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INTRODUÇÃO A FENOMENOLOGIA 1 INTRODUÇÃO É importante salientar no início deste estudo que os livros que fazem introdução a determinado assunto, tem objetivo especifico de introduzir, pois a pretensão não é chegar a complexidade do assunto estudando. O livro introdução a fenomenologia faz apresentação do pensamento husserliano, visto que o entendimento do mesmo não fácil, pois não tem registro que o autor tenha formulado uma síntese geral de suas obras, que por vezes são numerosas e vastas. Neste sentido Bello, nos encoraja à estudarmos a fenomenologia baseado nos pressupostos de Husserl. O presente trabalho tem como objetivo principal fazer sínteses críticas e sucinta, que demonstre as noções gerais que a fenomenologia nos proporciona, baseando-se principalmente no método de Husserl. Se torna fundamental entender que a fenomenologia surgiu como um movimento da filosofia que ganhou muita importância no século XX. Proposta de forma clássica por Edmund Husserl como sendo a reação ao positivismo e ao psicologismo, onde mantem pontos fundamentais de aproximação com o existencialismo que influenciaram importantes cientistas sociais, filósofos e educadores, como Paulo Freire, Adorno, Heidegger, e muitos outros. Segundo Husserl a Fenomenologia constitui-se como método prática para a filosofia. Mesmo com a recente histórico do termo “fenomenologia”, sua concepção se estrutura como moderna, pois inicia-se dos pensamentos filósofos de Husserl. O autor descreve a fenomenologia como sendo um método de mediação entre sujeito e objeto, ou com outras palavras, entre “eu e a coisa”. O presente método é apontado como sendo consciente e intencional. 2 REFERENCIAL TEÓRICO A Introdução a fenomenologia de Bello, faz exposições da fenomenologia de Husserl de maneira detalhada, expondo as críticas as ciências positivistas, propondo-se a descrição dos fenômenos, se voltando as coisas “mesmas”, ou seja, as experiências vivenciadas. Partindo da interrogação e descrição sobre os mesmos, realizando correspondência a um método que não é nem empírico nem dedutivo, e sim na consistência da reflexão a respeito a um dado fenômeno. O termo fenomenologia significa estudo dos fenômenos, daquilo que aparece à consciência, daquilo que é dado, buscando explorá-lo. A própria coisa que se percebe, em que se pensa, de que se fala, tanto sobre o laço que une o fenômeno com o ser de que é fenômeno, como sobre o laço que o une com o Eu para quem é fenômeno. (SILVA, et al, 2008, p. 03) O primeiro capítulo apresenta uma descrição separativa dos termos fenômeno e fenomenologia, apoiando-se em termos conceituais. Bello inicia-se suas discussões fazendo apontamento acerca da fenomenologia como sendo uma escola que ensina a filosofar na Alemanha no final do século XIX, tendo como idealizador Husserl, pois através da formulação que defini a fenomenologia em sua formação especifica e constituída de suas partes que advém do grego – “fenômeno”, quer dizer – aquilo que mostra e “logia” que deriva do termo “logos” – ganha significado de pensamento. Neste sentido, o termo “fenomenologia” ganha representativa literal como “reflexão do pensamento”, a respeito daquilo que se mostra. Quando dizemos que alguma coisa se mostra, dizemos que ela se mostra a nós, ao ser humano, à pessoa humana. Isso tem grande importância. Em toda a história da filosofia sempre se deu muita importância ao ser humano, àquele e quem o fenômeno se mostra. As coisas se mostram anos. Nós é que buscamos o significado, o sentido daquilo que se mostra. (BELLO, 2006, p. 18-19) Através dos apontamentos feitos pela autora, o sentido do fenômeno é o que se revela mais importante, para ser estudando, neste aspecto essa deve ser o objetivo dos indivíduos que querem encontrar significados e o sentido daquilo que se mostra. É a principal missão de que opta por pensar na atualidade: entender o sentido das coisas, tanto do caráter religioso, cultura, quanto do caráter físico, que é designado ao ser humano. O segundo capitulo nos possibilita perceber a constituição da fenomenologia como método, pois no pensamento de Husserl é necessário compreender o fenômeno e suas implicações na definições quer dizer entender o caminho, neste sentido segundo afirmações do autor, para entender o sentido e compreender as “coisas”, é preposto duas etapas: a primeira é alicerçada na necessidade de dar sentido ao fenômeno, simplesmente a redução eidética: pois sua correspondência possibilita a busca pela sentido das coisas, mesmo que nem todas as coisas sejam compreensivas. Neste sentido Bello diz que a compreensão das coisas se apresenta incialmente como uma possibilidade do homem, e Husserl complementa revelando que fundamental não é compreender o fato, mas sim seu sentido, não basta apenas dizer que ele existe, mais também porque e para que ele existe. A segunda possibilidade nos mostra a necessidade de identificação do indivíduo que persegue o sentido, sua redução transcendental: neste aspecto, é necessário a reflexão sobre o homem, quem somos nós? Está análise é ponto de partida para realizar a investigação. Neste sentido Bello nos mostra que a consciência dos atos humanos corresponde-se às experiências vividas, assim, as pessoas tem dois níveis de consciência: no nível um estão os atos que nos permite perceber, e o segundo nível estão os atos que nos permite refletir. A autora afirma, que o homem tem a capacidade de perceber que o que estão fazendo por meio da reflexão, assim sendo, se constitui como uma ação vivenciada; a consciência se configura como sendo dimensão na qual os seres humanos registram seus atos. Devemos perguntar também que tipo de vivencia é refletir. Estamos refletindo sobre ver e tocar que são registrados por nós, esse refletir é um novo ato, é uma nova vivencia, e dessa vivencia nós também temos consciência, porém, o ato reflexivo é uma consciência de segundo grau, é uma ulterior consciência de algo que, nos consente dizer, estamos vendo e tocando. (BELLO, 2006, p. 33). Os apontamentos da autora fazem compreensão a redução eidética como contestação do processo mentalista / cognitivos que são apresentados de forma espontânea no exercício que interfere e norteia a busca pela compreensão. Assim, a autora esclarece que é necessário reduzir, o caráter mínimo, assim como a discriminação deliberada a respeito do que é importante saber, principalmente sobre o que não é considerado importante saber. Assim é constituída a opção na busca pelo sentido, e não dos meros fatos que surgem junto às coisas. O capítulo três nos sugere a refletir a respeito da estrutura do universo e da consciência humana, visto que a “consciência” é descrita como sendo uma novidade apresentada pela fenomenologia e constituída de cumplicidade. Faz inferências ainda a respeito da abordagem de Freud (psicanalise) e a fenomenologia, pois essa constitui-se da dimensão pré-consciente da admissão psíquica, e a inconsciente, assim como o fato de termos consciência, que só é possível quando termos essa percepção. Tais aspectos correspondem imprescindível noção para o conhecimento das coisas pelo indivíduo. Husserl revela que a vivencia psíquica na dimensão inconsciente, é relevante, contudo, o homem tem a dimensão espiritual e todas as pessoas tem a possibilidade de fazer essa manifestação por meio dos controles do sentido. Outro aspecto, referenciado por Freud que revela que tudo que acontece no nível consciente é resultado das manifestações do nível do inconsciente. O que significa perceber? O que significa perceber em relação a recordar e imaginar? Quais são as condições para perceber? A percepção é aquele ato que se dirige a um objeto físico, concreto, que está diante de mim. Em geral, essa é a estrutura universal da percepção. Se analisarmos e observamos a percepção na sua pureza, cada vez que termos uma percepção acontece assim. (BELLO, 2006, p. 46) Husserl se beneficia dos estudos feitos a respeito àpercepção para compreender de forma clara e objetiva como ocorre a produção de conhecimento. O autor afirma também que é através da percepção que o homem entra em contato com o mundo físico, pois a pessoa sente as coisas através das sensações. A percepção é uma forma para encontrar algo, uma porta e passagem para o indivíduo compreender como o homem é feito. O quarto capítulo (síntese passiva: fase anterior a percepção), proporciona compreender como Husserl denota a existência para um caminho anterior à percepção humana, descreve-se como sendo síntese passiva do pensamento, assim, nos apresenta a explicação onde retrata o nível passivo como lócus de processamento de algumas operações tais como: homogeneidade e heterogeneidade, descontinuidade e continuidade. Considerando todo o arco do processo reflexivo husseliano, podemos dizer que entramos no nível da consciência através da percepção, mas existe também um nível passivo, que pode ser objeto de uma “escavação” (BELLO, 2006, p. 58). A existência de um caminho anterior à percepção, leva o homem a reconstruir seus conceitos, assim a síntese passiva é importante. A reunião de elementos, mesmo quando não damos conta dessa ação, faz-se objetivo de reflexão. Essa afirmação é solida para que o sujeito reconheça a complexidade do ser humano, e principalmente da sua função em se manter pretenciosa a descobertas de novos conhecimentos, a vida ganha sentido. O capítulo cinco (O eu, o outro e nós: A entropatia), faz uma explanação a respeito da entropatia, onde são apresentados conceitos de entropatia – ação da consciência que possibilita identificação de um semelhante. Através deste, se identifica que participamos de um mundo intersubjetivo, assim pode-se, principalmente no nível psíquico estabelecer relações entropáticas com os animais, isso não é possível no nível espiritual. Em relação “ao outro e nós”, a vida é singular, mais a pessoa está ligada a uma estrutura universal, onde pode-se denominar “nós”, como uma estrutura complexa de inter-relações. Algumas vezes temos uma fotografia, e então, podemos ver como a pessoa é. Neste caso pode-se perguntar qual a vivência que se ativa. Sabemos que é a percepção e algo semelhante à recordação. O que é a fotografia? É uma imagem, mas nós podemos fazer uma análise da imagem. O que é a imagem? O que é a imagem em relação ao original? Há uma forma de análise da imagem do ponto de vista fenomenológico, muito importante até para a arte, pois o exercício da arte pode ser desenvolvido a partir daí, mas através da imagem também podemos chegar a perceber o outro como humano (BELLO, 2006, p. 64). A autora deixa claro a importância das experiências anteriores e o conhecimento relacional, pois só é possível identificar as características da pessoa na foto porque se tem conhecimento experiencial que aquilo não é a própria pessoa, mas sim uma foto. O capitulo seis (A intersubjetividade: as modalidades de associação e a pessoa), propõem um pensamento a respeito da intersubjetividade, enfocando nas modalidades associativas das pessoas, parte do principio que as experiências vividas no contexto humano, são importantes para se chegar ao conhecimento. Discute-se também como esse o contexto social é formado dando ênfase as notoriedades da dimensão corpo, espirito e psique como constituintes humanas. A comunidade se forma quando cada membro aceita a comunidade como ugar de seu movimento individual e, assim, se forma uma nova personalidade que é a comunidade. Os seres humanos deveriam viver em comunidade, pois isto corresponde a um grande apelo ético. Concebendo a comunidade dessa maneira, cada um poderia participar de diversas formas de comunidade. (BELLO, 2006, p. 74) A autora deixa claro a especificidade da comunidade como sendo uma associação de pessoas, e que cada um assume sua responsabilidade reciproca, devendo cumprir com as determinações e vínculos psíquicos, corporais e espirituais, neste contexto, a família é considerada uma comunidade; quando não existe vinculo proximal psíquico e espiritual, mas somente físico e corporal, se pode denominar de “sociedade”. A autora afirma ainda que "o ser humano é um fenômeno, e assim, nesse é possível identificar atos que também são fenômenos e se manifestam e através deles podemos conhecer o fenômeno corpo, a psique e o espirito”. Fernandes (2011) em seus apontamentos diz que quando o indivíduo se coloca no lugar do outro, com finalidade de substituí-lo, também é retirado das outras suas responsabilidades, e coloca-se à parte, para realizar para ele o que ele não tem capacidade de fazer sozinho. Quando se antepõe a outro, faz anteposição ao ser, se colocando à sua frente devolvê-lo a responsabilidade de cuidar de si mesmo, e deixando a mercê de suas próprias possibilidade de existir, neste aspecto remete o outro a responsabilidade do ser, a se tornar autossuficiente para tomar conta de si, em todos os aspectos psíquicos, físicos e espirituais. O capítulo sete (analise das vivencias para um fundamento das ciências) nos mostra a relevância das experiências vivenciadas para a fundamentação das ciências, quando se considera que não é inviável fazer ciência sem ter conhecimento do que é o homem, assim a fenomenologia e responsável em realizar essa busca pela análise dos atos. Como existe uma história do ser humano, existe também uma história da natureza. Isso não entra em choque com o criacionismo que, então, vem a ser reinterpretado. Essa é uma garantia de contribuição promovida pelo evolucionismo, pois a concepção anterior de criacionismo era a de que o criado não mudaria, a partir do evolucionismo se considera que existe também uma história da natureza (BELLO, 2006, p. 90-91). A autora deixa claro sua manifestação pela necessidade de compreender o processo histórico da formação humana, e sua relação com a natureza, pois o habitat onde o homem vive também é um fenômeno, e como tal é digno de estudos, pautados em regras e teorias comprobatórias. Capítulo oito (o método fenomenológico Husserliano e o existencialismo), explicita de forma consiste a diferença que existe entre as duas abordagens que nomeia o capitulo, pois identifica como conhecimento promovido pela existência; segundo Husserl é fundamental entender o sentido como um fato e não a existência da coisa, neste sentido seus escritos se volta para reconhecer o significado das coisas em sua complexidade. A questão mais importante é a de como vamos examinar o ser humano. Husserl vai ao interior, ao atos, às vivencias para conhecer o sujeito que aprende o fenomeno, para poder conhecer as caracteristicas do que está fora (não factuallmente), mas conforme foi apreendido pelo sujeito, faz uma análise do ponto de vista do espírito. Os existencialistas, interessados nessa existencia do ser humano, permanecem fora. (BELLO, 2006, p. 95) Heidegger (discípulo de Husserl), se interessou pelo estudo do fenômeno da existência do ser humano, assim como os fenomenôlogo, mais tarde admitiram também examinarem a essência do homem como fenômeno, sem examinar seus atos. Husserl considera as vivencias, os atos interiores, fazendo a análise levando em consideração o espírito, por outro lado os existencialistas continuaram foram, não levando em consideração a dimensão do espírito. O último capitulo (Os atos específicos da busca religiosa) realiza uma abordagem a respeito dos atos que almeja a religiosidade. Para Bello, os atos racionais, intelectuais e morais se ligam à exigência espiritual, neste sentido à vida espiritual tem relação estreita com os atos religiosos, que na visão de Husserl são correntes da consciência humana. Tais correntes formam uma barreira para formar um princípio absoluto, visto que não se pode sair da consciência, assim, os atos também são indicações de uma limitação humana. Quando se entende que os atos são limitados, mas também se tem a consciência que existe algo que nos transcende, conhecimento de tal transcendência está em nossa percepção. Assim, pode-se descrevera experiência religiosa como algo superior a si. 3 CONCLUSÃO O desenvolvimento deste estudo proporciona concluir que a fenomenologia é importante para a produção de conhecimento humano, pois nos proporciona a refletir, a criticar a razão pura e aplicada, pois nos guia a filosofia transcendental. A fenomenologia também nos leva a mudanças, pois é um importante instrumento para transformação e evolução das pessoas. A obra “Introdução e Fenomenologia” de Ângela Ales Bello é um material riquíssimo que propõe ao leitor refletir sobre a maneira que ver e entender as coisas, e a própria existência humana, pois possibilita a compreensão do homem a partir das observações fenomenológicos, neste aspecto é uma ciência essencial para produzir conhecimento. Bello produziu análises importantes das ideias de Husserl, descrevendo por meio de uma linguagem simples, mas mantendo a originalidades das teses do autor a respeito do método fenomenológico que foi um pensamento importante para muitos movimentos e pensamento de autores do século XX. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BELLO, Ângela Alles. Introdução à fenomenologia / Ângela Alles Bello: tradução Ir. Jacienta Turolo Garcia e Miguel Mahfoud. Bauru, SP: Edusc, 2006. FERNANDES, M. A. Do cuidado da fenomenologia à fenomenologia do cuidado. In: PEIXOTO, Adão José; HOLANDA, Adriano Furtado. Fenomenologia do Cuidado e do Cuidar: perspectivas multidisciplinares. Curitiba: Juruá Editora, 2011. p. 17-32. SILVA, Jovânia Marques de Oliveira; et al. Fenomenologia. Rev Bras Enferm, Brasília 2008 Rev Bras Enferm, Brasília 2008 mar-abr; 61(2): 254-7.