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Prévia do material em texto

Indaial – 2020
Introdução ao Estudo 
do dIrEIto
Prof. Ismael de Córdova
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020
Elaboração:
Prof. Ismael de Córdova
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
C796i
 Córdova, Ismael de
 Introdução ao estudo do direito. / Ismael de Córdova. – Indaial: 
UNIASSELVI, 2020.
 184 p.; il.
 ISBN 978-65-5663-034-2
 1. Direito - Estudo e ensino. - Brasil. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 340.07
III
aprEsEntação
O direito enquanto ciência social vem sofrendo transformações diante 
das modificações sociais. Com isso, esta disciplina de Introdução ao Estudo 
do Direito contribui para a compreensão desses avanços, modificações e 
atribuições deste direito em crescimento. Neste sentido, ao final da disciplina, 
será possível compreender tanto os aspectos básicos e históricos do direito, 
como as fontes e fundamentos, por exemplo, os aspectos inclusos em tal 
ciência, os procedimentos de integração, os princípios e valores e a atuação 
na sociedade como um todo.
Para facilitar a compreensão de tais conteúdos, esta disciplina 
é dividida em três unidades, sendo que cada unidade traz consigo temas 
de grande relevância para a área do direito, dentro dos tópicos citados 
anteriormente, que norteiam e orientam acerca da base do direito até a 
atuação profissional. Além desta divisão, dentro das unidades os temas 
estão divididos em quatro tópicos para que você consiga estudar cada um 
de forma minuciosa.
Ao estudar este material, você terá acesso a um acervo de informações 
breves acerca do direito, mas que são de grande relevância. Aprenderemos 
acerca do direito como fenômeno social, os fundamentos e fontes do direito, a 
aplicabilidade do direito enquanto ciência social, os valores, as modificações 
e atualizações das teorias que fundamentaram e que ainda fundamental esta 
ciência, dentre outras questões.
Desejamos a você bons estudos e que este conteúdo colabore 
significativamente para o seu crescimento pessoal e profissional.
Bons estudos!
Prof. Ismael de Córdova
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto 
para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
V
VI
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela 
um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro 
que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá 
contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, 
entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
LEMBRETE
VII
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO ...........................................................1
TÓPICO 1 – DIREITO COMO FENÔMENO SOCIAL ......................................................................3
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................3
2 DIREITO COMO FENÔMENO SOCIAL ..........................................................................................3
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................15
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................16
TÓPICO 2 – FUNDAMENTOS DO DIREITO ...................................................................................17
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................17
2 FUNDAMENTOS DO DIREITO .......................................................................................................17
2.1 JUSNATURALISMO ........................................................................................................................19
2.2 JUSPOSITIVISMO ............................................................................................................................22
2.3 JUSNATURALISMO E JUSPOSITIVISMO...................................................................................25
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................28
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................29
TÓPICO 3 – FONTES DO DIREITO....................................................................................................31
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................31
2 FONTES DO DIREITO ........................................................................................................................31
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................43
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................44
TÓPICO 4 – PROCEDIMENTOS DE INTEGRAÇÃO .....................................................................45
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................45
2 PROCEDIMENTOS DE INTEGRAÇÃO .........................................................................................45
LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................................61
RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................65
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................66
UNIDADE 2 – A NORMA JURÍDICA ................................................................................................69
TÓPICO 1 – ESTRUTURA DA NORMA JURÍDICA .......................................................................71
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................712 A ESTRUTURA DA NORMA JURÍDICA .......................................................................................71
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................81
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................82
TÓPICO 2 – CARACTERÍSTICAS E CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA ..................83
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................83
2 CARACTERÍSTICAS E CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA .......................................83
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................90
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................91
sumárIo
VIII
TÓPICO 3 – PLANOS DE VALIDADE DA NORMA JURÍDICA .................................................93
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................93
2 PLANOS DE VALIDADE DA NORMA JURÍDICA ......................................................................93
2.1 PLANO DA EXISTÊNCIA ..............................................................................................................95
2.2 PLANO DA VALIDADE .................................................................................................................96
2.3 EFICÁCIA .........................................................................................................................................98
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................102
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................103
TÓPICO 4 – SISTEMA E ORDENAMENTO JURÍDICO ..............................................................105
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................105
2 SISTEMA E ORDENAMENTO JURÍDICO ..................................................................................105
2.1 SISTEMA E ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO .......................................................111
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................116
RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................120
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................121
UNIDADE 3 – O DIREITO NO TEMPO E NO ESPAÇO – TEORIA DA RELAÇÃO 
 JURÍDICA ....................................................................................................................123
TÓPICO 1 – HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO JURÍDICA E APLICAÇÃO 
 DO DIREITO NA SOLUÇÃO DO CASO CONCRETO NA ESFERA 
 CONSTITUCIONAL ......................................................................................................125
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................125
2 HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO JURÍDICA E APLICAÇÃO DO 
 DIREITO NA SOLUÇÃO DO CASO CONCRETO NA ESFERA CONSTITUCIONAL .....125
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................140
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................141
TÓPICO 2 – POSIÇÕES JURÍDICAS DOS SUJEITOS DE DIREITO NAS RELAÇÕES 
 JURÍDICAS ......................................................................................................................143
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................143
2 POSIÇÕES JURÍDICAS DOS SUJEITOS DE DIREITO NAS RELAÇÕES JURÍDICAS .......143
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................155
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................156
TÓPICO 3 – DIREITO SUBJETIVO ...................................................................................................157
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................157
2 DIREITO SUBJETIVO .......................................................................................................................157
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................167
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................168
TÓPICO 4 – ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO ................................169
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................169
2 ESTRUTURA DO PODER JUDICIÁRIO ......................................................................................169
RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................179
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................180
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................181
1
UNIDADE 1
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO 
DIREITO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• compreender os conceitos básicos do direito;
• reconhecer os aspectos teóricos e sociais do direito;
• dominar os aspectos de origem e que fundamentam o direito;
• adquirir os conhecimentos gerais que fundamentam o direito;
• avaliar, de forma completa, o direito e a sua função desde a sua base 
epistemológica.
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da unidade 
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo 
apresentado.
TÓPICO 1 – DIREITO COMO FENÔMENO SOCIAL
TÓPICO 2 – FUNDAMENTOS DO DIREITO 
TÓPICO 3 – FONTES DO DIREITO
TÓPICO 4 – PROCEDIMENTOS DE INTEGRAÇÃO
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
DIREITO COMO FENÔMENO SOCIAL
1 INTRODUÇÃO
Você já deve ter estudado ou lido alguns materiais acerca do direito. No 
entanto, caso você não tenha feito isso ainda, tenha calma! A partir do estudo 
deste tópico você poderá ser capaz reconhecer o conceito de direito, avaliá-lo 
e compreendê-lo enquanto fenômeno social e, ainda, conhecer alguns aspectos 
históricos. Aqui, apresentaremos todas estas temáticas de grande relevância para 
a compreensão completa do conteúdo.
O direito enquanto ciência construída desde a existência humana e em 
constante evolução, não se reduz apenas em pequenos conceitos: mas conteúdos 
profundos e abrangentes que dizem respeito ao homem que vive em sociedade, 
aos seus direitos e deveres, a sua conduta e assuas penalidades quando esta não 
é de boa índole. 
Contudo, essa sociedade que vem se modificando ao mesmo passo da 
evolução humana traz consigo certas necessidades que a própria ciência jurídica 
está propícia a abarcar, oferecendo eficiência e eficácia diante dos procedimentos 
jurídicos, ao possuir base epistemológica bastante fortalecida.
Bons estudos a você! 
2 DIREITO COMO FENÔMENO SOCIAL
A sociedade vem sofrendo modificações de grande relevância na 
atualidade. Crenças, culturas, tradições e verdades que são construídas, 
desconstruídas e reconstruídas. Desta maneira, o direito apresenta-se como um 
mensurador destas questões sociais que surgem nos sujeitos em relação.
Diante disso, Ferraz Junior (2015, p. 1) nos apresenta:
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
4
O direito é um dos fenômenos mais notáveis na vida humana. 
Compreendê-lo é compreender uma parte de nós mesmos. É saber 
em parte por que obedecemos, por que mandamos, por que nos 
indignamos, por que aspiramos a mudar em nome de ideais, por que 
em nome de ideais conservamos as coisas como estão. Ser livre é estar 
no direito e, no entanto, o direito também nos oprime e tira-nos a 
liberdade. Por isso, compreender o direito não é um empreendimento 
que se reduz facilmente a conceituações lógicas e racionalmente 
sistematizadas. 
É notável, portanto, que o direito não pode ser reduzido a apenas uma 
conceituação breve, ao salientar a dimensão que esse significado possui. O direito 
em si envolve muitas questões de âmbito social, respaldadas na vivência de cada 
sujeito que move e vive em sociedade. Desta maneira, traz consigo questões de 
estabilidade de justiça social, colocando em primeiro lugar os direitos previstos 
legalmente.
Diante das diferentes realidades sociais, faz-se necessário haver intermédio 
a fim de equilibrar e organizar a sociedade: principalmente por questões de 
organização e justiça.
O autor ainda comenta acerca do direito de forma breve: 
De uma parte, consiste em grande número de símbolos e ideais 
reciprocamente incompatíveis, o que o homem comum percebe 
quando se vê envolvido num processo judicial: por mais que ele esteja 
seguro de seus direitos, a presença do outro, contestando-o, cria-lhe 
certa angústia que desorganiza sua tranquilidade. De outra parte, 
não deixa de ser um dos mais importantes fatores de estabilidade 
social, posto que admite um cenário comum em que as mais diversas 
aspirações podem encontrar uma aprovação e uma ordem (FERRAZ 
JUNIOR, 2015, p. 11).
Contudo, o direito possui a função de assegurar os direitos dos cidadãos, 
considerando a justiça em primeiro lugar a fim de avaliar os pontos e contrapontos 
com o intuito de acatar a decisão mais justa perante a lei. Entretanto, deve-se 
considerar as modificações e avanços que o direito teve em seu desenvolvimento. 
Cabe aqui salientar que o Direito se torna um fenômeno do cotidiano, 
principalmente quando consideramos que todas as relações na sociedade da 
concepção até a morte, temos o direito como regente do princípio até o fim, pois, 
como afirma Campos (2011, p. 3), “o Direito resguarda, defende, ampara, protege 
e serve o indivíduo em todos os momentos”, ou seja, muito antes de nascermos, o 
Direito já nos antecedeu com intuito de alguma forma garantir as nossas relações 
em sociedade. O autor ainda nos apresenta as distinções que ocorrem no uso da 
palavra direito:
TÓPICO 1 | DIREITO COMO FENÔMENO SOCIAL
5
QUADRO 1 – USO DA PALAVRA DIREITO
NORMA
Representa as regras que determinada sociedade 
segue, são mutáveis conforme a cultura de cada local, 
por exemplo o Direito brasileiro acolhe o instituto 
do Divórcio. Desta forma o Direito é formulado por 
códigos e leis denominado DIREITO POSITIVO.
FACULDADE
Neste caso é sinônimo de opção e não de uma 
obrigação, por exemplo: temos o direito de reclamar 
da administração pública, porém podemos fazer ou 
não, ou seja, é facultativo, só reclama se quiser.
JUSTO
Utilizado para conduzir a certo tipo de comportamento 
do ser humano podendo este ser justo ou injusto, por 
exemplo: a moça se comportou direito
CIÊNCIA Utilizado como uma área de conhecimento a ser 
estudada, por exemplo: Estudo direito na faculdade.
FONTE: Adaptado de CAMPOS, 2011, p. 5
Durante muito tempo a teoria do direito se constituiu de um modo, mas 
atualmente ela vem modificando-se: “A teoria jurídica passa a ser um construído 
sistemático da razão e, em nome da própria razão, um instrumento de crítica da 
realidade” (FERRAZ JUNIOR, 2015, p. 44). Ademais, é importante neste momento 
a compreensão do conceito de direito e suas considerações.
Nader (2014, p. 93) corrobora que o direito “é classificado como termo 
análogo ou analógico, pelo fato de possuir vários significados que, apesar de 
se diferenciarem, guardam entre si alguns nexos”. Por exemplo, podemos falar 
do direito enquanto oposto de esquerdo, sendo a mesma palavra que se utiliza 
para o direito judicial, que tem um significado bastante distinto. No entanto, 
neste momento, trata-se do direito como norma de organização social – o direito 
referente à legislação.
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
6
FIGURA 1 – SÍMBOLO DO DIREITO
FONTE: <https://laura-e-torres-abogada.webnode.com/_files/200000001-
a6e92a7e2c/200/54121127-diosa-griega-Themis-Ley-de-Justicia-igualdad-Un-juicio-justo-
Corona-de-laurel--Foto-de-archivo.jpg>. Acesso em: 28 fev. 2020. 
FIGURA 2 – BALANÇA DO DIREITO
FONTE: <https://www.figueiralaser.com.br/site/fotoTexturaMaterial?id_recorte_
personalizado=974&id_materia_prima=1612&tamanho=250x250>. Acesso em: 28 fev. 2020.
O direito sempre teve um grande símbolo, bastante simples, que se 
materializava, desde há muito, em uma balança com dois pratos colocados no 
mesmo nível, com o fiel no meio – quando este existia – em posição perfeitamente 
vertical. Para a língua vulgar dos gregos, o justo (o direito) significa o que era 
visto como igual (igualdade) (FERRAZ JUNIOR, 2015, p. 11).
Já os romanos, tinham uma outra maneira de representar o direito – em 
alusão à deusa Lustitia. A imagem era similar, porém a deusa concentrava-se 
equilibrando os dois pratos por meio de uma balança com os olhos vendados, e 
proclamava: direito (FERRAZ JUNIOR, 2015).
TÓPICO 1 | DIREITO COMO FENÔMENO SOCIAL
7
Apesar das diferenças entre os dois povos: gregos e romanos, os símbolos 
possuem semelhanças significativas, sendo o significado da imagem bastante 
parecido. Para os gregos, o direito significa igualdade, para os romanos, o 
significado é correto. Contudo, tais saberes fazem parte da construção do que é 
direito e a maneira na qual ele se constitui atualmente e ainda, nas transformações 
que sofrerá.
Para Cruz (1971, p. 58), 
a palavra direito em português (e as correspondentes nas línguas 
românicas), guardou, tanto o sentido do jus como aquilo que é 
consagrado pela Justiça (em termos de virtude moral), quanto o 
de derectum como um exame da retidão da balança, por meio do ato da 
Justiça (em termos do aparelho judicial). 
Desta forma, o direito ganha forma e medida ao ser aquilo que mede 
o correto, o justo, o igual. Contudo, essa construção foi e continua sendo de 
povos de grande influência, como já citados anteriormente: gregos e romanos, 
que apesar de algumas divergências, fazem parte da história do direito e da sua 
relevância social.
Nader (2014, p. 95) ressalta: “Examinando o vocábulo do ponto de vista 
objetivo, assim o consideramos: Direito é um conjunto de normas de conduta 
social, imposto coercitivamente pelo Estado, para a realização da segurança, 
segundo os critérios de justiça”.
 
Giacomelli et al. (2018, p. 61) acresce outras atribuições ao conceito 
de direito: “o Direito é o conjunto de regras que regula as relações humanas, 
visando à convivência pacífica entre os indivíduos. Por consequência, deve estar 
sempre em consonância com a vontade de um povo, absorvendo os costumes e as 
tradições locais, embora seja imposto de forma coercitiva”. 
Campos (2011) apresentaa origem em latim da palavra direito “directum” 
que é derivada do verbo “dirigere” que etimologicamente representa (dirigir, 
enviar, guiar, regular, ordenar), não desviando, seguindo direção única, que 
está conforme, tem razoabilidade, e se fundamenta pelos princípios da justiça e 
equidade. Ainda, define o autor o conceito de norma: 
Norma é uma espécie de princípio de preceito de regra. A norma é 
um mandamento, nela se insere um comando imperativo. Todavia, 
não será somente um mandamento com o comando imperativo, será 
também permissões e atribuições e poder ou competência. Aquilo que 
se estabelece como base ou medida para a realização ou avaliação de 
alguma coisa: norma de serviço, normas jurídicas; normas diplomáticas 
(CAMPOS, 2011, p. 12).
 A norma, portanto, é o sujeito de ligação entre o indivíduo e a sociedade, 
ou seja, o direito possui ligação com os sujeitos que vivem em sociedade, ao levar 
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
8
em consideração seus costumes, tradições e crenças. Já Oliveira (1997, p. 380) se 
pronuncia de maneira em que se acredita que “[...] o direito pode ir além disso, 
sendo utilizado também como instrumento de mudança social, de modo a tentar 
inverter o quadro de dominação”. Segundo Nader (2014), o próprio Kant afirmou 
no Século XVII que os juristas ainda estão em busca de uma definição para o 
direito diante das divergências.
Contudo, Oliveira (1997, p. 380) ainda acrescenta: “Nota-se que, em nosso 
meio, o direito não se manifesta apenas por meio das leis – esta é a sua principal 
fonte –; há outras fontes de caráter secundário, porém de grande relevância, que 
são a doutrina e, acima de tudo, a jurisprudência”.
 
Contudo, percebe-se ainda, que o direito possui o compromisso de 
promover a modificação social – de ser um agente transformador, ainda que pela 
legislação. Faz parte do arsenal de questões que contribuem para a mudança de 
uma sociedade, sendo que, os próprios povos que construíram o direito, como 
os gregos e romanos, a forma em que o tempo passava, foram modificando-se 
socialmente.
Dias (2014, p. 4) retrata:
A sociedade é universalidade e totalidade. É universalidade porquê 
é encontrada em todos os recantos do planeta, constitui-se num 
fenômeno social universal; é totalidade porque constitui um sistema 
social complexo, onde as diversas partes que o integram estão 
profundamente relacionadas umas às outras. 
Portanto, a sociedade é passível de transformações e possui um 
funcionamento dinâmico e mutável. O direito entra na sociedade como um 
organizador: das crenças, culturas e povos que estão inseridos nela, além de fazer 
parte de um reconhecimento grupal. O mesmo autor ainda coloca que o direito 
surge como uma “autodefesa coletiva do grupo primitivo e o projeta na história, 
assim também surge o conceito de autoridade, de poder ou de mando” (DIAS, 
2014, p. 9).
Os próprios povos, de forma primitiva, buscavam maneiras de organizar-
se, elegendo no grupo um líder – seja por força física, inteligência ou rapidez. 
Desde os primórdios esses sujeitos organizavam-se a sua maneira, o que mais 
tarde originou a autoridade, a liderança e acabou significando a evolução das 
relações em grupo e da organização social. 
Nader (2014, p. 93, grifo do autor) nos coloca:
Os sociólogos do Direito, por sua vez, enfatizam 
o elemento social, enquanto os historicistas fazem referência ao caráter 
evolutivo do Direito. Formas especiais de experiência conduzem a 
definições muitas vezes curiosas, como a formulada por Pitágoras que, 
sob a ótica da matemática, afirmou: “O Direito é o igual múltiplo de 
si mesmo”. 
TÓPICO 1 | DIREITO COMO FENÔMENO SOCIAL
9
Historicamente, o direito em sua origem aparece enquanto fenômeno 
auxiliador na organização da sociedade, podendo ser exemplificado pelos pactos 
conforme a citação a seguir. Segundo Giacomelli et al., 2018, o direito é descendente 
direto das revoluções iluministas do séc. XVII, e a partir deste marco, pôde-se 
entender o direito como um conjunto de regras derivadas do povo e para o povo, 
ou seja, as regras surgiam do povo para que este povo as seguisse – eliminando 
assim, a ideia de que as regras seriam colocadas por uma autoridade ou uma 
religião.
Assim, o direito, em sua origem, foi empírico, não racional, aprendido 
da experiência original, não extraído da razão. Não há dúvida de que 
em algum momento, os homens se aproximaram uns aos outros e 
selaram pactos (por exemplo, de não agressão), logo, enfim, organizada 
a sociedade, estabelecidos os costumes, a autoridade aparece como 
redatora da lei, fonte privilegiada do direito. A cultura das cidades 
desenvolveu o direito consuetudinário e em seguida o escrito (DIAS, 
2014, p. 15).
Nasce em meio a sociedade o direito, e ele deriva-se de costumes, da 
religião, de hábitos e crenças dos indivíduos. “Em toda sociedade vigora certa 
ordem social que torna possível a convivência de qualquer grupo humano” 
(DIAS, 2014, p. 20). A ordem social é de extrema relevância, principalmente para 
estabelecer a organização e o estabelecimento de normas e condutas viáveis.
Nader (2014, p. 93) corrobora relatando que “O direito está em função 
da vida social. A sua finalidade é a de favorecer o amplo relacionamento entre 
as pessoas e os grupos sociais, que é uma das fases do progresso da sociedade”. 
Entretendo, pessoas necessitam de normas para agirem em sua liberdade, 
respeitando o espaço alheio de forma justa. 
Os primeiros grupos humanos eram formados por poucos indivíduos, 
e a ordem era imposta pelo mais forte fisicamente, pois dependia 
dele a sobrevivência do próprio grupo (segurança e alimento); um 
comportamento análogo à maioria dos mamíferos que vivem em 
bandos. Assim, a sociedade humana partiu de agrupamentos para 
bandos, famílias, grupos de famílias, clãs, tribos, conjunto de tribos, 
nações e, atualmente, agrupamento de nações. Ao longo da jornada 
humana, a força foi substituída pela razão, e surgiu a necessidade 
de ordenarmos a sociedade de forma outra que não a da violência e 
imposição do mais forte. Surgiu, portanto, o Direito como elemento 
capaz de conter vontades individuais para que prevalecesse a vontade 
coletiva (GIACOMELLI et al., 2018, p. 62).
Conforme a população foi aumentando e os indivíduos imigraram para as 
civilizações mais populosas, as normas e regras tornaram-se indispensáveis para 
a sobrevivência grupal e a evolução da construção de novos grupos sociais. O 
que antes era uma sobrevivência via corporal – meios físicos e corporais –, agora 
ganha nova forma: via razão, por meio de direitos e deveres estabelecidos.
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
10
Nenhuma sociedade poderia subsistir se ela se omitisse diante do 
choque de forças sociais e do conflito de interesses que se verificam 
constantemente no seu interior. Não haveria vida coletiva se fosse 
permitido que cada indivíduo procedesse de acordo com seus 
impulsos e desejos pessoais, sem respeitar os interesses dos demais 
(BETIOLI, 2015, p. 51).
Ao discorrer acerca da sociedade, faz-se necessário compreender quais 
são suas principais características, visto que esta foi o berço do direito enquanto 
prática. Avalie a tabela a seguir:
QUADRO 2 – PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA SOCIEDADE 
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA SOCIEDADE
a) Constitui um grupo humano coerente, de ação geral e unitária.
b) Este grupo se propõe à cooperação e à realização de fins ou interesses 
principais, como sua própria manutenção, sua preservação e sua 
continuidade biológica.
c) A interação social é contínua, permanente e diversificada para estimular 
as relações sociais complexas de seres humanos diversos em sexo, idade, 
condição econômica etc.
d) O assentamento territorial é necessário para assegurar a subsistência e a 
ação social permanente.
e) O grupo social é atuante, estimulante da ação cultural coletiva em suas 
variadas relações e processos e sobre a base de que dentro de uma sociedade 
podem existir múltiplas culturas (subculturas).f) O grupo social imprime seu próprio caráter às criações sociais, de tal modo 
que até mesmo a obra individual, de um criador excepcional ou gênio, 
aparece como consequência da experiência coletiva ou social. O grupo social 
adquire consciência de sua identidade e história.
FONTE: Adaptado de Dias, 2014, p. 5
Diante das demandas que emergem neste contexto, o direito articula a 
organização e a justiça, com o objetivo de manter a igualdade social enquanto 
direitos e deveres de um cidadão, precisando, muitas vezes, julgar alguns 
membros da sociedade. 
Desta forma, “O direito contém, ao mesmo tempo, as filosofias da 
obediência e da revolta, servindo para expressar e produzir a aceitação do status 
quo, da situação existente, mas aparecendo também como sustentação moral da 
indignação e da rebelião” (FERRAZ JUNIOR, 2015, p. 11).
TÓPICO 1 | DIREITO COMO FENÔMENO SOCIAL
11
 No entanto, nesse sentido, qual a relevância de compreender as principais 
características da sociedade ao se tratar do estudo do direito? Betioli (2015, p. 53) 
apresenta um motivo crucial: “Não há direito sem sociedade (Ubi jus, bi societas). 
O direito não tem existência em si próprio; ele existe na sociedade e em função da 
sociedade. Por isso é inconcebível fora do ambiente social”. Gusmão (2008, p. 1) 
também afirma que o tipo agrupamento social será norteado pelas suas normas 
de conduta social, viabilizando para dirimir os possíveis conflitos caminhando 
rumo a paz social.
Desta maneira, sociedade e direito são codependentes: ou seja, um 
necessita do outro para a sua própria sobrevivência e para o bem-estar de 
todos aqueles que o cercam. Dias (2014, p. 16) complementa a fala de Betioli, ao 
afirmar que “Quando o homem teve plena consciência do valor de uma norma 
consuetudinária e mais tarde escrita, começou a lutar pelo direito”. Considera-
se então, que foram os costumes que criaram o direito, sendo uma elaboração 
exclusiva da sociedade humana: é uma criação do homem.
O direito não surge senão na sociedade, porque somente os homens, por 
suas faculdades mentais mais desenvolvidas, foram capazes de experimentar 
que reprimindo determinados atos e eliminando os seus autores, se verifica no 
grupo social uma diminuição da repetição desses mesmos atos, e porque somente 
na sociedade humana, por um lado e junto ao direito, se desenvolvem outros 
fenômenos de ordem econômica, familiar, política, religiosa, que nas agrupações 
animais não se encontra nunca (DIAS, 2014, p. 15).
O direito passa a ser promissor do desenvolvimento de fenômenos 
relevantes para um bom funcionamento da sociedade, como coloca Dias (2014) 
na citação anterior, fornece subsídios e ferramentas para que os sujeitos vivam 
de forma harmoniosa em conjunto, sem infringir a liberdade alheia e as normas 
estabelecidas.
Sobre a história da criação do direito, pode-se compreender, portanto, 
que:
• O direito é uma criação humana. 
• Surgiu através dos costumes de povos. 
• Não há direito sem sociedade, nem sociedade sem direito.
• O direito foi criado para organizar a sociedade. 
• Os grupos sociais necessitam de normas para um bom funcionamento.
Em suma, o direito surge ao longo de um processo histórico, dialético 
e cultural, como uma prática social que utiliza um procedimento 
de solução de conflitos de interesses. É produto de uma realidade 
complexa e dinâmica que é a vida em sociedade, com seus problemas 
e controvérsias. É a expressão de um modo de vida de um povo e de 
sua cultura (BETIOLI, 2015, p. 55).
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
12
Diante das necessidades, o direito foi resultou enquanto instrumento 
social. Como já foi citado anteriormente, com a função de organizar a sociedade, 
ele também se atribuía na solução de conflitos e estabelecimento de regras de 
convivência nos grupos. “Atualmente, o direito pode ser compreendido como 
um instrumento social destinado a motivar e enquadrar as ações humanas e 
contribuir para que se alcance um tipo determinado de ordem social em uma 
sociedade secularmente organizada” (DIAS, 2014, p. 20).
Desta forma, a sociedade possui maior segurança diante do comportamento 
humano (que é variável de acordo com a história de vida de cada sujeito) que 
não pode ser controlado pelo direito, mas, sim, mensurado. Com regras, normas 
e legislações, o homem precisa enquadrar-se neste modelo a fim de viver em 
liberdade, e permitir a liberdade alheia. “O direito, assim, de um lado, protege-
nos do poder arbitrário, exercido à margem de toda regulamentação, salva-nos 
da maioria caótica e do tirano ditatorial, dá a todos oportunidades iguais e, ao 
mesmo tempo, ampara os desfavorecidos” (FERRAZ JUNIOR, 2015, p. 11). 
Cabe aqui frisar que essa relação complexa entre as normas e o convívio 
social, visa, nada mais, nada menos, que manter a ordem social para não chegar ao caos e 
a barbárie de outros tempos. Por isso as normas são fundamentais ao bom convívio social.
ATENCAO
Como já descrito anteriormente, independente da vontade ou do querer, 
o ser humano já nasce em uma sociedade que exerce o controle social por meio de 
suas normas/regras de conduta, que caso sejam violadas decorrem de sanções na 
mesma proporção, desde as mais brandas até as mais severas. 
As sanções, na maioria das vezes, são aplicadas pelo Estado e somente 
dele dependem, considerando que apenas este possui o aparato estatal para fazer 
valer os sistemas normativos estruturados. Assim, afirma Gusmão (2018, p. 3), 
“O Direito, portanto, é uma das normas sociais, das quais se distingue por ser 
acompanhado de sanções organizadas, institucionalizadas, aplicadas por órgãos 
especializados, isto é, pelo poder público [...]”. 
Observa-se que ora haverá por parte do direito um constrangimento social, 
se levarmos em consideração que quando ocorre uma transgressão por parte de 
algum membro de determinada sociedade, via de regra este infrator será punido 
conforme descrito na legislação prevista. Nesta linha de pensamento, pode-se 
observar que o Direito é formado a partir da realidade, ou seja, é o reflexo de fatos 
sociais e como consequência irá moldando, ou seja, realizando o controle social 
de determinado grupo. 
TÓPICO 1 | DIREITO COMO FENÔMENO SOCIAL
13
Segundo Gusmão (2008), o Direito e as relações sociais possuem uma 
simbiose de aproximação e afastamento, podendo com o tempo alternar-se, por 
exemplo, quando cita-se o instituto do casamento, de um contrato social estes são 
institutos de aproximação do direito, ao contrário de quando existe um litígio, 
como o divórcio ou qualquer outro conflito, será uma relação de afastamento 
que por si só trarão várias outras consequências na área do direito, como pensão, 
guarda, divisão de bens, quando se trata por exemplo de uma separação. Esse 
exemplo prático apresenta a relação intrínseca entre o direito e a realidade social.
A palavra direito vem do latim directum, que significa aquilo que é reto, que 
tem a qualidade do que é conforme a regra. Contemporaneamente, contudo, são atribuídas 
diversas concepções à expressão, como: 
• Sistema Jurídico. 
• Norma Jurídica.
• Lei.
• Regra.
• Faculdade.
• Fenômeno Social.
FONTE: Adaptado de GIACOMELLI et al., 2018, p. 61
INTERESSANTE
Ao longo das unidades deste material, trabalharemos nas diversas 
concepções a expressão do direito, sendo que neste momento estamos no que diz 
respeito ao Fenômeno Social. Dias (2014) nos apresenta que o homem necessita 
viver em sociedade – não nasceu para viver isolado, sendo que esta sociedade 
constitui as unidades sociais e as complexas redes de relações existentes em toda 
a humanidade – as relações formam, constroem e delineiam a sociedade como 
um todo. 
Já a sociedade formata o direito com suas necessidades. Compreende-se, 
portanto, que o direito visa à organização destes sujeitos com relação social, com 
o objetivo de manter a igualdade e justiça entre os povos. Betioli (2015) nos coloca 
que o objetivo não é a mudança do homem interior, mas sim enfatizar as regrasnas relações sociais.
Assim, o direito não visa ao aperfeiçoamento interior do homem; 
essa meta pertence à moral. Não pretende preparar o ser humano 
para uma vida supraterrena, ligada a Deus, finalidade buscada pela 
religião. Nem se preocupa em incentivar a cortesia, o cavalheirismo 
ou as normas de etiqueta, campo específico das regras de trato 
social, que procuram aprimorar o nível das relações sociais 
(BETIOLI, 2015, p. 51).
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
14
Enquanto fenômeno social, em seu quadro evolutivo, o direito fornece 
voz e autonomia para o homem, que agora possui organização na sociedade 
e organiza suas atitudes através de seus pensamentos, não agindo apenas por 
reações instintivas, mas, principalmente, agindo racionalmente – pensar e 
posteriormente agir. “É importante perceber o Direito como contentor social, que 
molda atitudes e freia comportamentos, inibindo reações instintivas e impondo 
reações racionais, para que prevaleça a ordem da lei em detrimento da vontade 
do mais forte” (GIACOMELLI et al., 2018, p. 61).
Conforme o homem foi evoluindo, a sociedade como um todo segue se 
aprimorando e, como consequência, o direito também vai se moldando. Conforme 
Betioli (2015), não há direito sem sociedade, nem tampouco sociedade sem o 
direito. Todos os autores citados, corroboram sobre o direito enquanto ciência 
social e discursam o quão ele se faz relevante na esfera social – sem direito, sem 
organização social.
Não podemos esquecer ainda que todas as ações e comportamentos de 
determinada sociedade, ocasiona reflexos na legislação daquele território, influenciando 
diretamente na vida das pessoas, que provocaram esses reflexos mesmo de maneira 
involuntária, com situações ligadas à economia, religião, guerras etc.
IMPORTANTE
A Grande Depressão (1929) é um fato histórico de um determinado 
comportamento social que altera drasticamente a ordem jurídica de vários países, inclusive 
aqui no Brasil. Com a crise econômica, várias legislações revogadas e outras surgem devido à 
grande recessão da época. O Estado precisava agir de forma direta na economia, os reflexos 
no Brasil tiveram várias proporções, a Revolução de 1930, o país emerge de uma economia 
com base na agricultura (café, açúcar, algodão etc.) e segue rumo à industrialização e, 
como consequência, à legislação trabalhista.
FONTE: Gusmão (2008, p. 9).
INTERESSANTE
Diante desse breve exemplo prático, podemos analisar que o fator 
econômico foi responsável por uma mudança drástica no direito, porém não 
é o único fator, ainda poderão surgir fatores ligado às questões religiosas, 
geográficas, políticas, climáticas que também poderão trazer mudanças diretas 
ao ordenamento jurídico. Eis o direito enquanto fenômeno social, nasce e atua nas 
instâncias e realidades da sociedade. 
15
Neste tópico, você aprendeu que:
• O direito possui a função de assegurar os direitos dos cidadãos, considerando 
a justiça em primeiro lugar a fim de avaliar os pontos e contrapontos com o 
intuito de acatar a decisão mais justa perante a lei.
• O direito é uma construção dos povos, e não existe sociedade sem direito, nem 
direito sem sociedade.
• Conforme a evolução do homem, o direito se fez necessário diante das 
demandas sociais.
• O direito é agente de voz e autonomia para o homem, que deixa de ser instintivo 
e passa a ser racional – pensar e depois agir.
• O direito visa à organização social.
• A construção do direito possui algumas influências, sendo algumas delas a 
grega e romana.
RESUMO DO TÓPICO 1
16
1 O direito em si, possui uma grande trajetória. Hoje ele possui fundamentos, 
fontes, princípios e valores que o fortalece e embasa para uma atuação eficaz. 
No entanto, historicamente, ele aparece enquanto organizador social. Desta 
forma, Giacomelli et al. (2018) coloca que o direito é:
a) ( ) Descendente direto da legislação do Século XV, e a partir deste marco, 
pôde-se entender o direito como um conjunto de regras derivadas do 
povo e para o povo.
b) ( ) Descendente direto das revoluções iluministas do Século XVII, e a partir 
deste marco, pôde-se entender o direito como um conjunto de regras 
derivadas do povo e para o povo, ou seja, as regras surgiam do povo 
para que este povo as seguisse.
c) ( ) Descendente direto da sociedade do séc. XXI, e a partir deste marco 
pôde-se entender o direito como um conjunto de regras derivadas do 
povo e para o povo, ou seja, as regras surgiam do povo para que este 
povo as seguisse.
d) ( ) Descendente indireto da sociedade do séc. XXI, e a partir deste marco 
pôde-se entender o direito como um conjunto de leis do povo e para o 
povo, ou seja, da constituição.
2 O método positivista, enquanto fundamento do direito, diz respeito à parte 
legal. Nele estão presentes os estudos que levam em conta exclusivamente o 
fenômeno do Direito, ou seja: baseado nas questões legais. Segundo Venosa 
(2019), o método positivista é composto primordialmente de três fases, as 
quais são, necessariamente: 
a) ( ) Observação – Formulação de Hipótese – Experimentação.
b) ( ) Julgamento – Formulação de Normas – Observação.
c) ( ) Observação – Julgamento – Formulação de Hipótese.
d) ( ) Formulação de leis – Formulação de Hipótese – Julgamento.
AUTOATIVIDADE
17
TÓPICO 2
FUNDAMENTOS DO DIREITO
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico trabalharemos brevemente acerca dos fundamentos do 
direito. Ao estudá-lo, você será capaz de reconhecer os fundamentos, diferenciá-
los, avaliar suas características e aprofundar seus estudos posteriormente no qual 
você sentir-se mais confortável. Ambos fazem parte da construção histórica do 
direito e possuem sua devida importância. 
Nesse sentido, os fundamentos dizem respeito à base e ao norte do direito, 
no sentindo de fornecer subsídio a ciência como um todo. Podemos compreender 
como principais fundamentos o Direito Natural e o Direito Positivo, nos quais 
estão detalhadamente explicados no decorrer deste tópico.
Apesar de distintos, esses fundamentos contribuíram e ainda contribuem 
significativamente para o direito como um todo: construção, essência e 
aplicabilidade social. Desta forma, compreende-se a relevância de conhecermos 
os fundamentos jurídicos, a fim de dominarmos os aspectos gerais da ciência 
jurídica.
2 FUNDAMENTOS DO DIREITO
O direito, como uma ferramenta social, possui alguns fundamentos que 
norteiam a sua eficácia. Parte de sua construção história, estes fundamentos 
fornecem embasamento no crescimento posterior desta ciência humana, sendo os 
principais: o direito natural (também chamada de jusnaturalismo e/ou naturalista) 
e o direito positivo (também chamada de juspositivismo e/ou positivismo).
Ao se pensar no termo “natural” vem à mente a ideia de perfeição, de 
estabilidade e até mesmo imutabilidade, já que as mudanças nas regras da natureza 
quando ocorrem são de maneira lenta, sob essa premissa, Dimoulis (2013, p. 87) 
afirma que: “O direito natural apresenta-se como conjunto de normas de dever 
que são estáveis, necessárias, adequadas e regulamentam o comportamento de 
todos os seres da natureza”.
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
18
O autor afirma ainda que seria este o melhor “direito” para assegurar 
condições de ordem social e também a própria harmonia nas relações sociais. 
Portanto, a discussão entre os autores que defendem o jus naturalismo é a 
definição da origem dessa fonte do direito e a grande maioria, discorre sobre a 
própria natureza como fundamento primordial, distinguindo-se do arcabouço 
de leis artificiais “positivismo” elaboradas pelos atores políticos. Enquanto o 
jus naturalismo catequiza os princípios justo e necessário, o jus positivismo se 
contrapõe a causando uma tensão muito grande na área do direito no Século 
XIX, como muito bem expõe Nader (2014, p. 378) contribui com uma breve 
retrospectiva sobre o surgimento dos fundamentos positivista e naturalista: 
Durante o Século XIX, o positivismo de inspiração comtiana alcançou 
ampla repercussãono âmbito do Direito, colocando-se em posição 
antagônica ao jus naturalismo. A partir daí, estabeleceu-se a maior 
e definitiva cisão na área da Filosofia do Direito, porque, enquanto 
o jusnaturalismo preconizava uma outra ordem jurídica além da 
estabelecida pelo Estado, o positivismo reconhecia como Direito 
apenas o positivo. O positivismo surgiu em uma fase difícil e crítica 
na história do Direito Natural, quando o jusnaturalismo se encontrava 
comprometido pelos excessos da Escola do Direito Natural. 
São distintas concepções acerca do direito, onde o positivismo coloca o 
direito enquanto positivo – baseado nas legislações, já o naturalista visualiza o 
direito como algo além do estado. A segregação do “natural” e do “Cultural”, 
definido por Gusmão (2008), NATURAL – independe do ser humano 
(montanhas, rios, sol,) CULTURAL – concretizado pelo ser humano (carros, 
casas, equipamentos etc). Além do jusnaturalismo em sentido estrito, ainda está 
agregado a um jusnaturalismo teológico, que sustenta que o direito decorre da 
vontade divina. 
Essas duas vertentes de pensamento podem reduzir-se a duas correntes, 
como já apontamos. Aquela que pode ser denominada idealista, 
rotulação convencional que congrega as doutrinas jusnaturalistas, as 
quais entendem que existe um direito superior e antecedente a toda lei 
positiva humana; e a corrente positivista, a qual abrange as inúmeras 
correntes cujos seguidores, de uma forma ou de outra, afirmam que 
o Direito emerge dos homens, é um produto da história, do Estado 
ou do meio social, não existindo outras leis que não as vigentes em 
determinado local e em determinada época (VENOSA, 2019, p. 51).
Muitos autores colocam a corrente jusnaturalista como retrógrada 
e antiquada, enquanto outros ressaltam que o positivismo desvaloriza o 
naturalismo, de modo a desclassificá-lo. Esses posicionamentos antagônicos 
demonstram quanto é complexa essa dualidade imposta. O fato é que a ciência do 
direito é bastante debatida, pois ao tratar-se de uma ciência humana, as escolhas 
fogem da neutralidade e perpassam questões de crenças. 
TÓPICO 2 | FUNDAMENTOS DO DIREITO
19
O homem nunca permanece neutro com relação aos fenômenos a sua 
volta. Com frequência, aquece e reaquece perguntas sobre sua origem 
e destino, sobre vida e morte. Assim também ocorre com relação às 
regras jurídicas, com o permanente questionamento sobre a noção 
da obrigatoriedade das normas e o fundamento do Direito. Essa 
postura é, na verdade, permanente; tão antiga quanto a Humanidade, 
atravessando todo o curso da História (VENOSA, 2019, p. 51).
Ao considerarmos que a sociedade não mantém a mesma conduta por 
muito tempo e muda de lugar para lugar o direito natural perpassa a questões 
do estado, algo fixado em crenças, valores, e até mesmo, em questões espirituais. 
Já o positivismo acredita que o homem criou o direito, e este deve ser 
baseado nas leis do estado, para Kelsen (2003), ainda dentro do Direito natural 
existem ramificações entre a natureza ideal e a natureza como deve ser para atender 
às demandas que surgem ao longo dos tempos. Desta forma, o comportamento do 
ser humano em sociedade deve ser natural assim como as normas, o que significa 
um comportamento “normal”, a fim de melhor compreensão, tais fundamentos 
foram divididos para fins didáticos. 
2.1 JUSNATURALISMO
Um dos fundamentos do direito, o Jusnaturalismo é uma teoria um pouco 
mais antiga com registros históricos datados nas cidades-Estados gregas, já 
naquela época, houveram as tensões entre jusnaturalistas, Sófocles foi um poeta 
dramático grego positivista que questionava as leis dos reis que eram impostas ao 
povo como “vontade de Deus”, dessa forma, coloca-se superior ao jus positivista 
por considerar a existência de um direito natural que chega antes da existência 
do positivismo. “Chama-se jusnaturalismo a corrente de pensamento que reúne 
todas as ideias que surgiram, no correr da história, em torno do Direito Natural, 
sob diferentes orientações” (NADER, 2014, p. 373).
 
O adjetivo natural, agregado à palavra direito, indica que a ordem de 
princípios não é criada pelo homem e que expressa algo espontâneo, 
revelado pela própria natureza. A ideia do Direito Natural tem sido 
apresentada em dois níveis: como ontologia e como deontologia. Os 
jusnaturalistas que defendem o Direito Natural ontológico admitem 
o Direito Natural como ser do Direito, como o legítimo Direito. Os 
jusfilósofos partidários do Direito Natural deontológico representam 
esse Direito apenas como um conjunto de valores imutáveis e 
universais, mais identificado com a Ética. Como salienta Elías Díaz, a 
primeira fórmula engloba a segunda (NADER, 2014, p. 374).
Muito antigo, o jusnaturalismo está nas literaturas ocidentais desde a 
civilização europeia. Nesse sentido, a teoria apresenta-se como maleável a todos 
os homens, atendendo às demandas sociais por um direito mais justo, perfeito e 
protetor (GUSMÃO, 2018). 
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
20
Apresentamos aqui, como exemplo, O Código de Hamurabi, de origem 
da Babilônia (pedra Natural) com as seguintes dimensões 2,25m de altura com 
1,50m de circunferência, neste monumento monolítico eram expostos situações 
exemplares e suas respectivas punições de maneira proporcional, assim o velho 
brocardo “olho por olho dente por dente” de origem da lei de Talião que é uma lei 
de retaliação, assim uma pessoa que viola direitos de outra deverá ser penalizada 
no mesmo grau, dessa forma, visando evitar novas situações e assim controlar o 
comportamento social.
 “Lei de talião está presente em muitos códigos de leis antigas, pode ser 
encontrada nos livros do Antigo Testamento do Êxodo, Levítico e Deuteronômio” 
(WIKIPÉDIA, 2019). O referido Código tem como principais regras defender os 
contratos em caso de não cumprimento destes, evitar que se dê falso testemunho, 
evitar os crimes de roubo, receptação e estupro e fazer a defesa também da família 
entre outras situações (WIKIPÉDIA, 2019).
QUADRO 3 – CÓDIGO DE HAMURÁBI
Código de Hamurabi
Pena de morte para roubo de templo ou propriedade estatal, ou por aceitação de bens 
roubados (Seção 6).
Morte por ajudar um escravo a fugir ou abrigar um escravo foragido (Seção 15, 16).
Se uma casa mal-construída causa a morte de um filho do dono da casa, então o filho 
do construtor será condenado à morte (Seção 230).
Mero exílio por incesto: "Se um senhor (homem de certa importância) teve relações 
com sua filha, ele deverá abandonar a cidade" (Seção 154).
Distinção de classes em julgamento: Severas penas para pessoas que prejudicam 
outras de classe superior. Penas médias por prejuízo a membros de classe inferior 
(Seção 196–205).
FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%B3digo_de_Hamurabi#cite_note-multipla-1>. 
Acesso em: 28 fev. 2020.
Retornando para a discussão sobre a natureza das leis, o autor Nader 
(2014, p. 374) corrobora ao considerar que: 
A natureza, ou seja, as propriedades que compõem o ser, define o fim 
a que este tende a realizar. Para que as potências ativas do homem se 
transformem em ato e com isto ele desenvolva, com inteligência, o seu 
papel na ordem geral das coisas, é indispensável que a sociedade se 
organize com mecanismos de proteção à natureza humana. 
Em concordância com isso, Venosa (2019, p. 53) ressalta que “O direito 
natural busca assegurar o bem comum com a aplicação da justiça”. Contudo, o 
direto natural considera as questões sociais e de condições humanas, sendo o 
TÓPICO 2 | FUNDAMENTOS DO DIREITO
21
direito algo inato do ser humano, algo que não necessita ser pautado apenas no 
estado e nas legislações. “O pensamento predominante na atualidade é o de que 
o Direito Natural se fundamenta na natureza humana” (NADER, 2014, p. 373).
A filosofia grega também relativizava as leis humanas. Para os sofistas, 
o direito natural tinha como base a natureza humana, em que deveriam 
se enfatizar a liberdade e a igualdade dos homens. Os sofistas invocam 
o direito naturalpara destacar o caráter arbitrário e artificial do 
Estado. Posteriormente, Sócrates, Platão e Aristóteles distinguiram o 
justo segundo a natureza e segundo a lei. O justo por natureza está 
no pensamento de cada um dos homens. O direito natural orienta o 
sentido do direito positivo (VENOSA, 2019, p. 53).
Portanto, Venosa (2019) coloca que é o direito natural que orienta o direito 
positivo e serve de inspiração para a criação do mesmo. “O Direito Natural ou jus 
naturalismo é uma teoria que procura fundamentar o Direito no bom senso, na 
equidade e no pragmatismo” (GIACOMELLI et al., 2018, p. 44). Alguns autores 
ainda colocam que o direito natural é a semente do direito positivo, e outros 
corroboram que o direito positivo é a evolução do direito natural, pois tornou-se 
retrógrado diante das demandas atuais na sociedade. 
Tradicionalmente os autores indicam três caracteres para o Direito 
Natural:
QUADRO 4 – CARACTERES DO DIREITO NATURAL
Ser eterno, imutável e universal
O jurista chileno Eduardo Novoa Monreal apresenta um elenco bem mais amplo de 
caracteres, onde enumera:
1) universalidade (comum a todos os povos);
2) perpetuidade (válido para todas as épocas); 
3) imutabilidade (da mesma forma que a natureza humana, o Direito Natural 
não se modifica);
4) indispensabilidade (é um direito irrenunciável);
5) indelebilidade (no sentido que não podem os direitos naturais ser esquecidos 
pelo coração e consciência dos homens);
6) unidade (porque é igual para todos os homens);
7) obrigatoriedade (deve ser obedecido por todos os homens);
8) necessidade (nenhuma sociedade pode viver sem o Direito Natural);
9) validez (seus princípios são válidos e podem ser impostos aos homens em 
qualquer situação em que se encontrem).
FONTE: Adaptado de NADER, 2014, p. 376
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
22
O jusnaturalismo, portanto, é uma teoria fundamental do direito que 
coloca os homens em igualdade, podendo ser aplicada a qualquer realidade 
social. No entanto, possui características específicas de ser universal, imutável e 
eterno, por ser aplicável nas mais variadas demandas, segundo os autores citados.
Voltando à origem do direito natural, as duas amplas posições, teológica 
ou escolástica e racionalista, contudo, discrepam. A posição mais antiga é também 
menos ampla, pois admite apenas certos princípios absolutos e fundamentais para 
reger todo o Direito, enquanto a posição racionalista se baseia no uso ilimitado 
da razão, a qual pode ilustrar qualquer meandro do Direito, qualquer detalhe de 
convivência. Como apontamos, com o protestantismo inicia-se a decadência do 
direito natural (VENOSA, 2019, p. 56).
Portanto, o Direito Natural é superior ao Estado, está ligado a princípios e 
nasce da própria natureza humana. Temos como exemplos de Direitos Naturais: 
o direito à vida, o direito à liberdade, o direito à reprodução e o direito à justiça 
(NADER, 2014).
Reconhecendo que há diversas maneiras de se conceber o direito natural, 
podemos dizer que sua ideia básica está́ no reconhecimento de que, na sociedade 
há um conjunto de valores e de pretensões humanas legítimas que não decorrem 
de uma norma jurídica emanada do Estado, ou seja, que independem do direito 
positivo. Esse direito natural tem, portanto, validade em si, legitimado por uma 
ideia superior, e estabelece limites à própria norma estatal. Seus adeptos não 
compreendem, portanto, os princípios gerais de direito tão somente em função 
das normas positivas, historicamente reveladas no Brasil e nas demais nações. 
Entendem que eles se legitimam como princípios de direito natural (BETIOLI, 
2015, p. 489).
Desta maneira, o naturalismo vai sendo deixado de lado e o positivismo 
vai ganhando força por estar mais ligado nas questões racionais, de legislação 
e governo. Alguns juristas ainda utilizam o jusnaturalismo, mas grande parte 
deles adotam o juspositivismo enquanto fundamento de direito. No entanto, é 
necessário lembrar que ambos fazem parte da história da constituição do direto. 
2.2 JUSPOSITIVISMO
Enquanto o jusnaturalismo coloca as questões naturais como primordiais, 
“O positivismo jurídico defende a tese de que os princípios gerais de direito são os 
consagrados pelo próprio ordenamento jurídico” (BETIOLI, 2015, p. 490). Desta 
forma, neste fundamento, o que orienta a atuação de direito são as legislações 
criadas baseadas na razão – o homem enquanto criador do direito.
Apesar de abrangente, a expressão Direitos do Homem é empregada 
como referência ao conjunto de normas e princípios enunciados 
sob a forma de declarações, por organismos internacionais, dentro 
TÓPICO 2 | FUNDAMENTOS DO DIREITO
23
do propósito de despertar a consciência dos povos e governantes 
quanto à necessidade de esses se organizarem internamente a partir 
da preservação dos valores fundamentais de garantia e proteção ao 
homem (NADER, 2014, p. 380).
Em concordância com Nader, Venosa (2019, p. 64) coloca que “O 
direito positivo objetiva atingir os fins de justiça”. Faz-se necessário aqui um 
esclarecimento acerca das nomenclaturas. Os autores utilizam de forma distinta, 
mas fazem referência a mesma teoria: Juspositivismo, positivismo jurídico, direitos 
do homem e direito positivo dizem respeito ao Direito Positivo. O positivismo 
nega a existência de regras fora do direito positivo, isto é, fora do direito imposto 
pelos homens. Os estudiosos positivistas só creem naquilo que pode ser objeto de 
observação e experiência. 
Pautado nas normas sociais e legislações, o direito positivo faz o uso da 
razão enquanto base filosófica, ressaltando que os instintos e crenças pessoais não 
devem inferir ao outro, e a organização social deve ser estruturada com base nas 
leis (que possuem a função de estabelecer regras e limites na sociedade). “Esse 
positivismo que se pretende avalorativo – portanto, neutro – identifica todo 
o direito com o direito positivo legal. É a partir dele que a escola da exegese 
encontra a condição propícia para fundamentar uma ciência neutra do direito” 
(MADEU; MACIEL, 2015, p. 73).
O Direito Positivo, quando surgiu, foi considerado uma doutrina primária, 
esteve presente na Grécia, mas o pai do Direito Positivo foi Augusto Comte, 
porque a ele se deve a sua sistematização e o aprofundamento da doutrina. Os 
seus traços já se delineavam em Bacon, Descartes, Galileu, Hume Locke e mais 
proximamente nas lições fundamentais de Kant (GIACOMELLI et al., 2018, p. 46).
Considerando que o direito é apenas aquilo posto pelo estado, no 
positivismo, as questões naturais são deixadas de lado, como o próprio 
Venosa (2019) contribui relatando que no juspositivismo exclui-se qualquer 
norma da natureza, sendo exclusivamente correto o direito positivo. Ambos 
os posicionamentos – natural e positivo – são necessários para os governantes, 
porém aquele que deve prevalecer é o positivismo.
No positivismo estão presentes os estudos que levam em conta 
exclusivamente o fenômeno do Direito, isento de noções metafísicas. 
Nessa senda, podem ser vistos os escritos de Hans Kelsen, Alf Ross, 
Herbert Hart, Norberto Bobbio, pensadores do século XX, entre tantos 
outros, nomes com quem certamente o iniciante e o estudioso travarão 
contato mais ou menos profundo (VENOSA, 2019, p. 51).
Colocando o ser humano como criador das leis, “o ponto de partida do 
positivismo é, de fato, afirmar que direito é apenas aquele existente nas leis 
criadas pelo ser humano e postas pelo Estado” (VENOSA, 2019, p. 64). Desta 
forma, a base do positivismo também é a criação racional do homem enquanto 
legislação e organizações sociais.
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
24
O método positivista é composto primordialmente de três fases: 
Observação.
Formulação de hipótese.
Experimentação. 
Essa experimentação não provoca fenômenos sociais, mas deve ser vista mais como uma 
confirmação do ocorrido nos citados fenômenos. 
FONTE: Adaptado de VENOSA, 2019, p. 64
NOTA
Entretanto, este método é baseado em fatos e legislaçõesconcretas, 
com pontos e contrapontos a serem avaliados. “O positivismo jurídico é uma 
concepção do Direito que nasce quando o Direito Positivo e Direito Natural não 
são mais considerados Direito no mesmo sentido, mas o Direito Positivo passa a 
ser considerado Direito em sentido próprio” (GIACOMELLI et al., 2018, p. 45).
Os métodos citados compõem o positivismo no direito, sendo estes 
utilizados a fim de comprovar a eficácia deste fundamento enquanto ciência 
humana, deixando de basear-se apenas em fenômenos sociais, passando a creditar 
os fatos comprovados, como os próprios Madeu e Maciel (2015, p. 30) colocam:
O direito posto (direito positivo), portanto, é constituído por um 
conjunto ordenado de prescrições abrigadas na estrutura das normas 
jurídicas, em um certo espaço territorial e um determinado espaço de 
tempo: é um objeto da cultura porque foi criado pelo homem para 
organizar os comportamentos intersubjetivos em sociedade e, com 
isso, buscar a realização dos valores sociais. 
Desta forma, fica elucidado o embasamento legislativo do juspositivismo 
de modo a ser neutro, científico e investigador nas demandas sociais, não apenas 
baseando nos fenômenos sociais, mas investigando-os com base jurídica. Este seria 
o horizonte ideal, para as discussões que permeavam sobre a “Lei Divina versus Lei 
dos Homens”, muito embora o jus positivismo tenha como prerrogativa atender 
às demandas sociais por meio de seus valores atentando-se para a neutralidade e 
o caráter cientifico, ainda não é em sua integralidade, pois não acompanha muitas 
vezes as mudanças na sociedade devido a sua característica político-burocrata 
que torna lenta as alterações legais necessárias.
TÓPICO 2 | FUNDAMENTOS DO DIREITO
25
2.3 JUSNATURALISMO E JUSPOSITIVISMO
São duas vertentes distintas que fundamentam e fazem parte da 
construção do direito enquanto ciência humana. Enquanto o Jusnaturalismo 
baseia-se na criação e na natureza, o juspositivismo tem como base o estado e 
as leis, sendo neutro em suas escolhas. O Jusnaturalismo é mais antigo, e muitos 
adeptos deixaram-no para seguir o juspositivismo diante das demandas sociais 
e das modificações da sociedade. O jusnaturalismo e o juspositivismo são 
posicionamentos de extrema importância e cuja aceitação ou não define os rumos 
da aplicação prática pelos operadores do direito, e como consequência disso 
surgem os resultados do que costumamos denominar como justiça.
O motivo fundamental que canaliza o pensamento ao Direito Natural 
é a permanente aspiração de justiça que acompanha o homem. Este, 
em todos os tempos e lugares, não se satisfaz apenas com a ordem 
jurídica institucionalizada. O Direito Positivo, visto como expressão 
da vontade do Estado, é um instrumento que tanto pode servir à causa 
do gênero humano como pode consagrar os valores negativos que 
impedem o pleno desenvolvimento da pessoa (NADER, 2014, p. 373).
Como já colocado anteriormente, ambos fazem parte da história do 
direito. As duas vertentes possuem prós e contras, mas possuem também sua 
eficácia quando bem aplicadas na sociedade. 
Conforme Madeu e Maciel (2015), os fundamentos do direito são: 
• Jusnaturalismo: eterno, mutável, universal, acredita além do Estado, considera 
questões naturais do homem, considera questões subjetivas. 
• Juspositivismo: baseado no Estado, imutável, atualizado para as demandas 
atuais, considera as leis, homem como criador do direito, possui posição neutra.
No entanto, cada vez menos se usa a teoria jusnaturalista. Para Nader 
(2014), é através do reconhecimento da inflexibilidade do juspositivismo quanto 
as suas bases que se compreende que, em relação ao jusnaturalismo, o primeiro 
possui conteúdo progressivo que atenda às novas exigências da sociedade na 
atualidade, geradas pelo desenvolvimento científico e ético.
Tanto o jusnaturalismo como o juspositivismo possuem suas 
particularidades e, por isso, tornam-se diferentes um do outro, diante disso, “é 
importante perceber que no pensamento medieval o direito natural e o direito 
positivo se harmonizavam, contudo, o direito natural era o fundamento do direito 
positivo, o que legitimava este” (MADEU; MACIEL, 2015, p. 71). Com o passar 
do tempo, a sociedade foi sendo modificada, e isto refletiu no uso do naturalismo, 
sendo menos utilizado.
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
26
Os Direitos do Homem estabelecem parâmetros básicos, estruturais, 
e formam um núcleo de condições essenciais ao relacionamento dos 
homens entre si e com o Estado. O Direito Natural e os Direitos do 
Homem, apesar de participarem de igual faixa ontológica e cultivarem 
idênticos valores, são conceitos que não se confundem. Enquanto o 
Direito Natural pesquisa a natureza humana e dela extrai os princípios 
modelares do Direito Positivo, os Direitos do Homem se desprendem 
do Direito Natural, com o qual se vinculam umbilicalmente para 
apresentarem, de uma forma menos abstrata, aqueles princípios já 
transformados em normas básicas (NADER, 2014, p. 380).
De modo mais estruturado, estes fundamentos são de extrema relevância, 
principalmente quando se fala da constituição do direito e sua eficácia social. 
Jusnaturalismo e Juspositivismo com seus pontos e contrapontos fazem e fizeram 
parte do direito enquanto ciência humana, sendo que, na atualidade, aquela que 
cabe nas demandas sociais, segundo os autores citados é o juspositivismo. Os 
autores irão ter seus posicionamentos frente a cada uma destas correntes, Hans 
Kelsen por exemplo desenvolveu a “Teoria Pura do Direito”, que busca uma análise 
da estrutura do direito positivo e todas as suas fontes ao longo da sua existência:
A Teoria Pura do Direito limita-se a uma análise estrutural do Direito 
Positivo, baseada em um estudo comparativo das ordens sociais 
que efetivamente existem e existiram historicamente sob o nome de 
direito. Portanto, o problema da origem do Direito – o Direito em geral 
ou uma ordem jurídica particular – isto é, das causas de existência do 
Direito em geral ou de uma ordem jurídica em particular, com seu 
conteúdo específico, ultrapassa o escopo desta teoria. São problemas 
da sociologia e da história e, como tais, exigem métodos totalmente 
diferentes dos de uma análise estrutural de ordens jurídicas dadas 
(KELSEN, 2001, p. 291).
Podemos perceber que Kelsen, não emite juízo de valor, e também busca 
demais ciências para explicar o fenômeno do direito, tais como a sociologia, 
história entre outras que podem corroborar com as causas do surgimento do 
Direito como uma ordem jurídica social que será pautada em valores contidos 
naquela sociedade em determinada época, essa conduta social para ser justa 
é necessária a sua norma escrita, para que esse comportamento seja aceito 
socialmente e conserve o sentimento de justiça para todos, caso contrário entraria 
em cena a injustiça, assim temos a simbiose:
FIGURA 3 – FUNDAMENTOS DO DIREITO 
FONTE: O autor
TÓPICO 2 | FUNDAMENTOS DO DIREITO
27
O conceito de norma justa é precedido pela conduta social, observa Kelsen 
(2003). Pode ser compreendida como um comportamento humano socialmente 
aceitável ou reprovável, moral ou imoral, justa ou injusta. Contudo, através destes 
elementos, classifica-se o tipo de conduta social e a definição da necessidade de 
regras que definirão quais condutas serão aprovadas ou reprovadas, e, ainda, as 
possíveis punições aplicadas ao indivíduo de determinada sociedade. 
Destarte, na Norma Escrita, o positivismo pretende realizar a manutenção 
do conceito de moral no comportamento humano. Com a mudança das 
sociedades, essa classificação foi naturalmente se transformando, assim como os 
valores sociais. No entanto, mesmo com as mudanças, o conceito de Justiça está 
conectado à Conduta humana em sociedade. 
28
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• Os fundamentos do direito são: jusnaturalismo e juspositivismo.
• O jusnaturalismo tem relação com a natureza e os fenômenos sociais.
• O juspositivismo está ligado fortementecom a legislação, o estado e as normas 
sociais.
• O jusnaturalismo é além do estado: crê em questões além do homem.
• Ambos os fundamentos são importantes para o direito, porém o jus positivismo 
é o que mais atende às demandas sociais da atualidade.
29
1 São distintas as concepções acerca do direito, no qual o positivismo coloca 
o direito enquanto positivo – baseado nas legislações, já o naturalista 
visualiza o direito como algo além do estado. A segregação do “natural” e 
do “Cultural”, definido por Gusmão (2008, p.10) considera:
a) ( ) Natural: independe do ser humano (montanhas, rios, sol,); cultural: 
concretizado pelo ser humano (carros, casas, equipamentos etc.). 
b) ( ) Natural: concretizado pelo ser humano; cultural: fenômenos sociais que 
independem do ser humano.
c) ( ) Natural: unifica a natureza com a ação do homem; cultural: movimentos 
culturais.
d) ( ) Todas as alternativas estão corretas.
2 Acerca do Direito Positivo, Venosa (2019, p. 64) coloca que “O direito 
positivo objetiva atingir ____________. Assinale a alternativa que apresenta 
o complemento correto da lacuna:
a) ( ) Os fins de justiça.
b) ( ) O jusnaturalismo.
c) ( ) Os fundamentos do direito.
d) ( ) Nenhuma das alternativas está correta.
AUTOATIVIDADE
30
31
TÓPICO 3
FONTES DO DIREITO
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
O direito é uma ciência social que foi surgindo ao longo do tempo através 
dos povos, aumento da população e a necessidade de organizar a sociedade. 
Diante disso, algumas fontes norteiam e orientam o fazer jurídico, a fim de que 
as decisões tomadas sejam padronizadas corretamente com base na justiça. Neste 
tópico iremos aprender sobre tais fontes e suas funções, a fim de compreender de 
forma abrangente a constituição do direito e sua relevância.
Desta forma, não há como falarmos em base do direito sem apontarmos 
as suas fontes: de onde ele surgiu, de fato. Porém, é relevante que saibamos que 
o direito não surge de apenas uma fonte: mas de inúmeras delas, nas quais serão 
colocadas neste tópico. A partir do estudo destes conteúdos, você será capaz de 
compreender cada fonte do direito.
Além disso, faz-se importante ressaltar que as fontes são provenientes dos 
próprios povos - ou seja, o direito surge do povo e para o povo. Sendo assim, as 
fontes são fatores contribuintes para a construção das normas jurídicas. Percebe a 
importância de estudarmos este conteúdo? 
Desejo a você bons estudos!
2 FONTES DO DIREITO
O direito possui, desde os primórdios de sua construção, algumas fontes 
que foram fundamentais para o seu fortalecimento. Algumas delas são mais 
utilizadas, outras menos, mas todas fazem parte da construção do direito e de 
sua atualização na contemporaneidade. Não existe um consenso no que tange 
à classificação das fontes do Direito, alguns doutrinadores apenas consideram 
como fonte a lei e os costumes, outros somam a estes as jurisprudências e os 
princípios gerais do direito, e ainda existem os que consideram também a Doutrina 
e Equidade. Sob a ótica do Direito Positivo apenas a Lei e os Costumes podem 
ser classificados sem questionamentos como Fontes do Direito. Por exemplo, o 
costume é uma fonte do direito desde seu início. 
32
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
O sentido próprio da palavra “fonte”, pois ela pode significar tanto 
um local como um fator ou a relação entre dois fenômenos, dos quais o 
primeiro serve de causa para o outro. Entendemos, porém, que fonte, 
em sentido próprio, é o ponto em que surge a água. É o lugar em que 
ela passa do subsolo à superfície, do invisível ao visível. De fato, a água 
tem “origem” nas camadas mais profundas da terra, chegando até nós, 
tem sua primeira “aparição” na superfície da terra, se manifesta numa 
nascente (fonte). De certa forma, a fonte é o próprio curso d’água 
no ponto de transição entre essas duas situações ou momentos: do 
subsolo à superfície (BETIOLI, 2015, p. 181).
Ao tratar-se de fonte, fala-se de início, de onde vem, de onde foi concebido. 
Diante disso, na dimensão que o direito possui, existem tipos variados de fontes 
que alimentam esta ciência social. Na atualidade moderna, em uma velocidade 
cada vez maior, o direito vem se atualizando diante das demandas sociais, 
mas sempre respaldado em suas fontes. Há normas, direitos e deveres a serem 
seguidos para uma boa execução do direito. As populações vêm aumentando, 
a expectativa de vida também, e isso tudo fornece modificação à sociedade que 
necessita manter-se em ordem.
Por outro lado, temos que analisar que o Estado é o aplicador de forma 
coercitiva do ordenamento jurídico por ele editado, sendo a Lei, a principal 
origem da grande maioria do Direito aplicado na sociedade e sobrepondo até 
mesmo ao costume de longa tradição. 
O sentido mais amplo da palavra lei, segundo Gomes (2008), abrange os 
decretos e regulamentos, sendo a lei o Stricto sensu com objetivo de criar uma 
solução para os problemas nas relações sociais oriundos do Legislativo, os 
decretos e regulamentos são originários do poder executivo (via de Regra), muito 
embora o poder executivo poderá exercer a função legislativa em alguns casos (ex. 
Medida Provisória), excluem aqui os atos simples de expediente/administrativos 
(ex. portarias, avisos etc.).
 
Já o costume, considerado como regra de conduta habitualmente 
obedecido, sem a necessidade de estar positivado (escrito), mesmo assim exerceu 
e exerce um protagonismo no Direito por suas características nas relações das 
sociedades mais primitivas. O autor destaca ainda a necessidade de o costume 
reunir dois elementos primordiais, o objetivo e o subjetivo. “O elemento objetivo 
é o uso, a observância uniforme da regra pela generalidade dos interessados [...], o 
elemento subjetivo é representado pela convicção geral de que o uso corresponde 
à necessidade jurídica” (GOMES, 2008, p. 326). É importante, portanto, a 
compreensão das fontes para posteriormente visualizar o direito como um todo: 
não existiu do dia para a noite, e se faz essencial enquanto fenômeno social na 
atualidade, ele foi desenvolvido perante a cultura dos povos que viviam, podemos 
citar aqui os gregos e romanos.
TÓPICO 3 | FONTES DO DIREITO
33
A teoria das fontes, em suas origens modernas, reporta-se à tomada 
de consciência de que o direito não é essencialmente um dado, 
mas uma construção elaborada no interior da cultura humana. Ela 
desenvolve-se desde o momento em que a ciência jurídica percebe seu 
objeto (o direito) como um produto cultural e não mais como um dado 
da natureza ou sagrado (FERRAZ JUNIOR, 2015, p. 181).
Mascaro (2019, p. 123) afirma que “saber de onde vem as normas é um dos 
postulados mais importantes para a ideia de coerência do ordenamento jurídico e, 
consequentemente, para que as necessidades da reprodução capitalista estejam 
respaldadas”, ou seja, faz com que o direito possua um embasamento e, ao 
compreendê-lo, o entendimento acerca do direito fica ampliado.
Para os pensadores gregos, a fonte do direito é o nomos, que se traduz 
geralmente por lei. É o nomos o meio de limitar o poder das autoridades, já 
que a liberdade política consiste em não ter que obedecer, senão à lei. Como 
consequência, os gregos fizeram poucas leis no sentido moderno do termo, visto 
que nomos significa tanto a lei como o costume. É na filosofia que está a principal 
contribuição dos gregos para a cultura ocidental, principalmente com Sócrates, 
Platão e Aristóteles (MACIEL; AGUIAR, 2017, p. 104).
Já para os romanos, “a lei escrita deixa de ser a principal fonte jurídica 
e os costumes ganham cada vez mais projeção. Esse retorno ao passado é tão 
grande que o direito escrito desaparece da Europa, ficando restrito ao direito 
canônico” (MACIEL; AGUIAR, 2017, p. 177). Percebe-se então a influência 
destes dois grandes povos, de modo a fazerem parte da construção de fontes 
do direito.
 Maluf e Maluf (2017) apontam que as fontes do direito são os meios pelos 
quais se formam ou se estabelecem as normas jurídicas.Assim, são os órgãos 
sociais de que emana o direito objetivo. A evolução dos costumes e o progresso 
induziram o legislador a buscar novas formas de aplicação para os princípios 
legais. Quanto à classificação das fontes do direito, elas podem ser: fontes diretas 
ou imediatas e fontes indiretas ou mediatas (MALUF; MALUF, 2017, p. 39).
Desta forma, as fontes do direito são meios que contribuem para a 
construção das normas jurídicas, pois fornecem fundamento e embasamento 
para tal. Nesse sentido, a fim de compreensão, as fontes foram subdivididas em 
algumas classes: fontes diretas e indiretas. 
As fontes diretas ou imediatas são aquelas que, pela sua própria forca, são 
suficientes para gerar a regra jurídica. São a lei e o costume. Já as fontes indiretas 
ou mediatas são as que não têm tal virtude, porém encaminham os espíritos, mais 
cedo ou mais tarde, à elaboração da norma. São a doutrina e a jurisprudência 
(MALUF; MALUF, 2017, p. 39).
34
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
Entre as subdivisões das fontes, em primeiro momento tem-se as 
materiais e formais. Nas fontes materiais, enquadram-se as regras, o estado e as 
normas jurídicas, subdivide-se em mediatas, também chamadas de indiretas e 
imediatas, também chamadas de diretas. Nas diretas, enquadram-se a doutrina e 
a jurisprudência, enquanto nas indiretas ficam as leis, costumes e regras.
A expressão “fontes do direito” é polissêmica, ou seja, pode ser empregada 
em sentidos diversos, como o sociológico, o histórico, o filosófico, o técnico-formal 
etc. Esse fato explica as discrepâncias da doutrina sobre o tema. Há autores que 
chamam de fonte tanto os meios pelos quais o direito se forma como aqueles 
por meio dos quais ele se manifesta. E há autores, aos quais nos filiamos, que 
preferem chamar de fonte tão somente os meios de expressão do direito na vida 
social (BETIOLI, 2015, p. 179).
Gusmão (2018, p. 104) corrobora ressaltando que as únicas fontes do 
direito são as materiais. “Ora, são as materiais (fatos econômicos, fatos sociais, 
problemas demográficos, clima etc.) que dão o conteúdo das normas jurídicas, e 
não as formais, que dão as formas de que se revestem as primeiras (lei, costume 
etc.) ”. Para este autor, as fontes materiais é que são as fontes mais relevantes e 
fornecem maior fundamento ao direito em si, você ainda lembra do exemplo da 
crise de 1929? 
Anterior a este fato, ocorreu a Revolução Industrial, momento da história 
que novas riquezas foram criadas em detrimento a outras, esse fato social é 
também uma fonte de novos direitos, assim como os fatores religiosos e morais 
estão diretamente voltados ao direito inerente as famílias, afinal de contas não 
se pude negar a influência da moralidade cristão no seio do ambiente familiar 
podemos observar dessa análise que a moral também se torna uma fonte de 
direito. “Se o direito sofre influência da moral, da religião e da economia, além da 
pressão de fatores políticos, como negar a influência das ideologias no direito” 
(Gusmão, 2008, p. 281).
O que se deve entender por fontes materiais do direito? São as constituídas 
por fenômeno sociais e por dados extraídos da realidade social, das tradições, e dos ideais 
dominantes, com os quais o legislador, resolvendo questões que dele exigem solução, dá 
conteúdo ou matéria às regras jurídicas, isto é, às fontes formais do direito (lei, regulamento 
etc.) (GUSMÃO, 2008).
IMPORTANTE
TÓPICO 3 | FONTES DO DIREITO
35
Já Bagnoli, Barbosa e Oliveira (2014, p. 7) acrescentam que “As fontes 
do Direito, principalmente quando pensadas em sua tripla dimensão, têm por 
finalidade fornecer ao historiador elementos suficientes para a realização das 
análises subjetivas e objetivas do processo de construção desse determinado 
fenômeno social”. Contudo, lembra-se dos fundamentos do direito que também 
fazem parte desta construção social.
Há vários conceitos acerca das fontes, e os autores constantemente 
atualizam-se e publicam acerca da temática. O próprio autor Nader acrescenta a 
diferenciação entre fontes históricas do direito e fontes materiais. 
As fontes históricas do Direito indicam a gênese das modernas 
instituições jurídicas: a época, o local, as razões que determinaram a sua 
formação. A pesquisa pode limitar-se aos antecedentes históricos mais 
recentes ou se aprofundar no passado, na busca das concepções originais. 
Como causa produtora do Direito, as fontes materiais são constituídas 
pelos fatos sociais, pelos problemas que emergem na sociedade e que 
são condicionados pelos chamados fatores do Direito, como a Moral, a 
Economia, a Geografia, entre outros (NADER, 2014, p. 134).
Desta forma, compreende-se que existem diferenças, mas que ambas são 
importantes para o direito como um todo. As fontes históricas enquanto gênese, e 
as fontes materiais enquanto fatos e demandas sociais. O direito, desta forma, bebe 
de fontes distintas, mas que levam a um lugar: à legislação e à justiça. Há ainda 
as fontes estatais e fontes formais do direito, conforme será visto posteriormente.
Para Bagnoli, Barbosa e Oliveira (2014), diante das fontes formais, temos 
em primeiro a lei: influenciadora da constituição de vários sistemas jurídicos até 
os dias atuais. A segunda fonte são os costumes: tratam-se de usos e hábitos de 
natureza jurídica que recebem validade diante da sua permanência e eficácia. 
Em terceiro temos a doutrina: esta é formada pelos juristas e constitui-se em ser 
a mais participativa por questões de parecer, estudos, opiniões e teorias. Temos 
ainda a jurisprudência, que auxilia significativamente na compreensão dos 
sistemas jurídicos. 
Para Betioli (2015), “[...] há um numeres clausus de fontes do direito, ou 
seja, só quatro são as fontes, porque quatro são as formas do poder de decidir 
na experiência social: a fonte legal, a fonte jurisdicional (fontes estatais), a fonte 
costumeira e a fonte negocial (fontes não estatais)”. 
Diante disso, Betioli (2015, p. 183) diz que as fontes do Direito são:
• O processo legislativo, ou seja, aquele conjunto de fases estabelecidas na 
Constituição Federal e que dão origem a normas jurídicas de ordem legal. É a 
expressão do Poder Legislativo.
• O costume jurídico, isto é, a repetição habitual de um comportamento com a 
convicção da sua obrigatoriedade. Eles se vinculam ao poder social, que vem a 
ser o poder decisório anônimo do povo e inerente à vida coletiva.
36
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
• A jurisdição, ou melhor, o exercício pelos magistrados do seu poder legal de 
conhecer e julgar os litígios. Corresponde ao Poder Judiciário.
• O negócio jurídico, ou seja, a manifestação de vontade que, instaurando 
uma relação entre dois ou mais sujeitos, busca produzir determinado efeito 
jurídico protegido pelo direito. É a expressão do poder negocial como uma das 
exteriorizações da autonomia da vontade.
Para Mascaro (2019), o direito positivo é a fonte fundamental do direito, 
sendo a legislação indispensável para a atividade jurídica. “A legalidade, tomada 
no sentido de respeito às normas jurídicas estabelecidas, é um pressuposto para 
a criação de outras normas, para o julgamento de casos concretos pelos tribunais 
e para a realização de negócios jurídicos, como os contratos” (MASCARO, 2019, 
p. 125).
Desse modo, a legislação pode ser considerada como impulso para a criação 
de novas normas, critérios e formas de julgamento. Ao colocá-la junto às fontes, 
a aplicação do direito como um todo e os valores atribuídos a ela, pode-se dizer 
que é fator de criação e atualização de novos fazeres jurídicos – com o objetivo de 
atender às demandas sociais com eficácia ao mesmo passo em que reconhece a 
importância da sua história: evoluir sem excluir o passado. “Podemos dizer que, 
sob o aspecto da vigência, a rigor só a lei é fonte formal do direito, nos países de 
tradição romanística, porque todas as demais só possuem validade segunda, de 
adequação ou conformidade ao modelo legal” (BETIOLI, 2015, p. 230).
Betioli (2015)apresenta que a partir do Século XVIII os estados modernos 
colocaram a lei como principal fonte do direito, deixando o costume em 
desprestígio. Maluf e Maluf (2017, p. 39) reafirmam isso ao relatar que “A lei é 
a principal fonte formal do direito na maioria dos sistemas ocidentais; por via 
da qual o Estado politicamente organizado dita as regras de comportamento aos 
seus súditos”.
Desta forma, a lei é considerada uma fonte de grande relevância ao direito, 
sendo que contribui significativamente para a organização social há muito tempo. 
Ferraz Junior (2015, p. 184) esclarece o conceito de lei: “Quando, porém, dizemos 
que a lei é fonte do direito, tomamos a palavra ‘lei’ no sentido de regra estrutural, 
isto é, de regra que institucionaliza a entrada de uma norma no sistema, dentro 
do qual ela será reconhecida como legal ou lei no sentido estrito”.
Etimologicamente, a palavra lei vem do verbo latino ligare, sendo a lei aquilo 
que liga, aquilo que vincula, aquilo que obriga. Há também quem assegure que sua origem 
é o verbo legere, aquilo que se lê (MALUF; MALUF, 2017, p. 40).
IMPORTANTE
TÓPICO 3 | FONTES DO DIREITO
37
Ao ser formalizada, a lei possui seu poderio e eficácia, estabelecendo 
normas no sistema social. Por isso, a lei de uma forma geral é considerada uma 
fonte do direito: pela sua relevância e eficácia. Giacomelli et al. (2018, p. 56) 
acrescenta que a lei só é fonte “[...] quando introduz algo de novo no sistema 
jurídico vigente”.
Além da lei enquanto fonte do direito, temos os costumes. Estes, oriundos 
de povos específicos, possuem grande importância na era do direito antigo – 
surgindo do povo para o povo. Desta forma, podem ser considerados fonte do 
direito. Conceitua-se costume como “[...] normas de condutas sociais que, devido 
a sua repetição ao longo do tempo, tornam-se obrigatórias para a sociedade” 
(GIACOMELLI et al., 2018, p. 57).
Betioli (2015, p. 237) corrobora que “O costume, por sua vez, nasce de 
maneira anônima. Geralmente não sabemos onde e como surgiu. Por isso, o 
costume é chamado também de ‘fonte não intencional’, e a lei de ‘fonte intencional’. 
Diferente da lei, o direito foi surgindo ao longo do tempo em meio à sociedade 
sem nenhum tipo de objetivo específico – surgiu no dia a dia”. 
Costume é o uso geral constante e notório, observado na convicção de 
corresponder a uma necessidade jurídica. Regra de conduta habitualmente 
obedecida, sua força coativa credencia-o como fonte formal do Direito. O costume 
é, em síntese, “um uso juridicamente obrigatório” (GOMES, 2016, p. 31).
Maluf e Maluf (2017) retrata a relevância do costume no direito antigo 
diante da escassez do legislativo e das poucas leis escritas, sendo o costume uma 
fonte enriquecedora. Na atualidade, ela é considerada uma fonte secundária, 
sendo a lei uma fonte primária – não perdendo sua relevância e eficácia, mas no 
reconhecimento das modificações sociais e das novas demandas que surgem.
Ainda com referência à lei, o costume oferece vantagens e desvantagens: 
a lei é a vontade precisa da consciência jurídica, sendo ela uma vantagem; mas 
essa manifestação é rígida, o que representa uma desvantagem. O costume, 
por outro lado, é mais obscuro do que a lei, o que significa uma desvantagem; 
em compensação, é mais flexível do que aquela, o que significa uma vantagem 
(MALUF; MALUF, 2017, p. 50).
Entretanto, ambos são fontes do direito e possuem suas relevâncias 
particulares. Embora a lei seja mais precisa, é rígida. Enquanto isso, o costume 
é mais obscuro e flexível: cada qual com suas singularidades e relevâncias. Tal 
comparação é realizada, pois muitos autores ainda colocam que o costume não 
é uma fonte, mas, sim, é considerado uma fonte do direito desde os primórdios. 
Discute-se, também, se o costume deve ser provado. Divergem os 
autores, entendendo alguns que, sendo o uso – elemento material do costume 
– um conjunto de fatos, sua prova é indispensável para que possa ser aplicado 
pelos tribunais, enquanto sustentam outros que, sendo fonte formal do Direito, 
dispensa prova, tal como a lei, que deve ser conhecida pelos juízes (GOMES, 
2016, p. 31).
38
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
Segundo Gomes (2016), para ser considerada fonte formal, o costume 
necessita possuir duas características ao menos, uma objetiva e outra subjetiva. 
“O elemento objetivo é o uso; ‘a observância uniforme da regra pela generalidade 
dos interessados’, durante longo tempo [...] o elemento subjetivo é representado 
pela convicção geral de que o uso corresponde a uma necessidade jurídica” 
(GOMES, 2016, p. 31).
Contudo, Maluf e Maluf (2017, p. 50) conteplam: “São condições 
indispensáveis à vigência do costume [...] a sua continuidade; a sua uniformidade; 
a sua diuturnidade; a sua moralidade; e a sua obrigatoriedade”. Desta forma, o 
costume tem seu valor singular inegavelmente, desde que possua tais condições 
para a sua efetivação enquanto fonte do direito.
No direito anglo-saxão, o costume é preponderante; nos países de tradição 
romano-germânica, a jurisprudência representa fonte de lei, embora não constitua 
uma norma imperativa, como fonte normal do direito positivo; em alguns casos 
mostra-se a importância da jurisprudência na formação do direito, visto que, à 
luz do deliberado pelo Supremo Tribunal Federal, “a sequência dos julgamentos 
torna-se como o suplemento da própria legislação. Praticamente é o que estaria a 
suceder, na atualidade, com o direito sumular, bem como com a jurisprudência 
vinculante dos tribunais superiores” (MALUF; MALUF, 2017, p. 52).
Diante disso, percebe-se que além da lei e dos costumes se têm a 
jurisprudência e a doutrina enquanto fontes. “A jurisprudência é o conjunto de 
princípios e doutrinas contidos nas decisões reiteradas interpretadoras do Direito 
vigente” (GIACOMELLI et al., 2018, p. 57). Desta forma, ela não se configura 
enquanto fonte geral, mas sim como o exercício da jurisdição como um todo.
Sendo a jurisprudência o histórico de decisões a respeito de casos 
parecidos, que podem ser utilizados como forma de indicar o caminho a ser 
seguido em casos semelhantes, essa fonte do Direito pode ser utilizada para 
corroborar o entendimento judicial sobre determinado assunto (GIACOMELLI 
et al., 2018, p. 123).
Ademais, compreende-se a relevância da jurisprudência, sendo que ela 
“[...] pode ser entendida como o exercício da jurisdição que se dá em virtude de 
uma sucessão harmônica de decisões dos tribunais” (MALUF; MALUF, 2017, p. 
51). Contudo, a jurisprudência enquanto ciência do direito e das leis auxilia na 
compreensão judicial em certos conteúdos.
Bagnoli, Barbosa e Oliveira (2014) postulam que a jurisprudência não é 
uma fonte geral como as leis e os costumes, mas sim um instrumento de extrema 
relevância que auxilia na promoção do direito enquanto valor jurídico e segurança 
jurídica. Entretanto, possui suas singularidades e particularidades que a tornam 
importante, assim como a doutrina.
TÓPICO 3 | FONTES DO DIREITO
39
A doutrina é o pensamento dos estudiosos do Direito reduzido a escrito em 
tratados, compêndios, manuais, monografias, teses ou comentários à legislação. Em síntese, 
a elaboração teórica do Direito. Já foi fonte quando um imperador romano determinou que 
nos casos controvertidos devia prevalecer a opinião de Gaio, Papiniano, Ulpiano, Paulo e 
Modestino (GOMES, 2016, p. 34).
NOTA
Sendo uma fonte do direito, a doutrina apresenta-se enquanto fonte teórica 
– fornecendo subsídio para alterações e criação de leis. Desta forma, ela aparece 
de maneira documental, apresentando ferramentas para os juristas modificarem 
o direito conforme a necessidade. “A doutrina se desenvolve no plano teórico 
fornecendo preciosos subsídios ao legislador para a elaboração ou alteração das 
leis” (MALUF; MALUF, 2017, p. 51).
A doutrina incorpora os estudos de caráter científico realizados pelos 
juristas acerca do Direito, com fim puramente teórico de sistematização, doa seus 
preceitos com a finalidade deinterpretar as suas normas e sinalizar as regras de 
aplicação, ou seja, a literatura jurídica (GIACOMELLI et al., 2018, p. 57).
Além disso, a doutrina serve de base para o direito ao se tratar de princípios, 
teorias, ideias de juristas que produzem documentos judiciais. A doutrina norteia 
e formaliza a documentação no direito. “A doutrina moderna tem admitido que 
os atos jurídicos que não se limitam à aplicação das normas jurídicas e criam 
efetivamente regras de Direito objetivo constituem fontes formais” (NADER, 
2014, p. 135).
Duguit denominou atos-regras às diferentes espécies de atos jurídicos 
que, apesar de não possuírem generalidade, atingem a um contingente de 
indivíduos, de que são exemplos os estatutos de entidade, consórcios, contratos 
particulares e públicos. A doutrina tradicional, contudo, não admite essa categoria 
de fonte formal sob o fundamento de que suas normas não possuem generalidade. 
O argumento é falho, de vez que há leis que não são gerais; por outro lado, há atos-
regras que possuem amplo alcance, como ocorre, por exemplo, com os contratos 
coletivos de trabalho firmados por sindicatos (NADER, 2014, p. 135).
Portanto, a doutrina é uma fonte do direito que diz respeito a questões 
documentais, de estudo e revisão. Por ser uma fonte secundária, apresenta suas 
particularidades e sua relevância em tal ciência social, podendo ser utilizada ainda 
para a interpretação dos documentos e legislações. Para Bagnoli, Barbosa e Oliveira 
(2014), dentre as fontes do direito, as primárias/principais são: a Lei e os Costumes. 
Já a doutrina e jurisprudência, são fontes suplementares – atuam apenas em 
situações pertinentes ou em interpretações das normas jurídicas. Além disso, têm 
os valores e princípios jurídicos que são levados em consideração pelos juristas.
40
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
FIGURA 4 – FONTES DO DIREITO
FONTE DO
DIREITO
MATERIAL
(zetéticas)
FORMAL
(dogmáticas)
PRIMÁRIAS
(Autossuficiente 
para gerar regra 
jurídica)
SECUNDÁRIAS
(Não Autossuficiente 
para gerar regra 
jurídica,depende da 
primária)
Sociologia jurídica
Psicologia jurídica
Filosofia jurídica...
Fatos Sociais)
Lei (Legalistas)
Lei + Jurisprudência (Normativistas)
Lei + Jurisprudência + Costume (Realistas)
Sentenças, Contratos, Testamentos...
+ Jurisprudência + Costume (Legalistas)
+ Costume (Normativistas)
Doutrina
Súmulas, Teses, Tratados, Manuais,
Artigos, Parecer, etc.
FONTE: <https://resumosdeumestudantededireito.files.wordpress.com/2016/09/b.png?w=640>. 
Acesso em: 2 mar. 2020.
Para Campos (2011), as fontes do Direito podem ser históricas, sociais, 
filosóficas e materiais: 
• Fontes Históricas – como exemplo podem ser citados testemunhos ou forma 
escritas voltada especificamente à disciplina História do Direito. 
• Fontes Sociais – tratam de comportamentos sociais que produzem as normas 
jurídicas, estão diretamente ligados a questões econômicas, políticas, religiosos 
direcionada à disciplina de Sociologia do Direito.
•	 Fontes	Filosóficas – ligada diretamente à disciplina de Filosofia do Direito, tem 
como objetivo fundamentar e justificar o direito de uma ideologia dominante 
para que seja reconhecido pela coletividade.
• Fontes Materiais – produzem o Direito, atuam neles os operadores do direito, 
elaborando a partir do Poder Legislativo, Poder Judiciário que utilizam como 
instrumentos as sentenças normativas e jurisprudências para contribuir com a 
fonte de normas gerais do Direito.
Gusmão (2018) traz alguns valores que permeiam o direito, sendo estes 
indispensáveis, além das fontes citadas. Eis alguns: o princípio de legalidade, que 
em direito penal impede a aplicação da lei nova mais prejudicial ao réu e no 
direito público, impõem em geral a anterioridade da lei ao ato governamental; 
o princípio do “primado do direito”, isto é, o princípio do direito acima das 
conveniências do governo, de suas ideias, de sua política e de sua vontade, bem 
como dos interesses individuais; a regra da boa-fé; o princípio da prescrição; o 
princípio da coisa julgada; as “declarações de direito”; o controle pelo Judiciário 
da legalidade de atos de direito público e de direito privado, bem como o controle 
da constitucionalidade de leis e de atos da Administração Pública etc. Estes e 
outros princípios são inspirados pelo valor segurança. Não só a justiça está na raiz 
do princípio summum jus et summa injuria, do qual resulta não só a condenação do 
abuso do direito, como, também, a responsabilidade civil pelos riscos criados, a 
revisão judicial de contratos leoninos. O direito internacional público é norteado 
pelo valor paz (GUSMÃO, 2018, p. 104).
TÓPICO 3 | FONTES DO DIREITO
41
Mascaro (2019) acrescenta ainda a moral e a ética. Segundo o autor, a partir 
do Século XIX com o movimento positivo do direito buscou por meio de regras do 
estado a avaliação se uma norma é ou não jurídica, e esta avaliação começou a ser 
realizada perante ao próprio nascimento das normas – como qualidade formal, 
pois ali estaria a essência e o fundamento da norma, sendo possível sua avaliação 
completa. Isso contribui em maior eficácia e controle social. 
Ao referir-se à moral (palavra que vem do latim mores: que significa modos 
de comportamento, costumes) estamos falando de uma coletânea de convicções 
de uma pessoa, determinado grupo ou sociedade sobre a dualidade entre o bem 
e o mal, o aprovável e reprovável para este grupo.
Todos concordam que a moral é composta por regras de conduta que 
cumprem duas funções. Primeiro lugar: orientam o comportamento dos indivíduos na 
vida cotidiana; todos devem fazer o bem e evitar a prática do mal. Em segundo lugar: 
servem como critério de avaliação da conduta humana. A sociedade as utiliza para julgar a 
conduta dos indivíduos, que é aprovada ou reprovada segundo sua correspondência com 
os imperativos morais (Dimoulis, 2013, p. 55).
IMPORTANTE
Mascaro (2019) pontua a equidade, baseado em Aristóteles. Ele retrata 
que as normas e os princípios jurídicos atuam em âmbito bastante amplo, e 
que muitas vezes necessitam da equidade para alcanças algumas questões. “A 
equidade é a justiça que se mede no concreto” (MASCARO, 2019, p. 126). Desta 
forma, compreende-se a equidade enquanto um ajuste na área do direito. 
FIGURA 5 – DIFERENÇA DE IGUALDADE E EQUIDADE
FONTE: <https://definicao.net/significado-de-equidade/>. Acesso em: 2 mar. 2020.
42
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
A equidade possui grande valia, sendo considerada, por vezes, como 
fonte do direito. “A equidade é tida, em casos excepcionais, como fonte de Direito, 
quando a própria lei comete ao juiz a atribuição de julgar consoante seus ditames” 
(GOMES, 2016, p. 35). Portanto, a equidade, assim como os demais valores e 
princípios jurídicos, atua enquanto complemento das fontes, fornecendo aspectos 
não fornecidos por elas – a fim de auxiliá-las.
No entanto, pode-se dizer que tanto as fontes quanto os princípios e valores 
fazem parte do direito como um todo – cada qual fornecendo sua contribuição 
com suas particularidades, porém adicionando coesão a tal ciência. De forma 
breve, compreende-se as bases do direito, assim como seus fundamentos diante 
da reflexão das fontes, sendo que a fonte é o berço do direito.
43
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• As fontes do direito são: leis, costumes, doutrina e jurisprudência.
• O direito utiliza-se de alguns princípios e valores, como equidade e legalidade.
• As fontes são extremamente necessárias para a atuação do direito.
• Para o costume ser considerado uma fonte, ele necessita apresentar alguns 
requisitos.
• As fontes, valores e princípios constituem o direito como um todo.
44
1 Para Bagnoli, Barbosa e Oliveira (2014), diante das fontes formais, temos 
em primeiro __________ influenciadora da constituição de vários sistemas 
jurídicos até os dias atuais. A segunda fonte, _________________: tratam-
se de usos e hábitos de natureza jurídica que recebem validade dianteda 
sua permanência e eficácia. Em terceiro, temos a _______________ esta é 
formada pelos juristas e constitui-se em ser a mais participativa por questões 
de parecer, estudos, opiniões e teorias. Temos ainda a ______________ que 
auxilia significativamente na compreensão dos sistemas jurídicos. Complete 
as lacunas e assinale a alternativa correta:
a) ( ) Equidade – Julgamento – Jurisprudência – Doutrina.
b) ( ) Analogia – Costume – Princípios do Direito – Equidade.
c) ( ) Lei – Costume – Doutrina – Jurisprudência.
d) ( ) Nenhuma das alternativas está correta.
2 Segundo Gomes (2016), para ser considerada fonte formal, o costume 
necessita possuir duas características ao menos: uma objetiva e outra 
subjetiva. Considerando o exposto, assinale a alternativa correta:
a) ( ) O elemento objetivo é o uso, já o elemento subjetivo é representado pela 
crença e costume que cada família possui.
b) ( ) O elemento objetivo é o uso, já o elemento subjetivo é representado pela 
convicção geral de que o uso corresponde a uma necessidade jurídica. 
c) ( ) O elemento objetivo é a convicção geral, já o elemento subjetivo é 
representado pelo uso rotineiro.
d) ( ) Nenhuma das alternativas está correta.
AUTOATIVIDADE
45
TÓPICO 4
PROCEDIMENTOS DE INTEGRAÇÃO
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
O processo legislativo do direito traz consigo fundamentos que fazem 
com que ele seja constante, inflexível e geral. Isso faz com que, muitas vezes, 
apareçam lacunas nas leis, quando aplicadas aos casos corriqueiros do dia a dia, 
e com isso, os procedimentos de integração aparecem como uma ferramenta de 
preenchimento destas lacunas e como complemento, de forma legal. 
O direito, desde a sua construção, trabalha para abarcar todos os casos 
e situações, e mesmo quando possui lacunas/brechas legislativas, pode contar 
com meios que o auxiliem no sentido de preencher tal lacuna. Neste tópico 
estudaremos os métodos utilizados, assim como a sua relevância na ciência do 
direito.
Contudo, essas modalidades de integração oferecem ainda ao jurista, 
maiores ferramentas na sua atuação cotidiana. Lembra-se dos outros tópicos 
em que ressaltamos a atualização do direito perante as modificações sociais? Os 
métodos de integração fazem parte desta atualização. É sobre isso e muito mais 
que falaremos de forma breve neste tópico, aproveite!
2 PROCEDIMENTOS DE INTEGRAÇÃO
O direito foi criado pelo homem e para o homem. Avalia cada situação 
de forma pontual, e muitas vezes a legislação acaba por deixar lacunas. Nesse 
sentido, os juristas possuem uma ferramenta chamada integração. Ela serve para 
preencher essas lacunas de forma eficiente, a fim de tornar o processo judicial 
completo. “Sob esse aspecto, a integração vem a ser um processo de preenchimento 
das lacunas existentes na lei” (BETIOLI, 2015, p. 471).
A integração é um processo de preenchimento de lacunas, existentes 
na lei, por elementos que a própria legislação oferece ou por princípios 
jurídicos, mediante operação lógica e juízos de valor. A doutrina distingue 
a autointegração, que se opera pelo aproveitamento de elementos do próprio 
ordenamento, da heterointegração, que se faz com a aplicação de normas que não 
46
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
participam da legislação, como é a hipótese, por exemplo, do recurso às regras 
estrangeiras. Considerado o sistema jurídico pátrio, a integração se processa 
pela analogia e princípios gerais de Direito (NADER, 2017, p. 190).
“A integração é um fenômeno de criação do direito, pressupondo a ideia 
de tornar completo, chamar alguma coisa para o campo de incidência da norma, 
absorver determinada hipótese a princípio não prevista” (MADEU; MACIEL, 
2015, p. 174). A integração propõe um novo pensar: flexível e justo, diante da 
realidade de cada caso, possuindo aplicabilidade pela lei.
A questão dos modos de integração diz respeito aos instrumentos técnicos 
à disposição do intérprete para efetuar o preenchimento ou a colmatação da 
lacuna. Na verdade, tais instrumentos têm dupla utilidade, pois não só servem 
para o preenchimento, como também para a constatação da lacuna (FERRAZ 
JUNIOR, 2019, p. 264).
Compreende-se, portanto, a integração como parte do direito e, 
ainda, enquanto suporte legislativo. Além de preencher as lacunas, auxilia na 
interpretação e decisão. “Quando se refere aos meios de integração, a doutrina 
fala em analogia, costumes, equidade, princípios gerais de direito, indução 
amplificadora, interpretação extensiva etc.” (FERRAZ JUNIOR, 2019, p. 265).
Atualmente, o fato inegável é que os legisladores, por mais que 
queiram, não conseguem acompanhar com suas normas jurídicas a dinâmica de 
transformações da realidade social. Com outras palavras, as normas jurídicas não 
conseguem disciplinar todo o volume de situações que emergem nas relações 
sociais. Dessa forma, quando surge um caso que não está previsto pelas normas 
jurídicas, ou seja, quando para um fato não há norma adequada, estamos diante 
de uma lacuna que deve ser preenchida pelo aplicador mediante a integração do 
direito (BETIOLI, 2015, p. 471).
Além disso, muitas leis foram criadas há bastante tempo – o que ocasiona 
que elas se tornem ultrapassadas para algumas demandas sociais da atualidade. 
Neste quesito, a integração e seus componentes fornecem grande eficácia para os 
juristas, a fim de ampliar as possibilidades. Desse modo, pode-se afirmar que o 
sistema jurídico é lacunoso, mas ele próprio oferece mecanismos para preencher 
as referidas lacunas. Trata-se dos chamados instrumentos de integração do 
direito, a saber: a analogia; os costumes; os princípios jurídicos; e a equidade 
(SOARES, 2017, p. 121).
Há duas modalidades de integração: uma direcionada ao preenchimento 
das lacunas legais, e outra voltada à complementação da normatividade 
constitucional (MADEU; MACIEL, 2015). Além disso, é necessário ressaltar 
que “Os elementos de integração não constituem fontes porque não formulam 
diretamente a norma jurídica, apenas orientam o aplicador para localizá-las. 
Igualmente, não é atividade de interpretação, porque não se ocupa em definir o 
sentido e o alcance das normas jurídicas” (BETIOLI, 2015, p. 472).
TÓPICO 4 | PROCEDIMENTOS DE INTEGRAÇÃO
47
Contudo, os elementos integrativos possuem função diferenciada 
das fontes – colocadas no Tópico 3 desta unidade. Entretanto, possuem suas 
particularidades e especificidades e, neste sentido, junta-se às fontes e fundamentos 
do direito com a finalidade de complementação. “A integração não se confunde 
com as “fontes” nem com os processos de “interpretação” do direito” (BETIOLI, 
2015, p. 471).
Os elementos de integração não constituem fontes formais porque não 
formulam diretamente a norma jurídica, apenas orientam o aplicador 
para localizá-las. A pesquisa dos meios de integração não é atividade 
de interpretação, porque não se ocupa em definir o sentido e o alcance 
das normas jurídicas. Uma vez assentada a disposição aplicável, aí sim 
se desenvolve o trabalho de exegese (NADER, 2017, p. 190).
Entretanto, as lacunas do direito são preenchidas pela integração. 
Podemos classificar os métodos de integração em: analogia, costumes, princípios 
gerais do direito e equidade. Desta forma, estes elementos contribuem no 
sentido da complementação no direito, cada qual com suas peculiaridades e 
particularidades. “A lacuna se caracteriza não só quando a lei é completamente 
omissa em relação ao caso, mas igualmente quando o legislador deixa o assunto 
a critério do julgador” (NADER, 2017, p. 190).
As lacunas podem ser definidas como “[...] a ausência de lei que permita 
resolver uma situação da vida social que reclama uma solução jurídica, ou como 
a ausência de lei para um caso concreto” (BETIOLI, 2015, p. 472). Como a lei é 
geral e abrangente nem sempre consegue alcançar os detalhes de um caso, e são 
nessas situações em que as lacunas aparecem e os procedimentos de integração 
se fazem necessários.
Para Betioli, a integração “[...] ultrapassaos seus limites, abrangendo 
a totalidade das normas jurídicas que, de acordo com as diversas fontes do 
direito de que se originam, classificam-se em legais, costumeiras, jurisdicionais e 
negociais” (BETIOLI, 2015, p. 471). Diante das lacunas, ela se torna indispensável 
para uma boa execução do caso.
“Assim, embora a lacuna seja definida como omissão ou falta de norma no 
ordenamento, ela é, na realidade, uma válvula pela qual entram no ordenamento 
os fatores extrapositivos, como os ideais de justiça, as exigências da equidade, os 
raciocínios quase formais” (FERRAZ JUNIOR, 2019, p. 271).
A lacuna é, na verdade, uma oportunidade de utilização da integração. 
“A verdadeira lacuna, no seu entender e diferentemente da definição que demos 
supra, se verifica não mais por falta de uma norma expressa pela regulamentação 
de um determinado caso, mas pela falta de um critério para a escolha de qual das 
duas regras gerais, a exclusiva ou a inclusiva, deva ser aplicada” (BETIOLI, 2015, 
p. 474).
48
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
Venosa (2019) apresenta que as lacunas podem ser voluntárias – quando 
a inexistência de norma é proposital pelo jurista – ou involuntárias – quando não 
há a previsão de tal lacuna pelo legislador.
Uma vez manifesta, a lacuna deverá ser preenchida, utilizando-se, em 
primeiro lugar, do procedimento analógico. Ainda aqui o juiz, ou o simples 
intérprete, se mantém cativo ao Direito Positivo, pois não poderá agir com 
liberdade na escolha da norma jurídica aplicável. A sua função será localizar, 
no sistema jurídico vigente, a hipótese prevista pelo legislador e que apresente 
semelhança fundamental, não apenas acidental, com o caso concreto. A hipótese 
definida em lei é chamada paradigma (NADER, 2017, p. 194).
Desta forma, onde há lacuna, as ferramentas de integração entram a fim 
de serem utilizadas conforme a demanda solicita em cada caso. Não deve ser 
encarada como uma falha na legislação, mas, sim, como um ajuste que necessita 
ser realizado, e que momentaneamente é realizado pela integração em si. “O 
Artigo 4º da LINDB indica os meios de que o juiz dispõe para solucionar os 
casos lacunosos: quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a 
analogia, os costumes e os princípios gerais de direito” (BETIOLI, 2015, p. 475).
A aplicação da analogia legal decorre necessariamente da existência 
de lacunas da lei. É uma técnica a ser empregada somente quando 
a ordem jurídica não oferece uma regra específica para determinada 
matéria de fato. Normalmente essas lacunas surgem em razão do 
desencontro cronológico entre o avanço social e a correspondente 
criação de novas regras disciplinadoras (NADER, 2017, p. 194).
Entretanto, cada tipo de integração – analogia, costumes e princípios – 
são utilizadas de acordo com as orientações legislativas, sendo que estas lacunas 
são previstas em lei. Soares (2017) coloca que a lacuna pode ser considerada 
um recurso de argumentação, com a finalidade de busca de uma solução mais 
favorável entre a ausência de flexibilidade da lei, e a realidade de cada caso. 
A necessidade da integração resulta da paz social que o direito deve 
assegurar para permitir a convivência humana. Por isso, é princípio consagrado 
universalmente que os juízes não podem deixar de julgar, alegando inexistência 
de normas aplicáveis. Se não fosse assim, a segurança jurídica ficaria seriamente 
comprometida. Na legislação brasileira, o Artigo 126 do CPC dispõe a respeito: 
“O juiz não se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade 
da lei” (BETIOLI, 2015, p. 474).
Bertoli (2015, p. 475) acrescenta: “Com outras palavras, no ordenamento 
jurídico existem princípios e normas latentes, capazes de solucionar situações 
não previstas, expressamente, pelo legislador”. Desta forma, sabe-se que a lei é 
generalista e nem sempre cobre todas as situações a serem julgadas, e por isso 
a integração se faz presente. “Assim, os meios de integração do direito seriam a 
analogia, os costumes, os princípios gerais de direito e a equidade” (BETIOLI, 
2015, p. 475).
TÓPICO 4 | PROCEDIMENTOS DE INTEGRAÇÃO
49
Apesar de a nossa atual Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro e 
da Constituição Federal vigente nada mencionarem sobre a equidade, contudo ela é de 
ser considerada como meio distinto de preenchimento de vazios no sistema legal. Vale 
relembrar que a equidade, como meio de integração de lacuna, foi expressamente prevista 
no Artigo 113, nº 37, da Constituição Federal de 1934: “Nenhum juiz deixará de sentenciar 
por motivo de omissão na lei. Em tal caso, deverá decidir por analogia, pelos princípios 
gerais de direito ou por equidade” (BETIOLI, 2015, p. 475).
INTERESSANTE
Diante disso, considera-se processo de integração do direito: o costume, 
a analogia, os princípios gerais do direito e a equidade. Como um dos meios 
de integração, a analogia é “uma técnica que deve ser usada somente quando a 
ordem jurídica não apresenta uma norma específica para um determinado fato” 
(BETIOLI, 2015, p. 479). Sendo assim, ela é um recurso que compreende a vontade 
legal que se estende a casos em que a legislação não alcança por si só.
Segundo a doutrina jurídica, analogia é um procedimento lógico 
argumentativo, que consiste em aplicar a um determinado caso, não 
contemplado de modo direto ou específico por uma norma jurídica, 
outra regra prevista para uma hipótese distinta, porém semelhante ao 
caso não contemplado (CARVALHO, 2009, p. 368). 
A analogia auxilia o intérprete em sua descoberta, a fim de estender a ele 
um novo arsenal de ferramentas investigativas. “A analogia vem a ser um recurso 
técnico que consiste em se aplicar a um caso não previsto pelo legislador uma 
norma jurídica prevista para um outro caso fundamentalmente semelhante ao 
não previsto” (BETIOLI, 2015, p. 479).
Betioli (2015) ainda coloca que a analogia não se constitui enquanto 
fonte do direito por não criar normativas jurídicas, e seu papel é o de auxiliar o 
intérprete e fornecer novas informações. “A analogia não é só entender a vontade 
legal, mas estendê-la a casos não contidos na norma” (MADEU; MACIEL, 2015, 
p. 175).
Quando não existe uma lei expressa para a solução de um caso, o 
intérprete, pela analogia, o resolve juridicamente com uma regra de 
direito estabelecida para um caso semelhante. Assim, há um fato 
previsto (F1), ao qual está vinculada uma consequência (C). Pela 
analogia, junta-se essa consequência a um fato não previsto (F2), pela 
semelhança (S) deste com o fato previsto (BETIOLI, 2015, p. 479).
Pode-se compreender, portanto, que “utilizando-se do recurso da analogia, 
o intérprete, em tese, amplia o conceito normativo, incorporando-lhe uma situação 
nova, tendo como base um juízo de semelhança” (CARVALHO, 2009, p. 368). 
50
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
Essa questão acaba fornecendo ao jurista novas maneiras de solucionar um caso, 
por exemplo. Apresenta novas perspectivas, além de um ângulo diferenciado de 
análise da situação.
Carvalho (2009, p. 368) ainda corrobora que “O aplicador subsome o 
conceito do fato, que de acordo com seu juízo de convencimento não é contemplado 
pela norma, à significação normativa interpretada de “forma extensiva”, de modo 
que ela, devido a tal valoração, passa a regulá-lo” (CARVALHO, 2009, p. 368). 
Enquanto uma ferramenta do processo de integração, a analogia subdivide-
se em: investigação lógica e investigação axiológica. Observe o esquema a seguir.
FIGURA 6 – ANALOGIA
FONTE: Adaptado de Betioli, 2015, p. 480
Desta maneira, percebe-se a fundamentação deste procedimento de 
integração, quando se parte de princípios lógicos e axiológicos para alcançar 
a igualdade e justiça no direito. “A analogia fundamenta-se no princípio da 
igualdade jurídica, o qual exige que os casos semelhantes devem ser regulados 
por normas semelhantes. É necessário, então, que haja semelhança material de 
casos e identidade de razão” (BETIOLI, 2015, p. 480).
Em geral, fala-seem analogia quando uma norma, estabelecida com 
e para determinada facti species, é aplicável à conduta para a qual não 
há norma, havendo entre ambos os supostos fáticos uma semelhança. 
Define-se também como aplicação extensiva (gerando confusão entre 
analogia e interpretação extensiva) de princípios extraídos de uma 
lei a casos juridicamente semelhantes, isto é, que são essencialmente 
iguais nos aspectos importantes e desiguais nos secundários, tendo 
em vista uma decisão (Enne-cerus-Nipperdey, 1960 apud FERRAZ 
JUNIOR, 2019, p. 266). 
Por exemplo: 
TÓPICO 4 | PROCEDIMENTOS DE INTEGRAÇÃO
51
Tem-se admitido a aplicação, por analogia, do disposto no Decreto 
n. 2.681, de 7-12-1912, sobre estradas de ferro, para solucionar casos 
atinentes à estrada de rodagem, no que diz respeito à responsabilidade 
pela vida e integridade dos passageiros. Na verdade, há semelhança 
de fato e identidade de razão, justificando a aplicação às empresas 
de transportes rodoviários do preceito da responsabilidade das 
companhias ferroviárias, com relação à vida e integridade dos 
passageiros. Há aqui uma verdade e justiça na igualdade encontrada. 
Mas não há, por exemplo, a mesma razão para aplicar, por analogia, 
às empresas rodoviárias, o preceito da responsabilidade das ferrovias 
pela conservação do leito viário, representado por dormentes, trilhos 
etc. Ou na hipótese de transporte gratuito de passageiros (BETIOLI, 
2015, p. 481).
Ademais, a analogia possui algumas distinções, como coloca Ferraz Junior 
(2019, p. 267) “costuma-se distinguir entre analogia legis e analogia juris (analogia 
da lei e analogia do direito). A distinção tem a ver com um segundo procedimento 
quase lógico, a indução amplificadora”. Entretanto, Betioli (2015, p. 481) reforça 
estes dois tipos de analogias: 
• Analogia Legis ou Legal – consiste na aplicação de uma norma 
existente destinada a reger caso semelhante ao não previsto. O 
paradigma, no caso, se localiza em determinado ato legislativo. 
• Analogia Juris ou Jurídica – Ela se fundamenta em um conjunto de 
normas, para extrair elementos que possibilitem sua aplicabilidade 
ao caso não previsto. Assim, com base em várias disposições legais, 
que disciplinam um instituto semelhante, descobre-se a norma 
aplicável ao caso não previsto, pela combinação de muitas outras. A 
solução precisa ser buscada no sistema como um todo.
Enquanto a analogia legal busca aplicar uma norma existente a um caso 
semelhante não previsto, a analogia juris fundamenta-se na extração de elementos 
que possuam aplicabilidade a um caso não previsível, e para este tipo de analogia, 
a solução precisa ser integral.
Parece-nos que a chamada analogia juris é uma espécie de conjugação de 
dois métodos lógicos: a indução e a dedução. Com base em casos particulares, 
obtém-se uma generalização da qual resultam princípios, os quais se aplicam, 
então, dedutivamente, a outros casos (FERRAZ JUNIOR, 2019, p. 267).
Portanto, o uso da analogia fundamenta-se na igualdade ao tratamento 
de casos semelhantes, sendo que esta semelhança deve ser demonstrada nas 
questões jurídicas. “Demonstrada a semelhança entre dois casos, o intérprete 
percebe, simultaneamente, que um não está regulado e aplica a ele a norma do 
outro. A analogia permite constatar e preencher a lacuna” (FERRAZ JUNIOR, 
2019, p. 267).
Diante disso, Betioli (2015) apresenta quando a analogia não deve ser 
utilizada, em termos gerais, não se utiliza analogia: 
52
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
• No direito penal, a analogia é condenada para efeito de enquadramento em 
figuras delituosas, em penas ou como fator de agravamento destas. Dado o 
princípio da reserva legal, a conduta não prevista legalmente como crime é 
penalmente licita. No caso das normas penais, as lacunas legais constituem 
vazios jurídicos que não podem ser preenchidos.
• Não se aplica ainda o procedimento analógico no direito fiscal, quando for 
para impor tributos ou penas ao contribuinte.
• Limitado também é o seu recurso no tocante às normas de exceção, que 
restringem ou suprimem direitos (ius singulare).
Como situado anteriormente, após a analogia temos o costume. Enquanto 
instrumento de processo de integração, costume é um elemento bastante importante. 
“Como valor, o costume é um elemento condicionante da cultura e como norma é uma 
significação construída pelo intérprete da realidade social ao verificar uma 
série de práticas reiteradas as quais, devido à repetição, consideram-se como 
obrigatórias” (CARVALHO, 2009, p. 369).
Além disso, “Costume é a pratica pública e geral, reiterada com 
constância e uniformidade, de um modo de agir, acompanhado da convicção 
de sua obrigatoriedade jurídica”, assim define Campos (2011, p. 21). Houve um 
tempo que o Direito foi constituído somente por costumes, considerando que o 
aplicador do Direito positivo ainda não existia, o Estado. Em um determinado 
tempo da história percebeu-se a necessidade de fixar os costumes de forma 
escrita sendo o primeiro o Corpus Iuris Civilis, de Justiniano, chamado também 
de Direito Consuetudinário (costumes), que resistiu com fundamentos no Direito 
Germânico, formado por costumes durante a invasão dos bárbaros.
Na Revolução Francesa, foi extremamente necessária alguma segurança 
jurídica nas decisões daquele importante momento, havia necessidade de 
muita reflexão nos atos daquela sociedade, que posteriormente seria a grande 
protagonista das mudanças em nível global, partindo do pressuposto de 
imprecisão e empirismo refletida à imagem dos costumes, tornando como fonte 
principal a Lei (positivismo), deixando o costumes como fonte subsidiária do 
Direito, diminuindo de forma exponencial sua trajetória de perpetuação na vida 
da sociedade (Campos, 2011).
Pontos positivos do Positivismo: existências de órgãos responsáveis pela 
criação das Leis; regulação de todas as áreas e relações jurídicas, novas leis sendo criadas; 
por meio de Códigos específicos novas relações jurídicas surgem; facilidade de elaboração 
e aplicação, evitando novos costumes; hábito bom (costume) transforma-se em Lei; 
demanda de aprimoramento do fluxo de trabalho.
NOTA
TÓPICO 4 | PROCEDIMENTOS DE INTEGRAÇÃO
53
Há dúvidas que permeiam entre o costume ser fonte do direito, ou 
elemento de integração. Soares (2017, p. 121) esclarece tal questão, colocando 
que “[...] os costumes, além de figurar como fonte do direito, podem também 
apresentar-se como elemento de integração da lei, especialmente quando a 
norma legal expressamente autorize a utilização da norma consuetudinária para 
o preenchimento da lacuna legislativa”. 
Compreende-se, portanto, que além de ser fonte do direito, constitui-se 
ainda enquanto elemento de integração no preenchimento e complemento das 
lacunas legislativas. “Como fonte supletiva, cuida-se do costume praeter legem: 
aquele que intervém na falta ou omissão da lei. Tem caráter supletivo, suprindo 
a lei nos casos omissos pela observância de práticas consuetudinárias” (BETIOLI, 
2015, p. 476).
Diante disso, considera-se que “a lei é emanação do Poder Legislativo; 
o costume é a expressão do poder social; a sentença, ato do Poder Judiciário; os atos-
regras, que denomina por fonte negocial, são manifestações do poder negocial ou 
da autonomia da vontade” (NADER, 2017, p. 143).
Nader (2017) apresenta as três maneiras em que o costume se apresenta 
à lei: Costume Secundum Legem, Costume Praeter Legem e Costume Contra Legem: 
 
• Costume secundum legem: para alguns ele se caracteriza quando a prática social 
corresponde à lei. Não seria uma prática social ganhando efetividade jurídica, 
mas a lei introduzindo novos padrões de comportamento à vida social e que 
são acatados efetivamente. É também denominado costume interpretativo, 
pois expressando o sentido da lei, a prática social espontaneamente consagra 
um tipo de aplicação das normas. De acordo com a Lei, costume interpretativo.
• Costume praeter legem: é o que se aplica supletivamente, além da Lei, na hipótesede lacuna da lei. Esta espécie é admitida pela generalidade das legislações. Em 
nosso país, o costume assume o mesmo caráter, pelo que dispõe o art. 4º da Lei 
de Introdução Código Civil: quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de 
acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. 
• Costume contra legem: é a chamada consuetudo abrogatoria, que se caracteriza 
pelo fato de a prática social contrariar as normas de Direito escrito. Apesar 
de haver divergência doutrinária quanto a sua validade, é pensamento 
predominante que a lei só pode ser revogada por outra. O mérito da presente 
questão se confunde com o problema da validade das leis em desuso. Prática 
Costumeira contrária à lei. Ex.: uso do cheque pré-datado.
O costume, portanto, coloca-se enquanto mediador quando as lacunas da 
lei surgem. Ao colocar-se com relação à realidade social, o costume tem o poder 
de avaliar a série de práticas realizadas via repetição, que se tornam ao longo do 
tempo obrigatórias. Além da analogia e do costume, temos, ainda, os princípios 
gerais do direito.
54
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
Os princípios gerais do direito são aqueles principais – os que norteiam a 
ação do direito, sendo estes os que embasam os valores, por exemplo. “O princípio 
é uma proposição jurídica que pertence ao direito posto, pois são construídos a 
partir dos enunciados que compõem seu plano de expressão. Aplicar um princípio, 
assim, é aplicar uma norma pertencente ao sistema” (CARVALHO, 2009, p. 377). 
Os princípios possuem duas características importantes: a primeira delas 
é que são abstratos e genéricos, o que ocasiona aos operadores do direito uma 
incerteza de sua aplicação, por exemplo, o Artigo 6º da Constituição Federal, que 
discorre sobre a garantia à moradia, porém é totalmente omisso no que tange 
ao titular desse direito, seria a população em vulnerabilidade e de baixa renda? 
Seriam os integrantes do MST? Nem mesmo indica o órgão responsável por 
viabilizar o acesso ao direito de moradia, desse modo, são em situações como 
esta que se aplicam os princípios gerais do direito.
 A segunda característica refere-se à colisão entre princípios. Dimoulis 
(2013, p. 184) contempla que “o art. 170 da Constituição Federal prevê, como 
princípios da ordem econômica, o pleno emprego e a livre concorrência”. Desse 
modo, ainda, o autor exemplifica considerando o caso de uma empresa que 
demita 50% dos seus colaboradores para poder se manter no mercado. Nessa 
situação, qual princípio aplicar? Existe a necessidade de se ponderar com muita 
sabedoria os princípios que estão conflito.
A palavra “princípio” tem duas acepções: uma de natureza moral e 
outra de ordem lógica. Quando dizemos que determina pessoa é uma 
figura de princípios, estamos empregando o vocábulo na sua acepção 
moral, ou seja, queremos dizer que se trata de uma pessoa de virtudes, 
de boa formação e que sempre se conduz fundado em razões morais. 
Em seu significado lógico, são verdades ou juízos fundamentais 
que servem de alicerce ou de garantia de certeza a um sistema de 
conhecimento filosófico ou científico (BETIOLI, 2015, p. 485).
Dessa maneira, os princípios possuem característica reflexiva enquanto 
elemento de integração do direito. Carvalho (2009, p. 377) coloca alguns exemplos 
de princípios: justiça, segurança jurídica, certeza do direito, igualdade etc. 
Todos com suas fundamentações e regulamentações, que auxiliam no processo 
de preenchimento de lacunas e complementação legal. Por princípios gerais de 
direito entende-se todos aqueles que encontram suporte na Constituição Federal 
e regulam todos os campos do direito.
 Gomes (2008) define os princípios como “diretrizes ou forças 
propulsoras” que contribuem para a expansão do ordenamento jurídico por 
meio de um fluxo processual lógico que garantirá a resolução da lide de maneira 
mais justa e equânime possível. Existem algumas situações específicas em que 
os princípios estão expressos de forma escrita na própria legislação, como é o 
exemplo dos Artigos 1º a 4º da Constituição Federal que apresenta o princípio 
da soberania popular, liberdade e solidariedade social, entre outros, como a 
paz, o bem-estar etc. 
TÓPICO 4 | PROCEDIMENTOS DE INTEGRAÇÃO
55
Nesse sentido, os operadores do direito, ao realizarem a interpretação 
das normas jurídicas, podem identificar os princípios gerais do direito em 
sua forma positivada no ordenamento, que irão nortear o caso concreto para 
solucionar uma determinada demanda específica, considerando os valores 
e o “espírito do ordenamento jurídico” que também apresenta as suas 
contradições, como liberdade empresarial versus redução das desigualdades 
sociais. Dessa forma, podemos observar que apenas um princípio não 
abrangerá a totalidade da matéria, abrindo margens a controvérsias e 
permitindo múltiplas interpretações e por sua vez não garantir a tão almejada 
segurança jurídica (Dimoulis, 2013).
Incontestavelmente, os princípios gerais do direito são importantes e 
relevantes quando colocados enquanto elementos de integração, porém Betioli 
(2015) coloca que este conceito vai muito mais além:
Como vimos pela sua definição, a função dos princípios gerais 
de direito é bem mais ampla do que o preenchimento de lacunas 
encontradas na legislação. No dizer de Simonius, o direito vigente está 
impregnado de princípios até as suas últimas ramificações. Podemos 
dizer que os princípios dão consistência ao direito, enquanto os valores 
dão-lhe sentido (BETIOLI, 2015, p. 487). 
Para o autor, os princípios constituem o direito, enquanto o sentido é dado 
pelos valores. “Invariavelmente, todos os princípios apresentam-se na forma 
de proposições, significações construídas em nossa mente a partir da leitura 
dos textos do direito positivo, e se materializam na forma de enunciados (leis, 
postulados)” (CARVALHO, 2009, p. 3).
Entretanto, “O princípio pode expressar: (i) um valor; ou (ii) um 
limite objetivo. Toda norma jurídica traz um valor, devido à força com que o 
dado axiológico está presente na linguagem do direito” (CARVALHO, 2009, 
p. 600). 
Desta forma, Nader (2017) coloca que os princípios que dão consistência 
ao direito, enquanto os valores dão sentido, e que sem os princípios não haveria 
justiça. “A qualidade da lei depende, entre outros fatores, dos princípios escolhidos 
pelo legislador. O fundamental, tanto na vida como no Direito, são os princípios, 
porque deles tudo decorre” (NADER, 2017, p. 198).
Segundo Betioli (2015), os princípios jurídicos dividem-se em: 
omnivalentes, plurivalentes e monovalentes, conforme quadro a seguir:
56
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
QUADRO 5 – PRINCÍPIOS JURÍDICOS
PRINCÍPIOS 
OMNIVALENTES
Validos em todas as ciências, como os de identidade (“o 
ser é idêntico a si mesmo – A é A”), de causa eficiente 
(“nada existe sem sua causa ou sua razão suficiente”) 
e da não contradição (“o ser não pode ser e não ser ao 
mesmo tempo”).
PRINCÍPIOS 
PLURIVALENTES
Quando se aplicam a vários campos de conhecimento, 
como o de finalidade, essencial às ciências culturais, mas 
não extensivo a todos os campos do conhecimento.
PRINCÍPIOS 
MONOVALENTES
Quando são válidos só para determinada ciência, como 
é o caso dos princípios gerais de direito, aplicáveis 
apenas à Ciência do Direito, deve-se notar, todavia, que 
nem todos os princípios gerais de direito tem a mesma 
amplitude, uma vez que há os que se aplicam neste 
ou naquele ramo do direito. Pelo Artigo 4º da Lei de 
Introdução se conclui que o nosso legislador reconhece 
solenemente que o direito possui seus princípios 
fundamentais.
FONTE: Adaptado de BETIOLI (2015, p. 486)
Portanto, os princípios omnivalentes referem-se à causa eficiente, 
enquanto os plurivalentes dizem respeito a vários campos de conhecimento, e 
os monovalentes são aplicáveis apenas à Ciência do Direito: estes três envolvem 
os princípios do direito como um todo. “Em suma, são as ideias fundamentais 
e informadoras do ordenamentojurídico: inspiram e lhe dão embasamento” 
(BETIOLI, 2015, p. 486).
Os princípios jurídicos despontam como cânones éticos, implícitos ou 
expressos no direito, que apontam para a realização dos valores e das finalidades 
maiores da ordem jurídica, potencializando a tomada de decisões mais justas, 
mormente nas hipóteses de lacunas valorativas (SOARES, 2017, p. 121).
Como parte fundamental do direito e dos elementos de integração, os 
princípios do direito são valores e princípios hierarquicamente elevados – os 
principais. Na vida do Direito, os princípios são importantes em duas fases 
principais: na elaboração das leis e na aplicação do Direito, pelo preenchimento 
das lacunas da lei (NADER, 2017).
Betioli (2015, p. 488) apresenta alguns exemplos de princípios que estão 
prescritos juridicamente:
TÓPICO 4 | PROCEDIMENTOS DE INTEGRAÇÃO
57
a) de “isonomia”, ou seja, da igualdade de todos perante a lei (CF, art. 
5o, caput);
b) de “irretroatividade da lei” para proteção dos direitos adquiridos 
(CF, art. 5o, XXXVI);
c) de “legalidade”, isto é, ninguém é obrigado a fazer ou deixar de 
fazer alguma coisa senão em virtude de lei” (CF, art. 5o, II);
d) o exposto no art. 3o da LINDB: “Ninguém se escusa de cumprir a 
lei, alegando que não a conhece”;
e) o previsto no art. 112 do CC: “Nas declarações de vontade se 
atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido 
literal da linguagem”.
Registra-se que os ordenamentos jurídicos da atualidade têm como 
característica a multiplicidade das fontes formais que se apresentam na forma 
positivada ou não, se sobressaindo as fontes escritas por sua lógica e analogia 
aplicada, executando o seu papel de subsidiariedade e que em muitos casos torna-
se um poder vinculante na sua aplicação direta. É interessante que quando não 
é utilizado para solucionar as demandas, poderá ocasionar o descumprimento 
de preceito fundamental a ser avaliado pelo Superior Tribunal Federal (STF), 
que possui a competência para esse fim, conforme exposto no Artigo 102 § 1º, da 
Constituição Federal de 1988, ensejando assim uma ação específica, garantindo o 
respeito de sua aplicação no caso concreto (DIMOULIS, 2013).
Por fim, “[...] podemos dizer que a experiência jurídica é rica de princípios 
ou modelos hermenêuticos que, transformados ou não em modelos jurídicos, 
nos dão o embasamento ético do direito positivo” (BETIOLI, 2015, p. 488). Desta 
maneira, os princípios do direito fornecem elementos para a atuação dos juristas 
em si. Entretanto, além da analogia, costume e princípios do direito, há, ainda, 
a equidade.
A equidade pode ser definida como aquela que leva em consideração as 
questões particulares de cada caso. “Como elemento de integração, a equidade 
exerce função supletiva quanto às lacunas involuntárias e, às vezes, voluntárias” 
(BETIOLI, 2015, p. 497). Desta maneira, a equidade preenche as lacunas de forma 
a ser mediadora e complementadora.
Ainda, Gomes (2008, p. 333) aponta que a função da equidade do 
ordenamento jurídico é “temperar a rigidez da norma escrita”, assim o juiz em 
casos excepcionais irá realizar o julgamento de determinada lide, levando em 
consideração o tratamento desigual para os desiguais, o que torna-se discrepante 
do princípio da igualdade, sendo que este não abarca todos os casos. Já o 
princípio da equidade possui características sui generis, como a necessidade de 
elementos serem considerados, de fato, relevantes. Para melhor compreensão, 
faz-se necessário observar quais as funções da equidade, sendo elas: substitutiva, 
integrativa, supletiva, interpretativa: 
58
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
Equidade substitutiva ocorre quando o juiz é autorizado a invocar 
uma norma diversa à lei em face da particularidade do caso concreto; 
integrativa quando a atribui ao juiz o poder de completar a norma, 
integrando-a conforme as circunstâncias do caso; supletiva, quando 
o legislador confere ao juiz poderes de decisão dos casos que não 
resolve; interpretativa quando o juiz dá à norma um sentido diverso 
do adotado, por lhe parecer mais equitativo. A equidade é empregada 
em certas situações para compatibilizar “o princípio da legalidade 
no qual se exprime o poder do Estado e os valores emergentes da 
sociedade civil” (GOMES, 2008, p. 333, grifos do autor).
A equidade pode integrar o direito de diferentes modos. Por exemplo, por seu 
intermédio, podemos expandir uma obrigação, criando deveres adicionais para além dos 
que constam de um contrato ou decorrem expressamente de lei; podemos ainda limitar 
o exercício de direitos, para prevenir abusos; podemos também criar regras para situações 
que se alteraram, desde seu regulamento, ou que nele não foram previstas (FERRAZ 
JUNIOR, 2019, p. 269).
NOTA
A equidade fornece o olhar humano dentro do direito: dentre a lei que 
é imutável, no quesito de integração do direito, destaca-se por ser parceira da 
justiça. “Seja como elemento de integração ou de aplicação da lei, a equidade 
sempre leva em conta o que há de particular em cada caso concreto, em cada 
relação, para dar-lhe a solução mais justa” (BETIOLI, 2015, p. 497).
Venosa (2019, p. 150) coloca a equidade como “[...] Forma de manifestação 
de justiça que tem o condão de atenuar, amenizar, dignificar a regra jurídica”. 
Com este olhar mais humano, a equidade penetra nas lacunas legislativas e faz 
com que o jurista considere algumas questões ao avaliar cada caso.
Por isso, Aristóteles comparava a equidade à Régua de Lesbos, régua 
especial de que se serviam os operários para medir certos blocos de granito. Por 
ser feita de metal flexível (chumbo), podia ajustar-se às irregularidades do objeto: 
“a régua adapta-se à forma da pedra e não é rígida, exatamente como o decreto se 
adapta aos fatos” (BETIOLI, 2015, p. 499).
Portanto, este princípio fornece a flexibilidade que a legislação em si não 
apresenta, como o próprio Aristóteles a compara à Régua de Lesbos. “A função 
da equidade, então, é atenuar (e mesmo eliminar) essa oposição. Trata-se, na 
verdade, de ‘humanizar’ o direito positivo e de flexibilizar a rigidez exterior das 
regras jurídicas” (BETIOLI, 2015, p. 499).
TÓPICO 4 | PROCEDIMENTOS DE INTEGRAÇÃO
59
Também configura a equidade o fato de o juiz, devidamente autorizado 
por lei, julgar determinado caso com plena liberdade. Nesta circunstância 
não ocorre uma adaptação da norma ao caso concreto, mas a elaboração 
da norma e sua aplicação. Tal prática se enquadra no conceito de 
que equidade é a justiça do caso concreto (NADER, 2017, p. 114).
Venosa (2019) coloca que a equidade nada mais é do que uma posição 
filosófica para cada caso com a finalidade de flexibilizar a norma jurídica. Além 
disso, ela fornece a abertura de visão para várias concepções “maquiadas” 
pela legislação rígida. “A equidade seria, então, um princípio ético que orienta 
a realização do direito no sentido de evitar-se uma injustiça, dada a eventual 
rigidez da fórmula legal” (BETIOLI, 2015, p. 499).
Compreende-se, portanto, que “por derradeiro, a equidade consiste no 
ideal do justo empiricamente concretizado, implicando a aplicação prudente pelo 
julgador de seu sentimento de justiça, ao observar as singularidades de um dado 
caso concreto” (SOARES, 2017, p. 123). Entretanto, a equidade é a mediadora 
entre os casos de forma humana e a legislação rígida e sem negociações a fim de 
humanizar o direito através das lacunas.
Dessa forma, podemos superar as lacunas do sistema legal graças às 
normas de equidade, quando esta é tida como sendo o direito do caso concreto. 
É também função da equidade adaptar a norma ao caso concreto, exercendo um 
papel corretivo para sanar defeitos oriundos da generalidade das leis (BETIOLI, 
2015, p. 498).
Ademais, possui função de interpretar a regra nos casos, dando abertura 
a critérios de igualdade e proporcionalidade enquanto função de correção, além 
de ter função quantificadora – ao quantificar os efeitos da norma (BETIOLI, 2015). 
“Fala-se aqui no sentimento do justoconcreto, em harmonia com as circunstâncias 
e adequado ao caso” (FERRAZ JUNIOR, 2019, p. 269).
Betioli (2015) coloca a equidade, ainda, como uma misteriosa companheira 
da justiça que se compõe em um elemento de adaptação da norma às circunstâncias 
reais do caso. “Flexível como a régua de Lesbos, a equidade não mede apenas 
aquilo que é normal, mas também as variações e curvaturas inevitáveis da 
experiência humana, e, flexibilizando a rigidez da lei, determina o que é justo em 
cada situação particular” (BETIOLI, 2015, p. 499).
São lacunas voluntárias, ou casos em que a própria norma remete ao órgão 
judicante a utilização da equidade. Assim, por exemplo, o Artigo 1.456 do Código Civil 
de 1916 dispunha que “no aplicar a pena do Artigo 1.454 [perda do direito ao seguro], 
procederá o juiz com equidade, atentando nas circunstâncias reais, e não em probabilidades 
infundadas, quanto à agravação dos riscos” (BETIOLI, 2015, p. 498).
INTERESSANTE
60
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
Além disso, “Há casos que, de modo involuntário, escapam à previsão do 
legislador, surgindo então lacunas involuntárias que devem ser preenchidas pela 
analogia, costume, princípios gerais de direito e também recorrendo à equidade” 
(BETIOLI, 2015, p. 497). Desta forma, os elementos de integração do direito atuam 
perante a sua demanda e diante de suas características singulares.
Betioli (2015) retrata que nem tudo são flores. A partir do direito moderno, 
a equidade sofreu uma profunda crise por conta do racionalismo jurídico e do 
positivismo que desvalidava a equidade enquanto parte do direito, a ideia destas 
concepções era de tornar o direito com maior exatidão geométrica – ou seja, mais 
inflexível. 
Equidade é a justiça do caso particular. Não é caridade, nem 
misericórdia, como afirmavam os romanos – justitia dulcore 
misericordiae temperata (justiça doce, temperada de misericórdia). Não 
é, via de regra, fonte criadora do Direito, apenas sábio critério que 
desenvolve o espírito das normas jurídicas, projetando-o nos casos 
concretos (NADER, 2017, p. 114).
No entanto, até hoje, no Código Civil, há várias referências à equidade, 
e isso a valida enquanto pertencente ao processo de integração do direito: “[...] 
Artigos 413, 479, 944, parágrafo único; Artigo 953, parágrafo único; Artigo 954, 
Artigo 928, parágrafo único. Contudo, o Artigo 140, parágrafo único, do CPC 
manda que o juiz decida por equidade nos casos previstos em lei” (BETIOLI, 
2015, p. 502).
Além disso, o autor ainda acresce: “encontramos uma interpretação do 
Artigo 140 do CPC na seguinte decisão: a proibição de que o juiz decida por 
equidade, salvo quando autorizado por lei, significa que não haverá de substituir 
a aplicação do direito objetivo por seus critérios pessoais de justiça” (BETIOLI, 
2015, p. 502).
“A equidade, entretanto, é o instrumento que fornece uma solução jurídica 
justa nos casos concretos de realidade”. No Direito brasileiro, a equidade está 
prevista no art. 8º da Consolidação das Leis do Trabalho, que determina a sua 
aplicação “na falta de disposições legais ou contratuais (NADER, 2017, p. 114). 
Ao mesmo passo que é legal, possui olhar humano e olha para os casos de forma 
única e singular, diferente da lei que é geral, abrangente e imutável. Obviamente, 
a equidade não deve ser avaliada por si só, mas deve estar com conjunto com os 
demais aspectos do direito.
TÓPICO 4 | PROCEDIMENTOS DE INTEGRAÇÃO
61
LEITURA COMPLEMENTAR
O DIREITO COMO FENÔMENO SOCIAL NA VISÃO DE MARX
 Augusto César Ramos
A análise do tema exige algumas reflexões preliminares, uma vez que 
se faz necessário conceituar e delimitar o campo de abrangência da Sociologia 
e do Direito, para somente depois relacioná-los. A dificuldade dessa empreitada 
avulta-se ante as várias acepções que envolvem as ciências mencionadas.
Poder-se-ia dizer, sem maiores digressões, que à Sociologia cabe o 
estudo da sociedade. Dessa assertiva exsurge a seguinte indagação: mas o 
que é sociedade? Não estaria de todo errado concebê-la como uma associação 
de indivíduos que vivem em coletividade num espaço determinado e com 
peculiaridade de costumes comuns a todos. Nessa perspectiva, Aristóteles 
afirmou que o homem é essencialmente um animal gregário, que não encontra 
razão para viver e tampouco se desenvolver, se considerado isoladamente dos 
seus semelhantes. Em última análise, à sociologia cumpre o estudo do homem 
e suas instituições "tão imparcialmente quanto a biologia estuda os animais e o 
meio onde vivem", sem, contudo, prescindir das ciências sociais como um todo 
(antropologia, economia, ciência política, história e psicologia) na medida em que 
tem como objeto de pesquisa e estudo o "comportamento social humano e suas 
várias formas de organização".
O conceito de Direito não é unívoco, porquanto há pensadores que ora 
aproximam-no da moral, ora da ética, o que requer a uma investigação, ainda que 
perfunctória, do que se entende por essas palavras. Aristóteles doutrinava em 
sua obra "A República" uma ética das virtudes, considerando-as como "funções 
da alma determinadas pela natureza da alma e pela divisão das suas partes. Para 
Adolfo Sanches Vásquez ética é uma "teoria ou ciência do comportamento moral 
dos homens em sociedade".
Moral, por seu turno, compreende "um conjunto de normas e regras 
destinadas a regular as relações dos indivíduos numa comunidade social 
dada", o que significa dizer que se circunscreve numa determinada sociedade, 
subsumindo-se as suas características econômicas, sociais e religiosas.
Não raro encontra-se quem sustente que "a ética como técnica de conduta 
à primeira vista parece mais ampla que o direito como técnica de coexistência, 
mas se refletirmos que toda espécie ou forma de conduta é uma forma ou uma 
espécie de conduta, ou vice-versa, logo veremos que a distinção dos dois campos 
é apenas circunstancial, com vistas a delimitar problemas particulares, grupos de 
problemas ou campos específicos de consideração e estudo".
62
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
Juridicamente, Direito significa um conjunto de regras (ou normas de 
conduta) coercitivas engendradas por um Poder estatal visando à convivência 
harmônica entre os indivíduos de uma sociedade. Observe-se, por oportuno, que 
o Direito, ao lado da Sociologia e de outras ciências, ainda que sob outro enfoque, 
o da normatização de regras de conduta, tem como objeto de conhecimento a 
sociedade.
Não é demais lembrar que o Direito é coercível, heterônomo e bilateral, 
enquanto a moral é incoercível, autônoma e unilateral, e, ainda, que não há 
sociedade sem direito ubi societas ibi jus, ou ainda que não há direito sem sociedade 
ubi jus ibi societas. Afinal, que razão haveria de impor-se "o direito na ilha do 
solitário Robson Crusoé antes da chegada do índio Sexta-Feira”? Nesse particular, 
vale transcrever os lúcidos ensinamentos de José de Aguiar Dias ao se referir 
a necessidade do direito para o convívio social pacífico: "Seja dom dos deuses, 
seja criação dos homens, o direito tem como explicação e objetivo o equilíbrio, 
a harmonia social. Estivesse o homem sozinho no mundo, como seu primeiro 
habitante ou seu último sobrevivente, e não haveria necessidade de direito, 
por ausência de possibilidade de interpretação e conflito de interesses, cuja 
repercussão na ordem social impõe a regulação jurídica, tendente à pacificação 
ou, pelo menos, à contenção desses conflitos".
Com efeito, o Direito transcende conceitos herméticos, porquanto é mais 
que um conjunto de normas coercitivas de condutas; é mais que um instrumento 
pacificador de conflitos sociais, ou de controle social, pois, sob uma perspectiva 
ideológica significa também um discurso do poder.
Não obstante pareça emergir cristalino o entendimento segundo o qual 
o direito não pode ser estudado separadamente das outras ciências, porquanto 
incorpora valores sociais, Hans Kelsen, eminente jurista austríaco, de formação 
positivista, defendeu a teoria pura doDireito sob o fundamento de que para 
a construção de um conhecimento consistentemente científico o Direito deve 
abstrair-se dos aspectos políticos, morais, econômicos e históricos. No entanto, 
um pensamento coerente e estruturado não admite um estudo do Direito isolado 
das demais ciências, de sorte que a teoria pura do Direito de Kelsen sucumbiu ante 
a clareza com que a palavra Direito designa um fenômeno que tem conexão com 
outro conjunto de fenômenos sociais que se inscrevem no contexto do exercício 
do poder em uma sociedade.
Sob essa ótica de poder, Karl Marx elaborou uma tese em que o Direito, 
como regra de conduta coercitiva, encontra sua origem na ideologia da classe 
dominante, que é precisamente a classe burguesa. Necessário fazer-se uma 
ressalva a esse pensamento, uma vez que o Direito não é o efeito exclusivo da 
vontade da classe econômica senão a síntese de um processo dialético de conflito 
de interesses entre as classes sociais, que Marx denominava de luta de classes. E 
aí se insere a Sociologia Jurídica com o intuito de explicar as causas e os efeitos 
do Direito, uma vez que este se imiscui com os fenômenos sociais, construindo e 
organizando uma hierarquia social em que o poder é exercido de forma legítima 
TÓPICO 4 | PROCEDIMENTOS DE INTEGRAÇÃO
63
pela classe dominante, que é de fato quem legisla, ainda que não ilimitadamente 
em razão da resistência da classe operária, entendida lato sensu.
Marx acreditava existir uma ingerência extraordinariamente forte do 
poder econômico sobre o Direito, atingindo também a cultura, a história e as 
relações sociais. Não estão por completo equivocados aqueles que vêm a gênese 
da dominação secular, laicizada, de uma classe sobre a outra, tendo como marco a 
Revolução Francesa de 1789, momento em que os detentores do poder econômico 
conquistam também o poder político do Estado, rompendo com o "ancien regime" 
que tanto lhes comprimia a expansão mercantil. Com a Revolução Francesa, 
ao lado das revoluções industriais, torna-se premente a regulação das relações 
sociais, surgindo então o direito comercial e mais adiante o direito do trabalho, 
configurando-se este num autêntico direito de classes. Assim, a dominação 
econômica de uns poucos sobre tantos outros se legitima por intermédio de um 
Estado de Direito, cujo princípio basilar é a lei.
Não se pode olvidar, como lembra Marx, que o processo de dominação 
encontra suas raízes na origem da humanidade, haja vista que inicialmente 
deu-se por força do "direito escravagista; depois, feudal; finalmente burguês ou 
capitalista, acompanhando o desenvolvimento das forças produtivas que vão 
fazendo história".
Marx acreditava que "as forças econômicas numa sociedade eram 
as principais responsáveis pelas modificações em todos os outros setores e, 
consequentemente, pelos rumos do curso da história", o que não significa dizer 
que o Direito é exclusivamente efeito da vontade da superestrutura econômica, e 
não a sua causa. Afinal, não se pode responder sem maiores reflexões à seguinte 
questão: o Direito, enfim, é causa ou efeito das relações sociais, dos fenômenos 
sociais, do poder econômico, da classe dominante etc.? A história responde a esta 
indagação, pois houve momentos em que os fenômenos sociais precederam e 
determinaram o Direito, quando das revoluções francesa, russa e mexicana, por 
exemplo. Em outros momentos da história, tal como hoje ocorre no Brasil, em que 
a Constituição Federal vem sendo diuturnamente vilipendiada a ponto de fazer 
o povo ajoelhar-se à vontade do rapinante e volátil capital alienígena, o Direito 
serviu como causa determinante sem a qual o capitalismo não floresceria, haja 
vista a necessidade de garantir-se um mínimo de estabilidade social, econômica e 
jurídica para a expansão de um mercado inserido na eterna e conflitante relação 
do capital com o trabalho.
Hodiernamente, pode-se vislumbrar uma dissonância entre o fato social 
e o Direito, uma vez que o primeiro é dinâmico e multifacetado, e o segundo, 
conservador, consegue abrigar em sua "proteção" somente parte das relações 
sociais. Nesse sentido, urge um aperfeiçoamento do Direito frente à evolução 
da sociedade, se não pela via legislativa, ao menos jurisprudencial, cujas bases 
devem pautar-se na democracia, na solidariedade e no respeito à dignidade das 
pessoas.
64
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
Consentâneo observar que o Direito é ao mesmo tempo causa e feito das 
relações sociais, porquanto se configura em si um fenômeno social. Desse modo, 
não é difícil perceber que "causa e efeito estão inextrincavelmente entrelaçados e 
o efeito de uma causa, num processo de mudança, torna-se, por seu turno, uma 
causa em mudança ulterior". Afinal, o Direito não é determinado por si próprio 
ou a partir de normas ou princípios superiores abstratos, mas por sua referência 
à sociedade como fenômeno social que produz.
Por fim, mister repisar o fato de que Marx defendeu a tese segundo 
a qual a evolução econômica é ponto de partida para as evoluções política, 
jurídica, filosófica, religiosa, literária etc., mas também afirmou que a base 
econômica não é causa única do complexo processo de mudança social, uma 
vez que todas as evoluções se encontram umbilicalmente jungidas, reagindo 
umas sobre as outras. De fato, "a afirmação de que Marx reduziu toda a vida 
social à vida econômica é fundamentalmente falsa, pois ele fez exatamente o 
contrário: revelou que a vida econômica não é mais do que uma parte integrante 
da vida social e que a nossa representação do que se passa na vida econômica é 
falseada precisamente na medida em que não percebemos que atrás do capital, 
da mercadoria, do valor, dos preços, da distribuição dos bens se esconde a 
sociedade dos homens que nela participam", que serão a posteriori pelo direito 
regulados e, em certa medida, alienados.
FONTE: RAMOS, Augusto Cesar. Revista Jus Navigandi, Teresina, n. 52, 1º nov. 2001. Disponível 
em: https://jus.com.br/artigos/2474. Acesso em: 21 jan. 2020.
65
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você aprendeu que:
• Os processos de integração do direito são: analogia, costumes, princípios do 
direito e equidade.
• A legislação é rígida e geral, por isso aparecem as lacunas, em que a integração 
entra para suprir as lacunas e complementar a legislação.
• O costume é considerado tanto uma fonte do direito, como uma ferramenta do 
processo de integração.
• As lacunas servem para proporcionar aos juristas a utilização de princípios e 
valores do direito de forma legal.
• Os processos de integração estão previstos em lei e podem ser utilizados em 
determinadas situações de forma legal.
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pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao 
AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
CHAMADA
66
AUTOATIVIDADE
1 O direito foi criado pelo homem e para o homem. Avalia cada situação de 
forma pontual, e muitas vezes a legislação acaba por deixar lacunas. Nesse 
sentido, os juristas possuem uma ferramenta chamada integração. Ela 
serve para preencher essas lacunas de forma eficiente, a fim de tornar o 
processo judicial completo. Assinale a alternativa correta que diz respeito às 
ferramentas do processo de integração:
a) ( ) Jurisprudência – Julgamento – Doutrina – Analogia.
b) ( ) Analogia – Costume – Princípios do Direito – Equidade.
c) ( ) Equidade – Lei – Julgamento – Segurança.
d) ( ) Nenhuma das alternativas está correta.
2 Sabe-se que a analogia faz parte das ferramentas do processo de integração. 
Nesse sentido, muitos juristas questionam o motivo pelo qual ela não se 
constitui enquanto fonte do direito, sendo que seu papel não é apenas 
compreender a legislação, mas estendê-la a casos não contidos na norma. 
Segundo Betioli (2015) a analogia não se constitui enquanto fonte por:
a) ( ) Não criar normas jurídicas, tendo o papel de auxiliar e fornecer novas 
informações.
b) ( ) É bastante recente, surgiudepois do surgimento do direito.
c) ( ) Não fornecer elementos plausíveis para o julgamento dos casos.
d) ( ) Nenhuma das alternativas está correta.
3 Como um dos meios de integração, a analogia é:
a) ( ) Uma técnica que deve ser usada somente quando a ordem jurídica não 
apresenta uma norma específica para um determinado fato. 
b) ( ) Uma técnica que deve ser usada rotineiramente.
c) ( ) Uma fonte do direito.
d) ( ) Todas as alternativas estão corretas.
4 A equidade, enquanto parte dos processos de integração do direito, é 
definida como:
a) ( ) Aquela que leva em consideração as questões particulares de cada caso. 
b) ( ) Aquela que a preenche as lacunas de forma a ser mediadora e 
complementadora destes. 
c) ( ) Aquela que apresenta o olhar mais humano para as situações.
d) ( ) Todas as alternativas estão corretas.
67
5 Como parte fundamental do direito, e dos elementos de integração, os 
princípios do direito são valores e princípios hierarquicamente elevados – 
os principais. Na vida do Direito, os princípios são importantes em duas 
fases principais: na elaboração das leis e na aplicação do Direito, pelo 
preenchimento das lacunas da lei. Entretanto, o princípio pode expressar:
a) ( ) Uma lei e uma doutrina.
b) ( ) Um dado axiológico e uma investigação.
c) ( ) Um valor e um limite objetivo.
d) ( ) Todas as alternativas estão corretas.
68
69
UNIDADE 2
A NORMA JURÍDICA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• reconhecer os componentes da norma jurídica;
• avaliar as potencialidades da norma jurídica enquanto componente do 
 direito;
• dominar os aspectos em geral da norma jurídica;
• conhecer, de forma específica, a estruturação da norma jurídica.
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da unidade 
você encontrará auto atividades com o objetivo de reforçar o conteúdo 
apresentado.
TÓPICO 1 – ESTRUTURA DA NORMA JURÍDICA
TÓPICO 2 – CARACTERÍSTICAS E CLASSIFICAÇÃO DA NORMA 
JURÍDICA
TÓPICO 3 – PLANOS DE VALIDADE DA NORMA JURÍDICA 
TÓPICO 4 – SISTEMA E ORDENAMENTO JURÍDICO
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
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71
TÓPICO 1
ESTRUTURA DA NORMA JURÍDICA
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Norma Jurídica: conjunto de normas do direito, que prevê e regulamenta 
a conduta dos indivíduos. Baseada na sociedade, e criada a fim de facilitar 
na aplicação das sanções, ela possui grande relevância jurídica, no sentido de 
fornecer subsídios e padronizar elementos necessários.
Desta forma, compreende-se de maneira breve a relevância da norma 
jurídica para o direito de modo geral, visto que seu papel é assegurar o 
conjunto de normas da ciência jurídica, assim como, o papel de obedecer a sua 
complexa estrutura. Uma de suas atribuições é o fato de deixar padronizadas e 
regulamentadas as regras jurídicas, facilitando sua aplicação nos casos cotidianos.
Entretanto, faz-se necessária a compreensão da norma jurídica como 
um todo: desde a sua estruturação, aplicação, até seus fundamentos. Seu papel 
na ciência jurídica e a de assegurar as normas do direito, mantendo assim, as 
características normativas, que faz parte da construção do direito enquanto 
ciência e profissão. Contudo, neste tópico abrandaremos acerca de sua estrutura, 
que é composta por várias características extremamente importantes para a 
prática jurídica.
2 A ESTRUTURA DA NORMA JURÍDICA
A norma jurídica, sendo um conjunto de normas do direito, faz parte 
do ordenamento jurídico. Desta forma, “O direito, como conjunto de normas, 
adquire, assim, o acabamento racional de um programa formal de ação: se está 
na constituição ou foi estabelecido por lei, é um conteúdo jurídico” (FERRAZ 
JUNIOR, 2019, p. 84). Ela postula as regras jurídicas, deixando-as de maneira 
formal e regularizadas.
“A norma jurídica é, antes do mais, um modelo, uma fórmula ou uma 
regra de comportamento humano que se manifesta por sinais exteriores, que se 
impõe com carácter obrigatório, uma vez que o seu respeito pode ser exigido 
UNIDADE 2 | A NORMA JURÍDICA
72
pela força democrática e organizada do Estado nos termos da Constituição” 
(LOURENÇO, 2017, p. 68).
É relevante lembrar que “o conteúdo da norma é um pensamento, uma 
proposição (proposição jurídica), mas uma proposição de natureza prática, isto é, 
uma orientação para a ação humana; a norma é, portanto, uma regra, conforme a 
qual nós devemos guiar” (BAGNOLI; BARBOSA; OLIVEIRA, 2014, p. 60).
A norma jurídica, portanto, faz parte da construção teórica da ciência 
jurídica. Reale (2002, p. 96) coloca: “Pensamos que o conceito de normas que 
acabamos de dar abrange todos os tipos de regras jurídicas, sem esvaziá-la de 
sua referibilidade ao seu possível conteúdo (a conduta humana e os processos de 
organização social) e sem reduzi-la a mero enlace lógico”.
Entretanto, pode-se dizer que “a norma é produto do intelecto do 
intérprete e a norma só se constrói se for tomado o seu sentido dentro do contexto 
do sistema no qual está inserida” (CALGARO, 2013, p. 15).
O conceito de norma aparece, hoje, mais do que nunca, como uma 
noção integradora, capaz de determinar o objeto e o âmbito da 
Ciência do Direito. Na verdade, porém, nas formas e no modo pelo 
qual é tratada pela Dogmática Jurídica, percebemos que o conceito 
representa, no mais das vezes, um ponto crítico a partir do qual se põe 
à mostra as limitações do pensamento científico-jurídico (BAGNOLI; 
BARBOSA; OLIVEIRA, 2014, p. 59).
Desta forma, a norma jurídica, composta por uma estrutura jurídica 
que lhe fornece subsídios, possui o papel de manter as características 
normativas. A norma jurídica, da qual fala o jurista, é, portanto, 
verdadeira construção teórica da própria ciência jurídica, em que os 
diferentes mecanismos estabilizadores manifestam, idealmente, uma 
congruência consistente (FERRAZ JUNIOR, 2019, p. 85).
Contudo, “Kelsen fixou o axioma de que a norma jurídica apresenta um 
caráter hipotético condicional, em que a transgressão de uma hipótese de uma 
conduta prevista no enunciado da norma, se descumprido, leva à aplicação de 
uma sanção” (CALGARO, 2013, p. 9).
Enquanto parte da construção teórica da ciência jurídica, a normativa 
jurídica apresenta sua relevância e autoridade, ao fornecer aos juristas a ferramenta 
legislativa de atuação, a fim de apresentá-los uma ciência com embasamento 
técnico e ético, com a possibilidade de alcançar os variados tipos de casos em que 
necessitam ser avaliados. “A norma jurídica será o lugar da valoração da conduta, 
que conduzirá obrigatoriamente a um ordenamento dela, consequentemente 
denominado “positivismo jurídico” ou sistema normativo” (LOURENÇO, 2017, 
p. 60).
Contudo, a norma apresenta consigo a regra do que deve ser feito, como 
postula Reale (2002, p. 95):
TÓPICO 1 | ESTRUTURA DA NORMA JURÍDICA
73
Afirmamos que uma norma jurídica enuncia um “dever ser” porque 
nenhuma regra descreve algo que é, mesmo quando, para facilidade 
de expressão, empregamos o verbo ser. É certo que a Constituição 
declara que o Brasil é uma República Federativa, mas é evidente que a 
República não é algo que esteja aí, diante de nós, como uma árvore ou 
uma placa de bronze.
Com a finalidade de disciplinar condutas do ser humano, as normas 
jurídicas são caracterizadas por serem bilaterais, sendo que ela prevê o 
acontecimento e, caso ele ocorra, será produzido um efeito jurídico. “As normas 
jurídicas de conduta, ou seja, aquelas cujo objetivo imediato é disciplinar o 
comportamento dos indivíduos ou grupos sociais e que são a maioria, assumem a 
estrutura de um ‘juízo hipotético’” (BETIOLI, 2015, p. 204), ou seja, a consequência 
dependerá da validação da hipótese colocada pela norma.
As normas jurídicas postulam o “dever ser” de forma em que as regras 
colocadas facilitam o controle da conduta social, de forma a pensar na penalizaçãocaso o dever ser não seja executado como previsto. Por exemplo, se alguém 
cometer o crime de furto, terá a sanção previamente elaborada, a fim de que seja 
aplicada a medida referente a conduta estabelecida. Isso oferece organicidade, 
praticidade e clareza na ciência do direito enquanto legislação.
A construção das estruturas lógicas da norma passa pela constatação 
de uma implicação dual entre proposições do dever/ser, em que 
a proposição implicante, antecedente, vazada numa hipótese, 
desempenha função de descritor de uma conduta de possível 
ocorrência, enquanto a proposição implicada, consequente, 
vazada numa tese, desempenha função de prescritora de condutas 
intersubjetivas, modalizadas nas formas ‘proibido’, ‘permitido’ e 
‘obrigatório’ (CALGARO, 2013, p.13).
Sendo aplicável nas diversas relações jurídicas, a norma é vista com extrema 
importância pelos juristas. Pode-se dizer que ela se coloca de forma imperativa, 
a fim de impor um determinado tipo de comportamento a ser avaliado. Como 
coloca Reale (2002, p. 93):
Sendo a norma um elemento constitutivo do Direito, como a célula 
do organismo jurídico, é natural que nela se encontrem as mesmas 
características já apontadas, quando do estudo daquele, a saber, a sua 
natureza objetiva ou heterônoma e a exigibilidade ou obrigatoriedade 
daquilo que ela enuncia. Dizemos que a norma jurídica é uma 
estrutura proposicional porque o seu conteúdo pode ser enunciado 
mediante uma ou mais proposições entre si correlacionadas, sendo 
certo que o significado pleno de uma regra jurídica só é dado pela 
integração lógico-complementar das proposições que nela se contém 
(REALE, 2002, p. 93).
Kelsen, autor da Teoria Pura do Direito, a estrutura da norma jurídica 
possui duas partes: a norma secundária e a norma primária. Segundo ele, a norma 
secundária diz respeito ao fato de não ter sido cumprido tal dever, é sancionado. 
Já a norma primária é acerca de fatos temporais – a longo prazo. Avalie o quadro 
a seguir.
UNIDADE 2 | A NORMA JURÍDICA
74
QUADRO 1 – ESTRUTURA DA NORMA JURÍDICA
Estrutura da Norma Jurídica
Norma Secundária Norma Primária
a) Norma secundária: “Dado a não 
prestação, deve ser aplicada a sanção” 
Exemplo: o pai que não prestou 
assistência moral ou material ao filho 
menor de idade deve ser submetido a 
uma penalidade.
b) Norma primária: “Dado um fato temporal 
deve ser feita a prestação. Exemplo: o pai que 
possui filho menor de idade, deve prestar-lhe 
assistência moral e material.
FONTE: Adaptado de Nader, 2017, p. 84
Hans Kelsen distinguiu, ainda, o conceito de proposição 
normativa de norma jurídica. 
A primeira é um juízo hipotético o qual enuncia que, “sob certas 
condições ou pressupostos fixados por esse ordenamento, devem intervir 
certas consequências pelo mesmo ordenamento determinadas”. Em outras 
palavras, a proposição jurídica é a linguagem que descreve a norma jurídica. 
Esta não foi considerada juízo lógico, conforme alguns autores apontam, mas um 
mandamento ou imperativo: “As normas jurídicas, por seu lado, não são juízos, 
isto é, enunciados sobre um objeto dado ao conhecimento. Elas são antes, de 
acordo com o seu sentido, mandamentos e, como tais, comandos, imperativos” 
(NADER, 2017, p. 84).
Tais elementos constituem a estrutura da norma jurídica, de modo em que 
acaba por envolver várias características da norma, podendo não ser compatíveis 
uma com a outra. Ferraz Junior (2019, p. 77) coloca: “Na verdade, as estruturas 
sociais em geral manifestam mais normas que a sociedade pode suportar. A 
expectativa normativa de A pode contrapor-se a expectativa normativa de B 
(FERRAZ JUNIOR, 2019, p. 77). 
Nader (2017) traz que a visão atual acerca da estrutura das normas tem 
como base Immanuel Kant. 
Para o filósofo alemão, o imperativo categórico, próprio dos preceitos 
morais, obriga de maneira incondicional, pois a conduta é sempre 
necessária. Exemplo: deves honrar a teus pais. O imperativo hipotético, 
relativo às normas jurídicas, técnicas, políticas, impõe-se de acordo 
com as condições especificadas na própria norma, como meio para 
alcançar alguma outra coisa que se pretende. Exemplo: se um pai deseja 
emancipar o filho, deve assinar uma escritura pública (NADER, 2017, 
p. 83, grifo nosso).
Para fins de compreensão, a norma jurídica possui algumas subdivisões. 
No entanto, apresenta uma estrutura única, na qual a sanção possui o papel de 
TÓPICO 1 | ESTRUTURA DA NORMA JURÍDICA
75
integradora. “Como decorrência lógica, o esquema possui o seguinte enunciado: 
“Se A é, B deve ser, sob pena de S”, em que “A” corresponde à situação de 
fato, “B” é a conduta exigida e “S” a sanção aplicável, na eventualidade do não 
cumprimento de “B” (NADER, 2017, p. 85). Avalie o quadro a seguir:
QUADRO 2 – ESQUEMA DAS NORMAS
FONTE: NADER, 2017, p. 85
Considerando as classificações gerais da normativa jurídica, apresenta-se 
ainda alguns adjetivos que fazem parte da estrutura, a fim de classificá-las de 
forma clara e objetiva, discriminando umas das outras: “bilateralidade, generalidade, 
abstratividade, imperatividade, coercibilidade” (NADER, 2017, p. 86). Observe o 
quadro a seguir.
QUADRO 3 – CARACTERES DA NORMA JURÍDICA 
CARACTERES DA ESTRUTURA DA NORMA JURÍDICA SEGUNDO NADER
BILATERALIDADE
O Direito existe sempre vinculando duas ou mais 
pessoas, atribuindo poder a uma parte e impondo 
dever à outra. Bilateralidade significa que a norma 
jurídica possui dois lados: um representado pelo direito 
subjetivo e outro pelo dever jurídico, de tal sorte que 
um não pode existir sem o outro. 
GENERALIDADE
O princípio da generalidade revela que a norma 
jurídica é preceito de ordem geral, obrigatório a todos 
que se acham em igual situação jurídica. A importância 
dessa característica levou o jurisconsulto Papiniano a 
incluí-la na definição da lei: Lex est generale praeceptum. 
Da generalidade da norma jurídica deduzimos 
o princípio da isonomia da lei, segundo o qual todos são 
iguais perante a lei. 
UNIDADE 2 | A NORMA JURÍDICA
76
ABSTRATIVIDADE
Visando a atingir o maior número possível de situações, 
a norma jurídica é abstrata, regulando os casos dentro do 
seu denominador comum, ou seja, como ocorrem via de 
regra. Se o método legislativo pretendesse abandonar 
a abstratividade em favor da casuística, para alcançar 
os fatos como ocorrem singularmente, com todas as 
suas variações e matizes, além de se produzirem leis e 
códigos muito mais extensos, o legislador não lograria 
o seu objetivo, pois a vida social é mais rica do que a 
imaginação do homem e cria sempre acontecimentos 
novos e de formas imprevisíveis. 
IMPERATIVIDADE
Na sua missão de disciplinar as maneiras de agir em 
sociedade, o Direito deve representar o mínimo de 
exigências, de determinações necessárias. Para garantir 
efetivamente a ordem social, o Direito se manifesta 
através de normas que possuem caráter imperativo. 
Se não fosse assim, o Direito não lograria estabelecer 
segurança, nem justiça. A norma não imperativa não 
pode ser jurídica.
COERCIBILIDADE E A 
QUESTÃO DA ESSÊNCIA 
DA NORMA JURÍDICA
Coercibilidade quer dizer possibilidade de uso da coação. 
Esta possui dois elementos: psicológico e material. O 
primeiro exerce a intimidação, através das penalidades 
previstas para a hipótese de violação das normas 
jurídicas. O elemento material é a força propriamente, 
que é acionada quando o destinatário da regra não a 
cumpre espontaneamente. 
FONTE: Adaptado de Nader, 2017, p. 87
Portanto, a bilateralidade, generalidade, abstratividade, imperatividade, 
coercibilidade fazem parte da estrutura da norma jurídica. Gusmão (2018) 
contribui com os conceitos. 
Bilateralidade
A norma jurídica desempenha várias funções, que não devem ser 
confundidas com as finalidades ideais da norma (justiça, segurança 
etc.), e com os seus fins históricos, estes, na dependência de interesses 
ou de exigências sociais etc., mas que são funções a ela inerentes, 
motivo por que, como dissemos em nossa Filosofia do Direito(1994), 
são funções formais do direito (GUSMÃO, 2018, p. 81).
Generalidade e abstração da norma
A norma jurídica é geral e abstrata por não regular caso singular e 
por estabelecer modelo aplicável a vários casos, enquadráveis no 
tipo nela previsto. Pode-se dizer, com Bobbio (Studiper una Teoria 
Generale del Diritto), desde que se queira distinguir “abstração” de 
TÓPICO 1 | ESTRUTURA DA NORMA JURÍDICA
77
“generalidade”, que a norma é geral quando tem por destinatários 
várias pessoas, e abstrata quando prescreve ação ou ato típico. 
A generalidade, característica da norma jurídica, reconhecida a partir 
dos romanos, permite alcançar indeterminado número de ações, de atos 
e de pessoas. Resulta da aplicação do processo lógico de abstração pelo 
qual são abstraídas as circunstâncias, os detalhes, as particularidades 
de ações e atos, isto é, como eles ocorrem na vida real, para regular-
lhes naquilo que lhes for essencial (GUSMÃO, 2018, p. 82).
Imperatividade
A norma jurídica é imperativa, não só quando comanda, impõe ou 
proíbe uma conduta, como, também, quando impõe ou estabelece 
forma de organização de ente jurídico, uma situação jurídica etc. O 
porquê da imperatividade e da obrigatoriedade do direito depende 
do fundamento que se lhe dê. Apesar da divergência de opiniões 
(Cap. XXXVI), há um modo de entendê-las admitido por todos os 
juristas: imposição imperativa de uma ordem jurídica como garantia 
de haver paz social. No entanto, apesar disso, não impede que ela seja 
transgredida. Daí a coercibilidade da norma jurídica, que veremos a 
seguir (GUSMÃO, 2018, p. 84).
Coercibilidade
A norma jurídica é executável coercitivamente. Há quem diga ser ela 
coativa. Como, porém, ela caracteriza-se pela possibilidade jurídica 
de coação, é preferível considerá-la coercitiva. Assim, ao contrário das 
demais normas sociais, a jurídica se caracteriza pela coercibilidade: 
se inobservada, a sanção é imposta pelo Estado (direito estatal) ou 
por uma organização internacional (direito internacional). Coação de 
duas espécies: psicológica e material. Esta, pouco usada, ou melhor, 
exercida razoavelmente; o número de condenados no cível ou no 
crime é muito menor em relação ao dos que respeitam o direito. Isso 
porque a coação psicológica, geradora do temor à sanção, bem como 
a educação familiar e escolar, fazem com que a maioria se conduza 
dentro da lei (GUSMÃO, 2018, p. 85).
Tanto Nader quanto Gusmão apresentam aspectos coerentes e válidos 
acerca da estrutura da norma jurídica, diante disso, percebe-se a complexidade 
da estrutura de tal normativa ao possuir tantos elementos significativos e 
elucidados, que devem ser levados em conta pelo jurista. Ao avaliar tais 
características, ela torna-se completa e considerada relevante enquanto 
pertencente ao direito.
Temos, agora, condições de examinar a norma jurídica em sua 
complexidade estrutural. Falamos, em síntese, de expectativas 
contrafáticas, que se expressam por meio de proposições de 
dever-ser (deve, é obrigatório, é proibido, é permitido, é facultado), 
estabelecendo-se entre os comunicadores sociais relações 
complementares institucionalizadas em alto grau (relação 
metacomplementar de autoridade/sujeito), cujos conteúdos têm 
sentido generalizável, conforme núcleos significativos mais ou menos 
abstratos (FERRAZ JUNIOR, 2019, p. 84).
UNIDADE 2 | A NORMA JURÍDICA
78
Ferraz Junior (2019) apresenta que a norma, quanto a sua estrutura, 
divide-se em autônomas e dependentes. As autônomas apresentam, por si 
só, um sentido completo. Já as dependentes ligam-se a outras normas, pois se 
reporta as outras que disciplinam a sanção em caso de violação de algum direito. 
É importante ressaltar que a norma é baseada em fatos sociais, criada diante da 
conduta humana.
Kelsen (1985) postula que as normas autônomas são aquelas que 
prescreve sanção a uma conduta prevista, já a dependente, é a norma que prevê 
um comportamento sem prescrever determinada sanção, dependendo assim, de 
alguma norma sancionadora.
No Século XVII, Pufendorf, por exemplo, distinguia as normas jurídicas (direito 
natural) das normas morais, por se referirem as primeiras ao sentido e à finalidade das 
ações humanas desta vida, enquanto as segundas eram referentes às ações da outra vida, 
tomando-se por critério a distinção das ações em internas e externas, assumindo, pois, 
que o que permanecia guardado no coração humano e não se manifestava exteriormente 
deveria pertencer ao âmbito moral. Não obstante a dificuldade de um critério universal, sem, 
portanto, perder de vista o fato de que, historicamente, não reconhecem o caráter jurídico 
de suas normas pelo mesmo critério, vamos buscar na forma de um postulado teórico um 
ângulo de abordagem suficientemente genérico, capaz de dar conta do problema, tendo 
em vista a norma como comunicação.
FONTE: FERRAZ JUNIOR, 2019, p. 77
INTERESSANTE
Lembra-se, portanto, que “O que efetivamente caracteriza uma norma 
jurídica, de qualquer espécie, é o fato de ser uma estrutura proposicional 
enunciativa de uma forma de organização ou de conduta, que deve ser seguida 
de maneira objetiva e obrigatória” (REALE, 2002, p. 95).
“Assim, toda norma de conduta se desdobra em duas outras que se 
conjugam e se complementam. Há, com outras palavras, a conjugação de duas 
proposições hipotéticas que se integram numa só; e também há em ambas a 
articulação lógica de dois elementos, ou seja, uma hipótese e uma consequência” 
(BETIOLI, 2015, p. 205).
Como falado anteriormente, algumas normas são autônomas e outras 
são dependentes, sendo que as dependentes necessitam de outras normas para 
serem complementadas e as autônomas atuam de forma independente, não 
dependendo de outras normas para existirem e nem para serem colocadas em 
prática. “A estrutura hierárquica do sistema jurídico pode representar-se de forma 
TÓPICO 1 | ESTRUTURA DA NORMA JURÍDICA
79
esquemática, partindo da norma fundamental e representando-a num escalão 
superior do direito positivo, para não dizer no topo da pirâmide conhecida por 
pirâmide de Kelsen” (LOURENÇO, 2017, p. 68).
Kelsen apresenta uma concepção do direito, colocando-o enquanto 
norma e apenas isto. Contudo, essa ideia tem relação com o entendimento 
da regra jurídica como uma simples sacada lógica de relacionar a hipótese 
com a ação (REALE, 2002). Já Ferraz Junior (2019, p. 79) traz que “A norma, 
em seu cometimento, instaura uma relação de autoridade, exigindo, pois, a 
desconfirmação da desconfirmação”. 
“A norma jurídica fundamental para a doutrina impõe-se na lógica e 
estrutura do pensamento jurídico e no fim do ordenamento, ao mesmo tempo 
que exige o desenvolvimento do princípio e do direito que a norma fundamental 
encerra, impondo-se mesmo ao legislador que a deve desenvolver” (LOURENÇO, 
2017, p. 67).
Não obstante a existência de algumas controvérsias a respeito do tema, grande 
parte dos estudiosos da teoria normativa do Direito continua a defender a posição clássica 
segundo a qual a norma jurídica possui sempre uma estrutura externa e uma estrutura 
interna, além de um conteúdo próprio e particular. A estrutura externa, segundo esta ótica, 
corresponde exatamente ao denominado “revestimento” da norma jurídica, que pode ser 
em forma de lei (norma jurídica escrita que tem origem na autoridade) ou de costume 
(norma jurídica não escrita que surge de forma difusa na sociedade). A estrutura interna, 
por seu turno, encontra-se intimamente associada, por partes, à denominada endonorma 
(ou seja, o preceito do dispositivo normativo ou, em outras palavras, o interesse protegido 
e, portanto, exatamente aquilo que a norma contém) e à convencionalmente chamada 
perinorma (descrição do injusto – ilícito – e a consequente sanção a ser aplicada) (FRIEDE, 
2015, p. 99).
INTERESSANTE
Portanto, toda a estrutura externa já foi explicitada. Tem-se, ainda, a 
estrutura interna da norma jurídica, conhecida como endonorma e perinorma. 
Endonorma é aquela que enuncia um dever, impondo, assim, umaconduta. Já a 
Perinorma prevê uma sanção penal. 
Friede (2015) coloca a existência de quatro diferentes posições fundamentais 
a respeito da estrutura da norma jurídica, que devem ser avaliados: 
• A solução tradicional da unitariedade da norma jurídica, equivalendo a sanção 
à prestação. 
amand
Destacar
amand
Destacar
UNIDADE 2 | A NORMA JURÍDICA
80
• A solução de Kelsen, na qual a norma jurídica constitui juízo hipotético, 
desmembrado em norma primária e secundária.
• A solução de Maynez, para a qual a norma jurídica envolve duas normas 
paralelas, atributiva e perceptiva, cada qual com seus conceitos lógico-jurídicos 
e respectivos correlatos ontológico-jurídicos.
• E, finalmente, a solução de Cossio, que parcialmente nos filiamos, em perfeita 
consonância, com o pensamento jurídico contemporâneo, e para quem a norma 
jurídica constitui juízo disjuntivo, abrangendo a perinorma e a endonorma.
Contudo, pode-se compreender a magnitude da norma jurídica enquanto 
ferramenta legislativa, e enquanto estrutura interna e externa. Por fim, se faz 
necessária a compreensão dos componentes da norma, os quais são: um operador 
normativo, a descrição de ação/argumento e a condição da ação. “O operador 
determina o caráter normativo: norma obrigatória ou proibitiva ou permissiva; 
a descrição da ação constitui o conteúdo da norma; e a condição da ação é a sua 
condição de aplicação” (BAGNOLI; BARBOSA; OLIVEIRA, 2014, p. 74).
“A norma de direito transforma-se em proposição jurídica, a qual, por 
sua vez, concede a forma estrutural da lei, e que vai tutelar e vincular a condição 
ou consequência jurídica. Tal como o afecto é atribuído à causa da norma moral, 
também a consequência jurídica é imputada à condição de norma jurídica” 
(LOURENÇO, 2017, p. 62).
Com suas particularidades, características e relevância no âmbito jurídico, 
a norma jurídica em sua estrutura possui componentes essenciais para o bom 
funcionamento. Desta maneira, é essencial a sua compreensão, seja ela moral, 
jurídica, técnica etc. Em cada espaço ela possui suas atribuições e relevância. 
amand
Destacar
81
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• A norma jurídica é um conjunto de normas do direito.
• Na estrutura interna da norma, têm-se a endonorma e a perinorma, sendo que 
a primeira enuncia um dever, e a segunda propõe a sansão.
• Algumas normas são autônomas e outras são dependentes, sendo que as 
dependentes necessitam de outras normas para serem complementadas. 
• Considerando as classificações gerais da normativa jurídica, apresenta-se ainda 
alguns caracteres que fazem parte da estrutura: bilateralidade, generalidade, 
abstratividade, imperatividade, coercibilidade.
• A norma jurídica, da qual fala o jurista, é a verdadeira construção teórica 
da própria ciência jurídica
82
AUTOATIVIDADE
1 Com a finalidade de disciplinar condutas do ser humano, as normas jurídicas 
são caracterizadas por serem bilaterais, sendo que ela prevê o acontecimento 
e, caso ele ocorra, será produzido um efeito jurídico. Para Betioli (2015, p. 
2014), o objetivo das normas jurídicas é o de:
a) ( ) Padronizar o comportamento dos indivíduos ou grupos sociais.
b) ( ) Prever o comportamento dos indivíduos ou grupos sociais de forma 
exclusiva.
c) ( ) Disciplinar o comportamento dos indivíduos ou grupos sociais.
d) ( ) Nenhuma das alternativas está correta.
2 Acerca das normas jurídicas, o que efetivamente a caracteriza é o fato de: 
a) ( ) Ser uma estrutura proposicional enunciativa de uma forma de 
organização ou conduta que deve ser seguida de forma objetiva e 
obrigatória.
b) ( ) Ser uma lei com o intuito de organização de conduta que deve ser 
seguida de forma objetiva e obrigatória.
c) ( ) Ser uma norma proposicional enunciativa de uma forma de organização 
ou conduta que não deve ser seguida de forma objetiva e obrigatória.
d ( ) Nenhuma das alternativas está correta.
3 Considerando os conceitos abordados, assinale a alternativa que apresenta 
a definição de norma jurídica:
a) ( ) Uma fonte do direito.
b) ( ) Um consenso entre juristas.
c) ( ) Um conjunto de normas do direito.
d) ( ) Todas as alternativas estão corretas.
83
TÓPICO 2
CARACTERÍSTICAS E CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Você já deve ter estudado ou lido algum material acerca da norma jurídica, 
não é mesmo? No entanto, caso você não tenha feito isso ainda, tenha calma! 
Neste tópico estudaremos as características e a classificação da norma jurídica, 
a fim de que você tenha uma ampla compreensão deste conteúdo. Sendo um 
conjunto de normas do direito, é extremamente importante o entendimento deste 
conteúdo a fim de compreender os conteúdos posteriores. 
A norma jurídica é dividida em características e classificações a fim de 
compreendermos a sua estrutura e funcionalidade, assim, cada elemento que faz 
parte da norma é estudado e avaliado, a fim de que seja aplicado da forma correta 
de acordo com a ciência jurídica. Há a estrutura interna e externa, e dentre as 
classificações, temos várias subdivisões – as quais você terá acesso neste tópico.
Cada classificação corresponde a um tipo de norma específica, a qual 
possui determinada atribuição. As normas jurídicas como um todo possuem 
um papel essencial na ciência do direito, principalmente quando se fala em 
modificações sociais e em alcançar todas as demandas que chegam ao judiciário. 
Por isso, estude com calma e absorva todo o conhecimento.
Bons estudos!
2 CARACTERÍSTICAS E CLASSIFICAÇÃO DA NORMA 
JURÍDICA
Entendendo a norma jurídica enquanto um conjunto de normas do 
direito, se faz relevante compreender suas características e classificações a fim 
de conhecê-la de forma profunda e eficiente. “A norma jurídica, da qual fala o 
jurista, é, portanto, verdadeira construção teórica da própria ciência jurídica, 
em que os diferentes mecanismos estabilizadores manifestam, idealmente, uma 
congruência consistente” (FERRAZ JUNIOR, 2019, p. 85).
UNIDADE 2 | A NORMA JURÍDICA
84
Diferentes elementos fazem parte da norma jurídica, que nem sempre 
possuem conectividades entre si, como coloca Ferraz Junior (2019, p. 85):
Expectativas contrafáticas, institucionalizações, núcleos significativos 
podem estar contidos em uma norma, de forma a se contradizerem 
mutuamente. Por exemplo, numa norma de trânsito, a expectativa 
contrafática de que, diante do semáforo vermelho, deve-se parar, 
pode estar em contraposição com a institucionalização, conforme a 
qual, numa rua sem movimento, o motorista do carro de trás supõe o 
consenso geral de que, nessa condição, deve-se ir adiante: ele buzina 
e irrita-se. 
Desta forma, é fato que “o conteúdo da norma jurídica, como já visto, é 
a conduta humana e os processos de organização social. Daí a existência de dois 
tipos primordiais da norma jurídica: de organização e de conduta” (BETIOLI, 
2015, p. 213). Avalie o esquema a seguir:
FIGURA 1 – NORMA JURÍDICA
FONTE: Friede (2015, p. 100)
A norma possui uma estrutura interna e externa. Na estrutura externa se 
tem a lei e o costume. Já na interna estão colocados a endonorma e a perinorma – 
que foi estudado no tópico anterior. Esta é a estrutura principal da norma jurídica.
Se levarmos em conta, na pesquisa dos caracteres das normas jurídicas, 
todas as categorias de regras existentes, forçosamente chegaremos a seguinte 
conclusão: “o que efetivamente caracteriza uma norma jurídica, de qualquer 
espécie, é o fato de ser uma estrutura proposicional enunciativa de uma forma 
de organização ou de conduta, que deve ser seguida de maneira objetiva e 
obrigatória”. Isto porque há regras jurídicas de natureza tão peculiar, que 
escapariam a quase todos os critérios lógicos de enquadramento (NADER, 2019, 
p. 82).
TÓPICO 2 | CARACTERÍSTICAS E CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA
85
Portanto, a norma carrega consigo a característica da organização, como 
coloca Reale (2002, p. 93) “já nos é dado inferir das lições anteriores que a Ciência 
doDireito tem por objeto a experiência social na medida em que esta é disciplinada 
por certos esquemas ou modelos de organização e de conduta que denominamos 
normas ou regras jurídicas”. 
Desta forma, Nader (2019) coloca os critérios de classificação da norma 
jurídica diante de sua eficácia. Para o autor, “classificar implica uma arte que 
deve ser desenvolvida com espírito prático, pois a sua validade se revela à 
medida que traduz uma utilidade teórica ou prática” (NADER, 2019, p. 85). Os 
critérios da classificação são: a) quanto ao sistema a que pertencem; b) quanto à 
fonte; c) quanto aos diversos âmbitos de validez; d) quanto à hierarquia; e) quanto 
à sanção; f) quanto à qualidade; g) quanto às relações de complementação; h) 
quanto às relações com a vontade dos particulares.
Contudo, Friede (2015) complementa a colocação de Nader apresentando 
as classificações que se destacam: normas jurídicas sanção, aplicação, 
obrigatoriedade, aplicação territorial, pessoal, sistema jurídico, à fonte, ao âmbito 
material de aplicação, à situação que estabelecem, ao âmbito formal de aplicação, 
ao tempo de duração e ao seu conteúdo. Avalie o quadro a seguir:
QUADRO 4 – CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS JURÍDICAS CONFORME FRIEDE (2015)
NORMAS JURÍDICAS QUANTO À SANÇÃO
Normas jurídicas mais que perfeitas
Quando há infração ao preceito, o ato jurídico 
é desfeito, adicionado à aplicação da sanção 
correspondente (hipótese de casamento com 
ocultação de impedimento: o ato jurídico 
é desfeito, além de também ser aplicada 
punição ao infrator). 
Normas jurídicas perfeitas
Quando o ato jurídico é desfeito, porém não 
há aplicação de sanção (hipótese de indivíduo 
menor de idade que vende seu bem sem 
autorização judicial ou sem preenchimento 
dos requisitos legais).
Normas jurídicas menos que perfeitas
Quando o ato jurídico é mantido, mas há 
efetiva aplicação de sanção (hipótese de 
mulher viúva que se casa antes do prazo 
determinado em lei).
Normas jurídicas imperfeitas 
(obrigação natural)
Quando o ato jurídico é mantido e não há 
aplicação de sanção (hipótese de dívida de 
jogo ou dívida prescrita) (FRIEDE, 2015, p. 
101).
UNIDADE 2 | A NORMA JURÍDICA
86
NORMAS JURÍDICAS QUANTO À APLICAÇÃO
Normas jurídicas rígidas
Quando as normas não permitem outra 
interpretação ou aplicação (verba legis = 
mens legis).
Normas jurídicas elásticas
Quando há a possibilidade de examinar 
características da norma jurídica, existindo, 
por consequência, várias e diferentes 
interpretações ou aplicações (verba legis + 
complementação = mens legis).
NORMAS JURÍDICAS QUANTO À OBRIGATORIEDADE
Normas jurídicas imperativas
Quando há efetiva obrigação positiva (como 
a prestação do serviço militar) ou efetiva 
obrigação negativa (proibitiva).
 Normas jurídicas permissivas
Quando não há propriamente obrigação e, 
sim, possibilidade de escolha (como a livre 
opção pelo regime de casamento) ou ampla 
liberdade de realizar o direito consignado da 
normatividade (FRIEDE, 2015, p. 101).
NORMAS JURÍDICAS QUANTO À APLICAÇÃO TERRITORIAL
Normas jurídicas comuns Quando as normas atingem todo o território 
nacional.
Normas jurídicas locais
Quando as normas se restringem ao território 
do estado-membro, do Distrito Federal ou de 
município.
NORMAS JURÍDICAS QUANTO À APLICAÇÃO PESSOAL
Normas jurídicas gerais ou genéricas
Quando as normas abrangem um grupo 
determinado de pessoas (Código de Defesa 
do Consumidor).
Normas jurídicas especiais
Quando as normas abrangem um grupo 
determinado de pessoas (Código de Defesa 
do Consumidor).
NORMAS JURÍDICAS QUANTO AO SISTEMA JURÍDICO
Normas jurídicas nacionais Quando as normas vigoram no Brasil.
Normas jurídicas estrangeiras Quando as normas não vigoram no Brasil.
NORMAS JURÍDICAS QUANTO À FONTE
Normas jurídicas escritas (legais).
Normas jurídicas não escritas (costumeiras).
NORMAS JURÍDICAS QUANTO AO ÂMBITO MATERIAL DE APLICAÇÃO
Normas jurídicas de Direito Público. 
Normas jurídicas de Direito Privado.
TÓPICO 2 | CARACTERÍSTICAS E CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA
87
NORMAS JURÍDICAS QUANTO À SITUAÇÃO QUE ESTABELECEM
Normas jurídicas que impõem deveres.
Normas jurídicas que impõem efeitos.
Normas jurídicas declaratórias ou definidoras de situações jurídicas.
Normas jurídicas interpretativas (quando objetivam interpretar outra lei).
Normas jurídicas supletivas (quando vigoram no silêncio da parte ou suprem a vontade 
das partes quando não expressa).
NORMAS JURÍDICAS QUANTO AO ÂMBITO FORMAL DE APLICAÇÃO
Normas jurídicas de conduta ou primárias (normas substantivas). 
Normas jurídicas processuais ou secundárias (normas adjetivas).
NORMAS JURÍDICAS QUANTO AO TEMPO DE DURAÇÃO
Normas jurídicas permanentes Quando possuem prazo indeterminado de 
vigência.
Normas jurídicas temporárias (ou 
transitórias)
Quando possuem prazo determinado e 
estabelecem na própria normatividade ou 
quando, por natureza, possuem vigência 
temporalmente restrita (lei orçamentária).
NORMAS JURÍDICAS QUANTO À APLICABILIDADE DE SEU CONTEÚDO
Normas jurídicas autoaplicáveis.
Normas jurídicas pendentes de regulamentação.
FONTE: Adaptado de FRIEDE, 2015, p. 100
Diante de tais classificações da norma jurídica, percebe-se sua relevância 
e especificidade. Nader (2019, p. 89) apresenta que: “O estudo sobre a norma 
jurídica não estará completo se não for acompanhado da abordagem dos atributos 
de vigência, efetividade, eficácia e legitimidade. Em torno da matéria há muita 
controvérsia, a começar pela própria terminologia, notadamente em relação ao 
termo eficácia”. 
Gusmão (2018) apresenta a classificação das normas jurídicas de uma 
outra forma, que pode possuir a mesma validade da conceituação feita por Friede 
(2015). Segundo Gusmão (2018), esta classificação pode ser estabelecida diante do 
seu conteúdo, pela sua imperatividade, natureza da sanção e em sua forma. 
UNIDADE 2 | A NORMA JURÍDICA
88
QUADRO 5 – CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS JURÍDICAS CONFORME GUSMÃO (2018)
DA EXTENSÃO ESPACIAL DE SUA VALIDADE
Regra de direito comum (§ 57). Direito particular (§ 57).
DA AMPLITUDE DE SEU CONTEÚDO
Regra de direito geral (§ 58). Direito especial (§ 58). Direito de 
exceção.
FORÇA DE SEU CONTEÚDO
Lei ou norma constitucional (§ 63). Lei ou norma ordinária (§ 63).
APLICABILIDADE IMEDIATA DO CONTEÚDO
Lei autoaplicável (§ 64). Lei regulamentável (§ 64).
INTERESSE QUE TUTELA
Regra de direito público (§§ 88 e 97). Direito privado (§§ 89 e 119). Direito 
misto.
Pelo grau de imperatividade
COM RELAÇÃO AO PARTICULAR
Norma taxativa (§ 61). Norma dispositiva (§ 61).
COM RELAÇÃO AO PODER PÚBLICO
Norma rígida (§ 65). Norma elástica (§ 65).
Norma de direito privado.
Lei fiscal (multa, correção monetária do débito fiscal).
Norma disciplinar (§§ 107 e 116).
Norma ou lei perfeita (§ 54).
Norma ou lei imperfeita (§ 54).
Norma ou lei menos-que-perfeita (§ 54).
Norma ou lei mais que perfeita (§ 54).
AS NORMAS AINDA PODEM SER:
Escritas (lei, tratado, regulamento etc.). Não escritas (costume, princípios gerais do 
direito).
FONTE: Adaptado de Gusmão, 2018, p. 90
Tais classes indicam a funcionalidade da norma jurídica enquanto prática 
e adaptabilidade nos casos em que precisam ser aplicadas. Nader (2019) ainda 
classifica a vigência, efetividade, eficácia e legitimidade: 
Vigência: para que a norma disciplinadora do convívio social ingresse no 
mundo jurídico e nele produza efeitos, indispensável é que apresente validade 
formal, isto é, que possua vigência. Significa que a norma social preenche os 
requisitos técnico-formais e imperativamente se impõe aos destinatários.
TÓPICO 2 | CARACTERÍSTICAS E CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA
89
Efetividade: este atributo consiste no fato de a norma jurídica ser 
observada tanto por seus destinatários quanto pelos aplicadores do Direito. No 
dizer de Luís Roberto Barroso (1993), a efetividade [...] simboliza a aproximação, 
tão íntima quanto possível, entre o dever ser normativo e o ser da realidade social.
Eficácia: as normas jurídicas não são geradaspor acaso, mas visando a 
alcançar certos resultados sociais. Como processo de adaptação social que é, o 
Direito se apresenta como fórmula capaz de resolver problemas de convivência 
e de organização da sociedade. O atributo eficácia significa que a norma jurídica 
produz, realmente, os efeitos sociais planejados. Para que a eficácia se manifeste, 
indispensável é que seja observada socialmente. Eficácia pressupõe, destarte, 
efetividade. 
Legitimidade: inúmeros são os questionamentos envolvendo o atributo 
legitimidade. O seu estudo mais aprofundado se localiza na esfera da Filosofia 
do Direito. Para um positivista, na abordagem da norma é suficiente o exame de 
seus aspectos extrínsecos – vigência. A pesquisa afeta ao sistema de legitimidade, 
sendo algo estranho à instância jurídica. Para as correntes espiritualistas, além 
de atender aos pressupostos técnico-formais, as normas necessitam legitimidade. 
Além disso, nas classificações ainda há as normas primárias e secundárias 
– daquelas citadas anteriormente. 
Segundo Hart (1963), as normas primárias se distinguem por 
se referirem à ação ou criarem uma obrigação (o que, no fundo, 
corresponde à doutrina tradicional), enquanto que as secundárias, 
que se reportam às primárias e delas são subsidiárias, não se limitam 
a estabelecer sanções, mas são mais complexas, importando na 
atribuição de poderes. As normas secundárias, no seu modo de ver, 
abrangem três tipos de normas, que ele denomina de reconhecimento, 
de modificação e de julgamento (REALE, 2002, p. 98).
Reale (2002) aponta que a principal distinção entre as normas primárias 
e secundárias são os pontos de vista, sendo que uma é cronológica, indicando 
tempo, e a outra, axiológica, seguindo uma ordem valorativa. Assim, as normas 
primárias são conhecidas pela possibilidade de verificação da sua validade, sendo 
que são aplicadas quando as normas de julgamento disciplinam.
Contudo, diante de sua construção histórica, as normas jurídicas em suas 
classes e classificações apresentam grande avanço na ciência social do direito 
como um todo, sendo que, para cada tipo de situação, a norma está possibilitada 
a agir conforme a demanda. Por isso, este conteúdo foi depositado de forma 
detalhada e cuidadosa para que você conseguisse compreender.
90
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• As normas jurídicas são classificadas em primárias e secundárias. 
• Nas subdivisões das classificações das normas jurídicas se tem as normas 
jurídicas quanto à sanção, aplicação, obrigatoriedade, aplicação territorial, 
pessoal, sistema jurídico, fonte, âmbito material de aplicação, situação que 
estabelecem, âmbito formal de aplicação, tempo de duração e ao seu conteúdo.
• É relevante considerar, dentro das normas jurídicas, a fim de garantir a eficácia, 
a vigência, efetividade, eficácia e legitimidade.
• A norma possui uma estrutura interna e externa.
91
AUTOATIVIDADE
1 Qual a distinção entre uma norma mais que perfeita e uma norma perfeita? 
a) ( ) A norma mais que perfeita visa padronizar o comportamento dos 
indivíduos ou grupos sociais, diferente da norma perfeita.
b) ( ) A norma mais que perfeita supera a norma perfeita, que dita regras.
c) ( ) As duas são semelhantes.
d) ( ) Todas as alternativas estão corretas.
2 Betioli (2015) apresenta o conteúdo da norma jurídica. Conforme os estudos 
deste tópico, sobre o que esse conteúdo se refere, assinale a alternativa 
correta:
a) ( ) Aplicação das normas e disciplina.
b) ( ) Ser uma estrutura proposicional enunciativa de uma forma de 
organização ou conduta que deve ser seguida de forma objetiva e 
obrigatória.
c) ( ) Conduta humana e processos de organização social.
d) ( ) Todas as alternativas estão corretas.
3 Avaliando a classificação das normas jurídicas, quando trata-se das normas 
jurídicas quanto à fonte, fala-se em:
a) ( ) Normas jurídicas escritas e não escritas.
b) ( ) Normas jurídicas perfeitas e mais que perfeitas.
c) ( ) Normas jurídicas autoaplicáveis.
d) ( ) Todas as alternativas estão incorretas.
92
93
TÓPICO 3
PLANOS DE VALIDADE DA NORMA JURÍDICA
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
A norma jurídica em si já foi explanada de forma esclarecedora nesta 
unidade, não é mesmo? Neste tópico abordaremos acerca dos planos de validade 
da norma jurídica, sendo que estes são divididos em: existência, validade e 
eficácia: um complementa o outro para um ótimo funcionamento da normativa 
jurídica, pautada nos princípios técnicos e éticos. Sua compreensão é válida a fim 
de entendermos os aspectos extrínsecos e intrínsecos da norma jurídica.
Todavia, os planos de validade possuem a função de assegurar a veracidade 
e a eficácia da norma jurídica em si, além dos elementos envolvidos nesta validade. 
Além disso, pode-se compreender que os planos de existência, validade e eficácia 
são codependentes: auxiliam-se entre si para validar determinada norma jurídica.
Contudo, ter a compreensão geral de tais conteúdos faz total diferença na 
prática do jurista, a fim de validar o conjunto de normas do direito, tornando a 
ação jurídica mais ágil, eficaz e certeira. Ressalta-se ainda que a função dos planos 
de validade é a de comprovar de forma técnica e ética a eficácia da norma jurídica 
perante o negócio jurídico. 
Bons estudos!
2 PLANOS DE VALIDADE DA NORMA JURÍDICA
A norma jurídica enquanto parte do direito traz consigo grande relevância, 
como já foi estudado nos demais tópicos desta unidade. Desta forma, ela possui 
planos de validade a fim de que seja aplicável de forma eficaz e eficiente, a fim de 
adaptar-se e alcançar a sociedade em geral.
Uma norma jurídica, para que seja obrigatória, não deve estar apenas 
estruturada logicamente segundo um juízo categórico ou hipotético, 
pois é indispensável que apresente certos requisitos de validade. 
Seguindo a esteira de Miguel Reale (2002), o termo “validade” é 
empregado apenas em sentido genérico, abrangendo a validade 
formal, a social e a ética (BETIOLI, 2015, p. 273).
94
UNIDADE 2 | A NORMA JURÍDICA
Para Degani (2015), o negócio jurídico tem o objetivo de regularizar os 
direitos e deveres da sociedade em geral. Desta forma, o autor coloca o “principal 
exercício da autonomia privada da liberdade negocial. Respeitando sempre os 
pressupostos de existência, validade e eficácia impostos pela norma jurídica que 
sobre ele incide” (DEGANI, 2014, p. 3).
Ao analisar a juridicidade de um possível negócio jurídico, a tarefa que 
se impõe ao intérprete, em primeiro lugar, é a verificação, no plano da 
existência, da presença dos elementos essenciais ao ato: declaração de 
vontade, indicação de objeto, solenidade do ato quando exigida. Na 
prática, o legislador civil não distingue negócio jurídico inexistente 
de negócio jurídico nulo, o que é um equívoco de natureza teórica 
(NADER, 2019, p. 316).
Além disso, o Degani (2014) classifica os planos de validade da norma 
jurídica em três: o plano da existência, plano de validade e de eficácia. Observe o 
quadro a seguir.
QUADRO 6 – PLANOS DE VALIDADE DA NORMA JURÍDICA
PLANOS DE VALIDADE DA NORMA JURÍDICA
PLANO DA EXISTÊNCIA São os elementos essenciais, os pressupostos de 
existência.
PLANO DA VALIDADE São os elementos do plano da existência com algumas 
qualificações.
PLANO DA EFICÁCIA
Neste plano estão os efeitos gerados pelo negócio 
com relação às partes e com relação a terceiros. São 
elementos relacionados com a suspensão e resolução 
de direitos e deveres.
FONTE: Adaptado de DEGANI, 2014, p. 3
Sendo essa a classificação, compreende-se a relevância e participação de 
cada plano na norma jurídica enquanto funcionalidade. Venosa (2017) corrobora 
relatando que não devemos esquecer dos três planos: existência, validade e 
eficácia.
“O ato pode existir, isto é, possuir um aspecto externo de negócio jurídico, 
mas não ter validade, por lhe faltar, por exemplo, capacidade de agente. Por outro 
lado, o negócio pode existir, ser válido, mas ser ineficaz, quando sobre ele, porexemplo, pender condição suspensiva” (VENOSA, 2017, p. 382). 
Os três planos complementam-se e são necessários para o sucesso e 
eficácia de um negócio. Desta maneira, faz-se necessário o aprofundamento em 
cada elemento citado. 
TÓPICO 3 | PLANOS DE VALIDADE DA NORMA JURÍDICA
95
2.1 PLANO DA EXISTÊNCIA
O plano da existência aparece em primeiro lugar por conta de seu objetivo: 
é a partir deste que surgem os pressupostos de exigência, que são os elementos 
essenciais para o negócio jurídico. 
Desta forma, cita-se ainda alguns elementos primordiais no plano de 
existência: manifestação ou declaração de vontade; partes ou agente emissor 
de vontade; objeto e forma: exatamente os aspectos mais primários e básicos do 
negócio jurídico. “Constatada a existência do negócio jurídico, na etapa seguinte 
o intérprete analisa o plano da validade, quando o ato poderá ser válido ou 
inválido. Se inválido, a sua classificação será de negócio jurídico nulo ou anulável, 
conforme o critério da Lei Civil” (NADER, 2019, p. 316).
A classificação é realizada a fim de clarificar os tipos de normas jurídicas 
existentes, com o objetivo de facilitar na organização e funcionalidade aos juristas. 
Sendo assim, o negócio jurídico apresenta sua efetividade. Enquanto base dos 
conteúdos de planos da norma jurídica, há a consigna da existência, como coloca 
Azevedo (2002).
Elemento do negócio jurídico é tudo aquilo que compõe sua existência 
no campo do direito. Antes de classificarmos esses elementos, é preciso 
considerar, em primeiro lugar, que a expressão negócio jurídico 
exprime uma abstração; in concreto, o que há são negócios jurídicos 
particulares (por exemplo, a compra e venda realizada entre A e B) 
(AZEVEDO, 2002, p. 31). 
Contudo, o autor ainda traz que a classificação dos elementos nas normas 
jurídicas são os elementos gerais, os elementos categoriais e os elementos 
particulares – todos estes sendo colocados nos planos de existência. Lembra-
se ainda que os demais planos se encaixam a este a fim de fornecer validade e 
eficácia ao negócio jurídico.
Elemento do negócio jurídico é tudo aquilo que lhe dá existência no 
campo do direito. Classificam-se, conforme o grau de abstração, em elementos 
gerais, isto é, próprios de todo e qualquer negócio; categoriais, que são próprios 
de cada tipo de negócio; e particulares, ou seja, existentes, sem serem gerais ou 
categoriais, em determinado negócio (AZEVEDO, 2002, p. 39).
Ao discorrer acerca de negócio jurídico, fala-se na “manifestação de 
vontade que, instaurando uma relação entre dois ou mais sujeitos, busca produzir 
determinado efeito jurídico protegido pelo direito. É a expressão do poder 
negocial como uma das exteriorizações da autonomia da vontade” (BETIOLI, 
2015, p. 183).
O autor ainda coloca que “em suma, o negócio jurídico consiste, 
fundamentalmente, na manifestação de vontade que, instaurando uma relação 
96
UNIDADE 2 | A NORMA JURÍDICA
intersubjetiva, procura produzir determinado efeito jurídico, protegido pelo 
direito e que se subordina à vontade declarada” (BETIOLI, 2015, p. 263).
Há ainda os elementos gerais, que são aqueles essenciais à existência do 
negócio jurídico. Esses elementos são: 
FIGURA 2 – ELEMENTOS GERAIS DO NEGÓCIO JURÍDICO
FONTE: Adaptado de Azevedo (2002, p. 32)
“No plano da existência estão os pressupostos para um negócio jurídico, 
ou seja, os seus elementos mínimos, enquadrados por alguns autores dentro dos 
elementos essenciais do negócio jurídico. Constituem, portanto, o suporte fático 
do negócio jurídico (pressupostos de existência)” (TARTUCE, 2018, p. 377). 
Com esses elementos, o plano da existência toma forma e torna-se eficaz 
a fim de unir-se com os demais planos perante o negócio jurídico. Tem-se ainda o 
plano de validade e o plano de eficácia.
2.2 PLANO DA VALIDADE
O plano da validade, sequência do plano de existência, traz os mesmos 
elementos do plano da existência, com o acréscimo de alguns outros, a fim de 
validar a existência do negócio jurídico de forma lícita.
A validade pressupõe o exame da competência dos órgãos. Imaginemos 
um decreto do Governador do Estado que não se contenha dentro das leis 
vigentes, mas inove na matéria, acrescentando um Direito novo, ou melhor, uma 
regra jurídica genérica ao Direito já existente (REALE, 2002, p. 110).
TÓPICO 3 | PLANOS DE VALIDADE DA NORMA JURÍDICA
97
Entretanto, a validade fornece informações que façam com que a norma/
negócio jurídico sejam validados juridicamente de forma lícita. “A regra jurídica 
costumeira é algo de socialmente eficaz, e como tal reconhecida, para depois 
adquirir validade formal” (REALE, 2002, p. 113). Azevedo (2002) acrescenta ainda 
que: “O plano da validade é próprio do negócio jurídico. É em virtude dele que a 
categoria ‘negócio jurídico’ encontra plena justificação teórica” (AZEVEDO, 2002, 
p. 41).
A teoria defendida por Kelsen explica a validez de uma norma por 
outra a ela imediatamente superior, que a torna jurídica exclusivamente 
por tê-la observado. Assim, segundo esta teoria, a Constituição dá 
validade à lei, se de conformidade com ela ou se formulada segundo 
suas prescrições; ao regulamento, à sentença e aos atos e negócios 
jurídicos (GUSMÃO, 2018, p. 61). 
Há ainda os elementos essenciais para o plano de validade, que são: 
fundamento, vigência e eficácia para possuir efetividade e cumprir seu papel 
nos planos de validade do direito. “O estudo de qualquer ato jurídico só será 
realizado adequadamente se tiver em vista que este deve ser analisado em três 
esferas: a da existência, a da validade e a da eficácia. É preciso verificar se o ato 
jurídico em exame existe juridicamente” (CÂMARA, 2014, p. 289).
Por possuírem o mesmo fundamento de validade, as normas 
integrantes de uma ordem jurídica formam uma unidade de 
proposições jurídicas que não são logicamente contraditórias entre 
si. É certo que há possibilidade de, em algumas situações, haver um 
conflito aparente entre diferentes normas, situação que é saneada por 
meio da interpretação (MELLO, 2017, p. 4). 
Desta maneira, a validade desempenha um papel fundamental no negócio 
jurídico, na qual valida de forma lícita. Ela é alcançada quando elaborada com 
todos os critérios estabelecidos para sua validade. “O negócio jurídico que não 
se enquadra nesses elementos de validade é, por regra, nulo de pleno direito, ou 
seja, haverá nulidade absoluta ou nulidade” (TARTUCE, 2018, p. 378).
“A validade é a qualidade que o negócio deve ter ao entrar no mundo 
jurídico, consistente em estar de acordo com as regras jurídicas (“ser regular”). 
Validade é, como o sufixo da palavra indica, qualidade de um negócio existente. 
“Valido” é adjetivo com que se qualifica o negócio jurídico formado de acordo 
com as regras jurídicas” (AZEVEDO, 2002, p. 42).
Contudo, a validade sinaliza as normas jurídicas que são lícitas, ou seja, 
eficazes, e as que não são, o plano de validade consiste nisso, demonstrar a 
funcionalidade da norma jurídica como um todo, dentro da ciência do direito 
e das ciências sociais. “Pensando assim e dentro do princípio da hierarquia das 
normas, o sistema jurídico em vigor tem como fundamento a Constituição Federal 
e a partir dela é que as demais normas encontraram sua validade, quer com 
relação ao âmbito formal, como também no âmbito material” (JORGE JUNIOR, 
2019, p. 1).
98
UNIDADE 2 | A NORMA JURÍDICA
“O problema da validade de um sistema normativo como um todo aparece 
com maior nitidez quando dois sistemas incompatíveis concorrem entre si. No 
caso de uma revolução ou guerra civil, por exemplo, um novo sistema normativo 
pode passar a valer, na hipótese de se impor ao antigo” (BETIOLI, 2015, p. 274).
“Para o primeiro, no caso do direito nacional (estatal), a validade do direito 
depende da competência para legislar da autoridade que o prescrever. Emanado 
de uma autoridade competente para formulá-lo, tem validade” (GUSMÃO, 2018, 
p. 60). Entretanto, a validade encontra-se enquanto essencial na estrutura danorma jurídica, pois se esta for nula ou desconsiderada, assim o estará também 
o negócio jurídico. Enquanto parte do plano de validade do direito, constitui-
se enquanto extremamente necessária. Ainda está em construção e adaptações, 
porém segue as evoluções da sociedade como um todo.
2.3 EFICÁCIA
O negócio jurídico como um todo necessita possuir a essência, a validade 
e, por fim, a eficácia. Sem os dois primeiros, a eficácia inexiste e por isso são 
interconectados e codependem um do outro para o funcionamento correto. “Neste 
sentido, a “eficácia” é vista como a circunstância de a norma ser efetivamente 
aplicada e observada, sentido diverso, portanto, da “vigência”, apesar de haver 
certa conexão” (MELLO, 2017, p. 7).
O terceiro e último plano em que a mente humana deve projetar o 
negócio jurídico para examiná-lo é o plano da eficácia. Nesse plano, 
não se trata, naturalmente, de toda e qualquer possível eficácia prática 
do negócio, mas, sim, tão só da sua eficácia jurídica e, especialmente, 
da sua eficácia própria ou típica, isto é, da eficácia referente aos efeitos 
manifestados como queridos (AZEVEDO, 2002, p. 49).
Desta maneira, a eficácia possui o papel de avaliar se determinada norma 
funciona de fato diante da realidade social. “Neste plano, interessa identificar se 
o Negócio Jurídico repercute juridicamente no plano social, isto é, a eficácia da 
declaração negocial manifestados como queridos” (DEGANI, 2014, p. 5).
Além disso, a eficácia possui a responsabilidade de avaliar se o negócio 
jurídico funciona no plano social, ou seja: na prática. “Contudo, o fato é que não 
há norma jurídica sem um mínimo de eficácia, de execução ou aplicação no seio 
da comunidade a que se destina” (BETIOLI, 2015, p. 282). Contudo, Mello (2017) 
coloca: “[...] assim, a regra é a de que a eficácia da norma, que pode ser evidenciada 
na modalidade observância por parte dos jurisdicionados ou aplicação pelas 
autoridades competentes, não opera efeitos concernentes à validade, exceto na 
hipótese de ela ser duradouramente ineficaz” (MELLO, 2017, p. 2).
TÓPICO 3 | PLANOS DE VALIDADE DA NORMA JURÍDICA
99
Eficácia vem a ser o reconhecimento e vivência do direito pela sociedade; é a 
regra jurídica enquanto momento da conduta humana. A eficácia da norma é o fenômeno 
fático real da sua observância, vivência e aplicação. Quando as normas jurídicas são acatadas 
nas relações intersubjetivas e aplicadas pelas autoridades administrativas ou judiciárias, há 
eficácia. Ela pode ser reconhecida por meio de dois critérios: o da observância e o da 
punição da não observância.
FONTE: Adaptado de Betioli (2015, p. 282)
INTERESSANTE
Entretanto, a eficácia possui alguns fatores preponderantes para a sua 
funcionalidade. “O princípio de efetividade, que pertence ao direito internacional, 
faz depender a validade da norma de sua eficácia” (GUSMÃO, 2018, p. 63). Para 
Azevedo (2002), são os fatores de atribuição da eficácia em geral, diretamente 
visada e mais extensa. Observe o quadro a seguir.
QUADRO 7 – FATORES DA EFICÁCIA
• Fatores de atribuição da eficácia em geral: que são aqueles sem os quais o 
ato praticamente nenhum efeito produz; é o que ocorre no primeiro exemplo 
citado (ato sob condição suspensiva), em que, durante a ineficácia, poderá́ 
haver a possibilidade de medidas cautelares, mas, quanto aos efeitos do 
negócio, nem se produzem os efeitos diretamente visados, nem outros, 
substitutivos deles.
• Fatores de atribuição da eficácia diretamente visada: que são aqueles 
indispensáveis para que um negócio, que já é de algum modo eficaz entre as 
partes, venha a produzir exatamente os efeitos por ele visados; quer dizer, 
antes do advento do fator de atribuição da eficácia diretamente visada, o 
negócio produz efeitos, mas não os efeitos normais; os efeitos, até a ocorrência 
do fator de eficácia, são antes efeitos substitutivos dos efeitos próprios do 
ato; é o que ocorre no segundo exemplo citado, em que o negócio, realizado 
entre o mandatário sem poderes e o terceiro produz, entre eles, seus efeitos, 
que, porém, não são os efeitos diretamente visados.
• Fatores de atribuição de eficácia mais extensa: que são aqueles indispensáveis 
para que um negócio, já com plena eficácia, inclusive produzindo exatamente 
os efeitos visados, dilate seu campo de atuação, tornando-se oponível a 
terceiros ou, até mesmo, erga omnes; é o que ocorre no terceiro e último 
exemplo dado (cessão de crédito notificada ao devedor e registrada). 
FONTE: Adaptado de Azevedo (2002, p. 57)
100
UNIDADE 2 | A NORMA JURÍDICA
No plano da eficácia estão os elementos relacionados à suspensão e 
resolução de direitos e deveres, caso da condição, do termo, do encargo 
ou modo, das regras de inadimplemento negocial (juros, multa e 
perdas e danos), do registro imobiliário, da rescisão contratual, do 
regime de bens do casamento, entre outros (TARTUCE, 2018, p. 378).
Portanto, os fatores da eficácia fazem parte da estrutura dela em si, a fim 
de que apresente a funcionalidade conforme lhe é atribuído. Mello (2017) coloca 
que Kelsen concedeu importância fundamental à eficácia, visto que ela se torna 
indispensável na definição da validade das normas diante da ordem jurídica.
Não basta que uma regra jurídica se estruture, pois é indispensável que 
ela satisfaça a requisitos de validade para que seja obrigatória. A validade de uma 
norma de direito pode ser vista sob três aspectos: o da validade formal ou técnico-
jurídica (vigência), o da validade social (eficácia ou efetividade) e o da validade 
ética (fundamento) (REALE, 2002, p. 105).
Contudo, Reale (2002) reafirma a relevância dos três planos de validade 
acerca do negócio jurídico. Degani (2014, p. 5) corrobora: “O negócio é 
juridicamente nulo, mas o ordenamento jurídico não pode deixar de levar em 
conta efeitos materiais produzidos por esse ato. Isso é verdadeiro tanto com 
relação aos atos nulos como com relação aos atos anuláveis”.
A eficácia possui consigo o papel de validar a norma jurídica enquanto 
funcionamento, se ela de fato oferece aquilo que lhe é atribuído. Azevedo (2002, 
p. 58) coloca: “As medidas de publicidade em geral enquadram-se entre os fatores 
de atribuição de eficácia mais extensa (letra ‘c’ supra), enquanto grande parte dos 
casos ditos de legitimidade do agente incluem-se por sua vez, entre os de fatores 
de atribuição da eficácia diretamente visada (letra ‘b’ supra)”.
Passando pela existência – fato de existir, a validade – ser válida 
juridicamente, é chegada a eficácia a fim de avaliar se irá funcionar de fato. Os três 
planos possuem sua relevância e complementam-se entre si, não há validade sem 
existência, nem eficácia sem validade e ao menos, existência sem validade e sem 
eficácia. Dessa forma, o direito enquanto negócio jurídico apresenta-se enquanto 
ciência social segura e científica, a fim de provar e comprovar seus fundamentos.
A norma pode ser hoje eficaz e amanhã tornar-se ineficaz. A vigência 
delimita, em regra, a eficácia do direito. O direito, porém, pode 
ter eficácia depois de revogado por respeito a situações jurídicas 
constituídas ao tempo em que era vigente, que devem continuar a ser 
regidas pelo direito abolido, por exemplo, no caso de direito adquirido 
(GUSMÃO, 2018, p. 62).
Utilizando de uma analogia, podemos pensar nos planos de validade 
como tijolos de uma construção jurídica, em que um sustenta o outro para que a 
construção prossiga com sucesso. 
TÓPICO 3 | PLANOS DE VALIDADE DA NORMA JURÍDICA
101
Interconexão, codependência e funcionalidade: os planos de validade da 
norma jurídica possuem a função de comprovar eticamente que a norma é válida 
e favorecerá o negócio jurídico como um todo. Pautada nos princípios técnicos e 
éticos, elas fornecem ferramentas para o jurista, de maneira a contribuir com sua 
atuação profissional.
Há quem faça distinção entre eficácia e efetividade. A primeira, 
dependendo de a norma alcançar o resultado jurídico pretendido pelo legislador, 
enquanto a efetividade,do fato da observância efetiva da norma, por parte das 
autoridades e de seus destinatários (GUSMÃO, 2018, p. 63).
Em primeiro lugar, a norma jurídica deve ser estabelecida por um órgão 
competente. Assim é que a norma legal (a lei) somente pode ser elaborada pelo Poder 
Legislativo, com a sanção do Chefe do Poder Executivo. Em se tratando, por exemplo, de 
lei federal, ela deve ser aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo Presidente da 
República. É claro que a lei estadual é elaborada pela Assembleia Legislativa com sanção 
do governador. É na Constituição Federal que se deve buscar a distribuição originaria das 
competências. A Constituição é a lei fundamental que distribui, de maneira originária, a 
competência dos elementos institucionais do Estado, fixando as atribuições conferidas à 
União que exprime o Brasil na sua unidade interna; o que toca, de maneira especial, a 
cada um dos Estados-membros da Federação e, por fim, o círculo de competência que se 
reserva ao Município.
FONTE: Reale (2002, p. 106)
INTERESSANTE
102
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• Os planos de validade da norma jurídica estão pautados em: plano de existência, 
plano de validade e plano de eficácia.
• Os três planos se conectam e dependem um do outro para coexistirem e 
exercerem suas atribuições corretamente.
• A função dos planos de validade é a de comprovar de forma técnica e ética a 
eficácia da norma jurídica perante o negócio jurídico.
• Dentre os três planos, nenhum se sobrepõe ao outro: ambos possuem a mesma 
relevância e funcionalidade para o direito como um todo.
• O negócio jurídico tem o objetivo de regularizar os direitos e deveres da 
sociedade em geral.
103
1 Dentro do plano de validade há a existência, a validade e a eficácia. No 
tópico validade, há alguns fundamentos que fornecem subsídios a ela, 
tais elementos são essenciais. Sobre esses elementos, assinale a alternativa 
CORRETA:
a) ( ) Existência, validade e vigência.
b) ( ) Fundamento, vigência e eficácia.
c) ( ) Validade, vigência e fundamento.
d) ( ) Todas as alternativas estão corretas.
2 Avalie o texto a seguir:
“O plano da existência aparece em primeiro lugar por conta de seu 
objetivo: é a partir deste que surgem os pressupostos de exigência, que são os 
elementos essenciais para o negócio jurídico”. 
Isto quer dizer que: 
a) ( ) O plano da existência é o principal plano da norma jurídica.
b) ( ) O plano da existência é o menos favorecido da norma jurídica.
c) ( ) O plano da existência é tão importante quanto os demais planos da 
norma jurídica.
d) ( ) Todas as alternativas estão corretas.
3 Correlacione as informações a seguir conforme estudado neste tópico e 
enumere corretamente:
1. Plano de existência. 
2. Plano de validade.
3. Plano de eficácia.
( ) Fundamento, vigência e eficácia.
( ) Fatores de atribuição da eficácia em geral; fatores de atribuição da eficácia 
diretamente visada; fatores de atribuição de eficácia mais extensa. 
( ) Forma, objeto e circunstâncias negociais. 
Assinale a ordem CORRETA:
a) ( ) 2,3,1.
b) ( ) 3,2,1.
c) ( ) 1,2,3.
d) ( ) Nenhuma das alternativas está correta.
AUTOATIVIDADE
104
105
TÓPICO 4
SISTEMA E ORDENAMENTO JURÍDICO
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Até aqui avaliamos e compreendemos a norma jurídica, certo? Neste 
tópico aprenderemos como as normas são organizadas, e o motivo pelo qual elas 
precisam passar por este processo de organização, assim como sua relevância. 
Cada país possui um ordenamento jurídico de acordo com a sua realidade social, 
sendo que o principal objetivo do ordenamento é a organização das normas 
jurídicas para disciplinar a conduta humana.
Quando se fala em Sistema e Ordenamento Jurídico, fala-se em organização 
jurídica e hierarquia de normas jurídicas. Imagine você quantas normas existem! 
Por isso, a fim de fornecer maior facilidade ao jurista, essas normas são classificadas 
e organizadas segundo o ordenamento jurídico. Porém, não se trata de uma 
simples organização: a estrutura hierárquica utilizada no ordenamento jurídico 
faz com que as normas jurídicas sejam organizadas em hierarquia, cronologia 
e especialidade. Com isso, verifica-se a relevância do ordenamento jurídico e a 
responsabilidade do mesmo em armazenar tais normas.
Portanto, as normas jurídicas não existem de forma isolada, mas sim 
em um contexto de normas com particularidades em comum entre si. No 
ordenamento jurídico, essas normas são revisadas e colocadas em ordem. Neste 
tópico estudaremos este conteúdo de forma específica.
Bons estudos!
2 SISTEMA E ORDENAMENTO JURÍDICO
Com o objetivo de hierarquizar e organizar as normas jurídicas, a fim 
de disciplinar a conduta humana, o sistema e ordenamento jurídico possuem 
a atribuição de organizar – de forma jurídica – as normas jurídicas estudadas 
anteriormente. “O direito objetivo/positivo, como conjunto de normas e modelos 
jurídicos, constitui no seu todo um sistema global que se denomina ordenamento 
jurídico” (BETIOLI, 2015, p. 302).
106
UNIDADE 2 | A NORMA JURÍDICA
Composto por várias normas jurídicas, esta organização ocorre através 
de hierarquias. Bobbio coloca: “Essa organização complexa é o produto de um 
ordenamento jurídico. Significa, portanto, em uma definição satisfatória, que 
o Direito só é possível se nos colocarmos do ponto de vista do ordenamento 
jurídico” (BOBBIO, 1995, p. 22).
Entendemos por "sistema" uma totalidade ordenada, um conjunto 
de entes entre os quais existe uma certa ordem. Para que se possa 
falar de uma ordem, é necessário que os entes que a constituem não 
estejam somente em relacionamento com o todo, mas também num 
relacionamento de coerência entre si (BOBBIO, 1995, p. 70).
O autor ainda coloca que o termo sistema é cerceado de variados 
significados, sendo utilizado por várias situações (BOBBIO, 1995). No entanto, 
quando se trata do sistema e ordenamento jurídico, traz consigo a consigna de 
organização das normas jurídicas – que são várias, e, segundo o autor, são como 
as estrelas do céu, impossíveis de serem contadas.
O ordenamento jurídico tem por fim realizar a segurança e a justiça, mas 
esta não deve ser procurada como algo que existe, em si e por si, na natureza, na 
razão divina ou em uma razão humana universal, mas tampouco pode, por isso, 
ser equiparada a tudo o que venha a ser imposto pela autoridade (SEGUNDO, 
2009, p. 1).
A estrutura hierárquica utilizada no ordenamento jurídico faz com 
que as normas jurídicas sejam organizadas em hierarquia, cronologia e 
especialidade. “Em outros termos, não existem ordenamentos jurídicos porque 
há normas jurídicas, mas existem normas jurídicas porque há ordenamentos 
jurídicos” (BOBBIO, 1995, p. 30). Carvalho (2009, p. 333) corrobora relatando 
que “É o ordenamento jurídico que prescreve a criação, transformação e 
extinção de suas normas, determinando como suas estruturas devem ser 
movimentadas e os requisitos a serem observados para a transformação de 
sua linguagem”.
 
Compreende-se, portanto, a relevância e eficácia do ordenamento. 
O ordenamento jurídico em si não deve haver lacunas, porém, quando isso 
ocorre, são utilizadas nos casos de heterointegração as fontes diversas, já 
nos casos de auto integração são utilizadas a analogia e os princípios gerais 
(BOBBIO, 1995).
Segundo (2009, p. 54) ressalta que “o fundamento do ordenamento 
jurídico, com efeito, é pressuposto pelo positivismo, que estuda o direito tal como 
ele é, sem indagar por que ele é como é, ou por que não é de outra forma”. O autor 
corrobora ainda que o ordenamento pauta-se ainda na igualdade entre as pessoas 
que serão disciplinadas.
TÓPICO 4 | SISTEMA E ORDENAMENTO JURÍDICO
107
O termo “ordenamento” é utilizado como substantivo do verbo “ordenar”, 
para fazer referência ao seu ato ou efeito. O verbo “ordenar” vem do latim 
ordino, as, ávi,, átum, áre que, em uma de suas acepções, significa “pôr em ordem, 
arranjar, organizar, dispor de forma regular ou harmônicapartes de um todo”. 
Assim, o conceito que temos de “ordenamento” é de um conjunto de elementos 
organizados harmonicamente (CARVALHO, 2009, p. 470). 
Como o próprio autor coloca, o ordenamento é o principal responsável 
por atualizar, organizar e descartar as normas jurídicas conforme seu uso/desuso. 
“O ordenamento é o ponto de partida para se chegar ao sistema” (CARVALHO, 
2009, p. 471).
O ordenamento jurídico é formado pela totalidade das normas 
vigentes, e estas devem estar ajustadas entre si e conjugadas à 
Constituição Federal. Daí surge o problema da sua estrutura, ao qual 
está correlato o problema do seu fundamento, uma vez que, em última 
análise, no modo de conceber o ordenamento jurídico, já está implícita 
a sua fundamentação. A compreensão da estrutura e fundamento 
do ordenamento jurídico deu azo, sobretudo, a duas teorias, que 
passamos a examinar (BETIOLI, 2015, p. 303).
É importante ressaltar que “a validade de todo o ordenamento jurídico, 
segundo Kelsen, depende do disposto na Constituição vigente, não cabendo ao 
jurista indagar das causas sociais ou políticas que dão origem a determinado 
ordenamento jurídico” (BETIOLI, 2015, p. 303). Muitas vezes, surgem conflitos 
diante das normas jurídicas, as chamadas antinomias jurídicas.
Estas antinomias são resolvidas diante de três tópicos:
• Hierarquia (por nível de poderio, por exemplo, a Constituição Federal).
• Cronologia (dos mais novos para os mais antigos).
• Especialidade (maior poder às normas específicas).
Avalie o quadro a seguir:
108
UNIDADE 2 | A NORMA JURÍDICA
FIGURA 3 – PIRÂMIDE DE KELSEN
FONTE: Kelsen (1987, p. 68)
Diante do esquema apresentado, é possível elucidar o poderio de cada 
normativa legislativa. Kelsen, o autor da pirâmide, dividiu-a em força da lei e 
inconstitucionalidade da lei, separando em cores a fim de facilitar a compreensão 
e separar as leis de maior/menor força.
As normas jurídicas, como explica Paulo de Barros Carvalho, “formam 
um sistema, na medida em que se relacionam de várias maneiras, segundo um 
princípio unificador”. Estas relações se imperam de forma organizada, sob certa 
ordem e, por isso, o chamamos de “ordenamento” (CARVALHO, 2009, p. 470).
Além disso, Bobbio (1995, p. 72) classifica os ordenamentos normativos 
em: estático e dinâmico.
• Sistema estático: é aquele no qual as normas estão relacionadas 
umas às outras como as proposições de um sistema dedutivo, ou 
seja, pelo fato de que derivam umas das outras partindo de uma ou 
mais normas originárias de caráter geral, que têm a mesma função 
dos postulados ou axiomas num sistema científico. 
• Sistema dinâmico: é aquele no qual as normas que o compõem 
derivam umas das outras através de sucessivas delegações 
de poder, isto é, não através do seu conteúdo, mas através da 
autoridade que as colocou; uma autoridade inferior deriva de uma 
autoridade superior, até que chega à autoridade suprema que não 
tem nenhuma outra acima de si. 
TÓPICO 4 | SISTEMA E ORDENAMENTO JURÍDICO
109
Ambos os sistemas derivam do ordenamento jurídico e servem para 
adequar-se a cada tipo de conteúdo jurídico, já que são incontáveis. “Ordenamento 
é a ordem posta, o direito positivado, um conjunto de disposições jurídicas, 
produzidas por um ato de autoridade, estruturadas por vínculos de subordinação 
e coordenação. É aquilo que chamamos de sistema jurídico” (CARVALHO, 2009, 
p. 470).
É obvio que, para se assegurar imparcialidade do Estado, é preciso 
que haja imparcialidade do agente estatal que irá, no caso concreto, 
exercer a função jurisdicional. Assim, em primeiro lugar, cuida do 
ordenamento jurídico, através de norma jurídica, hierarquicamente 
superior às demais, de estabelecer garantias para os magistrados, ou 
seja, a Constituição da República arrola uma série de garantias dos 
juízes, destinadas a assegurar que a atuação do magistrado se dê no 
processo de forma imparcial (CÂMARA, 2014, p. 171). 
O autor ainda coloca que o ordenamento jurídico “é o conjunto ou a 
totalidade das disposições jurídicas, que integram um domínio heterogêneo, pois 
produzidas por pessoas diferentes, em tempos diversos e por procedimentos 
distintos” (CARVALHO, 2009, p. 471). Já o sistema jurídico, diferente do 
ordenamento, “vai buscar fora dele (no seu ambiente – sociedade) a comunicação 
que deseja disciplinar e a traz para dentro dele como comunicação jurídica 
atribuindo-lhe tratamento normativo ao qualificá-la na forma lícita ou ilícita” 
(CARVALHO, 2009, p. 117).
Por fim, normas, modelos, institutos e instituições se ordenam em 
sistemas, porque são hierarquizados, existindo entre eles relações de 
superioridade e de subordinação. O direito não é simplesmente um 
conjunto de normas, mas ele constitui um sistema cujos elementos 
são interligados e ordenados, cumprindo determinadas funções. Os 
elementos citados obedecem, portanto, a exigências lógicas ditadas pela 
correlação dos fatos e das razões de sua disciplina, segundo espécies, 
gêneros e classes. Temos, assim, o sistema legal, consuetudinário, 
jurisdicional e negocial. Eles, no seu todo, constituem um “sistema 
global”, que é o ordenamento jurídico (BETIOLI, 2015, p. 311).
Considera-se, portanto, o fato de o direito não ter se constituído de 
forma única, como aponta Betioli (2015, p. 302): “De fato, o direito se apresenta, 
concretamente, em qualquer país, sob a estrutura de um ordenamento: as normas 
jurídicas não existem isoladas, não atuam de forma solitária, mas se correlacionam 
e se implicam, formando um todo uniforme e harmônico”. O autor ainda acresce 
que o ordenamento jurídico não fica restrito apenas à legislação.
“A complexidade de um ordenamento jurídico deriva da multiplicidade 
das fontes, das quais afluem regras de conduta, em última análise, do fato de 
que essas regras são de proveniências diversas e chegam à existência (adquirem 
validade) partindo de pontos mais diferentes” (BOBBIO, 1995, p. 38).
110
UNIDADE 2 | A NORMA JURÍDICA
“Desta forma, o direito não atua de forma solitária, sendo que o 
ordenamento jurídico está amplamente ligado a múltiplos fatores. Isto se justifica 
porque o sistema jurídico tem como objeto o sistema social e, por isso, o que não 
é social está fora do seu âmbito de incidência” (CARVALHO, 2009, p. 398). 
O ordenamento jurídico é formado pela totalidade das normas vigentes, e 
estas devem estar ajustadas entre si e conjugadas à Constituição Federal. Daí surge o 
problema da sua estrutura, ao qual está correlato o problema do seu fundamento, uma vez 
que, em última análise, no modo de conceber o ordenamento jurídico já está implícita a 
sua fundamentação (BETIOLI, 2015, p. 303).
INTERESSANTE
Contudo, o fato jurídico é também social. “A linguagem jurídica incide 
sobre a linguagem da realidade social, de tal sorte que a projeção semântica do 
direito abrange somente relações intersubjetivas, excluídas as manifestações 
meramente subjetivas” (CARVALHO, 2009, p. 395). 
A norma que afirma a igualdade de todos só́ será́ adequadamente 
interpretada quando se compreender que a mesma tem por fim afirmar que, 
diante das naturais desigualdades entre os homens, o ordenamento jurídico deve 
se comportar de modo capaz de superar tais desigualdades, igualando as pessoas. 
É dever de o Estado assegurar tratamento que supra as desigualdades naturais 
existentes entre as pessoas. Somente assim ter-se-á assegurado a igualdade 
substancial (e não meramente formal) que corresponde a uma exigência do 
processo justo, garantido pela cláusula due process of law (CÂMARA, 2014, p. 51).
Obviamente, o direito nasceu e se constitui até os dias atuais perante as 
movimentações sociais e mudanças da sociedade como um todo. Ele é criado 
para disciplinar a conduta dos sujeitos, a fim de que vivam em harmonia 
socialmente. “Por ora, cumpre notar apenas que o Direito, entendido como 
ordenamento jurídico, vale dizer, como um “conjunto de normas jurídicas”, 
sistema de prescrições destinadas a disciplinar a conduta dos integrantes de uma 
comunidade,é inerente ao ser humano” (SEGUNDO, 2009, p. 20).
Betioli (2015, p. 308) corrobora, ainda, acerca da validade do ordenamento 
jurídico enquanto informal. Contudo, a validade do ordenamento jurídico não 
deve ser apreciada de um ponto de vista puramente formal, pois ele não é apenas 
um conjunto gradativo de normas entre si logicamente subordinadas e coerentes. 
Como já vimos, as normas representam o momento culminante de um processo 
que é, essencialmente, inseparável dos “fatos” que estão na sua origem e dos 
“valores” que constituem a sua razão de ser (BETIOLI, 2015).
TÓPICO 4 | SISTEMA E ORDENAMENTO JURÍDICO
111
Desta forma, o ordenamento jurídico também passa por uma validação 
que se faz necessária pelo número de normas existentes, sendo que estas são 
organizadas pelo ordenamento e sistema jurídico. Contudo, faz-se relevante, 
ainda, observarmos o ordenamento jurídico brasileiro, ao lembrar que cada país 
possui uma maneira de organizar suas normas jurídicas.
2.1 SISTEMA E ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO
Os conceitos acerca de sistema e ordenamento jurídico são os mesmos, 
porém “em cada país há um ordenamento jurídico. No entanto, subordinados a 
ele, podem formar-se ordenamentos menores, com menor grau de positividade. 
É a teoria da pluralidade dos ordenamentos internos” (BETIOLI, 2015, p. 311). 
Por isso a relevância de observarmos o sistema e ordenamento jurídico brasileiro. 
Além disso, “há, portanto, países, Estados, com mais de 
um ordenamento jurídico, que nem sempre obedecem aos mesmos princípios, 
como é o caso dos cantões da Suíça e dos Estados Federados dos EUA, em que 
existe um direito local, ao lado de um federal” (VENOSA, 2019, p. 61). Geralmente 
isso ocorre pelo número elevado de normas dentro de um ordenamento jurídico, 
para facilitar a organização, portanto, o Estado decide criar mais um ordenamento. 
Isso não significa que um funcione melhor que o outro, mas que todos funcionam 
de forma técnica e ética.
Contudo, Venosa (2019, p. 61) ainda amplia este conceito. Para o autor, 
toda sociedade possui seu próprio ordenamento jurídico. “Toda sociedade 
política possui seu próprio ordenamento jurídico. Nele há um conjunto de 
normas ditadas para ter vigência sobre essa determinada sociedade. Nem 
sempre, porém a sociedade política juridicamente ordenada em Estado terá o 
mesmo ordenamento jurídico” (VENOSA, 2019, p. 61).
É importante ressaltar ainda que “a validade de todo o ordenamento 
jurídico depende do disposto na Constituição vigente, não cabendo ao jurista 
indagar das causas sociais ou políticas que dão origem a determinado ordenamento 
jurídico” (BETIOLI, 2015, p. 304). Desta forma, cabe à Constituição confirmar a 
validade de todo ordenamento jurídico, garantindo, assim, sua eficácia.
A noção de ordenamento é complexa. Em princípio, um ordenamento é um 
conjunto de normas. O ordenamento jurídico brasileiro é o conjunto de todas as suas 
normas, em que estão incluídas todas as espécies que mencionamos ao classificá-las. Nele 
estão contidos critérios de classificação, como é o caso das classificações legais das coisas 
(Código Civil Brasileiro de 1916, arts. 43 ss e Código Civil de 2002, arts. 79 ss) que organizam 
NOTA
112
UNIDADE 2 | A NORMA JURÍDICA
a matéria, esclarecem as relações de integração, mas não são normas, não constituem 
imposição vinculante e institucionalizada. Também nele se encontram meras definições (que 
não se confundem com as definições normativas, isto é, com a imposição compulsória de 
uma definição).
Além das normas, no ordenamento jurídico também estão contidos os 
critérios de classificações legais, a fim de otimizar a organização. Betioli (2015, p. 
312) ressalta que o Brasil é um Estado federal. “O Artigo 1º da Constituição Federal 
afirma que a República Federativa do Brasil é formada pela união indissolúvel 
dos Estados e Municípios e do Distrito Federal”. Estes são autônomos e possuem 
a capacidade de:
• Auto-organização e Normatização própria.
• Autogoverno.
• Autoadministração. 
Isso demonstra, em grande escala, a organicidade do ordenamento 
jurídico brasileiro. Conforme postula Nader (2019, p. 72): “Além de normas que 
disciplinam o convívio social, o ordenamento jurídico reúne disposições que 
organizam o Estado e se impõem a quem detém parcela de poder, cuidando 
ainda das relações entre as pessoas e os órgãos públicos”.
Nosso ordenamento jurídico é constitucionalista, uma vez que o sistema 
de legalidade brasileiro é do tipo em que a Constituição Federal preside a todo o 
ordenamento jurídico. Isso significa que todas as normas jurídicas têm de estar 
em conformidade com os seus preceitos, sob pena de serem inválidas pelo vício 
da “inconstitucionalidade” (BETIOLI, 2015, p. 312).
Desta forma, a Constituição Federal torna-se a autoridade máxima ao 
falar-se de poderio legislativo, sendo a norteadora de todo ordenamento jurídico 
brasileiro. “No âmbito da Teoria Geral do Direito, ocupa a teoria do ordenamento 
jurídico lugar de destaque, ao oferecer uma proposta racional de compreensão da 
totalidade do direito como um sistema ordenado dos elementos que compõem o 
direito” (SOARES, 2017, p. 115).
Assim, quanto à capacidade de auto-organização e normatização 
própria, além do ordenamento jurídico “federal” ou “nacional”, que 
vigora em todo o território, cada Estado-membro da Federação, cada 
Município e o Distrito Federal têm também seu ordenamento jurídico, 
a partir da Constituição Federal. Há, portanto, um ordenamento 
jurídico de âmbito federal, com eficácia em todo o país, assim como 
há um ordenamento jurídico de âmbito estadual, exclusivo para cada 
Estado-membro da Federação; e há ainda um ordenamento jurídico 
de âmbito municipal para cada um dos municípios, em consonância 
com a Constituição Federal e a Constituição do respectivo Estado 
(BETIOLI, 2015, p. 312). 
TÓPICO 4 | SISTEMA E ORDENAMENTO JURÍDICO
113
As normas jurídicas não existem de forma isolada, mas sim em um contexto 
de normas com particularidades em comum entre si. No ordenamento jurídico, 
essas normas são revisadas e colocadas em ordem. Como reforça Nader (2019, 
p. 214), “As formalidades exigidas pelo ordenamento jurídico têm a finalidade 
de proteger os interesses dos que participam na realização dos fatos jurídicos, a 
fim de manter organizados os assentamentos públicos, como o de registro das 
pessoas naturais e jurídicas e de imóveis”.
Ademais, o ordenamento jurídico ofertado aos juristas necessita de uma 
sistematização que apresente os aspectos técnicos e éticos, assim como alcance o 
âmbito das ciências da natureza (Nader, 2019). Contudo, lembra-se que o direito 
é produto da sociedade, é feito por e pela sociedade em comum. “São dois os 
planos do ordenamento jurídico, o substancial e o processual, e em cada um deles 
se encontra uma posição jurídica: o direito subjetivo e a ação” (CÂMARA, 2014, 
p. 349).
Desta forma, “o ordenamento jurídico dinamiza-se por laços de 
fundamentação e derivação entre as normas de direito: a norma jurídica inferior 
se fundamenta na norma jurídica superior ou, vice-versa, a norma jurídica inferior 
deriva da norma jurídica superior (SOARES, 2017, p. 117).
Um ordenamento, como sistema, contém um repertório, contém também 
uma estrutura. Elementos normativos e não normativos (repertório) guardam relações 
entre si. Por exemplo, quando dizemos que as normas estão dispostas hierarquicamente, 
umas são superiores, outras inferiores, estamos pensando em sua estrutura. 
FONTE: FERRAZ JUNIOR, 2019, p. 140
NOTA
Devemos entender que ordenamentos de um mesmo sistema 
jurídico partem dos mesmos pressupostos filosóficos e sociais, dos 
mesmos conceitos e técnicas, embora com adaptações às situações 
que lhes são particulares. Sob a ação da conquista de um povo por 
outro, da colonização ou simplesmente da pura imitação, as leis de 
um sistema jurídico e, por vezes, mesmo de sistemas jurídicos diversos 
interpenetram-se e unificam-se (VENOSA, 2019, p. 62).
O autor ainda coloca que se deveconsiderar, enquanto sistema jurídico, 
um agrupamento de ordenamentos unidos por elementos em comum, tanto por 
questões sociais, quanto por questões jurídicas e administrativas (VENOSA, 
2019). Portanto, a concepção de ordenamento é relevante a fim de identificar se 
as normativas jurídicas são válidas ou não. “O Estado tem por finalidade manter 
114
UNIDADE 2 | A NORMA JURÍDICA
íntegro o ordenamento jurídico, atuando a vontade das normas nos casos concretos 
que lhe sejam levados por aqueles que se consideram titulares de direitos lesados 
ou ameaçados de lesão” (CÂMARA, 2014, p. 93).
Avalie a seguir a tabela que exemplifica o ordenamento jurídico 
brasileiro:
FIGURA 4 – ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO
FONTE: Adaptado de Kelsen (1987)
Contudo, o ordenamento jurídico rege-se por uma coerência material e 
por um princípio dinâmico-formal, como coloca Soares (2017, p. 117):
O ordenamento jurídico rege-se por um princípio estático-material, 
que reflete a coerência material (o que se prescreve), e por um princípio 
dinâmico-formal, relativo à coerência formal entre as normas (quem 
prescreve – competência – e como se prescreve – procedimento). Com 
base no princípio dinâmico-formal, pode-se afirmar inclusive que o 
direito regula sua própria criação e aplicação. 
Ao classificar a norma em determinado ordenamento jurídico, é 
importante que este a classifique enquanto norma válida, a fim de garantir os 
princípios técnicos e éticos do direito enquanto ciência social. Isso contribui ainda 
para a correlação entre os elementos normativos pertencentes ao ordenamento 
em si (FERRAZ JUNIOR, 2019). O autor ainda coloca que:
TÓPICO 4 | SISTEMA E ORDENAMENTO JURÍDICO
115
A concepção do ordenamento como sistema é consentânea com o 
aparecimento do Estado moderno e o desenvolvimento do capitalismo. 
As primeiras manifestações de uma diferença entre entes privados 
comuns (sociedades religiosas, comerciais) e entes públicos datam da 
Idade Média e ocorrem por duas razões profundas: as finanças e a 
guerra (FERRAZ JUNIOR, 2019, p. 141).
Com o advento do capitalismo, houve a necessidade de diferenciação a fim 
de organicidade social. “A fundamentação das decisões judiciais é exigida pelo 
ordenamento jurídico brasileiro por dois motivos. Em primeiro lugar, protege-se 
com tal exigência um interesse das partes e, em segundo, um interesse público” 
(CÂMARA, 2014, p. 64).
Entretanto, as modificações sociais cada vez mais evidentes fazem com 
que os sistemas jurídicos se atualizem e abarquem as demandas sociais. Ao 
mesmo passo que o ordenamento jurídico organiza as demandas normativas, 
ele as atualiza, descarta e atua de forma fidedigna e correta, oferecendo a seus 
juristas o material necessário para atuar eticamente. 
116
UNIDADE 2 | A NORMA JURÍDICA
LEITURA COMPLEMENTAR
A APLICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA E A EXISTÊNCIA DE 
LACUNA NO DIREITO
Eduardo Augusto Alckmin Jacob
Resumo 
O estudo aborda a questão da aplicação da norma jurídica em três 
momentos: o da subsunção, integração e da correção de antinomias reais. Diante 
de uma visão tridimensional do direito, analisando a norma conjuntamente 
com os fatos e valores sociais, constatasse a existência de lacunas ontológicas, 
axiológicas, e normativas, além das lacunas reais ou de conflitos. Palavras-chave: 
Aplicação da norma jurídica, lacunas no direito.
A aplicação da norma jurídica pode ser analisada em três momentos. O 
primeiro deles, o da subsunção, consiste na ligação entre um conceito normativo 
e a realidade fática, prática essa que nem sempre leva o aplicador do direito a 
um resultado único e satisfatório. Dá-se através da interpretação da norma, 
relacionando a ao caso concreto em evidência. O resultado pode ser simplesmente 
constatativo, restritivo ou ampliativo. Será constatativo, quando apenas evidencia 
a aplicação de uma norma ao caso concreto. Poderá ser restritivo, quando 
restringir a sua eficácia a determinado fato social e, finalmente, será ampliativo 
quando ampliar sua eficácia. 
Nesse primeiro momento, segundo o filósofo Karl Engisch, duas são as 
grandes dificuldades: a falta de conhecimento dos fatos por parte do aplicador do 
direito, conhecendo apenas o que lhe foi dirigido, e a indeterminação semântica 
dos vocábulos contidos na norma. Porém, alerta ainda o filósofo, ser do jurista 
a tarefa de definir os conceitos normativos, e não do legislador. Assim, para 
subsumir é preciso interpretar. 
A hermenêutica, ciência da interpretação, muito bem analisada pelo jurista 
paulista, Rubens Limongi França é repleta de técnicas ou processos interpretativos 
que visam orientar a tarefa do interprete e do aplicador. São eles: gramatical ou 
literal, lógico, sistemático, histórico e sociológico ou teleológico. 
O segundo momento da aplicação da norma jurídica, a integração, consiste 
na análise da existência, constatação e preenchimento da lacuna. Todavia, antes 
de se adentrar ao tema, necessários se fazem alguns esclarecimentos. 
O direito não é um sistema, mas sim pode ser analisado de forma 
sistemática, contendo cada sistema repertórios e estruturas próprias. Assim, 
a admissão ou não de lacunas no direito dependerá do sistema utilizado. Para 
Kelsen, não há lacunas no direito, uma vez que esse é visto de maneira estática, 
TÓPICO 4 | SISTEMA E ORDENAMENTO JURÍDICO
117
fechada e completa. Para esse jusfilósofo, o direito, que constitui objeto do 
conhecimento jurídico-científico, deve ser entendido como norma, daí o caráter 
da completude ou da plenitude do sistema normativo, já que as normas que o 
compõem contêm, em si, possibilidade de solucionar todos os conflitos levados 
à apreciação dos magistrados ou órgãos competentes, sendo o sistema, em si 
mesmo, suficiente. 
Kelsen parte da premissa de que “tudo que não está proibido, está 
permitido”, afastando a ideia da existência de lacunas no direito, visto como um 
sistema de normas. Funda-se ainda o jusfilósofo, no princípio da proibição do 
non liquet, através do qual o aplicador da lei não pode deixar de julgar um caso, 
devendo sempre encontrar uma solução. 
Porém, embora Kelsen não tenha admitido a existência de lacunas no 
sistema jurídico, reconhece a importância da teoria das lacunas no âmbito da 
jurisdição, como um limite ao poder normativo do magistrado, considerando 
a lacuna como ficção utilizada pelo legislador com a finalidade de restringir o 
poder de interpretação e de integração conferido aos tribunais. 
Já para aqueles que concebem o direito como um sistema dinâmico, aberto 
e incompleto, revelando o direito como uma realidade complexa, contendo várias 
dimensões, não só a normativa, como também fática e axiológica, tem-se um 
conjunto contínuo e ordenado que se abre numa desordem, descontinuidade, 
surgindo um vazio, ou seja, uma lacuna, por não conter uma solução expressa 
para determinado caso. 
Na visão tridimensional do direito, criada de forma pelo jurista Miguel 
Reale, o sistema do direito se compõe de um subsistema de normas, de um 
subsistema de valores e de um subsistema de fatos. 
Referida visão levou a professora Maria Helena Diniz, também de forma 
majestosa, a concluir, em sua obra “As lacunas no direito”, que ante a consideração 
dinâmica do direito e a concepção multifária do sistema jurídico, que abrange um 
subsistema de normas, de fatos e de valores, havendo quebra da isomorfia, três são 
as principais espécies de lacunas: 1ª) normativa, quando tiver ausência de norma 
sobre determinado caso; 2ª)ontológica, se houve norma, as ela não corresponder 
aos fatos sociais, facilmente verificada, por exemplo, diante de uma análise ao 
nosso Código Comercial, hoje parcialmente revogado pelo Código Civil vigente; 
e 3ª) axiológica, no caso de ausência de norma justa, ou seja, quando existe uma 
norma, mas, caso seja aplicada, sua solução será insatisfatória ou injusta. 
As lacunas acima apontadas demonstram um estado incompleto do 
sistema, ante a impossibilidade de o legislador conhecer e prever todos os fatos,conflitos e comportamentos que surgem nas relações sociais, bem como do 
entendimento de que, dentro de uma visão dinâmica do direito, é impossível 
pretender que no ordenamento existam normas regulando e prescrevendo todas 
as relações jurídicas presentes e todas as que o progresso trará. 
118
UNIDADE 2 | A NORMA JURÍDICA
Karl Engisch chegou a definir a lacuna como uma “incompletude 
insatisfatória no seio do todo jurídico”, sendo afastada por meio da integração. 
Nesse sentido, segundo os ensinamentos da professora Maria Helena Diniz, 
dois são os mecanismos por meio dos quais se completa, dinamicamente, 
um ordenamento: a autointegração e a heterointegração, previstos na Lei de 
Introdução ao Código Civil, Artigos 4º e 5º. O primeiro consiste no método pelo 
qual o ordenamento se completa, recorrendo à fonte dominante do direito: a lei. 
O procedimento típico é a analogia. Já a heterointegração é a técnica pela qual a 
ordem jurídica se completa, utilizando-se de fonte diversas da norma legal, como 
por exemplo: o costume, a equidade e até mesmo, em determinados casos, os 
princípios gerais do direito. 
Porém, importante ressaltar, que não obstante o reconhecimento da 
existência de lacunas no direito, essa não deve ser analisada como um problema, e 
sim uma decorrência lógica, ante o caráter dinâmico do direito e a impossibilidade 
por parte do legislador de prever todas as relações jurídicas existentes e as que 
certamente virão em razão da alteração de valores e comportamentos. 
Maria Helena Diniz conclui que se não admitisse o caráter lacunoso do 
direito, sob o prisma dinâmico, o Poder Legislativo, em um dado momento, não 
mais teria qualquer função, porque todas as condutas já estariam prescritas, 
cabendo ao órgão jurisdicional, com base na “ficção”, no sentido Kelseniano, da 
teoria das lacunas, ir, mediante os recursos do Artigo 4º da Lei de introdução ao 
Código Civil, preenchendo tais lacunas. 
Conclui-se dessa forma, seguindo os ensinamentos da professora Diniz, 
que o direito é lacunoso, mas ao mesmo tempo sem lacunas, o que, incialmente, 
poderia parecer paradoxal, porém não o é. Lacunoso porque a vida social 
apresenta nuanças infinitas nas condutas, problemas surgem diariamente, 
mudam-se as necessidades com o progresso, de maneira que seria impossível, 
ante a visão dinâmica do direito, a previsão legal de todos os comportamentos, 
mas, concomitantemente, sem lacunas porque o próprio dinamismo do direito 
mobiliza soluções que servem de base para qualquer decisão, seja ela do órgão 
jurisdicional, seja ela do Poder Legislativo. 
Ocorre que é suma importância apontar, que o preenchimento da lacuna 
não tem força de eliminá-la do ordenamento, mas apenas solucionar um dado caso 
concreto, permanecendo assim no sistema, a lacuna apenas, momentaneamente, 
preenchida.
 O ordenamento é aquilo que é e não uma outra coisa. Se for completo 
é completo, mas se não o for, não será a jurisdição que o tornará completo. A 
jurisdição não instaura a completude, porém é complementar ao ordenamento, 
de modo que o juiz, diante de uma lacuna, não tem o escopo de eliminar lacunas, 
mas tão somente por fim ao litígio. 
TÓPICO 4 | SISTEMA E ORDENAMENTO JURÍDICO
119
Há ainda o terceiro momento quanto à aplicação da norma a ser analisado, 
qual seja, o da correção. Ao lado das três espécies de lacunas acima mencionadas, 
também conhecidas como lacunas aparentes, vez que sempre se encontra no 
ordenamento uma saída jurídica, há a lacuna real ou antinomia real. 
A antinomia real é o estado incorreto do sistema, também conhecido 
como lacuna de conflito ou de colisão. Teles Sampaio Ferraz classifica como sendo 
“a oposição entre duas normas, ou dois princípios emanados de autoridade 
competentes, no mesmo âmbito normativo, que coloca o aplicador do direito em 
uma posição insustentável ante a incompletude de critérios lógicos e inconsistência 
de critérios normativos”. Dá-se sempre diante da ausência de critério normativo 
solucionador, ou, diante da contrariedade existente entre dois critérios. O atual 
Código Civil está repleto de antinomias. 
Para se configurar uma antinomia real necessário se faz a presença das 
seguintes condições: 1) conflito entre normas jurídicas; 2) as normas vigentes 
devem ser vigentes, válidas e pertencentes ao mesmo ordenamento jurídico; 3) 
as normas devem ser emanadas de autoridades competentes no mesmo âmbito 
normativo; 4) as normas conflitantes tenham operadores opostos, um permitindo 
dado comportamento, outra proibindo; 5) o sujeito aplicador deverá se ver diante 
de uma posição insustentável ante a ausência de critérios normativos ou conflito de 
critérios normativos. Karl Engisch resume em três condições: incompatibilidade, 
indecidibilidade e necessidade de decisão. 
Como se verifica, diante das lacunas aparente há uma série de soluções, 
todavia, diante de uma lacuna real, ou antinomia real, não se tem solução, o que 
se busca é resolver o problema através de uma interpretação corretiva dos artigos 
4º e 5º da Lei de Introdução ao Código Civil. Ressalta-se ainda, que a eliminação 
de uma lacuna real por meio do Poder Legislativo, quando, por exemplo, edita 
uma nova norma, sempre poderá ensejar uma nova lacuna, de modo que o 
sistema, jamais será perfeito e completo como possam imaginar ou idealizar 
alguns juristas. 
Logo, referida conclusão longe está de ser uma crítica ao ordenamento 
jurídico, mas, simplesmente, uma constatação lógica, que tem com intuito maior, 
sempre buscar melhorar e adaptar o direito à realidade social, correspondendo 
assim, cada vez mais aos anseios dos seus jurisdicionados.
FONTE: <file:///C:/Users/02371584932/Downloads/2113-Texto%20do%20artigo-8115-1-10-20150
709%20(2)%20(1).pdf>. Acesso em: 30 mar. 2020.
120
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você aprendeu que:
• Com o objetivo de hierarquizar e organizar as normas jurídicas a fim de 
disciplinar a conduta humana, o sistema e ordenamento jurídico possuem a 
atribuição de organizar – de forma jurídica – as normas jurídicas estudadas 
anteriormente.
• A estrutura hierárquica utilizada no ordenamento jurídico faz com que as 
normas jurídicas sejam organizadas em hierarquia, cronologia e especialidade.
• O ordenamento é o principal responsável por atualizar, organizar e descartar 
as normas jurídicas conforme seu uso/desuso.
• O ordenamento jurídico também passa por uma validação que se faz necessária 
pelo número de normas existentes, sendo que estas são organizadas pelo 
ordenamento e sistema jurídico.
• O ordenamento pode ser classificado em sistema estático ou dinâmico.
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AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
CHAMADA
121
1 Bobbio (1995) classifica o ordenamento jurídico em sistema estático e sistema 
dinâmico. Diferencie-os e assinale a alternativa correta:
I- Sistema estático: normas relacionadas umas às outras.
II- Sistema dinâmico: normas derivam-se umas das outras através de 
sucessivas delegações de poder.
a) ( ) Somente a opção I está correta.
b) ( ) Somente a opção II está correta.
c) ( ) As opções I e II estão corretas.
d) ( ) As opções I e II estão incorretas.
2 As antinomias são os conflitos dentro do ordenamento jurídico. Esses 
conflitos são resolvidos através de algumas instâncias, nas quais são:
a) ( ) Hierarquia, cronologia e especialidade.
b) ( ) Analogia, costumes e fontes.
c) ( ) Constituição federal, leis e decretos.
d) ( ) Nenhuma das alternativas está correta.
3 Observe o texto a seguir:
“O ordenamento jurídico dinamiza-se por laços de fundamentação e 
derivação entre as normas de direito: a norma jurídica inferior ____________ 
na norma jurídica superior ou, vice-versa, a norma jurídica inferior _________ 
da norma jurídica superior (SOARES, 2017, p. 117). 
Assinale a alternativa que corresponde aos conteúdos faltantes nas 
lacunas, respectivamente:a) ( ) Se fundamenta – deriva.
b) ( ) É descartada – faz parte.
c) ( ) Contribui – deriva.
d) ( ) Nenhuma das alternativas está correta.
AUTOATIVIDADE
122
123
UNIDADE 3
O DIREITO NO TEMPO E NO 
ESPAÇO – TEORIA DA RELAÇÃO 
JURÍDICA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• avaliar os componentes da teoria da relação jurídica;
• reconhecer os aspectos estruturais do poder judiciário;
• compreender de forma geral as características da hermenêutica e 
 interpretação jurídica;
• adquirir conhecimentos específicos acerca do direito subjetivo.
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da unidade 
você encontrará auto atividades com o objetivo de reforçar o conteúdo 
apresentado.
TÓPICO 1 – HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO JURÍDICA E 
APLICAÇÃO DO DIREITO NA SOLUÇÃO DO CASO 
CONCRETO NA ESFERA CONSTITUCIONAL
TÓPICO 2 – POSIÇÕES JURÍDICAS DOS SUJEITOS DE DIREITO NAS 
RELAÇÕES JURÍDICAS
TÓPICO 3 – DIREITO SUBJETIVO
TÓPICO 4 – ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
124
125
TÓPICO 1
HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO JURÍDICA E 
APLICAÇÃO DO DIREITO NA SOLUÇÃO DO CASO 
CONCRETO NA ESFERA CONSTITUCIONAL
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Você já ouviu falar em hermenêutica e intepretação jurídica? Estas são 
responsáveis por grande parte da eficácia jurídica enquanto prática cotidiana. É a 
partir destas que a organicidade na atuação jurídica ocorre, sendo a hermenêutica 
a criadora da intepretação. Diante desta concepção, verifica-se a relevância 
e funcionalidade da hermenêutica na prática jurídica, de modo a contribuir 
significativamente na interpretação dos conteúdos jurídicos.
A aplicação e a integração do direito também dizem respeito a esta 
hermenêutica na qual estamos falando. Hermenêutica e a intepretação são 
interconectadas, cada qual com sua funcionalidade, mas que uma acaba a 
contribuir com a outra no quesito funcional das aplicabilidades do direito como 
um todo.
Desta forma, compreende-se a importância de compreender tais conceitos, 
e entender a maneira na qual eles funcionam e se conectam entre si. Neste 
tópico abrandaremos ainda mais acerca dessa temática, que diz muito respeito à 
sistematização dos procedimentos jurídicos. Estude com atenção e cuidado! 
Bons estudos!
2 HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO JURÍDICA E APLICAÇÃO 
DO DIREITO NA SOLUÇÃO DO CASO CONCRETO NA 
ESFERA CONSTITUCIONAL
O surgimento da hermenêutica é muito anterior do que se pode imaginar: 
derivou-se do mito de hermes, um deus que traduzia as mensagens dos demais 
deuses à linguagem dos homens para que estes pudessem compreender o que os 
deuses falavam, como traz Nader (2019, p. 246): “A palavra hermenêutica provém 
do grego, Hermeneúein, interpretar, e deriva de Hermes, deus da mitologia grega, 
filho de Zeus e de Maia, considerado o intérprete da vontade divina. Habitando a 
Terra, era um deus próximo à Humanidade, o melhor amigo dos homens”.
UNIDADE 3 | O DIREITO NO TEMPO E NO ESPAÇO – TEORIA DA RELAÇÃO JURÍDICA
126
Desde o Século XIX, começam a surgir teorias especificamente jurídicas 
sobre a Hermenêutica. Múltiplas e em disputa entre si, podem ser vistas em 
correntes que buscam interpretar a lei em sentidos externos a ela mesma – espírito 
do povo, bons costumes etc. – e, ainda, aquelas que pretendem se fixar apenas 
em aspectos gramaticais ou de coerência lógica interna sistemática, fazendo aí 
ressaltar o juspositivismo. Já no Século XX, a pretensão de um controle científico 
da hermenêutica jurídica cai por terra. Com Kelsen, a interpretação jurídica não 
é mais tratada como verdadeira ou falsa, e sim como autêntica (quando feita 
pelo poder estatal) ou doutrinária (quando obra de intelecção sem poder jurídico 
decisório) (MAXIMILIANO, 2017, p. 11).
No Direito, ela possui papel fundamental, como traz Magalhães Filho 
(2015, p. 52): “Em sentido amplo, a hermenêutica jurídica deve ter por objeto 
não apenas a interpretação do Direito, mas também a aplicação e a integração do 
Direito”. Desta forma, ela contribui de forma significativa na aplicabilidade do 
direito como um todo.
No mundo do Direito, hermenêutica e interpretação constituem um 
dos muitos exemplos de relacionamento entre princípios e aplicações. 
Enquanto a hermenêutica é teórica e visa a estabelecer princípios, 
critérios, métodos, orientação geral; a interpretação é de cunho prático, 
aplicando tais diretrizes. Não se confundem os dois conceitos, apesar 
de ser muito frequente o emprego indiscriminado de um e de outro. A 
interpretação aproveita, portanto, os subsídios da hermenêutica. Esta 
descobre e fixa os princípios que regem a interpretação. A hermenêutica 
estuda e sistematiza os critérios aplicáveis na interpretação das regras 
jurídicas (NADER, 2019, p. 246).
Como postula Nader (2019), hermenêutica e interpretação em conjunto 
sistematizam a atuação do direito enquanto ciência social e humana, a fim de 
organização e tradução dos aspectos legislativos, além de fornecer princípios 
nos negócios jurídicos, “Se considerarmos, ainda, que a hermenêutica fornece 
princípios para a exegese dos negócios jurídicos (contratos, declarações 
unilaterais de vontade), vamos ter uma visão maior do significado e importância 
que representa para o mundo do Direito” (NADER, 2019, p. 246).
Maximiliano (2017, p. 17) corrobora ressaltando que “a hermenêutica 
jurídica tem por objeto o estudo e a sistematização dos processos aplicáveis para 
determinar o sentido e o alcance das expressões do Direito”. Compreende-se 
ainda que a hermenêutica possui, dentro de suas atribuições, a de sistematizar 
os processos do negócio jurídico, sendo, assim, indispensável para a atuação do 
jurista.
Além disso, “As regras de hermenêutica são regras de interpretação, 
de aplicação e de integração do Direito. Elas são classificadas em legais, 
jurisprudenciais e doutrinárias” (MAGALHÃES FILHO, 2015, p. 54). Friede 
(2015, p. 176) corrobora ainda que:
TÓPICO 1 | HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO JURÍDICA E APLICAÇÃO DO DIREITO NA SOLUÇÃO DO CASO CONCRETO 
NA ESFERA CONSTITUCIONAL
127
Muito embora a palavra hermenêutica, etimologicamente, represente 
interpretação, pois o vocábulo vem do grego hermeneuein, que significa 
interpretação, renomados autores, como Carlos Maximiliano, Hermes 
Lima, Vicente Raó, afirmam que hermenêutica é a parte da Ciência 
Jurídica que estuda o processo de interpretação da lei (sentido amplo). 
Em sentido estrito é entendida por alguns autores, como Machado 
Neto, como sinônimo de interpretação, integração e aplicação da 
norma jurídica. Epistemologicamente, entretanto, o objeto da ciência 
hermenêutica é o estudo e sistematização dos processos lógicos de 
interpretação, integração e aplicação do Direito.
A hermenêutica é um processo da filosofia responsável pela criação de 
métodos interpretativos para cada matéria científica. No âmbito jurídico, é responsável pela 
discussão dos diferentes métodos e tipos interpretativos, como a interpretação l.
NOTA
Ademais, a hermenêutica é pertencente ainda à filosofia, sendo aplicável 
a várias áreas da ciência, sendo responsável por maneiras de intepretação, 
“Enquanto a hermenêutica é uma teoria voltada à organização das ciências, a 
interpretação é ligada a sua prática, sendo a sua aplicação no âmbito do Direito 
uma parte importante da produção dogmática normativa” (ELTZ; TEIXEIRA; 
DUARTE, 2018, p. 45).
Como já citado anteriormente, a hermenêutica e intepretação fazem 
parte da aplicação da ciência do direito. Sendo um processo dinâmico, cíclico 
e vivo, a hermenêutica cria os métodos de intepretação, adquirindo enquanto 
consequência, a sistematização e organização dos processos aplicáveis a fim de 
alcançar a eficácia na área do Direito prático (FRIEDE, 2015).
No âmbito jurídico, a hermenêutica trata da organizaçãode métodos 
conforme determinados períodos evolutivos, que não excluem os métodos 
anteriores, mas buscam uma composição e organização da sua aplicabilidade, 
que, na prática, é determinada pela convicção dos julgadores do caso concreto. 
Além disso, a modalidade clássica ligada aos preceitos exegéticos da interpretação 
literal e determinação da vontade do legislador, apesar das críticas apontadas pela 
escola antipositivista de Savigny, possui relevância mesmo nos dias atuais a partir 
da evolução do positivismo e das suas influências na ciência da interpretação 
jurídica (ELTZ; TEIXEIRA; DUARTE, 2018, p. 51).
Desta forma, é necessário compreender ainda que a hermenêutica é uma 
construção histórica, e que hoje é utilizada de maneira funcional na aplicabilidade 
do direito, conforme Eltz, Teixeira e Duarte: “[...] a hermenêutica é um ramo 
UNIDADE 3 | O DIREITO NO TEMPO E NO ESPAÇO – TEORIA DA RELAÇÃO JURÍDICA
128
filosófico responsável pela construção de métodos interpretativos. No âmbito 
jurídico, diversos métodos, correspondentes a uma evolução de visão da própria 
ciência jurídica, foram desenvolvidos ao longo dos séculos” (ELTZ; TEIXEIRA; 
DUARTE, 2018, p. 47).
Diante da eficácia desta ferramenta, “o jurista, esclarecido pela 
Hermenêutica, descobre, em Código, ou em um ato escrito, a frase implícita, mais 
diretamente aplicável a um fato do que o texto expresso” (MAXIMILIANO, 2017, 
p. 13). Além de ser organizadora e criadora de métodos interpretativos para o 
jurista, ela promove maior eficácia do direito aplicado.
No campo da Hermenêutica, a teoria de Wurzel encontra aplicação direta. 
O elaborador de um Código moderno concentra em norma ampla, nítida, um 
princípio, uma regra geral. Circundam o núcleo, expresso, positivo, as ideias 
conexas, espalhadas na zona de transição, na penumbra legal. Parte o intérprete 
do princípio em foco e descobre, nos lineamentos na aparência imprecisos dos 
contornos, verdades preciosas, que resolvem dúvidas, esclarecem situações, 
concorrem para a realização do objetivo supremo do Direito – a harmonia 
social, a ordem jurídica, alicerce, fundamento de todo progresso humano 
(MAXIMILIANO, 2017, p. 14).
Entretanto, “a hermenêutica jurídica tem que lidar com um texto 
normativo que, escrito no passado, será aplicado ao presente. É preciso, assim, 
fixar o seu campo de incidência, o limite de sua abrangência, o seu âmbito de 
validade (Kelsen) ou o âmbito normativo (Müller)” (MAGALHÃES FILHO, 2015, 
p. 51).
A hermenêutica tem por objeto investigar e coordenar, por modo sistemático, 
os princípios científicos e leis decorrentes que disciplinam a apuração do conteúdo, do 
sentido e dos fins das normas jurídicas e a restauração do conceito orgânico do Direito, 
para efeito de sua aplicação e interpretação, por meio de regras e processos especiais, 
procurando realizar, praticamente, estes princípios e estas leis científicas; a aplicação das 
normas jurídicas consiste na técnica de adaptação dos preceitos, nelas contidos e assim 
interpretados, às situações de fato que se lhes subordinam. 
FONTE: FRIEDE, 2015, p. 157
NOTA
Compreende-se, portanto, a relevância que a hermenêutica possui ao estar 
inserida na ciência do direito, sendo advinda da filosofia. Eltz, Teixeira e Duarte 
(2018) colocam que a hermenêutica geralmente é baseada em alguns valores.
TÓPICO 1 | HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO JURÍDICA E APLICAÇÃO DO DIREITO NA SOLUÇÃO DO CASO CONCRETO 
NA ESFERA CONSTITUCIONAL
129
Dessa forma, mesmo uma hermenêutica baseada em valores (um 
positivismo axiológico) é representante de uma evolução exegética, desde que 
restrita aos chamados hard cases, ou seja, casos em que a solução não pode 
ser encontrada no sistema normativo e que, por essa característica, merecem 
um tratamento hermenêutico flexível o suficiente para permitir a presença de 
elementos exógenos (ELTZ; TEIXEIRA; DUARTE, 2018, p. 53).
Os autores ainda corroboram acerca da temática, acrescendo que o jurista 
precisa saber diferenciar a teoria da hermenêutica e a prática da interpretação. 
“A primeira é responsável pela elaboração e discussão dos métodos, princípios 
e critérios de aplicação do Direito; a segunda, uma ferramenta a ser utilizada 
pelos juristas ao perseguir o sentido e o alcance da norma” (ELTZ; TEIXEIRA; 
DUARTE, 2018, p. 46).
Não representa nenhum exagero, sob a ótica anteriormente exposta, 
afirmarmos que o estudo e o conhecimento da hermenêutica 
revestem-se de uma importância verdadeiramente capital no contexto 
das ciências jurídicas, considerando ser seu objetivo específico a 
indispensável sistematização dos processos aplicáveis, objetivando, 
em última análise, determinar o sentido final e o alcance específico das 
variadas expressões do Direito (FRIEDE, 2015, p. 156).
Até aqui foi possível compreender os aspectos da hermenêutica jurídica, 
porém ainda se faz necessária a compreensão da intepretação, sendo esta mais 
um elemento do direito de grande relevância, conforme Magalhães Filho (2015).
Em sentido estrito, poderíamos dizer que a hermenêutica jurídica tem por 
objeto a interpretação do Direito. Hermenêutica não é interpretação. A primeira 
é uma teoria que pensa a interpretação e lhe dita as regras do acontecer. A 
interpretação é um processo cognitivo de apreensão de sentido, orientado pela 
hermenêutica. A interpretação no Direito tem por objeto as normas jurídicas 
(normativismo) ou a conduta em interferência intersubjetiva (egologismo) 
(MAGALHÃES FILHO, 2015, p. 52).
Conforme Friede (2015), os conceitos de intepretação e hermenêutica 
não se confundem, pois a primeira é a aplicação da hermenêutica, fixando os 
seus preceitos e princípios; e a segunda deve ser compreendida como a teoria 
da intepretação jurídica. Nader (2019, p. 246) acresce: “A efetividade do Direito 
depende, de um lado, do técnico que formula as leis, decretos e códigos e, de 
outro lado, da qualidade da interpretação realizada pelo aplicador das normas”.
Portanto, a intepretação não deve ser considerada nem maior e nem menor 
diante da hermenêutica, mas, sim, seu produto, possuindo a mesma relevância e 
oferecendo maior eficácia ao jurista diante da ciência jurídica.
Sob o império das assertivas anteriormente expostas, é imperioso 
concluirmos que não se encontra propriamente na norma jurídica – ou 
mesmo na lei em seu sentido extra amplo – a verdadeira e indispensável 
UNIDADE 3 | O DIREITO NO TEMPO E NO ESPAÇO – TEORIA DA RELAÇÃO JURÍDICA
130
segurança do Direito. Muito pelo contrário, é importante entendermos 
que a hermenêutica e, mais especificamente, seu mecanismo próprio 
– a interpretação da norma jurídica – são o que verdadeiramente 
desempenham a função básica de proteger o Direito, garantindo, 
em última análise, uma estabilidade às relações sociopolíticas e 
socioeconômicas (FRIEDE, 2015, p. 157).
Diante das modificações sociais, atualizações e movimentos que surgem 
a cada dia na sociedade trazendo certa repercussão, é necessário que o direito 
esteja protegido e preparado para lidar com os casos que surgem no cotidiano e 
vão se transformando através dos tempos, com isso, a hermenêutica sistematiza 
as normas jurídicas e oferece a intepretação enquanto ferramenta. “A forma 
tradicional de interpretação hierárquica, no entanto, é sucedida pelo uso dos já 
mencionados princípios constitucionais, quando não há regra clara mesmo na 
lei maior” (ELTZ; TEIXEIRA; DUARTE, 2018, p. 76). “A interpretação conforme 
a Constituição é uma ruptura com a hermenêutica clássica dogmática, fazendo 
parte de uma segunda etapa dessa arte. Nela, os princípios gerais de determinada 
nação, presentes na sua Constituição, servem como base de preenchimento de 
lacunas legais” (ELTZ; TEIXEIRA; DUARTE, 2018, p. 74).
Maximiliano (2017, p. 9) traz o conceito de interpretar: “interpretar é 
explicar, esclarecer; dar o significado de vocábulo, atitude ou gesto; reproduzir 
por outras palavras um pensamento exteriorizado; mostrar o sentido verdadeiro 
de uma expressão; extrair, defrase, sentença ou norma, tudo o que na mesma se 
contém”. Essa ferramenta fornece aos juristas, maneiras de lidar com as questões 
jurídicas de difícil compreensão de forma legal, ética, correta e eficaz.
Se interpretar é conhecer, não há norma jurídica que, de uma forma 
ou de outra, possa escapar à interpretação. Algumas, sem a menor 
dúvida, conhecem-se facilmente; outras, no entanto, são conhecidas 
com maior dificuldade. O somatório de todas, entretanto, é passível, 
sem qualquer exceção de interpretação. Esta é, justamente, a razão que 
nos obriga a afastar a crença errônea de que somente se interpretam 
as normas jurídicas cujo conhecimento envolva necessariamente 
dificuldades. É totalmente falso o princípio segundo o qual “in 
claris non fit interpretatio” – quando a norma é clara não se procede à 
interpretação ou, em outras palavras, as normas claras, as leis claras, 
não se interpretam ou dispensam a teoria hermenêutica. A afirmação 
de clareza de uma lei, muito pelo contrário, é, apenas, um estágio 
obrigatório de sua interpretação (FRIEDE, 2015, p. 160).
A interpretação derivada da hermenêutica é caracterizada pela seriedade 
e o foco na ciência: não é o jurista com suas crenças pessoais e culturais que 
irá interpretar com seu olhar pessoal, mas, sim, através de uma base teórica e 
fundamentada no direito que trabalhará de forma ética e de acordo com seus 
princípios profissionais. “A palavra interpretação possui amplo alcance, não se 
limitando à Dogmática Jurídica. Interpretar é o ato de explicar o sentido de alguma 
coisa; é revelar o significado de uma expressão verbal, artística ou constituída por 
um objeto, atitude ou gesto” (NADER, 2019, p. 247).
TÓPICO 1 | HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO JURÍDICA E APLICAÇÃO DO DIREITO NA SOLUÇÃO DO CASO CONCRETO 
NA ESFERA CONSTITUCIONAL
131
A interpretação que dá o legislador, por exemplo, a uma posição preliminar é 
uma modalidade de justificação de atos legislativos, privativa, contudo, das codificações. É 
uma peça ampla, analítica, que não se limita às referências fáticas ou às informações jurídicas. 
É elaborada, na realidade, pelos autores de anteprojeto de códigos. Nela são indicadas as 
inovações incorporadas ao texto e suas fontes inspiradoras, as teorias consagradas e as 
referências necessárias do Direito Comparado. 
FONTE: FRIEDE, 2015, p. 163
NOTA
Interpretação é um ato de inteligência, cultura e sensibilidade. 
Somente o espírito capaz de compreender se acha apto às tarefas de 
decodificação. Ao sujeito cognoscente não basta, assim, a capacidade 
de articulação do raciocínio, pois a cultura – ou conhecimento da vida 
e da realidade – é um fator essencial à busca de novos conhecimentos 
(NADER, 2019, p. 248).
Nesse sentido, é importante ressaltar que a aplicação da interpretação não 
dispensa a hermenêutica, como apresenta Maximiliano (2017).
A aplicação não prescinde da hermenêutica: a primeira pressupõe a 
segunda, como a medicação a diagnose. Em erro também incorre quem confunde 
as duas disciplinas: uma, a Hermenêutica, tem um só objeto: a lei; a outra, dois: 
o Direito, no sentido objetivo, e o fato. Aquela é um meio para atingir a esta; é 
um momento da atividade do aplicador do Direito. Pode a última ser o estudo 
preferido do teórico; a primeira, a aplicação, revela o adaptador da doutrina à 
prática, da ciência à realidade: o verdadeiro jurisconsulto (MAXIMILIANO, 2017, 
p. 8).
Contudo, a intepretação oriunda da hermenêutica possui sua eficácia 
sendo resultado de bases fundamentadas pela ciência do direito. “Da simplicidade, 
clareza e concisão do Direito escrito, vai depender a boa interpretação, aquela que 
oferece uma diretriz segura, que orienta quanto às normas a serem vividas no 
plexo social, nos pretórios e onde mais é considerado (obras doutrinárias, salas de 
aula etc.)” (NADER, 2019, p. 246).
A interpretação das normas jurídicas de Direito Constitucional, por 
obra do óbvio, também se enquadra no mesmo sistema básico de interpretação 
hermenêutica a que estão adstritas todas as demais normas jurídicas do Direito 
como um todo. A única diferença que deve ser observada, neste particular, 
cinge-se apenas e tão somente à efetiva caracterização binária – de natureza 
político-jurídica – que ostenta, de forma diversa das normas infraconstitucionais, 
as normas jurídicas constitucionais, notadamente as de cunho materialmente 
constitucionais (FRIEDE, 2015, p. 176).
UNIDADE 3 | O DIREITO NO TEMPO E NO ESPAÇO – TEORIA DA RELAÇÃO JURÍDICA
132
Entretanto, a intepretação na esfera constitucional necessita possuir 
embasamento jurídico de acordo com a ciência do direito como um todo. Friede 
(2015, p. 166) apresenta: “O argumento a contrário sensu, por outro lado, é o 
componente da interpretação lógica, que utiliza o fato de que a lei sempre faculta 
a conclusão pela exclusão, dada a regra hermenêutica que afirma que as exceções 
devem vir sempre expressas”.
 
“O intérprete é o renovador inteligente e cauto, o sociólogo do Direito. O 
seu trabalho rejuvenesce e fecunda a fórmula prematuramente decrépita, e atua 
como elemento integrador e complementar da própria lei escrita. Esta é a estática 
e a função interpretativa, a dinâmica do Direito” (MAXIMILIANO, 2017, p. 11).
O profissional que exerce a interpretação é o responsável por manter 
os princípios e valores do direito, independente da interpretação, baseado na 
hermenêutica. Ele precisa estar atento sobre a teoria da hermenêutica e a prática 
da intepretação e possuir isso de maneira nítida ao tomar decisões (ELTZ; 
TEIXEIRA; DUARTE, 2018).
Por outro lado, se a todos, por seu cunho de generalidade, as normas 
se destinam, é necessário interpretá-las. No entanto, é claro que não é preciso 
dizer que algumas pessoas estão mais capacitadas do que outras para a 
interpretação das normas jurídicas. Também se torna desnecessário que se diga 
que o conhecimento de muitas normas é extremamente difícil e, às vezes, tais 
dificuldades são agravadas até mesmo pelo próprio legislador. Na verdade, 
estuda-se o Direito acima de tudo e, inclusive, com essa finalidade elementar (a 
interpretação) (FRIEDE, 2015, p. 160).
No entanto, em especial, será a filosofia que abrirá os horizontes – e, mesmo, 
deslocará o problema – da Hermenêutica jurídica. Passam por essa ruptura com o 
modelo burguês-iluminista de controle racional da argumentação e da decisão estatal 
pensadores notoriamente ocupados da questão, como Hans-Georg Gadamer, ao tratar 
da pré-compreensão existencial, mas também Freud, com a descoberta do inconsciente 
e de sua natureza determinante do sentido, Marx e Althusser, ao desvendarem a ideologia 
como horizonte de constituição da intelecção de mundo dos sujeitos, e Foucault, com a 
perspectiva de uma estruturação das relações de compreensão a partir da microfísica do 
poder (MAXIMILIANO, 2017, p. 11).
INTERESSANTE
Todavia, compreende-se a construção histórica da hermenêutica, assim 
como a da interpretação na esfera constitucional, podendo considerar tais 
construções enquanto evoluções em caráter organizativo do direito, ao fornecer 
TÓPICO 1 | HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO JURÍDICA E APLICAÇÃO DO DIREITO NA SOLUÇÃO DO CASO CONCRETO 
NA ESFERA CONSTITUCIONAL
133
ferramentas ao jurista de caráter científico e aplicável aos casos, ao mesmo 
passo em que demonstra efetividade. “O método hermenêutico é um só, mas 
as técnicas interpretativas são várias. As técnicas exteriorizam o método, assim 
como no Direito Processual diz-se que o procedimento exterioriza o processo” 
(MAGALHÃES FILHO, 2015, p. 61).
Pontua-se, portanto, que “a interpretação jurídica é a aplicação dos 
métodos hermenêuticos na busca da definição do alcance e do conteúdo da 
norma. Essa interpretação é necessária quando o sistema não dá ao jurista a 
clareza necessária para a aplicação direta da norma ao caso concreto” (ELTZ; 
TEIXEIRA; DUARTE, 2018, p. 67). Desta forma, a intepretação fornece ao jurista 
a clarificação necessária para atuar no caso concreto de formacorreta diante das 
normativas do direito.
A interpretação consiste na busca do verdadeiro sentido das coisas e, 
para isso, o espírito humano lança mão de diversos recursos, analisa os 
elementos, utiliza-se de conhecimentos da lógica, psicologia e, muitas 
vezes, de conceitos técnicos, a fim de penetrar no âmago das coisas e 
identificar a mensagem contida (NADER, 2019, p. 247).
Os autores ainda acrescem: “a interpretação é o aspecto prático da 
hermenêutica. Enquanto a hermenêutica é o ramo da filosofia responsável pela 
criação de métodos de interpretação, a interpretação é a aplicação desses métodos 
em determinado objeto” (ELTZ; TEIXEIRA; DUARTE, 2018, p. 67).
A interpretação jurídica é um instrumento indispensável ao jurista. No período 
das glosas do Corpus Iuris Civilis de Justiniano e na exegese positivista de Hans-Kelsen, o 
culto à literalidade da lei resultava em um exercício de aplicação limitado pelos juristas da 
época (ELTZ; TEIXEIRA; DUARTE, 2018, p. 67).
IMPORTANTE
Certamente a interpretação jurídica trouxe maiores ferramentas ao jurista, 
sendo indispensável a sua utilização na atualidade, retirando estes profissionais 
de uma atuação limitada, e fornecendo maiores subsídios jurídicos. “Essa 
interpretação pode ser realizada a partir da literalidade da norma ou a partir da 
descoberta de sentidos ocultos da norma, revelados por métodos sistemáticos ou 
mesmo pela aplicação dos seus princípios gerais” (ELTZ; TEIXEIRA; DUARTE, 
2018, p. 71).
UNIDADE 3 | O DIREITO NO TEMPO E NO ESPAÇO – TEORIA DA RELAÇÃO JURÍDICA
134
A interpretação, como as artes em geral, possui a sua técnica, os meios 
para chegar aos fins colimados. Foi orientada por princípios e regras 
que se desenvolveu e aperfeiçoou à medida que evolveu a sociedade 
e desabrocharam as doutrinas jurídicas. A arte ficou subordinada, 
em seu desenvolvimento progressivo, a uma ciência geral, o Direito 
obediente, por sua vez, aos postulados da Sociologia; e a outra, especial, 
a Hermenêutica. Esta se aproveita das conclusões da Filosofia Jurídica; 
com o auxílio delas fixa novos processos de interpretação; enfeixa-os 
num sistema e, assim, areja com um sopro de saudável modernismo 
a arte, rejuvenescendo-a, aperfeiçoando-a, de modo que se conserve 
à altura do seu século, como elemento de progresso, propulsor da 
cultura profissional, auxiliar prestimosa dos pioneiros da civilização 
(MAXIMILIANO, 2017, p. 17). 
Para Nader (2019), a eficácia da interpretação é resultado da eficiência 
da técnica legislativa, o jurista, além de avaliar os fatos sociais e categorizá-los, 
deve manter as regras jurídicas mediante a sua estrutura. O intérprete encontra 
menor complexibilidade quando os documentos estão melhor escritos, além de a 
hermenêutica oferecer princípios para tal atuação.
Assim, é possível dizer que a interpretação é a aplicação das ferramentas 
hermenêuticas às normas jurídicas, sejam leis, atos administrativos, 
sentenças e outras fontes de Direito a partir de ferramentas que se 
atenham a sua literalidade ou aos seus sentidos ocultos a partir do uso 
de critérios e ferramentas desenvolvidas para determinar o alcance e 
sentido das normas (ELTZ; TEIXEIRA; DUARTE, 2018, p. 70).
“Compreendido o conceito e as características da intepretação do 
ordenamento jurídico, faz-se necessário avaliar e conhecer os tipos de 
interpretações, que são as ferramentas interpretativas para os juristas utilizarem 
no dia a dia” (ELTZ; TEIXEIRA; DUARTE, 2018, p. 79).
A interpretação jurídica é um meio de aplicar a legislação, em que devem 
ser considerados pelo intérprete a literalidade da lei, a coerência sistemática 
e hierárquica das leis, a vontade do legislador como aspecto histórico e as 
circunstâncias do caso concreto. Por fim, a finalidade objetiva da lei extraída do 
próprio sistema jurídico e, em caso de lacunas substanciais, devemos buscar na 
Constituição e nos princípios fundamentais a solução do conflito normativo que 
se apresenta.
TÓPICO 1 | HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO JURÍDICA E APLICAÇÃO DO DIREITO NA SOLUÇÃO DO CASO CONCRETO 
NA ESFERA CONSTITUCIONAL
135
QUADRO 1 – ELEMENTOS INTERPRETATIVOS CONFORME MAGALHÃES FILHO 
INTERPRETAÇÃO GRAMATICAL
A interpretação gramatical consiste numa análise morfológica e sintática do texto 
normativo. Por ela, se procuram verba legis. Essa era a única interpretação admitida pela 
Escola de Exegese na França. Essa Escola surgiu com a pretensão de fazer a exegese do 
Código, ou seja, a sua dissecação e análise textual, o que se dava geralmente através dos 
comentários. A Escola Histórica do Direito, entretanto, mostrou que a compreensão do 
sentido (espiritual) é diferente da exegese do texto (literal). A interpretação gramatical, 
embora necessária, não é suficiente (MAGALHÃES FILHO, 2015, p. 62).
INTERPRETAÇÃO LÓGICA
A interpretação lógica em sentido amplo é a pesquisa do sentido da norma à luz 
de qualquer elemento exterior com o qual ela deve se compatibilizar. Desse modo, toda 
interpretação que não fosse gramatical seria lógica. A interpretação lógica em sentido 
estrito, que nos interessa agora, é a interpretação da norma a partir do elemento exterior 
que está imediatamente ligado a ela, ou seja, à vontade do legislador. É verdade que já 
houve quem entendesse a interpretação lógica como aquela que estuda a conexão entre 
as palavras dentro das frases que compõem o texto normativo, mas, aí, nós teríamos a 
análise sintática e, logo, interpretação gramatical (MAGALHÃES FILHO, 2015, p. 63).
INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA
A interpretação sistemática é a responsável pela unidade e coerência do 
ordenamento jurídico. O legislador não cria o ordenamento jurídico, mas um conjunto 
de normas que são desconexas. É o jurista que constitui o objeto de sua ciência através 
de um método que sistematiza a matéria jurídica amorfa, imprimindo-lhe forma de 
ordenamento jurídico. Para Nelson Saldanha, existem as fontes jurídicas que estão 
dentro da ordem normativa, as fontes formais e as fontes da própria ordem normativa, 
denominadas de fontes reais ou materiais. Na interpretação sistemática tradicional, 
aquela que estamos destacando agora, busca-se a coerência formal, ou seja, do sistema 
exterior (MAGALHÃES FILHO, 2015, p. 67).
INTERPRETAÇÃO FILOLÓGICA
Alguns autores inserem a interpretação filológica na interpretação gramatical, 
enquanto outros, como Savigny, a consideram presente na interpretação histórica. Para 
Savigny, a interpretação histórica se dividia em interpretação histórica em sentido 
próprio e interpretação histórica em sentido filológico. A interpretação filológica é a 
interpretação dos textos à luz da tradição ou sentido histórico das palavras. A filologia 
considera o sentido das palavras no tempo, pois as palavras mudam de sentido com 
o passar dos anos dentro dos novos jogos de linguagem. Assim, o intérprete precisa 
considerar as palavras usadas na norma com o significado que possuíam quando 
houve a elaboração de seu texto. Isso não impede novas interpretações da norma, mas, 
se elas forem necessárias, não se basearão no novo uso das palavras, porém em novas 
necessidades sociais (MAGALHÃES FILHO, 2015, p. 71).
UNIDADE 3 | O DIREITO NO TEMPO E NO ESPAÇO – TEORIA DA RELAÇÃO JURÍDICA
136
INTERPRETAÇÃO HISTÓRICA
A interpretação histórica, proposta como método primeiramente por Savigny, 
é a interpretação da norma jurídica à luz da occasio legis – circunstância histórica 
da regra interpretada – e da origo legis – origens da lei, remontando às primeiras 
manifestações da instituição regulada. Assim, a occasio legis diz respeito às causas 
históricas próximas e a origo legis, às causas remotas. Na interpretação da norma que 
leva em conta as causas históricas próximas, o exame dos acontecimentos no interior 
do órgão do Poder Legislativo resultará na chamada interpretação genética. Aqui, há 
uma grande proximidade com a interpretação lógica. Savigny trouxe para o Direito 
o método hermenêutico utilizado nas ciências históricas, visando a elevar oDireito à 
categoria de ciência do espírito, daí o nome de sua Escola ser Escola Histórica do Direito 
(MAGALHÃES FILHO, 2015, p. 71).
INTERPRETAÇÃO TELEOLÓGICA OU FINALÍSTICA
A interpretação teleológica ou finalística é a interpretação da norma a partir do 
fim (vantagem) social a que ela se destina. É uma interpretação que faz da norma um 
meio para atingir um fim, sendo que o meio será valorado pela sua aptidão para atingir 
o fim do modo mais efetivo possível dentro das circunstâncias dadas (pragmatismo, 
utilitarismo). Dentro dessa premissa, o sentido literal do dispositivo ganha maleabilidade 
para se subordinar ao fim social colimado. O fim social específico de uma norma é, em 
sentido amplo, uma ênfase da sociedade. Assim, a política de proteção ao consumidor, 
por exemplo, determinou, no art. 47 da Lei número 8.078/90, o seguinte acerca da 
interpretação contratual: “Art. 47. As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira 
mais favorável ao consumidor” (MAGALHÃES FILHO, 2015, p. 72).
FONTE: Adaptado de Magalhães Filho (2015)
Para Nader, tais são os elementos interpretativos do direito: gramaticais, 
lógico, sistemático, histórico e teleológico, que compõem a interpretação oriunda 
da hermenêutica. “A interpretação pode ter dupla finalidade: teórica e prática. É 
teórica quando visa apenas a esclarecer, como é próprio da doutrina. É prática 
quando se destina à administração da justiça e aplicação nas relações sociais” 
(NADER, 2019, p. 249).
Nader ainda coloca: “A hermenêutica jurídica não se ocupa apenas das 
regras jurídicas genéricas. Fornece também princípios e regras aplicáveis na 
interpretação das sentenças judiciais e negócios jurídicos” (NADER, 2019, p. 249).
TÓPICO 1 | HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO JURÍDICA E APLICAÇÃO DO DIREITO NA SOLUÇÃO DO CASO CONCRETO 
NA ESFERA CONSTITUCIONAL
137
QUADRO 2 – ELEMENTOS INTERPRETATIVOS CONFORME NADER
ELEMENTO GRAMATICAL
Se tratando de Direito escrito é pelo elemento gramatical que o intérprete toma 
o primeiro contato com a proposição normativa. Malgrado a palavra se revele, às vezes, 
um instrumento rude de manifestação do pensamento, pois nem sempre consegue 
traduzir as ideias, constitui a forma definitiva de apresentação do Direito, pelas vantagens 
que oferece do ponto de vista da segurança jurídica. Cumpre ao legislador aperfeiçoar 
os processos da técnica legislativa, objetivando sempre uma redação simples, clara e 
concisa. O elemento gramatical compõe-se da análise do valor semântico das palavras 
empregadas no texto, da sintaxe, da pontuação etc. No Direito antigo, o processo literal 
era mais importante do que hoje (NADER, 2019, p. 260).
ELEMENTO LÓGICO
Por ser estrutura linguística que pressupõe vontade e raciocínio, o texto 
legislativo exige os subsídios da lógica para a sua interpretação. A partir de F. Gény surgiu 
a distinção, na hermenêutica, da lógica interna, que explora os elementos fornecidos 
pela lógica formal e se limita ao estudo do texto, e a lógica externa, que investiga as 
razões sociais que ditaram a formação dos comandos jurídicos. Modernamente se fala 
na lógica do razoável, doutrina desenvolvida por Recaséns Siches, que visa a combater 
o apego às fórmulas frias e matemáticas da lógica formal, em favor de critérios flexíveis, 
mais favoráveis à justiça (NADER, 2019, p. 260).
ELEMENTO SISTEMÁTICO
Não há, na ordem jurídica, nenhum dispositivo autônomo, autoaplicável. A 
norma jurídica somente pode ser interpretada e ganhar efetividade quando analisada 
no conjunto de normas pertinentes a determinada matéria. Quando um magistrado 
profere uma sentença, não aplica regras isoladas; projeta toda uma ordem jurídica ao 
caso concreto. O ordenamento jurídico compõe-se de todos os atos legislativos vigentes, 
bem como das normas costumeiras válidas, que mantêm entre si perfeita conexão. Entre 
as diferentes fontes normativas, não pode haver contradições. De igual modo, deve 
haver completa harmonia entre os dispositivos de uma lei, a fim de que haja unicidade 
no sistema jurídico, ou seja, uma única voz de comando. Para que a ordem jurídica 
seja um todo harmônico, é indispensável que a hierarquia entre as fontes formais seja 
preservada. Se os dispositivos de uma lei se interdependem e se as diferentes fontes 
formais do Direito possuem conexão entre si, a interpretação não pode ter por objeto 
dispositivos ou textos isolados. O trabalho de exegese tem de ser feito considerando-se 
todo o acervo normativo ligado a um assunto (NADER, 2019, p. 262).
ELEMENTO HISTÓRICO
Muitas vezes, os conhecimentos gramatical e lógico do texto legislativo não 
são suficientes à compreensão do espírito da lei, sendo necessário o recurso à pesquisa 
do elemento histórico. Como força viva que acompanha as mudanças sociais, o Direito 
se renova, ora aperfeiçoando os institutos vigentes, ora criando outros, para atender 
ao desafio dos novos tempos. Em qualquer situação, o Direito se vincula à história, 
e o jurista que almeja um conhecimento profundo da ordem jurídica, forçosamente, 
deverá pesquisar as raízes históricas do Direito Positivo. A Escola Histórica do Direito, 
concebendo o fenômeno jurídico como um produto da história, enfatizou a importância 
do elemento histórico para o processo de interpretação. O Direito atual, manifesto em leis, 
códigos e costumes, é um prolongamento do Direito antigo. A evolução da ciência jurídica 
nunca se fez mediante saltos, mas através de conquistas graduais, que acompanharam 
a evolução cultural registrada em cada época. Quase todos os institutos jurídicos atuais 
têm suas raízes no passado, ligando-se às legislações antigas.
UNIDADE 3 | O DIREITO NO TEMPO E NO ESPAÇO – TEORIA DA RELAÇÃO JURÍDICA
138
Entre as disciplinas jurídicas, a História do Direito tem por escopo o estudo do Direito sob 
a perspectiva histórica; dedica-se à investigação das origens do Direito de uma sociedade 
específica ou de todos os povos, com a preocupação de estudar o desenvolvimento das 
instituições e dos sistemas (NADER, 2019, p. 263).
ELEMENTO TELEOLÓGICO
Na moderna hermenêutica, o elemento teleológico assume papel de primeira 
grandeza. Tudo o que o homem faz e elabora é em função de um fim a ser atingido. 
A lei é obra humana e assim contém uma ideia de fim a ser alcançado. Na fixação do 
conceito e alcance da lei, sobreleva de importância o estudo teleológico, isto é, o estudo 
dos fins colimados pela lei. Enquanto a occasio legis ocupa-se dos fatos históricos que 
projetaram a lei, o fator teleológico investiga os fins que a lei visa a atingir. Quando o 
legislador elabora uma lei, parte da ideia do fim a ser alcançado. Os interesses sociais 
que pretende proteger inspiram a formação dos documentos legislativos. Assim, é 
natural que no ato da interpretação se procure avivar os fins que motivaram a criação 
da lei, pois nessa descoberta estará a revelação da mens legis. Como se revela o elemento 
teleológico? Os fins da lei se revelam através dos diferentes elementos de interpretação 
(NADER, 2019, p. 264).
FONTE: Adaptado de Nader (2019)
O trabalho de interpretação do Direito é uma atividade que tem 
por escopo levar ao espírito o conhecimento pleno das expressões 
normativas, a fim de aplicá-lo às relações sociais. Interpretar o Direito 
é revelar o sentido e o alcance de suas expressões. Fixar o sentido de 
uma norma jurídica é descobrir a sua finalidade; é pôr a descoberto 
os valores consagrados pelo legislador, aquilo que teve por mira 
proteger. Fixar o alcance é demarcar o campo de incidência da norma 
jurídica; é conhecer sobre que fatos sociais e em que circunstâncias a 
norma jurídica tem aplicação (NADER, 2019, p. 248).
Nader (2019) e Magalhães Filho (2015) colocam os elementos interpretativos 
oriundos da hermenêutica, que podem ser considerados organizados e pontuados 
a fim de serem utilizados pelo jurista, facilitando o trabalho dos intérpretes. 
A interpretação sociológica possui três objetivos: a) eficacial; b) atualizador; 
e c) transformador. Através doseu primeiro objetivo, a interpretação sociológica 
procura conferir aplicabilidade à norma com relação aos fatos sociais por ela 
previstos, ou seja, prefere-se a interpretação que propicie mais eficácia para a 
norma. Para os autores que entendem que a nova hermenêutica constitucional 
não passa de um desdobramento da velha hermenêutica jurídica, o princípio 
de interpretação constitucional da máxima efetividade dos valores é apenas 
uma extensão da interpretação sociológica considerada no seu objetivo eficacial 
(MAGALHÃES FILHO, 2015, p. 74).
TÓPICO 1 | HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO JURÍDICA E APLICAÇÃO DO DIREITO NA SOLUÇÃO DO CASO CONCRETO 
NA ESFERA CONSTITUCIONAL
139
A interpretação, conforme a Constituição, desenvolve-se, atualmente, no 
âmbito doutrinário e dos tribunais. Nesse sentido, sempre que a norma jurídica oferecer 
mais de um sentido e um deles for contrário à Lei Maior, apenas este será considerado 
inconstitucional. De acordo com o critério, uma norma pode ser parcialmente 
inconstitucional, quando então deverá ser aproveitado apenas o sentido que se harmonize 
com a regra hierarquicamente superior. O princípio em pauta é mais de aplicação do que 
de interpretação do Direito, pois visa a orientar sob qual sentido a norma integra a ordem 
jurídica (NADER, 2019, p. 249).
INTERESSANTE
Contudo, considera-se a hermenêutica relevante e precursora da 
interpretação: ferramentas para o jurista em sua atuação cotidiana executar o 
direito enquanto ciência de forma ética e correta. A interpretação fornece subsídios 
de clareamento das constituições, artigos e cláusulas legislativas, a fim de ofertar 
ainda mais organicidade na constituição como um todo. 
140
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• A Hermenêutica Jurídica tem por objeto o estudo e a sistematização dos 
processos aplicáveis para determinar o sentido e o alcance das expressões do 
Direito.
• As regras de hermenêutica são regras de interpretação, de aplicação e de 
integração do Direito.
 
• A hermenêutica é pertencente à filosofia.
• Interpretar é explicar, esclarecer; dar o significado de vocábulo, atitude ou 
gesto; reproduzir por outras palavras um pensamento exteriorizado; mostrar 
o sentido verdadeiro de uma expressão; extrair, de frase, sentença ou norma, 
tudo o que na mesma se contém.
• O profissional que exerce a interpretação é o responsável por manter os 
princípios e valores do direito, independente da interpretação, baseado na 
hermenêutica. 
• A hermenêutica jurídica fornece também princípios e regras aplicáveis na 
interpretação das sentenças judiciais e negócios jurídicos.
141
1 Conforme estudado neste tópico, a interpretação sociológica possui três 
objetivos:
a) ( ) Hermenêutica, constituição, transformador.
b) ( ) Interpretação, hermenêutica e gramatical.
c) ( ) Eficacial, atualizador e transformador.
d) ( ) Nenhuma das alternativas está correta.
2 Nader (2019) trouxe alguns elementos que compõem a intepretação, os 
quais podem ser chamados de elementos interpretativos dos direitos. Quais 
são eles?
a) ( ) Gramaticais, lógico, sistemático, histórico e teleológico.
b) ( ) Teleológico, gramaticais e sistemático, apenas.
c) ( ) Histórico e teleológico, apenas.
d) ( ) Todas as alternativas estão corretas.
AUTOATIVIDADE
142
143
TÓPICO 2
POSIÇÕES JURÍDICAS DOS SUJEITOS DE DIREITO NAS 
RELAÇÕES JURÍDICAS
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
O homem atual vive e permeia em sociedade – isso é fato. Além disso, 
somos seres relacionais – vivemos em relação o tempo todo: patrão e empregado, 
esposa e marido, pai e filho... A estas, chamamos de relações sociais. Essas relações 
sociais possuem um grande potencial de gerar conflito, e com isso, o direito entra 
através das relações jurídicas.
Você já ouviu falar em relação jurídica? Ela diz respeito sobre a conduta 
dos sujeitos no meio jurídico. Ela é proveniente das relações sociais, mas agrega-
se com alguns elementos do direito científico. Já parou para pensar que, sem 
sociedade e sem sujeitos o direito não existiria? Pois é! Quando tratamos da relação 
jurídica em si, estamos nos referindo ao vínculo que o direito acaba reconhecendo 
entre pessoas ou grupos em seus direitos e deveres.
Neste tópico você aprenderá o que é uma relação jurídica, as posições 
dos sujeitos de direito nessas relações e os elementos que a constitui. Portanto, 
reconhecerá a maneira na qual as relações jurídicas são aplicáveis, sua eficácia e 
funcionalidade no direito enquanto prática. 
Bons estudos!
2 POSIÇÕES JURÍDICAS DOS SUJEITOS DE DIREITO NAS 
RELAÇÕES JURÍDICAS
As relações jurídicas são compostas por indivíduos que vivem em âmbito 
social, sendo assim, são formadas pela sociedade. “As relações sociais fornecem 
como que a matéria-prima do Direito. Se reguladas pelo Direito, fundam relações 
jurídicas” (ASCENSÃO, 2010, p. 10). Além disso, Betioli (2015, p. 337) acresce que 
“Não há relação jurídica se não houver um fato que corresponda a certas normas 
ou regras de direito”.
144
UNIDADE 3 | O DIREITO NO TEMPO E NO ESPAÇO – TEORIA DA RELAÇÃO JURÍDICA
Pode-se dizer ainda que: “A teoria da relação jurídica surge como 
complemento à teoria da norma jurídica. De fato, há um conteúdo concreto 
inerente à norma jurídica, cuja vivência se manifesta por meio das relações de 
vida determinadas pelas normas. São as relações jurídicas” (BETIOLI, 2014, p. 
336). Dessa forma, compreende-se a relação de complementariedade entre a 
relação e a norma jurídica de forma geral. 
A relação jurídica tem como pressuposto um fato que adquire significação 
jurídica se a lei o tem como idôneo à produção de determinados efeitos, estatuídos 
ou tutelados. Assim, todo evento, um acontecimento natural, uma ação humana, 
converte-se em fato jurídico, em condições de exercer essa função (GOMES, 2016, 
p. 72).
Entretanto, Amaral (2017, p. 257) coloca: “Relação jurídica é o vínculo que 
o direito reconhece entre pessoas ou grupos, atribuindo-lhes poderes e deveres. 
Representa uma situação em que duas ou mais pessoas se encontram a respeito 
de bens ou interesses jurídicos”. Sendo o direito formado por fenômenos sociais 
vivenciados pelo homem, a relação jurídica diz respeito a este vínculo entre 
direito e indivíduo.
A relação jurídica em si é uma realidade pré-legal: há relações jurídicas 
independentemente de leis que as moldem. Haverá que estudá-
las, além de outras realidades, como as pessoas, bens e ações. No 
entanto, na Teoria Geral, só nos pode ocupar a análise dos elementos 
constantes e não o conteúdo ilimitadamente variável de cada situação 
(ASCENSÃO, 2010, p. 10).
Para Betioli (2014, p. 112), “A relação que se diz jurídica diz mais do que 
relação social, exatamente porque dela resulta um “ter que fazer” ou um “ter 
que aceitar” inexorável. Ninguém conceitua como direito a resultante de mera 
conveniência, ou de simples conselho”. Desse modo, a relação jurídica é cerceada 
por imposições e regras, a fim de conduzir determinados comportamentos e 
normatizar questões do direito.
Os homens entram em contato uns com os outros visando à obtenção dos 
mais diversos fins: econômicos, morais, recreativos, culturais etc. Em decorrência 
desses laços que os prendem entre si, formam-se as “relações sociais”. Na busca 
desses fins, o homem serve-se do direito para a sua realização. Como ressalta 
Reale (2002), ninguém se relaciona socialmente visando a fins estritamente 
jurídicos; “o Direito é mais um instrumento de vida do que finalidade de vida”. 
Consequência disso é que toda relação jurídica sempre é uma relação social; mas 
nem sempre todos os laços sociais são jurídicos. A relação jurídica é uma espécie 
de relação social (BETIOLI, 2014, p. 336).
Sendo uma espécie de relação social, a relação jurídica coloca-se enquanto 
acessível, porém não é reduzida apenas a isso. Mantém seus valores, regras e 
normativas, seguindo os preceitos do direito. “A relação jurídica é um dos 
TÓPICO 2 | POSIÇÕES JURÍDICAS DOS SUJEITOS DE DIREITO NASRELAÇÕES JURÍDICAS
145
critérios ou ângulos de apreciação do fenômeno jurídico, e traduz uma concepção 
personalista do fenômeno jurídico” (AMARAL, 2017, p. 258).
As relações sociais são uma realidade, embora não material nem 
psicológica. Apreendem-se por meio de juízos, que são juízos de realidade. Tal 
como muitas outras entidades são reais, não obstante o observador só pode 
captá-las por meio de um juízo. O perigo, por exemplo, é real, embora só seja 
determinável por um juízo do observador (ASCENSÃO, 2010, p. 10).
Para Gomes (2016), a relação jurídica pode ser encarada sob dois aspectos:
• Aspecto 1: vínculo entre dois ou mais sujeitos de direito que obriga um deles, 
ou os dois, a ter certo comportamento. É, também, o poder direto de uma 
pessoa sobre determinada coisa.
• Aspecto 2: quadro no qual se reúnem todos os efeitos atribuídos por lei a 
esse vínculo, ou a esse poder. Em outras palavras, é o conjunto dos efeitos 
jurídicos que nascem de sua constituição, consistentes em direitos e deveres - 
com estes, entretanto, não se confundindo.
Diante disso, compreende-se a relevância da relação jurídica em ambos 
os aspectos citados por Gomes, sendo a relação social um canal de surgimento 
da relação jurídica, passando assim, a um novo patamar relacional. “Em 
suma, na relação jurídica há sempre um valor que integra os comportamentos 
de dois ou mais indivíduos, permitindo-lhes e assegurando-lhes um âmbito 
de pretensões exigíveis” (BETIOLI, 2014, p. 117). O autor ainda acresce: “A 
relação jurídica, portanto, vem a ser o vínculo entre pessoas, do qual derivam 
consequências obrigatórias, por corresponder a uma hipótese normativa” 
(BETIOLI, 2014, p. 338).
Sua principal fonte de referência é a experiência jurídica privada, conjunto 
de relações cujo conteúdo, isto é, os poderes e os deveres, é determinado pela 
autonomia dos particulares. Essa experiência particular consiste nas relações 
sociais de que os indivíduos participam e que, pela possibilidade potencial de 
gerarem conflitos de interesses, são disciplinadas pelo direito (AMARAL, 2017, 
p. 258).
São exemplos de relação jurídica a relação que se estabelece entre consumidor 
e fornecedor, a relação matrimonial, a relação de parentesco entre descendentes do 
mesmo ancestral, a relação locatícia entre locador e locatário, a relação de condomínio 
entre os coproprietários de uma coisa, a relação de responsabilidade civil solidária entre os 
que praticam um ato ilícito, a relação que existe entre os herdeiros do mesmo falecido etc. 
(AMARAL, 2017, p. 258)
INTERESSANTE
146
UNIDADE 3 | O DIREITO NO TEMPO E NO ESPAÇO – TEORIA DA RELAÇÃO JURÍDICA
Além disso, Betioli (2014, p. 337) corrobora acerca das relações sociais 
enquanto ressonância social:
De fato, há certas relações sociais que, pela sua ressonância no 
equilíbrio social, não podem ficar dependendo e sob o comando das 
preferências individuais. Elas devem, então, ser reguladas pelo direito, 
passando a ser “jurídicas”. O que as torna jurídicas é o fato de que o 
ordenamento jurídico atribui aos sujeitos da relação direitos e deveres. 
Portanto, o que caracteriza a relação jurídica não é o “conteúdo”, mas 
a “forma”, ou seja, o modo como os sujeitos se comportam um em 
relação ao outro, segundo a atribuição de direitos e deveres. 
Entretanto, a relação jurídica é regulada pelo direito, passando pelo 
ordenamento jurídico e chegando na relação de direitos e deveres, sendo que, de 
forma geral, diz respeito a questões de comportamento com os demais cidadãos. 
“É conceito básico do direito privado, representando a situação jurídica de 
bilateralidade que se estabelece entre sujeitos, uns em posição de poder, e outros 
em correspondente posição de dever” (AMARAL, 2017, p. 257).
Uma vez que as relações jurídicas são predominantemente relações 
humanas, de pessoa para pessoa, de sujeito para sujeito, supõe-se que 
todas hão de ser um vínculo pessoal. De fato, a relação social é, por 
definição, a que se trava entre homens, mas isso não significa que o 
Direito rege apenas relações sociais, nem que outras sujeições, como a 
de coisa ao homem, não possam ter igual qualificação no vocabulário 
jurídico. Não há coincidência necessária entre relação humana e 
relação jurídica. Outros tipos de vinculação também se classificam 
como autênticas relações jurídicas, ou vínculos dessa natureza 
(GOMES, 2016, p. 70).
Betioli (2014, p. 339) apresenta que a relação jurídica apresenta dois 
requisitos: “um, de ordem material (a relação social, o comportamento dos 
indivíduos) e outro de ordem formal (o seu reconhecimento pela ordem jurídica). 
Portanto, dois requisitos são necessários para que haja uma relação jurídica”. 
Observe o esquema a seguir:
QUADRO 3 – REQUISITOS DA RELAÇÃO JURÍDICA
REQUISITOS DA RELAÇÃO JURÍDICA
a) Uma relação intersubjetiva, ou seja, um vínculo entre duas ou mais pessoas. 
Só “pessoas” podem ser sujeitos da relação jurídica.
b) A correspondência ou adequação do vínculo com uma hipótese normativa, 
decorrendo por isso consequências obrigatórias. Tal adequação, em certos 
campos do direito, como no direito civil, pode operar-se por analogia. Em outros, 
por exemplo no direito penal, tem de ser precisa e rigorosa com a hipótese 
prevista na norma jurídica. Uma relação social pode também caracterizar-se 
como jurídica em um ramo de direito e não em outro: uma relação jurídica, 
por exemplo, pode ser “civil” e não ser relação jurídica “penal”. 
FONTE: Betioli (2014, p. 339)
TÓPICO 2 | POSIÇÕES JURÍDICAS DOS SUJEITOS DE DIREITO NAS RELAÇÕES JURÍDICAS
147
Ademais, faz necessário considerar que o conceito de relação jurídica 
é um tanto quanto moderno na ciência do direito, como pontua Amaral (2017, 
p. 262).
O conceito de relação jurídica é, assim, um conceito moderno na ciência 
do direito. Pertence ao direito privado, embora, por sua importância, seja 
também objeto da teoria do direito, e utilizado nos demais campos da ciência 
jurídica. É também ponto de partida do raciocínio jurídico, como pressuposto de 
legitimidade das partes intervenientes na questão de direito ou problema jurídico 
que se oferece ao intérprete. 
Portanto, ainda em desenvolvimento, a relação jurídica traz consigo 
questões de avaliação, verificação, elementos pontuais, sujeitos relacionais, 
dentre outras questões que permeiam o direito. “O conceito de relação jurídica 
tem grande importância para a teoria do direito e, particularmente, para o direito 
civil, pelas funções que desempenha” (AMARAL, 2017, p. 267).
 ASPECTOS HISTÓRICOS DA RELAÇÃO JURÍDICA
O conceito de relação jurídica é produto da pandectística alemã. Introduzido por Savigny, 
influenciado por Kant, que pela primeira vez se serviu dessa categoria para explicar a ideia 
do jurídico, consiste, ainda hoje, em uma das mais importantes categorias da técnica do 
direito privado e um dos mais importantes critérios de orientação da teoria do direito. 
Embora noção antiga, com antecedentes no direito romano (iuris vinculum, nexum, 
coniunctio), e no direito canônico medieval em matéria de casamento (relatio), foi com 
a pandectística alemã que se alçou à condição de conceito básico do sistema jurídico, 
considerada “relação de pessoa a pessoa, determinada por uma regra jurídica”. 
Com os juristas alemães do século XIX, que viam o direito como expressão da vida social 
e das relações que a constituem, a relação jurídica sofre uma dupla e complexa evolução. 
Por um lado, talvez pela circunstância de o direito civil ser, na época, o mais importante 
ramo do direito, tentou-se aplicar esse conceito aos demais ramos jurídicos (AMARAL, 2017, 
p. 260).
NOTA
A importância da relação jurídica manifesta-se ainda em algumas 
constatações de ordem prática. Só existem problemas jurídicos, ou 
conflitos de interesses, entre pessoas que integram relações jurídicas. 
Por isso, a ideia de direito e de justiça pressupõe um vínculo 
intersubjetivo, com direitos e deveres (AMARAL, 2017, p. 268).
148
UNIDADE 3 | O DIREITONO TEMPO E NO ESPAÇO – TEORIA DA RELAÇÃO JURÍDICA
Todavia, conclui-se que os problemas jurídicos e conflitos surgem a partir 
das relações jurídicas, perante a violação dos direitos/deveres dos sujeitos que 
vivem em sociedade. “Nesta ordem de ideias, é de se admitir a existência de 
relações jurídicas: 1º – entre uma pessoa e uma coisa; 2º – entre duas pessoas; 3º – 
entre uma pessoa e determinado lugar” (GOMES, 2016, p. 71).
Amaral (2017, p. 272) discorre que “a relação jurídica e os direitos nela 
contidos nascem, modificam-se e extinguem-se por efeito de certos acontecimentos 
que o direito considera importantes e que, por isso, lhes dá eficácia jurídica. São 
os fatos jurídicos”. Desta forma, percebe-se a seriedade, ao mesmo passo da 
flexibilidade diante da relação jurídica ao ponderar os fatos jurídicos, conforme o 
direito de modo geral.
Visto que a relação jurídica se trata entre dois sujeitos de direito, eles 
ocupam posições contrapostas. Na relação designam-se como partes. 
Destas distinguem-se os terceiros, que são as pessoas alheias à relação, 
mas que têm algum interesse em sua normalidade ou podem sofrer 
por sua causa um prejuízo. Uma vez que a relação jurídica é uma 
correlação entre posições contrárias, poderes e deveres das partes têm 
ordinariamente conteúdo distinto, mas em algumas, como na relação 
entre marido e mulher, o conteúdo é idêntico para as duas (GOMES, 
2016, p. 70).
Betioli (2014) postula ainda sua concepção acerca dos aspectos filosóficos 
acerca da relação jurídica, conforme a tabela a seguir.
QUADRO 4 – ASPECTOS FILOSÓFICOS ACERCA DA RELAÇÃO JURÍDICA
a) De acordo com a teoria tradicional (jusnaturalista), as relações jurídicas 
seriam relações sociais postas por si mesmas, apenas reconhecidas pelo 
Estado, com a finalidade de protegê-las.
b) Atualmente, segundo Reale (2002), prevalece a concepção segundo a qual as 
relações jurídicas surgem em virtude de ato constitutivo do Estado, ou seja, 
o Estado instaura modelos jurídicos que condicionam e orientam o constituir 
das relações jurídicas. Estas existem somente a partir da regulamentação 
jurídica, como visto anteriormente. De fato, a relação jurídica é uma relação 
direito-dever. Ela deriva, portanto, de uma regra, que no mesmo momento 
em que atribui a um o poder, atribui a outro o dever de não impedir o 
seu exercício. Dessa forma, mesmo considerando o direito como “relação 
intersubjetiva”, o fato não elimina a consideração “normativa”.
TÓPICO 2 | POSIÇÕES JURÍDICAS DOS SUJEITOS DE DIREITO NAS RELAÇÕES JURÍDICAS
149
c) O conceito de relação jurídica é produto da pandectística alemã, introduzido 
por Savigny. Contudo, a filosofia grega já considerava o direito e a justiça 
como relação. A filosofia medieval escolástica destaca o aspecto relacional da 
virtude, da justiça e de seu objeto (o ius sive justum), com Santo Tomás de 
Aquino criando as bases de uma filosofia da relação de direito. A escolástica, 
por sua vez, influenciou os juristas glosadores e os decretalistas, sendo 
Savigny (e com ele a escola histórica) quem eleva esse conceito à categoria 
básica da ciência do direito. Kant o traz para o campo da filosofia do direito, 
apontando a relação como o primeiro dos requisitos constitutivos do conceito 
do direito: “O conceito do direito, enquanto ele se refere a uma obrigação 
correspondente [...], diz respeito em primeiro lugar apenas à relação externa 
de uma pessoa para com outra, uma vez que as ações delas podem ter como 
fatos influência umas sobre as outras”. 
d) A relação jurídica, coerente com as ideias individualistas da época, surge 
tendo como princípio fundamental a liberdade, expressa na mais ampla 
esfera de autonomia da vontade. 
FONTE: Adaptado de Betioli, 2014
Dessa forma, percebe-se a construção histórica e filosófica acera da relação 
jurídica, desde a sua concepção até as modificações da atualidade: e que houveram 
críticas da parte de alguns juristas, mas que não impediram a sua implementação. 
“Qualquer que seja o entendimento seguido, o conceito de relação jurídica ocupa 
um lugar de relevo na teoria do direito, no direito civil e até na filosofia do direito” 
(AMARAL, 2017, p. 267).
Foi Windscheid quem limitou o conceito de relação jurídica a vínculo 
entre pessoas, apadrinhando a ideia de que toda relação jurídica há 
de ter, necessariamente, um sujeito passivo. Durante algum tempo, a 
doutrina inclinou-se para essa concepção personalista, da qual resultou 
a construção teórica dos direitos reais como integrantes de relações 
jurídicas entre um sujeito ativo e um sujeito passivo indeterminado. 
Verificou-se, mais tarde, a desnecessidade de tal construção. Nem é 
preciso imaginar a existência de sujeito passivo universal para defini-
las, uma vez que, tecnicamente, torna-se possível conceber relação 
entre pessoa e coisa, e, até, relação jurídica entre coisas (GOMES, 2016, 
p. 71).
Contudo, apesar desta construção e organização, a relação jurídica possui 
ainda alguns componentes: elementos, sujeitos, espécies e posições da relação 
jurídica. Observe os quadros a seguir:
150
UNIDADE 3 | O DIREITO NO TEMPO E NO ESPAÇO – TEORIA DA RELAÇÃO JURÍDICA
QUADRO 5 – ELEMENTOS FUNDAMENTAIS DA RELAÇÃO JURÍDICA CONFORME BETIOLI
1º - sujeito ativo e sujeito passivo;
2º - vínculo de atributividade;
3º - objeto.
O fato e a norma jurídica, arrolados por alguns autores como elementos, são antes 
pressupostos da existência da relação jurídica.
FONTE: Adaptado de BETIOLI, 2014
Todavia, Gomes (2016) apresenta tais elementos com outro olhar, 
apresentando novos aspectos. 
QUADRO 6 – ELEMENTOS FUNDAMENTAIS DA RELAÇÃO JURÍDICA CONFORME GOMES
a) Sujeito. Em toda relação jurídica, figura, pelo menos, um sujeito. Não há 
direito sem sujeito. 
b) Objeto. Objeto é o bem no qual incide o poder do sujeito, ou a prestação 
exigível.
c) Fato propulsor. O fato é o acontecimento, dependente ou não da vontade humana, 
a que a lei atribui a função de criar, modificar ou extinguir direitos.
FONTE: Adaptado de Gomes, 2016
Dessa forma, os elementos são indispensáveis para a constituição da 
relação jurídica em sua forma correta, sendo os componentes: sujeito, objeto e fato 
propulsor. Além dos elementos, a relação jurídica possui os sujeitos da relação 
jurídica. Observe o quadro a seguir:
QUADRO 7 – SUJEITOS DA RELAÇÃO JURÍDICA
“Toda pessoa que se insere numa relação jurídica tem sempre direitos e deveres, 
e não apenas direitos ou somente deveres. Assim, por exemplo, se A é devedor de certa 
quantia a B, em virtude de uma letra de câmbio, ele tem o “dever” de pagar o débito no 
vencimento. Se B, entretanto, quiser antecipar o pagamento, A tem o “direito” de pagar 
apenas na data prevista no título” (BETIOLI, 2014, p. 339).
a) Sujeito ativo 
É o credor da prestação principal. O portador do direito subjetivo de 
poder exigir o seu cumprimento. Num contrato de mútuo, aquele que 
empresta certa quantia em dinheiro e possui o direito de ser pago 
no prazo e em condições estipuladas é o sujeito ativo. O que não 
elide, como dito, que ele também tenha deveres correlatos ou não.
TÓPICO 2 | POSIÇÕES JURÍDICAS DOS SUJEITOS DE DIREITO NAS RELAÇÕES JURÍDICAS
151
b) Sujeito 
passivo
Aquele que integra a relação jurídica como responsável ou devedor 
da prestação principal. No exemplo dado, é o mutuário ou o devedor. 
O que não exclui que também tenha direito de exigir algo em sentido 
complementar. 
FONTE: Adaptado de BETIOLI, 2014
Além dos elementos e dos sujeitos essenciais à relação jurídica, há ainda 
as espécies, que foram minuciosamente colocadas por Betioli (2014) conforme o 
quadro a seguir:
QUADRO 8 – ESPÉCIES DA RELAÇÃO JURÍDICA
a) Quanto à disciplina normativa, a relação jurídica pode ser civil, penal, trabalhista, 
comercial etc.
b) Com relação ao objeto, elas se distinguem em pessoais, obrigacionais e reais, 
conforme seja uma pessoa, uma prestação ou uma coisa.
c) Quanto ao sujeito, as relações jurídicas podem ser relativas: aquelas em que uma 
pessoa ou um grupode pessoas figura como sujeito passivo. Ou absolutas: quando 
a coletividade apresenta-se como sujeito passivo, como ocorre quanto ao direito de 
propriedade que todas as pessoas têm o dever de respeitar.
d) Quanto às formas de relações jurídicas, há de salientar, entre as obrigacionais, as 
de tipo “negocial” que resultam diretamente da vontade manifestada na forma da 
lei. Aqui vale ressaltar que, além da relação jurídica do tipo contratual em que há 
prestação e contraprestação recíprocas (do ut des), há outra na qual os sujeitos não 
se integram num plano de re ciprocidade, não se exigindo, pois, paridade entre as 
mútuas pretensões, como acontece nos contratos. É uma relação do tipo institucional, 
que pode ser de “coordenação” (como acontece, por exemplo, nas relações entre 
os sócios de uma sociedade anônima), de “subordinação” (como entre o Fisco e o 
contribuinte) ou de “integração” (como as que se constituem entre o marido e a 
mulher, os pais e os filhos no seio da comunidade familiar). 
e) A relação jurídica pode ainda ser de “direito público” ou de “subordinação”: ocorre 
quando o Estado participa na relação como sujeito ativo, impondo-se com o seu 
poder de mando. De “direito privado” ou de “coordenação”, quando é integrada 
por particulares em um plano de igualdade, podendo nela o Estado participar desde 
que não investido de sua autoridade. 
FONTE: Adaptado de BETIOLI, 2014
Contudo, tais elementos fazem parte da relação jurídica e a fortalecem 
enquanto pertencente à ciência do direito. “No campo da teoria constitui-se em 
categoria básica para a explicação do fenômeno jurídico, juntamente à norma 
jurídica e à instituição, ambas complementares” (AMARAL, 2017, p. 267). O 
autor ainda acresce:
152
UNIDADE 3 | O DIREITO NO TEMPO E NO ESPAÇO – TEORIA DA RELAÇÃO JURÍDICA
A ideia de relação jurídica como vínculo normativo permite, ainda, 
explicar uma série de fatos da vida jurídica, em que se verificam 
mudanças subjetivas na relação, como a cessão de crédito, a assunção 
de dívida, a função social da propriedade, os direitos e deveres 
matrimoniais, e ainda mudanças objetivas, como a sub-rogação 
prevista no art. 1.409 do Código Civil (AMARAL, 2017, p. 268).
Dessa forma, é necessário compreender que o direito é um sistema repleto 
de relações jurídicas, diante da pluralidade de sujeitos, fatos e comportamentos 
(GOMES, 2016). Entretanto, “As relações jurídicas são consequência dos fatos 
jurídicos. Nascem da qualificação dos fatos da vida real pelo sistema jurídico (ex 
facto ius oritur)” (AMARAL, 2017, p. 278).
Pontua-se ainda que “As relações jurídicas que, a princípio, somente se 
travavam em restrito setor da vida econômica, ultrapassaram e se incorporaram 
praticamente à vida de todas as pessoas” (GOMES, 2016, p. 15). Dessa forma, 
a relação jurídica é modificada ao mesmo passo em que os sujeitos ou objetos 
modificam-se (Amaral, 2017).
Merece atenção especial o enfoque tridimensional com que Michell 
Virally se refere ao conceito de relação jurídica. Essa relação, segundo ele, “nasce 
de uma simples situação de fato, que uma norma carrega de significação jurídica 
à luz dos valores que ela exprime e onde ela encontra o fundamento de sua força 
específica”. No comentário de Reale, “não poderia ser melhor determinado 
tridimensionalmente o conceito de relação jurídica, não só pela presença dos três 
fatores integrados em unidade, como também pela compreensão de que a norma, 
como instrumento de qualificação jurídica, traduz a significação dos valores que 
lhe servem de fundamento” (BETIOLI, 2014, p. 338).
Neste tópico já foram explanados os elementos, sujeitos e espécies, 
por último e não menos importante, as posições da relação jurídica: que são 
extremamente relevantes na ciência do direito. Avalie o esquema a seguir:
QUADRO 9 – POSIÇÕES JURÍDICAS
POSIÇÕES JURÍDICAS ATIVAS
I- Modalidades: há numerosas categorias de posições jurídicas ativas. Este é 
mesmo um domínio tumultuado, perante a emergência de novas figuras. 
Sem preocupação de exaustividade, distinguimos: poderes elementares 
(ou faculdades), poderes genéricos, direitos subjetivos, poderes funcionais, 
interesses juridicamente protegidos.
TÓPICO 2 | POSIÇÕES JURÍDICAS DOS SUJEITOS DE DIREITO NAS RELAÇÕES JURÍDICAS
153
II- Poderes elementares ou faculdades: a distinção entre os poderes elementares 
e as outras figuras só é possível porque as posições jurídicas podem 
combinar, por sua vez, entre si, de maneira a formarem posições jurídicas 
complexas. No entanto, os poderes, a que chamamos elementares para 
distinguir das outras realidades, são elementos simples; os restantes serão 
em princípio complexos. Os poderes elementares surgem por isso por sua 
vez no conteúdo das outras realidades. Será por eles que vamos começar 
a nossa análise, justamente por serem simples. Advertimos, porém, que a 
ordem expositiva não corresponde à ordem da vida. A realidade da vida é a 
complexidade. É apenas mediante um esforço de abstração que conseguimos 
divisar os elementos simples como seus componentes.
III- Poderes genéricos: no respeito aos poderes genéricos nada acrescentaremos 
ao que ficou atrás dito, na crítica à relação jurídica absoluta. Assim, o direito 
constitucionalmente atribuído de representação é provavelmente um poder 
genérico, pois compõe sempre a esfera jurídica do sujeito, independentemente 
das situações concretas com relação às que possam ser exercidas. Não 
implica, nomeadamente, qualquer relação. M. Gomes da Silva versa em 
termos coincidentes essa matéria. Denomina, porém, os poderes genéricos 
direitos integradores, por se destinarem a integrar ou preencher o conteúdo 
de outras situações; e exemplifica com o direito de defesa, o direito da ação 
judicial e o direito de disposição e aquisição.
POSIÇÕES JURÍDICAS PASSIVAS
I- Passando às posições jurídicas passivas, temos desde logo a dificuldade de 
encontrar um termo que a todos abranja. Como a palavra «deveres» está 
muito comprometida, vamos falar de vinculações ou adstrições. As grandes 
categorias de vinculações são, dentro do possível paralelismo com as 
situações jurídicas ativas: deveres genéricos, obrigações. sujeições, deveres 
funcionais.
II- Sujeições: são as situações contrapostas aos direitos subjetivos de crédito. 
Representam uma situação autônoma e complexa. Serão objeto de estudo 
específico no Direito das Obrigações. As sujeições são as situações globais 
contrapostas aos direitos potestativos. Tivemos oportunidade de dizer 
que há situações ativas com caráter potestativo que, quando autônomas, 
constituem os direitos potestativos. As situações passivas correspondentes, 
também necessariamente autônomas, são as sujeições. Por isso não é correto 
falar em deveres para designar também esta categoria. O dever acorda 
necessariamente uma ideia de dever ser, logo de violabilidade. As sujeições, 
como vimos já, são rigorosamente invioláveis. Enfim, os deveres funcionais 
são posições passivas a que se aplica muta tis mutandis o que dissemos sobre 
os poderes funcionais.
154
UNIDADE 3 | O DIREITO NO TEMPO E NO ESPAÇO – TEORIA DA RELAÇÃO JURÍDICA
III- Ônus: se considerarmos que há figuras autônomas de ônus, caracterizadas 
pelo aspecto ativo – alguém é titular de uma situação jurídica cujo conteúdo 
é representado pela outorga de uma vantagem em contrapartida de um 
sacrifício – vemos que nessa situação há um aspecto ativo e um aspecto 
passivo, simultaneamente, na mesma titularidade. Este caráter misto de 
atividade e passividade é típico do ônus. Mas o que interessa agora acentuar 
é que, se há esse aspecto ativo, também tem de haver correlativamente uma 
posição passiva de outro titular. Suponhamos que se atribui isenção de 
impostos a quem for doador de sangue, para além de certo grau. Há uma 
figura autônoma de ônus. 
A estas situações jurídicas unilaterais chamamos posições jurídicas, 
num sentido decerto convencional, mas em que se aproveita 
a disponibilidade da expressão e a sua acepção tendencial, 
nomeadamentena doutrina italiana. Toda a situação jurídica de uma 
pessoa pode ser designada posição jurídica, por oposição às relações 
jurídicas. E é ainda por si uma situação jurídica, dada a grande latitude 
desta noção (ASCENSÃO, 2010, p. 48).
Para o autor, “a posição jurídica ou coloca o sujeito em posição de vantagem 
ou em posição de desvantagem, no seio da ordem jurídica” (ASCENSÃO, 2010, p. 
49). Dessa forma, as posições na relação jurídica propiciam situações unilaterais. 
Pode-se definir posição jurídica como: situações de uma pessoa regulada pelo 
direito (ASCENSÃO, 2010).
Nesse sentido, compreende-se os elementos e aspectos que constroem e 
constituem as relações jurídicas, de modo a enriquecer, fundamentar e norteá-
las, a fim de manter as relações sociais em ordem, sendo que a relação jurídica 
é oriunda da relação social. O direito, como ciência humana e social não teria 
eficácia sem o homem: eis a relação jurídica.
FONTE: Adaptado de ASCENSÃO, 2010
155
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• As relações sociais fornecem a matéria-prima do Direito.
• Relação jurídica é o vínculo que o direito reconhece entre pessoas ou grupos, 
atribuindo-lhes poderes e deveres. 
• A relação jurídica é um dos critérios ou ângulos de apreciação do fenômeno 
jurídico, e traduz uma concepção personalista do fenômeno jurídico.
• Na relação jurídica há sempre um valor que integra os comportamentos de 
dois ou mais indivíduos, permitindo-lhes e assegurando-lhes um âmbito de 
pretensões exigíveis.
• Nesta ordem de ideias, é de se admitir a existência de relações jurídicas: 1º – 
entre uma pessoa e uma coisa; 2º – entre duas pessoas; 3º – entre uma pessoa e 
determinado lugar. 
• Na relação jurídica se tem: elementos, sujeitos, espécies e posições.
156
AUTOATIVIDADE
1 Componentes da relação jurídica e do direito como um todo, as posições 
jurídicas podem ser __________ ou _____________. Complete as lacunas em 
branco com a alternativa correta:
a) ( ) Poderes elementares ou genéricos.
b) ( ) Sujeições ou Ônus.
c) ( ) Ativas ou Passivas.
d) ( ) Nenhuma das alternativas está correta.
2 Conforme Betioli (2014) os elementos fundamentais da relação jurídica são:
I- Sujeito ativo e passivo.
II- Vínculo de atributividade.
III- Objeto.
Assinale a alternativa correta:
a) ( ) Somente a alternativa I está correta.
b) ( ) As alternativas I e II estão corretas, apenas.
c) ( ) Somente a alternativa II está correta.
d) ( ) Todas as alternativas estão corretas.
157
TÓPICO 3
DIREITO SUBJETIVO
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Direito Subjetivo e suas particularidades: é sobre isso que iremos estudar 
neste tópico. Dentre os aspectos, o direito subjetivo possui modalidades, 
classificações, elementos e ferramentas oriundas de uma construção histórica 
e teórica, que subsidia a prática dos juristas na atualidade diante das 
modificações sociais. 
Desta forma, precisamos citar também o direito objetivo, que em uma 
breve conceituação, pode ser definido como o conteúdo que está na norma de 
maneira abstrata, enquanto o poder subjetivo é a ação oriunda da norma, a fim 
de que os cidadãos possam defender os seus interesses.
Falar de direito subjetivo, fala-se ainda em ação: em retirarmos a norma do 
papel e colocarmos na prática diante dos fatos atuais. Neste tópico abrandaremos 
de maneira profunda o Direito Subjetivo a fim de que você compreenda-o de 
maneira completa. Além disso, é importante reconhecermos a importância do 
Direito Objetivo como um todo enquanto aplicabilidade do direito.
Bons estudos!
2 DIREITO SUBJETIVO
Após estudarmos os conteúdos acerca da relação jurídica, faz-se 
importante compreender os conceitos relevantes acerca do direito objetivo, que 
é conceituado por Ferraz Junior (2018, p. 114): “O direito subjetivo é o poder 
ou domínio da vontade livre do homem, que o ordenamento protege e confere” 
(FERRAZ JUNIOR, 2018, p. 114).
Nesse sentido, “temos, desse modo, uma compreensão do direito subjetivo 
vinculado à pessoa humana, como ente racional e volitivo, o que corresponde a 
uma superada visão antropomórfica do Direito” (REALE, 2002, p. 251). Contudo, 
o direito subjetivo traz aspectos vinculados ao indivíduo diante da visão jurídica.
UNIDADE 3 | O DIREITO NO TEMPO E NO ESPAÇO – TEORIA DA RELAÇÃO JURÍDICA
158
Todavia, entende-se que “O direito subjetivo consiste, assim, na 
possibilidade de agir e de exigir aquilo que as normas de Direito atribuem a 
alguém como próprio” (NADER, 2019, p. 289). Desta maneira, Betioli (2015) ainda 
acresce: “O direito subjetivo, como espécie de situação subjetiva, vem a ser a 
possibilidade de exigir-se, de maneira garantida, aquilo que as normas de direito 
atribuem a alguém como próprio”. Em suma, é o poder que a ordem jurídica 
confere a alguém de agir e de exigir de outrem determinado comportamento 
(BETIOLI, 2015, p. 364).
Sendo assim, o direito subjetivo é cerceado por algumas teorias, como 
coloca Nunes (2018, p. 171) “A ideia de direito subjetivo aponta para muitas 
alternativas de explicação, existindo mesmo uma série de teorias que disputam 
seu sentido”. Portanto, “Se o direito subjetivo pode ser exercido, mas não de 
forma ilimitada ou injustificada, sob pena de ser taxado de abusivo, então, o que 
existe junto desse direito subjetivo é, no exato momento em que surge o limite, 
um dever” (NUNES, 2018, p. 174). Compreende-se ainda que o direito subjetivo é 
sistematicamente fundamentado, como veremos em breve neste tópico.
Costuma-se ligar o conceito de direito subjetivo a uma antiga distinção, 
de origem latina, entre facultas agendi e norma agendi no sentido de que a regra 
jurídica delimita objetivamente o campo social dentro do qual é facultado ao 
sujeito da relação pretender ou fazer aquilo que a norma lhe atribui (REALE, 
2002, p. 249).
O autor ainda corrobora relatando que “O direito subjetivo não é o querer, 
mas a possibilidade de querer. Não é a vontade, mas a potencialidade da vontade” 
(REALE, 2002, p. 255). Portanto, o direito subjetivo proporciona a possibilidade 
do fazer, oferecendo modalidades de atuação na instancia jurídica, como traz 
Betioli (2015, p. 364): “Assim, o direito subjetivo opõe-se correlativamente ao dever 
jurídico. De um lado tem-se o direito subjetivo e, de outro, um dever jurídico 
colocado em posição diametralmente oposta; um não existe sem o outro”.
 
Ao lidar com o ser humano, o direito têm muito bem estabelecido o seu 
papel no âmbito jurídico, como coloca Reale (2002, p. 251) “O homem sabe, quer e 
age. Enquanto o homem quer e age, ele se situa variavelmente no âmbito de regras 
de direito. O direito subjetivo, portanto, é a vontade juridicamente protegida”. 
Ademais, considera-se que o direito positivo é um grande influenciador do 
direito subjetivo, conforme o autor coloca:
Observa-se, por exemplo, que muitas vezes o direito subjetivo existe 
e continua existindo a despeito da vontade do titular ou contra essa 
mesma vontade. Imagine-se que o credor de uma importância não se 
disponha a cobrá-la. O Direito positivo lhe dá a ação para efetivar o seu 
direito. O credor, entretanto, por um motivo qualquer, de amizade, ou 
por mero espírito altruístico, não exerce o seu direito, tampouco se 
preocupa com ele. Há, portanto, uma carência de vontade, mas isto 
não implica na extinção do direito subjetivo. Para todos os efeitos, o 
credor continua sendo o titular de um direito subjetivo (REALE, 2002, 
p. 252).
TÓPICO 3 | DIREITO SUBJETIVO
159
 Ainda se tem o direito objetivo, que chega anterior ao direito subjetivo, 
como apresenta Nunes (2018, p. 170): “O direito objetivo corresponde à norma 
jurídica em si, enquanto comando que pretende um comportamento. É aquele 
objetivado independentemente do momento de uso e exercício. O direito positivo 
é a soma do direito objetivo com o direito e o dever subjetivos”.
 
Entretanto, se faz relevante visualizar o direito subjetivo com seu 
arcenal de potencialidades e efetividades, conforme as teorias fundamentame 
regulamentam-na diante da ciência do direito como um todo.
O direito subjetivo decorre da incidência de normas jurídicas sobre 
fatos sociais. As regras podem qualificar os direitos tanto pela 
imposição de deveres jurídicos aos sujeitos que se encontrem em 
determinadas situações ou reconhecendo, diretamente, vantagens aos 
portadores de situações jurídicas específicas (NADER, 2019, p. 289).
Dessa forma, Nunes (2018, p. 174) destaca que “[...] o direito subjetivo é 
a prerrogativa colocada pelo direito objetivo, à disposição do sujeito do direito”. 
Sendo o direito objetivo uma prática pautada principalmente na constituição e na 
imutabilidade, o direito subjetivo leva em consideração os sujeitos envolvidos.
Esse direito subjetivo — direito de propor ação para despejar o inquilino 
— é posto à disposição do locador como uma prerrogativa. Ou, em outras 
palavras, o locador não tem a obrigação de ingressar com ação de despejo contra 
o inquilino. Pode ou não ingressar. É direito subjetivo seu, e somente a ele cabe 
decidir se o exercita ou não (NUNES, 2018, p. 172).
Nas origens remotas, o direito subjetivo tem a ver com a noção de privilegium, 
direitos especiais que se conferiam, na Idade Média, ao status de cada categoria social. Os 
romanos, propriamente, sempre entenderam que o jus era algo delimitadamente conferido 
a um grupo social: o jus civile era o direito dos cidadãos e, mais tarde, o jus gentium era o 
direito próprio das situações em que os litígios envolviam estrangeiros e que exigiam um 
pretor especial, o praetor peregrinus (FERRAZ JUNIOR, 2018, p. 112)
NOTA
É importante compreendermos, ainda, que “Direito objetivo e direito 
subjetivo, no pensamento kelseniano, são apenas posições distintas do Direito, 
que é um único sistema lógico-gradativo de normas” (REALE, 2002, p. 256). 
Contudo, “O direito subjetivo apresenta-se sempre em relação jurídica. Apesar 
de relacionar-se com o Direito objetivo, ele se opõe correlatamente é ao dever 
jurídico. Um não existe sem o outro” (NADER, 2019, p. 289). Ambos os direitos 
fazem parte do ordenamento jurídico, de modo a executarem seus papéis na 
ciência do direito.
UNIDADE 3 | O DIREITO NO TEMPO E NO ESPAÇO – TEORIA DA RELAÇÃO JURÍDICA
160
Os conceitos de direito objetivo e de direito subjetivo se complementam, 
não sendo possível conceber o direito subjetivo antes ou independentemente do 
direito objetivo, com o qual forma um par inseparável. Já disseram que o direito 
subjetivo está para o objetivo como a área interna de um cone está para a sua face 
externa protetora (W. Burckhardt) (BETIOLI, 2015, p. 365).
QUADRO 10 – DIREITO OBJETIVO E SUBJETIVO CONFORME NADER
DIREITO OBJETIVO
Do ponto de vista objetivo, o Direito é norma de organização social. É o chamado Jus 
norma agendi. Quando se afirma que o Direito do Trabalho não é formalista, emprega-se 
o vocábulo Direito em sentido objetivo, como referência às normas que organizam as 
relações de emprego.
DIREITO SUBJETIVO
Corresponde às possibilidades ou poderes de agir, que a ordem jurídica garante a 
alguém. Equivale à antiga colocação romana, hoje superada, do Jus facultas agendi. O 
direito subjetivo é um direito personalizado, em que a norma, perdendo o seu caráter 
teórico, projeta-se na relação jurídica concreta, para permitir uma conduta ou estabelecer 
consequências jurídicas. Quando dizemos que “fulano tem direito à indenização”, 
afirmamos que ele possui direito subjetivo. É a partir do conhecimento do Direito objetivo 
que deduzimos os direitos subjetivos de cada parte dentro de uma relação jurídica.
FONTE: Adaptado de Nader, 2019
Contudo, compreende-se que é a partir do direito objetivo que o direito 
subjetivo vem à tona nos casos jurídicos, e por isso eles se complementam, como 
coloca Nunes (2018, p. 175): “Não há direito subjetivo sem o outro que o tenha 
de respeitar”. Além disso, “[...] o uso tradicional reporta-se à noção de direito 
subjetivo para identificar o sujeito jurídico em geral. A ideia de que se trata do 
portador do direito reporta-se à liberdade no sentido de autonomia” (FERRAZ 
JUNIOR, 2018, p. 120).
A expressão direito subjetivo cobre diversas situações, difíceis de 
serem trazidas a um denominador comum. A própria liberdade, em 
seu ambíguo sentido moderno de autonomia e de não impedimento, 
é ela própria um lugar comum, um importante topos que orienta e 
organiza o raciocínio, mas que não lhe confere um caráter lógico 
rigoroso. Dada essa diversidade de casos, é possível opor, assim, a 
noção de direito objetivo às diferentes situações subjetivas, entendidas 
como posições jurídicas dos destinatários das normas em seu agir: 
exercer atos de vontade, ter interesses protegidos, conferir poder, ser 
obrigado etc. (FERRAZ JUNIOR, 2018, p. 115).
TÓPICO 3 | DIREITO SUBJETIVO
161
Dessa forma, “o Direito subjetivo, no sentido específico e próprio deste 
termo, só existe quando a situação subjetiva implica a possibilidade de uma 
pretensão, unida à exigibilidade de uma prestação ou de um ato de outrem” 
(REALE, 2002, p. 259). Entretanto, há correntes teóricas que fundamentam o 
direito subjetivo. 
QUADRO 11 – PRINCIPAIS TEORIAS DO DIREITO SUBJETIVO
TEORIA DA VONTADE
Para Bernhard Windscheid (1817–1892), jurisconsulto alemão, o direito subjetivo “é o 
poder ou senhorio da vontade reconhecido pela ordem jurídica”. O maior crítico dessa 
teoria foi Hans Kelsen, que por meio de vários exemplos a refutou, demonstrando que 
a existência do direito subjetivo nem sempre depende da vontade de seu titular. Os 
incapazes, tanto os menores como os privados de razão e os ausentes, apesar de não 
possuírem vontade no sentido psicológico, possuem direitos subjetivos e os exercem 
por meio de seus representantes legais. Reconhecendo as críticas, Windscheid tentou 
salvar a sua teoria, esclarecendo que a vontade seria a da lei. Para Del Vecchio, a falha 
de Windscheid foi situar a vontade na pessoa do titular in concreto, enquanto deveria 
considerar a vontade como simples potencialidade. A concepção do jusfilósofo italiano é 
uma variante da teoria de Windscheid, pois também inclui o elemento vontade (querer) 
em sua definição: “a faculdade de querer e de pretender, atribuída a um sujeito, em que 
corresponde uma obrigação por parte dos outros”.
TEORIA DO INTERESSE
Rudolf von Ihering (1818-1892), jurisconsulto alemão, centralizou a ideia do direito 
subjetivo no elemento interesse, afirmando que direito subjetivo seria “o interesse 
juridicamente protegido”. As críticas feitas à teoria da vontade são repetidas aqui, com 
pequena variação. Os incapazes, não possuindo compreensão das coisas, não podem 
chegar a ter interesse e nem por isso ficam impedidos de gozar de certos direitos 
subjetivos. Considerado o elemento interesse sob o aspecto psicológico, é inegável que 
essa teoria já estaria implícita na da vontade, pois não é possível haver vontade sem 
interesse. Se tomarmos, porém, a palavra interesse não em caráter subjetivo, de acordo 
com o pensamento da pessoa, mas em seu aspecto objetivo, verificamos que a definição 
perde em muito a sua vulnerabilidade. O interesse, considerado não como “o meu” ou “o 
seu” interesse, mas tendo em vista os valores gerais da sociedade, não há dúvida de que 
é elemento integrante do direito subjetivo, de vez que este expressa sempre interesse de 
variada natureza, seja econômica, moral, artística etc. Muitos criticam ainda esta teoria, 
entendendo que o seu autor confundiu a finalidade do direito subjetivo com a natureza
TEORIA ECLÉTICA
Georg Jellinek (1851–1911), jurisconsulto e publicista alemão, considerou insuficientes 
as teorias anteriores, julgando-as incompletas. O direito subjetivo não seria apenas 
vontade, nem exclusivamente interesse, mas a reunião de ambos. O direito subjetivo seria 
“o bem ou interesse protegido pelo reconhecimento do poder da vontade”. As críticas 
feitas isoladamente à teoria da vontade e à do interesse foram acumuladas na presente.
UNIDADE 3 | O DIREITO NO TEMPO E NO ESPAÇO– TEORIA DA RELAÇÃO JURÍDICA
162
TEORIA DE DUGUIT
Seguindo a linha de pensamento de Augusto Comte, que chegou a afirmar que “chegará 
um dia em que nosso único direito será o direito de cumprir o nosso dever [...], em que 
um Direito Positivo não admitirá títulos celestes e assim a ideia do direito subjetivo 
desaparecerá”, Léon Duguit (1859–1928), jurista e filósofo francês, no seu propósito de 
demolir antigos conceitos consagrados pela tradição, negou a ideia do direito subjetivo, 
substituindo-o pelo conceito de função social. Para Duguit, o ordenamento jurídico se 
fundamenta não na proteção dos direitos individuais, mas na necessidade de manter a 
estrutura social, cabendo a cada indivíduo cumprir uma função social.
FONTE: Adaptado de Nader, 2019
Essas quatro grandes teorias fornecem e subsidiam a funcionalidade do 
direito subjetivo que, ainda hoje, vêm se construindo e reconstruindo através das 
modificações sociais, como coloca Ferraz Junior (2018):
Ora, o direito subjetivo nada mais é do que essa garantia conferida pelo 
direito objetivo, a qual se invoca quando a liberdade é violada. Essa 
teoria, porém, ao salvar o direito subjetivo das objeções mencionadas 
(afinal, mesmo à criança ou ao louco se confere a garantia de invocar a 
proteção da legislação, se sua liberdade é violada) acaba por eliminá-
lo como realidade por si, pois ele passa a confundir-se com a proteção 
(da liberdade) conferida pelo direito objetivo (FERRAZ JUNIOR, 2018, 
p. 114).
A Teoria Geral do Direito hodierna, partindo dessas e de outras críticas às 
antigas teses que já examinamos, reelaborou os estudos sobre o direito subjetivo, fixando 
alguns pontos essenciais. Um deles se refere exatamente ao conceito de situação subjetiva, 
que, a princípio, passou a ser sinônimo de direito subjetivo para, mais acertadamente, ser 
vista depois como o gênero no qual o direito subjetivo representa uma espécie (REALE, 
2002, p. 257).
NOTA
Além disso, o direito subjetivo possui consigo uma série de classificações, 
modalidades e elementos. “Em linhas gerais, o direito subjetivo representa a 
possibilidade de exigir-se, como próprios, uma prestação, ou um ato, de maneira 
garantida, nos limites atributivos das regras de direito” (REALE, 2002, p. 265).
Nader (2018) reforça a potencialidade e eficácia do direito subjetivo, ao 
reportar-se a sua autonomia e independência: 
TÓPICO 3 | DIREITO SUBJETIVO
163
E mesmo que estejamos falando de um direito subjetivo que independa 
do exercício da prerrogativa para poder existir, como o direito à vida, 
à honra, à imagem etc., ainda assim sempre existirá o outro. No caso, 
o outro são todos os outros, que devem respeitar tais direitos. É um 
direito que se impõe erga omnes, isto é, a todos (NUNES, 2018, p. 175).
QUADRO 12 – CLASSIFICAÇÃO DO DIREITO SUBJETIVO
DIREITOS SUBJETIVOS PÚBLICOS
A distinção entre o direito subjetivo público e o privado toma por base a pessoa do sujeito 
passivo da relação jurídica. Quando o obrigado for pessoa de Direito Público, o direito 
subjetivo será público e, inversamente, quando na relação jurídica o obrigado for pessoa 
de Direito Privado, o direito subjetivo será privado. Essa distinção não é antiga, de vez 
que até há pouco tempo, relativamente, não se admitia a existência de direito subjetivo 
público, em face da ideia predominante de que o Estado, como autor e responsável pela 
aplicação do Direito, não estaria sujeito as suas normas. O direito subjetivo público 
divide-se em direito de liberdade, de ação, de petição e direitos políticos. 
DIREITOS SUBJETIVOS PRIVADOS
Sob o aspecto econômico, os direitos subjetivos privados dividem-se em patrimoniais 
e não patrimoniais. Os primeiros possuem valor de ordem material, podendo ser 
apreciados pecuniariamente, o que não sucede com os não patrimoniais, de natureza 
apenas moral. Os patrimoniais subdividem-se em reais, obrigacionais, sucessórios e 
intelectuais. Os direitos reais – jus in re – têm por objeto um bem móvel ou imóvel, 
como o domínio, usufruto, penhor. Os obrigacionais, também chamados de crédito ou 
pessoais, têm por objeto uma prestação pessoal, como ocorre no mútuo, contrato de 
trabalho etc. Sucessórios são os direitos surgidos em decorrência do falecimento de seu 
titular e transmitidos aos herdeiros. Finalmente, os direitos intelectuais dizem respeito 
aos autores e inventores, que têm o privilégio de explorar a sua obra, com exclusão de 
outras pessoas.
DIREITOS ABSOLUTOS E RELATIVOS
Nos direitos absolutos, a coletividade figura como sujeito passivo da relação. São 
direitos que podem ser exigidos contra todos os membros da coletividade, por isso são 
chamados erga omnes. O direito de propriedade é um exemplo. Os relativos podem 
ser opostos apenas em relação a determinada pessoa ou pessoas, que participam da 
relação jurídica. Os direitos de crédito, de locação, os familiais são alguns exemplos de 
direitos que podem ser exigidos apenas contra determinada ou determinadas pessoas, 
com as quais o sujeito ativo mantém vínculo, seja decorrente de contrato, de ato ilícito 
ou por imposição legal.
DIREITOS TRANSMISSÍVEIS E NÃO TRANSMISSÍVEIS
Como os nomes indicam, os primeiros são os direitos subjetivos que podem passar de 
um titular para outro, o que não ocorre com os não transmissíveis, seja por absoluta 
impossibilidade de fato ou por impossibilidade legal. Os direitos personalíssimos 
são sempre direitos não transmissíveis, enquanto os direitos reais, em princípio, são 
transmissíveis. A transmissibilidade dos direitos se opera inter vivos ou mortis causa, isto 
é, entre pessoas vivas, como nos contratos de locação e comodato, ou
UNIDADE 3 | O DIREITO NO TEMPO E NO ESPAÇO – TEORIA DA RELAÇÃO JURÍDICA
164
em razão de morte, como na sucessão legítima e na testamentária. Na sucessão mortis 
causa, o direito se transmite no momento da morte do autor da herança, abertura da 
sucessão, ainda que os herdeiros sejam desconhecidos. Trata-se de uma ficção jurídica, 
que visa a evitar a figura de direitos subjetivos sem titularidade. Com a aceitação da 
herança pelos herdeiros verifica-se a ratificação da aquisição da propriedade e da posse, 
que se mantêm indivisíveis até o momento da partilha.
DIREITOS PRINCIPAIS E ACESSÓRIOS
Os primeiros são independentes, autônomos, enquanto os direitos acessórios estão na 
dependência do principal, não possuindo existência autônoma. No contrato de mútuo, 
o direito ao capital é o principal e o direito aos juros, acessório. 
DIREITOS RENUNCIÁVEIS E NÃO RENUNCIÁVEIS
Os direitos renunciáveis são os que o sujeito ativo, por ato de vontade, pode deixar a 
condição de titular do direito sem a intenção de transferi-lo a outrem, enquanto nos 
irrenunciáveis tal fato é impraticável, como se dá com os direitos personalíssimos.
FONTE: Adaptado de NADER, 2019
Diante dessas classificações, compreende-se a dimensão do direito 
subjetivo, sendo este complementar do direito objetivo, como traz Ferraz Junior 
(2018):
A estrutura do direito subjetivo aponta, como vimos, para elementos 
básicos que, por sua vez, constituem conceitos jurídicos fundamentais. 
Um deles é o de sujeito de direito ou sujeito jurídico. O uso mais 
tradicional da expressão costumava ver – e o senso comum jurídico 
ainda tende a ver – como sujeito o ser humano concreto ou, pelo 
menos, os conjuntos de seres humanos. A tese, porém, é demasiado 
restritiva e sofre reformulações (FERRAZ JUNIOR, 2018, p. 120).
Dessa maneira, as modificações realizadas e que permeiam o direito 
subjetivo são parte do direito como um todo, visto que a sociedade como um 
todo é imutável e passível de modificação com o passar dos tempos. “O convívio 
humano revela conflitos de interesses. Alguns destes tornam-se juridicamente 
protegidos pelo ordenamento. O interesse juridicamente protegido constitui o 
direito subjetivo” (FERRAZ JUNIOR, 2018, p. 115).
O direito subjetivo significa que a situação jurídica é considerada da perspectiva 
de um sujeito a quem ela favorece. Em segundo lugar, geralmente,essa situação favorável 
surge em face de normas que restringem o comportamento dos outros. Daí a usual 
NOTA
TÓPICO 3 | DIREITO SUBJETIVO
165
correlação entre direito (de um) e dever (do outro), bem como a ideia de que a liberdade é 
um privilégio a que se contrapõe uma restrição à liberdade dos demais. Em terceiro lugar, 
o uso do conceito pressupõe a possibilidade de fazer valer sua situação em face de outros, 
ou seja, implica “faculdade’’ ou “poder’’ e ainda a afirmação autônoma do indivíduo (note-se 
que faculdade ou poder não designam coisas, substâncias, mas relações ou modo de operar 
relações: ter poder significa que os outros se comportam perante a mim de modo submisso, 
ter faculdade significa que tenho condições de provocar certos comportamentos dos outros) 
(FERRAZ JUNIOR, 2018, p. 116).
Como citado anteriormente, o direito subjetivo pode ser visualizado 
através de três elementos, que fazem parte da estrutura do direito objetivo e que 
acabam por fornecer ferramentas de atuação. 
Na doutrina exposta por San Tiago Dantas, o direito subjetivo pode ser 
identificado por três elementos: a) porque a um direito corresponde 
um dever jurídico; b) porque esse direito é passível de violação, 
mediante o não cumprimento do dever jurídico pelo sujeito passivo da 
relação jurídica; c) porque o titular do direito pode exigir a prestação 
jurisdicional do Estado, ou seja, tem a iniciativa da coerção. [...] A 
possibilidade jurídica de se contrair matrimônio, emancipar o filho 
menor, doar bens, é mera faculdade decorrente da permissibilidade 
legal. Quando se afirma que o trabalhador possui direito a receber 
salário, a situação jurídica desse, efetivamente, é de portador de direito 
subjetivo porque, correlatamente, a empresa se apresenta com o dever 
jurídico; pode ocorrer a hipótese de esse direito ser violado pelo sujeito 
passivo da relação jurídica e o seu titular fazer valer a sua pretensão na 
justiça (NADER, 2019, p. 290).
Observa-se os benefícios e as ferramentas fornecidos pelo direito subjetivo 
diante do seu crescimento, embasamento e fundamentação teórica e subsídios 
práticos para a sua execução. Ele traz consigo ainda, certa garantia para negócios, 
conforme coloca Betioli a seguir:
QUADRO 13 – OBSERVAÇÕES ACERCA DE DIREITO SUBJETIVO CONFORME BETIOLI
Específico e próprio do direito subjetivo é a possibilidade de uma pretensão unida à 
exigibilidade de uma prestação ou de um ato de terceiro. Assim, a pretensão, dentro dos 
moldes previstos pela norma, é garantida pela ordem jurídica, e pode transformar-se 
concretamente numa exigência. Trata-se, portanto: 
1º) De um exigir garantido, graças ao recurso à via judicial, daquilo que a norma atribui 
a alguém como próprio. 
2º) Nele há aquilo que é pretendido por um sujeito e aquilo que é devido pelo outro. 
Não há direito subjetivo sem o outro que o tenha de respeitar. Com outras palavras, 
sempre há um dever jurídico na contrapartida de um direito subjetivo.
FONTE: Adaptado de Betioli, 2015
UNIDADE 3 | O DIREITO NO TEMPO E NO ESPAÇO – TEORIA DA RELAÇÃO JURÍDICA
166
Entretanto, pode-se compreender a objetividade e a eficácia do direito 
subjetivo enquanto sucessor do direito objetivo, trazendo-o consigo ainda em 
suas bases teóricas e precedentes, como coloca Nunes:
Assim, o direito subjetivo é tanto o efetivo exercício do direito 
objetivo quanto a potencialidade do exercício desse mesmo direito. 
Por exemplo, o direito objetivado como Lei do Inquilinato, que 
regula o despejo do inquilino por falta de pagamento, faz nascer para 
o proprietário-locador o direito subjetivo de pleitear o despejo do 
inquilino (NUNES, 2018, p. 172).
O quadro social registra um permanente movimento de forças individuais e 
coletivas, que lutam pela obtenção e eficácia de direitos subjetivos. Nas relações de vida, 
cada qual procura assumir a posição de comando, de senhorio, de titular de direitos. No 
meio civilizado, o ter e o poder decorrem de direitos subjetivos, constituídos à luz do 
ordenamento jurídico. O esforço pela conquista e firmeza de direitos não se limita ao plano 
amistoso. Quando não é possível o diálogo e o entendimento, os tribunais podem definir a 
existência de direitos e seus respectivos titulares. O significado dos direitos subjetivos é tão 
amplo, que se pode dizer, ainda, que o próprio Direito Positivo é instituído para defini-los 
e para determinar a sua forma de aquisição e tutela. Esta é a dimensão de importância do 
presente capítulo de estudo (NADER, 2019, p. 288).
NOTA
Contudo, compreende-se portanto, os elementos, classificações e 
modalidades do direito subjetivo, assim como sua complementariedade com o 
direito objetivo e seus aspectos teóricos e práticos, fundamentados pelas teorias 
da vontade, de interesse, eclética e de Duguit. Percebe-se ainda sua construção 
história e sua evolução enquanto prática na sociedade atual.
167
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• Do ponto de vista objetivo, o Direito é norma de organização social. É o 
chamado Jus norma agendi.
• Não há direito subjetivo sem o outro que o tenha de respeitar. 
• As principais teorias do Direito Subjetivo são: teoria da vontade, teoria do 
interesse, teoria eclética e teoria de Duguit.
• Compreende-se que é a partir do direito objetivo que o direito subjetivo vem à 
tona nos casos jurídicos, e por isso eles se complementam.
• Em linhas gerais, o direito subjetivo representa a possibilidade de exigir-se, 
como próprios, uma prestação, ou um ato, de maneira garantida, nos limites 
atributivos das regras de direito.
• O direito subjetivo é tanto o efetivo exercício do direito objetivo quanto a 
potencialidade do exercício desse mesmo direito.
168
AUTOATIVIDADE
1 Conforme estudado nesse tópico, avalie as seguintes nomenclaturas e 
assinale a alternativa que corresponda a sua categoria.
I- Direitos subjetivos privados.
II- Direitos absolutos e relativos.
III- Direitos transmissíveis e não transmissíveis.
IV- Direitos principais e acessórios.
V- Direitos renunciáveis e não renunciáveis.
a) ( ) São as principais teorias do direito subjetivo.
b) ( ) São as fontes do direito subjetivo.
c) ( ) São as modalidades do direito subjetivo.
d) ( ) Nenhuma das alternativas está correta.
2 Há a distinção entre Direito Subjetivo e Direito Objetivo, sendo que:
a) ( ) Do ponto de vista objetivo, o Direito é norma de organização social. Do 
ponto de vista subjetivo, corresponde-se às possibilidades ou poderes 
de agir, que a ordem jurídica garante a alguém.
b) ( ) Do ponto de vista subjetivo, o Direito é norma de organização social. Do 
ponto de vista objetivo, corresponde-se às possibilidades ou poderes de 
agir, que a ordem jurídica garante a alguém.
c) ( ) Do ponto de vista objetivo, o Direito é norma de organização subjetiva. 
d) ( ) Nenhuma das alternativas está correta.
169
TÓPICO 4
ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Poder Judiciário: provavelmente você já leu algo sobre ele, não? Neste 
tópico você aprenderá os aspectos estruturais e composição deste poder, que 
se faz extremamente importante na ciência jurídica a fim de organização e 
sistematização, agregando a cada fragmento do poder, suas atribuições. 
Ao tratarmos do poder judiciário em si, não podemos deixar de falar em 
direito do cidadão, de uma forma em que este poder em si consiste na defesa 
dos direitos do cidadão, de uma forma a assegurar que estes não sejam violados. 
Além disso, o poder judiciário possui como base a constituição, tendo ainda, como 
órgão máximo o Supremo Tribunal Federal.
Por ser um órgão independente e imparcial, possui a principal função 
de proteger os direitos dos cidadãos previstos constitucionalmente. Desta 
forma, compreendemos a relevância do poder judiciário, no qual estudaremos 
detalhadamente por aqui. Estude com calma e cuidado. 
Bons estudos!
2 ESTRUTURA DO PODER JUDICIÁRIO
O poder judiciário consiste na concentração da defesa dos direitos dos 
cidadãos,com isso, possui uma estrutura bastante reforçada com arcabouços 
legislativos e de acordo com a ciência jurídica. Ademais, “Confere-se autonomia 
institucional, desconhecida na história de nosso modelo constitucional e que se 
revela, igualmente, singular ou digna de destaque também no plano do direito 
comparado” (MENDES; BRANCO, 2019, p. 1062). Com isso, após a reforma da 
constituição, o poder judiciário obteve maior autonomia nas suas ações, como 
colocam os autores a seguir.
UNIDADE 3 | O DIREITO NO TEMPO E NO ESPAÇO – TEORIA DA RELAÇÃO JURÍDICA
170
A atuação independente e eficaz do Poder Judiciário, no entanto, tem 
sido obstada por limitações inerentes a sua estrutura administrativa. 
De fato, o crescente número de demandas e o aumento do tempo 
médio de tramitação dos processos indicam um quadro de deficiências 
que comprometem a efetividade da prestação jurisdicional (MENDES; 
BRANCO, 2019, p. 1063).
Diante do quadro de demandas existentes, torna-se indispensável o 
caráter autônomo do poder judiciário na atualidade, como coloca Bulos (2018, 
p. 1295): “O Judiciário, nos moldes do Texto de 1988, é um poder autônomo, de 
enorme significado no panorama constitucional das liberdades públicas”. Avalia-
se, portanto, o processo evolutivo e de transformação positiva do poder judiciário, 
adaptando-se às demandas e movimentos sociais como um todo. O autor ainda 
reforça: “Sua independência e imparcialidade, asseguradas constitucionalmente, 
são uma garantia dos cidadãos, porque ao Judiciário incumbe consolidar princípios 
supremos e direitos fundamentais, imprescindíveis à certeza e segurança das 
relações jurídicas” (BULOS, 2018, p. 1295).
Alguns autores colocam a relevância da constituição de 1988, sendo que 
esta trouxe maior autonomia e evoluções. “Buscou-se garantir a autonomia 
administrativa e financeira do Poder Judiciário. Assegurou-se a autonomia 
funcional dos magistrados” (MENDES; BRANCO, 2019, p.1062).
A Constituição de 1988 dotou os tribunais de um poder de autogoverno 
consistente na eleição de seus órgãos diretivos, elaboração de seus 
regimentos internos, organização de suas secretarias e serviços 
auxiliares e os dos juízos que lhes forem vinculados, no provimento 
dos cargos de magistrados de carreira da respectiva jurisdição, bem 
como no provimento dos cargos necessários à administração da Justiça 
(CF, art. 96, I) (MENDES; BRANCO, 2019, p. 1070).
Desse modo, a referida constituição chega para organizar o poder 
judiciário, apresentando-lhe novas perspectivas de atuação e eficácia. Ademais, 
assegura-lhe a autonomia e segurança nos procedimentos judiciários, sendo que 
“A Constituição de 1988 confiou ao Judiciário papel até então não outorgado por 
nenhuma outra Constituição” (MENDES; BRANCO, 2019, p. 1062).
Entretanto, o poder judiciário possui funções de extrema relevância 
no âmbito jurídico, desta forma, entende-se que em um primeiro momento “A 
função típica, imediata, primária ou própria do Poder Judiciário é, simplesmente, 
julgar. Compete-lhe dirimir conflitos de interesses, aplicando a lei nas hipóteses 
concretas, produzindo coisa julgada, formal e material, no que substitui a vontade 
das partes” (BULOS, 2018, p. 1296).
Vasconcelos (2018) ainda acresce algumas funções além do julgamento:
TÓPICO 4 | ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO
171
Conquanto sua função típica seja julgar, o Poder Judiciário também 
exerce funções atípicas ou secundárias, de natureza administrativa 
e legislativa. A função legislativa é desempenhada, por exemplo, 
quando edita normas regimentais, dispondo sobre a competência 
e funcionamento de seus corpos internos. Por outro lado, a função 
administrativa é exercida ao organizar o quadro de pessoal, 
prover cargos de carreira na respectiva jurisdição, entre outros 
(VASCONCELOS, 2018, p. 577)
Além de administrar a justiça, solucionando conflitos, o Poder Judiciário é, 
também, o oráculo da Constituição. Juízes e Tribunais, indistintamente, têm o dever de 
obediência às normas constitucionais. Para tanto, o constituinte outorgou-lhes garantias, 
dentre as quais a vitaliciedade, a inamovibilidade e a irredutibilidade de vencimentos, que 
existem para evitar reprimendas e pressões ao ofício de julgar (BULOS, 2018, p. 1295).
NOTA
Acrescenta-se ainda que, “O acesso ao Judiciário, pois, é amplo, mas a 
inefetividade da prestação jurisdicional ou lentidão da Justiça contraria o fato de 
possuirmos uma das melhores estruturas judiciárias do mundo” (BULOS, 2018, 
p. 1325). Na atualidade, apesar das ferramentas fornecidas pelo judiciário, ainda 
há a lentidão nos processos jurídicos, de modo a atrasar as devolutivas.
Destaca-se que, diferentemente do Legislativo e do Executivo, que se 
encontram com relação de certo entrelaçamento, o Poder Judiciário, ou 
a Jurisdição, é aquele que de forma mais inequívoca se singulariza com 
referência aos demais Poderes. Konrad Hesse observa que não é o fato 
de o Judiciário aplicar o Direito que o distingue, uma vez que se cuida 
de atividade que, de forma mais ou menos intensa, é exercida, também, 
pelos demais órgãos estatais, especialmente pelos da Administração 
(MENDES; BRANCO, 2019, p. 1062).
Pontua-se a relevância dos demais poderes, sendo o judiciário pertencente 
a eles. Com funções e atribuições distintas, cada poder possui sua relevância, 
porém, quando se retrata acerca do poder judiciário, fala-se em proteção de 
direitos. Dessa forma, “O princípio da proteção judicial efetiva configura pedra 
angular do sistema de proteção de direitos” (MENDES; BRANCO, 2019, p. 1062).
Moraes (2019, p. 573) apresenta que “A atividade jurisdicional, a partir da 
Reforma do Poder Judiciário, é informada por seis princípios constitucionais”. 
UNIDADE 3 | O DIREITO NO TEMPO E NO ESPAÇO – TEORIA DA RELAÇÃO JURÍDICA
172
QUADRO 14 – PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO PODER JUDICIÁRIO CONFORME MORAES
I- Transcendência, dado que a admissão do recurso extraordinário é condicionada à 
demonstração da repercussão geral da questão constitucional discutida no caso 
concreto.
II- Celeridade processual, eis que a todos, no âmbito judicial e administrativo, são 
assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a eficiência 
na sua tramitação.
III- Publicidade dos atos processuais, já que os julgamentos do Poder Judiciário são 
públicos, podendo a presença, em certos atos, ser limitada às próprias partes e 
a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do 
direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à 
informação.
IV- Pluralidade dos meios de acesso à justiça, posto que os Tribunais devem instalar 
a Justiça itinerante, como também podem funcionar, descentralizadamente, pela 
instituição das Câmaras regionais.
V- Federalização das graves violações de direitos humanos, tendo que a competência 
é suscetível de deslocamento para a Justiça Federal, a requerimento do Procurador-
Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações 
decorrentes de tratados dos quais o Brasil seja parte.
VI- Precedente judiciário e súmula de tribunal de aplicação obrigatória, visto que a 
súmula aprovada, revisada ou cancelada, de ofício ou por iniciativa de legitimado 
ativo para ação direta de inconstitucionalidade, por dois terços dos membros do 
Supremo Tribunal Federal, quanto à interpretação, validade e eficácia de normas 
determinadas, é dotada de efeito vinculante relativamente aos demais órgãos do 
Poder Judiciário e à Administração Pública, direta ou indireta, nas esferas federal, 
estadual e municipal.
FONTE: Adaptado de Moraes, 2019
Tais princípios redigem a atuação do poder judiciário, sendo que em sua 
estruturação, possui subdivisões de cargos e atribuições, conforme o organograma 
a seguir:
FIGURA 1 – ORGANOGRAMA DOS ÓRGÃOS JURISDICIONAIS
FONTE: Vasconcelos, 2018, p. 593
Juízes de Direito Juízes Federais Juízes do Trabalho Juízes Eleitorais Juízes Militares
TJs
STJ TST TSE STM
TMsTREsTRTsTRFsSTF
TÓPICO 4 | ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO
173
Visualiza-se, portanto, a dimensão do poder judiciário em sua 
complexidade de fatores e atribuições. Vasconcelos (2018) ainda apresenta as 
regras de estruturação do poder, previstas nos Artigo 92 a 126 da Constituição 
Federal. 
• Supremo Tribunal Federal (STF). 
• Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
• Superior Tribunal de Justiça (STJ). 
• Tribunais Regionais Federais (TRFs) e Juízes Federais. 
• Tribunais – Tribunal Superior do Trabalho (TST) e Tribunais Regionais do 
Trabalho (TRTs) e Juízes do Trabalho. 
• Tribunais – Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e Tribunais Regionais Eleitorais 
(TREs) e Juízes Eleitorais. 
• Tribunais – Superior Tribunal Militar (STM) e Tribunais Militares (TM) e Juízes 
Militares. 
• Tribunais (TJs) e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios. 
Desta maneira, 
A organização do Judiciário deve ser disciplinada no Estatuto da 
Magistratura, estabelecido em lei complementar, de iniciativa do 
Supremo Tribunal Federal, observados os princípios previstos na 
Constituição (CF, art. 93). Segundo a jurisprudência pacífica do 
Supremo Tribunal Federal, até o advento da lei complementar 
prevista no artigo 93, caput, da Constituição de 1988, o Estatuto da 
Magistratura será disciplinado pelo texto da Lei Complementar n. 
35/79 (Lei Orgânica da Magistratura Nacional – LO-MAN), que foi 
recebida pela Constituição (MENDES; BRANCO, 2019, p. 1070).
“Na realidade, todo esse exame da estrutura orgânica do Poder Judiciário 
mostra-nos que, no Brasil, não faltam órgãos jurisdicionais para se invocar” (BULOS, 
2018, p. 1326). Nesse sentido, com uma estrutura organizada e dividida desta forma, 
o poder judiciário, possui, de fato, autonomia para executar muitas ações. 
Conforme Moraes (2019, p. 554):
A organização judiciária é dividida em dois planos de análise, a 
partir do Supremo Tribunal Federal, que se afasta de uma Corte 
Constitucional, pois não somente exerce a defesa da Constituição da 
República, e do Superior Tribunal de Justiça, que se aproxima de uma 
Corte de Cassação, posto que também executa a defesa da legislação 
federal, reunidos sob a expressão organismos de superposição. 
Dessa maneira, faz-se necessária a distinção entre Justiça Federal e Estadual. 
A Justiça Federal é “Aquela é composta pelos órgãos jurisdicionais integrados no 
ordenamento normativo federal, encerrando a Justiça Federal Comum, Justiça do 
Trabalho, Justiça Eleitoral e Justiça Militar Federal” (MORAES, 2019, p. 556). Já a 
Estadual, “é constituída pelos órgãos jurisdicionais integrados no ordenamento 
normativo estadual, englobando a Justiça Estadual Comum e Justiça Militar 
Estadual” (MORAES, 2019, p. 556).
UNIDADE 3 | O DIREITO NO TEMPO E NO ESPAÇO – TEORIA DA RELAÇÃO JURÍDICA
174
Ademais, apresenta-se ainda as classificações de cada órgão membro do 
Poder Judiciário. Analise a tabela a seguir:
QUADRO 15 – ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO E SUAS ATRIBUIÇÕES
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
O Supremo Tribunal Federal é composto por 11 Ministros, escolhidos dentre brasileiros 
natos, no pleno exercício dos direitos políticos, com mais de 35 e menos de 65 anos de 
idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada, e nomeados pelo Presidente da 
República, depois de aprovada a indicação pelo voto da maioria absoluta dos membros 
do Senado Federal, para o exercitamento de competências originárias e recursais, em 
atenção aos Artigos 101 a 103 da CRFB. 
SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIÇA
O Superior Tribunal de Justiça é composto por, no mínimo, 33 Ministros, escolhidos 
dentre brasileiros com mais de 35 e menos de 65 anos, de notável saber jurídico e 
reputação ilibada, e nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a 
indicação pelo Senado Federal, sendo um terço dentre juízes dos Tribunais Regionais 
Federais, um terço dentre desembargadores dos Tribunais de Justiça e um terço dentre 
advogados, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional, e membros do 
Ministério Público Federal, Estadual, do Distrito Federal e Territórios, com mais de 
dez anos de carreira, alternadamente, para a exercitação de competências originárias e 
recursais, em atendimento aos Artigos 104 e 105 da CRFB. 
JUSTIÇA FEDERAL COMUM
A Justiça Federal Comum é composta pelos Tribunais Regionais Federais, constituídos 
por, no mínimo, sete Juízes, escolhidos dentre brasileiros com mais de 30 e menos de 65 
anos, quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo Presidente da República, 
sendo um quinto dentre advogados, com mais de dez anos de efetiva atividade 
profissional, e membros do Ministério Público Federal, com mais de dez anos de carreira, 
e os demais dentre juízes federais, com mais de cinco anos de exercício, promovidos por 
antiguidade e merecimento, alternadamente, e Juízos Federais, contidos nos limites da 
circunscrição judiciária, na dicção dos Artigos 106 a 110 da CRFB.
TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS
Os Tribunais Regionais Federais detêm competência para processar e julgar, 
originariamente, os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça 
Militar e da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros 
do Ministério Público da União, excluída a competência da Justiça Eleitoral; revisões 
criminais e ações rescisórias de julgados seus ou dos juízes federais da região; mandado 
de segurança e habeas data contra ato do próprio Tribunal ou de juiz federal; habeas 
corpus, quando a autoridade coatora for juiz federal, e conflitos de competência entre 
juízes federais vinculados ao Tribunal, bem assim julgar, em grau de recurso, as causas 
decididas pelos juízes federais e pelos juízes estaduais no exercício da competência 
federal da área de sua jurisdição. 
TÓPICO 4 | ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO
175
JUSTIÇA DO TRABALHO
A Justiça do Trabalho é composta pelo Tribunal Superior do Trabalho, constituído por 27 
Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais de 35 e menos de 65 anos, nomeados 
pelo Presidente da República e, por força da EC nº 92/16, de notável saber jurídico e 
reputação ilibada, depois de aprovada a indicação pelo voto da maioria absoluta dos 
membros do Senado Federal, sendo um quinto dentre advogados, com mais de dez 
anos de efetiva atividade profissional, e membros do Ministério Público do Trabalho, 
com mais de dez anos de carreira, e os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais 
do Trabalho, oriundos da magistratura de carreira, Tribunais Regionais do Trabalho, 
construídos por, no mínimo, sete Juízes, escolhidos dentre brasileiros com mais de 30 e 
menos de 65 anos, quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo Presidente 
da República, sendo um quinto dentre advogados, com mais de dez anos de efetiva 
atividade profissional, e membros do Ministério Público do Trabalho, com mais de dez 
anos de carreira, e os demais dentre juízes do trabalho, promovidos por antiguidade e 
merecimento, alternadamente, e Juízos do Trabalho, contidos nos limites da circunscrição 
judiciária, na esteira dos Artigos 111 a 116 da CRFB. 
TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO
O Tribunal Superior do Trabalho encerra competência para processar e julgar, 
originariamente, os dissídios individuais e coletivos de natureza econômica ou jurídica, 
assim como controvérsias em matéria de direito de greve e representação sindical, na 
esfera de sua jurisdição; reclamação para a preservação de sua competência e garantia 
da autoridade de suas decisões e litígios relativos ao cumprimento de laudos arbitrais, 
convenções e acordos coletivos, bem como julgar os recursos interpostos contra 
pronunciamentos dos Tribunais Regionais do Trabalho.
JUSTIÇA ELEITORAL
A Justiça Eleitoral é composta pelo Tribunal Superior Eleitoral, constituído por, no 
mínimo, sete Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais de 35 e menos de 65 anos, 
de notável saber jurídico e idoneidade moral, e nomeados pelo Presidente da República, 
sendo três dentre os Ministrosdo Supremo Tribunal Federal, três dentre os Ministros do 
Superior Tribunal de Justiça e dois dentre advogados, indicados por aquele, Tribunais 
Regionais Eleitorais, construídos por sete Juízes, escolhidos dentre brasileiros com mais 
de 30 e menos de 65 anos, de notável saber jurídico e idoneidade moral, e nomeados pelo 
Presidente da República, sendo um dentre juízes federais do Tribunal Regional Federal 
com sede na Capital do Estado ou Distrito Federal, dois dentre desembargadores, dois 
dentre juízes de direito do Tribunal de Justiça e dois dentre advogados, indicados por 
este, Juntas Eleitorais, consubstanciadas por um Juiz de Direito, assim como por dois 
ou quatro cidadãos de notória idoneidade, aprovados pelo Tribunal Regional Eleitoral, 
designados pela Presidência, e Juízos Eleitorais, contidos nos limites da circunscrição 
judiciária, na imposição dos Artigos 118 a 121 da CRFB.
UNIDADE 3 | O DIREITO NO TEMPO E NO ESPAÇO – TEORIA DA RELAÇÃO JURÍDICA
176
TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL
O Tribunal Superior Eleitoral incorpora competência para processar e julgar, 
originariamente, o registro e a cassação de registro de partido político, diretório nacional 
e candidatos à Presidência e Vice-Presidência da República; conflitos de jurisdição 
entre Tribunais Regionais e Juízes Eleitorais de Estados diferentes; crimes eleitorais e 
comuns que lhes forem conexos praticados por Juízes de Tribunais Eleitorais; habeas 
corpus em matéria eleitoral, referentes a atos do Presidente da República e Ministros 
de Estado e dos Tribunais Regionais, ou, ainda, quando houver perigo de se consumar 
a violência antes que o Juiz competente possa prover sobre a impetração; reclamações 
relativas a obrigações impostas pela legislação aos partidos políticos, quanto a sua 
contabilidade e apuração da origem dos seus recursos; impugnações à apuração do 
resultado geral, proclamação dos eleitos e expedição de diploma na eleição de Presidente 
e Vice-Presidente da República; pedidos de desaforamento dos feitos não decididos 
nos Tribunais Eleitorais no prazo de 30 dias a contar da conclusão ao relator e ação 
rescisória, nos casos de inelegibilidade, desde que intentada dentro de 120 dias de 
decisão irrecorrível, bem como julgar os recursos interpostos das decisões dos Tribunais 
Regionais, nas hipóteses de contrariedade à expressa disposição da Constituição ou 
legislação; divergência na interpretação de lei entre dois ou mais Tribunais Eleitorais; 
denegação de habeas corpus, habeas data, mandado de injunção ou mandado de 
segurança; decretação de inelegibilidade ou perda de mandatos eletivos 90 e expedição 
ou anulação de diplomas nas eleições federais e estaduais. 
JUSTIÇA MILITAR FEDERAL
A Justiça Militar Federal é composta pelo Superior Tribunal Militar, constituído por 15 
Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais de 35 e menos de 65 anos, de notório 
saber jurídico e conduta ilibada, e nomeados pelo Presidente da República, depois 
de aprovada a indicação pelo Senado Federal, sendo quatro dentre oficiais-generais 
do Exército, três dentre oficiais-generais da Marinha e três dentre oficiais-generais da 
Aeronáutica, todos da ativa e do posto mais elevado da carreira, assim como três dentre 
advogados, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional, e dois dentre juízes-
auditores e membros do Ministério Público Militar, e Conselhos de Justiça Militar, 
especiais ou permanentes, constituídos por um Juiz-Auditor e quatro Juízes militares, 
sob a presidência, dentre estes, de um oficial-general ou oficial superior, de posto mais 
elevado que o dos demais juízes, ou de maior antiguidade, no caso de igualdade, bem 
como por um Juiz-Auditor, um Oficial Superior, que será o presidente, e três Oficiais de 
posto até capitão-tenente ou capitão, na medida dos Artigos 122 a 124 da CRFB. 
SUPERIOR TRIBUNAL MILITAR
O Superior Tribunal Militar maneja competência para processar e julgar, originariamente, 
os oficiais generais das Forças Armadas, nos crimes militares; habeas corpus, habeas 
data e mandado de segurança contra atos de autoridades da Justiça Militar Federal, 
como também do próprio Superior Tribunal Militar; pedidos de desaforamento de feitos 
não decididos; revisão de processos findos; conflitos de competência entre Conselhos 
de Justiça Militar, Juízes-Auditores, ou entre estes e aqueles, bem assim conflitos de 
atribuição entre autoridades administrativa e judiciária militares, e julgar os recursos 
interpostos das decisões dos Juízes de primeira instância. 
TÓPICO 4 | ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO
177
JUSTIÇA ESTADUAL COMUM
A Justiça Estadual Comum é composta pelo Tribunal de Justiça, constituído por 
Desembargadores em número fixado por lei estadual, sendo um quinto dentre 
advogados, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional, e membros do 
Ministério Público do Estado, com mais de dez anos de carreira, e os demais dentre 
juízes de direito, com mais de dois anos de exercício na última ou única entrância, 
promovidos por antiguidade e merecimento, alternadamente, e Juízos de Direito, 
contidos nos limites da circunscrição judiciária, nas palavras dos Artigos 125, caput e 
§§ 1º, 2º, 6º e 7º, e 126 da CRFB. 
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
O Tribunal de Justiça porta competência definida na Constituição do Estado, 
concernindo-lhe, por exemplo, processar e julgar, originariamente, a ação direta de 
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo estadual ou municipal, inclusive a que 
tenha por objeto a intervenção em Município; Vice-Governador e Deputados Estaduais, 
nos crimes comuns; Secretários de Estado, Prefeitos, Vice-Prefeitos e Vereadores, Juízes 
de Direito e membros do Ministério Público, Defensoria Pública e Procuradorias-Gerais 
do Estado e da Assembleia Legislativa, nos crimes comuns e de responsabilidade, 
excetuada a competência da Justiça Eleitoral.
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA
O Conselho Nacional de Justiça, formado por 15 membros com mais de 35 e menos de 
66 anos de idade, com mandato de dois anos, admitida, exceto para o Presidente, uma 
recondução, sendo um Ministro do Supremo Tribunal Federal, um Ministro do Superior 
Tribunal de Justiça, um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, um Juiz de Tribunal 
Regional Federal, um Juiz de Tribunal Regional do Trabalho, um Desembargador de 
Tribunal de Justiça, um Juiz Federal, um Juiz do Trabalho e um Juiz de Direito, definidos 
pelos órgãos judiciários aos quais estão vinculados, ou não, um membro do Ministério 
Público da União e um membro de Ministério Público Estadual, denominados pelo 
Procurador-Geral da República, dois advogados, deliberados pelo Conselho Federal da 
Ordem dos Advogados do Brasil, e dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação 
ilibada, designados pela Câmara dos Deputados e Senado Federal, por escolha paritária. 
FONTE: Adaptado de Moraes, 2019
Ademais, acrescenta-se dizer que “A função típica do Poder Judiciário é a 
jurisdicional, ou seja, a sua tarefa é dirimir os conflitos de interesses, aplicando a 
lei ao caso concreto, substituindo a vontade das partes” (VASCONCELOS, 2018, 
p. 577). Entretanto, todos estes órgãos são disponibilizados aos cidadãos a fim de 
resolução de problemas jurisdicionais. 
O órgão de cúpula do Poder Judiciário é o STF, guardião da Constituição 
e Corte Máxima de toda a Federação, ao qual foi atribuída competência para 
julgamento das mais elevadas autoridades públicas e relações internacionais de 
que o Brasil faça parte, bem como para julgar, em última instância, matéria de 
UNIDADE 3 | O DIREITO NO TEMPO E NO ESPAÇO – TEORIA DA RELAÇÃO JURÍDICA
178
natureza constitucional. O STJ é o órgão máximo da Justiça Federal e os juízes 
e tribunais equivalem aos órgãos judiciários federal e estadual. Observe-se que 
o Conselho Nacional de Justiça não desempenha funções jurisdicionais, apenas 
realizando o controle administrativo e disciplinar da magistratura. Desta forma, 
não se insere no organograma dos órgãos jurisdicionais doPoder Judiciário. O 
STF, o Conselho Nacional de Justiça e os Tribunais Superiores têm sede na Capital 
Federal (CF, art. 92, § 1o) (VASCONCELOS, 2018, p. 594).
Há ainda, certa hierarquização a ser respeitada – isso muito anterior à 
constituição de 1988, sendo o STF considerado o oráculo das constituições –, 
como postula Bulos:
O Supremo Tribunal Federal é o oráculo de nossas Constituições, 
sendo a mais delicada instituição do regime republicano. Instituição 
moderadora, limitadora, que cerca as demais instituições, como uma 
garantia de todas, o Supremo foi criado para ser inacessível às influências 
da desordem, das paixões, dos interesses e das inclinações corruptíveis. 
Por isso, é joia da República, como o é no regime dos Estados Unidos, 
de onde para aqui o trouxemos. Incumbem-lhe, preponderantemente, 
as seguintes missões: fiscalizar a constitucionalidade das leis e dos atos 
normativos; emitir a última palavra nas questões submetidas ao seu 
veredito; primar pela regularidade do Estado Democrático de Direito, 
garantindo a separação de Poderes; e defender a supremacia das 
liberdades públicas, dos direitos fundamentais, em face dos Poderes 
do Estado (BULOS, 2018, p. 1326).
Contudo, é compreensível a relevância do Poder Judiciário, assim como 
suas subdivisões e atribuições de cada parte constituída, cabe a este, manter 
a ordem nacional no que diz respeito aos direitos dos cidadãos, seja em qual 
área for. A partir deste tópico, foi possível avaliar cada elemento presente no 
Poder Judiciário, e, ainda, adquirir a breve percepção do trabalho no qual ele 
desempenha a plano nacional.
179
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você aprendeu que:
• O Judiciário, nos moldes do Texto de 1988, é um poder autônomo, de enorme 
significado no panorama constitucional das liberdades públicas.
• A Constituição de 1988 confiou ao Judiciário papel até então não outorgado 
por nenhuma outra Constituição.
• O poder judiciário possui funções de extrema relevância no âmbito jurídico, 
desta forma, entende-se que em um primeiro momento a função típica, 
imediata, primária ou própria do Poder Judiciário é, simplesmente, julgar. 
• A atividade jurisdicional, a partir da Reforma do Poder Judiciário, é informada 
por seis princípios constitucionais.
• A estruturação do poder judiciário consiste em: Supremo Tribunal Federal 
(STF); Conselho Nacional de Justiça (CNJ); Superior Tribunal de Justiça (STJ); 
Tribunais Regionais Federais (TRFs) e Juízes Federais; Tribunais – Tribunal 
Superior do Trabalho (TST) e Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs) e 
Juízes do Trabalho; Tribunais – Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e Tribunais 
Regionais Eleitorais (TREs) e Juízes Eleitorais; Tribunais – Superior Tribunal 
Militar (STM) e Tribunais Militares (TM) e Juízes Militares; Tribunais (TJs) e 
Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.
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AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
CHAMADA
180
AUTOATIVIDADE
1 Conforme estudado neste tópico, há distinções entre Justiça Federal e 
Estadual. Avalie as afirmações a seguir e assinale a alternativa correta.
I- A Justiça Federal é aquela composta pelos órgãos jurisdicionais integrados 
no ordenamento normativo federal, encerrando a Justiça Federal Comum, 
Justiça do Trabalho, Justiça Eleitoral e Justiça Militar Federal. 
II- A Justiça Estadual é constituída pelos órgãos jurisdicionais integrados no 
ordenamento normativo estadual, englobando a Justiça Estadual Comum 
e Justiça Militar Estadual.
III- A Justiça Federal é aquela composta pelos órgãos jurisdicionais integrados 
no ordenamento normativo federal, encerrando a Justiça Estadual Comum, 
Justiça do Trabalho, Justiça Militar Estadual.
a) ( ) As alternativas I e II estão corretas.
b) ( ) As alternativas II e III estão corretas.
c) ( ) As alternativas I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a alternativa I está correta.
2 No poder judiciário, encontramos os princípios constitucionais – que 
norteiam toda a ação dentro deste poder por parte dos juristas. Quais são 
eles? 
a) ( ) Transcendência, pluralidade dos meios de acesso à jus, federalização 
das graves violações de direitos humanos, precedente judiciário e 
súmula de tribunal de aplicação obrigatória, apenas.
b) ( ) Transcendência, celeridade processual, publicidade dos atos 
processuais, pluralidade dos meios de acesso à jus, federalização das 
graves violações de direitos humanos, precedente judiciário e súmula 
de tribunal de aplicação obrigatória, apenas.
c) ( ) Celeridade processual, publicidade dos atos processuais, pluralidade 
dos meios de acesso à jus, federalização das graves violações de direitos 
humanos, precedente judiciário e súmula de tribunal de aplicação 
obrigatória, hermenêutica jurídica, apenas.
d) ( ) Nenhuma das alternativas está correta.
181
REFERÊNCIAS
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GIACOMELLI,

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