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PSICOLOGIA ESCOLARPSICOLOGIA ESCOLAR
Psicologia Escolar
Fernanda de Castro LibanoreFernanda de Castro Libanore
GRUPO SER EDUCACIONAL
gente criando o futuro
A psicologia escolar é uma área da Psicologia que converge com a da Educação. Assim, 
ela engloba as fases de desenvolvimento e as modalidades de ensino-aprendizagem. 
O pro� ssional de Psicologia inserido no ambiente escolar exerce função fundamental 
nas mudanças do ambiente e na sua prevenção. Nesse sentido, a escola, um local rico 
de vivências e experiências, não poderia � car de fora dos estudos dessa área.
Pense em sua vida estudantil, pode ser mais recentemente ou há bastante tempo, e 
lembre-se de seu professor ou sua professora favorita. O que esse educador tem de di-
ferente dos outros? Se tivesse encontrado outros pro� ssionais assim em seu percurso, 
será que algo teria mudado em sua vida acadêmica? Agora, lembre-se de um por quem 
não tinha muita afeição e imagine uma escola com educadores apenas desse jeito. Você 
acha que os alunos desse ambiente conseguiriam ter plena aprendizagem?
Diante dessa perspectiva, esta disciplina visa trazer re� exões para a sua formação, 
mostrando a importância do olhar psicológico para a educação.
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© Ser Educacional 2021
Rua Treze de Maio, nº 254, Santo Amaro 
Recife-PE – CEP 50100-160
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Diretoria Executiva de Ensino
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Joaldo Diniz
Enzo Moreira
Fernanda de Castro Libanore
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DADOS DO FORNECEDOR
Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design Instrucional, 
Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão.
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ASSISTA
Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações comple-
mentares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado.
CITANDO
Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa 
relevante para o estudo do conteúdo abordado.
CONTEXTUALIZANDO
Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato;
demonstra-se a situação histórica do assunto.
CURIOSIDADE
Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto 
tratado.
DICA
Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma 
informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado.
EXEMPLIFICANDO
Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto.
EXPLICANDO
Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da 
área de conhecimento trabalhada.
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Unidade 1 - Educação e psicologia
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 12
Relação entre escola, educação, sociedade e psicologia .......................................... 13
Indivíduo e sociedade ..................................................................................................... 15
Psicologia e sociedade .................................................................................................. 16
Escola e função social .................................................................................................... 16
História e evolução da escola ........................................................................................... 19
Abordagens de aprendizagem ...................................................................................... 21
Educação bancária e educação libertadora .............................................................. 25
Psicologia da educação e suas contribuições .............................................................. 26
Contribuições ................................................................................................................... 29
Psicólogo na instituição escolar ...................................................................................... 30
Relação aluno e escola .................................................................................................. 31
Relação aluno e professor ............................................................................................. 32
Relação com a equipe .................................................................................................... 33
Relação com a comunidade .......................................................................................... 33
Psicólogo clínico e escola ............................................................................................. 34
Psicólogo consultor externo .......................................................................................... 36
Sintetizando ........................................................................................................................... 38
Referências bibliográficas ................................................................................................. 39
Sumário
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Sumário
Unidade 2 - O ambiente escolar e a sala de aula
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 42
 Fenômenos psicológicos no ambiente escolar ............................................................. 43
Freud e a psicanálise ..................................................................................................... 43
Teoria psicossexual ........................................................................................................ 47
Mecanismos de defesa .................................................................................................. 48
Sintoma ............................................................................................................................. 50
Outras contribuições da psicanálise .......................................................................... 52
Diversidades ......................................................................................................................... 53
Os grupos ......................................................................................................................... 53
Educação inclusiva ......................................................................................................... 56
Superando o fracasso escolar ...................................................................................... 58
Processos de ensino e aprendizagem .............................................................................. 59
Psicologia e Pedagogia .................................................................................................. 60
Formação do professor .................................................................................................. 61
Expectativas do professor ............................................................................................. 62
Sintetizando ........................................................................................................................... 65
Referências bibliográficas ................................................................................................. 66
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Sumário
Unidade 3 - Desenvolvimento humano e a aprendizagem
Objetivos da unidade ...........................................................................................................e não resolvidos na infância, levam a perturbações neuróticas. Através do 
método de associação livre criado pelo pai da psicanálise é possível acessar os 
conteúdos reprimidos no inconsciente. Isso posto, a teoria psica-
nalítica é formada por duas tópicas: a topográfica e a estrutu-
ral. Com a primeira, Freud tenta estabelecer uma topografia da 
mente, a qual seria dividida em três partes: 
• Pré-consciente: é formado por sentimentos, 
pensamentos e fantasias que não estão pre-
sentes no consciente, mas podem ser frutos 
presentes. O pré-consciente fica entre o 
consciente e o inconsciente e tem como fun-
ção censurar o conteúdo que pode e que não 
pode atingir o consciente; 
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• Consciente: essa estrutura faz parte da percepção do mundo exterior, isto é, re-
cebe as informações do mundo externo e do mundo interno e as relaciona de forma 
direta com a realidade. Uma vez no Consciente (CS), um pensamento seguirá para o 
sistema do Pré-consciente (PCS) instantes depois, assim que a atenção for retirada 
do estímulo. Assim como acontece inversamente, desejos e pensamentos presen-
tes no PCS podem fazer parte do sistema do CS. Por fim, o sistema CS é reflexivo; 
• Inconsciente: é o sistema relativo aos conteúdos recalcados que tiveram seu 
acesso recusado ao PCS e ao CS. Os conteúdos Inconscientes (ICS) são representa-
ções das pulsões que desejam ir para o CS e são deformadas através da censura, 
tornando-se socialmente aceitas. 
Após diversos estudos, Freud notou que os conteúdos inconscientes não eram 
tão uniformes como imaginara, verificando a existência de outras premissas além 
do que pode ou não acessar a CS. Ele então formulou uma nova hipótese: a segunda 
tópica, conhecida como estrutural (ressalta-se que as tópicas não são autoexcluden-
tes). Nesse momento, Freud percebeu que os processos mentais e os conteúdos 
funcionam com determinada harmonia através do id, do ego e do superego. 
• Id: é o polo pulsional do ser humano, o mais primitivo. O id é reservatório e 
fonte de energia e é regido pelo princípio do prazer, evitando o sofrimento, além 
de ser conhecido por ser econômico, funcional e dinâmico. Por ser primitivo, busca 
satisfação, ignorando os juízes de valor. É totalmente inconsciente;
• Ego: é construído, serve como mediador entre os desejos e a realidade e é co-
nhecido como o polo defensivo do psiquismo. Em seu desenvolvimento, a criança, 
através das experiências e vivências, desenvolve o ego, que assegura a autocon-
servação. Ele surge através das necessidades do id e se diferencia deste por volta 
dos primeiros meses de vida, relacionando-se com o ambiente com o objetivo de 
alcançar o máximo de satisfação ou descarga para o id. Ele é mediador entre o id e o 
mundo externo através do princípio da realidade e faz parte do CS e do ICS. Por fim, 
ele não inibe as pulsões, mas as controla;
• Superego: esse sistema é responsável pela autoconservação, bus-
cando a função ideal – a condução à perfeição. O superego desenvol-
ve-se no decorrer da infância através das experiências e ensina-
mentos familiares e culturais. Ele atua no sentido de controlar 
o comportamento de acordo com as regras da sociedade, re-
presenta a moral e pode opor-se diretamente ao id. 
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Ego
Consciente
Pré-consciente
Inconsciente
Superego
ID
Figura 1. Modelo estrutural da metáfora do iceberg relativo à psique humana. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 02/08//2021.
 A Figura 1 evidencia a estrutura da psique humana comparada a um iceberg. 
Aquilo que é visto (comportamento exposto) equivale à ponta do iceberg. No ser 
humano, estes seriam os conteúdos do consciente com os mecanismos do ego e do 
superego. O pré-consciente encontra-se na borda entre o que é visto e o que não é e 
é composto pelos mecanismos do ego e do superego, ao passo que as profundezas 
do iceberg fazem referência aos conteúdos mais profundos do indivíduo e contam 
com os mecanismos do id, do ego e do superego. Como no iceberg, aquilo que está 
submerso é o que sustenta o que está à vista. 
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Teoria psicossexual 
Segundo a psicanálise, o indivíduo enfrenta fases de desenvolvimento psi-
cossexual; para Freud, o sujeito possui uma energia afetiva instintiva voltada 
para a obtenção do prazer. Isso posto, a libido (pulsão sexual) se desenvolve em 
cinco estágios: 
• Fase oral (0 - 2 anos): a zona erógena é a boca (sucção). É através desta que 
o bebê conhece o mundo e a obtenção do prazer;
• Fase anal (2 - 3 anos): é a zona erógena relacionada ao desenvolvimento 
psicomotor, entre eles o controle dos esfíncteres. Nesse período, a criança des-
cobre o controle da bexiga e do intestino e o prazer é relacionado ao controle das 
fezes. É nesse momento que ocorre o desfralde. Quando superado o confl ito da 
fase anal, a criança desenvolve sentimentos de confi ança e independência;
• Fase fálica (3 - 6/7 anos): é a zona erógena relacionada aos genitais. A criança 
desenvolve interesse e curiosidade infantis. 
Papai, olhe pra mim: eu 
sou o superego!
Isso na sua cabeça é a 
minha cueca? Você está ridículo!
Eu te odeio, papai!
Eu sei...É!
Figura 2. Tirinha sobre o superego e o complexo de Édipo. Fonte: URBANO, 2019, p. 10.
Na Figura 2, o autor representa a constituição do superego através do com-
plexo de Édipo. De acordo com Freud, no período que corresponde a 4-5 anos 
ocorre um confl ito psíquico em que há o desejo do objeto amado (mãe) e o medo 
da fi gura paterna. Dessa maneira, a fi gura de autoridade é tida como opressora 
e castradora. Esse período gera um confl ito importante com o qual a criança 
precisa lidar de forma saudável. Assim, temos que: 
DICA
Esta é uma referência à lenda grega de Édipo que visa 
simbolizar o confl ito que ocorre neste complexo. Na tra-
gédia grega de Sófocles, o fi lho Édipo mata o pai (Laio) e 
casa-se com a mãe (Jocasta) sem saber que estes eram 
seus progenitores. 
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• Período de latência (6/7 anos - 12 anos): com a repressão de Édipo, a libido 
fi ca temporariamente deslocada dos objetos sexuais. Nesse período, a criança 
volta-se para os interesses sociais e intelectuais;
• Fase genital (puberdade e fase adulta): fase em que a libido amadurece e 
volta-se para um objeto exterior ao ambiente familiar (o outro). Quando a crian-
ça não resolve os confl itos dos estágios anteriores, eles reaparecem e o sujeito 
os revive. 
Mecanismos de defesa
Em relação aos mecanismos de defesa, observe a Figura 3 e refl ita sobre o 
seguinte questionamento: qual a relação entre estes mecanismos e a sobrevi-
vência do indivíduo? 
Figura 3. Representação dos mecanismos de defesa. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 02/08/2021.
Como visto até aqui, o indivíduo vivencia confl itos internos em busca do pra-
zer e sua constituição está relacionada com o que ele aprende e vivencia. O su-
jeito, em busca da autopreservação, utiliza-se de mecanismos de defesa para 
lidar com as questões externas (realidade) e internas (desejos). Através dessas 
defesas, o indivíduo busca evitar o sofrimento, abrandando desta maneira al-
gum confl ito interno. Isso posto, as defesas são executadas através do ego e do 
inconsciente. 
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Na Figura 3, observamos que o homem, representando o mecanismo de de-
fesa, está protegendo o indivíduo, representado pela criança, dos perigos que a 
realidade pode proporcionar. Tendo isso em mente, é possível afirmar que algu-
mas defesas são essenciais para a manutenção do sujeito. Alguns mecanismos 
de defesa incluem: 
• Regressão: retorno a fases anteriores devido à dificuldade em lidar com 
os conflitos que surgem nos estágiosde desenvolvimento;
• Formação reativa: fixação de ideia, pensamento ou sentimento conscien-
te inverso ao verdadeiro desejo inconsciente; 
• Projeção: o sujeito vê no outro o que não aceita em si, expulsando-o de si 
próprio e lançando-o no outro. Aprendida durante a infância, a projeção culpa-
biliza o outro por algo que o próprio ego não sabe lidar;
• Racionalização: o sujeito busca explicações coerentes e racionais para ex-
plicar sentimentos e emoções que não sabe controlar. Pode ser um obstáculo 
de amadurecimento; 
• Sublimação: a pulsão sexual é canalizada em ações socialmente aceitas, 
sendo a arte um desses meios;
• Negação: o indivíduo nega a realidade, recusando-se a aceitar a situação 
real e os sentimentos existentes. Sua persistência pode tornar-se patológica;
• Deslocamento: transfere os sentimentos de um alvo para outro menos 
ameaçador;
• Identificação: assimilação de características ou aspectos do outro em si, 
parcialmente ou totalmente. A personalidade é constituída por vários proces-
sos de identificação; 
• Somatização: dor física por consequência de dor psíquica.
Dentro do ambiente escolar, os mecanismos de defesa aparecem constan-
temente nas relações: a relação entre professor e aluno, por exemplo, é per-
meada por diversas defesas. Assim, é importante que o educador saiba identi-
ficar os possíveis fenômenos para que a relação não seja prejudicada. 
É nessa fase de desenvolvimento de um jovem que ele entra em 
contato com os professores (...). Transferimos para eles o respeito e 
as expectativas ligadas ao pai onisciente de nossa infância e depois 
começamos a tratá-los como tratamos nossos pais em casa (FREUD, 
1996, p. 257-258).
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No trecho apresentado, Freud relata o fenômeno da transferência que ocorre 
na relação entre aluno e professor. Ribeiro atesta que o aluno só ouve o profes-
sor quando este possui alguma importância especial para si: “na relação peda-
gógica, a transferência faz com que o aluno se volte para a fi gura do professor. O 
professor é, para o aluno, aquele que sabe como ensiná-lo” (2014, p. 25). Assim, 
a transferência é o fenômeno de transferir sentimentos e representações que, 
no espaço escolar, é representativo na relação aluno-professor. 
Esse processo relacional pode se dar em duas vias: transferencial e contra-
transferencial. O aluno pode despertar sentimentos no professor e o professor 
pode despertar afeto por parte do aluno. 
Daí a importância de perceber como a transferência é fundamental 
para o processo (de) ensino e aprendizagem, sendo o professor um 
sujeito ativo nesse fenômeno e que, portanto, é necessário que ele 
se posicione e se constitua como fi gura de autoridade sim, mas, so-
bretudo, portador de diversas representações (RIBEIRO, 2014, p. 26). 
A transferência faz parte do processo de ensino e aprendizagem. Apesar de 
poder gerar desconforto nos educadores, que algumas vezes não 
aceitam o papel a eles atribuído, é importante que estes compreen-
dam seu papel de autoridade e de portadores de repre-
sentações para o educando. Muitos professores en-
tendem seu papel, mas o mal-estar gerado por esta 
representação que lhe é atribuída pode afetar sua 
didática e mesmo questões pessoais. 
 Sintoma
Alguns conteúdos inconscientes que não são compatíveis com o que é aceito 
no consciente são manifestados, de forma distorcida, através de sintomas. O 
sintoma é o meio que o sujeito encontra para lidar com a realidade e ele pode 
tanto ser prejudicial como inútil à vida do sujeito. 
Estes, por inconscientemente gerarem satisfação ao indivíduo, repetem-se e 
são de difícil eliminação. Os sintomas são individuais e alguns podem ser essen-
ciais para a manutenção do sujeito com a realidade, uma vez que geram equilí-
brio entre o consciente e o inconsciente. 
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No ambiente escolar os sintomas podem aparecer através de dificuldades de 
aprendizagem, desatenção e compor-
tamento agressivo, entre outros. Dian-
te de tais situações, é responsabilidade 
da escola amparar o aluno e tentar 
identificar o que pode estar acontecen-
do com ele. Comumente ocorre de a 
criança transferir para o professor sen-
timentos e angústias vividos exterior-
mente à escola, uma vez que, dentro 
da sala de aula, o professor representa 
a figura de autoridade. Tendo isso em 
mente, analise a situação hipotética descrita a seguir. 
Mário, de 7 anos, é filho único e bastante apegado aos pais. No começo do 
ano seu pai, Geraldo, perdeu o emprego por se envolver com uma funcionária 
da empresa. Além da crise financeira vivenciada pela demissão de Geraldo, a 
família vivencia uma crise conjugal. Geraldo passou meses em busca de um novo 
emprego, mas, devido à crise do mercado, ainda não conseguiu recolocar-se. A 
cada dia, Geraldo chega em casa tenso, irritado e briga com a esposa e o filho, 
tornando-se intolerante e deixando de participar dos momentos de Mário. A 
professora de Mário, apesar de seu bom desempenho nas atividades, tem per-
cebido um comportamento grosseiro e agressivo. Ademais, o aluno reluta em 
aceitar os combinados e as regras.
Observe que, nesse caso, o aluno Mário está deslocando toda a angústia e 
raiva relacionada ao pai para a figura de autoridade da professora. Assim sendo, 
cada indivíduo encontra um mecanismo de defesa a partir da maneira com que 
sabe lidar com a situação. Uma outra criança, com outras vivências, poderia ter 
buscado na professora o acolhimento que não encontra no pai, por exemplo. 
Perceba, então, como o ser humano é dotado de tamanha subjetivi-
dade e particularidade que o olhar voltado ao aluno como 
indivíduo precisa ser amplo. Dessa maneira, entender o 
aparelho psíquico nos auxilia a compreender os compor-
tamentos que ocorrem em sala de aula, seja dos alunos 
ou dos professores. 
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Outras contribuições da psicanálise
De acordo com Evalte, 
Na teoria psicanalítica acredita-se que para possibilitar a aprendiza-
gem é preciso que haja uma relação vincular entre professor e aluno. 
Dessa relação também surge o desejo (conceito da Psicanálise) que 
possibilita que o processo de ensino-aprendizagem não seja algo sa-
crifi cante (2010, p. 20).
O vínculo entre professor e aluno é essencial para o bom andamento do 
grupo em sala de aula. Assim, a afetividade estabelecida entre o adulto e a 
criança fornece segurança para o aluno enfrentar os desafi os presentes na 
aprendizagem. De acordo com Evalte (2010), Bowlby desenvolveu a teoria do 
apego. Segundo ele, o apego tem a função de buscar defesa, ou seja: através do 
apego o sujeito sente-se seguro e obtém satisfação. Ele se estabelece como um 
vínculo emocional com as pessoas que são importantes e sua primeira vascula-
rização ocorre no sistema familiar. A partir de então, o sujeito vai desenvolven-
do ligações com outros em seu meio. Quando se sente segura dentro do espa-
ço escolar, a criança consegue adaptar-se ao meio e interagir com o ambiente. 
Winnicott, também pertencente à psicanálise, foi pediatra e realizou estu-
dos sobre as relações dos bebês e os processos maturacionais do indivíduo. De 
acordo com seus estudos, através do brincar a criança elabora as angústias do 
distanciamento com o objeto amado (mãe), meios de lidar com as frustrações 
e a espontaneidade: esses mecanismos são muito importantes para o desen-
volvimento da personalidade. Na educação infantil, é imprescindível que haja 
espaço para as brincadeiras, que auxiliarão no desenvolvimento da criança. 
Assim, cabe ao professor compreender a importância do mundo imaginativo e 
respeitar esse espaço para o desenvolvimento do sujeito.
Por fi m, Melanie Klein foi uma precursora nos estudos 
psicanalíticos com crianças e sua teoria também remete a 
contribuiçõespara a área da educação. Klein traz refl e-
xões sobre a constituição do mundo pela criança e, de 
acordo com seus estudos, esta percebe o mundo exter-
no a partir de suas percepções internas (ALMEIDA, 2018). 
Se a escola conseguir se fi rmar como um ambiente acolhedor, ela 
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possibilitará novas oportunidades no que diz respeito à percepção de mundo. 
A maneira como a criança encara a adaptação no espaço escolar pode ser de-
terminante na maneira de lidar com a vida em geral. Por isso, Klein preocupa-se 
com o excesso de rigidez encontrado nos professores. 
Diversidades
A palavra diversidade pode ser defi nida como referência àquilo que apre-
senta multiplicidade, variedade. No entanto, este termo vai além do cerne da 
palavra: diversidade também representa a postura diante das singularidades 
dos indivíduos. A escola, fruto do desenvolvimento da sociedade e dotada de 
indivíduos com diversas particularidades, encontra como desafi o abranger 
cada vez mais as demandas sociais e individuais de cada grupo social. 
Durante muito tempo, as instituições escolares buscaram a homogenei-
dade de seus alunos, objetivando um padrão taxativo e normativo dos indiví-
duos. Dessa maneira, aqueles que não se encaixavam na “normalidade” eram 
excluídos da sociedade. Neste ponto, é necessário refl etir sobre quantas pes-
soas não foram prejudicadas simplesmente por não se encaixarem no padrão 
estabelecido: tudo indica que este é um número elevado. 
Dentro do ambiente escolar, nos deparamos com uma gama de diversi-
dade que diz respeito a questões de gênero, culturais, sociais e intelectuais, 
entre outras. Dessa maneira, a escola precisa estar atenta às 
demandas que vão surgindo com o passar dos anos. Tendo 
isto em mente, a seguir, iremos compreender um pouco 
mais sobre a formação de grupos e a educação inclusiva 
para identifi cação das demandas. 
 Os grupos 
Um grupo social é um conjunto de pessoas que convivem em harmonia. 
Assim como cada indivíduo tem suas necessidades, um mesmo grupo também 
tem um mesmo objetivo e uma mesma necessidade. Alunos do 4º ano de uma 
determinada escola têm em comum estarem no mesmo ano e terem a mesma 
professora, por exemplo. 
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Relação social Interação social
Escola
6º ano 7º ano 8º ano 9º ano1º ano 2º ano 3º ano 4º ano 5º ano
Fundamental I Fundamental II
Educadores Alunos
Figura 4. Representação da relação social e da interação social, que estão ligadas à concepção de um grupo.
Figura 5. Exemplo de formação de grupos.
A existência ou não das relações é o que define a existência de um grupo. 
Assim, conforme evidencia a Figura 4, a relação social e a interação social estão 
intrinsecamente ligadas no que diz respeito à formação e constituição de um 
grupo. Assim sendo, Zimerman (2000) define algumas condições básicas para 
a formação de um grupo: 
• Um grupo precisa conter leis e mecanismos próprios e específicos;
• Deve haver setting, ou seja, o cumprimento dos combinados e objetivos 
específicos;
• Os integrantes direcionam-se para um mesmo objetivo;
• Há existência de interação afetiva entre os participantes;
• Seu tamanho deve ser adequado, isto é, não pode exceder o limite de for-
ma que comprometa o desenvolvimento e a comunicação do grupo;
• O grupo é sistêmico e possui caráter dinâmico.
A escola é um grupo institucional que busca criar um clima harmônico e 
desenvolver tarefas específicas. Dentro da instituição escolar há formação de 
subgrupos, conforme evidencia a Figura 5: o exemplo mostra que uma escola 
que contempla o ensino fundamental I e o ensino fundamental II pode ser per-
cebida a partir dos seguintes grupos:
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Pichon-Rivière foi um grande estudioso de grupos e através de 
seus aprendizados desenvolveu os grupos operativos. Nestes, 
além de os integrantes terem um objetivo em comum, possuem 
um vínculo. Este vínculo compreende que sempre 
há figuras internalizadas presentes nas relações 
e, através de mecanismos inconscientes, o sujei-
to internaliza as figuras familiares e as imagens 
constituídas ao longo da vida, as quais interferem 
nas relações. 
Em relação ao ensino, o grupo operativo busca aprender atra-
vés da reflexão entre os integrantes. De acordo com Bleger (2011), 
em suas vivências o grupo operativo apresenta conflitos, divergências, objeti-
vos e recursos que devem ser analisados pelos próprios integrantes conforme 
vão aparecendo. Desta maneira, na aprendizagem, os integrantes precisam 
incorporar e manipular os instrumentos de indagação e reflexão, ou seja, o co-
nhecimento ultrapassa a barreira de transmissão de conhecimento. O ensino 
e a aprendizagem constituem um processo único e dinâmico; é devido a isso 
que nos grupos operativos denomina-se “ensinagem”. Ademais, Pichon-Rivière 
identificou que o grupo pode ser formado por cinco componentes: 
• Líder de mudança: componente que leva adiante as tarefas, é aquele que 
se arrisca diante dos desafios e enfrenta os conflitos; 
• Bode-expiatório: componente responsabilizado pelas culpas do grupo;
• Porta-voz: componente que se expressa e verbaliza as ansiedades do grupo; 
• Representantes do silêncio: componente que assume as dificuldades do 
grupo. Esta dinâmica faz com que o restante dos componentes fale; 
• Líder de resistência: componente que se opõe às mudanças.
Para que o grupo tenha equilíbrio, é necessária a existência dos componen-
tes líder de resistência e líder de mudanças. Por fim, cada grupo apresenta uma 
demanda específica e a vivência de cada um irá definir o caminho a ser segui-
do. Para que o grupo conviva em harmonia, é preciso que os componentes se 
sintam incluídos e tenham consciência de que possuem um papel fundamental 
em seu desenvolvimento. Ademais, é preciso que ele configure-se como dialó-
gico, ou seja, que os indivíduos coexistam em comunicação, proporcionando 
aprendizados e vivências aos integrantes. 
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Educação inclusiva
As singularidades estão presentes na sala de aula, uma vez que cada indi-
víduo apresenta uma necessidade, e a escola tem como função incluir todos 
os indivíduos no aprendizado, proporcionando as condições necessárias para 
que o processo de ensino-aprendizagem ocorra. Lidar com as diferenças nem 
sempre é uma tarefa fácil, posto que ainda existem tabus e preconceitos em 
relação à equidade. 
Historicamente, o ambiente educacional passou e passa por diversas mu-
danças no que diz respeito à tratativa inclusiva. Alguns percursos realizados 
até chegar ao direito de equidade incluem: 
• Exclusão: nesse período, pessoas com qualquer tipo de defi ciência eram 
retiradas do convívio com a sociedade; 
• Segregação: primeiro momento histórico da existência de instituições 
que cuidam de pessoas com especifi cidades, mas não há preocupação com a 
própria especifi cidade de impedimento; 
• Institucionalização: primeiro cuidado às especifi cidades, mas as pessoas 
ainda eram retiradas da sociedade;
• Normalização: tentativa de tornar as pessoas com diferenças análogas às 
pessoas ditas “normais”, visando não as excluir da sociedade; 
• Integração: tentativa de inserir pessoas com especifi cidades no mesmo 
espaço que os demais. Nesse contexto, a pessoa com necessidades deve se 
adequar ao ambiente; 
• Inclusão: momento em que se compreende que o ambiente, o contexto, 
é que deve se adequar à pessoa com defi ciência e não o contrário, como an-
teriormente. 
Há vários decretos, portarias e leis em relação à educação inclusiva. Obser-
ve a seguir alguns desses que foram e/ou são importantes no desenvolvimen-
to e na luta pela heterogeneidade:
• Declaração de Salamanca (1994): a partir da Conferência Mundial De Edu-
caçãoEspecial com a cooperação da UNESCO, foi aprovada a declaração que 
evidencia o dever das escolas em acolher todas as crianças, independente-
mente de suas condições sociais, físicas, emocionais, intelectuais, linguísticas 
ou outras. Este é um importante marco, posto que ressalta a importância da 
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educação como direito de todos, independentemente da necessidade educa-
tiva especial. A declaração ampliou o olhar sobre as necessidades dos indiví-
duos incluindo todas as crianças que estejam com dificuldades, sejam estas 
temporárias ou permanentes; 
• Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (2007): documento 
que prioriza todos os direitos humanos, incluindo a educação;
• Decreto n. 6.571 (2008): o decreto fala sobre a implantação do Atendi-
mento Educacional Especializado (AEE) na Educação Básica brasileira; 
• Resolução n. 4 CNE/CEB (2009): orientações quanto ao Atendimento Edu-
cacional Especializado na Educação Básica em contraturno e em salas de re-
cursos multifuncionais; 
• Plano Nacional de Educação (PNE - 2014): diretrizes, metas e estratégias 
para a política educacional. O plano busca universalizar o acesso à Educação 
Básica e ao Atendimento Educacional Especializado. 
DICA
Para ler na íntegra a declaração de Salamanca, acesse 
o link disponibilizado. 
A partir disso, é possível notar que, apesar de grandes avanços, a educa-
ção inclusiva é relativamente recente em nossa sociedade. Além da eliminação 
completa de preconceitos, é necessária uma atualização constante, a fim de 
que a escola seja cada vez mais um ambiente capaz de proporcionar apren-
dizagem a todos. Assim, para que o espaço seja facilitador dos processos de 
aprendizagens, em alguns casos são necessárias adaptações, as quais são di-
vididas em duas categorias:
• Adaptações de grande porte: adaptações que dependem da gestão es-
colar e incluem mudanças físicas para acessibilidade, contratação de pessoas 
especializadas, aquisição de materiais adaptados e elaboração de projetos pe-
dagógicos, entre outros;
• Adaptações de pequeno porte: adaptações que dependem do professor e 
incluem organização do espaço da sala de aula, seleção de conteúdos, escolha me-
todológica e elaboração de avaliação de acordo com o nível do aluno, entre outros.
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Um importante instrumento para o professor é a elaboração do Plano Edu-
cacional Individualizado (PEI). O PEI é um documento de ordem federal no qual 
o educador avalia e estabelece metas e intervenções de acordo com a neces-
sidade do aluno. Esse documento deve ser elaborado para aqueles com difi -
culdades de aprendizagem e/ou défi cit intelectual na rede regular de ensino e 
deve ser reformulado constantemente, de acordo com o progresso ou não do 
aluno. A análise crítica do currículo deve ser constantemente realizada também 
pela gestão escolar. 
O currículo refl ete intenções (objetivos) e ações (conhecimentos, pro-
cedimentos, valores, formas de gestão, de avaliação etc.), tornadas 
realidade pelo trabalho dos professores e sob determinadas condi-
ções providas pela organização escolar, tendo em vista a melhor qua-
lidade do processo de ensino e aprendizagem. A dimensão técnica é o 
suporte da ação competente (LIBÂNEO, 2002, p. 39). 
Devido às constantes transformações da sociedade, a escola deve buscar 
atualizar-se e acompanhar as mudanças que ocorrem em seu entorno, procuran-
do assim proporcionar as melhores condições possíveis para a aprendizagem. 
Superando o fracasso escolar
A luta pelo acesso ao ensino e a equidade, que nada mais é do que a adap-
tação das oportunidades para que elas sejam justas, estão extremamente 
presentes em nossa sociedade. Dessa maneira, torna-se necessário reconhe-
cer as diversidades como fatores inerentes aos indivíduos, fazendo assim com 
que todos possuam seus direitos assegurados. 
Igualdade Equidadevs
Figura 6. Igualdade x equidade. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 03/08/2021.
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Na Figura 6, é possível observar a diferença entre igualdade x equidade: nem 
sempre propiciar os mesmos recursos a todos signifi ca proporcionar o que o su-
jeito realmente precisa. Quando a escola consegue superar as difi culdades advin-
das de uma sociedade historicamente repleta de preconceitos e condições não 
tão justas, ela consegue proporcionar ao aluno a oportunidade de encarar suas 
difi culdades e progredir; ao sentir-se capaz de avançar, o aluno motiva-se nos es-
tudos. Logo, os educadores precisam contribuir para a descoberta dos potenciais 
individuais de cada indivíduo. 
O respeito às diferenças e a compreensão das diversidades deve ser um pres-
suposto da educação. O educador deve focar não apenas na difi culdade do aluno, 
mas olhar para ele como sujeito e reconhecer seu potencial: através de estratégias 
diversas, ele deve procurar estimular o potencial de cada um. Assim, para que o 
processo de aprendizagem ocorra, é preciso implicância com a aprendizagem e a 
fl exibilidade. A escola, os educadores e a família devem estar cientes da necessi-
dade de adaptações de acordo com as necessidades de cada grupo e indivíduo. 
Processos de ensino e aprendizagem
A aprendizagem é o ato de aprender. De acordo com o dicionário Michaelis, 
pode-se defi nir a palavra aprendizagem da seguinte maneira: 
Aprendizagem signifi cativa, PEDAG, PSICOL: processo por meio do 
qual uma nova informação é incorporada à estrutura cognitiva do 
indivíduo, por se relacionar a um aspecto relevante dessa estrutura. 
Esse novo conteúdo poderá modifi car aquele já existente, dando-
-lhe outros signifi cados (2017). 
Já a palavra ensino apresenta defi nições que relacionam o método de trans-
missão de conhecimento, ou seja, o ato e a ação de ensinar. Assim, ao discorrer 
sobre os processos de ensino-aprendizagem é importante termos em mente 
que o procedimento não é a junção de dois processos independentes, mas sim 
a interação complexa destes entre professores e alunos. 
A complexidade deste sistema ocorre devido às subjetividades carregadas 
entre os integrantes do processo. Lembre-se: tanto o aluno quanto o professor 
são sujeitos e cada um carrega consigo uma história de vida, além de serem 
repletos de conteúdos culturais, sociais, subjetivos e singulares. 
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Psicologia e Pedagogia
Muitos autores da Psicologia discutem o processo de ensino e aprendiza-
gem. Dessa maneira, as contribuições da Psicologia voltadas para a aprendiza-
gem abrangem tanto a concepção de como ensinar como a concepção de como 
aprender. De acordo com Netto e Costa, 
As Teorias da Aprendizagem são modelos teóricos desenvolvidos 
cientifi camente para explicar como ocorrem os processos de en-
sino-aprendizagem no transcorrer da história da Psicologia do De-
senvolvimento Humano e da Psicologia da Educação, buscando dar 
respostas às perguntas e indagações surgidas nas instituições de 
ensino (2017, p. 216).
A Psicologia, ao estudar a aprendizagem, contribuiu e ainda contribui para 
o desenvolvimento de práticas pedagógicas assertivas no ensino. Assim, os es-
tudos da Psicologia da Aprendizagem 
buscam discorrer sobre o desenvolvi-
mento humano relacionando à apren-
dizagem e teóricos como Piaget, Wal-
lon e Vygotsky são fundamentais para 
a compreensão da aprendizagem. Res-
salta-se a importância desses conheci-
mentos na formação dos educadores. 
Já a Pedagogia é a ciência que se 
debruça sobre a educação. Na forma-
ção do pedagogo, o enfoque teórico e 
refl exivo dá-se na história da educação, na sociedade, na fi losofi a, na didática e 
na aprendizagem, entre outros. Tendo isso em mente, é possível afi rmar que a 
Psicologia e a Pedagogia encontram-se no caminho dos estudos paraa forma-
ção do docente e da compreensão do ensino. 
Por fi m, a Psicologia da Aprendizagem busca compreender a aprendizagem 
do sujeito em todos os campos. Como visto, desde o nascimento estamos em 
constante aprendizado. Dessa forma, os achados da Psicologia auxiliam na for-
mação do professor, principalmente na adaptação de seu ensino de acordo 
com a necessidade de cada demanda. 
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Formação do professor 
O professor, para compreender o ato de ensinar, precisa aplicar-se nos conhe-
cimentos de Pedagogia, Psicologia, Filosofi a e Sociologia e, através dos estudos 
dessas áreas, o profi ssional capacita-se para a atuação pedagógica. Para que a 
atuação seja da maior qualidade possível, cabe a este se colocar em uma posição 
de constante atualização e acompanhamento das mudanças sociais. 
A profi ssão do professor é de suma importância para a sociedade, embora so-
fra com sua baixa valorização e remuneração. Dito isto, devido à relevância que o 
profi ssional da educação possui no desenvolvimento da sociedade, deveria ter um 
reconhecimento à altura.
Ser professor não é simplesmente preocupar-se com o conteúdo: seu papel é 
muito mais abrangente, uma vez que o indivíduo precisa constantemente vigiar e 
refl etir sobre suas práticas. Lembre-se: o processo de aprendizagem é dinâmico, 
não estático; vem daí a importância de estar sempre levantando as seguintes per-
guntas para buscar a melhor prática educacional: 
• O que estou ensinando?
• Para quem estou ensinando?
• Por que estou ensinando isso?
• Para que ensino isto?
• Quando ensino isto?
• Onde ensino isto?
• Em que espaços ensino isto?
• Como fazer para ensinar isto?
Figura 7. Tirinha de Charles Schulz sobre a função do professor. Fonte: SANTOS, 2019. 
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Observe a Figura 7, em que as personagens refl etem sobre a atuação do pro-
fessor. O professor tem como campo de atuação o outro e implica a mudança do 
outro, ou seja: o objetivo de seu trabalho depende do trabalho com o outro - o 
aluno. Não basta o profi ssional apenas dominar a teoria, é preciso que saiba lidar 
com as demandas advindas do outro e do ambiente. Assim, a didática da sala de 
aula é uma estratégia a ser pensada em relação ao grupo e às demandas a serem 
supridas. Libâneo defi ne didática da seguinte forma:
A didática é uma disciplina que estuda o processo de ensino no qual 
os objetivos, os conteúdos, os métodos e as formas de organização 
da aula se combinam entre si, de modo a criar as condições e os mo-
dos de garantir aos alunos uma aprendizagem signifi cativa. Ela ajuda o 
professor na direção e orientação das tarefas do ensino e da aprendi-
zagem, fornecendo-lhe mais segurança profi ssional (2002, p. 8).
Sendo assim, a didática envolve os conteúdos escolares, o desenvolvimento do 
pensamento e a assimilação das ideias. Acompanhar as mudanças é desafi ador, 
uma vez que a sociedade cada vez mais vem se alterando em alta velocidade. Isso 
posto, as principais transformações com as quais os professores têm que lidar 
incluem avanços tecnológicos, mudanças nas confi gurações familiares, alterações 
no modelo de autoridade e diferenças culturais e sociais.
As mudanças requerem da escola atualização e investimento na formação do 
corpo docente, posto que cada vez mais atribuições que antes eram das famílias 
têm sido atribuídas à instituição escolar. Os avanços tecnológicos também reque-
rem modernizações por parte da escola, além do profi ssional educador: a tecno-
logia cada vez mais interfere na sala de aula e pode ser um meio positivo para a 
administração de conteúdo e aproveitamento de experiências signifi cativas.
Expectativas do professor
Em relação às expectativas do professor, Libâneo afi rma que
o ensino envolve sentimentos e emoções. O professor precisa co-
nhecer e compreender motivações, interesses, necessidades de 
alunos diferentes entre si, ajudá-los na capacidade de comunicação 
com o mundo do outro, ter sensibilidade para situar a relação do-
cente no contexto físico, social e cultural do aluno (2002, p. 35). 
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A aprendizagem, como visto anteriormente, é um proces-
so que engloba subjetividades para a assimilação das infor-
mações adquiridas e posteriormente utilizadas. Assim, as 
emoções fazem parte das subjetividades presentes nesse 
processo. Muitas vezes, os profissionais po-
dem transmitir um conteúdo que não é visto 
como significativo, o que evidencia a refle-
xão sobre a necessidade de conhecer os 
interesses dos alunos para aproximar o 
conteúdo de sua realidade. 
A interação entre professor e aluno pode 
interferir positiva ou negativamente na moti-
vação do aluno com o aprender. Desta maneira, quando o alu-
no atribui sentido pessoal a uma aprendizagem, parece ficar 
determinado e motivado com o seu processo. 
Professor e aluno elaboram representações de si próprios, assim como de 
outros. A primeira representação pode marcar os contatos iniciais em que de-
terminados momentos são testados e aprovados ou refutados. Estereótipos 
de “professor ideal” e “aluno ideal” assombram as relações entre ambos, e as 
representações elaboradas no contexto geram expectativas nos dois compo-
nentes. Em consequência dessa expectativa, cada um tende a atuar de acordo 
com o que espera do outro (COLL; MARCHESI; PALACIOS, 2004). 
A expectativa do professor em relação ao aluno pode impactar nos resul-
tados de aprendizagem. Tendo isto em mente, Coll Marchesi e Palacios (2004) 
distinguem três processos de formação de expectativas. São elas: 
1. Construção quanto ao rendimento acadêmico dos alunos; 
2. Comunicação relacionada às expectativas sobre o aluno, ou seja, com-
portamento diferenciado de acordo com expectativas positivas ou negativas; 
3. Reação dos alunos diante das expectativas dos professores, a qual pode 
variar entre ajuste ou oposição.
A parcialidade advinda das expectativas interfere no autoconceito e na 
autoestima do aluno, ao passo que um baixo desempenho pode interferir no 
autoconceito e na autoestima do professor, uma vez que o profissional gera 
expectativas de alcance de seu trabalho. 
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Ao se deparar com a baixa evolução de um aluno, o profissional precisar pa-
rar e repensar suas práticas, questionando-se se suas atitudes têm o alcança-
do positiva ou negativamente e quais suas próprias expectativas (positivas ou 
negativas) em relação a ele. Lembre-se: as subjetividades nem sempre são atos 
conscientes, por isso é preciso que o profissional reflita e busque identificar os 
conteúdos pessoais que interferem na relação com o outro. 
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Sintetizando
Nessa unidade, compreendemos o aparelho psíquico e os mecanismos de defesa 
presentes na constituição do sujeito. De acordo com Freud, as instâncias psíquicas 
são constituídas através de duas tópicas: a primeira seria topográfica e formada pela 
tríade do ego, id e superego, ao passo que a segunda é explicada pela estrutura e for-
mada pela tríade do consciente, pré-consciente e inconsciente. 
Durante o desenvolvimento humano, Freud percebeu que o sujeito passa por fa-
ses em que a elaboração ou não elaboração dos conflitos existentes em cada uma 
delas é determinante na constituição do sujeito. Essas fases são pertencentes à teoria 
psicossexual da psicanálise, que trouxe diversas contribuições para a educação, posto 
que os estudos psicanalíticos mostram a importância do mundo imaginativo no de-
senvolvimento da criança, a relevância do vínculo entre professor e aluno e o valor de 
uma boa adaptação escolar para o conhecimento de mundo do sujeito. 
Há diversos fenômenos psicológicos que ocorremdentro da sala de aula, como 
os mecanismos de defesa e as transferências existentes nas relações. Além disso, a 
escola, como ambiente fomentador, enfrenta desafios. O espaço é composto por uma 
grande diversidade de gênero, social, cultural, étnica e intelectual e, para que cumpra 
com sua função e seja facilitador da aprendizagem, é necessário que as dificuldades 
sejam encaradas para que sejam superadas. 
As demandas podem ser grupais ou individuais e cabe à instituição e aos educa-
dores a flexibilidade para realizar as adaptações necessárias. Ressalta-se que o acesso 
à educação é um direito de todos e, portanto, o ambiente escolar precisa se adaptar 
às necessidades singulares daqueles que por algum motivo não conseguem acom-
panhar o conteúdo como esperado para a idade, cabendo à instituição promover a 
equidade entre alunos. Além disso, o professor possui papel fundamental no desen-
volvimento de indivíduos e da sociedade. 
Assim como os processos de ensino e aprendizagem englobam aspectos subjeti-
vos de seus integrantes, é importante salientar a relação entre professor e aluno. Ela 
é dotada de emoções e expectativas que podem favorecer ou prejudicar a aprendiza-
gem. Para que seja saudável, cabe ao educador buscar autoconhecimento para iden-
tificar transferências que podem ser destrutivas em sala de aula, assim como para 
saber lidar com os fenômenos psicológicos que nesta ocorrem, uma vez que a sala de 
aula é palco de diversos mecanismos em que todos os integrantes são participantes.
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DESENVOLVIMENTO 
HUMANO E A 
APRENDIZAGEM
3
UNIDADE
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Objetivos da unidade
Tópicos de estudo
 Compreender o desenvolvimento humano e sua relação com a 
aprendizagem;
 Compreender as abordagens teóricas de aprendizagem, suas relações e 
divergências;
 Compreender as influências para que ocorra o processo de ensino-
aprendizagem;
 Compreender o conceito de inteligência.
 Desenvolvimento
 Desenvolvimento neuropsico-
motor
 Estágios psicossociais
 Teoria psicossexual 
 Teoria epistemologia genética 
 Inatismo, empirismo, interacio-
nismo
 Teorias de aprendizagem 
 Cognitivismo 
 Humanismo
 Comportamentalismo
 Outros teóricos importantes 
para a aprendizagem
 Vygotsky
 Wallon
 Emilia Ferreiro 
 Gardner
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Desenvolvimento 
Os estudos no campo do desenvolvimento humano têm muitas premissas e 
engloba áreas de estudos da Psicologia, Biologia, Educação, História, Filosofi a, 
Sociologia, Antropologia, entre outros. Como estamos falando do campo cien-
tífi co, os estudos do desenvolvimento são comprovados com evidências cien-
tífi cas, e seus objetivos são a descrição, explicação, previsão e modifi cação do 
comportamento. É importante a compreensão da dinâmica contínua, pois não 
é algo estático; o desenvolvimento sofre infl uências que veremos a seguir. De 
acordo com Hetherington (2003 apud BERGER, 2011, p. 3) “O estudo do desenvol-
vimento originou-se da necessidade de se resolver problemas práticos e (...) de 
pressões para melhorar a educação, a saúde, o bem-estar e a situação legal das 
crianças das e de suas famílias”. Percebe como há complexidade nos achados? 
Isso pode gerar divergências em meio aos resultados.
Podemos entender os estudos do desenvolvimento humano, portanto, 
como campo científi co em constante evolução, sendo observados os seguin-
tes domínios:
• Físico: relativos ao crescimento corpóreo, a habilidades motoras, cresci-
mento do cérebro e capacidades sensoriais;
• Cognitivo: relativo às capacidades de ordem superior, como atenção, 
memória, linguagem, funções executivas, pensamento, aprendizagem, entre 
outros;
• Psicossocial: relativo à interação social, ao contato interpessoal e à constru-
ção da personalidade do indivíduo.
Muitos fatores podem infl uenciar no desenvolvimento de uma 
pessoa, o que gera muita discussão sobre o que seria inato e o 
que seria resultado do ambiente. Bee e Boyd (2011), elencam al-
guns fatoresque infl uenciam no desenvolvimen-
to, observados no Quadro 1. Os autores con-
cluem que, apesar das divergências, há certa 
conformidade entre os psicólogos de que o 
desenvolvimento da criança é um processo 
contínuo e é resultado da natureza com a inte-
ração da vivência.
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Infl uências no desenvolvimento
Maturação
Padrões sequenciais de mudança regidos por instruções do código 
genético e compartilhadas por todos os sujeitos. Ele é universal, 
sequencial e não sofre infl uência ambiental.
Pensamento crítico Momento específi co para estimulação ou ausência de estímulo, causa 
impacto específi co no desenvolvimento.
Período sensível Momento de desenvolvimento responsivo a certos tipos de estímulos; 
ausência não gera prejuízos tão graves quanto no período crítico.
Genética do 
comportamento
Infl uência genética para o comportamento ou traços de inteligência 
ou comportamento.
Modelo interno da 
experiência
Conjunto de ideias da criança de leitura do mundo, de si mesmo e do 
outro, com mais base nas experiências do que na vivencia.
QUADRO 1. INFLUÊNCIAS NO DESENVOLVIMENTO
Fonte: BEE; BOYD, 2011, n.p. (Adaptado). 
Alguns contextos interferem no desenvolvimento do indivíduo. Fatores como 
renda, educação, moradia, assistência médica, disponibilidade de de escolarida-
de e oportunidades de lazer interferem em como o sujeito fará a sua leitura de 
mundo. Assim, como a cultura e etnia infl uenciam na construção do ser.
Veremos a seguir os marcos principais que ocorrem ao longo do crescimento, 
como forma de facilitar o aprendizado.
Desenvolvimento neuropsicomotor
O feto se desenvolve na barriga da mãe desde a fase embrionária, e alguns 
fatores, como estresse, uso de álcool, drogas e falta de nutrição adequada, 
podem interferir em seu desenvolvimento. 
O ideal é que o momento da gestação seja o mais tranquilo possível, mas 
sabemos que fatores externos e demandas da realidade muitas 
vezes impossibilitam que isso aconteça. Um bom pré-natal, 
portanto, ajuda a prevenir diversas complicações que a mãe e o 
bebê possam vir a ter durante a gestação.
Nesse primeiro período na vida uterina, for-
mam-se as estruturas e os órgãos corporais bá-
sicos. O feto, dentro da barriga da mãe, já con-
segue distinguir sons, percebendo o que se passa 
fora da barriga.
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Ao nascer, as estruturas do cérebro vão se desenvolvendo cada vez mais, e 
ocorrem os primeiros reflexos, os primeiros movimentos, e os vínculos vão se 
formando. Durante a primeira infância (período do nascimento até por volta 
dos dois ou três anos), a aprendizagem da criança é enorme. Muitas novidades 
surgem, o desconhecido de repente toma forma e não é mais tão desconheci-
do, e a curiosidade faz com que a criança se desenvolva cada vez mais.
A leitura de mundo começa a aparecer nesse período, e a criança começa a 
expressar os seus sentimentos. Ela busca formas de se comunicar com o outro, 
seja pelo choro, gestos, primeiras palavras ou comportamento. A criança res-
ponde àquilo que percebe do ambiente.
Um fenômeno que acontece no cérebro, e muito perceptível nesse período, 
é a plasticidade. A plasticidade é a capacidade que o nosso cérebro tem em se 
adaptar a estímulos novos. Nesse período, os neurônios criam conexões entre 
si em velocidade ímpar, esse fenômeno é chamado de exuberância transiente, 
e aquela conexão que não é mais usada acaba sendo atrofiada, desaparecendo. 
As conexões continuam existindo ao longo de toda a vida, mas a velocidade dimi-
nui com o aumento da idade. Percebe a importância da estimulação adequada 
no período adequado?
Quando a criança entra na segunda infância, por volta dos três ao seis anos, 
ela começa a desenvolver mais as habilidades motoras (grossa e fina), busca 
maior autonomia e independência. Nesse período, a linguagem começa a se 
desenvolver com maior fluidez, e a criança tem maior maturidade, mas com-
preende o mundo de forma egocêntrica.
Com o crescimento, vão surgindo novos desafios e durante o período entre 
os seis aos 11 anos, a atenção da criança gra-
dualmente passa para os colegas. Há gran-
des ganhos cognitivos, formalização da es-
colarização e aumento da socialização.
E assim chegamos à adolescência. 
Esse período, que se inicia por volta dos 
11 anos, é centrado na busca pela identida-
de. Os aspectos cognitivos adquirem forma-
tos mais complexos e conseguem abstrair as 
ideias com maior facilidade.
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Ao decorrer dos anos, as demandas psicossociais vão mudando, e cada fase 
exige uma resposta do indivíduo. O físico também muda, assim como o cog-
nitivo. Com o envelhecimento, os reflexos físicos vão ficando mais lentos, as 
habilidades sensoriais (visão, audição, percepção) vão diminuindo, e aspectos 
cognitivos, como a memória, podem deteriorar-se.
No Quadro 2, encontramos alguns marcos importantes acontecem no de-
senvolvimento da criança. E por que é importante sabermos o período de ex-
pectativa de cada acontecimento? Cada criança tem o seu tempo e o seu ritmo 
e é importante que seja respeitado, mas se há atraso em algum marco é impor-
tante a investigação se não há falta de estímulo e/ou causa orgânica/genética 
para o atraso, pois isso influencia na aprendizagem.
Marcos no desenvolvimento
Olha para a pessoa que a observa 3 meses
Sorrir espontaneamente 2 meses
Bater palma 11 meses
Imita atividades 16 meses
Sustento cefálico 4 meses
Sentar-se sem apoio 7 meses
Em pé com apoio 10 meses
Andar sem apoio 10-16 meses
Balbuciar 6 meses
Juntar duas palavras 2 anos
Construção de frases 3 anos
QUADRO 2. MARCOS NO DESENVOLVIMENTO
CONTEXTUALIZANDO
O pré-natal é o acompanhamento médico da gestação no qual devem 
ser tiradas todas as dúvidas da gestante, realização de exames, histórico 
familiar, promoção da saúde e bem-estar na gestação. Desde 1996, a 
gestante tem assegurado o direito de acompanhamento ao pré-natal pelo 
SUS pela Lei n. 9.263. Porém, apenas em junho de 2000, a Portaria n. 569 
instituiu o programa de humanização no pré-natal e parto, pelo Sistema 
Único de Saúde (CNJ, 2021).
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Estágios psicossociais
Erik Erikson foi um psicanalista que propôs que as fases do desenvolvi-
mento humano fossem caracterizadas por desafi os ou crises. É fundamental 
que essas crises ou desafi os sejam resolvidos no período em que ocorrem. 
De acordo com Erikson (1972), a resolução depende da interação do indivíduo 
com o ambiente, e a crise quando não resolvida pode ser arrastada para o 
próximo período de desafi o.
Existem basicamente oito grandes crises de vida, segundo o psicanalista. 
1. Confi ança x desconfi ança: essa crise ocorre nos primeiros dois anos de 
vida. Os bebês são dependentes e aprendem a confi ar que o outro irá atender 
suas necessidades básicas. Assim como pode sentir-se acolhido, pode perder a 
confi ança nos outros. 
2. Autonomia x vergonha e dúvida: essa crise ocorre entre os dois e três 
anos. Nesse período a criança já consegue executar atividades sozinhas, como ir 
ao banheiro, alimentar-se, explorar o mundo, buscando independência e auto-
nomia frente ao mundo. Se não for bem conduzida e houver excesso de repres-
são pode gerar vergonha e dúvidas.
3. Iniciativa x culpa: essa crise ocorre no período entre os três aos seis anos, 
aproximadamente. As crianças, com o aumento de habilidades cognitivas e 
curiosidade, buscam cada vez mais conhecer o mundo, por vezes ultrapassando 
os limites. Nesse período, as punições podem aumentar, gerando culpa. 
4. Diligência x inferioridade: essa crise ocorre no período entre os seis anos 
e oito anos, aproximadamente. Nesse período, a criança está entrando na esco-
larização formal. Buscam aproximar-se dosgrupos, e podem sentir-se perten-
centes e integradas ou inferiores.
5. Identidade x confusão de papéis: essa crise acomete na adolescência. 
Nesse período, o sujeito está passando por muitas mudanças. É um período de 
busca de si mesmo, de questionamentos como “quem sou eu?” 
6. Intimidade x isolamento: essa crise acomete os adultos jo-
vens. Nessa fase, a pessoa está pronta para relacionar-se 
intimamente com o outro. Caso tema a rejeição do ou-
tro ou alguma frustração, pode proteger-se por meio 
do isolamento.
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7. Geratividade x estagnação: essa crise acomete os adultos maduros. Aqui, o 
desafi o é a manutenção de uma família ou a estagnação. Busca de produtividade 
signifi cativa para as próximas gerações.
8. Integridade x desesperança: essa crise acomete a terceira idade. É o mo-
mento em que o sujeito se depara com os ganhos e as perdas ao longo de sua 
vida, realizando uma retrospectiva. Busca signifi cado ou perde a esperança quan-
to àquilo que não foi não alcançado (ERIKSON, 1972, p. 227).
Teoria psicossexual 
Sigmund Freud, por meio de sua teoria, buscou explicar o desenvolvimento hu-
mano pelos impulsos sexuais. Segundo o psicanalista, durante o desenvolvimento 
ocorreriam, de modo simplifi cado, cinco fases no desenvolvimento: 
1. Fase oral (0 a 2 anos): a boca e o que a engloba são focos de prazer para o 
bebê. Tem atenção na sucção e na alimentação.
2. Fase anal (2 a 3 anos): o ânus é o foco de sensação mais prazeroso para a 
criança. Nesse período a criança tende a controlar os esfíncteres.
3. Fase fálica (3 a 6 anos aproximadamente): o falo é a parte mais estimu-
lante do corpo. Os meninos têm orgulho e as meninas não entendem por que não 
tem um.
4. Período de latência (7 a 11 anos): é um período de intervalo, onde o foco 
está voltado para outras áreas como estudo e esportes.
5. Fase genital (a partir dos 12 anos): os órgãos sexuais são focos de prazer e 
busca satisfação em relacionamentos com o outro (FREUD, 1984, n.p.).
Teoria epistemologia genética 
Jean Piaget nasceu na Suíça, em 1896, e desde cedo demonstrou interesse 
pelo estudo científi co. Aos 10 anos, escreveu seu primeiro artigo científi co sobre 
observações de uma andorinha albina e foi um grande teórico voltado para as 
ciências naturais. Formou-se em biologia, e por meio de seus estudos epistemo-
lógicos genéticos buscou-se compreender o processo de aquisição de conheci-
mento e o desenvolvimento da inteligência no ser humano. Em sua busca, per-
correu os caminhos da biologia, fi losofi a, sociologia e psicologia.
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Em seus estudos, observou que as crianças da mesma idade cometiam os 
mesmos erros, então concluiu que para compreender o pensamento da criança 
era necessário inverter o foco. Sendo assim, em vez de focar nas respostas cer-
tas, era preciso compreender a solução por elas apresentadas. Com essa mu-
dança de percepção, Piaget percebeu que a lógica cognitiva mental da criança é 
diferente da lógica do adulto e que ela é desenvolvida gradualmente. 
O desenvolvimento mental é uma construção contínua, comparada 
à edificação de um grande prédio que, à medida que se acrescenta 
algo, ficará mais sólido ou a montagem de um mecanismo delicado 
cujas fases gradativas de ajustamento conduziram a uma flexibilida-
de e uma mobilidade das peças tanto maiores quanto mais estável, 
se tornasse o equilíbrio (PIAGET, 2019, p. 4).
 Para Piaget, o desenvolvimento cognitivo compreende quatro estágios:
• Sensório-motor: esse período engloba desde o nascimento até os dois 
anos. Nesse estágio, ocorrem as primeiras percepções de mundo. As leituras 
e ações são de muita concretude. Pouco a pouco, a criança relaciona-se com o 
objeto e realiza a diferenciação entre o objeto e o próprio corpo.
• Pré-operatório: esse período engloba dos dois anos até os seis ou sete anos, 
aproximadamente. Piaget denomina esse período como a primeira infância, e 
nessa fase, com o aparecimento da linguagem, as estruturas cognitivas e afetivas 
modificam-se significativamente. É o início da socialização, porém o pensamen-
to da criança é egocêntrico, centrado nela mesma. Por isso, crianças nessa idade 
tendem a uma percepção imediata. O jogo simbólico é muito importante para a 
representação do imaginário da criança.
• Operatório concreto: esse período engloba dos sete anos aos onze ou doze 
anos, aproximadamente. Nessa fase, as crianças apresentam maior capacida-
de de cooperação, as atitudes sociais mudam positivamente em prol do grupo. 
Existe um duplo progresso: a concentração individual e a colaboração social, e 
as crianças passam a aceitar o ponto de vista do outro, ou seja, conse-
guem ampliar as perspectivas. Nesse período, desenvolvem 
capacidade de classificação, agrupamento, noção de con-
servação (reversibilidade). O concreto ainda está presen-
te para formular os julgamentos, e atividades que exigem 
alto níveis de abstrações não são elaboradas nessa fase.
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• Operatório formal: esse período engloba dos onze aos doze até a vida 
adulta. Nesse período de adolescência até a vida adulta, o sujeito passa a ter 
capacidade de raciocínio hipotético-dedutivo desenvolvida e elabora conteú-
dos de alto nível de abstração, isso é, é capaz de pensar em conteúdos de maior 
complexidade e abstração, formular hipóteses e testá-las sistematicamente. É 
uma transição para o modo adulto de pensar (PIAGET, 2019, p. 13).
Em sua teoria, Piaget observa a importância da atuação do sujeito na cons-
trução das estruturas e do conhecimento. Ele defendia que apesar de o meio 
ser importante para o desenvolvimento, ele não é determinante. Para que as 
estruturas cognitivas sejam desenvolvidas, em sua teoria são abordados al-
guns conceitos básicos. 
(...) a ação se finda desde que haja satisfação das necessidades, isto 
é, logo que o equilíbrio – entre o fato novo, que desencadeou a ne-
cessidade, e a nossa organização mental, tal como se apresentava 
anteriormente – é restabelecido (PIAGET, 2019, p. 6).
Piaget percebeu que o conhecimento e a inteligência são construídos por 
sucessivas adaptações. A adaptação é uma tendência básica de todas as espé-
cies, e quando há um desequilíbrio, o organismo busca adaptar-se ao meio e, 
assim, reorganizar-se, com o intuito de voltar ao equilíbrio. Piaget define o de-
senvolvimento como uma “equilibração progressiva”, ou seja, uma passagem 
gradual e contínua de um estado menor de equilíbrio para um estado superior 
de equilíbrio.
Conforme ilustrado no Diagrama 1, podemos dizer que o aluno, ao ser apre-
sentado a um conteúdo novo, possivelmente sofre um desconforto inicial. Esse 
desconforto pode ser compreendido por não ter o registro daquele assunto 
mentalmente, gerando um desequilíbrio. A busca pelo entendimen-
to do assunto é o processo de adaptação em que novos registros 
são construídos mentalmente, restabelecendo o 
equilíbrio mental. Esses conceitos são denomi-
nados: assimilação – experiências novas incor-
poradas; acomodação – esquemas mentais 
são modificados pelas experiências recentes; 
equilibração – processo de assimilação e aco-
modação de novas experiências.
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DIAGRAMA 1. PROCESSO DE BUSCA DO CONHECIMENTO
Equilibração
Adaptação
Registros novos
Para entender o objeto novo 
Consolidação
dos registros
Assimilação AcomodaçãoDesequilíbrio 
Antigo esquema
mental
Equilíbrio
Novo esquema
mental
Inatismo, empirismo, interacionismo
Desde a Grécia antiga, os fi lósofos buscam compreender como funciona 
o pensamento humano. Platão defendia a ideia de que nascíamos com ideias 
natas, enquanto Aristóteles defendia que os seres humanos desenvolviam as 
ideias por meio das experiênciasvividas. 
Seguindo a linha de Aristóteles, surge, então, a concepção de empirismo, 
contrário ao inatismo, em que a aprendizagem acontece por meio do aprimo-
ramento ou do hábito. Essa concepção foi bastante criticada pelos fi lósofos na 
época do iluminismo. Para o fi lósofo John Locke, o homem é comparado a uma 
folha em branco, e com o decorrer das experiências, a folha seria preenchida. 
Outros fi lósofos, como Thomas Hobbes, David Hume e Francis Bacon, trouxe-
ram contribuições sobre a aprendizagem do homem. 
Já de acordo com as ideias de Platão, surge a concepção do inatismo, a qual 
aponta que todo sujeito carrega certas capacidades e habilidades 
consigo, sendo o conhecimento resultado da natureza do próprio 
sujeito. Seguindo essa linha de raciocínio, Alfred 
Binet, médico, percebeu que alguns conheci-
mentos eram herdados geneticamente. Binet e 
o francês Theodore Simon criaram o primeiro 
teste de QI moderno em 1905.
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Em uma visão mais qualitativa sobre a aquisição do conhecimento, teóricos 
buscam a compreensão da inteligência do indivíduo em uma visão interacionis-
ta, isso é, compreende-se, então, que o sujeito adquire conhecimento por meio 
da interação com o meio e das experiências vividas, como na teoria baseada 
nos estudos de Lev Vygotsky, que veremos adiante. 
Teorias de aprendizagem
Teoria pode ser defi nida, segundo o dicionário Michaelis (s.d.), como um “con-
junto de conhecimentos sistematizados que se fundamentam em observações 
empíricas e em estudos racionais e que, ao formular leis e categorias gerais, pos-
sibilitam classifi car, ordenar e interpretar os fatos e as realidades da natureza.”
Palangana (2015) compreende que há relação entre o desenvolvimento e 
a aprendizagem, mesmo que implicitamente, em todas as teorias psicológicas 
que visam a estudar o comportamento e a psique humana. Estudos na área 
comportamental direcionam o modo de aprendizagem e infl uenciam o modo 
de ensinar e de mecanismos de aprendizagem.
Diante de tanta pluralidade e subjetividade, apresentam-se maneiras dis-
tintas de observar o fenômeno da aprendizagem. Alguns pesquisadores se 
detiveram em entender como o homem aprende, outros na formação do co-
nhecimento, outros nos tipos de aprendizagens inerentes aos seres humanos, 
outros buscaram a gênese da inteligência e, assim, múltiplas possibilidades e 
descobertas.
Nas descobertas e caminhos percorridos pelos teóricos de aprendizagem, 
existem três fi losofi as subjacentes que veremos: cognitivismo, humanismo e 
comportamentalismo.
Cognitivismo 
O cognitivismo é uma corrente fi losófi ca que preza pelo estudo principal-
mente dos processos mentais. Moreira (2019) percebe que os teóricos dessa 
corrente têm em comum a percepção da aquisição do conhecimento como a 
atribuição de signifi cado e compreensão da informação, admitindo que a cog-
nição se dá por construção.
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Atualmente, o construtivismo é a via mais conhecida do 
cognitivismo. A ideia original do construtivismo é que o conhe-
cimento e a aprendizagem são, em boa medida, o 
resultado de uma dinâmica em que a atuação do 
sujeito e o ato de conhecer e de aprender te-
nham papel ativo, conforme estudos de Coll et 
al. (2004). Os primeiros estudos formulados nesse 
sentido são encontrados nos estudos de Piaget so-
bre psicologia e epistemologia genética. 
Piaget considera as ações como base do comportamento humano. A per-
cepção é uma atividade, e a imagem mental é uma imitação interior do objeto. 
O pensamento é, para ele, a interiorização da ação (MOREIRA, 2019). Apesar 
de Piaget não enfatizar em sua teoria a aprendizagem em si, ela é de suma 
importância para o entendimento. A teoria de desenvolvimento amplia a com-
preensão da aprendizagem da criança. Cabe, portanto, que a escola adeque as 
atividades conforme o nível de desenvolvimento mental da criança. 
A concepção construtivista do ensino e da aprendizagem expandiu-se con-
sideravelmente após os anos 60. Desde então, as visões diferem-se entre si, 
em concepções de desenvolvimento e/ou aprendizagem. Atualmente, pode-
mos separar em três grandes eixos, conhecidos como: 
• Construtivismo cognitivo: originário na teoria epistemologia genética;
• Construtivismo de orientação sociocultural: seguido pela teoria de Vygotsky;
• Construtivismo social: enfoque pós-moderno.
Lev Vygotsky foi um grande estudioso do campo do comportamento hu-
mano e da interação com o meio. De acordo com Vygotsky (1984), o desen-
volvimento cognitivo não pode ser entendido sem analisar o contexto em que 
o sujeito está inserido. O meio não é uma variável do desenvolvimento, e o 
desenvolvimento cognitivo é a conversão de relações sociais em funções men-
tais. Ou seja, em sua observação percebeu a relevância do social para o desen-
volvimento das cognições do sujeito, e essa conversão entre relações sociais e 
funções mentais superiores são mediadas. 
Partindo do pressuposto que a filosofia do construtivismo faz parte da teo-
ria do cognitivismo, vamos conhecer um pouco mais sobre as correntes filosó-
ficas que fazem parte dessa teoria. 
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A aprendizagem significativa é um processo em que uma nova informação 
se relaciona com conceitos relevantes já existentes nas estruturas mentais do 
sujeito. As estruturas mentais existentes são chamadas de subsunçores. Da-
vid Ausubel (2003), dedicou seus estudos à aprendizagem cognitiva. Para ele, 
o processo de aprendizagem é resultante dos processos cognitivos. Em sua 
teoria, existem dois tipos de aprendizagem: a aprendizagem significativa e a 
aprendizagem mecânica. 
• Aprendizagem mecânica: conteúdos recebidos de forma automática, ou 
seja, sem interação com alguma informação já adquirida;
• Aprendizagem significativa: o conteúdo relaciona-se com informação já 
adquirida pelo sujeito.
Para que o processo de assimilação dos conteúdos ocorra, é preciso que 
o material seja potencialmente significativo ao aluno e que ele tenha conheci-
mentos prévios para conseguir relacionar o assunto e queira aprender signi-
ficativamente. Portanto, o modo como é realizada a interação entre os novos 
conteúdos e os preexistentes resulta na aprendizagem significativa ou não. 
Para Ausubel (2003 apud COLL et al., 2018, p. 66): 
A exposição verbal correta e bem-organizada (sic) é a mais eficien-
te de ensinar e promover a aprendizagem de conteúdo dos amplos 
e complexos; daí que o planejamento e a prática de ensino devam 
preocupar-se com a apresentação correta da informação para que 
os alunos possam construir significados precisos e estáveis (...).
A teoria dos modelos mentais por Johnson-Laird (1983) concebe que o 
homem não compreende o mundo 
diretamente, mas relaciona-se com 
as representações mentais que faz 
do mundo. Os modelos mentais são 
construídos por meio da percepção de 
mundo. O professor apresenta ao alu-
no modelos conceituais que auxiliam 
no desenvolvimento de modelos men-
tais. O aluno, por sua vez, constrói os 
modelos mentais a partir dos modelos 
conceituais que lhe são apresentados. 
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Humanismo
O humanismo como o próprio nome se refere, é uma corrente fi losófi ca 
cuja maior atenção encontra-se no homem integralmente. O comportamento 
humano e a aprendizagem são correlacionadas, os sentimentos, os pensamen-
tos e as ações são integrados. Para os integrantes dessa vertente não é possível 
pensar no sujeito sem olhar para ele como um ser em sua totalidade.
Carl Rogers (1902-1987), foi psicólogo central na teoria humanista. Para ele, 
na aprendizagem podem ser relacionados os princípios da teoria centrada na 
pessoa; no caso, centrada no aluno, e deve-se incentivar as forças positivasde 
crescimento. O papel do professor, portanto, é facilitar o processo de aprendi-
zagem, e cabe ao aluno conduzir o próprio processo.
Para que a aprendizagem ocorra, é necessário enfatizar a relação entre pro-
fessor e aluno. Para que o espaço seja propício à aprendizagem, é necessário 
que o professor tenha congruência, empatia e respeito. Essas três caracterís-
ticas nem sempre são simples para o educador. Rogers (1973), em sua teoria, 
esclarece a importância de compreensão e consideração com o outro para que 
o desenvolvimento possa acontecer.
Ele infere que todos os indivíduos têm potencial para aprender, e alguns 
princípios favorecem a aprendizagem, como a autonomia do aluno, a relevân-
cia do conteúdo, a autoconfi ança, entre outros.
Paulo Freire (1921-1997) também é incluído na corrente fi losófi ca humanis-
ta. Ele foi um importante pedagogo, que trouxe grandes refl exões para a peda-
gogia, e em sua obra traz o pensamento para a educação refl exiva e libertária.
A corrente Freiriana busca a educação dialógica, ou seja, construção de co-
nhecimentos com base no diálogo. Freire compreende que a pedagogia está 
relacionada com a política, pois somente por meio do ensino e da refl exão que 
o sujeito seria capaz de refl etir sobre sua realidade e questioná-la.
ASSISTA
Para saber mais, assista ao vídeo sobre a comemo-
ração ao centenário de Paulo Freire, em que Mario 
Sergio Cortella, filósofo, e Sérgio Haddad, educador, 
dialogam sobre o método Paulo Freire.
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Comportamentalismo
O comportamentalismo, também conhecido como behaviorismo, é uma área 
da psicologia que estuda o comportamento humano. Para os behavioristas, o 
comportamento humano pode ser estudado por meio da observação de suas 
ações. Existem duas vertentes do behaviorismo, o metodológico e o radical.
O behaviorismo metodológico foi fundado por John Watson (1878-1958). Wat-
son foi psicólogo norte-americano, e o enfoque de seus estudos foi voltado aos 
estímulos do meio. Para ele, o comportamento pode ser previsível, isso é, apren-
dido pelo meio em que está inserido. Watson teve infl uência em sua teoria dos 
fundamentos de Pavlov (1849-1936), que realizou experimentos sobre o compor-
tamento, concluindo sobre o condicionamento clássico. Como exemplo temos a 
imagem do cachorro salivando ao receber o estímulo da comida, mas também 
ao sinal de uma campainha. Este sinal, que foi anteriormente apresentado junto 
à refeição, é associado a uma nova refeição, conforme ilustrado na Figura 1.
CONDICIONAMENTO
Experimento do cachorro de Pavlov
Estímulo
incondicionado
Comida mais sino
Estímulo neutro Sem respostaResposta
refl exa
Resposta
refl exa
Estímulo
condicionado
resposta
condicionada
Antes do condicionamento
Durante o condicionamento Depois do condicionamento
Figura 1. Condicionamento Clássico. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 28/08/2021. (Adaptado).
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Moreira (2019) mostra que, para explicar a aprendizagem, Watson utilizou 
dois princípios:
• Frequência: quanto mais frequentemente a resposta é associada a um es-
pecífico estímulo, maior a probabilidade de se associar ao estímulo outra vez;
• Recenticidade: quanto mais recente foi a resposta associada a um determi-
nado estímulo, maior a probabilidade de associar outra vez.
Podemos , então, concluir que para que a aprendizagem ocorra, seguindo os 
princípios de Watson, é preciso que o aluno tenha contato com o estímulo (con-
teúdo), com determinada constância.
O behaviorismo radical nega a existência da mente, apesar de aceitar estu-
dar os fenômenos internos, aceitando todos os fenômenos comportamentais. 
Skinner nasceu em 1904, na Pensilvânia, Estados Unidos. Foi psicólogo e dedicou 
seus estudos a experimentos e à observação de animais como ratos e pombos 
em ambientes fechados, ficando conhecido pela criação do método caixa de 
Skinner. Não se considerava como teórico da aprendizagem e via seus estudos 
como análise funcional das relações entre estímulo (input) e resposta (output) 
(MOREIRA, 2019, p. 50). 
Na teoria de Skinner, o comportamento humano é produto de contingências 
de reforço que foram construídas entre o indivíduo e o mundo, o estímulo, a 
resposta e as consequências. Algumas premissas básicas são norteadoras na 
teoria de Skinner: 
• O sujeito tende a evitar consequências dolorosas e busca ter comportamen-
tos que gerem recompensas;
• Reforço positivo: resposta que vem imediatamente após um comportamen-
to e gera o aumento desse comportamento. Um elogio, uma nota alta são exem-
plos de reforços positivos, que fortalecem a resposta esperada; 
• Reforço negativo: pode ser qualquer resposta que vem 
imediatamente após um comportamento que 
enfraquece a resposta do estímulo, diminuin-
do a frequência. É comumente conhecida 
como punição.
Os princípios behavioristas trouxeram con-
tribuições para as práticas de ensino e contribui-
ções para a compreensão do ato do aluno aprender.
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“O papel do professor no processo instrucional é o de arranjar as contingên-
cias de reforço, de modo a possibilitar ou aumentar a probabilidade de que o 
aprendiz exiba o comportamento terminal, isto é, que ele dê a desejada (a ser 
aprendida)” (SKINNER, 1995 apud MOREIRA, 2019, p. 59).
Sendo assim, é preciso que o professor ao pensar em suas aulas lembre-se 
de proporcionar situações em que possa incluir reforços 
positivos aos alunos, pois aulas exclusivamente expo-
sitivas tiram a oportunidade de participação do alu-
no. Henklain e Carmo (2013) ressaltam a importância 
da participação do aluno para que o professor tenha o 
feedback imediato do que e o quanto o aluno está aprendendo. 
É essencial o planejamento e revisão por parte do 
professor.
Algumas críticas são feitas à abordagem 
behaviorista pelo fato de não considerar a 
motivação intrínseca do aluno e estar relacio-
nada a metodologias mais tradicionais e retró-
gradas. Porém, os estudos foram e são de grande 
valia para compreensão da aprendizagem humana.
Outros teóricos importantes para a aprendizagem
Como visto anteriormente, a psicologia em seus estudos teóricos está 
relacionada intrinsecamente com a condição humana de aprendizagem. 
Muitas são as contribuições do campo da psicologia para a área da educa-
ção, seja no estudo das práticas educacionais, na formação de professo-
res, ou nas áreas de desenvolvimento e relacional.
Veremos a seguir alguns teóricos que trouxeram contribuições para o 
entendimento educacional: Lev Vygotsky, Emília Ferreiro, Henri Wallon e 
Howard Gardner.
Cada teórico contribuiu com sua abordagem de maneira distinta tanto 
para a psicologia como para os caminhos da educação. As concepções en-
riquecem as discussões filosóficas e o olhar multidirecional e multiplurali-
dade do ser humano.
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Vygotsky
Lev Vygotsky nasceu na Rússia, em 1896, e dedicou-se aos estudos vol-
tados para a psicologia, ciências sociais, áreas linguísticas, filosofia e arte. 
O desenvolvimento para ele era dividido em duas partes: os processos de 
origem biológica e as funções psicológicas superiores de origem sociocul-
tural. A natureza humana é resultado, portanto, da interiorização da expe-
riência cultural, transmitida de geração em geração, e a cultura faz parte 
da formação do homem.
A teoria central de Vygotsky compreende a interação social dos indiví-
duos. Para ele, as funções complexas do pensamento para desenvolver-se 
precisam da interação social, e o maior fator é a comunicação, a fala. Nes-
se sentido, “a aquisição de um sistema linguístico organiza todos os pro-
cessos mentais da criança, dando forma ao pensamento” (PALANGANA, 
2015, p. 105). A linguagem, portanto, surge como forma69
Desenvolvimento .................................................................................................................. 70
Desenvolvimento neuropsicomotor ............................................................................. 71
Estágios psicossociais .................................................................................................. 74
Teoria psicossexual ........................................................................................................ 75
Teoria epistemologia genética ..................................................................................... 75
Inatismo, empirismo, interacionismo ............................................................................... 78
Teorias de aprendizagem ................................................................................................... 79
Cognitivismo ................................................................................................................... 79
Humanismo ....................................................................................................................... 82
Comportamentalismo ...................................................................................................... 83
Outros teóricos importantes para a aprendizagem ....................................................... 85
Vygotsky ............................................................................................................................ 86
Wallon ................................................................................................................................ 87
Emilia Ferreiro ................................................................................................................. 89
Gardner ............................................................................................................................. 91
Sintetizando ........................................................................................................................... 93
Referências bibliográficas ................................................................................................. 94
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Sumário
Unidade 4 - O fracasso escolar e o papel do psicólogo escolar
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 97
Fracasso escolar .................................................................................................................. 98
Histórico .......................................................................................................................... 101
Técnicos .......................................................................................................................... 104
A instituição .................................................................................................................... 105
Político-sociais .............................................................................................................. 106
Psicológicos ................................................................................................................... 107
Patologização do fracasso .......................................................................................... 108
Quem educa? ....................................................................................................................... 110
A família .......................................................................................................................... 111
A família e a escola ....................................................................................................... 113
Intervenções e encaminhamentos .................................................................................. 116
“Aluno-problema” ......................................................................................................... 116
O diagnóstico ................................................................................................................ 118
O professor ..................................................................................................................... 118
Orientação familiar ....................................................................................................... 119
Sintetizando ......................................................................................................................... 121
Referências bibliográficas ............................................................................................... 123
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A psicologia escolar é uma área da Psicologia que converge com a da Educa-
ção. Assim, ela engloba as fases de desenvolvimento e as modalidades de en-
sino-aprendizagem. O profi ssional de Psicologia inserido no ambiente escolar 
exerce função fundamental nas mudanças do ambiente e na sua prevenção. 
Nesse sentido, a escola, um local rico de vivências e experiências, não poderia 
fi car de fora dos estudos dessa área.
Pense em sua vida estudantil, pode ser mais recentemente ou há bastante 
tempo, e lembre-se de seu professor ou sua professora favorita. O que esse 
educador tem de diferente dos outros? Se tivesse encontrado outros profi s-
sionais assim em seu percurso, será que algo teria mudado em sua vida aca-
dêmica? Agora, lembre-se de um por quem não tinha muita afeição e imagine 
uma escola com educadores apenas desse jeito. Você acha que os alunos desse 
ambiente conseguiriam ter plena aprendizagem?
Diante dessa perspectiva, esta disciplina visa trazer refl exões para a sua 
formação, mostrando a importância do olhar psicológico para a educação.
Bons estudos!
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Apresentação
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Agradeço a Deus pelas oportunidades dadas a mim. Dedico este trabalho 
ao Ricardo, meu amor, pelo companheirismo e dedicação, obrigada por 
sempre acreditar em meu potencial; e aos meus pais, pelos ensinamentos e 
por sempre incentivarem meus sonhos.
A professora Fernanda C. Libanore é 
especialista em Psicopedagogia Clíni-
ca e Institucional pela Estácio Ribeirão 
Preto (2021) e em Neuropsicologia pelo 
CEPSIC (2017) e graduada em Psicologia 
pela FMU (2015). Atua na área de orien-
tação escolar desde 2018 e na clínica 
desde 2016. Tem experiência na área 
de Psicologia com ênfase em psicologia 
do ensino e da aprendizagem.
Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/2634322756121415
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A autora
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EDUCAÇÃO E 
PSICOLOGIA
1
UNIDADE
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Objetivos da unidade
Tópicos de estudo
 Entender a função social da escola;
 Compreender a evolução histórica da escola;
 Conhecer a história da psicologia educacional;
 Entender o papel do psicólogo escolar;
 Compreender as frentes de atuação do psicólogo escolar.
 Relação entre escola, educa-
ção, sociedade e psicologia
 Indivíduo e sociedade
 Psicologia e sociedade
 Escola e função social
 História e evolução da escola
 Abordagens de aprendizagem
 Educação bancária e educação 
libertadora
 Psicologia da educação e suas 
contribuições
 Contribuições
Psicólogo na instituição escolar
 Relação aluno e escola
 Relação aluno e professor 
 Relação com a equipe
 Relação com a comunidade 
 Psicólogo clínico e escola 
 Psicólogo consultor externo 
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Relação entre escola, educação, sociedade e 
psicologia
O conceito de educação está relacionado ao processo de ensino-aprendi-
zagem, e é por meio dela que há a formação do sujeito em sociedade e que 
esta é construída. Podemos, portanto, dizer que a prática da educação é social 
humanizadora.
A aprendizagem dode comunicação 
com o mundo.
A transição do conteúdo social para o conteúdo individual depende da 
maneira como o externo e o interno relacionam-se (COLL et al., 2019). A 
apropriação é um processo interno ativo, em que o sujeito interage com 
o objeto e dá significado às experiências vividas. Na internalização, um 
processo interpessoal é transformado em intrapessoal, ou seja, a ideia ori-
ginária é externa e passa a ocorrer internamente.
Para que o processo de aprendizagem ocorra, o professor, na teoria 
sócio-histórico-construtivista, tem o papel de mediador do conhecimento. 
Assim, o aluno depende da atuação do professor, e o professor precisa es-
tar apto às mudanças. A atuação do professor, neste caso, se dá no espaço 
denominado zona de desenvolvimento proximal.
• Zona de desenvolvimento real: aquilo que o aluno consegue realizar 
sozinho;
• Zona de desenvolvimento proximal: entre o real e o potencial;
• Zona de desenvolvimento potencial: precisa de orientação de adul-
to e/ou professor ou colegas mais capazes para realizar a tarefa.
O Diagrama 2 ilustra o mecanismo de ensino-aprendizagem baseado na 
zona de desenvolvimento proximal.
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DIAGRAMA 2. PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM BASEADO NA ZDP
Conhecimento real
Mediador
Conhecimento ainda 
não consolidado
Zona de desenvolvimento proximal 
Zona de desenvolvimento real Zona de 
desenvolvimento potencial 
A escola faz parte do meio social do indivíduo e o professor tem, portanto, 
um papel mediador na formação do indivíduo. Conforme a teoria histórico-cul-
tural, o ensino tem papel essencial e central em todo o sistema de organização 
da criança. A tarefa do professor é ensinar a criança aquilo que ela não é capaz 
de aprender sozinha, criando possibilidades para que o aluno se aproprie dos 
instrumentos cognitivos/culturais para desenvolver os processos psicológicos 
superiores. Portanto, é no coletivo em que se desenvolvem as características 
humanas.
Por meio da teoria de Vygotsky, o professor tem papel crucial para o desen-
volvimento. Para o teórico, o desenvolvimento é interligado à aprendizagem, 
logo, a escola, ao investir no potencial do sujeito, auxiliando naquilo que ele ain-
da não consegue fazer sozinho, intervém na zona proximal de desenvolvimento. 
É pela da apropriação dos conhecimentos científi cos que o aluno terá condições 
de compreender e analisar a sociedade e, consequentemente, de transformar 
sua consciência e engajar-se na transformação de sua realidade. 
Wallon
Henry Wallon nasceu na França, em 1879, estudou fi losofi a, psicologia e tor-
nou-se médico. Em suas formulações, trouxe a concepção de que para enten-
der o ser humano, é preciso que ele seja observado em suas dimensões afetiva, 
cognitiva e motora, sem fragmentação. 
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De acordo com Wallon, a criança descobre o 
mundo por meio do movimento, da motricidade, e 
assim vai se descobrindo. Posteriormente, vai pro-
cessando mentalmente as informações do meio e 
evolui com essas trocas. Assim, o movimento faz par-
te da construção do ser humano.
A infância é a etapa em que mais mudanças na vida de um ser humano. Wal-
lon traz a importância da afetividade na evolução cognitiva e motora da criança 
e a relação com o desenvolvimento infantil por meio da relação sociocultural 
de cada indivíduo. No primeiro ano de vida, a evolução cognitiva depende da 
evolução emocional, e a constituição social e cognitiva acontecem gradualmen-
te. É por meio da interação com o meio que o sujeito se constrói e constrói sua 
personalidade.
A aprendizagem infantil é resultado da ação e da tentativa. A criança passa do 
reflexo ao lúdico ao acaso e, ao perceber interesse, descobre a satisfação, sendo 
a emoção o fator que liga o ato à repetição. É imprescindível que se observe jun-
to às interfaces da emoção com a cognição e a motricidade. Ao interagir com o 
meio, o ser humano estabelece suas relações com o ambiente físico.
A criança estabelece relações afetivas com os objetos por meio da motricidade; 
desde bebê consegue expressar aquilo que agrada e o que não agrada. A motri-
cidade, portanto, tem dimensão afetiva e interativa. Conforme a criança vai cres-
cendo e as conexões com o mundo são estabelecidas, ela tem maior domínio do 
próprio corpo, busca maior autonomia, consciência corporal e imagem corporal.
A afetividade é um fator muito importante para o desenvolvimento na concep-
ção de Wallon. A emoção liga a criança ao ambiente, é a reação fundamental que 
apresenta no aprendizado. Há três momentos sucessivos marcantes na evolução 
da afetividade, segundo Almeida e Mahomy (2007): 
• Emoção: exteriorização da afetividade, expressão corporal motora. Estimu-
la o desenvolvimento cognitivo;
• Sentimento: não são reações diretas e instantâneas como a emoção. Os 
adultos sabem administrar melhor a expressão de sentimentos, buscando a 
reflexão;
• Paixão: uso do autocontrole como condição para dominar uma situação. O 
cognitivo que atende às necessidades afetivas.
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Wallon trouxe contribuições para a psicomotricidade e para a educação. Em 
sua análise, a tonicidade corporal é que pode perceber a expressão das emoções 
sem as palavras, em forma de linguagem corporal. A evolução da criança acon-
tece com o decorrer dos estímulos da afetividade, cognição e motricidade, só 
então consegue desenvolver-se.
Godoy (2011) traz a importância que Wallon trouxe para o desenvolvimento 
da pessoa e o desenvolvimento da consciência corporal. Sendo uma construção 
progressiva, a criança vai adquirindo recursos para interagir com o ambiente. A 
dança envolve o corpo, esse é o primeiro meio de comunicação com o mundo 
da criança. O professor pode estimular a criança através de danças individuais 
como coletivas.
A criança transforma em símbolos aquilo que pode experimentar 
corporalmente e o pensamento se constrói, primeiramente, sob a 
forma de ação. Ela precisa agir para compreender e expressar signi-
fi cados presentes no contexto histórico-cultural em que se encontra 
(GARANHANI, 2004, p. 40). 
Emilia Ferreiro 
Emília Ferreiro nasceu em 1936, na Argentina, e foi orientada por Piaget. Seus es-
tudos revolucionaram a área da pedagogia. Descobriu e descreveu a psicogênese da 
língua escrita e, por meio de seus estudos, descobriu-se que a alfabetização está 
relacionada com a maturidade da criança e o método utilizado por quem ensina.
ASSISTA
Assista a educadora Magda Soares explanando sobre a 
alfabetização, letramento e alguns dos conhecimentos 
necessários para a formação do professor que deseja 
alfabetizar letrando. 
A linguagem escrita é um objeto de uso social e serve como meio de comu-
nicação. A criança se depara com placas, letreiros, propagandas, rótulos por 
toda a sua volta. A escrita se faz como uso cultural, e a alfabetização está além 
do processamento visual e auditivo, ela está na leitura de mundo da criança e 
no levantamento de hipóteses que a criança faz. Ferreiro (2011) argumenta que 
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crianças em ambientes sem estímulos e/ou acesso a escritas diversas estão em 
desvantagem em comparação com a criança que vive em um meio que a escri-
ta é presente. A educação infantil pode e deve permitir que as crianças tenham 
contato com a língua escrita.
A pré-escola deveria permitir a todas as crianças a liberdade de expe-
rimentar os sinais escritos, num ambiente rico em escritas diversas, 
ou seja: escutar alguém lendo em voz alta e ver os adultos escreven-
do; tentar escrever; tentar ler; assim como reconhecendo semelhan-
ças e diferenças nas séries de letras; brincar com a linguagem para 
descobrir semelhanças e diferenças sonoras (FERREIRO, 2011, p.98).
Como mostraa Figura 2, a criança pode até não estar compreendendo to-
dos os símbolos presentes no jornal, e possivelmente está imitando a ação de 
adultos próximos que convive ou que tenha visto. Porém, a criança vendo as 
pessoas à sua volta comunicando-se por meio dos símbolos e alfabeto tem a 
curiosidade de descobrir e fazer parte dessa socialização também.
Em estudos, Emilia Ferreiro e Ana Teberosky investigaram como as crianças 
percebiam a escrita e observaram que elas levantavam as hipóteses dos dese-
nhos e assim desenvolviam a escrita. Perceberam que o processo de alfabeti-
zação da criança percorre cinco estágios: 
Figura 2. Criança imitando a leitura. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 28/08/2021.
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I. Pré-silábico: não há diferenciação de grafi a entre as palavras;
II. Intermediário: início de relação entre grafema e fonema;
III. Hipótese silábica: as letras passam a ter valores silábicos;
IV. Hipótese silábico-alfabético: tentativa de equivalência de grafema-fonema; 
V. Hipótese alfabética: compreensão da função social e reconhecimento do va-
lor sonoro de todas ou quase todas as letras. 
Gardner
Howard Gardner nasceu em 1943, na Pensilvânia, e teve a carreira acadê-
mica voltada para a Psicologia e a Educação, revolucionando a maneira de ver 
a inteligência. A inteligência pode ser defi nida, segundo o autor, como a capa-
cidade cognitiva global de um indivíduo. Trata da capacidade mental geral que 
implica na habilidade de raciocinar, planejar, compreender e resolver proble-
mas e confl itos e de adaptar-se a novas situações, aprendendo com a experiên-
cia, dependendo ou não do conhecimento escolar.
Com o QI, coefi ciente de inteligência mensurado a partir de testes quantita-
tivos, Gardner questiona o conceito conhecido como inteligência e a utilização 
prática dela. O que uma pessoa faz com um número alto de QI após a conclu-
são da escola? De acordo com o estudioso, “os testes de QI predizem o desem-
penho escolar com boa exatidão, mas não predizem de maneira satisfatória o 
desempenho numa profi ssão” (GARDNER, 2012, p. 20).
Como implicações, inclusive educacionais, Gardner pluralizou o conceito da 
inteligência com a sua teoria das inteligências múltiplas. Ele percebeu que são 
oito tipos de inteligências:
• Inteligência musical: “aptidão” para a música. Existem crianças que de-
senvolvem sensibilidade à musicalidade e noção de sonorização sem nunca 
terem tido aulas para tocar determinado instrumento;
• Inteligência corporal – cinestésica: facilidade com atividade corporais e 
o controle motor, como dança e atividade físicas;
• Inteligência lógica – matemática: rapidez na resolução de problemas 
de raciocínio lógico;
• Inteligência linguística: normalmente são pessoas que gostam mais de 
ler e escrever. Tendência à boa fl uência verbal; 
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• Inteligência espacial: relacionada à capacidade espacial, com boa per-
cepção de localização em mapas e diagramas;
• Inteligência interpessoal: capacidade na percepção do outro e em como 
relacionar-se com o outro. Tendência à sociabilidade e cooperação;
• Inteligência intrapessoal: relacionada à percepção de si e de suas neces-
sidades;
• Inteligência naturalista: pessoas que buscam maior integração com a 
natureza.
Figura 3. Tipos de inteligência predominantes. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 28/08/2021.
Conforme ilustrado na Figura 3, cada indivíduo pode ter um tipo de inteli-
gência predominante. Todos os indivíduos possuem todas as inteligências em 
algum grau, porém certos indivíduos têm maior potencial em determinadas 
áreas. O sistema educacional poderia favorecer o desenvolvimento dessas 
habilidades com a inclusão de matérias optativas voltadas para determinadas 
áreas ou de sugestões para potencializar as habilidades de cada indivíduo. A 
proposta de Gardner, em relação à educação, é a implicação de mudança curri-
cular e reforma educacional. Ele faz críticas duras ao sistema tradicio-
nal e ao sistema de avaliação vigente na época.
A educação para ele deve ser centrada no indivíduo, e 
o autor ainda aponta que isso não é utópico, porém é 
preciso que as pessoas queiram que aconteçam as mu-
danças necessárias. A reforma educacional irá aconte-
cer quando tiver um sistema uniforme e em concordância. 
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Sintetizando
Caro(a) aluno(a), chegamos ao final de mais uma unidade em nossa discipli-
na sobre Psicologia Escolar. Nessa unidade, foi possível compreender o desen-
volvimento humano e a sua relação com a aprendizagem. Conforme vimos, os 
estudos do desenvolvimento envolvem diversas áreas de conhecimento vol-
tadas à explicação do desenvolvimento físico, cognitivo e psicossocial do ser 
humano. Apesar de tamanha amplitude, há congruência da influência multifa-
torial e a interação do indivíduo com o meio.
Em relação à aprendizagem, teóricos de correntes filosóficas distintas bus-
caram e ainda buscam compreender a aprendizagem, e a psicologia, ao es-
tudar o desenvolvimento humano, está intrinsecamente ligada ao estudo da 
aprendizagem humana.
Para os cognitivistas, a aprendizagem é decorrente da interação do homem 
com o ambiente, e assim os processos cognitivos são desenvolvidos. Dentro da 
filosofia cognitivista, existem correntes que divergem, como a socioconstruti-
vista, cujo foco é a interação social, e a construtivista cognitiva, cujo foco é a 
equilibração-processo, conforme explicado por Piaget.
Para os humanistas, a aprendizagem deve ser centrada no aluno, e a rela-
ção entre professor e aluno deve ser bem estabelecida. Carl Rogers é precursor 
da filosofia humanista e leva os conceitos da psicoterapia para a educação, na 
qual o educador deve ter três características básicas: empatia, congruência e 
respeito com o outro. Paulo Freire foi educador também pertencente à corren-
te, na qual educação deve ser dialógica e não bancária.
Já para os behavioristas, a aprendizagem é condicionada aos estímulos do 
ambiente. Apesar de críticas, essa corrente trouxe grandes contribuições para 
a compreensão da aprendizagem humana.
Outros estudiosos importantes complementam a cada dia a perspectiva da 
aprendizagem e a importância da educação na sociedade e no desenvolvimen-
to humano. Nesta unidade, nos aprofundamos nesses assuntos em busca de 
uma maior compreensão sobre como o ser humano aprende.
Até a próxima unidade, bons estudos! 
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O FRACASSO 
ESCOLAR E O PAPEL 
DO PSICÓLOGO 
ESCOLAR
4
UNIDADE
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Objetivos da unidade
Tópicos de estudo
 Compreender o histórico do fracasso escolar no Brasil;
 Expor as causas para o fracasso escolar;
 Entender as tentativas de superação ao fracasso escolar;
 Compreender a relação entre a família e a escola na implicância da 
aprendizagem;
 Conhecer possíveis encaminhamentos frente a diversas situações no 
ambiente escolar.
 Fracasso escolar
 Histórico
 Técnicos
 A instituição
 Político-sociais
 Psicológicos
 Patologização do fracasso
 Quem educa?
 A família
 A família e a escola
 Intervenções e encaminhamentos
 “Aluno-problema”
 O diagnóstico 
 O professor
 Orientação familiar 
PSICOLOGIA ESCOLAR 97
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Fracasso escolar
O fracasso é relacionado a não contemplação de algo que deveria ser reali-
zado. No âmbito escolar, o fracasso escolar pode remeter a diversas situações, 
desde o não acompanhamento dos estudos até ao abandono e/ou não fre-
quência à escola. A não contemplação dos estudos pode ser devido a causas 
biológicas, sociais ou culturais. 
De acordo com os dados obtidos pela Pesquisa Nacional por Amostra de 
Domicílios Contínua (PNAD), em pesquisa realizada pelo IBGE, em 2017, no Bra-
sil, a taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade foi de 7,0% 
e cerca de 25,1 milhões de pessoas entre 15 a 29 anos de idade, que não alcan-
çaram o ensino superior completo, não estavam estudando ou se qualifi cando, 
representando uma taxa de 5,9% da população brasileira. Pela pesquisa, os 
principais motivos seriam falta de interesse, necessidade de trabalho e cuidado 
de pessoas e cuidados domésticos. 
CURIOSIDADE
O IBGE é o Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística, 
sendo um órgão de instância federal criado em meados 
de 1936, com o objetivo de identifi car e analisar o terri-
tório brasileiro. Por meio de seus estudos estatísticos, é 
possível analisar e compreender o desenvolvimento da 
sociedade nas instâncias econômicas, sociais e educa-
cionais. Para saber mais, acesse o site e acompanhe os 
estudos realizados ao longo dos anos.
Conforme mostra o Gráfi co 1, em 2019 os dados obtidos para os motivos de 
não conclusão do ensino incluíam:
• Precisar trabalhar;
• Não ter escola na localidade, vaga ou no turno desejado;
• Gravidez;
• Realização de afazeres domésticos ou cuidar de crianças, adolescentes, 
idosos ou pessoas com defi ciências;
• Falta de interesse pelos estudos;
• Outros motivos.
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GRÁFICO 1. PRINCIPAIS MOTIVOS POR TER DEIXADO OU NUNCA 
TER FREQUENTADO A ESCOLA
Fonte: Brasil, 2019.
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3.947
3.500
3.000
2.000
1.000
500
0
2.500
1.500
Pessoas de 14 a 29 anos que nunca frequentaram a escola ou que já frequentaram e 
não concluíram o ensino médio ou curso equivalente 
Total Homens Mulheres 
A Tabela 1 mostra detalhadamente os números brutos desta pesquisa, rea-
lizada em todo o território brasileiro. Importante ressaltar que, em 2021, a po-
pulação brasileira corresponde a mais de 213 milhões de habitantes, segundo o 
próprio IBGE. A pesquisa é realizada por uma parcela que representa o cenário 
brasileiro, em um determinado momento.
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TABELA 1. PRINCIPAIS MOTIVOS POR TER DEIXADO OU NUNCA TER FREQUENTADO A 
ESCOLA (2019) - DADOS BRUTOS
BR - 1 - Brasil
Ano-2019
Principal motivo de ter 
deixado ou nunca ter 
frequentado escola
Total
Sexo
Homens Mulheres
10.099 Mil pessoas 5.885 Mil pessoas 4.214 Mil pessoas
Precisava trabalhar 3.947 Mil pessoas 2.944 Mil pessoas 1.003 Mil pessoas
Não tinha escola na localidade, 
vaga ou turno desejado 319 Mil pessoas 156 Mil pessoas 163 Mil pessoas
Por gravidez 1.001 Mil pessoas - 1.001 Mil pessoas
Tinha de realizar afazeres 
domésticos ou cuidar de 
crianças, adolescentes, idodos 
ou pessoas com deficiência
527 Mil pessoas 41 Mil pessoas 486 Mil pessoas
Problemas de saúde permanente 374 Mil pessoas 237 Mil pessoas 137 Mil pessoas
Não tinha interesse em estudar 2.954 Mil pessoas 1.940 Mil pessoas 1.013 Mil pessoas
Outros motivos 976 Mil pessoas 566 Mil pessoas 410 Mil pessoas
IBGE - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Anual - 2° trimestre
A entrada nas escolas também é uma problemática que interfere na es-
colarização. Em 2019, pelos dados obtidos pela PNAD, cerca de 30% dos pais 
responderam a pesquisa de que gostariam de colocar os filhos de 0 a 3 anos 
na creche, mas não conseguem por não ter acesso, seja por falta de vaga, pela 
localidade da creche ou por não aceitar a idade do bebê. As diferenças variam 
de acordo com cada região do País.
Fonte: Brasil, 2019. (Adaptado).
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Percebe-se que as difi culdades variam desde a entrada até o alcance da 
conclusão do ensino básico para a população brasileira. Iremos nos aprofundar 
nas possíveis causas e consequências adiante.
É preciso que o Estado consiga assegurar não apenas as vagas para a entra-
da do sujeito na escola, mas também a qualidade e permanência do indivíduo 
no curso, de modo a tentar aumentar a conclusão de ensino. 
Histórico 
Sociólogos, psicólogos e educadores vêm buscando o porquê da existência 
do fracasso escolar. Em primeiro lugar, é preciso observar quais as condições 
que o sujeito tem para o seu desenvolvimento, o que ao seu redor pode fa-
vorecer ou difi cultar no processo de ensino-aprendizagem, seja no ambiente 
familiar, escolar, social, cultural,dentre outros.
Até a década de 1970, o aluno que não conseguia acompanhar os estudos 
era culpabilizado pela condição social ou por ser “portador de algum distúrbio”. 
Machado e Souza (1997, p. 24) afi rmam que: 
A partir da década de 80, várias pesquisas passaram a pensar a re-
lação fracasso escolar e pobreza, quer na área da Psicologia Escolar 
(Patto, 1984, 1990), da Psicologia Social (Leser e Freire, 1986), da Lin-
guística (Cagliari, 1985; Soares, 1986), da Medicina (Moysés e Lima, 
1982) e da Pedagogia (Collares, 1989). Esses estudos, grosso modo, 
questionam a concepção que culpabiliza a vítima, o aluno, pelo fra-
casso escolar, chamando atenção para a má qualidade do ensino 
oferecido e para a presença, nas práticas escolares, de estereótipos 
e preconceitos existentes a respeito da criança pobre.
Até então, creditava-se a responsabilidade e a origem dos problemas de 
escolarização às famílias que não a favoreciam devido ao ambiente carente. 
A pobreza, até hoje, é um fator difundido no fracasso escolar, mas não é 
determinante. Vale destacar que, antes do surgimento dos estudos que co-
meçaram a questionar o próprio ensino, a responsabilização caía toda para 
o aluno e para a família. Essa visão produzia explicações preconceituosas 
e distorcidas a respeito das crianças e das famílias, tendo sido largamente 
difundida entre educadores e psicólogos da época (MACHADO, 1997). Estas 
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explicações são vistas como causas até hoje, presentes como preconceitos 
cristalizados na sociedade.
Essa visão construiu a teoria da carência cultural. De acordo com esta, o 
fracasso escolar é explicado pela privação ou pouco acesso à cultura devido à 
condição financeira da família do aluno. Nessa explicação, crianças que nasces-
sem em ambientes carentes estariam, naturalmente, fadadas a algum atraso 
de desenvolvimento, seja de ordem cognitiva, perceptual, na linguagem e/ou 
emocional. Em razão desses atrasos, teriam maior dificuldade na alfabetização 
e, possivelmente, o desempenho psicométrico em testes de inteligência tam-
bém seria inferior. 
Em contrapartida, na teoria da carência cultural, os projetos de interven-
ções são propostos ao sistema educacional a fim de compensar as carências 
existentes e, assim, suprir as necessidades. Para Chiari (2019, p. 195), a educa-
ção compensatória “passaria então a preocupar-se em colaborar e oferecer 
experiências que suprissem, ou melhor, que compensassem as deficiências 
causadas por fases anteriores de desenvolvimento.”
Segundo Chiari, Poppovic acreditava que as crianças pertencentes a lugares 
carentes, ao entrar na escola, se deparariam com um outro meio, outra cultura 
que não estava acostumada. O termo “crianças marginalizadas culturalmente” 
foi proposto pela autora, pois o termo carência remeteria à exclusão e margi-
nalização, que faz parte do meio em que vive. Logo, a exclusão desses sujeitos 
seria de ordem social e não individual. A escola vai tratar todos os alunos iguais, 
porém não são todos iguais. Sendo assim, para algumas crianças, a escola será 
o suficiente, mas, para outras, não será o bastante e isto resultaria em fracasso. 
Para Patto (2015), os projetos voltados para a educação compensatória tra-
ziam novamente a causa do fracasso no aluno, isentando a escola de se adequar 
ao aluno de baixa renda. Levantou-se questões quanto ao preparo da capacita-
ção dos professores para que pudessem alcançar de fato todos os alunos. 
A partir de 1975, o pensamento educacional sobre o fracasso ganhou um 
novo olhar com as ideias de Bourdieu, Passeron, Establet, Baudelot e Althus-
ser. Esses pensadores introduziram a concepção crítica de sociedade. As ideias 
desses pensadores são voltadas para o olhar da instituição como reprodutora 
cultural das relações da sociedade enquanto lugares nos quais se exerce a do-
minação cultural e a ideologização a serviço da reprodução das relações de 
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produção (PATTO, 2015). A escola, segundo esses autores, reproduz a dominação 
cultural e mascara as desigualdades e injustiças sociais. Há, portanto, o estabe-
lecimento de uma mudança de visão. Nesse novo momento, a reflexão se faz em 
relação à sociedade, às desigualdades e injustiças sociais. 
A temática sobre o fracasso e a superação escolar engloba diversos fatores 
subjetivos e objetivos. Estudiosos, no decorrer dos anos, buscaram desmis-
tificar preconceitos enraizados na sociedade e explicações simplistas para as 
causas da evasão e não contemplação da escolarização. Angelucci e colabora-
dores (2004), citados por Paula e Tfouni (2009), perceberam que os temas mais 
abordados de estudos do fracasso escolar são:
• Problema psíquico;
• Problema técnico;
• Questão institucional;
• Questão política.
Em estudos mais recentes, a autora Cohen (2006), citada por Paula e Tfouni 
(2009), faz a interpretação do fracasso escolar enquanto um sintoma da con-
temporaneidade. Para as autoras, isto ocorre devido às altas exigências da 
sociedade. O fracasso entra como sintoma das demandas irrespondíveis da 
sociedade capitalista, comparando a educação com um mercado cada vez mais 
competitivo e exigente. 
As tentativas de superação do fracasso escolar são contraditórias, de acor-
do com Libâneo, Oliveira e Toschi (2012, p. 45-46): 
As políticas e diretrizes dos últimos vintes anos, com raras exceções, 
não tem têm sido capazes de romper a tensão entre intenções de-
claradas e medidas efetivas. Por um lado, estabelecem-se políticas 
educativas que expressam intenções de ampliação da margem de au-
tonomia e de participação das escolas e dos professores; por outro, 
verifica-se a parcimônia do governo nos investimentos, impedindo a 
efetivação de medidas casa vez mais necessárias a favor, por exem-
plo, dos salários, da carreira e da formação do professorado (...).
Patto (2015), pesquisadora na área da educação, levantou pontos que se 
perpetuaram por décadas, corroborando com o fracasso escolar no Brasil, 
sendo uma produção histórica e social. A má-formação dos professores, vindo 
cada vez mais do sucateamento de universidades, interfere no processo de en-
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sino e aprendizagem, assim como o tecnicismo dos professores e a baixa remu-
neração. A pesquisadora levantou, ainda, críticas quanto às políticas públicas 
e, por vezes, o não cumprimento de leis, levando a contradições e ao descaso, 
resultando em consequências na instituição escolar. 
Técnicos
Um dos fatores que infl uenciam na 
evasão escolar está diretamente re-
lacionado ao ensino. Como visto por 
muito tempo, a culpabilização pelos 
prejuízos na escolarização seria oriun-
da exclusivamente da família e do alu-
no. Após anos de estudos e olhar aten-
to para a dinâmica social, ampliou-se 
as possibilidades de interferências no 
processo de ensino-aprendizagem.
Segundo Libâneo (2013, p. 41), “se o meio social em que vive a criança não 
pode prover boas condições para o desenvolvimento intelectual, o ensino pode 
proporcionar um ambiente necessário de estimulação e é para isso que o pro-
fessor se prepara profi ssionalmente”.
O professor tem papel fundamental no processo de ensino e aprendiza-
gem. Naturalmente, a escola é um ambiente heterogêneo e a sala de aula 
é norteada por demandas diversas. Cabe ao professor compreender o seu 
grupo e observar as necessidades de seus alunos para buscar alcançá-los. 
Para Libâneo (2013, p. 43), “(...) o trabalho docente consiste em compatibilizar 
conteúdos e métodos com o nível de conhecimentos, experiências, desenvol-
vimento mental dos alunos”.
As práticas devem ser meios facilitadores de aprendizagem, e, por algumas 
razões, algumas vezes o professor pode não estar cumprindo com o seu dever. 
Práticas inadequadas e faltade preparo, de planejamento, de atualização, de 
recursos e de apoio por parte da instituição são alguns dos motivos que infl uen-
ciam na prática inadequada. Contudo, uma ação imprescindível que os professo-
res deveriam fazer é o ato de escuta para seus alunos e refl exão de sua didática. 
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Compreende-se que, por tratar de relações humanas, há elementos sub-
jetivos envolvidos, como expectativas, anseios e sentimentos de ordem narci-
sista. Essas subjetividades acrescidas do preconceito estrutural na sociedade 
do “aluno-problema” podem difi cultar o olhar do professor para sua atuação. 
Vale destacar que o professor faz parte de uma instituição, portanto, aquela 
que promove atitudes que interferem na boa prática do professor e/ou não 
interferem em casos de inadequações é conivente com o não estímulo à apren-
dizagem decorrente. 
A falta de compreensão das diversidades e das necessidades de cada alu-
no pode ser danosa ao processo de aprendizagem. O professor precisa estar 
preparado para se deparar com as demandas que aparecem em sala de aula, 
e, a cada momento, as demandas vão mudando. Assim, é preciso constante 
atualização sobre a educação. 
A instituição
Outro fator que pode infl uenciar no desempenho do aluno é a própria es-
cola. Arroyo (1992) argumenta que o fracasso escolar poderia ser um produto 
da organização escolar, e de como a escola, em consonância com o capitalismo, 
busca o sucesso escolar. Para isso, dá maior atenção aos produtos e recursos 
de boa qualidade para administração em sala de aula, consequentemente es-
quecendo da verdadeira função social da escola. Essa relação da escola como 
produto faz com que esta instituição não compreenda a comunidade, de forma 
a envolver a escola e a construção histórica e cultural.
Quando a instituição não aborda as relações humanas e necessidades dos pro-
fessores, alunos e comunidade, não consegue ser um ambiente facilitador de apren-
dizagem. A equipe precisa estar em harmonia e ter boa comunicação, de modo a 
tornar-se um ambiente competitivo permeado de desigualdades e exclusão.
Gardner, em sua teoria das inteligências múltiplas, levantou as questões da 
necessidade da reforma curricular das escolas, para, assim, conseguir poten-
cializar as habilidades individuais dos alunos. Libâneo, Oliveira e Toschi (2012) 
compreendem que o currículo escolar é formulado pelas exigências sociais, 
políticas e econômicas da sociedade. Este currículo deveria, portanto, garantir 
uma formação básica comum para todos os indivíduos em processo formativo.
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Devido à cultura da escola, muitos professores não têm autonomia ou 
o apoio necessário para executar seu trabalho. Trata-se de uma realidade: 
professores de escolas públicas e privadas sentem-se impotentes frente à 
coordenação ou direção autoritárias e excludentes. Imagine o quão difícil 
deve ser estar em um ambiente em que não se tem apoio e liberdade para 
exercer a sua prática do modo que compreenda ser melhor para o grupo. 
Acrescendo a essas problemáticas, os professores também precisam enca-
rar o mercado de trabalho, que não os valoriza adequadamente pela impor-
tância de seu trabalho. 
Outro fator que pode dificultar o desenvolvimento da instituição é a 
falta de investimento e/ou desvios de verbas que são direcionados ao 
espaço. Por falta de recursos financeiros ou devido à má gestão, muitas 
instituições não conseguem proporcionar um ambiente adequado para os 
docentes e discentes.
Político-sociais
Como vimos, a instituição escolar exerce uma função social. Logo, se há 
questões que infl uenciam no desenvolvimento da sua função, uma delas está 
diretamente relacionada ao objetivo fi nal não alcançado: o social. 
A divisão da discussão a respeito do fracasso/sucesso escolar em 
condições objetivas e subjetivas teve a intenção de indicar que 
com relação às primeiras, os caminhos para buscar a superação 
do fracasso demandam prioritariamente medidas e ações de 
cunho político-administrativo ou político-sindical e no caso das 
segundas, as alterações para o alcance do sucesso solicitam fun-
damentalmente a disposição dos sujeitos envolvidos em enfren-
tar crenças e valores estabelecidos, sejam no imaginário social, 
sejam nas suas próprias representações sobre o processo educa-
tivo (PENIN,1992, p. 07).
A não valorização da cultura do sujeito e da realidade do próprio indivíduo 
o distancia do ambiente, além de ser uma violência simbólica e de segregação. 
Por meio da violência simbólica, o aluno tende a se sentir excluído e não retor-
nar ao ambiente escolar. 
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A violência simbólica faz referência ao modo de como os alunos são tra-
tados pelos integrantes da escola. Para Bourdieu e Passeron, o professor é 
detentor de um poder simbólico perante ao aluno, e, por vezes, se compor-
tam de forma autoritária frente aos alunos, ridicularizando, expondo ou, 
ainda, maltratando-os. 
Psicológicos
Inicialmente, o fracasso escolar era justifi cado pelo ambiente primário do 
aluno, que interferia em sua aprendizagem. A cultura de culpabilização do 
aluno e da família se perpetuou por anos e ainda hoje é vista por muitos edu-
cadores como causa do não sucesso acadêmico de muitos alunos.
As condições precárias ou a falta de incentivo por parte dos responsáveis 
seriam os motivos para que os alunos não apresentassem limites ou apresen-
tasse alguma questão emocional que interferisse em seu rendimento. Essa 
leitura da situação, por muito tempo, isentou a instituição de uma refl exão 
acerca do que ela poderia fazer e atingir em seu papel. 
É preciso compreender que os fatores familiares infl uenciam, mas eles 
não são determinantes. Cada indivíduo tem um jeito de lidar com as situa-
ções adversas e cabe ao meio educacional proporcionar ao indivíduo o me-
lhor ambiente que possa ser signifi cativo para que a aprendizagem ocorra. 
Entende-se por meio educacional tudo o que está envolvido: família, insti-
tuição e Estado.
Mas existem fatores psíquicos que interferem na aprendizagem. O aluno 
precisa estar com as faculdades mentais em equilíbrio para conseguir con-
centrar-se no conteúdo e assimilá-lo. Para que isso ocorra, algumas funções 
mentais são requisitadas, como a memória, atenção, percepção e as fun-
ções executivas. 
Como vimos, quando o sujeito está interessado no assunto, sente-se mo-
tivado com o conteúdo, e o foco de atenção é voltado àquela tarefa, facilitan-
do, assim, a entrada dos estímulos. As emoções interferem no processo de 
aprendizagem. Ao sentirmos emoções positivas, estas geram prazer, favore-
cendo o processo educacional; por outro lado, situações estressantes, que 
gerem ansiedade, medo ou frustração, hormônios glicorticoides são libera-
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Figura 1. A área iluminada no cérebro delimita o hipocampo. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 14/09/2021.
Compreende-se, portanto, que a presença de transtornos psiquiátricos, 
tais como depressão, ansiedade, entre outros, podem difi cultar a concentra-
ção ou motivação escolar. Pode afetar, ainda, na autoestima, na socialização, 
gerar frustração, entre outros. Mas isto não signifi ca que seja um fator deter-
minante, uma causa única, para um fracasso escolar.
Patologização do fracasso
Conforme visto anteriormente, no primeiro momento o não sucesso aca-
dêmico foi creditado no aluno. O próprio aluno era culpabilizado pelo seu fra-
casso escolar. Se o aluno não dá conta de aprender aquele conteúdo ou acom-
panhar o grupo, alguma questão de ordem hereditária/fi siológica ele tem. O 
pensamento retrógrado de culpabilizar o aluno pelo não entendimento do as-
sunto expõe crianças e adolescentes, causando danos terríveis.dos, afetando o hipocampo, que é uma região do cérebro que tem bastante 
participação na motivação e na memorização, logo, está relacionada com a 
aprendizagem.
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Precisa se esforçar mais 
Figura 2. Culpabilização e exposição do aluno. Fonte: Shutterscotk. Acesso em: 16/09/2021.
Esse pensamento se faz presente, até hoje, entre muitos educadores. Dian-
te das difi culdades presentes em sala de aula, o pensamento da presença de 
algum transtorno ou alguma defi ciência é levantado. E, prontamente, a criança 
é encaminhada em busca de diagnósticos que justifi quem tal desempenho. 
Atualmente, há muitas buscas por neurologistas e psicólogos por queixas 
escolares. Os profi ssionais precisam ter olhar crítico para as queixas e para os 
“sintomas”, para que diagnósticos e encaminhamentos errados não sejam feitos.
A história da própria psicometria gera controvérsias quanto à resolução 
das queixas escolares. Inicialmente buscava explicar, por meio de testes de QI 
(quociente de inteligência), o baixo rendimento do aluno. Atualmente, o olhar 
crítico para as avaliações é essencial para o entendimento global do indivíduo. 
Quando há existência de alguma questão maior, no campo orgânico, se faz 
necessário acompanhamento multidisciplinar. 
EXPLICANDO
O quociente de inteligência (QI) é a mensuração do desempenho cognitivo 
por meio de testes que avaliam os mecanismos cognitivos, como memória 
de trabalho, raciocínio lógico, compreensão verbal, organização percep-
tual, entre outros, os quais podem variar de acordo com o teste. Eles são 
validados por grupos populacionais e regionais. Destaca-se que esses 
testes são de uso exclusivo dos psicólogos.
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A psicometria voltada para os estudos relacionados à educação surgiu no 
fi nal do século XVIII e início do século XIX. O campo investigativo era voltado 
para as crianças que não acompanhavam o grupo, tidas como “anormais esco-
lares”, e seu fracasso, então, seria de causa orgânica. Então, estudos voltados 
para a área da biologia, medicina e psiquiatria ganharam ênfase nesse período. 
Foram muitos os psicólogos que, nesta época, empenharam suas 
vidas nas pesquisas de instrumentos que pudessem verifi car se, por 
trás do rendimento bruto, um indivíduo era intelectualmente mais 
apto que outro. Isto é, muitos foram os que se dedicaram com afi nco 
a tentativas de medir, com objetividade e precisão, as verdadeiras 
aptidões das pessoas, independentemente das infl uências ambien-
tais, entre elas as de natureza socioeconômica (PATTO, 2015, p. 66).
Com a mensuração e crescente relevância dos testes de QI, as difi culdades 
de aprendizagem tomaram uma nova infl uência no olhar da criança, como foco 
do próprio fracasso. Apenas após a incorporação de alguns conceitos psica-
nalíticos, como defendido por Patto (2015), que a visão mudou da difi culdade 
de aprendizagem para a psicologia educacional, mudando, inclusive, a termi-
nologia de “anormal”, empregada para tratar de crianças que não conseguiam 
acompanhar, para “criança-problema”, advindo de fatores ambientais. 
Quem educa?
O que confi gura educação? Quem educa? Há muitas dúvidas quanto ao pa-
pel que cabe a cada componente da formação da educação, em um mundo 
cada vez mais globalizado. Educação, em seu cerne, é o ato de ensinar e apren-
der. Ela expande para tudo aquilo que envolve algum tipo de aprendizagem. É 
por meio da educação que hábitos e valores de uma determinada sociedade 
são transmitidos de gerações para gerações.
Segundo Libâneo, Oliveira e Toschi, “a educação deve ser entendida como fator 
de realização da cidadania, com padrões de qualidade da oferta e do produto, na 
luta contra a superação das desigualdades sociais e da exclusão social” (2012, p. 133).
Para educar uma criança, é preciso o envolvimento de toda a comunidade, 
do microssistema e do macrossistema. Cada esfera engloba suas particulari-
dades, com seus encontros e desencontros, como será aprofundado adiante.
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A família
Ao nascer, o bebê tem seu primeiro contato com o mundo pelas pessoas 
que estão à sua volta, geralmente pela sua família. Por meio desse primeiro 
contato que se conhece o jeito de relacionar-se e a cultura daquele ambiente. 
O psicólogo Urie Bronfenbrenner percebeu que a família é o fi ltro por meio 
do qual a sociedade mais ampla infl uencia no desenvolvimento da criança (BEE; 
BOYD, 2012). A sua abordagem é conhecida como bioecológica, uma vez que 
busca explicar a interferência das infl uências ambientais sobre o desenvolvi-
mento das crianças, as associando com a constituição biológica de cada uma.
DIAGRAMA 1. MODELO BIOECOLÓGICO DE DESENVOLVIMENTO
Macrossistema 
Exossistema 
Mesossistema 
Microssistema 
Indivíduo 
Conforme mostra o Diagrama 1, Bronfenbrenner compreende que o desen-
volvimento da criança está relacionado com uma série de círculos concêntri-
cos. Aquele que há relação pessoal direta, como a família, é chamado de mi-
crossistema, seguido pela camada mesossistema, que interliga os ambientes 
de relação direta e indireta. Logo após, vem a camada que a criança não tem 
relação direta, mas, ainda assim, interfere, como a rede de amigos, local de 
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trabalho dos pais, sendo denominado de exossistema; e, por fim, o macros-
sistema, que inclui o contexto cultural e subcultural mais amplo.
Independentemente da organização de estruturação de formação e com-
posição, se faz essencial a existência de afeto nas relações entre os membros 
para o bom desenvolvimento deste núcleo denominado família.
Uma grande preocupação dos cuidadores é a transmissão de valores, para 
que a criança cresça e não se torne antissocial e tenha comportamento mo-
ralmente aceito em sociedade. A criação varia de acordo com cada cultura, 
costumes e valores. A prática educativa pode interferir diretamente no desen-
volvimento de comportamento antissocial ou pró-social do indivíduo. 
ASSISTA
Para saber mais sobre moral e ética, bem como as dimen-
sões da obrigatoriedade e intelectual, assista ao vídeo 
Desenvolvimento moral. 
Segundo Gomide (2011, p. 07), “estilo Parental é definido como conjunto de 
práticas educativas parentais ou atitudes parentais utilizadas pelos cuidadores 
com o objetivo de educar, socializar e controlar o comportamento de seus filhos”.
Existem alguns estilos de parentalidade que variam de acordo com a cria-
ção dos pais em relação aos filhos. Cada estilo influencia no desenvolvimento 
da criança. Eles são classificados em quatro tipos (Figura 3). 
Estilos parentais
Autoritário Democrático Permissivo Negligente
Figura 3. Estilos parentais. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 14/09/2021. (Adaptado).
• Autoritário: são pais de perfis altamente exigentes, que enfatizam a obe-
diência e o respeito pela autoridade e ordem. Não explicam as regras, apenas 
esperam que sejam seguidas. Às vezes, utilizam-se de punição física; 
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• Democrático: estão dispostos a disciplinar adequadamente, não exage-
ram no controle, e há presença de afeto. As crianças costumam se desenvolver 
mais independentes e autoconfi antes. Podem apresentar comportamento al-
truísta e apresentam bom rendimento acadêmico.
• Permissivo: pais indulgentes são tolerantes e afetuosos, mas exercem 
pouca autoridade, o que traz resultados negativos no desenvolvimento da 
criança. A criança pode ser menos independente e há maior probabilidade de 
difi culdade em assumir responsabilidades,
• Negligente: pais que, por algum motivo, estão indisponíveis psicologicamente 
ao fi lho. É uma característica frequentemente encontrada em pais em depressão 
ou sobrecarregados,ou que não conseguiram criar laços afetivos com a criança. 
A família e a escola
Antigamente, a função da família e da escola era dividida claramente entre 
o que era público e o privado. A família como núcleo do sujeito era mantenedo-
ra e gestora dos valores morais. Enquanto isso, a escola tomava para si a tarefa 
de transmitir conteúdo para colaborar com a formação cognitivo-intelectual. 
Essa distinção de função separava a função educativa e de formação, em 
que as questões privadas eram de ordem familiar e questões públicas de or-
dem escolar. Ao passar dos anos e com as mudanças na composição da socie-
dade, os elos entre a escola e a família foram estreitando-se. 
A composição familiar e a estruturação, devido às demandas da sociedade, 
cada vez mais têm resultado em mudanças signifi cativas na função da escola. A 
creche é um bom exemplo. Foi criado esse espaço de educação infantil em razão 
da demanda de mudança no papel feminino na sociedade. A forte inserção das 
mulheres no mercado de trabalho fez com que fosse necessário a criação de um 
espaço educacional adequado para as crianças. A saída das mulheres do papel 
de “donas de casas” para o mercado produtivo de trabalho ampliou o olhar para 
a educação infantil e a preocupação com a função dessa escolarização. 
A relação entre a família e a escola se faz essencial para o acompanhamento 
e desenvolvimento escolar. Coll, Marchesi e Palacios (2004) insistem que, mui-
tas vezes, os fracassos na escola se devem a uma falta de convergência entre a 
cultura escolar e da casa. 
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O diálogo entre os pais e a escola busca o melhor desenvolvimento da 
criança e do adolescente no ambiente escolar. Existem dúvidas acerca de como 
integrar os pais na escola, e os pais ficam em dúvidas sobre como podem ser 
mais ativos na escola. Coll, Marchesi e Palacios sugerem algumas propostas, 
primeiro estabelecendo pontes entre a casa e a escola por meio de deveres 
escolares e na comunicação. E, em segundo lugar, promovendo programas que 
incentivem a presença da família na escola. 
A parceria entre a escola e a família complementa-se no processo educativo 
de formação da criança e do adolescente. O Estatuto da Criança e do Adoles-
cente (ECA) assegura o direito da criança e do adolescente à educação, e a fa-
mília, a comunidade e a escola são responsáveis pelos menores (BRASIL, 1990). 
Os artigos 53 a 59, do Capítulo IV, do ECA, estão relacionados diretamente 
à educação.
Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao 
pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da 
cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - direito de ser respeitado por seus educadores; 
III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às ins-
tâncias escolares superiores; 
IV - direito de organização e participação em entidades estudantis;
V - acesso à escola pública e gratuita, próxima de sua residência, 
garantindo-se vagas no mesmo estabelecimento a irmãos que fre-
quentam a mesma etapa ou ciclo de ensino da educação básica. 
Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do 
processo pedagógico, bem como participar da definição das propos-
tas educacionais. 
(...)
Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente: 
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a 
ele não tiveram acesso na idade própria; 
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio; 
III - atendimento educacional especializado aos portadores de defi-
ciência, preferencialmente na rede regular de ensino; 
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IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a 
cinco anos de idade; 
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da 
criação artística, segundo a capacidade de cada um; 
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do 
adolescente trabalhador;
 VII - atendimento no ensino fundamental, através de programas 
suplementares de material didático-escolar, transporte, alimenta-
ção e assistência à saúde. 
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público 
subjetivo. 
§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder público 
ou sua oferta irregular importa responsabilidade da autoridade 
competente. 
§ 3º Compete ao poder público recensear os educandos no ensi-
no fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou 
responsável, pela frequência à escola.
Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular 
seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino. 
Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamen-
tal comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de: 
I - maus-tratos envolvendo seus alunos; 
II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, esgota-
dos os recursos escolares; 
III - elevados níveis de repetência.
 Art. 57. O poder público estimulará pesquisas, experiências e 
novas propostas relativas a calendário, seriação, currículo, meto-
dologia, didática e avaliação, com vistas à inserção de crianças e 
adolescentes excluídos do ensino fundamental obrigatório. 
Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os valores cultu-
rais, artísticos e históricos próprios do contexto social da criança 
e do adolescente, garantindo-se a estes a liberdade da criação e 
o acesso às fontes de cultura. 
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Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da União, es-
timularão e facilitarão a destinação de recursos e espaços para 
programações culturais, esportivas e de lazer voltadas para a in-
fância e a juventude (BRASIL, 1990).
O direito à escola, formalizado pelo ECA, sela o compromisso com a escola e 
com a família de mediadores para o exercício da cidadania. Busca promover o co-
nhecimento e a inserção social de todas as crianças e adolescentes da sociedade. 
Intervenções e encaminhamentos
Ao longo do material, abordou-se sobre diversos assuntos que permeiam 
as questões relacionadas à psicologia e à educação. O psicólogo escolar esti-
mula a refl exão nesse ambiente. buscando a mediação entre os membros que 
compõem a instituição. 
São etapas de atuação do psicólogo escolar:
• Análise da instituição: busca caracterizar a ideologia, a 
cultura, os objetivos implícitos e explícitos dos grupos;
• Diagnóstico da realidade institucional;
• Elaboração de projeto, intervenção e estabelecimento de objetivos: 
constituição de grupos de trabalho, que promovam a refl exão com criticidade 
acerca da atuação profi ssional e as alternativas. O objetivo, muitas vezes, é a 
refl exão entre a relação professor-aluno.
Veremos, a seguir, alguns exemplos de situações que podem ser encontra-
das no ambiente escolar e de encaminhamentos realizados por profi ssionais 
da área de psicologia no ambiente escolar e as suas resoluções.
“Aluno-problema” 
Dentre as situações que acontecem no ambiente escolar, frequentemente 
alunos são estigmatizados como alunos-problemas, devido ao desajustamen-
to de comportamento em determinado momento. A estigmatização do aluno 
faz com que o próprio não perceba ter chance em ser alguém além do “aluno-
-problema”. É como se o aluno, ao ser julgado pelo seu comportamento, fosse 
incapaz de mudança, ou seja, ele não tem saída. Ele é assim e sempre será. E, 
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se ele será sempre assim, para que ele tentará mudar? É possível perceber a 
profundeza da complexidade? 
O termo “criança-problema” foi inserido por volta da década de 1930 (PAT-
TO, 2015). Por meio da consideração da influência ambiental sobre o desenvol-
vimento, foram realizadasalgumas mudanças terminológicas para as crianças 
que não conseguiam acompanhar o grupo na aprendizagem ou apresentavam 
algum desajustamento no comportamento, sendo antes denominada como 
anormal, fosse agora conhecida como criança-problema.
Machado e Souza (1997) levantam críticas quanto à naturalização a ideia de 
aluno-problema por parte dos professores e ao quanto a prática do docente 
fortalece nas cristalizações, as quais resultam em práticas de exclusão do alu-
no, pois não apresenta uma perspectiva boa para este, e busca-se diagnósticos 
e encaminhamentos para salas especiais nestes casos. 
As mesmas autoras, em estudos de casos, indicam reflexões sobre como 
o professor estaria lidando com a queixa e, ainda, sobre a possibilidade de o 
comportamento não compreendido pelo docente o impedir de observar aque-
la criança e/ou adolescente nos seus problemas além do comportamento ob-
servável. Será que o professor consegue enxergar o aluno além da queixa? 
Em 1997, no estudo em que levantaram essas reflexões, as autoras encon-
traram como meio de intervenção formação de grupos para expressão e co-
municação e, paralelamente, trabalha-se com a formação dos professores na 
conscientização das questões dos alunos. Demonstrou-se que a psicologia vai 
além dos testes de inteligência e projetivos.
Freller (1997), por meio de pesquisas, percebeu que o aluno também pre-
cisava ser ouvido. Por vezes, o professor relata a queixa do comportamento 
do aluno, mas este último também tem queixas sobre o ambiente escolar, e, 
ao não ser ouvido, pode encontrar por meio do comportamento um jeito de 
sinalizar que algo não está bem. 
Aos poucos, pudemos entender essa aproximação das crianças 
como um pedido, uma demanda de trabalho que também merecia 
ser atendida. Elas não sofrem caladas com as práticas escolares, que 
precisam ser profundamente repensadas pelos educadores, mas 
também têm algo a dizer. Querem e podem falar, precisando, pois, 
de alguém para escutá-las (FRELLER, 1997, p. 93).
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A intervenção foi realizada pela escuta terapêutica com grupos terapêuti-
cos. Freller promoveu encontros com os alunos e com os pais. Ao fi nal, a maio-
ria melhorou o desempenho e o interesse no ambiente escolar. As crianças 
conseguiram ressignifi car a relação delas com a aprendizagem. 
O diagnóstico
Como abordado anteriormente, a justifi cativa para o não acompanhamento 
da criança e/ou do adolescente muitas vezes foi, e ainda é, direcionada para a 
busca por patologias que explicariam tal desempenho. Veja bem, a psicologia 
escolar não exclui as patologias e os transtornos que prejudicam ou podem 
difi cultar a aprendizagem, mas compreende-se que o sujeito vai além de um 
diagnóstico fechado.
Tendo sido publicado em 1997, Machado realizou uma intervenção, em 
1993, em uma escola com nove crianças diagnosticadas com défi cit intelectual, 
tendo sido realocadas para “salas para crianças especiais”, que era uma termi-
nologia usada na época. Na época, elas fi zeram o teste Raven. Em encontros 
semanais com as crianças e professores, foram realizadas entrevistas com os 
pais, buscando promover acolhimento e intervenção. Ao fi nal, Machado reapli-
cou o teste e todos os nove tiveram escore dentro do esperado da média. As 
crianças disseram que fi caram com preguiça e deixaram o desenho do teste 
pela metade, alguns outros assumiram que estavam com familiares doentes e 
não fi zeram o teste bem. Por isso, foi aplicado o teste novamente e o resultado 
se mostrou dentro do esperado para a idade.
O que esse estudo nos mostra? É preciso bastante cuidado e escuta frente a 
diagnósticos. Machado reaplicou o teste porque, em seus encontros, as crian-
ças falaram sobre as difi culdades que estavam passando no momento, sendo 
assim, possivelmente as questões poderiam ter interferido no resultado. 
O professor
Uma demanda frequente no ambiente escolar é relacionada ao corpo 
docente. O psicólogo escolar está em constante contato com o educador. 
Aguiar e Galdini (2003) trouxeram estudos importantes relacionados às prá-
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ticas diretas com os docentes. As pesquisadoras, por meio da intervenção 
realizada com professores da rede pública, tiveram o objetivo de resgatar 
o papel do professor, construindo novos sentidos considerando a refl exão 
sobre o cotidiano.
A intervenção se deu com encontros entre os professores, em que eles 
discutiram estratégias para os casos estudados, ampliando a refl exão com a 
temática. Objetivamente, apareceram questões quanto à necessidade de aco-
lhimento do professor e acerca da responsabilidade do professor sobre a pos-
sibilidade de transformação. 
O acolhimento do docente é um fator importante no processo transforma-
dor do ambiente escolar. Imagine trabalhar em um ambiente em que se está 
desmotivado, enfrentando diariamente questões que mexem internamente 
em cada um, e não se é ouvido nem percebe possibilidade de melhorias e mu-
danças? Como exercer a função, nesse caso? 
Além do acolhimento, é preciso refl etir sobre o papel do professor e a in-
fl uência que essa fi gura exerce na vida de um aluno. Se faz fundamental tra-
zer novas perspectivas quanto ao objetivo de seu trabalho, assim como refl etir 
sobre como atuar frente às demandas advindas do meio, assim como com-
preender os alunos por trás de seu comportamento observável. Somente por 
meio da refl exão e da conscientização da responsabilidade na possibilidade de 
transformação na vida de um aluno que é possível ir além das queixas observá-
veis e ver o aluno além do comportamento ou baixo rendimento.
O psicólogo pode atuar com o corpo docente considerando as refl exões, 
seja do objeto de trabalho, das práticas, em determinada situação confl itante, 
assim como na formação e no cuidado e no acolhimento ao profi ssional educa-
dor, que, diariamente, enfrenta situações que podem afastá-lo de seu objetivo. 
Orientação familiar
Ao tratar das questões relacionadas aos alunos e as difi culdades que apare-
cem individualmente ou em grupo, precisam ser observadas com perspicácia 
e tendo em vista a parceria com a família, de modo a buscar o melhor caminho 
para que o ambiente se desenvolva. Andrada (2005) mostra algumas possibili-
dades de intervenções:
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• Entrevistas com as famílias para levantamento de dados da história do 
desenvolvimento;
• Encontros sistematizados com o objetivo de reflexão acerca da dificuldade 
de aprendizagem e o impacto na vida familiar;
• Criar espaço de diálogo para a família também procurar a escola quando 
julgar necessário, concretizando o estreitamento da relação escola-família.
O psicólogo, quando atua diretamente com a família, pode envolve-la indivi-
dualmente, devido a questões específicas. Quando julgar necessário, após entre-
vistas e levantamento de dados, pode realizar encaminhamentos voltados para 
o que identificou, uma vez que há possibilidade de ser um fator de dificuldade 
naquele momento. Pais podem ser chamados para possíveis entrevistas ou in-
tervenções decorrentes de situações que estejam acontecendo dentro do espaço 
escolar. A aproximação dos responsáveis no contexto escolar se faz necessária 
para o bom andamento do desenvolvimento dos alunos e da própria instituição. 
A intervenção com a família também pode ser ampla e envolver a comuni-
dade e/ou grupos de pais. Ao deparar-se com determinada demanda, enquanto 
um agente reflexivo, o psicólogo pode promover palestras sobre determinado 
tema ou grupos operativos, com o objetivo de mobilização dos pais e aproxi-
mação deles às questões oriundas do desenvolvimento e escolares.
Figura 4. Pais junto à filha em orientação com psicóloga. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 15/09/2021.
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Sintetizando
Nesta unidade, abordamos o fracasso escolar, bem como sua complexidade. 
No Brasil, apesar de mudanças nas políticas públicas e melhorias na educação, 
seu alcance ainda é ineficaz para alcançar toda a população. Compreende-se 
ser um processo histórico e cultural a ser superado. Devido à sua complexi-
dade, não é possível indicar um fator único como causa do fracasso, pois esse 
fenômeno é multifatorial. Por muito tempo, o próprio aluno foi culpabilizado 
pela própria dificuldade, ocasionando danos na relação com a aprendizagem 
e a não reflexão nas outras esferas, que interferem no processo educacional, 
como as práticas, a gestão e a organização escolar. 
Além do aluno culpabilizado, a família de classe baixa, por um período, 
também foi culpabilizada pelo não sucesso acadêmico das crianças, surgindo a 
teoria da carência cultural. Como forma de suprir as carências que as famílias 
pobres não poderiam fornecer às crianças, criaram-se projetos denominados 
de educação compensatória. Esta visão demonstra o viés preconceituoso de 
que o pobre está fadado ao fracasso escolar. Mas, a partir das décadas de 1970 
e 1980, alguns estudos sobre o tema trouxeram reflexões sobre a esfera da 
sociedade e da instituição como responsáveis pelo fracasso escolar. 
Neste novo momento, ampliaram-se as justificativas para as causas, anali-
sando as estruturas históricas de formação de sociedade e educacional, refle-
tindo sobre as práticas e modalidades de ensino. As políticas públicas também 
ganham palco nesse momento, e, assim, tem-se noção da complexidade do 
fracasso escolar. 
Para que a educação seja bem sucedida, é preciso compreender quem é 
o responsável pelo papel de educar. Os pais têm relação direta na formação 
da criança, como afirma a teoria bioecológica. A escola também participa 
na formação de desenvolvimento do indivíduo, de forma cada vez mais in-
cisiva. Devido a mudanças da sociedade, a função da escola tem se altera-
do. A família e a escola fazem parte de um mesmo objetivo: a formação do 
cidadão, devendo ser estabelecida boa relação entre as duas instituições. 
Abordamos, ainda, os modelos de parentalidade presentes na educação dos 
filhos. Cada modelo é fruto da cultura de cada família e gera consequências 
no desenvolvimento da criança. 
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E, por fim, tratou-se sobre as possibilidades de intervenções do psicólogo 
escolar, quais os passos de intervenção e as demandas que podem aparecer 
no ambiente escolar.
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	SER_PSICO_PSIESC_UNID1
	SER_PSICO_PSIESC_UNID2
	SER_PSICO_PSIESC_UNID3
	SER_PSICO_PSIESC_UNID4indivíduo está presente desde seus primeiros momen-
tos de vida. Nesse sentido, Jean Piaget (1974 apud PALANGANA, 1994) defen-
deu a teoria interacionista, ou seja, que o conhecimento é baseado na intera-
ção com o meio e as experiências que o sujeito vivencia, originário da ação e 
vinculado à maturação do sistema nervoso.
As estruturas mentais desenvolvem-se com os estímulos dessas vivências, 
tornando possível a plasticidade neural nos seres humanos. Assim, a psicoge-
nética explica que a aprendizagem e o desenvolvimento estão relacionados 
às assimilações do sujeito, integrando uma estrutura de pensamento a uma 
realidade (PALANGANA, 1994).
No decorrer de seu desenvolvimento, o indivíduo adquire habilidades e no-
vos saberes. Inicialmente, o repertório é constituído pelo seu entorno, o núcleo 
familiar, mas quando a criança passa a frequentar o espaço escolar, um novo 
mundo é apresentado a ela, sendo um momento de muitas trocas e encontros 
de costumes, hábitos e culturas diferentes.
De acordo com Antunes (2008), a escola pode ser considerada uma institui-
ção gerada pelas necessidades produzidas por sociedades que, por 
sua crescente complexidade, demandavam formação específi ca 
de seus membros. Logo, por meio dela, ocorrem as transforma-
ções para a construção do social. Como você ima-
gina que seria uma sociedade sem esse espaço 
para interlocuções e trocas?
A Figura 1 representa a dinâmica do 
ambiente do sujeito. O indivíduo possui 
três ciclos de interações: a família, a escola 
e a sociedade, os quais estão relacionados 
entre si, causando impacto em sua vida.
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Figura 1. Dinâmica do ambiente do sujeito. 
 A Psicologia, ciência que estuda o comportamento humano, possui, em 
suas interfaces, o estudo para a área escolar (compreende o espaço da apren-
dizagem) e educacional. Henri Wallon mostra, por meio de seus estudos, a 
importância do psicólogo no ambiente escolar, que tem o conhecimento es-
pecífico para a área. Ele trouxe, ainda, a percepção da complementação do co-
nhecimento da Pedagogia com o da Psicologia.
A psicologia educacional surge como forma de interligar a Educação com 
a Psicologia, é dentro desta perspectiva que ela se desenvolve e atinge o 
estado de utilidade social. Desde seu início a Psicologia Educacional teve 
como objetivo a promoção do bem-estar humano, a princípio centrada 
nas crianças escolares e posteriormente se expandindo para adolescen-
tes, adultos e toda comunidade que é educada ou que de alguma forma 
influencia no processo de desenvolvimento do educando sob todos os 
aspectos (NETTO, 2001 apud SANTOS et al., 2009).
O objeto de estudo do psicólogo escolar é a educação, portanto, o profis-
sional precisa buscar conhecimento das vivências e experiências escolares. A 
psicologia da educação ocupa-se das mudanças relacionadas ao processo de 
aprendizagem, desenvolvimento e socialização. Assim, tem-se a concepção de 
que a atuação do psicólogo restringe-se à intervenção referente ao estudante 
que não aprende ou ao “aluno-problema”, mas ela abrange o todo da institui-
ção, englobando as relações, os vínculos e os processos.
Família 
Escola 
Sociedade
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Indivíduo e sociedade
Quando nos referimos à sociedade, o que nos vem à mente? Quem a com-
põe? Qual o papel dessa organização? Por que ocorrem as mudanças? A partir 
dessas questões, percebemos a complexidade do assunto. De acordo com sua 
defi nição, a sociedade é a organização de um grupo que vive em determinado 
espaço e tempo, com colaboração mútua (OXFORD LANGUAGES, s.d.). Contu-
do, não é tão simples assim, pois ela é formada por um conjunto de seres car-
regados de subjetividades, o que encorpa o tema.
Na Figura 2 é possível ver a sociedade interligada. As pessoas que a com-
põem têm individualidades, porém fazem parte de um todo em que há leis, 
direitos e deveres em comum – e é esse espaço que se chama sociedade. 
Figura 2. Ilustração da sociedade. 
Em uma sociedade, embora o sujeito tenha liberdades individuais, alguns com-
portamentos são esperados para sua manutenção. Por exemplo, se você quiser, 
pode neste momento levantar e não dar continuidade aos seus estudos, porém 
não pode invadir a casa do vizinho para pegar pó de café. Percebe a diferença en-
tre liberdade individual e coletiva? Na individual – no caso, interromper os estudos 
–, a consequência está voltada para si; já a ação de invadir o espaço alheio e pegar 
algo que não é seu, sem consentimento do dono, afeta terceiros (coletiva).
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A existência de práticas e ações adequadas para a sociedade faz com que 
esta siga em harmonia. Para que isso ocorra, é preciso que cada sujeito seja 
colaborativo com o todo. Desse modo, o indivíduo não pode tomar decisões 
apenas considerando suas vontades individuais. A partir do momento em que 
a ação interfere na liberdade do outro e o lesiona, a decisão não é mais indivi-
dual e diz respeito ao social em questão.
Podemos concluir que cada indivíduo exerce um papel fundamental para a 
sociedade, mas é necessário que, em seu desenvolvimento, ele aprenda a lidar 
com as questões da sociedade e seu papel como cidadão. Afi nal, o cidadão tem 
direitos e deveres, assim, a ordem do espaço é estabelecida.
Psicologia e sociedade
Como vimos, a sociedade é dotada de subjetividade por ser composta de in-
divíduos. Já a Psicologia, como ciência que analisa o comportamento humano, 
para acompanhar as necessidades e expectativas, estuda a relação do sujeito 
com a sociedade.
As modifi cações que acontecem na sociedade só são possíveis devido às 
mudanças no comportamento do indivíduo. Por exemplo, pense em seus pais, 
quais eram os objetivos e expectativas deles? E de seus avós? São iguais aos 
seus hoje em dia? Cada geração possui alguma peculiaridade, portanto, a pers-
pectiva é modifi cada com o decorrer dos anos. Assuntos que antes não eram 
abordados, atualmente estão ganhando espaço no cotidiano.
A sociedade vem se tornando cada vez mais complexa, com demandas mais 
subjetivas e alterações de rumos e valores. Diante disso, qual seria a função da 
psicologia nessas mudanças? Para entender o indivíduo, é preciso compreen-
der o meio em que ele está inserido, bem como as demandas sociais.
Escola e função social
Quando vai à escola, a criança depara-se com um mundo novo, o qual abrange 
outras crianças e adultos que carregam consigo suas culturas familiares. É nesse es-
paço que o sujeito aprende a conviver com o pensamento, as diferenças e o respeito 
ao outro. A escola, portanto, surge na sociedade para suprir estas necessidades.
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Em nossa sociedade, a escolarização é obrigatória, por isso o 
aluno deve (ou deveria) passar cerca de 12 anos recebendo os en-
sinos obrigatórios. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) 
prioriza os direitos destes e, no art. 53, dispõe que “a criança e 
o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desen-
volvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e 
qualificação para o trabalho” (BRASIL, 1990).
Cabe ao Poder Público, portanto, o dever de assegurar o acesso ao ensino 
obrigatório e gratuito. Com relação à educação, os direitos da criança e do 
adolescente são:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - direito de ser respeitado por seus educadores;
III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às 
instâncias escolares superiores;
IV - direito de organização e participação em entidades estudantis;
V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência 
(BRASIL, 1990).
Para seu cumprimento, conforme o art. 54 da Lei n. 8.069/1990, os deveres 
do Estado são garantire oferecer:
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que 
a ele não tiveram acesso na idade própria;
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino 
médio;
III - atendimento educacional especializado aos portadores de defi-
ciência, preferencialmente na rede regular de ensino;
IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a cinco 
anos de idade;
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da cria-
ção artística, segundo a capacidade de cada um;
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do 
adolescente trabalhador;
VII - atendimento no ensino fundamental, através de programas su-
plementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e 
assistência à saúde (BRASIL, 1990).
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A escola tem a função de portadora dos conteúdos selecionados e dos va-
lores que cada sociedade preza – é nela que ocorrem as trocas e a ampliação 
do entorno. Ela transmite, ainda, os saberes selecionados de determinada so-
ciedade, conectando o aprendizado que acontece dentro do espaço escolar ao 
que é usado fora dele.
O sujeito passa boa parte da sua infância e adolescência dentro da es-
cola, por isso ela está presente na vida juvenil, bem como seus conteúdos. 
Além desse período, crianças e adolescentes levam para casa as tarefas, as 
novidades ocorridas no dia, os causos etc. Os temas relacionados à escola 
tornam-se, portanto, assuntos do entorno da vida do indivíduo, sendo co-
mum que a criança compartilhe com os pais, parentes e amigos os aconte-
cimentos dessa instituição.
A vida escolar tem papel central na infância. O alcance da instituição ultra-
passa seus muros físicos, assim como as relações estabelecidas nela, transpon-
do para a realidade e a vivência de cada aluno.
Com as mudanças na sociedade, a escola tem sofrido acúmulos de funções. 
Os pais passaram a trabalhar mais tempo fora de casa; já os filhos ficam um 
período maior na escola, para a qual surgem novas responsabilidades. Assim, 
o espaço escolar pode ser tanto sadio como doentio, dependendo da forma 
como são estabelecidos a relação e o vínculo do aluno com esse ambiente.
Quando a criança se sente acolhida, pertencente ao grupo e reconhecida 
como sujeito em suas potencialidades, ela terá uma melhor percepção des-
tas e de si. O ambiente auxilia, portanto, no desenvolvimento da autoestima e 
motiva a postura de estudante. No entanto, se esse espaço não conseguir pro-
porcionar os meios básicos para que os alunos se desenvolvam e tiver vínculos 
frágeis, ele passa a ter um caráter negativo no desenvolvimento da criança.
Além disso, a escola acompanha e se modifica de acordo com as gerações. 
Para seguir as mudanças, ela deve ser flexível às transformações. Quanto maior 
for a complexidade social, maior será a demanda social.
Nos últimos anos, tem sido discutido o ensino homeschooling, prática já 
regulamentada em alguns países, como Inglaterra e Estados Unidos. No Brasil, 
por sua vez, ele não é permitido, mas estimula debates. Diante disso, quais 
benefícios e prejuízos você imagina que podem ocorrer com essa prática de 
ensino?
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EXPLICANDO
Homeschooling é um termo em inglês para defi nir a educação realizada 
em casa, em que a criança aprende com os pais, tutores e/ou professores 
particulares.
História e evolução da escola
A educação está relacionada ao desenvolvimento da sociedade, e é na es-
cola que o indivíduo compreende as normas de conduta esperadas em deter-
minada cultura. Assim, pode-se perceber a importância dessa instituição na 
formação do sujeito como cidadão.
A história da educação no Brasil é intrinsecamente ligada à da formação 
do País. Desde o começo da colonização, existiu a presença de moldes de educa-
ção para a população. Inicialmente, as escolas eram formadas por jesuítas, que 
tinham o objetivo educativo e missionário de catequisar os indígenas da área. 
Com isso, os europeus esperavam que os indígenas fi cassem permissivos e, por 
conseguinte, mais fáceis de serem explorados com sua mão de obra. Qual era 
a necessidade do homem branco europeu? Mão de obra para expandir o terri-
tório, e o ideal era a de quem residia lá. Assim, percebe-se que os movimentos 
voltados para a educação surgiram da necessidade de expansão e colonização.
Com a colonização e vinda dos europeus ao Brasil, o País precisou de escolas 
para os fi lhos dos colonos. Os jesuítas continuaram à frente da escolarização, 
mas, nesse momento, o ensino era voltado para a elite branca, e apenas os ho-
mens podiam frequentar a escola. Desse modo, a educação tornou-se inacessí-
vel a toda a sociedade, e, por quase dois séculos, o Brasil seguiu nesse modelo.
Em 1759, Marquês de Pombal rompeu com a Companhia de Jesus (uma orga-
nização educacional dos jesuítas), tirando do poder da Igreja Católica a função 
da escolarização e responsabilizando o Estado. Apesar dessa mudança, “a situa-
ção não mudou, pois o ensino continuou enciclopédico, com objetivos literários 
e com métodos pedagógicos autoritários e disciplinares” (RIBEIRO, 1993, p. 16).
Apesar de a maioria da população não ser letrada, nem ter acesso à escola, 
este modelo perpetuou por décadas. Apenas no início da República Velha que 
a educação recebeu propostas novas com o intuito de renovar as escolas. Essas 
reformas foram lideradas pelo positivismo e liberalismo.
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Contudo, a inclusão de reformas educacionais não resolveu os problemas 
de acesso à escolarização. Para o governo, não era obrigatório o curso secun-
dário, assim não havia escolas públicas de segundo grau. Já as escolas particu-
lares distanciaram-se cada vez mais do sistema público, consolidando a elite 
na escolarização formal e segregando a sociedade.
Em meados da década de 1920, o movimento chamado Escola Nova ganhou 
destaque. Ele era composto de profissionais da educação, que se baseavam 
em saberes europeus e defendiam que o ensino deveria ser universal, gratuito 
e acessível a todos. Portanto, esses profissionais colocaram em evidência as 
problemáticas do ensino.
Em 1930, o Ministério da Educação e da Saúde foi criado; e em 1934, com a 
constituição em vigor, foram traçados objetivos e verbas destinadas à área da 
educação, que passou a ser obrigatória, gratuita e laica. Já o Estado passou a 
ter o dever de assegurar esse direito ao cidadão.
No decorrer do desenvolvimento da sociedade, durante o Estado Novo, o 
mercado de trabalho tinha demanda por profissionais qualificados. A escolari-
zação passou a ter foco na demanda de mão de obra, e verbas foram ampliadas 
aos programas de ensino. Durante o regime ditatorial (1964-1985), tornou-se 
mais evidente o objetivo da educação para cada classe social. Foi oficializado, 
ainda, o ensino técnico e profissionalizante, a fim de atender às necessidades 
do mercado. Nesse contexto, um ensino objetivo e livre de subjetividades era 
interessante para o governo.
Após o regime político da ditadura, a educação no Brasil ganhou novas di-
retrizes; e a população, direitos. Na Constituição de 1988, foi assegurado que 
a escola é um direito subjetivo a todos. Assim, aumentou-se o número de do-
centes e escolas; e, desde então, são colocados em prática projetos e regula-
mentações.
Além disso, políticas públicas foram feitas e programas, elaborados para 
a erradicação do analfabetismo no Brasil. Em 2019, com os dados da Pesqui-
sa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua – Edu-
cação, a taxa de analfabetismo foi de 6,6%, ou seja, cerca de 
11 milhões de habitantes não são capazes de ler e escrever. 
Portanto, a desigualdade na educação é um traço marcante 
no Brasil, desde a sua criação.
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Abordagens de aprendizagem
A escolarização é dotada de diversos modelos de aplicação. Com o decorrer 
dos anos e necessidades sociais, a escola foi reformulada. Por isso, dentro de cada 
abordagem há autores que divergem e convergem com relação ao tema. A seguir, 
conheceremos as convergências que diferem os quatro modelos de abordagem:
• Tradicional;
• Tecnicista;
• Interacionista;
• Escolanovista.
A abordagem tradicional consiste em uma prática que se perpetua há anos. 
Nela, o ensino é centrado no professor, o qual tem o papel de mediador entre o 
educando e o conhecimento, sendo quem transmite o saber. A relação professor-
-aluno refere-se ao professor como agente do conhecimento e ao aluno como ou-
vinte. Conforme a Figura 3, a relação é vertical, o professor repassa o conhecimento 
diretamente ao aluno.
Figura 3. Relação vertical.
Professor
Aluno
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O educando tem o papel de “esponja”, absorvendo o conhecimento apresen-
tado. Dentro desse modelo, o espaço físico é controlado para que os alunos não 
tenham distratores, o que atrapalharia o processo de ensino. Nessa pedagogia, os 
conhecimentos prévios da história de cada sujeito não têm relevância para a apren-
dizagem, pois o conteúdo transmitido é o principal objetivo. Nota-se, portanto, que 
o professor tem dificuldade em saber qual a necessidade do aluno, havendo padrão 
nos materiais e no ritmo escolar.
A Figura 4 faz uma crítica à abordagem tradicional, em que os interesses no mun-
do e o que acontece ao redor não são relevantes para o estudo, pois o foco é no 
conteúdo e no resultado. Repare na fisionomia dos alunos, o que eles podem estar 
sentindo? 
Figura 4. Crítica à abordagem tradicional. Fonte: Filosofia Hoje, 2012.
A abordagem tecnicista trata-se de uma prática cujo objetivo é a eficiência. Por-
tanto, a técnica, quando aprimorada, resulta no processo de aprendizagem. Nesse 
modelo, o ambiente reforça o aprendizado e fornece ao aluno condições motivado-
ras. O professor, por sua vez, está implicado com a estratégia e as contingências de 
reforço positivo de ensino. Essa abordagem engloba, ainda, a tecnologia educacio-
nal baseada nos moldes do comportamento.
[...] ensinar é simplesmente arranjar contingências de reforço. Entre-
gue a si mesmo, em dado ambiente, um estudante aprenderá, mas 
nem por isso terá sido ensinado. A escola da vida não é bem uma 
escola, não porque ninguém nela aprende, mas porque ninguém en-
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sina. Ensinar é o ato de facilitar a aprendizagem; quem é ensinado 
aprende mais rapidamente do que quem não é (SKINNER, 1972).
A abordagem interacionista defende o conhecimento por meio da interação, 
além de permear a valorização dos processos relacionais e formativos. Nela, todos 
– aluno e professor – que participam na produção do conhecimento, que é fruto 
da atividade do estudante, têm papel ativo e fundamental no processo de ensino-
-aprendizagem. Nesse modelo, a transmissão de conhecimento é horizontal ou 
seja, o professor e o aluno participam do processo de aprendizagem. 
Figura 5. Relação horizontal. 
Na abordagem escolanovista, o aluno é protagonista na aprendizagem e de-
senvolve-se de acordo com suas habilidades. Ela pode ser vista como um movimen-
to que busca reformas e renovações na educação. Há trocas na relação professor-
-aluno, nas quais os dois aprendem um com o outro, bem como a valorização da 
experiência do sujeito, assim a aprendizagem tem caráter dinâmico com o meio.
Na área da Psicologia, os estudos relacionados à aprendizagem contribuíram 
para a visão da educação. Assim, é importante conhecer as teorias de aprendi-
zagem:
• Comportamentalista;
• Cognitivista;
• Humanista.
A teoria comportamentalista, também chamada de behaviorista, tem 
o foco principal nos comportamentos notórios e mensuráveis do indivíduo. 
Professor AlunoAprendizagem 
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Estudos mostraram que uma pessoa pode ter seu comportamento relacio-
nado a consequências. Se a consequência de uma ação for boa, o compor-
tamento poderá virar uma tendência; caso ela seja ruim, o sujeito tentará 
mudar seu comportamento em busca daquilo que trará maior prazer. A prá-
tica docente começou a usar esse conhecimento em sala de aula por volta 
da década de 1960, assim, os professores apresentam reforços positivos 
aos alunos com o objetivo de aumentar ou diminuir determinados compor-
tamentos.
No cognitivismo, a tônica é diferente da comportamentalista. Na beha-
viorista, o foco é no comportamento, já no cognitivismo, a atenção está vol-
tada para a cognição do aluno – o ato de conhecer e como ele conhece o 
mundo. Essa filosofia trata dos processos mentais e ocupa-se da atribuição 
de significados, da compreensão, da transformação, do armazenamento e 
uso da informação envolvida na cognição (MOREIRA, 2011). Por isso, com-
preende-se que a cognição se dá por construção. Por volta dos anos de 
1990, parte dos educadores atentaram-se ao construtivismo, teoria que 
teve Piaget como precursor. Desse modo, o aluno tornou-se agente da cons-
trução do conhecimento, da sua estrutura cognitiva.
O humanismo é uma filosofia que enfatiza o aluno como ser em sua 
totalidade, assim o educador precisa percebê-lo como um ser com senti-
mentos, pensamentos e ações. O intelecto faz parte do sujeito, mas não é 
tudo, pois o crescimento pessoal participa da aprendizagem. Nos anos de 
1970, as “escolas abertas” basearam-se nos pensamentos humanistas de 
Carl Rogers, em que o ensino era centrado no aluno, o qual tinha autonomia 
e liberdade de escolher o que iria aprender. Atualmente, são raras as esco-
las nesse estilo.
Joseph Novak tem proposto métodos de ensino centrado no aluno 
viáveis para a sala de aula, por meio da aprendizagem significativa. 
Nesse modelo, o aprendiz é visto como um ser que pen-
sa, sente e age de maneira integrada, mas, para essa 
integração, a aprendizagem significativa precisa ser 
positiva, de modo a levá-lo à realização e ao cres-
cimento pessoal (MOREIRA, 2011). No Brasil, Paulo 
Freire é um bom exemplo de educador humanista.
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Educação bancária e educação libertadora
Paulo Freire foi um importante educador para a sociedade brasileira e 
revolucionou o pensamento sobre educação. Reconhecido internacional-
mente, ele tinha o pensamento pedagógico assumidamente político, e seu 
maior objetivo na educação era conscientizar o aluno. Ele encorajou, ain-
da, os professores a incentivarem os alunos ao pensamento crítico, con-
denando a sala de aula que era predominante na época, conhecida como 
bancária.
Na educação bancária, o saber consiste em uma doação dos que se 
julgam saber de algo àqueles que julgam não saber de nada (FREIRE, 1984). 
Nela, o educador tem o papel de transmitir um saber, sem considerar o 
saber do aluno e sua realidade. Assim, a educação é vista como produto, 
e o ato de educar envolve depositar conhecimento no outro – o educando, 
que nada sabe e recebe tal conhecimento. Freire questionou, ainda, como 
diferentes realidades podem receber o mesmo produto, no mesmo forma-
to. Será que, em sala de aula, a aluno não carrega consigo nenhum saber?
Ao se deparar com questões como essa, Freire propôs que a educação 
tenha função libertadora e abandone a visão bancária do ensino. Na visão 
dele, quem ensina também aprende, portanto, há aprendizado para am-
bos, educador e educando. O aluno, por sua vez, tem função ativa, sendo 
levado a questionar e refletir sobre 
os conteúdos. 
A educação libertadora realiza, 
portanto, transformações no coti-
diano e na sociedade. Essa educa-
ção transformadora se faz em esfor-
ço permanente, por meio do qual os 
indivíduospercebem como estão no 
mundo, com quem e em que se es-
tabelecem.
O Quadro 1 aponta as diferenças 
entre a educação bancária e a liber-
tadora. 
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Bancária Libertadora
Mistifi ca a realidade Desmistifi ca a realidade
É permanente Reforça a mudança
Nega o diálogo É dialógica
É assistencialista É crítica
Inibe a criatividade Estimula a refl exão
QUADRO 1. EDUCAÇÃO BANCÁRIA VERSUS EDUCAÇÃO LIBERTADORA
Agora que já estudamos os percursos da educação no Brasil, qual mo-
delo de educação você acredita ser mais significativo para o aluno?
Psicologia da educação e suas contribuições
A psicologia com foco na educação tem, em sua origem, a convicção de que 
a educação e o ensino podem ser beneficiados com os conhecimentos da 
psicologia, quando forem usados de forma adequada. Seus estudos e in-
terpretações tiveram uma importante evolução no século XX, trazendo 
contribuições significativas para a atualidade.
De acordo com Coll (2004), os precursores e primeiros impulsores (Wil-
liam James, G. Stanley Hall, J. McKeen Cattel, John Dewey, Charles H. Hudd, 
Eduard Claparède, Alfred Binet, entre outros) enxergavam a psicologia da 
educação como a repercussão da convergência de dois campos e dois ti-
pos de problemas:
• O estudo do desenvolvimento humano, da aprendizagem e da indivi-
dualidade e suas diferenças;
• O reformismo social e a preocupação com a qualidade de vida do in-
divíduo.
No início do século XX, Edward Thorndike realizou trabalhos acadêmi-
cos na busca de parâmetros fundamentais para a aprendizagem. Nesse 
momento, o estudo tinha como objetivo transferir os conhecimentos da 
psicologia à educação. A visão explicitamente científica deixou esquecida 
a preocupação com o reformismo social, sendo orientada, de modo espe-
cífico, para o campo acadêmico.
Por volta dos anos de 1960, esse pensamento foi questionado, o que 
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gerou uma ruptura no olhar da psicologia da educação. Dessa forma, os 
psicólogos da educação deixaram a postura unicamente acadêmica e per-
ceberam-se como cientistas sociais, que podem colaborar buscando so-
luções para os problemas na prática. Esse processo foi gradual, e o olhar 
para a prática não fez com que as pesquisas deixassem de existir.
A mudança de objetivo possibilitou, ainda, o desenvolvimento da psico-
logia da educação de modo a compartilhar o espaço com outras ciências 
sociais. Coll (2004), ao estudar a epistemologia da educação e sua história, 
percebeu que há diversidade de formulações e critérios em seu desenvol-
vimento. Assim, atualmente a psicologia da educação está frisada em três 
fatores:
• A reconsideração das funções e finalidades da psicologia da educação 
e revisão crítica da aspiração em construir uma teoria e prática educacio-
nal com bases científicas;
• A emergência e a aceitação de conceitos progressivos com enfoques 
teóricos no desenvolvimento e na aprendizagem;
• A mudança do olhar em relação à natureza das contribuições que a 
psicologia pode fazer para a educação.
Segundo Mayer (1999 apud COLL, 2004), existem três maneiras de 
configuração das relações entre a psicologia e a educação, conforme o 
Diagrama 1.
• One-way street: opera em apenas uma direção – a psicologia vai em 
direção à educação. Assim, o psicólogo pesquisa os processos de desen-
volvimento e de aprendizagem e entrega os achados aos educadores, que 
colocam em prática o que foi recebido;
• Dead-end street: é a ausência de relações. Nela, os psicólogos devem 
realizar os estudos sem ter enfoque nas preocupações dos educadores e 
nos problemas da educação; já o educador precisa desenvolver um 
ensino que corresponda às necessidades do aluno;
• Two-way street: é uma relação bilateral. Os psicó-
logos devem estudar a partir das demandas advindas 
do meio e dos educadores; já os educadores preci-
sam fundamentar suas atuações com as contribui-
ções da psicologia. 
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DIAGRAMA 1. TRÊS FORMAS DE CONFIGURAÇÃO DAS 
RELAÇÕES ENTRE A PSICOLOGIA E A EDUCAÇÃO 
A história da psicologia escolar no Brasil é marcada por três momentos 
(PATTO, 1984). O primeiro de 1906 a 1930, período em que a perspectiva é 
voltada para os estudos em laboratórios no modelo europeu, sem a inter-
venção com a realidade. O segundo ocorre entre 1930 e 1960, momento 
em que a perspectiva se refere ao tecnicismo; e o terceiro se dá a partir de 
1960, no qual a perspectiva do psicólogo é adaptacionista, e este é visto 
como solucionador de problemas.
No Brasil, a partir da década de 1990, o psicólogo passou a ter atuação 
para além das escolas e começou a refletir criticamente sobre os compo-
nentes educacionais. Segundo Tanamachi (2000), houve 
um direcionamento dialético para a compreensão do 
desenvolvimento humano, e não apenas como solu-
cionador de problemas de aprendizagem.
Em 1990, a Associação Brasileira de Psicologia 
Escolar (ABRAPEE) foi criada visando ao reconheci-
mento legal da necessidade do psicólogo escolar nas 
Conhecimentos
da psicologia 
Conhecimentos
da psicologia 
Conhecimentos
da psicologia 
Educadores
Educadores
Educadores
One-way street 
Dead-end street 
Two-way street 
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instituições de ensino, bem como à estimulação e divulgação de pesquisas 
nas áreas de psicologia escolar e educacional.
Apenas em 2007 o Conselho Federal de Psicologia reconheceu a psico-
logia escolar como uma especialidade, sem que um passo tenha sido dado 
para o reconhecimento da importância do psicólogo dentro das escolas, 
sobretudo pelos educadores (GUZZO et al., 2010). 
DICA
Para conhecer as ações da ABRAPEE, acesse o site da 
associação.
Hoje, a psicologia da educação é vista como um campo de aplicação 
dos conhecimentos psicológicos e como disciplina ponte entre a psicolo-
gia e a educação. Além disso, há a existência de estudos e publicações de 
diversos autores sobre a psicologia escolar, com criticidade quanto ao seu 
papel e percursos.
Contribuições
As pesquisas científicas vêm buscando contribuir para a área da educa-
ção em diversas frentes, e seus achados ajudam na compreensão do aluno 
e na atuação do educador. Os estudos estão voltados para as áreas da 
cognição humana, da aprendizagem e do desenvolvimento.
Os processos cognitivos da aprendizagem, da memória e da inteligência 
são diferentes e podem ser confundidos no ambiente escolar. A memória 
está ligada à capacidade do indivíduo em fi xar, reter e evocar um assunto. Já 
a aprendizagem está relacionada aos processos cognitivos que ocorrem na 
psique do sujeito, durante uma vivência e/ou ao receber uma informação, 
podendo transformar-se em uma experiência signifi cativa.
A testagem da inteligência (QI) foi, por sua vez, um dos 
maiores achados da psicologia. Foi a partir desses achados 
que a psicologia psicométrica passou a realizar pesquisas 
para quantificar a capacidade intelectual dos sujeitos e a de 
resolução de problemas.
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Por meio de estudos neurobiológicos, o psicólogo Howard Gardner 
criou a teoria das inteligências múltiplas, em que o indivíduo pode ter 
habilidade para determinada área, mas não ter para uma área distinta. 
Se o aluno não conseguir ir bem em uma área, não significa que não seja 
inteligente, porque ele pode ter habilidade voltada para outra área, ou seu 
processo de aquisição do conhecimento não está sendo contemplado.
Piaget foi um grande estudioso do desenvolvimento hu-
mano e criador da psicogenética. Por meio da sua teoria, o 
educador pode compreender as necessidades maturacio-
nais de seus alunos em relação à aprendizagem. Já Wallon, 
Lev Vygotsky e outros teóricos revolucionaram o olhar paraa aprendizagem, apresentando pontos cruciais para o entendi-
mento do sujeito e a relação com o ambiente escolar.
Psicólogo na instituição escolar
Quando se pensa na atuação do psicólogo, qual vem à mente? Usualmente, 
a primeira relação que se faz quanto ao seu papel está relacionada à área clíni-
ca. Portanto, devido ao seu conhecimento, o psicólogo pode atuar em diversas 
frentes, como hospitais, clínicas, empresas, instituições, escolas, entre outros.
Como vimos anteriormente, o psicólogo tem como objeto de estudo o com-
portamento humano e suas interações com o meio – considerando que cada 
ambiente é dotado de peculiaridades. Dentro do ambiente escolar, o foco é na 
aprendizagem e em seus processos, por isso o profi ssional precisa ter conhe-
cimentos técnicos para conseguir compreender o que acontece nesse espaço. 
É necessário conhecimento dos processos de aprendizagem para entender a 
concepção usada pela instituição e/ou pelo professor e que pode interferir no 
processo de aprendizagem do aluno.
O psicólogo escolar assume o papel de agente de mudança, isto é, es-
timula a refl exão e busca a conscientização dos papéis representados pe-
los grupos que compõem a instituição. Sua presença na escola pode gerar 
desconforto em algumas situações, uma vez que, por meio da investigação 
do cerne do problema, ele propõe mudanças a esse ambiente. Contudo, 
mudanças não são fáceis.
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Imagine um profissional que foi chamado para auxiliar com alguns “alu-
nos-problemas” e, em sua investigação, identificou pontos na equipe que 
precisam ser mudados para atingir os objetivos da educação, ou deparou-
-se com questões estruturais relacionadas à cultura da instituição. Perce-
be-se, desse modo, que o trabalho do psicólogo na escola é desafiador. 
Algumas instituições preferem que a atuação seja limitada à área clínica, 
ou seja, o baixo desempenho e/ou comportamento inadequado do aluno 
é problema do aluno, e não delas, por isso, deveria ser tratado fora do 
ambiente escolar.
Agora, conheceremos as possibilidades de atuação do psicólogo esco-
lar e seus objetivos.
Relação aluno e escola
Quando o aluno chega ao ambiente escolar, ele traz consigo bagagens de 
sua história e suas vivências, pois cada indivíduo é único. Esse ambiente é 
onde as pessoas passam (ou deveriam passar) a maior parte do tempo nas 
primeiras fases de desenvolvimento, por isso, é nele que o fenômeno da so-
cialização acontece.
O psicólogo escolar pode atuar como mediador das relações do aluno com 
outros alunos e/ou professores. Além disso, ele intervém nas dinâmicas dos 
grupos, proporcionando resolução de confl itos e buscando harmonia entre o 
grupo para que seja um ambiente saudável para a aprendizagem.
Nesse sentido, ele deve proporcionar diálogos sobre os desentendi-
mentos e ações de conscientização, podendo promover:
• Atividades individuais e em grupo; 
• Palestras com determinado tema que acontecem no grupo, como o bullying;
• Projetos a depender da demanda.
Ao se deparar com alguma dificuldade ou um transtorno 
específico de aprendizagem, o profissional busca so-
luções para a melhor adaptação de tarefas, a fim de 
que o aluno possa realizá-las. Ele atua, também, nos 
processos de inclusão de alunos que precisem de 
cuidados especiais.
PSICOLOGIA ESCOLAR 31
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Com relação ao aluno, o profissional deve ter postura investigativa, 
para a busca das causas do problema, e interventiva, tanto na alçada do 
grupo quanto na individual.
Relação aluno e professor 
Até agora, de qual professor você mais gostou na sua vida acadêmica? 
Com qual professor você teve menos afi nidade? Já reparou no quanto a rela-
ção com seus educadores pode ter impactado sua relação com o aprender?
A Figura 6 apresenta uma tirinha da Mafalda, na qual o personagem Ma-
noelito não tem um bom desempenho na avaliação, apesar de ter presença 
nas aulas. O que pode ter faltado para que ele tivesse um desempenho di-
ferente? Será que seu desempenho está relacionado à avaliação ou à assi-
milação do conteúdo? Note que o desempenho “péssimo” é recorrente para 
Manoelito. Assim, o professor deve estar atento e questionar as ações feitas 
para conseguir alcançar os alunos. 
Figura 6. Manoelito indignado com a avaliação recebida, apesar da assiduidade às aulas. Fonte: QUINO, 1991.
Além de desenvolver o conteúdo programático, o professor tem a função 
de auxiliar no desenvolvimento integral do aluno, o qual chega à sala de aula 
carregado de histórias e vivências. A relação entre as pessoas é, portanto, 
permeada de fenômenos psíquicos que, muitas vezes, podem interferir na 
interação entre o aprendiz e o ensinante.
Quando as relações se mostram enfraquecidas ou com vínculos frágeis, 
o processo de ensino-aprendizagem é afetado. Nesse caso, o professor tem 
difi culdade de alcançar o aluno, e este pode fi car cada vez mais desmotiva-
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do com o conteúdo. É importante que o docente esteja implicado na relação 
professor/aluno.
Já quando ocorrem quebras no vínculo professor/aluno, o profi ssional da 
psicologia pode atuar buscando meios de intervir, por meio de métodos, para 
que esse vínculo seja fortifi cado. Um desafi o dessa demanda é a disponibili-
dade interna dos envolvidos.
Relação com a equipe
Nas instituições, o profi ssional encontra diversas demandas. Quando ele 
age na equipe, faz o trabalho preventivo e cuida não só do desempenho escolar 
do aluno, mas também das relações que envolvem o meio escolar – ou seja, das 
relações entre os membros da equipe, professores, coordenadores e diretores.
É importante que o profi ssional tenha espaço para atuar, sendo este o eixo 
de trabalho mais desafi ador, pois ele depara-se com estruturas enraizadas e 
a cultura do ambiente. Um espaço desagradável e sem reconhecimento por 
parte da instituição proporciona a desmotivação de seus colaboradores edu-
cadores. Além disso, o professor que não tem apoio, nem voz, não consegue 
exercer sua função com a vitalidade que deseja. Quando isso acontece, quem 
pode sofrer as consequências? O aluno em sala de aula.
Nesse contexto, o psicólogo escolar pode promover palestras e cursos 
para conscientização dos integrantes da instituição. Além de ser mediador 
entre as partes, ele cuida das relações da equipe.
Percebe-se, assim, como a escola é mais do que conteúdo. Ela envolve as 
relações, e estas são importantes para que o ambiente seja adequado e o 
fenômeno de aprendizagem aconteça em sua totalidade.
Relação com a comunidade
A comunidade escolar é composta de famílias dos alunos que fazem par-
te da instituição e do bairro onde está localizada. A relação com a família é, 
portanto, uma ponte para a comunidade envolvida, e os pais têm papel fun-
damental no acompanhamento da vida escolar dos fi lhos. Chechia e Andrade 
(2002) falam sobre a importância da participação dos pais:
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A importância da participação dos pais na vida escolar dos fi lhos tem 
apresentado um papel importante no desempenho escolar. O diá-
logo entre a família e a escola, tende a colaborar para um equilíbrio 
no desempenho escolar, o que é possível considerar que a criança 
e os pais trazem consigo uma ligação íntima com o desempenho 
(CHECHIA; ANDRADE, 2002).
O psicólogo atua na orientação das famílias quanto aos processos de 
aprendizagem. É necessário, por um lado, que a família tenha confi ança no 
ambiente escolar para aceitar as orientações, quando necessárias; por outro, 
a escola precisa acolher sua demanda e entender a dinâmica particular de 
cada grupo familiar. O diálogo entre as partes é, também, fundamental. As-
sim, pode-se traçar os melhores caminhos para o aluno, bem como realizar 
encaminhamentos,quando necessário, e orientações.
Para abranger o maior número de famílias possível, a escola pode prepa-
rar reuniões e palestras educacionais para os pais. Dessa forma, há mais uma 
frente de atuação do psicólogo escolar.
Psicólogo clínico e escola 
Eventualmente, ao se deparar com questões de inadequação comporta-
mental, ou não usuais, a escola busca encaminhar o aluno para o profi ssional 
especialista no assunto: o psicólogo clínico. Historicamente, porém, o proble-
ma era encarado como questão de doença. Assim, é importante se atentar a 
esse olhar “de que o professor, ao entregar o seu ‘aluno difícil’ nas mãos de um 
profi ssional tido como mais habilitado que ele para lidar com a questão, se exi-
me da sua responsabilidade para com este aluno” (ANDALÓ, 1984). 
DICA
O fi lme Como estrelas na terra – toda criança é especial conta a história 
de um garoto de nove anos que tem um transtorno de aprendizagem espe-
cífi co, com défi cit na leitura e na escrita – dislexia –, não sendo compre-
endido pela escola e pelos pais. Perceba a importância do acolhimento do 
educador e o olhar amplo para o personagem principal.
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Ao realizar o encaminhamento, a escola tem a expectativa de que o profis-
sional ajustará as questões, mas para que estas sejam entendidas melhor e as 
intervenções, efetivas, é fundamental que haja parceria entre os psicólogos 
clínicos e a escola. Ao se deparar com queixas relacionadas à escola, o psicólo-
go clínico deve investigar o ambiente onde elas ocorrem, pois o sintoma pode 
estar relacionado ao espaço que não é facilitador.
Assim como a Figura 7, quando o aluno apresenta uma demanda para inter-
venção em consultório (o que é representado pelo quebra-cabeça), cada ele-
mento de seu ambiente (representado pelos personagens) deve realizar sua 
parte, e, assim, o quebra-cabeça é montado. 
Figura 7. Montagem de quebra-cabeça. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 18/06/2021.
Como o profissional na área clínica terá contato com a história de vida do 
aluno, deverá orientar os pais. Quando escola, família e profissional realizam 
trocas de experiências e vivências, abre-se uma rede de apoio para o desenvol-
vimento do estudante. É preciso, ainda, que haja comunicação entre os envol-
vidos e o mesmo objetivo: auxiliar o sujeito em sua totalidade. Assim, é possível 
que cada parte se responsabilize pela intervenção que compete a cada área, 
formando uma equipe.
Portanto, mesmo que o profissional não atue no espaço escolar, ele precisa 
conhecer, minimamente, esse ambiente, pois somente assim conseguirá agu-
çar a compreensão da queixa.
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Psicólogo consultor externo
O agente de mudança não precisa, necessariamente, estar vinculado à ins-
tituição e trabalhar nela. Existem profi ssionais consultores que são agentes ex-
ternos e prestam serviços para a escola, quando solicitados.
Quando o consultor externo é contratado, ele parte de uma demanda es-
pecífi ca para atuar, a fi m de remediar alguma situação. Seu campo de atuação 
tende a ser a equipe da instituição, e a administração contrata esse profi ssional 
elencando os objetivos.
Por meio de investigação e observação, o consultor realiza o diagnóstico da 
instituição e sugere as mudanças necessárias. Durante o processo investigati-
vo, ele pode deparar-se com outras demandas, além daquelas apontadas pela 
administração. É a partir desse resultado que a escola decide se realizará, ou 
não, as mudanças sugeridas. Além disso, ele é contratado para projetos.
Os passos da consultoria são:
• Contato inicial;
• Observação participante;
• Levantamento de hipóteses;
• Elaboração de um projeto de intervenção;
• Discussão e aprovação do projeto;
• Aplicação de intervenção;
• Avaliação dos resultados;
• Devolutiva e sugestão de continuidade;
• Acompanhamento periódico.
Um dos desafios que podem ser encontrados pela consultoria é a par-
ceira da equipe da instituição. Quando o profissional realiza o 
diagnóstico e propõe ações essenciais para o meio, nem sempre 
participará dessa etapa – o objetivo dele é traçar o 
melhor caminho de intervenção. Nas consultorias 
em que não fez as intervenções, o profissional 
não tem garantia de que a instituição fará confor-
me a orientação. Afinal, mudanças são difíceis, e o 
consultor não pode garantir que fará todas as altera-
ções necessárias.
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CURIOSIDADE
O Portal do Sebrae traz os passos necessários para 
abrir uma empresa de consultoria. O consultor precisa 
registrar-se como autônomo na prefeitura, ou abrir uma 
sociedade simples, caso tenha um ou mais sócios.
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Sintetizando
Nesta unidade, estudamos a importância da escola na sociedade e como ela 
promove as transformações para a construção do social. Isso ocorre também 
porque, quando a criança começa a frequentar essa instituição, ela tem acesso a 
um novo mundo. Assim, a escola pode ser vista como um espaço que foi gerado 
pelas necessidades produzidas por sociedades que requeriam formação especí-
fica de seus membros.
Diante disso, a escola passa a ter função social, tornando-se portadora dos 
conteúdos seletos e valores que a sociedade preza. Nela, existem trocas e a am-
pliação do entorno, portanto, ela transmite os saberes e faz a conexão entre o 
aprendizado que se dá no ambiente escolar e o que é utilizado fora desse espaço.
A Psicologia contribuiu para o campo da educação por meio de estudos re-
lacionados ao desenvolvimento, à aprendizagem e suas relações. Já a psicologia 
escolar trata-se de uma disciplina ponte entre a educação e a psicologia.
As abordagens de ensino-aprendizagem são teorias e técnicas, que se diferem 
na visão que cada uma delas tem do sujeito, das relações e do objeto. Elas podem 
ser tradicional, escolanovista, interacionista e tecnicista. Os estudos de psicolo-
gia contribuíram, ainda, para ampliar a visão na educação, por meio de teorias da 
aprendizagem como a comportamentalista, a cognitivista e a humanista.
Nesse contexto, o psicólogo escolar tem a função de agente de mudança no 
espaço educacional, podendo atuar de forma preventiva e interventiva. Além 
disso, suas ações devem envolver a equipe, os alunos e a comunidade.
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O AMBIENTE 
ESCOLAR E A SALA 
DE AULA 
2
UNIDADE
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Objetivos da unidade
Tópicos de estudo
 Analisar o aparelho psíquico do ser humano e sua relação com a 
aprendizagem;
 Compreender a formação de grupos;
 Examinar a relação da psicanálise com a educação;
 Entender e identificar as necessidades individuais e grupais dos alunos;
 Assimilar a importância da formação do pedagogo.
 Fenômenos psicológicos no 
ambiente escolar
 Freud e a psicanálise 
 Teoria psicossexual 
 Mecanismos de defesa
 Sintoma
 Outras contribuições da
 psicanálise 
 Diversidades 
 Os grupos 
 Educação inclusiva
 Superando o fracasso escolar
 Processos de ensino e 
aprendizagem
 Psicologia e Pedagogia
 Formação do professor 
 Expectativas do professor
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Fenômenos psicológicos no ambiente escolar 
Como é sabido, a escola é um ambiente que possui bastante dinamismo, 
uma vez que é composta por pessoas carregadas de histórias pessoais e cul-
turais. Nesse espaço, ocorre o choque das individualidades com as diferenças 
encontradas no meio e nas relações existentes. Assim, cada indivíduo carrega 
consigo subjetividades que são construídas ao longo da vida. A escolarização 
faz parte, ou deveria fazer, da vivência dos indivíduos, principalmente durante 
a infância, e as relações e experiências vividas nesse período farão parte da 
construção do sujeito. 
Para que a aprendizagem ocorra, é necessário que o sujeito esteja em equilí-
brio, isto é: tenha condições orgânicas, psicológicas e socioculturais em harmo-
nia. Além disso, as relações entre aquele que ensina e aquele que aprende são 
de extrema importância, uma vez que torna-se muito mais trabalhoso para uma 
criança assimilar determinado conteúdo quando o professor não fornece um 
espaço adequado para a resolução de dúvidas ou quando o aluno não se sente 
seguro no processo por ter medo da fi gura do educador.
O vínculo afetivo entre aluno e professor precisa ser desenvolvido para que 
a maturação, e consequentemente o desenvolvimento, da criança ocorra da me-
lhor maneira possível. Tendo isso em mente, Dupas (2008) refl ete sobre o papel 
da escola no sentido de controlar os instintos da criança, que ainda não sabe 
como ajustá-los ao meio. Cabe aos educadores o olhar atento às necessidades 
do aluno, buscando ocupar-se da saúde mental do indivíduo e estabelecendo os 
limites necessários e adaptativos. 
Portanto, a fi m de compreender melhor as relações e os vínculos que ocor-
rem dentro do espaço educativo, iremos esquadrinhar os estudos psicanalíticos, 
objetivando analisar profundamente os fenômenos existentes na educação. 
Freud e a psicanálise 
Embora muitos já tenham ouvido falar de Freud, é possível questionar: afi nal, 
qual sua relação com a educação? Tendo isso em mente, ressalta-se que Freud é 
o pai da psicanálise e sua teoria nos remete à constituição do sujeito e aos meca-
nismos que cada indivíduo utiliza para expressar-se. 
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Sigmund Freud nasceu em 6 de maio de 1856, em Freiberg, Morávia (atual 
República Tcheca). Viveu por 83 anos e faleceu em 23 de setembro de 1939, em 
Londres, deixando um notável legado de estudos e novas perspectivas para a 
compreensão da constituição psíquica humana. 
Aos 17 anos, entrou no curso de medicina na Escola de Medicina da Univer-
sidade de Viena e, a partir de então, não parou de estudar. Apesar de poucas 
condições financeiras, ele sempre foi incentivado pela família. Gay (2012) aponta 
que, por ser extremamente promissor, o jovem Freud era o favorito declarado 
da família. Embora esta fosse humilde, desde cedo o rapaz tinha um quarto só 
para os seus estudos. Devido à sua paixão incessante pelos estudos, o psiquiatra 
deixou uma vasta e revolucionária obra. A educação foi ferramenta fundamental 
para os achados psicanalíticos e, através de seus estudos, foi também um modo 
de possibilidade de ascensão social para ele e sua família. 
ASSISTA
O filme Freud, além da alma conta a trajetória e início da carreira de 
Freud. Gravada em 1962 e dirigido por John Huston, a película evidencia 
os conflitos vividos pelo pai da psicanálise em relação à área médica e o 
percurso de seus estudos sobre a estrutura psíquica humana. 
A psicanálise, em si, é uma teoria sobre a mente humana e uma prática tera-
pêutica. Para Freud, o homem é constituído por desejos que, ao serem reprimi-
dos

Mais conteúdos dessa disciplina