspondem às contas do patrimônio líquido da empresa que foram 
movimentadas no decorrer do exercício social.
Observe que a primeira linha horizontal está reservada para os saldos 
iniciais, ou seja, os saldos constantes no balanço patrimonial do grupo do 
patrimônio líquido do exercício anterior. Somando ao final, na coluna total, os 
saldos das contas ou subgrupos para que seja preenchida a coluna do total do 
patrimônio líquido.
Na sequência são realizadas as adições e/ou diminuições de acordo com 
as movimentações ocorridas. No exemplo 1 a seguir, vamos admitir que o Capital 
em 31/12/X0 fosse de R$ 7.000.000 e que no decorrer do período houvesse um 
aumento com a utilização de R$ 1.000.000 de Reservas Estatutárias, cujo saldo 
inicial seria de R$ 1.500.000:
Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido
TÓPICO 5 | DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO
135
Movimentação
Capital
Realizado
Reservas
De
Capital
Reservas
De 
Incentivos 
Fiscais
Reservas de lucros
Lucros 
Acumulados
Total
Le
ga
l
Es
ta
tu
tá
ri
a
p/
 c
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ge
nc
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O
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os
Saldos iniciais 7.000 1.500 8.500
(+ ou -) Ajuste 
de Exercício 
Anteriores
Aumento de 
Capital 1.000 (1.000)
Proposta da 
Administração 
de destinação 
do lucro
Reserva Legal
Reserva 
Estatutária
Dividendos
Saldo em 
31/12/X1 8.000 500 8.500
QUADRO 16 – MOVIMENTAÇÃO DE RESERVA ESTATUTÁRIA NA DMPL
FONTE: Adaptado de: Marion (2009)
Neste exemplo foi realizado uma movimentação na conta patrimônio 
líquido, evidenciando um aumento no Capital e uma diminuição na conta de 
Reserva Estatutária. Observe que os saldos iniciais totalizavam R$ 8.500,00, isto 
é, no início do exercício, a conta do patrimônio líquido na coluna total tinha um 
saldo de R$ 8.500 (7.000 + 1.500) e que no final do exercício não houve alteração 
neste valor. Este fato ocorreu porque a movimentação na conta do PL foi apenas 
uma permuta entre as contas de reserva, assim são uma diminuição ou aumento 
das contas.
A seguir é apresentado o Balanço Patrimonial da Cia. Adventista que 
servirá como base para a sua elaboração da Demonstração das Mutações do 
Patrimônio Líquido: 
Balanço Patrimonial em 31/12/X1
Cia. Adventista
136
UNIDADE 2 | ALTERAÇÕES NA ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
Ativo 31/12/X0 31/12/X1 Passivo e PL 31/12/X0 31/12/X1
Circulante Circulante 
Não Circulante Não Circulante
Realizável a LP Patrimônio Líquido
Capital 7.000 8.000
Reservas de Capital
Investimentos Ágio na emissão de ações 2.800
Reserva de Lucro
Imobilizado Reserva Legal 70 220
Reserva Estatutária 2.100 1.400
Reserva p/Contingencia 140 395
Intangível Reserva Orçamentária 28 303
Reserva de Lucros a Realizar 14 109
Lucros Acumulados 905 2.305
Total do PL 10.302 15.577
Total do Ativo Total do Passivo + PL 10.257 15.532
QUADRO 17 – BALANÇO PATRIMONIAL CIA. ADVENTISTA EM 31/12/X1
FONTE: Adaptado de: Marion (2009)
No exemplo 2 será estruturada a DMPL da Cia. Adventista de acordo com 
as movimentações ocorridas no grupo do patrimônio líquido da Cia. Adventista 
demonstrado em seu balanço patrimonial. Vamos admitir também que a Cia. 
adventista poderia ter a conta lucro acumulado com saldo no patrimônio líquido.
Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido em 31/12/X1
Cia. Adventista
TÓPICO 5 | DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO
137
Movimentação Capital
Realizado
Reservas
De
Capital
Reservas
De 
Incentivos 
Fiscais
Reservas de lucros
Lucros 
Acumulados
Total
Ágio na 
emissão 
de ações
le
ga
l
Es
ta
tu
tá
ri
a
p/
 c
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tin
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ia
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a
Lu
cr
os
 re
al
iz
ad
os
Saldos iniciais 7.000 - - 70 2.100 140 28 14 950 10.302
(+ ou -) Ajuste 
de Exercício 
Anteriores (+) 
retificações de 
erros
280 280
Doações 2.800 2.800
Aumento de 
Capital 1.000 (1.000)
Reversão de 
reservas
Lucro Líquido 
do Exercício 3.000 3.000
Proposta da 
Administração 
de destinação 
do lucro
Reserva Legal 150 (150) -
Reserva 
Estatutária 300 (300)
Reserva p/
Contingências 255 (255)
Reserva 
Orçamentaria 275 (275)
Reserva 
de lucros a 
realizar
95 (95)
Dividendos 
($0,225 / ação) (805) (805)
Saldo em 
31/12/X1 8.000 2.800 - 220 1.400 395 303 109 2.350 15.577
QUADRO 18 – DMPL DA CIA. ADVENTISTA DE RESERVA ESTATUTÁRIA NA DMPL
FONTE: Adaptado de: Marion (2009)
138
UNIDADE 2 | ALTERAÇÕES NA ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
Conforme observado no quadro anterior, a DMPL da Cia. Adventista 
inicia-se com a inclusão dos saldos do patrimônio líquido do ano X0. Na sequência, 
realizado um aumento devido ao ajuste de exercício anteriores no valor de $ 208 e 
de ágio na emissão de ações no valor de $ 2.800.
Houve uma movimentação no valor de $ 1.000 transferidos de reservas 
estatutárias para capital, o que não afeta o patrimônio líquido, pois representa 
apenas uma permuta de capital.
A seguir são realizadas as alterações ocorridas nas contas do patrimônio 
líquido da empresa, ou seja, as destinações sugeridas pela administração. Na 
DMPL, nas linhas horizontais estão os valores referentes às diferenças entre os 
saldos das contas no ano X0 para o ano X1, por exemplo, Reserva legal ano X0 
tinha o valor de $ 70 no ano X1 o valor de $ 220, assim na linha horizontal da 
reserva legal conta $150 (220-70) que foi a destinação do lucro para esta reserva. 
O mesmo ocorreu nas demais destinações da conta lucros. Assim, na 
coluna Lucros Acumulados serão evidenciados os valores entre parênteses 
demonstrando uma redução, pois foram realizadas as destinações do lucro 
sugeridas pela administração da Cia. Adventista.
A última linha horizontal da DMPL será composta pela soma e diminuições 
das suas respectivas colunas, e conforme se observava, é exatamente igual aos 
valores do patrimônio líquido do balanço patrimonial da Cia. Adventista no ano 
X1.
Para as entidades sujeitas à Lei nº 11.638/07, a conta lucros acumulados 
não aparece mais no balanço patrimonial. Assim, no exemplo 3 será realizada 
uma DMPL para as empresas sujeitas a tal legislação onde não poderia existir 
saldo na conta lucros acumulados.
A Cia. Nova Realidade teve um lucro de R$ 2.800,00no exercício de 20X8. 
Este lucro foi totalmente destinado para:
5% para Reserva Legal – (2.800 x 5% = 140)
20% para Reserva Estatutária - (20% x 2.800 = 560)
15% para Reserva Orçamentária – (15% x 2.800 = 420)
Reserva de Lucros a Realizar – 480
Reserva para Contingências – 0
Dividendos – 1.200
QUADRO 19 – DESTINAÇÃO DOS LUCROS ACUMULADOS NA CIA. REALIDADE
FONTE: Adaptado de: Marion (2009)
TÓPICO 5 | DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO
139
No período de 20X8, ocorreu um aumento de capital totalmente 
integralizado em dinheiro no total de R$ 2.000,00, conforme exposto no 
Quadro 20.
Patrimônio Líquido em 31/12/X7
Capital 5.000
Reserva de Capital 540
Reserva Legal 260
Reserva Estatutária 500
Reserva para Contingências 280
Reserva Orçamentária 320
Reserva de Lucros a Realizar 100
Total do PL 7.000
QUADRO 20 – PATRIMÔNIO LÍQUIDO DA CIA. REALIDADE EM 31/12/X7
FONTE: Adaptado de: Marion (2009)
No quadro anterior estão os valores do patrimônio líquido da Cia. 
Realidade em 31/12/X7. No quadro a seguir, está exposto o patrimônio líquido da 
Cia. Realidade nos anos de X7 e X8.
Patrimônio Líquido em 31/12/x7 31/12/x8
Capital 5.000 7.000
Reserva de Capital 540 540
Reserva Legal 260 400
Reserva Estatutária 500 1.060
Reserva para Contingências 280 280
Reserva Orçamentária 320 740
Reserva de Lucros a Realizar 100 580
Total do PL 7.000 10.600
QUADRO 21 – PATRIMÔNIO LÍQUIDO DA CIA. REALIDADE EM 31/12/X7 E 31/12/X8
FONTE: Adaptado de: Marion (2009)
A seguir demonstra-se a DMPL da Cia. Realidade de acordo com as 
movimentações no patrimônio líquido mostrado nos Quadros 19 e 20: 
Demonstrações das Mutações do Patrimônio Líquido em 31/12/X8
Cia. Realidade
140
UNIDADE 2 | ALTERAÇÕES NA ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
Movimentação Capital
Realizado
Reservas
De
Capital
Reservas
De 
Incentivos 
Fiscais
Reservas de lucros Lucros 
Acumulados
Total
Ágio na 
emissão 
de ações
le
ga
l
Es
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p/
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en
tá
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Lu
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al
iz
ad
os
Saldos iniciais 5.000 540 - 260 500 280 320 100 7.000
(+ ou -) Ajuste 
de Exercício 
Anteriores (+) 
retificações de 
erros
Doações
Aumento de 
Capital 2.000 2.000
Reversão de 
reservas
Lucro Líquido 
do Exercício 2.800 2.800
Proposta da 
Administração 
de destinação 
do lucro
Reserva Legal 140 (140) -
Reserva 
Estatutária 560 (560)
Reserva p/
Contingências - -
Reserva 
Orçamentária 420 (420)
Reserva 
de lucros a 
realizar
480 (480)
Dividendos (1.200) (1.200)
Saldo em 
31/12/X1 7.000 540 - 400 1.060 280 740 580 - 10.600
QUADRO 22 – DMPL DA CIA. REALIDADE EM 31/12/X8
FONTE: Adaptado de: Marion (2009)
TÓPICO 5 | DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO
141
Na primeira linha encontramos os valores do patrimônio líquido da Cia. 
Realidade no ano X7. A seguir, na linha de aumento de capital, observa-se o 
aumento no valor de R$ 2.000,00. 
Na sequência são realizadas todas as destinações do saldo da conta lucros 
acumulados, sugeridos pela administração, conforme Quadro 17, isto é, o saldo da 
conta lucros acumulados no valor de R$ 2.800,00 foram completamente destinado 
as suas respectivas reservas, zerando a coluna Lucros Acumulados.
A destinação de todo o saldo da conta lucros acumulados é exigência da Lei 
nº 11.638/07.
ATENCAO
2.5 ESTRUTURA DA DMPL COM A LEI Nº 11.638/07
Com as alterações da nova legislação contábil ocorreram algumas 
alterações na estrutura da DMPL. Assim, de acordo com FIPECAFI (2010), 
podemos apresentar a nova DMPL com a seguinte estrutura:
Capital Social 
Integralizado
Reserva de 
Capital, 
Opções 
Outorgadas 
e Ações em 
Tesouraria
(1)
Reserva 
de 
Lucros
(2)
Lucros ou 
prejuízo 
acumulados
(2)
Outros 
Resultados 
Abrangentes
(3)
Patrimônio 
Líquido dos 
Sócios da 
Controladora
Participação 
dos não 
controladores 
no Part. 
Liq. Das 
Controladas
Patrimônio 
Líquido 
Consolidado
Saldos iniciais 1.000.000 80.000 300.000 0 270.000 1.650.000 158.000 1.808.000
Aumento de 
Capital 500.000 (50.000) (100.000) 350.000 32.000 382.000
Gastos na 
emissão de 
ações
(7.000) (7.000) (7.000)
Opções 
Outorgadas 
Reconhecidas
(30.000) (30.000) 30.000
Ações em 
tesouraria 
adquiridas
(20.000) (20.000) (20.000)
Ações em 
tesouraria 
vendidas
60.000 60.000 60.000
Dividendos (162.000) (162.000) (132.000) (175.000)
Transações de 
capital com os 
sócios
251.000 18.800 269.800
Lucro Líquido 
do Exercício 250.000 250.000 22.000 272.000
QUADRO 23 – MODELO DMPL CPC 26
142
UNIDADE 2 | ALTERAÇÕES NA ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
Ajuste 
instrumentos 
financeiros 
(60.000) (60.000) (60.000)
Tributos s/ 
ajustes instrum. 
Financeiros
20.000 20.000 20.000
Eq. Patrim. s/
ganhos abrang. 
De Coligadas
24.000 24.000 6.000 30.000
Ajuste de 
Conversão do 
Período
260.000 260.000 260.000
Trib. s/ajustes 
de conv. Do 
período
(90.000) (90.000) (90.000)
Outros 
Resultados 
Abrangentes
154.000 6.000 160.000
Reclassif. p/Res. 
Aj. Instrum. 
Financeiros 
10.600 10.600 10.600
Resultado 
Abrangente 
total
414.600 28.000 442.600
Constituição de 
Reservas 140.000 (140.000)
Realização 
da Reserva 
Reavaliação
78.800 (78.800)
Trib. Sobre 
Real. Da Res. 
De Reavaliação
(26.800) 26.800
Saldos Finais 1.500.000 33.000 340.000 250.000 632.600 3.075.200 138.800 3.393.000
FONTE: Adaptado de: FIPECAFI (2010)
Conforme apresentado no quadro anterior, a DMPL apresentou uma 
evolução na última coluna representada pelo patrimônio líquido consolidado de 
1.808.000 para 2.520.400. Tal variação ocorreu devido a dois fatores: as transações 
com os sócios no valor de R$ 269.800 (382.000 – 7.000 + 30.000 – 20.000 + 60.000 
– 175.200) e do resultado abrangente no valor de R$ 442.600 (272.000 + 160.000 
+ 10.600), onde os 272.000 são os resultados líquidos do período, os 160.000 
representam outros resultados abrangentes e mais 10.600 que são efeitos de uma 
reclassificação. 
Cabe destacar que as reclassificações para o resultado do período 
não alteram o patrimônio líquido da empresa, todavia por aumentarem ou 
diminuírem o resultado líquido necessitam ter uma contrapartida evidenciada. 
Assim, no exemplo mostrado anteriormente houve uma transferência no valor de 
R$ 10.600,00 de prejuízo que constava como outros resultados abrangentes para 
o resultado do período.
Assim, antes da transferência, o resultado líquido era de R$ 260.600,00 
que, subtraído o prejuízo de R$ 10.600,00 passou a ser reconhecido no resultado 
o valor de R$ 250.000,00. Dessa forma, a transferência do prejuízo de R$ 10.600,00 
dos resultados abrangentes para o resultado do período não altera o total do 
TÓPICO 5 | DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO
143
patrimônio líquido, no entanto, como o resultado é evidenciado pelo valor 
subtraindo esse prejuízo (10.600,00), então é necessário recolocá-la na DMPL da 
empresa. 
Os autores seguem explicando que na linha Lucro Líquido do Período 
o valor demonstrado na DMPL será de 272.000 (250.000 + 22.000), pois segundo 
o CPC 26 o lucro líquido consolidado do período deve, obrigatoriamente, 
demonstrar a parte que pertence aos sócios da controladora (250.000) e a parte 
que pertence aos que são sócios apenas das controladas (22.000). 
O CPC 26 (2011) exige ainda a evidenciação quanto ao resultado abrangente 
total (442.600) representado pela evidenciação do valor da parte dos sócios da 
controladora no valor de R$ 414.600,00 mais a parte dos sócios não controladores 
(sócios minoritários) nas controladas no valor de R$ 28.000,00.
Os valores que estão expostos na DMPL, após o resultado abrangente 
total, correspondem às mutações internas do patrimônio líquido.
Os saldos que complementam a segunda, terceira e a quinta colunas 
devem ser evidenciados em quadro à parte ou em nota adicional. Estas notas 
adicionais podem ser assim apresentadas: 
a) Saldos finais (iniciais): Reserva Excedente de Capital R$ 80.000,00; Gastos 
com Emissão de Ações R$ 7.000,00; Reserva de Subvenção de Investimentos 
R$ 10.000,00(30.000 – 20.000); Ações em Tesouraria R$ 50.000,00 e Opções 
Outorgadas Reconhecidas R$ 60.000,00. Total R$ 93.000,00.
Estes mesmos valores podem ser apresentados em forma de quadro, 
conforme segue:
Reserva de Capital, 
Opções Outorgadas 
e Ações em 
Tesouraria (1)
Reserva de 
excedente 
de capital
Gastos na 
Emissão 
de Ações
Reserva de 
Subvenção de 
Investimentos
Ações em 
Tesouraria
Opções 
Outorgadas 
Reconhecidas
Contas do 
Grupo (1)
Saldos Inícios 50.000 (5.000) 100.000 (70.000) 5.000 80.000
Aumento de Capital (35.000) (15.000) (50.000)
Gastos com Emissão 
de Ações (7.000) (7.000)
Opções Outorgadas 
Reconhecidas 30.000 30.000
Ações em 
Tesouraria (20.000) (20.000)
Ações em tesouraria 
Vendidas 60.000 60.000
Saldos Finais 15.000 (12.000) 85.000 (30.000) 35.000 93.000
QUADRO 24 – MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO INTERNO
FONTE: Adaptado de: FIPECAFI (2010)
144
UNIDADE 2 | ALTERAÇÕES NA ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
b) Saldos finais: Reserva Legal R$ 88.000,00; Reserva de Incentivos Fiscais R$ 
52.000,00 e Reserva de Retenção de Lucros R$ 200.000,00. Total 340.000,00.
Estes mesmos valores podem ser apresentados em forma de quadro, 
conforme segue:
Reserva de 
Lucros (2)
Reserva 
Legal
Reserva p/ 
Extensão
Reserva de 
Incentivos Fiscais
Contas do 
Grupo (2)
Saldos Inícios 110.000 90.000 100.000 300.000
Aumento de 
Capital (100.000) (100.000)
Constituição de 
Reservas 12.500 108.500 19.000 140.000
Saldos Finais 122.500 198.500 19.000 340.000
QUADRO 25 – MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO INTERNO
FONTE: Adaptado de: FIPECAFI (2010)
O saldo inicial de 300.000 corresponde ao somatório de todos os saldos 
iniciais, isto é, 110 + 90.000 + 100.000 = 300.000; o valor de 140.000 corresponde a 
88.000 + 52.000 = 140.000.
c) Os valores finais: Reserva de Reavaliação R$ 234.600,00; Ajuste a Avaliação 
Patrimonial R$ 68.000,00 e Ajuste de Conversão Acumulada R$ (80.000,00). 
Total R$ 382.600.00.
Estes mesmos valores podem ser apresentados em forma de quadro, 
conforme segue:
Outros Resultados 
Abrangentes (3)
Reservas de 
Reavaliação
Ajustes de 
Avaliação 
Patrimonial
Ajuste de 
Conversão 
Acumulados
Contas do 
Grupo (3)
Saldos Iniciais 195.000 125.000 (50.000) 270.000
Ajuste Instrumentos 
Financeiros (60.000) (60.000)
Tributos s/ ajustes 
instrumentos Financeiros 20.000 20.000
Eq. Patrimonial s/ganhos 
abrangente de Coligadas 24.000 24.000
Ajuste de Conversão do 
Período 260.000 260.000
Tributos s/ajustes de 
conversão do período (90.000) (90.000)
QUADRO 26 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO ABRANGENTE
TÓPICO 5 | DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO
145
FONTE: Adaptado de: FIPECAFI (2010)
No quadro anterior, observam-se as movimentações da Demonstração do 
Resultado Abrangente, de acordo com o exemplo apresentado pela FIPECAFI 
(2010), que deve constar na DMPL segundo a Lei nº 11.638/07.
Reclassificação para 
Resultado Ajuste 
Instrumento. Financeiro
10.600 10.600
Reclassificação da 
Reserva Reavaliação (78.800) (78.800)
Tributos sobre a 
Reavaliação da Reserva 
de Reavaliação
26.800 26.800
Saldos Finais 143.000 119.600 120.000 382.600
146
UNIDADE 2 | ALTERAÇÕES NA ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
LEITURA COMPLEMENTAR
AVALIAÇÃO DE MARCAS: UMA APLICAÇÃO AO CASO BOMBRIL
Érica Saião Caputo, 
Marcelo Álvaro da Silva Macedo e 
Heloísa Guimarães Peixoto Nogueira
Na transição da sociedade industrial para a sociedade do conhecimento 
(NUNES; HAIGH, 2003; TERRA, 2000) em meados da década de 1980, verificou-
se com as grandes fusões e aquisições nos Estados Unidos e Europa que, muitas 
vezes, o valor negociado nas aquisições era maior que a soma dos ativos tangíveis 
da empresa (planta industrial, máquinas e equipamentos), atribuindo-se essa 
diferença à contribuição dos ativos intangíveis (goodwill) na composição do seu 
valor (NUNES; HAIGH, 2003; MARTINS, 2000). 
Um exemplo clássico foi a compra da Kraft pela Philip Morris, em 1988, 
por US$ 12,6 bilhões – seis vezes o que a empresa valia contabilmente (AAKER, 
1998; KLEIN, 2006). No Brasil, esse fenômeno foi observado na aquisição da Kibon 
pela Unilever, em 1997, por US$ 930 milhões, quando seus resultados no ano 
anterior atingiram as cifras de US$ 332 milhões de faturamento e US$ 75 milhões 
de lucro líquido, numa demonstração clara de que também fora considerado nessa 
equação o papel dos ativos intangíveis da empresa – o reconhecimento da marca 
Kibon, o know-how, o relacionamento com os clientes, entre outros (MARTINS; 
BLECHER, 1997).
Ao longo dos anos, os ativos intangíveis têm se tornado os principais 
responsáveis pela geração de valor nas empresas. Isso porque em um ambiente 
competitivo os ativos tangíveis são rapidamente reproduzidos e podem tornar-se 
obsoletos facilmente, diante do avanço tecnológico. Já os ativos intangíveis são 
difíceis de serem copiados no curto prazo, devido ao tempo requerido na sua 
construção e consolidação.
Dentre os ativos intangíveis, a marca é o que assume maior importância. 
Um estudo desenvolvido pela Brand Finance, consultoria especializada em 
marcas, considerando as marcas mais valorizadas do mundo, incluindo Coca-
Cola, Microsoft, IBM, GE, dentre outras, demonstra que a marca vem aumentando 
sua representatividade no valor da empresa, sendo estimado que esse índice irá 
atingir mais de 60% em 2010 (NUNES; HAIGH, 2003). O valor da marca (ou brand 
equity) tornou-se um dos principais assuntos do mundo dos negócios. 
Nos últimos 10 anos surgiram diversas ferramentas e técnicas para medir 
e avaliar o valor da marca, e a expressão brand equity tornou-se recorrente entre 
os especialistas em marketing (NUNES; HAIGH, 2003; TROIANO, 2003; AAKER, 
1998). Porém, sempre que se discutem questões relativas à marca surgem 
dúvidas. Será que deter uma marca forte representa uma vantagem competitiva 
TÓPICO 5 | DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO
147
perante os concorrentes, já que a marca é um ativo que alavanca o resultado do 
negócio, seja pela manutenção dos clientes, seja pela prática de preços premium 
e margens operacionais superiores a empresas do setor que não desfrutam do 
mesmo reconhecimento da marca? Será que a força da marca caracteriza-se como 
fator de decisão dos clientes na ausência de outras diferenças?
Aaker (1998) afirma que a marca influencia as avaliações dos clientes em 
relação a produtos e serviços, sendo capaz de diferenciar as organizações. Mesmo 
que o consumidor não conheça o produto ou serviço, estará mais propenso a 
comprá-lo se tiver referências positivas da marca que o produto ostenta, tornando 
o reconhecimento da marca, e não a commodity em si, o principal fator influenciador 
de sua decisão. Mas como podemos mensurar o valor da marca para a empresa?
É neste contexto repleto de indagações que esta pesquisa tem como 
objetivo aplicar uma metodologia de avaliação, adaptada de Ozório (2003), 
para valorar uma marca considerada forte, em um segmento em que o produto 
basicamente não tem diferenciação, sendo caracterizado como uma commodity, 
que é o setor de esponja de lã de aço, no caso a marca Bombril. Ao analisar o ativo 
marca em um segmento “comoditizado”, pretende-se fomentar a reflexão de que 
a marca contribui para o desempenho econômico da empresa, agregando valor 
ao negócio.
O modelo aplicado foi baseado na premissa de que uma marca forte permite 
que a empresa pratique preços superiores aos das empresas que não detêm o 
mesmo reconhecimento de marca (preços premium); considera um comparativo 
entre os fluxos de caixa referentes a uma empresa de marca forte e uma empresa 
sem o atributo marca, calculado pelo valor presente do preço premium (com 
relação a um produto genérico) pago por clientes em uma determinada categoria.
A partir da premissa de que uma marca forte possibilita a prática de preços 
superiores às marcas que não usufruem do mesmo reconhecimento, foi possível 
estimar o valor da marca Bombril, considerando o critério de preço premium, ou 
seja, o sobre preço obtido pela Bombrilem relação ao preço médio praticado pelas 
empresas do setor que não possuem marca forte. Esse critério indica o quanto o 
consumidor está disposto a pagar pela marca em comparação a outra que tenha 
uma oferta similar.
Conclui-se que é possível quantificar o valor de uma marca a partir 
dessa premissa, tendo sido a marca Bombril valorada em R$ 190 milhões. Além 
disso, através de uma discussão sobre o papel da marca para o negócio, pôde-se 
evidenciar que uma marca forte agrega valor para a empresa, pelo elo estabelecido 
com clientes, fornecedores e distribuidores, que garantem a sua sustentabilidade 
mesmo em momentos de crise, como a recentemente vivenciada pela Bombril.
Conhecer o valor da marca e monitorar o seu desempenho permite adequar 
as estratégias da empresa, analisando o retorno de suas ações e investimentos 
com base no reflexo para o seu valor, consequentemente contribuindo para o 
148
UNIDADE 2 | ALTERAÇÕES NA ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
resultado do negócio. Portanto, a avaliação sistemática da marca constitui-se um 
norte para orientar a estratégia da empresa, visando ao seu resultado futuro.
A Bombril durante anos esteve alheia às ações da concorrência no segmento 
de lã de aço, mantendo sua liderança com quase 90% de participação de mercado. 
A concorrente Assolan se lançou no mercado justamente no período em que a 
empresa enfrentava a maior crise financeira, além da ausência da mídia, devido 
ao corte nas ações de publicidade. Mesmo com a consolidação no mercado da 
marca Assolan, a Bombril se recupera da crise, mantendo sua posição de líder 
do setor com mais de 60% de participação. Seus administradores atribuem essa 
recuperação à força da marca Bombril.
FONTE: Publicado na Revista de Administração Eletrônica - RAE-eletrônica, v. 7, n. 2, Art. 21, jul./
dez. 2008.
149
RESUMO DO TÓPICO 5
Neste tópico foi visto:
• A demonstração das mutações do patrimônio líquido. Seu conceito e sua 
obrigatoriedade. Seu objetivo, ou seja, evidenciar a movimentação de todas as 
contas do patrimônio líquido que ocorreram no exercício social.
• Na sequência encontram-se as movimentações que afetam o patrimônio 
líquido e movimentações que não o afetam. Foi demonstrado também, a visão 
do Comitê de Pronunciamentos Contábeis a respeito da demonstração das 
mutações do patrimônio líquido.
• E por fim, foi elaborado, detalhadamente, um exemplo de DMPL de acordo 
com Marion (2009), a fim de facilitar a visualização desta demonstração. 
Encerrando o capítulo está exposta uma DMPL, segundo CPC 26 elaborado 
pela FIPECAFI (2010).
150
1 Com relação à Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, é correto 
afirmar que:
I- A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) evidencia 
a movimentação de todas as contas do patrimônio líquido que ocorreram 
no exercício social.
II- Apenas os aumentos ocorridos nas contas do PL serão evidenciados nesta 
demonstração.
III- Tal demonstração não era obrigatória pela Lei nº 6.404/76.
IV- DMPL é de suma importância, pois demonstra a formação das reservas e 
sua utilização, inclusive as reservas que não são originadas por lucros.
Assinale a alternativa CORRETA: 
a) ( ) As afirmativas I e III estão corretas.
b) ( ) As afirmativas I, III e IV estão corretas.
c) ( ) As afirmativas II, III e IV estão corretas.
d) ( ) Apenas a afirmativa IV está correta.
2 Não são exemplos de contas pertencentes ao patrimônio líquido de uma 
empresa:
a) ( ) Capital social e reservas de capital.
b) ( ) Aplicações financeiras e empréstimos.
c) ( ) Prejuízos acumulados e reservas de lucros.
d) ( ) Capital a integralizar e ações em tesouraria.
3 Com relação à exigibilidade da DMPL, é correto afirmar que:
a) ( ) A Lei nº 6.404/76 exigia a publicação da DMPL para as empresas sujeitas 
a tal legislação.
b) ( ) A CVM nunca exigiu a publicação da DMPL para as empresas sujeitas 
a tal legislação.
c) ( ) A Resolução do CFC 1.185/09 exige a publicação da DMPL para as 
empresas sujeitas a tal legislação.
d) ( ) A Resolução do CFC 1.185/09 diz ser facultativa a publicação da DMPL 
para as empresas sujeitas a tal legislação.
4 São exemplos de eventos que são contemplados na demonstração das 
mutações do patrimônio líquido:
I- Movimentações da conta prejuízos acumulados.
II- Aumento e/ou diminuição de provisões de reserva de capital.
III- Formação e utilização das reservas originadas do lucro.
IV- Constituição e /ou reversão de reserva de capital.
AUTOATIVIDADE
151
Assinale a alternativa CORRETA: 
a) ( ) Apenas a afirmativa III está correta.
b) ( ) As afirmativas I, III e IV estão corretas.
c) ( ) As afirmativas I, II e IV estão corretas.
d) ( ) Apenas a afirmativa IV está correta.
5 Na elaboração da DMPL, alguns itens podem alterar o valor total do 
patrimônio líquido, Assim, qual movimentação irá alterar o valor do 
patrimônio líquido?
I- Reversão de reservas patrimoniais.
II- Aumento de capital com utilização de reservas.
III- Aumento de capital com integralização de ativos.
IV- Apropriação de lucro líquido do exercício, destinando-o para formação de 
reservas.
As afirmativas verdadeiras são:
a) ( ) As afirmativas I e II estão corretas.
b) ( ) As afirmativas II e IV estão corretas.
c) ( ) As afirmativas I, II e III estão corretas.
d) ( ) Apenas a afirmativa IV está correta.
6 Durante o ano de X1 foram registrados as seguintes movimentações no 
patrimônio líquido de uma empresa:
Ajuste de avaliação patrimonial por valorização de títulos e valores mobiliários 1.500,00
Aumento de capital em dinheiro 8.000,00
Aumento de capital com reservas 6.000,00
Lucro líquido do período
Distribuição de dividendos 4.000,00
Reserva de lucros 3.000,00
Dados esses valores a variação líquida do patrimônio líquido a ser evidenciada 
na demonstração das mutações do patrimônio líquido corresponde a:
a) ( ) R$ 12.500,00.
b) ( ) R$ 11.000,00.
c) ( ) R$ 21.500,00.
d) ( ) R$ 26.500,00.
152
153
UNIDADE 3
NOVA DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 
E COMPLEMENTOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir desta unidade, você será capaz de:
• fazer com que o(a) acadêmico(a) esteja preparado para a elaboração e in-
terpretação da demonstração do fluxo de caixa e da demonstração do va-
lor adicionado;
• capacitá-lo(a) a discutir as contas e os ajustes pelos quais estas demonstra-
ções passam, assim como torná-lo apto a utilizá-lo na tomada de decisão; 
• e por fim, levar ao conhecimento do acadêmico o complemento as de-
monstrações contábeis, conhecidas como notas explicativas, contas que 
devem constar e assuntos a serem tratados.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No final de cada um deles, você 
encontrará atividades que o(a) auxiliarão na apropriação dos conhecimentos.
TÓPICO 1 – DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA
TÓPICO 2 – DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO
TÓPICO 3 – NOTAS EXPLICATIVAS
154
155
TÓPICO 1
DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Com a modificação da legislação contábil tivemos a introdução da 
demonstração do fluxo de caixa entre as demonstrações obrigatórias. Assim, 
quando a empresa estiver enquadrada nesta legislação deverá apresentar entre 
as suas demonstrações compulsórias a DFC.
A demonstração do fluxo de caixa tem como objetivo evidenciar toda a 
origem do dinheiro e equivalente de caixa que tenha entrado no caixa da empresa, 
assim como evidenciar também toda a aplicação ou saída do dinheiro do caixa da 
organização que tenha ocorrido no exercício.
Na elaboração desta demonstração, as entradas e saídas do caixa e 
equivalentes, isto é, as movimentações que afetam o caixa e seu equivalente 
devem ser apresentadas em três grandes fluxos de atividades, sendo eles: fluxo de 
atividades operacionais, fluxo de atividades de investimento e fluxo de atividades 
financeiras.
O fluxo de atividade operacional, normalmente está relacionado com o 
objetivo fim da empresa, seja vender, prestar serviço ou industrializar. Assim, 
todas as movimentações que afetem, seja entrando ou saindodo caixa e seu 
equivalente e que esteja relacionado ao objetivo fim da organização, devem ser 
classificadas como um fluxo de atividade operacional.
Quanto ao fluxo de atividade de investimento está relacionada à compra 
ou venda dos ativos de longo prazo e investimento que não seja incluído nos 
equivalentes de caixa utilizado para produzir bens e serviços. Assim, todas estas 
movimentações, que afetaram o caixa, tanto para mais ou para menos, deverão 
estar incluídos no fluxo de atividade de investimento. 
Já o fluxo de atividade de financiamento é aquele que resulta em 
mudanças no tamanho e na elaboração do capital próprio e endividamento da 
organização. Logo, toda a movimentação, para mais ou para menos, que afetar o 
caixa e seu equivalente e que resulte de uma atividade de financiamento deverá 
ser demonstrado neste fluxo de atividade. (CPC 03, 2011).
Uma das utilidades em separar a demonstração do fluxo de caixa em 
fluxo de atividades está na possibilidade de avaliação de cada um desses fluxos 
UNIDADE 3 | NOVA DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E COMPLEMENTOS
156
e identificar de onde vem a maior parte do caixa e seu equivalente de caixa da 
empresa.
Como forma de elaboração, a legislação e os órgãos reguladores adotam 
duas possibilidades, conhecidas como método direto e método indireto. Porém, 
destaca-se que nem a legislação ou qualquer órgão regulador brasileiro exige que 
as empresas publiquem a sua demonstração do fluxo de caixa por um ou outro 
método, isto é, fica a escolha da empresa o método a ser utilizado por ela. 
2 DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA - DFC
Para que as normas contábeis nacionais estejam alinhadas às normas 
internacionais a Demonstração do Fluxo de Caixa passou a fazer parte do conjunto 
obrigatório de demonstrações contábeis a partir da aprovação da Lei nº 11.638/07. 
Com a publicação de tal demonstração, as empresas não mais estão obrigadas a 
publicar a Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR). 
De uma forma geral, a demonstração do fluxo de caixa evidencia a origem 
de todo o dinheiro e equivalentes de caixa que entraram no caixa da empresa 
e toda a aplicação do dinheiro que saiu do caixa em determinado período, 
demonstra ainda o resultado o fluxo financeiro da organização. (MARION, 2009).
A Demonstração do Fluxo de Caixa é regulamentada pela Resolução CFC 
nº 1.125/08 e nº 1.296/10, pela CVM na sua Deliberação nº 547/08 e pelo BACEN 
(Banco Central do Brasil) em sua Resolução nº 3.64/08 e pelo CPC nº 9/08.
2.1 EMPRESAS OBRIGADAS A ELABORAR A 
DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA - DFC
As empresas classificadas como capital aberto deverão auditar e publicar 
a partir de 01/01/2008 a demonstração do fluxo de caixa. Conjuntamente a estas 
empresas as organizações classificadas como de capital fechado também, estarão 
sujeitas à obrigatoriedade da elaboração e publicação de tal demonstração. 
(AZEVEDO, 2010).
Porém, quando uma companhia fechada tiver seu patrimônio líquido 
na data do balanço patrimonial inferior a R$ 2.000.000,00, ela estará isenta à 
elaboração e publicação da demonstração do fluxo de caixa.
As sociedades de grande porte também deverão auditar e publicar a DFC, 
nos pré-requisitos da legislação societária, uma vez que elas estão sujeitas a tal 
legislação, ou seja, a Lei nº 6.404/76 e a Lei nº 11.638/07.
Ainda estão obrigadas a elaborar esta demonstração as Sociedades Mistas 
(S.A. art. 235 da Lei nº 6.404/76). As Sociedades Comandita por Ações (S.A. art. 
280 da Lei nº 6.404/76).
TÓPICO 1 | DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA
157
2 DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA - DFC
2.2 OBJETIVOS E FINALIDADES DA DEMONSTRAÇÃO DO 
FLUXO DE CAIXA – DFC
Na visão de Azevedo (2009), o objetivo de uma demonstração do fluxo 
de caixa tornar transparente a situação financeira de uma entidade, assim 
proporcionar aos usuários uma visão relevante das movimentações de entradas 
e saídas de caixa e equivalentes de caixa de uma organização, em determinado 
momento.
Segundo FIPECAFI (2010), a análise da DFC, junto com as demais 
demonstrações contábeis possibilita a todos os usuários a:
• avaliarem a capacidade de a empresa gerar futuros fluxos líquidos positivos de 
caixa;
• avaliar a capacidade da empresa em honrar com seus compromissos, com o 
pagamento dos dividendos e retornar empréstimos obtidos;
• avaliarem a liquidez, solvência e a flexibilidade da empresa;
• avaliarem a taxa de conversão de lucro em caixa;
• avaliarem a desempenho operacional de diferentes empresas, pois elimina os 
efeitos de distintos tratamentos contábeis para as mesmas transações e eventos;
• avaliarem a precisão das estimativas passadas de fluxos futuros de caixa;
• avaliarem os efeitos, sobre a posição financeira da entidade, das transações de 
investimentos e de financiamentos etc.
• demonstrar de onde (origem) e aonde (destino) está sendo investido o dinheiro;
• demonstrar as necessidades da entidade de financiamentos.
Como finalidade da DFC, Azevedo (2009) comenta que esta demonstração 
evidencia como a empresa gera e aplica seus recursos de caixa e seus equivalentes 
nas atividades desenvolvidas. Já como função da DFC, o mesmo autor afirma que 
ela controla os fluxos de entrada e saída de caixa e seu equivalente, dessa forma, 
gera uma melhor gestão dos recursos obtidos pela organização, uma adequada 
transparência das operações e possibilita ainda que a empresa tenha desvios 
financeiros.
UNIDADE 3 | NOVA DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E COMPLEMENTOS
158
2.2.1 Caixa e equivalentes de caixa
Para fins de demonstração do fluxo de caixa o conceito de caixa foi 
ampliado, segundo FIPECAFI (2010), com o objetivo de contemplar também os 
investimentos considerados equivalentes de caixa. Os autores argumentam que 
tal alteração ocorre devido ao entendimento de que as empresas, de uma forma 
geral, aplicam as sobras dos caixas em investimentos temporários de curto prazo, 
a fim de evitar as perdas a que tais valores estariam sujeitos quando expostas em 
contas não remuneradas.
Assim, o CPC 03 – Demonstração do Fluxo de Caixa, o caixa engloba 
numerários em espécie e depósitos bancários disponíveis, já os equivalentes 
de caixa são as aplicações financeiras de curto prazo, de alta liquidez que são 
prontamente conversíveis em um montante conhecido de caixa e que estão 
sujeitas a um insignificante risco de mudança de valor.
Dessa forma, para que um investimento seja classificado como um 
equivalente de caixa é necessário o atendimento dos três pré-requisitos: 
a) ser de curto prazo;
b) ser de alta liquidez;
c) apresentar insignificante risco de mudança de valor.
O CPC 03 (2011) não limita os investimentos considerados como 
equivalentes de caixa, porém menciona como tal os investimentos que tenham 
vencimento em até três meses em relação a sua aquisição. O conceito de equivalente 
de caixa equivale utilizado pelo CPC é o mesmo conceito estipulado pelo IASB e 
FASB. Destaca-se que os investimentos que estiverem a três meses, ou menos, de 
seu vencimento não poderão ser reclassificados como equivalentes de caixa, pois 
o fato de efetuar essa reclassificação sugere efeito no fluxo de caixa e na realidade 
isto não ocorre.
Como nem todo investimento que atenda às definições devem ser 
tratadas como equivalentes de caixa, a FIPECAFI (2010) recomendam observar 
a prática da empresa na gestão do caixa e destes investimentos. Como existe 
uma variedade muito grande dessa gestão, o FASB recomenda a evidenciação 
em notas explicativas dos critérios que a empresa considera na definição de suas 
aplicações em equivalente de caixa. 
Quanto ao IASB, este órgão exige que as empresas descrevam seus 
investimentos, e não os critérios, nas notas explicativas. Quanto ao CPC 03 (2011), 
este exige que as entidades evidenciem os componentes de caixa e equivalentes 
de caixa, como também a politica que ela adota para sua determinação.
TÓPICO 1 | DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA
159
O pronunciamento técnico que trata da Demonstração do Fluxo de Caixa é o 
CPC 03 – Demonstraçãode Fluxo de Caixa, a que você poderá ter acesso pelo sitio: <www.
cpc.org.br>.
ATENCAO
2.3 TRANSAÇÕES QUE AFETAM O CAIXA
Na sequência serão evidenciados os principais movimentos realizados 
pela empresa que afetam o caixa de uma entidade, segundo Marion (2009). 
Movimentos que aumentam o caixa 
a) Integralização do capital pelos sócios ou acionistas: a integralização pelos 
sócios ou acionistas em dinheiro afeta o caixa da empresa, porém se esta 
integralização for realizada em móveis, estoque ou outro que não seja dinheiro, 
tal movimentação não afetará o caixa.
b) Empréstimos bancários e financiamentos: são os recursos financeiros de uma 
empresa financeira. Comumente estes empréstimos são utilizados como capital 
de giro (circulante) e financiamentos para a aquisição de ativo imobilizado.
c) Venda de itens do ativo não circulante: tal movimentação não é comum, 
porém há empresas que realizam a venda de um imobilizado, assim teremos 
uma entrada de recursos financeiros.
d) Venda à vista e recebimento de duplicatas a receber: esta é a principal fonte 
de recurso do caixa de uma organização.
e) Outras entradas: juros recebidos, dividendos recebidos de outras entidades, 
indenizações de seguros recebidas etc.
Movimentos que diminuem o caixa 
a) Pagamento de dividendos aos acionistas: se os investimentos realizados pelos 
acionistas representam uma entrada no caixa, o pagamento de dividendos a 
estes representam uma saída do caixa.
b) Pagamentos de juros e amortização da dívida: tanto o resgate das obrigações 
junto à instituição financeira quanto os encargos financeiros (juros, comissões 
etc.), significam uma saída de caixa.
c) Aquisição de item do ativo imobilizado, investimento e intangível: as 
aquisições à vista de itens do imobilizado e de seus subgrupos representam 
uma saída do caixa.
d) Compra à vista e pagamentos a fornecedores: estas saídas representam as 
saídas numerárias referentes à matéria-prima e material secundário.
e) Pagamento de despesas/custo, contas a pagar e outros: estes desembolsos 
referentes a despesas administrativas, de vendas, com itens do custo e outros 
representam uma saída do caixa.
UNIDADE 3 | NOVA DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E COMPLEMENTOS
160
Movimentos que não afetam o caixa
a) Depreciação, Amortização e Exaustão: são meras reduções do ativo e elas não 
afetam o caixa da empresa.
b) Provisão para devedores duvidosos: são estimativas de prováveis perdas com 
clientes e elas não afetam o caixa da empresa.
c) Acréscimo (ou diminuições) de itens de investimentos pelo método de 
equivalência patrimonial: não afeta o caixa da empresa.
2.4 CLASSIFICAÇÃO DAS MOVIMENTAÇÕES EM FLUXO 
DE ATIVIDADES
Para que exista um alinhamento entre as normas nacionais e internacionais 
de contabilidade com relação à Demonstração do Fluxo de Caixa, esta demonstração 
deve ser apresentada classificando as movimentações do caixa e equivalente em 
três grandes fluxos de atividades, sendo eles: atividades operacionais, atividades 
de investimentos e atividades de financiamentos.
A apresentação da DFC em fluxos de atividades leva aos usuários 
informações que tornam possível uma avaliação do impacto das atividades da 
empresa em sua posição patrimonial e o montante do caixa e de seu equivalente 
de caixa. Esta forma de apresentação possibilita também, uma avaliação na 
relação entre estas atividades, ou seja, de onde vem a maior parte do caixa e 
equivalentes de caixa da empresa de atividades operacionais, de investimento ou 
de financiamento. (FIPECAFI, 2010).
2.4.1 Atividades operacionais
As atividades operacionais são consideradas as principais atividades que 
geram receita na empresa. Assim observa-se que estas contas são o resultado do 
objetivo fim da entidade. Azevedo (2009) argumenta que este grupo também 
deve ser composto por outras receitas que resultem de atividades que não sejam 
de investimentos e de financiamentos. 
FIPECAFI (2010) afirma que estas movimentações operacionais, 
normalmente são transações que estão relacionadas na demonstração do 
resultado do exercício. Marion (2009) segue complementando que a relação entre 
as movimentações operacionais demonstradas na DFC e na DRE, faz com que 
estas duas demonstrações contábeis estejam mais ligadas uma à outra.
O Comitê de Pronunciamentos Contábeis em seu CPC 03 (2011) também 
comenta o fluxo de atividades operacionais que é o indicador chave da extensão 
em que as operações da entidade têm gerado suficientes fluxos de caixa para 
amortizar empréstimos, manter a capacidade operacional da entidade, pagar 
TÓPICO 1 | DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA
161
dividendos (ou juros sobre o capital próprio, que no Brasil se assemelham a 
dividendos) e fazer novos investimentos sem recorrer a fontes externas de 
financiamento. 
As informações sobre os componentes específicos dos fluxos de caixa 
operacionais históricos são úteis, em conjunto com outras informações, na 
projeção de futuros fluxos de caixa operacionais. 
Como exemplos de fluxo de caixa que decorrem de atividades operacionais, 
a Resolução CFC nº 1.296/10 apresenta: 
(a) recebimentos de caixa pela venda de mercadorias e pela prestação de serviços; 
(b) recebimentos de caixa decorrentes de royalties, honorários, comissões e outras 
receitas;
(c) pagamentos de caixa a fornecedores de mercadorias e serviços; 
(d) pagamentos de caixa a empregados ou por conta de empregados; 
(e) recebimentos e pagamentos de caixa por seguradora de prêmios e sinistros, 
anuidades e outros benefícios da apólice; 
(f) pagamentos ou restituição de caixa de impostos sobre a renda, a menos que 
possam ser especificamente identificados com as atividades de financiamento 
ou de investimento; e recebimentos e pagamentos de caixa de contratos 
mantidos para negociação imediata ou disponíveis para venda futura.
Entre esses fluxos de caixas classificados como atividades operacionais, 
temos o fluxo considerado como entrada e temos o fluxo considerado como saída. 
Nesse sentido, como exemplo de movimentações de entradas classificadas como 
atividades operacionais FIPECAFI (2010) apresenta:
• recebimento pela venda de produtos e serviços à vista; 
• recebimento de juros sobre empréstimos concedidos e sobre aplicações 
financeiras em outras entidades;
• recebimento de dividendos e juros sobre capital próprio pela participação no 
patrimônio da outra empresa;
• qualquer outro recebimento que não seja originário de transações definidas 
como de investimento e de financiamento, como por exemplo: reembolso de 
fornecedores, indenizações de sinistro, exceto aquelas diretamente relacionada 
a atividades de investimentos, como o sinistro em uma edificação, por exemplo;
• recebimento de aluguéis, royalties, direito de franquia e vendas de ativos 
produzidos ou adquiridos para esse fim (como no caso de venda de carros 
destinados a aluguel).
Como exemplo de movimentações de saídas classificadas como atividades 
operacionais, FIPECAFI (2010) apresenta:
• pagamentos a fornecedores referentes ao suprimento de mercadorias ou 
matéria-prima e outros materiais para produzir o bem de venda;
UNIDADE 3 | NOVA DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E COMPLEMENTOS
162
• pagamento aos fornecedores de outros insumos de produção, incluindo 
serviços prestados a terceiros;
• pagamento ao governo federal, estadual e municipal, referente a impostos, 
multas alfandegárias e outros tributos e taxas, exceto quando especificamente 
identificados como as atividades de financiamento ou de investimento;
• pagamento de juros (despesas financeiras) dos financiamentos (comerciais e 
bancários) obtidos;
• pagamento para produção ou aquisição de ativos destinados a aluguel e 
subsequente venda (como no caso de compras de veículos destinados a aluguel 
e na sequência venda).
2.4.2 Atividades de investimento
As atividades de investimento são referentes ao aumento ou diminuição, 
ou seja, aquisição e/ou venda de ativos de longo prazo e investimento não incluído 
nos equivalentes de caixa que a empresa utilizapara produzir bens ou serviços. 
A divulgação em separado dos fluxos de caixa decorrentes das atividades 
de investimento é importante porque tais fluxos de caixa representam a extensão 
em que dispêndios de recursos são feitos pela entidade com a finalidade de gerar 
receitas e fluxos de caixa no futuro.
De acordo com a Resolução CFC nº 1.296/10, a divulgação em separado 
dos fluxos de caixa advindos das atividades de investimento é importante em 
função de tais fluxos de caixa representarem a extensão em que os dispêndios 
de recursos são feitos pela entidade com a finalidade de gerar lucros e fluxos 
de caixa no futuro. Somente desembolsos que resultam em ativo reconhecido 
nas demonstrações contábeis são passíveis de classificação como atividades de 
investimento. 
Assim, como exemplos de fluxos de caixa advindos das atividades 
operacionais, a Resolução CFC nº 1.296/10 classifica como fluxo de caixa de 
atividade de investimento:
(a) pagamentos em caixa para aquisição de ativo imobilizado, intangíveis e outros 
ativos de longo prazo. Esses pagamentos incluem aqueles relacionados aos 
custos de desenvolvimento ativados e aos ativos imobilizados de construção 
própria; 
(b) recebimentos de caixa resultantes da venda de ativo imobilizado, intangíveis 
e outros ativos de longo prazo; 
(c) pagamentos em caixa para aquisição de instrumentos patrimoniais ou 
instrumentos de dívida de outras entidades e participações societárias em 
joint ventures (exceto aqueles pagamentos referentes a títulos considerados 
como equivalentes de caixa ou aqueles mantidos para negociação imediata ou 
futura); 
TÓPICO 1 | DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA
163
2.4.2 Atividades de investimento
(d) recebimentos de caixa provenientes da venda de instrumentos patrimoniais 
ou instrumentos de dívida de outras entidades e participações societárias em 
joint ventures (exceto aqueles recebimentos referentes aos títulos considerados 
como equivalentes de caixa e aqueles mantidos para negociação imediata ou 
futura);
(e) adiantamentos em caixa e empréstimos feitos a terceiros (exceto aqueles 
adiantamentos e empréstimos feitos por instituição financeira); 
(f) recebimentos de caixa pela liquidação de adiantamentos ou amortização 
de empréstimos concedidos a terceiros (exceto aqueles adiantamentos e 
empréstimos de instituição financeira); 
(g) pagamentos em caixa por contratos futuros, a termo, de opção e swap, exceto 
quando tais contratos forem mantidos para negociação imediata ou futura, ou 
os pagamentos forem classificados como atividades de financiamento; e
(h) recebimentos de caixa por contratos futuros, a termo, de opção e swap, 
exceto quando tais contratos forem mantidos para negociação imediata ou 
venda futura, ou os recebimentos forem classificados como atividades de 
financiamento.
Entre esses fluxos de caixas classificados como atividades de investimento, 
assim como nos fluxos operacionais, temos o fluxo considerado como entrada 
e temos o fluxo considerado como saída. Nesse sentido, como exemplo de 
movimentações de entradas classificadas como atividades operacionais, 
FIPECAFI (2010) apresenta:
• recebimento resultantes de vendas de imobilizado, intangível e de outros 
ativos não circulantes utilizados na produção;
• recebimento pela venda de participações em outras empresas ou instrumentos 
de dívidas de outras entidades e participações societárias em Joint Ventures, 
exceto os recebimentos referentes a títulos e mantidos para negociação;
• resgate do principal de aplicações financeiras não classificadas como 
equivalentes de caixa;
• recebimento referente a contratos futuros, a termo, de opção e swap, exceto 
quando tais contratos forem mantidos para negociação imediata ou venda 
futura ou quando classificado como atividade de financiamento;
• recebimento de caixa por liquidação de adiantamento de amortização de 
empréstimos concedidos a terceiros (exceto adiantamentos e empréstimos de 
uma instituição financeira).
Como exemplo de movimentações de saídas classificadas como atividades 
de investimento FIPECAFI (2010) apresenta:
• pagamento, no momento da compra ou da data próxima a esta, de terceiros, 
edificações, equipamentos ou outros ativos fixos utilizados na produção 
referente à aquisição de ativos imobilizado; o mesmo com relação a ativo 
intangível ou propriedade para investimento;
• pagamentos pela aquisição de títulos patrimoniais de outras empresa ou 
instrumentos de dívida de outras entidades e participações societárias em 
UNIDADE 3 | NOVA DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E COMPLEMENTOS
164
Joint Ventures, exceto os desembolsos referentes a títulos classificados como 
equivalentes de caixa ou mantidos para negociação;
• desembolso dos empréstimos concedidos pela empresa e pagamento pela 
aquisição de títulos de investimentos de outras entidades;
• pagamentos de contratos futuros, a termo, de opção e swap, exceto quando tais 
contratos forem mantidos para negociação imediata ou venda futura, exceto 
quando classificados como atividades de financiamento;
• adiantamento de caixa e empréstimos feitos a terceiros (exceto adiantamento e 
empréstimos feitos por instituição financeira).
2.4.3 Atividade de financiamento
Os fluxos de caixa das atividades de financiamento são aqueles que resultam 
em mudanças no tamanho e na elaboração do capital própria e endividamento da 
empresa. Segundo a Resolução CFC nº 1.296/10, a divulgação separada dos fluxos 
de caixa advindos das atividades de financiamento é importante por ser útil na 
predição de exigências de fluxos futuros de caixa por parte de fornecedores de 
capital à entidade.
FIPECAFI (2010) complementa a utilidade da segregação em fluxo de 
caixa das atividades de financiamento afirmando que este fluxo é útil para avaliar 
a capacidade da entidade na utilização de recursos externos para financiar as 
atividades operacionais e de financiamento.
Assim, como exemplos de fluxos de caixa das atividades operacionais e 
de investimento a Resolução CFC nº 1.296/10 classifica como fluxo de caixa de 
atividades de financiamento: 
a) caixa recebido pela emissão de ações ou outros instrumentos patrimoniais; 
b) pagamentos em caixa a investidores para adquirir ou resgatar ações da 
entidade; 
c) caixa recebido pela emissão de debêntures, empréstimos, notas promissórias, 
outros títulos de dívida, hipotecas e outros empréstimos de curto e longo 
prazos; 
d) amortização de empréstimos e financiamentos; e 
e) pagamentos em caixa pelo arrendatário para redução do passivo relativo a 
arrendamento mercantil financeiro.
Entre esses fluxos de caixas classificados como atividades de 
financiamento, assim como nos fluxos operacionais e de investimento, temos 
o fluxo considerado como entrada e temos o fluxo considerado como saída. 
Nesse sentido, como exemplo de movimentações de entradas classificadas como 
atividades operacionais, FIPECAFI (2010) apresenta:
TÓPICO 1 | DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA
165
2.4.3 Atividade de financiamento
• venda de ações emitidas;
• empréstimos obtidos no mercado via emissão de letras hipotecárias, notas 
promissórias, debêntures ou outros instrumentos de dívida, de curto ou longo 
prazo;
• recebimento de contribuição de caráter permanente ou temporário, que por 
expressa determinação dos doadores, tem a finalidade escrita de adquirir, 
construir ou expandir a planta instalada, aí incluindo equipamentos ou outros 
ativos de longa duração necessária à produção.
Como exemplo de movimentações de saídas classificadas como atividades 
de financiamento, FIPECAFI (2010) apresenta:
• pagamento de dividendos e juros sobre capital próprio ou outras distribuições 
aos donos, inclusive o resgate de ações da própria empresa;
• pagamento de empréstimos obtidos (exceto juros);
• pagamento do principal referente a imobilizado adquirido a prazo, pagamento 
do principal do arrendamento mercantil financeiro.
2.5 MOVIMENTAÇÕES DE INVESTIMENTO E DE 
FINANCIAMENTOS QUE NÃO AFETAM O CAIXA DA 
EMPRESA
Segundo Marion (2009),há movimentações nas atividades de investimento 
e de financiamento que não afetam o caixa da empresa e assim devem ser 
evidenciadas em Notas Explicativas, sendo elas:
• dívidas convertidas em aumento de capital;
• compra de imobilizado por meio de passivo específico, podendo ser letras 
hipotecárias, contrato de alienação fiduciária etc.;
• compra de imobilizado por meio de contrato de arrendamento mercantil;
• bens obtidos por doações;
• quando da troca de passivo ou ativo não caixa por outro ativo ou passivo não 
caixa.
2.6 MÉTODOS DE ELABORAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA
Para elaboração da demonstração do fluxo de caixa existem dois métodos, 
um chamado de método direto e outro chamado de método indireto. No método 
direto, a demonstração do fluxo de caixa é elaborada a partir das movimentações 
do caixa e seus equivalentes. No método indireto, a demonstração do fluxo de 
caixa será elaborada a partir do lucro ou prejuízo do exercício (DRE).
A exigência que a nova legislação faz referente a elaborações da DFC é 
apenas na sua apresentação nos três fluxos comentados anteriormente, fluxo 
operacional, de investimento e de financiamento. 
UNIDADE 3 | NOVA DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E COMPLEMENTOS
166
2.6.1 Método a ser elaborado no Brasil
Com relação à escolha do método que a empresa irá optar na hora de 
elaborar a demonstração do fluxo de caixa, a lei não é rigorosa, porém devem 
observar as normatizações específicas e os órgãos reguladores, pois estes órgãos 
podem estabelecer o modelo de DFC que eles julgarem mais adequados para 
atenderem às necessidades das informações dos usuários. (AZEVEDO, 2009).
Assim, com relação ao método direto e indireto, temos:
IBRACON: para este órgão, segundo sua NPC nº 20/1999, a demonstração do 
fluxo de caixa pode ser apresentada sob as duas formas, porém o IBRACON 
sugere que seja adotado o método indireto.
CVM: ela permite que a empresa escolha entre os dois métodos, porém encoraja 
que as entidades optem pelo método direto.
CPC: o Comitê de Pronunciamentos Contábeis deixou, também, por escolha da 
empresa o método a ser adotado.
CFC: assim como os demais, o Conselho Federal de Contabilidade também deixa 
por opção da empresa a escolha do método de elaboração da demonstração do 
fluxo de caixa, porém em sua Resolução nº 1.159/09, o CFC incentiva a adoção do 
método indireto.
BACEN: este também deixa a critério da empresa o método de elaboração da 
DFC.
2.6.2 Método direto 
Marion (2009) comenta que o fluxo de caixa elaborado pelo método direto 
também pode ser chamado de fluxo de caixa no sentido restrito. O autor afirma 
ainda que neste método será dispendido maior esforço, pois deverá ser feito todo 
o trabalho de segregação das movimentações financeiras, assim necessitando de 
todo o controle para esse fim.
Com relação ao método direto, Azevedo (2009) comenta que ele apresenta 
todas as entradas (origens) e todas as saídas (aplicações) de numerários de caixa 
e de equivalentes de caixa a fim de justificar a variação encontrada nessa conta.
A FIPECAFI (2010) afirma que o modelo direto de elaboração da DFC 
explica as entradas e as saídas brutas de dinheiro dos principais componentes 
das atividades operacionais da empresa. Seguem comentando que o saldo final 
destas operações devem expressar o volume líquido de caixa consumido pelas 
operações durante um período.
TÓPICO 1 | DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA
167
2.6.2 Método direto 
2.6.3 Método indireto 
O método de elaboração indireto da Demonstração do Fluxo faz a 
conciliação entre o lucro líquido do exercício e o caixa gerado pelas operações 
da empresa. Segundo Iudícibus (2010), neste método, parte-se do lucro líquido 
evidenciado na Demonstração do Resultado do Exercício, realizando-se os ajustes 
necessários, para chegar às disponibilidades geradas pela entidade.
Assim, a elaboração da DFC pelo método indireto se inicia pelo lucro 
líquido evidenciado na DRE até chegar ao fluxo de caixa, realizando os ajustes 
dos valores que não afetam o caixa da empresa. Azevedo (2009) afirma que 
neste método existe a vantagem da conciliação entre o lucro líquido e o caixa da 
companhia.
Independente do método utilizado pela empresa na elaboração da 
Demonstração do Fluxo de Caixa, o resultado apurado é o mesmo, tanto pelo método 
indireto e no método direto.
ATENCAO
FIPECAFI (2010) asseveram a necessidades de retirar do lucro líquido os 
itens que tenham efeito no caixa de atividades de investimento ou se financiamento, 
como por exemplo, depreciação, amortização de intangíveis, ganhos ou perdas na 
venda de imobilizados e/ou operações em descontinuidades, devem ser retirados 
também, ganhos ou perdas na baixa de empréstimos.
Os ajustes realizados no lucro líquido quando a demonstração do fluxo de 
caixa é elaborado pelo método indireto ocorrem porque o lucro líquido (ou prejuízo 
líquido) é retirado da DRE e esta última demonstração é elaborada pelo regime 
de competência, ou seja, neste resultado líquido foram lançados contabilmente 
todas as despesas e receitas incorridas no período, mas não efetivamente foram 
realizadas (pagas ou recebidas).
2.7 DIFERENÇAS ENTRE OS MÉTODOS DIRETO E INDIRETO
As principais diferenças entre os dois métodos de elaboração da 
demonstração do fluxo de caixa será evidenciado de acordo com Azevedo (2009):
1ª diferença: a principal diferença entre os dois métodos está apenas no 
fluxo de atividade operacional.
UNIDADE 3 | NOVA DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E COMPLEMENTOS
168
2ª diferença: no método indireto o fluxo de caixa operacional é iniciado 
pelo lucro ou prejuízo líquido do exercício, em seguida, são realizados os ajustes 
a fim de chegar ao mesmo valor obtido pelo método direto. No método direto, o 
fluxo de caixa das atividades operacionais é indicado pela demonstração de todas 
as movimentações ocorridas no caixa e equivalente de caixa.
3ª diferença: pelo método direto, na atividade operacional estão 
demonstradas todas as movimentações de recebimento e de pagamento 
diretamente realizado pelo caixa e equivalente de caixa da empresa, isto é, 
evidencia toda a origem e a aplicação do dinheiro da organização.
4ª diferença: no método indireto, não são demonstradas as movimentações 
do caixa e equivalente de caixa, porém deve mostrar a mesma importância de fluxo 
de caixa líquido das atividades operacionais indiretamente, ajustando o lucro 
líquido para reconciliá-lo ao fluxo de caixa líquido das atividades operacionais, 
eliminando os efeitos:
a) das transações que não envolveram o caixa da empresa, como, depreciação, 
provisões, impostos diferidos, variações cambiais não realizadas, resultado de 
equivalência patrimonial em investimento e participações de minoritários
b) qualquer deferimento ou outras apropriações por competência sobre 
recebimento ou pagamentos operacionais passados ou futuros.
c) de mudanças ocorridas no estoque no decorrer do período e nas contas 
operacionais a receber e a pagar.
d) e de todos os outros itens cujo efeito sobre o caixa seja decorrente de atividades 
de investimento ou de atividade de financiamento.
Nos fluxos de atividade de investimento e de financiamento não existe diferença, 
independente do método escolhido pela empresa na elaboração da demonstração do fluxo 
de caixa, ou seja, componentes e valores são iguais.
ATENCAO
2.8 VANTAGENS E DESVANTAGENS ENTRE OS DOIS 
MÉTODOS
Destaca-se que não há como dizer qual o método é o melhor, pois os 
dois geram informações importantes sobre o caixa e o equivalente de caixa de 
uma empresa. Enfatizamos também, que o resultado final evidenciado pela 
demonstração do fluxo de caixa é o mesmo independente do método escolhido 
pela organização, assim como o valor final apresentado nos fluxos de atividade 
operacional, de investimento e de financiamento. (AZEVEDO, 2009).
TÓPICO 1 | DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA
169
Todavia, existem algumas vantagens e desvantagens entre os dois 
métodos, de acordo com Azevedo (2009), sendo elas:
Vantagens do método direto:
• criacondições favoráveis para que a classificações dos recebimentos e 
pagamentos sigam critérios técnicos/gerenciais e não fiscais;
• facilita que a empresa desenvolva a cultura de administrar a organização 
utilizando as informações do caixa da organização;
• as informações do caixa podem estar disponíveis diariamente nas empresas.
Desvantagens do método direto:
• gerar um custo adicional para se classificar ou controlar os recebimentos e 
pagamentos;
• falta de experiência do profissional das áreas contábeis e financeiras.
Vantagens do método indireto: 
• há baixo custo na sua elaboração, pois neste método se utiliza o balanço 
patrimonial do início do período e o balanço patrimonial do final do período, 
a demonstração do resultado do exercício e outras informações contábeis 
complementares;
• concilia o lucro líquido, aquele alcançado pelo regime de competência, 
com o fluxo de caixa operacional líquido, elaborado pelo regime de caixa, 
evidenciando como se compõe esta diferença entre eles.
Desvantagens do método indireto:
• gasta-se mais tempo para gerar as informações pelo regime de competência e 
depois mais tempo para convertê-las pelo regime de caixa;
• quando houver interferência da legislação fiscal na contabilidade da empresa, 
deve-se ter o cuidado de eliminar os seus respectivos efeitos.
2.9 ESTRUTURA DA DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA
Como foi visto anteriormente, a Demonstração do Fluxo de Caixa pode ser 
elaborado por dois métodos, ou seja, pelo método direto e pelo método indireto. 
Porém, em ambos os casos, nesta demonstração, são evidenciados três fluxos 
de atividades, sendo eles: fluxo de atividade operacional, fluxo de atividade de 
investimento e fluxo de atividade de financiamento.
Assim, temos:
Demonstração do Fluxo de Caixa
UNIDADE 3 | NOVA DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E COMPLEMENTOS
170
Método Direto Método Indireto
1. Fluxo Operacional 1. Fluxo Operacional
(+/-) toda movimentação de entrada e 
saída de dinheiro das contas:
a) Caixa
b) Bancos
c) Equivalentes
(=) Fluxo operacional
Parte do Lucro Líquido do Exercício
(+/-) Ajustes de valores contidos na DRE 
que não influenciam no caixa/banco
(+/-) Ajustes das contas patrimoniais 
operacionais (exceto caixa/banco e inv./
Imob./Int.)
(=) Fluxo operacional.
2. Fluxo de Investimento 2. Fluxo de Investimento
3. Fluxo de Financiamento 3. Fluxo de Financiamento
(=) Variações do Caixa/Banco e 
equivalentes (1+2+3)
(=) Variações do Caixa/ Banco e 
equivalentes (1+2+3)
Saldo final das contas Caixa/ Banco e 
equivalentes
Saldo final das contas Caixa/ Banco e 
equivalentes
Saldo inicial das contas Caixa/ Banco e 
equivalentes
Saldo inicial das contas Caixa/ Banco e 
equivalentes
(+/-) variação das contas Caixa/ Banco e 
equivalentes
(+/-) variação das contas Caixa/ Banco e 
equivalentes
QUADRO 27 – ESTRUTURA DA DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA
FONTE: Adaptado de: Azevedo (2009)
De acordo com a estrutura apresentada da DFC no quadro anterior, 
observa-se que independente do método escolhido, a DFC deverá conter os três 
fluxos de caixa: operacional, investimento e do financiamento.
2.9.1 Elaboração da demonstração do fluxo de caixa 
pelo método direto
Como já vimos anteriormente, a elaboração da DFC pelo método direto 
consiste em apurar e informar as entradas e saídas de caixa das atividades 
operacionais por seu recebimento de vendas. A demonstração do fluxo de caixa 
será elaborada de acordo com o exemplo apresentado por Marion (2009).
Para se elaborar uma DFC é necessário ter as seguintes demonstrações 
contábeis:
• Balanço Patrimonial.
• Demonstração do Resultado do Exercício.
• Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados.
TÓPICO 1 | DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA
171
Assim, iremos admitir que a empresa Alfa (empresa comercial) 
apresentasse as seguintes Demonstrações Financeiras:
Balanço Patrimonial
Cia. Alfa
Ativo Passivo e Patrimônio Líquido
31/12/
X1
31/12/
X2
31/12/
X1
31/12/
X2
Circulante Circulante
Disponível (1) 1.500 2.300 Fornecedores (8) 1.000 2.000
Duplicatas a 
Receber (2) 500 1.000
Empréstimos 
bancários (9) 1.000 1.470
Estoque 1.000 1.500 Imposto de Renda a Pagar (10) - 1.050
Total do 
Circulante 3.000 4.800 Total do Circulante 2.000 4.520
Não Circulante
Imobilizado Patrimônio Liquido
Móveis e 
Utensílios (4) 1.200 1.500 Capital (11) 4.500 6.000
(-) Depreciação 
acumulada (5) (200) (320)
Lucros Acumulados 
(12) - 1.100
Terreno (6) 2.000 3.000
Investimento
Participação em 
outras empresas 
(7)
500 2.640
Total 3.500 6.820
Total do Ativo 3.500 6.820 Passivo + PL 6.500 11.620
QUADRO 28 – BALANÇO PATRIMONIAL CIA. ALFA
FONTE: Adaptado de: Marion (2009)
UNIDADE 3 | NOVA DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E COMPLEMENTOS
172
Demonstração do Resultado do Exercício
Cia. Alfa
Receita Bruta (13) 10.000
(-) CMV (14) (5.500)
Lucro Bruto 4.500
(-) Despesas Operacionais
Vendas (15) (500)
Administrativa (16) (380)
Depreciação (17) (120)
Outras despesas (18) (500)
Lucro Operacional 3.000
(-) Provisão Para Imposto de Renda (19) (1.050)
Lucro Líquido 1.950
QUADRO 29 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO DA CIA. ALFA
FONTE: Adaptado de: Marion (2009)
Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados
Cia. Alfa
Saldo em 1/1/X2 0
(+) Lucro do Exercício 1.950
(-) Distribuição de Dividendos (850)
Saldo em 31/12/X2 1.100
QUADRO 30 – DEMONSTRAÇÃO DOS LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOS DA 
CIA. ALFA
FONTE: Adaptado de: Marion (2009)
Observação: Já vimos que pela nova legislação (Lei nº 11.638/07) não 
deveriam constar valores nesta conta, ou seja, o saldo deveria ser zero. Porém, 
para título de elaboração da DFC, vamos considerar que a Cia. Alfa não está 
sujeita a esta legislação.
Elaboração da Demonstração do Fluxo de Caixa da Cia. Alfa 
A DFC consiste em analisar item por item que afetou o caixa da empresa 
no período. Assim, o primeiro passo é identificar qual foi a variação do caixa 
entre os períodos, para então identificarmos os motivos de tal variação.
Variação do Caixa
TÓPICO 1 | DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA
173
(1) Disponível 31/12/X11.500
31/12/X2
2.300
Aumento
800
QUADRO 28 – VARIAÇÃO DO CAIXA NO PERÍODO DE X1 PARA X2
FONTE: Adaptado de: Marion (2009)
Sabemos que é exatamente a conta objeto de análise. Neste caso identificado 
como disponibilidade. De acordo com o observado no quadro anterior, o caixa da 
Cia. Alfa teve uma variação, do período de X1 para X2 de 800. Assim, identificamos 
um aumento do ano X1 para o ano X2 nas disponibilidades da empresa de 800 
(2.300 – 1.500). Agora iremos analisar item a item a fim de identificar os motivos 
que contribuíram para o acréscimo no disponível da Cia. Alfa no valor de 800.
Observa-se que a conta Duplicatas a Receber origina-se de vendas a prazo. 
Dessa forma, há uma ligação forte entre essas duas variáveis, ou seja, se não 
existir a receita a prazo não existirá a duplicatas a receber. Assim, nossa análise 
será conjunta: Duplicata a Receber + Vendas a Prazo.
Notamos que na DRE o valor de receita bruta é de 10.000. Não há como 
saber ser esse valor é originário de vendas a prazo ou vendas à vista. Porém, o que 
interessa para a Demonstração do Fluxo de Caixa é o quanto entrou em dinheiro 
decorrente de vendas. Assim, não importa se as vendas foram a prazo ou à vista.
Para identificarmos o quanto entrou de dinheiro no caixa da Cia. Alfa 
decorrente de vendas no ano de X2, podemos partir de dois raciocínios:
(2) Duplicatas a receber 31/12/X1500
31/12/X2
1.000
QUADRO 31 – VARIAÇÃO DA CONTA DUPLICATAS A RECEBER DE X1 PARA X2
FONTE: Adaptado de: Marion (2009)
No início de X2, a Cia. Alfa tem a receber o valor de R$ 500,00 referentes a 
vendas de 20X1. Admitindo-se que ela tenha recebido totalmente essas duplicatas 
em X2, então entraram no caixa da empresa o valor de R$ 500,00. Assim, não se 
tem mais nada de duplicatas a receber de X1. Portanto, o saldo de 1.000 em 31/12/
X2 refere-se apenas e exclusivamente às vendas de X2.
Dessa forma, se a Cia. Alfa vendeu 10.000 em X2 e tem a receber o valor de 
1.000 (saldoda conta duplicatas a receber em 31/12/X2 – BP), entraram no caixa 
da empresa o valor de 9.000 decorrentes dessas vendas (10.000 vendido – 1.000 a 
receber).
UNIDADE 3 | NOVA DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E COMPLEMENTOS
174
Logo: em X2 entraram para o caixa:
500 decorrentes das vendas de X1
9.000 decorrentes das vendas de X2
9.500 total do recebimento.
(2b) Outra forma de analisarmos seria considerando que as vendas de X2 
foram realizadas totalmente a prazo. Nesse caso, teríamos:
500 referentes a duplicatas a receber no início de X2;
+ 10.000 referentes a vendas a prazo em 20X2;
10.500 - total de duplicatas a receber em 31/12/20X2.
Observando o balanço patrimonial da Cia. Alfa não há 10.500 em 
duplicatas a receber, há apenas o valor de 1.000. Logo significa que a empresa 
recebeu a diferença, isto é, 9.500 (10.500 – 1.000).
(3) Estoque 31/12/X11.000
31/12/X2
1.500
QUADRO 32 – VARIAÇÃO DA CONTA ESTOQUE DE X1 PARA X2
FONTE: Adaptado de: Marion (2009)
Segundo Marion (2009), a conta estoque, por si só, não influencia no fluxo 
de caixa. No momento que em o estoque se forma há um desembolso referente 
à compra de matérias-primas, material secundário ou referente a custos no caso 
de indústria. Entretanto, consideramos cada componente individualmente. 
Na venda do estoque se observa a relação entre a venda à vista ou no futuro 
(duplicatas a receber) vendas à prazo. Assim, este já foi considerado.
(4) Móveis e Utensílios 31/12/X11.200
31/12/X2
1.500
QUADRO 33 – VARIAÇÃO DA CONTA MÓVEIS E UTENSÍLIOS DE X1 PARA X2
FONTE: Adaptado de: Marion (2009)
A conta Móveis e Utensílios aumentou em R$ 300,00. Isto significa que a 
Cia. Alfa comprou mais destes móveis e utensílios. Assim, houve um pagamento 
para essa compra (saída de dinheiro), pelo valor de R$ 300,00. 
Todavia, surge a preocupação em saber se a compra foi à vista com 
recursos próprios ou financiada. Assim, uma preocupação básica é saber se a 
empresa comprou este imobilizado à vista (tendo uma saída de caixa) ou se foi 
financiada.
TÓPICO 1 | DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA
175
Quando a compra ocorre com pagamento à vista, não haverá dificuldade 
em elaborar o DFC da empresa. Quando financiada a compra duas possibilidades 
podem ocorrer. A primeira quando a empresa busca financiamentos de instituições 
financeiras e compra o bem ou direto a vista, a segunda, mesmo sendo a menos 
comum, é o financiamento destes itens pelo vendedor.
Na ocorrência da primeira hipótese, o dinheiro é creditado pela empresa 
financeira na conta da organização solicitante. Quando a organização compra à 
vista, haverá uma entrada de dinheiro no caixa na sua liberação do dinheiro pela 
empresa financiadora e uma saída de dinheiro do caixa por ocasião da compra.
Na segunda possibilidade, há uma obrigação com o fornecedor do bem ou 
direito comprado. Dessa forma, haverá saída parcial de dinheiro do caixa quando 
há, por exemplo, uma entrada (uma primeira parte do pagamento. Outra saída 
do caixa acontecerá por ocasião da amortização da dívida).
(5) Depreciação 31/12/X1200
31/12/X2
320
QUADRO 34 – VARIAÇÃO DA CONTA DEPRECIAÇÃO DE X1 PARA X2
FONTE: Adaptado de: Marion (2009)
A depreciação é uma parcela do valor do bem do imobilizado considerado 
como despesa ou custo. O valor é decorrente, normalmente, do consumo deste 
bem. Dessa forma, como a depreciação é considerada custo ou despesa, este valor 
não afeta o caixa da empresa, pois é um fenômeno econômico e não financeiro. 
Dessa forma, a depreciação não é considerada na elaboração da Demonstração do 
Fluxo de Caixa.
(6) Terrenos 31/12/X12.000
31/12/X2
3.000
QUADRO 35 – VARIAÇÃO DA CONTA TERRENOS DE X1 PARA X2
FONTE: Adaptado de: Marion (2009)
A empresa adquiriu um novo terreno pelo valor de R$ 1.000 (3.000 – 2.000), 
assim, há uma saída do caixa no valor de R$ 1.000,00. Afirma-se que houve uma 
saída do caixa, pois não há divida referente a terrenos no passivo da empresa, seja 
no circulante ou no longo prazo.
UNIDADE 3 | NOVA DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E COMPLEMENTOS
176
Considera-se que neste exemplo não haja equivalência patrimonial, assim 
conclui-se que houve uma saída (aplicação) do caixa da empresa na compra de 
ações no valor de R$ 2.140,00 (2.640 – 500).
Neste momento foi analisada a última movimentação constante no ativo 
do balanço patrimonial da Cia. Alfa. Agora se passa a analisar as movimentações 
ocorridas no passivo da empresa.
(8) Fornecedores 31/12/X11.000
31/12/X2
2.000
QUADRO 37 – VARIAÇÃO DA CONTA FORNECEDORES DE X1 PARA X2
FONTE: Adaptado de: Marion (2009)
(7) Participação em outras empresas 31/12/X1500
31/12/X2
2.640
QUADRO 36 – VARIAÇÃO DA CONTA PARTICIPAÇÃO EM OUTRAS EMPRESAS DE X1 PARA X2
FONTE: Adaptado de: Marion (2009)
A análise desta conta é aproximada à análise da conta de duplicatas 
a receber. A conta Fornecedores existe apenas por causa de compras a prazo, 
derivante de compras de matéria-prima (caso seja uma indústria) ou mercadoria 
para revenda (caso seja um comércio). Para efeito do fluxo de caixa não é relevante 
identificar se as compras foram realizadas à vista ou a prazo, mas, sim, quanto foi 
pago ao fornecedor referente a tal compra.
Para isto é preciso identificar o valor de compra. As demonstrações não 
evidenciam tal valor, porém a DRE mostra o valor dos Custos de Mercadorias 
Vendidas, e o Balanço Patrimonial mostra os valores dos estoques iniciais e finais.
Sabendo-se que o Custo de Mercadorias Vendidas em uma empresa 
comercial é dado pela fórmula: CVM = EI + COMPRAS – EF, ou seja, o CVM é o 
quanto custou a mercadoria (preço de aquisição) temos:
CVM = EI + COMPRAS – EF
5.500 (DRE) = 1.000 (BP X1) + COMPRAS – 1.500 (BP X2)
5.500 = Compras – 500
Compras = 6.000
De posse do valor das compras, admita-se que o saldo dos fornecedores 
no início do período de X1 (1.000) foi pago em X2. Logo, houve uma saída do 
caixa no valor de 1.000. Portanto, o saldo a pagar no período de X2 no valor de 
2.000, refere-se exclusivamente às aquisições realizadas neste exercício, isto é, X2. 
TÓPICO 1 | DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA
177
Assim, se o total da compra foi de 6.000, foram pagos o valores de 4.000 
(6.000 comprados – 2.000 a pagar). Então o valor total de saída do caixa foi o 
valor de 5.000, ou seja, R$ 1.000,00 (referentes às compras de X1) + R$ 4.000,00 
(referentes às compras de X2).
Outra forma de analisar a saída de caixa referente ao pagamento de 
compras é admitindo-se que todas as compras foram realizadas a prazo:
R$ 1.000,00 referente a fornecedores a pagar no início de X1
R$ 6.000,00 referentes a compras a prazo em X2
R$ 7.000,00 o total da conta Fornecedores a pagar em 31/12/X2, caso a Cia. 
Alfa não tivesse pago nada em termos de compra de mercadorias no decorrer do 
ano.
Observando o balanço patrimonial da Cia. Alfa no em 31/12/X2, observa-
se que a empresa possui em sua conta Fornecedores em X2 o valor de R$ 2.000,00 
apenas, logo significa que a empresa pagou a diferença, isto é, pagou o valor de 
R$ 5.000,00 (7.000 – 2.000) em X2. Assim, há uma saída (aplicação) do caixa no 
valor de R$ 5.000,00.
(9) Empréstimos bancários 31/12/X11.000
31/12/X2
1.470
QUADRO 38 – VARIAÇÃO DA CONTA EMPRÉSTIMOS BANCÁRIOS DE X1 PARA X2
FONTE: Adaptado de: Marion (2009)
Houve um aumento da conta empréstimos bancários entre 31/12/X1 para 
31/12/X2, significa em a Cia. Alfa obteve um empréstimo no valor de R$ 470,00. 
Logo, entra no caixa da empresa o valor de R$ 470,00. 
No entanto, a conta empréstimo bancário e financiamento pode aumentar 
devido à atualização da dívida, como por exemplo, por motivo da variação 
cambial. Enquanto essas obrigações não forem pagas, não afetam o caixa.
(10) Imposto de Renda a Pagar 31/12/X10
31/12/X2
1.050
QUADRO 39 – VARIAÇÃO DA CONTA IMPOSTO DE RENDA A PAGAR DE X1 PARA X2
FONTE: Adaptado de: Marion (2009)
Neste momento, este valor não afeta o caixa, pois se trata apenas do 
reconhecimento de uma dívida com o governo. Este valor afetará o caixa na 
ocasião de seu pagamento.
UNIDADE 3 | NOVADEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E COMPLEMENTOS
178
(11) Imposto de Renda a Pagar 31/12/X14.500
31/12/X2
6.000
QUADRO 40 – VARIAÇÃO DA CONTA DE CAPITAL DE X1 PARA X2
FONTE: Adaptado de: Marion (2009)
Houve uma variação da conta capital no valor de R$ 1.500,00 (6.000 – 
4.500) com recurso dos próprios acionistas. Normalmente, nestes casos, o capital 
é integralizado em dinheiro, representando uma entrada no caixa da empresa. 
Logo temos uma entrada de dinheiro no caixa da empresa no valor de R$ 1.500,00.
(12) Lucros Acumulados 31/12/X10
31/12/X2
1.100
QUADRO 41 – VARIAÇÃO DA CONTA DE LUCROS ACUMULADAS DE X1 PARA X2
FONTE: Adaptado de: Marion (2009)
Normalmente tal conta não afeta o caixa da empresa. Não esquecendo que 
os lucros e as reservas são originárias de receitas e esta conta já foi considerada 
como entrada para o caixa quando analisada a conta Duplicatas a receber.
Analisado o Balanço Patrimonial da empresa passa-se a analisar a 
Demonstração do Resultado do Exercício:
(13) Receita Bruta: já foi analisada conjuntamente com a conta Duplicatas a 
Receber (2).
(14) Custos das Mercadorias Vendidas: já analisada com a conta Fornecedores 
(8).
(15) Despesas Operacionais: significa que todas as despesas foram pagas, pois 
não há obrigações referentes a despesas de vendas evidenciadas no passivo 
circulante da empresa, logo temos uma saída do caixa da empresa no valor 
de R$ 500,00.
(16) Despesas Administrativas: significa que todas as despesas foram pagas, pois 
não há obrigações referentes a despesas administrativas evidenciadas no 
passivo circulante da empresa, logo temos uma saída do caixa da empresa 
no valor de R$ 380,00.
(17) Depreciação: conforme já visto não afeta o caixa da empresa.
(18) Despesas Financeiras: significa que todas as despesas foram pagas, pois 
não há obrigações referentes a despesas de vendas evidenciadas no passivo 
circulante da empresa, logo temos uma saída do caixa da empresa no valor 
de R$ 500,00.
TÓPICO 1 | DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA
179
(19) Provisão para Imposto de Renda: não houve, ainda, saída do caixa da 
empresa, pois tal dívida está evidenciada no passivo circulante da Cia. Alfa, 
logo não foi pago ainda.
(20) Distribuição de Dividendos: Afeta o caixa da empresa, houve um desembolso. 
Todavia, note que os dividendos distribuídos já foram pagos, uma vez que 
não constam como dívida no passivo circulante da empresa.
No quadro a seguir, encontram-se todas as entradas e saídas de dinheiro 
que afetaram o caixa da Cia. Alfa:
Saldo inicial em 20X2 1.050
(+) Entradas (Fontes de recursos)
Recebimento de vendas 9.500
Empréstimos Bancários 470
Integralização de Capital 1.500
Total de entradas 11.470
(-) Saídas (Aplicações de recursos)
Aquisição de Móveis e Utensílios (300)
Aquisição de Terrenos (1.000)
Aquisição de novas ações (2.140)
Pagamento de compras (5.000)
Despesas com vendas (500)
Despesas Administrativas (380)
Despesas Financeiras (500)
Dividendos (850)
Total de Saídas 10.670
Excesso de entras sobre as saídas (11.470 – 10.670) 800
Saldo final em 20X2 (1.500 + 800) 2.300 (1)
QUADRO 42 – DEMONSTRAÇÃO DAS ENTRADAS E SAÍDAS DA CIA. ALFA EM X2
FONTE: Adaptado de: Marion (2009)
Assim, a Demonstração do Fluxo de Caixa da Cia. Alfa será:
Demonstração do Fluxo de Caixa Cia. Alfa 31/12/20X2
UNIDADE 3 | NOVA DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E COMPLEMENTOS
180
Período de 20X2 Em R$ mil
a) Atividades Operacionais
Recebimento de vendas 9.500
(-) Pagamentos de Compras (5.500)
Caixa Bruto obtido nas Operações 4.000
(-) Despesas Operacionais pagas de vendas (500)
(-) Despesas Administrativas (380)
Caixa Gerado no Negócio 3.120
(-) Despesas Financeiras Pagas (500)
Caixa Gerado após as Operações Financeiras 2.620
b) Atividades de Investimentos
(-) Aquisição de Imobilizado e Investimentos 
Móveis e Utensílios (300)
Terrenos (1.000)
Novas ações (2.140) (3.440)
d) Atividades de Financiamentos
Integralização de Capital 1.500
Empréstimos Bancários 470
(-) Dividendos Pagos (850) 1.120
Resultado Final de Caixa 800
Saldo existente em 31/12/X1 1.500
Saldo existente em 31/12/X2 1.800
QUADRO 43 – DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA DA CIA. ALFA EM 31/12/X2
FONTE: Adaptado de: Marion (2009)
No quadro anterior está a Demonstração do Fluxo de Caixa da Cia. Alfa 
demonstrando a variação de R$ 800,00 que a empresa teve em seu caixa do 
exercício de X1 para X2.
2.9.2 Elaboração da Demonstração do Fluxo de Caixa 
pelo Método Indireto
Como as atividades de investimento e de financiamento na demonstração 
do fluxo de caixa são obtidas da mesma forma, será apresentada maior ênfase nas 
atividades operacionais, que conforme visto, é neste fluxo que se diferenciam os 
dois métodos. A elaboração deste método também será de acordo com Marion 
(2009):
TÓPICO 1 | DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA
181
O modelo indireto será elaborado com as mesmas informações, ou seja, 
balanço patrimonial, DRE a DLPA, utilizado para elaboração do método direto.
ATENCAO
2.9.2.1 Técnica para demonstrar as atividades 
operacionais
a) Ajuste do lucro líquido referente a despesas não desembolsáveis:
Existem valores que são subtraídos do lucro líquido obtido na demonstração 
do resultado do exercício, porém não representam um desembolso (saída de 
dinheiro) de fato. Por este motivo, a depreciação deve ser somada novamente, 
pois este item é econômico e não financeiro, ou seja, a depreciação não dignifica 
um desembolso de fato, mas, sim, um fato econômico.
Ajuste do Lucro Líquido no Circulante
• quando a empresa aumenta o seu estoque com dinheiro, leva a uma redução 
do caixa.
• maior número de duplicatas a receber significa retardar o recebimento de 
dinheiro no caixa.
• redução dos valores do estoque e duplicatas a receber significa maior recursos 
no caixa.
• quando os clientes, por exemplo, antecipam pagamentos, diminui-se o 
montante de duplicatas a receber, com isso aumenta-se o caixa da empresa, 
pois o cliente paga sua dívida.
• no entanto, quando existe um aumento na conta de fornecedores no passivo 
circulante, há mais crédito, evita-se saídas de dinheiro do caixa da empresa, e 
ela poderá trabalhar com este dinheiro (a reciproca é verdadeira).
• quando há uma redução no impostos a recolher, o dinheiro que será usado 
para este pagamento poderá ser usado para outro pagamento.
Assim, como regra geral, temos:
a) AUMENTO no ativo circulante provoca uso de dinheiro (caixa); as REDUÇÕES 
do ativo circulante produzem caixa (origem de caixa).
b) AUMENTO do passivo circulante evitam saídas de mais dinheiro, aumentando 
o caixa. REDUÇÃO do passivo circulante significa que o pagamento foi 
realizado, reduzindo o caixa.
c) Para calcular as variações líquidas, basta diminuir o saldo anterior do saldo 
atual das contas do circulante (ATIVO e PASSIVO).
UNIDADE 3 | NOVA DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E COMPLEMENTOS
182
Cálculo das Atividades Operacionais
a) Cálculo do lucro financeiro
Lucro líquido apurado na demonstração do resultado do exercício em X2: 1.950
+ Depreciação 120
Lucro Líquido Financeiro 2.070
b) Cálculo das variações do circulante (capital de giro)
Ativo 31/12/X2 31/12/X1 Variações Reflexo no caixa
Duplicatas a receber 500 1.000 500 Adia recebimentos: reduz o caixa 
Estoque 1.000 1.500 500 Mais compras: reduz o caixa
Passivo
Fornecedores 1.000 2.000 1.000 Adia pagamentos: favorece o caixa
Empréstimos bancários 1.000 1.470 470 Tratado como atividade de financiamentoImposto de renda a pagar 0 1.050 1.050 Posterga pagamento: favorece o caixa
QUADRO 44 – VARIAÇÃO DO CIRCULANTE DE X1 PARA X2
FONTE: Adaptado de: Marion (2009)
c) Estrutura das Atividades Operacionais
Lucro Líquido do Exercício + (Provisões) 1.950
+ Depreciação 120
Lucro financeiro 2.070
Variação no Circulante (Capital de Giro)
Aumento de duplicatas a receber (500)
Aumento de estoque (500)
Aumento de fornecedores 1.000
Aumento de imposto a pagar 1.050 1.050
Caixa gerado nas Atividades Operacionais 3.120
QUADRO 45 – ESTRUTURA DAS ATIVIDADES OPERACIONAIS EM 31/12/X2
FONTE: Adaptado de: Marion (2009)
A seguir é apresentada a Demonstração do Fluxo de Caixa da empresa:
TÓPICO 1 | DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA
183
c) Estrutura das Atividades Operacionais
QUADRO 46 – DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA DA CIA ALFA EM 31/12/X2
Período de 20X2 Em R$ mil
 Atividades Operacionais
Lucro Líquido do Exercício 1.950
+ Depreciação 120
Lucro que afeta o caixa 2.070
Variação do Circulante
Ativo: Aumento de Duplicatas a receber (reduz o caixa) (500)
 Aumento de estoque (reduz o caixa) (500)
Passivo: Aumento de Fornecedores (melhora o caixa) 1.000
 Aumento de Imposto a Pagar (melhora o caixa) 1.050 1.050
Caixa Gerado nos Negócios 3.120
Atividades de Investimentos
Aquisição de Imobilizado e Investimentos 
Móveis e Utensílios (300)
Terrenos (1.000)
Novas ações (2.140) (3.440)
Atividades de Financiamentos
Integralização de Capital 1.500
Empréstimos Bancários 470
Dividendos Pagos (850) 1.120
Resultado Final de Caixa 800
Saldo existente em 31/12/X1 1.500
Saldo existente em 31/12/X2 2.300
FONTE: Adaptado de: Marion (2009)
No quadro anterior está apresentada a Demonstração do Fluxo de Caixa 
da Cia. Alfa em 31/12/X2, elaborado pelo método indireto.
184
Neste tópico, você viu que:
• Contemplou a Demonstração do Fluxo de Caixa. Inicialmente buscou mostrar 
o que é evidenciado nesta demonstração. Na sequência foram demonstradas as 
empresas obrigadas à publicação e elaboração da DFC. Verificou-se também, a 
definição e a finalidade da Demonstração do Fluxo de Caixa.
• Depois de esclarecido o que é o fluxo de caixa e sua finalidade, foram abordadas 
as transações que afetam o caixa da empresa, separando-as em movimentos 
que aumentam, movimentos que diminuem e movimentos que não afetam o 
caixa da organização. 
• Apresentaram-se, ainda, as definições, de acordo com a literatura, das atividades 
operacionais, atividades de investimento e atividades de financiamento que 
são os fluxos de atividades que devem ser apresentados em uma DFC. Nesse 
sentido foram apresentadas, de acordo com a legislação, as movimentações de 
caixa que são classificadas dentro de cada fluxo de atividades.
• Na sequência, apresentaram-se os métodos de elaborações do fluxo de caixa, 
sendo os métodos diretos e indiretos. Foram demonstradas as diferenças entre 
os dois métodos e as vantagens e desvantagens de cada um deles.
• Por fim, foi demonstrada, de acordo com Marion (2009), a forma de elaboração de 
uma Demonstração de Fluxo de Caixa pelo método direto e uma Demonstração 
do Fluxo de Caixa pelo método indireto.
RESUMO DO TÓPICO 1
185
1 Com relação à obrigatoriedade da publicação da demonstração do fluxo de 
caixa, é correto afirmar que:
a) ( ) É obrigatória apenas para sociedades classificadas como grande porte.
b) ( ) É obrigatória para microempresas.
c) ( ) É obrigatória apenas para empresas financeiras.
d) ( ) É obrigatória para todas as empresas classificadas como Sociedade 
Anônima.
2 A análise de uma demonstração do fluxo de caixa possibilita ao usuário 
verificar vários pontos com relação ao caixa e equivalente de caixa da 
empresa. Assim é correto afirmar que:
a) ( ) A sua análise possibilita ao usuário avaliar a capacidade da empresa em 
gerar caixa e futuros lucros de caixa.
b) ( ) A sua análise torna possível verificar apenas a variação do caixa da 
empresa e não dos equivalentes de caixa da organização.
c) ( ) A análise dessa demonstração permite apenas verificar como foi 
consumido o caixa, porém não possibilita a análise de sua geração.
d) ( ) A análise da DFC possibilita verificar apenas a origem do dinheiro da 
empresa e não a sua aplicação.
3 Indique qual alternativa contém apenas transações que afetam o caixa da 
empresa:
a) ( ) Equivalência patrimonial e depreciação.
b) ( ) Depreciação integralização do capital pelos sócios em dinheiro.
c) ( ) Venda de imobilizado à vista e amortização de dívida de longo prazo.
d) ( ) Baixa no ativo não circulante e variação cambial dos passivos do longo 
prazo.
4 Sobre a utilização dos métodos diretos e indiretos para elaboração da 
demonstração dos fluxos de caixa, é correto afirmar que a diferença entre 
eles está:
a) ( ) Na forma de composição do saldo total das variações de caixa no período.
b) ( ) Na forma de apresentação dos fluxos de caixa das atividades operacionais.
c) ( ) No fato do método indireto evidenciar todas as transações que não afetam 
o caixa no período.
d) ( ) No fato de o método direto partir diretamente do resultado do exercício, 
enquanto o indireto utiliza este resultado apenas indiretamente.
AUTOATIVIDADE
186
5 Sobre a classificação das movimentações de caixa, assinale a alternativa 
CORRETA:
a) ( ) Compra à vista do ativo imobilizado é uma atividade de investimento.
b) ( ) Recebimento de dividendos é considerado como atividade de 
financiamento.
c) ( ) Compra à vista com a intenção de revenda é considerada como atividade 
de investimento.
d) ( ) Pagamento de tributos e encargos financeiros é classificado como de 
financiamento.
6 Com relação à demonstração do fluxo de caixa elaborado pelo método 
direto, é correto afirmar que:
a) ( ) Não são explicadas as entradas e saídas totais de dinheiro.
b) ( ) Evidencia a variação de todas as contas do balanço patrimonial.
c) ( ) Não faz a conciliação entre o fluxo líquido de caixa e o lucro liquido do 
período.
d) ( ) Parte-se dos componentes da demonstração do resultado do exercício e 
adicionam-se as variações nas contas patrimoniais circulante vinculadas às 
operações.
7 Com relação à utilização dos métodos diretos e indiretos para elaboração da 
DFC, é correto afirmar que a diferença entre eles está:
a) ( ) Na forma de composição do saldo total da variação de caixa no período.
b) ( ) Na forma de apresentação dos fluxos de caixa das atividades operacionais.
c) ( ) No fato de o método direto evidenciar todas as transações que não afetam 
o caixa no período.
d) ( ) No fato de o método direto partir diretamente do resultado do exercício, 
enquanto o método indireto utiliza este resultado apenas indiretamente.
187
TÓPICO 2
DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Nos últimos tempos observou-se um aumento nos tipos de informações 
que as empresas estão divulgando. Entre estas informações encontram-se as de 
cunho socioambiental.
Como grande divulgador das ações de responsabilidade social e ambiental 
das empresas, temos o Balanço Social, que é uma demonstração contábil que tem 
como objetivo demonstrar as ações sociais e ambientais realizadas pelas empresas. 
Porém, destaca-se que a publicação do Balanço Social não é obrigatória.
Como demonstração que tenha um objetivo um pouco mais social e 
que também seja obrigatória, a Lei nº 11.638/07 obriga que as empresas abertas 
divulguem a Demonstração do Valor Adicionado. Esta demonstração tem como 
objetivo demonstrar o valor da riqueza gerada pela empresae como esta riqueza 
está sendo distribuída.
2 DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO - DVA
2.1 OBJETIVO, FINALIDADE E CARACTERÍSTICAS DA DVA 
Segundo Borinelli e Pimentel (2010), a demonstração do valor adicionado 
pode ser visto como um dos componentes do balanço social, porém, busca ter 
um enfoque mais econômico. O grande objetivo da demonstração do valor 
adicionado é evidenciar o valor da riqueza gerada pelas atividades da empresa e 
como a organização está distribuindo, entre os funcionários, proprietários, sócios, 
acionistas, financiadores externos e governo, esta riqueza.
De acordo com o CPC 09 – Demonstração do Valor Adicionado, o valor 
adicionado representa a riqueza criada pela empresa, de forma geral medida pela 
diferença entre o valor das vendas e os insumos adquiridos de terceiros. Inclui 
também, o valor adicionado recebido em transferência, ou seja, produzidos por 
terceiros e transferidos à entidade.
188
UNIDADE 3 | NOVA DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E COMPLEMENTOS
O CPC que trata da Demonstração do Valor Adicionado é o CPC 09, disponível 
no sitio: <www.cpc.org.br>.
ATENCAO
A segmentação da distribuição da riqueza da empresa está em: força de 
trabalho, fornecedores de capital e governo. Dessa forma, observa-se que a DVA 
busca informar sobre a geração e distribuição da riqueza da organização em 
determinado período, demonstrando o quanto deste valor a empresa adiciona aos 
insumos que ela compra e como está a distribuição aos agentes que contribuíram 
para que esse acréscimo acontecesse. (BORINELLI; PIMENTEL, 2010).
Segundo Azevedo (2009, p. 131), a DVA tem como objetivo evidenciar o 
“grau de envolvimento da empresa em relação à sociedade que a acolhe, devendo 
ser entendido como um instrumento no processo de reflexão sobre as atividades 
das empresas e dos indivíduos no contexto da comunidade como um todo”.
O mesmo autor segue afirmando que a DVA é um importante referencial 
de informações sobre a política de recursos humanos adotados pela organização, 
como também nas decisões de incentivos fiscais é importante referência de 
informações no auxílio sobre novos investimentos e no desenvolvimento de uma 
cidadania.
FIPECAFI (2010) assevera que esta demonstração tem fundamentos 
macroeconômicos, onde tenta mostrar a parcela de distribuição que a organização 
tem na formação do PIB (Produto Interno Bruto). A DVA apresenta o quanto a 
empresa agrega valor aos insumos adquiridos de terceiros e que são vendidos ou 
consumidos durante um determinado período.
De acordo com Azevedo (2009), a DVA demonstra, na primeira parte, a 
riqueza criada, ou seja, a diferença entre as receitas de vendas, serviços e utilidades 
subtraídas dos valores dos bens, serviços e utilidades adquiridos de terceiros. A 
esse valor adicionam-se os valores recebidos em transferências de terceiros, como 
as que derivam de juros, equivalência patrimonial, royalties e outras.
Assim, essa riqueza que foi obtida pela organização, em sua distribuição é 
evidenciada a que foi repassado, ou seja, ao trabalho (salários, honorários etc.), ao 
capital de terceiros, ao capital próprio (distribuído e recebido) e ao governo. Dessa 
forma, é evidenciado um pedaço do PIB produzido pela empresa. (AZEVEDO, 
2009).
FIPECAFI (2010) destaque que na forma de calcular o PIB existem 
diferenças sob o ponto de vista econômico e contábil. Para estes autores, na 
TÓPICO 2 | DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO
189
visão econômica, o cálculo do PIB baseia-se na produção, já na visão contábil, o 
cálculo do PIB baseia-se em conceitos contábeis da realização da receita, isto é, no 
regime de competência, e por essa razão existirá diferença temporal entre os dois 
conceitos.
Nesse sentido, Azevedo (2009) afirma que a diferença poderá ser tanto 
menor quanto maior for a diferença entre o estoque inicial e final para o período 
considerado, ou seja, se for considerada a inexistência de estoque inicial e final, 
os valores que serão encontrados com os dois conceitos tenderão a se encontrar.
Quanto às informações disponibilizadas pela DVA, segundo FIPECAFI 
(2010), elas poderão colaborar para:
• analisar a capacidade de geração de valor e forma de distribuição das riquezas 
de cada empresa;
• permitir a análise de desempenho econômico da organização;
• auxiliar no cálculo do PIB e de indicadores sociais;
• fornecer informações sobre os benefícios obtidos por cada um dos fatores de 
produção e governo;
• auxiliar a empresa a informar sua contribuição na formação da riqueza à região, 
Estado, país e etc., em que está situada.
Para Borinelli e Pimentel (2010), os interessados poderão encontrar as 
seguintes informações na demonstração do valor adicionado:
• riqueza gerada pela entidade;
• forma de distribuição dessa riqueza entre os seguintes agentes:
ᵒ governo: impostos pagos;
ᵒ trabalhadores: remuneração pagas;
ᵒ financiadores externos: juros e aluguéis pagos;
ᵒ proprietários, sócios e acionistas: lucros e dividendos ou juros sobre o 
capital próprio distribuído;
ᵒ riqueza não distribuída: lucros retidos.
2.2 OBRIGATORIEDADE DA DVA
A elaboração e publicação da demonstração do valor adicionado passaram 
a ser obrigatórias no Brasil, com a Lei nº 11.638/07, que introduziu o item V no 
art. 176 da Lei nº 6.404/76 a todas as empresas abertas. Porém, FIPECAFI (2010) 
afirma a publicação da DVA já era incentiva pela CVM.
O Conselho Federal de Contabilidade, por meio de sua Resolução nº 
1.138/2008, elaborou e aprovou a NBC T 3.7, que trata da DVA.
O Pronunciamento Técnico CPC 09 regulou a apresentação da 
demonstração do valor adicionado, exigida pela Lei nº 11.638/07.
190
UNIDADE 3 | NOVA DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E COMPLEMENTOS
A Comissão de Valores Mobiliários – CVM aprovou o CPC 09, que trata 
da DVA por meio de sua Deliberação CVM nº 557/2008.
A nova legislação contábil trouxe como obrigatória a elaboração e 
divulgação da demonstração do valor adicionada às seguintes empresas, segundo 
Azevedo (2009):
• Empresa S.A. de capital aberto: a obrigatoriedade desta demonstração contábil 
ficou apenas para as empresas de capital aberto, ficando facultativa para as 
demais sociedades de capital fechado ou limitado.
Com relação às Sociedades de Grande Porte, é facultativa a elaboração da 
DVA, pois a Lei nº 11.638/07 direcionou apenas as empresas de capital aberto S.A. 
Às demais sociedades também é facultativa a elaboração desta demonstração 
contábil.
2.3 VALOR ADICIONADO
O valor adicionado pode ser chamado de valor agregado. Assim, este 
valor adicionado pode ser entendido como a riqueza que a empresa adiciona 
nos insumos adquiridos de terceiros em determinado período. (BORINELLI; 
PIMENTEL, 2010).
A Resolução CFC nº 1.138/2008 define valor adicionado como aquele 
valor que representa a riqueza criada pela empresa, de forma geral, medida pela 
diferença entre o valor das vendas e os insumos adquiridos de terceiros. Inclui 
também o valor adicionado recebido em transferência, ou seja, produzido por 
terceiros e transferido à entidade.
Ainda conforme os mesmo autores, a forma que a entidade agrega valor 
a estes insumos são por meio de sua produção, ou seja, a empresa compra os 
insumos de seus fornecedores, agrega valor e os transforma em produtos. A fase 
de agregação de valor pode ser considerada desde o momento de compra dos 
insumos ou recursos até o momento em que o produto passa para as mãos dos 
consumidores.
2.4 ÍNDICES QUE O VALOR ADICIONADO SERVE COMO 
IMPORTANTE INDICADOR
Segundo Marion (2009) a demonstração do valor adicionado possui uma 
forte potência na hora de analisar uma série de indicadores. Assim, vários são 
os índices que o valor adicionado colabora com sua análise, conforme segue, 
(MARION, 2009):
TÓPICO 2 | DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO
191
a) Potencial do ativo em gerar riqueza: o objetivo deste índice é o de identificar 
quanto cada real investido nos ativos da empresa trará de riqueza que será 
distribuída para vários setores que se relacionam com a empresa, assim temos: 
Valor Adicionado

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