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1 RODRIGO CASARES ESTIGARRIBIA ASPECTOS RELEVANTES NA INICIAÇÃO AO FUTSAL ORIENTADOR: Prof. Me. Rogério da Cunha Voser Porto Alegre 2005 2 ASPECTOS RELEVANTES NA INICIAÇÃO AO FUTSAL RODRIGO CASARES ESTIGARRIBIA ORIENTADOR: Prof. Me. Rogério da Cunha Voser Porto Alegre 2005 3 RESUMO O presente trabalho discorre sobre alguns aspectos relevantes no processo de iniciação esportiva, mais precisamente no futsal, que é um dos esportes mais praticados pelas crianças, destaca também a importância de ter um profissional com conhecimento teórico sobre desenvolvimento e crescimento humano, pois a iniciação esportiva normalmente acontece com crianças da faixa etária dos 6 aos 12 anos, e o professor precisa ter conhecimento de diversos temas que envolvem essas crianças, para poder realizar um trabalho que se preocupe com a sua formação global. O papel dos pais e do professor é mencionado no trabalho, da mesma forma que os métodos de ensino, pois esses fatores, influenciam nesse processo de ensino/aprendizagem, e o professor tem que estar pronto para lidar tanto com esses pais como com os alunos. Essa revisão literária busca mostrar a opinião de diversos autores sobre esses assuntos citados, com o objetivo de melhorar a qualidade do ensino em relação à participação da criança no futsal ao esporte. Palavras chave: Iniciação Esportiva – Pedagogia - Futsal 4 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 7 1.1 Objetivos .............................................................................................................................................. 8 1.1.1 Objetivo Geral ........................................................................................................... 8 1.1.2 Objetivo Específico ................................................................................................... 8 1.2 Definição de termos ...................................................................................................... 9 2 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA .............................................................................. 11 2.1 Justificativa ................................................................................................................. 11 2.2 Delimitação da Investigação........................................................................................ 11 3 METODOLOGIA ........................................................................................................ 13 3.1 Caracterização da Investigação ................................................................................... 13 3.2 Plano de coleta de dados ............................................................................................. 13 3.2.1 Identificação das fontes ........................................................................................... 13 3.2.2 Localização das fontes ............................................................................................. 14 3.2.3 Compilação ...............................................................................................................14 3.2.4 Fichamento ...............................................................................................................14 3.2.5 Análise e interpretação .............................................................................................14 3.2.6 Redação ....................................................................................................................15 4 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................. 16 4.1 Histórico do futsal ...................................................................................................... 16 4.2 Crescimento e desenvolvimento motor no esporte .................................................... 19 4.3 A iniciação esportiva e o futsal .................................................................................. 26 4.4 O papel e o papel dos pais na iniciação esportiva ..................................................... 35 5 4.5 A importância do professor e o papel dele na iniciação esportiva ............................ 40 4.6 Metodologias utilizadas na aprendizagem do futsal .................................................. 45 4.7 A competição na iniciação esportiva ......................................................................... 49 5 DISCUSSÕES E ENCAMINHAMENTOS ............................................................. 54 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 56 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 58 1 INTRODUÇÃO O esporte em si provoca várias situações onde as crianças não têm o próprio controle de suas atitudes, nem das suas vontades, e principalmente das suas aptidões, pois muitas crianças são obrigadas a fazerem atividades onde não há interesse, mas os pais acham que a criança deve fazer e ponto final. O fenômeno esportivo infantil tem sido neste início de século, motivo de muitos estudos e questionamentos, tanto no que diz respeito as suas idéias, como em relação à sua função pedagógica. Neste contexto, é possível observar a influência e a participação da escola no processo de adesão do jovem à prática do esporte e da atividade física. O futsal por ser uma das modalidades esportivas mais praticadas pela população no Brasil, principalmente por jovens no período de iniciação, nos remete a refletir sobre o real papel dos educadores na relação ensino-aprendizagem neste período importante da formação. 6 No país, há indícios de ser crescente o número de crianças com idade de 7 á 12 anos que optam pela prática do futsal (MUTTI, 2003), modalidade oferecida na maioria das escolas, clubes, escolinhas desportivas e organizações (SANTANA, 1996). Esse fenômeno do futsal está se espalhando pelo mundo todo, principalmente na Espanha, onde o país já se tornou um dos grandes rivais do Brasil. Com isso o volume de crianças nas mais tenras idades participando de programas de movimento orientado e esporte organizado aumenta com uma velocidade impressionante (OLIVEIRA, 1993). Pensando nesse aumento do interesse pelo esporte pelas crianças, o processo de iniciação passa a ser muito importante para que as crianças saibam o porquê que o futsal será salutar para elas, é nesse ponto que o professor da escolinha vai ser importante para possibilitar um aprendizado melhor para as crianças. Diante do que foi dito antes, esse estudo bibliográfico terá como ponto principal à iniciação esportiva, e particularmente o futsal, através das idéias de vários autores sobre a iniciação no futsal, principalmente no âmbito das escolinhas desportivas que no momento atual são as mais procuradas. Para melhor entendermos esse processo, serão levantadas algumas questões de pesquisa: Qual o papel do professor e dos pais nesse processo de iniciação esportiva? Que metodologia usar nesse processo de iniciação? Que exigências temos que ter com as crianças nesse processo de iniciação, em relação ao desenvolvimento motor, cognitivo e sócio-afetivo? Devemos trabalhar a competição na iniciação esportiva? 1.1 Objetivos 7 1.1.1 Objetivo geral • Analisar na literatura as idéias dos principais autores sobre a iniciação esportiva, e seus aspectos relevantes especificamente sobre o futsal. 1.1.2 Objetivo especifico • Analisar quais os conteúdos mais indicados para trabalharmos com um processo de iniciação esportiva, no futsal. • Verificar o papel do futsal nessainiciação esportiva, segundo alguns autores da área. • Identificar quais os melhores métodos de ensino segundo a literatura 1.2 Definição de Termos Esporte: Conjunto de exercícios físicos, praticados com método, individualmente ou por equipes. (FERREIRA, 1986) Conteúdos: É toda atividade realizada pelos alunos que tem em mira atingir os objetivos propostos. A maneira como o professor seleciona seus conteúdos, dependendo dos objetivos traçados, os conteúdos são escolhidos, revistos e modificados de tal forma que facilitem o alcance dos objetivos.(MUTTI, 2003) Metodologia: A metodologia seria a forma como é desenvolvida uma aula, o modo como o professor passa as informações que ele quer que os seus alunos, ou atletas entendam aquilo que 8 foi passado. A metodologia só é definida depois que o professor elabora seus objetivos, e conteúdos para um melhor aprendizado. Tudo isso tem necessariamente que estar ligado para haver um melhor entendimento do aluno, e possibilita ao professor uma melhor organização, quanto mais consistentes forem esses métodos, o aprendizado será mais bem entendido. Temos que levar em conta que cada professor tem sua metodologia de como vai passar seu conteúdo, isso se torna importante nesse processo de ensino-aprendizado, tudo isso ligado ao futsal pode tornar uma iniciação esportiva mais adequada, e de melhor entendimento.(MUTTI, 2003) Iniciação esportiva: É um processo de ensino-aprendizagem mediante o qual o individuo adquire e desenvolve as técnicas básicas para o desporto. A infância é a melhor fase para a aprendizagem motora, na qual devem ser trabalhados os fundamentos da técnica, mas com a devida moderação, respeitando as fases do desenvolvimento da criança.(VOSER, 1999) 9 2 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA 2.1 Justificativa Pelo fato de já ter trabalhado na área de iniciação esportiva na escolinha de futsal do Lindóia Tênis Clube, e também por querer saber mais a respeito de iniciação esportiva em geral, pois é uma área que está crescendo, por vários fatores. Agora um motivo importante foi que fui atleta de futsal em algumas equipes, e não sei se minha iniciação foi de uma forma adequada, por isso que despertou minha curiosidade. 2.2 Delimitação da investigação Este estudo refere-se a uma revisão de literatura onde os autores que servirão de apoio para o estudo, privilegiam a iniciação esportiva, em particular o futsal, que é o tema principal para a revisão literária, e grande conteúdo da pesquisa. 10 A partir da escolha de um esporte temos a iniciação a esse esporte, temos também o professor como parte desse aprendizado a esse esporte. Relacionando todos esses itens acima, consultaremos vários autores para saber mais sobre esses itens. Autores como, Becker Jr (2000), Canfield (1981), Carrazato (1995), De Rose (1994), Figueiredo (1996), Fonseca (1997), Gomes e Machado (2001), Hahn (1988), Junior (1998), Lakatos e Marconi (1991), Lucena (2000), Marques (2003), Mutti (2003), Oliveira (1998), Saad (1997), Santana (1996), Santos Filho (2000), Scalon (2004), Teixeira Júnior (1996), Tenroller (2004), Voser e Giusti (2002), Voser (1999), e outros autores participarão desse estudo através de opiniões, de relatos e vivências na área de pesquisa. 11 3 METODOLOGIA 3.1 Caracterização da Investigação Este estudo é caracterizado por ser uma revisão bibliográfica, que tem como meta, fazer uma avaliação crítica na literatura existente sobre futsal, particularmente sobre o processo de iniciação esportiva com futsal, buscando um maior conhecimento sobre esse tema, e justificando a importância do assunto citado. (LAKATOS e MARCONI, 1991) 3.2 Plano de coleta de dados Para realizar a seguinte pesquisa seguiremos alguns procedimentos citados abaixo: 3.2.1 Identificação das fontes 12 Através de bibliografias citadas em livros referentes à iniciação esportiva, ou futsal, em revistas cientificas, realizando contatos com outros profissionais da área, e através de procura na Internet. 3.2.2 Localização das fontes Na Internet através de sites sobre o assunto, através dos fichários das bibliotecas pesquisadas para a obtenção dos livros e revistas referenciais, e também em livrarias pesquisando sobre o que há de mais recente sobre o estudo em questão. 3.2.3 Compilação A compilação seria a leitura do material conseguido, a fim de identificar as informações, estabelecer um paralelo das informações que o material diz respeito com as de sua necessidade, analisando sua consistência e veracidade. A leitura desse material seguirá uma seqüência determinada que será: Leitura exploratória, Leitura seletiva, Leitura analítica, e Leitura interpretativa. 3.2.4 Fichamento 13 É o procedimento que se faz após a leitura do material coletado, confeccionando-as através de fichas de identificação dessas obras consultadas, do registro do conteúdo das obras, do registro do comentário, colocando na ordem os registros e classificando as fichas. 3.2.5 Análise e Interpretação Foi realizado a critica do material bibliográfico consultado, e considerando um juízo de valor sobre o determinado material cientifico. 3.2.6 Redação Esta etapa significa o final da pesquisa, na qual foi redigido dentro das normas exigidas pelo Curso de Educação Física e Ciências do Desporto da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, PUCRS. 14 4 REVISÃO DE LITERATURA Inicialmente será discorrido sobre a história do futsal que é o esporte tema do trabalho, depois veremos características e mudanças no desenvolvimento das crianças em fase de iniciação esportiva, a importância dos pais e dos professores durante essa iniciação, e por ultimo as metodologias que os professores podem utilizar, e como é tratada a competição na fase da iniciação esportiva. 4.1 Histórico do futsal Segundo Voser (1999) o futebol de salão nasceu nos anos 30 e foi criado na Associação Cristã de Moços de Montevidéu, no Uruguai, pelo então diretor de seu departamento de menores, professor Juan Carlos Ceriani. 15 Já autores como Teixeira Junior (1996) e Figueiredo (1996) defendem que o futsal surgiu no Brasil. Eles têm essa opinião, baseados em informações de brasileiros e também na tradição do Brasil no futebol. Mas essas informações não são confirmadas, pois alguns autores têm referencias que o futsal teve origem no Uruguai. Segundo Tenroller (2004) o motivo que leva essa dúvida ocorre porque no Brasil a difusão do futsal ocorreu de forma rápida, principalmente a partir da ACM de São Paulo. Quando alguns brasileiros fizeram-se presentes na ACM do Uruguai, eles retornaram para trazer as primeiras regras lá organizadas por Ceriani. Voser (2001) complementa ainda que as inúmeras conquistas que o Uruguai obteve na época, fizeram do futebol o esporte mais praticado naquele país; tanto por crianças como por adultos. Conseqüentemente, faltavam espaços e campos para a pratica do futebol. A solução encontrada foi a de improvisar locais menores como quadras de basquete e salões de baile. Contudo, já que tal espaço era muito menor do que um campo de futebol, foi necessário algumas modificações no modo de jogar. Segundo Voser e Giusti (2002) a diminuição da bola, da goleira e do número de jogadores foram algumas das modificações, as primeiras regras redigidas foram baseadas em alguns outros esportes como o futebol, jogado com os pés, do basquete foi aproveitado o tamanho da quadra, do pólo aquático foi o tamanho da goleira e a regulamentação do goleiro, e do handebol foi aproveitado a trave e a área. As bolas utilizadas no futebol de salão eram de tiposdiferentes de material, como a crina vegetal, a serragem e até de cortiça granulada, mas eram muito leves e quicavam demais, prejudicando o andamento do esporte, daí tiveram seu tamanho diminuído e o peso aumentado para daí se tornar o esporte da "bola pesada" como era chamado o esporte até pouco tempo atrás, 16 pois o seu peso foi diminuído com o passar dos tempos, e como vamos ver na cronologia do futsal a seguir. No Brasil, a prática do futsal tem início no final da década de 30, normas e regulamentos do futebol de salão escritos por Roger Grain em 1936. Tenroller (2004, p.20) cita que; "a prática dessa modalidade em nosso país começou a partir de meados de 1940 e não mais parou de crescer. Há estudos mencionados que em 1942 o futebol de salão que antes era praticado pelas crianças, já contavam com muitos adeptos entre os adultos". Já na década de 50, há textos que identificam a ACM de São Paulo como a principal divulgadora do esporte no país, mas a primeira federação a ser criada em 1954 foi a do Rio de Janeiro, nesse mesmo ano só que alguns meses depois a Federação Mineira foi fundada. Em 1955 foi fundada a Federação Paulista de futebol de salão, em 1956 foram lançadas varias federações como a Cearense, a Paranaense, a Baiana e a nossa Federação Gaúcha de futebol de salão. Em 1957 foram fundadas as Federações Catarinense e Potiguar, em 1959 a Sergipana, já na década de 60 foram fundadas as Federações Pernambucana, Brasiliense e Paraibana. Já na década de 70 a Sul-mato-grossense, a Mato-Grossense, a Acreana, a Piauiense, a Goiana e a Maranhense foram fundadas. Na década de 80, a Amazonense, a de Rondônia, a do Pará, a Alagoana, a Capixaba, e a Amapaense foram criadas nessa década. As últimas federações filiadas a Confederação Brasileira foram as federações do Tocantins e de Roraima já na década de 90 foi realizada essa filiações, e completou a Confederação Brasileira de Futebol de Salão que foi fundada em 1979 tendo como presidente Aécio de Borba Vasconcelos que por sinal preside a CBFS até hoje, onde a confederação possui 17 27 federações, mais de 5.000 clubes filiados, com mais de 210.000 atletas inscritos em todas as federações. O futsal é um esporte que está tão desenvolvido no país que todos pensam que sua origem foi o Brasil, e todo trabalho que a Confederação Brasileira tem feito para desenvolver o esporte, sua evolução em termos de regras, passa basicamente pelo objetivo de tornar o esporte olímpico, sendo que até hoje não é olímpico e esse é o grande desafio dos amantes do futsal. O grande aliado das confederações é que o esporte se vinculou a FIFA, dando um grande passo para se tornar olímpico, isso pode ajudar também a divulgar mais o esporte popular não só no Brasil, como em todo mundo. Para Lucena (2000), a década de 90 representa a grande mudança na trajetória do futebol de salão, pois a partir da fusão com o futebol cinco (prática reconhecida pela FIFA) surge então o "futsal", terminologia adotada para identificar esta fusão no contexto esportivo internacional. Com sua vinculação a FIFA o futsal dá um grande passo para se tornar olímpico, tendo na olimpíada de Sidney, o momento mais marcante nesse sentido. Aliado ao que foi escrito anteriormente, observa-se um crescimento da modalidade em relação ao número de adeptos, principalmente crianças. 4.2 Crescimento e Desenvolvimento Motor no esporte Já é sabido que a atividade física desenvolvida na infância é muito importante, porque tem efeitos diretos no seu desenvolvimento e crescimento, claro podendo ser positivos ou negativos, dependendo do nível de atividade que a criança esta fazendo e a forma como é feita essa atividade. 18 Segundo Vargas Neto e Voser (2001), os estudiosos dos temas que envolvem a criança e o esporte são unânimes ao reafirmar a necessidade de movimento, ou seja, a prática esportiva nas idades infantis. Porém, a maioria destaca também a exigência de "altos rendimentos" nessas fases da vida pode vir a ser muito mais prejudicial do que positiva. Portanto, podemos confirmar que a tese de que as atividades desportivas com caráter lúdico sem excluir o rendimento e a competição, podem ser a forma ideal de esporte para a criança. A técnica como movimento esportivo essencial, não pode ser treinada e não será claramente aprendida se a criança não apresentar um desenvolvimento de suas capacidades motoras desejável para realizar um movimento ou um gesto especifico de um esporte, e é durante o período de crescimento que a criança desenvolve a maioria dos seus movimentos básicos, que servirão de base para a aprendizagem dos movimentos técnicos específicos de cada esporte. Falamos em crescimento e desenvolvimento, mas o que seria isso? Segundo Vargas Neto e Voser (2001) crescimento é a atividade biológica dominante durante as duas primeiras décadas da vida humana e supõe um incremento do tamanho global do corpo, ou de suas partes, como conseqüência de três processos: • Hiperplasia – o aumento do numero de células; • Hipertrofia – o aumento do tamanho das células; • Acrescimento – consiste na proliferação de substancias intercelulares; Em geral, o crescimento se inter-relaciona com os componentes morfológicos ou somáticos, ou seja, o aumento nas diferentes dimensões do corpo da criança como por exemplo: estatura, peso, medidas corporais. Vargas Neto e Voser (2001) entendem que desenvolvimento é a referência do conjunto de mudanças que o ser humano experimenta ao longo de sua vida, que são frutos do 19 amadurecimento de todas as estruturas orgânicas e da interação em duplo sentido de adaptação ao meio e a intervenção nele. O desenvolvimento biológico refere-se à diferenciação celular dirigida à função e fruto da ativação e repressão genética. Enquanto que o desenvolvimento condutal supõe a adaptação do individuo ao meio cultural no qual se inscreve. Já Gomes e Machado (2001) dizem que o conceito de crescimento é subordinado ao conceito de desenvolvimento sendo de fundamental importância o conhecimento das fases de desenvolvimento, que são os períodos de desenvolvimento uniforme que podem ser nitidamente distinguidos uns dos outros através de suas características claramente distintas. Desenvolver então significa construir um movimento qualitativo, isso seria a base do domínio motor, às vezes chamado de psicomotor, pois envolve o componente mental ou cognitivo, com as bases motoras. Segundo Lucena (2000, p.3) educação psicomotora, seria todo o conjunto de ações pedagógicas e psicológicas, distribuídas ordenadamente, utilizando os meios da educação física, com o objetivo de equilibrar e melhorar o comportamento motor da criança em relação ao seu universo. É a base da ação educativa e do processo de aprendizagem, através dos quais a criança possa vir a exercer bom domínio sobre seus comandos-motores, sensório-motores e perceptivos- motores, utilizando-os como instrumento de facilitação para o desenvolvimento de hábitos motores, sobre os quais se estruturam as ações mais complexas futuramente usadas, não podemos é exigir ações motoras sem dar a oportunidade da criança experimentar determinada ação motora. Em relação ao desenvolvimento motor temos alguns aspectos que estão diretamente relacionados. Segundo Voser e Giusti (2002, p.36) 20 O ser humano, ao nascer, apresenta muitas de suas estruturas ainda não totalmente desenvolvidas, seja em nível cerebral, neural, ou motor. O processo de maturação dessas estruturas ocorre de forma lenta e progressiva, e seu gestual vai se diversificando e tornando-se complexo com o passar do tempo. Para cada etapa do período de desenvolvimento infantil existem aspectos relevantes acerca do comportamento psíquico e motor. É preciso entender que o desenvolvimento humano se dá desde a concepção, passando pelo nascimento, até a morte. Santana (1996) falano desenvolvimento infantil em quatro estágios, esses estágios estariam de acordo com o que pensava Piaget, e seriam os seguintes estágios: sensório-motor (0 a 2 anos), pré-operatório (2 a 7 anos), operatório-concreto (7 a 12 anos), e operatório-formal (adolescência). Esta classificação dá-nos uma breve idéia do que será adequado administrar fisicamente para o individuo, preocupando-se essencialmente com a qualidade do gesto motor e com sua capacidade neural. Dentro desses estágios de desenvolvimento, Lucena (2000) fala que é importante fortalecer na criança a capacidade de executar de forma plena, a combinação de todos os movimentos possíveis específicos ou não do desporto, pois através da aquisição de bons hábitos motores, e do domínio de técnicas elementares, é que se fundamenta progressivamente o desenvolvimento técnico da criança. Segundo Vargas Neto e Voser (2001) temos algumas etapas de crescimento e desenvolvimento que são compreendidas desde o nascimento, até a adolescência que é a fase onde se dá a iniciação esportiva, e onde vemos os primeiros períodos da vida da criança, e esses períodos seriam: • Período neonatal – Compreende as duas primeiras semanas de vida extra-uterina; 21 • Período da primeira infância – compreende os dois primeiros anos de vida; o primeiro ano como período de lactância e o segundo como desmame; • Período da segunda infância – compreende dos dois aos seis anos; é o período pré-escolar; • Período da terceira infância – compreende dos seis até o início da puberdade; Como a entrada da puberdade é variável, vai de acordo com o desenvolvimento de cada criança e de alguns fatores, o limite dessa fase não é fixo, sendo que a maioria dos autores coloca como o início entre 10 e 11 anos para meninos e 11 e 12 anos para meninas; • Período da puberdade – compreende o período entre os 12 anos tendo algumas fases dentro desse período como; pré-puberal, crise puberal e pós-puberal, o fim desses períodos costuma-se dar pelos 14 anos e isso pode variar de acordo com o nível de desenvolvimento. Existem ainda outros períodos de crescimento humano, mas esses períodos não têm muito a ver com a fase de iniciação esportiva, pois a pessoa com uma idade acima dos 18 anos tem uma dificuldade maior para desenvolver algumas valências, e prejudicariam seu aprendizado. Já Voser e Giusti (2002) apud Carrazato (1995) falam em fases para o início da prática esportiva, essas fases são as seguintes: • Primeira fase (0 a 1 ano) – É a fase do conhecimento, em que surgem os quatro padrões neurológicos. São eles: o primeiro padrão flexor, que vai até o terceiro mês de vida, quando ocorre uma flexão natural dos quadris e dos joelhos; seguinte é o primeiro padrão extensor, que é uma atitude reflexiva que vai dos 3 até os 5 meses; posteriormente, o segundo padrão flexor, é quando o funcionamento adequado do quadril e dos joelhos permite sentar; e por fim o segundo padrão extensor, que ocorre entre os 10 e 14 meses e é quando a criança fica na posição ereta e caminha. • Segunda fase (1 a 6 anos) – complementa o desenvolvimento neuropsicomotor da criança, proporcionando a coordenação motora de andar, correr, saltar, cair, arremessar e pegar objetos. 22 • Terceira fase (6 a 12 anos) – ocorre em conjunto o crescimento ósseo e o muscular, o desenvolvimento geral do organismo, o psíquico e mental respectivamente. • Quarta fase (12 a 18 anos) – É o momento do desenvolvimento final dos padrões motores do ser humano, proporcionando o completo domínio dos movimentos. Isso acarreta uma modificação das proporções corporais nas características de cada um dos períodos de desenvolvimento, e conclui se que até os 8 anos o peso e a altura apresentam um crescimento paralelo, a partir dessa idade é alternado e progressivo. Mutti (2003) ainda fala sobre as curvas de crescimento da cabeça e do cérebro que tem uma evolução muito diferente e rápida, aos 6 anos ele atinge de 90 a 95% do desenvolvimento do cérebro de um adulto, mas em compensação o crescimento do corpo não chegou nem na metade do corpo de um adulto. Sobre desenvolvimento Oliveira (1998, p.40) cita que: O ser humano, ao nascer apresenta muitas de suas estruturas ainda não totalmente desenvolvidas, seja em nível cerebral, neural ou motor. O processo de maturação dessas estruturas ocorre de forma lenta e progressiva, e seu gestual vai se diversificando e tornando-se complexo com o passar do tempo. Para cada etapa do período de desenvolvimento infantil existem aspectos relevantes acerca do comportamento psíquico e motor que determinam a mecânica e a plástica do movimento executado. Mutti (2003) relata que os órgãos e sistemas orgânicos também não se desenvolvem harmoniosamente, mas sim através de etapas e alternâncias. O alongamento dos ossos se alterna com o aumento da musculatura esquelética, o crescimento do tórax com maior desenvolvimento cardíaco e dos outros órgãos nele contidos, o desenvolvimento da bacia e dos órgãos genitais. Ele ainda diz que a criança está mais exposta a lesões porque a sensibilidade dos tecidos é proporcional à velocidade do seu crescimento. 23 Gomes e Machado (2001) relatam sobre o crescimento e desenvolvimento que as informações motoras recebidas pelas crianças ficam armazenadas, sendo que com o decorrer do aprendizado a criança já vai saber o que fazer, poupando movimentos desnecessários. Isso parece óbvio mas as crianças com mais experiência motora, tem um maior nível de desenvolvimento de suas qualidades físicas básicas, e um aprendizado motor com mais qualidade. Ainda Gomes e Machado (2001, p.49) citam: Para realizar o treinamento com crianças, visando o desenvolvimento em muitos anos, temos que tomar como ponto de partida, a idéia de que é necessário desenvolver satisfatoriamente as qualidades físicas essenciais, para que o atleta em formação possua conhecimentos motores suficientes para a realização das tarefas técnicas ou somente de caráter motor. Acho importante saber as características, e em que níveis de desenvolvimento os alunos chegam para a iniciação esportiva, por isso temos que conhecer os níveis e características do crescimento e desenvolvimento em geral no esporte, pois o gesto motor é fundamental na prática esportiva, seja ela qual for ainda mais no futsal. Assim Júnior (1998, p.52) salienta bem o espírito do desenvolvimento através da prática esportiva: Não existe melhor lição de crescimento sadio, do que aquela que é transmitida pela própria criança, através de suas atitudes, vontades e criatividades com coerência e equilíbrio. Para mostrar toda felicidade que a criança fica quando está praticando um esporte, é necessário que todas brinquem, principalmente sem cobrança. Finalizando o desenvolvimento motor Mutti (2003) diz que o desenvolvimento motor da criança está diretamente ligado a sua bagagem motora adquirida nos primeiros anos de vida, e de que há um longo processo para a criança chegar ao domínio das habilidades complexas e de que 24 todas suas experiências com os movimentos fundamentais são de grande importância para as etapas seguintes do desenvolvimento. 4.3 A Iniciação esportiva e o futsal Muitas crianças buscam a participação em algumas modalidades esportivas com o intuito de se espelhar nos grandes jogadores que todos os dias estão na mídia, onde o assedio pelos os ídolos é mais comum e os fãs costumam copiar seus astros. Diferentemente do passado, quando o brincar era mais importante, hoje participar de jogos nas ruas é muito difícil, brincar se tornou coisa rara, esses espaços na rua foram desaparecendo, as casas sendo trocadas pelos condomínios fechados, e as ruas foram trocadas pelas escolinhas esportivas. E é nessas escolinhas desportivas que o processo de iniciação esportiva está se tornando mais freqüente, o jogo foi deixando de ser brincadeira,a iniciação esportiva se tornando séria, pois a pressão em cima de crianças na fase de aprendizagem está se tornando muito séria, e muitas pessoas não sabem o que é iniciação. Então vamos ver o que alguns autores entendem por iniciação, e ver como devemos lidar nesse processo tão importante na vida de uma criança, pois um esporte não só vai fazer bem a saúde, mas também como vimos anteriormente ele desenvolve a criança nos aspectos motores e que levam para a vida toda. Segundo Voser (1999), iniciação é o ato de iniciar ou o momento de receber as primeiras noções de coisas da qual não conhecemos. 25 Já Lucena (2000), fala que iniciação é aprender um desporto, adequar algumas regras a esse esporte e também se adequar a algumas técnicas especificas de cada esporte. Enquanto que Mutti (2003) se refere à iniciação como a pratica de qualquer modalidade esportiva que requer determinadas condições motoras que permitem a execução de movimentos específicos e ainda um grau de habilidade para alcançar a eficiência do gesto técnico pertinente á modalidade. O que os autores citados querem dizer, é que a iniciação esportiva nada mais é do que o aprendizado de uma modalidade esportiva, e que cada modalidade tem sua característica motora utilizada, como também o desenvolvimento de varias valências físicas especificas de cada modalidade. Para as crianças terem um melhor aprendizado sobre o esporte, e particularmente sobre o futsal que é o esporte tema do trabalho, devemos fundamentar nosso trabalho de professor em estimular e desenvolver alguns componentes como: Equilíbrio, ritmo, coordenação motora em geral e noções de espaço e tempo. Lucena (2000, p.7) fala da importância desses componentes: fortalecer na criança a capacidade de executar de forma plena, a combinação de todos os movimentos possíveis, específicos ou não do desporto, pois através da aquisição de bons hábitos motores, e do domínio de técnicas elementares, é que se fundamenta progressivamente o desenvolvimento técnico da criança. Voser (1999), ainda fala sobre desenvolvimento concordando com Lucena, dizendo que o professor deve desenvolver os aspectos do esquema corporal, equilíbrio, lateralidade, organização do corpo no espaço e no tempo, coordenação motora grossa e fina, não esquecendo o que é característico da idade, principalmente a escolar, como: correr, saltar, lançar, transportar, trepar, rastejar e rolar. 26 Além disso também precisamos nos preocupar com o que vamos passar para os alunos, principalmente se essa iniciação for a faixa etária trabalhada, dos 6 aos 12 anos, pois é nessa fase que as crianças estão no ápice do desenvolvimento motor, sendo a fase escolar, a fase onde as crianças querem fazer tudo sem se preocupar com lesão ou fadiga, só que o futsal é um esporte de contato físico, e esse contato exagerado pode acarretar lesões, principalmente em crianças. Esse trabalho de iniciação requer alguns cuidados especiais, porque tudo que acontecer com essas crianças, pode marcá-las pelo resto da vida, consciente ou inconscientemente. Quem não se lembra das suas primeiras partidas de futsal? Das frustrações e alegrias, derrotas e vitórias? Essa realidade aumenta a responsabilidade do profissional que irá desenvolver esse trabalho com as crianças, e esse conteúdo será visto mais adiante no trabalho; o papel do professor na iniciação. Agora não podemos falar em iniciação esportiva e não citarmos o papel da escola na iniciação esportiva, pois a educação física faz parte do currículo obrigatório nas escolas, e o futsal é um dos conteúdos mais usados na educação física. Segundo Voser e Giusti (2002) algumas escolas da rede publica e da rede particular preocupam-se com o ensino da educação física desde a educação infantil e reconhecem a importância do esporte para as crianças como meio de educação e saúde. Mas não é só isso, pois com o desenvolvimento da tecnologia, a criança tem perdido um pouco o lado sócio-afetivo, porque ela tem ficado muita em casa na frente da televisão, do videogame, e mais recentemente do computador e não interagi com outras crianças, e a escola, e principalmente o futsal podem estimular essa criança a praticar um esporte. Voser e Giusti (2002, p.15) citam um trecho de seu livro que fala bem sobre esse assunto; 27 Hoje no mundo globalizado, as várias tecnologias proporcionam um aprendizado rápido e dinâmico, sendo imprescindível cuidar dos aspectos físico, psíquico e social, seja de forma lúdica, por meio de jogos e brincadeiras, seja pela prática de algum esporte ou de qualquer tipo de atividade física. No período escolar, podemos realizar um trabalho de interdisciplinaridade com as demais disciplinas da escola, porque toda atividade em forma de recreação é mais atrativa para as crianças. O lúdico, o brincar são muito importantes para a criança. Já na iniciação ao futsal ou em outra modalidade esportiva se requer determinadas condições motoras que permitem a execução de movimentos específicos e ainda um grau de habilidade para alcançar a eficiência do gesto técnico exigido na modalidade esportiva, sendo que esse grau de habilidade esta diretamente ligado ao seu desenvolvimento motor. Segundo Mutti (2003) quanto maior for a variedade de experiências motoras que a criança vivenciar, maior será o desenvolvimento motor, e o que não se adquiriu no tempo hábil do desenvolvimento motor jamais será recuperado totalmente. Pois a iniciação ao futsal deve ser uma continuidade do trabalho desenvolvimento motor, quando são aplicados diversos movimentos e experiências que proporcionam o aumento do acervo motor dessa criança. Mutti (2003, p.21) cita a importância dessa continuidade no desenvolvimento motor; Gradativamente, através da combinação de exercícios com bola e pequenos jogos, que se tornarão cada vez mais complexos, tanto em regras como em movimentos, o futsal irá se incorporando ao acervo motor da criança. Tudo isso deve ser uma continuidade do trabalho de desenvolvimento motor. Já Lucena (2000) concorda com Mutti (2003) a respeito da progressividade, ele fala que para que ocorra um aprendizado progressivo e bem fundamentado, é importante que a criança obtenha níveis mínimos de desenvolvimento de suas qualidades físicas, psíquicas e motoras, 28 sendo capaz de exercer total domínio sobre técnicas corporais básicas, para então iniciar os elementos das diferentes técnicas do futsal. Lucena (2000, p.6) fala diretamente sobre esse aprendizado gradativo; No início do aprendizado é comum que os gestos motores sejam executados de forma insegura, descoordenados e imprecisos, passando a adquirir maior plasticidade em sua execução, a partir de uma prática sistemática de atividades adequadamente planejadas, orientadas no sentido de que os gestos motores tornem-se gradualmente mais consistentes, possibilitando a execução das técnicas com mais dinamismo, precisão, eficácia e economia de função. Ainda sobre esse assunto, Voser (1999) fala que devemos incentivar principalmente os alunos com maior dificuldade, elogiando-os a cada conquista, a cada gesto motor bem feito, e deixando para aqueles que possuem mais facilidade o compromisso de auxiliar na transmissão da sua experiência. Oliveira (1998) concorda com Voser e ainda complementa o pensamento dele dizendo que o fato de a criança não possuir certas habilidades especificas relativas ao esporte num determinado momento não significa que não as terá num próximo, e que não sejam aptas para a prática, e também há o contra ponto, que ele relata também que uma criança que apresenta alto grau de desenvolvimento no seu movimento não será necessariamente um atleta de alto nível. Estou falando nisso, e concordando com os autores porque quando uma criança é levada para uma escolinha de futsal, ela vai atraída pela vontade de jogar bola, sem ter o domínio de lateralidade,equilíbrio, ritmo, coordenação, por isso que Lucena (2000) falava dos componentes da aprendizagem, e as crianças não entendem muito esse processo de aprendizagem, e já querem logo jogar, sem saber da importância que esses fundamentos tem na sua performance mais adiante, mas temos também que dar o jogo em si para a criança, se não ela sai frustrada da aula, pois a razão maior nada mais é que o jogo. 29 Isso quer dizer que nós professores temos que estar atentos a esses detalhes que muito importantes na nossa aula, principalmente em si tratando de iniciação, e normalmente com crianças na faixa etária de 6 a 12 anos. Agora, sabendo desses detalhes todos precisamos também conhecer nossos alunos, e também algumas características físicas e psicológicas, isso seria saber o perfil do aluno que estamos trabalhando nessa iniciação. Lucena (2000, p.7) salienta bem esse tema do conhecimento do aluno; O conhecimento do perfil do aluno, possibilita a maior interação professor-aluno, pois conhecendo suas características de comportamento, limites e possibilidades, torna-se possível estabelecer uma linha de ensino adequada ás possibilidades de realização da criança. Agora Santana (1996) fala que para uma iniciação mais adequada nós professores devíamos nos preocupar com aspectos menos técnicos e mais lúdicos para melhorar essa aprendizagem, ele diz que a ausência de posicionamento definido na quadra seria importante, pois muitas informações podem atrapalhar a criança. A valorização das atividades lúdicas, a aquisição e desenvolvimento de múltiplas formas de movimentos e a aprendizagem dos fundamentos do esporte seria importante, e principalmente ele fala que a preocupação de formar o aluno socialmente, intelectualmente, esportivamente e motoramente seria o ideal da iniciação ao futsal Já Mutti (2003, p.23) concorda com Santana, mas salienta um problema nessa iniciação de hoje em dia; O trabalho de iniciação no futsal está um pouco distante desse ideal, principalmente nos clubes, visto que por ser uma modalidade esportiva de grande penetração na camada infantil, têm despertado o interesse das federações, que por sua vez, tem regulamentado e organizado competições para faixas etárias cada vez mais baixas. 30 Isso prejudica muito a iniciação, porque a pressão sobre as crianças em fase de iniciação é muito grande, não podendo nem desenvolver sua técnica, que os dirigentes, pais e treinadores já cobram dessa criança, pois muitas dessas pessoas consideram o resultado mais importante do que o aprendizado da criança, nem mesmo possibilitar a segunda fase da aprendizagem que seria a fixação da aprendizagem e o ensino da técnica do esporte. Mas o que seria essa fixação de aprendizagem? Mutti (2003) fala que fixação de aprendizagem seria a segunda etapa no processo de aprendizagem do futsal, a primeira seria o desenvolvimento motor e o ensino dos movimentos do esporte. Já a segunda etapa seria a possibilidade de conseguir realizar um determinado movimento com relativa facilidade, entrando na fase de consolidação da prática de um determinado movimento, onde o aluno deixa de dizer que é capaz de fazer, para dizer que pode repetir com facilidade e segurança os movimentos necessários. Nessa segunda etapa da aprendizagem começamos a introduzir alguns fatores que são fundamentais para um melhor desempenho do futsal, como a introdução da técnica e dos fundamentos do futsal. A técnica do futsal é todo gesto ou movimento realizado pelo aluno, e que lhe permite dar continuidade ao jogo. Voser (1999) descreve a técnica como uma infindável série de movimentos realizados durante uma partida, tendo como base os fundamentos do futsal. Para aplicarmos o desenvolvimento da técnica, devemos conhecer bem o aluno, as suas necessidades físicas, psíquicas e sociais e o seu nível de capacidade motora em que ela se encontra, essa preocupação toda com o aluno é para não causar um mal-estar com o aluno, de 31 pedir para o aluno realizar um movimento que ele não conseguirá fazer, ou que não se está tão desenvolvido ainda. Para Saad (1997) o profissional que atua com iniciação deve seguir alguns princípios pedagógicos para estabelecer uma relação entre o ensino e a aprendizagem, assim como ter alguns procedimentos básicos para propiciar um suporte didático e pedagógico as aulas/treinos e a todo método de ensino a ser passado aos alunos. Saad (1997, p.13) ainda cita que: Muitas vezes a teoria tem nos mostrado que para o ensino de um esporte, principalmente o desporto coletivo, basta que a criança saiba executar a técnica correta, mas não é isto que percebemos na prática. O ensino da técnica em algumas situações não correspondem aquelas enfrentadas pela criança no jogo. Assim, somente com o ensino da técnica poderemos oportunizar a criança a uma prática consolidada do futsal. Voser (1999) fala que o trabalho da técnica é dividido em alguns fundamentos, esses fundamentos seriam: condução, passe, chute, domínio ou recepção, drible e finta, marcação e cabeceio, sendo esses fundamentos podendo ser usados por todos os atletas. Já Lucena (2000) ainda lembra que temos as técnicas do goleiro que incluiríamos ainda alguns fundamentos específicos do goleiro, como; a empunhadura, a defesa alta, a defesa baixa, o arremesso e a saída de gol. Voser (1999) ainda explica o que seriam esses fundamentos como; Condução – É a ação de andar ou correr com a bola próxima ao pé por todos os espaços possíveis do jogo. Passe – É o ato de entregar a bola diretamente ao companheiro ou lançá-la a um espaço vazio da quadra. Chute – É a impulsão dada á bola comum dos pés, tendo como objetivo o gol adversário. 32 Domínio ou Recepção – Ação de receber a bola e deixá-la sob controle. Drible ou finta – drible é ação de ultrapassar o adversário conduzindo a bola, já a finta é a ação exercida sem a bola, a fim de enganar o adversário. Marcação – É a ação de impedir que o adversário receba a bola ou que o mesmo progrida pelo espaço do jogo. Cabeceio – É o ato de golpear a bola com a cabeça. Agora Lucena (2000) explica o que seriam as técnicas especificas do goleiro como: Empunhadura – Posicionamento básico do goleiro das mãos, para exercer as ações de defesa da bola, quando chutada, nos diferentes planos. Defesa baixa – Ações de defesas exercidas abaixo da cintura, com utilização das mãos ou qualquer parte do corpo. Defesa alta – Ações de defesa exercidas com as mãos ou peito acima da linha da cintura. Arremessos – Ação de com as mãos colocar a bola em jogo, visando um companheiro ou espaço livre na quadra. Saída de gol – Intervenções do goleiro fora da sua área de meta, objetivando impedir as finalizações ou ações de ataque do adversário, são as ações onde o goleiro utiliza qualquer parte do corpo para tentar interceptar a bola ou o seu oponente. Agora para desenvolvermos essas técnicas com as crianças, temos que utilizar alguns meios que ajudam a criança a adquirir um melhor domínio dessas técnicas. Segundo Saad (1997) a aprendizagem de um fundamento do jogo é adequar gestos ou movimentos básicos, as características da modalidade esportiva (a técnica especifica do desporto). A educação psicomotora é a base do processo de aprendizagem de uma técnica esportiva, mas para isso a criança precisa dominar seus movimentos básicos. 33 Na teoria, as técnicas são pré-requisito para que a criança desenvolva o jogo, mas na prática a forma de ensino é a decomposição do jogo até chegar nas técnicas, sendo assim o aluno tem dificuldade na hora do jogo, pois não depara com as situações de jogo durante os treinos, isso prejudica um pouco o aprendizado. Ainda Saad (1997) cita sobre a técnica do futsal que; Para o ensino-aprendizagem da técnica, requer do professor/treinador transformar situações de jogo mais freqüentes em atividades em grupos. Devemos oportunizara criança atividades semelhantes às situações reais de jogo, de maneira que a criança desenvolva também a sua capacidade tática. Agora para desenvolvermos um trabalho de qualidade na iniciação esportiva, precisamos muito da cooperação dos pais dessas crianças, pois eles têm um papel muito importante nesse processo de ensino-aprendizagem. 4.4 A influência e o papel dos pais na iniciação esportiva Pode-se considerar que os pais têm um papel muito importante na escolha do esporte por parte de seus filhos, mais importante que seus colegas e a própria escola. O envolvimento dos pais na vida da criança pode contribuir para consolidar e enriquecer o ambiente familiar e elevar o valor da experiência vivida no esporte. Em muitos casos, os pais contribuem de forma significativa para o sucesso da iniciação esportiva dos seus filhos, só que também é verdade que alguns pais causam situações não tão agradáveis para seus filhos. 34 Segundo Voser (1999) ele relata que á vontade de satisfazer seus próprios desejos de infância, ao projetar em seu filho um futuro promissor dentro do esporte, poderá resultar em enormes prejuízos a criança. Quando isso acontece, os pais começam a valorizar-se a si próprios dos resultados, dando muito valor a resultados, e exercendo grande pressão nesse processo de iniciação. Santana (1996) ainda salienta que se você é pai, e craque no esporte, seu filho pode não ser necessariamente um, e os pais têm que ter essa consciência de que não podem passar essa pressão para os seus filhos. Tenroller (2004) fala exatamente sobre isso, de que se espera que o pai, quando opta por colocar seu filho em uma escolinha desportiva, tenha em mente algum objetivo, que poderá ser voltado para ao lazer, á recreação, a aspectos ligados à saúde, mas na maioria dos casos, esse objetivo visa que seu filho se torne um jogador, um futuro craque que esse pai não foi, é exatamente por terem esse projeto para seus filhos que alguns pais adotam comportamentos não adequados. Santana (1996) ainda fala que esses pais têm que preservar o direito dos filhos escolherem o esporte de sua preferência, e não obrigar a criança a fazer algo que não gosta, passar suas frustrações para essa criança. Os pais sempre têm as melhores intenções com seus filhos, mas nem sempre agem da melhor forma, por melhor que seja a intenção, pois amam seus filhos e querem seus filhos satisfeitos e realizados, sendo assim, eles têm que cuidar para não prejudicar e se intrometer em todo processo de aprendizagem. Já Marques (2003) fala que os pais têm papel fundamental no bem-estar do filho, esse bem-estar se refere ao esporte. O jovem terá ou não prazer no esporte conforme o apoio que receber dos pais, pois acontece muitas vezes que os pais se tornam exaltados torcedores que, ao 35 invés de incentivar seu filho, prejudicam-no, propondo táticas mirabolantes, fazendo com que a criança fique confusa sem saber em quem confiar, ou no pai ou no professor. Ai se estabelece um conflito que pode ser extremamente prejudicial para a aprendizagem da criança. Santana (1996, p.80) cita bem esse conflito: Um equívoco muito comum acontece quando não há um entendimento entre pais e técnico. Este torna-se extremamente negativo, atinge diretamente a criança e demonstra imaturidade, ignorância e egoísmo de ambas as partes. Imaturidade, porque a criança precisa de orientação e de um clima positivo para construir seu desenvolvimento, e não de um campo de batalha. Ignorância, à medida que ignora o dialogo, a aceitação de pontos de vista diferentes. E egoísmo, pois pensam em si mesmos, nas suas aspirações pessoais, esquecendo-se da criança . Particularmente acho extremamente desnecessário esse conflito que existe entre professores e pais, já trabalhei em escolinhas esportivas e esse conflito existe, mas o professor tem que ter psicologia, e muito diálogo com esses pais para evitar prejuízos para as crianças no seu desenvolvimento, que é o mais importante; as crianças. Agora também existe o contrário, que também não deixa de ser prejudicial às crianças, que são os pais omissos, aqueles que não se interessam pelas atividades. dos filhos. De Rose jr.(1994) fala bem sobre isso, onde os pais omissos podem exercer uma influência negativa sobre ele, por não prestigiá-lo ou protegê-lo. Isso lhe provoca baixa auto- estima e baixa confiança, aumentando-lhe a ansiedade e interferindo em seu desempenho. Agora quando identificamos pais que não são omissos e também não são de se intrometer no trabalho dos professores, devemos elogiá-los. Tenroller (2004, p.29) fala bem desses pais; 36 É salutar enaltecer o comportamento daqueles pais, que por certo também estão dando grande exemplo a seus filhos se comportando educadamente perante estes, pois trata-se de uma partida de integração e que faz parte do processo de ensino e de aprendizagem. Esse é o verdadeiro papel dos pais, ajudar os professores no processo de iniciação esportiva, confiando nesse professor, e deixando ele trabalhar da forma que ele achar mais adequado, com o tipo de alunos que ele disponibilizar. Agora temos que lembrar que os pais nunca acham que estão errados, e esse conceito me leva a acreditar que diante de qualquer problema, desde o mais simples até o mais complexo, o professor deve ser hábil ao lidar com esses pais, e deixar entender que está sempre interessado em estabelecer uma relação amigável e relatá-los os fatos ocorridos não importando a gravidade que for. Segundo Tenroller (2004) a maneira de agir do professor em relação aos pais, deve ser a mais honesta possível, pois acredito que assim passará a existir uma confiança maior por parte dos pais em relação ao trabalho deste. Tenroller (2004) ainda lembra que a maioria dos problemas podem ser resolvidos a partir de um contrato em que estejam previstos nesse contrato todos aspectos relacionados as atividades da iniciação como; objetivos, conteúdos, pedagogia e metodologias. Mas essa pode ser uma maneira fria de lidar com os problemas e causar constrangimentos com os pais. Santana (1996) já sugere que os pais, antes de iniciarem seus filhos no esporte, informem- se e analisem o profissional responsável, participem do processo de desenvolvimento de seu filho, equilibrados e cúmplices do trabalho desenvolvido, como isso não ocorrerá com todos os pais, é necessário que os professores informem aos pais qual será a linha de trabalho adotada, seus objetivos e possibilidades. 37 Agora no sentido de características de pais em relação aos seus filhos em escolinhas ou na iniciação esportiva, Smith e Smoll (1988) têm alguns conceitos sobre essas características que as achei interessantes e seriam divididas em 5; • Pais desinteressados – Caracterizam-se pela ausência permanente nas atividades desportivas dos filhos, Tenroller (2004) fala dos pais omissos, que se enquadrariam nesse conceito. • Pais supercríticos – Esses pais estão sempre criticando e censurando, parece que nunca estão satisfeitos com o rendimento dos seus filhos. • Pais nervosos – Tratam-se daqueles pais que vivem gritando contra todos e contra tudo, não deixando que se ouça ninguém, inclusive o professor/treinador. • Pais treinadores – É muito comum esse tipo de pai, essas ordens e orientações que esses pais dão, muitas vezes são contrárias a que os professores dão, essa situação provoca confusão nas crianças, e prejudica o aprendizado da criança. Santana (1996) que fala bem sobre esse tipo de pai. • Pais superprotetores - É mais comum encontrar esta situação entre as mães das crianças, é freqüente ouvi-las falar que vão retirar o filho do desporto, pelos perigos que ele envolve, ou porque os filhos não estão jogando o tempo que as mães queriam que eles jogassem 38 Segundo Tenroller (2004) é de vital importância o significado de o professor estarpreparado para lidar com os pais, tendo embasamento cientifico e principalmente habilidade para abordar os problemas procurando lidar de modo individual com cada pai. Pois devemos lembrar antes de qualquer coisa, que o esporte é apaixonante, mas é preciso saber que este está a serviço da criança, e não o contrário. Por isso temos que lembrar que a criança é a protagonista, e não a paixão, e muito menos o esporte. Tendo como idéia, aproveitar o potencial formativo que o esporte tem e explorá-lo ao máximo, para o bem da criança. 4.5 A importância do professor e o papel dele na iniciação esportiva O profissional que trabalhar com a iniciação esportiva deve estar a par de alguns aspectos que normalmente estão presentes neste tipo de trabalho, e principalmente com que tipo de alunos vai trabalhar, pois podem acarretar alguns problemas indesejáveis. Segundo Tenroller (2004) estresse, ansiedade, desmotivação ou motivação em demasia, problemas psicológicos, rejeição ao esporte, abandono precoce e pressão dos pais, isso sem falar em psicologia, anatomia, fisiologia, pedagogia entre outros elementos estão presentes no longo processo de ensino do futsal . Tenroller (2004) ainda salienta que todo profissional que trabalhar na área do futsal, precisa dominar esses elementos, e de tantos outros que fazem parte do aprendizado do aluno, a fim de prestar um auxilio mais qualificado, quando for necessário, saber esses elementos, o profissional deve saber o que está se passando, e resolver o problema. 39 O treinador esportivo desempenha um papel central e decisivo no desenvolvimento esportivo da criança, esta função a ser desempenhada é das mais difíceis, mas também pode ser das mais gratificantes. Agora quem realmente esta trabalhando nessa área tão importante do desenvolvimento dessas crianças? Segundo Becker jr (2000, p.84) é importante sabermos quem está trabalhando nas escolinhas esportivas e de iniciação esportiva, e podemos encontrar várias respostas como; Grande número de atletas, quando sentem que se aproxima o fim da carreira, pensam na possibilidade de seguir no esporte, na condição de treinador. O aluno de educação física também busca uma posição em escolas esportivas, alguns alugam quadras e criam sua própria escolinha desportiva. Agora vários professores formados em educação física atuam nas escolas esportivas, no entanto pelo fator econômico, dirigentes de nosso esporte preferem muitas vezes ex- atletas ou estagiários em educação física para realizar as atividades, pois estes o salário é menor. Santana (1996) ainda fala sobre quem trabalha com essas escolinhas, ele pergunta quem é esse homem ou mulher que interage com essas crianças? e por que optou em fazê-lo? E quais são os seus objetivos? Santana (1996, p.73) completa bem essas questões que ele próprio levantou; Independente de qualquer questão legal, sabe-se que na prática, o que predomina entre grande parte dos dirigentes dos clubes ou donos de escolinhas, a atitude de contratar alguém graduado em educação física pra atuar nesse período. Sendo assim, qualquer pessoa pode atuar, basta ser contratado. O processo de contratar alguém esta submetido ao bom senso dos dirigentes. A oposição que fazemos nesse sentido não é por preconceito aos muitos homens e mulheres sem formação acadêmica que trabalham com crianças, pois muitos fazem com abnegação, amor, e desprendimento. Acreditamos apenas que aquelas pessoas que freqüentam a universidade tendem a ser mais bem preparado para exercer o trabalho, pois adquiriram maior número de informações, e continuam adquirindo informações necessárias para atuar profissionalmente. 40 O relacionamento entre professor e aluno é um dos pontos mais importantes no processo de formação do atleta, pois toda criança que prática um esporte se torna um atleta, e muito provavelmente um professor se tornará um treinador. Sendo assim, os treinadores, neste processo de relação, muitas vezes desempenham o papel de pai, amigo e conselheiro, sendo ainda para muitos, ídolo e exemplo de vida. Para tanto temos que ser um exemplo dentro e fora da quadra. Falando nesse assunto de professor e treinador, na minha opinião todo treinador tem que ser um professor, mas todo professor não necessariamente precisa ser um treinador. Porque o treinador que não ensina aos seus atletas, algumas regras de disciplina, comportamento, e educação, só ensinando táticas, técnica e preparação física, não está fazendo o seu papel direito, por que além de ser treinador , ele é um professor. Já o professor, pode até passar instruções de tática e técnica aos seus alunos, mas o seu papel principal é o de educador, pois exercemos a ação educativa como foco principal. Mutti (2003, p.17) fala muito bem o que é ser professor no seu ponto de vista; Um homem cujo espírito e vontade saibam resistir às alterações do animo e às perigosas parcialidades da idade; que, como homem adulto, tenha profundamente arraigada a convicção da fé cristã e da sua salvação e que, partindo daí, contemple com amplitude de vistas o mundo e a vida; que se sinta impelido por uma inclinação natural a comunicar aos outros, e em particular à criança, os frutos do seu saber e de sua experiência; o homem cuja superioridade pessoal seja imediatamente sentida pelas crianças, não porem como um fardo que as oprime, mas como uma força pura, sincera, estimulante; um homem que una um santo amor pela juventude a capacidade especial de descer até ela para conduzi-la pelo caminho que lhe foi assinalado por Deus; o grande professor. Mutti (2003) relata que ser um professor requer alguns conhecimentos científicos importantes que devem ser adquiridos durante sua formação acadêmica, visto que lidam com crianças no seu delicado período da infância e da adolescência, sendo isso uma condição indispensável, porem não suficiente. Agora ensinar quer dizer estimular uma nova forma de 41 conduta ou modificar uma conduta, e aprender é adquirir hábitos, pois o aluno aprende muito rápido, e temos que ter noção dessa rapidez para não ficarmos defasados. Gomes e Machado (2001) salientam que o professor tem um papel importante junto aos pais, pois cabe a esses profissionais, reeducar o pensamento desses pais, que pensam no trabalho de formação, como apenas competitiva, sugerindo meios de competição, onde o mais importante não sejam os troféus, e sim as crianças. Os autores ainda afirmam, que este profissional necessita buscar conhecimentos sobre fisiologia e anatomia da criança, para que entenda o processo de desenvolvimento fisico/orgânico pelo qual está passando seu aluno, e em cima desse conhecimento, aprimorar e desenvolver seus métodos e sistemas de ensino, proporcionando uma ampla possibilidade de desenvolvimento do seu aluno. Já Santos Filho (2000) se refere ao professor, e treinador também, como o maestro de uma orquestra, na qual sob sua responsabilidade a regência de diferentes músicos, os quais tocam instrumentos diferentes, e são regidos e comandados pelo maestro, que lhes indica o momento certo de participarem, na qual todos atendem seu comando, e dele dependem e confiam para realizar seu trabalho da melhor forma . Usando o exemplo de Santos Filho, e relacionando-o com o futsal, em nada será diferente o posicionamento do professor, pois ele deve conhecer seus alunos, saber identificar seus defeitos e virtudes para poder fazer intervenções quando necessário, para melhor atender as crianças, e atingir seus objetivos na iniciação. Agora, falando em esporte, obrigatoriamente temos que falar nos treinadores, que são quem comandam as equipes, e são os professores responsáveis pelas atividades, tanto em escolinhas esportivas, clubes ou equipes. 42 Alguns autores têm algumas definições sobre treinadores; Mutti (1994) tem uma boa definição sobre treinador, da qual minha experiência com o futsal permite concordar,ele diz que treinador é o individuo que, a par da preparação física, técnica e tática dos seus jogadores, conhece profundamente cada um deles, participa dos seus problemas particulares e tenta solucioná-los, estimula a amizade entre todos, aconselha e dá bons exemplos de conduta, orienta, aplaude e censura com bom senso. Mutti (1994) ainda diz que o treinador necessita ter as qualidades de comando, ou seja, a capacidade de liderar, ele reforça a questão de que o treinador precisa ser um bom professor e grande educador, tendo a capacidade de motivar seus alunos a aprender e desempenhar o esporte da melhor maneira possível. Para Hahn (1988) o treinador é o elo da união entre a criança e o esporte, sendo sua responsabilidade pedagógica mais importante, do que seu papel na direção do treinamento, ao basear-se no principio de que as falhas elementares nunca se superam totalmente durante os primeiros processos do treinamento. Para Júnior (1998) os treinadores são os afinadores de seus atletas, traduzindo em ótimo relacionamento de ambas as partes, fazendo com isso um caminho para o sucesso nas futuras competições e objetivos desejados. Santana (1996) fala bem o que a sociedade espera do profissional de educação física que trabalha com a iniciação esportiva, não importando o local de trabalho, se é em clubes, escolinhas esportivas ou na própria escola, ele cita que; O que se espera de um profissional que atue como professor ou técnico de futsal na iniciação é que o mesmo tenha bem claro e definido em sua metodologia, e demonstre em suas atitudes, uma postura de orientador. É preciso saber que esse período é de aprendizagem para criança, tudo que acontecer nesse tempo dos 6 aos 12 anos, é aprendizagem. Importante para que a criança aprenda a conhecer a si mesma, o seu corpo, a conviver em grupo, a ter uma postura madura frente às adversidades, a sentir o 43 gosto da vitória, da derrota, de jogar, a viver um dia de cada vez, num processo de incorporação de valores morais constantes. Santana (1996) fala que o professor tem que saber lidar com a criança, tendo uma postura de orientador, e ainda acrescento que até o professor muitas vezes tem que ter a sensibilidade para perceber alguns problemas e se tornar um psicólogo, pos essa postura faz parte do processo. Enfim, o professor é extremamente relevante no desenvolvimento e no futuro do jovem como atleta e como pessoa, é necessário que ele esteja bem estruturado, para que possa ajudar seu aluno a crescer e evoluir dentro e fora da quadra esportiva. 4.6 Metodologias utilizadas na aprendizagem do futsal Para o professor atingir os seus objetivos propostos com seus alunos, sendo eles da escola, escolinha desportiva ou clube, deve estabelecer alguns métodos, e principalmente se basear nesses métodos de ensino existentes para desenvolver um melhor desenvolvimento desses alunos. Mas o que seriam métodos? Vários autores têm sua definição sobre o que seria método, e que tipo de métodos são esses. Para Mutti (2003), método é o caminho pelo qual se chega a um fim, é o modo de proceder, é um processo ou técnica de ensino. E metodologia seria o estudo dos métodos e de um conjunto de meios dispostos para dirigir a aprendizagem. Já Fonseca (1997) diz que método é a maneira unitária de organizar e empregar os meios selecionados com o fim de realizar os objetivos de uma concepção ou sistema. Para ele, todos os métodos de ensino são operacionais e nenhum deles pode ser considerado desprezível e sem utilização prática. 44 Agora, para mim a melhor definição seria a de Canfield (1981) onde métodos de ensino sugerem formas organizadas e sistemáticas de, cientificamente criar ambientes de aprendizagem que eficientemente conduzem a resultados favoráveis. Dentro do futsal nós temos três métodos básicos de ensino: parcial, global, misto; só que alguns autores ainda falam em outros métodos, como; de confrontação, em série de jogos, recreativo, transfert e da cooperação-oposição. Esses métodos são definidos por alguns autores, eis algumas definições conforme os autores: Método parcial: Segundo Fonseca (1997) método parcial é o ensino do jogo de futsal por partes, através do desenvolvimento dos fundamentos que compõem o jogo, para ao final da aprendizagem agrupá-los no todo, que será o próprio jogo de futsal. Já Saad (1997) fala em método parcial como o processo pedagógico em que decompomos o movimento, dividindo exercício em partes e ensinando cada uma das partes sempre seguindo uma seqüência lógica. Este processo é geralmente utilizado para ensinarmos as manobras ensaiadas. O que os autores falam é que o método parcial é a divisão do ensino em partes especificas, e que a aprendizagem normalmente é feita separando os fundamentos do futsal. Método global: Segundo Gomes e Machado (2001) o método global se expressa por uma visão globalizada do movimento técnico. A aprendizagem dá-se na totalidade do gesto, cria uma compreensão mais plena da técnica que se cria. É o método próprio e adequado para desenvolvimentos motores simples e de estrutura pouco complexa. Já para Fonseca (1997) o método global do ensino do futsal consiste em desenvolver e proporcionar a aprendizagem do jogo através do próprio jogo, esse método é apropriado para 45 iniciantes, onde o movimento é ensinado na totalidade e o aluno irá repetir inúmeras vezes, sempre corrigindo detalhes até chegar à execução correta do gesto técnico. Tenroller (2004) ainda complementa que através do método global é possível acontecer um jogo em que poderão ser observados os fundamentos técnicos do futsal de forma complexa, e através de pesquisas foi comprovado que o método global é o mais apropriado para crianças de 7 e 8 anos, isso para os fundamentos de passe, drible e chute. Método misto: Segundo Fonseca (1997) método misto seria a junção dos métodos global e parcial, na qual é chamado de método misto de ensino, esse método possibilita a prática de exercícios isolados, bem como a iniciação ao jogo através das formas jogadas de futsal, trata-se de uma metodologia bastante rica, sob o ponto de vista didático, com mais fatores positivos do que negativos. Já Tenroller (2004) entende o método misto, como o método que sincroniza os métodos global-parcial, onde primeiramente acontece a execução do gesto completo, depois se procede as correções do movimento ou dos movimentos. No segundo momento volta-se para a prática completa dos movimentos, desse modo, a segunda parte servirá, baseado no que foi observado na primeira parte, e corrigido pode-se passar para a terceira parte que é o movimento completo, sendo bem didático. Método de confrontação: Tenroller (2004) fala que para entendermos esse método, basta que haja a prática do desporto ou da modalidade como um todo, em que acontecem todos os fundamentos. Isto é, parte-se do principio de que se aprende um desporto através do próprio jogo, esse método ocorre sob o lema de "jogar, jogar, jogar!!!", sendo sua metodologia mais livre, sem 46 se preocupar em dividir o esporte em diversas partes, porque na opinião dele essa divisão diminuiria o jogo em si. Saad (1997) fala no método de confrontação como o método que a aprendizagem se dá através de jogadas ou exercícios combinados, que geralmente envolve competições entre as partes, sendo que no calor da disputa, a técnica poderá ficar em segundo plano, dificultando a aprendizagem por parte dos alunos. Por exemplo em um jogo adaptado, onde as equipes só podem fazer gol depois de dar alguns toques na bola, assim sendo, o jogo em si fica prejudicado, e a técnica fica um pouco esquecida, mas os fundamentos são liberados. Método em série de jogos: Tenroller (2004) diz que este método é muito parecido com o de confrontação, porem se diferencia por apresentar pequenos jogos com o objetivo de trabalhar somente um fundamentopor jogo (atividade). Esse método é muito indicado para professores que tem a árdua missão de fazer o chamado "peneirão", mas na prática muitas vezes é complicado utilizá-lo, pois os candidatos são muitos, não tendo espaço de tempo ou espaço físico para por em prática. Mas ao executá-lo, o professor deverá ter fichas de registro dos desempenhos técnicos observados, designando assim alguns minutos para observar individualmente cada fundamento técnico, que é o objetivo do método. Método recreativo: Tenroller (2004) fala que esse método usado com bastante eficiência na iniciação do futsal, proporcionando ao aluno um aprendizado de modo lúdico sem que o professor deixe de lado elementos técnicos e táticos da modalidade de futsal. 47 Esse método também é usado não só na iniciação, mas no alto nível também, porque ele pode ser utilizado como aquecimento, ou como relaxamento, e é muito bem quisto esse método entre os atletas, mas com uma quantidade bem menor. Método transfert: Tenroller (2004) se refere ao método transfert como um excelente meio para estimular nos alunos as percepções de espaço, a inteligência para outros elementos presentes num contexto durante o jogo, ele é muito utilizado para convencer alunos a praticarem o futsal. Mesmo crianças que gostam de outros esportes, você mescla o futsal, com o esporte da preferência da criança, e toda vez que você elogia os movimentos certos dessa criança, ela pode pegar gosto pelo esporte, pegando confiança através desses elogios e comece a praticar o esporte. Método da cooperação-oposição: Ainda Tenroller (2004) onde ele fala sobre o método cooperação-oposição que é o método que tem como objetivo a cooperação com o colega que venha a ter dificuldade de realizar alguma atividade durante a aula. O valor da cooperação deve ser estimulado no aluno desde o inicio das aulas de futsal, sendo assim a criança no momento do jogo verá seu companheiro como um cooperador e não como um adversário. Com esse método o professor pode ganhar ou perder muitos alunos tudo por causa da oposição, do fato de ver o adversário como inimigo, e isso pode causar varias complicações no grupo de alunos. Finalizando, depois de mostrar todas essas variedades de métodos de ensino que os professores tem para montar sua aula, basta-o saber com que tipo de alunos ele trabalhará, para escolher o caminho a ser seguido, e o método mais adequado, para o estágio que a turma se 48 encontra, e por em prática esse método, sendo que com o decorrer da evolução da turma, ele pode mudar o método utilizado. 4.7 A competição na iniciação esportiva O esporte provavelmente é o fenômeno social mais influente, e mais importante do século XXI, ele influencia muito na vida das pessoas, sejam, treinadores, diretores, torcedores, pais e principalmente atletas, e como cresce o número de atletas a cada ano, a disputa começa mais cedo até na própria iniciação esportiva. O futsal quando foi criado na década de 30, era praticado exclusivamente por adultos, com a criação das federações que regulamentaram as regras do esporte, ele foi gradativamente sendo praticado pelas crianças, mas sempre com as mesmas regras dos adultos, devido ao grande número de adeptos crianças, os clubes e escolinhas começaram a ver com outros olhos esse crescimento, e passaram a organizar competições para essas faixas etárias, mas nos mesmos moldes dos adultos, inclusive na iniciação esportiva. E é nessa iniciação esportiva que se discute muito se a competição é importante ou no início da vida esportiva das crianças. Santana (1996) caracteriza a competição na iniciação do futsal, como essencialmente formativa, voltada para a construção e incorporação de valores e idéias, num clima lúdico e prazeroso e, por excelência participativo. Ele ainda fala que a participação de todos é muito importante, pois o professor é que deve levar a criança a pensar a competição dessa forma saudável, sendo o aliado da criança nesse processo, e procurando criar novas formas de trabalho, usando alguns dos métodos de ensino mais apropriado para esses alunos. 49 Scalon (2004) fala que na iniciação esportiva, as competições constituem uma forma de treino com uma carga altamente motivadora, por isso devem servir de ferramenta educadora para o professor. Mas com alguns cuidados, Mutti (2003, p.279) cita que: Se fazem necessários alguns ajustes e adaptações, alicerçados em bases cientificas, para enquadrar esse esporte aos padrões de crescimento e desenvolvimento das crianças, não só pelos esforços desmedidos de ordem física, respeitando suas características físicas e psicológicas, necessidades e interesses. Mutti (2003) ainda explica que os moldes das competições atuais se encaixam perfeitamente aos adultos, porém são contra-indicados para crianças, não só pelos esforços de ordem física, mas também pela profunda solicitação emocional, que podem causar sérias perturbações na formação da personalidade das crianças. Mutti (2003) ainda fala a respeito das competições, pois as crianças não têm a capacidade psicológica de absorver uma derrota, ou de não participar dos jogos, se muitos adultos não se conformam com as derrotas ou com o fato de não jogar, imaginem crianças de 6 á 12 anos, onde muitas não entendem o porquê das situações. Já Santana (1996) tem a opinião de que os profissionais que trabalham com essas crianças é que deveriam conscientizar elas que o imediatismo não é importante, que o resultado não é o mais importante, e sim o aprendizado que o esporte nos proporciona, saber lidar com as emoções, com a derrota e a vitória. Santana (1996, p.54) cita ainda que; Muitos profissionais que trabalham em categorias menores, em escolinhas esportivas ou com equipes competitivas, reportam á mentalidade imediatista e de cobrança dos pais e dirigentes, o fator principal para que busquem fundamentalmente o resultado nas competições. Não podemos admitir isso como uma verdade absoluta e nos 50 acomodarmos. Onde está a convicção de que devemos caminhar em outra direção? O profissional precisa fundamentar-se, e mediante argumentos, propor alternativas. Na competição entre crianças não é o resultado o que importa, e sim a formação, a construção de idéias e valores, a interação entre crianças, o prazer pela atividade. Marques (2003) concorda com Mutti (2003) e salienta que em uma prática esportiva, o jovem vive experiências concretas de cooperação e de convívio social, desenvolvendo o respeito pelos outros, a competitividade sadia, o espírito de equipe, disciplina e a persistência. Desse modo, o esporte não só proporciona formação social e educacional, como também contribui para a formação do caráter. Marques (2003) completa ainda, que o esporte é muito mais que competir, que ganhar e perder, é ter motivação para melhorar as habilidades, passar bem, fazer amigos, viver emoções, desenvolver o físico, o bem-estar. Para ele, o que interessa não é a vitória contra um adversário, mas sim o progresso pessoal. Na minha opinião, a competição é muito benéfica para o atleta, independente de ele ganhar ou perder, concordando com Marques (2003), e ainda acho que os jogos ensinam a criança a ter mais força de vontade, determinação, coragem. No entanto é importante respeitar os estágios que os alunos se encontram, e nós, adultos envolvidos com essas crianças devemos ter uma visão da competição sob o ponto de vista da alegria e da satisfação. Agora, a discussão sobre a participação de crianças em competições continua, e não deve terminar tão cedo, pois as opiniões são divergentes, tendo sempre o lado negativo da competição, e isso é bastante explorado. Dos pontos negativos, Mutti (2003) fala de alguns, como: As regras, a mentalidade competitiva dos adultos, a influência dos pais, a cobrança de resultados, estresse e auto estima deformada, elitização precoce,não participação na partida, competições de longa duração e formula do campeonato. 51 Esses, são os fatores na opinião de Mutti (2003) que influenciam negativamente no processo das competições infantis, e prejudica seu desenvolvimento e crescimento relacionado ao esporte, tirando totalmente o prazer e a vontade da criança participar do processo de iniciação, fazendo-a desistir muitas vezes de praticar o esporte. Marques (2003) entende que a verdadeira competição é aquela que proporciona o bem- estar físico e psicológico, se algum desses dois aspectos é afetado, a competição não está sendo orientada de forma correta. Quando as crianças conseguem se preocupar apenas em desenvolver suas habilidades motoras, físicas e psicológicas, sem se importar com os fatores externos, tem seu desempenho bem melhores. Acrescente a esse desempenho, um fator determinante para essa melhora, o fato de não visar à vitória a qualquer custo. Scalon (2004, p.93 e 94) fala muito bem sobre esse detalhe da vitória; "Muitos treinadores trocam os resultados do futuro, pelos ilusórios sucessos do presente, os pequenos títulos de hoje por aqueles que verdadeiramente importam no desporto de rendimento, as vitórias das crianças e adolescentes serão importantes para os jovens atletas, mas não para os treinadores". Portanto, a fim de que a criança seja, acima de tudo, beneficiária do esporte, se faz necessário que os professores das escolinhas e dos clubes, façam uma revisão nos seus métodos, para que a criança se motive a praticar esse esporte que é maravilhoso, e que chama tanto a atenção da criança de hoje, é necessário que façamos uma revisão nesses programas de iniciação e motive essas crianças. 52 5. DISCUSSÕES E ENCAMINHAMENTOS Gostaria de propor um assunto para discussão, que na minha opinião é muito importante na iniciação esportiva, principalmente no futsal, pois, as regras para as crianças que praticam o esporte, e para os adultos são as mesmas, sendo o nível de compreensão das crianças menor do que a de um adulto. Acho que devemos até mostrar as regras certas para elas, mas acho que deveríamos ser flexíveis a respeito de cumpri-las ao pé da letra na iniciação esportiva, e muitos professores das escolinhas esportivas estão mais preocupados com o cumprimento das regras do que com o aprendizado e com o desenvolvimento motor dessa criança. Será que esses professores estão certos de agirem assim? Acho que devemos ter como objetivo principal que os alunos desenvolvam suas capacidades motoras, e estimulem sua técnica através do futsal, e que isso sirva, não só para o futsal, mas que ele leve para a vida toda. Outro ponto que acho importante de discutir, é quais são os motivos que levam as crianças a escolherem o futsal como esporte de iniciação, as bibliografias não falam muito desse 53 assunto, falam apenas na pressão dos pais, mas sabemos que com o nível que o futsal brasileiro está atualmente, tendo a visibilidade que está nos meios de comunicação, imagino que não seja só a pressão dos pais esses motivos. Gostaria de propor uma pesquisa nas escolinhas esportivas particulares, que seriam as escolinhas onde são pagas, de clubes sociais, e as escolinhas públicas, onde não se paga para praticar o esporte, e que normalmente são em comunidades carentes, para crianças sem condições financeiras, para saber se tem muita diferença nos motivos que levaram essas crianças a escolherem o futsal como esporte para praticarem, pois imagino que vamos ter muitas respostas, levando em conta a classe social que as crianças estarão, as respostas tendem a ser diferentes, mas com apenas uma ressalva, a de que os sonhos não têm classe social, nem cor e muito menos preço, só por isso que algumas respostas podem coincidir. 54 CONSIDERAÇÕES FINAIS Minhas considerações, são de que o futsal tomou uma proporção muito grande na sua procura, principalmente através das crianças na faixa etária do 6 aos 12 anos, e de que nós professores que trabalhamos com esse esporte, ou os que pretendem vir a trabalhar, tem uma enorme responsabilidade. Pois os pais dessas crianças que procuram a iniciação no esporte, procuram que seus filhos sejam bem orientados, e que a prática do esporte sirva não só como esporte, mas também como aprendizado para a vida toda, como o saber ganhar e perder, saber se relacionar com outras pessoas, e também adquirir o habito de praticar algum esporte, pois no mundo globalizado e tecnologicamente desenvolvido de hoje, as crianças tem preferido ficar em casa na frente da televisão, do computador ou do videogame, do que praticar um esporte, e isso é muito grave. Pois essa falta do hábito de praticar algum esporte, ou fazer alguma atividade física, pode ter algumas conseqüências no futuro que podem não ser das melhores, pois podem acarretar em 55 algumas doenças diretamente relacionadas a falta de uma prática esportiva regular, e nós professores temos que estar a par de tudo isso. Além do professor, uma figura muito importante na iniciação esportiva são os pais, eles que tem muita influência sobre seus filhos, e podem ajudar e prejudicar muito o aprendizado dos seus filhos. Os pais podem prejudicar o aprendizado dos seus filhos, na medida que eles, ao invés de querer que seus filhos aprendam o esporte, desenvolvam a técnica do futsal e ampliem sua bagagem motora, eles querem que seus filhos vençam a qualquer preço, atuem o tempo todo, e não pensem nos colegas. Mas não são só esses pais que existem, certamente tem aqueles pais que estão preocupados com o bem estar do seu filho, com o bem estar do filho dos outros e também com o relacionamento com os professores, tanto o seu relacionamento como o do seu filho. Essa harmonia é fundamental para um melhor aprendizado por parte das crianças, e também por parte dos professores, pois podem se dedicar a desenvolver um trabalho com mais qualidade, sem se preocupar com pais mal educados e prejudiciais a todos, podendo achar a metodologia mais adequada para trabalhar com as crianças, e deixar a criança feliz, praticando um esporte e se desenvolvendo, que é o mais importante, sendo essa criança a protagonista do processo e não terceiros, como, pais e professores. Enfim, acredito que o esporte para a criança é extremamente salutar, desde que a preocupação esteja na formação, no processo, e não somente no resultado, na medalha, no ser campeão. Espero que este estudo de revisão de literatura, venha a contribuir como um ponto de reflexão para aqueles que militam no trabalho com escolinhas de iniciação e formação esportiva, principalmente no futsal. 56 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BECKER JR, B. Psicologia aplicada à criança no esporte. 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