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Educação Inclusiva Direitos humanos: educação como direito de todos Profa. Ma. Juliana Chueire Lyra • Unidade de Ensino: 02 • Competência da Unidade: Compreender as relações que envolvem as pessoas com deficiência como um resultado do processo histórico, e da legislação como um registro desse processo. • Resumo: Estudaremos a construção dos direitos das pessoas com deficiência no mundo. Falaremos sobre os paradigmas da educação especial. Abordaremos a relação entre as pessoas com deficiência em diferentes sociedades ao longo da história, aspecto fundamental para compreendermos como se caracteriza essa relação concretamente. Discutiremos as nuances da história da educação, a legislação educacional e a educação especial no Brasil, a fim de contextualizar a educação inclusiva em nossa realidade. • Palavras-chave: Direitos humanos; Legislação educacional; Educação Especial. • Título da Teleaula: Direitos humanos: educação como direito de todos. • Teleaula nº: 02 Contextualizando a aula • Construção dos direitos das pessoas com deficiência no mundo. • Paradigmas históricos da educação especial: exclusão, segregação, integração e inclusão. • História da educação especial e a relação da sociedade com as pessoas com deficiência. • Legislação educacional e a educação especial no Brasil. Conceitos Construção dos direitos das pessoas com deficiência no mundo Marcos internacionais de direitos Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) estabelece a educação como direito para todos; igualdade em direitos e dignidade; políticas universais e focalizadas. Marcos internacionais de direitos Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (2006) sintetiza a pauta das demandas em relação às pessoas com deficiência, sendo considerada o marco fundamental de lutas. Documentos do Movimento de Educação para Todos Declaração de Jomtien (1990) Declaração de Salamanca (1994) Declaração de Dakar (2000) Declaração de Incheon (2015) Marco nacional Estatuto da Pessoa com Deficiência - Lei Brasileira de Inclusão (2015) adota a definição de deficiência dentro da perspectiva social; direito à educação, saúde, benefícios como aposentadoria; configura como crime a recusa da matrícula de aluno com deficiência. Conceitos Paradigmas históricos da educação: exclusão e segregação Paradigma: um conjunto de ideias, valores e ações que sustentam determinada compreensão da realidade, bem como práticas sociais concernentes que caracterizam a maneira da sociedade lidar com certos temas ou grupos sociais, como a diferença e as pessoas com deficiência. Paradigmas Esta Foto de Autor Desconhecido está licenciado em CC BY-SA Exclusão Antiguidade Fase do Extermínio O “diferente” deveria ser eliminado/ sobreviventes se destacavam Idade Média Ascenção do Cristianismo Assistencialismo e filantropia / “Anormalidade” e estigmas Séculos XIV e XV - burguesia surge como classe social e nasce o mercantilismo; Avanços na medicina: divisão ou segregação das pessoas com deficiência em lugares específicos; Institucionalização em hospitais – “depósitos”. Segregação Esta Foto de Autor Desconhecido está licenciado em CC BY-ND Conceitos Paradigmas históricos da educação: integração e inclusão Propõe que as pessoas com deficiência e diferenças significativas devem viver em condições mais próximas do normal possível; Classes especiais; Instituições de transição; Sala regular – adaptação do aluno. Integração Esta Foto de Autor Desconhecido está licenciado em CC BY-NC-ND Noção de direito – escola se adapta ao aluno; Sala regular para todos os alunos. Educação inclusiva passa a ser compreendida como aquela educação que, conforme colocado na Declaração de Incheon (2015), “não deixa ninguém de fora e nem para trás”. Inclusão Esta Foto de Autor Desconhecido está licenciado em CC BY-NC-ND Terminologias como registros do processo histórico Fonte: adaptada de Sassaki (2014) Paradigmas da educação especial Esta Foto de Autor Desconhecido está licenciado em CC BY-NC Resolução da SP SP 1: O preconceito com a pessoa que tem deficiência ao longo da história Problematizando a situação problema 1 Por utilizar uma prótese no olho esquerdo e por ter o cabelo crespo, Ana Carolina foi chamada por alguns alunos de “olho de vidro” e “cabelo sarará”. Esses apelidos eram agressivos e desagradáveis, mas ela era forte e reagia, exigindo respeito. As amigas também a defendiam e a auxiliavam durante as atividades em sala de aula. Ana tinha também deficiência intelectual. • Na Idade Média: dificuldades para sobreviver, dependendo de como a lesão do seu olho se desenvolvesse. E pouca chance de se afirmar como pessoa, por ser mulher. • Na década de 1950: vida com mais qualidade de saúde. Mas por ser de uma família sem recursos, talvez nem tivesse acesso à informação de que poderia utilizar uma prótese ocular. Resolução da situação problema 1 • Na escola de décadas passadas, a preocupação era quase inexistente. A escola atual se preocupa com o bullying. Interação O que você pensa sobre a pessoa com deficiência, concluir os estudos e depois trabalhar? Conceitos História da educação especial Primeiras iniciativas de instituições assistenciais • Imperial Instituto dos Meninos Cegos, em 1854 (hoje Instituto Benjamin Constant) Es ta F ot o de A ut or D es co nh ec id o es tá lic en ci ad o em C C BY -S A Esta Foto de Autor Desconhecido está licenciado em CC BY-SA- NC • Instituto dos Surdos Mudos, em 1857 (hoje Instituto Nacional da Educação dos Surdos) Instituições assistenciais Séc. XX, em 1917 - ideia de eugenia ou “pureza racial”; Ações assistencial e médica, e não educacional; Instituições privadas e de caráter assistencial: Instituto Pestalozzi (1926) e Associação de Amigos e Pais dos Excepcionais – APAE (1954); Momento do paradigma de integração - criação de classes especiais para pessoas com deficiências. Esta Foto de Autor Desconhecido está licenciado em CC BY-SA-NC Conceitos Legislação educacional Legislação • A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN Nº 4.024 de 1961 aborda, pela primeira vez, os direitos dos “excepcionais” à educação (preferencialmente na escola comum). • A Lei n.º 5.692 de 1971 estabelece a modalidade de educação especial influenciada pela concepção mecanicista. • O ano de 1981 foi proclamado pela ONU como o Ano Internacional da Pessoa Deficiente. • A Constituição Federal de 1988 enfatiza o direito de todos à educação e define o AEE. Década de 1990 • Lançados importantes documentos internacionais que reafirmam o direito das pessoas com deficiência à educação na escola comum: Declaração de Jomtien (1990) e a Declaração de Salamanca (1994). • Em 1990, é criado o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) – Lei Nº 8.069. • Em 1994, é lançada no Brasil, a Política Nacional de Educação Especial. LDBEN n.º 9.394, de 1996. • Avanços na oferta de ensino especializado sempre que necessário e o início da oferta da educação especial na faixa etária de zero a 6 anos. • Mas, não assume um compromisso claro com a inclusão escolar ao defender o ensino segregado em classes ou escolas especiais quando “não for possível a sua integração nas classes comuns do ensino regular”, o que abre precedentes para a exclusão de alunos. Plano Nacional de Educação (2001) – Lei nº 10.172 reconhece a importância da educação inclusiva. Plano Nacional de Educação (2014) - Lei Nº 13.005 - Meta 4: específica para tratar da modalidade de educação especial na perspectiva da educação inclusiva. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008) Tem como objetivo orientar os sistemas de ensino para garantir o acesso, a participação e a aprendizagem dos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas escolas comuns eno atendimento educacional especializado. Define o público alvo da educação especial (PAEE). Conceitos A organização da educação nacional e seus níveis e modalidades Organização da educação nacional • Organiza-se em níveis e modalidades de ensino: • Os dois níveis da educação escolar são: educação básica: educação infantil, ensino fundamental e ensino médio. ensino superior. • As modalidades de ensino perpassam tanto a educação básica como a educação superior – ou seja, têm caráter transversal. Organização da educação nacional Educação especial É uma modalidade de ensino, não um nível. Não pode substituir a frequência à escola comum, devido a seu caráter complementar ou suplementar. Modalidades de Educação Educação de Jovens e Adultos (EJA) Educação Profissional e Tecnológica Educação Básica do Campo Educação Escolar Indígena Educação Escolar Quilombola Educação à Distância Resolução da SP SP 2: Pontos positivos e negativos de frequentar a escola comum. Como seria se Ana Carolina não tivesse frequentado a escola comum e permanecesse na escola especial até se tornar adulta? Reflita sobre os pontos positivos e negativos de frequentar a escola comum e construa sua opinião. Problematizando a situação problema 2 Se ela frequentasse somente a escola especial, talvez ficasse mais isolada e sua família teria mais dificuldade para trabalhar sua independência. Suas amizades se restringiriam mais aos colegas da escola especial, com poucas relações fora desse grupo. A escola regular precisa se adaptar e implantar recursos de acessibilidade e de tecnologia assistiva. Prover o atendimento educacional especializado (AEE) realizado nas salas de recursos multifuncionais. Resolvendo a situação problema 2 Interação Kahoot Conceitos Recapitulando... Recapitulando... • Construção dos direitos das pessoas com deficiência no mundo. • Paradigmas históricos da educação especial: exclusão, segregação, integração e inclusão. • História da educação especial e a relação da sociedade com as pessoas com deficiência. • Legislação educacional e a educação especial no Brasil. REFERÊNCIAS BRASIL. Decreto n.º 6.949, de 25 de agosto de 2009. Promulga a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, em 30 de março de 2007. Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência: Protocolo Facultativo. Brasília: Secretaria de Direitos Humanos, Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, 2011. BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Palácio do Planalto, Casa Civil, Brasília. Publicada em 1996. Disponível em: http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm. Acesso em: 13 out. 2018. BRASIL. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2008. Disponível em: http://portal. mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf. Acesso em: 13 out. 2018. BRASIL. Lei nº 12.796, de 4 de abril de 2013. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para dispor sobre a formação dos profissionais da educação e dar outras providências. Palácio do Planalto, Casa Civil, Brasília. Publicada em 2013. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/ Lei/L12796.htm#art1. Acesso em: 13 out. 2018. REFERÊNCIAS BRASIL. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação - PNE e dá outras providências. Palácio do Planalto, Casa Civil, Brasília. Publicada em 2014. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13005.htm. Acesso em: 13 out. 2018. CONFERÊNCIA MUNDIAL SOBRE EDUCAÇÃO PARA TODOS SATISFAÇÃO DAS NECESSIDADES BÁSICAS DE APRENDIZAGEM, 1990. Declaração Mundial sobre Educação para Todos - Jomtien – Tailândia, 1990. Biblioteca Virtual de Direitos Humanos – USP. Disponível em: http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Direito-a-Educa%C3%A7%C3%A3o/declaracao-mundial-sobre-educacao-para-todos.html. Acesso em: 15 set. 2018. ONU. Assembleia Geral das Nações Unidas. Declaração Universal dos Direitos Humanos. 1948. Disponível em: https://nacoesunidas.org/direitoshumanos/declaracao/. Acesso em: 3 dez. 2018. SASSAKI, R. K. Como chamar as pessoas que têm deficiência? Diversa. São Paulo, 12 mar. 2014. Disponível em: http://diversa.org.br/artigos/como-chamar-pessoas-que-tem-deficiencia/ Acesso em: 25 set. 2018. UNESCO. Declaração de Salamanca sobre Princípios, Política e Prática em Educação Especial – 1994. Biblioteca Virtual de Direitos Humanos – USP. Disponível em: https://goo.gl/b6evsY. Acesso em: 15 set. 2018.