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OVINOCULTURA E CAPRINOCULTURA PRINCIPAIS CONSIDERAÇÕES SOBRE OVINOS E CAPRINOS EDSON LUIS DE AZAMBUJA RIBEIRO PRIMEIRO SEMESTRE 2014 INTRODUÇÃO A OVINOCULTURA, COMPORTAMENTO ANIMAL, CLASSIFICAÇÃO DE OVINOS, INSTALAÇÕES PARA OVINOS, LÃ – FIBRA NATURAL DE ORIGEM ANIMAL, TOSQUIA, MANEJO REPRODUTIVO DE OVINOS, ALIMENTAÇÃO DE OVINOS, CAPRINOCULTURA, INSTALAÇÕES PARA CAPRINOS, MANEJO ALIMENTAR E REPRODUTIVO. INTRODUÇÃO A OVINOCULTURA. Classificação científica dos ovinos: Reino – Animalia, Sub-reino – Metazoa, Filo – Chordata, Subfilo – Vertebrata, Classe – Mammalia, Ordem – Artiodactyla, Grupo – Ruminantia, Família – Bovidae, Subfamília – Caprinae, Gênero – Ovis, Espécie – Aries. Os percussores dos ovinos domésticos foram: Ovis orientalis, Ovis vignei, Ovis ammon, Ovis musimon. O Ovis orientalis e o Ovis musimon são os mais importantes e são chamados de mouflon. O mouflon se reproduz com ovinos domésticos, possui pelos no lugar da lã. A seleção natural e a seleção humana resultaram em animais mais adaptados para o clima, para produção de leite, pelos mais finos e outras características. Devido as suas características os ovinos foram os primeiros animais a serem domesticados segundo registros e trabalhos arqueológicos. Os ovinos são bastante sociáveis, tanto entre si quanto com os homens, raramente atacam o homem tendo como característica a mansidão. São animais de fácil contenção e tem alta fecundidade em cativeiro. Distribuição de raças no mundo. No hemisfério norte – Até a década de 80 havia uma diversidade racial, produção de carne e sistema intensivo de criação em função das condições climáticas. Eram pequenas propriedades, quase todas as raças eram lanadas (baixa qualidade). A produção de cordeiros é mais rentável que a de lã. No hemisfério sul – As criações eram mais voltadas para lã, sistema extensivo de exploração e pouca diversidade racial (poucas raças tem lã de boa qualidade). Região equatorial – Ovinocultura de subsistência, rusticidade dos animais, a partir da década de 80 houve uma mudança nesse cenário com a crise mundial da lã (depreciação drástica da lã). Ovinocultura no Brasil. A maior parte da criação é destinada a produção de carne, a criação extensiva é predominante, grande diversidade racial. Os primeiros registros de ovinos no país datam de 1556 junto com a colonização por portugueses e espanhóis. Inicialmente os animais eram deslanados e pouco produtivos, pois eram animais mais fáceis de serem transportados e mantidos, aqui no Brasil encontraram no nordeste condições de clima parecidas com as quais estavam habituados (Eram provenientes da região do mediterrâneo e norte da África). A segunda leva de ovinos veio da região do prata (Argentina e Uruguai) para o Rio Grande do Sul e datam de 1700. Eram raças lanadas e ficaram confinadas nesse estado por barreiras naturais como florestas e rios. 1914 foi uma data importante para ovinocultura no Brasil, durante a primeira guerra mundial os ingleses e os aliados necessitavam de alimento e lã para roupas e tendas e a produção deles não era o suficiente para suprir a demanda. Então fizeram um acordo com o Brasil para a venda de lã do RS, o problema era que a lã era de má qualidade sanitária (Sarna e piolho), então o acordo não foi concretizado e os ingleses e aliados compraram lã dos argentinos. Em 1942 durante a segunda guerra mundial foi criada uma lei estadual no Rio Grande do Sul que determinava que todos os criadores deveriam controlar as sarnas e piolhos com banhos de imersão. Atualmente essa lei ainda existe, mas os métodos são diferentes e melhores (injeções. Pour-on, aspersão). Ainda em 1942 o governo incentivou subsídios para a compra de vermífugos para ovinos do Uruguai e da Argentina, foi criado a ARCO (Associação Rio grandense dos criadores de ovinos) que depois passou a ser chamada Associação Brasileira dos criadores de ovinos, mantendo a mesma sigla do inicio e sua sede se localizava em Bagé. Efetivo Ovino: REGIÕES 1985 2010 NORTE 134.224 586.237 NORDESTE 6.808.648 9.857.754 SUDESTE 333.806 781.874 SUL 11.901.849 4.886.541 CENTRO-OESTE 302.286 1.268.175 BRASIL 19.480.412 17.380.581 A grande maioria dos criadores do Rio Grande do Sul exploram principalmente a lã, a carne é somente um subproduto. Com a crise mundial da lã o valor de mercado da lã caiu e não cobria mais os gastos dos criadores com os animais. Em 1985 a produção de lã era de 23.877 toneladas, em 2010 era de 11.646 toneladas de lã. Só o RS é responsável por 10.688 toneladas. Por que não passou de lã pra corte? Porque os ambientes necessários para cada raça era diferente. A produção agrícola ocupou o espaço com soja e arroz. Implantação de um criatório de ovinos. 1. Área da propriedade: Clima – Condições físicas e agrostológicas (solo e pastagem), localização e tamanho. Deve se questionar sobre o retorno financeiro que essa propriedade trará. No estado do Paraná qualquer região serve para criação de ovinos, no Brasil também, o fator mais importante do clima é a temperatura, pois ela irá influenciar na escolha da raça. Temperatura crítica para cada tipo racial: TIPO RACIAL INFERIOR SUPERIOR LANADOS -15°C até 5°C 40°C DESLANADOS 5°C 45°C Quando a umidade relativa do ar fica muito alta associada a temperaturas abaixo de 5°C há grande risco a saúde, principalmente para os cordeiros. Camada de ar entre as fibras de lã: protegem contra o frio, a temperatura não passa pra pele. Os animais perdem calor de duas maneiras: transpiração e respiração. Na zona de conforto os movimentos respiratórios variam de 12 a 20 movimentos/minuto, em estresse calórico pode chegar a mais de 200 movimentos respiratórios/minuto. Folículo piloso primário – Produz pelo. Folículo piloso secundário – Produz apenas lã, não tem gl. Sudorípara nem músculo eretor do pelo. O animal deslanado tem basicamente folículo piloso primário e usam tanto a transpiração quanto a respiração para perder calor. O animal lanado tem majoritariamente folículo piloso secundário, portanto suam muito menos e sofrem muito mais a altas temperaturas por terem menos mecanismos de regulação de temperatura. A lã é um mal condutor de calor e, portanto um bom isolante. Temperatura retal dos animais: - Até um ano: 38,5°C a 40,5°C - Adultos: 38,5°C a 40°C Animais tosquiados no verão – Para evitar a temperatura mantida pelos bolsões de ar entre os pelos e a pele, suariam mais e teriam maior contato com o vento estando tosquiados. A lã cresce muito rápido, não seria prático tosquiar os animais a cada três semanas, além disso, a lã é tida como um telhado natural. Relação lã e conforto térmico: TIPO DE LÃ COMPRIMENTO TEMP. EXT. LÃ TEMP. PELE TEMP. RETAL RESP./MIN. COMPLETA 3,5 a 4,0 cm 75,6°C 42,2°C 40°C 108 mpm PONTA CORTADA 3,3 a 3,7 cm 57,7°C 41,7°C 40°C 108 mpm TOSQUIADA 0,5 a 0,8 cm 52,2°C 52,5°C 39,6°C 230 mpm Suarda – Substancia secretada para proteger o pelo, absorve partículas como o pó e pigmentos que retêm o calor. Apesar das altas temperaturas na extremidade da lã, esse calor não passa para a pele. Tosquia – É importante e necessária, pelo menos uma vez ao ano para retirar a lã que cresce continuamente durante a vida do animal. A tosquia não está relacionada com o calor. Condições físicas do solo.Devem ser levadas em consideração a possibilidade de encharcamento e propensão à umidade, pois os ovinos tem alta probabilidade de desenvolver problemas de casco e verminoses em solos assim. Algumas raças estão melhores adaptadas às regiões mais úmidas como a raça pantaneira e a romney marsh. Condições agrostológicas. Os animais comem de tudo, mas há restrição quanto a brachiaria, especialmente a B. Decumbens devido ao fungo Pithomyces chartarum que produz esporodesminas (Hepatotóxico – fotossensibilização), além disso as saponinas que são produtos da degradação da clorofila podem levar a obstrução do canalículos biliares resultando em sinais clínicos parecidos com os causados pelos fungos. O pasto deve ter altura baixa, pois os ovinos gostam de visualizar os companheiros de pastejo. A preferência é pelos capins que crescem até a altura da boca do animal, ou no máximo até a altura dos olhos do animal. Localização. Não só em termos geográficos, mas também a distância dos centros consumidores. A criação próxima a cidade facilita o acesso, mais fácil para compra de insumos, maior praticidade na assistência técnica e veterinária, menores custos de deslocamentos, possibilidade maior de encontrar consumidores para a carne ovina, preços mais vantajosos para venda, facilidade na hora do abate, é mais fácil encontrar frigoríficos. Optando por fazer a criação distante da cidade, é possível a criação de cooperativas. Como desvantagens de se estar próximos a grandes centros temos a facilidade de roubo, pois esses animais não fazem muito barulho, são dóceis e leves. Também como desvantagem é a ocorrência de predação por parte dos cães. Tamanho. Não só a área física da propriedade, mas também quantos animais são criados ali. É considerada pequena propriedade aquela com até 300 animais, de 300 a 500 animais é considerada média propriedade e acima de 1500 animais é considerada grande propriedade. 2. Tipos de exploração. Produção de lã, produção de carne, exploração mista, produção de leite (é algo novo no Brasil, maior valor agregado), produção de pele (mais raro ainda no Brasil), reprodutores (altos investimentos com alimentação, necessárias condições ótimas de criação). Em todos os tipos de exploração há a possibilidade de criar reprodutores e também da venda de material genético. 3. Raças. Diretamente relacionada ao tipo de exploração, cada raça se sai melhor em um tipo de qualidade. Aqui no Brasil, por exemplo, existem três principais raças de leite: Bergamácia, Lacaune e East Fresian, e para pele existe uma raça principal: Karakul. 4. Sistema de criação. Para produzir lã é possível usar o sistema de criação extensivo, no entanto para reprodutores ou para produção de leite é melhor que o sistema seja intensivo. Todos os fatores estão bastante atrelados, sempre se considera a região como um todo, escolha da raça ideal para determinada finalidade e por fim escolha do sistema de criação. 5. Manejo. Em pequenas propriedades: O melhor retorno é com recria e terminação. A fase de cria exige custos maiores de mantença e de mão-de-obra, demora algum tempo para obter o cordeiro para venda. A produção de leite e queijo é uma possibilidade pelo valor agregado que pode trazer, mas é totalmente dependente da região, se há ou não compradores. Ainda há a possibilidade da criação de reprodutores se houver um bom investimento em condições para tais animais. Em propriedades grandes: Nesse tipo de propriedade a produção de lã é viável, deve se usar raças diferenciadas, lã de fácil manuseio para produção de artesanatos (tapetes e cobertores). COMPORTAMENTO ANIMAL. Tanto animais quanto vegetais tem expressão de comportamento (Ex. hábito de crescimento arbóreo), a diferença está na possibilidade de locomoção que os animais apresentam, estes desenvolveram adaptações em busca de alimentos, para evitar predadores, para encontrar um lugar para viver, para se comunicar, para atrair (parceiros sexuais) e para cuidar de seus descendentes. * O genótipo + o ambiente = comportamento. Alguns comportamentos só se manifestam em alguns ambientes, um exemplo é a cabra que só esconde sua cria quando vai se alimentar em ambientes que favoreçam tal comportamento. O comportamento é o conjunto de atitudes e reações de adaptações ao meio visando à sobrevivência e perpetuação da espécie. Porque estudar o comportamento? É preciso que estude o comportamento animal para que possamos conservar os animais em seu habitat, para que possamos domesticá-los, criar estes animais de forma mais próxima ao ambiente natural, interagir e entender estes animais e até combatê-los (Ex. Dengue). Comportamento social. São animais gregários, vivem sempre em grupos. Algumas raças expressam mais esse comportamento (Ex. Merino Australiano). Por isso deve-se movimentar o rebanho todo conjuntamente, para facilitar o deslocamento. Um animal isolado do rebanho pode estar doente ou pode estar em trabalho de parto. Esse comportamento é diferente entre raças, quando isoladas ocorre o aumento nos níveis de cortisol, dentro do possível deve-se evitar deixar animais sozinhos (animais juntos: Facilita a reprodução, melhor defesa contra predadores, melhor resolução de problemas). Interações agonísticas: Existe uma hierarquia social, é preciso ter cuidado com o tamanho dos cochos, cuidado ao misturar lotes, os índices produtivos dos animais caem muito a partir dos sete anos. Comportamento alimentar. Quando comparados aos bovinos, ovinos tem maior habilidade em selecionar os alimentos. Se formos fornecer uma ração preparada, a mistura deve ser bastante homogênea para que os animais não desprezem nenhuma das partes. Os ovinos tem a boca pequena e fazem a apreensão dos alimentos com os lábios (A fenda acima do lábio serve para uma melhor mobilidade), esses animais tem preferencia por forragens baixas e tenras. Não gostam de plantas lenhosas. Não é adequado formar pastos com plantas de alto crescimento, os ovinos precisam enxergar o resto do rebanho, pastejam de cabeça baixa, rente ao solo. Esse tipo de pastagem predispõe os ovinos a uma incidência maior de verminoses. Geralmente não consomem forragem contaminada com fezes, exceto quando escassez de forragens. Tem hábito de pastejo interrompido, naturalmente pastam na parte da manhã e ao anoitecer, no fim da tarde. Podem alterar esse comportamento de acordo com a disponibilidade. Podem pastar de oito a doze horas por dia. Em alguns lugares os animais são recolhidos à tarde e soltam pela manhã, isso muda o comportamento alimentar natural dos animais. Fazem isso devido a roubos e predadores noturnos, mas serve para prevenir verminoses também (o verme vai até a ponta da planta com o orvalho da noite e, quando há sol esse verme volta à base da planta), o fato de evitar a alimentação quando ainda há orvalho é de grande ajuda para evitar verminoses. Hábito de pastejo. Tais animais fazem pastejo interrompido e o tempo de patejo depende da qualidade, horário de pastejo e estabelecimento de locais de descanso. Onde os animais descansam o solo geralmente estará compactado e a vegetação do local estará destruída (Se necessário, obrigar os animais a descansar em outro local), habitualmente os animais descansam na entrada do pasto. Deve-se ter cuidado com o pastejo excessivo, pois o pastejo muito rente ao solo causa uma maior degradação da vegetação. Comportamento materno. - Gestação: em média 150 dias. Nos 100 primeiros dias ocorre a implantação do embriãoe diferenciação de órgãos, a necessidade energética nesse período é bastante similar a necessidade de mantença, não precisando haver aumento no fornecimento de alimentos. No 1/3 final da gestação ocorre 70% do crescimento fetal e movimentação do feto, nesse período faz-se necessário o aumento no fornecimento de alimento, já que os gastos energéticos serão maiores. Período pré-parto. Pode ou não haver separação do rebanho, nem toda ovelha se separa. Não se sabe se é intencional, pode ser simplesmente dificuldade de locomoção durante o trabalho de parto. O merino australiano é um animal com característica gregária bastante acentuada e pouca habilidade materna, pode acontecer da fêmea parir e deixar o filhote para seguir o restante do rebanho. Antes do parto a ovelha busca abrigo, fica bastante agitada, pode balir, girar, deitar e levantar sucessivas vezes e vocaliza. Com a proximidade do parto a fêmea passa a ter interesse em outros cordeiros, pode roubar o cordeiro das outras. O horário mais comum de parto é nos momentos de pastejo, ou seja, início da manhã e final da tarde. Durante o parto ocorre dilatação da cérvix (dor), passagem de conteúdo uterino (lubrificar o canal), o posicionamento fetal é muito importante no momento do parto. O parto deve durar cerca de 30 minutos, passando de uma hora deve haver a interferência. Após parir a ovelha deve ficar em pé para limpar o cordeiro e o amamentar, a limpeza serve para liberar as vias aéreas e estimular a circulação, evitar a perda de calor e também estabelecer o vínculo entre a mãe e o cordeiro. Momento do parto. Contrações involuntárias e também voluntárias, o animal pode estar em estação ou em decúbito, a fêmea irá vocalizar, sentirá dor e inicialmente em um parto normal a primeira parte a aparecer é a cabeça do feto, logo depois ocorre a expulsão do mesmo. Depois do nascimento do cordeiro, a placenta será expulsa (a mão ingere a placenta para evitar predadores). O peso ao nascer é importante na determinação da sobrevivência do cordeiro, já que quanto maior o peso ao nascer, maior a chance de sobrevivência do cordeiro. A inanição responde por 70% da mortalidade neonatal e tem como principais causas a desnutrição e a ocorrência de distocia, como prevenção pode se cuidar da nutrição pré-natal, comportamento da mãe e da cria. Fatores que afetam o peso ao nascer: Raça, sexo (macho é mais pesado), idade (fêmeas muito jovens e muito velhas tem cordeiros mais leves), nutrição da ovelha, número de cordeiros nascidos. Habilidade materna. Conceitualmente é a capacidade que a mãe dá a sua cria de sobreviver e desenvolver. Vantagens de parir em isolamento: Reduz o risco de interferência de outras ovelhas em pré-parto, melhor oportunidade para o desenvolvimento de laços afetivos entre a mãe e a cria, o cordeiro se orienta para ir de encontro ao primeiro objeto que vê especialmente objetos em movimento. Período pós-parto. Há o desenvolvimento do vínculo afetivo que se inicia no pré-parto, que nos permite compreender o porquê da mortalidade e identificar falhas de crescimento. O reconhecimento mútuo se dá pela ação de hormônios reprodutivos e o período sensível são duas horas após o nascimento. A mãe vai exercer estímulo para a cria se levantar em até quinze segundos, caso haja o nascimento de gêmeos a mão seve conseguir dar conta dos dois. Comportamento do neonato. Coordenação ruim, o cordeiro levanta a cabeça em até dois minutos, elevação, ambulação, orientação. O cordeiro ergue primeiro a parte posterior e depois a anterior, localiza as tetas, explora a mãe facilitando a mamada. Após 40 minutos de nascido o cordeiro deve estar mamando. A mamada permite a transmissão de imunidade passiva para o cordeiro. Órfãos. Banco de colostro: 180 a 210 ml de colostro/Kg/PV nas primeiras 18 horas, é possível usar o leite de vaca, mas é melhor que seja de ovelha e do teto da mãe. Aleitamento artificial: Provoca um desenvolvimento menor da cria, podem também ser usadas sondas para ajudar no aleitamento do cordeiro. O furo do bico deve ser de tamanho adequado. Adoção: É possível, mas funciona apenas quando a mãe acabou de parir e a cria a ser adotada ainda é um recém-nascido. Quando usar – Em momentos onde há um natimorto, ou em ocasiões onde há nascimentos gemelares. Estratégias – Prender o pescoço da ovelha enquanto ela come para que os cordeiros mamem ou esfregar o cordeiro adotado na placenta da mãe adotiva ou arrancar o couro do natimorto e vestir no adotado. Fatores que afetam a produção de leite. Superprodução de leite: Deve se ter muito cuidado, pois os tetos ficam muito edemaciados e o cordeiro não consegue mamar. Animais da raça santa Inês são mais susceptíveis a mastite. Comportamento juvenil. Estabelece contato com outros cordeiros, procura outros cordeiros da mesma idade pra ficar junto, existe conexão entre os irmãos. Desmame. Separação prematura, ingestão de sólidos, pode ocorrer distúrbio comportamental relacionado com a alimentação desses animais. Cordeiros maiores tem um maior risco de morrer em desmame abrupto, pois a mãe produzia mais leite e por isso esses cordeiros tem uma menor ingestão de sólidos ficando mais susceptíveis a morrer. CLASSIFICAÇÃO DE OVINOS. Os ovinos podem ser classificados por categorias conforme sua idade e sexo, e podem ser classificados também conforme sua raça e aptidão (Leite, carne, lã, pele). Classificação em categoria. Cordeiro (a): Desde o nascimento até a primeira muda de dentes (incisivos inferiores – 8 dentes bastante aparentes a partir de uma semana até o primeiro mês de vida). As pinças são as primeiras a serem trocadas por permanentes (entre 12 e 13 meses de idade). Troca dos primeiros incisivos (Pinças). Borrego (a): A partir de 12 ou 13 meses (quando trocou as pinças – “dois dentes”) até que o animal entre em reprodução. É possível ter um borrego de quatro dentes se o animal não for colocado em reprodução. Carneiro: Quando entra para reprodução. Ovelha: Após o primeiro parto. Capão: É o macho castrado, geralmente adulto. Se forem abatidos até 6 meses de idade não é preciso fazer a castração, mas se o abate for feito após os 6 meses então o macho deve ser castrado o quanto antes. Idade vs. Troca de dentes. Quando os animais trocam os cantos são chamados de oito dentes ou de boca cheia, até esse momento é possível fazer uma boa avaliação de idade do animal através dos dentes, a partir disso torna-se mais difícil, pois o desgaste não acontece como nos equinos. Um indicativo de senilidade nos ovinos é a separação dos dentes, mas o descarte deve ser feito antes (ao redor dos sete anos). Não havendo registro do animal é praticamente impossível saber sua idade. Nunca comprar um animal boca cheia a menos que este seja um grande reprodutor com ficha e data de nascimento. A compra deve ser de animais com no máximo seis dentes trocados. Para o produtor rural: - Dois dentes: Um ano - Quatro dentes: Dois anos - Seis dentes: Três anos - Oito dentes: Quatro anos Classificação das raças ovinas. Raças para lã: Merino australiano, Ideal. Duplo propósito: Corriedale, Romney Marsh, Border Leicester, Samm, Dohne Merino. Carne: Hampshire Down, Texel, Ile de France,Suffolk, White Suffolk, Poll Dorset, White Dorper, Dorper. Leite: Lacaune, Bergamácia, East Fresian. Pele: Karakul. Rústicas (carne e pele): Santa Inês, Morada Nova, Somalis Brasileira, Cariri, Crioulo, Romanov. Raças para produção de lã fina: Diâmetro pequeno do fio e boa qualidade, a raça que mais se destacou foi o Merino Australiano, mas o grupo Merino surgiu como uma única raça, o Merino Espanhol, essa raça era bastante rústica, de médio a pequeno porte e produtora de lã, conforme essa raça se deslocava pela Europa, pequenos grupos diferenciados iam surgindo. Na França formaram-se as raças Merino Precoce, Merino Rambouillet, além de serem feitos cruzamentos com as raças locais. Na Alemanha formaram-se as raças German Merino, German Multon Merino. Na Áustria surgiu o Merino Negretti que é similar ao German Merino. Nos EUA surgiram o Merino Vermont, Merino Delaine, Merino Rambouillet Americano. A raça Vermont não existe mais, ela foi criada com o intuito de produzir mais lã por ter maior superfície corpórea (mais dobras), foram selecionados para isso. Contudo acabou se descobrindo que o maior número de dobras também leva a problemas como dificuldade de tosquia, animais com maior susceptibilidade a ectoparasitas (ácaros, piolhos e carrapatos), diminuição da regularidade da lã, produção de muita suarda (produzida pela gl. Sebácea e gl. Sudorípara), baixo rendimento para indústria (após o processo de lavagem da lã, pouco sobrava). Raças para produção de lã. Merino Australiano. 90% dos merinos são australianos, surgiram nos anos 1700 durante a colonização da Austrália por importação da Europa (25% Espanhol, 30% Electoral ou Negretti, 5% Rambouillet) e dos EUA (40% Vermont), essa é sua composição sanguínea. Mesmo sendo uma mistura de merinos, hoje em dia existem quatro linhagens na Austrália: M. Peppin, M. Saxon, M. Sul Australiano e M. Espanhol. Merino tipo fino: 16 a 19 micrômetros de fibra. Merino tipo médio: 20 a 22 micrômetros de fibra. Merino tipo forte: 23 a 26 micrômetros de fibra. Características: Rugas, dobras, pregas apenas no pescoço (três aventais), pele rósea, lã branca, mucosas das narinas, dos lábios e das pálpebras são róseas, cascos claros. As fêmeas não possuem chifres, já o macho apresenta chifres de cor âmbar e em formato espiral. Se castrar o animal antes do chifre crescer, então o chifre não cresce, existem linhagens com o macho já mocho. Produção de lã: Produz de 3,5 a 5 kg de lã de velo (lã que cobre o corpo exceto a lã das patas, barriga e cabeça) por ano. É uma lã de fibra curta, cresce de 7 a 8 cm por ano (comprimento de mecha) com o diâmetro variando de 16 a 26 micrômetros. Adaptabilidade: São relativamente rústicos, se adaptam bem as regiões quentes desde que sejam secas, não toleram solos úmidos. Características reprodutivas: Raramente tem partos gemelares, é a raça menos influenciada pelo fotoperíodo, tem o período fértil mais extenso. O Borola Merino: Foi desenvolvido para ser mais prolifico, a fêmea é mais fértil, pode ter a liberação de até seis óvulos por ciclo e ter partos gemelares. Ideal ou Polwarth. Animal com aptidão para produção de lã fina, mas a lã tem baixa qualidade, é resultado da mistura ¾ Merino e ¼ Lincoln, melhor adaptado a umidade quando comparado ao Merino Australiano. Diferentemente dos Merinos, os animais da raça ideal não tem pregas, o macho não apresenta chifres e é um pouco maior que o Merino, a lã produzida tem maior comprimento 10 a 13 cm e tem um diâmetro de 22 a 25 micrometros, é uma raça relativamente rústica e bastante prolífica apesar de partos gemelares não serem comuns. Raças de duplo propósito (Carne e lã). Corriedale. A raça é composta por 50% Merino e 50% Leicester ou Lincoln, é uma raça de duplo propósito (50% carne, 50% lã), São muito bons animais, criados em maior escala no RS. Características gerais: Seu tamanho médio é de 40-50 Kg e os animais são obrigatoriamente mochos, possuem pregas no pescoço, mas estas não devem ser muito acentuadas. A lã deve ser branca, pele rosada, mucosas e cascos escuros, tem maior tamanho corporal, são menos rústicos e tem maior exigência quando comparados às raças anteriores. Produção de lã: Tem uma qualidade menor, diâmetro variando de 25 a 31 micrometros, é mais grossa e também mais longa, o comprimento de mecha varia de 10 a 15 cm, produz de 3,5 a 4 Kg de velo. Na formação da raça buscou-se uma maior cobertura de lã na área já existente, a seleção dessa característica tem resposta média a alta, eram animais com a cara coberta, atualmente a lã vai até a altura dos olhos. Cara coberta: Leva a problemas reprodutivos e queda no desempenho, o principal motivo para isso é a falta de visibilidade, deve ser feita uma limpeza da cara 2X ao ano para reduzir os problemas. Suarda: Alguns animais têm a suarda amarela ao invés de incolor, a lã do animal fica manchada, tingida de amarelo de forma desuniforme, isso pode limitar o uso dessa lã para indústria têxtil. Romney Marsh. Raça inglesa (Marsh = Pântano) originada no sul da Inglaterra, no entanto aos animais que vieram ao Brasil foram de linhagens da Nova Zelândia, selecionadas mais para a lã (60% carne, 30% lã). Características gerais: Animais de porte médio à grande 50-52 Kg, pele clara, mucosas e cascos escuros, cara semi-descoberta (muito confundido com Corriedale), no Brasil é a raça com maior resistência a verminoses, GDP não tão bom quanto nas raças de carne, tem período reprodutivo muito estreito e é bastante influenciado pelo fotoperíodo. Características produtivas: Produção de lã em torno de 4 Kg, fios mais compridos 14-18 cm, fibra mais grossa 31-38 micrômetros, é mais usado para fabricação de casacos e blusões que não terão contato com a pele. Produz lã semi-lustrosa, com certo brilho natural. Border Leicester. Face convexa, orelhas ventrais, 60% carne e 40% lã ou o contrário. Chegaram ao Brasil recentemente, cabeça desprovida de lã, pele clara, mucosas e cascos escuros, tem porte médio a grande. Produz carne de boa qualidade, lã mais grossa 36-42 micrometros, comprimento de 15-20 cm, velo em torno de 4 Kg. Comum natalidade acima de 100%. Samm (South African Mutton Merino). Segundo a literatura este animal é resultante do cruzamento do German Mutton Merino com o German Merino, alguns autores consideram a participação de outras raças na formação. 60% carne e 40% lã, tem bom GDP e boa taxa de natalidade além de produz de 3,0 a 4,5 Kg de lã fina, a lã tem espessura de 20-24 micrometros e comprimento de até 8,0 cm. Animal mocho, com pregas pouco acentuadas, cascos e mucosas claras. Dohne Merino. Originário na África do sul é resultante do cruzamento de Merino Peppin X German Mutton Merino. Têm características muito parecidas com os animais da raça Samm, apresenta vantagens quando comparado aos animais da raça Corriedale e da raça Romney Marsh. O período reprodutivo é mais longo e sofre menor influencia do fotoperíodo, é possível explorar a produção de cordeiros. Raças para produção de carne. Suffolk. Facilmente identificado, pertence ao grupo de raças com animais de caras negras, destaca-se mundialmente em número de criadores. Sua cabeça é totalmente desprovida de lã e preta, tem perfil convexo, orelhas pretas, sem chifres, com muita pouca ou nenhuma lã na barriga, membros sem lã. Animais altos e longos em grande parte com 70-80 Kg,lã branca com baixa produção de 2,5 Kg em média, fibras com menos de 30 cm e com diâmetro de 25-29 micrômetros. É comum ter fibras negras ao longo de todo o corpo desvalorizando a lã. Os cordeiros dessa raça normalmente nascem escuros e com 4/5 meses de vida a lã está branca White Suffolk. Surgiu na Austrália a partir do cruzamento de Poll Dorset e Border Leicester X Suffolk. Em termos de desempenho é igual ao Suffolk original, a diferença está na cara e nos membros que são brancos ao invés de pretos, tem excelente GDP, tem menor quantidade de fibras pigmentadas no velo, mas a qualidade da lã ainda não é boa. Hampshire Down. Lã abaixo da altura dos olhos, a lã vai até o joelho e às vezes até o jarrete, perfil não tão convexo, originária do cruzamento entre Old Hampshire X Wilshire Horn X Berkshire Knoti X South Down. Produção de lã média de 2,5 Kg, fibras pigmentadas com diâmetro médio de 29-31 micrômetros. Animal de médio a grande porte 60-65 Kg, foi introduzido no Brasil antes do Suffolk, assim como todas as raças de corte, essa também tem bom desempenho reprodutivo, com partos gemelares, boa fecundidade e natalidade desde que a nutrição esteja adequada. Texel. Raça ótima para áreas úmidas, surgiu a partir do cruzamento de Leicester X Old Texel , das raças de corte é a que tem o menor tamanho 40-50 Kg, vieram para o Brasil a partir de linhagens holandesas (Ilha de Texel na Holanda). É uma das raças com melhor conformação de carcaça e com menor teor de gordura na carne. Lã ausente na cabeça, barriga e membros, lã clara e mucosa e cascos escuros. A produção de lã é de 3,0 a 4,0 Kg, com diâmetro de 27-30 micrômetros. É uma raça bastante criada no Brasil, especialmente na região de Castro, Carambeí e Ponta Grossa. Ile de France. Originado na Região Ile de France em Paris (centro norte) do cruzamento de Leicester X Rambouillet. Alguns classificam como duplo propósito (70% carne, 30% lã), seleção para GDP e qualidade de carcaça. Entre as quatro principais raças de carne essa é a que tem melhor qualidade de lã. Não tem pregas no pescoço, não tem chifres, pele rósea, mucosas e cascos claros. Está espalhada por todo país especialmente na região sul. Poll Dorset e Dorset (Horn). O merino australiano entrou na formação da Dorset, é uma raça inglesa. No rebanho Dorset surgiram alguns animais mochos Poll Dorset. Na formação entrou South Down e Leicester e outros animais nativos da região de Dorset. São bastante prolíficos, com altas taxas de natalidade, bons animais produtores de carnes. Tem um período reprodutivo maior, com pouca influência do fotoperíodo. Dorper e White Dorper. Raça deslanada, porém é aceito lã branca curta principalmente na linha dorso lombar, originário do cruzamento de Dorset X Persa de cabeça preta. Dentro do rebanho Dorper saíram animais com cabeça branca (White Dorper). Tem a cabeça preta, cascos e mucosas escuras, tamanho médio, boa ganhadora de peso, não há custo com tosquia, não influenciada pelo fotoperíodo, pode ser acasalado ao longo do ano. Polypay. Raça Americana, cruzamento Fimmsheep X Rambouillet X Targhee X Dorset. Selecionada para carne, no Brasil é uma raça nova, lã branca, mucosas claras. Higlander. Não tem registros no Brasil, originado a partir do cruzamento de Texel X Romney Marsh X Fimmsheep. Cordeiros no desmame com quase 40 Kg, explorando complementariedade de raças e heterose. Raças rústicas para produção de carne e pele. Santa Inês. É a maior das raças rústicas, surgida no nordeste do Brasil e originada do cruzamento Morada Nova X Bergamácia X Sommalis. Das raças rústicas essa é a menos resistente, nos últimos anos foi a raça com maior expansão aqui no país, alguns produtores não gostam da carcaça devido a quantidade de musculatura. Tem boa habilidade leiteira (altos índices de mastite – cordeiro não consegue mamar todo leite), orelhas de tamanho médio e caídas, longo período de lactação (6 a 7 meses). A fêmea não é influenciada pelo fotoperíodo, é possível acasalar a cada 8 meses, aceita-se qualquer pelagem, peso médio de 40-50 Kg. Crioula. É um grupamento genético difundido pelo Brasil. São animais pequenos, com pelagem diversificada, utilizada para trabalhos artesanais, pois tem um bom comprimento e são naturalmente tingidas. São bastante resistentes a verminoses, quase se equivalem aos animais da raça Romney Marsh. Somális Brasileira. Originada da raça persa de cabeça negra, é bastante rústica e tem pele de excelente qualidade (fina, elástica e resistente). Este animal possui a cabeça preta, cauda curta, garupa gorda (deposição de gordura ao redor da cauda), peso médio de 30-40 Kg. Morada Nova. Animal com a cauda comprida e com acúmulo de gordura, pode ter chifres ou não, são aceitas diversas cores de pelagem, pode ter algumas mechas de lã no dorso. É uma raça rústica. Romanov. É uma raça nova no Brasil, tem origem russa por isso grande adaptação ao frio, é bastante resistente a escassez de alimento, tem a lã mais escura (cinza ou marrom), habilidade reprodutiva e materna muito altas, cordeiros nascem pretos e sua pele é usada para fazer casacos, a pele do adulto serve apenas para fazer tapetes. Raças para produção de pele. Karakul. É a raça expoente a nível mundial como produtora de pele. Jovens são pretos, adultos tem a lã cinza, podem ou não ter chifres, tem a cabeça, a barriga e os membros sempre pretos. Os criadores de Karakul no Brasil costumam cruzar os animais com os da raça Crioula. Classificação das peles segundo a idade do cordeiro. Breitschwanz: Pele do cordeiro não nato, 1-10 dias antes do parto, a mãe é abatida ou cesariana ou indução precoce ao parto. Astracã: Animal recém-nascido é abatido nas primeiras 24 horas de vida. Não há custos com o cordeiro e nem o desgaste da mãe. Persiana: Pele maior, de cordeiros de 7-20 dias, tem um valor menor, lã em caracóis, encrespada, a medida que fica mais velha a lã vai desenrolando. Raças para produção de leite. Bergamácia. Originária do norte da Itália, porte grande, possui lã somente na região do velo (sem lã na barriga), orelhas grandes e pendentes, foi importada para melhorar as raças nordestinas. Produzem 200-250 litros de leite durante a lactação, teor de gordura no leite é de 6-8%. Usada no cruzamento com raças de carne para produção de cordeiros. Lacaune. Produz menos lã que a Bergamácia, tem a orelha pequena e produz 200-250 litros de leite por lactação, é um animal menor e por tanto com menor exigência alimentar. Animal dócil. East Fresian. Maior produtora de leite entre os ovinos, raça de origem alemã e veio ao Brasil através da Argentina. A maioria dos partos são gemelares, os cordeiros tem excelente GDP, pode produzir 3,5 a 4,0 Kg de lã, é uma raça bastante exigente em termos alimentares, é possível 520 litros de leite em uma lactação. 200% de natalidade. INSTALAÇÕES PARA OVINOS. É bastante subjetiva, depende da necessidade real em cada caso. O uso de cercas é imprescindível aos ovinos e devem ser adequadas, sem brechas, podemser feitas com arame liso (+ comum) ou com arame farpado (não recomendado). Em criações deslanadas até pode ser usado o arame farpado, mas em criações de raças lanadas o melhor é que seja arame liso, pois a lã pode enroscar no arame farpado e agravar alguma situação. Para animais lanados – Altura da cerca pode ser de 90 cm até 1,0 metros, animais não pulam. Para animais deslanados – Altura de 1,20-1,30m, estes animais pulam, por isso a cerca é mais alta. Tipos de cercas. Tela: É melhor, mais segura, os cães não conseguem atravessa-la. Galhos: Muito comum no nordeste, cerca de pau-a-pique com galhos trançados. Pedras: Usadas muito antigamente. Elétricas: É possível ser usada com ovinos, o que se faz é o uso de faixas para aproveitar melhor o pasto com cercas móveis. As cercas devem ter pelo menos três fios, depende da raça para funcionar ou não. - Deslanados: Tomam choque com maior facilidade, mas ao pular evita o choque (altura – 80 cm). - Lanados: A lã é isolante, só leva choque em áreas sem lã, devem ser ensinadas após a tosquia. Podemos criar animais juntos ou devemos separar em categorias? O pequeno produtor raramente separa, no máximo separa os carneiros para que não haja cobertura fora de hora. Mas deve-se levar em consideração que a exigência nutricional de cada categoria é diferente, dividindo-se os animais em categorias é possível um manejo melhor dos animais. Os principais fatores para divisão em categorias são: idade, sexo, qualidade genética, estado reprodutivo e outros. Separação dos animais em categorias. Fêmeas gestantes/ Lactantes – Mais exigentes em termos de quantidade e qualidade nutricional. Cordeiros/ Cordeiras desmamadas – A partir do desmame. Borregos – Não ficam na propriedade, já foram abatidos, a menos que sejam criados para reprodução. Borregas – Fêmeas em primeira gestação. Reprodutores – 5 meses por ano deve-se investir em alimentação. Ovelhas solteiras – Não foram acasaladas ou não emprenharam, deve-se minimizar essa categoria. Capões – Adultos machos castrados, praticamente não existe mais essa categoria. Refugos – Adultos que não tem mais serventia, serão vendidos ou abatidos. Enfermaria – Pode envolver todas as categorias, local apropriado para cuidados especiais. Área dos piquetes. Todos os piquetes devem ter acesso ao setor de manejo, um curral centralizado na propriedade, pois os ovinos se cansam facilmente. Exemplo de pastejo rotativo. É bastante funcional, ajuda a evitar verminoses, quebra do ciclo do verme, é possível fazer pastejo de culturas diferentes (bovinos, ovinos e lavoura), melhora a utilização do pasto, na área central ficam os comedores e bebedores com livre acesso a todos os animais. Animais mais jovens são mais susceptíveis a verminoses, devem ficar um piquete adiante ao dos adultos. Bebedouros: Podem ser naturais ou artificiais (Tanques alimentados por poços artesianos), o importante é que o animal tenha acesso constante e fácil à água de boa qualidade. Cuidado com áreas onde o animal possa fica atolado na lama. Área de descanso: Não pode ter pastagem nenhuma (o animal defeca e urina nesse local, contaminação), não havendo pastagem reduz-se a contaminação por verminoses. Piquetes: o período nos piquetes não deve ultrapassar cinco dias, pastejo rotacionado, na área central deve ter bebedouro, comedouros, cochos para suplementação, árvores com sombra. Se possível alternar áreas de pasto alto e pasto baixo, para que quando o tempo estiver úmido os animais comam o pasto mais alto que está melhor, e quando o tempo estiver seco os animais comam o pasto baixo, que estará melhor. Porteiras: Deve ser larga o suficiente para que o maquinário possa entrar sem dificuldade dentro dos piquetes, para que o manejo seja devidamente feito. Aprisco. Galpão onde os animais vão ficar durante certo tempo do dia ou a vida toda. Durante a noite podemos prender os animais no aprisco para evitar predadores, furtos e protege-los do frio, para produção de carneiros ou reprodutores de elite também é necessário o aprisco. Também é possível o confinamento para engorda, terminação ou devido ao próprio manejo. O aprisco deve ter uma área de piso elevado do solo, o piso deve ser ripado para facilitar a higiene, urina e fezes caem. A ripas devem ter larguras de 2,5-5,0 cm, ripas mais largas dificultam o caimento das fezes e da urina, o espaço entre ripas dever ser de 1,5 cm, para animais grandes o espaço pode ser de até 2,0 cm e para cordeiros o ideal é que seja 1,0 cm o espaço entre ripas. A altura entre o piso e o solo deve ser o suficiente para que caiba uma pessoa, pois a limpeza deve ser feita pelo menos uma vez ao ano, também deve ser feito o controle de moscas, a altura recomendada é de 1,80 – 2,00 m. Em nossa região os apriscos não precisam ser fechados, podem ter aberturas em cima ou aberturas laterais para ventilar o calor. A cobertura pode ser feita com telhas de barro, telhas de zinco, cimento ou palhada (a melhor é a de barro). Nos casos de confinamento deve-se pensar em água, bebedouros e comedouros no aprisco. Se o manejo for feito a noite ou apenas em dias de chuva o aprisco deve ter eletricidade e iluminação, mas as luzes não devem ficar acessas durante a noite para não interferir no fotoperíodo dos animais. Área para cada categoria animal. Animal adulto: 1,5 m²/ animal Ovelha com cria: 1,8 m²/ animal Carneiro: 1,8 – 2,7 m²/ animal Cordeiro sem a mãe: 0,5 m²/ animal Área de pastagem. São necessárias sombras, aguado e cercas, área de descanso (de preferência sem grama), cochos para suplementação, local para por o sal, creep feeding (ração concentrada, corredor privativo) – ensinar o cordeiro a comer 15% de proteína bruta, creep grazing (grama diferenciada apenas para acesso dos cordeiros). Piso – concretado, obrigatório fornecer cama de material absorvente. Cama – Se for cama seca os animais preferem cama ao ripado. Área coberta e descoberta por animal de aprisco. Matrizes: Coberto – 1 m² Animal jovem: Coberto – 0,8 m² Descoberto - > 2 m² Descoberto - > 1,3 m² Cria: Coberto – 0,5 m ² Reprodutor: Coberto – 3 m² Descoberto - > 1 m² Descoberto - > 6 m² Solário. Útil para animais confinados durante todo o tempo, exercício e acesso ao solo. Curral de Manejo. Geralmente feito de madeira, cerca de 10 cm de largura, tábua mais baixa a 5 cm do chão, espaçamento da segunda tábua é de 5 cm de distância da primeira, a terceira é a 10 cm da segunda, a quarta a 15 cm da terceira e a quinta a 15 cm da quarta tábua. Pedilúvio. Caixas de alvenaria ou lona plástica com espuma embaixo ao longo do tronco central. Formato em V para que o animal não consiga de virar. Balança: Ferramenta imprescindível. Banheiro sarnicida: Não é muito utilizado. Na maioria das regiões já há resistência à ivermectina quanto às verminoses, quanto aos ácaros ainda não há resistência. Em banhos sarnicida qualquer carrapaticida funciona bem contra os piolhos e as sarnas. O intervalo entre cada banho deve ser de 10-12 dias, após o banho os animais devem ficar nos escorredores porque a lã retém o produto e sem isso teriaque repor o produto todo tempo. Banho de imersão: Funciona bem para animais deslanados. Não se faz mais banho preventivo contra a sarna que era realizado após a tosquia, cerca de três semanas após. LÃ – FIBRA NATURAL DE ORIGEM ANIMAL. Existem fibras têxteis naturais ou artificiais. As naturais são basicamente de origem vegetal (algodão) e de origem animal (lã ou seda), até a década de 80 a comercialização de lã era de 10%, hoje é menor que 5% em termos de Kg de lã, mas seu uso está aumentando junto com o crescimento populacional. Fibras artificiais: Quando se utiliza fonte vegetal ou mineral que é reprocessada (regeneradas), quando derivadas do petróleo (sintéticas). Quando ocorreu a grande crise da lã o valor dela caiu muito e os produtores deixaram a atividade, com isso houve o crescimento dos sintéticos que tem melhor qualidade e são mais baratos. SIL: Secretaria internacional da lã é quem institui o selo de qualidade a lã. A lã pura é antialérgica (quando dá algum tipo de coceira é porque houve mistura de lã de baixa qualidade que não serve ao vestuário), a produção de um quilo de lã polui muito menos quando comparado à produção de lã sintética derivada do petróleo. A lã é isotérmica, serve bem tanto para o calor quanto para o frio. Permite a circulação de ar e absorve o suor, permite a evaporação do suor. A lã natural é um recurso renovável, enquanto a lã sintética depende de petróleo. Menor combustão: a lã não queima rapidamente e nem forma labaredas, os gases produzidos pela queima da lã são menos tóxicos que os gases produzidos pela queima de sintéticos, em alguns países é lei que a forração de alguns lugares seja feita com lã (Ex. Boates). A lã reduz a eletricidade estática do corpo, ela absorve a eletricidade do corpo, já tecidos sintéticos tendem a se aderir ao corpo devido a eletricidade estática. Desvantagens da lã: maior preço, pouco resistente a insetos (traça é atraída pela queratina da lã), encolhe com facilidade no processo de lavagem (ocorre com toda fibra natural), pouco resistente ao plissado permanente (pregas). Estrutura da fibra de lã. 1ª Camada: Camada cuticular, a cutícula é o conjunto de células planas e sobrepostas, é a camada mais externa, é como a escama nos peixes ou as telhas de uma casa. Função – Protege a fibra, são incolores, essas células se apresentam de várias maneiras ao redor da fibra e representa 10% da fibra. Disposições: Em coroa – As células formam um anel ao redor de toda fibra. (Uma única célula, são irregulares, são de rara ocorrência, ocorre em raças do grupo dos caras negras). Em coroa reticulada – As células são diagonais a fibra. Quando é composto por uma célula única, esta não recobre a fibra em sua totalidade. Em reticulo escamoso – É um tipo de camada mais áspera, geralmente ocorre em animais que não foram selecionados para produção de lã. Quanto mais irregulares as bordas maior a probabilidade de ocorrer feltragem (fibras finas se unem umas as outras formando um emaranhado, adquirindo aspecto de feltro), isso não é bom. A feltragem pode ocorrer por problemas sanitários ou nutricionais, quando ocorre na cutícula, provavelmente é um problema genético. 2ª Camada: É chamada camada cortical ou córtex, compõe cerca de 90% da fibra e é uma parte interna. Possuem células longas com núcleo central permanente, a célula cortical é formada por microfibras que são compostas de microfibrilas que por sua vez são formadas de protofibrilas (11 protofibrilas formam uma microfibrila). A fibra típica de lã é ondulada, o paracórtex é a parte côncava da ondulação e é onde existem mais pontes de enxofre que provocam a ondulação, já o ortocórtex é a parte convexa da fibra e possui menos pontes de enxofre. 3ª Camada: É chamada camada medular, existem somente em algumas fibras, as heterotípicas. Denomina-se pelo aquele em que a medula é contínua. A terceira camada é segmentada em algumas fibras, são fragmentos de medula. Relação fibra, medula e diâmetro. TIPOS DE FIBRAS MEDULA DIÂMETRO FIBRA DE LÃ NÃO TEM < 40 µm FIBRA HETEROTÍPICA DESCONTÍNUA < 50 µm PELO CONTÍNUA > 50 µm KEMP CONTÍNUA > 80 µm KEMP – É um tipo especial de pelo, não tem um crescimento continuo, crescem até certo ponto e param de crescer, os outros tem crescimento descontinuo. A medula é uma queratina esponjosa e pigmentada, pode ter também um pouco de O₂ contido no centro da fibra. A presença de medula está altamente correlacionada com a aspereza da lã, quanto mais medula mais áspera à lã. Fibras com medula são de difícil tingimento. Propriedades físicas da lã. Finura: Diâmetro médio das fibras (na mesma fibra há diâmetros diferentes) expresso em micrometros. O Air-Flow é o equipamento que mede um número determinado de fibras e a resistência do ar, dando assim o diâmetro das fibras. É usado basicamente nas pesquisas, no Brasil o diâmetro é aferido de maneira subjetiva e varia de acordo com: Raça – Os fatores genéticos ligados à raça interferem no diâmetro da lã, quanto maior a finura, menor o diâmetro da fibra. Ex. Merino < Ideal, Corriedale > Romney Marsh. Linhagem – Também está relacionado a fatores genéticos, dependem da seleção que foi feita dentro de determinada raça. Ex. Merino Fino. Individualidade – Cada animal tem sua própria característica, e esta característica é dependente da combinação genética que foi feita. Idade – Espera-se que o diâmetro da fibra aumente com a idade até os dois anos de vida aproximadamente, quando o animal atinge o tamanho adulto o metabolismo fica diminuído. Sexo – Geralmente as fêmeas tem um diâmetro de fibra menor que os machos, além de suas fibras serem de tamanho menor quando comparadas as do macho. Nutrição – Quando há subnutrição a lã torna-se mais fina e mais quebradiça, mas isso não quer dizer que o animal quando superalimentado terá a fibra mais grossa. Região do corpo – Na parte anterior do animal a lã é mais fina que na parte posterior, isso ocorre normalmente, mas essa variação deve ser pequena. Comprimento de mecha/ fibra: É influenciado pelos mesmos fatores que influenciam a finura, animais que produzem lã mais fina também tem lã mais curta. Existe alta correlação entre o diâmetro e comprimento de fibra, a lã do primeiro ano de vida é mais comprida, mas logo depois vai diminuindo em função da idade. As fêmeas tem a lã mais fina e curta, enquanto os machos inteiros tem a lã mais grossa e mais comprida quando comparados aos machos castrados. A lã dos membros anteriores é também mais curta e fina que a dos membros posteriores. RAÇA COMPRIMENTO (CM) ONDULAÇÕES (CM) LINCOLN 18 – 30 cm 1 cm ROMNEY MARSH 12 – 16 cm 2 – 3 cm CORRIEDALE 10 – 14 cm 3 – 4 cm IDEAL 8 – 12 cm 4 – 7 cm MERINO 8 – 10 cm 6 – 8 cm Ondulação: Varia principalmente de acordo com a raça, a finura da lã é analisada subjetivamente de acordo com o número de ondulações e de acordo com a raça. Geralmente nos membros anteriores a lã é um pouco mais ondulada que no restante, mas a diferença é pouco perceptível. Caráter da lã – Leva em consideração o número de ondulações e sua uniformidade, quanto maior o número de ondulações e maior a uniformidade melhor o caráter da lã. A falta de uniformidade leva ao comprimento desigual, quanto mais ondulada, mais a lã distende. O comprimento da fibra é medido sem distendê-la (comprimento relativo). Resistência: É a forçanecessária para romper a fibra quando estirada, esse teste é feito com a mão e não pode romper. Apesar da resistência da lã da raça merino ser menor, é suficiente para a indústria. Extensibilidade: Capacidade de distensão da fibra. Elasticidade: Capacidade que a fibra tem de voltar a forma natural após ser distendida, quanto mais elástica for a fibra, menos ela amarrota. Flexibilidade: Resistência à torção, as lãs finas são mais flexíveis e mais elásticas. Quanto mais finas, melhores as características, exceto a resistência. Suavidade: Sensação agradável ao tato que é dada pelas células de cutícula. As bordas das células cuticulares deixam a fibra áspera, na lã bruta a suarda interfere na suavidade. Higroscopicidade: Retém de 16-18% de água em média, mas pode ser maior. A umidade interfere no tingimento, pois o corante é dissolvido em meio aquoso. Brilho: Capacidade de refletir a luz, fibras mais grossas tendem a ser mais brilhantes. Cor: Para a indústria a lã branca é a mais desejada, pois ela adquire cor naturalmente. Ex. Corriedale (tem suarda amarelada, a terra pode deixar a lã rosada – mas sai ao lavar). Os ovinos lanados são marcados com tinta (e não com ferro quente) que sai ao lavar. Rendimento: Quando retirada do animal a lã está suja (pó, barro, carrapicho), o rendimento lavado se define pelo kg da lã após ser lavada, a indústria gasta muito pra lavar a lã. Em alguns países se paga pela lã limpa, os ovinos de corte tem um rendimento melhor que os de lã fina por terem menos suarda. Fatores que afetam a produção de lã. 1. Externos: Nutrição, sanidade, clima, fotoperíodo. 2. Internos: Idade, sexo, efeito materno, estado reprodutivo, genótipo. Nutrição: É primordial para a expressão do genótipo, gramíneas em crescimento (primavera – verão) são melhores nutricionalmente, na época do outono – inverno a gramínea tem qualidade muito baixa. O teor de proteína nos alimentos é muito importante para o desenvolvimento piloso. Sanidade: Afeta o animal principalmente negativamente, animal fica prostrado e não se alimenta adequadamente, prejudicando o desenvolvimento piloso, em caso de subnutrição severa a lã pode parar de crescer. No caso da subnutrição o pelo passa a cair em 60 a 80 dias depois da parada do crescimento. Clima: A temperatura e umidade interferem indiretamente, fazendo que o animal seja prejudicado quanto a nutrição e na sanidade. Não é verdade que o frio estimula o crescimento da lã, pode acontecer do animal parar de consumir no calor e isso diminua a lã, com a diminuição da temperatura o animal volta a comer e o crescimento de lã retorna a normalidade. Fotoperíodo: Quanto mais luz, mais a lã cresce, cresce mais no verão se preparando para o calor. Na primavera em consequência do fotoperíodo a lã passa a cair, no inverno as consequências são vistas em 60 a 90 dias. O crescimento da lã dos lanados não para, apenas diminui, no período de menor crescimento a lã fica mias fina também, pode até romper e cair de tão fina. É difícil influenciar no fotoperíodo, mas é possível atuar na nutrição e na sanidade dos animais. Idade: A produção de lã é maior até o terceiro velo e depois diminui, quanto maior o tamanho corporal maior a produção de lã. Quando está em desenvolvimento o animal mobiliza os nutrientes para o desenvolvimento dos tecidos, deixando pouca energia para lã. Sexo: Machos são maiores que as fêmeas, então produzem mais lã 10 a 20% mais, essa diferença está no tamanho do animal, no fato que o macho não tem gestações e nem lactação (Não precisa mobilizar energia pra outras atividades). Efeito materno: Dê uma maneira geral, filhos de borregas produzem 5% menos lã que os filhos de ovelhas. Cordeiros (únicos) produzem em torno de 10% mais lã que cordeiros gêmeos, gêmeos de borregas podem produzir de 30 a 40% menos lã. Folículos pilosos: É durante a gestação que se formam os folículos, em seu nascimento o animal já tem um número determinado de folículos, depois disso apenas os folículos ativos produzem lã, mesmo que seja melhorada a condição do animal, ele produzirá o mesmo tanto de lã por toda vida, nunca irá aumentar a produção. Diferenciação dos folículos: Com 40 a 50 dias de gestação acontece a diferenciação, esses folículos estão maduros aos 100 – 110 dias (já produzem fibras), os folículos secundários se diferenciam com 90 dias de gestação. Sempre haverá folículos que não maturaram. Genótipo: Raça, linhagem, fatores individuais, folículos por milímetro quadrado. RAÇA FOLÍCULOS/ mm² MERINO 64 mm² IDEAL 50 mm² CORRIEDALE 28 mm² ROMNEY MARSH 22 mm² LINCOLN 14 mm² Classificação da lã. Na propriedade – O produtor deveria separar a lã em velo, garra ou garreio, cordeiro/ borrego (não separa velo e garreio) e lã com defeito. Também é possível separar por raças, o RS é o lugar que pratica melhor a separação na propriedade. A lã vai para a cooperativa em sacos de algodão ou em bolsas de juta, existem sacos especiais onde cabem de 30 a 40 velos. A lã é enrolada e atada com uma fita de papel, os bolos de lã de cada animal devem ser separados para que se possa fazer a classificação da lã por indivíduo. A lã de garreio é colocada toda junta, não separa por animal. Se os animais forem de um rebanho uniforme e com a lã de boa qualidade é possível colocar a lã de garreio junto com a lã do velo. Principais defeitos da lã. Sarna – A fibra pode ou não estar afetada. Manchada – Depende da extensão da mancha. Epidêmica – Pouca resistência, aspecto doente. Terrosa – Lã suja, cheia de barro. Arenosa – Muita areia entre as fibras. Sementes – Carrapicho, picão, sementes. A lã com defeito pode ser vendida, mas o valor cai muito, é um valor irrisório. Para a lã normal o produtor recebe o preço mínimo, caso as fibras sejam bem classificadas o produtor recebe também uma gratificação. Sempre é recomendado que o produtor envie lã já separada para ser vendida. Classificação da lã quanto a origem. Velo – Toda a lã do ovino exceto a da cabeça, dos membros e da barriga. Borrego – É a lã produzida na primeira tosquia do ovino que ainda não completou um ano. Garreio – É a lã da cabeça, dos membros e da barriga. Retosa – É a lã que ainda não completou um ano, a terminação na ponta é diferente do borrego. Pelego – Lã obtida da pele de cordeiros mortos. Capacho – É a lã cujas mechas encontram se feltradas. Campo – Proveniente de animais mortos por intempéries. Preto/ Moura – Lã pigmentada. Desborde – É a lã que sobra do trabalho de classificação. Classificação da lã de velo quanto a finura. CLASSES BRADFORD COMPRIMENTO (cm) DIÂMETRO (µ) MERINA MINÍMO 64´S 5 cm ≤ 22 µ AMERINADA 60´- 64´S 6 cm 22,1 – 23,4 µ PRIMA A 60´S 7 cm 23,5 – 24,9 µ PRIMA B 58´S 8 cm 25,0 – 26,4 µ CRUZA 1 56´S 10 cm 26,5 – 27,8 µ CRUZA 2 50´S 12 cm 27,9 – 30,9 µ CRUZA 3 48´S 13 cm 31,0 – 32,6 µ CRUZA 4 46´S 14 cm 32,7 – 34,3 µ CRUZA 5 44´S 15 cm 34,4 – 36,1 µ CRIOULA - Até 15 cm - Classificação de lã quanto a qualidade. Comprimento de mecha, resistência, brilho, cor, suavidade, caráter, entre outros. 1. Supra: Apresenta o grau máximo das propriedades, lã branca, muito uniforme, resistente, suave e livre de pelos e fibras pigmentadas (pura). É típico do animal da raça merino e dos puros geneticamente, no Brasil menos de 5% da lã comercializada é supra. 2. Especial: Animais com boa genética e bem alimentados, mas com pequenos defeitos visíveis, não é uma lãtão uniforme. 3. Boa: Defeitos mais facilmente vistos, o comprimento da fibra é normalmente ¾ do mínimo tamanho esperado para fibra. 4. Corrente: Apresenta defeitos com mais facilidade, o comprimento é de ½ do tamanho normal esperado para a fibra. Fibra pigmentada, falta resistência, possui defeitos fundamentais. 5. Comum ou mista: Proveniente de animais velhos ou enfermos, com alterações nas suas propriedades, mas não necessariamente lãs curtas. Dificilmente será vista, geralmente entra como lã corrente. Raças de corte: qualidade será no máximo boa, geralmente corrente, os animais com sangue merino australiano (Ile-de-france, Samm, Hampshire Down) entrarão como lã de qualidade boa. Raças de duplo propósito: É possível que chegue a qualidade supra ou especial. TOSQUIA. Épocas – Pode ser em qualquer época, mas são mais usadas as seguintes: Primavera-verão: Se retirada em período errôneo o animal pode sofrer com as quedas de temperatura desenvolvendo pneumonia. Essa é a época de comercialização da lã, deve ser evitada a tosquia no período de chuvas. Outono (Pré-monta): Ocorre um flushing natural, aumento do apetite e de ingestão alimentar das fêmeas e desenvolvimento reprodutivo. Nesse período é necessário que a lã seja armazenada, pois não é a época de compra de lã, recomenda-se fazer a tosquia duas semanas antes do período de monta. Inverno (Pré-parto): 30 dias antes do parto, não é recomendado por ocasionar muito estresse devido ao frio, no Rio grande do Sul essa época de tosquia é muito utilizada. Tosquia no inverno. - Fazer com que a ovelha chegue ao parto em melhores condições. Retirar a lã úmida diminui a mortalidade do cordeiro, diminui a mortalidade da ovelha, parto mais higiênico, favorece a descida do leite e evita a rejeição do cordeiro pela mãe. (A raça Corriedale tem lã no úbere, o cordeiro não acha o teto e pode morrer de inanição – a tosquia oferece benefícios). - Só é recomendada em áreas com o inverno chuvoso, os animais devem ficar presos em apriscos protegidos do vento e do frio, ou pode ser colocadas capas nos animais. Após 21 dias da tosquia é o ideal. - Ao realizar a tosquia a lã deve estar seca. Tosquiando o animal em intervalos de 12 meses a fibra de lã se torna mais fina e se rompe com facilidade na extremidade. Limpeza pré-parição. - Tosquia do úbere, ao redor da genitália e tosquia da cauda, se houver lã na cabeça ela também deve ser retirada, pois assim o animal enxerga melhor e tem maior percepção do que acontece. - Após duas semanas de tosquia não precisa mais deixar os animais presos no aprisco, pois já ocorreu um crescimento considerável de lã e um espessamento de pele. Métodos de tosquia. - Tesoura manual (método a martelo): Pode realizar a tosquia de até 30 animais por dia. - Tesoura mecânica (elétrica ou combustão): Chega a fazer 150 animais por dia. - Químico: Paralisa a atividade do folículo piloso. Sistemas de tosquia. - Australiano: Não ata o animal. - Crioulo e demais raças: Primeiro o animal deve ser peado de depois é retirado o velo e o garreio. Ideal para tosquia – Realizar a tosquia sobre o estrado de madeira. - Bolos de fezes aderidos à lã devem ser cortados antes de fazer a tosquia. - Qualquer momento desde que a lã não esteja molhada. MANEJO REPRODUTIVO DE OVINOS. Números bons na reprodução. - Número de ovelhas falhadas: < 3,0% - Número de partos prematuros: ≤ 0,5% - Mortalidade de cordeiros na primeira semana: ≤ 7,0% - Mortalidade de cordeiros até o oitavo dia de desmame: ≤ 3,0% - Mortalidade de adultos: ≤ 2,0% Formas de medir a fertilidade no rebanho. Número de parição = % Natalidade = % Desmame = % Partos gemelares = Características reprodutivas ovinas. São poliéstricas estacionais (fotoperíodo decrescente), principalmente outonos, a duração média do ciclo estral é de 16 – 17 dias, com duração do cio de 36 horas. A ovulação ocorre ao final do cio (24-36 horas), o cio é identificado através do macho, ele identifica a presença de ferormônios. Fatores que afetam a fertilidade. - Raça: O potencial reprodutivo é maior nos animais de corte devido a seleção reprodutiva (Ile-de- france, Hampshire down, Suffolk, Texel, Dorper, Santa Inês, Romney Marsh, Borola Merino, Romanov). - Cruzamentos: A heterose individual e materna, está relacionada as características reprodutivas e sua contribuição relativa ao peso total do cordeiro desmamado. Heterose materna – A mãe que é resultado de um cruzamento é mais fértil, produz mais leite e apresenta maior habilidade materna quando comparada a mãe pura. - Idade: Quanto mais dentes, maior potencial reprodutivo. Os ovinos alcançam a puberdade com cerca de 6-8 meses. Fatores que afetam a fertilidade da borrega. - Duração do cio: Ovelhas (24-48 horas), borregas (3-24 horas). - Taxa ovulatória: Borregas (1,21 óvulos), 3-4 anos (1,61 óvulos), 5-7 anos (1,46 óvulos). - Comportamento: Quando está em cio a ovelha vai ao encontro do macho, a borrega foge do macho. Manejo para melhorar o desempenho das borregas. - Separar as ovelhas. - Diminuir a área de acasalamento. - Carneiros experimentais, cuidados com consanguinidade e sanidade. - Efeito macho (induz o cio), evitar o contado com o macho 60 dias antes do acasalamento. - Borregas: Na puberdade (6-7 meses) colocar rufiões. - Ovelhas: 15 a 20 dias antes do encarneiramento, colocar rufiões. O que influência na reprodução da ovelha. - Peso corporal - Nutrição: Avaliado na região lombar, onde são observadas as vertebras. (Score corporal) Flushing – É um aumento súbito na dieta dos animais pelo menos 21 dias antes do encarneiramento - Aumento do GDP. - Aumento da taxa de natalidade. - Aumento na taxa de partos gemelares. (Aumento do número de óvulos) Ideal para ovelhas. - 2,5 a 3,0 (score corporal) - > 3,0 (score corporal) o flushing não é favorável nesse caso. - O problema no ovino está no excesso de gordura. - Conforme o peso da carcaça aumenta também o peso de osso e de gordura. - O ideal é ter 20-25% de gordura na carcaça. - Peso mínimo para desmame é de 12 Kg. - O ideal é 50% do peso da mãe para desmame em até 90 dias. Clima. - Temperatura: Cuidado com o saco escrotal, realizar tosquia a cada 60 dias para não haver um aumento muito grande de temperatura nesta região deixando os espermatozoides inviáveis. Época de encarneiramento. - O máximo da fertilidade ocorre em abril - Encarneiramento fora de época ou acasalamento acelerado: 3 partos a cada 2 anos. - Raças com estação reprodutiva prolongada. - Uso de hormônios. - Luz artificial. - Efeito macho - Desmame precoce (40-50 dias) com creep-feeding. - Nutrição inadequada. ESTAÇÃO PROLONGADA ESTAÇÃO MÉDIAESTAÇÃO CURTA SANTA INÊS BERGAMÁCIA ROMNEY MARSH MORADA NOVA CORRIEDALE TEXEL DORPER IDEAL SUFFOLK KARAKUL ILE-DE-FRANCE HAMPSHIRE DOWN Sanidade. - Verminoses, miíase, sarna, piolho, leptospirose. Fatores que afetam a fertilidade nos carneiros. - Permanentes: criptorquidismo, hipoplasia testicular, hérnias, traumatismo, brucelose, outros. - Temporários: Fotoperíodo, temperatura, cobertura de lã, alimentação, frequência de montas, outros. Sistemas de reprodução. - Monta natural - Monta dirigida e controlada, melhora a utilização do carneiro e é possível saber a época do parto. - inseminação artificial. Produção intensiva de ovinos. - Sistema de produção baseado na alimentação do animal. Fases de produção. Fase de cria: Período que vai desde a reprodução da fêmea e do carneiro até o desmame do cordeiro. Fase de recria: Período desde a reprodução até o início da engorda. Terminação: Período de 60 a 150 dias de vida. Vantagens do confinamento. - Baixa mortalidade. - Redução de verminoses. - Maior controle nutricional. - Possibilita o abate na entressafra. - Maior rapidez de comercialização. - Disponibilidade de pastagem para matrizes. - Desmame precoce. Desvantagens do confinamento. - Investimento alto. - São necessários gastos com instalações - Produção Cruzamentos. - Industrial: É a forma mais simples que existe, a fêmea precisa ser rústica e precoce, com baixo custo de mantença, devem ser pequenas e ter um bom potencial reprodutivo. Tudo que é produzido vai para o abate (tanto machos como fêmeas), é um sistema caro devido a necessidade de comprar fêmeas. - Vantagem: Sempre repõe as fêmeas. ** Não se devem usar borregas com carneiros pesados para não causar distocia. ALIMENTAÇÃO DE OVINOS. Consumo de matéria seca diária por categoria. CATEGORIA %P.V. OVELHAS MANTENÇA 1,6 – 2,0 OVELHAS (15 SEMANAS DE GESTAÇÃO) 1,8 – 2,2 OVELHAS (ÚLTIMA SEMANA DE GESTAÇÃO) 2,8 – 3,3 (1° CRIA) 3,7 – 4,8 (2° CRIA) CORDEIROS DESMAMADOS 2,5 – 4,3 BORREGOS PARA ENGORDA 3,5 – 4,3 REPRODUTORES 2,2 – 4,5 H₂O – Dobro de consumo de matéria seca em condições normais, quando o alimento é muito concentrado a ingestão de água deve mudar. Minerais – Cálcio e fósforo são os mais importantes em animais confinados que recebem suplementação, a falta desses minerais pode causar urolitíase. Os cereais normalmente tem mais fósforo que cálcio. Sal (Bovino) – O consumo deve ser de 7-10g, até 800 PPM de cobre. Pode causar problemas. Vitaminas – B e K o rúmen produz, vitamina C é produzida nos tecidos, vitamina A e E está em menor quantidade quando se usa feno, vitamina D está contida no pelo. As vitaminas A, D, E melhoram a espermatogênese. A suplementação de vitaminas é recomendada quando os animais passam muito tempo em pastagens secas. Características dos animais. - Tem alta capacidade de seleção de alimentos por terem o lábio fendido e móvel, seleciona brotos mais tenros. Recomendam-se pastagens de porte baixo, a pastagem não deve passar da altura dos olhos, preferência às estoloníferas, pois são bastante resistentes e de crescimento baixo. Gramíneas que recobrem o solo evitam a entrada de raios solares que matam as verminoses. - Animais pastoreiam de oito a doze horas por dia, no mínimo seis horas. Costumam comer nos horários mais frescos do dia, logo de manhã e no fim de tarde, ovinos não pastoreiam durante a noite. O tempo de pastejo está relacionado também à qualidade da gramínea, quando de baixa qualidade maior o tempo de pastejo e vice-versa. - Raças de lã fina e deslanados: São animais menos exigentes, mais ativos e fazem uma maior seleção de alimentos na hora de comer. - Raças de lã grossa: Geralmente animais de corte, esses animais tem maiores exigências, são menos ativos e menos seletivos na hora de se alimentar. Unidade/animal – 450 kg/ PV. Ovino – 0,2U/ animal (5-10 ovinos/ 1 bovino). CAPRINOCULTURA. - Surgiram na mesma época que os ovinos. - Os caprinos que vieram para o nordeste não produziam muito leite. - Caprinos não são animais muito seletivos, são bastante rústicos. - Caprinos comem de tudo, conseguem comer em posição vertical também, é ótimo escalador. - 90% dos caprinos estão situados no nordeste. - Criação para subsistência extensiva, animal procura o alimento. - Animal pouco produtivo, rústico. - Caprinocultura de leite (+ produtiva) está no sul do país. Ovinos têm 54 cromossomos, caprinos tem 60 cromossomos. - Consequentemente o cruzamento entre as espécies não é possível, caso aconteça o produto dessa cruza será infértil. Não há fecundação entre bode e ovelha, entre carneiro e cabra pode haver fecundação, mas ocorre a morte embrionária. - Não se recomenda a criação dessas duas espécies juntas, pois o hábito alimentar é diferente, caprinos preferem folhas de arbustos e de árvores havendo menor probabilidade de contaminação por vermes, os ovinos preferem as gramíneas e tem maior probabilidade de contaminação por verminoses. Espécies de caprinos. Espécie – Capri Hircus. Espécie selvagem – C. Aegagrus. - C. Falconeri. Espécie africana – C. Prisca. - C. Mubana. Características dos produtos caprinos. ESPÉCIE ST (%) GORDURA (%) PB (%) LACT. (%) MM (%) CABRA 13,0% 4,2% 3,5% 4,5% 0,8% VACA 12,7% 3,9% 3,3% 4,8% 0,7% OVELHA 18,4% 6,5% 6,3% 4,8% 0,8% BÚFALA 23,2% 12,5% 6,0% 3,8% 0,9% MULHER 12,9% 4,2% 1,1% 7,0% 0,6% ** O leite de cabra não apresenta muitas diferenças quando comparado ao leite de vaca. ** A proteína do leite de cabra tem uma conformação diferente da do leite de vaca. ** O leite de cabra tem propriedades hipoalergênicas. 1. Gordura. O tamanho dos glóbulos de gordura varia de um a 10 mm, em cabras 28% dos glóbulos de gordura são < 1,5 mm, são menores que os do leite de vaca, isso ocorre devido aos ácidos de cadeia curta que estão presentes no leite, por isso a digestibilidade é maior que a do leite de vaca, maior facilidade de quebra pelas enzimas. Os glóbulos estão dispersos no leite, a desnatagem do leite é mais difícil e a produção de manteiga também. 2. Sabor/ Odor ÁCIDOS GRAXOS CABRA VACA CAPRÓICO 2,4 2,2 CAPRÍLICO 3,2 1,8 CAPRÍCO 8,7 3,6 - Maior percentagem destes ácidos no leite dá a variedade de sabor e odor que contém o leite de cabra. - O bode tem uma glândula na base do chifre chamada Schietzel que produz o bodum que é um ferormônio, esse ferormônio dá o cheiro característico ao macho e estimula a fêmea a entrar em reprodução em menor tempo. No entanto esse cheiro pode passar para o leite da cabra se ela for ordenhada no mesmo local onde o macho fica. Recomenda-se. - Deixar o macho mais afastado das fêmeas em lactação para o ferormônio não deixar cheiro desagradável no leite. - A higiene na retirada do leite é muito importante, pois a falta dela pode interferir no sabor e no odor do leite deixando estes desagradáveis. 3. Cor. O leite de cabra é mais branco quando comparado ao da vaca, pois possui mais vitamina A. O leite da vaca possui mais provitamina A (carotenoides) que deixam o leite com uma coloração mais amarelada. 4. Proteínas. A principal proteína é a caseína (α, β, δ, λ). No leite de cabra, quando é coaguladoele forma coágulos menos resistentes que o leite de vaca, o que faz do leite de cabra ruim para fazer queijo. A caseína αS1 é responsável pela alergia em crianças, o leite de caprino provoca menos alergia por ter um teor menor dessa proteína (αS1) e também de outras proteínas. O leite de cabra é recomendado para crianças e também pessoas convalescentes. Intolerância a lactose: Quando não produz a enzima lactase, independente do tipo de leite. Alergia: Geralmente até dois anos de idade. Europa – A produção de leite é para fazer queijo e não para consumo, ao contrário do Brasil. LEITE MULHER CABRA VACA VITAMINA B6 0,10 0,07 0,64 VITAMINA B12 0,0003 0,0006 0,0043 ÁCIDO FÓLICO 0,0010 0,0024 0,0028 FERRO 0,15 0,68 0,80 Raças caprinas. Produtoras de leite: - Alpina (Alpina Parda, Alpina Americana, Alpina Britânica) - Saanen - Toggenburg - Anglo-nubiana (Raça que mais tem crescido) - Mambriana - Murciana Produtoras de pelo: - Angorá - Cachemira Produtoras de carne: - Boer (Melhor produtora de carne do mundo) - Savana - Kalahari - Jammapari (Mais no norte do país) - Bhuj (Mais no norte do país) Produtoras de pele: - Canindé - Curaço - Moxotó - Repartida ** As raças para produção de pele são aquelas consideradas como raças mais rústicas usadas na produção de carne. Carne. Tem um gosto bastante particular e mais forte quando comparada a carne bovina. - Cabritinho: É um animal jovem com dentes de leite, podem entrar na puberdade com menos de cinco meses, caso o animal seja abatido antes dos quatro meses não é necessário castrá-lo, no entanto são carcaças leves (200g/dia de confinamento). - Cabrito (a): Animal adulto que já trocou os dentes, após a primeira muda. A fêmea é considerada cabrita até seu primeiro parto, após o primeiro parto é chamada cabra. O macho passa a ser chamado de bode logo após ser colocado em reprodução, se for castrado é chamado capão. Glândulas de Schietzel: Estão ativas na puberdade, o ideal é castrar antes disso para evitar o que o cheiro esteja presente na carne e no leite. Após a castração é preciso esperar de 4-6 meses para abater afim de que o cheiro da carne saia no caso dos adultos. Com o passar da idade a carne do animal fica mais rígida e endurecida por ter menos gordura. O rendimento da carcaça é de 40-50% em caprinos e ovinos. Pele. A pele tem maior qualidade quando comparada aos ovinos, tem a pele fina, elasticidade, resistência e maciez. Animais com o pelo mais fino, curto e macio tem pele de melhor qualidade que os animais de pelo mais grosso. No Brasil 100% da pele está no nordeste e são provenientes de frigoríficos, as peles não podem ter restos de musculatura, rasgos ou furos. Deve ser seca a sombra para não desidratar e causar mudanças nas fibras, precisa ter 12% de umidade ou 88% de matéria seca, o ideal é fazer a salga para secar a pele. A pele vale 30% do valor total do animal e pode ser conservada por até um ano, é considerada como refugo a pele sem valor comercial. Pelo. Sua utilização é mais comum na Ásia e na Europa, um dos tipos de pelo é o mohair que é produzido pela raça angorá, são pelos longos para uso na fabricação de casacos. RAÇAS PRODUTORAS DE LEITE. Saanen: Raça suíça, é a principal raça de leite, tem pelagem branca ou creme, preferem pastagens sombreadas e tem orelhas pequenas e eretas, podem ser mochas ou não. Quando o animal é mocho há problemas de intersexo, fêmeas homozigotas (intersexo) são estéreis. São animais de bom tamanho corporal, tendo alta capacidade corporal e uma ingestão maior de alimentos além de mais substratos no leite. Seu peso médio é de 50-80Kg no caso das fêmeas e 100-110Kg no caso dos machos, são animais bem adaptados a região sul, possuem pernas dianteiras mais afastadas e produzem em média 2-8L de leite. A fêmea pode possuir barba, sua percentagem de gordura é de 3,5% e o tempo de gestação é de 150 dias. Branco alemã é uma variedade da raça Saanen, o cabritinho dessa raça nasce com cerca de 3,5Kg e tem um alto potencial de ganho de peso. Toggenburg: Tem origem suíça, seu peso médio é de 50-60Kg, perfil retilíneo, corpo anguloso desprovido de grandes massas musculares, sua pelagem vai da cor cinza até o amarronzado, esses animais possuem duas listras na face e tem uma produção de 3-4Kg de leite. Alpino ou Pardo suíça: Possui linha dorsolombar preta além das extremidades e abdômen que também são pretos, sua pele é escura e é um animal bem adaptado a criação extensiva. (outros: Alpina Americana, Alpina Britânica). Anglo-Nubiana: Tem origem na Inglaterra com cruzamentos de raças da Núbia. Produz pele de melhor qualidade quando comparada as raças anteriores, possui dupla aptidão (carne e leite), tem ótima adaptação ao clima tropical, as fêmeas pesam em média 40-50Kg. São animais rústicos, com produção de 2-3L, tem um período de lactação curto (menor que dez meses). Para essa raça todas as cores de pelagem são aceitas, esses animais possuem orelhas caídas e perfil convexo. Mambrina: Originada no oriente, são animais pequenos com o macho pesando 30-40Kg, tem pequena produção leiteira, chifres torcidos, são orelhudos. Murciana: Produção de 2-3L de leite. La mancha: Não tem orelhas. RAÇAS PRODUTORAS DE PELE. Angorá: Realizam duas tosquias (comprimento de pelo de no mínimo 10cm), produz mohair, não há criação dessa raça no Brasil, pois são pouco resistentes e não suportam bem a umidade, tem uma maior susceptibilidade a zoonoses. RAÇAS PRODUTORAS DE CARNE. Jamnapari: Originaria da índia, é uma raça bastante rústica, mas sofre com verminoses, animal bastante alto, pelos longos, a fêmea pesa em média 50-60Kg, aceita-se qualquer pelagem para esta raça, mas tem- se predominantemente animais brancos. Suas orelhas são grandes e pendentes, os chifres são curtos, a cabeça relativamente pequena e o perfil côncavo. Bhuj Brasileira: Aceita qualquer pelagem, mas geralmente é predominantemente preta, suas orelhas são grandes e pendentes além de esbranquiçadas, seus chifres são curtos e o perfil convexo. Assim como a Jamnapari, essa raça também sofre com problemas de verminose. Boer: Originado na África do Sul, foi formado através de cruzamentos de outras raças, são animais branco com cascos e mucosas escuras. Possui uma mancha em cada lado da cabeça, as fêmeas pesam até 100Kg e os machos podem chegar a 140Kg. Os animais dessa raça apresentam uma ocorrência maior de politetia nas fêmeas. Savanna: Original da África do Sul, tem pelagem branca, semelhante a raça Boer. Kalahari: Pelagem puxada para o vermelho, muito parecida com a raça Boer, exceto a cor. RAÇAS RÚSTICAS NACIONAIS. Canindé: Pouca rusticidade, pouca precocidade, baixa produção leiteira, comum no nordeste. Mossoró: Primeira raça nacional com registro tem extremidades e barriga pretas, pelagem branca. Marota: Pelagem creme ou branca. Gurguéia: Pelagem marrom. Outras raças: Repartida, Azul. INSTALAÇÕES PARA CAPRINOS. Cercas: Devem ter pelo menos 1,20-1,30m, no mínimo três fios (arame farpado), o espaçamento entreo primeiro fio e o chão deve ter 10-12cm podendo ter no máximo 20cm. Capril ou aprisco: sol deve correr sobre o telhado, em climas tropicais o aprisco deve seguir de leste para oeste, já em climas temperados, os apriscos seguem de norte para sul. As cabras gostam mais de cama, não há necessidade de piso ripado, mas o piso pode ser misto, ripado perto do comedouro (1,0 - 1,1m) e o restante é cama. Baias do capril: Precisam de divisórias, as cabras em lactação devem ser colocadas nas baias em grupos de 10-12 animais, deve ter cochos de gestação, de criação, para cabritinhos, para recria e para reprodução. Fatores relacionados à hierarquia: Idade, tamanho corporal, chifres. Espaço dentro da baia. IDADE ESPAÇO ATÉ 3 MESES 0,4 – 0,6 m² DE 3-6 MESES 0,8 – 1,2 m² DE 7-12 MESES 0,8 – 1,5 m² CABRA ADULTA 1,2 – 2,0 m² BODE 3,0 – 4,0 m² Espaço linear do comedouro. IDADE ESPAÇO ATÉ 3 MESES 10 – 20 cm DE 3-6 MESES 20 – 30 cm DE 7-12 MESES 25 – 35 cm CABRA ADULTA 30 – 45 cm BODE 50 cm Os comedouros devem estar do lado de fora da baia, o acesso dos comedouros devem ser por canzil, para evitar que os animais entrem no comedouro, evita que os animais briguem por comida (uniformiza o consumo), ajuda na contenção. Local próprio para ordenha. O ideal é a plataforma de ordenha (fique a 60-80 cm do chão), isso proporciona conforto ao ordenhador, melhora a higiene. O espaço entre cabras deve ser de 55-60 cm. A ordenha deve ser rápida, pois a ocitocina tem a descarga muito rápida (70% do leite está na cisterna), deve ser realizada por funcionários experientes, treinados e em ambiente limpo e calmo. Fornecer alimento antes da ordenha, isso facilita o trabalho do ordenhador. Após a ordenha deve ser fornecido concentrado rapidamente para que o animal se mantenha em pé até que o esfíncter do teto se feche (30 minutos), isso ajuda a evitar mastites. Na linha de ordenha a sequencia de animais deve ser: primeiro as novas e sadias, depois as velhas e sadias, cabras que já apresentaram mastite, e por fim as que têm mastite. Os três primeiros jatos de leite devem ser em caneca de fundo preto e telado, a cada 15 dias deve ser feito o CMT. É possível ordenhar um animal até quatro vezes ao dia, dependendo de sua produção leiteira: - Para produção de um litro, uma ordenha; - Para a produção de dois litros, duas ordenhas; - Para produções de três a cinco litros, três ordenhas. MANEJO ALIMENTAR DOS CAPRINOS. PREFERÊNCIA CAPRINOS (%) OVINOS (%) FOLHAS DE ÁRVORES 60% 20% GRAMÍNEAS 30% 50% HERBÁCEAS 10% 30% Sempre realizar podas nas árvores para evitar o desgaste do animal em busca de alimentos, deixar o animal pastejar no período da manhã e no período da tarde fazer a troca de pasto. A digestibilidade total dos caprinos é maior que a dos bovinos e, o consumo é de 3,0 a 8,0Kg de matéria seca por dia, mas essa quantidade varia conforme a temperatura, a aptidão, o tamanho e a qualidade do alimento. Para caprinos, quanto mais picada a forragem menor o consumo, esses animais preferem as folhas largas e inteiras. Quanto mais alimento durante o dia, maior o consumo e maior o desempenho (teoricamente aumenta a MO), mas na prática não funciona assim. Deve-se ter maior cuidado com a silagem no pós-corte devido a fermentação, o alimento não deve ficar exposto por tempo demais. Pode ser fornecido alimento apenas uma vez ao dia que o animal não passa fome, pois o cocho é grande para a quantidade diária de alimentos. Suplementação para caprinos leiteiros. O volumoso deve ser responsável pela mantença do animal, o concentrado deve ser responsável pela parte de produção dos animais. Classificação do volumoso quanto à qualidade. CLASSIFICAÇÃO % PROTEÍNA EXEMPLO EXCELENTE > 14% GRAMÍNEAS TROPICAIS, AZEVÉM, AVEIA. BOA 10 – 14% PASTAGENS REGULAR 5 – 10% SILAGEM DE MILHO RUIM < 5% BAGAÇO, CANA DE AÇUCAR. Um fator muito importante que deve ser considerado na mantença é a porcentagem de proteínas no alimento, fornece 300-500g de alimento por litro de leite produzido, o mais usado para proteína é: - 14 a 16% PB e 65 a 75% NDT. - 17 a 18% PB e 65 a 75% NDT. - 19 a 22% PB e 65 a 75% NDT. - 23 a 24% PB e 65 a 75% NDT. Antes de fornecer o alimento: Categorizar o animal, verificar o tipo exigência do animal, verificar o alimento disponível quanto a sua composição. Fase I: Primeira semana pós-parto até dois meses de idade – Aumento do pico de produção de leite e redução na alimentação. É a fase de desbalanço energético, o que é gasto para produzir leite é maior que a energia consumida, produz porque queima sua gordura. Redução de peso e score corporal. Fase II: Balanço energético que ocorre após a fase I (após dois meses). Ocorre aumento de peso e também no score corporal do animal. Fase III: De sete a dez meses, final da lactação e início da gestação. No sétimo mês após a lactação faz-se a monta e no décimo mês faz-se a secagem na cabra. Fase IV: É o período seco, deve durar no mínimo 45 dias, o feto se desenvolve rapidamente. Escore corporal. Cabritas (1° parto) – 2,75 a 3,0 de condição corporal. Final da fase I – Deve ser maior que 2,0 de condição corporal. Início da fase II – 2,0 a 2,25 de condição corporal. No final da fase II – 2,5 a 2,75 de condição corporal (é quando será coberta). Na fase III – 2,75 a 3,25 de condição corporal. Na fase IV – 3,0 a 3,5 de condição corporal. **Cabra: Os valores de escore corporal é semelhante, não devendo ser maiores que 3,5 (fase IV). CABRAS LEITEIRAS. Reprodução. São altamente influenciadas pelo fotoperíodo, o período de reprodução desses animais acontece no outono. O ideal é 25% das cabras parindo em cada trimestre. Para conseguir bons índices reprodutivos é preciso introduzir genes de raças pouco influenciadas pelo fotoperíodo, selecionar cabras de ciclo reprodutivo longo, utilizar protocolos que induzam a ovulação em épocas desejadas pelos criadores. Caprinos: uso de hormônio no primeiro ciclo é bastante eficaz, no entanto no terceiro ou quarto ciclo a resposta ao hormônio não é tão boa, pois os animais criam imunidade. Uso de iluminação artificial: 16 a 17 horas de luz durante 60 dias (fluorescente ou incandescente 10 watts/m²), após este período volta a luz natural e os animais ciclam. Amamentação. No nascimento em explorações leiteiras o cabritinho é separado da mãe. O colostro deve ser dado nas primeiras seis horas, 3 a 4x por dia durante três dias, no caso de sobra o colostro deve ser guardado congelado. Substituto do colostro: Soro da mãe + leite. CAE – Encefalite caprina. O animal positivo deve ser sacrificado, pode haver transmissão vertical, portanto deve-se pasteurizar o colostro (62°C por uma hora). Do quarto dia até o desmame (35 – 50 dias): Usa-se leite de vaca por ser mais barato ou sucedâneos em balde ou em mamadeiras. 1,5L de leite por dia (mínimo) 2 a 3x por dia. Do sétimo ao décimo dia de vida: Pode ser dado alimento sólido, ração concentrada de boa qualidade (18% PB) à vontade ou feno. Desmame. A ração concentrada tem que ser consumida em quantidade de pelo menos 125g/dia, para o desmame o animal precisa ter pelo menos 10kg de peso vivo, precisa ter aumentado o peso de nascimento em pelo menos 2x. No desmame em até 120 dias a alimentaçãoé como no desmame convencional, exceto o leite. Para o desmame em menos de 120 dias é necessário que: seja restringido o concentrado a 500g/ dia para evitar muito ganho de peso, o alimento volumoso deve estar a disposição, pode ser fornecido silagem, deve se ter cuidado com as verminoses e ter controle com o ganho de peso. SELEÇÃO PARA FÊMEA LEITEIRA. Característica leiteira: Animais sem acumulo de gordura, seu sistema mamário deve ter boa conformação, com ligamentos suspensórios íntegros, os tetos devem estar voltados para frente e ter bom tamanho, o úbere não deve ultrapassar a altura dos jarretes. Capacidade corporal: Boa largura de costelas, boa abertura de pernas, animal comprido. Aprumos: O correto é que estejam em linha vertical. Casco: Cresce muito e deve se ter cuidado, pois isso pode interferir nos aprumos. Coluna: Verificar lordose, cifose, escoliose. Dentição: Evitar prognatas, agnatas e braquignatas.