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Atendimento hospitalar Abordagem da prática profissional, combinando conhecimentos práticos e teóricos adquiridos no decorrer do curso, com a vivência prática na área de Nutrição clínica hospitalar. Profa. Patrícia Passos Simões 1. Itens iniciais Propósito Compreender as estratégias de promoção, prevenção, manutenção e recuperação da saúde, juntamente, fornecendo condutas nutricionais apropriadas às condições fisiológicas e patológicas do paciente na área de Nutrição clínica hospitalar, o que proporcionará uma aprendizagem relevante e consistente para o desenvolvimento das competências profissionais. Preparação Antes de iniciar o conteúdo, tenha à mão um livro da área de Nutrição clínica, bem como manuais, diretrizes e guias específicos para a compreensão dos tópicos específicos desta área. Objetivos Reconhecer a aplicação da terapia nutricional, os fatores fisiopatológicos e o risco nutricional. Implementar o cálculo das necessidades energéticas e as modificações da composição da dieta adequadas às necessidades nutricionais do indivíduo enfermo. Identificar as doenças de base comuns na prática hospitalar, sua fisiopatologia, os métodos de avaliação e classificação do estado nutricional e a integração da equipe multiprofissional. Introdução Por meio deste material, propiciaremos ao aluno embasamento teórico-prático a respeito das enfermidades estudadas, favorecendo tanto a proatividade, a autoaprendizagem e o interesse contínuo na sua formação, como a relação com a equipe multiprofissional, além da fundamental vivência profissional, focando na prática de Nutrição clínica hospitalar. O aluno também será orientado a realizar uma pesquisa científica de campo (com os dados coletados na prática clínica), a fim de elaborar o trabalho de conclusão de estágio (TCE), conforme descrito no Regulamento para Estágio Curricular Supervisionado do Curso de Graduação em Nutrição. • • • 1. A aplicação da terapia nutricional, os fatores fisiopatológicos e o risco nutricional Conceitos Neste módulo, abordaremos a triagem nutricional e os parâmetros adotados na Nutrição clínica para uma adequada avaliação nutricional dos pacientes com deficiência nutricional ou desnutridos. Antes disso, vejamos alguns importantes conceitos que irão nos nortear em nosso estudo. Terapia nutricional A terapia nutricional (TN) refere-se a um conjunto de procedimentos visando reconstruir ou manter o estado nutricional de um indivíduo por meio da oferta de alimentos ou nutrientes para fins especiais. Pode ser empregada por via digestiva, denominada TN enteral, ou por via venosa, denominada TN parenteral (WAITZBERG, 2017). Planejamento e metas da terapia nutricional As metas da TN se iniciam com a triagem nutricional e passam por diferentes etapas até o final do tratamento nutricional, são algumas delas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016): Triagem nutricional. Avaliação nutricional dos pacientes em risco nutricional ou desnutridos. Cálculo das necessidades nutricionais. Indicação da TN a ser instituída e sua via de administração. Triagem ou rastreamento nutricional O diagnóstico precoce da desnutrição intra-hospitalar é necessário, a fim de impedir sua instalação e agravo. Recomenda-se que ocorra em até 72h da admissão do paciente no hospital (DITEN, 2018; WAITZBERG et al., 2017). Saiba mais Através da triagem, pode-se prever uma possível desnutrição do paciente (exemplo: histórico alimentar, exames laboratoriais, estado nutricional). Em 2003, a ESPEN recomendou o uso de duas ferramentas de triagem: a Malnutrition Universal Screening Tool (MUST), podendo ser usada em hospitais, casas de repouso e comunidade, e a Nutritional Risk Screening (NRS) – 2002 para hospitalização. Para idosos, recomenda-se a Miniavaliação Nutricional, que resultou na MNA-SF (também em inglês), forma reduzida (WAITZBERG et al., 2017; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016). Miniavaliação Nutricional MNA, em inglês. • • • • MUST MUST IMC (kg/ m2) Perda de peso em 3-6 meses Efeito da doença Pontos 0 = > 20 1 = 18,5 – 20,0 2 = 10% Adicionar 2 pontos se houve ou há possibilidade de ausência de ingestão alimentar por > 5 dias. Somar todos os pontos Risco de desnutrição e guias para manejo 0 = baixo risco Cuidados clínicos de rotina Repetir a triagem em: Hospital: semanalmente Casas de repouso: mensalmente Comunidade: anualmente para grupos especiais (ex.: idade > 75 anos) 1 = risco médio Observar: Hospital e casas de repouso: documentar a ingestão alimentar e hídrica por 3 dias. Comunidade: documentar a ingestão alimentar e hídrica pelo menos a cada 2–3 meses. > 2 = risco alto Tratar: Informar nutricionista e equipe multiprofissional de terapia nutricional. Repetir avaliação semanalmente. Todas as categorias de risco: Tratar a condição associada e fornecer ajuda e aconselhamento nas escolhas alimentares, comidas e bebidas quando necessário. Registrar categoria de risco de desnutrição. Registrar necessidade de dieta especial e seguir política local. Obesidade: Registrar a presença de obesidade (para aqueles com condições associadas, essas são geralmente controladas antes do tratamento). Adaptado de Waitzberg et al., 2017. NRS 2002 NRS 2002 Parte 1 – Triagem inicial Sim Não 1 IMC 5% em 3 meses ou ingestão alimentar menor que 50-75% da necessidade normal na última semana Brando Pontuação 1 Fratura de quadril, pacientes crônicos, em particular com condições agudas: cirrose, DPOC, hemodiálise crônica, diabetes, câncer Moderado Pontuação 2 Perda de peso > 5% em 2 meses ou IMC 18,5-20,5 + condição geral comprometida ou ingestão alimentar 25-60% da necessidade normal na última semana Moderado Pontuação 2 Cirurgia abdominal de grande porte, infarto, fraturas, pneumonia grave, leucemias e linfomas Grave Pontuação 3 Perda de peso > 5% em 1 mês (> 15% em meses) ou IMC 18,5 + condição geral comprometida ou ingestão alimentar 0-25% da necessidade normal na última semana Grave Pontuação 3 Trauma craniano, transplante de medula óssea, pacientes em cuidados intensivos (APACHE > 10) Pontuação: + = pontuação total Se > 70 anos: adicionar 1 ponto no total = pontuação total ajustada à idade Pontuação > 3: o paciente está em risco nutricional e um plano nutricional é iniciado Pontuaçãoalbumina devem ser utilizados com cautela naqueles com DHC, durante a avaliação bioquímica do estado nutricional. II. Na terapia nutricional das doenças inflamatórias intestinais, nos portadores de Doença de Chron, a vitamina B12 deve ser medida com regularidade naqueles que tiveram a ressecção do jejuno. III. Em situações de trauma, imunoduladores como glutamina, arginina, ácidos graxos ômega-3 e nucleotídeos não beneficiam o paciente vítima de trauma moderado e grave, e não devem ser prescritos precocemente na terapia nutricional. IV. No paciente obeso crítico, em relação à oferta calórica e proteica, sua alimentação deve ser composta de dieta hipocalórica e hiperproteica, com o objetivo de mobilizar tecido adiposo, minimizar complicações e preservar massa magra. A I e IV B II e III C III e IV D I e III E II e IV A alternativa A está correta. Em relação à afirmativa “III”, o acompanhamento da vitamina B12 deve ocorrer sempre que houver ressecção do íleo terminal e, em relação à afirmativa “IV”, os imunomoduladores devem ser prescritos precocemente na terapia nutricional do trauma, pois conseguem beneficiar pacientes que o sofreram. Questão 2 No paciente portador de trauma cirúrgico, a sepse está relacionada com alta mortalidade e frequentemente há necessidade de internação desses pacientes em Unidades de Terapia Intensiva. A respeito dessa patologia, assinale a alternativa INCORRETA. A A proteína deve compor 1,2 a 2,0g/kg/dia. B Recomendação de 25% a 30% na forma de lipídios. C Glutamina e arginina não beneficiam o paciente, devendo-se evitar sua prescrição. D Ômega-3 e os nucleotídeos são indicados no trauma moderado. E Probióticos podem reduzir o número de infecções, mas com pouco evidência na sua terapêutica. A alternativa C está correta. A glutamina e arginina apresentam efeitos benéficos em pacientes portadores de trauma, e são indicados na TN. 4. Conclusão Considerações finais Ao longo destes módulos, podemos visitar os principais assuntos relacionados à Nutrição clínica. Iniciamos o percurso relembrando os passos da terapia nutricional, desde a triagem nutricional, passando pela avaliação nutricional, cálculos energéticos para as diferentes situações, modificações na composição das dietas hospitalares, e chegamos às principais patologias encontradas no ambiente hospitalar, enfatizando a sua fisiopatologia, avaliação nutricional e a terapia nutricional recomendada. Podcast Agora, a especialista Camila Costa encerra com um resumo sobre o conteúdo. Conteúdo interativo Acesse a versão digital para ouvir o áudio. Explore+ A Brazilian Society of Parenteral and Enteral Nutrition (BRASPEN) aborda de uma forma interessante e cuidadosa uma abordagem sobre a Terapia Nutricional (TN) do Diabetes em sua Diretriz BRASPEN de TN no Diabetes Mellitus (2020), por isso, sugerimos que a pesquise. Na página do Instituto Nacional do Câncer (INCA), encontramos o Consenso sobre nutrição oncológica (2009 e 2011) e os Anais de 2009, que são extremamente úteis para que você os pesquise. Pesquise a página da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), onde encontramos diversas publicações relevantes: manuais e diretrizes. Assista, no YouTube, ao evento "A atuação do Nutricionista em EMTN e abordagem nutricional nas doenças renais", realizado em 2018 pelo Conselho Regional de Nutricionistas da 3ª região (CRN-3). Referências ASSOCIAÇÃO MÉDICA BRASILEIRA. AMB. Agência Nacional de Saúde Suplementar. Diretrizes clínicas na saúde suplementar. Sepse: Nutrição, 2011. ASSOCIAÇÃO MÉDICA BRASILEIRA. AMB. Conselho Federal de Medicina (CFM). Terapia nutricional na pancreatite aguda, 2011. BLACKBURN, G. L. et al. Nutritional and Metabolic Assessment of the Hospitalized Patient. Med Clin North Am. pP. 11103-15, 1979. BLACKBURN, G. L.; THORNTON, P. A. Nutritional Assessment of the Hospitalized Patient. Journal Parenter Enteral Nutrition, [S.l.], n. 1, p. 11-22, 1977. • • • • BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Aprova o protocolo clínico e diretrizes terapêuticas da doença de Crohn. (Portaria nNº 996, 2014). BURGOS, M. G. P. A.; SALVIANO F. N.; BELO, G. M. S.; BION, F. M. Doenças inflamatórias intestinais: o que há de novo em terapia nutricional? Rev Bras Nutri Clínic, 2008. CHEMIN, S. M.; MURA, J. D. P. Tratado de alimentação, nutrição & dietoterapia. 2. ed. São Paulo: Roca, 2011. CHUMLEA, W. C. et al. Nutrition Assessment of the Elderly Through Antropometry. Colombus, Ohio: Ross Laboratory, 1984. CHUMLEA, W. C.; ROCHE, A. F.; STEINBAUGH, M. L. Estimating Stature from Knee Height for Persons 60 to 90 years of age. J Am Geriatr Soc., 1985. CURRERI, P. W. Nutritional Support of Burn Patient. World J Surg. 1978. DETSKY, A. S.; McLAGHLIN et al. What Is Subjective Global Assessment of Nutritional Status? JPEN J Parenter Enteral Nutr., 1987. DUARTE, A. C. G. Avaliação nutricional. São Paulo: Atheneu, 2007. FRISANCHO, A. R. New Norms of Upper Limb Fat and Muscle Areas for Assessment of Nutritional Status. American Journal of Clinical Nutrition, Bethesda, v. 34, n. 11, p. 2540-2545, 1981. LIPSCHITZ, D. A. Screening for Nutritional Status in the Elderly. Prim Care, p. 55-67, 1994. MAHAN, L. K. et al. Alimentos, nutrição e dietoterapia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. MARTINS, C. Referências de avaliação nutricional. São Paulo: Metha, 2013. MAXIMINO, P. Manual de consulta para estágio em nutrição. São Caetano do Sul: Yendis, 2014. MINISTERIO DA SAUDE. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada e Temática. Manual de terapia nutricional na atenção especializada hospitalar no âmbito do Sistema Único de Saúde – SUS. Brasília: Ministério da Saúde, 2016. OSTERKAMP, L. K. Current Perspective on Assessment of Human Body Proportions of Relevance to Amputees. Journal of the American Dietetic Association, 95(2), 215–218, 1995. SAMPAIO R. L. Avaliação nutricional. Salvador: EDUFBA, 2012. SBD. SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. SBD. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2019-2020, 2019. SOCIEDADE BRASILEIRA DE NUTRIÇÃO PARENTERAL E ENTERAL. SBNPE. Associação Brasileira de Nutrologia. Projeto Diretrizes. Terapia Nutricional na Doença de Crohn, 2011. SOCIEDADE BRASILEIRA DE NUTRIÇÃO PARENTERAL E ENTERAL. SBNPE. Associação Brasileira de Nutrologia. Terapia nutricional na oncologia, 2011. SOCIEDADE BRASILEIRA DE NUTRIÇÃO PARENTERAL E ENTERAL. SBNPE. Diretriz BRASPEN de terapia nutricional no diabetes mellitus. vV. 35, n. 4, suplemento, 2020. SOCIEDADE BRASILEIRA DE NUTRIÇÃO PARENTERAL E ENTERAL. SBNPE. Diretriz Braspen de Terapia Nutricional no Paciente com Câncer e BRASPEN recomenda: Indicadores de Qualidade em Terapia Nutricional. 1º suplemento, 2019. WAITEZBERG, D. L. Nutrição oral, enteral e parenteral na prática clínica. 5. ed. São Paulo: Atheneu, 2017. WORLD HEALTH ORGANIZATION. WHO. Obesity: Preventing and Managing the Global epidemic. Genebra: WHO, 1997. Atendimento hospitalar 1. Itens iniciais Propósito Preparação Objetivos Introdução 1. A aplicação da terapia nutricional, os fatores fisiopatológicos e o risco nutricional Conceitos Terapia nutricional Planejamento e metas da terapia nutricional Triagem ou rastreamento nutricional Saiba mais MUST NRS 2002 MNA-SF Avaliação nutricional Avaliação antropométrica: Peso Estatura ou altura Semienvergadura do braço (SE) Envergadura do braço Altura do joelho (AJ) Estatura recumbente Índice de massa corporal Indicadores de composição corporal Circunferência da panturrilha Circunferência da cintura ou abdominal Circunferência do braço Circunferência muscular do braço Pregas cutâneas Prega cutânea triciptal Padrão de normalidade para homens no percentil 50 Padrão de normalidade para mulheres no percentil 50 Avaliação do estado nutricional de proteínas Albumina Balanço nitrogenado (BN) Indicação da TN a ser instituída e sua via de administração Nutrição enteral Nutriçãoparenteral Resumindo Como iniciar a coleta dos dados do meu TCE? Conteúdo interativo Verificando o aprendizado Um homem de 34 anos é admitido na emergência com fratura na mandíbula após acidente automobilístico. Encontra-se hemodinamicamente estável, com peristalse presente. Após um round clínico, o médico-assistente e o buco-maxilo-facial decidem pelo tratamento cirúrgico, e o nutricionista da equipe é informado que o paciente não poderá se alimentar pela via oral por até 21 dias. Qual a melhor conduta a ser tomada pelo profissional? Uma mulher de 57 anos está internada há 48 horas em um hospital. Após a realização da triagem nutricional, verificou-se que ela apresentava risco de desnutrição, sendo indicada uma avaliação nutricional mais completa para instituir a terapia nutricional. Qual método de triagem nutricional estaria sendo aplicado pelo nutricionista? 2. O cálculo das necessidades energéticas e as modificações da composição da dieta Conceitos Cálculo das necessidades energéticas Calorimetria indireta Calorias por quilo de peso corporal – regra de bolso Necessidades energéticas: equação de Harris Benedict Modificações da dieta de pacientes hospitalizados Dietas modificadas em relação ao valor calórico Dietas hipocalóricas Dietas hipercalóricas Dietas modificadas em relação à proporção de macronutrientes Normoglicídica Normolipídica Normoproteica Dietas modificadas em relação à restrição de nutrientes Dietas modificadas em relação à consistência Uma visão prática: O cálculo de uma dieta para um indivíduo enfermo e hospitalizado Conteúdo interativo Verificando o aprendizado Questão 1 Em relação ao cálculo que envolve a recomendação energética de pacientes hospitalizados, julgue as proposições abaixo em V (verdadeiro) ou F (falso): Podemos afirmar que as proposições corretas são: As dietas hospitalares de rotina são classificadas quanto à consistência em: geral, livre ou normal; líquida ou líquida completa; líquida restrita; pastosa; branda; semilíquida ou leve. Sobre as dietas, assinale a alternativa incorreta: 3. As doenças de base comuns na prática hospitalar Conceitos Doenças de bases mais comuns na prática hospitalar e seus respectivos tratamentos Terapia nutricional no diabetes mellitus Objetivos Diagnóstico Diabetes mellitus tipo 2 Diabetes mellitus tipo 1 Recomendações nutricionais Micronutrientes Suplementação Dieta low carb Contagem de carboidratos Avaliação bioquímica Terapia nutricional nas queimaduras Objetivos Fisiopatologia Recomendações nutricionais Terapia nutricional na sepse Objetivos Fisiopatologia Recomendações nutricionais Energia Ômega 3 Glutamina e arginina Nutrição enteral Nutrição parenteral Terapia nutricional nas pancreatites Fisiopatologia Pancreatite aguda Objetivos da TN Diretrizes para nutrição nas pancreatites Pancreatite aguda grave Recomendações nutricionais na pancreatite aguda grave Pancreatite aguda leve Pancreatite crônica Objetivos da TN Recomendações nutricionais Paciente obeso crítico Recomendações nutricionais Terapia nutricional no câncer Objetivos da TN Terapia nutricional Via oral Via enteral Via parenteral Recomendações nutricionais Imunomoduladores Avaliação nutricional Terapia nutricional no trauma Objetivos Fisiopatologia Recomendações nutricionais Terapia na doença renal crônica (DRC) Objetivos Recomendação nutricional Tratamento conservador – Fase não dialítica Hemodiálise Diálise peritoneal Terapia nutricional nas doenças inflamatórias intestinais (DII) Doença de Chron (DC) Terapia nutricional nas DII Objetivos da terapia nutricional nas DII Recomendações nutricionais nas DII Tratamento de manutenção Terapia nutricional na insuficiência hepática Doenças hepáticas crônicas Hipertensão portal Encefalopatia hepática Ascite Transplante hepático Recomendações nutricionais nas doenças hepáticas Aminoácidos de cadeia ramificada (AACR) Avaliação bioquímica Nutrição clínica: construindo o trabalho de conclusão do estágio com base nos resultados obtidos com avaliação do estado nutricional do paciente hospitalizado Conteúdo interativo Verificando o aprendizado Em relação às afirmativas seguintes, julgue como V (verdadeiro) ou F (falso) e, em seguida, assinale a alternativa correta.I. Em pacientes com doença hepática crônica, marcadores séricos como albumina e pré-albumina devem ser utilizados com cautela naqueles com DHC, durante a avaliação bioquímica do estado nutricional. No paciente portador de trauma cirúrgico, a sepse está relacionada com alta mortalidade e frequentemente há necessidade de internação desses pacientes em Unidades de Terapia Intensiva.A respeito dessa patologia, assinale a alternativa INCORRETA. 4. Conclusão Considerações finais Podcast Conteúdo interativo Explore+ Referências3 meses? 0 = sim 2 = não E Tem problemas neurofisiológicos? 0 = demência ou depressão grave 1 = demência leve 2 = sem problemas psicológicos F Qual o IMC (Índice de Massa Corporal = peso / altura m2)? 0 = IMC 23 Pontuação da triagem (total máximo de 14 pontos): MNA-SF 12 pontos ou mais: normal, não está em risco. Não precisa de avaliação complementar. 11 pontos ou abaixo: possível desnutrição. Adaptado de Waitzberg et al., 2017. Avaliação nutricional Avaliação antropométrica: Peso É aferido por balança corretamente calibrada, mas também pode ser estimado a partir de equações específicas. São considerações sobre o peso: Peso atual (PA) Aquele aferido no momento da avaliação nutricional. Peso habitual (PH) Aquele que o indivíduo costumava apresentar. Peso ajustado (PAJ) Obtido a partir da correção do peso ideal para a determinação das necessidades energéticas e de nutrientes do indivíduo, quando a adequação do peso for inferior a 95% ou superior a 115%. Peso ideal (PI) ou desejável (PD) Aquele considerado saudável e de acordo com as características do paciente. Peso ideal para amputados Peso ideal corrigido ao subtrair a porcentagem de peso relativa ao membro amputado. No cálculo do PI, o IMC médio de homens a ser considerado é 22kg/m2>, e, para mulheres, 21kg/m2. Em idosos, em decorrência das alterações fisiológicas do envelhecimento, a estimativa do PI é realizada a partir do IMC médio de 24,5kg/m2 e a altura ao quadrado (A2). A porcentagem de adequação do PA em relação ao PI ou PD pode ser calculado com a seguinte fórmula: Após o cálculo, os valores encontrados são confrontados com o quadro a seguir, e observamos a classificação do estado nutricional com base na adequação do peso. Adequação do peso (%) Adequação 120 Obesidade Adaptado de Blackburn et al., 1979. É possível calcular a perda de peso (PP), e esta é a variação de peso atual em relação ao habitual. Período Perda moderada (%) Perda grave (%) 1 semana 2,0 1 mês 5,0 3 meses 7,5 6 meses ou + 10,0 Adaptado de Blackburn et al., 1977. O valor de líquidos acumulados (edema e ascite) deve ser descontado do peso atual, obtendo-se, assim, o “peso seco”. Grau de ascite Peso ascítico (kg) Edema periférico (kg) Leve 2,2 1,0 Moderado 6 5,0 Grave 14 10,0 Adaptado de James, 1989. Grau de edema Local Quantidade em kg a ser subtraída + Tornozelo 1 ++ Joelho 3-4 +++ Raiz da coxa 5-6 ++++ Anasarca 10-12 Adaptado de Martins, 2013. Para indivíduos amputados, conforme vimos, deve-se desconsiderar a parte amputada para cálculo de peso corporal corrigido e do IMC corrigido, conforme equação e figura. Peso ideal para amputados Peso ideal (IMC) do peso do membro amputado Modelo proposto por Osterkamp, 1995. É calculado o peso ajustado (PAJ) ou corrigido para estimar as necessidades energéticas dos indivíduos que possuem a adequação do peso inferior a 95% ou superior a 115% (SAMPAIO, 2012). Também pode ser utilizado quando o IMC do paciente for maior que 30kg/m2 (WAITZBERG, 2017). Utilizamos a seguinte equação: É possível estimar o peso para os pacientes que estão impedidos de aferição (CHUMLEA, 1985): Onde: Homem : Mulher: PCSE CP = circunferência da panturrilha (cm) AJ = altura do joelho (cm) CB = circunferência do braço (cm) PCSE = prega cutânea subescapular (mm) Estatura ou altura Pode ser aferida diretamente pelo estadiômetro ou estimada por meio de equações. Semienvergadura do braço (SE) Distância entre a fúrcula esternal até a ponta do dedo médio. Essa distância é colocada na equação seguinte para se estimar a altura. Envergadura do braço Distância medida de um dedo médio até o outro, com os braços do paciente fazendo um ângulo de 90o com o corpo. Altura do joelho (AJ) Para aferição deve-se dobrar a perna esquerda do paciente em um ângulo de 90o com o joelho e, com o antropômetro, medir a distância entre a rótula e o calcanhar. Em seguida, a altura é calculada conforme equação a seguir (CHUMLEA, 1985). Estatura recumbente Estatura do paciente deitado, que deve estar da forma mais ereta possível a distância entre a parte mais alta da cabeça e o calcâneo (CHUMLEA et al., 1984). Altura (cm) = [0,73 x (2 x SE (m)) + 0,43] Homens (cm): 64,19 - (0,04 x idade) + (2,02 x altura do joelho (cm)) Mulheres (cm): 84,88- (0,24 x idade) + (1,83 x altura do joelho (cm)) Estatura recumbente. Índice de massa corporal A classificação para adultos e idosos encontra-se a seguir. IMC (kg/m2) Classificação do estado nutricional 22 e 31cm Eutrofia 102cm Mulher 88cm Adaptado de WHO, 1998. Circunferência do braço Representa a soma das áreas constituídas pelos tecidos ósseo, gorduroso e muscular do braço. É possível mensurar o grau de adequação da CB. Desnutrição grave Desnutrição moderada Desnutrição leve Eutrofia Sobrepeso Obesidade Desnutrição grave CB 120% Adaptado de Blackburn, 1979. Nos quadros seguintes, observamos o padrão de normalidade (segundo o percentil 50) da PCT, CB e CMB. Padrão de normalidade para homens no percentil 50 Idade DCT (mm) CB (cm) CMB (cm) 19-24,9 10 30,8 27,3 25-34,9 12 31,9 27,9 35-44,9 12 32,6 28,6 Idade DCT (mm) CB (cm) CMB (cm) 45-54,9 12 32,2 28,1 55-64,9 11 31,7 27,8 65-74,9 11 30,7 26,8 Adaptado de Frisancho, 1981. Padrão de normalidade para mulheres no percentil 50 Idade DCT (mm) CB (cm) CMB (cm) 19-24,9 18 26,5 20,7 25-34,9 21 27,7 21,2 35-44,9 23 29 21,8 45-54,9 25 29,9 22 55-64,9 25 30,3 22,5 65-74,9 24 29,9 22,5 Adaptado de Frisancho, 1981. Avaliação do estado nutricional de proteínas É fundamental a avaliação do estado nutricional de proteínas devidoa sua correlação com desnutrição proteica. Dessa forma, alguns parâmetros são avaliados para reduzir os riscos atrelados à saúde e à preservação dentro do possível da massa muscular. Albumina É a mais abundante proteína circulante do plasma, com importância ímpar em sua pressão oncótica. Exerce também função no transporte do cálcio, cobre, ácidos graxos de cadeia longa, drogas etc. Sua vida média é de 18 a 20 dias. Classificação Concentração (mg/dL) Normal > 3,5 - 5,0 Depleção leve 3,0 – 3,5 Depleção moderada 2,4 – 2,9 Depleção grave 15 Adaptado de Sampaio, 2012. Classificação do BN BN negativo Ingestão Excreção Anabolismo BN em equilíbrio Ingestão = Excreção Manutenção Adaptado de Sampaio, 2012. Indicação da TN a ser instituída e sua via de administração Na imagem a seguir, encontramos o algoritmo de escolha da via de TN e, a seguir, as suas indicações e a seleção da via de administração de nutrientes. Indicação da TN a ser instituída e sua via de administração. Nutrição enteral Em geral, indicada para indivíduos com ingestão via oral 6 semanas NP central Período > 15 dias Osmolaridade: > 700mOsm/L Função gastrointestinal normal Nutrientes intactos Função gastrointestinal comprometida Formulações especiais Tolerância de nutrientes adequada Progredir NE ou alimentação por via oral Tolerância de nutrientes inadequada Suplementação com NP Adaptado de DITEN, 2018; Waitzberg et al., 2017. Há contraindicações à TN enteral que devem ser observadas, bem como à NP periférica e à central: Contraindicações Razões e condições Doença terminal As complicações superam os benefícios. Síndrome do intestino curto Do tipo maciço ou em fase inicial de reabilitação intestinal. Contraindicações Razões e condições Obstrução intestinal Ausência de trânsito intestinal total ou localizada. Sangramento gastrointestinal Requer intervenção, ocasiona náusea, vômito e melena ou enterorragia. Vômitos Dificultam a manutenção da sonda nasoenteral. Diarreia Avaliar a causa, considerar drogas e perdas hidroeletrolíticas. Fístulas gastrointestinais Especialmente jejunais e de alto débito. Isquemia gastrointestinal Pacientes críticos, com sepse, disfunção de múltiplos órgãos, instabilidade cardiopulmonar, síndromes de compressão ou oclusivas crônicas. Íleo paralítico intestinal Peritonites, hemorragia intraperitoneal, perfuração intestinal, de causa sistêmica (uremia, diabetes graves, lesão nervosa central, hipocalemia). Inflamação do TGI Enterites graves por doença inflamatória grave de cólon, enterite actínica intensa por quimioterapia, pancreatite grave. Hiperêmese gravídica Fase de ressuscitação volêmica Pacientes hipotensos (pressão arterial média 15 dias). Distúrbio hidroeletrolítico grave. Possibilidade do uso de NE de forma efetiva. Hiperglicemia (> 300). Disfunção hepática importante. Adaptado de Waitzberg et al., 2017. Resumindo Podemos observar que a TN de pacientes hospitalizados envolve um conjunto de procedimentos que indicam o risco de desnutrição, o estado nutricional do paciente e a tomada de decisão sobre a escolha da via de alimentação, sendo possível ter uma conduta assertiva em relação à recomendação nutricional, contribuindo para manutenção ou recuperação do estado nutricional, reduzindo a morbimortalidade hospitalar. Como iniciar a coleta dos dados do meu TCE? A especialista Camila Costa abordará a importância da coleta de dados no estágio supervisionado em Nutrição clínica para realização do TCE. Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. Verificando o aprendizado Questão 1 Um homem de 34 anos é admitido na emergência com fratura na mandíbula após acidente automobilístico. Encontra-se hemodinamicamente estável, com peristalse presente. Após um round clínico, o médico-assistente e o buco-maxilo-facial decidem pelo tratamento cirúrgico, e o nutricionista da equipe é informado que o paciente não poderá se alimentar pela via oral por até 21 dias. Qual a melhor conduta a ser tomada pelo profissional? A Iniciar terapia de nutrição enteral, tendo como como via de acesso a nasal, e com posicionamento gástrico. B Iniciar terapia nutricional parenteral, tendo como via de acesso a central. C Iniciar terapia nutricional mista, tendo como vias de acessos a gastrostomia e a parenteral central de curto prazo. D Iniciar terapia nutricional mista, tendo como vias de acessos o posicionamento nasogástrico e a nutrição parenteral periférica de curto prazo. E Iniciar terapia nutricional enteral, tendo como via de acesso o posicionamento nasojejunal. A alternativa A está correta. Recomendada a NE enteral, pois o paciente se encontra com peristalse. A via de acesso indicada é por sonda nasogástrica, pois a alimentação ocorrerá por um período inferior a 6 semanas. Questão 2 Uma mulher de 57 anos está internada há 48 horas em um hospital. Após a realização da triagem nutricional, verificou-se que ela apresentava risco de desnutrição, sendo indicada uma avaliação nutricional mais completa para instituir a terapia nutricional. Qual método de triagem nutricional estaria sendo aplicado pelo nutricionista? A Avaliação subjetiva global. B Rastreamento de risco nutricional. C NRS-2002. D Miniavaliação nutricional. E O tempo de admissão contraindica o uso de ferramentas de triagem nutricional. A alternativa C está correta. Como se trata de uma paciente adulta, o método indicado seria a NRS 2002, ferramenta de triagem recomendada para pacientes hospitalizados com admissão ematé 72 horas. 2. O cálculo das necessidades energéticas e as modificações da composição da dieta Conceitos O plano terapêutico nutricional, identificando os requerimentos calóricos e proteicos, será estabelecido após a avaliação nutricional, a seleção da via de alimentação do paciente e o tipo de dieta a ser administrada (WAITZBERG et al., 2017). Cálculo das necessidades energéticas Calorimetria indireta Consiste em medir, por meio de um monitor de medição metabólica, que é mais encontrado em UTI, a quantidade de oxigênio e a produção de dióxido de carbono durante um determinado período (MAHAN et al., 2012). Calorias por quilo de peso corporal – regra de bolso Método no qual as calorias são computadas por quilo de peso corporal atual (ou ajustado, quando temos esta indicação). VET = Peso x kcal/kg/peso Condição clínica Kcal/ Kg/ peso Trauma 25 a 30 Sepse 20 a 25 Obeso crítico (IMC: 30-50 kg/m2) 11 a 14 kcal/kg/dia do peso real Obeso crítico (IMC > 50kg/ m2) 22 a 25kcal/kg/dia do peso ideal para IMC eutrófico Paciente crítico 15-20 Kcal/kg/dia 25-30kcal/kg/dia (após o 4º dia dos pacientes em recuperação) Lesão renal aguda 25-30kcal/kg/dia Condição clínica Fator injúria Condição clínica Kcal/ Kg/ peso Paciente não complicado 1,0 Transplante de medula óssea 1,2-1,3 Pequena cirurgia 1,2 Cirurgia eletiva 1,0-1,1 Fraturas múltiplas 1,2-1,35 Pós-operatório de cirurgia torácica 1,2-1,5 Queimaduras 20% de SCQ (superfície corporal queimada): 1,0-1,5 30-50% SCQ: 1,7 50-70% SCQ: 1,8 70-90% SCQ: 2,0 100% SCQ: 2,1 Câncer 1,1-1,45 Peritonite 1,4 Sepse 1,4-1,6 Pancreatite 1,3-1,6 Desnutrição 1,5 Fratura 1,2 Pós-operatório de cirurgia geral 1,0-1,5 Infecção grave 1,3-1,35 Transplante de fígado 1,2-1,5 Trauma esquelético 1,35 Multitrauma + sepse 1,6 Insuficiência renal aguda 1,3 Insuficiência cardíaca 1,3-1,5 Insuficiência hepática 1,3-1,55 Adaptado de Mahan et al., 2012; Waitzberg et al., 2017; DITEN, 2018; Maximinio, 2013. Necessidades energéticas: equação de Harris Benedict A taxa metabólica basal (TMB) pode ser calculada pela equação seguinte e, por meio do produto dos fatores injúria (FI), atividade (FA) e térmico (FT), estimamos o gasto energético total (GET): Injúria Fator Cirurgia 1,2 Fraturas 1,33 Trauma 1,35 Trauma + infecção 1,79 Adaptado de Waitzberg et al., 2017. Atividade Fator Confinado no leito 1,2 Fora do leito 1,33 Adaptado de Waitzberg et al., 2017. Temperatura Fator 38 °C 1,1 39 °C 1,2 40 °C 1,3 41 °C 1,4 Adaptado de Long, 1979. Modificações da dieta de pacientes hospitalizados Dietas modificadas em relação ao valor calórico Dietas hipocalóricas Aporte energético reduzido em consequência da redução da quantidade de alimentos ingeridos. Esse tipo de dieta é comumente indicado para pacientes que necessitam de perda de peso. Dietas hipercalóricas Tem como objetivo aumentar a quantidade de alimentos ingeridos e são indicadas para pacientes em estados catabólicos (ex.: queimaduras, câncer, doenças infecciosas etc.). TMB (homem) : peso altura idade (anos) TMB (mulher) : peso altura idade (anos) GET : TMB x FA x FI x FT Dietas modificadas em relação à proporção de macronutrientes Normoglicídica 55 a 75% das calorias. Normolipídica 15 a 30% de lipídeos. Normoproteica 10 a 15% de proteínas. Valores acima ou abaixo dos descritos sugerem modificações das proporções de macronutrientes. Ex.: dietas hipolipídicas, hiperproteicas, hipoglicídicas etc. Dietas modificadas em relação à restrição de nutrientes Destacam-se a dieta hipossódica (indicada para hipertensos, edemaciados e portadores de doença renal) e a dieta isenta de glúten (destinada à pacientes celíacos). Outros exemplos são as dietas ricas em fibras (para pacientes dislipidêmicos). Dietas modificadas em relação à consistência Tipo de dieta Características Normal, geral ou livre Adequada em macro e micronutrientes, atendendo a todas as necessidades nutricionais do indivíduo. Fracionamento: 5 a 6 refeições/dia Valor calórico: 2000 a 2200kcal/dia Alimentos recomendados: cereais, pães, tubérculos e raízes; hortaliças; frutas; leite e produtos lácteos; carnes e ovos; leguminosas; oleaginosas etc. Branda Possui valor nutricional similar à dieta normal. A característica principal é a atenuação da textura por meio da cocção das fibras das hortaliças e tecido conjuntivo das carnes, facilitando o trabalho digestivo (mastigação, deglutição, digestão e absorção). Fracionamento: 5 a 6 refeições/dia Valor calórico: 1800 a 2200kcal/dia Alimentos recomendados: pães, bolo simples, biscoito; leite e derivados; chá, café, sucos, vitaminas; frutas cozidas ou assadas (sem casca), hortaliças cozidas, assadas ou refogadas; arroz, macarrão, pirão, polenta; caldo de leguminosas; carnes assadas, cozidas ou ensopadas; ovo poché, cozido ou omelete etc. Tipo de dieta Características Pastosa Indicada para o repouso digestivo. Fornece quantidade adequada de nutrientes semelhante à dieta branda, mas a textura é menos sólida. Normalmente, os alimentos apresentam-se em forma de purês, cremes, papas e carnes subdivididas (moídas, trituradas ou desfiadas) e suflês Fracionamento: 5 a 6 refeições/dia Valor calórico: 1800 a 2200kcal/dia Alimentos recomendados: pães macios, bisnagas, biscoitos, bolo simples, mingaus (feitos com farinha refinada); suflês, purês; caldo de leguminosas; frutas cozidas, em purês e sucos; leite, iogurtes e queijos cremosos; arroz papa; carnes moídas ou desfiadas; ovo cozido, mexido; sopas; pudim, manjar, flan, cremes, doces em pasta, geleias, gelatina etc. Leve ou semilíquida Preparações de consistência espessada com a presença de farináceos ou espessantes artificiais, constituídas de líquidos e alimentos semissólidos cujos pedaços se encontram em suspensão ou emulsão. Permite o repouso digestivo. Apresenta valor nutricional reduzido, podendo ser necessária suplementação. Fracionamento: 5 a 6 refeições/dia Valor calórico: 1300 a 1500kcal/dia Alimentos indicados: água, chá, café com açúcar, água de coco, sucos de frutas coados; grãos e farinhas de cereais refinados cozidos em sopas ou mingaus; pão sem casca e biscoitos; leite, iogurte, creme de leite, queijos cremosos; purês, verduras cozidas e liquidificadas; sopas espessadas, liquidificadas ou sopas-cremes; caldo de leguminosas; frutas cozidas, cruas (sem casca) em papa ou liquidificadas; carnes cozidas e cortadas em pedaços pequenos, purês ou caldos etc. Líquida ou líquida completa Apresenta todos os alimentos/preparações na forma líquida e é indicada para pacientes que necessitam de mínimo esforço digestivo e pouco resíduo. Em função do seu valor calórico reduzido, recomenda-se a oferta de suplementos alimentares, visando melhorar os aportes energéticos, proteicos e de micronutrientes, devendo-se evoluir o mais brevemente possível. Caso não seja possível, recomenda-se a TN. Fracionamento: a cada 2 horas ou intervalo menor Valor calórico: 750 a 1500kcal/dia Alimentos recomendados: papa ou farinha de cereais refinados e cozidos podem ser adicionados às bases líquidas; caldos, sopas liquidificadas e peneiradas de hortaliças, ovos e carnes; leite, bebidas lácteas, iogurte, creme de leite e suplementos alimentares à base de leite; cremes, sorvetes, gelatina; água, chá, café, água de coco, sucos de frutas coados, bebidas não gaseificadas Tipo de dieta Características Líquida restrita Também conhecida como dieta de líquidos claros, caracteriza-se pela presença de água, líquidos límpidos e carboidratos, tendo como finalidade a hidratação e a redução na formação de resíduos, conferindo repouso do sistema digestivo. Pelo seu baixo valor nutricional, devendo ser evoluída o quanto antes, caso não seja possível, recomenda-se a TN. Fracionamento: a cada 2 horas ou a intervalo menor Valor calórico: 375 a 600kcal/dia Alimentos recomendados: água, chás, café descafeinado, água de coco, sucos de frutas coados, caldos coados de legumes, verduras e carnes, gelatinas, bebidas isotônicasZero Também denominada de “jejum”, caracteriza-se pela ausência da ingestão de alimentos por via oral. Valor calórico: 0kcal (via oral) Alimentos recomendados: nenhum Adaptado de Waitzberg et al., 2017; Maximino, 2013; Mahan et al., 2012. Uma visão prática: O cálculo de uma dieta para um indivíduo enfermo e hospitalizado A especialista Camila Costa abordará como prescrever uma dieta para um paciente hospitalizado. Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. Verificando o aprendizado Questão 1 Em relação ao cálculo que envolve a recomendação energética de pacientes hospitalizados, julgue as proposições abaixo em V (verdadeiro) ou F (falso): I. A calorimetria indireta é um método seguro para cálculo das necessidades calóricas apenas em adultos, e consiste em medir a quantidade de oxigênio e a produção de dióxido de carbono dos pacientes durante um período determinado. II. A fórmula de bolso consiste em um método no qual as calorias são computadas por quilo de peso corporal atual (ou ajustado, se houver esta indicação). III. A estimativa do gasto energético total (GET) por meio da equação de Harris-Benedict é realizada a partir do produto da taxa metabólica basal (TMB) pelos fatores injúria (FI), atividade (FA) e térmico (FT). Podemos afirmar que as proposições corretas são: A I e II B I e III C II e III D Apenas a II E Apenas a III A alternativa C está correta. A calorimetria indireta é um método seguro para cálculo das necessidades calóricas em adultos e idosos. Questão 2 As dietas hospitalares de rotina são classificadas quanto à consistência em: geral, livre ou normal; líquida ou líquida completa; líquida restrita; pastosa; branda; semilíquida ou leve. Sobre as dietas, assinale a alternativa incorreta: A A dieta normal é indicada para pacientes que não têm restrição de nutrientes. B A dieta líquida não necessita de suplementação com vitaminas e minerais, pois suprem todas as necessidades nutricionais dos pacientes. C A dieta branda é utilizada para os pacientes que possuem problemas de mastigação e deglutição, bem como para facilitar a digestão no período pós-operatório. D A consistência da dieta pastosa é abrandada pela cocção e processos mecânicos, com alimentos moídos, liquidificados e em forma de purê. E A dieta líquida restrita se caracteriza pela presença de água, líquidos límpidos e carboidratos, tendo como finalidade a hidratação e a redução na formação de resíduos, conferindo repouso ao sistema digestivo. A alternativa B está correta. A dieta líquida, por possuir um valor calórico baixo, tem a indicação de suplementação nutricional, melhorando a oferta calórica e de micronutrientes. 3. As doenças de base comuns na prática hospitalar Conceitos Neste conteúdo, vamos identificar as doenças de base mais comuns na prática hospitalar, bem como a sua fisiopatologia, os métodos de avaliação indicados e a classificação do estado nutricional. Também iremos reconhecer a importância da integração da equipe multiprofissional de TN para o atendimento ao enfermo e as atribuições que competem ao profissional de nutrição. Doenças de bases mais comuns na prática hospitalar e seus respectivos tratamentos Terapia nutricional no diabetes mellitus Objetivos Alcançar e manter estado nutricional adequado. Atingir metas individualizadas de glicemia, pressão arterial e lipídios. Retardar ou prevenir as complicações do diabetes (SBNPE, 2020). Diagnóstico Exame Normal Pré- diabetes Diabetes Glicemia de jejum (mg/dL) 2 porções de peixe por semana e DCV: 500mg/dia para prevenção primária da DCV e 1.000mg/dia na prevenção secundária Proteína Proteínas - 15-20% do VET ou 0,8-1,0g/ kg/dia Na presença de doença renal crônica: 0,6g/kg peso/dia Sódio 50:22-25 kcal/ kg de PI/dia Ideal - Manter o BN positivo IMC 30-40: 2,0 g/ kg de PI/dia IMC > 40: 2,5g/kg de PI/dia Doença renal crônica não crítica 30-35kcal/kg Diálise 1,2-1,4 g/ kg/dia Sem diálise: 0,8g/ kg/dia Adaptado de SBNPE, 2020. Micronutrientes Diabéticos em tratamento farmacológico com metformina apresentam maior risco de deficiência de vitamina B12, com rastreamento anual. Suplementação Pacientes portadores de baixo peso, risco nutricional ou consumo alimentar insuficiente têm a recomendação do uso de suplemento nutricional oral para reduzir os riscos à saúde, pelo menos de 2 a 3 vezes/dia, longe das refeições, para melhorar o estado nutricional e o controle glicêmico (SBNPE, 2020). Dieta low carb Apesar dos resultados não conclusivos, há consenso sobre o impacto da quantidade de carboidratos nos níveis glicêmicos pós-prandiais. A adesão a longo prazo parece ser um fator limitador das dietas low-carb, e uma revisão sistemática recente, que incluiu estudos randomizados, relatou controle adequado entre 3 e 6 meses de dieta e perda de adesão após 12 e 24 meses (SBNPE, 2020). Contagem de carboidratos É um método de planejamento nutricional para pacientes com DM e deve fazer parte das estratégias nutricionais, sempre que possível (SBNPE, 2020). Avaliaçãobioquímica Glicemia de jejum, teste de tolerância à glicose, resistência à insulina (HOMA-IR), hemoglobina glicada, automonitoramento da insulina capilar. Lipídeos séricos: identificação de maior risco cardiovascular. Terapia nutricional nas queimaduras Objetivos Fornecer calorias em quantidades adequadas para atender às necessidades de energia. Reduzir as complicações metabólicas associadas. Prevenir ou corrigir a deficiência de nutrientes específicos. Realizar o controle hídrico e eletrolítico para manter o débito urinário adequado e uma homeostase normal. Fisiopatologia Imediatamente após o trauma tecidual causado pela queimadura, ocorre a liberação maciça de mediadores inflamatórios, que evoluem e atingem uma resposta sistêmica inflamatória máxima em torno de 3 a 5 dias, podendo levar à hipovolemia, insuficiência renal, afetar a função pulmonar, alterar a permeabilidade intestinal a moléculas de grande tamanho e suprimir o sistema imunológico. A TN é indicada nas 12 primeiras horas, desde que haja estabilidade hemodinâmica. Nestes quadros, a preferência é pela via gástrica para a administração da TN enteral (WAITZBERG et al., 2017). Recomendações nutricionais ENERGIA Fórmula de Curreri: Energia = (25kcal/kg x peso habitual) + (40kcal x %ASCT*) Fórmula de bolso: 25kcal/kg/dia *Área de superfície corporal total PROTEÍNAS 1,5 a 2,0g/kg/dia. CARBOIDRATOS 55 a 60% do VET. LIPÍDEOS Pacientes queimados são sensíveis à carga lipídica. VITAMINAS Vitamina C e E. Dose de 1,5 a 3 acima da DRI mostrou benefícios na cicatrização e redução do estresse oxidativo. OLIGOELEMENTOS Cobre, selênio e zinco em doses superiores a RDA ou DRI. IMUNONUTRIÇÃO Glutamina: 0,3g/kg/dia por 5 a 10 dias – uso ainda contraditório em pacientes críticos. Adaptado de Waitzberg et al., 2017; SBNPE, 2011. • • • • • • Terapia nutricional na sepse Objetivos A TN deve se adequar, fundamentalmente, às necessidades endócrino-metabólicas e, conjuntamente, estimular a proteção estrutural e funcional do tubo digestivo. Fisiopatologia O conjunto das alterações orgânicas resultantes da agressão é denominado de síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SRIS). Essa síndrome é resultante da expressão simultânea ― em intensidade variada ― das vias endócrinas, metabólicas e imunológicas, e estará presente toda vez que o organismo sofrer uma agressão. No caso da sepse, o gatilho para a SRIS é a infecção (WAITZBERG et al., 2017). Recomendações nutricionais Energia O cálculo do gasto energético idealmente deve ser feito pela calorimetria indireta, em razão da imprecisão das equações nesta população. Se não for possível, deve ser estimado (AMB, 2011). Ômega 3 Não se recomenda suplementação enteral contendo ácido eicosapentaenoico (EPA), ácido gama- linolênico e antioxidantes em pacientes sépticos (AMB, 2011). Glutamina e arginina Recomenda-se 15 a 40 gramas/dia (0,2-0,5g/kg/dia), no intervalo entre 4 e 24h, preferencialmente, via central (devido à alta osmolaridade). Na terapia dialítica contínua, a dose de glutamina deve sofrer incremento de 3,6 ± 1,9g/24h. Não se recomenda a suplementação com arginina (AMB, 2011). Seu benefício está relacionado à melhora da proteção tecidual e redução da mortalidade (WAITZBERG et al., 2017). Nutrição enteral Deve ser precoce no paciente crítico (nas primeiras 48h) e reduz de 8 a 12% a mortalidade. Pacientes instáveis hemodinamicamente não devem receber nutrição enteral (WAITZBERG et al., 2017; AMB, 2011). Nutrição parenteral Recomenda-se sua utilização no caso da impossibilidade gastrointestinal após 24h de tratamento intensivo. Pacientes instáveis hemodinamicamente não devem receber aporte nutricional parenteral (ou enteral) até que a perfusão esteja restabelecida (AMB, 2011). Sociedade Oferta proteica Observação ESPEN 1,3 a 1,5* + 0,2g proteína/kg peso ideal, se trauma, obesidade ou terapia de nefrossubstituição Sociedade Oferta proteica Observação ASPEN 1,2 a 2,0** ≥ 2,0* ≥ 2,5* 1,5 a 2,0** 1,5 a 2,5** Se IMC 40 Grande queimado Trauma de crânio DITEN 1,2 a 2,0** * g/kg peso ideal/dia** g/kg peso atual (seco)/dia. Adaptado de Waitzberg et al., 2017. Terapia nutricional nas pancreatites Fisiopatologia Pode ser classificada em aguda ou crônica, sendo essa última com destruição pancreática extensa, comprometendo as funções exócrina e endócrina, levando à má digestão e à diabetes. Pancreatite aguda Objetivos da TN Minimizar a perda de massa magra (catabolismo). Fornecer energia para o organismo. Imunomodulação. Diretrizes para nutrição nas pancreatites Indicação para TN Pacientes com pancreatite estão sob risco nutricional e devem ser examinados. Para doença leve a moderada, empregue analgésicos, líquidos intravenosos e dieta zero, com avanço gradual para a dieta. A necessidade de TN por via oral, enteral e parenteral deve ser baseada na gravidade da doença e do estado nutricional do paciente. TN geralmente não é indicada para a doença leve a moderada, a menos que haja complicações. TN deve ser usada em qualquer paciente cuja nutrição inadequada é esperada por mais 5-7 dias. TN é necessária para doença leve a moderada se tiverem ficado mais de 5-7 dias em dieta zero. TN é útil em pacientes que apresentam complicações da cirurgia. • • • • • • • • • • Nutrição enteral (NE) Geralmente, é preferível em detrimento da NP, devendo ser iniciada primeiro, caso viável. Pode ser usada na presença de complicações pancreáticas como fístulas, ascites e pseudocistos. A NE contínua é preferível em detrimento de administração em bolus ou cíclica. Sondas nasogástricas podem ser usadas para administração de NE. A administração pós-pilórica não é necessariamente exigida. Para NE considere uma fórmula com TCM à base de pequenos polipeptídeos, para melhorar a tolerância. Nutrição parenteral (NP) Usar NP caso a TN seja indicada e a NE seja contraindicada ou tolerada. Emulsões de gordura intravenosas, em geral, são mais seguras e bem toleradas, desde que os triglicerídeos estejam abaixo de 400mg/dL e não haja história anterior de hiperlipidemia. O controle da glicemia próximo do normal é preferido. Considerar o uso da glutamina (0,3g/kg). Não há complicações específicas de NP exclusivas da pancreatite. NE e NP Atender às exigências de macronutrientes com TN: ✓ Calorias: 25-30/kg/dia ✓ Proteínas: 1,2-1,5g/kg/dia Adaptado de Waitzberg et al., 2017. Pancreatite aguda grave Recomendações nutricionais na pancreatite aguda grave Energia 25 a 30kcal/kg/dia. Proteínas 1,5 a 2,0g/kg/dia (desde que não haja aumento da ureia plasmática). Carboidratos 35 a 65% do VET. Lipídeos 1,0 a 1,5g/kg/dia, optando por emulsões que contenham TCM ou azeite de oliva. Micronutrientes Embora seja provável que a necessidade de micronutrientes esteja aumentada, as doses não estão estabelecidas. Probióticos Não está recomendada a administração, pois seu uso ainda é controverso. Glutamina 0,3g/kg de peso quando a TN parenteral (TNP) for indicada. • • • • • • • • • • • • • Imunomoduladores Não há evidência suficiente para a recomendação do uso de TNE contendo imunonutrientes (arginina, ômega-3 e nucleotídeos) para pacientes com pancreatite aguda grave. Nutrição enteral Quando a NE é viável, fórmulas elementares ou semielementares são bem toleradas e o posicionamento nasojejunal tem sido bem-sucedido. Nutrição parenteral Indicada nos casos de obstrução do intestino delgado, íleo persistente, se a TNE não for possível. Recomendação: proteína: 1,2-1,5g/kg/dia; carboidrato (dextrose): 5-6g/ kg/dia (taxa de infusão não superior a 4-5mg/kg/min. Emulsão lipídica não exacerba os sintomas da pancreatite (exceto em pacientes com histórico de hipertrigliceridemia – triglicerídeos devem ser mantidos abaixo de 400mg/dL). Adaptado de Waitzberg et al., 2017; AMB, 2011; Chemin, Mura, 2011. Pancreatite aguda leve Repouso do TGI de 2 a 5 dias é o suficiente para que haja resolução dador abdominal e diminuição das enzimas pancreáticas (amilase e lipase); Quando indicada por via oral deve ser hipolipídica, consistência líquida, evoluindo de acordo com a tolerância. Pancreatite crônica Objetivos da TN Controlar a dor, corrigir a má-absorção, controlar as complicações. Propiciar melhor ingestão energética. Evitar a perda de peso e o surgimento da desnutrição proteico-energética. Avaliação e correção das deficiências nutricionais (vitaminas lipossolúveis, B12, cálcio, folato, zinco, cobre, magnésio). Reduzir ou abolir consumo de bebida alcoólica. Recomendações nutricionais Mais de 80% dos pacientes com pancreatite crônica são tratados com alimentação por via oral e com suplementação de enzimas pancreáticas exógenas. Energia 30 a 35kcal/kg/dia Quando o paciente apresentar desnutrição grave (IMC 40kg/m2. Escolha da dieta enteral Preferencialmente fórmulas de baixa densidade calórica e baixa relação calorias não proteicas/grama de nitrogênio. Monitorizações necessárias Alterações glicêmicas, lipídios plasmáticos, acúmulo de gordura hepática, presença de hipercaptania e sobrecarga de fluidos. Adaptado de Waitzberg et al., 2017. Terapia nutricional no câncer Objetivos da TN Prevenção e tratamento da desnutrição. Modulação da resposta orgânica ao tratamento oncológico. • • Controle dos efeitos adversos do tratamento oncológico (SBNPE, 2011). Terapia nutricional Via oral Suplementação oral é indicada a pacientes que não conseguem atingir suas metas nutricionais por meio da dieta oral exclusiva (SBNPE, 2019; MS 2016). Via enteral Recomendada se a ingestão oral não for possível. Deve ocorrer preferencialmente de forma precoce (dentro de 48h) ou inadequada ( 1,0g/kg/dia. Na inflamação sistêmica: 1,2-2,0g/kg/ dia. Na desnutrição: 1,2 a 1,5g/kg/dia. Paciente com câncer em tratamento paliativo Mesma recomendação para o paciente adulto ou idoso com câncer em tratamento antineoplásico, porém não estabelecer metas nutricionais e sim trabalhar com oferta proteica que melhor conforte o paciente. Pacientes sobreviventes do câncer Semelhante a indivíduos saudáveis, geralmente variando entre 0,8-1,0g/kg/dia. Adaptado de SBNPE, 2019. Em relação ao paciente oncológico crítico, temos as seguintes recomendações nutricionais: IMC 30 a 50kg/m2 IMC > 50kg/m2 11 a 14kcal/kg peso real/dia ou 22 a 25kcal/ kg peso ideal/dia IMCem risco nutricional (SBNPE, 2019). Terapia nutricional no trauma Objetivos Minimizar os efeitos do catabolismo (perda de massa magra). Fornecer calorias para o organismo. Imunomodulação. Fisiopatologia A situação mais comum em pacientes traumatizados é que evoluem com múltiplas intercorrências, principalmente de natureza infecciosa. Outro ponto importante é em razão do acentuado catabolismo proteico, decorrente de modificações específicas do trauma, ingestão inadequada de nutrientes e aumento da demanda energética, estes pacientes podem evoluir para um estado de deficiência nutricional em curto espaço de tempo (WAITZBERG et al., 2017; SBNPE, 2011). Recomendações nutricionais Em casos selecionados, a TN oral pode ser indicada. Pela facilidade de colocação da sonda na posição gástrica, esta deve ser escolhida, pois a precocidade da TNE é mais importante. Em situações de gastroparesia, paciente com refluxo gastroesofágico e risco de aspiração, a via preferida deve ser a jejunal. A TNE deve ser precoce (nas primeiras 48h, preferencialmente nas primeiras 24h) após o trauma, desde que o paciente esteja hemodinamicamente estável (SBNPE, 2011). As recomendações nutricionais podem ser observadas a seguir. • • • Energia Fórmula de bolso 20 e 25kcal/kg/dia: maioria dos pacientes críticos com trauma moderado a grave, nos primeiros dias, quando a resposta pró-inflamatória (SIRS) é sobrepujante. 25-30kcal/kg/dia: pacientes mais estáveis (fase anabólica). Harris-Benedict GEB (homem): 66 + 13,7 x peso (kg) + 5 x altura (cm) – 6,8 x idade (anos) GEB (mulher): 655 + 9,6 x peso (kg) + 1,7 x altura (cm) – 4,7 x idade (anos) Fator “trauma” Cirurgia: 1,20 Fraturas: 1,33 Trauma: 1,35 Trauma + infecção: 1,79 Fator atividade Confinado no leito: 1,20 Fora do leito: 1,30 Proteína 1,2 a 2,0g/kg/dia. Carboidratos Não deve ultrapassar 3 a 4g/kg/dia (40% a 55% do valor energético total). Lipídios De 25% a 30% das calorias calculadas ou não mais que 1,0g/kg de peso corporal/dia. Imunonutrientes Glutamina, arginina, ácidos graxos ômega-3 e os nucleotídeos: beneficiam o paciente vítima de trauma moderado a grave e devem ser prescritos precocemente na TN. Glutamina: 0,5g/kg/dia. Probióticos Pode reduzir o número de infecções, tempo de ventilação mecânica e internação em pacientes com TCE, mas necessita de melhor sistematização da terapêutica. Adaptado de Waitzberg et al., 2017; SBNPE, 2011 Terapia na doença renal crônica (DRC) Objetivos Retardar a progressão da doença. Reduzir uremia, decorrente do acúmulo de produtos nitrogenados. Prevenir e corrigir alterações hormonais (hiperparatireoidismo secundário), metabólicas (hiperfosfatemia, hiperpotassemia, acidose metabólica, dislipidemia) e eletrolíticas. Prevenir ou tratar as alterações nutricionais como desnutrição energética proteica e obesidade. Recomendação nutricional Tratamento conservador – Fase não dialítica • • • • Energia 30 a 35kcal/kg de peso ideal/dia Proteína 0,6 a 0,8g/kg de peso atual/dia Fósforo Em torno de 800mg ou 10 a 12mg/kg/dia Cálcio 1000 a 1200mg – individualizado para cálcio, fósforo e PTH séricos Sódio 1000 a 2300mg Potássio Individualizado – geralmente, não restringido ou de 1000 a 3000mg Adaptado de WAITZBERG et al., 2017. Hemodiálise Energia 30 a 35kcal/kg de peso atual ou ideal (em caso de obesidade ou muito baixo peso)/dia Proteína 1,0 a 1,2g/kg de peso atual/dia Fósforo 800 a 1000 mg ou 8 Sem sucesso no tratamento ambulatorial ou apresentam febre alta, vômitos persistentes, sinais obstrutivos intestinais, sinais de caquexia, sinais de irritação peritoneal ou com abscessos intra-abdominais. Adaptado de BRASIL, 2014. Resposta clínica significativa equivale a uma redução de 3 pontos ou mais na escala IHB, com uma margem de erro de 16%, usualmente em favor de uma maior sensibilidade no diagnóstico de resposta clínica ao utilizar-se o IHB (BRASIL, 2014). Terapia nutricional nas DII É considerada tratamento de suporte quando visa corrigir a desnutrição, repor deficiências de macro e micronutrientes, além de reverter suas consequências metabólicas e patológicas (WAITZBERG et al., 2017). Também visa induzir e manter a remissão da doença. Objetivos da terapia nutricional nas DII Restaurar ou manter o estado nutricional. Melhorar a qualidade de vida do paciente. Corrigir deficiências de micronutrientes. Controlar os sintomas, induzindo a remissão da doença. Modulação da resposta imune. Manejar as complicações. Reduzir as indicações cirúrgicas (WAITZBERG et al., 2017; CHEMIN, MURA, 2011).A seguir, observamos alguns problemas associados à DII que podem levar à desnutrição. Ingestão inadequada Devido à dor ou medo da dor abdominal, diarreia, náusea, anorexia, sensação de paladar alterado, podendo também ser influenciada por restrições alimentares que têm por finalidade o controle dos sintomas. Aumento das necessidades nutricionais Em resposta à febre, infecção, formação de abscesso e fístula que podem aumentar o gasto energético. Má absorção A má absorção de carboidratos pode estar associada à absorção de D- xilose alterada. Os ácidos biliares são absorvidos no íleo terminal e sua ressecção ou lesão podem resultar em má absorção de gorduras e vitaminas lipossolúveis. Deficiência de B12 associada à ressecção do íleo terminal, assim como magnésio, zinco e cálcio (devido à esteatorreia). Medicamentos O cálcio tem a absorção intestinal inibida pela utilização de corticoides. O folato, pela utilização de sulfassalazina, e vitaminas lipossolúveis, pela colestiramina. Aumento das perdas Perda entérica de proteínas, sangue, minerais, eletrólitos, elementos- traço do intestino durante período de inflamação ativa. Adaptado de Chemin, Mura, 2011. • • • • • • • Recomendações nutricionais nas DII Calorias 35 a 40kcal/kg de peso ideal/dia. Podendo chegar a 45kcal/kg de peso ideal/ dia. A oferta de 25 a 35kcal/kg de peso ideal/dia pode ser usada como meta na manutenção ou ganho de peso, respectivamente. Proteínas 1,0 a 1,5g/kg de peso ideal/dia ou 1,2 a 1,5g/kg de peso ideal/dia. Nutrição por via oral Deve ser a mais liberal possível nos períodos de remissão da doença. Durante as crises, deve-se evitar apenas o desconforto do paciente. Entretanto, algumas restrições são obrigatórias: leite e derivados; alimentos ricos em resíduos; sacarose e gordura, até melhora dos sintomas. Nutrição enteral Indicada para pacientes com TGI funcionante, mas que não querem, não podem ou não devem se alimentar por via oral. Nutrição parenteral Indicada na fase aguda da doença, em casos em que a TNE não é possível: obstrução intestinal, intestino curto com mal absorção grave, distúrbios hidroeletrolíticos graves, dismotilidade intestinal grave, fístulas de alto débito ou deiscências de anastomose. A TNP também pode ser usada quando ocorrer intolerância à TNE ou impossibilidade de manutenção adequada de dieta oral associada à ausência de via de acesso para TNE. Imunomoduladores Ácidos graxos de cadeia curta (AGCC): produzidos pela fermentação bacteriana de fibras solúveis. Estimulam o crescimento da mucosa, aumentam o fluxo sanguíneo, são as fontes energéticas preferidas pelas células epiteliais colônicas, e aumentam a absorção de água e sódio para o lúmen intestinal Ômega 3: efeitos anti-inflamatórios sobre a RCU, reduzindo os sintomas, corticosteroides, promovendo melhora colônica. Probióticos: produzem AGCC, amenizam a intolerância à lactose, controlam a diarreia aguda, melhoram a atividade clínica da doença e previnem as recidivas. Glutamina: melhora a integridade intestinal, reduz a translocação bacteriana e preserva o nível de imunoglobulina. Suplementação Vitamina B12: deve ser medida regularmente nos portadores de DC com ou sem ressecção do íleo distal. Cálcio: pacientes em uso de corticosteroides devem receber de 1.500 a 2.000 mg de cálcio elementar. Vitamina D: Deve ser medida e suplementada (25.000 a 50.000 UI/ semana) se estiver abaixo do normal em caso de intestino curto por ressecções múltiplas e extensas. Adaptado de Waitzberg et al., 2017; Chemin, Mura, 2011; SBNPE, 2011. Tratamento de manutenção Pacientes com inflamação intestinal persistente, como naqueles dependentes de corticoidoterapia, é recomendado o uso de suplemento nutricional oral. A TNE suplementar pode ser efetiva na manutenção da remissão na DC. A TNP não é recomendada para manutenção da remissão (SBNPE, 2011). Terapia nutricional na insuficiência hepática Doenças hepáticas crônicas A cirrose representa o resultado de uma agressão crônica ao fígado, apresentando fibrose e formação nodular difusa, com desorganização da arquitetura do órgão. As causas estão relacionadas (CHEMIN, MURA, 2011): Ao vírus (vírus B e C) Às questões metabólicas (ex.: erros inatos do metabolismo) Ao alcoolismo À indução por fármacos (ex.: metotrexato, isoniazida, etc.) Às questões biliares (cirrose biliar) e cripotênicas (causas indeterminadas). Pacientes hepatopatas podem ser classificados em compensados e descompensados (presença de ascite, encefalopatia e/ou icterícia). Hipertensão portal Caracterizada pelo aumento crônico da pressão venosa portal pela interferência no fluxo sanguíneo venoso hepático, ocasionado por hepatoesplenomegalia, ascite e vasos visíveis na parede abdominal. Varizes esofageanas representam a complicação mais comum da hipertensão portal, sendo uma das principais causas de óbitos (CHEMIN, MURA, 2011). Encefalopatia hepática São alterações neuropsíquicas de origem metabólica e reversível que estão relacionadas com agravamento funcional do fígado. Costuma ser classificada em 4 estágios. Grau I: Alteração do comportamento e do ritmo sono-vigília. Pode haver sonolência ou euforia. Grau II: Igual ao grau anterior, com maior predomínio de sonolência e aparecimento de flapping ou asterixe. Grau III: Paciente dorme a maior parte do tempo, mas responde a estímulos verbais. Confuso, voz arrastada. Asterixe evidente. Grau IV: Paciente comatoso, podendo responder ou não a estímulos dolorosos. Asterixe ausente. Adaptado de Chemin, Mura, 2011. Ascite O acúmulo de líquidos na cavidade peritoneal nos portadores de cirrose decorre da grande retenção renal de sódio em consequência da hipertensão portal, ocasionando várias alterações hemodinâmicas e predispondo a • • • • • complicações. Retenção hídrica não deve ser implementada, exceto em pacientes com quadro avançado. Sódio restrito em 2g/dia (CHEMIN, MURA, 2011; MAHAN et al., 2012). A ascite eleva o GEB em 10%. Transplante hepático A desnutrição proteico-calórica é uma das variáveis mais graves no pré-operatório, ocasionando severas complicações nos primeiros meses do pós-transplante, bem como contribuindo para o aparecimento de complicações (infecções, rejeições e alterações metabólicas) (CHEMIN, MURA, 2011). Recomendações nutricionais nas doenças hepáticas Doença hepática Energia (kcal/kg/ dia) Proteína (g/kg/dia) Carboidratos (%) Lipídios (%) Hepatite aguda ou crônica 30-40 1,0-1,5 67-80 20-33 Cirrose compensada 30-40 1,2-1,5 67-80 20-33 Cirrose descompensada 40-50 1,2-1,8 72 30 Colestase 30-40 1,0-1,5 73-80 20-27 Encefalopatia hepática 25-40 0,5-1,5 60-75 25-30 Pré-transplante Manutenção Desnutrição Leve Moderada/grave 30-50 40-45 40 45 1,0-1,2 1,2-1,5 1,4 1,5 60-75 60-75 25-30 25-30 Pós-transplante imediato (DPC - depleção proteico- calórica) 40-45 1,0-2,0 50-80 20-30 Pós transplante tardio 30-35 1,0-1,2 50-70 30% com redução do colesterol Adaptado de Chemin, Mura, 2011. Aminoácidos de cadeia ramificada (AACR) A suplementação de AACR via oral e/ou enteral é indicada no tratamento daqueles gravemente enfermos, com infecções importantes ou em recuperação de hemorragia digestiva grave. Avaliação bioquímica Durante a avaliação bioquímica do estado nutricional, marcadores séricos como albumina e pré-albumina devem ser utilizados com cautela em pacientes com DHC. Nutrição clínica: construindo o trabalho de conclusão do estágio com base nos resultados obtidos com avaliação do estado nutricional do paciente hospitalizado A especialista Camila Costa abordará a construção do trabalho de conclusão do estágio com base na análise dos dados do paciente hospitalizado. Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. Verificando o aprendizado Questão 1 Em relação às afirmativas seguintes, julgue como V (verdadeiro) ou F (falso) e, em seguida, assinale a alternativa correta. I. Em pacientes com doença hepática crônica, marcadores séricos como albumina e pré-