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Distúrbios sensoriais, motores e da consciência P2 1) Explicar os achados do exame neurológico (função motora, coordenação, marcha e reflexos) e sua correlação com o local anatômico da lesão. Lesões na Função Motora A função motora pode ser comprometida por lesões em diferentes níveis da via motora, desde o córtex cerebral até o músculo. A interpretação dos achados do exame físico permite localizar o ponto da lesão. 1. Lesão de Neurônio Motor Superior (NMS) ➡ Local: córtex motor, cápsula interna, tronco encefálico, medula espinhal. ➡ Manifestações: • Paresia/plegia espástica. • Hiperreflexia profunda. • Hipertonia do tipo espástica (“faca de canivete”). • Sinal de Babinski positivo. • Atrofia leve (por desuso). • Sem fasciculações. 📌 Exemplos: AVC, esclerose múltipla, trauma medular. 2. Lesão de Neurônio Motor Inferior (NMI) ➡ Local: corno anterior da medula, raízes nervosas, plexos, nervos periféricos. ➡ Manifestações: • Paresia/plegia flácida. • Hipotonia. • Hiporreflexia ou arreflexia. • Atrofia muscular acentuada. • Fasciculações (descargas espontâneas da unidade motora). 📌 Exemplos: poliomielite, esclerose lateral amiotrófica (fase periférica), neuropatias periféricas. 3. Lesões Musculares (Miopatias) ➡ Local: músculo. ➡ Manifestações: • Fraqueza proximal predominante (cinturas escapular/pélvica). • Tônus e reflexos geralmente preservados (até estágios avançados). • Atrofia muscular difusa ou localizada. • Sem alterações sensitivas. 📌 Exemplos: distrofias musculares, polimiosite, miopatia por corticoide. 4. Lesões da Junção Neuromuscular ➡ Local: placa motora (sinapse nervo- músculo). ➡ Manifestações: • Fraqueza flutuante (varia ao longo do dia, piora com esforço, melhora com repouso). • Reflexos preservados. • Sem alteração de sensibilidade. • Fadigabilidade característica. 📌 Exemplos: miastenia gravis, síndrome de Lambert-Eaton, botulismo. 5. Lesões do Sistema Extrapiramidal (Gânglios da Base) ➡ Local: núcleos da base (substância negra, núcleo caudado, putâmen, globo pálido). ➡ Manifestações: • Movimentos involuntários (tremor, coreia, distonia). • Alteração do tônus → rigidez plástica (“cano de chumbo”) ou em “roda denteada”. • Bradicinesia/hipocinesia. • Reflexos preservados. 📌 Exemplos: doença de Parkinson, coreia de Huntington. 6. Lesões do Cerebelo ➡ Local: hemisférios ou vermis cerebelar. ➡ Manifestações: • Ataxia (instabilidade da postura e da marcha). • Hipotonia. • Dismetria (erros em provas dedo- nariz, calcanhar-joelho). • Disdiadococinesia (dificuldade em movimentos alternados rápidos). • Tremor de intenção. 📌 Exemplos: AVC cerebelar, tumores da fossa posterior, alcoolismo crônico. Quadro Resumido Tipo de lesão Local anatômico Achados principais NMS Córtex, cápsula interna, tronco, medula Paresia espástica, Babinski +, hiperreflexia NMI Corno anterior, raiz, nervo Paresia flácida, atrofia acentuada, fasciculações, arreflexia Miopatia Músculo Fraqueza proximal, reflexos normais, sem déficit sensitivo Junção neuromuscular Placa motora Fraqueza flutuante, fadigabilidade, reflexos normais Extrapiramidal Gânglios da base Tremor, rigidez, bradicinesia, movimentos anormais Cerebelar Cerebelo Ataxia, dismetria, disdiadococinesia, tremor de intenção Lesões na Coordenação A coordenação motora depende da integração entre: • Cerebelo → regula tônus, equilíbrio e precisão dos movimentos. • Cordões posteriores da medula → transmitem sensibilidade profunda (propriocepção, vibração). • Sistema vestibular → mantém equilíbrio e orientação espacial. • Córtex motor → executa os movimentos planejados. 1. Lesão Cerebelar Achados principais • Ataxia cerebelar: instabilidade da postura e da marcha, base alargada, desvio lateral. • Dismetria: erro de alvo em provas como dedo-nariz e calcanhar-joelho (paciente ultrapassa ou não alcança o ponto). • Disdiadococinesia: dificuldade em movimentos alternados rápidos (ex.: pronossupinação das mãos). • Tremor de intenção: aparece durante o movimento voluntário, piora ao se aproximar do alvo. • Hipotonia: redução da resistência ao movimento passivo. • Disartria escandida: fala lenta, com sílabas separadas. • Nistagmo: alterações da coordenação ocular. Localização da lesão dentro do cerebelo • Vermis → ataxia de tronco e marcha. • Hemisférios → dismetria e tremor de intenção em membros ipsilaterais. • Flóculo-nodular → distúrbios do equilíbrio e nistagmo. 2. Lesão dos Cordões Posteriores da Medula (Ataxia Sensitiva) Achados principais • Marcha atáxica sensitiva: paciente caminha com base alargada, olhando para o chão, passos inseguros. • Romberg positivo: mantém-se em pé com olhos abertos, mas cai ao fechar os olhos (perda da compensação visual). • Perda da propriocepção e sensibilidade vibratória. • Movimentos mais “desajeitados”, mas sem tremor de intenção. 📌 Exemplos: tabes dorsalis (sífilis terciária), deficiência de vitamina B12, neuropatia diabética. 3. Lesão do Sistema Vestibular Achados principais • Vertigem, desequilíbrio. • Nistagmo. • Náuseas e vômitos associados. • Marcha instável, mas sem dismetria típica de lesão cerebelar. 📌 Exemplos: neurite vestibular, doença de Ménière, vestibulopatia periférica. Quadro Comparativo Local da lesão Achados clínicos principais Cerebelo Ataxia, dismetria, disdiadococinesia, tremor de intenção, fala escandida, nistagmo Cordões posteriores (sensitiva) Ataxia sensitiva, Romberg positivo, perda da propriocepção, marcha com olhar fixo no chão Vestibular Vertigem, nistagmo, desequilíbrio, náuseas/vômitos Lesões na Marcha A marcha é resultado da integração entre córtex motor, vias piramidais e extrapiramidais, cerebelo, vias proprioceptivas (cordões posteriores), vestíbulo e membros periféricos. Lesões em cada nível produzem padrões distintos. 1. Marcha Hemiparética / Espástica (em tesoura ou hemiplégica) • Achados: o Membro superior fletido e próximo ao tronco. o Membro inferior em extensão e adução, arrastando em semicírculo (“circundução”). • Lesão: trato corticoespinal unilateral (lesão de neurônio motor superior). • Exemplos: AVC, esclerose múltipla, trauma medular unilateral. 2. Marcha Paraplegia Espástica (em tesoura) • Achados: o Pernas rígidas, aduzidas, atrito entre joelhos. o Passos curtos, dificuldade de progressão. • Lesão: lesão bilateral do trato corticoespinal. • Exemplos: paraparesia espástica, paralisia cerebral, mielopatia crônica. 3. Marcha Atáxica Cerebelar • Achados: o Base alargada, instabilidade, desvio para o lado da lesão. o Sem melhora ao usar visão. • Lesão: cerebelo (hemisfério → membros; vermis → tronco e marcha). • Exemplos: AVC cerebelar, tumores da fossa posterior, alcoolismo. 4. Marcha Atáxica Sensitiva • Achados: o Base alargada, passos inseguros. o Melhora ao olhar o chão, piora de olhos fechados (Romberg positivo). • Lesão: cordões posteriores da medula ou nervos periféricos. • Exemplos: tabes dorsalis, deficiência de B12, neuropatia diabética. 5. Marcha Parkinsoniana • Achados: o Passos curtos e arrastados (“festinante”). o Inclinação anterior do tronco. o Redução ou ausência do balanço dos braços. o Dificuldade para iniciar ou parar. • Lesão: gânglios da base (substância negra). • Exemplos: Doença de Parkinson. 6. Marcha em Estepagem (pé caído) • Achados: o Pé cai durante a marcha → paciente levanta exageradamente a perna para não tropeçar. o Pé bate forte no chão (“foot slap”). • Lesão: nervo fibular comum (lesão de NMI) ou miopatia distal. • Exemplos: neuropatia periférica, esclerose lateral amiotrófica, distrofias. 7. Marcha Miopática (Anserina, “andar de pato”) • Achados: o Claudicação da pelve, balanço lateral acentuado.o Fraqueza proximal (cinturas). • Lesão: músculos proximais (miopatias). • Exemplos: distrofia muscular de Duchenne, polimiosite. 8. Marcha Vestibular • Achados: o Instabilidade e desvios da marcha. o Vertigem, nistagmo, náuseas associadas. • Lesão: sistema vestibular periférico ou central. • Exemplos: neurite vestibular, doença de Ménière, tumores do ângulo pontocerebelar. Quadro Resumido Tipo de marcha Característi cas Local Exemplos Hemiparét ica Circundução, braço fletido, perna estendida Trato corticoe spinal unilater al AVC Espástica (tesoura) Pernas rígidas, passos curtos, atrito entre joelhos Trato corticoe spinal bilateral Mielopati a, paralisia cerebral Atáxica cerebelar Base alargada, instável, desvio lateral Cerebelo AVC, tumor, alcoolismo Atáxica sensitiva Piora olhos fechados, Romberg + Cordões posterio res Tabes dorsalis, B12, neuropati a Parkinsoni ana Passos curtos, festinação, pouco balanço dos braços Gânglios da base Parkinson Estepage m Pé caído, levanta exageradam ente a perna Nervo fibular/ nervo periféric o Neuropati a periférica Miopática (anserina) Balanço lateral, fraqueza proximal Músculo Distrofia muscular Vestibular Instabilidad e + vertigem/ná usea Sistema vestibul ar Labirintit e, neurite vestibular Lesões nos Reflexos Os reflexos são respostas automáticas mediadas pelo arco reflexo (receptor → nervo aferente → interneurônio medular → nervo eferente → músculo). Alterações nos reflexos ajudam a localizar a lesão no sistema nervoso. 1. Lesão de Neurônio Motor Superior (NMS) ➡ Local: córtex motor, trato corticoespinal, cápsula interna, tronco encefálico, medula espinhal. • Reflexos tendíneos profundos (miotáticos): aumentados (hiperreflexia). • Clônus: contrações repetidas após estiramento brusco. • Reflexos superficiais (ex.: cutâneo- abdominal, cremastérico): diminuídos ou ausentes. • Reflexos patológicos: surgem sinais como Babinski (+), Hoffman, Tromner. 📌 Exemplos: AVC, esclerose múltipla, trauma medular. 2. Lesão de Neurônio Motor Inferior (NMI) ➡ Local: corno anterior da medula, raiz nervosa, plexo, nervo periférico. • Reflexos tendíneos profundos: diminuídos ou abolidos (hipo/areflexia). • Reflexos superficiais: também diminuídos. • Outros achados associados: hipotonia, atrofia muscular acentuada, fasciculações. 📌 Exemplos: poliomielite, neuropatia periférica, radiculopatia. 3. Lesão em Músculo (Miopatias) ➡ Local: fibras musculares. • Reflexos geralmente preservados, mas podem estar discretamente reduzidos em fases avançadas (pela fraqueza muscular). • Fraqueza proximal predominante. 📌 Exemplos: distrofias musculares, polimiosite. 4. Lesão da Junção Neuromuscular ➡ Local: placa motora. • Reflexos geralmente normais. • Fraqueza flutuante e fatigável. • Não há perda sensitiva. 📌 Exemplos: miastenia gravis, botulismo, síndrome de Lambert-Eaton. 5. Lesão do Cerebelo ➡ Local: hemisférios, vermis, flóculo- nodular. • Reflexos tendíneos: geralmente normais ou pendulares (o membro oscila após elicitação). • Coordenação comprometida: dismetria, disdiadococinesia, tremor de intenção. 📌 Exemplos: AVC cerebelar, tumores da fossa posterior. 6. Lesão do Sistema Extrapiramidal (Gânglios da Base) ➡ Local: núcleos da base. • Reflexos tendíneos: geralmente normais. • Alterações motoras: rigidez (plástica/roda denteada), bradicinesia, movimentos involuntários. 📌 Exemplos: doença de Parkinson, coreia de Huntington. Quadro Resumido Tipo de lesão Reflexos Outros achados NMS (trato piramidal) Hiperreflexia, clônus, Babinski + Espasticidade, paresia NMI (nervo periférico/raiz) Hipo/areflexia Hipotonia, atrofia, fasciculações Muscular (miopatia) Preservados (ou ↓ tardio) Fraqueza proximal Junção neuromuscular Normais Fraqueza fatigável Cerebelo Normais ou pendulares Ataxia, dismetria, tremor de intenção Extrapiramidal Normais Rigidez, movimentos involuntários 2) Diferenciar clinicamente paralisia facial periférica de central e identificar as principais etiologias sa paralisia facial periférica (Paralisia de Bell, Ramsay Hunt, neuropatias autoimunes, tumores etc.) Paralisia Facial – Central x Periférica 1. Revisão Anatômica • O nervo facial (VII par) é motor para os músculos da mímica, além de ter fibras: o Sensitivas: paladar nos 2/3 anteriores da língua. o Parassimpáticas: glândulas lacrimais, salivares e nasais. • A parte superior do núcleo facial recebe inervação bilateral do córtex → por isso, a testa é preservada em lesões centrais. • A parte inferior do núcleo facial recebe inervação apenas contralateral → por isso, a boca cai em lesões centrais. 2. Paralisia Facial Central (PFC) Causas • Acidente vascular cerebral (AVC) → principal. • Tumores intracranianos. • Esclerose múltipla. • Traumatismos encefálicos. Características clínicas • Déficit motor em metade inferior da face contralateral. • Preservação da mímica da testa e do fechamento palpebral. • Frequentemente associada a outros déficits neurológicos: o Hemiparesia ou hemiplegia contralateral. o Alterações da fala (afasia, disartria). o Hemianopsia homônima. Conduta inicial • Investigação urgente de causa vascular (AVC) com TC/RM de crânio. • Tratar a causa base. 3. Paralisia Facial Periférica (PFP) Causas • Paralisia de Bell (idiopática, provavelmente viral) → mais comum. • Infecções: herpes zoster (síndrome de Ramsay Hunt), otite média. • Trauma temporal (fratura, cirurgia de orelha). • Tumores do ângulo pontocerebelar (ex.: schwannoma vestibular). • Doenças sistêmicas (diabetes, sarcoidose, doença de Lyme). Características clínicas • Déficit motor em toda a hemiface ipsilateral: o Não fecha o olho, não enruga a testa, boca desviada para o lado oposto. • Sintomas associados: o Alteração de paladar (2/3 anteriores da língua). o Hiperacusia (pela paralisia do músculo do estribo). o Redução da salivação e lacrimejamento. o Dor retroauricular. Conduta inicial • Paralisia de Bell: o Corticoide oral precoce (prednisona). o Proteção ocular (colírios, tampão à noite). o Antivirais se suspeita de herpes (aciclovir/valaciclovir). • Investigar causas secundárias se evolução atípica. 4. Quadro Comparativo Detalhado Aspecto Central Periférica Local da lesão Vias cortico- nucleares (SNC) Núcleo ou nervo facial (SNP) Lado da lesão Contralateral ao déficit facial Ipsilateral ao déficit facial Região acometida Metade inferior da face Toda a hemiface Testa/olhos Preservados Acometidos Sintomas associados Déficits neurológicos centrais (hemiparesia, afasia, hemianopsia) Alteração de paladar, hiperacusia, alterações autonômicas Causa mais comum AVC Paralisia de Bell Conduta inicial Investigação urgente (neuroimagem) Corticoide, proteção ocular, antivirais em alguns casos Paralisia Facial Periférica (PFP) 1. Quadro Clínico Geral • Assimetria facial súbita (incapacidade de enrugar a testa, fechar o olho e sorrir do lado afetado). • Desvio da boca para o lado oposto. • Sintomas associados (dependendo do nível da lesão): o Alteração de paladar (2/3 anteriores da língua). o Hiperacusia (pela paralisia do músculo do estribo). o Redução da salivação e lacrimejamento. o Dor retroauricular. o Oftalmopatia: lagoftalmo → risco de ceratite. 📌 Dica clínica: na PFP, o olho não fecha e ao tentar fechar o globo ocular roda para cima → sinal de Bell. 2. Diagnóstico Diferencial Central × Periférica • Central: apenas metade inferior da face, testa preservada, geralmente associada a AVC. • Periférica: hemiface completa (testa + olho + boca). 3. Diagnóstico Etiológico a) Idiopática (Paralisiade Bell) • Mais comum. • Instalação súbita, evolução rápida. • Geralmente isolada, sem outros déficits neurológicos. b) Infecciosa • Ramsay Hunt (Herpes Zoster Oticus): dor intensa + vesículas auriculares + perda auditiva/vertigem. • Otite/mastoidite: história de infecção de ouvido. • Doença de Lyme: antecedente de área endêmica, pode ser bilateral. • HIV: em qualquer fase da infecção. c) Autoimunes/Inflamatórias • Guillain-Barré: frequentemente bilateral. • Sarcoidose: paralisia facial + uveíte + aumento de parótida. d) Neoplásicas • Tumores de parótida, schwannomas vestibulares, meningiomas de ângulo pontocerebelar. • Pista importante: instalação lenta e progressiva. e) Traumáticas • Pós-fratura do osso temporal, lesão cirúrgica. f) Metabólicas / Sistêmicas • Diabetes mellitus, gravidez, hipertensão → aumentam risco. 4. Exames Complementares • Paralisia de Bell típica: diagnóstico clínico → não precisa de exames. • Solicitar exames se: evolução atípica, bilateralidade, progressão lenta ou ausência de melhora: o Neuroimagem (TC/RM de crânio e ossos temporais): descartar tumores e lesões compressivas. o Sorologias: HIV, sífilis, Lyme (conforme epidemiologia). o Eletromiografia (EMG): avalia extensão do dano neural. 5. Tratamento a) Paralisia de Bell • Prednisona 1 mg/kg/dia (máx. 60–80 mg/dia) por 7–10 dias. • Se suspeita de herpes: aciclovir ou valaciclovir associados. • Proteção ocular: colírios lubrificantes, tampão noturno. b) Ramsay Hunt • Corticoide + antiviral sempre. • Controle da dor (analgésicos, gabapentinoides). c) Otite/mastoidite • Antibióticos + drenagem cirúrgica se necessário. d) Guillain-Barré • Imunoglobulina EV ou plasmaférese. e) Tumores • Cirurgia, radioterapia ou tratamento oncológico específico. 6. Prognóstico • Paralisia de Bell: bom → 80–90% recuperam em até 3 meses. • Ramsay Hunt: pior prognóstico (recuperação incompleta em até 50%). • Traumática ou tumoral: depende do reparo cirúrgico e do tempo de compressão. • Fatores de mau prognóstico: o Idade avançada. o Instalação completa em 24h ou com imagem positiva) Persistente Transitór io (Por isso, a conduta terapêutica depende diretamente do tempo desde o início dos sintomas. • Até 4,5 horas → paciente pode receber trombólise intravenosa (rt- PA/alteplase), se preencher critérios. • Até 6 horas → paciente pode ser submetido à trombectomia mecânica, se houver grandes vasos ocluídos. • Até 24 horas (em casos selecionados) → trombectomia pode ser indicada se exames de imagem mostrarem penumbra viável (tecido isquêmico ainda recuperável). 1. Trombólise Intravenosa (rt-PA – alteplase) Janela terapêutica • 0 a 4,5 horas do início dos sintomas. • Quanto mais precoce, melhor o desfecho. Critérios de inclusão • Diagnóstico clínico de AVC isquêmico incapacitante. • Início dos sintomas há 185x110 mmHg não controlada. • Uso de anticoagulante oral com INR >1,7 ou plaquetas 400 mg/dL). 2. Trombectomia Mecânica Janela terapêutica • Até 6 horas do início dos sintomas → todos os pacientes com oclusão de grandes vasos (carótida interna, cerebral média proximal). • Até 16–24 horas → pacientes selecionados com base em imagem (angiotomografia/RM com perfusão) que mostre mismatch entre área infartada e área em penumbra. Critérios de inclusão • AVC isquêmico com oclusão de grandes vasos intracranianos. • Escore NIHSS geralmente ≥6 (déficit clínico significativo). • TC/RM sem extensa área de infarto já estabelecido. • Janela de tempo adequada: o 0–6h: todos os candidatos com grandes vasos. o 6–24h: somente se exames mostrarem penumbra viável (estudos DAWN e DEFUSE-3). 3. Comparação entre Trombólise x Trombectomia Aspecto Trombólise IV (rt- PA) Trombectomia Mecânica Janela 0–4,5h Até 6h (ou até 24h se critérios de imagem) Via Sistêmica (EV) Endovascular Indicação AVC isquêmico sem contraindicação Oclusão de grandes vasos Exame chave TC sem hemorragia Angio-TC/RM mostrando oclusão Limitação Risco de sangramento, eficácia limitada em grandes trombos Requer centro especializado, cateterismo 4. Importância prática do tempo • Paciente chega 24h: não candidato a terapias de reperfusão, segue apenas tratamento clínico e prevenção secundária. Resumão • Tempo é decisivo → cada minuto importa. • Trombólise IV: até 4,5h. • Trombectomia mecânica: até 6h para todos; até 24h em casos selecionados. • Exames obrigatórios: TC sem contraste (excluir hemorragia) e angio-TC/RM (para trombectomia). • Conduta prática: paciente com déficit focal súbito → AVC até prova em contrário → acionar protocolo de trombólise/trombectomia imediatamente.