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Pedro Lucas Cariri Moura – 3º Período FMIT – Faculdade de Medicina de Itajubá, 2020/2 Semana 3 – 04/09/2020 Habilidades e Atitudes Médicas III – HAM III. Exame Físico Geral O local adequado para o exame físico têm as se- guintes características: Local adequado; Iluminação correta; Posição do paciente; A parte a ser examinada deve ser descoberta, sempre respeitando o pudor do paciente. O exame físico e a anamnese estão altamente rela- cionados. SEMIOTÉCNICA Posições de decúbito, sentado, de pé e andando. Estado Geral É um critério subjetivo, avaliado pelo médico, clas- sificado em: Bom Estado Geral; Regular Estado Geral; Mau Estado Geral. Nível de Consciência Vigília – percepção consciente do mundo exte- rior e de si mesmo. Atividade de diversas áreas cerebrais coordenadas pelo sistema reticular ativador ascendente; Obnubilação – consciência comprometida de modo pouco intenso, mas com estado de alerta comprometido; Sonolência – o paciente é facilmente desper- tado, responde mais ou menos apropriada- mente e volta logo a dormir; Confusão Mental – perda de atenção, pensa- mento não é claro, respostas lentas, sem per- cepção temporoespacial, podendo surgir alu- cinações, ilusão, agitação; Torpor – alteração mais pronunciada, mas o pa- ciente ainda consegue ser despertado com for- tes estímulos, realizar movimentos espontâneos e não abrir os olhos; Coma – se não há despertar, mesmo com fortes estímulos, com ausência de movimentos espon- tâneos. ESCALA DE COMA DE GLASGOW Atualmente, usa-se a escalada de coma de Glas- gow (EG) para se avaliar alterações do nível de consciência. .Consiste na análise de três parâmetros: Abertura ocular; Reação motora; Resposta verbal. Ela é avaliada a partir de vários estímulos, desde a atividade espontânea e estímulos verbais até estí- mulos dolorosos. Fala e Linguagem Disfonia ou afonia – alteração do timbre da voz causada por algum problema no órgão fona- dor. A voz pode tornar-se rouca, fanhosa ou bi- tonal. Dislalia – é o termo que se usa para designar alterações menores da fala, comuns em crian- ças, como a troca de letras (“tasa” por “casa”). Disartria – decorre de alterações nos músculos da fonação, incoordenação cerebral (voz ar- rastada, escandida), hipertonia no parkinso- nismo (voz baixa, monótona e lenta) ou perda do controle piramidal (paralisia pseudobulbar). Disfasia – perturbação na elaboração cortical da fala. Há diversos graus de disfasia. A disfasia pode ser de recepção ou sensorial (o paciente não entende o que se diz a ele), ou de expres- são ou motora (o paciente entende, mas não consegue se expressar), ou ainda do tipo misto, que é o mais frequente. Outros distúrbios – o retardo do desenvolvi- mento da fala na criança, que pode indicar al- guma anormalidade neurológica. Disgrafia (perda da capacidade de escrever) e a disle- xia (perda da capacidade de ler). Estado de Hidratação Os parâmetros avaliados são: Alteração abrupta do peso; Alterações da pele quanto à umidade, à elas- ticidade e ao turgor; Alterações das mucosas quanto à umidade (lín- gua); Alterações oculares; Estado Geral; Fontanelas (no caso de crianças). OBSERVA-SE Sede, diminuição abrupta do peso, pele seca, com elasticidade e turgor diminuídos, mucosas secas, olhos afundados (enoftalmia) e hipotôni- cos, estado geral comprometido, excitação psí- quica ou abatimento, oligúria, fontanelas depri- midas no caso de crianças. Avaliação Antropométrica ALTURA No idoso, observa-se diminuição na altura com o passar dos anos devido ao encurtamento da co- luna vertebral, em virtude da redução dos corpos vertebrais e dos discos intervertebrais. Além disso, há aumento da curvatura e/ou osteoporose. PESO É a soma de todos os componentes da composição corporal – água e tecidos adiposo, muscular e ós- seo. Utilizado como marcador indireto da massa proteica e reserva de energia. O paciente deve ser pesado descalço, com a me- nor quantidade de roupa possível, posicionado no centro da balança com os braços ao longo do corpo. A leitura do peso é realizada com o avaliador à frente da balança e à esquerda do paciente. ÍNDICE DE MASSA CORPORAL (IMC) Indicador do estado nutricional; Baixo custo; Circunferência da Cintura (CC); Circunferência abdominal (CA). AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL IMC; Protocolos com adipômetro; Bioimpedância tetrapolar; Densitometria corporal total. Imagem 1. Sinais e sintomas da desidratação. Fonte: PORTO, Celmo Celeno; PORTO, Arnaldo Lemos. Exame clínico: Porto & Porto. 8. ed. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2017. Desenvolvimento Físico Os elementos básicos dessa avaliação é o sexo e a idade do paciente. Primeiramente, compara-se a altura encontrada com as medidas constantes das tabelas de valores normais. Para avaliação da estrutura somática, não se dis- põe de tabelas. É feita pela inspeção global, acrescida de informações a respeito do desenvol- vimento osteomuscular. Desenvolvimento normal; Hiperdesenvolvimento (gigantismo); Hipodesenvolvimento (nanismo); Hábito grácil (constituição corporal frágil e del- gada, caracterizada por ossatura fina, muscu- latura pouco desenvolvida, juntamente com uma altura e um peso abaixo dos níveis normais. É uma condição constitucional, sem significado patológico.; Infantilismo – persistência anormal das caracte- rísticas infantis na idade adulta. GIGANTISMO ACROMEGÁLICO Decorre de hiperfunção do lóbulo anterior da hipó- fise. Além da estatura elevada, a cabeça é maior, as arcadas supraorbitários, os malares e o mento são proeminentes. Nariz aumentado de tamanho, pele grossa, mãos e pés enormes completam o qua- dro. GIGANTISMO INFANTIL Caracteriza-se por apresentar extremidades inferio- res muito longas, lembrando o aspecto dos eunucos. Dependem da hiperfunção da hipófise anterior que tenha começado antes da soldadura das epífises. Persistindo o hiperfuncionamento da hipófise depois da união epifisária, instala-se a acromegalia. NANISMO ACONDROPLÁSICO Chama a atenção a nítida desigualdade entre o tamanho da cabeça e do tronco e o comprimento dos membros. A cabeça e o tronco tem dimensões aproximadas às do adulto normal, enquanto as pernas são curtas e arqueadas. A musculatura é bem desenvolvida e os órgãos ge- nitais são normais. CRETINISMO O nanismo por hipofunção congênita da glândula tireoide caracteriza-se pela falta de desenvolvi- mento de todos os segmentos do corpo – cabeça, tronco e membros. Conservam-se as proporções da criança, na qual a cabeça é relativamente grande. Salienta-se o ven- tre volumoso, os lábios e as pálpebras são grossos, o nariz é chato e a pele é grossa e seca. Os cretinos são sempre de baixo nível mental e, ge- ralmente, chegam à idiotia. NANISMO DO RAQUITISMO Depende fundamentalmente de mau desenvolvi- mento e deformidades da coluna e dos ossos lon- gos, destacando-se a escoliose e o encurvamento dos ossos das pernas. Observam-se ainda tórax cariniforme, rosário raquí- tico e outras anormalidades. Fácies É resultado dos traços anatômicos mais a expressão fisionômica. Está ligado aos elementos estéticos, mas, principalmente, da expressão do olhar, dos mo- vimentos das asas do nariz e a posição da boca. FÁCIES NORMAL OU ATÍPICA Comporta muitas variações, facilmente reconhecida por todos. FÁCIE HIPOCRÁTICA Olhos fundos, parados e inexpressivos; Nariz afila-se, batimentos das asas do nariz são comuns; Lábios adelgaçados; Rosto coberto de suor; Palidez cutânea; Discreta cianose labial. Essa fácies indica doença grave e quase nunca falta nos estados agônicos das afecções que evo- luem de modo mais ou menos lento. FÁCIES RENAL Edema ao redor dos olhos; Palidez cutânea. Observada nas doenças dos rins, particularmente na síndromenefróticas e nas glomerulonefrites. FÁCIES LEONINA As alterações que a compõem são produzidas pe- las lesões do mal de Hansen. Pele espessa, com grande número de lepromas, em maior número na fronte; Queda dos supercílios; Espessamento e alargamento do nariz; Lábios grossos e proeminentes; Bochechas e o mento se deformam – em conse- quência dos nódulos; Barba escasseia ou desaparece. Esse conjunto de características conferem ao rosto do paciente um aspecto de “cara de leão”. FÁCIES ADENOIDIANA Nariz pequeno e afilado; Boca sempre entreaberta. Aparece nos indivíduos portadores de hipertrofia das adenoides, as quais dificultam a respiração pelo nariz ao obstruírem os orifícios posteriores das fossas nasais. FÁCEIS PARKINSONIANA, CÉREA OU EM MÁS- CARA Inexpressiva, por conta da rigidez facial. É observada na síndrome ou doença de Parkinson. FÁCIES BASEDOWIANA Olhos salientes (exoftalmia) e brilhantes, em des- taque em um rosto magro; Expressão fisionômica indica vivacidade, mas com um aspecto de espanto, ansiedade; Presença de um bócio. Frequente no hipertireoidismo. FÁCIES MIXEDEMATOSA Rosto arredondado; Nariz e lábios grossos; Pele espessa e seca, sulcos acentuados; Expressão de desânimo, apatia e estupidez. Frequente no hipotireoidismo ou mixedema. FÁCIES ACROMEGÁLICA Saliência das arcadas supraorbitárias; Proeminência das maçãs do rosto; Maior desenvolvimento do maxilar inferior; Aumento do tamanho do nariz, lábios e orelhas; Olhos parecem pequenos. FÁCIES CUSHINGOIDE OU DE LUA CHEIA Arredondamento do rosto; Atenuação dos traços faciais; Aparecimento secundário de acne. Esse tipo de fáceis é observado nos casos de sín- drome de Cushing, por hiperfunção do córtex da suprarrenal. Pode ocorrer em pacientes com uso prolongado de corticoides. FÁCIES MONGOLOIDE Prega cutânea (epicanto), que torna os olhos oblíquos – bem distantes um do outro; Rosto redondo; Boca quase sempre entreaberta; Expressão fisionômica de pouca inteligência ou de completa idiotia. É observada no mongolismo ou trissomia do par 21 ou síndrome de Down, que é tradução de um efeito genético. FÁCIES DE DEPRESSÃO Inexpressividade do rosto; Expressão cabisbaixa; Olhos com pouco brilho e fixos em ponto dis- tante, com olhar direcionado para o chão; Sulco nasolabial acentuado; Canto da boca se rebaixa; Conjunto fisionômico denota indiferença, tris- teza e sofrimento emocional. Observado na síndrome de depressão. FÁCIES PSEUDOBULBAR Crises de choro ou riso involuntária, mas consis- tente, na tentativa de contê-las, o paciente gera um aspecto espasmódico. Aparece geral- mente na paralisia pseudobulbar. FÁCEIS DA PARALISIA FACIL PERIFÉRICA Assimetria da face; Impossibilidade de fechar as pálpebras; Repuxamento da boca para o lado; Apagamento do sulco nasolabial. FÁCIES MIASTÊNICA OU DE HUTCHINSON Ptose palpebral bilateral, obrigando o paciente a franzir a testa e levantar a cabeça. Ocorre na miastenia gravis e em outras miopatias que comprometem os músculos da pálpebra supe- rior. FÁCIES DO DEFICIENTE MENTAL Traços faciais apagados e grosseiros; Boca constantemente entreaberta, às vezes com salivação; Hipertelorismo e estrabismo; Olho desprovido de objetividade; Olhos se movimentam sem se fixarem em nada; Sempre com um meio sorriso, sem motivação, que se acentua em resposta a qualquer solicitação; Voz grave, que acompanha falar de meias-pa- lavras, algumas vezes substituídos por um simples ronronar. FÁCIES ETÍLICA Olhos avermelhados; Ruborização da face; Hálito etílico; Voz pastosa; Sorriso meio indefinido. FÁCEIES ESCLERODÉRMICA Quase completa imobilidade facial; Pele apergaminhada, endurecida e aderente aos planos profundos; Repuxamento dos lábios; Afinamento do nariz; Imobilização das pálpebras; Fisionomia inexpressiva, parada, imutável. Geralmente chamada fácies de múmia. Atitudes Voluntárias Atitude é a posição adotada pelo paciente no leito ou fora dele, por comodidade, hábito ou com o objetivo de conseguir alívio para algum padeci- mento. Podem ser voluntárias ou involuntárias; O valor diagnóstico é aplicado as atitudes in- voluntárias e as atitudes voluntárias de alívio. ATITUDE ORTOPNEIA O paciente adota essa posição para aliviar a falta de ar decorrente de insuficiência cardíaca, asma brônquica e ascite volumosa. Sentado à beira do leito; Pés no chão ou em uma banqueta; Mãos apoiadas no colchão. Essa atitude tem o objetivo de melhorar um pouco a respiração, que se faz com dificuldade. ATITUDE GENUPEITORAL Também conhecida como prece maometana. Posiciona-se de joelho com tronco fletido sobre as coxas; Face anterior do tórax (peito) põe-se em con- tato com o solo ou o colchão; O rosto descansa sobre as mãos, também apoi- adas no solo ou colchão. Essa posição facilita o enchimento do coração nos casos de derrame pericárdico. ATITUDE DE CÓCORAS Essa posição é observada em crianças com cardi- opatia congênita cianótica. Os pacientes descobrem instintivamente, que ela proporciona algum alívio da hipóxia generalizada, que acompanha essas cardiopatias, em decorrên- cia da diminuição do retorno venoso para o cora- ção. ATITUDE PARKINSONIANA O paciente com doença de Parkinson, ao se pôr de pé, apresenta semiflexão da cabeça, tronco e mem- bros inferiores e, ao caminhar, parece estar cor- rendo atrás do seu próprio eixo de gravidade. Atitudes Involuntárias Independem da vontade do paciente. ATITUDE PASSIVA Quando o paciente fica na posição em que é co- locado no leito, sem que haja contratura muscular. Observada em pacientes inconscientes ou comato- sos. ORTÓTONO Atitude em que todo o tronco e os membros estão rígidos, sem se curvarem para diante, para trás ou para um dos lados. OPISTÓTONO Atitude decorrente da contratura da musculatura lombar, sendo observada nos casos de tétano e meningite. O corpo passa a se apoiar na cabeça e nos cal- canhares, emborcando-se como um arco. EMPROSTÓTONO Observada no tétano, na meningite e na raiva, é o contrário do opistótono, ou seja, o corpo do paci- ente forma uma concavidade voltada para diante. PLEUROSTÓTONO É de observação rara no tétano, na meningite e na raiva. O corpo se curva lateralmente. POSIÇÃO EM GATILHO Encontrada na irritação meníngea e mais comum em crianças. Hiperextensão da cabeça; Flexão das pernas sobre as coxas; Encurvamento do tronco com concavidade para adiante. Torcicolo e mão pêndula da paralisia radial. São atitudes involuntárias relacionadas a determinados segmentos do corpo. Decúbito no Leito DECÚBITO LATERAL Dor de origem pleurítica. Por meio dela, o paciente reduz a movimentação dos folhetos pleurais do lado sobre o qual repousa. Ele se deita sobre o lado da dor. DECÚBITO DORSAL Com pernas fletidas sobre as coxas e estas sobre a bacia, é observado nos processos inflamatórios pel- viperitoneais. DECÚBITO VENTRAL É comum nos portadores da cólica intestinal. O pa- ciente deita-se de bruços e, às vezes, coloca um travesseiro debaixo do ventre. Exame das Mucosas Mucosas conjuntivais (olhos), mucosas lábiobucal, lingual e gengival. Coloração; Umidade; Presença de lesões. COLORAÇÃO A coloração normal é róseo-avermelhada (mucosas normocoradas). Descoramento das mucosas (mucosas descoradas ou palidez das mucosas) – procura-se fazer também uma avaliação quantitativa usando-se a escala de um a quatro cruzes. Mucosas hipercoradas – traduzem aumento das he- mácias naquela área, como ocorre nas inflamações (conjuntivites, glossites, gengivites) e nas policitemia. Cianose – coloração azulada das mucosas. Icterícia – mucosas tornam-se amarelas ou amarelo- esverdeadas. Os locais mais adequados para investigação são: Mucosa conjuntival;Mucosa esclerótica; Freio da língua. As icterícias mais leves são perceptíveis somente nessas regiões, nas pessoas negras, a esclerótica costuma apresentar uma coloração amarelada, que não deve ser confundida com icterícia. UMIDADE Em condições normais a mucosa lingual e a bucal são úmidas, traduzindo um bom estado de hidrata- ção. As classificações são umidade normal ou mucosas secas. As mucosas secas perdem o brilho, os lábios e a língua ficam pardacentos e todas essas mucosas adquirem aspecto ressequido. Musculatura A sua avaliação é baseada na inspeção e a pal- pação. Troficidade – corresponde à massa do próprio músculo. Tonicidade – é o estado da semicontração pró- pria do músculo normal. TROFICIDADE Musculatura normal; Musculatura hipertrófica – aumento da massa muscular; Musculatura hipotrófica – diminuição da massa muscular. TONACIDADE Hipertonacidade, espasticidade, musculatura espástica ou rigidez: nota-se um estado de contração ou semicontração do músculo, mesmo em repouso, evidenciado pelo relevo muscular e aumento da consistência à palpa- ção. Hipotonacidade ou flacidez – significa que o tônus está diminuído ou ausente, com perda do contorno da massa muscular e diminuição da consistência. Movimentos Involuntários TREMORES Movimentos alternantes, mais ou menos rápidos e re- gulares, de pequena ou média amplitude, que afe- tam principalmente as partes distais dos membros. Extensão das mãos com as palmas voltadas para baixo e com os dedos separados. Ordena-se que o paciente leve um copo, com uma das mãos, da mesa à boca ou tocar o próprio nariz com a ponta do indicador. Tremores de repouso e os de ação. CLASSIFICAÇÃO DOS TREMORES Tremor de repouso; Tremor de atitude ou postural; Tremor discinético ou intencional; Tremor vibratório – é fino e rápido, como se fosse uma vibração. Pode surgir no hipertireoidismo, no alcoolismo e na neurossífilis, mas a grande maioria é de origem emocional. TREMOR DE REPOUSO Surge durante o repouso e desaparece com os mo- vimentos e o sono; é um tremor oscilatório, mais evi- dente nas mãos, simulando o gesto de “enrolar ci- garro”. Ocorre no parkinsonismo. TREMOR DE ATITUDE OU POSTURAL Surgem quando o membro é colocado em uma de- terminada posição, não sendo muito evidente no repouso ou no movimento. Ocorre no pré-coma hepático, quando é desig- nado flapping ou Asterix e na doença de Wilson. Contudo, o tremor de atitude mais frequente é o tremor familiar, que é regular, não muito grosseiro, acentuado pelas emoções. TREMOR DISCINÉTICO OU INTENCIONAL Surge ou se agrava quando um movimento é exe- cutado. Aparece nas doenças cerebelares. HEMIBALISMO São movimentos abruptos, violentos, de grande am- plitude, rápidos e geralmente limitados a uma me- tade do corpo. São extremamente raros e decorrem de lesões extrapiramidais. MIOCLONIAS Movimentos involuntários breves, rítmicos ou arrítmi- cos, localizados ou difusos, que acometem um mús- culo ou um grupo muscular. Geralmente são relatados como “abalos”, “choques”, “Sacudidas” e “trancos”. Podem ser de origem cen- tral, espinal e periférica. Devem-se a descargas de neurônios subcorticais e podem ocorrer em diversas situações patológicas. MIOQUINIAS Contrações fibrilares de tipo ondulatório que sur- gem músculos íntegros, principalmente no orbicular das pálpebras, quadríceps e gêmeos “tremor na carne”. Não apresentam significado patológico. Sur- gindo em pessoas normais, talvez com maior fre- quência nos pacientes neuróticos e em pessoas fadigadas. FASCIULAÇÕES São contrações breves, arrítmicas e limitadas a um feixe muscular. Não devem ser confundidas com as mioquinias. Tiques Movimentos involuntários que aparecem em deter- minado grupo muscular, repetindo-se sucessiva- mente. MOTORES Simples – envolvem grupos musculares isolados, resultando em piscamento, abertura da boca, balanceio da cabeça e pescoço para os la- dos e para trás, elevação dos ombros ou fe- chamento dos punhos. Complexos – caracterizam-se por padrões ela- borados de movimento (contrações faciais bi- zarras, desvios oculares, dar pequenos pulos durante a marcha, tocar ou cheirar objetos, gesticulação obscena). A síndrome de Tourette é um transtorno neuropsiqui- átrico caracterizado por tiques complexos (pelo menos um tique vocal). VOCAIS Simples – incluem-se ato de limpar a garganta, grunhidos, estalos com lábios ou língua. Complexos – abrangem palavras ou fragmentos de palavras, frases curtas, elementos musicais, repetição da última palavra ouvida do interlo- cutor ou repetição da última palavra emitida pelo próprio paciente. Movimentos coreicos Movimentos involuntários, amplos, desordenados, de ocorrência inesperada e arrítmicos, multiformes e sem finalidade. Localizam-se na face, nos membros su- periores e inferiores. COREIA DE SYDENHAM Também denominada coreia infantil ou dança de São Guido, tem etiologia infecciosa e relaciona-se estreitamente com a moléstia reumática. COREIA DE HUNTINGTON Distúrbio neurológico hereditário raro que se carac- teriza por movimentos corporais anormais e incoor- denação, também afetando habilidades mentais e aspectos de personalidade. Movimentos atetósicos Movimentos involuntários que ocorrem nas extremi- dades e apresentam características muito próprias: são lentos, estereotipados, lembrando movimentos reptiformes ou os movimentos dos tentáculos do polvo. Podendo ser uni ou bilaterais. Determinam a atetose as lesões dos núcleos da base. Frequentemente, ocorrem como sequela de im- pregnação cerebral por hiperbilirrubinemia do re- cém-nascido (kernicterus). Pseudoatetose – movimentos descoordenados, lentos e de grande amplitude, nas mãos, nos pés, na face. São relacionados à lesão do corpo estriado. Convulsões Movimentos musculares súbitos e descoordenados, involuntários, paroxísticos, que ocorrem de maneira generalizada ou apenas em segmentos do corpo. Tônicas – são mantidas por longo tempo e imo- bilizam as articulações; Clônicas – rítmicas, alternando-se contrações e relaxamentos musculares em ritmo mais ou menos rápido. Tônico-clônicas – soma as características de ambas. Tetania É uma forma particular de movimentos involuntários e caracteriza-se por crises exclusivamente tônicas quase sempre localizadas nas mãos e pés, por isso denominados “espasmos carpopodais”. É espontânea, mas pode ser provocada com a compressão do braço com o manguito do esfigmo- manômetro. A compressão adequada corresponde a um nível pressórico intermediário entre a pressão máxima e a mínima durante 10 min. É chamado de mão de parteiro e o fenômeno em sua totalidade recebe a designação de sinal de Trousseau. Causas principais – Hipocalcemias e na alca- lose respiratória por hiperventilação. Discinesias São alterações dos movimentos voluntários que po- dem adquirir a forma coreiforme, atetoide ou movi- mentos rítmicos em determinadas regiões corporais que diminuem com os movimentos voluntários da parte afetada. As discinesias tardias relacionam-se ao uso crônico de antipsicóticos. Bradicinesia refere-se à lentidão de movimentos apresentada pelos pacientes com doença de Parkinson, que pode ser detectada de diferen- tes maneiras. DISCINESIAS OROFACIAIS São movimentos rítmicos, repetitivos e bizarros, que comprometem principalmente a face, a boca, a mandíbula e a língua, sendo expressos sob a forma de caretas, franzir dos lábios, protusão da língua, abertura e fechamento da boca e desvios da man- díbula. Ocorrem em psicoses de longa evolução, uso pro- longado de fenotiazinas e em pessoas idosas, em geral desdentadas. Distonias São contrações musculares mantidas que levam a posturas anormais e movimentos repetitivos, quase sempre acompanhados de dor. Enfisema subcutâneo É a presença de bolhas de ar debaixo da pele.A técnica para reconhece-lo é a palpação, desli- zando-se a mão sobre a região suspeita. A pre- sença de bolhas de ar proporcionará ao examina- dor uma sensação de crepitação muito caracterís- tica. O ar pode ser procedente do tórax, em decorrên- cia de um pneumotórax, ou ter origem em processo local por ação de bactérias produtoras de gás, isso é o que ocorre nas gangrenas gasosas. Circulação colateral Desenho venoso – topografia normal, simétrica, não é intensa, as verias não são sinuosas. Localização – tórax, abdome, raiz dos membros superiores, segmento cefálico. Direção do fluxo sanguíneo – abdome-tórax, ombro-tórax, pelve-abdome. Presença de frêmito e/ou sopro – recanalização de veia umbilical – síndrome de Cruveillier-Baum- garten. Edema É o excesso de líquido acumulado no espaço in- tersticial ou no interior das próprias células (edema intracelular). Pode ocorrer em qualquer sítio do organismo, mas, do ponto de vista semiológico, interessa-nos ape- nas o edema cutâneo, ou seja, a infiltração de lí- quido no espaço intersticial dos tecidos que cons- tituem a pele e o tecido celular subcutâneo. A sua investigação semiológica tem início na anam- nese, quando se indaga sobre: Tempo de duração; Localização; Evolução. No exame físico, completa-se a análise, investi- gando-se os seguintes parâmetros: LOCALIZAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO Localizado ou generalizado; Pré-tibial, sacral e palpebral. INTENSIDADE Para determinar a intensidade do edema, emprega- se a seguinte técnica: com a polpa digital do po- legar ou do indicador, faz-se uma compressão, firme e sustentada, de encontra a uma estrutura rígida subjacente à área em exame, seja a tíbia, o sacro ou os ossos da face. A profundidade da fóvea é graduada em cru- zes. CONSISTÊNCIA É avaliada com a mesma manobra que verifica a intensidade. A consistência é definida como o grau de resistência encontrado ao se comprimir a região edemaciada. Edema mole – é facilmente depressível. Obser- vado em diferentes condições, significa apenas a retenção hídrica de duração não muito longa, tecido celular subcutâneo infiltrado de água. Edema duro – maior resistência para obter a formação da fóvea. Traduz a existência de pro- liferação fibroblástica que ocorre nos edemas de longa duração ou que se acompanharam de repetidos surtos inflamatórios. ELASTICIDADE Ao avaliar intensidade e a consistência, verifica-se, também, a elasticidade. É a sensação percebida pelo dedo que comprime, mas principalmente ob- servando-se a volta da pele à posição primitiva, quando se termina a compressão. São encontrados dois tipos: Edema elástico – a pele retorna imediatamente a sua situação normal, ou seja, a fóvea perdura pouquíssimo tempo. O edema elástico é típico dos edemas inflamatórios. Edema inelástico – é aquele cuja pele compri- mida demora a voltar à posição primitiva, ou seja, a depressão persiste por certo tempo. TEMPERATURA DA PELE CIRCUNJACENTE Usa-se o dorso dos dedos ou as costas das mãos, comparando-se com a pele da vizinhança e da re- gião homóloga. Há três possibilidades: Pele de temperatura normal – frequentemente a temperatura na região edemaciada não se altera, o que é desprovido de qualquer signifi- cado especial. Pele quente – significa edema inflamatório. Pele fria – traduz comprometimento da irrigação sanguínea daquela área. SENSIBILIDADE DA PELE CIRCUNJACENTE Para apreciação da sensibilidade, aproveita-se uma vez mais a manobra inicialmente descrita – di- gitopressão da área que está sendo investigada. Doloroso – é o edema cuja pressão desperta dor, é um edema inflamatório; Indolor – quando tal não ocorre. OUTRAS ALTERAÇÕES DA PELE ADJACNETE Mudança de coloração – palidez, cianose, verme- lhidão. Deve-se observar, ainda, a textura e a espes- sura da pele: pele lisa e brilhante, acompanha o edema recente e intenso. Pele espessa é vista nos pacientes com edema de longa duração; pele enrugada aparece quando o edema está sendo eliminado. EDEMA LOCALIZADO Está correlacionado com: Varizes; Flebites e trombose venosa; Processos inflamatórios; Afecções dos linfáticos; Postura. EDEMA GENERALIZADO Está correlacionado com: Síndrome nefrótica; Gravidez; Cirrose; Medicamentoso; Desnutrição; Alérgico. Temperatura corporal A temperatura do interior do corpo permanece quase constante, mesmo quando o indivíduo fica exposto a extremos de frio ou de calor. Diferente da temperatura externa, que está sujeita a variações das condições ambientais. Sofre pequenas variações (0,6 ºC) ao longo do dia, com valores mais baixos pela manhã e mais altos no final do dia, de pessoa a pessoa e em uma mesma pessoa em diferentes regiões do corpo. VALORES NORMAIS PARA A TEMPERATURA CORPORAL Temperatura axilar – 35,5 a 37ºC, em média de 36 a 36,5ºC; Temperatura bucal – 36 a 37,4ºC; Temperatura retal – 36 a 37,5ºC (0,5ºC maior que a axilar). Postura na posição de pé Deve-se observar a atitude ou posição do paciente não apenas no leito, mas também quando ele está de pé. Uma postura defeituosa pode ser consequência de mau costume ou de afecção da coluna vertebral. Entre as queixas mais comuns na prática médica es- tão a dorsalgia e a lombalgia, que, em muitos casos advêm de má postura. BOA POSTURA Cabeça ereta ou ligeiramente inclinada para diante; Peito erguido, fazendo adiantar ao máximo essa parte do corpo; Abdome inferior achatado ou levemente retra- ído; Curvas posteriores nos limites normais. POSTURA SOFRÍVEL Cabeça levemente inclinada para diante; Peito achatado; Abdome protruso, passando a ser a parte mais saliente do corpo; Curvas posteriores exageradas. MÁ POSTURA Cabeça acentuadamente inclinada diante; Peito deprimido; Abdome saliente e relaxado; Curvas posteriores extremamente exageradas. INSTABILIDADE POSTURAL O equilíbrio postural é a capacidade do ser hu- mano de manter-se ereto e executar movimentos do corpo sem apresentar oscilações ou quedas. Pull test ou teste de retropulsão – o examinador se posiciona por trás do paciente e puxa os ombros dele em sua direção. Caso o paciente dê mais de dois passos ou apresente perda dos reflexos posturais, o resultado do teste será con- siderado positivo. Biótipo ou Tipo Morfológico BREVILÍNEO Pescoço curto e grosso; Tórax alargado e volumoso; Membros curtos em relação ao tronco; Ângulo de Charpy (costal) maior que 90º; Musculatura desenvolvida e panículo adiposo e espesso; Pendência para baixa estatura. MEDIOLÍNEO Equilíbrio entre os membros e o tronco; Desenvolvimento harmônico da musculatura e do panículo adiposo; Ângulo de Charpy (costal) em torno de 90º. LONGILÍNEO Pescoço longo e delgado; Tórax afilado e chato; Membros alongados com franco predomínio so- bre o tronco; Ângulo de Charpy (costal) menor que 90º; Musculatura delgada e panículo adiposo pouco desenvolvido; Tendência para estatura elevada. Marcha O modo de andar do paciente poderá ser de grande utilidade diagnóstica, especialmente nas afecções neurológicas. Analisada solicitando-se ao paciente que caminhe certa distância (acima de 5m), descalço, de prefe- rência com calção, com olhos abertos e fechados, indo e voltando soba a observação do examina- dor. A marcha normal pode sofrer variações em relação a particularidades individuais (“cada pessoa tem seu jeito característico de andar”), ou em razão de transtornos do aparelho locomotor. MARCHA HELICÓPODE, CEIFANTE OU HEMI- PLÉGICA Ao andar, o paciente mantém o membro superior fletido em 90º no cotovelo e em adução e a mão fechada em leve pronação. O membro inferior do mesmo lado é espástico e o joelho não flexiona. A penas se arrasta pelo chão, descrevendo um se- micírculo quando o paciente troca o passo. MARCHA ANSERINA Para caminhar, o pacienteacentua a lordose lom- bar e inclina o tronco para a direita ou para a esquerda, lembrando o andar de um pato. MARCHA PARKINSONIANA O paciente anda como um bloco, enrijecido, sem movimento dos braços. MARCHA CLAUDICANTE Ao caminhar, o paciente “manca” para um dos la- dos. REFERÊNCIAS 1. PORTO, Celmo Celeno; PORTO, Arnaldo Lemos. Exame clínico: Porto & Porto. 8. ed. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2017