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0 1 2 Sumário A TAXIDERMIA......................................................................................................03 OS MATERIAIS UTILIZADOS...................................................................03 ESPESSURAS DE ARAMES GALVANIZADOS PARA ARMAÇÕES....................05 PRINCIPAIS TIPOS DE ENCHIMENTOS.................................................05 OLHOS DE VIDROS............................................................................................. ..06 PRINCIPAIS MISTURAS DE TAXIDERMIA (MUMIFICANTES)................07 OUTRAS RECEITAS (CONTRA INSETOS)...........................................................09 RECEITA PARA LIMPAR PLUMAGENS ..................................................... .....10 PARA EVITAR A APARIÇÃO DE LARVAS DE MOSCA........................................10 CONSERVAÇÃO DO ESPÉCIME DURANTE O TRANSPORTE...............10 MISTURAS ANTI-SÉPTICAS EM PÓ.....................................................................10 TRATAMENTO PRELIMINAR DO ESPÉCIME...........................................11 MAPA DE ANATOMIA DAS AVES.........................................................................12 A LIMPEZA DO ESPÉCIME................................................................. .......13 EXTRAÇÃO DA PELE............................................................................................14 PREPARANDO A ARMAÇÃO DE ARAME..................................................16 A MONTAGEM........................................... ............................................................19 RESTAURAÇÃO...........................................................................................21 CONSERVAÇÃO E MANUTENÇÃO................................................................ ......22 EXIBIÇÕES DE MUSEUS............................................................................22 PREPARAÇÃO DE PEIXES...................................................................................22 PREPARAÇÃO DE RÉPTEIS...................... .................................................23 PREPARAÇÃO DE CRUSTÁCEOS.......................................................................25 CONSERVAÇÃO DE OVOS.........................................................................26 EXEMPLARES DE COLEÇÕES CIENTÍFICAS.....................................................26 OSTEOTÉCNICA..........................................................................................27 PREPARAÇÃO DE ANFÍBIOS.................................................. .............................28 TAXIDERMIA REVISADA..............................................................................29 LEGISLAÇÃO BRASILEIRA DE PROTEÇÃO DE ANIMAIS SILVESTRES...........33 3 O principal objetivo do presente livro é torná -lo um elemento de consulta fácil e permanente para o leitor, enriquecendo a renovação das coleções científicas e exibições em Colégios, Universidades e Museus. A simples, porém vital finalidade de proporcionar uma informação básica e de qualidade para todos aq ueles que amam a zoologia e ciências naturais que queiram coletar e preparar seus próprios espécimes de estudo, traduz todo os meus anseios. A TAXIDERMIA A técnica da Taxidermia é ligada à biologia e consiste em conservar animais mortos, despojados de vísceras e esqueletos, utilizando basicamente a pele curtida. Do grego taxis, que significa movimento e derma, que significa pele, a taxidermia não é uma mera reprodução do animal. É a arte de reconstituí -lo como se estivesse em seu habitat natural, imitando , inclusive, seus hábitos e movimentos. Talvez tenha sido utilizada até mesmo pelos antigos egípcios. Desde o século passado, o crescente interesse dos naturalistas pela preservação de valiosos espécimes de estudo rapidamente foi progredindo alcançando des ta forma até as últimas décadas um quase inacreditável perfeccionismo nos materiais e métodos utilizados. Diversos avanços realizados na área foram acompanhando as necessidades e tendências de exibições de museus de História Natural. Desta forma, a Taxide rmia pretende lhes dar uma aparência realística, como se estivessem realmente vivos e com o melhor aspecto natural possível. OS MATERIAIS UTILIZADOS Nesta parte inicial do presente livro vamos ver as diversas ferramentas utilizadas por um profissional da área que esperamos sinceramente que o próximo seja você e aqui vai nossa primeira dica: Não se deixe impressionar pelas primeiras dificuldades iniciais, muito pelo contrário, faça delas um meio de aprendizado e um degrau á mais ser conquistado na subida de seus ideais. 4 Como nos mostram as figuras acima e á baixo existem uma infinidade e variedade tão grande de materiais utilizados na taxidermia que seria uma tarefa quase impossível listá-los aqui. Com o decorrer dos seus trabalhos você com certeza irá acabar improvisando ou adequando outros materiais dependendo de sua necessidade de trabalho. No entanto apresentaremos os materiais mais básicos para as suas primeiras experiências. Arame galvanizado de diversas espessuras, estopa, algodão, olhos de vidro, bases lustradas de madeira, pinças, alicates, bisturi, tenazes, martelo, agulhas de costura, alfinetes, seringas descartáveis, agulhas de seringa descartáveis, formol (37%), serra, pincéis, pinturas á óleo (caso deseje montar um cenári o atrás de seu espécime), gesso, cola, fita métrica, lupa de aumento, furadeira, brocas e etc. 5 ESPESSURAS DE ARAMES GALVANIZADOS PARA ARMAÇÕES: Diâmetro aproximado de arames (em mm.) Exemplo de animais 5 Beija flor, corruíra, camundongos... 6 Tesourinha, codornas... 7 ‚ 8 Pardais... 9 ‚ 10 Pássaro Preto, Tucanos... 11 ‚ 12 Pica-Pau... 13 ‚ 14 Gaviões, corujas, mochos, gambás... 15 ‚ 18 Gansos, Lagartos, Tatus... 19 ‚ 27 Garça, jacarés... 30 ‚ 38 Cegonhas, crocodilos, macacos... 45 ‚ 55 Pelicanos, bichos preguiças... 60 ‚ 75 Emas, veados... 80 ‚ 100 Avestruzes, crocodilos, leões, Zebras... PRINCIPAIS TIPOS DE ENCHIMENTOS Estopas sintéticas (Mais utilizadas e recomendáveis para a maioria dos casos). Chumaços de algodão de poliéster (Sua principal desvantagem é a tendência de se expandir). Palha comum (De fácil manejo para aves de porte mediano, no entanto é de difícil introdução e tende á mais tarde deformar o espécime). Gesso (Ótimo na introdução de cobras e outros répteis, porém l eva a desvantagem de manter a umidade). Algodão e estopa de Algodão (Muito utilizados atualmente, mas sua principal desvantagem é que se esparramam no exemplar com muita facilidade dificultando o trabalho de pessoas novatas). Existem outros tipos de ench imentos como, por exemplo, o musgo seco, no entanto como já caíram em desuso e muitos não são confiáveis, acabaram por ficar de fora desta lista. 6 OLHOS DE VIDROS Existem atualmente no mercado uma enorme variedade disponível de olhos de vidros fabricados exclusivamente para a Taxidermia, os mesmos foram incorporados com cores adequadas á Íris dando um excelente resultado e fidelidade á o espécime taxidermizado. Infelizmente o Brasil ainda não possui fábrica destes tipos de olhos especiais, fazendo assi m com que muitos profissionais da área tenham que importar geralmente dos E.U.A com preços muito elevados. Uma possível alternativa que muitas pessoas têm recorrido (inclusive alguns profissionais de taxidermia brasileiros de renomes internacionais), seria recorrer á olhos de vidros vendidos em lojas de armarinhos para ursinhos de pelúcia e outros bonecos (existem no Brasil várias medidas disponíveis, bem como uma grande gama de cores, rocha, verde, amarelo, marrom, cinza...). Estes tipos de olhos de vid ros (ou de plástico) são de menor qualidade, porém apresentam resultados maravilhosos, sua principal vantagem é o preço baixo e a maioria das cidades brasileiras os tem para vendas (inclusive cidades dointerior). Para adequar estes tipos de olhos para o uso da taxidermia, é necessário que o profissional corte o plástico no dorso dos olhos (conforme o animal que deseje taxidermizar), caso seja um olho de vidro e a base no dorso seja constituída de metal, a mesmo poderá facilmente ser cortada com um alicat e ou uma serrilha, veja a figura abaixo: Olho de plástico com base também em plástico Olho de vidro com base em arame 7 Tamanho de olhos em Milímetros Exemplo: 1 ‚ 3 Beija flor, corruíra, camundongos... 4 ‚ 6 Pardais, tesourinhas, codornas... 7 ‚ 8 Pica-Pau, Pássaro Preto, Tucanos... 9 ‚ 10 Gansos, Lagartos, Tatus... 11 ‚ 12 Gaviões, corujas, mochos, gambás... 14 ‚ 16 Emas, Pelicanos, veados... 18 ‚ 20 Avestruzes, crocodilos, leões, Zebras... No entanto, estas são medidas aproximadas e com o passar do tempo e com a prática você mesmo poderá efetuar as comparações de medidas de cada espécime á ser trabalhado. PRINCIPAIS MISTURAS QUE PODERÃO SER UTILIZADAS PELO PROFISSIONAL DE TAXIDERMIA Pastas anti-sépticas e líquidos mumificantes Receita (1) Sabão branco (210 gramas), Arsênico branco (60 gramas), raspa de casca de limão em pó (40 gramas), Querosene (50 milímetros), Creolina (40 gramas), Água destilada. Para iniciar a preparação desta pasta, primeiramente é necessário dissolver o sabão em água destilada quente e após este processo, adicionar o arsênico juntamente com a raspa de casca de limão em pó. Esta pasta deverá ficar em repouso e após o seu esfriamento deverá então ser acrescentadas a querosene com creolina. Esta pasta poderá ser aplicada na pele interna do animal com pincel. (Cuidado esta pasta possui elevada toxidade). Receita (2) Arsênico (1000 gramas), Creme tártaro (125 gramas), Sabão branco (1000 gramas, Naftalina (125 gramas, Álcool 96 (100 mili litros), Água destilada (500 mililitros). Para iniciar a preparação desta pasta, primeiramente é necessário dissolver o sabão e a Naftalina em água destilada quente, após retirado do fogo acrescente o Arsênico, Creme tártaro e o Álcool. Esta pasta poderá s er aplicada na pele interna do animal com pincel. 8 Receita (3) Arsênico branco (300 gramas), Naftalina em pó (50 gramas), Sabão branco (400 gramas), Água destilada (800 mililitros). Para iniciar a preparação desta pasta, primeiramente é necessário dissol ver o sabão e a Naftalina em água destilada quente, após retirado do fogo acrescente o Arsênico branco. Esta pasta poderá ser aplicada na pele interna do animal com pincel. Receita (4) Sabão branco (300 gramas), Água destilada (600 mililitros), alcânfora (70 gramas). Para iniciar a preparação desta pasta, primeiramente é necessário dissolver o sabão em água destilada quente, após retirado do fogo acrescente a alcânfora. Receita (5) Cloro de Zinco (15 gramas), arsênico branco (25 gramas), Nitrato de potás sio (5 gramas), Álcool metílico (200 mililitros), Glicerina (300 mililitros), Água destilada (1 litro). Para iniciar a preparação desta pasta, primeiramente é necessário dissolver o Cloro de Zinco e o arsênico branco em água destilada, após este processo, coloque para ferver durante aproximadamente 2 minutos, depois de retirado do fogo acrescente o Nitrato de potássio, Álcool metílico e a Glicerina. Receita (6) Arsênico 150 gramas, Sabão de Marselha (150 gramas), Carbonato de Potássio (50 gramas), Alcânfora (75 gramas), Água destilada (200 mililitros). Esta mistura é ideal para animais que possuem zonas expostas e de pouca pelagem como morcegos, por exemplo. Nesta mistura não é necessário ferver a água, bastando apenas misturar os ingredientes. Receita (7) Água destilada (500 mililitros). Álcool 100 ( mililitros). Nesta mistura não é necessário ferver a água, bastando apenas misturar os ingredientes. Esta mistura realiza ótimos resultados em aves em geral além de ser muito fácil de ser preparada. Receita (8) Creolina (20 gramas), Água destilada (200 mililitros). Basta apenas misturar os ingredientes. Esta mistura possue a vantagem de ser muito fácil sua preparação, além de poder ser injetada em regiões do corpo onde ainda restam tecidos que não puderam ser retirados na preparação do espécime. Outra alternativa é utilizar esta receita misturada com Naftalina dissolvida em Álcool e mesclada com sabão. 9 Receita (9) Arsênico branco (250 gramas), sal tártaro (50 gramas), alcânfora (25 gramas), Sabão branco (250 gramas), Água destilada. Para a preparação desta mistura é necessário derreter o sabão em uma pequena quantidade de água destilada em fogo lento. Uma vez que o sabão estiver totalmente fundido acrescente o sal tártaro e o arsênico. Muito cuidado com a Alcânfora (pois é extremamente volátil), coloque-a somente após a mistura haver resfriado totalmente. Esta pasta poderá ser aplicada na pele interna do animal com pincel. (Cuidado esta pasta possui elevada toxidade). Receita (10) Formol (1 litro), Água destilada (1 litro), Arsênico branco (100 gramas), Alcânfora moída (25 gramas), Álcool (50 mililitros). Com um frasco de boca larga despeje o formol com Água destilada e o Álcool nas quantidades indicadas. Após ter realizado este procedimento acrescente n este frasco a Alcânfora moída e por último o arsênico branco. Atenção: Esta receita é de elevada toxidade, pois o arsênico é um potente veneno e muito perigoso, sua ingestão ou inalação prolongada pode levar á morte. Lembre -se de realizar tal preparação em ambiente extremamente ventilado e guarde o restante que sobrar em um lugar alto longe de crianças e preferencialmente com um grande rótulo de perigo. Esta receita é altamente recomendada para injeções e sua conservação é indefinida. Receita (11) Álcool (100 mililitros), Formol (5 mililitros),Glicerina (2 mililitros), Água destilada (300 mililitros). Basta misturar os ingredientes sem necessidade de fervuras. Esta receita líquida também é ideal para aplicações de injeções em pequenas aves e sua toxidade é baixa. OUTRAS RECEITAS Para evitar a ação nociva de insetos sobre o animal taxidermizado. Receita (1) Álcool 40 (560 mililitros), Alcânfora (150 gramas), Sabão (65 gramas), azeite de coco (65 gramas). Esta é uma receita inofensiva e prepara -se através de infusão destas substâncias em um frasco durante aproximadamente 8 dias (tendo que ser agitada diariamente). No final bastará apenas efetuar uma filtração, para obter apenas o líquido que é ideal para aplicações de injeções. 10 Receita (2) Álcool 40 (800 mililitros), Alcânfora (25 gramas). Esta receita não necessita de fervuras, bastando apenas sua mistura em um borrifador. Esta fórmula é muito utilizada para borrifar a parte externa da pele do exemplar em preparação taxidérmica. RECEITA PARA LIMPAR PLUMAGENS Muitas vezes o preparador se depara com plumagens cheias de sangue. Para remover facilmente o sangue bastará limpar as plumagens com talco, no entanto caso não surta resultados o preparador poderá optar por uma mistura de Água destilada com sabão dissolvido. PARA EVITAR A APARIÇÃO DE LARVAS DE MOSCA Ácido cênico (30 gramas), Água destilada (1 Litro). Esta receita não necessita de fervuras, bastando apenas sua mistura. Para utilização, basta impregnar um pequeno chumaço de algodão e usá -lo como tampão no bico e no ânus do exemplar taxidermizado. PARA CONSERVAÇÃO DE CORPOS DE AVES QUE DEVERÃO SER TRANSPORTADAS EM LONGAS DISTÂNCIAS (ENTRE 48 A 72 HORAS). Receita (1) Nitrato de potássio (200 gramas), Água destilada (1000 mililitros). Esta receita é ideal para aplicação de injeções. Aplica -se com uma seringa descartável no abdômen do exemplar á ser transportado (10 á 20 mililitros), tórax (10 á 20 mililitros), cabeça (5 á 10 mililitros), extremidades (5 mililitros), massas musculares em geral (10 á 15 mililitros). As quantidades aqui fornecidas foram calculadas para animais de grandes tamanhos.Para exemplares menores, estas dosagens deverão ser diminuídas proporcionalmente ao volume do corpo do animal. Para animais menores que uma galinha, por exemplo, estas quantidades deverão ser reduzidas em 50 %. Receita (2) Borato de sódio (50 gramas), Formol (35 mililitros), Água destilada (915 mililitros). Esta receita é ideal para aplicação de injeções em aves que deverão ser transportadas em longas distânc ias. MISTURAS ANTI-SÉPTICAS EM PÓ Existe atualmente disponível no mercado brasileiro uma enorme variedade de misturas em pó anti-sépticas. No entanto, em sua grande maioria não são 11 recomendáveis para o uso na Taxidermia, pois infelizmente mantém a pele enrijecida e não aderem suficientemente. E principalmente porquê são extremamente prejudiciais para a saúde do profissional desta nobre área. A seguir você conhecerá algumas receitas em pó recomendadas para a Taxidermia. Cal (200 gramas), Rapé (100 gramas). Sal Amoníaco em pó (30 gramas), Rapé (82 gramas). Cobalto em pó (30 gramas), Alumínio em pó (60 gramas). Alcânfora em pó (350 gramas), Canela em pó (250 gramas), Alumínio em pó (400 gramas). Sal (150 gramas), Arsênico (30 gramas), Alumínio em pó (55 0 gramas). Esta receita é de elevada toxidade! Atenção Todas as receitas fornecidas nesta apostila são utilizadas geralmente por profissionais da área já com muita experiência e em sua grande maioria são comercializadas em farmácias em quase todo o Bra sil. No entanto para pessoas de pouca experiência ou nenhuma, recomendamos apenas o uso do formol, uma vez que este conserva muito bem o exemplar taxidermizado (inclusive grandes profissionais brasileiros optaram apenas pelo uso do formol). No entanto cas o você queira fabricar sua própria receita conservante através de outras aqui fornecidas, sempre procure se informar com o seu farmacêutico de confiança sobre o nível de toxidade da mesma. TRATAMENTO PRELIMINAR PARA A TAXIDERMIA DO EXEMPLAR Antes de tudo, o preparador deverá analisar o possível estado de deteriorização que o animal possa apresentar e o profissional da área desde já deverá pensar em uma maneira de como sanar este problema. (limpeza de pele ou plumagens, por exemplo). Lembre-se antes de qualquer coisa que as leis brasileiras são muito severas com animais silvestres e que o Ibama é o órgão responsável pela inspeção de possíveis contraventores. A finalidade desta apostila não é a obtenção de troféus de caças ilegais, mas sim de material de estudo. Em muitos casos, a morte de diversos animais poderá dever -se á causas naturais ou até mesmo atropelamentos. Caso você descubra um caso de um animal ferido, o mesmo não deverá ser utilizado para fins da Taxidermia, mas encaminhado com a máxima urgência para zoológicos e outros estabelecimentos que tenham disponibilidade e legitimidade por lei para cuidar deles. Desta maneira, você jamais poderá capturar animais para fins taxidérmicos, pois esta ciência deverá apenas e somente aproveitar animais já mortos como material de investigação e estudo. Inclusive podendo proporcionar material educativo e didático. Por exemplo, o contato de pessoas com deficiência visual com animais selvagens. Pois, de outra maneira eles jamais os teriam em seu alcance. 12 Recomendamos nos seus primeiros trabalhos utilizar aves domésticas como, por exemplo, galináceos (galinhas), justamente pelo fato de que a Taxidermia requer a prática manual e desta maneira você evitará pela inexperiência destruir es pécimes importantes ou únicos. Primeiramente você deverá efetuar um acurado exame em busca de feridas e imediatamente tampá -las com algodão para impedir que o sangue acabe por manchar a plumagem ou a pelagem. Também é necessário introduzir algodão impregnado de Álcool (ou outra sustância anti -séptica) na boca ou bico, ouvidos, nariz e também no ânus, este procedimento é necessário em todos os espécimes, principalmente em aves de rapina que costumam devolver seus alimentos logo após sua morte. No caso de aves aquáticas é preciso limpar primeiramente o bico, bucho e esôfago. Para a limpeza do bucho, você deverá abrir o bico e com uma pinça extrair todos os alimentos que lá possa conter. Para os demais tipos de aves você deverá proceder da seguinte forma: Suspenda a cabeça para baixo segurando -a pelas extremidades e comprima seu peito com a palma de sua mão e continuando a comprimir vá subindo em direção ao bico, porém com muito cuidado para não desorientar as penas. Com este procedimento simples, você obri gará os alimentos saírem pelo bico. E como já dissemos anteriormente é aconselhável tampar com algodão os orifícios nasais e anais (para impedir a saída indesejada de excrementos que poderão manchar a plumagem ou a pelagem). 13 Alguns profissionais utilizam gesso para impedir a saída de sangue e outros líquidos. Porém este procedimento é altamente desaconselhável, uma vez que o gesso adere facilmente aos pelos ou á plumagem do animal, ficando desta forma posteriormente praticamente impossível sua limpeza pod endo assim prejudicar a integridade do exemplar. Após estes procedimentos, você poderá realizar algumas observações e anotar tudo o que depois possa facilitar a perfeita armação de sua peça, dando -lhe assim uma maior aparência de vida. Por exemplo: Você poderá anotar a cor dos olhos, do bico (no caso de pássaros) e das patas, bem como as medidas gerais do corpo. Pode ser também muito útil realizar pesquisas em livros ou na Internet as atitudes mais comuns do animal em vida, a posição do corpo quando o exem plar se encontrava em repouso e a disposição (no caso de aves) das asas sobre o corpo. Recomendamos também o uso de fotografias do animal á ser taxidermizado em vida (de preferência vários indivíduos da mesma espécie), para facilitar o trabalho e obter mel hores resultados de realismo. Você deverá ter muito cuidado na hora de mexer com as plumagens da região anal (a cauda), uma vez que é extremamente difícil devolvê -las ao seu estado natural. Também não recomendamos começar a trabalhar com uma ave ou outr o animal que tenham morrido á mais de 4 horas, há não ser que tenham sido congeladas logo após a morte, neste caso recomendamos a Taxidermia em até uma semana. Quanto ao tempo de decomposição é muito variável de espécie para espécie e com distintas vari ações do ambiente que morreu. Mas avaliando as diversas situações em um modo geral, poderia se estabelecer um limite entre 24 a 36 horas antes que a peça fique totalmente inutilizada para a Taxidermia. Uma ótima maneira de saber se uma ave está ou não e m condições de ser destinada para a taxidermia seria lhe arrancando suavemente uma pena de seu abdômen. Se esta pena sair muito facilmente jogue -o fora, pois infelizmente esta é irrecuperável. No entanto esta maneira de avaliação preliminar poderá variar muito de espécie para espécie, pois na maioria dos casos o formol poderá restabelecer a resistência da pele e esta poderá segurar com muita resistência as penas da ave. No caso de outros animais como mamíferos, por exemplo, é muito complicado averiguar ou efetuar uma avaliação preliminar. No entanto caso o exemplar cheire mal e seu corpo esteja extremamente enrijecido com toda a certeza não servirá para fins taxidérmicos. A LIMPEZA DO ESPÉCIME Primeiramente retire os tampões de algodão que você coloco u com o auxílio de uma pinça, com algodão embebecido em álcool umedeça as manchas de sangue que restaram no espécime (enquanto limpe, atente para o fato de sua mão no processo de limpeza sempre seguir a direção da plumagem ou dos pelos) até que as mesmas desapareçam totalmente. Muitas vezes é necessário contar com a ajuda de uma agulha para dissolver os coágulos de sangue. Esta operação se repetirá com todas as manchas que repousam sobre o espécime. Este tipo de limpeza, também é muito útil na remoção de possíveis manchas de barro, líquidos abdominaise excrementos, sempre utilizando algodões umedecidos em álcool ou 14 água. Não é recomendável a utilização de sabões ou detergentes os quais costumam arruinar os pelos ou as plumagens. EXTRAÇÃO DA PELE Antes de iniciar o processo de extração da pele, recomendamos repousar o animal sobre uma folha de papel e contornar com o auxílio de um lápis o contorno de seu corpo para com que desta forma, você possa tomar com mais facilidade todas as medidas do espécime pa ra com isso mais tarde poder obter maior perfeição na hora da montagem. Não se esqueça de forrar a mesa com jornais velhos para efeito de higiene. Uma vez que você já tomou todas as medidas do animal, o coloque a cabeça do espécime apoiada sobre o ombro ( no caso de pássaros e com o seu dedo vá descobrindo pouco á pouco a pele do animal na região peitoral separando assim, os pelos ou a plumagem. Com o auxílio de um bisturi ou uma faca bem afiada, realize a incisão (corte), começando na região do colo (c intura) até a metade do abdômen. Tome muito cuidado de cortar apenas a pele, portanto o corte não poderá ser profundo. Veja a figura abaixo: Após este processo, com a ajuda dos dedos, bisturi ou faca, vá separando com cuidado a pele do corpo do anima l. Faça isso com muita atenção para não romper ou rasgar a pele, pois na Taxidermia é apenas ela que nos interessa. Á medida que vai separando a pele do corpo, você poderá também ir umedecendo -a (por dentro) com álcool para impedir que a mesma grude na car ne e ao mesmo tempo exercendo já aí, um efeito de conservação. Continue separando a pele dos músculos e durante este processo procure descobrir onde estão as articulações das patas superiores (no caso de mamíferos e répteis) ou asas (no caso dos pássaros) e pescoço. Uma vez descobertas as articulações elas deverão ser cortadas com muito cuidado com uma tesoura (no caso de aves) ou uma serra no caso de mamíferos de portes medianos. Após estes cortes continue separando a pele dos músculos até chegar nas patas. Estas deverão ser tomadas entre os dedos do preparador (parte exterior) e empurradas para cima no intuito de descobrir as articulações do fêmur com a tíbia e fíbula, as quais deverão ser cortadas por igual. Prossiga a separação da pele até chegar próximo as glândulas uropiginas situada próxima ao ânus do animal (no caso de aves). É justamente nesta parte que deverá ser efetuado o último corte separando assim de vez a pele do restante dos músculos. Tome cuidado durante 15 este processo para não prejudica r a plumagem e principalmente com a glândula uropigina para com que ela não derrame seu conteúdo. Lembre -se de sempre não cortar a cauda de mamíferos ou de aves uma vez que estas se conservam muito bem e com uma injeção de formol mais tarde se tornam secas . Agora que você separou a pele do restante do corpo, verifique se não restou algum pedaço de carne grudado em sua superfície, caso tenha sobrado, procure remover com muito cuidado e limpe toda a pela interna com álcool para que sua superfície fique clara e muito limpa. Para realizar a limpeza das patas, vá afrouxando a pele até chegar na articulação da tíbia com o tarso. Com o auxílio de um bisturi ou uma faca separe a carne que sobrou na extremidade, mas muito cuidado para não cortar a pata, pois o restante dela deverá ficar junto á pele. Também é necessário extrair os tendões, os quais ocupam a região do tarso - metatarso, com a finalidade de evitar a tão indesejada decomposição e também deixar um espaço livre por onde mais tarde passarão os arames que d arão sustentação ao animal taxidermizado. Para retirá -los por completo bastará uma pequenina incisão (corte) na sola dos pés. A operação de limpeza das asas é semelhante ao processo utilizado nas patas. Primeiramente você deverá separar o úmero do cúbi to-rádio, cortando assim a articulação. Este procedimento deverá ser realizado com cuidado, despregando assim as penas mais fortes que se encontram firmemente ligadas ao osso. No entanto não recomendamos este processo, pois até mesmo os profissionais mais experientes não retiram os ossos das asas, apenas aplicam uma injeção de formol para a mumificação e secagem das mesmas. Posteriormente no processo de extração, faltará apenas realizar a remoção da cabeça, (muitos profissionais não retiram a cabeça, apen as aplicam injeção de formol). Inicialmente se começa por segurar com uma mão a extremidade do bico ou do focinho e com a outra mão vá puxando vagarosamente a pele tomando o devido cuidado para com que a mesma não se rompa até chegar nos ossos do crânio. Continue este procedimento até chegar à órbita ocular (olhos). Corte a membrana que se encontra ao redor da órbita ocular com muito cuidado para não cortar as pálpebras nem os globos oculares, os quais deverão também ser retirados com cuidado para não rompe r nervos ou vasos sangüíneos. Uma vez realizado estes procedimentos e que você tenha conseguido arrastar a pele até a 16 órbita ocular, limpe o crânio com algodão umedecido em álcool, retire as partes carnosas da mandíbula e os olhos. Procurando ao máximo de ixar os ossos perfeitamente limpos. Veja a figura abaixo: Para retirar cérebro você poderá cortar um pedaço da garganta e introduzir uma tesoura de bico longo ou um arame com algodão umedecido em álcool até que o mesmo chegue no cérebro, movendo e gi rando sua mão o preparador conseguirá remover boa parte deste conteúdo no interior do crânio do espécime. Após este procedimento coloque algodões umedecidos em formol nos ouvidos e bico (ou boca) do animal como medida de prevenção e empurre com os dedos. L embre-se que o formol é um produto muito forte, não se esqueça de sempre usar luvas cirúrgicas ou de procedimento. Após tendo feito tudo isto coloque a pele em seu lugar de origem. Caso você ache que tenha sobrado algo no interior do crânio (fragmentos de cérebro, por exemplo), não se preocupe, pois mais tarde você poderá injetar formol na cabeça. Recomendamos seriamente a utilização do formol apenas ao término do trabalho (depois da armação), uma vez que o cheiro é extremamente desagradável e irrita os olh os do preparador. PREPARAÇÃO DA ARMAÇÃO DO ESPÉCIME (ARAMAÇÃO) A armação do corpo deverá ser realizada com arame galvanizado, não recomendamos a compra de arames em fardo, uma vez que estes costumam se oxidar rapidamente. Nunca se esqueça que a grossu ra do arame deverá ser proporcional ao tamanho do animal que será taxidermizado. Corte os arames que servirão as patas, á cauda e o peito. Os arames que serão destinados ás asas deverão obrigatoriamente possuir uma largura proporcional ao tamanho delas, pois depois de fixados não deverão sair. Após cortados os arames, seus extremos deverão coincidir com o centro que irá se dobrar. Esta explicação teórica poderá lhe parecer difícil, porém na prática você verá que não têm segredo algum, em caso de dúvidas basta olhar as figuras deste tópico. Posteriormente separa-se a quantidade necessária de algodão ou estopa sintética que mais tarde irá forrar o interior do animal, lembre -se de separar a quantidade baseada na mesma proporção da massa corporal do animal q uando em vida. Introduza através do ânus do espécime o arame até com que o mesmo chegue ao crânio, force com cuidado para atravessá -lo. O arame deverá ultrapassar o crânio em no máximo 4 Cm. Pegue uma pata e vagarosamente force a entrada do arame atravé s da sola, fazendo com que o mesmo passe pela 17 articulação da tíbia com o tarso. Exerça pressão com muito cuidado para não romper a pele ou que o arame acabe atravessando a pata para o lado de fora. Com o auxílio de um arame mais fino ou de uma linha, pro cure unir o arame com o osso da pata e coloque nesta região algodão com formol (opcional), tratando assim de deixar na mesma forma que o animal tinha em vida. Faz -se o mesmo com a outra pata. Nas asas o arame deverá ser introduzido em suaparte inferior, mais especificamente na articulação do cúbito - rádio com o carpo. Chegando assim até o seu extremo, mas com o devido cuidado para com que o arame não sobressaia para a parte de fora e fique visível. Os arames fixados por dentro das patas e das asa s deverão chegar ao centro do animal, porém os húmeros deverão ficar separados á uma distância segura um do outro. Após este procedimento procure unir na parte central os arames das asas e das patas, conforme a figura acima e abaixo. A continuação do trabalho de aramação deverá sempre ser levada em conta que o arame jamais poderá tocar na pele do espécime á ser taxidermizado. Nesta etapa você deverá obrigatoriamente ter cuidado em proporcionar ao anima uma forma natural, levando em conta que mais ta rde a pele vai ressecar. Após cumprida esta etapa, você deverá forrar o animal com algodão (pouco recomendado devido á sua capacidade de rápido envelhecimento), ou estopa sintética em volta da armação de arame, tomando a precaução de colocar á exata quantia de volume corporal que o animal tinha em vida, lembre -se que á etapa de forragem é muito importante, pois é justamente ela que dará o formato corporal. 18 Como já dissemos anteriormente ao invés de você escolher uma de nossas receitas e ter o tra balho de juntar tantos ingredientes, você poderá optar apenas em aplicar algumas injeções de formol ao término da montagem, principalmente nas zonas que possuem características de conservar restos carnosos (tais como língua, crânio, patas e asas, este último no caso de aves). Esta forma de trabalho com aplicação de injeções facilita e muito as tarefas do preparador e em muitos casos poderá proporcionar-lhe melhores resultados. Dentro de certos limites, existem nas técnicas, umas séries de variantes pratic adas na Taxidermia, entre as quais po der á opt ar o pre par ad or de ac ord o co m a su a conveniência e experiência. 19 . Uma vez finalizado o trabalho da armação de arame e do enchimento de estopa, procede-se a costura do corte. Para com que a costure fique bem feita, o preparador terá que costurar de dentro para fora de modo que a costura jamais apareça, procure utilizar sempre linhas de coloração semelhante á do animal á ser taxidermizado, juntando as bordas de pele com as mãos, tomando o devido cuidado para com que não estiquem ou rasguem, pois caso isso aconteça o preparador poderá perder todo o seu trabalho. Lembre -se que para efetuar este tipo de costura não há segredo algum. É uma costura simples como qualquer outra, porém obedecendo a seqüência de dent ro para fora, deste modo a costura ficará na parte interna do animal, não aparecendo pelo lado de fora. Geralmente as penas ou os pelos acabam por recobrir algum fragmento que por ventura sobre da costura. A MONTAGEM Para arrumar as penas ou os pelos no intuito de deixá-los com seus aspectos naturais, bastará você os alisar com suas mãos seguindo a direção natural de crescimento dos mesmos. Nesta hora a melhor ferramenta existente no mundo é sua própria mão! Outra técnica também bastante recomendável seri a alisar da cabeça em direção á cauda, repetir várias vezes este procedimento até que você perceba que o espécime tomou uma forma aceitável dentro dos padrões biológicos. Agora o próximo passo é devolver as extremidades para sua forma original. Para isto você deverá preparar uma madeira furada (poderá ser um galho ou uma prancha comum de madeira) e fixar o espécime através dos arames que sobraram de suas patas conforme você poderá ver na figura abaixo. 20 No caso de pássaros as asas poderão permanecer a bertas ou fechadas, Tudo irá depender de como você entortará o arame após o espécime ser fixado na tábua, tome muito cuidado com á cauda, pois á mesma costuma ser muito rebelde e justamente por este fato é que recomendamos que a estrutura interna de arames comece á ser introduzida através do ânus. Caso você opte por uma cauda aberta e vistosa bastará entortar o arame em seu interior. Mas tudo isto é muito teórico, pois o que lhe valerá mesma será á prática...Ela é insubstituível... Atente também para o fa to que a boca de mamíferos e o bico dos pássaros costumam ser muito rebeldes, caso deseje que os mesmos permaneçam fechados para com que desta forma não apareça que a língua foi cortada, bastará você enrolar um pedaço de barbante em volta do bico ou da boc a enquanto o animal seca. Após a secagem (geralmente 3 dias em média), bastará você retirar o barbante. Veja a figura abaixo. Caso você note que o animal taxidermizado esteja desfalcado de penas ou pêlos não é necessário se desesperar, pois bastará re alizar uma pintura nestas partes 21 com tintas comuns como têmperas ou á óleos, para isto bastará você escolher uma tinta que mais se aproxime em coloração da parte á ser aplicada. Agora que você já abriu, limpou por dentro, aramou, forrou, costurou, e mon tou na base o seu animal, ele está finalmente pronto para as injeções de formol ou de uma das receitas aqui mencionadas. Lembre -se de na hora de fixar o animal na tábua separar devidamente os seus dedos como em vida. Uma boa opção seria colá-los com super-bonder, desta forma você evitará que os dedos voltem á se encontrar quando o animal estiver seco, pois se isso acontecer você não conseguirá mais separá-los. No caso de pássaros ou outros animais aquáticos que apresentem membranas interdigitais como patos, por exemplo, bastará recortar um plástico (como tampa de margarina) e inserir conforme a figura abaixo. RESTAURAÇÃO É muito comum em uma coleção alguns exemplares estarem danificados. Principalmente se fazemos referências á coleções que venham se formando há várias décadas e estejam expostas á constantes manipulações ou remoções devidas á reformas de prédios entre outras ações que ponham em perigo a integridade dos espécimes. Em mais de uma ocasião por desconhecimento das técnicas de reparação ou restauração, muitos exemplares foram incinerados ou simplesmente jogados no lixo. E justamente nestes fatos é que se encontra á perda científica, uma vez que muitos exemplares são de difícil reposição. É importante neste caso salientar que a Taxidermia trabalha com exemplares que já foram vivos, para repor uma peça perdida por negligência, o taxidermista poderá levar uma vida inteira para á reencontrar. Este fato poderá ser ainda mais agravante se o exemplar era uma peça única (de um animal extinto). As reparações em aves são muito mais difíceis que em mamíferos, ao passo que suas plumas são extremamente difíceis de serem dissimuladas ou repostas. As rupturas com o passar das décadas são constantes devido a o fato que suas peles se desidratam ou adotam uma aparência enrugada e quebradiça. Para proceder á reparação, pegue um arame fino e introduza na pena que caiu, em seguida adicione cola branca escolar comum no arame sobressalente da pena e introduza novamente no espécime, com muito cuidado para nã o manchar a plumagem restante. No entanto caso a pena perdida tenha sido extraviada uma boa opção é um passeio no zoológico, afinal nesta localidade é muito comum 22 encontrar penas no chão de aves cativas. Peça ao responsável se não poderia lhe dar aquela pena que mais se aproximou de seu exemplar. Caso a pena não seja tão semelhante uma outra opção seria pintá -la de uma cor semelhante. No entanto caso á parte caída em questão seja uma pata, repita o procedimento da pena, pegue um arame pontudo e de medida conveniente, e o introduza na pata, passe cola em sua base superior e o introduza no corpo do espécime. Terminada estas operações o seu exemplar poderá finalmente retornar á sala de exposições, no entanto seja qual for sua finalidade atente para o fato de que com quantas mais manipulações serem feitas mais futuramente restaurações serão realizadas e mais ainda seu exemplar perderá a naturalidade, portanto evite desde o princípiomanipulações. 23 CONSERVAÇÃO E MANUTENÇÃO DAS COLEÇÕES Preferencialmente os exemplares deverão ser mantidos em vitrines ou armários com naftalina, salvos da umidade, do pó e da luz solar. Deverão ser realizadas periodicamente desinfecções (limpeza, principalmente do pó). As coleções deverão ter cuidados contínuos e metódicos. Caso a lgum exemplar apresente um estado duvidoso deverá ser imediatamente isolado do conjunto de observação, evitando desta forma com que o mesmo contamine o resto (através de bactérias). Nunca se esqueça que o seu esforço de conservação destes espécimes é uma garantia de entretenimento e observação de futuras gerações de cientistas ou apaixonados por esta nobre área da Biologia. EXIBIÇÕES DE MUSEUS DE CIÊNCIAS NATURAIS Para um elevado nível didático, as exibições de um museu contam com uma ambientação fundamental, inclusive com a própria preparação das posições dos animais expostos. As tendências atuais da moderna Museologia procuram reproduzir cenários naturais que representam os distintos ecossistemas, não basta apenas expor um animal como se este fosse um reles troféu de caça, isso era muito comum de se observar em museus em décadas passadas. É recomendável o uso de fotografias gigantes de ambientes naturais do espécime que servirão de paisagem ao fundo. Importante também salientar que a iluminação artificial proporciona uma atmosfera de suspense e naturalismo, uma vez que não se pode contar com a luz solar, pois esta como já mencionamos poderá deteriorar irremediavelmente os espécimes. Em resumo, uma exibição de Museu deverá contar com uma grande a cumulação de objetos e isso justifica á necessidade de estudo, contemplação e acima de tudo, a preservação da natureza. PREPARAÇÃO DE PEIXES Os cuidados na Taxidermia dos peixes deverão proceder já na hora da coleta. Muito cuidado na hora de colocá -lo no barco para com que sua pele não seja cortada. Preferencialmente retire -o da água com o auxílio de um puçá, jamais utilize instrumentos afiados. Procure não manuseá -lo muito, para com que suas escamas e nadadeiras não sejam danificadas. Jamais retire vísceras, brânquias, barbilhões ou escamas. Envolva o peixe em toalha úmida, congelando-o o mais rápido possível. Não coloque nada sobre ele, nem guarde com outro peixe na mesma toalha. Para um resultado ainda melhor, procure fotografá -lo logo após retirá-lo da água em posição se possível lateral, procurando assim dar maior ênfase na coloração dos ocelos e olhos. Lembre -se que a coloração típica de cada espécie é de suma importância na fase de montagem e acabamento e que ficarão registrados para sempre. 24 A Taxidermia feita em peixes deve seguir uma regra em relação ao tipo de peixe, como por exemplo, peixes de escamas mais duras, poderá ser utilizado formol até 10%, mas em tubarões e outros peixes chamados vulgarmente de peixes de couro, o preparador deverá usar formol na proporção de 1 para 25 partes de formol, a fim de evitar que sua pele fique muito enrugada. Para peixes com escamas grossas, o preparador deverá abri -lo pela cloaca e cortar até perto das nadadeiras peitorais, feito isso, o próximo passo será a retirada de suas vísceras e o máximo que puder de sua carne, depois o espécime será mergulhado em formol já preparado com a concentração certa ou também poderá ser usado o Bórax, que é um pó, extremamente utilizado pela taxidermia. O enchimento poderá ser com algodão, palha, serragem, etc. Os olhos naturais do espécime deverá permanecer no lugar até o término da taxidermia, após encerrado todo o processo, poderá ser substituído pelos olhos artificiais, que poderão ser constituídos de olhos d e boneca, olhos feitos com massa de biscuit, durepoxi,etc. Para peixes cartilaginosos como tubarões, estes poderão ser abertos do mesmo modo de outros peixes, e sempre atente para o fato que deverá ser retirado o máximo de carne para que não ocorra nenhum enrugamento ou decomposição, será necessário tomar cuidado para não perfurar a pele do tubarão, no caso de peixes com este porte, poderá ser confeccionada uma armação de arame interna para que atue como um suporte. Alguns peixes necessitam de curtimento de pele, para isso poderá ser utilizado alúmen de potássio, onde os mesmos poderão ser deixados para curtimento durante aproximadamente 24 horas ou mais, como é o caso do tubarão chamado vulgarmente pelos pescadores de enfermeira, pela sua característic a de pele muito grossa. PREPARAÇÃO DE RÉPTEIS Antes de começar a preparação do animal, o taxidermista poderá tirar algumas fotos do animal, uma vez que após o trabalho completado o espécime poderá apresentar diversas descolorações em suas escamas, este procedimento também é necessário para uma posterior recordação da cor original dos olhos. Muitas vezes o preparador poderá se deparar com um réptil venenoso, neste caso, o primeiro passo será a retirada do veneno. É muito importante esvaziar todas as bolsas que contenham veneno, estas estarão localizadas no maxilar superior (por cima e atrás dos olhos), este caso é válido quando o animal em questão é um representante dos ofídios (cobras). Algumas outras espécies possuem veneno armazenado em depósitos gl andulares. Em qualquer um dos casos aqui apresentados, o preparador deverá extraí -los após isto, lavar os espécimes em água corrente abundante, para eliminar todo e qualquer vestígio de veneno. 25 O animal após descongelado (se este for o caso), será posi cionado preferencialmente de boca para cima em uma mesa. O próximo passo será uma incisão no abdômen (corte) separando a pele da carne em ambos os lados do corte. O preparador deverá introduzir ao fundo do espécime seus dedos no intuito de descobrir as articulações das patas (no caso de lagartos, jacarés, crocodilos e outros), a próxima etapa será a separação da cabeça com o resto do corpo através da articulação occiptoatloidea (atenção tenha muito cuidado neste procedimento, lembre-se que a cabeça deverá continuar ligada á pele, apenas o que deverá ser cortado é o pescoço em seu interior). Agora, será cortado o músculo caudal procurando deixar o mínimo possível de carne na cauda. Muita atenção procure atentar para o fato que o corpo inteiro terá de ser removido da pele, a única coisa que deverá restar nesta, é a cabeça, os ossos das patas (caso o réptil os tenha) e um pouco (mínimo possível) da carne da cauda. Caso após realizado estes procedimentos, você notar que o espécime perdeu um pouco de sua coloração, não se preocupe, pois justamente por isso que você retirou as fotos no início do processo, caso não as tenha retirado tudo bem, faça uma pesquisa na Internet. No caso das patas se faz necessário desafundarlas e limpar os ossos procurando ao máxim o que fiquem absolutamente sem carne. O preparador neste estágio poderá aplicar Bórax no interior dos ossos e da pele para manter á umidade. Já na cabeça, todo o restante de carne que sobrou poderá ser facilmente retirado pela parte de trás. O céreb ro e todo o restante do conteúdo craniano poderá ser esvaziado através do orifício occipital, procurando assim sempre ao máximo limpar toda e qualquer matéria orgânica que possa mais tarde se decompor e arruinar o trabalho do preparador. Tenha também o cui dado de extrair os olhos e a língua com muito cuidado para não danificar os dentes. Neste caso, também é interessante a aplicação de Bórax sobre todos os orifícios com o auxílio de um cotonete como ouvidos e nariz. O Bórax é muito recomendável no caso de répteis, pois como já mencionamos anteriormente, o mesmo costuma manter a umidade ficando assim muito mais fácil á separação da pele com a carne. Agora que o preparador já separou a pele do restante do corpo o exemplar estará pronto para a próxima fase (a montagem). Dependendo do profissional, a forragem do corpo poderá ser confeccionada com serragem, outros preferem argila.No entanto assim como no caso de aves, peixes e mamíferos o mais aconselhável sempre serão os tipos de estopas sintéticas (comumente utilizado em lojas de confecções e fábricas de ursos de pelúcia). No caso de serpentes, você poderá utilizar um arame para realizar uma armação interna e papelões para garantir um pleno sustentamento do espécime enquanto o mesmo seca veja a figura ao lad o. 26 No caso de lagartos, jacarés e crocodilos, também utilize a mesma técnica de pássaros e mamíferos, faça uma armação de arames que ultrapassem as patas dianteiras passando os mesmos através do fêmur. Confeccione outro arame comprido o encaixando na cabeça até á outra ponta da cauda. Realize um enchimento com um material de sua escolha e costure o exemplar. Coloque os olhos de vidro e o prenda em uma prancha ou tábua através dos arames que lhe restaram nas patas. Caso você não queira que o mesmo fique co m a boca aberta poderá apenas amarrar um barbante antes da secagem, porém no caso de cobras e outros répteis considerados perigosos sempre recomendaremos manter a boca aberta para criar uma atmosfera de suspense. Veja a figura abaixo: Para finalizar, como já mencionamos, você poderá também realizar uma pintura sobre as partes que descoloraram, dando assim um aspecto mais realístico e original. O preparador também poderá optar por colocar uma paisagem do ambiente que o animal vivia ao fundo, como uma fotografia gigante. PREPARAÇÃO DE CRUSTÁCEOS Após o preparador ter escolhido o animal á ser taxidermizado, para ser usado á longo prazo o preparador poderá congelá -lo. Jamais os mantenha em álcool ou formol, lembre-se que todo e qualquer líquido fixador costuma desbotar os espécimes e deixam seus ligamentos rígidos, impossibilitando assim uma posterior montagem. Muitas ferramentas poderão ser utilizadas na Taxidermia de crustáceos, entre algumas delas poderemos citar: pinça de ranhura de ponta rombuda reta, espátulas feitas de arame, estilete de lâmina ou bisturi, pinça de ranhura de ponta fina. Primeiramente leve o animal em água corrente abundante, a fim de retirar sujeiras incrustadas. Com a ponta do estilete ou do bisturi, introduza na re gião posterior da carapaça do crustáceo e a retire com muito cuidado, pois as mesmas costumam ser muito quebradiças. Com o auxílio de pinças e espátulas, vá limpando o interior da carapaça retirando desta forma todo e qualquer material biológico propens o á decomposição. Tenha também um especial cuidado com as peças bucais do crustáceo. Após estes procedimentos leve -o novamente em água corrente abundante. O próximo passo será mergulhar o espécime em formol 6% durante 24 horas. Após retirar o crustáceo d o formol (não haverá importância caso ainda reste um pouco de carne uma vez que o formol mumificará o animal), monte o mesmo sobre uma prancha ou pequena tábua de madeira para com que o mesmo se pareça o mais natural possível. Deixe o espécime secar por ap roximadamente 60 horas. Posteriormente será montada e colada sua carapaça. Não se esqueça 27 de aplicar uma camada de verniz para com que o exemplar possa oferecer maior durabilidade. Recomendamos neste caso o uso do verniz vitral, disponível na maioria das papelarias de nosso país. CONSERVAÇÃO DE OVOS Para a preservação de ovos vários materiais poderão ser empregados, entre tantos podemos destacar o arame, algo perfurante como pequenos pregos ou alfinetes, agulhas, seringas, água destilada e soda cáustic a. Para uma perfeita preservação será necessário efetuar uma pequena perfuração na parte central dos mesmos. A través deste orifício, deverá ser introduzido um arame de modo que o mesmo possa retirar todo o seu conteúdo. Posteriormente com o auxílio de u ma seringa de acordo com o tamanho do ovo injete ar para facilitar sua preservação. Após este processo lave -o bem com água abundante por dentro e por fora tomando o devido cuidado para não o quebrar. Recomendamos a não utilização de ovos incubados, no enta nto caso tenha que os utilizar, a perfuração deverá ser de maior diâmetro e através de seu orifício deverá ser introduzida soda cáustica (Hidróxido de Sódio) em solução concentrada, neste caso, ovo deverá ser mantido em repouso com tal solução por algumas horas. Após realizados estes procedimentos, os ovos deverão ser mantidos longe da luz solar para evitar sua descoloração original. EXEMPLARES DE COLEÇÕES CIENTÍFICAS Em uma coleção científica (geralmente de laboratórios de Universidades), os profissionais de Taxidermia têm por regra não respeitar a posição original do animal em vida. Pois este modo facilita o estudo de um modo geral de anatomia, coloração, tamanho e estudo da sistemática, e com o resultado pode -se classificar de que espécie faz parte. Ve ja figura abaixo. 28 OSTEOTÉCNICA A Osteotécnica é um ramo da Taxidermia muito utilizada na preparação de esqueletos não utilizando assim a pele do animal. Dependendo da finalidade desejada poderão ser empregadas diversas técnicas das quais podemos s eparar: Química, biológica ou mecânica isoladamente ou até mesmo combinados entre si. Caso o preparador opte pelo processo químico este costuma ser mais agressivo, no entanto é o mais rápido e eficiente, atuando através de produtos específicos que agem retirando os tecidos moles e a gordura dos ossos. Neste caso o taxidermista poderá optar com muito sucesso na fervura meticulosa do animal á fim de que á carne e a gordura se desprendam dos ossos. Dentro do processo biológico o preparador poderá efetuar a maceração ou até mesmo através da atuação de microorganismos que eliminam o material orgânico, este processo sem dúvida é bem mais demorado, no entanto, pra fins científicos é o mais adequado. Dentro desta prática, muitos taxidermistas optam por certos tipos de Coleópteros carnívoros (besouros) que são encontrados praticamente em qualquer parte do mundo, agindo desta forma como decompositores da carne residual da carcaça de animais mortos e são muito recomendados para a limpeza de esqueletos delicados ou outros espécimes que o preparador deseje ter o esqueleto intacto. Com relação aos processos mecânicos, o preparador poderá optar pelo uso de ferramentas que através delas elimina -se carne, músculos, órgãos etc. Manualmente. É claro que o preparador na hora da montagem irá se servir de diversas grossuras de arames (conforme o espécime) para prender seus ossos, Alguns outros exemplares mais delicados poderão ser fixados apenas com cola. Veja as figuras abaixo: 29 Para deixar os ossos brilhantes bastará com que o preparador os deixe mergulhados em água sanitária durante aproximadamente 24 horas. Para com que fiquem ainda mais reais, limpos e conservados, você poderá pintá-los com verniz vitral disponível em muitas papelarias. PREPARAÇÃO DE ANFÍBIOS Na Preparação de anfíbios os procedimentos são os mesmos relatados para répteis, no entanto o preparador terá que ter ainda mais cuidado uma vez que a pele dos anfíbios são extremamente frágeis. 30 TAXIDERMIA REVISADA Nesta foto podemos observar que antes de tudo e mais nada, o profissional realiza toda a medição do exemplar á fim de calcular sua massa corporal e assim ter uma noção da quantidade de arame e estopa á ser utilizado. Após os estudos preliminares tem-se início á incisão (corte), com o objetivo definido de retirada de materiais biológicos propensos á fácil decomposição. Agora que o espécime está limpo por dentro tem-se início á fase da limpeza do crânio. Nesta foto já foi dado á incisão (corte). 31 Agora o taxidermista com muito cuidado afasta a pele do crânio evitando assim com que a mesma se rompa. Nesta fase já podemos observar que a pele foi totalmente afastada e todo o interior inclusive os olhos já podem ser visualizados. Nesta fase podemos notar que a tampa do crânio foi cortada paracom que o taxidermista com o auxílio de uma pequena espátula possa retirar o cérebro e demais resíduos. 32 Neste passo, o taxidermista já limpou o interior do crânio, retirou os olhos originais e colou os olhos de vidro. Nesta foto podemos perceber que a armação interna de arames já foi montada. 1) Arame da pata direita. 2) Arame da pata esquerda. 3) Arame ligado á cabeça, cauda e asas. 33 Após o espécime ter sido limpo, aramado, enchido e costurado, ele ficará com uma aparência desconexa e desconjuntada. Não se preocupe, isso é normal, uma vez que após ser fixado em uma prancha ou tábua e arrumado, voltará ao seu posicionamento natural. Repare que o preparador se preocupou em deixar sobrando os arames da pata para com que os mesmos possam ser fixados. Agora que o exemplar foi fixado na prancha ele finalmente está pronto para as injeções de formol e levará cerca de 3 dias para secar. O preparador sempre deverá ter em mente que antes das injeções o exemplar deverá estar perfeitamente pronto e formado, uma vez que aplicadas às injeções o exemplar não poderá mais ser mexido devido ao forte cheiro emanado do formol. 34 LEGISLAÇÃO BRASILEIRA DE PROTEÇÃO DE ANIMAIS SILVESTRES (PRINCIPAIS PERGUNTAS E RESPOSTAS) 1. Caçar ou apanhar animais silvestres é crime? Qual a penalidade? Segundo o Art. 29 da Lei Nº 9.605/98: Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécies da fauna silvestre nativa ou em rota migratória sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e multa. 2. Mexer ou destruir ninhos é crime? Sim, incorre no inciso I e II do mesmo artigo citado no número 1. 3. Alguém pode ser punido mesmo que não se configure o ato da venda de um animal silvestre? Sim, pois de acordo com o inciso III do Art. 29 da Lei Nº 9.605/98 mesmo expor à venda já configura crime. 4. Em uma feira na minha cidade observei vários artesanatos (brincos, colares etc.) com penas e mesmo peles de animais, isto é proibido? Sim, a venda de produtos ou objetos oriundos da fauna sem autorização do IBAMA constitui crime previsto no inciso III do Art. 29 da Lei Nº 9.605/98. 5. Sempre que vou à cidades praianas, nas lojas de artesanatos, observo grandes quantidades de estrelas -do-mar sendo vendidas. Isto é permitido? Não, a venda destas estrelas incorre no mesmo crime citado na pergunta número 4. 6. Eu tenho um papagaio em minha casa, mas trato bem dele. Ele é de estimação e não para o comércio. Isso é crime? Sim, o inciso III do Art. 29 da Lei Nº 9.605/98 considera a guarda, também como crime. Com pena de detenção de seis meses a um ano além de mult a. No entanto, segundo o § 3o do Decreto Nº 3.179/99 quando a pessoa que "possui" o animal o entregar voluntariamente ao órgão ambiental competente, a autoridade não deverá aplicar as sanções previstas. Neste caso, é facultado, também ao juiz a não aplicação da pena. Ressalta-se, entretanto, que não oferecer resistência à fiscalização não constitui entrega voluntária. A mesma só é assim considerada se não demanda de uma atividade direta da fiscalização. 35 7. Existem circunstâncias que agravam a pena? Quais? Sim, entre as mais comuns pode -se citar: Reincidência nos crimes de natureza ambiental; Ter cometido o crime visando vantagem pecuniária (obter dinheiro); Em unidades de conservação; Em domingos e feriados; À noite; Atingindo espécies ameaçadas listadas e m relatórios oficiais. 8. Em caso de tráfico ou guarda doméstica, de quanto é a multa? Segundo o Art. 11 do Decreto Nº 3.179/99 o infrator será penalizado com a seguinte multa: Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) por unidade com acréscimo por exemplar excedente de: I - R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por unidade de espécie constante da lista oficial de fauna brasileira ameaçada de extinção e do anexo I da Convenção de Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção - CITES; e: II - R$ 3.000,00 (três mil reais), por unidade de espécie constante da lista oficial de fauna brasileira ameaçada de extinção e do anexo II da CITES. Obs: Os psitacídeos (papagaios, maritacas, periquitos e araras) brasileiros culminam em uma multa de R$ 500,00 a R$ 5.000,00 de acordo com o grau de ameaça da espécie. 9. Qual o destino da fauna apreendida? O Decreto Nº 3.179/99 recomenda que os animais apreendidos sejam preferencialmente, após constatada sua adaptação às condições da vida silvestre, libertados em seu habitat natural. 10. No caso da taxidermia, posso utilizar animais mortos que não foram atropelados por mim? Não! Toda e qualquer taxidermia deverá ser obtida uma permissão direta do Ibama. (ressalvo caso de animais domésticos comuns como galináceos, cães, gatos, porcos, patos, vacas, porcos, periquitos ou avestruz -africano).