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O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação ou reprodução, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autorização. MÓDULO: EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO SEMINÁRIO I - PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO FISCAL QUESTÕES DE PLENÁRIO Paulo José Stramosk 1. Existem limitações dos meios de prova no processo administrativo tributário? Podem ser aplicadas no processo administrativo tributário as disposições dos §§1º e 2º, do art. 373, do CPC? Relacionar o princípio do contraditório com o primado da busca da verdade no processo administrativo. Trata-se de verdade material ou formal? Como fica a questão da verdade material em face da imposição de prazos à apresentação de impugnação e recursos administrativos, bem como da proibição de emprego de provas obtidas ilicitamente? A produção da prova nos PAF é ampla e, a depender do tribunal e de seus conselheiros, pode ser realizada em momentos diversos da impugnação. Quanto à aplicação do art. 373, §§ 1º e 2º, do CPC, pela sua aplicação subsidiária e complementar, bem como por existir no processo administrativo a busca pela resolução de um litígio, o ônus probatório pode ser alterado para permitir a busca da verdade material, sempre com a observância ao princípio do contraditório. A busca pela verdade material com observâncias de normas mínimas processuais e, também, da lei, para afastar o uso de provas obtidas ilicitamente, ainda que o conselheiro possa solicitar diligências para alcançar a prova legalmente. 2. A Lei 13.655 de 2018 incluiu na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro – LINDB disposições sobre segurança jurídica e eficiência na criação e na aplicação do direito público. A respeito dessas alterações, questiona-se: a revisão de que trata o art. 24 inserido na LINDB é aplicável a processos administrativos tributários? A disposição do art. 24 pode ser aplicada retroativamente, isto é, para rever alterações de entendimento anteriores à sua vigência? (ex. inversão do entendimento no CARF a respeito da amortização de ágio em 2015). A responsabilidade de que trata o art. 28 inserido na LINDB pode ser utilizado em casos de erros grosseiros identificados em consultas fiscais? Pode ser utilizado como fundamento para ação contra o estado por danos tributários? (Anexos I e II) Durante o debate da questão em seminário de classe foram apresentadas posições conflitantes quanto à aplicabilidade, ou não, do art. 24 da LINDB. Em resumo entendo que é aplicável aos PAF a referida norma, seja por ser regra expressa que já existia em outros ordenamentos, seja por ser ferramenta O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação ou reprodução, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autorização. que garante a segurança jurídica na esfera administrativa, a fim de não prejudicar o contribuinte que adotou procedimento correto à época. O art. 28 da LINDB, por sua vez, não deve causar a penalidade da hermenêutica, mas, sim, combater a atuação dolosa do agente ou que decorra de erro grosseiro (erro grave como indicado no Decreto n. 9.830/2019). No debate, quanto à última parte da questão, chegamos ao impasse quanto à possibilidade de o contribuinte buscar eventual reparação ou compensação contra o Estado ou contra o agente pessoalmente. De qualquer sorte, a possibilidade de reparação ou compensação contra o Estado foi aceita. 3. Os tribunais administrativos exercem "jurisdição"? Os Tribunais Administrativos podem afastar a aplicação da lei por inconstitucionalidade? Podem afastar a aplicação dos Decretos, das Portarias e das Instruções Normativas por ilegalidade? Podem afastar a aplicação do CTN? (vide Acórdão CARF n. 3402-005.025, de 22/03/2018) A decisão afastou a aplicação do art. 170-A do CTN? O grupo chegou a conclusão de que os tribunais administrativos possuem jurisdição quando se considera que no PAF há dois “procedimentos” conflitantes, ou seja, posições antagônicas e que não buscam coexistir. Também se consentiu com a impossibilidade dos conselheiros em reconhecer a inconstitucionalidade da lei, sem a existência de entendimento firmado pelo STF, ainda que sobre lei semelhante. Ou seja, o grupo entendeu que é possível os conselheiros afastarem a aplicação de determinada norma, mediante a demonstração de que o sistema legal não permite a existência daquela lei. Por fim, quanto a afastar a aplicação do CTN e se houve o afastamento da norma contida no art. 170-A do CTN, o grupo entendeu que a análise do CARF observou a regra do art. 20 da LINDB, para convalidar os atos anteriores ao trânsito em julgado da decisão que lhe foi favorável.