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2018
Aspectos LegAis em 
informáticA e ÉticA
Profa. Shirlei Magali Vendrami
Copyright © UNIASSELVI 2018
Elaboração:
Profa. Shirlei Magali Vendrami
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
004.07
V453aVendrami, Shirlei Magali 
 Aspectos legais de informática e ética / Shirlei Magali 
Vendrami. Indaial: UNIASSELVI, 2018.
 
 206 p. : il.
 
 ISBN 978-85-515-0152-8
 
 1.Informática – estudo e ensino. 
 I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. 
III
ApresentAção
Caro acadêmico! A disciplina que começamos a estudar a partir de 
agora se chama Aspectos Legais em Informática e Ética. Pode causar até certa 
estranheza para os profissionais e estudantes da área de TI (Tecnologia da 
Informação), mas se trata de uma disciplina que possui um foco importante 
para a nossa área de informática. Atualmente, o profissional de TI necessita 
ter um conhecimento jurídico voltado para o seu trabalho, ou seja, para o seu 
negócio. É evidente, cada vez mais, em nossa realidade, o conhecimento de 
crimes que ocorrem por meio da internet; a necessidade de conhecimento 
de um profissional no momento de confeccionar e/ou assinar um contrato 
voltado para a nossa área, entre outros aspectos.
O Direito está presente em nosso cotidiano. Na realidade, um dos 
objetivos do Direito é o de regulamentar a vida em sociedade, através das 
regras de convivência, que evoluíram ao longo dos tempos. Alguns crimes e 
condutas humanas que não eram conhecidos há algum tempo, atualmente 
tornaram-se recorrentes em nosso dia a dia, sendo, portanto, passíveis do uso 
do Direito em nossa área, cada vez mais. Em nossa área praticamos o comércio 
de produtos e serviços, motivo pelo qual é muito importante que o profissional 
tenha conhecimento de algumas legislações pertinentes a esta área, como é 
o caso do Código de Defesa do Consumidor e alguns aspectos tributários 
envolvidos. Sem contar a questão trabalhista envolvida na área de TI.
Desta forma, este livro de estudos está dividido em três unidades, de 
modo a contemplar cada assunto que será estudado a partir de agora. 
Na primeira unidade, iremos abordar aspectos históricos e conceituais, 
além de contextualizar a nossa disciplina. Estudaremos diversos temas, tais como: 
o que é o Direito? Como surgiu e evoluiu? Quanto ao Direito na sociedade: Qual 
é a sua principal característica? Quais são os seus princípios? Qual é a divisão 
do Direito? Quais são as suas fontes, ou seja, onde o Direito pode basear-se para 
formar o seu convencimento? Qual é a hierarquia das leis, para que ela serve? O 
que vem a ser uma lacuna no Direito? Como proceder quando elas acontecem? 
Quais são os elementos de uma relação jurídica? O que é um processo? Quais são 
os tipos de processo? O que vem a ser uma intimação? E uma citação? Veremos 
também sobre a sanção do Novo Código de Processo Civil (Lei nº 13.105/2015), 
do Marco Civil da Internet (Lei nº 12.965/2014) que regula o uso da internet no 
Brasil, além do uso ético das informações em nosso meio.
Na Unidade 2, trataremos da questão das legislações pertinentes à nossa 
área, tais como a Lei de Software (Lei nº 9.609/98) e a Lei de Direitos Autorais 
(Lei nº 9.610/98). Também trataremos da questão das relações de consumo na 
TI através do Código de Defesa do Consumidor (Lei n° 8.078/90) e dos aspectos 
tributários na TI, e como ocorrem as relações trabalhistas de nossa área.
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto 
para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
Na terceira e última unidade, trataremos dos crimes eletrônicos 
propriamente ditos. Aqui veremos o que a lei entende como crime. O que 
vem a ser um crime, uma conduta criminosa? Quais são as formas de 
cometimento de um crime? O que é e como é tratada a questão da legítima 
defesa na internet?
Atualmente, não é comum encontrar um profissional de TI que 
domine também a área dos Aspectos Legais em Informática, constituindo-se 
em um importante diferencial. Um dos objetivos deste livro de estudos é que 
você, acadêmico, alcance este diferencial.
Profª. Shirlei Magali Vendrami
NOTA
V
VI
VII
UNIDADE I – ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS DO DIREITO .............................. 1
TÓPICO 1 – ASPECTOS HISTÓRICOS DO DIREITO ................................................................... 3
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3
2 SURGIMENTO DO DIREITO ........................................................................................................... 4
3 A EVOLUÇÃO DO DIREITO ............................................................................................................ 9
4 O DIREITO NA SOCIEDADE ........................................................................................................... 12
5 O PROFISSIONAL DE TI E O DIREITO ......................................................................................... 13
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 16
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 17
TÓPICO 2 – INTRODUÇÃO AO DIREITO ....................................................................................... 19
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 19
2 O QUE É O DIREITO? ......................................................................................................................... 19
3 ALGUNS PRINCÍPIOS DO DIREITO ............................................................................................. 22
4 DIVISÕES DO DIREITO .................................................................................................................... 27
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 31
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................33
TÓPICO 3 – O DIREITO NA PRÁTICA ............................................................................................. 35
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 35
2 FONTES DO DIREITO ........................................................................................................................ 35
3 O QUE É O PROCESSO? ..................................................................................................................... 49
4 TIPOS DE PROCESSO ........................................................................................................................ 50
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 56
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 59
TÓPICO 4 – SANÇÃO DO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ......................................... 61
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 61
2 A SANÇÃO DO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 
 (LEI N° 13.105/2015) – PRINCÍPIOS GERAIS DO NOVO CPC .................................................. 61
2.1 O INSTITUTO DA CONCILIAÇÃO NO NOVO CÓDIGO DE 
 PROCESSO CIVIL (CPC) ................................................................................................................ 66
2.2 OS ATOS PROCESSUAIS NO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL (CPC) ..................... 67
2.2.1 A citação ................................................................................................................................... 67
2.2.2 A intimação .............................................................................................................................. 68
RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 70
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 71
TÓPICO 5 – MARCO CIVIL DA INTERNET .................................................................................... 73
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 73
2 DEFINIÇÃO ........................................................................................................................................... 73
3 PRINCIPAIS FUNDAMENTOS DO MARCO CIVIL DA INTERNET ..................................... 73
4 PRINCIPAIS PRINCÍPIOS DO MARCO CIVIL DA INTERNET .............................................. 75
sumário
VIII
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................. 79
RESUMO DO TÓPICO 5...................................................................................................................... 83
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................... 84
UNIDADE 2 – LEGISLAÇÃO PARA INFORMÁTICA ................................................................. 85
TÓPICO 1 – LEI DE SOFTWARE........................................................................................................ 87
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 87
2 A LEI DE SOFTWARE (LEI N° 9.609/1998) ..................................................................................... 87
RESUMO DO TÓPICO 1...................................................................................................................... 99
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................101
TÓPICO 2 – LEI DE DIREITOS AUTORAIS ...................................................................................103
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................103
2 LEI DE DIREITOS AUTORAIS – LEI N° 9.610/98 ........................................................................103
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................110
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................111
TÓPICO 3 – AS RELAÇÕES DE CONSUMO NA TI .....................................................................113
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................113
2 O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR (LEI N° 8.078/90) .............................................113
3 ASPECTOS TRIBUTÁRIOS NA TI ................................................................................................124
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................128
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................131
TÓPICO 4 – RELAÇÕES TRABALHISTAS NA TI .........................................................................133
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................133
2 FORMAS DE CONTRATAÇÃO .....................................................................................................133
3 FORMAS DE RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO ..................................................134
4 USO ÉTICO DAS INFORMAÇÕES NA TI ...................................................................................135
RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................139
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................141
TÓPICO 5 – CONTRATOS ..................................................................................................................143
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................143
2 DEFINIÇÃO .........................................................................................................................................143
3 REQUISITOS ESSENCIAIS .............................................................................................................143
4 PRINCÍPIOS CONTRATUAIS ........................................................................................................145
5 ESTRUTURA GERAL DOS CONTRATOS ...................................................................................145
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................146
RESUMO DO TÓPICO 5......................................................................................................................148
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................149
UNIDADE 3 – LEGISLAÇÃO PARA INFORMÁTICA .................................................................151
TÓPICO 1 – DEFINIÇÃO DE CRIME ...............................................................................................1531 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................153
2 CONCEITO DE CRIME .....................................................................................................................153
3 CRIMES DIGITAIS ............................................................................................................................156
3.1 CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES ELETRÔNICOS ...................................................................157
3.1.1 Crimes cibernéticos puros, mistos e comuns ....................................................................158
3.1.2 Crimes cibernéticos próprios e impróprios ......................................................................158
IX
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................160
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................161
TÓPICO 2 – PROVA DE CRIME ELETRÔNICO ............................................................................163
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................163
2 EVIDÊNCIAS DE UM CRIME ELETRÔNICO .............................................................................163
3 FORMAS DE COMETIMENTO DE UM CRIME .........................................................................164
4 A LEI DOS CRIMES ELETRÔNICOS – LEI CAROLINA DIECKMANN ..............................166
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................169
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................170
TÓPICO 3 – RESPONSABILIDADE CIVIL, INDENIZAÇÃO E LEGÍTIMA 
 DEFESA NA INTERNET ...............................................................................................173
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................173
2 CONCEITO DE RESPONSABILIDADE CIVIL E INDENIZAÇÃO ........................................174
3 CONCEITO DE LEGÍTIMA DEFESA ............................................................................................176
4 TRATAMENTO DA LEGÍTIMA DEFESA NA TI ........................................................................177
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................180
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................182
TÓPICO 4 – REGISTRO DE DOMÍNIO ...........................................................................................185
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................185
2 REGRAS PARA O REGISTRO DE UM DOMÍNIO ....................................................................185
3 EXTINÇÃO DO DIREITO DE USO DE UM DOMÍNIO ...........................................................186
4 CATEGORIAS DE DOMÍNIO .........................................................................................................186
RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................189
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................190
TÓPICO 5 – CERTIFICAÇÃO DIGITAL .........................................................................................191
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................191
2 ASSINATURA DIGITAL..................................................................................................................191
3 UNIDADES CERTIFICADORAS ...................................................................................................192
4 A VALIDADE DA CERTIFICAÇÃO DIGITAL NO MEIO JURÍDICO ..................................194
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................195
RESUMO DO TÓPICO 5.....................................................................................................................199
AUTOATIVIDADE ..............................................................................................................................200
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................201
X
1
UNIDADE 1
ASPECTOS HISTÓRICOS E 
CONCEITUAIS DO DIREITO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir desta unidade, você deverá ser capaz de:
• apresentar uma visão geral da ciência do Direito;
• compreender a inter-relação entre o Direito e a sociedade;
• compreender a inter-relação entre o profissional de TI e o Direito;
• reconhecer alguns princípios do Direito e as suas divisões;
• compreender as fontes e lacunas do Direito, a hierarquia das leis e os ele-
mentos de uma relação jurídica;
• definir o que é um processo e reconhecer os tipos de processo.
• conhecer sobre a sanção do Novo Código de Processo Civil e o Marco 
Civil da Internet.
Esta unidade está organizada em cinco tópicos. Em cada um deles você 
encontrará atividades para maior compreensão das informações apresentadas.
TÓPICO 1 – ASPECTOS HISTÓRICOS DO DIREITO
TÓPICO 2 – INTRODUÇÃO AO DIREITO
TÓPICO 3 – O DIREITO NA PRÁTICA
TÓPICO 4 – SANÇÃO DO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
TÓPICO 5 – MARCO CIVIL DA INTERNET
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
ASPECTOS HISTÓRICOS DO DIREITO
1 INTRODUÇÃO
Conforme já mencionado, o Direito está presente em nosso cotidiano. Na 
realidade, um dos objetivos do Direito é o de regulamentar a vida em sociedade 
através das regras de convivência que evoluíram ao longo dos tempos e estão em 
constante evolução.
Nesta unidade, vamos discutir os aspectos básicos referentes ao 
surgimento do Direito na sociedade e seus aspectos históricos, segundo a visão 
e interpretação de diversos autores. Essa discussão nos dará embasamento para 
começarmos a entender o pensamento jurídico que nos auxiliará em estudos 
futuros. Conheceremos também alguns dos principais termos jurídicos utilizados 
por profissionais do Direito.
UNI
Para começarmos o questionamento: O que é o Direito? O Direito é um 
fenômeno da rotina cotidiana que encontramos a todo o momento e em toda parte. Estamos 
mergulhados no Direito tal como na atmosfera. O Direito resguarda, defende, ampara, protege 
e serve o indivíduo em todos os momentos. A palavra Direito apresenta, pelo menos, quatro 
sentidos diferentes: I) como norma (por exemplo, “o Direito brasileiro acolhe o divórcio”); II) 
como faculdade (“Termos o direito de reclamar do prefeito”); III) na acepção do justo (“A moça 
se comportou direito”); e IV) como ciência (“Estudamos Direito na faculdade) (CAMPOS, 2005, 
p. 3-5). Na realidade, o termo Direito possui uma série de significados, não sendo possível 
resumi-lo em um só termo.
Para Campos (2005), o Direito regula as relações dos indivíduos em 
sociedade, apossa-se do sujeito e o mantém sob proteção, mas o considera parte da 
sociedade, até porque Direito e sociedade se pressupõem. Onde existe sociedade, 
existe o Direito.
Para Martins (2011), em se tratando de etimologia, o Direito vem do latim 
directu, acusativo singular da formaparticipal. Tem o significado de colocado em 
linha reta, alinhado, direito, reto, da qualidade do que é conforme a regra. São 
encontrados vários significados para a palavra Direito, como: norma, lei, regra, 
faculdade, o que é devido à pessoa, fenômeno social etc.
UNIDADE 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS DO DIREITO
4
NOTA
Caro acadêmico! Etimologia, que foi trazido no parágrafo anterior, é a parte da 
gramática que estuda o significado das palavras através das partes que a constituem.
Para Martins (2011), o Direito representa um conjunto de princípios, de 
regras e de instituições destinados a regular a vida humana em sociedade. O 
Direito é um meio para a realização ou obtenção de um fim, que é a Justiça e a 
consequente paz social.
2 SURGIMENTO DO DIREITO
Segundo Giordani (1997) e Pomer (1997), a origem do direito de fato deu-
se no antigo Império Romano, embora seja possível encontrar alguns indícios no 
mundo grego. 
Surgem no Estado grego as primeiras manifestações das necessidades 
das garantias individuais do direito e da luta por justiça das classes inferiores e 
com uma população totalmente sucumbida a um regime aristocrático, em que 
não possuíam um direito político efetivo e nem civil.
Porém, é com os romanos do final do século III d.C. que é estabelecida a 
justiça oficial e, com ela, o juiz estatal. Eles perceberam que se fazia necessário 
o direito na própria condição humana, pelo direito desde a liberdade, à 
educação, à segurança e principalmente pelos direitos e deveres dos cidadãos. 
Além de ser o berço do Direito, Roma também se destaca pela organização 
mais eficiente da civilização ocidental: a Igreja Católica Romana.
Os autores continuam afirmando que a Igreja Católica Romana se baseava 
não só na força de atuação de seus objetivos, mas também na eficácia de suas 
técnicas organizacionais e administrativas. Sua consistência foi tão precisa que 
permanecem nos dias atuais as mesmas formas de organização do Império 
Romano. Era impressionante a capacidade político-administrativa deste 
Estado, sua cultura e seus valores que se perpetuam até a nossa atualidade. 
Estas influências foram essenciais para a consolidação do direito em si, da sua 
atividade processual e das suas normas que regem o mundo globalizado e são 
os pilares para as grandes organizações.
FONTE: Adaptado de: <http://www.artigonal.com/direito-artigos/aspectos-preliminares-da-
historia-do-direito-na-idade-media-e-sua-relacao-com-os-direitos-humanos-1287038.html>. 
Acesso em: 5 jun. 2013.
TÓPICO 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS DO DIREITO
5
O homem realiza atividades administrativas desde a Antiguidade 
e estas atividades têm evoluído ao longo dos séculos e aperfeiçoando suas 
técnicas. Os estados da Antiguidade já eram dotados de uma administração 
eficiente, em que organizavam sua sociedade, sua vida política, seus exércitos, 
relações de negócios, e o surgimento do direito veio consolidar essas relações. 
A administração de empresas nas grandes organizações que se tem hoje nada 
mais é que um reflexo rebuscado dos primórdios da civilização. 
Até mesmo a Igreja Católica surgida na época romana é dotada de uma 
estrutura centralizada e administrada de forma eficaz. Percebemos que ela 
pode ser considerada a forma administrativa mais completa da antiguidade 
e influenciava até mesmo o Estado nas suas decisões e formas de governo. 
Podemos perceber que o que diferencia a administração atual são os 
métodos surgidos ao longo dos tempos e que servem para beneficiar não só 
a estrutura organizacional, mas os seus funcionários e os clientes que dela 
fazem parte.
 
O direito e suas formas de aplicação são essenciais para garantir a conduta 
da organização, que visa garantir os direitos e deveres de ambas as partes. 
É necessário que as empresas paguem seus tributos de forma correta, que 
garantam condições dignas de trabalho para seus funcionários, que paguem e 
assegurem os direitos individuais. O órgão necessário para a manutenção de 
todas essas obrigações da empresa é o direito, que visa manter uma relação de 
benefício para cada uma das partes e disciplinar o meio em que todos vivem. 
Seria muito cômodo para uma organização utilizar a capacidade máxima 
dos seus funcionários ou mesmo não oferecer tributo algum ao Estado, sem 
oferecer nada em troca. 
Apesar de notada importância, as normas jurídicas do Império Romano 
estavam longe de atingir a perfeição, em que admitiam a escravidão, não 
protegiam os desafortunados e nem estabeleciam uma relação de igualdade 
entre os seres humanos. O direito beneficiava as classes mais altas e não 
oferecia suporte para os necessitados. “Mas, mesmo com suas falhas, foi um 
verdadeiro progresso na ordem jurídica da humanidade e, sobretudo, no 
pensamento que se encontra presente até hoje” (GIORDANI, 1997, p. 257). 
Desde o século passado temos as normas que regulam a vida em 
sociedade, mas estas ficavam limitadas aos verdadeiros estudiosos do direito. 
Os regimes que norteavam a antiguidade, embora eficientes para sua época, 
eram totalmente arcaicos, dotados de tirania e suficientes somente para a 
menor parcela da população. 
FONTE: Disponível em: <http://www.coladaweb.com/direito/a-importancia-do-surgimento-do-
direito-e-sua-influencia-nas-organizacoes-atuais>. Acesso em: 5 jun. 2013.
UNIDADE 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS DO DIREITO
6
A exemplo, podemos citar a lei das doze tábuas. Trata-se de uma lei 
historicamente conhecida pelos profissionais do Direito que constitui a origem 
do direito romano. A lei era aplicada na República Romana pelos pontífices 
e representantes da classe dos patrícios, que a guardavam em segredo. 
Predominantemente, esta lei era aplicada contra os plebeus. Por esse motivo, 
um plebeu de nome Terentílio propôs, no ano de 462 a.C., que houvesse uma 
compilação e publicação de um código legal oficial. A iniciativa de Terentílio 
visava permitir que os plebeus também conhecessem as leis e que pudessem 
impedir o abuso que era feito delas pelos patrícios (GASPARETO, s.d.). 
Como era de se esperar, a ideia de se criar uma lei oficial publicada foi 
recusada pelos patrícios e pontífices durante muito tempo, pois tentaram manter 
por mais tempo possível o privilégio no controle jurídico sobre a população 
romana. Essa condição dava aos patrícios enormes poderes de manipulação e 
repressão aos plebeus. Assim, em 451 a.C., um grupo formado por dez homens 
foi reunido para preparar o projeto oficial. No mesmo ano em que o grupo se 
formou para elaborar as leis, foram publicados dez códigos. No ano seguinte, 
foram incluídos mais dois. Assim se formaram as Doze Tábuas, nome utilizado 
justamente porque as leis foram publicadas em 12 tabletes de madeira, que foram 
afixados no Fórum Romano para que todos as pudessem ler (GASPARETO, s.d.). 
A Lei das Doze Tábuas enumera todo o direito que era praticado 
nesta época. Contém uma série de definições sobre direitos privados e 
procedimentos, considerando a família e rituais para negócios formais. O texto 
oficial foi perdido junto com diversos outros documentos quando os gauleses 
colocaram fogo em Roma no ano 390 a.C. 
Hoje, conhecemos apenas fragmentos obtidos através de versões 
não oficiais e citações feitas por outros autores. O conteúdo do código foi 
reconstituído pelos historiadores com as informações que foram encontradas. 
Sabe-se que a Lei das Doze Tábuas versava sobre organização e procedimento 
judicial, normas para os inadimplentes, poder pátrio, sucessão e tutela, 
propriedade, servidões, delitos, direito público e direito sagrado, além de 
alguns assuntos complementares. 
Assim como as leis que existiam anteriormente, o código oficial 
publicado combinava penas rigorosas com procedimentos severos. A Lei das 
Doze Tábuas diz muito sobre a sociedade e os métodos judiciais dos romanos, 
mas sua implicância vaimuito além. Os tabletes representaram o primeiro 
documento legal a oficializar o Direito Romano, de onde se estruturam todos 
os corpos jurídicos do Ocidente.
FONTE: Disponível em: <http://www.infoescola.com/direito/lei-das-doze-tabuas/>. Acesso em: 
5 jun. 2013.
TÓPICO 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS DO DIREITO
7
FIGURA 1 – VISÃO PARCIAL DA LEI DAS DOZE TÁBUAS
FONTE: Disponível em: <http://www.espiraistempo.com.
br/2010/04/republica-romana-as-leis-das-dozes.html>. Acesso em: 
5 jun. 2013.
UNI
Roma não só foi importante por ser o berço do Direito, mas também por ter 
deixado um grande legado que influenciou todo o mundo moderno.
Outro ponto importante que podemos levantar sobre o surgimento e 
evolução do Direito foi a Lei de Talião. Segundo Fernandes (2012), os primeiros 
indícios de consagração da Lei de Talião foram encontrados no Código de 
Hamurábi por volta de 1700 a.C. no reino da Babilônia. Ao contrário do que 
muitos pensam, talião não é um nome próprio, vem do latim talionis, que significa 
como tal, idêntico. Neste sentido, a lei consiste na justa reciprocidade do crime 
e da pena, sendo o que muitas vezes ainda escutamos quando nos referimos a 
determinado fato: “olho por olho, dente por dente”. Para a Lei de Talião, a pena 
imposta pela lei era cruel e severa, como podemos conferir daqui a pouco, em um 
trecho desta lei. 
UNIDADE 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS DO DIREITO
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FIGURA 2 – LEI DE TALIÃO SEGUNDO O CÓDIGO DE HAMURÁBI
FONTE: Disponível em: <http://rafaelfernandesonlline.wordpress.
com/2012/05/09/a-lei-de-taliao-conceito-e-origem/>. Acesso em: 5 
jun. 2013.
Para entendermos melhor os princípios da Lei de Talião, segundo o 
Código de Hamurábi, observaremos algumas disposições desta lei e podemos 
perceber que estas disposições lembram realmente o dito “olho por olho, dente 
por dente”, como já mencionamos:
196º – Se alguém arranca o olho a um outro, se lhe deverá arrancar o olho.
197º – Se ele quebra o osso a um outro, se lhe deverá quebrar o osso.
200º – Se alguém parte os dentes de um outro, de igual condição, deverá ter 
partidos os seus dentes.
202º – Se alguém espancar outro mais elevado que ele, deverá ser espancado 
em público sessenta vezes, com o chicote de couro de boi.
206º – Se alguém golpeia outro em uma rixa e lhe faz uma ferida, ele deverá 
jurar: “Eu não o golpeei de propósito”, e pagar o médico.
209º – Se alguém atinge uma mulher livre e a faz abortar, deverá pagar dez 
unidades de moeda pelo feto.
210º – Se essa mulher morre, se deverá matar o filho dele.
FONTE: Disponível em: <http://rafaelfernandesonlline.wordpress.com/2012/05/09/a-lei-de-
taliao-conceito-e-origem/>. Acesso em: 5 jun. 2013.
Como já percebemos, a Lei de Talião não se encaixa em nossa sociedade, 
por várias razões. Uma delas é que no Brasil é garantido a todos o direito à vida. 
O estudo do Direito grego é particularmente interessante. O período que se inicia 
com o aparecimento da polis e vai até o seu desaparecimento e surgimento dos 
reinos helenísticos corresponde a um período de cinco séculos, denominado 
“época arcaica” e “período clássico”.
 
A moeda foi logo adotada pelos gregos no século VII a.C. Como sabemos, 
a moeda contribui para incrementar o comércio e também contribui para a 
acumulação de riquezas. Não podemos nos esquecer de que a escrita também 
TÓPICO 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS DO DIREITO
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surge como uma nova tecnologia, permitindo a escrita e divulgação de leis em 
diversos pontos das cidades, dentre eles podemos citar os muros, que acabaram 
por contribuir com a participação do povo. Dessa forma, os aristocratas perdem 
o monopólio das leis.
UNI
Você sabia que a civilização grega foi o berço da democracia, da filosofia, do 
teatro, da escrita e também do Direito?
Em determinado ponto de nossa história o povo grego começou a exigir 
leis escritas para assegurar melhor o seu cumprimento por parte dos juízes, e 
também para impedir que estas leis ficassem restritas apenas a um grupo de 
pessoas. Assim, as leis ficariam em um local público e de fácil acesso.
Por consequência, o crescimento das cidades aumentava as possibilidades 
do surgimento de conflitos na sociedade e também a necessidade de formas para 
solucionar de modo eficiente problemas de diversas ordens, garantindo uma 
solução para todas as partes envolvidas. 
3 A EVOLUÇÃO DO DIREITO
Para Giovanne (2012), o Direito é um fenômeno de origem natural que 
está diretamente associado ao relacionamento de seres vivos com interesses 
conflitantes. Não se trata de um fenômeno restrito à espécie humana, mas 
que abrange os seres vivos em geral, sendo consequência das relações entre 
interesses antagônicos desde o surgimento da vida até os tempos de hoje. É o 
resultado da combinação de determinados elementos.
Não se chega a essa constatação buscando-se o significado etimológico 
da palavra direito, mas sim analisando o objeto, o fato ao qual ela se refere. 
Tal fato é a regulamentação das condutas dos indivíduos em permitidas ou 
proibidas, ou seja, regulamentação de ações; e como toda ação é efetuada no 
sentido de satisfazer a um interesse, pode-se dizer que o fato ao qual a palavra 
direito se refere é a regulamentação de interesses. Conforme já mencionado, 
a Lei de Talião, do olho por olho, dente por dente, já não se encaixa em nossa 
sociedade, porque o Estado em que vivemos é racional, garantindo a todos o 
direito à vida, e se é preciso fazer o justo, segue-se a lei. 
Partindo dessa análise, o autor afirma que se pode elaborar um conceito 
básico que caracterize a essência do processo de formação do direito: direito é 
UNIDADE 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS DO DIREITO
10
o fenômeno natural onde um indivíduo faz prevalecer seu interesse sobre o de 
outro mediante a utilização de meio adequado.
FONTE: Disponível em: <http://www.sapientiajus.com.br/tabelas/A-origem-do-Direito.pdf>. 
Acesso em: 5 jun. 2013.
Resumidamente, podemos dizer que é interesse protegido por meio 
adequado. O conceito mais longo traz embutidas em si referências aos três 
elementos que, associados, compõem o processo de formação do fenômeno 
jurídico: pluralidade de indivíduos, conflito de interesses e confronto de meios.
Para que o fenômeno do direito possa acontecer é necessária a existência de 
dois ou mais indivíduos, por isso um indivíduo isolado é incapaz de estabelecer 
uma relação jurídica, ou seja, podemos afirmar que com apenas uma pessoa “não 
há o Direito”.
Como comparação, podemos entender que predador e presa participam 
de uma mesma sociedade e estabelecem uma relação de direito à vida. Da mesma 
forma, dois indivíduos podem disputar a propriedade absoluta de um território 
e estabelecer entre eles uma relação de direito à propriedade. 
O mesmo ocorreria se em vez de dois indivíduos se tratassem de dois 
povos. Percebemos com isso que o direito pode surgir dentro de uma sociedade 
ou fora dela, seja entre sociedades distintas, seja entre um indivíduo e uma 
sociedade à qual ele não pertence, ou ainda entre indivíduos não associados que 
eventualmente se relacionem.
Quando falamos em pluralidade de indivíduos é importante entendermos 
que não se trata de sinônimo de meio social. É apenas indicativo da necessidade do 
relacionamento de dois ou mais indivíduos para que o fenômeno do direito aconteça.
Interesse é a intenção de obter benefício a partir de algo. É o interesse, 
como núcleo do elemento conflito de interesses, que torna o direito um 
fenômeno que abrange os seres vivos em geral, pois de todos e somente deles 
se pode extrair sempre o interesse básico, nato, de manterem-se vivos. 
É claro que esse interesse nato não é o único, muitos outros podem 
surgir na vida dos indivíduos a partir das peculiaridades de cada espécie. 
O fenômeno jurídico circula em torno de interesses, ou melhor, em torno do 
conflitode interesses, que é o momento em que os indivíduos percebem que 
a efetivação do interesse de um exclui a efetivação do interesse do outro. Esse 
conflito pode ocorrer sob duas perspectivas distintas, a de um conflito de 
interesses convergentes ou a de um conflito de interesses divergentes. 
É convergente quando os indivíduos têm o mesmo interesse sobre 
determinado objeto, mas este só pode satisfazer a um deles. É o caso da disputa 
TÓPICO 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS DO DIREITO
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pela posse absoluta de um território. O conflito torna-se divergente quando 
os indivíduos têm interesses opostos ou diferentes sobre o mesmo objeto. O 
exemplo que podemos utilizar aqui é justamente o do relacionamento entre 
predador e presa, que se enquadra perfeitamente aqui, o objeto disputado é a 
vida da presa, apenas ela quer mantê-la enquanto o predador atacá-la.
FONTE: Disponível em: <http://www.sapientiajus.com.br/tabelas/A-origem-do-Direito.pdf>. 
Acesso em: 5 jun. 2013.
É importante lembrarmos que somente o conflito de interesses pode 
gerar direito. Interesses comuns ou neutros não desencadeiam tal processo, 
apenas promovem uma comunhão de interesses ou simplesmente permanecem 
indiferentes.
Os meios são recursos que os indivíduos utilizam na tentativa de 
satisfazer seus interesses. Desta forma, confronto de meios é o 
momento em que os indivíduos utilizam, cada um, os recursos dos 
quais dispõem para tentar fazer prevalecer seu interesse sobre o 
de outro. Existem dois principais tipos de meios que os indivíduos 
podem utilizar. São eles: a aptidão física e a intelectual. A utilização 
desses recursos em maior ou em menor grau é determinada pelas 
peculiaridades das espécies de cada pessoa. A associação entre tais 
recursos também é comum. Disponível em: <http://www.sapientiajus.
com.br/tabelas/A-origem-do-Direito.pdf>. Acesso em: 5 jun. 2013.
 
Em se tratando da presa e predador, como já mencionamos, exemplificamos 
que a presa apenas corre até que seu predador não consiga mais alcançá-la, 
garantindo assim seu direito à vida. A aptidão física foi o meio adequado para 
proteger seu interesse. Houve um confronto entre a aptidão física da presa e do 
predador e ela levou vantagem. Se em vez de apenas correr a presa também se 
esconde por entender, mesmo que primariamente, que desta forma se protegerá 
da investida de seu atacante, há uma associação dos meios: a aptidão física e a 
intelectual. É a mesma associação feita pelo predador que se esgueira por detrás 
de arbustos para surpreender sua vítima e obter maior sucesso na satisfação de seu 
interesse. Essa associação de meios pode ser também observada quando na disputa 
pela propriedade absoluta de um território: um povo fabrica armamentos para 
facilitar o combate ao adversário; unindo aptidão física e intelectual, ele encontra o 
meio adequado para fazer prevalecer seus interesses (GIOVANNE, 2012).
 
Para Giovanne (2012), os elementos citados nos itens anteriores são os 
responsáveis pelo surgimento do direito, somente a combinação deles pode 
desencadear tal fenômeno. Assim, é preciso primeiro que haja um relacionamento 
de indivíduos, mas isso não é o bastante, é necessário que eles possuam entre 
si interesses conflitantes e que tentem impor seus interesses utilizando os 
recursos de que dispõem; também não basta a tentativa, para o confronto de 
meios é preciso que um dos interesses prevaleça, só aí é que o direito terá surgido, 
só então o fenômeno terá se caracterizado.
UNIDADE 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS DO DIREITO
12
4 O DIREITO NA SOCIEDADE
Campos (2005) sugere que imaginemos um homem só no mundo, vivendo 
isolado em uma ilha. Ele é o senhor de suas atitudes e de seu comportamento. 
Ninguém interfere em suas decisões quanto a se alojar aqui ou acolá, sobre 
derrubar esta árvore ou aquela, sobre pescar ou não pescar, se apoderar destes 
ou daqueles bens, de torná-los úteis ou inúteis etc. O Direito parece não interferir 
na vida desse cidadão, pois estabelece uma distinção entre as atitudes possíveis, 
separando as justas das injustas e ninguém, a rigor, pode nelas interferir, julgando-
as justas ou não, certas ou erradas, possíveis ou descabidas. Ao contrário, 
imaginemos que se de um momento para o outro desembarcarem naquela ilha 
40 pessoas que venham a se organizar em pequenos grupos ou, até mesmo, 
isoladamente, teremos aí o estabelecimento de uma sociedade circunscrita a um 
mesmo território. Mesmo que cada qual cuide de suas necessidades e interesses, 
a qualquer momento poderá haver interferência da atitude de um em relação 
ao interesse de outro e, nesse momento, poderá prevalecer o direito do mais 
forte, originando um conflito, ou instalar-se um estado de direito com regras 
estabelecidas de acordo com os interesses dessa sociedade, pois “ubi societas ibi 
jus”: onde há sociedade, existe Direito.
Alves (2005) nos afirma que a sociedade é transformada pelo Direito, por 
outro lado, na verdade, Direito e sociedade estão constantemente a se influenciar 
mutuamente. Havendo relações entre pessoas, surge o evento jurídico como uma 
das expressões sociais mais evidentes. A política, a economia, a cultura e a religião 
florescem como eventos decorrentes do fato social, inclusive estabelecendo normas 
de conduta. As regras, por exemplo, do Código Comercial estabelecem como 
as pessoas devem se comportar quando praticam atos de comércio. Por outro 
lado, as normas do Código Penal discriminam as ações reputadas delituosas e as 
penas que lhes correspondem. Há, pois, distintas séries de diretrizes dirigindo 
o comportamento social. O direito de cada homem traz uma parcela do direito 
coletivo e social. É o fato social dando causa às regras sociais. 
A causa dessa correlação reside na função que o direito desempenha no seio 
da coletividade dos homens. Assim, podemos concluir que se trata de coordenar os 
interesses dos seus membros de modo a organizar a cooperação entre as pessoas 
e compor os conflitos havidos entre elas, buscando, assim, a máxima realização 
dos valores humanos com o mínimo de sacrifício e desgaste. O critério dessa 
harmonização é o do justo e do equitativo, de acordo com a convicção prevalente 
em determinado tempo e lugar. A fixação de regras para regular a sociedade é 
necessária em face da escassez dos bens da vida, ou seja, não há bens suficientes 
para atender aos interesses de todos os componentes da sociedade. 
Para Fortes (2010), o homem é um ser social e político, vivendo em 
grupos, em sociedades. É natural que no seio destes grupos haja conflitos, 
desentendimentos e interesses divergentes. No entanto, o homem sente 
necessidade de segurança e busca a harmonia social. Para que a sociedade 
subsista é necessário que os conflitos sejam resolvidos, para tanto o homem 
TÓPICO 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS DO DIREITO
13
dispôs de vários meios com o intuito de controlar as ações humanas e trazer um 
equilíbrio à sociedade. São os instrumentos de controle social. Podemos entender 
que o Direito, criação humana, é um destes instrumentos, cujo principal objetivo 
é viabilizar a existência em sociedade, trazendo paz, segurança e justiça. 
Para Fortes (2010), a sociedade é fruto da própria natureza humana, de uma 
necessidade natural de interação. O homem tem necessidade material e espiritual 
de conviver com seus semelhantes, de se desenvolver e de se completar. No 
entanto, essa interdependência recíproca não exclui a participação da consciência 
ou da vontade humana. Consciente de que necessita da vida social, o indivíduo 
procura melhorá-la e torná-la mais viável. A sociedade, em suma, seria o produto 
de um impulso natural conjugado com a vontade e consciência humana.
5 O PROFISSIONAL DE TI E O DIREITO
Paesani (2004) nos traz que a nova sociedade da informação pode 
estabelecer uma relação direta e continuada da coletividade com o poder público,criando uma descentralização do Estado e possibilitando a participação de todos 
nas decisões fundamentais. É a potencial democracia eletrônica ou telemática. 
A internet reduziu drasticamente as barreiras de tamanho, tempo e distância 
entre pesquisadores, empresas e governos, facilitando o crescimento baseado no 
conhecimento, na pesquisa de ponta e no acesso à informação.
Segundo Rover (2004), as ideias e ideais que dominaram a modernidade 
provocaram grandes mudanças na ordem mundial, formando uma sociedade 
complexa. A sociedade, até então habituada à certeza e previsibilidade dos 
fatos, depara-se agora com situações de insegurança e ameaça nunca antes 
experimentadas. Para o autor, a revolução tecnológica inseriu os computadores 
em distintos ramos de atividades, proporcionando mudanças nos meios de 
trabalho e de vida dos seres humanos, alterando hábitos, costumes e rotinas. 
Nesse contexto, entre as inúmeras redes existentes, destaca-se a internet, que, por 
sua abrangência mundial, permite um amplo compartilhar de informações entre 
os indivíduos. 
Rover (2004) ainda defende, como é facilmente constatado por nós em nosso 
cotidiano, que estamos vivendo a era da informação, em que novas ferramentas 
são criadas para o manuseio e gerenciamento das informações, possibilitando 
aumentar a quantidade de informação disponível para consulta, o que vem a 
exigir um aumento de velocidade das operações. O crescimento da internet, com 
suas inúmeras facilidades, demonstra grande eficiência da rede na sua função 
de intercâmbio de arquivos digitais, sejam eles textos, gráficos, sons, imagens. 
Devemos também considerar que, quanto mais informação disponível, maior a 
necessidade de se ter acesso a banco de dados que contenham a informação.
O autor continua seu pensamento afirmando que o Direito, apesar de sua 
capacidade de adaptação às condições de cada época, não contempla processos 
de atualização rápida e não dispõe de mecanismos para a alteração de códigos, 
UNIDADE 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS DO DIREITO
14
leis, regulamentos em tempo real de sua ocorrência na sociedade. Mesmo assim, o 
Direito procura sempre definir novas formas de proteção da sociedade, ainda que 
provisórias e, por vezes, tardias. É fundamental dar respostas às diversas formas 
de direito ao acesso às informações.
Para Paesani (2008), o Direito é sempre conservador, se comparado com 
a dinâmica da internet, cuja capacidade de fatos novos quase que impossibilita o 
legislador de acompanhar seus passos. Mesmo sendo conservador, o Direito não 
pode ser omisso e deve procurar fazer justiça, superando-se e adaptando-se à 
natureza livre da internet, numa tentativa de preservar os direitos dos cidadãos, 
sua privacidade e integridade, responsabilizando os infratores, mesmo que 
virtuais. Diante de tais aspectos, tornou-se indispensável a análise da informação 
sob suas diversas facetas, ou seja: como direito de propriedade, direito de acesso 
à informação e direito de recusa da informação (direito de não saber). 
Surgem numerosos problemas ligados à realidade informática. Entre as 
questões mais polêmicas discute-se a tutela e a disciplina dos bancos de dados, a 
privacidade dos indivíduos e o direito ao resguardo do cidadão.
Em relação ao direito de propriedade, indaga-se até que ponto a informação 
via internet pode ser objeto de controle e uso restrito pelos detentores do poder, 
como instrumentos de domínio político da sociedade. Contudo, antes de qualquer 
resposta, torna-se necessário determinar se a utilização da informação é lícita e 
não constitui agressão à vida privada do indivíduo e sua intimidade. Paisani 
(2004) finaliza afirmando que o problema reside no fato de que a internet não 
é uma entidade física, e as leis existentes só fazem sentido onde há fronteiras e 
jurisdições tradicionais.
Em resumo, podemos afirmar que na atual realidade dos ambientes 
tecnológicos em diversas empresas, é importante que ocorra a interação entre 
o conhecimento jurídico (o Direito) e a TI. Para Goulart (2009), é também 
importante que todas as negociações do ramo sejam analisadas sob o ponto de 
vista jurídico, pois grande parte dos riscos tecnológicos também possui impactos 
jurídicos. Imaginemos a situação de um incidente tecnológico que deixe o site de 
uma empresa indisponível. 
Dependendo da natureza da empresa, essa indisponibilidade pode 
causar uma série de implicações jurídicas. Caso tratar-se de uma empresa 
de e-commerce, a indisponibilidade poderá impedir que contratos fossem 
devidamente cumpridos, fazendo com que a empresa tenha que pagar multas 
contratuais, se for a situação. Ainda, caso esta mesma empresa tenha ações 
na bolsa de valores, o capital pode ser alterado pela queda no valor das 
ações, motivado pela indisponibilidade do site; além do óbvio, é claro, que 
é o impacto financeiro da perda de receita pela indisponibilidade. O dano à 
imagem também deve ser considerado, pois, entre outras consequências, a 
indisponibilidade pode afetar a confiança dos compradores nos sistemas de 
TÓPICO 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS DO DIREITO
15
segurança da empresa. Não podemos nos esquecer de que o comércio eletrônico 
depende muito do sentimento de confiança que o comprador deposita na loja, 
já que as relações são despersonalizadas. 
Outro exemplo de conexão entre riscos tecnológicos e riscos jurídicos 
é de um servidor Web mal configurado. Caso se trate de um servidor que 
hospede informações confidenciais, a configuração inadequada pode fazer com 
que os donos da informação tenham sua privacidade ou intimidade violada, 
trazendo a possibilidade destes usuários processarem a empresa responsável 
pelo servidor. O mesmo pode-se dizer de um banco de dados indevidamente 
exposto na internet. O não armazenamento de logs, ou o armazenamento 
inadequado, também tem consequências jurídicas importantes. Em um 
exemplo singelo, a não produção de logs em uma Lan House, em uma decisão 
judicial recente, fez com que o dono do estabelecimento fosse condenado 
em R$ 10.000,00 (dez mil reais) por sua omissão. Podemos notar que um ato 
simples de não armazenar os logs trouxe uma condenação jurídica. É a punição 
pela omissão e a negligência do administrador de TI do estabelecimento.
A lista é bastante extensa e concebe situações inimagináveis até bem pouco 
tempo. O próprio crescimento de dispositivos GPS faz com que a privacidade 
seja ameaçada com a possibilidade de sempre se saber onde uma pessoa está. 
Nos EUA, alguns vendedores de carros instalaram GPS nos carros, sem que 
o comprador soubesse, para facilitar a eventual busca e apreensão do veículo 
em caso de não pagamento. Certamente, é uma clara ofensa à privacidade.
A massificação das fotografias digitais e de mapas virtuais de cidades 
também tem repercussões jurídicas. Também nos EUA, algumas pessoas 
processaram uma empresa por produzir mapas virtuais de ruas onde suas 
casas foram fotografadas sem autorização. Foi pedida uma ordem judicial para 
a retirada das fotografias das casas, pois se entendeu que naquela situação 
as pessoas podem ter o direito de impedir que o jardim de suas casas fosse 
fotografado. Precavendo-se do risco jurídico, a empresa que disponibiliza 
os mapas tomou o cuidado de aplicar um borrão na face das pessoas que 
eventualmente aparecem, para proteger assim sua privacidade.
É fundamental que sempre haja o criterioso acompanhamento jurídico 
das atividades de TI de uma organização, a fim de identificar os possíveis 
riscos jurídicos existentes no ambiente. 
FONTE: Disponível em: <http://www.profissionaisti.com.br/2009/01/a-interacao-entre-o-direito-
e-a-ti/>. Acesso em: 5 jun. 2013.
É importante, além de se tratar de um diferencial para o profissional de 
TI, termos conhecimento de aspectos legais inerentes à informática, como os que 
vamos estudar neste livro de estudos.
16
Nestetópico, você aprendeu que:
• O direito e suas formas de aplicação são essenciais para garantir a conduta da 
organização, em que visa garantir os direitos e deveres de ambas as partes.
• O Direito é um fenômeno de origem natural que está diretamente associado ao 
relacionamento de seres vivos com interesses conflitantes.
• A Lei de Talião, do olho por olho, dente por dente, já não se encaixa em nossa 
sociedade, porque o Estado em que vivemos é racional, garantindo a todos o 
direito à vida, e se é preciso fazer o justo, segue-se a lei.
• Direito é o fenômeno natural em que um indivíduo faz prevalecer seu interesse 
sobre o de outro mediante a utilização de meio adequado.
• Pluralidade de indivíduos não é sinônimo de meio social, é apenas indicativo 
da necessidade do relacionamento de dois ou mais indivíduos para que o 
fenômeno do direito aconteça.
• Somente o conflito de interesses pode gerar direito, interesses comuns ou 
neutros não desencadeiam tal processo, apenas promovem uma comunhão de 
interesses ou simplesmente permanecem indiferentes.
• Surgem numerosos problemas ligados à realidade informática. Entre as 
questões mais polêmicas discute-se a tutela e a disciplina dos bancos de dados, 
a privacidade dos indivíduos e o direito ao resguardo do cidadão.
• Podemos afirmar que na atual realidade dos ambientes tecnológicos em 
diversas empresas, é importante que ocorra a interação entre o conhecimento 
jurídico (o Direito) e a TI.
RESUMO DO TÓPICO 1
17
A partir do conhecimento que você adquiriu até aqui, responda às 
perguntas a seguir:
1 Qual é a origem do Direito? 
2 Qual é a sua visão a respeito da Lei das Doze Tábuas e a Lei de Talião?
3 Qual é a importância do Direito no ramo da informática?
4 Não há, em suma, um direito justo no céu dos conceitos platônicos, e um 
direito imperfeito e injusto no nosso pobre e imperfeito mundo sublunar. O 
problema do Direito Natural não é descobrir esse celestial livro de mármore 
onde, gravadas a caracteres de puro ouro, as verdadeiras leis estariam escritas, 
e que, ao longo dos séculos, sábios legisladores terrenos não conseguiram 
vislumbrar. 
FONTE: CUNHA, Paulo Ferreira da. O ponto de Arquimedes: natureza humana, direito 
natural, direitos humanos. Coimbra: Almedina, 2001, p. 94. 
Considerando as reflexões contidas no texto, é possível afirmar sobre os direitos 
humanos na atualidade: 
a) ( ) A afirmação histórica dos direitos humanos, desde o jusnaturalismo, se 
iniciou apenas muito recentemente, no final do século XX, por isso ainda são 
desconhecidos dos juristas. 
b) ( ) O grande problema dos direitos humanos é o de que não estão 
positivados, por isso não são efetivados. 
c) ( ) O problema atual dos direitos humanos é o de que, apesar de positivados 
e constitucionalizados, carecem de ser efetivados. 
d) ( ) O problema atual dos direitos humanos é o de sua fundamentação 
lógica, na medida em que ainda são considerados deduções teológicas ou 
frutos de conjunturas econômicas. 
e) ( ) Os direitos humanos são, em todas as suas manifestações, garantias 
negativas da cidadania, por isso não carecem de nenhum tipo de prestação 
econômica por parte do Estado.
AUTOATIVIDADE
18
19
TÓPICO 2
INTRODUÇÃO AO DIREITO
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Conhecemos, anteriormente, a história do surgimento do Direito, com 
alguns dos seus marcos importantes durante sua trajetória. Vimos algumas “Leis” 
que podemos considerar como primeiros entusiasmos do Direito. 
Vimos também qual é a importância do Direito em nosso ramo, bem como 
o que é preciso para que o próprio Direito “consiga” agir.
A partir de agora, vamos focar nossa atenção em alguns conceitos 
relacionados ao Direito propriamente dito.
Neste tópico, vamos entender o que é o Direito, com alguns dos seus 
principais princípios, bem como suas divisões.
2 O QUE É O DIREITO?
Conforme já mencionado no tópico anterior, o Direito é um fenômeno 
de origem natural que está diretamente associado ao relacionamento de seres 
vivos com interesses conflitantes. O Direito é o fenômeno natural onde um 
indivíduo faz prevalecer seu interesse sobre o de outro mediante a utilização de 
meio adequado. O Direito está presente em nosso cotidiano. Na realidade, um 
dos objetivos do Direito é o de regulamentar a vida em sociedade através das 
regras de convivência que evoluíram ao longo dos tempos. Vale a pena lembrar: 
onde há a sociedade, há o Direito (ubi societas ibi jus). Sem a sociedade não há 
o Direito! Podemos afirmar então que o Direito é um conjunto de normas, leis, 
condutas que visam regulamentar o comportamento em sociedade, assegurando 
a pacificação, a paz social.
Segundo Campos (2005), o Direito é um fenômeno da rotina cotidiana, que 
encontramos a todo o momento e a toda parte. Estamos mergulhados no Direito 
tal como na atmosfera. O autor continua afirmando que o Direito resguarda, 
defende, ampara, protege e serve o indivíduo em todos os momentos. Agimos ou 
abstemo-nos de agir de alguma forma no que diz respeito ao Direito. Ele regula as 
relações dos indivíduos em sociedade, apossa-se de nós, sujeitos, e nos mantém 
sob sua proteção, mas o considera parte da sociedade, até porque o Direito e a 
sociedade se pressupõem. Onde existe sociedade, existe o Direito.
UNIDADE 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS DO DIREITO
20
Para Martins (2011), o Direito vem do latim directu (m), acusativo singular 
da forma principal adjetiva directus, a, um. Tem o significado de colocação em 
linha reta, alinhado, direito, reto, da qualidade do que é conforme a regra. São 
encontrados vários significados para a palavra Direito, como norma, lei, regra, 
faculdade, o que é devido à pessoa, fenômeno social etc. Para o autor, o Direito 
tem várias denominações em cada língua. Em espanhol, falamos derecho. Em 
italiano, diritto. Em francês, droit. Em inglês, Law. Em alemão, Recht.
 
Walrat (1977) mostra os requisitos de uma boa definição: (a) não deve ser 
circular; (b) não deve ser elaborada em linguagem ambígua, obscura ou figurada; 
(c) não deve ser demasiado ampla nem restrita; (d) não deve ser negativa quando 
puder ser positiva. Muitas vezes, diz-se que o conceito de Direito deve ser elaborado 
pela Filosofia do Direito, que pode fazer as críticas necessárias para esse fim.
Aristóteles mencionava que o homem é um animal político, destinado a 
viver em sociedade. Assim, havia a necessidade de regras para que pudesse viver 
em harmonia, evitando a desordem.
Para Reale (1972, p. 32) o Direito “é a vinculação bilateral atributiva da 
conduta para a realização ordenada dos valores de convivência”. Para Martins 
(2011), Direito é o conjunto de princípios, de regras e de instituições destinadas a 
regular a vida humana em sociedade. Porém, para o autor, é preciso que se faça 
uma análise dos elementos desse conceito. O Direito representa um conjunto, pois 
é composto de várias partes organizadas, formando um sistema. Tem o Direito 
princípios próprios, como qualquer ciência, ainda que não seja exata. Exemplos 
são o princípio da boa-fé, razoabilidade, proporcionalidade etc.
O Direito possui inúmeras regras. Algumas delas são escritas em códigos, 
como o Código Civil, o Código Tributário Nacional (CTN), o Código Comercial, o 
Código de Processo Civil (CPC), além de inúmeras leis esparsas, em que também 
podemos citar a Lei de Software (Lei n° 9.609/1998), a Lei de Direitos Autorais 
(Lei n° 9.610/1998) e o Código de Defesa do Consumidor (Lei n° 8.078/1990), que 
iremos estudar neste livro de estudos.
As instituições são entidades que perduram no tempo. O Direito tem várias 
delas, como os sindicatos, os órgãos do Poder Judiciário, do Poder Executivo etc. 
O objetivo do Direito é regular a vida humana em sociedade, estabelecendo, 
para esse fim, normas de conduta, que devem ser observadas pelas pessoas. Tem 
porfinalidade a realização da paz e da ordem social, mas também vai atingir as 
relações individuais das pessoas.
E continua Martins (2011) afirmando que o Direito é o meio para a 
realização ou obtenção de um fim, que é a Justiça. O homem, por natureza, é 
um ser gregário. Vive em conjunto com os demais, necessitando de regras para 
regular essa situação. O Direito é fruto da convivência humana.
TÓPICO 2 | INTRODUÇÃO AO DIREITO
21
É importante mencionarmos que o ordenamento jurídico também tem a 
função social de reger as relações jurídicas para a convivência das pessoas. 
A sanção no Direito existe para que a norma seja cumprida, quando a 
submissão não ocorre espontaneamente. Em relação a determinadas comunidades 
ou sociedades, se a pessoa não cumpre suas regras, é desprezada e rejeitada por 
seus componentes, porém pode não haver imposição de sanção. O importante 
não é se o Direito tem ou não coação ou sanção pelo descumprimento da norma, 
de forma a torná-la coercitiva, mas se ela é cumprida, o que pode ser feito 
espontaneamente pela pessoa, sem que exista a sanção (REALE, 1972).
Enfim, o Direito possui o que chamamos de força coercitiva, ou força de 
coação, isto é, o Direito tem o poder de se fazer valer através das sanções que ele 
pode impor ao indivíduo por sua ação ou omissão.
Como podemos observar, o Direito tem numa das mãos a balança e na 
outra a espada. A balança serve para sopesar o Direito. A espada visa fazer 
cumprir as determinações do Direito. A espada sem a balança é a desproteção, 
a força bruta. A balança sem a espada é um direito ineficaz. As duas têm de 
caminhar juntas. A proporção do emprego da espada e da balança tem de ser 
igual, para não criar desigualdades.
FIGURA 3 – A BALANÇA E A ESPADA
FONTE: Disponível em: <http://jornale.com.br>. Acesso em: 
5 jun. 2013.
O Direito possui três dimensões: (a) os fatos que ocorrem na sociedade; (b) 
a valoração que se dá a esses fatos; (c) norma, que pretende regular as condutas 
das pessoas, de acordo com os fatos e valores. O resultado dos fatos que ocorrem 
na sociedade é valorado, resultando em normas jurídicas. Há, portanto, uma 
interação entre fatos, valores e normas, que se complementam. O Direito é uma 
ordem de fatos integrada numa ordem de valores.
UNIDADE 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS DO DIREITO
22
Os sistemas jurídicos podem ser classificados basicamente em duas 
famílias: as originárias do sistema romano-germânico e do common law. No 
sistema romano-germânico impera a lei, que rege as relações entre as pessoas. No 
sistema do common law valem as decisões judiciais, partindo-se do caso concreto, 
indicando precedentes, que são seguidos para os casos semelhantes. O juiz faz a 
lei (judge made law). Esse é o sistema adotado na Inglaterra e nos Estados Unidos.
3 ALGUNS PRINCÍPIOS DO DIREITO
Inicialmente, poderíamos dizer que princípio é onde começa algo. É o 
início, a origem, o começo, a causa. Martins (2011) afirma que é o momento em 
que algo tem origem. Princípio de uma estrada é seu ponto de partida, onde ela 
começa. 
Princípio vem do latim principium, principii, com o significado de origem, 
começo, base. Em um contexto vulgar, quer dizer o começo da vida ou o primeiro 
instante. Na linguagem leiga, é o começo, o ponto de partida, a origem, a base.
Princípios são normas elementares, requisitos primordiais, proposições 
básicas. Princípio é, portanto, começo, alicerce, ponto de partida, “vigas mestras”, 
requisito primordial, base, origem, ferramenta operacional (MARTINS, 2011).
Evidentemente, não é esse o conceito geral de princípio que precisamos 
conhecer, mas o seu significado perante o Direito.
Para Campos (2005), princípios gerais do Direito são proposições diretivas 
do direito positivo que devem ser aplicadas no caso em julgamento, na ausência 
de outra fonte formal.
ESTUDOS FU
TUROS
Mais adiante estudaremos sobre o direito positivo.
Platão usava a palavra princípio no sentido de fundamento do raciocínio. 
Para Aristóteles, era a premissa maior de uma demonstração. Kant (1997, p. 12) 
seguia aproximadamente essa última orientação, dizendo que “princípio é toda 
proposição geral que pode servir como premissa maior numa conexão de ideias”.
 
Para a Filosofia, princípio é a “proposição que se põe no início de uma 
dedução, e que não é deduzida de nenhuma outra dentro do sistema considerado, 
sendo admitida, provisoriamente, como inquestionável” (SILVA, 1984).
TÓPICO 2 | INTRODUÇÃO AO DIREITO
23
Os princípios poderiam ser considerados como fora do ordenamento 
jurídico, pertencendo à ética. Seriam regras morais, regras de conduta que 
informariam e orientariam o comportamento das pessoas. Entretanto, os princípios 
do Direito têm características jurídicas, pois se inserem no ordenamento jurídico, 
inspiram e orientam o legislador e o aplicador do Direito. Os princípios podem 
originar-se da ética ou da política, mas acabam integrando-se e tendo aplicação 
no Direito (MARTINS, 2011).
O conceito de princípio para o Direito refere-se a proposições básicas que 
informam as ciências, orientando-as. Para o Direito, princípio é seu fundamento, 
a base que irá informar e orientar as normas jurídicas.
Os princípios são como as vigas ou alicerces que dão sustentação ao edifício. 
Este é o ordenamento jurídico, que é subdividido em tantos andares quantos são 
seus ramos.
Os princípios têm várias funções, dentre as quais podemos destacar a 
de auxiliar o intérprete da lei para solucionar determinado caso. Por exemplo: 
normalmente, o juiz/magistrado pode utilizar-se da lei para buscar o seu 
embasamento para um processo, mas o juiz/magistrado também poderá basear-
se nos princípios do Direito para buscar o clareamento de determinada causa. É 
importante que saibamos que os princípios do Direito também fazem parte das 
fontes do Direito.
Existem princípios que são comuns ao Direito em geral. É de se destacar, 
por exemplo, que ninguém pode alegar a ignorância do Direito. O artigo 3° da 
Lei de Introdução ao Código Civil é claro no sentido de que ninguém se escusa 
de cumprir a lei alegando que não a conhece, pois o desconhecimento da lei é 
inescusável, isto é, o desconhecimento da lei é indesculpável, pois no momento 
em que a lei é publicada, parte-se do princípio de que todos os indivíduos passam 
a conhecê-la. Assim, não é permitido que uma pessoa não cumpra a lei e depois 
afirme que não a conhecia.
O princípio do respeito à dignidade da pessoa humana é hoje encontrado 
até mesmo na Constituição Federal (art. 1°, inciso III), como um dos objetivos da 
República Federativa do Brasil, como um Estado Democrático de Direito. Há de 
se respeitar a personalidade humana como um direito fundamental. O inciso X 
do artigo 5° da Lei Maior assegura a inviolabilidade à intimidade, à vida privada, 
à honra e à imagem das pessoas, assegurando o direito à indenização pelo dano 
material ou moral decorrente de sua violação.
O princípio da proibição do abuso de direito ou do lícito exercício regular 
do próprio direito é fundamental no Direito. O inciso do art. 188 do Código Civil 
mostra que não constituem atos ilícitos os praticados no exercício regular de um 
direito reconhecido. Logo, se o ato é praticado mediante seu exercício irregular, 
estaremos diante de um ato ilícito.
UNIDADE 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS DO DIREITO
24
Veda também o Direito o enriquecimento sem causa. Uma pessoa não 
poderá locupletar-se, aproveitar-se de outra, enriquecendo à custa dela, sem que 
haja causa para tanto.
As pessoas devem agir com razoabilidade. Na aplicação da norma isso 
também deve acontecer. Devemos entender o princípio da proporcionalidade no 
sentido de que não se pode impor condutas a não ser para o estrito cumprimento do 
interesse público. Assim, não se pode agir com excessos, nem de modo insuficiente.
Oprincípio da segurança jurídica nos mostra a necessidade da manutenção 
das relações jurídicas.
Um dos princípios gerais do Direito mais importante que podemos citar 
é o princípio da boa-fé. Este princípio prega que nenhuma das partes envolvidas 
em uma relação jurídica (autor, réu, testemunhas, peritos etc.) irá se aproveitar 
da falta de informação, falta de conhecimento, falta de instrução, ou de quaisquer 
outras fragilidades de seu oponente para obter proveito próprio. É importante 
falarmos que o juiz, por exemplo, em uma relação jurídica, em um processo, partirá 
do princípio de que todas as partes envolvidas estão afirmando e provando a 
verdade. Em casos de constatação de desobediência a este princípio, pode o juiz 
fixar multas pelo que chamamos de litigância de má-fé, conforme está previsto em 
nosso Código de Processo Civil nos artigos 16, 17 e 18, conforme segue:
Art. 16. Responde por perdas e danos aquele que pleitear de má-fé 
como autor, réu ou interveniente.
Art. 17. Reputa-se litigante de má-fé aquele que: 
I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato 
incontroverso;
II - alterar a verdade dos fatos;
III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal;
IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo;
V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do 
processo;
Vl - provocar incidentes manifestamente infundados.
VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório.
Art. 18. O juiz ou tribunal, de ofício ou a requerimento, condenará o 
litigante de má-fé a pagar multa não excedente a um por cento sobre 
o valor da causa e a indenizar a parte contrária dos prejuízos que 
esta sofreu, mais os honorários advocatícios e todas as despesas que 
efetuou.
§ 1° Quando forem dois ou mais os litigantes de má-fé, o juiz condenará 
cada um na proporção do seu respectivo interesse na causa, ou 
solidariamente aqueles que se coligaram para lesar a parte contrária.
§ 2° O valor da indenização será desde logo fixado pelo juiz, em 
quantia não superior a 20% (vinte por cento) sobre o valor da causa, 
ou liquidado por arbitramento.
Podemos perceber que o princípio da boa-fé é considerado, inclusive pela 
lei, no caso o Código de Processo Civil, que determina, dentre outros assuntos, em 
que casos nós podemos considerar que a pessoa está agindo de má-fé no processo 
e qual será a consequência (pagamento de multa) para o caso. Para o Direito, a 
boa-fé presume-se, isto é, parte-se do pressuposto de que as partes envolvidas no 
TÓPICO 2 | INTRODUÇÃO AO DIREITO
25
processo irão agir com boa-fé, sem querer prejudicar, ludibriar a parte contrária, 
agirão com a verdade. Por outro lado, a má-fé deve ser provada e, como vimos, 
com os artigos citados anteriormente é possível que se prove a má-fé.
Martins (2011) afirma que é aplicável o princípio da boa-fé, inclusive nos 
contratos (art. 422 do Código Civil), seja no Direito Civil ou no Comercial, mas 
também no Direito do Trabalho.
O princípio da igualdade trata inclusive de um princípio constitucional, 
conforme o seu artigo 5°. Segundo este princípio, todos somos iguais perante 
a lei, sem qualquer tipo de distinção, quer seja de raça, credo, posição social, 
cor da pele, profissão, sexo, orientação sexual etc., ou seja, o juiz, ao julgar um 
determinado caso, não deverá levar em consideração esses fatores, deverá ser 
completamente imparcial e se abstendo de juízos de valores. 
Dessa forma, para Diniz (2009), o que se veda são as diferenciações 
arbitrárias, as discriminações absurdas, pois o tratamento desigual dos casos 
desiguais, na medida em que se desigualam, é exigência tradicional do próprio 
conceito de Justiça, pois o que realmente protege são certas finalidades, somente 
se tendo por lesado o princípio constitucional quando o elemento discriminador 
não se encontra a serviço de uma finalidade acolhida pelo direito, sem que se 
esqueça que as chamadas liberdades materiais têm por objetivo a igualdade de 
condições sociais, meta a ser alcançada não só por meio de leis, mas também pela 
aplicação de políticas ou programas de ação estatal. 
O princípio da igualdade consagrado pela Constituição opera em dois planos 
distintos. De uma parte, frente ao legislador ou ao próprio Executivo, na edição, 
respectivamente, de leis, atos normativos e medidas provisórias, impedindo que 
possam criar tratamentos abusivamente diferenciados a pessoas que se encontram 
em situações idênticas. Em outro plano, a obrigatoriedade ao intérprete (o juiz, por 
exemplo), basicamente, a autoridade pública, de aplicar a lei e atos normativos 
de maneira igualitária, sem estabelecimento de diferenciações em razão de sexo, 
religião, convicções filosóficas, ou políticas, raça, classe social (BARRETO, 2010).
Segundo o princípio do contraditório, o autor e o réu (por exemplo) podem 
responder a todas as acusações que são feitas pela outra parte. O princípio do 
contraditório nos remete à palavra contradizer, ou seja, dizer contra, discordar. 
Assim, se o réu acusar ou afirmar que o autor estava em determinado local em 
determinado dia e hora, o autor poderá, terá o direito de dizer o contrário, ou 
seja, defender-se afirmando que estava em outro local ou em outra situação. O 
princípio do contraditório vale para qualquer tipo de processo. Vale lembrar que 
o direito à defesa (princípio do contraditório) é um direito reservado a todos que 
estejam envolvidos no processo. Caso algumas das partes não responder, não se 
defender no prazo previsto, ocorre o instituto que chamamos de revelia. A partir 
do momento em que ocorre a revelia, que é decretada à revelia, o juiz considerará 
como verdadeiros todos os fatos afirmados pela parte contrária. Vejamos um 
exemplo: se o autor acusa o réu, através de provas, de pirataria de software e 
UNIDADE 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS DO DIREITO
26
o réu, em seu prazo, não se defender, ou seja, não se utilizar do princípio do 
contraditório, o juiz considerará como verdadeiras as afirmações do autor. Será 
o réu o que chamamos de revel e este arcará com todas as consequências do 
instituto da revelia.
O princípio do contraditório e da ampla defesa é assegurado pelo artigo 
5º, inciso LV da Constituição Federal, conforme podemos verificar que: “[...] LV 
– aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral 
são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela 
inerentes; [...]” (grifos nosso).
No dizer de Angélica Arruda Alvim (1994), o contraditório significa que 
toda pessoa física ou jurídica que tiver de manifestar-se no processo tem o direito 
de invocar o princípio do contraditório a seu favor. Deve ser dado conhecimento 
da ação e de todos os atos do processo às partes, bem como a possibilidade de 
responderem, de produzirem provas próprias e adequadas à demonstração do 
direito que alegam ter.
É importante que fique claro para nós que o princípio do contraditório é o 
direito de defesa e deve ser ofertado para as partes envolvidas no processo, que 
normalmente são o autor e réu. 
Se o princípio do contraditório afirma que todas as partes envolvidas 
no processo podem se defender, o princípio da ampla defesa assegura que as 
mesmas partes envolvidas no processo podem se utilizar de qualquer meio 
de prova, desde que lícito, ou seja, dentro da lei. Assim, são aceitas provas 
documentais, testemunhais, periciais, gravações, filmagens, essas duas últimas 
desde que autorizadas judicialmente. Assim, se uma das partes trouxer para o 
processo uma prova que foi adquirida sem autorização judicial, por exemplo, o 
juiz não a aceitará como tal e a dispensará. 
Outro princípio do Direito que podemos citar é o princípio da presunção 
de inocência, também conhecido como princípio da não culpabilidade ou estado 
de inocência. Segundo este princípio, todos são inocentesno processo, na 
relação jurídica, até que se prove o contrário. Desta maneira, o juiz não poderá 
considerar o réu culpado, por exemplo, sem que antes sejam analisadas todas as 
provas, todas as circunstâncias trazidas no processo, para que o juiz forme o seu 
convencimento. Trata-se de uma velha máxima no Direito, em que: “todos são 
inocentes até que se prove o contrário”.
Este princípio constitucional afirma o estado de inocência como regra 
em relação às partes envolvidas no processo. Trata-se de mais um princípio 
constitucional do artigo 5º, inciso LVII: "ninguém será considerado culpado até o 
trânsito em julgado de sentença penal condenatória". Isso quer dizer que somente 
após o término do processo, depois que o juiz formou todo o seu convencimento 
acerca do caso, é que vai se decidir quem é o culpado nesta relação jurídica e, 
então, condenado conforme o caso.
TÓPICO 2 | INTRODUÇÃO AO DIREITO
27
Segundo o princípio da publicidade, todos os atos processuais são 
públicos para garantir a transparência e a confiabilidade processual, fazendo 
com que todas as partes envolvidas na relação jurídica e até mesmo terceiros 
possam acompanhar este andamento processual, ou seja, por padrão, todos os 
atos processuais são públicos. Basta que se acesse o site de onde o processo está 
tramitando, digitar o número do processo, nome do advogado ou nome de uma 
das partes (autor e réu) e ter acesso a todo o andamento processual. 
É muito importante lembrarmos que existe uma exceção para este 
princípio. Os processos que correm em segredo de justiça não são públicos por 
consequência. Somente possuem acessos a estes processos as partes envolvidas 
diretamente nesta relação jurídica. Processos que envolvem menores (adoção), 
família (separações, divórcios), alimentos (pensão alimentícia), entre outros, são, 
por padrão, decretados como processos que tramitam em segredo de justiça. 
Em nossa área de TI é possível ter processos tramitando em segredo 
de justiça. É o caso de processos que envolvam o código-fonte de determinado 
programa de computador. É o que prega o § 4° do artigo 14 da Lei de Software 
(grifos nosso). Vamos conferir:
§ 4º Na hipótese de serem apresentadas, em juízo, para a defesa dos 
interesses de qualquer das partes, informações que se caracterizem 
como confidenciais, deverá o juiz determinar que o processo prossiga 
em segredo de justiça, vedado o uso de tais informações também à 
outra parte para outras finalidades.
É importante comentar que, em nossa área, para que um processo tramite 
em segredo de justiça, a parte interessada deve solicitar ao juiz que o seu processo 
tramite em segredo de justiça.
Outro princípio importante para o Direito é o princípio da legalidade. 
Segundo este princípio, todos os atos jurídicos devem ser baseados na lei, devem 
ser legais, sob pena de se tornarem atos nulos, ou seja, sem qualquer validade. 
Assim, este princípio diz respeito à obediência à lei.
O princípio da legalidade também está na Constituição Federal, no inciso 
II do artigo 5°, onde: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma 
coisa senão em virtude de lei”. Assim, temos certa liberdade em que podemos fazer 
tudo, exceto o que a lei proíbe, assim, se não houver lei que proíbe tal conduta, 
nada pode ser feito, lembrando assim uma velha máxima no Direito, onde “o que 
não é proibido é permitido”. Assim, este princípio garante que “ninguém será 
obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude da lei”.
4 DIVISÕES DO DIREITO
Direito Natural: o homem reconhece pela sua natureza. Não está escrito, é 
próprio/inerente ao homem. Direito à vida, à liberdade. Justiça é o seu fundamento. 
Em outras palavras, é o que o homem entende por justiça – é o sentimento que 
UNIDADE 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS DO DIREITO
28
o homem tem de “justo”. Para Martins (2011), o Direito natural nasce a partir do 
momento em que surge o homem. Aparece, portanto, naturalmente para regular 
a vida humana em sociedade, de acordo com as regras da natureza. Seria uma 
norma criada pela natureza e não pelo homem. Decorre da natureza das coisas. 
São princípios gerais e universais para regular os direitos e deveres do homem. 
Os jusnaturalistas entendem que a lei deve ser justa para ser lei. Se não for, não 
tem validade. 
Na Idade Média o Direito Natural era visto como vinculado à vontade de 
Deus.
Direito Positivo/Científico: está escrito. Seu fundamento é a lei, não 
importa se é justo ou não. O Direito positivo também pode ser chamado de 
Direito positivado. Para Martins (2011), o Direito positivo é apenas norma legal, 
emanada do Estado e não de outra fonte do Direito.
Quanto ao tipo, o Direito pode ser dividido em:
• Direito Objetivo – Material, regula o direito, o bem ou valor que se procura 
proteger. Para Martins (2011), o Direito Objetivo é o complexo de normas que 
são impostas às pessoas, tendo o caráter de universalidade, para regular suas 
relações. É o Direito como norma (ius est norma agendi). Podemos citar alguns 
exemplos de Direito objetivo:
o Direito Civil
o Direito Penal
o Direito do Trabalho
o Direito Tributário
o Direito Constitucional
o Lei de Software
o Lei de Direitos Autorais
o Código de Defesa do Consumidor
• Direito Subjetivo ou Formal regula os mecanismos jurídicos que entrarão 
em ação para garantir a aplicação do direito. Para Martins (2011), o Direito 
subjetivo é a faculdade de a pessoa postular (pedir) seu direito, visando à 
realização de seus interesses (ius est facultas agendi). Citamos, do mesmo modo, 
alguns exemplos de Direito subjetivo:
o Código de Processo Civil
o Direito Processual Penal
o Direito Processual do Trabalho
o Direito Processual Militar
TÓPICO 2 | INTRODUÇÃO AO DIREITO
29
NOTA
Os termos Código de Processo Civil e Direito Processual Civil, por exemplo, são 
sinônimos.
Quanto ao interesse:
Direito Público: prepondera o interesse do Estado em relação ao indivíduo. 
Regula as relações em que o Estado é parte (com indivíduos ou com outro Estado). 
Para Martins (2011), o Estado é a reunião de pessoas numa sociedade política 
e juridicamente organizada, dotada de soberania, dentro de um território, sob 
um governo, para a realização do bem comum. É considerado bem comum 
o conjunto de todas as condições de vida social que consistam e favoreçam o 
desenvolvimento integral da personalidade humana. Ainda, o objetivo do Estado 
é assegurar a vida humana em sociedade, pelo fato de que o homem não vive 
isoladamente e necessita de normas que disciplinem comportamentos. Visa, 
conforme já mencionamos, ao bem comum do povo. O Estado deve garantir a 
ordem interna, assegurar a soberania na ordem internacional, fazer as regras de 
conduta e “distribuir” justiça. 
Ainda, para Martins (2011), o Direito Público envolve a organização do 
Estado, em que são estabelecidas normas de ordem pública, que não podem 
ser mudadas pela vontade das partes, como a obrigação de pagar tributos. Já o 
Direito privado diz respeito ao interesse dos particulares, às normas contratuais 
que são estabelecidas pelos particulares, decorrentes da manifestação de vontade 
dos interessados. 
Vamos a alguns exemplos do Direito Público:
• Direito Constitucional: trata das normas constitucionais e de sua aplicabilidade.
• Direito Administrativo: regula o funcionamento de todo o aparato estatal e as 
relações dos órgãos públicos com os indivíduos.
• Direito Tributário: estabelece as regras para a criação, incidência e arrecadação 
de tributos e suas obrigações acessórias.
• Direito Processual: regula a forma pela qual se instalam e se desenvolvem os 
processos judiciais.
• Direito Penal: estipula as contravenções, os crimes e as penas.
Direito Privado: disciplina as relações entre particulares, em que 
predomina o interesse privado (o Estado não participa). Exemplos:• Direito Civil: regula as relações familiares, patrimoniais e obrigacionais dos 
indivíduos.
UNIDADE 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS DO DIREITO
30
• Direito Comercial: Regula as atividades negociais das pessoas físicas e jurídicas 
com finalidade econômica.
• Direito do Trabalho: regula as relações de empregado e empregador. Normas 
e princípios relativos à organização do trabalho e da produção.
IMPORTANT
E
vMartins (2011) afirma que há autores que entendem que o Direito do Trabalho 
pertence ao Direito Público, mas o que prepondera é a autonomia da vontade das pessoas na 
contratação, apesar da existência de normas de ordem pública que incidem sobre a relação 
de emprego.
Para melhor esquematizarmos o que acabamos de estudar sobre as 
divisões do Direito, acompanhe a figura a seguir.
FIGURA 4 – DIVISÕES DO DIREITO
FONTE: A autora
31
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• Vale a pena lembrar: onde há a sociedade, há o Direito (ubi societas ibi jus). Sem 
a sociedade não há o Direito.
 
• Podemos afirmar que o Direito é um conjunto de normas, leis, condutas 
que visam regulamentar o comportamento em sociedade, assegurando a 
pacificação, a paz social.
• Aristóteles mencionava que o homem é um animal político, destinado a viver 
em sociedade. Assim, havia a necessidade de regras para que pudesse viver em 
harmonia, evitando a desordem.
• Para Reale (1972, p. 35), o Direito “é a vinculação bilateral atributiva da conduta 
para a realização ordenada dos valores de convivência”.
• Para Martins (2011), Direito é o conjunto de princípios, de regras e de instituições 
destinadas a regular a vida humana em sociedade.
• O objetivo do Direito é regular a vida humana em sociedade, estabelecendo, 
para esse fim, normas de conduta, que devem ser observadas pelas pessoas. 
Essas normas têm por finalidade a realização da paz e da ordem social, mas 
também vão atingir as relações individuais das pessoas.
• O Direito é o meio para a realização ou obtenção de um fim, que é a Justiça.
• O Direito é fruto da convivência humana.
• A sanção no Direito existe para que a norma seja cumprida.
• O Direito possui o que chamamos de força coercitiva, ou força de coação, isto 
é, o Direito tem o poder de se fazer valer.
• O Direito possui três dimensões: (a) os fatos que ocorrem na sociedade; (b) a 
valoração que se dá a esses fatos; (c) norma, que pretende regular as condutas 
das pessoas, de acordo com os fatos e valores. O resultado dos fatos que ocorrem 
na sociedade é valorado, resultando em normas jurídicas. Há, portanto, uma 
interação entre fatos, valores e normas, que se complementam. O Direito é uma 
ordem de fatos integrada numa ordem de valores.
• Princípios são normas elementares, requisitos primordiais, proposições básicas.
• Para o Direito, princípio é seu fundamento, a base que irá informar e orientar 
as normas jurídicas.
32
• Os princípios têm a função de integração da norma no ordenamento jurídico.
• Ninguém pode alegar a ignorância do Direito. O desconhecimento à lei é 
indesculpável.
• Vimos alguns princípios gerais do Direito. Podemos citar:
o O princípio do respeito à dignidade da pessoa humana.
o O princípio da proibição do abuso de direito ou do lícito exercício regular 
do próprio direito é fundamental no Direito.
o Veda também o Direito o enriquecimento sem causa. Uma pessoa não 
poderá locupletar-se, aproveitar-se de outra, enriquecendo à custa dela, sem 
que haja causa para tanto.
o As pessoas devem agir com razoabilidade. Na aplicação da norma isso 
também deve acontecer.
o Devemos entender o princípio da proporcionalidade no sentido de que não se 
pode impor condutas a não ser para o estrito cumprimento do interesse público.
o O princípio da segurança jurídica nos mostra a necessidade da manutenção 
das relações jurídicas.
o Um dos princípios gerais do Direito mais importante que podemos citar é o 
princípio da boa-fé.
o O princípio da igualdade afirma que todos somos iguais perante a lei, sem 
qualquer tipo de distinção.
o Segundo o princípio do contraditório, o autor e o réu (por exemplo) podem 
responder a todas as acusações que são feitas pela outra parte.
o O princípio do contraditório e da ampla defesa é assegurado pelo artigo 5º, 
inciso LV da Constituição Federal.
o É importante que fique claro para nós que o princípio do contraditório é o 
direito de defesa e deve ser ofertado para as partes envolvidas no processo, 
que normalmente são o autor e o réu. 
o O princípio da ampla defesa assegura que as mesmas partes envolvidas no 
processo podem utilizar qualquer meio de prova, desde que lícito.
o O princípio da presunção de inocência afirma que todos são inocentes no 
processo, na relação jurídica, até que se prove o contrário.
o Segundo o princípio da publicidade, todos os atos processuais são públicos 
para garantir a transparência e a confiabilidade processual.
o Os processos que correm em segredo de justiça não são públicos por 
consequência.
o Em nossa área de TI é possível ter processos tramitando em segredo de 
justiça. É o caso de processos que envolvam o código-fonte de determinado 
programa de computador.
• Vimos também sobre a divisão do Direito: 
o Temos o Direito natural e o Direito positivo.
o Quanto ao tipo, o Direito pode ser objetivo ou subjetivo.
o E quanto ao interesse, o Direito pode ser público ou privado.
33
1 Qual é a função do Direito?
2 Segundo os estudos feitos, comente a principal característica do Direito.
3 Em relação ao Direito natural e ao Direito positivo, analise as assertivas a 
seguir e assinale a(s) correta(s).
a) ( ) O Direito natural o homem conhece pela sua própria natureza, não está 
escrito, a justiça é o seu fundamento.
b) ( ) O Direito positivo está escrito, seu fundamento é a lei, não importando 
se é justa ou não.
c) ( ) O Direito natural o homem conhece pela sua própria natureza, está 
escrito, a justiça não é o seu fundamento.
d) ( ) O Direito positivo não está escrito, seu fundamento é a lei, uma vez que 
seja justa.
4 Qual é a função dos princípios gerais do Direito?
5 O Direito comercial é um ramo do:
a) ( ) Direito público.
b) ( ) Direito internacional.
c) ( ) Direito administrativo.
d) ( ) Direito privado.
6 Sobre os princípios do Direito, está correto:
a) ( ) O princípio da ampla defesa afirma que uma parte pode responder a 
todas as acusações que são feitas pela outra parte.
b) ( ) O princípio da publicidade afirma que todos os processos, sem exceção, 
são públicos.
c) ( ) O princípio do contraditório afirma que uma parte pode responder a 
todas as acusações que são feitas pela outra parte.
d) ( ) O princípio da boa-fé demonstra que uma das partes deve se utilizar da 
falta de informação ou conhecimento da outra parte para obter proveito.
7 Ainda sobre os princípios do Direito:
a) ( ) O princípio da presunção de inocência dispõe que o autor é o culpado 
na relação jurídica.
b) ( ) O princípio da presunção de inocência dispõe que todos são culpados 
até que se prove o contrário.
c) ( ) O princípio da presunção de inocência dispõe que todos são inocentes 
até que se prove o contrário.
AUTOATIVIDADE
34
d) ( ) O princípio da presunção de inocência dispõe que o réu é o culpado na 
relação jurídica.
8 A publicidade dos atos processuais é mais do que uma regra, é uma garantia 
importante para o cidadão, na medida em que permite o controle dos atos 
judiciais por qualquer indivíduo integrante da sociedade. Ela está prevista 
na Constituição Federal, em seu artigo 5º, dedicado às garantias individuais, 
e também tem previsão legal no Código de Processo Civil (CPC), nos artigos 
155 e 444. “A publicidade gera a oportunidade não só de conhecimento, 
mas, sobretudo, de controle, na forma legal, de decisões, o que é inerente 
aoprocesso legal e à própria essência do Estado de Direito, pois se trata de 
serviço público, vale dizer, para o público, primordial”, avalia o ministro 
Arnaldo Esteves Lima, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ao discorrer 
sobre o tema. Tamanha é a importância da publicidade que o ordenamento 
brasileiro considera nulos os atos realizados sem a observância dessa garantia 
processual, com exceção das hipóteses de sigilo legalmente permitidas 
(Constituição Federal, artigo 93, IX, e Código de Processo Civil, artigo 155). 
Isto posto, explique: 
a) O que é o segredo de justiça? 
b) Na área de TI (Tecnologia da Informação) é possível termos um processo 
tramitando em segredo de justiça? 
c) Se sim, em qual(is) caso(s)?
35
TÓPICO 3
O DIREITO NA PRÁTICA
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Conhecemos, anteriormente, alguns conceitos e funções do Direito, 
segundo alguns autores, bem como uma das principais características do Direito. 
Sabemos agora que o Direito possui uma fundamentação consistente nos seus 
princípios gerais e muitos desses princípios podemos e devemos utilizar em 
nossa área para termos segurança jurídica em nossas relações cotidianas.
Estudamos as divisões do Direito, com os seus exemplos, e muitos nomes/
termos novos estão surgindo para nós. Fique tranquilo! Estes termos são os mais 
comumente utilizados e não somente pelas pessoas que atuam no meio jurídico.
A partir de agora, vamos evoluir os nossos estudos mergulhando um 
pouco mais nos conceitos do Direito.
Neste tópico, vamos estudar as fontes e lacunas do Direito; o que é e como 
funciona a hierarquia das leis; quais são os elementos de uma relação jurídica; o 
que é um processo e quais são os tipos de processos com os quais poderemos nos 
deparar em nosso dia a dia.
2 FONTES DO DIREITO
Segundo Martins (2011), a palavra fonte vem do latim fons, com o 
significado de nascente, manancial.
Para Abram (2008, p. 56), a palavra fonte tem sentido de “origem, gênese, 
de onde provém” (água). No significado vulgar, fonte tem o sentido de nascente 
de água, o lugar de onde brota a água. Figuradamente, refere-se à origem de 
alguma coisa, de onde provém algo. Fonte de Direito tem significado metafórico, 
em razão de que já é uma fonte de várias normas.
Para Claude du Pasquier (1978, p. 25), fonte de regra jurídica “é o ponto pelo 
qual ela se sai das profundezas da vida social para aparecer à superfície do Direito”. 
Ascensão (1978) menciona que fonte tem diferentes significados: (a) histórico: 
considera as fontes históricas do sistema, como o Direito Romano; (b) instrumental: 
são os documentos que contêm as regras jurídicas, como os códigos, leis etc.; (c) 
sociológico ou material: são os condicionamentos sociais que produzem determinada 
norma; (d) orgânico: são os órgãos de produção das normas jurídicas; (e) técnico-
jurídico ou dogmático: são os modos de formação e revelação das regras jurídicas.
36
UNIDADE 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS DO DIREITO
Para Martins (2011), o estudo das fontes do Direito pode ter várias 
acepções, como sua origem, fundamento de validade das normas jurídicas e a 
própria exteriorização do Direito. Fontes formais são as formas de exteriorização 
do Direito. Exemplos seriam as leis, os costumes etc.
Fontes materiais são o complexo de fatores que ocasionaram o surgimento 
de normas envolvendo fatos e valores. São analisados fatores sociais, psicológicos, 
econômicos, históricos etc. São os fatores reais que irão influenciar na criação da 
norma jurídica (MARTINS, 2011).
Para Campos (2005), vários são os sentidos que se podem tomar para 
a expressão fontes do Direito. Podemos analisar as fontes do ponto de vista 
histórico, social, filosófico e material do Direito, como também podemos analisar 
as fontes em seu sentido formal, isto é, como forma de expressão do Direito. 
I- Fontes Históricas: são escritos, monumentos, inscrições, testemunhos de 
contemporâneos pelos quais nos é possível averiguar quais foram as normas 
jurídicas que regeram tal grupo social, em tal época da história. Seu estudo 
compete à disciplina História do Direito.
II- Fontes Sociais: são os fatores sociais geradores das normas jurídicas, isto é, 
necessidades econômicas, movimentos políticos, preceitos religiosos, normas 
éticas, solicitações étnicas, condicionamentos geográficos e outros. Seu estudo 
compete à Sociologia do Direito.
III- Fontes Filosóficas: tratam da justificativa, do fundamento do Direito, da 
força de um grupo dominante, do reconhecimento pela coletividade, da natureza 
humana, da razão, de Deus e outros. Seu estudo compete à Filosofia do Direito.
IV- Fontes Materiais: são as chamadas fontes de produção do Direito, os 
órgãos elaboradores do Direito, tais como o Poder Legislativo; a Justiça do 
Trabalho quando dita as sentenças normativas; o Poder Judiciário, por meio da 
jurisprudência, como fonte de normas gerais.
Daqui a pouco já saberemos o que é uma jurisprudência!
ATENCAO
Note que é importante deixarmos claro que fontes do Direito podem ser 
consideradas meios através dos quais podemos buscar o Direito, de onde vem 
o Direito. E é natural, partindo desta consideração, que achemos que a lei (que 
nós falamos anteriormente) é a fonte do Direito. E não está errado! Mas, o que é 
importante frisar é que a lei não é a única fonte do Direito, existem outras, e é isso 
que vamos passar a estudar a partir de agora!
TÓPICO 3 | O DIREITO NA PRÁTICA
37
Para Campos (2005), o que mais interessa a este tema são as fontes formais 
do Direito, o que podemos chamar de formas de expressão do Direito, ou também 
de modos de manifestação da vontade social na expressão do Direito, que são: I) 
a Lei; II) o costume; III) o regulamento e o contrato coletivo ou individual; IV) a 
doutrina; V) precedente e jurisprudência; VI) princípios gerais do Direito.
UNI
Como podemos perceber agora, além da lei, existem várias outras fontes em que 
o Direito poderá buscar embasamento para acontecer. Isto é, o juiz, ao julgar um processo, 
poderá julgá-lo fundamentando-se em um costume, uma jurisprudência, nos princípios 
gerais do Direito etc.
Vejamos algumas das fontes do Direito já citadas: 
• LEIS – para Campos (2005), lei é uma norma jurídica abstrata e geral expressa 
por escrito pelo Estado, com criação de direito novo. Como podemos verificar, 
a lei possui cinco características:
a) A abstração – a lei é abstrata. Abstrata porque a lei não se incorpora, apesar de 
escrita e publicada no Diário Oficial da União; se nós rasgarmos o jornal, não 
estaremos rasgando e eliminando a lei, ela continua aplicável e vigente.
b) A generalidade – a lei é uma norma jurídica geral, pois ela liga a consequência 
jurídica à condição de fato de modo geral, distinguindo-se da sentença, que 
liga a consequência jurídica à condição de fato de modo particular e concreto.
c) Estatalidade – ela é uma norma jurídica elaborada pelos órgãos do Estado, 
distinguindo-se do costume, que é uma norma jurídica geral elaborada fora 
dos órgãos do Estado.
d) Escrita – a lei é escrita e por isso também se distingue do costume, que não é 
escrito.
e) Novidade – a lei cria sempre um direito novo, mesmo quando modifica um 
direito já existente, e por isso se distingue do decreto, que embora seja realizado 
pelos órgãos do Estado, não cria Direito novo.
Dentro do conceito de lei, como fonte do Direito, podemos colocar também 
os Tratados, que são normas jurídicas gerais expressas por escrito pelo Estado, 
que são atos de acordo com vontades entre dois países e regulam situações 
particulares de interesse direto deles (tratados-contratos ou estabelecem regras 
gerais que devem ser observadas). 
UNIDADE 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS DO DIREITO
38
NOTA
Tratados, que também podem ser chamados de convenções internacionais, são 
atos de acordo com vontadesentre dois países e podem ser tratados-contratos ou também 
tratados-leis.
• COSTUMES – costume é a prática pública e geral, reiterada com constância 
e uniformidade, de um modo de agir. O Direito foi originariamente, e por 
muito tempo, formado unicamente de costumes, nascidos antes do Estado, 
este também, nas suas origens, realizado sob a forma de costume. Em certo 
momento, costumes vieram a ser fixados por escrito. As primeiras leis foram 
costumes que se fixaram por escrito. Os motivos pelos quais os costumes 
perderam importância em relação à lei foram: I) a existência de órgãos 
legislativos, cuja função específica é a criação do Direito; II) leis numerosas 
surgem cada vez mais, regulando todas as matérias; III) frequentemente as leis 
assumem forma de código, cobrindo todo o terreno a ser disciplinado; IV) a 
lei é fácil de ser renovada, poupando com isso a formação de novos costumes; 
V) atualmente, antes de se tornar costume, um hábito que se aplica bem se 
torna lei; VI) o mundo moderno vive de urgência, impedindo a formação de 
costume, que é de formação lenta; VIII) a vida jurídica exige cada vez mais 
tecnicismo jurídico, e esse se realiza melhor com a lei.
Os costumes podem ser de três espécies: I) “secundum legem” (de acordo 
com a lei) – é o costume que estabelece forma costumeira de interpretação ou 
aplicação de uma lei, é o costume interpretativo; II) “praeter legem” (além da lei) 
– é o que vigora na falta de preceito legal, a lei. A aplicação de costume nesses 
casos é autorizada pelo artigo 4° da Lei de Introdução do Código Civil; III) “contra 
legem” (contra a lei) – é o modo de agir aplicando prática costumeira contrária à 
lei (por exemplo, o uso do cheque pré-datado).
NOTA
Costume é a prática pública e geral reiterada com constância e uniformidade, de 
um modo de agir, acompanhado da obrigatoriedade jurídica.
• O REGULAMENTO E O CONTRATO COLETIVO OU INDIVIDUAL – 
regulamento é uma norma jurídica geral expressa por escrito pelo chefe do 
Poder Executivo, federal, estadual ou municipal, que, sem criar direito novo, 
pormenoriza a lei, para fiel execução desta. Os regulamentos expressam-se por 
TÓPICO 3 | O DIREITO NA PRÁTICA
39
meio de decretos. Há atos similares aos regulamentos, que não são leis nem 
decretos, embora muitas vezes o pareçam, mas sim atos administrativos de 
categoria inferior aos regulamentos e que não são editados pelo chefe do Poder 
Executivo, tais como:
a) Portarias: em regra, de ministros ou diretores, pelos quais executam normas 
de leis ou de decretos.
b) Instruções: atos administrativos de funcionários superiores com preceitos 
dirigidos aos funcionários subordinados.
c) Ordens de serviço ou avisos: atos administrativos com que autoridades 
administrativas transmitem ordens aos que lhe são subordinados.
d) Circulares: são atos de natureza de avisos ou de instruções, enviadas a muitas 
autoridades subordinadas.
e) Resoluções: são atos administrativos de natureza das anteriores, mas 
praticados por órgãos coletivos.
O contrato coletivo de trabalho é estabelecido por sindicatos ou associações 
de empregados e empregadores que determinam regras para valerem nos contratos 
individuais de trabalho. São considerados fontes do Direito por constituírem 
normas jurídicas, que, regulando as condições de trabalho, prevalecem como lei 
entre as partes.
NOTA
Regulamento é uma norma jurídica geral expressa por escrito pelo chefe do 
Poder Executivo, federal, estadual ou municipal, que, sem criar direito novo, pormenoriza a 
lei, para fiel execução desta.
NOTA
O contrato coletivo de trabalho é estabelecido por sindicatos ou associações de 
empregados e empregadores que determinam regras para valerem nos contratos individuais 
de trabalho.
Devemos ainda lembrar que o contrato individual também é considerado 
como fonte do Direito. Assim, para o acordo entre vontades do contratante e 
contratado, basta que estejamos diante de uma fonte. Este contrato é tratado como 
um título executivo extrajudicial e pode ser foco de um processo de execução.
UNIDADE 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS DO DIREITO
40
ESTUDOS FU
TUROS
Mais adiante nos aprofundaremos nos contratos individuais e também nos tipos 
de processos, entre eles, o processo de execução, que foi mencionado.
• DOUTRINA – a doutrina é o trabalho dos juristas, dos estudiosos do 
Direito, que definem e sistematizam os conceitos jurídicos, agrupando-os 
em categorias, determinando sua natureza jurídica, compondo os institutos 
jurídicos, construindo as teorias jurídicas e reunindo todos eles na formação 
de disciplinas jurídicas. A doutrina, em primeira instância, define, isto é, fixa 
os conceitos e em seguida sistematiza agrupando os conceitos jurídicos em 
categorias jurídicas. São categorias jurídicas as categorias de pessoas físicas, de 
pessoas jurídicas, de bens móveis, de bens imóveis, de fatos jurídicos e outros. 
A doutrina determina a natureza jurídica de um elemento da vida jurídica, 
ou seja, determina a sua essência e qualidade, enquadrando-o na categoria 
jurídica própria. Dessa forma, levando em conta notas comuns e afinidades 
entre conceitos ou categorias jurídicas e suas regras, a doutrina compõe os 
institutos jurídicos. Instituto jurídico é um conjunto sistemático de conceitos e 
normas relativo a uma situação, a um estado, a um procedimento, que tenha 
unidade de conteúdo ou de fim. São institutos jurídicos o instituto da posse, 
o instituto do casamento, o instituto da falência e outros. Da mesma forma, 
a doutrina reúne os princípios fundamentais de certos institutos e constrói 
teorias jurídicas. A reunião de todos os conceitos, categorias, institutos e teorias 
leva-nos a uma classificação por assuntos, em disciplinas jurídicas, tais como: 
Direito Constitucional, Direito Civil, Direito Tributário e outros. Podemos 
também afirmar que a doutrina é o entendimento de um jurista ou até mesmo 
um autor sobre determinado assunto jurídico de interesse da sociedade. Por 
exemplo: em nossa área de TI existem livros que contemplam o Direito Digital, 
mesmo não existindo a Lei de Direito Digital. Por outro lado, também existem 
autores que tecem as suas considerações acerca do Direito Penal, por exemplo. 
FIGURA 5 – ALGUNS EXEMPLOS DE DOUTRINAS NO DIREITO
TÓPICO 3 | O DIREITO NA PRÁTICA
41
FONTE: A autora
DICAS
Instituto jurídico é um conjunto sistemático de conceitos e normas relativo a 
uma situação, a um estado, a um procedimento que tenha unidade de conteúdo ou de fim.
• JURISPRUDÊNCIA – a jurisprudência é a reiteração de decisões judiciais 
num mesmo sentido, é a “auctoritas rerum judicatarum similiter”: autoridade 
das coisas julgadas da mesma maneira. A doutrina influencia a jurisprudência, 
que influencia a elaboração dos costumes ou normas jurídicas. Foi a nossa 
jurisprudência que influenciou no estabelecimento de normas sobre o direito 
da concubina a uma parte do patrimônio do companheiro que ajudou a formar.
NOTA
A jurisprudência é a reiteração de decisões judiciais num mesmo sentido.
Nos Estados Unidos e na Inglaterra, o sistema jurídico de normas formado 
ou derivado de decisões judiciais chama-se sistema do case-law. As decisões judiciais 
formam o precedente e com base nesse precedente outras decisões se apoiam e 
assim por diante, a fim de que o caso em questão tenha decisão semelhante.
No Brasil não se aplica o sistema do case-law. As decisões judiciais se 
apoiam no Direito Positivo, ou seja, no sistema de normas jurídicas elaboradas 
pelos órgãos do Estado. A jurisprudência é o resultado de decisões reiteradas e 
uniformes decorrentes da aplicação da lei ao caso concreto. Aqui, mesmo no caso 
de lacuna da lei, o juiz deve se pronunciar recorrendo à analogia, aos costumes 
e aos princípios gerais do direito, entendendo-se como os meios cujo emprego 
permite suprir as deficiênciasinevitáveis das prescrições positivas do Direito.
42
UNIDADE 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS DO DIREITO
ESTUDOS FU
TUROS
Mais adiante, trabalharemos com as lacunas do Direito e a analogia.
Para melhor ilustrar o que acabou de ser falado, que tal conhecermos 
algumas jurisprudências? As jurisprudências que serão apresentadas agora são 
baseadas em nossa área de TI. Vamos lá? Vejamos:
Antes de visualizarmos as jurisprudências, é importante esclarecer que aqui 
veremos um resumo das jurisprudências, pois, conforme o caso, uma jurisprudência 
pode ter muitas e muitas páginas, o que não caberia neste livro de estudos. 
No cabeçalho da jurisprudência podemos visualizar a ementa, que é uma 
espécie de resumo da jurisprudência. Ali constam as palavras-chave do caso. 
Assim, pode-se ter uma ideia sobre o assunto, o andamento e o fechamento do 
caso resumidamente. Se for o que é procurado, o interessado poderá ter acesso à 
jurisprudência na íntegra.
Jurisprudência 1
RECURSO: APELAÇÃO CRIME
NÚMERO: 70.000.184.135
RELATOR: ALFREDO FOERSTER
EMENTA
Violação de direito autoral. Concorrência desleal. Publicidade enganosa. 
Utilização, reprodução e publicação de material de propriedade da querelante, 
por ato dos querelados não demonstrada. Autoria não comprovada. Prova 
insuficiente para um juízo condenatório. Absolvição mantida. Apelo 
improvido. (5 fls) (ACR n° 70.000.184.135, Sexta câmara criminal, TJRS, Relator: 
Des. Alfredo Foerster, julgado em...).
No caso da jurisprudência 1, podemos observar um caso de apelação civil 
de uma violação de direito autoral. Não nos cabe aqui mencionar o que é uma 
apelação civil em detalhes, mas apenas para fins de esclarecimento, uma apelação 
civil é uma forma de recurso. 
Podemos verificar que a parte que entrou com o recurso não conseguiu 
demonstrar o que objetivava, não havendo prova suficiente para uma condenação. 
Logo, o recurso não foi aceito, ou seja, como falamos juridicamente, o recurso não 
foi provido. 
TÓPICO 3 | O DIREITO NA PRÁTICA
43
DICAS
Não se preocupe com os outros termos que talvez sejam novos para nós. O 
objetivo destas jurisprudências que serão apresentadas é o de conhecimento global dos 
casos. Tem como objetivo que nós tenhamos uma ideia geral do que está e será apresentado.
Jurisprudência 2
RECURSO: APELAÇÃO CÍVEL
NÚMERO: 597.067.735
RELATOR: ALDO AYRES TORRES
EMENTA
Direito autoral. Omissão do nome do fotógrafo junto à peça contida em 
material publicitário. Indenização devida. O produto da atividade de fotógrafo 
está amparado pela Lei n° 5.988/73. A publicação de fotografias sem constar a sua 
origem ou a autorização de quem as produziu gera direito à indenização, cujo 
valor deve levar em consideração, preponderantemente, as condições econômicas 
do violador do direito, sob pena de se tornar inócua a condenação em relação 
ao fim visado, não só retributivo ao desrespeito ao direito, como preventivo, de 
molde a evitar futuras infringências, evitando-se ainda o enriquecimento sem 
causa. Por maioria, desproveram ambos os recursos. (APC n° 597.067.735, Sétima 
Câmara Cível, TJRS, Relator: Des. Aldo Ayres Torres, julgado em...).
Jurisprudência 3
RECURSO: AGRAVO DE INSTRUMENTO
NÚMERO: 70.000.774.638
RELATOR: VOLTAIRE DE LIMA MORAES
EMENTA
Ação de indenização de danos decorrentes de violação de direito autoral. 
Foro competente. É competente o foro do domicílio do autor ou do local do 
crime, a ação de ressarcimento de danos, fundada em violação de direito 
autoral, conduta considerada criminosa pelo artigo 184 do Código Penal, pois 
nesse caso há de ser aplicada a norma especial de competência que disciplina 
a questão (artigo 100, parágrafo único, do CPC). Agravo de instrumento 
improvido (3 fls.). (AGI n° 70.000.774.638, Décima Primeira Câmara Cível, 
TJRS, Des. Voltaire de Lima Moraes, julgado em...).
44
UNIDADE 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS DO DIREITO
Jurisprudência 5
APELAÇÃO CRIMINAL. ESTELIONATO. INTERROGATÓRIO 
REALIZADO SEM ASSISTÊNCIA DE DEFENSOR. NULIDADE INSANÁVEL 
DECRETADA DE OFÍCIO. OFENSA AOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS 
DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA. PRECEDENTES DESTA 
CORTE. (Apelação Crime nº 70012926002, Sexta Câmara Criminal, Tribunal 
de Justiça do RS, Relator: João Batista Marques Tovo, Julgado em 10/11/2005).
Jurisprudência 6
Aluno é expulso de colégio por ter jogado “bombinhas” na escola; 
confessou o ato em troca de conversas em redes sociais.
Caso: Aluno participou de grupo que jogava bombinhas pelo colégio 
no primeiro dia de aula. Inicialmente, negou a prática. Posteriormente, foi 
comprovado por troca de conversas em redes sociais que ele foi o autor do ato.
EMENTA
APELAÇÃO CÍVEL. MANDADO DE SEGURANÇA. EXPULSÃO 
DE MENOR DE INSTITUIÇÃO DE ENSINO. EXISTÊNCIA DE 
PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO. CONTRADITÓRIO E AMPLA 
DEFESA OPORTUNIZADOS.
Demonstrando os autos, a existência de regular procedimento 
administrativo, com contraditório e ampla defesa; ausente direito líquido 
e certo do impetrante a ser amparado por comandos, correta a decisão que 
denegou a segurança. Apelo desprovido.
Desfecho: Aluno expulso do colégio pela prática indevida.
Apelação Cível nº 70021381850, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça 
do RS, Relator: José Ataídes Siqueira Trindade, Julgado em: 01/11/2007.
Jurisprudência 4
INDENIZAÇÃO – DIREITOS AUTORAIS – SOFTWARE – CÓPIAS 
ILEGAIS – POSTERIOR AQUISIÇÃO DE LICENÇA
 
O uso irregular de software, através da instalação de cópias piratas em 
computador, configura violação de direito autoral, ensejando indenização. 
A posterior aquisição de licença para uso de software não inibe a aplicação 
da sanção pelo ilícito preteritamente praticado. 
Se a contrafação ocorreu em data anterior à vigência da Lei n° 9.610/98, 
os princípios desta não devem influenciar na fixação da verba indenizatória, e 
esta não deve ficar vinculada apenas ao valor correspondente a cada um dos 
programas de uso irregular, havendo que ser considerado o caráter inibidor e 
punitivo da medida.
TÓPICO 3 | O DIREITO NA PRÁTICA
45
Jurisprudência 7
“RITO SUMARÍSSIMO. RECURSO ORDINÁRIO. JUSTA CAUSA. ART. 
482, "b", DA CLT. Burla de regras da empresa para acesso a sítios, o que era 
vedado. Norma regulamentar da qual o reclamante tinha conhecimento prévio. 
Computador e internet, instrumentos de trabalho utilizados irregularmente, 
para uso pessoal.
Incontinência de conduta e mau procedimento. Falta grave que está 
caracterizada”.
(TRT02, RO 01875200843102004, Relator Carlos Francisco Berardo, 
Julgado em 17/02/2009).
Jurisprudência 8
USO INDEVIDO DE E-MAIL
Demissão por justa causa. Não há privacidade no ambiente de trabalho.
EMENTA
Despedida por justa causa. Mau procedimento. Uso indevido de correio 
eletrônico.
Quando se caracteriza. Prova que evidencia a utilização do e-mail funcional, 
pelo empregado, para difundir informações tendentes a denegrir a imagem da 
empregadora. Constitui justa causa para a despedida o uso indevido do correio 
eletrônico fornecido pelo empregador, não se podendo cogitar de infração ao 
disposto no artigo 5º, inciso XII da CF, já que o serviço de “e-mail” é ferramenta 
fornecida para uso estritamente profissional. Sentença mantida.
Acórdão nº 00168-2007-203-04-00-3 RO, TRT 4ª Região.
• PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO – outra fonte do Direito que pode ser 
utilizada em um processo. Segundo Campos (2005), os princípios gerais do 
Direito são as proposições diretivas do Direito Positivo que devem ser aplicadas 
no caso em julgamento, na ausência de outra fonte formal. Há regras que o 
legislador não chegou a editar sob a forma de preceitos, mas que se contêm no 
espírito de todo o sistema jurídico. 
Desta forma, o juiz poderá utilizar-se dos princípios gerais do Direito, que 
já estudamos, para embasar-se, fundamentar a sua decisãoem algum processo.
• LACUNAS NO DIREITO
Ocorre quando uma determinada matéria não é regulada por nenhuma 
legislação. Nesses casos recorre-se à analogia e aos costumes. Se formos procurar 
pela palavra analogia em um dicionário jurídico, encontraremos o seguinte:
46
UNIDADE 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS DO DIREITO
Analogia: é a semelhança entre coisas diferentes. Semelhança. Na 
língua se dá pela construção de ideias baseadas nas já existentes.
Sinônimos: semelhança, aproximação, ponto em comum, paridade, 
similitude, ligação, comparar, relacionar, comparação, afinidade, 
analogia, conexão, conformidade, parentesco, relação, tendência, 
armadura, coerência, conjunção.
Antônimos: dessemelhança, diferenciação, disparidade, diferença 
(SILVA, 1984, p. 124).
Em nossa área de TI, muitas são as vezes em que ocorrem as lacunas no 
Direito. Lacuna nada mais é que um espaço em branco deixado pela legislação. É 
quando, conforme já foi dito, não existe lei para disciplinar determinado assunto, 
ou quando uma lei existente não contempla determinada questão. Na área de TI 
não existe uma legislação própria para os crimes eletrônicos até então. Claro que 
nem por isso um caso de crime eletrônico vai deixar de ser julgado. O que se tem 
feito comumente é recorrer à analogia, utiliza-se então de legislação semelhante, 
similar e que se adéqua ao caso, como podemos citar o Código Penal, o Código 
de Processo Penal, o Código Civil (para o caso de indenizações, por exemplo), 
o Código de Processo Civil, o Código de Defesa do Consumidor (para o caso 
das relações de consumo e-commerce), jurisprudências, doutrinas e costumes, 
conforme já estudamos. 
Resumindo, utilizamos da analogia quando ocorre uma lacuna em 
nosso direito; quando não há uma lei para disciplinar determinado caso. Então, 
utilizamos uma lei que se enquadre no caso, como é o caso dos crimes eletrônicos, 
conforme já mencionado no parágrafo anterior.
HIERARQUIA DAS LEIS
Para Martins (2011), o artigo 59 da nossa Constituição dispõe quais são 
as normas existentes no sistema jurídico brasileiro. Não menciona que haja 
hierarquia entre umas e outras. A hierarquia entre as normas somente viria a 
ocorrer quando a validade de determinada norma dependesse de outra, onde 
esta regularia inteiramente a forma de criação da primeira norma. É certo que a 
Constituição é hierarquicamente superior às demais normas, pois o processo de 
validade destas é regulado pela primeira. Abaixo da Constituição estão os demais 
preceitos legais, cada qual com campos diversos: leis complementares, leis 
ordinárias, decretos-leis (nos períodos em que existiram), medidas provisórias, 
leis delegadas, decretos legislativos e resoluções. Não há dúvidas de que os 
decretos são hierarquicamente inferiores às primeiras normas, até porque não 
são emitidos pelo Poder Legislativo, mas pelo Poder Executivo. Após os decretos, 
há normas internas da administração pública, como portarias, circulares, ordens 
de serviço etc., que são hierarquicamente inferiores aos decretos. Para melhor 
ilustrar, podemos observar a figura a seguir.
TÓPICO 3 | O DIREITO NA PRÁTICA
47
FIGURA 6 – HIERARQUIA DAS LEIS
FONTE: Adaptado de Martins (2011)
Vale a pena lembrar que o objetivo da hierarquia das leis é fazer saber 
que todas as outras “leis” que venham a ser criadas ou as já existentes devem, 
obrigatoriamente, obedecer à Constituição Federal e as suas emendas, sob pena 
de serem consideradas inconstitucionais. Uma vez declarada inconstitucional, 
uma lei perde a sua validade, não surtindo mais efeitos sobre as pessoas e os 
acontecimentos. Veremos agora algumas das leis que compõem a hierarquia das 
leis, de modo resumido:
• Constituição Federal e as Emendas Constitucionais – alteração do texto 
constitucional. Ex.: art. 60 da Constituição Federal.
• Lei Complementar – quando a Constituição Federal pede. Ex.: art. 59, parágrafo 
único da Constituição Federal. Vejamos:
Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de:
I - emendas à Constituição;
II - leis complementares;
III - leis ordinárias;
IV - leis delegadas;
V - medidas provisórias;
VI - decretos legislativos;
VII - resoluções.
Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, 
redação, alteração e consolidação das leis.
• Lei Ordinária – uma lei municipal, estadual e federal. Ex.: Lei de Software – Lei 
n° 9.609/98 e a Lei de Direitos Autorais – Lei n° 9.610/98.
NOTA
Iremos estudar a Lei de Software e a Lei de Direitos Autorais mais adiante.
• Medida Provisória – em caso de relevância e urgência, o Presidente da República 
poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de 
imediato ao Congresso Nacional para transformá-las em lei, num prazo de 60 
dias, prorrogáveis por mais 60 dias (art. 62 da Constituição Federal). Vejamos:
48
UNIDADE 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS DO DIREITO
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República 
poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de 
imediato ao Congresso Nacional.
ELEMENTOS DE UMA RELAÇÃO JURÍDICA
Segundo Campos (2005), são elementos da relação jurídica:
I- Poder social, que garante e protege a relação jurídica, representado pelo Estado
e por seus órgãos administrativos.
II- Norma de direito positivo, que disciplina a relação jurídica, estabelece a 
suaforma, limites e tipos determinados, conteúdo, finalidade e extensão no tempo 
e no espaço.
III- Os sujeitos ativos e passivos, representados pelas partes envolvidas nos 
direitos, deveres e obrigações resultantes da relação.
IV- O dever jurídico, consistente na obrigação em si a prestar ou executar, contido 
na norma jurídica que disciplina a relação.
V- O objeto da relação jurídica, ou seja, o bem perseguido.
VI- O fato jurídico, isto é, o acontecimento da vida que envolve a relação e está 
previsto pela norma jurídica.
VII- O interesse e a subordinação, elementos motores da vontade dos sujeitos 
vinculados ao objeto.
Abram (2008) afirma que o sujeito ativo é o que é o titular de direitos e 
que pode exigi-lo de quem deva cumprir uma obrigação, que é chamado sujeito 
passivo, que deve fazer ou deixar de fazer alguma coisa. Assim, por exemplo, 
quando falamos que Pedro se tornou titular de um direito de propriedade sobre 
determinado bem que adquiriu, podemos dizer que este é o Sujeito Ativo nesta 
relação, enquanto aquela pessoa que o vendeu torna-se o Sujeito Passivo nesta 
relação, pois terá que cumprir o que determina a norma (entregar o bem).
É importante salientar que outras interpretações também são dadas a este 
assunto. Vamos conferir?
• Autor ou sujeito ativo: quem invoca a prestação jurisdicional do Estado. 
Lembrando que o autor poderá ser tanto pessoa física quanto pessoa jurídica. 
Poderão também existir mais de um autor no caso em andamento.
• Réu ou sujeito passivo: é aquele que será chamado pelo Estado para prestar 
contas acerca dos fatos que são alegados contra ele. Assim, como acontece com 
o autor, o réu também poderá ser tanto pessoa física como pessoa jurídica e 
poderão existir no processo mais de um réu.
• Estado: instituído na figura do juiz. Pois é o Estado que se movimenta para a 
prestação jurisdicional através da figura do juiz no processo, conforme for o caso.
• Objeto: é o tipo da ação em que se relaciona qual assunto será discutido no 
processo. Por exemplo: se o autor entrou com um processo de indenização por 
danos morais contra o réu, a referida indenização é o objeto da relação jurídica, 
ou seja, é a razão de existir da ação.
TÓPICO 3 | O DIREITO NA PRÁTICA
49
3 O QUE É O PROCESSO?
Pela formação da palavra, o processo tem o sentido de marcha para frente, 
avanço, progresso ou desenvolvimento.
A acepção mais conhecida de processo é o processo judicial, que são os 
instrumentos postos à disposiçãodo Poder Judiciário para o exercício de suas 
funções típicas. O processo judicial é o instrumento pelo qual se opera a jurisdição, 
cujos objetivos são eliminar conflitos e fazer justiça por meio da aplicação da lei 
ao caso concreto.
É comum a confusão entre processo, procedimento e autos. O procedimento 
é a sequência formal de atos consistente no desenvolvimento do processo. Em 
um processo pode haver mais de um procedimento. Os autos são o conjunto 
de documentos que se ordenam cronologicamente para materializar os atos do 
procedimento. O processo, por sua vez, caracteriza-se pela sua finalidade, qual 
seja, a jurisdição; é o “instrumento para o legítimo exercício de poder” (CINTRA; 
GRINOVER; DINAMARCO, 2006, p. 296).
Por intermédio do processo, o direito estabelece uma relação de 
cooperação entre as partes para a consecução de um objetivo comum (solução 
da controvérsia), segundo a qual as partes estão interligadas por uma série de 
direitos, faculdades, obrigações, sujeições e ônus. São pressupostos gerais para a 
constituição da relação processual: (I) uma demanda regularmente formulada; (II) 
capacidade de quem a formula; e (III) presença de um juiz devidamente investido 
de poderes pelo Estado. Se presentes tais pressupostos, a relação processual será 
devidamente instaurada, independentemente da validade do direito substancial 
em questão (BARROSO, 2000). Isto caracteriza a autonomia da relação processual 
em relação ao direito material controvertido.
Para Moreira (2005), o processo é uma categoria jurídica que pode ser 
definida como o procedimento em contraditório. Por isso, o processo não é um 
bloco monolítico, pois inclui várias divisões.
Para Pereira (2012), o processo judicial é o instrumento pelo qual o Estado 
atua através do Poder Judiciário visando à pacificação social, seja solucionando 
conflitos nos casos em que há conflito, seja apenas declarando uma situação 
jurídica nos casos em que não há conflito, como um divórcio consensual, por 
exemplo. É considerado pela autora como um instrumento de justiça.
Um instrumento é algo utilizado por alguém para se chegar a um 
determinado fim. Instrumento pode ser definido como: “o que é empregado para 
conseguir um resultado” na aplicação do Direito. “Instrumento é documento em 
que se corporifica um ato jurídico e que se destina a servir-lhe de prova”, também 
diz ser “ato escrito que termina uma negociação, documenta o acordo das partes 
contratantes e as vincula para o futuro” (REALE, 1972).
50
UNIDADE 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS DO DIREITO
No processo em geral constam as questões de fato e de direito, bem como 
as decisões judiciais acerca da questão posta, com o objetivo de obter do Estado 
a tutela jurisdicional pretendida, ou seja, o bem pleiteado, objetivado ou sua 
negação, conforme o julgamento final. 
O processo é um instrumento da justiça, porque é o meio pelo qual a 
pessoa física ou jurídica exercita o seu direito de ação provocando a justiça para 
garantir o seu direito material. É o meio pelo qual a justiça se utiliza para resolver 
conflitos e promover a justiça e a paz social, visando garantir o direito a quem 
o tiver. É um meio para atingir um fim, em que o meio é o processo e o fim é a 
justiça efetiva.
Processo também pode ser definido como um conjunto de atos 
concatenados colocados à disposição do Estado instituído na figura do juiz para 
que se resolva uma lide, entregando o bem da vida a quem de direito e de modo 
último, garantindo a pacificação social.
O parágrafo anterior traz alguns termos ainda não vistos neste livro de 
estudos. O primeiro termo é “conjunto de atos concatenados”, que explica que o 
processo é um conjunto de documentos, provas, pedidos que são feitos em ordem, 
em sequência, um após o outro. O outro termo é lide. Lide pode ser considerado 
como o problema que se instalou. Lide também é considerado como disputa. 
O bem da vida representa o que se busca. Dependendo do processo, o bem da 
vida será diferente. Se no processo a parte estiver buscando uma indenização 
por danos morais, esta indenização será o bem da vida. A pacificação social é o 
objetivo maior do Direito. É a paz social. É que toda a sociedade esteja vivendo 
em paz, em harmonia.
4 TIPOS DE PROCESSO
Mais comumente em nossa área iremos nos deparar com três tipos de 
processos judiciais. São eles:
• Processo de Conhecimento: é o processo em que se faz o pedido, apresentam-
se e examinam as provas com o objetivo de obter uma prestação jurisdicional 
favorável. O objetivo do autor é que seu direito seja conhecido, por isso, 
processo de conhecimento.
Este processo, normalmente, é o primeiro processo que as partes (autor e 
réu) ajuízam para ter o seu direito conhecido pelo Poder Judiciário, porque, até 
então, o juiz não tinha conhecimento do que estava acontecendo.
TÓPICO 3 | O DIREITO NA PRÁTICA
51
NOTA
Existe um dizer no Direito muito conhecido: “O Direito não socorre a quem 
dorme!” Isso significa que as partes devem se manifestar perante o Judiciário para terem o 
seu direito reconhecido. Se elas deixarem o tempo passar e nada fizerem, o Direito também 
não vai agir e o seu direito não vai ser reconhecido.
Nesse processo as partes argumentarão, trarão as provas do que estão 
alegando no processo, o juiz marcará audiências, se for o caso, para procurar 
formar o seu convencimento e decidir o processo.
O processo é decidido através da sentença, que é um título executivo 
judicial. A sentença, por sua vez, pode ter três resultados. Vamos verificar:
• Sentença procedente: ocorre quando o juiz julga procedente, ou seja, julga de 
modo favorável o pedido do autor. Assim, por exemplo, se João pediu uma 
indenização por danos morais por violação de direito de software no valor de 
R$ 10.000,00 (dez mil reais) e o juiz acatou o seu pedido lhe julgando o processo 
procedente e lhe dando os R$ 10.000,00 (dez mil reais), podemos afirmar que o 
processo teve um resultado procedente. A seguir, podemos verificar o final de 
uma sentença com o resultado procedente. Acompanhe!
Ante o exposto, com fulcro no art. 269, I, JULGA-SE PROCEDENTE 
o pedido formulado na inicial, para condenar a requerida, Fulano de 
Tal, a pagar ao autor, Ciclano de tal, a diferença entre o valor pago e o 
devido, perfazendo o montante de R$ 12.582,50, corrigidos pela taxa 
SELIC, nesta englobadas juros e correção monetária, conforme dicção 
do art. 406. Código Civil. Disponível em: <http://modelinhosdomonk.
blogspot.com.br/2009/05/modelo-de-setenca-dpvat-procedente.html>. 
Acesso em: 5 jun. 2013.
 
• Sentença parcialmente procedente: ocorre quando o juiz julga parcialmente 
procedente, ou seja, julga o pedido do autor procedente em parte. Assim, no 
caso do exemplo anterior, se João pediu uma indenização por danos morais 
por violação de direito de software no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) e 
o juiz acatou em parte o seu pedido lhe julgando o processo parcialmente 
procedente e lhe atribuindo o valor de R$ 7.000,00 (sete mil reais), podemos 
afirmar que o processo teve um resultado procedente em parte, pois o autor 
não “perdeu” completamente o processo, mas também não recebeu o que foi 
pleiteado. A seguir, podemos verificar o final de uma sentença com o resultado 
parcialmente procedente. Acompanhe!
52
UNIDADE 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS DO DIREITO
Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE EM PARTE o pedido inicial 
para:
a) condenar o INSS a recalcular a renda mensal inicial do benefício da 
autora, para incluir o índice integral do IRSM de fevereiro/94 (39,67%), no 
cálculo de atualização dos salários de contribuição anteriores a março de 1994 
e que integram o período básico de cálculo;
b) pagar à parte autora as diferenças decorrentes deste reajustamento, 
respeitada a prescrição quinquenal, corrigidas monetariamente nos termos da 
Lei nº 6.899/81,desde quando devidas, e acrescidas de juros moratórios de 
0,5%, ao mês, a contar da citação até a vigência do Código Civil de 2003, e após 
esta data, no percentual de 1% ao mês.
c) indeferir o pedido de revisão nos meses de novembro e dezembro 
de 1993 e fevereiro de 1994, em virtude da conversão em URV sem a variação 
integral do IRSM no período.
Os valores recebidos a título de antecipação de tutela referentes à parte 
do pleito que foi indeferido pela presente decisão deverão ser ressarcidos 
pela beneficiária, sendo que a quantia devida será apurada em liquidação de 
sentença e devidamente compensada.
FONTE: Disponível em: <http://modelinhosdomonk.blogspot.com.br/2009/05/modelo-de-
sentenca-revisao-de-beneficio.html>. Acesso em: 5 jun. 2013.
• Sentença improcedente: ocorre quando o juiz julga improcedente o pedido do 
autor, ou seja, a sentença improcedente ocorre quando o juiz não reconhece 
o direito do autor. Assim, no caso do exemplo anterior, se João pediu uma 
indenização por danos morais por violação de direito de software no valor de 
R$ 10.000,00 (dez mil reais) e o juiz julgou improcedente o seu pedido, João 
não terá o seu direito reconhecido, assim, não receberá o valor solicitado no 
processo. A seguir, para melhor ilustrar, podemos verificar o final de uma 
sentença com o resultado parcialmente improcedente. Acompanhe!
Posto isso, julgo IMPROCEDENTES os pedidos formulados na 
petição inicial, por Fulano, na Ação Trabalhista proposta em 
face de Empresa Tal, nos limites e parâmetros estabelecidos na 
fundamentação precedente, que é parte integrante deste dispositivo, 
para todos os efeitos legais. Custas pelo reclamante no importe de R$ 
736,53, calculadas sobre o valor atribuído à causa, ficando isento de 
recolhimento, na forma da lei. Sentença pública após a data designada. 
Intimem-se as partes e o INSS, este na forma da RA nº 47/03. NADA 
MAIS. Disponível em: <http://www.centraljuridica.com/sentenca/1/
direito_do_trabalho/improcedencia_aos_pedido_de_horas_extras_
premio_de_qualidade.html>. Acesso em: 5 jun. 2013.
Há de se verificar também que no processo de conhecimento acontecem 
as intimações e citações cabíveis. Há uma diferença bastante considerável entre 
você receber em sua residência, das mãos de um oficial de justiça, um mandado 
de intimação e um mandado de citação. 
TÓPICO 3 | O DIREITO NA PRÁTICA
53
Conforme o artigo 238 do Novo Código de Processo Civil (CPC), citação 
é o ato pelo qual se chama a juízo o réu ou o interessado a fim de se defender. 
Confira: “Citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o executado ou o 
interessado para integrar a relação processual”.
Para a sua defesa, o réu deverá utilizar-se do princípio da ampla defesa e 
do contraditório, conforme já estudados.
Segundo o art. 269 do novo CPC, intimação é o ato pelo qual se dá ciência 
a alguém dos atos e termos do processo, para que faça ou deixe de fazer alguma 
coisa. Vejamos: “Intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e dos 
termos do processo”.
A intimação comunica às partes ou a alguém dos atos e termos do processo 
para que, querendo, se manifeste. Assim, as partes são comunicadas de atos que 
estão acontecendo durante o processo para que elas possam tomar conhecimento 
e responder de alguma forma.
Outras definições também são dadas ao processo de conhecimento, 
segundo alguns autores. Vejamos: 
No processo de conhecimento, o órgão jurisdicional declara qual das 
partes tem direito à pretensão deduzida. As partes, portanto, formulam pedidos 
aos órgãos da jurisdição, obtendo ou não procedência. Em caso de procedência, 
será acolhida a pretensão do autor; em caso contrário, desacolhida.
Os processos de conhecimento se subdividem, de acordo com a natureza 
do provimento, em:
• meramente declaratório;
• constitutivo;
• condenatório.
Os processos meramente declaratórios, como o próprio nome diz, 
declaram a existência ou não de uma relação jurídica em uma determinada 
situação de fato (art. 20, novo CPC). Temos como exemplo uma ação declaratória 
de inexistência de débito. No processo penal são meramente declaratórios, por 
exemplo, os habeas corpus. As extinções de punibilidade também são meramente 
declaratórias. Os processos meramente declaratórios podem ser positivos ou 
negativos, declarando, respectivamente, que existe ou não uma relação jurídica.
Os processos constitutivos são aqueles que criam, modificam ou 
extinguem uma relação jurídica. Os processos constitutivos necessários são 
aqueles em que a modificação, constituição ou desconstituição da relação 
jurídica só pode ocorrer por meio jurisdicional. Ex.: nulidade do casamento. Já os 
54
UNIDADE 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS DO DIREITO
FONTE: Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.
htm>. Acesso em: 5 jul. 2017.
• Processo de Execução: é um processo em que o autor busca a execução de um 
título judicial (sentença do processo de conhecimento) ou extrajudicial (um 
contrato, uma nota promissória ou cheque, por exemplo) em que o devedor 
será citado para pagar ou nomear bens à penhora, que serão então leiloados a 
fim de saldar a dívida com o credor.
NOTA
Podemos perceber que o parágrafo anterior se referiu a um título. Este título 
pode ser constituído na sentença do processo de conhecimento.
Em nossa área de TI podemos ainda ter pedidos cautelares (tutela 
cautelar), em que não é mais necessário entrar com um processo em separado, 
como preconizado no antigo CPC. 
Um caso muito típico em nossa área é no sentido de busca e apreensão 
de cópias ilegais (piratas) para que estas sejam apreendidas. De acordo com o 
novo CPC, isso poderá ser solicitado nos autos da ação principal (processo de 
conhecimento, por exemplo), sem necessitar de um processo autônomo, como 
ocorria no antigo Código de Processo Civil.
A própria Lei de Software estabelece que poderão ocorrer pedidos cautelares 
em nossa área. Assim, não precisaremos aguardar o resultado de um processo de 
conhecimento para que as cópias piratas sejam apreendidas do estabelecimento 
do infrator. Vamos conferir o que o art. 13 da Lei de Software coloca neste sentido?
processos constitutivos não necessários são aqueles que podem ser conseguidos 
extrajudicialmente. Ex.: nulidade de atos jurídicos.
Os processos condenatórios são aqueles que se encerram com uma 
sentença condenatória, apresentando uma sanção. A partir da mesma, passa 
a parte a ter um título executivo. O processo condenatório também ocorre na 
esfera criminal e também gera um título executivo que pode ser objeto de um 
processo de execução.
TÓPICO 3 | O DIREITO NA PRÁTICA
55
ESTUDOS FU
TUROS
Não se preocupe, estudaremos mais adiante a Lei de Software!
Art. 13. A ação penal e as diligências preliminares de busca e 
apreensão, nos casos de violação de direito de autor de programa de 
computador, serão precedidas de vistoria, podendo o juiz ordenar a 
apreensão das cópias produzidas ou comercializadas com violação de 
direito de autor, suas versões e derivações, em poder do infrator ou 
de quem as esteja expondo, mantendo em depósito, reproduzindo ou 
comercializando.
56
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• Segundo Martins (2011), a palavra fonte vem do latim fons, com o significado 
de nascente, manancial.
• Para Abram (2008, p. 56), a palavra fonte tem sentido de “origem, gênese, de 
onde provém” (água).
• Para Martins (2011), o estudo das fontes do Direito pode ter várias acepções, 
como sua origem, fundamento de validade das normas jurídicas e a própria 
exteriorização do Direito.
• Para Campos (2005), vários são os sentidos que se podem tomar para a 
expressão fontes do Direito. Podemos analisar as fontes do ponto de vista 
histórico, social, filosófico e material do Direito.
• É importante deixarmosclaro que fontes do Direito podem ser consideradas 
meios através dos quais podemos buscar o Direito, de onde vem o Direito.
• O que é importante frisar é que a lei não é a única fonte do Direito.
• Podemos citar como fontes do Direito: I) a Lei; II) o costume; III) o regulamento e o 
contrato coletivo ou individual; IV) a doutrina; V) precedente e jurisprudência; 
VI) princípios gerais do Direito.
• Para Campos (2005), lei é uma norma jurídica abstrata e geral expressa por 
escrito pelo Estado, com criação de direito novo.
• A lei possui cinco características: a abstração; a generalidade; a estatalidade; a 
escrita e a novidade.
• Os tratados que são normas jurídicas gerais expressas por escrito pelo Estado, 
que são atos de acordo de vontades entre dois países e regulam situações 
particulares de interesse direto deles.
• Costume é a prática pública e geral, reiterada com constância e uniformidade, 
de um modo de agir.
• As primeiras leis foram costumes que se fixaram por escrito.
• O regulamento e o contrato coletivo ou individual são normas jurídicas gerais 
expressas por escrito pelo chefe do Poder Executivo, federal, estadual ou municipal, 
que, sem criar direito novo, pormenoriza a lei, para fiel execução desta.
57
• Os regulamentos expressam-se por meio de decretos.
• Devemos ainda lembrar que o contrato individual também é considerado com 
fonte do Direito. Assim, o acordo entre vontades do contratante e contratado 
basta para que estejamos diante de uma fonte.
• A doutrina é o trabalho dos juristas, dos estudiosos do Direito, que definem e 
sistematizam os conceitos jurídicos, agrupando-os em categorias, determinando 
sua natureza jurídica, compondo os institutos jurídicos, construindo as teorias 
jurídicas e reunindo todos eles na formação de disciplinas jurídicas.
• A jurisprudência é a reiteração de decisões judiciais num mesmo sentido.
• A doutrina influencia a jurisprudência, que influencia a elaboração dos 
costumes ou normas jurídicas.
• No cabeçalho da jurisprudência podemos visualizar a ementa, que é uma 
espécie de resumo da jurisprudência.
• Os princípios gerais do Direito são outra fonte do Direito e podem ser utilizados 
em um processo.
• Segundo Campos (2005), os princípios gerais do Direito são as proposições 
diretivas do Direito Positivo, que devem ser aplicadas no caso em julgamento, 
na ausência de outra fonte formal.
• Desta forma, o juiz poderá utilizar-se dos princípios gerais do Direito (que já 
estudamos) para embasar-se, fundamentar a sua decisão em algum processo.
• Lacunas no Direito ocorrem quando uma determinada matéria não é regulada 
por nenhuma legislação. Nesses casos, recorre-se à analogia e aos costumes.
• Na área de TI não existe uma legislação própria para os crimes eletrônicos. 
O que se tem feito comumente é se recorrer à analogia, utiliza-se então de 
legislação semelhante, similar e que se adéqua ao caso, como podemos citar 
o Código Penal, o Código de Processo Penal, o Código Civil (para o caso de 
indenizações, por exemplo), o novo Código de Processo Civil, o Código de 
Defesa do Consumidor (para o caso das relações de consumo e-commerce), 
jurisprudências, doutrinas e costumes, conforme já estudamos. 
• Vale a pena lembrar que o objetivo da hierarquia das leis é fazer saber que 
todas as outras “leis” que venham a ser criadas ou as já existentes devem, 
obrigatoriamente, obedecer à Constituição Federal e as suas emendas, sob 
pena de serem consideradas inconstitucionais.
• São considerados elementos da relação jurídica: autor ou sujeito ativo, réu ou 
sujeito passivo, Estado e objeto.
58
• O processo é um instrumento da justiça, porque é o meio pelo qual a pessoa 
física ou jurídica exercita o seu direito de ação provocando a justiça para 
garantir o seu direito material. É o meio pelo qual a justiça se utiliza para 
resolver conflitos e promover a justiça e a paz social, visando garantir o direito 
a quem o tiver. É um meio para atingir a um fim, em que o meio é o processo e 
o fim é a justiça efetiva.
• Processo também pode ser definido como um conjunto de atos concatenados 
colocados à disposição do Estado instituído na figura do juiz para que se 
resolva uma lide, entregando o bem da vida a quem de direito e de modo 
último, garantindo a pacificação social.
• Como tipos de processo temos o Processo de Conhecimento, Processo de 
Execução, Processo Cautelar.
• Uma vez decretada a revelia, consideram-se verdadeiros todos os fatos alegados 
pela outra parte, no caso o autor.
• O processo de conhecimento é o processo em que se faz o pedido, apresentam-
se e examinam as provas com o objetivo de obter uma prestação jurisdicional 
favorável. O objetivo do autor é que seu direito seja conhecido, por isso, 
processo de conhecimento.
• O processo de conhecimento pode resultar em uma sentença procedente, 
parcialmente procedente ou improcedente.
• Citação é o ato pelo qual se chama a juízo o réu ou o interessado a fim de se 
defender.
• Intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e termos do processo, 
para que faça ou deixe de fazer alguma coisa.
• A intimação comunica as partes ou alguém dos atos e termos do processo para 
que, querendo, se manifeste.
• Em nossa área de TI podemos ter tutelas cautelares no sentido de busca e 
apreensão de cópias ilegais (piratas) para que estas sejam apreendidas.
59
1 Entre as fontes do Direito podemos citar:
a) ( ) Leis, programas de televisão e revistas.
b) ( ) Somente as leis e os costumes.
c) ( ) Leis, jurisprudências, doutrinas, contratos, costumes.
d) ( ) Jurisprudências e as convenções internacionais não são consideradas 
fontes do Direito.
2 Segundo a hierarquia das leis, analise as alternativas e assinale a(s) correta(s):
a) ( ) A hierarquia tem como objetivo fazer valer uma Lei Ordinária sobre 
qualquer outra lei que venha a ser criada.
b) ( ) A hierarquia tem como objetivo fazer valer a Constituição Federal em 
detrimento de outra lei.
c) ( ) Caso uma lei desobedeça à Constituição Federal, ela se torna 
inconstitucional.
d) ( ) A Lei n° 9.609/98 (Lei de Software) é um exemplo de Lei Ordinária.
3 O Direito Comercial é um ramo do:
a) ( ) Direito Público.
b) ( ) Direito Internacional.
c) ( ) Direito Administrativo.
d) ( ) Direito Privado.
4 Sobre as lacunas do Direito, é CORRETO afirmar que:
a) ( ) São situações que estão previstas em lei e, portanto, o juiz pode optar 
por outras fontes para resolver o caso.
b) ( ) São situações que não estão disciplinadas em lei e, dessa forma, se pode 
recorrer à analogia, utilizando de outras fontes do direito.
c) ( ) O Direito Brasileiro não admite lacunas, tampouco se recorrer à analogia.
d) ( ) Sempre que ocorrer alguma lacuna, o juiz deve julgar o pedido 
improcedente e a parte vencida deve recorrer para o tribunal superior para 
uma segunda análise.
5 Sobre os termos citação e intimação, é correto afirmar que:
a) ( ) Não há diferença entre os dois termos.
b) ( ) A intimação é a chamada do autor ao processo para que esse possa se 
defender.
c) ( ) A citação é um direito atribuído ao autor.
d) ( ) A citação é a chamada do réu ao processo para que esse possa se 
defender.
AUTOATIVIDADE
60
6 Sobre os princípios do Direito, leia as alternativas a seguir e assinale a correta:
a) ( ) O princípio da ampla defesa afirma que uma parte pode responder a 
todas as acusações que são feitas pela outra parte.
b) ( ) O princípio da publicidade afirma que todos os processos, sem exceção, 
são públicos.
c) ( ) O princípio do contraditório afirma que uma parte pode responder a 
todas as acusações que são feitas pela outra parte.
d) ( ) O princípio da boa-fé demonstra que uma das partes deve se utilizar da 
falta de informação ou conhecimento da outra parte paraobter proveito.
7 Comente sobre os tipos de processos estudados.
8 O que ocorre quando em um processo é decretada a revelia?
61
TÓPICO 4
SANÇÃO DO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
O Tópico 3 foi reservado para o estudo das relações contratuais mais 
especificamente na área de TI. Neste tópico, abordaremos sobre a sanção do 
novo Código de Processo Civil (CPC), Lei 13.105/2015, que entrou em vigor em 
17/03/2016. 
O Código de Processo Civil tem como objetivo especificar como tramita 
um processo judicial, como os prazos, formas de tramitações, tipos de recursos, 
competências, dentre outros aspectos.
O “antigo” Código de Processo Civil, utilizado até há pouco tempo, foi 
editado no ano de 1973 durante o regime militar, pelo então ministro da Justiça 
Alfredo Buzaid. O novo Código de Processo Civil é o primeiro código a ser 
aprovado sob a égide do Estado democrático de Direito e prestigia os princípios 
constitucionais, como o princípio da isonomia, devido processo legal, dentre 
outros que serão analisados durante nosso estudo.
A sanção no Novo Código de Processo Civil visa, dentre outros motivos, 
reduzir o formalismo jurídico, democratizar o acesso à justiça para todos. 
É evidente que busca tornar a tramitação do processo mais célere e menos 
burocrática, de modo que traga à sociedade maior agilidade e rapidez em sua 
causa, a fim de alcançar uma duração razoável para o processo.
Em seguida, serão mencionados aspectos novos trazidos pela Lei 
13.105/2015, sem a intenção de esgotar o tema. 
2 A SANÇÃO DO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL (LEI 
N° 13.105/2015) – PRINCÍPIOS GERAIS DO NOVO CPC
O novo Código de Processo Civil se baseia nos princípios constitucionais 
e busca trazer um processo civil dito constitucional com todas as garantias do 
Estado democrático de Direito. É o que preceitua o artigo 1° no novo CPC. 
Vejamos: “O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme 
os valores e as normas fundamentais estabelecidos na Constituição da República 
Federativa do Brasil, observando-se as disposições deste Código”.
62
UNIDADE 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS DO DIREITO
Em nome disso, o novo Código de Processo Civil abriu mão de 12 artigos 
na parte geral para tratar desses princípios. Dentre eles, podemos citar alguns 
dos princípios trazidos pelo Novo Código de Processo Civil: do contraditório, 
da cooperação, da boa-fé objetiva, da dignidade humana, da duração adequada 
do processo, da eficiência na prestação da tutela jurisdicional, da fundamentação 
adequada das decisões judiciais. Câmera (2016, p. 50) traz um conceito sobre o 
novo Código de Processo Civil brasileiro:
O processo civil brasileiro é um procedimento em contraditório que 
se desenvolve de forma isonômica perante o juiz natural destinado a 
permitir a construção de decisões fundamentadas em tempo razoável 
sobre qualquer pretensão que se deduza em juízo. É o acesso universal 
à justiça. É um devido processo legal, que pode até ser chamado de 
um devido processo constitucional, porque baseado integralmente na 
Constituição brasileira.
O novo Código de Processo Civil busca assegurar o direito a um processo 
justo, sendo um processo que dure o tempo razoável para a solução do conflito. 
A razoável duração do processo não significa que o processo deve ser rápido. 
A razoável duração do processo tem a ver com um processo justo e que dure 
o tempo necessário para se assegurar o contraditório efetivo (apresentação de 
provas), chegando a uma solução justa, a um resultado justo para ambas as partes 
envolvidas no processo.
O novo CPC traz em seu artigo 6° o princípio da cooperação: “Todos os 
sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo 
razoável, decisão de mérito justa e efetiva”.
Isso significa que as partes envolvidas no processo, juntamente com o juiz, 
devem cooperar para que o processo perdure no devido tempo razoável, mesmo 
atuando em polos distintos no processo, atuando para o melhor desenvolvimento 
do processo, de modo que resulte em um resultado justo para as partes.
O novo CPC prevê também a prestação de uma tutela adequada e efetiva, 
conforme preconiza o artigo 3º no novo CPC. Vejamos:
Art. 3o Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a 
direito.
§ 1o É permitida a arbitragem, na forma da lei.
§ 2o O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual 
dos conflitos.
§ 3º A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual 
de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores 
públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do 
processo judicial.
Uma forma adequada é aquela que é capaz de promover a realização do 
direito material da parte e é efetiva se ela entregar à parte o que é objetivado por 
esta com o processo. 
TÓPICO 4 | SANÇÃO DO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
63
Outro princípio muito importante no novo CPC e que tem ampla relação 
com o Estado democrático de Direito é o princípio da igualdade, que está previsto 
no artigo 7º no novo CPC e no artigo 5º, inciso 1 de nossa Constituição Federal: “É 
assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e 
faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação 
de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório”.
Isso quer dizer que as pessoas que estão em situação igual devem ser 
tratadas de maneira igual e as que estão em situação diferente devem ser tratadas 
de maneira diferente, na medida de suas diferenças.
Podemos citar como um bom exemplo da questão da igualdade o acesso 
à justiça gratuita aos que necessitam, pois desta forma a pessoa não é privada de 
acessar à justiça, se comparada às pessoas que têm o livre acesso à justiça.
Outro exemplo que podemos citar é a distribuição dinâmica do ônus da 
prova, em que o juiz pode determinar que a parte que tenha mais condições de 
produzir a prova tenha o ônus de produzi-la. 
Um princípio com bastante relação constitucional é o princípio do 
contraditório. O contraditório deve ser efetivo, ou seja, deve ser capaz de fazer com 
que a parte se manifeste de tal forma que ela possa convencer o juiz, que possa 
influenciar na decisão judicial. Da mesma forma trata-se a ampla defesa, que 
também é um princípio constitucional. Consta nos artigos 7º, 9º e 10 no novo CPC: 
Art. 7º É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao 
exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos 
ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao 
juiz zelar pelo efetivo contraditório.
Art. 9º Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja 
previamente ouvida.
Art. 10. O juiz não pode decidir em grau algum de jurisdição, com 
base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes 
oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a 
qual deva decidir de ofício.
Podemos afirmar que o contraditório é uma óbvia condição de um 
processo justo e é inseparável da ideia de administração organizada da justiça. 
Tão importante é este princípio que, caso ele não seja proporcionado no processo, 
pode causar a sua nulidade.
O processo do contraditório traz uma garantia para as partes envolvidas 
no processo de não surpresa. A parte tendo garantido o contraditório, ao final do 
processo ela não vai se surpreender com o resultado de sua demanda, pois o juiz 
não pode, de forma nenhuma, proferir uma sentença diferente daquilo que foi 
alegado durante o processo. Assim, quanto mais contraditório as partes tiverem, 
mais justo será o andamento e, consequentemente, o resultado do processo.
64
UNIDADE 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS DO DIREITO
E dentro do princípio do contraditório temos o direito à produção de 
provas (produçãoprobatória), que está no artigo 369 no novo CPC: “As partes têm 
o direito de empregar todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, 
ainda que não especificados neste Código, para provar a verdade dos fatos em que 
se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na convicção do juiz”. Assim, 
podemos verificar que é direito das partes utilizarem de todos os meios legais para 
produzirem as suas provas e demonstrar a verdade dos fatos que alegam.
Temos outro princípio que também é previsto pela Constituição Federal e que 
também é importante para o novo CPC, que é o princípio do juiz natural, segundo o 
qual ninguém será processado e julgado senão pela autoridade competente.
Os princípios da publicidade e do convencimento motivado também 
têm origem constitucional. De acordo com o artigo 93, inciso IX da Constituição 
Federal, o juiz deve fundamentar suas decisões judiciais. E o artigo 489, § 1o, do 
novo CPC trabalha nessa mesma linha: as decisões devem ser fundamentadas. 
Os julgamentos devem ser públicos, salvo em caso de segredo de justiça, e as 
decisões judiciais sempre fundamentadas. 
O dever de fundamentação das decisões judiciais tem intrínseca relação 
com o Estado democrático de Direito; o dever de fundamentação é informado 
pelo direito ao contraditório. Assim, se o juiz não fundamentar a sua decisão, 
como a parte irá poder recorrer? Então, quanto mais bem fundamentada estiver 
a decisão, a parte poderá exercer o seu direito ao contraditório de maneira mais 
eficaz, como em um recurso, por exemplo.
É importante lembrar também que o novo CPC não traz mais a expressão 
“livre convencimento motivado”. O novo CPC fala apenas em “convencimento 
motivado”, ou seja, o juiz pode proferir a sua decisão de acordo com o seu 
convencimento, mas esse convencimento não é livre, terá que se basear nas 
alegações das partes. Assim, o juiz não pode decidir nada além do que foi alegado 
pelas partes.
Outra questão, também constitucional, para vermos como o novo CPC 
prestigia a nossa Carta Maior, é a razoável duração do processo, conforme já 
mencionado em nosso livro de estudos. É importante lembrarmos que a razoável 
duração do processo não significa que o processo tenha que ser rápido, e sim 
significa que o processo durará um tempo suficiente para garantir o exercício 
do contraditório e da ampla defesa de todas as partes envolvidas no processo. 
Assim, o processo pode ser rápido, mas não pode ser tão rápido ao ponto de 
suprimir as delações a que as partes necessitem para demonstrar o seu direito.
A formação da coisa julgada trata-se de mais um princípio importante, 
que busca garantir a segurança jurídica, conforme preconiza o artigo 502 do novo 
CPC: “Denomina-se coisa julgada material a autoridade que torna imutável e 
indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita a recurso”.
TÓPICO 4 | SANÇÃO DO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
65
Igualmente, é prevista pela nossa Constituição em seu artigo 5º, inciso 
XXXVI: “A coisa julgada ocorre quando a decisão judicial não é mais passível de 
interposição de recursos, garantindo a segurança jurídica, e o provimento judicial 
não será modificado, salvo em casos de ação rescisória que será processada com 
o devido contraditório”.
O princípio da demanda é o princípio pelo qual a parte deve dar o primeiro 
impulso para que o direito ocorra, assim, o juiz não pode atribuir à parte um 
direito, sem que seja impulsionado/requerido pela parte. Trata-se de um limite à 
atividade jurisdicional. Porém, existem exceções ao princípio da demanda, assim 
o juiz poderá agir por iniciativa própria. Por exemplo: em caso de incapacidade 
processual, incompetência absoluta, prescrição, abertura de inventário. Mesmo 
nos casos em que o juiz age de ofício, há a necessidade de se intimar as partes 
para se manifestarem, possibilitando sempre o direito ao contraditório.
O novo CPC também inovou em razão da valorização da jurisprudência, 
que busca assegurar a isonomia e a segurança jurídica. Assim, no julgamento das 
demandas repetitivas (processos, recursos) em bloco, irão garantir a isonomia em 
toda a vertente jurisdicional, pois não irá trazer uma decisão diferente para casos 
iguais, pois se já existem jurisprudências firmadas em processos ou em recursos, 
ao demandar sobre uma determinada questão, a parte saberá, relativamente, qual 
será o resultado de seu processo, e isso garante a segurança jurídica a todos.
O novo CPC também traz em seu artigo 5º os princípios da boa-fé, 
probidade e lealdade. Vejamos: “Aquele que de qualquer forma participa do 
processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé”. Assim, todas as partes 
envolvidas no processo devem agir com boa-fé, pois a sua ausência pode levar 
à ineficácia do ato processual contrário a ela e a responsabilização por dano 
processual, inclusive a aplicação de multa em alguns casos. Isso significa que as 
partes não podem abusar de suas posições jurídicas, como um recurso protelatório, 
por exemplo, e sim, sempre agir de boa-fé. Tal princípio tem uma relação direta 
com a celeridade processual, pois, se a parte retarda de má-fé o processo, está 
atingindo diretamente a celeridade processual e a razoável duração do processo. 
Assim, as partes devem agir com boa-fé, probidade e lealdade.
O novo CPC expressamente prestigia a dignidade da pessoa humana 
prevista na Constituição Federal. Então, o novo CPC, em seu artigo 8º, diz que 
o processo civil deve estar orientado à realização dos fins da pessoa humana. 
Acompanhe: “Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais 
e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da 
pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, 
a publicidade e a eficiência”.
A dignidade da pessoa humana conecta-se ainda com o direito à liberdade 
e à autonomia privada. Daí a necessidade de respeito aos negócios processuais 
realizados entre as partes, pois pelo novo CPC, as partes podem realizar acordos 
processuais.
 
66
UNIDADE 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS DO DIREITO
A dignidade da pessoa humana veda a transformação das partes em 
simples objetos da prestação jurisdicional. Assim, a parte deve ser a protagonista 
do processo – não se trata de mais um caso, trata-se “do caso” daquela pessoa. 
No artigo 190, no novo CPC, consta que nós temos a teoria dos negócios 
jurídicos processuais, ou seja, as partes poderão firmar negócios jurídicos entre 
elas e seus advogados e esses negócios serão autorizados/homologados pelo juiz, 
e isto vem ao encontro do princípio da cooperação. Acompanhe: 
Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam 
autocomposição, é lícito às partes plenamente capazes estipular 
mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa 
e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres 
processuais, antes ou durante o processo.
Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a 
validade das convenções previstas neste artigo, recusando-lhes 
aplicação somente nos casos de nulidade ou de inserção abusiva em 
contrato de adesão ou em que alguma parte se encontre em manifesta 
situação de vulnerabilidade.
Por exemplo, de comum acordo, as partes podem fixar um prazo 
maior para as alegações finais em razão da complexidade do processo, podem 
convencionar a produção do ônus da prova, isto é, a prova “a” será produzida 
pela parte “a”; a prova “b” será produzida pela parte “b”. 
Assim, as partes poderão fazer acordos judiciais sempre que o objetivo 
for de cooperar com o andamento do processo, e quando perceberem que 
determinada questão pode ser melhor provada pelo autor, pelo réu, irão poder 
convencionar os prazos. Portanto, em várias hipóteses as partes poderão celebrar 
acordos processuais e esses acordos serão homologados pelo juiz, porém o juiz 
vedará quaisquer acordos queprejudiquem uma das partes, ou que causem 
alguma nulidade ao processo ou ao ato processual.
2.1 O INSTITUTO DA CONCILIAÇÃO NO NOVO CÓDIGO 
DE PROCESSO CIVIL (CPC)
O novo CPC prestigia a conciliação entre as partes, é juízo arbitral, porque 
isso gera uma celeridade e, além disso, gera segurança para as partes. É o que o 
novo CPC preceitua no artigo 3º, em seu parágrafo 3º: 
Art. 3º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a 
direito.
§ 3º A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual 
de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores 
públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do 
processo judicial.
TÓPICO 4 | SANÇÃO DO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
67
Uma das mudanças mais comentadas no novo CPC é a contagem dos 
prazos processuais em dias úteis. Assim, ficou convencionado pelo novo CPC que 
toda a contagem de prazo será feita em dias úteis e não mais dias corridos, como 
acontecia no antigo CPC. É importante lembrar que para os Juizados Especiais 
essa nova contagem de prazo em dias úteis ainda não é utilizada. 
O novo CPC unificou a contagem de prazos recursais. Isso quer dizer que 
todos os prazos recursais são de 15 dias. Assim, o advogado não precisa mais 
preocupar-se com recursos com prazo de cinco, 10 ou 15 dias – todos os prazos 
serão de 15 dias, salvo os embargos de declaração, que têm o prazo de cinco dias 
a contar da data da publicação ou da ciência da decisão.
Outra novidade trazida pelo novo CPC é o recesso forense. O novo instituto 
previu que do dia 20 de dezembro ao dia 20 de janeiro todos os prazos serão 
suspensos, não ocorrerão audiências. O que veio esclarecer uma dificuldade que 
o antigo CPC trazia com relação a este recesso – alguns tribunais suspendiam os 
prazos, outros não, prejudicando advogados que trabalham em vários tribunais. 
Assim, o novo CPC prevê a suspensão neste período, não contando nenhum prazo, 
tampouco audiências neste período de recesso. Porém, os tribunais continuarão 
funcionando normalmente.
O artigo 225 no novo CPC prevê que as partes podem renunciar aos 
prazos estabelecidos em lei, inclusive, podem estabelecer acordos relativos aos 
prazos, conforme já mencionado. Vejamos: “A parte poderá renunciar ao prazo 
estabelecido exclusivamente em seu favor, desde que o faça de maneira expressa”.
Os prazos também poderão ser prorrogados ou reduzidos pelo juiz e isso 
está previsto no artigo 222 do novo CPC: 
Art. 222. Na comarca, seção ou subseção judiciária onde for difícil o 
transporte, o juiz poderá prorrogar os prazos por até 2 (dois) meses.
§ 1º Ao juiz é vedado reduzir prazos peremptórios sem anuência 
das partes.
§ 2º Havendo calamidade pública, o limite previsto no caput para 
prorrogação de prazos poderá ser excedido.
2.2 OS ATOS PROCESSUAIS NO NOVO CÓDIGO DE 
PROCESSO CIVIL (CPC)
2.2.1 A citação
A citação, conforme mencionada, no novo CPC está prevista no artigo 238 
e seguintes: 
Art. 238. Citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o executado 
ou o interessado para integrar a relação processual.
68
UNIDADE 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS DO DIREITO
Art. 239. Para a validade do processo é indispensável a citação do réu 
ou do executado, ressalvadas as hipóteses de indeferimento da petição 
inicial ou de improcedência liminar do pedido.
[...]
A citação nada mais é que a chamada do réu ao processo para responder 
à demanda proposta contra ele. É um requisito de validade do processo, ou seja, 
se não houver uma citação válida, o processo é todo nulo, pois fere a garantia do 
princípio do contraditório efetivo que estudamos. 
Por ser um requisito de validade processual, a sua ausência será suprida 
apenas pelo comparecimento espontâneo ao processo (aos autos). Isto está 
previsto no artigo 239 do novo CPC:
 
Art. 239. Para a validade do processo é indispensável a citação do réu 
ou do executado, ressalvadas as hipóteses de indeferimento da petição 
inicial ou de improcedência liminar do pedido.
§ 1o O comparecimento espontâneo do réu ou do executado supre a 
falta ou a nulidade da citação, fluindo a partir desta data o prazo para 
apresentação de contestação ou de embargos à execução.
Existem vários tipos de citação que estão previstos no artigo 246 de nosso 
novo instituto. Poderá ser por correio, com o aviso de recebimento (AR); por 
meio do oficial de justiça, por hora certa, que também será por oficial de justiça, a 
citação poderá ocorrer também de forma eletrônica. 
Art. 246. A citação será feita:
I - pelo correio;
II - por oficial de justiça;
III - pelo escrivão ou chefe de secretaria, se o citando comparecer 
em cartório;
IV - por edital;
V - por meio eletrônico, conforme regulado em lei.
2.2.2 A intimação
A intimação é trazida pelo artigo 269. Na citação, o réu toma conhecimento 
da demanda proposta contra ele. A intimação serve para qualquer ato processual, 
seja para o autor, seja para o réu. A novidade trazida pelo novo CPC é que a 
intimação poderá ser direta ou indireta. 
A intimação direta será aquela em que o advogado da parte intima o 
advogado da outra parte. Assim, o advogado de uma parte pode redigir um 
documento e entregar para o advogado da outra parte pessoalmente e pedir o 
recebimento ou por correio com aviso de recebimento (AR). Isso é muito bom, 
pois ajudará na celeridade processual. A intimação indireta é aquela feita por 
meio eletrônico, publicação em diário oficial.
TÓPICO 4 | SANÇÃO DO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
69
Tutelas de Urgência
De acordo com o artigo 294, parágrafo único do novo CPC, nós temos 
dois tipos básicos de tutela de urgência, que são a tutela cautelar e a tutela 
antecipada (do antigo Código de Processo Civil), também conhecida como tutela 
satisfativa. Vejamos: “Art. 294. A tutela provisória pode fundamentar-se em 
urgência ou evidência. Parágrafo único. A tutela provisória de urgência, cautelar 
ou antecipada, pode ser concedida em caráter antecedente ou incidental”.
A tutela cautelar, segundo Alexandre de Freitas Câmara (2016), é uma 
tutela de urgência do processo, isto é, é uma tutela provisória urgente destinada 
a assegurar o futuro resultado útil do processo, nos casos em que uma situação 
de perigo ponha em risco a sua efetividade. Aqui podemos verificar que há 
uma conexão entre tutela cautelar e o resultado útil do processo, de efetividade 
do processo. Já a tutela antecipada ou tutela satisfativa se destina a permitir a 
imediata realização prática do direito alegado pelo demandante, revelando-se 
adequada em casos nos quais se afigure presente uma situação de perigo iminente 
para o próprio resultado do processo. Então, há um conceito de tutela antecipada 
conectado com o resultado do processo, o direito material do demandante. 
O novo CPC deu um tratamento único para as tutelas de urgência, 
estabelecendo os mesmos requisitos para a sua concessão, objetivando uma 
igualdade de tratamento nesses institutos.
Há dois requisitos comuns que devemos destacar para a sua concessão: o 
periculum in mora e o fumus boni iuris. O periculum in mora é resultante da demora 
no processo, podendo causar prejuízos em seu decorrer para o processo ou para 
o direito material no caso. E a lei exige para a concessão de uma tutela provisória 
a probabilidade da existência do Direito (fumus boni iuris). Assim, se há elementos 
no processo que demonstrem que o autor é o provável detentor do direito que ele 
está alegando, nós temos a probabilidade da existência do Direito do autor. Esses 
dois requisitos são necessários para a concessão de uma tutela de urgência.
Assim, em nossa área de TI, é possível que se solicite a tutela de urgência 
para a retirada de softwares piratas de um determinado estabelecimento, pois 
a permanência das cópias reproduzidas ilicitamente em tal estabelecimento 
comercial traráprejuízo para o autor do produto/software. Assim, o autor do 
processo não precisará esperar até o final da demanda judicial para ter o seu 
direito atendido.
70
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você aprendeu que:
• O novo Código de Processo Civil (CPC), Lei 13.105/2015, entrou em vigor em 
17/03/2016. 
• O “antigo” Código de Processo Civil, utilizado até há pouco tempo, foi editado 
no ano de 1973 durante o regime militar, pelo então ministro da Justiça Alfredo 
Buzaid. 
• O novo Código de Processo Civil é o primeiro código a ser aprovado sob a égide 
do Estado democrático de Direito e prestigia os princípios constitucionais.
• A sanção do novo Código de Processo Civil visa, dentre outros motivos, reduzir 
o formalismo jurídico, democratizar o acesso à justiça para todos. 
• Busca tornar a tramitação do processo mais célere e menos burocrática, de 
modo que traga à sociedade maior agilidade e rapidez em sua causa, a fim de 
alcançar uma duração razoável para o processo.
• Direito ao processo justo para todas as partes, com o devido processo legal e a 
razoável duração do processo.
• Processo civil deve ser constituído tomando por base a dignidade da pessoa 
humana, que não trata a parte como apenas um objeto no processo.
• Flexibilização procedimental e acordos processuais.
• Prazos processuais que atualmente são contados em dias úteis.
• Mudanças na forma de citação e intimação das partes.
71
AUTOATIVIDADE
1 Com qual objetivo foi criado o novo Código de Processo Civil?
2 O novo Código de Processo Civil é o primeiro código a ser aprovado 
sob a égide do Estado democrático de Direito e prestigia os princípios 
constitucionais. Cite, pelo menos, três princípios constitucionais nos quais se 
baseia o novo CPC.
3 Um dos objetivos do novo Código de Processo Civil é tornar o processo 
judicial mais célere (rápido) para as partes envolvidas, porém há uma 
preocupação relacionada à celeridade e à duração razoável do processo. 
Discorra acerca deste assunto.
4 Cite, pelo menos, três mudanças trazidas pelo novo Código de Processo 
Civil.
72
73
TÓPICO 5
MARCO CIVIL DA INTERNET
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
O Tópico 4 desta unidade foi reservado para o estudo sobre os fundamentos, 
princípios e principais mudanças trazidas pelo novo Código de Processo Civil, 
Lei nº 17.105/2015, que entrou em vigor em 17/03/2016. 
A Internet surgiu há muitos anos no Brasil, em que toda a população, sem 
quaisquer distinções, tem o direito de usá-la da melhor forma possível, sem que 
precise ter uma autorização expressa para tal. Até então não possuíamos uma lei 
específica que regulamentasse tal prática de acesso, pois, para muitas pessoas, 
ainda, a internet é uma terra sem lei, amparada pelo anonimato.
Abrigávamo-nos em leis esparsas como o Código Civil, Código Penal, 
Código de Defesa do Consumidor, dentre outros para impor limites às mais 
diversas práticas virtuais, que, por vezes, ferem os direitos de nosso próximo. 
Neste tópico, abordaremos sobre o Marco Civil da Internet, também 
conhecido como a Lei 12.965/2014. É a “Constituição da Internet Brasileira”, que 
trata sobre a utilização da Internet no Brasil, em que estabelece fundamentos, 
princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da Internet em nosso país. 
Trataremos dos principais fundamentos e princípios do Marco Civil da Internet.
2 DEFINIÇÃO
Oficialmente chamado de Lei nº 12.965/2014, o Marco Civil da Internet é uma 
lei, também conhecida como “Constituição da Internet Brasileira”, que regulamenta 
o uso da Internet no Brasil com base em princípios, garantias, direitos e deveres para 
os usuários, bem como uma regulamentação de diretrizes para a atuação do Estado 
nesse meio. Tal lei está diretamente relacionada com a nossa vida digital. O Marco 
Civil da Internet foi aprovado pelo Senado no dia 23 de abril de 2014. 
3 PRINCIPAIS FUNDAMENTOS DO MARCO CIVIL DA INTERNET
O artigo 2º do Marco Civil da Internet afirma que o objetivo da lei é o 
de respeitar a liberdade de expressão, pois se estamos utilizando a Internet 
diariamente para conversar, enviar mensagens, pesquisar e acessar redes sociais, 
nós estamos exercendo essa liberdade de expressão, muitas vezes, sem nos 
darmos conta, com alguns poucos cliques nos comunicamos com outras pessoas.
74
UNIDADE 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS DO DIREITO
Assim, o inciso I do artigo 2º desta lei fala sobre o reconhecimento da 
escala mundial da internet. O Marco Civil entende que a internet é uma rede 
mundial, muito embora tenha servidores no Brasil, não deixa de ser uma rede 
mundial. A internet não é brasileira, ela não possui fronteiras físicas. Vejamos: 
“Art. 2o A disciplina do uso da internet no Brasil tem como fundamento o respeito 
à liberdade de expressão, bem como: I - o reconhecimento da escala mundial da 
rede; [...]”.
Um dos grandes objetivos da lei é aplicar o marco civil em situações, por 
exemplo, em que você é um usuário brasileiro utilizando um serviço de e-mail 
americano, mas esse serviço hospeda os seus arquivos na Finlândia.
O inciso II do artigo 2º do Marco Civil da Internet prestigia os direitos 
humanos. Se a Internet é mundial, se reúne pessoas e computadores, ela deve 
respeitar os direitos humanos, deve respeitar a personalidade do ser humano 
e deve proteger esse direito na grande rede, porque quanto mais você produz 
informação na rede, mais expõe a sua vida na Internet. A Internet é um grande 
meio de exercício da cidadania no meio digital. 
Art. 2o A disciplina do uso da Internet no Brasil tem como fundamento 
o respeito à liberdade de expressão, bem como:
[...]
II - os direitos humanos, o desenvolvimento da personalidade e o 
exercício da cidadania em meios digitais; [...].
O inciso III do artigo 2º do Marco Civil comenta sobre a pluralidade e a 
diversidade da Internet, sendo assim, a Internet traz a diversidade de culturas, 
países, idiomas, crenças, tecnologias etc., e a rede mundial pode ser acessada 
de diversas formas também: de um computador, tablet, smartphone, smartwatch, 
refrigeradores, videogames e vários outros dispositivos ativos no momento. 
Assim, podemos perceber que a Internet traz uma pluralidade e diversidade 
tanto de pessoas como de tecnologias. Vejamos o referido artigo e inciso: “Art. 
2o A disciplina do uso da Internet no Brasil tem como fundamento o respeito à 
liberdade de expressão, bem como: [...] III - a pluralidade e a diversidade; [...]”.
O Marco Civil da Internet também trata de questões sobre abertura e 
colaboração em seu artigo 2º, inciso IV. A Internet é livre, pode ser acessada por 
todos independentemente. A Internet é um meio colaborativo, ou seja, a Internet 
permite a criação de algo por várias pessoas: “Art. 2o A disciplina do uso da 
Internet no Brasil tem como fundamento o respeito à liberdade de expressão, 
bem como: [...] IV - a abertura e a colaboração; [...]”.
A livre iniciativa, a livre concorrência e a defesa do consumidor são 
prestigiadas no inciso V deste mesmo artigo do Marco Civil. Parte-se do 
princípio de que a Internet é o meio em que as pessoas conversam, relacionam-
se e também compram produtos e serviços. A Internet privilegia e permite a 
criação de serviços dos mais diversos tipos e naturezas. Assim, somos fatalmente 
submetidos ao artigo 170 da Constituição Federal, que trata justamente da livre 
TÓPICO 5 | MARCO CIVIL DA INTERNET
75
iniciativa: “A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e 
na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os 
ditames da justiça social”.
Assim, o Marco Civil permite ao particular, por si só, criar os seus 
serviços, suas ideias, seus objetivos pela Internet. Verifique o inciso V do artigo 2º 
do Marco Civil, conforme mencionado: “A disciplina do uso da Internet no Brasil 
tem como fundamento orespeito à liberdade de expressão, bem como: [...] V - a 
livre iniciativa, a livre concorrência e a defesa do consumidor. [...]”.
O último inciso deste artigo adverte para a finalidade social da rede. 
Assim, a Internet, apesar de ser mundial, apesar de privilegiar e respeitar a livre 
iniciativa e a livre concorrência, tem a finalidade social, em que as pessoas buscam 
na Internet possibilidade de um melhor convívio social, quer seja para troca de 
mensagens, para preenchimento de currículos, participação em eventos, estudos, 
especializações, enfim, ter o acesso ao conhecimento, buscando assim melhores 
condições de vida: “Art. 2o A disciplina do uso da Internet no Brasil tem como 
fundamento o respeito à liberdade de expressão, bem como: [...] VI - a finalidade 
social da rede. [...]”.
4 PRINCIPAIS PRINCÍPIOS DO MARCO CIVIL DA INTERNET
O artigo 3º do Marco Civil contempla os seus princípios. O primeiro 
princípio trata sobre a liberdade de expressão, que repete o que está em nossa 
Constituição Federal em seu artigo 5º, inciso IV. Assim, a nossa Carta Maior 
permite a liberdade de expressão, mas veda o anonimato. Importante lembrar 
que a liberdade de expressão não é algo ilimitado. Não é algo que pode ser 
utilizado, inclusive, para ofender pessoas, assim como os crimes de preconceito 
de raça e cor, por exemplo. “Art. 3o A disciplina do uso da Internet no Brasil tem 
os seguintes princípios: I - garantia da liberdade de expressão, comunicação e 
manifestação de pensamento nos termos da Constituição Federal. [...]”.
Outro grande avanço garantido pelo Marco Civil da Internet é a maior proteção 
da liberdade de expressão na Internet. A lei assegura a liberdade de expressão, como 
preconizado na Constituição de 1988, garantindo que todos sigam se expressando 
livremente e que a Internet continuará sendo um ambiente democrático, aberto e 
livre, ao mesmo tempo em que preserva a intimidade e a vida privada.
A grande mudança que a nova lei promove é com relação à retirada de 
conteúdos do ar. Antes de sua entrada em vigor não havia uma regra clara sobre 
este procedimento. A partir de agora a retirada de conteúdos do ar só será feita 
mediante ordem judicial, com exceção dos casos de “pornografia de vingança”. 
Pessoas vítimas de violações da intimidade podem solicitar a retirada de conteúdo, 
de forma direta, aos sites ou serviços que estejam hospedando este conteúdo.
Nos casos em que ocorrer a retirada de conteúdo, os provedores de acesso 
deverão comunicar “os motivos e informações relativos à não disponibilização de 
76
UNIDADE 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS DO DIREITO
conteúdo, com informações que permitam o contraditório e a ampla defesa em 
juízo”, como atesta o artigo 20 da Lei 12.965/2014.
Ainda segundo a lei, os Juizados Especiais serão os responsáveis pela 
decisão sobre a ilegalidade ou não dos conteúdos, antes que eles sejam retirados 
do ar. Isto se aplica aos casos de ofensa à honra ou injúria, que serão tratados da 
mesma forma como ocorre fora da Internet. Essas violações são analisadas pelo 
Judiciário, garantindo que todos tenham seus pedidos avaliados por um juiz e não 
pelo provedor de Internet, que pode ser pressionado a retirar ou censurar conteúdos 
por diversos motivos, como financeiros, políticos, religiosos, entre outros.
O inciso II do artigo 3º traz o princípio da proteção à privacidade: “A 
disciplina do uso da Internet no Brasil tem os seguintes princípios: [...] II - proteção 
da privacidade; [...]”.
A privacidade nesses tempos de Internet tem sido muito violada, porque 
nos acostumamos a compartilhar a nossa vida abertamente pelas redes sociais. 
São fotos, check-ins para dizermos onde estamos, vídeos e até mesmo detalhes 
da nossa privacidade. Quando o Marco Civil trata da proteção à privacidade, 
precisamos nos remeter ao artigo 5º, inciso X de nossa Constituição Federal, que 
é uma das normas constitucionais, e talvez a principal, que trata da privacidade, 
da vida privada e da intimidade:
Art. 5º Todos são iguais perante à lei, sem distinção de qualquer 
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes 
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à 
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
[...]
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem 
das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou 
moral decorrente de sua violação; [...].
Ainda, o artigo 21 de nosso Código Civil diz que a vida privada da 
pessoa é inviolável: “A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a 
requerimento do interessado, adotará as providências necessárias para impedir 
ou fazer cessar ato contrário a esta norma”. Assim, podemos verificar que temos 
três leis em nosso país que tratam da questão da privacidade do cidadão brasileiro: 
a Constituição Federal, o Código Civil e o próprio Marco Civil.
Além de criar um ponto de referência sobre a web no Brasil, o Marco Civil 
prevê a inviolabilidade e sigilo de suas comunicações. O projeto de lei regula o 
monitoramento, filtro, análise e fiscalização de conteúdo para garantir o direito 
à privacidade. Somente por meio de ordens judiciais para fins de investigação 
criminal será possível ter acesso a esses conteúdos.
Outro ponto da proposta garante o direito dos usuários à privacidade, 
especialmente à inviolabilidade e ao sigilo das comunicações 
pela Internet. O texto determina que as empresas desenvolvam 
mecanismos para garantir, por exemplo, que os e-mails somente serão 
lidos pelos emissores e pelos destinatários da mensagem. O projeto 
TÓPICO 5 | MARCO CIVIL DA INTERNET
77
assegura proteção a dados pessoais e registros de conexão e coloca 
na ilegalidade a cooperação das empresas de Internet com órgãos de 
informação estrangeiros. As empresas que descumprirem as regras 
poderão ser penalizadas com advertência, multa, suspensão e até 
proibição definitiva de suas atividades. E ainda existe a possibilidade 
de penalidades administrativas, cíveis e criminais. Disponível em: 
<http://www.ebc.com.br/tecnologia/2014/04/entenda-o-marco-civil-
da-internet-ponto-a-ponto>. Acesso em: 3 abr. 2017.
A partir da entrada em vigor do Marco Civil da Internet, a operação 
das empresas que atuam na web deverá ser mais transparente. A proteção dos 
dados pessoais e a privacidade dos usuários são garantias estabelecidas pela 
nova lei.
Isso significa, por exemplo, que as empresas de Internet que trabalham com 
os dados dos usuários para fins de publicidade – como aqueles anúncios dirigidos 
que aparecem no seu perfil nas redes sociais – não poderão mais repassar suas 
informações para terceiros sem o seu consentimento expresso e livre.
A proteção aos dados dos internautas é garantida e só pode ser quebrada 
mediante ordem judicial. Isso quer dizer também que se você encerrar sua conta 
em uma rede social ou serviço na Internet, pode solicitar que seus dados pessoais 
sejam excluídos de forma definitiva. Afinal, o Marco Civil da Internet estabelece 
que os dados sejam seus, não de terceiros. Por isso, fique atento com relação à 
atualização dos termos de uso dos serviços e aplicativos que você utiliza!
Outra inovação promovida pelo Marco Civil da Internet é a garantia 
da privacidade das comunicações. Até a lei entrar em vigor, o sigilo de 
comunicações não era válido para e-mails, por exemplo. A partir de agora 
o conteúdo das comunicações privadas em meios eletrônicos tem a mesma 
proteção de privacidade que já estava garantida nos meios de comunicação 
tradicionais, como cartas, conversas telefônicas etc.
A afirmação em lei de que o conteúdo das comunicações privadas em 
meios eletrônicos é dado sigiloso é um avanço importante, que garante aos 
novos meios de comunicação a mesma proteção já garantida aos meios de 
comunicação tradicionais.
FONTE: Disponível em: <http://culturadigital.br/marcocivil/>.Acesso em: 3 abr. 2017.
O inciso III do artigo 3º da Lei do Marco Civil traz um princípio também 
importante, que é o princípio da proteção de dados pessoais. Acompanhe: “A 
disciplina do uso da Internet no Brasil tem os seguintes princípios: [...] III - 
proteção dos dados pessoais, na forma da lei; [...]”.
Assim, quando uma foto em uma rede social é postada, quando é enviado 
um e-mail, quando você posta um vídeo em sites, por incrível que pareça, o vídeo 
é seu e não é do site, pois tem a ver com a sua vida. 
78
UNIDADE 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS DO DIREITO
A Lei do Marco Civil não traz a definição clara do que sejam “dados 
pessoais”. Importante aí nos remetermos à Lei nº 12.527/2001 (Lei de acesso à 
informação), que afirma em seu artigo 4º, inciso IV, que informações pessoais são 
aquelas relacionadas à pessoa natural identificada ou identificável. 
Portanto, dado pessoal, resumindo, seria toda aquela informação que tem 
a ver, que permite identificar o indivíduo – o seu nome, o seu endereço, seus 
contatos, local de trabalho, onde você estuda, onde você estudou, e mesmo os 
dados que possam ser ditos como irrelevantes, também estão sob a proteção do 
Marco Civil. 
O princípio da neutralidade diz que a rede deve ser igual para todos, sem 
diferença quanto ao tipo de uso. Tal princípio está regulamentado no artigo 3°, 
inciso IV da Lei n° 12.965, de 2014. “A disciplina do uso da Internet no Brasil tem os 
seguintes princípios: [...] IV - preservação e garantia da neutralidade de rede; [...]”.
Assim, ao comprar um plano de Internet, o usuário paga somente pela 
velocidade contratada e não pelo tipo de página que vai acessar, ou seja, o usuário 
poderá acessar o que quiser, independentemente do tipo de conteúdo. Paga de 
acordo com o volume e velocidade contratados. Com a neutralidade, por exemplo, 
um provedor não pode beneficiar o fluxo de tráfego de um site ou um serviço em 
detrimento de outro. A neutralidade poderá ser excepcionada somente em caso de 
requisitos técnicos ou serviços de emergência. Assim, a lei garante a liberdade de 
manifestação do pensamento, a escolha do usuário sobre o conteúdo que deseja 
acessar, a livre concorrência na rede e a possibilidade de inovação.
Se a Internet é uma rede na qual exercemos a nossa cidadania, se é uma 
rede que tem finalidade social, ela deve ser estável, deve ser segura, não pode ficar 
caindo frequentemente, ainda que a nossa realidade brasileira não seja adequada 
em relação à Internet. Obviamente, é preciso que se adotem medidas técnicas, 
medidas que são compatíveis com padrões internacionais. É o que preconiza o 
artigo 3º, inciso V, do Marco Civil:
Art. 3º A disciplina do uso da internet no Brasil tem os seguintes 
princípios:
[...]
V - preservação da estabilidade, segurança e funcionalidade da 
rede, por meio de medidas técnicas compatíveis com os padrões 
internacionais e pelo estímulo ao uso de boas práticas.
O inciso VII do artigo 3º da Lei do Marco Civil da Internet trata da 
preservação da natureza participativa da rede: “A disciplina do uso da Internet no 
Brasil tem os seguintes princípios: [...] VII - preservação da natureza participativa 
da rede; [...]”.
A Internet é multicultural, é uma rede para o exercício da cidadania. 
Portanto, ela deve permitir aos cidadãos ter espaços para se manifestar, inclusive 
os próprios órgãos públicos possuem canais para comunicação para que possa ter 
uma manifestação pública e eletrônica.
TÓPICO 5 | MARCO CIVIL DA INTERNET
79
O inciso VIII do artigo 3º, da mesma lei, tem a ver com a livre concorrência. 
Tal inciso cuida da liberdade de modelos de negócio na Internet, desde que não 
entre em conflito com as outras leis existentes. Assim, a Internet permite a criação de 
negócios os mais variados: “A disciplina do uso da Internet no Brasil tem os seguintes 
princípios: [...] VIII - liberdade dos modelos de negócios promovidos na Internet, 
desde que não conflitem com os demais princípios estabelecidos nesta lei”.
O Decreto Federal nº 7.962/2013 trata sobre regras próprias para o comércio 
eletrônico para as compras coletivas. Muito embora a Internet garanta várias 
liberdades, esse decreto, por exemplo, afirma que sites de comércio eletrônico e 
sites de compras coletivas devem indicar em suas páginas o endereço físico de 
contato, pois muitas vezes o site não tem uma loja física e o consumidor fica sem 
a possibilidade de contatar o comércio onde realizou a compra. 
Embora o Marco Civil respeite a liberdade de modelo de negócio, muitos 
negócios, quando são imorais, ilícitos e abusivos, não podem ser amparados 
por quaisquer leis. Um exemplo clássico que podemos citar é uma parte da 
Internet que é chamada de deep web, ou internet profunda, em que existem sites 
que vendem substâncias entorpecentes. Obviamente o Marco Civil, assim como 
nenhuma outra lei, não protegerá esse tipo de negócio. 
Por fim, o Marco Civil afirma que os seus princípios não excluem outros 
princípios previstos em nossa Constituição, outras leis e tratados nacionais ou 
internacionais. 
LEITURA COMPLEMENTAR
DISTINÇÕES ENTRE NORMAS E PRINCÍPIO
Segundo Martins (2011), a norma é a prescrição objetiva e obrigatória por 
meio da qual se organizam, se direcionam ou se impõem condutas. Também não 
deixa a norma de ser prescrição da vontade impositiva para estabelecer a disciplina 
a respeito de uma conduta dirigida ao ser humano. O conceito de norma não é, 
contudo, pacífico. A norma tem um sentido de orientação, de regular conduta, 
tendo caráter imperativo.
Em determinado sistema jurídico não se encontram apenas normas, mas 
também princípios, que podem estar ou não positivados, isto é, previstos na 
legislação.
José Afonso da Silva leciona que normas são preceitos que tutelam 
situações subjetivas de vantagem ou de vínculo, ou seja, reconhecem, por um 
lado, a pessoas ou a entidades a faculdade de realizar certos interesses por ato 
próprio ou exigindo ação ou abstenção de outrem, e, por outro lado, vinculam 
pessoas ou entidades à obrigação de submeter-se às exigências de realizar uma 
prestação, ação ou abstenção em favor de outrem.
80
UNIDADE 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS DO DIREITO
Na concepção de Humberto Ávila, normas não são textos nem o conjunto 
deles, mas os sentidos construídos a partir da interpretação sistemática de 
textos normativos. Daí se afirmar que os dispositivos se constituem no objeto 
de interpretação; e as normas, no seu resultado. O importante é que não existe 
correspondência entre norma e dispositivo, no sentido de que sempre que houver 
um dispositivo haverá uma norma, ou sempre que houver uma norma deverá 
haver um dispositivo que lhe sirva de suporte.
Desse modo, não existe uma relação entre o texto e a norma, pois nem 
sempre que existir um texto existirá também uma norma. Haverá casos em que 
da interpretação do texto vai ser possível extrair uma norma. Ocorrendo isso, terá 
que verificar se dessa norma é possível extrair uma regra ou um princípio.
As normas podem ser divididas em normas-regras e normas-princípios. 
A norma-princípio não precisa estar escrita para que seja vigente. Basta o seu 
reconhecimento. Insta salientar que os princípios jamais serão contraditórios, 
mas sim contrapostos, isto é, diante de um conflito entre princípios, com base 
no princípio da proporcionalidade, aquele que for sobrelevado não estará 
inutilizando a incidência do outro princípio, uma vez que este poderá incidir em 
outros casos concretos. Assim o princípio com peso maior não prevalecerá neste 
caso específico, contudo, permanece válido e vigente a fim de que possa incidir 
nos demais casos.
Já a norma-regra será encontrada em qualquer dispositivo legal ou 
constitucional. Quando duas normas-regra forem contraditórias, somente uma 
deve ser levada em consideração, pois a aplicabilidade de uma das regrasimporta 
em revogação da outra.
Em suma, as normas podem ser princípios ou regras. Em outras palavras, 
norma é o gênero, da qual podem ser extraídas espécies normativas, quais 
sejam, regras ou princípios. As regras não precisam e nem podem ser objeto de 
ponderação, porque ou elas existem ou não existem. Já os princípios precisam 
e devem ser ponderados, e isso não implica em exclusão de um deles do 
ordenamento jurídico, uma vez que, especificamente naquele caso concreto, um 
teve peso maior e acabou prevalecendo.
Pode-se dizer que princípios são juízos abstratos de valor que orientam 
a interpretação e a aplicação do Direito. Os princípios possuem um caráter de 
dever e de obrigação. Basta violar um princípio para que toda aquela conduta 
praticada esteja ilegal. Por esse motivo, violar um princípio é muito mais grave 
do que violar uma norma. Devido a este fato, os princípios representam uma 
ordem, a qual deve ser acatada. Assim, sempre que a administração pública for 
agir, todos os princípios deverão ser respeitados.
Acentua Celso Antônio Bandeira de Mello que princípio é, por definição, 
mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição 
fundamental que se irradia sobre diferentes normas, compondo-lhes o espírito 
TÓPICO 5 | MARCO CIVIL DA INTERNET
81
e servindo de critério para exata compreensão e inteligência delas, exatamente 
porque define a lógica e a racionalidade do sistema normativo, conferindo-lhe a 
tônica que lhe dá sentido harmônico. Adverte o autor que violar um princípio é 
muito mais grave que transgredir uma norma. A desatenção ao princípio implica 
ofensa não apenas a um específico mandamento obrigatório, mas a todo o sistema 
de comandos.
Para Josef Esser, princípios são aquelas normas que estabelecem 
fundamentos para que determinado mandamento seja encontrado. Mais do que 
uma distinção baseada no grau de abstração da prescrição normativa, a diferença 
entre os princípios e as regras seria uma distinção qualitativa. O critério distintivo 
dos princípios em relação às regras seria, portanto, a função de fundamento 
normativo para a tomada de decisão.
Seguindo o mesmo caminho, Karl Larenz define princípios como 
normas de grande relevância para o ordenamento jurídico, na medida em que 
estabelecem fundamentos normativos para a interpretação e aplicação do direito, 
deles decorrendo, direta ou indiretamente, normas de comportamento.
 
Consoante Robert Alexy, princípios são normas que ordenam algo que, 
relativamente às possibilidades fáticas e jurídicas, seja realizado em medida tão 
alta quanto possível. Princípios são, segundo isso, mandamentos de otimização, 
assim caracterizados pelo fato de a medida ordenada de seu cumprimento 
depender não só das possibilidades fáticas, mas também das jurídicas. Na lição 
de Canotilho, princípios são normas jurídicas impositivas de uma otimização, 
compatíveis com vários graus de concretização, consoante os condicionamentos 
fáticos e jurídicos. Para o mestre português, os princípios se distinguem das 
regras, pelo fato destas últimas serem “normas que prescrevem imperativamente 
uma exigência (impõem, permitem ou proíbem) que é ou não cumprida”.
Conforme os estudos de Dworkin, no caso de colisão entre regras, 
uma delas deve ser considerada inválida. Os princípios, ao contrário, não 
determinam absolutamente a decisão, mas somente contêm fundamentos, os 
quais devem ser conjugados com outros fundamentos provenientes de outros 
princípios. Daí a afirmação de que os princípios, ao contrário das regras, possuem 
uma dimensão de peso, demonstrável na hipótese de colisão entre princípios, 
caso em que o princípio com peso relativo maior se sobrepõe ao outro, sem 
que este perca sua validade. Por conseguinte, Humberto Ávila expõe que as 
regras são normas imediatamente descritivas, primariamente retrospectivas e 
com pretensão de decidibilidade e abrangência, para cuja aplicação se exige a 
avaliação da correspondência, sempre centrada na finalidade que lhes dá suporte 
ou nos princípios que lhes são axiologicamente sobrejacentes, entre a construção 
conceitual da descrição normativa e a construção conceitual dos fatos. Já os 
princípios são normas imediatamente finalísticas, primariamente prospectivas e 
com pretensão de complementaridade e de parcialidade, para cuja aplicação se 
demanda uma avaliação da correlação entre o estado de coisas a ser promovido e 
os efeitos decorrentes da conduta havida como necessária a sua promoção.
82
UNIDADE 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS DO DIREITO
Vale ainda transcrever aqui as palavras de Alexandre Aboud, procurador do 
Estado de São Paulo, que ensina que os princípios orientam e implementam o direito 
por caminhos abstratos, que dão rumo a todo um sistema normativo. Constituem-
se, portanto, normas hierarquicamente privilegiadas, com predominância sobre 
outras regras por formarem o arcabouço do ordenamento jurídico.
Com base nas citações dos autores entendemos que, quando existe um 
conflito entre regras, uma existe e a outra deixa de existir, pois esta se tornou 
inválida. Assim, ou se aplica a regra ou não se aplica. No tocante aos princípios, 
quando há um conflito entre os mesmos, a solução é ponderá-los. Vale frisar que, 
neste caso, um princípio não deixa de existir, ou seja, ele não some do ordenamento 
jurídico. Há apenas uma ponderação entre os princípios em conflito.
Importa ressaltar que os princípios contêm uma ordem para o seu conteúdo 
melhorar e para que o conteúdo desse princípio se torne ótimo é interessante 
que tenhamos a imposição de regras. Destarte, os princípios não dependem das 
regras, todavia, elas existem para dar força e densificar os princípios. Sendo assim, 
os princípios e regras são espécies normativas autoaplicáveis, as quais possuem 
características distintas, mas a relação é de complementariedade, uma vez que as 
regras pavimentam o caminho de aplicação dos princípios, ou ainda, as regras 
corporificam e densificam os princípios na situação concreta.
Cumpre esclarecer que, quando houver um conflito de interesses e a 
Constituição já tiver previsto uma regra que soluciona este conflito, não há que 
se falar de ponderação, tendo em vista que não há ponderação entre regras, ou a 
regra é aplicada ou não é aplicada, ou seja, a sua aplicação é de forma absoluta. Isto 
significa que a regra deve ser cumprida na medida exata de suas prescrições, por 
isso é um mandamento de definição. As regras impõem resultados e têm aplicação 
automática. Se a Constituição estabeleceu uma regra, ela deve ser aplicada, uma 
vez que ela existe no ordenamento jurídico para solucionar problema de forma 
concreta. Portanto, a pretensão da regra é de decidibilidade.
Já os princípios, por sua vez, admitem ponderação em casos de conflitos. 
Enquanto que a regra é aplicada de forma absoluta, nos princípios pode haver 
uma aplicação gradual, isto é, podemos aplicar mais um princípio do que outro, 
dependendo da situação em análise. Os princípios são complementares, isto 
é, eles existem não para resolver o problema, mas sim para complementar no 
momento de solucionar o problema. Por isso os princípios podem ser aplicados 
mais ou menos.
Vale acrescentar que os princípios têm força normativa, tanto é que pode 
estabelecer qual comportamento deve ser adotado, ou seja, dispõe que aquilo é 
tão importante que merece ser aplicado. Assim, os princípios não são totalmente 
indeterminados, pois prescrevem um conteúdo de comportamento demonstrando 
o caminho a ser seguido.
FONTE: Extraído e adaptado de: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_
artigos_leitura&artigo_id=9091&revista_caderno=9>. Acesso em: 5 jun. 2013.
83
RESUMO DO TÓPICO 5
Neste tópico, você aprendeu que:
• O Marco Civil da Internet é uma lei, também conhecida como “Constituição da 
Internet Brasileira”.
• O Marco Civilda Internet regulamenta o uso da Internet no Brasil.
• Dentre os principais fundamentos do Marco Civil da Internet podemos citar: o 
reconhecimento da escala mundial da rede, respeito à liberdade de expressão, 
bem como os direitos humanos, o desenvolvimento da personalidade e o 
exercício da cidadania em meios digitais, a livre iniciativa, a livre concorrência 
e a defesa do consumidor, a finalidade social da rede, dentre outros.
• Dentre os principais princípios do Marco Civil da Internet, podemos citar: 
garantia da liberdade de expressão, proteção da privacidade, proteção dos 
dados pessoais, preservação e garantia da neutralidade de rede, preservação 
da estabilidade, segurança e funcionalidade da rede, liberdade dos modelos de 
negócios promovidos na Internet.
• A Lei nº 12.527/2001 é a lei de acesso à informação.
 
• O Decreto Federal nº 7.962/2013 trata sobre regras próprias para o comércio 
eletrônico para as compras coletivas.
84
1 O que é o Marco Civil da Internet?
2 O que é a liberdade de expressão mencionada no Marco Civil da Internet e 
quais os seus limites?
3 Cite, no mínimo, três fundamentos trazidos pelo Marco Civil da Internet.
4 Cite, no mínimo, três princípios trazidos pelo Marco Civil da internet.
5 Alguém publica em uma página pessoal na rede mundial de computadores 
fotos de crianças e adolescentes (entre oito e 16 anos) nuas ou em situações 
que denotam atividade sexual. O Ministério Público não conseguiu, 
ainda, desvendar a identidade do autor, mas tem provas de que as fotos 
estão disponíveis em um site controlado por uma empresa estrangeira. 
Conseguiu provar, também, que foram disponibilizadas na rede mundial de 
computadores por meio de um computador situado no Brasil e que todos os 
acessos a tais fotos ocorreram por meio de computadores, também situados 
no Brasil. Com base nos dados acima, é possível afirmar que o crime:
 
a) ( ) Está sujeito à aplicação da lei brasileira, já que praticado por brasileiro 
no exterior. 
b) ( ) Está sujeito à aplicação da lei brasileira, já que praticado no Brasil, 
independentemente da nacionalidade do agente. 
c) ( ) Está sujeito à aplicação da lei brasileira, já que o Brasil se obrigou a 
reprimi-lo por meio de um tratado internacional. 
d) ( ) Não está sujeito à aplicação da lei brasileira, já que praticado no país da 
sede da empresa estrangeira. 
e) ( ) Não está sujeito à aplicação da lei brasileira, já que praticado por 
estrangeiro no Brasil.
AUTOATIVIDADE
85
UNIDADE 2
LEGISLAÇÃO PARA INFORMÁTICA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir desta unidade, você será capaz de:
• conhecer a Lei de Software, bem como a sua interpretação;
• conhecer a Lei de Direitos Autorais, bem como a sua interpretação;
• conhecer o funcionamento das relações de consumo na TI, interpretando o 
Código de Defesa do Consumidor;
• compreender os aspectos trabalhistas em TI;
• conhecer os objetivos de um contrato e as principais partes para torná-lo 
válido.
Esta unidade está dividida em cinco tópicos. No decorrer da unidade você 
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – LEI DE SOFTWARE 
TÓPICO 2 – LEI DE DIREITOS AUTORAIS 
TÓPICO 3 – AS RELAÇÕES DE CONSUMO NA TI
TÓPICO 4 – RELAÇÕES TRABALHISTAS NA TI
TÓPICO 5 – CONTRATOS
86
87
TÓPICO 1
LEI DE SOFTWARE
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
O Tópico 1 foi reservado para o estudo interpretativo da Lei de Software 
(Lei n° 9.609/1998), que disciplina algumas condutas dos profissionais de TI. 
Vamos conhecer também alguns crimes previstos por esta lei. Para a nossa melhor 
interpretação, vamos conhecer a estrutura de uma lei que se aplica em todas as 
outras leis, quer sejam municipais, estaduais ou federais.
Nos itens seguintes, estudaremos outras legislações mais específicas que 
poderão ser aplicadas em nossa área. Trata-se da Lei de Direitos Autorais (Lei n° 
9.610/1998), que, dentre outras coisas, trata da questão da autoria de software e 
seus cuidados. Nas relações de consumo iremos estudar o Código de Defesa do 
Consumidor (Lei n° 8.078/1990) e verificar a relação que esta lei possui com a 
nossa área. 
Por fim, estudaremos os aspectos das relações trabalhistas em TI e os 
contratos, mais especificamente na área de TI. Aqui, conheceremos a estrutura de 
um contrato e quais são as características de um contrato “válido” para todas as 
áreas de estudo, mais especificamente na nossa área de TI.
2 A LEI DE SOFTWARE (LEI N° 9.609/1998)
Atualmente, no Brasil, não há uma lei específica para os crimes virtuais/
crimes eletrônicos/crimes de internet, mas há um projeto de lei que foi aprovado 
em outubro de 2012, que veremos na próxima unidade.
Em relação ao software, a área de TI dispõe da Lei n° 9.609, de 1998 – a Lei 
de Software, que será o nosso objeto de estudos a partir de agora. Aqui, vamos 
estudar desde a estrutura de uma lei, conforme já mencionado, e também vamos 
estudar a interpretação da referida lei, artigo por artigo. 
UNI
Para que serve um artigo de lei e como ele pode estar organizado?
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO PARA INFORMÁTICA
88
Vamos tomar como exemplo o artigo da Lei de Software a seguir (BRASIL, 
1998):
Art. 3º Os programas de computador poderão, a critério do titular, ser 
registrados em órgão ou entidade a ser designado por ato do Poder Executivo, 
por iniciativa do Ministério responsável pela política de ciência e tecnologia. 
• Toda lei tem, pelo menos, um artigo. O artigo é responsável por trazer um 
ensinamento principal acerca de um assunto. Como podemos perceber aqui, 
o artigo 3° da Lei de Software trata da questão do registro de programa de 
computador. Este artigo principal é chamado de caput, do latim “cabeça”; 
podemos identificá-lo como cabeçalho. É bom sabermos que os artigos sempre 
serão apresentados em números ordinais (1°, 2°, 3°, até 9º). A partir do décimo 
grafam-se com números cardinais.
§ 1º O pedido de registro estabelecido neste artigo deverá conter, pelo 
menos, as seguintes informações:
• Muitas vezes o caput do artigo não é suficiente para tratar de todo o assunto 
que o artigo precisa. Logo, podemos perceber que podem aparecer as divisões 
dos artigos para uma melhora na organização e consequente compreensão. O 
parágrafo, representado pelo símbolo §, pode ser responsável por contribuir 
para isso. Um artigo pode ter tantos e quantos parágrafos necessitar. Da mesma 
forma, os parágrafos também são apresentados como os artigos.
I- Os dados referentes ao autor do programa de computador e ao titular, se 
distinto do autor, sejam pessoas físicas ou jurídicas.
II- A identificação e descrição funcional do programa de computador.
III- Os trechos do programa e outros dados que se considerarem suficientes 
para identificá-lo e caracterizar sua originalidade, ressalvando-se os direitos de 
terceiros e a responsabilidade do governo.
• Os incisos têm por objetivo detalhar o conteúdo de um artigo. Podem ser itens 
de um artigo ou parágrafo. Neste caso, como podemos verificar, os incisos I, II 
e III estão organizando de uma melhor forma as informações a que se refere o § 
1° da Lei de Software. Como podemos perceber, os incisos sempre são exibidos 
em numeração romana (I, II, III, IV...).
§ 2º As informações referidas no inciso III do parágrafo anterior são 
de caráter sigiloso, não podendo ser reveladas, salvo por ordem judicial ou a 
requerimento do próprio titular.
Aqui, podemos perceber mais um parágrafo pertencente ao artigo 3° da 
Lei de Software:
Toda esta organização é importante para a localização de um determinado 
assunto em uma determinada lei que está representada por um artigo. Assim, se 
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precisarmos nos referir ao registro de Software, por exemplo, não vamos precisar 
colocar todo o artigo naíntegra em algum trabalho, contrato etc. Basta especificá-
lo da seguinte forma: Lei n° 9.609, art. 3°, § 1°, inciso I, por exemplo. Assim, sem 
dúvidas, ficará mais fácil a sua localização na lei e também o entendimento por 
parte de terceiros (BRASIL, 1998).
Muitas pessoas afirmam que para ler uma lei você deve ser um advogado. 
Sim, advogados são profissionais que têm um estudo para, entre outros, este fim, 
mas é bom sabermos que, como o Direito está cada vez mais inserido em nosso 
meio, principalmente com a questão dos crimes eletrônicos, propriedade de 
software, contratos e aspectos trabalhistas, é importante que saibamos interpretar 
os principais artigos das leis que vão nos circular. 
Este entendimento é importante até mesmo para o caso de precisarmos 
conversar com um advogado e expormos uma determinada situação e também 
para entender a explicação que esse profissional nos dará. Vamos, agora, ao 
estudo e à interpretação da Lei de Software em sua íntegra:
O caput do primeiro artigo da Lei de Software nos traz a definição de 
programa de computador. Confira:
Art. 1º Programa de computador é a expressão de um conjunto 
organizado de instruções em linguagem natural ou codificada, contida 
em suporte físico de qualquer natureza, de emprego necessário em 
máquinas automáticas de tratamento da informação, dispositivos, 
instrumentos ou equipamentos periféricos, baseados em técnica digital 
ou análoga, para fazê-los funcionar de modo e para fins determinados 
(BRASIL, 1998, s.p.).
O artigo 2º da mesma lei afirma que a proteção dada ao programa de 
computador é a mesma dada às obras literárias, conforme a Lei de Direitos 
Autorais, mas que também devem ser observados os artigos da Lei de Software. 
Na realidade, o que devemos perceber aqui é que, nesse caso, a Lei de Software 
e a Lei de Direitos Autorais trabalham em conjunto para garantir tal proteção. 
Vamos conferir: 
“Art. 2º O regime de proteção à propriedade intelectual de programa de 
computador é o conferido às obras literárias pela legislação de direitos autorais 
e conexos vigentes no país, observado o disposto nesta lei” (BRASIL, 1998, s.p.).
Já o parágrafo primeiro do artigo segundo afirma que não cabem direitos 
morais (indenizações por danos morais, por exemplo) para o programa de 
computador de um modo geral. A exceção ocorre no momento em que o autor 
exercer o seu direito de reivindicar a autoria do programa de computador, ou 
quando o autor se opuser a qualquer alteração não autorizada em seu programa 
que o deforme, ou seja, o programa deixa de cumprir o propósito para o qual foi 
criado. Por exemplo: Ana desenvolve um software para controle financeiro. Mais 
tarde, Ana vem a saber que o programa desenvolvido foi alterado e, agora, passa 
a sonegar tributos. Isso ofende em demasia a sua honra e reputação. Neste caso, 
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sem dúvidas, o advogado de Ana poderá ajuizar uma ação de indenização por 
danos morais, se for o caso. Vamos conferir: 
§ 1º Não se aplicam ao programa de computador as disposições 
relativas aos direitos morais, ressalvado, a qualquer tempo, o direito 
do autor de reivindicar a paternidade do programa de computador e o 
direito do autor de opor-se a alterações não autorizadas, quando estas 
impliquem deformação, mutilação ou outra modificação do programa 
de computador, que prejudiquem a sua honra ou a sua reputação 
(BRASIL, 1998, s.p.).
DICAS
Você conhece a diferença entre honra e reputação?
Dr. Samuel Johnson, em A Dictionary of the English Language (1755), definiu honra como 
tendo vários sentidos, o primeiro de que era nobreza de alma, magnanimidade e um 
desprezo à maldade. Esse tipo de honra decorre da percepção da conduta virtuosa e 
integridade pessoal da pessoa dotada com ele. Por outro lado, Johnson também definiu 
em relação à honra a reputação e a fama, os privilégios de classificação ou nascimento, 
e como respeito do tipo que coloca um indivíduo socialmente e determina o seu direito 
de precedência. Esse tipo de honra não é tanto uma função de excelência moral ou ético, 
pois é uma consequência do poder. 
Em outras palavras, podemos definir a honra como o nosso sentimento íntimo, ou seja, 
como nos sentimos conosco. E a reputação é como as outras pessoas nos veem.
O próximo parágrafo da Lei 9.609 afirma que o autor tem um prazo de 50 
anos de proteção (tutela) sobre o programa de computador, isto é, tem esse período 
para explorar o programa. Depois desse período, o programa de computador cai 
em domínio público e todos poderão usufruir dele sem o pagamento de direitos 
autorais ou outros impostos, por exemplo. Vamos acompanhar?
“§ 2º Fica assegurada a tutela dos direitos relativos a programa de 
computador pelo prazo de cinquenta anos, contados a partir de 1º de janeiro 
do ano subsequente ao da sua publicação ou, na ausência desta, da sua criação” 
(BRASIL, 1998, s.p.).
Segundo a Lei de Software, e também a Lei de Direitos Autorais, o autor 
não é obrigado a registrar o seu software, desde que tenha outro meio verossímil 
(verdadeiro/confiável) de provar que é o criador do produto. É o que ressalta o 
próximo parágrafo da Lei de Software. Porém, na atualidade, é aconselhável que 
se registre o programa de computador. 
§ 3º A proteção aos direitos de que trata esta lei independe de registro 
(BRASIL, 1998, s.p.).
TÓPICO 1 | LEI DE SOFTWARE
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Os próximos parágrafos se referem à exploração de programas de 
computador feitos fora do Brasil. Este é um exemplo de princípio da reciprocidade. 
Assim, os estrangeiros domiciliados no exterior mantêm os mesmos direitos, 
desde que seus países de origem concedam aos brasileiros domiciliados no Brasil 
direitos equivalentes. É a velha máxima “Trate bem os meus que eu trato bem os 
seus!” Vejam:
§ 4º Os direitos atribuídos por esta lei ficam assegurados aos 
estrangeiros domiciliados no exterior, desde que o país de origem 
do programa conceda aos brasileiros e estrangeiros domiciliados no 
Brasil, direitos equivalentes.
§ 5º Inclui-se dentre os direitos assegurados por esta lei e pela legislação 
de direitos autorais e conexos vigentes no país aquele direito exclusivo 
de autorizar ou proibir o aluguel comercial, não sendo esse direito 
exaurível pela venda, licença ou outra forma de transferência da cópia 
do programa.
§ 6º O disposto no parágrafo anterior não se aplica aos casos em que 
o programa em si não seja objeto essencial do aluguel (BRASIL, 1998, 
s.p.).
O artigo 3° afirma que o titular do programa de computador pode registrar 
o seu programa de computador em órgão ou entidade a ser designado por ato do 
Poder Executivo, por iniciativa do Ministério responsável pela política de ciência 
e tecnologia. Este órgão a que se refere o artigo é o INPI – Instituto Nacional 
da Propriedade Industrial (www.inpi.gov.br) e o ministério responsável é o 
Ministério da Ciência e Tecnologia. Vejamos o artigo da lei na íntegra:
“Art. 3º Os programas de computador poderão, a critério do titular, ser 
registrados em órgão ou entidade a ser designado por ato do Poder Executivo, 
por iniciativa do Ministério responsável pela política de ciência e tecnologia” 
(BRASIL, 1998, s.p.).
A figura a seguir apresenta a página inicial do INPI.
FIGURA 7 – HOME DO INPI – INSTITUTO NACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL
FONTE: Disponível em: <http://www.inpi.gov.br/portal/#>. Acesso em: 20 set. 2017.
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No menu “Serviços” temos o acesso aos formulários para requisitarmos o 
registro de nosso produto, no caso o programa de computador.
Através do link “Programa de Computador” podemos ter acesso às 
informações relativas ao guia básico e custos para o registro do programa de 
computador.
A partir daí, após adquirirmos todas as informações necessárias, basta 
imprimirmos os formulários necessários, pagarmosas devidas taxas para termos 
o nosso produto registrado e evitar uma série de inconvenientes que um software 
não registrado pode ocasionar.
O parágrafo 1°, juntamente aos incisos I, II e III, traz a documentação 
necessária que deve ser anexada junto ao pedido de registro de software (BRASIL, 
1998, s.p.). Vamos acompanhar?
§ 1º O pedido de registro estabelecido neste artigo deverá conter, pelo 
menos, as seguintes informações:
I- os dados referentes ao autor do programa de computador e ao 
titular, se distinto do autor, sejam pessoas físicas ou jurídicas;
II- a identificação e descrição funcional do programa de computador; e
III- os trechos do programa e outros dados que se considerar suficientes 
para identificá-lo e caracterizar sua originalidade, ressalvando-se os 
direitos de terceiros e a responsabilidade do Governo.
O trazido pelo parágrafo 2° diz que a parte do código-fonte que será 
trazida para registro junto ao INPI será de caráter sigiloso e somente o juiz ou o 
requerimento do próprio titular poderá quebrar esse sigilo. Acompanhe:
“§ 2º As informações referidas no inciso III do parágrafo anterior são 
de caráter sigiloso, não podendo ser reveladas, salvo por ordem judicial ou a 
requerimento do próprio titular” (BRASIL, 1998, s.p.).
NOTA
É o princípio da publicidade agindo, você lembra? Segundo esse princípio, todos 
os processos são públicos, exceto os processos que tramitam em segredo de justiça.
O artigo 4° da Lei de Software trata da propriedade do programa 
de computador. Este artigo afirma que o programa de computador será 
exclusivamente do empregador se o empregado (programador) foi contratado 
para esse fim, ou seja, para programação. É importante lembrarmos que esse 
registro deve estar em Carteira de Trabalho (CTPS), contrato de trabalho ou 
outros documentos que venham comprovar o alegado. Vamos acompanhar no 
próprio artigo de lei.
TÓPICO 1 | LEI DE SOFTWARE
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Art. 4º Salvo estipulação em contrário pertencerão exclusivamente 
ao empregador, contratante de serviços ou órgão público, os direitos 
relativos ao programa de computador, desenvolvido e elaborado 
durante a vigência de contrato ou de vínculo estatutário, expressamente 
destinado à pesquisa e desenvolvimento, ou em que a atividade do 
empregado, contratado de serviço ou servidor seja prevista, ou ainda, 
que decorra da própria natureza dos encargos concernentes a esses 
vínculos (BRASIL, 1998, s.p.).
O parágrafo primeiro deste artigo afirma que o pagamento pelos serviços 
prestados será limitado à remuneração ou salário convencionado. Assim, se o 
programa de computador desenvolvido pelo empregado vier a ser um sucesso 
de vendas, não caberá ao programador nada além do valor salarial que combinou 
com o seu empregador, exceto se empregado e empregador tenham feito algum 
tipo de acordo/contrato que determine algo diferente, como o pagamento de 
uma comissão, por exemplo. Não podemos nos esquecer de que este acordo ou 
contrato deve estar escrito! Vejamos:
“§ 1º Ressalvado ajuste em contrário, a compensação do trabalho ou 
serviço prestado limitar-se-á à remuneração ou ao salário convencionado” 
(BRASIL, 1998, s.p.).
Já o parágrafo segundo da Lei de Software diz em que casos o programa 
de computador pertencerá ao empregado. Caso o empregado tenha desenvolvido 
o programa de computador sem que tenha sido contratado para tal, o produto 
do seu trabalho será de propriedade do empregado. Por exemplo: Se Caio foi 
contratado como auxiliar administrativo e, posteriormente, veio a desenvolver 
programa de computador, este programa será de propriedade de Caio e não do 
empregador de Caio, mas Caio terá que ter meios de provar que foi contratado 
indevidamente – a carteira de trabalho é uma boa opção para esse meio de prova.
E o parágrafo terceiro afirma que o mesmo tratamento será dado caso o 
programa tenha sido desenvolvido por bolsistas, estagiários ou assemelhados. 
Vamos acompanhar?
§ 2º Pertencerão, com exclusividade, ao empregado, contratado de 
serviço ou servidor os direitos concernentes a programa de computador 
gerado sem relação com o contrato de trabalho, prestação de serviços 
ou vínculo estatutário, e sem a utilização de recursos, informações 
tecnológicas, segredos industriais e de negócios, materiais, instalações 
ou equipamentos do empregador, da empresa ou entidade com a 
qual o empregador mantenha contrato de prestação de serviços ou 
assemelhados, do contratante de serviços ou órgão público.
§ 3º O tratamento previsto neste artigo será aplicado nos casos em que 
o programa de computador for desenvolvido por bolsistas, estagiários 
e assemelhados (BRASIL, 1998, s.p.).
O próximo artigo afirma que as derivações (versões, outras funcionalidades 
etc.), quando autorizadas pelo titular dos direitos do programa de computador, 
pertencerão à pessoa que as fizer, exceto se há alguma estipulação em contrário, 
ou seja, se o autor e a pessoa que implementou as derivações tenham combinado 
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO PARA INFORMÁTICA
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algo adverso. Vale lembrar que esta autorização a que se refere o artigo deve estar 
por escrito, sempre! Acompanhe:
“Art. 5º Os direitos sobre as derivações autorizadas pelo titular dos direitos 
de programa de computador, inclusive sua exploração econômica, pertencerão 
à pessoa autorizada que as fizer, salvo estipulação contratual em contrário” 
(BRASIL, 1998, s.p.).
O artigo 6° traz as situações que podem tranquilamente acontecer e que 
não se tratam de ofensas aos direitos do titular de programa de computador. 
Vejamos:
Art. 6º Não constituem ofensa aos direitos do titular de programa de 
computador:
I - a reprodução, em um só exemplar, de cópia legitimamente adquirida, 
desde que se destine à cópia de salvaguarda ou armazenamento 
eletrônico, hipótese em que o exemplar original servirá de salvaguarda;
II - a citação parcial do programa, para fins didáticos, desde que 
identificados o programa e o titular dos direitos respectivos;
III - a ocorrência de semelhança de programa a outro, preexistente, 
quando se der por força das características funcionais de sua aplicação, 
da observância de preceitos normativos e técnicos, ou de limitação de 
forma alternativa para a sua expressão;
IV - a integração de um programa, mantendo-se suas características 
essenciais, a um sistema aplicativo ou operacional, tecnicamente 
indispensável às necessidades do usuário, desde que para o uso 
exclusivo de quem a promoveu (BRASIL, 1998, s.p.).
Segundo Mendes e Romani (2003), a lei exige que o prazo de validade 
técnica do programa de computador seja consignado, ou no contrato de licença de 
uso, ou no documento fiscal, ou no suporte físico, ou na embalagem do software.
Trata-se da expectativa da vida útil do software no mercado, antes de 
se tornar tecnicamente obsoleto. No decorrer desse período, o fabricante ou o 
distribuidor do software deve manter serviços de suporte e assistência técnica, 
gratuitos ou não.
Se o produto for retirado do mercado antes do término do prazo de 
validade técnica, o usuário tem direito a indenização.
A lei não estabelece qual é a abrangência desse prazo e esta omissão invoca 
a aplicação do artigo 32, parágrafo único, do Código de Defesa do Consumidor, 
o qual prevê que o fabricante e o importador devem prover serviços e peças de 
reposição ao consumidor por período razoável de tempo na forma da lei. Cabe 
ao juiz dizer o que considera prazo razoável, numa eventual demanda judicial. O 
artigo 7° da Lei de Software trata desse prazo da seguinte forma:
“Art. 7º O contrato de licença de uso de programa de computador, o 
documento fiscal correspondente, os suportes físicos do programa ou as respectivas 
embalagens deverão consignar, de forma facilmente legível pelo usuário, o prazo 
de validade técnica da versão comercializada” (BRASIL, 1998, s.p.).
TÓPICO 1 | LEI DE SOFTWARE95
NOTA
Podemos perceber aqui uma lacuna da lei, estão lembrados?
O próximo artigo afirma que aquele que comercializar programa de 
computador fica obrigado, no território nacional, a prestar todos os serviços 
técnicos necessários ao bom funcionamento do programa de computador, quer 
sejam manutenções, novas versões, suporte etc., sendo esses serviços pagos ou 
não. E o parágrafo único desse mesmo artigo diz que a obrigação continuará 
se o programa de computador for retirado de circulação durante o prazo de 
validade técnica, a não ser que se pague um valor monetário por indenização de 
eventuais prejuízos causados a terceiros. Passamos, então, ao artigo 8° e também 
ao parágrafo único:
Art. 8º Aquele que comercializar programa de computador, quer 
seja titular dos direitos do programa, quer seja titular dos direitos de 
comercialização, fica obrigado, no território nacional, durante o prazo 
de validade técnica da respectiva versão, a assegurar aos respectivos 
usuários a prestação de serviços técnicos complementares relativos 
ao adequado funcionamento do programa, consideradas as suas 
especificações (BRASIL, 1998, s.p.).
“Parágrafo único. A obrigação persistirá no caso de retirada de circulação 
comercial do programa de computador durante o prazo de validade, salvo justa 
indenização de eventuais prejuízos causados a terceiros” (BRASIL, 1998, s.p.).
O artigo 9° dispõe sobre o contrato de licença. O respectivo artigo afirma 
que para manter a regularidade do programa de computador é necessário que 
se tenha o contrato de licença, e o parágrafo único afirma que, na falta desse 
contrato, a nota fiscal relativa à aquisição ou licenciamento de cópia servirá para 
comprovação da regularidade do uso do programa de computador. Vejamos: 
“Art. 9º O uso de programa de computador no país será objeto de contrato 
de licença”. 
“Parágrafo único. Na hipótese de eventual inexistência do contrato referido 
no caput deste artigo, o documento fiscal relativo à aquisição ou licenciamento 
de cópia servirá para comprovação da regularidade do seu uso” (BRASIL, 1998, 
s.p.).
O próximo artigo (art. 10) afirma que, se o programa de computador tiver 
origem externa, deverá trazer em quaisquer uns de seus atos e contrato de licença 
os valores referentes aos tributos e encargos exigíveis e a responsabilidade pelos 
respectivos pagamentos. O parágrafo primeiro desse mesmo artigo ainda prevê 
quais as cláusulas que são consideradas nulas nos referidos contratos e atos: 
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO PARA INFORMÁTICA
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Art. 10. Os atos e contratos de licença de direitos de comercialização 
referentes a programas de computador de origem externa deverão 
fixar, quanto aos tributos e encargos exigíveis, a responsabilidade 
pelos respectivos pagamentos e estabelecerão a remuneração do titular 
dos direitos de programa de computador residente ou domiciliado no 
exterior.
§ 1º Serão nulas as cláusulas que:
I- limitam a produção, a distribuição ou a comercialização, em violação 
às disposições normativas em vigor;
II- eximam qualquer dos contratantes das responsabilidades por 
eventuais ações de terceiros, decorrentes de vícios, defeitos ou violação 
de direitos de autor (BRASIL, 1998, s.p.).
E o parágrafo segundo afirma que a pessoa responsável por este pagamento 
deverá manter em seu poder, pelo prazo de cinco anos, toda a documentação 
necessária para a comprovação da legalidade dos pagamentos. 
§ 2º O remetente do correspondente valor em moeda estrangeira, 
em pagamento da remuneração de que se trata, conservará em seu 
poder, pelo prazo de cinco anos, todos os documentos necessários à 
comprovação da licitude das remessas e da sua conformidade ao caput 
deste artigo (BRASIL, 1998, s.p.).
É o INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) que irá fazer o 
registro de toda a documentação necessária em casos de mudança/transferência 
de tecnologia para outros (terceiros). Vamos acompanhar no próximo artigo da 
Lei de Software.
Art. 11. Nos casos de transferência de tecnologia de programa de 
computador, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial fará 
o registro dos respectivos contratos, para que produzam efeitos em 
relação a terceiros.
Parágrafo único. Para o registro de que trata este artigo, é obrigatória 
a entrega, por parte do fornecedor ao receptor de tecnologia, da 
documentação completa, em especial do código-fonte comentado, 
memorial descritivo, especificações funcionais internas, diagramas, 
fluxogramas e outros dados técnicos necessários à absorção da 
tecnologia (BRASIL, 1998, s.p.).
Como podemos perceber, os artigos que seguem tratam especificamente 
das infrações e penalidades que poderão acontecer em decorrência de algum tipo 
de violação da Lei de Software.
O artigo 12 afirma que quem violar os direitos de autor de programa de 
computador (pirataria de software, por exemplo) – o usuário doméstico – terá a 
pena que o artigo menciona. Porém, essa pena é aumentada caso o infrator viole 
os direitos do autor com o objetivo de obter ganho financeiro sem a autorização 
expressa do autor ou de quem o represente. A autorização a que se refere o artigo 
deve, obrigatoriamente, ser escrita (expressa) – é o que nos traz o parágrafo 
primeiro deste artigo. Já o parágrafo segundo diz que terá a mesma pena quem 
vende, expõe à venda, introduz no país, adquire, oculta ou tem em depósito, para 
fins de comércio, original ou cópia de programa de computador, produzido com 
violação de direito autoral (BRASIL, 1998). Verifique no trecho a seguir:
TÓPICO 1 | LEI DE SOFTWARE
97
Art. 12. Violar direitos de autor de programa de computador:
Pena - Detenção de seis meses a dois anos ou multa.
§ 1º Se a violação consistir na reprodução, por qualquer meio, de 
programa de computador, no todo ou em parte, para fins de comércio, 
sem autorização expressa do autor ou de quem o represente:
Pena - Reclusão de um a quatro anos e multa.
§ 2º Na mesma pena do parágrafo anterior incorre quem vende, expõe 
à venda, introduz no país, adquire, oculta ou tem em depósito, para 
fins de comércio, original ou cópia de programa de computador, 
produzido com violação de direito autoral (BRASIL, 1998, s.p.).
Queixa a que se refere o parágrafo terceiro é a reclamação oferecida pelo 
ofendido, ou seja, até agora pela pessoa que teve o seu direito violado. Este 
parágrafo afirma que o Ministério Público deverá denunciar nos casos trazidos 
pelos incisos I e II. Acompanhe:
§ 3º Nos crimes previstos neste artigo, somente se procede mediante 
queixa, salvo:
I- quando praticados em prejuízo de entidade de direito público, 
autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou fundação 
instituída pelo poder público;
II- quando, em decorrência de ato delituoso, resultar sonegação fiscal, 
perda de arrecadação tributária ou prática de quaisquer dos crimes 
contra a ordem tributária ou contra as relações de consumo.
§ 4º No caso do inciso II do parágrafo anterior, a exigibilidade do 
tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, processar-se-á 
independentemente de representação (BRASIL, 1998, s.p.).
Em nossa área de TI podemos ainda ter pedidos cautelares (tutela 
cautelar), em que não é mais necessário entrar com um processo em separado, 
como preconizado no antigo CPC. 
Um caso muito típico em nossa área é no sentido de busca e apreensão 
de cópias ilegais (piratas) para que estas sejam apreendidas. De acordo com o 
novo CPC, isso poderá ser solicitado nos autos da ação principal (processo de 
conhecimento, por exemplo), sem necessitar de um processo autônomo.
O advogado do autor também poderá ajuizar uma ação por indenização 
de perdas e danos pelos prejuízos sofridos. Além disso, o juiz poderá determinar 
que o infrator não execute mais a infração e, se for determinado que as fontes 
do programa de computador precisarem vir ao processo, a autoridade judiciáriapoderá determinar que o processo ocorra em segredo de justiça. É o princípio da 
publicidade entrando em ação!
Aquele que ajuizar o processo com o objetivo de simplesmente 
comprometer, desmoralizar e prejudicar o outro, será responsabilizado por 
litigância de má-fé, isto é, o autor da parte entra com o processo sabendo que não 
tem direito sobre o caso, mas apenas quer criar uma situação que poderá tornar-
se inconveniente para todas as pessoas envolvidas no processo. Os artigos que 
seguem trazem justamente isso que estamos comentando: 
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO PARA INFORMÁTICA
98
Art. 13. A ação penal e as diligências preliminares de busca e 
apreensão, nos casos de violação de direito de autor de programa de 
computador, serão precedidas de vistoria, podendo o juiz ordenar a 
apreensão das cópias produzidas ou comercializadas com violação de 
direito de autor, suas versões e derivações, em poder do infrator ou 
de quem as esteja expondo, mantendo em depósito, reproduzindo ou 
comercializando.
Art. 14. Independentemente da ação penal, o prejudicado poderá 
intentar ação para proibir ao infrator a prática do ato incriminado, com 
cominação de pena pecuniária para o caso de transgressão do preceito.
§ 1º A ação de abstenção de prática de ato poderá ser cumulada com a 
de perdas e danos pelos prejuízos decorrentes da infração.
§ 2º Independentemente de ação cautelar preparatória, o juiz poderá 
conceder medida liminar proibindo ao infrator a prática do ato 
incriminado, nos termos deste artigo.
§ 3º Nos procedimentos cíveis, as medidas cautelares de busca e 
apreensão observarão o disposto no artigo anterior.
§ 4º Na hipótese de serem apresentadas, em juízo, para a defesa dos 
interesses de qualquer das partes, informações que se caracterizem 
como confidenciais, deverá o juiz determinar que o processo prossiga 
em segredo de justiça, vedado o uso de tais informações também à 
outra parte para outras finalidades.
§ 5º Será responsabilizado por perdas e danos aquele que requerer e 
promover as medidas previstas neste e nos arts. 12 e 13, agindo de má-
fé ou por espírito de emulação, capricho ou erro grosseiro, nos termos 
dos arts. 16, 17 e 18 do Código de Processo Civil (BRASIL, 1998, s.p.).
A Lei de Software é um importante instrumento para resguardar os 
direitos e obrigações dos profissionais da área de TI e, por este motivo, faz-se 
necessário termos tal conhecimento no que se refere ao registro de software, 
“pirataria” e demais condutas em nossa área de atuação.
99
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que: 
• A Lei de Software (Lei n° 9.609/1998) disciplina algumas condutas dos 
profissionais de TI no que tange à proteção ao programa de computador.
• Atualmente, no Brasil, não há uma lei específica para os crimes virtuais/crimes 
eletrônicos/crimes de internet. Há um Projeto de Lei que foi aprovado em 2012.
• O autor do programa não é obrigado a registrar o seu software, desde que 
tenha outro meio verossímil de provar que é o criador do produto.
• O artigo 3° da Lei n° 9.609/1998 afirma que o titular do programa de computador 
pode registrar o seu programa de computador em órgão ou entidade a ser 
designado por ato do Poder Executivo, por iniciativa do Ministério responsável 
pela política de ciência e tecnologia. O órgão a que se refere o artigo é o INPI – 
Instituto Nacional da Propriedade Industrial (www.inpi.gov.br); e o ministério 
responsável é o Ministério da Ciência e Tecnologia.
• O trazido pelo parágrafo 2° do artigo 3° da Lei n° 9.609/1998 diz que a parte 
do código-fonte que será trazida para registro junto ao INPI será de caráter 
sigiloso e somente o juiz ou o requerimento do próprio titular poderá quebrar 
esse sigilo.
• O programa de computador será exclusivamente do empregador se o 
empregado (programador) foi contratado para esse fim, ou seja, programação. 
É importante lembrarmos que esse registro deve estar em Carteira de Trabalho 
(CTPS), contrato de trabalho ou outros documentos que venham comprovar o 
alegado.
• Caso o empregado tenha desenvolvido o programa de computador sem que 
tenha sido contratado para tal, o produto do seu trabalho será de propriedade 
do empregado. 
• O uso de programa de computador no país será objeto de contrato de licença. 
Na falta de contrato, a nota fiscal relativa à aquisição ou licenciamento de cópia 
servirá para comprovação da regularidade do uso do programa de computador.
• É o INPI que irá fazer o registro de toda a documentação necessária em casos 
de mudança/transferência de tecnologia para outros (terceiros).
• O artigo 12 da Lei n° 9.609/1998 afirma que quem violar os direitos de autor 
de programa de computador (pirataria de software, por exemplo) – o usuário 
doméstico – terá a pena que o artigo menciona. Porém, essa pena é aumentada 
100
caso o infrator viole os direitos do autor com o objetivo de obter ganho financeiro 
sem a autorização expressa do autor ou de quem o represente. A autorização a 
que se refere o artigo deve, obrigatoriamente, ser escrita (expressa).
• Terá a mesma pena mencionada no artigo 12 quem vende, expõe à venda, 
introduz no país, adquire, oculta ou tem em depósito, para fins de comércio, 
original ou cópia de programa de computador, produzido com violação de 
direito autoral.
• Um caso muito típico em nossa área é no sentido de busca e apreensão de 
cópias ilegais (piratas) para que estas sejam apreendidas. De acordo com o 
novo CPC, isso poderá ser solicitado nos autos da ação principal (processo de 
conhecimento, por exemplo), sem necessitar de um processo autônomo.
101
1 De acordo com a Lei de Software (Lei n° 9.609/1998): 
a) ( ) A proteção aos direitos de que trata esta lei depende de registro.
b) ( ) A proteção aos direitos de que trata esta lei independe de registro.
c) ( ) Não há esta previsão nesta lei, no que tange a proteção concedida ao 
software.
d) ( ) O registro de software poderá ser feito em qualquer órgão público.
2 De acordo com a Lei de Software (Lei n° 9.609/1998), assinale a alternativa 
correta: 
a) ( ) Os direitos relativos ao programa de computador são legislados pela 
Lei de Software e por qualquer outra Lei Complementar no caso de haver 
uma lacuna. 
b) ( ) Pertencerão sempre ao empregador, contratante de serviços ou órgão 
público, os direitos relativos ao programa de computador. 
c) ( ) Os direitos relativos ao programa de computador nunca pertencerão ao 
empregado, bolsista, estagiário e assemelhados.
d) ( ) Pertencerão, com exclusividade, ao empregado, os direitos concernentes 
a programa de computador gerado sem relação com o contrato de trabalho, 
prestação de serviços ou vínculo estatutário, e sem a utilização de recursos, 
informações tecnológicas, segredos industriais e de negócios, materiais, 
instalações ou equipamentos do empregador, da empresa ou entidade 
com a qual o empregador mantenha contrato de prestação de serviços ou 
assemelhados, do contratante de serviços ou órgão público.
3 Assinale a alternativa INCORRETA. De acordo com a Lei de Software (Lei 
n° 9.609/1998), não constitui ofensa aos direitos do titular de programa de 
computador:
a) ( ) A reprodução, em um só exemplar, de cópia legitimamente adquirida, 
desde que se destine a cópia de salvaguarda ou armazenamento eletrônico, 
hipótese em que o exemplar original servirá de salvaguarda.
b) ( ) A citação parcial do programa, para fins não didáticos, desde que 
identificados o programa e o titular dos direitos respectivos.
c) ( ) A ocorrência de semelhança de programa a outro, preexistente, 
quando se der por força das características funcionais de sua aplicação, da 
observância de preceitos normativos e técnicos, ou de limitação de forma 
alternativa para a sua expressão.
d) ( ) A integração de um programa, mantendo-se suas características 
essenciais, a umsistema aplicativo ou operacional, tecnicamente 
indispensável às necessidades do usuário, desde que para o uso exclusivo 
de quem a promoveu.
AUTOATIVIDADE
102
4 De acordo com a Lei de Software (Lei n° 9.609/1998):
a) ( ) O disposto no artigo 12, §§ 1° e 2°, configura pirataria.
b) ( ) O disposto no artigo 12, §§ 1° e 2°, não configura pirataria.
c) ( ) Somente o disposto no artigo 12, § 1° configura pirataria.
d) ( ) Somente disposto no artigo 12, § 2° configura pirataria.
103
TÓPICO 2
LEI DE DIREITOS AUTORAIS
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
O Tópico 2 foi reservado para o estudo da Lei de Direitos Autorais (Lei 
n° 9.610/1998). Segundo Campos (2005), a proteção do direito do autor vem 
consagrada na Constituição Federal, em seu artigo 5°, incisos XXVII a XXIX, 
dizendo que ao autor pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou 
reprodução de suas obras, transmitindo-se esses direitos aos herdeiros pelo 
tempo que a lei fixar. Também é assegurado aos autores de inventos industriais 
o privilégio de registrá-los em órgão público para fazer valer perante terceiros 
o seu direito exclusivo de exploração, por tempo determinado. Com isso, fica 
assegurado também pela lei o direito dos autores de obter reparação por perdas 
e danos que lhes forem causados por terceiros, em razão do uso indevido ou 
desautorizado do bem de seu criador, o qual pode se utilizar da ação de busca e 
apreensão, com efeitos imediatos de cessação do abuso.
Nos tópicos seguintes, estudaremos outras legislações mais específicas que 
poderão ser aplicadas em nossa área. Nas relações de consumo iremos estudar o 
Código de Defesa do Consumidor (Lei n° 8.078/1990) e verificar a relação que esta 
lei possui com a nossa área. 
Por fim, estudaremos os aspectos das relações trabalhistas em TI e os 
contratos, mais especificamente na área de TI. Aqui, conheceremos a estrutura de 
um contrato e quais são as características de um contrato “válido”.
2 LEI DE DIREITOS AUTORAIS – LEI N° 9.610/98
Segundo Campos (2005), ao autor se confere o direito de exploração de sua 
criação, mas o autor também pode ceder esse direito a terceiros, para exploração 
econômica, mediante remuneração que pode estipular em acordo. O Direito 
Autoral é um ramo do Direito Privado que trata das relações jurídicas decorrentes 
da criação da inteligência humana, seja literária, artística ou científica, bem como 
da exploração econômica dessas obras.
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO PARA INFORMÁTICA
104
NOTA
O Direito Autoral é o que trata das relações jurídicas decorrentes da criação da 
inteligência humana, seja literária, artística ou científica, bem como da exploração econômica 
dessas obras.
Campos (2005) relata que a obra criada há de ter características 
individualizadoras, a fim de que não se confunda com outras anteriormente 
criadas. Não pode ser exigida uma originalidade absoluta, mas sim que cada 
obra tenha contornos próprios. Não se considera violação do direito autoral a 
reprodução de pequenos trechos literários, inseridos em obra maior, exigindo-se, 
apenas, que o nome do autor, cujo trabalho foi reproduzido, seja mencionado.
Adquirir ou manter tais materiais, como CD, DVD, Blu-ray e afins para 
efeitos de locação, com conhecimento da origem ilícita, configura o delito de 
receptação dolosa.
ESTUDOS FU
TUROS
Mais tarde estudaremos as formas de cometimento de um crime/delito, tais 
como: a forma culposa, dolosa e preterdolosa.
É importante saber que a criação do espírito ou da inteligência humana, 
para ser protegida pelo direito, necessita que seja materializada, tornando-se 
demonstrável por alguma forma de expressão, seja por palavra escrita (um livro), 
seja por notas musicais (uma composição musical), por imagens reproduzidas 
(fotografia, filme), seja de forma corpórea (escultura, pintura), por meios 
eletrônicos (programa de computador) etc. O direito se manifesta quando a 
forma de expressão é demonstrável e sua existência provável pelos meios de 
prova permitidos em juízo (CAMPOS, 2005).
O artigo 7° da Lei de Direitos Autorais (Lei n° 9.610/1998) afirma que são 
obras intelectuais as criações do espírito de qualquer modo exteriorizadas, tais 
como (BRASIL, 1998, s.p.):
Art. 7º São obras intelectuais protegidas as criações do espírito, 
expressas por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, tangível 
ou intangível, conhecido ou que se invente no futuro, tais como:
I- os textos de obras literárias, artísticas ou científicas;
II- as conferências, alocuções, sermões e outras obras da mesma 
natureza;
TÓPICO 2 | LEI DE DIREITOS AUTORAIS
105
III- as obras dramáticas e dramático-musicais;
IV- as obras coreográficas e pantomímicas, cuja execução cênica se fixe 
por escrito ou por outra qualquer forma;
V- as composições musicais tenham ou não letra;
VI- as obras audiovisuais, sonorizadas ou não, inclusive as 
cinematográficas;
VII- as obras fotográficas e as produzidas por qualquer processo 
análogo ao da fotografia;
VIII- as obras de desenho, pintura, gravura, escultura, litografia e arte 
cinética;
IX- as ilustrações, cartas geográficas e outras obras da mesma natureza;
X- os projetos, esboços e obras plásticas concernentes à geografia, 
engenharia, topografia, arquitetura, paisagismo, cenografia e ciência;
XI- as adaptações, traduções e outras transformações de obras 
originais, apresentadas como criação intelectual nova;
XII- os programas de computador;
XIII- as coletâneas ou compilações, antologias, enciclopédias, 
dicionários, bases de dados e outras obras, que, por sua seleção, 
organização ou disposição de seu conteúdo, constituam uma criação 
intelectual.
§ 1º Os programas de computador são objeto de legislação específica, 
observadas as disposições desta lei que lhes sejam aplicáveis.
§ 2º A proteção concedida no inciso XIII não abarca os dados ou 
materiais em si mesmos e se entende sem prejuízo de quaisquer 
direitos autorais que subsistam a respeito dos dados ou materiais 
contidos nas obras.
§ 3º No domínio das ciências, a proteção recairá sobre a forma literária 
ou artística, não abrangendo o seu conteúdo científico ou técnico, sem 
prejuízo dos direitos que protegem os demais campos da propriedade 
imaterial.
É importante saber ainda que a Lei de Direitos Autorais, em seu artigo 
46, também limita os direitos autorais, conferindo a terceiros a possibilidade de 
reprodução em alguns casos, como:
Art. 46. Não constitui ofensa aos direitos autorais:
I- a reprodução:
a) na imprensa diária ou periódica, de notícia ou de artigo informativo, 
publicado em diários ou periódicos, com a menção do nome do autor, 
se assinados, e da publicação de onde foram transcritos;
b) em diários ou periódicos, de discursos pronunciados em reuniões 
públicas de qualquer natureza;
c) de retratos, ou de outra forma de representação da imagem, 
feitos sob encomenda, quando realizada pelo proprietário do objeto 
encomendado, não havendo a oposição da pessoa neles representada 
ou de seus herdeiros;
d) de obras literárias, artísticas ou científicas, para uso exclusivo de 
deficientes visuais, sempre que a reprodução, sem fins comerciais, seja 
feita mediante o sistema braile ou outro procedimento em qualquer 
suporte para esses destinatários;
II- a reprodução, em um só exemplar de pequenos trechos, para uso 
privado do copista, desde que feita por este, sem intuito de lucro;
III- a citação em livros, jornais, revistas ou qualquer outro meio de 
comunicação, de passagens de qualquer obra, para fins de estudo, 
crítica ou polêmica, na medida justificada para o fim a atingir, 
indicando-se o nome do autor e a origem da obra;
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO PARA INFORMÁTICA
106
IV- o apanhado de lições em estabelecimentos de ensino por aqueles a 
quem elas se dirigem, vedada sua publicação, integral ou parcial, sem 
autorização prévia e expressa de quemas ministrou;
V- a utilização de obras literárias, artísticas ou científicas, fonogramas 
e transmissão de rádio e televisão em estabelecimentos comerciais, 
exclusivamente para demonstração à clientela, desde que esses 
estabelecimentos comercializem os suportes ou equipamentos que 
permitam a sua utilização;
VI- a representação teatral e a execução musical, quando realizadas 
no recesso familiar ou, para fins exclusivamente didáticos, nos 
estabelecimentos de ensino, não havendo em qualquer caso intuito de 
lucro;
VII- a utilização de obras literárias, artísticas ou científicas para 
produzir prova judiciária ou administrativa;
VIII- a reprodução, em quaisquer obras, de pequenos trechos de obras 
preexistentes, de qualquer natureza, ou de obra integral, quando de 
artes plásticas, sempre que a reprodução em si não seja o objetivo 
principal da obra nova e que não prejudique a exploração normal da 
obra reproduzida nem cause um prejuízo injustificado aos legítimos 
interesses dos autores (BRASIL, 1998b, s.p.).
O direito patrimonial do autor liga-se materialmente a sua criação, 
permitindo-lhe usar e gozar desses direitos com o fito de lucro ou outra vantagem 
econômica. O direito moral que liga o autor a sua obra, por sua vez, é um direito 
personalíssimo, significando o poder que tem o autor de ligar seu nome à obra 
criada, de modificá-la ou aperfeiçoá-la a seu critério, de publicá-la ou mantê-la 
em sigilo, impedindo sua publicação, ou mesmo de publicá-la sob pseudônimo. 
Esse direito se funda no respeito à personalidade humana, em sua elevada 
manifestação criadora literária, artística e científica. Se, por acaso, qualquer 
pessoa reproduz obra literária, artística ou científica, sem a autorização do autor, 
se sujeita à perda dos exemplares que forem apreendidos, além do pagamento de 
multa prevista em lei (CAMPOS, 2005).
IMPORTANT
E
O direito patrimonial do autor liga-se materialmente a sua criação, permitindo-
lhe usar e gozar desses direitos com o objetivo de lucro.
Direito moral é um direito personalíssimo, significando o poder que tem o autor de ligar seu 
nome à obra criada, de modificá-la ou aperfeiçoá-la a seu critério.
Direito personalíssimo significa o direito próprio do autor, não podendo ser transferido a 
outros. Somente o autor é o titular desse direito.
O artigo 41, da Lei 9.610 traz que os direitos patrimoniais do autor 
perduram por setenta anos contados de 1° de janeiro do ano subsequente ao de 
seu falecimento, obedecida a ordem sucessória da lei civil.
TÓPICO 2 | LEI DE DIREITOS AUTORAIS
107
Decorrido o prazo de proteção, a obra passa a pertencer ao domínio 
público. São também de domínio público as obras de autores que não deixaram 
sucessores ou de autores desconhecidos.
Cabe aos autores também, além dos direitos patrimoniais advindos da 
obra, o direito de impedir sua reprodução, gravação, interpretação, transmissão, 
retransmissão ou execução, por quaisquer meios ou forma de comunicação, seja 
a título oneroso, gratuito ou beneficente. A lei instituiu o Escritório Central de 
Arrecadação e Distribuição (ECAD), para efeito de representar os autores no 
controle, arrecadação e distribuição dos proventos resultantes em seu favor.
DICAS
O site do ECAD é o <www.ecad.org.br>. Acesse!
A proteção à propriedade intelectual de programa de computador é 
conferida ao autor dando-lhe o mesmo tratamento que se dá às obras literárias, 
artísticas e científicas, isto é, independe de registro em órgão público para 
produzir efeitos contra terceiros, mas poderá, a critério do título do titular, ser 
registrado em órgão ou entidade designada pelo governo (CAMPOS, 2005).
Como já vimos, esse órgão é o INPI – Instituto Nacional da Propriedade 
Industrial.
ATENCAO
Sobre as sanções à violação dos direitos autorais, Campos (2005) 
afirma que quem reproduzir, divulgar, vender ou expor à venda, transmitir ou 
reproduzir publicamente obra de autor, sem autorização deste, ficará sujeito às 
sanções civis descritas nas leis de proteção ao direito autoral, dentre elas, ficar 
sujeito à busca e apreensão, suspensão, interdição da divulgação, da transmissão 
ou do espetáculo, sujeitando-se às perdas e aos danos mencionados na lei ou 
apurados em juízo, sem prejuízo dos procedimentos criminais cabíveis na defesa 
dos direitos e interesses dos autores. 
Para um estudo mais aprofundado, separamos artigos da Lei de Direitos 
Autorais (Lei n° 9.610/1998) que são específicos para o tratamento do software, 
foco de nossa área de TI. (BRASIL, 1998b, s.p.). Acompanhe:
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO PARA INFORMÁTICA
108
Art. 2º Os estrangeiros domiciliados no exterior gozarão da proteção 
assegurada nos acordos, convenções e tratados em vigor no Brasil.
Parágrafo único. Aplica-se o disposto nesta lei aos nacionais ou pessoas 
domiciliadas em país que assegure aos brasileiros ou pessoas domiciliadas no 
Brasil a reciprocidade na proteção aos direitos autorais ou equivalentes.
Art. 3º Os direitos autorais reputam-se, para os efeitos legais, bens 
móveis.
Art. 4º Interpretam-se restritivamente os negócios jurídicos sobre os 
direitos autorais.
Art. 5º Para os efeitos desta lei, considera-se:
[...]
V- comunicação ao público - ato mediante o qual a obra é colocada ao 
alcance do público, por qualquer meio ou procedimento e que não consista na 
distribuição de exemplares;
VII- contrafação - a reprodução não autorizada;
[...]
Art. 7º São obras intelectuais protegidas as criações do espírito, expressas 
por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, tangível ou intangível, 
conhecido ou que se invente no futuro, tais como:
[...]
XII- os programas de computador;
§ 1º Os programas de computador são objeto de legislação específica, 
observadas as disposições desta lei que lhes sejam aplicáveis.
[...]
Art. 11. Autor é a pessoa física criadora de obra literária, artística ou 
científica.
Parágrafo único. A proteção concedida ao autor poderá aplicar-se às 
pessoas jurídicas nos casos previstos nesta lei.
Art. 12. Para se identificar como autor, poderá o criador da obra literária, 
artística ou científica usar de seu nome civil, completo ou abreviado até por 
suas iniciais, de pseudônimo ou qualquer outro sinal convencional.
Art. 13. Considera-se autor da obra intelectual, não havendo prova em 
contrário, aquele que, por uma das modalidades de identificação referidas no 
artigo anterior, tiver, em conformidade com o uso, indicada ou anunciada essa 
qualidade na sua utilização.
Art. 18. A proteção aos direitos de que trata esta lei independe de registro.
Art. 24. São direitos morais do autor:
I- o de reivindicar, a qualquer tempo, a autoria da obra;
IV- o de assegurar a integridade da obra, opondo-se a quaisquer 
modificações ou à prática de atos que, de qualquer forma, possam prejudicá-la 
ou atingi-lo, como autor, em sua reputação ou honra;
Art. 27. Os direitos morais do autor são inalienáveis e irrenunciáveis.
Art. 29. Depende de autorização prévia e expressa do autor a utilização 
da obra, por quaisquer modalidades, tais como:
I- a reprodução parcial ou integral;
TÓPICO 2 | LEI DE DIREITOS AUTORAIS
109
Art. 41. Os direitos patrimoniais do autor perduram por setenta anos 
contados de 1° de janeiro do ano subsequente ao de seu falecimento, obedecida 
a ordem sucessória da lei civil.
Art. 96. É de setenta anos o prazo de proteção aos direitos conexos, 
contados a partir de 1º de janeiro do ano subsequente à fixação, para os 
fonogramas; à transmissão, para as emissões das empresas de radiodifusão; e 
à execução e representação pública, para os demais casos.
Art. 97. Para o exercício e defesa de seus direitos, podem os autores e os 
titulares de direitos conexos associarem-se sem intuito de lucro.
Art. 102. O titular cuja obra seja fraudulentamente reproduzida, 
divulgada ou de qualquer forma utilizada, poderárequerer a apreensão dos 
exemplares reproduzidos ou a suspensão da divulgação, sem prejuízo da 
indenização cabível.
Art. 103. Quem editar obra literária, artística ou científica, sem autorização 
do titular, perderá para este os exemplares que se apreenderem e pagar-lhe-á o 
preço dos que tiver vendido.
Parágrafo único. Não se conhecendo o número de exemplares que 
constituem a edição fraudulenta, pagará o transgressor o valor de três mil 
exemplares, além dos apreendidos.
Art. 104. Quem vender, expuser à venda, ocultar, adquirir, distribuir, 
tiver em depósito ou utilizar obra ou fonograma reproduzidos com fraude, 
com a finalidade de vender, obter ganho, vantagem, proveito, lucro direto 
ou indireto, para si ou para outrem, será solidariamente responsável com 
o contrafator, nos termos dos artigos precedentes, respondendo como 
contrafatores o importador e o distribuidor em caso de reprodução no exterior.
110
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• Ao autor do programa se confere o direito de exploração de sua criação, mas o 
autor também pode ceder esse direito a terceiros, para exploração econômica, 
mediante remuneração que podem estipular em acordo. 
• O Direito Autoral é um ramo do Direito Privado que trata das relações jurídicas 
decorrentes da criação da inteligência humana, seja literária, artística ou 
científica, bem como da exploração econômica dessas obras.
• É importante sabermos que a criação do espírito ou da inteligência humana, 
para ser protegida pelo direito, necessita que seja materializada, tornando-se 
demonstrável por alguma forma de expressão, por exemplo, no caso da área de 
TI, por meios eletrônicos (programa de computador).
• É importante sabermos ainda que a Lei de Direitos Autorais, em seu artigo 46, 
também limita os direitos autorais, conferindo a terceiros a possibilidade de 
reprodução em alguns casos.
• O direito patrimonial do autor liga-se materialmente a sua criação, permitindo-
lhe usar e gozar desses direitos com o fito de lucro ou outra vantagem 
econômica. O direito moral que liga o autor a sua obra, por sua vez, é um 
direito personalíssimo, significando o poder que tem o autor de ligar seu nome 
à obra criada, de modificá-la ou aperfeiçoá-la a seu critério, de publicá-la ou 
mantê-la em sigilo, impedindo sua publicação, ou mesmo de publicá-la sob 
pseudônimo.
• Os direitos patrimoniais do autor perduram por setenta anos contados de 
1° de janeiro do ano subsequente ao de seu falecimento, obedecida a ordem 
sucessória da lei civil.
• Decorrido o prazo de proteção, a obra passa a pertencer ao domínio público. São 
também de domínio público as obras de autores que não deixaram sucessores 
ou de autores desconhecidos.
• Sobre as sanções à violação dos Direitos Autorais, Campos (2005) afirma que 
quem reproduzir, divulgar, vender ou expor à venda, transmitir ou reproduzir 
publicamente obra de autor, sem autorização deste, ficará sujeito às sanções 
civis descritas nas leis de proteção ao direito autoral, dentre elas: ficar sujeito 
à busca e apreensão, suspensão, interdição da divulgação, da transmissão 
ou do espetáculo, sujeitando-se às perdas e aos danos mencionados na lei ou 
apurados em juízo, sem prejuízo dos procedimentos criminais cabíveis na 
defesa dos direitos e interesses dos autores.
111
AUTOATIVIDADE
1 De acordo com a Lei de Direitos Autorais (Lei n° 9.610/1998), no que tange à 
autoria das obras intelectuais:
a) ( ) O autor somente poderá ser pessoa física.
b) ( ) O autor somente poderá ser pessoa jurídica.
c) ( ) O autor poderá ser pessoa física ou pessoa jurídica.
d) ( ) Não existe previsão nesta lei sobre a autoria das obras intelectuais.
2 De acordo com a Lei de Direitos Autorais (Lei n° 9.610/1998), no que tange 
aos direitos morais do autor:
a) ( ) Os direitos morais do autor são alienáveis e irrenunciáveis.
b) ( ) Os direitos morais do autor são inalienáveis e irrenunciáveis.
c) ( ) Os direitos morais do autor não são alienáveis, nem irrenunciáveis.
d) ( ) Nenhuma das alternativas anteriores.
3 De acordo com a Lei de Direitos Autorais (Lei n° 9.610/1998), no que tange 
aos direitos patrimoniais do autor:
a) ( ) Depende da autorização prévia e expressa do autor para a utilização da 
obra.
b) ( ) Depende da autorização prévia do autor para a utilização da obra.
c) ( ) Depende da autorização expressa do autor para a utilização da obra.
d) ( ) Depende da autorização prévia e expressa do réu para a utilização da 
obra.
4 De acordo com a Lei de Direitos Autorais (Lei n° 9.610/1998), no que tange às 
sanções civis:
a) ( ) O titular cuja obra seja fraudulentamente reproduzida, divulgada ou de 
qualquer forma utilizada não poderá requerer a apreensão dos exemplares 
reproduzidos ou a suspensão da divulgação, sem prejuízo da indenização 
cabível.
b) ( ) O titular cuja obra seja fraudulentamente reproduzida, divulgada ou 
de qualquer forma utilizada, poderá requerer a apreensão dos exemplares 
reproduzidos ou a suspensão da divulgação, sem prejuízo da indenização 
cabível.
c) ( ) Quem não for titular do direito cuja obra seja fraudulentamente 
reproduzida, divulgada ou de qualquer forma utilizada poderá requerer a 
apreensão dos exemplares reproduzidos ou a suspensão da divulgação, sem 
prejuízo da indenização cabível.
d) ( ) Nenhuma das alternativas anteriores.
112
113
TÓPICO 3
AS RELAÇÕES DE CONSUMO NA TI
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Você percebeu como o direito possui relação com os acontecimentos e 
as práticas que se dão em nossa área? Se tivermos esse entendimento, podemos 
lançar mão deste conhecimento para protegermos os frutos de nosso trabalho de 
más condutas que possam acontecer tanto no mundo real, como no modo virtual.
O Tópico 3 foi reservado para o estudo das relações de consumo na TI, bem 
como os seus aspectos tributários. Segundo Campos (2005), o direito do consumidor 
é um conjunto de regras jurídicas que visa equilibrar as relações decorrentes do 
consumo de bens e serviços, preservando os interesses do consumidor.
Estudaremos as relações trabalhistas em TI e os contratos, conheceremos 
a estrutura de um contrato e quais são as características de um contrato “válido”.
2 O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR (LEI N° 
8.078/90)
De acordo com o IDEC (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), o 
Código de Defesa do Consumidor é uma lei abrangente que trata das relações de 
consumo em todas as esferas: civil, definindo as responsabilidades e os mecanismos 
para a reparação de danos causados; administrativa, definindo os mecanismos para 
o poder público atuar nas relações de consumo; e penal, estabelecendo novos tipos 
de crimes e as punições para os mesmos (IDEC, 1996-2018).
Até o ano de 1990 não havia legislação específica para a defesa do 
consumidor nas relações de consumo, ficando assim o consumidor desprovido 
de mecanismos de proteção. O presente código/lei estabelece normas de proteção 
e defesa do consumidor, de ordem pública e interesse social, nos termos do art. 
5°, inciso XXXII e art. 170, inciso V, da Constituição Federal e art. 48 de suas 
Disposições Transitórias. É o que preceitua o art. 1° do Código de Defesa do 
Consumidor. Assim, também impõe maior qualidade na fabricação dos produtos 
e no próprio atendimento das empresas aos seus clientes de um modo geral 
(IDEC, 1996-2018).
O Código de Defesa do Consumidor possui um princípio relevante na 
relação de consumo, que é o reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor 
frente ao mercado de consumo. Assim, a lei que defende o consumidor (pessoa 
física) reconhece que este consumidor é o lado “mais fraco” na relação com uma 
114
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO PARA INFORMÁTICA
empresa (pessoa jurídica), pois a empresa possui todo um aparato de estrutura, 
suportes, assessorias que o consumidor nãopossui.
É importante salientar que esse material foi desenvolvido partindo do 
pressuposto de que o profissional de TI será visualizado como fornecedor de 
produtos e/ou serviços na relação de consumo. Assim, veremos quais dispositivos 
que a Lei de Defesa do Consumidor nos proporciona para nos abrigar e não passar 
por ações judiciais em face de nosso consumidor, pois, conforme já mencionado, 
o consumidor possui a seu favor o princípio que reconhece a sua vulnerabilidade 
na relação de consumo.
São partes nas relações de consumo o consumidor e o fornecedor. O 
primeiro é o sujeito que, na sociedade de consumo, adquire bens ou contrata a 
prestação de serviços como destinatário final. O fornecedor é o que desenvolve 
atividades de produção, importação, exportação, distribuição, comercialização 
de produtos ou prestação de serviços.
NOTA
Consumidor é o sujeito que, na sociedade de consumo, adquire bens ou contrata 
a prestação de serviços como destinatário final.
Fornecedor é o que desenvolve atividades de produção, importação, exportação, distribuição, 
comercialização de produtos ou prestação de serviços.
Consumidor é toda a pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza 
produto ou serviço como destinatário final (art. 2° do Código de Defesa do 
Consumidor – CDC).
De acordo com Quadros (2004), apesar da controvérsia sobre a 
conceituação de quem pode ser reconhecido como consumidor, vem sendo 
adotada a tese prevista no CDC, em seu artigo 2º, que considera consumidor toda 
pessoa que adquire bens ou contrata a prestação de serviços como destinatário 
final, ou seja, o que age com o fim de atender sua própria necessidade ou de 
outrem, e não para o desenvolvimento de sua atividade profissional (insumo).
Portanto, para que uma pessoa jurídica seja enquadrada como 
consumidora pelo CDC, o bem ou serviço de consumo deve ser para uso 
privado. Destarte, se o bem ou serviço for utilizado por pessoa jurídica para 
atingir o seu objeto social, não existirá relação de consumo.
O Código do Consumidor, como consta de seu próprio título, tem 
por escopo defender os interesses do consumidor, considerado, conforme já 
mencionado, a parte mais fraca da relação de consumo. Suas normas se prestam a 
atingir as seguintes finalidades enumeradas em seu artigo 6° (BRASIL, 1990, s.p.):
TÓPICO 3 | AS RELAÇÕES DE CONSUMO NA TI
115
I- a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados 
por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados 
perigosos ou nocivos;
II- a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos 
e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas 
contratações;
III- a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e 
serviços, com especificação correta de quantidade, características, 
composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que 
apresentem;
IV- a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos 
comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas 
abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços;
V- a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações 
desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que 
as tornem excessivamente onerosas;
VI- a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, 
individuais, coletivos e difusos;
VII- o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à 
prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, 
coletivos ou difusos, assegurada a proteção jurídica, administrativa e 
técnica aos necessitados;
VIII- a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão 
do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério 
do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, 
segundo as regras ordinárias de experiências;
X- a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.
A Lei 8.078/1990 estabelece que o fabricante, o produtor, o construtor e o 
importador respondam, independentemente da existência de culpa, pela reparação 
de danos causados ao consumidor por defeitos de projeto, fabricação, construção, 
montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus 
produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre a sua 
utilização ou riscos.
O defeito que dá margem à reparação do dano não é o defeito estético, 
mas o defeito de substância, de concepção, aquele que determina o recolhimento 
do produto, que se manifesta em vários exemplares, como decorrência de falha 
de processo produtivo. É o caso do eletrodoméstico montado com determinado 
interruptor que, por suas características, pode causar um incêndio ou um curto-
circuito.
Campos (2005) ainda afirma que os fornecedores do produto de consumo 
respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que o 
tornem impróprio ou inadequado ao consumo, ou lhe diminuam o valor, podendo 
o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.
O vício de qualidade do produto atinge a estética, o funcionamento ou a 
qualidade do bem, em decorrência de erro ou acidentes de controle de qualidade ao 
término de produção, ou de acondicionamento e transporte, que acabam atingindo 
individualmente um ou outro produto. É o caso de eletrodoméstico que está com o 
corpo riscado ou amassado, com uma peça faltando ou com fios desligados.
116
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO PARA INFORMÁTICA
Não sendo sanado o vício, no prazo máximo de 30 dias, pode o consumidor 
exigir alternativamente ou a sua escolha: 
I) a substituição do produto;
II) a restituição da quantia paga; ou
III) o abatimento proporcional do preço.
Igualmente, respondem pelos vícios de qualidade os fornecedores de 
serviços, assim como pela disparidade com as indicações constantes da mensagem 
publicitária, podendo o consumidor exigir ou a restituição imediata da quantia 
paga, o abatimento do preço ou a reexecução dos serviços.
Diversos comportamentos contratuais são considerados abusivos pela lei 
do consumidor. Considera-se abusivo o comportamento em desconformidade com 
os padrões mercadológicos de boa conduta em relação ao consumidor. O Código 
de Defesa do Consumidor contempla, em diversos artigos, alguns comportamentos 
que podem ser considerados abusivos, tais como (BRASIL, 1990):
a) Colocar no mercado produto de alto grau de nocividade ou periculosidade 
(art. 10).
b) Comercializar produtos ou serviços impróprios (art. 18, § 6°, e art. 20, § 2°).
c) Não empregar peças de reposição adequadas (art. 21).
d) Não dispor de peças de reposição (art. 32).
e) Veicular publicidade clandestina e abusiva (arts. 36 e 37, § 2°).
Além desses, o autor afirma que o Código veda ao fornecedor de produtos 
ou serviços as demais práticas consideradas abusivas (BRASIL, 1990):
a) Não manter estoque em conformidade com a demanda.
b) Prevalecer-se da ignorância do consumidor para impingir-lhe seus produtos.
c) Executar serviços sem prévia elaboração de orçamento e autorização expressa 
do consumidor.
d) Colocar no mercado qualquer produto em desacordo com as normas dos 
órgãos oficiais respectivos.
e) Elevar o preço sem justa causa.
NOTA
Considera-se abusivo o comportamento em desconformidade com os padrões 
mercadológicos de boa conduta em relação ao consumidor.
Para o nosso conhecimento, Campos (2005) lembra que essas cláusulas 
são meramente exemplificativas, pois o Código admite que a Secretaria de Direito 
TÓPICO 3 | AS RELAÇÕES DE CONSUMO NA TI
117
Econômico baixe normas ampliando o número de cláusulas contratuais ou de 
situações de abusividade desfavoráveis ao consumidor.
A mencionada Lei 8.078/1990, em sua seção VI, nos traz que os bancos de 
dados, tal como os de Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), contendo informações 
cadastrais e pessoais, devem ficar disponíveis para acesso do consumidor quanto aseus dados. Tais cadastros devem ser elaborados em linguagem de fácil compreensão, 
não podendo conter as informações negativas por mais de cinco anos.
No caso de inexatidão dos dados, o consumidor pode exigir a sua correção, 
devendo em cinco dias úteis ser informado das alterações feitas.
O Código do Consumidor estabelece sanções administrativas, sem 
prejuízo das sanções civis e penais. São elas: apreensão do produto, cassação de 
registro, suspensão temporária de atividade, cassação de licença, interdição total 
ou parcial do estabelecimento e outras.
IMPORTANT
E
Daqui a pouco veremos o quadro completo de sanções que poderão ocorrer, 
segundo o Código de Defesa do Consumidor.
A defesa do consumidor em juízo pode ser exercida individual ou 
coletivamente. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
I- Direitos difusos, quando atinge pessoas indeterminadas (exemplo: 
danos causados por publicidade enganosa veiculada pela imprensa ou 
televisão).
II- Direitos coletivos, quando atinge uma determinada coletividade 
(exemplo: compradores de um determinado software).
III- Direitos individuais homogêneos, quando diversas pessoas 
determinadas são atingidas, cada qual com um prejuízo diferente, mas 
o dano decorre de uma origem comum (exemplo: vítimas de acidente 
aéreo; ou habitantes de uma região prejudicados com a poluição de 
um rio) (BRASIL, 1990, s.p.).
O direito de defesa poderá ser exercido, individualmente ou em grupo, 
por meio de contratação de advogado; por representação do Ministério Público; 
pelas entidades e órgãos da administração pública; ou ainda, por associações 
públicas legalmente constituídas, que tenham por fim social defender interesses 
e direitos protegidos pelo Código do Consumidor.
Confira, a partir de agora, alguns trechos da Lei de Defesa do Consumidor 
(BRASIL, 1990) que todo o profissional da TI (como é esse o nosso foco) deveria saber:
118
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO PARA INFORMÁTICA
• É um dos direitos básicos do consumidor o acesso aos órgãos judiciários 
e administrativos para a prevenção ou reparação de danos patrimoniais e 
morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção jurídica, 
administrativa e técnica aos necessitados/carentes.
• O outro é a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, 
a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, 
segundo as regras ordinárias de experiências. Isto quer dizer que o autor do 
processo (normalmente o consumidor) poderá solicitar que o fornecedor traga 
ao processo toda a comprovação da qual necessita para proteger o seu direito. 
Assim, o consumidor poderá fazer todas as alegações, desde que verossímeis 
(ditas como verdadeiras), e, no momento de produzir as provas, poderá 
solicitá-las ao fornecedor para que as traga ao processo. Isto porque, nesta lei 
o consumidor normalmente é reconhecido como a parte mais frágil da relação 
jurídica. Por padrão em um processo, a quem acusa cabe o ônus (obrigação) 
de provar o alegado, ou seja, o autor entra com o processo e é ele quem deve 
provar tudo que está sendo alegado; assim, com a inversão do ônus da prova, 
isto é, com a inversão da obrigação de provar sendo transferida ao réu, não 
cabe mais ao autor a obrigação de comprovar o alegado. 
NOTA
É bom lembrarmos que para acontecer a inversão do ônus da prova, deve-se 
provar que o consumidor realmente é a parte mais fraca da relação jurídica (é hipossuficiente) 
e o que esse mesmo consumidor está alegando é verdadeiro, tem fundamento, tem lógica 
(são verossímeis as alegações).
• O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em:
o Trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não 
duráveis.
o Noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis 
(BRASIL, 1990).
A contagem do prazo decadencial inicia-se a partir da entrega efetiva do 
produto ou do término da execução dos serviços. Interrompem a decadência, de 
acordo com Brasil (1990):
• A reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o 
fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que 
deve ser transmitida de forma inequívoca.
• Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que 
ficar evidenciado o defeito. Vício oculto é o defeito que não é de fácil percepção 
e que você vai perceber com o uso do mesmo. Por exemplo: um carro pode ter 
TÓPICO 3 | AS RELAÇÕES DE CONSUMO NA TI
119
um vício aparente e de fácil constatação que é aquele logo percebido, como um 
arranhão, um amassado, a maçaneta que não funciona; mas também pode ter 
um vício oculto: o motor que não funciona adequadamente porque perde óleo 
muito frequentemente.
• Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por 
fato do produto ou do serviço iniciando-se a contagem do prazo a partir do 
conhecimento do dano e de sua autoria.
• O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, 
em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, 
infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. 
A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de 
insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por 
má administração.
NOTA
A reclamação comprovadamente formulada é aquela feita ao fornecedor de 
produtos ou serviços de forma escrita e protocolada, preferencialmente. Assim, temos como 
provar que a reclamação foi efetivamente feita.
É importante mencionar que, tanto a inversão do ônus da prova e a 
desconsideração da personalidade jurídica da empresa foram trazidas pelo 
Código de Defesa do Consumidor. 
Conforme menciona a Lei do Consumidor, a desconsideração da 
personalidade jurídica da empresa poderá ser decretada quando em benefício 
do consumidor. Por lei, os bens da empresa e os bens do empresário não se 
comunicam, isto é, há a separação patrimonial – os bens da empresa pertencem à 
empresa e os do empresário pertencem ao empresário. Porém, caso ocorra alguma 
confusão patrimonial, ou seja, o empresário adquire algo para si (particular) 
com o dinheiro/patrimônio da empresa, a confusão patrimonial fica configurada 
(BRASIL, 1990).
Quando a confusão patrimonial ficar evidenciada por diversas causas 
conforme trazida pela Lei do Consumidor, o juiz poderá decretar a desconsideração 
da personalidade jurídica da empresa e, assim, os patrimônios da pessoa física 
(empresário) e da pessoa jurídica (empresa) se comunicam, ou seja, formam um 
“bolo” a fim de saldar as dívidas que tenham com terceiros, como empregados, 
por exemplo.
120
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO PARA INFORMÁTICA
IMPORTANT
E
É importante mencionar também que tanto a inversão do ônus da prova e a 
desconsideração da personalidade jurídica da empresa são utilizadas atualmente por outras 
causas, não somente as que envolvem o Código de Defesa do Consumidor. É o caso do 
processo civil, processo trabalhista, entre outros.
Agora, vamos verificar como o Código trata a questão da publicidade de 
uma forma geral.
• Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por 
qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços 
oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou 
dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado. “Folhetinhos/
Propaganda” – está escrito, tem que cumprir, “independente” de erros de 
impressão.
• O fornecedor do produto ou serviço é solidariamente responsável pelos 
atos de seus prepostos ou representantes autônomos. (Responde junto!)
• Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta, 
apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e a 
sua livre escolha:
o Exigir o cumprimentoforçado da obrigação, nos termos da oferta, 
apresentação ou publicidade.
o Aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente.
o Rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente 
antecipada, monetariamente atualizada e a perdas e danos.
• Publicidade enganosa ou abusiva. Por óbvio, são proibidas! É enganosa 
qualquer modalidade de publicidade, inteira ou parcialmente falsa, ou, 
por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o 
consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, 
propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e 
serviços. 
• É abusiva, dentre outras, a publicidade discriminatória de qualquer natureza, 
a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da 
deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores 
ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de 
forma prejudicial ou perigosa a sua saúde ou segurança. A publicidade 
também é enganosa por omissão, quando deixar de informar sobre dado 
essencial do produto ou serviço.
• A venda casada consiste em condicionar o fornecimento de produto ou de 
serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa 
causa, a limites quantitativos.
TÓPICO 3 | AS RELAÇÕES DE CONSUMO NA TI
121
• O fornecedor de serviço será obrigado a entregar ao consumidor orçamento 
prévio discriminando o valor da mão de obra, dos materiais e equipamentos 
a serem empregados, as condições de pagamento, bem como as datas de 
início e término dos serviços.
• Salvo estipulação em contrário, o valor orçado terá validade pelo prazo de 
dez dias, contado de seu recebimento pelo consumidor.
• Uma vez aprovado pelo consumidor, o orçamento obriga os contraentes e 
somente pode ser alterado mediante livre negociação das partes.
• O consumidor não responde por quaisquer ônus ou acréscimos decorrentes 
da contratação de serviços de terceiros não previstos no orçamento prévio.
• Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto 
ao ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou 
ameaça.
• O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do 
indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de 
correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável.
• Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os 
consumidores, se não lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento 
prévio de seu conteúdo, ou se os respectivos instrumentos forem redigidos 
de modo a dificultar a compreensão de seu sentido e alcance.
• As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao 
consumidor.
• O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de sete dias a contar de 
sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre 
que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do 
estabelecimento comercial.
• Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento, os valores 
eventualmente pagos, a qualquer título, durante o prazo de reflexão, serão 
devolvidos, de imediato, monetariamente atualizados.
FONTE: Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/1990, grifos nosso)
O Código de Defesa do Consumidor ainda considera nulas de pleno 
direito as seguintes cláusulas contratuais. São nulas de pleno direito as cláusulas 
que perdem a sua validade automaticamente, sem que o consumidor tenha que 
solicitar a sua nulidade, ou seja, se aparecerem em um contrato, é importante que 
saibamos que não possuem validade, são nulas! Vamos conferir? São elas:
• Cláusulas que estabelecem a inversão do ônus da prova em prejuízo do 
consumidor.
• Cláusulas que autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, 
sem que igual direito seja conferido ao consumidor.
• Cláusulas que obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de 
sua obrigação, sem que igual direito lhe seja conferido contra o fornecedor 
(BRASIL, 1990).
122
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO PARA INFORMÁTICA
DICAS
De acordo com Vanin (2015), o ato nulo é o ato que embora reúna os elementos 
necessários a sua existência, foi praticado com violação da lei, a ordem pública, bons costumes 
ou com inobservância da forma legal. O ato nulo precisa de decisão judicial para a retirada da 
sua eficácia. Produz efeitos antes da anulação.
Exemplo: casamento entre irmãos, os filhos têm direitos, ou seja, há efeitos na relação mesmo 
ela sendo nula.
O ato anulável é o que tem defeito de menor gravidade. Já a invalidade é uma forma genérica 
das subespécies de: nulidade e anulabilidade. Assim, tanto o ato nulo como o anulável são 
considerados inválidos. O dolo principal torna o negócio jurídico anulável (art. 171, II, CC).
Artigo 171/CC - Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio 
jurídico:
II- por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.
Exemplo: casamento de menor de 16 anos sem a permissão judicial.
As infrações das normas de defesa do consumidor ficam sujeitas, 
conforme o caso, às seguintes sanções administrativas, conforme já mencionado, 
sem prejuízo das de natureza civil, penal e das definidas em normas específicas:
• Multa.
• Apreensão do produto.
• Inutilização do produto.
• Cassação do registro do produto junto ao órgão competente.
• Proibição de fabricação do produto.
• Suspensão de fornecimento de produtos ou serviço.
• Suspensão temporária de atividade.
• Revogação de concessão ou permissão de uso.
• Cassação de licença do estabelecimento ou de atividade.
• Interdição, total ou parcial, de estabelecimento, de obra ou de 
atividade.
• Intervenção administrativa.
• Imposição de contrapropaganda.
E ainda o Código de Defesa do Consumidor nos afirma que as sanções 
previstas serão aplicadas pela autoridade administrativa, no âmbito 
de sua atribuição, podendo ser aplicadas cumulativamente, inclusive 
por medida cautelar (medida de urgência), antecedente ou incidente 
de procedimento administrativo (BRASIL, 1990, s.p., grifo nosso).
Sobre as sanções penais, o artigo 66 do Código de Defesa do consumidor 
estabelece que:
“Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou omitir informação relevante 
sobre a natureza, característica, qualidade, quantidade, segurança, desempenho, 
durabilidade, preço ou garantia de produtos ou serviços. Pena: Detenção de três 
meses a um ano e multa” (BRASIL, 1990, s.p., grifo nosso).
O artigo 70 desta mesma lei preconiza que:
TÓPICO 3 | AS RELAÇÕES DE CONSUMO NA TI
123
“Empregar na reparação de produtos, peça ou componentes de reposição 
usados, sem autorização do consumidor. Pena: Detenção de três meses a um ano 
e multa” (BRASIL, 1990, s.p.).
Em seguida, o artigo 71 nos fala sobre o emprego de meios de coação na 
cobrança de dívidas. Vamos acompanhar?
Utilizar, na cobrança de dívidas, de ameaça, coação, constrangimento 
físico ou moral, afirmações falsas incorretas ou enganosas ou 
de qualquer outro procedimento que exponha o consumidor, 
injustificadamente, a ridículo ou interfira com seu trabalho, descanso 
ou lazer. Pena: Detenção de três meses a um ano e multa (BRASIL, 
1990, s.p.).
Também temos o art. 74, que menciona o preenchimento do termo de 
garantia: 
“Deixar de entregar ao consumidor o termo de garantia adequadamente 
preenchido e com especificação clara de seu conteúdo. Pena: Detenção de um a 
seis meses ou multa” (BRASIL, 1990, s.p.).
A Lei do Consumidor também menciona as situações agravantes, ou seja, 
as circunstâncias nas quais estes crimes são cometidos e que podem aumentar a 
pena. Estas situações são trazidas para nós no artigo 76, incisos I ao V da lei. 
I- serem cometidos em época de grave crise econômica ou por ocasião 
de calamidade;
II- ocasionarem grave dano individual oucoletivo;
III- dissimular-se a natureza ilícita do procedimento;
IV- quando cometidos:
a) por servidor público, ou por pessoa cuja condição econômico-social 
seja manifestamente superior à da vítima;
b) em detrimento de operário ou rurícola; de menor de dezoito ou 
maior de sessenta anos ou de pessoas portadoras de deficiência mental 
interditadas ou não;
V- serem praticados em operações que envolvam alimentos, 
medicamentos ou quaisquer outros produtos ou serviços essenciais.
Ainda, quando se tratar de Código de Defesa do Consumidor, o 
Ministério sempre será o fiscal, mesmo que não tenha ajuizado a ação! 
É o que nos demonstra o artigo 92: O Ministério Público, se não ajuizar 
a ação, atuará sempre como fiscal da lei (BRASIL, 1990, s.p.).
IMPORTANT
E
Caro acadêmico! É importante que você conheça os direitos e deveres do 
consumidor que acabamos de estudar, pois em nossa área podemos prestar serviços e/ou 
vender produtos ou mão de obra para diversos clientes que, como já sabemos, são considerados 
consumidores. É importante estarmos atentos ao Código de Defesa do Consumidor!
124
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO PARA INFORMÁTICA
3 ASPECTOS TRIBUTÁRIOS NA TI
Antes de começar a estudar os aspectos tributários na TI, precisamos 
conhecer alguns conceitos que irão facilitar a nossa compreensão sobre este 
assunto.
O nosso Código Tributário Nacional, Lei n° nº 5.172/1966, define em seu 
artigo 3° que tributo é toda contribuição pecuniária compulsória, em moeda ou 
cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída 
em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. 
Em outras palavras, o tributo é um valor a ser pago de forma obrigatória 
(compulsória) em dinheiro (pecuniária) ou em bens, por particulares para o 
Estado. O Estado somente poderá criar, modificar ou extinguir um tributo através 
de lei quando essa lei for apreciada pelo Legislativo, pois o tributo não poderá 
ser ilegal. E a cobrança desse tributo deverá ser feita pelo órgão da Administração 
que está vinculado ao tributo.
Você já deve ter ouvido falar em imposto, taxa, contribuição de melhoria. 
Conhece a diferença entre estes termos? Vejamos:
• Imposto: é um tributo que é cobrado de modo genérico, não obrigando o Estado 
a uma contraprestação específica em prol do contribuinte, porque se destina de 
um modo geral ao bem comum, por exemplo: IPI, ICMS, PIS, COFINS, ISS.
• Taxa: é um tributo que está vinculado a uma contraprestação direta do Estado 
em benefício do contribuinte. Por exemplo: taxa de emissão de certidão 
negativa, taxa para obtenção de um serviço.
• Contribuição de Melhoria: é um tributo cobrado pelo Estado dos proprietários 
de imóveis beneficiados por determinada obra, que terá como limite total a 
despesa realizada na construção da obra em questão. Por exemplo: contribuição 
para reforma ou construção; contribuição de melhoria de uma praça em frente 
a sua empresa.
É importante sabermos também que todo tributo possui um fato gerador, 
um sujeito ativo e um sujeito passivo. 
O fato gerador: é o acontecimento discriminado na lei que, ao ser praticado 
por alguém, dá origem à obrigação de pagar um tributo. Por exemplo: O ICMS 
tem como fato gerador a emissão da Nota Fiscal de Venda de Mercadorias e/ou 
Prestação de Serviços, isto é, a circulação de mercadorias e/ou prestação de serviços. 
O sujeito ativo: é a pessoa jurídica de direito público; a União, Estados, 
Municípios e Distrito Federal, que têm competência para exigir o cumprimento 
da obrigação tributária. 
E o sujeito passivo: é a pessoa que tem o dever de pagar o tributo. 
Normalmente é o contribuinte que, ao praticar o fato gerador, dá origem ao tributo.
TÓPICO 3 | AS RELAÇÕES DE CONSUMO NA TI
125
Os impostos que incidem quando da emissão da nota fiscal são: 
• O ICMS: Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de 
Serviços de Transporte Interestadual e de Comunicação. Este imposto é de 
competência estadual e sua alíquota varia de 7% a 25% de acordo com o Estado 
e a mercadoria ou serviço tributado. O valor do ICMS já vem incluído no valor 
das mercadorias/serviços constantes na Nota Fiscal, tanto das compras feitas 
pela empresa, como a das vendas por ela efetuadas. A empresa deve recolher ao 
governo, mensalmente, o valor do ICMS apurado, destacado nas Notas Fiscais. 
As datas de recolhimento são preestabelecidas pelo próprio Governo Estadual. 
Esta apuração é feita pela diferença entre o valor do ICMS que cobramos do 
cliente nas vendas, menos o valor do ICMS que pagamos quando compramos. 
Assim, nas compras a empresa tem o direito de recuperar o valor do ICMS 
pago ao fornecedor, e nas vendas tem a obrigação de recolher ao governo o 
respectivo valor do ICMS destacado na Nota Fiscal. A apuração do imposto 
é feita segundo o princípio da não cumulatividade do imposto, ou seja, não 
podemos somar o valor do ICMS de compras com o valor do ICMS de vendas, 
pois os mesmos não se acumulam.
• IPI: Imposto sobre Produtos Industrializados. Este imposto é de competência 
da União e a sua alíquota é de acordo como a necessidade dos consumidores, 
ou seja, se o produto não for de extrema necessidade de consumo, terá uma 
alíquota mais alta. Todos os produtos considerados como supérfluos terão 
suas alíquotas maiores, enquanto que produtos considerados necessários ao 
consumo terão suas alíquotas mais baixas. O valor do IPI já vem destacado 
na Nota Fiscal, tanto das compras feitas pela empresa como das vendas por 
ela efetuadas. A empresa deve recolher ao governo decendialmente, ou seja, 
a cada dez dias, o valor do IPI apurado destacado nas Notas Fiscais. As datas 
de recolhimento são preestabelecidas pelo próprio Governo Federal. Esta 
apuração é feita pela diferença entre o valor do IPI que cobramos do cliente nas 
vendas, menos o valor do IPI que pagamos quando compramos.
• DARF-SIMPLES: Imposto recolhido pelas empresas optantes pelo regime 
SIMPLES, sendo Microempresa (ME) ou Empresa de Pequeno Porte EPP. 
Este imposto incide sobre o valor total de faturamento das empresas, vendas 
de mercadorias e serviços, conforme Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996 
e subsequentes alterações e instrução normativa nº 355, de 29 de agosto de 
2003, que dispõe sobre o Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e 
Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte (Simples).
Segundo o artigo 14 da Lei n° 11.774, de 17 de setembro de 2008, que 
altera alguns tributos federais, as alíquotas em relação às empresas que prestam 
serviços de tecnologia da informação – TI e de Tecnologia da Informação e 
Comunicação – TIC ficam reduzidas pela subtração de 1/10 (um décimo) do 
percentual correspondente à razão entre a receita bruta de venda de serviços para 
o mercado externo e a receita bruta total de vendas de bens e serviços, após a 
exclusão dos impostos e contribuições incidentes sobre a venda.
Assim, passam a recolher pela nova sistemática as empresas que se 
dedicam exclusivamente às seguintes atividades (conforme o § 4° do artigo 14):
126
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO PARA INFORMÁTICA
I- Análise e desenvolvimento de sistemas.
II- Programação.
III- Processamento de dados e congêneres.
IV- Elaboração de programas de computadores, inclusive de jogos 
eletrônicos.
V- Licenciamento ou cessão de direito de uso de programas de 
computação.
VI- Assessoria e consultoria em informática.
VII- Suporte técnico em informática, inclusive instalação, configuração 
e manutenção de programas de computação e bancos de dados.
VIII- Planejamento, confecção, manutenção e atualização de páginas 
eletrônicas (BRASIL, 2008, s.p.).
Portanto, excluem-se expressamente da nova sistemática as empresas 
comerciais, ou seja, que se dedicam à Representação, Distribuição ou Revenda de 
produtos de TIC.
Assim, para termos uma ideia do que está sendovisto aqui, as empresas 
com as atividades mencionadas nos incisos anteriores (artigo 14, § 4) passarão a 
recolher 2,5% (dois e meio por cento) sobre a receita bruta a título de contribuição 
à seguridade social (patronal), ao contrário dos usuais 20% (vinte por cento) sobre 
a folha de pagamento (BRASIL, 2008).
DICAS
Caro acadêmico! Através do link <http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/
leis/2008/lei11774.htm> você terá acesso à Lei n° 11.774, de 17 de setembro de 2008, na 
íntegra. Confira!
Se o software de prateleira for importado via download, de acordo 
com Soluções de Consulta da Receita Federal, não há a incidência do Imposto 
de Importação, bem como do PIS/Importação e Cofins/Importação. Para 
acompanharmos, em seguida, temos uma solução da Receita Federal nesse 
sentido. Vamos conferir?
Solução de consulta nº 43, de 3 de junho de 2009. Ementa: Software 
de prateleira. Transferência por meio eletrônico (download). Não há 
base legal para a incidência do imposto de importação bem como da 
Cofins/Importação e do PIS/Importação na aquisição de Software de 
prateleira, se transferido ao adquirente por meio eletrônico, ou seja, 
sem o uso de suporte físico (ASSESPRO, 2012, s.p.).
Assim, podemos entender que na importação de um software de prateleira 
via download não incidem ICMS e IPI.
De acordo com a Lei 11.774/2008, se o programa de computador for 
importado mediante remessa de um meio físico, há a tributação normal de 
TÓPICO 3 | AS RELAÇÕES DE CONSUMO NA TI
127
Imposto de Importação, PIS/Importação, Cofins/Importação, ICMS e IPI sobre 
o meio físico, desde que este esteja discriminado separadamente na fatura 
comercial. Caso não ocorra a discriminação do meio físico, o pagamento dos 
tributos recairá sobre o valor total da remessa, ou seja, sobre o valor total do 
programa de computador importado.
Se for o caso de importação de uma licença de uso de um programa de 
computador, deve ocorrer a retenção de Imposto de Renda, salvo se houver 
um acordo para evitar a bitributação entre o Brasil e o país-sede da empresa 
exportadora, ou ainda, salvo se o software for adquirido para revenda (software 
de prateleira), conforme solução de consulta da Receita Federal a seguir:
Solução de consulta nº 336/04. Órgão: Superintendência Regional da 
Receita Federal – SRRF / 8ª Região Fiscal / Imposto sobre a Renda Retido 
na Fonte – IRRF. Remessas para o exterior – programas de computador 
(software). Não estão sujeitas à incidência do imposto de renda na 
fonte as importâncias pagas, creditadas, entregues, empregadas ou 
remetidas ao exterior pela aquisição de programas de computador-
software destinados à comercialização no Brasil, se produzidos em 
larga escala e de maneira uniforme e colocados no mercado para 
aquisição por qualquer interessado, sem envolver rendimentos de 
direitos autorais, por tratar-se de mercadorias (ASSESPRO, 2012, s.p.).
128
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• Até o ano de 1990 não havia legislação específica para a defesa do consumidor 
nas relações de consumo, ficando assim o consumidor desprovido de 
mecanismos de proteção.
• A Lei do Consumidor ou Código de Defesa do Consumidor ou Lei de Defesa 
do Consumidor, que defende o consumidor (pessoa física) e reconhece que 
este é o lado “mais fraco” na relação com uma empresa (pessoa jurídica), pois 
a empresa possui todo um aparato de estrutura, suportes, assessorias que o 
consumidor não possui.
• O consumidor possui a seu favor o princípio que reconhece a sua vulnerabilidade 
na relação de consumo.
• São partes nas relações de consumo o consumidor e o fornecedor. O primeiro é 
o sujeito que, na sociedade de consumo, adquire bens ou contrata a prestação de 
serviços como destinatário final. O fornecedor é o que desenvolve atividades de 
produção, importação, exportação, distribuição, comercialização de produtos 
ou prestação de serviços.
• A lei do consumidor estabelece que o fabricante, o produtor, o construtor e o 
importador respondem pela reparação de danos causados ao consumidor por 
defeitos de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, 
apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por 
informações insuficientes ou inadequadas sobre a sua utilização ou riscos.
• Não sendo sanado o vício, no prazo máximo de 30 dias, pode o consumidor 
exigir alternativamente ou a sua escolha: 
o a substituição do produto;
o a restituição da quantia paga; ou
o o abatimento proporcional do preço.
• A inversão do ônus da prova e a desconsideração da personalidade jurídica da 
sociedade são alguns dos direitos básicos amparados pela Lei do Consumidor.
• A inversão do ônus da prova e a desconsideração da personalidade jurídica 
da empresa são utilizadas atualmente por outras causas, não somente as que 
envolvem o Código de Defesa do Consumidor. É o caso do processo civil, 
processo trabalhista, entre outros.
129
• Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta, 
apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua 
livre escolha:
o Exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, 
apresentação ou publicidade.
o Aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente.
o Rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente 
antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos.
• É enganosa qualquer modalidade de publicidade, inteira ou parcialmente falsa, 
ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro 
o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, 
propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços. 
• É abusiva a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite 
à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de 
julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que 
seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou 
perigosa a sua saúde ou segurança. A publicidade também é enganosa por 
omissão, quando deixar de informar sobre dado essencial do produto ou 
serviço.
• A venda casada consiste em condicionar o fornecimento de produto ou de 
serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa 
causa, a limites quantitativos.
• O fornecedor de serviço será obrigado a entregar ao consumidor orçamento 
prévio.
• O consumidor não responde por quaisquer ônus ou acréscimos decorrentes da 
contratação de serviços de terceiros não previstos no orçamento prévio.
• Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto ao 
ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça.
• As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao 
consumidor.
• O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de sete dias a contar de 
sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre 
que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do 
estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio.
• O tributo é um valor a ser pago de forma obrigatória em dinheiro ou em bens, 
por particulares para o Estado.
130
• São elementos de uma obrigação tributária:
o Fato Gerador: é o acontecimento discriminado na lei que, ao ser praticado 
por alguém, dá origem à obrigação de pagar um tributo. Por exemplo: 
O ICMS tem como fato gerador a emissão da Nota Fiscal de Venda de 
Mercadorias e/ou Prestação de Serviços, isto é, a circulação de mercadorias 
e/ou prestação de serviços.
o Sujeito Ativo: é a pessoa jurídica de direito público; a União, Estados, 
Municípios e Distrito Federal, que têm competência para exigir o 
cumprimento da obrigação tributária.
o Sujeito Passivo: é a pessoa que tem o dever de pagar o tributo. Normalmenteé o contribuinte que, ao praticar o fato gerador, dá origem ao tributo.
• Os impostos que incidem quando da emissão da nota fiscal são: ICMS, IPI, 
Simples, se for o caso.
131
1 Segundo o Código de Defesa do Consumidor, assinale a alternativa que 
corresponde a UM dos direitos básicos do consumidor:
a) ( ) A efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, 
individuais, coletivos e difusos.
b) ( ) Em se tratando de produto industrial, ao fabricante cabe prestar as 
informações a que se refere este artigo, através de impressos apropriados 
que devam acompanhar o produto.
c) ( ) O fornecedor de produtos e serviços que, posteriormente à introdução 
no mercado de consumo, tiver conhecimento da periculosidade que 
apresentam, deverá comunicar o fato imediatamente às autoridades 
competentes e aos consumidores, mediante anúncios publicitários.
d) ( ) Sempre que tiverem conhecimento de periculosidade de produtos ou 
serviços à saúde ou segurança dos consumidores, a União, os Estados, o 
Distrito Federal e os Municípios deverão informá-los a respeito.
2 De acordo com o Código de Defesa do Consumidor:
I- Consumidor é toda pessoa física que adquire ou utiliza produto ou serviço 
como destinatário final.
II- Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou 
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade 
de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, 
exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de 
serviços.
III- Produto é qualquer bem, móvel, material ou imaterial.
IV- Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante 
remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e 
securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.
Estão CORRETAS:
a) ( ) As afirmativas I, II e III.
b) ( ) As afirmativas II e III.
c) ( ) As afirmativas II e IV.
d) ( ) As afirmativas I, II e IV.
3 Assinale a alternativa CORRETA. De acordo com o Código de Defesa do 
Consumidor, é considerada propaganda enganosa:
a) ( ) Qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter 
publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou por qualquer outro modo, 
mesmo por omissão, capaz de induzir ao erro o consumidor a respeito da 
natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, 
preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços.
AUTOATIVIDADE
132
b) ( ) Qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter não 
publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, 
mesmo por omissão, capaz de induzir ao erro o consumidor a respeito da 
natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, 
preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços.
c) ( ) Condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento 
de outro produto ou serviço, bem como sem justa causa, a limites 
quantitativos.
d) ( ) Elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços.
4 Mévio, cliente do banco XYZ S.A., ingressou com uma ação para revisar 
um contrato de financiamento que possui junto à instituição financeira. 
Na petição inicial da ação de revisão, Mévio não juntou todos os extratos 
necessários, tampouco o contrato referido. Sendo assim, Mévio (o autor) 
fica impossibilitado de comprovar todos os fatos que alega na petição 
inicial. Qual é a alternativa que cabe ao autor para não perder o seu direito 
à revisão contratual? 
a) ( ) Entrar com uma ação de indenização por danos morais contra o banco.
b) ( ) Fazer uso de um recurso chamado de apelação para que o banco 
traga ao processo toda a documentação necessária, uma vez que Mévio é 
considerado a parte mais frágil desta relação jurídica.
c) ( ) Fazer uso de um instituto chamado legítima defesa para que o banco 
não se negue a trazer ao processo toda a documentação da qual necessita 
Mévio.
d) ( ) Fazer uso de um instituto chamado de inversão do ônus da prova para 
que o banco traga ao processo toda a documentação necessária, uma vez 
que Mévio é considerado a parte mais frágil desta relação jurídica.
133
TÓPICO 4
RELAÇÕES TRABALHISTAS NA TI
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Um dos pontos que podem ser contraditórios em nossa área é a forma de 
contratação. Existem casos que as empresas tratam com seu pessoal por contratos, 
porém exigem cumprimento de horário, subordinalidade, dentre outros aspectos. 
Essa é uma forma de contratação válida ou serve apenas como meio da empresa 
eximir-se das obrigações trabalhistas?
O Tópico 4 foi reservado para o estudo das relações trabalhistas na TI. 
Aqui, veremos como poderá se dar a contratação de um profissional em nossa 
área de modo legal, bem como a dispensa desse profissional, e também como é 
visto o uso ético das informações em TI.
Estudaremos os contratos relacionados à nossa área, conheceremos 
a estrutura de um contrato e quais são as características de um contrato com 
validade jurídica. 
2 FORMAS DE CONTRATAÇÃO 
Uma situação que frequentemente vemos acontecer no ramo da TI é aquela 
em que os empresários, para escapar da carga fiscal e até mesmo remunerarem de 
modo mais adequado os profissionais do meio, acabam por contratar pelo regime 
de prestação de serviços, ao invés de contratar pelo regime celetista. É a onda da 
terceirização. Você já se deparou com uma dessas situações?
Esse tipo de contratação é perfeitamente legal, mas exige do empresário 
alguns cuidados para que essa contratação não mascare uma relação trabalhista. 
Quando isso ocorre, vemos ex-empregados moverem ações trabalhistas, 
objetivando o reconhecimento do vínculo trabalhista e, consequentemente, a 
devida indenização, envolvendo as férias, décimo terceiro, FGTS, horas extras e 
demais verbas a que fariam jus numa relação trabalhista via CLT.
Para quem se utiliza da terceirização, é importante saber que o vínculo 
trabalhista se constitui de aspectos como a habitualidade, a subordinação, a 
pessoalidade e a dependência econômica.
• Habitualidade: é o serviço prestado de forma não eventual, ou seja, ocorre de 
uma forma continuada. Isso não significa que tenha que ocorrer durante toda a 
jornada semanal. Mesmo trabalhando em dois ou três dias por semana apenas, 
134
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO PARA INFORMÁTICA
o vínculo poderá ser configurado, caso seja verificada a continuidade desta 
prestação de serviços, durante certo tempo.
• Subordinação: é a obrigação do prestador de serviços em seguir as ordens do 
contratante. Por exemplo, no caso da informática, pode-se dizer que é a obrigação 
de escrever determinado programa utilizando linguagens e metodologias 
determinadas pelo patrão, no local e no tempo que ele determinar.
• Pessoalidade: é o caráter personalíssimo do trabalho a ser desenvolvido, 
ou seja, o terceiro contratado não pode ser substituído por outra pessoa no 
desenvolvimento da atividade.
• Dependência econômica: é o recebimento de remuneração pelos serviços 
prestados, em caráter exclusivo ou predominante, ou seja, o contrato constitui-
se na única ou principal fonte de renda do prestador de serviços.
IMPORTANT
E
Para caracterizar o vínculo empregatício é necessário que os quatro aspectos 
estejam presentes na relação de emprego. E não adianta estipular uma cláusula no contrato 
de terceirização que a relação não constitui vínculo empregatício. Esta cláusula é tratada 
como cláusula nula!
3 FORMAS DE RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
Segundo Campos (2005), se o empregador toma a iniciativa para dar o 
contrato de trabalho por rescindido, o faz por uma das duas razões: I) por motivo 
justificado (justa causa); ou II) sem motivo justificado (sem justa causa).
A dissolução do contrato de trabalho será considerada de justa causa 
quando tiver por fundamento um atopraticado pelo empregado dentre os 
taxativamente previstos em lei, isto é, de acordo com Campos (2005):
I- ato de improbidade (desonestidade, furto, falta de integridade);
II- incontinência de conduta (mau comportamento);
III- mau procedimento (perturbação ao trabalho);
IV- negociação habitual;
V- condenação criminal;
VI- desídia (negligência, desleixo);
VII- embriaguez;
VIII- violação de segredo da empresa;
IX- indisciplina e insubordinação (viola regras e desobedece ordens);
X- abandono do emprego (em regra 30 dias);
XI- ato lesivo à honra e à boa fama (do empregador);
XII- ofensa física (agressão);
XIII- prática de jogos de azar; e
XIV- atos atentatórios à segurança nacional.
TÓPICO 4 | RELAÇÕES TRABALHISTAS NA TI
135
Campos (2005) ainda afirma que o empregador pode praticar atos ou tomar 
atitudes que impliquem em justa causa e proporcionem ao empregado pedir a 
extinção do contrato de trabalho. A lei trabalhista enumera algumas situações: 
I) tratamento com rigor excessivo; II) exigência de serviços superiores às suas 
forças; III) imposição de atividades de risco ou perigo; IV) descumprimento de 
cláusulas contratuais; V) prática de atos lesivos à honra do empregado ou de sua 
família; VI) redução do trabalho para que tenha reduzida a sua remuneração.
4 USO ÉTICO DAS INFORMAÇÕES NA TI
O objetivo da segurança da informação é proteger patrimônio e reputação, 
que está cada vez mais em dados, informações, garantindo confidencialidade, 
integridade e disponibilidade.
• Confidencialidade: assegura que os dados confidenciais (e no fundo todos os 
dados são confidenciais) sejam lidos somente pelos interessados, devidamente 
identificados e que não sejam abertos para outros não autorizados e para o 
público em geral.
• Integridade: garante que os dados ou os programas não sofram modificações 
não autorizadas (fraudes, sabotagens, infecção por vírus).
• Disponibilidade: assegura que os sistemas, a rede, as aplicações e os dados 
estejam on-line e que sejam acessíveis quando os usuários autorizados 
necessitarem.
DICAS
Sabemos que os profissionais de TI ainda não possuem um código de ética, 
como é o caso dos advogados, por exemplo.
A seguir, veremos algumas condutas, por meio de jurisprudências, que 
demonstram a falta de ética dos profissionais de nossa área e também ensejam 
motivos de demissão por justa causa. É importante lembrar também que a 
empresa tem legitimidade para fazer monitoramento e usar as provas eletrônicas. 
Fique atento! 
RITO SUMARÍSSIMO. RECURSO ORDINÁRIO. JUSTA CAUSA. 
ART. 482, "b", DA CLT. Burla de regras da empresa para acesso a 
sítios, o que era vedado. Norma regulamentar da qual o reclamante 
tinha conhecimento prévio. Computador e internet, instrumentos de 
trabalho utilizados irregularmente, para uso pessoal. Incontinência 
de conduta e mau procedimento. Falta grave que está caracterizada 
(TRT02, RO 01875200843102004, Relator Carlos Francisco Bernardo, 
Julgado em 17/02/2009).
136
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO PARA INFORMÁTICA
No caso da jurisprudência acima, podemos verificar que o funcionário 
fez o acesso a sites, o que era vedado por meio dos computadores da empresa. 
Pelo que podemos verificar na jurisprudência, o funcionário teve conhecimento 
prévio de que esta conduta era proibida na política da empresa e, mesmo assim, 
a desobedeceu. Para a empresa em questão, o computador é instrumento de 
trabalho e não poderia ter sido utilizado para uso pessoal, o que acabou por 
acontecer. Desta forma, uma falta grave está caracterizada, o que pode ensejar 
motivo para uma demissão por justa causa.
Também é importante que saibamos que a empresa possui legitimidade 
para fazer o monitoramento de e-mails, materiais etc. que transitam pela rede da 
própria empresa. Vejamos outro caso: 
Despedida por justa causa. Mau procedimento. Uso indevido de correio 
eletrônico. Quando se caracteriza. Prova que evidencia a utilização 
do e-mail funcional, pelo empregado, para difundir informações 
tendentes a denegrir a imagem da empregadora. Constitui justa causa 
para a despedida o uso indevido do correio eletrônico fornecido pelo 
empregador, não se podendo cogitar de infração ao disposto no artigo 
5º, inciso XII da CF, já que o serviço de “e-mail” é ferramenta fornecida 
para uso estritamente profissional. Sentença mantida (Acórdão nº 
00168-2007-203-04-00-3 RO, TRT 4ª Região).
Como podemos verificar nesta jurisprudência, o funcionário acabou por 
ser despedido da empresa por justa causa por ter utilizado o e-mail da própria 
empresa para denegrir a imagem da empresa. Neste caso, não há o que se falar em 
privacidade no ambiente de trabalho, pois, pelo entendimento jurisprudencial, não 
há privacidade no ambiente de trabalho, e, conforme já mencionado, a empresa 
possui competência/legitimidade para monitorar qualquer tipo de material que 
trafega pelas redes da empresa. Neste caso, o funcionário entrou com um recurso 
com o objetivo de modificar a decisão da justa causa, mas sem sucesso, a sentença, 
neste caso, ficou mantida. Vejamos um caso bastante semelhante. Você consegue 
interpretá-lo?
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. 
SANÇÃO DISCIPLINAR. SUSPENSÃO. USO INDEVIDO DE 
E-MAIL CORPORATIVO. O quadro fático delineado no acórdão 
regional demonstrou que não se trata de ingerência à vida privada do 
empregado, mas, sim, desrespeito à norma interna da empresa que, 
expressamente, proíbe o uso de correio eletrônico corporativo, para 
divulgar material pornográfico (Processo nº AIRR –1649/2001-001-03-
00; 7ª Turma do TST, grifo nosso).
A seguir, mais uma jurisprudência que vem ao encontro de nosso assunto: 
Uso indevido de e-mail e ferramentas tecnológicas corporativas:
Demissão por justa causa. Não há privacidade no ambiente de trabalho.
Despedida por justa causa. Mau procedimento. Uso indevido de correio 
eletrônico. Quando se caracteriza. Prova que evidencia a utilização 
do e-mail funcional, pelo empregado, para difundir informações 
tendentes a denegrir a imagem da empregadora. Constitui justa causa 
para a despedida o uso indevido do correio eletrônico fornecido pelo 
TÓPICO 4 | RELAÇÕES TRABALHISTAS NA TI
137
empregador, não se podendo cogitar de infração ao disposto no artigo 
5º, inciso XII da CF, já que o serviço de “e-mail” é ferramenta fornecida 
para uso estritamente profissional. Sentença mantida. (Acórdão nº 
00168-2007-203-04-00-3 RO, TRT 4ª Região).
Para esclarecimento, segue o artigo 5º, inciso XII da Constituição Federal 
(1988) que é mencionado no caso acima: “é inviolável o sigilo da correspondência 
e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, 
no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer 
para fins de investigação criminal ou instrução processual penal”.
Podemos verificar nas jurisprudências acima a falta de ética no uso das 
ferramentas corporativas. Para utilizarmos estas ferramentas de modo coerente, 
é interessante que prestemos atenção às seguintes dicas (PECK, 2006): 
• Cautela na redação: e-mail corporativo é papel timbrado digital da empresa.
• Não tratar de assuntos pessoais através do e-mail profissional.
• Não enviar informações confidenciais: isso pode caracterizar crime de violação 
de segredo profissional ou concorrência desleal.
• Não repassar boatos ou “correntes” recebidas.
• Não clicar em qualquer link recebido por mensagens eletrônicas, ou abrir 
anexos sem passar pelo antivírus.
Você deve se perguntar sobre alguns aspectos da política de segurança, 
para estes casos adotados pela empresa. A doutrina deixa bastante claro alguns 
aspectos em relação às sanções que foram aplicadas nas jurisprudências que 
acabamos de analisar. Vamos conferir?
• As punições só podem ser aplicadas se houver regras claras.
• A melhor forma de resguardar todas as partes é contar com umapolítica 
transparente e bem divulgada.
• As normas devem dizer o que pode ser feito e o que é proibido! Pois para 
alguns intérpretes: “O que não é proibido, então é permitido”.
• As regras devem estar visíveis para que o funcionário saiba que está entrando 
em ambiente monitorado e possa decidir.
• A punição pode variar de uma advertência até a demissão no caso de reincidência 
ou de infração grave. A empresa não precisa comprovar que teve prejuízo, basta 
comprovar o descumprimento das regras. No setor público, ainda se aplica a 
Lei 8.112/90, que diz que o servidor não pode fazer uso particular de recursos 
públicos.
No que diz respeito ao uso de senhas, devemos ter o máximo de cuidado, 
por óbvio, na hora de criar uma senha e também no momento de utilizá-la, 
como provavelmente já foi visto em outras disciplinas, pois, atualmente, a 
senha, segundo Pinheiro (2006), é evidência de autoria, ela (a senha) é a nossa 
identificação digital. A mesma autora ainda assevera que emprestar a senha é 
como passar um “cheque em branco” para alguém. Além disso, podemos incorrer 
138
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO PARA INFORMÁTICA
no crime de falsa identidade, como prevê o nosso Código Penal em seus artigos 
307 e 308. Vejamos:
Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter 
vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a 
outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato não 
constitui elemento de crime mais grave.
Art. 308 - Usar, como próprio, passaporte, título de eleitor, caderneta 
de reservista ou qualquer documento de identidade alheia ou ceder a 
outrem, para que dele se utilize documento dessa natureza, próprio 
ou de terceiro:
Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e multa, se o fato não 
constitui elemento de crime mais grave (BRASIL, 1940, s.p.).
O Departamento de Defesa Americano (DoD) publicou, em 1985, algumas 
diretrizes no que diz respeito à criação, uso e manutenção de senhas. Essas 
diretrizes, segundo Smith (2002), deram origem às seguintes regras:
• Cada senha escolhida deve ser nova e diferente, já que o uso de uma única 
senha para vários sistemas pode dar aos invasores uma grande vantagem ao 
interceptar uma só senha.
• Senhas devem ser memorizadas. Se uma senha é registrada em papel, este deve 
ser armazenado em local seguro.
• Senhas devem ser compostas de pelo menos seis caracteres, provavelmente 
mais, dependendo do tamanho do conjunto de caracteres usados, se contêm 
apenas números, números e letras, ou se contêm uma combinação de números, 
letras e outros caracteres do teclado, por exemplo: “*”, “%”, “$”, “#”, “@” e 
outros. 
• Senhas devem ser substituídas periodicamente.
• Senhas devem conter uma mistura de letras (tanto maiúsculas quanto 
minúsculas), dígitos e caracteres de pontuação.
Assim, verifica-se como pode ser dar a contratação de um profissional em 
nossa área de TI sem que se tenham problemas futuros e também qual é a atitude 
que deverá ser adotada pelo profissional em seu ambiente de trabalho, evitando 
assim, despedidas por justa causa.
139
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você aprendeu que:
• Uma situação que frequentemente vemos acontecer no ramo da TI é aquela em 
que os empresários, para escapar da carga fiscal e até mesmo remunerarem 
de modo mais adequado os profissionais do meio, acabam por contratar pelo 
regime de prestação de serviços, ao invés de contratar pelo regime celetista.
• Segundo Campos (2005), se o empregador toma a iniciativa de dar o contrato 
de trabalho por rescindido, o faz por uma das duas razões: I) por motivo 
justificado (justa causa); ou II) sem motivo justificado (sem justa causa).
• O objetivo da segurança da informação é proteger patrimônio e reputação, 
que está cada vez mais em dados, informações, garantindo confidencialidade, 
integridade, disponibilidade.
• Sabemos que os profissionais de TI ainda não possuem um código de ética, 
como é o caso dos advogados que possuem, por exemplo.
• É importante que saibamos que a empresa possui legitimidade para fazer o 
monitoramento de e-mails, materiais etc. que transitam pela rede da própria 
empresa.
• Para utilizarmos as ferramentas corporativas de modo coerente é interessante 
que prestemos atenção às seguintes dicas: 
o Cautela na redação: e-mail corporativo é papel timbrado digital da empresa.
o Não tratar de assuntos pessoais através do e-mail profissional.
o Não enviar informações confidenciais: isso pode caracterizar crime de 
violação de segredo profissional ou concorrência desleal.
o Não repassar boatos ou “correntes” recebidas.
o Não clicar em qualquer link recebido por mensagens eletrônicas, ou abrir 
anexos sem passar pelo antivírus.
• A doutrina deixa bastante claro alguns aspectos em relação às sanções que 
foram aplicadas nas jurisprudências que acabamos de analisar.
o As punições só podem ser aplicadas se houver regras claras.
o A melhor forma de resguardar todas as partes é contar com uma política 
transparente e bem divulgada.
o As normas devem dizer o que pode ser feito e o que é proibido, pois para 
alguns intérpretes: “O que não é proibido, então é permitido”.
o As regras devem estar visíveis para que o funcionário saiba que está 
entrando em ambiente monitorado e possa decidir.
140
o A punição pode variar de uma advertência até a demissão, no caso de 
reincidência ou de infração grave. A empresa não precisa comprovar que 
teve prejuízo, basta comprovar o descumprimento das regras. No setor 
público, ainda se aplica a Lei nº 8.112/90, que diz que o servidor não pode 
fazer uso particular de recursos públicos.
141
1 No que diz respeito ao uso de senhas, devemos ter o máximo de cuidado, 
por óbvio, na hora de criar uma senha e também no momento de utilizá-
la. Nesse aspecto, responda como é tratada a senha no aspecto dos crimes 
eletrônicos e na segurança da informação.
a) ( ) A senha é considerada indício de cumplicidade.
b) ( ) A senha não é a sua identificação digital.
c) ( ) A senha é considerada indício de autoria.
d) ( ) A senha é considerada indício de materialidade.
2 Tício é funcionário da área de TI da empresa ABC Ltda., e no ato de sua 
contratação, assinou sem ler o termo de responsabilidade que veda o 
uso pessoal das ferramentas tecnológicas disponibilizadas pela empresa 
contratante. Posteriormente, Tício foi surpreendido pelo sistema de 
monitoramento enviando material impróprio por meio de seu e-mail 
corporativo. Como resultado de sua conduta, a empresa despediu Tício 
por justa causa. Diante dos fatos, analise as assertivas a seguir e assinale a 
CORRETA:
a) ( ) A empresa ABC Ltda. agiu incorretamente porque Tício não possuía 
conhecimento prévio das regras da política de segurança da empresa, pois 
não leu os termos da política de segurança da empresa. Por consequência, 
Tício poderá entrar com uma ação de indenização por danos morais contra 
a empresa ABC Ltda.
b) ( ) Tício não poderia ser despedido por justa causa porque a empresa 
desrespeitou o direito à intimidade que é amparado pela Constituição 
Federal de 1988.
c) ( ) A empresa ABC Ltda. agiu corretamente, porque Tício possuía 
conhecimento prévio das regras da política de segurança da empresa, e 
mesmo assim, as burlou.
d) ( ) A empresa ABC Ltda. agiu incorretamente, porque não se certificou da 
leitura na íntegra dos termos da política de segurança por Tício.
3 A empresa JKL Informática Ltda. contratou Romualdo, que é um 
programador de excelente nível. A empresa não contratou Romualdo pela 
CTPS (Carteira de Trabalho e Previdência Social) e sim assinou com ele um 
contrato de prestação de serviços, em que estipulou todas as cláusulas de 
trabalho, entre as quais a que estipulava que Romualdo deveria comparecer 
à empresa três vezes por semana, durante quatro horas em cada dia,mas 
deixou a cargo de Romualdo a escolha dos dias e horários. Neste mesmo 
contrato, há uma cláusula que define que o contrato assinado por Romualdo 
com a JKL Informática Ltda. não constitui vínculo empregatício. Com base 
no caso narrado, analise as alternativas a seguir e assinale a CORRETA:
AUTOATIVIDADE
142
a) ( ) Romualdo não terá o direito de ingressar com uma ação trabalhista, 
pois está clara a cláusula no contrato assinado que não constitui vínculo 
empregatício a sua contratação.
b) ( ) A empresa JKL Informática não poderá ser processada por Romualdo, 
porque é a forma através da qual a empresa contrata os seus funcionários. 
Todos os funcionários, sem exceção, são contratados desta maneira.
c) ( ) Romualdo tem o direito de ingressar com uma ação trabalhista contra 
a JKL Informática para cobrar os seus encargos sociais, pois a cláusula que 
especifica que o contrato em tela não constitui vínculo empregatício não 
tem valor jurídico e serve para intimidar o contratado a não ingressar com 
a devida ação.
d) ( ) Nenhuma das alternativas anteriores.
4 O tipo de contratação conhecido como a terceirização é perfeitamente 
legal, mas exige do empresário alguns cuidados para que essa contratação 
não mascare uma relação trabalhista. Quando isso ocorre, vemos ex-
empregados moverem ações trabalhistas, objetivando o reconhecimento do 
vínculo trabalhista e, consequentemente, a devida indenização, envolvendo 
as férias, décimo terceiro, FGTS, horas extras e demais verbas que fariam 
jus numa relação trabalhista via CLT. Para quem se utiliza da terceirização, 
é importante saber que o vínculo trabalhista se constitui importante aspecto 
que permeia esse vínculo.
Analise as alternativas a seguir e assinale a correta:
a) ( ) Habitualidade, a subordinação, a pessoalidade e a dependência 
econômica.
b) ( ) Somente a dependência econômica.
c) ( ) Apenas a pessoalidade e a subordinação.
d) ( ) A habitualidade não se trata de um aspecto que caracteriza uma relação 
trabalhista.
143
TÓPICO 5
CONTRATOS
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Para Zumbano (2015), o contrato é o vínculo jurídico entre duas ou mais 
pessoas, tendo como base o consentimento de ambos e a proteção jurídica do 
Estado. Exercemos contratos diariamente sem percebermos, por exemplo, ir a 
uma loja de calçados e comprar um tênis. Neste momento ambos celebraram um 
contrato bilateral, tendo um objeto possível, determinado e lícito.
O Tópico 5 foi reservado para o estudo das relações contratuais, mais 
especificamente na área de TI. Aqui, veremos, entre outros assuntos, quais são os 
requisitos essenciais para que um contrato tenha validade e legibilidade.
Também veremos quais são os princípios contratuais e qual é a estrutura 
aconselhada a ser seguida no momento do desenvolvimento de um contrato em 
nossa área.
2 DEFINIÇÃO
Para Campos (2005), as relações jurídicas são realizadas com base no 
princípio da boa-fé e assim deve ser em relação aos contratos, forma típica da 
relação jurídica. As partes devem estar imbuídas de lealdade e boa vontade. 
Todas as formas de contratação são admitidas pelo Código Civil (Lei 10.406/2002): 
escritas, verbais, por correspondência, via eletrônica ou por adesão. 
3 REQUISITOS ESSENCIAIS
Para que o nosso contrato exista é necessária a presença de seus elementos 
essenciais, são eles, de acordo com Campos (2005):
• Agente capaz: diz respeito à capacidade civil da parte, ou seja, deve ser maior 
de idade e estar em pleno domínio de suas faculdades. Desta forma, podemos 
entender que a pessoa que está assinando o contrato deve estar apta a assumir 
e cumprir com suas responsabilidades contratuais.
• Objeto lícito: o objeto do contrato deve versar sobre algo cuja possibilidade 
jurídica de contratar exista. Assim, o contrato deve ser válido, deve ter um 
objeto dentro da lei e passível de ser contratado. Não é válido um contrato de 
compra e venda de um software pirata, por exemplo.
144
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO PARA INFORMÁTICA
• Forma prescrita e não defesa por lei: a forma diz respeito ao modo pelo qual 
o contrato será constituído, ou seja, o contrato deve ser previsto em lei (é o 
caso dos contratos de compra e venda que estão em nosso Código Civil) ou o 
contrato não pode ser proibido por lei (o contrato de prestação de serviços na 
área de TI é um exemplo de um contrato que não é proibido por lei). Existem 
os contratos verbais e escritos, onerosos e gratuitos, bilaterais e multilaterais, 
formais e não formais. 
Diz-se que o contrato é formal quando ele deve ser estipulado de acordo 
com regras próprias, segundo a determinação legal. Exemplos: casamento e 
locação de imóveis.
Já o contrato não formal depende exclusivamente da vontade entre as 
partes e do atendimento dos requisitos essenciais de validade do ato jurídico. Não 
possui forma prevista em lei, portanto, não tem cláusulas e condições predefinidas. 
Exemplos: prestação de serviços, contratos de licença de uso de software.
Nesse mesmo sentido, para Campos (2005), os requisitos básicos de um 
contrato são os seguintes: I) declaração de vontade dos contratantes ao negócio; 
II) forma não proibida em lei; III) objeto lícito. São anuláveis os contratos em que 
seus objetivos são ilegais. 
São contratos de adesão a forma de contratação em massa, pela qual não 
ocorre declaração de vontade de ambas as partes, ou seja, apenas uma delas manifesta 
a vontade em relação às cláusulas gerais de contratação, e a outra apenas quanto a sua 
participação no contrato. Como exemplo, temos os contratos de seguro, de plano de 
saúde, de consórcio, de garantia, de transporte de ônibus e outros. Nesses contratos, 
a parte que a ele adere não pode discutir ou modificar as cláusulas contratuais já 
preparadas, limitando-se a aceitar ou não participar do acordo.
NOTA
No contrato de adesão não ocorre declaração de vontade de ambas as partes.
Nesse tipo de contrato, as cláusulas contratuais excessivamente onerosas 
ou que estabeleçam prestações desproporcionais entre as obrigações de uma 
parte e de outra, em prejuízo do consumidor, podem ser modificadas em razão 
dos fatos supervenientes que tornaram difícil ou impossível seu cumprimento 
pelo consumidor.
O Código Civil estabelece ainda que as cláusulas ambíguas ou obscuras 
em contratos, de maneira geral, serão interpretadas da forma mais favorável ao 
consumidor.
TÓPICO 5 | CONTRATOS
145
4 PRINCÍPIOS CONTRATUAIS
Assim como o Direito e suas áreas possuem os seus princípios, com 
os contratos não é diferente. Quanto aos princípios fundamentais do direito 
contratual, temos os seguintes:
• Princípio da autonomia da vontade: nele se funda a liberdade contratual 
dos contratantes, consistindo no poder de estipular livremente, como melhor 
lhes convier, mediante acordo de vontades, a disciplina de seus interesses, 
suscitando efeitos tutelados pela ordem jurídica.
• Princípio do consensualismo: segundo o qual o simples acordo de duas ou 
mais vontades basta para gerar o contrato válido.
• Princípio da obrigatoriedade dos contratos: pelo qual as estipulações feitas 
no contrato deverão ser fielmente cumpridas (pacta sunt servanda), sob pena de 
execução patrimonial contra o inadimplente.
• Princípio da relatividade dos efeitos do negócio jurídico contratual: visto que 
não aproveita nem prejudica terceiros, vinculando exclusivamente as partes 
que nele intervierem.
• Princípio da boa-fé: segundo ele, o sentido literal da linguagem não deverá 
prevalecer sobre a intenção inferida da declaração de vontade das partes.
5 ESTRUTURA GERAL DOS CONTRATOS
Os contratos em geral, na sua forma, são bastante parecidos.
A seguir, podemos acompanhar a estrutura básica para escrever um 
contrato não formal e que poderá ser utilizada para a criação de um contrato em 
nossa área, sem preocupações:1) Título: informe o título do contrato que, normalmente, está relacionado ao seu 
objeto. Exemplo: Contrato de licença de uso.
2) Qualificação das partes: informe o nome, profissão, endereço, CPF ou CNPJ e 
todos os demais dados pessoais necessários à perfeita identificação das partes 
contratantes.
3) Definições: nos contratos cujo objeto envolva conhecimentos específicos sobre 
um determinado assunto, como geralmente é o caso dos contratos de serviços 
de informática e de telecomunicações, recomenda-se que sejam feitas algumas 
definições conceituais sobre os termos técnicos utilizados no contrato. Isso 
funciona como uma espécie de glossário, caso a outra parte ou o próprio juiz 
precise entender o significado de alguma palavra pouco usual, evitando erros 
de interpretação.
4) Objeto: é o coração do contrato. Na cláusula do objeto, deve-se descrever 
com detalhes e clareza qual a negociação que está sendo efetivada através do 
instrumento contratual.
5) Obrigações das partes: as cláusulas das obrigações normalmente se dividem 
entre obrigações do contratante e obrigações do contratado. Isso tende a facilitar 
o entendimento e proporcionar celeridade em futuras consultas. Especifique o 
146
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO PARA INFORMÁTICA
que cada parte deve fazer ou pagar e as condições necessárias para isso.
6) Penalidades: nem todos os contratos trazem as cláusulas penais, mas 
é interessante que sejam previstas multas e penalidades para o caso de 
descumprimento das obrigações acordadas entre as partes.
7) Vigência: a cláusula de vigência determina o prazo de duração do contrato. 
Convém lembrar que os contratos também podem ser celebrados por prazo 
indeterminado.
8) Rescisão: em todo o contrato devem constar as condições em que poderá ocorrer 
a rescisão contratual, seja ela por acordo entre as partes ou por descumprimento 
de cláusulas contratuais. Também é comum constar um prazo de aviso prévio, 
no caso de rescisão sem a justa causa por iniciativa unilateral.
9) Disposições gerais: são cláusulas que complementam o instrumento e que não 
se encaixam em nenhuma das divisões anteriores.
10) Foro: cláusula contratual que estabelece que sejam processadas e julgadas 
eventuais demandas judiciais, caso as partes tenham que recorrer à justiça em 
função de desentendimentos acerca do contrato.
11) Fechamento: depois de concluídas as negociações, faz-se o fechamento do 
contrato, mencionando-se o local e data, bem como os nomes e assinaturas 
das partes e das testemunhas.
LEITURA COMPLEMENTAR
ABANDOWARE E A REGRA DAS 24 HORAS
Segundo a SIIA (Software & Information Industry Association) – Associação 
Norte-Americana da Indústria do Software, equivalente à nossa ABES, reunindo 
mais de 1.200 fabricantes de programas – "abandonware" e "regra das 24 horas" são 
duas lendas urbanas criadas para promoverem a pirataria.
Algumas pessoas classificam programas que pararam de ser 
comercializados e cujo fabricante não dá suporte há mais de 5 anos como 
"abandonware". Os abandonwares seriam grátis, podendo ser baixados da Internet 
gratuitamente sem qualquer problema, podendo ser instalados em qualquer 
máquina sem precisar pagar nenhuma licença e, em caso de fiscalização, não 
haveria problema algum, pois abandonware não é pirataria.
Só que a história real não é bem assim. O direito autoral de qualquer 
programa é de seu detentor original (o programador ou a empresa que o 
comercializava), independentemente se o programa ainda é comercializado ou 
não. Para entender esta questão, basta fazer um paralelo com os livros. Um livro 
antigo, que não é mais comercializado, é considerado "esgotado". Entretanto, isso 
não significa que o seu conteúdo seja de domínio público, isto é, que qualquer 
um pode sair copiando. O direito autoral continua sendo do seu autor. Desta 
forma, juridicamente falando, "abandonware" não existe, e o uso deste tipo de 
programa é tecnicamente pirataria. A não ser que o detentor do direito autoral 
TÓPICO 5 | CONTRATOS
147
diga publicamente que ele liberou o seu programa para cópia, o que é um caso 
completamente diferente (ou seja, o detentor dos direitos autorais determinou que 
o seu programa é um "freeware"). Muitos programadores e empresas de software 
fazem isto, colocando esta declaração em seus sites, colocando o programa antigo 
para download e uso grátis. Ou seja, um programa que não é mais comercializado 
e cujo fabricante não dê mais suporte não se transforma automaticamente em 
um "programa grátis". O programador ou o fabricante, por serem detentores 
dos direitos autorais do programa, tem o direito de simplesmente negarem a 
reprodução gratuita do seu programa, mesmo o programa não "existindo" mais 
no mercado. Como um caso real, podemos citar o caso do MS-DOS. Apesar de a 
Microsoft não fabricar e não dar mais suporte a este sistema operacional, ele não 
é grátis. Usá-lo sem licença é pirataria.
Outra lenda urbana é a "regra das 24 horas", que é uma mentira criada 
para divulgar e estimular a pirataria. Segundo esta regra, qualquer pessoa 
poderia instalar um programa pirata no PC e teria 24 horas para testá-lo e, após 
este prazo, teria de apagar o programa ou então a sua instalação seria considerada 
pirata. Isto não existe. Qualquer programa que você não tenha licença para usá-lo 
é pirataria. A maioria dos fabricantes de software disponibilizam versões "demo", 
"trial" ou "shareware" de seus programas, para que justamente o usuário possa 
testá-lo durante um período razoável de tempo, sem a necessidade do usuário ter 
de gastar dinheiro comprando o programa primeiro para depois ver se ele atende 
às necessidades, o que pode ser catastrófico (todos aqueles que já compraram um 
programa e depois se decepcionaram com ele sabe do que estamos falando).
A explicação completa da SIIA sobre o assunto pode ser conferida em: <http://
www.siia.net/Divisions/IP-Protection-Services/About/FAQ>. Os leitores que não 
leem inglês encontrarão uma tradução em: <https://www.clubedohardware.com.
br/forums/topic/71832-regra-das-24-horas-e-abandonware/>.
FONTE: TORRES, Gabriel. Abandoware e a regra das 24 horas. Disponível em: <https://www.
clubedohardware.com.br/artigos/programas/abandonware-e-regra-das-24-horas-r34112/>. 
Acesso em: 3 mar. 2018.
148
RESUMO DO TÓPICO 5
Neste tópico, você aprendeu que:
• Para Campos (2005), as relações jurídicas são realizadas com base no princípio 
da boa-fé e assim deve ser em relação aos contratos, forma típica da relação 
jurídica.
• Todas as formas de contratação são admitidas pelo código: escritas, verbais, 
por correspondência, via eletrônica ou por adesão.
• Para que o contrato exista é necessária a presença de seus elementos essenciais, 
são eles: agente capaz; objeto lícito; forma prescrita e não defesa por lei.
• Diz-se que o contrato é formal quando ele deve ser estipulado de acordo com 
regras próprias, segundo a determinação legal. Exemplos: Casamento e locação 
de imóveis.
• Já no contrato não formal depende exclusivamente da vontade entre as 
partes e do atendimento dos requisitos essenciais de validade do ato jurídico. 
Não possui forma prevista em lei, portanto, não tem cláusulas e condições 
predefinidas. Exemplos: prestação de serviços, contratos de licença de uso de 
software.
• Assim como o Direito e suas áreas possuem os seus princípios, com os 
contratos não é diferente. Quanto aos princípios fundamentais do direito 
contratual, temos os seguintes: princípio da autonomia da vontade; princípio 
do consensualismo; princípio da obrigatoriedade dos contratos; princípio da 
relatividade dos efeitos do negócio jurídico contratual; princípio da boa-fé.
• Existe uma estrutura básica para escrever um contrato não formal e que poderá 
ser utilizada para a criação de um contrato em nossa área, sem preocupações, 
é ela: título; qualificação das partes; definições;objeto; obrigações das partes; 
penalidades; vigência; rescisão; disposições gerais; foro; fechamento. 
149
1 Qual é a interpretação do princípio contratual fortemente conhecido como 
“pacta sunt servanda”?
2 Quais são os requisitos para que um contrato tenha validade jurídica?
3 Epitáfio, casado com Epifânia, celebrou um contrato de prestação de serviços, 
através do qual Epitáfio prestaria serviços para a empresa de Kassildo. Na 
cláusula de vigência, foi estipulado um prazo de um ano para o contrato. 
Durante a vigência do dito contrato, Epitáfio veio a óbito. Dias após o seu 
falecimento, Kassildo veio até a casa de Epitáfio cobrar a prestação de serviços 
de sua esposa, Epifânia. Sabendo-se que o casal foi casado pelo regime da 
separação total de bens, analise as assertivas a seguir e assinale a CORRETA:
a) ( ) Kassildo agiu corretamente, pois em caso de falecimento de um dos 
cônjuges o outro assume automaticamente a dívida.
b) ( ) Kassildo não agiu corretamente, pois em caso de falecimento de um dos 
cônjuges o outro cônjuge nunca assume automaticamente a dívida.
c) ( ) Kassildo somente poderia cobrar a dívida de Epitáfio de Epifânia se o 
casal fosse casado em um regime de casamento que permita tal cobrança.
d) ( ) Nenhuma das alternativas anteriores.
AUTOATIVIDADE
150
151
UNIDADE 3
LEGISLAÇÃO PARA INFORMÁTICA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade você deverá ser capaz de:
• conhecer a definição de crime, bem como a sua interpretação;
• conhecer as provas de crime eletrônico, bem como a sua interpretação;
• conhecer sobre responsabilidade civil, indenização e a questão da legítima 
defesa na internet;
• conhecer sobre o registro de domínio;
• conhecer sobre a certificação digital.
Esta unidade está dividida em cinco tópicos. No decorrer da unidade você en-
contrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – DEFINIÇÃO DE CRIME
TÓPICO 2 – PROVA DE CRIME ELETRÔNICO 
TÓPICO 3 – RESPONSABILIDADE CIVIL, INDENIZAÇÃO E LEGÍTIMA 
DEFESA NA INTERNET
TÓPICO 4 – REGISTRO DE DOMÍNIO
TÓPICO 5 – CERTIFICAÇÃO DIGITAL
152
153
TÓPICO 1
DEFINIÇÃO DE CRIME
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Este Tópico 1, da Unidade 3 deste livro de estudos, foi reservado para um 
primeiro contato do acadêmico com um dos assuntos bastante conhecidos em 
nosso meio, que são os crimes eletrônicos.
É importante que saibamos que há o cometimento de crimes não apenas 
no mundo real, mas também no mundo virtual, pois a internet trouxe uma 
série de facilidades para a vida em sociedade, mas também trouxe uma série 
de preocupações, dentre as quais está a prática de novos delitos on-line ou a 
facilidade no cometimento de antigos delitos.
Atualmente, existem usuários que ainda procuram se abrigar da tecnologia 
para o cometimento de determinados crimes confiando-se em seu suposto 
anonimato como garantia de que não serão descobertos, tampouco condenados 
pelos seus atos delituosos.
Conforme vimos, durante os nossos estudos, os costumes são considerados 
fontes do Direito, e, justamente por se tratar de um ato reiterado, cometido por 
pessoas, o Direito percebeu a necessidade da criação de medidas (leis) que 
regulam a conduta dos usuários quando estes estão agindo de modo on-line, com 
o objetivo de regular o seu uso de forma consciente.
Desta forma, o Direito utiliza-se de várias leis que tratam e regulam este 
assunto. Aqui veremos, dentre outros assuntos, qual é a definição de crime, ou 
seja, quais são os pontos característicos levados em consideração para definir um 
crime, formas de cometimento de um crime, bem como a nova lei para os crimes 
eletrônicos e a sua motivação.
2 CONCEITO DE CRIME
Nós começamos pelo conceito de crime, em que profissionais da área do 
direito penal, principalmente, já se depararam e se deparam em seu cotidiano. 
Esse é o ponto de partida, é a pergunta mais frequentemente ouvida. Você, 
certamente, já foi indagado sobre o que é crime? Qual é o conceito de crime? 
Precisamos refletir, pois o conceito de crime é muito vasto. 
UNIDADE 3 | LEGISLAÇÃO PARA INFORMÁTICA
154
O conceito de crime, em direito penal, varia de acordo com o critério 
adotado. Em outras palavras, podemos afirmar que não existe um conceito 
único, exato e soberano para o conceito de crime. Dentro do critério material ou 
substancial, podemos afirmar que crime é toda a ação ou omissão humana que 
lesa ou expõe a perigos de lesão bens jurídicos penalmente tutelados. Assim, ao 
afirmarmos que homicídio é crime, podemos verificar que o infrator (criminoso) 
está ofendendo o bem jurídico tutelado (protegido) da vítima, que é a vida que é 
protegida pela lei.
Para Silva (2012), apesar de crime e contravenção serem espécies “distintas” 
do gênero “infração penal”, não existe, a rigor, uma diferença substancial entre os 
dois. Não há um elemento de ordem ontológica que encerre uma essência natural 
“em si mesmo”, sendo diferenciados apenas pelas suas penas, nos termos do art. 
1º, da Lei de Introdução ao Código Penal e da Lei de Contravenções Penais, ou 
como leciona Nucci (2011, p. 11) em seu Manual de Direito Penal: “o direito penal 
estabeleceu diferença entre crime (ou delito) e contravenção penal, espécies de 
infração penal. Entretanto, essa diferença não é ontológica ou essencial, situando-
se, tão somente, no campo da pena”.
Em se tratando de conceito de crime, há um outro conceito conhecido 
no meio jurídico, que são as “infrações penais de menor potencial ofensivo”. A 
definição pertence aos Juizados Especiais Criminais, nos termos dos arts. 60 e 61, 
da Lei 9.099/95, conforme a seguir:
 Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados ou 
togados e leigos, tem competência para a conciliação, o julgamento 
e a execução das infrações penais de menor potencial ofensivo, 
respeitadas as regras de conexão e continência.
Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, 
para os efeitos desta lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei 
comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não 
com multa.
Todavia, mesmo diante das diferenças acima expostas, há muito mais 
semelhanças do que diferenças entre crime e contravenção penal, haja vista esta 
também constituir um fato típico e antijurídico, porém de menor potencial lesivo 
para a sociedade. Um crime-anão, na concepção formulada pelo consagrado Nelson 
Hungria (SILVA, 2012). Assim, segundo Greco (2011), o critério de rotulação de 
uma conduta como contravencional ou criminosa é essencialmente político. O que 
hoje é considerado crime, amanhã poderá ser uma contravenção, ou vice-versa. 
Como exemplo, o autor nos traz a criminalização da contravenção penal de porte 
de arma, consumada no art. 10, da Lei 9.437, de 20 de fevereiro de 1997.
Assim, temos também o critério legal que traz os conceitos de crime e 
contravenção. Crime é toda aquela ação cuja pena será de reclusão ou detenção. 
E a contravenção é toda ação cuja pena será de prisão simples ou multa. Assim, a 
contravenção são crimes de menor potencial ofensivo. 
TÓPICO 1 | DEFINIÇÃO DE CRIME
155
Como é sabido, crime é a conduta humana que lesa ou expõe a perigo 
um bem jurídico tutelado pela lei penal. Aqui, podemos verificar que aparecem 
palavras/expressões que talvez não conheçamos. Uma delas é a expressão “bem 
jurídico tutelado”, que podemos entendê-la como todo o bem com que a lei 
nos protege, por exemplo: a vida, a nossa integridade física, a nossa moral, são 
exemplos de bens jurídicos tutelados, ou seja, bens protegidos. Assim, podemos 
afirmar que nossa vida, dentre outros, é um bem protegido pela lei. 
A definição de crime no Brasil é descrita no art. 1° da Lei de Introdução do 
Código Penal (Decreto-lei nº 3.914, de 9 de dezembro de1941): 
Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de 
reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou 
cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal 
a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, 
ou ambas, alternativa ou cumulativamente.
Temos ainda outras definições para crime. Dentro do critério analítico, 
crime é a ação humana, contra o ordenamento jurídico, típica, culpável e punível. 
A partir desta definição podemos verificar que um crime é fruto de uma ação 
humana, ou seja, somente um ser humano é passível do cometimento e pagamento 
de um crime. O termo contra o ordenamento jurídico refere-se à ação contra a lei, 
isto é, contra o ordenamento jurídico propriamente dito.
A palavra típica explica que o crime deve estar tipificado, ou seja, o 
crime deve estar escrito na lei penal para ser considerado crime, deve existir 
uma determinada lei que afirme expressamente que tal conduta é considerada 
criminosa – desta forma, se você estiver na dúvida se determinada ação é 
considerada criminosa, esta ação deve estar escrita na lei, e na lei penal não cabe 
analogia, não é possível basear-se em um crime semelhante. 
Culpável diz respeito à possibilidade de o agente ser considerado culpado 
ou não pelo cometimento de determinado ato; e punível, consequentemente, 
refere-se à possibilidade de punição para tal ato. Por exemplo: conforme preconiza 
Pinheiro (2010), o crime de interceptação telefônica e de dados, que tem como 
bem jurídico tutelado (protegido) os dados, ou seja, o que se quer proteger é a 
transmissão de dados e coibir o uso dessas informações, para fins delituosos, por 
exemplo, a captura de informações para o envio de “e-mail bombing” (envio de 
e-mails imensos ou vários e-mails).
Todo crime possui o sujeito ativo, que é a pessoa que comete o crime. E 
crime, quem comete, é o ser humano, conforme já vimos aqui! É o ser humano 
que age com intenção, sem intenção e com omissão também. E o sujeito passivo 
do crime é o sujeito que sofre a lesão, que sofre o crime, que tem o seu bem 
jurídico ofendido ou exposto a risco. 
Porém, também é possível o cometimento de crimes por pessoa jurídica, 
se levarmos em consideração o artigo 225, § 3º de nossa Constituição Federal, que 
abrange os crimes ambientais. Vejamos:
UNIDADE 3 | LEGISLAÇÃO PARA INFORMÁTICA
156
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade 
de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de 
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
[...]
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente 
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais 
e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os 
danos causados.
É importante lembrar que na lei penal não cabe analogia.
ATENCAO
3 CRIMES DIGITAIS
Para Schmidt (2015), as denominações quanto aos crimes praticados em 
ambiente virtual são diversas, não há um consenso sobre a melhor denominação 
para os delitos que se relacionam com a tecnologia. Entre outros, temos crimes de 
computação, delitos de informática, abuso de computador, fraude informática, 
enfim, os conceitos ainda não abarcam todos os crimes ligados à tecnologia, e, 
portanto, deve-se ficar atento quando se conceitua determinado crime, tendo em 
vista que existem muitas situações complexas no ambiente virtual.
Para Corrêa (2008), os crimes digitais seriam todos aqueles relacionados 
às informações arquivadas ou em trânsito por computadores, sendo esses dados 
acessados ilicitamente, usados para ameaçar ou fraudar; para tal prática é 
indispensável a utilização de um meio eletrônico.
Para Takeoki (2015), esses delitos cometidos no âmbito digital muitas 
vezes são nomeados como: crimes cibernéticos, crimes digitais, crimes eletrônicos, 
crimes da informática, crimes cometidos na internet, cybercrimes, fraudes 
eletrônicas, delitos computacionais, dentre outros, mas todos referem-se à prática 
delituosa cometida no meio digital. Assim, surge a necessidade de classificar os 
diversos tipos de crimes cometidos no meio ambiente digital. Existem diversas 
classificações doutrinárias a respeito de tal tema que são amplamente discutidas 
e apontadas por diversos autores.
Para Wendt e Jorge (2012), existem as ações prejudiciais atípicas e os crimes 
cibernéticos. As ações prejudiciais atípicas são aquelas condutas que causam 
prejuízo ou transtorno para a vítima através da rede mundial de computadores, 
mas não são tipificados em lei. 
TÓPICO 1 | DEFINIÇÃO DE CRIME
157
Por sua vez, os crimes cibernéticos se dividem em crimes cibernéticos abertos 
e crimes exclusivamente cibernéticos. Os crimes exclusivamente cibernéticos são 
aqueles que necessariamente precisam do meio da informática para cometer tal 
crime (como é o caso do crime de invasão de dispositivo informático, artigos 154-
A e154-B do Código Penal, introduzido pela Lei 12.735/2012, conhecido como Lei 
Carolina Dieckmann). Rosa (2002, p. 10) define o crime eletrônico como sendo:
A conduta atente contra o estado natural dos dados e recursos 
oferecidos por um sistema de processamento de dados, seja pela 
compilação, armazenamento ou transmissão de dados, na sua 
forma, compreendida pelos elementos que compõem um sistema de 
tratamento, transmissão ou armazenagem de dados, ou seja, ainda, 
na forma mais rudimentar; 2. O ‘Crime de Informática’ é todo aquele 
procedimento que atenta contra os dados, que faz na forma em que 
estejam armazenados, compilados, transmissíveis ou em transmissão; 
3. Assim, o ‘Crime de Informática’ pressupõe dois elementos 
indissolúveis: contra os dados que estejam preparados às operações do 
computador e, também, através do computador, utilizando-se software 
e hardware, para perpetrá-los; 4. A expressão crimes de informática, 
entendida como tal, é toda a ação típica, antijurídica e culpável, contra 
ou pela utilização de processamento automático e/ou eletrônico de 
dados ou sua transmissão; 5. Nos crimes de informática, a ação típica 
se realiza contra ou pela utilização de processamento automático de 
dados ou a sua transmissão. Ou seja, a utilização de um sistema de 
informática para atentar contra um bem ou interesse juridicamente 
protegido, pertença ele à ordem econômica, à integridade corporal, à 
liberdade individual, à privacidade, à honra, ao patrimônio público ou 
privado, à Administração Pública etc.
Portanto, os crimes cibernéticos abertos são aqueles que podem ou não 
serem praticados pelo meio informático, como é o caso dos crimes de violação 
de direito do autor, que podem ser praticados tanto no ambiente virtual como no 
analógico (TAKEOKI, 2015).
ESTUDOS FU
TUROS
A Lei Carolina Dieckmann será estudada no Tópico 2 desta unidade.
3.1 CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES ELETRÔNICOS
Para Schmidt (2015), as classificações existentes para os crimes cibernéticos 
não são eficazes, devido à dinâmica dos computadores e da internet. A evolução 
proporcionada por eles é muito grande, assim como as novas formas delitivas que 
vão surgindo. Dessa maneira, as classificações se tornam obsoletas em pouco tempo.
Entretanto, há duas classificações mais presentes na doutrina: Crimes 
cibernéticos puros, mistos e comuns; e Crimes cibernéticos próprios e impróprios.
UNIDADE 3 | LEGISLAÇÃO PARA INFORMÁTICA
158
3.1.1 Crimes cibernéticos puros, mistos e comuns
Para Schmidt (2015), crimes cibernéticos puros podem ser definidos 
como toda e qualquer conduta ilícita que tenha por objetivo exclusivo o sistema 
de computador, seja pelo atentado físico ou técnico do equipamento e seus 
componentes, inclusive dados e sistemas. O agente objetiva atingir o computador, 
o sistema de informática ou os dados e as informações neles utilizadas.É aqui 
que entram as condutas praticadas por hackers, que são pessoas com amplo 
conhecimento informático, utilizado para invadir ou prejudicar servidores e 
sistemas. Muitas vezes, sem nenhuma razão aparente.
Asseverando o autor supracitado, é o caso do vírus Melissa, que em 1999 
causou um prejuízo de mais de US$ 80.000.000,00 (oitenta milhões de dólares 
americanos). Em 2011, houve o caso do furto de dados, nomes, endereços e 
possivelmente detalhes de cartões de crédito de 77 milhões de usuários da Play 
Station Network.
Salienta Schmidt (2015) que os crimes cibernéticos mistos “são aqueles 
em que o uso da internet ou sistema informático é condição sine qua non para a 
efetivação da conduta, embora o bem jurídico visado seja diverso ao informático”. 
O agente não visa o sistema de informática e seus componentes, mas a informática 
é instrumento indispensável para consumação da ação criminosa. Ocorre, por 
exemplo, nas transferências ilícitas de valores em um home banking. Os crimes 
cibernéticos comuns, portanto, são aqueles que utilizam a internet apenas como 
instrumento para a realização de um delito já tipificado pela lei penal. A rede 
mundial de computadores acaba por ser apenas mais um meio para a realização 
de uma conduta delituosa. Se antes, por exemplo, a pornografia infantil era 
instrumentalizada através de vídeos e fotografias, hodiernamente acontece através 
das home pages. Mudou-se a forma, mas a essência do crime permanece a mesma.
3.1.2 Crimes cibernéticos próprios e impróprios
Para Schmidt (2015), nessa classificação os crimes próprios são aqueles 
em que o sistema informático do sujeito passivo é o objeto e o meio do crime. 
Conforme Silva (2003, p. 13), “São aqueles em que o bem jurídico protegido pela 
norma penal é a inviolabilidade das informações automatizadas (dados)”.
Segundo Schmidt (2015), aqui entrariam as condutas praticadas por hackers, 
tanto de invasão de sistemas quanto de modificar, alterar, inserir dados falsos, ou 
seja, que atinjam diretamente o software ou hardware do computador e só podem 
ser concretizados pelo computador ou contra ele e seus periféricos. Os crimes 
cibernéticos impróprios seriam aqueles que atingem um bem jurídico comum, como 
o patrimônio, e utilizam dos sistemas informáticos apenas como animus operandi, ou 
seja, um novo meio de execução. Há certa dificuldade em se reconhecer os crimes 
cibernéticos impróprios praticados contra o patrimônio, por não se reconhecer 
na informação armazenada um bem material, mas sim imaterial, insuscetível de 
apreensão como objeto. Entretanto, conforme Silva (2003, p. 17): 
TÓPICO 1 | DEFINIÇÃO DE CRIME
159
a informação neste caso, por se tratar de patrimônio, refere-se a 
bem material, apenas grafado por meio de bits, suscetível, portanto, 
de subtração. Assim, ações como alteração de dados referentes ao 
patrimônio, como a supressão de quantia de uma conta bancária, 
pertencem à esfera dos crimes contra o patrimônio.
Produz um resultado naturalístico, que ofende o espaço físico, o espaço 
“real”, atingindo bem jurídico diverso do sistema informático.
160
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• Crime é a conduta humana que lesa ou expõe a perigo um bem jurídico tutelado 
pela lei penal.
• Crime é a ação humana, antijurídica, típica, culpável e punível.
• Em nossa lei penal não cabe analogia.
• Os crimes digitais seriam todos aqueles relacionados às informações arquivadas 
ou em trânsito por computadores, sendo esses dados acessados ilicitamente, 
usados para ameaçar ou fraudar; para tal prática é indispensável a utilização 
de um meio eletrônico.
• Os crimes cibernéticos puros podem ser definidos como toda e qualquer 
conduta ilícita que tenha por objetivo exclusivo o sistema de computador, seja 
pelo atentado físico ou técnico do equipamento e seus componentes, inclusive 
dados e sistemas (SCHMIDT, 2015).
• Nos crimes cibernéticos mistos o agente não visa o sistema de informática 
e seus componentes, mas a informática é instrumento indispensável para 
consumação da ação criminosa. Ocorre, por exemplo, nas transferências ilícitas 
de valores em um home banking.
• Os crimes cibernéticos comuns são aqueles que utilizam a internet apenas 
como instrumento para a realização de um delito já tipificado pela lei penal.
• Os crimes cibernéticos próprios são aqueles em que o sistema informático do 
sujeito passivo é o objeto e o meio do crime.
• Os crimes cibernéticos impróprios seriam aqueles que atingem um bem 
jurídico comum, como o patrimônio, e utilizam dos sistemas informáticos 
apenas como animus operandi, ou seja, um novo meio de execução.
161
1 As denominações quanto aos crimes praticados em ambiente virtual são 
diversas, não há um consenso sobre a melhor denominação para os delitos 
que se relacionam com a tecnologia. Nesse sentido, analise as questões abaixo 
e selecione a alternativa CORRETA, no que tange ao conceito de crime no 
critério analítico:
a) ( ) Crime é a ação humana, contrária ao ordenamento jurídico, típica, 
culpável e punível.
b) ( ) Crime é a ação humana, antijurídica, atípica, culpável e punível.
c) ( ) Crime é a ação humana, antijurídica, típica, culpável e não punível.
d) ( ) Crime é a ação humana, jurídica, típica, culpável e punível.
2 O conceito de crime, em direito penal, varia de acordo com o critério adotado. 
Em outras palavras, podemos afirmar que não existe um conceito único, 
exato e soberano para o conceito de crime. Nesse sentido, analise as questões 
abaixo e selecione a alternativa CORRETA, no que tange ao conceito de crime 
no critério material ou substancial:
a) ( ) Crime é a ação humana, contrária ao ordenamento jurídico, típica, 
culpável e punível.
b) ( ) Crime é a ação humana, antijurídica, atípica, culpável e punível.
c) ( ) Crime é toda a ação ou omissão humana que lesa ou expõe a perigos de 
lesão bens jurídicos penalmente tutelados.
d) ( ) Crime é somente toda a ação humana que lesa ou expõe a perigos de 
lesão bens jurídicos penalmente tutelados.
3 Para Schmidt (2015), as classificações existentes para os crimes cibernéticos 
não são eficazes, devido à dinâmica dos computadores e da internet. A 
evolução proporcionada por eles é muito grande, assim como as novas 
formas delitivas que vão surgindo. Dessa maneira, as classificações se 
tornam obsoletas em pouco tempo. Entretanto, há duas classificações mais 
presentes na doutrina. Diante dessas afirmações, analise as alternativas 
abaixo e assinale a CORRETA no que se refere à classificação dos crimes 
eletrônicos:
a) ( ) Crimes cibernéticos puros, mistos e comuns e crimes cibernéticos 
próprios e impróprios.
b) ( ) Somente crimes cibernéticos puros e comuns.
c) ( ) Crimes cibernéticos próprios e impróprios não fazem parte da 
classificação dos crimes cibernéticos.
d) ( ) Apenas crimes cibernéticos mistos e próprios.
AUTOATIVIDADE
162
4 Os casos do vírus Melissa, que em 1999 causou um prejuízo de mais de US$ 
80.000.000,00 (oitenta milhões de dólares americanos) e o furto de dados, 
nomes, endereços e possivelmente detalhes do cartão de crédito de 77 
milhões de usuários da PlayStation Network são exemplos de: 
a) ( ) Crimes Cibernéticos Puros.
b) ( ) Crimes Cibernéticos Mistos.
c) ( ) Crimes Cibernéticos Comuns.
d) ( ) Crimes Cibernéticos Próprios.
163
TÓPICO 2
PROVA DE CRIME ELETRÔNICO
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
No tópico anterior, vimos o que é um crime, o que são crimes digitais e 
suas classificações. Este tópico foi reservado para sabermos como poderão ser 
produzidas provas/evidências de um crime eletrônico, um assunto que certamente 
causa dúvidas no momento de provar o crime praticado por meio de dispositivo 
informático.
Sabemos que com o advento da internet tivemos uma série de facilidades, 
porém também uma sériede preocupações, como é o caso do cometimento 
de crimes utilizando-se desse meio de comunicação, pois na falsa ideia do 
anonimato e da não condenação ainda existem usuários que procuram se abrigar 
da tecnologia para o cometimento de determinados crimes.
Conforme vimos, durante os nossos estudos, os costumes são considerados 
fontes do Direito, e justamente por se tratar de um ato reiterado, cometido por 
pessoas, o Direito percebeu a necessidade da criação de medidas (leis) que 
regulem a conduta dos usuários quando estes estão agindo de modo on-line, com 
o objetivo de regular o seu uso de modo consciente.
Neste tópico, trataremos de como poderão ser produzidas provas/
evidências pelo cometimento de crimes eletrônicos, bem como quais as formas de 
cometimento de um crime e, por fim, veremos a Lei Carolina Dieckmann.
2 EVIDÊNCIAS DE UM CRIME ELETRÔNICO
Para Schmidt (2015), de modo geral, pode-se dizer que as evidências 
dos crimes cibernéticos são extremamente voláteis. Podem ser apagadas em 
segundos ou perdidas facilmente. Além disso, possuem formato complexo 
e costumam estar misturadas a uma grande quantidade de dados legítimos, 
demandando uma análise apurada pelos técnicos e peritos que participam da 
persecução penal. Muitas vezes, para a devida comprovação da materialidade 
do delito, faz-se necessária a interceptação do fluxo de comunicações realizadas 
através de um computador. Tais interceptações, como exposto acima, somente 
podem ser feitas mediante autorização judicial.
Em relação à inviolabilidade do sigilo das comunicações, Grinover (2009, 
p. 138) ensina: “A garantia constitucional pode sofrer limitações, não devendo 
164
UNIDADE 3 | LEGISLAÇÃO PARA INFORMÁTICA
prestar-se para a proteção de atividade ilícitas ou criminosas. É assim que, 
através de uma ponderada apreciação judiciária, obedecendo aos limites legais, 
pode ser determinada a interceptação das comunicações telefônicas”.
Observe-se que de acordo com o parágrafo único do art. 1º da Lei 
nº 9.296/96, estendeu-se a normatização das interceptações telefônicas às 
informáticas e telemáticas. Segundo João Roberto Parizatto (1996, p. 138): 
“o que o dispositivo em apreço quer é estender a aplicação das hipóteses de 
interceptação de comunicações telefônicas a qualquer espécie de comunicação, 
ainda que realizada através de sistemas de informática, existentes ou que 
venham a ser criados”.
De acordo com Schmidt (2015), a maioria dos crimes cibernéticos exige 
perícia para sua perfeita prova. Uma vez identificado o endereço real do 
criminoso e determinada a busca e apreensão de seu computador e quaisquer 
mídias que possam conter indícios da materialidade, será procedido o exame de 
corpo de delito. Primeiramente, é feita uma duplicação das mídias do exame, 
e a perícia deverá ser realizada nas cópias. Isso porque, além da preservação 
dos originais, o simples fato de se abrir um arquivo de computador altera seu 
estado. As evidências dos crimes cibernéticos, em um computador, podem ser 
classificadas como evidências do usuário e evidências do sistema. As evidências 
do usuário são aquelas produzidas pelo próprio sujeito ativo, em arquivos 
de texto, imagem ou qualquer outro tipo. Já as evidências do sistema são as 
produzidas pelo sistema operacional, em função da ação do sujeito ativo. Pode-
se citar os arquivos temporários da internet, o cache da memória ou os cookies 
dos sites visitados.
3 FORMAS DE COMETIMENTO DE UM CRIME
Para a nossa área de TI é importante que saibamos que existem várias 
formas de cometimento de um crime, no que tange à questão de intenção. São elas: 
• Culpa (forma culposa): conduta voluntária (ação ou omissão) que produz 
resultado antijurídico não querido, mas previsível, e excepcionalmente 
previsto, que podia, com a devida atenção, ser evitado (MIRABETE, 2017). 
Assim, podemos verificar a conduta culposa quando o agente não possui a 
intenção de cometer determinado crime, tampouco o planeja, mas, devido às 
circunstâncias, acaba por cometer. É o que preceitua o Código Penal no artigo 
18, em seu inciso II. Vejamos:
Art. 18 - Diz-se o crime:
[...]
II- culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, 
negligência ou imperícia. 
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser 
punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente. 
TÓPICO 2 | PROVA DE CRIME ELETRÔNICO
165
Vale lembrar que a imprudência (excesso de confiança) é a atuação do 
agente sem tomar as devidas cautelas. Surge quando o autor pratica determinada 
conduta. Negligência (descaso) ocorre quando o agente deixar de tomar 
determinada conduta que deveria ser tomada, trata-se de um comportamento 
omissivo. A imperícia (falta de técnica) caracteriza-se pela falta de aptidão técnica 
para a profissão ou ofício que se apresenta.
• Dolo (forma dolosa): Martins (2011) afirma que dolo é a vontade de praticar o 
ato, sabidamente criminoso, existindo a intenção de praticá-lo, como o de sacar 
um revólver e roubar uma pessoa. Neste caso, é importante entendermos que 
o agente quer o resultado, ele tem a intenção de produzi-lo. É o que preceitua 
o Código Penal no artigo 18, em seu inciso I. Vejamos:
Art. 18 - Diz-se o crime:
I- doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo.
• Preterdolo (forma preterdolosa ou dolo eventual/ teoria do consentimento): 
Martins (2011) assevera que nesta forma de cometimento do crime o agente 
produz um resultado danoso, embora não intencional, mas o aceita em 
decorrência de sua ação. É uma espécie de crime qualificado pelo resultado, 
conforme preceitua o artigo 19 do Código Penal: Acompanhe: Art. 19 - Pelo 
resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver 
causado ao menos culposamente.
Desta forma, a pessoa, o agente que comete a conduta, não possui a 
intenção de cometer tal resultado, mas, mesmo assim, assume os riscos pela sua 
conduta. Trata-se de um crime complexo, em parte culposo e em parte doloso. 
Assim, o condutor embriagado que dirige o seu veículo assume os riscos por esta 
conduta irresponsável. Podemos citar como exemplo o crime de lesão corporal 
qualificada pelo resultado morte (art. 129, § 3º, do Código Penal).
IMPORTANT
E
Os crimes eletrônicos são julgados de forma dolosa, uma vez que não há como 
falar em crimes praticados sem intenção por meio da rede mundial de computadores, pois 
fica evidente o propósito do autor causar o dano à vítima. 
166
UNIDADE 3 | LEGISLAÇÃO PARA INFORMÁTICA
4 A LEI DOS CRIMES ELETRÔNICOS – LEI CAROLINA 
DIECKMANN
Segundo Siena (2013), em maio de 2012, algumas reproduções 
fotográficas contendo imagens da intimidade da atriz Carolina Dieckmann foram 
indevidamente divulgadas em diversos sítios eletrônicos da rede mundial de 
computadores. Segundo os fatos noticiados pelos mais variados meios midiáticos, 
após deixar um computador pessoal em um estabelecimento de assistência técnica 
especializada, violaram a sua conta de correio eletrônico, oportunidade em que 
um indivíduo obteve acesso às imagens, passando a chantagear a atriz, sob pena 
de divulgar as imagens tidas como comprometedoras.
Ao que tudo indica, este caso acabou sendo a mola propulsora da edição 
da Lei nº 12.737, de 30 de novembro de 2012, publicada no Diário Oficial da 
União em 3 de dezembro de 2012, e em vigor 120 (cento e vinte) dias após a sua 
publicação oficial (artigo 4º), apelidada de Lei Carolina Dieckmann, que dispõe 
sobre a tipificação criminal de delitos informáticos; altera o Decreto-Lei nº 2.848, 
de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal; e dá outras providências.
Até pouco tempo não existia uma lei específica para os crimes eletrônicos. 
O que ocorria quando algum crime eletrônico era cometido era o apelo à lei 
penal para enquadrar determinado crime. O que se praticava até há poucoera a 
analogia que estudamos neste livro. Por exemplo: se alguma quantia em dinheiro 
fosse subtraída de conta bancária pela internet, tal crime era julgado como furto 
(o convencional), pois esta ação está tipificada em nosso Código Penal de 1940. 
Se alguma pessoa fosse vítima de estelionato pela internet, o crime era julgado 
como o estelionato praticado de modo presencial, pois até então não existia a lei 
específica para tais crimes.
Na realidade, a nova lei (n° 12.737/2012) altera o nosso Código Penal e 
tipifica como crime alguns comportamentos no meio eletrônico, como a invasão 
de sites, violação de dados, furto, “derrubar” sites, dentre outros.
É importante lembrar também que os crimes cibernéticos são julgados em 
sua forma dolosa, ou seja, quando há a intenção de praticar o crime. Desta forma, 
não há julgamento de outra forma em se tratando de crimes virtuais, quer seja 
culposa ou preterdolosa (dolo eventual), conforme já estudamos.
Vejamos agora as alterações trazidas em nosso Código Penal pela Lei 
Carolina Dieckmann:
LEI Nº 12.737, DE 30 DE NOVEMBRO DE 2012
Dispõe sobre a tipificação criminal de delitos informáticos; altera o 
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal; e dá outras 
providências.
TÓPICO 2 | PROVA DE CRIME ELETRÔNICO
167
A PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional 
decreta e eu sanciono a seguinte Lei: 
Art. 1º Esta lei dispõe sobre a tipificação criminal de delitos informáticos 
e dá outras providências. 
Art. 2º O Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, 
fica acrescido dos seguintes arts. 154-A e 154-B: 
Invasão de dispositivo informático 
Art. 154-A. Invadir dispositivo informático alheio, conectado ou não 
à rede de computadores, mediante violação indevida de mecanismo de 
segurança e com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou informações 
sem autorização expressa ou tácita do titular do dispositivo ou instalar 
vulnerabilidades para obter vantagem ilícita: 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. 
§ 1º Na mesma pena incorre quem produz, oferece, distribui, vende ou 
difunde dispositivo ou programa de computador com o intuito de permitir a 
prática da conduta definida no caput. 
§ 2º Aumenta-se a pena de um sexto a um terço se da invasão resulta 
prejuízo econômico. 
§ 3º Se da invasão resultar a obtenção de conteúdo de comunicações 
eletrônicas privadas, segredos comerciais ou industriais, informações sigilosas, 
assim definidas em lei, ou o controle remoto não autorizado do dispositivo 
invadido: 
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se a conduta 
não constitui crime mais grave. 
§ 4º Na hipótese do § 3º, aumenta-se a pena de um a dois terços se houver 
divulgação, comercialização ou transmissão a terceiro, a qualquer título, dos 
dados ou informações obtidas. 
§ 5º Aumenta-se a pena de um terço à metade se o crime for praticado 
contra: 
I- Presidente da República, governadores e prefeitos. 
II- Presidente do Supremo Tribunal Federal. 
III- Presidente da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de 
Assembleia Legislativa de Estado, da Câmara Legislativa do Distrito Federal 
ou de Câmara Municipal. 
IV- Dirigente máximo da administração direta e indireta federal, 
estadual, municipal ou do Distrito Federal. 
Ação penal 
Art. 154-B. Nos crimes definidos no art. 154-A, somente se procede 
mediante representação, salvo se o crime é cometido contra a administração 
pública direta ou indireta de qualquer dos Poderes da União, Estados, Distrito 
Federal ou Municípios ou contra empresas concessionárias de serviços 
públicos. 
168
UNIDADE 3 | LEGISLAÇÃO PARA INFORMÁTICA
Art. 3º Os arts. 266 e 298 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 
1940 - Código Penal, passam a vigorar com a seguinte redação: 
Interrupção ou perturbação de serviço telegráfico, telefônico, 
informático, telemático ou de informação de utilidade pública 
Art. 266
§ 1º Incorre na mesma pena quem interrompe serviço telemático ou de 
informação de utilidade pública, ou impede ou dificulta-lhe o restabelecimento. 
§ 2º Aplicam-se as penas em dobro se o crime é cometido por ocasião de 
calamidade pública. (NR) 
Falsificação de documento particular
Art. 298 [...]
Falsificação de cartão 
Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, equipara-se a documento 
particular o cartão de crédito ou débito. (NR)
Art. 4º Esta lei entra em vigor após decorridos 120 (cento e vinte) dias de 
sua publicação oficial.
Brasília, 30 de novembro de 2012; 191º da Independência e 124º da 
República.
DILMA ROUSSEFF
José Eduardo Cardozo
FONTE: Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12737.
htm>. Acesso em: 23 fev. 2018.
IMPORTANT
E
Caro acadêmico, como já aprendemos sobre a interpretação das leis, será simples 
a interpretação desta lei também! Vamos praticar?
169
Neste tópico, você aprendeu que:
• Para a nossa área de TI é importante que saibamos que existem três formas de 
cometimento de um crime. São elas: forma culposa, dolosa e preterdolosa.
• No ano de 2012 foi sancionada, e entrou em vigor a partir de abril de 2013, a 
Lei dos Crimes Cibernéticos (Lei n° 12.737/2012), também conhecida como Lei 
Carolina Dieckmann.
• A nova lei, que altera o nosso Código Penal, tipifica como crime alguns 
comportamentos no meio eletrônico, como a invasão de sites, violação de 
dados, furto, “derrubar” sites, dentre outros.
• É importante lembrar também que os crimes cibernéticos são julgados em sua 
forma dolosa, ou seja, quando há a intenção de praticar o crime.
RESUMO DO TÓPICO 2
170
AUTOATIVIDADE
1 Segundo Schmidt (2015), as denominações quanto aos crimes praticados 
em ambiente virtual são diversas, não há um consenso sobre a melhor 
denominação para os delitos que se relacionam com a tecnologia. Entre outros, 
temos crimes de computação, delitos de informática, abuso de computador, 
fraude informática, enfim, os conceitos ainda não abarcam todos os crimes 
ligados à tecnologia, e, portanto, deve-se ficar atento quando se conceitua 
determinado crime, tendo em vista que existem muitas situações complexas 
no ambiente virtual. Nesse sentido, e de acordo com a teoria dos Crimes 
Eletrônicos, analise as questões abaixo e selecione a alternativa CORRETA:
a) ( ) Crime é a ação humana, contrária ao ordenamento jurídico, típica, 
culpável e punível.
b) ( ) Crime é a ação humana, antijurídica, atípica, culpável e punível.
c) ( ) Crime é a ação humana, antijurídica, típica, culpável e não punível.
d) ( ) Crime é a ação humana, jurídica, típica, culpável e punível.
2 De acordo com a teoria dos Crimes Eletrônicos, a voluntariedade da conduta 
do agente pode ser culposa, dolosa ou também preterdolosa. Baseado nessa 
informação, quando um indivíduo age com culpa? Analise as assertivas 
abaixo e selecione a CORRETA:
a) ( ) Assume os riscos de produzir determinado resultado (o crime).
b) ( ) Possui a intenção de produzir determinado resultado (o crime).
c) ( ) Produz um resultado (crime) não planejado, não intencional, tampouco 
querido.
d) ( ) Nenhuma das alternativas anteriores.
3 Tácio, preocupado com uma conduta que acaba de praticar e que suspeita 
ser criminosa, consulta o seu advogado para saber se praticou um crime. 
Durante a dita consulta, o advogado de Tácio não encontra a conduta 
descrita pelo seu cliente no Código Penal (Lei Penal). Neste caso, analise as 
alternativas abaixo e selecione a CORRETA:
a) ( ) Tácio, por analogia, pode ter praticado outro crime que se assemelhe à 
conduta narrada.
b) ( ) Tácio não praticou crime, pois não há analogia na Lei Penal.
c) ( ) Tácio deverá se apresentar ao Ministério Público por ter praticado 
conduta humana atípica.
d) ( ) Nenhuma das alternativasanteriores.
4 Para Schmidt (2015), de modo geral, pode-se dizer que as evidências dos 
crimes cibernéticos são extremamente voláteis. Podem ser apagadas em 
segundos ou perdidas facilmente. Além disso, possuem formato complexo 
e costumam estar misturadas a uma grande quantidade de dados legítimos, 
171
demandando uma análise apurada pelos técnicos e peritos que participam 
da persecução penal. Diante disso, como poderão ser produzidas evidências 
de um crime eletrônico? 
I- A maioria dos crimes cibernéticos exige perícia para sua perfeita prova.
II- As evidências dos crimes cibernéticos, em um computador, podem ser 
classificadas como evidências do usuário e evidências do sistema.
III- As evidências do usuário são aquelas produzidas pelo próprio sujeito 
ativo, em arquivos de texto, imagem ou qualquer outro tipo.
IV- Já as evidências do sistema são as produzidas pelo sistema operacional, em 
função da ação do sujeito ativo. 
Escolha a alternativa CORRETA:
a) ( ) Somente as alternativas I e III estão corretas.
b) ( ) Apenas a alternativa IV está correta.
c) ( ) Todas as alternativas estão corretas.
d) ( ) A alternativa II está incorreta.
172
173
TÓPICO 3
RESPONSABILIDADE CIVIL, INDENIZAÇÃO E LEGÍTIMA 
DEFESA NA INTERNET
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, trataremos sobre a responsabilidade civil, como funciona a 
questão de indenizações e legítima defesa na internet. São temas cada vez mais 
atuais em nosso meio, que é a TI. No Brasil, cada vez mais estes assuntos são 
tratados de maneira respeitável e com decisões judiciais firmes.
Para Pinheiro (2006), dentro da nova realidade da sociedade digital é 
fundamental repensar alguns princípios jurídicos, bem como resgatar os valores 
aos quais os mesmos estão atrelados e que motivaram a existência das leis que 
se encontram em vigor. É preciso interpretar as normas legais dentro de novas 
situações, que merecem novas respostas. Com a internet, passaram a ser comuns 
situações de ataques, agressões, vandalismo e até mesmo crimes que ocorrem com 
pessoas físicas e jurídicas em ambientes totalmente eletrônicos, não presenciais, 
em que as únicas testemunhas são as máquinas. 
Assevera Pinheiro (2006) que é inteiramente normal que, em qualquer 
caso como os descritos acima, em que há uma situação de infração ou conflito 
de direito em âmbito real ou virtual, a vítima queira se proteger. Sendo assim, 
como fica a questão do exercício do direito de legítima defesa na internet? Até 
que ponto a defesa pode virar infração? Quando podemos atacar quem está nos 
atacando, até mesmo para conseguir saber qual sua identidade e então entrar com 
uma medida judicial? Pela necessidade de aumentar a segurança da informação, 
muitas empresas no Brasil já possuem profissionais especializados em combater 
delitos virtuais, especialmente os cometidos por hackers. 
Em muitos casos, é formado um time de "resposta a incidente", ou há um 
time de monitoramento para que se possa pegar o infrator literalmente com a "mão 
na máquina", quer ele seja de dentro, algum funcionário ou colaborador, ou de fora, 
que vai desde um cliente que pode estar cometendo autofraude, até um parceiro, 
fornecedor ou terceiro. Para isso, uma série de medidas são tomadas, são compradas 
tecnologias específicas e muitas vezes também são contratadas empresas que 
praticam o que se chama "ethical hacking". Para o direito brasileiro, apesar da boa-fé de 
quem está trabalhando nesta área, pode ocorrer que a pessoa venha a ser considerada 
criminosa no exercício dessas atividades (PINHEIRO, 2006).
UNIDADE 3 | LEGISLAÇÃO PARA INFORMÁTICA
174
Veremos como funciona a questão da responsabilidade e indenização por 
dano civil na internet, especificamente. Também iremos estudar como funciona 
a legítima defesa na internet, pois ouvimos muito falar neste assunto no mundo 
“físico”, mas como é tratado o assunto quando nos referimos à internet? Por 
exemplo: se tivermos o nosso perfil em alguma rede social pichado com palavras 
de baixo calão, podemos retribuir a ofensa na mesma intensidade, como se fosse 
um direito de resposta?
2 CONCEITO DE RESPONSABILIDADE CIVIL E INDENIZAÇÃO
Segundo Paesani (2004), quem pratica um ato, ou incorre numa omissão 
de que resulte dano, deve suportar as consequências do seu procedimento. Trata-
se de uma regra elementar de equilíbrio social, na qual se resume, em verdade, 
o problema da responsabilidade. Afirma a autora que a responsabilidade é 
um fenômeno social. Toda lesão a qualquer direito traz como consequência a 
obrigação de indenizar. 
O art. 159 de nosso Código Civil Brasileiro determina que “fica obrigado a 
reparar o dano” quem assim o tiver dado causa. Esta reparação é feita através da 
restituição das coisas, normalmente de forma financeira. E, para arbitrar/estipular 
o valor do dano moral, o juiz leva em consideração o sofrimento da vítima e o 
poder aquisitivo do agente que provocou tal dor.
NOTA
Acadêmico, lembre-se de que dano moral é diferente de dano material. E para 
definir o valor do dano material, basta verificar o valor da coisa que foi perdida ou danificada, 
diferente do que ocorre com o dano moral que estamos estudando agora.
Assim, podemos entender que, uma vez sofrido o dano moral, não há 
como desfazer tal dano. Podemos utilizar como exemplo o dano moral (calúnia, 
injúria ou difamação) sofrido nas redes sociais (constrangimento por internet): se 
tivermos o nosso perfil “pichado”, não há como voltarmos no tempo e deixarmos 
de sofrer tal constrangimento, ele já ocorreu – o sofrimento já ocorreu –, mesmo 
que o xingamento, por exemplo, seja retirado/excluído de nosso perfil; pois 
familiares, colegas de trabalho, amigos e outros contatos de nosso perfil podem já 
ter visualizado as ofensas. 
O que se pode, então, é reparar esse dano através da valoração da dor, 
do sofrimento, do constrangimento e das circunstâncias através das quais tal 
TÓPICO 3 | RESPONSABILIDADE CIVIL, INDENIZAÇÃO E LEGÍTIMA DEFESA NA INTERNET
175
situação ocorreu. É necessário levar em consideração a extensão e a magnitude 
do dano no momento da fixação do valor indenizatório, a fim de majorar o valor 
devido, de modo que o agressor tenha condições de reparar e ser punido pelo 
dano que fez o agredido sofrer (FAVARETTO, 2014). Com esta atitude procura-
se fazer com que o agressor aprenda (critério pedagógico da pena) e pague pelo 
dano causado, desencorajando-o de praticar novamente aquele ato, quer seja com 
a mesma vítima ou com outrem.
Silva (2012) traz que o conceituado doutrinador Pontes de Miranda foi 
fervoroso adepto da reparação por dano moral: os padecimentos morais devem 
participar da estimação do prejuízo. O desgaste dos nervos e a moléstia da tristeza 
projetam-se no físico, são danos de fundo moral e consequências econômicas.
O nosso Código Penal traz os crimes contra a honra. Provavelmente já 
tenhamos ouvido os termos calúnia, injúria e difamação – são esses os referidos 
crimes. Crimes estes bastante praticados pela internet, infelizmente.
 
A CALÚNIA consiste em atribuir, falsamente, a alguém a responsabilidade 
pela prática de um fato determinado definido como crime.
Vamos acompanhar o que diz o Código Penal em seu artigo 138:
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como 
crime:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
§ 1º Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propaga 
ou divulga.
§ 2º É punível a calúnia contra os mortos.
A DIFAMAÇÃO, por sua vez, consiste em atribuir a alguém fato 
determinado ofensivo a sua reputação. Assim, se João afirma que Pedro é um 
péssimo pai de família, constitui crime de difamação. Certifique-se com o Código 
Penal em seu artigo 139:
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo a sua reputação:
Pena - detenção, de três meses a um ano,

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