Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

Indaial – 2020
Noções de direito
Prof.ª Ana Paula Tabosa dos Santos Sanches
2a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020
Elaboração:
Prof.ª Ana Paula Tabosa dos Santos Sanches
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
S211n
 Sanches, Ana Paula Tabosa dos Santos
 Noções de direito. / Ana Paula Tabosa dos Santos Sanches. –
Indaial: UNIASSELVI, 2020
 235 p.; il.
 ISBN 978-65-5663-331-2
 ISBN Digital 978-65-5663-327-5
 1. Direito. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
CDD 340
ApreseNtAção
Prezados acadêmicos! Desde que o homem passou a viver em 
sociedade, tornou-se necessário estabelecer regras que regulassem as 
relações humanas, a im de garantir a paz social. Estas normas de conduta 
buscam evitar que cada um “faça justiça com as próprias mãos”, o que 
signiica a prevalência da força, uma vez que a vontade do mais forte sempre 
prevalecerá, gerando desordem na sociedade. Assim, desde os primórdios 
da civilização, airma-se que ubu homo, ibi jus, o que signiica “onde está o 
homem está o Direito”. Em uma visão ampla, podemos dizer, que o Direito 
é a ciência que estuda estas normas de conduta.
Em sua futura atividade proissional, você se deparará com situações 
que demandam um conhecimento básico da ciência jurídica, que é objeto de 
nossa disciplina. Serão parte de seu dia a dia situações que envolvem contratos, 
direitos trabalhistas, títulos de crédito, reclamações de consumidores, entre 
muitas outras em que você necessitará de conhecimentos jurídicos.
Na Unidade 1 teremos uma ampla visão do Direito e sua inter-relação 
com a ética e a moral, facilitando o entendimento do o que é Direito Positivo, 
quem são os sujeitos de direito, o que são normas jurídicas e como elas são 
aplicáveis aos fatos jurídicos. 
Na Unidade 2 estudaremos conteúdos de Direito Público, entendendo 
aspectos importantes desse conteúdo em cada um dos seus ramos. A 
importância de conheceremos os principais direitos e garantias fundamentais, 
quais são os direitos sociais, vamos estudar o Direito Administrativo que traz 
as regras que disciplinam a atividade da Administração Pública, o Direito 
Penal composto por um conjunto de normas jurídicas que regulam o poder 
punitivo do Estado. Finalizando com o estudo do Direito tributário, Direito 
eleitoral e Direito militar.
 
Por im, na Unidade 3, estudaremos alguns ramos especiais do 
Direito, com ênfase no Direito do Trabalho, Direito do Consumidor e o 
Direito ambiental.
Desejo a você uma feliz trajetória. Bons estudos!
Prof.ª Ana Paula Tabosa dos Santos Sanches
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi-
dades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra-
mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui 
para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida-
de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun-
to em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela 
um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro 
que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você 
terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen-
tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
LEMBRE
TE
sumário
UNIDADE 1 — NOÇÕES GERAIS DE DIREITO ........................................................................... 1
TÓPICO 1 — CONCEPÇÃO DE “DIREITO” ................................................................................... 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3
2 O QUE É DIREITO? ............................................................................................................................ 3
2.1 INTERPRETAÇÕES DA DIMENSÃO SOCIAL DO HOMEM ................................................. 4
2.2 CARACTERÍSTICAS DA SOCIEDADE ...................................................................................... 6
2.3 INTERAÇÃO SOCIAL ................................................................................................................... 7
2.4 DIREITO, ÉTICA E MORAL ....................................................................................................... 11
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 15
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 16
TÓPICO 2 — DIREITO OBJETIVO E SUBJETIVO ....................................................................... 19
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 19
2 CONCEITO DE DIREITO OBJETIVO E SUBJETIVO ............................................................... 19
3 FONTES DO DIREITO ..................................................................................................................... 20
3.1 CARACTERIZAÇÃO DAS FONTES DO DIREITO ................................................................ 21
3.2 CLASSIFICAÇÃO DA HIERARQUIA DAS LEIS .................................................................... 21
3.3 COSTUMES ................................................................................................................................... 24
3.4 JURISPRUDÊNCIA....................................................................................................................... 25
3.5 DOUTRINA ................................................................................................................................... 25
3.6 EQUIDADE .................................................................................................................................... 26
3.7 ANALOGIA ................................................................................................................................... 26
3.8 PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO .......................................................................................... 27
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 29
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 30TÓPICO 3 — NORMA JURÍDICA E RELAÇÃO JURÍDICA ...................................................... 33
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 33
2 CONCEITO DE NORMA JURÍDICA ............................................................................................ 33
2.1 CARACTERÍSTICAS DA NORMA JURÍDICA ........................................................................ 36
2.1.1 Bilateralidade........................................................................................................................ 37
2.1.2 Generalidade ........................................................................................................................ 37
2.1.3 Abstratividade ...................................................................................................................... 38
2.1.4 Imperatividade ..................................................................................................................... 39
2.1.5 Coercibilidade ...................................................................................................................... 39
3 RELAÇÃO JURÍDICA ...................................................................................................................... 41
3.1 CONCEITO DE RELAÇÃO JURÍDICA ..................................................................................... 41
3.2 ESPÉCIES DE RELAÇÃO JURÍDICA ........................................................................................ 42
3.3 ELEMENTOS DA RELAÇÃO JURÍDICA ................................................................................. 45
3.3.1 Sujeitos da relação jurídica ................................................................................................. 46
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 47
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 52
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 53
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 55
UNIDADE 2 — RAMOS DO DIRIETO PÚBLICO ........................................................................ 57
TÓPICO 1 — DIREITO CONSTITUCIONAL ................................................................................ 59
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 59
2 CONCEITO DE DIREITO CONSTITUCIONAL E CONSTITUIÇÃO ................................... 59
2.1 A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 .................................................................................. 61
2.2 CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES .............................................................................. 64
2.2.1 Quanto ao conteúdo ........................................................................................................... 65
2.2.2 Quanto à forma .................................................................................................................... 65
2.2.3 Quanto ao modo de elaboração ......................................................................................... 66
2.2.4 Quanto à origem .................................................................................................................. 66
2.2.5 Quanto à estabilidade ......................................................................................................... 67
2.2.6 Quanto à extensão e inalidade .......................................................................................... 68
2.3 DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS NA CONSTITUIÇÃO DE 1988 ................. 69
2.4 DIREITOS INDIVIDUAIS E COLETIVOS ................................................................................ 71
2.5 REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS ............................................................................................. 73
2.6 DIREITOS SOCIAIS ...................................................................................................................... 76
2.7 DIREITO DE NACIONALIDADE .............................................................................................. 80
2.8 DIREITOS POLÍTICOS ................................................................................................................. 82
2.8.1 Direitos relacionados à organização, participação e funcionamento 
 dos partidos políticos .......................................................................................................... 83
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 85
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 86
TÓPICO 2 — DIREITO ADMINISTRATIVO, DIREITO PROCESSUAL E 
 DIREITO PENAL ......................................................................................................... 87
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 87
2 DIREITO ADMINISTRATIVO ....................................................................................................... 87
2.1 ATOS ADMINISTRATIVOS ........................................................................................................ 88
2.2 PRINCÍPIOS QUE REGEM A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA .............................................. 94
2.2.1 Princípio da legalidade ....................................................................................................... 95
2.2.2 Princípio da impessoalidade .............................................................................................. 96
2.2.3 Princípio da moralidade ..................................................................................................... 97
2.2.4 Princípio da publicidade .................................................................................................... 98
2.2.5 Princípio da eiciência ....................................................................................................... 100
3 CONTRATOS ADMINISTRATIVOS .......................................................................................... 101
4 DIREITO PROCESSUAL ............................................................................................................... 105
5 DIREITO PENAL ............................................................................................................................. 107
5.1 CONCEITO E FUNÇÃO ........................................................................................................... 108
5.2 DIVISÃO DO DIREITO PENAL ............................................................................................... 108
5.3 FATO TÍPICO – CRIME E CONTRAVENÇÃO ...................................................................... 109
5.4 DOLO E CULPA ......................................................................................................................... 111
5.4.1 Causas excludentes da antijuridicidade ......................................................................... 114
5.4.2 Culpabilidade ..................................................................................................................... 115
5.4.3 Imputabilidade penal ........................................................................................................ 115
5.4.4 Penas e medidas de segurança ......................................................................................... 116
5.4.5 Ações penais....................................................................................................................... 118
5.4.6 Crimes contra o patrimônio ............................................................................................. 119
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 124
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 125
TÓPICO 3 — DIREITO TRIBUTÁRIO, DIREITO ELEITORAL E 
 DIREITO MILITAR ................................................................................................... 127
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 127
2 DIREITO TRIBUTÁRIO ................................................................................................................ 127
3 DIREITO ELEITORAL .................................................................................................................... 129
4 DIREITO MILITAR ......................................................................................................................... 131
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 135
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 139
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 140
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 142
UNIDADE 3 — RAMOS ESPECIAIS DO DIREITO: DIREITO DO 
 TRABALHO, DIREITO DO CONSUMIDOR, DIREITO 
 AMBIENTAL E O DIREITO PRIVADO ............................................................ 145
TÓPICO 1 — RAMOS ESPECIAIS DO DIREITO ....................................................................... 147
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 147
2 DIREITO DO TRABALHO ............................................................................................................ 147
2.1 CARACTERÍSTICAS DO DIREITO DO TRABALHO .......................................................... 149
2.2 FUNÇÕES DO DIREITO DO TRABALHO ............................................................................. 151
2.3 NATUREZA JURÍDICA DO DIREITO DO TRABALHO ..................................................... 152
2.4 DIVISÃO DO DIREITO DO TRABALHO .............................................................................. 153
2.5 PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO ......................................................................... 155
3 DIREITO DO CONSUMIDOR ..................................................................................................... 157
3.1 CONCEITOS DE CONSUMIDOR E FORNECEDOR ........................................................... 157
3.2 DIREITOS E DEVERES DO CONSUMIDOR.......................................................................... 161
3.3 RESPONSABILIDADE DO FORNECEDOR ........................................................................... 162
3.4 DECADÊNCIA E PRESCRIÇÃO .............................................................................................. 163
3.5 DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA ................................................ 164
3.6 PROTEÇÃO DOS CONTRATOS DE CONSUMO ................................................................. 164
3.7 PUBLICIDADE E PROPAGANDA .......................................................................................... 165
4 DIREITO AMBIENTAL .................................................................................................................. 166
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 168
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 169
TÓPICO 2 — DIREITO CIVIL NOÇÕES E ESTRUTURAS ...................................................... 171
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 171
2 NOÇÕES E ESTRUTURA DO DIREITO CIVIL ....................................................................... 171
2.1 PARTE GERAL DO CÓDIGO CIVIL – LIVRO I: DAS PESSOAS ........................................ 172
2.1.1 Pessoa física ........................................................................................................................ 172
2.1.2 Pessoa jurídica .................................................................................................................... 179
2.2 PARTE GERAL – LIVRO II: DOS BENS .................................................................................. 183
2.2.1 Conceito de bem ................................................................................................................ 183
2.2.2 Classiicação dos bens ....................................................................................................... 184
2.3 PARTE GERAL – LIVRO III: DOS FATOS JURÍDICOS......................................................... 190
2.3.1 Conceito de fato jurídico ................................................................................................... 190
2.3.2 Classiicação dos fatos jurídicos ...................................................................................... 191
2.3.3 Negócio jurídico ................................................................................................................. 192
2.4 CÓDIGO CIVIL – PARTE ESPECIAL ...................................................................................... 194
2.4.1 Direito das obrigações ....................................................................................................... 194
2.4.2 Direito empresarial ............................................................................................................ 200
2.4.3 Direito das coisas ............................................................................................................... 201
2.4.4 Direito de família ............................................................................................................... 209
2.4.5 Direito das sucessões ......................................................................................................... 213
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 215
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 216
TÓPICO 3 — DIREITO PÚBLICO EXTERNO: DIREITO INTERNACIONAL 
 PÚBLICO E DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO ...................................... 219
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 219
2 DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO.................................................................................... 219
2.1 PRINCÍPIOS DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO ................................................. 220
2.2 SUJEITOS DE DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO ...................................................... 221
3 DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO ................................................................................... 223
LEITURA COMPLEMENTAR ..........................................................................................................225
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 229
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 230
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 232
1
UNIDADE 1 — 
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• apresentar uma visão geral da ciência do Direito;
• compreender a inter-relação entre Direito, Ética e Moral;
• identiicar e diferenciar os conceitos de Direito Objetivo e Direito Subjetivo; 
 
• reconhecer as fontes do Direito; 
• compreender o conceito e as características das Normas e Relações Jurídicas.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você 
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – CONCEPÇÃO DE “DIREITO”
TÓPICO 2 – DIREITO OBJETIVO E SUBJETIVO
TÓPICO 3 – NORMA JURÍDICA E RELAÇÃO JURÍDICA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMAD
A
2
3
TÓPICO 1 — 
UNIDADE 1
CONCEPÇÃO DE “DIREITO”
1 INTRODUÇÃO
O Direito é a ciência que estuda as normas de conduta que regem a vida 
em sociedade, trata-se de uma ciência ampla, com aplicação em todas as áreas do 
conhecimento. Nesta unidade, vamos obter conhecimentos básicos referentes à 
ciência do Direito que irão auxiliar em nossos estudos futuros. 
Para que possamos estudar a interligação entre o Direito e a atividade 
proissional, é importante que primeiro entendamos alguns conceitos ligados à 
ciência do Direito.
2 O QUE É DIREITO?
Das palavras de Nader (2019, p. 21), extraímos que o homem é um ser 
essencialmente programado para viver em sociedade:
A própria constituição física do ser humano revela que ele foi 
programado para conviver e se completar com outro ser de sua espécie. 
A prole, decorrência natural da união, passa a atuar como fator de 
organização e estabilidade do núcleo familiar. O pequeno grupo, 
formado não apenas pelo interesse material, mas pelos sentimentos 
de afeto, tende a propagar-se em cadeia, com a formação de outros 
pequenos núcleos, até se chegar à formação de um grande grupo social.
Não é uma tarefa fácil deinir o conceito de Direito, em razão dos diversos 
aspectos que nos levam a uma mistura de várias concepções que lhe são atribuídos. 
Sob o aspecto formal, o Direito é regra de conduta imposta coativamente aos 
homens. Sob o aspecto material, é a norma nascida da necessidade de disciplinar 
a convivência social (GOMES, 2019).
Ainal, o que é Direito? De acordo com a deinição etimológica a origem do 
vocábulo “Direito é originária do adjetivo latino directum, trazendo à mente a concepção 
de que o direito deve ser uma linha direta, que provém do particípio passado do verbo 
dirigo, is, rexi, rectum, dirigere, equivalente a guiar, conduzir, traçar e alinhar” (NADER, 2016, 
p. 75). O termo tem muitos signiicados e não é possível resumi-lo em um só conceito.
NOTA
UNIDADE 1 — NOÇÕES GERAIS DE DIREITO
4
Para Gusmão (2018, p. 48):
De modo muito amplo, pode-se dizer que a palavra “direito” tem 
três sentidos: 1°, regra de conduta obrigatória (direito objetivo); 2°, 
sistema de conhecimentos jurídicos (ciência do direito); 3°, faculdade 
ou poderes que tem ou pode ter uma pessoa, ou seja, o que pode uma 
pessoa exigir de outra (direito subjetivo). 
A palavra direito, intuitivamente, nos remete à noção do que é certo, 
correto, justo, reto, equânime. A palavra direito, no uso comum, é sintaticamente 
imprecisa: o meu direito será protegido; ele deve andar direito; não se trata 
de um homem direito; ele é seu braço direito; ele estuda Direito dentre outros 
signiicados (VENOSA, 2019):
O Direito como arte ou técnica procura melhorar as condições sociais 
ao sugerir e estabelecer regras justas e equitativas de conduta. Pois é 
justamente como arte que o Direito, na busca do que pretende, se vale 
de outras ciências, como Filosoia, Antropologia, Economia, Sociologia, 
História, Política. Embora Hans Kelsen tenha tentado demonstrar que há 
uma teoria pura do direito, livre de qualquer ideologia política, o quadro 
do dia a dia do Direito traduz outra realidade (VENOSA, 2019, p. 8).
2.1 INTERPRETAÇÕES DA DIMENSÃO SOCIAL DO HOMEM
O homem, a sociedade e o direito são essencialmente ligados, e os elos 
que os unem estão expressos no seguinte argumento da sociabilidade: ubi homo, 
ibi societas (onde o homem, aí a sociedade); ubi societas, ibi jus (onde a sociedade, 
aí o direito); ubi homo, ibi jus (logo, onde o homem, aí o direito). Sendo que “o 
argumento maior é o homem; a menor, a sociedade; e a conclusão, o direito: onde 
existe o homem, surge a sociedade, e, onde há sociedade, manifesta-se o direito” 
(BETIOLI, 2015, p. 54).
QUADRO 1 – PRINCIPAIS PENSADORES SOBRE A NATUREZA SOCIAL DO HOMEM
Plat̃o (428-348 a.C.)
O homem é essencialmente alma; ele realiza a 
sua perfeição e chega a alcançar sua felicidade na 
contemplação das ideias, que povoam um mundo 
denominado metaforicamente por ele de celeste.
A sociabilidade é, portanto, uma consequência da 
corporeidade, e dura apenas enquanto as almas 
estiverem ligadas ao corpo.
TÓPICO 1 — CONCEPÇÃO DE “DIREITO”
5
Aristóteles (384-322 a.C.)
O homem como constituído essencialmente de 
alma e corpo, e, movido por tal constituição, 
é necessariamente ligado aos vínculos sociais. 
Portanto, a própria natureza que induz o indivíduo 
a associar-se com os outros indivíduos e a organizar-
se em uma sociedade.
Em suma, para Aristóteles, “o homem é um 
animal político, destinado por natureza a viver em 
sociedade de sorte que a ideia de homem exige a de 
convivência civil”.
S̃o Tomás de Aquino 
(1225-1274)
O homem é naturalmente sociável: “O homem é, 
por natureza, animal social e político, vivendo em 
multidão, ainda mais que todos os outros animais, 
o que se evidencia pela natural necessidade”.
Thomas Hobbes
(1588-1679)
Defendia que o homem não possui o instinto 
natural de sociabilidade; por sua natureza, é um 
ser mal e antissocial. Por isso, cada homem encara 
seu semelhante como um concorrente que precisa 
ser dominado. A consequência dessa disputa dos 
homens entre si teria gerado um permanente estado 
de guerra nas comunidades primitivas: “a guerra de 
todos contra todos” (bellum omnium contra omnes); 
ou “o homem era o lobo do próprio homem” (homo 
homini lupus).
Jean-Jacques Rousseau 
(1712-1778)
O homem é essencialmente bom e livre. É o 
aparecimento da propriedade privada que marca o 
im desse estado e o início de uma época de conlitos, 
males e guerras. O primeiro homem que cercou um 
campo e disse “isto é meu” foi o primeiro fator da 
infelicidade humana. A sociedade dividiu-se em 
ricos e pobres (Rousseau). Aconselhados pelos 
ricos, os homens são levados a viver em sociedade 
e sob o poder de uma autoridade, que deveria 
manter a paz e a justiça por meio das leis. Contudo, 
deram assim mais força aos ricos, que destruíram 
as liberdades naturais, endeusaram a propriedade, 
ixaram as desigualdades e sujeitaram os demais 
homens ao trabalho, à servidão e à miséria.
FONTE: Adaptado de Betioli (2015)
UNIDADE 1 — NOÇÕES GERAIS DE DIREITO
6
2.2 CARACTERÍSTICAS DA SOCIEDADE
Para Betioli (2015) são três as características de qualquer sociedade: 
multiplicidade de indivíduos, interação e previsão de comportamentos.
QUADRO 2 – CARACTERÍSTICAS DA SOCIEDADE
Multiplicidade de 
indivíduos
As realidades que consideramos com a 
denominação genérica de sociedade apresentam 
como pressuposto primeiro a multiplicidade 
de indivíduos; trata-se de um conjunto ou 
agrupamento de indivíduos; na deinição de 
Tomás de Aquino: “a reunião de homens para 
fazer algo em comum”.Interaç̃o
Não basta, porém, para a existência de uma 
sociedade, que indivíduos, em número 
maior ou menor, unam-se. É indispensável, 
conforme acentua Jean Piaget, que entre eles 
haja “interações”, ou seja, que desenvolvam 
ações recíprocas, de forma que à ação de uns 
correspondam ações correlatas de outros, 
dentro de uma estrutura bem deinida. Daí 
a conceituação precisa, de Piaget, de que a 
sociedade se deine como a “multiplicidade de 
interações de indivíduos humanos”.
Previs̃o de comportamento
A interação, por seu turno, pressupõe uma 
previsão de comportamento, ou de reações ao 
comportamento de outros. Na verdade, cada um 
atua na expectativa de que os demais indivíduos 
corresponderão às atitudes que assumimos 
dentro de um quadro de signiicações bem 
deinidas. Cada um age orientando-se pelo 
provável comportamento do outro e também 
pela interpretação que faz das expectativas do 
outro com relação a seu comportamento.
FONTE: Adaptado de Betioli (2015)
Betioli (2015, p. 50) podemos entender a organização da sociedade:
O elemento organização não é, a nosso ver, essencial para a existência 
de uma sociedade. Em geral, toda sociedade se organiza, ou seja, se 
arma dos meios necessários para obter seus ins. Mas pode existir 
uma sociedade não organizada. O contrário pensa Santi Romano, 
para quem a organização é essencial à sociedade; é essa sociedade 
organizada que ele chama de “instituição”. 
TÓPICO 1 — CONCEPÇÃO DE “DIREITO”
7
Na interação social, as pessoas e os grupos sociais se relacionam 
estreitamente, na busca dos seus propósitos. Os processos de mútua inluência, 
de relações interindividuais e intergrupais, que se formam sob a força de variados 
interesses (NADER, 2019).
Para Betioli (2015, p. 50-51):
A interação compõe o tecido fundamental da sociedade e se apresenta 
sob as formas de “cooperação”, “competição” e “conlito”, encontrando 
no direito, como veremos, a sua garantia. Segundo Paulo Nader, “na 
cooperação, as pessoas estão movidas por um mesmo objetivo e valor 
e por isso conjugam o seu esforço. Na competição há uma disputa, 
uma concorrência, em que as partes procuram obter o que almejam, 
uma visando à exclusão da outra. O conlito se faz presente a partir do 
impasse, quando os interesses em jogo não logram uma solução pelo 
diálogo e as partes recorrem à agressão, moral ou física, ou buscam a 
mediação da justiça”. Assim, se a cooperação une e inclui, a competição 
cria oposição e exclusão. Em relação aos conlitos, eles são fenômenos 
naturais a qualquer sociedade; e, quanto mais esta se desenvolve, mais 
se sujeita a novas formas de conlito, tornando-se a convivência, se não 
o maior, certamente um dos seus maiores desaios. 
2.3 INTERAÇÃO SOCIAL
Qualquer lugar que se observe o homem, seja qual for a época e por mais 
rude e selvagem que possa ser na sua origem, ele sempre é encontrado em estado 
de convivência com os outros. De fato, desde o seu primeiro aparecimento sobre a 
Terra, surge em grupos sociais, inicialmente pequenos como a família, clã ou tribo 
e depois maiores como aldeia, cidade e Estado (BETIOLI, 2015).
Betioli (2015, p. 44) airma ainda que o homem além de um ser social 
é também um ser político, e ainda apresenta duas dimensões fundamentais: a 
sociabilidade que vem a ser “a propensão do homem para viver junto com os 
outros e comunicar-se com eles, torná-los participantes das próprias experiências 
e dos próprios desejos, conviver com eles as mesmas emoções e os mesmos bens” 
e a politicidade que é “o conjunto de relações que o indivíduo mantém com os 
outros, enquanto faz parte de um grupo social” (BETIOLI, 2015, p. 44).
UNIDADE 1 — NOÇÕES GERAIS DE DIREITO
8
FIGURA 1 – QUADRO EXPLICATIVA SOBRE INTERAÇÃO SOCIAL
FONTE: Adaptada de Nader (2019)
Ao analisar a ação do Direito, Nader (2019, p. 24) esclarece que “ao separar 
o lícito do ilícito, segundo valores de convivência que a própria sociedade elege, o 
ordenamento jurídico torna possível os nexos de cooperação, disciplina e competição, 
estabelecendo as limitações necessárias ao equilíbrio e à justiça nas relações”.
Deste modo podemos compreender que o direito é usado como 
instrumento de controle social, buscando regulamentar as relações sociais na 
busca da paz social. Na existência do conlito o Direito atua de duas formas e em 
dois momentos distintos:
• Preventivamente – de forma a evitar o desentendimento quanto aos direitos 
que cada parte julga ser portadora.
• Concretamente – o direito apresenta solução de acordo com a natureza do caso.
FIGURA 2 – Interação social
FONTE: <https://psicoativo.com/wp-content/uploads/2018/02/vicio_em_celular_smartpho-
ne_nomofobia.jpg>. Acesso em: 17 ago. 2020.
TÓPICO 1 — CONCEPÇÃO DE “DIREITO”
9
FIGURA 3 – RELAÇÃO ENTRE PESSOAS
FONTE: <http://www.pacce.ufc.br/pacce//images/e130e03472321169710f6f750833b712.jpg>. 
Acesso em: 17 ago. 2020.
Essa relação entre pessoas e grupos sociais gera:
FIGURA 4 – COOPERAÇÃO, COMPETIÇÃO, CONFLITO
FONTE: Adaptada de <http://4.bp.blogspot.com/-4N-pe-gATwc/T7_fbpNEW5I/AAAAAAAABCo/y-
-je6lwC_to/s320/trabalho_em_equipe.jpg>; <https://cutt.ly/IgHtav0>; <https://cutt.ly/4gHti3l>. 
Acesso em: 17 ago. 2020.
E para resolução temos o:
UNIDADE 1 — NOÇÕES GERAIS DE DIREITO
10
FIGURA 5 – REPRESENTAÇÃO DO DIREITO
FONTE: <https://cutt.ly/EgHtx1w>. Acesso em: 17 ago. 2020.
O direito está em função da vida social e sua inalidade é favorecer o amplo 
relacionamento entre as pessoas e os grupos sociais, que é uma das bases do 
progresso da sociedade (NADER, 2016). Ainda sobre a relação entre a sociedade 
e o Direito, Nader (2019, p. 19) airma que:
A vida em sociedade pressupõe organização e implica a existência do 
Direito. A sociedade cria o Direito no propósito de formular as bases 
da justiça e segurança. Com este processo as ações sociais ganham 
estabilidade. A vida social torna-se viável. O Direito, porém, não é uma 
força que gera, unilateralmente, o bem-estar social. Os valores espirituais 
que apresenta não são inventos do legislador. Por deinição, o Direito 
deve ser uma expressão da vontade social e, assim, a legislação deve 
apenas assimilar os valores positivos que a sociedade estima e vive. O 
Direito não é, portanto, uma fórmula mágica capaz de transformar a 
natureza humana. Se o homem em sociedade não está propenso a acatar 
os valores fundamentais do bem comum, de vivê-los em suas ações, o 
Direito será inócuo, impotente para realizar a sua missão.
Como vimos, a vida em sociedade é regulamentada por normas. Estas 
normas valem para todos, sendo seu conhecimento e cumprimento obrigatórios, 
como se lê do artigo 3º da Lei de Introdução do Código Civil: “ninguém se escusa 
de cumprir a lei alegando que não a conhece”. 
Neste sentido entende-se que, depois de publicada, uma lei passa a 
ser obrigatória para toda a sociedade, e ninguém poderá omitir-se de seu 
cumprimento mesmo sob a argumentação de erro ou ignorância, ou seja, mesmo 
sob a alegação de desconhecimento da lei.
Assim, vale lembrar que:
Onde há a sociedade, há o Direito (ubi societas ibi jus).
Cabe apenas ressaltar que, também, a política e a religião desempenham 
importante papel no sentido de minimizar os conlitos na sociedade, como mostra 
a igura a seguir:
TÓPICO 1 — CONCEPÇÃO DE “DIREITO”
11
FIGURA 6 – FORMAS DE CONTROLE E RESOLUÇÃO DOS CONFLITOS
FONTE: A autora
2.4 DIREITO, ÉTICA E MORAL
Vimos anteriormente, na Figura 6, que o Direito, juntamente com a Moral, 
a Religião e a Política, desempenha papel fundamental na prevenção dos conlitos 
que nascem do convívio social. A partir de agora, vamos focar nossa atenção nos 
conceitos de Direito, Ética e Moral:
A atividade humana, além de subordinar-se às leis da natureza e 
conduzir-se conforme as normas éticas, ditadas pelo direito, moral, 
religião e regras de trato social, tem necessidade de orientar-se pelas 
normas técnicas, ao desenvolver o seu trabalho e construir os objetos 
culturais. Enquanto as normas éticas determinam o agir social e a suavivência já constitui um im, as normas técnicas indicam formulas de 
fazer e são apenas meios que capacitam o homem a atingir resultados 
(NADER, 2019, p. 32).
O homem é um ser fundamentalmente social; é obrigado a viver 
necessariamente em conjunto, necessitando, portanto, de regras de 
comportamento. Este mesmo homem está condicionado, então, a regras sociais 
éticas, morais, religiosas e jurídicas, regras que foram ou são constituídas pelo 
próprio. Está, ainda, subordinado a regras ou leis da física, sujeito, assim, aos 
fenômenos da natureza (RIZZARDO, 2015).
É de grande importância saber diferenciar o conceito de Ética da Moral 
e Direito. Estas três áreas de conhecimento se diferenciam, porém, possuem 
grandes vínculos e até mesmo sobreposições.
Conforme Betioli (2015), a ética estuda a conduta do homem, seja perante 
ele mesmo, seja perante a sociedade, para compreensão da Moral e do Direito 
destaca o seguinte conceito:
UNIDADE 1 — NOÇÕES GERAIS DE DIREITO
12
QUADRO 3 – CONCEITOS DE ÉTICA, MORAL E DIREITO
Identidade semântica de “ética” e “moral”: assim como a palavra “moral” vem 
do latim (mos, moris), a palavra “ética” vem do grego (ethos) e ambas se referem 
a costumes, indicando as regras do comportamento, as diretrizes de conduta a 
serem seguidas. Etimologicamente indicam, a rigor, a mesma realidade.
Acepç̃o ampla e estrita: colocamos aqui as normas morais como uma espécie 
de normas éticas, porque a palavra “moral” pode ser empregada em duas 
acepções distintas: ampla e estrita.
Num sentido amplo, abrange todas as ciências normativas do agir humano; e a 
palavra ética icaria reservada para essa acepção ampla. A ética, compreendida 
como a ciência axiológica ou valorativa, tem por objeto os valores que presidem 
o comportamento humano em todas as suas expressões existenciais. 
Moral social: cuida dos deveres do indivíduo como indivíduo para com o todo, 
para com a coletividade em que atua; ela visa o bem enquanto social.
O direito, igualmente, preocupa-se de maneira direta, imediata e prevalecente, 
do bem enquanto do todo coletivo, isto é, do bem comum. Mas, vale ressaltar, 
isso não signiica que o direito descuida do problema do indivíduo, muito menos 
que ignora a importância que o elemento intencional e subjetivo representa na 
experiência jurídica. 
A ética – enquanto ordenação dos comportamentos em geral, na medida em 
que se destinam à realização de um bem. 
FONTE: Adaptado de Betioli (2015)
FIGURA 7 – CONCEITO DE MORAL
FONTE: A autora
A moral restringe-se unicamente ao plano íntimo, à consciência e sua pena 
máxima, se restringe no campo do remorso, do arrependimento, do desgosto, do 
pesar. Já no plano do direito, a norma comina as sanções, ou as penalidades, 
que lhe dão eicácia na prática. A moral dirige-se à abstinência de erros ou atos 
nocivos e à prática do bem. Impõe que se abstenha a pessoa de cometer atos 
errados e a que pratique atos positivos dirigidos para o bem. Já o direito dirige-se 
a evitar que se lese ou prejudique a outrem (RIZZARDO, 2015).
TÓPICO 1 — CONCEPÇÃO DE “DIREITO”
13
FIGURA 8 – CONCEITO DE ÉTICA
FONTE: A autora
Para RIZZARDO (2015) a ética um conjunto de conhecimentos e 
princípios dirigidos a imprimir um comportamento humano moral em campos 
especiicados. Seu conceito constitui os valores morais e princípios que norteiam 
a conduta humana na sociedade. Segundo a ilosoia, corresponde a uma ciência 
que estuda os valores e princípios morais de uma sociedade e seus grupos.
As regras da ética são aplicáveis nos diversos campos das atividades 
humanas, como na medicina, na advocacia, na economia, na engenharia, 
formando um conjunto de preceitos que impõem o respeito na prática 
do trabalho, sem ofender o exercício da proissão dos que atuam 
no mesmo ramo, e em respeito às pessoas para as quais se presta os 
serviços. Concebe-se, acima de tudo, como um dever que o proissional 
tem com aquele que contrata o seu serviço (RIZZARDO, 2015, s.p.). 
FIGURA 9 – QUADRO EXPLICATIVO DE DIREITO
FONTE: A autora
O direito por meio da norma contida no ordenamento jurídico, orienta 
como a pessoa deve proceder, ou determina caminhos a serem obedecidos. 
“Maior é sua integração nesse campo se aparece feita e ordenada pelo Estado. 
Deste modo, a norma pode ser qualiicada, então, como formadora do direito 
positivo” (RIZZARDO, 2015, s.p.).
Deste modo, Rizzardo (2015, s.p.) acredita que:
UNIDADE 1 — NOÇÕES GERAIS DE DIREITO
14
A ética, a moral e o direito estão interligados. Em princípio, o direito tem 
sua origem em valores que estão na esfera interna da pessoa, ditados pela 
consciência, isto é, pelos valores que integram a moral e, em determinados 
campos, mormente no que se externa em condutas, em atitudes na 
execução de atividades, transmuda-se em normas éticas. Há o direito a 
partir do momento em que se declara o dever ser ou a obrigatoriedade 
das normas éticas, que se inspiram em princípios da moral.
Pode-se concluir que, pelo fato de os princípios e valores internos da 
pessoa ditarem as condutas seguidas nas relações mútuas entre os indivíduos 
ou entre estes e a comunidade, e desde que passem a adquirir obrigatoriedade, 
ou revestindo-se de coercibilidade, o direito decorre da moral e da ética 
(RIZZARDO,2015, s.p.).
FIGURA 10 – QUADRO EXPLICATIVO SOBRE ÉTICA, MORAL E DIREITO
FONTE: <https://cutt.ly/tgHyDAr>. Acesso em: 17 ago. 2020.
Propriamente, o termo ‘moral’ (do latim mos = costume) refere-se à vida 
moral (o que Aranguren chama de ‘moral vivida’ e Santo Alberto Magno denominava 
ethica utens) e o termo ‘ética’ refere-se à relexão sobre esta vida moral (na terminologia 
de Aranguren: ‘moral formulada’ ou ‘moral pensada’; e na terminologia de Santo Alberto: 
ethica docens). Embora essa distinção terminológica seja exata, contudo, o uso ordinário 
dá o mesmo signiicado à ‘ética’ e à ‘moral’. Através do contexto pode-se determinar se se 
trata da vida ou da relexão.
FONTE: BETIOLI, A. B. Introdução ao direito: liç̃es de proped̂utica jurídica tridimensional. 
14. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2015. p. 97.
IMPORTA
NTE
15
Neste tópico, você aprendeu que:
• O Direito é fruto da vida em sociedade (onde está o homem, está o Direito).
• De uma forma ampla, o Direito pode ser considerado como a ciência que 
estuda as normas que regulamentam a vida em sociedade.
• Para diminuição e resolução dos conlitos, também são utilizadas a Política, a 
Moral e a Religião.
• Direito, ética e Moral não se confundem.
• A Moral tem um campo de ação mais amplo do que o Direito.
• O Direito sofre inluência da Moral.
RESUMO DO TÓPICO 1
16
1 Conforme Betioli (2015), o homem, a sociedade e o direito são essencialmente 
ligados e qualquer sociedade possui três características como: a 
multiplicidade de indivíduos, a interação e a previsão de comportamentos. 
Com base nessa informação, associe as duas colunas relacionando os 
conceitos de cada característica.
(1) Multiplicidade de 
indivíduos.
( ) Trata-se de um conjunto ou agrupamento 
de indivíduos; na deinição de Tomás de 
Aquino: “a reunião de homens para fazer 
algo em comum”.
(2) Interação.
( ) A interação, por seu turno, pressupõe uma 
previsão de comportamento, ou de reações 
ao comportamento de outros.
(3) Previsão de 
comportamentos.
( ) Não basta, porém, para a existência de uma 
sociedade, que indivíduos, em número 
maior ou menor, unam-se.
A sequência CORRETA dessa associação é:
a) ( ) (1), (3), (2).
b) ( ) (1), (2), (3).
c) ( ) (2), (1), (3).
d) ( ) (3), (2), (1).
2 O homem é um ser fundamentalmente social e obrigado a viver 
necessariamente em conjunto, necessitando de regras de sociais éticas, 
morais, religiosas e jurídicas. Com base nessa informação, assinale a 
alternativa CORRETA que aponta o conceito de moral.
a) ( ) Os processos de mútua inluência, de relações interindividuais e 
intergrupais, que se formam sob a força de variados interesses.
b) ( ) Norma contida no ordenamento jurídico, orienta como a pessoa deve 
proceder,ou determina caminhos a serem obedecidos.
c) ( ) Estabelecendo as limitações necessárias ao equilíbrio e à justiça nas 
relações.
d) ( ) A moral restringe-se unicamente ao plano íntimo, à consciência e sua 
pena máxima, se restringe no campo do remorso, do arrependimento, 
do desgosto, do pesar.
3 Como vimos, a vida em sociedade é regulamentada por normas e o direito está 
em função da vida social e sua inalidade é favorecer o amplo relacionamento 
entre as pessoas e os grupos sociais. Com base nessa airmação, assinale a 
alternativa CORRETA que aponta o conceito de Direito.
AUTOATIVIDADE
17
a) ( ) A ciência que estuda as normas de conduta que regem a vida em 
sociedade, trata-se de uma ciência ampla, com aplicação em todas as 
áreas do conhecimento.
b) ( ) Restringe-se unicamente ao plano íntimo, à consciência e sua pena 
máxima, se restringe no campo do remorso, do arrependimento, do 
desgosto, do pesar
c) ( ) É usado como instrumento de controle social, buscando regulamentar 
as relações sociais na busca da paz social apenas no campo da moral 
sem o uso de regras.
d) ( ) É usado como instrumento de controle social, buscando regulamentar 
as relações sociais na busca da paz social apenas no campo da ética 
sem o uso de regras.
4 O direito está em função da vida social e sua inalidade é favorecer o amplo 
relacionamento entre as pessoas e os grupos sociais, que é uma das bases 
do progresso da sociedade. Com base nessa airmação, disserte sobre do 
Direito Positivo na sociedade.
5 O homem está condicionado, então, a regras sociais éticas, morais, religiosas 
e jurídicas, regras que foram ou são constituídas pelo próprio. Com base 
nessa airmação, disserte sobre a ética.
18
19
TÓPICO 2 — 
UNIDADE 1
DIREITO OBJETIVO E SUBJETIVO
1 INTRODUÇÃO
Do que estudamos até agora, você viu que o direito traz o conjunto de normas 
aplicáveis às relações sociais. É a este conjunto de normas vigentes e impostas, que 
devem ser conhecidas e cumpridas por todos, que se denomina direito objetivo.
Quando mencionamos as fontes do direito, nos deparamos com um 
assunto cheio de contradições doutrinárias. Entretanto, tal contradição é quanto a 
aceitar o que realmente deve ser considerada como uma fonte do direito e aquelas 
que não podem, sendo que todos concordam em destacar o papel relevante que 
elas possuem no ordenamento jurídico, sendo elas escritas ou não, materiais ou 
formais, são necessárias a qualquer sistema jurídico.
2 CONCEITO DE DIREITO OBJETIVO E SUBJETIVO
O direito dito objetivo é a norma; a lei que vigora em determinado Estado; 
tem por escopo regular a sociedade em busca do ordenamento das relações 
jurídicas e da paz social (VENOSA, 2018).
Para Nader (2019) do ponto de vista objetivo, o Direito é norma de organização 
social. É o chamado Jus norma agendi. E quando se trata de direito subjetivo: 
O direito subjetivo decorre da incidência de normas jurídicas sobre fatos 
sociais. As regras podem qualiicar os direitos tanto pela imposição 
de deveres jurídicos aos sujeitos que se encontrem em determinadas 
situações ou reconhecendo, diretamente, vantagens aos portadores 
de situações jurídicas especíicas. O direito subjetivo consiste, assim, 
na possibilidade de agir e de exigir aquilo que as normas de Direito 
atribuem a alguém como próprio (NADER, 2019, p. 289).
O direito objetivo é obrigatório, enquanto o subjetivo é uma faculdade (eu 
exerço esta possibilidade se eu quiser).
IMPORTA
NTE
20
UNIDADE 1 — NOÇÕES GERAIS DE DIREITO
Porém, apesar de diferentes e inconfundíveis, o direito subjetivo e o objetivo 
estão ligados. “Não são duas realidades distintas, mas dois lados de um mesmo 
objeto. Entre ambos, não há uma antítese ou oposição” (NADER, 2019, p. 75).
FIGURA 11 – Direito objetivo e subjetivo
FONTE: A autora
3 FONTES DO DIREITO
A palavra “fonte” tem o sentido de “origem, gênese, de onde provém” 
(água):
Não precisamos sair do senso comum para entender o seu signiicado. 
Fonte é a nascente da água, e especialmente é a bica donde verte água 
potável para uso humano. De forma igurativa, então, o termo “fonte” 
designa a origem, a procedência de alguma coisa. A fonte é reveladora 
do que estava oculto, daquilo que ainda não havia surgido, uma vez 
que é exatamente o ponto de passagem do oculto ao visível (NUNES, 
2018, p. 114).
Isto posto, podemos dizer que a lei é a principal fonte do Direito, como se 
vê do art. 4º da Lei de Introdução do Código Civil: “Art. 4º Quando a lei for omissa, 
o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais 
de direito” (BRASIL, 1942). 
Além da Lei, também são fontes do Direito: a Doutrina, a Jurisprudência, 
a Equidade, a Analogia e os Princípios Gerais de Direito. Vejamos, a seguir, de 
forma sucinta, como se caracteriza cada uma destas fontes. “Em síntese, a fonte 
de direito constitui sempre uma estrutura normativa que processa e formaliza 
determinadas diretrizes de conduta ou determinadas esferas de competência, 
conferindo-lhes validade objetiva” (BETIOLI, 2015, p. 181).
TÓPICO 2 — DIREITO OBJETIVO E SUBJETIVO
21
3.1 CARACTERIZAÇÃO DAS FONTES DO DIREITO
São vários os critérios para se estabelecer uma classiicação para as fontes do 
direito, mas, de forma geral, pode-se classiicar em fontes materiais e fontes formais.
FIGURA 12 – FONTES FORMAIS E MATERIAIS
FONTE: Adaptada de Betioli (2015)
Neste sentido conforme Betioli (2015, p. 61) discorre sobre o assunto:
Temos, aí, a gênese do direito natural. Diz-se, então, que as fontes 
primeiras do direito promanam do direito natural, da oicialização do 
direito natural, das concentrações de ideias comuns, de adaptações 
das condutas a padrões ixos e constantes. Estas são as fontes 
materiais, que nasceram com o indivíduo humano. Quando surgiu 
a necessidade de escrever esses ditames comuns e naturais, ou no 
momento em que se tornou indispensável documentar a regra cuja 
obediência se impunha como questão de sobrevivência, iniciaram 
a ser impostas por quem representava o poder, ou pelo mais forte, 
pelo líder. Eram escritas e divulgadas, constituindo a lei, o decreto, o 
regulamento, a norma, o julgado, o enunciado. Trata-se, nesse setor, 
das fontes formais, assim deinidas por Ricardo Luis Lorenzeti: “As 
fontes formais são as normas jurídicas gerais, mediante as quais se 
estabelecem obrigações, emanadas de autoridade competente, e nas 
que se pode incluir logicamente as normas de inferior hierarquia. Este 
princípio de autoridade que as sustenta brinda, aparentemente, as 
máximas seguranças”.
3.2 CLASSIFICAÇÃO DA HIERARQUIA DAS LEIS
Legislaç̃o é o conjunto das normas jurídicas emanadas do Estado, através 
de seus vários órgãos, dentre os quais se realça, com relevo, nesse tema, o Poder 
Legislativo (NUNES, 2018, p. 116):
22
UNIDADE 1 — NOÇÕES GERAIS DE DIREITO
Como “legislação” é um conceito que advém do vocábulo “lei”, muitas 
vezes tais expressões são tomadas como sinônimas, deinindo-se, 
então, legislação como um conjunto de leis. Na verdade, é preciso que 
se faça um esclarecimento acerca do uso do termo “lei”. O vocábulo 
“lei” apresenta uma série de signiicados diversos [...] A lei jurídica 
propriamente, de sua parte, aponta também para alguns sentidos, que 
são análogos. A lei é tanto constitucional quanto uma lei ordinária, por 
exemplo o Código Civil, ou até uma cláusula contratual que se diz ser 
“leis entre as partes”.
Para Gusmão (2018, p. 115) “o Estado tem a função principal de elaboração 
das leis, denominado Assembleia Legislativa (Câmara dos Deputados etc.), a lei 
formal é a formulada pela Assembleia Legislativa e promulgada por seu presidente 
enunciada em um texto, publicada no órgão oicial. A “lei formal” é autônoma”. 
Lei delegada é a regra de direito outorgada pelo Poder Executivo, em virtude 
de delegação de poderes do Legislativo, que exclusivamente tem competência 
de formulá-la. A lei delegada depende de a Constituição permitir delegação de 
poderes. Trazemos, a seguir, algumas noçõesgerais sobre cada uma delas:
• Lei complementar: são complementares da Constituição, a ela submetendo-
se. “A sua elaboração opera-se em obediência a dispositivos constitucionais, 
regulando assuntos tratados genericamente pelo texto constitucional” 
(RIZZARDO, 2015, p. 74).
• Lei ordinária: “elaboradas pelo Poder Legislativo, não tratando de matéria 
constitucional” (RIZZARDO, 2015, p. 74).
• Leis delegadas: “embora a elaboração de lei seja da competência do Poder 
Legislativo, o art. 68 da Constituição Federal prevê a hipótese de o Presidente 
da República solicitar delegação ao Congresso Nacional para legislar sobre 
determinada matéria” (NADER,2019, p. 143). 
As leis ‘delegadas’, as quais, como a palavra deixa antever, são ou 
deveriam ser elaboradas pelo Poder Legislativo. Entrementes, em vista 
da delegação, transfere-se a incumbência a outro Poder Executivo. 
O art. 68 da Carta Maior coloca como condição para a delegação a 
antecedente solicitação ao Congresso Nacional pelo Presidente da 
República. Seu § 1o impede a delegação de atos da competência 
exclusiva do Congresso Nacional, os de competência privativa da 
Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, de matéria reservada à 
lei complementar, nem de legislação sobre:
I- organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e 
a garantia de seus membros;
II- nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais; 
III- planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos 
(RIZZARDO, 2015, p. 75).
• Decreto legislativo: se enquadram no gênero de normas, mas que tratam dos 
assuntos da exclusiva competência do Congresso Nacional, “como, dentre 
outros casos, a ratiicação de tratados internacionais; o julgamento das contas 
do Presidente da República; a autorização do Presidente e do Vice-Presidente 
para se ausentarem do País, em prazo superior a quinze dias (art. 49 da CF)” 
(RIZZARDO, 2015, p. 76).
TÓPICO 2 — DIREITO OBJETIVO E SUBJETIVO
23
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
I- resolver deinitivamente sobre tratados, acordos ou atos 
internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao 
patrimônio nacional;
II- autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar 
a paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo território 
nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados os casos 
previstos em lei complementar;
III- autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se 
ausentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias;
IV- aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o 
estado de sítio, ou suspender qualquer uma dessas medidas;
V- sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do 
poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa;
VI- mudar temporariamente sua sede;
VII- ixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os Senadores, 
observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, 
§ 2º, I;
VIII- ixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da República 
e dos Ministros de Estado, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, 
§ 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
IX- julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República 
e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo;
X- iscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, 
os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração indireta;
XI- zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da 
atribuição normativa dos outros Poderes;
XII- apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de 
emissoras de rádio e televisão;
XIII- escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da 
União;
XIV- aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades 
nucleares;
XV- autorizar referendo e convocar plebiscito;
XVI- autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento 
de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais;
XVII- aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas 
com área superior a dois mil e quinhentos hectares (BRASIL,1988).
• Decreto regulamentar: constituem atos do Poder Executivo, revelando dupla 
inalidade: de um lado, como atos de governo, ou a execução das funções e da 
administração, e assim sobre a destinação de verbas autorizadas, a nomeação 
de ministros, a intervenção federal, a celebração de tratados; de outro lado, 
constituem atos que regulamentam ou completam as leis.
Dentro deste duplo caráter, ainda atual a lição de Décio Moreira: 
“O decreto é a forma do Executivo ditar normas disciplinadoras de 
ordem administrativa, com força de lei. O Estado (Executivo), seja na 
ordem Federal, Estadual ou Municipal, como amplitude, disciplina 
seus serviços através de publicação de decretos. O decreto que nomeia 
funcionários, o que disciplina a coleta de lixo etc. Paralelamente, muitas 
vezes, em decorrência da necessidade de facilitação da execução da 
lei, esta manda, obriga ao Executivo a regulamentá-la, o que é feito 
através do Decreto” (RIZZARDO, 2015, p. 77).
 
24
UNIDADE 1 — NOÇÕES GERAIS DE DIREITO
• Resoluções: se deinem como atos dos Poderes Executivo, Legislativo e 
Judiciário, sobre matéria mais de ordem interna, concernente à administração.
No caso do Poder Legislativo, mediante resolução a Mesa determinará 
a instauração do processo de perda de mandato do Deputado Federal 
ou do Senador (art. 55, §§ 2º e 3º, da Carta Federal). Além disso, das leis 
ou dos decretos emanam o poder concedido a certos órgãos de emitir 
resoluções, disciplinando especiicamente certos aspectos. Exemplo 
encontra-se na Lei nº 4.595, de 1964, cujo art. 4º, inc. IX, confere ao 
Conselho Monetário Nacional a função de limitar as taxas de juros às 
instituições que integram o Sistema Financeiro Nacional (RIZZARDO, 
2015, p. 77).
Além das resoluções, temos as ‘portarias’, ‘avisos’, ‘ordens de serviços’, 
‘as instruções’, produzindo atos de administração, ou de esclarecimentos, ou 
de imposições, dirigidos aos órgãos internos dos ministérios e das repartições, 
inerentes aos funcionários e ao funcionamento dos serviços que prestam ao 
público. Contudo, a força coativa não está propriamente nesses atos, e sim nas leis 
em que se embasam. “Regem os atos e as relações das partes, ainda, as sentenças 
judiciais, os contratos, os tratados, as convenções, os estatutos, os regulamentos 
internos, que devem ser havidos como a concretização de um comando legal” 
(RIZZARDO, 2015, p. 77).
3.3 COSTUMES
A necessidade e a conveniência em sociedade determinam a concepção 
do cumprimento de certas regras, que passam a formar o costume. As pessoas 
criam modos de agir, de relacionamentos, de vizinhança, de tratamento mútuo, 
de posturas frente a certos fatos, como de remuneração por serviços prestados, de 
pagamento em valores ajustados pelo transporte de mercadorias, de contratação de 
pessoas determinadas para a prestação de serviços em áreas portuárias, levando a 
um ressarcimento condigno, apesar de não legislada a situação. “As condutas, as 
ideias, o modo de ser adquirem corpo, repetem-se, reproduzem-se, multiplicam-se, 
formando um costume, um uso da população, até que se apresenta tão obrigatório 
como se fosse lei” (RIZZARDO, 2015, p. 85). Neste sentido temos que: 
Costume, juridicamente pode ser deinido como a regra de conduta 
usualmente observada em um meio social por ser considerada 
juridicamente obrigatória e necessária. É a forma usual de agir 
considerada no meio social juridicamente obrigatória. [...] Os elementos 
do costume são: repetição habitual, uniforme, ininterrupta. Resumindo: 
repetição habitual, uniforme, ininterrupta, por longo tempo, em um 
meio social, de um ato ou conduta de forma semelhante, da qual se 
deduz a sua obrigatoriedade e necessidade (GUSMÃO,2018, p. 120).
Deste modo o costume pode ser deinido como um “conjunto de normas 
de conduta social, criadas espontaneamente pelo povo, através do uso reiterado, 
uniforme e que geraa certeza de obrigatoriedade, reconhecidas e impostas pelo 
Estado” (NADER, 2019, p. 148).
TÓPICO 2 — DIREITO OBJETIVO E SUBJETIVO
25
3.4 JURISPRUDÊNCIA
A Jurisprudência é considerada um conjunto de decisões sobre 
interpretações de leis, feita pelos tribunais de determinada jurisdição. Neste 
sentido NADER (2019, p. 162) entende que:
Em seu contínuo labor de julgar, os tribunais desenvolvem a análise do 
Direito, registrando, na prática, as diferentes hipóteses de incidência 
das normas jurídicas. Sem o escopo de inovar, essa atividade oferece, 
contudo, importante contribuição à experiência jurídica. Ao revelar o 
sentido e o alcance das leis, o Poder Judiciário beneicia a ordem jurídica, 
tornando-a mais deinida, mais clara e, em consequência, mais acessível 
ao conhecimento. Para bem se conhecer o Direito que efetivamente rege 
as relações sociais, não basta o estudo das leis, é indispensável também a 
consulta aos repertórios de decisões judiciais. A jurisprudência constitui, 
assim, a deinição do Direito elaborada pelos tribunais.
FIGURA 13 – CONCEITO DE JURISPRUDÊNCIA
FONTE: A autora
3.5 DOUTRINA
A doutrina é considerada como um conjunto de indagações, pesquisas e 
pareceres dos estudiosos do Direito, nesse sentido, a doutrina é apreciada como 
fonte por sua contribuição para a aplicação e também preparação à evolução do 
direito. Deste modo, temos o entendimento de que:
A doutrina, ou Direito Cientíico, compõe-se de estudos e teorias, 
desenvolvidos pelos juristas, com o objetivo de interpretar e sistematizar 
as normas vigentes e de conceber novos institutos jurídicos, reclamados 
pelo momento histórico. É a communis opinio doctorum. Esse acervo 
de conhecimentos é resultado da experiência de juristas, mestres de 
Jurisprudência e dos juízes. Os estudos doutrinários localizamse nos 
tratados, monograias, sentenças prolatadas pelos mais sábios juízes 
(NADER, 2019, p. 172).
26
UNIDADE 1 — NOÇÕES GERAIS DE DIREITO
FIGURA 14 – CONCEITO DE DOUTRINA
FONTE: A autora
3.6 EQUIDADE
A equidade consiste na adequação da regra existente à situação concreta, 
obedecendo aos critérios de justiça. Entende-se, então, que a equidade concilia a 
regra a um caso especíico, com o propósito de deixá-la mais justa. É uma forma 
de se aplicar o Direito, mas sendo o mais próximo possível do justo para as duas 
partes. Entende-se assim:
Equidade é uma das mais antigas e frequentemente usadas fontes 
do direito, com o sentido de se fazer justiça para o caso concreto. 
Compreende a justiça que se funda na boa razão, na ética, no bom 
senso, no direito natural, visando suprir a imperfeição da lei ou 
amenizar os rigores de seus comandos (RIZZARDO, 2015, p. 98). 
 
FIGURA 15 – CONCEITO
FONTE: A autora
3.7 ANALOGIA
No ramo jurídico, a analogia é uma maneira de compor as brechas da lei. 
Ocorre analogia quando é realizada uma comparação entre casos diferentes, mas 
com um conlito parecido para seguir a mesma resposta. A analogia tem como 
suporte o princípio da igualdade jurídica, e também airma que deve ocorrer a 
mesma solução para a mesma infração ou razão da lei. Neste sentido entende-se:
TÓPICO 2 — DIREITO OBJETIVO E SUBJETIVO
27
A analogia é um recurso técnico que consiste em se aplicar, a uma 
hipótese não prevista pelo legislador, a solução por ele apresentada 
para uma outra hipótese fundamentalmente semelhante à não prevista. 
Destinada à aplicação do Direito, analogia não é fonte formal, porque 
não cria normas jurídicas, apenas conduz o intérprete ao seu encontro. 
O trabalho que desenvolve é todo de investigação. No sentido de 
criatividade, não elabora, pois o mandamento jurídico preexiste. 
Estabelecendo esse recurso técnico para a integração do Direito, o 
legislador simpliica a ordem jurídica, dando-lhe organicidade. A 
aplicação da analogia legal decorre necessariamente da existência de 
lacunas da lei (NADER, 2019, p. 184).
FIGURA 16 – CONCEITO DE ANALOGIA
FONTE: A autora
3.8 PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO
Antes de iniciarmos o tema “Princípios Gerais do Direito” é necessário 
entender qual o signiicado da palavra princípio, o motivo de ser utilizado como 
meio de auxílio pelo legislador no âmbito jurídico de uma causa.
A palavra princípio possui dois entendimentos: o primeiro de natureza 
moral, em que são declaradas as condutas, as virtudes, em argumentos voltados 
às razões morais, e existe o segundo entendimento que é o de signiicado lógico, 
são verdades ou juízos fundamentais que servem de base ou de garantia de 
exatidão a um sistema de conhecimento, ilosóico ou cientíico. Neste sentido, 
temos o seguinte entendimento:
Os princípios gerais de Direito garantem, em última instância, o critério 
de julgamento. Malgrado o legislador pátrio se reira especiicamente 
ao juiz, na realidade dirigem-se os princípios aos destinatários do 
Direito em geral. Diante de uma situação fática, os sujeitos de direito, 
necessitando conhecer os padrões jurídicos que disciplinam a matéria, 
devem consultar, em primeiro plano, a lei. Se esta não oferecer 
a solução, seja por um dispositivo especíico, ou por analogia, o 
interessado deverá veriicar da existência de normas consuetudinárias. 
Na ausência da lei, de analogia e costume, o preceito orientador há de 
ser descoberto mediante os princípios gerais de Direito. Nesta situação, 
não haverá possibilidade, teórica ou prática, de não se revelar a norma 
reitora, pois, como bem airma Clóvis Beviláqua, “o jurista penetra 
em um campo mais dilatado, procura apanhar as correntes diretoras 
do pensamento jurídico e canalizá-lo para onde a necessidade social 
mostra a insuiciência do Direito positivo” (NADER, 2019, p. 188).
28
UNIDADE 1 — NOÇÕES GERAIS DE DIREITO
FIGURA 17 – QUADRO INFORMATIVO DAS FONTES DO DIREITO
 FONTE: A autora
Os princípios também podem estar associados às proposições ou normas 
fundamentais que norteiam os estudos, sobretudo os que regem o pensamento e a conduta. 
ATENCA
O
29
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• Uma das principais classiicações do Direito é a que o divide em direito 
objetivo e subjetivo. 
• O que diferencia o direito objetivo é a coatividade, o que signiica que o direito 
objetivo são as normas impostas, de cumprimento obrigatório, enquanto o 
direito subjetivo representa a permissão de agir prevista em lei.
• Apesar de diferentes, o direito objetivo e o subjetivo estão ligados, formando 
“um todo”, que conhecemos por “direito”.
• As “fontes do direito” são as origens do Direito, ou seja, é através dessas que 
o direito nasce e evolui.
• A principal fonte do Direito é a Lei.
• Além da Lei, são também fontes do Direito: Doutrina, Equidade, 
Jurisprudência, Analogia, Costumes e os Princípios Gerais de Direito.
30
1 As normas aplicadas nas relações sociais são vigentes e impostas, que 
devem ser conhecidas e cumpridas por todos, que se denomina direito 
objetivo. Com base nessa informação, assinale a alternativa CORRETA a 
respeito do conceito de Direito Objetivo.
a) ( ) A lei que vigora em determinado Estado; tem por escopo regular a 
sociedade em busca do ordenamento das relações jurídicas e da paz 
social.
b) ( ) Consiste, assim, na possibilidade de agir e de exigir aquilo que as 
normas de Direito atribuem a alguém como próprio.
c) ( ) Decorre da incidência de normas jurídicas sobre fatos sociais, depende 
a vontade do indivíduo.
d) ( ) Decorre da incidência da moral jurídicas sobre fatos sociais, depende a 
vontade do indivíduo.
2 São vários os critérios para se estabelecer uma classiicação para as fontes 
do direito, mas, de forma geral, pode-se classiicar em fontes materiais e 
fontes formais. Com base nessa airmação, assinale a alternativa CORRETA 
a respeito do conceito de Fonte Formal.
a) ( ) São as normas jurídicas gerais, mediante as quais se estabelecem 
obrigações, emanadas de autoridade competente, e nas que se pode 
incluir logicamente as normas de inferior hierarquia.
b) ( ) Promanam do direito natural, da oicialização dodireito natural, das 
concentrações de ideias comuns, de adaptações das condutas a padrões 
ixos e constantes.
c) ( ) Todas as autoridades, pessoas, grupos e situações que inluenciam a 
criação do direito em determinada sociedade.
d) ( ) Está inerente na elaboração de uma lei, ao valor que possui o fato 
social.
3 Legislação é o conjunto das normas jurídicas emanadas do Estado, através 
de seus vários órgãos, dentre os quais se realça, com relevo, nesse tema, 
o Poder Legislativo. Com base nessa informação, assinale a alternativa 
CORRETA a respeito do conceito de Decreta Legislativo.
a) ( ) São complementares da Constituição, a ela submetendo-se. A sua 
elaboração opera-se em obediência a dispositivos constitucionais, 
regulando assuntos tratados genericamente pelo texto constitucional.
b) ( ) Embora a elaboração de lei seja da competência do Poder Legislativo, 
o art. 68 da Constituição Federal prevê a hipótese de o Presidente da 
República solicitar delegação ao Congresso Nacional para legislar 
sobre determinada matéria.
AUTOATIVIDADE
31
c) ( ) Se enquadram no gênero de normas, mas que tratam dos assuntos da 
exclusiva competência do Congresso Nacional, como, dentre outros 
casos, a ratiicação de tratados internacionais.
d) ( ) se deinem como atos dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, 
sobre matéria mais de ordem interna, concernente à administração.
4 A necessidade e a conveniência em sociedade determinam a concepção do 
cumprimento de certas regras, que passam a formar o costume. Com base 
nessa informação, disserte sobre o conceito de costume.
5 Legislação é o conjunto das normas jurídicas emanadas do Estado, através 
de seus vários órgãos, dentre os quais se realça, com relevo, nesse tema, 
o Poder Legislativo, de acordo com a classiicação e hierarquia das leis, 
disserte sobre a Jurisprudência.
32
33
TÓPICO 3 — 
UNIDADE 1
NORMA JURÍDICA E RELAÇÃO JURÍDICA
1 INTRODUÇÃO
Já vimos anteriormente que o Direito é uma ciência que estuda as normas 
jurídicas. Mas, o que são normas jurídicas? 
Este tópico objetiva estudar a teoria da norma jurídica, que é imprescindível 
no estudo do Direito, porque é a sua materialização. “Conhecer o Direito é conhecer 
as normas jurídicas em seu encadeamento lógico e sistemático. As normas ou 
regras jurídicas estão para o Direito de um povo, assim como as células estão para 
um organismo vivo” (NADER, 2019, p. 79). 
Essas palavras de Paulo Nader demonstram quão importante é o estudo 
deste tema e seu entendimento para também entendermos o Direito. Iniciaremos 
pelo conceito de norma jurídica, para depois estudarmos suas características. 
Então, vamos em frente...
Neste último tópico, além do conceito de norma jurídica, vamos estudar 
a relação jurídica. 
2 CONCEITO DE NORMA JURÍDICA
Relembrando o que estudamos até agora, temos que o Direito é o 
responsável por traçar normas de conduta que permitam às pessoas e aos grupos 
sociais viverem em harmonia, agindo preventivamente, para evitar o conlito, ou 
após sua ocorrência, a im de garantir a paz social.
A norma jurídica é, pois, o meio, o instrumento de que se utiliza o Direito 
para atingir seu objetivo. É através da norma jurídica que o Direito revela à 
sociedade os padrões de comportamento exigidos pelo Estado.
Podemos airmar, assim, que a norma ou regra jurídica “é um padrão de 
conduta imposto pelo Estado para que seja possível a convivência dos homens 
em sociedade. [...] Ela esclarece ao agente como e quando agir. [...] Em síntese, 
norma jurídica é a conduta exigida ou o modelo imposto de organização social” 
(NADER, 2019, p. 79). No mesmo sentido:
34
UNIDADE 1 — NOÇÕES GERAIS DE DIREITO
As considerações precedentes nos permitiram constatar que o direito 
é “normativo”: disciplina o comportamento do homem, prescreve 
deveres para a realização de valores. E o faz por meio de certos 
esquemas ou padrões de organização e de conduta, que denominamos 
“normas” ou modelos jurídicos (BETIOLI, 2015, p. 173).
As normas jurídicas são necessárias devido à necessidade da natureza 
humana de viver em sociedade, cabendo a elas disciplinar o comportamento de 
seus membros, conforme (BETIOLI, 2015) o conceito de norma jurídica possui 
três características:
FIGURA 18 – CONCEITOS DE NORMA JURÍDICA
FONTE: Adaptada de Betioli (2015)
FIGURA 19 – QUADRO EXPLICATIVO SOBRE NORMA JURÍDICA
Normas jurídicas
Homem ser social necessidade de associar-se a outros indivíduos para conseguir os 
seus objetivos
deve obedecer a determinadas normas disciplinadoras para viver de forma segura
A norma jurídica é o instrumento de deinição da conduta exigida pelo Estado.
Norma jurídica é a conduta exigida ou o modelo imposto pela organização social (esclarece ao 
agente como e quando agir).
FONTE: <https://slideplayer.com.br/slide/11649429/>. Acesso em: 17 ago. 2020.
TÓPICO 3 — NORMA JURÍDICA E RELAÇÃO JURÍDICA
35
“No direito brasileiro, as normas podem ser federais, estaduais e 
municipais, de acordo com os entes da federação e a repartição de competências 
previstas pela Constituição Federal de 1988” (MASCARO, 2015, p. 90).
De acordo com Figueiredo (2016), objetiva-se, com a criação da norma, dar 
respostas de comportamento e conduta à sociedade, em face dos fatos produtores 
de consequências nem sempre desejáveis, dentro de uma linha daquilo que é 
razoavelmente necessário e estritamente proporcional a se exigir do indivíduo 
para a vida na coletividade. 
Conforme magistério consagrado de Hans Kelsen (2003), a norma jurídica 
deve ser analisada sob diversos planos de estudo, o qual se passa a discorrer, de 
forma sintética. Acompanhe o quadro a seguir:
QUADRO 4 – FORMA SINTÉTICA DA NORMA JURÍDICA
Existência: trata-se da veriicação se a norma ingressou no ordenamento 
jurídico, adquirindo vigência, mediante a obediência do devido processo 
legislativo para tanto.
Validade: cuida-se de veriicar se a norma em vigor se encontra 
procedimentalmente compatível (análise formal) e com conteúdo consonante 
(análise material), dentro do ordenamento jurídico vigente, com a norma que 
lhe é hierarquicamente superior.
Eicácia: é a qualidade e a aptidão da norma para produção de seus regulares 
efeitos jurídicos, no sentido de criar vínculos obrigacionais entre os indivíduos, 
gerando direitos e deveres entre estes.
Efetividade: trata-se da aceitação da norma no meio social em que ela produzirá 
seus regulares efeitos jurídicos, traduzindo-se na receptividade desta com seu 
consequente acolhimento entre os indivíduos.
Aplicabilidade: é a delimitação do campo de incidência da norma jurídica, 
no sentido de se circunscrever quais são os segmentos da sociedade que se 
encontram sob a égide da mesma, isto é, que se encontram sobre o império de 
sua observância cogente.
As expressões norma e regra jurídicas são sinônimas, apesar de alguns autores 
reservarem a denominação regra para o setor da técnica e, outros, para o mundo natural. 
“Distinção há entre norma jurídica e lei. Esta é apenas uma das formas de expressão das 
normas, que se manifestam também pelo Direito costumeiro e, em alguns países, pela 
jurisprudência” (NADER, 2019, p. 79).
IMPORTA
NTE
36
UNIDADE 1 — NOÇÕES GERAIS DE DIREITO
Revogaç̃o: é a retirada da norma do ordenamento jurídico, operando efeitos no 
campo da existência. Observe-se que somente uma norma de igual hierarquia é 
capaz de revogar outra, retirando-lhe do campo de existência.
Declaraç̃o de inconstitucionalidade: traduz-se no reconhecimento de 
incompatibilidade formal (procedimento) e/ou material (conteúdo) de uma 
norma em face daquela que lhe é hierarquicamente superior e lhe outorga 
validade. Assim, uma vez declarada inconstitucional determinado ato 
legislativo, constata-se que este não possui fundamento de validade que o torne 
apto à produção de seus regulares efeitos jurídicos.
FONTE: Adaptado de Figueiredo (2016)
2.1 CARACTERÍSTICAS DA NORMA JURÍDICA
De acordo com o que estudamos podemos concluir que, norma jurídica é um 
conjuntode normas que integra o ordenamento jurídico, tem a responsabilidade de 
regular a conduta dos indivíduos, uma regra de conduta imposta, é a proposição 
normativa colocada de uma forma jurídica (lei, regulamento). Compõe-se, em 
sua maioria, de preceito e sanção. Sua essencial função é coagir os sujeitos a se 
comportarem da forma por ela determinada. Tem por objetivo principal a ordem 
e a paz social.
Contudo, “as categorias mais gerais das normas jurídicas, velicam-se que 
estas apresentam alguns caracteres que, na opinião predominante dos autores, 
são os seguintes: bilateralidade, generalidade, abstratividade, imperatividade, 
coercibilidade” (NADER, 2019, p. 82).
Sanção jurídica é o meio competente estabelecido pelas normas jurídicas 
para forçar seus violadores (violadores possíveis ou violadores prováveis) a cumprir o que 
elas mandam, ou a reparar o mal causado pela violação, ou a se submeter às penas legais 
(TELLES, 2006).
NOTA
TÓPICO 3 — NORMA JURÍDICA E RELAÇÃO JURÍDICA
37
2.1.1 Bilateralidade
A bilateralidade tem relação com a própria estrutura da norma, 
normalmente, a norma é direcionada a duas partes, sendo que uma parte tem o 
dever jurídico, e deverá exercer determinada conduta em favor de outra, enquanto 
que, essa outra, tem o direito subjetivo, a norma concede a possibilidade de agir 
diante da outra parte. Uma parte, então, teria um direito ixado pela norma e 
a outra uma obrigação, decorrente do direito que foi concedido. Neste sentido 
temos o seguinte entendimento:
O Direito existe sempre vinculando duas ou mais pessoas, atribuindo 
poder a uma parte e impondo dever à outra. Bilateralidade signiica, 
pois, que a norma jurídica possui dois lados: um representado pelo 
direito subjetivo e outro pelo dever jurídico, de tal sorte que um não 
pode existir sem o outro. Em toda relação jurídica há sempre um 
sujeito ativo, portador do direito subjetivo e um sujeito passivo, que 
possui o dever jurídico (NADER, 2019, p. 82).
FIGURA 20 – CONCEITO DE BILATERAL
FONTE: <https://cutt.ly/ygHzvXM>. Acesso em: 17 ago. 2020.
2.1.2 Generalidade
A generalidade está relacionada ao fato de a norma valer para qualquer 
um, sem distinção de qualquer natureza, para os indivíduos, também iguais entre 
si, que se encontram na mesma situação. A norma não foi criada para um ou 
outro, mas para todos. Essa característica consagra um dos princípios basilares 
do Direito: igualdade de todos perante a lei.
O princípio da generalidade revela que a norma jurídica é preceito 
de ordem geral, obrigatório a todos que se acham em igual situação 
jurídica. A importância dessa característica levou o jurisconsulto 
Papiniano a incluí-la na deinição da lei: Lex est generale praeceptum. Da 
generalidade da norma jurídica deduzimos o princípio da isonomia 
da lei, segundo o qual todos são iguais perante a lei (NADER, 2019, p. 
82, grifo nosso).
38
UNIDADE 1 — NOÇÕES GERAIS DE DIREITO
FIGURA 21 – CONCEITO DE GENERALIDADE
FONTE: A autora
2.1.3 Abstratividade
A norma não foi criada para regular uma situação concreta ocorrida, 
mas para regular, de forma abstrata, abrangendo o maior número possível de 
casos semelhantes, que, normalmente, ocorrem de uma forma. A norma não 
pode disciplinar situações concretas, mas tão somente formular os modelos de 
situação, com as características fundamentais, sem mencionar as particularidades 
de cada situação, pois é impossível ao legislador prever todas as possibilidades 
que podem ocorrer nas relações sociais. Conforme segue entendimento:
Visando a atingir o maior número possível de situações, a norma 
jurídica é abstrata, regulando os casos dentro do seu denominador 
comum, ou seja, como ocorrem via de regra. Se o método legislativo 
pretendesse abandonar a abstratividade em favor da casuística, para 
alcançar os fatos como ocorrem singularmente, com todas as suas 
variações e matizes, além de se produzirem leis e códigos muito mais 
extensos, o legislador não lograria o seu objetivo, pois a vida social é 
mais rica do que a imaginação do homem e cria sempre acontecimentos 
novos e de formas imprevisíveis. Benedeto Croce, ao formular a noção 
da lei, refere-se à sua condição abstrata: “lei é um ato volitivo que tem 
por conteúdo uma série ou classe de ações”. Tanto a generalidade 
quanto a abstratividade, embora constituam características típicas 
das normas jurídicas, não chegam a ser essenciais a estas, como anota 
Massimo Bianca, pois há situações especiais em que as normas se 
revelam individuais e concretas (NADER, 2019, p. 82).
FIGURA 22 – CONCEITO DE ABSTRATIVIDADE
FONTE: A autora
TÓPICO 3 — NORMA JURÍDICA E RELAÇÃO JURÍDICA
39
2.1.4 Imperatividade
A norma, para ser cumprida e observada por todos, deverá ser imperativa, 
ou seja, impor aos destinatários a obrigação de obedecer. Não depende da vontade 
dos indivíduos, pois a norma não é conselho, mas ordem a ser seguida. De acordo 
com Nader (2019, p. 82):
Na sua missão de disciplinar as maneiras de agir em sociedade, o Direito 
deve representar o mínimo de exigências, de determinações necessárias. 
Para garantir efetivamente a ordem social, o Direito se manifesta através 
de normas que possuem caráter imperativo. Não fosse assim, o Direito 
não lograria estabelecer segurança, nem justiça. A norma não imperativa 
não pode ser jurídica. A matéria contida nas leis promulgadas durante 
a Revolução Francesa, relativas à deinição do bom cidadão ou à 
existência de Deus, não possui juridicidade. O caráter imperativo da 
norma signiica imposição de vontade e não mero aconselhamento. Nas 
normas de tipo preceptivo e proibitivo, segundo impõem uma ação 
ou uma omissão, a imperatividade se manifesta mais nitidamente. Já 
em relação às normas explicativas ou declarativas, conforme salienta 
Groppali, é menos fácil de se descobrir a imperatividade.8 Nesses 
casos esta característica existe na associação de duas normas, ou seja, 
na vinculação entre a norma secundária (explicativa ou declarativa) e a 
primária (objeto da explicação ou deinição).
FIGURA 23 – CONCEITO DE IMPERATIVIDADE
FONTE: A autora
2.1.5 Coercibilidade
Pode ser explicada como a possibilidade do uso da força para combater 
aqueles que não observam as normas. Essa força pode se dar mediante coação, que 
atua na esfera psicológica, desestimulando o indivíduo de descumprir a norma, 
ou por sanção (penalidade), que é o resultado do efetivo descumprimento. Pode-
se dizer que a Ordem Jurídica também estimula o cumprimento da norma, que se 
dá pelas sanções premiais. Essas sanções seriam a concessão de um benefício ao 
indivíduo que respeitou determinada norma.
Coercibilidade quer dizer possibilidade de uso da coação. Esta 
possui dois elementos: psicológico e material. O primeiro exerce 
a intimidação, através das penalidades previstas para a hipótese 
de violação das normas jurídicas. O elemento material é a força 
propriamente, que é acionada quando o destinatário da regra não a 
cumpre espontaneamente (NADER, 2019, p. 83).
40
UNIDADE 1 — NOÇÕES GERAIS DE DIREITO
As noções de coação e de sanção não se confundem. A primeira é 
uma reserva de força a serviço do Direito, enquanto a segunda é considerada, 
geralmente, medida punitiva para a hipótese de violação de normas (NADER, 
2019, p. 83).
FIGURA 24 – CONCEITO DE COERÇÃO
FONTE: FONTE: A autora
FIGURA 25 – CARACTERÍSTICAS DA NORMA JURÍDICA
FONTE: A autora
Veja um quadro resumido das características de norma jurídica na Figura 25.
DICAS
TÓPICO 3 — NORMA JURÍDICA E RELAÇÃO JURÍDICA
41
3 RELAÇÃO JURÍDICA
As relações entre as pessoas, entre si ou em grupos, e estes grupos entre si, 
geram vínculos que estão previstos nas normas jurídicas. Assim, o casamento, por 
exemplo, é uma relação jurídica. Dele decorrem inúmeros direitos e obrigações 
que interessam ao Direito, como a propriedade, a honra, a vida etc.
Em sua futura atividade proissional, você ou a empresa em que for 
trabalhar farão parte de muitas relações jurídicas, quando, por exemplo, forem 
devedores ou credoresde uma dívida. Também podemos citar as relações com os 
funcionários, fornecedores, entre muitas outras. Preparado para mais esta tarefa? 
Então, inicialmente, vamos conhecer o conceito de relação jurídica.
3.1 CONCEITO DE RELAÇÃO JURÍDICA
Conforme Gusmão (2018, p. 250), a relação jurídica é “o vínculo que une 
uma ou mais pessoas, decorrente de um fato ou de um ato previsto em norma 
jurídica, que produz efeitos jurídicos”, ou mais singelamente, “vínculo jurídico 
estabelecido entre pessoas, em que uma delas pode exigir de outra determinada 
obrigação” (GUSMÃO, 2018, p. 250).
As relações jurídicas são originadas de atos ou fatos jurídicos (cujos 
conceitos veremos adiante), que envolvem pessoas físicas ou jurídicas. Essas 
relações são chamadas “jurídicas”, pois seu objeto é um interesse juridicamente 
protegido, ou seja, que interessam ao Direito, como o patrimônio, a vida, a honra 
etc. Neste sentido, de acordo com Nader (2019, p. 282):
A relação jurídica faz parte do elenco dos conceitos jurídicos 
fundamentais e constitui um ponto de convergência de vários 
componentes do Direito. A sua compreensão é elemento-chave para 
o conhecimento da Teoria Geral do Direito. Nela se entrelaçam fatos 
sociais e normas jurídicas. É no quadro amplo das relações jurídicas 
que se apresentam os sujeitos do direito e se projetam direitos 
subjetivos e deveres jurídicos.
FIGURA 26 – RELAÇÃO DE PESSOAS
FONTE: <https://cutt.ly/ygHmVAf>. Acesso em: 17 ago. 2020.
42
UNIDADE 1 — NOÇÕES GERAIS DE DIREITO
Deinir “a relação jurídica como o vínculo que une duas ou mais pessoas, 
decorrente de um fato ou de um ato previsto em norma jurídica, que produz efeitos 
jurídicos, ou, mais singelamente, vínculo jurídico estabelecido entre pessoas, em que 
uma delas pode exigir de outra determinada obrigação” (GUSMÃO, 2018, p. 250).
3.2 ESPÉCIES DE RELAÇÃO JURÍDICA
São várias as espécies de relação jurídica. Para o nosso estudo, é suiciente 
conhecermos três classiicações: relações jurídicas de direito público e privado, 
relações jurídicas solenes e não solenes e relações jurídicas pessoais e reais.
A doutrina estabelece algumas modalidades de relações jurídicas, das 
quais destacamos as seguintes: 
• Relações jurídicas pessoais se caracterizam pela inter-relação de 
condutas, em que a conduta de uma parte depende da de outra, ou, ainda, em 
que a conduta de um é o meio para satisfazer interesse de outro. 
FIGURA 27 – RELAÇÃO JURÍDICA PESSOAL: CASAMENTO
FONTE: Adaptada de <https://cutt.ly/NgHQlSv>. Acesso em: 17 ago. 2020.
• Relações jurídicas reais nas relações jurídicas reais, em que coisas são o 
objeto, sobressaem os poderes e as faculdades que têm o titular em relação à coisa, 
estando as demais pessoas na situação jurídica de não impedir que ele os exerça.
 
FIGURA 28 – RELAÇÃO JURÍDICA REAL. COMPRA E VENDA
FONTE: A autora
• Relações jurídicas de Direito Privado decorrem de norma de direito 
privado (lei ou contrato) que se baseia no princípio de liberdade, de autonomia 
privada. Que atos são esses? 
TÓPICO 3 — NORMA JURÍDICA E RELAÇÃO JURÍDICA
43
FIGURA 29 – CONSTRUÇÃO
FONTE: <https://cutt.ly/qgHQIst>. Acesso em: 17 ago. 2020. 
 
FIGURA 30 – QUADRO EXPLICATIVO DE RELAÇÃO JURÍDICA PRIVADA
FONTE: A autora
FIGURA 31 - QUADRO EXPLICATIVO DE RELAÇÃO JURÍDICA PRIVADA
FONTE: A autora
44
UNIDADE 1 — NOÇÕES GERAIS DE DIREITO
• Relações jurídicas de direito público as relações de direito público 
envolvem o Estado com particulares, e as ações dos próprios cidadãos dentro 
da esfera pública da sociedade. E defende o interesse público, que é soberano 
ao interesse privado. 
FIGURA 32 – QUADRO EXPLICATIVO DE RELAÇÃO JURÍDICA PÚBLICA
FONTE: A autora
Todos esses atos estão situados no domínio privado, e o direito privado é o 
regime jurídico aplicável. 
ATENCA
O
As relações jurídicas de Direito Público, quando é o Estado que igura como 
polo ativo, exercendo seu poder de superioridade, numa relação de subordinação em 
relação ao polo passivo; e relações jurídicas de Direito Privado, quando é formada por 
indivíduos, que nos dois polos, ativo ou passivo, exercem seus direitos e deveres numa 
relação de igualdade, ou coordenação.
UNI
• Relações jurídicas solenes possuem uma forma especial, imposta por lei, 
são relações jurídicas constituídas por atos solenes.
TÓPICO 3 — NORMA JURÍDICA E RELAÇÃO JURÍDICA
45
FIGURA 33 – ATO SOLENE: CASAMENTO
FONTE: Adaptada de <https://cutt.ly/IgHWQHC>. Acesso em: 17 ago. 2020.
FIGURA 34 – ATO SOLENE: COMPRA E VENDA
FONTE: A autora
• Relações jurídicas ño solenes é toda relação cuja sua existência a lei não 
determina um ato especial.
FIGURA 35 – ATO NÃO SOLENE: CONSERTO DE CARRO
FONTE: A autora
“A relação jurídica faz parte do elenco dos conceitos jurídicos 
fundamentais e constitui um ponto de convergência de vários componentes do 
Direito. A sua compreensão é elemento-chave para o conhecimento da Teoria 
Geral do Direito” (NADER, 2019, p. 282).
3.3 ELEMENTOS DA RELAÇÃO JURÍDICA
“Integram a relação jurídica os elementos: sujeito ativo, sujeito passivo, 
vínculo de atributividade e objeto. O fato e a norma jurídica, que alguns autores 
arrolam como elementos, são antes pressupostos da existência da relação jurídica” 
(NADER, 2019, p. 284).
46
UNIDADE 1 — NOÇÕES GERAIS DE DIREITO
3.3.1 Sujeitos da relação jurídica
“Toda pessoa que se insere numa relação jurídica tem sempre direitos 
e deveres, e não apenas direitos ou somente deveres” (BETIOLI, 2015, p. 339). 
Neste sentido, ainda de acordo com o autor:
Sujeito ativo, portanto, é o credor da prestação principal. O portador 
do direito subjetivo de poder exigir o seu cumprimento. Num contrato 
de mútuo, aquele que empresta certa quantia em dinheiro e possui o 
direito de ser pago no prazo e condições estipulados é o sujeito ativo. O 
que não elide, como dito, que ele também tenha deveres correlatos ou 
não. Sujeito passivo vem a ser aquele que integra a relação jurídica como 
responsável ou devedor da prestação principal. No exemplo dado, é o 
mutuário ou o devedor. O que não exclui que também tenha direito de 
exigir algo em sentido complementar (BETIOLI, 2015, p. 339).
FIGURA 36 – QUADRO EXPLICATIVO DE SUJEITO ATIVO E PASSIVO
FONTE: Adaptada de Nader (2019)
FIGURA 37 – ILUSTRAÇÃO DE DIREITO ATIVO E PASSIVO
FONTE: <https://cutt.ly/AgHEQ9v>. Acesso em: 17 ago. 2020.
 Podemos concluir que a relação jurídica, geralmente a de direito privado, 
pode ser entendida como o vínculo ou a ligação existente entre duas ou mais 
pessoas, estabelecida em razão de um certo objeto para o qual a norma jurídica, 
realizando uma qualiicação, declara poderes a um dos sujeitos, bem como 
deveres para o outro.
TÓPICO 3 — NORMA JURÍDICA E RELAÇÃO JURÍDICA
47
CULTURALISMO JURÍDICO: TRIDIMENSIONALISMO JURÍDICO
Lury Mayra Amorim de Miranda
Rayanne Stphanie Rodrigues Marques
 
1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como escopo substancial analisar o conceito de 
Tridimensionalismo Jurídico ou Teoria Tridimensional do Direito, utilizados 
por grandes jusilósofos, para se chegar ao tridimensionalismo de Miguel Reale. 
Este artigo centrou-se na análise da concepção culturalista de Reale, focando-
se na noção de estrutura do Direito. Ou seja, focou-se no modelo de estrutura 
tridimensional do Direito presente no pensamento realeano, no intuito de 
compreender a sua ideia de Ciência Jurídica e de norma enquanto objeto 
fundamental. Portanto, me debruçarei a analisar “A Teoria Tridimensional do 
Direito” do jus-ilósofo Miguel Reale, especialmente porque contempla o Direito 
não como um esquema puramente lógico, uma vez que a Ciência Jurídica deve 
ser considerada em termos de uma realidade cultural, onde a norma é tomada 
como resultado da tensão entre fato e valor. A tomada de posição de Miguel Reale 
exige do jurista que, ao se deparar com a norma jurídica, saiba que não há como 
abstrair do seuestudo aqueles fatos e valores, que determinaram a sua própria 
gênese, sob pena de uma visão reducionista do Direito, o que o descaracterizaria 
enquanto verdadeira ciência normativa. Disso resulta que toda norma jurídica é 
uma integração entre fato e valor.
Muito aclamada no meio acadêmico, a teoria tridimensional do Direito, 
está geralmente ligada à igura de Miguel Reale, talvez o maior jusilósofo 
brasileiro, mas diicilmente é plenamente compreendida pelos que a evocam.
Palavras-chave: Teoria tridimensional. Direito. Filosoia. Norma.
2 DESENVOLVIMENTO
O Direito é formado por um tripé, uma tríade: Fato, Valor e Norma. São 
várias as teorias que explicam essa tridimensionalidade, mas algumas acabam 
utilizando-se desses fatores para reduzir o papel do Estado e da sociedade. Daí 
entra Miguel Reale, com a sua teoria tridimensional do direito, na qual defende a 
coexistência recíproca desses elementos para uma melhor relação do Direito com 
a sociedade.
O Direito é composto de experiências jurídicas, de normas que regulam 
as sociedades e parâmetros de comportamento embasados pelos indivíduos que 
as compõem. Em todas estas características é possível encontrar os três elementos 
que os deinem: fato, valor e norma.
LEITURA COMPLEMENTAR
48
UNIDADE 1 — NOÇÕES GERAIS DE DIREITO
A estrutura do direito é tridimensional (fato, valor e norma), visto que como 
o elemento normativo, que disciplina os comportamentos individuais e coletivos, 
pressupõe sempre uma dada situação de fato, referida a valores determinados.
De acordo com Renato Poltronieri, pode-se deinir “fato” como sendo 
a realização de um bem comum segundo a efetividade histórica e cultural; 
“valor”, como o conteúdo da regra segundo uma concepção de utilidade, 
proporcionalidade, igualdade e justiça, em determinado tempo e espaço; “norma” 
signiica ordem bilateral e heterônoma para atribuir determinados efeitos aos 
eventos e fenômenos jurídicos, segundo um conjunto de regras ordenadas.
Em linhas gerais, a teoria tridimensional do direito postula que o direito 
deve ser sempre analisado de forma dialética, por meio de três aspectos distintos 
entre si: o fático (estudo do fato), o axiológico (o estudo do valor), e o normativo 
(o estudo das normas que compreende o dever-ser). Portanto, fato, valor e norma, 
devem estar sempre presentes em qualquer indagação acerca do direito.
Pois bem, as primeiras doutrinas que se preocuparam com essa teoria, 
izeram-na de modo abstrato – daí Miguel Reale denominá-las de Teoria de 
Tridimensionalidade Abstrata ou Genérica- sem se desvincularem integralmente 
de perspectivas setorizadas, mas apenas procurando compô-las numa visão 
inal e compreensiva. Também conhecidas como concepções unilaterais ou 
reducionistas, aceitavam a existência de fato, valor e norma na experiência 
jurídica, porém, privilegiavam apenas um dos fatores em detrimento dos outros.
Quando se favorece o fato social em detrimento dos elementos valor e 
norma, se está diante do Sociologismo Jurídico. Um exemplo do sociologismo 
jurídico no Brasil é Pontes de Miranda, para quem “o Direito pressupõe no jurista 
o sociólogo que fundamentalmente deve ser”. Karl Marx também se encaixa 
nessa concepção reducionista, pois reduzem a experiência jurídica ao fenômeno 
econômico. No entanto, a verdade é que tais explicações reducionistas mutilam a 
natureza da sociedade e do Estado.
Após o Sociologismo jurídico surgirá, no século XX, o Normativismo 
Jurídico de Hans Kelsen (2003). Ele concebe a norma jurídica como entidade lógico-
hipotética, capaz de constituir juridicamente a experiência social, abrangendo 
desde as normas fundamentais da Constituição até os preceitos dos contratos e 
das sentenças- a norma neste caso prevalece sobre o fato e o valor. Tais normas 
dependem de uma norma denominada fundamental, e são enunciados lógicos 
que se situam no plano do dever-ser. A Ciência Jurídica é de natureza puramente 
normativa, enquanto a Jurisprudência Sociológica é de plano moral e preocupa-
se com o ser, enquanto aquela reitera o dever-ser.
Outra corrente doutrinária é a defendida pelos chamados Moralistas 
Jurídicos, em que defendem a supremacia do valor em relação ao fato e a norma. 
São denominados assim, pois “não compreendem juridicidade indiferente à licitude 
ou ilicitude moral da conduta prescrita ou proibida, vinculando o Direito à Moral 
de maneira absoluta”. Creem os moralistas que a legitimidade deve estar acima da 
própria legalidade.
TÓPICO 3 — NORMA JURÍDICA E RELAÇÃO JURÍDICA
49
Essas três vertentes genéricas acabam ocultando faces necessárias para 
uma compreensão integral do fenômeno jurídico. Daí surge, a ideia de um 
tridimensionalismo especíico (ou dinâmico) em que “não se realiza uma simples 
harmonização de resultados de ciências distintas, mas se faz um exame prévio da 
correlação essencial dos elementos primordiais do Direito, mostrando que eles 
sempre se implicam e se estruturam, numa conexão necessária”. Portanto, esta 
dinamicidade tridimensional se dá na observação entre fato, valor e norma de 
modo a abranger os problemas do fundamento, da vigência e da eicácia do Direito.
Miguel Reale defenderá este tridimensionalismo dinâmico, na qual deine: 
“o Direito é uma integração normativa de fatos segundo valores”. A “sua” teoria 
tridimensional diferenciar-se-ia quanto às perspectivas “na análise” (e não da 
matéria a ser estudada). Para o autor os componentes do direito se relacionam 
entre si “através de uma dialética de complementaridade”, o que exigiria uma 
direção diversa na pesquisa.
A base da teoria tridimensional do direito de Miguel Reale é que a 
realidade jurídica implica sempre “elementos ordenados valorativamente em um 
processo normativo”, portanto, os elementos de fato ordenados valorativamente 
dentro da experiência jurídica, desembocarão na norma, caminho esse realizado 
através da dialética de complementaridade.
Onde quer que se encontre a experiência jurídica, sempre estarão 
presentes os elementos fato, valor e norma, advindos daí as seguintes perspectivas 
dominantes da palavra Direito: o direito como valor do justo, estudado pela 
Filosoia do Direito; o direito como norma ordenadora da conduta, objeto da 
Ciência do Direito ou Jurisprudência; e, inalmente, o direito como fato social e 
histórico, objeto de estudo da Sociologia. Essa relação é denominada por Reale 
de “concreta correlação dialética de fato, valor e norma em todos os campos do 
conhecimento jurídico”.
Assim sendo, tanto o ilósofo quanto o sociólogo e o jurista não podem estar 
separados. Não se pode dividir o estudo do Direito em três compartimentos distintos 
e independentes, mas sim, considerar a correlação (dialética de complementaridade) 
existente entre fato, valor e norma.
A teoria tridimensional do direito de Miguel Reale passou então a ser 
debatida e estudada em vários países da Europa e da América, com indiscutível 
reconhecimento internacional.
Portanto, não há conteúdo jurídico que não passe pelo tripé fato, valor 
e norma, e este deve estar sempre presente em qualquer indagação acerca do 
direito. Tais elementos ou fatores (fato, valor e norma) não existem separados um 
dos outros, mas coexistem numa unidade concreta. Mais ainda, esses elementos 
não só se exigem reciprocamente, mas atuam como elos de um processo de tal 
modo que a vida do Direito resulta da interação dinâmica e dialética dos três 
elementos que a integram.
50
UNIDADE 1 — NOÇÕES GERAIS DE DIREITO
A diferença entre as várias teorias que usam tais elementos é, em verdade, 
o peso que se dá a cada um desses elementos na decisão jurídica. De qualquer 
forma, a tridimensionalidade do direito consiste nos elementos que o compõem. 
E o direito é, nesse aspecto, tridimensional.
2.1 MIGUEL REALE
Miguel Reale é certamente a igura mais proeminente do pensamento 
jusilosóico nacional. Sua Teoria Tridimensional do Direito ganhou destaque 
no meio acadêmico, não só no Brasil, como também em todo o mundo, 
principalmente na América Latina.Sua assertiva de que o Direito possui tríplice 
face – o fato, o valor e a norma – chegou a ser um clichê entre os estudantes da 
área jurídica, que não raro, mal compreendiam as nuances de tal ilosoia. Filiado 
à corrente culturalista que dava grande ênfase ao Direito como fator cultural, 
Reale na verdade, não foi o primeiro teórico a formular uma teoria tridimensional 
do Direito, mas certamente foi quem a sistematizou de forma mais madura, ao 
ponto do renomado jurista e ilósofo espanhol Ricaséns Siches no limiar de sua 
vida a ter adotado.
Reale vem deinir o direito através de uma teoria tridimensional 
englobando três aspectos que ele airma serem inseparáveis e distintos entre si. O 
axiológico (valor de justiça), o fático (afetividade social e histórica) e o normativo 
(o ordenamento, o dever-ser).
O Direito é uma realidade, digamos assim, trivalente ou, por outras 
palavras, tridimensional. Ele tem três sabores que não podem ser 
separados um dos outros. (REALE, 1994, p. 121).
Quando um estudo é tentado isolar um desses elementos, surgem então 
as concepções unilaterais especiicadas anteriormente, a exemplo do moralismo 
de Kant, do sociologismo de Ehrlich e do normativismo de Kelsen (2003).
Dessa maneira a deinição de Direito é assim dada: “Direito é a realização 
ordenada e garantida do bem comum, numa estrutura tridimensional bilateral 
atributiva”, ou seja, a totalização de valores, fatos em normas que obrigam os seus 
destinatários a adquirir determinadas condutas, o que possibilita a convivência 
em sociedade.
2.2 TEORIA TRIDIMENSIONAL DO DIREITO
A proposta da Teoria Tridimensional criada, elaborada pelo jus ilósofo 
Miguel Reale em 1968, a primeiro momento foi visto como uma forma de alcançar 
uma visão integral do Direito, ultrapassando algumas das visões e explicações 
unilaterais aprofundadas por alguns grandes nomes já citados anteriormente. 
Essa então “nova teoria” se tornou uma forma inovadora de abordagem da ciência 
jurídica através de três aspectos conhecidos como normativo, onde se percebe o 
Direito como ordenamento; o fático, com a afetividade histórica e social, e por im, 
o valor. O primeiro aspecto, considerado em um evento jurídico, enlaça os demais 
TÓPICO 3 — NORMA JURÍDICA E RELAÇÃO JURÍDICA
51
fatores, que se resumem no fato econômico, demográico, geográico, etc. e no valor 
que imprime signiicado a este acontecimento, gerando as tendências que guiarão 
as ações humanas desencadeadas a partir destes fatos.
Para uma melhor compreensão sobre o surgimento da teoria 
tridimensionalista, faz-se necessário uma rápida análise conceitual acerca dos 
signiicados isolados destes elementos. O valor, considerado não como um objeto 
ideal, mais como um dever ser situado num plano prático e ligado a uma ação.
O fato, capaz de revelar as intencionalidades objetivas de um determinado 
lugar ou época, é compreendido não como um mero fato natural, mas sim sempre 
imantado por um valor. A norma descreve os valores que vão se concretizando na 
condicionalidade dos fatos sociais e históricos.
Percebe-se, então, que a tridimensionalidade explica que os fatos geram 
juízos de valores que demandam normas para regulamentá-los. Sendo assim, 
para o eminente jurista Miguel Reale, o Direito não é abstrato, pois também está 
imerso na vida humana, que é um complexo de sentimentos e estimativas.
Só para inalizar, poderíamos ainda enfatizar que essa nova teoria nos traz 
contribuições positivas, uma vez que nos remete a pensar em novas “teorias das fontes 
do direito”, não superadas, mas complementar pelas “teorias do modelo de direito”.
O jurista e ilósofo brasileiro Miguel Reale (1910- 2006) sistematizou a 
teoria tridimensional do direito, na qual o conceito de Direito se compõe de uma 
tríade de elementos: (a) o fato; (b) o valor; e (c) a norma.
De maneira simpliicada, para que exista o Direito, é necessário existir um 
fato valorado segundo uma norma jurídica. Tal posição de Miguel Reale faz com que 
qualquer teoria que admita um estudo separado daqueles três elementos (fato, valor e 
norma) logre infrutífera e improdutiva para a explicação do fenômeno jurídico.
Integrante do culturalismo jurídico, Reale percebe o fenômeno jurídico – o Di-
reito – numa estrutura tridimensional, na qual o elemento normativo pressupõe uma 
situação fática que se refere a determinados valores. Segundo ele, o Direito só pode 
ser pensado teoricamente no momento de sua racionalização, que se expressa na in-
tegração da natureza normativa. Em função destes pressupostos, em síntese, o autor 
entende que o objeto especíico da Ciência do Direito se compõe nas normas jurídicas.
FONTE: <https://jus.com.br/artigos/62874/culturalismo-juridico-tridimensionalismo-juridico>. 
Acesso em: 17 ago. 2020.
52
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• A relação jurídica é um vínculo que une pessoas entre si ou pessoas e coisas.
• Este vínculo nasce de uma norma jurídica que impõe direitos e deveres a cada 
um dos participantes.
• Quando as pessoas se relacionam entre si, temos uma relação jurídica pessoal 
(ex.: casamento).
• Quando a relação envolve coisas, temos uma relação jurídica real (ex.: direito 
de propriedade). 
• São sujeitos da relação jurídica o sujeito ativo, que é o titular de um direito, e 
o passivo, é o que deve cumprir uma obrigação. 
Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem 
pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao 
AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
CHAMAD
A
53
1 Conhecer o Direito é conhecer as normas jurídicas em seu encadeamento 
lógico e sistemático, as normas ou regras jurídicas estão para o Direito de 
um povo, assim como as células estão para um organismo vivo. Com base 
nessa informação, assinale a alternativa CORRETA a respeito do conceito 
de Norma Jurídica.
a) ( ) É a expressão de um dever-se de organização ou de conduta, são 
padrões obrigatórios de conduta e de organização social.
b) ( ) É um padrão de conduta imposto pela sociedade para que seja possível 
a convivência dos homens em sociedade.
c) ( ) É a expressão de um dever-se de organização ou de conduta, são 
padrões optativos de conduta e de organização social.
d) ( ) É a expressão de um dever-se de organização ou de conduta, são 
padrões facultativos de conduta e de organização social.
2 A norma jurídica é considerada um conjunto de regras que integra o 
ordenamento jurídico, tem a responsabilidade de regular a conduta dos 
indivíduos. Com base nessa airmação, assinale a alternativa CORRETA a 
respeito das características das normas jurídicas.
a) ( ) Bilateralidade; especiicidade; abstratividade; imperatividade; 
coercibilidade.
b) ( ) Bilateralidade; generalidade; concreto; imperatividade; coercibilidade.
c) ( ) Bilateralidade; generalidade; abstratividade; imperatividade; 
coercibilidade.
d) ( ) Uniformidade; generalidade; abstratividade; imperatividade; 
facultatividade.
3 As relações jurídicas são entendidas como, o vínculo que une duas ou 
mais pessoas, decorrente de um fato ou de um ato previsto em norma 
jurídica, que produz efeitos jurídicos. Com base nessa informação, assinale 
a alternativa CORRETA a respeito das espécies de relações jurídicas.
a) ( ) Relações jurídicas coletivas; relações jurídicas informais; relações 
jurídicas de direito privado; relações jurídicas de direito público; 
relações jurídicas solenes; relações jurídicas não solenes.
b) ( ) Relações jurídicas pessoais; relações jurídicas reais; relações jurídicas 
de direito privado; relações jurídicas de direito público; relações 
jurídicas solenes; relações jurídicas não solenes.
c) ( ) Relações jurídicas coletivas; relações jurídicas irreais; relações jurídicas 
de direito privado; relações jurídicas de direito público; relações 
jurídicas solenes; relações jurídicas não solenes.
d) ( ) Relações jurídicas unilaterais; relações jurídicas reais; relações jurídicas 
de direito privado; relações jurídicasde direito público; relações 
jurídicas solenes; relações jurídicas não solenes.
AUTOATIVIDADE
54
4 De acordo com o que estudamos podemos concluir que, norma jurídica 
é um conjunto de normas que integra o ordenamento jurídico, tem a 
responsabilidade de regular a conduta dos indivíduos. Com base nessa 
airmação, disserte sobre a bilateralidade da norma.
5 As relações jurídicas são originadas de atos ou fatos jurídicos, que envolvem 
pessoas físicas ou jurídicas. Com base nessa informação, disserte sobre as 
Relações jurídicas de direito público.
55
REFERÊNCIAS
GOMES, O. Introduç̃o ao direito civil. 22. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019.
BETIOLI, A. B. Introduç̃o ao direito: lições de propedêutica jurídica tridimen-
sional. 14. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2015.
BRASIL. Constituiç̃o da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: 
Presidência da República, 1988. Disponível em: htp://www.planalto.gov.br/cci-
vil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 20 ago. 2020.
BRASIL. Decreto-lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942. Lei de Introdução às 
normas do Direito Brasileiro (Redação dada pela Lei nº 12.376, de 2010). Rio de 
Janeiro: Diário Oicial [da] União, 1942. Disponível em: htp://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del4657.htm. Acesso em: 20 ago. 2020.
VENOSA, S. de S. Introduç̃o ao estudo do direito. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2019.
VENOSA, S.de S. Direito civil: parte geral. 18. ed. São Paulo: Atlas, 2018.
RIZZARDO, A. Introduç̃o ao direito e parte geral do código civil. 8. ed. Rio de 
Janeiro: Forense, 2015.
GAGLIANO, P. S. Manual de direito civil. 2. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018. 
NADER, P. Introduç̃o ao estudo do direito. 41. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019.
GUSMÃO, P. D. de. Introduç̃o ao estudo do direito. 49. ed. rev. e atual. Rio de 
Janeiro: Forense, 2018.
NUNES, R. Manual de introduç̃o ao estudo do direito: com exercícios para sala 
de aula e lições de casa. 15. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018.
MASCARO, A. L. Introduç̃o ao estudo do direito. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2015.
FIGUEIREDO. L. V. Teoria da norma jurídica: princípios e regras – distinções e 
interseções. Gen Jurídico, São Paulo, 6 dez. 2016. Disponível em: htp://genjuridi-
co.com.br/2016/12/06/teoria-da-norma-juridica-principios-e-regras-distincoes-e-
-intersecoes/. Acesso em: 17 ago. 2020.
KELSEN, H. Teoria pura do direito. 3. ed. Tradução de José Cretella Jr. e Agnes 
Cretella. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003.
TELLES JR., G. Iniciaç̃o na ciência do direito. São Paulo: Saraiva, 2006.
56
57
UNIDADE 2 — 
RAMOS DO DIRIETO PÚBLICO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• compreender o conceito de Direito Público;
• compreender os diversos ramos que o compõem;
• conhecer os institutos regulados pelo Direito Público;
• compreender pontos importantes do Direito Militar;
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você 
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – DIREITO CONSTITUCIONAL
TÓPICO 2 – DIREITO ADMINISTRATIVO, DIREITO PROCESSUAL E
 DIREITO PENAL
TÓPICO 3 – DIREITO TRIBUTÁRIO, DIREITO ELEITORAL E DIREITO
 MILITAR
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMAD
A
58
59
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Este primeiro tópico foi reservado para o estudo do Direito Constitucional, 
que estuda as normas constitucionais. Iniciaremos pelo seu conceito, para então 
estudarmos especiicamente a Constituição da República de 1988, principal objeto 
do estudo do Direito Constitucional.
Serão abordados conteúdos referentes à natureza do direito constitucional, 
que pode ser entendido como um conjunto de normas que regulam o Estado. 
Também serão trazidos conceitos e deinições que têm o intuito de sintonizar o 
aluno na área objeto de estudo.
Nos itens seguintes, estudaremos matérias constitucionais de grande 
importância e conheceremos os principais direitos e garantias fundamentais, 
quais são os direitos sociais e ainda como funcionam e quais são as obrigações 
que os partidos políticos terão que cumprir.
2 CONCEITO DE DIREITO CONSTITUCIONAL E CONSTITUIÇÃO
O Direito Constitucional tem por objeto principal de estudo a Constituição 
do país, sendo responsável pela estruturação do Estado estabelecendo a forma e 
sistema de governo e quais poderes exercerão as funções para o Estado, como serão 
realizadas suas funções, quais limitações serão impostas a estes poderes, quais 
direitos que estes poderes e os demais cidadãos têm que respeitar, dentre outras 
normas básicas para a existência equilibrada de um Estado (PADILHA, 2018).
Segundo Alexandre Moraes (2019, p. 24), “O Direito Constitucional é 
um ramo do Direito Público, destacado por ser fundamental à organização e 
funcionamento do Estado, à articulação dos elementos primários do mesmo e ao 
estabelecimento das bases da estrutura política”. 
A Constituição, conforme Canotilho (1993 apud MORAES, 2019, p. 6):
Deve ser entendida como a lei fundamental e suprema de um Estado, 
que contém normas referentes à estruturação do Estado, a formação 
dos poderes públicos, forma de governo e aquisição do poder de 
governar, distribuição de competências, direitos, garantias e deveres 
dos cidadãos.
TÓPICO 1 — 
DIREITO CONSTITUCIONAL
UNIDADE 2 — RAMOS DO DIRIETO PÚBLICO
60
 FIGURA 1 – CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO
FONTE: A autora
A Constituição determina regras e estabelece critérios que devem ser 
respeitados por todos e de forma indiscriminada, ou seja, a Constituição é a regra 
maior e se encontra no topo da pirâmide da legislação pátria.
Para Moraes (2019, p. 4) o Estado Constitucional conigura-se, 
portanto, como uma das grandes conquistas da humanidade, que, para ser um 
verdadeiro Estado de qualidades no constitucionalismo moderno deve ser um 
Estado democrático de direito, possuindo duas grandes qualidades do Estado 
Constitucional: Estado de direito e Estado democrático. 
FIGURA 2 – PREMISSAS DO ESTADO DE DIREITO
Por isso é que nenhuma lei poderá ser contrária à Constituição, sob pena de ser 
considerada inconstitucional e retirada do ordenamento jurídico. Em razão da supremacia 
da Constituição, é comum a utilização da expressão “Carta Magna” para nos referirmos à 
Constituição.
IMPORTA
NTE
TÓPICO 1 — DIREITO CONSTITUCIONAL
61
FONTE: Adaptada de Moraes (2019)
Entendido o conceito de Constituição e sua supremacia? Vamos, então, 
estudar a Constituição Federal de 1988, especiicamente.
2.1 A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 
Para Lenza (2019) existem várias concepções ou acepções a serem 
tomadas para deinir o termo “Constituição”. Alguns autores preferem a ideia da 
expressão tipologia dos conceitos de Constituição em várias acepções. Vejamo-las 
no quadro a seguir:
QUADRO 1 – CONCEITOS DE CONSTITUIÇÕES
Sentido sociológico
A Constituição, segundo a conceituação de Lassalle, 
seria, então, a somatória dos fatores reais do poder 
dentro de uma sociedade.
Sentido político
Na visão de Carl Schmit, em razão de ser a Constituição 
produto de certa decisão política, ela seria, nesse sentido, 
a decisão política do titular do poder constituinte.
Sentido material e 
formal
Do ponto de vista material, o que vai importar para 
deinirmos se uma norma tem caráter constitucional 
ou não será o seu conteúdo, pouco importando a forma 
pela qual foi essa norma introduzida no ordenamento 
jurídico. Do critério formal, que, de certa maneira, 
também englobaria o que Schmit chamou de “lei 
constitucional”, não mais nos interessará o conteúdo da 
norma, mas sim a forma como ela foi introduzida no 
ordenamento jurídico.
Sentido jurídico
Hans Kelsen é o representante desse sentido conceitual, 
alocando a Constituição no mundo do dever-ser, e 
não no mundo do ser, caracterizando-a como fruto da 
vontade racional do homem, e não das leis naturais.
FONTE:Adaptado de Lenza (2019)
UNIDADE 2 — RAMOS DO DIRIETO PÚBLICO
62
De acordo com Lenza (2019), conforme a exempliicação proposta por 
Michel Temer, estabelecemos, graicamente, a ideia da “pirâmide” de Kelsen, 
consagrando a verticalidade hierár-quica das normas e a Constituição positivada 
como norma de validade de todo o sistema e, assim, o princípio da supremacia da 
Constituição conforme segue na Figura 3:
FIGURA 3 – PIRÂMIDE DE KELSEN
FONTE: Lenza (2019, p. 96)
No Estado Brasileiro, a atual Constituição foi promulgada em 1988 e 
já foi modiicada por algumas Emendas. A Carta Magna em vigor traz em seu 
preâmbulo o seguinte:
FIGURA 4 - CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
FONTE: <https://cutt.ly/JgHOKT3>. Acesso em: 20 ago. 2020. 
TÓPICO 1 — DIREITO CONSTITUCIONAL
63
Segundo Lenza (2019), no preâmbulo da CF/88 foi instituído um Estado 
Democrático, destinado a assegurar os seguintes valores supremos de uma 
sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social 
e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacíica das 
controvérsias, como podemos observar na Figura 5:
FIGURA 5 – DIREITOS SOCIAIS
FONTE: Adapatada de Lenza (2019)
Segundo Lenza (2019), nossa Constituição de 1988 sofreu forte inluência 
da Constituição portuguesa de 1976, sendo democrática e liberal, apresentando 
maior legitimidade popular, podendo ser destacadas as seguintes características, 
como mostra o Quadro 2:
O preâmbulo da Constituição, segundo Alexandre Moraes (2019, p. 15), “é o 
documento de intenções do diploma, e uma certidão de origem e legitimidade do novo 
texto e uma proclamação de princípios, demonstrando a ruptura com o ordenamento 
constitucional anterior e o surgimento jurídico de um novo Estado”. E continua: “[...] por 
não ser norma constitucional não poderá prevalecer contra texto expresso da Constituição 
Federal [...]” (MORAES, 2019 p. 16), mas deverá ser usado como instrumento de interpretação 
da Constituição.
NOTA
UNIDADE 2 — RAMOS DO DIRIETO PÚBLICO
64
QUADRO 2 – CARACTERISTICAS DA CONSTITUIÇÃO DE 1988
Forma de Governo República.
Sistema de Governo Presidencialista.
Forma de Estado Federação.
Capital Federal Brasília.
Inexistência de religião oicial Um país leigo.
Organizaç̃o dos “Poderes” Legislativo; Judiciário e Executivo.
Constituiç̃o rígida
Existe um processo de alteração mais árduo, 
mais solene e mais diicultoso que o processo 
de alteração das demais espécies normativas.
FONTE: Adaptado de Lenza (2019)
De acordo com os conceitos apresentados no Quadro 2, podemos dizer 
que a Constituição Federal é considerada uma norma hierarquicamente superior 
das demais integradas em nosso sistema jurídico. 
2.2 CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES
Moraes (2019) explana, de forma concisa, a classiicação das constituições 
nos seguintes termos:
FIGURA 6 – CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES
FONTE: Moraes (2019, p. 7)
TÓPICO 1 — DIREITO CONSTITUCIONAL
65
2.2.1 Quanto ao conteúdo 
Segundo Moraes (2017), quanto ao conteúdo, as constituições podem ser 
classiicadas em materiais ou substanciais e formais. 
A Constituição material “consiste no conjunto de regras materialmente cons-
titucionais, que estejam ou não codiicadas em um único documento. Já a Constitui-
ção formal é aquela consubstanciada de forma escrita, por meio de um documento 
solene estabelecido pelo poder constituinte originário” (MORAES, 2017, p. 7).
Contudo, o que são as regras materialmente constitucionais? Estas 
determinam as formas de governo, do Estado, de aquisição e exercício do poder, 
da estrutura dos órgãos de poder do Estado e dos limites da atuação estatal.
2.2.2 Quanto à forma
Ainda segundo Moraes (2019), as constituições se dividem em escritas e não 
escritas. A Constituição escrita é o conjunto de regras codiicado e sistematizado 
em um único documento, para i xar-se à organização fundamental. Canotilho 
e Moreira (1991) denominam de Constituição instrumental, apontando seu 
efeito racionalizador, estabilizante, de segurança jurídica e de calculabilidade e 
publicidade.
A Constituição escrita, portanto, é o mais alto estatuto jurídico de 
determinada comunidade, caracterizando-se por ser a lei fundamental de uma 
sociedade. À Constituição corresponde ao conceito de Constituição legal, como 
resultado da elaboração de uma Carta escrita fundamental, colocada no ápice da 
pirâmide normativa e dotada de coercibilidade (HESSE, 1981). Como salientam 
Canotilho e Moreira (1991, p. 65):
A garantia da força normativa da constituição não é tarefa fácil, mas se 
o direito constitucional é direito positivo, se a constituição vale como lei, 
então as regras e princípios constitucionais devem obter normatividade 
regulando jurídica e efetivamente as relações da vida, dirigindo as 
condutas e dando segurança a expectativas de comportamento.
Constituição não escrita é o conjunto de regras não aglutinado em um 
texto solene, mas baseado em leis esparsas, costumes, jurisprudência e convenções 
(exemplo: Constituição inglesa) (MORAES, 2019). Neste sentido, salienta Miranda 
(1990, p. 126):
Diz-se, muitas vezes, que a Constituição inglesa é uma Constituição 
não escrita (unwriten Constitution). Só em certo sentido o asserto se 
aigura verdadeiro: no sentido de que uma grande parte das regras 
sobre organização do poder político é consuetudinária; e, sobretudo, 
no sentido de que a unidade fundamental da Constituição não repousa 
em nenhum texto ou documento, mas em princípios não escritos 
assentes na organização social e política dos Britânicos.
UNIDADE 2 — RAMOS DO DIRIETO PÚBLICO
66
Tem-se, então, que a Constituição da República Federativa do Brasil é 
uma Constituição escrita.
2.2.3 Quanto ao modo de elaboração
Em relação à elaboração, segundo Moraes (2019), as constituições se 
classiicam em dogmáticas e históricas.
Enquanto a Constituição dogmática se apresenta como produto escrito 
e sistematizado por um órgão constituinte, a partir de princípios e ideias 
fundamentais da teoria política e do direito dominante, a Constituição histórica é 
fruto da lenta e contínua síntese da História e tradições de um determinado povo 
(exemplo: Constituição inglesa) (MORAES, 2019).
2.2.4 Quanto à origem
Em relação à origem, Moraes (2019) entende que as constituições se 
classiicam em promulgadas e outorgadas.
São promulgadas, também denominadas “democráticas ou populares, as 
constituições que derivam do trabalho de uma Assembleia Nacional Constituin-
te composta de representantes do povo, eleitos com a inalidade de sua elaboração 
(exemplo: Constituições brasileiras de 1891, 1934, 1946 e 1988)” (MORAES, 2019, p. 8). 
Já as Constituições outorgadas são “as elaboradas e estabelecidas sem 
a participação popular, através de imposição do poder da época (exemplo: 
Constituições brasileiras de 1824, 1937, 1967 e EC nº 1/1969)” (MORAES, 2019, p. 8).
Existem, ainda, as chamadas Constituições cesaristas, que são aquelas que, 
não obstante outorgadas, dependem da ratiicação popular por meio de referendo 
(MORAES, 2019). Então, observando os conceitos, tem-se que a Constituição 
Brasileira de 1988 é escrita, dogmática e promulgada.
O signiica uma promulgação? É o instrumento que declara a existência de 
uma lei e ordena a execução.
NOTA
TÓPICO 1 — DIREITO CONSTITUCIONAL
67
2.2.5 Quanto à estabilidade
No quesito em questão, conforme Moraes (2019), as constituições podem 
ser classiicadas em imutáveis, rígidas, lexíveis e semirrígidas.
São imutáveis as constituições: 
quando se veda qualquer alteração, constituindo-se em relíquias 
históricas. Em algumas constituições, a imutabilidade poderá ser 
relativa, quando podemos prever as chamadas limitações temporais, 
ou seja, um prazo em que não se admitirá a atuação do legislador 
constituinte reformador (MORAES, 2019, p. 9).
Assim, a Constituição de 1824, em seu art. 174, determinava: “Art. 174. Se 
passados quatro anos, depois de jurada a Constituição do Brazil, se conhecer, que 
algum dos seus artigos merecereforma, se fará a proposição por escripto, a qual 
deve ter origem na Câmara dos Deputados e ser apoiada pela terça parte deles” 
(BRASIL, 1824).
Apesar da previsão, a Constituição de 1824 era semilexível (semirrígida), 
como se nota por seu art. 178, que airmava: “Artigo 178. É só constitucional o 
que diz respeito aos limites e atribuições respectivas dos poderes políticos e aos 
direitos políticos e individuais dos cidadãos. Tudo, o que não é constitucional, 
pode ser alterado sem as formalidades referidas, pelas Legislaturas ordinárias” 
(BRASIL, 1824).
Rígidas são as constituições escritas, que poderão “ser alteradas por um 
processo legislativo mais solene e diicultoso do que o existente para a edição das 
demais espécies normativas. Por sua vez, as constituições lexíveis, em regra, não 
escritas, excepcionalmente escritas, poderão ser alteradas pelo processo legislativo 
ordinário” (MORAES, 2019, p. 9). “Como um meio-termo entre as duas anteriores, 
surge a constituição semilexível ou semirrígida, na qual algumas regras poderão 
ser alteradas pelo processo legislativo ordinário, enquanto outras somente por 
um processo legislativo especial e mais diicultoso” (MORAES, 2019, p. 9). 
Ressalta-se que a “Constituição Federal de 1988 pode ser considerada 
como super-rígida, uma vez que, em regra, poderá ser alterada por um processo 
legislativo diferenciado. Excepcionalmente, em alguns pontos, é imutável” 
(MORAES, 2019, p. 9). 
Pode-se airmar que Cláusula Pétrea é o dispositivo constitucional que não 
pode ser alterado, nem mesmo por proposta de emenda à Constituição (PEC). As cláusulas 
pétreas inseridas na Constituição do Brasil de 1988 estão dispostas no art. 60, § 4º.
IMPORTA
NTE
UNIDADE 2 — RAMOS DO DIRIETO PÚBLICO
68
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: [...] 
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a 
abolir:
I- a forma federativa de Estado;
II- o voto direto, secreto, universal e periódico;
III- a separação dos Poderes;
IV- os direitos e garantias individuais (BRASIL, 1988).
Continuando a análise e relembrando os conceitos, tem-se que a 
Constituição de 1988 é escrita, dogmática, promulgada e rígida, porque tem 
cláusulas que são consideradas imexíveis.
2.2.6 Quanto à extensão e finalidade
Conforme Moraes (2019), as constituições, em relação à extensão e 
inalidade, podem ser classiicadas em analíticas (dirigentes) e sintéticas 
(negativas, garantias).
As constituições sintéticas contam somente os princípios e as normas 
gerais de regência do Estado, organizando-o e limitando seu poder, por meio 
da estipulação de direitos e garantias fundamentais (por exemplo: Constituição 
norte-americana). Já as constituições analíticas examinam e regulamentam 
todosos assuntos relevantes à formação, destinação e funcionamento do Estado 
(por exemplo: Constituição brasileira de 1988) (MORAES, 2019). Como airmado 
por Silva (1992, p. 8), a Constituinte:
rejeitou a constituição sintética, que é constituição negativa, porque é 
construtora apenas de liberdade-negativa ou liberdade-impedimento, 
oposta à autoridade, modelo de constituição que, às vezes, se chama 
de constituição garantia [...]. Assumiu o novo texto a característica de 
constituição-dirigente, enquanto deine ins e programas de ação futura.
Segundo Canotilho e Moreira (1991, p. 257), ao serem deinidos os limites 
de uma constituição dirigente, o núcleo principal de estudo é “o que deve (e pode) 
uma constituição ordenar aos órgãos legiferantes e o que deve (como e quando 
deve) fazer o legislador para cumprir, de forma regular, adequada e oportuna, as 
imposições constitucionais”.
O que se entende por Constituição Dirigente? É a Constituição que regula 
as bases da vida não estatal, intervindo na área social, cultural e econômica. Inclui o 
planejamento como forma de execução de políticas públicas.
ATENCA
O
TÓPICO 1 — DIREITO CONSTITUCIONAL
69
Assim, lembrando novamente, a Constituição da República Federativa do 
Brasil de 1988 é escrita, dogmática, promulgada e rígida, porque tem cláusulas 
que são consideradas imexíveis, além de igualmente ser analítica e dirigente.
Finalizando, podemos airmar que a Constituição da República Federativa 
do Brasil de 1988 segundo Moraes (2019, p. 10) , conforme a Figura 7:
FIGURA 7 – CLASSIFICAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
FONTE: Adaptada de Moraes (2019)
2.3 DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS NA 
CONSTITUIÇÃO DE 1988
A CF/88, em seu Título II, classiica o gênero direitos e garantias 
fundamentais em importantes grupos, conforme mostra a Figura 8:
FIGURA 8 – DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 
FONTE: Adaptada de Lenza (2019)
UNIDADE 2 — RAMOS DO DIRIETO PÚBLICO
70
Para Lenza (2019), conforme vários critérios, costuma-se classiicar os 
direitos fundamentais em gerações de direitos, ou, como prefere a doutrina 
mais atual, “dimensões” dos direitos fundamentais, por entender que uma nova 
“dimensão” não abandonaria as conquistas da “dimensão” anterior e, assim, 
esta expressão se mostraria mais adequada no sentido de proibição de evolução 
reacionária, como apresentado no Quadro 3:
QUADRO 3 – DIMENSÕES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
Direitos fundamentais da 
1ª dimens̃o
Liberdades individuais: tais direitos dizem respeito 
às liberdades públicas e aos direitos políticos, ou seja, 
direitos civis e políticos a traduzir o valor liberdade.
Direitos fundamentais da 
2ª dimens̃o
Direitos sociais, culturais e econômicos, bem 
como dos direitos coletivos, ou de coletividade, 
correspondendo aos direitos de igualdade.
Direitos fundamentais da 
3ª dimens̃o
Preservacionismo ambiental e as diiculdades 
para proteção dos consumidores; direito ao 
desenvolvimento, direito à paz, direito ao meio 
ambiente, direito de propriedade sobre o patrimônio 
comum da humanidade e direito de comunicação.
Direitos fundamentais da 
4ª dimens̃o Democracia; informação e pluralismo.
Direitos fundamentais da 
5ª dimens̃o
Paz é axioma da democracia participativa, ou, 
ainda, supremo direito da humanidade.
FONTE: Adaptado de Lenza (2019)
De acordo com Lenza (2019, p. 1159), o art. 5º da CF/88, trata dos 
direitos e deveres individuais e coletivos, espécie do gênero direitos e garantias 
fundamentais. Assim, apesar de referir-se, de modo expresso, apenas aos direitos 
e deveres, também consagrou as garantias fundamentais. Resta diferenciá-los 
como exposto na Figura 9:
FIGURA 9 – DIFERENÇA DE DIREITOS E GARANTIAS
FONTE: Adaptada de Lenza (2019, p. 1159)
TÓPICO 1 — DIREITO CONSTITUCIONAL
71
2.4 DIREITOS INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Os Direitos individuais e coletivos são uma série de direitos básicos, 
garantidos pela Constituição Federal/88, incluídos no artigo 5º, em que o indivíduo 
e alguns grupos sociais estão assegurados e podem invocá-los a qualquer 
momento para a garantia de uma vida digna como ser humano. Acompanhe o 
quadro explicativo:
QUADRO 4 – DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
Direito Temas especíicos
Direito à vida (art. 5º, caput), abrange 
tanto o direito de não ser morto, de não 
ser privado da vida, portanto, o direito 
de continuar vivo, como também o 
direito de ter uma vida digna.
Células-tronco embrionárias, 
interrupção da gravidez nos casos de 
gestação de feto anencéfalo, interrupção 
voluntária da gestação no primeiro 
trimestre, distanásia, eutanásia, suicídio 
assistido e ortotanásia.
Princípio da igualdade (art. 5º, caput, I) 
O art. 5.o, caput, consagra serem todos 
iguais perante a lei, sem distinção de 
qualquer natureza.
Medidas de compensação, buscando 
concretizar, ao menos em parte, uma 
igualdade de oportunidades com os 
demais indivíduos, que não sofreram 
as mesmas espécies de restrições. Cotas 
Raciais, PROUNI e Lei Maria da Penha.
Princípio da legalidade (art. 5º, II) 
“ninguém será obrigado a fazer ou 
deixar de fazer alguma coisa senão em 
virtude de lei”.
No âmbito das relações particulares, 
pode-se fazer tudo o que a lei não proíbe, 
vigorando o princípio da autonomia da 
vontade,lembrando a possibilidade 
de ponderação desse valor com o da 
dignidade da pessoa humana, no que 
tange à administração, e esta só poderá 
fazer o que a lei permitir.
Proibiç̃o da tortura (art. 5º, III) 
Ninguém será submetido a tortura 
nem a tratamento desumano ou 
degradante, sendo que a lei considerará 
crime inaiançável a prática da tortura 
(art. 5º, XLIII).
Conforme jurisprudência do STF, “o 
uso legítimo de algemas não é arbitrário, 
sendo de natureza excepcional, a ser 
adotado nos casos e com as inalidades 
de impedir, prevenir ou diicultar a 
fuga ou reação indevida do preso, 
desde que haja fundada suspeita ou 
justiicado receio de que tanto venha a 
ocorrer, e para evitar agressão do preso 
contra os próprios policiais, contra 
terceiros ou contra si mesmo.
UNIDADE 2 — RAMOS DO DIRIETO PÚBLICO
72
Liberdade da manifestaç̃o de 
pensamento (art. 5º IV e V) A 
Constituição assegurou a liberdade de 
manifestação do pensamento, vedando o 
anonimato. Caso durante a manifestação 
do pensamento se cause dano material, 
moral ou à imagem, assegura-se o direito 
de resposta, proporcional ao agravo, 
além da indenização.
Liberdade de manifestação do 
pensamento (incluindo a liberdade 
de opinião); liberdade de expressão 
artística; liberdade de ensino e pesquisa; 
liberdade de comunicação e de 
informação (liberdade de “imprensa”); 
liberdade de expressão religiosa.
Inviolabilidade da intimidade, vida 
privada, honra e imagem das pessoas 
(art. 5º, X) De acordo com o art. 5.o, 
X, são invioláveis a intimidade, a 
vida privada, a honra e a imagem 
das pessoas, assegurado o direito a 
indenização pelo dano material ou 
moral decorrente de sua violação.
Possibilidade de “quebra” do sigilo 
bancário: o Poder Judiciário e as CPIs 
(federais, estaduais e distritais), que 
têm poderes de investigação próprios 
das autoridades judiciais; Proibição da 
revista íntima; Gravação clandestina x 
interceptação telefônica: análise à luz 
de alguns aspectos trazidos pela Lei n. 
13.432/2017 (detetive particular).
Inviolabilidade domiciliar (art. 5º, XI) 
A casa é asilo inviolável do indivíduo, 
ninguém nela podendo penetrar sem o 
consentimento do morador, salvo em 
caso de lagrante delito ou desastre, ou 
para prestar socorro, ou, durante o dia, 
por determinação judicial”; ou seja, 
sem o consentimento do morador só 
poderá nela penetrar:
Por determinação judicial, somente 
durante o dia; em caso de lagrante 
delito, desastre, ou para prestar 
socorro: poderá penetrar sem o 
consentimento do morador, durante 
o dia ou à noite, não necessitando de 
determinação judicial.
Sigilo de correspondência e 
comunicações (art. 5º, XII) “É inviolável 
o sigilo da correspondência e das 
comunicações telegráicas, de dados e 
das comunicações telefônicas, salvo, 
no último caso, por ordem judicial, nas 
hipóteses e na forma que a lei estabelecer 
para ins de investigação criminal ou 
instrução processual penal”.
Além da proteção ao sigilo da 
correspondência, há proteção ao sigilo 
de 3 formas de comunicações, com 
ressalva expressa apenas em relação a 
uma delas: telegráica – sem ressalva 
expressa; de dados – sem ressalva 
expressa; telefônica – com ressalva 
expressa, exigindo ordem judicial 
e nas hipóteses e na forma que a lei 
estabelecer para ins de investigação 
criminal ou instrução processual penal; 
sigilo de correspondência: como regra, 
o sigilo de correspondência é inviolável.
TÓPICO 1 — DIREITO CONSTITUCIONAL
73
Liberdade de proissão (art. 5º, XIII) A 
Constituição assegura a liberdade do 
exercício de qualquer trabalho, ofício 
ou proissão, atendidas as qualiicações 
proissionais que a lei estabelecer.
É o que acontece com o Exame de 
Ordem (art. 8.o, IV, da Lei n. 8.906/94), 
cuja aprovação é um dos requisitos 
essenciais para que o bacharel em direito 
possa inscrever-se junto à OAB como 
advogado e que, inclusive, foi declarado 
constitucional pelo STF no julgamento.
Liberdade de informaç̃o (art. 5º, XIV 
e XXXIII) É assegurado a todos o acesso 
à informação e resguardado o sigilo da 
fonte, quando necessário ao exercício 
proissional. trata-se do direito de 
informar e de ser informado.
FONTE: Adaptado de Lenza (2019)
A liberdade também é tutelada pela Constituição Federal, sendo que é o 
próprio texto constitucional prevê as garantias a esta liberdade, ou seja, os meios 
que disporá a vítima para ver seu direito respeitado.
2.5 REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS
Os remédios constitucionais “são instrumentos destinados a assegurar o 
gozo dos direitos violados ou em vias de serem violados ou simplesmente não 
atendidos” (PADILHA, 2020, p. 277). As garantias constitucionais que recebem o 
nome de remédios constitucionais são:
• Habeas corpus: a vítima de ilegalidade ou abuso de poder poderá impetrar 
habeas corpus. “Portanto, o habeas corpus é uma garantia individual ao direito 
de locomoção, consubstanciada em uma ordem dada pelo Juiz ou Tribunal 
ao coator, fazendo cessar a ameaça ou coação à liberdade de locomoção em 
sentido amplo – o direito do indivíduo de ir, vir e icar” (MORAES, 2020, p. 
151). Interessante é o fato de que não é necessário ser advogado para impetrar 
habeas corpus, podendo até ser impetrado pelo próprio paciente (vítima). O 
habeas corpus pode ser preventivo ou repressivo.
• Habeas data: objetiva “fazer com que todos tenham acesso às informações que o 
Poder Público ou entidades de caráter público (ex.: serviços de proteção ao crédi-
to) possuam a seu respeito” (MORAES, 2020, p. 168). O habeas data cabe quando 
houver negativa de fornecimento destas informações, que também poderão ser 
retiicadas. É a lei n. 9.507/97 que estabelece as regras referentes ao habeas data. 
• Mandado de segurança: caberá mandado de segurança quando houver um 
ato ilegal e coator de uma autoridade contra direito líquido e certo e contra 
este ato não for cabível habeas corpus e habeas data. Além do art. 5º., LXIV da 
Constituição da República, temos disposições sobre o Mandado de Segurança 
na Lei n. 1.533/51 (MORAES, 2020, p. 179).
UNIDADE 2 — RAMOS DO DIRIETO PÚBLICO
74
• O direito líquido e certo: é aquele que pode ser comprovado já no ajuizamento 
do mandado de segurança por documentos, sem a possibilidade de produção 
de provas. Para você entender bem quando cabe o mandado de segurança, 
podemos citar como exemplo a exigência de prévio pagamento de multas 
para o licenciamento de veículos, sem que tenha sido oportunizada a defesa 
ou também o corte de energia elétrica sem a prévia notiicação, dentre outros.
• O mandado de segurança: pode ser impetrado (ajuizado) por pessoa física 
ou jurídica, que é chamado “impetrante”. Pode ser individual (quando 
uma só pessoa impetra) ou coletivo, quando é impetrado em nome de uma 
coletividade (ex.: sindicato representando os sindicalizados).
O mandado de segurança pode ser impetrado de duas formas: preventiva 
e repressiva. Vejamos:
FIGURA 10 – FORMAS DO MANDADO DE SEGURANÇA
FONTE: Moraes (2020, p. 182)
O direito líquido e certo é aquele que pode ser comprovado já no 
ajuizamento do mandado de segurança por documentos, sem a possibilidade de 
produção de provas.
Para você entender bem quando cabe o mandado de segurança, 
podemos citar como exemplo a exigência de prévio pagamento de multas para o 
licenciamento de veículos, sem que tenha sido oportunizada a defesa ou também 
o corte de energia elétrica sem a prévia notiicação, dentre outros.
O mandado de segurança pode ser impetrado (ajuizado) por pessoa física 
ou jurídica, que é chamado “impetrante”. Pode ser individual (quando uma só 
pessoa impetra) ou coletivo, quando é impetrado em nome de uma coletividade 
(ex.: sindicato representando os sindicalizados).
TÓPICO 1 — DIREITO CONSTITUCIONAL
75
Mandado de injunç̃o: o mandado de injunção está previsto no art 5º, LXXI 
da Constituição Federal “sempre que a falta de norma regulamentadora torne 
inviável o exercício de direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas 
inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania”(MORAES, 2020, p. 198).
Aç̃o popular: esta ação constitucional é prevista no art. 5º., LXXIII. Pode 
ser deinida como: resumidamente, podemos dizer que só poderá ajuizar ação 
popular o cidadão, ou seja, quem estiver “no gozo de seus direitos políticos” 
(MORAES, 2003, p. 193). Por isso, somente a pessoa física, desde que no gozo de 
seus direitos políticos, é que poderá propor esta ação. Quanto à natureza do “ato 
ou a omissão do Poder Público a ser impugnado, que dever-ser obrigatoriamente 
lesivo ao patrimônio público, seja por ilegalidade, seja por imoralidade” 
(MORAES, 2020, p. 213). 
De forma esquematizada e bem simpliicada, podemos resumir as 
principais ações constitucionais e o direito que protegem no seguinte:
FIGURA 11 – REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS
Caro acadêmico, para aprofundar os seus conhecimentos sobre as ações 
constitucionais estudadas anteriormente, sugiro a leitura completa da Lei n. 1.533/51.
DICAS
UNIDADE 2 — RAMOS DO DIRIETO PÚBLICO
76
FONTE: Adaptada de Padilha (2020)
2.6 DIREITOS SOCIAIS
Direitos sociais são direitos fundamentais do homem, caracterizando-
se como verdadeiras liberdades positivas, de observância obrigatória em um 
Estado Social de Direito, possuindo a inalidade de melhorar as condições de 
vida dos menos favorecidos, visando à concretização da igualdade social, e 
são consagrados como fundamentos do Estado democrático, pelo art. 1º, IV, da 
Constituição Federal (MORAES, 2020).
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união 
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-
se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
[...]
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; (Vide Lei nº 
13.874, de 2019) (BRASIL, 1988, grifo nosso).
TÓPICO 1 — DIREITO CONSTITUCIONAL
77
A Constituição Federal proclama serem direitos sociais a educação, a 
saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, 
a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos 
desamparados.
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o 
trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência 
social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos 
desamparados, na forma desta Constituição. (Redação dada pela 
Emenda Constitucional nº 90, de 2015) (BRASIL, 1988, grifo nosso).
Para garantir maior efetividade aos direitos sociais, a Emenda 
Constitucional nº 31, de 14 de dezembro de 2000, promove a um dos objetivos 
fundamentais da República – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as 
desigualdades sociais e regionais. Conforme:
 
Art. 1º A Constituição Federal, no Ato das Disposições Constitucionais 
Transitórias, é acrescida dos seguintes artigos:
"Art. 79. É instituído, para vigorar até o ano de 2010, no âmbito do Poder 
Executivo Federal, o Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza, a ser 
regulado por lei complementar com o objetivo de viabilizar a todos os 
brasileiros acesso a níveis dignos de subsistência, cujos recursos serão 
aplicados em ações suplementares de nutrição, habitação, educação, 
saúde, reforço de renda familiar e outros programas de relevante 
interesse social voltados para melhoria da qualidade de vida.
Parágrafo único. O Fundo previsto neste artigo terá Conselho 
Consultivo e de Acompanhamento que conte com a participação de 
representantes da sociedade civil, nos termos da lei (BRASIL, 2000).
Também podemos considerar os direitos sociais previstos no art. 7º da 
Constituição Federal, o qual têm por objetivo principal a proteção dos direitos 
do trabalhador. Além disso, os direitos sociais têm que ser obrigatoriamente 
respeitados. O legislador constituinte deiniu alguns direitos constitucionais 
dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua 
condição social:
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que 
visem à melhoria de sua condição social:
I- relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, 
nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, 
dentre outros direitos;
II- seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
III- fundo de garantia do tempo de serviço;
IV- salário mínimo, ixado em lei, nacionalmente uniicado, capaz de atender a 
suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, 
educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com 
reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua 
vinculação para qualquer im;
UNIDADE 2 — RAMOS DO DIRIETO PÚBLICO
78
V- piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho;
VI- irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo 
coletivo;
VII- garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem 
remuneração variável;
VIII- décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da 
aposentadoria;
IX- remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
X- proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa;
XI- participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, 
excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme deinido em lei;
XII- salário-família para os seus dependentes;
(Revogado)
XII- salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa 
renda nos termos da lei; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 
1998)
XIII- duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e 
quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, 
mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; (Vide Decreto-Lei nº 5.452, 
de 1943)
XIV- jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos 
de revezamento, salvo negociação coletiva;
XV- repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;
XVI- remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta 
por cento à do normal; (Vide Del 5.452, art. 59 § 1º)
XVII- gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do 
que o salário normal;
XVIII- licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração 
de cento e vinte dias;
XIX- licença-paternidade, nos termos ixados em lei;
XX- proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos 
especíicos, nos termos da lei;
XXI- aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta 
dias, nos termos da lei;
XXII- redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, 
higiene e segurança;
XXIII- adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou 
perigosas, na forma da lei;
XXIV- aposentadoria;
XXV- assistência gratuita aos ilhos e dependentes desde o nascimento até seis 
anos de idade em creches e pré-escolas;
TÓPICO 1 — DIREITO CONSTITUCIONAL
79
(Revogado)
XXV- assistência gratuita aos ilhos e dependentes desde o nascimento até 5 
(cinco) anos de idade em creches e pré-escolas; (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 53, de 2006)
XXVI- reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho;
XXVII- proteção em face da automação, na forma da lei;
XXVIII- seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem 
excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou 
culpa;
XXIX- ação, quanto a créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo 
prescricional de:
(Revogado)
a)
cinco anos para o trabalhador urbano, até o limite de dois anos após a extinção 
do contrato;
(Revogado)
b)
até dois anos após a extinção do contrato, para o trabalhador rural;
(Revogado)
XXIX- ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com 
prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até 
o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho; (Redação dada 
pela Emenda Constitucional nº 28, de 2000)
a) (Revogada). (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 28, de 2000)
b)(Revogada). (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 28, de 2000)
XXX- proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de 
admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;
XXXI- proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de 
admissão do trabalhador portador de deiciência;
XXXII- proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou 
entre os proissionais respectivos;
XXXIII
(Revogado)
proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre aos menores de dezoito 
e de qualquer trabalho a menores de quatorze anos, salvo na condição de 
aprendiz;
XXXIII- proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores 
de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na 
condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 20, de 1998)
XXXIV- igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício 
permanente e o trabalhador avulso
UNIDADE 2 — RAMOS DO DIRIETO PÚBLICO
80
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos 
os direitos previstos nos incisos IV, VI, VIII, XV, XVII, XVIII, XIX, XXI e XXIV, 
bem como a sua integração à previdência social.
(Revogado)
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos 
os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, 
XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as 
condições estabelecidas em lei e observada a simpliicação do cumprimento 
das obrigações tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação de 
trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e 
XXVIII, bem como a sua integração à previdência social. (Redação dada pela 
Emenda Constitucional nº 72, de 2013).
FONTE: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 
21 ago. 2020.
2.7 DIREITO DE NACIONALIDADE
Pode-se conceituar a nacionalidade como sendo “o vínculo jurídico político 
que liga um indivíduo a um certo e determinado Estado, fazendo deste indivíduo 
um componente do povo, da dimensão pessoal deste Estado” (MORAES, 2020, 
p. 239). Ainda segundo o autor, este vínculo “capacita o indivíduo a exigir sua 
proteção, mas, ao mesmo tempo, o sujeita ao cumprimento dos deveres impostos” 
(MORAES, 2020, p. 239).
Como salienta Moraes (2003), o conceito de nacionalidade está ligado aos 
conceitos de povo, população e nação, os quais também extraímos das ideias do 
referido autor:
FIGURA 12 – CONCEITOS DE POVO, POPULAÇÃO E NAÇÃO
FONTE: Adaptada de Moraes (2020)
TÓPICO 1 — DIREITO CONSTITUCIONAL
81
A nacionalidade pode ser adquirida com o nascimento (ex.: brasileiro nato), 
chamada “originária” ou posteriormente, através de um pedido de naturalização 
(ex.: o estrangeiro que pede naturalização e se torna brasileiro naturalizado), que 
se chama nacionalidade “adquirida”.
Quanto aos critérios utilizados para o reconhecimento da nacionalidade 
originária, segundo Moraes (2020, p. 241) são basicamente dois:
FIGURA 13 – CRITÉRIOS DE RECONHECIMENTO DE NACIONALIDADE
FONTE: A autora
E qual o critério adotado pela atual Constituição Brasileira? O critério 
adotado pela nossa Carta Magna foi, como regra geral, o da origem territorial. 
Ou seja, em princípio, quem nascer em território nacional, será considerado 
brasileiro. Porém, há exceções a esta regra, previstas no próprio ordenamento 
constitucional, qual seja, no artigo 12, I da CF:
Art. 12: São brasileiros: 
I- natos: a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que 
de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país; 
(exceção à origem territorial – Nota da autora)
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde 
que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil;
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde 
que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a 
residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, 
depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira;
II- naturalizados:
A Constituição proíbe que a lei faça diferenciação entre brasileiros natos e 
naturalizados a não ser em casos previstos na própria Carta Magna. Assim, apesar de se 
tornar brasileiro pela naturalização, o estrangeiro naturalizado não adquire os mesmos 
direitos que os brasileiros natos. Por exemplo, existem cargos públicos privativos de 
brasileiros natos, tais como o de Presidente da República e Ministro do Supremo Tribunal 
Federal, como veremos a seguir.
IMPORTA
NTE
UNIDADE 2 — RAMOS DO DIRIETO PÚBLICO
82
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas 
aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por 
um ano ininterrupto e idoneidade moral; 
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República 
Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem 
condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.
§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver 
reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos 
inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição. 
§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e 
naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição.
No parágrafo terceiro deste mesmo artigo, encontramos os cargos que só 
poderão ser ocupados por brasileiros natos:
§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:
I- de Presidente e Vice-Presidente da República;
II- de Presidente da Câmara dos Deputados;
III- de Presidente do Senado Federal;
IV- de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
V- da carreira diplomática; 
VI- de oicial das Forças Armadas; 
VII- de Ministro de Estado da Defesa.
Segundo o art. 12, §4º da Constituição da República, o brasileiro perderá 
sua nacionalidade, quando:
[...]
I- tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude 
de atividade nociva ao interesse nacional;
II- adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira;
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro 
residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em 
seu território ou para o exercício de direitos civis.
Deste modo, o cancelamento da naturalização será decretado em caso 
de atividade nociva ao interesse nacional após decisão transitada em julgado. 
Tal processo só atingirá o brasileiro naturalizado e deverá ser proposto pelo 
Ministério Público Federal.
2.8 DIREITOS POLÍTICOS
No capítulo V da CF (arts. 14 ao 16), estão expressos os direitos políticos 
e as condições de elegibilidade, alistamento e voto etc. Segundo Moraes (2020, p. 
261), os direitos políticos formam “o conjunto de regras que disciplina a forma de 
atuação da soberania popular [...]”. Dos ensinamentos do referido autor, podemos 
apontar, de forma resumida, como direitos políticos os seguintes:
TÓPICO 1 — DIREITO CONSTITUCIONAL
83
FIGURA 14 – DIREITO DE SUFRÁGIO
FONTE: Adaptada de Moraes (2020)
Para ser elegível, é necessário que o candidato cumpra as seguintes 
condições, as previstas no art. 14, §3º da CF: a nacionalidade brasileira, o 
alistamento eleitoral, o domicílio eleitoral na circunscrição; a iliação partidária; 
a idade mínima para cada cargo. Os analfabetos e os inalistáveis (art. 14 §4º). 
Também temos a iniciativa Popular de lei; a ação Popular e a organização e 
participação de partidos políticos. Poderá haver a perda ou a suspensão dos 
direitos políticos. A perda é deinitiva, enquanto a suspensão é temporária. 
O art. 15 da CF estabelece os casos de perda e suspensão, sendo que 
em razão da Constituição não estabelecer o critério diferenciador, colhemos da 
doutrina de Moraes (2020, p. 297):
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou 
suspensão só se dará nos casos de:
I- cancelamentoda naturalização por sentença transitada em 
julgado;(perda)
II- incapacidade civil absoluta; (suspensão) 
III- condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem 
seus efeitos; (suspensão) 
IV- recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação 
alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; (suspensão) 
V- improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º (suspensão).
Importante ressaltar que as regras sobre inelegibilidades só podem ser 
disciplinadas pela Constituição ou por Lei Complementar.
2.8.1 Direitos relacionados à organização, participação 
e funcionamento dos partidos políticos
Segundo a Constituição Federal (art. 17), os partidos podem ser livremente 
criados, fundidos, incorporados e extintos, devendo ser observados: a soberania 
nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais 
da pessoa humana. Ainda segundo o mesmo artigo, deverão ser seguidos os 
seguintes preceitos: “I- caráter nacional; II- proibição de recebimento de recursos 
inanceiros de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes; III- 
prestação de contas à Justiça Eleitoral; IV - funcionamento parlamentar de acordo 
com a lei” (BRASIL, 1988, art. 17).
UNIDADE 2 — RAMOS DO DIRIETO PÚBLICO
84
Os partidos políticos, após se constituírem em conformidade com a lei 
civil, deverão registrar seus estatutos no Tribunal Regional Eleitoral, conforme 
exige a Constituição Federal. Nos demais parágrafos do art. 17, lemos que os 
partidos políticos são autônomos para deinir sua estrutura interna, organização 
e funcionamento, entre outros direitos previstos na Constituição, tais como 
participação em fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e televisão, que serão 
disciplinados por leis especíicas (BRASIL, 1988).
85
Neste tópico, você aprendeu que:
• O Direito Público é o Direito em que o Estado participa como parte na relação 
jurídica. 
• O Direito Público é dividido em Direito Público interno e externo.
• O Direito Público Interno é dividido em diversos ramos, dentre eles o Direito 
Constitucional.
• O Direito Constitucional tem como objeto de estudo a Constituição Federal, 
que é a Lei Magna de um país.
• A Constituição Federal de 1988 traz vários direitos e garantias fundamentais 
previstos no art. 5º.
• Há várias ações constitucionais (Remédios Constitucionais) que tutelam a 
liberdade, tais como habeas corpus, habeas data, entre outros.
• Os direitos sociais protegem o trabalhador.
• Há duas espécies de nacionalidade: a que se adquire com o nascimento 
(originária), reconhecida pelos critérios da origem sanguínea ou territorial e a 
que decorre da naturalização também chamada “adquirida”.
• Os direitos políticos e os relativos à organização e funcionamento dos partidos 
políticos.
RESUMO DO TÓPICO 1
86
1 A Constituição determina regras e estabelece critérios que devem ser 
respeitados por todos e de forma indiscriminada, ou seja, a Constituição 
é a regra maior e se encontra no topo da pirâmide da legislação pátria. 
Com base nessa airmação, assinale a alternativa CORRETA a respeito a 
classiicação da Constituição de 1988.
a) ( ) Escrita; dogmática; informal; sintética; legal; costumeiro e promulgada.
b) ( ) Escrita; dogmática; formal; analítica; legal; formal e promulgada.
c) ( ) Escrita; pragmática; formal; sintética; legal; formal e promulgada.
d) ( ) Substancial; dogmática; formal; lexível; legal; formal e promulgada.
2 No preâmbulo da CF/88 foi instituído um Estado Democrático, destinado 
a assegurar os seguintes valores supremos de uma sociedade fraterna, 
pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, 
na ordem interna e internacional. Com base nessa airmação, assinale a 
alternativa CORRETA a respeito dos Direitos Sociais.
a) ( ) O exercício dos direitos sociais e individuais; o desenvolvimento; o 
bem-estar; a segurança; a liberdade; a justiça; a igualdade.
b) ( ) O exercício dos direitos próprios e individuais; o subdesenvolvimento; 
o bem-estar; a segurança; a liberdade; a justiça; a igualdade.
c) ( ) O exercício dos direitos sociais e individuais; o desenvolvimento; o 
bem-estar; a insegurança; a liberdade; a injustiça; a desigualdade.
d) ( ) O exercício dos direitos coletivos; o desenvolvimento; o bem-estar; a 
segurança; a liberdade; a justiça; a igualdade.
3 O Direito Constitucional é um ramo do Direito Público, destacado por 
ser fundamental à organização e funcionamento do Estado. Com base 
nessa airmação, assinale a alternativa CORRETA a respeito do sistema de 
governo do Brasil.
a) ( ) Absolutista.
b) ( ) Presidencialista.
c) ( ) Comunista.
d) ( ) Parlamentarista.
4 Os remédios constitucionais são instrumentos destinados a assegurar o gozo 
dos direitos violados ou em vias de serem violados ou simplesmente não 
atendidos. Com base nessa airmação disserte sobre o mandado de segurança.
5 A nacionalidade é considerada como o vínculo jurídico político que liga um 
indivíduo a um certo e determinado Estado, fazendo deste indivíduo um 
componente do povo, da dimensão pessoal deste Estado. Com base nessa 
airmação disserte sobre qual o critério de nacionalidade adotado pela atual 
Constituição Brasileira.
AUTOATIVIDADE
87
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, vamos estudar o Direito Administrativo que traz as regras 
que disciplinam a atividade da Administração Pública. Iniciaremos pelo estudo 
do conceito deste importante ramo do Direito, para então estudarmos os atos 
administrativos. Por im, estudaremos os princípios que regem a Administração 
Pública e conheceremos os princípios e características dos contratos administrativos. 
Estudaremos, também, o Direito Processual um ramo do Direito Público 
que regulamenta a forma que as ações judiciais se desenvolverão no Judiciário. E 
inalizando veremos o Direito Penal, analisando o fato típico, seu principal objeto 
e as ações ou omissões culposas e dolosas que os coniguram. Analisaremos, 
também, a questão da culpa, para deinirmos o que vem a ser um crime 
doloso ou culposo. Ainda neste tópico, conheceremos as causas que excluem a 
antijuridicidade do crime, tais como a legítima defesa e os crimes que têm por 
objeto a defesa do patrimônio.
2 DIREITO ADMINISTRATIVO
Segundo Campos (2019) o conceito do direito administrativo não se encontra 
paciicado na doutrina nacional. Todavia, de início, pode-se dizer que é um ramo 
do direito público cuja inalidade é a busca pela satisfação do interesse público.
Para alcançar seus objetivos, existem diversas regras e princípios 
(típicos do direito público) que em determinados momentos limitam 
a atuação administrativa e noutros oferecem prerrogativas ao agente 
público, para que este possa se sobrepor ao interesse dos particulares 
em benefício de melhorias para a coletividade (CAMPOS, 2019, p. 7).
TÓPICO 2 — 
DIREITO ADMINISTRATIVO, DIREITO PROCESSUAL 
E DIREITO PENAL
88
UNIDADE 2 — RAMOS DO DIRIETO PÚBLICO
FIGURA 15 – DIREITO ADMINISTRATIVO
FONTE: Campos (2019, p. 7)
O Direito Administrativo é um conjunto de princípios jurídicos voltado 
para as questões que concernem à Administração Pública, regulamentando 
funções administrativas de responsabilidade de interesse público e coletivo. 
As regras e princípios têm a inalidade de proporcionar total conformidade e 
harmonia para o ordenamento jurídico. 
É, pois, no Direito Administrativo que encontraremos as regras que 
determinam, por exemplo, porque será realizada a desapropriação de um bem 
de um particular, como deverá ser realizado um contrato com um particular etc.
Importante salientar que estas normas são de cumprimento obrigatório 
e nem por acordo entre a Administração e o particular podem ser modiicadas.
2.1 ATOS ADMINISTRATIVOS
Segundo Oliveira (2019), ato administrativo é considerado como a 
declaração de vontade do Estado, nessa qualidade, exteriorizada por agente 
competente e no exercício de suas funções, visando a produção de efeitos jurídicos 
conformes ao interesse público, com ela objetivados,determinados ou admitidos 
pelo ordenamento jurídico, em matéria administrativa. 
Para Campos (2019) uma maneira simples para deinir os atos 
administrativos como: uma manifestação de vontade expedida de maneira 
infralegal e no exercício da função administrativa, podendo ser produzido pela 
Administração Pública ou por seus delegatários com a inalidade de complementar 
a lei e atingir alguma inalidade pública, gozando de prerrogativas e restrições 
advindas da adoção do regime público.
TÓPICO 2 — DIREITO ADMINISTRATIVO, DIREITO PROCESSUAL E DIREITO PENAL
89
FIGURA 16 – CARACTERÍSTICAS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
FONTE: Campos (2019, p. 249)
Vejamos o Quadro 5, o qual elucida a Figura 19.
QUADRO 5 – ATOS ADMINISTRATIVOS
Unilateral os atos administrativos são unilaterais, já os contratos serão bilaterais
Funç̃o administrativa
como mencionamos, os atos administrativos 
decorrem do exercício da função administrativa, 
sendo esta típica do Poder Executivo e atípica do 
Legislativo e Judiciário. Logo, os três Poderes do 
Estado poderão produzir atos administrativos. 
Além disso, os concessionários e permissionários 
de serviços públicos também poderão, mediante 
delegação do Poder Público, expedir esse tipo de ato.
Infralegal
como estudamos (capítulo referente aos 
princípios), a Administração Pública só poderá 
agir quando a lei previamente autorizar. Assim, 
para que um ato administrativo venha a ser 
produzido, faz-se imprescindível a existência de 
uma lei autorizadora.
Regime de direito público
os princípios basilares do regime jurídico 
administrativo são a supremacia do interesse 
público sobre o privado e a indisponibilidade do 
interesse público. Aquela oferta prerrogativas ao 
administrador, já este impõe restrições em suas 
atuações. Como o ato administrativo busca a 
satisfação do interesse coletivo, atuará regido por 
normas públicas.
90
UNIDADE 2 — RAMOS DO DIRIETO PÚBLICO
Manifestaç̃o de vontade
diferentemente dos fatos administrativos em 
sentido estrito, os atos administrativos decorrem 
da manifestação de vontade de um agente 
público, devendo este ser entendido da maneira 
mais ampla possível, de forma a abarcar todos 
aqueles que exercem algum múnus público. Logo, 
os atos expressam a vontade estatal na busca da 
produção de algum efeito jurídico.
FONTE: Adaptado de Campo (2019, p. 250)
O ato administrativo será ainda vinculado, “aquele que a lei impõe uma 
conduta ao administrador sem deixar a ele qualquer margem de liberdade. Nesse 
caso, o agente público será um mero executor dos termos legais” (CAMPOS, 
2019, p. 250).
“Já o ato discricionário oferece certa margem de liberdade ao 
administrador para que este possa analisar, em cada caso concreto, dentre duas 
ou mais alternativas, qual se apresenta mais conveniente e oportuna” (CAMPOS, 
2019, p. 250).
FIGURA 17 – ATOS ADMINISTRATIVOS
FONTE: Campos (2019, p. 250)
Entenderemos, a partir de agora, quais são e como funcionam as autarquias 
e as empresas estatais.
Segundo Campos (2019), autarquia é fruto do procedimento de 
descentralização, pelo qual a Administração centralizada repassa determinado 
serviço para ins de buscar maior especialidade e eiciência em sua prestação. 
Lembre-se de que, sendo a criação da autarquia efetivada por uma lei ordinária 
especíica, poderá ela ser federal, estadual, distrital ou, até mesmo, municipal. 
Como mostra a Figura 18:
TÓPICO 2 — DIREITO ADMINISTRATIVO, DIREITO PROCESSUAL E DIREITO PENAL
91
FIGURA 18 - AUTARQUIAS
FONTE: Campos (2019, p. 121)
Do conceito de Campos (2019), podemos extrair algumas características 
do referido ente:
QUADRO 6 – CARACTERÍSTICAS DOS ENTES ADMINISTRATIVOS
Criadas por lei (art. 37, 
XIX, CF/1988)
Conforme estudado em tópico passado, as 
autarquias são criadas diretamente por lei especíica. 
Assim, não precisam ser registradas nos moldes da 
legislação civil para adquirirem a sua personalidade.
Personalidade jurídica 
própria (regime de 
direito público)
Diferentemente dos órgãos que são considerados 
entes despersonalizados, ou seja, sem personalidade, 
a autarquia, sendo fruto de um procedimento 
de descentralização, é uma pessoa jurídica 
independente do ente que a instituiu, sendo, assim, 
detentora de seus próprios direitos e responsável 
por suas obrigações.
Autonomia gerencial, 
orçamentária e 
patrimonial
Autonomia é a liberdade em relação a algo. Logo, 
a autarquia terá a possibilidade de se organizar 
(autonomia gerencial), terá seu próprio orçamento, 
autônomo em relação ao do seu ente instituidor 
(autonomia orçamentária), e seu próprio patrimônio 
(autonomia patrimonial).
Exerce atividades típicas 
da Administraç̃o 
(serviço público)
A Administração Pública tem como função típica a 
prestação de serviços públicos (art. 175 da CF/1988) 
e como função atípica o desempenho de atividade 
econômica (art. 173 da CF/1988). Entretanto, uma 
autarquia jamais será criada para o desempenho de 
atividade econômica, apenas podendo ser instituída 
para prestar serviços públicos típicos do Estado.
FONTE: Adaptado de Campos (2019, p. 121)
92
UNIDADE 2 — RAMOS DO DIRIETO PÚBLICO
Em resumo, inicialmente, podemos apontar os seguintes traços 
relacionados às autarquias na Figura 19:
FIGURA 19 - AUTARQUIAS
FONTE: Campos (2019, p. 122)
Trata-se de pessoa jurídica de direito público, criada por lei especíica 
para o desempenho de serviço público.
As empresas estatais, para Campos (2019), englobam tanto as empresas 
públicas quanto as sociedades de economia mista, ambas são sociedades civis ou 
comerciais que possuem o Estado como detentor do controle acionário.
De forma resumida, podemos conceituar as empresas públicas como: 
pessoas jurídicas de direito privado, instituídas mediante autorização legislativa, 
com capital integralmente público e forma organizacional livre, as quais podem 
desempenhar tanto serviços públicos quanto atividades econômicas (CAMPOS, 
2019, p. 150).
Além desse conceito doutrinário, existe um conceito legal deinido pelo 
Decreto-lei 200/1967. Vejamos:
Exemplos de autarquias: 
• Instituto Nacional do Seguro Social – INSS: autarquia vinculada ao Ministério da 
Previdência Social. 
• Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea: autarquia vinculada à Secretaria de 
Assuntos Estratégicos da Presidência da República. 
• Agência Nacional de Telecomunicações – Anatel: autarquia vinculada ao Ministério 
das Comunicações. 
ATENCA
O
TÓPICO 2 — DIREITO ADMINISTRATIVO, DIREITO PROCESSUAL E DIREITO PENAL
93
Art. 5º Para os ins desta lei, considera-se: [...] II – Empresa Pública – 
a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com 
patrimônio próprio e capital exclusivo da União, criado por lei para 
a exploração de atividade econômica que o Governo seja levado a 
exercer por força de contingência ou de conveniência administrativa 
podendo revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito 
(BRASIL, 1967).
O que determina a empresa pública é seu capital unicamente público, tendo 
como exemplo clássico a Caixa Econômica Federal e a Empresa Brasileira de Correios e 
Telégrafos.
• Correios. 
CORREIOS
FONTE: <https://correiodeminas.com.br/wp-content/uploads/2014/11/Correios.jpg>. 
Acesso em: 20 ago. 2020.
• Caixa Econômica Federal.
 
CAIXA ECONÔMICA FEDERAL
FONTE: <https://cdn-istoe-ssl.akamaized.net/wp-content/uploads/sites/14/2019/10/caixa-1.
jpg>. Acesso em: 20 ago. 2020.
IMPORTA
NTE
Já as sociedades de economia mista podem, dentro de uma proposta 
inicial, ser conceituadas como: pessoas jurídicas de direito privado, instituídas 
mediante autorização legislativa, com capital majoritariamente público e 
organizadas sob a forma de sociedade anônima, as quais podem desempenhar 
tanto serviços públicos quanto atividades econômicas (CAMPOS, 2019).
São exemplos de sociedades de economia mista: 
94
UNIDADE 2 — RAMOS DO DIRIETO PÚBLICO
FIGURA 22 – BANCO DO BRASIL
FONTE: <https://i1.wp.com/agroemdia.com.br/wp-content/uploads/2019/03/logo-bb-25-3-19.
png?resize=768%2C429&ssl=1>.Acesso em: 20 ago. 2020.
FIGURA 23 – PETROBRAS
FONTE: <https://pbs.twimg.com/proile_images/799597328730558464/ks3kVnp-_400x400.jpg>. 
Acesso em: 20 ago. 2020.
Em resumo, as empresas estatais poderão desempenhar tanto funções 
típicas quanto atípicas do Estado, ou seja, podem prestar serviços públicos e 
também desempenhar atividades econômicas.
FIGURA 24 – EMPRESAS ESTATAIS
FONTE: Campos (2019, p. 153)
2.2 PRINCÍPIOS QUE REGEM A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
A Administração Pública não poder agir indistintamente. Os limites 
a esta atuação são delineados por princípios que estão previstos no art. 37 da 
Constituição Federal: “Art. 37: A Administração Pública direta e indireta de 
qualquer dos Poderes da União dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios 
obedecerá aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade 
e eiciência” (BRASIL, 1988).
TÓPICO 2 — DIREITO ADMINISTRATIVO, DIREITO PROCESSUAL E DIREITO PENAL
95
Apesar dos princípios se destinarem à Administração Pública, também 
os outros poderes (Legislativo e Judiciário) icam obrigados a cumpri-los quando 
praticam atos administrativos. Assim, os atos da Administração Pública, devem, 
necessariamente, cumprir alguns princípios, previstos no art. 37 da Constituição 
da República:
2.2.1 Princípio da legalidade
Para se formar um Estado, basta a coexistência de três elementos: povo, 
território e governo soberano. No entanto, para se formar um Estado de Direito, 
faz-se imprescindível a existência de normas que devem ser obedecidas tanto 
pela população quanto pelo próprio Estado.
 A legalidade está relacionada ao dever de submissão estatal à vontade 
popular, já que as normas são feitas pelos representantes eleitos pelos 
cidadãos. Com isso, pode-se airmar que o Poder Público, em virtude 
principalmente dos princípios da indisponibilidade do interesse público 
e da legalidade, deverá agir de acordo com a vontade da coletividade 
evitando excessos por parte dos administradores (CAMPOS, 2019 p. 26).
Para ixar bem este conhecimento, visualize a igura a seguir e, caso necessite 
“decorar” estes princípios, veja que, na ordem em que aparecem na igura, formam a palavra 
“LIMPE”.
 
FIGURA – PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
FONTE: Campos (2019, p. 26)
DICAS
96
UNIDADE 2 — RAMOS DO DIRIETO PÚBLICO
Para o particular, vigora o princípio da autonomia da vontade, já que este 
poderá fazer tudo que a lei não proíba. Esse entendimento decorre do próprio 
texto constitucional: “Art. 5.º, II, CF/1988: ninguém será obrigado a fazer ou deixar 
de fazer alguma coisa senão em virtude de lei” (CAMPOS, 2019 p. 28).
Já para o administrador não existirá autonomia da vontade, pois este 
se encontra subordinado aos termos da lei, apenas podendo agir se existir um 
permissivo legal para a sua atuação. Por exemplo, não poderá o Poder Executivo 
Federal abrir novos concursos se não existir autorização na lei orçamentária.
QUADRO 7 – PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
LEGALIDADE PARA O 
PARTICULAR
LEGALIDADE PARA O 
ADMINISTRADOR
Pode fazer tudo o que a lei não proíbe. Só pode fazer o que a lei autoriza.
Autonomia da vontade (liberdade para 
agir).
Subordinação (só pode agir de maneira 
infralegal).
Lacuna legislativa: permissão para agir. Lacuna legislativa: proibição para agir.
Efeito da lei: negativo (proíbe a 
atuação).
Efeito da lei: Positivo (permite a 
atuação).
FONTE: Campos (2019, p. 28)
Este princípio, quando aplicado ao Direito Administrativo, impõe certos 
limites à atuação da Administração Pública, que, assim, não poderá agir em 
desconformidade com a lei, sob pena de coniguração de ato abusivo.
2.2.2 Princípio da impessoalidade
“A impessoalidade deve ser analisada sob duas óticas diferentes: 
impessoalidade do administrador em seu tratamento com o povo e a 
impessoalidade do administrador em relação à sua própria atuação” (CAMPOS, 
2019, p. 31). Para o devido aprofundamento, vamos analisá-las separadamente:
QUADRO 8 – PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE
Impessoalidade do administrador 
em relação ao povo
Deverá o agente público ser neutro, 
imparcial em suas atuações, não devendo 
beneiciar ou prejudicar pessoas por uma 
simples relação de amizade ou inimizade, 
até porque a atuação pública deve ser 
objetiva e não subjetiva.
TÓPICO 2 — DIREITO ADMINISTRATIVO, DIREITO PROCESSUAL E DIREITO PENAL
97
Impessoalidade do administrador 
em relação à sua atuação
Quando o agente público atua, na verdade 
quem está praticando o ato é o próprio Estado, 
dado que aquele é um mero instrumento 
da vontade estatal. Assim, não poderá o 
administrador praticar atos que caracterizem 
alguma forma de promoção pessoal.
FONTE: Campos (2019, p. 32)
Em resumo, o administrador não possui amigos ou inimigos, devendo 
toda a sua atuação ser pautada pela neutralidade e imparcialidade.
FIGURA 26 – IMPARCIALIDADE NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
FONTE: Campos (2019, p. 32)
Por este princípio, impõe-se uma igualdade de tratamento entre os 
particulares (administrados), focando-se os atos administrativos no interesse 
público, não sendo possível o favorecimento de uns em detrimento dos outros.
 2.2.3 Princípio da moralidade
Por este princípio, os atos administrativos devem ser realizados com base 
na moral, o que pode ser traduzido na necessidade de os atos administrativos 
serem praticados com base na probidade.
Sua importância é tal, que a inobservância deste princípio gera a 
invalidade do ato administrativo (você se lembra da ação popular que estudamos 
anteriormente, que tem por objetivo justamente anular o ato administrativo lesivo 
ao patrimônio público?) e ainda a suspensão dos direitos políticos do agente 
ímprobo (art. 37, §4º da CF). Neste sentido:
Está relacionado ao dever de honestidade, probidade, ética e boa-fé do 
administrador. É a não corrupção por parte do agente público. Um dos 
deveres do Poder Público é fazer uma boa administração e, para que 
isso ocorra, padrões éticos devem ser observados. É exatamente em 
decorrência dessa necessidade que surge o princípio da moralidade, 
que visa a forçar condutas não corruptas por parte dos administradores 
(CAMPOS, 2019, p. 34).
98
UNIDADE 2 — RAMOS DO DIRIETO PÚBLICO
É necessária, pois, além da observância dos ditames legais (princípio 
da legalidade), que a prática dos atos administrativos ocorra de acordo com 
a moralidade administrativa que traz as regras de conduta ética que devem 
permear sua realização.
2.2.4 Princípio da publicidade
Por este princípio, torna-se necessário que os atos administrativos sejam 
praticados com transparência, permitindo o conhecimento por todos (pela 
publicação, por exemplo, no Diário Oicial, ou comunicação) dos atos que estão 
sendo praticados pela Administração Pública.
De acordo com Campos (2019), a publicidade está relacionada ao dever de 
informar à sociedade sobre a prática dos atos administrativos, garantindo, dessa 
forma, uma atuação mais transparente por parte do Poder Público.
FIGURA 27 – PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE
FONTE: Campos (2019, p. 35)
As inalidades deste princípio são:
QUADRO 9 – FINALIDADES DO PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE
externar a vontade 
administrativa
por meio da publicidade que o Poder Público 
demonstra à sociedade as suas vontades e 
necessidades. Exemplo: divulgação no Diário 
Oicial do edital de abertura de uma licitação para a 
aquisição de novos computadores;
dar transparência
a atuação pública deve ser clara para todos. 
Sendo assim, a publicidade garante que os atos 
administrativos possam ser controlados tanto 
pela sociedade quando pelos Poderes do Estado 
(Legislativo, Executivo e Judiciário), até porque, 
quanto maior a divulgação (transparência). mais 
fácil será fazer a iscalização;
TÓPICO 2 — DIREITO ADMINISTRATIVO, DIREITO PROCESSUAL E DIREITO PENAL
99
dar eicácia aos atos
antes mesmo de o ato se tornar público, ele já pode 
existir e ser válido; entretanto, a produção de efeitos 
ica condicionada à divulgação dele. Por exemplo, 
se em um processo administrativo se determinou 
a interdiçãode um estabelecimento, tal medida só 
poderá ser realizada depois da devida divulgação 
da decisão;
dar início à contagem 
dos prazos
imagine que determinado particular tenha 
estacionado o seu carro em um local proibido. 
A Administração o notiicará para que possa 
apresentar a sua defesa. Entretanto, o prazo para a 
interposição do recurso só começará a correr a partir 
da devida cientiicação do motorista;
facilitar o controle
o controle nada mais é do que uma iscalização que 
deve existir em relação aos atos estatais. Imagine, 
por exemplo, se todas as práticas administrativas 
fossem sigilosas. Ficaria muito difícil controlar a 
atuação do Estado. Sendo assim, a publicidade é 
imprescindível para que possa existir o controle, 
externo e interno, dos atos públicos.
FONTE: Campos (2019, p. 36)
Proíbe, pois, este princípio, como regra geral, uma atuação da administração 
pública que não permita o conhecimento pela coletividade de seus atos. Ao 
contrário, exige, assim, que seja possível o acompanhamento e a iscalização dos 
atos dos entes públicos pela sociedade.
Art. 5º, X, CF/1988 – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e 
a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral 
decorrente de sua violação. Art. 5º, XXXIII, CF/1988 – todos têm direito a receber dos órgãos 
públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que 
serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo 
sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. Art. 5º, LX, CF/1988 – a lei 
só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o 
interesse social o exigirem (CAMPOS, 2019, p. 37).
IMPORTA
NTE
100
UNIDADE 2 — RAMOS DO DIRIETO PÚBLICO
FIGURA 28 - PUBLICIDADE
FONTE: Campos (2019, p. 37)
2.2.5 Princípio da eficiência
Este princípio estabelece que não basta o administrador praticar o ato de 
acordo com os princípios antes estudados, mas devem praticá-lo com eiciência, 
o que signiica dizer economia do dinheiro público e resultados mais efetivos.
FIGURA 29 – PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA
FONTE: Campos (2019, p. 40)
Os principais escopos do princípio da eiciência são “a busca por: presteza, 
alto rendimento funcional, qualidade, rapidez e redução de desperdícios, lembrando 
que esses pontos devem ser analisados tanto de forma interna quanto externa, tanto 
na visão do administrador quanto da Administração” (CAMPOS, 2019, p. 40).
Exige-se não apenas cumprimento da lei, mas atos capazes de realizar as 
necessidades dos administrados.
TÓPICO 2 — DIREITO ADMINISTRATIVO, DIREITO PROCESSUAL E DIREITO PENAL
101
3 CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
O contrato é um negócio jurídico realizado por duas ou mais pessoas e 
nasce da junção destas “vontades”, chamado consentimento.
Para a validade deste negócio jurídico, são necessários: agente capaz, 
forma prescrita ou não defesa em lei e objeto lícito, conforme exige o art. 104 do 
Código Civil.
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
I- agente capaz;
II- objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III- forma prescrita ou não defesa em lei (BRASIL, 2002, grifo nosso).
Segundo Campos (2019), os contratos administrativos decorrem de um 
ajuste irmado entre a Administração e um particular, ou apenas entre entes 
administrativos, e buscam a realização de serviços e atividades de interesse 
coletivo, logo, devem ser submetidos ao regime jurídico administrativo (direito 
público). Neste sentido, temos a Lei nº 8.666/1993:
Art. 2º, parágrafo único. Para os ins desta Lei, considera-se contrato 
todo e qualquer ajuste entre órgãos ou entidades da Administração 
Pública e particulares, em que haja um acordo de vontades para a 
formação de vínculo e a estipulação de obrigações recíprocas, seja qual 
for a denominação utilizada (BRASIL, 1993).
Desse conceito abordado por Campos (2019), podemos elencar algumas 
características do contrato administrativo:
FIGURA 30 – CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO ADMINISTRATIVO
FONTE: Adaptada de Campos (2019)
102
UNIDADE 2 — RAMOS DO DIRIETO PÚBLICO
“Todos os ajustes bilaterais formalizados pelo Poder Público são 
considerados contratos da Administração, abarcando estes os acordos irmados 
sob as regras de direito público e de direito privado” (CAMPOS, 2019, p. 601).
Por exemplo, tanto um contrato de locação (regime: privado) quanto 
uma concessão para prestação de serviços públicos (regime: público) serão 
considerados contratos da Administração, independentemente da diferenciação 
de regimes.
Para Campos (2019) os contratos administrativos incluem apenas os pactos 
irmados sobre a proteção do princípio da supremacia do interesse público, ou 
seja, aqueles em que o Estado usa de sua posição de superioridade em busca da 
satisfação do bem comum. Sendo assim, deverá esse pacto seguir o regime jurídico 
administrativo, ou seja, usar as regras de direito público, aplicando-lhes o regime 
privado apenas de forma supletiva (art. 54, Lei nº 8.666/1993). “Art. 54. Os contratos 
administrativos de que trata esta Lei regulam-se pelas suas cláusulas e pelos 
preceitos de direito público, aplicando-se lhes, supletivamente, os princípios da 
teoria geral dos contratos e as disposições de direito privado” (BRASIL, 1993).
FIGURA 31 – CONTRATOS ADMINISTRATIVOS E CONTRATOS DA ADMINISTRAÇÃO
FONTE: Campos (2019, p. 602)
Nesse sentido, regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, 
institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras 
providências.
A doutrina sugere algumas características comuns aos contratos 
administrativos. Elencamos as principais no Quadro 10:
TÓPICO 2 — DIREITO ADMINISTRATIVO, DIREITO PROCESSUAL E DIREITO PENAL
103
QUADRO 10 – CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO ADMINISTRATIVO
Bilateralidade
é uma característica presente em todos os contratos, 
sejam eles de direito público ou privado, pois, 
se o Poder Público produzisse o comando de 
forma unilateral, estaríamos diante de um ato 
administrativo e não de um contrato.
Consensualidade
os contratos decorrem de uma manifestação de 
vontade. Assim, o particular possui liberdade para 
formalizar a relação com o Estado ou não.
De ades̃o
o contrato administrativo será redigido pelo Poder 
Público, cabendo ao particular apenas aceitar os 
termos ou não. Em outras palavras, uma das partes 
(Administração) faz o contrato e a outra (particular) 
apenas assina.
Onerosidade
o contratado deve receber pelo serviço ofertado. 
Sendo assim, caberá à administração pagar pela 
atividade executada.
Presença da 
administraç̃o
logicamente, se estamos diante de um contrato 
administrativo, é imprescindível a participação 
do Poder Público na relação avençada, pois, caso 
não exista a presença do Estado em pelo menos um 
dos polos da relação contratual, estaremos diante 
de um contrato privado, regido pelo Direito Civil e 
não pelo Direito Administrativo.
Regime público
em virtude de a administração representar a busca 
pela satisfação do interesse coletivo, as regras 
contratuais devem ser pautadas pelo regime 
publicístico (Direito Administrativo), usando-se 
apenas de forma supletiva as regras do Direito 
Civil (regime: privado).
Desigualdade entre as 
partes
como decorrência da característica vista acima, as 
partes que irmam um contrato administrativo se 
encontram em desigualdade, pois a Administração 
vai atuar em posição de supremacia em relação ao 
particular contratado. Logo, enquanto nos contratos 
privados a relação é estritamente horizontal, nos 
contratos administrativos o vínculo é vertical, ou 
seja, a Administração encontra-se em patamar de 
superioridade em relação ao contratado.
104
UNIDADE 2 — RAMOS DO DIRIETO PÚBLICO
Cláusulas exorbitantes
ainda como decorrência da supremacia, a 
Administração possuirá algumas prerrogativas 
contratuais que lhe ofertarão benefícios não 
extensíveis ao contratado, tais como a possibilidade 
de modiicar unilateralmenteos termos contratuais. 
Pela relevância do tema, veremos esse assunto em 
tópico separado um pouco mais adiante.
Comutatividade
as partes devem possuir o conhecimento prévio 
das obrigações e direitos decorrentes da relação 
contratual.
Sinalagmático
as partes possuem obrigações recíprocas. Por 
exemplo, o contratado realiza uma obra e a 
Administração paga pelo serviço prestado.
Personalíssimo
em respeito ao princípio da licitação (art. 37, XXI, 
CF), a Administração deverá assinar o contrato com 
o vencedor do certame ou, no caso de desistência 
deste, com os outros concorrentes, respeitada a 
ordem de classiicação.
Formalidade
Lei 8.666/1993:
Art. 55. S̃o cláusulas 
necessárias em todo 
contrato as que 
estabeleçam:
busca regularidade e transparência. A Lei 
8.666/1993 estabelece vários requisitos que são 
necessários à formalização do contrato. I- o objeto 
e seus elementos característicos; II- o regime de 
execução ou a forma de fornecimento; III- o preço 
e as condições de pagamento, os critérios, data-
base e periodicidade do reajustamento de preços, 
os critérios de atualização monetária entre a data 
do adimplemento das obrigações e a do efetivo 
pagamento; IV- os prazos de início de etapas de 
execução, de conclusão, de entrega, de observação 
e de recebimento deinitivo, conforme o caso; 
V- o crédito pelo qual correrá a despesa, com a 
indicação da classiicação funcional programática e 
da categoria econômica; VI- as garantias oferecidas 
para assegurar sua plena execução, quando exigidas; 
VII- os direitos e as responsabilidades das partes, 
as penalidades cabíveis e os valores das multas; 
VIII- os casos de rescisão; IX- o reconhecimento 
dos direitos da Administração, em caso de rescisão 
administrativa prevista no art. 77 desta Lei; X- as 
condições de importação, a data e a taxa de câmbio 
para conversão, quando for o caso; XI- a vinculação
TÓPICO 2 — DIREITO ADMINISTRATIVO, DIREITO PROCESSUAL E DIREITO PENAL
105
ao edital de licitação ou ao termo que a dispensou 
ou a inexigiu, ao convite e à proposta do licitante 
vencedor; XII- a legislação aplicável à execução do 
contrato e especialmente aos casos omissos; XIII- a 
obrigação do contratado de manter, durante toda a 
execução do contrato, em compatibilidade com as 
obrigações por ele assumidas, todas as condições 
de habilitação e qualiicação exigidas na licitação.
FONTE: Adaptado de Campos (2019)
Diante dos conceitos e características constatamos que o contrato 
administrativo, em regra, é regido pelo Direito Público (Direito Administrativo).
4 DIREITO PROCESSUAL
O Direito Processual é o ramo do Direito Público que regulamenta a forma 
que as ações judiciais se desenvolverão no Judiciário. Traz as regras que chamamos 
de “direito formal”, enquanto o Direito Civil, por exemplo, traz as regras de “direito 
material”. Para entendermos este sistema, podemos visualizar o direito material 
como sendo “o jogo”, enquanto o direito processual traz “as regras do jogo”. 
 
Podemos airmar que, a partir do momento que surge um conlito de interesses 
entre duas pessoas, temos uma lide e a pessoa que sofreu a lesão ou ameaça de lesão 
tem garantido o seu direito de levar essa lide ao Poder Judiciário, o que acarreta no 
surgimento de uma demanda que possibilita o acesso ao Poder Judiciário.
Assim, tomemos como exemplo o direito de propriedade. Enquanto 
o direito civil estabelece como se origina e se extingue este direito, o Direito 
Processual Civil determinará como se deve proceder para retomá-lo. 
O Direito Processual é dividido em três grandes ramos:
FIGURA 32 – RAMOS DO DIREITO PROCESSUAL
FONTE: A autora
106
UNIDADE 2 — RAMOS DO DIRIETO PÚBLICO
Direito Processual Civil, Direito Processual Penal e Direito Processual do 
Trabalho, correspondem a cada uma das áreas do Direito Material.
No desempenho das suas funções, o Estado regula as relações entre as 
pessoas através de duas funções diferentes, mas que possuem íntima relação, 
quais sejam, a legislação e a jurisdição. Neste sentido, podemos observar não 
basta apenas para o Estado elaborar normas para regular a sociedade, mas 
também deve oferecer condições para que elas sejam aplicadas de forma justa e 
respeitando as particularidades presentes em cada meio social. 
Através do exercício da função legislativa, o Estado estabelece as 
normas que devem regular as mais variadas relações. Através dessas normas, é 
estabelecido o que é lícito e ilícito, atribuem-se direitos, poderes, deveres, sendo 
que essas normas possuem caráter abstrato e genérico, ou seja, são aplicáveis a 
todas as pessoas e a todos os fatos que se enquadrem nas previsões.
Já no exercício da atividade jurisdicional, o Estado visa à concretização das 
normas elaboradas pela legislação, ou seja, a atuação concreta do comando da lei. 
Signiica dizer que, quando uma norma que rege a vida em sociedade é violada 
e o lesado se socorre da atividade jurisdicional, o Estado-Juiz, no exercício da 
função, irá aplicar a norma ao caso concerto para restabelecer a situação anterior 
à violação da norma, com a inalidade de fazer prevalecer o direito positivado.
Tanto o Direito Material quanto o Direito Processual são frutos da 
atividade legislativa, uma vez que, em regra, decorrem de leis que emanam do 
Poder Legislativo. Porém existe importante diferença entre eles.
Podemos airmar que o Direito material é o conjunto de normas que 
regulam a vida entre as pessoas em sociedade, isto é, normas que disciplinam 
relações jurídicas sobre bens e utilidades da vida (Direito Civil, Direito Penal, 
Direito do Trabalho, Direito Empresarial, Direito Tributário).
Por outro lado, o Direito Processual é o corpo de normas e princípios que 
irão reger a forma e o método de trabalho pelo qual a jurisdição será exercida.
Signiica dizer que o Direito processual é composto pelo conjunto de 
normas e princípios que regulam a atuação do Estado-Juiz, demandante e 
demandado em um processo.
Portanto, o Direito Processual não regula a vida em sociedade, mas sim, 
a atividade jurisdicional e atuação das partes em um processo. Importante você 
saber que temos o Direito Processual Civil, O Direito Processual Penal e o Direito 
Processual do Trabalho.
No desempenho das suas funções, o Estado regula as relações entre as 
pessoas através de duas funções diferentes, mas que possuem íntima relação, 
quais sejam, a legislação e a jurisdição.
TÓPICO 2 — DIREITO ADMINISTRATIVO, DIREITO PROCESSUAL E DIREITO PENAL
107
Através do exercício da função legislativa, o Estado estabelece as normas 
que devem regular as mais variadas relações. 
Através dessas normas, é estabelecido o que é lícito e ilícito, atribuem-
se direitos, poderes, deveres, sendo que essas normas possuem caráter abstrato 
e genérico, ou seja, são aplicáveis a todas as pessoas e a todos os fatos que se 
enquadrem nas previsões.
Já no exercício da atividade jurisdicional, o Estado visa à concretização das 
normas elaboradas pela legislação, ou seja, a atuação concreta do comando da lei. 
Signiica dizer que, quando uma norma que rege a vida em sociedade é violada 
e o lesado se socorre da atividade jurisdicional, o Estado-Juiz, no exercício da 
função, irá aplicar a norma ao caso concerto para restabelecer a situação anterior 
à violação da norma, com a inalidade de fazer prevalecer o direito positivado.
O Código de Processo Civil, Lei nº 5.869/73, é a lei que serve de instrumento 
para o Direito Processual Civil.
Já as regras de direito processual do trabalho estão na Consolidação das 
Leis do Trabalho, (Decreto-lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943) conhecida como 
“CLT”, e subsidiariamente utiliza-se o CPC.
5 DIREITO PENAL
O Direito Penal é deinido como o ramo do Direito Público composto 
por um conjunto de normas jurídicas que regulam o poder punitivo do Estado. 
Ocupa-se em estudar: os valores fundamentais sobre os quais se assentam as bases 
de convivência social (bens jurídicos), os fatos e/ou condutas que os violam e as 
normas jurídicas (princípios eregras jurídicas) destinadas a proteger e garantir 
tais valores através da imposição de penas e medidas de segurança.
O Código de Processo Penal (Decreto-lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941) é 
o instrumento que traz as disposições relativas ao processo penal.
ATENCA
O
108
UNIDADE 2 — RAMOS DO DIRIETO PÚBLICO
5.1 CONCEITO E FUNÇÃO 
 O direito penal corresponde ao conjunto de normas disciplinadoras da 
vida em sociedade, tutelando os bens jurídicos mais relevantes, sob ameaça de 
aplicação da pena, sanção mais grave existente no ordenamento. “Serve, ainda, 
para limitar o poder punitivo estatal por meio da ixação de tipos penais e do 
princípio da legalidade” (NUCCI, 2019a, p. 34).
“Toda ação ou omissão consciente e voluntária, que, estando previamente 
deinida em lei, cria um risco juridicamente proibido e relevante a bens jurídicos 
considerados fundamentais para a paz e convívio social” (LENZA, 2012, p. 265).
“Diferenciando-se dos demais direitos, se caracterizando pelo seu valor 
coercitivo, representa a máxima sanção de todo ordenamento jurídico. Em suma, 
o direito penal é uma proposta de paz” (NUCCI, 2019b, p. 1). Neste sentido, o 
direito penal busca a proteção dos bens como a vida, o patrimônio, os costumes, 
a paz social etc. Uma vez atingidos esses bens jurídicos, o infrator icará sujeito às 
sanções previstas na própria legislação penal (penas ou medidas de segurança). 
5.2 DIVISÃO DO DIREITO PENAL
O Direito Penal é regulamentado pelo Código Penal – Decreto-Lei nº 
2.848/1940 – o qual é composto de uma parte geral (art. 1º ao 121) e de uma parte 
especial (art. 121 ao 361). A parte especial traz os crimes divididos de acordo com 
o bem jurídico tutelado (ex.: crimes contra a vida, crimes contra o patrimônio etc.). 
• Sendo ramo do Direito Público, o Direito Penal tutela valores que interessam à 
coletividade e são indisponíveis. Portanto, não pode o sujeito particular ofendido 
dispor da ação penal, desistindo ou mesmo perdoando o autor de um delito.
• Possui caráter primário ou constitutivo (não acessório) e autônomo e não meramente
• sancionatório.
• É de caráter positivo, sendo sua principal fonte o jus positum – Direito positivo.
• É valorativo e imperativo, ou seja, valora condutas e imp̃e ao agente a obrigação de 
fazer ou deixar de fazer algo.
• É sancionatório, porque reage com uma sanção, pena, àquele que violou o preceito legal.
DICAS
TÓPICO 2 — DIREITO ADMINISTRATIVO, DIREITO PROCESSUAL E DIREITO PENAL
109
FIGURA 33 – DIVISÃO DO DIREITO PENAL
FONTE: A autora
Ainda é parte do Direito Penal a legislação extravagante, tais como a Lei 
de Entorpecentes, a Lei Maria da Penha, a Lei de Execução Penal, entre outras.
5.3 FATO TÍPICO – CRIME E CONTRAVENÇÃO
Segundo Nucci (2019a), o direito penal estabelece a diferença entre crime e 
contravenção penal, espécies de infração penal. Os crimes sujeitam seus autores a 
penas de reclusão ou detenção, enquanto as contravenções, no máximo, implicam 
em prisão simples. 
Podemos dizer que o direito penal possui as seguintes características:
QUADRO 11 – CARACTERÍSTICAS DO DIREITO PENAL
Crime
é a conduta ilícita que a sociedade considera mais grave, 
merecendo, pois, a aplicação da pena, devidamente prevista 
em lei, constituindo um fato típico, antijurídico e culpável.
Sujeito ativo é a pessoa que pratica a conduta típica
Sujeito passivo
é o titular do bem diretamente lesado pelo delito (sujeito 
eventual ou material) ou o titular do direito de punir (sujeito 
constante ou formal), que é o Estado.
Objeto material
é a coisa, pessoa ou interesse que sofre diretamente a 
conduta criminosa.
Objeto jurídico é o interesse protegido pela norma penal incriminadora.
Classiicação de 
crimes
é a organização dos delitos em diversas categorias, com a 
inalidade de proporcionar melhor estudo e aplicação de 
cada um dos tipos penais incriminadores, ora levando em 
consideração o momento consumativo, ora o sujeito ativo 
capaz de cometer a infração penal, dentre outros fatores.
FONTE: Adaptado de Nucci (2019a)
110
UNIDADE 2 — RAMOS DO DIRIETO PÚBLICO
Para Nucci (2019b) o crime é uma conduta típica, antijurídica e culpável, 
vale dizer, uma ação ou omissão ajustada a um modelo legal de conduta 
proibida (tipicidade), contrária ao direito (antijuridicidade) e sujeita a um juízo 
de reprovação social incidente sobre o fato e seu autor, desde que existam 
imputabilidade, consciência potencial de ilicitude e exigibilidade e possibilidade 
de agir conforme o direito. 
Crime é um fenômeno que pode ser conceituado desde distintas 
concepções e categorias uma vez que crime, criminalidade e criminalização são 
questões complexas. De acordo com a doutrina o crime pode ser:
QUADRO 12 – CARACTERÍSTICAS DO CRIME
Conceito material É a concepção da sociedade sobre o que pode e deve ser proibido, mediante a aplicação de sanção penal.
Conceito formal
É a concepção do direito acerca do delito, constituindo a 
conduta proibida por lei, sob ameaça de aplicação de pena, 
numa visão legislativa do fenômeno. Cuida-se, na realidade, 
de fruto do conceito material, devidamente formalizado.
Conceito analítico
Trata-se de uma conduta típica, antijurídica e culpável, 
vale dizer, uma ação ou omissão ajustada a um modelo 
legal de conduta proibida (tipicidade), contrária ao direito 
(antijuridicidade) e sujeita a um juízo de reprovação social 
incidente sobre o fato e seu autor, desde que existam 
imputabilidade, consciência potencial de ilicitude e 
exigibilidade e possibilidade de agir conforme o direito.
FONTE: Adaptado de Nucci (2019b) 
FIGURA 34 – FATOS DO CRIME
FONTE: Nucci (2019a, p.144)
TÓPICO 2 — DIREITO ADMINISTRATIVO, DIREITO PROCESSUAL E DIREITO PENAL
111
FIGURA 35 – ESTRUTURA DO CRIME
FONTE: Nucci (2019a, p.144)
Fato Típico é a conduta humana que se “molda” perfeitamente aos 
elementos previstos na lei penal. Portanto, a característica de um crime é ser um 
fato típico. Ação ou omissão descrita na lei penal.
A tipicidade é o trabalho do jurista que analisa a conduta em suas múltiplas 
faces de modo a veriicar, com absoluta certeza a relação iel, perfeita e absoluta 
entre a conduta e o tipo penal existente. Esse raciocínio é o que se chama “relação 
de tipicidade”.
5.4 DOLO E CULPA 
Nas doutrinas clássicas dolo é deinido como consciência – previsão 
– e vontade do fato conhecido como contrário ao dever. O conceito de dolo é 
pressuposto necessário para a deinição de crime doloso. Para Fernando Capez 
(2010, p. 153) dolo “é a vontade e a consciência de realizar os elementos constantes 
do tipo legal. Mais amplamente, é a vontade manifestada pela pessoa humana de 
realizar a conduta”. 
Como regra geral, os crimes são sempre dolosos. Porém, desde tal 
airmativa não se deve considerar como culpa o que, na realidade, é dolo e vice-
versa, uma vez que são distintas as punições para esses crimes.
Como preleciona Damásio E. de Jesus (2016, p. 290):
O dolo deve abranger os elementos da igura típica. Assim, para 
que se possa dizer que o sujeito agiu dolosamente, é necessário 
que seu elemento subjetivo tenha – se estendido às elementares e 
às circunstâncias do delito. Toda igura típica contém uma série de 
elementos que, relacionados com a conduta culpável do agente, 
ensejam a aplicação da pena.
112
UNIDADE 2 — RAMOS DO DIRIETO PÚBLICO
São dois os elementos que devemos considerar como importantes: a 
vontade livre (elemento volitivo de realizar esse fato) e a consciência (conhecimento 
do fato-que constitui a ação típica).
“Culpa”, considerado como elemento do tipo, signiica, penalmente, a 
inobservância do dever de diligência, de cuidado objetivo. Na vida social há a 
obrigação de não produzir danos a terceiros, sendo, portanto, típica a conduta 
que não é de acordo com o que é de se esperar de alguém, em determinada 
circunstância, dotado da capacidade de discernimento e prudência.
As formas de culpa encontram-se descritas no art. 18, II do Código Penal.
A ação culposa ocorre em três tipos de conduta: negligência,imprudência 
e imperícia. Veja o conceito de cada uma das modalidades no Quadro 13:
QUADRO 13 – TIPOS DE CONDUTA
Imprudência é a prática de um fato perigoso.
Negligência é a ausência de precaução, cuidado ou indiferença em relação ao ato praticado.
Imperícia é a fata de aptidão para o exercício de uma atividade ou proissão.
FONTE: A autora
FIGURA 36 – TIPOS DE CONDUTA
FONTE: <https://pensadorh.iles.wordpress.com/2016/04/tipos-de-erro.png?w=364&h=307>. 
Acesso em: 20 ago. 2020.
Por isso, podemos dizer que há crime culposo quando o agente deu causa 
ao resultado por negligência, imprudência ou imperícia.
Do que estudamos até agora, podemos visualizar o seguinte:
TÓPICO 2 — DIREITO ADMINISTRATIVO, DIREITO PROCESSUAL E DIREITO PENAL
113
FIGURA 37 – CRIMES CULPOSO E DOLOSO
FONTE: A autora
FIGURA – DIFERENÇA DE DOLO E CULPA
FONTE: <https://direitodetodos.com.br/wp-content/uploads/2013/07/Dolo-e-culpa-
-300x251.jpg>. Acesso em: 20 ago. 2020.
NOTA
114
UNIDADE 2 — RAMOS DO DIRIETO PÚBLICO
5.4.1 Causas excludentes da antijuridicidade
Como vimos anteriormente, a antijuridicidade é a prática de um ato 
contrário à lei, sem que haja uma justiicativa para tanto. O ato pode ser antijurídico 
(ex.: matar alguém), mas haver uma justiicativa (ex.: legítima defesa). Neste item, 
vamos conhecer cada uma das causas que excluem a antijuridicidade, também 
chamada ilicitude de um ato típico. São causas excludentes de antijuridicidade: 
estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal e 
exercício regular de direito. Vamos conhecer cada uma delas?
As excludentes de ilicitude podem ser divididas da seguinte forma:
QUADRO 14 – EXCLUDENTES DE ILICITUDE
as previstas na Parte Geral do Código Penal e válidas, portanto, para todas as 
condutas típicas estabelecidas na Parte Especial ou em leis penais especiais: a.1) 
estado de necessidade (arts. 23, I, e 24); a.2) legítima defesa (arts. 23, II, e 25); a.3) 
estrito cumprimento do dever legal (art. 23, III); a.4) exercício regular de direito 
(art. 23, III);
as previstas na Parte Especial do Código Penal e válidas, apenas, para alguns 
delitos. Exemplo: aborto necessário (art. 128, I, CP);
as previstas em legislação extrapenal. É interessante destacar que essas excludentes 
podem constituir modalidades especíicas de estado de necessidade, legítima 
defesa, cumprimento de dever ou exercício de direito, mas que se voltam a 
situações peculiares, descritas em leis não penais. Se não existissem, seria possível 
que o crime se concretizasse, pois a excludente penal não seria cabível ao caso. 
Exemplo disso é a legítima defesa prevista no Código Civil (art. 1.210, § 1º);
consentimento do ofendido, que é excludente supralegal (não prevista 
expressamente em lei), consistente no desinteresse da vítima em fazer valer a 
proteção legal ao bem jurídico que lhe pertence.
O dever legal é o resultante de lei, considerada esta em seu sentido lato. 
Entretanto, deve-se ampliar o sentido da expressão para abranger também o 
dever jurídico, aquele que advém de outras relações previstas no ordenamento 
jurídico, como o contrato de trabalho ou mesmo a promessa feita pelo garantidor 
de uma situação qualquer. A abnegação em face do perigo só é exigível quando 
corresponde a um especial dever jurídico”. Por isso, tem o dever de enfrentar 
o perigo tanto o policial (dever advindo de lei), quanto o segurança particular 
contratado para a proteção do seu empregador (dever jurídico advindo do 
contrato de trabalho).
FONTE: Adaptado de Nucci (2019b) 
TÓPICO 2 — DIREITO ADMINISTRATIVO, DIREITO PROCESSUAL E DIREITO PENAL
115
5.4.2 Culpabilidade
Havendo a conduta típica e antijurídica, para que tenha lugar a aplicação 
da pena, há necessidade de haver a culpabilidade. Assim, diante de um fato típico 
e antijurídico, veriicar-se-á a conduta do agente, sendo que a culpabilidade, 
segundo Nucci (2019b), se trata de um juízo de reprovação social, incidente 
sobre o fato e seu autor, devendo o agente ser imputável, atuar com consciência 
potencial de ilicitude, bem como ter a possibilidade e a exigibilidade de atuar 
de outro modo, seguindo as regras impostas pelo Direito. Ainda de acordo com 
Nucci (2019b) a culpabilidade pode ser:
QUADRO 15 – TIPOS DE CULPABILIDADE
Culpabilidade formal
é a censurabilidade merecida pelo autor do fato típico 
e antijurídico, dentro dos critérios que a norteiam, 
isto é, se houver imputabilidade, consciência 
potencial da ilicitude e exigibilidade de atuação 
conforme o Direito. Formalmente, a culpabilidade 
é a fonte inspiradora do legislador para construir o 
tipo penal na parte sancionadora.
Culpabilidade material
é a censura realizada concretamente, visualizando-
se o fato típico e antijurídico e conhecendo-se o 
seu autor, imputável, com consciência potencial 
do ilícito e que, valendo-se do seu livre-arbítrio, 
optou pelo injusto sem estar fundado em qualquer 
causa de exclusão da culpabilidade, por fatores de 
inexigibilidade de conduta diversa. Serve, então, 
a culpabilidade material a fundamentar a pena, 
auxiliando o juiz, na etapa seguinte, que é atingir o 
seu limite concreto.
FONTE: Adaptado de Nucci (2019b) 
A seguir, estudaremos os elementos da culpabilidade.
5.4.3 Imputabilidade penal
A Constituição Federal em seu artigo 228, preceitua que "são penalmente 
inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeito às normas da legislação 
especial". A legislação especial referida trata-se do ECA – Estatuto da Criança e do 
Adolescente, no qual se encontram prescritas medidas para sujeição de menores 
inimputáveis que incidam na prática delituosa à punição correspondente a sua 
situação biopsicossocial. Neste sentido:
116
UNIDADE 2 — RAMOS DO DIRIETO PÚBLICO
É o conjunto das condições pessoais, envolvendo inteligência e 
vontade, que permite ao agente ter entendimento do caráter ilícito do 
fato, comportando-se de acordo com esse conhecimento. O binômio 
necessário para a formação das condições pessoais do imputável 
consiste em sanidade mental e maturidade (NUCCI, 2019b, p. 264).
Ainda, segundo Nucci (2019b), se o indivíduo não possui aptidão 
para entender a diferença entre o certo e o errado, não poderá pautar-se por tal 
compreensão e terminará, vez ou outra, praticando um fato típico e antijurídico sem 
que possa, por isso, ser censurado, isto é, sem que possa sofrer juízo de culpabilidade.
5.4.4 Penas e medidas de segurança
Segundo Nucci (2019b), pena é a sanção do Estado, valendo-se do devido 
processo legal, cuja inalidade é a repressão ao crime perpetrado e a prevenção 
a novos delitos, objetivando reeducar o delinquente, retirá-lo do convívio social 
enquanto for necessário, bem como reairmar os valores protegidos pelo Direito 
Penal e intimidar a sociedade para que o crime seja evitado.
Presentes os requisitos que coniguram o crime (fato típico e antijurídico) 
e ainda a culpabilidade, terá lugar a aplicação da penalidade respectiva. De uma 
forma bem didática, podemos dizer que são três as espécies de penas: privativas 
de liberdade, restritivas de direitos e multa, que serão aplicadas conforme a 
gravidade do crime. Conforme o Quadro 16:
QUADRO 16 – TIPOS DE PENAS
Penas privativas de 
liberdade
reclusão, detenção e prisão simples. As duas primei-
ras constituem decorrência da prática de crimes e a 
terceira é aplicada às contravenções penais.
Penas restritivas de 
direitos
prestação de serviços à comunidade ou a entidades 
públicas, interdição temporária de direitos, limitação 
de im de semana, prestação pecuniária e perda de 
bens e valores.
Pena pecuniária é a multa.
FONTE: Adaptado de Nucci (2019b) 
Como regra geral, apenas as pessoas físicas (seres humanos) podem ser 
sujeitos ativos dos crimes. Como exceção a esta regra, temos a legislação ambiental, que 
prevê a responsabilização penal da pessoa jurídica (Lei nº 9.605/98).
IMPORTA
NTE
TÓPICO 2 — DIREITO ADMINISTRATIVO, DIREITO PROCESSUAL E DIREITO PENAL
117
Existem três espécies de penas privativas de liberdade– reclusão, detenção 
e prisão simples – que, na realidade, poderiam ser uniicadas sob a denominação 
de pena de prisão. A pena de prisão simples é a destinada às contravenções penais, 
signiicando que não pode ser cumprida em regime fechado, comportando apenas 
os regimes semiaberto e aberto. Além disso, não se pode inserir o contraventor 
condenado no mesmo lugar onde se encontrem os criminosos.
QUADRO 17 – DIFERENÇA DE RECLUSÃO E DETENÇÃO
RECLUSÃO DETENÇÃO
É cumprida inicialmente nos regimes 
fechado, semiaberto ou aberto.
somente pode ter início no regime 
semiaberto ou aberto (art. 33, caput, CP).
Pode acarretar como efeito da 
condenação a incapacidade para o 
exercício do pátrio poder (atualmente, 
denominado, pelo Código Civil, poder 
familiar), tutela ou curatela, nos crimes 
dolosos, sujeitos a esse tipo de pena, 
cometidos contra outrem igualmente 
titular do mesmo poder familiar, ilho, 
ilha ou outro descendente ou tutelado 
ou curatelado (art. 92, II, CP).
permite a aplicação do regime de 
tratamento ambulatorial (art. 97, CP).
Propicia a internação nos casos de 
medida de segurança.
é reservada para os mais leves, motivo 
pelo qual, no instante de criação do tipo 
penal incriminador, o legislador sinaliza 
à sociedade a gravidade do delito.
É cumprida em primeiro lugar (art. 69, 
caput, CP).
É prevista para crimes mais graves.
FONTE: Adaptado de Nucci (2019b) 
No Código Penal (art. 43), encontramos cinco modalidades: a) prestação 
pecuniária; b) perda de bens e valores; c) prestação de serviços à comunidade ou 
a entidades públicas; d) interdição temporária de direitos; e) limitação de im de 
semana (BRASIL, 1940).
118
UNIDADE 2 — RAMOS DO DIRIETO PÚBLICO
QUADRO 18 – MODALIDADES DE PRESTAÇÕES
Prestaç̃o pecuniária
consiste no pagamento em dinheiro feito à vítima e 
seus dependentes ou a entidade pública ou privada, 
com destinação social, de uma importância ixada 
pelo juiz, não inferior a um salário mínimo nem 
superior a 360 salários mínimos.
Perda de bens e valores
consiste na transferência, em favor do Fundo 
Penitenciário Nacional, de bens e valores 
adquiridos licitamente pelo condenado, integrantes 
do seu patrimônio, tendo como teto o montante do 
prejuízo causado ou o proveito obtido pelo agente 
ou terceiro com a prática do crime, o que for maior.
Prestaç̃o de serviços 
à comunidade ou a 
entidades públicas
é a atribuição de tarefas gratuitas ao condenado 
junto a entidades assistenciais, hospitais, orfanatos 
e outros estabelecimentos similares, em programas 
comunitários ou estatais.
Interdiç̃o temporária de 
direitos
é a mais autêntica pena restritiva de direitos, pois tem 
por inalidade impedir o exercício de determinada 
função ou atividade por um período determinado, 
como forma de punir o agente de crime relacionado 
à referida função ou atividade proibida, frequentar 
determinados lugares ou inscrever-se em concurso, 
avaliação ou exame públicos.
Limitação de im de 
semana
consiste na obrigação do condenado de permanecer, 
aos sábados e domingos, por cinco horas diárias, 
em Casa do Albergado ou lugar adequado, a im 
de participar de cursos e ouvir palestras, bem 
como desenvolver atividades educativas.
FONTE: Adaptado de Nucci (2019a) 
5.4.5 Ações penais
As ações penais são os meios através dos quais o Estado realizará a 
persecução penal. De uma forma geral, as ações penais são de duas espécies: 
públicas ou privadas.
Na maioria dos crimes, as ações penais são públicas, ou seja, quem inicia 
a ação penal é o Ministério Público, representado pelo Promotor de Justiça, que 
oferece a denúncia independentemente da vontade do ofendido. A este tipo de 
ação damos o nome de ação penal pública incondicionada. Há casos, porém, 
em que a ação penal é pública, mas depende de iniciativa do ofendido para que 
possa ser iniciada. A esta iniciativa, dá-se o nome de “representação”. Exemplos: 
TÓPICO 2 — DIREITO ADMINISTRATIVO, DIREITO PROCESSUAL E DIREITO PENAL
119
exemplos? Sim, claro! Perigo de contágio venéreo (art. 130), ameaça (art. 147), 
violação de correspondência comercial (art. 152), divulgação de segredo (art. 
153), furto de coisa comum (art. 156) e o Estupro – sim, o estupro é ação penal 
condicionada quando não for qualiicado (BRASIL, 1940).
Já as ações privadas são aquelas em que o início da ação penal somente 
ocorre mediante a iniciativa do ofendido, que ocorre através da “queixa-crime”. 
São exemplos de crimes que somente terão a ação penal iniciada mediante queixa 
crime: a calúnia, a injúria e a difamação.
5.4.6 Crimes contra o patrimônio
Na parte especial do Código Penal, existem crimes que protegem os 
principais bens jurídicos, a vida, o patrimônio, a paz social etc.
Para nossa disciplina, será suiciente conhecermos os crimes contra o 
patrimônio, previstos do art. 155 ao art. 183 do CP, conhecendo os tipos legais, 
com suas características principais e as penas a ele cominadas os quais constam 
do quadro abaixo (os arts. 181 a 183 do CP não constam do quadro por trazerem 
disposições relativas à ação penal):
QUADRO 19 – CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
Tipo Legal Características
Furto Art. 155 - Subtrair, para si ou 
para outrem, coisa alheia móvel: Pena 
– reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, 
e multa. 
Furto de coisa comum Art. 156 – 
Subtrair o condômino, co-herdeiro ou 
sócio, para si ou para outrem, a quem 
legitimamente a detém, a coisa comum: 
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 
(dois) anos, ou multa.
Intenção de permanecer com o bem 
(furto de uso não é crime). Existem as 
formas qualiicadas, que aumentam a 
pena, tais como a utilização de chave 
falsa ou se o crime é praticado durante 
o repouso noturno.
Roubo Art. 157 – Subtrair coisa móvel 
alheia, para si ou para outrem, mediante 
grave ameaça ou violência a pessoa, 
ou depois de havê-la, por qualquer 
meio, reduzido à impossibilidade 
de resistência: Pena – reclusão, de 4 
(quatro) a 10 (dez) anos, e multa.
Semelhante ao furto, o roubo dele 
se diferencia em razão do emprego 
de violência. Também existe a forma 
qualiicada, a exemplo do emprego de 
arma ou a violência ser cometida por 
mais de uma pessoa.
120
UNIDADE 2 — RAMOS DO DIRIETO PÚBLICO
Extors̃o Art. 158 – Constranger alguém, 
mediante violência ou grave ameaça, e 
com o intuito de obter para si ou para 
outrem indevida vantagem econômica, 
a fazer, tolerar que se faça ou deixar 
fazer alguma coisa: Pena - reclusão, de 
4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa. 
Extors̃o mediante sequestro Art. 
159 – Sequestrar pessoa com o im de 
obter, para si ou para outrem, qualquer 
vantagem, como condição ou preço do 
resgate: Pena – reclusão, de 8 (oito) a 15 
(quinze) anos.
Na extorsão, pretende especiicamente 
a obtenção de indevida vantagem 
econômica (JESUS, 2006, p. 605). Na 
extorsão mediante sequestro, não há 
apenas a violência ou grave ameaça 
como no artigo anterior, mas há 
também um crime contra a liberdade 
de locomoção. Trata-se de crime 
hediondo (Lei nº 8.072/90).
Extors̃o indireta Art. 160 – Exigir 
ou receber, como garantia de dívida, 
abusando da situação de alguém, 
documento que pode dar causa a 
procedimento criminal contra a vítima 
ou contra terceiro: Pena – reclusão, de 
1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Não há necessidade de recebimento 
efetivo do documento, apenas a 
exigência é suiciente para conigurar 
o crime.
Alteraç̃o de limites Art. 161 – 
Suprimir ou deslocar tapume, marco, 
ou qualquer outro sinal indicativo 
de linha divisória, para apropriar-se, 
no todo ou em parte, de coisa imóvel 
alheia: Pena – detenção, de 1 (um) a 6 
(seis) meses, e multa. § 1º- Na mesma 
pena incorre quem: Usurpação de 
águas I - desvia ou represa, em proveito 
próprio ou de outrem, águas alheias; 
Esbulho possessório II- invade, com 
violência a pessoa ou grave ameaça, 
ou mediante concurso de mais de duas 
pessoas, terreno ou edifício alheio, 
para o im de esbulho possessório. § 
2º- Se o agente usa de violência, incorre 
também na pena a esta cominada. § 3º- 
Se a propriedadeé particular, e não 
há emprego de violência, somente se 
procede mediante queixa.
Este delito tem como objeto jurídico 
a posse e a propriedade. Só pratica 
este crime o proprietário do prédio 
vizinho àquele em que se alteram os 
limites (JESUS, 2006, p. 614). Além 
do tipo previsto no caput (cabeça) do 
artigo, os parágrafos preveem outras 
hipóteses que também se consideram 
como alteração dos limites.
TÓPICO 2 — DIREITO ADMINISTRATIVO, DIREITO PROCESSUAL E DIREITO PENAL
121
Supress̃o ou alteraç̃o de marca em 
animais Art. 162 – Suprimir ou alterar, 
indevidamente, em gado ou rebanho 
alheio, marca ou sinal indicativo de 
propriedade: Pena - detenção, de 6 
(seis) meses a 3 (três) anos, e multa.
Dano Art. 163 – Destruir, inutilizar 
ou deteriorar coisa alheia: Pena – 
detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou 
multa.
Este artigo trata do crime de dano, 
inclusive o proprietário de coisa comum. 
Existe também a forma qualiicada, 
quando o dano, por exemplo, for 
praticado contra bem de propriedade 
da União.
Introduç̃o ou abandono de animais 
em propriedade alheia Art. 164 – 
Introduzir ou deixar animais em 
propriedade alheia, sem consentimento 
de quem de direito, desde que o fato 
resulte prejuízo: Pena – detenção, de 15 
(quinze) dias a 6 (seis) meses, ou multa.
Dano em coisa de valor artístico, 
arqueológico ou histórico Art. 165 – 
Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa 
tombada pela autoridade competente 
em virtude de valor artístico, 
arqueológico ou histórico: Pena - 
detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) 
anos, e multa
Interessante que até mesmo o 
proprietário poderá ser sujeito ativo 
neste crime, uma vez que o objeto 
jurídico é o patrimônio histórico 
protegido.
Alteraç̃o de local especialmente 
protegido Art. 166 - Alterar, sem licença 
da autoridade competente, o aspecto 
de local especialmente protegido por 
lei: Pena – detenção, de 1 (um) mês a 1 
(um) ano, ou multa.
Apropriaç̃o indébita Art. 168 – 
Apropriar-se de coisa alheia móvel, 
de que tem a posse ou a detenção: 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) 
anos, e multa. Apropriação indébita 
previdenciária Art. 168-A. Deixar 
de repassar à previdência social 
as contribuições recolhidas dos 
contribuintes, no prazo e forma legal 
ou convencional: Pena – reclusão, de 2 
(dois) a 5 (cinco) anos, e multa
Neste crime, o agente apropria-se de 
bem móvel de que tem a posse ou 
detenção. Ex.: Caixa que se apropria 
de dinheiro do banco. Também existe 
a forma qualiicada.
122
UNIDADE 2 — RAMOS DO DIRIETO PÚBLICO
Apropriaç̃o de coisa havida por erro, 
caso fortuito ou força da natureza Art. 
169 – Apropriar-se alguém de coisa 
alheia vinda ao seu poder por erro, 
caso fortuito ou força da natureza: 
Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 
(um) ano, ou multa. Parágrafo único – 
Na mesma pena incorre: Apropriação 
de tesouro I - quem acha tesouro em 
prédio alheio e se apropria, no todo ou 
em parte, da quota a que tem direito 
o proprietário do prédio; Apropriação 
de coisa achada II – quem acha coisa 
alheia perdida e dela se apropria, total 
ou parcialmente, deixando de restituí-
la ao dono ou legítimo possuidor ou de 
entregá-la à autoridade competente, 
dentro no prazo de 15 (quinze) dias. 
Estelionato e outras fraudes Art. 171 – 
Obter, para si ou para outrem, vantagem 
ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou 
mantendo alguém em erro, mediante 
artifício, ardil, ou qualquer outro meio 
fraudulento: Pena - reclusão, de 1 (um) 
a 5 (cinco) anos, e multa. 
Duplicata simulada Art. 172 – Emitir 
fatura, duplicata ou nota de venda que 
não corresponda à mercadoria vendida, 
em quantidade ou qualidade, ou ao 
serviço prestado. Pena - detenção, de 
2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Parágrafo único – Nas mesmas penas 
incorrerá aquele que falsiicar ou 
adulterar a escrituração do Livro de 
Registro de Duplicatas. 
Abuso de incapazes Art. 173 – Abusar, 
em proveito próprio ou alheio, de 
necessidade, paixão ou inexperiência 
de menor, ou da alienação ou debilidade 
mental de outrem, induzindo qualquer 
deles à prática de ato suscetível de 
produzir efeito jurídico, em prejuízo 
próprio ou de terceiro: Pena – reclusão, 
de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
No estelionato, o agente busca obter 
indevidamente vantagem, induzindo 
uma pessoa ao erro. Também 
são formas de estelionato, a ele 
equiparados: a disposição de coisa 
alheia como própria; a alienação ou 
oneração fraudulenta de coisa própria, 
a defraudação de penhor, a fraude 
na entrega de coisa, a fraude para 
recebimento de indenização ou valor 
de seguro; a fraude no pagamento por 
meio de cheque. O Crime também pode 
ser qualiicado, nos casos previstos 
no 3º. Este crime é o que conhecemos 
como “duplicata fria”. Toda duplicata, 
necessária e obrigatoriamente, deverá 
ser emitida a partir de uma nota iscal 
ou fatura, motivo pelo qual se chama 
este título de crédito de título causal.
FONTE: Adaptado de Brasil (1940)
TÓPICO 2 — DIREITO ADMINISTRATIVO, DIREITO PROCESSUAL E DIREITO PENAL
123
Os Crimes contra o patrimônio estão previstos no Título II do Código 
Penal, é importante lembrarmos que é considerado crime contra o patrimônio 
toda ação que atente contra bens de uma pessoa ou organização. Desse modo, é 
objeto do crime qualquer coisa que tenha valor patrimonial.
Devido à complexidade do tema, recomenda-se a leitura de todos os capítulos 
que tratam dos crimes contra o patrimônio, os quais seguem dispostos no Código Penal, 
do artigo 155 até o artigo 180-A.
DICAS
124
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• O Direito Penal “corresponde ao conjunto de normas jurídicas que regulam 
os crimes e as contravenções penais”.
• O crime é ato típico e antijurídico.
• O crime pode ser doloso (intencional) ou culposo (não intencional).
• Para que seja aplicada a sanção prevista em lei, será necessário que também 
esteja presente a culpabilidade.
• As espécies de pena (privativa de liberdade, restritiva de direitos e multa), 
penas de detenção e reclusão e ainda medidas de segurança.
• Os tipos de ação penal (pública condicionada e incondicionada e privada).
• Os crimes contra o patrimônio são previstos na legislação penal.
125
1 O Direito Administrativo que traz as regras que disciplinam a atividade 
da Administração Pública. Com base nessa airmação, assinale a resposta 
CORRETA a respeito do conceito de atos administrativos.
a) ( ) Ato administrativo é considerado como a declaração de vontade da 
Sociedade, nessa qualidade, exteriorizada por agente competente e 
no exercício de suas funções, visando a produção de efeitos jurídicos 
conformes ao interesse particular.
b) ( ) Ato administrativo é considerado como a declaração de vontade do 
Povo, nessa qualidade, exteriorizada por agente competente e no 
exercício de suas funções, visando a produção de efeitos jurídicos 
conformes ao interesse coletivo.
c) ( ) Ato administrativo é considerado como a declaração de vontade do 
Estado, nessa qualidade, exteriorizada por agente competente e no 
exercício de suas funções, visando a produção de efeitos jurídicos 
conformes ao interesse público.
d) ( ) Ato administrativo é considerado como a declaração de vontade do 
Território, nessa qualidade, exteriorizada por agente competente e 
no exercício de suas funções, visando a produção de efeitos jurídicos 
conformes ao interesse privado.
2 A Administração Pública não poder agir indistintamente. Para isso a 
Constituição de 1988 prevê os limites a esta atuação são delineados por 
princípios. Com base nessa airmação, assinale a alternativa CORRETA a 
respeito do princípio administrativo da legalidade.
a) ( ) Quando aplicado ao Direito Administrativo, impõe certos limites à 
atuação da Administração Pública, que, assim, não poderá agir em 
desconformidade com a lei, sob pena de coniguração de ato abusivo.
b) ( ) Deverá o agente público ser neutro, imparcial em suas atuações, não 
devendo beneiciar ou prejudicar pessoas por uma simples relação de 
amizade ou inimizade,até porque a atuação pública deve ser objetiva 
e não subjetiva.
c) ( ) Torna-se necessário que os atos administrativos sejam praticados com 
transparência, permitindo o conhecimento por todos (pela publicação, 
por exemplo, no Diário Oicial, ou comunicação) dos atos que estão 
sendo praticados pela Administração Pública.
d) ( ) estabelece que não basta o administrador praticar o ato de acordo com os 
princípios antes estudados, mas devem praticá-lo com eiciência, o que 
signiica dizer economia do dinheiro público e resultados mais efetivos.
AUTOATIVIDADE
126
3 O Direito Processual é o ramo do Direito Público que regulamenta a forma 
que as ações judiciais se desenvolverão no Judiciário. Com base nessa 
informação, assinale a alternativa CORRETA a respeito dos ramos do 
direito processual.
a) ( ) Direito Processual Militar; Direito Processual Penal; Direito Processual 
do Trabalho.
b) ( ) Direito Processual do Consumidor; Direito Processual Penal; Direito 
Processual do Trabalho.
c) ( ) Direito Processual Internacional; Direito Processual Penal; Direito 
Processual do Trabalho.
d) ( ) Direito Processual Civil; Direito Processual Penal; Direito Processual 
do Trabalho.
4 O Direito Penal é deinido como o ramo do Direito Público composto por 
um conjunto de normas jurídicas que regulam o poder punitivo do Estado. 
Com base nessa informação, disserte sobre a divisão do Direito Penal.
5 O direito penal corresponde ao conjunto de normas disciplinadoras da vida 
em sociedade, tutelando os bens jurídicos mais relevantes, sob ameaça de 
aplicação da pena, sanção mais grave existente no ordenamento. Com base 
nessa informação, disserte sobre os tipos de crime.
127
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
A denominação de direito tributário está consagrada no direito brasileiro, 
sendo a expressão mais adequada, segundo o entendimento majoritário dos 
estudiosos do assunto.
Para a compreensão do Direito Eleitoral em todos aspectos, é necessária a 
apresentação de seus conceitos. O Direito Eleitoral como Ramo do Direito Público, 
está diretamente ligado ao conceito de democracia e pode ser visto como um 
tema de interesse geral, direcionado a escolha dos ocupantes de cargos públicos, 
mediante o exercício do sufrágio.
E por im, estudaremos sobre o Direito Militar ramo jurídico responsável 
pela legislação e normatização da atuação das forças armadas, como o Exército, a 
Polícia Militar, a Força Aérea, a Marinha e o Corpo de Bombeiros.
2 DIREITO TRIBUTÁRIO
O conceito de tributo encontra-se descrito no artigo 3º do Código Tributário 
Nacional (Lei no 5.172/1966), o qual traduz que: “Art. 3º Tributo é toda prestação 
pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não 
constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade 
administrativa plenamente vinculada” (BRASIL, 1966).
O Direito Tributário estuda todas as normas que dizem respeito à 
arrecadação de tributos. Existem várias formas de tributo, especialmente: 
impostos, contribuições de melhoria e taxas.
TÓPICO 3 — 
DIREITO TRIBUTÁRIO, DIREITO ELEITORAL E DIREITO MILITAR
128
UNIDADE 2 — RAMOS DO DIRIETO PÚBLICO
FIGURA 38 – TRIBUTOS
FONTE: A autora
É a ocorrência do fato gerador que determinará a incidência do tributo. 
Assim, por exemplo, auferindo renda, o contribuinte pagará imposto de renda, 
adquirindo um carro, terá que pagar o IPVA e assim por diante.
O Direito Tributário estudará, pois, tudo que se refere aos tributos, desde 
sua origem, fato gerador, o responsável pelo seu pagamento, qual a alíquota 
correspondente, a base de incidência e como se faz o recolhimento. Este ramo do 
Direito também especiica quem icará isento do pagamento, o que é elisão iscal etc.
As regras do Direito Tributário estão especialmente previstas na 
Constituição da República e no Código Tributário Nacional. Também encontramos 
suas regras em diversas leis esparsas, como, por exemplo, a Lei n. 6.830/80, que 
trata da Execução Fiscal.
A análise dos conceitos previamente apresentados permite identiicar 
alguns elementos fundamentais, isto é, núcleos conceituais que são úteis para 
formar uma compreensão mais detalhada do que é o Direito Tributário (MAZZA, 
2018). Conira o Quadro 20:
QUADRO 20 – ANÁLISE DO CONCEITO DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Atividade inanceira para obtenção 
de rendimentos
Finalidade essencial á a captação de 
recursos para custeio do Estado.
Limite do poder de tributar e 
proteç̃o do cidad̃o
Regrar as atividades iscais estabelecendo 
restrições ao poder de cobrar tributos 
como forma de proteger os direitos do 
contribuinte.
TÓPICO 3 — DIREITO TRIBUTÁRIO, DIREITO ELEITORAL E DIREITO MILITAR
129
Instituiç̃o e cobrança de tributos Estabelecer tributos, cobrança de tributos, iscalização do pagamento do tributo.
Autônomo
Ramo didaticamente autônomo, o direito 
em si, considerado como o conjunto de 
regras impostas pelo Estado.
Disciplina jurídica de tributos
O direito tributário constitui um ramo 
jurídico integralmente construído em 
torno de um único instituto: o tributo.
FONTE: Adaptado de Mazza (2018)
A partir das conceituações anteriores podemos dizer que o direito tributário 
é o ramo de direito público que estuda princípios e normas disciplinadoras do 
exercício das atividades de instituição, cobrança e iscalização de tributos. Desta 
forma quando o dinheiro do contribuinte ingressa nos cofres públicos, termina o 
direito tributário e começa o direito inanceiro (MAZZA, 2018).
3 DIREITO ELEITORAL
O Direito Eleitoral brasileiro passou por muitas transformações no 
decorrer dos anos. Para melhor compreendermos toda sua evolução, apontaremos 
as principais modiicações que icaram marcadas por acontecimentos históricos e 
políticos com resultados que repercutem e se fazem presentes até hoje. Segundo 
Rizato Nunes (2003, p. 127), o Direito Eleitoral:
compõe-se do conjunto das normas jurídicas que disciplinam a escolha 
dos membros do Poder Executivo e do Poder Legislativo. Essas 
normas estabelecem os critérios e condições para o eleitor votar, para 
alguém se candidatar, bem como as datas das eleições, as formas das 
apurações, o número de candidatos a serem eleitos, ixando as bases 
para a criação e funcionamento dos partidos políticos etc.
Insta frisar que o Direito Eleitoral está diretamente ligado aos mecanismos 
que visam garantir a legitimidade do processo eleitoral, qual seja permitir que as 
eleições ocorram normalmente, em todas suas fases, viabilizando, dessa forma, 
o exercício da democracia. Para melhor conhecer esse direito, listaremos alguns 
conceitos de renomados autores.
Direito Eleitoral é o ramo do Direito Público cujo objeto são os institutos, 
as normas e os procedimentos que regulam o exercício do direito fundamental de 
sufrágio com vistas à concretização da soberania popular, à validação da ocupação 
de cargos políticos e à legitimação do exercício do poder estatal (GOMES, 2019).
130
UNIDADE 2 — RAMOS DO DIRIETO PÚBLICO
Para Clever Vasconcelos (2018) o direito eleitoral regulamenta as 
atividades políticas desde o alistamento do eleitor junto à Justiça Eleitoral, 
passando pelo processo eleitoral que inicia com o prazo de iliação e termina 
na data das diplomações dos eleitos, assim como elementos necessários para o 
exercício pleno da democracia, tais como o instituto da eleição e a regulação das 
atividades dos Partidos Políticos.
De acordo com Machado (2018), considerando Direito Eleitoral em sua 
primeira acepção, de Ciência, portanto, pode-se airmar resumidamente que é 
o ramo do Direito que estuda o “processo eleitoral” à luz das normas jurídicas 
que o disciplinam. Já em sentido amplo, “processo eleitoral”, transborda a 
ideia de contencioso eleitoral, abarcando meros procedimentos. Corresponde, 
assim, ao conjunto de atos, procedimentos e relações jurídicas que vai desde o 
alistamento eleitoral, com o ingresso dos cidadãos no corpo de eleitores, até a 
fase da diplomação, momento em que os candidatos eleitos recebem da JustiçaEleitoral o diploma para a posse e o exercício no cargo.
FIGURA 39 – DIREITO ELEITORAL COMO CIÊNCIA
FONTE: Adaptada de Machado (2018)
FIGURA 40 – DIREITO ELEITORAL EM SENTIDO AMPLO
FONTE: Adaptada de Machado (2018)
Importante notar que o Processo eleitoral é essencial para a concretização 
da soberania popular e do direito fundamental de sufrágio (GOMES, 2018). 
Assim, esse processo é composto por várias etapas:
• alistamento eleitoral;
• convenção partidária;
• registro de candidaturas;
• propagandas políticas;
• votação;
• apuração; 
• diplomação;
• ações.
TÓPICO 3 — DIREITO TRIBUTÁRIO, DIREITO ELEITORAL E DIREITO MILITAR
131
De acordo com Tenório (2014), o direito eleitoral regula a maneira pela 
qual a soberania popular é exercida. Assim, está diretamente ligado ao poder do 
sufrágio popular. Ainal, o que é sufrágio?
FIGURA 41 - VOTO
FONTE: <https://4.bp.blogspot.com/_C1oT7ZZku5o/TL4XDPJmUzI/AAAAAAAAAGE/
StI0AHp8Lek/s1600/images.jpg>. Acesso em: 27 jun. 2020.
Sufrágio é o poder ou o direito público subjetivo de participar da regência 
e da condução das escolhas e do preenchimento das estruturas estatais, ou seja, 
votando (capacidade eleitoral ativa), seja sendo votado (capacidade eleitoral 
passiva) (MACHADO, 2018).
4 DIREITO MILITAR
Para Martins (2003, p. 42) “o direito militar pode ser deinido como o 
conjunto harmônico de princípios e normas jurídicas que regulam matéria de 
natureza militar, podendo ser de caráter constitucional, penal ou administrativo”. 
É, pois, o direito que regulamenta a atividade dos militares.
 
São instrumentos do Direito Militar, primeiramente, a Constituição 
Federal, a qual regulamenta a matéria no art. 42. Também do Direito Militar são 
instrumentos o Código Penal Militar (Decreto-lei 1001/69) e o Código Processual 
Penal Militar (Decreto-lei 1002/69), conforme Martins (2003).
No âmbito do direito militar, a área que mais se destaca é o direito 
penal militar. No entanto, merecem destaque o direito processual penal militar, 
administrativo militar, disciplinar militar e previdenciário militar. Também 
temos o direito internacional dos conlitos armados, composto por normas 
internacionais adotadas pelo Brasil, e que são do interesse da classe militar.
132
UNIDADE 2 — RAMOS DO DIRIETO PÚBLICO
FIGURA 42 – CATEGORIAS MILITARES
FONTE: <http://sentidounico.com.br/wp-content/uploads/2016/04/MILITAR-2-666x423.png>. 
Acesso em: 20 ago. 2020.
Neste sentido, entende Alves-Marreiros e Rocha (2015, p. 3):
A fonte jurídica e política de legitimação do direito penal militar 
é a própria Constituição da República que, no seu art. 124, caput, 
estabelece que “à Justiça Militar compete processar e julgar os crimes 
militares deinidos em lei”. Portanto, assim como ocorre na grande 
maioria dos Estados do Ocidente, os crimes militares, deinidos como 
tais pelo Código Penal Militar e não pelo Código Penal comum, são 
julgados pela Justiça Militar e não pela Justiça comum.
Para Alves-Marreiros e Rocha (2015), no que se refere aos militares, 
justiica-se ainda a existência do Direito Penal Militar, porque se exigem dos 
cidadãos fardados certos deveres especiais não exigíveis dos civis. Determinadas 
condutas que, praticadas por civil, não se revestem de dignidade penal, 
podem ser consideradas de extrema gravidade quando cometidas por militar, 
particularmente se atentam contra a hierarquia e a disciplina. Esta realidade 
torna necessária a existência de direito penal especializado que se pretende mais 
rigoroso em relação a tais condutas que o direito penal comum.
Para Alves-Marreiros e Rocha (2015), o direito penal militar também possui 
conteúdo político. Por isso, muitos dentre os seus princípios fundamentais podem 
ser encontrados na Constituição da República, porém, assim como o direito penal 
geral, o conteúdo político do direito penal militar é bastante pronunciado por se 
relacionar à garantia da liberdade e da segurança individuais.
QUADRO 20 – PRINCÍPIOS DO DIREITO MILITAR
Princípio da dignidade da 
pessoa humana
O princípio da dignidade da pessoa humana 
serve de fundamento aos demais princípios do 
direito penal militar, a exemplo do princípio 
da culpabilidade, do princípio humanitário, 
do princípio da individualização da pena, 
dentre outros
TÓPICO 3 — DIREITO TRIBUTÁRIO, DIREITO ELEITORAL E DIREITO MILITAR
133
Princípio da igualdade diante 
da lei
Se os homens são iguais entre si, devem 
responder, nos mesmos termos, na eventualidade 
de praticarem ilícitos penais militares. Além 
disso, devem suportar as mesmas consequências 
dos delitos por eles cometidos.
Princípio humanitário
Em decorrência do princípio humanitário, 
estão proibidas, no direito penal militar, as 
penas cruéis em geral, tais como a pena capital 
para os crimes militares cometidos em tempo 
de paz, a prisão perpétua, as penas corporais, 
as infamantes e as restritivas de liberdade, 
haja vista que o Estado de direito não pode 
admitir a existência de castigos que atinjam 
a dignidade da pessoa humana, tanto no que 
diz respeito ao seu aspecto moral quanto ao 
físico-psíquico, de acordo com a Constituição 
da República no art. 5º, XLVII e XLIX.
Princípio da individualizaç̃o 
da pena
O princípio da individualização da pena impõe 
que a pena em abstrato seja prevista em seus 
limites máximo e mínimo, afastando-se, assim, 
a possibilidade da existência de penas ixas
Princípio da personalidade ou 
da intransmissibilidade
A pena imposta pelo cometimento do crime 
não pode ultrapassar a pessoa do agente.
Princípio da culpabilidade
airma a doutrina penal com fundamento no 
princípio da hierarquia das normas: “Todo 
caso de responsabilidade objetiva deveria 
considerar-se em oposição à Constituição e 
atípica com respeito às exigências do direito 
penal entendido em termos humanos”
Princípio da intervenç̃o 
mínima ou da subsidiariedade
A deinição de uma conduta como crime 
militar só poderia ser considerada penalmente 
justiicada se inexistirem meios menos lesivos 
de tutela dos bens jurídicos. Tais meios, 
inclusive, podem ser jurídicos ou não. Se 
porventura forem jurídicos, podem ser penais 
ou não penais. Enim, o direito penal militar é 
ultima ratio. Assim, por exemplo, caso o direito 
disciplinar militar se mostrar suiciente para 
a proteção dos interesses vitais das Forças 
Armadas, o direito penal militar não pode ser 
usado legitimamente para tutelá-los.
134
UNIDADE 2 — RAMOS DO DIRIETO PÚBLICO
Princípio da fragmentariedade
Intervenção penal seria legítima unicamente 
quando se destinasse à tutela dos bens 
jurídicos indispensáveis à conservação e 
reprodução da vida social na hipótese em que 
ocorrem graves violações aos mesmos.
Princípio da 
proporcionalidade
Assim como o direito penal comum, o direito 
penal militar precisa equilibrar repressão e 
garantia. A tutela de bens jurídicos penais 
não é uma inalidade a ser perseguida de 
maneira descontrolada. Pelo contrário, a 
legitimidade da atuação repressiva do Estado 
está condicionada ao respeito pelos direitos 
fundamentais e suas garantias.
Princípio da proibiç̃o da 
dupla incriminaç̃o pelo 
mesmo fato
O direito penal militar é um direito penal 
do fato e não do autor. Pune-se o agente 
não em razão de sua conduta de vida, mas 
estritamente em decorrência de um fato 
punível por ele cometido.
FONTE: Adaptado de Alves-Marreiros e Rocha (2015)
Desse modo, podemos concluir que os princípios contidos na Constituição 
Federal de 1988 servem de orientação para as normas como critérios de 
interpretação e integração do texto constitucional, sendo assim o princípio uma 
espécie de lei. E como vimos no Direito Militar não é diferente!
TÓPICO 3 — DIREITO TRIBUTÁRIO, DIREITO ELEITORAL E DIREITO MILITAR
135
CRIMINALIZAÇÃO DAS “FAKE NEWS”: A MAIOR “FAKE NEW” DO 
MOMENTO
Eduardo Luiz Santos Cabete
A Lei 13.834/19 criou um novo tipo penal no Código Eleitoral, prevendo 
a chamada “Denunciação Caluniosa Eleitoral”, consistente, resumidamente, na 
conduta de imputar, com ciência absoluta dafalsidade, a prática de infração penal 
ou ato infracional a alguém, ensejando a instauração de alguma investigação ou 
processo contra a vítima, tudo isso com ins eleitorais (vide artigo 326 – A da Lei 
4737/65 – Código Eleitoral).
Havia, originalmente, um § 3º. no artigo 326 – A, que foi vetado pelo 
Executivo. Assim versava: “§ 3º Incorrerá nas mesmas penas deste artigo quem, 
comprovadamente ciente da inocência do denunciado e com inalidade eleitoral, 
divulga ou propala, por qualquer meio ou forma, o ato ou fato que lhe foi 
falsamente atribuído”.
As razões do veto foram explicitadas nos seguintes termos:
A propositura legislativa ao acrescer o art. 326-A, caput, ao Código 
Eleitoral, tipiica como crime a conduta de denunciação caluniosa com 
inalidade eleitoral. Ocorre que o crime previsto no § 3º do referido art. 
326-A da propositura, de propalação ou divulgação do crime ou ato 
infracional objeto de denunciação caluniosa eleitoral, estabelece pena 
de reclusão, de dois a oito anos, e multa, em patamar muito superior à 
pena de conduta semelhante já tipiicada no § 1º do art. 324 do Código 
Eleitoral, que é de propalar ou divulgar calúnia eleitoral, cuja pena 
prevista é de detenção, de seis meses a dois anos, e multa. Logo, o 
supracitado § 3º viola o princípio da proporcionalidade entre o tipo 
penal descrito e a pena cominada.
Esse veto, entretanto, foi derrubado pelo Congresso Nacional, de modo 
que a propalação ou divulgação da “Denunciação Caluniosa Eleitoral” segue 
incriminada com as mesmas penas do crime em destaque.
Ocorre que com esse acontecimento, passou-se a veicular em vários 
canais, inclusive (pasmem) jurídicos, que teria havido a “criminalização das 
FAKE NEWS”.
Derosa deixa claro que o conceito de “FAKE NEWS” é algo muito amplo, 
podendo ser resumido na noção de “notícias falsiicadas”, as quais sempre 
existiram, antes coninadas na chamada “grande mídia” e agora com sua expansão 
para as redes sociais.
LEITURA COMPLEMENTAR
136
UNIDADE 2 — RAMOS DO DIRIETO PÚBLICO
O que foi vetado pelo Executivo não foi a criminalização das “FAKE NEWS” 
e sim a aplicação da mesma pena da “Denunciação Caluniosa Eleitoral”, não ao 
autor da “denunciação”, mas a todo aquele que a propale ou divulgue, sabendo da 
falsidade. Com razão o Executivo apontou para a violação da proporcionalidade, 
vez que a pena para a mesma propalação e divulgação no crime de Calúnia Eleitoral 
(artigo 324, § 1º. do Código Eleitoral) é muito menor. O motivo da distinção de 
tratamento entre os crimes de Calúnia e de Denunciação Caluniosa é que o primeiro 
atinge tão somente a honra do ofendido e, no caso da eleitoral, o interesse na 
integridade do pleito. Já na Denunciação Caluniosa, há um bem jurídico adicional, 
que é o interesse da correta administração da justiça e ainda o risco corrido pelo 
denunciado caluniosamente de sofrer uma condenação e até prisão injusta. Não 
há como comparar os níveis de gravidade da Denunciação Caluniosa e da mera 
Calúnia. Nenhuma conduta dessa espécie é admissível ou justiicável, mas o grau 
de gravidade é clara e evidentemente diverso. Com um tratamento igual no que 
tange à pena cominada, há violação patente da proporcionalidade, pelo fato óbvio 
de que o propalador ou divulgador não dá causa à instauração de processo ou 
investigação contra o ofendido e, portanto, não coloca em risco sua liberdade e 
muito menos movimenta indevidamente a administração da justiça. Tanto é fato 
que no Código Penal, há a igura da propalação ou divulgação da calúnia com 
a mesma pena do crime contra a honra enfocado (artigo 138, § 1º., CP), mas não 
há a correspondente previsão no crime de denunciação caluniosa (artigo 339, CP). 
(Por todos: Cf. ARANHA, Adalberto José Q. T. de Camargo. Crimes Contra a Honra. 
2. ed. São Paulo: Saraiva, 2000, p. 63-64; MIRABETE, Julio Fabbrini. Código Penal 
Interpretado. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2005, p. 2520-2536)
Feita essa breve digressão a respeito da proporcionalidade, pode-
se retomar o tema deste trabalho, que consiste em esclarecer o fato de que as 
chamadas “FAKE NEWS” não foram “criminalizadas” com a derrubada do veto 
do Executivo pelo Congresso Nacional.
Para criminalizar realmente as “FAKE NEWS” seria necessária uma 
norma que incriminasse a veiculação de quaisquer espécies de notícias falsas, 
ainda que no âmbito estritamente eleitoral. Pois não foi isso que aconteceu. O 
§ 3º. agora em vigor apenas incrimina a conduta daquele que, tendo ciência de 
que outrem cometeu uma denunciação caluniosa, passa a propalar ou divulgar a 
mesma imputação de que conhece a improcedência. Ora, então não é possível ao 
autor dessa conduta atuar, por exemplo, autonomamente. Ele precisa, primeiro, 
que outro tenha perpetrado uma denunciação caluniosa. Depois, sabendo disso e 
da falsidade da imputação, passa a divulgá-la mesmo assim com intuito eleitoral. 
Isso é, no máximo, uma espécie muito particular e vinculada de “fake new”. 
A conduta é vinculada, pois não pode existir de forma independente do ilícito 
principal que é descrito no “caput” do artigo 326 – A do Código Eleitoral.
Portanto, quando alguém, seja por meio da “grande mídia”, seja em redes 
sociais ou por qualquer outra forma divulgar notícias simplesmente falsas e/
ou ofensivas contra outrem, com ou sem intuito eleitoral, não incidirá jamais no 
artigo 326 – A, § 3º., do Código Eleitoral, o qual se reduz a uma situação muito 
especíica e, como já se disse vinculada ou condicionada. É claro que não se pode, 
TÓPICO 3 — DIREITO TRIBUTÁRIO, DIREITO ELEITORAL E DIREITO MILITAR
137
impunemente, ofender pessoas e muito menos divulgar inverdades sobre elas em 
mídias de grande porte, redes sociais ou de qualquer forma imaginável, ainda que 
sob o suposto manto da liberdade de expressão. Mas, para isso existem os crimes de 
Calúnia, Difamação e Injúria, previstos tanto no Código Penal, quanto no Código 
Eleitoral. Na área cível, há o Direito de Resposta (Lei 13.188/15 c/c artigo 5º., V, CF) 
e a indenização por dano material e/ou moral (artigo 186 c/c 927, do Código Civil).
É absolutamente incorreta e contraproducente a notícia, inclusive por 
parte de juristas, de que com a derrubada do veto ao § 3º., do artigo 326 – A, do 
Código Eleitoral, criado pela Lei 13.834/19, passou-se a “criminalizar” as “FAKE 
NEWS” no Brasil, ao menos para ins eleitorais. É incorreta porque o dispositivo, 
no máximo, criminaliza uma espécie de conduta entre as inúmeras que poderiam 
ser classiicadas pela expressão não técnica e ampla “FAKE NEWS”. E se meia 
verdade é uma mentira inteira, imagine-se uma parcela ínima de verdade 
mergulhada num mar de falsidade. É contraproducente, porque faz parecer que 
até então a divulgação de notícias falsas ou mesmo de ofensas a pessoas, com 
ou sem ins eleitorais, pela grande mídia ou não, eram condutas permitidas no 
Brasil, sem coibição criminal, talvez somente civil e constitucional. Pode fazer 
crer até mesmo que isso continua assim, desde que não envolva questão eleitoral, 
o que, novamente, não é verdadeiro, é uma “fake new”.
Em suma, somente há responsabilização criminal na propalação ou 
divulgação de denunciação caluniosa, com ins eleitorais e ciente o autor da 
falsidade da imputação. Nem mesmo a propalação ou divulgação de denunciação 
caluniosa prevista no Código Penal tem previsão legal. Como já se viu, o caso 
deverá ser solvido na área civil e com o uso dos tipos penais contra a honra, a não 
ser, num único caso, muito especíico, agora previsto no Código Eleitoral. Além 
disso, no caso da propalação ou divulgação da Denunciação Caluniosa Eleitoral, 
haverá que comprovar o dolo especíico do agente, tanto no sentido de ter uma 
inalidade eleitoral, como naquele de ter absoluta certeza de que a imputação 
feita é falsa (dolo direto). Não conigurarão nem esse tipo penal e nem mesmo 
outros que podem ser aventados, como os crimes contra a honra, se a atuação 
se dá com “animus jocandi” (em tom humorístico ou de brincadeira visível) ou 
mesmo com o “animus informandi”ou “narrandi” (ou seja, de tão somente noticiar 
um fato ocorrido), como quando um jornal ou qualquer pessoa apenas informa 
que alguém está respondendo a um processo criminal, por exemplo, e essa pessoa 
realmente está, independentemente de ser, ao inal, absolvida ou condenada, ter 
sido ou não vítima de uma denunciação caluniosa.
A verdade é que já há instrumentos suicientes em nosso ordenamento 
jurídico para coibir o abuso da liberdade de expressão, e o uso indevido de um 
conceito aberto como “FAKE NEWS”, normalmente dependente de interpretações 
as mais variáveis, é bastante deletério à coniguração de um Estado Democrático 
de Direito e de um Direito Penal que obedeça a princípios mínimos limitadores 
de uma tendência autoritária. Já vivenciamos hoje, por meio de coações indevidas 
das próprias redes sociais, graves danos à real liberdade de expressão, com 
bloqueios e censuras totalmente arbitrárias, sem sequer uma justiicação ao 
138
UNIDADE 2 — RAMOS DO DIRIETO PÚBLICO
usuário, exatamente porque esse conceito de “FAKE NEWS”, bem como outras 
expressões como “discurso de ódio”, são extremamente luidas e subjetivas, 
sujeitas a uma enorme confusão entre o que sejam expressões de juízos de valor 
e de juízos de fato, entre, mais simplesmente, o que é uma opinião a respeito de 
algo ou uma airmação categórica de um fato sobre a mesma questão, dentre 
outros tantos obstáculos. Nesse quadro, a ingerência estatal, com criação eventual 
de tipos penais é de extremo perigo para a saúde da democracia.
Ainda bem que a notícia da chamada “criminalização” das “FAKE NEWS”, 
é uma das maiores “fake new” que já se espalhou.
FONTE: <https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2019/09/10/criminalizacao-das-fake-
-news-maior-fake-new-momento/>. Acesso em: 24 ago. 2020.
139
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• O Direito Tributário é o ramo do Direito Público que tem por objeto o estudo 
das obrigações entre o contribuinte e o Fisco.
• O Direito Eleitoral é o que regulamenta as eleições.
• O Direito Militar traz as regras aplicáveis aos militares.
Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem 
pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao 
AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
CHAMAD
A
140
1 O Direito Eleitoral como Ramo do Direito Público, está diretamente ligado 
ao conceito de democracia e pode ser visto como um tema de interesse geral. 
Com base nessa informação, assinale a alternativa CORRETA a respeito do 
conceito de sufrágio.
a) ( ) É o poder ou o direito privado subjetivo de participar da regência e 
da condução das escolhas e do preenchimento das estruturas estatais, 
ou seja, votando (capacidade eleitoral ativa), seja sendo votado 
(capacidade eleitoral passiva).
b) ( ) É o poder ou o direito público subjetivo de participar da regência e 
da condução das escolhas e do preenchimento das estruturas estatais, 
ou seja, votando (capacidade eleitoral ativa), seja sendo votado 
(capacidade eleitoral passiva).
c) ( ) É o poder ou o direito privado objetivo de participar da regência e 
da condução das escolhas e do preenchimento das estruturas estatais, 
ou seja, votando (capacidade eleitoral ativa), seja sendo votado 
(capacidade eleitoral passiva).
d) ( ) É o poder ou o direito público objetivo de participar da regência e da 
condução das escolhas e do preenchimento das estruturas estatais, 
ou seja, votando (capacidade eleitoral ativa), seja sendo votado 
(capacidade eleitoral passiva).
2 O direito militar pode ser deinido como o conjunto harmônico de princípios 
e normas jurídicas que regulam matéria de natureza militar, podendo ser de 
caráter constitucional, penal ou administrativo. Com base nessa airmação, 
assinale a alternativa CORRETA a respeito do princípio da igualdade diante 
da lei no âmbito do Direito Militar.
a) ( ) Se os homens são iguais entre si, devem responder, nos mesmos termos, 
na eventualidade de praticarem ilícitos penais militares. Além disso, 
devem suportar as mesmas consequências dos delitos por eles cometidos.
b) ( ) Serve de fundamento aos demais princípios do direito penal militar, a 
exemplo do princípio da culpabilidade, do princípio humanitário, do 
princípio da individualização da pena, dentre outros.
c) ( ) Impõe que a pena em abstrato seja prevista em seus limites máximo e 
mínimo, afastando-se, assim, a possibilidade da existência de penas ixas.
d) ( ) A deinição de uma conduta como crime militar só poderia ser 
considerada penalmente justiicada se inexistirem meios menos lesivos 
de tutela dos bens jurídicos.
AUTOATIVIDADE
141
3 O Direito Tributário estuda todas as normas que dizem respeito à 
arrecadação de tributos. Com base nessa informação, assinale a alternativa 
CORRETA a respeito das formas de tributos.
a) ( ) Impostos, doações imobiliárias e taxas.
b) ( ) Impostos, doações individuais e taxas.
c) ( ) Impostos, contribuições de melhoria e taxas.
d) ( ) Impostos, contribuições de ajuda mútua e taxas.
4 O processo eleitoral é essencial para a concretização da soberania popular 
e do direito fundamental de sufrágio. Com base nessa informação, disserte 
sobre as etapas do processo de sufrágio.
5 Os princípios contidos na Constituição Federal de 1988 servem de 
orientação para as normas como critérios de interpretação e integração do 
texto constitucional, sendo assim o princípio uma espécie de lei, não sendo 
diferente no Direito Militar. Com base nessa informação, disserte sobre o 
princípio da fragmentariedade no âmbito do Direito Militar.
142
REFERÊNCIAS
ALVES-MARREIROS, A.; ROCHA, R. F. Direito penal militar. Rio de Janeiro: 
Forense; São Paulo: Método, 2015.
BRASIL. Lei nº 31, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasília, DF: 
Diário Oicial [da] União, 2002. Disponível em: htp://www.planalto.gov.br/cci-
vil_03/leis/2002/L10406compilada.htm. Acesso em: 20 ago. 2020.
BRASIL. Emenda constitucional nº 31, de 14 de dezembro de 2000. Altera o Ato 
das Disposições Constitucionais Transitórias, introduzindo artigos que criam o 
Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza. Brasília, DF: Diário Oicial [da] 
União, 2000. Disponível em: htp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
Emendas/Emc/emc31.htm. Acesso em: 20 ago. 2020.
BRASIL. Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, 
da Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Adminis-
tração Pública e dá outras providências. Brasília, DF: Diário Oicial [da] União, 
1993. Disponível em: htp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666cons.htm. 
Acesso em: 20 ago. 2020.
BRASIL. Constituiç̃o da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: 
Diário Oicial [da] União, 1988. Disponível em: htp://www.planalto.gov.br/cci-
vil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 20 ago. 2020.
BRASIL, Decreto-lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967. Dispõe sobre a orga-
nização da Administração Federal, estabelece diretrizes para a Reforma Admi-
nistrativa e dá outras providências. Brasília, DF: Diário Oicial [da] União, 1967. 
Disponível em: htp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del0200.htm. 
Acesso em: 20 ago. 2020.
BRASIL. Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário 
Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados 
e Municípios. Brasília, DF: Diário Oicial [da] União, 1966. Disponível em: htp://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666cons.htm. Acesso em: 20 ago. 2020.
BRASIL. Decreto-lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942. Lei de Introdução às 
normas do Direito Brasileiro (Redação dada pela Lei nº 12.376, de 2010). Rio de 
Janeiro: Diário Oicial [da] União, 1942. Disponível em: htp://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del4657.htm. Acesso em: 20 ago. 2020.
BRASIL. Decreto-lei nº 2.848, de 7 de setembro de 1940. Código Penal. Rio de 
Janeiro: Diário Oicial [da] União, 1942. Disponível em: htp://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm.Acesso em: 20 ago. 2020.
143
BRASIL. Carta de Lei de 25 de março de 1824. Constituição política do Império 
do Brasil, elaborada por um Conselho de Estado e outorgada pelo Imperador 
D. Pedro I. Rio de Janeiro, 1824. (Coleção de Leis do Império do Brasil de 1824). 
Disponível em: htps://www2.camara.leg.br/legin/fed/consti/1824-1899/constitui-
cao-35041-25-marco-1824-532540-publicacaooriginal-14770-pl.html. Acesso em: 
31 out. 2018.
CAMPOS, A. C. Direito administrativo facilitado. São Paulo: Método; Rio de 
Janeiro: Forense, 2019.
CANOTILHO, J. J. G.; MOREIRA, V. Fundamentos da constituiç̃o. Coimbra: 
Coimbra Editora, 1991.
DI PIETRO, M. S. Z. Direito administrativo. 32. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019.
GOMES, J. J. Direito eleitoral. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2019.
GOMES, J. J. Direito eleitoral essencial. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Mé-
todo, 2018.
HESSE, K. A força normativa da constituiç̃o. Porto Alegre: Sergio Fabris, 1981.
JESUS, D. de. Direito penal: parte geral. São Paulo: Saraiva, 2016. (Volume 1).
JESUS, D. de. Código penal comentado. São Paulo: Saraiva, 2006.
LENZA, P. Direito constitucional esquematizado. 23. ed. São Paulo: Saraiva Jur, 
2019.
MACHADO, R. C. R. Direito eleitoral. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2018.
MARTINS, E. P. Direito Constitucional Militar. Revista Jus Navigandi, Teresina, 
ano 8, n. 63, 1º mar. 2003. Disponível em: htps://jus.com.br/artigos/3854/direito-
-constitucional-militar. Acesso em: 21 ago. 2020.
MAZZA. A. Manual de direito tributário. 4. ed. São Paulo: Saraiva Jur, 2018.
MIRANDA, J. Manual de direito constitucional. 4. ed. Coimbra: Coimbra Editora, 
1990.
MORAES, A. de. Direito constitucional. 35. ed. São Paulo: Atlas, 2019.
NUCCI, G. de S. Curso de direito penal: parte geral – arts. 1º a 120 do Código 
Penal. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019a.
NUCCI, G. de S. Manual de direito penal. 15. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019b.
144
NUNES JÚNIOR, F. M. A. Curso de direito constitucional. 3. ed. São Paulo: Sa-
raiva Jur, 2019.
PADILHA, R. Direito Constitucional. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: 
Método, 2020.
PRADO, L. R. Tratado de direito penal: parte especial – arts.121 a 249 do CP. 3. 
ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019. (Volume 2).
SILVA. T. C. Teoria geral do processo. Indaial: UNIASSELVI, 2019.
SILVA, J. A. da. Curso de direito constitucional positivo. 9. ed. São Paulo: Malheiros, 
1992.
TENÓRIO, R. A. Direito eleitoral. Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: Método, 
2014.
VASCONCELOS, C. Direito eleitoral. São Paulo: Saraiva Educação, 2018.
145
UNIDADE 3 — 
RAMOS ESPECIAIS DO DIREITO: 
DIREITO DO TRABALHO, DIREITO DO 
CONSUMIDOR, DIREITO AMBIENTAL E 
O DIREITO PRIVADO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• compreender que o Direito do Trabalho regulamenta as relações 
trabalhistas, ou seja, entre empregado e empregador (patrão);
• observar que as relações trabalhistas são objeto do Direito do Trabalho, 
sejam elas individuais (entre empregado e empregador) ou coletivas;
• conhecer que as relações entre fornecedor e consumidor são objeto do 
Direito do Consumidor;
• entender que o CDC traz diversas disposições sobre proteção contratual, 
publicidade e ainda as hipóteses em que se permite a desconsideração 
da pessoa jurídica;
• compreender que o Direito Ambiental traz as regras que regem a 
proteção do meio ambiente, sendo um direito multidisciplinar;
• compreender o conceito de Direito do Trabalho;
• compreender os diversos ramos que o compõe;
• conhecer os institutos regulados pelo Direito Público.
• compreender o Direito Privado e seus ramos;
• conhecer o Direito Civil, seu conteúdo, estrutura e ramos.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você 
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – RAMOS ESPECIAIS DO DIREITO
TÓPICO 2 – DIREITO CIVIL NOÇÕES E ESTRUTURAS
TÓPICO 3 – DIREITO PÚBLICO EXTERNO: DIREITO INTERNACIONAL
 PÚBLICO E DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMAD
A
146
147
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
O objetivo deste tópico é levar informações a respeito do Direito do Trabalho, 
que ampliará conhecimentos que, certamente, serão úteis no seu dia a dia.
Neste tópico vamos compreender que o Direito do Trabalho é um ramo 
jurídico que trata das relações de trabalho e é composto por normas, princípios 
dentre outras fontes do direito. Buscando entender o equilíbrio da relação entre 
empregado e empregador.
Neste tópico, traremos uma breve noção do Direito do Trabalho, e suas 
particularidades com um ramo especial do direito.
2 DIREITO DO TRABALHO
O Direito do Trabalho tem a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) 
como sua principal norma, mas também a Constituição da República e a legislação 
esparsa que tem por objeto tratar das normas e princípios que regulam as relações 
de trabalho, com intuito de corrigir a relação de desigualdade que existe entre 
empresário e trabalhador, promovendo os ins sociais almejados pela sociedade.
Romar (2019) considera que trabalho é uma expressão ampla que atinge 
toda e qualquer forma de prestação de serviço de uma pessoa física a outrem 
(trabalho autônomo, trabalho eventual, trabalho voluntário etc.). Neste sentido, 
airma que nem toda atividade é considerada como trabalho e regulada pelo 
Direito do Trabalho. Como podemos observar na Figura 1.
TÓPICO 1 — 
RAMOS ESPECIAIS DO DIREITO
UNIDADE 3 — RAMOS ESPECIAIS DO DIREITO: DIREITO DO TRABALHO, DIREITO DO CONSUMIDOR, DIREITO AMBIENTAL E O DIREITO 
PRIVADO
148
FIGURA 1 – RELAÇÕES DE TRABALHO
FONTE: Romar (2019, p. 26)
Para Romar (2019) existem várias formas de trabalho, sendo certo que 
somente uma forma compõe o objeto do Direito do Trabalho e é por ele regulada. 
Trata-se da relação de trabalho subordinado, que tem características especíicas 
que a diferenciam das demais formas de trabalho e que estudaremos mais adiante. 
Portanto, o objeto do Direito do Trabalho é a relação de trabalho subordinado, 
também denominada relação de emprego.
Os sujeitos desta relação são o empregado e o empregador, que se 
relacionam não só no âmbito individual, como também de forma coletiva, por 
intermédio de grupos organizados (categorias) e dos seus órgãos de representação 
(sindicatos) (ROMAR, 2019, p. 27).
O fundamento do Direito do Trabalho é a proteção do trabalhador, parte 
economicamente mais fraca da relação jurídica. Sem a proteção jurídica do 
trabalhador, sua relação com o empregador se revela desequilibrada e, portanto, 
injusta. Neste sentido, Romar (2019, p. 27) conclui que:
Assim, de maneira objetiva, podemos conceituar o Direito do Trabalho 
como o ramo da Ciência do Direito composto pelo conjunto de 
normas que regulam, no âmbito individual e coletivo, a relação de 
trabalho subordinado, que determinam seus sujeitos (empregado e 
empregador) e que estruturam as organizações destinadas à proteção 
do trabalhador.
FIGURA 2 – SUJEITOS DA RELAÇÃO DE EMPREGO
FONTE: Romar (2019, p. 27)
TÓPICO 1 — RAMOS ESPECIAIS DO DIREITO
149
De acordo com Romar (2019), o Direito do Trabalho, como um conjunto 
de normas jurídicas de proteção do trabalhador, é bastante recente no Brasil. Do 
surgimento das primeiras leis trabalhistas até os dias de hoje ainda não se passaram 
cem anos, o que, em termos da Ciência do Direito, é considerado pouco tempo.
2.1 CARACTERÍSTICAS DO DIREITO DO TRABALHO
Para Romar (2019) o Direito do Trabalho possui características especiais 
que o diferenciam dos demais ramos da ciência jurídica. 
QUADRO 1 – CARACTERÍSTICAS DO DIREITO DO TRABALHO
Um direito em constante 
formaç̃o e evoluç̃o
As relações jurídicas reguladas pelo Direito do 
Trabalho são dinâmicas e estão continuamente 
em mudança, sofrendo inluência direta dos 
fatos econômicos, sociais e políticos. O Direitodo Trabalho evolui e se modiica a partir 
das transformações ocorridas na sociedade, 
caracterizando-se por esta razão como um dos 
ramos mais dinâmicos da Ciência do Direito.
Um direito especial
O Direito do Trabalho refere-se a categorias 
determinadas de pessoas — preponderantemente 
aos trabalhadores que exercem trabalho 
subordinado e remunerado — e tem um 
particularismo que derroga o direito comum no 
que for com ele incompatível. Isso o torna um 
direito especial.
Intervencionista
O caráter intervencionista do Direito do Trabalho 
está ligado à sua própria origem histórica. Diante 
do desequilíbrio econômico social surgido a partir 
da Revolução Industrial, o Estado deixa de lado 
a postura de mero espectador e passa a intervir 
nas relações entre empregadores e trabalhadores, 
equilibrando as forças e diminuindo os efeitos da 
desigualdade econômica existente entre as partes.
Possui cunho nitidamente 
universal
Como instrumento de regulação das relações 
humanas, o Direito do Trabalho tem cunho 
nitidamente universal. O caráter universal do 
Direito do Trabalho airmou-se com o Tratado 
de Versalhes de 1919, que previu a necessidade 
de uniformizar e internacionalizar as legislações 
de proteção ao trabalho e, nesse sentido, criou a 
UNIDADE 3 — RAMOS ESPECIAIS DO DIREITO: DIREITO DO TRABALHO, DIREITO DO CONSUMIDOR, DIREITO AMBIENTAL E O DIREITO 
PRIVADO
150
Organização Internacional do Trabalho (OIT), 
que, desde então, vem formulando regras de 
aplicação universal, que tendem a igualar as 
condições de trabalho no mundo todo.
Seus principais institutos 
s̃o de ordem coletiva e 
socializante
O Direito do Trabalho, tal como é hoje, é 
fruto da consciência e da atuação coletiva dos 
trabalhadores, pela organização de associações 
ou grupos de proteção de seus interesses. O 
reconhecimento de que, além do interesse 
individual de cada trabalhador, existem 
interesses dos grupos de trabalha dores que 
também necessitam ser protegidos (interesses 
coletivos) dá ao Direito do Trabalho um forte 
cunho coletivo e social. Aliás, exatamente por 
seus institutos de índole coletiva é que o Direito 
do Trabalho mais se particulariza em relação aos 
demais ramos da ciência jurídica.
Um direito de transiç̃o e 
de transaç̃o
É inegável que, em um Estado social ou democrático 
de direito, a principal tarefa da ciência do Direito 
é a obtenção da paz social, pelo advento de uma 
sociedade menos injusta socialmente. O Direito do 
Trabalho é o ramo do Direito que melhor relete 
esse ideal de justiça social.
FONTE: Adaptado de Romar (2019, p. 37-38)
A autonomia de um determinado ramo do Direito decorre da existência 
de autonomia legislativa, de autonomia didática e de autonomia cientíica ou 
doutrinária.
Atualmente, os doutrinadores sustentam a autonomia do Direito do 
Trabalho, já que, como ramo do Direito, além de preencher os requisitos anteriores, 
tem ainda autonomia jurisdicional.
QUADRO 2 – TIPOS DE AUTONOMIAS DO DIREITO DO TRABALHO
Autonomia legislativa
do Direito do Trabalho no Brasil teve início 
na década de 1930, quando foram elaboradas 
inúmeras leis trabalhistas, irmou-se com o 
advento da Consolidação das Leis do Trabalho 
em 1943 e se conirmou deinitivamente a 
partir da promulgação da Constituição Federal 
de 1988, que contém inúmeros dispositivos 
relativos ao Direito do Trabalho.
TÓPICO 1 — RAMOS ESPECIAIS DO DIREITO
151
Autonomia doutrinária
composto de normas cada vez mais numerosas, 
o que leva à exigência de uma atenção especial 
do jurista em relação a elas: para poder estudá-
las e aplica-las nas situações concretas, é preciso 
nelas se especializar. Assim, a bibliograia 
trabalhista é vasta, formada por tratados, cursos, 
teses, entre outros.
Autonomia didática
do Direito do Trabalho decorre de sua 
maturidade cientíica, que faz com que seja 
estudado como disciplina especíica, não só nas 
Faculdades de Direito, como também em outras, 
como Administração de Empresas e Economia.
Autonomia jurisdicional
o fato de contar com uma jurisdição especial 
(Justiça do Trabalho), conforme disposto pelo 
Art. 92 da Constituição Federal de 1988.
FONTE: Adaptado de Romar (2019, p. 43)
Estas características, citadas no Quadro 2, se revestem dando forma 
própria e única ao Direito do Trabalho.
2.2 FUNÇÕES DO DIREITO DO TRABALHO
Para Romar (2019), quando falamos em funções, signiica referir-se ao 
sistema de valores que o Direito do Trabalho se propõe a realizar, aos objetivos 
ou propósitos do ordenamento trabalhista, ao papel que este ramo da ciência do 
Direito desempenha na sociedade. Assim, entende-se que “a doutrina aponta as 
seguintes funções do Direito do Trabalho: a) função social; b) função econômica; c) 
função tutelar; d) função integradora ou de coordenação; e) função conservadora 
ou opressora do Estado” (ROMAR, 2019, p. 39).
QUADRO 3 – FUNÇÕES DO DIREITO DO TRABALHO
FUNÇÕES DO DIREITO DO TRABALHO
SOCIAL
• Realização de valores sociais.
• Preservação da dignidade humana do trabalhador.
• Justiça social.
ECONÔMICA
• Garantia de subsistência do trabalhador e de sua 
família.
• Equilíbrio econômico da sociedade 
TUTELAR • Proteção do trabalhador
UNIDADE 3 — RAMOS ESPECIAIS DO DIREITO: DIREITO DO TRABALHO, DIREITO DO CONSUMIDOR, DIREITO AMBIENTAL E O DIREITO 
PRIVADO
152
COORDENADORA • Integração e coordenação de interesses sociais e econômicos.
OPRESSORA DO 
ESTADO
• Exercício da força do Estado para controlar os 
movimentos operários e restringir a autonomia 
privada e coletiva (que, porém, foi mitigada pela 
prevalência do negociado sobre o legislado prevista 
pela Lei n. 13.467/2017).
FONTE: Romar (2019, p. 40)
Deste modo, nós podemos entender que o Direito do Trabalho determina 
os seus sujeitos e as organizações destinadas à proteção desse trabalho em sua 
estrutura e atividade, baseando-se em valores como a dignidade da pessoa 
humana. De acordo com Romar (2019), existem várias teorias desenvolvidas pela 
doutrina da natureza do Direito do Trabalho.
2.3 NATUREZA JURÍDICA DO DIREITO DO TRABALHO
Para Romar (2019) a doutrina nos apontas várias teorias da natureza 
jurídica do direito do trabalho, entre elas a do direito público e do direito privado 
(as duas principais), a do direito misto, a do direito social e, por im, a do direito 
unitário, sendo certo que o estudo da natureza do Direito do Trabalho é de grande 
importância teórica e prática, tendo em vista que a aplicação e a interpretação 
das normas jurídicas, conforme sejam de direito público ou de direito privado, 
subordinam-se a regras e princípios diferentes.
QUADRO 4 – NATUREZA JURÍDICA DO DIREITO DO TRABALHO
NATUREZA JURÍDICA DO DIREITO DO TRABALHO
DIREITO PÚBLICO
• Intervencionismo estatal nas relações privadas 
de trabalho.
• Imperatividade das normas trabalhistas.
• Irrenunciabilidade de direitos pelo trabalhador.
DIREITO PRIVADO
• Deriva da locação de serviços do Código Civil.
• Os sujeitos do contrato de trabalho são dois 
particulares agindo no seu próprio interesse.
• A autonomia individual do trabalhador é 
reconhecida (Lei n. 13.467/2017).
• O negociado prevalece sobre o legislado (Lei n. 
13.467/2017).
TÓPICO 1 — RAMOS ESPECIAIS DO DIREITO
153
DIREITO MISTO
• Tem em sua composição tanto normas de direito 
público como normas de direito privado, que 
convivem entre si.
DIREITO SOCIAL
• Normas de proteção às pessoas economicamente 
mais fracas, que não podem ser classiicadas nem 
como de direito público, nem como direito privado.
DIREITO 
UNITÁRIO
• Fusão das normas de direito público com as 
normas de direito privado faz surgir uma terceira 
realidade, diferente das concepções clássicas 
derivadas da dicotomia do Direito.
FONTE: Romar (2019, p. 42)
2.4 DIVISÃO DO DIREITO DO TRABALHO 
Assim como o Direito se divide em ramos, o Direito do Trabalho também 
apresenta uma divisão que leva em conta a diversidade das normas trabalhistas e 
a necessidade de agrupá-las de uma forma ordenada em setores especíicos, que 
compõem o todo. 
Tradicionalmentee de acordo com grande parte dos doutrinadores, 
essa divisão se dá em dois grupos: o direito individual do trabalho e o 
direito coletivo do trabalho. No entanto, alguns outros doutrinadores 
airmam que essa divisão em dois grandes grupos é genérica, sendo 
necessária uma maior especiicidade para que se possa entender todo 
o conjunto de normas trabalhistas. Nesse sentido, tais autores dividem 
o Direito do Trabalho também em direito tutelar do trabalho e direito 
público do trabalho (ROMAR, 2019, p. 44).
O Direito do Trabalho se divide em:
FIGURA 3 – DIVISÃO DO DIREITO DO TRABALHO
FONTE: Romar (2019, p. 44)
UNIDADE 3 — RAMOS ESPECIAIS DO DIREITO: DIREITO DO TRABALHO, DIREITO DO CONSUMIDOR, DIREITO AMBIENTAL E O DIREITO 
PRIVADO
154
QUADRO 5 – DIVISÃO DO DIREITO DO TRABALHO
DIREITO INDIVIDUAL DO 
TRABALHO
FONTE: <https://cutt.ly/EgZDUu4>. 
Acesso em: 8 out. 2020.
É o estudo das relações individuais 
de trabalho subordinado mantidas 
por seus sujeitos (empregado e 
empregador), analisando os direitos e 
as obrigações decorrentes do contrato 
de trabalho.
DIREITO TUTELAR DO 
TRABALHO
FONTE: <https://cutt.ly/OgZFtta>. 
Acesso em: 8 out. 2020.
Compõe-se das normas jurídicas 
que impõem ao trabalhador e ao 
empregador deveres jurídicos públicos, 
com vistas à proteção do primeiro, 
ou seja, normas jurídicas por meio 
das quais o intervencionismo estatal 
mostra-se mais acentuado do que em 
outras áreas da mesma disciplina, 
com o objetivo claro de conferir maior 
proteção ao trabalhador.
DIREITO COLETIVO DO 
TRABALHO
FONTE: <https://cutt.ly/2gZFfZn>. 
Acesso em: 8 out. 2020.
Tem por base as relações coletivas de 
trabalho (grupos de empregados e 
grupos de empregadores), os conlitos 
delas advindos e os órgãos que 
representam os grupos respectivos. 
Além disso, o Direito Coletivo do 
Trabalho abrange as normas jurídicas 
derivadas da solução dos conlitos 
coletivos e que são fonte do próprio 
Direito do Trabalho. o Direito Coletivo 
do Trabalho é composto basicamente 
das normas que regulam: a organização 
de trabalhadores e de empregadores, 
no âmbito da proissão e da empresa; 
as convenções e os acordos coletivos 
de trabalho; os conlitos coletivos e as 
formas de solucioná-los.
TÓPICO 1 — RAMOS ESPECIAIS DO DIREITO
155
DIREITO PÚBLICO DO 
TRABALHO
FONTE: <https://cutt.ly/fgZJUs8>. 
Acesso em: 8 out. 2020.
É a parte do Direito do Trabalho 
composta pelo conjunto de normas e 
princípios que regulam a relação de 
cada um dos sujeitos da relação de 
emprego com o Estado. Entre as normas 
aqui abrangidas estão, por exemplo, as 
referentes à iscalização do trabalho, à 
formação, qualiicação e colocação da 
mão de obra, ao fundo de amparo ao 
trabalhador, ao seguro desemprego.
FONTE: Romar (2019, p. 44-45)
Dessa forma, as normas trabalhistas não somente servem para manter 
uma relação jurídica de trabalho harmoniosa entre trabalhadores e empregadores, 
como também protege a força de trabalho do país, garantindo direitos e proteção, 
estabelecendo parâmetros que preservem a dignidade da pessoa humana.
2.5 PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO
Os princípios servem de pilares e são fundamentais para o desenvolvimento 
do ramo do direito cujo qual estão inseridos. Como todas as áreas do direito, o 
direito do trabalho é norteado por princípios que deinem a ótica que o aplicador 
do direito deve aplicar nas normas e regras aplicáveis dentro do direito do 
trabalho. Neste sentido, Romar (2019, p. 48) entende que “Os princípios são os 
preceitos fundamentais de uma determinada discipli¬na e, como tal, servem 
de fundamento para seus institutos e para sua evolução. Constituem o núcleo 
inicial do próprio Direito, em torno dos quais vai tomando forma toda a estrutura 
cientíica da disciplina em questão”.
Os principais princípios do Direito do Trabalho:
FIGURA 4 – PRINCÍPIOS
FONTE: Romar (2019, p. 52)
UNIDADE 3 — RAMOS ESPECIAIS DO DIREITO: DIREITO DO TRABALHO, DIREITO DO CONSUMIDOR, DIREITO AMBIENTAL E O DIREITO 
PRIVADO
156
QUADRO 6 – PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO
Princípio protetor
tem por fundamento a proteção do trabalhador 
enquanto parte economicamente mais fraca da 
relação de trabalho e visa assegurar uma igualdade 
jurídica entre os sujeitos da relação, permitindo que 
se atinja uma isonomia substancial e verdadeira 
entre eles.
Princípio da 
irrenunciabilidade
a irrenunciabilidade, que está vinculada à ideia 
de imperatividade, isto é, de indisponibilidade de 
direitos, diz respeito à impossibilidade de que o 
trabalhador prive-se voluntariamente, em caráter 
amplo e por antecipação, de direitos que lhe são 
garantidos pela legislação trabalhista.
Princípio da continuidade 
da relaç̃o de emprego
consiste no objetivo que têm as normas trabalhistas 
de dar ao contrato individual de trabalho a maior 
duração possível e tem por fundamento o fato de 
ser o contrato de trabalho um contrato de trato 
sucessivo, que não se esgota com a execução de um 
único e determinado ato, mas, ao contrário, perdura 
no tempo, regulando obrigações que se renovam.
Princípio da primazia da 
realidade
derivado da ideia de proteção, tem por objetivo 
fazer com que a realidade veriicada na relação 
entre o trabalhador e o empregador prevaleça 
sobre qualquer documento que disponha em 
sentido contrário.
Princípio da razoabilidade
consiste na airmação essencial de que o ser 
humano, em suas relações trabalhistas, procede 
e deve proceder conforme a razão”, ou seja, nas 
relações de trabalho as partes e os operadores 
do Direito devem sempre buscar a solução mais 
razoável para os conlitos dela advindos.
Princípio da boa-fé
Este princípio abrange tanto o empregado como 
o empregador. No primeiro caso, baseia-se na 
suposição de que o trabalhador deve cumprir 
seu contrato de boa-fé, que tem, entre suas 
exigências, a de que coloque todo o seu empenho 
no cumprimento de suas tarefas. Em relação ao 
empregador, supõe que deva cumprir lealmente 
suas obrigações para com o trabalhador.
FONTE: Adaptado de Romar (2019)
TÓPICO 1 — RAMOS ESPECIAIS DO DIREITO
157
Assim, considerando-se que o Direito do Trabalho é um ramo jurídico 
autônomo, torna-se evidente que possui princípios próprios diferentes dos que 
inspiram os outros ramos da ciência jurídica, conforme Romar (2019).
3 DIREITO DO CONSUMIDOR
As relações entre fornecedor e consumidor são estudadas por este impor-
tante ramo do Direito que está concentrado no Código de Defesa do Consumidor 
(CDC, Lei nº 8.078/1990). É este diploma legal que prevê a responsabilidade objetiva 
(independente de culpa) do fornecedor e as consequências do descumprimento des-
ta responsabilidade. Prevê também os crimes nas relações de consumo e suas penas.
FIGURA 5 – CONSUMIDOR
FONTE: <https://cutt.ly/QgZK6dU>. Acesso em: 8 out. 2020.
Veja o artigo 1º do CDC:
Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências.
Art. 1º O presente código estabelece normas de proteção e defesa do 
consumidor, de ordem pública e interesse social, nos termos dos Arts. 
5º, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal e Art. 48 de suas 
Disposições Transitórias (BRASIL, 1990a).
3.1 CONCEITOS DE CONSUMIDOR E FORNECEDOR
Para o estudo do Direito do Consumidor, é necessário conhecermos os 
conceitos de consumidor e fornecedor, trazidos pelo próprio Código: “Consumidor 
é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza serviços como consumidor 
inal” (BRASIL, 1990a).
UNIDADE 3 — RAMOS ESPECIAIS DO DIREITO: DIREITO DO TRABALHO, DIREITO DO CONSUMIDOR, DIREITO AMBIENTAL E O DIREITO 
PRIVADO
158
FIGURA 6 – TIPOS DE CONSUMIDOR
FONTE: <https://www.sincovaga.com.br/wp-content/uploads/2019/11/Super7.jpg>. 
Acesso em: 8 out. 2020.
De acordo com Almeida (2019) é necessário agregarmos mais um elemento 
na deinição de consumidor destinatário inal, a vulnerabilidade. 
FIGURA 7 – CARACTERÍSTICAS DE CONSUMIDOR
FONTE: Almeida (2019, p. 75)
Também são considerados consumidores: “a coletividade de pessoas, ainda 
que indetermináveis que haja intervindonas relações de consumo” (BRASIL, 
1990a, Art. 2º). Ainda segundo o CDC, são consumidores todas as vítimas de evento 
danoso, bem como todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas 
comerciais, conforme Art. 29 do Código Consumerista (Art. 29).
O conceito de fornecedor também é trazido pelo CDC em seu Art. 3º:
Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, 
nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, 
que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, 
construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou 
comercialização de produtos ou prestação de serviços (BRASIL, 1990a).
Neste conceito, certamente se enquadra o conceito de empresário. Dos 
parágrafos 1º e 2º do citado artigo, extraímos os conceitos de produto e serviço:
§ 1º - Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
§2º - Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, 
mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, inanceira, 
de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter 
trabalhista (BRASIL, 1990a).
TÓPICO 1 — RAMOS ESPECIAIS DO DIREITO
159
Segundo Nunes (2019), a leitura pura e simples desse caput já é capaz 
de nos dar uma visão da extensão das pessoas enumeradas como fornecedoras. 
Na realidade são todas pessoas capazes, físicas ou jurídicas, além dos entes 
desprovidos de personalidade.
FIGURA 8 – REQUISITOS PARA SER PESSOA FÍSICA FORNECEDORA
FONTE: Adaptada de Almeida (2019)
Para Almeida (2019) os requisitos devemos identiicar na pessoa física 
para enquadrá-la na deinição de fornecedor são: 
• Habitualidade – qualquer pessoa que, a título singular, mediante desempenho 
de atividade mercantil ou civil e de forma habitual, ofereça no mercado 
produtos ou serviços.
• Atividade eventual – qualquer pessoa, como no caso do estudante que vende 
joias a colegas para pagar a mensalidade escolar.
• Finalidade de lucro – qualquer pessoa, que de forma habitual em uma 
atividade eventual com intuito de ganho inanceiro.
Pessoa jurídica fornecedora, O Código de Defesa do Consumidor 
especiicou como pessoa jurídica fornecedora do mercado de consumo:
FIGURA 9 – TIPOS DE PESSOA JURÍDICA
FONTE: Almeida (2019, p. 121)
UNIDADE 3 — RAMOS ESPECIAIS DO DIREITO: DIREITO DO TRABALHO, DIREITO DO CONSUMIDOR, DIREITO AMBIENTAL E O DIREITO 
PRIVADO
160
Entes despersonalizados como fornecedores, segundo Almeida (2019), 
são aqueles que não possuem personalidade jurídica (no âmbito mercantil, nem 
no civil), mas que o Diploma Consumerista considerou sujeitos de obrigações na 
qualidade de fornecedor, quando exercerem atividades produtivas no mercado 
de consumo.
Como exemplo de ente despersonalizado é o de uma massa falida que 
é autorizada a continuar as atividades comerciais da empresa sob regime de 
quebra, para que se realizem ativos mais celeremente, fazendo frente ao concurso 
de credores (ALMEIDA, 2019, p. 122).
O Código do Consumidor reconhece, na relação de consumo, o consumidor 
como a parte mais fraca, mais vulnerável, tanto no aspecto econômico como no 
técnico. Esta vulnerabilidade é expressamente reconhecida pela lei Art. 4º, I do 
CDC. Assim, o consumidor é considerado pelo CDD como a parte mais fraca da 
relação consumerista, tanto técnica como economicamente. Por isso, diz-se que 
ele é HIPOSSUFICIENTE em relação ao fornecedor (SILVA, 2005).
Ao tratar da hipossuiciência do consumidor, Silva (2005, p. 35) ensina:
A partir desse reconhecimento de vulnerabilidade, o Código 
disponibiliza vários outros instrumentos que possibilitam a busca da 
igualdade, dentre os quais cita-se:
a) possibilidade de inversão do ônus da prova em benefício do consumidor 
quando verossímil a alegação ou diante de sua hipossuiciência percebida 
segundo as regras de experiências (Art. 6°, VIII);
 b) a interpretação de cláusulas contratuais de maneira mais favorável 
ao consumidor em todo e qualquer contrato de consumo (Art. 47);
 c) manutenção de assistência jurídica integral e gratuita ao consumidor 
carente e instituição de Promotorias, Varas e Delegacias especializadas 
em matéria de consumo (Art.5º, I, II, III e IV);
 d) concessão de estímulos à criação e desenvolvimento das Associações 
de Defesa do Consumidor (Art. 5º, V);
e) proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos 
comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas abusivas 
ou impostas no fornecimento de produtos e serviços (Art. 6°, IV).
A igualdade a que nos referimos é aquela entre consumidor e fornecedor.
IMPORTA
NTE
TÓPICO 1 — RAMOS ESPECIAIS DO DIREITO
161
3.2 DIREITOS E DEVERES DO CONSUMIDOR
Segundo o artigo 6º do CDC, são direitos básicos do consumidor:
ART. 6º São direitos básicos do consumidor:
I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados 
por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados 
perigosos ou nocivos;
II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos 
e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas 
contratações;
III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e 
serviços, com especiicação correta de quantidade, características, 
composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre 
os riscos que apresentem; (Redação dada pela Lei nº 12.741, de 2012) 
Vigência
IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos 
comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas 
abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços;
V - a modiicação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações 
desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que 
as tornem excessivamente onerosas;
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, 
individuais, coletivos e difusos;
VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à 
prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, 
coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e 
técnica aos necessitados;
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão 
do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério 
do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuiciente, 
segundo as regras ordinárias de experiências;
IX - (Vetado);
X - a adequada e eicaz prestação dos serviços públicos em geral.
Parágrafo único. A informação de que trata o inciso III do caput deste 
artigo deve ser acessível à pessoa com deiciência, observado o disposto 
em regulamento. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
Além de direitos, o consumidor também tem deveres. São deveres do 
consumidor:
• O primeiro passo importante, neste caso, é saber exatamente o que 
deseja adquirir. Embora pareça óbvio, este procedimento o proporciona 
uma compra mais segura, eliminando, por exemplo, a possibilidade de 
arrependimento pela aquisição.
• O consumidor só tem o direito de se arrepender da compra no caso de 
aquisições feitas por telefone ou outros meios de longa-distância. Isso 
pode ocorrer sete dias após a pessoa pedir o produto ou então sete dias 
depois da entrega, já que ele não teve antes a oportunidade de analisar as 
características da mercadoria.
UNIDADE 3 — RAMOS ESPECIAIS DO DIREITO: DIREITO DO TRABALHO, DIREITO DO CONSUMIDOR, DIREITO AMBIENTAL E O DIREITO 
PRIVADO
162
3.3 RESPONSABILIDADE DO FORNECEDOR
A responsabilidade do fornecedor no CDC está prevista no Art. 14 do CDC:
Art. 14 O fornecedor de serviços responde, independentemente 
da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos 
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem 
como por informações insuicientes ou inadequadas sobre sua fruição 
e riscos.
§ 1º O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que 
o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as 
circunstâncias relevantes, entre as quais:
I - o modo de seu fornecimento;
II - o resultado e os riscos que razoavelmente delese esperam;
III - a época em que foi fornecido.
§ 2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas 
técnicas.
§ 3º O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando 
provar:
I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;
II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
§ 4º A responsabilidade pessoal dos proissionais liberais será apurada 
mediante a veriicação de culpa.
Airma-se que a responsabilidade do fornecedor é objetiva, ou seja, existe 
independentemente da existência de culpa, porque decorre da própria atividade 
comercial.
Com o advento do CDC, a atividade empresarial passou por uma 
transformação, deixando de visar apenas ao lucro e passando a preocupar-se 
também com a qualidade dos produtos e serviços em razão da responsabilidade 
prevista na lei consumerista.
• Outra dica importante: no momento da compra, o consumidor deve 
veriicar se todos os componentes estão em ordem, como por exemplo o 
manual de instruções está em português? As características expressas na 
embalagem conferem?
• Após comprar um produto, a segunda orientação é a exigência da nota iscal. 
Mas o documento em si não é sinônimo de proteção: cabe ao consumidor, 
veriicar as informações contidas nele (discriminação do produto, modelo, 
cor, prazo de entrega). Se não tiver data, entende-se que a mercadoria foi 
entregue no ato. No caso dos móveis, por exemplo, também deve existir a 
data prevista e quem fará a montagem.
• Evite montar o produto sozinho. Neste caso, se algo der errado, o 
consumidor pode perder o direito à garantia.
FONTE: <https://www.consumidormoderno.com.br/2015/09/11/os-direitos-e-deveres-garan-
tidos-pelo-cdc/>. Acesso em: 28 jul. 2020.
TÓPICO 1 — RAMOS ESPECIAIS DO DIREITO
163
A responsabilidade do fornecedor, no CDC, engloba assim, a 
responsabilidade pelo fato do produto e pelo fato do serviço.
3.4 DECADÊNCIA E PRESCRIÇÃO
Apesar de ser garantido ao consumidor o direito de reclamar, este direito 
não é eterno. O Art. 26 do CDC traz os prazos de decadência e prescrição do direito 
de reclamar. Em ambos os casos, há perda do direito pelo decurso do prazo, ou 
seja, por não ter reclamado no tempo máximo previsto na lei. A diferença é que 
na decadência a perda é do direito, não cabendo ao consumidor nenhum meio 
para materializar seu descontentamento.
O Código de Defesa do Consumidor estabelece que, se o vício for de fácil 
constatação ou aparente inicia-se a contagem do prazo a partir da entrega efetiva 
do produto ou do término da execução do serviço. Por outro lado, tratando-se 
de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se a partir do momento em que icar 
evidenciado o problema (Art. 26, § 3o, do CDC).
FIGURA 10 –TIPOS DE VÍCIOS
FONTE: Almeida (2019, p. 470)
Cotejando o prazo prescricional com os prazos decadenciais, 
encontraremos o seguinte quadro:
QUADRO 7 – PRAZOS
PRESCRIÇÃO DECADÊNCIA
Prazo Prazos
• 5 anos • 30 dias – produtos/serviços não duráveis • 90 dias – produtos/ serviços duráveis.
• Fato do produto ou do 
serviço – acidente de 
consumo
• Vício do produto ou do serviço – mera 
inadequação aos ins esperados
FONTE: Almeida (2019, p. 475)
UNIDADE 3 — RAMOS ESPECIAIS DO DIREITO: DIREITO DO TRABALHO, DIREITO DO CONSUMIDOR, DIREITO AMBIENTAL E O DIREITO 
PRIVADO
164
3.5 DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA
É regra no Direito Societário a existência da sociedade de forma distinta 
de seus membros. Ou seja, o patrimônio da sociedade não se mistura com o 
patrimônio de seus sócios, respondendo cada qual por suas dívidas.
Porém, o CDC permite ao juiz “desconsiderar a personalidade jurídica” 
da sociedade, quando em prejuízo do consumidor”, segundo Almeida (2019), nos 
casos em que:
FIGURA 11 – DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA
FONTE: Almeida (2019, p. 500)
3.6 PROTEÇÃO DOS CONTRATOS DE CONSUMO
Em razão do princípio de que o consumidor é hipossuiciente, o CDC traz 
princípios e normas que deverão ser obrigatoriamente observados nas relações 
contratuais que envolvem o consumo. Estas normas são de ordem pública, ou seja, 
as partes não poderão modiicá-las por sua vontade. Deste modo entende que:
Os contratos de consumo são das mais variadas modalidades, a 
depender do seu objeto, mas a grande maioria deles possui a natureza 
de contrato de adesão. Com a evolução dos tempos, o monopólio 
dos meios de produção do fornecedor — responsável por deinir o 
que, quando e como produzir —, marcado pela característica da 
unilateralidade da produção, atingiu também as relações contratuais 
(ALMEIDA, 2019, p. 717).
TÓPICO 1 — RAMOS ESPECIAIS DO DIREITO
165
A exemplo, veja o que estabelece o Art. 47 do CDC (ALMEIDA, 2019, p. 
721): As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao 
consumidor. Sobre o tema, cumpre destacar que o Código Civil possui disposição 
semelhante no Art. 423: “Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas 
ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente”. 
Apesar da semelhança, os dispositivos legais não se confundem. Vejamos:
QUADRO 8 – CLÁUSULAS CONTRATUAIS
INTERPRETAÇÃO MAIS 
FAVORÁVEL NO CC
INTERPRETAÇÃO MAIS 
FAVORÁVEL NO CDC
• Contrato de adesão. • Qualquer contrato de consumo.
• Depende de cláusulas ambíguas 
ou contraditórias.
• Independente de cláusulas 
ambíguas ou contraditórias.
FONTE: Almeida (2019, p. 721)
Neste tópico, você compreendeu que as disposições legais se aplicam à 
relação contratual e que envolve a relação contratual de consumo, destacamos 
a possibilidade de o consumidor desistir do contrato, a proibição de haver 
cláusulas abusivas, o tratamento diferenciado do contrato de adesão, a nulidade 
de cláusulas que importem na perda de parcelas pagas etc.
3.7 PUBLICIDADE E PROPAGANDA
O CDC regulamenta também a publicidade, especialmente no que se 
refere à oferta de produtos e serviços, também como relexo do reconhecimento 
da hipossuiciência do consumidor.
Segundo Almeida (2019), diferenciar publicidade de propaganda, na 
prática ambas as expressões são utilizadas para deinir as informações veiculadas 
no mercado de consumo como inalidades comerciais.
FIGURA 12 – PUBLICIDADE E PROPAGANDA
FONTE: Almeida (2019, p.549)
UNIDADE 3 — RAMOS ESPECIAIS DO DIREITO: DIREITO DO TRABALHO, DIREITO DO CONSUMIDOR, DIREITO AMBIENTAL E O DIREITO 
PRIVADO
166
O Código de Defesa do Consumidor prevê em seu Art. 36, caput, 
que a “publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e 
imediatamente, a identiique como tal” (BRASIL, 1990a). 
Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o 
consumidor, fácil e imediatamente, a identiique como tal.
Parágrafo único. O fornecedor, na publicidade de seus produtos 
ou serviços, manterá, em seu poder, para informação dos legítimos 
interessados, os dados fáticos, técnicos e cientíicos que dão sustentação 
à mensagem.
Desta forma, a publicidade só estará em consonância com o princípio ora 
analisado se o consumidor puder identiicá-la de forma imediata e facilmente. O 
próprio CDC traz os conceitos de publicidade enganosa e abusiva;
Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.
§ 1º É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação 
de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por 
qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em 
erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, 
quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados 
sobre produtos e serviços.
§ 2º É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de 
qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a 
superstição, se aproveite da deiciência de julgamento e experiência da 
criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir 
o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua 
saúde ou segurança.
§ 3º Para os efeitos deste código, a publicidade é enganosa por omissão 
quando deixar de informar sobre dado essencial do produto ou serviço 
(BRASIL,1990).
§ 4° (Vetado).
Também é enganosa a publicidade, segundo o §3º do Art. 37, “por omissão 
quando deixar de informar sobre dado essencial do produto ou serviço” (BRASIL, 
1990). A utilização da publicidade enganosa ou abusiva gerará para o fornecedor 
responsabilidade civil, penal e administrativa, previstas no próprio Código de 
Defesa do Consumidor.
4 DIREITO AMBIENTAL
O Direito Ambiental “é composto das normas jurídicas que cuidam do 
meio ambiente em geral, tais como a proteção de matas, lorestas e animais a serem 
preservados, o controle de poluição e do lixo urbano” (NUNES, 2003, p. 132).
Na legislação ambiental, encontramos não só disposições de proteção ao 
meio ambiente, mas também penalidades e outras sanções para quem descumprir 
suas regras. Sobre esta “multidisciplinaridade”, de acordo com Abram (2013, p. 96):
TÓPICO 1 — RAMOS ESPECIAIS DO DIREITO
167
É um dos mais modernos ramos do direito. É multidisciplinar, pois 
se utiliza de institutos de direito penal, civil e administrativo para 
tornar efetivas suas normas, visando regular a relação do homem e 
seus meios de produção com a natureza, como forma de permitir o 
equilíbrio dessa relação, dando sustentabilidade ao desenvolvimento 
e minimizando os efeitos degradantes sobre o meio ambiente. Pode-se 
dizer que é um direito indutor de um novo paradigma de relação entre 
o homem e o meio ambiente.
Além da Constituição Federal, há outras normas de direito ambiental na 
legislação esparsa, como o conceito de meio ambiente de acordo com a o Art. 3º, I, 
da Lei nº 6.938/81: “Art. 3º. Para os ins previstos nesta Lei, entende-se por: I – meio 
ambiente, o conjunto de condições, leis, inluências e interações de ordem física, 
química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas; [...]”.
Conforme a CF/1988, no caput de seu Art. 225, ao dizer que “todos têm direito 
a um meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e 
essencial à sadia qualidade de vida [...]” (BRASIL, 1988). Disse, assim, o legislador 
constituinte que o direito de todos recai sobre um meio ambiente ecologicamente 
equilibrado. Portanto, o equilíbrio ecológico é exatamente o bem jurídico (imaterial) 
que constitui o objeto de direito a que alude o texto constitucional.
FIGURA 13 – MEIO AMBIENTE
FONTE: Rodrigues (2019, p. 77)
Essa denominação do meio ambiente ecologicamente equilibrado como 
o bem a ser protegido pelo direito ambiental é de suma importância porque, em 
última análise, qualquer dano ao meio ambiente agride o equilíbrio ecológico, 
e, assim, uma eventual reparação deve ter em conta a recuperação, exatamente, 
desse mesmo equilíbrio (RODRIGUES, 2019).
168
Neste tópico, você aprendeu que:
• O Direito do Trabalho “regulamenta as relações trabalhistas, ou seja, entre 
empregado e empregador (patrão)”.
• As relações trabalhistas, são objeto do Direito do Trabalho sejam elas 
individuais (entre empregado e empregador) ou coletivas.
• As relações entre fornecedor e consumidor são objeto do Direito do 
Consumidor.
• O CDC traz diversas disposições sobre proteção contratual, publicidade e 
ainda as hipóteses em que se permite a desconsideração da pessoa jurídica.
• O Direito Ambiental traz as regras que regem a proteção do meio ambiente, 
sendo um direito multidisciplinar.
RESUMO DO TÓPICO 1
169
1 O Direito do Trabalho tem por objeto tratar das normas e princípios que 
regulam as relações de trabalho, com intuito de corrigir a relação de 
desigualdade que existe entre empresário e trabalhador. Com base nessa 
informação, assinale a alternativa CORRETA que trata do fundamento do 
Direito do Trabalho.
a) ( ) É a proteção do trabalhador, parte economicamente mais fraca da 
relação jurídica.
b) ( ) É a proteção do empregador, parte economicamente mais fraca da 
relação jurídica.
c) ( ) É a proteção do trabalhador, parte economicamente mais forte da 
relação jurídica.
d) ( ) É a proteção do empregador, parte economicamente mais forte e justa 
da relação jurídica.
2 A autonomia de um determinado ramo do Direito decorre da existência de 
autonomia legislativa, de autonomia didática e de autonomia cientíica ou 
doutrinária. Com base nessa informação, assinale a alternativa CORRETA 
que trata da autonomia do Direito do Trabalho.
a) ( ) Autonomia colaborativa; Autonomia doutrinária; Autonomia penal; 
Autonomia jurisdicional.
b) ( ) Autonomia legislativa; Autonomia doutrinária; Autonomia didática; 
Autonomia jurisdicional.
c) ( ) Autonomia corporativa; Autonomia doutrinária; Autonomia didática; 
Autonomia penal.
d) ( ) Autonomia legislativa; Autonomia corporativa; Autonomia 
jurisprudencial; Autonomia jurisdicional.
3 Assim como o Direito se divide em ramos, o Direito do Trabalho também 
apresenta uma divisão que leva em conta a diversidade das normas 
trabalhistas. Com base nessa informação, assinale a alternativa CORRETA 
que trata da divisão do direito do trabalho.
a) ( ) Direito Individual do Trabalho; Direito Tributário do Trabalho; Direito 
Coletivo do Trabalho e Direito Público do Trabalho.
b) ( ) Direito Individual do Trabalho; Direito Penal do Trabalho; Direito 
Coletivo do Trabalho e Direito Público do Trabalho.
c) ( ) Direito Individual do Trabalho; Direito Tutelar do Trabalho; Direito 
Coletivo do Trabalho e Direito Público do Trabalho.
d) ( ) Direito Individual do Trabalho; Direito Intelectual do Trabalho; Direito 
Coletivo do Trabalho e Direito Privado do Trabalho.
AUTOATIVIDADE
170
4 O Direito do Trabalho se propõe a realizar, aos objetivos ou propósitos 
do ordenamento trabalhista, o papel que este ramo da ciência do Direito 
desempenha na sociedade. Com base nessa informação, disserte sobre as 
funções do Direito do Trabalho.
5 Os princípios servem de pilares e são fundamentais para o desenvolvimento 
do ramo do direito cujo qual estão inseridos. Com base nessa informação, 
discorra sobre os principais princípios do Direito do Trabalho.
171
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Agora que você já conhece a estrutura do Direito Civil, vamos estudar 
separadamente cada uma das suas partes. Como você já viu, a parte geral do 
Código Civil trata das pessoas, dos bens e dos fatos jurídicos. Importante ressaltar 
que esta parte geral do Código Civil traz regras que se aplicam a todos os ramos 
do Direito que compõem a parte Especial do Código e que também será aplicável 
nas organizações empresariais. 
O Código Civil é o principal instrumento do Direito Civil, que também 
tem como instrumentos a legislação esparsa, tais como a lei do Divórcio, Lei das 
Locações Urbanas, dos Registros Públicos. Contudo, para bem compreender o 
Direito Civil, precisamos conhecer bem o Código Civil. Você ainda estudará os 
requisitos para constituição de uma pessoa jurídica, bem como o início da sua 
personalidade e sobre o im da personalidade da pessoa jurídica. E também a 
parte especial do Direito Civil como o direito das obrigações, direito das coisas, 
direito comercial, direito de família e sucessões.
2 NOÇÕES E ESTRUTURA DO DIREITO CIVIL
Para iniciarmos o estudo do Direito Civil, vamos trazer um conceito da 
doutrina de Gonçalves (2018, p. 44): “Direito civil é o direito comum, que rege as 
relações entre os particulares”.
As normas de Direito Civil estão reunidas no Código Civil, Lei nº 
10.406/2002, que entrou em vigor em 2003, e também em outras leis, como a lei de 
Locações Urbanas, Registros Públicos, Divórcio, entre outras.
Neste momento de nosso estudo, concentrar-nos-emos no Código Civil. 
Ele inicia com a Lei de Introdução as Normas do Direito Brasileiro (LICC), que 
traz importantes normas jurídicas sobre a aplicação da lei no tempo e no espaço, 
entre outras. Após a LICC, o Código Civil é dividido em duas partes, a parte geral 
e a parte especial.
Podemos então dizer que o Código Civil é dividido em duas grandes 
partes: l a parte geral (Arts.1º ao 232) e; l a parte especial (Arts. 233 ao 2046).
TÓPICO 2 — 
DIREITO CIVIL NOÇÕES E ESTRUTURAS
172
UNIDADE3 — RAMOS ESPECIAIS DO DIREITO: DIREITO DO TRABALHO, DIREITO DO CONSUMIDOR, DIREITO AMBIENTAL E O DIREITO 
PRIVADO
QUADRO 9 – DIVISÃO DO DIREITO CIVIL
PARTE GERAL PARTE ESPECIAL
Das pessoas Direito das obrigações
Dos bens Direito de empresa
Dos fatos jurídicos Direito das coisas
Direito da família 
Direito das sucessões 
FONTE: Gonçalves (2018, p. 48)
2.1 PARTE GERAL DO CÓDIGO CIVIL – LIVRO I: DAS 
PESSOAS
O Código Civil de 2002 cuida, no Livro I (Parte Geral), concernente às 
pessoas, em três títulos como veremos a seguir:
FIGURA 14 – PARTE GERAL
FONTE: Gonçalves (2018, p. 108)
2.1.1 Pessoa física
Como já dissemos anteriormente, o Código Civil trata das pessoas no 
Livro I. Quando falamos em “pessoas”, podemos nos referir às pessoas físicas 
(naturais), ou às pessoas jurídicas como segue a igura:
Como sugestão, entre no site http://www4.planalto.gov.br/legislacao/, 
baixe uma versão atualizada do Código Civil e dê uma “olhada” na divisão que tratamos 
anteriormente. 
DICAS
TÓPICO 2 — DIREITO CIVIL NOÇÕES E ESTRUTURAS
173
A pessoa física, também chamada de pessoa natural, é o ser humano. Diz-
se natural, porque sua existência legal se inicia por um fato natural (o nascimento).
Na deinição de Gonçalves (2018, p. 115), “pessoa natural é, portanto, o ser 
humano considerado como sujeito de direitos e deveres. Para qualquer pessoa ser 
assim designada, basta nascer com vida e, desse modo, adquirir personalidade”.
Quando tratamos da prática destes atos jurídicos, precisamos entender 
que as pessoas físicas têm personalidade jurídica e capacidade jurídica.
Porém, personalidade jurídica e capacidade jurídica não se confundem. 
De uma forma simpliicada, podemos dizer que a personalidade jurídica é a 
aptidão para ser titular de direitos e obrigações civis.
Neste sentido entende Gonçalves (2018, p. 111):
[...] personalidade está umbilicalmente ligado ao de pessoa. Todo 
aquele que nasce com vida torna-se uma pessoa, ou seja, adquire 
personalidade. Esta é, portanto, qualidade ou atributo do ser humano. 
Pode ser deinida como aptidão genérica para adquirir direitos e 
contrair obrigações ou deveres na ordem civil. É pressuposto para a 
inserção e atuação da pessoa na ordem jurídica. A personalidade é, 
portanto, o conceito básico da ordem jurídica, que a estende a todos os 
homens, consagrando-a na legislação civil e nos direitos constitucionais 
de vida, liberdade e igualdade.
Toda pessoa natural tem personalidade jurídica, desde que nasça com 
vida, porém o Código Civil protege o nascituro (bebê em gestação) desde a 
concepção. Da personalidade decorrem vários direitos, tais como ao nome, ao 
corpo, à honra etc.
A capacidade jurídica, por sua vez, de acordo com o Art. 1º do novo 
Código, aproxima o conceito de capacidade com o de personalidade, ao declarar 
que toda “pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil” (GOLÇALVES, 
2018, p. 112). Airmar que o homem tem personalidade é o mesmo que dizer que 
ele tem capacidade para ser titular de direitos.
Todavia, embora estejam tão próximas, tais atributos não se confundem, 
uma vez que a capacidade pode sofrer limitação. “Enquanto a personalidade é 
um valor, a capacidade é a projeção desse valor que se traduz em um quantum. 
Pode-se ser mais ou menos capaz, mas não se pode ser mais ou menos pessoa” 
(GOLÇALVES, 2018, p. 112).
174
UNIDADE 3 — RAMOS ESPECIAIS DO DIREITO: DIREITO DO TRABALHO, DIREITO DO CONSUMIDOR, DIREITO AMBIENTAL E O DIREITO 
PRIVADO
QUADRO 10 – CARACTERÍSTICIAS DA PERSONALIDADE E CAPACIDADE JURÍDICA
PERSONALIDADE 
JURÍDICA
• Consiste na aptidão genérica para adquirir direitos 
e contrair obrigações ou deveres na ordem civil.
CAPACIDADE 
JURÍDICA
• Conceito: É a maior ou menor extensão dos 
direitos de uma pessoa. É, portanto, a medida da 
personalidade. 
• Espécies: 
a) De direito ou de gozo, que é a aptidão que todos 
possuem (CC, art. 1°);
b) De fato ou de exercício, que é a aptidão para 
exercer, por si só, os atos da vida civil. 
• Quem só tem a de direito, tem capacidade 
limitada. Quem possui também a de fato, tem 
capacidade plena. 
DISTINÇÃO ENTRE 
CAPACIDADE E 
LEGITIMAÇÃO
• Capacidade não se confunde com legitimaç̃o. 
Essa é a aptidão para a prática de determinados 
atos jurídicos, uma espécie de capacidade especial 
exigida em certas situações. A sua ausência não 
acarreta a incapacidade.
FONTE: Gonçalves (2018, p. 114)
Ou seja, uma pessoa física pode ter personalidade jurídica para praticar 
um determinado ato da vida civil, porém ser incapaz para praticá-lo por si só, ou 
“pessoalmente”, conforme diz o Código Civil. A capacidade é a regra, como nos 
ensina Coelho (2006, p. 160):
As pessoas são, por princípio, capazes e podem, assim, praticar 
os atos e negócios por si mesmas. A incapacidade é uma situação 
excepcional prevista expressamente em lei com o objetivo de proteger 
determinadas pessoas. Os incapazes são considerados, pela lei, 
não inteiramente preparados para dispor e administrar seus bens e 
interesses sem a mediação de outra pessoa (represente ou assistente). 
Quando falamos em capacidade, é necessário, ainda, que se diferencie 
a incapacidade absoluta da incapacidade relativa.
Os absolutamente incapazes de exercer pessoalmente (por si) os atos 
da vida civil são entendidos pelo Direito como pessoas que não têm a mínima 
condição de decidir sobre seus direitos e interesses. Por isso, terão que ser 
representados.
Já os relativamente incapazes, segundo o Direito, já têm algum 
discernimento e podem expressar sua vontade, que é levada em consideração. 
Por isso, diz-se que serão assistidos (ou seja, auxiliados). 
TÓPICO 2 — DIREITO CIVIL NOÇÕES E ESTRUTURAS
175
FIGURA 16 – INCAPACIDADE 
FONTE: Gonçalves (2018, p. 122)
Neste sentido Gonçalves (2018, p. 113):
Nem todas as pessoas têm, contudo, a capacidade de fato, também 
denominada capacidade de exercício ou de ação, que é a aptidão para 
exercer, por si só, os atos da vida civil. Por faltarem a certas pessoas 
alguns requisitos materiais, como maioridade, saúde, desenvolvimento 
mental etc., a lei, com o intuito de protegê-las, malgrado não lhes negue a 
capacidade de adquirir direitos, sonega-lhes o de se autodeterminarem, 
de os exercer pessoal e diretamente, exigindo sempre a participação de 
outra pessoa, que as representa ou assiste.
FIGURA 17 – ESPÉCIES DE CAPACIDADE
FONTE: Gonçalves (2018, p. 113)
“Capacidade não se confunde com legitimação. Esta é a aptidão para 
a prática de determinados atos jurídicos, uma espécie de capacidade especial 
exigida em certas situações” (GONÇALVES, 2018, p. 113). Para facilitar seu 
entendimento, elaboramos o Quadro 11:
Assim, por exemplo, o ascendente é genericamente capaz, mas só 
estará legitimado a vender a um descendente se o seu cônjuge e os 
demais descendentes expressamente consentirem (CC, Art. 496). 
A falta de legitimação alcança pessoas impedidas de praticar certos 
atos jurídicos sem serem incapazes, por exemplo, o tutor, proibido 
de adquirir bens do tutelado (CC, Art. 1.749, I); o casado, exceto 
no regime de separação absoluta de bens, de alienar imóveis sem a 
outorga do outro cônjuge (Art. 1.647); os tutores ou curadores, de dar 
em comodato os bens coniados à sua guarda sem autorização especial 
(Art. 580) etc. (GONÇALVES, 2018, p. 113).
176
UNIDADE 3 — RAMOS ESPECIAIS DO DIREITO: DIREITO DO TRABALHO, DIREITO DO CONSUMIDOR, DIREITO AMBIENTAL E O DIREITO 
PRIVADO
Podemos ilustrar o que acabamos de ver através do seguinte exemplo: João, 
que é menor, com quinze anos de idade, recebeu um imóvel de herança de seu avô. 
Pode-se airmar que João tem personalidade jurídica, porém o Código 
Civil dispõe que os menores de 16 anos são absolutamente incapazes de exercer 
atos da vida civil. Assim, não poderá vender “sozinho” o imóvel de que é titular, 
porque, apesar de ter personalidade jurídica, lhe falta “capacidade civil” para tal, 
sendo necessário, para que o negócio se concretize, que seja representado por seu 
pai, mãe ou por seu representantelegal, na falta deles.
QUADRO 11 – RELATIVAMENTE INCAPAZES
CÓDIGO CIVIL DE 2002 LEI 13.146/2015
Relativamente incapazes Relativamente incapazes
Art. 4° São incapazes, relativamente a 
certos atos ou à maneira de os exercer;
I – os maiores de dezesseis e menores 
de dezoito anos:
II – os ébrios habituais, os viciados em 
tóxicos, e os que, por deiciência men-
tal, tenham discernimento reduzido;
III – os excepcionais, sem desenvolvi-
mento mental completo;
IV – os pródigos.
Parágrafo único. A capacidade dos índios 
será regulada por legislação especial.
Art. 4° São incapazes, relativamente a 
certos atos ou à maneira de os exercer;
I – os maiores de dezesseis e menores 
de dezoito anos:
II – os ébrios habituais, os viciados em 
tóxicos;
III – aqueles que, por causa transitória 
ou permanente, não puderam exprimir 
sua vontade;
IV – os pródigos.
Parágrafo único. A capacidade dos 
indígenas será regulada por legislação 
especial.
FONTE: Gonçalves (2018, p. 125)
Para Gonçalves (2018) a incapacidade civil em razão da menoridade 
cessa aos 18 anos, porém, esta incapacidade poderá terminar antes, caso ocorram 
os casos previstos no Código Civil: a emancipação, que é concedida pelos pais 
ou pelo juiz nas condições previstas em lei; pelo exercício de emprego público 
efetivo; pela colação de grau em curso superior; pelo estabelecimento civil ou 
comercial que garanta economia própria.
TÓPICO 2 — DIREITO CIVIL NOÇÕES E ESTRUTURAS
177
FIGURA 18 – ESPÉCIES DE EMANCIPAÇÃO
FONTE: Gonçalves (2018, p. 137)
• Domicílio e residência da pessoa natural
Outro tema de importância no estudo das pessoas naturais é o relativo 
ao domicílio e à residência. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, as 
expressões não são sinônimas. 
O domicílio da pessoa natural é deinido pelo próprio Código Civil, 
sendo o lugar onde a pessoa estabelece sua residência de forma deinitiva. Assim, 
como regra geral, a pessoa natural terá um só domicílio e várias residências. 
Podemos citar como exemplo uma pessoa que mora em uma cidade com sua 
família (domicílio), mas três vezes por semana ica em cidades vizinhas onde tem 
iliais de sua empresa. Estas cidades podem ser consideradas como o local de 
suas residências.
Conforme Gonçalves (2018, p. 160), “a noção de domicílio é de grande 
importância no direito. Como as relações jurídicas se formam entre pessoas, é 
necessário que estas tenham um local, livremente escolhido ou determinado pela 
lei, onde possam ser encontradas para responder por suas obrigações”.
O Código Civil brasileiro, deine domicílio no Art. 70, verbis: “Art. 70. O 
domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com 
ânimo deinitivo” (BRASIL, 2002). O conceito de domicílio civil é composto, pois, 
de dois elementos:
178
UNIDADE 3 — RAMOS ESPECIAIS DO DIREITO: DIREITO DO TRABALHO, DIREITO DO CONSUMIDOR, DIREITO AMBIENTAL E O DIREITO 
PRIVADO
FIGURA 19 – DOMÍCILIO
FONTE: Gonçalves (2018, p. 161)
Em relação ao elemento residência Gonçalves (2018, p. 161) entende:
A residência é, portanto, apenas um elemento componente do conceito 
de domicílio, que é mais amplo e com ela não se confunde. Residência, 
como foi dito, é simples estado de fato, sendo o domicílio uma 
situação jurídica. Residência, que indica a radicação do indivíduo em 
determinado lugar102 ou habitação, local que a pessoa ocupa , também 
não se confunde com morada103 esporadicamente, como a casa de 
praia ou de campo, o hotel em que passa uma tem-porada ou mesmo 
o local para onde se mudou provisoriamente até concluir a reforma de 
sua casa. É mera relação de fato, de menor expressão que residência.
Deste modo, Gonçalves (2018) conclui que uma pessoa pode ter um só 
domicílio e mais de uma residência. Pode ter também mais de um domicílio, pois o 
Código Civil brasileiro, admite a pluralidade domiciliar. Para tanto, basta que tenha 
diversas residências onde, “alternadamente, viva”, como dispõe o Art. 71: “Art. 71. 
Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, 
considerar-se-á domicílio seu qualquer delas” (BRASIL, 2002).
Ou, além do domicílio familiar, tenha também domicílio proissional, como 
prescreve o Art. 72 do Código Civil, verbis: “Art. 72. É também domicílio da pessoa 
natural, quanto às relações concernentes à proissão, o lugar onde esta é exercida. 
Parágrafo único. Se a pessoa exercitar proissão em lugares diversos, cada um deles 
constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem” (BRASIL, 2002).
• Extinç̃o da pessoa natural
Como já dissemos anteriormente, o nascimento com vida é o início da 
personalidade civil. Já a extinção da pessoa natural ocorre com a morte. Deste 
modo, “A morte real é apontada no Art. 6º do Código Civil como responsável pelo 
término da existência da pessoa natural” (GOLÇALVES, 2018, p. 142).
TÓPICO 2 — DIREITO CIVIL NOÇÕES E ESTRUTURAS
179
QUADRO 12 – EXTINÇÃO DA PERSONALIDADE NATURAL
MODOS DE EXTINÇÃO DA PERSONALIDADE NATURAL
Morte real: extingue a capacidade. Ocorre com o diagnóstico de paralisação da 
atividade encefálica, conforme art. 3° da Lei de Transplantes (CC, art. 6° 1ª parte).
Morte simultânea ou comoriência: é a modalidade de morte real. Ocorre 
quando dois ou mais indivíduos falecem na mesma ocasião (não precisa ser no 
mesmo lugar), não se podendo averiguar qual deles morreu primeiro. Neste 
caso, presumir-se-ão simultaneamente mortos, não havendo transferência de 
bens e direitos sucessórios entre os comorientes (art. 8°).
Morte civil: existiu no direito romano, especialmente para os escravos. Há um 
resquício dela no art. 1.816 do Código Civil, que trata o herdeiro afastado da 
herança por indignidade como se ele “morto fosse antes da abertura da sucessão”.
Morte presumida: pode ser com ou sem declaração de ausência. A declaração 
de ausência é requerida para que se reconheça apenas que o ausente se encontra 
desaparecido, autorizando-se a abertura da sucessão provisória e, depois, a 
deinitiva (art. 6°, na parte). Na hipótese do art. 7° do Código Civil, pretende-se 
que se declare a morte de quem “estava em perigo de vida” e que se supõe ter 
ocorrido, sem decretaç̃o de ausência.
FONTE: Gonçalves (2018, p. 145)
2.1.2 Pessoa jurídica
A pessoa jurídica, por sua vez, “consiste num conjunto de pessoas ou de 
bens dotado de personalidade jurídica própria e constituído na forma da lei para 
a consecução de ins comuns” (GONÇALVES, 2018, p. 205). É constituída pelo 
homem, e nasce da junção da vontade destas pessoas. Segundo o dicionário jurídico:
a expressão é utilizada para designar as “instituições, corporações, 
associações e sociedades, que por força ou determinação da lei, se 
personalizam, tomam individualidade própria, para constituir uma entidade 
jurídica, distinta das pessoas que a formam ou que a compõem. Diz-se 
jurídica porque se mostra uma encarnação da lei. [...] (SILVA, 1991, p. 368).
Para a constituição da pessoa jurídica, o acordo de vontades de seus 
constituintes (que serão seus representantes legais) será materializado em um 
documento próprio, chamado estatuto ou contrato social, dependendo do tipo 
de sociedade.
Este documento deverá ser redigido de acordo com o que dispõe a lei. Para 
que a pessoa jurídica exista juridicamente, passando assim a ser sujeito de direito, 
é necessário o registro deste documento no órgão competente (Junta Comercial 
ou Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas ou Títulos e Documentos, conforme 
denominação em cada Estado), que também dependerá do tipo de sociedade.
180
UNIDADE 3 — RAMOS ESPECIAIS DO DIREITO: DIREITO DO TRABALHO, DIREITO DO CONSUMIDOR, DIREITO AMBIENTAL E O DIREITO 
PRIVADO
Neste órgão, deverão ser também registradas todas as alterações e 
modiicações do contrato social ou do estatuto.
FIGURA 20 – CONSTITUIÇÃO DA PESSOA JURÍDICA
FONTE: Gonçalves (2018, p. 209)
Uma vez constituída de acordo com o que determina a legislação, a 
pessoa jurídica passa a ter vida própria, sendo, portanto, sujeito de direito e, 
assimsendo, titular de direitos e obrigações. Segundo Gonçalves (2018), apenas a 
pessoa jurídica responde por suas obrigações como regra geral, tendo existência 
e patrimônio próprios. Pode, contudo, ocorrer a desconsideração da pessoa 
jurídica, nos casos previstos em lei, tanto no Código Civil como no Código do 
Consumidor, em caso de abuso por parte dos seus componentes, a exemplo do 
que ocorre quando usam a pessoa jurídica para cometer fraudes. Quando houver 
a desconsideração da pessoa jurídica, os bens particulares de seus integrantes 
poderão responder por dívidas da empresa.
FIGURA 21 – CLASSIFICAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA
FONTE: Gonçalves (2018, p. 216)
TÓPICO 2 — DIREITO CIVIL NOÇÕES E ESTRUTURAS
181
As pessoas jurídicas podem ser classiicadas, segundo Golçalves (2019), a 
respeito do enfoque, das pessoas jurídicas dividem-se em: (2018, p. 218), quanto 
à orbita de atuação: 
• de direito público (de direito público externo e de direito público 
interno);
• de direito privado, que se dividem em corporações (associações, 
sociedades simples e empresárias) e fundações particulares (CC, 
Art. 44).
• Pessoas jurídicas de direito público externo: são os Estados da 
comunidade internacional, ou seja, todas as pessoas que forem 
regidas pelo direito interna-cional público: as diversas nações, 
inclusive a Santa Sé, que é a cúpula governativa da Igreja Católica, 
e organismos internacionais, como a ONU, a OEA, a FAO, a 
Unesco etc. A propósito, dispõe o Art. 42 do Código Civil: “Art. 
42. São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados 
estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito 
internacional público”.
• Pessoas jurídicas de direito público interno: podem classiicar-se em:
a) da administração direta (União, Estados, Distrito Federal, 
Territórios, Municípios); 
b) da administração indireta (autarquias, fundações públicas e 
demais entidades de caráter público criadas por lei). Trata-se 
de órgãos descentralizados, criados por lei, com personalidade 
própria para o exercício de atividade de interesse público. 
Proclama o Art. 41 do novo Código Civil, com efeito, que são 
pessoas jurídicas de direito interno: “I – a União; II – os Estados, 
o Distrito Federal e os Territórios; III – os Municípios; IV – as 
autarquias, inclusive as associa-ções públicas; V – as demais 
entidades de caráter público criadas por lei”.
• O domicílio da pessoa jurídica
O domicílio da pessoa jurídica é o local que for escolhido nos seus atos 
constitutivos, ou em não tendo havido esta escolha, será considerado como domicílio 
o local de sua sede, por ser este o local onde deverá cumprir suas obrigações.
• Extinç̃o da pessoa jurídica
A extinção da pessoa jurídica pode ser chamada de dissolução ou liquidação, 
dependendo do tipo de sociedade. De forma simpliicada, podemos airmar que a 
dissolução da pessoa jurídica pode ocorrer por vontade dos sócios (convencional), 
por determinação legal ou administrativa e, ainda, por decisão judicial.
Conforme Golçalves (2018, p. 237), o ato de dissolução pode assumir 
quatro formas distintas:
Convencional – por deliberação de seus membros, conforme quorum 
previsto nos estatutos ou na lei. A vontade humana criadora, hábil a 
gerar uma entidade com personalidade distinta da de seus membros, é 
também capaz de extingui-la. Dispõe o Art. 1.033 do Código Civil que 
a sociedade se dissolve quando ocorre a “deliberação dos sócios, por 
maioria absoluta, na sociedade de prazo indeterminado” (inc. III). Na de 
prazo determinado, quando há “consenso unânime dos sócios” (inc. II).
182
UNIDADE 3 — RAMOS ESPECIAIS DO DIREITO: DIREITO DO TRABALHO, DIREITO DO CONSUMIDOR, DIREITO AMBIENTAL E O DIREITO 
PRIVADO
Legal – em razão de motivo determinante na lei (Arts. 1.028, II, 1.033 
e 1.034), como, verbi gratia, a decretação da falência (Lei n. 11.101, de 
9.2.2005), a morte dos sócios60 (CC, Art. 1.028) ou desaparecimento 
do capital nas sociedades de ins lucrativos. As associações que não 
os têm não se extinguem pelo desaparecimento do capital, que não é 
requisito de sua existência.
Administrativa – quando as pessoas jurídicas dependem de 
autorização do Poder Público e esta é cassada (CC, Art. 1.033), seja por 
infração a disposição de ordem pública ou prática de atos contrários 
aos ins declarados no seu estatuto (Art. 1.125), seja por se tornar ilícita, 
impossível ou inútil a sua inalidade (Art. 69, primeira parte). Pode, 
nesses casos, haver provocação de qualquer do povo ou do Ministério 
Público (CPC de 1939, Art. 676, que continua em vigor, juntamente 
com todo o procedimento para a dissolução e liquidação da sociedade, 
por força do disposto no Art. 1.218 do Código de Processo Civil de 
1973 e no Art. 1.046, § 3º, do atual diploma processual).
Judicial – quando se conigura algum dos casos de dissolução previstos 
em lei ou no estatuto, especialmente quando a entidade se desvia dos 
ins para os quais se constituiu, mas continua a existir, obrigando um 
dos sócios a ingressar em juízo. Dispõe o Art. 1.034 do Código Civil 
que a sociedade pode ser dissolvida judicialmente, a requerimento 
de qualquer dos sócios, quando: “I – anulada a sua constituição; II – 
exaurido o im social, ou veriicada a sua inexequibilidade”. O rol é 
meramente exempliicativo, pois pode ser dissolvida por sentença, se 
necessário, em qualquer das hipóteses previstas nos Arts. 69, primeira 
parte, 1.028, II, 1.033 e 1.035.
QUADRO 13 – EXTINÇÃO DA PESSOA JURÍDICA
EXTINÇÃO 
DA PESSOA 
JURÍDICA 
DE DIREITO 
PRIVADO
a) Convencional: por deliberação de seus membros, conforme 
quorum previsto nos estatutos ou na lei;
b) Legal: em razão de motivo em determinante na lei (CC, art. 
1. 034);
c) Administrativa: quando as pessoas jurídicas dependem 
de autorização do Governo e praticam atos nocivos ou 
contrários aos seus ins;
d) Natural: resulta da morte de seus membros, se não icou 
estabelecido que prosseguirá com os herdeiros;
e) Judicial: quando se conigura algum dos casos previstos 
em lei ou no estatuto e a sociedade continua a existir, 
obrigando um dos sócios a ingressar em juízo.
FONTE: Gonçalves (2018, p. 240)
O processo de extinção da pessoa jurídica de acordo com Gonçalves 
(2018), realiza-se pela dissolução e pela liquidação que se refere ao patrimônio e 
refere-se ao pagamento das dívidas e à partilha entre os sócios. Se o destino dos 
bens não estiver previsto no ato constitutivo, a divisão e a partilha serão feitas de 
acordo com os princípios que regem a partilha dos bens da herança.
TÓPICO 2 — DIREITO CIVIL NOÇÕES E ESTRUTURAS
183
2.2 PARTE GERAL – LIVRO II: DOS BENS
No vocabulário jurídico, o conceito de bem pode ser considerado o 
conceito de coisa, entretanto, nem sempre esses conceitos caminham juntos. Para 
o conlito de conceitos, o Código Civil excluiu o vocabulário coisa de seus artigos, 
referindo-se apenas aos bens.
 
2.2.1 Conceito de bem 
Como estudamos anteriormente, a Parte Geral do Código Civil trata das 
pessoas, naturais e jurídicas, como sujeitos de direito e dos bens como objeto 
das relações jurídicas que se formam entre os referidos sujeitos, neste sentido 
Gonçalves (2018, p. 249) entende:
Todo direito tem o seu objeto, como o direito subjetivo é poder 
outorgado a um titular, requer um objeto. Sobre o objeto, desenvolve-
se o poder de fruição da pessoa. Objeto da relação jurídica é tudo o que 
se pode submeter ao poder dos sujeitos de direito, como instrumento 
de realização de suas inalidades jurídicas. Em sentido estrito, esse 
conjunto compreende os bens objeto dos direitos reais e também as 
ações humanas denominadas prestações. 
Para entendermos o conceito de bem, precisamos primeiro entender que, 
para o Direito, “bem” e “coisa” não se confundem. São bens apenas as coisas que 
têm valor econômico e que podem ser apropriados pelo homem.
Para Gonçalves (2019) de uma forma especíica, esse conjunto compreende 
os bens objeto dos direitos reais e também as ações humanas denominadas 
prestações. Em sentido amplo, oobjeto pode consistir:
FIGURA 22 – CARACTERÍSTICAS DE OBJETO
FONTE: Gonçalves (2018, p. 249)
Podemos, pois, chamar de “bem” “tudo aquilo que satisfaz uma 
obrigação” (GONÇALVES, 2006, p. 238-239), podendo também ser 
considerados bens as “coisas materiais, concretas, úteis aos homens e 
de expressão econômica, suscetíveis de apreciação, bem como as de 
existência imaterial economicamente apreciáveis” (ABRAM, 2013, p. 125).
184
UNIDADE 3 — RAMOS ESPECIAIS DO DIREITO: DIREITO DO TRABALHO, DIREITO DO CONSUMIDOR, DIREITO AMBIENTAL E O DIREITO 
PRIVADO
FIGURA 23 – CLASSIFICAÇÃO DOS BENS
FONTE: Gonçalves (2018, p. 253)
Existem várias espécies de bens, previstas no Código Civil: bens 
considerados em si mesmos (imóveis, móveis, fungíveis e consumíveis, divisíveis e 
bens singulares e coletivos), bens reciprocamente considerados, bens públicos etc.
Para a nossa disciplina, será suiciente conhecermos as principais divisões. 
Vamos ver cada conceito separadamente?
2.2.2 Classificação dos bens
• Bens móveis e imóveis
Inicialmente vamos estudar a clássica divisão entre bens móveis ou 
imóveis. O conceito de bens móveis é trazido pelo próprio Código Civil, em seu 
Art. 82. “São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção 
por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social” 
(BRASIL, 2002).
TÓPICO 2 — DIREITO CIVIL NOÇÕES E ESTRUTURAS
185
FIGURA 24 – BENS MÓVEIS
FONTE: Gonçalves (2018, p. 258)
Os animais, chamados semoventes (porque se movem por si sós), são 
considerados pelo direito como bens móveis. Também são considerados bens 
móveis perante o direito civil as ações das sociedades, os papéis do mercado de 
valores, entre outros.
Os imóveis, como regra geral, são os bens “que se não se podem 
transportar, sem destruição, de um para o outro lugar” (BEVILÁCQUA, 1927 
apud GONÇALVES, 2019, p. 254). Assim, podemos considerar como bens imóveis 
o solo e seus componentes, o subsolo e o espaço aéreo. Porém, segundo o Código 
Civil (BRASIL, 2002), em seu Art. 79, “são bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe 
incorporar natural ou artiicialmente” e, assim sendo, são imóveis as construções, 
as plantações, as árvores e os frutos etc.
Esta distinção é de suma importância por diversos motivos. Por exemplo, 
a aquisição da propriedade de bens móveis se dá pela simples tradição (entrega), 
enquanto a dos bens imóveis só ocorre depois do registro da escritura pública no 
cartório do registro de imóveis. Para as pessoas casadas entregarem bens imóveis 
como garantia (ex.: hipoteca), dependem da autorização do cônjuge, o que não 
acontece nos bens móveis, entre outros.
• Bens fungíveis e infungíveis
Outra classiicação divide os bens em fungíveis ou infungíveis. Os 
bens fungíveis, conforme o Art. 85 do Código Civil, são “os móveis que podem 
substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade” (BRASIL, 
2002), a exemplo do dinheiro e de alimentos. Ao contrário, os infungíveis são 
os que não têm as características anteriores, porém, é interessante como um bem 
fungível pode se tornar infungível, como nos exemplos trazidos por Gonçalves 
186
UNIDADE 3 — RAMOS ESPECIAIS DO DIREITO: DIREITO DO TRABALHO, DIREITO DO CONSUMIDOR, DIREITO AMBIENTAL E O DIREITO 
PRIVADO
(2019, p. 260), quando uma pessoa empresta a outra uma moeda rara de 
colecionador, ou um boi que, emprestado para serviços de lavoura, é infungível, 
enquanto o mesmo boi, se destinado ao corte, se torna fungível.
Exemplo da importância desta distinção se dá no estudo dos contratos, 
pois é ela que vai determinar a espécie de contrato cabível. Por exemplo, no 
mútuo, o objeto deve ser coisa fungível, enquanto no comodato o bem será 
necessariamente infungível.
• Bens consumíveis ou inconsumíveis
Os bens também podem ser classiicados em consumíveis ou 
inconsumíveis, sendo que os bens consumíveis, segundo o Art. 86 do Código 
Civil, são “os móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância, 
sendo também considerados tais os destinados à alienação” (BRASIL, 2002), neste 
sentido Gonçalves (2018), entende:
FIGURA 25 – CLASSIFICAÇÃO DE BENS
FONTE: Gonçalves (2018, p. 261)
Os bens inconsumíveis são os que podem ser utilizados sem que haja destruição 
de sua substância. Neste sentido Gonçalves (2018, p. 262), entende: “Inconsumíveis 
são os bens que podem ser usados continuadamente, ou seja, os que permitem 
utilização contínua, sem destruição da substância. A rigor, a utilização mais ou menos 
prolongada acaba por consumir qualquer objeto, ainda que leve bastante tempo”.
• Bens divisíveis e indivisíveis
Quanto à divisibilidade, os bens classiicam-se em:
FIGURA 26 – DIVISIBILIDADE DOS BENS
FONTE: Gonçalves (2018, p. 264)
TÓPICO 2 — DIREITO CIVIL NOÇÕES E ESTRUTURAS
187
O conceito de bens divisíveis também consta do Código Civil em seu Art. 
87, que diz que bens divisíveis “são os que se podem fracionar sem alteração de 
sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se 
destinam” (BRASIL, 2002).
Os bens indivisíveis são aqueles que não possuem esta qualidade, como 
exemplo, uma máquina, uma vez que se tirarmos uma peça, ela deixa de funcionar.
Dispõe o Art. 88 do Código Civil que os “bens naturalmente divisíveis 
podem tornar -se indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das partes” 
(BRASIL, 2002). 
• Bens singulares e coletivos
Conforme o Art. 89 do Código Civil, são singulares os bens que, “embora 
reunidos se consideram de per si, (por si só) independente dos demais” (BRASIL, 
2002). Assim, um carro é um bem singular quando considerado individualmente, 
como a maioria dos bens. Segundo Gonçalves (2018, p. 265) entende que: 
 
A doutrina classiica os bens singulares em:
• simples, quando suas partes, da mesma espécie, estão ligadas 
pela própria natureza, como um cavalo, uma árvore;
• compostos, quando as suas partes se acham ligadas pela indústria 
humana, como um edifício. As coisas simples que formam 
a coisa composta, mantendo sua identidade, denominam-se 
partes integrantes. Se perdem a identidade, chamam-se partes 
componentes. As partes integrantes, como as peças de máquinas, 
podem ser separadas do todo, as componentes, como o cimento 
de uma parede, não.
Os bens coletivos, também chamados universalidades, são os que, 
“sendo compostos por várias coisas singulares se consideram em conjunto” 
(GONÇALVES, 2018, p. 265). Assim, o mesmo carro, que é um bem singular, 
pode integrar um conjunto e assim formar um bem coletivo, como uma frota.
• Bens principais e acessórios
Os bens podem ser ainda principais ou acessórios.
Os bens acessórios são assim chamados porque dependem da existência 
de outro, o principal para existirem. “Assim o solo é bem principal, porque existe 
sobre si, concretamente, sem qualquer dependência” (GONÇALVES, 2018, p. 
267), enquanto a árvore é bem acessório, pois depende do solo onde está plantada 
para existir. Apesar desta relação de dependência, o Código Civil permite que os 
bens acessórios (frutos e produtos) sejam objeto de negócio jurídico.
Os bens acessórios são subdivididos em frutos, produtos, pertenças e 
benfeitorias.
188
UNIDADE 3 — RAMOS ESPECIAIS DO DIREITO: DIREITO DO TRABALHO, DIREITO DO CONSUMIDOR, DIREITO AMBIENTAL E O DIREITO 
PRIVADO
Os produtos se distinguem dos frutos porque não podem ser colhidos 
periodicamente, “como as pedras e os metais, que se extraem das pedreiras e 
das minas” (BEVILÁCQUA, 1927 apud GONÇALVES, 2018, p. 268). Já os 
frutos, segundo (GONÇALVES, 2018, p. 269) “são utilidades que uma coisa 
periodicamente produz. Nascem e renascem da coisa, sem acarretar-lhe a 
destruição no todo ou em parte [...]”.
FIGURA 27 – CARACTERÍSTICAS DE BENS
FONTE: Gonçalves (2018, p. 269)
As pertenças, segundo o Art. 93, ao contrário dos frutos e produtos, não 
são partes integrantes do bem, como os produtos e os frutos, mas se destinam, de 
modo duradouro, ao uso, serviço ou amorfoseamento de outro. Como exemplo, 
podem-se citar os “objetosde decoração de uma residência” (GONÇALVES, 2018, 
p. 270). Por im, as benfeitorias “são os melhoramentos que podem ser inseridos 
na coisa” (GONÇALVES, 2018, p. 271). 
O tipo de melhoramento que for inserido na coisa determinará o tipo de 
benfeitoria, qual seja, necessárias, úteis ou voluptuárias.
A distinção entre os tipos de benfeitoria é encontrada no Código Civil 
em seu Art. 96. Assim, de forma resumida, são necessárias aquelas destinadas 
à conservação do bem (ex.: manutenção de um telhado de uma casa), enquanto 
as necessárias são as que aumentam ou facilitam seu uso (ex.: instalação de um 
ar condicionado), e, por im, as voluptuárias que são aquelas de mero deleite ou 
recreio, mas que não aumentam nem facilitam o uso do bem (como por exemplo 
um jardim). 
Vistas as diferenças entre as classes de bens principais e suas subdivisões, 
para uma melhor compreensão, de forma esquematizada, podemos visualizar o 
seguinte:
TÓPICO 2 — DIREITO CIVIL NOÇÕES E ESTRUTURAS
189
QUADRO 14 – CALSSES DE BENS PRINCIPAIS
BENS 
RECIPROCAMENTE 
CONSIDERADOS
Espécies:
a) Principal: o bem que tem existência própria, que 
existe por si;
b) Acessório aquele cuja existência depende do 
principal (art. 92)
Princípio básico (da gravitação jurídica): o bem 
acessório segue o destino do principal, salvo 
estipulação em contrário. Em consequência: 
a) A natureza do acessório é a mesma do principal;
b) O proprietário do principal é proprietário do 
acessório;
c) Perecendo ou extinguindo-se o bem principal, 
extingue-se também o acessório, mas o contrário não 
é verdadeiro.
Espécies de bens acessórios:
a) Frutos: são as utilidades que uma coisa 
periodicamente produz. Dividem-se, quanto à 
origem, em naturais, industriais e civis; e, quanto 
ao estado, em pendentes, percebidos ou colhidos, 
estantes, percipiendos e consumidos;
b) Produtos: são as utilidades que se retiram da coisa, 
diminuindo-lhe a quantidade.
c) Pertenças: são os bens móveis que, não constituindo 
partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, 
ao serviço ou ornamentação de outro (art. 93);
d) Acessões: podem dar-se por formação de ilhas, 
aluvião, avulsão, abandono de álveo (acessões 
naturais) e plantações ou construções (acessões 
artiiciais ou industriais, art. 1.248 a V);
e) Benfeitorias: acréscimos, melhoramentos ou 
despesas em bem já existente. 
Classiicam-se em:
a) Necessárias;
b) Úteis; e
c) Voluptuárias (art. 96).
FONTE: Gonçalves (2018, p. 277)
• Bens públicos e privados
Já os bens públicos, conforme o Art. 98 do Código Civil, são os 
“pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno” (BRASIL, 2002), 
como, por exemplo, as praias, as praças e outros bens pertencentes à União, 
Estados e Municípios.
190
UNIDADE 3 — RAMOS ESPECIAIS DO DIREITO: DIREITO DO TRABALHO, DIREITO DO CONSUMIDOR, DIREITO AMBIENTAL E O DIREITO 
PRIVADO
FIGURA 28 – BEM PÚBLICO
FONTE: Gonçalves (2018, p. 274)
Os bens públicos são inalienáveis, ou seja, a titularidade do direito de 
propriedade, como regra geral, não podem ser objeto de transferência. Somente 
em casos especiais, com regras especíicas constantes do Direito Administrativo é 
que a alienação destes bens será permitida.
Os bens privados são os que pertencem aos particulares, salvo as exceções 
previstas na lei civil, poderão ser alienados, e assim, transferido o direito de 
propriedade sobre eles, quando forem, por exemplo, objeto de contrato de compra 
e venda, doação, e outras transações imobiliárias.
2.3 PARTE GERAL – LIVRO III: DOS FATOS JURÍDICOS
No Livro III do Código Civil, vamos encontrar a legislação referente aos 
fatos jurídicos. O entendimento deste conceito é também fundamental no estudo 
das relações entre o Direito e as atividades empresariais.
2.3.1 Conceito de fato jurídico
Primeiramente, precisamos entender: o que é um fato jurídico?
É qualquer acontecimento que tenha consequências no mundo jurídico, 
ou seja, todo acontecimento que produz efeito jurídico. Em outras palavras, fatos 
que “interessem” (sejam importantes) para o Direito, e assim:
QUADRO 15 – FATO JURÍDICO
FATO JURÍDICO – Uma ocorrência que interessa ao Direito, ou seja, que tenha 
relevância jurídica. O fato jurídico lato sensu pode ser natural, denominado fato 
jurídico stricto sensu. Esse pode ser um fato ordinário ou extraordinário. Pode 
o fato ser ainda humano, surgindo o conceito de fato jurígeno.
FÓRMULA. Fato jurídico = Fato + Direito.
FONTE: Adaptado de Tartuce (2019, p. 197)
TÓPICO 2 — DIREITO CIVIL NOÇÕES E ESTRUTURAS
191
Concluindo que:
Só é fato jurídico o acontecimento que produz efeitos no mundo jurídico.
Desta forma:
Ño é todo acontecimento que será um fato jurídico.
Para entendermos bem esta airmação, podemos imaginar que o 
nascimento de uma pessoa é um fato jurídico, pois produz efeitos no mundo 
jurídico. Você lembra que o nascimento com vida é o início da personalidade 
jurídica? Então, o nascimento é um fato que tem relevância para o Direito, e, por 
isso é considerado um fato jurídico.
2.3.2 Classificação dos fatos jurídicos
Os fatos jurídicos podem ser naturais, porque vêm da natureza (ex.: 
nascimento, morte, terremoto, raios etc.), e, assim, independem da vontade 
humana para ocorrerem; ou humanos, que dependem da vontade humana para 
se veriicarem, que também são chamados atos jurídicos. Para o nosso estudo, 
é preciso que entendamos bem o conceito de ato jurídico. Mas antes, vamos 
visualizar de forma esquematizada o que vimos até agora?
FIGURA 29 – FATOS JURÍDICOS
FONTE: A autora
Os atos jurídicos são divididos em lícitos, quando seus efeitos são 
voluntários, e ilícitos, quando os efeitos são involuntários, conforme explica 
Gonçalves (2019, p. 413).
192
UNIDADE 3 — RAMOS ESPECIAIS DO DIREITO: DIREITO DO TRABALHO, DIREITO DO CONSUMIDOR, DIREITO AMBIENTAL E O DIREITO 
PRIVADO
FIGURA 30 – ATOS LÍCITOS E ILÍCITOS
FONTE: Gonçalves (2018, p. 413)
Desta forma, um contrato de compra e venda, que seja irmado dentro do 
que dispõe a lei, será um ato jurídico lícito, pois seu efeito será aquele esperado, 
ou seja, o pagamento do preço resultará na transferência da propriedade. Já um 
acidente de trânsito será um ato ilícito, pois gerará efeitos não pretendidos pelas 
partes envolvidas.
2.3.3 Negócio jurídico
Dentre a classiicação dos atos jurídicos, temos o NEGÓCIO JURÍDICO, 
como você pôde ver do esquema anterior, tendo como característica principal a 
junção da vontade dos agentes (particulares) que produzirá os efeitos pretendidos, 
ou seja, criar, modiicar, transferir ou extinguir direitos. Por isso se diz que o 
contrato é seu símbolo (AMARAL, 2002 apud GONÇALVES, 2019, p. 291).
CONTRATO = NEGÓCIO JURÍDICO
• Requisitos de validade do negócio jurídico
Para que o negócio jurídico seja VÁLIDO, ou seja, para que possa produzir 
os efeitos de criar, modiicar, transferir ou extinguir direitos, é necessário que 
estejam presentes seus requisitos de validade, previstos no Art. 104 do Código Civil:
Você entendeu por que este conceito é tão importante? Porque as transações 
empresariais geralmente envolvem contratos, que são as principais espécies de negócio 
jurídico.
IMPORTA
NTE
TÓPICO 2 — DIREITO CIVIL NOÇÕES E ESTRUTURAS
193
FIGURA 31 – VALIDADE DO NEGÓCIO
FONTE: A autora
Para que o agente seja CAPAZ, é preciso que tenha CAPACIDADE CIVIL, 
que é a aptidão para praticar por si os atos da vida civil. Esta incapacidade pode 
ser absoluta ou relativa, como vimos anteriormente. Em caso de incapacidade 
absoluta do agente (por exemplo, menores de 16 anos) ele será representado e em 
caso de incapacidade relativa (por exemplo, maior de 16 e menor de 18 anos) o 
agente será assistido.
O OBJETO LÍCITO é “o que não atenta contra a lei, a moral ou os bons 
costumes” (GONÇALVES, 2019, p. 311). Assim, como você já viu, os bens públicos 
não podem ser objeto de compra e venda, pois sua alienação não é permitida por lei.
A FORMA é a maneira pela qual o negócio jurídico se exterioriza. Segundo 
o Código Civil, a forma deveser a prescrita (prevista) ou não defesa (proibida) em 
lei. Assim, por exemplo, falando em transações imobiliárias, podemos dizer que a 
compra e venda de um bem imóvel para ser válida DEVE NECESSARIAMENTE 
SER REALIZADA POR ESCRITURA PÚBLICA, e não apenas por contrato, pois 
assim exige o Código Civil.
• Nulidade e anulabilidade do negócio jurídico
Quando faltarem os requisitos legais, o negócio jurídico será NULO, como 
previsto no Art. 166 do Código Civil.
No negócio jurídico, a vontade é o elemento essencial, porque ele nasce da 
conjunção de duas vontades. Por isso, ela deve ser LIVRE, ou seja, não deve haver 
nada que inluencie a manifestação desta vontade. Se assim não for, o negócio jurídico 
será viciado, e será anulável, no prazo de quatro anos (conforme Art. 178, CC).
Poderá também ser ANULÁVEL, em caso de incapacidade relativa do 
agente ou vício de consentimento, também chamado defeito do negócio jurídico 
que se originam da vontade viciada.
São defeitos do ato jurídico os previstos nos artigos 138 ao 165 do Código 
Civil: o erro substancial, o dolo, a coaç̃o, o estado de perigo, a les̃o e a fraude 
contra credores. De uma forma simpliicada, podemos dizer que:
194
UNIDADE 3 — RAMOS ESPECIAIS DO DIREITO: DIREITO DO TRABALHO, DIREITO DO CONSUMIDOR, DIREITO AMBIENTAL E O DIREITO 
PRIVADO
• No erro, a pessoa não tem noção da verdade, e, se soubesse, a manifestação 
da vontade seria diferente.
• No dolo, há o emprego de um artifício para induzir alguém para realizar o 
negócio em benefício próprio ou de terceiro.
• Na coaç̃o, há um fundado temor de dano próximo a acontecer (iminente) à 
pessoa, à família ou aos seus bens.
• Na fraude a credores, o devedor se desfaz de seus bens, de forma maliciosa 
para escapar das dívidas.
• No estado de perigo, icará demonstrado quando alguém se obrigar por uma 
prestação muito onerosa, para salvar a si, pessoa de sua família, ou outro ente 
querido de grave dano conhecido da outra parte.
• Por im, haverá les̃o quando uma pessoa, em razão de necessidade ou 
inexperiência se obriga por uma prestação manifestamente desproporcional ao 
valor da prestação oposta. Por exemplo, quando uma pessoa vende um bem por 
um valor muito inferior ao que ele realmente vale, por diiculdades inanceiras.
Assim, se um negócio jurídico for assinado por um menor de 16 anos, ele 
será nulo e não poderá produzir efeitos. Porém, se uma pessoa maior for coagida 
a assiná-lo, ele será anulável, só não produzindo efeitos depois desta declaração.
2.4 CÓDIGO CIVIL – PARTE ESPECIAL
Agora podemos conhecer os ramos do Direito Civil que compõem a parte 
especial do Código Civil: Direito das Obrigações, Direito da Empresa, Direito das 
Coisas, Direito de Família e Direito das Sucessões. Cada um dos ramos especíicos 
desta parte especial disciplina uma espécie de relação jurídica, como veremos nos 
próximos itens.
2.4.1 Direito das obrigações
O Direito das Obrigações, consiste num complexo de normas que rege 
relações jurídicas de ordem patrimonial, as quais têm por objeto prestações de 
um sujeito em proveito de outro (GONÇALVES, 2018).
Do conceito de Direito das Obrigações que estudamos anteriormente, 
podemos extrair o conceito de obrigação, que, como o próprio nome diz, é uma 
relação jurídica de natureza pessoal (você lembra o conceito de relação jurídica 
pessoal que vimos na Unidade 1?), de natureza patrimonial, em que o credor de 
um lado tem o direito de exigir do devedor, de outro, uma prestação de dar, fazer 
ou não fazer. Diniz (2008, p. 3) fornece como exemplos desta relação o locador, 
que “tem o direito de exigir o preço do aluguel, e o do vendedor, que tem direito 
de exigir do comprador o preço”. Veja a igura:
TÓPICO 2 — DIREITO CIVIL NOÇÕES E ESTRUTURAS
195
FIGURA 32 – TIPOS DE OBRIGAÇÕES
FONTE: A autora
Analisando este conceito, podemos ver que alguém se obriga a uma 
prestação que pode ter três modalidades, que correspondem ao tipo de obrigação: 
obrigação de dar, fazer ou não fazer.
A obrigação de é de dar (entregar) uma coisa quando este é o seu objeto, 
como no contrato de compra e venda. A obrigação de dar pode ser de dar coisa 
certa (especíica, o carro X, o imóvel Y) ou incerta (ex.: a venda de uma safra). Já a 
obrigação de fazer, como a que envolve um contrato de prestação de serviços, e de 
ño fazer, quando as partes se obrigam a deixar de fazer alguma coisa, como, por 
exemplo, quando um vizinho se obriga a não construir um muro. Nas obrigações 
há três elementos: o sujeito ativo e o sujeito passivo e o objeto. O sujeito ativo, 
ou o credor, é aquele que pode exigir a prestação; o sujeito passivo, ou devedor, é 
o que deve cumprir a obrigação; e o objeto, a obrigação de dar, fazer ou não fazer, 
conforme vimos anteriormente.
• Fontes das obrigações
No nosso sistema, as fontes das obrigações são: os contratos e declarações 
unilaterais de vontade (obrigações contratuais) e as que nascem dos atos ilícitos 
(obrigações extracontratuais). Como exemplo desta última, podemos citar a 
indenização a que tem direito a vítima de um acidente de trânsito. 
Conforme Gonçalves (2019a), pode-se dizer, desse modo, que constituem 
fontes das obrigações os fatos jurídicos que dão origem aos vínculos obrigacionais, 
em conformidade com as normas jurídicas, ou melhor, os fatos jurídicos que 
condicionam o aparecimento das obrigações.
196
UNIDADE 3 — RAMOS ESPECIAIS DO DIREITO: DIREITO DO TRABALHO, DIREITO DO CONSUMIDOR, DIREITO AMBIENTAL E O DIREITO 
PRIVADO
FIGURA 33 – FONTES DAS OBRIGAÇÕES
FONTE: Gonçalves (2019a, p. 493)
Segundo Gonçalves (2019a), entende-se que a obrigação resulta da vontade 
do Estado, por intermédio da lei, ou da vontade humana, por meio do contrato, da 
declaração unilateral da vontade ou do ato ilícito. No primeiro caso, a lei atua como 
fonte imediata, direta, da obrigação; nos demais, como fonte mediata ou indireta.
• Espécies de obrigações
Há três espécies de obrigação de fazer, a saber:
FIGURA 34 – ESPÉCIES DE OBRIGAÇÕES
FONTE: Gonçalves (2019a, p. 517)
QUADRO 16 – TIPOS DE OBLIGAÇÃO
Obrigaç̃o de fazer infungível, 
personalíssima ou intuitu personae:
a) Quando for convencionado que o 
devedor cumpra pessoalmente a 
prestação. Neste caso, havendo 
cláusula expressa, o devedor só se 
exonerará se ele próprio cumprir 
a prestação, executando o ato ou 
serviço prometido. Incogitável a 
sua substituição por outra pessoa, 
preposto ou representante.
b) Quando o devedor for contratado em 
razão das suas qualidades proissio-
nais, artísticas ou intelectuais.
Quando for convencionado que 
o devedor cumpra pessoalmente 
a prestação, estaremos diante de 
obrigação infungível. Em duas 
hipóteses a obrigação de fazer é 
infungível, imaterial ou personalíssima 
(intuitu personae, no dizer dos 
romanos).
TÓPICO 2 — DIREITO CIVIL NOÇÕES E ESTRUTURAS
197
Obrigaç̃o de fazer fungível ou 
impessoal
Quando não há tal exigência expressa, 
nem se trata de ato ou serviço cuja 
execução dependa de qualidades 
pessoais do devedor ou dos usos 
e costumes locais, podendo ser 
realizado por terceiro, diz-se que a 
obrigação de fazer é fungível, material 
ou impessoal (CC, Art. 249). Se, por 
exemplo, um pedreiro é contratado 
para construir um muro ou consertar 
uma calçada, a obrigação assumida é 
de caráter material, podendo o credor 
providenciar a sua execução por 
terceiro, caso o devedor não a cumpra.
Obrigaç̃o de fazer consistente em 
emitir declaraç̃o de vontade
A obrigação de fazer pode derivar, 
ainda, de um contrato preliminar 
(pacto de contrahendo) e consistir 
em emitir declaração de vontade, por 
exemplo, outorgar escritura dei¬ 
nitiva em cumprimento a compromisso 
de compra e venda ou endossar o 
certiicado de propriedade de veículo. 
Essa modalidade é disciplinada no Art. 
501 do Código de Processo Civil.
FONTE: Adaptado de Gonçalves (2019a, p. 527-518)
A obrigação será alternativa quando o devedor puder escolher entre 
cumprir uma obrigação ou outra. Por exemplo, poderá o devedor escolher entre 
entregarum carro OU o seu equivalente em dinheiro.
A obrigação será cumulativa quando o devedor necessitar cumprir todas 
as obrigações para que se libere. Exemplo: o devedor deverá construir e pintar um 
muro. Divisível será a obrigação que pode ser dividida entre os credores ou devedores. 
Por exemplo, a dívida é de R$ 1.500,00, e cada um dos devedores ica responsável pelo 
pagamento de R$ 500,00. Será indivisível quando essa divisão não for possível. Exemplo: 
dois devedores se obrigam a entregar uma casa ao credor. A obrigação será personalíssima, 
quando o cumprimento da obrigação só possa ser executado pelo próprio devedor, de 
forma exclusiva e pessoal. Exemplo clássico deste tipo de obrigação é o pintor famoso 
contratado para pintar um quadro.
UNI
198
UNIDADE 3 — RAMOS ESPECIAIS DO DIREITO: DIREITO DO TRABALHO, DIREITO DO CONSUMIDOR, DIREITO AMBIENTAL E O DIREITO 
PRIVADO
• Transmiss̃o das obrigações
As obrigações podem ser cedidas para outra pessoa que não o devedor 
ou o credor? Podem sim, através das iguras jurídicas que estudaremos a seguir: 
Cessão de Crédito e Assunção de Dívida.
A Cessão de Crédito “é negócio jurídico bilateral, pelo qual o credor 
transfere a outrem seus direitos na relação obrigacional” (GONÇALVES, 2019a, 
p. 597). Esta transferência que parte do credor pode ou não envolver o pagamento 
de valores (onerosa), ou ser gratuita. Quem transfere se chama Cedente, e aquele 
que recebe o crédito se chama Cessionário. Já a Assunção de Dívida ocorre quando 
uma terceira pessoa, com a concordância do credor (por escrito) assume o lugar 
do antigo devedor, que ica então livre da dívida. Neste sentido Gonçalves (2019a, 
p. 605) entende:
Segundo a doutrina, é um negócio jurídico bilateral, pelo qual o devedor, 
com anuência expressa do credor, transfere a um terceiro, que o substitui, 
os encargos obrigacionais, de modo que este assume sua posição na 
relação obrigacional, respon-sabilizando-se pela dívida, que subsiste com 
os seus acessórios20 . Ocorre frequen¬ temente, por exemplo, na venda do 
fundo de comércio, em que o adquirente declara assumir o passivo, e na 
cessão de inanciamento para aquisição da casa própria.
• Cumprimento ou pagamento da obrigaç̃o
O cumprimento da obrigação é o ato que libera o devedor. Assim:
Pagamento do credor satisfação da obrigação liberação do devedor 
 extinção da obrigação.
Mas, para que o cumprimento ou pagamento da obrigação seja efetivo, 
temos que observar:
• Quem deve pagar o próprio devedor, outra pessoa por ele, a não ser 
que a obrigação seja personalíssima (que só pode ser cumprida pelo próprio 
devedor), por exemplo, a obrigação de pintar um quadro.
• A Quem se deve pagar a obrigação, como regra geral, deve ser paga ao 
próprio credor, ou pessoa por ele autorizada, para ter eicácia.
• A prova do pagamento ao pagar, o devedor deverá exigir o recibo, que é 
seu direito e a única prova do pagamento, pois este não se presume.
• Local do pagamento a obrigação como regra geral, deve ser paga no local 
em que for convencionado. Na omissão, deverá ser cumprida no domicílio do 
devedor. Se a prestação for a entrega do imóvel ou prestação relativa a este, o 
local do pagamento será o da localização do bem.
• Data do pagamento o pagamento deverá ser realizado na data 
convencionada, e se assim não acontecer, icará o devedor sujeito aos encargos 
do não pagamento. Se não houver data convencionada, considera-se que o 
pagamento deve ser feito à vista.
TÓPICO 2 — DIREITO CIVIL NOÇÕES E ESTRUTURAS
199
• Descumprimento da obrigaç̃o
Pode acontecer de o devedor não cumprir a obrigação na data combinada. 
Então, diremos que o devedor é inadimplente, porém este não cumprimento 
sujeitará o devedor a algumas consequências, que vamos conhecer agora.
A primeira consequência é a mora, que é o atraso ou o retardamento do 
pagamento. A mora tanto pode ser do devedor (que não paga) ou do credor (que 
se recusa a receber). O devedor poderá icar assim sujeito ao pagamento de multa, 
juros, ou outros encargos previstos no contrato.
As perdas e danos se referem àquilo que o devedor perdeu (danos 
emergentes) e o que deixou de ganhar (lucros cessantes), em razão do 
descumprimento da obrigação. 
Outra consequência é o pagamento de juros moratórios, que só podem ser 
estipulados no máximo em 12% ao ano, conforme o Código Civil.
A cláusula penal, por sua vez, será aplicada quando houver 
descumprimento da obrigação, a exemplo do que acontece nos aluguéis quando o 
locador ou locatário quiser terminar antecipadamente o contrato, icando sujeito 
ao pagamento de três meses de aluguel.
Por im, temos as arras ou sinal de negócio. As arras são uma quantia que 
o comprador paga ao vendedor para garantir o negócio (arras compensatórias), 
ou como compensação pelo arrependimento (arras penitenciais). Conforme o 
Código Civil, quando o comprador desistir do negócio, perderá os valores das 
arras em favor do vendedor. Quando for o vendedor o desistente, este deve 
devolver o que recebeu em dobro.
• Obrigações contratuais
As obrigações contratuais são aquelas que se originam de um contrato, 
que é uma espécie de negócio jurídico (como vimos anteriormente), pois cria, 
modiica, conserva ou extingue direitos.
As partes contratantes têm plena liberdade de contratar, que é o princípio 
conhecido como autonomia da vontade.
Pode haver, ainda, o perdão da dívida, que se chama remissão.
ATENCA
O
200
UNIDADE 3 — RAMOS ESPECIAIS DO DIREITO: DIREITO DO TRABALHO, DIREITO DO CONSUMIDOR, DIREITO AMBIENTAL E O DIREITO 
PRIVADO
Porém, costuma-se dizer que o Código Civil limitou este princípio quando 
exige que, quando as partes irmarem um contrato, será necessário haver a boa-
fé objetiva (Art. 422 do Código Civil), que signiica que a parte deverá pensar e 
agir com probidade e honestidade. Também limitam a liberdade de contratar e a 
função social do contrato (Art. 421 do Código Civil).
Podemos citar como exemplos de contratos que você poderá utilizar em 
sua atividade proissional: o comodato (empréstimo gratuito de bem infungível), 
a locação (cessão de uso mediante remuneração), o mútuo (empréstimo de bem 
fungível), mandato (concessão de poderes de representação através de uma 
procuração), entre outros.
2.4.2 Direito empresarial
O Código Civil de 2002 revogou a primeira parte do Código Comercial 
(Lei nº 566/1850), passando então a regular vários institutos que eram do Direito 
Comercial, segundo Requião (2006). Por isso, alguns autores entendem que não 
há mais porque se distinguir o Direito Comercial, que passou a se denominar 
Direito Empresarial.
Como dito, o atual Código Civil brasileiro de 2002 teve inspiração no 
Código Civil Italiano, trazendo tanto a base legislativa do direito civil quanto 
empresarial. No entanto, o direito empresarial possui sua autonomia, com 
princípios próprios. Representa a atividade proissional em que a empresa se 
constitui como principal objeto na construção da economia. A evolução da teoria 
da empresa e do direito empresarial no Brasil trouxe um dinamismo e uma maior 
importância nesta atividade econômica. Assim, convencionou-se que todos 
aqueles que através de sociedades se organizam economicamente são chamados 
de sociedades empresárias (ao contrário das sociedades cooperativas, que são 
sociedades simples).
Os requisitos referentes à empresa como atividade econômica organizada, 
segundo Sanchez (2017), são:
• Proissionalidade: exercício habitual e frequente da atividade empresarial 
praticada em nome próprio, direta ou indiretamente pelo empresário 
(individual ou organização societária), respondendo por seus atos. Essa 
responsabilidade é tratada pela doutrina por pessoalidade.
• Atividade econômica: dinâmica que visa o lucro através da produção, 
prestação e comércio de bens e serviços.
• Organizaç̃o: trata-se da junção de dois importantes elementos: mão de obra 
e capital. Trata-se do principal elemento que caracteriza a empresa, sendo seu 
caráter organizacional necessário para articularo capital, os trabalhadores e a 
matéria-prima gerando eiciência produtiva e lucro.
TÓPICO 2 — DIREITO CIVIL NOÇÕES E ESTRUTURAS
201
FIGURA 35 – CARACTERÍSTICAS DE EMPRESA
FONTE: Abram e Dorow (2009, p. 118)
Prezado acad̂mico, diante da importância que o Direito Empresarial 
representa em sua futura atividade, seus conteúdos serão estudados em uma disciplina 
especíica chamada Direito Empresarial e Direito Tributário, que voĉ cursará mais adiante.
ESTUDOS
 FUTUR
OS
2.4.3 Direito das coisas
O Direito das coisas, por sua vez, disciplina a relação que “regular o poder 
dos homens, no aspecto jurídico, sobre os bens e os modos de sua utilização 
econômica” (GONÇALVES, 2019a, p. 357). Para nosso estudo, será suiciente 
conhecermos seus principais institutos. Iniciaremos pela posse e propriedade que 
são direitos reais.
O direito real é o direito que uma pessoa exerce sobre uma coisa, tendo 
o direito de buscar (através de uma ação judicial) esta coisa das mãos de quem 
quer que se encontre. A este poder chama-se “direito de sequela”, que cria um 
vínculo jurídico entre a pessoa e o bem e permite, por exemplo, que a pessoa entre 
na justiça para pedir uma reintegração de posse de suas terras invadidas. Além 
disso, tem efeito erga omnes, o que signiica dizer que, estando devidamente 
registrado no Registro de Imóveis, tem validade contra todos, sem que se possa 
alegar desconhecimento da titularidade deste direito.
Existem os direitos reais sobre as coisas próprias, como a propriedade e os 
direitos reais sobre as coisas alheias, tais como a hipoteca, o usufruto e o penhor. 
Iniciaremos pelo estudo da propriedade, principal objeto do Direito das Coisas.
202
UNIDADE 3 — RAMOS ESPECIAIS DO DIREITO: DIREITO DO TRABALHO, DIREITO DO CONSUMIDOR, DIREITO AMBIENTAL E O DIREITO 
PRIVADO
2.4.3.1 Propriedade
Segundo o Art. 1.228 do Código Civil, a propriedade ou domínio é o 
direito que seu titular possui de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-
la de quem injustamente a possua ou detenha. É garantido pela Constituição 
Federal, em seu Art. 5º, XXII da Carta Magna, que, porém, diz que a propriedade 
deve atender sua função social. Esta limitação também está expressa no parágrafo 
primeiro do referido Art. 1228 do Código Civil.
• Classiicação da propriedade
Diz-se que a propriedade é plena quando todos estes direitos podem ser 
realizados pelo proprietário, sendo assim considerada até que se prove o contrário, 
conforme Art. 1.231 do Código Civil. A propriedade será limitada, quando sobre 
ela recair um direito real (ex.: hipoteca), ou for resolúvel, quando tem prazo certo 
para se extinguir. E como se adquire a propriedade imóvel?
• Formas de aquisiç̃o da propriedade
São várias as formas de se adquirir a propriedade: registro do título, 
usucapião e acessão. Vejamos cada um deles.
A forma mais comum de aquisição da propriedade é o registro do título 
(Art. 1.245 do CC) que transfere a propriedade do bem imóvel.
O título a que a lei se refere é a escritura pública, uma vez que, em se 
tratando de bens imóveis é obrigatório que esta seja lavrada em um cartório que 
se chama tabelionato. É importante lembrar que “sobre a propriedade o mais 
importante é sabermos identiicar quem realmente é o proprietário do bem” 
(RAPOSO; HEINE, 2004, p. 84). E acrescentam:
No caso de bens imóveis, só é proprietário aquele que igura como tal no 
Registro de Imóveis.
Você já ouviu dizer que quem não registra não é dono? Quer saber o que é 
este título e este registro? É o que vamos ver em seguida.
UNI
TÓPICO 2 — DIREITO CIVIL NOÇÕES E ESTRUTURAS
203
Você viu que para ser proprietário de um bem imóvel não basta ter um 
contrato ou uma escritura. É preciso que esta escritura esteja registrada no Registro de 
Imóveis. Assim, se um imóvel for vendido duas vezes, será considerado proprietário aquele 
que primeiro registrar a escritura.
ATENCA
O
O Registro de Imóveis é o cartório responsável por manter um cadastro, 
chamado “matrícula”, de todos os imóveis existentes na cidade. Na matrícula, 
consta um número, todos os dados do imóvel e o “histórico” de seus proprietários, 
ônus reais etc. É como se fosse uma “carteira de identidade” do imóvel. Nas 
cidades maiores, os registros de imóveis são geralmente divididos em regiões que 
se chamam “ofícios”. Assim, dependendo do endereço do imóvel, ele pertencerá 
ao 1º, ou 2º Ofício, e assim por diante.
Outra forma de aquisição da propriedade é a usucapião, que é o direito 
de propriedade que o possuidor da coisa que a possui como sua (animus domini), 
sem que haja oposição de ninguém durante um certo prazo de tempo, passa a ter. 
Este direito deve ser reconhecido em sentença judicial, que servirá como título 
de transferência da propriedade no Registro de Imóveis, porém, o pedido deve 
obedecer a alguns requisitos legais, que variam de acordo com o prazo de ocupação, 
o tipo de área e a existência de justo título, ou seja, de um documento (ex.: contrato 
de compra e venda) que comprove a posse nos termos exigidos pelo Código Civil.
Não entraremos aqui nas espécies de usucapião, por não ser objeto 
especíico de nosso estudo, mas é importante que se deixe claro que o possuidor 
pode somar a sua posse a do seu antecessor, desde que seja de boa-fé e que os 
bens públicos não podem ser objeto de usucapião.
Enim, adquire-se a propriedade pela acessão, que quer dizer “agregar, 
unir. Logo, aquisição por acessão signiica tudo aquilo que é acrescido ao imóvel, 
que pode se dar de forma natural ou artiicial” (RAPOSO; HEINE, 2004, p. 87). De 
forma resumida, os mesmos autores esclarecem que:
o A acess̃o ocorre de forma natural, quando há a formação de ilhas, pela 
aluvião (acréscimos sucessivos e imperceptíveis nas margens ou na foz 
de rios, de materiais trazidos pelas correntes), pela avulsão (acréscimo 
de porção de terra arrancada por força natural violenta) ou pelo álveo 
abandonado (leito de rio que secou). A acessão de forma artiicial são as 
construções e as plantações que, segundo o Art. 1.253 do CC, presumem-
se feitas pelo proprietário às suas custas.
Já vimos como se adquire a propriedade. E como se perde a propriedade? 
Quanto à perda da propriedade, podemos dizer que os meios previstos no Código 
Civil são:
204
UNIDADE 3 — RAMOS ESPECIAIS DO DIREITO: DIREITO DO TRABALHO, DIREITO DO CONSUMIDOR, DIREITO AMBIENTAL E O DIREITO 
PRIVADO
o Alienação transferência voluntária da propriedade (ex.: a compra e a 
venda, a doação etc.).
o Renúncia desistência do direito de propriedade sobre o imóvel.
o Abandono do imóvel.
o Perecimento da coisa.
o Desapropriação quando o imóvel for de necessidade pública ou 
utilidade pública, hipótese em que a Constituição Federal garante a justa 
e prévia indenização.
Para a defesa da propriedade, o titular deverá entrar em juízo com uma 
ação reivindicatória.
• Posse
Segundo Gonçalves (2019a), a posse distingue-se da propriedade, mas o 
possuidor encontra-se em uma situação de fato, aparentando ser o proprietário. 
Posse é conduta de dono. Sempre que haja o exercício dos poderes de fato, 
inerentes à propriedade, existe a posse (GONÇALVES, 2019a).
O Código Civil considera, em seu Art. 1196, como possuidor aquele que 
tem de fato ou não algum dos poderes relativos à propriedade. O locatário pode 
ser citado como exemplo de possuidor. Ele tem o poder de usar da coisa, e de 
buscá-la de alguém que injustamente a possua.
A posse pode ser classiicada de diversas formas:
FIGURA 36 – POSSE
FONTE: A autora
Vamos ver os conceitos separadamente?
o Direta ou indireta: a posse direta é aquela exercida efetivamente sobre o 
bem. Para entender seu conceito, podemos retomar o exemplo da locação. 
O proprietário transfere ao locador a posse direta. Porém, não perde sua 
posse, mas a exerce de forma indireta, o que lhe possibilita defender sua 
posse em juízo.
TÓPICO 2 — DIREITO CIVIL NOÇÕES E ESTRUTURAS
205
o Justa ou injusta (violenta, clandestina ou precária): a posse justa é aquela que 
é amparadaem um fato legal, de acordo com a lei, tais como a decorrente 
de um contrato, a ocupação de um imóvel como dono sem contestação (que 
depois pode originar o direito à usucapião, como vimos anteriormente) 
etc. Diz-se que não contém vícios. A posse justa dá direito ao possuidor de 
receber os frutos e o recebimento de uma indenização, caso venha a perder 
judicialmente esta posse. A posse injusta, ao contrário, tem como fato gerador 
um ato violento (ex.: invasão), clandestino (tomada da posse com utilização 
de artifícios) ou ainda a posse precária, que decorre da não devolução por 
uma pessoa que recebe o bem temporariamente. Um exemplo que pode 
ser citado é o do contrato de comodato, contrato imobiliário em que se 
empresta um bem infungível gratuitamente. Findo o prazo do contrato, o 
comodatário se recusa a devolver o bem. Sua posse, que era justa (porque 
amparada no contrato), torna-se injusta, porque viciada pela precariedade. 
A posse injusta não pode se transformar em justa.
o De boa-fé e de má-fé: o possuidor de boa-fé é aquele que “tem a posse 
com a plena ccconvicção de ser legítima, desconhecendo eventual vício na 
aquisição, ao contrário da de má-fé, onde o possuidor sabe que a posse é 
viciada. [...] Ele sabe que o bem não lhe pertence e mesmo assim o detém” 
(RAPOSO; HEINE, 2004, p. 83).
o Posse nova e posse velha: diz-se posse nova aquela que é exercida pelo 
possuidor há menos de um ano e um dia, enquanto a posse velha é 
exercida há mais de um ano e um dia. Esta diferenciação é importante 
para a determinação do tipo de ação judicial que deverá ser ajuizada para 
a defesa da posse.
A posse pode ser esbulhada ou turbada. Quando o possuidor perde a 
posse, diz-se que ocorreu esbulho possessório. Já quando não há perda da posse, 
mas apenas uma “perturbação”, diz-se que ocorreu turbação.
Para ilustrar esta diferença, vamos pensar no seguinte exemplo: dois 
terrenos vizinhos. O dono de um deles, entendendo que a cerca divisória está 
errada e que sua área é maior, sem ter razão, derruba a cerca. Praticou um 
ato de turbação da posse. Já se, neste mesmo caso, ele mudar a cerca de lugar, 
“invadindo” o terreno do vizinho, ele praticará nítido ato de esbulho. Também 
a lei admite a possibilidade de o possuidor evitar a ocorrência de ato de esbulho 
ou turbação, por exemplo, evitando uma invasão, através de uma ação chamada 
interdito proibitório.
Para defender judicialmente a sua posse, o possuidor pode ajuizar as 
seguintes ações, dependendo do ato praticado:
o Reintegração de posse quando houver perda da posse.
o Manutenção de posse quando houver turbação da posse.
o Interdito proibitório para evitar que haja a turbação ou o esbulho.
206
UNIDADE 3 — RAMOS ESPECIAIS DO DIREITO: DIREITO DO TRABALHO, DIREITO DO CONSUMIDOR, DIREITO AMBIENTAL E O DIREITO 
PRIVADO
• Direitos reais sobre as coisas alheias
Como já dissemos, o direito real é aquele que a pessoa exerce sobre a coisa. 
Já vimos também que este direito real pode ser exercido sobre coisa própria, como 
ocorre com a propriedade. Contudo, este direito real também pode ser exercido 
sobre uma coisa de outra pessoa, ou seja, sobre coisa alheia.
Estes direitos podem recair sobre coisas móveis, como, por exemplo, o 
penhor ou sobre imóveis, a exemplo da hipoteca. Os direitos reais sobre as coisas 
alheias serão apresentados a seguir.
• Coisas alheias de gozo e fruiç̃o
Os direitos reais sobre coisas alheias de gozo e fruição são os que se 
referem à utilização da coisa alheia, sendo que são os seguintes que recaem sobre 
imóveis: superfície, servidão, usufruto, uso, e habitação.
O direito de superfície é o previsto no Art. 1.369 do Código Civil e é aquele 
em que o proprietário concede a outra pessoa o direito de construir ou plantar em 
seu terreno, por prazo determinado. Esta concessão pode ser gratuita ou não. Aquele 
que recebe o imóvel tem nome de supericiário e icará responsável pelo pagamento 
dos tributos relativos ao imóvel. Ao inal, a construção ou plantação icará para o 
proprietário, a não ser que haja um contrato estipulando uma indenização.
Já o direito de servidão consiste “na utilização do imóvel serviente por 
parte do imóvel dominante” (RAPOSO; HEINE, 2004, p. 91). A servidão mais 
conhecida é a servidão de passagem, ou passagem forçada, em que parte de um 
terreno (imóvel serviente) serve de passagem para um outro (dominante). A 
servidão pode ser estabelecida por contrato, testamento ou decisão judicial e o 
proprietário do imóvel serviente é obrigado a respeitá-la.
O usufruto, como o próprio nome diz, é o direito de “usar” e “fruir” da 
coisa. O proprietário, que passa a ser conhecido por “nu-proprietário”, transfere 
estes direitos ao “usufrutuário”. Utiliza-se muito o usufruto em nosso país 
em processos de separação e quando se realiza partilha em vida, para evitar o 
processo de inventário. Pelo usufruto, os pais passam a propriedade dos imóveis 
para os ilhos, icando-lhes reservado o usufruto. Como podem usar e fruir, 
podem morar no bem ou até mesmo alugá-lo, porque o aluguel é uma espécie 
de fruto, como vimos anteriormente. O nu-proprietário até pode vender o bem, 
mas este ônus real vai acompanhá-lo e o novo proprietário terá que aguardar a 
extinção deste direito real, pela morte do usufrutuário ou concordância deste em 
extinguir o usufruto.
Semelhante ao usufruto, há o direito de uso, com a diferença que, no 
uso, a pessoa usará a coisa e perceberá seus frutos de acordo com a necessidade 
de sua família. O Código Civil determina que se aplique ao uso, aquilo que for 
compatível às regras do usufruto.
TÓPICO 2 — DIREITO CIVIL NOÇÕES E ESTRUTURAS
207
Por im, o direito de habitação é o de utilizar o imóvel para moradia, de 
forma gratuita, a exemplo do que ocorre no caso de falecimento de um dos cônjuges. 
Também se aplica a este direito real as disposições legais relativas ao usufruto.
• Coisas alheias de aquisiç̃o
Como direito real sobre coisa alheia de aquisição, temos o Direito 
de Promitente Comprador do Imóvel, previsto no Código Civil e também a 
promessa de cessão de direitos, relativos a imóveis não loteados, sem cláusula 
de arrependimento e com imissão de posse, inscrito no registro de imóveis – 
Lei nº 4.380/64 e Art. 167, I, 9 (RAPOSO; HEINE 2004, p. 99). São chamados de 
direitos reais sobre coisa alheia de aquisição, porque permitem ao comprador a 
possibilidade de exigir a concessão da escritura pública que transfere o direito 
de propriedade, sem que o vendedor possa “voltar atrás”. A Promessa de Venda 
ou Cessão de Unidades Condominiais (Lei nº 4591/64) e Propriedade Fiduciária 
de Imóveis também são apontados como direitos reais sobre coisas alheias 
(RAPOSO; HEINE, 2004, p. 100).
• Coisas alheias de garantia
Por im, os direitos reais de garantia. Por este direito, o bem ica vinculado 
ao cumprimento de uma obrigação, por exemplo, uma dívida, mas desde que 
estejam presentes todos os requisitos exigidos pela lei, especiicamente nos Arts. 
1.419 e seguintes do Código Civil. Porém, o credor não poderá icar com o bem se 
a dívida não for paga, porque o artigo 1.428 do Código Civil proíbe esta prática. 
O bem será vendido e o dinheiro entregue ao credor.
São direitos reais de garantia: o penhor, a hipoteca e a anticrese. O penhor 
tem por objeto bens móveis.
O penhor, segundo o Art. 1431 do CC, constitui-se quando uma pessoa 
transfere a posse de um bem móvel para o credor de uma dívida. 
Agora que você já conhece os direitos reais sobre coisas alheias de uso e 
gozo, vamos partir para os direitos de aquisição.
ESTUDOS
 FUTUR
OS
208
UNIDADE 3 — RAMOS ESPECIAIS DO DIREITO: DIREITO DO TRABALHO, DIREITO DO CONSUMIDOR, DIREITO AMBIENTAL E O DIREITO 
PRIVADO
Na hipoteca, o devedor permanece na posse do imóvel e somente o perderá 
se não cumprir a obrigação. Quando tiver por objeto bem imóvel (o Art. 147 do 
CC traz uma lista de bens e direitos que podem ser objeto de hipoteca, além dos 
imóveis, tais como as estradas de ferro, os navios e as aeronaves),que é o tema 
do nosso estudo, a hipoteca abrange também seus acessórios. É importante dizer 
que, para efeito de hipoteca, os navios e as aeronaves são considerados imóveis, 
podendo assim haver uma hipoteca sobre estes bens.
No direito real de anticrese, o devedor ou outra pessoa em seu nome 
entrega ao credor um bem de sua propriedade para que este receba os frutos em 
pagamento da dívida e dos juros.
Cuidado para não confundir PENHOR e PENHORA. A penhora é a garantia 
dada em um processo judicial. Por isso, quando estiver falando sobre penhor, deve-se dizer 
que as joias foram EMPENHADAS (e não penhoradas, como se ouve frequentemente).
ATENCA
O
Outro importante instituto do direito das coisas é o direito de construir.
O direito de construir está previsto no Art. 1299 do Código Civil:
O proprietário pode levantar em seu terreno as construções que lhe 
aprouver, salvo o direito dos vizinhos e os regulamentos administrativos.
Ou seja, podemos airmar que o direito de construir e plantar é livre, 
porém não é pleno, pois sofre limitações previstas nos Arts. 1.300 a 1.312 do 
Código Civil. Dentre as limitações ao direito de construir estão:
o não despejar água no terreno vizinho;
o não abrir janelas ou construir terraços a menos de um metro e meio do 
terreno vizinho; respeitar, na zona rural, a distância mínima de três metros 
entre as construções;
Lembre-se de que os direitos reais sobre coisas alheias devem ser registrados no 
Registro de Imóveis do local onde se localiza o imóvel, para terem eicácia erga omnes (contra 
todos). Este registro seguirá a ordem em que são apresentadas, fazendo-se a prenotação.
IMPORTA
NTE
o
TÓPICO 2 — DIREITO CIVIL NOÇÕES E ESTRUTURAS
209
o não construir na parede coninante fornos, fogões, chaminés ou quaisquer 
outras construções que possam causar iniltrações ou interferências no 
terreno vizinho;
o cumprir outras disposições relativas ao terreno coninante (Arts. 1.305, 
1.306 etc.);
o não efetivar construções que possam poluir ou tirar poço ou nascente de 
outrem;
o não realizar obras ou escavações que possam comprometer a segurança 
do terreno vizinho.
Assim, o direito do proprietário construir é sempre limitado, podendo o 
proprietário ou possuidor ingressar na justiça para fazer cessar este uso anormal 
da propriedade. Neste caso, segundo o Código Civil (Art. 1.312), o proprietário 
poderá exigir, além da demolição da construção, a reparação dos danos causados.
Além das hipóteses referentes ao uso nocivo da propriedade, o direito de 
vizinhança trata ainda:
o Das árvores limítrofes, que são as que icam na linha divisória entre 
dois terrenos. Se o tronco estiver na linha divisória, esta será considerada 
como propriedade comum entre os vizinhos. Se houver invas̃o de 
raízes e galhos no terreno, poderão ser cortados até a linha divisória pelo 
proprietário do terreno invadido.
o Os frutos caídos serão de propriedade do proprietário do terreno onde 
caírem; da passagem forçada, permitindo ao vizinho que tenha acesso à via 
pública, mediante indenização; da obrigação do proprietário de permitir a 
passagem de tubos e tubulações de utilidade pública, mediante indenização; 
da passagem das águas e do direito de tapagem, tais como cercar, murar, 
valar ou tapar de qualquer modo o seu prédio urbano e rural.
2.4.4 Direito de família
O Direito de Família, segundo Gonçalves (2019b, p. 321), é “de todos os 
ramos do direito, o mais intimamente ligado à própria vida, uma vez que, de 
modo geral, as pessoas provêm de um organismo familiar e a ele conservam-se 
vinculadas durante a sua existência, mesmo que venham a constituir nova família 
pelo casamento ou pela união estável”.
Para Gonçalves (2019b), a palavra família abrange todas as pessoas ligadas 
por vínculo de sangue e que procedem, portanto, de um tronco ancestral comum, 
bem como as unidas pela ainidade e pela adoção. Compreende os cônjuges e 
companheiros, os parentes e os ains.
Dentre os institutos do Direito de Família, destacamos: o casamento e 
seus regimes de bens, iliação, união estável, tutela e curatela. Entendemos ser 
importante para nossa disciplina o estudo dos regimes de bens no casamento.
210
UNIDADE 3 — RAMOS ESPECIAIS DO DIREITO: DIREITO DO TRABALHO, DIREITO DO CONSUMIDOR, DIREITO AMBIENTAL E O DIREITO 
PRIVADO
• Regime de bens no casamento
Não há uma denominação especíica, na doutrina, a respeito da natureza 
jurídica do casamento. Segundo Gonçalves (2019b, p. 334) entende que:
A concepção clássica, também chamada individualista ou 
contratualista, acolhida pelo Código de Napoleão e que loresceu 
no século XIX, considerava o casamento civil, indiscutivelmente, 
um contrato, cuja validade e eicácia decorreriam exclusivamente da 
vontade das partes. Tal concepção representava uma reação à ideia 
de caráter religioso que vislumbrava no casamento um sacramento. 
Segundo os seus adeptos, aplicavam-se aos casamentos as regras 
comuns a todos os contratos.
Dentre as diversas inovações trazidas pelo Código Civil de 2002 destacam-
se as seguintes:
QUADRO 17 – ATUALIDADES DA LEGISLAÇÃO 
Gratuidade da celebração do casamento e, com relação à pessoa cuja pobreza for 
declarada sob as penas da lei, também da habilitação, do registro e da primeira 
certidão (Art. 1.512).
Regulamentação e facilitação do registro civil do casamento religioso (Art. 1.516).
Redução da capacidade do homem para casar para dezesseis anos (Art. 1.517).
Previsão somente dos impedimentos ou dirimentes absolutos, reduzindo-se o 
rol (Art. 1.521).
Tratamento das hipóteses de impedimentos relativamente dirimentes do Código 
Civil de 1916 não mais como impedimentos, mas como casos de invalidade 
relativa do casamento (Art. 1.550).
Substituição dos antigos impedimentos impedientes ou meramente proibitivos 
pelas causas suspensivas (Art. 1.523).
Exigência de homologação da habilitação para o casamento pelo juiz (Art. 1.526), 
limitada, posteriormente, pela Lei n. 12.133, de 17-12-2009, aos casos em que tenha 
havido impugnação do oicial, do Ministério Público ou de terceiros. Casamento 
por procuração mediante instrumento público, com validade restrita a noventa dias.
Consolidação da igualdade dos cônjuges, aos quais compete a direção da sociedade 
conjugal, com o desaparecimento da igura do chefe de família (Arts. 1.565 e 1.567).
Oicialização do termo sobrenome e possibilidade de adoção do utilizado pelo 
outro por qualquer dos nubentes (Art. 1.565, § 1º).
FONTE: Gonçalves (2019b, p. 336)
O regime de bens escolhidos no casamento trará as normas que vigorarão 
no que diz respeito à comunicabilidade ou não dos bens em caso de separação ou 
morte. O regime legal é o da comunhão parcial de bens, o que signiica dizer que 
no silêncio das partes este será o regime de bens a ser observado. 
TÓPICO 2 — DIREITO CIVIL NOÇÕES E ESTRUTURAS
211
Neste sentido Gonçalves (2020, p. 441), entende:
Regime de bens é o conjunto de regras que disciplina as relações eco-
nômicas dos cônjuges, quer entre si, quer no tocante a terceiros, durante 
o casamento. Regula especialmente o domínio e a administração de 
ambos ou de cada um sobre os bens anteriores e os adquiridos na 
constância da união conjugal.
Segundo Gonçalves (2020), a legislação à disposição dos noivos não 
apenas um modelo de regime de bens, mas quatro. Como o regime dotal previsto 
no diploma de 1916 não vingou, assumiu a sua vaga, no novo Código, o regime 
de participação inal nos aquestos (Arts. 1.672 a 1.686), sendo mantidos os de 
comunhão parcial, comunhão universal e separação convencional ou legal. 
Segundo Hironaka (2003), resumidamente, são os seguintes os regimes de bens 
previstos no Código Civil:
CASAMENTO E REGIME DE BENS
Giselda Maria Fernandes Novaes Hironaka
[...]
Do regime de comunh̃o parcial.
Como já se disse, este é o regime oicial de bens, no casamento, 
selecionado, pois, pelo legislador pátrio, desde a promulgação da Lei do 
Divórcio, em 1977, pelo qual comunicar--se-ão apenas os bens adquiridos na 
constância do casamento,e revelando, por isso mesmo, um acervo de bens que 
pertencerão exclusivamente ao marido, ou exclusivamente à mulher, ou que 
pertencerão a ambos.
Com a dissolução da conjugalidade, restará comunicável, então – e 
por isso passível de partilha entre os cônjuges que se afastam – o acervo dos 
bens comuns, icando excluídos, dessa partilha, os bens ressalvados pelos Arts. 
1659 e 1661 do novo Código Civil, dispositivos esses que repetem as mesmas 
exclusões já anteriormente previstas pelos Arts. 269 e 272 do Código Civil de 
1916. Excluídos estavam, e permanecem, então, os bens que cada cônjuge já 
possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do matrimônio por 
doação, sucessão ou sub-rogados em seu lugar (Art. 269, inciso I, CC/1916 e 
1659, inciso I, CC/2003). 
[...]
Do regime de comunh̃o universal.
Este regime foi aquele que, entre nós, e até o advento da Lei do Divórcio, 
posicionou--se como o regime legal, casando-se sob sua regulamentação a 
esmagadora maioria de brasileiros, até 1977.
212
UNIDADE 3 — RAMOS ESPECIAIS DO DIREITO: DIREITO DO TRABALHO, DIREITO DO CONSUMIDOR, DIREITO AMBIENTAL E O DIREITO 
PRIVADO
Conforme suas regras, comunicam-se entre os cônjuges todos os 
seus bens presentes e futuros, além de suas dívidas passivas, ocorrendo um 
enorme amálgama entre os bens trazidos para o casamento pela mulher e pelo 
homem, bem como aqueles que serão adquiridos depois, formando um único 
e indivisível acervo comum, passando, cada um dos cônjuges, a ter o direito à 
metade ideal do patrimônio comum e das dívidas comuns.
No novo Código Civil, o regime da comunhão universal de bens, o 
regime da uniicação patrimonial mais completa, encontra-se disciplinado 
entre os Arts. 1667 a 1671.
Do regime de separaç̃o de bens
Relativamente a este regime de bens, isto é, o regime que visa promover 
a completa separação patrimonial do acervo de bens pertencente a cada um dos 
cônjuges [...]. Antes de encerrar a análise deste regime de bens do casamento, 
o regime da separação total, não devo esquecer de mencionar que ele pode ser 
adotado, pelos nubentes, como fruto da eleição ou escolha, convencionando-o 
por meio de pacto antenupcial. Se assim for, o regime em pauta vai se desvendar 
como um excelente regime patrimonial, no casamento, tendo em vista que ele 
representa exatamente o contrário disso, quer dizer, ele é a total ausência de 
regime patrimonial, mantendo bem separados e distintos os patrimônios do 
marido e da mulher.
Do regime de participação inal nos aquestos
Cria, o legislador civil nacional, outro regime de bens, que vem ocupar 
o lugar deixado pelo regime dotal, sem que, no entanto, guarde relativamente 
a este qualquer semelhança. Ocupa o lugar, não as características. Ao contrário, 
o regime da participação inal nos aquestos guarda semelhanças e adquire 
características próprias a dois outros regimes, na medida em que se regulamenta, 
em seu nascedouro e sua constância por regras semelhantes às desenhadas 
pelo legislador para o regime da separação de bens, em que cada cônjuge 
administra livremente os bens que tenha trazido para a sociedade conjugal, 
assim como aqueles que adquirir, por si e exclusivamente, durante o desenrolar 
do matrimônio. Por outro lado, assume de empréstimo regras muito parecidas 
àquelas dispensadas ao regime da comunhão parcial, quando da dissolução da 
sociedade conjugal por separação, divórcio ou morte de um dos cônjuges.
Nesse sentido, cada cônjuge possui patrimônio próprio, que administra 
e do qual pode dispor livremente, se de bens móveis se tratar, dependendo da 
outorga conjugal apenas para a alienação de eventuais bens imóveis (CC, Arts. 
1.672 e 1.673). Mas se diferencia do regime da separação de bens porquanto, no 
momento em que se dissolve a sociedade conjugal por rompimento dos laços 
entre vivos ou por morte de um dos membros do casal, o regime de bens como 
TÓPICO 2 — DIREITO CIVIL NOÇÕES E ESTRUTURAS
213
que se transmuda para adquirir características do regime da comunhão parcial, 
pelo que os bens adquiridos onerosamente e na constância do matrimônio 
serão tidos como bens comuns desde a sua aquisição, garantindo-se, assim, a 
meação ao cônjuge não proprietário e não administrador.
Desta feita e porque afastado um dos cônjuges da administração 
dos bens adquiridos, traça o Código Civil uma série de disposições que, 
pormenorizadamente, visam disciplinar a apuração dos bens partíveis 
em meação, pelo valor e no montante veriicados na data em que cessou a 
convivência dos cônjuges (Art. 1.683), tudo para evitar se consubstancie 
qualquer espécie de lesão ao direito do cônjuge que até então igurava como 
não proprietário e não administrador.
[...]
FONTE: <https://jus.com.br/artigos/4095/casamento-e-regime-de-bens>. Acesso em: 8 put. 2020.
2.4.5 Direito das sucessões
Por im, o Direito das sucessões, “em sentido amplo, signiica o ato 
pelo qual uma pessoa as-sume o lugar de outra, substituindo-a na titularidade 
de determinados bens” (GONÇALVES, 2020, p. 877). Neste sentido, Gonçalves 
(2020, p. 878) entende que:
A herança é um somatório, em que se incluem os bens e as dívidas, os 
créditos e os débitos, os direitos e as obrigações, as pretensões e ações 
de que era titular o falecido, e as que contra ele foram propostas, desde 
que transmissíveis. Compreende, portanto, o ativo e o passivo (CC, 
Arts. 1.792 e 1.997).
Segundo o artigo 1.829 do CC, a ordem de vocação hereditária, ou seja, a 
preferência no recebimento da herança será o seguinte: primeiro os ilhos, os pais, o 
cônjuge e por último os colaterais (ex.: irmãos). Neste sentido, é o Art. 1829 do CC:
Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, 
salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, 
ou no da separação obrigatória de bens (Art. 1.640, parágrafo único); 
ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver 
deixado bens particulares;
II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;
III - ao cônjuge sobrevivente; IV - aos colaterais (BRASIL, 2002).
Interessante observar que o cônjuge, nas hipóteses do inciso I do Art. 1829, 
além de meeiro (dependendo do regime de bens) será herdeiro, quando então 
concorrerá com os ilhos, inovação trazida pelo Código Civil de 2003. Dispõe 
o Art. 1.784 do Código Civil: “Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde 
logo, aos herdeiros legítimos e testamentários” (BRASIL, 2002).
214
UNIDADE 3 — RAMOS ESPECIAIS DO DIREITO: DIREITO DO TRABALHO, DIREITO DO CONSUMIDOR, DIREITO AMBIENTAL E O DIREITO 
PRIVADO
FIGURA 37 – ESPÉCIES DE SUCESSÃO
FONTE: Gonçalves (2020, p. 883)
215
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• O Direito Civil trata das relações entre particulares, sem que o Estado participe 
desta relação.
• O Direito Civil é composto de uma parte geral e uma especial. A Parte Geral 
é precedida da LICC (Lei de Introdução do Código Civil).
• O Livro I da Parte Geral do Código Civil trata das pessoas físicas e jurídicas.
• Personalidade e capacidade jurídica não se confundem.
• Existem os relativamente incapazes, que serão assistidos pelo seu representante 
legal, e os totalmente incapazes, que serão representados.
• As pessoas físicas e jurídicas nascem e se extinguem.
• Bens e coisas não se confundem.
• São diversas as classiicações de bens e que esta classiicação é importante.
• O contrato é o principal símbolo do negócio jurídico que, para sua validade, 
depende da existência de agente capaz, objeto lícito e forma prescrita ou não 
proibida em lei.
216
1 Quando falamos em “pessoas”, podemos nos referir às pessoas físicas 
(naturais), ou às pessoas jurídicas. Com base nessa informação, assinale a 
alternativa CORRETA que trata do conceito de Pessoa Física.
a) ( ) Pode ser chamada de pessoa natural, é o ser humano. Diz-se natural, 
porque sua existência legal se inicia por um fato natural (o nascimento).
b) ( ) Pode ser chamada de pessoa

Mais conteúdos dessa disciplina