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Problema 5 – Módulo 5 Arilson Lima da Silva MED 2 1 FASES DO ESTRESSE O termo estresse veio da Física e significa a tensão e o desgaste a que os materiais estão expostos. Foi em um artigo científico, escrito pelo médico austríaco Hans Selye e publicado na revista científica Nature em 1936, que o termo foi utilizado pela primeira vez no sentido que o tornou popular atualmente. É comum falarmos sobre estresse, mas será que compreendemos de fato o que o conceito significa? O estresse está ligado a um conjunto de reações químicas e fisiológicas naturais do ser humano que surgem quando procuramos ou precisamos nos ajustar a pressões internas ou externas. É uma resposta necessária à sobrevivência de nossa espécie, pois nos permite lidar com perigos, desafios e obstáculos. O Hospital Alber Einstein explica que “quando nossos ancestrais se deparavam com situações de perigo, como o encontro inesperado com um animal, precisavam defender-se – atacando ou fugindo. As duas reações demandam uma série de ajustes do corpo. O batimento cardíaco acelera porque o coração tem que bombear mais sangue para os músculos que precisam receber mais energia. Há um aumento da respiração e da pressão arterial, entre outras coisas”. A questão é que nossa vida moderna, urbana e com desafios bem diferentes da vida na selva, desperta com grande frequência esse tipo de reação física e psicológica em situações que não ameaçam de fato nossa sobrevivência. Hans Selye, já citado anteriormente, cunhou a expressão Síndrome Geral da Adaptação e dividiu o estresse em três fases, que mais tarde se tornaram quatro. Fase 01 – Alerta Compreende dois estágios, o de choque (surpresa ou susto) e o de contrachoque (a reação). A glândula suprarrenal produz adrenalina para deixar o indivíduo mais alerta e em estado de prontidão para lidar com o agente estressor, que é a situação que originou o estresse. Fase 02 – Resistência Se a fase de alerta perdura, surgem novos estressores. Para lidar com a situação, o organismo age para evitar o gasto total de energia e surge o cansaço. Começa a dificuldade de concentração e a dificuldade de relaxar. Fase 03 – Quase exaustão O estresse aumenta e a resistência física e emocional começa a falhar. A glândula suprarrenal interrompe a produção de adrenalina e começa a excretar cortisol. Começam as dificuldades de produtividade e o sistema imunológico enfraquece, deixando a pessoa vulnerável a enfermidades. Fase 04 – Exaustão O estresse continua a aumentar e o indivíduo entra em profundo desequilíbrio. Começam os distúrbios de sono e a alternância entre momentos de apatia e agressividade. A capacidade de relacionamento e comunicação também fica prejudicada. Doenças mais graves podem ser desencadeadas em função do estresse. Um dos grandes desafios da vida moderna, comum a cada um de nós, é conhecer como os mecanismos estressores se manifestam e não permitir que o estresse se torne crônico. Administrar o estresse passa por manejar com eficiência a fase de alerta. Desenvolver a capacidade de identificá-la, de entrar e sair dela, dando espaço para que o organismo relaxe e recupere seu equilíbrio natural. Deve-se evitar que o estresse progrida para as outras fases. Nesse ponto, o autoconhecimento talvez seja o elemento mais importante. É preciso conhecer como o SEU organismo reage, se e como percorre todas as fases, quais são os elementos estressores e que atividades permitem que seu organismo recupere o equilíbrio. Em minha experiência pessoal – de quem não é especialista na área da saúde, mas já passou algumas vezes na vida pelas quatro fases – atitudes como se alimentar bem, realizar atividades físicas com regularidade e praticar meditação ajudaram. Outro ponto fundamental é perceber que tipo de vida você está vivendo. Sua vida atual está conectada com quem você é de verdade? O que você está vivendo atualmente está de acordo com sua essência? Se a resposta for não, talvez seja válido analisar o que você pode fazer para se reconectar consigo. Saber reconhecer como o SEU organismo funciona é fundamental, como também é fundamental procurar ajuda de profissionais especializados quando o estresse se tornar crônico ou quando não é possível lidar com a situação sozinho. O MODELO QUADRIFÁSICO DO STRESS O stress pode atingir qualquer pessoa, pois mesmo as mais fortes estão sujeitas a um excesso de fatores estressantes que ultrapassam sua capacidade física e emocional de resistir. No passado, pensava-se que o stress se desenvolvia apenas em três fases: alerta, resistência e exaustão. Após 15 anos de pesquisas identifiquei recentemente a existência de uma outra fase do stress, designada de “fase de quase-exaustão”, situada entre a “fase da resistência” e a “fase da exaustão”. Deste modo, propus um modelo quadrifásico para o stress, expandindo assim o modelo trifásico desenvolvido por Hans Selye, em 1936. Para tornar claro o processo de desenvolvimento do stress é necessário considerar que o quadro sintomatológico do stress varia dependendo da fase em que se encontre. Na “fase do alerta”, considerada a fase positiva do stress, o ser humano se energiza através da produção da adrenalina; a sobrevivência é preservada e uma sensação de plenitude é freqüentemente alcançada. Na segunda fase, a “fase da resistência”, a pessoa automaticamente tenta lidar com os seus estressores de modo a manter sua homeostase interna. Se os fatores estressantes persistirem em freqüência ou intensidade, há uma quebra na resistência da pessoa e ela passa a “fase de quase-exaustão”. Nesta fase, o processo de adoecimento se inicia e os órgãos que possuírem uma maior vulnerabilidade genética ou adquirida passam a mostrar sinais de deterioração. Em não havendo alivio para o stress através da remoção dos estressores ou através do uso de estratégias de enfrentamento, o stress atinge a sua fase final, a “fase da exaustão”, quando doenças graves podem ocorrer nos órgãos mais vulneráveis, como enfarte, úlceras e psoríase, dentre outros. A depressão passa a fazer parte do quadro de sintomas do stress na “fase de quase-exaustão” e se prolonga na “fase de exaustão”. Sintomas e fases Existem várias teorias do stress que visam explicar a ontogênese dos sintomas que definem um quadro característico do distúrbio. A teoria proposta por Selye professa que o fenômeno do stress envolve principalmente três importantes alterações no organismo que explicam como os sintomas se desenvolvem. Essas alterações foram descobertas a partir das primeiras pesquisas de Selye, ao verificar que o organismo de ratos reagia a estímulos apresentados com alterações no timo (redução), nas supra-renais (dilatação do córtex) e na área gastrointestinal (aparecimento de úlceras). Selye se referia, então, a uma tríade que representaria “a expressão corporal de uma mobilização total das forças de defesa” (Selye, 1965, pg. 35). Mais tarde, tais conclusões foram transpostas para o homem com suas devidas adaptações. Em 1956, Selye propôs que o stress se desenvolve em três fases: alerta, resistência e exaustão. Na revisão de seus conceitos, realizada em l984, Selye sugeriu que o organismo tenta sempre se adaptar ao evento estressor e neste processo ele utiliza grandes quantidades de energia adaptativa. Na primeira fase, a do alerta, o organismo se prepara para a reação de luta ou fuga, que é essencial para a preservação da vida. Os sintomas presentes nesta fase se referem ao preparo do corpo e da mente para a preservação da própria vida. Se o stress continua presente por tempo indeterminado, a “fase de resistência” se inicia quando o organismo tenta uma adaptação devido à sua tendência a procurar a homeostase interna. Na “fase de resistência”, as reações são opostas àquelas que surgem na primeira fase e muitos dos sintomas iniciais desaparecem, dando lugar a uma sensação de desgaste e cansaço. Se o estressor é contínuo e a pessoa não possui estratégias para lidar com o stress, o organismo exauresua reserva de energia adaptativa e a “fase de exaustão” se manifesta, quando doenças sérias aparecem. A resposta de stress necessariamente deve ser estudada nos seus aspectos físicos e psicológicos, pois ela desencadeia não só uma série de modificações físicas, como também produz reações a nível emocional. Na área emocional, o stress pode produzir desde apatia, depressão, desanimo, sensação de desalento e hipersensibilidade emotiva até raiva, ira, irritabilidade e ansiedade, além de ter o potencial de desencadear surtos psicóticos e crises neuróticas em pessoas predispostas. As manifestações do stress também podem contribuir para a etiologia de várias doenças físicas graves e afetar profundamente a qualidade de vida individual e de populações específicas. Dentre as doenças psicofisiológicas estudadas que tem o stress presente em sua ontogênese, seja como um fator contribuinte ou como desencadeador, encontram-se: hipertensão arterial essencial, úlceras gastro-duodenais, câncer, psoríase, vitiligo e retração de gengivas, dentre outras. Embora Selye tenha identificado somente três fases do stress, no decorrer da padronização do Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp (Lipp, 2000), recentemente publicado pela Casa do Psicólogo, uma quarta fase foi identificada, tanto clinica, como estatisticamente. A esta nova fase foi dado o nome de “fase de quase-exaustão” por se encontrar entre a “fase de resistência” e a “fase da exaustão”. Esta fase recém-identificada se caracteriza por um enfraquecimento da pessoa que não mais está conseguindo se adaptar ou resistir ao estressor. As doenças começam a surgir, porém, ainda não tão graves como as da “fase da exaustão”. Embora apresentando desgaste e outros sintomas, a pessoa ainda consegue trabalhar e atuar na sociedade até certo ponto, ao contrário do que ocorre em exaustão, quando a pessoa pára de funcionar adequadamente e não consegue – na maioria das vezes – trabalhar ou se concentrar. Os dados mostraram que a “fase de resistência”, como proposta por Selye, era muito extensa, apresentando dois momentos distintos não caracterizados por sintomas diferenciados, mas sim pela quantidade e intensidade dos sintomas. Deste modo, no modelo quadrifásico de Lipp, a “fase de resistência” se refere à primeira parte do conceito da “fase de resistência” de Selye, enquanto que a “fase de quase-exaustão” se refere à parte final da mesma, quando a resistência da pessoa está realmente se exaurindo. BALLONE, G. J. Estresse. In: PsqWeb, Programa de Psiquiatria Clínica na Internet. São Paulo, Campinas. 1999. Alarme - É a fase na qual o animal entra em contato (choque) com o agente estressor de fato e tenta respondê-lo e controlá-lo. Nesta fase é acionado o eixo hipotalâmico-hipofisário-adrenal (HHA); o hipotálamo recebe a informação que existe estresse, influenciando assim, a secreção do hormônio corticotropina (CRH), o qual estimulará a hipófise secretar o hormônio adrenocorticotrópico (ACTH) que atuará na liberação de adrenalina, o que favorece o animal a reagir rapidamente ao estresse. Nesta fase é que deve ser identificado o quadro de estresse, podendo assim tomar as devidas ações de redução ou fim do mesmo. B) Resistência - Nesta fase o ACTH continua atuando na glândula adrenal para produzir os glicocorticóides (cortisol, corticosterona e cortisona) e as catecolaminas (adrenalina e noradrenalina). Os glicocorticóides têm a função de acelerar o metabolismo de carboidratos, proteínas e lipídeos para disponibilizar energia à corrente sangüínea e possibilitar, com isso, o organismo lutar contra o estresse. As catecolaminas, por sua vez, são responsáveis pela resposta imediata, ou seja, proporciona o animal correr, fugir, procurar abrigo e/ou sombra, aumentar batimentos cardíacos e a respiração. Juntos atuarão na gliconiogênese (produção de glicogênio no fígado) e glicogenólise (degradação do glicogênio) para elevação do glucagon (hormônio que promove degradação do glicogênio) e redução da insulina (hormônio que promove armazenamento do açúcar), o que favorece a produção de glicose, que irá será usada pelo organismo na intenção de ter resistência e poder lutar conter o estresse. A continuidade deste quadro de degradação das reservas de glicogênio leva o animal a um quadro de estresse agudo, perda acentuada de peso e problemas reprodutivos e produtivos. Nesta fase percebe-se que o animal vem perdendo peso, que não acompanha mais o grupo, fica com pêlo arrepiado e abatido. C) Esgotamento - É a fase na qual o animal apresenta um quadro de estresse agudo acentuado, ocorrendo falhas dos mecanismos adaptativos, esgotamento das reservas energéticas, disfunção hormonal e até mesmo a morte. É uma fase crítica, na qual o animal está muito debilitado e sofrendo uma carga grande de estresse. A recuperação do animal dependerá de cuidados extras e específicos dependendo do tipo de agente estressor que atua no mesmo. É importantíssimo acompanhar os animais, para que os mesmos não cheguem nesta fase de estresse. O conhecimento dessas 3 fases possibilita identificar se o animal está sofrendo estresse e quais reações fisiológicas os mesmos estão sujeitos a apresentar ao decorrer do período estressante. Esse conhecimento deve ser igualmente conhecido pelos funcionários, para que os mesmos sejam capazes de identificar o mais rápido possível se o animal está sofrendo algum estímulo estressor. "O estresse produz uma série de modificações na composição química e na estrutura funcional do organismo. Algumas dessas modificações são necessárias à adaptação do indivíduo à situação atual, podem até ser mecanismos de defesa contra os agentes estressores, entretanto, algumas vezes, tais modificações podem resultar em dano ou lesão" (BALLONE, 1999). Exemplo de indicadores fisiológicos de estresse por calor em ovinos: • maior fluxo sangüíneo periférico • maior freqüência respiratória (> 80 min) • maior a sudorese •temperatura retal superior a 39,2 ºc •menor ingestão de alimentos e maior ingestão de água • menor produção (10 - 20%)