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Prévia do material em texto

FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA 
EDUCAÇÃO DO CAMPO
Professor:
Me. Geandro de Souza Alves dos Santos 
Diretoria Operacional de Ensino Kátia Coelho 
Diretoria de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha
Head de Produção de Conteúdos Rodolfo Pinelli
Head de Planejamento de Ensino Camilla Cocchia
Gerência de Produção de Conteúdos Gabriel Araújo
Supervisão do Núcleo de Produção 
de Materiais Nádila de Almeida Toledo
Supervisão de Projetos Especiais Daniel F. Hey
Projeto Gráfico Thayla Guimarães 
Design Gráfico Flávia Thaís Pedroso 
Qualidade Textual Ivy Mariel Valsecchi
DIREÇÃO
Reitor Wilson de Matos Silva 
Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho 
Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho 
Pró-Reitor de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva 
Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi
NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900 
Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação 
a Distância; SANTOS, Geandro de Souza Alves dos . 
 
 Fundamentos e História da Educação do Campo e suas 
Concepções. Geandro de Souza Alves dos Santos. 
 Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017. 
 27 p.
“Pós-graduação Universo - EaD”.
 1. Educação. 2. Fundamentos. 3. EaD. I. Título.
CDD - 22 ed. 370
CIP - NBR 12899 - AACR/2
01
02
03
sumário
06| PRESSUPOSTOS TEÓRICOS DA EDUCAÇÃO DE CAMPO E 
EDUCAÇÃO RURAL
12| A PEDAGOGIA DA ALTERNÂNCIA
16| EDUCAÇÃO DO CAMPO E FORMAÇÃO OMNILATERAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 • Compreender a trajetória da Educação do Campo como política pública.
 • Analisar os conceitos teóricos e metodológicos da Educação do Campo, 
seu espaço e lugar. 
 • Refletir sobre como se dá o processo de construção da escola do campo e 
suas especificidades.
PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 • Pressupostos teóricos da Educação do Campo e Educação Rural.
 • A pedagogia da alternância.
 • Educação do Campo e formação omnilateral.
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA EDUCAÇÃO DO CAMPO
INTRODUÇÃO
introdução
Neste estudo conheceremos algumas das especificidades teóricas da Educação 
do Campo e ressaltaremos sua importância. As discussões em torno dessa área 
estão fundamentadas em pressupostos desenvolvidos entre os povos do campo, 
os movimentos sociais e a sociedade organizada. 
Esperamos que ao final desta Unidade você compreenda que a Educação 
do Campo refere-se a uma proposta concreta, palpável e que é demarcada 
historicamente por lutas e resistências; não se trata somente de um conceito, 
mas também de politica pública presente na história da educação brasileira e 
na relação conflituosa provocada pelos interesses das oligarquias e dos sujeitos 
do campo e da cidade. 
Trazemos, então, nesta unidade, dois apontamentos distintos: um sobre as 
demandas por direito, sendo que apresentamos como exemplo um fundamento 
que permeia a Educação do Campo como politica pública: a pedagogia da 
alternância. 
Não obstante, é preciso caracterizar nosso objeto de estudo teoricamente, 
com conceitos que delineiam a Educação do Campo como proposta educacional 
libertadora, construída para e pelos sujeitos do campo que transformam seu 
meio através do trabalho. Assim, o outro apontamento refere-se à Educação do 
Campo enquanto proposta de formação omnilateral. 
Pós-Universo 6
pressupostos 
teóricos da 
educação 
de campo 
e educação 
rural
Pós-Universo 7
Neste tópico, discutiremos as questões norteadoras sobre o conceito de Educação do 
Campo versus o de Educação Rural. Quais conceitos e práticas as diferenciam? Como 
e por que desenvolver uma educação essencialmente feita pelos e para os sujeitos do 
campo? Tais considerações apontam para o fato de que são propostas educacionais 
díspares; enquanto uma revela a educação segundo os interesses do estado, que 
marca sua presença por meio de uma politica pública alicerçada nos interesses do 
capital, a outra se consolida na contramão deste modelo, sendo articulada, discutida 
e desenvolvida pelos movimentos sociais e pela sociedade organizada nacional e 
internacional, configurando-se, assim, como uma Educação do Campo. 
A Educação Rural é marcada pelo viés da compensação histórica pelo atraso 
no campo e desconsidera as especificações e a realidade campesina. De acordo 
com Souza e Reis (2009), quando se trata de educação rural, as políticas públicas 
são utilizadas como meio de compensação e sua implantação muitas vezes se dá 
sem a utilização de um projeto que objetive atender suas especificações. Trata-se, 
então, simplesmente da presença da escola no meio rural, sendo que muitas vezes 
desconsideram-se as questões culturais das comunidades em que estas escolas 
funcionam, bem como a realidade do educando, os interesses de desenvolvimento 
local e as lutas e conquistas no âmbito político e ideológico. 
Para Ribeiro (2012), a Educação Rural pode ser caracterizada por sua dissonância em 
relação às características e identidades dos sujeitos do campo. Trata-se simplesmente 
de uma escola urbana inserida no meio rural, desconsiderando-se as questões relativas 
às identidades culturais, meios de produção e sociedade. Nesse sentido, vejamos o 
exposto por tal autor: 
 “
Compreendida no interior das relações sociais de produção capitalista, a 
escola, tanto urbana quanto rural, tem suas finalidades, programas, conteúdos 
e métodos definidos pelo setor industrial, pelas demandas de formação 
para o trabalho neste setor, bem como pelas linguagens e costumes a ele 
ligados. Sendo assim, a escola não incorpora questões relacionadas ao 
trabalho produtivo, seja porque, no caso, o trabalho agrícola é excluído de 
suas preocupações, seja porque sua natureza não é a de formar para um 
trabalho concreto, uma vez que a existência do desemprego não garante 
este ou aquele trabalho para quem estuda (RIBEIRO, 2012, p. 296).
Pós-Universo 8
Se refletirmos um pouco sobre este trecho, é possível chegarmos à conclusão de 
que uma Educação Rural, ou seja, no campo (e não do campo), desconsidera seus 
aspectos de ligação com o meio no qual os sujeitos estão inseridos, as necessidades, 
especificidades, dificuldades encontradas em termos de escolarização e, principalmente, 
a necessidade de representatividade da identidade de quem vive no campo. A Educação 
Rural instituída pelo Estado tem como proposito a escolarização, a compensação pelo 
que se considera um atraso e busca levar para o meio rural a realidade urbana de 
produtivismo e formação para o trabalho. 
 “
Compreendemos que a Educação do Campo busca olhar os sujeitos e 
considerar as diferenças de acúmulos de cada um/a e nisso consiste perceber 
que o campo necessita de uma educação que seja pensada olhando para suas 
especificidades e, portanto, o currículo urbano não dá conta de contemplar, 
tornando-se incapaz de enxergar esse espaço com suas características e 
funções específicas, e, nem por isso, menos importante, fazendo dele um 
apêndice do urbano, como se só existisse produção de conhecimento em 
um determinado lugar que, neste caso, é na cidade (FARIAS, 2014, p. 88). 
Durante a década de 1990, os movimentos sociais e organismos nacionais e 
internacionais pela educação expressaram novas perspectivas para a educação 
brasileira, ou seja, da construção de uma sociedade mais igualitária, bem como a 
proposta de uma Educação do Campo, disseminando a esperança de sua implantação 
efetiva. 
Neste período, foram expressas também as interferências de organismos como a 
Unesco e o Banco Mundial, que articulavam a educação de acordo com as demandas 
da Organização das Nações Unidas (ONU) (SANTOS, 2016).Pós-Universo 9
 “
É o neoliberalismo que a seu modo ditava as regras da economia e da 
educação brasileira, durante o período de transição e após ele, o que não 
foi capaz de frear o novo olhar que surgia dos movimentos sociais e das 
universidades públicas, de uma educação que respeitasse as peculiaridades 
dos povos do campo. O que se presencia é uma educação que aparece como 
elemento urgente nas pautas dos governos, dos movimentos sociais e da 
sociedade como um todo. É a Educação do Campo que se afirma a partir de 
ações concretas, na maioria, iniciativas dos movimentos sociais do campo, 
Universidades e entidades apoiadoras [...] (SANTOS, 2016, p. 41). 
Segundo Shelling (1991), a concepção de uma Educação essencialmente construída a 
partir dos interesses dos povos do campo, com valorização de sua identidade, produção 
cultural e modo de vida tem sido pauta de discussões, sobretudo dos movimentos 
pela reforma agrária e de atuação no campo, que objetivam sua valorização enquanto 
sujeitos ativos, que constroem cultura e identidade, sendo 
 “
[...] que o homem não só se adapta ao mundo, como também o transforma. 
Essa transformação ocorre em dois níveis: em primeiro lugar no nível da 
interação do homem com a natureza e como ser da natureza, modificando 
o ambiente natural com o uso de ferramentas (SHELLING, 1991, p. 32). 
De acordo com Passador (2006, p. 115): 
 “
Na verdade, não existe educação rural, mas, sim, fragmentos da educação 
escolar urbana introduzida no meio rural. A própria educação escolar é uma 
instituição emissária do poder que se concentra na cidade e subordina a 
vida do homem do campo. Politicas e projetos de educação rural capazes de 
“fixar o homem na terra” são ilusórios, pois trabalhadores rurais abandonam 
seu trabalho e seu local de vida e moradia porque não há mais condições 
politicas e econômicas de reprodução familiar. 
Pós-Universo 10
Frente a essas considerações é possível questionar: como e para que uma Educação 
do Campo? Seria realmente necessária a sua construção? A Educação Rural, segundo 
os pressupostos das demandas do Estado e do mercado não seria suficiente para 
construir uma escola que possibilite o desenvolvimento? Qual desenvolvimento? A 
resposta pode ser encontrada a partir da análise deste excerto de Molina (2006, p. 11): 
 “
A Educação do Campo originou-se no processo de luta dos movimentos 
sociais camponeses e, por isso, traz de forma clara sua intencionalidade 
maior: a construção de uma sociedade sem desigualdades, com justiça 
social. Ela se configura como uma reação organizada dos camponeses ao 
processo de expropriação de suas terras e de seu trabalho pelo avanço do 
modelo agrícola hegemônico na sociedade brasileira, estruturado a partir do 
agronegócio. A luta dos trabalhadores para garantir o direito à escolarização 
e ao conhecimento faz parte das suas estratégias de resistência, construídas 
na perspectiva de manter seus territórios de vida, trabalho e identidade, e 
surgiu como reação ao histórico conjunto de ações educacionais que, sob 
a denominação de Educação Rural, não só mantiveram o quadro precário 
de escolarização no campo, como também contribuíram para perpetuar as 
desigualdades sociais naquele território. 
O trecho indica que em uma escola do campo deve prevalecer um projeto que 
busque o fortalecimento das lutas campesinas, do conhecimento humano, do saber 
científico, teórico e pratico e resguarde o direito de acesso à educação pública de 
qualidade e à produção do conhecimento universal humano, ao mesmo tempo em 
que fortaleça as possibilidades de formação para a criticidade e utilização dos saberes 
(MOLINA, 2003). 
Uma educação que se identifique com a identidade camponesa pode ser 
desenvolvida a partir de politicas públicas que não busquem apenas uma compensação, 
mas sim a garantia de direitos. Configura-se aí um dos grandes desafios da Educação 
do Campo: a manifestação dos direitos, uma proposta inovadora construída a partir 
dos olhares dos povos do campo, que é expressa em lei.
Pós-Universo 11
Quais as principais características de uma Educação do Campo? E quais se 
assemelham ou destoam da chamada Educação Rural ou no Campo? 
reflita
Pensemos: a escola é o local no qual o conhecimento humano é passado adiante. 
Tudo o que o homem constrói com seu trabalho, com sua habilidade de pensar e que, 
portanto, nos diferencia dos animais, conforme destaca Dimenstein (2001), pode e 
precisa ser utilizado como elemento de desenvolvimento social, ou seja, pressupõe-
se um direito de acesso aos saberes construídos pela humanidade, afinal, (2+2 = 4) a 
somatória de dois mais dois é igual a quatro e este e outros conhecimentos precisam 
ser adquiridos tanto na escola urbana quanto na escola do campo. É, portanto, o 
preconceito que faz com que a educação no meio rural seja muitas vezes relegada 
ao atraso, ao rústico (rural), ao anti-tecnológico e científico, como se o campo não 
pudesse significar um ambiente de desenvolvimento humano.
Diferenças entre a Educação Rural e a Educação do Campo
Educação Rural 
• Criada pelo Estado sob uma ótica assistencialista ou de ordenamento 
social a partir de um modelo de dominação da elite fundiária; 
• Propõe uma escolaridade voltada para o ensino técnico-profissional, 
definida pelas necessidades do mercado de trabalho; 
• Pensada a partir do mundo urbano, fica a serviço da modernização do 
campo; 
• Retrata o campo a partir do olhar do capital e seus sujeitos de forma 
estereotipada, inferiorizada.
 
Educação do Campo 
• Construída pelos e com os sujeitos do campo;
• Pensada sob as diferentes esferas: social, política e pedagógica, 
fundamentada em princípios que valorizam os povos do campo 
considerando-se o meio em que vivem;
• Princípios voltados para o processo de desenvolvimento sustentável;
• Pensada a partir da especificidade e do contexto do campo e de seus 
sujeitos.
Fonte: Pires (2012).
saiba mais 
Pós-Universo 12
a pedagogia 
da alternância
Pós-Universo 13
Com base na concepção da Educação do Campo como um direito, discutiremos nesta 
aula sobre a pedagogia da alternância, uma modalidade de organização escolar que 
considera as especificidades dos povos do campo, aspectos geográficos, sazonais, 
climáticos e econômicos, entre outros. Tal modalidade confere ainda uma proposta 
de adaptação curricular para a Educação no meio rural que considera as necessidades 
locais e, neste sentido, configura-se como uma possibilidade de garantias de direitos, 
tanto do acesso quanto da permanência dos sujeitos do campo nas escolas. 
As adaptações curriculares e de tempo são indispensáveis para a garantia de 
direitos como o de trabalho, considerando as especificidades produtivas do campo 
e o direito à frequência nas aulas, pois suas características geográficas e de produção 
interferem diretamente na dinâmica educacional. Neste sentido, a alternância de 
horários e calendários conforme previsão legal pode e deve ser realizada como 
instrumento de garantia de direitos. 
A pedagogia da alternância consiste na flexibilização do calendário e do currículo, 
considerando o uso de novos espaços e períodos de aula, o que possibilita a consonância 
entre trabalho, família, escola e comunidade. Portanto, alternar períodos entre escola e 
comunidade permite a construção do conhecimento, pois relaciona saberes e práticas 
utilizadas como meio de produção no campo e conhecimento universal humano 
(matemática, geografia, história, etc). É o que prevê o Parecer CEB nº 01/2006, do 
Conselho Nacional de Educação, aprovado em fevereiro de 2006. 
Nesse sentido, a pedagogia da alternância torna-se uma alternativa para o 
desenvolvimento da educação básica no meio rural, em consonância com o 
desenvolvimentoeconômico e social do campo. Como possibilidade alternativa, 
esta proposta, que surgiu na França na década de 1930, se espalhou por outros países 
e chegou ao Brasil na década de 1960.
Segundo Pessotti (1978), as primeiras experiências com a chamada pedagogia da 
alternância foram realizadas no Espirito Santo, em 1969, com o objetivo de promover 
uma educação voltada para os homens do campo, considerando seu nível cultural, 
social e econômico, bem como seus interesses, oportunizando a frequência escolar 
segundo a sazonalidade, por meio da modificação dos ciclos e do calendário escolar, 
sem que houvesse prejuízo ao trabalho agrícola, principalmente em períodos de 
colheita. Como proposta inovadora, se espalhou pelo país por meio de algumas 
organizações educacionais nem sempre ligadas ao Estado (QUEIROZ, 1997). 
Pós-Universo 14
A escola, o conhecimento formal busque a integração das tecnologias de 
escola, o conhecimento formal busque a integração das tecnologias.
reflita
É preciso destacar que a produção agrícola está primordialmente ligada às questões 
de sazonalidade e que os sujeitos que vivem no campo encontram muitas dificuldades 
para frequentar as escolas: distância, estradas em péssimas condições e intempéries. 
Estas questões precisam ser levadas para a sala de aula e serem consideradas no 
processo de formação destes sujeitos. 
De acordo com Dias (2006, p. 124), “a Pedagogia da Alternância tem como objetivo 
a formação integral do jovem do campo no aspecto intelectual e profissional”. A 
metodologia pressupõe a autonomia do sujeito, em que a iniciativa e o trabalho 
comunitário estão presentes e fazem parte de sua formação. 
Para Gimonet (2007) a pedagogia da alternância baseia-se no desenvolvimento do 
educando e em seu meio, considerando-o sujeito ativo deste processo e privilegiando 
seus saberes pré-concebidos e conceituados, que são construídos pela sua interação 
com o meio e com o trabalho. Isso pode ser considerado fundamental para o 
desenvolvimento do aluno e sua aprendizagem, pois os conceitos adquiridos no 
trabalho e na produção podem ser utilizados como ferramenta de aprendizagem e 
de estímulo, conforme Roullier (1980, p. 45). 
 “
A autêntica alternância escola-trabalho não é uma simples justaposição 
destes dois elementos, mas supõe sua interação refletida: a escola se vê 
enriquecida pelo trabalho, e o trabalho pela escola. Esta concepção é sem 
dúvida o elemento característico dos sistemas pedagógicos baseados 
na alternância: uma concepção criadora. 
Pós-Universo 15
Há nesse sentido a troca entre os saberes produzidos pela ciência e pelo trabalho 
desenvolvido no dia a dia, na produção e na interação com a família e a comunidade. 
Assim: 
 “
a Pedagogia da Alternância promove o desenvolvimento econômico e 
sociocultural das famílias e consequentemente da comunidade, através 
de um conhecimento adequado à sua realidade, levando o agricultor a ter 
acesso a uma moderna tecnologia apropriada ao seu modo de produção, 
habilitando-o a analisar criticamente sua realidade e nela interferir para 
modificá-la (GABROWSKI; PACHECO, 2011, p. 5). 
Considerando o exposto, é possível entender a relação entre a Pedagogia da Alternância 
e a Educação do Campo. Vale lembrar que são propostas pedagógicas distintas, mas 
que se completam, já que ambas pressupõem a garantia de direitos, desenvolvimento 
e valorização da identidade campesina. 
Um grupo de agricultores franceses insatisfeito com o sistema educacional 
do país (que em sua opinião não atendia às especificidades de uma 
Educação para o meio rural) iniciou em 1935 um movimento que resultou no 
surgimento da Pedagogia da Alternância. Esse grupo destacava a necessidade 
de uma educação escolar que atendesse às particularidades psicossociais 
dos adolescentes e que, além da profissionalização em atividades agrícolas 
também proporcionasse meios para o desenvolvimento social e econômico 
da sua região. No ensino organizado por esses agricultores com ajuda de 
um padre católico havia uma alternância, ou seja, tempos em que os jovens 
permaneciam na escola - que consistia em um espaço cedido pela própria 
paróquia - com tempos em que permaneciam na propriedade familiar. Na 
escola o ensino era coordenado por um técnico agrícola; em casa, os pais se 
responsabilizavam por acompanhar as atividades dos filhos. A ideia básica 
era conciliar os estudos com o trabalho na propriedade rural da família 
Fonte: adaptado de Teixeira, Bernartt e Trindade (2008).
fatos e dados
Pós-Universo 16
educação 
do campo 
e formação 
omnilateral
Pós-Universo 17
Neste tópico, trataremos sobre o conceito de formação omnilateral, que fundamenta 
a Educação do Campo. O termo foi desenvolvido por Marx e amplamente estudado 
por autores como Frigotto. 
Segundo o Dicionário de Educação do Campo, de Frigotto (2012), livro indicado 
aqui por sua importância em definições e conceitos sobre o tema, omnilateral significa 
“todos os lados, ou dimensões” (FRIGOTTO, 2012, p. 267). No caso, tais dimensões 
podem ser traduzidas como elementos que envolvem os sentidos humanos e sua 
relação com o mundo, “sua vida corpórea material e seu desenvolvimento intelectual, 
cultural, educacional, psicossocial, afetivo, estético e lúdico” (FRIGOTTO, 2012, p. 267). 
Segundo Marx e Engels, uma formação omnilateral é aquela que se contrapõe 
à unilateralidade, cujo princípio de formação aponta sempre na mesma direção: 
no caso, a introdução ao mercado, desconsiderando-se a concepção do trabalho 
como elemento de construção cultural humana e alienando-o face aos interesses 
da produção industrial (MARX; ENGELS, 2004). 
Frente a isso, Cruz (2004, p. 2) aponta que: 
 “
Numa sociedade capitalista fundamentada nos princípios da divisão social 
do trabalho e da propriedade privada, que relegam o homem à posição de 
objeto, formar para uma perspectiva omnilateral significa envolver-se na 
crítica da sociedade; é contrapor-se ao modo capitalista de formação humana; 
resgatar a dimensão ético - política do projeto de emancipação humana, 
enfim, é colocar-se a serviço da libertação e humanização dos homens. 
Em Santos (2016, p. 46), vemos que uma formação omnilateral, 
 “
[...] é aquela que proporciona condições aos indivíduos de compreenderem 
o significado de seu trabalho, de sua função social a partir das ferramentas 
oferecidas pela educação, como por exemplo, a compreensão dos direitos e 
dos deveres sociais, o estudo da realidade social, política, econômica, cultural 
e ou ambiental. 
A educação omnilateral, então, permite ao homem o desenvolvimento pleno pelo 
trabalho; é pelo trabalho que ele se insere na vida em sociedade (NEVES, (2009). 
Pós-Universo 18
Quando utilizamos a palavra trabalho estamos nos referindo a um conceito 
desenvolvido por Karl Marx para compreender a atividade humana enquanto 
modificadora da natureza, ou seja, tudo o que o homem constrói, inventa e 
modifica para seu uso ou para a sociedade. Não podemos, então, confundir 
a palavra trabalho exposta neste estudo com a simples atividade laboral 
mecânica instituída no mundo das fábricas ou da produção de mercadorias 
para a obtenção de lucro. Destaca-se, ainda, que o trabalho, no sentido 
contrário, transforma-se também em mercadoria. 
Fonte: o autor. 
saiba mais 
atividades de estudo
1. Tivemos a oportunidade de estudar um modelo de educação direcionado ao campo 
diferente da concepção de uma educação rural. Sobre isso, marque V para as afirma-
tivas verdadeiras e F para as falsas. 
 )( A educação do Campo é um modelo de educação voltada essencialmente para a 
formação dos sujeitos do meio rural, com o objetivo de garantia de direitos e de-
senvolvimento, considerando-se a identidade, cultura e interessesdestes sujeitos. 
 )( A Educação do Campo é uma proposta de educação voltada essencialmente para 
a formação dos sujeitos do meio rural, com o objetivo de garantia de direitos e 
desenvolvimento, considerando os aspectos de identidade, cultura e interesses 
destes sujeitos. 
 )( A educação do Campo é uma vertente de educação voltada essencialmente para 
a formação dos sujeitos do meio rural, com o objetivo de garantia de direitos e 
desenvolvimento, considerando os aspectos de identidade, cultura e interesses 
destes sujeitos. 
 )( Somente pode ser considerada escola do campo aquela que se situa no meio rural. 
 )( Escolas que se localizam no meio urbano, mas que recebem alunos camponeses 
e que abordam os aspectos da Educação do Campo em sua concepção pedagó-
gica, além dos direitos, podem ser consideradas Escolas do Campo. 
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta da questão:
a) F; V; F; F; V.
b) V; V; V; V; V.
c) V; F; V; F; F. 
d) F; F; F; F; F.
e) V; V; V; F; F.
atividades de estudo
2. Sobre a pedagogia da alternância, assinale a alternativa correta: 
a) É uma proposta educacional que permite a flexibilidade do currículo e da orga-
nização escolar. Assim, diminuindo-se os dias letivos e horas de aula é possível 
realizar o atendimento dos alunos com qualidade.
b) Possibilita a garantia de direitos dos sujeitos do campo por meio de adaptações 
curriculares e de períodos escolares que melhor atendem a demanda do campo, 
inclusive com a possibilidade de diminuir o tempo das aulas e os dias letivos.
c) É uma proposta educacional que viabiliza o acesso e a permanência dos sujeitos 
do campo nas escolas e portanto garante direitos.
d) Não significa garantia de direitos pois legalmente não pode ser aplicada.
e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.
3. Sobre a formação omnilateral, assinale a alternativa correta: 
a) É uma proposta de educação voltada para os sujeitos do campo. 
b) É um modelo de educação voltada para os sujeitos do campo. 
c) É uma concepção educacional essencialmente produzida e pensada para os su-
jeitos do campo. 
d) É uma perspectiva de educação voltada para a formação universal do homem. 
e) É uma perspectiva de educação voltada para a formação unilateral do homem. 
resumo
Nesta oportunidade estudamos a Educação do Campo enquanto proposta educacional 
transformadora e libertadora, criada e pensada pelos sujeitos do campo, movimentos sociais e 
sociedade organizada. Ao descrever os pressupostos teóricos da Educação do Campo acredita-se 
ser possível demarcá-la em contraposição à chamada Educação Rural, apontada aqui meramente 
como um projeto de compensação histórica pelo atraso e descaso estatal para com o meio rural, 
pois tende a desconsiderar os interesses, identidades e cultura dos sujeitos do campo. 
Por considerar também de suma importância discutir a questão da garantia de direitos no 
âmbito da Educação do Campo, as especificidades do meio rural e as dificuldades de acesso e 
permanência dos sujeitos do campo na escola, apresentou-se aqui a Pedagogia da Alternância 
como instrumento que leve estes aspectos em consideração. 
Ao percorrermos o universo teórico da Educação do Campo buscamos destacá-la como instrumento 
de transformação social pelo viés educacional, oposta à Educação urbanocêntrica, principalmente 
por tratar-se de uma educação voltada para as liberdades, desenvolvimento econômico e para uma 
formação universal do homem, com o reconhecimento de seus direitos, ou seja, uma formação 
omnilateral, que compreende um ser humano consciente de sua identidade e saberes, de seu 
papel na comunidade e que possa conduzir seu trabalho de modo não alienado. 
material complementar
Cidadão de Papel – A infância, a Adolescência e os direitos humanos 
no Brasil. Contribuições para a Construção de um Projeto de 
Educação do Campo
Autor: Gilberto Dimenstein
Editora: Ática
Sinopse: O jornalista Gilberto Dimenstein, articulista da Folha de S.Paulo, 
faz um retrato cortante sobre os direitos humanos no Brasil e abre a 
discussão sobre a cidadania no livro “O Cidadão de Papel” (Ática, 2005, 21ª edição). Passo a 
passo, Dimenstein revela como funciona nossa sociedade, como lidamos com os direitos das 
crianças e adolescentes e questões como a desnutrição, o desemprego, a violência, a fome, 
o desenvolvimento da economia e a crise da educação.
Dimenstein parte do princípio de que a cidadania no Brasil é extremamente frágil, quase 
sempre com direitos assegurados apenas no papel. “Apesar de todos os avanços, a regra é 
a exclusão social, a incapacidade de oferecer um mínimo de igualdade de oportunidades 
às pessoas”, justifica. A proposta do livro é informar o leitor sobre como essas questões são 
tratadas no Brasil e contribuir para que os jovens possam mudar a realidade e construir uma 
sociedade verdadeiramente democrática.
Na Web
Paulo Freire aponta desafios e motivos para a construção de uma educação libertadora, em 
que a práxis aponte para a construção de uma pedagogia voltada à identidade camponesa, 
de seus interesses, a partir de seu conhecimento e construída por e para estes sujeitos. 
Web: <https://youtu.be/60c1RapBN7U>. 
referências
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resolução de exercícios
1. a) F; V; F; F; V.
2. c) É uma proposta educacional que viabiliza o acesso e a permanência dos sujeitos 
do campo nas escolas e portanto garante direitos.
3. d) É uma perspectiva de educação voltada para a formação universal do homem.
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