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<p>EPIDEMIOLOGIA E PROCESSO</p><p>SAÚDE-DOENÇA</p><p>AULA 6</p><p>Prof.ª Ivana Maria Saes Busato</p><p>CONVERSA INICIAL</p><p>Vamos entender a Vigilância em saúde como informação para ação, que</p><p>utiliza a epidemiologia como ciência aplicada. A vigilância em saúde compreende</p><p>a quatro vigilâncias – sanitária, epidemiológica, saúde do trabalhador e</p><p>ambiental –, que trabalham interdisciplinarmente para avaliação da situação de</p><p>saúde de populações em um território específico.</p><p>A vigilância epidemiológica, que integra a Vigilância em Saúde, possibilita</p><p>o monitoramento e acompanhamento da saúde de territórios, além de propor</p><p>ações de prevenção das doenças e promoção da saúde.</p><p>Finalizamos esta etapa com a importância da epidemiologia no processo</p><p>de planejamento e gestão de serviços de saúde, em especial do Sistema Único</p><p>de Saúde.</p><p>TEMA 1 – CONCEITO DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE</p><p>A vigilância em saúde tem por objetivo a</p><p>observação e análise permanente da situação de saúde articulando um</p><p>conjunto de ações destinadas a controlar determinantes, riscos e</p><p>danos à saúde de populações que vivem num território, garantindo a</p><p>integralidade da atenção, o que inclui tanto a abordagem individual</p><p>como coletiva dos problemas de saúde (Teixeira; Pinto; Vilasboas,</p><p>2004)</p><p>Conforme Brasil (2005a, p. 13), foi Alexandre Langmur, em 1963, que</p><p>conceituou a vigilância como “observação contínua da distribuição e tendências</p><p>da incidência de doenças mediante a coleta sistemática, análise da morbidade e</p><p>mortalidade, e outros dados relevantes, e a regular disseminação dessas</p><p>informações a todos os que necessitam conhecê-la”.</p><p>A vigilância em saúde tem como foco principal controlar os fatores de</p><p>risco, os determinantes e condicionantes da saúde por meio de um conjunto de</p><p>ações. “O principal objetivo da vigilância em saúde está na garantia da</p><p>integralidade da atenção diante dos problemas de saúde, incluindo a abordagem</p><p>individual e a coletiva” (Brasil, 2006).</p><p>As vigilâncias – ambiental, sanitária, epidemiológica e saúde do</p><p>trabalhador –, que compõem a vigilância em saúde, estão integradas pela</p><p>promoção da saúde, e intercambiam suas especificidades, no monitoramento</p><p>situacional de populações. Estudaremos a vigilância epidemiológica</p><p>separadamente, por sua importância na epidemiologia aplicada.</p><p>3</p><p>1.1 Vigilância de saúde do trabalhador e ambiental</p><p>A vigilância ambiental avalia e analisa qualquer mudança do ambiente que</p><p>pode interferir nos fatores que determinam e condicionam a saúde. Ela tem a</p><p>função de recomendar e adotar medidas de prevenção e controle dos fatores de</p><p>risco ambiental relacionados às doenças e outros agravos à saúde, com</p><p>prioridade em: vigilância da qualidade da água para consumo humano, do ar, e</p><p>do solo; desastres de origem natural; substâncias químicas e acidentes com</p><p>produtos perigosos; fatores físicos, e o ambiente de trabalho (Brasil, 2002, p. 7-</p><p>8).</p><p>A saúde do trabalhador, outro componente da vigilância em saúde, utiliza</p><p>todos os conhecimentos das vigilâncias para identificar, monitorar e prevenir os</p><p>riscos ambientais ocupacionais que comprometem o ambiente de trabalho, além</p><p>da proposição de medidas de prevenção e promoção da saúde do trabalhador.</p><p>A Organização Internacional do Trabalho – OIT é a autoridade</p><p>competente para estabelecer os critérios que possibilitam definir os riscos da</p><p>exposição à contaminação do ar, ao ruído e às vibrações no local de trabalho,</p><p>bem como para fixar, quando cabível, os limites de exposição nos processos</p><p>produtivos.</p><p>1.2 Vigilância sanitária e Agência Nacional de Vigilância Sanitária</p><p>A vigilância sanitária tem como missão a proteção e promoção à saúde</p><p>da população e defesa da vida. Para alcançar essa missão, a vigilância sanitária</p><p>deve interagir fortemente com a sociedade, buscando prioritariamente ações de</p><p>interesse coletivo. A vigilância sanitária é um conjunto de ações capaz de</p><p>eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas</p><p>sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da</p><p>prestação de serviços de interesse da saúde (Brasil, 2006).</p><p>As ações da vigilância sanitária abrangem o “controle de bens de</p><p>consumo que, direta ou indiretamente, se relacionem com a saúde,</p><p>compreendidas todas as etapas e processos, da produção ao consumo; e o</p><p>controle da prestação de serviços que se relacionam direta ou indiretamente com</p><p>a saúde” (Brasil, 1990).</p><p>A Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa foi instituída pela Lei</p><p>n. 9.782, de 26 de janeiro de 1999, e compõe o Sistema Nacional de Vigilância</p><p>4</p><p>Sanitária, dentro do Sistema Único de Saúde. A Anvisa é uma autarquia sob</p><p>regime especial que tem sede e foro no Distrito Federal e está presente em todo</p><p>o território nacional por meio das coordenações de portos, aeroportos, fronteiras</p><p>e recintos alfandegados.</p><p>Tem por finalidade institucional promover a proteção da saúde da</p><p>população, por intermédio do controle sanitário da produção e consumo de</p><p>produtos e serviços submetidos à vigilância sanitária, inclusive dos ambientes,</p><p>dos processos, dos insumos e das tecnologias a eles relacionados.</p><p>TEMA 2 – VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA: HISTÓRIA E CONCEITO</p><p>A história da vigilância epidemiológica remonta à história das civilizações,</p><p>representada pelos registros de dados, tais como o número de nascimentos, o</p><p>número de mortes e casos de doenças, a descrição das doenças, e as propostas</p><p>de tratamentos, em especial das doenças transmissíveis. As primeiras medidas</p><p>associadas à vigilância epidemiológica foram quarentena e isolamento de</p><p>doentes.</p><p>No Brasil, o desenvolvimento das atividades de vigilância epidemiológica</p><p>é associado fortemente com a vinda da família imperial, com a organização das</p><p>medidas de controle e combate às doenças. No século XIX, as principais</p><p>medidas relacionadas à vigilância são representadas pela contagem de</p><p>população, principalmente de escravos, além do combate e da descrição das</p><p>doenças infecciosas, que afetavam as cidades portuárias, ambas com</p><p>finalidades comerciais.</p><p>Em 1965, a Organização Mundial de Saúde utilizou o termo “vigilância</p><p>epidemiológica” para designar atividades da “Unidade de Vigilância</p><p>Epidemiológica da Divisão de Doenças Transmissíveis”; já em 1968, na 21.ª</p><p>Assembleia Mundial da Saúde, o termo “vigilância epidemiológica” foi expandido,</p><p>de modo a contemplar as doenças e os agravos de interesse para a saúde</p><p>pública e não somente as doenças transmissíveis.</p><p>Nesse período, no Brasil, foi criado o Centro de Investigações</p><p>Epidemiológicas pela Fundação de Serviços Especiais de Saúde Pública, o que</p><p>estabeleceu a notificação semanal de doenças como medida básica de vigilância</p><p>epidemiológica, sob responsabilidade das secretarias estaduais de saúde.</p><p>5</p><p>Na década de 1970, o Ministério da Saúde instituiu o Sistema Nacional de</p><p>Vigilância Epidemiológica – SNVE, por recomendação da Quinta Conferência</p><p>Nacional de Saúde, de 1975, na Lei n. 6.259/1975 e no Decreto n. 78.231/1976.</p><p>A Lei n. 6.259/1975, no art. 1.º, define que o Ministério da Saúde coordena</p><p>as ações relacionadas ao controle das doenças transmissíveis, orientando sua</p><p>execução inclusive quanto à vigilância epidemiológica, à aplicação da notificação</p><p>compulsória, ao programa de imunizações e ao atendimento de agravos</p><p>coletivos à saúde, bem como dos decorrentes de calamidade pública (Brasil,</p><p>1975, 1976).</p><p>Com a implantação do Sistema Único de Saúde – SUS, o Sistema</p><p>Nacional de Vigilância Epidemiológica tornou-se parte integrante do SUS e foi</p><p>regulamentado na Lei n. 8.080/1990. Nele, define-se vigilância epidemiológica</p><p>como “um conjunto de ações que proporciona o conhecimento, a detecção ou</p><p>prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de</p><p>saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as</p><p>medidas de prevenção e controle das</p><p>doenças ou agravo” (Brasil, 1990, art. 6.º,</p><p>§ 1.º).</p><p>Aponta-se que a vigilância epidemiológica (Brasil, 2002, p. 12) fornece</p><p>orientação técnica permanente para os profissionais de saúde, para as ações de</p><p>controle de doenças e agravos, disponibilizando informações atualizadas sobre</p><p>a ocorrência de doenças e agravos, bem como os fatores de risco em uma</p><p>determinada área geográfica ou população definida.</p><p>As funções devem ser desempenhadas nos três níveis do sistema de</p><p>saúde (municipal, estadual e federal), com graus de responsabilidade variáveis.</p><p>A vigilância epidemiológica tem as funções de realizar a coleta de dados; o</p><p>processamento de dados coletados; a análise e interpretação dos dados</p><p>processados; a recomendação das medidas de prevenção e controle</p><p>apropriadas; promoção das ações de prevenção e controle indicadas; avaliação</p><p>da eficácia e efetividade das medidas adotadas; divulgação de informações</p><p>pertinentes.</p><p>A vigilância epidemiológica instrumentaliza os profissionais de saúde e</p><p>gestores na interpretação do diagnóstico da situação de saúde, na análise das</p><p>condições de vida e saúde, identificando os problemas e necessidades que</p><p>exijam maior atenção, assim como o monitoramento das condições de saúde de</p><p>populações.</p><p>6</p><p>TEMA 3 – SISTEMA NACIONAL DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA</p><p>O Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica – SNVE é um dos</p><p>componentes do SUS que, por meio da Lei n. 8.080/1990, redefiniu a vigilância</p><p>epidemiológica como um “conjunto de ações que proporciona o conhecimento,</p><p>a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e</p><p>condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar</p><p>e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos” (Brasil,</p><p>1990).</p><p>O SNVE está sob responsabilidade da Secretaria de Vigilância em Saúde</p><p>do Ministério da Saúde que, em âmbito nacional, realiza ações de vigilância, de</p><p>prevenção e de controle de doenças transmissíveis; de vigilância de fatores de</p><p>risco para o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis; de saúde</p><p>ambiental e a do trabalhador; e a análise de situação de saúde da população</p><p>brasileira.</p><p>Com o SNVE dentro do SUS, as ações de vigilância epidemiológica</p><p>passaram a ser operacionalizadas em um contexto de reorganização do sistema</p><p>de saúde brasileiro, caracterizadas pela descentralização de responsabilidades,</p><p>pela universalidade, integralidade e equidade na prestação de serviços. No</p><p>âmbito estadual, a responsabilidade é de monitorar e acompanhar ações e</p><p>medidas de prevenção e de controle definidas; executar ações em caráter</p><p>complementar aos municípios; enquanto que, no âmbito municipal, gerenciar e</p><p>operacionalizar ações e medidas de prevenção e de controle em seu território.</p><p>As ações de vigilância epidemiológica executadas pelo SNVE, nas três</p><p>esferas de gestão do SUS, são desenvolvidas de modo ininterrupto e consistem</p><p>em coletar, processar, analisar e interpretar dados; propor medidas de</p><p>prevenção e de controle; avaliar a eficácia e a efetividade de medidas adotadas;</p><p>e divulgar informações.</p><p>A vigilância epidemiológica utiliza dados de dois tipos de fonte: fonte</p><p>primária, com dados coletados pelas equipes de saúde no território ou na área</p><p>de abrangência de cada Unidade de Saúde, em especial pelo Sistema de</p><p>Informação de Agravos de Notificação – Sinan; e fonte secundária, com dados</p><p>coletados de outros órgãos e de instituídos oficiais municipais, estaduais e</p><p>nacionais, por exemplo, hospitais sentinelas, laboratórios centrais.</p><p>7</p><p>A coleta de dados no Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica</p><p>ocorre em todos os níveis de atuação do sistema de saúde, logo, depende da</p><p>disponibilidade de dados que sirvam para subsidiar o processo de produção de</p><p>informação para ação, por meio de diversificadas fontes e serviços de saúde</p><p>públicos e privados. A coleta de dados deve ser feita no ponto de ocorrência do</p><p>evento sanitário (Brasil, 2009b, p. 19).</p><p>A vigilância epidemiológica depende da confiabilidade da coleta de dados</p><p>que possam transformar-se em informação que sustente a tomada de decisão.</p><p>O sistema de vigilância deve “abranger o maior número possível de fontes</p><p>geradoras, com regularidade e oportunidade da transmissão dos dados.</p><p>Informação para ação princípio que deve reger as relações entre os</p><p>responsáveis pela vigilância e as diversas fontes que podem ser utilizadas para</p><p>o fornecimento de dados” (Teixeira; Pinto; Vilasboas, 2004).</p><p>Os principais tipos de dados são: demográficos, ambientais e</p><p>socioeconômicos; dados de morbidade e mortalidade; notificações</p><p>compulsórias. Os estudos epidemiológicos especiais, realizados pelos</p><p>laboratórios de saúde pública em apoio às ações de vigilância, também são</p><p>considerados fontes de dados.</p><p>Segundo o Guia de Vigilância Epidemiológica (Brasil, 2009b, p. 23), os</p><p>achados de investigações epidemiológicas de casos e de emergências de saúde</p><p>pública, surtos ou epidemias “complementam as informações da notificação, no</p><p>que se referem a fontes de infecção e mecanismos de transmissão, dentre outras</p><p>variáveis. Também podem possibilitar a descoberta de novos casos que não</p><p>foram notificados”. Devem ser consideradas, também, informações oriundas da</p><p>imprensa e da própria comunidade como fontes importantes de dados.</p><p>Quanto às fontes especiais de dados, os estudos epidemiológicos são</p><p>estratégias de coleta de dados realizadas diretamente na população ou nos</p><p>serviços de saúde, quando as fontes de dados regulares não são suficientes</p><p>para análise epidemiológica de alguma doença ou agravo de interesse à saúde.</p><p>Esses dados podem ser coletados por inquérito, investigação ou levantamento</p><p>epidemiológico.</p><p>O Sistema de Informação em Saúde integra as estruturas organizacionais</p><p>no Sistema Único de Saúde em todos os níveis. É constituído por vários</p><p>subsistemas e tem, como propósito geral, facilitar a formulação e avaliação de</p><p>políticas, planos e programas de saúde, de maneira a subsidiar o processo de</p><p>8</p><p>tomada de decisões. Ao logo desses anos, com as melhorias no sistema de</p><p>informações e informática, com vistas a enfrentar os desafios relacionados à</p><p>defasagem tecnológica do Sistema de Informação em Saúde, o Ministério da</p><p>Saúde criou o Programa e-SUS Linha da Vida, com o principal objetivo de</p><p>modernizar os sistemas de informação utilizados no âmbito da vigilância em</p><p>saúde (Brasil, 2022).</p><p>O e-SUS Linha da Vida vai reunir sistemas de notificação que abrangem</p><p>toda a vida da pessoa, desde o nascimento até o óbito, produzindo informações</p><p>qualificadas sobre estatísticas vitais e morbidade, essenciais para tomada de</p><p>decisão e formulação de políticas públicas (Brasil, 2022).</p><p>O e-SUS Linha da Vida terá um identificador único de cada pessoa (CPF</p><p>ou número do Cartão Nacional de Saúde), com a ficha de notificação unificada</p><p>para todos os agravos/doenças, padronização de campos comuns de diferentes</p><p>sistemas, uso de terminologias padronizadas, além de possibilitar a emissão das</p><p>declarações de nascido vivo e óbito de forma eletrônica.</p><p>O Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunização (SI-PNI)</p><p>é implantado em todos os municípios brasileiros e fornece dados relativos à</p><p>cobertura vacinal de rotina e em campanhas, taxa de abandono e controle do</p><p>envio de boletins de imunização.</p><p>Busato (2016, p. 143) aponta que a informação em saúde é a base para</p><p>a gestão dos serviços, pois orienta a implantação, o acompanhamento e a</p><p>avaliação dos modelos de atenção à saúde e das ações de prevenção e controle</p><p>de doenças. São, também, de interesse, dados/informações produzidos</p><p>extrassetorialmente, cabendo aos gestores do sistema de saúde a articulação</p><p>com os diversos órgãos que os produzem, de modo a complementar e</p><p>estabelecer um fluxo regular de informação em cada nível do setor.</p><p>Segundo Busato (2017, p. 73-74), o sistema de informação é</p><p>“hierarquizado, fluxo ascendente</p><p>de variáveis ocorra de modo inversamente</p><p>proporcional à agregação geográfica, ou seja, no nível local deve se dispor de</p><p>maior número de variáveis, para as análises epidemiológicas”.</p><p>3.1 Notificação compulsória</p><p>Historicamente, a notificação compulsória tem sido a principal fonte de</p><p>informação da vigilância epidemiológica. A Lei Federal n. 6.259/1975 e o Decreto</p><p>n. 78.231/1976 foram instrumentos que tornaram obrigatória a notificação de</p><p>9</p><p>doenças transmissíveis que foram priorizadas na época, e que desde então são</p><p>regularmente atualizadas.</p><p>As demais portarias, que foram emitidas para atualização da lista de</p><p>doenças, agravos e eventos de notificação compulsória, sempre reafirmaram a</p><p>obrigatoriedade da notificação compulsória para os médicos, bem como outros</p><p>profissionais de saúde ou responsáveis pelos serviços públicos e privados de</p><p>saúde que prestam assistência ao paciente, já implantada no art. 8.º da Lei n.</p><p>6.259, de 30 de outubro de 1975.</p><p>A notificação é a</p><p>comunicação obrigatória à autoridade de saúde, realizada pelos</p><p>médicos, profissionais de saúde ou responsáveis pelos</p><p>estabelecimentos de saúde, públicos ou privados, sobre a ocorrência</p><p>de suspeita ou confirmação de doença, agravo ou evento de saúde</p><p>pública, podendo ser imediata ou semanal (Brasil, 2017a)</p><p>Doenças, agravos ou eventos de notificação compulsória são situações</p><p>que têm um potencial grande de disseminação, vulnerabilidade e disponibilidade</p><p>de medidas de controle, assim como grande nível de ameaça à população.</p><p>As doenças da lista de notificação compulsória são escolhidas por</p><p>critérios técnicos, sendo necessária revisão periódica, levando em consideração</p><p>a situação epidemiológica da doença, a emergência de novos agentes, ou por</p><p>mudanças no Regulamento Sanitário Internacional, ou ainda, no</p><p>estabelecimento de novos acordos multilaterais entre países (Brasil, 2009a).</p><p>A lista de notificação compulsória para todo o território nacional é definida</p><p>pelo Ministério da Saúde (Brasil, 2009b), sendo “atualizada quando é necessária</p><p>qualquer alteração, estabelecida buscando monitorar as doenças, agravos e</p><p>eventos considerados de maior relevância sanitária para o país”.</p><p>A definição de agravo (Brasil, 2017b) é qualquer dano à integridade física</p><p>ou mental do indivíduo, provocado por circunstâncias nocivas, tais como</p><p>acidentes, intoxicações por substâncias químicas, abuso de drogas ou lesões</p><p>decorrentes de violências interpessoais, como agressões e maus-tratos, e lesão</p><p>autoprovocada. Quanto ao evento de saúde pública, é uma situação que pode</p><p>constituir potencial ameaça à saúde pública, como a ocorrência de surto ou</p><p>epidemia, doença ou agravo de causa desconhecida, alteração no padrão</p><p>clínico/epidemiológico das doenças conhecidas, considerando o potencial de</p><p>disseminação, a magnitude, a gravidade, a severidade, a transcendência e a</p><p>10</p><p>vulnerabilidade, bem como epizootias ou agravos decorrentes de desastres ou</p><p>acidentes (Brasil, 2017b).</p><p>Com a consolidação das portarias do Ministério da Saúde, a lista de</p><p>notificação compulsória compõe a Portaria de Consolidação n. 4/GM/MS, de 28</p><p>de setembro de 2017, Anexo 1 do Anexo V. Assim, a cada atualização é emitida</p><p>uma portaria que altera essa Portaria de Consolidação n. 4/GM/MS/ 2017 (Brasil,</p><p>2017b). Por isso, é importante sempre estarmos atualizados por meio de</p><p>pesquisa à Portaria de Consolidação.</p><p>As doenças, os agravos e os eventos são notificados e registrados no</p><p>Sistema de Informação de Agravos de Notificação – Sinan, por meio de ficha de</p><p>notificação específica para cada doença, agravo ou evento, obedecendo às</p><p>normas e rotinas estabelecidas pelo Ministério da Saúde.</p><p>3.2 Sistema de Informação de Agravos de Notificação – Sinan</p><p>O Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) foi</p><p>desenvolvido no início da década de 1990, tendo como objetivo a coleta e o</p><p>processamento dos dados sobre doenças e agravos de notificação em todo o</p><p>território nacional, de modo a fornecer informações para a análise do perfil da</p><p>morbidade da população brasileira (Brasil, 2022). Tem operacionalização</p><p>ascendente, que inicia nas unidades básicas de saúde, consultórios médicos ou</p><p>serviços de saúde de saúde.</p><p>Ao longo de sua história, o Sinan vem passando por diferentes</p><p>transformações para se adequar aos dinâmicos cenários tecnológicos e às</p><p>diferentes necessidades do sistema de saúde (Brasil, 2022). O Sinan é</p><p>alimentado, principalmente, pela notificação e investigação específica de cada</p><p>doença, agravo ou evento, que constam da lista nacional, mas é facultado a</p><p>estados e municípios incluir outros problemas de saúde importantes de sua</p><p>região.</p><p>A sistematização da alimentação do Sinan, de forma descentralizada,</p><p>contribui para a democratização da informação, de modo a possibilitar que todos</p><p>os profissionais de saúde tenham acesso à informação e as tornem disponíveis</p><p>para a comunidade. Além disso, fornece subsídio para a realização de pesquisas</p><p>científicas pelo Tabnet do Datasus. É, portanto, um instrumento relevante para</p><p>auxiliar no planejamento da saúde, definir prioridades de intervenção, além de</p><p>possibilitar que seja avaliado o impacto das intervenções.</p><p>11</p><p>A ficha epidemiológica fornece todas as informações necessárias para</p><p>controle, prevenção e planejamento de ações de promoção da saúde. Com o</p><p>Programa e-SUS Linha da Vida, foi criado e e-SUS Sinan, com objetivo de criar</p><p>e disponibilizar um sistema on-line, responsivo, com configuração de resolução</p><p>mobile, tablet e desktop, para que os profissionais de saúde possam registrar em</p><p>tempo real as notificações individuais e coletivas das doenças e agravos de</p><p>notificação compulsória, em nível estadual e municipal, assim como comunicar</p><p>a ausência de casos (notificações negativas) (Brasil, 2022).</p><p>O e-SUS Sinan é uma plataforma on-line com infraestrutura de alta</p><p>performance que visa garantir agilidade no processo de notificação, investigação</p><p>e conclusão dos casos. Esse sistema contribuirá para a democratização da</p><p>informação em saúde, de forma a oportunizar a todos os profissionais de saúde</p><p>que tenham acesso aos dados necessários ao processo de vigilância e as</p><p>tornem disponíveis oportunamente para a comunidade (Brasil, 2022).</p><p>Saiba mais</p><p>O e-SUS Sinan pode ser acessado pelo seguinte portal.</p><p>Disponível em: <https://esussinan.saude.gov.br>. Acesso em: 31 jan.</p><p>2023.</p><p>O manual de instruções para o usuário e as fichas de notificação e de</p><p>investigação estão no repositório da Plataforma IVIS. Disponível em:</p><p><http://plataforma.saude.gov.br/esussinan>. Acesso em: 31 jan. 2023.</p><p>3.3 Farmacovigilância: como notificar</p><p>A farmacovigilância auxilia na identificação e avaliação dos efeitos</p><p>crônicos ou agudos dos medicamentos na população de modo geral ou em</p><p>grupos específicos, bem como realiza a detecção, avaliação e controle das RAM</p><p>(reação adversa a medicamento) e dos benefícios ou falta de eficácia de um</p><p>determinado medicamento após a sua comercialização.</p><p>Existe uma rede de centros de farmacovigilância para triar e avaliar as</p><p>informações recebidas. Nos centros municipais e estaduais, recebem as</p><p>informações para fazer uma análise prévia e encaminhar os resultados para os</p><p>centros nacionais, que, por sua vez, vão avaliar e tomar as providências</p><p>necessárias e, depois, encaminhar as suas demandas para os centros mundiais.</p><p>12</p><p>A farmacovigilância trabalha por meio da notificação de reações adversas</p><p>ou de falhas técnicas dos medicamentos, ou seja, é necessário fazer uma</p><p>comunicação sobre qualquer tipo de intercorrência proveniente do uso do</p><p>medicamento. Essa comunicação deve ser feita por meio dos formulários</p><p>disponíveis na página de internet da Anvisa, agência responsável pela</p><p>farmacovigilância brasileira.</p><p>A notificação deve ser realizada por profissionais da saúde e pela própria</p><p>indústria farmacêutica, o que pode ser feito de forma 100% on-line por</p><p>meio do</p><p>sistema Notivisa, que recebe as informações da farmacovigilância e também da</p><p>tecnovigilância e cosmetovigilância.</p><p>TEMA 4 – CENTRO DE INFORMAÇÕES ESTRATÉGICAS EM VIGILÂNCIA EM</p><p>SAÚDE – CIEVS</p><p>A globalização integrou os países, o que resultou no aumento da</p><p>circulação de pessoas e mercadorias, associado às mudanças demográficas e</p><p>epidemiológicas, o que contribui para a ocorrência de epidemias e pandemias</p><p>por doenças emergentes ou reemergentes, o que torna primordial aprimorar os</p><p>serviços de vigilância em saúde mundiais.</p><p>A Portaria n. 30, de 7 de julho de 2005, instituiu o Centro de Informações</p><p>Estratégicas em Vigilância em Saúde – Cievs, bem como definiu suas</p><p>atribuições, composição e coordenação: “a finalidade de fomentar a captação de</p><p>notificações, mineração, manejo e análise de dados e informações estratégicas</p><p>relevantes à prática da vigilância em saúde, bem como congregar mecanismos</p><p>de comunicação avançados” (Brasil, 2005b, art. 1.º).</p><p>Com a implantação do Cievs dentro da estrutura do Sistema Único de</p><p>Saúde, houve sua ampliação e descentralização nos diferentes níveis do sistema</p><p>de saúde (nacional, estadual e municipal). Os Cievs têm a finalidade de atuar</p><p>imediatamente ante as emergências de Saúde Pública, aprimorando o processo</p><p>de estruturação e aperfeiçoamento do serviço de recebimento, processamento</p><p>e resposta oportuna às emergências epidemiológicas. O sistema de vigilância</p><p>epidemiológica mantém-se eficiente quanto à regularidade de avaliação,</p><p>checagem contínua e aprimoramento permanente do fluxo de informação. São</p><p>necessárias as aferições contínuas da ocorrência de doenças, agravos e</p><p>eventos de interesse à saúde em: sensibilidade; especificidade;</p><p>13</p><p>representatividade; oportunidade; simplicidade; utilidade; flexibilidade e</p><p>aceitabilidade.</p><p>O objetivo da Rede Cievs é aperfeiçoar os mecanismos de detecção,</p><p>monitoramento e resposta a emergências em saúde pública, organizando</p><p>processos de trabalho padronizados entre as três esferas de comando do SUS</p><p>para a gestão coordenada dessas ocorrências. Os Cievs de todos os níveis</p><p>(nacional, estadual e municipal) devem trabalhar de forma integrada para</p><p>identificar as emergências epidemiológicas, de modo contínuo e sistemático,</p><p>utilizando a notificação telefônica, eletrônica, bem como buscando as</p><p>informações nos principais meios de comunicação, especialmente no uso do</p><p>Clipping Cievs, que resume essas informações coletadas.</p><p>Para tanto, as competências do Cievs incluem o desenvolvimento de</p><p>atividades de manejo de crises agudas, o que inclui o monitoramento de</p><p>situações sentinelas e o apoio ao manejo oportuno e efetivo de emergências</p><p>epidemiológicas, facilitando a formulação de respostas rápidas e integradas nas</p><p>diferentes esferas de gestão do SUS.</p><p>A Rede tem a responsabilidade da identificação de emergências</p><p>epidemiológicas, em conjunto com as demais áreas técnicas e o</p><p>aperfeiçoamento dos mecanismos de triagem, verificação e análise de riscos e</p><p>notificações para identificar e desencadear resposta a emergências</p><p>epidemiológicas. Os Cievs fortalecem a articulação intra e intersetorial para o</p><p>desencadeamento de resposta adequada e oportuna a emergências em saúde</p><p>pública, com a elaboração de informes e alertas para subsidiar a comunicação</p><p>de riscos.</p><p>O Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde federal</p><p>tem a competência de dar apoio às áreas técnicas das secretarias estaduais e</p><p>municipais na formulação de Planos de Respostas a emergências em saúde</p><p>pública e no desenvolvimento das capacidades básicas de vigilância e resposta.</p><p>4.1 Emergência de saúde pública de importância internacional e nacional</p><p>O termo “Emergência de saúde pública de importância internacional” foi</p><p>definido no RSI (Brasil, 2009a) como evento extraordinário, o qual é determinado</p><p>por constituir um risco de saúde pública para outro Estado pela propagação</p><p>internacional de doenças, e por requerer uma resposta internacional</p><p>coordenada.</p><p>14</p><p>Carmo, Penna e Oliveira (2008, p. 21) destacam que uma emergência de</p><p>saúde pública de importância internacional inclui os eventos, que não se limitam</p><p>à ocorrência de dano (caso ou óbito por determinada doença), visto que incluem</p><p>fatores de risco para sua ocorrência, bem como não são restritos à ocorrência</p><p>de doenças transmissíveis, mas contemplam ainda problemas de saúde de</p><p>natureza química, radionuclear ou decorrentes de desastres ambientais, como</p><p>terremotos, inundações ou secas.</p><p>No Brasil, as emergências de saúde pública de importância nacional se</p><p>deram pela implantação do Centro de Informações Estratégias e Respostas em</p><p>Vigilância em Saúde, pela Portaria n. 30/2005, visto que possibilitam o</p><p>monitoramento contínuo de eventos que podem se constituir em emergências de</p><p>importância nacional, após avaliação de risco, por meio da utilização do processo</p><p>de análise semelhante ao adotado pelos países e pela OMS, com os</p><p>instrumentos criados após a entrada em vigor do RSI (Brasil, 2009a).</p><p>O Decreto n. 7.616, de 18 de novembro de 2011, definiu as</p><p>regulamentações sobre a declaração de Emergência em Saúde Pública de</p><p>Importância Nacional – Espin, assim como instituiu a Força Nacional do Sistema</p><p>Único de Saúde. A declaração e suspensão de Espin é de responsabilidade</p><p>exclusiva do Ministério da Saúde.</p><p>O art. 3.º do Decreto define que será declarada Espin em virtude da</p><p>ocorrência de situações, e epidemiológicas, de desastres; ou de desassistência</p><p>à população. No parágrafo 1.º, lista-se as situações epidemiológicas, os surtos</p><p>ou epidemias que apresentem risco de disseminação nacional; que sejam</p><p>produzidos por agentes infecciosos inesperados; que representem a</p><p>reintrodução de doença erradicada; que apresentem gravidade elevada; ou que</p><p>extrapolem a capacidade de resposta da direção estadual do Sistema Único de</p><p>Saúde.</p><p>TEMA 5 – EPIDEMIOLOGIA NO PLANEJAMENTO E GESTÃO EM SAÚDE</p><p>O planejamento em saúde é obrigatório nas três esferas de governo</p><p>(municípios, estados e união), devendo ser ascendente e integrado. As</p><p>necessidades de saúde da população orientam o planejamento em saúde.</p><p>Bonita, Beaglehole e Kjellström (2010) indicam que a epidemiologia deveria</p><p>influenciar as políticas públicas. Os desafios da epidemiologia, no âmbito do</p><p>planejamento e da gestão, estão em assumir o poder de avaliação dos serviços,</p><p>15</p><p>organizações e sistemas, bem como a detecção das necessidades e dos</p><p>problemas de saúde.</p><p>Segundo Paim (2003, p. 566), a epidemiologia para o planejamento e</p><p>gestão deve corroborar com o processo de formulação de políticas; a definição</p><p>de critérios para a repartição de recursos; a elaboração de diagnósticos e</p><p>análises de situação de saúde; a elaboração de planos e programas; a</p><p>organização de ações e serviços; a avaliação de sistemas, políticas, programas</p><p>e serviços de saúde. Além dessas possibilidades de utilização da epidemiologia</p><p>no planejamento e gestão em saúde, tem aplicabilidade em diversos territórios,</p><p>partindo do território de uma equipe de saúde da família, território das unidades</p><p>básica de saúde, de distritos sanitários, municípios, estados, países, entre</p><p>outros.</p><p>O Decreto n. 7.508/2011, ao regulamentar a Lei n. 8.080/1990, Lei</p><p>Orgânica da Saúde, orienta a organização do SUS, o planejamento da saúde, a</p><p>assistência à saúde e a articulação interfederativa (Brasil, 2011). O art. 15 do</p><p>Decreto n. 7.508/2011 explica também que o processo de planejamento da</p><p>saúde é “ascendente e integrado, do nível local até o federal, ouvidos os</p><p>respectivos conselhos de saúde, compatibilizando-se as necessidades das</p><p>políticas de saúde com a disponibilidade de recursos financeiros” (Brasil, 2011).</p><p>Os conselhos de saúde devem deliberar sobre as diretrizes para o</p><p>estabelecimento de prioridades, que resultam no planejamento em saúde por</p><p>meio do plano de saúde. O art. 17 desse decreto determina que “o mapa da</p><p>saúde é utilizado</p><p>na identificação das necessidades de saúde e orienta o</p><p>planejamento integrado dos entes federativos, contribuindo para o</p><p>estabelecimento de metas de saúde” (Brasil, 2011).</p><p>Busato (2017, p. 180) aponta que o planejamento ascendente que parte</p><p>da atenção básica, como porta de entrada prioritária do Sistema Único de Saúde,</p><p>deve aplicar as ferramentas da vigilância em saúde com vistas a priorizar as</p><p>necessidades (problemas) da população para que a equipe atue com o objetivo</p><p>de causar mudanças na realidade que atua.</p><p>O ciclo de planejamento desencadeia etapas que asseguram informações</p><p>para a tomada de decisão do gestor, que incluem: avaliação da carga da doença;</p><p>identificação das causas da doença; avaliação da efetividade das intervenções</p><p>existentes; determinação da eficiência; implementação das intervenções;</p><p>16</p><p>monitoração das atividades e avaliação dos progressos (Bonita; Beaglehole;</p><p>Kjellström, 2010).</p><p>A gestão ou ação administrativa pressupõe o desenvolvimento de um</p><p>processo que envolve as funções de planejamento, organização, direção e</p><p>controle (Brasil, 2012). A Lei Complementar n. 141, de 13 de janeiro de 2012,</p><p>regulamenta o financiamento do SUS nas três esferas de governo, e define o</p><p>que pode ser considerado gasto em saúde.</p><p>A Portaria n. 2.135, de 25 de setembro de 2013, determina as diretrizes</p><p>para o processo de planejamento no âmbito do SUS, bem como reafirma os</p><p>instrumentos de planejamento nas três esferas de gestão: o Plano de Saúde</p><p>(PS), as suas respectivas Programações anuais de saúde (PAS) e os Relatórios</p><p>Anuais de Gestão (RAG) (Brasil, 2013).</p><p>O Plano de Saúde deve estar alinhado ao plano plurianual (PPA). Dessa</p><p>maneira, ele poderá ser executado porque o PPA é o instrumento que materializa</p><p>as políticas públicas, descrito em diretrizes, programas, ações e metas a serem</p><p>implementadas em um período de quatro anos.</p><p>O planejamento em saúde, na elaboração do plano de saúde, é orientado</p><p>pelas necessidades de saúde da população, segundo a análise situacional,</p><p>contida no mapa da saúde, com forte atuação da epidemiologia para o</p><p>levantamento das necessidades de saúde da população. A identificação das</p><p>necessidades de saúde, com base em informações epidemiológicas, orienta o</p><p>planejamento integrado dos entes federativos.</p><p>A Programação Anual de Saúde (PAS) é o “instrumento que</p><p>operacionaliza as intenções expressas no plano de saúde e tem por objetivo</p><p>anualizar as metas do plano de saúde e prever a alocação dos recursos</p><p>orçamentários a serem executados” (art. 4. da Portaria n. 2.135/2013) (Brasil,</p><p>2013).</p><p>Algumas metas estabelecidas no PAS são construídas com indicadores</p><p>de saúde baseados na vigilância em saúde; já o relatório de gestão é o</p><p>instrumento de gestão com elaboração anual que possibilita ao gestor</p><p>apresentar os resultados alcançados com a execução da PAS e orienta</p><p>eventuais redirecionamentos que se fizerem necessários no plano de saúde</p><p>(Brasil, 2013, art. 6.º).</p><p>O Relatório de Gestão – RAG é o instrumento de gestão com elaboração</p><p>anual que oportuniza ao gestor apresentar os resultados alcançados com a</p><p>17</p><p>execução da PAS e orienta eventuais redirecionamentos que se fizerem</p><p>necessários no Plano de Saúde (Brasil, 2013, art. 6.º).</p><p>O RAG, de cada esfera de governo, é um documento que mostra uma</p><p>prestação de contas à população e ao controle social sobre as realizações</p><p>anuais da pasta e as perspectivas para o Sistema Único de Saúde (SUS). A</p><p>atividade de fiscalização e monitoramento das contas públicas são</p><p>responsabilidade dos Conselhos de Saúde, conforme estabelece a Lei n.</p><p>8.142/1990.</p><p>NA PRÁTICA</p><p>Sugerimos pesquisar um Plano de Saúde do Sistema Único de Saúde, de</p><p>um município ou estado, e verificar, em sua atuação da vigilância em saúde, os</p><p>indicadores de saúde, a série histórica de nascidos vivos, de morbidade e</p><p>mortalidade, bem como o processo de monitoramento de uma população.</p><p>Nessa atividade, vamos perceber a importância da epidemiologia para o</p><p>planejamento e gestão no SUS, bem como nos serviços privados.</p><p>FINALIZANDO</p><p>Estudamos a vigilância em saúde, sua importância para o monitoramento</p><p>e análise de situação de saúde de uma população. Destacamos a vigilância</p><p>epidemiológica, parte integrante da vigilância em saúde, para acompanhar o</p><p>perfil epidemiológico de uma população, estabelecer estratégias e ações em</p><p>saúde, dar suporte ao planejamento, sugerir promoção da saúde e proteção de</p><p>doenças.</p><p>18</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>BONITA, R.; BEAGLEHOLE, R.; KJELLSTRÖM, T. Epidemiologia básica.</p><p>Tradução e revisão científica de Juraci A. Cesar. 2. ed. São Paulo: Santos, 2010.</p><p>BRASIL. Decreto n. 7.616, de 18 de novembro de 2011. Dispõe sobre a</p><p>declaração de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional – Espin e</p><p>institui a Força Nacional do Sistema Único de Saúde – FN-SUS. Diário Oficial da</p><p>União, Poder Executivo, Brasília, DF, 18 nov. 2011, seção 1, p. 14-15.</p><p>_____. Decreto n. 78.231, de 12 de agosto de 1976. Diário Oficial da União,</p><p>Poder Legislativo, Brasília, DF, 12 ago. 1976. Disponível em: <https://www.</p><p>planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1970-1979/d78231.htm>. Acesso em: 31 jan.</p><p>2023.</p><p>_____. Decreto Legislativo n. 395, de 10 de julho de 2009. Regulamento Sanitário</p><p>Internacional – RSI – 2005. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília,</p><p>DF, 10 jul. 2009a. Disponível em: <https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/paf/</p><p>regulamento-sanitario-internacional/arquivos/7181json-file-1>. Acesso em: 31 jan.</p><p>2023.</p><p>_____. Fundação Nacional de Saúde – Funasa. Guia de vigilância</p><p>epidemiológica. 5. ed. Brasília, 2002.</p><p>_____. Lei n. 6.259, de 30 de outubro de 1975. Diário Oficial da União, Poder</p><p>Legislativo, Brasília, DF, 30 out. 1975. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/</p><p>ccivil_03/leis/l6259.htm>. Acesso em: 31 jan. 2023.</p><p>_____. Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990. Diário Oficial da União, Poder</p><p>Legislativo, Brasília, DF, 20 set. 1990. Seção 1. Disponível em: <http://www.</p><p>planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm>. Acesso em: 31 jan. 2023.</p><p>_____. Lei Complementar n. 141, de 13 de janeiro de 2012. Regulamenta o § 3.º</p><p>do art. 198 da Constituição Federal para dispor sobre os valores mínimos a serem</p><p>aplicados anualmente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios em</p><p>ações e serviços públicos de saúde; estabelece os critérios de rateio dos recursos</p><p>de transferências para a saúde e as normas de fiscalização, avaliação e controle</p><p>das despesas com saúde nas 3 (três) esferas de governo; revoga dispositivos das</p><p>Leis n. 8.080, de 19 de setembro de 1990, e n. 8.689, de 27 de julho de 1993; e</p><p>dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF,</p><p>19</p><p>16 jan. 2012. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/</p><p>lcp141.htm>. Acesso em: 31 jan. 2023.</p><p>_____. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Coordenação-</p><p>Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviços. Guia de Vigilância em</p><p>saúde: volume único. 2. ed. Brasília, 2017a.</p><p>_____. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Curso básico de</p><p>vigilância epidemiológica. Brasília, 2005a.</p><p>_____. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de</p><p>Análise Epidemiológica e Vigilância de Doenças não Transmissíveis. E-SUS</p><p>Sinan: Manual de instruções. Brasília, 2022.</p><p>_____. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de</p><p>Vigilância Epidemiológica. Guia de vigilância epidemiológica. 7. ed. Brasília,</p><p>2009b.</p><p>_____. Ministério da Saúde. Secretaria Executiva. Departamento de Apoio à</p><p>Descentralização. Coordenação-Geral de Apoio à Gestão Descentralizada.</p><p>Diretrizes Operacionais dos Pactos da Vida, em Defesa do SUS e de Gestão.</p><p>Brasília, 2006.</p><p>_____. Portaria n. 30, de 7 de julho de 2005. Institui o Centro de Informações</p><p>Estratégicas em Vigilância em Saúde, define suas atribuições,</p><p>composição e</p><p>coordenação. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 8 jul.</p><p>2005b. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/svs/2005/</p><p>prt0030_07_07_2005.html>. Acesso em: 31 jan. 2023.</p><p>_____. Portaria n. 2.135, de 25 de setembro de 2013. Diário Oficial da União,</p><p>Poder Legislativo, Brasília, DF, 26 set. 2013.</p><p>_____. Portaria de Consolidação n. 4, de 28 de setembro de 2017. Consolidação</p><p>das normas sobre os sistemas e os subsistemas do Sistema Único de Saúde.</p><p>Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 29 set. 2017b. Disponível</p><p>em: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prc0004_03_10_2017.</p><p>html>. Acesso em: 31 jan. 2023.</p><p>BUSATO, I. M. S. Epidemiologia e processo saúde-doença. Curitiba:</p><p>InterSaberes, 2016.</p><p>_____. Planejamento estratégico em saúde. Curitiba: InterSaberes, 2017.</p><p>20</p><p>CARMO, E. H.; PENNA, G.; OLIVEIRA, W. K. de. Emergências de saúde pública:</p><p>conceito, caracterização, preparação e resposta. Estudos Avançados, v. 22, n.</p><p>64, p. 19-32, 2008. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/ea/a/TdDMvxtcg</p><p>Rt8PGL5WNSjZ8d/?lang=pt>. Acesso em: 31 jan. 2023.</p><p>PAIM, J. S. Epidemiologia e planejamento: a recomposição das práticas</p><p>epidemiológicas na gestão do SUS. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 8,</p><p>n. 2, p. 557-567, 2003.</p><p>TEIXEIRA, C. F.; PINTO, L. L.; VILASBOAS, A. L. (Org.). O processo de trabalho</p><p>da vigilância em saúde. Rio de Janeiro: Escola Politécnica de Saúde Joaquim</p><p>Venâncio, 2004. Série Material Didático do Programa de Formação de Agentes</p><p>Locais de Vigilância em Saúde. v. 5.</p>

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