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Disciplina
SAÚDE COLETIVA
Unidade 1
O Processo Saúde e Doença
Aula 1
Modelos Explicativos sobre Saúde-Doença
Modelos explicativos sobre saúde-doença
Este conteúdo é um vídeo!
Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os
vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet.
Dica para você
Aproveite o acesso para baixar os slides do vídeo, isso pode deixar sua aprendizagem ainda mais completa.
Olá, estudante! Nesta videoaula, você conhecerá alguns modelos assistenciais a �m de uma compreensão mais ampla do processo saúde-doença.
Além disso, você entenderá a distinção entre Saúde Pública e Saúde Coletiva, que embora relacionadas, apresentam diferenças. Essas abordagens
integradas enriquecem a prática pro�ssional, capacitando-o na implementação de intervenções e�cazes em prol da qualidade de vida.
Prepare-se para essa jornada de conhecimento. Vamos lá?
Ponto de Partida
Estudante, os modelos assistenciais referem-se às abordagens organizacionais e estratégias implementadas no sistema de saúde para fornecer
cuidados aos indivíduos, sendo fundamentais para determinar como os serviços de saúde são entregues e coordenados. Dentre eles, o Modelo da
História Natural da Doença é uma abordagem teórica que descreve o curso evolutivo típico de uma condição de saúde especí�ca, desde a fase de
suscetibilidade até as possíveis consequências, incluindo a recuperação ou a cronicidade. Nesse caso, considerando esse modelo em relação à
hipertensão arterial, como podem ser exploradas estratégias de prevenção primária, secundária e terciária?
Adicionalmente, iremos abordar os conceitos e as diferenças entre Saúde Pública e Saúde Coletiva, campos inter-relacionados que buscam
promover e proteger a saúde da população como um todo, mas que apresentam distinções que podem ser sutis.
À vista disso, os temas que serão abordados estabelecem uma base essencial para aprofundar nossa compreensão entre o equilíbrio saúde e
doença e delinear as nuances entre a Saúde Pública e Saúde Coletiva. Que essa jornada de aprendizado inspire sua prática diária, tornando-a
signi�cativa e transformadora.
Vamos começar? 
Vamos Começar!
Iniciaremos, de forma sucinta, abordando alguns modelos assistenciais a �m de ajudá-lo a compreender as semelhanças e diferenças nas
concepções de saúde e doença e, em seguida, iremos conhecer os conceitos e as diferenças entre Saúde Pública e Saúde Coletiva.
Modelos assistenciais
O Modelo Biomédico caracteriza-se como uma falha nos mecanismos de adaptação do organismo, resultando em uma perturbação na estrutura ou
função de um órgão, sistema ou do organismo como um todo, descrevendo o modelo como uma Teoria Mecanicista, que vê o homem como uma
máquina, o médico como um mecânico e a doença como um defeito na máquina.
Imagine que um indivíduo esteja com Infecção do Trato Urinário (ITU), causada pela bactéria Escherichia coli (E. coli). O médico identi�ca os
sintomas, realiza exames laboratoriais para con�rmar a presença da bactéria e prescreve antibióticos para eliminar o agente patogênico. Através
desse exemplo, é possível observar que a abordagem desse modelo é direcionada na patogenia e terapêutica, além de ser um modelo assistencial
individual, curativo, centrado no médico, especializado e hospitalocêntrico (Moreira et al., 2018; Gerolin, 2016; Cruz, 2012).
O Modelo da História Natural das Doenças (HND) foi sistematizado por Leavell e Clark em 1965, de�nindo-o como:
Disciplina
SAÚDE COLETIVA
Interrelações do agente, do suscetível e do meio ambiente (tríade ecológica) que afetam o processo global e seu desenvolvimento, desde as
primeiras forças que criam o estímulo patológico no meio ambiente, ou em qualquer outro lugar, passando pela resposta do homem ao estímulo,
até as alterações que levam a um defeito, invalidez ou morte.
Há dois períodos da HND e quatro fases: no período pré-patogênico, há a fase de suscetibilidade, em que há presença de condições que favorecem
o aparecimento da doença (genéticos, estilo de vida); e a fase pré-clínica, em que embora o indivíduo não apresente sintomas e sinais, já existem
alterações patológicas (hipertensão arterial assintomática, hipercolesterolemia), podendo evoluir para a cura ou para a próxima fase do outro
período, o patogênico. Na primeira fase desse período, designada fase clínica, há o aparecimento de sinais e sintomas, cuja gravidade é variável,
podendo evoluir para a cura total sem sequelas, para o óbito ou para a fase seguinte, a da incapacidade residual, caracterizada pela recuperação
com persistência de sequelas ou incapacidade (Demarzo, 2012).
O modelo HND apresenta três níveis de prevenção: primário, secundário e terciário. O nível primário é apresentado como uma das ações à
promoção da saúde, com ações dirigidas à manutenção da saúde e as medidas são adotadas no período pré-patogênico, ou seja, trata-se da
prevenção da ocorrência do período patogênico, de evitar a ocorrência da doença.
Na prevenção secundária, as ações são orientadas ao período patogênico, enquanto a doença está em curso, visando a prevenção da evolução do
processo patológico e prevenção da reincidência da doença, de suas complicações/sequelas e do óbito.
Na prevenção terciária, as ações são dirigidas à fase �nal do processo e visam desenvolver a capacidade residual do indivíduo, com ajustes às
limitações decorrentes do processo patológico. Dessa forma, é importante ressaltar que nesse modelo o foco central é a prevenção da doença.
Assim, o modelo trata, na verdade, de doença, e não de saúde (Verdi et al., 2016; Cruz, 2012).
O Modelo da Determinação Social da Doença apresenta uma nova forma de ver o processo saúde-doença. Tem sua origem na Europa, no século
XIX, num movimento chamado de Medicina Social, pois com o período da industrialização, acentuaram-se problemas de saúde, aumento da
população urbana e do desemprego, falta de moradia e aumento da carga horária de trabalho. Nesse cenário, o movimento da Medicina Social
evidenciava a importância de considerar a visão social, sendo que a mudança do modo produção havia sido condição para alterar o processo
saúde-doença da população.
Durante o século XX, especialmente após a Segunda Guerra Mundial, os estudos epidemiológicos começaram a evidenciar as disparidades de
saúde entre diferentes grupos sociais. Pesquisadores como Sir Richard Doll e Sir Bradford Hill, ao investigarem a relação entre tabagismo e câncer
de pulmão, contribuíram para a compreensão das determinantes sociais da saúde. A Conferência de Alma-Ata, em 1978, foi um marco importante
ao reconhecer a importância da equidade em saúde e da abordagem centrada nas necessidades da comunidade. Ela destacou a necessidade de
intervenções em saúde que abordassem os determinantes sociais e promovessem a participação da comunidade.
Durante as décadas de 1980 e 1990, o modelo de determinação social da saúde começou a ganhar destaque. Pesquisadores, como Sir Michael
Marmot, conduziram estudos longitudinais que identi�caram claramente a in�uência dos fatores sociais na saúde ao longo da vida. No �nal do
século XX e início do século XXI, a globalização e as mudanças nas estruturas sociais trouxeram novos desa�os à saúde global.
Atualmente, a abordagem dos determinantes sociais da saúde é amplamente aceita como uma perspectiva que requer ações multissetoriais, com
intervenções e�cazes que envolvem parcerias entre setores, incluindo saúde, educação, habitação, emprego e políticas sociais, e o modelo de
Dahlgren e Whitehead é o mais explorado no Brasil, destacando a in�uência de fatores sociais, econômicos e ambientais na saúde das populações
(Ceballos, 2015).
Elucidando esse modelo com a prática, considere dois grupos socioeconômicos distintos e que o acesso à educação é um determinante social
signi�cativo. O grupo com maior acesso à educação geralmente terá melhores condições de saúde, pois a educação está associada a escolhas de
estilo de vida saudáveis, compreensão da informaçãoAs
intervenções poderiam envolver estratégias para melhorar esses determinantes sociais, como encaminhamentos para serviços sociais, suporte
psicossocial e orientações sobre estilo de vida.
Logo, essas abordagens representam diferentes perspectivas em relação à saúde de Maria, destacando a importância de considerar não apenas os
sintomas físicos, mas também os contextos biológicos, sociais e ambientais que podem in�uenciar sua condição.
Este infográ�co fornece uma visão panorâmica dos modelos explicativos em saúde, organização do sistema de saúde, transição demográ�ca,
epidemiológica e nutricional, bem como sobre a Carga Global de Doença.
Disciplina
SAÚDE COLETIVA
ABREU D. M. X. de. et al. Carga Global de Doença no Brasil: Ranking dos Estados segundo anos de vida perdidos ajustados por incapacidade
(DALY), 1990-2015. In: 12 CONGRESSO BRASILEIRO DE SAÚDE COLETIVA. Anais. Campinas, Galoá, 2018. Disponível em:
https://proceedings.science/saude-coletiva-2018/trabalhos/carga-global-de-doenca-no-brasil-ranking-dos-estados-segundo-anos-de-vida-perdid?
lang=pt-br. Acesso em: 24 jan. 2024.
ALMEIDA FILHO, N.; BARRETO, M. Epidemiologia e saúde: fundamentos, métodos e aplicações. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.
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JÚNIOR, J. P. B.; ALMEIDA, E. R. de. Equipes multipro�ssionais (eMulti): potencialidades e desa�os para a ampliação da atenção primária à saúde
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https://www.healthdata.org/sites/default/files/files/policy_report/2013/GBD_GeneratingEvidence/IHME_GBD_GeneratingEvidence_FullReport_PORTUGUESE.pdf
https://cadernos.ensp.fiocruz.br/ojs/index.php/csp/article/view/8406/18747
Disciplina
SAÚDE COLETIVA
em: 23 jan. 2024.
MALTA, D. C. Saúde suplementar e modelos assistenciais. Rio de Janeiro: Fiocruz, [s. d.]. Disponível em:
https://www.epsjv.�ocruz.br/upload/d/Saude_Suplementar_e_ModelosAssistenciais.pdf. Acesso em: 23 jan. 2024.
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Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-gm/ms-n-635-de-22-de-maio-de-2023-484773799. Acesso em: 23 jan. 2024.
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VERDI, M. I. M. et al. Saúde e sociedade. Universidade Aberta do SUS. Florianópolis: UFSC, 2010. Disponível em:
https://unasus2.moodle.ufsc.br/plugin�le.php/33307/mod_resource/content/1/Unidade%201/top4_1.html.Acesso em: 22. jan. 2024.
,
Unidade 2
Princípios de Epidemiologia para o Controle de Enfermidades
Aula 1
Histórico e Aplicação na Prática Pro�ssional
Histórico e aplicação na prática pro�ssional
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Olá, estudante! Nesta videoaula, exploraremos o contexto histórico da Epidemiologia e sua signi�cativa contribuição para a Saúde Coletiva. Desde
suas raízes até os avanços contemporâneos, entenderemos como essa disciplina moldou a compreensão e abordagem das doenças em nível
populacional, impactando diretamente políticas de saúde e intervenções preventivas.
Pronto para mergulhar nessa fascinante jornada pelo passado e presente da Epidemiologia? Ótimos estudos!
Ponto de Partida
https://www.epsjv.fiocruz.br/upload/d/Saude_Suplementar_e_ModelosAssistenciais.pdf
https://asklepionrevista.info/asklepion/article/view/22/53
https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-gm/ms-n-635-de-22-de-maio-de-2023-484773799
https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/handle/icict/2556/ENSP_Tese_Oliveira_Andreia_Ferreira.pdf?sequence=1&isAllowed=y
https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/registro/The_epidemiologic_transition__a_theory_of_the_epidemiology_of_population_changes/44
https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/registro/The_epidemiologic_transition__a_theory_of_the_epidemiology_of_population_changes/44
https://docs.bvsalud.org/biblioref/2018/10/915936/375-1511-1-ce.pdf
https://proceedings.science/cbppgs-2021/trabalhos/utilizacao-da-carga-global-de-doencas-para-a-analise-situacional-no-planejamento?lang=pt-br
http://www.mastereditora.com.br/bjscr
https://www.scielo.br/j/rbepid/a/cwDkPDjSkDcC3hB73kp7yfC/
https://unasus2.moodle.ufsc.br/pluginfile.php/33307/mod_resource/content/1/Unidade%201/top4_1.html
Disciplina
SAÚDE COLETIVA
A Epidemiologia é um campo cientí�co fundamental dedicado a compreender a distribuição dos estados de saúde e doença em populações
humanas, bem como os fatores que in�uenciam e determinam esses estados. Por meio da análise sistemática e cuidadosa dos dados
populacionais, a Epidemiologia permite não apenas descrever e quanti�car a incidência e prevalência de diferentes condições de saúde, mas
também examinar as disparidades de saúde entre diferentes grupos populacionais.
Essa disciplina não se limita apenas à descrição dos padrões de saúde, mas também busca entender as causas subjacentes dessas disparidades,
identi�cando fatores de risco, determinantes sociais, ambientais, comportamentais e genéticos que contribuem para a ocorrência de doenças.
Além disso, a Epidemiologia desempenha um papel crucial na avaliação da e�cácia das intervenções em Saúde Pública, ajudando a determinar
quais estratégias são mais e�cazes na prevenção e no controle de doenças.
Para atingir esses objetivos, a Epidemiologia emprega uma variedade de métodos e técnicas, incluindo estudos observacionais e experimentais,
além de métodos estatísticos. Essas abordagens permitem aos epidemiologistas não apenas descrever a situação de saúde de uma população em
um determinado momento, mas também prever tendências futuras e desenvolver estratégias de intervenção baseadas em evidências. Dessa
forma, a Epidemiologia desempenha um papel imprescindível na promoção da Saúde Pública, fornecendo informações essenciais para a tomada
de decisões em políticas de saúde, planejamento de serviços de saúde e desenvolvimento de programas de prevenção e controle de doenças. Ao
compreender os métodos adotados pela Epidemiologia para descrever, quanti�car e caracterizar o estado de saúde e doença da população,
podemos avançar na promoção da saúde e no combate às desigualdades em saúde.
Considerando o exposto, veja essa situação hipotética: uma turma de estudantes de cursos de graduação em saúde teve que desenvolver
pesquisas a respeito dos métodos epidemiológicos usados na investigação da saúde e o objetivo era realizar uma apresentação dos resultados
das pesquisas em forma de pôster na Jornada de Saúde Coletiva desenvolvida na Universidade. Para isso, os alunos tiveram que pesquisar o tema
e uma questão central que deveria ser respondida ao longo da apresentação. O tema era “O surgimento da Epidemiologia” e os alunos tinham como
propósito responder: quais são os principais fatos e estudiosos que contribuíram para o desenvolvimento da Epidemiologia, da Antiguidade ao
século XX?
Com base nesse questionamento a respeito do contexto histórico, vamos aprender o conceito, a importância e a trajetória da Epidemiologia. 
Vamos Começar!
Inicialmente, vamos compreender o signi�cado da palavra "epidemiologia", que tem suas raízes no grego: "epi" (sobre), "demos" (povo) e "logos"
(conhecimento), ou seja, em sentido estrito, é o estudo/conhecimento sobre os povos/populações. Hipócrates, na Grécia Antiga durante o século VI
a.C., é relatado como tendo utilizado esse termo para descrever doenças que ele associou a fatores pessoais e ambientais.
No século XVII, o termo "epidemia" era primariamente utilizado para descrever a ocorrência de muitos casos de doenças infecciosas que afetavam
populações humanas. Em 1873, foi cunhado o termo "Epidemiologia", inicialmente referindo-se ao "estudo das epidemias". Dependendo da era e do
paradigma explicativo das doenças, foram elaboradas diferentes de�nições, no entanto, uma de�nição amplamente aceita hoje em dia é a proposta
por John Last, que a descreve como "o estudo da distribuição e dos determinantes dos estados de saúde ou eventos em populações especí�cas e
a aplicação deste estudo ao controle dos problemas de saúde".
Então, a Epidemiologia é entendida, em sentido amplo, como sendo, por um lado, o estudo da ocorrência de determinada doença ou estado de
saúde nas populações e, por outro, o estudo dos fatores que in�uenciam ou determinam essa distribuição e, ainda, a utilização desse
conhecimento para controlar os problemas de saúde das populações. À vista disso, a premissa subjacente à Epidemiologia é que a doença não se
distribui de maneira aleatória na população, pois cada indivíduo possui um conjunto de características que o tornam mais suscetível ou menos
suscetível a uma variedade de patologias, que podem ser de natureza genética e/ou ambiental.
Esse conhecimento permite a investigação de fatores etiológicos e o estabelecimento de associações de causa e efeito, importantes para
compreender a distribuição das doenças nas populações. Portanto, �ca evidente que a Epidemiologia tem como propósito a identi�cação da
etiologia ou dos fatores de risco de determinada doença, sua prevalência na comunidade, sua história natural e prognóstico, a avaliação de
medidas preventivas e terapêuticas, além de fornecer evidências quantitativas e qualitativas para o desenvolvimento de políticas de saúde e planos
públicos de intervenção (Vilella; Oliveira, 2018; Martins et al., 2018; Pinto, 2016; Pereira; Veiga, 2014).
O termo "epidemia", mencionado no parágrafo anterior, destaca sua relevância na compreensão de fenômenos relacionados à saúde pública. É
importante diferenciar conceitos como surto, endemia e pandemia para uma compreensão mais precisa desses eventos. Uma "epidemia" descreve
uma doença geralmente infecciosa, de caráter transitório, que afeta simultaneamente um grande número de indivíduos em uma localidade
especí�ca, ou seja, refere-se ao aumento súbito e excessivo da ocorrência de uma doença em uma população especí�ca ou em uma área
geográ�ca delimitada.
Em contraste, um "surto" é um aumento de casos de uma doença em uma área geográ�ca especí�ca, mas que pode ser mais restrito do que uma
epidemia, podendo, por exemplo, se limitar a uma comunidade ou instituição. A "endemia" refere-se à presença constante e regular de uma doença
em uma determinada área ou população, mantendouma incidência constante ao longo do tempo; também pode indicar a prevalência comum da
doença nessa região. Isso signi�ca que a doença está sempre presente, mesmo que não atinja níveis epidêmicos.
Por �m, uma "pandemia" é uma situação mais abrangente, uma epidemia em grande escala, caracterizada pelo espalhamento de uma doença em
níveis globais, afetando múltiplas regiões geográ�cas e, por vezes, atingindo proporções internacionais (Martins et al., 2018; Pinto, 2016).
Siga em Frente...
Disciplina
SAÚDE COLETIVA
Agora, vamos iniciar nossa jornada pela linha do tempo em busca das origens da Epidemiologia. A evolução e a estruturação do pensamento
epidemiológico foram in�uenciadas por diversos protagonistas e sempre estiveram ligados à preocupação em entender e organizar informações
visando a prevenção e o controle dos eventos relacionados à saúde das populações. Inicialmente, o conhecimento epidemiológico progrediu
lentamente, mas após o século XIX essa ciência evoluiu rapidamente, sendo impossível listar todos os indivíduos que contribuíram de forma
signi�cativa para isso. Ademais, a Epidemiologia ainda pode ser considerada uma ciência jovem, pois sua grande expansão ocorreu apenas na
segunda metade do século XX, especialmente após a Segunda Guerra Mundial (Pereira; Veiga, 2014).
Iniciaremos esse passeio histórico destacando algumas �guras cuja contribuição foi notável. Nos tempos antigos, encontramos referências à
mitologia grega e às �lhas de Asclépio, (o deus da medicina): Higéia e Panaceia. Esta última simbolizava a medicina curativa, empregando métodos
como manobras físicas, preces, encantamentos e substâncias que hoje seriam comparadas a medicamentos. Por sua vez, Higéia representava a
medicina preventiva, concebendo a saúde como resultado da harmonia entre o ser humano e o ambiente circundante. Os princípios inerentes ao
pensamento de Higéia ecoam como precursores do pensamento epidemiológico na Antiguidade (Vilella; Oliveira, 2018).
Hipócrates (460-377 a.C.), reconhecido como o pai da Medicina, também é considerado o autor dos fundamentos que deram origem ao
pensamento epidemiológico. Em uma era em que doenças, mortes e curas eram atribuídas à religião, mitos e superstições, o médico grego
desa�ou esse raciocínio, observando a propagação das doenças e como elas afetavam as populações, promovendo a ideia de que as condições de
vida, o ambiente, a alimentação e a bebida eram os principais determinantes das doenças.
Essa abordagem, que valorizava aspectos materiais e terrenos, representou uma proposta revolucionária no entendimento do processo saúde-
doença. Em seu tratado "Ares, Águas e Lugares", Hipócrates especulou sobre as relações entre as doenças e o clima, a água, o solo e os ventos
predominantes, fornecendo descrições de doenças relacionadas a águas estagnadas em pântanos e lagos (como a malária, por exemplo). Ele
estava correto ao a�rmar que beber água parada era prejudicial, embora não entendesse a etiologia dessas doenças, especi�camente que eram
causadas por bactérias ou protozoários transportados pelas excreções humanas que contaminavam a água e não pela água em si. Ele também
acreditava que o corpo era composto por quatro humores (teoria humoral): o sangue, a �egma, a bílis amarela e a bílis negra.
Segundo ele, a saúde estaria associada com a perfeita justa proporção desses humores, tanto qualitativa quanto quantitativamente, enquanto a
doença seria resultado do isolamento de um dos humores em alguma região do corpo, desequilibrando seu funcionamento. Como resultado,
interpretações de sintomas como vômitos, sudorese excessiva, tosse e hematúria (presença de sangue na urina) foram baseadas na tentativa do
corpo de se livrar do excesso desses humores, in�uenciando os tratamentos médicos, como mudanças na dieta e sangrias.
Ainda, cada um dos humores estaria associado a um dos quatro elementos primordiais (água, terra, fogo e ar) e a um órgão interno especí�co.
Assim, o sangue estaria associado ao ar e ao coração; a bile negra, à terra e ao baço; a bile amarela, ao fogo e ao fígado; e a �egma, à água e ao
cérebro. Com essa visão pioneira para o contexto histórico, Hipócrates antecipou aspectos do raciocínio epidemiológico, sendo considerado por
muitos como o precursor da Epidemiologia (Vilella; Oliveira, 2018; Pinto, 2016; Pereira; Veiga, 2014).
Um dos seguidores de Hipócrates, o médico Galeno (230-201 a.C.), sustentou e ampliou a teoria humoral, ressaltando a importância dos quatro
temperamentos, conforme o predomínio de um dos quatro humores: sanguíneo, �eumático, colérico (de cholé, bile) melancólico (de melános, negro
+ cholé, bile). Considerou, desse modo, o comportamento das pessoas a partir do equilíbrio e da harmonia dos humores constituintes do ser
humano e via a causa da doença como endógena, ou seja, estaria dentro do próprio homem, em sua constituição física ou em hábitos de vida que
levassem ao desequilíbrio. Introduziu também censos periódicos com registro de óbitos e nascimentos, possibilitando a análise demográ�ca, a
identi�cação de padrões epidemiológicos e a compreensão das condições de saúde da população (Vilella; Oliveira, 2018; Pinto, 2016; Pereira;
Veiga, 2014).
Em um avanço temporal, dirigimo-nos à Roma Antiga (753 a.C. a 476 d.C.), onde a medicina, embora centrada na cura individual, progrediu
signi�cativamente nas condições de saneamento básico da população. À medida que a cidade se expandia e a população crescia, tornava-se cada
vez mais desa�ador encontrar fontes de água potável em Roma. As doenças se propagavam rapidamente, resultando em um aumento nas mortes,
incluindo os soldados do Império. Para remediar essa situação, foram construídos aquedutos, instalações de banhos públicos e um sistema de
esgoto. Essas construções contribuíram para o aumento da higiene pessoal e, consequentemente, para a melhoria das condições de saúde. Nesse
período, surgem indícios da Epidemiologia através dos censos populacionais realizados pelos imperadores, visando um maior controle
administrativo sobre o exército e o povo conquistado.
Dentre os numerosos patrimônios históricos e arqueológicos, a capital italiana preserva cuidadosamente o sistema de esgoto mais antigo do
mundo. A Cloaca Máxima, datada de aproximadamente 600 a.C., foi erguida em Roma com o propósito de drenar os pântanos circundantes e
eliminar os resíduos da cidade, direcionando-os para o rio Tibre (Vilella; Oliveira, 2018).
Já na Idade Média (476 d.C. a 1453), os cuidados de saúde eram predominantemente controlados pela Igreja Católica, dada sua grande in�uência
política. A doença era interpretada como uma consequência do pecado e um castigo pela desobediência, sendo a fé considerada o único meio de
cura. Os doentes eram frequentemente isolados da sociedade, evidenciando a falta de tratamentos e o atraso cientí�co da época.
A prestação de cuidados médicos aos menos favorecidos era conduzida por curandeiros e membros do clero, movidos pela caridade. A existência
de hospitais era justi�cada pela �lantropia, pois contribuições �nanceiras ou o cuidado direto aos enfermos eram vistos pela Igreja como um
caminho para a salvação das almas dos benfeitores. Durante esse período, não se observava uma organização sistemática de ações coletivas em
saúde, a exceção se dava em momentos de surtos de pragas e epidemias, quando medidas coletivas eram eventualmente implementadas (Vilella;
Oliveira, 2018; Pinto, 2016).
Entre os séculos XIV e XVII, a falta de um método sistemático para testar associações entre exposições e doenças levou à estagnação do
conhecimento sobre os determinantes de doenças e à ausência de desenvolvimento de estratégias e�cazes de prevenção e tratamento. O
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paradigma predominante era o miasmático, que atribuía a causa da peste, por exemplo, a miasmas – vapores invisíveis que se acreditava serem
inalados ou espalhados pelo contato entre as pessoas (Pereira; Veiga, 2014).
O comerciante de roupas e membro fundador da Royal Society de Londres, John Graunt,compilou o padrão de mortalidade na cidade no século
XVII. Em seu livro Observações Naturais e Políticas, ele relatou as causas aparentes de morte, que foram usadas para estabelecer um sistema de
monitoramento de pragas e epidemias, tornando-se o primeiro epidemiologista a realizar estatísticas, pois conseguiu medir o risco de mortalidade
conforme a idade; identi�car as principais causas de mortalidade na população de Londres; estimar o número de habitantes através da análise da
estrutura etária e da taxa de crescimento populacional da cidade; calcular proporções e razões de mortalidade para diferentes faixas etárias,
comparando-as, categorizando as mortes em agudas e crônicas e por criar a primeira tabela que resumia os padrões de mortalidade e
sobrevivência, estabelecendo as bases da demogra�a como uma nova ciência.
Seu trabalho foi crucial para o avanço do pensamento epidemiológico no século XXI, pois suas ideias simples e revolucionárias a�rmavam que os
eventos na vida humana são mensuráveis, permitindo prever riscos e desenvolver tendências. Graunt destacou que esse conhecimento do risco
possibilitava a otimização de investimentos e recursos, além de combater as causas desses eventos (Vilella; Oliveira, 2018; Pinto, 2016; CDC,
2012).
A revolução cientí�ca dos séculos XVII e XVIII, liderada por �guras como Galileu e Newton, introduziu mudanças profundas na mentalidade e
proporcionou as bases para o pensamento epidemiológico moderno. Durante esse período, os cientistas passaram a acreditar que o universo físico
era ordenado e governado por leis observáveis. Alguns teorizaram que essa abordagem poderia se aplicar também ao universo biológico, sugerindo
a existência de leis de morbidade e mortalidade que descreveriam padrões de doença e morte (Pereira; Veiga, 2014).
No século XVIII, James Lind, cirurgião naval escocês, observou o impacto do clima, local, tempo e dieta na propagação de doenças. Ele conduziu
um estudo notável sobre o escorbuto, uma doença comum entre marinheiros na época e uma causa frequente de morte. Em seu tratado sobre o
escorbuto (1754), Lind identi�cou os sintomas da doença e notou sua prevalência entre marinheiros durante longas viagens.
Contrariando a crença predominante de que o escorbuto era hereditário ou infeccioso, ele propôs a dieta como a principal causa da doença. Lind
conduziu possivelmente o primeiro ensaio clínico controlado, dividindo uma amostra de marinheiros com escorbuto em grupos que receberam
diferentes tratamentos e a sua conclusão principal foi que os marinheiros que consumiram frutas cítricas foram curados (Pereira; Veiga, 2014).
No �nal do século XVIII, foi implementada a medicina urbana, caracterizada pelo predomínio do movimento sanitarista. Esse período testemunhou
a adoção de ações e práticas de saneamento, imunização e controle de vetores, direcionadas sobretudo à população carente e aos marginalizados
da sociedade. Em 1850, foram realizados censos e implementou-se uma reforma sanitária que utilizou estatísticas vitais para embasar conclusões
sobre crescimento populacional, padrões de saúde e doença, bem como políticas de saúde. Portanto, o período anterior a 1850 é frequentemente
chamado de "pré-história" da Epidemiologia e da demogra�a. Nesse contexto, destacam-se �guras como Pierre Louis, Louis Villermé, William Farr,
Edwin Chadwick, Friedrich Engels e Rudolf Virchow (Pereira; Veiga, 2014).
Em 1825, Pierre Louis publicou estudos em Paris com 1.960 casos de tuberculose e foi o primeiro a realizar avaliação da e�cácia de tratamento
clínico por meio da estatística. Com o advento da Revolução Industrial, o desgaste da classe trabalhadora motivou Louis Villermé, em 1826, na
França, a pesquisar o impacto da pobreza e das condições de trabalho na saúde das pessoas, relacionando às taxas de mortalidade, ao nível de
renda e ao indicador do grau de riqueza ou pobreza da população dos bairros parisienses.
Em 1839, William Farr emergiu como outra �gura proeminente na formação da Epidemiologia, sendo reconhecido como o pai das estatísticas vitais
e da Epidemiologia Moderna por desenvolver cálculos que combinavam dados de nascimentos, casamentos e mortes com dados censitários sobre
o tamanho da população, criando indicadores de saúde. Ele criou a taxa de mortalidade padronizada, que permite a comparação de grupos com
características diferentes em relação à idade ou outras variáveis. Graças aos seus esforços para garantir a precisão e a completude dos dados, ele
categorizou doenças e causas de morte em um sistema que precedeu a classi�cação internacional de doenças modernas.
Em 1842, Edwin Chadwick, contemporâneo de Farr, considerado um dos pioneiros da Saúde Pública e defensor do utilitarismo social e da lei dos
pobres, advogou o conceito e a prática da Saúde Pública, sendo uma �gura proeminente na legislação humanitária ao documentar as condições
deploráveis da classe trabalhadora da época. Ele, um advogado que não possuía formação médica ou sanitária, redigiu um relatório que se tornaria
célebre: "As Condições Sanitárias da População Trabalhadora da Grã-Bretanha". Seu impacto no Parlamento foi signi�cativo, levando à
promulgação, em 1848, do Public Health Act, que estabeleceu a criação de uma Diretoria Geral de Saúde. Esta instituição foi encarregada
principalmente de propor medidas de Saúde Pública e de recrutar médicos especializados em saneamento. Assim, o�cialmente começou o
trabalho de Saúde Pública na Grã-Bretanha. Chadwick estabeleceu as bases para o desenvolvimento de reformas sanitárias e desempenhou um
papel crucial na promoção da saúde das populações.
Também em 1842, o trabalho de Friedrich Engels contribuiu signi�cativamente para a formulação da Epidemiologia Cientí�ca ao revelar as
deploráveis condições de vida e saúde do proletariado urbano, dando origem ao movimento organizado de politização da medicina, denominado
Medicina Social (termo empregado para descrever abordagens coletivas diante das questões de saúde e seus determinantes sociais).
Nesse período, destaca-se também, o médico sanitarista Rudolf Virchow, que entre 1847 e 1848 identi�cou as causas sociais e políticas do tifo na
Silésia (atual Polônia) e em seu relatório a�rmou que para controlar essa epidemia não bastaria o tratamento individual dos doentes, mas seria
preciso realizar reformas políticas e melhorias nas condições sociais, relacionando, dessa forma, o desenvolvimento social e o processo saúde-
doença (Vilella; Oliveira, 2018; Pinto, 2016; Pereira; Veiga, 2014; CDC, 2012).
No ano de 1854, as imediações da Broad Street, em Soho, Reino Unido, foi atingida por um sério surto de cólera, em meio a uma pandemia já
estabelecida da doença. Naquela época, Soho enfrentava desa�os com o acúmulo de lixo e sistemas sanitários precários – o esgoto de Londres
não se estendia até lá. Além disso, havia estábulos e matadouros, contribuindo com resíduos de animais e outros �uidos e fossas que, quando
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transbordavam, despejavam no rio Tâmisa. Antes do surto, as principais teorias para explicar a doença era a teoria do miasma, que sustentava que
a doença era causada por partículas do ar provenientes da decomposição de matéria orgânica, e a teoria dos germes.
No entanto, John Snow contestou a teoria dos miasmas ao observar os surtos anteriores e as condições de vida dos londrinos, defendendo a teoria
dos germes, descartando a ideia de propagação por miasmas ou contato pessoa a pessoa, baseando-se na predominância de sintomas
gastrointestinais em vez de pulmonares. Ele investigou as águas como possível meio de transmissão, abrindo caminho para a identi�cação futura
do agente causador, o Vibrio cholerae, por Robert Koch (Vilella; Oliveira, 2018; Pinto, 2016; Pereira; Veiga, 2014; Bonita; Beaglehole; Kjellström,
2010).
Em residências com apenas um cômodo, onde as famílias realizavam suas atividades de higiene e alimentação no mesmo espaço, a doença se
propagava; já onde os cômodos para cozinhar eram separados, raramente um membro da família contaminavaoutro. Desse modo, John concluiu
que o agente causador da doença estava presente em algo ingerido. Quando o surto de 1854 eclodiu, John já tinha vasta experiência médica e
havia observado muito sobre a doença até então. Ele percebeu que as mortes estavam concentradas nas proximidades de uma bomba d'água
frequentemente utilizada pelos moradores locais para obtenção de água para consumo e higiene.
Para ilustrar sua observação, ele mapeou (Figura 1) os pontos de maior incidência, correlacionando sua localização com a bomba d'água que
abastecia cada domicílio – hoje conhecido como Diagrama de Voronoi. Assim, John Snow demonstrou que a ingestão de água contaminada era o
fator desencadeante da doença (Vilella; Oliveira, 2018; Pinto, 2016; Bonita; Beaglehole; Kjellström, 2010).
Figura 1 | Mapa de casos de cólera registrados em Golden Square, Londres, 1854. Fonte: Vilella e Oliveira (2018, p. 12).
No mapa, cada ponto preto representa um caso de cólera e cada "X" representa uma bomba d'água. Ao analisar o mapa, John Snow percebeu que a
maioria dos casos de contaminação ocorria em residências próximas à bomba A, localizada na Broad Street. Além disso, ao questionar os
moradores da Golden Square sobre qual bomba eles utilizavam para abastecerem-se de água, a resposta foi predominantemente a bomba A. Era de
conhecimento geral que a bomba B estava contaminada e que a bomba C era distante demais para ser utilizada por eles.
Para reforçar sua teoria, Snow investigou os indivíduos doentes na área, con�rmando que eles de fato utilizavam água proveniente da bomba da
Broad Street. Com isso, ele conseguiu convencer as autoridades municipais a interditarem a bomba, encerrando assim a epidemia na Golden
Square. Essa investigação levou John Snow a ser reconhecido como o pai da Epidemiologia, pois ele desenvolveu um estudo brilhante e avançado
para a época, capaz de identi�car efetivamente a causa de uma doença e promover mudanças para reduzir sua incidência. Seu trabalho destacou
ainda mais a importância das políticas públicas de saúde na melhoria das condições de saúde da população (CDC, 2012; Bonita; Beaglehole;
Kjellström, 2010).
Na Inglaterra, Florence Nightingale realizou um trabalho notável na enfermagem, especialmente durante a guerra da Crimeia, em 1854. Depois da
guerra, ela conduziu um estudo abrangente sobre a saúde do exército inglês, levando a reformas signi�cativas na enfermagem e organização dos
cuidados de saúde. Nightingale dedicou-se também à análise estatística, demonstrando que as taxas de mortalidade diminuíam com a melhoria do
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saneamento e da administração hospitalar. Ela foi pioneira na apresentação de dados, desenvolvendo grá�cos setoriais para facilitar a
interpretação e análise estatística dos resultados (Pereira; Veiga, 2014).
Em 1862, Louis Pasteur, químico francês, contribuiu signi�cativamente para a teoria dos germes. Inicialmente estudando fermentação, ele concluiu
que microrganismos eram responsáveis por esse processo e que o calor poderia matá-los, desenvolvendo o processo de pasteurização. Ele
também foi pioneiro na criação de vacinas atenuadas, desenvolvendo vacinas contra o antraz em ovelhas, cólera em galinhas e raiva em coelhos.
Claude Bernard, considerado o pai da �siologia experimental contemporânea, deixou seu marco em 1865 com a publicação do livro Introduction à
l'étude de la Médecine Expérimentale (Introdução ao Estudo da Medicina Experimental), estabelecendo as bases metodológicas da nova �siologia
experimental. Ele enfatizou que a �siologia deveria constituir uma ciência independente, não subordinada à física, química ou anatomia, mas
preocupada principalmente com fenômenos �siológicos intrínsecos, surgindo os estudos da Fisiologia Moderna de Claude Bernard, que se
estruturaram por meio das patologias e suas lesões.
Além disso, Bernard ressaltou a importância dos experimentos laboratoriais na formulação de novas teorias e foi por meio de experimentos
rigorosamente controlados que ele fez descobertas importantes, como o efeito do veneno curare, a função do pâncreas na digestão e o papel do
fígado na produção de glicogênio, entre outras.
Robert Koch, seguindo os passos de Pasteur, isolou e identi�cou o bacilo do antraz, sendo o primeiro a fotografar e comprovar a existência dos
microrganismos causadores da doença. Ele também descobriu a bactéria da cólera, em 1883, con�rmando as teorias de Snow, além da tuberculose
e conjuntivite, contribuindo para uma nova era microbiológica e o reconhecimento dos microrganismos como causadores especí�cos de algumas
doenças (Pereira; Veiga, 2014).
A era da epidemiologia das doenças infecciosas perdurou até a Segunda Guerra Mundial, marcando uma transição epidemiológica para o
surgimento da epidemiologia das doenças crônicas, ou seja, somente por volta das décadas de 1930 e 1940 é que as doenças não infecciosas
também se tornaram foco dos epidemiologistas e a Epidemiologia foi formalmente estabelecida como disciplina cientí�ca, ganhando
departamentos em diversas universidades globais.  
Após a guerra, junto com as mudanças demográ�cas e sociais, surgiram novos padrões de doenças relacionadas ao envelhecimento, como
doenças cardiovasculares, câncer, demência e hipertensão arterial. Enquanto as doenças infecciosas diminuíam, as chamadas "doenças da
civilização" começaram a emergir, juntamente com uma série de doenças associadas aos estilos de vida. Nesse contexto de transição
epidemiológica, os epidemiologistas reformularam o conceito de causalidade especí�ca e adotaram uma nova abordagem para entender os
problemas de Saúde Pública, baseada em modelos multicausais e fatores de risco, visando compreender por que, numa mesma população, o risco
de doença varia de pessoa para pessoa.  Nesse contexto, as consequências do consumo de tabaco, incluindo câncer de pulmão, en�sema e
doenças cardiovasculares, foram descobertas como sendo particularmente relevantes (Pereira; Veiga, 2014).
Os estudos de Richard Doll e Bradford Hill sobre câncer de pulmão (1948) foram um marco histórico no planejamento e desenvolvimento de
estudos epidemiológicos observacionais. Eles realizaram um estudo caso-controle comparando indivíduos com câncer de pulmão a um grupo sem
a doença e concluíram que a diferença substancial estava nos hábitos tabágicos.
Outro marco importante foi o estudo de Framingham, iniciado em 1948, sobre fatores de risco para doenças cardiovasculares, como dieta, exercício
físico e efeitos de medicamentos, que gerou milhares de artigos cientí�cos. Embora a grande revolução no paradigma explicativo das doenças não
infecciosas tenha ocorrido na segunda metade do século XX, autores como Joseph Goldberger (1874-1929) já haviam sugerido anteriormente
causas não infecciosas para certas doenças, como a pelagra, concluindo que ela estava relacionada à dieta, especi�camente à falta de ácido
nicotínico (Pereira; Veiga, 2014).
Nos anos 1970 e 1980, o uso de microcomputadores e softwares impulsionou avanços na análise epidemiológica, incorporando a Epidemiologia
Clínica para avaliação terapêutica. Na década de 1990, emergiram tendências, como o uso de estudos ecológicos e a expansão para campos como
Epidemiologia Molecular, Farmacoepidemiologia, Genética Epidemiológica e Epidemiologia dos Serviços de Saúde.
Também na década de 1990 foram conduzidos estudos sobre formas não naturais de transmissão de agentes infecciosos, um fenômeno presente
no bioterrorismo e na guerra biológica. A investigação nessa área teve início com a análise das ideias e possíveis usos de armas biológicas durante
as guerras, desde a Primeira Guerra Mundial até a Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria. O impulso signi�cativo nesse campo ocorreu
principalmente após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos (Pinto, 2016; CDC, 2012).
Como vimos, ao longo do tempo, notáveis estudiosos contribuíram para os campos Clínicos, Estatísticos e da Medicina Social, fundamentais para o
desenvolvimento da Epidemiologia, que se fundamentounos conhecimentos essenciais da Clínica, que exploram as nuances da saúde-doença,
suas causas, sintomas, evolução e terapêuticas. Além disso, integrou os aportes da Estatística, viabilizando a quanti�cação da ocorrência de
doenças e a análise dos riscos de adoecimento.
A Medicina Social, por sua vez, proporcionou uma compreensão mais ampla ao explorar os processos, determinantes e condicionantes sociais,
assim como a relação entre o modo de vida, o trabalho e os hábitos da população com a saúde e o adoecimento. Nesse contexto, muitos autores
a�rmam que a Epidemiologia se consolidou sobre uma tríade essencial: Clínica, Estatística e Medicina Social (Pinto, 2016).
Após compreender o conceito básico e a evolução histórica da Epidemiologia, torna-se evidente sua signi�cância como ciência imprescindível para
a Saúde Coletiva, disciplina que está envolvida na análise da distribuição de morbidade e mortalidade, na avaliação da segurança de vacinas e
toxicidade de produtos, no desenvolvimento da Vigilância Epidemiológica e na monitorização do uso de medicamentos pela população. Além disso,
investiga fatores ambientais e socioeconômicos associados a Doenças Transmissíveis e Doenças não Transmissíveis, facilitando a implementação
de medidas preventivas.
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As principais aplicações atuais da Epidemiologia incluem diagnóstico da situação de saúde local, planejamento e organização de serviços de
saúde, avaliação de tecnologias, programas ou serviços na área da saúde, aprimoramento da descrição do quadro clínico de doenças, identi�cação
de síndromes, investigação das causas das doenças, determinação de riscos, estimativa de probabilidades de adoecimento, prognósticos e análise
crítica de trabalhos cientí�cos (Martins et al., 2018). 
Vamos Exercitar?
Vamos retomar a situação hipotética apresentada? Falamos de uma turma de alunos que desenvolveu pesquisas a respeito dos métodos
epidemiológicos usados na investigação da saúde, para que os resultados fossem apresentados em forma de pôster na Jornada de Saúde Coletiva,
desenvolvida na Universidade. Para isso, os alunos foram divididos em grupos, sendo que cada grupo teve de pesquisar um tema e apresentar uma
questão central que deveria ser respondida ao longo da apresentação.
O primeiro grupo tinha como tema “O surgimento da Epidemiologia” e os alunos tinham como propósito responder: Quais são os principais fatos e
estudiosos que contribuíram para o desenvolvimento da Epidemiologia, da Antiguidade ao século XX?
Como vimos, a história da Epidemiologia se confunde com a da medicina em suas raízes históricas. Poderemos observar no quadro a seguir as
contribuições de alguns estudiosos:
Época Marcos e Personalidades
Antiguidade Hipócrates, na Grécia antiga (ano 400 a.C.) - em seu trabalho Dos Ares,
Águas e Lugares, fez a relação do indivíduo e doença com o meio
ambiente.
Galeno, no império Romano - fez o censo de óbitos e nascimentos e
expôs a questão do saneamento para controle de qualidade da água
em Roma.
Era Moderna John Graunt (1622) - percursor da demogra�a e estatística com tabelas
mortuárias de Londres.
Louis Villermé (1782-1863) - investigou as condições socioeconómicas
de trabalho, doenças e morte.
Pierre Louis (1825) - quanti�cou os casos de tuberculose, usou
métodos estatísticos e realizou uma avaliação da e�cácia de
tratamento clínicos.
John Snow (1831) - estudou a cólera, mapeando onde os doentes
viviam e as fontes de água. Usou métodos posteriormente
incorporados pela epidemiologia.
WilIiam Farr (1839) - introduziu o sistema de informação em saúde,
com registro anual de mortalidade e morbidade na Inglaterra e Pais de
Gales.
Friederich Engels (1844) - trouxe contribuições para a formulação da
epidemiologia cientí�ca. Seu trabalho contribuiu para o movimento
político designado Medicina Social.
Rudolt Virchow (1848) - relacionou condições sociais e políticas com o
tifo e liderou o movimento médico-social na Alemanha.
Em meados do século XIX, Claude Bernard, com a �siologia; Louis
Pasteur, considerado pai da bacteriologia; e Robert Koch.
Bacteriologista, descobriram o agente causador da tuberculose e
outras doenças infecciosas. Estes estudiosos, dentre outros, trouxeram
conhecimentos importantes para a epidemiologia clínica. 
Quadro 1 | Contribuições ao desenvolvimento da Epidemiologia. Fonte: Pinto (2016, p. 65).
Saiba mais
Você poderá aprofundar conhecimentos sobre a história e a evolução da Epidemiologia acessando o artigo Bases históricas da Epidemiologia.
Vamos aprofundar os conhecimentos sobre o uso da Epidemiologia na atualidade acessando A epidemiologia: desenvolvimentos, usos e
aplicações.
 
 
Referências
https://www.scielo.br/j/csp/a/9XkJ8dgTvbCyvmvMfsj35Ww/?lang=pt
http://www.isepol.com/asephallus/edicao_1/aepidemiologia_1.html#:~:text=Na%20atualidade%20a%20epidemiologia%20est%C3%A1,sanit%C3%A1ria)%2C%20gen%C3%A9tica%2C%20etc.
http://www.isepol.com/asephallus/edicao_1/aepidemiologia_1.html#:~:text=Na%20atualidade%20a%20epidemiologia%20est%C3%A1,sanit%C3%A1ria)%2C%20gen%C3%A9tica%2C%20etc.
Disciplina
SAÚDE COLETIVA
ALMEIDA FILHO, N. de. Epidemiologia & saúde: fundamentos, métodos, aplicações. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.
BONITA, R.; BEAGLEHOLE, R.; KJELLSTRÖM, T. Epidemiologia básica. São Paulo: Santos, 2010.
CDC. Centers for Disease Control and Prevention. Departament of Health and Human Services. Principles of epidemiology in public health practice:
an introduction to applied epidemiology and bioestatistics. 3. ed. 2006. Atualizado em 2012. Disponível em: https://stacks.cdc.gov/view/cdc/6914.
Acesso em: 6 fev. 2024.
FLETCHER, R. H.; FLETCHER, S. W.; FLETCHER, G. S. Epidemiologia clínica: elementos essenciais. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
GALLEGUILLOS, T. G. B. Epidemiologia: indicadores de saúde e análise de dados. 1. ed. São Paulo: Érica, 2014.
MARTINS, A. de A. B. et al. Epidemiologia. Porto Alegre: Sagah, 2018.
PALMEIRA, G. Epidemiologia. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2000.
PEREIRA, C.; VEIGA, N. A Epidemiologia. De Hipócrates ao século XXI. Millenium, 47. 2014. Disponível em: http://tinyurl.com/46vvf7we. Acesso em:
17.fev. 2024.
PINTO, S. N. Saúde coletiva. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2016.
TRUJILLO, A. M. Epidemiologia: história, tipos e métodos. Revista Simbiótica, Vitória, v. 3, n. 1. 2016.
VILLELA, E. F. de M.; OLIVEIRA, F. M. de. Epidemiologia sem mistérios: tudo aquilo que você precisa saber! Jundiaí: Paco Editorial, 2018.
Aula 2
Enfoque Epidemiológico
Enfoque epidemiológico
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Dica para você
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Olá, estudante! Nesta videoaula, abordaremos a distribuição dos eventos em saúde, considerando tempo, lugar e pessoa, além de explorar a tríade
epidemiológica e as diferenças entre Doenças Transmissíveis e Doenças e Agravos Não Transmissíveis (DANT). Esses conceitos são fundamentais
para compreender a dinâmica das enfermidades e desenvolver estratégias e�cazes na prevenção e controle, em prol da qualidade de vida.
Bons estudos!
Ponto de Partida
A compreensão da distribuição dos eventos em saúde, considerando as dimensões de tempo, lugar e pessoa, é fundamental na epidemiologia para
identi�car padrões e determinantes das doenças. A análise temporal permite o acompanhamento das variações sazonais, tendências ao longo do
tempo e impacto de intervenções, enquanto a análise espacial revela padrões geográ�cos de ocorrência, facilitando a identi�cação de áreas de
maior risco e direcionamento de recursos.
A dimensão pessoal considera as características individuais que in�uenciam a suscetibilidade e exposição a doenças. A tríade epidemiológica, um
modelo clássico, destaca a interação entre agente, hospedeiro e ambiente na origem e propagaçãode Doenças Transmissíveis, como malária e
tuberculose. Por outro lado, as Doenças e Agravos não Transmissíveis (DANT), como doenças cardiovasculares e câncer, são in�uenciadas por
fatores comportamentais, ambientais e genéticos, exigindo abordagens preventivas e terapêuticas diversi�cadas.
Assim, uma abordagem abrangente e integrada, considerando tanto a tríade epidemiológica quanto os diferentes determinantes das doenças, é
essencial para o desenvolvimento de estratégias e�cazes.
Para ilustrar esse contexto na prática, vamos à situação hipotética: a comunidade urbana de Cidade Verde é uma área densamente povoada com
uma população de aproximadamente 50.000 habitantes. Essa comunidade enfrenta desa�os signi�cativos em relação à saúde pública, incluindo o
https://stacks.cdc.gov/view/cdc/6914
http://tinyurl.com/46vvf7we
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aumento das taxas de Doenças Transmissíveis, como a dengue, e DANT, como diabetes mellitus e acidentes de trânsito, este último na maioria
com jovens alcoolizados.
Considerando o exposto, como uma abordagem abrangente pode ser implementada para estabelecer medidas de prevenção e controle para
Doenças Transmissíveis e Doenças e Agravos não Transmissíveis em uma comunidade urbana visando melhorar a saúde e qualidade de vida dos
residentes?
Vamos iniciar o estudo! 
Vamos Começar!
Como foi de�nida, a Epidemiologia estuda a frequência, distribuição e determinantes dos eventos de saúde em populações humanas. Seus
princípios essenciais residem na análise das três variáveis clássicas: tempo (quando?), lugar (onde?) e pessoa (quem?). São questionamentos
fundamentais que o epidemiologista precisa sistematicamente considerar para compreender as características e os comportamentos das doenças
e outros eventos de saúde, levando em conta as dimensões temporal, espacial e populacional que norteiam sua abordagem (Organização Pan-
Americana de Saúde, 2010).
Nesse sentido, tempo é um fator crucial. Doenças infecciosas frequentemente se manifestam de forma aguda, algumas apresentando
sazonalidade, como a in�uenza, o que permite prever sua ocorrência e implementar medidas preventivas. Identi�car eventos que precedem ou
sucedem aumentos na taxa de doenças ajudam a identi�car fatores de risco.
É útil registrar a ocorrência de doenças ao longo de vários anos para descrever e prever seus ciclos sazonais. O uso de grá�cos da frequência de
doenças ao longo do tempo é uma ferramenta valiosa para entender a velocidade de transmissão de uma doença, exempli�cado pela curva
epidêmica e o canal endêmico, que mostra o padrão regular da frequência de casos. Além disso, essa variável auxilia na avaliação do impacto das
intervenções na saúde, especialmente para determinar o momento adequado para medir o efeito da intervenção, que pode não ser imediato.
Analisar numericamente e gra�camente a frequência de casos de doenças antes e depois de uma intervenção permite avaliar sua e�cácia
(Organização Pan-Americana de Saúde, 2010).
Quanto ao lugar, a localização geográ�ca é fundamental para compreender a extensão e velocidade de disseminação das doenças. E essa
importância é destacada pelo clássico estudo de John Snow sobre a epidemia de cólera em Londres, em 1849, no qual ele mapeou a ocorrência da
doença para identi�car sua fonte de transmissão. A unidade geográ�ca pode variar de domicílios a níveis mais amplos, como bairros, municípios
ou estados, e essa análise, considerando suas características físicas e biológicas, permite gerar hipóteses sobre possíveis fatores de risco e
transmissão.
Ademais, a introdução dos Sistemas de Informação Geográ�ca (SIG) ampliou signi�cativamente as possibilidades de análise da variável lugar, pois
os métodos e as técnicas para a análise espacial de dados epidemiológicos podem enriquecer a integração de informações sobre diversos
determinantes da saúde, desde níveis individuais até ambientais, e identi�car agrupamentos de casos, áreas de risco preditivo e necessidades
básicas de saúde em uma população geogra�camente de�nida (Organização Pan-Americana de Saúde, 2010).
Em relação à pessoa, características como idade, sexo, estado nutricional, hábitos e comportamentos (por exemplo, ocupação e estilo de vida) e
condição social (por exemplo, renda, estado civil, religião) ajudam a identi�car a distribuição das doenças e de possíveis grupos e fatores de risco.
A variação na ocorrência de doenças conforme as características das pessoas podem resultar de diferenças nos níveis de exposição a
determinados fatores de risco, susceptibilidades individuais ou uma combinação de ambos (Organização Pan-Americana de Saúde, 2010).
Do ponto de vista conceitual, suscetível refere-se quando um organismo ou uma população demonstra vulnerabilidade à ação de um fator
especí�co. No contexto de agentes infecciosos, trata-se do indivíduo desprovido de resistência a um agente patogênico especí�co, tornando-se
suscetível à doença. Dessa perspectiva, a susceptibilidade é a característica do hospedeiro em relação à infecção ou invasão do organismo pelo
agente causador (patógeno).
Nesse aspecto, o organismo humano apresenta características anatômicas ou �siológicas, inatas ou adquiridas, que resultam em resistência a
agressões. Fatores como a integridade da pele e das mucosas, diversas secreções do organismo, sangue, vasos linfáticos e a imunidade especí�ca
baseada na presença de anticorpos contribuem para a resistência contra a invasão de patógenos. É sabido que hábitos saudáveis constituem
fatores de proteção ou risco em relação aos agravos à saúde. Abster-se de fumo ou drogas, praticar exercícios regularmente, manter uma
alimentação saudável e evitar estresse são favoráveis para uma maior proteção do organismo. No entanto, em certos períodos, como na idade
avançada ou em condições como má nutrição, alcoolismo, modi�cações no ritmo de trabalho, sono insu�ciente ou estado emocional podem
predispor a diminuição dessa proteção e tornar o indivíduo susceptível (Martins et al., 2018).
Contudo, não apenas quem são afetados, onde e quando é importante, mas também por que esses eventos ocorrem. Esse é um processo de busca
pela causalidade que possibilita essas abordagens, com o objetivo de orientar medidas de intervenção adequadas e posteriormente avaliar sua
e�cácia. O enfoque epidemiológico considera que a doença na população não surge por acaso e não está distribuída de maneira uniforme, mas
considera que a doença na população é um fenômeno dinâmico e sua propagação depende da interação entre a exposição e a suscetibilidade dos
indivíduos aos fatores determinantes da presença da doença.
De acordo com esse enfoque, existe um modelo de causalidade em Epidemiologia amplamente aceito, que é a Tríade Epidemiológica: agente,
hospedeiro e ambiente, aplicada especialmente no estudo de Doenças Transmissíveis. Essa tríade destaca a necessidade de analisar
minuciosamente as relações entre "agente-hospedeiro", "agente-ambiente" e "hospedeiro-ambiente" para esclarecer os fatores causais. Isso
destaca a variabilidade no comportamento das doenças, principalmente infecciosas, ao longo do tempo e espaço na comunidade, e essa
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compreensão orienta intervenções, podendo ser direcionada ao indivíduo (mudanças de hábito ou tratamento quimioterápico, por exemplo) ou ao
ambiente (saneamento básico, vigilância sanitária, por exemplo).
Alguns autores acrescentam mais uma informação à estrutura epidemiológica: os vetores, que fazem a interação entre os componentes da tríade,
como o mosquito Aedes aegypti, que atua como vetor e hospedeiro intermediário no ciclo de transmissão do vírus da dengue. Quando esse
mosquito se alimenta do sangue humano infectado com o vírus, ele se torna um hospedeiro de�nitivo do agente patogênico e, ao picar um
indivíduo saudável, transmite o vírus, tornando a pessoa suscetível à infecção (Martins et al., 2018).
Muito embora os padrões de resposta do organismo a essas agressões sejam previsíveis, existem variações individuais que explicam por que
algunsindivíduos desenvolvem a doença e outros não, mesmo quando expostos de maneira semelhante. A compreensão dessas variações na
resposta ainda é uma questão em grande parte a ser esclarecida pela ciência, embora já se tenha algum conhecimento sobre alguns fatores, como
o componente genético, que em muitas condições é capaz de se sobrepor à in�uência de outros fatores, como na fenilcetonúria, que é uma das
doenças incluídas na categoria de erros inatos do metabolismo, geneticamente transmitidos.
Nessa condição, o organismo humano tem di�culdade em converter a fenilalanina em tirosina e o acúmulo de fenilalanina, por meio da dieta
normal, causa lesão cerebral irreversível. Nesse caso, uma dieta especial pobre desse aminoácido é su�ciente para evitar o dano e permitir o
crescimento normal. Assim, o diagnóstico precoce, aliado à alteração da dieta – um componente do meio ambiente – faz com que se impeça a
exteriorização de um traço geneticamente predeterminado. Essa e outras doenças compartilham a característica de se concentrarem em
determinadas famílias, indicando transmissão hereditária. Assim, a herança genética é percebida como um potencial predeterminado que se
desenvolverá em resposta às oportunidades oferecidas pelo ambiente (Martins et al., 2018).
Para além dos fatores intrínsecos relacionados ao hospedeiro, os fatores extrínsecos, associados ao ambiente, também exercem in�uência na
saúde individual. Geralmente, o ambiente é categorizado em aspectos físicos, biológicos e sociais, vejamos:
O ambiente físico consiste no mundo inanimado ao nosso redor, exercendo impacto direto ou indireto na saúde. Por exemplo, a umidade
relativa do ar, altitude e temperatura podem afetar a multiplicação de vetores e a sobrevivência de parasitas (Martins et al., 2018).
O ambiente biológico refere-se aos seres vivos na Terra, atuando como agentes, vetores e reservatórios de doenças. Condições ecológicas
especí�cas podem concentrar casos em certas áreas devido à distribuição de agentes biológicos, vetores, reservatórios, humanos infectados
e suscetíveis. Embora a distribuição regional seja mais evidente em Doenças Transmissíveis, outras, como o�dismo (relacionado a serpentes
venenosas) e intoxicação por plantas venenosas, também têm forte ligação com o ambiente biológico (Martins et al., 2018).
No contexto social, estão presentes os fatores vinculados às características sociais, econômicas, políticas e culturais. As interações
interpessoais, moldadas pelas posições no processo produtivo, dão origem à organização social, resultando em disparidades de renda,
educação, ocupação e oportunidades de trabalho. As comunidades também variam em poder aquisitivo, re�etindo-se em cobertura
diferenciada de sistemas de saneamento e serviços de saúde. A desigualdade social não apenas atua como causa subjacente e associada a
agravos à saúde, mas também determina a natureza e intensidade das medidas preventivas e curativas adotadas para intervir no processo
das doenças. Por esse motivo, a determinação social das doenças é um tema importante nas discussões contemporâneas em nível global
(Martins et al., 2018).
Portanto, fatores intrínsecos e extrínsecos desempenham papéis fundamentais na saúde individual e no desenvolvimento de doenças, sejam elas
transmissíveis ou não. Os fatores intrínsecos, como predisposição genética, idade, sexo e estado imunológico, in�uenciam diretamente a
susceptibilidade de uma pessoa a diversas condições de saúde. Por outro lado, os fatores extrínsecos, como estilo de vida, condições
socioeconômicas, acesso a cuidados de saúde e ambiente físico, podem modular o risco de exposição a agentes patogênicos ou fatores de risco
para doenças crônicas. A interação entre esses fatores intrínsecos e extrínsecos determina o per�l de saúde individual e a probabilidade de
desenvolver determinadas doenças ao longo da vida (Martins et al., 2018).
Siga em Frente...
Doença Transmissível
A Doença Transmissível é qualquer doença causada por um agente infeccioso especí�co ou seus produtos tóxicos, que se manifesta pela
transmissão desse agente ou de seus produtos, de um reservatório a um hospedeiro suscetível, seja diretamente de uma pessoa ou animal
infectado, ou indiretamente por meio de um hospedeiro intermediário, de natureza vegetal ou animal, de um vetor ou do meio ambiente inanimado.
Recentemente, tem sido observado o surgimento de novas e desconhecidas Doenças Transmissíveis, assim como o ressurgimento de outras que
se acreditava estarem controladas, classi�cadas como emergentes e reemergentes, respectivamente. Diversos fatores ou suas interações podem
contribuir para o surgimento de uma Doença Transmissível, que podem resultar de mudanças ou evolução de organismos existentes, enquanto
doenças reemergentes podem se propagar para novas áreas que passam por alterações ecológicas, aumentando a exposição humana a insetos,
animais ou fontes ambientais que abrigam agentes infecciosos novos ou não usuais (Organização Pan-Americana de Saúde, 2010). Vamos
explorar algumas dessas doenças:
Dengue: é considerada uma das maiores preocupações em Saúde Pública. Inicialmente, o indivíduo infectado pelo vírus apresenta febre alta
acompanhada de manchas e erupções na pele, principalmente no tórax e braços, podendo apresentar também náuseas, vômitos, tonturas,
extremo cansaço e dores no corpo (musculares, articulares e atrás dos olhos). A doença tem uma duração média de 5 a 7 dias e pode
progredir para a forma mais grave, a hemorrágica, em que, após o término da febre, surgem dores abdominais intensas, vômitos persistentes,
pele pálida, fria e úmida, sangramento pelo nariz, boca e gengivas, agitação, confusão mental, sede excessiva, boca seca, pulso rápido e fraco,
di�culdade respiratória e perda de consciência. Esse quadro pode evoluir rapidamente para insu�ciência circulatória e choque, podendo levar
à morte em até 24 horas. A transmissão ocorre pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti, não havendo propagação pelo contato
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direto com o doente, suas secreções, água ou alimentos. A água serve apenas como reservatório para o desenvolvimento do mosquito. O
controle do mosquito Aedes aegypti, vetor da dengue, é desa�ador, exigindo a colaboração de diversos setores, como saúde e limpeza urbana
(Pinto, 2016).
Hanseníase: conhecida também como lepra, é uma doença transmissível causada pelo bacilo Mycobacterium leprae, que leva a
comprometimentos neurológicos e incapacidades. O Brasil ocupa o segundo lugar mundial em casos da doença, enfrentando desa�os no
combate, especialmente em regiões com extrema pobreza e di�culdades de acesso a serviços de saúde. A transmissão ocorre por meio do
contato íntimo e prolongado com um paciente portador do bacilo de Hansen, geralmente pela inalação de bacilos por tosse ou espirro. O
período de incubação é longo, podendo durar até sete anos, durante os quais o indivíduo pode estar infectado sem sintomas manifestos.
Pacientes do tipo multibacilar (muitos bacilos) sem tratamento podem disseminar a doença. Entre as manifestações clínicas da doença,
observam-se lesões na pele com alteração na sensibilidade; comprometimento de nervos periféricos, com ou sem espessamento, associado
a alterações de sensibilidade; perda de força e/ou modi�cações na sudorese nas áreas das manchas, principalmente nos nervos da face,
mãos e pés; além de diminuição ou perda de pelos, principalmente nas sobrancelhas. O diagnóstico da hanseníase é predominantemente
clínico, realizado por meio do exame dermatoneurológico. O acompanhamento e tratamento são conduzidos com poliquimioterapia,
envolvendo a combinação de medicamentos como rifampicina, dapsona e clofazimina, nas Unidades Básicas de Saúde (Pinto, 2016).
Síndrome da Imunode�ciência Adquirida (SIDA): mais conhecida como AIDS/HIV, é causada pelo vírus da Imunode�ciência Humana (HIV),
cuja transmissão pode ocorrer por meio de relações sexuais, transfusão de sangue contaminado, da mãe para o �lho durante o parto, durante
o aleitamento materno,pelo uso de seringas e agulhas contaminadas ou acidentalmente através do contato do sangue contaminado com
mucosas ou ferimentos na pele. Os sintomas incluem febre, perda de peso, falta de ar, diarreia crônica e lesões recorrentes em mucosas e
pele, muitas vezes acompanhadas por infecções oportunistas, devido ao comprometimento da resposta imunológica. A prevenção envolve o
uso de preservativos durante as relações sexuais, utilização de seringas e agulhas descartáveis, luvas ao manipular feridas e líquidos
corporais, bem como a realização de testes para detectar o vírus no sangue e hemoderivados antes de transfusões. Mulheres infectadas pelo
vírus (HIV positivas) devem utilizar antirretrovirais durante a gravidez para prevenir a transmissão ao bebê e não devem amamentar seus
�lhos. O tratamento é realizado com antirretrovirais, que além de contribuir signi�cativamente para a redução de despesas com internações e
medicamentos, auxilia na diminuição da disseminação da doença, no aumento da expectativa de vida e na melhoria da qualidade de vida dos
portadores do vírus. No Brasil, a distribuição gratuita dos medicamentos e a execução de testes de detecção do vírus são realizadas pelo
Sistema Único de Saúde (SUS), de forma gratuita e sigilosa (Pinto, 2016).
Para a prevenção e o controle dessas e outras Doenças Transmissíveis, é necessário o conhecimento e a análise da tríade epidemiológica, pois a
interação entre esses elementos fornece a base para estabelecer medidas preventivas, como no caso da dengue, ao compreender que o homem é
o hospedeiro e o mosquito Aedes aegypti é o vetor, e ao entender a transmissão, reprodução e condições ambientais propícias para a multiplicação
do mosquito, é possível desenvolver medidas e�cazes de prevenção. Contudo, é importante considerar como os determinantes sociais de saúde e
o comportamento do hospedeiro afetam a e�cácia das ações (Pinto, 2016; Organização Pan-Americana da Saúde, 2019). 
Doenças e Agravos Não Transmissíveis
Por sua vez, Doenças e Agravos Não Transmissíveis (DANT) constituem um dos mais signi�cativos desa�os de Saúde Pública na
contemporaneidade, sendo responsáveis por quase dois terços das enfermidades no Brasil. Essas condições têm impacto econômico não apenas
nas famílias afetadas, mas também na sociedade em geral, associando-se a elevados índices de mortalidade precoce ou de incapacidade
duradoura em indivíduos em idade produtiva, impactando negativamente a qualidade de vida e gerando implicações econômicas para famílias,
comunidades e a sociedade como um todo.
Essas doenças abrangem condições como patologias do sistema circulatório, neoplasias, diabetes mellitus, entre outras, assim como agravos
decorrentes de fatores externos, como acidentes e violências. As DANT são resultantes da con�guração social, industrialização e urbanização, que
contribuem para o aumento da desigualdade social, violência, desemprego, poluição sonora, poluição do ar e da água, sedentarismo, além de
alterações nos hábitos alimentares, tabagismo e consumo excessivo de álcool (Martins et al., 2018; Pinto, 2016).
Dentre essas condições, destaca-se a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), originada por diversos fatores, como obesidade, consumo excessivo
de álcool, estresse, hábitos alimentares inadequados, inatividade física e sono inadequado, manifestando-se por níveis de pressão arterial ≥140 x
90 mmHg.
A HAS representa um sério problema de saúde pública no Brasil e globalmente é uma das principais causas de óbitos relacionados a doenças
cardiovasculares, além de desencadear complicações em órgãos como cérebro, coração, rins e vasos periféricos, resultando na diminuição da
expectativa e qualidade de vida.
O controle da HAS requer diagnóstico preciso e acesso aos serviços de saúde, pois frequentemente é assintomática, exigindo monitoramento
regular da pressão arterial. Além do tratamento medicamentoso, a gestão e�caz envolve mudanças nos hábitos alimentares, eliminação do
tabagismo e adoção de atividade física regular. Portanto, o controle efetivo demanda engajamento contínuo do indivíduo, pois é uma prática para a
vida toda (Pinto, 2016).
Quando se trata de fatores externos, merecem destaque os danos resultantes de acidentes e violência, que contribuem signi�cativamente para
altas taxas de mortalidade e incapacidade, tanto temporária quanto permanente, em jovens de 10 a 24 anos. Os acidentes de trânsito, em
particular, representam mais de 60% dessas fatalidades, frequentemente associadas ao consumo excessivo de álcool.
A correlação entre o consumo de bebidas alcoólicas e o aumento de acidentes de trânsito é evidente, já que o álcool compromete a visão, os
re�exos, a consciência e o comportamento dos motoristas, colocando em perigo não apenas suas próprias vidas, mas também a segurança dos
demais usuários das vias (WHO, 2021; Pinto, 2016).
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O manejo das Doenças e Agravos Não Transmissíveis (DANT) representa um grande desa�o para os sistemas de saúde, exigindo a implementação
de estratégias adaptáveis para alcançar resultados e�cazes. Nesse contexto, a promoção da saúde requer medidas educativas, redução da
exposição aos fatores de risco, adoção de hábitos de vida saudáveis e engajamento comunitário, além da colaboração de diversos setores.
Adicionalmente, é imprescindível integrar a saúde em políticas e ações que abordem os determinantes sociais da saúde, visando garantir o acesso
abrangente aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência (Martins et al., 2018).
Resumidamente, compreender a tríade epidemiológica, que destaca a interação entre agente, hospedeiro e ambiente, é essencial para enfrentar as
Doenças Transmissíveis, cujo controle muitas vezes requer interromper essas interações. Por outro lado, as Doenças e Agravos Não Transmissíveis
demandam uma abordagem abrangente, considerando aspectos comportamentais, genéticos e ambientais. Assim, é fundamental adotar
estratégias de prevenção e controle �exíveis e integradas para enfrentar os desa�os complexos apresentados por ambos os tipos de doenças,
visando aprimorar a saúde e o bem-estar da população.
Vamos Exercitar?
No início da aula, conhecemos a comunidade urbana de Cidade Verde que enfrenta o aumento das taxas de Doenças Transmissíveis, como a
dengue, e DANT, como diabetes mellitus e acidentes de trânsito, este último na maioria com jovens alcoolizados. Como uma abordagem
abrangente pode ser implementada para estabelecer medidas de prevenção e controle para Doenças Transmissíveis e Doenças e Agravos não
Transmissíveis em uma comunidade urbana como essa visando melhorar a saúde e qualidade de vida dos residentes?
Conforme discutido, a abordagem para estabelecer medidas de prevenção e controle varia de acordo com o tipo de doença. No caso das Doenças
Transmissíveis, é fundamental compreender o agente etiológico, o modo de transmissão, o hospedeiro humano e o meio ambiente, adotando o
modelo epidemiológico para identi�car os fatores que favorecem a ocorrência das doenças.
Mesmo quando se conhece o agente causal e a interação entre agente, hospedeiro e ambiente, algumas doenças são desa�adoras de controlar e
prevenir e isso se deve à in�uência do modo de vida e dos determinantes sociais de saúde, como fatores econômicos, sociais, culturais, estilo de
vida e obstáculos ao acesso a diagnósticos e tratamentos, que interferem na e�cácia das medidas de prevenção e controle.
No contexto das Doenças e Agravos Não Transmissíveis (DANT), o desa�o é ampliado devido à multiplicidade de fatores interativos. É essencial
monitorar constantemente as condições de saúde, adoecimento e morte em diferentes grupos populacionais, pois possibilita a identi�cação de
fatores de risco e a redução da exposição da população a eles por meio da educação em saúde, conscientizando e mobilizando para a necessidade
de alterações nos hábitos.
Para a prevenção de acidentes de trânsito e consumo de álcool, é necessário promover a saúde através da educação, envolvendo a população e
líderes comunitários.Ações intersetoriais e governamentais, parcerias com organizações não governamentais, políticas regulatórias de controle do
álcool, �scalização rigorosa, aplicação da "lei seca" com tolerância zero para dirigir alcoolizado, suspensão da licença para dirigir e
encaminhamento de motoristas dependentes do álcool para processos terapêuticos são medidas essenciais a serem implementadas. 
Saiba mais
Aprenda mais com Módulo de Princípios de Epidemiologia para o Controle de Enfermidades.
Em Gov.br, você pode conhecer um pouco mais sobre a vigilância das Doenças Crônicas Não Transmissíveis e aprender sobre os sistemas
disponíveis no país para registrá-las.
Aprofunde seu conhecimento a respeito dos cuidados da Atenção Básica na Prevenção e controle da HAS acessando o link a seguir:
BRASIL. Ministério da Saúde. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica: hipertensão arterial sistêmica. Brasília: Ministério da
Saúde, 2013. (Cadernos de Atenção Básica, n. 37). 
 
 
Referências
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BRASIL. Ministério da Saúde. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica: hipertensão arterial sistêmica. Brasília: Ministério da
Saúde, 2013. (Cadernos de Atenção Básica, n. 37). Disponível em: http://tinyurl.com/4p3jkk4b. Acesso em: 6 fev. 2024.
MALTA, D. C. et al. Doenças crônicas não transmissíveis e a utilização de serviços de saúde: análise da Pesquisa Nacional de Saúde no Brasil.
Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 51, supl. 1, p. 1s-10s, 2017. Disponível em: http://tinyurl.com/yxjs57eu. Acesso em: 6 fev. 2024.
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/modulo_principios_epidemiologia_2.pdf
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https://bvs.saude.gov.br/bvs/publicacoes/estrategias_cuidado_pessoa_doenca_cronica.pdf
https://bvs.saude.gov.br/bvs/publicacoes/estrategias_cuidado_pessoa_doenca_cronica.pdf
http://tinyurl.com/4p3jkk4b
http://tinyurl.com/yxjs57eu
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SAÚDE COLETIVA
MALTA, D. C.; SILVA JR, J. B. da. O Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis no Brasil e a
de�nição das metas globais para o enfrentamento dessas doenças até 2025: uma revisão. Epidemiologia e Serviços de Saúde, Brasília, DF, v. 22, n.
1, p. 151-164, jan./mar. 2013. Disponível em: http://tinyurl.com/454b45uv. Acesso em: 6 fev. 2024.
MARTINS, A. de A. B. et al. Epidemiologia. Porto Alegre: Sagah, 2018.
ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE. Módulos de Princípios de Epidemiologia para o Controle de Enfermidades. Módulo 2: Saúde e doença
na população. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde; Ministério da Saúde, 2010. Disponível em: http://tinyurl.com/yf9m6rpm. Acesso em:
19 fev. 2024.
PALMEIRA, G. Epidemiologia. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2000.
PINTO, S. N. Saúde coletiva. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2016.
ROUQUAYROL, M. Z.; GURGEL, M. (org.). Epidemiologia e saúde. 7. ed. Rio de Janeiro: Medbook, 2013.
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Acesso em: 6 fev. 2024.
WORD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Adolescent and young adult health. Geneva: WHO; 2021. Disponível em: http://tinyurl.com/4x6nv43t.
Acesso em: 6 fev. 2024.
Aula 3
Vigilância em Saúde
Vigilância em Saúde
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Dica para você
Aproveite o acesso para baixar os slides do vídeo, isso pode deixar sua aprendizagem ainda mais completa.
Olá, estudante! Nesta videoaula, você aprenderá sobre a Vigilância em Saúde e suas vertentes que desempenham papéis especí�cos na promoção
e proteção da saúde pública: a Vigilância Epidemiológica monitora doenças, a Vigilância Sanitária garante a qualidade de produtos e serviços, a
Vigilância Ambiental avalia fatores ambientais, a Vigilância da Saúde do Trabalhador foca na saúde ocupacional e a Vigilância da Situação em
Saúde realiza o monitoramento da conjuntura em saúde.
Estão prontos? Bons estudos!
Ponto de Partida
Diante do aumento do número de casos de dengue no Brasil, o Ministério da Saúde reforça a importância de intensi�car os cuidados para eliminar
os focos do Aedes aegypti, transmissor da dengue, Zika e Chikungunya.  Em 2024, o Brasil registrou 217.481 casos prováveis da doença. Além do
atual cenário e perspectivas de casos da doença no Brasil, foram reforçadas as ações tomadas desde 2023.
Em novembro, o Ministério da Saúde lançou novas campanhas de mobilização social, voltadas à realidade de cada região do país e peculiaridades
desse cenário epidemiológico. Foi emitida também uma Nota de Alerta sobre o aumento de casos de dengue e Chikungunya no território nacional.
Para apoiar estados e municípios nas medidas de prevenção e controle, o Ministério da Saúde repassou R$ 256 milhões para todo o país, em uma
ação de reforço do enfrentamento da doença. Ainda em 2023, o Ministério da Saúde quali�cou cerca de 12 mil pro�ssionais de saúde, entre
médicos e enfermeiros, para atuarem como multiplicadores para manejo clínico, vigilância e controle da doença. Em dezembro, foi instalada a Sala
Nacional de Arboviroses, um espaço permanente de monitoramento em tempo real dos locais com maior incidência das doenças. Com a medida, é
possível direcionar as ações de vigilância de forma estratégica nas regiões mais afetadas.
Considerando esse contexto e a Vigilância em Saúde, vamos a esta situação hipotética: uma comunidade escolar está enfrentando a epidemia de
dengue. Os casos da doença aumentaram signi�cativamente nos últimos meses, causando preocupação entre os moradores e autoridades de
saúde locais. Na tentativa de combater a propagação da doença e educar a comunidade sobre medidas de prevenção, os alunos da escola
preocupados, pediram aos professores para explicarem sobre a doença e sobre a prevenção.
http://tinyurl.com/454b45uv
http://tinyurl.com/yf9m6rpm
http://tinyurl.com/t4eucfpa
http://tinyurl.com/4x6nv43t
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Então, durante as aulas de ciências e saúde, os professores introduziram o tema da dengue e explicaram os conceitos de Vigilância Sanitária e
Epidemiológica. Eles destacaram a importância dessas práticas para monitorar a propagação da doença, identi�car áreas de maior risco e
implementar medidas preventivas. Além disso, com a ajuda dos pro�ssionais de saúde pública que colaboram com a escola, forneceram
informações atualizadas sobre a situação da epidemia e orientações para prevenção.
Dentro dessa perspectiva, como a integração dos conceitos de Vigilância Sanitária e Epidemiológica pode contribuir para o combate à epidemia de
dengue em uma comunidade escolar? E como os alunos da escola podem contribuir efetivamente no combate à epidemia na comunidade?
Bom estudo!
Vamos Começar!
O surgimento da Vigilância em Saúde remonta a séculos atrás, com os primeiros registros datando do século XIV, durante a pandemia de Peste
Negra na Europa. Embora a Vigilância em Saúde não existisse naquela época, as autoridades adotaram medidas sanitárias rudimentares para
tentar conter a propagação da doença. Durante a Peste Negra, as cidades europeias implementaram medidas como quarentenas, isolamento de
doentes, desinfecção de locais contaminados e controle de movimentos populacionais, em uma tentativa desesperada de conter o avanço da
epidemia. Por mais que essas medidas não fossem baseadas em conceitos modernos de Vigilância em Saúde, elas representaram uma forma
inicial de resposta às emergências de Saúde Pública.
Essa experiência histórica, embora trágica, contribuiu para o desenvolvimento de estratégias e práticas que moldaram o campo da Saúde Pública e
da Vigilânciade saúde e oportunidades de emprego mais favoráveis.
A pandemia de Covid-19 destacou ainda mais a importância dos determinantes sociais da saúde, pois as disparidades na saúde foram acentuadas,
evidenciando a necessidade de abordar fatores sociais como acesso a cuidados de saúde, condições de trabalho e habitação. A abordagem dos
determinantes sociais da saúde está continuamente evoluindo para lidar com questões emergentes, como as implicações da inteligência arti�cial
na saúde e as mudanças nas condições de trabalho. Em resumo, o processo histórico do Modelo de Determinação Social da Doença mostra uma
trajetória de reconhecimento crescente da importância dos fatores sociais na saúde e tem evoluído para abranger uma variedade de determinantes
e desa�os contemporâneos, buscando promover a equidade e melhorar as condições de saúde para todas as comunidades (Pettres; Ross, 2018;
Verdi et al., 2016).
Siga em Frente...
Saúde Pública e Saúde Coletiva
E para �nalizar, vamos à distinção entre Saúde Pública e Saúde Coletiva, que representa um campo complexo e crucial no panorama da saúde. A
Saúde Pública é um campo amplo que se concentra na promoção e proteção da saúde da população e tem uma abordagem abrangente,
considerando fatores sociais, econômicos e ambientais que in�uenciam a saúde, cujo foco vai desde intervenções em nível populacional até a
implementação de políticas de saúde (Paim; Filho, 2023).
Por sua vez, a Saúde Coletiva é uma disciplina dentro da Saúde Pública, que se concentra especi�camente nas condições de saúde de grupos
populacionais e suas intervenções buscam entender e modi�car os fatores sociais que in�uenciam a saúde, com foco na redução de
Disciplina
SAÚDE COLETIVA
desigualdades e melhora nas condições de vida, como a implementação de programas de promoção da saúde em comunidades (Paim; Filho,
2023).
Um exemplo concreto que ilustra a diferença nas abordagens entre Saúde Pública e Coletiva é um programa de vacinação em massa para
prevenção de doenças infecciosas. Na abordagem da Saúde Coletiva, o programa de vacinação é projetado para imunizar grandes segmentos da
população, proporcionando proteção coletiva. A ideia é criar uma imunidade de rebanho, reduzindo a disseminação de doenças infecciosas e
protegendo até mesmo aqueles que não podem ser vacinados, como pessoas com alergias especí�cas.
O objetivo principal é prevenir o surgimento de doenças infecciosas, protegendo a população em larga escala. Já a Saúde Pública entra em ação ao
organizar, implementar e monitorar o programa de vacinação em nível populacional. Isso envolve planejamento logístico, alocação de recursos,
educação pública sobre a importância da vacinação e monitoramento contínuo para garantir cobertura adequada. A Saúde Pública enfatiza a
necessidade de equidade no acesso aos serviços de saúde.
Em resumo, enquanto a Saúde Pública é um campo mais amplo, a Saúde Coletiva se destaca por sua abordagem mais especí�ca, explorando as
complexidades sociais e culturais que afetam grupos populacionais especí�cos, mas ambas desempenham papéis cruciais na promoção da saúde
em comunidades.
Vamos Exercitar?
Estudante, após o conhecimento acerca dos modelos assistenciais, vamos à contextualização de como o Modelo da História Natural da Doença,
considerando suas fases, pode ser aplicado à hipertensão, destacando a importância da prevenção primária, secundária e terciária. Na fase de
suscetibilidade, os fatores de risco para a hipertensão arterial podem incluir predisposição genética, envelhecimento, dieta rica em sódio, falta de
atividade física e os indivíduos com esses fatores estão suscetíveis a desenvolver pressão arterial elevada.
Na fase subclínica, a pressão arterial começa a aumentar, mas os sintomas podem não ser evidentes, porém as mudanças �siológicas estão
ocorrendo. A prevenção primária, nesse estágio, pode incluir medidas como adoção de uma dieta saudável, controle de peso e atividade física
regular.
Já na fase clínica, a pressão arterial atinge níveis diagnosticáveis e o paciente pode começar a experimentar sintomas como dor de cabeça, tontura
ou visão turva. A prevenção secundária é crucial nessa fase, envolvendo exames regulares de pressão arterial, diagnóstico precoce e intervenções
para controlar a hipertensão. A prevenção terciária nessa fase concentra-se na gestão das complicações, como as doenças cardiovasculares,
reabilitação e apoio contínuo para melhorar a qualidade de vida.
Ao concluir este percurso e abraçar estes conhecimentos como uma ferramenta vital em sua jornada pro�ssional, você se tornará um pro�ssional
mais capacitado a moldar intervenções e�cazes, promovendo uma melhor qualidade de vida para seus pacientes. 
Saiba mais
Para melhor compreensão sobre a História Natural das Doenças, vale a pena conferir o vídeo do Programa ENFrente Enfermagem Continuada, com
o episódio sobre História Natural das Doenças (Leavell e Clark).
O Modelo de Determinação Social de Saúde é destacado no �lme nacional Ilha das Flores, de 1989, dirigido por Jorge Furtado. O documentário
mostra a crise de civilização em que a sociedade “moderna” e globalizada está inserida. O �lme explicita o processo de geração de riqueza e as
desigualdades que surgem no caminho. Vale a pena assistir ao �lme!
E no artigo Saúde Pública ou Saúde Coletiva?, você encontrará um conteúdo bem interessante e resumido sobre o tema.
 
 
Referências
BASSINELLO, G. Saúde Coletiva. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014.
BRASIL. Decreto de 13 de março de 2006. Institui, no âmbito do Ministério da Saúde, a Comissão sobre Determinantes Sociais da Saúde – CNDSS.
Diário O�cial da União, Brasília, DF, 14 mar. 2006, p. 21. Disponível em: https://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/95933/decreto-06. Acesso
em: 22 jan. 2024.
CEBALLOS, A. G. da C. M. Conceituais de saúde, determinação social do processo saúde e doença, promoção da saúde. Recife: [S. n.], 2015.
Disponível em: https://ares.unasus.gov.br/acervo/html/ARES/3332/1/2mod_conc_saude_2016.pdf. Acesso em: 22 jan. 2024.
CRUZ, M. M. da. Concepção de saúde-doença e o cuidado em saúde. In: GONDIM, R.; GRABOIS, V.; MENDES JUNIOR, W. V. (org.). Quali�cação dos
Gestores do SUS. 2. ed. Rio de Janeiro: Fiocruz/ENSP/EAD, 2011. p. 21-33. 
https://espacoparasaude.fpp.edu.br/index.php/espacosaude/article/view/545/pdf_53
https://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/95933/decreto-06
https://ares.unasus.gov.br/acervo/html/ARES/3332/1/2mod_conc_saude_2016.pdf
Disciplina
SAÚDE COLETIVA
DEMARZO, M. M. P. Reorganização dos Sistemas de Saúde. UnA-SUS UNIFESP, 2012. Disponível em:
https://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/pab/1/unidades_conteudos/unidade02/p_03.htm. Acesso em: 22 jan. 2024.
GEROLIN F. S. F. Modelo Assistencial do Hospital Alemão Oswaldo Cruz: um estudo de caso. Tese (Doutorado). São Paulo: Escola Paulista de
Enfermagem – Universidade Federal de São Paulo, 2016.
MOREIRA, T. de C. et al. Saúde Coletiva. Porto Alegre: Sagah, 2018.
PAIM, J. S.; FILHO, N. A. Saúde coletiva: teoria e prática. 2. ed. Rio de Janeiro: MedBook, 2023.
PETTRES, A. A.; ROSS, M. A. da. A determinação social da saúde e a promoção da saúde. Arq. Catarin. Med. 2018. Disponível em:
https://docs.bvsalud.org/biblioref/2018/10/915936/375-1511-1-ce.pdf. Acesso em: 22 jan. 2024.
SOLHA, R. K. de T. Saúde coletiva para iniciantes: políticas e práticas pro�ssionais. 2. ed. São Paulo: Érika, 2014.
VERDI, M. I. M. et al. Saúde e Sociedade. Universidade Aberta do SUS. Florianópolis: UFSC, 2010. Disponível em:
https://unasus2.moodle.ufsc.br/plugin�le.php/33307/mod_resource/content/1/Unidade%201/top4_1.html. Acesso em: 22. jan. 2024.
Aula 2
Organização do Sistema Único de Saúde
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Dica para você
Aproveite o acesso para baixar os slides do vídeo,em Saúde ao longo dos séculos, demonstrando a importância da prevenção, do controle e da resposta rápida diante de surtos e
epidemias. Durante o século XX, com o avanço da Medicina Preventiva e da Saúde Pública, a Vigilância em Saúde expandiu-se para incluir outras
áreas e atualmente é uma prática contemporânea com métodos e conceitos especí�cos, com o objetivo de monitorar, prevenir e controlar doenças
e agravos à saúde em uma população (Martins et al., 2018).
No Brasil, a história da Vigilância em Saúde remonta ao período colonial, quando medidas sanitárias foram implementadas para conter epidemias
de doenças como varíola e febre amarela. No entanto, foi a partir do século XIX que o cenário se transformou signi�cativamente com a criação do
Instituto Oswaldo Cruz, em 1900. Esse instituto desempenhou papel fundamental no controle de epidemias, como febre amarela, varíola e peste
bubônica, e no avanço da Saúde Pública. Suas atividades incluíam pesquisa, desenvolvimento de vacinas e ações de controle epidemiológico, além
de contribuir para a formação de pro�ssionais de saúde e a produção de conhecimento cientí�co na área.
Durante o século XX, especialmente após a criação do Ministério da Saúde em 1953, a Vigilância em Saúde foi ganhando mais estrutura e
abrangência. Foram criadas instituições como a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e o Instituto Nacional de Saúde (INS), que contribuíram para
o desenvolvimento de políticas de controle de endemias e epidemias, bem como para a ampliação da cobertura vacinal e a melhoria das condições
sanitárias no país. Na década de 1970, com a criação do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE), a Vigilância em Saúde passou a
ser organizada de forma mais sistematizada, com a padronização da coleta e análise de dados epidemiológicos em todo o território nacional. A
partir da década de 1990, com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), a Vigilância em Saúde foi integrada às demais políticas de saúde do
país, passando a ser uma das prioridades do governo na promoção da saúde e prevenção de doenças (Martins et al., 2018).
O objetivo principal da Vigilância em Saúde é monitorar, controlar e prevenir doenças, agravos à saúde e outros problemas que afetam a população.
Isso é feito através da coleta, análise e interpretação de dados epidemiológicos, sanitários, ambientais e de saúde do trabalhador, visando
identi�car precocemente eventos de interesse em Saúde Pública, investigar surtos e epidemias, avaliar a e�cácia das medidas de controle e
prevenção, além de orientar a formulação e implementação de políticas e ações de saúde direcionadas para as necessidades da população.
Outro aspecto fundamental é o cuidado integral com a saúde das pessoas por meio da promoção da saúde. Essa política objetiva promover a
qualidade de vida, empoderando a população para reduzir a vulnerabilidade e os riscos à saúde relacionados aos seus determinantes e
condicionantes – modos de viver, condições de trabalho, habitação, ambiente, educação, lazer, cultura e acesso a bens e serviços essenciais
(Brasil, 2010).
Siga em Frente...
As áreas de abrangência da Vigilância em Saúde incluem a Vigilância Epidemiológica, Vigilância Sanitária, Vigilância Ambiental, Vigilância na Saúde
do Trabalhador e Vigilância da Situação em Saúde. Essas rami�cações trabalham de forma integrada para promover a saúde e proteger a
população contra doenças e riscos à saúde.
Nos seus primórdios, a Vigilância Epidemiológica focava em medidas individuais de reclusão/isolamento diante de casos con�rmados de Doenças
Transmissíveis, como evidenciado em surtos de cólera na Europa. Em 1946, devido à preocupação com o risco de guerra biológica e as condições
em campos de batalha, o Serviço de Saúde Pública dos Estados Unidos estabeleceu um órgão que seria o primórdio do Centro de Controle e
Prevenção de Doenças (CDC), pioneiro na criação de bases técnicas e cientí�cas para o controle e a erradicação de doenças e epidemias (Villela;
Oliveira, 2018).
No Brasil, a Vigilância Epidemiológica se consolidou a partir da década de 1960, com a campanha de erradicação da varíola, que envolveu busca
ativa de casos para con�rmação, tratamento e controle da transmissão. No entanto, somente em 1975/76 foi instituído e regulamentado o Sistema
Nacional de Vigilância Epidemiológica. Em 1990, a instituição do Sistema Único de Saúde (SUS) pela Lei nº 8.080 de�niu a Vigilância
Epidemiológica como um processo sistemático e contínuo envolvendo a coleta, análise, interpretação e disseminação de informações. Seu
propósito é recomendar e implementar medidas de prevenção e controle de problemas de saúde. Essa prática engloba um conjunto hierárquico de
Disciplina
SAÚDE COLETIVA
atividades, desde o nível local até o internacional. Inicialmente voltada para doenças infecciosas, a Vigilância Epidemiológica expandiu-se para
abranger questões como doenças crônico-degenerativas, acidentes, violências, fatores de risco e ambientais (Villela; Oliveira, 2018).
O Quadro 1 destaca os principais objetivos da Vigilância Epidemiológica (Martins et al., 2018; Pinto 2016).
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
Identi�car e descrever o comportamento epidemiológico de doenças
(monitorar tendências, identi�car grupos e fatores de risco)
Recomendar a adoção oportuna de medidas para prevenir ou controlar
agravos à saúde
 
Avaliar o impacto de medidas de
prevenção
 
Avaliar o impacto de medidas de
prevenção
Detectar epidemias e descrever
seu processo de disseminação
 
Avaliar a adequação das
estratégias utilizadas para
aplicação de medidas de
prevenção e controle
Quadro 1 | Objetivos da Vigilância Epidemiológica. Fonte: adaptado de Martins et al. (2018, p. 271).
A Vigilância Epidemiológica, esse importante instrumento da Saúde Pública, desempenha um papel importante na detecção e controle de eventos
adversos à saúde. Essa prática promove o acompanhamento sistemático das doenças na comunidade, envolvendo a criação de bancos de dados
por meio da coleta, avaliação progressiva e atualização constante desses dados, bem como a disseminação das informações necessárias para
aplicação de medidas de controle e prevenção de doenças.
O processo de atuação da Vigilância Epidemiológica é dinâmico, exigindo uma observação contínua da distribuição e tendências da incidência de
doenças em regiões especí�cas, levando em consideração todas as condições e determinantes sociais de saúde aplicáveis à região em análise
(Villela; Oliveira, 2018; Martins et al., 2018).
Quanto à coleta de dados, a Vigilância Epidemiológica pode utilizar dois métodos: ativo e passivo. O método passivo, mais simples e barato,
baseia-se na noti�cação espontânea de casos, sendo frequentemente utilizado em eventos adversos à saúde. Por outro lado, o método ativo, mais
dispendioso, envolve uma coleta sistemática de dados por meio de sistemas de noti�cação de doenças, redes de laboratórios articulados, registros
hospitalares, análise de certi�cados de óbito, informações de "Médicos Sentinelas" e vigilância baseada em Unidades de Atenção Primária à Saúde
(UBS).
A obtenção desse conjunto de dados permite a investigação de casos e surtos de doenças no âmbito da Saúde Pública. Embora a noti�cação
compulsória de doenças e agravos à saúde seja a base do sistema de vigilância, é necessário recorrer a fontes de dados adicionais para obter
informações demográ�cas, ambientais, socioeconômicas e de morbimortalidade. A noti�cação é a comunicação da ocorrência de determinada
doença, agravo à saúde ou surto, realizada por pro�ssionais de saúde às autoridades sanitárias, sendo essencial para a adoção de medidas de
intervenções adequadas a cada caso.
Existe uma lista de doenças de noti�cação compulsória que é atualizada de acordo com as mudanças na situação epidemiológica. O processo de
noti�cação envolve aspectos simples que devem ser considerados, como a noti�cação da simples suspeita de doença, a preservação do sigilo da
informação, garantindo que a divulgação seja feita apenas ao órgão responsável para evitar aexposição dos indivíduos envolvidos, e o envio de
noti�cações negativas, indicando a ausência de registro de casos.
No que concerne ao processamento, análise e interpretação dos dados, esse conjunto de atividades é fundamental para que o sistema possa gerar
as informações necessárias para desencadear ações efetivas de controle. Inicialmente, os dados passam por uma avaliação crítica, na qual são
analisados critérios relacionados à qualidade do preenchimento dos instrumentos e à busca de informações (Villela; Oliveira, 2018; Martins et al.,
2018).
Por sua vez, as ações da Vigilância Sanitária no Brasil remontam a 1808, quando a Corte Portuguesa iniciou o controle sanitário de produtos
comercializados e consumidos, combatendo epidemias, resolvendo questões de saneamento e �scalizando a área da saúde. Em 1832, foram
instituídas normas para o exercício da medicina, farmácia, controle de medicamentos e alimentos. A regulamentação do serviço de polícia sanitária
ocorreu em 1889 para prevenir epidemias. No entanto, somente em 1970 a Vigilância Sanitária se destacou no setor de saúde, com a mudança da
terminologia de “�scalização” para “vigilância”.
Atualmente, está incorporada à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), fundada em 1999, que redirecionou as atividades antes
realizadas pelo Estado, assumindo a responsabilidade pela proteção da saúde da população através do controle sanitário da produção e
comercialização de produtos e serviços que inclui ambientes, processos, insumos e tecnologias relacionadas, além do controle em portos,
aeroportos e fronteiras (Martins et al., 2018).
Durante muitos anos, a atuação da Vigilância Sanitária esteve centrada em ações normativas, com seu escopo direcionado aos ambientes que
interferem, direta ou indiretamente, no processo saúde-doença. Originadas da necessidade de proteger a população contra a propagação de
Doenças Transmissíveis nos centros urbanos, as atividades da Vigilância Sanitária não se limitam apenas a normas, mas também incluem ações
voltadas para o fortalecimento da sociedade e da cidadania, visando à promoção da saúde e à prevenção de danos e agravos.
Assim, a Vigilância Sanitária con�gura-se como um conjunto de estratégias institucionais, administrativas, programáticas e sociais, integradas e
alinhadas às políticas públicas, cujo propósito é eliminar, reduzir ou prevenir riscos à saúde, intervindo nos problemas identi�cados relacionados ao
meio ambiente, à produção e à circulação de produtos e serviços de interesse para a saúde.
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SAÚDE COLETIVA
Embora a principal função da Vigilância Sanitária seja garantir a segurança e qualidade de produtos, serviços e ambientes que possam afetar a
Saúde Pública, suas atividades também podem contribuir para a redução de riscos ao meio ambiente e isso ocorre porque muitos dos produtos e
processos regulamentados pela Vigilância Sanitária podem ter impactos diretos ou indiretos no meio ambiente. Por exemplo, a regulamentação de
substâncias químicas em produtos de consumo, como cosméticos e produtos de limpeza, não apenas protege os consumidores, mas também
reduz a liberação dessas substâncias no meio ambiente, evitando a contaminação de solos e recursos hídricos.
Da mesma forma, a �scalização de atividades industriais e agropecuárias pode contribuir para a prevenção da poluição do ar, água e solo, bem
como para a redução do uso de produtos químicos nocivos. Além disso, a Vigilância Sanitária pode promover práticas sustentáveis e
ambientalmente responsáveis, incentivando a adoção de tecnologias limpas, o uso e�ciente de recursos naturais e a redução da geração de
resíduos. Portanto, embora o foco principal da Vigilância Sanitária seja a proteção da saúde humana, suas atividades podem ter impactos positivos
adicionais na preservação e proteção do meio ambiente (Martins et al., 2018).
A atuação da Vigilância Sanitária pode ocorrer em locais que produzem, comercializam, armazenam e distribuem produtos, tais como: produtos
alimentícios – em bares, restaurantes, mercados, frutarias, açougues, peixarias, frigorí�cos; que produzem medicamentos, produtos de higiene e
limpeza – drogarias, perfumarias, farmácias, empresas que embalam e transportam esses produtos; que prestam serviços de saúde – hospitais,
clínicas, laboratórios, casas de repouso, consultórios; no meio ambiente – controlando a qualidade da água, do ar e do solo, o saneamento básico,
as calamidades públicas, o transporte de produtos perigosos e monitora os ambientes que causam danos à saúde, entre outros; nos ambientes de
trabalho – indústrias, comércio, escritórios, empresas de transporte, entre outros; na pós-venda – investigando situações que envolvem reações
adversas a medicamentos, intoxicação por produtos químicos, entre outros; em locais públicos – como shoppings, cinemas, clubes, postos de
gasolina, salões de beleza, portos, aeroportos, áreas de fronteira, entre outros (Martins et al., 2018; Pinto, 2016).
No contexto das políticas de saúde no Brasil, a Vigilância Ambiental emerge como uma área de atuação recente, integrada ao escopo do Sistema
Único de Saúde (SUS) e alinhada aos seus princípios e diretrizes. O interesse em abordar os fatores de risco ambientais surgiu na década de 1990,
ganhando destaque em 1998 com a criação da Política Nacional de Saúde Ambiental, que estabeleceu a conexão entre saúde e ambiente.
Em 2000, o Ministério da Saúde estabeleceu o Sistema Nacional de Vigilância Ambiental em Saúde (Sinvas). Reconhecida como essencial devido à
interação entre ambiente e saúde, a Vigilância Ambiental em Saúde enfoca a prevenção ou redução da exposição humana a fatores ambientais
prejudiciais. Suas intervenções abrangem tanto fatores biológicos, como vetores de doenças, quanto fatores não biológicos, incluindo água, ar,
solo, contaminantes ambientais e desastres naturais, que podem causar doenças e agravos à saúde humana.
Dessa forma, a Vigilância em Saúde Ambiental objetiva compreender, detectar ou prevenir variações nos fatores determinantes e condicionantes do
ambiente que possam impactar na saúde humana. Propõe e implementa medidas preventivas e de controle dos fatores de risco associados a
doenças e outros agravos à saúde, com ênfase no monitoramento da qualidade da água para consumo humano, do ar e do solo. Também atua no
controle de desastres naturais, substâncias químicas, acidentes com produtos perigosos, fatores físicos e ambientes de trabalho que possam
causar degradação ambiental (Martins et al., 2018).
O histórico da Vigilância da Situação em Saúde do Trabalhador remonta ao século XIX, quando surgiram as primeiras preocupações relacionadas à
saúde e segurança ocupacional. Durante a Revolução Industrial, o rápido crescimento das indústrias trouxe consigo condições de trabalho
precárias, jornadas extenuantes e falta de proteção para os trabalhadores. No entanto, foi somente no século XX que os movimentos sindicais e os
avanços cientí�cos começaram a in�uenciar políticas de saúde ocupacional.
Na década de 1910, ocorreram os primeiros esforços para registrar e investigar acidentes de trabalho nos Estados Unidos e na Europa. Ao longo do
século XX, a conscientização sobre os riscos ocupacionais cresceu, levando à criação de legislações e regulamentações destinadas a proteger os
trabalhadores. No Brasil, o marco inicial foi a criação da Lei de Acidentes do Trabalho em 1919, entretanto, foi apenas com a criação do Ministério
do Trabalho, em 1930, que as políticas de saúde do trabalhador começaram a ser mais formalmente estruturadas. Nas décadas seguintes, houve
uma maior atenção à saúde ocupacional, com a criação de serviços especializados em medicina do trabalho e a implementação de programas de
prevenção de acidentes e doenças ocupacionais.
A partir da década de 1970, a saúde do trabalhador passou a ser considerada como parte integrante da Saúde Pública, com a criação de políticas
especí�cas e a implementação de programas de Vigilância da Saúde do Trabalhador. Atualmente, abrange uma variedade de áreas,incluindo
monitoramento de acidentes e doenças ocupacionais, avaliação de riscos ambientais no local de trabalho, promoção de ambientes de trabalho
seguros e saudáveis e proteção dos direitos trabalhistas. Essa vigilância desempenha um papel essencial na promoção da saúde e bem-estar dos
trabalhadores, garantindo condições de trabalho dignas e seguras (Martins et al., 2018).
Ao longo da história, houve uma preocupação constante em entender e monitorar a saúde da população. No entanto, a Vigilância da Situação de
Saúde começou a se desenvolver mais formalmente no século XX, à medida que os governos e as organizações de saúde reconheceram a
importância de coletar e analisar dados abrangentes sobre a saúde da população. Isso incluiu não apenas a vigilância de doenças especí�cas, mas
também a análise de indicadores de saúde mais amplos, como mortalidade, morbidade, fatores de risco e determinantes sociais da saúde através
de ações de monitoramento contínuo da saúde em todo o território nacional, abrangendo regiões e municípios.
Por meio de estudos e análises, essas ações evidenciam os principais indicadores de saúde, oferecendo informações importantes e enfatizando
questões relevantes para um planejamento de saúde abrangente. Parte superior do formulárioA análise da situação de saúde permite a
identi�cação, descrição, priorização e explicação dos problemas de saúde da população, por intermédio da caracterização da população que inclui
variáveis demográ�cas (número de habitantes com distribuição por sexo, idade, local de residência, �uxos de migração, etc.); variáveis
socioeconômicas (renda, inserção no mercado de trabalho, ocupação, condições de vida, etc.) e variáveis culturais (grau de instrução, hábitos,
comportamentos, etc.); caracterização das condições de vida, que inclui o abastecimento de água, coleta de lixo e dejetos, esgotamento sanitário,
condições de habitação, acesso a transporte, segurança e lazer; características dos sujeitos, considerando o nível educacional, inserção no
mercado de trabalho, tipo de ocupação, nível de renda, formas de organização social, religiosa e política; e caracterização do per�l epidemiológico,
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SAÚDE COLETIVA
que inclui indicadores de morbidade e de mortalidade. Recomenda-se o uso de sistemas de informação, indicadores de saúde e diversas fontes de
dados para uma análise precisa, considerando valores e culturas locais (Brasil, 2006).
A Vigilância em Saúde e a Vigilância da Situação de Saúde são conceitos relacionados, mas têm focos ligeiramente diferentes. Enquanto a
Vigilância em Saúde é um processo contínuo de coleta, análise e interpretação de dados relacionados à saúde, com o objetivo de detectar e
prevenir eventos de interesse para a Saúde Pública, como doenças transmissíveis, surtos epidêmicos, eventos ambientais adversos e outros
problemas de saúde, envolvendo a monitorização de indicadores de saúde, investigação de casos e surtos, noti�cação compulsória de doenças,
implementação de medidas de controle e avaliação da e�cácia das intervenções, a Vigilância da Situação de Saúde refere-se à análise sistemática
das condições de saúde de uma população em um determinado momento e contexto. Isso envolve a avaliação de vários aspectos da saúde, como
morbidade, mortalidade, fatores de risco, determinantes sociais da saúde e acesso aos serviços de saúde.
A Vigilância da Situação de Saúde visa fornecer uma imagem abrangente e atualizada da saúde da população, ajudando na identi�cação de áreas
prioritárias de intervenção e no planejamento de políticas de saúde. Em resumo, enquanto a Vigilância em Saúde está mais focada na detecção e
controle de eventos de saúde especí�cos, a Vigilância da Situação de Saúde visa fornecer uma visão mais ampla e abrangente do estado de saúde
de uma população em um determinado momento. Ambos os conceitos são complementares e essenciais para a gestão e�caz da saúde pública
(Martins et al., 2018).
Vamos Exercitar?
Na situação �ctícia abordada, os alunos da comunidade escolar preocupados com a epidemia de dengue solicitaram aos professores
conhecimento sobre a doença e como preveni-la. Os professores então introduziram o tema da dengue e explicaram os conceitos de Vigilância
Sanitária e Epidemiológica, destacando a importância dessas práticas para monitorar a propagação da doença, identi�car áreas de maior risco e
implementar medidas preventivas. Além disso, com a ajuda dos pro�ssionais de saúde pública que colaboram com a escola, forneceram
informações atualizadas sobre a situação da epidemia de dengue e orientações para prevenção.
Dentro dessa perspectiva, como a integração dos conceitos de Vigilância Sanitária e Epidemiológica pode contribuir para o combate à epidemia de
dengue em uma comunidade escolar? Como os alunos da escola podem contribuir efetivamente no combate à epidemia na comunidade?
A integração dos conceitos de Vigilância Sanitária e Epidemiológica pode contribuir signi�cativamente para o combate à epidemia de dengue em
uma comunidade escolar de diversas maneiras:
Monitoramento de casos: a Vigilância Epidemiológica monitora os casos de dengue, registrando o número de casos con�rmados, suspeitos e
graves em uma determinada área. Isso permite identi�car áreas de surto e direcionar medidas de controle.
Investigação de surto: quando há um aumento incomum nos casos de dengue em uma área especí�ca, a Vigilância Epidemiológica realiza
investigações para determinar a origem e a extensão do surto. Isso envolve a identi�cação de locais de transmissão, como depósitos de água
parada, e a implementação de medidas de controle, como a eliminação de criadouros de mosquitos.
Noti�cação compulsória: a dengue é uma doença de noti�cação compulsória, o que signi�ca que pro�ssionais de saúde e laboratórios são
obrigados por lei a noti�car os casos suspeitos e con�rmados às autoridades de saúde. Isso permite que as autoridades monitorem a
propagação da doença e implementem medidas de controle adequadas.
Vigilância Entomológica: além da vigilância de casos humanos, também é realizada a Vigilância Entomológica, que envolve a monitorização
da presença e da densidade do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue. Isso ajuda a avaliar o risco de transmissão da doença em
uma determinada área e a direcionar intervenções de controle.
Educação e comunicação: a Vigilância Epidemiológica também desempenha um papel na educação da comunidade sobre medidas de
prevenção da dengue, como eliminação de criadouros, uso de repelentes e proteção contra picadas de mosquito.
Controle de produtos relacionados à saúde: a Vigilância Sanitária regula e inspeciona produtos relacionados à saúde, como repelentes,
inseticidas e medicamentos antipiréticos, para garantir que estejam de acordo com as normas de segurança e e�cácia. Isso inclui a avaliação
da e�cácia dos produtos na prevenção de picadas de mosquito, bem como a prevenção de falsi�cações e produtos de qualidade duvidosa.
Inspeção de estabelecimentos de saúde: a Vigilância Sanitária realiza inspeções regulares em estabelecimentos de saúde, como hospitais,
clínicas e Unidades Básicas de Saúde, para garantir que adotem medidas adequadas de controle de infecção e prevenção da proliferação do
mosquito Aedes aegypti, vetor da dengue. Isso inclui a veri�cação da limpeza, desinfecção e manejo de resíduos sólidos e líquidos.
Educação e orientação: a Vigilância Sanitária também desempenha um papel na educação e orientação da população sobre medidas de
prevenção da dengue, especialmente no que diz respeito ao uso seguro e e�caz de produtos relacionados à saúde, como repelentes e
inseticidas. Isso inclui a disseminação de informações sobre o uso correto dos produtos, precauções de segurança e descarte adequado de
embalagens.
Monitoramento de surto e resposta: em casos de surto de dengue, a Vigilância Sanitária colabora com as autoridades de saúde pública na
implementação de medidas de controle, como a distribuição de inseticidas e a intensi�cação das atividades de controle de vetores. Além
disso, monitoraa qualidade da água e realiza inspeções em áreas de risco para identi�car e eliminar possíveis criadouros do mosquito
transmissor.
No que se refere às ações dos alunos, eles podem contribuir de várias maneiras no combate à epidemia na comunidade:
Participando de campanhas de limpeza e eliminação de criadouros do mosquito Aedes aegypti em suas próprias casas e nas áreas ao redor
da escola.
Organizando atividades de conscientização e educação em saúde sobre a prevenção da dengue, como palestras, workshops e distribuição de
materiais informativos.
Colaborando com as autoridades de saúde locais na coleta e análise de dados sobre casos de dengue na comunidade, contribuindo assim
para o monitoramento da situação epidemiológica.
Disciplina
SAÚDE COLETIVA
Engajando-se em ações de vigilância entomológica, como identi�cação de criadouros do mosquito e monitoramento da densidade
populacional do Aedes aegypti.
Mobilizando a comunidade escolar e outros grupos de jovens para participar de iniciativas de controle da dengue, como mutirões de limpeza
e plantio de espécies repelentes de mosquitos.
Defendendo a implementação de políticas públicas que incentivem medidas de controle da dengue e que também visem aprimorar as
condições socioambientais que propiciam a proliferação do mosquito transmissor.
Essas são apenas algumas maneiras pelas quais os alunos podem contribuir ativamente no combate à epidemia de dengue em sua comunidade,
demonstrando assim seu papel imprescindível como agentes de mudança e promotores da saúde pública.
Saiba mais
Veja o que as autoridades falam sobre a epidemia de dengue no Brasil em 2024, lendo 2024 pode se tornar o ano com maior número de casos de
dengue.
Para aprofundar seu conhecimento sobre Vigilância em Saúde, acesse a Política Nacional de Vigilância em Saúde.
Vamos conhecer mais um pouco sobre a Vigilância em Saúde do Trabalhador acessando “Acidente de dupla espécie”: uma terceira espécie de
acidente do trabalho e sua importância para a vigilância em saúde do trabalhador.
 
 
Referências
ALMEIDA FILHO, N. de. Epidemiologia & saúde: fundamentos, métodos, aplicações. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.
BONITA, R.; BEAGLEHOLE, R.; KJELLSTRÖM, T. Epidemiologia básica. São Paulo: Santos, 2010.
BRASIL. Ministério da Saúde. Vigilância em Saúde: dengue, esquistossomose, hanseníase, malária, tracoma e tuberculose. Brasília: Ministério da
Saúde, 2008. (Cadernos de Atenção Básica, n. 21) (Série A. Normas e Manuais Técnicos). Disponível em: http://tinyurl.com/55sd6ry3. Acesso em: 8
fev. 2024.
BRASIL. Ministério da Saúde. Diretrizes Nacionais da Vigilância em Saúde. Secretaria de Vigilância à Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Brasília:
Ministério da Saúde, 2010. Disponível em: http://tinyurl.com/4rrmkyb6. Acesso em: 8 fev. 2024.
MARTINS, A. de A. B. et al. Epidemiologia. Porto Alegre: Sagah, 2018.
PINTO, S. N. Saúde coletiva. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2016.
ROUQUAYROL, M. Z.; SILVA, M. G. C. da. Epidemiologia & saúde. 7. ed. Rio de Janeiro: Medbook, 2013. p. 709.
VILLELA, E. F. de M.; OLIVEIRA, F. M. de. Epidemiologia sem mistérios: tudo aquilo que você precisa saber! Jundiaí: Paco Editorial, 2018. 
Aula 4
Informação em Saúde
Informação em saúde
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Dica para você
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https://revistapesquisa.fapesp.br/2024-pode-se-tornar-o-ano-com-maior-numero-de-casos-de-dengue/#:~:text=Talvez%202024%20se%20torne%20o,est%C3%A1%20menos%20letal%20este%20ano%3F
https://revistapesquisa.fapesp.br/2024-pode-se-tornar-o-ano-com-maior-numero-de-casos-de-dengue/#:~:text=Talvez%202024%20se%20torne%20o,est%C3%A1%20menos%20letal%20este%20ano%3F
https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/svsa/politica-nacional-de-vigilancia-em-saude#:~:text=Entende%2Dse%20por%20Vigil%C3%A2ncia%20em,e%20atua%C3%A7%C3%A3o%20em%20condicionantes%20e
https://cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/acidente-de-dupla-especie-uma-terceira-especie-de-acidente-do-trabalho-e-sua-importancia-para-a-vigilancia-em-saude-do-trabalhador/14952?id=14952&id=14952
https://cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/acidente-de-dupla-especie-uma-terceira-especie-de-acidente-do-trabalho-e-sua-importancia-para-a-vigilancia-em-saude-do-trabalhador/14952?id=14952&id=14952
http://tinyurl.com/55sd6ry3
http://tinyurl.com/4rrmkyb6
Disciplina
SAÚDE COLETIVA
Olá, estudante! Nesta videoaula, abordaremos a de�nição e contextualização dos Sistemas de Informação em Saúde (SIS), destacando a
importância desses indicadores para a gestão em saúde. Compreenderemos ferramentas como DATASUS, e-SUS e Prontuário Eletrônico, além de
analisar subsistemas de informação especí�cos de diferentes níveis de assistência em saúde, como SIAB, SIH, SIA, e os sistemas nacionais do
SUS: SINAN, SIM, SINASC e SISVAN. Esses recursos são fundamentais para o monitoramento e aprimoramento dos serviços de saúde.
Bons estudos!
Ponto de Partida
Estudar os Sistemas de Informação em Saúde (SIS) no contexto da Epidemiologia é fundamental para entender e responder aos desa�os de Saúde
Pública. Nesse sentido, são ferramentas indispensáveis para os pro�ssionais da saúde, auxiliando-os na tomada de decisões, identi�cação de
prioridades, monitoramento de doenças, avaliação de intervenções e planejamento de serviços de saúde, com o objetivo �nal de melhorar a saúde e
o bem-estar das comunidades atendidas.
Antes de começarmos o estudo, vamos a uma situação hipotética: um grupo de alunos realizou estágio no serviço de Vigilância Epidemiológica de
um município e apresentaram dúvidas em relação ao SIS, seus subsistemas e a forma como os dados são utilizados e integrados pela Vigilância
em Saúde. Giovana e Dante, durante o estágio, inicialmente tiveram questionamentos, buscando compreender como os dados eram coletados e
integrados para monitoramento, planejamento e assistência em saúde no município. Assim, iremos re�etir sobre a pergunta deles: como ocorre a
coleta e integração dos dados utilizados no planejamento e assistência em saúde?
Para responder a essa questão, vamos aprofundar nosso estudo sobre o Sistema de Informação em Saúde, explorando os subsistemas SIM,
SINASC, SISPRENATAL, SISVAN, SISAB, SIH e SIA para entender como os dados são coletados e empregados.
Bons estudos!
Vamos Começar!
A Vigilância em Saúde coleta uma ampla gama de dados relacionados à saúde da população, que podem incluir informações sobre incidência de
doenças, mortalidade, comportamentos de saúde, condições ambientais, entre outros. Esses dados são então encaminhados e armazenados em
Sistemas de Informação em Saúde (SIS), que são estruturas tecnológicas projetadas para organizar, armazenar e analisar grandes volumes de
dados de saúde de forma e�ciente e segura, permitindo que pro�ssionais da saúde, gestores e pesquisadores tenham acesso a informações
essenciais para monitorar a saúde da população, identi�car tendências epidemiológicas, planejar intervenções e avaliar o impacto das políticas de
saúde.
Portanto, os SIS representam uma infraestrutura tecnológica indispensável para apoiar as atividades de vigilância e gestão da saúde, promovendo
uma abordagem mais e�caz e integrada no combate aos desa�os em Saúde Pública (Villela; Oliveira, 2018; Martins et al., 2018; Rodrigues et al.,
2018).
Esses sistemas constituem um conjunto de ferramentas organizadas destinadas à coleta, processamento, análise e transmissão de dados, com o
propósito de contribuir para o planejamento e organização, viabilizando a análise da situação de saúde local. E por estarem integrados ao Sistema
Único de Saúde (SUS), seguem seus princípios organizacionais e doutrinários, como a regionalização, descentralização e gestão participativa.
Dado o caráter descentralizado do sistema de saúde brasileiro,é fundamental manter a padronização na coleta e no processamento de
informações e para garantir essa uniformidade, são empregados protocolos e sistemas especí�cos de coleta de dados (Villela; Oliveira, 2018;
Martins et al., 2018; Rodrigues et al., 2018). Nesse contexto, destacam-se os subsistemas nacionais de informação em saúde, incluindo:
Sistema de Informação de Agravos de Noti�cação (SINAN): foi desenvolvido no início da década de 1990, com o propósito de coletar e
processar dados sobre doenças e agravos incluídos na lista nacional de doenças de noti�cação compulsória, embora estados e municípios
tenham a opção de incluir outros problemas de saúde relevantes para suas regiões. Ele proporciona informações essenciais para a análise do
per�l da morbidade, facilitando a tomada de decisões nos âmbitos municipal, estadual e federal.
Os dados são inseridos no SINAN por meio de formulários padronizados, sendo o principal deles a Ficha Individual de Noti�cação (FIN), que
inclui dados socioeconômicos, local de residência e detalhes sobre o agravo noti�cado, sendo preenchida para cada indivíduo
obrigatoriamente sempre que houver suspeita da ocorrência de um problema de saúde de noti�cação compulsória, conforme estabelecido na
Portaria nº 1.943, de 18 de outubro de 2001, ou de interesse nacional, estadual ou municipal.
Essas �chas são encaminhadas pelas unidades assistenciais aos serviços responsáveis pela informação e Vigilância Epidemiológica. Os
serviços noti�cantes encaminham semanalmente as �chas de noti�cação ou, se informatizados, os arquivos de dados são eletronicamente
encaminhados para as Secretarias Municipais de Saúde. Estas, por sua vez, remetem os arquivos à regional de saúde ou à Secretaria de
Estado da Saúde (SES), que semanalmente envia eletronicamente os dados ao Ministério da Saúde.
Atualmente, o SINAN NET permite aos municípios conectados à internet transmitirem diariamente os dados das �chas de noti�cação às
instâncias superiores, possibilitando a pronta disponibilização dessas informações, favorecendo a rápida implementação de medidas.
Quando o SINAN é utilizado em todo o território nacional de maneira e�caz, torna-se possível dispor de todos os dados necessários para o
cálculo de indicadores epidemiológicos essenciais, como taxas de incidência, letalidade, mortalidade e coe�ciente de prevalência,
proporcionando uma visão abrangente e detalhada da situação de saúde da população (Brasil, 2023; Pinto, 2016; Brasil, 2002).
Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM): desenvolvido na década de 1970, o SIM é considerado o sistema de informação mais
antigo do Ministério da Saúde e reconhecido como imprescindível para apoio à gestão do SUS. Possibilita a obtenção do total de mortes
ocorridas no Brasil, bem como suas principais características e causas, permitindo, assim, conhecimento do per�l da mortalidade no país.
Seu instrumento padronizado é a Declaração de Óbito (DO), preenchida exclusivamente e assinada por um médico que noti�ca os
Disciplina
SAÚDE COLETIVA
falecimentos por município, exceto em locais onde não haja esses pro�ssionais, situações em que pode ser preenchida por o�ciais de
Cartórios de Registro Civil e assinada por duas testemunhas. A obrigatoriedade de preenchimento desse instrumento para todo óbito ocorrido
é determinada pela Lei federal nº 6.015/1973. O registro do óbito deve ser feito no local de ocorrência do evento. Embora o local de residência
seja a informação mais utilizada na maioria das análises do setor saúde, a ocorrência também é importante no planejamento de algumas
medidas de controle, como no caso dos acidentes de trânsito e doenças infecciosas, que exigem adoção de medidas de controle no local de
ocorrência.
A noti�cação de óbitos em uma determinada região constitui importante instrumento de estratégia epidemiológica, pois auxilia na construção
de indicadores importantes que delineiam o per�l de saúde de uma região. A partir das informações contidas nesse sistema, é possível obter
a mortalidade proporcional por causas, faixa etária, sexo, local de ocorrência e residência, além da letalidade de agravos conhecidos e várias
outras taxas de mortalidade, como a infantil e materna, ou por qualquer outra variável presente na Declaração de Óbito (DO), já que são
disponibilizadas diversas formas de cruzamento de dados. As informações obtidas possibilitam também o delineamento do per�l de
morbidade de uma área, abrangendo tanto as doenças mais letais quanto as doenças crônicas não sujeitas à noti�cação compulsória (Brasil,
2023; Villela; Oliveira, 2018; Pinto, 2016; Brasil, 2002).
Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC): implantado em 1990, é considerado a principal ferramenta para o registro dos
dados sobre nascidos vivos ocorridos no Brasil. O documento-base, de uso obrigatório em todo o país, é a Declaração de Nascido Vivo (DN),
cuja obrigatoriedade do registro é estabelecida pela Lei n° 6.015/1973 e pode ser atividade de qualquer pro�ssional de saúde capacitado para
esse �m, seja em maternidades, hospitais, serviços de emergência e urgência, ou em partos domiciliares. Anualmente, são registrados cerca
de 3 milhões de nascidos vivos no SINASC e, para cada um, são obtidas informações sobre o recém-nascido, a gestação e o parto, a
parturiente e os serviços de saúde, permitindo a construção de diversos indicadores para avaliar os riscos à saúde do segmento materno-
infantil (Brasil, 2023; Brasil, 2002).
Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS): é o maior sistema de informação nacional, registrando cerca de
11,5 milhões de internações/ano. Embora o sistema SIH não tenha sido originalmente concebido para objetivos epidemiológicos, mas sim
para o controle de pagamento de serviços prestados, ele realiza o processamento dos dados presentes na Autorização de Internação
Hospitalar (AIH), instrumento principal de coleta de dado, constituindo uma fonte substancial de dados sobre as enfermidades que exigem
internação, desempenhando um papel imprescindível na compreensão da situação de saúde e na gestão de serviços hospitalares. Esse
documento inclui informações sobre atendimento, diagnóstico de internamento e alta (codi�cado de acordo com a Classi�cação
Internacional de Doenças - CID), características da pessoa atendida (idade e sexo), origem do indivíduo, procedimentos realizados, duração e
local da hospitalização, valores pagos, dados cadastrais das unidades de saúde, entre outros (Pinto, 2016; Brasil, 2002).
Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS): foi o�cialmente implementado em todo o território nacional em 1991 com o
objetivo de organizar o pagamento dos serviços ambulatoriais, tanto públicos quanto conveniados. Contudo, por não incluir o diagnóstico
(CID), seus dados não possibilitam o uso como fonte de informação epidemiológica, no entanto, seus dados podem ser úteis para analisar
outros indicadores operacionais, como o número de consultas médicas por habitante ao ano, o número de consultas por consultório médico e
o número de exames ou terapias realizados em relação ao número de consultas médicas (Pinto, 2016; Brasil, 2002).
Sistema de Informações de Vigilância Alimentar (SISVAN): disponibiliza dados sobre o diagnóstico nutricional e o consumo alimentar de
gestantes, crianças, adultos e idosos, abrangendo a população assistida pelos serviços de saúde da Atenção Básica. Essas informações são
registradas pelos pro�ssionais das equipes de Saúde da Família e do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (Pinto, 2016).
Sistema de Informação de Atenção Básica (SIAB): trata-se de um sistema de informação territorializado que coleta dados para a construção
de indicadores populacionais em áreas especí�cas cobertas pelo Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e pela Estratégia
Saúde da Família (ESF). Esse sistema possibilita a obtenção de informações relacionadas ao cadastramento familiar, que inclui indicadores
socioeconômicos e de saneamento básico dos domicílios; acompanhamento de grupos de risco,que abrange crianças menores de 2 anos,
gestantes, altas taxas de prevalência de doenças como diabetes mellitus e hipertensão arterial; registro de atividades, que inclui a produção e
cobertura de ações e serviços básicos, além de noti�cações de agravos, óbitos e hospitalizações. Permite também a identi�cação detalhada
de problemas de saúde em nível local, como baixas coberturas vacinais. Essa capacidade de microlocalização é crucial para organizar as
necessidades e as respostas sociais, tornando o SIAB uma ferramenta fundamental para o planejamento e avaliação de ações de Vigilância
da Saúde (Pinto, 2016; Brasil, 2002).
No entanto, para garantir uma prestação e�caz de serviços de saúde à população, é fundamental gerenciar as informações dos indivíduos de
maneira organizada. Com esse propósito, o Ministério da Saúde estabeleceu a Estratégia de Informatização da Atenção Básica (e-SUS AB),
que facilita a coleta, o registro e a análise de dados de saúde na Atenção Básica. A implementação do e-SUS, integrado do DATASUS, tem
como benefícios a redução de retrabalhos, a eliminação da necessidade de lidar com diversos sistemas distintos, simpli�car as atividades
das equipes nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), aprimorar o atendimento aos cidadãos e a promoção de uma maior integração das
informações.
Dessa forma, os pro�ssionais de saúde podem concentrar seus esforços no atendimento aos indivíduos, elevando sua produtividade, além da
manutenção de um registro individualizado dos atendimentos prestados a cada cidadão, identi�cado pelo Cartão Nacional de Saúde. Dentro
dessas iniciativas, destaca-se o Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC), destinado ao agendamento de consultas e ao registro das
informações referentes aos atendimentos prestados aos indivíduos nas UBSs. Eles podem ser integrados ao e-SUS e a outros sistemas do
DATASUS para garantir a interoperabilidade e o compartilhamento de dados entre os diferentes níveis de atenção à saúde. Os PECs são
fundamentais para o armazenamento seguro e acessível das informações dos indivíduos, facilitando o acompanhamento e o cuidado
integrado em saúde (Villela; Oliveira, 2018; Brasil, 2017; Pinto, 2016).
Siga em Frente...
Para que todos os Sistemas de Informação em Saúde funcionem de forma e�ciente, foi criado o Departamento de Informática do Sistema Único de
Saúde (DATASUS), estabelecido em 1991, cuja incumbência é fornecer aos órgãos do SUS sistemas de informação e suporte de informática
necessários para o planejamento, a operação e o controle.
As competências do DATASUS incluem: estabelecer padrões, normas, diretrizes e procedimentos para a transferência de informações e a
contratação de bens e serviços de informática dentro do Ministério da Saúde; de�nir padrões para a captura e transferência de informações em
saúde, visando à integração operacional das bases de dados e dos sistemas desenvolvidos e implementados no âmbito do Sistema Único de
Disciplina
SAÚDE COLETIVA
Saúde (SUS); e garantir o acesso dos gestores do SUS e órgãos a�ns aos serviços de informática e às bases de dados mantidas pelo Ministério da
Saúde (Brasil, 2020; Villela; Oliveira, 2018; Pinto, 2016).
Portanto, é evidente o papel fundamental dos Sistemas de Informação em Saúde (SIS) na orientação e�caz das políticas de saúde, ao fornecerem
dados essenciais sobre a saúde da população, incluindo informações sobre incidência de doenças, mortalidade, fatores de risco e cobertura de
vacinação, entre outros aspectos.
Esses dados permitem identi�car áreas prioritárias de intervenção, analisar padrões e tendências, compreender os determinantes da saúde e
desenvolver estratégias especí�cas para lidar com os desa�os de saúde existentes.
O DATASUS desempenha um papel crucial ao fornecer a infraestrutura para gerenciamento e análise de dados em nível nacional, enquanto o e-SUS
concentra-se na atenção básica. Os prontuários eletrônicos complementam esse cenário ao registrar e acessar informações dos indivíduos,
podendo ser integrados aos demais SIS. Esses componentes operam de forma colaborativa para respaldar a tomada de decisões, monitorar e
avaliar as ações de saúde no Brasil (Villela; Oliveira, 2018; Pinto, 2016). 
Vamos Exercitar?
Nesta aula, abordamos a experiência de um grupo de alunos que realizou estágio no serviço de Vigilância Epidemiológica de um município e
apresentaram dúvidas em relação ao Sistema de Informação em Saúde (SIS), seus subsistemas e a forma como os dados são utilizados e
integrados pela Vigilância em Saúde. Giovana e Dante, durante o estágio, inicialmente tiveram questionamentos sobre o SIS, buscando
compreender como os dados eram coletados e integrados para monitoramento, planejamento e assistência em saúde no município. Assim, iremos
re�etir sobre a pergunta deles: como ocorre a coleta e integração dos dados utilizados no planejamento e assistência em saúde?
Os SIS compreendem diversos subsistemas, como o Sistema de Informação de Agravos de Noti�cação (SINAN), responsável pela análise do per�l
da morbidade, obtendo dados por meio da noti�cação e investigação de casos obrigatórios em todo o país. O Sistema de Informações sobre a
Mortalidade (SIM) utiliza a declaração de óbito para codi�car causas básicas e fornecer informações detalhadas sobre o falecido. O Sistema de
Informações de Nascidos Vivos (SINASC) reúne dados sobre gestação, parto e condições de nascimento, obtidos pela declaração de nascidos
vivos. Além disso, o Sistema de Informações Hospitalares (SIH) e o Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA) oferecem informações sobre
internações, procedimentos e consultas médicas. O Sistema de Informações de Vigilância Alimentar (SISVAN) fornece dados sobre diagnóstico
nutricional e consumo alimentar. Já o Sistema de Informação de Atenção Básica (SIAB) aborda temas como cadastros familiares, condições de
moradia e composição das equipes de saúde.
Os dados são coletados pelos serviços de saúde, ensino e laboratórios, podendo ser complementados por estudos epidemiológicos e veículos de
imprensa. Essas informações são enviadas ao serviço de vigilância municipal, que repassa aos serviços estaduais e, posteriormente, ao Ministério
da Saúde. Com esses dados, os pro�ssionais de saúde podem realizar um planejamento mais efetivo de ações e assistência, atendendo às
demandas locais. 
Saiba mais
Como você sabe, cada dia mais o acesso à informação torna-se mais público, fácil e necessário para pro�ssionais, gestores e a população. Mas
como articular tudo isso de maneira que cada um saiba seus direitos e deveres? Para isso foi criada a Política Nacional de Informação e
Informática em Saúde.
Você pode consultar e aprofundar seu conhecimento sobre o Sistema de Informações em Saúde para os Municípios.
Conheça também a Lista Nacional de Noti�cação Compulsória.
 
 
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Entenda as principais características dos sistemas de informação do Ministério da Saúde. Vigilância em Saúde. 2023.
Disponível em: http://tinyurl.com/ydes5m2p. Acesso em: 10 fev. 2024.
BRASIL. Fundação Nacional de Saúde. Guia de vigilância epidemiológica. 5. ed. Brasília: FUNASA, 2002. Disponível em: http://tinyurl.com/3cxkt6rt.
Acesso em: 10 fev. 2024.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária a Saúde (SAPS). O que é e qual o objetivo do sistema? 2020. Disponível em:
https://datasus.saude.gov.br/sobre-o-datasus/. Acesso em: 10 fev. 2024.
MARTINS, A. de A. B. et al. Epidemiologia. Porto Alegre: Sagah, 2018.
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_infor_informatica_saude_2016.pdf
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_infor_informatica_saude_2016.pdf
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_cidadania_volume06.pdf
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2016/prt0204_17_02_2016.html
http://tinyurl.com/ydes5m2p
http://tinyurl.com/3cxkt6rt
https://datasus.saude.gov.br/sobre-o-datasus/
Disciplina
SAÚDE COLETIVA
MEDRONHO, R. A. et al. Epidemiologia. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2009.
PINTO, S.N. Saúde coletiva. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2016.
ROUQUAYROL, M. Z.; GURGEL, M. Epidemiologia e saúde. 7. ed. Rio de Janeiro: Med-Book, 2013.
RODRIGUES, L. N. da S. et al. Epidemiologia, indicadores de saúde e os sistemas de informação. 2018. Disponível em: http://tinyurl.com/2sszvak8.
Acesso em: 10 fev. 2024.
VILLELA, E. F. de M.; OLIVEIRA, F. M. de. Epidemiologia sem mistérios: tudo aquilo que você precisa saber!. Jundiaí: Paco Editorial, 2018. 
Aula 5
Encerramento da Unidade
Videoaula de Encerramento
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Dica para você
Aproveite o acesso para baixar os slides do vídeo, isso pode deixar sua aprendizagem ainda mais completa.
Olá, estudante! Nesta videoaula você explorará o universo da Epidemiologia, compreendendo seu conceito e acompanhando sua trajetória. Além
disso, você adentrará no contexto da Vigilância em Saúde, compreendendo sua importância na prevenção e controle de doenças. Por �m, você
conhecerá os Sistemas de Informação em Saúde, fundamentais para a coleta e análise de dados epidemiológicos.
Prepare-se para conhecer os pilares essenciais que sustentam a promoção da saúde e o combate às enfermidades.
Vamos aprender e construir conhecimento juntos!
Ponto de Chegada
Para desenvolver a competência desta unidade, que é aprender o contexto histórico da Epidemiologia, a importância da Vigilância em Saúde e
conhecer os Sistemas de Informação em Saúde, você deverá primeiramente conhecer os conceitos fundamentais da Epidemiologia e como ela
surgiu.
A Epidemiologia é o estudo da distribuição e de determinantes das doenças e outros eventos de saúde em populações humanas, cujo principal
objetivo é entender os padrões de saúde e doença em diferentes grupos de pessoas para identi�car fatores de risco, causas e tendências de saúde.
Isso inclui investigar como doenças se espalham, quem é mais afetado, onde ocorre e por que é fundamental para a Vigilância em Saúde,
monitorando surtos de doenças, identi�cando ameaças emergentes à saúde e orientando a alocação de recursos para sistemas de saúde.
A história da Epidemiologia remonta a milênios atrás, com os primeiros esforços para compreender a propagação de doenças e identi�car fatores
de risco. Na Grécia Antiga, Hipócrates introduziu conceitos fundamentais, como a teoria dos quatro humores e a ênfase na observação clínica. Ele
é considerado um precursor da Epidemiologia devido ao seu foco na prevenção e no tratamento de doenças.
Durante a Idade Média, a compreensão das doenças era in�uenciada por crenças religiosas e superstições. O Renascimento trouxe um
ressurgimento do interesse pela ciência e pela observação empírica. No século XVII, John Graunt realizou um dos primeiros estudos estatísticos
sobre a mortalidade em Londres, estabelecendo as bases para a epidemiologia quantitativa.
O Século XIX trouxe avanços signi�cativos na compreensão das doenças infecciosas, com destaque para William Farr e John Snow, que foram
pioneiros no uso de dados estatísticos para estudar a distribuição de doenças e identi�car suas causas. No Século XX, com o advento da
microbiologia e da genética, a Epidemiologia Moderna se consolidou como uma disciplina cientí�ca e expandiu-se para incluir o estudo de doenças
crônicas e fatores de risco comportamentais.
Portanto, ao longo do tempo, notáveis estudiosos contribuíram para os campos Clínicos, Estatísticos e da Medicina Social, fundamentais para o
desenvolvimento da Epidemiologia ao longo dos séculos, que evoluiu de uma abordagem empírica para uma ciência baseada em evidências,
desempenhando um papel essencial na prevenção e controle de doenças em populações humanas.
Após esse contexto histórico da Epidemiologia, é possível compreender os aspectos relacionados à Vigilância em Saúde, pois a história da
Epidemiologia está entrelaçada com a Vigilância em Saúde, fornecendo as bases teóricas e metodológicas para monitorar, investigar e controlar
doenças em uma população contra ameaças à saúde em diferentes contextos e ambientes.
http://tinyurl.com/2sszvak8
Disciplina
SAÚDE COLETIVA
O conceito de Vigilância em Saúde inclui: a Vigilância Epidemiológica, essencial para identi�car surtos e epidemias de doenças transmissíveis,
permitindo uma resposta rápida para controlar a propagação da doença e proteger a saúde da população, como também a Vigilância das Doenças
e Agravos não Transmissíveis (DANT); a Vigilância Sanitária, responsável por garantir a segurança alimentar e a qualidade dos produtos
consumidos pela população, protegendo-a de intoxicações alimentares e outros riscos à saúde; a Vigilância Ambiental, que monitora a qualidade
do ar, da água e do solo, identi�cando potenciais ameaças à saúde humana e promovendo ações para proteger o meio ambiente e prevenir
doenças relacionadas; a Vigilância da Saúde do Trabalhador, que visa proteger os trabalhadores contra riscos ocupacionais, como exposição a
agentes químicos, físicos e biológicos, garantindo um ambiente de trabalho seguro e saudável; e a Vigilância da Situação de Saúde, que desenvolve
ações de monitoramento contínuo do país/estado/região/município/território, por meio de estudos e análises que revelem o comportamento dos
principais indicadores de saúde, priorizando questões relevantes e contribuindo para um planejamento de saúde mais abrangente.
Complementarmente, a Vigilância em Saúde dispõe de conhecimentos e metodologias que sustentam a gestão na compreensão da realidade,
identi�cação de problemas, de�nição de prioridades de atuação e otimização dos recursos visando alcançar resultados e�cazes, essenciais para o
desenvolvimento do planejamento. A análise da situação de saúde possibilita identi�car, descrever, priorizar e explicar os problemas de saúde da
população, utilizando os Sistemas de Informação em Saúde (SIS), que desempenham um papel fundamental no monitoramento, na avaliação e na
gestão dos serviços de saúde. Esses sistemas permitem a coleta, o armazenamento, a análise e a disseminação de dados relacionados à saúde,
possibilitando que gestores e pro�ssionais de saúde tomem decisões embasadas em evidências.
O DATASUS, central na implementação e no gerenciamento de Sistemas de Informação em Saúde no Brasil, é responsável pelo desenvolvimento,
manutenção e suporte técnico de diversos SIS, como o Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA), o Sistema de Informações Hospitalares (SIH),
o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), entre outros.
Adicionalmente, o e-SUS (Estratégia de Saúde Digital para o SUS), uma iniciativa do Ministério da Saúde, visa informatizar e integrar os processos
de trabalho nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), permitindo a informatização do registro de atendimentos e procedimentos realizados na
Atenção Básica, o que facilita a gestão da informação e melhora o atendimento ao indivíduo. Essa estratégia contribui para uma maior e�ciência,
qualidade e integração dos serviços de saúde prestados à população.
Re�ita
Como as lições aprendidas com os marcos históricos da Epidemiologia, como o surto de cólera investigado por John Snow em Londres no século
XIX, podem ser aplicadas aos desa�os de Saúde Pública enfrentados, como a pandemia de Covid-19?
Como a integração da Vigilância em Saúde com outras áreas do conhecimento pode contribuir para uma abordagem mais holística e e�caz na
prevenção e controle de doenças em uma comunidade?
Até que ponto os Sistemas de Informação em Saúde podem melhorar a e�ciência e a equidade dos serviços de saúde? E quais são os desa�os
enfrentados na implementação e uso desses sistemas?
É Hora de Praticar!
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Para compreender a aplicação práticados conceitos da Epidemiologia, a importância da Vigilância em Saúde na resposta emergencial e a e�cácia
dos Sistemas de Informação em Saúde na gestão de crises epidemiológicas, vamos a uma situação hipotética: na Comunidade Vento Sul, surgiu
um aumento expressivo nos casos de uma doença desconhecida e um grupo de pro�ssionais da saúde, incluindo epidemiologistas e especialistas
em Vigilância em Saúde, foi convocado para investigar e controlar a situação.
Ao analisar os dados iniciais, os epidemiologistas identi�caram padrões de propagação da doença e utilizaram os princípios da Epidemiologia para
compreender a origem e a disseminação do agente patogênico, através da aplicação de métodos históricos para entender eventos semelhantes no
passado. Além disso, a equipe implementou estratégias de Vigilância em Saúde para monitorar de perto a evolução da doença na comunidade e
utilizou Sistemas de Informação em Saúde para fortalecer a coleta e análise de dados, proporcionando uma visão abrangente da situação
epidemiológica.
Considerando o contexto apresentado, responda:
1. De que forma a equipe de saúde poderia utilizar os princípios históricos da Epidemiologia na análise dos eventos passados?
2. Quais estratégias de Vigilância em Saúde poderiam ser implementadas para monitorar a evolução da doença na Comunidade Vento Sul?
3. Qual foi o papel dos Sistemas de Informação em Saúde no estudo de caso?
Ao longo do estudo conhecemos o histórico que moldou a trajetória da Epidemiologia, pois essa compreensão fornece uma base sólida para
entender padrões de doenças e traçar estratégias e�cazes para o presente e futuro. A Vigilância em Saúde, por sua vez, atua monitorando
ativamente a ocorrência de doenças e os Sistemas de Informação em Saúde desempenham um papel fundamental ao coletar, armazenar e analisar
dados relevantes, proporcionando uma visão abrangente da situação epidemiológica e do panorama de saúde de uma população. Essa abordagem
informada e baseada em dados promove uma gestão mais e�ciente e e�caz, contribuindo para a promoção da saúde e o controle de doenças.
Com base nesse conhecimento, você poderá responder aos questionamentos relacionados à Comunidade Vento Sul, que teve um aumento
expressivo nos casos de uma doença desconhecida. Para investigar e controlar a situação, um grupo de pro�ssionais da saúde foi convocado e ao
Disciplina
SAÚDE COLETIVA
analisar os dados iniciais, os epidemiologistas identi�caram padrões de propagação da doença e utilizaram os princípios da Epidemiologia para
compreender a origem e a disseminação do agente patogênico.
Além disso, a equipe implementou estratégias de Vigilância em Saúde para monitorar de perto a evolução da doença na comunidade. Para
fortalecer a coleta e análise de dados, os pro�ssionais utilizaram Sistemas de Informação em Saúde avançados, proporcionando uma visão
abrangente da situação epidemiológica. Considerando esse contexto, os questionamentos a serem respondidos são:
1. De que forma a equipe de saúde poderia utilizar os princípios históricos da Epidemiologia na análise dos eventos passados? Primeiramente,
examinando registros epidemiológicos de surtos anteriores, buscando padrões de propagação, fatores de risco e estratégias bem-sucedidas
de controle. Ao aprender com experiências passadas, a equipe poderá identi�car similaridades e diferenças nos eventos, permitindo uma
compreensão mais profunda da dinâmica das doenças na comunidade. Além disso, a análise histórica orienta a seleção de medidas
preventivas e estratégias de controle, adaptadas com base no que havia funcionado e�cientemente em situações análogas. Dessa forma, os
princípios históricos da Epidemiologia não apenas forneceram insights valiosos sobre como abordar eventos similares no presente, mas
também enriqueceram a tomada de decisões, contribuindo para uma resposta mais informada e e�caz diante da situação epidemiológica na
Comunidade.
2. Quais estratégias de Vigilância em Saúde poderiam ser implementadas para monitorar a evolução da doença na Comunidade Vento Sul? As
estratégias poderiam ser: estabelecer um sistema de noti�cação obrigatória, exigindo que pro�ssionais de saúde relatassem todos os casos
suspeitos ou con�rmados da doença às autoridades de saúde; realizar o monitoramento constante de casos suspeitos, garantindo a rápida
identi�cação e isolamento dos indivíduos afetados para prevenir a propagação da doença; conduzir investigações epidemiológicas
detalhadas em torno de casos identi�cados, rastreando contatos próximos e identi�cando possíveis fontes de infecção; reforçar a vigilância
nos hospitais e unidades de saúde, monitorando admissões relacionadas à doença e garantindo a prontidão para atendimento e�caz; utilizar
ferramentas de monitoramento geográ�co para mapear a distribuição espacial dos casos, identi�cando clusters e áreas de maior incidência;
direcionar a vigilância para grupos populacionais especí�cos considerados mais suscetíveis, adaptando estratégias de monitoramento de
acordo com as características desses grupos; implementar sistemas de avaliação de sintomas em larga escala, juntamente com testagem
ampla da população, para identi�car casos assintomáticos e reduzir a disseminação inadvertida; intensi�car campanhas de comunicação e
educação em saúde para informar a população sobre a importância da vigilância, estimulando a noti�cação de casos e promovendo medidas
preventivas.
3. Qual foi o papel dos Sistemas de Informação em Saúde no estudo de caso? Eles desempenham um papel essencial na coleta, integração e
análise de dados, pois facilitam a coleta centralizada e organizada de dados epidemiológicos, reunindo informações demográ�cas, registros
médicos e resultados de testes em uma plataforma acessível; identi�cam padrões, clusters e tendências que são fundamentais para
compreender a propagação da doença na comunidade; monitoram em tempo real a evolução da doença, proporcionam informações
instantâneas sobre novos casos, áreas de surto e e�cácia das medidas de controle; a identi�cação rápida de grupos de risco através da
análise de dados demográ�cos auxilia na implementação de estratégias especí�cas para proteger essas populações; gestão e�ciente de
recursos ao fornecer informações sobre a demanda por leitos hospitalares, equipamentos médicos e insumos, permitindo uma distribuição
mais e�caz; comunicação transparente com a comunidade, compartilhando informações atualizadas sobre a situação epidemiológica e as
medidas adotadas, promovendo a con�ança e cooperação da comunidade; e o fornecimento de dados robustos para a tomada de decisões
da equipe de saúde, permitindo a adaptação ágil de estratégias de controle com base nas necessidades identi�cadas.
Dessa forma, os epidemiologistas são capazes de identi�car padrões de propagação da doença na Comunidade Vento Sul, fornecendo uma
base sólida para a implementação de medidas de controle e prevenção e�cazes. As estratégias integradas de Vigilância em Saúde permitem
à equipe de saúde da comunidade monitorar de perto a evolução da doença, responder prontamente a novos casos e implementar medidas
preventivas direcionadas para conter a disseminação e os Sistemas de Informação em Saúde desempenham um papel essencial ao fornecer
uma base sólida de dados e informações, permitindo à equipe de saúde da Comunidade Vento Sul responder de maneira e�caz e informada
ao desa�o epidemiológico enfrentado. 
Con�ra a seguir uma síntese desta unidade de estudos:
Disciplina
SAÚDE COLETIVA
ALMEIDA FILHO, N. de. Epidemiologia & saúde: fundamentos, métodos, aplicações. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.
BONITA, R.; BEAGLEHOLE, R.; KJELLSTRÖM, T. Epidemiologia básica. São Paulo: Santos, 2010.
BRASIL. Ministério da Saúde. Vigilância em Saúde: dengue, esquistossomose, hanseníase, malária, tracoma e tuberculose. Brasília: Ministério da
Saúde, 2008. (Cadernos de Atenção Básica, n. 21) (Série A. Normas e Manuais Técnicos). Disponível em: http://tinyurl.com/55sd6ry3. Acesso em: 8
fev. 2024.
BRASIL. Ministério da Saúde. DiretrizesNacionais da Vigilância em Saúde. Secretaria de Vigilância à Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Brasília:
Ministério da Saúde, 2010. Disponível em: http://tinyurl.com/4rrmkyb6. Acesso em: 8 fev. 2024.
BRASIL. Ministério da Saúde. Entenda as principais características dos sistemas de informação do Ministério da Saúde. Vigilância em Saúde. 2023.
Disponível em: http://tinyurl.com/ydes5m2p. Acesso em: 10 fev. 2024.
BRASIL. Fundação Nacional de Saúde. Guia de vigilância epidemiológica. 5. ed. Brasília: FUNASA, 2002. Disponível em: http://tinyurl.com/3cxkt6rt.
Acesso em: 10 fev. 2024.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária a Saúde (SAPS). O que é e qual o objetivo do sistema? 2020. Disponível em:
https://datasus.saude.gov.br/sobre-o-datasus/. Acesso em: 10 fev. 2024.
CDC. Centers for Disease Control and Prevention. Departament of Health and Human Services. Principles of Epidemiology in Public Health Practice:
an Introduction to Applied Epidemiology and Bioestatistics. 3. ed. 2006. Atualizado em 2012. Disponível em: https://stacks.cdc.gov/view/cdc/6914.
Acesso em: 6 fev. 2024.
FLETCHER, R. H.; FLETCHER, S. W.; FLETCHER, G. S. Epidemiologia clínica: elementos essenciais. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
GALLEGUILLOS, T. G. B. Epidemiologia: indicadores de saúde e análise de dados. 1. ed. São Paulo: Érica, 2014.
MARTINS, A. de A. B. et al. Epidemiologia. Porto Alegre: Sagah, 2018.
MEDRONHO, R. A. et al. Epidemiologia. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2009.
PALMEIRA, G. Epidemiologia. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2000.
PINTO, S. N. Saúde coletiva. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2016.
ROUQUAYROL, M. Z.; SILVA, M. G. C. da. Epidemiologia & saúde. 7. ed. Rio de Janeiro: Medbook, 2013. p. 709.
RODRIGUES, L. N. da S. et al. Epidemiologia, indicadores de saúde e os sistemas de informação. 2018. Disponível em: http://tinyurl.com/2sszvak8.
Acesso em: 10 fev. 2024.
TRUJILLO, A. M. Epidemiologia: história, tipos e métodos. Revista Simbiótica, Vitória, v. 3, n. 1. 2016.
http://tinyurl.com/55sd6ry3
http://tinyurl.com/4rrmkyb6
http://tinyurl.com/3cxkt6rt
https://datasus.saude.gov.br/sobre-o-datasus/
https://stacks.cdc.gov/view/cdc/6914
http://tinyurl.com/2sszvak8
Disciplina
SAÚDE COLETIVA
VILLELA, E. F. de M.; OLIVEIRA, F. M. de. Epidemiologia sem mistérios: tudo aquilo que você precisa saber!. Jundiaí: Paco Editorial, 2018.
,
Unidade 3
Métodos Epidemiológicos
Aula 1
Indicadores de Saúde
Indicadores de saúde
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Dica para você
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Olá, estudante! Nesta videoaula, serão abordados conceitos essenciais em análise de dados de saúde, incluindo Frequência Absoluta e Relativa,
medidas de Mortalidade e Morbidade, e medidas de Incidência e Prevalência. Esses conceitos fornecem informações importantes sobre a
distribuição e o impacto das doenças na população, bem como sua ocorrência ao longo do tempo. Ao compreender essas medidas, você poderá
realizar análises epidemiológicas mais completas e precisas.
Vamos lá?
Ponto de Partida
Entender sobre Frequência Absoluta e Relativa, medidas de Mortalidade, Morbidade, de Incidência e de Prevalência é essencial para pro�ssionais
da saúde, pesquisadores e gestores de políticas públicas, pois essas informações são fundamentais para avaliar o estado de saúde de uma
população, identi�car padrões de doenças, direcionar recursos e planejar intervenções adequadas.
A Frequência Absoluta e Relativa permite uma análise mais precisa da prevalência de determinadas condições de saúde em diferentes grupos
populacionais. As medidas de Mortalidade e Morbidade fornecem informações sobre os principais problemas de saúde que afetam uma
comunidade, orientando a alocação de recursos e a implementação de programas de prevenção e tratamento.
Já as medidas de Incidência e Prevalência permitem acompanhar a evolução de doenças ao longo do tempo, identi�car tendências e avaliar a
e�cácia das intervenções. Dessa forma, o conhecimento desses conceitos é fundamental para embasar decisões e estratégias que visam
promover a saúde e o bem-estar da população.
Para contextualizar, imagine a seguinte situação hipotética: uma equipe de saúde está realizando um monitoramento epidemiológico em uma
comunidade rural para avaliar a prevalência de doenças e condições de saúde entre os moradores. A equipe é composta por pro�ssionais de saúde,
incluindo médicos, enfermeiros e agentes comunitários de saúde. Durante as visitas, a equipe coleta informações sobre as doenças mais comuns
na comunidade, investigam casos de mortalidade e morbidade e acompanham a ocorrência de novos casos de doenças.
Considerando o exposto, qual é a importância da compreensão das medidas de saúde, como Frequência Absoluta e Frequência Relativa, medidas
de Mortalidade e Morbidade, de Incidência e Prevalência na análise epidemiológica de um surto de doença em uma comunidade? 
Vamos ao conteúdo desta aula para que possamos responder a essa questão!
Vamos Começar!
Os dados obtidos por meio da Vigilância em Saúde, utilizando o Sistema de Informação em Saúde, ao serem processados numericamente, são
transformados em indicadores de saúde, que são medidas quantitativas que fornecem informações importantes sobre o estado de saúde, a
incidência de doenças, a e�cácia de intervenções preventivas e o desempenho do sistema de saúde como um todo.
Dentre os principais indicadores de saúde, encontram-se a Morbidade e a Mortalidade, que permitem aos pro�ssionais de saúde, administradores e
formuladores de políticas avaliarem as necessidades de saúde, identi�carem prioridades de intervenção e monitorarem o progresso em direção às
Disciplina
SAÚDE COLETIVA
metas de Saúde Pública (Pinto, 2016).
A Morbidade refere-se à presença de doenças, lesões ou condições de saúde em uma determinada população. Dois dos principais indicadores de
Morbidade são a Prevalência e a Incidência, cuja relação é essencial para compreender a dinâmica de uma doença dentro de uma comunidade. Se
a Prevalência for elevada, mas a Incidência for baixa, isso sugere que a doença tem uma duração prolongada ou uma taxa de novos casos
reduzida.
Por outro lado, se a Incidência for alta, mas a Prevalência for baixa, isso pode indicar que a doença é de curta duração ou que os indivíduos se
recuperam rapidamente. Portanto, esses indicadores direcionam o foco para a população suscetível a doenças, calculando a relação entre o
número de casos de uma doença e a população em risco durante um período e local especí�cos (Pinto, 2016).
Vale ressaltar que os conceitos de Incidência e Prevalência não se restringem unicamente à mensuração de doenças, mas também podem ser
empregados na avaliação de outros eventos relacionados à saúde, como os fatores de risco, incluindo a prevalência de fumantes, sedentários,
entre outros. Assim, ao analisar os indicadores de Morbidade, é fundamental considerar tanto a Prevalência quanto a Incidência para alcançar uma
compreensão abrangente do estado de saúde de uma população (Pinto, 2016).
Para analisar a relação entre Incidência e Prevalência, podemos utilizar a seguinte fórmula:
*A duração se refere ao período médio de tempo desde o momento do diagnóstico até a cura, o óbito ou a emigração dos casos.
A aplicação dos Indicadores de Incidência e Prevalência varia de acordo com a natureza da doença em análise. No que diz respeito aos indicadores
da Prevalência, estamos nos referindo à medida da presença de uma doença em uma determinada população, ou seja, quando a doença é
predominante ou prevalece nesse grupo, por exemplo, em uma comunidade de 10.000 pessoas, 800 indivíduos são diagnosticados com diabetes
mellitus tipo 2 em um determinado momento.
A Prevalência é comumente considerada como um indicador estático, assemelhando-sea uma fotogra�a que captura o número de casos doentes
em um único momento no tempo. Como tal, os indivíduos que compõem a amostra são observados apenas uma vez, tornando-a a medida ideal
para estudos epidemiológicos transversais ou seccionais (Pinto, 2016; Coelho et al., 2010).
Vários fatores in�uenciam a Prevalência de uma doença (Figura 1): 1. Surgimento de novos casos, pois um aumento no número de novos casos
contribui para o aumento da Prevalência; 2.  Duração da doença, pois quanto mais curta a duração, menor será a Prevalência, enquanto doenças
crônicas tendem a apresentar Prevalências mais altas; 3. Movimentos migratórios desempenham papéis signi�cativos nesse contexto, pois
enquanto a emigração de indivíduos doentes de uma região pode diminuir a Prevalência, a imigração de doentes para uma população pode
aumentá-la; 4. Avanços terapêuticos e farmacológicos podem aumentar a Prevalência da doença, uma vez que podem reduzir a letalidade da
doença, prolongando a vida dos pacientes afetados, como no caso do diabetes em que os tratamentos e cuidados adequados podem melhorar o
controle da doença e prolongar a vida dos pacientes. Por outro lado, medicamentos e�cazes na cura podem reduzir a duração da doença e,
consequentemente, sua Prevalência (Pinto, 2016).
Prevalência  =  Incidência  ×  Duração* 
Prevalência  =  Incidência  ×  Duração* 
Disciplina
SAÚDE COLETIVA
Figura 1 | Fatores que in�uenciam a Prevalência. Fonte: Coelho et al. (2010, p. 4).
Conforme observado, a Prevalência é in�uenciada pela Incidência, porém, dependendo do problema de saúde, os indivíduos podem se recuperar ou
falecer. Quanto maior e mais rápida for a recuperação, ou quanto maior e mais rápida for a mortalidade, menor será a Prevalência e, embora seja
uma medida estática, resulta da interação dinâmica entre novos casos, recuperações e óbitos (Coelho et al., 2010).
Os indicadores de incidência são empregados para quanti�car a frequência de novos casos de uma determinada doença ou problema de saúde
dentro de uma população especí�ca durante um período de�nido. Esses casos novos referem-se àqueles em que os indivíduos estavam em risco
de adoecer no início da observação e desenvolveram a doença ao longo do período de acompanhamento.
Assim, é necessário avaliar cada indivíduo pelo menos duas vezes para detectar o desenvolvimento da doença. Um exemplo seria a Incidência de
gripe em uma escola com 500 alunos, em que 50 apresentaram sintomas e foram diagnosticados com a doença no mês de outubro. Esses
indicadores de Incidência proporcionam uma compreensão da extensão com que uma enfermidade impacta a população, oferecendo uma medida
da frequência e estimando o risco de novos casos surgirem, ou seja, o risco de adoecimento da população pela referida doença. Ao contrário da
Prevalência, é uma medida dinâmica que re�ete as mudanças ao longo do tempo, sendo amplamente empregada em estudos de acompanhamento
populacional (follow-up) e, consequentemente, é utilizada em pesquisas epidemiológicas longitudinais, como estudos de coorte e experimentais
(Pinto, 2016).Parte superior do formulário
Embora a contagem simples de casos, ou seja, o número absoluto de ocorrências, seja útil, ela não permite análises comparativas e evolutivas ao
longo do tempo, logo, por esse motivo, recorremos aos indicadores ou Coe�cientes de Prevalência e Incidência (Pinto, 2016). 
Para calcular o Coe�ciente de Prevalência, é essencial de�nir o período de análise, que pode ser diário, mensal ou anual. Os casos existentes,
também chamados de prevalentes, englobam indivíduos diagnosticados com a doença em algum momento, incluindo casos novos e antigos. É
fundamental observar que os casos que resultaram em óbito antes do período de observação não são incluídos na contagem, uma vez que não
fazem mais parte da população em análise.
Assim, o coe�ciente é determinado dividindo-se o número de casos existentes da doença pelo total de pessoas na população, durante um período
especí�co. Para simpli�car a interpretação, é comum multiplicar esse coe�ciente por uma constante, convertendo-o em um número inteiro
expresso em 10n, onde "n" pode ser qualquer número inteiro (Pinto, 2016). A fórmula para calcular o Coe�ciente de Prevalência é a seguinte:
Retomando o exemplo dado anteriormente, em que 800 indivíduos foram diagnosticados com diabetes mellitus tipo 2 em um determinado
momento em uma comunidade de 10.000 pessoas, para calcular o Coe�ciente de Prevalência, utilizamos a fórmula descrita acima:
Coe�ciente de Prevalência = 8% (dados �ctícios). Portanto, a Prevalência de diabetes mellitus tipo 2 nessa comunidade é de 8%. Isso signi�ca que
aproximadamente 8 em cada 100 indivíduos na comunidade são afetados pela diabetes mellitus tipo 2 em um determinado momento.
O Coe�ciente de Incidência é calculado considerando a proporção entre o número de novos casos de uma doença ocorridos durante um intervalo
de tempo especí�co e a população exposta ao risco de adoecer pela doença no mesmo período e local, multiplicado por uma potência de 10n,
conforme a fórmula a seguir:
Retomando o exemplo dado sobre a Incidência de gripe em uma escola em que dos 500 alunos 50 apresentaram sintomas e foram diagnosticados
com a doença durante o mês de outubro, para calcular o Coe�ciente de Incidência utilizamos a fórmula descrita acima:
Coe�ciente de Incidência = 10% (dados �ctícios). Portanto, a Incidência de gripe na escola durante o mês de outubro é de 10%. Isso signi�ca que
aproximadamente 10% dos alunos contraíram a gripe durante esse período especí�co.
A Incidência pode ser medida de duas maneiras:
Coeficiente de Prevalência  =   número de casos de determinada doença em um local e período 
população do mesmo local e período × 10n
Coeficiente de Prevalência  =   número de casos de determinada doença em um local e período 
população do mesmo local e período × 10n
Coeficiente de Prevalência  =   número de casos de determinada doença em um local e período 
população do mesmo local e período × 10n
Coeficiente de Prevalência  = número de casos de diabetes mellitus tipo 2
número total de indivíduos na população × 10n
Coeficiente de Prevalência  = 800
10000 × 100
Coeficiente de Incidência  =   número de casos novos de determinada doença em um local e período 
população do mesmo local e período × 10n
Coeficiente de Incidência  =   número de casos novos de determinada doença em um local e período 
população do mesmo local e período × 10n
Coeficiente de Incidência  =   número de casos novos de determinada doença em um local e período 
população do mesmo local e período × 10n
Coeficiente de Incidência  =   50
100 × 100
Disciplina
SAÚDE COLETIVA
Incidência Acumulada (IA): estima o risco de um indivíduo desenvolver a doença durante um período especí�co e é útil para prognósticos
individuais. Por exemplo, em um grupo de 120 trabalhadores expostos ao amianto, 60 desenvolveram câncer de pulmão dentro de um período
de tempo determinado. No cálculo da IA, o denominador inclui aqueles que, no início do período, não tinham a doença (Pinto, 2016). A fórmula
é a seguinte:
Portanto, o cálculo da IA no exemplo seria: 60/120 = 0,50 x 102 = 50 casos novos por 100 habitantes em 1 ano.
Densidade de Incidência: também conhecida como taxa média de ocorrência de uma doença, é amplamente utilizada nos estudos
epidemiológicos de seguimento para estabelecer fatores causais e de risco. Nesse cálculo, é possível analisar o tempo de exposição de cada
pessoa submetida ao risco de adoecer, razão pela qual é denominada "pessoa-tempo em risco". No denominador, temos a soma de todos os
tempos individuais de exposição à doença, ou seja, o período desde o início da exposição até a ocorrência da doença ou o término do estudo
(Pinto, 2016). 
Para a investigação epidemiológica de surtos e epidemias, no momento do surgimento de casos e durante a evolução, o Coe�ciente de Incidência é
denominado "coe�ciente" ou "taxa de ataque". Esse coe�ciente deve ser compreendido como uma Incidência referida a uma populaçãoisso pode deixar sua aprendizagem ainda mais completa.
Olá, estudante! Nesta videoaula, exploraremos a fascinante trajetória da Reforma Sanitária, a construção e organização do Sistema Único de Saúde
(SUS). Discutiremos também a atuação da saúde suplementar e complementar e mergulharemos nos conceitos essenciais de Atenção Primária,
Secundária e Terciária, compreendendo como essas camadas formam a base de um sistema de saúde abrangente e e�caz. Vamos juntos
desbravar os fundamentos que moldam o panorama da saúde no Brasil!
Ponto de Partida
Estudante, a Reforma Sanitária no Brasil foi um movimento social e político que buscava transformar o sistema de saúde do país e superar as
desigualdades no acesso à saúde. Como resposta a esse movimento, em 1988, foi promulgada a Constituição Federal, que estabeleceu as bases
para a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), que é um sistema público, integral e universal, que organiza a oferta de serviços de saúde em três
níveis de atenção: primária, secundária e terciária.
A propósito, a atuação da saúde suplementar e complementar desempenha um papel importante no cenário de saúde do Brasil e a interconexão
entre os níveis de atenção e os serviços de saúde suplementar e complementar é essencial para proporcionar uma abordagem integral e
abrangente à saúde. Nos diversos níveis de atenção, desde a primária até a terciária, os serviços de saúde suplementar e complementar
desempenham papéis distintos, contribuindo para um sistema de saúde mais robusto.
Para que você compreenda como os diferentes níveis de atenção, incluindo serviços de saúde suplementar e complementar, podem atuar de
maneira integrada, vamos a uma situação hipotética: Ana, 55 anos, uma pro�ssional autônoma, experimenta sintomas como tonturas e dores de
cabeça. Ao procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) local, Ana é diagnosticada com hipertensão arterial. Além disso, ela possui um plano de
saúde privado que oferece serviços suplementares. Considerando esse contexto, qual a importância da integração entre os níveis de atenção,
incluindo serviços de saúde suplementar e complementar, para proporcionar um cuidado abrangente e adaptado às necessidades especí�cas de
pacientes como Ana?
Estudar a Reforma Sanitária, Saúde Suplementar e Complementar e os níveis de atenção na saúde é investir no conhecimento que molda o futuro
dos cuidados em saúde, além de desenvolver pro�ssionais de saúde e gestores capazes de enfrentar os desa�os complexos do setor, contribuindo
para a construção de sistemas de saúde mais e�cientes, justos e centrados no paciente.
Vamos lá? 
https://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/pab/1/unidades_conteudos/unidade02/p_03.htm
https://docs.bvsalud.org/biblioref/2018/10/915936/375-1511-1-ce.pdf
https://unasus2.moodle.ufsc.br/pluginfile.php/33307/mod_resource/content/1/Unidade%201/top4_1.html
Disciplina
SAÚDE COLETIVA
Vamos Começar!
Ao longo das últimas décadas, o cenário da saúde no Brasil passou por transformações signi�cativas, moldando-se em resposta a desa�os e
necessidades crescentes. Um marco crucial nesse processo foi a Reforma Sanitária e a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), que buscaram
estabelecer princípios de universalidade, equidade e integralidade no acesso aos serviços de saúde. Paralelamente, a atuação da saúde
suplementar e complementar ampliou as opções de cuidados, enquanto a organização em níveis de atenção primária, secundária e terciária
fortaleceu a abordagem holística do atendimento médico. Nesse contexto, compreenderemos esses elementos, conhecendo como essas
iniciativas moldaram o panorama da saúde no Brasil.
A trajetória da política de saúde no Brasil teve seu início em 1808, com a chegada da monarquia, quando algumas políticas de saúde pública foram
implementadas, focando principalmente no controle de doenças nos portos. Em 1822, com a Independência do Brasil, outras políticas públicas
foram estabelecidas, ainda sob a supervisão do controle sanitário nos portos do país. Somente com a Proclamação da República iniciaram-se
práticas de saúde em nível nacional. Em 1904, aconteceu a chamada Revolta da Vacina, decorrente de um modelo de intervenção chamado
Campanhista, que, apesar dos abusos nas práticas de saúde, teve vitórias contra as epidemias. Um dos médicos desse período era Oswaldo Cruz,
que promoveu uma reforma incorporando ações de Saúde.
Carlos Chagas sucedeu Oswaldo Cruz e, em 1920, introduziu a propaganda e a educação sanitária como elementos inovadores na abordagem,
transformando o modelo anteriormente �scalizador de Oswaldo. Durante esse período, foram estabelecidos órgãos especializados no combate à
tuberculose, lepra e doenças venéreas. A luta pela reforma sanitária no Brasil ganhou força com a mobilização de diversos setores da sociedade,
culminando na formação de bases e sindicatos engajados nesse movimento (Moreira et al., 2018).
Em decorrência desses esforços iniciais, o Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes) foi estabelecido em 1976, desempenhando um papel
imprescindível na organização do movimento pela Reforma Sanitária. Posteriormente, em 1979, surgiu a Associação Brasileira de Pós-Graduação
em Saúde Coletiva (Abrasco), ambas desempenhando papéis fundamentais nas transformações do sistema de saúde. Durante o período da
ditadura militar, houve limitados avanços na saúde pública, marcado pela criação dos Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAP), posteriormente
uni�cados no Instituto Nacional de Previdência Social (INPS).
Nesse contexto, a medicina foi incorporada pela previdência social e a população enfrentou o autoritarismo nas práticas de saúde. A década de
1970 testemunhou o surgimento do Movimento da Reforma Sanitária, cujo objetivo era conquistar a democracia para transformar o sistema de
saúde. O movimento cresceu signi�cativamente, resultando na criação do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) em 1980.
A 8ª Conferência Nacional de Saúde, em 1986, foi um marco fundamental para a consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS), fundamentado
em estratégias de saúde implementadas no Brasil e regulamentado na Constituição de 1988, garantindo o direito à saúde como fundamental e
social, conforme o artigo 6º (Moreira et al., 2018).
Siga em Frente...
O SUS foi criado com princípios doutrinários que norteiam suas ações em prol da saúde da população, a saber:
Universalidade: o acesso às ações deve ser garantido a todas as pessoas.
Equidade: garante a igualdade da assistência à saúde sem preconceitos ou privilégios.
Integralidade: considera o indivíduo como um todo e as ações de saúde devem atender a todas as necessidades.
Hierarquização: é um conjunto de ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, para todos os níveis de complexidade. Os
serviços de saúde têm uma forma hierarquizada, ou seja, oferta ao usuário, níveis de assistência – desde a menor complexidade até a maior.
Cada esfera do governo tem sua responsabilidade e o sistema é dividido em três níveis:
1. A Atenção Primária constitui as Unidades Básicas de Saúde (UBS) que desempenham ações e atendimentos voltados para a prevenção e
promoção da saúde no âmbito da Atenção Primária à Saúde (APS) e devem resolver em torno de 80% dos problemas que absorvem, sendo
considerada a porta de entrada do SUS. Nesse nível de atuação, os pro�ssionais não se restringem apenas às Unidades de Saúde,
estendendo suas ações para espaços públicos da comunidade, que inclui a oferta de práticas integrativas e complementares, como
�toterapia, yoga e Reiki, bem como visitas domiciliares às famílias. Além de fornecer assistência clínica, o objetivo primordial é estar
próximos às pessoas, promovendo a saúde e melhorando a qualidade de vida da comunidade. Esse trabalho preventivo e de conscientização
é crucial para otimizar a alocação de recursos, evitando internações e tratamentos de condições e doenças que poderiam ser prevenidos,
como hipertensão, diabetes, sedentarismo, colesterol elevado e doenças cardiovasculares. Para somar e fortalecerespecí�ca,
sendo restrito a um período de tempo que pode variar de dias a semanas em uma área delimitada. Por exemplo, em um surto de intoxicação
alimentar em um grupo de pessoas que participaram do jantar de confraternização da empresa, será utilizado o coe�ciente de ataque, que
representa a relação entre o número de pessoas afetadas e o número total de pessoas presentes no evento (Pinto, 2016). 
O outro indicador de saúde utilizado é o de Mortalidade, que avalia a ocorrência de mortes na população, representando o risco ou a probabilidade
de um indivíduo morrer devido a uma doença. É uma medida importante da gravidade das doenças e das condições de saúde em uma população.
Esse indicador é geralmente calculado por meio de taxas ou Coe�cientes de Mortalidade e são essenciais para a formulação e avaliação de
políticas de Saúde Pública (Pinto, 2016). Os principais indicadores de mortalidade utilizados incluem:
Coe�ciente Geral de Mortalidade: este indicador estabelece a relação entre o número total de óbitos em uma determinada área geográ�ca e a
população exposta ao risco de morrer. Ele é especialmente útil para análises comparativas ao longo do tempo em uma mesma localidade. No
entanto, é importante notar que, devido à falta de consideração das diferenças nas faixas etárias, não é apropriado comparar os Coe�cientes
de Mortalidade entre diferentes regiões.
* Adota-se o calendário anual. Como a população referida está no meio do período, convenciona-se 1º de julho.
Coe�ciente de Mortalidade Infantil: indica o risco de morte de crianças menores de um ano em uma localidade em dado período. É
considerado um indicador sensível às condições de vida e saúde de uma comunidade.
Coe�ciente de Mortalidade por Causa: indica o risco de morte por determinada doença ou agravo em uma população exposta. É muito útil
para o planejamento de ações de prevenção à doença analisada.
Coe�ciente de Mortalidade por Doenças Transmissíveis: indica o risco de a população morrer por doenças infecciosas e parasitárias. Quanto
maior o resultado obtido, piores as condições de vida da população.
Também se destacam os Indicadores de Mortalidade por Proporção, que incluem:
Mortalidade Proporcional por Causa: este indicador revela a proporção que uma causa especí�ca de óbito representa em relação ao total de
óbitos. Por exemplo, a mortalidade proporcional por acidentes de trânsito expressa a proporção de óbitos causados por acidentes de trânsito
em relação ao número total de óbitos no mesmo período e local (Pinto, 2016).
Mortalidade Proporcional por Idade: este indicador quanti�ca a proporção de óbitos por faixa etária. Por exemplo, a mortalidade proporcional
infantil representa a proporção de óbitos em crianças com menos de um ano em relação ao número total de óbitos. Quanto piores forem as
condições de vida e saúde, maior será a mortalidade infantil proporcional (Pinto, 2016).
Os dados obtidos desses indicadores abordados anteriormente podem ser transformados e analisados com base na Frequência Absoluta (FA) e
Frequência Relativa (FR), que são medidas estatísticas utilizadas para analisar e interpretar dados relacionados à saúde de uma população.
Compreender essas medidas permite identi�car quais problemas de saúde são mais prevalentes em uma comunidade, quais grupos populacionais
são mais afetados e quais intervenções de saúde são mais necessárias.
Além disso, essas medidas são fundamentais para comparar a saúde de diferentes populações ao longo do tempo e avaliar a e�cácia de políticas e
programas de Saúde Pública. Logo, entender sobre FR e FA é fundamental em Saúde Coletiva, pois ajudam a quanti�car a Incidência e a Prevalência
de doenças em uma determinada população, fornecendo informações essenciais para o planejamento, o monitoramento e a avaliação de
programas de Saúde Pública (Pinto, 2016).
Coeficiente de Incidência Acumulada (IA)  =   número de casos de determinada doença em um local e período 
população exposta no início do período × 10n
Coeficiente de Densidade de Incidência (Id) = nº de casos novos de certa doença em dado local e período
população−tempo em risco × 10n
Coeficiente ou taxa de ataque  =   número de casos de determinada doença em um local e período
população exposta no início do período × 10n
Coeficiente ou taxa de ataque  =   número de casos de determinada doença em um local e período
população exposta no início do período × 10n
Coeficiente Geral de Mortalidade  =   número total de óbitos, no período 
população estimada para 1º de julho do mesmo ano* × 1000
Coeficiente de Mortalidade Infantil  =   número de óbitos em no conjunto de dados.
A fórmula para calcular a FR é:
Para obter a frequência relativa em porcentagem, multiplique o resultado por 100. 
Utilizando o mesmo exemplo anterior com o conjunto de dados das idades, vamos calcular a FR do valor “25”:
1. Organize os dados em ordem crescente ou decrescente: 18, 22, 25, 25, 25, 25, 30, 30, 35, 40.
2. Identi�que o valor especí�co: “25”.
3. Conte as ocorrências: o valor “25” aparece quatro vezes no conjunto de dados.
4. Calcule a Frequência Relativa:
FR = 0,4. Multiplicando por 100 para obter a FR em porcentagem, temos: FR = 0,4 x 100 = 40%. Portanto, o valor “25” tem uma frequência relativa de
40%, indicando que ele aparece em 40% das observações no conjunto de dados.
Com base nas frequências absolutas e relativas, podemos aprimorar nossa compreensão da distribuição dos dados, que se refere à forma como os
valores numéricos estão distribuídos ao longo do conjunto de dados. Essas frequências nos permitem não apenas identi�car a frequência de
ocorrência de diferentes valores, mas também compreender como esses valores se relacionam com o conjunto total de observações (Maciel,
2010).
Para melhor visualizar a distribuição dos dados, é comum utilizar a distribuição de frequências como uma ferramenta analítica. A distribuição de
frequências organiza os dados em categorias ou intervalos e destaca a frequência de ocorrência de cada valor dentro dessas categorias. Isso
proporciona uma visão clara da distribuição dos dados, permitindo identi�car padrões, tendências e características importantes.
Frequência Relativa  =   número de ocorrências do valor específico
total de observações no conjunto de dados
Frequência Relativa  =   número de ocorrências do valor específico
total de observações no conjunto de dados
FR  =   4 (número de ocorrências do valor específico) 
10 (total de observações no conjunto de dados) 
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SAÚDE COLETIVA
Além disso, ao apresentar as frequências absolutas e relativas por meio de grá�cos, como histogramas ou grá�cos de barras, é possível visualizar
de forma mais e�caz a distribuição dos dados, facilitando a interpretação e a comunicação dos resultados. Em resumo, a distribuição de
frequências é uma ferramenta valiosa para analisar e apresentar os dados, fornecendo informações sobre a distribuição dos valores em um
conjunto de dados (Maciel, 2010).
A escolha do tipo de distribuição depende da �nalidade da análise dos dados. As FAs são úteis para agrupar dados e simpli�car a contagem,
enquanto as FRs são ideais para comparação, pois representam a proporção que a quantidade absoluta representa em relação ao total. Por
exemplo, ao analisar a representatividade de mulheres em duas empresas para �ns de comparação, se na empresa A há 120 mulheres e na
empresa B há 400, concluímos facilmente que na empresa B a representatividade feminina é maior. No entanto, ao considerar que na empresa A há
um total de 340 funcionários e na empresa B há 1500, a a�rmação não se mantém, pois na empresa A as mulheres representam aproximadamente
35% dos funcionários, enquanto na empresa B representam apenas 26% (Maciel, 2010).
 
 
 
Siga em Frente...
E como montar uma distribuição de frequências?
Ao analisar um conjunto de dados, o primeiro passo é considerar as diferentes categorias ou classes, calculando a FA de cada uma delas para
obter a distribuição de frequências do conjunto de dados, sendo apresentada em forma de tabela, conhecida como tabela de frequências, que
organiza as informações em geral em três colunas: uma para as categorias ou classes, onde são listadas as categorias observadas para a variável
em estudo; outra para as FAs, que registra o total de elementos da amostra pertencentes a cada categoria; e uma terceira para as FRs, na qual é
indicada a proporção de cada categoria em relação ao total, que podem ser expressas como percentagens (Martins, 2013). Por exemplo,
considerando uma amostra que consiste na observação da variável "Cor dos olhos" em 20 alunos de uma turma:
Castanhos, Pretos, Castanhos, Azuis, Castanhos, Castanhos, Pretos, Castanhos, Verdes, Castanhos, Pretos, Castanhos, Azuis, Castanhos,
Castanhos, Pretos, Pretos, Castanhos, Pretos, Pretos.
A tabela de frequências resultante seria a seguinte:
Categoria Frequência absoluta Frequência relativa
Castanhos 10 0,50
Pretos 7 0,35
Azuis 2 0,10
Verdes 1 0,05
Total 20 1,00
Tabela 1 | Tabela de Frequências. Fonte: Martins (2013).
Os dados podem ser exibidos por meio de tabelas e grá�cos, variando conforme o tipo de variável, como você aprenderá mais adiante.
Dessa forma, é fundamental que os pro�ssionais de saúde compreendam sobre os indicadores de saúde, pois são ferramentas vitais para entender
a dinâmica das doenças em uma população. Esses indicadores não apenas permitem avaliar a e�cácia das intervenções de saúde pública, mas
também direcionam recursos de maneira mais e�ciente.
Ao dominarem esses conceitos, os pro�ssionais de saúde podem desempenhar um papel signi�cativo na prevenção, no controle e no tratamento
de doenças, além de promover a saúde da comunidade. Capacitados com esse conhecimento, podem identi�car áreas de maior necessidade,
implementar medidas preventivas e educativas direcionadas e monitorar o progresso ao longo do tempo, contribuindo assim para um sistema de
saúde mais e�caz e abrangente. 
Vamos Exercitar?
Anteriormente, você foi convidado a imaginar uma equipe de saúde que está realizando um monitoramento epidemiológico em uma comunidade
rural para avaliar a prevalência de doenças e condições de saúde entre os moradores. Durante as visitas, a equipe coleta informações sobre as
doenças mais comuns na comunidade, investigam casos de mortalidade e morbidade e acompanham a ocorrência de novos casos de doenças.
Qual é a importância da compreensão das medidas de saúde, como Frequência Absoluta e Frequência Relativa, medidas de Mortalidade e
Morbidade, de Incidência e Prevalência na análise epidemiológica de um surto de doença em uma comunidade como essa?
Nesse contexto, é fundamental compreender que essas medidas de saúde proporcionam uma análise mais precisa da situação de saúde na
comunidade e orientam as ações da equipe. Por exemplo, as medidas de Frequência Absoluta (FA) e Frequência Relativa (FR) permitem quanti�car
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SAÚDE COLETIVA
a ocorrência de doenças na população, fornecendo uma visão clara da magnitude do surto. Ao registrar o número absoluto de casos de cada
doença e calcular a FR, a equipe pode identi�car quais doenças são mais prevalentes na comunidade.
As medidas de Mortalidade e Morbidade ajudam a equipe a entender o impacto das doenças, fornecendo informações sobre óbitos e prevalência
de casos. Ao calcular a taxa de mortalidade e avaliar as taxas de morbidade para doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, por exemplo, a
equipe pode priorizar intervenções preventivas e de tratamento.
Por �m, as medidas de Incidência e Prevalência permitem acompanhar a propagação das doenças ao longo do tempo e entender sua dinâmica na
comunidade. Ao calcular a incidência de novos casos e avaliar a prevalência de doenças crônicas, a equipe pode adaptar suas estratégias de
intervenção conforme necessário.
Portanto, compreender essas medidas é essencial para direcionar intervenções de saúde pública, implementar medidas de controle e prevenção e
avaliar a e�cácia das estratégias adotadas.
Saiba mais
Para saber mais sobre os índices de Incidência e Prevalência de doenças, leia os conteúdos indicados a seguir:
COSTA, A.; KALE, P. Medidas de Frequência de doença. In: MEDRONHO, R. de A. et al. Epidemiologia. 2. ed. Atheneu: São Paulo, 2010.
MOTA, E.; KERR, L. Medidas de ocorrência de doenças e agravos e óbitos. In: ALMEIDA FILHO, N. de A.; BARRETO, M. L. Epidemiologia &
Saúde: fundamentos, métodos e aplicações. Guanabara Koogan: Rio de Janeiro, 2012.
Leia também o capítulo indicado a seguir para ampliar seu conhecimento:
SOARES, D. A; ANDRADE, S. M. de; CAMPOS, J. J. B. de. Epidemiologia e indicadores de saúde. In: CORDONIJUNIOR, L. (org.). Bases da saúde
coletiva. Londrina: Editora UEL, 2001. cap. 10, p. 183-210. 
 
 
Referências
COELHO, E. B. S. Introdução ao curso de especialização em saúde da família. Universidade Aberta do SUS. Florianópolis: UFSC, 2010. 
LOCAWEB. Aprenda a calcular a frequência absoluta e a frequência relativa. Locaweb, 2023. Disponível em: https://tinyurl.com/444r99hm. Acesso
em: 14 mar. 2024.
MACIEL, F. Distribuição de frequências. 2010. Disponível em: https://tinyurl.com/2ez9bp7c. Acesso em: 14 mar. 2024.
MARTINS, M. E. G. Tabela de Frequências. Revista de Ciência Elementar, v. 1, n. 1, 2013. Disponível em: https://tinyurl.com/3k8u7c54. Acesso em:
14 mar. 2024.
PINTO, S. N. Saúde coletiva. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2016. 
Aula 2
Estudos Observacionais Descritivos
Estudos observacionais descritivos
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Disciplina
SAÚDE COLETIVA
Olá, estudante! Nesta videoaula, abordaremos os estudos observacionais descritivos, essenciais na análise da saúde populacional. Exploraremos
as variáveis tempo, lugar e espaço, fundamentais para compreender a distribuição de doenças. Além disso, discutiremos os relatos de caso e
séries de caso como exemplos desses estudos. Compreender esses conceitos é essencial para analisar e descrever a distribuição de doenças em
uma população, permitindo uma visão mais ampla dos padrões de saúde e das in�uências ambientais, sociais e individuais.
Ponto de Partida
Os indicadores de saúde desempenham um papel vital na orientação das decisões relacionadas às doenças e na condução de estudos
observacionais, oferecendo valiosas informações sobre o estado de saúde de uma população. Esses dados são essenciais para gestores de saúde
e pesquisadores, capacitando-os a tomar decisões fundamentadas sobre políticas de saúde, alocação de recursos e desenvolvimento de
intervenções voltadas para o aprimoramento da saúde comunitária.
Paralelamente, os estudos observacionais complementam tais informações ao investigar as associações entre fatores de exposição e resultados
de saúde. Ao explorar padrões, tendências e relações de causa e efeito entre variáveis de interesse, esses estudos aprofundam a compreensão dos
determinantes da saúde, orientando a implementação de intervenções e�cazes. Portanto, os indicadores de saúde fornecem a base de dados
essencial para estudos observacionais, enquanto estes contribuem para a interpretação e análise dos indicadores, enriquecendo a compreensão
dos problemas de saúde e auxiliando na formulação de políticas e estratégias de saúde mais e�cazes e direcionadas. Essa interação dinâmica
entre indicadores de saúde e estudos observacionais é essencial para promover a Saúde Pública e melhorar o bem-estar da população.
Para contextualizar, vamos a uma situação hipotética: um grupo de estudantes se dedicou a investigar os métodos epidemiológicos empregados
na pesquisa da saúde, visando apresentar os resultados em forma de pôster durante a Jornada de Saúde Coletiva na Universidade. Para isso, os
alunos foram organizados em equipes, cada uma encarregada de explorar um tema especí�co e propor uma questão central a ser abordada
durante a apresentação. Roberto e Marília, por exemplo, foram designados para criar um pôster com o objetivo de responder à seguinte indagação:
"Qual a metodologia adotada pela Epidemiologia para determinar o local, o momento e o grupo populacional afetado por uma doença
estabelecida?".
Leia o conteúdo a seguir e ao �nal da aula saiba como responder a essa questão!
Vamos Começar!
Após a coleta e análise sistemática de dados provenientes de fontes estabelecidas ou através de questionários e inquéritos populacionais
direcionados, os estudos epidemiológicos surgem como uma ferramenta essencial para aprofundar a compreensão dos indicadores de saúde e
iniciar uma investigação epidemiológica das relações entre as variáveis de interesse.
Os estudos epidemiológicos são geralmente classi�cados em três categorias principais: observacionais descritivos, observacionais analíticos e
experimentais e são organizados conforme a unidade de investigação (individuada ou agregada), o papel do pesquisador (observacional ou
experimental) e a dimensão temporal do estudo (transversal ou longitudinal) (Vilella, 2018; Pinto, 2016):
Unidade de Investigação:
Individuada: enfoca indivíduos especí�cos, sendo estudados um a um.
Agregada: agrupa pessoas em coletivos geográ�cos e temporais.
Papel do Pesquisador:
Passivo: observação metódica sem intervenção direta.
Observacional (ativo): intervenção controlada, mas sem manipulação direta.
Experimental (intervenção): intervenção ativa com manipulação controlada.
Dimensão Temporal:
Transversal (ou seccional): análise instantânea em um único momento.
Longitudinal (ou serial): análise ao longo de um período, permitindo a observação de mudanças ao longo do tempo.
Passivo: observação metódica sem intervenção direta.
Observacional (ativo): intervenção controlada, mas sem manipulação direta.
Experimental (intervenção): intervenção ativa com manipulação controlada.
Transversal (ou seccional): análise instantânea em um único momento.
Longitudinal (ou serial): análise ao longo de um período, permitindo a observação de mudanças ao longo do tempo.
Os estudos podem ser individuados ou agregados, observacionais ou experimentais, e transversais ou longitudinais, dependendo da combinação
desses critérios. Por exemplo, estudos individuados observacionais avaliam indivíduos através de inquéritos, sendo transversais se conduzidos em
um único momento e longitudinais se realizados em séries ao longo do tempo. Já os estudos agregados observacionais, que focam em
populações ou grupos especí�cos em uma região, são chamados de estudos ecológicos. Eles geralmente investigam a in�uência do ambiente e do
contexto social na saúde da população, podendo ser baseados em comparações geográ�cas ou institucionais, como entre bairros, escolas ou
unidades de saúde (Pinto, 2016).
Os estudos descritivos têm o potencial de responder a uma variedade de perguntas, desde a identi�cação dos fatores contribuintes para o
desenvolvimento de uma doença, comparar a saúde de populações expostas e não expostas a uma intervenção, até a avaliação do impacto de
intervenções em saúde. Um exemplo poderia ser uma investigação sobre a prevalência de Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNTs) em uma
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SAÚDE COLETIVA
determinada comunidade. Os pesquisadores coletariam dados sobre a ocorrência e distribuição dessas doenças em diferentes grupos
populacionais, levando em consideração fatores como idade, sexo, nível socioeconômico e localização geográ�ca. Eles analisariam registros de
saúde, dados de inquéritos populacionais ou registros de hospitais e clínicas para determinar a frequência de condições, como diabetes,
hipertensão, doenças cardiovasculares e câncer.
Essa análise descritiva permitiria aos pesquisadores identi�carem padrões de doença na população, como grupos de maior risco, áreas
geográ�cas com maior prevalência de certas doenças e tendências temporais ao longo do tempo. Nesse sentido, eles poderiam observar se a
prevalência de diabetes mellitus está aumentando ao longo dos anos em uma determinada região ou se certos grupos demográ�cos têm uma
maior carga de DCNTs.
Esses resultados forneceriam uma base sólida para futuros estudos analíticos, nos quais os pesquisadores poderiam testarhipóteses sobre os
fatores de risco associados a essas doenças e sua relação causal com os desfechos de saúde, como a mortalidade ou a qualidade de vida dos
pacientes. Como você pode observar, esses estudos não envolvem a aplicação de intervenções experimentais ou manipulação de variáveis, como é
o caso dos estudos experimentais. Eles permitem observar e analisar as relações entre exposições, como fatores de risco ou intervenções e
desfechos de saúde, como doenças ou eventos adversos, em um ambiente natural (Vilella, 2018; Pinto, 2016).
O estudo descritivo é uma abordagem na Epidemiologia que se concentra na descrição da ocorrência e distribuição de doenças ou outros
fenômenos de saúde em uma determinada população. Em vez de buscar explicações ou testar hipóteses, como ocorre nos estudos analíticos, seu
objetivo principal é fornecer uma descrição da frequência da doença ou fenômeno de interesse, levando em consideração o local, o tempo e as
pessoas envolvidas. As variáveis investigadas estão relacionadas a quem foi afetado, onde e quando ocorreu o fenômeno em questão (Vilella,
2018).
Figura 1 | Tripé da epidemiologia descritiva. Fonte: adaptada de Vilella (2018, p. 23).
Agora, vamos explorar as variáveis relacionadas às pessoas, ao espaço/lugar e ao tempo.
1. Variável pessoa
As variáveis relacionadas às pessoas podem ser classi�cadas em três categorias: demográ�cas, sociais e de estilo de vida. Essas variáveis
desempenham papéis distintos no processo de saúde-doença, in�uenciadas pela exposição a diferentes fatores de risco, o que é essencial para a
Saúde Pública ao desenvolver políticas especí�cas para reduzir a morbimortalidade de forma e�caz (Vilella, 2018). Seguem os principais exemplos:
Variáveis demográ�cas: incluem idade, sexo e grupo étnico.
Idade: entre as variáveis relacionadas à pessoa, a idade é aquela que apresenta a maior diversidade de taxas, em razão da existência de
muitas doenças especí�cas para diferentes faixas etárias. As causas de morbidade e mortalidade variam de acordo com as fases da
vida: na infância, predominam as doenças infecciosas; na adolescência, destacam-se os acidentes, a violência e o abuso de
substâncias; nos adultos jovens, os acidentes permanecem signi�cativos; e, nos adultos e idosos, predominam as doenças crônicas.
Essas diferenças se explicam pelo fato de cada grupo etário possuir características biológicas distintas, como o funcionamento do
sistema imunológico, e estar exposto a riscos especí�cos, decorrentes de doenças características e interação com o meio ambiente.
Sexo: é uma variável de grande relevância, uma vez que homens e mulheres apresentam diferenças �siológicas, anatômicas e
comportamentais. Isso resulta em padrões distintos de morbimortalidade para cada sexo, independentemente do grupo etário
considerado.
Grupo étnico: refere-se a um conjunto de indivíduos que compartilham semelhanças no patrimônio genético, embora a etnia também
seja uma construção social e cultural. Portanto, é essencial interpretar com cautela a maior incidência de certas doenças em
populações étnicas especí�cas, para evitar confusões entre etnia e classe social. No entanto, é importante destacar que as diferenças
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SAÚDE COLETIVA
biológicas entre grupos étnicos são principalmente de natureza genética e �siológica. Por exemplo, os negros tendem a ser mais
suscetíveis à anemia falciforme, enquanto os brancos apresentam maior suscetibilidade ao melanoma. No Brasil, a grande
heterogeneidade genética é resultado da miscigenação étnica ao longo da história do país.
Variáveis sociais: englobam estado civil, renda, ocupação e instrução. Essas variáveis estão intimamente ligadas ao acesso aos serviços de
saúde, qualidade de vida e condições sanitárias. Indivíduos com melhores condições socioeconômicas tendem a apresentar menores taxas
de morbimortalidade (Vilella, 2018).
Estado civil: estudos apontam para melhores níveis de saúde entre os indivíduos casados em comparação com os solteiros, viúvos ou
divorciados. Isso ocorre por dois motivos principais: pessoas saudáveis têm maior propensão a se casarem e o estilo de vida entre
casados e solteiros tende a diferir, resultando em alterações comportamentais que in�uenciam os riscos à saúde. A diversidade de
estilos de vida gera fatores signi�cativos para o processo saúde-doença, devido às diferentes práticas associadas, como hábitos
alimentares, tabagismo, sedentarismo, consumo de álcool e outras drogas. Esses elementos constituem variáveis importantes a serem
analisadas nos estudos epidemiológicos.
Renda, ocupação e instrução: o nível socioeconômico abrange uma variedade de fatores, incluindo renda, ocupação e nível educacional.
É bem conhecido que as disparidades de renda têm impacto signi�cativo no acesso aos serviços de saúde, na qualidade de vida, nas
condições de alimentação e sanitárias, entre outros aspectos imprescindíveis. Essas disparidades também se re�etem na ocupação e
na educação, embora esses elementos estejam intrinsecamente ligados. O grau de instrução exerce uma in�uência substancial no nível
socioeconômico de um indivíduo, afetando vários aspectos de sua vida. Indivíduos com maior escolaridade tendem a ter acesso a uma
gama mais ampla de oportunidades de emprego, muitas vezes associadas a salários mais altos e benefícios melhores. É observado que
indivíduos com maiores níveis socioeconômicos tendem a apresentar taxas mais baixas de morbidade e mortalidade. 
Variáveis de estilo de vida: englobam hábitos como tabagismo, consumo alimentar, prática de exercício físico e uso de drogas. Esses hábitos
têm um papel signi�cativo no processo saúde-doença, pois estão associados a importantes fatores de risco para o desenvolvimento de
doenças. 
Estado civil: estudos apontam para melhores níveis de saúde entre os indivíduos casados em comparação com os solteiros, viúvos ou
divorciados. Isso ocorre por dois motivos principais: pessoas saudáveis têm maior propensão a se casarem e o estilo de vida entre casados e
solteiros tende a diferir, resultando em alterações comportamentais que in�uenciam os riscos à saúde. A diversidade de estilos de vida gera
fatores signi�cativos para o processo saúde-doença, devido às diferentes práticas associadas, como hábitos alimentares, tabagismo,
sedentarismo, consumo de álcool e outras drogas. Esses elementos constituem variáveis importantes a serem analisadas nos estudos
epidemiológicos.
Renda, ocupação e instrução: o nível socioeconômico abrange uma variedade de fatores, incluindo renda, ocupação e nível educacional. É
bem conhecido que as disparidades de renda têm impacto signi�cativo no acesso aos serviços de saúde, na qualidade de vida, nas condições
de alimentação e sanitárias, entre outros aspectos imprescindíveis. Essas disparidades também se re�etem na ocupação e na educação,
embora esses elementos estejam intrinsecamente ligados. O grau de instrução exerce uma in�uência substancial no nível socioeconômico de
um indivíduo, afetando vários aspectos de sua vida. Indivíduos com maior escolaridade tendem a ter acesso a uma gama mais ampla de
oportunidades de emprego, muitas vezes associadas a salários mais altos e benefícios melhores. É observado que indivíduos com maiores
níveis socioeconômicos tendem a apresentar taxas mais baixas de morbidade e mortalidade. 
2. Variável Espaço/Lugar
O lugar interfere na situação de saúde das populações. A forma como o homem intervém no local onde vive, altera complexamente a relação meio
ambiente-indivíduo-enfermidade. Então, as condições geográ�cas, sejam elas alteradas ou não, vão interferir no processo saúde doença, ao ter
papel na interferência do desenvolvimento de fatores de risco para os indivíduos (Vilella, 2018).
O espaço pode ser dividido de maneira lógica em lugares, e para essa organização e subdivisão, utilizam-se as variáveis de lugar, que podem ser
classi�cadas da seguinte forma (Pinto, 2016):
Variáveis geopolíticas: observa-se que os países apresentam diferentes incidências de doenças entre seus habitantes, sendoin�uenciados
por uma variedade de fatores. Enquanto as disparidades socioeconômicas e a gestão das políticas de saúde desempenham um papel
fundamental nesse cenário, aspectos culturais e geográ�cos, como clima e temperatura, também exercem in�uência signi�cativa. Por
exemplo, diferenças no controle, prevenção e manejo de doenças infecciosas e crônicas, assim como questões relacionadas à má nutrição,
mortalidade infantil, suicídio e outras condições de saúde, podem ser observadas em contextos diversos. Ao realizar estudos comparativos
do per�l epidemiológico entre nações, é possível identi�car variáveis geopolíticas distintas, como "países americanos" e "países
subdesenvolvidos". Essas análises são essenciais para classi�car e ordenar os países, fornecendo informações para avaliar a e�cácia dos
serviços de saúde, tanto em nível local quanto internacional. 
Variáveis político-administrativas: os territórios das nações podem ser organizados conforme critérios políticos e administrativos. Estudos
comparativos regionais e municipais são essenciais para revelar diferenças nas condições de saúde e identi�car necessidades e desa�os
locais. A divisão do território em unidades administrativas ou censitárias é a mais adequada para a disponibilidade de dados, pois apresenta
áreas delimitadas com informações do censo sobre casos e óbitos por região, além de dados sobre a rede de assistência em saúde. Essas
abordagens são fundamentais para compreender e enfrentar os desa�os de saúde em diferentes regiões, contribuindo para a melhoria dos
sistemas de saúde e a promoção do bem-estar da população. 
Variáveis geográ�cas:  desempenham um papel essencial na compreensão das doenças como fenômeno de massa, exigindo uma análise
multifacetada das diferentes vertentes populacionais – social, econômica e política – por meio dos fatores contribuintes. Dentro dos estudos
descritivos, encontramos duas séries de variáveis geográ�cas predominantes: as ambientais e as populacionais. As variáveis ambientais
exploram a relação entre a ocorrência de doenças e fatores como localização geográ�ca, relevo, características hidrográ�cas, vegetação,
clima e fauna. Esses estudos também investigam doenças associadas a fatores ambientais arti�ciais, como desmatamento, emissão de
poluentes, uso excessivo de agrotóxicos, aditivos químicos na alimentação, poluição no ambiente de trabalho e padrões de moradia. Por
outro lado, as variáveis populacionais ou demográ�cas referem-se aos aspectos geográ�cos ligados à população, considerando-a como uma
coletividade socialmente estruturada, geralmente ocupando um espaço geográ�co especí�co. Quanto maior a extensão do país, mais
evidentes serão as diferenças nas condições ambientais e de vida dos indivíduos. Por exemplo, no Brasil, observam-se discrepâncias
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signi�cativas na situação geral de saúde entre cidades da região norte e região sudeste. Ao analisar variações nessas variáveis locais, as
informações podem ser valiosas para orientar a gestão de políticas públicas, adaptando-as às demandas regionais.
Nas áreas urbanas e rurais, as condições de saúde da população estão principalmente ligadas a fatores ambientais e de estilo de vida. É
evidente que existem diferenças marcantes na disponibilidade de serviços médicos e sanitários, especialmente em regiões menos
desenvolvidas, onde há menor oferta de emprego, escolas e saneamento básico. Nas áreas rurais, as populações estão mais expostas a
doenças relacionadas ao tipo de moradia, ao saneamento ambiental e ao uso de pesticidas agrícolas. Em contrapartida, nas áreas urbanas,
os problemas de saúde estão mais associados aos hábitos de vida urbanos, à poluição ambiental, ao estresse e à promiscuidade sexual,
in�uenciando a disseminação de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e outros agravos à saúde. Em ambos os contextos, as políticas
de saúde devem ser adaptadas para atender às necessidades especí�cas, visando promover o bem-estar e reduzir as disparidades em saúde
(Pinto, 2016). 
3. Variável Tempo
A Epidemiologia emprega alguns conceitos relacionados à variável tempo, que incluem (Pinto, 2016):
Intervalo de Tempo: refere-se ao período decorrido entre eventos a partir de uma marca cronológica especí�ca. Esse intervalo pode ser
medido em horas, dias, semanas, meses ou anos. 
Intervalo Cronológico: é um intervalo de tempo de�nido por datas especí�cas estabelecidas como marcos cronológicos. Um exemplo de uso
desse conceito é a análise da incidência de casos novos de poliomielite no intervalo cronológico de 1979 a 1989, ano a ano. 
Período: é uma variável temporal que é determinada cronologicamente, como uma semana especí�ca do mês ou o mês de janeiro ao longo
de vários anos. Também pode incluir períodos do dia, como manhãs, ou horas especí�cas.
Essas variáveis de tempo, lugar e pessoa são fundamentais na análise de Relatos de Caso e Séries de Casos, pois ajudam a entender melhor a
distribuição e as características das doenças em uma população. No contexto desses estudos observacionais descritivos, a variável de tempo
pode fornecer informações sobre a evolução da doença ao longo do tempo. Por exemplo, pode-se observar se há sazonalidade nas ocorrências de
determinada doença, se houve mudanças nos padrões de incidência ao longo dos anos ou se há tendências temporais signi�cativas. Isso é
especialmente útil para identi�car surtos ou epidemias.
A variável de lugar permite identi�car padrões de distribuição geográ�ca da doença. Por exemplo, pode-se investigar se existem clusters de casos
em determinadas regiões ou se a incidência da doença varia de acordo com características ambientais especí�cas de um local. Isso pode ajudar a
direcionar intervenções de Saúde Pública para áreas com maior necessidade.
E a variável de pessoa permite identi�car padrões demográ�cos e epidemiológicos da doença. Por exemplo, pode-se investigar se a doença afeta
mais determinados grupos etários ou se há diferenças na distribuição da doença entre homens e mulheres. Isso pode fornecer informações
importantes sobre os fatores de risco e as características clínicas da doença (Vilella, 2018).
 
 
Siga em Frente...
Durante muito tempo, os Relatos de Casos foram a principal base de informações cientí�cas na medicina, contribuindo signi�cativamente para o
desenvolvimento de diversas técnicas cirúrgicas ainda utilizadas nos dias de hoje. Contudo, com o advento da medicina baseada em evidências,
esses estudos tornaram-se menos valorizados na literatura médica, sendo muitas vezes evitados por editores de periódicos. Apesar disso, os
Relatos de Caso continuam desempenhando um papel importante na formação dos médicos clínicos, estimulando a interpretação de sinais e
sintomas e proporcionando material valioso para discussões educacionais (Parente et al., 2015).
O Relato de Caso é um estudo que descreve detalhadamente um único indivíduo ou um pequeno grupo de indivíduos que compartilham
características semelhantes. Geralmente, os Relatos de Casos são usados para descrever condições médicas raras, novas ou incomuns, ou para
relatar reações adversas a tratamentos ou medicamentos, fornecendo informações detalhadas sobre a história clínica, exames diagnósticos,
tratamento e desfechos dos pacientes, com o objetivo de aumentar o conhecimento sobre uma condição especí�ca. Um exemplo recente é o uso
de uma terapia experimental contra raiva, que resultou na sobrevivência de um paciente nos Estados Unidos e posteriormente foi utilizada em
outros casos, incluindo um no Brasil (Parente et al., 2015).
As Séries de Casos são estudos que se concentram em descrever as características e os resultados de um grupo de indivíduos afetados por uma
determinada doença ou exposição, em vez de comparar os riscos entre diferentes grupos ao longo do tempo, sem incluir um grupo controle. Devido
à falta de um grupo controle e ao risco potencial de viés, particularmente o viés de seleção, no qual casos mais graves podem ser mais
prontamente identi�cados, enquanto casos raros ou menosgraves podem ser negligenciados, o delineamento de séries de casos não é
considerado a fonte mais robusta de evidências.
Apesar das limitações, como a possibilidade de viés de seleção e a ausência de um grupo controle, esses estudos desempenham um papel crucial
em cenários de emergência, como novas doenças ou tratamentos, fornecendo insights descritivos e contribuindo para a construção de
conhecimento e formulação de hipóteses. Um exemplo marcante ocorreu no �nal de dezembro de 2019, quando um surto de pneumonia de origem
desconhecida surgiu na China, posteriormente identi�cado como causado pelo coronavírus SARS-CoV-2, resultando na doença Covid-19.
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Em janeiro de 2020, pesquisadores chineses publicaram uma Série de Casos detalhando as características e os desfechos de 41 adultos com
Covid-19 con�rmada. Esse estudo foi crucial, pois representou a primeira descrição publicada do impacto da nova doença, fornecendo informações
essenciais para os pro�ssionais de saúde em todo o mundo durante os estágios iniciais da pandemia (Duque et al., 2020).
Embora os Relatos de Casos e as Séries de Casos sejam essenciais na pesquisa médica, sua realização demanda um cuidadoso zelo e atenção
aos detalhes. Nesses estudos, os pesquisadores delineiam as características de um ou mais indivíduos afetados por uma determinada condição
de saúde, sem a aplicação de intervenções experimentais. Geralmente utilizados para descrever novas doenças, padrões de enfermidades raras ou
incomuns, ou para fornecer uma análise minuciosa da apresentação clínica, diagnóstico e tratamento de uma condição especí�ca, é imperativo que
esses estudos estabeleçam objetivos claros e contribuam de forma substancial para o avanço do conhecimento ou o desenvolvimento de novas
abordagens terapêuticas (Duque et al., 2020; Parente et al., 2015).
Dessa forma, é de suma importância reconhecer suas limitações intrínsecas, como o tamanho limitado da amostra e a falta de um grupo controle
para comparação, a �m de garantir que suas conclusões sejam interpretadas com precisão e contexto. Apesar dessas limitações, tanto os Relatos
de Casos quanto as Séries de Casos desempenham um papel inestimável na medicina e na pesquisa em saúde. Eles fornecem informações
imprescindíveis sobre condições médicas especí�cas, capacitando os pro�ssionais de saúde a aprimorar sua compreensão dessas condições e a
oferecer cuidados mais e�cazes e personalizados aos indivíduos (Duque et al., 2020; Parente et al., 2015).
Vamos Exercitar?
No início da aula fomos apresentados a esta situação: um grupo de estudantes se dedicou a investigar os métodos epidemiológicos empregados
na pesquisa da saúde, visando apresentar os resultados em forma de pôster durante a Jornada de Saúde Coletiva na Universidade. Para isso, os
alunos foram organizados em equipes, cada uma encarregada de explorar um tema especí�co e propor uma questão central a ser abordada
durante a apresentação. Roberto e Marília, por exemplo, foram designados para criar um pôster com o objetivo de responder à seguinte indagação:
"Qual a metodologia adotada pela Epidemiologia para determinar o local, o momento e o grupo populacional afetado por uma doença
estabelecida?".
Por meio de análises e segundo variáveis estudadas relacionadas às pessoas, ao espaço e ao tempo, o estudo descritivo permite de�nir quando,
onde e quais pessoas adoecem por determinada doença e/ou agravo. As variáveis consideradas são:
Tempo: tempo (mês, ano, dias, semanas), sequência cronológica (período de anos, décadas) e período (por exemplo, turno noturno, manhãs,
sextas-feiras).
Pessoas: idade, sexo, raça, ocupação, nível de instrução, tipo de moradia, hábitos, doenças preexistentes, entre outras.
Espaço (lugar): geopolíticas (entre nações), político-administrativas (segundo divisão territorial, municípios, regiões), geográ�cas (variam
segundo as características das populações que habitam no local, ou seja, populacionais e ambientais).
A abordagem descritiva permite estudar a distribuição da frequência das doenças e dos agravos em função de variáveis ligadas ao tempo, ao
espaço (relativas ao ambiente e à população) e à pessoa, fornecendo informações sobre o per�l epidemiológico para a adoção de práticas de
Saúde Coletiva.
 
 
Saiba mais
Você poderá pesquisar mais sobre o assunto em:
BONITA, R.; BEAGLEHOLE, R.; KJELLSTROM, T. Epidemiologia básica. 2. ed. São Paulo: Santos, 2010.
LEITE, M. T. et al. Caracterização e condições de saúde de idosos mais idosos residentes em um município do norte do Rio Grande do Sul.
Revista Brasileira de Ciências do Envelhecimento Humano, v. 7, n. supl. 1, 2012. 
 
 
Referências
DUQUE, C. A. T. et al. Série de casos: delineamento de estudo essencial para a construção de conhecimento e a proposição de hipóteses para
doenças raras e novas. Jornal Brasileiro de Pneumologia. 2020. Disponível em: https://tinyurl.com/5n7aurf3. Acesso em: 17 mar. 2024.
PINTO, S. N. Saúde coletiva. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2016.
VILELLA, E. F. de M.; OLIVEIRA, F. M. de. Epidemiologia sem mistérios: tudo aquilo que você precisa saber!. Jundiaí: Paco Editorial, 2018.
https://seer.upf.br/index.php/rbceh/article/view/1098/pdf
https://tinyurl.com/5n7aurf3
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PARENTE, R. C. M. et al. Entendendo a Pesquisa Clínica V: relatos e séries de casos. Brazilian Journal of Videoendoscopic Surgery, 2015. Disponível
em: https://tinyurl.com/2ue9c9rf. Acesso em: 17 mar. 2024.
Aula 3
Estudos Observacionais Analíticos
Estudos observacionais analíticos
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Olá, estudante! Nesta videoaula vamos compreender o conceito de estudos observacionais analíticos, explorando o alinhamento ecológico e
transversal, bem como os delineamentos de caso-controle e coorte. Esses métodos são fundamentais na pesquisa epidemiológica, permitindo-nos
analisar associações entre variáveis de interesse e desfechos de saúde em diferentes populações. Ao compreendermos esses delineamentos,
estaremos capacitados a investigar e interpretar os fatores que in�uenciam a ocorrência de doenças e condições de saúde na sociedade.
Vamos lá?
Ponto de Partida
Os estudos observacionais analíticos representam uma categoria avançada na pesquisa epidemiológica, indo além da mera descrição da situação
de saúde de uma população. Enquanto os estudos descritivos se limitam à caracterização e quanti�cação da incidência de doenças e agravos, os
estudos analíticos buscam investigar as relações de causa e efeito entre exposições a determinados fatores e seus impactos na saúde. Essas
pesquisas envolvem a comparação de diferentes grupos de exposição e desfecho, o que permite a identi�cação de associações signi�cativas e o
estabelecimento de relações causais fundamentais para compreender os mecanismos subjacentes às condições de saúde da população.
Para contextualizar, imagine que uma equipe de pesquisadores esteja investigando os efeitos do consumo regular de café na incidência de
doenças cardíacas e, para isso, decidem realizar um estudo analítico para explorar essa relação. Então, recrutam uma amostra representativa de
indivíduos adultos e os acompanham ao longo de vários anos. Durante esse período, eles coletam informações detalhadas sobre o consumo de
café de cada participante, bem como seus hábitos de vida, histórico médico e outros fatores relevantes para a saúde cardiovascular. Ao �nal do
estudo, os pesquisadores analisam os dados para determinar se existe uma associação entre o consumo de café e o desenvolvimento de doenças
cardíacas. Considerando o exposto, qual é o delineamento do estudo?
Prossiga com esta leitura para saber responder!
Vamos Começar!
Os Estudos Descritivos, assimcomo os Estudos Analíticos ou Epidemiologia Analítica, são empregados na análise dos indicadores de saúde devido
às suas diferentes abordagens, que se complementam na compreensão abrangente da situação de saúde de uma população. Enquanto os Estudos
Descritivos buscam identi�car os fatores determinantes do processo estudado e gerar hipóteses baseadas em fatores de risco, oferecendo uma
visão geral da saúde em um determinado momento, os Estudos Analíticos visam investigar as hipóteses levantadas a partir dos Estudos
Descritivos e estabelecer relações de causa e efeito entre exposições a determinados fatores e seus efeitos na saúde, avaliando a e�cácia de
intervenções em saúde.
Por exemplo, em uma pesquisa sobre a incidência de diabetes em diferentes faixas etárias – crianças, adolescentes, adultos e idosos –, o diabetes
seria o evento de interesse e a idade seria uma característica especí�ca de cada grupo. Assim, para validar uma hipótese originada da análise dos
efeitos da exposição, considerando o tempo e as características dos indivíduos analisados, a Epidemiologia Analítica, por meio de métodos
comparativos, revela-se mais adequada e e�caz em comparação com a Epidemiologia Descritiva (Vilella, 2018). 
https://tinyurl.com/2ue9c9rf
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Figura 1 | Esquema sobre o delineamento da Epidemiologia Analítica. Fonte: adaptada de Vilella (2018, p. 26).
Os Estudos Analíticos podem ser subdivididos em: ecológicos, transversais, caso-controle e coorte.
Estudos Ecológicos
Esses estudos comparam a ocorrência de doenças e exposição entre grupos populacionais, como países, regiões ou municípios, para investigar
possíveis associações entre elas. Ao contrário de estudos individuais, eles analisam dados agregados da exposição e doença em larga escala.
Esses estudos exploram áreas geográ�cas, buscando correlações entre variáveis ambientais ou socioeconômicas e indicadores de saúde. Um
exemplo seria investigar a correlação entre a taxa de tabagismo e a incidência de câncer de pulmão em diferentes países.
Nesse estudo, os pesquisadores coletariam dados sobre a prevalência de tabagismo e as taxas de câncer de pulmão em várias nações e, em
seguida, eles analisariam esses dados em conjunto, sem considerar informações individuais dos participantes, para identi�car se há uma
associação entre as taxas de tabagismo e a incidência de câncer de pulmão em cada país. Esse estudo exploraria uma associação entre fatores
populacionais e de saúde em diferentes regiões, exempli�cando a abordagem dos estudos ecológicos. É importante observar que nesse tipo de
estudo não se dispõe de informações sobre a doença e a exposição em nível individual, mas sim do grupo populacional como um todo, sendo uma
de suas vantagens (Vilella, 2018).
Os estudos ecológicos, assim como outros tipos de estudos epidemiológicos, possuem vantagens e desvantagens inerentes ao seu delineamento
especí�co. Uma das principais vantagens é a e�ciência na coleta e análise de dados em larga escala, resultando em menor custo e tempo. Isso
possibilita a geração e teste de várias hipóteses de forma rápida. No entanto, a análise em nível populacional impede a associação direta entre
exposição e resultado em indivíduos especí�cos, sendo uma limitação signi�cativa. Além disso, a falta de controle sobre fatores de confusão pode
comprometer a validade dos resultados, visto que variáveis não consideradas podem in�uenciar os desfechos (Vilella, 2018).
Estudos Transversais
Também conhecidos como estudos de prevalência ou seccionais, são delineados como estudos individuais observacionais transversais, sendo
indicados para observar a prevalência, ou seja, a frequência de ocorrência de doenças ou problemas de saúde em uma população especí�ca. Eles
fornecem informações sobre a saúde de uma população ou comunidade, avaliando a situação de saúde dos indivíduos em um momento
especí�co, ou seja, oferecem uma visão instantânea do estado de saúde em um momento especí�co, fornecendo um retrato momentâneo da
situação de saúde sem um segmento de exposição de�nido.
Tanto os fatores quanto os efeitos são analisados simultaneamente nesse tipo de estudo, que tem sido amplamente utilizado nas práticas de
investigação em Saúde Coletiva. Devido à di�culdade óbvia de conduzir um estudo com toda a população, são utilizadas amostras representativas
dessa população, selecionadas por sorteio ou seleção aleatória de indivíduos para compor a amostra estudada (Pinto, 2016).
Ao contrário dos estudos longitudinais, eles analisam simultaneamente a presença da doença e da exposição em cada indivíduo. Esses estudos
são particularmente úteis para examinar doenças comuns e crônicas, onde espera-se que a doença seja mais prevalente entre os expostos do que
entre os não expostos (Figura 2). Por exemplo, um estudo transversal pode investigar a presença de doença coronariana (doença) através de um
eletrocardiograma em indivíduos com níveis elevados de colesterol (fator de risco ou variável). A partir desse momento, serão identi�cados os
casos de doença coronariana no momento do estudo, logo, casos prevalentes da doença (Vilella, 2018). Para uma compreensão mais clara, segue
o esquema do delineamento do estudo:
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Figura 2 | Delineamento de um Estudo Transversal. Fonte: adaptada de Vilella (2018, p. 24).
As limitações dos estudos transversais englobam diversas questões cruciais. O viés de sobrevivência é uma preocupação, pois há uma inclinação
maior para representar doenças crônicas em detrimento das agudas. Além disso, a exclusão de indivíduos já recuperados ou falecidos antes do
estudo pode distorcer os resultados de prevalência. Esses estudos não têm a capacidade de detectar casos incidentes, ou seja, novos casos da
doença, e também enfrentam limitações na estabelecer relações causais diretas, sendo suscetíveis ao viés de memória e confusão.
Outro ponto a considerar é a necessidade de um grande número de participantes quando a prevalência da doença é baixa. Em contrapartida, os
estudos transversais possuem vantagens notáveis, como simplicidade, baixo custo e a capacidade de identi�car rapidamente casos e grupos de
risco (Pinto, 2016).
 
 
Siga em Frente...
Estudos Caso-controle
Esses estudos são classi�cados como analíticos, observacionais e retrospectivos. São considerados observacionais devido à não interferência do
pesquisador na amostra, permitindo que a natureza siga seu curso. São longitudinais, pois envolvem a coleta de dados em diferentes momentos do
tempo, considerando tanto a exposição aos fatores quanto a ocorrência da doença. Além disso, são retrospectivos, pois começam com o desfecho
(doença) e retrocedem em busca das causas no passado (Vilella, 2018).
Para melhor compreensão, apresentamos a seguir o esquema do delineamento do estudo caso-controle:
Figura 3 | Estudo caso-controle. Fonte: Pinto (2016, p. 96).
Como observado, o estudo caso-controle parte do efeito (doentes) e, retroativamente, nos grupos caso (afetados pela doença em estudo) e
controle (indivíduos não afetados), busca os expostos e não expostos ao fator de risco. O pesquisador, após de�nir a doença a ser estudada,
seleciona um grupo de pessoas doentes para serem os casos. Para a seleção dos casos, é essencial que a doença esteja bem de�nida e que
tenham sido utilizados métodos diagnósticos adequados. Os casos mais graves e recentes são preferidos. Da mesma amostra, seleciona
indivíduos não afetados pela doença para compor o grupo controle.
É recomendado que sejam semelhantes aos casos em vários aspectos, exceto pela ausência da doença. O pareamento pode ser utilizado para
selecionar indivíduos para o grupo controle com características semelhantes aos casos, como a similaridade na área geográ�ca, nos fatores
socioeconômicos e culturais da comunidade e nos serviços de saúde onde os sujeitos afetados foram atendidos. Investiga se os grupos diferem
em relação à exposição a possíveis fatores de risco em um determinado momento (Vilella, 2018).
O estudo caso-controleé recomendado em situações de surtos epidêmicos ou quando há a necessidade urgente de identi�car a causa de uma
doença desconhecida. Além disso, é útil para investigar rapidamente e de forma econômica os fatores de risco associados a doenças raras e de
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longo período de latência, que é o intervalo de tempo transcorrido desde que se produz a infecção até o momento em que a pessoa se torna
infecciosa (Vilella, 2018).
As vantagens do estudo caso-controle são múltiplas e signi�cativas. Sua execução é fácil e demanda um tempo relativamente curto, tornando-o
e�ciente e prático para investigações. Além disso, seu custo reduzido o torna acessível, sendo uma opção viável mesmo em cenários com recursos
limitados. Esse tipo de estudo se destaca pela sua e�cácia em investigar doenças raras, fornecendo informações em situações menos comuns.
Adicionalmente, é uma ferramenta útil para formular hipóteses sobre novas doenças ou surtos incomuns, já que permite a avaliação de um grande
número de variáveis preditoras, contribuindo para uma compreensão mais abrangente do fenômeno em estudo.
No entanto, suas limitações estão intrinsecamente ligadas a diversos desa�os operacionais. A seleção dos indivíduos para o grupo controle pode
ser complexa, muitas vezes exigindo critérios rigorosos para garantir uma comparação válida com os casos. Além disso, a obtenção de
informações completas de fontes de dados pode ser difícil, especialmente quando dependem de questionários, aumentando o risco de viés de
memória e seleção devido à natureza retrospectiva da análise (Pinto, 2016).
Conhecendo os possíveis vieses do estudo, é fundamental adotar medidas para evitá-los, pois podem comprometer a validade dos resultados.
Viés de Seleção: manifesta-se pela discrepância sistemática na seleção dos grupos caso e controle. Pode ocorrer devido a fatores como a
inclusão voluntária no estudo, a não aplicação intencional ou não do pareamento, ou a seleção conveniente por parte do pesquisador, que
escolhe indivíduos que se ajustam melhor ao resultado esperado. É essencial utilizar uma mesma amostra para a seleção dos casos e
controles, empregando a mesma técnica de seleção. Além disso, o pareamento pode ser utilizado para tornar os casos e controles
comparáveis em relação a fatores constitucionais importantes, como idade, sexo e raça (Vilella, 2018). 
Viés de Memória (Informação): urge quando casos e controles lembram-se de forma diferente de sua exposição ou não e da maneira como
foram expostos, impactando a precisão das informações coletadas. Para mitigar esse viés, recomenda-se obter o máximo de registros sobre
os casos e controles antes da ocorrência do desfecho (doença), como registros de internações, prontuários e cartão de vacinação. Além
disso, o "cegamento" do estudo, que envolve ocultar informações para os participantes em relação ao status do desfecho e à exposição em
estudo, pode ser aplicado. Esse cegamento também pode ser estendido aos observadores-pesquisadores para evitar qualquer viés na
interpretação dos resultados (Vilella, 2018). 
Estudos de Coorte
Classi�cados como observacionais, prospectivos, longitudinais e de incidência ou seguimento, os estudos de coorte envolvem indivíduos
saudáveis agrupados de acordo com a exposição ao fator de risco em estudo (expostos e não expostos), sendo acompanhados ao longo do
tempo. Também conhecidos como estudos de acompanhamento, no caso prospectivo, partem do presente em direção ao futuro, visando
identi�car o desfecho, como o desenvolvimento da doença ou agravo. É importante destacar que o termo "prospectivo" se refere ao momento de
coleta de dados, não há relação entre exposição e efeito. No início do estudo, uma população de interesse é selecionada e submetida a exames
clínicos, laboratoriais e questionários. Posteriormente, os participantes são acompanhados por um período determinado, com medições periódicas
das variáveis de interesse, visando avaliar as exposições e identi�car a ocorrência do desfecho. O objetivo principal é descrever a incidência de
novos casos de uma doença em um período especí�co, ou seja, as taxas de incidência da doença. Em outras palavras, busca-se identi�car se essa
exposição está associada ao desfecho de interesse. Dessa forma, é possível estimar riscos, taxas ou tempos de ocorrência (Pinto, 2016). O
esquema a seguir ilustra o delineamento do estudo de coorte:
Figura 4 | Estudo de Coorte. Fonte: Pinto (2016, p. 87).
O estudo de coorte é utilizado principalmente para:
Avaliar a etiologia de doenças (por exemplo, associação entre tabagismo e desenvolvimento de câncer de pulmão).
Avaliar a história natural de doenças (por exemplo, evolução de pacientes com tuberculose).
Estudar o impacto de fatores prognósticos (por exemplo, marcadores tumorais e evolução do câncer).
Estudar intervenções diagnósticas (por exemplo, impacto da realização de colpocitologia na mortalidade por câncer de colo uterino).
Estudar intervenções terapêuticas (por exemplo, impacto da cirurgia de ponte de safena na mortalidade de pacientes cardiopatas).
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O estudo de coorte oferece uma série de vantagens signi�cativas. Uma delas é sua capacidade de estabelecer uma clara relação temporal entre a
exposição e o desenvolvimento da doença, graças às coletas periódicas de informações ao longo do estudo. Essa abordagem reduz
consideravelmente a possibilidade de introdução de vieses, garantindo conclusões mais precisas e con�áveis. Além disso, o estudo de coorte
permite a coleta de informações sobre múltiplas exposições e a análise de múltiplos desfechos decorrentes de um mesmo fator de risco,
reconhecendo que este pode estar associado a diferentes resultados.
Por ser um estudo observacional, não há necessidade de expor os participantes ao fator de risco, o que elimina preocupações éticas. Outra
vantagem é a observação dos indivíduos sob critérios diagnósticos uniformes, garantindo maior consistência nos resultados. Adicionalmente, é
possível conhecer com precisão as populações expostas e não expostas, o que simpli�ca a interpretação dos dados e fortalece a validade das
conclusões obtidas (Vilella, 2018; Pinto, 2016).
Dentre as desvantagens destacam-se os custos elevados associados a essa modalidade de pesquisa, que frequentemente exigem um
acompanhamento prolongado antes que resultados signi�cativos possam ser alcançados. Além disso, a constante observação e os exames
periódicos ao longo do estudo têm o potencial de in�uenciar o comportamento dos participantes, o que pode impactar os resultados �nais. A
redução do tamanho da amostra ao longo do tempo, seja devido a abandono ou óbito dos participantes, é uma preocupação, especialmente em
estudos de longa duração.
A coleta de dados passados em estudos de coorte histórica pode ser desa�adora, muitas vezes dependendo de registros médicos e da memória
dos participantes, o que pode resultar em dados incompletos. Outras preocupações incluem o risco de viés ou distorção por parte dos
observadores e possíveis mudanças na equipe de pesquisa, que podem afetar a consistência dos dados ao longo do tempo (Vilella, 2018; Pinto,
2016).
Estudo epidemiológico descritivo ou analítico: qual escolher?
Para investigar a relação entre o uso de benzodiazepínicos e perda de memória, qual seria o melhor tipo de estudo? Descritivo ou Analítico? Nesse
caso, temos uma exposição (uso de benzodiazepínicos) e um efeito (perda de memória). Estudos descritivos não permitem estabelecer relações
causais e trabalham com fatores de risco, onde o fator de interesse e o desfecho são determinados simultaneamente. Portanto, essa relação deve
ser analisada por um estudo epidemiológico analítico, mais especi�camente do tipo coorte, onde o ponto de partida é a exposição, e não o agravo.
 
 
Vamos Exercitar?
Você se lembra da situação apresentada no início da aula? Uma equipe de pesquisadores está investigando os efeitos do consumo regular de café
na incidência de doenças cardíacas e, para isso, decidem realizar um estudoanalítico para explorar essa relação. Então, recrutam uma amostra
representativa de indivíduos adultos e os acompanham ao longo de vários anos. Durante esse período, eles coletam informações detalhadas sobre
o consumo de café de cada participante, bem como seus hábitos de vida, histórico médico e outros fatores relevantes para a saúde cardiovascular.
Ao �nal do estudo, os pesquisadores analisam os dados para determinar se existe uma associação entre o consumo de café e o desenvolvimento
de doenças cardíacas. Considerando o exposto, qual é o delineamento do estudo?
Essa situação hipotética descreve um estudo analítico, mais especi�camente um estudo de coorte prospectivo. Nesse tipo de estudo, os
pesquisadores acompanham uma amostra de indivíduos ao longo do tempo para determinar se a exposição (consumo de café) está associada ao
desfecho de interesse (doenças cardíacas). Ao coletar informações detalhadas sobre os participantes e controlar outros fatores de confusão, os
pesquisadores podem avaliar de forma mais precisa a relação entre a exposição e o desfecho. Dessa forma, eles podem identi�car possíveis
associações causais entre o consumo de café e o desenvolvimento de doenças cardíacas.
Saiba mais
Leia os artigos a seguir para entender melhor como foi delineado o estudo:
BREVIDELLI, M. M.; FREITAS, F. C. G. de. Estudo ecológico sobre o desenvolvimento de saúde no Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, 2012.
HELLWIG, N. et al. Sintomas depressivos em idosos: estudo transversal de base populacional. Ciência & Saúde Coletiva, 2016.
DEMETRIO, F. et al. Fatores associados à interrupção precoce do aleitamento materno: um estudo de coorte de nascimento em dois
municípios do Recôncavo da Bahia, Brasil. Cad. Saúde Pública, 2012.
Você poderá aprofundar seu conhecimento sobre os estudos caso-controle no portal da Revista de Saúde Pública. 
 
 
Referências
https://www.scielo.br/j/csc/a/yyMQCgywszxzmG7dgGpzPfw/
https://www.scielo.br/j/csc/a/jQQnjJgn4Nm39XkDRYvMdsm/abstract/?lang=pt
https://www.scielo.br/j/csp/a/5FCg8NNd4KmgYPZPRrH9yWB/?lang=pt
https://www.scielo.br/j/csp/a/5FCg8NNd4KmgYPZPRrH9yWB/?lang=pt
https://rsp.fsp.usp.br/categoria-artigo/estudos-de-casos-e-controles/
Disciplina
SAÚDE COLETIVA
BONITA, R.; BEAGLEHOLE, R.; KJELLRTRON, T. Epidemiologia Básica. 2. ed. São Paulo: Santos, 2006.
LIMA-COSTA, M. F.; BARRETO, S. M. Tipos de estudos epidemiológicos: conceitos básicos e aplicações na área do envelhecimento. Epidemiol. Serv.
Saúde, Brasília, v. 12, n.4, p. 189-201, 2003.
PINTO, S. N. Saúde coletiva. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2016.
ROUQUAYROL, M. Z.; SILVA, M. G. C. da. Epidemiologia & Saúde. 7. ed. Rio de Janeiro: MedBook, 2013.
VILELLA, E. F. de M.; OLIVEIRA, F. M. de. Epidemiologia sem mistérios: tudo aquilo que você precisa saber!. Jundiaí: Paco Editorial, 2018. 
Aula 4
Estudos Experimentais
Estudos experimentais
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Dica para você
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Olá, estudante! Nesta videoaula, vamos abordar os diferentes aspectos dos estudos experimentais, incluindo o estudo clínico randomizado, o
ensaio de campo e o ensaio comunitário. Exploraremos como esses métodos contribuem para a pesquisa cientí�ca, oferecendo informações
importantes sobre intervenções de saúde e seu impacto nas comunidades. Prepare-se para compreender os fundamentos e as aplicações desses
estudos experimentais.
Vamos lá? Bons estudos!
Ponto de Partida
Os estudos experimentais são uma ferramenta fundamental na pesquisa cientí�ca, especialmente na área da saúde. Eles envolvem a aplicação de
um tratamento, intervenção ou manipulação controlada em um grupo de estudo, enquanto outro grupo, o grupo de controle, não recebe essa
intervenção ou recebe um tratamento diferente, servindo como referência para comparação. Esse tipo de estudo permite aos pesquisadores
avaliarem os efeitos causais de uma determinada intervenção, medicamento ou procedimento.
Esses estudos são essenciais para determinar a e�cácia e segurança de novos tratamentos, vacinas, intervenções preventivas e políticas de saúde.
Eles ajudam a identi�car quais intervenções são mais e�cazes na prevenção, no diagnóstico e no tratamento de doenças, contribuindo para a
tomada de decisões baseadas em evidências. Ademais, são importantes para estabelecer padrões de prática clínica, orientar políticas de Saúde
Pública e melhorar a qualidade dos cuidados de saúde oferecidos à população. No entanto, é fundamental realizar esses estudos com rigor
metodológico e ético, garantindo a validade e con�abilidade dos resultados obtidos.
Considerando o exposto, analise a seguinte situação: um estudo tem como objetivo investigar o impacto da terapia cognitivo-comportamental na
redução da ansiedade social em estudantes universitários, com idades entre 18 e 25 anos que apresentam sintomas signi�cativos de ansiedade
social.
Os participantes serão distribuídos aleatoriamente em dois grupos: o grupo experimental, que receberá a terapia cognitivo-comportamental, e o
grupo controle, que não receberá nenhum tratamento adicional. Os participantes serão avaliados antes do início do estudo (linha de base) e após o
término do tratamento (acompanhamento). Considerando esse contexto, qual é o impacto da terapia cognitivo-comportamental na redução da
ansiedade social em estudantes universitários em comparação com um grupo controle que não recebe tratamento?
Como essa questão pode ser respondida? É o que saberemos ao �nal da aula.
Vamos Começar!
Os Estudos Experimentais, também conhecidos como Ensaios Experimentais, constituem uma modalidade de pesquisa na qual os investigadores
manipulam uma variável independente para observar os efeitos causais em uma variável dependente. Essas variáveis são elementos essenciais na
investigação cientí�ca. A variável independente é aquela que o pesquisador controla ou manipula durante o estudo, sendo assim denominada
Disciplina
SAÚDE COLETIVA
porque seu valor não é in�uenciado por outras variáveis e, na maioria dos casos, é considerada a causa ou o fator que se presume ter um efeito
sobre a variável dependente.
Por exemplo, em uma pesquisa sobre os efeitos de um novo medicamento para reduzir a pressão arterial, a variável independente seria a
administração do medicamento (grupo experimental) versus a não administração (grupo de controle). Por sua vez, a variável dependente é aquela
que é afetada pela manipulação da variável independente. Chamada de "dependente" porque seu valor depende das mudanças na variável
independente, é o resultado medido ou observado pelo pesquisador para determinar se houve um efeito da variável independente.
No exemplo do estudo sobre o novo medicamento para pressão arterial, a variável dependente seria a pressão arterial dos participantes após a
administração do medicamento. Dessa forma, a variável independente é aquela que o pesquisador manipula ou controla, enquanto a variável
dependente é in�uenciada pela variável independente e é medida para avaliar o efeito da intervenção ou condição de estudo (Wayne, 2005).
A relevância dos estudos experimentais na Saúde Coletiva é notável. Eles proporcionam evidências cientí�cas sólidas sobre a e�cácia de
intervenções, tratamentos, programas de prevenção e políticas de saúde. Por meio desses estudos, os pesquisadores podem identi�car práticas
e�cazes para melhorar a saúde da população e prevenir doenças.
Geralmente conduzidos em condições controladas, muitas vezes em laboratórios ou ambientes experimentais especí�cos, os estudos
experimentais visam testar hipóteses causais, determinando se uma intervenção especí�ca tem um efeito signi�cativo em um resultado desejado.
Tipicamente realizados de maneira longitudinal, esses estudos procuram testar hipóteses e avaliara e�cácia de procedimentos diagnósticos,
terapêuticos ou preventivos. Assim, os estudos experimentais têm uma natureza intrinsecamente longitudinal em sua abordagem (Pinto, 2016;
Wayne, 2005).
Esses estudos podem ser classi�cados em vários tipos, dependendo das características especí�cas do desenho do estudo e dos objetivos da
pesquisa (Wayne, 2005). Alguns dos tipos mais comuns de estudos experimentais incluem:
Ensaio Clínico Randomizado (ECR)
Ensaio Clínico Controlado e Não Randomizado
Estudos Quase-Experimentais
Estudos Pré e Pós-Teste
Ensaio de Campo
Ensaio Comunitário
Conheça-os adiante.
Siga em Frente...
Ensaio Clínico Randomizado (ECR)
Trata-se de um tipo de estudo no qual os participantes são distribuídos aleatoriamente em diferentes grupos de tratamento e submetidos a
intervenções especí�cas, como administração de medicamentos, realização de procedimentos médicos ou terapias. O objetivo principal é avaliar
tanto a e�cácia quanto a segurança dessas intervenções. Nesse tipo de estudo, a alocação dos participantes a cada grupo é realizada de forma
totalmente aleatória (randomizada), frequentemente por meio de métodos como sorteio ou uso de geradores de números aleatórios. Essa prática é
fundamental para assegurar que os grupos sejam comparáveis em relação a características importantes, como idade, sexo, condições médicas
pré-existentes, entre outras, reduzindo, assim, a possibilidade de viés e permitindo inferências mais con�áveis sobre os efeitos da intervenção em
estudo (Souza, 2009).
O ECR, conduzido em seres humanos, é um método altamente conceituado para investigar os efeitos de intervenções na área da saúde, sendo
reconhecido como uma das ferramentas mais e�cazes para embasar a prática clínica. Uma das principais vantagens desse tipo de estudo é a sua
simplicidade de desenho em comparação com outras metodologias de pesquisa. Quando conduzidos de forma adequada, os ECRs têm o potencial
de minimizar a in�uência de fatores de confusão na relação causa-efeito, tornando-se uma fonte con�ável de evidências. Além disso, esses
estudos envolvem a manipulação controlada de variáveis independentes para avaliar os efeitos sobre uma variável dependente, como a saúde.
Indicadores de saúde são frequentemente empregados para mensurar os resultados desses estudos, oferecendo insights valiosos sobre a e�cácia
de intervenções, tratamentos ou políticas de saúde. Por exemplo, esses indicadores podem ser utilizados para avaliar o impacto de uma nova droga
na redução da morbidade ou mortalidade em comparação com um grupo controle (Souza, 2009).
Na hierarquia dos estudos cientí�cos na área da saúde, os Ensaios Clínicos Randomizados (ECRs) ocupam uma posição de destaque como os
estudos primários mais relevantes para a prática clínica. Embora as revisões sistemáticas sejam consideradas ainda mais cruciais, sendo estudos
secundários que se baseiam na qualidade dos estudos primários para extrair inferências, os ECRs desempenham um papel essencial como fonte
primária de evidências. Eles não só embasam a prática clínica diretamente, mas também fornecem o alicerce para as revisões sistemáticas.
Para identi�car se um artigo cientí�co é um relato de um ECR, é imperativo que quatro características distintivas estejam presentes. Primeiramente,
é necessário que haja comparação entre diferentes intervenções aplicadas à saúde de seres humanos, excluindo estudos sem relevância direta
para a saúde humana ou conduzidos em animais. Em segundo lugar, o estudo deve ser prospectivo, o que implica que as intervenções foram
planejadas antecipadamente e a exposição foi controlada pelos pesquisadores. Terceiro, o estudo deve comparar duas ou mais intervenções, que
podem incluir tratamentos, regimes preventivos, programas de rastreamento ou testes diagnósticos. Por �m, a alocação das intervenções deve ser
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SAÚDE COLETIVA
feita de forma aleatória, garantindo que o acaso seja o único fator que in�uencie o processo de atribuição. Essas características fundamentais são
essenciais para garantir a validade e a con�abilidade dos resultados obtidos nos ECRs (Souza, 2009).
O desenho típico de um ECR pode ser observado na Figura 1. Uma primeira característica é o recrutamento de um grupo comum a partir de uma
população de interesse. Em seguida, decide-se quais intervenções os participantes receberão por meio da randomização. Tecnicamente, esse
processo envolve determinar a alocação por meio de números obtidos por sorteio, em vez de características da amostra ou preferência dos
participantes. Após a aplicação das intervenções, realiza-se a medição de uma ou mais variáveis de desfecho, representadas na �gura como
sucesso e insucesso (Souza, 2009).
Figura 1 | Desenho típico de um Estudo Clínico Randomizado (ECR). Fonte: Souza (2009, p. 4).
Como exemplo, um grupo de pesquisadores está conduzindo um estudo para avaliar a e�cácia de um novo medicamento para o tratamento de
hipertensão. Eles recrutam aleatoriamente participantes com hipertensão para receberem ou o novo medicamento ou um placebo. Os participantes
são acompanhados ao longo do tempo para avaliar a redução da pressão arterial e outros desfechos de interesse.
Ensaio Clínico Controlado e Não Randomizado
É similar ao ECR, mas neste caso os participantes não são randomizados. Em vez disso, são designados para grupos de tratamento com base em
critérios especí�cos, como localização geográ�ca, gravidade da doença, idade, etc. Um exemplo seria um estudo que investiga os efeitos de uma
nova terapia comportamental no tratamento da ansiedade. Nesse ensaio, os pesquisadores recrutariam voluntários com diagnóstico de ansiedade
e os dividiriam em dois grupos: um grupo experimental, que receberia a terapia comportamental; e um grupo de controle, que não receberia nenhum
tratamento adicional além do cuidado usual. No entanto, os participantes não seriam atribuídos aleatoriamente aos grupos, mas sim designados
com base em critérios especí�cos, como a gravidade da ansiedade ou a disponibilidade para participar da terapia. Ao longo do estudo, os
pesquisadores mediriam regularmente os sintomas de ansiedade em ambos os grupos para avaliar a e�cácia da terapia comportamental em
comparação com a ausência de tratamento adicional. Embora esse tipo de ensaio clínico possa fornecer informações importantes sobre a e�cácia
de uma intervenção, a falta de randomização pode introduzir vieses potenciais de seleção, tornando os resultados menos robustos em comparação
com um ensaio randomizado (Souza, 2009).
Estudos Quase-Experimentais
São estudos que compartilham características dos estudos experimentais, mas não empregam randomização completa. Podem incluir
intervenções comunitárias ou em larga escala, onde é difícil ou impraticável randomizar os participantes. Como exemplo, um pesquisador está
interessado em avaliar o impacto de um novo programa de atividade física em uma escola. Ele implementa o programa em uma escola e compara
os resultados de aptidão física dos alunos com os de outra escola semelhante que não recebeu o programa (Souza, 2009).
Estudos Pré e Pós-Teste
Estes estudos comparam os resultados de um grupo antes e depois de uma intervenção. Embora não sejam ensaios clínicos propriamente ditos,
ainda são considerados estudos experimentais. Nesse estudo, os pesquisadores coletariam dados sobre os hábitos alimentares das crianças
antes da implementação do programa (pré-teste) e, em seguida, implementariam o programa de intervenção nutricional nas escolas durante um
determinado período de tempo. Após a conclusão do programa, os pesquisadores coletariam novamente dados sobre os hábitos alimentares das
mesmas crianças (pós-teste) e comparariam com os dados coletados antes da intervenção. Por exemplo, eles poderiam medir o consumo de
frutas e vegetais, a ingestão de alimentos processados e a frequência do consumo de lanches não saudáveis. Ao comparar os dados do pré e pós-
teste, os pesquisadores poderiam determinar se houve uma mudança signi�cativa nos hábitos alimentares daso cuidado, o Programa de
Agentes Comunitários de Saúde e o Programa de Saúde da Família (PSF), também conhecido como Estratégia de Saúde da Família (ESF), o
Ministério da Saúde publicou em maio de 2023 a Portaria GM/MS nº 635/2023, que estabelece as diretrizes para custeio das Equipes
Multipro�ssionais de Saúde Emergente (eMulti) na Atenção Primária à Saúde (APS). As eMulti surgem em um contexto de reconstrução da
APS no Brasil, marcado pelo fortalecimento das ações interpro�ssionais e pela integração com a agenda de incorporação de tecnologias e
inovações na saúde. Esse novo arranjo preserva algumas semelhanças com o trabalho do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) e
introduz novos mecanismos organizativos e estruturais (Júnior; Almeida, 2023; Brasil, 2023).
2. A Atenção Secundária corresponde aos Centros de Especialidades e neles estão presentes os serviços de urgência e emergência; esse nível
deve responder a 15% dos problemas. No nível terciário, encontram-se os hospitais, cabendo-lhes uma resolutividade dos problemas em 5%.
Esse nível de atenção desempenha um papel importante na prestação de cuidados mais especializados, complementando os serviços da
atenção primária e preparando os indivíduos, quando necessário, para a atenção terciária em casos mais complexos (Brasil, 2023; Moreira et
al., 2018).
3. A Atenção Terciária em saúde refere-se ao nível mais avançado e especializado de assistência médica, frequentemente envolvendo
procedimentos complexos prestados em hospitais de grande porte, centros médicos especializados e instituições de ensino e pesquisa
Disciplina
SAÚDE COLETIVA
(Brasil, 2023; Moreira et al., 2018).
Participação popular: democratização dos processos decisórios dos serviços de saúde.
Descentralização: consolidada com a municipalização, torna o município gestor do SUS.
No atual Sistema de Saúde, observa-se a presença de diversos subsetores, cada um com suas características especí�cas: o subsetor público, onde
os serviços são �nanciados e fornecidos pelo Estado em níveis federal, estadual e municipal, incluindo os serviços de saúde militares; o subsetor
privado, composto por serviços �nanciados de diversas maneiras, seja por recursos públicos ou privados, e pode abranger entidades com �ns
lucrativos ou não; o subsetor de Saúde Suplementar, que é o conjunto de ações e serviços desenvolvidos por operadoras de planos e seguros
privados de assistência médica à saúde e que não têm vínculo com o Sistema Único de Saúde (SUS).
A regulação e �scalização dessas atividades é feita pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que é constituída por operadoras,
pro�ssionais e bene�ciários, sendo que suas atividades e seus serviços não mantêm qualquer ligação com o Sistema Único de Saúde (SUS). O
sistema de Saúde Suplementar no Brasil �gura como um dos maiores sistemas privados de saúde globalmente e assegura que os planos de saúde
forneçam assistência, garantindo que os cidadãos não percam o direito de serem atendidos pelo SUS (Moreira et al., 2018; Malta, 2008).
Ao contrário da Saúde Suplementar, que opera de forma independente no setor privado sem conexão com o Sistema Único de Saúde, a Saúde
Complementar atua em conjunto com o SUS, con�gurando-se como uma atuação privada em parceria com o sistema público de saúde, que ocorre
por meio de contratos estabelecidos entre a instituição privada e o SUS, os quais variam de estado para estado.
Para ilustrar melhor o conceito de Saúde Complementar, consideremos o seguinte exemplo: um paciente necessita de uma cirurgia complexa, mas
o SUS não dispõe da estrutura necessária para realizar o procedimento. Nesse cenário, o indivíduo é encaminhado para um hospital da rede privada
que possui a capacidade de realizar a cirurgia, com todos os custos suportados pelo governo. Dessa forma, torna-se evidente que a Saúde
Complementar surge para preencher lacunas no serviço público, garantindo que determinados procedimentos e serviços de saúde estejam
acessíveis mesmo quando o sistema público não dispõe dos recursos necessários (Moreira et al., 2018).
Em conclusão, a trajetória da saúde no Brasil, marcada pela Reforma Sanitária e pela criação do Sistema Único de Saúde (SUS), representa um
avanço signi�cativo em direção à garantia de serviços acessíveis e universais, proporcionando uma base sólida para a construção de um sistema
de saúde mais inclusivo e, através da estruturação em níveis de atenção primária, secundária e terciária, reforça uma abordagem abrangente e
e�ciente, promovendo a saúde em todas as suas dimensões.
Paralelamente, a presença do sistema complementar e suplementar diversi�cou as opções de cuidados e a estruturação do SUS, desempenhando
um papel relevante ao oferecer opções adicionais de cobertura e serviços para aqueles que buscam uma abordagem mais personalizada e
especializada. Essa colaboração contínua entre a Saúde Complementar e Suplementar e o SUS é imprescindível para otimizar recursos, melhorar a
e�ciência do sistema de saúde e garantir que todos os cidadãos tenham acesso adequado aos cuidados necessários.
Dessa forma, a busca por uma integração mais efetiva, respeitando os princípios do SUS, é essencial para construir um sistema de saúde mais
justo e equitativo para todos os brasileiros. 
Vamos Exercitar?
Estudante, após o estudo dos conceitos estudados, podemos dizer que esses elementos, em conjunto, formam um panorama diversi�cado de
cuidados de saúde no Brasil, visando oferecer uma cobertura abrangente e adaptada às diversas necessidades da população. A integração
e�ciente entre esses sistemas é primordial para garantir uma abordagem coordenada e holística à saúde. Nesse sentido, retomando o caso de Ana,
mencionado anteriormente, qual a importância da integração entre os níveis de atenção, incluindo serviços de Saúde Suplementar e Complementar,
para proporcionar um cuidado abrangente e adaptado às necessidades especí�cas de pacientes como ela? Vejamos:
Na Atenção Primária, a equipe de saúde veri�cará a pressão arterial de Ana, fornecerá informações educacionais sobre a hipertensão arterial e
iniciará um plano de monitoramento regular. Caso haja persistência da hipertensão, a paciente será encaminhada a um cardiologista da Atenção
Secundária, que realizará exames detalhados e ajustará o plano de tratamento, incluindo a prescrição de medicamentos especí�cos. Esse acesso
rápido a especialistas pode ser facilitado pelo plano de saúde privado, que complementa os serviços públicos, oferecendo a ela acesso a
tratamentos e pro�ssionais especializados.
Se com o tempo ela desenvolver complicações relacionadas à hipertensão, como problemas renais, será encaminhada para a Atenção Terciária, em
que equipes multidisciplinares, incluindo nefrologistas, gerenciarão suas condições complexas e realizarão exames mais avançados, através dos
serviços suplementares, que são utilizados para um diagnóstico mais preciso. Além dos serviços públicos, Ana poderá utilizar serviços de Saúde
Complementar, como terapias alternativas e sessões de orientação nutricional, que serão cobertas pelo seu plano de saúde. Isso contribui para
uma abordagem holística, considerando fatores além da intervenção médica tradicional.
Logo, o caso de Ana destaca a importância da integração entre os níveis de atenção, incluindo serviços de Saúde Suplementar e Complementar,
para proporcionar um cuidado abrangente e adaptado às necessidades especí�cas. A colaboração efetiva entre os setores público e privado
contribui para uma abordagem mais e�caz e personalizada no manejo da hipertensão arterial e de outra doenças. 
Saiba mais
Disciplina
SAÚDE COLETIVA
Para ampliar ainda mais seus conhecimentos sobre a Reforma Sanitária e a construção e organização do Sistema Único de Saúde, vale a pena
conferir o livro Na corda bamba de sombrinha: a saúde no �o da história. Organizado por Carlos Fidélis Ponte em 2010, foi um projeto �nanciado
pela Organização Pan-Americana de Saúde. Ele apresenta a trajetória da sociedade brasileira na busca por melhores condiçõescrianças como resultado do
programa de intervenção nutricional (Souza, 2009).
Ensaio de Campo
É um tipo de estudo experimental realizado em ambientes do mundo real, como fazendas, áreas urbanas ou �orestas. Ao contrário de estudos em
laboratório, esses ensaios são conduzidos para avaliar o desempenho ou os efeitos de intervenções em condições naturais, onde os fatores
ambientais são variáveis importantes. São utilizados para avaliar a e�cácia de uma determinada terapêutica ou intervenção, por exemplo,
comparando a mortalidade por doença cardiovascular em pacientes tratados com um novo anti-hipertensivo em relação a um medicamento já
conhecido. Além disso, podem ser aplicados para testar a e�cácia de novos pesticidas na proteção de colheitas contra pragas ou para avaliar o
impacto de programas de intervenção comunitária na promoção da saúde.
Disciplina
SAÚDE COLETIVA
Um exemplo de Ensaio de Campo poderia ser um estudo realizado para avaliar a e�cácia de um novo método de tratamento de água em uma área
rural que enfrenta problemas de contaminação da água potável. Nesse estudo, diferentes sistemas de tratamento de água seriam instalados em
domicílios de diferentes comunidades, enquanto outras comunidades permaneceriam sem qualquer intervenção. Os pesquisadores monitorariam a
qualidade da água antes e depois da implementação do novo método de tratamento, bem como a incidência de doenças relacionadas à água,
como gastroenterite, para determinar se o novo sistema de tratamento reduz signi�cativamente os riscos à saúde associados à água contaminada
(Pinto, 2016).
Ensaio Comunitário
É um tipo especí�co de ensaio de campo que envolve toda uma comunidade ou uma população especí�ca como a unidade de intervenção e
análise. Esses estudos são projetados para avaliar os efeitos de intervenções de saúde em larga escala, como programas de vacinação em massa,
campanhas de educação sobre Saúde Pública ou mudanças nas políticas de saúde. São usados para avaliar vacinas ou a e�cácia da �uoretação
da água para a prevenção de cárie em crianças, ou seja, são valiosos para entender como as intervenções podem afetar a saúde e o bem-estar em
nível populacional.
Um exemplo de ensaio comunitário seria um estudo conduzido para avaliar o impacto de um programa de conscientização sobre saúde bucal em
uma comunidade urbana. Nesse estudo, uma equipe de pro�ssionais de saúde implementaria o programa em escolas, centros comunitários e
clínicas locais, fornecendo educação sobre higiene bucal, distribuindo escovas de dentes e realizando exames odontológicos gratuitos. Eles então
comparariam a incidência de cáries e outros problemas dentários antes e depois da implementação do programa para determinar seu impacto na
saúde bucal da comunidade (Pinto, 2016).
Os estudos experimentais possuem vantagens e desvantagens que devem ser consideradas ao projetar e interpretar os resultados de pesquisa
(Vilella, 2018). Vejamos:
Vantagens:
Controle sobre variáveis: os pesquisadores têm controle total sobre as variáveis independentes, permitindo que manipulem e testem
hipóteses causais de forma precisa.
Estabelecimento de causalidade: devido ao controle rigoroso das condições experimentais, os estudos experimentais são capazes de
estabelecer relações de causa e efeito entre a variável independente e a variável dependente.
Reprodutibilidade: quando conduzidos corretamente, os resultados dos estudos experimentais podem ser reproduzidos em diferentes
contextos e por diferentes pesquisadores, aumentando a con�abilidade dos achados.
Avaliação de intervenções: são especialmente úteis para avaliar a e�cácia de intervenções, como medicamentos, terapias ou programas de
prevenção.
Desvantagens:
Viabilidade ética: alguns experimentos podem levantar questões éticas, especialmente quando envolvem manipulação em seres humanos ou
animais.
Generalização limitada: as condições altamente controladas dos estudos experimentais podem limitar a generalização dos resultados para
situações do mundo real.
Custo e tempo: muitas vezes, os estudos experimentais exigem recursos signi�cativos em termos de tempo, dinheiro e pessoal,
especialmente quando realizados em larga escala.
Condições arti�ciais: as condições controladas dos experimentos podem não re�etir com precisão as condições da vida real, o que pode
afetar a validade externa dos resultados.
Como você pode observar, os estudos experimentais desempenham um papel fundamental na pesquisa cientí�ca, fornecendo uma ferramenta
poderosa para explorar relações de causa e efeito, avaliar a e�cácia de intervenções e contribuir para o avanço do conhecimento. Ao planejar e
conduzir estudos experimentais, os pesquisadores devem garantir uma abordagem rigorosa e ética, buscando equilibrar a validade interna com a
relevância externa dos resultados. Com uma abordagem cuidadosa e uma interpretação criteriosa dos achados, os estudos experimentais podem
fornecer informações valiosas que contribuem para a compreensão e melhoria da saúde e o bem-estar humanos. 
 
 
Vamos Exercitar?
No início da aula, fomos apresentados à seguinte situação: um estudo tem como objetivo investigar o impacto da terapia cognitivo-
comportamental na redução da ansiedade social em estudantes universitários, com idades entre 18 e 25 anos que apresentam sintomas
signi�cativos de ansiedade social. Os participantes serão distribuídos aleatoriamente em dois grupos: o grupo experimental, que receberá a terapia
cognitivo-comportamental, e o grupo controle, que não receberá nenhum tratamento adicional. Os participantes serão avaliados antes do início do
estudo (linha de base) e após o término do tratamento (acompanhamento). Considerando esse contexto, qual é o impacto da terapia cognitivo-
comportamental na redução da ansiedade social em estudantes universitários em comparação com um grupo controle que não recebe tratamento?
Disciplina
SAÚDE COLETIVA
A resposta para esse questionamento pode ser obtida por meio da análise estatística comparativa entre os dois grupos: o grupo experimental que
recebeu a terapia cognitivo-comportamental e o grupo controle que não recebeu tratamento adicional. Para isso, serão realizadas análises de
diferenças entre médias antes e após o tratamento em cada grupo, bem como análises comparativas entre os dois grupos após o término do
estudo. Se os resultados mostrarem uma redução signi�cativa na ansiedade social no grupo experimental em comparação com o grupo controle,
isso indicaria que a terapia cognitivo-comportamental teve um impacto positivo na redução da ansiedade social em estudantes universitários.
Saiba mais
Você poderá conhecer mais sobre os estudos experimentais através do artigo a seguir:
BARROS, L. M. et al. Estudos experimentais obre a COVID-19: panorama da produção cientí�ca mundial. Acta Paul Enferm, 2020. 
 
 
Referências
PINTO, S. N. Saúde coletiva. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2016.
SOUZA, R. F. O que é um estudo clínico randomizado? Medicina (Ribeirão Preto). 2009. Disponível em:
https://revistas.usp.br/rmrp/article/view/199/200. Acesso em: 18 mar. 2024.
VILELLA, E. F. de M.; OLIVEIRA, F. M. de. Epidemiologia sem mistérios: tudo aquilo que você precisa saber!. Jundiaí: Paco Editorial, 2018.
WAYNE, W. D. Base para análise das ciências da saúde. São Paulo: Bookman, 2005.  
Aula 5
Encerramento da Unidade
Videoaula de Encerramento
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Dica para você
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Olá, estudante! Nesta videoaula, exploraremos os fundamentos essenciais da saúde pública, abordando os indicadores de saúde, como Frequência
Absoluta e Relativa, medidas de Mortalidade e Morbidade, além de Incidência e Prevalência. Discutiremos também os estudos descritivos, que
buscam caracterizar a situaçãode saúde de uma população, e os estudos analíticos, que investigam as relações de causa e efeito. Por �m, vamos
compreender os estudos experimentais, que buscam testar intervenções para melhorar a Saúde Pública.
Vamos lá? Ótimos estudos!
Ponto de Chegada
Para desenvolver a competência desta unidade, que é compreender o conceito e a utilização dos indicadores de saúde e aprender a utilização dos
diferentes tipos de estudos epidemiológicos, você deverá primeiramente conhecer os conceitos fundamentais dos indicadores de saúde, que são
medidas quantitativas que fornecem informações sobre diferentes aspectos da saúde de uma população.
Dentre os principais indicadores de saúde, encontram-se a Morbidade e a Mortalidade. A Morbidade refere-se à Prevalência ou Incidência de
doenças e outros problemas de saúde em uma população em um determinado período de tempo. A Incidência fornece informações sobre a taxa de
ocorrência de novas doenças em uma população. Essa medida é fundamental para entender a propagação de doenças infecciosas e para
identi�car fatores de risco associados a novos casos. Por sua vez, a Prevalência é a medida do número total de casos de uma doença ou condição
de saúde em uma população em um determinado momento, incluindo tanto os casos existentes quanto os novos casos durante um período de
tempo especí�co.
https://acta-ape.org/wp-content/uploads/articles_xml/1982-0194-ape-33-eAPE20200121/1982-0194-ape-33-eAPE20200121.pdf
https://revistas.usp.br/rmrp/article/view/199/200
Disciplina
SAÚDE COLETIVA
Essa medida é importante para entender a carga geral de doenças em uma população e para planejar serviços de saúde e recursos. A Mortalidade
mede o número de óbitos em uma população durante um determinado período de tempo, sendo uma medida importante da gravidade das doenças
e das condições de saúde em uma população. Taxas de mortalidade são frequentemente usadas para avaliar a e�cácia de intervenções de saúde e
para identi�car grupos de alto risco.
Esses indicadores estão interconectados e fornecem uma visão abrangente da saúde de uma população e juntamente com os métodos
epidemiológicos desempenham um papel fundamental na compreensão e no enfrentamento dos desa�os de Saúde Pública. Os métodos
epidemiológicos são um conjunto de técnicas e abordagens utilizadas para estudar a distribuição e os determinantes das doenças e outros
eventos de saúde em populações humanas. Eles são fundamentais para a investigação e compreensão dos padrões de saúde e doença em uma
comunidade, permitindo identi�car fatores de risco, avaliar a e�cácia das intervenções de saúde e fornecer evidências para embasar políticas e
práticas de Saúde Pública.
Dentre os métodos epidemiológicos temos os estudos descritivos, que são uma parte fundamental da pesquisa em saúde pública e epidemiologia.
Eles têm como principal objetivo descrever a distribuição de determinadas variáveis em uma população, sem buscar estabelecer relações causais.
Esses estudos são importantes para entender a frequência e a distribuição de doenças, condições de saúde, fatores de risco e outros aspectos
relevantes para a saúde da população.
Na prática, os estudos descritivos utilizam técnicas como levantamento de dados demográ�cos, realização de entrevistas, análise de registros
médicos e elaboração de questionários para coletar informações. A partir desses dados, os pesquisadores podem calcular medidas como
Frequência Absoluta e Relativa, medidas de Morbidade e Mortalidade, Incidência e Prevalência, entre outras. Os estudos descritivos são o primeiro
passo no processo de investigação epidemiológica e fornecem uma base sólida para estudos posteriores, como os estudos analíticos, que visam a
explorar as relações de causa e efeito entre variáveis especí�cas.
Enquanto os estudos descritivos se concentram em descrever a distribuição de determinadas variáveis em uma população, os estudos analíticos
buscam entender por que esses padrões ocorrem. Os estudos analíticos complementam os estudos descritivos, fornecendo uma compreensão
mais profunda das relações entre variáveis de interesse em epidemiologia.
Existem quatro principais tipos de estudos analíticos: os estudos ecológicos, que comparam a ocorrência de doenças e exposição entre grupos
populacionais, como países, regiões ou municípios, para investigar possíveis associações entre elas;  transversais, que são indicados para observar
a prevalência, ou seja, a frequência de ocorrência de doenças ou problemas de saúde em uma população especí�ca; de caso-controle, que
comparam pessoas com uma determinada condição de interesse (casos) com pessoas sem essa condição (controles), buscando identi�car
diferenças na exposição a fatores de risco entre os dois grupos; e os estudos de coorte, que acompanham um grupo de pessoas ao longo do
tempo para observar a incidência de determinados desfechos de saúde em relação a exposições especí�cas.
Um outro método epidemiológico é o estudo experimental, uma forma de pesquisa em que os pesquisadores manipulam uma ou mais variáveis
independentes para observar os efeitos causais em uma variável dependente. Eles são conduzidos em condições controladas, onde os
pesquisadores têm controle sobre as variáveis envolvidas no estudo. Existem diferentes tipos de estudos experimentais, incluindo o ensaio clínico
randomizado, o ensaio de campo e o ensaio comunitário.
Cada tipo de estudo experimental tem suas próprias características e aplicações especí�cas, mas todos compartilham o objetivo comum de
fornecer evidências sólidas para embasar decisões e políticas. Esses estudos são altamente valorizados na comunidade cientí�ca devido à sua
capacidade de estabelecer relações de causa e efeito de maneira rigorosa e controlada, sendo considerados uma das formas mais e�cazes de
pesquisa para determinar a e�cácia de intervenções e tratamentos em saúde e outras áreas.
Portanto, ao compreender e aplicar os indicadores de saúde e métodos epidemiológicos, os pro�ssionais de saúde contribuem para o
desenvolvimento de políticas de Saúde Pública baseadas em evidências e para a melhoria contínua do sistema de saúde como um todo. Em suma,
essas ferramentas capacitam os pro�ssionais a tomar decisões informadas e a promover a saúde da população de forma e�caz.
Re�ita
Por que é importante monitorar e analisar os indicadores de saúde em uma comunidade?
Por que é fundamental utilizar tanto estudos descritivos quanto analíticos na pesquisa em saúde pública?
Qual é o papel dos estudos experimentais na pesquisa em saúde e qual sua relevância na formulação de políticas públicas e práticas
clínicas?
É Hora de Praticar!
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Disciplina
SAÚDE COLETIVA
Para compreender a aplicação prática dos indicadores de saúde e dos métodos epidemiológicos, vamos a uma situação hipotética: uma equipe de
pesquisadores decidiu investigar o impacto da prática regular de atividades físicas na saúde cardiovascular de adultos de meia idade em uma
determinada comunidade. Eles recrutaram 200 participantes, com idades entre 40 e 60 anos, que foram divididos em dois grupos: o grupo
experimental, composto por 100 indivíduos que participarão de um programa de exercícios físicos supervisionados por seis meses, e o grupo
controle, com os outros 100 participantes, que continuarão com suas rotinas normais sem intervenção.
Considerando o contexto apresentado, como os estudos descritivos, analíticos e experimentais podem ser combinados para investigar a relação
entre a prática de atividades físicas e a saúde cardiovascular? 
Em um estudo descritivo, inicialmente, os pesquisadores coletaram informações sobre o estado de saúde cardiovascular de todos os participantes
por meio de exames médicos, incluindo medição da pressão arterial, frequência cardíaca em repouso, índice de massa corporal (IMC) e per�l
lipídico. Essas informaçõesforneceriam uma descrição detalhada da condição inicial da saúde cardiovascular dos participantes. Já em um estudo
analítico, após seis meses, por exemplo, os pesquisadores realizariam uma nova avaliação da saúde cardiovascular de ambos os grupos para
comparar os resultados.
Eles analisaram as diferenças nas medidas de pressão arterial, frequência cardíaca, IMC e per�l lipídico entre o grupo experimental e o grupo
controle. No que tange ao estudo experimental, os participantes do grupo experimental poderiam ser submetidos a um programa estruturado de
atividades físicas, que incluiria sessões de exercícios aeróbicos, treinamento de resistência e orientações sobre hábitos saudáveis de vida. Após
seis meses de intervenção, os pesquisadores comparariam as mudanças na saúde cardiovascular entre os dois grupos e avaliariam se a prática
regular de atividades físicas teve um impacto positivo na redução da pressão arterial, melhoria do per�l lipídico e outros indicadores de saúde
cardiovascular.
Para �nalizar, con�ra o infográ�co a seguir.
BONITA, R.; BEAGLEHOLE, R.; KJELLRTRON, T. Epidemiologia Básica. 2. ed. São Paulo: Santos, 2006.
COELHO, E. B. S. Introdução ao curso de especialização em saúde da família. Universidade Aberta do SUS. Florianópolis: UFSC, 2010. Disponível
em: https://unasus2.moodle.ufsc.br/plugin�le.php/5843/mod_resource/content/1/Impresso05-04/Modulo1_Completo0504.pdf. Acesso: 16 mar.
https://unasus2.moodle.ufsc.br/pluginfile.php/5843/mod_resource/content/1/Impresso05-04/Modulo1_Completo0504.pdf
Disciplina
SAÚDE COLETIVA
2024.
DUQUE, C. A. T. et al. Série de casos: delineamento de estudo essencial para a construção de conhecimento e a proposição de hipóteses para
doenças raras e novas. Jornal Brasileiro de Pneumologia. 2020. Disponível em: https://tinyurl.com/5n7aurf3. Acesso em: 17 mar. 2024.
LIMA-COSTA, M. F.; BARRETO, S. M. Tipos de estudos epidemiológicos: conceitos básicos e aplicações na área do envelhecimento. Epidemiol. Serv.
Saúde, Brasília, v. 12, n.4, p. 189-201, 2003.
LOCAWEB. Aprenda a calcular a frequência absoluta e a frequência relativa. Locaweb, 2023. Disponível em: https://tinyurl.com/444r99hm. Acesso
em: 14 mar. 2024.
MACIEL, F. Distribuição de frequências. 2010. Disponível em: https://tinyurl.com/2ez9bp7c. Acesso em: 14 mar. 2024.
MARTINS, M. E. G. Tabela de Frequências. Revista de Ciência Elementar, v. 1, n. 1, 2013. Disponível em: https://tinyurl.com/3k8u7c54. Acesso em:
14 mar. 2024.
PARENTE, R. C. M. et al. Entendendo a Pesquisa Clínica V: relatos e séries de casos. Brazilian Journal of Videoendoscopic Surgery, 2015. Disponível
em: https://tinyurl.com/2ue9c9rf. Acesso em: 17 mar. 2024.
PINTO, S. N. Saúde coletiva. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2016.
SOUZA, R. F. O que é um estudo clínico randomizado? Medicina (Ribeirão Preto). 2009. Disponível em:
https://revistas.usp.br/rmrp/article/view/199/200. Acesso em: 18 mar. 2024.
VILELLA, E. F. de M.; OLIVEIRA, F. M. de. Epidemiologia sem mistérios: tudo aquilo que você precisa saber!. Jundiaí: Paco Editorial, 2018.
ROUQUAYROL, M. Z.; SILVA, M. G. C. da. Epidemiologia & Saúde. 7. ed. Rio de Janeiro: MedBook, 2013.
WAYNE, W. D. Base para análise das ciências da saúde. São Paulo: Bookman, 2005.  
,
Unidade 4
Métodos Estatísticos
Aula 1
Noções Básicas de Estatística
Noções básicas de estatística
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Dica para você
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Olá, estudante! Nesta videoaula, vamos compreender o conceito de Bioestatística, explorando a importância da análise estatística em contextos
biológicos. Abordaremos a de�nição de amostra, destacando como selecionar uma representação signi�cativa de uma população para análise.
Além disso, discutiremos a determinação do tamanho da amostra, fundamental para garantir a representatividade dos resultados.
Vamos lá? Ótimos estudos!
Ponto de Partida
A Bioestatística desempenha um papel fundamental na análise e interpretação de dados em diversas áreas, fornecendo ferramentas estatísticas
essenciais para compreender padrões, fazer inferências e tomar decisões embasadas em evidências. Ao lidar com conjuntos de dados complexos,
ela possibilita que os pesquisadores extraiam conclusões relevantes, identi�quem associações, estabeleçam relações de causa e efeito e avaliem a
e�cácia de intervenções médicas ou programas de saúde.
Esse conhecimento capacita os pro�ssionais de saúde a entenderem, analisarem e aplicarem dados estatísticos em sua prática clínica e na gestão
da saúde da população, promovendo uma prestação de cuidados de saúde mais e�caz, fundamentada em evidências e de alta qualidade.
Vamos a uma situação hipotética para ilustrar a relevância prática deste conteúdo. Imagine que estamos acompanhando um grupo de alunos que
estão apresentando um estudo descritivo realizado na Unidade Básica de Saúde (UBS), abordando o per�l demográ�co e epidemiológico dos
usuários assistidos no grupo Hiperdia (constituído por pacientes hipertensos e/ou diabéticos), durante o Congresso da Associação Brasileira de
Saúde Coletiva (ABRASCO). De acordo com os dados do Hiperdia, tem-se que 70% são hipertensos, 27% são diabéticos e hipertensos e 3% são
diabéticos. Na apresentação desse estudo, os alunos precisaram aplicar os princípios da bioestatística para analisar os dados e apresentá-los de
forma adequada. Diego e Lara, ao desenvolverem o estudo na UBS com o grupo de pacientes do Hiperdia, identi�caram que a população de
participantes do grupo era de 500 pacientes. Isso levantou dúvidas sobre o planejamento amostral: como selecionar e qual deve ser o tamanho da
amostra para que ela seja representativa?
https://tinyurl.com/5n7aurf3
https://tinyurl.com/444r99hm
https://tinyurl.com/3k8u7c54
https://revistas.usp.br/rmrp/article/view/199/200
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SAÚDE COLETIVA
Vamos Começar!
A Bioestatística é a aplicação da estatística nas ciências da vida, fornecendo os princípios e métodos necessários para coletar, organizar, resumir,
analisar e interpretar dados. É um pilar fundamental da Epidemiologia, permitindo a quanti�cação e análise de informações fundamentais, como
taxas de mortalidade, morbidade, incidência de doenças, e�cácia de medicamentos, vacinas e intervenções em saúde. Por esse motivo, é essencial
para pro�ssionais de saúde, epidemiologistas e pesquisadores, pois possibilita compreender aspectos quantitativos, derivados de técnicas de
amostragem, registro, apuração e descrição de dados, cálculo de medidas, resumo, formas de apresentação e interpretação dos dados.
Esse conhecimento é vital para que pro�ssionais de saúde compreendam resultados de pesquisas, apliquem métodos diagnósticos e terapêuticos
com maior e�ciência, utilizem dados epidemiológicos na avaliação e implementação de programas de Vigilância em Saúde e se mantenham
atualizados por meio de estudos cientí�cos constantes (Vieira, 2008).
As pesquisas frequentemente se baseiam em amostras, em vez de examinar toda a população, por diversas razões. Em primeiro lugar, uma
amostra cuidadosamente selecionada pode ser representativa o su�ciente para fornecer informações válidas sobre a população mais ampla, desde
que os métodos de amostragem sejam apropriados. Isso não apenas economiza tempo e recursos, mas também reduz potenciais erros de
medição, já que é mais viável controlar e analisar uma amostra menor.
Além disso, pesquisar toda a população pode ser impraticável em termos de logística e ética, especialmente em casos em que há preocupações
com a exposição a riscos ou a privacidade dos participantes. Portanto, ao trabalhar com uma amostra representativa, os pesquisadores podem
obter resultados precisos e relevantes, enquanto garantem a viabilidade ética e prática do estudo. Como exemplo, testes de vacinas, drogas e
técnicascirúrgicas, que primeiro são testadas em amostras para depois serem utilizadas amplamente na população.
População se refere ao conjunto de indivíduos que compartilham uma característica especí�ca, enquanto amostra é um subconjunto desses
indivíduos retirados da população para fornecer a informação desejada. Na área da Saúde Pública e em pesquisas em geral, frequentemente se
observam amostras devido aos custos, à demora dos censos (levantamento de dados de toda a população), à impossibilidade de examinar toda a
população e a considerações éticas.
Além disso, o estudo cuidadoso de uma amostra pode ter um valor cientí�co mais signi�cativo do que o estudo da população inteira. Por exemplo,
ao investigar o efeito do �úor na prevenção de cáries em crianças, é preferível examinar minuciosamente uma amostra representativa de crianças
ao longo do tempo, em comparação com a análise rápida de toda a população infantil, antes e depois da aplicação do �úor (Vieira, 2008).
Siga em Frente...
Como de�nir a amostra?
Existem procedimentos, critérios e métodos utilizados no planejamento amostral, com o objetivo de selecionar os elementos individuais que
comporão a amostra. Essa etapa é crucial para garantir a representatividade da amostra, ou seja, assegurar que ela capture as características
especí�cas da população e permita que os resultados sejam generalizados (Williams, 2010). De acordo com a técnica de amostragem, ou seja, a
maneira como é realizada a seleção da amostra a partir da população, as amostras podem ser categorizadas em dois tipos: Probabilísticas e Não
Probabilísticas (Williams, 2010).
Amostra aleatória, casual ou probabilística: é constituída por “n” unidades retiradas ao acaso da população, por sorteio. Para isso, toda a
população deve ser conhecida e identi�cada por nome ou numeração, ou seja, essa amostra não pode ser usada quando não se tem como
identi�car a população. O sorteio pode ser informatizado ou pode ser feito mediante papéis em uma caixa ou urnas (Pinto, 2016). A amostra
aleatória ou probabilística pode ser:
Amostra aleatória simples: obtida por meio de sorteio de uma população constituída por unidades ou elementos homogêneos para a
variável que se quer estudar. Deve-se numerar toda a lista de elementos (indivíduos), para depois efetuar o sorteio. Um exemplo de
amostra aleatória simples seria se um pesquisador estivesse interessado em estudar a preferência de sabor de sorvete em uma
determinada cidade. Para obter uma amostra aleatória simples, o pesquisador poderia atribuir um número a cada residência na cidade
e, em seguida, usar um método de seleção aleatória, como sortear números aleatórios ou usar uma tabela de números aleatórios, para
selecionar aleatoriamente um certo número de residências para participar do estudo. As residências selecionadas formariam então a
amostra aleatória simples para o estudo sobre a preferência de sabor de sorvete.
Amostra aleatória estrati�cada: usada quando a população é constituída por unidades ou elementos heterogêneos para a variável que
se quer estudar. Neste caso, as unidades da população devem ser identi�cadas, sendo preciso reunir os elementos similares em
subgrupos, denominados estratos, e posteriormente é feito o sorteio de cada estrato. O ideal é que seja utilizada amostragem
estrati�cada proporcional, ou seja, selecionar os elementos da amostra entre os vários estratos, em número proporcional ao tamanho de
cada um dos estratos. Um exemplo pode ser encontrado em um estudo sobre o desempenho acadêmico dos estudantes de uma
escola. Suponha que o pesquisador queira investigar esse desempenho levando em consideração diferentes séries, ou seja, os alunos
do ensino fundamental e do ensino médio. Primeiramente, o pesquisador divide todos os alunos da escola em dois grupos distintos
com base no nível escolar, criando assim dois estratos: ensino fundamental e ensino médio. Em seguida, uma amostra aleatória é
selecionada em cada estrato de acordo com a proporção de alunos em cada série. Por exemplo, se 60% dos alunos pertencem ao
ensino fundamental e 40% ao ensino médio, o pesquisador selecionaria aleatoriamente uma amostra representativa de 60% dos alunos
do ensino fundamental e 40% dos alunos do ensino médio. Dentro de cada estrato, os alunos são selecionados aleatoriamente para
compor a amostra, garantindo que todos tenham a mesma chance de serem escolhidos. Essa abordagem de amostragem permite ao
pesquisador garantir uma representação proporcional dos diferentes estratos na amostra, possibilitando uma análise mais precisa do
desempenho acadêmico em cada grupo.
Disciplina
SAÚDE COLETIVA
Amostra por conglomerados: consiste na seleção de unidades retiradas de grupos, que podem ser formados por diversas entidades,
como asilos, empresas e escolas. Além disso, essa abordagem também pode ser aplicada utilizando conglomerados por áreas, onde a
região ocupada pela população é subdividida em quarteirões, bairros, subdistritos e domicílios. Essencialmente, para realizar esse tipo
de amostragem, é crucial ter acesso aos conglomerados selecionados. Por exemplo, em um estudo que visa avaliar a qualidade do
atendimento em diferentes instituições de saúde, o pesquisador inicialmente divide a região de interesse em áreas geográ�cas
menores, como bairros ou distritos. A partir disso, são selecionadas aleatoriamente algumas dessas áreas para compor a amostra.
Dentro de cada área selecionada, todos os hospitais presentes são considerados parte do conglomerado. O pesquisador então escolhe
alguns desses hospitais para participar do estudo, assegurando que a amostra represente uma diversidade de tipos de instituições de
saúde, como hospitais públicos, privados, de grande ou pequeno porte. Após a seleção dos hospitais, o pesquisador pode coletar dados
sobre a qualidade do atendimento, como tempo de espera, satisfação do paciente e taxa de readmissão, em cada um dos hospitais
incluídos na amostra. Dessa forma, a amostragem por conglomerados em hospitais possibilita ao pesquisador obter uma visão
abrangente da qualidade do atendimento em diferentes tipos de instituições de saúde dentro de uma região especí�ca, ao mesmo
tempo que reduz os custos e os esforços logísticos associados à identi�cação e seleção individual de cada hospital.
Amostra sistemática: é constituída por “n” unidades retiradas da população segundo um sistema preestabelecido. Na amostra
sistemática escolhe-se qualquer unidade amostral, e a partir dessa escolha são selecionadas as unidades seguintes de acordo com o
intervalo estabelecido. Neste tipo de amostra não é necessário conhecer a população, mas é preciso algum tipo de organização (em
�las, arquivos, ruas, etc.). Um exemplo: caso você queira uma amostra constituída por 1/8 da população, você deve sortear um número
que caia entre 1 e 8. Caso seja sorteado o número 3, por exemplo, a terceira unidade (número 3) será selecionada para a amostra. A
partir daí, tome sistematicamente a terceira unidade de cada 8 unidades em sequência. No caso do exemplo, a primeira unidade é 3 e
seguem de 8 em 8 as unidades de números. Dessa forma, n1 = (3+8) = 11; n2 = (11+8) = 19; n3 = (19+8) = 27 e assim por diante.
Portanto, a sequência será (11,19, 27 ...). Outro exemplo: imagine que você precisa obter uma amostra de 2% dos 500 pacientes de uma
unidade de saúde para entrevistá-los sobre a qualidade do acolhimento, como deverá fazer a amostragem de forma sistemática? Ter
uma amostra de 2% de 500 pacientes signi�ca ter uma amostra de tamanho 10. Para obter a amostra, você deve dividir 500 por 10, uma
vez que para determinar o intervalo da amostra, que é k, usa-se a fórmula (k = N/n), em que N é o tamanho da População e n o tamanho
da Amostra. Em seguida, deve ser sorteado o início do sistema, a partir do qual serão de�nidos os elementos amostrais para cada “k”.
Dividindo 500/10, se obtém 50. Sorteie então um número entre 1 e 50. Se sair o número 27, por exemplo, esse será o primeiro número
do paciente incluído na amostra. Depois, a partir do 27, some de 50 em50, até completar a amostra com 10 pacientes. Neste caso, os
números selecionados seriam (27, 77, 127, 177, 227, 327, 427 e 477).
Amostra não probabilística: requer critérios de inclusão e exclusão rígidos e uso de uma amostra maior para evitar erros amostrais (Pinto,
2016).
Amostra por conveniência: é constituída por n unidades reunidas na amostra por conveniência do pesquisador, por ser mais fácil o
acesso às unidades. É comumente usada pelos pro�ssionais de saúde que realizam o estudo na clínica e no hospital em que trabalham.
Este tipo de amostra exige muito cuidado, pois as amostras precisam ser bem descritas para evitar erros e resultados tendenciosos.
Nesses estudos, não se pode realizar generalização para indivíduos com diferentes características da população estudada. Tais estudos
não permitem comprovação de hipóteses, mas são usados para gerar hipóteses. Exemplo: em um estudo para estimar a morte por
desidratação em um hospital, os achados somente poderão ser generalizados para pacientes internados por desidratação. Um exemplo
pode ser encontrado em uma pesquisa de opinião pública realizada em uma universidade. Suponha que um estudante de pós-
graduação deseje coletar dados sobre a percepção dos alunos em relação ao sistema de alimentação do campus. Para fazer isso, o
estudante decide abordar os alunos em locais de alta circulação, como a entrada da biblioteca ou o refeitório principal, e solicitar que
preencham um questionário sobre o assunto. Nesse caso, a amostra consistiria nos alunos que estão disponíveis e dispostos a
participar da pesquisa no momento em que o pesquisador está conduzindo a coleta de dados. Não há um processo formal de seleção
aleatória ou estratégia de amostragem especí�ca; em vez disso, os participantes são selecionados com base na conveniência do
pesquisador e na acessibilidade dos locais escolhidos. Embora essa abordagem seja rápida e fácil de implementar, é importante notar
que a amostra por conveniência pode introduzir viés na pesquisa, uma vez que os participantes podem não ser representativos da
população-alvo. Os resultados obtidos dessa amostragem podem ser úteis para gerar informações preliminares, mas devem ser
interpretados com cautela, pois podem não re�etir com precisão a opinião de todos os alunos da universidade.
Amostra por quotas: é composta por um número especí�co de unidades retiradas da população de acordo com quotas estabelecidas,
re�etindo a distribuição desses elementos na população. Esse método é semelhante à amostra por estratos, porém com uma distinção
crucial: na amostra por quotas, a seleção não é realizada de forma aleatória ou probabilística; o pesquisador faz uma escolha
deliberada, seleciona e então con�rma as características desejadas; enquanto na amostra por estratos, a população é estrati�cada
formalmente antes da seleção e uma amostra é selecionada aleatoriamente de cada estrato.
Na amostra por quotas, é fundamental ter algum conhecimento da população, mas não é necessário que a população esteja identi�cada
ou numerada. Um exemplo prático desse tipo de amostragem pode ser encontrado em uma pesquisa de mercado que busca
compreender o per�l de consumo de smartphones em diferentes faixas etárias em uma cidade especí�ca. Suponhamos que o objetivo
seja coletar dados de 400 pessoas, distribuídas proporcionalmente entre três grupos etários: 18-25 anos, 26-40 anos e acima de 40
anos. Para garantir que a amostra re�ita a distribuição real da população nessas faixas etárias, o pesquisador estabelece quotas
especí�cas para cada grupo. Por exemplo, se 30% da população da cidade está na faixa etária de 18 a 25 anos, o pesquisador deve
assegurar que 30% dos entrevistados sejam desse grupo. Para preencher as quotas, o pesquisador pode recrutar participantes em
diferentes locais frequentados por cada faixa etária, como universidades para jovens adultos, áreas residenciais para adultos de meia-
idade e centros de lazer para idosos. A coleta de dados continua até que todas as quotas sejam atingidas, garantindo assim a
representatividade da amostra em relação às características demográ�cas da população-alvo. 
Amostra por conveniência: é constituída por n unidades reunidas na amostra por conveniência do pesquisador, por ser mais fácil o acesso às
unidades. É comumente usada pelos pro�ssionais de saúde que realizam o estudo na clínica e no hospital em que trabalham. Este tipo de
amostra exige muito cuidado, pois as amostras precisam ser bem descritas para evitar erros e resultados tendenciosos. Nesses estudos, não
se pode realizar generalização para indivíduos com diferentes características da população estudada. Tais estudos não permitem
comprovação de hipóteses, mas são usados para gerar hipóteses. Exemplo: em um estudo para estimar a morte por desidratação em um
hospital, os achados somente poderão ser generalizados para pacientes internados por desidratação. Um exemplo pode ser encontrado em
uma pesquisa de opinião pública realizada em uma universidade. Suponha que um estudante de pós-graduação deseje coletar dados sobre a
Disciplina
SAÚDE COLETIVA
percepção dos alunos em relação ao sistema de alimentação do campus. Para fazer isso, o estudante decide abordar os alunos em locais de
alta circulação, como a entrada da biblioteca ou o refeitório principal, e solicitar que preencham um questionário sobre o assunto. Nesse caso,
a amostra consistiria nos alunos que estão disponíveis e dispostos a participar da pesquisa no momento em que o pesquisador está
conduzindo a coleta de dados. Não há um processo formal de seleção aleatória ou estratégia de amostragem especí�ca; em vez disso, os
participantes são selecionados com base na conveniência do pesquisador e na acessibilidade dos locais escolhidos. Embora essa
abordagem seja rápida e fácil de implementar, é importante notar que a amostra por conveniência pode introduzir viés na pesquisa, uma vez
que os participantes podem não ser representativos da população-alvo. Os resultados obtidos dessa amostragem podem ser úteis para gerar
informações preliminares, mas devem ser interpretados com cautela, pois podem não re�etir com precisão a opinião de todos os alunos da
universidade.
Amostra por quotas: é composta por um número especí�co de unidades retiradas da população de acordo com quotas estabelecidas,
re�etindo a distribuição desses elementos na população. Esse método é semelhante à amostra por estratos, porém com uma distinção
crucial: na amostra por quotas, a seleção não é realizada de forma aleatória ou probabilística; o pesquisador faz uma escolha deliberada,
seleciona e então con�rma as características desejadas; enquanto na amostra por estratos, a população é estrati�cada formalmente antes da
seleção e uma amostra é selecionada aleatoriamente de cada estrato.
Na amostra por quotas, é fundamental ter algum conhecimento da população, mas não é necessário que a população esteja identi�cada ou
numerada. Um exemplo prático desse tipo de amostragem pode ser encontrado em uma pesquisa de mercado que busca compreender o
per�l de consumo de smartphones em diferentes faixas etárias em uma cidade especí�ca. Suponhamos que o objetivo seja coletar dados de
400 pessoas, distribuídas proporcionalmente entre três grupos etários: 18-25 anos, 26-40 anos e acima de 40 anos. Para garantir que a
amostra re�ita a distribuição real da população nessas faixas etárias, o pesquisador estabelece quotas especí�cas para cada grupo. Por
exemplo, se 30% da população da cidade está na faixa etária de 18 a 25 anos, o pesquisador deve assegurar que 30% dos entrevistados
sejam desse grupo. Para preencher as quotas, o pesquisador pode recrutar participantes em diferentes locais frequentados por cada faixa
etária, como universidades para jovens adultos, áreas residenciais para adultos de meia-idade e centros de lazer para idosos. A coleta de
dados continua até que todas as quotas sejam atingidas, garantindo assim a representatividade da amostra em relação às características
demográ�cas da população-alvo. 
Como se determinao tamanho da amostra?
Determinar o tamanho da amostra é uma consideração imprescindível em qualquer pesquisa, in�uenciada pelo custo e pela viabilidade prática do
estudo. É essencial calcular cuidadosamente o tamanho da amostra, pois amostras excessivamente grandes podem resultar em desperdício de
recursos, enquanto amostras muito pequenas podem levar a resultados não con�áveis. Para estimar o tamanho da amostra, é necessário primeiro
calcular a margem de erro, que indica a diferença entre o valor indicado pela estatística e o verdadeiro valor do parâmetro desejado.
Por exemplo, um erro amostral de 5% signi�ca que o resultado pode variar em até 5% para mais ou para menos. Em estudos na área da saúde, é
preferível uma margem de erro menor, pois proporciona uma estimativa mais precisa. Além disso, as pesquisas são conduzidas com um parâmetro
chamado nível de con�ança, que geralmente é �xado em 95%. Isso implica que, se a mesma pesquisa for repetida com uma amostra do mesmo
tamanho, nas mesmas datas, locais e utilizando o mesmo instrumento de coleta de dados, existe uma probabilidade de 95% de que os resultados
sejam os mesmos e uma probabilidade de 5% de que sejam diferentes. Portanto, é comum adotar um intervalo de con�ança de 95% para garantir a
consistência e a con�abilidade dos resultados obtidos (Pocinho, 2009).
Vamos considerar um exemplo prático para ilustrar esse contexto. Suponha que uma empresa deseja estimar a proporção de clientes satisfeitos
com um novo produto lançado no mercado. Para isso, eles decidem realizar uma pesquisa com uma amostra aleatória de clientes. Eles
determinam que desejam um erro amostral de 5% e um nível de con�ança de 95%. Isso signi�ca que desejam ter 95% de con�ança de que a
proporção estimada de clientes satisfeitos na amostra esteja dentro de 5% do verdadeiro valor na população.
Para calcular o tamanho da amostra, eles utilizam uma fórmula que leva em consideração o tamanho da população, a margem de erro desejada e o
nível de con�ança. Suponhamos que a população de clientes seja grande o su�ciente para que possamos considerá-la in�nita (o que é comum em
muitas pesquisas de mercado). Aplicando essa fórmula, eles calculam que precisam de uma amostra de aproximadamente 384 clientes. Após a
coleta dos dados, eles analisam os resultados e encontram uma proporção de clientes satisfeitos de 70% na amostra, com uma margem de erro de
5% e um nível de con�ança de 95%. Isso signi�ca que eles estão razoavelmente con�antes de que a proporção real de clientes satisfeitos na
população está entre 65% e 75% (70% ± 5%).Parte superior do formulário
Vamos entender como se faz o cálculo para a de�nição do tamanho da amostra “n”. A amostra depende da extensão do universo (tamanho da
população); do nível de con�ança; do erro máximo permitido; e da percentagem com que o fenômeno se veri�ca. A população pode ser �nita ou
in�nita e, por isso, convenciona-se que as populações �nitas são aquelas que não excedem 100.000 e as in�nitas são as que ultrapassam os
100.000. Geralmente as pesquisas em saúde são realizadas com população �nita (Pinto, 2016).
Então, primeiramente, precisaremos encontrar n0, que é uma primeira aproximação do tamanho da amostra, isto é, um grupo-alvo para servir de
apoio estatístico de cálculo, uma vez que sabemos que existem menos de 100.000 elementos e, embora não saibamos quantos existem, sabemos
que são muitos para partir do número exato (Pinto, 2016).
Para obter n0 utiliza-se a fórmula:
Sendo 
n0 = 1
E 2
0
E0
Disciplina
SAÚDE COLETIVA
Encontrado o n0, utilizaremos a fórmula para determinar o tamanho da amostra, ou seja, o n:
N = o tamanho da população (universo dos indivíduos)
Por exemplo:
Considerando N = 200 famílias e tendo como margem de erro 4%:
E0
 = 4% ou 0,04
Aplicando a fórmula:
n0 = 1/E0
2
n0 = 1/(0,04)2
n0 = 625
Aplicando a fórmula:
Observação: “n” nunca pode ser decimal. Dessa forma, arredonda-se o valor encontrado para o número inteiro superior. 
Vamos Exercitar?
Como vimos, dentre as técnicas de seleção de amostra a mais indicada para o estudo proposto pelos alunos é a de amostra aleatória estrati�cada,
uma vez que a população é constituída por elementos heterogêneos (hipertensos, diabéticos ou hipertensos e diabéticos). Nesse caso, os 500
participantes do Hiperdia devem ser identi�cados nos estratos ou subgrupos (hipertensos H, hipertensos e diabéticos HD e diabéticos D) e
posteriormente deve ser realizado o sorteio de cada estrato.
A �m de ter melhor representatividade, sugere-se que seja feita amostragem estrati�cada proporcional, ou seja, selecionar os elementos da
amostra entre os vários estratos, em número proporcional ao tamanho de cada um dos estratos. Como na unidade básica, segundo dados do
Hiperdia, tem-se que 70% são hipertensos, 27% são diabéticos e hipertensos e 3% são diabéticos, sorteia-se essa proporção para a composição da
amostra. Considerando que as pesquisas utilizam em sua maioria o nível de con�ança de 95% e os pesquisadores determinaram como margem de
erro 5%, vamos aos cálculos:
n0 =  1/E0
2
n0 =  1/(0,05)2
n0 =  400
Encontrado o n0, utilizaremos a fórmula, sendo que N = 500 (população total Hiperdia):
Considerando que a amostra deverá ser composta por 223 participantes do grupo Hiperdia e que será utilizada amostragem estrati�cada
proporcional, sortearemos (156) indivíduos hipertensos, (60) indivíduos hipertensos e diabéticos e (7) indivíduos diabéticos dentre os
estratos/subgrupos. 
Saiba mais
Aprofunde seus conhecimentos por meio das indicações a seguir:
VIEIRA, S. Introdução à bioestatística. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.
BERQUÓ, E. S.; SOUZA, J. M. P.; GOTLIEB, S. L. D. Bioestatística. 2. ed. São Paulo: E.P.U., 2014.
Você também poderá aprofundar seus conhecimentos acessando:
n  =   N×n0
N+n0
n = N×n0
N+n0
n = 200×625
200+625 n = 152 famílias
n = N×n0
N+n0
n = 500×400
500+400 n = 223 participantes
Disciplina
SAÚDE COLETIVA
COSTA, K. S.; FRANCISCO, P. M. S. B.; BARROS, M. de A. Conhecimento e utilização do Programa Farmácia Popular do Brasil: estudo de base
populacional no município de Campinas-SP. In: Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, v. 23, n. 3, set. 2014. 
 
 
Referências
BASTOS, J. L. D.; DUQUIA, R. P. Tipos de dados e formas de apresentação da pesquisa clinico-epidemiológica. Scientia Médica, v. 16, n. 3, p. 133-
138, jul./set. 2006. Disponível em: http://brasil.campusvirtualsp.org/sites/default/�les/Tipo_dados_Epi.pdf. Acesso em: 12 fev. 2016.
PINTO, S. N. Saúde coletiva. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2016.
POCINHO, M. Amostra e tipos de amostragens. 2009. p. 36. 
VIEIRA, S. Introdução à Bioestatística. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.
WILLIAMS, O. D. Estatística básica: conceitos e ferramentas. In: BONITA, R.; BEAGLEHOLE, R.; KJELLSTROM, T. Epidemiologia básica. Tradução e
revisão cientí�ca de Juraci A. Cesar. 2. ed. São Paulo: Santos, 2010. 213p. 
Aula 2
Bioestatística
Bioestatística
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Dica para você
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Olá, estudante! Nesta videoaula, vamos compreender os dados como fonte de informações essenciais e discutiremos a importância da
apresentação dos dados em grá�cos e tabelas. Os grá�cos oferecem uma visualização clara e compreensível dos padrões e tendências nos dados,
enquanto as tabelas organizam as informações de maneira estruturada, facilitando a análise detalhada. Ambas as formas de apresentação são
essenciais para comunicar e�cazmente as informações contidas nos dados, possibilitando uma compreensão mais profunda e informada.
Vamos lá? Ótimos estudos!
Ponto de Partida
O conhecimento sobre a apresentação de dados em grá�cos e tabelas capacita os pro�ssionais de saúde a comunicarem e�cazmente
informaçõescomplexas, tomar decisões informadas, educar os pacientes, monitorar o progresso e colaborar de forma e�caz com outros
pro�ssionais de saúde, tudo isso contribuindo para a prestação de cuidados de saúde de qualidade e e�cazes.
Dados são informações fundamentais coletadas durante investigações ou estudos, podendo ser quantitativos ou qualitativos. A apresentação
desses dados em grá�cos oferece uma representação visual clara e compreensível, permitindo a identi�cação de padrões e tendências. Por outro
lado, a apresentação em tabelas organiza os dados de forma estruturada em linhas e colunas, facilitando a comparação e análise detalhada. Tanto
grá�cos quanto tabelas são fundamentais para comunicar efetivamente as informações contidas nos dados, sendo a seleção entre eles
in�uenciada pelo propósito da análise e pela natureza dos dados especí�cos.
Para contextualizar o processo de aprendizagem, vamos considerar a mesma situação hipotética discutida anteriormente: um grupo de alunos está
prestes a apresentar um estudo descritivo desenvolvido na Unidade Básica de Saúde (UBS) sobre o per�l demográ�co e epidemiológico dos
usuários do grupo Hiperdia (composto por hipertensos e/ou diabéticos) durante o Congresso da Associação Brasileira de Saúde Coletiva
(ABRASCO).
Após a coleta de dados para o estudo transversal sobre o per�l demográ�co e epidemiológico do grupo Hiperdia da UBS, surge uma dúvida entre os
alunos: qual tipo de grá�co deve ser utilizado para apresentar variáveis qualitativas e quantitativas?
https://www.scielo.br/j/ress/a/XzRTB3GrN6rxj673szJ7gcJ/abstract/?lang=pt#
https://www.scielo.br/j/ress/a/XzRTB3GrN6rxj673szJ7gcJ/abstract/?lang=pt#
http://brasil.campusvirtualsp.org/sites/default/files/Tipo_dados_Epi.pdf
Disciplina
SAÚDE COLETIVA
Vamos Começar!
Após a etapa anterior, que envolveu o cálculo e a de�nição da amostragem, bem como a condução da pesquisa, os dados obtidos precisam ser
organizados de maneira clara e acessível, geralmente por meio de tabelas e/ou grá�cos. Essa prática desempenha um papel fundamental na
comunicação e�caz dos resultados de pesquisas e estudos. Essas representações visuais fornecem uma maneira clara e concisa de resumir
informações complexas, permitindo que os leitores identi�quem rapidamente padrões, tendências e relações nos dados.
Além disso, facilitam a comparação entre diferentes conjuntos de dados e variáveis, tornando possível uma análise comparativa mais e�ciente.
Mais importante ainda, são ferramentas poderosas para comunicar resultados de forma acessível e compreensível para uma variedade de públicos,
incluindo pesquisadores, pro�ssionais de saúde e o público em geral. Em resumo, a apresentação dos dados em grá�cos ou tabelas permite
resumir os dados de forma e�ciente e facilita a visualização dos resultados para uma análise mais detalhada e precisa, contribuindo
signi�cativamente para a compreensão e interpretação dos resultados de pesquisas e estudos.
Quanto à forma de apresentação, é importante que tanto as tabelas quanto os grá�cos sejam devidamente numerados e contenham títulos
explicativos que descrevam o seu conteúdo de forma precisa. No caso das tabelas, o título deve ser posicionado antes, enquanto nos grá�cos, ele
deve ser inserido posteriormente.
Além disso, é essencial incluir a fonte que forneceu os dados apresentados, garantindo a transparência e a credibilidade das informações. Os
grá�cos devem ser referenciados como �gura para uma identi�cação clara dentro do texto. Essas práticas de formatação garantem não apenas
uma apresentação organizada dos dados, mas também facilitam a sua interpretação e compreensão por parte dos leitores (Pinto, 2016).
Grá�cos e tabelas possuem características distintas, cada uma com suas vantagens e desvantagens. Os grá�cos são excelentes para representar
visualmente relações entre variáveis e padrões nos dados. Eles são especialmente e�cazes na exibição de tendências ao longo do tempo e na
comparação entre grupos ou categorias. Além disso, os grá�cos têm o potencial de transmitir informações complexas de forma rápida e intuitiva, o
que os torna ideais para apresentações visuais.
No entanto, os grá�cos podem ocultar detalhes especí�cos dos dados e serem mais difíceis de interpretar se não forem elaborados corretamente.
Por outro lado, as tabelas oferecem uma organização estruturada dos dados, permitindo uma visualização detalhada e precisa de valores
especí�cos. Elas são ideais para apresentar dados tabulares e comparações exatas entre grupos ou categorias. As tabelas também são altamente
�exíveis e podem acomodar uma ampla variedade de informações. No entanto, as tabelas podem ser menos e�cazes na identi�cação de padrões
ou tendências nos dados e podem ser mais difíceis de ler em comparação com grá�cos (Pinto, 2016).
Tabela Grá�co
Indicada para apresentar dados mais complexos Visualização imediata de todos os valores
Mais fácil de ser elaborada Visualmente mais atraente
Utiliza menos espaço Mais utilizado em publicações
Quadro 1 | Vantagens na apresentação de tabelas e grá�cos. Fonte: Pinto (2016, p. 170).
Siga em Frente...
Como elaborar tabelas e grá�cos segundo as características das variáveis?
Variáveis são características ou atributos que podem ser medidos ou observados em um estudo ou experimento. Elas representam as diferentes
características que estão sendo analisadas ou investigadas. Por exemplo, em um estudo sobre o desempenho acadêmico dos alunos, as variáveis
podem incluir notas em diferentes disciplinas, frequência escolar, idade, gênero, entre outras. Ao elaborar tabelas e grá�cos, é essencial considerar
as características das variáveis envolvidas. Aqui estão algumas orientações sobre como fazer isso:
Tipo de variável: as variáveis podem ser categorizadas em diferentes tipos, como variáveis qualitativas (categóricas) e variáveis quantitativas
(numéricas). As variáveis qualitativas fazem referência a três categorias: dicotômicas (classi�cadas em duas categorias), apresentando duas
possibilidades de resposta (sim ou não, masculino ou feminino); nominais, que apresentam três ou mais categorias sem hierarquia entre elas
(tipo sanguíneo, estado civil, tipos de patologias); e ordinais, ou seja, organizadas segundo uma ordem (primeiro, segundo, terceiro surto),
segundo a classe social (A, B, C, D, E), segundo o nível de escolaridadeou segundo as fases da doença (obesidade I, II e III). As variáveis
quantitativas fazem menção aos dados relativos à contagem (frequência de observações) de número de �lhos, partos, procedimentos
cirúrgicos, peso ao nascer, frequência de batimentos cardíacos, pressão sanguínea, entre outras.
Número de categorias: se uma variável tem muitas categorias, pode ser útil agrupá-las em intervalos para simpli�car a apresentação dos
dados. Por exemplo, ao representar a idade dos participantes, você pode agrupá-los em faixas etárias, como 0-10 anos, 11-20 anos, etc.
Relacionamentos: considere os relacionamentos entre as variáveis que você está analisando. Se houver interesse em mostrar a relação entre
duas variáveis, como idade e desempenho acadêmico, um grá�co de dispersão pode ser apropriado. Se houver interesse em comparar grupos
ou categorias diferentes, como desempenho acadêmico por gênero, um grá�co de barras ou um grá�co de linha podem ser mais úteis.
Apresentação clara: independentemente do tipo de grá�co ou tabela selecionado, é essencial garantir que a apresentação dos dados seja
clara e compreensível. Isso inclui a utilização de títulos descritivos, rótulos de eixos precisos, legendas claras e cores adequadas.
Para sintetizar os dados de variáveis qualitativas ou quantitativas, é necessário primeiro contar o número de observações em cada categoria
da variável, resultando em suas Frequências Absolutas (FA). No entanto, para uma análise mais completa, é comum apresentar não apenas
as FAs, mas também seus valores percentuais correspondentes, conhecidos como Frequências Relativas (FR). Essas frequências relativas
Disciplina
SAÚDE COLETIVA
são obtidas utilizandoa fórmula:
A FR é dada em porcentagem. Logo, o resultado deve ser multiplicado por 100.
Além das Frequências Absolutas e Relativas, também é importante considerar a Frequência Acumulada de um valor, que representa o número de
vezes que uma variável assume um valor igual ou inferior a esse valor especí�co. Por outro lado, a Frequência Relativa Acumulada expressa a
porcentagem relativa à Frequência Acumulada. Para exempli�car, suponha que tenhamos realizado entrevistas com 2.500 brasileiros maiores de 18
anos para avaliar suas opiniões sobre um determinado Programa de Saúde. As respostas foram as seguintes: 1.300 indivíduos consideraram o
programa bom, 450 o classi�caram como regular, 125 o consideraram ruim e 625 não expressaram opinião. A partir desse resultado, podemos
organizar esses dados em uma tabela de frequência (os números são �ctícios) (Pinto, 2016).
Bloco 1
Respostas Frequência absoluta Frequência acumulada Frequência relativa acumulada
Bom 1300 1300  
Regular 450 1300 + 450 = 1750
Ruim 125 1750 + 125 = 1875
Não sabe 625 1875 + 625 = 1940
Total 2500   1,00
Bloco 2
Frequência relativa acumulada
52%
52 + 18 = 70%
70 + 5 = 75%
75 + 25 = 100%
 
Tabela 1 | Pessoas em ambientes diversos realizando atividades diversas. Fonte: Pinto (2016, p. 171).
No exemplo em questão, estamos examinando uma variável qualitativa. Na representação grá�ca de variáveis qualitativas, os grá�cos mais
comuns são os de barra ou de setores (pizza).
O Grá�co de Barras é empregado para variáveis qualitativas, tanto nominais quanto ordinais. Consiste em barras retangulares dispostas ao longo
do eixo das abscissas (horizontal), onde são categorizadas as diferentes classes da variável. A frequência ou Frequência Relativa (em
porcentagem) é representada ao longo do eixo das ordenadas (vertical), obedecendo a uma escala preestabelecida. Cada categoria da variável é
representada por uma barra vertical de largura uniforme. A altura de cada barra é determinada pelos valores encontrados na frequência ou FR
correspondente a cada categoria. É essencial incluir legendas para ambos os eixos e um título para a �gura (Pinto, 2016).
Para apresentação comparativa de várias categorias, é mais apropriado utilizar o grá�co de barras, lado a lado, do que o grá�co de pizza. Além
disso, os grá�cos de barras podem ser horizontais ou em 3D (com perspectiva).
O Grá�co de Pizza ou de Setores é especialmente indicado para variáveis qualitativas e são usados para representar tanto valores absolutos como
em porcentagens. No caso das Frequências Relativas (FR), o processo é o mesmo, ocorrendo mudança apenas no rótulo de dados, que na FR é em
porcentagem. Esses grá�cos facilitam a leitura das informações em relação ao total (Pinto, 2016).
Vamos retomar a pesquisa citada anteriormente, na qual 2.500 brasileiros foram entrevistados sobre um Programa de Saúde no município de São
Paulo, em 2015, e explorar como realizar a apresentação grá�ca em forma de Grá�co de Barras.
Frequência Relativa  =    Frequência absoluta × 100
Tamanho da amostra
1300
2500 = 0.052 × 100 = 52%
450
2500 = 0.18 × 100 = 18%
125
2500 = 0.05 × 100 = 5%
625
2500 = 0.25 × 100 = 25%
Disciplina
SAÚDE COLETIVA
Figura 1 | Opinião de brasileiros sobre determinado Programa de Saúde, São Paulo, 2015. Fonte: Pinto (2016, p. 172).
Utilizando o mesmo exemplo, observe a representação das Frequências Relativas das opiniões em Grá�co de Pizza:
Figura 2 | Opinião de brasileiros sobre determinado Programa de Saúde, São Paulo, 2015. Fonte: Pinto (2016, p. 173).
Na representação grá�ca de variáveis quantitativas, é fundamental ordenar os dados em ordem crescente. Os valores numéricos são organizados
naturalmente e, em seguida, realiza-se a contagem de quantas vezes cada valor se repete, ou seja, a frequência de observação. Os sujeitos (sejam
pacientes, usuários ou pro�ssionais) são identi�cados por números. Variáveis quantitativas ou numéricas podem ser classi�cadas como discretas
(quando consistem em números inteiros, como o número de partos ou de �lhos) e contínuas (quando medidas em uma escala contínua, como a
pressão sanguínea ou o peso ao nascer, entre outras) (Bastos; Duquia, 2006).
Ao analisar a distribuição de frequências de variáveis contínuas, é comum criar intervalos de classe (ou categorias) que agrupam um determinado
número de observações em cada um deles. Para elaborar esses intervalos, é necessário contar o número total de observações da variável,
identi�cando o valor máximo e mínimo. Em seguida, formam-se intervalos preferencialmente de tamanho uniforme para apresentar a variável de
forma tabular ou grá�ca, sendo o histograma uma das opções comuns. A Tabela 2 apresenta os valores de peso ao nascer (variável numérica
contínua, coletada em gramas) observados em 359 crianças, além de sua distribuição de frequências com os intervalos de classe criados de 1.000
em 1.000 gramas. A mesma variável em classes de 500 gramas pode ser apresentada em forma grá�ca (Bastos; Duquia, 2006).
Peso ao nascer em gramas Frequência absoluta (n) Frequência relativa (%)
1000 a 2000 24 6,69
2001 a 3000 148 41,23
3001 a 4000 172 47,90
4001 a 5000 15 4,18
Total 359 100,00
Tabela 2 | Distribuição do peso ao nascer de crianças (n = 359) pertencentes a um estudo de coorte, Pelotas, Brasil, 1993. Fonte: Pinto (2016, p.
174).
Disciplina
SAÚDE COLETIVA
As variáveis quantitativas podem ser apresentadas de maneira grá�ca através do histograma ou do polígono de frequências, ambos utilizados para
visualizar a distribuição de frequências.
O Histograma é semelhante a um grá�co de barras, porém, as barras estão posicionadas lado a lado, sem espaços entre elas. A altura de cada
barra no Histograma representa o número ou a porcentagem de observações dentro de cada intervalo. Essa representação grá�ca é especialmente
útil para identi�car padrões na distribuição dos dados e visualizar a frequência com que os valores ocorrem em diferentes faixas numéricas. A
seguir, ilustramos o Histograma de frequência do peso ao nascer (Bastos; Duquia, 2006).
Figura 3 | Distribuição do peso ao nascer de crianças (n = 359) pertencentes a um estudo de coorte, Pelotas, Brasil, 1993. Fonte: Pinto (2016, p. 175).
O Polígono de Frequências oferece outra abordagem para visualizar a distribuição de frequências de variáveis quantitativas. Nesse tipo de grá�co,
os pontos médios de cada intervalo de classe são unidos por segmentos de linha, formando um polígono. A altura de cada ponto no Polígono de
Frequências também re�ete a frequência de observações em cada intervalo. Essa representação grá�ca permite uma visualização mais suave da
distribuição dos dados, tornando mais fácil a identi�cação de tendências e padrões. Para construir o Polígono de Frequências, pode-se partir do
Histograma previamente criado. Os pontos médios dos valores centrais das classes das extremidades superiores das barras do Histograma são
conectados por meio de uma linha. Essa abordagem ilustra o Polígono de Frequência de forma clara e e�caz, como exempli�cado no estudo sobre
peso ao nascer (Bastos; Duquia, 2006).
Figura 4 | Distribuição do peso ao nascer de crianças (n = 359) pertencentes a um estudo de coorte, Pelotas, Brasil, 1993. Fonte: Pinto (2016, p. 175).
Vamos Exercitar?
Como vimos, para apresentar dados em tabelas e grá�cos, primeiramente precisamos saber identi�car se as variáveis analisadas são qualitativas
ou quantitativas. Após identi�car o tipo de variável, é possível escolher os grá�cos a serem usados. Para variáveis quantitativas ou categóricas, a
Disciplina
SAÚDE COLETIVA
distribuição de frequências pode ser apresentada com grá�co de barras e de setores (pizza). Já para variáveis quantitativas, é possível utilizar o
grá�co de histograma ou polígono de frequências. 
Saiba mais
Você poderá aprofundar seus conhecimentos em:
WILLIAMS, O. D. Estatística básica: conceitos e ferramentas. In: BONITA, R.; BEAGLEHOLE, R.; KJELLSTROM, T. Epidemiologia básica. Tradução e
revisão cientí�ca de Juraci A. Cesar. 2. ed. São Paulo: Santos,2010. 213p. 
Referências
BASTOS, J. L. D.; DUQUIA, R. P. Tipos de dados e formas de apresentação da pesquisa clinico-epidemiológica. Scientia Médica, v. 16, n. 3, p. 133-
138, 2006. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lil-473710. Acesso em: 26 mar. 2024.
BERQUO, E. S.; SOUZA, J. M. P.; GOTLIEB, S. L. D. Bioestatística. 2. ed. São Paulo: E.P.U.,
2014.
PINTO, S. N. Saúde coletiva. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2016.
POCINHO, M. Amostra e tipos de amostragens. 2009. p. 36. 
VIEIRA, S. Introdução à Bioestatística. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.
WILLIAMS, O. D. Estatística básica: conceitos e ferramentas. In: BONITA, R.; BEAGLEHOLE, R.; KJELLSTROM, T. Epidemiologia básica. Tradução e
revisão cienti�ca de Juraci A. Cesar. 2. ed. São Paulo: Santos, 2010. 213p. 
Aula 3
Medidas de Tendência Central
Medidas de tendência central
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Olá, estudante! Nesta videoaula, vamos explorar os conceitos de média, mediana e moda, elementos essenciais da estatística descritiva. A média
representa o valor médio de um conjunto de dados, a mediana é o valor do meio quando os dados são ordenados e a moda é o valor mais
frequente. Compreender essas medidas centrais é fundamental para analisar e interpretar conjuntos de dados de forma precisa e e�caz.
Vamos lá? Ótimos estudos!
Ponto de Partida
A compreensão dos conceitos de média, mediana e moda é fundamental para o pro�ssional de saúde, permitindo uma interpretação mais precisa
dos dados clínicos e epidemiológicos. Ao analisar resultados de testes laboratoriais, avaliar a e�cácia de tratamentos ou interpretar dados
populacionais, essas medidas de tendência central fornecem informações importantes sobre a distribuição e variabilidade dos dados. Essa
compreensão é fundamental para comunicar informações complexas de maneira acessível aos indivíduos, melhorando a e�cácia e a informação
na prestação de cuidados de saúde.
Na rotina do pro�ssional de saúde, o entendimento e a aplicação desses conceitos são essenciais. Através das medidas de tendência central, o
pro�ssional interpreta resultados clínicos, identi�cando padrões e anomalias que orientam o diagnóstico e tratamento. Além disso, ao analisar
dados epidemiológicos, essas medidas auxiliam na compreensão da prevalência de doenças e na identi�cação de grupos de risco. Esses
conhecimentos também facilitam a comunicação com os pacientes, permitindo uma explicação clara sobre sua condição de saúde e as opções de
https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lil-473710
Disciplina
SAÚDE COLETIVA
tratamento disponíveis. Dessa forma, o pro�ssional utiliza esses conceitos diariamente para tomar decisões clínicas embasadas e proporcionar
cuidados de saúde de qualidade.
Revisitando a situação anteriormente descrita, discutimos um grupo de alunos encarregados de apresentar um estudo descritivo elaborado na
Unidade Básica de Saúde (UBS) sobre o per�l demográ�co e epidemiológico dos usuários do grupo Hiperdia (composto por pacientes hipertensos
e/ou diabéticos) no Congresso da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO).
Durante a aplicação dos conhecimentos de bioestatística, surgiu a necessidade de resumir os dados para apresentá-los em grá�cos e tabelas para
simpli�car as informações e facilitar comparações entre as variáveis. Para isso, precisavam utilizar as medidas de tendência central, mas estavam
com dúvidas: como calcular a moda? Lembrando que, de acordo com os dados do Hiperdia, tem-se que 70% são hipertensos, 27% são diabéticos e
hipertensos e 3% são diabéticos. 
Vamos Começar!
Para representar os dados de forma e�caz em tabelas ou grá�cos, a estatística desempenha um papel fundamental. Ela proporciona as
ferramentas necessárias para resumir e visualizar as informações coletadas, permitindo uma compreensão mais clara e acessível dos dados. Ao
aplicar técnicas estatísticas, como medidas de tendência central, podemos destacar os principais aspectos dos dados e identi�car padrões
relevantes. Isso não apenas facilita a comunicação e interpretação dos resultados, mas também ajuda na análise comparativa e na tomada de
decisões embasadas. Por meio da média, mediana e moda, por exemplo, podemos identi�car padrões e tendências nos dados, permitindo uma
interpretação mais clara e precisa do fenômeno em estudo. Essas medidas, além de simpli�carem a complexidade dos dados, também facilitam a
comparação entre diferentes conjuntos de dados e a tomada de decisões informadas.
Dentre as medidas de tendência central, temos: média, mediana e moda.
Média
A Média ou Média Aritmética é de�nida como ponto de equilíbrio ou centro de gravidade na distribuição de frequências, pois equilibra as
discrepâncias positivas e negativas de um conjunto de valores, �cando entre o valor máximo e o valor mínimo da distribuição. Logo, não pode ter
valor menor do que o valor mínimo e nem superior ao valor máximo da distribuição. Dentre as medidas de tendência central, é uma das mais
utilizadas (Feijoo, 2010). 
A média é representada pela letra 
Vamos a um exemplo:
A nutricionista mediu a circunferência abdominal de 10 participantes do grupo Hiperdia e obteve os seguintes valores em centímetros: 88; 83; 79;
76; 78; 70; 80; 82; 86; 105, em que xi= e i-ésima observação em um conjunto de observações.
x1 = 88
x2 = 83 
n = 10
Quando a amostra é grande e os dados são discretos, podem ocorrer valores repetidos. Nesse caso, convém organizar os dados em uma tabela de
distribuição de frequência. Para calcular a média, multiplica-se o valor do ponto médio (x) pela respectiva frequência que se repete (Feijoo, 2010).
X̄
Média = X = ∑n
i=1
xi
n
¯
X = 88 +83+79+76+78+70+80+82+86+105
10 = 827
10 = 82, 7 cm̄
X = ∑n
i 1Fi.Xi/N̄
Disciplina
SAÚDE COLETIVA
Tabela 1 | Distribuição de frequências para o número de faltas dos pro�ssionais de saúde da Unidade Básica de Saúde no semestre. Fonte: Pinto (2016, p. 183).
Neste caso: 
6 pro�ssionais tiveram zero faltas, logo, (0x6) = 0; 
8 pro�ssionais tiveram 1 falta, logo, (1x8) = 8; e assim por diante. 
Se quisermos saber o total de pro�ssionais, ou o tamanho da amostra “n”, deveremos somar o total de frequências 
Para montar uma tabela de variáveis contínuas, são utilizados intervalos de classes. Nesses casos, é usado o valor central de cada classe. Para
isso, calcula-se a média dos valores extremos de cada intervalo (x*) e multiplica-se o valor encontrado pela frequência, conforme exemplo a seguir:
Tabela 2 | Nascidos vivos segundo o peso ao nascer. Fonte: Pinto (2016, p. 183).
*Obs.: somente para exempli�car, pois em tabelas são colocados apenas resultados.
A média 
Como mencionado anteriormente, a média aritmética ou média simples é a medida de tendência central mais usada, porém, em algumas
circunstâncias, são mais indicadas outras medidas, como a mediana e a moda.
                                                                                               
 
 
Siga em Frente...
Mediana
∑  f  =  20
X̄
∑x× f
∑  f = 24
20 = 1, 2
(x × f)
X̄
∑x× f 
∑ f
= 300
100 = 3 kg
Disciplina
SAÚDE COLETIVA
A Mediana (Md) é o valor médio de uma distribuição ordenada. Ela divide a amostra em duas partes, uma com números menores e iguais à
mediana e outra com números maiores e iguais à mediana. Para calcular a mediana, primeiramente é preciso dispor em ordem crescente ou
decrescente os valores e, depois, selecionar o valor que se encontra na posição central. Quando o número de dados é ímpar, existe um único
número na posição central, mas quando o número de dados é par, existem dois números na posição central. Logo, para achar a mediana calcula-se
a média dos dois valores que estão na posição central(Vieira, 2008).
Vejamos este exemplo: calcule a mediana do peso dos bebês nascidos no hospital: (3, 370, 2.250, 2.850, 3.970, 3.500).
Neste caso, ordenamos (2.250, 2.850, 3.370, 3.500, 3.970) e o valor médio é 3.370, pois abaixo dele há dois valores e acima dele há também dois
valores.
A mediana (Md) também pode ser obtida usando a formula:
Neste exemplo, temos N = 5, logo, 
, e na terceira posição temos 3.370.
                                                               2
Caso tivéssemos no conjunto de dados 6 valores: (2.250, 2.850, 3.250, 3.370, 3.500, 3.970), faríamos a média entre 
Quando no conjunto de dados ocorrerem valores muito discrepantes, ou seja, quando tiver um ou mais valores muito acima ou abaixo dos demais,
é preferível usar mediana, pois a média pode não corresponder ao valor central (Vieira, 2008).
Moda
A Moda é a medida de tendência central que indica o valor que ocorre com mais frequência, ou seja, o valor que mais se repete dentro de uma série
de observações. Em um conjunto de dados pode ser que não exista moda (caso nenhum dos valores se repita) ou, ainda, podem existir duas ou
mais modas (Pinto, 2016).
Em uma tabela de distribuição de frequências que apresenta grande quantidade de dados, é importante destacar a classe de maior frequência, que,
neste caso, denomina-se classe modal, que mostra a área em que os dados estão concentrados. A moda, diferentemente das outras medidas de
tendência central, pode ser obtida mesmo que a variável seja qualitativa (Pinto, 2016). Exemplo:
Tabela 3 | Indivíduos segundo o tipo de sangue. Fonte: Pinto (2016, p. 185).
A moda, neste caso, é o tipo O, que ocorreu com maior frequência. Ela é bastante útil quando o conjunto de dados for grande, porém, se o conjunto
for relativamente pequeno, ou seja, menor que 30 observações, é mais indicado usar a média e mediana. Quando a distribuição de frequências for
unimodal (ou seja, possuir apenas uma moda) e for simétrica (ou seja, quando a distribuição da frequência estiver no centro), a média, a mediana e
a moda serão idênticas, o que não acontecerá em uma distribuição assimétrica (quando o conjunto de dados tiver valores discrepantes).
 
Vamos Exercitar?
Na situação descrita, os alunos precisavam resumir os dados para apresentá-los em grá�cos e tabelas, a �m de simpli�car informações e facilitar
comparações entre as variáveis. Para isso, precisavam utilizar as medidas de tendência central, mas não sabiam como calcular a moda.
Md = N+1
2
5+1
2 = 3
5+1
2 = 3
3.250+3.370
2 = 6.620
2 = 3. 310 kg
Disciplina
SAÚDE COLETIVA
A moda é o valor que ocorre com mais frequência em um conjunto de dados. Com base nos dados fornecidos, podemos identi�car a moda em
termos de porcentagens.
Dos dados fornecidos, sabemos que:
70% dos pacientes são hipertensos.
27% dos pacientes são diabéticos e hipertensos.
3% dos pacientes são diabéticos.
Portanto, a moda seria a categoria com a maior porcentagem, que neste caso é a hipertensão, com 70% dos pacientes. 
Saiba mais
Você poderá observar a aplicabilidade dos conhecimentos adquiridos nesta aula lendo o artigo indicado a seguir:
ELY, H. C. et al. Redução da cárie dentária em adolescentes: distribuição temporal e espacial em 36 municípios do Sul do Brasil 2003 e 2011.
Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, v. 23, n. 3, set. 2014. 
 
 
Referências
BERQUO, E. S.; SOUZA, J. M. P.; GOTLIEB, S. L. D. Bioestatística. 2. ed. São Paulo: E.P.U.,
2014.
FEIJOO, A. M. L. C. Medidas de tendência central. In: A pesquisa e a estatística na psicologia e na educação [on-line]. Rio de Janeiro: Centro
Edelstein de Pesquisas Sociais, 2010. pp. 14-22. Disponível em: http://books.scielo.org/id/yvnwq/pdf/ feijoo-9788579820489-05.pdf. Acesso em:
21 fev. 2016.
PINTO, S. N. Saúde coletiva. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2016.
VIEIRA, S. Introdução à Bioestatística. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.
Aula 4
Medidas de Dispersão
Medidas de dispersão
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Dica para você
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Olá, estudante! Nesta videoaula, exploraremos conceitos estatísticos avançados. A Amplitude Total oferece uma visão ampla da dispersão dos
dados, enquanto a Variância e o Coe�ciente de Variação revelam a consistência da distribuição em relação à média.  Entenderemos o Desvio
Padrão e o Desvio Médio, que destacam as variações individuais em relação à média, fornecendo informações importantes sobre a dispersão dos
dados.
Vamos lá? Ótimos estudos!
Ponto de Partida
https://www.scielo.br/j/ress/a/YG5ZhgGXFFvWV384ZmfYshJ/abstract/?lang=pt
http://books.scielo.org/id/yvnwq/pdf/%20feijoo-9788579820489-05.pdf
Disciplina
SAÚDE COLETIVA
Na análise estatística, compreender a dispersão dos dados é essencial para interpretar a variabilidade e a consistência das informações coletadas.
A Amplitude Total fornece uma medida básica da extensão dos valores em uma amostra, enquanto a Variância e o Coe�ciente de Variação
oferecem uma análise mais detalhada da distribuição dos dados em relação à média, permitindo comparar a dispersão entre diferentes conjuntos
de dados e entender a sua relativa homogeneidade ou heterogeneidade.
Por outro lado, o Desvio Padrão e o Desvio Médio destacam as variações individuais em relação à média, proporcionando uma visão mais precisa
da dispersão dos dados e da sua precisão. Esses conceitos estatísticos desempenham um papel fundamental em diversas áreas, pois permitem a
análise e interpretação de dados clínicos, epidemiológicos e de pesquisa, ajudando a avaliar a e�cácia de tratamentos, identi�car padrões de
doenças, entender fatores de risco e determinar a validade de estudos cientí�cos.
Para contextualizar, vamos a uma situação hipotética: um hospital deseja avaliar a e�cácia de dois tratamentos diferentes para pacientes com uma
determinada condição médica. Eles têm um grupo de 100 pacientes, dos quais 50 receberão o Tratamento A (tratamento de exercícios) e os outros
50 receberão o Tratamento B (tratamento de medicação). Após um período de acompanhamento de três meses, eles coletam dados sobre a
redução média da pressão arterial em cada grupo de pacientes.
Os resultados mostraram que o Grupo A (tratamento de exercícios) teve uma Amplitude Total de 20 mmHg, uma Variância de 12 mmHg, um Desvio
Padrão de 3,46 mmHg e um Desvio Médio de 8 mmHg, enquanto o Grupo B (tratamento de medicação) teve uma Amplitude Total de 15 mmHg,
uma Variância de 8 mmHg, um Desvio Padrão de 2,83 mmHg e um Desvio Médio de 6 mmHg. Nesse caso, qual tratamento, A ou B, mostrou uma
maior redução média da pressão arterial nos pacientes após três meses de acompanhamento?
Vamos Começar!
As medidas de dispersão são estatísticas que quanti�cam a variabilidade ou a dispersão dos dados em torno de uma medida de tendência central,
como a média. Elas fornecem informações valiosas sobre o quanto os valores individuais se afastam da média e como estão distribuídos em
relação a ela. Por exemplo, considere dois grupos de idade: o primeiro composto por sete pessoas, todas com 22 anos, resultando em uma média
de 22 anos. No segundo grupo, também com sete pessoas, as idades variam (17, 23, 38, 2, 3, 8 e 65), mas a média continua sendo 22 anos. No
entanto, percebe-se uma grande variação nas idades dos participantes, destacando a importância das medidas de dispersão para uma
compreensão mais abrangente da distribuição dos dados (Vieira, 2008).
Qual é a importância de mensurar a dispersão dos dados? Essa informação é fundamental porque a variabilidade das idades, como no exemplo
dado, evidencia a heterogeneidade do segundo grupo em comparação com o primeiro. Para quanti�car essa variabilidade em torno da média
aritmética e avaliar a representatividade da amostra, é necessário recorrerde saúde.
Para aprofundar o conhecimento sobre a atuação da Saúde Suplementar, veja o episódio SUS + saúde suplementar: como melhorar o sistema
como um todo do programa Jota.
No artigo Articulação entre os níveis de atenção dos serviços de saúde na Região Metropolitana de Curitiba: desa�os para os gestores, você
encontrará um conteúdo bem interessante sobre a Atenção Primária, Secundária e Terciária. 
 
 
Referências
BASSINELLO, G. Saúde coletiva. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014.
JÚNIOR, J. P. B.; ALMEIDA, E. R. de. Equipes multipro�ssionais (eMulti): potencialidades e desa�os para a ampliação da atenção primária à saúde
no Brasil. Cadernos de Saúde Pública, 2023. Disponível em: https://cadernos.ensp.�ocruz.br/ojs/index.php/csp/article/view/8406/18747. Acesso
em: 23 jan. 2024.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS nº 635, de 22 de maio de 2023. Institui, de�ne e cria incentivo �nanceiro federal de implantação,
custeio e desempenho para as modalidades de equipes Multipro�ssionais na Atenção Primária à Saúde. Diário O�cial da União, Brasília, DF, 2023.
Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-gm/ms-n-635-de-22-de-maio-de-2023-484773799. Acesso em: 23 jan. 2024.
MALTA, D. C. Saúde suplementar e modelos assistenciais. Rio de Janeiro: Fiocruz, [s. d.]. Disponível em:
https://www.epsjv.�ocruz.br/upload/d/Saude_Suplementar_e_ModelosAssistenciais.pdf. Acesso em: 23 jan. 2024.
MOREIRA, D. de J. Saúde coletiva. 1. ed. Santo André, SP: Difusão Editora, 2023.
MOREIRA, T. de C. et al. Saúde coletiva. Porto Alegre: SAGAH, 2018.
SOLHA, R. K. de T. Saúde coletiva para iniciantes: políticas e práticas pro�ssionais. 2. ed. São Paulo: Érika, 2014.
Aula 3
Estrutura Social no Processo Saúde e Doença
Estrutura social no processo saúde e doença
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Olá, estudante! Nesta videoaula, exploraremos os conceitos de risco e vulnerabilidade na saúde, entenderemos as transformações na estrutura
etária e na taxa de crescimento populacional de uma sociedade, nos padrões de doença prevalentes em uma população e as mudanças nos
padrões de alimentação e nutrição ao longo do tempo, através dos processos de transição demográ�ca, epidemiológica e nutricional,
respectivamente.
Prepare-se para uma análise relacionada a esses conceitos essenciais para entender a dinâmica da saúde global.
Estão prontos?
Ponto de Partida
Você compreenderá os conceitos de risco e vulnerabilidade e os fenômenos da transição demográ�ca, epidemiológica e nutricional, com enfoque
nas variações do per�l da população, no adoecimento e no número de mortes, bem como variações de expectativa de vida da população e seus
https://www.scielo.br/j/rap/a/BXV64cq8TD6SKR9gRrn9vdP/
https://cadernos.ensp.fiocruz.br/ojs/index.php/csp/article/view/8406/18747
https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-gm/ms-n-635-de-22-de-maio-de-2023-484773799
https://www.epsjv.fiocruz.br/upload/d/Saude_Suplementar_e_ModelosAssistenciais.pdf
Disciplina
SAÚDE COLETIVA
re�exos nas práticas e nos cuidados em saúde.
Para melhor assimilação do conteúdo, imagine que uma turma de alunos realizou estágio na Unidade Básica de Saúde (UBS) Vale Verde. Durante o
estágio, os alunos se envolveram em atividades e programas oferecidos pela UBS e, ao �nal, observaram que a comunidade apresenta uma
população signi�cativa acima de 60 anos e que enfrenta desa�os consideráveis relacionados à saúde. A região depara-se com obstáculos
especí�cos que impactam a qualidade de vida dessa população idosa, incluindo a prevalência de doenças crônicas, carência de recursos
socioeconômicos, falta de infraestrutura adequada e de programas de promoção a saúde.
Adicionalmente, a população idosa está suscetível à solidão e ao isolamento social, fatores que exacerbam os riscos à saúde mental e veri�cou-se
que a maioria não se alimenta adequadamente. Diante desse achado, re�ita sobre esses questionamentos: como os alunos podem relacionar a
característica da população signi�cativa acima de 60 anos, a vulnerabilidade, com a transição demográ�ca, epidemiológica e nutricional? Quais
fatores têm contribuído para os riscos em saúde?
Vamos re�etir e nos capacitar acerca desses assuntos!
Vamos ao estudo!
Vamos Começar!
A compreensão dos conceitos de risco e vulnerabilidade é essencial para analisar de forma abrangente os desa�os e determinantes que impactam
a saúde das populações. Explorar esses temas proporciona esclarecimentos valiosos sobre as disparidades de saúde. A transição demográ�ca,
epidemiológica e nutricional são conceitos que permitem entender as dinâmicas da saúde populacional ao longo do tempo.
Risco e vulnerabilidade
Nas estratégias voltadas para a promoção da saúde, prevenção e proteção tanto a nível individual quanto coletivo, faz-se uso dos conceitos de
risco e vulnerabilidade. Risco é entendido pela epidemiologia como a “probabilidade de ocorrência de uma doença, agravo, óbito, ou condição
relacionada à saúde (incluindo cura, recuperação ou melhora) em uma população ou grupo durante um período de tempo determinado”
(Rouquayrol; Silva, 2013; Almeida Filho; Barreto, 2012). Já vulnerabilidade é de�nida como o estado de indivíduos ou grupos que, por um conjunto
de questões individuais, contextuais e sociais, são mais suscetíveis aos agravos e adoecimentos, pode ser analisada na dimensão individual, social
e institucional e em grupos populacionais, a saber:
Dimensão da vulnerabilidade individual: os elementos intrínsecos do indivíduo, como idade, sexo, estilo de vida e hábitos, podem in�uenciar
sua susceptibilidade a eventos violentos.
Dimensão social da vulnerabilidade: varia de acordo com fatores como as interações entre os gêneros, as relações raciais e sociais, as
dinâmicas entre gerações e a estrutura econômica, jurídica e política presentes na sociedade.
Dimensão programática ou institucional da vulnerabilidade: está relacionado à medida em que os serviços, como os de saúde e educação,
estão contribuindo para a propensão a situações de vulnerabilidade, bem como à extensão de seu envolvimento na superação dessas
situações. Isso leva em conta os recursos e as iniciativas empregados, que possibilitam superar as vulnerabilidades.
Vulnerabilidade de idosos: o processo de envelhecimento naturalmente expõe o idoso a vulnerabilidades �siológicas. Questões de saúde,
dependência e isolamento social acentuam e complicam a identi�cação de possíveis maus-tratos perpetrados por familiares ou outras
pessoas em seu círculo. As formas mais comuns de violência incluem o abandono e o aspecto psicológico.
Vulnerabilidade de crianças: as principais formas de violência são sexuais (abuso sexual, pedo�lia, exploração sexual), psicológicas, físicas e
negligência.
Vulnerabilidade de adolescentes: as formas predominantes de violência englobam aspectos sexuais, psicológicos, físicos, negligência e
abandono. Os adolescentes podem ser vítimas ou perpetradores de violência fora do ambiente doméstico, como envolvimento em brigas,
participação em gangues, atividades criminosas ou trá�co de drogas. No caso das adolescentes do sexo feminino, é comum que enfrentem
violência, frequentemente proveniente de conhecidos, muitas vezes ocorrendo em seus próprios lares.
Vulnerabilidade de mulheres: são as principais vítimas da violência intrafamiliar e sexual, na maioria das vezes cometida por indivíduo do sexo
masculino.
Vulnerabilidade de homens: os principais tipos de violência são a urbana, as agressões físicas, acidentes com armas de fogo e acidentes de
trânsito, principalmente entre adultos jovens.
Siga em Frente...
Transição demográ�ca, epidemiológica e nutricional
A transição demográ�ca, formulada no início do século XX, desempenha um papel crucial na compreensãoàs medidas de dispersão.
Amplitude Total
Entre as medidas de dispersão, destaca-se a Amplitude Total ou Intervalo Total de uma série, que é calculada pela diferença entre o valor mais alto
(máximo) e o valor mais baixo (mínimo) de um conjunto de dados. Embora seja uma medida rápida e de fácil interpretação, é mais adequada para
conjuntos pequenos de dados, pois considera apenas os extremos e não re�ete a variabilidade em amostras maiores (Pinto, 2016).
Fórmula: 
Vamos a um exemplo: as idades dos escolares atendidos pela equipe de saúde bucal na escola são 3, 6, 5, 7 e 9 anos. Para se obter a amplitude, os
valores são ordenados.
A amplitude será o valor maior menos o menor valor: 
. A amplitude total é 6.
Variância
A Variância é uma medida que fornece como os dados estão distribuídos em relação à média. Ela pode ser compreendida através do conceito de
desvio, que re�ete a dispersão dos dados em torno da média. O desvio em relação à média (representado por 
Assim como resumimos os dados em um valor central com a média, é necessário resumir os dados dos desvios em uma única medida de
variabilidade. Para isso, utiliza-se a fórmula:
At  =  Xmáx − Xmín
At  =  Xmáx − Xmín
(Xmáx − Xmín) = (9 − 3) = 6
(Xmáx − Xmín) = (9 − 3) = 6
X̄
Disciplina
SAÚDE COLETIVA
Para determinar a Variância, siga estes passos:
1. Calcule os desvios de cada observação em relação à média.
2. Eleve cada desvio ao quadrado.
3. Some todos os quadrados e divida o resultado por n - 1.
Portanto, a variância representa a média dos quadrados dos desvios em relação ao conjunto de dados.
Vamos a um exemplo:
Foram obtidos os desvios em relação à média dos dados do estudo sobre a avaliação da saúde bucal em escolares. Os dados são apresentados a
seguir:
Tabela 1 | Tabela para cálculo auxiliar. Fonte: Pinto (2016, p. 193).
Será preciso calcular o valor da média 
Colocando os dados calculados na fórmula:
 
 
Siga em Frente...
Desvio Médio
O Desvio Médio é uma medida que estima a dispersão dos dados, indicando a amplitude em que as observações médias variam. É calculado pela
média aritmética dos desvios em relação ao valor central. No entanto, para este cálculo, os valores absolutos dos desvios são somados, garantindo
que os desvios negativos sejam tratados como positivos. Isso é feito utilizando o módulo para evitar que o resultado seja anulado. Apesar de não
ser muito utilizada pelos pesquisadores, a fórmula para obter o Desvio Médio é a seguinte:
Para calcular o desvio médio, siga estes passos:
1. Calcule a média aritmética da distribuição.
2. Subtraia a média aritmética de cada escore bruto.
3. Some todos os valores absolutos dos desvios e divida esse somatório pelo número total de casos.
S 2 =
∑  (xi – X)
2
n−1
¯
X = 3 +  6  +  5  +  7  +  9  ÷  5 =  6̄
S 2 =
∑  (xi – X)
2
n−1
¯
S 2 = 9  +  0  +  1  +  1  +  9  =  20  ÷  4  =  5
Dm =
∑  (xi – X)
n−1
¯
Disciplina
SAÚDE COLETIVA
Portanto, para calcular o desvio médio para o conjunto anterior:
Dm = (|3| + |0| + |1| + |1| + |3|) ÷ 5 = 8 ÷ 4 = 2
Desvio Padrão
O Desvio Padrão é uma das medidas mais comuns de dispersão dos dados, amplamente utilizada por sua capacidade de capturar a variabilidade
dos dados. Ele é calculado pela raiz quadrada da variância, garantindo que o resultado seja sempre positivo. A fórmula para calcular o desvio-
padrão é:
Para calcular o desvio-padrão, siga estas etapas:
1. Calcule a média aritmética da distribuição.
2. Subtraia a média aritmética de cada escore bruto.
3. Eleve os desvios ao quadrado.
4. Some todos os desvios ao quadrado.
5. Divida o somatório pelo número total de casos.
�. Extraia a raiz quadrada do resultado e assegure que o sinal seja positivo.
Portanto, se fosse calcular o desvio padrão dos dados obtidos no estudo anteriormente mencionado, com variância dos dados igual a s2 = 5, se o
desvio padrão é a raiz quadrada da variância, então 
À medida que a dispersão aumenta, a variabilidade no conjunto de dados também aumenta, sinalizando uma maior heterogeneidade entre as
observações. Isso pode sugerir uma menor representatividade da amostra. Por outro lado, quanto menor o desvio padrão, menor é a variabilidade
dos dados, enquanto um desvio padrão maior indica uma variabilidade maior. Assim, um desvio padrão menor está correlacionado com uma maior
homogeneidade no grupo, enquanto um desvio padrão maior sugere uma maior diversidade ou dispersão dos dados (Pinto, 2016).
Coe�ciente de Variação
O Coe�ciente de Variação mede a dispersão em relação à média. Essa medida é obtida pela razão entre o desvio padrão e a média; o resultado é
multiplicado por 100 para que o coe�ciente seja expresso em porcentagem (Vieira, 2008). A fórmula para calcular o coe�ciente de variação é:
Vamos calcular o coe�ciente de variação para o conjunto (3, 6, 5, 7 e 9) do estudo anterior?
Retomando os resultados já obtidos, desvio padrão S = 2,24 e média 
Essa é uma forma simples de calcular a dispersão e, por não possuir unidade de medida, permite a comparação de variáveis com unidades e
médias diferentes.
 
 
 
Vamos Exercitar?
Para responder a essa pergunta, o hospital pode calcular várias medidas estatísticas. A Amplitude Total permitirá entender a faixa de redução da
pressão arterial em cada grupo de pacientes, enquanto a Variância indicará a dispersão dos dados em torno da média, fornecendo uma noção da
consistência do efeito do tratamento em cada grupo. O Coe�ciente de Variação ajudará a comparar a variabilidade relativa entre os grupos, levando
S = √ ∑(xi−X)
2
n−1
¯
√5 = 2, 24
CV = S
X̄
(X) = 6̄
CV = S
X
= 2, 24  ÷  6  =  03, 7  ×  100%  =  37%̄
Disciplina
SAÚDE COLETIVA
em consideração suas médias diferentes. O Desvio Padrão e o Desvio Médio fornecerão uma medida precisa da dispersão dos dados e da
diferença entre cada valor e a média do grupo, permitindo uma compreensão mais detalhada da e�cácia e da consistência dos tratamentos.
Os resultados mostraram que o Grupo A (tratamento de exercícios) teve uma Amplitude Total de 20 mmHg, uma Variância de 12 mmHg, um Desvio
Padrão de 3,46 mmHg e um Desvio Médio de 8 mmHg, enquanto o Grupo B (tratamento de medicação) teve uma Amplitude Total de 15 mmHg,
uma Variância de 8 mmHg, um Desvio Padrão de 2,83 mmHg e um Desvio Médio de 6 mmHg.
Realizando a análise, podemos perceber que o Desvio Médio é maior para o Grupo A (8 mmHg) do que para o Grupo B (6 mmHg), indicando uma
redução média da pressão arterial maior no Grupo A. Isso sugere que, em média, os pacientes do Grupo A experimentaram uma redução mais
signi�cativa da pressão arterial após o tratamento em comparação com os do Grupo B.
A Variância e o Desvio Padrão fornecem medidas de dispersão dos dados. No Grupo A, a Variância é de 12 mmHg e o Desvio Padrão é de
aproximadamente 3,46 mmHg, enquanto no Grupo B, a Variância é de 8 mmHg e o Desvio Padrão é de aproximadamente 2,83 mmHg. Isso indica
que a dispersão dos resultados no Grupo A é maior do que no Grupo B. Em outras palavras, os resultados dos pacientes do Grupo A estão mais
próximos da média do grupo em comparação com os resultados dos pacientes do Grupo B, que estão mais dispersos ao redor da média.
Portanto, com base nos dados fornecidos, podemos concluir que o tratamento de exercícios (Grupo A) resultou em uma redução média maior da
pressão arterial e também mostrou uma dispersão menor nos resultados em comparação com o tratamento de medicação (Grupo B). Isso sugere
que o tratamento de exercícios foi mais e�caz em reduzir a pressão arterial de forma consistente entre os pacientes do Grupo A.
Saiba mais
Você poderá observar a aplicabilidade dos conhecimentos adquiridos nos artigos indicados a seguir:
BASTOS, J. L. D.; DUQUIA, R. P. Medidas de dispersão: os valores estão próximos entre si ou variam muito? Scientia Medica, v. 17, n. 1, p. 40-44,
2007.
SOUSA, F. A. E. F.; COLHADO, O. C. G. Bloqueio analgesia peridural lombar para tratamento de lombociatalgia discogênica: estudo clínico
comparativo entre metilprednisolona e metilprednisolona associadada vulnerabilidade em saúde, uma vez
que os padrões populacionais in�uenciam diretamente as dinâmicas de saúde de uma sociedade, pois essa teoria estabelece uma relação entre as
mudanças demográ�cas resultantes do processo de industrialização ao longo da história e seus re�exos nas características sociais, culturais e
econômicas, in�uenciando os padrões de vida, saúde e mortalidade.
A transição demográ�ca é de�nida como a transição de um cenário populacional com taxas elevadas de mortalidade e natalidade para taxas
signi�cativamente reduzidas de mortalidade. É um processo composto por quatro estágios distintos: o primeiro estágio é caracterizado por
elevadas taxas de natalidade e mortalidade, destacando-se pela signi�cativa mortalidade infantil, resultando em um equilíbrio relativo entre
Disciplina
SAÚDE COLETIVA
natalidade e mortalidade; o segundo estágio é marcado pela explosão demográ�ca, evidenciando a redução da mortalidade infantil, mas mantendo
altas taxas de natalidade; o terceiro estágio está associado a baixas taxas de natalidade e mortalidade, o que resulta no envelhecimento da
população; e, no último estágio, observa-se a presença de baixas taxas de natalidade e mortalidade, culminando em um equilíbrio populacional. No
contexto brasileiro, o país encontra-se atualmente no terceiro estágio da transição demográ�ca (Martins et al., 2022).
O Brasil, nas últimas décadas, apresentou transformações notáveis no padrão de morbidade, relacionadas principalmente à redução da mortalidade
infantil e fecundidade (queda na relação de número de �lhos), um aumento na expectativa de vida ao nascer, resultando no crescimento da
população idosa (envelhecimento demográ�co) e nas causas de adoecimento nesse grupo etário. De modo geral, o processo de envelhecimento da
população brasileira (Figura 1) também se manifesta por uma "feminização", evidenciada pela maior proporção do sexo feminino em relação ao
masculino, uma vez que as mulheres tendem a viver mais que os homens. Tal fenômeno é justi�cado por diferenças hormonais e menor exposição
a fatores de risco. A expectativa de vida ao nascer no Brasil, em 1900, situava-se em 33,7 anos, indicando que indivíduos nascidos naquele ano
tinham uma expectativa de vida de 33 anos ao nascer. Em 1950, essa expectativa aumentou para 45,9 anos, no ano 2000, alcançou o patamar de
70,4 anos e em 2022 subiu para 75,5 anos (IBGE, 2022; Pinto, 2016). 
Figura 1 | População residente no Brasil (%), segundo sexo e grupos de idade, em 2010 e 2022. Fonte: Censo Demográ�co, 2022; IBGE (2010).
As alterações na dinâmica populacional trouxeram transformações no padrão de adoecimento e mortalidade, caracterizando uma transição
epidemiológica que se refere à alteração nos padrões de mortalidade e morbidade de uma população em um determinado tempo e espaço.
Conforme de�nido por Omram (2001), essa transição representa a mudança nos padrões de incidência de doenças e na taxa de mortalidade, sendo
in�uenciada por determinantes econômicos, biológicos, sociais e demográ�cos.
De acordo com essa perspectiva, a tendência global, especialmente em países mais desenvolvidos, é a diminuição das doenças infecto-parasitárias
e o aumento na incidência e prevalência de Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT). Porém, ao contrário do observado em países
desenvolvidos da Europa, a transição epidemiológica no Brasil, assim como em outras nações latino-americanas, apresenta características
distintas. Autores argumentam que há uma polarização epidemiológica, evidenciando a sobreposição de doenças infecciosas e parasitárias com
doenças crônico-degenerativas e outros agravos não infecciosos, o que representa um desa�o signi�cativo para a saúde pública ao lidar com essa
complexa realidade (Martins et al., 2022; Pinto, 2016).
As transições epidemiológica e demográ�ca estão intrinsecamente ligadas à transição nutricional, re�etindo as mudanças nos hábitos de vida da
população brasileira. A transição nutricional é caracterizada pelo aumento do consumo de alimentos com baixa qualidade nutricional e elevado teor
calórico, que juntamente com um estilo de vida sedentário contribuem para o aumento na prevalência de sobrepeso e obesidade, coexistindo com
índices signi�cativos de desnutrição e de�ciências de micronutrientes, como ferro e vitamina A, em grupos populacionais especí�cos.
Nos países em desenvolvimento da América Latina, a transição nutricional também se associou ao aumento da prevalência de diabetes mellitus
tipo 2. Embora alguns países tenham implementado esforços regulatórios para abordar esse problema, até o momento, essas ações são
concentradas em contextos especí�cos e carecem de uma abordagem preventiva abrangente (Oliveira, 2022).
Ademais, a transição nutricional já alcança a população rural em áreas mais remotas, marcada pelo aumento do consumo de alimentos
processados e pela redução do consumo de alimentos in natura e típicos da região. Isso resulta na perda da identidade cultural alimentar, além de
contribuir para o aumento de casos de sobrepeso e obesidade, fatores de risco signi�cativos para o surgimento de Doenças Crônicas não
Transmissíveis (DCNT).
Essa condição alimentar pode não apenas ser um fator de risco para a manifestação de agravos crônicos à saúde, mas também para um possível
retorno à desnutrição, que embora estudos demonstrem que a desnutrição vinha apresentando um comportamento descendente, dados do IBGE
Disciplina
SAÚDE COLETIVA
apontam que há fatores que estão favorecendo a reversão da trajetória de queda nessas taxas no Brasil. Diante dessas complexas realidades, tanto
a desnutrição quanto a obesidade se con�guram como sérios problemas de saúde pública no Brasil (Martins et al., 2022; Antunes, 2020). 
Vamos Exercitar?
Falamos de uma turma de alunos que realizou estágio na Unidade Básica de Saúde (UBS) Vale Verde e eles observaram que a comunidade
apresenta uma população signi�cativa acima de 60 anos e que enfrenta desa�os consideráveis relacionados à saúde e aos riscos em saúde
enfrentados por essa faixa etária. Diante desse achado, como os alunos podem relacionar a característica da população signi�cativa acima de 60
anos à transição demográ�ca, epidemiológica e nutricional?
A concentração dessa faixa etária nos atendimentos sugere uma possível associação com fatores de risco, como a presença mais frequente de
condições crônicas associadas ao envelhecimento, que está diretamente relacionado à transição demográ�ca, re�etindo o aumento da expectativa
de vida e a consequente elevação na proporção de idosos na população. A transição epidemiológica, por sua vez, se manifesta na predominância
de doenças crônicas, enquanto a transição nutricional pode estar vinculada a padrões alimentares que impactam a saúde dessa população.
Quais fatores têm contribuído para os riscos em saúde? A limitação na oferta de serviços médicos especializados e a carência de infraestrutura
adequada têm impactado negativamente a capacidade da população idosa em gerenciar suas condições de saúde. A falta de conscientização
sobre hábitos saudáveis e a escassez de programas de promoção de saúde direcionados a essa faixa etária têm levado a uma prevalência
crescente de comportamentos de risco, como dietas inadequadas e sedentarismo. Diante dessa situação, é imprescindível implementar estratégias
que visem a conscientização, o acesso facilitado a serviços de saúde e a promoção de hábitos saudáveis, a �m de reduzir os riscos à saúde e
melhorar a qualidade de vida dessa comunidade especí�ca.
Essa situação hipotética evidencia a complexidade da saúde, onde a predominância de atendimentos a adultos acima de 60 anos está
intrinsecamente ligada aos fatores de risco, vulnerabilidade e às transições demográ�cas, epidemiológica e nutricional em curso. As intervenções
propostas visam proporcionar cuidados adaptados às necessidades especí�cas dessa população, contribuindo para uma abordagem mais e�caz e
abrangente na Unidade Básica de Saúde (UBS).
Saiba mais
Para ampliar ainda mais seus conhecimentossobre a Risco e Vulnerabilidade em Saúde, leia o artigo O risco, vulnerabilidade e práticas de
prevenção e promoção da saúde.
Para aprofundar o conhecimento sobre a transição demográ�ca e epidemiológica, leia o artigo Transição demográ�ca e epidemiológica.
O artigo Transição nutricional no Brasil: tendência e desa�os contemporâneos traz informações bem interessantes sobre esse tema. 
 
 
Referências
ALMEIDA FILHO, N.; BARRETO, M. Epidemiologia e saúde: fundamentos, métodos e aplicações. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.
ANTUNES, A. A volta da fome. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2020. Disponível em: https://www.epsjv.�ocruz.br/noticias/reportagem/a-volta-da-fome.
Acesso em: 23 jan. 2024.
BASSINELLO, G. Saúde coletiva. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014.
MALTA, D. C. Saúde suplementar e modelos assistenciais. Rio de Janeiro: Fiocruz, [s. d.]. Disponível em:
https://www.epsjv.�ocruz.br/upload/d/Saude_Suplementar_e_ModelosAssistenciais.pdf. Acesso em: 23 jan. 2024.
MARTINS, K. P. dos S. et al. Transição nutricional no Brasil de 2000 a 2016, com ênfase na desnutrição e obesidade. ASKLEPION: Informação em
Saúde, Rio de Janeiro, 2022. Disponível em: https://asklepionrevista.info/asklepion/article/view/22/53. Acesso em: 23 jan. 2024.
MOREIRA, T. de C. et al. Saúde coletiva. Porto Alegre: Sagah, 2018.
OLIVEIRA, J. M. de. Nutrição em saúde coletiva. 1. ed. Barueri: Manole, 2022.
OMRAM, A. R. The epidemiologic transition: a theory of the epidemiology of population change. Bulletin of the World Health Organization, [S. l.], v.
79, n. 2, p.509-538, jan. 2001. Disponível em:
https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/registro/The_epidemiologic_transition__a_theory_of_the_epidemiology_of_population_changes/4
4. Acesso em: 23 jan. 2024.
https://books.scielo.org/id/3y5xk/pdf/barata-9788575412640-12.pdf
https://www.researchgate.net/publication/376879369_Transicao_nutricional_no_Brasil_tendencia_e_desafios_contemporaneos
https://www.epsjv.fiocruz.br/noticias/reportagem/a-volta-da-fome
https://www.epsjv.fiocruz.br/upload/d/Saude_Suplementar_e_ModelosAssistenciais.pdf
https://asklepionrevista.info/asklepion/article/view/22/53
https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/registro/The_epidemiologic_transition__a_theory_of_the_epidemiology_of_population_changes/44
https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/registro/The_epidemiologic_transition__a_theory_of_the_epidemiology_of_population_changes/44
Disciplina
SAÚDE COLETIVA
PINTO, S. N. Saúde coletiva. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A, 2016.
ROUQUAYROL, M. Z.; SILVA, M. G. C. da. Epidemiologia e saúde. 7. ed. Rio de Janeiro: Medbook, 2013.
SOARES, L. R. et al. A transição da desnutrição para a obesidade. Brazilian Journal of Surgery and Clinical Research, Ipatinga, MG, 2014. Disponível
em: http://www.mastereditora.com.br/bjscr. Acesso em: 23 jan. 2024.
SOLHA, R. K. de T. Saúde coletiva para iniciantes: políticas e práticas pro�ssionais. 2. ed. São Paulo: Érika, 2014.
Aula 4
Carga Global de Doença
Carga Global de Doença
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Dica para você
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Olá, estudante! Nesta videoaula, compreenderemos como a Carga Global de Doença abrange o impacto de diversas condições de saúde, pois é um
indicador essencial para direcionar políticas de saúde e alocação de recursos, visando melhorar a qualidade de vida e redução da incidência de
enfermidades em nível global.
Esse entendimento é fundamental para diversos aspectos da saúde pública, pois abrange a extensão do impacto de diferentes condições de saúde
em uma população.
Vamos começar?
Ponto de Partida
Estudante, você já ouviu falar sobre a Carga Global de Doenças (CGD)? Esse indicador refere-se ao impacto total que as doenças, as lesões e os
fatores de risco têm em uma população ao longo do tempo, quanti�cada e expressa por meio de métricas como o DALY (Disability-Adjusted Life
Years), que combina anos de vida perdidos devido à mortalidade prematura (YLL) e anos vividos com incapacidade (YLD), oferecendo uma maneira
abrangente de avaliar o impacto de doenças e lesões na saúde de uma população. Para que você se familiarize, vamos conhecer o conceito, a
�nalidade e os objetivos da CGD, bem como os indicadores utilizados para medi-la e seus impactos no Brasil.
Para elucidar, vamos considerar um exemplo prático para calcular o DALY para uma condição de saúde hipotética: suponhamos que uma pessoa
morreu devido a complicações relacionadas ao diabetes mellitus aos 60 anos e a expectativa de vida na população da região é de 70 anos. Outra
pessoa desenvolveu uma condição incapacitante relacionada ao diabetes mellitus aos 50 anos e essa condição incapacitante, responsável por 10%
das complicações da doença, causa uma média de 5 anos de vida com uma qualidade de vida reduzida (de�nido por um peso de incapacidade de
0,5). Diante da situação, qual o cálculo do DALY e o que o resultado signi�ca?
A compreensão desses dados é importante para orientar intervenções direcionadas, visando reduzir a carga de doenças, melhorar a qualidade de
vida da população e otimizar o uso dos recursos de saúde.
Bons estudos!
Vamos Começar!
Carga Global de Doença (CDG)
A Carga Global de Doença (CDG), em inglês Global Burden of Disease, emerge como uma ferramenta na análise dos impactos das enfermidades
em uma população. Diante das alterações no per�l demográ�co e epidemiológico observadas, as métricas calculadas no estudo de Carga de
Doença Global (CDG) representam um esforço cientí�co com o propósito de quanti�car a extensão da perda de saúde, cujas informações são
fundamentais para embasar medidas estratégicas no planejamento da saúde.
A CDG visa “quanti�car a magnitude comparativa da perda de saúde decorrente de doenças, lesões e fatores de risco por idade, sexo e geogra�a
para pontos especí�cos no tempo” (IHME, 2013, p. 5). Ou seja, tem como �nalidade principal quanti�car e avaliar a magnitude comparativa do
http://www.mastereditora.com.br/bjscr
Disciplina
SAÚDE COLETIVA
impacto de doenças, lesões e fatores de risco sobre a saúde da população em nível global. Essa abordagem pretende fornecer uma compreensão
abrangente das condições de saúde ao longo do tempo, considerando diferentes regiões, idades e sexos (IHME, 2013). Os objetivos especí�cos da
Carga Global de Doença incluem:
Avaliar o impacto de doenças, lesões e fatores de risco, levando em consideração não apenas a mortalidade, mas também a morbidade
(incapacidade).
Permitir comparações entre diferentes causas de doenças, condições de saúde e fatores de risco para destacar as principais contribuições
para a carga global.
Fornecer dados fundamentais para orientar a formulação de políticas de saúde, identi�cando prioridades e áreas de intervenção para
melhorar a saúde populacional.
Acompanhar as mudanças ao longo do tempo nas condições de saúde, ajudando a entender como as intervenções e políticas de saúde
afetam a CGD.
Possibilitar comparações entre países e regiões, contribuindo para a compreensão das disparidades e desigualdades em saúde em nível
mundial e regional, como a avaliação das taxas padronizadas de DALY (Disability-Adjusted Life Years - anos de vida perdidos por morte
prematura e incapacidade) em relação às principais causas de morte, morbidade e fatores de risco em cada estado brasileiro, para
compreender a situação de saúde especí�ca vivenciada em cada região, tornando-se uma estimativa valiosa para orientar a formulação de
prioridades em políticas de saúde, visando a redução das desigualdades regionais existentes. 
Siga em Frente...
Indicadores
O indicador DALY con�gura a quanti�cação dos anos perdidos devido a problemas de saúde, incapacidade ou óbito precoce. Esse indicador foi
concebido para possibilitar acomparação da saúde global e da expectativa de vida entre diferentes países a partir da década de 1990. (Abreu et al.,
2018).
O cálculo do DALY para uma doença ou condição de saúde envolve a soma dos anos de vida perdidos devido à morte prematura (YLL - Years of Life
Lost) e anos vividos com incapacidade (YLD - Years Lived with Disability). A métrica YLL é determinada ao subtrair a idade no momento do óbito da
maior expectativa de vida possível para uma pessoa naquela idade especí�ca. Para ilustrar, consideremos um homem que morre de câncer aos 65
anos em um país onde a expectativa de vida mais longa para o sexo masculino é de 75 anos. Nesse caso, o YLL seria de 10 anos, indicando os
anos de vida perdidos devido ao câncer.
Por sua vez, a métrica YLD abrange condições variadas, como a gripe, que pode perdurar apenas por alguns dias, ou a epilepsia, que pode persistir
por toda a vida. A sua mensuração ocorre ao multiplicar a prevalência da condição pelo peso de de�ciência associado a essa condição. Os pesos
de de�ciência re�etem a gravidade de diferentes condições e são estabelecidos por meio de pesquisas realizadas na população em geral. Suponha
que uma pessoa desenvolva artrite reumatoide aos 30 anos. A doença é uma condição crônica que pode causar dor nas articulações e limitações
na mobilidade. Se essa pessoa viver até os 70 anos e experimentar limitações signi�cativas devido à artrite ao longo desse período, os YLD seriam
uma forma de quanti�car o impacto da artrite na qualidade de vida dessa pessoa (Quevedo et al., 2021; Mendes, 2015; Oliveira, 2009).
Um estudo realizado no Brasil em 2004, cujo objetivo era descrever os diferenciais existentes quanto ao padrão epidemiológico no país em grandes
regiões, utilizando como indicador o DALY, observou que as doenças crônico-degenerativas foram responsáveis por 66,3% da carga de doença no
Brasil, enquanto as doenças infecciosas contribuíram com 23,5%, e as causas externas representaram 10,2%. Globalmente, a carga de doença
associada aos agravos não transmissíveis tem aumentado rapidamente, e o aumento nas taxas de mortalidade e morbidade por doenças
cardiovasculares (DCV) é uma tendência observada nos países em desenvolvimento nos últimos anos. Essas doenças desempenham um papel
preponderante na mortalidade e morbidade precoce, contribuindo com 85 milhões de anos de vida perdidos ajustados pela incapacidade (DALY),
que representa a soma dos anos de vida perdidos devido à morte prematura e os anos vividos com incapacidade ajustados de acordo com a
severidade (Schramm, 2004).
Para garantir o bem-estar da população de um país, é necessário entender a magnitude e a distribuição dos principais problemas de saúde, além de
utilizar ferramentas que auxiliem na tomada de decisões. Os indicadores de saúde desempenham um papel crucial nesse cenário e a extensão de
seu uso é determinada pelas suas características. A adoção do indicador DALY proporciona a identi�cação de prioridades com base no per�l
epidemiológico, tornando mais clara a alocação de recursos e explicitando essas decisões para a sociedade, além de permitir estabelecer
prioridades para pesquisas em saúde e avaliar desigualdades, contribuindo para decisões que visam superar as disparidades identi�cadas
(Schramm, 2004).
Vamos Exercitar?
Para a compreensão na prática da Carga Global de Doença, vamos à resolução da situação hipotética apresentada anteriormente: uma pessoa
morreu devido a complicações relacionadas ao diabetes mellitus aos 60 anos e a expectativa de vida na população da região é de 70 anos. Outra
pessoa desenvolveu uma condição incapacitante relacionada ao diabetes mellitus aos 50 anos e essa condição incapacitante, responsável por 10%
das complicações da doença, causa uma média de 5 anos de vida com uma qualidade de vida reduzida (de�nido por um peso de incapacidade de
0,5). Diante da situação, qual o cálculo do DALY e o que o resultado signi�ca?
A fórmula geral para o cálculo do DALY é:
Disciplina
SAÚDE COLETIVA
DALY = YLL + YLD
Para o cálculo, precisamos encontrar os valores de YLL e YLD.
A fórmula para o cálculo da YLL (anos de vida perdidos) é:
YLL = N x (LE – A), onde:
N é o número de casos fatais da condição
LE é a expectativa de vida no momento da morte
A é a idade da pessoa no momento da morte
Utilizando os dados do caso hipotético, temos:
YLL = N x (LE – A)
YLL = 1 x (70 – 60)
YLL = 10
O YLD (anos vividos com incapacidade) é calculado considerando:
YLD = P x DW x L, onde:
P é a prevalência da condição
DW é o peso da de�ciência associado à condição
L é a duração média da condição 
Utilizando os dados do caso hipotético, temos:
YLD = 10 x 0,5 x 5
YLD = 25
Com esses dados, podemos calcular o DALY:
DALY = YLL + YLD
DALY = 10 + 25
DALY = 35 anos
O resultado de 35 DALYs indica que, em média, uma pessoa afetada pelo diabetes mellitus perdeu 35 anos de vida ajustados pela qualidade devido
à combinação de mortalidade prematura e anos vividos com incapacidade. Este é um exemplo simpli�cado e os valores especí�cos podem variar
com base em fatores como a gravidade da condição incapacitante, a idade de início e outros aspectos clínicos.
Saiba mais
Para aprofundar seu conhecimento sobre Carga Global de Doenças, realize a leitura do Estudo de Carga de Doença Global: gerando evidências,
informando políticas de saúde. 
 
 
Referências
ABREU D. M. X. de. et al. Carga Global de Doença no Brasil: Ranking dos Estados segundo anos de vida perdidos ajustados por incapacidade
(DALY), 1990-2015. In: 12 CONGRESSO BRASILEIRO DE SAÚDE COLETIVA. Anais. 2018. Disponível em: https://proceedings.science/saude-coletiva-
2018/trabalhos/carga-global-de-doenca-no-brasil-ranking-dos-estados-segundo-anos-de-vida-perdid?lang=pt-br. Acesso em: 24 jan. 2024.
https://www.healthdata.org/sites/default/files/files/policy_report/2013/GBD_GeneratingEvidence/IHME_GBD_GeneratingEvidence_FullReport_PORTUGUESE.pdf
https://www.healthdata.org/sites/default/files/files/policy_report/2013/GBD_GeneratingEvidence/IHME_GBD_GeneratingEvidence_FullReport_PORTUGUESE.pdf
https://proceedings.science/saude-coletiva-2018/trabalhos/carga-global-de-doenca-no-brasil-ranking-dos-estados-segundo-anos-de-vida-perdid?lang=pt-br
https://proceedings.science/saude-coletiva-2018/trabalhos/carga-global-de-doenca-no-brasil-ranking-dos-estados-segundo-anos-de-vida-perdid?lang=pt-br
Disciplina
SAÚDE COLETIVA
BASSINELLO, G. Saúde coletiva. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014.
INSTITUTO DE MÉTRICA E AVALIAÇÃO EM SAÚDE - IHME. Carga de Doença Global: gerando evidências, informando políticas de saúde.
Universidade de Washington, 2013. Disponível em:
https://www.healthdata.org/sites/default/�les/�les/policy_report/2013/GBD_GeneratingEvidence/IHME_GBD_GeneratingEvidence_FullReport_POR
TUGUESE.pdf. Acesso em: 23 jan. 2024.
MENDES, L. V. P. et al. A evolução da carga de causas externas no Brasil: uma comparação entre os anos de 1998 e 2008. Cad. Saúde Pública,
2015. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csp/a/WGHjWjxnhj8LL56ttctgsMg/abstract/?lang=pt#. Acesso em: 24 jan. 2024.
MOREIRA, T. de C. et al. Saúde coletiva. Porto Alegre: Sagah, 2018.
OLIVEIRA, A. F. de. Carga Global de Doença no Brasil: o papel de fatores de risco como o tabagismo e o excesso de peso. 2009, 149f. Tese
(Doutorado em Ciências) – Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz. Rio de Janeiro. 2009. Disponível em:
https://www.arca.�ocruz.br/bitstream/handle/icict/2556/ENSP_Tese_Oliveira_Andreia_Ferreira.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 24 jan.
2024.
QUEVEDO, A. L. A. de. et al. Utilização da Carga Global de Doenças para análise situacional no planejamento em saúde do estado do Rio Grande do
Norte. In: 4º Congresso Brasileiro de Política, Planejamento e Gestão da Saúde. Anais. Rio de Janeiro, 2021. Disponível em:
https://proceedings.science/cbppgs-2021/trabalhos/utilizacao-da-carga-global-de-doencas-para-a-analise-situacional-no-planejamento?lang=pt-br.
Acesso em: 23 jan. 2024.
SOLHA, R. K. de T. Saúde coletiva para iniciantes: políticase práticas pro�ssionais. 2. ed. São Paulo: Érika, 2014.
SOUZA, M. de F. M. et al. Carga da doença e análise da situação de saúde: resultados da rede de trabalho do Global Burden of Disease (GBD) Brasil.
Rev. Bras. Epidemiol. 2017. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbepid/a/cwDkPDjSkDcC3hB73kp7yfC/#. Acesso em: 24 jan. 2024.
SCHRAMM, J. M. de A. Transição epidemiológica e o estudo de carga de doença no Brasil. Ciênc. Saúde Coletiva. 2004. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/csc/a/NcL6K3C5p7dRgQfZ938WtRD/#. Acesso em: 24 jan. 2024.
Aula 5
Encerramento da Unidade
Videoaula de Encerramento
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Dica para você
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Olá, estudante! Nesta videoaula, você verá conceitos fundamentais da unidade, como os modelos explicativos sobre saúde-doença, a organização
do SUS, transição demográ�ca, transição epidemiológica, transição nutricional e Carga Global de Doença, a �m de rea�rmar a importância desses
temas para compreendermos os desa�os atuais da saúde pública. Fique à vontade para revisitar os materiais e aprofundar seu conhecimento.
Bons estudos! 
Ponto de Chegada
Para desenvolver a competência desta Unidade, que é conhecer as principais características da Saúde Coletiva no Brasil, entendendo as in�uências
sofridas conforme a contextualização histórica e os modelos explicativos sobre saúde-doença, possibilitando a compreensão desta área de
atuação, torna-se necessário ordenar a evolução dos modelos explicativos sobre saúde-doença, que são abordagens conceituais que visam
compreender os processos relacionados à saúde e à doença em uma determinada população.
Após essa trajetória histórica, você relacionará o Movimento Sanitarista com o surgimento da Saúde Coletiva. A Reforma Sanitária no Brasil foi um
movimento social e político que buscava transformar o sistema de saúde do país e superar as desigualdades no acesso à saúde e desempenhou
papel fundamental para a Saúde Coletiva. Como resposta a esse movimento, em 1988 foi promulgada a Constituição Federal, que estabeleceu as
bases para a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), um sistema público, integral e universal, que organiza a oferta de serviços de saúde em três
níveis de atenção: primária, secundária e terciária e que, juntamente com a atuação da saúde suplementar e complementar, exerce um papel
importante no cenário de saúde do Brasil, proporcionando uma abordagem integral e abrangente à saúde.
https://www.healthdata.org/sites/default/files/files/policy_report/2013/GBD_GeneratingEvidence/IHME_GBD_GeneratingEvidence_FullReport_PORTUGUESE.pdf
https://www.healthdata.org/sites/default/files/files/policy_report/2013/GBD_GeneratingEvidence/IHME_GBD_GeneratingEvidence_FullReport_PORTUGUESE.pdf
https://www.scielo.br/j/csp/a/WGHjWjxnhj8LL56ttctgsMg/abstract/?lang=pt
https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/handle/icict/2556/ENSP_Tese_Oliveira_Andreia_Ferreira.pdf?sequence=1&isAllowed=y
https://proceedings.science/cbppgs-2021/trabalhos/utilizacao-da-carga-global-de-doencas-para-a-analise-situacional-no-planejamento?lang=pt-br
https://www.scielo.br/j/rbepid/a/cwDkPDjSkDcC3hB73kp7yfC/
https://www.scielo.br/j/csc/a/NcL6K3C5p7dRgQfZ938WtRD/
Disciplina
SAÚDE COLETIVA
Complementarmente, para enumerar as características da Saúde Coletiva, você irá distinguir os riscos de vulnerabilidade, termos que se referem à
probabilidade de ocorrência de um agravo e os indivíduos que são mais suscetíveis a esses agravos, respectivamente, e irá conhecer os processos
de transição demográ�ca, epidemiológica e nutricional, pois elucidam as dinâmicas da saúde populacional ao longo do tempo. Esses temas são
essenciais para analisar os desa�os e os determinantes que impactam disparidades de saúde da população, e através de ferramentas como a
Carga Global de Doenças (GBD) há uma quanti�cação da extensão do impacto das enfermidades com consequente perda de saúde, lesões e
fatores de risco sobre a saúde da população em nível global, além de emergir informações fundamentais para embasar medidas estratégicas no
planejamento da saúde ao longo do tempo, considerando diferentes regiões, idades e sexos.
Portanto estudante, todo esse arcabouço teórico sobre a trajetória da Saúde Coletiva, através da contextualização histórica considerando todo o
processo saúde-doença ao longo dos anos, o conhecimento acerca do SUS, as dinâmicas de saúde populacional e o impacto das doenças sobre a
saúde da população, dará a você bases intelectuais que o fará um pro�ssional mais completo no mercado de trabalho. 
Re�ita
Como podemos promover efetivamente a Saúde Coletiva em nossa sociedade, considerando não apenas a assistência médica, mas também os
determinantes sociais, econômicos e ambientais que in�uenciam signi�cativamente o bem-estar da população?
Como a transição nutricional impacta as escolhas alimentares e os padrões de saúde de uma população e de que forma os sistemas de saúde
podem se adaptar para promover hábitos alimentares saudáveis em meio a essas mudanças?
Como a compreensão da Carga Global de Doença pode orientar estratégias e�cazes de saúde pública para lidar com os principais desa�os de
saúde em uma sociedade, considerando a diversidade de doenças, lesões e fatores de risco?
É Hora de Praticar!
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Para contextualizar sua aprendizagem, considere esta situação hipotética: Maria, 45 anos, apresenta episódios frequentes de fadiga extrema e
dores articulares e em sua busca por respostas, consulta três pro�ssionais de saúde que trouxeram abordagens diferentes em relação à sua
condição.
Como os pro�ssionais poderiam conduzir o tratamento de Maria através do Modelo Biomédico, Modelo da História Natural da Doença e do Modelo
de Determinação Social da Saúde? 
Ao longo do estudo sobre Saúde Coletiva, conhecemos o histórico dos modelos explicativos sobre saúde e doença que moldaram a trajetória da
saúde pública no país. Essa compreensão nos capacita a atuar de maneira signi�cativa na Saúde Coletiva, reconhecendo a importância de uma
abordagem integrada, sensível às nuances históricas e aos diversos determinantes sociais que impactam a saúde da população brasileira.
Com base nesse conhecimento, você poderá responder ao questionamento relacionado a Maria, que apresenta episódios frequentes de fadiga
extrema e dores articulares e em sua busca por respostas, obteve três abordagens distintas para essa condição. Então, como os pro�ssionais
poderiam conduzir o tratamento dela através do Modelo Biomédico, Modelo da História Natural da Doença e do Modelo de Determinação Social da
Saúde?
Considerando o Modelo Biomédico, o pro�ssional provavelmente conduzirá Maria por meio de exames laboratoriais e de imagem para identi�car
causas especí�cas de sua fadiga e dores articulares. O foco estará em diagnósticos médicos precisos, buscando tratamentos farmacológicos para
aliviar os sintomas. Esse modelo concentra-se principalmente na dimensão biológica da doença.
No Modelo da História Natural da Doença, o médico abordará as diferentes fases da doença. Nesse caso, seria explorado desde a fase pré-
patogênica, analisando os fatores de risco e exposições de Maria, até a fase patogênica, onde os sintomas estão presentes. Intervenções
preventivas e tratamentos seriam considerados para alterar o curso natural da condição.
No Modelo de Determinação Social da Saúde, o pro�ssional examinaria os fatores sociais, econômicos e ambientais que podem in�uenciar a saúde
de Maria. Questões como condições de vida, acesso aos serviços de saúde, nível educacional e situação �nanceira seriam consideradas.

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