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FGVIDT FGV IDT ELEMENTOS DE CÁLCULO FGVIDT Sumário APRESENTAÇÃO 5 UNIDADE 01 – CONCEITOS INICIAIS 6 1.1 – CONCEITOS GERAIS 8 1.2 – INTERCEPTO 8 1.3 – RAIZ 8 1.4 – DOMÍNIO E IMAGEM 9 1.5 – PONTOS EXTREMOS 11 UNIDADE 02 – CONCEITOS INICIAIS 13 2.1 – FUNÇÕES COMPOSTAS 13 2.2 – FUNÇÃO INVERSA 14 2.3 – PARIDADE DE FUNÇÕES 15 UNIDADE 03 – FUNÇÕES POLINOMIAIS 18 3.1 – FUNÇÕES DE 1º. GRAU 18 3.2 – COEFICIENTE LINEAR 19 3.3 – COEFICIENTE ANGULAR 20 3.4 – RAIZ 21 3.5 – Y OU F(X)? 22 3.6 – GRÁFICO 22 3.7 – CONSTANTES 24 3.8 – OUTRA FORMA DE REPRESENTAR UMA EQUAÇÃO DE 1º. GRAU 25 3.9 – CÁLCULO DOS COECIENTES ANGULAR E LINEAR POR DOIS PONTOS 26 UNIDADE 04 – FUNÇÕES POLINOMIAIS 29 4.1 – FUNÇÕES DE 2º. GRAU 29 4.2 – INTERCEPTO 30 4.3 – CURVATURA 31 FGVIDT 4.4 – RAÍZES 32 4.5 – NÚMERO DE RAÍZES 34 4.6 – VÉRTICE 35 4.7 – CONCAVIDADE 37 4.8 – OUTRAS FORMAS DE REPRESENTAR UMA EQUAÇÃO DE 2º. GRAU 38 UNIDADE 05 – FUNÇÕES POLINOMIAIS DE ORDENS SUPERIORES 39 5.1 – FUNÇÕES POLINOMIAIS 39 5.2 – PARIDADE 40 5.3 – NÚMERO DE RAÍZES 41 5.4 – RAIZES 41 5.5 – OUTRA FORMA DE REPRESENTAÇÃO DE UMA FUNÇÃO POLINOMIAL 42 5.6 – REDUÇÃO DE GRAU 42 5.7 – MULTIPLICIDADE DE RAIZES 44 5.8 – PRODUTOS NOTÁVEIS 45 UNIDADE 06 – FUNÇÕES NÃO POLINOMIAIS 48 6.1 – FUNÇÃO EXPONENCIAL 48 6.2 – POTENCIAÇÃO 48 6.3 – MULTIPLICAÇÃO E DIVISÃO DE POTÊNCIAS DE MESMA BASE 49 6.4 – NÚMEROS ELEVADOS A EXPOENTES NEGATIVOS 49 6.5 – POTÊNCIAS DE POTÊNCIAS 50 6.6 – EXPOENTES FRACIONÁRIOS SÃO RAÍZES 51 6.7 – CONVENÇÃO 51 6.8 – MULTIPLICAÇÃO E DIVISÃO DE POTÊNCIAS DE MESMO EXPOENTE 52 6.9 – RESUMO DE PROPRIEDADES 53 6.10 – FUNÇÃO EXPONENCIAL (PARTE 2) 54 6.11 – CRESCIMENTO EXPONENCIAL 55 6.12 – FUNÇÃO EXPONENCIAL (PARTE 3) 56 6.13 – INTERCEPTO 57 6.14 – CRESCIMENTO OU DECRESCIMENTO 57 6.15 – RAÍZES 57 UNIDADE 07 – FUNÇÕES NÃO POLINOMIAIS 60 7.1 – LOGARÍTMOS E FUNÇÃO LOGARÍTMICA 60 7.2 – LOGARÍTMOS 60 7.3 – VALORES POSSÍVEIS PARA X E B 61 7.4 – LOGARITMO DECIMAL (BASE 10) 61 7.5 – LOGARITMO NEPERIANO (BASE E) 62 7.6 – PROPRIEDADE FUNDAMENTAL DOS LOGARITMOS 63 7.7 – LOGARITMO DE 1 63 7.8 – LOGARITMO DO PRODUTO E DA DIVISÃO 64 7.9 – LOGARITMO DA POTÊNCIA 65 FGVIDT 7.10 – MUDANÇA DE BASE 66 7.11 – RESUMO DAS PROPRIEDADES 67 7.12 – FUNÇÃO LOGARÍTMICA 67 7.13 – INTERCEPTO 68 7.14 – RAIZ 69 7.15 – CRESCIMENTO E DECRESCIMENTO 69 7.16 – DE VOLTA À APLICAÇÃO 69 7.17 – TEMPO DE MEIA-VIDA 71 UNIDADE 08 – FUNÇÕES POLINOMIAIS VERSUS NÃO POLINOMIAIS 73 8.1 – EXEMPLO FINANCEIRO MEDIANTE UMA FUNÇÃO POLINOMIAL 73 8.2 – EXEMPLO FINANCEIRO MEDIANTE UMA FUNÇÃO NÃO POLINOMIAL 75 UNIDADE 09 – FUNÇÕES RACIONAIS E PARTIDAS 77 9.1 – FUNÇÕES RACIONAIS 77 9.2 – DOMÍNIO DE FUNÇÕES RACIONAIS 79 9.3 – FUNÇÕES PARTIDAS 80 9.4 – CONTINUIDADE DE FUNÇÕES PARTIDAS 82 BIBLIOGRAFIA BÁSICA 83 BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR 83 FGVIDT Apresentação A disciplina Elementos de Cálculo prevê a revisão, fixação e compreensão de recursos matemáticos básicos, desempenhando papel fundamental e alicerce à resolução de uma série de ocorrências, problemáticas e necessidades cotidianas, promovendo uma abordagem que proporcione, de forma prática e mais objetiva, interpretar e contextualizá-las, permitindo uma tomada de decisões mais assertiva. Ao percorrer-se tópicos básicos, mas não menos importantes, como conceitos que nos ofereçam condições de tratar, abordar e operar a relação entre informações (variáveis), nos deparamos com algumas funções comuns que nos respaldam na modelagem de cenários, desde a compreensão ao acúmulo de capital, no caso de investimentos, passando-se por otimização de algumas funções, visando a maximização de recursos ou minimização de custos, ou mesmo o tempo demandado ao se verificar dado nível populacional, entre outras tantas aplicações usuais. O que se espera desenvolver nesta disciplina: » desenvolvimento associativo entre informações; » interpretação de conceitos e a modelagem matemática a contextos usuais; » operar e transpor informações de modo assertivo; » compreender que a complexidade de contextos pode ser determinada por uma estrutura matemática específica; » identificar quais expressões podem ser utilizadas e quais recursos estas oferecem. No decorrer da disciplina existirão desafios, naturais a este campo da ciência, que proporcionarão maior preparo ao gestor, desenvolvendo competências que embasarão e ofecerão suporte a outras disciplinas, nos permitindo operar, com maior tranquilidade e segurança, recursos estatísticos, financeiros e contábeis, ampliando o aproveitamento continuado na busca pelo desenvolvimento pessoal e coletivo. FGVIDT Unidade 01 – CONCEITOS INICIAIS Nesta unidade, veremos conceitos que são comuns a todas as funções. Por exemplo, veremos o que é uma função, e o que significam o domínio e a imagem dessa função. Também falaremos sobre o que são raízes e interceptos de uma função, e que aplicações práticas esses conceitos têm na administração. Finalmente, discutiremos conceitos como funções compostas, funções inversas, funções pares e funções ímpares. 1.1– CONCEITOS GERAIS Em Administração, muitas vezes, queremos relacionar alguma coisa que desejamos com algo que podemos controlar. Por exemplo, em um processo de produção, desejamos ter o maior lucro possível. O lucro depende de quanto produzimos. Desse modo, queremos decidir quanto produzir para ter o maior lucro possível. Para isso, precisamos entender como a quantidade produzida se relaciona com o lucro. Matematicamente, essa relação é expressa na forma de uma função. Dizemos que o lucro é uma função da quantidade produzida, normalmente. Da mesma forma, na fila de um supermercado, o tempo que um cliente espera para ser atendido depende do número de caixas atendendo. O gerente do supermercado deve decidir quantos caixas colocar para que nenhum cliente demore muito para ser atendido. Por outro lado, o custo do supermercado também depende do número de caixas atendendo, e o gerente não quer que esse custo seja muito alto. Nesse exemplo, tanto o tempo que um cliente espera para ser atendido quanto o custo do supermercado são funções do número de caixas atendendo. De forma geral, dizemos que uma variável y é função de uma variável x sempre que, se conhecermos x, conhecemos y. Tipicamente, x será alguma coisa que conseguimos controlar e, y, será alguma coisa em que estamos interessados, mas só conseguimos controlar por meio de x. Para frisar que y depende de x, é comum representarmos y por f(x). Onde escrevemos f, poderíamos ter escrito qualquer outra letra: g(x), h(x), s(x),... mas subentende-se que letras diferentes representam relações diferentes. FGVIDT Desse modo, são exemplos de funções: Em quaisquer um desses casos, se conhecemos x, automaticamente conhecemos a função de x. Por outro lado, vejamos o seguinte caso: No entanto, o seguinte exemplo não é um exemplo de função, porque conhecer x não nos dá certeza sobre o valor de y. De fato, se x = 0, por exemplo, temos y2 = 1, o que significa que y pode ser 1 ou −1. Não temos como determinar o valor verdadeiro (único) de y e, por isso, não é correto dizer que y é uma função de x. Imagine que y seja o lucro de uma fábrica e x seja a quantidade produzida. Uma função y = f(x) ajuda a responder várias perguntas de valor gerencial, por exemplo: Qual é o lucro (ou prejuízo) se a fábrica não produzir nada? Quanto a fábrica precisa produzir para começar a ter lucro? Quais são os valores de lucro possíveis? Quanto a fábrica deve produzir para ter o maior lucro possível? Cada pergunta está relacionada a um conceito matemático. A relação entre esses conceitos e as perguntas está mostrada na tabela a seguir. Qual. (1,01)x f(x) = a . bx g(x) = ( 1 2 ) x FGVIDT Vamos calcular g(x) em diferentes valores de x: x g(x) 0 ( 1 2 ) 0 =1 1 ( 1 2 ) 1 =0,5 2 ( 1 2 ) 2 =0,25 3 ( 1 2 ) 3 =0,125 4 ( 1 2 ) 4 =0,0625 5 ( 1 2 ) 5 =0,03125 6 ( 1 2 ) 6 =0,015625 7 ( 1 2 ) 7 =0,007813 8 ( 1 2 ) 8 =0,003906 9 ( 1 2 ) 9 =0,001953 10 ( 1 2 ) 10 =0,000977 Note que, embora a função sempre se aproxime de zero, ela nunca chega a ficar exatamente igual a zero. Podemos visualizar o motivo disso da seguinte forma: note que uma linha é sempre metade da anterior. Desse modo, ao dividirmos por dois, tiramos metade do que temos mas ficamos ainda com a outra metade. Como uma analogia, imagine que Daniel tenha uma barra de chocolate de 1000g! Se Daniel desse os 1000g de chocolate para alguém, ficaria sem nada. Só que Daniel é prudente e nunca dá tudo o que tem. Só dá metade. Desse modo, ele dá 500g, mas fica ainda com 500g. Para Daniel ficar com nada, ele teria de dar 500 g para alguém, mas Daniel só dá metade. Ele ainda tem 250g. Para que Daniel fique com nada, ele teria de dar 250g para alguém. Só que Daniel só dá metade. Ele ainda tem 125g. FGVIDT Note que Daniel nunca fica com zero gramas de chocolate porque ele nunca dá a quantidade necessária para ficar sem nada. Ele só dá metade. Por isso, a quantidade de chocolate que Daniel tem nunca chega a zero. A função exponencial não tem raiz. Podemos mostrar que isso acontece com qualquer função exponencial. Uma função do tipo f(x) = a.bx nunca tem raiz. Podemos provar isso mostrando que a existência de uma raiz levaria a uma implicação absurda. Suponha que existisse um valor x1 para o qual f(x1) = a.bx1 = 0. Imagine um ponto qualquer que esteja a uma distância d dessa suposta raiz, isso é, um ponto com x = x1 + d. Temos Ou seja, se existisse um ponto x1 em que a função exponencial fosse zero, todos os outros pontos também teriam que ser zero, isto é: se a exponencial é zero em algum ponto, então, ela é zero em todos os pontos. Ora, claramente, uma exponencial não é zero em todos os pontos! Desse modo, ela não pode ser zero em nenhum ponto. f(x) = a . bx 1 + d = a. bx 1. bd = 0. bd =0 f(x1)=0 FGVIDT Unidade 07 – FUNÇÕES NÃO POLINOMIAIS Neste ponto, continuando a recordação e compreensão sobre funções não polinomiais, estudaremos um recurso fundamental a uma série de operações, denominada logarítmo (e a função logarítmica). Como veremos, esta função está intimamente relacionada à função exponencial, e tão importante quanto. 7.1 – LOGARÍTMOS E FUNÇÃO LOGARÍTMICA No nosso estudo sobre funções exponenciais, utilizamos o caso de Daniel como exemplo. Daniel pegou um financiamento de 1 milhão para comprar um imóvel. Sua dívida crescia a uma taxa de 1% ao mês e, dessa forma, obedecia à função Em quanto tempo Daniel estará devendo 2 milhões? Note que, agora, nós não perguntamos mais quanto será a dívida daqui a determinado tempo. Ao contrário, perguntamos quanto tempo deverá passar até que a dívida seja um valor determinado. Fazemos a pergunta inversa. Para respondê-la, precisamos de uma função inversa à exponencial: a função logarítmica. 7.2 – LOGARÍTMOS O logaritmo de um número (x) em uma base (b) é o expoente (L) que essa base precisa ter para que o resultado seja o número (x). Desse modo, se dizemos que o logaritmo de x na base b é L, o que estamos dizendo é que x = bL. Observe f(x) = 1 milhão . (1,01)x Dizer que logb x = L é o mesmo que dizer x=bL log28 = 3, porque 8 =23 log525 = 2, porque 25 =52 log6( 1 6 ) = -1, porque ( 1 6 )= 6-1 log93 = 1 2 , porque 3 = 91/2 FGVIDT 7.3 – VALORES POSSÍVEIS PARA x e b Vimos que Na expressão logb x = L, x é chamado de logaritmando e b é chamado de base. Como vimos na função exponencial, bL é sempre um número positivo, então, x = bL tem de ser um número positivo. Desse modo, só existe logaritmo de logaritmando positivo (x > 0). Além disso, na exponencial, vimos que b > 0 e b ≠ 1. A mesma restrição se aplica aos logaritmos: a base tem de ser um número positivo e diferente de 1. 7.4 – LOGARITMO DECIMAL (BASE 10) Embora b possa ocupar qualquer valor positivo e diferente de 1, dois valores são muito usuais. O primeiro valor é 10. Esse valor é tão comum que nós nem representamos ele na base. Desse modo, se escrevemos log100 sem dizer a base, o que queremos dizer é log10100, que é 2. A base 10 é muito comum porque o logaritmo de um número na base 10 nos dá informações sobre o número de dígitos desse número. Observe: a número de dígitos log(a) 1 1 0 10 2 1 100 3 2 1000 4 3 10000 5 4 100000 6 5 1000000 7 6 Note que o logaritmo é sempre igual ao número de dígitos menos 1. Isso vale para qualquer número, desde que a base seja 10. Por exemplo, o número 1.234 está entre 1.000 e 10.000. Dessa forma, o seu logaritmo está entre o logaritmo de 1.000 (que é 3) e o logaritmo de 10.000 (que é 4). Desse modo, o logaritmo de 1.234 é “3 vírgula alguma Dizer que logb x = L é o mesmo que dizer x=bL FGVIDT coisa”. A parte inteira desse número é 3, o que indica que o número tem 4 dígitos. De fato, 1.234 tem 4 dígitos. Nesse caso, é evidente. No entanto quantos dígitos têm o número 100100? Em breve, vamos aprender que Como o logaritmo é igual ao número de dígitos menos 1, concluímos que 100100 tem 201 dígitos. Tipicamente, o logaritmo de um número não será um número redondo. Ele será um número formado por uma parte inteira e uma parte decimal. Se o logaritmo for calculado na base 10, a parte inteira será igual ao número de dígitos do número menos 1. Por isso, o logaritmo na base 10 dá uma ideia de ordem de grandeza, o que torna esse logaritmo muito útil. 7.5 – LOGARITMO NEPERIANO (BASE e) Existe uma base ainda mais utilizada do que a base decimal. Essa base é um número conhecido por 3 nomes distintos, mas que querem dizer a mesma coisa: número de Euler; base dos logaritmos naturais e base dos logaritmos neperianos. Esse número, representado pela letra e, é Nós não temos como justificar por que esse número é importante ainda. A importância desse número ficará clara, gradualmente. Esse número aparece em situações de Matemática Financeira, Análise Estatística de Dados e em outros contextos. O logaritmo neperiano – também chamado logaritmo natural – recebe o nome neperiano em homenagem a John Napier, inventor dos logaritmos. Ele também recebe uma notação própria: Desse modo, ao escrevermos ln (x), queremos dizer o logaritmo de x na base e ~ 2,71828… log 100100 = 100.log 100 = 100.2 = 200 e ~ 2,71828... ln (x) FGVIDT 7.6 – PROPRIEDADE FUNDAMENTAL DOS LOGARÍTMOS Ao definirmos os logaritmos, dissemos que Podemos substituir L da primeira expressão na segunda e obter Essa é a primeira propriedade dos logaritmos. Na verdade, é praticamente a definição. Para a base 10, escreveríamos Para a base e, escreveríamos Essa propriedade é fundamental porque justifica todas as outras. Vamos estudar essas outras propriedades agora. 7.7 – LOGARITMO DE 1 O logaritmo de 1 é um número interessante porque é sempre o mesmo, em qualquer base. Vamos ver por quê. Pela propriedade fundamental, Isso vale sempre, para qualquer base positiva e diferente de 1. Dizer que logb x = L é o mesmo que dizer x=bL x = blog b x x = 10log x x = eln x blog b 1=1 Sabemos que b0 = 1 blog b 1= b0 Desta forma, logb1 = 0 FGVIDT 7.8 – LOGARITMO DO PRODUTO E DA DIVISÃO Suponha que a gente saiba quanto é log(2) e log(3): Quanto é log(2.3)? Se usarmos a propriedade fundamental, No entanto, também podemosescrever Substituindo isso na expressão anterior, ficamos com Como log 2 = 0,30 e log 3 = 0,47, temos log 6 = 0,77. Veja que conseguimos transformar um produto em uma soma. Isso funciona sempre. De fato, sempre que queremos o logaritmo de um produto x.y em uma base b, podemos fazer No entanto, como x = blog x e y = blog y, ficamos com Isso permite igualar log(2) ~ 0,30 log(3) ~ 0,48 10log 2.3 = 2.3 2 = 10log 2 3 = 10log 3 10log 2.3 = 10log 2. 10log 3 blog x.y = x.y blog b x.y = blog b x. blog b y = blog b x + log b y logb x.y = logb x + logb y FGVIDT Se tivéssemos uma divisão, veríamos que o sinal que apareceria seria um “−” no lugar do “+”, ou seja, Essas propriedades foram muito importantes historicamente. Elas têm um detalhe sutil, que muita gente nem percebe. Quando escrevemos estamos dizendo que é possível transformar uma multiplicação em uma soma. Ora, somar é muitomais fácil do que multiplicar. A grande contribuição dos logaritmos foi simplificar os cálculos. Os logaritmos são descobertos por John Napier em 1614. Em 1622, William Oughtred usa as propriedades dos logaritmos para inventar a precursora da calculadora – a Régua de Cálculo. A Régua de Cálculo permaneceu em uso até a década de 1970, quando vieram os computadores. Atualmente, os logaritmos continuam muito úteis, mas por outros motivos. 7.9 – LOGARITMO DA POTÊNCIA Quanto é log(23)? Ora, 23 = 2.2.2. Usando a propriedade do logarítmo da soma, temos Desse modo, Genericamente, logb ( x y )= logb x - logb y logb (x.y) = logb x + logb y log(2.2.2) = log 2 + log 2 + log 2 = 3.log 2 log(23) = 3.log 2 y vezes y vezes logb(xy) = logb(x.x...x) = logbx + logbx +...+ logbx = y.logbx FGVIDT 7.10 – MUDANÇA DE BASE Sabemos que log(2) = 0,30 e log(3) = 0,48. Ambos os logaritmos estão na base 10. Será que conseguimos, a partir disso, descobrir quanto é log23? Uma forma de descobrir é usando a propriedade fundamental. Nesse caso, sabemos que Temos o logaritmo de 2 e de 3 na base 10. Desse modo, se calcularmos o logaritmo na base 10 dos dois lados da equação, ficamos com No entanto, pela propriedade anterior, log (2log 2 3)= log23 . log(2), de modo que Agora, vamos considerar o caso genérico em que temos de transformar o logaritmo de uma base em outra, ou seja, o caso em que temos logbx e queremos logcx. Sabemos que Nesse caso, basta saber os logaritmos em uma base e podemos, facilmente, obter logaritmos em qualquer outra base. Por exemplo, se queremos converter de logaritmos decimais para logaritmos naturais, e vice-versa, basta aplicar a propriedade que vimos 2log 2 3 = 3 log 2log 2 3 = log3 log23 . log2 = log3 ou seja, log 2 3= log3 log2 = 0,48 0,30 =1,6 clog c x = x logb(clog c x) = logbX logcx . logbc = logbx log c x= log b x log b c FGVIDT para obter 7.11 – RESUMO DAS PROPRIEDADES Vamos resumir as propriedades que vimos: 7.12 – FUNÇÃO LOGARÍTMICA Uma função logarítmica é uma função da forma f(x) = logbx. A função logarítmica existe para qualquer valor de x, desde que b seja positivo e diferente de 1. A sua aparência é exatamente igual à da exponencial, desde que se troquem os eixos verticais e horizontais de lugar. Em particular, se b for maior do que 1, a função será crescente e, se b for menor do que 1, a função será decrescente. Além disso, para x = 1, f(x) = 0, de modo que a raiz de f(x) será 1 independentemente do valor de b. lnx= logx loge logx= lnx ln10 logb (x.y) = logb x + logb y logb ( x y )= logb x - logb y logb(xy) = y.logbx log c x= log b x log b c logb1=0 FGVIDT Desse modo, para b > 1, f(x) tem a seguinte aparência: Para b 1 e decrescente se b 1 e decrescente se b 1), o que significa que y = log(x) e y = ln(x) são ambas funções crescentes. A diferença entre elas está apenas na velocidade de crescimento, reflexo de suas bases. 7.16 – DE VOLTA À APLICAÇÃO Voltemos ao exemplo de Daniel. Daniel pegou um financiamento de 1 milhão no banco a um juro de 1% ao mês. Mostramos que sua dívida aumentava segundo a função a blog b 0 = 0 FGVIDT seguir: A pergunta que tínhamos ficado de responder era em quanto tempo Daniel estará devendo 2 milhões? Ora, queremos o valor de x para o qual f(x) = 2 milhões. Como f(x) = 1 milhão . (1,01)x Ou seja, queremos descobrir o número ao qual precisamos elevar 1,01 para obter como resultado 2. Já sabemos que x é, simplesmente, o logaritmo de 2 na base 1,01, isto é, Alternativamente, podemos tirar o logaritmo em uma base qualquer (digamos, 10) de ambos os lados e obter (com auxílio de uma calculadora) Desse modo, Daniel estará devendo 2 milhões em 70 meses, o que dá pouco menos que 6 anos. f(x) = 1 milhão . (1,01)x 1 milhão . (1,01)x = 2 milhões (1,01)x = 2 (1,01)x = 2 x=log1,012 log(1,01)x = log2 x.log(1,01) = log2 x= log2 log(1,01) = 0,301 0,004 ~ 70meses FGVIDT 7.17 – TEMPO DE MEIA-VIDA Vimos que logaritmos podem ser utilizados para fornecer o tempo que uma dívida demora para dobrar de tamanho, por exemplo. Nesse caso, temos uma função exponencial que cresce. No entanto, também existem funções exponenciais que diminuem e, nesses casos, podemos estar interessados em calcular o tempo necessário para que a função caia à metade. Por exemplo, após um escândalo sobre uma empresa, o número de comentários nas redes sociais evolui segundo uma função em que x é o número desemanas desde que o escândalo foi divulgado na grande mídia. Queremos ter uma ideia de quanto tempo demora até o público esquecer. Uma forma de pensar nisso é calcular o tempo que demora até o número de comentários cair à metade do que foi no momento de pico. Esse tempo se chama tempo de meia-vida. Primeiro, vemos pela função que, como ( 3 4 )comportadas” como as funções vistas anteriormente (1º. e 2º. graus, polinômios de ordens superiores, funções exponenciais e logarítmicas, em muitas situações nos deparamos com a representação de funções em formato racional ou em separadas em “partes”, sendo notadas nos mais diversos campos, como finanças, produção, etc. Vamos compreender como estas podem nos auxiliar em uma tomada de decisões. 9.1 – FUNÇÕES RACIONAIS Uma função racional é função f(x) ao qual pode ser representada pela divisão (proporção) entre duas ou mais funções (p(x) e q(x), por exemplo), como em que q(x)≠0. Considere que a receita obtida (R) com a venda de certo produto dependa da quantidade x (em milhares de reais), investida em propaganda. Imagine que obtivemos a seguinte expressão para relacionar tais informações: R(x)= 50x+200 x+5 . Esta função apresenta uma divisão entre funções, ao qual demanda certa complexidade, tanto na interpretação, quanto sua representação gráfica. Caso desejássemos verificar qual seu “formato”, uma boa maneira seria a de se criar um tabelamento, “ligando-se” alguns de seus pontos, apresentando um esboço sobre seu comportamento, como x R(x) -6 100 -5 não existe -4 0 y = f(x) = p(x) q(x) FGVIDT -3 25 -2 33,3 -1 37,5 0 40 1 41,6 2 42,85 3 43,75 4 44,44 5 45 Sua representação seria dada por uma hipérbole, conforme abaixo Como vemos, esta função racional indica um comportamento distinto das vistas anteriormente, uma vez que ela apresenta um “salto” (e mudança de sentido) quando x se aproxima de -5. Uma interpretação para este fato é o de que, quando há investimentos negativos (desinvestimento) na proximidade deste valor (região crítica a esta função, como veremos mais adiante), a respectiva receita apresenta comportamento incomum, de difícil compreensão. Mais ainda, ao notarmos que, quando x=0 (investimento nulo), a receita obtida é de 40. Mas como pode haver receita se não houve investimento em propaganda? Neste caso, notamos que, apesar de, em dado momento não haver investimentos, a receita existe como que por um efeito inercial, ou seja, o fluxo de vendas permanece em FGVIDT função de seu estabelecimento de mercado, por exemplo! Ao contrário, o que ocorre quando a receita R(x) for nula (não houver receita)? A este tipo de situações, observa-se que x = -4, ou seja, é necessário haver um desinvestimento da ordem de 4000, para que sua comercialização “empate”, ou seja, deixe de oferecer receita. Seria o caso da obtenção da raiz à função R(x)= 50x+200 x+5 , pois se R(x)=0, teríamos Como podemos notar, em situações como neste exemplo, Mas, voltando a atenção à tabela, novamente, qual o problema gerado quando ocorre um desinvestimento da ordem de x = -5? 9.2 – DOMÍNIO DE FUNÇÕES RACIONAIS Neste caso em particular, basta notar, como apontado anteriormente, que graficamente a função R(x) indica um “salto”, sugerindo que não seria possível determinar a receita a este nível de desinvestimento. Isto poderia ocorrer quando fossem definidos valores específicos para investir/desinvestir (um planejamento ou recebimento automático de patrocinadores), não havendo possibilidade de alteração, por exemplo! Mais ainda, ao conferirmos a função receita R(x)= 50x+200 x+5 , notamos que este valor pode ser determinado por uma condição de existência bem definida, ou seja, para que a função receita tenha validade, é necessário que (x + 5) seja diferente de zero, para que não ocorram indeterminações. Assim, temos 0 = 50x+200 x+5 -50x = 200 x = -4 (x + 5) ≠ 0 x ≠ -5 FGVIDT Atenção a este ponto, pois, segundo a função R(x), pode-se considerar uma infinidade de valores x (tanto para investimento quanto desinvestimento), com exceção de x = 5, pois impediria a determinação desta receita, portanto! 9.3 – FUNÇÕES PARTIDAS Também é comum nos depararmos com um tipo particular de funções, cuja determinação pode ser condicionada, ou seja, atendendo-se intervalos para que possam representar comportamentos distintos. Estas funções podem ser denominadas funções “por partes” ou “partidas”, normalmente. Considere um call center, em que um supervisor auferiu a quantidade de atendimentos realizados (em centenas), em uma semana de atividades. De acordo com seu levantamento, visando realizar uma alocação de funcionários para períodos de maior movimentação, obteve as seguintes informações Quantidade de atendimentos e tempo médio de chamadas tempo (min) quantidade de ligações chamadas perdidas 0 ≤ xg(x) = 50x – 30 e h(x) = 25x -6 g(2) = 50.2 – 30 = 70 h(x) = 15.2 – 6 = 24 g(2) ≠ h(2) Para x = 4 Substituir em h(x) = 25x -6 e j(x) = 5x - 2 g(4) = 50.4 – 30 = 170 h(4) = 15.4 – 6 = 44 h(4) ≠ j(4) FGVIDT BIBLIOGRAFIA BÁSICA DEMANA, F. D.; WAITS, B. K.; FOLEY, G. D.; KENNEDY, D.; Pré-cálculo. 2. ed. São Paulo: Pearson, 2013. IEZZI, G.; DOLCE, O.; DEGENSZAJN, D.; PÉRIGO, R. Matemática – volume único. Parte 1. 6 ed. São Paulo: Atual, 2015. IEZZI, G.; DOLCE, O.; DEGENSZAJN, D.; PÉRIGO, R. Matemática – volume único. Parte 3. 6. ed. São Paulo: Atual, 2015. PAIVA, M. Matemática 1. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2015. BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR DEMANA, F. D.; WAITS, B. K.; FOLEY, G. D.; KENNEDY, D.; Pré-cálculo. 2. ed. São Paulo: Pearson, 2013. PAIVA, M. Matemática 1. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2015.é o lucro (ou prejuízo) se a fábrica não produzir nada? intercepto Quanto a fábrica precisa produzir para começar a ter lucro? raiz Quais são os valores de lucro possíveis? domínio e imagem Quanto a fábrica deve produzir para ter o maior lucro possível? Pontos extremos e vértices Vamos estudar cada um desses conceitos. f(x) = 2x +1 g(x) = 5x h(x)=2x - 1 y2 = 1 – x2 FGVIDT 1.2– INTERCEPTO O intercepto de uma função é o valor da função quando x = 0. Se observamos o gráfico da função, esse é o ponto em que a função intercepta o eixo vertical. Daí o nome intercepto. No exemplo da função y = f(x), que relaciona o lucro y de uma fábrica à quantidade x produzida, o intercepto é o lucro da fábrica, caso ela não produza nada (isso é, caso a sua produção x seja zero). Em finanças, isso é o que se denomina custo fixo. O custo fixo é o custo que se incorre independentemente da produção. Mesmo que uma fábrica não produza nada, ainda assim, ela tem de pagar o aluguel do espaço e o salário do pessoal de escritório, por exemplo. 1.3– RAIZ Se a fábrica não produzir nada, ela terá prejuízo, porque terá de arcar com os seus custos fixos. Quanto a fábrica precisa produzir para pagar os seus custos fixos e fechar no “zero-a-zero”? A administração chama essa quantidade break-even-point. A matemática, por sua vez, chama esse valor de raiz da função lucro. A raiz de uma função f(x) é o valor de x para o qual Uma função pode ter várias raízes. Cada raiz será um valor de x para o qual f(x) = 0. A função tem raízes 1, 2 e −3, porque: f(x) = 0 f(x) = (x − 1).(x − 2).(x + 3) f(1) = (1 − 1).(1 − 2).(1 + 3) = 0 f(2) = (2 − 1).(2 − 2).(2 + 3) = 0 f(−3) = (−3 − 1).(−3 − 2).(−3 + 3) = 0 FGVIDT 1.4– DOMÍNIO E IMAGEM Domínio é o conjunto de todos os valores que x pode assumir. Por sua vez, imagem é o conjunto de todos os valores que x pode assumir. Uma fábrica não pode produzir uma quantidade negativa, então x 1.000 também está fora do domínio. Nesse exemplo, o domínio da função seria x ∈ [0 ; 1000]. A notação x ∈ [0 ; 1000] indica que qualquer valor entre 0 e 1000 são possíveis. Se produzir exatamente 1.000 não fosse possível, por exemplo, representaríamos x ∈ [0 ; 1000), indicando que podemos ter uma produção muito próxima de 1.000, mas, ainda assim, não exatamente 1.000. Se a nossa fábrica não tivesse capacidade, o domínio seria qualquer número maior ou igual a zero. Poderíamos representar isso de várias formas, por exemplo: O símbolo ∞ significa infinito. Ele sempre recebe um parêntesis para indicar que nunca conseguimos produzir exatamente infinitas peças. Nunca alcançamos o infinito. Agora, imagine que a nossa função lucro seja E que a nossa fábrica tenha capacidade de 1.000, de modo que o domínio dessa função é x ∈ [0 ; 1000]. Se x pode assumir qualquer valor entre 0 e 1000, então, f(x) pode assumir qualquer valor entre −10 e 1990. Ou seja, podemos ter qualquer lucro entre um prejuízo de 10 e um lucro de 1.990. Simbolicamente, O conjunto desses valores possíveis para y é a imagem da função. A maior parte das funções que você verá ao longo do curso tem um dos seguintes conjuntos como domínio e imagem: notação significado ℝ qualquer número real x ∈ [0;∞) x ∈ ℝ+ f(x) = 2x – 10 y ∈ [-10 ; 1990] FGVIDT ℝ ∗ qualquer número real exceto o zero ℝ + qualquer número real positivo ou o zero ℝ − qualquer número real negativo ou o zero ℝ ∗ + qualquer número real positivo (o zero não!) ℝ ∗ − qualquer número real negativo (o zero não!) ℝ ∗ + - {1} qualquer número real positivo (o zero não) exceto o 1 Por exemplo, o domínio da função é ℝ ∗ , porque x pode ser qualquer número real, desde que não seja zero. Da mesma forma, f(x) pode assumir qualquer valor, exceto o zero. Desse modo, a imagem de f(x) também é ℝ ∗ . Existe uma forma sucinta de dizer que o domínio de f(x) é ℝ ∗ e sua imagem também é ℝ ∗ : Nessa notação, podemos escrever para a função g(x) = √𝑥 que Com isso, dizemos que, na função g(x), x pode assumir qualquer valor positivo (ou o zero) e que o resultado sempre será um valor positivo (ou o zero). f(x) = 1 𝑥 f: ℝ ∗ → ℝ ∗ g: ℝ + → ℝ + FGVIDT A seguir, listamos o domínio e a imagem de algumas funções mais importantes: função domínio e imagem 1 x ℝ ∗ → ℝ ∗ √x ℝ + → ℝ + b x ℝ → ℝ ∗ + log b (x) ℝ ∗ + → ℝ Note que o domínio da função 𝑏𝑥 é a imagem da função 𝑙𝑜𝑔𝑏(𝑥), e vice-versa. Isso acontece porque essas funções são a inversa uma da outra. Mais tarde, veremos o que isso significa. 1.5– PONTOS EXTREMOS Algumas funções têm um valor máximo (ou mínimo) possível. Esses valores se chamam pontos extremos. Para ilustrar, suponha que, na fábrica do nosso exemplo, a relação entre lucro e quantidade produzida seja Se a fábrica produz 100 unidades, ela fecha no zero-a-zero. Se a fábrica produz um pouco mais, ela começa a lucrar. No entanto, se produzir muito mais, ela passa a lucrar menos e, quando a sua produção chega a 300, ela volta a fechar no zero-a-zero. (Quando estudarmos funções do segundo grau, vamos justificar por que isso acontece). Em algum ponto no meio do caminho entre 100 e 300, o lucro da fábrica para de crescer e começa a cair. Nesse ponto, o lucro atinge um valor máximo possível. Na função do nosso exemplo, esse valor é f(x) = -10.(x – 100).(x – 300) x = 200 que corresponde a um lucro de f(200) = 100.000 FGVIDT Não existe nenhum valor na função inteira que dê um lucro maior do que 100.000. Dizemos que esse valor é um ponto extremo e, no caso especifico da função de segundo grau, chamamos esse valor também de vértice. A existência de um valor máximo para o lucro tem implicações muito importantes para a prática. Se sabemos que uma produção de 200 nos leva ao maior lucro possível, vamos voltar todo o nosso planejamento produtivo para produzir 200 unidades. Se a nossa capacidade for inferior a 200 (por exemplo, 190), a nossa produção será a mais próxima possível de 200 (ou seja, 190) e a estratégia da fábrica envolverá uma expansão de capacidade para que atinja uma capacidade de 200. Por outro lado, se a capacidade for superior a 200 (por exemplo, 210), a fábrica trabalhará com capacidade ociosa e fábrica poderá considerar alugar essa capacidade ociosa para outra empresa (se for possível). FGVIDT Unidade 02 – CONCEITOS INICIAIS Nesta unidade, daremos continuidade à apresentação da relação entre variáveis, aos quais nos depararemos com conceitos como funções compostas, funções inversas, funções pares e funções ímpares. 2.1 – FUNÇÃO COMPOSTA Uma função composta é a função de uma função. Considere, no nosso exemplo, como o imposto de renda pago pela fábrica depende da quantidade produzida. A quantidade produzida determina o lucro por meio de uma relação O lucro auferido, por sua vez, determina o imposto de renda (IR) a ser pago segundo a relação. Considere que IR possa ser calculado por Podemos calcular o imposto de renda a ser pago diretamente a partir da quantidade produzida. Obteremos com isso uma nova função, h(x). Note que No entanto, Isso significa que Essa é uma nova função, f(x), que relaciona diretamente o imposto de renda à Lucro = f(x) = 2x - 10 IR = g(Lucro) = Lucro 4 IR = g(Lucro) = Lucro 4 Lucro = f(x) = 2x - 10 IR = 2x - 10 4 = x 2 - 2,5 FGVIDT quantidade produzida. Sabendo-se a quatidade produzida, podemos calcular o imposto de renda diretamente, sem precisar calcular o lucro como passo intermediário.Para obter essa relação, pegamos g(Lucro) e substituimos Lucro = f(x), obtendo g[f(x)]. Às vezes, essa função é representada por g ∘ f(x). 2.2 – FUNÇÃO INVERSA Vamos continuar com o exemplo da fábrica que produz uma quantidade x e obtém um lucro Podemos perguntar qual será o lucro, caso a fábrica tenha uma produção de x = 100. A resposta será f(100) = 2.100 − 10 = 190. No entanto, suponha que a nossa pergunta fosse outra: sabendo-se que a fábrica teve um lucro de 190, quanto que a fábrica produziu? Estamos fazendo a pergunta inversa. Em vez de sabermos o valor do x e querermos descobrir o valor de y, agora, sabemos o valor de x e queremos o valor de y. Podemos descobrir o valor de y por simples manipulação algébrica: Fazendo y=190, obtemos Exatamente o valor correto! Para descobrir esse valor, usamos a função Essa função se chama função inversa de f(x) = 2x − 10. Na verdade, falta apenas um retoque: usarmos a notação usual de chamar de x a informação que temos e de y o que queremos descobrir. Se fizermos isso, a função acima se escreverá y = f(x) = 2x - 10 y = 2x -10 y+10 = 2x x= y+10 2 x= 190+10 2 = 200 2 = 100 x= y+10 2 y= x+10 2 FGVIDT Essa, sim, é a função inversa de y = f(x) = 2x − 10, e representamos isso por Essas duas funções têm uma relação muito especial. O “x” de uma é o “y” da outra, e vice-versa. Elas são obtidas trocando-se o x pelo y e rearrumando. Em um plano cartesiano, o gráfico de uma é igual ao gráfico da outra, trocando-se o eixo horizontal pelo vertical. Mais ainda, para qualquer valor de x, Ou seja, se sabemos a quantidade produzida, podemos calcular o lucro f(x). No entanto, se jogarmos esse lucro dentro da função inversa, f -1 [f(x)], voltaremos a ter a quantidade produzida. A função f faz e a f -1 desfaz. Por isso, uma é chamada função inversa da outra. Um cuidado com notação merece destaque. Quando falamos x-1, isso é o mesmo que 1 x , e chamamos isso de “inverso de x”. Quando escrevemos f -1(x), estamos falando em outra coisa. Isso é, f -1(x) não é 1 f(x) ! De fato, no nosso exemplo, f -1(x) = x+10 2 , que é totalmente diferente de 1 f(x) = 1 2x-10 . Desse modo, não confunda as notações. 2.3 – PARIDADE DE FUNÇÕES Algumas funções têm uma propriedade interessante: são pares. Outras funções têm outra propriedade interessante: são ímpares. Existem ainda outras funções que não são nem pares nem ímpares, o que é uma pena. Uma função par é uma função f(x) que é exatamente igual à direita e à esquerda do eixo vertical. Ou seja, y= f -1(x) = x+10 2 f -1 [f(x)] = x f(x) = f(-x) FGVIDT Funções pares se chamam assim porque a função f(x) = x2, por exemplo. Esta é uma função par, pois é idêntica à esquerda e à direita do eixo vertical. De fato, Isso vale para qualquer número! A função f(x) = x2 não é a única função par. Todas as funções de expoente par também são funções pares: Existem também funções ímpares. Funções ímpares são funções que mudam o sinal de umlado para o outro do lado vertical. Ou seja, se a função é positiva de um lado do eixo vertical, então, do outro lado, ela é igualzinha, mas negativa, e vice-versa. Em outras palavras, uma função é ímpar se Funções ímpares se chamam funções ímpares porque a função f(x)=x1 é ímpar, por exemplo! Isso vale para qualquer número! A função f(x)=x1 não é a única função ímpar. Todas as funções de expoente (1)2 = (-1)2 (2)2 = (-2)2 (3)2 = (-3)2 (4)2 = (-4)2 (5)2 = (-5)2 ... g(x) = x4 h(x) = x6 j(x) = x8 ... f(x) = -f(-x) (1)1 = -(-1)1 (2)1 = -(-2)1 (3)1 = -(-3)1 (4)1 = -(-4)1 (5)1 = -(-5)1 ... FGVIDT ímpar também são funções ímpares. Existem algumas funções que são pares, mas não parecem pares; assim como existem funções que são ímpares, mas não parecem ímpares. Por exemplo, a função f(x) = cos (x) é par, porque cos(x) = cos (−x). Já a função sen(x), por exemplo, é ímpar, porque sen(x) = −sen (−x). Aliás, a função f(x) = cos ( 3 7 x) é par e, a função g(x) = sen (8x) é ímpar, pelos mesmos motivos. Finalmente, vale notar que algumas funções não são nem pares nem ímpares. Por exemplo, a função Note que São números totalmente diferentes. Como consequência, f(x) = x - 1 não é par nem ímpar. Outro exemplo é a função Nesse caso, vemos que a função não é par nem ímpar porque, escolhendo-se x = 1, por exemplo, temos g(x) = x3 h(x) = x5 j(x) = x7 ... f(x) = x - 1 f(1) = 0 f(-1) = -2 g(x) = 2x g(1) = 2 g(-1) = 1 2 FGVIDT Unidade 03 – FUNÇÕES POLINOMIAIS Nestas próximas unidades estaremos revendo uma “família” importante de funções, que podem ser representadas como polinômios. Mas especificamente nesta unidade, nos depararemos com a função de primeiro grau, importante a uma série de ocorrências cotidianas. 3.1 – FUNÇÕES DE 1º. GRAU Funções do primeiro grau são funções do tipo Com a ≠ 0. Essa função pode ser representada por uma reta que corta o eixo y em y = b e cuja inclinação vale a. Vejamos: Para ver uma aplicação à administração, imagine uma fábrica. A fábrica tem dois tipos de custos: custos fixos, ou seja, custos que não dependem de quanto a fábrica produz, como aluguel do espaço e salário dos diretores, e custos variáveis, ou seja, custos que dependem de quanto a fábrica produz, como material, luz e água. f(x) = ax + b f(x) = ax + b FGVIDT Suponha que: os custos fixos da fábrica sejam de R$ 1.000; cada item produzido custe R$ 5 para produzir, fora o custo fixo, de modo que, se a fábrica produz x itens, eles custam 5x para produzir, fora o custo fixo, e os itens sejam todos vendidos, custando R$ 15, de forma que, se a fábrica produz x itens, ela tem uma receita de 15x. O lucro da empresa é ou, simplesmente, Veja que essa equação é do tipo Com a = 10 e b = −1000. Vamos analisar esse exemplo por partes... 3.2 – COEFICIENTE LINEAR A fábrica tem dois tipos de custo: custos fixos, que não dependem da quantidade produzida, e custos variáveis, que dependem. O que acontece se uma fábrica não produzir nada? Ela não terá custos de material gasto, mas ainda terá de pagar o aluguel do espaço. Em outras palavras, ela não terá os custos variáveis, mas ainda terá de arcar com os custos fixos. y = 15x – 5x -1000 y = 10x -1000 y = ax + b FGVIDT Vejamos isso na equação. Se a fábrica não produz nada, isso significa x = 0, o que dá Note que esse é exatamente o valor de b. Isso vale em qualquer caso. Se tivéssemos fazendo x = 0, teríamos Desse modo, no nosso exemplo, b é o custo fixo pura e simplesmente. Em matemática, ele recebe outro nome: intercepto ou coeficiente linear. Em um gráfico, b é o valor marcado no eixo y quando a reta cruza esse eixo. 3.3 – COEFICIENTE ANGULAR Agora, vejamos o outro coeficiente. Note que, se a empresa vende cada item por R$ 15, mas lhe custa R$ 5 para produzi-lo, então, ela ganha R$ 10 com a venda de cada item adicional. Em administração, chamamos isso de lucro marginal. Em matemática, note que 10 é, simplesmente, o valor de a, que chamamos de coeficiente angular. Isso nos permite interpretar o valor de a. O coeficiente angular é o aumento que observamos em y (por exemplo, o lucro) quando x (por exemplo, a quantidade produzida) aumenta uma unidade. Para mostrar que isso vale sempre, basta calcular f(x + 1) e comparar com f(x): y = 10.0 -1000 y = 0 – 1000 y = -1000 y = ax + b y = a.0 + b y = b f(x + 1) = a.(x +1) + b f(x + 1) = ax + a + b FGVIDT Ou, mudando a ordem dos termos, Desse modo,a representa quanto o y aumenta quando x vai para x + 1. No nosso exemplo, a representa o aumento no lucro quando produzimos uma unidade a mais do item a ser vendido. Em um gráfico, a está relacionado com a inclinação da reta. 3.4 – RAIZ Já vimos que, se a fábrica não produzir nada, ela tem que arcar com o custo fixo. Desse modo, se a fábrica não produzir nada, ela tem um prejuízo de R$ 1000. A cada item que a fábrica produz, o seu lucro aumenta em R$ 10. Uma pergunta natural que um administrador dessa fábrica pode fazer é: “Quantos itens a fábrica deve produzir para pagar o seu custo fixo?” ou “A partir de quantos itens produzidos a fábrica começa a dar lucro?” Intuitivamente, pensamos que, se cada item dá à fábrica um lucro de R$ 10, então, para pagar um custo fixo de R$ 1.000, é preciso produzir e vender 100 itens. Matematicamente, podemos calcular a quantidade x1 que deve ser produzida para que o lucro da fábrica fique zerado (isso é, deixe de ser negativo): f(x + 1) = ax + b + a f(x +1 ) = f(x) + a ou, ainda, a = f(x +1) – f(x) y = 10x – 1000 0 = 10x1 – 1000 10x1 = 1000 x1 = 1000 10 x1=100 FGVIDT Desse modo, a fábrica precisa produzir e vender 100 unidades para pagar o seu custo fixo. Se a fábrica produzir menos, ela tem prejuízo. Se ela produzir mais, ela passa a ter lucro. Em administração, dizemos que 100 é o ponto de break-even da empresa. Em matemática, dizemos que 100 é a raiz da função lucro. Uma função do primeiro grau tem uma única raiz. Isso fica claro a partir do gráfico da função: uma reta inclinada só pode cortar o eixo x (isso é, só pode ter y = 0) uma única vez. Se não, não seria uma reta. 3.5 – y ou f(x)? Qual é diferença entre as seguintes equações do primeiro grau? A resposta é: nenhuma. No nosso exemplo, a quantidade produzida é representada por x, e o lucro pode ser representado tanto por f(x) como por y, ou por qualquer outra letra, como L. Quando queremos deixar claro que o lucro depende da quantidade produzida (x), representamos o lucro por f(x). Quando estamos desenhando um gráfico e queremos deixar claro que o lucro fica no eixo vertical (chamado eixo y), representamos o lucro por y. 3.6 – GRÁFICO O gráfico de uma função do primeiro grau é uma reta. Como vimos, quando x = 0, y = b. Por isso, a reta corta o eixo vertical em y = b. Isso faz com que seja muito simples adivinhar o valor de a partir do gráfico de uma reta: basta olhar onde essa reta corta o eixo vertical. Quanto maior o valor de b, mais longe da origem o gráfico corta o eixo vertical. Na figura a seguir, observe o ponto em que cada reta corta o eixo vertical. Perceba que, quanto mais longe do zero a reta corta o eixo y, maior é o valor do seu b. f(x) = 10x – 1000 y = 10x - 1000 FGVIDT Também vale notar que b pode ser positivo ou negativo. Se for positivo, a reta cruza o eixo y em um valor positivo, ou seja, acima da origem. Se for negativo, a reta cruza o eixo y em um valor negativo, ou seja, abaixo da origem. Finalmente, se b for igual a zero, então, a reta passa pela origem. Vemos isso na figura a seguir. Além de estudarmos o coeficiente linear, estudamos também o coeficiente angular. Vimos que, quando o x aumenta uma unidade, o valor de y aumenta o valor do coeficiente angular (a). Isso significa que retas com um valor de a grande serão muito inclinadas, porque o seu y aumenta muito quando x aumenta uma unidade. Já retas com um valor de a pequeno serão pouco inclinadas, porque o seu y aumenta pouco quando x aumenta uma unidade. Por esse motivo, o coeficiente angular também é chamado de inclinação da reta. FGVIDT Um coeficiente angular também pode ser negativo. Isso significa que, quando o x aumenta uma unidade, o y aumenta um valor negativo, ou seja, o y diminui! Essas retas se movem para baixo. Retas cujo y vai aumentando à medida que o x aumenta se chamam retas crescentes. Essas retas têm a > 0, fazendo com que o y fique maior quando x aumenta. Nessas retas, quanto maior for o valor de x, maior será o valor de y. Por outro lado, retas cujo y vai diminuindo à medida que o x aumenta se chamam retas decrescentes. Essas retas têm a 0 é uma reta crescente, e que uma função FGVIDT do primeiro grau com apor a= y - y0 x - x0 . Desse modo, a é igual à diferença vertical entre os dois pontos dividido pela diferença horizontal entre os dois pontos. Ilustramos isso na figura a seguir: Usando os pontos que temos, fazemos Desse modo, podemos escrever a equação da reta como a= 4000 - 2000 500 - 300 =10 y = 2000 + 10(x – 300) ou y = 4000 + 10(x -500) FGVIDT Se quisermos obter a equação na forma tradicional, basta rearrumar essas expressões (qualquer uma delas!) para obter Alternativamente, podemos fazer x = 0 em qualquer uma das duas expressões anteriores e obter b = −1000. É interessante que, dados 2 pontos, conseguimos encontrar uma equação única. Euclides, quando inventou a geometria na Grécia, partiu de alguns axiomas, ou seja, verdades que ele parte por princípio, sem provar. Um dos axiomas diz o que acabamos de ver: “por dois pontos passa uma reta.” Um último comentário sobre os “dois pontos”. Na vida real, nenhuma empresa toma decisões usando apenas dois pontos. Na prática, a fábrica observa os lucros obtidos para várias diferentes quantidades produzidas e tenta encontrar uma equação que relaciona as duas coisas. Como fazer isso é algo que você vai aprender ao longo do seu curso. y = 10x - 1000 FGVIDT Unidade 04 – FUNÇÕES POLINOMIAIS Quando estudamos funções do primeiro grau, usamos o exemplo de uma fábrica. A fábrica tinha um custo fixo de 1.000 e recebia 10 por unidade produzida. Nesse exemplo, o ganho da empresa por unidade produzida era fixo: 10, sempre, independentemente do número de unidades produzidas. Muitas vezes, o ganho da empresa por unidade produzida não é fixo. Um exemplo clássico disso acontece na agricultura tradicional. Por exemplo, imagine uma empresa de plantio que cultiva trigo orgânico. Cada cultivo de trigo consome um pouco dos nutrientes da terra. Por isso, a cada ano, a colheita é ligeiramente menor. Uma delas é a rotação de culturas, que consiste em plantar alguma outra coisa no local, deixando a terra recompor os nutrientes usados pelo trigo. Em uma fábrica, isso também acontece. Se a nossa fábrica resolver aumentar muito a sua produção, pode ter de pagar horas extras para os seus funcionários ou enfrentar custos adicionais devido ao desgaste excessivo das máquinas. Tudo isso acabará por reduzir o quanto ela ganha por unidade produzida. Desse modo, vamos fazer alguns ajustes ao exemplo que usamos para falar de funções de primeiro grau. Desta forma, representações podem ocorrer por meio de uma função de segundo grau, como veremos. 4.1 – FUNÇÕES DE 2º. GRAU Imagine que a fábrica tenha um ganho de 25 – 0,1x por cada uma das x unidades produzidas. Isso significa que o ganho da fábrica reduz linearmente, começando de 25 e reduzindo 0,1 (ou seja, 10 centavos) por cada unidade produzida. Ao produzir x unidades, a fábrica aufere um ganho de No entanto, essa fábrica tem um custo fixo de 1.000 que precisa ser pago. Desse modo, o lucro da fábrica é igual a (25-0,1x).x f(x) = (25 – 0,1x).x - 1000 FGVIDT Se expandirmos essa equação, obtemos: Essa equação já não é mais do primeiro grau. Essa é uma equação do segundo grau. Funções do segundo grau são funções do tipo em que a pode ser positivo ou negativo, mas não pode ser zero (se for, a equação se torna de primeiro grau!). Essa função pode ser representada por uma curva chamada parábola. 4.2 – INTERCEPTO No nosso exemplo, o lucro de uma fábrica depende da quantidade vendida segundo a equação Qual é o lucro da fábrica, se ela não produzir nada? Ora, produzir nada é o mesmo que produzir zero. Fazendo x = 0, obtemos Ou seja, a fábrica terá um prejuízo de 1.000. Esse resultado é o mesmo que tínhamos obtido no nosso exemplo para função do primeiro grau. Faz sentido. De lá para cá, o que mudamos foi o retorno obtido por cada unidade produzida. Se não estamos produzindo nada, não há por que se observar mudança. Do ponto de vista da Administração, 1000 é o custo que se incorre independente de se produzir ou não. É o que se denomina custo fixo da fábrica. A matemática chama esse valor de intercepto, já que, no gráfico, é nesse valor que a parábola intercepta o eixo vertical. f(x) = -0,1x2 + 25x -1000 f(x) = ax2 + bx + c f(x) = -0,1x2 + 25x -1000 f(0) = -0,1.02 + 25.0 -1000 f(0)=-1000 FGVIDT 4.3 – CURVATURA Na fábrica que usamos de exemplo para estudar a função do primeiro grau, quanto mais ela produzia, mais ela lucrava. Isso porque ela ganhava uma quantidade fixa para cada item que ela produzia. Nesse sentido, mais itens produzidos significava uma quantidade maior recebida e, consequentemente, um lucro maior. Agora, enfrentamos um caso diferente. A quantidade que a fábrica ganha por item diminui quanto mais itens ela produz. Isso porque produzir mais aumenta os custos por unidade produzida. O que isso muda, na prática, para a fábrica? Para responder isso, observe quanto a fábrica lucra se produzir diferentes quantidades: Se a fábrica não produz nada, ela tem prejuízo de -1000. No entanto, se ela resolve produzir 50 unidades, ela zera esse prejuízo. Com isso, os seus ganhos foram de 1000. Se ela resolver produzir mais 50 unidades (passando a 100 unidades), o seu lucro aumenta de zero para 500. As primeiras 50 unidades produzidas pela fábrica lhe deram um aumento no lucro de 1000. As segundas 50 unidades produzidas pela fábrica lhe deram um aumento no lucro de apenas 500. Por que isso acontece? Quantidade produzida (x) Lucro ( f(x)= 0,1x2 + 25x -1000) 0 -1000 25 -437,5 50 0 75 312,5 100 500 125 562,5 150 500 175 312,5 200 0 225 -437,5 250 -1000 ... ... FGVIDT Do ponto de vista da Matemática, isso acontece porque a parábola tem curvatura. Ela não é uma linha reta, em que um aumento no x sempre corresponde ao mesmo aumento no y. Do ponto de vista da Administração, isso acontece porque o ganho que a fábrica tem por item diminui com a quantidade de itens produzidos. Desse modo, quando ela está produzindo apenas 50 itens, o seu custo por item é menor do que quando ela está produzindo 100 itens. Por isso, ela ganha mais pelos primeiros 50 itens do que pelos 50 segundos. Podemos justificar isso pensando que, para produzir o segundo grupo de 50 itens, é preciso contratar outro turno ou forçar as máquinas de forma a desgastá-las mais rápido, aumentando os custos com manutenção. Vamos observar como o aumento do lucro vai mudando à medida que produzimos: Note que, à medida que a empresa vai aumentando a quantidade produzida de 50 em 50, o aumento no lucro é cada vez menor. Aliás, é possível reparar que o aumento no lucro segue uma função do primeiro grau. De fato, a cada aumento de 50 unidades, o aumento nos lucros diminui sempre a mesma quantidade: 500 reais a menos para cada 50 unidades adicionais produzidas (ou, o que dá no mesmo, 10 reais para cada 1 unidade adicional produzida). 4.4 – RAIZES Quando estudamos funções do primeiro grau, vimos que, se a fábrica produzisse muito pouco, ela não conseguia pagar os seus custos fixos. Desse modo, ela tinha de ter uma produção mínima para pagar os seus custos e começar a ter lucro. Quantidade produzida (x) Lucro (f(x)= 0,1x2 + 25x -1000) aumento no lucro 0 -1000 50 0 1000 100 500 500 150 500 0 200 0 -500 250 -1000 -1000 FGVIDT No caso que estamos enfrentando agora, os custos de se produzir um item aumentam quanto mais se produz. Desse modo, se uma fábrica produzir demais, o custo de produzir cada item pode ser tão alto que acabe não valendo a pena produzir (ou não valendo a pena produzir tanto). De fato, observe a tabela, novamente, com diferentes quantidades produzidas e os seus respectivos lucros.Vemos que, se a fábrica produz menos do que 50 unidades, ela tem prejuízo. No entanto, se ela produzir mais do que 200 unidades, ela também tem prejuízo! Na equação de primeiro grau, existia apenas um valor que fazia o lucro da fábrica ser zero. Na equação de segundo grau, existem dois. Esses dois valores são dados pela fórmula de Bháskara: em que Δ = b2 – 4ac é chamado, discriminante, de Bháskara. Quantidade produzida (x) Lucro ( f(x)= 0,1x2 + 25x -1000) 0 -1000 25 -437,5 50 0 75 312,5 100 500 125 562,5 150 500 175 312,5 200 0 225 -437,5 250 -1000 ... ... x1= -b+√∆ 2a x2= -b-√∆ 2a FGVIDT No caso da nossa fábrica, lembre que o seu lucro é dado por Desse modo, a = −0,1, b = 25 e c = −1000. Substituindo em Δ, obtemos Finalmente, para obtermos suas raízes, temos Ou seja, a fábrica precisa produzir, pelo menos, 50 unidades, senão, dá prejuízo. No entanto, ela também não pode produzir mais do que 200. Se produzir, ela também dá prejuízo! 4.5– NÚMERO DE RAÍZES Uma função do segundo grau não precisa, necessariamente, ter duas raízes. Ela pode ter só uma raiz ou não ter raiz nenhuma. Geometricamente, podemos visualizar isso pensando em uma parábola em diferentes posições. Uma parábola pode cortar o eixo horizontal duas vezes. Ela também pode só encostar no eixo horizontal uma única vez. Finalmente, ela pode nunca encostar no eixo horizontal, ficando sempre acima ou abaixo dele. Essas visualizações ilustram, respectivamente, o que é uma função do segundo grau com duas, uma ou nenhuma raiz. Também podemos enxergar isso na fórmula de Bháskara. Vejamos: f(x) = -0,1x2 + 25x -1000 Δ = b2 – 4ac Δ = 252 – 4.(-0,1).(-1000) Δ = 625-400 Δ = 225 x1= -b+√∆ 2a = -25+√225 2.(-0,1) =50 x2= -b-√∆ 2a = -25-√225 2.(-0,1) =200 x1= -b+√∆ 2a x2= -b-√∆ 2a FGVIDT Se Δ for um número positivo, então, cada expressão dará um valor diferente. Teremos duas raízes. Por outro lado, se Δ for igual a zero, √Δ = √0 = 0. Nesse caso, teremos As duas expressões dão o mesmo valor! Nesse caso, teremos apenas uma raiz. Finalmente, se Δ 0 → duas raízes ∆=0 → uma raiz ∆0, existe um valor para f(x) que é o menor possível. Se a0, f(x) tem um ponto de mínimo. Se aprimeiro grau e a função de segundo grau. Aqui, a0, a1, ... an e n são números fixos. Os números a0, a1, ... an se chamam coeficientes ou parâmetros da função. O número n, por sua vez, se chama grau da função. Nessa notação, uma função do primeiro grau seria escrita E uma função do segundo grau se escreveria Desse modo, uma função polinomial não traz nada de fundamentalmente diferente do que já vimos. Seria muito natural pensar em uma função do terceiro grau como Ou pensar em uma função de quarto grau como y = a0xn + a1xn-1 + a2xn-2 +... an y = a0x + a1 y = a0x2 + a1x + a2 y = a0x3 + a1x2 + a2x + a3 y = a0x4 + a1x3 + a2x2 + a1x + a4 FGVIDT A vantagem de falar em funções polinomiais é falar, de uma vez só, de funções do terceiro, quarto, quinto grau, e assim por diante. Em outras palavras, as funções de primeiro e de segundo grau são muito importantes e merecem ser estudadas separadamente. As funções de graus maiores não são tão importantes e, por isso, podemos estudá-las todas juntas. O gráfico de uma função polinomial é, tipicamente, uma curva. A única exceção é a função de 1o grau, que é uma reta. 5.2 – PARIDADE Agora, vejamos a reta y = x. Ela “começa” no lado de baixo do eixo horizontal e “termina” no lado de cima desse eixo. Ela cruza o eixo horizontal e não volta. Algo muito diferente acontece com a parábola. A parábola y = x2 - 9, por exemplo, “começa” no lado de cima do eixo horizontal, cruza para o lado de baixo (em x1> = −3), volta a subir (em xv = 0), cruza o eixo horizontal de novo (em x2 = +3) e segue toda a vida no lado de cima do eixo horitontal. Ela começa e termina do mesmo lado. Isso porque, quando x é muito grande (positivo ou negativo), x2 - 9 será positivo, independentemente do x ser positivo ou negativo. Uma função polinomial de terceiro grau se comporta como uma reta: ela nasce em um lado do eixo horizontal e morre do outro; uma função polinomial do quarto grau se comporta como uma parábola: ela nasce e morre do mesmo lado do eixo horizontal; uma função polinomial do quinto grau se comporta como uma reta e uma função polinomial do sexto grau se comporta como uma parábola. Genericamente, as funções polinomiais de graus ímpares funcionam como uma reta: elas nascem de um lado do eixo horizontal e morrem do outro. Por sua vez, as funções polinomiais de graus pares funcionam como a parábola: elas nascem e morrem do mesmo lado do eixo horizontal. Em funções do tipo f(x) = axn é fácil entender o porquê disso. Se n é ímpar, então, Ou seja, se f(x) é positivo, então, f(−x) é negativo. Um lado da função está na parte de cima do eixo horizontal, e o outro lado da função está na parte de baixo desse eixo. f(-x) = a(-x)n = -axn = -f(x) FGVIDT No entanto, se v é par, então Ou seja, se f(x) é positivo, f(−x) também é, e vice-versa. Os lados da função estão ambos acima (ou ambos abaixo) do eixo horizontal. O que importa é que estão do mesmo lado. Isso tem implicações para o número de raízes das funções polinomiais de graus ímpares. Como as funções polinomiais de graus ímpares nascem de um lado do eixo horizontal e morrem do outro, isso significa que elas atravessam o eixo horizontal, pelo menos, uma vez. Isso significa que elas têm, no mínimo, uma raiz. 5.3 – NÚMERO DE RAÍZES Já vimos que uma função do primeiro grau possui uma raiz. Vimos que uma função do segundo grau pode possuir até duas raízes. Genericamente, uma função polinomial de grau n poderá ter até v raízes. Como vimos, se a função foi de grau ímpar, ela terá que ter pelo menos uma raiz. Se a função for de grau par, não. Então, por exemplo, uma função polinomial de terceiro grau poderá ter 1, 2 ou 3 raízes. Por sua vez, uma função polinomial do quarto grau poderá ter 0, 1, 2, 3 ou 4 raízes. 5.4 – RAÍZES As raízes de uma função polinomial são os valores de X para os quais ela assume o valor zero. Desse modo, encontrar as raízes de uma função polinomial de grau N é resolver a equação Isso é muito difícil. Só é fácil no caso da função de primeiro e segundo grau (uma solução para funções do terceiro grau também existe e se chama Equação de Tartaglia, mas não é simples). Felizmente, existem formas de se obter boas aproximações para as raízes desse polinômio a partir de ferramentas de cálculo numérico (menos difíceis, mas não triviais, no entanto). f(-x) = a(-x)n = +axn = f(x) a0xn + a1xn-1 + a2xn-2 +... an = 0 FGVIDT 5.5 – OUTRA FORMA DE REPRESENTAÇÃO DE UMA FUNÇÃO POLINOMIAL Uma função polinomial de grau n e raízes x1, x2, ... xn pode ser escrita como De fato, note que temos v valores de x para se multiplicarem (formando o xn). Além disso, note que, quando x for igual a qualquer uma das raízes, y será igual a zero. Por exemplo, se x = x1, teremos Da mesma forma, se tivermos x = x2 A mesma lógica se aplica sempre que x assume o valor de alguma raiz da função polinomial. Por outro lado, se x não for igual a nenhuma raiz, nenhum dos termos será zero, de modo que o produto deles também será diferente de zero. 5.6 – REDUÇÃO DE GRAU Suponha a seguinte função polinomial de grau 3: Sabe-se que x1 = −2 é uma raiz dessa função. Como podemos descobrir as demais? Se x1 = −2 é uma raiz dessa função, então No entanto, note que y = a0(x – x1).(x – x2)... .(x – xn) y = a0(x – x1).(x – x2)... .(x – xn) = 0 0 y = a0(x – x1).(x – x2)... .(x – xn) = 0 0 f(x) = x3 + 2x2 – x – 2 f(x) = (x + 2).(x – x2).(x – x3) f(x) x+2 = (x – x2).(x – x3) FGVIDT É uma função de segundo grau! Ora, nós podemos calcular as raízes de uma equação do segundo grau usando a fórmula de Bháskara. Com isso, o próximo passo, é calcular Uma forma de fazer essa divisão é usando o algoritmo inventado por Briot e Ruffini. Esse algoritmo divide uma função polinomial por uma expressão do tipo x - m. No caso, estamos dividindo por x + 2 e, portanto, m = −2. Vamos ilustrar o funcionamento desse algoritmo. Traçamos uma linha horizontal e, quase no canto esquerdo, uma linha vertical. À esquerda a linha, colocamos o valor de m, no caso, 3. À direita, os coeficientes da função polinomial que está sendo dividida. Se não houver algum termo (por exemplo, se não houver termo em x2, deve ser colocado um zero no lugar do coeficiente ausente). No nosso caso, o algoritmo fica montado assim: Baixamos o primeiro coeficiente: Multiplicamos o coeficiente baixado pelo -2 e somamos com o próximo coeficiente (2). Escrevemos o resultado abaixo: Novamente, multiplicamos 0 por -2, obtendo 0. Somamos com o próximo coeficiente, -1, obtendo -1: Finalmente, multiplicamos -1 por -2, obtendo 2, e somamos ao próximo coeficiente, -2, obtendo zero. f(x) x+2 = x3 + 2x2 – x – 2 x+2 FGVIDT O último zero é o resto da divisão. O fato de ter dado zero significa que -2 divide a função polinomial, ou seja, que -2 é, realmente, uma raiz. Os outros termos (1, 0 e -1) são os coeficientes da função polinomial que resta da divisão. Desse modo, Para descobrir as outras raízes de f(x), basta encontrar as raízes de x2 − 1. Essas raízes são 1 e −1. Desse modo, as 3 raízes de f(x) = x3 + 2x2 – x - 2 são −2, 1 e −1. Nesse caso, essa função também pode ser escrita na forma a seguir: 5.7 – MULTIPLICIDADE DE RAÍZES Uma função polinomial pode ter duas raízes iguais. O número de vezes que uma raiz aparece é chamado de multiplicidade dessa raiz. Vamos considerar um exemplo para ilustrar essa ideia. Considere o polinômio de segundo grau Vamos encontrar as raízes dessa função polinomial. As raízes dessa função polinomial são as soluções da equação Podemos encontrar as raízes do polinômio usandoa equação da Bháskara com a = 1, b = −8 e c = 16: f(x) x+2 = x3 + 2x2 – x – 2 x+2 = x2 + 0x2 – 1 ou, simplesmente f(x) = (x + 2).(x2 – 1) f(x) = (x + 2).(x - 1).(x + 1) f(x) = x2 – 8x + 16 x2 – 8x + 16 = 0 Δ = b2 – 4ac = (-8)2 – 4.1.16 = = x1= -b+√∆ 2a = -(-8)+√0 2.1 = 4 x2= -b-√∆ 2a = -(-8)-√0 2.1 = 4 FGVIDT Vemos que as duas soluções da equação de Bháskara deram o mesmo valor: 4. Em outras palavras, esse polinômio tem duas raízes iguais. Mais tecnicamente, dizemos que esse polinômio tem uma raiz de multiplicidade 2. Graficamente, podemos visualizar a função x2 – 8x + 16 como uma parábola que encosta uma única vez no eixo x, mas não chega a atravessá-lo. Desse modo, essa parábola tem um único ponto de contato com o eixo x e, com isso, um único ponto em que y = 0. Esse ponto acontece quando x = 4. Se fossemos representar a função polinomial y = x2 – 8x + 16 na sua forma alternativa, escreveríamos Note o expoente 2. Ele é exatamente a multiplicidade da raiz 4. Isso nos dá uma intuição para casos mais gerais, por exemplo, a função polinomial de décimo grau Temos uma raiz x = 1 com multiplicidade 6, uma raiz em x = 2 com multiplicidade 1 e uma raiz em x = 3 com multiplicidade 4. 5.8 – PRODUTOS NOTÁVEIS Ao discutirmos multiplicidade de raízes, vimos que, frequentemente, aparecem produtos de termos do tipo (A ± B). Desse modo, encontramos, por exemplo: Alguns desses produtos são muito fáceis de serem calculados. Nesta seção, abordaremos 3 deles: y = (x – 4).(x – 4) ou y = (x – 4)2 y = (x – 1)6.(x – 2).(x – 3)4 (x – 1)2 (x + 1)2 (x + 1).(x – 1) (A + B)2 = A2 + 2A.B + B2 (A - B)2 = A2 - 2A.B + B2 A2 + B2 = A2 – B2 FGVIDT O primeiro produto notável diz que: Para compreender esse resultado, imaginemos um quadrado de lado A + B. A área desse quadradão é igual ao seu lado elevado ao quadrado, ou seja, é igual a (A + B)2. Esse quadrado pode ser dividido em: um quadrado de lado A (azul), cuja área é A2; outro quadrado de lado B (em azul também), cuja área é B2, e dois retângulos (em verde), cada um com lados A e B e área. A área de cada retângulo de lados A e B é A.B. Como são dois retângulos, a área deles é 2A.B. Dessa forma, Para fazermos (A – B)2, basta trocarmos o B na expressão acima por −B. De fato, (A – B)2 = (A + (-B)2) = A2 - 2A.(-B) + (-B)2, de modo que podemos usar o produto notável anterior para calcularmos (A – B)2. Podemos visualizar isso da seguinte forma: imagine que, agora, o quadrado tenha lado A e que estejamos em calcular a área de um quadrado de lado A - B dentro dele. Vejamos: (A + B)2 = A2 + 2A.B + B2 (A + B)2 = A2 + 2A.B + B2 FGVIDT Notamos que o quadrado de lado A tem área A2 e que ele é composto por: um quadrado de lado A − B (azul), cuja área é (A − B)2; outro quadrado de lado B (em azul também), cuja área é B2, e dois retângulos (em verde), cada um com lados A - B e área. A área de cada retângulo de lados A – B e B é (A – B).B. Como são dois retângulos, a área deles é 2(A – B).B. Desse modo, temos Agora, vamos ao terceiro e último produto notável desta seção: (A + B).(A – B). Multiplicando diretamente obtemos A2 = (A - B)2 + B2 + 2(A – B).B A2 = (A - B)2 + B2 + 2A.B – 2B2 A2 = (A - B)2 + 2A.B – B2 (A - B)2 = A2 - 2A.B + B2 (A = B).(A – B) = A2 – A.B + A.B - B2 = A2 - B2 0 FGVIDT Unidade 06 – FUNÇÕES NÃO POLINOMIAIS Nesta unidade, discutiremos algumas funções muito importantes que, no entanto, não são polinomiais. Em particular, estudaremos a função exponencial, ao qual aproveitaremos a oportunidade de apresentar essas funções para revisar as propriedades da potenciação – em particular, da radiciação –, inclusive. 6.1 – FUNÇÃO EXPONENCIAL Se multiplicamos um número x duas vezes, obtemos a função f(x) = x2. Se multiplicamos o número 2 x vezes, obtemos a função g(x) = 2x. As duas funções são muito diferentes. Observe: Para introduzir a função exponencial, vamos recordar a propriedade da potenciação. 6.2 – POTENCIAÇÃO A potenciação é a multiplicação de potências iguais. Observe: Quando escrevemos 23, o número 2 é chamado de base e o número 3 é chamado de expoente. f(3) = 32 = 3.3 = 9 g(3) = 23 = 2.2.2 = 8 25 = 2.2.2.2.2 = 32 52 = 5.5 = 25 43 = 4.4.4 = 64 34 = 3.3.3.3 = 81 FGVIDT 6.3 – MULTIPLICAÇÃO E DIVISÃO DE POTÊNCIAS DE MESMA BASE Calcular 23 significa multiplicar “dois” 3 vezes. Calcular 22 significa multiplicar “dois” 2 vezes. Desse modo, se calculamos 23 e multiplicamos por 22, no total, estaremos multiplicando “2” 5 vezes. Observe: Poderíamos ter usado a mesma lógica com quaisquer números. Genericamente, multiplicar bx_ por by é o mesmo que multiplicar b “x vezes” e, depois, mais “y vezes”, ou seja, é multiplicar b “x + y vezes”. Isso pode ser escrito, simbolicamente, da seguinte forma: Poderíamos ter aplicado a mesma lógica à divisão, bastando substituir o "+" por um “−”. Desse modo, Inclusive, cabe uma consideração especial a potenciações: qualquer número elevado a zero vale 1. Considere x=0, para qualquer b. Temos 6.4 – NÚMEROS ELEVADOS A EXPOENTES NEGATIVOS Se escrevemos 92, estamos dizendo que multiplicamos 9 duas vezes, obtendo 81. Nessa 23 . 22 = 2.2.2.2.2 = 25 3 + 2 bx . by = bx+y b x b y = bx-y b x b y = bx-y b 0 b 0 = b 0 =1 FGVIDT definição, não faz muito sentido falar em 9-1. Como podemos entender o que significa 9-1? Uma forma de entender o que significa 9-1 é perceber que -1 + 1 =0. Isso significa que No entanto, 9-1+1 = 9-1 . 91 = 9-1 . 9, de forma que Como −1 + 1 = 0 sempre, isso vale para qualquer número (exceto o zero): Logo, Isso vale para qualquer número exceto o zero (porque não faz sentido falar em 1/0). 6.5 – POTÊNCIAS DE POTÊNCIAS O que significa (23)4? Significa que calculamos 23 e multiplicamos, quatro vezes. Dessa forma, O número “dois” foi multiplicado, no total, 12 vezes. Agora, vamos considerar o caso geral, (bx)y.Ora, isso significa multiplicar bx “ y vezes”. Em cada vez, o número b é multiplicado x vezes. Com isso, o número b é multiplicado x.y vezes no total. Desse modo, 9-1+1 = 90 = 1 9 -1 = 1 9 b-1+1 = b0 = 1 b -1 = 1 b (23)4 = 23.23. 23.23 = 23+3+3+3 = 23.4 = 212 (bx)y= bx.y FGVIDT 6.6 – EXPOENTES FRACIONÁRIOS SÃO RAÍZES Se escrevemos 92, estamos dizendo que multiplicamos 9 duas vezes, obtendo 81. Nessa definição, não faz muito sentido falar em 91/2. Como podemos entender o que significa 91/2? Ora, nós sabemos que Ou seja, 91/2 é o número que, multiplicado por ele mesmo, dá 9. Esse número é, simplesmente, a raiz quadrada de 9. Desse modo, Poderíamos ter pensado em um caso mais complicado. Por exemplo, o que significa 161/4? Para resolver isso, podemos observar que Dessa forma, 161/4 é o número que, multiplicado por si mesmo 4 vezes, dá 16. Esse número se chama raiz quarta de 16 e é o número 2: Nesse sentido, para entender o que significa um número elevado a uma fração (por exemplo, b1/n), basta notar que 6.7 – CONVENÇÃO Na Matemática, as operações devem ser realizadas em uma determinada ordem. Desse modo, por exemplo, se temos 2 + 3.4, devemos primeiro fazer a multiplicação e, depois, a soma. Por isso, fazemos 3.4 = 12 e, depois, 12 + 2 = 14. Se quisermos não obedecer essa convenção e fazer a soma antes da multiplicação, 91/2 . 91/2 = 91/2 + 1/2 = 91 = 9 91/2 = √9=3 (161/4)4= 161=16 24 = 16 √16 4 =2 b1/n = √b n FGVIDT devemos colocar a somaentre parêntesis e escrever assim: Nesse caso, teremos 2 + 3 = 5 que, multiplicado por 4 dá 20. Na matemática, a ordem das operações é a seguinte: primeiro fazemos as potências e raízes; em seguida, fazemos as multiplicações e divisões; finalmente, fazemos as somas e subtrações. Para trocar a ordem, é preciso usar parêntesis. Uma consequência disso é que Quando vemos 2 4 3 , o “2” está elevado a “quatro ao cubo”. Ou seja, o “quatro” é multiplicado três vezes e o “dois” é elevado a esse resultado. Ora, 43 =64. Desse modo, 24 3 é 264 que é um número bem grande! Quando vemos (2 4) 3 , os parêntesis nos dizem para primeiro calcular o “dois à quarta” e, depois, elevar ao cubo. Isso dá “dois à quarta” multiplicado três vezes ou, como já sabemos, 212. Desse modo, é preciso estar atento para não confundir: 6.8 – MULTIPLICAÇÃO E DIVISÃO DE POTÊNCIAS DE MESMO EXPOENTE Já vimos que, quando multiplicamos potencias de mesma base, basta repetir a base e somar o expoente: O que acontece se as bases são diferentes mas os expoentes são iguais? Ou seja, quanto seria (2 + 3).4 2 4 3 ≠(2 4) 3 b xy ≠ (b x) y bx . by = bx+y ax . bx = ? FGVIDT Vamos tomar como exemplo o caso 23 . 53. Tanto o 2 quanto o 5 estão sendo multiplicados 3 vezes, isto é Como o 2 e o 5 aparecem o mesmo número de vezes, podemos colocá-los juntos: Aliás, esse é um belo exemplo das vantagens de uma propriedade. Calcular 2.5 = 10 e, depois, 103 = 1000 é muito mais fácil do que calcular 23 = 8, depois 53 = 125 e, depois, multiplicar 8.125 = 1000! Essa agrupamento que fizemos, juntando os “2” e os “5”, poderia ter sido feito com quaisquer números. Desse modo, ao calcularmos ax.bx, temos o mesmo número x de parcelas a e b. Juntando cada a com cada b, ficamos com o produto a.b se multiplicando x vezes. Isso dá simplesmente (a.b)x. Dessa forma, 6.9 – RESUMO DE PROPRIEDADES Na discussão anterior, chegamos às seguintes propriedades: 23 . 53 = 2.2.2.5.5.5 3 3 23 . 53 = (2.5).(2.5).(2.5) = (2.5)3 ax . bx = (a.b)x bx . by = bx+y b x b y = bx-y (bx)y= bx.y ax . bx = (a.b)x b0=1 b -1 = 1 b b1/n = √b 1n =√b FGVIDT 6.10 – FUNÇÃO EXPONENCIAL (PARTE 2) Uma função exponencial é uma função do tipo Com b > 0 e b ≠ 1. O gráfico dessa função é uma curva que cresce (se b > 1) ou diminui (se b 1. Nesse caso, a curva é crescente, isso é, quanto maior for o valor de x, maior será o valor de f(x). A seguir, mostramos o caso b 0 e, descrecente, quando 0