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DIREITO 
PROCESSUAL PENAL
ÍNDICE
1. DireIto processual penal. 1.1. Princípios gerais, conceito, finalidade, características. 1.2. Sistemas de processo 
penal. 1.3. Lei processual penal: fontes, eficácia, interpretação, analogia, imunidades. ............................................01
2. Inquérito policial. 2.1. Histórico, natureza, conceito, finalidade, características, fundamento, titularidade, grau 
de cognição, valor probatório, formas de instauração, notitia criminis, delatio criminis, procedimentos investi-
gativos, indiciamento, garantias do investigado. 2.2. Conclusão, prazos. .....................................................................14
3. Ação Penal ...........................................................................................................................................................................................14
4. Competência. ......................................................................................................................................................................................33
5. Prova. ....................................................................................................................................................................................................39
6. Do Juiz, Do Ministério Público, Do Acusado e Defensor, Dos Assistentes e Auxiliares da Justiça ....................58
7. Da Prisão, Das Medidas Cautelares e da Liberdade Provisória .......................................................................................66
8. Processo e julgamento dos crimes de responsabilidade dos funcionários públicos. ............................................78
1
Direito Processual Penal
Bandeira de Melo que “o princípio exprime a noção 
de mandamento nuclear de um sistema”. Portanto, 
princípios são, conceitualmente, os fundamentos que 
alicerçam determinada legislação, podendo estarem 
expressos na ordem jurídica positiva ou implícitos 
segundo uma dedução lógica, importando em diretrizes 
para o elaborador, aplicador e intérprete das normas.
O código de processo penal não foge desta regra 
geral. Se tratando de uma ciência, têm princípios que 
lhe dão suporte, sejam de ordem constitucional ou 
infraconstitucional, que informam todos os ramos do 
processo, isto é, específicos do direito processual penal.
Os princípios característicos do processo penal 
visam regulamentar a busca pela verdade real, para 
que, em um litígio penal, o juiz possa aplicar a justiça 
com exatidão, conforme iremos averiguar abaixo.
I) Princípio do devido processo legal - O direito 
ao devido processo legal, originado da cláusula do due 
of law do Direito Anglo-Americano, está consagrado no 
art. 5º, LIV, estabelecendo que ninguém será privado da 
liberdade ou de seus bens sem que haja um processo 
prévio.
Na órbita do processo penal, esse princípio 
relaciona-se com outros dois postulados, quais sejam, 
a ampla defesa e o contraditório, contemplados no art. 
5º, LV, da Lex Fundamentalis.
Neste contexto, é possível concluir que, do devido 
processo legal, decorre uma série de direitos ao 
acusado, como o de ser ouvido pessoalmente perante 
o juiz a fim de narrar sua versão dos fatos, de acesso 
à defesa patrocinada por profissional com capacitação 
técnica, de motivação das decisões judiciais, do duplo 
grau de jurisdição, de revisão criminal das decisões 
condenatórias, de observância do rito processual 
estabelecido por lei para a hipótese concreta, etc. 
Violados esses direitos, a consequência poderá ser a 
nulificação de atos processuais.
II) Princípio da presunção de inocência - Também 
chamado de princípio do estado de inocência, trata-
se de um desdobramento do princípio do devido 
processo legal, consagrando-se como um dos mais 
importantes alicerces do Estado de Direito. Visando, 
primordialmente, à tutela da liberdade pessoal, decorre 
da regra prevista no art. 5.º, LVII, da Constituição 
Federal, preconizando que “ninguém será considerado 
culpado até o trânsito em julgado da sentença penal 
condenatória”;
III) Princípio da obrigatoriedade de motivações 
das decisões judiciais - A exigência de motivação das 
decisões judiciais, prevista no art. 93, IX, da Constituição 
Federal e no art. 381 do Código de Processo Penal, é 
atributo que possibilita às partes a impugnação das 
decisões tomadas no âmbito do Poder Judiciário, 
conferindo, ainda, à sociedade a garantia de que essas 
deliberações não resultam de posturas arbitrárias, mas, 
sim, de um julgamento imparcial, realizado de acordo 
com a lei.
Não há óbice a que se utilizem juízes e tribunais 
de fundamentação perrelationem, isto é, aquela 
que se caracteriza pela remissão que o ato judicial 
expressamente faz a outras manifestações ou 
peças processuais existentes nos autos, mesmo as 
1. DIREITO PROCESSUAL PENAL. 
1.1. PRINCÍPIOS GERAIS, CONCEITO, 
FINALIDADE, CARACTERÍSTICAS. 
1.2. SISTEMAS DE PROCESSO PENAL. 1.3. LEI 
PROCESSUAL PENAL: FONTES, EFICÁCIA, 
INTERPRETAÇÃO, ANALOGIA, IMUNIDADES.
O Processo Penal é o ramo autônomo do Direito 
Público que regula a atividade de jurisdição do 
Estado e materializa o jus puniendi (direito de punir).
Walfredo Cunha Campos expõe:
“Direito processual penal é um complexo de 
princípios e normas que constituem o instrumento 
técnico necessário à aplicação do Direito Penal, 
regulamentando o exercício da jurisdição pelo 
Estado-juiz, por meio do processo, os institutos da 
ação e da defesa, além da investigação criminal pela 
polícia judiciária, através de inquérito policial, ou por 
outro órgão público, também legitimado em lei, a 
investigar através de procedimentos investigatórios 
diversos.”
O jus puniendi é a pretensão punitiva do Estado, 
consistente em exigir, de quem comete um delito, 
sua sujeição a uma sanção penal.
Não se trata de uma atividade mecânica, mas sim 
de uma atividade criadora, responsável por ser parte 
do sistema de valores que se apresentavam sob uma 
perspectiva filosófica, sociológica e ética.
O Processo Penal deverá assegurar efetividade às 
garantias constitucionais fundamentais, fornecendo os 
meios e o caminho para materialização no caso concreto.
Há duas finalidades, ditas como clássicas no 
Direito Processual Penal:
- Finalidade mediada ou indireta: é a manutenção 
da ordem social, da defesa dos interesses jurídicos; 
- Finalidade imediada ou direta: é a demonstração 
da força punitiva do Estado, o direito de punir.
O que ambas têm em comum é a sobreposição, 
pois o processo criminal visa tutelar a liberdade, já que 
somente seguindo o seu devido procedimento será 
possível cerceá-la.
Características
- Autonomia: por ser autônomo não se submete 
ao direito material, já que possui princípios e regras 
próprios.
- Instrumentalidade: o instrumento é o que fará 
atuar o direito material penal, traçando o caminho para 
obtenção de um provimento jurisdicional válido.
- Normatividade: trata-se de uma disciplina 
normativa, de caráter dogmático, possuindo codificação 
própria, que é a contida no Decreto-Lei nº 3.698/1941, 
popularmente conhecido como CPP.
Princípios
Conforme José Afonso da Silva “os princípios são 
ordenações que irradiam e imantam os sistemas de 
normas”. Acrescentam-se, as palavras de Celso Antônio 
2
Direito Processual Penal
produzidas pelas partes, pelo Ministério Público 
ou por autoridades públicas, cujo teor indique os 
fundamentos de fato e/ou de direito que justifiquem 
a decisão emanada do Poder Judiciário. Entretanto, 
note-se que a adoção dessa técnica de motivação 
exige que a manifestação a que é feita remissão 
contenha a fundamentação adequada à natureza da 
sentença ou do acórdão que a adotou como razão de 
decidir. Ademais, em reiteradas decisões considerou 
o STF legítima e plenamente compatível a motivação 
per relationem com a exigência imposta pelo art. 93, 
inciso IX, da Constituição da República. Semelhante 
entendimento é agasalhado no STJ, muito embora 
aqui, por vezes, se compreenda que não é suficiente aprocedimentos, excetuado os 
Juizados Especiais Criminais (CPP, art. 3º-C). Restou 
declarado expressamente no art. 3º - A. “O processo terá 
estrutura acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase 
da investigação e a substituição da atuação probatória 
do órgão da acusação”. Na fase de investigação e 
recebimento da acusação, atuará o Juiz das Garantias, 
enquanto na fase de julgamento, o Juiz de Julgamento 
13
Direito Processual Penal
sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso, 
invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer 
outra decisão, não enfrenta os argumentos deduzidos, 
limita-se a invocar precedente ou enunciado de súmula, 
jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem 
demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles 
fundamentos e deixar de aplicar enunciado de súmula, 
jurisprudência ou precedente sem apostar a distinção 
ou superação, conforme os fatos do caso (vide art. 9º, 
Lei 13.689/19). A prisão obrigatória em face da conduta 
(CPP, art. 310, §2º) viola a proporcionalidade conforme 
diversas decisões do STF, valendo citar a ADIN 3.112. No 
caso de pedido de prisão ou prorrogação, deverá ser 
garantido o contraditório em audiência pública e oral.
b) Controle das investigações e violação da duração 
razoável: A investigação criminal deve ser informada 
ao Juiz das Garantias, pouco importando se no âmbito 
do Ministério Público ou outra Instituição, devendo-se 
controlar os respectivos prazos (CPP, art. 3-B, IV c/c § 2º), 
requisição de documentos e andamento (CPP, art. 3-B, 
X), trancando investigações desprovidas de fundamentos 
(CPP, art. 3-B, IX).
c) Garantir os direitos do investigado e conduzidos: 
Além de observar pelos direitos do preso, inclusive 
podendo determinar seja trazido, a qualquer tempo, 
para esclarecimentos vinculados à violação de direitos, 
deve garantir acesso a todos os elementos informativos 
e provas produzidos na investigação, salvo as diligências 
em andamento. Em caso de dúvidas, deve realizar o 
exame de sanidade mental (CPP, art. 3-B, XIII). Deverá 
vedar o uso da imagem do preso, até porque abuso 
de autoridade (art. 13, I e II, da Lei 13.689/19). Será 
competente para conhecer e julgar dos habeas corpus 
impetrados antes do recebimento da denúncia (ato 
também do Juiz das Garantias, inc. XIV).
d) Produzir antecipadamente provas: se houver 
necessidade de produção de provas, a requerimento 
das partes/jogadores, nunca de ofício, demonstrada a 
urgência, relevância e proporcionalidade, o ato pode 
ser realizado, garantido o contraditório e direito ao 
confronto, em decisão concretamente fundamentada 
(STJ, Súmula 455).
e) Analisar as cautelares probatórias: Cabe ao juiz 
das Garantias analisar os pedidos de (i) interceptação 
telefônica; (ii) afastamento dos sigilos (fiscal, bancário, 
de dados e telefônico); (iii) busca e apreensão domiciliar; 
(iv) acesso à informações sigilosas e outros meios de 
provas.
f) Homologar delação premiada e acordo de não 
persecução penal: Faremos uma coluna específica sobre 
o tema. Mas o que importa no momento é que será da 
competência do Juiz das Garantias quando formulada 
no decorrer da investigação. Teremos problemas 
de acomodação no caso do julgamento com foro 
de Prerrogativa de Função, mas nada que impeça a 
utilização da lógica de separação de funções.
g) Receber a denúncia: O Juiz das Garantias receberá 
a denúncia e determinará a citação do acusado, 
analisando a absolvição sumária. Superada esta fase, 
não receberá, nem se contaminará pelo produzido na 
fase anterior, já que somente as provas irrepetíveis, 
medidas de obtenção de provas e antecipação de provas 
serão encaminhados. O restante deverá permanecer 
acautelado no Juiz das Garantias (CPP, art. 3-B, § 3º), com 
acesso às partes (CPP, art. 3-B, §4º), acabando-se com o 
uso manipulado de declarações da fase de investigação, 
porque só vale o produzido oralmente perante o Juiz de 
Julgamento. Trata-se de um pleito por nós defendido há 
décadas – da exclusão física dos autos do inquérito – que 
finalmente é recepcionada. Só assim estará assegurada 
a distinção entre atos de investigação e atos de prova e, 
por consequência, efetivado o direito de ser julgado com 
base em ´prova´, produzida em contraditório judicial.
Nem se invoque o art. 155 do CPP porque a disposição 
atual muda a estrutura da lógica de aproveitamento 
do inquérito policial ou flagrante. Abandona-se o 
procedimento escrito/inquisitório em nome da oralidade 
que deverá presidir os pedidos, normalmente em 
audiências presenciais ou por videoconferência (exceção 
justificada).
O Juiz das Garantias é responsável (civil, penal e 
administrativamente) pelo controle de legalidade da 
investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos 
individuais cuja franquia tenha sido reservada à 
autorização prévia do Poder Judiciário (reserva de 
Jurisdição), competindo-lhe especialmente:
a) Controle da Legalidade do Flagrante e da Prisão 
Cautelar: receber a comunicação imediata da prisão, nos 
termos do inciso LXII do caput do art. 5º da Constituição 
Federal (quem deixa de fazer incide em abuso de 
autoridade – art. 12 lei 13.689/19), bem assim o auto de 
prisão em flagrante para controle da legalidade da prisão, 
observando o art. 310, na nova redação: receber o APF, 
no prazo máximo de até 24 (vinte e quatro horas) após a 
realização da prisão, sob pena de punição § 3º, art. 310 c/c 
art. 9º, parágrafo único, incisos, da Lei 13.689/19), o juiz 
deverá promover audiência de custódia com a presença 
do conduzido, seu advogado constituído ou membro da 
Defensoria Pública e o membro do Ministério Público 
(desobedecida abuso de autoridade art. 15, parágrafo 
único, inciso II, Lei 13.689/19), e, nessa audiência, o juiz 
deverá, fundamentadamente: I – relaxar a prisão ilegal; ou 
II – converter a prisão em flagrante em preventiva, quando 
presentes os requisitos constantes do art. 312 do CPP, e 
se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas 
cautelares da prisão, vedada a prisão de ofício (CPP, art. 
311), ou, III – conceder liberdade provisória, com ou sem 
fiança (vide art. 9º, Lei 13.689/19). O não recebimento 
do APF nas 24 horas a contar da prisão, implica em 
relaxamento da prisão ilegal (4º, do art. 310, CPP), 
apuração de responsabilidades, podendo-se decretar 
depois, nos autos, prisão preventiva. Se a investigação 
necessitar de mais de 15 dias para finalização, a prisão 
deverá ser relaxada (CPP, art. 3-B, § 2º) Anote-se que 
foi acolhida pela nova redação do art. 312 do CPP, no 
2º, a necessidade de fundamentação concreta de fatos 
novos ou contemporâneos, vinculados ao processo, 
sendo abuso de autoridade a prisão desprovida de 
motivação e fundamentação adequadas, entendidas por 
não fundamentadas, na forma do art. 315, §2º, do CPP, as 
que se limitam a indicação, à reprodução ou à paráfrase 
de ato normativo, sem explicar a sua relação com o caso 
concreto, empregar conceitos jurídicos indeterminados, 
14
Direito Processual Penal
remetará ao juiz de Julgamento para realização de 
instrução e julgamento (CPP, art. 3º-B, XIV), art. 3º-C, 
§1º). A cisão aqui é funcional e serve para não contaminar 
os atos probatórios realizados oralmente das decisões 
antecedentes que embora possam ser revistas (CPP, art. 
3º-B, §2º).3
Atenção
Com advento da Lei do Pacote Anticrime (Lei 
Federal nº 13.964/2019), passou a contemplar que se o 
investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá, 
mediante representação da autoridade policial e ouvido 
o Ministério Público, prorrogar, uma única vez, a duração 
do inquérito por até 15 (quinze) dias, após o que, se 
ainda assim a investigação não for concluída, a prisão 
será imediatamente relaxada.
Vejamos o art. 3º-B, do Código de Processo Penal, 
acrescido pela Lei do Pacote Anticrime (Lei Federal nº 
13.964/2019):
“Art. 3º-B. O juiz das garantias é responsável pelo 
controle da legalidade da investigação criminal e pela 
salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia tenhasido reservada à autorização prévia do Poder Judiciário, 
competindo-lhe especialmente: 
§2º Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias 
poderá, mediante representação da autoridade policial e 
ouvido o Ministério Público, prorrogar, uma única vez, a 
duração do inquérito por até 15 (quinze) dias, após o que, 
se ainda assim a investigação não for concluída, a prisão 
será imediatamente relaxada.” 
Com isto, temos a primeira conclusão, a de que 
numa interpretação sistemática, a redação do texto do 
pacote anticrime ao dispor sobre prorrogação do prazo 
do inquérito policial de investigado preso por até 15 
(quinze) dias, ratifica a existência do prazo de 10 (dez) 
dias iniciais, previsto no artigo 10 do CPP, já que apenas 
se pode prorrogar o que se iniciou anteriormente. Aqui 
se aplica a máxima de hermenêutica de que não há 
palavras inúteis no texto da lei.
O artigo 3º-B, §2º, do CPP veio para suprir lacuna com 
a possibilidade clara de prisão processual de flagrante, 
em que a novidade é reconhecer o prazo da investigação 
por 10 (dez) dias prorrogáveis por até 15 (quinze) dias, 
sob pena de eventual excesso (extrapolamento) de prazo 
acarretar o relaxamento da prisão pela não conclusão da 
investigação e não pelo não oferecimento da denúncia.
Obviamente, não quer dizer que a prorrogação se 
dará até nos 15 (quinze) dias cravados, já que a lei faz 
uso da expressão até 15 (quinze) dias, o que implica 
concluirmos que, a prorrogação seria de 01 (um) dia até 
o máximo de 15 (quinze) dias, além dos 10 (dez) dias 
normais do art. 10, do CPP, em caso de o delegado de 
polícia representar pela prorrogação do procedimento 
policial com investigado preso.
Há vozes advogando o prazo de 15 (quinze) dias 
mais 15 (quinze) dias, em que se arvora de analogia do 
prazo do inquérito policial ao menos na esfera federal 
(art. 66 da Lei 5.010/1966), sob o argumento de o que 
o legislador desejou igualar as contagens de prazos 
de conclusão de inquérito policial na Justiça Estadual e 
na Justiça Federal com superação (derrogação) do art. 
10 do CPP, o que não concordamos datíssima máxima 
3 Fonte: Baseado na obra de: Távora, Nestor, Curso de Direito Processual 
Penal, 15ª edição, Salvador: Ed. Jus Podivm,2020./www.editorajuspodivm.com.
br/www.prodezconcursos.com.br/www.emporiododireito.com.br/www.conjur.
com.br - Aury Lopes Jr. e Alexandre Morais da Rosa
vênia, pois não há lacuna para se usar a analogia e a 
interpretação seria contra legem, ignorando dispositivos 
em plena vigência. O que há de fato é a previsão clara e 
indiscutível de 10 (dez) dias, com a possibilidade de se 
adicionar mais 15 (quinze) dias.
De qualquer forma, por zelo, cabe aduzir que o 
dispositivo do indigitado art. 3º-B, §2º, do CPP está com 
a eficácia suspensa pelo Supremo Tribunal Federal.
2. INQUÉRITO POLICIAL. 2.1. HISTÓRICO, 
NATUREZA, CONCEITO, FINALIDADE, 
CARACTERÍSTICAS, FUNDAMENTO, 
TITULARIDADE, GRAU DE COGNIÇÃO, VALOR 
PROBATÓRIO, FORMAS DE INSTAURAÇÃO, 
NOTITIA CRIMINIS, DELATIO CRIMINIS, 
PROCEDIMENTOS INVESTIGATIVOS, 
INDICIAMENTO, GARANTIAS DO 
INVESTIGADO. 2.2. CONCLUSÃO, PRAZOS. 3. 
AÇÃO PENAL
A Investigação criminal é gênero do qual é espécie 
o inquérito policial, cujo objetivo é formar o lastro 
probatório mínimo para a deflagração para a seguinte 
fase processual, A AÇÃO PENAL.
A Natureza jurídica do Inquérito policial é de 
um procedimento administrativo. Notar que procedi-
mento administrativo é diferente de processo adminis-
trativo. O inquérito policial é um procedimento admi-
nistrativo, de natureza inquisitiva, escrito e sigiloso.
A finalidade do I.P é instruir a ação penal.
As centrais de inquérito ganham cada vez mais re-
levância. Com as centrais de inquérito o processo sai da 
delegacia e vai para as centrais de inquérito (MP) que 
pode ou não oferecer denuncia minimizando assim os 
riscos do juiz se tornar parcial. Essa triagem feita pelo 
MP é muito bem vista no ordenamento jurídico.
Características do Inquérito policial (I.P)
O inquérito policial deve ser analisado tendo em 
vista suas características:
a) Procedimento escrito Art. 9º CPP
b) Autoritariedade Realizado pela policia judiciá-
ria – A atividade investigatória é atribuída no âmbito 
estadual as polícias civil , dirigidas pelo delegado e no 
âmbito federal à policia federal e ao delegado federal.
c) Procedimento sigiloso art. 20º CPP. O sigilo é 
crucial para elucidação do crime.
* (exceção sumula vinculante 14 do STF) – Pela 
sumula em questão não se pode opõe o sigilo do 
inquérito policial aos advogados, uma vez que eles 
devem conhecer o que pesa sobre seu cliente. Estes 
só poderão ter acesso ao que já estiver documentado, 
sendo que medidas de busca e apreensão e mandado 
de prisão não cumprido no podem ser acessados sob 
pena de ruía a eficácia das investigações.
d) Oficialidade – O I.P é conduzido pelo Estado 
na pessoa do delegado de policia, não podendo uma 
pessoa comum proceder com as investigações.
15
Direito Processual Penal
e) Oficiosidade - O delegado de polícia atua de 
oficio diante a ocorrência conforme art. 5º, I CPP.
* As exceções são a queixa crime (advogado) e ação 
penal pública condicionada
f) Autoridade Cabe ao delegado conduzir as inves-
tigações sendo assim chamado de Autoridade polícia 
(art. 4º caput CPP)
g) Indisponibilidade: Uma vez começado a 
autoridade policial não poderá arquivar os autos 
investigativos somente podendo pedir o seu 
arquivamento para a autoridade judicial (art. 17º CPP)
h) Inquisitivo – Como o próprio nome deixa claro 
resquícios de inquisição. É feito de forma discricioná-
ria (aquele praticado com liberdade de escolha de seu 
conteúdo, do seu destinatário, tendo em vista a con-
veniência e a oportunidade de sua realização) art. 14º. 
Sem contraditório e ampla defesa.
i) Dispensável – As provas do crime podem ser 
encontradas de outra maneira. (art. 39º, §5º CPP). O 
inquérito não é imprescindível para a propositura da 
ação penal. Segundo o STF e o STJ, os vícios do I.P. NÃO 
contaminam o processo, afinal, a investigação é mera-
mente dispensável. Os vícios do I.P. são endoprocidi-
mentais (dentro do próprio inquérito).
j) Sistemático - Há de se respeitar a cronologia dos 
fatos e o caso concreto dada as circunstâncias.
Instauração do inquérito policial 
Se dá com a ocorrência da notitia criminis (noticia 
do crime). Atentar que é diferente de queixa crime pois 
muitas pessoas falam que “darão queixa” na delegacia, 
sendo este termo errado, o correta era ir na delegacia 
dar notitia criminis.
A notitia criminis é facultativa em relação aos cida-
dãos que poderão ou não denunciar a pratica crimino-
sa. Entretanto é obrigatório em relação ao agente pú-
blico que ao saber do fato deve anunciar a autoridade 
competente. A notitia criminis pode ser:
a) Espontânea ou imediata – Através da própria 
atividade da policia, no caso o delegado. Ele pode agir 
de oficio.
b) Provocada ou mediata – através de 
representação ou requisição do juiz ou do MP ou do 
próprio ofendido, ou seja, mediante provocação de 
terceiros.
c) Coercitiva- decorrente da prisão em flagrante 
Quando o inquérito policial é instaurado a partir de um 
auto de prisão em flagrante delito, diz-se haver: notitia 
criminis de cognição coercitiva.
d) Delação apócrifa ou notitia criminis inquali-
ficada = denúncia anônima – Por si só não enseja a 
abertura de inquérito necessitando previa pesquisa de 
precedência.
A noticia do crime quanto ao procedimento pode 
ser:
a) Na ação penal pública incondicionada: de 
oficio, mediante requisição de autoridade judiciária ou 
Ministério público (art. 5º I e II CPP); OU A REQUERI-
MENTO DO OFENDIDO ou de quem tenha a qualidade 
de representa-lo. (art. 5º, I e II CPP). Trata-se de um 
dever de instaurar o I.P independente de provocação.
b) Na ação penal pública condiciona-
da: Art. 5 §4º CPP: por meio da representação/requi-
sição do ofendido ou do seu representante legal; ou 
por meio da requisição no Ministro da justiça. O prazo 
paraoferecimento é de 06 meses a contar do conheci-
mento da autoria. Por tratar de prazo decadencial não 
será suspenso nem interrompido. É um misto de inte-
resse público com interesse particular. A representação, 
no caso de ação penal pública condicionada, pode ser 
apresentada por procurador.
c) Na ação penal privada: Art. 5 §5º CPP de 
quem for qualificado para intenta-la (caso não seja o 
próprio pode ser seu representante com procuração 
com poderes especiais). Com a lei 9099/95 nos crimes 
cuja a pena não ultrapasse 2 anos, não há abertura 
do I.P, pois é lavrado o termo circunstanciado . Nos 
crimes de menor potencial ofensivo, não ha abertura 
do I.P nem a lavratura do APF. Nestes casos é lavrado 
o termo circunstanciado que consiste em breve relato 
dos fatos, com a qualificação dos envolvido, devendo 
conter todas as informações importantes para eventual 
oferecimento de denúncia.
OBS: Qualquer pessoa do povo que tiver conheci-
mento de infração penal pode dar a noticia do crime 
(art. 5º §3º CPP) inclusive por denúncia anônima. Have-
rá sempre um filtro onde a autoridade policial verificara 
a procedência das informações e se provar procedência 
será instaurado o inquérito.
Caso seja indeferido a abertura do inquérito a parte 
insatisfeita poderá recorrer administrativamente para o 
chefe de policia (art. 5º §2 CPP). Tal recurso não é dire-
cionado ao judiciário.
Diligências no Inquérito policial 
Um verdadeiro roteiro investigativo a ser seguido.
I- Deslocamento ao local: Dirigir-se ao local para 
que não seja alterado o estado das coisas ate a chegada 
dos peritos criminais
II- Apreensão dos objetos que tenha relação com 
os fatos- Os instrumentos do crime, bem como os 
objetos que interessarem à prova, acompanharão os 
autos do inquérito. (art. 11 CPP)
III- Colheita de provas: todas as provas que servi-
rem para esclarecimento
IV- Oitiva do ofendido: Ouvir o ofendido
V- Oitiva do indiciado : Ouvir o ofendido junto a 
2 testemunhas
VI- Proceder o reconhecimento das pessoas, coi-
sas e as acareações
VII- Determinar, se for o caso, o corpo do delito e 
qualquer outra pericia necessária
16
Direito Processual Penal
VIII- Identificação criminal - Ordenar a identifica-
ção do indiciado pelo processo datiloscópico (digital) e 
juntar a sua folha os antecedentes se houver
IX- Averiguar a vida pregressa do indiciado sob o 
ponto de vista individual, social econômica,...
X- Colher informações sobre a existência de filhos, 
respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o 
nome de contato da pessoa responsável pelo cuidado 
dos filhos,... (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
RECONSTITUIÇÃO DO CRIME – Além disso, ainda 
constitui providencia a ser tomada pela autoridade 
policial a feitura da reprodução dos fatos caso não 
contrarie a ordem pública ou moralidade. (- Art. 7º - 
CPP)
Os artigos 13-A e 13-B (lei 13.344/2016) são rela-
tivamente novos. No 13-a a escuta não precisa de au-
torização judicial já a do 13-b precisa de autorização 
judicial.
Notar que a autorização as conversas telefônicas 
para localizar a vitima, possivelmente vitima de um se-
questro não compreende as conversas telefônicas fei-
tas entre os acusados. Logo se quiser ter acesso a con-
versa é necessárias duas autorizações judiciais. Caso o 
juiz demore, ou seja, omissa em permitir a localização 
da vítima, poderá a autoridade proceder sem a auto-
rização judicial se demonstrar que a mora pode trazer 
riscos. (13-B §4º).
Citação do agente de segurança investigado em 
procedimento investigatório
O pacote anticrime incluiu no Código de Processo Pe-
nal o artigo 14-A:
Art. 14-A. Nos casos em que servidores vinculados às 
instituições dispostas no art. 144 da Constituição Federal 
figurarem como investigados em inquéritos policiais, 
inquéritos policiais militares e demais procedimentos 
extrajudiciais, cujo objeto for a investigação de fatos 
relacionados ao uso da força letal praticados no exercício 
profissional, de forma consumada ou tentada, incluindo as 
situações dispostas no art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 
7 de dezembro de 1940 (Código Penal), o indiciado poderá 
constituir defensor. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º Para os casos previstos no caput deste artigo, o 
investigado deverá ser citado da instauração do procedimento 
investigatório, podendo constituir defensor no prazo de 
até 48 (quarenta e oito) horas a contar do recebimento da 
citação. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º deste artigo 
com ausência de nomeação de defensor pelo investigado, a 
autoridade responsável pela investigação deverá intimar a 
instituição a que estava vinculado o investigado à época da 
ocorrência dos fatos, para que essa, no prazo de 48 (quarenta 
e oito) horas, indique defensor para a representação do 
investigado. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 3º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 4º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 5º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 6º As disposições constantes deste artigo se aplicam 
aos servidores militares vinculados às instituições dispostas 
no art. 142 da Constituição Federal, desde que os fatos 
investigados digam respeito a missões para a Garantia da 
Lei e da Ordem. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
As Instituições dispostas no artigo 144 da Constituição 
Federal são as seguintes:
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito 
e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação 
da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do 
patrimônio, através dos seguintes órgãos:
I - polícia federal;
II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal;
IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
VI - polícias penais federal, estaduais e distrital. (Redação 
dada pela Emenda Constitucional nº 104, de 2019)
Ou seja, os servidores a que faz referência o caput do 
artigo 14-A são os agentes de segurança pública lato sensu.
Pela leitura, fica claro que é direito do investigado, 
quando agente de segurança pública, de ser citado em 
procedimento investigatório e de ter advogado constituído, 
ainda que não haja nomeação de defensor.
O dispositivo é amplamente criticado, pois viola 
o princípio da igualdade. Afinal, ele dá aos agentes de 
segurança pública um direito ao contraditório que não é 
garantido a mais ninguém, visto que o inquérito policial é 
procedimento inquisitório.
Incomunicabilidade do indiciado no processo 
penal
Há 2 correntes sobre o tema. Uma que o arti-
go 21 foi tacitamente revogado pela CF/88 e outra que 
não foi revogado. Prevalece a corrente de que o Art. 
21 do CPP esta revogado em face do art. 136, §3º - IV 
da CF uma vez que nem mesmo em estado de defesa se 
justifica a incomunicabilidade do preso. Tal artigo não 
foi recepcionado pela CF/88. Tal norma não tem mais 
aplicação pratica.
Prazo para encerramento do inquérito policial
Finda as diligencias a autoridade deve fazer um mi-
nucioso relatório sem JUÍZO DE VALOR para que atra-
vés deste o MP possa formar sua OPINO DELICTI.
Ao receber o inquérito policial concluído, se o MP 
entende que há necessidade de diligencias imprescin-
díveis ao oferecimento da denuncia pode requerer a 
devolução do inquérito a delegacia para que estas se-
jam realizadas segundo o art. 16 CPP.É necessário ser 
diligencias imprescindíveis ou seja que busquem a ma-
terialidade ou autoria do fato.
- Se o indiciado estiver preso - 10 dias (art. 10 CPP)
- Se o indiciado estiver solto- 30 dias (art. 798, §1º 
CPP)
Esses prazos são impróprios na pratica, pois, esten-
de-se por mais tempo. É necessário apenas não prorro-
gar o suficiente para o I.P prescrever.
Prazos do Ministério público (art. 46 §1) para 
oferecimento da denuncia
- Se o indiciado estiver preso - 5 dias (art. 46 caput 
e §1º)
- Se o indiciado estiver solto- 15 dias (idem)
Obs.: Notar que é a metade do prazo na justiça es-
tadual
Arquivamento do Inquéritopolicial (Art. 28 CPP)
Deve atender a um complexo de atos conforme 
abaixo. 
17
Direito Processual Penal
É ato do juiz que determinada de forma motivada somente se houver pedido do MP nesse sentido já que o MP é 
o titular da ação penal púbica. O arquivamento e o desarquivamento de inquérito é um ato administrativo complexo 
pois depende do MP e do juiz. Havendo discordância quanto ao pedido de arquivamento, o juiz deve remeter os 
autos ao Procurador geral nos termos do art. 28 CPP. Ocorrendo essa hipótese o PG tem 3 opões:
1) Pessoalmente oferece denuncia
2) Indica outro órgão do MP ou promotor para oferecer denuncia
3) Insiste no pedido de arquivamento e neste caso o JUIZ FICA OBRIGADO A ARQUIVAR OS AUTOS DO I.P
Os casos mais comuns de arquivamento de inquérito são os de ausência de tipicidade penal e extinção da pu-
nibilidade, sendo as causas mais comuns a morte do agente, a prescrição e a decadência.
Outra observação que se deve fazer é que não há arquivamento implícito no ordenamento jurídico brasileiro 
quando se trata de ação penal pública incondicionada.
Caso não seja feita a denúncia em relação a algum dos autores ,não enseja o arquivamento implícito, poden-
do posteriormente seguir a denúncia, caso não tenha ocorrido a prescrição. Segundo o art. 28 CPP o pedido de 
arquivamento de inquérito deve ser expresso e fundamentado. Ha de se seguir a ordem do esquema mostrado 
acima.
Vejamos as alterações promovidas no tocante ao Arquivamento do inquérito pelo membro do Ministério Pú-
blico 
Redação antiga Redação atual (suspensa)
Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de 
apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito 
policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no 
caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará 
remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-
geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão 
do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido 
de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a 
atender.
Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de 
quaisquer elementos informativos da mesma natureza, o órgão 
do Ministério Público comunicará à vítima, ao investigado 
e à autoridade policial e encaminhará os autos para a 
instância de revisão ministerial para fins de homologação, 
na forma da lei. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 1º Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar 
com o arquivamento do inquérito policial, poderá, no 
prazo de 30 (trinta) dias do recebimento da comunicação, 
submeter a matéria à revisão da instância competente 
do órgão ministerial, conforme dispuser a respectiva 
lei orgânica. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 2º Nas ações penais relativas a crimes praticados em 
detrimento da União, Estados e Municípios, a revisão do 
arquivamento do inquérito policial poderá ser provocada pela 
chefia do órgão a quem couber a sua representação judicial. 
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Antes do advento do pacote anticrime, para que houvesse o arquivamento do inquérito policial, o Ministério Público 
devia requerê-lo ao juiz, que homologava o pedido ou não.
Atualmente, pela letra da lei, o Ministério Público tem poder para ordenar o arquivamento sem requerer previamente 
ao juiz. Para isso, o membro, após comunicação à vítima, ao investigado e à autoridade policial, encaminha os autos de 
inquérito à instância de revisão ministerial para fins de homologação. Logo, o processo de arquivamento ocorre totalmente 
dentro do próprio Ministério Público.
A vítima, se não concordar com o arquivamento, tem trinta dias para mover recurso contra a ordem. Se o crime, con-
tudo, for praticado contra um dos entes públicos, a revisão do arquivamento cabe ao chefe do órgão a quem couber a 
representação judicial.
Se for homologada/mantida a decisão de arquivamento do inquérito pelo órgão de revisão ministerial, os autos serão 
arquivados na estrutura administrativa do próprio Ministério Público.
Acordo de não persecução penal (Art. 28-A - Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
O acordo de não persecução penal, previsto no artigo 28-A do Código de Processo Penal, tem por base o artigo 18 da 
Resolução 181/2017 do Conselho Nacional do Ministério Público, cuja redação foi mantida em grande parte.
A natureza jurídica do acordo de não persecução penal é de negócio jurídico, tratando-se de um contrato firmado entre 
o Ministério Público e o investigado. Tomando por base medidas de política criminal, pode a Instituição deixar de promover 
a investigação, instrução e processamento daquele ilícito penal, desde que preenchidos os requisitos previstos em lei.
Vejamos um comparativo entre o que diz a Resolução 181/2017 do CNMP e o atual artigo 28-A do Código de Processo 
Penal:
18
Direito Processual Penal
Resolução 181/2017 do CNMP Artigo 28-A do Código de Processo Penal
Art. 18. Não sendo o caso de arquivamento, o Ministério Público 
poderá propor ao investigado acordo de não persecução penal 
quando, cominada pena mínima inferior a 4 (quatro) anos e o 
crime não for cometido com violência ou grave ameaça a pessoa, 
o investigado tiver confessado formal e circunstanciadamente 
a sua prática, mediante as seguintes condições, ajustadas 
cumulativa ou alternativamente: (Redação dada pela Resolução 
n° 183, de 24 de janeiro de 2018)
I – reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, salvo 
impossibilidade de fazê-lo; (Redação dada pela Resolução n° 
183, de 24 de janeiro de 2018)
II – renunciar voluntariamente a bens e direitos, indicados pelo 
Ministério Público como instrumentos, produto ou proveito do 
crime; (Redação dada pela Resolução n° 183, de 24 de janeiro 
de 2018)
III – prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por 
período correspondente à pena mínima cominada ao delito, 
diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo 
Ministério Público; (Redação dada pela Resolução n° 183, de 24 
de janeiro de 2018)
IV – pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do 
art. 45 do Código Penal, a entidade pública ou de interesse social 
a ser indicada pelo Ministério Público, devendo a prestação ser 
destinada preferencialmente àquelas entidades que tenham 
como função proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes 
aos aparentemente lesados pelo delito; (Redação dada pela 
Resolução n° 183, de 24 de janeiro de 2018)
V – cumprir outra condição estipulada pelo Ministério Público, 
desde que proporcional e compatível com a infração penal 
aparentemente praticada. (Redação dada pela Resolução n° 183, 
de 24 de janeiro de 2018)
§ 1º Não se admitirá a proposta nos casos em que: (Redação 
dada pela Resolução n° 183, de 24 de janeiro de 2018)
I – for cabível a transação penal, nos termos da lei; (Redação 
dada pela Resolução n° 183, de 24 de janeiro de 2018)
II – o dano causado for superior a vinte salários mínimos ou 
a parâmetro econômico diverso definido pelo respectivo órgão 
de revisão, nos termos da regulamentação local; (Redação dada 
pela Resolução n° 183, de 24 de janeiro de 2018)
III – o investigado incorra em alguma das hipóteses previstas no 
art. 76, § 2º, da Lei nº 9.099/95; (Redação dada pela Resolução 
n° 183, de 24 de janeiro de 2018)
IV – o aguardo para o cumprimento do acordo possa acarretar 
a prescrição da pretensão punitiva estatal; (Redação dada pela 
Resolução n° 183, de 24 de janeiro de 2018) V – o delito for 
hediondo ou equiparado e nos casos de incidência da Lei nº 
11.340, de 7 de agosto de 2006; (Redação dada pela Resolução 
n° 183, de 24 de janeiro de 2018) VI – a celebração do acordo não 
atender ao que seja necessário e suficiente para a reprovação e 
prevenção do crime . (Redação dada pela Resolução n° 183, de 
24 de janeiro de 2018)
Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o 
investigado confessado formal e circunstancialmente a 
prática de infração penal sem violência ou grave ameaça 
e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério 
Público poderápropor acordo de não persecução penal, 
desde que necessário e suficiente para reprovação e 
prevenção do crime, mediante as seguintes condições 
ajustadas cumulativa e alternativamente: (Incluído pela Lei 
nº 13.964, de 2019)
I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na 
impossibilidade de fazê-lo; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019)
II - renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados 
pelo Ministério Público como instrumentos, produto ou 
proveito do crime; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
III - prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas 
por período correspondente à pena mínima cominada 
ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser 
indicado pelo juízo da execução, na forma do art. 46 do 
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código 
Penal); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos 
do art. 45 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 
1940 (Código Penal), a entidade pública ou de interesse 
social, a ser indicada pelo juízo da execução, que tenha, 
preferencialmente, como função proteger bens jurídicos 
iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo 
delito; ou (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
V - cumprir, por prazo determinado, outra condição 
indicada pelo Ministério Público, desde que proporcional e 
compatível com a infração penal imputada. (Incluído pela 
Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º Para aferição da pena mínima cominada ao delito 
a que se refere o caput deste artigo, serão consideradas 
as causas de aumento e diminuição aplicáveis ao caso 
concreto. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas 
seguintes hipóteses: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - se for cabível transação penal de competência dos 
Juizados Especiais Criminais, nos termos da lei; (Incluído 
pela Lei nº 13.964, de 2019)
II - se o investigado for reincidente ou se houver elementos 
probatórios que indiquem conduta criminal habitual, 
reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as 
infrações penais pretéritas; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019)
III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos 
anteriores ao cometimento da infração, em acordo de 
não persecução penal, transação penal ou suspensão 
condicional do processo; e (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019)
IV - nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica 
ou familiar, ou praticados contra a mulher por razões da 
condição de sexo feminino, em favor do agressor. (Incluído 
pela Lei nº 13.964, de 2019)
Logo, nos termos do Código de Processo Penal, são requisitos para que seja promovido o acordo de não persecução 
penal:
1. o não arquivamento da investigação policial;
2. que o investigado confesse formal e circunstancialmente a infração penal;
3. que a infração tenha sido praticada sem violência ou grave ameaça;
4. que a pena mínima da infração seja inferior a quatro anos, consideradas as causas de aumento e diminuição 
aplicáveis ao fato criminoso;
5. não ser aplicável ao caso a transação penal, que é mais benéfica que o acordo;
19
Direito Processual Penal
6. não ter sido o crime cometido no contexto de 
violência doméstica ou familiar ou contra mulher por razões 
da condição de sexo feminino;
7. que o investigado não seja reincidente;
8. que as condutas investigadas não tenham sido 
praticadas de maneira habitual; e
9. o agente não pode ter sido beneficiado nos cinco 
anos anteriores por acordo de não persecução penal, 
transação penal ou suspensão condicional do processo.
Além disso, o Ministério Público somente poderá pro-
por o acordo se for necessário e suficiente para reprovação 
e prevenção do crime. Ressalta-se que as obrigações assu-
midas pelo investigado no bojo do acordo de não persecu-
ção penal não possuem natureza jurídica de pena.
Ao acordo de não persecução penal devem ser aplica-
das as Súmulas 243 do Superior Tribunal de justiça e 723 do 
Supremo Tribunal Federal:
Súmula 243. O benefício da suspensão do processo não 
é aplicável em relação às infrações penais cometidas em 
concurso material, concurso formal ou continuidade delitiva, 
quando a pena mínima cominada, seja pelo somatório, seja 
pela incidência da majorante, ultrapassar o limite de um (01) 
ano.
Súmula 723. Não se admite a suspensão condicional do 
processo por crime continuado, se a soma da pena mínima 
da infração mais grave com o aumento mínimo de um sexto 
for superior a um ano.
Desarquivamento do Inquérito policial (art. 18 
CPP e sumula 524 STF)
Somente pode ser feito se surgirem novas pro-
vas acerca da infração. Só é possível porque o despa-
cho judicial que procede ao arquivamento NÃO FAZ 
COISA JULGADA MATERIAL. (art. 18 CPP). Surgindo 
novas provas, o delegado de policia poderá reabrir as 
investigações arquivadas anteriormente. A atribuição 
para desarquivar é do MP. As exceções para o desar-
quivamento são:
- Atipicidade do fato
- Excludente de ilicitude
 Causa de extinção de punibilidade
8 - Competência do I.P
Para saber qual é a autoridade policial compe-
tente para um certo inquérito policial, utiliza-se o 
critério ratione loci (em razão do lugar) e ratione mate-
riae (em razão da matéria).
Em razão da matéria: critério segundo o qual o in-
quérito poderá ser “tocado” pela PF, PC ou ainda Polícia 
judiciária Militar.
Em razão do Lugar: segundo os critérios de fixação 
de competência do art. 70 do CPP (teoria do resultado, 
em regra).
Resumindo...
É possível dividir essa cadeia de atos em atos iniciais 
(que marcam o nascimento do inquérito policial), atos de 
instrução (que são voltados para o seu desenvolvimento 
até o indiciamento) e, por fim, como ato final, o relatório, 
que marca seu encerramento.
Dos atos iniciais
O inquérito policial tem, via de regra, duas origens: a 
notícia de um crime (seja ela de origem interna ou exter-
na) ou uma prisão em flagrante, formalizado pelo auto 
de prisão em flagrante.
O ato que marca temporalmente seu início, confor-
me o caso, se dá pela portaria de instauração do inqué-
rito policial, ou por meio da formalização do auto de pri-
são em flagrante, no segundo caso.
No caso dos crimes de ação penal pública, o CPP 
prevê, seu artigo 5°, duas formas de início: de ofício ou 
mediante requisição da autoridade judiciária, do Minis-
tério Público, ou requerimento do ofendido ou seu de-
fensor.
No caso de requerimento do ofendido, o CPP prevê 
ainda seus elementos:
a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;
b) a individualização do indiciado ou seus sinais ca-
racterísticos e as razões de convicção ou de presunção 
de ser ele o autor da infração, ou os motivos de impos-
sibilidade de o fazer;
c) a nomeação das testemunhas, com indicação de 
sua profissão e residência.
A requisição de instauração, por sua vez, embora não 
haja previsão expressa no CPP, deve conter a descrição 
dos fatos a serem investigados, bem como documentos 
que a instruam minimamente, como diligências realiza-
das na esfera administrativa, cópias de procedimentos 
fiscais etc.
Dos atos de investigação (diligências)
Para o desenvolvimento da investigação, o Código 
de Processo Penal prevê diversas diligências que podem 
ser realizadas na sua fase instrutória, as quais podemos 
dividir entre ordinárias e extraordinárias.
As diligências ordinárias estão previstas nos artigos 
6° e 7° do CPP, que estabelecem como diligências:
- exame do legal de crime;
- apreensão de provas destinadas ao esclarecimentos 
do fato e suas circunstâncias;
- oitiva do ofendido, testemunhas e indiciado;
- reconhecimento de pessoas e coisas;
- acareações;
- exame de corpo de delito e outras perícias;
- identificação do indiciado pelo processo 
datiloscópico, se possível, com a juntada da folha de 
antecedentes;
- questionário de vida pregressa do indiciado, sob o 
ponto de vista individual, familiar e social, sua condição 
econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e 
depois do crime e durante ele, e quaisquer outroselementos que contribuírem para a apreciação do seu 
temperamento e caráter; obtenção de informações sobre 
a existência de filhos, respectivas idades e se possuem 
alguma deficiência e o nome e o contato de eventual 
responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela 
pessoa presa;
- reprodução simulada dos fatos, desde que esta não 
contrarie a moralidade ou a ordem pública.
Nessa fase, é possível ainda a realização de diligên-
cias extraordinárias, como a representação por medidas 
cautelares sujeitas a reserva de jurisdição, tais como a 
quebra de sigilo bancário, fiscal, telefônico, telemático, 
bem como a interceptação telefônica, busca e apreen-
são, infiltração policial, colaboração premiada e ação 
controlada, entre outras.
20
Direito Processual Penal
Do indiciamento
Uma vez finda a fase de colheita dos elementos pro-
batórios, que pode ser chamada de fase de “instrução” 
do inquérito policial, a autoridade policial, mediante 
análise técnico-jurídica dos fatos, poderá proceder ao 
ato de indiciamento do(s) investigado(s), quando pre-
sentes os indícios de autoria e materialidade, nos termos 
do parágrafo 6° do artigo 2° da Lei 12.830/2013.
O ato de indiciamento é o ato do delegado de po-
lícia, enquanto presidente da investigação, via de regra 
praticado ao término da mesma, ao considerar concluída 
a fase de coleta de elementos probatórios do delito in-
vestigado, quando é possível concluir-se pela autoria de 
determinado crime, individualizando-se o autor.
Funciona, portanto, como uma das etapas da forma-
ção da culpa na investigação criminal, quando os ele-
mentos constantes no inquérito policial permitem ao 
delegado de polícia formar sua convicção de autoria e 
materialidade na investigação criminal, no processo de 
filtragem apontado por Lopes Jr (2012, p. 280), “purificar, 
aperfeiçoar, conhecer o certo”.
Bonfim (2006, p. 124) destaca a mudança no status 
do investigado, de simples suspeito de ter praticado a 
infração penal passando a ser considerado o provável 
autor da infração. Trata-se de ato formal, conforme Rosa 
(2013, p. 120), que consubstancia uma “declaração pelo 
Estado de que há indicativos convergentes sobre sua 
responsabilidade penal, com os ônus dai decorrentes” 
ou, ainda, uma “declaração de autoria provável” (CAPEZ, 
2006, p. 92).
A Lei 12.830/2013 trouxe, em seu artigo 2°, parágra-
fo 6º, “o indiciamento, privativo do delegado de polícia, 
dar-se-á por ato fundamentado, mediante análise técni-
co-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria, materia-
lidade e suas circunstâncias”.
Nos parece, portanto, indiscutível que o delegado 
realize juízo de valoração da conduta no inquérito poli-
cial. Como bem pondera Castello Branco (2013), “o papel 
do delegado de polícia é de juiz do fato. Não é o juiz 
das linhas do processo, mas do fato bruto”. Essa deve 
ser a interpretação coerente com o Estado Democrático 
de Direito.
Quanto à sua natureza, pode ser entendido como 
um ato administrativo com efeitos processuais, cujas 
consequências são bastante claras. Steiner (1998, p. 307) 
ressalta que:
“O indiciamento formal tem consequências que vão 
muito além do eventual abalo moral que pudessem vir a 
sofrer os investigados, eis que estes terão o registro do 
indiciamento nos Institutos de Identificação, tornando 
assim público o ato de investigação. Sempre com a de-
vida vênia, não nos parece que a inserção de ocorrências 
nas folhas de antecedentes comumente solicitadas para 
a prática dos mais diversos atos da vida civil seja fato 
irrelevante. E o chamado abalo moral diz, à evidência, 
com o ferimento à dignidade daquele que, a partir do 
indiciamento, está sujeito à publicidade do ato”.
Saad (2004, p. 262-263) aponta ainda o indiciamento 
como condição para o exercício do direito de defesa na 
fase investigatória “a partir do qual se deve, necessaria-
mente, garantir a oportunidade ou ensejo ao exercício 
do direito de defesa”.
Deve ser destacado ainda que o ato de indiciamento 
no inquérito policial é privativo do presidente da inves-
tigação, sendo incabível, no caso, requisição por parte 
do Ministério Público ou do Poder Judiciário para que o 
faça, tendo em vista ser ato de seu juízo de valor. Des-
sa forma, requisições para indiciamento formuladas no 
bojo da investigação são ilegais e não carecem de cum-
primento.
Do relatório final
Consiste no ato que marca o encerramento da inves-
tigação preliminar, quando é oferecido, pela autoridade 
policial, o relatório onde a autoridade aponta as diligên-
cias realizadas e sua interpretação técnico-jurídica dos 
fatos.
O relatório final pode prescindir do indiciamento, 
que somente ocorre quando presente os indícios de ma-
terialidade e autoria de infração penal.
Com o oferecimento do relatório, abrem-se três 
possibilidades ao Ministério Público: requisitar novas 
diligências (necessárias) — sobre cujo tema já me ma-
nifestei no texto “A presidência do inquérito policial 
e a requisição de diligências”, publicado nesta coluna —, 
pedir o arquivamento ou oferecer denúncia.
No caso de arquivamento, caso o juiz discorde, deve 
aplicar o artigo 28 do Código de Processo Penal, reme-
tendo os autos ao procurador-geral, que, concordando 
com as razões apresentadas pelo juiz, deve designar 
novo promotor para atuar no caso.
Esses são, em síntese, os passos por quais percorre 
o inquérito policial de sua instauração até o seu encerra-
mento com o relatório final da autoridade policial.4
AÇÃO PENAL
A ação penal consiste no direito de pedir ao Estado 
tutela jurisdicional para resolver um problema que 
concretamente se apresenta. Com o fato delituoso, nasce 
para o Estado o direito de buscar e punir um culpado. 
Esta busca punição necessitam respeitar um percurso 
que, prejudicialmente, em geral se dá pelo inquérito 
policial, e, judicialmente, se inicia com a ação penal.
Características da ação penal 
A ação penal é pública. Trata-se de direito público. 
Por isso, por exemplo, o mais correto seria dizer ação 
penal “de iniciativa privada”, e não “ação penal privada”, 
afinal, toda ação penal é pública. A iniciativa é que pode 
ser privada;
A ação penal é direito subjetivo. Isto porque, o seu 
titular tem o direito de exigir a prestação jurisdicional, já 
que ao Estado-juiz veda-se o “non liquet” (o poder de o 
juiz não julgar, por não saber como decidir);
A ação penal é direito autônomo. Ou seja, a ação 
penal não se confunde com o direito material que se 
pretende tutelar. “Direito processual” e “direito material” 
são ciências distintas há tempos;
A ação penal é direito abstrato. Isto porque, o 
acusado não é considerado culpado desde o começo 
da ação penal. Para que isto ocorra, é preciso que 
haja sentença condenatória ou absolutória imprópria 
(aplicação de medida de segurança) transitada em 
julgado. O fato de alguém ser alvo de uma ação penal 
não importa pré-condenação deste agente;
4 Fonte:www.editorajuspodivm.com.br/www.prodezconcursos.com.br/www.
emporiododireito.com.br/www.danicoelho1987.jusbrasil.com.br/ www.conjur.
com.br/www.genjuridico.com.br/www. masterjuris.com.br
21
Direito Processual Penal
A) Possibilidade jurídica do pedido. O pedido 
formulado deve encontrar amparo no ordenamento 
jurídico, ou seja, deve se referir a uma providência 
admitida pelo direito objetivo. Deve ser um fato típico;
B) Legitimidade para agir. Deve-se perguntar “quem 
pode”, e “contra quem se pode” manejar ação penal.
A regra geral é a de que no polo ativo da ação penal 
pública figura o Ministério Público. No polo ativo da 
ação penal de iniciativa privada figura o ofendido. No 
polo passivo, sendo a ação penal pública ou privada, 
figurará o provável autor do fato delituoso maior de 
dezoito anos;
C) Interesse de agir. Composto pelo trinômio 
necessidade/adequação/utilidade.
Pela necessidade, analisa-se até que ponto a existência 
de ação penal é fundamental para esclarecimento da 
causa. Pode ser que em um determinado caso uma 
solução extrajudicial seja muito melhor, por exemplo.Já a adequação consiste no enquadramento 
da medida buscada por meio da ação penal com o 
instrumento apto a isso. Assim, a título ilustrativo, caso 
se deseje trancar uma ação penal cuja única sanção 
cominada ao delito seja a de multa, não se mostra como 
medida mais adequada à utilização do habeas corpus, já 
que não há risco à liberdade de locomoção, mas sim por 
meio do mandado de segurança.
Por fim, a utilidade consiste na eficácia prática que 
uma ação deve ter. Se não há nada a ser apurado, ou não 
há qualquer sanção a ser aplicada, inútil e desnecessária 
será a ação penal;
D) Justa causa. Trata-se de condição genérica da 
ação prevista apenas no processo penal (art. 395, III, 
CPP), mas não no processo civil. Consiste em se obter 
o mínimo de provas indispensável para o início de um 
processo, até para com isso não submeter o cidadão à 
situação degradante e embaraçosa que desempenha a 
persecução criminal na vida de uma pessoa.
2 Condições específicas. São condições exigidas 
apenas para alguns delitos. Assim, por exemplo, nos 
crimes de ação de iniciativa pública condicionada, 
indispensável será o oferecimento de representação 
pelo ofendido, nos termos do art. 39, do Código de 
Processo Penal, ou a requisição do Ministro da Justiça, 
em se tratando de crime contra a honra praticado contra 
o Presidente da República, contra chefe de governo 
estrangeiro, conforme art. 145, parágrafo único, do 
Código Penal; no crime de induzimento a erro essencial 
e ocultação de impedimento (art. 236,do CP), constitui 
condição específica da ação penal – queixa – o trânsito 
em julgado da sentença que, por motivo de erro ou 
impedimento, anule o casamento. Ainda podemos 
citar o laudo pericial nos crimes contra a propriedade 
imaterial; o exame preliminar em crimes de tóxicos; a 
representação do ofendido etc.
Deste modo, ausente condição específica de 
procedibilidade exigida pela lei, de rigor será a rejeição 
da denúncia ou queixa.
Classificação / Espécies das ações penais. 
A classificação das ações penais observa, em regra, o 
titular para sua propositura.
Ação penal pública. É de iniciativa exclusiva do 
Ministério Público (órgão do Estado, composto por 
promotores e procuradores de justiça no âmbito estadual, 
e por procuradores da República, no federal). Na ação 
Direito determinado: o direito de ação é 
instrumentalmente conexo a um fato concreto, já que 
pretende solucionar uma pretensão de direito material;
A ação penal é direito específico: o direito de 
ação penal apresenta um conteúdo, que é o objeto da 
imputação, ou seja, é o fato delituoso cuja prática é 
atribuída ao acusado. Assim, é direito específico, por 
estar relacionada a um caso concreto.
Pressupostos processuais.
Pressupostos processuais são aqueles que 
possibilitam a constituição e desenvolvimento válidos 
do processo.Os pressupostos processuais e as condições 
da ação são os requisitos, sem os quais não pode o juiz 
sequer examinar a situação deduzida.
Em resumida abordagem, pode-se afirmar que, para 
ser alcançada a tutela jurisdicional, há necessidade de 
que a relação jurídica processual, iniciada por provocação 
da parte interessada, esteja apta a desenvolver-
se regularmente. Temos, pois, uma das categorias 
fundamentais do direito processual: os pressupostos 
processuais.
O primeiro pressuposto processual, portanto, refere-
se à capacidade para ser parte. Assim, não podem 
oferecer denúncia aquele que não integre o Ministério 
Público ou queixa o ente desprovido da condição de 
pessoa – natural, jurídica ou judiciária.
Nestas circunstâncias, incabível, por exemplo, a 
denúncia oferecida apenas por “estagiário”, ou a queixa 
apresentada por pessoa falecida ou por sociedade de 
fato.
À capacidade para ser parte acrescenta-se a 
capacidade postulatória, isto é, de estar em juízo 
regularmente representado.
Logo, para o recebimento de queixa-crime, não 
basta o seu oferecimento pelo ofendido, devendo estar 
firmada por advogado, com os poderes específicos, 
observados os requisitos do art. 44, do Código de 
Processo Penal. Tais requisitos são essenciais para que 
o pedido possa ser aceito.
Ausentes os pressupostos relativos às partes, a 
denúncia ou a queixa deverão ser rejeitadas, de acordo 
com a redação do art. 396, parágrafo único, primeira 
parte, do Código de Processo Penal.
Além dos pressupostos relativos às partes, a inicial 
acusatória deve ser oferecida a quem tem jurisdição, 
poder para decidir a causa, isto é, a juiz regularmente 
investido no cargo. Assim, absolutamente nula a ação 
penal recebida por juiz afastado de suas funções ou 
aposentado.
Tratando-se de juízo incompetente, todavia, somente 
são passíveis de anulação os atos decisórios, devendo 
o processo, ao ser declarada a nulidade, ser remetido 
ao juiz competente, conforme previsão do art. 567, do 
Código de Processo Penal.
Condições da Ação Penal
Tratam-se de condições que regulam o exercício do 
direito. Com efeito, estas condições podem ser genéricas 
ou específicas.
1 Condições genéricas. São aquelas que devem 
estar presentes em toda e qualquer ação penal. São elas:
22
Direito Processual Penal
pública vigora o princípio da obrigatoriedade, ou seja, 
havendo indícios suficientes, surge para o Ministério 
Público o dever de propor a ação. A peça processual que 
dá início à ação penal pública é a denúncia, sendo suas 
características principais:
A) A denúncia conterá a exposição do fato criminoso, 
com todas as suas circunstâncias, a qualificação do 
acusado (ou esclarecimentos pelos quais se possa 
identificá-lo), a classificação do crime e, quando 
necessário, o rol de testemunhas (art. 41, CPP). A ausência 
destes requisitos pode levar à inépcia da denúncia.
Também, a impossibilidade de identificar o acusado 
com seu verdadeiro nome ou outros qualificativos não 
retardará a ação penal, quando certa a identidade física. 
Assim, se descoberta posteriormente a qualificação, 
basta fazer retificação por termo nos autos, sem prejuízo 
da validade dos atos precedentes (art. 259, CPP);
B) Na hipótese de concurso de agentes, ou em crimes 
de concurso necessário, a denúncia deve especificar a 
conduta de cada um. É posicionamento pacífico no 
Supremo Tribunal Federal e no Superior Tribunal de 
Justiça de que a “denúncia genérica” deve ser de todo 
evitada, por prejudicar o direito de defesa do(s) agente(s) 
envolvido(s);
C) É possível “denúncia alternativa”? Neste caso, o 
agente ministerial pede a condenação por um crime 
“X”, ou, caso isso não fique provado, que seja o agente 
condenado, com a mesma narrativa acusatória fática, 
pelo crime “Y”.
Diverge amplamente a doutrina quanto a essa 
possibilidade: quem entende que isso não é possível, 
ampara-se no argumento de que isso torna a acusação 
incerta e causa insegurança jurídica ao acusado; quem 
entende que isso é possível, afirma que, como o 
acusado se defende meramente de fatos, e não de uma 
tipificação imposta, nada obsta que subsista um crime 
em detrimento de outro e a condenação por um ou por 
outro seja pedida na acusação;
D) Pouco importa a definição jurídica que o agente 
ministerial atribui ao acusado. Este sempre se defenderá 
dos fatos narrados, e não do tipo penal imputado;
E) Com base no art. 46, CPP, o prazo para oferecimento 
da denúncia (que é um prazo de natureza processual 
penal, isto é, contado da forma do art. 798, CPP) será de 
cinco dias, estando o réu preso (contado da data em que o 
órgão do Ministério Público receber o inquérito policial), 
e de quinze dias, estando o réu solto ou afiançado. Agora, 
se o agente do MP tiver dispensado o inquérito, o prazo 
para a exordial acusatória contar-se-á da data em que 
tiver recebido as peças informativas substitutivas do 
procedimento administrativo investigatório (art. 46, §1º, 
CPP).
Há, ainda, prazos especiais na legislação extravagante 
para oferecimento de denúncia, como o de dez dias para 
crime eleitoral, o de dez dias para tráfico de drogas, o de 
quarenta e oito horas para crimede abuso de autoridade, 
e o de dois dias para crimes contra a economia popular;
F) De acordo com o art. 395, CPP, a denúncia será 
rejeitada quando for manifestamente inepta (inciso I); 
quando faltar pressuposto processual ou condição para 
o exercício da ação penal (inciso II); e quando faltar justa 
causa para o exercício da ação penal (inciso III);
G) Da decisão que recebe a denúncia não cabe 
qualquer recurso, devendo-se utilizar, se for o caso, 
habeas corpus ou mandado de segurança, que não são 
recursos, mas sim meios autônomos de impugnação. 
Já da que rejeita a denúncia ou a acolhe apenas 
parcialmente cabe recurso em sentido estrito, por força 
do art. 581, I, CPP.
Vale lembrar apenas que, excepcionalmente, na Lei 
nº 9.099/95, de acordo com seu art. 82, a rejeição da 
inicial acusatória desafia o recurso de apelação.
Ação penal pública incondicionada. É a regra no 
ordenamento processual penal. Para que ação penal seja 
de outra espécie, isso deve estar expressamente previsto. 
Se não houver previsão diversa, entende-se pública a 
ação penal.
Com efeito, a titularidade da ação penal pública 
incondicionada é do Ministério Público, com fundamento 
no art. 129, I, da Constituição Federal, que a exercerá por 
meio de denúncia, como já dito.
São princípios aplicados à ação penal pública 
incondicionada:
A) Princípio da inércia da jurisdição. Com adoção do 
sistema acusatório, ao juiz não é dado iniciar o processo 
de ofício. O juiz precisa ser provocado, para sair de sua 
posição estática, inerte;
B) Princípio do “ne bis in idem”. Ninguém receberá 
condenação por crime a que já tenha sido condenado. 
Logo, ninguém pode ser processado duas vezes pela 
mesma imputação, conforme consta do art. 8º, n. 4, da 
Convenção Americana de Direitos Humanos;
C) Princípio da intranscendência. A ação penal não 
pode passar da pessoa do autor do delito (art. 5º, XLV, 
da CF);
D) Princípio da obrigatoriedade (ou da legalidade 
processual). Presentes as condições da ação, o Ministério 
Público é obrigado a oferecer denúncia. As exceções a 
tal princípio são as hipóteses de transação penal (art. 76, 
da Lei nº 9.099/95), de acordo de leniência (art. 35, da 
Lei nº 8.884/94), de termo de ajustamento de conduta 
em crimes ambientais, e de parcelamento do débito 
tributário;
E) Princípio da indisponibilidade. Se o Ministério 
Público é obrigado a oferecer denúncia, não pode, 
desistir da ação penal pública (art. 42, CPP). A exceção 
a tal princípio é a suspensão condicional do processo, 
prevista no art. 89, da Lei nº 9.099/95, na qual, enquanto 
em período de cumprimento das condições impostas 
ao acusado, ficam os agentes estatais inertes quanto à 
continuidade da persecução criminal;
F) Princípio da divisibilidade. Para os tribunais 
superiores, o Ministério Público pode denunciar alguns 
dos corréus, sem prejuízo do prosseguimento das 
investigações em relação aos demais. Há quem entenda, 
todavia, que havendo elementos de informação, o 
Ministério Público é obrigado a denunciar todos os 
suspeitos, de modo que o princípio aplicável à ação 
penal pública seria o “da indivisibilidade”, e não o “da 
divisibilidade”.
Prevalece, contudo, na doutrina e na jurisprudência, 
que em sede de ação penal pública o que vale é o 
“Princípio da Divisibilidade”, razão pela qual foi aqui 
incluído;
G) Princípio da oficiosidade. O Ministério Público não 
necessita qualquer autorização para oferecer denúncia.
Ação penal pública condicionada. O Ministério 
Público depende do implemento de uma condição, que 
pode ser a representação do ofendido, ou a requisição do 
Ministro da Justiça.
23
Direito Processual Penal
G) Retratação da retratação da representação. 
Trata-se de uma nova representação, ou seja, o agente 
representou, se retratou, e então se retrata da retratação. 
Ela é possível, desde que dentro do prazo decadencial de 
seis meses;
H) Não vinculação do Ministério Público mesmo que 
haja representação. A representação oferecida não vincula 
o agente ministerial a oferecer denúncia se averiguar 
que o fato descrito não constitui delito, ou, ainda que 
constitua, não mais é possível sua punibilidade;
I) Requisição do Ministro da Justiça. É condição 
específica de procedibilidade (ex.: crimes contra a honra 
do Presidente da República, nos moldes do art. 145, CP). 
Trata-se, essencialmente, de ato político praticado pelo 
Ministro da Justiça, endereçado ao Ministério Público na 
figura de seu Procurador Geral;
J) A requisição do Ministro da Justiça está sujeita a 
prazo decadencial? Não. O crime contra o qual se exige a 
requisição está sujeito à prescrição, mas a requisição do 
Ministro da Justiça não se sujeita a prazo decadencial;
K) Possibilidade de retratação da requisição. Há 
divergência na doutrina. Para uma primeira corrente, 
não se admite retratação da requisição, justamente pela 
grande natureza política que este ato importa; para uma 
segunda corrente, essa retratação é, sim, admitida, desde 
que feita antes do oferecimento da peça acusatória. O 
posicionamento que vem se consolidando na doutrina 
bem como nos Tribunais é que não é cabível a retratação 
da requisição (Tourinho Filho, Fernando Capez).
L) Não vinculação do Ministério Público mesmo 
que haja requisição. Vale o mesmo que foi dito para a 
representação.
Ação penal de iniciativa privada. Trata-se de 
oportunidade conferida ao ofendido de oferecer queixa-
crime, caso entenda ter sido vítima de delito. Vale dizer 
que, como a regra no silêncio do legislador é a ação 
penal pública incondicionada, para que a ação penal 
seja de iniciativa privada deve haver previsão legal neste 
sentido.
Importante ainda, discorrer sobre algumas das 
características principais da queixa-crime:
A) De acordo com o art. 30, do Código de Processo 
Penal, ao ofendido ou a quem tenha qualidade para 
representá-lo (querelante) caberá intentar ação privada 
contra o ofensor (querelado). Ademais, no caso de morte 
do ofendido ou quando declarado ausente por decisão 
judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na 
ação passará ao cônjuge (ou convivente), ascendente, 
descendente, ou irmão (se houver colisão de interesses 
entre o menor e seu representante, nomeia-se curador 
especial, na forma do art. 33, do Código de Processo 
Penal).
Como se não bastasse, de acordo com o art. 36, 
CPP, se comparecer mais de uma pessoa com direito 
de queixa, terá preferência o cônjuge (ou convivente), 
e, em seguida, o parente mais próximo da ordem de 
enumeração constante do art. 31 (cônjuge, ascendente, 
descendente, irmão), podendo, entretanto, qualquer 
delas prosseguir na ação, caso o querelante desista da 
instância ou a abandone;
B) Com supedâneo no art. 44, CPP, a queixa poderá 
ser dada por procurador com poderes especiais, devendo 
constar do instrumento do mandado o nome do 
querelante e a menção do fato criminoso (salvo quando 
tais esclarecimentos dependerem de diligências que 
devem previamente ser requeridas no juízo criminal);
A sua titularidade também compete ao Ministério 
Público, que o faz por meio de denúncia. A diferença 
é que, enquanto na ação pública incondicionada não 
carece o MP de qualquer autorização, na condicionada 
fica o órgão ministerial subordinado justamente a uma 
autorização prévia que se faz por meio de representação/
requisição.
Os princípios que norteiam esta espécie de ação são 
os mesmos da ação penal pública incondicionada.
Com efeito, há se estudar algumas questões 
pertinentes à representação do ofendido e à requisição 
do Ministro da Justiça:
A) Representação do ofendido. É a manifestação do 
ofendido ou de seu representante legal no sentido de 
que tem interesse na persecução penal do fato delituoso. 
Ela deve ser oferecida por pessoa maior de dezoito anos 
através de advogado, ou, se menor de dezoito anos, é o 
representante legal deste quem procura um advogado 
para que o faça. Se houver colisão de interesses entre o 
menor e seu representante, nomeia-se curador especial, 
na forma do art. 33, doCódigo de Processo Penal.
Ademais, com fundamento no primeiro parágrafo, 
do art. 24, CPP, no caso de morte do ofendido ou 
quando declarado ausente por decisão judicial, o direito 
de representação passará ao cônjuge (ou convivente), ao 
ascendente, ao descendente, ou irmão;
B) Natureza jurídica da representação do ofendido. 
Em regra, a representação funciona como condição 
específica de procedibilidade aos processos que ainda 
não tiveram início. Por outro lado, se o processo já está 
em andamento, a representação passa a ser uma condição 
de prosseguibilidade da ação penal, já que, para que o 
processo prossiga, uma condição superveniente tem de 
ser sanada;
C) Forma da representação do ofendido. Trata-
se de peça sem rigor formal, bastando que fique 
devidamente demonstrado o interesse da vítima ou 
de seu representante legal em representar o ofensor. 
Conforme o art. 39, da Lei Processual Penal, o direito 
de representação poderá ser exercido, pessoalmente 
ou por procurador com poderes especiais, mediante 
declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do 
Ministério Público, ou à autoridade policial. Ato contínuo, 
o primeiro parágrafo do mencionado dispositivo prevê 
que a representação feita oralmente ou por escrito, sem 
assinatura devidamente autenticada do ofendido, de 
seu representante legal ou procurador, será reduzida a 
termo, perante o juiz ou autoridade policial, presente 
o órgão do MP, quando a este houver sido dirigida. 
Por fim, o parágrafo segundo do art. 39 prevê que a 
representação conterá todas as informações que possam 
servir à apuração do fato e da autoria;
D) Direcionamento da representação. É feita à 
autoridade policial, ao Ministério Público, ou ao juiz, 
pessoalmente ou por represente com procuração 
atribuidora de poderes especiais para tal;
E) Prazo para oferecimento da representação. Assim 
como a queixa-crime, a representação está sujeita ao 
prazo decadencial de seis meses, em regra contados do 
conhecimento da autoria. Trata-se de prazo penal, isto é, 
o dia do início é contabilizado (art. 10, CP);
F) Retratação da representação. Antes do 
oferecimento da denúncia pode ocorrer a retratação. 
Depois de oferecida a denúncia, não é mais possível 
retratar-se da representação. Eis o teor do art. 25, do 
Código de Processo Penal;
24
Direito Processual Penal
C) A queixa-crime deve conter todos os elementos 
da denúncia previstos no art. 41, CPP, valendo a mesma 
ressalva feita no art. 259, da Lei Processual;
D) De acordo com o art. 45, CPP, a queixa, ainda 
quando a ação penal for privativa do ofendido, poderá ser 
aditada pelo Ministério Público, a quem caberá intervir 
em todos os termos subsequentes do processo;
E) O prazo para oferta de queixa-crime é decadencial 
de seis meses, contados com a natureza de prazo penal 
(art. 10, CP) do conhecimento da autoridade delitiva, 
tal como o prazo para a representação do ofendido 
nos delitos de ação penal pública condicionada à 
representação. A exceção ao início da contagem de 
prazo se dá no caso do crime previsto no art. 236, do 
Código Penal (crime de induzimento a erro essencial e 
ocultação de impedimento ao casamento), em que o 
prazo de seis meses para queixa começa a contar do 
trânsito em julgado da sentença que anule o casamento 
no âmbito cível, conforme disposto no parágrafo único 
do aludido dispositivo;
F) Da decisão que recebe a queixa não cabe qualquer 
recurso, devendo-se utilizar, se for o caso, habeas corpus 
ou mandado de segurança, que não são recursos, mas 
sim meios autônomos de impugnação. Já da que rejeita 
a queixa ou a acolhe apenas parcialmente cabe recurso 
em sentido estrito, por força do art. 581, I, CPP.
Isto posto, feitas estas considerações acerca da 
queixa-crime, há se discorrer sobre as espécies de ação 
penal privada.
Ação penal exclusivamente privada. É possível 
sucessão processual, já que, apesar de competir ao 
ofendido a iniciativa de manejo, o art. 31, CPP permite 
que cônjuge (ou convivente), ascendente, descendente 
ou irmão nela prossigam no caso de morte do ofendido 
ou quando declarado ausente por decisão judicial.
São princípios aplicáveis à ação penal exclusivamente 
privada:
A) Princípio da inércia da jurisdição. Também aplicado 
à ação penal pública, já foi devidamente explicado;
B) Princípio do “ne bis in idem”. Também aplicado à 
ação penal pública, já foi devidamente explicado;
C) Princípio da intranscendência. Também aplicado à 
ação penal pública, já foi devidamente explicado;
D) Princípio da oportunidade (ou princípio da 
conveniência). Mediante critérios de oportunidade ou 
conveniência, o ofendido pode optar pelo oferecimento 
ou não da queixa.
Dentro de tal princípio, há se estudar o instituto da 
renúncia, através do qual a vítima (ou seu representante 
legal ou procurador com poderes especiais) demonstra 
seu desejo, de maneira expressa (quando o faz explícita 
e deliberadamente mediante declaração assinada) ou 
tácita (quando tem condutas incompatíveis com seu 
desejo de processar o ofensor, como manter com ele 
relações amigáveis, p. ex.), de não exercer a ação.
A renúncia é instituto pré-processual. Uma vez 
realizada, não se admite retratação;
E) Princípio da disponibilidade. Na ação privada, 
a decisão de prosseguir ou não é do ofendido. É uma 
decorrência do princípio da oportunidade. O particular 
é o exclusivo titular dessa ação, porque o Estado assim 
o desejou, e por isso, lhe é dada a prerrogativa de 
exercê-la ou não, conforme suas conveniências. Mesmo 
o fazendo, ainda lhe é possível dispor do conteúdo do 
processo (a relação jurídica material) até o trânsito em 
julgado da sentença condenatória, por meio do perdão 
ou da perempção.
Dentro de tal postulado, temos ainda que estudar 
dois institutos, a saber, o perdão da vítima e a perempção.
O perdão é ato bilateral, isto é, precisa ser aceito 
pelo imputado (ao contrário da renúncia, que é ato 
unilateral). Ocorre quando já instaurado o processo (não é 
pré-processual como a renúncia); é irretratável; pode ser 
expresso ou tácito (o silêncio do acusado, de acordo com 
o art. 58, CPP, implica aceitação do perdão); processual 
ou extrajudicial (de acordo com o art. 59, CPP, a aceitação 
do perdão fora do processo constará de declaração 
assinada pelo querelado, ou por seu representante legal, 
ou por procurador com poderes especiais); e por fim, 
pode ser ofertado até o trânsito em julgado da sentença 
final.
Já a perempção, prevista no art. 60, CPP, revela a 
desídia do querelante quando, iniciada a ação penal, 
deixa de promover o andamento do processo durante 
trinta dias seguidos (inciso I); quando, falecendo o 
querelante ou sobrevindo sua incapacidade, não 
comparece em juízo para prosseguir no processo dentro 
do prazo de sessenta dias qualquer das pessoas a quem 
couber fazê-lo (ressalvado o disposto no art. 36, CPP) 
(inciso II); quando o querelante deixa de comparecer 
sem motivo justificado a qualquer ato do processo a que 
deva estar presente (inciso III, primeira parte); quando o 
querelante deixa de formular o pedido de condenação 
nas alegações finais (inciso III, segunda parte); quando, 
sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem 
deixar sucessor (inciso IV);
F) Princípio da indivisibilidade. O processo de um 
obriga ao processo de todos. Portanto, se o querelante 
renuncia ao direito de queixa em relação a um dos 
ofensores, isto se estende aos demais. Eis o teor que se 
pode extrair do art. 48, do Código de Processo Penal. 
Da mesma maneira, o perdão dado a um dos ofensores 
se estende aos demais querelados, desde que estes 
também aceitem-no (art. 51, CPP).
O “fiscal” desse princípio será o Ministério 
Público, nos termos do art. 48, CPP, o qual velará pela 
indivisibilidade da ação penal.
Ação penal privada personalíssima. Não é possível 
a sucessão processual. No caso de morte da vítima, 
extingue-se a punibilidade por não admitir sucessão (ex: 
o delito previsto no art. 236, do Código Penal).
É como se vê, um direitopersonalíssimo e 
intransferível.
Os princípios aplicáveis à ação penal exclusivamente 
privada também se aplicam à ação penal privada 
personalíssima.
Ação penal privada subsidiária da pública (ou 
ação penal privada supletiva). Somente é cabível 
diante da inércia deliberada do Ministério Público.
De acordo com o inciso LIX, do art. 5º, da Constituição 
Federal, será admitida ação penal privada nos crimes de 
ação pública, se esta não for intentada no prazo legal. 
No mesmo sentido, o art. 29, d Código Processual Penal, 
regulamenta o preceito constitucional e prevê que será 
admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta 
25
Direito Processual Penal
não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério 
Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia 
substitutiva, intervir em todos os termos do processo, 
fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo 
tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a 
ação como parte principal (o terceiro parágrafo, do art. 
100, CP, também trata da ação penal privada supletiva 
que aqui se estuda).
Vale lembrar que, para caber tal ação, é necessária 
deliberada desídia do agente do Ministério Público. 
Caso tal membro não tenha ofertado denúncia, porque 
entendeu não ser o caso, desautorizado fica o agente 
ofendido a manejar a ação privada subsidiária da pública.
Por fim, cabe ressaltar que caso o Ministério 
Público retome a ação penal manejada pelo querelante 
subsidiário por negligência deste, a doutrina costuma 
designar tal retomada de “ação penal indireta”.
Vejamos o que estabelece a norma processual em 
relação ao conteúdo analisado nos termos do Código de 
Processo Penal.
LIVRO I
DO PROCESSO EM GERAL
TÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 1o O processo penal reger-se-á, em todo o 
território brasileiro, por este Código, ressalvados:
I - os tratados, as convenções e regras de direito 
internacional;
II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da 
República, dos ministros de Estado, nos crimes conexos 
com os do Presidente da República, e dos ministros do 
Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade 
(Constituição, arts. 86, 89, § 2º, e 100);
III - os processos da competência da Justiça Militar;
IV - os processos da competência do tribunal especial 
(Constituição, art. 122, no 17);
V - os processos por crimes de imprensa. (Vide 
ADPF nº 130)
Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este 
Código aos processos referidos nos nos. IV e V, quando as 
leis especiais que os regulam não dispuserem de modo 
diverso.
Art. 2o A lei processual penal aplicar-se-á desde 
logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a 
vigência da lei anterior.
Art. 3o A lei processual penal admitirá interpretação 
extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento 
dos princípios gerais de direito.
Juiz das Garantias
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
Art. 3º-A. O processo penal terá estrutura acusatória, 
vedadas a iniciativa do juiz na fase de investigação 
e a substituição da atuação probatória do órgão de 
acusação. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
(Vigência) (Vide ADI 6.298) (Vide ADI 6.300) (Vide 
ADI 6.305)
Art. 3º-B. O juiz das garantias é responsável pelo 
controle da legalidade da investigação criminal e pela 
salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia tenha 
sido reservada à autorização prévia do Poder Judiciário, 
competindo-lhe especialmente: (Incluído pela Lei nº 
13.964, de 2019) (Vigência) (Vide ADI 6.298) (Vide 
ADI 6.299) (Vide ADI 6.300) (Vide ADI 6.305)
I - receber a comunicação imediata da prisão, 
nos termos do inciso LXII do caput do art. 5º da 
Constituição Federal; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019) (Vigência)
II - receber o auto da prisão em flagrante para o 
controle da legalidade da prisão, observado o disposto no 
art. 310 deste Código; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019) (Vigência)
III - zelar pela observância dos direitos do preso, 
podendo determinar que este seja conduzido à sua 
presença, a qualquer tempo; (Incluído pela Lei nº 13.964, 
de 2019) (Vigência)
IV - ser informado sobre a instauração de qualquer 
investigação criminal; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019) (Vigência)
V - decidir sobre o requerimento de prisão provisória 
ou outra medida cautelar, observado o disposto no 
§ 1º deste artigo; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019) (Vigência)
VI - prorrogar a prisão provisória ou outra medida 
cautelar, bem como substituí-las ou revogá-las, 
assegurado, no primeiro caso, o exercício do contraditório 
em audiência pública e oral, na forma do disposto neste 
Código ou em legislação especial pertinente; (Incluído 
pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
VII - decidir sobre o requerimento de produção 
antecipada de provas consideradas urgentes e não 
repetíveis, assegurados o contraditório e a ampla defesa 
em audiência pública e oral; (Incluído pela Lei nº 13.964, 
de 2019) (Vigência)
VIII - prorrogar o prazo de duração do inquérito, 
estando o investigado preso, em vista das razões 
apresentadas pela autoridade policial e observado o 
disposto no § 2º deste artigo; (Incluído pela Lei nº 13.964, 
de 2019) (Vigência)
IX - determinar o trancamento do inquérito policial 
quando não houver fundamento razoável para sua 
instauração ou prosseguimento; (Incluído pela Lei nº 
13.964, de 2019) (Vigência)
X - requisitar documentos, laudos e informações ao 
delegado de polícia sobre o andamento da investigação; 
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
XI - decidir sobre os requerimentos de: (Incluído pela 
Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
a) interceptação telefônica, do fluxo de comunicações 
em sistemas de informática e telemática ou de outras 
formas de comunicação; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019) (Vigência)
b) afastamento dos sigilos fiscal, bancário, de 
dados e telefônico; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019) (Vigência)
c) busca e apreensão domiciliar; (Incluído pela Lei 
nº 13.964, de 2019) (Vigência)
d) acesso a informações sigilosas; (Incluído pela Lei 
nº 13.964, de 2019) (Vigência)
e) outros meios de obtenção da prova que restrinjam 
direitos fundamentais do investigado; (Incluído pela Lei 
nº 13.964, de 2019) (Vigência)
XII - julgar o habeas corpus impetrado antes do 
oferecimento da denúncia; (Incluído pela Lei nº 13.964, 
de 2019) (Vigência)
26
Direito Processual Penal
XIII - determinar a instauração de incidente de 
insanidade mental; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019) (Vigência)
XIV - decidir sobre o recebimento da denúncia ou 
queixa, nos termos do art. 399 deste Código; (Incluído 
pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
XV - assegurar prontamente, quando se fizer 
necessário, o direito outorgado ao investigado e ao seu 
defensor de acesso a todos os elementos informativos e 
provas produzidos no âmbito da investigação criminal, 
salvo no que concerne, estritamente, às diligências 
em andamento; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019) (Vigência)
XVI - deferir pedido de admissão de assistente técnico 
para acompanhar a produção da perícia; (Incluído pela 
Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
XVII - decidir sobre a homologação de acordo de não 
persecução penal ou os de colaboração premiada, quando 
formalizados durante a investigação; (Incluído pela Lei 
nº 13.964, de 2019) (Vigência)
XVIII - outras matérias inerentes às atribuições 
definidas no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 
13.964, de 2019) (Vigência)
§ 1º O preso em flagrante ou por força de mandado 
de prisão provisória será encaminhado à presença 
do juiz de garantias no prazo de 24 (vinte e quatro) 
horas, momento em que se realizará audiência com a 
presença do Ministério Público e da Defensoria Pública 
ou de advogadodecisão reportar-se a pronunciamento anterior, sendo 
imperioso que acrescente fundamentação de autoria 
do prolator.
Relativamente à sentença condenatória, a 
fundamentação não pode ser genérica, vale dizer, com 
alusão vaga à prova dos autos, dizendo o juiz, por 
exemplo, que”a prova obtida na fase instrutória afasta 
a tese da legítima defesa, pois as testemunhas de 
acusação sustentaram que o ofendido já se retirava do 
local quando foi lesionado pelo réu”. Sentença nestes 
termos é nula. É necessário que o magistrado explicite 
cada um dos elementos utilizados para formação de 
seu convencimento. A propósito desse entendimento, 
decidiu o Supremo Tribunal Federal no julgamento 
do Habeas Corpus 95.706/RJ18. Observe-se que esse 
rigor na fundamentação da sentença condenatória não 
existe apenas em relação ao mérito das teses trazidas 
pelas partes, mas também ocorre no tocante às etapas 
do cálculo da pena. Em outras palavras, ao fazer a 
individualização da reprimenda, incumbe ao julgador 
examinar com acuidade os elementos que dizem 
respeito ao fato, obedecidos e sopesados todos os 
critérios estabelecidos no art. 59 do Código Penal, para 
aplicar, de forma justa e fundamentada, a cominação 
que seja, proporcionalmente, necessária e suficiente 
para reprovação do crime.
Idêntico formalismo é exigido, mutatis mutandis, 
relativamente à sentença absolutória, salvo, 
logicamente, se fundamentar no art. 386, VII, do CPP, 
que se refere à absolvição por insuficiência de provas 
para a condenação, caso em que os elementos 
aportados ao processo podem ser apreciados de forma 
conjunta, sem prejuízo da necessidade de o magistrado 
explicitar as conclusões que extraiu a partir do contexto 
geral.
Outra ordem de manifestação judicial que exige 
motivação idônea refere-se ao decreto da prisão 
preventiva. Tratando-se de medida excepcional 
que deve ser imposta apenas quando atendidos os 
requisitos legais (art. 312 do CPP), sua decretação exige 
a indicação de elementos concretos que demonstrem 
a sua efetiva necessidade visando à garantia da 
ordem pública, à conveniência da instrução criminal 
e à segurança da aplicação da lei penal, sob pena de 
assumir contornos de antecipação de pena, o que viola 
o princípio constitucional da presunção de inocência. 
Percebe-se que, no entendimento dos tribunais, a 
prisão preventiva do paciente, justificada na sua 
periculosidade concreta e para assegurar a proteção da 
vítima, é motivo suficiente para decretação da custódia 
para garantir a ordem pública.
É imprescindível ressaltar que o princípio da 
obrigatoriedade de motivação das decisões judiciais 
não é absoluto. Com efeito, existem determinadas 
situações em que resta mitigado, como é o caso do 
recebimento da denúncia e da queixa;
IV) Princípio da publicidade - O princípio da 
publicidade traduz o dever do Estado de atribuir 
transparência aos atos que praticar, bem como fornecer 
todas as informações que lhe forem solicitadas. Tal 
princípio reforça as garantias da independência, 
imparcialidade e responsabilidade do juiz. Observe-se 
que, de um modo geral, são instrumentos constitucionais 
utilizados para assegurar o recebimento de informações 
o habeas data (art. 5.º, LXXII, da Constituição Federal) 
e o Mandado de Segurança, individual ou coletivo 
(art. 5.0, LXIX e LXX, da Constituição Federal). A 
publicidade, como regra geral, norteia a atuação estatal, 
encontrando-se presente em diversos atos e momentos 
como, por exemplo, na concessão de certidões, na 
vista dos autos, na contagem de determinados prazos 
prescricionais (a publicação da sentença condenatória 
interrompe a prescrição) etc.
No âmbito processual penal, comportam, porém, 
algumas exceções, o que faz entender não ser absoluto 
o princípio. Trata-se da chamada publicidade restrita, 
segundo a qual determinados atos serão públicos 
apenas para as partes, seus procuradores e um número 
reduzido de indivíduos. Tal restrição está fulcrada em 
vários dispositivos, podemos citar os arts. 5º, LX. CF; 93, 
IX, CF; art. 20, § 6º, CPP; 485, § 2º, CPP; 792, § 1º, CPP; 
art. 1º da Lei 9.296/96; 234-B, CP;
V) Princípio da imparcialidade do juiz - O 
magistrado, situando-se no vértice da relação processual 
triangulada entre ele, a acusação e a defesa, deve 
possuir capacidade objetiva e subjetiva para solucionar 
a demanda, vale dizer, julgar de forma absolutamente 
neutra, vinculando-se, ao proferir sua decisão, apenas 
às regras legais e ao resultado da análise das provas do 
processo. Aí está o princípio da imparcialidade do juiz.
Visando a garantir essa imparcialidade, a 
Constituição Federal estabelece ao magistrado 
as garantias da vitaliciedade, inamovibilidade e 
irredutibilidade de subsídios (art. 95), proibindo, ainda, 
juízo ou tribunais de exceção (art. 5.º, XXXVII).
Em determinados casos, a lei presume a parcialidade 
do magistrado, impondo-lhe que se afaste da causa. 
Tal ocorre nas situações de impedimento e suspeição. 
As causas de impedimento, também consideradas 
como ensejadoras da incapacidade objetiva do juiz, 
encontram-se arroladas no art. 252 do Código de 
Processo Penal. Trata-se de situações específicas e 
determinadas, que impõem a presunção absoluta (jure 
et jure) de parcialidade. Já as causas de suspeição, 
rotuladas também como motivos de incapacidade 
subjetiva do juiz, estão previstas no art. 254 do Código 
de Processo Penal. Tanto o impedimento como a 
suspeição devem ser reconhecidos ex officio pelo 
juiz, afastando-se ele voluntariamente de oficiar 
no processo e encaminhando-o ao seu substituto 
legal. Não o fazendo, porém, poderão ser arguidos o 
impedimento ou a suspeição por qualquer das partes 
(arts. 112 e 254 do CPP).
3
Direito Processual Penal
ouvirá o Ministério Público ou o querelante sobre 
preliminares e documentos, em cinco dias; e o art. 479, 
estabelecendo, sem distinção entre acusação e defesa, 
que durante o julgamento (pelo júri) não será permitida 
a leitura de documento ou a exibição de objeto que não 
tiver sido juntado aos autos com a antecedência mínima 
de três dias úteis, dando-se ciência à outra parte.
Independentemente dessa natureza constitucional 
do contraditório, este princípio, assim como outros 
já examinados, é mitigado em determinados casos. 
Trata-se de situações nas quais ocorre o chamado 
contraditório diferido ou postergado, que consiste em 
relegar a momento posterior a ciência e a impugnação 
do investigado ou do acusado quanto a determinados 
pronunciamentos judiciais. Em tais casos, a urgência 
da medida ou a sua natureza exige um provimento 
imediato e inaudita altera pars, sob pena de prejuízo ao 
processo ou, no mínimo, de ineficácia da determinação 
judicial.
Há contraditório no inquérito policial? Em regra, 
não, pois se trata de procedimento inquisitorial, 
destinado à produção de provas que sustentem o 
ajuizamento de ação criminal. Como exceção, porém, 
cabe citar o procedimento instaurado pela Polícia 
Federal, por determinação do Ministro da Justiça, 
visando à expulsão de estrangeiro, conforme previsão 
inserida ao art. 70 da Lei 6.815/1980 (Estatuto do 
Estrangeiro) combinado com os arts. 102 a 105 do 
Decreto 86.715/1981 (Regulamento do Estatuto do 
Estrangeiro).
VIII) Princípio da ampla defesa - Consagrada 
no art. 5.º, LV, da Constituição Federal, a ampla defesa 
traduz o dever que assiste ao Estado de facultar ao 
acusado a mais completa defesa quanto à imputação 
que lhe foi realizada. Este princípio guarda relação com 
o direito ao contraditório, segundo o qual ninguém 
pode ser condenado sem antes ter a oportunidade de 
ser ouvido quanto aos fatos imputados.
Desta garantia inserta ao texto constitucional, 
outras decorrem e estão previstas na própria Carta 
Magna, como o dever estatal de prestar assistência 
jurídica integral e gratuita aos necessitados (art. 5.º, 
LXXIV), ou na legislação infraconstitucional, como a 
ordem estabelecida para a prática dos atos processuais, 
garantindo-se à defesa manifestar-se sempre após a 
acusaçãoconstituído, vedado o emprego de 
videoconferência. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019) (Vigência)
§ 2º Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias 
poderá, mediante representação da autoridade policial e 
ouvido o Ministério Público, prorrogar, uma única vez, 
a duração do inquérito por até 15 (quinze) dias, após o 
que, se ainda assim a investigação não for concluída, a 
prisão será imediatamente relaxada. (Incluído pela Lei 
nº 13.964, de 2019) (Vigência)
Art. 3º-C. A competência do juiz das garantias 
abrange todas as infrações penais, exceto as de menor 
potencial ofensivo, e cessa com o recebimento da denúncia 
ou queixa na forma do art. 399 deste Código. (Incluído 
pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) (Vide ADI 
6.298) (Vide ADI 6.299) (Vide ADI 6.300) (Vide ADI 
6.305)
§ 1º Recebida a denúncia ou queixa, as questões 
pendentes serão decididas pelo juiz da instrução e 
julgamento. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
(Vigência)
§ 2º As decisões proferidas pelo juiz das garantias não 
vinculam o juiz da instrução e julgamento, que, após o 
recebimento da denúncia ou queixa, deverá reexaminar 
a necessidade das medidas cautelares em curso, no prazo 
máximo de 10 (dez) dias. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019) (Vigência)
§ 3º Os autos que compõem as matérias de competência 
do juiz das garantias ficarão acautelados na secretaria 
desse juízo, à disposição do Ministério Público e da defesa, 
e não serão apensados aos autos do processo enviados ao 
juiz da instrução e julgamento, ressalvados os documentos 
relativos às provas irrepetíveis, medidas de obtenção de 
provas ou de antecipação de provas, que deverão ser 
remetidos para apensamento em apartado. (Incluído pela 
Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
§ 4º Fica assegurado às partes o amplo acesso aos 
autos acautelados na secretaria do juízo das garantias. 
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
Art. 3º-D. O juiz que, na fase de investigação, 
praticar qualquer ato incluído nas competências 
dos arts. 4º e 5º deste Código ficará impedido de 
funcionar no processo. (Incluído pela Lei nº 13.964, 
de 2019) (Vigência) (Vide ADI 6.298) (Vide ADI 
6.299) (Vide ADI 6.300) (Vide ADI 6.305)
Parágrafo único. Nas comarcas em que funcionar 
apenas um juiz, os tribunais criarão um sistema de 
rodízio de magistrados, a fim de atender às disposições 
deste Capítulo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019) (Vigência) (Vide ADI 6.299)
Art. 3º-E. O juiz das garantias será designado 
conforme as normas de organização judiciária da União, 
dos Estados e do Distrito Federal, observando critérios 
objetivos a serem periodicamente divulgados pelo 
respectivo tribunal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
(Vigência) (Vide ADI 6.298) (Vide ADI 6.299) (Vide ADI 
6.300) (Vide ADI 6.305)
Art. 3º-F. O juiz das garantias deverá assegurar o 
cumprimento das regras para o tratamento dos presos, 
impedindo o acordo ou ajuste de qualquer autoridade 
com órgãos da imprensa para explorar a imagem da 
pessoa submetida à prisão, sob pena de responsabilidade 
civil, administrativa e penal. (Incluído pela Lei nº 13.964, 
de 2019) (Vigência) (Vide ADI 6.298) (Vide ADI 
6.299) (Vide ADI 6.300) (Vide ADI 6.305)
Parágrafo único. Por meio de regulamento, as 
autoridades deverão disciplinar, em 180 (cento e oitenta) 
dias, o modo pelo qual as informações sobre a realização 
da prisão e a identidade do preso serão, de modo 
padronizado e respeitada a programação normativa 
aludida no caput deste artigo, transmitidas à imprensa, 
assegurados a efetividade da persecução penal, o direito à 
informação e a dignidade da pessoa submetida à prisão. 
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
TÍTULO II
DO INQUÉRITO POLICIAL
Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas 
autoridades policiais no território de suas respectivas 
circunscrições e terá por fim a apuração das infrações 
penais e da sua autoria. (Redação dada pela Lei 
nº 9.043, de 9.5.1995)
Parágrafo único. A competência definida neste artigo 
não excluirá a de autoridades administrativas, a quem por 
lei seja cometida a mesma função.
Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial 
será iniciado:
I - de ofício;
II - mediante requisição da autoridade judiciária ou 
do Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou 
de quem tiver qualidade para representá-lo.
§ 1o O requerimento a que se refere o no II conterá 
sempre que possível:
a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;
b) a individualização do indiciado ou seus sinais 
característicos e as razões de convicção ou de presunção 
de ser ele o autor da infração, ou os motivos de 
impossibilidade de o fazer;
c) a nomeação das testemunhas, com indicação de 
sua profissão e residência.
27
Direito Processual Penal
§ 2o No relatório poderá a autoridade indicar 
testemunhas que não tiverem sido inquiridas, 
mencionando o lugar onde possam ser encontradas.
§ 3o Quando o fato for de difícil elucidação, e o 
indiciado estiver solto, a autoridade poderá requerer ao 
juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que 
serão realizadas no prazo marcado pelo juiz.
Art. 11. Os instrumentos do crime, bem como os 
objetos que interessarem à prova, acompanharão os autos 
do inquérito.
Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia 
ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra.
Art. 13. Incumbirá ainda à autoridade policial:
I - fornecer às autoridades judiciárias as informações 
necessárias à instrução e julgamento dos processos;
II - realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou 
pelo Ministério Público;
III - cumprir os mandados de prisão expedidos pelas 
autoridades judiciárias;
IV - representar acerca da prisão preventiva.
Art. 13-A. Nos crimes previstos nos arts. 148, 149 e 
149-A, no § 3º do art. 158 e no art. 159 do Decreto-Lei no 
2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), e no art. 
239 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto 
da Criança e do Adolescente), o membro do Ministério 
Público ou o delegado de polícia poderá requisitar, de 
quaisquer órgãos do poder público ou de empresas da 
iniciativa privada, dados e informações cadastrais da 
vítima ou de suspeitos. (Incluído pela Lei nº 13.344, 
de 2016) (Vigência)
Parágrafo único. A requisição, que será atendida no 
prazo de 24 (vinte e quatro) horas, conterá: (Incluído 
pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
I - o nome da autoridade requisitante; (Incluído 
pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
II - o número do inquérito policial; e (Incluído 
pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
III - a identificação da unidade de polícia judiciária 
responsável pela investigação. (Incluído pela Lei nº 
13.344, de 2016) (Vigência)
Art. 13-B. Se necessário à prevenção e à repressão 
dos crimes relacionados ao tráfico de pessoas, o membro 
do Ministério Público ou o delegado de polícia poderão 
requisitar, mediante autorização judicial, às empresas 
prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou 
telemática que disponibilizem imediatamente os meios 
técnicos adequados – como sinais, informações e outros 
– que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos 
do delito em curso. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 
2016) (Vigência)
§ 1o Para os efeitos deste artigo, sinal significa 
posicionamento da estação de cobertura, setorização 
e intensidade de radiofrequência. (Incluído pela Lei nº 
13.344, de 2016) (Vigência)
§ 2o Na hipótese de que trata o caput, o sinal: (Incluído 
pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
I - não permitirá acesso ao conteúdo da comunicação 
de qualquer natureza, que dependerá de autorização 
judicial, conforme disposto em lei; (Incluído pela Lei 
nº 13.344,de 2016) (Vigência)
II - deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia 
móvel celular por período não superior a 30 (trinta) dias, 
renovável por uma única vez, por igual período; (Incluído 
pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
§ 2o Do despacho que indeferir o requerimento de 
abertura de inquérito caberá recurso para o chefe de 
Polícia.
§ 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento 
da existência de infração penal em que caiba ação 
pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la 
à autoridade policial, e esta, verificada a procedência das 
informações, mandará instaurar inquérito.
§ 4o O inquérito, nos crimes em que a ação pública 
depender de representação, não poderá sem ela ser 
iniciado.
§ 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade policial 
somente poderá proceder a inquérito a requerimento de 
quem tenha qualidade para intentá-la.
Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da 
infração penal, a autoridade policial deverá:
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se 
alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada 
dos peritos criminais; (Redação dada pela Lei nº 
8.862, de 28.3.1994)
II - apreender os objetos que tiverem relação com o 
fato, após liberados pelos peritos criminais; (Redação 
dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)
III - colher todas as provas que servirem para o 
esclarecimento do fato e suas circunstâncias;
IV - ouvir o ofendido;
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for 
aplicável, do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste 
Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas 
testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura;
VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e 
a acareações;
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame 
de corpo de delito e a quaisquer outras perícias;
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo 
processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos 
sua folha de antecedentes;
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o 
ponto de vista individual, familiar e social, sua condição 
econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois 
do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que 
contribuírem para a apreciação do seu temperamento e 
caráter.
X - colher informações sobre a existência de filhos, 
respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o 
nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados 
dos filhos, indicado pela pessoa presa. (Incluído pela 
Lei nº 13.257, de 2016)
Art. 7o Para verificar a possibilidade de haver a infração 
sido praticada de determinado modo, a autoridade policial 
poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde 
que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública.
Art. 8o Havendo prisão em flagrante, será observado 
o disposto no Capítulo II do Título IX deste Livro.
Art. 9o Todas as peças do inquérito policial serão, 
num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas 
e, neste caso, rubricadas pela autoridade.
Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 
dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver 
preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, 
a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou 
no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança 
ou sem ela.
§ 1o A autoridade fará minucioso relatório do que 
tiver sido apurado e enviará autos ao juiz competente.
28
Direito Processual Penal
III - para períodos superiores àquele de que trata o 
inciso II, será necessária a apresentação de ordem judicial. 
(Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
§ 3o Na hipótese prevista neste artigo, o inquérito 
policial deverá ser instaurado no prazo máximo de 72 
(setenta e duas) horas, contado do registro da respectiva 
ocorrência policial. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 
2016) (Vigência)
§ 4o Não havendo manifestação judicial no prazo de 
12 (doze) horas, a autoridade competente requisitará às 
empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/
ou telemática que disponibilizem imediatamente os meios 
técnicos adequados – como sinais, informações e outros 
– que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos 
do delito em curso, com imediata comunicação ao juiz. 
(Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o 
indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será 
realizada, ou não, a juízo da autoridade.
Art. 14-A. Nos casos em que servidores vinculados 
às instituições dispostas no art. 144 da Constituição 
Federal figurarem como investigados em inquéritos 
policiais, inquéritos policiais militares e demais 
procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for a investigação 
de fatos relacionados ao uso da força letal praticados no 
exercício profissional, de forma consumada ou tentada, 
incluindo as situações dispostas no art. 23 do Decreto-Lei 
nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), o 
indiciado poderá constituir defensor. (Incluído pela Lei 
nº 13.964, de 2019) (Vigência)
§ 1º Para os casos previstos no caput deste artigo, 
o investigado deverá ser citado da instauração do 
procedimento investigatório, podendo constituir defensor 
no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas a contar do 
recebimento da citação. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019)
§ 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º deste artigo 
com ausência de nomeação de defensor pelo investigado, 
a autoridade responsável pela investigação deverá 
intimar a instituição a que estava vinculado o investigado 
à época da ocorrência dos fatos, para que essa, no prazo 
de 48 (quarenta e oito) horas, indique defensor para a 
representação do investigado. (Incluído pela Lei nº 13.964, 
de 2019) (Vigência)
§ 3º (VETADO).
§ 4º (VETADO).
§ 5º (VETADO).
§ 3º Havendo necessidade de indicação de 
defensor nos termos do § 2º deste artigo, a defesa 
caberá preferencialmente à Defensoria Pública, e, nos 
locais em que ela não estiver instalada, a União ou 
a Unidade da Federação correspondente à respectiva 
competência territorial do procedimento instaurado 
deverá disponibilizar profissional para acompanhamento 
e realização de todos os atos relacionados à defesa 
administrativa do investigado. (Incluído pela Lei nº 13.964, 
de 2019) (Vigência)
§ 4º A indicação do profissional a que se refere o § 
3º deste artigo deverá ser precedida de manifestação de 
que não existe defensor público lotado na área territorial 
onde tramita o inquérito e com atribuição para nele atuar, 
hipótese em que poderá ser indicado profissional que não 
integre os quadros próprios da Administração. (Incluído 
pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
§ 5º Na hipótese de não atuação da Defensoria 
Pública, os custos com o patrocínio dos interesses dos 
investigados nos procedimentos de que trata este artigo 
correrão por conta do orçamento próprio da instituição 
a que este esteja vinculado à época da ocorrência dos 
fatos investigados. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
(Vigência)
§ 6º As disposições constantes deste artigo se 
aplicam aos servidores militares vinculados às instituições 
dispostas no art. 142 da Constituição Federal, desde que 
os fatos investigados digam respeito a missões para a 
Garantia da Lei e da Ordem. (Incluído pela Lei nº 13.964, 
de 2019) (Vigência)
Art. 15. Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado 
curador pela autoridade policial.
Art. 16. O Ministério Público não poderá requerer a 
devolução do inquérito à autoridade policial, senão para 
novas diligências, imprescindíveis ao oferecimento da 
denúncia.
Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar 
arquivar autos de inquérito.
Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do 
inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para 
a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas 
pesquisas, se de outras provas tiver notícia.
Art. 19. Nos crimes em que não couber açãopública, 
os autos do inquérito serão remetidos ao juízo competente, 
onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu 
representante legal, ou serão entregues ao requerente, se 
o pedir, mediante traslado.
Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo 
necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse 
da sociedade.
Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que 
lhe forem solicitados, a autoridade policial não poderá 
mencionar quaisquer anotações referentes a instauração 
de inquérito contra os requerentes. (Redação dada pela Lei 
nº 12.681, de 2012)
Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado dependerá 
sempre de despacho nos autos e somente será permitida 
quando o interesse da sociedade ou a conveniência da 
investigação o exigir.
Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não 
excederá de três dias, será decretada por despacho 
fundamentado do Juiz, a requerimento da autoridade 
policial, ou do órgão do Ministério Público, respeitado, em 
qualquer hipótese, o disposto no artigo 89, inciso III, do 
Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (Lei n. 4.215, 
de 27 de abril de 1963) (Redação dada pela Lei nº 5.010, 
de 30.5.1966)
Art. 22. No Distrito Federal e nas comarcas em que 
houver mais de uma circunscrição policial, a autoridade 
com exercício em uma delas poderá, nos inquéritos a que 
esteja procedendo, ordenar diligências em circunscrição de 
outra, independentemente de precatórias ou requisições, e 
bem assim providenciará, até que compareça a autoridade 
competente, sobre qualquer fato que ocorra em sua 
presença, noutra circunscrição.
Art. 23. Ao fazer a remessa dos autos do inquérito ao 
juiz competente, a autoridade policial oficiará ao Instituto 
de Identificação e Estatística, ou repartição congênere, 
mencionando o juízo a que tiverem sido distribuídos, e os 
dados relativos à infração penal e à pessoa do indiciado.
29
Direito Processual Penal
TÍTULO III
DA AÇÃO PENAL
Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será 
promovida por denúncia do Ministério Público, mas 
dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro 
da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem 
tiver qualidade para representá-lo.
§ 1o No caso de morte do ofendido ou quando declarado 
ausente por decisão judicial, o direito de representação 
passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. 
(Parágrafo único renumerado pela Lei nº 8.699, de 
27.8.1993)
§ 2o Seja qual for o crime, quando praticado em 
detrimento do patrimônio ou interesse da União, Estado e 
Município, a ação penal será pública. (Incluído pela Lei nº 
8.699, de 27.8.1993)
Art. 25. A representação será irretratável, depois de 
oferecida a denúncia.
Art. 26. A ação penal, nas contravenções, será iniciada 
com o auto de prisão em flagrante ou por meio de portaria 
expedida pela autoridade judiciária ou policial.
Art. 27. Qualquer pessoa do povo poderá provocar a 
iniciativa do Ministério Público, nos casos em que caiba 
a ação pública, fornecendo-lhe, por escrito, informações 
sobre o fato e a autoria e indicando o tempo, o lugar e os 
elementos de convicção.
Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito 
policial ou de quaisquer elementos informativos da mesma 
natureza, o órgão do Ministério Público comunicará à 
vítima, ao investigado e à autoridade policial e encaminhará 
os autos para a instância de revisão ministerial para fins 
de homologação, na forma da lei. (Redação dada pela Lei 
nº 13.964, de 2019) (Vigência) (Vide ADI 6.298) (Vide 
ADI 6.300) (Vide ADI 6.305)
§ 1º Se a vítima, ou seu representante legal, não 
concordar com o arquivamento do inquérito policial, 
poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do recebimento da 
comunicação, submeter a matéria à revisão da instância 
competente do órgão ministerial, conforme dispuser a 
respectiva lei orgânica. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019) (Vigência)
§ 2º Nas ações penais relativas a crimes praticados 
em detrimento da União, Estados e Municípios, a revisão 
do arquivamento do inquérito policial poderá ser 
provocada pela chefia do órgão a quem couber a sua 
representação judicial. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019) (Vigência)
Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo 
o investigado confessado formal e circunstancialmente a 
prática de infração penal sem violência ou grave ameaça 
e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério 
Público poderá propor acordo de não persecução penal, 
desde que necessário e suficiente para reprovação e 
prevenção do crime, mediante as seguintes condições 
ajustadas cumulativa e alternativamente: (Incluído pela 
Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto 
na impossibilidade de fazê-lo; (Incluído pela Lei nº 
13.964, de 2019) (Vigência)
II - renunciar voluntariamente a bens e direitos 
indicados pelo Ministério Público como instrumentos, 
produto ou proveito do crime; (Incluído pela Lei nº 
13.964, de 2019) (Vigência)
III - prestar serviço à comunidade ou a entidades 
públicas por período correspondente à pena mínima 
cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em 
local a ser indicado pelo juízo da execução, na forma 
do art. 46 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 
1940 (Código Penal); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019) (Vigência)
IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada 
nos termos do art. 45 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de 
dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade pública ou 
de interesse social, a ser indicada pelo juízo da execução, 
que tenha, preferencialmente, como função proteger 
bens jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente 
lesados pelo delito; ou (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019) (Vigência)
V - cumprir, por prazo determinado, outra condição 
indicada pelo Ministério Público, desde que proporcional 
e compatível com a infração penal imputada. (Incluído 
pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
§ 1º Para aferição da pena mínima cominada 
ao delito a que se refere o caput deste artigo, serão 
consideradas as causas de aumento e diminuição 
aplicáveis ao caso concreto. (Incluído pela Lei nº 13.964, 
de 2019) (Vigência)
§ 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica 
nas seguintes hipóteses: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019) (Vigência)
I - se for cabível transação penal de competência dos 
Juizados Especiais Criminais, nos termos da lei; (Incluído 
pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
II - se o investigado for reincidente ou se houver 
elementos probatórios que indiquem conduta criminal 
habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes 
as infrações penais pretéritas; (Incluído pela Lei nº 
13.964, de 2019) (Vigência)
III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos 
anteriores ao cometimento da infração, em acordo de 
não persecução penal, transação penal ou suspensão 
condicional do processo; e (Incluído pela Lei nº 13.964, 
de 2019) (Vigência)
IV - nos crimes praticados no âmbito de violência 
doméstica ou familiar, ou praticados contra a 
mulher por razões da condição de sexo feminino, em 
favor do agressor. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019) (Vigência)
§ 3º O acordo de não persecução penal será formalizado 
por escrito e será firmado pelo membro do Ministério 
Público, pelo investigado e por seu defensor. (Incluído 
pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
§ 4º Para a homologação do acordo de não 
persecução penal, será realizada audiência na qual o 
juiz deverá verificar a sua voluntariedade, por meio 
da oitiva do investigado na presença do seu defensor, 
e sua legalidade. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019) (Vigência)
§ 5º Se o juiz considerar inadequadas, insuficientes 
ou abusivas as condições dispostas no acordo de não 
persecução penal, devolverá os autos ao Ministério Público 
para que seja reformulada a propostade acordo, com 
concordância do investigado e seu defensor. (Incluído 
pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
§ 6º Homologado judicialmente o acordo de não 
persecução penal, o juiz devolverá os autos ao Ministério 
Público para que inicie sua execução perante o juízo 
de execução penal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019) (Vigência)
30
Direito Processual Penal
§ 7º O juiz poderá recusar homologação à proposta 
que não atender aos requisitos legais ou quando não 
for realizada a adequação a que se refere o § 5º deste 
artigo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
§ 8º Recusada a homologação, o juiz devolverá 
os autos ao Ministério Público para a análise da 
necessidade de complementação das investigações ou o 
oferecimento da denúncia. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019) (Vigência)
§ 9º A vítima será intimada da homologação do 
acordo de não persecução penal e de seu descumprimento. 
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
§ 10. Descumpridas quaisquer das condições 
estipuladas no acordo de não persecução penal, o Ministério 
Público deverá comunicar ao juízo, para fins de sua 
rescisão e posterior oferecimento de denúncia. (Incluído 
pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
§ 11. O descumprimento do acordo de não persecução 
penal pelo investigado também poderá ser utilizado pelo 
Ministério Público como justificativa para o eventual 
não oferecimento de suspensão condicional do processo. 
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
§ 12. A celebração e o cumprimento do acordo de 
não persecução penal não constarão de certidão de 
antecedentes criminais, exceto para os fins previstos no 
inciso III do § 2º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.964, 
de 2019) (Vigência)
§ 13. Cumprido integralmente o acordo de não 
persecução penal, o juízo competente decretará a 
extinção de punibilidade. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019) (Vigência)
§ 14. No caso de recusa, por parte do Ministério 
Público, em propor o acordo de não persecução penal, o 
investigado poderá requerer a remessa dos autos a órgão 
superior, na forma do art. 28 deste Código. (Incluído pela 
Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de 
ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, 
cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-
la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os 
termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor 
recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do 
querelante, retomar a ação como parte principal.
Art. 30. Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para 
representá-lo caberá intentar a ação privada.
Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando 
declarado ausente por decisão judicial, o direito de 
oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, 
ascendente, descendente ou irmão.
Art. 32. Nos crimes de ação privada, o juiz, a 
requerimento da parte que comprovar a sua pobreza, 
nomeará advogado para promover a ação penal.
§ 1o Considerar-se-á pobre a pessoa que não puder 
prover às despesas do processo, sem privar-se dos recursos 
indispensáveis ao próprio sustento ou da família.
§ 2o Será prova suficiente de pobreza o atestado 
da autoridade policial em cuja circunscrição residir o 
ofendido.
Art. 33. Se o ofendido for menor de 18 anos, ou 
mentalmente enfermo, ou retardado mental, e não tiver 
representante legal, ou colidirem os interesses deste com 
os daquele, o direito de queixa poderá ser exercido por 
curador especial, nomeado, de ofício ou a requerimento do 
Ministério Público, pelo juiz competente para o processo 
penal.
Art. 34. Se o ofendido for menor de 21 e maior de 18 
anos, o direito de queixa poderá ser exercido por ele ou 
por seu representante legal.
Art. 35. (Revogado pela Lei nº 9.520, de 27.11.1997)
Art. 36. Se comparecer mais de uma pessoa com 
direito de queixa, terá preferência o cônjuge, e, em 
seguida, o parente mais próximo na ordem de enumeração 
constante do art. 31, podendo, entretanto, qualquer delas 
prosseguir na ação, caso o querelante desista da instância 
ou a abandone.
Art. 37. As fundações, associações ou sociedades 
legalmente constituídas poderão exercer a ação penal, 
devendo ser representadas por quem os respectivos 
contratos ou estatutos designarem ou, no silêncio destes, 
pelos seus diretores ou sócios-gerentes.
Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou 
seu representante legal, decairá no direito de queixa ou 
de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis 
meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor 
do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar 
o prazo para o oferecimento da denúncia.
Parágrafo único. Verificar-se-á a decadência do 
direito de queixa ou representação, dentro do mesmo 
prazo, nos casos dos arts. 24, parágrafo único, e 31.
Art. 39. O direito de representação poderá ser 
exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes 
especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao 
juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade 
policial.
§ 1o A representação feita oralmente ou por escrito, 
sem assinatura devidamente autenticada do ofendido, de 
seu representante legal ou procurador, será reduzida a 
termo, perante o juiz ou autoridade policial, presente o 
órgão do Ministério Público, quando a este houver sido 
dirigida.
§ 2o A representação conterá todas as informações 
que possam servir à apuração do fato e da autoria.
§ 3o Oferecida ou reduzida a termo a representação, 
a autoridade policial procederá a inquérito, ou, não sendo 
competente, remetê-lo-á à autoridade que o for.
§ 4o A representação, quando feita ao juiz ou perante 
este reduzida a termo, será remetida à autoridade policial 
para que esta proceda a inquérito.
§ 5o O órgão do Ministério Público dispensará o 
inquérito, se com a representação forem oferecidos 
elementos que o habilitem a promover a ação penal, e, 
neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de quinze dias.
Art. 40. Quando, em autos ou papéis de que 
conhecerem, os juízes ou tribunais verificarem a existência 
de crime de ação pública, remeterão ao Ministério Público 
as cópias e os documentos necessários ao oferecimento 
da denúncia.
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição 
do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a 
qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais 
se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando 
necessário, o rol das testemunhas.
Art. 42. O Ministério Público não poderá desistir da 
ação penal.
Art. 43. (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
Art. 44. A queixa poderá ser dada por procurador 
com poderes especiais, devendo constar do instrumento 
do mandato o nome do querelante e a menção do fato 
criminoso, salvo quando tais esclarecimentos dependerem 
de diligências que devem ser previamente requeridas no 
juízo criminal.
31
Direito Processual Penal
Parágrafo único. Aceito o perdão, o juiz julgará 
extinta a punibilidade.
Art. 59. A aceitação do perdão fora do processo 
constará de declaração assinada pelo querelado, por seu 
representante legal ou procurador com poderes especiais.
Art. 60. Nos casos em que somente se procede 
mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal:
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de 
promover o andamento do processo durante 30 dias 
seguidos;
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua 
incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir 
no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, 
qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado 
o disposto no art. 36;
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem 
motivo justificado, a qualquer ato do processo a que 
deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de 
condenação nas alegações finais;
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta 
se extinguir sem deixar sucessor.
Art. 61.Em qualquer fase do processo, o juiz, se 
reconhecer extinta a punibilidade, deverá declará-lo de 
ofício.
Parágrafo único. No caso de requerimento do 
Ministério Público, do querelante ou do réu, o juiz 
mandará autuá-lo em apartado, ouvirá a parte contrária 
e, se o julgar conveniente, concederá o prazo de cinco dias 
para a prova, proferindo a decisão dentro de cinco dias ou 
reservando-se para apreciar a matéria na sentença final.
Art. 62. No caso de morte do acusado, o juiz somente 
à vista da certidão de óbito, e depois de ouvido o Ministério 
Público, declarará extinta a punibilidade.
QUESTÕES
01. (ALERJ – Procurador - FGV/2017) Paulo praticou 
determinada conduta prevista como crime, prevendo a 
legislação então vigente que a ação respectiva ostenta 
a natureza privada. Três meses depois do ocorrido, em 
razão de mudança legislativa, o crime praticado por 
Paulo passou a ser de ação penal pública incondicionada. 
Um ano após os fatos criminosos, o Ministério Público 
ofereceu denúncia contra Paulo em razão daquele 
comportamento, tendo em vista que o ofendido não 
havia proposto queixa em momento anterior. De acordo 
com a situação acima exposta, é correto afirmar que o 
juiz deve: 
(A) receber a denúncia, sendo o Ministério Público 
parte legítima, eis que a nova lei deve ser imediatamente 
aplicada;
(B) rejeitar a denúncia, eis que o Ministério Público 
não deflagrou a ação penal no prazo de seis meses;
(C) rejeitar a denúncia, porque especificamente o 
delito praticado por Paulo, apesar da alteração legislativa, 
continua sendo de ação penal privada, reconhecendo a 
prescrição; 
(D) rejeitar a denúncia, porque especificamente o 
delito praticado por Paulo, apesar da alteração legislativa, 
continua sendo de ação penal privada, reconhecendo a 
decadência;
(E) receber a denúncia, porquanto, com a mudança 
legislativa, tanto o ofendido como o Ministério Público 
poderiam deflagrar a ação penal respectiva.
Art. 45. A queixa, ainda quando a ação penal for 
privativa do ofendido, poderá ser aditada pelo Ministério 
Público, a quem caberá intervir em todos os termos 
subseqüentes do processo.
Art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, 
estando o réu preso, será de 5 dias, contado da data 
em que o órgão do Ministério Público receber os autos 
do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto 
ou afiançado. No último caso, se houver devolução do 
inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-á 
o prazo da data em que o órgão do Ministério Público 
receber novamente os autos.
§ 1o Quando o Ministério Público dispensar o inquérito 
policial, o prazo para o oferecimento da denúncia contar-
se-á da data em que tiver recebido as peças de informações 
ou a representação
§ 2o O prazo para o aditamento da queixa será de 
3 dias, contado da data em que o órgão do Ministério 
Público receber os autos, e, se este não se pronunciar 
dentro do tríduo, entender-se-á que não tem o que aditar, 
prosseguindo-se nos demais termos do processo.
Art. 47. Se o Ministério Público julgar necessários 
maiores esclarecimentos e documentos complementares 
ou novos elementos de convicção, deverá requisitá-los, 
diretamente, de quaisquer autoridades ou funcionários 
que devam ou possam fornecê-los.
Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do 
crime obrigará ao processo de todos, e o Ministério Público 
velará pela sua indivisibilidade.
Art. 49. A renúncia ao exercício do direito de queixa, 
em relação a um dos autores do crime, a todos se 
estenderá.
Art. 50. A renúncia expressa constará de declaração 
assinada pelo ofendido, por seu representante legal ou 
procurador com poderes especiais.
Parágrafo único. A renúncia do representante legal 
do menor que houver completado 18 (dezoito) anos não 
privará este do direito de queixa, nem a renúncia do 
último excluirá o direito do primeiro.
Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados 
aproveitará a todos, sem que produza, todavia, efeito em 
relação ao que o recusar.
Art. 52. Se o querelante for menor de 21 e maior de 
18 anos, o direito de perdão poderá ser exercido por ele 
ou por seu representante legal, mas o perdão concedido 
por um, havendo oposição do outro, não produzirá efeito.
Art. 53. Se o querelado for mentalmente enfermo 
ou retardado mental e não tiver representante legal, 
ou colidirem os interesses deste com os do querelado, 
a aceitação do perdão caberá ao curador que o juiz Ihe 
nomear.
Art. 54. Se o querelado for menor de 21 anos, 
observar-se-á, quanto à aceitação do perdão, o disposto 
no art. 52.
Art. 55. O perdão poderá ser aceito por procurador 
com poderes especiais.
Art. 56. Aplicar-se-á ao perdão extraprocessual 
expresso o disposto no art. 50.
Art. 57. A renúncia tácita e o perdão tácito admitirão 
todos os meios de prova.
Art. 58. Concedido o perdão, mediante declaração 
expressa nos autos, o querelado será intimado a dizer, 
dentro de três dias, se o aceita, devendo, ao mesmo tempo, 
ser cientificado de que o seu silêncio importará aceitação.
32
Direito Processual Penal
02. (SEJUS/PI - Agente Penitenciário - 
NUCEPE/2016) A ação penal é o poder-dever de 
provocar o Poder Judiciário para decidir a conduta 
definida em lei como crime. Acerca da ação penal, 
assinale a opção CORRETA. 
(A) O direito de oferecer queixa ou prosseguir na 
ação, se esta já estiver em curso, será exclusivamente do 
ofendido, não podendo o seu cônjuge lhe substituir.
(B) Quando a Ação for privativa do ofendido, o 
Ministério Público não poderá aditar a queixa. 
(C) Sempre é possível o perdão por parte da vítima 
durante o inquérito policial.
(D) O Ministério Público não poderá desistir da Ação 
Penal. 
(E) Existindo três querelados identificados na ação é 
possível o perdão a apenas um deles, desde que seja nos 
autos da Ação.
03. (PC/PA - Delegado de Polícia Civil - 
FUNCAB/2016) Sobre ação penal é correto afirmar que:
(A) a ação penal privada, em certos casos é 
personalíssima, só podendo o delegado de polícia 
instaurar inquérito, exclusivamente, no caso de 
requerimento do próprio ofendido.
(B) na ação penal subsidiária da pública, quando o 
querelado deixa de comparecer aos atos do processo, 
ocorre a perempção.
(C) quanto ao exercício, classifica-se em pública 
incondicionada, condicionada a representação do 
ofendido ou a resolução do Ministério da Justiça.
(D) na ação penal privada o querelante tem 
legitimidade ordinária. 
(E) a ação penal pública rege-se pelos princípios da 
obrigatoriedade e disponibilidade, enquanto a privada 
rege-se pela oportunidade e indivisibilidade.
04. (PC/PA - Escrivão de Polícia Civil - 
FUNCAB/2016) A ação penal pode ser classificada 
como Pública ou Privada, levando-se em consideração 
o responsável pelo seu ajuizamento. A perempção, 
o perdão, a decadência e a renúncia são institutos 
relacionados ao prosseguimento da ação penal. Sendo 
assim, é possível afirmar que:
(A) o perdão concedido a um dos querelados 
aproveitará a todos, sem que produza, todavia, efeito em 
relação ao que o recusar.
(B) concedido o perdão pelo querelados, mediante 
declaração expressa nos autos, o Juiz julgará extinta 
a punibilidade, independentemente da aceitação do 
perdão pelo querelado.
(C) quando, iniciada a ação penal privada, o querelante 
deixar de promover o andamento do processo durante 
30 dias seguidos, ocorrerá a decadência.
(D) a renúncia ao exercício do direito de queixa, em 
relação a um dos autores do crime, não se estenderá aos 
demais.
(E) nos casos em que somente se procede mediante 
queixa, considerar-se-á perempta a ação penal quando, 
falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, 
não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, 
dentro do prazo de 30 (trinta) dias, qualquer das pessoas 
a quem couber fazê-lo.
05. (DPE/MT - Defensor Público - UFMT/2016) 
São princípios que regem a ação penal privada: 
(A) obrigatoriedade e intranscendência. 
(B) indivisibilidade e obrigatoriedade. 
(C) oportunidade e indisponibilidade.(D) instranscendência e indisponibilidade. 
(E) disponibilidade e indivisibilidade. 
06. (IDECAN/2021 - PC-CE) A doutrina determina 
que princípios são as regras primeiras; são as premissas 
de todo um sistema de dogmática jurídico-processual 
penal. Parte da doutrina aponta esse princípio como 
o escopo primordial do processo penal. Trata-se dos 
elementos probatórios lícitos juntados aos autos do 
processo para serem apreciados pelo juiz e valorados 
no ato da sentença, a fim de se determinar quem foi 
de encontro ao comando da norma e por que o fez. 
Pela narrativa acima, estamos diante de qual princípio 
processual?
A) Publicidade.
B) Presunção de inocência.
C) Verdade processual.
D) Razoabilidade de duração do processo.
E) Favor rei.
07. (IDECAN/2021 - PC-CE) A Lei 13.964/2019, entre 
as várias alterações na legislação, incluiu o artigo 3º-A 
no Código de Processo Penal, com a seguinte redação: 
“O processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a 
iniciativa do juiz na fase de investigação e a substituição 
da atuação probatória do órgão de acusação.” Portanto, 
desde a alteração supracitada, está expressa na legislação 
processual a escolha pelo sistema processual acusatório. 
Nas alternativas a seguir, enumeraram-se algumas 
características desse sistema, À EXCEÇÃO DE UMA.
Assinale-a.
A) separação entre as funções de acusar, julgar e 
defender
B) os princípios do contraditório e da ampla defesa 
que informam todo o processo
C) a possibilidade de o juiz produzir provas para 
dirimir dúvidas
D) a publicidade dos atos processuais como regra
E) a imparcialidade do julgador (o juiz fica 
equidistante do conflito de interesses instaurado entre 
partes)
08. (CESPE / CEBRASPE/2021 - DEPEN) Cada um 
do item seguinte apresenta uma situação hipotética 
seguida de uma assertiva a ser julgada, acerca de direito 
processual penal.
No curso de determinada ação penal, foi sancionada 
lei que cria recurso exclusivo para defesa. Nessa 
situação, a nova lei poderá atingir decisões proferidas 
anteriormente na referida ação penal, em razão do 
princípio da retroatividade da lei mais benéfica.
( ) Certo
( ) Errado
09 . (CESPE / CEBRASPE/2021 - DEPEN) Julgue o 
item a seguir, relativos a direito processual penal.
33
Direito Processual Penal
Para a instauração de inquérito de ação penal 
privada, é imprescindível o requerimento de quem tenha 
qualidade para intentá-la.
( ) Certo
( ) Errado
10. (INSTITUTO AOCP/2021 – PC-PA) Acerca 
das modificações introduzidas pelo chamado “pacote 
anticrime” ao Código de Processo Penal, assinale a 
alternativa correta.
A) Se a vítima, ou seu representante legal, não 
concordar com o arquivamento do inquérito policial, 
poderá, no prazo de trinta dias do recebimento da 
comunicação, submeter a matéria à revisão da instância 
competente do órgão ministerial, conforme dispuser a 
respectiva lei orgânica.
B) O processo penal terá estrutura inquisitória, 
vedadas a iniciativa do juiz na fase instrutória judicial 
e a substituição da atuação probatória do órgão de 
acusação.
C) Em todos os casos em que policiais civis ou 
militares forem investigados, deverão ser citados da 
instauração do procedimento investigatório, podendo 
constituir defensor no prazo de até quarenta e oito horas 
a contar do recebimento da citação.
D) Ordenado o arquivamento do inquérito policial 
ou de quaisquer elementos informativos da mesma 
natureza, o órgão do Ministério Público deverá impor 
sigilo ao procedimento.
E) O inquérito policial terá estrutura acusatória, 
vedadas a iniciativa do juiz na fase de investigação 
e a substituição da atuação probatória do órgão de 
acusação.
GABARITO
01. D
02. D
03. A
04. A
05. E
06. C
07. C
08. ERRADO
09. CERTO
10. A
4. COMPETÊNCIA.
A competência é o critério de distribuição entre os 
vários órgãos do Poder Judiciário das atividades relativos 
ao desempenho da jurisdição.
Todo juiz é dotado do poder de solucionar litígios. 
Em nome do próprio Estado, está dotado de poderes 
para fazer a entrega da prestação jurisdicional. 
Exatamente esse poder de dizer o direito, esse poder de 
solucionar conflitos é a jurisdição. Ora, em sendo assim, 
todo juiz, a partir do momento em que toma posse, se 
reveste de poder jurisdicional. Só que há uma espécie 
de compartimentalização. Esse poder fica mais ou 
menos delimitado. Não pode um juiz de um estado, por 
exemplo, exercitar sua jurisdição noutro estado ou no 
Distrito Federal.
É importante salientar que o poder jurisdicional é 
privativo do ESTADO-JUIZ. Entretanto, em face de uma 
expansão territorial, de determinadas pessoas (ratione 
personae) e de determinas matérias (ratione materiae), 
o exercício desse poder de aplicar o direito (abstrato) 
ao caso concreto sofre limitações, nascendo daí a noção 
de competência jurisdicional. Pode-se, pois, conceituar 
a competência como sendo “o âmbito, legislativamente 
delimitado, dentro no qual o órgão exerce seu Poder 
Jurisdicional.
1. Competência Material
A distribuição da competência é feita, no Brasil, a 
partir da própria Constituição Federal, que a atribui:
a) ao Supremo Tribunal Federal (art. 102); 
b) ao Superior Tribunal de Justiça (art. 105);
c) à Justiça Federal (arts. 108 e 109)
d) às justiças especiais:
- Eleitoral;
- Militar;
- Trabalhista;
e) à justiça estadual.
Competência da Justiça Federal. É definida pela 
própria Constituição da República. Pode ser competência 
ratione personae (art. 109, incisos I, II e VIII) e competência 
ratione materiae (art. 109, incisos III, X e XI). Como se vê, 
Justiça Federal não é justiça especial, é também justiça 
comum, é justiça ordinária, assim como a justiça estadual.
Competência da Justiça Estadual. A ela pertence 
tudo o que não estiver afeto às outras “justiças”. Por 
exceção, o que não for da justiça especial nem da federal, 
a competência será da justiça estadual. Mesmo algumas 
causas, que, por sua natureza, seriam da justiça federal, 
são cometidas pela Constituição da República à justiça 
estadual. É o caso, por exemplo, da ação de acidente do 
trabalho.
Competência da Justiça Militar. A justiça militar 
julga exclusivamente crimes militares.
Existem crimes militares próprios e impróprios. O 
crime militar próprio é aquele que só está previsto no 
Código Penal Militar, e que só poderá ser cometido por 
militar, como aqueles contra a autoridade ou disciplina 
militar ou contra o serviço militar e o dever militar. Já o 
crime militar impróprio está previsto ao mesmo tempo, 
tanto no Código Penal Militar como na legislação penal 
comum, ainda que de forma um pouco diversa (roubo, 
homicídio, estelionato, estupro, etc.) e via de regra, 
poderá ser cometido por civil. A competência da Justiça 
Militar foi estabelecida pelo texto constitucional de 1988. 
A Justiça Castrense divide-se em: Justiça Militar Federal e 
Justiça Militar Estadual. Os servidores militares também 
se dividem em duas categorias: militares federais e 
militares estaduais.
A Justiça Militar Federal tem competência para 
processar e julgar os militares integrantes das Forças 
Armadas, Marinha de Guerra, Exército, Força Aérea 
Brasileira, civis e assemelhados. No Estado democrático 
de Direito, que tem como fundamento a observância de 
uma Constituição estabelecida pela vontade popular por 
34
Direito Processual Penal
meio de uma Assembleia Nacional Constituinte, no caso 
do Brasil um Congresso Constituinte, não existe nenhum 
impedimento para a realização de um julgamento militar 
que tenha como acusado um civil.
As leis militares, Código Penal Militar, Código de 
Processo Penal Militar, Leis Especiais Militares, definem 
as situações em que um civil poderá ser julgado por um 
juiz ou Tribunal Militar. Se um civil praticar um crime de 
furto em local sujeito a administração militar, como por 
exemplo um quartel, poderá responder a uma ação penal 
militar perante a justiça militar federal de 1ª instância.
A Justiça Militar Estadual tem competência para 
processar e julgar os policiais militares e bombeirosmilitares nos crimes militares definidos em lei. Os crimes 
militares estão definidos no Código Penal Militar, CPM, 
e nas Leis Militares Especiais. Deve-se observar, que 
por força de disposição constitucional a Justiça Militar 
Estadual tem competência apenas e tão somente para 
julgar os militares estaduais, que são os integrantes 
das Forças Auxiliares (Polícias Militares e Corpos de 
Bombeiros Militares).
Se um civil praticar um crime de furto em um 
quartel da Polícia Militar do Estado de São Paulo ou 
qualquer outro Estado membro da Federação, este 
será processado e julgado perante a Justiça Comum do 
Estado, com fundamento no Código Penal e Código de 
Processo Penal.
Competência da Justiça Eleitoral. A Justiça Eleitoral 
julga os crimes previstos no Código Eleitoral.
Não temos juízes eleitorais em primeira instância, 
geralmente os juízes estaduais cumulam tal função e, 
por tal motivo, caso exista a interposição de recurso 
contra decisão praticada por este Juiz no exercício da 
competência eleitoral este deverá ser direcionado aos 
Tribunais Regionais Eleitorais, e não aos Tribunais de 
Justiça que estes normalmente estão subordinados.
2. Competência pelo lugar da infração
A competência pelo lugar da infração (competência 
ratione loci), via de regra, é determinada pelo lugar em 
que se consumar o delito, ou, no caso de tentativa, pelo 
lugar em que for praticado o último ato de execução.
Convém ressaltar que: “a competência pelo lugar da 
infração, também chamada de competência de foro ou 
territorial, determina qual será a comarca competente 
para o julgamento do fato criminoso. Esse critério é 
o mais utilizado porque inibe a conduta de todas as 
pessoas que vivem no local e tomaram conhecimento do 
fato e, além disso, possibilita maior agilidade à colheita 
de provas sem que seja necessária a expedição de cartas 
precatórias para oitiva de testemunha, realização de 
perícias, etc..”
Atenção
Nos crimes previstos no art. 171 do Decreto-Lei nº 
2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), quando 
praticados mediante depósito, mediante emissão 
de cheques sem suficiente provisão de fundos em 
poder do sacado ou com o pagamento frustrado ou 
mediante transferência de valores, a competência será 
definida pelo local do domicílio da vítima, e, em caso de 
pluralidade de vítimas, a competência firmar-se-á pela 
prevenção. (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021)
3. Competência pelo domicílio ou residência do 
réu
A competência pelo domicílio ou residência do réu, 
também chamada de foro subsidiário, está disposta no 
artigo 72 do CPP, o qual determina que; “não sendo 
conhecido o lugar da infração, a competência regular-
se-á pelo domicílio ou residência do réu”.
É válido frisar um exemplo, bem ilustrativo, abordado 
por Tourinho Filho, que diz: “suponha-se que um cadáver 
apareça boiando nas águas do Tietê, na comarca de 
Bariri. Foi ele arrastado pela correnteza. Constatou-se 
ter havido homicídio. Das investigações levadas a cabo, 
descobriu-se quem foi o criminoso. Este não soube 
explicar o local do crime. Disse apenas que ocorrera bem 
distante. Nessa hipótese, o processo deve tramitar pelo 
foro do domicílio ou residência do réu”.
Ressalta-se, ainda, que excepcionalmente, nos casos 
de ação penal privada exclusiva, o autor poderá escolher 
o foro de domicílio ou da residência do réu, ainda 
quando conhecido o lugar da infração. É o chamado 
foro alternativo, que não se aplica ao caso de ação penal 
privada subsidiária.
 
4. Competência pela natureza da infração
Uma vez fixada a competência pelo lugar da infração 
ou pelo domicílio ou residência do réu (art. 69, I eII, do 
CPP), será necessário fixar a justiça competente em razão 
da natureza da infração (ratione materiae), melhor ainda, 
em razão da matéria.
Oportuno se torna dizer que: “a jurisdição (justiça) 
pode ser Especial, que se divide em Justiça Militar e 
Justiça Eleitoral; e Comum, que se divide em Justiça 
Federal e Justiça Estadual. A competência pela natureza 
da infração será regulada pelas leis de organização 
judiciária (federal ou estadual), salvo a competência 
privativa do Tribunal do Júri, cuja competência é atribuída 
pela Constituição Federal”.
O Tribunal do Júri tem a competência para julgar os 
crimes dolosos contra a vida, por exemplo, o homicídio 
doloso, o infanticídio, previstos nos arts. 121 e 123 do 
CP.
Em relação à jurisdição especial, a Constituição 
Federal determina que compete à Justiça Eleitoral (art. 
121 da CF), julgar os crimes eleitorais e os seus conexos. 
A Constituição Federal também prevê a competência 
da Justiça Militar (art. 124 da CF), qual seja, processar e 
julgar os crimes militares previstos em lei.
Além do mais, a Constituição Federal também prevê 
a competência da jurisdição comum (federal ou estadual), 
por exemplo, compete à Justiça Federal processar e julgar 
os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, 
ressalvada a competência da Justiça Militar (art. 109, IX, 
da CF).
Finalmente, a Justiça Comum Estadual tem a 
competência residual. Em outras palavras, é competência 
da Justiça Estadual tudo o que não for de competência 
das jurisdições federal e especial.
 
5. Competência por prevenção e distribuição
Através da distribuição (art. 69, IV, do CPP), haverá 
a fixação da competência do juízo quando, houver mais 
de um juiz igualmente competente em uma mesma 
circunscrição judiciária. Outrossim, “se na mesma comarca 
existirem vários juízes igualmente competentes para o 
julgamento do caso, considerar-se-á competente pelo 
35
Direito Processual Penal
A prorrogação da competência é: “a possibilidade 
de substituição da competência de um juízo por outro, 
podendo ser necessária ou voluntária; a necessária 
decorre das hipóteses de conexão (é o nexo, a 
dependência recíproca que as coisas e os fatos guardam 
entre si) e continência (como o próprio nome já diz é 
quando uma causa está contida na outra, não sendo 
possível a cisão); e a voluntária ocorre nos casos de 
incompetência territorial quando não oposta à exceção 
no momento oportuno (caso em que ocorre a preclusão), 
ou nos casos de foro alternativo”. 
A delegação é o ato pelo qual um juiz transfere 
para o outro a atribuição jurisdicional que é sua. Essa 
delegação pode ocorrer de duas formas, interna ou 
externa. A delegação interna ocorre nos casos de juízes 
substitutos e juízes auxiliares do titular do Juízo, melhor 
ainda, é quando um juiz cede a outro a competência 
para praticar atos no processo, inclusive decisórios, cabe 
entendermos que neste caso não há uma modificação 
de competência, mas sim de atribuições. Já a delegação 
externa é utilizada nos casos em que os atos são 
praticados em juízos diferentes, isto é, quando há o uso 
das cartas precatórias, rogatórias e de ordem. 
O desaforamento nada mais é do que o instituto 
privativo dos crimes de competência do Tribunal do Júri. 
Nos casos em que houver necessidade desse instituto, 
o pedido poderá ser proposto pela acusação (MP ou 
querelante, em casos de ação privada subsidiária), por 
representação do juiz, pelo assistente de acusação ou a 
requerimento do acusado e será endereçado ao Tribunal 
de Justiça. Neste sentido, a Súmula 712 do STF diz 
que “é nula a decisão que determina o desaforamento 
de processo da competência do júri sem audiência da 
defesa”.
 
9. Competência absoluta e relativa
Chama-se competência absoluta, visto que as 
competências em razão da matéria e a por prerrogativa 
de função, tem conteúdo de interesse público e, por isso, 
não podem ser prorrogadas e nem modificadas pelas 
partes e o seu reconhecimento, que pode ocorrer em 
qualquer tempo ou grau de jurisdição, gera nulidade 
absoluta do processo.
Para entendermos competência relativa, é 
indispensável uma breve análise da Súmula 706 do STF 
que diz; “é relativa a nulidade decorrente da inobservância 
da competência penal por prevenção”. Outrossim, na 
competência territorial, na qual o que prevalece é o 
interesse privado de uma daspartes, é prorrogável se 
não for alegada no tempo oportuno e é capaz de gerar, 
se comprovado o prejuízo pela parte interessada, apenas 
a nulidade relativa do ato ou de uma fase do processo.
10. Competência por compensação
Quando há mais de um juiz na Comarca, que 
são igualmente capazes de julgar a matéria criminal, 
há a distribuição alternativa entre eles. Porém, 
excepcionalmente, os tribunais e juízos de 1° grau 
alteram o critério de distribuição, deixando de sortear 
em determinados casos, havendo necessidade de 
uma compensação posterior. Ou então, quando um 
magistrado receber mais processos que deveria, será 
realizada uma compensação pelo outro.
critério da prevenção aquele que se adiantar aos demais 
quanto à prática de alguma providência processual 
ou extraprocessual (exemplo: a decretação da prisão 
preventiva, a concessão de fiança, o reconhecimento de 
pessoas ou coisas)”.
 
6. Competência por conexão ou continência
Há conexão (art. 69, V, do CPP) quando duas ou 
mais infrações estão ligadas por um liame, sendo que 
estes crimes devem ser julgados em um só processo em 
virtude da existência desse nexo.
Além disso, “há continência quando uma coisa está 
contida em outra, não sendo possível a separação. No 
processo penal a continência é também uma forma de 
modificação da competência e não de fixação dela”. 
Ademais, ocorrerá a continência (art. 69, V, do CPP) 
quando duas ou mais pessoas são acusadas pelo mesmo 
crime, ou se o comportamento do indivíduo configurar 
concurso formal, aberratio criminis (resultado diverso 
daquele pretendido) com duplo resultado e aberratio 
ictus (erro na execução).
Diante do exposto, nota-se que a continência e a 
conexão são critérios de prorrogação de competência e 
não de fixação. Outrossim, a existência de continência e 
conexão ocasionará a reunião de processos e prorrogação 
da competência. Todavia, segundo a Súmula 235 do STJ 
“a conexão não determina a reunião dos processos, se 
um deles já foi julgado”.
 
7. Competência por prerrogativa de função
Cumpre-nos assinalar que a competência por 
prerrogativa de função (art.69, VII, do CPP) ou 
competência ratione personae (em razão da pessoa) é 
determinada pela função da pessoa, ou melhor, é garantia 
inerente ao cargo ou função. Ademais, a prerrogativa 
surge da relevância do desempenho do cargo pela 
pessoa e devido a isso, não pode ser confundida com 
o privilégio, uma vez que este constitui um benefício 
concedido à pessoa.
Convém enfatizar que a competência pela 
prerrogativa de função referente, por exemplo, ao 
Supremo Tribunal Federal, está prevista na Constituição 
Federal. Vejamos: “Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal 
Federal, precipuamente, a guarda da constituição, 
cabendo-lhe:
I – processar e julgar, originariamente:
(...)
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da 
República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso 
Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral 
da República;
c) nas infrações penais comuns e nos crimes 
de responsabilidade, os Ministros de Estado e os 
Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, 
ressalvado o disposto no artigo 52, I, os membros dos 
Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e 
os chefes de missão diplomática de caráter permanente; 
(...)”.
 
8. Modificações de competência
Pela modificação de competência podemos entender 
que há regras sobre competência material e funcional, 
que por sua vez poderão ser modificadas nas hipóteses 
de prorrogação de foro, delegação (interna ou externa) 
e desaforamento.
36
Direito Processual Penal
11. Competência por suspeição
Nas situações previstas no art. 254 do CPP, em um 
rol não taxativo, há um vício externo que igualmente 
veda a atuação do juiz naquele determinado processo. 
Nessas situações, há presunção relativa de parcialidade 
do juiz (juris tantum), motivo pelo qual ele deve se 
declarar suspeito e, se não o fizer, as partes poderão 
recusá-lo, oferecendo a exceção de suspeição (artigos 
95 e seguintes do CPP).
Funda-se na falta de imparcialidade do julgador e 
tem por objetivo afastar o juiz suspeito, não gerando o 
deslocamento do juízo, mas tão somente o afastamento 
do julgador.
Portanto, o juiz suspeito não é competente a julgar 
tal processo.
Perpetuatio Jurisdictionis
Nos ensina Guilherme Nucci sobre o tema: “Significa 
que, uma vez iniciada a ação penal em determinado 
foro, mesmo que alterada a competência por regra de 
organização judiciária posterior, firma-se a competência 
do juiz prevento”. 
Assim, caso o réu esteja sendo processado em 
determinada Comarca “Y”, que abrange o Município 
“X”, ainda que, futuramente, este Município torne-se 
Comarca autônoma, continua o processo a correr na 
Comarca “Y”. É a aplicação analógica de regra contida no 
Código de Processo Civil. Verifica-se, no entanto, que a 
perpetuatio jurisdictionis não se aplica, quando houver 
alteração da matéria. Assim, imagine-se que o processo 
supramencionado está correndo na Comarca “Y”, em 
Vara de competência cumulativa e não especializada. 
Caso a lei posterior de organização judiciária crie, na 
Comarca “X”, uma Vara privativa, cuidando somente da 
matéria objeto do feito, deve-se proceder à imediata 
remessa do processo para a Vara criada. Tal se dá porque 
a competência territorial é prorrogável e relativa, o que 
não ocorre com a competência em razão da matéria. 
Portanto, criada em determinada Comarca, em outro 
exemplo semelhante, uma Vara privativa do júri, todos 
os feitos que correm nas demais Varas criminais comuns 
serão para a recém-criada Vara remetidos.5
Em seguida, se faz necessária a leitura atenta dos 
dispositivos do Código de Processo Penal pertinentes ao 
tema:
(...)
TÍTULO V
DA COMPETÊNCIA
Art. 69. Determinará a competência jurisdicional:
I - o lugar da infração:
II - o domicílio ou residência do réu;
III - a natureza da infração;
IV - a distribuição;
V - a conexão ou continência;
VI - a prevenção;
VII - a prerrogativa de função.
CAPÍTULO I
DA COMPETÊNCIA PELO LUGAR DA INFRAÇÃO
Art. 70. A competência será, de regra, determinada 
pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de 
tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de 
execução.
5 http://www.guilhermenucci.com.br/dicas/perpetuacao-da-jurisdicao
§ 1º Se, iniciada a execução no território nacional, 
a infração se consumar fora dele, a competência será 
determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no 
Brasil, o último ato de execução.
§ 2º Quando o último ato de execução for praticado 
fora do território nacional, será competente o juiz do lugar 
em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido 
ou devia produzir seu resultado.
§ 3º Quando incerto o limite territorial entre duas 
ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por 
ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de 
duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela 
prevenção.
§ 4º Nos crimes previstos no art. 171 do Decreto-
Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), 
quando praticados mediante depósito, mediante emissão 
de cheques sem suficiente provisão de fundos em poder 
do sacado ou com o pagamento frustrado ou mediante 
transferência de valores, a competência será definida pelo 
local do domicílio da vítima, e, em caso de pluralidade 
de vítimas, a competência firmar-se-á pela prevenção. 
(Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021)
Art. 71. Tratando-se de infração continuada ou 
permanente, praticada em território de duas ou mais 
jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.
CAPÍTULO II
DA COMPETÊNCIA PELO DOMICÍLIO 
OU RESIDÊNCIA DO RÉU
Art. 72. Não sendo conhecido o lugar da infração, a 
competência regular-se-á pelo domicílio ou residência do 
réu.
§ 1º Se o réu tiver mais de uma residência, a 
competência firmar-se-á pela prevenção.
§ 2º Se o réu não tiver residência certa ou for ignorado 
o seu paradeiro, será competente o juiz que primeiro 
tomar conhecimento do fato.
Art. 73. Nos casos de exclusiva açãoprivada, o 
querelante poderá preferir o foro de domicílio ou da 
residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da 
infração.
CAPÍTULO III
DA COMPETÊNCIA PELA NATUREZA DA INFRAÇÃO
Art. 74. A competência pela natureza da infração 
será regulada pelas leis de organização judiciária, salvo a 
competência privativa do Tribunal do Júri.
 § 1º Compete ao Tribunal do Júri o julgamento dos 
crimes previstos nos arts. 121, §§ 1o e 2o, 122, parágrafo 
único, 123, 124, 125, 126 e 127 do Código Penal, 
consumados ou tentados. 
§ 2º Se, iniciado o processo perante um juiz, houver 
desclassificação para infração da competência de outro, 
a este será remetido o processo, salvo se mais graduada 
for a jurisdição do primeiro, que, em tal caso, terá sua 
competência prorrogada.
§ 3º Se o juiz da pronúncia desclassificar a infração para 
outra atribuída à competência de juiz singular, observar-
se-á o disposto no art. 410; mas, se a desclassificação for 
feita pelo próprio Tribunal do Júri, a seu presidente caberá 
proferir a sentença (art. 492, § 2o).
37
Direito Processual Penal
Art. 80. Será facultativa a separação dos processos 
quando as infrações tiverem sido praticadas em 
circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, 
quando pelo excessivo número de acusados e para não 
Ihes prolongar a prisão provisória, ou por outro motivo 
relevante, o juiz reputar conveniente a separação.
Art. 81. Verificada a reunião dos processos por 
conexão ou continência, ainda que no processo da sua 
competência própria venha o juiz ou tribunal a proferir 
sentença absolutória ou que desclassifique a infração para 
outra que não se inclua na sua competência, continuará 
competente em relação aos demais processos.
Parágrafo único. Reconhecida inicialmente ao júri a 
competência por conexão ou continência, o juiz, se vier a 
desclassificar a infração ou impronunciar ou absolver o 
acusado, de maneira que exclua a competência do júri, 
remeterá o processo ao juízo competente.
Art. 82. Se, não obstante a conexão ou continência, 
forem instaurados processos diferentes, a autoridade de 
jurisdição prevalente deverá avocar os processos que 
corram perante os outros juízes, salvo se já estiverem com 
sentença definitiva. Neste caso, a unidade dos processos 
só se dará, ulteriormente, para o efeito de soma ou de 
unificação das penas.
CAPÍTULO VI
DA COMPETÊNCIA POR PREVENÇÃO
Art. 83. Verificar-se-á a competência por prevenção 
toda vez que, concorrendo dois ou mais juízes igualmente 
competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles 
tiver antecedido aos outros na prática de algum ato do 
processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior 
ao oferecimento da denúncia ou da queixa (arts. 70, § 3º, 
71, 72, § 2º, e 78, II, c).
CAPÍTULO VII
DA COMPETÊNCIA PELA PRERROGATIVA 
DE FUNÇÃO
Art. 84. A competência pela prerrogativa de função 
é do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de 
Justiça, dos Tribunais Regionais Federais e Tribunais de 
Justiça dos Estados e do Distrito Federal, relativamente 
às pessoas que devam responder perante eles por crimes 
comuns e de responsabilidade. 
Art. 85. Nos processos por crime contra a honra, em que 
forem querelantes as pessoas que a Constituição sujeita à 
jurisdição do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais de 
Apelação, àquele ou a estes caberá o julgamento, quando 
oposta e admitida a exceção da verdade.
Art. 86. Ao Supremo Tribunal Federal competirá, 
privativamente, processar e julgar:
I - os seus ministros, nos crimes comuns;
II - os ministros de Estado, salvo nos crimes conexos 
com os do Presidente da República;
III - o procurador-geral da República, os 
desembargadores dos Tribunais de Apelação, os ministros 
do Tribunal de Contas e os embaixadores e ministros 
diplomáticos, nos crimes comuns e de responsabilidade.
CAPÍTULO IV
DA COMPETÊNCIA POR DISTRIBUIÇÃO
Art. 75. A precedência da distribuição fixará a 
competência quando, na mesma circunscrição judiciária, 
houver mais de um juiz igualmente competente.
Parágrafo único. A distribuição realizada para o 
efeito da concessão de fiança ou da decretação de prisão 
preventiva ou de qualquer diligência anterior à denúncia 
ou queixa prevenirá a da ação penal.
CAPÍTULO V
DA COMPETÊNCIA POR CONEXÃO 
OU CONTINÊNCIA
Art. 76. A competência será determinada pela 
conexão:
I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem 
sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas 
reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora 
diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas 
contra as outras;
II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas 
para facilitar ou ocultar as outras, ou para conseguir 
impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas;
III - quando a prova de uma infração ou de qualquer 
de suas circunstâncias elementares influir na prova de 
outra infração.
Art. 77. A competência será determinada pela 
continência quando:
I - duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma 
infração;
II - no caso de infração cometida nas condições 
previstas nos arts. 51, § 1o, 53, segunda parte, e 54 do 
Código Penal.
Art. 78. Na determinação da competência por conexão 
ou continência, serão observadas as seguintes regras: 
I - no concurso entre a competência do júri e a de outro 
órgão da jurisdição comum, prevalecerá a competência do 
júri; 
Il - no concurso de jurisdições da mesma categoria: 
a) preponderará a do lugar da infração, à qual for 
cominada a pena mais grave; 
b) prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o 
maior número de infrações, se as respectivas penas forem 
de igual gravidade; 
c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos 
outros casos; 
III - no concurso de jurisdições de diversas categorias, 
predominará a de maior graduação; 
IV - no concurso entre a jurisdição comum e a especial, 
prevalecerá esta. 
Art. 79. A conexão e a continência importarão unidade 
de processo e julgamento, salvo:
I - no concurso entre a jurisdição comum e a militar;
II - no concurso entre a jurisdição comum e a do juízo 
de menores.
§ 1º Cessará, em qualquer caso, a unidade do processo, 
se, em relação a algum corréu, sobrevier o caso previsto 
no art. 152.
§ 2º A unidade do processo não importará a do 
julgamento, se houver corréu foragido que não possa ser 
julgado à revelia, ou ocorrer a hipótese do art. 461.
38
Direito Processual Penal
Art. 87. Competirá, originariamente, aos Tribunais de 
Apelação o julgamento dos governadores ou interventores 
nos Estados ou Territórios, e prefeito do Distrito Federal, 
seus respectivos secretários e chefes de Polícia, juízes de 
instância inferior e órgãos do Ministério Público.
CAPÍTULO VIII
DISPOSIÇÕES ESPECIAIS
Art. 88. No processo por crimes praticados fora do 
território brasileiro, será competente o juízo da Capital do 
Estado onde houver por último residido o acusado. Se este 
nunca tiver residido no Brasil, será competente o juízo da 
Capital da República.
Art. 89. Os crimes cometidos em qualquer embarcação 
nas águas territoriais da República, ou nos rios e lagos 
fronteiriços, bem como a bordo de embarcações nacionais, 
em alto-mar, serão processados e julgados pela justiça do 
primeiro porto brasileiro em que tocar a embarcação, após 
o crime, ou, quando se afastar do País, pela do último em 
que houver tocado.
Art. 90. Os crimes praticados a bordo de aeronave 
nacional, dentro do espaço aéreo correspondente ao 
território brasileiro, ou ao alto-mar, ou a bordo de aeronave 
estrangeira, dentro do espaço aéreo correspondente ao 
território nacional, serão processados e julgados pela 
justiça da comarca em cujo território se verificar o pouso 
após o crime, ou pela da comarca de onde houver partido 
a aeronave.
Art. 91. Quando incerta e não se determinar de 
acordo com as normas estabelecidas nos arts. 89 e 90, a 
competência se firmará pela prevenção. 
QUESTÕES
01. (DPE/AM - Defensor Público – FCC/2018) Em 
matéria de competência, 
(A) a redação dos art. 76, II e 78, I do CPP permite a 
extensão da competênciado Tribunal do Júri a delitos 
conexos ao crime contra a vida e não autoriza concluir 
que o Tribunal do Júri esteja proibido de julgar réu 
acusado de praticar crime conexo na hipótese de não 
ter sido também acusado pela prática do crime doloso 
contra a vida. 
(B) resta configurada a competência do Tribunal do 
Júri federal se as vítimas da tentativa de homicídio são 
policiais militares estaduais no exercício de suas funções 
e a motivação do delito foi evitar a prisão em flagrante 
pela prática de crime da competência federal. 
(C) se não existe conexão entre o crime de porte 
ilegal de arma de fogo e o homicídio, o reconhecimento 
da incompetência do Tribunal do Júri para deliberar 
sobre o primeiro e, por consequência, de nulidade de 
parte da sessão de julgamento, afeta a deliberação do 
Tribunal Popular sobre o delito contra a vida. 
(D) ainda que não haja ligação entre o crime de 
posse irregular de arma de fogo de uso permitido, que 
ocorreu em contexto diverso da investigação relativa aos 
crimes contra a Administração pública apurados, deve-
se reconhecer a conexão pelo princípio da conveniência 
processual. 
(E) a garantia constitucional de vitaliciedade aos 
membros da magistratura lhes assegura o foro por 
prerrogativa mesmo após a aposentadoria. 
02. (CRAISA de Santo André/SP – Advogado - 
CAIP-IMES/2016) Assinale a alternativa INCORRETA. 
Em processo penal a competência jurisdicional será 
determinada pelo (a): 
(A) o local da prisão sendo indiferente o lugar da 
infração.
(B) o domicílio ou residência do réu.
(C) a natureza da infração.
(D) a distribuição.
03. (PC/AC - Agente de Polícia Civil - IBADE/2017) 
A competência será determinada pela conexão:
(A) quando duas ou mais pessoas foram acusadas 
pela mesma infração. 
(B) se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem 
sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas 
reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora 
diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas 
contra as outras. 
(C) nos casos de concurso formal.
(D) nos casos de infração cometida em erro de 
execução ou resultado diverso do pretendido.
(E) nos casos de crime continuado
04. (TJ/MT - Técnico Judiciário - UFMT/2016) 
Considerando o Decreto Lei n.º 3.689, de 3 de outubro 
de 1941, Código de Processo Penal, em relação à 
competência jurisdicional, analise as afirmativas.
I - Sendo conhecido o lugar da infração e o réu tiver 
mais de uma residência, a competência firmar-se-á pela 
conexão.
II - A precedência da distribuição fixará a competência 
quando, na mesma circunscrição judiciária, houver mais 
de um juiz igualmente competente.
III - A competência será determinada pela continência 
quando quatro pessoas forem acusadas pela mesma 
infração.
IV - Compete ao Supremo Tribunal Federal, 
privativamente, processar e julgar os governadores de 
estado por crimes comuns.
Estão corretas as afirmativas 
(A) I, III e IV, apenas. 
(B) III e IV, apenas. 
(C) I, II e IV, apenas. 
(D) II e III, apenas. 
05. (MPE/RJ - Técnico do Ministério Público - 
FGV/2016) Secretaria do Ministério Público recebe 
representação onde se narra a prática de um crime 
comum por imputável em concurso de agentes com 
adolescente, além de um crime militar em conexão 
com o crime comum já mencionado. Diante da conexão 
existente e das regras previstas no Código de Processo 
Penal, é correto afirmar que:
(A) todos os delitos e autores deverão ser julgados 
perante a Justiça Militar; 
(B) todos os delitos e autores deverão ser julgados 
perante a Justiça Estadual comum; 
39
Direito Processual Penal
caso penal. Ou seja, é o ‘thema probandum’ que serve de 
base à imputação penal feita pelo Ministério Público. É a 
verdade dos fatos imputados ao réu com todas as suas 
circunstâncias”.
Na hipótese do Ministério Público imputar à 
determinada pessoa a prática do crime de homicídio, 
este crime caracterizar-se-á como o objeto da prova.
Cabe destacar que há diferença entre objeto da prova 
e objeto de prova. O objeto de prova significa todos os 
fatos ou coisas que necessitam da comprovação de sua 
veridicidade.
Durante um processo, tanto o autor quanto o réu 
irão apresentar argumentos favoráveis à eles, assim 
como acontecimentos que demonstrem a veracidade de 
suas alegações. Ocorrendo isso, os mesmos acabam por 
delimitar o objeto da prova, devendo o julgador ater-se 
à somente estes fatos, visando a economia processual.
Neste contexto, podemos concluir que são as partes 
que definem essencialmente os fatos que deverão ser 
objeto de prova, restando ao juiz, eventualmente, apenas 
completar o rol de provas a produzir, utilizando-se de 
seu poder instrutório, o que determinará somente com a 
finalidade de fazer respeitar o princípio da verdade real.
 
Classificação Da Prova
Existem alguns critérios que classificam a prova, a 
saber:
a) Quanto ao objeto:
- direta: apresenta o fato de forma instantânea, não 
necessitando de nenhuma construção lógica. 
- indireta: afirma uma fato do qual se infira, por 
dedução ou indução, a existência do fato que se busque 
provar. Neste caso, há a necessidade de um processo 
de construção lógica com o intuito de chegar a um 
determinado fato que se quer provar. 
 
b) Quanto ao sujeito ou causa:
- real: é uma prova encontrada em objeto ou coisa 
que possua vestígios de um crime como, por exemplo, 
uma camisa ensanguentada da vítima, etc.
- pessoal: é uma prova surgida da vontade 
consciente humana e que tem como objetivo mostrar a 
veracidade dos fatos asseverados como, por exemplo, o 
testemunho de quem presenciou um crime, um laudo 
pericial assinado por dois peritos, etc.
 
c) Quanto à forma:
- testemunhal: é a prova produzida através de 
declaração subjetiva oral e algumas vezes por escrito 
(art.221, §1º, CPP). Essas provas podem ser produzidas 
por testemunhas, pelo próprio acusado (confissão) ou 
pelo ofendido.
- documental: é a prova originada através de 
documento escrito ou gravação como, por exemplo 
cartas, fotografias autenticadas etc.
- material: é a que consiste em qualquer materialidade 
que sirva de elemento para o convencimento do juiz 
sobre o fato que se está provando.
 
d) Quanto ao valor ou efeito:
- plena (perfeita ou completa): é a prova que é 
capaz de conduzir o julgador à uma absoluta certeza da 
existência de um fato.
- não plena (imperfeita ou incompleta): é a prova 
que apenas conduz à uma probabilidade da ocorrência 
de um evento, não sendo suficiente para a comprovação.
(C) o delito militar, apesar da conexão, será julgado 
na Justiça Militar, enquanto que, em relação ao crime 
comum, o imputável será julgado perante juízo criminal, 
e o adolescente, perante juízo da infância e juventude; 
(D) o delito militar, apesar da conexão, será julgado 
na Justiça Militar, enquanto que, em relação ao crime 
comum, o adolescente e o imputável deverão ser 
julgados no juízo criminal;
(E) em razão da conexão, o delito militar e o imputável, 
em relação ao crime comum, deverão ser julgados 
perante o mesmo juízo criminal, enquanto o adolescente 
será julgado no juízo da infância e juventude.
GABARITO
01. A
02. A
03. B
04. D
05. C 
5. PROVA. 
Prova consiste num conjunto de provas que podem 
ser produzidas pelas partes, pelo juiz ou por terceiros 
(peritos, por exemplo), os quais destinam à convicção 
do magistrado acerca da existência ou não de um fato. 
Assim, trata-se da convicção do juiz sobre os elementos 
essenciais para o decorrer da causa.
Enquanto os elementos informativos são aqueles 
produzidos durante a fase do inquérito policial (em regra, 
já que o inquérito, é dispensável, podendo os elementos 
informativos ser produzidos em qualquer outro meio 
de investigação suficiente a embasar uma acusação), 
a prova deve ser produzida à luz do contraditório e da 
ampla defesa, almejando a consolidação do que antes 
eram meros indícios de autoria e materialidade delitiva, 
e ainda, com a finalidade imediata de auxiliar o juiz a 
formar sua livre convicção.
Vale informar, que não poderá(arts. 402, 403 e 534, todos do CPP).
Observe-se, contudo, que a garantia da ampla 
defesa não significa que esteja o acusado imune às 
consequências processuais decorrentes da ausência 
injustificada a audiências, do descumprimento de 
prazos ou do desatendimento de formas processuais. 
Na verdade, é necessário verificar caso a caso. Por 
exemplo, se não observada pelo defensor do réu a 
regra do art. 479, que contempla o prazo para que 
sejam acostados aos autos documentos ou objetos que 
pretenda exibir em sessão de julgamento pelo júri, a 
consequência será a proibição dessa utilização; se não 
comparecer o defensor à audiência de instrução sem 
motivo justificado, outro poderá ser nomeado para 
acompanhar a solenidade (art. 265, § 2.º); se, ingressado 
por termo nos autos, recurso cuja interposição exige a 
formalidade da petição escrita (v.g., recurso especial, 
recurso extraordinário etc.), muito provavelmente não 
será a insurgência recebida ou conhecida pelo juízo 
VI) Princípio da isonomia processual - As partes, 
em juízo, devem contar com as mesmas oportunidades 
e ser tratadas de forma igualitária. Tal princípio 
constitui-se desdobramento da garantia constitucional 
assegurada no art. 5.º, caput, da Constituição Federal, 
ao dispor que todas as pessoas serão iguais perante a 
lei em direitos e obrigações.
Não obstante o sistema constitucional vigente ser 
proibitivo de discriminações, cabe ressaltar que, em 
determinadas hipóteses, se flexibiliza o princípio da 
igualdade. É o caso do princípio favor rei, segundo o 
qual o interesse do acusado tem prevalência sobre a 
pretensão punitiva estatal, que se encontra cristalizado 
em vários dispositivos do Código de Processo Penal, 
como, por exemplo, no art. 386, VII, estatuindo a 
absolvição do réu por insuficiência de provas, e no 
art. 621, inserindo a possibilidade de o condenado 
promover revisão criminal dos processos findos quando 
condenatória a decisão, possibilidade esta inexistente 
para acusação em relação ao decisum absolutório 
(revisão pro societate, vedada em nosso ordenamento).
E quanto às hipóteses de foro privilegiado, em que 
o foro especial por prerrogativa de função estabelece, 
aparentemente, vantagens ao acusado? Segundo a 
maioria doutrinária, apesar de parecer, à primeira 
vista, que tal estabelecimento confere condições mais 
favoráveis a determinados agentes em prol de outros, 
ferindo, assim, o princípio da igualdade, em verdade 
isto não ocorre porque a finalidade da Constituição 
Federal, ao disciplinar o privilégio de foro, não é 
proteger determinados indivíduos, mas sim a função 
pública ou o cargo ocupado por estes. Entretanto, a 
existência de posição contrária, compreendendo que o 
foro privilegiado importa em desigualdade processual, 
devendo, portanto, ser extinto. Considera-se, nesse 
caso, que, mesmo que a função ou o cargo tenham sido 
os destinatários do legislador no estabelecimento do 
foro privilegiado, o indivíduo que os exerce acaba por 
se beneficiar pessoalmente, ainda que o seja de modo 
reflexo.
VII) Princípio do contraditório – O princípio 
do contraditório apresenta-se como um dos mais 
importantes postulados no sistema acusatório. Trata-se 
do direito assegurado às partes de serem cientificadas 
de todos os atos e fatos havidos no curso do processo, 
podendo manifestar-se a respeito e produzir as provas 
necessárias antes de ser proferida a decisão jurisdicional.
Sob a ótica do réu, guarda este princípio estreita 
relação com a garantia da ampla defesa. Não é por outra 
razão que ambos são assegurados no mesmo dispositivo 
constitucional, qual seja o art. 5.º, LV, dispondo que aos 
litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos 
acusados em geral são assegurados o contraditório e 
ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. 
Entretanto, comparadas essas duas garantias, o 
contraditório possui maior abrangência do que a ampla 
defesa, visto que alcança não apenas o polo defensivo, 
mas também o lado acusatório, na medida em que a 
este também deva ser dada ciência e oportunidade de 
contrariar os atos praticados pela parte ex adversa. Esta 
dupla face do contraditório, aliás, é verificada em vários 
dispositivos do Código de Processo Penal, podendo 
ser citados, como exemplo, o art. 409, ao dispor que, 
no procedimento do júri, apresentada a defesa, o juiz 
4
Direito Processual Penal
competente. Em tais hipóteses, portanto, verifica-se 
que a ampla defesa não socorre o acusado para o fim 
de isentá-lo das consequências advindas de sua inercia 
ou de seu advogado;
IX) Princípio do duplo grau de jurisdição – O 
princípio do duplo grau de jurisdição, que se concretiza 
mediante a interposição de recursos, decorre da 
necessidade de possibilitar a determinados Órgãos do 
Poder Judiciário a revisão de decisões proferidas por 
juízes ou tribunais sujeitos à sua jurisdição. Embora 
inexista previsão expressa deste princípio em seu texto, 
a Constituição Federal incorpora-o de forma implícita, 
ao estabelecer, por exemplo, as regras de competência 
dos órgãos do Poder Judiciário (arts. 102, II e III, e 105, 
II e III).
Sem embargo, cabe ressaltar a existência de 
determinados casos que ressalvam a regra geral do 
duplo grau, por exemplo, as hipóteses de competência 
originária do Supremo Tribunal Federal, previstas no 
art. 102, I, da CF, e as decisões desse mesmo Pretório 
em torno da existência ou inexistência de repercussão 
geral dos temas constitucionais abordados em sede 
recurso extraordinário (art. 102, $ 3, da CF; arts , 543-A e 
543-B do CPC, e art. 326 do Regimento Interno do STF).
Além desses princípios acima destacados, temos 
ainda:
- Princípio do juiz natural: dispõe que “ninguém 
será sentenciado senão pelo juiz competente”. (artigo 5.º, 
inciso LIII, CF).
- Princípio da vedação de provas ilícitas. para entender 
esse princípio precisa-se pensar em direito material e 
direito processual.
-- Quando as provas produzidas violarem as regras 
de direito material teremos as provas ilícitas.
Exemplo: objetos coletados por violação de 
domicílio, ofende ao Código Penal.
-- Quando as provas produzidas violarem as regras 
de direito processual teremos as provas ilegítimas.
Exemplo: oitiva de pessoas que não podem depor, 
ofende ao trazido no artigo 207 do Código de Processo 
Penal.
- Princípio da economia processual: visa buscar maior 
efetividade e produção de atos processuais em menor 
quantidade possível.
- Princípio do impulso oficial. Iniciado o processo, 
contando do recebimento da inicial, o magistrado deve 
ficar responsável para que esse mesmo processo chegue 
ao seu final.
- Princípio da ação, demanda ou iniciativa das partes: 
cabe às partes o exercício do direito de ação em busca 
de um provimento jurisdicional.
- Princípio da imparcialidade: o juiz não pode ter 
vínculos subjetivos com o processo, garantindo que o 
processo e a sentença ocorram por pessoal imparcial as 
partes envolvidas.
- Princípio do promotor natural: trata-se de uma 
extensão do princípio do juiz natural que dispõe que 
“ninguém será processado nem sentenciado senão pela 
autoridade competente”. 
- Princípio do “favor réu” ou princípio do “favor rei”: 
em caso de dúvida, dá-se respaldo ao acusado ( in dubio 
pro reu), entre o direito de punir do Estado e a liberdade 
do imputado, prevalece a liberdade.
- Princípio da inexigibilidade de autoincriminação: 
nenhuma pessoa pode produzir prova contra si mesmo, 
basta pensar no princípio da presunção de inocência e o 
direito ao silêncio.
- Princípio da proporcionalidade: passa por três etapas 
a saber (necessidade, adequação e proporcionalidade 
em sentido estrito).
O que é proporcional não prevê excessos. Aplicável 
em questões ligadas a validade da prova.
- Princípio da autoridade: os órgãos que estão 
encarregados na persecução penal devem ser 
autoridades públicas.1
SISTEMAS DE PROCESSO PENAL
Ao tratar dos sistemas processuais penais, é preciso 
antes passar, de maneira breve, por uma análise das 
perspectivaso juiz, nessa sua livre 
convicção, se fundar exclusivamente nos elementos 
informativos colhidos durante a fase investigatória. Estes 
terão apenas função complementar na formação do 
processo de convencimento do magistrado. Isso significa 
dizer que a prova é, sim, essencial, para se condenar 
alguém. Justamente porque, a ausência de prova é um 
dos motivos que pode levar à absolvição.
A prova está intimamente ligada à demonstração da 
verdade dos fatos, sendo inerente ao desempenho do 
direito de ação e de defesa. É verdadeiro direito subjetivo 
com vertente constitucional para demonstração da 
realidade dos fatos. Já as normas atinentes às provas são 
de natureza processual, tendo aplicação imediata. Se o 
legislador disciplina um novo meio de prova, ou altera 
as normas já existentes, tais alterações terão incidência 
instantânea, abarcando os processos já em curso. Os 
crimes ocorridos antes da vigência da lei poderão ser 
demonstrados pelos novos meios de prova.
De acordo com os ensinamentos de Paulo Rangel: 
“O objeto da prova é a coisa, o fato, o acontecimento que 
deve ser conhecido pelo juiz, a fim de que possa emitir 
um juízo de valor. São os fatos sobre os quais versa o 
40
Direito Processual Penal
Meios de Prova
Meio de prova é todo fato, documento ou alegação 
que possa servir, direta ou indiretamente, à busca 
da verdade real dentro do processo. É o instrumento 
utilizado pelo juiz para formar a sua convicção acerca 
dos fatos alegados pelas partes.
Em outras palavras, meio de prova é tudo aquilo 
que possibilita o convencimento do julgador quanto a 
veracidade dos fatos expostos, estando ou não estes 
meios inseridos em lei.
Os meios de prova podem ser tanto nominados 
quanto inominados. Os primeiros são estabelecidos 
através da lei e os últimos são moralmente legítimos. 
Como exemplo de meios de prova, existe a perícia no 
local em que ocorreu o delito (art.169, CPP), a confissão 
do réu (art.197, CPP) e o depoimento do ofendido 
(art.201, CPP).
Sob o Princípio da Verdade Real, as investigações 
devem ser feitas de forma ampla, ou seja, não havendo 
restrições quanto aos meios de provas, salvo nos casos 
previstos no parágrafo único do art.155, CPP: “Somente 
quanto ao estado das pessoas serão observadas as 
restrições estabelecidas na lei civil”.
 
“Prova cautelar”, “prova não repetível”, e “prova 
antecipada”. 
A parte final, do caput do art. 155, CPP, se refere a 
estas três provas, produzidas em regra ainda durante a 
fase inquisitória, as quais poderia o juiz se utilizar para 
formar sua convicção. Embora exista posicionamento que 
clama pela sinonímia das expressões, há se distingui-las.
A “prova cautelar” é aquela em que existe risco 
de desaparecimento do objeto da prova, em razão do 
decurso do tempo, motivo pelo qual o que se pretende 
provar deve ser perpetuado. O contraditório, aqui, é 
diferido, postergado.
A “prova não repetível” é aquela que não tem como ser 
produzida novamente, em virtude do desaparecimento 
da fonte probatória, como o caso de um exame pericial 
por lesão corporal, cujos sinais de violência podem 
desaparecer com o tempo. O contraditório, aqui, é 
diferido, postergado.
A “prova antecipada”, por fim, é aquela produzida 
com observância do contraditório real (ou seja, o 
contraditório não é diferido como nas duas hipóteses 
anteriores), perante a autoridade judicial, mas em 
momento processual distinto daquele previamente 
previsto pela lei (podendo sê-lo até mesmo antes do 
processo). O melhor exemplo é a oitiva da testemunha 
para perpetuar a memória da prova, disposta no art. 225, 
da Lei Processual Penal.
 
Fatos que não precisam ser provados. 
São eles:
A) Fatos notórios. É o caso da chamada “verdade 
sabida” (ex.: não se precisa provar que dia vinte e cinco 
de dezembro é Natal, conforme o calendário cristão 
ocidental);
B) Fatos axiomáticos, intuitivos. São aqueles evidentes 
(ex.: “X” é atingido e despedaçado por um trem. Não será 
preciso um exame para se apurar que a causa da morte 
foi o choque com o trem);
C) Presunções legais. São aquelas decorrentes da 
lei, valendo lembrar que, em se tratando de presunção 
relativa, contudo, admitir-se-á prova em contrário;
D) Fatos desnecessários ao deslindes da lide. São os 
“fatos inúteis” (ex.: “X” morreu de envenenamento por 
comida. Pouco importa saber se a carne estava bem ou 
mal passada);
E) O direito, como regra. O direito não precisa ser 
provado, salvo em se tratando de direito estadual, 
municipal, costumeiro, ou estrangeiro, se assim o 
requerer o juiz.
Posto isto, fazendo uma análise em sentido 
contrário, fatos que não sejam notórios, que não sejam 
axiomáticos, que não sejam desnecessários, que não 
sejam presunções legais, e que não digam respeito, 
como regra, necessitam ser provados.
 
“Prova nominada”, “prova inominada”, “prova 
típica”, “prova atípica”, e “prova irritual”. 
A “prova nominada” é aquela cujo “nomen juris” 
consta da lei (ex.: prova pericial).
A “prova inominada” é aquela cujo “nomen juris” não 
consta da lei, mas que é admitida por força do “Princípio 
da Liberdade Probatória”.
A “prova típica” é aquela cujo procedimento 
probatório está previsto na lei.
A “prova atípica” é aquela cujo procedimento não 
está previsto em lei.
A “prova irritual” é aquela colhida sem a observância 
de modelo previsto em lei. Trata-se de prova ilegítima.
 
Princípios relacionados à prova penal. 
São eles, além do Princípio da Liberdade Probatória, 
já mencionado anteriormente, em um rol exemplificativo:
A) Princípio da presunção de inocência (ou princípio da 
presunção de não-culpabilidade). Todos são considerados 
inocentes, até que se prove o contrário por sentença 
condenatória transitada em julgado;
B) Princípio da não autoincriminação. Ninguém é 
obrigado a produzir prova contra si mesmo. É por isso 
que o acusado pode mentir, pode distorcer os fatos, 
pode ser manter em silêncio, e tem direito à consulta 
prévia e reservada com seu advogado, como exemplos;
C) Princípio da inadmissibilidade das provas obtidas 
por meios ilícitos. São inadmissíveis no processo as 
provas obtidas de modo ilícito, assim entendidas aquelas 
obtidas em violação às normas constitucionais. Ou seja, 
o direito à prova não pode se sobrepor aos direitos 
fundamentalmente consagrados na Constituição Federal.
 
“Prova ilícita” é o mesmo que “prova ilegítima”? 
Há quem diga que se tratam de expressões sinônimas. 
Contudo, o entendimento prevalente é o de que, apesar 
de espécies do gênero “provas ilegais”, “prova ilícita” 
é aquela violadora de alguma norma constitucional 
(ex.: a prova obtida não respeitou a inviolabilidade de 
domicílio assegurada pela Constituição), enquanto a 
“prova ilegítima” é aquela violadora dos procedimentos 
previstos para sua realização (tais procedimentos são 
aqueles regularmente previstos no Código de Processo 
Penal e legislação especial).
Qual será a consequência da prova ilícita/ilegítima? 
Sua consequência primeira é o desentranhamento dos 
autos, devendo esta ser inutilizada por decisão judicial 
(devendo as partes acompanhar o incidente). Agora, 
uma consequência reflexa é que as provas derivadas das 
ilícitas, pela “Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada”, 
importada do direito norte-americano, também 
41
Direito Processual Penal
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, 
a produção antecipada de provas consideradas urgentes 
e relevantes, observando a necessidade, adequação e 
proporcionalidade da medida; 
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de 
proferir sentença, a realização de diligências para dirimir 
dúvida sobre ponto relevante. 
Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas 
do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas 
em violação a normas constitucionais ou legais. 
§ 1o São também inadmissíveis as provas derivadas 
das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de 
causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas 
puderem ser obtidas por uma fonte independentedas 
primeiras. 
§ 2o Considera-se fonte independente aquela que por 
si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios 
da investigação ou instrução criminal, seria capaz de 
conduzir ao fato objeto da prova. 
§ 3o Preclusa a decisão de desentranhamento da prova 
declarada inadmissível, esta será inutilizada por decisão 
judicial, facultado às partes acompanhar o incidente.
§ 4° (VETADO)
§ 5º O juiz que conhecer do conteúdo da prova 
declarada inadmissível não poderá proferir a sentença ou 
acórdão. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
 
Exame de Corpo de Delito e Perícias em Geral.
 
O corpo de delito é, em essência, o próprio fato 
criminal, sobre cuja análise é realizada a perícia criminal a 
fim de determinar fatores como autoria, temporalidade, 
extensão de danos, etc., através do exame de corpo de 
delito.
Quando a infração deixar vestígios (o chamado 
“delito não transeunte”), o exame de corpo de delito se 
torna indispensável, não podendo supri-lo a confissão 
do acusado. Vale lembrar, contudo, que não sendo 
possível o exame de corpo de delito, por haverem 
desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá 
suprir-lhe a falta (art. 167, CPP).
Muitos confundem o “corpo de delito” com o “exame 
de corpo de delito”. Explico. Dá-se o nome de “corpo 
de delito” ao local do crime com todos os vestígios 
materiais deixados pela infração penal. Trata-se dos 
elementos corpóreos sensíveis aos sentidos humanos, 
ou seja, aquilo que se pode ver, tocar, etc. Contudo, 
“corpo”, não diz respeito apenas a um ser humano sem 
vida, mas a tudo que possa estar envolvido com o delito, 
como um fio de cabelo, uma mancha, uma planta, uma 
janela quebrada, uma porta arrombada etc. Em outras 
palavras, “corpo de delito” é o local do crime com todos 
os seus vestígios; “exame de corpo de delito” é o laudo 
técnico que os peritos fazem nesse determinado local, 
analisando-se todos os referidos vestígios.
Em segundo lugar, logo ao tratar deste meio de 
prova espécie, fica claro que a confissão do acusado, 
antes considerada a “rainha das provas”, hoje não mais 
possui esse “status”, haja vista uma ampla gama de vícios 
que podem maculá-la, como a coação e a assunção de 
culpa meramente para livrar alguém de um processo-
crime.
 
serão inadmissíveis, salvo se existirem como fonte 
independente, graças à “Teoria da Fonte Independente” 
(considera-se fonte independente aquela prova que, por 
si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios 
da investigação ou instrução criminal, seria capaz de 
conduzir ao fato objeto da prova).
 
Ônus da prova. 
De acordo com o art. 156, caput, do Código de 
Processo Penal, a prova da alegação incumbirá a quem 
o fizer, embora isso não obste que o juiz, de ofício, 
ordene, mesmo antes de iniciada a ação penal, a 
produção antecipada de provas consideradas urgentes 
e relevantes, observando a necessidade, adequação e 
proporcionalidade da medida (inciso I), ou determine, 
no curso da instrução ou antes de proferir sentença, a 
realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto 
relevante (inciso II). Esse poder de atuação do juiz é 
também conhecido por “gestão da prova” (por ser o juiz, 
naturalmente, um “gestor da prova”).
 
Prova emprestada. É aquela produzida em um 
processo e transportada documentalmente para outro. 
Apesar da valia positiva acentuada que lhe deve ser 
atribuída, a prova emprestada não pode virar mera 
medida de comodidade às partes, afinal, como regra, 
cada fato apurado numa lide depende de sua própria 
prova.
Contudo, podem acontecer casos em que um 
determinado fato já não possa mais ser apurado nos 
autos, embora o tenha sido devidamente em outros 
autos, caso em que a prova emprestada pode se revelar 
um eficaz aliado na busca pela verdade real.
Vale lembrar, contudo, que a prova emprestada não 
vem aos autos com o “contraditório montado” do outro 
processo, isto é, no processo recebedor terão as partes 
a oportunidade de questionar a própria validade desta 
bem como de tentar desqualificá-la.
Não se pode, ainda, dizer que a prova emprestada, 
por ser emprestada, valha “mais” ou “menos” que outra 
prova. Não há mais, como já dito, “tarifação de provas”. A 
importância de uma prova será aferida casuisticamente. 
Assim, em que pese o respeito a entendimento 
minoritário neste sentido, não parece ser o melhor 
argumento defender que a prova emprestada, por si só, 
não pode ser suficiente para condenar alguém.
 
TÍTULO VII
DA PROVA
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre 
apreciação da prova produzida em contraditório judicial, 
não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente 
nos elementos informativos colhidos na investigação, 
ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e 
antecipadas. 
Parágrafo único. Somente quanto ao estado das 
pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na 
lei civil. 
 
Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a 
fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: 
42
Direito Processual Penal
Corpo de delito direto e indireto. 
a) Corpo de delito direto: Conjunto de vestígios 
deixados pelo fato criminoso. São os elementos 
materiais, perceptíveis pelos nossos sentidos, resultante 
da infração penal. Esses elementos sensíveis, objetivos, 
devem ser objetos de prova, obtida pelos meios que 
o direito fornece. Os técnicos dirão da sua natureza, 
estabelecerão o nexo entre eles e o ato ou omissão, 
pelo qual se incrimina o acusado. O corpo de delito deve 
realizar-se o mais rapidamente possível, logo que se 
tenha conhecimento da existência do fato.
O perito dará atenção a todos os elementos, que se 
vinculem ao fato principal, sobretudo o que possa influir 
na aplicação da pena.
b) Corpo de delito indireto: Quando o corpo de delito 
se torna impossível, admite-se a prova testemunhal, 
por haverem desaparecido os elementos materiais. Essa 
substituição do exame objetivo pela prova testemunhal, 
subjetiva, é indevida, pois não há corpo, embora haja 
o delito. Cabe ressaltar que o exame indireto somente 
deve ser realizado caso não seja possível à realização do 
exame direto.
Segundo legislação específica, o exame de corpo 
de delito poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer 
hora.
 
Perícia Criminal
A perícia criminal é uma atividade técnico-científica 
prevista no Código de Processo Penal, indispensável 
para elucidação de crimes quando houver vestígios. 
A atividade é realizada por meio da ciência forense, 
responsável por auxiliar na produção do exame pericial 
e na interpretação correta de vestígios. Os peritos 
desenvolvem suas atribuições no atendimento das 
requisições de perícias provenientes de delegados, 
procuradores e juízes inerentes a inquéritos policiais e 
a processos penais. A perícia criminal, ou criminalística, 
é baseada nas seguintes ciências forenses: química, 
biologia, geologia, engenharia, física, medicina, 
toxicologia, odontologia, documentoscopia, entre 
outras, as quais estão em constante evolução.
A perícia requisitada pela Autoridade Policial, 
Ministério Público e Judiciário, é a base decisória que 
direciona a investigação policial e o processo criminal. 
Como já mencionado, a prova pericial é indispensável 
nos crimes que deixam vestígio, não podendo ser 
dispensada sequer quando o criminoso confessa a 
prática do delito. A perícia é uma modalidade de prova 
que requer conhecimentos especializados para a sua 
produção, relativamente à pessoa física, viva ou morta, 
implicando na apreciação, interpretação e descrição 
escrita de fatos ou de circunstâncias, de presumível ou 
de evidente interesse judiciário.
O conjunto dos elementos materiais relacionados 
com a infração penal, devidamente estudados por 
profissionais especializados, permite provar a ocorrência 
de um crime, determinando de que forma este ocorreu 
e, quando possível e necessário, identificando todas 
as partes envolvidas, tais como a vítima, o criminoso e 
outras pessoas que possam de alguma forma ter relaçãocom o crime, assim como o meio pelo qual se perpetrou 
o crime, com a determinação do tipo de ferramenta 
ou arma utilizada no delito. Apesar de o laudo pericial 
não ser a única prova, e entre as provas não haver 
hierarquia, ocorre que, na prática, a prova pericial acaba 
tendo prevalência sobre as demais. Isto se dá pela 
imparcialidade e objetividade da prova técnico-científica 
enquanto que as chamadas provas subjetivas dependam 
do testemunho ou interpretação de pessoas, podendo 
ocorrer uma série de erros, desde a simples falta de 
capacidade da pessoa em relatar determinado fato, até 
o emprego de má-fé, onde exista a intenção de distorcer 
os fatos.
 
Perito 
Com relação aos peritos importante trazer ao estudo 
o que prevê o Código de Processo Penal em seu artigo 159, 
vejamos: “O exame de corpo de delito e outras perícias 
serão realizados por perito oficial, portador de diploma 
de curso superior”. Na falta de perito oficial, o exame 
será realizado por duas pessoas idôneas, portadoras de 
diploma de curso superior preferencialmente na área 
especifica, dentre as que tiveram habilitação técnica 
relacionada com a natureza do exame. Estes prestarão 
o compromisso de e finalmente desempenhar o cargo.
Durante o curso de processo judicial, é permitido 
às partes, quanto à perícia: requer a oitiva dos peritos 
para esclarecerem a prova ou responder a quesitos, 
desde que o mandado de intimação e os quesitos ou 
questões a serem esclarecidos sejam encaminhados 
com antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo 
apresentar as respostas em laudo complementar. 
A atuação do perito far-se-á em qualquer fase do 
processo ou mesmo após a sentença, em situações 
especiais. Sua função não termina com a reprodução de 
sua análise, mas se continua além dessa apreciação, por 
meio do juízo de valor sobre os fatos, o que se torna o 
diferencial da função de testemunha. Ou seja, a diferença 
entre testemunha e perito é que a primeira é solicitada 
porque já tem conhecimento do fato e o segundo para 
que conheça e explique os fundamentos da questão 
discutida, por meio de uma análise técnica científica.
A autoridade que preside o inquérito poderá 
nomear, nas causas criminais, dois peritos. Em se 
tratando de peritos não oficiais, assinarão estes um 
termo de compromisso cuja aceitação é obrigatória 
com um “compromisso formal de bem e fielmente 
desempenharem a sua missão, declarando como 
verdadeiro o que encontrarem e descobrirem e o que 
em suas consciências entenderam”. 
Os peritos terão um prazo máximo de 10 (dez) dias 
para elaboração do laudo pericial, podendo este prazo 
ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento 
dos peritos, conforme dispõe o parágrafo único do artigo 
160 do Código de Processo Penal. Apenas em casos de 
suspeição comprovada ou de impedimento previsto em 
lei é que se eximem os peritos da aceitação. 
Atividades Desenvolvidas
As atividades desenvolvidas pelos peritos são de 
grande complexidade e de natureza especializada, tendo 
por objeto executar com exclusividade os exames de 
corpo de delito e todas as perícias criminais necessárias 
à instrução processual penal, nos termos das normas 
constitucionais e legais em vigor, exercendo suas 
atribuições nos setores periciais de: Acidentes de Trânsito, 
Auditoria Forense, Balística Forense, Documentoscopia, 
Engenharia Legal, Perícias Especiais, Fonética Forense, 
Identificação Veicular, Informática, Local de Crime Contra 
43
Direito Processual Penal
possível, todas as lesões externas e vestígios deixados no 
local do crime (art. 164, CPP). Para representar as lesões 
encontradas no cadáver, os peritos, quando possível, 
juntarão ao laudo do exame provas fotográficas, 
esquemas ou desenhos, todos devidamente rubricados 
(art. 165, CPP);
 
Crimes cometidos com destruição/rompimento 
de obstáculo à subtração da coisa. 
Nos crimes cometidos com destruição ou 
rompimento de obstáculo a subtração da coisa, ou 
por meio de escalada, os peritos, além de descrever 
os vestígios, indicarão com que instrumentos, por 
quais meios e em que época presumem ter sido o fato 
praticado (art. 171, CPP);
 
Material guardado em laboratório para nova 
perícia. 
Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão 
material suficiente para a eventualidade de nova 
perícia. Ademais, sempre que conveniente, os laudos 
serão ilustrados com provas fotográficas, provas 
microfotográficas, desenhos ou esquemas (art. 170, CPP);
 
Incêndio. 
No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa 
e o lugar em que houver começado, o perigo que dele 
tiver resultado para a vida ou para o patrimônio alheio, a 
extensão do dano e o seu valor e as demais circunstâncias 
que interessarem à elucidação do fato (art. 173, CPP);
 
Exame para reconhecimento de escritos. 
Deve-se observar, de acordo com o art. 174, da Lei 
Adjetiva, o seguinte: a pessoa a quem se atribua ou se 
possa atribuir o escrito será intimada para o ato (se for 
encontrada) (inciso I); para a comparação, poderão servir 
quaisquer documentos que a dita pessoa reconhecer ou 
já tiverem sido judicialmente reconhecidos como de seu 
punho, ou sobre cuja autenticidade não houver dúvida 
(inciso II); a autoridade, quando necessário, requisitará, 
para o exame, os documentos que existirem em arquivos 
ou estabelecimentos públicos, ou nestes realizará a 
diligência, se daí não puderem ser retirados (inciso III); 
quando não houver escritos para a comparação ou forem 
insuficientes os exibidos, a autoridade mandará que a 
pessoa escreva o que lhe for ditado, valendo lembrar 
que, se estiver ausente a pessoa, mas em lugar certo, 
esta última diligência poderá ser feita por precatória, 
em que se consignarão as palavras que a pessoa será 
intimada a escrever (inciso IV);
Importante, ressaltar, que o juiz não fica adstrito ao 
laudo, podendo rejeitá-lo no todo ou em parte (art. 182, 
CPP).
Cadeia de Custódia
Segundo Geraldo Prado, a cadeia de custódia repre-
senta justamente o importante “dispositivo que pretende 
assegurar a integridade dos elementos probatórios”. Tra-
ta-se de mecanismo fundamental à regular utilização 
de uma evidencia em juízo, garantindo-se a respectiva 
“história cronológica” ou “rastreabilidade probatória” e, 
por consequência, a sua autenticidade e confiabilidade. 
Revela, no fundo, uma preocupação com “o controle da 
decisão judicial em um Estado democrático de direito” 
por meio de sistemas de controles epistêmicos. 
a Pessoa, Local de Crime Contra o Patrimônio, Meio 
Ambiente, Multimídia, Papiloscopia, dentre outros. A 
função mais relevante do Perito Criminal é a busca da 
verdade material com base exclusivamente na técnica. 
Não cabe ao Perito Criminal acusar ou suspeitar, mas 
apenas examinar os fatos e elucidá-los. Desventrar todos 
os aspectos inerentes aos elementos investigados, do 
ponto exclusivamente técnico.
Responsabilidades Civil e Penal do Perito
Aos peritos oficiais ou inoficiais são exigidas 
obrigações de ordem legal e a ilicitude de suas 
atividades caracteriza-se como violação a um dever 
jurídico, algumas delas com possíveis repercussões a 
danos causados a terceiros. Em tese, pode-se dizer que 
os peritos na área civil são considerados auxiliares da 
justiça, enquanto na perícia criminal são os servidores 
públicos. Quanto ao fiel cumprimento do dever de ofício, 
os primeiros prestam compromissos a cada vez que são 
designados pelo juiz e, os segundos, o compromisso 
está implícito com a posse no cargo público, a não ser 
nos casos dos chamados peritos nomeados ad hoc.
Laudo pericial. 
O laudo pericial será elaborado no prazo máximo 
de dez dias, podendo este prazo ser prorrogado em 
casos excepcionais a requerimento dos peritos. No 
laudo pericial, os peritos descreverão minuciosamente o 
que examinarem, e responderão aos eventuais quesitos 
formulados. Tratando-se de perícia complexa, isto é, 
aquela que abranja mais de uma área de conhecimento 
especializado, será possível designar a atuação de mais 
de um perito oficial,bem como à parte será facultada a 
indicação de mais de um assistente técnico;
 
Autópsia. 
A autópsia será feita no cadáver pelo menos seis 
horas após o óbito, salvo se os peritos, pela evidência 
dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes 
daquele prazo, o que deverão declarar no auto (art. 
162, caput, CPP). No caso de morte violenta, bastará 
o simples exame externo do cadáver, quando não 
houver infração penal que apurar ou quando as lesões 
externas permitirem precisar a causa da morte e não 
houver necessidade de exame interno para a verificação 
de alguma circunstância relevante (art. 162, parágrafo 
único, CPP);
 
Exumação de cadáver. 
Em caso de exumação de cadáver, a autoridade 
providenciará que, em dia e hora previamente 
marcados, se realize a diligência, da qual se lavrará auto 
circunstanciado (art. 163, caput, CPP). Neste caso, o 
administrador do cemitério público/particular indicará o 
lugar da sepultura, sob pena de desobediência. Agora, 
havendo dúvida sobre a identidade do cadáver exumado, 
se procederá ao reconhecimento pelo Instituto de 
Identificação e Estatística ou repartição congênere ou 
pela inquirição de testemunhas, lavrando-se auto de 
reconhecimento e de identidade, no qual se descreverá o 
cadáver, com todos os sinais e indicações (art. 166, CPP);
 
Fotografia dos cadáveres. 
Os cadáveres serão sempre fotografados na posição 
em que forem encontrados, bem como, na medida do 
44
Direito Processual Penal
A cadeia de custódia foi definida no citado projeto 
de lei como “o conjunto de todos os procedimentos uti-
lizados para manter e documentar a história cronológica 
do vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes, 
para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu reco-
nhecimento até o descarte” (art. 158-A, caput, do CPP). 
Conforme Badaró, embora normalmente relaciona-
da à prova científica e, mais especificamente, à perícia de 
laboratório, sua aplicação deve ser entendida de forma 
mais ampla, abarcando qualquer fonte de prova de na-
tureza real. Não se limita, portanto, às coisas “materiais” 
(ex.: uma faca ou um fragmento de munição). Também 
necessária a observância da cadeia de custódia em face 
de “elementos ‘imateriais’ registrados eletronicamente, 
como o conteúdo de conversas telefônicas, ou de trans-
missão de e-mail, mensagens de voz, fotografias digitais, 
filmes armazenados na internet etc”. 
O seu início, em regra, segundo o projeto, decorrerá 
da preservação do local de crime. Poderá, no entanto, 
estabelecer-se a partir de outros procedimentos policiais 
ou periciais de detecção da existência de vestígio (art. 
158-A, § 1º, do CPP). Em ambas as hipóteses, no entan-
to, o agente público que reconhecer um elemento como 
sendo de interesse potencial à produção da prova peri-
cial ficará responsável por sua preservação (art. 158-A, § 
2º, do CPP).
Nesse sentido, importante destacar que o respeito 
à cadeia de custódia não é atividade exclusiva da perí-
cia; muito pelo contrário, incumbe a todas as agências 
do sistema de justiça criminal. Abrange todos os “atores 
responsáveis pela sua preservação, integridade, idonei-
dade e valoração”, o que se inicia na fase de investigação 
preliminar porém se estende até o processo criminal, na 
medida em que alcança “todo o caminho percorrido pela 
prova”.
Assim, “qualquer policial, seja ele civil ou militar, que 
for receptor de algum objeto material que possa estar 
relacionado a alguma ocorrência, deve também – já no 
seu recebimento ou achado – proceder com os cuidados 
da aplicação da cadeia de custódia. E essas preocupa-
ções vão além da polícia e da perícia, estendendo-se aos 
momentos de trâmites desses objetos da fase do pro-
cesso criminal, tanto no ministério público quando na 
própria justiça”. 
Segundo o projeto em questão, o Código passaria 
a estabelecer as seguintes fases da cadeia de custódia 
enquanto procedimento de rastreio de vestígios (art. 
158-B):
“I – reconhecimento: ato de distinguir um elemento 
como de potencial interesse para a produção da prova pe-
ricial;
II – isolamento: ato de evitar que se altere o estado 
das coisas, devendo isolar e preservar o ambiente imedia-
to, mediato e relacionado aos vestígios e local de crime;
III – fixação: descrição detalhada do vestígio conforme 
se encontra no local de crime ou no corpo de delito, e 
a sua posição na área de exames, podendo ser ilustrada 
por fotografias, filmagens ou croqui, sendo indispensável 
a sua descrição no laudo pericial produzido pelo perito 
responsável pelo atendimento;
IV – coleta: ato de recolher o vestígio que será sub-
metido à análise pericial, respeitando suas características 
e natureza;
V – acondicionamento: procedimento por meio do 
qual cada vestígio coletado é embalado de forma indi-
vidualizada, de acordo com suas características físicas, 
químicas e biológicas, para posterior análise, com anota-
ção da data, hora e nome de quem realizou a coleta e o 
acondicionamento;
VI – transporte: ato de transferir o vestígio de um local 
para o outro, utilizando as condições adequadas (embala-
gens, veículos, temperatura, entre outras), de modo a ga-
rantir a manutenção de suas características originais, bem 
como o controle de sua posse;
VII – recebimento: ato formal de transferência da pos-
se do vestígio, que deve ser documentado com, no míni-
mo, informações referentes ao número de procedimento e 
unidade de polícia judiciária relacionada, local de origem, 
nome de quem transportou o vestígio, código de rastrea-
mento, natureza do exame, tipo do vestígio, protocolo, as-
sinatura e identificação de quem o recebeu;
VIII – processamento: exame pericial em si, manipu-
lação do vestígio de acordo com a metodologia adequada 
às suas características biológicas, físicas e químicas, a fim 
de se obter o resultado desejado, que deverá ser formali-
zado em laudo produzido por perito;
IX – armazenamento: procedimento referente à guar-
da, em condições adequadas, do material a ser processa-
do, guardado para realização de contraperícia, descarta-
do ou transportado, com vinculação ao número do laudo 
correspondente;
X - descarte: procedimento referente à liberação do 
vestígio, respeitando a legislação vigente e, quando perti-
nente, mediante autorização judicial”.
A lei estabelece, de modo expresso, que a coleta de 
vestígios deverá ser realizada preferencialmente por pe-
rito oficial, bem como o seu necessário encaminhamento 
à central de custódia, mesmo quando necessário algum 
exame complementar (art. 158-C, caput, do CPP).
Frise-se que todos os vestígios coletados, tanto em 
sede de inquérito policial quanto de processo penal, 
deverão obrigatoriamente ser remetidos à central de 
custódia (art. 158-C, § 1º, do CPP), existente necessaria-
mente em cada instituto de criminalística e com gestão 
vinculada diretamente ao órgão de perícia oficial de na-
tureza criminal (art. 158-E do CPP).
Se não houver espaço ou condições de armazena-
mento de certo material na central de custódia, incumbi-
rá à autoridade policial ou judiciária determinar as con-
dições de depósito do referido material em local diverso, 
mediante requerimento do diretor do órgão central de 
perícia oficial de natureza criminal (art. 158-F, § único, 
do CPP).
Por óbvio, em cada uma das etapas da cadeia de 
custódia deverão ser observadas as regras técnicas perti-
nentes, empregados os materiais necessários à preserva-
ção da regularidade do vestígio em questão, bem como 
adotados os protocolos exigidos de segurança (art. 158-
D do CPP).6
 
CAPÍTULO II
DO EXAME DE CORPO DE DELITO, DA CADEIA DE
CUSTÓDIA E DAS PERÍCIAS EM GERAL
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
 
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será 
indispensável o exame de corpo de delito, direto ou 
indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
6 Fonte: www.conjur.com.br – Leonardo Machado
45
Direito Processual Penal
origem, nome de quem transportou o vestígio, código 
de rastreamento, natureza do exame, tipo do vestígio,protocolo, assinatura e identificação de quem o recebeu; 
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
VIII - processamento: exame pericial em si, 
manipulação do vestígio de acordo com a metodologia 
adequada às suas características biológicas, físicas e 
químicas, a fim de se obter o resultado desejado, que 
deverá ser formalizado em laudo produzido por perito; 
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
IX - armazenamento: procedimento referente à 
guarda, em condições adequadas, do material a ser 
processado, guardado para realização de contraperícia, 
descartado ou transportado, com vinculação ao número 
do laudo correspondente; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019)
X - descarte: procedimento referente à liberação 
do vestígio, respeitando a legislação vigente e, quando 
pertinente, mediante autorização judicial. (Incluído pela 
Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 158-C. A coleta dos vestígios deverá ser 
realizada preferencialmente por perito oficial, que dará o 
encaminhamento necessário para a central de custódia, 
mesmo quando for necessária a realização de exames 
complementares. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º Todos vestígios coletados no decurso do inquérito 
ou processo devem ser tratados como descrito nesta Lei, 
ficando órgão central de perícia oficial de natureza criminal 
responsável por detalhar a forma do seu cumprimento. 
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º É proibida a entrada em locais isolados bem 
como a remoção de quaisquer vestígios de locais de 
crime antes da liberação por parte do perito responsável, 
sendo tipificada como fraude processual a sua realização. 
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 158-D. O recipiente para acondicionamento do 
vestígio será determinado pela natureza do material. 
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º Todos os recipientes deverão ser selados com 
lacres, com numeração individualizada, de forma a 
garantir a inviolabilidade e a idoneidade do vestígio 
durante o transporte. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º O recipiente deverá individualizar o vestígio, 
preservar suas características, impedir contaminação e 
vazamento, ter grau de resistência adequado e espaço 
para registro de informações sobre seu conteúdo. (Incluído 
pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 3º O recipiente só poderá ser aberto pelo perito 
que vai proceder à análise e, motivadamente, por pessoa 
autorizada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 4º Após cada rompimento de lacre, deve se fazer 
constar na ficha de acompanhamento de vestígio o nome 
e a matrícula do responsável, a data, o local, a finalidade, 
bem como as informações referentes ao novo lacre 
utilizado. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 5º O lacre rompido deverá ser acondicionado no 
interior do novo recipiente. (Incluído pela Lei nº 13.964, 
de 2019)
Art. 158-E. Todos os Institutos de Criminalística 
deverão ter uma central de custódia destinada à guarda 
e controle dos vestígios, e sua gestão deve ser vinculada 
diretamente ao órgão central de perícia oficial de natureza 
criminal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do 
exame de corpo de delito quando se tratar de crime que 
envolva: (Incluído pela Lei nº 13.721, de 2018)
I - violência doméstica e familiar contra mulher; 
(Incluído pela Lei nº 13.721, de 2018)
II - violência contra criança, adolescente, idoso ou 
pessoa com deficiência. (Incluído pela Lei nº 13.721, de 
2018) 
Art. 158-A. Considera-se cadeia de custódia o 
conjunto de todos os procedimentos utilizados para 
manter e documentar a história cronológica do vestígio 
coletado em locais ou em vítimas de crimes, para rastrear 
sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até 
o descarte. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º O início da cadeia de custódia dá-se com a 
preservação do local de crime ou com procedimentos 
policiais ou periciais nos quais seja detectada a existência 
de vestígio. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º O agente público que reconhecer um elemento 
como de potencial interesse para a produção da prova 
pericial fica responsável por sua preservação. (Incluído 
pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 3º Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível 
ou latente, constatado ou recolhido, que se relaciona à 
infração penal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 158-B. A cadeia de custódia compreende o 
rastreamento do vestígio nas seguintes etapas: (Incluído 
pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - reconhecimento: ato de distinguir um elemento 
como de potencial interesse para a produção da prova 
pericial; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
II - isolamento: ato de evitar que se altere o estado das 
coisas, devendo isolar e preservar o ambiente imediato, 
mediato e relacionado aos vestígios e local de crime; 
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
III - fixação: descrição detalhada do vestígio conforme 
se encontra no local de crime ou no corpo de delito, e 
a sua posição na área de exames, podendo ser ilustrada 
por fotografias, filmagens ou croqui, sendo indispensável 
a sua descrição no laudo pericial produzido pelo perito 
responsável pelo atendimento; (Incluído pela Lei nº 
13.964, de 2019)
IV - coleta: ato de recolher o vestígio que será submetido 
à análise pericial, respeitando suas características e 
natureza; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
V - acondicionamento: procedimento por meio 
do qual cada vestígio coletado é embalado de forma 
individualizada, de acordo com suas características 
físicas, químicas e biológicas, para posterior análise, com 
anotação da data, hora e nome de quem realizou a coleta 
e o acondicionamento; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019)
VI - transporte: ato de transferir o vestígio de um 
local para o outro, utilizando as condições adequadas 
(embalagens, veículos, temperatura, entre outras), de 
modo a garantir a manutenção de suas características 
originais, bem como o controle de sua posse; (Incluído 
pela Lei nº 13.964, de 2019)
VII - recebimento: ato formal de transferência da posse 
do vestígio, que deve ser documentado com, no mínimo, 
informações referentes ao número de procedimento 
e unidade de polícia judiciária relacionada, local de 
46
Direito Processual Penal
§ 1º Toda central de custódia deve possuir os serviços 
de protocolo, com local para conferência, recepção, 
devolução de materiais e documentos, possibilitando 
a seleção, a classificação e a distribuição de materiais, 
devendo ser um espaço seguro e apresentar condições 
ambientais que não interfiram nas características do 
vestígio. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º Na central de custódia, a entrada e a saída 
de vestígio deverão ser protocoladas, consignando-se 
informações sobre a ocorrência no inquérito que a eles se 
relacionam. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 3º Todas as pessoas que tiverem acesso ao vestígio 
armazenado deverão ser identificadas e deverão ser 
registradas a data e a hora do acesso. (Incluído pela Lei 
nº 13.964, de 2019)
§ 4º Por ocasião da tramitação do vestígio armazenado, 
todas as ações deverão ser registradas, consignando-
se a identificação do responsável pela tramitação, a 
destinação, a data e horário da ação. (Incluído pela Lei nº 
13.964, de 2019)
Art. 158-F. Após a realização da perícia, o material 
deverá ser devolvido à central de custódia, devendo nela 
permanecer. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Parágrafo único. Caso a central de custódia não 
possua espaço ou condições de armazenar determinado 
material, deverá a autoridade policial ou judiciária 
determinar as condições de depósito do referido material 
em local diverso, mediante requerimento do diretor do 
órgão central de perícia oficial de natureza criminal. 
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias 
serão realizados por perito oficial, portador de diploma de 
curso superior. 
§ 1o Na falta de perito oficial, o exame será realizado 
por 2 (duas) pessoasidôneas, portadoras de diploma 
de curso superior preferencialmente na área específica, 
dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada 
com a natureza do exame. 
§ 2o Os peritos não oficiais prestarão o compromisso 
de bem e fielmente desempenhar o encargo. 
§ 3o Serão facultadas ao Ministério Público, ao 
assistente de acusação, ao ofendido, ao querelante e 
ao acusado a formulação de quesitos e indicação de 
assistente técnico. 
§ 4o O assistente técnico atuará a partir de sua 
admissão pelo juiz e após a conclusão dos exames e 
elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes 
intimadas desta decisão. 
§ 5o Durante o curso do processo judicial, é permitido 
às partes, quanto à perícia: 
I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem 
a prova ou para responderem a quesitos, desde que o 
mandado de intimação e os quesitos ou questões a serem 
esclarecidas sejam encaminhados com antecedência 
mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as respostas 
em laudo complementar; 
II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar 
pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser inquiridos 
em audiência. 
§ 6o Havendo requerimento das partes, o material 
probatório que serviu de base à perícia será disponibilizado 
no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua 
guarda, e na presença de perito oficial, para exame pelos 
assistentes, salvo se for impossível a sua conservação. 
§ 7o Tratando-se de perícia complexa que abranja 
mais de uma área de conhecimento especializado, poder-
se-á designar a atuação de mais de um perito oficial, e a 
parte indicar mais de um assistente técnico. 
 
Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, 
onde descreverão minuciosamente o que examinarem, e 
responderão aos quesitos formulados. 
Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado 
no prazo máximo de 10 dias, podendo este prazo ser 
prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos 
peritos. 
 
Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito 
em qualquer dia e a qualquer hora.
 
Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis horas 
depois do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos 
sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele 
prazo, o que declararão no auto.
Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará 
o simples exame externo do cadáver, quando não houver 
infração penal que apurar, ou quando as lesões externas 
permitirem precisar a causa da morte e não houver 
necessidade de exame interno para a verificação de 
alguma circunstância relevante.
 
Art. 163. Em caso de exumação para exame 
cadavérico, a autoridade providenciará para que, em dia 
e hora previamente marcados, se realize a diligência, da 
qual se lavrará auto circunstanciado.
Parágrafo único. O administrador de cemitério público 
ou particular indicará o lugar da sepultura, sob pena de 
desobediência. No caso de recusa ou de falta de quem 
indique a sepultura, ou de encontrar-se o cadáver em 
lugar não destinado a inumações, a autoridade procederá 
às pesquisas necessárias, o que tudo constará do auto.
 
Art. 164. Os cadáveres serão sempre fotografados na 
posição em que forem encontrados, bem como, na medida 
do possível, todas as lesões externas e vestígios deixados 
no local do crime. 
Art. 165. Para representar as lesões encontradas no 
cadáver, os peritos, quando possível, juntarão ao laudo 
do exame provas fotográficas, esquemas ou desenhos, 
devidamente rubricados.
 
Art. 166. Havendo dúvida sobre a identidade do 
cadáver exumado, proceder-se-á ao reconhecimento 
pelo Instituto de Identificação e Estatística ou repartição 
congênere ou pela inquirição de testemunhas, lavrando-
se auto de reconhecimento e de identidade, no qual se 
descreverá o cadáver, com todos os sinais e indicações.
Parágrafo único. Em qualquer caso, serão arrecadados 
e autenticados todos os objetos encontrados, que possam 
ser úteis para a identificação do cadáver.
 
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de 
delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova 
testemunhal poderá suprir-lhe a falta.
 
Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o primeiro 
exame pericial tiver sido incompleto, proceder-se-á a 
exame complementar por determinação da autoridade 
47
Direito Processual Penal
Art. 175. Serão sujeitos a exame os instrumentos 
empregados para a prática da infração, a fim de se Ihes 
verificar a natureza e a eficiência.
 
Art. 176. A autoridade e as partes poderão formular 
quesitos até o ato da diligência.
 
Art. 177. No exame por precatória, a nomeação dos 
peritos far-se-á no juízo deprecado. Havendo, porém, no 
caso de ação privada, acordo das partes, essa nomeação 
poderá ser feita pelo juiz deprecante.
Parágrafo único. Os quesitos do juiz e das partes serão 
transcritos na precatória.
 
Art. 178. No caso do art. 159, o exame será requisitado 
pela autoridade ao diretor da repartição, juntando-se ao 
processo o laudo assinado pelos peritos.
 
Art. 179. No caso do § 1o do art. 159, o escrivão lavrará 
o auto respectivo, que será assinado pelos peritos e, se 
presente ao exame, também pela autoridade.
Parágrafo único. No caso do art. 160, parágrafo único, 
o laudo, que poderá ser datilografado, será subscrito e 
rubricado em suas folhas por todos os peritos.
 
Art. 180. Se houver divergência entre os peritos, serão 
consignadas no auto do exame as declarações e respostas 
de um e de outro, ou cada um redigirá separadamente o 
seu laudo, e a autoridade nomeará um terceiro; se este 
divergir de ambos, a autoridade poderá mandar proceder 
a novo exame por outros peritos.
 
Art. 181. No caso de inobservância de formalidades, 
ou no caso de omissões, obscuridades ou contradições, 
a autoridade judiciária mandará suprir a formalidade, 
complementar ou esclarecer o laudo. 
Parágrafo único. A autoridade poderá também 
ordenar que se proceda a novo exame, por outros peritos, 
se julgar conveniente.
 
Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo 
aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte.
 
Art. 183. Nos crimes em que não couber ação pública, 
observar-se-á o disposto no art. 19.
Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o 
juiz ou a autoridade policial negará a perícia requerida 
pelas partes, quando não for necessária ao esclarecimento 
da verdade.
Do Interrogatório do Acusado e da Confissão
 
Interrogatório do acusado. Consiste o interrogatório 
em meio de defesa do acusado (em outros tempos, já 
houve divergência se consistiria o interrogatório em 
meio de defesa ou mero meio de prova). Disso infere-se 
que é facultado ao acusado ficar em silêncio, mentir, ser 
acompanhado por seu advogado, deixar de responder às 
perguntas que lhe forem feitas etc.
A) Características. Trata-se de ato personalíssimo 
(não pode ser realizado por interposta pessoa); de ato 
público (em regra); assistido tecnicamente por advogado 
(lembrando que é meio de defesa); e bifásico (sobre as 
duas fases melhor se falará a seguir);
policial ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do 
Ministério Público, do ofendido ou do acusado, ou de seu 
defensor.
§ 1o No exame complementar, os peritos terão presente 
o auto de corpo de delito, a fim de suprir-lhe a deficiência 
ou retificá-lo.
§ 2o Se o exame tiver por fim precisar a classificação 
do delito no art. 129, § 1o, I, do Código Penal, deverá ser 
feito logo que decorra o prazo de 30 dias, contado da data 
do crime.
§ 3o A falta de exame complementar poderá ser 
suprida pela prova testemunhal.
 
Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver 
sido praticada a infração, a autoridade providenciará 
imediatamente para que não se altere o estado das coisas 
até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos 
com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos. 
Parágrafo único. Os peritos registrarão, no laudo, as 
alterações do estado das coisas e discutirão, no relatório, 
as consequências dessas alterações na dinâmica dos fatos. 
 
Art. 170. Nas perícias delaboratório, os peritos 
guardarão material suficiente para a eventualidade de 
nova perícia. Sempre que conveniente, os laudos serão 
ilustrados com provas fotográficas, ou microfotográficas, 
desenhos ou esquemas.
 
Art. 171. Nos crimes cometidos com destruição 
ou rompimento de obstáculo a subtração da coisa, ou 
por meio de escalada, os peritos, além de descrever os 
vestígios, indicarão com que instrumentos, por que meios 
e em que época presumem ter sido o fato praticado.
 
Art. 172. Proceder-se-á, quando necessário, à 
avaliação de coisas destruídas, deterioradas ou que 
constituam produto do crime.
Parágrafo único. Se impossível a avaliação direta, os 
peritos procederão à avaliação por meio dos elementos 
existentes nos autos e dos que resultarem de diligências.
 
Art. 173. No caso de incêndio, os peritos verificarão a 
causa e o lugar em que houver começado, o perigo que 
dele tiver resultado para a vida ou para o patrimônio 
alheio, a extensão do dano e o seu valor e as demais 
circunstâncias que interessarem à elucidação do fato.
Art. 174. No exame para o reconhecimento de escritos, 
por comparação de letra, observar-se-á o seguinte:
I - a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o 
escrito será intimada para o ato, se for encontrada;
II - para a comparação, poderão servir quaisquer 
documentos que a dita pessoa reconhecer ou já tiverem 
sido judicialmente reconhecidos como de seu punho, ou 
sobre cuja autenticidade não houver dúvida;
III - a autoridade, quando necessário, requisitará, para 
o exame, os documentos que existirem em arquivos ou 
estabelecimentos públicos, ou nestes realizará a diligência, 
se daí não puderem ser retirados;
IV - quando não houver escritos para a comparação ou 
forem insuficientes os exibidos, a autoridade mandará que 
a pessoa escreva o que Ihe for ditado. Se estiver ausente a 
pessoa, mas em lugar certo, esta última diligência poderá 
ser feita por precatória, em que se consignarão as palavras 
que a pessoa será intimada a escrever.
48
Direito Processual Penal
B) “Interrogatório por videoconferência”. Esta é 
inovação prevista pela Lei nº 11.900/2009, apesar 
de parte minoritária da doutrina ainda sustentar a 
inconstitucionalidade desta forma de interrogatório.
Sua realização é excepcional. Ele somente será 
utilizado se para prevenir risco à segurança pública, 
quando exista fundada suspeita de que o preso integra 
organização criminosa ou de que, por outra razão, 
possa fugir durante o deslocamento; se para viabilizar 
a participação do réu neste ato processual, quando haja 
relevante dificuldade para seu comparecimento em 
juízo, por enfermidade ou outra circunstância pessoal; 
ou se para impedir a influência do réu no ânimo de 
testemunha ou da vítima, desde que não seja possível 
colher o depoimento destas por videoconferência; se for 
necessário por questão de gravíssima utilidade pública.
Ademais, sua determinação é feita pelo juiz, 
por decisão fundamentada, tomada de ofício ou 
a requerimento das partes. Ainda, da decisão que 
determinar a realização do interrogatório por 
videoconferência, as partes deverão ser intimadas com, 
no mínimo, dez dias de antecedência.
Também, antes do interrogatório por 
videoconferência, o preso poderá acompanhar, pelo 
mesmo sistema, a realização de todos os atos da 
audiência única de instrução e julgamento.
Por fim, o juiz garantirá o direito de entrevista prévia 
e reservada do réu com seu defensor (como ocorre em 
qualquer modalidade de interrogatório judicial);
C) Fases do interrogatório. São duas fases 
(procedimento bifásico, como dito alhures), a saber, sobre 
a pessoa do acusado (o interrogando será perguntado 
sobre a residência, meios de vida ou profissão, 
oportunidades sociais, lugar onde exerce a sua atividade, 
vida pregressa, se foi preso ou processado alguma vez, se 
houver suspensão condicional ou condenação e qual foi 
a pena imposta caso o indivíduo tenha sido processado, 
obviamente); e sobre os fatos (será perguntado ao 
interrogando se é verdadeira a acusação que lhe é feita, 
onde estava ao tempo em que foi cometida a infração 
e se teve notícia desta, sobre as provas já apuradas, se 
conhece as vítimas e testemunhas já inquiridas ou por 
inquirir, se conhece o instrumento com que foi praticada 
a infração ou qualquer objeto que com esta se relacione 
e tenha sido apreendido, e, se não sendo verdadeira a 
acusação, se tem algum motivo particular a que atribuí-la 
e se conhece, então, quem teria sido o autor da infração, 
se tem algo mais a alegar em sua defesa etc.);
D) Pluralidade de acusados. Havendo mais de um 
acusado, serão interrogados separadamente (art. 191, 
CPP);
E) Interrogatório do surdo-mudo. Ao surdo serão 
apresentadas por escrito as perguntas, que ele 
responderá oralmente; ao mudo, as perguntas serão 
feitas oralmente, respondendo-as por escrito; ao surdo-
mudo, as perguntas serão formuladas por escrito e do 
mesmo modo dará a resposta (art. 192, CPP);
F) Interrogando analfabeto (total ou parcialmente). 
Caso o interrogando não saiba ler ou escrever, intervirá 
no ato, como intérprete e sob compromisso, a pessoa 
habilitada a entendê-lo (art. 192, parágrafo único, CPP);
G) Interrogando que não fala a língua nacional. Se o 
interrogando não falar a língua nacional, sua oitiva será 
feita por meio de intérprete (art. 193, CPP);
H) Reinterrogatório. A todo tempo, o juiz poderá 
proceder a novo interrogatório de ofício ou a pedido 
fundamentado de qualquer das partes (art. 196, CPP).
 
Confissão. 
A confissão, como qualquer outro meio de prova, 
destina-se à apuração da verdade dos fatos.
Se o interrogando confessar a autoria, será 
perguntado sobre os motivos e circunstâncias do fato e 
se outras pessoas concorreram para a infração.
A) Confissão e seu valor relativo. Não se pode dizer 
que a confissão seja algo absoluto. O valor da confissão 
se aferirá pelos critérios adotados para outros elementos 
de prova, e para sua apreciação o juiz deverá confrontá-
la com as demais provas do processo, verificando se 
entre ela e estas existe compatibilidade ou concordância. 
Pode ser, por exemplo, que a confissão esteja ocorrendo 
sob coação, ou mesmo para acobertar a real autoria do 
delito. Logo, hoje não há mais se falar na confissão como 
“rainha das provas”, como era no sistema inquisitorial;
B) Silêncio do acusado. O silêncio do acusado não 
importará confissão, mas poderá constituir elemento 
para a formação do convencimento do juiz, conforme 
consta do art. 198, da Lei Adjetiva Penal. Desta maneira, 
se o acusado se manter em silêncio, não se presumirão 
verdadeiros os fato alegados contra ele como é possível 
de acontecer no processo civil. Entretanto, quando da 
formação de seu convencimento, autoriza-se que a 
autoridade judicial utilize tal silêncio como mais um (e 
não como item exclusivo) dos elementos em prol da sua 
convicção;
C) Formas de confissão. A confissão pode ser tanto 
judicial como extrajudicial. Se feita extrajudicialmente, 
deverá ser tomada por termo nos autos;
D) Espécies de confissão. A confissão pode ser 
simples (quando o confidente simplesmente confessa, 
sem agregar ou modificar informações constantes dos 
autos); complexa (quando o réu reconhece vários fatos 
criminosos); ou qualificada (quando o réu confessa 
agregando fatos novos e modificativos que até então 
não eram sabidos, ou, ainda que sabidos, não eram 
comprovados por outros meios);
E) Características da confissão. A confissão é: divisível 
(pode ser que o indivíduo confesse apenas uma parte 
dos crimes. Nada obsta que a parte não confessada 
também tenha sido praticada por este acusado. Neste 
caso, os outros elementos de prova serão fundamentais 
para a descoberta da autoria (ou não) da parte não 
confessada); e retratável (admite-se “voltar atrás” na 
confissão. Isso não representa empecilho a que o 
indivíduo seja condenado mesmo tendo se retratado da 
confissão, caso o conjunto probatório aponte que foi o 
acusado, de fato, quem praticou a infração).49
Direito Processual Penal
CAPÍTULO III
DO INTERROGATÓRIO DO ACUSADO
 
Art. 185. O acusado que comparecer perante a 
autoridade judiciária, no curso do processo penal, será 
qualificado e interrogado na presença de seu defensor, 
constituído ou nomeado. 
§ 1o O interrogatório do réu preso será realizado, em 
sala própria, no estabelecimento em que estiver recolhido, 
desde que estejam garantidas a segurança do juiz, do 
membro do Ministério Público e dos auxiliares bem como 
a presença do defensor e a publicidade do ato. 
§ 2o Excepcionalmente, o juiz, por decisão 
fundamentada, de ofício ou a requerimento das partes, 
poderá realizar o interrogatório do réu preso por sistema 
de videoconferência ou outro recurso tecnológico de 
transmissão de sons e imagens em tempo real, desde 
que a medida seja necessária para atender a uma das 
seguintes finalidades: 
I - prevenir risco à segurança pública, quando exista 
fundada suspeita de que o preso integre organização 
criminosa ou de que, por outra razão, possa fugir durante 
o deslocamento; 
II - viabilizar a participação do réu no referido ato 
processual, quando haja relevante dificuldade para seu 
comparecimento em juízo, por enfermidade ou outra 
circunstância pessoal; 
III - impedir a influência do réu no ânimo de 
testemunha ou da vítima, desde que não seja possível 
colher o depoimento destas por videoconferência, nos 
termos do art. 217 deste Código; 
IV - responder à gravíssima questão de ordem pública. 
§ 3o Da decisão que determinar a realização de 
interrogatório por videoconferência, as partes serão 
intimadas com 10 (dez) dias de antecedência. 
§ 4o Antes do interrogatório por videoconferência, 
o preso poderá acompanhar, pelo mesmo sistema 
tecnológico, a realização de todos os atos da audiência 
única de instrução e julgamento de que tratam os arts. 
400, 411 e 531 deste Código. 
§ 5o Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz 
garantirá ao réu o direito de entrevista prévia e reservada 
com o seu defensor; se realizado por videoconferência, 
fica também garantido o acesso a canais telefônicos 
reservados para comunicação entre o defensor que esteja 
no presídio e o advogado presente na sala de audiência do 
Fórum, e entre este e o preso. 
§ 6o A sala reservada no estabelecimento prisional 
para a realização de atos processuais por sistema de 
videoconferência será fiscalizada pelos corregedores e 
pelo juiz de cada causa, como também pelo Ministério 
Público e pela Ordem dos Advogados do Brasil. 
§ 7o Será requisitada a apresentação do réu preso em 
juízo nas hipóteses em que o interrogatório não se realizar 
na forma prevista nos §§ 1o e 2o deste artigo. 
§ 8o Aplica-se o disposto nos §§ 2o, 3o, 4o e 5o deste 
artigo, no que couber, à realização de outros atos 
processuais que dependam da participação de pessoa 
que esteja presa, como acareação, reconhecimento de 
pessoas e coisas, e inquirição de testemunha ou tomada 
de declarações do ofendido. 
§ 9o Na hipótese do § 8o deste artigo, fica garantido o 
acompanhamento do ato processual pelo acusado e seu 
defensor. 
§ 10. Do interrogatório deverá constar a informação 
sobre a existência de filhos, respectivas idades e se 
possuem alguma deficiência e o nome e o contato de 
eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado 
pela pessoa presa. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
Art. 186. Depois de devidamente qualificado e 
cientificado do inteiro teor da acusação, o acusado será 
informado pelo juiz, antes de iniciar o interrogatório, do 
seu direito de permanecer calado e de não responder 
perguntas que lhe forem formuladas. 
Parágrafo único. O silêncio, que não importará em 
confissão, não poderá ser interpretado em prejuízo da 
defesa. 
 
Art. 187. O interrogatório será constituído de duas 
partes: sobre a pessoa do acusado e sobre os fatos. 
§ 1o Na primeira parte o interrogando será 
perguntado sobre a residência, meios de vida ou profissão, 
oportunidades sociais, lugar onde exerce a sua atividade, 
vida pregressa, notadamente se foi preso ou processado 
alguma vez e, em caso afirmativo, qual o juízo do processo, 
se houve suspensão condicional ou condenação, qual a 
pena imposta, se a cumpriu e outros dados familiares e 
sociais. 
§ 2o Na segunda parte será perguntado sobre: 
I - ser verdadeira a acusação que lhe é feita; 
II - não sendo verdadeira a acusação, se tem algum 
motivo particular a que atribuí-la, se conhece a pessoa 
ou pessoas a quem deva ser imputada a prática do crime, 
e quais sejam, e se com elas esteve antes da prática da 
infração ou depois dela; 
III - onde estava ao tempo em que foi cometida a 
infração e se teve notícia desta; 
IV - as provas já apuradas; 
V - se conhece as vítimas e testemunhas já inquiridas 
ou por inquirir, e desde quando, e se tem o que alegar 
contra elas; 
VI - se conhece o instrumento com que foi praticada a 
infração, ou qualquer objeto que com esta se relacione e 
tenha sido apreendido; 
VII - todos os demais fatos e pormenores que 
conduzam à elucidação dos antecedentes e circunstâncias 
da infração; 
VIII - se tem algo mais a alegar em sua defesa. 
 
Art. 188. Após proceder ao interrogatório, o juiz 
indagará das partes se restou algum fato para ser 
esclarecido, formulando as perguntas correspondentes se 
o entender pertinente e relevante. 
 
Art. 189. Se o interrogando negar a acusação, no todo 
ou em parte, poderá prestar esclarecimentos e indicar 
provas. 
 
Art. 190. Se confessar a autoria, será perguntado sobre 
os motivos e circunstâncias do fato e se outras pessoas 
concorreram para a infração, e quais sejam. 
Art. 191. Havendo mais de um acusado, serão 
interrogados separadamente. 
 
Art. 192. O interrogatório do mudo, do surdo ou do 
surdo-mudo será feito pela forma seguinte: 
50
Direito Processual Penal
I - ao surdo serão apresentadas por escrito as 
perguntas, que ele responderá oralmente; 
II - ao mudo as perguntas serão feitas oralmente, 
respondendo-as por escrito; 
III - ao surdo-mudo as perguntas serão formuladas 
por escrito e do mesmo modo dará as respostas. 
Parágrafo único. Caso o interrogando não saiba 
ler ou escrever, intervirá no ato, como intérprete e sob 
compromisso, pessoa habilitada a entendê-lo. 
Art. 193. Quando o interrogando não falar a língua 
nacional, o interrogatório será feito por meio de intérprete. 
 
Art. 195. Se o interrogado não souber escrever, não 
puder ou não quiser assinar, tal fato será consignado no 
termo. 
 
Art. 196. A todo tempo o juiz poderá proceder a novo 
interrogatório de ofício ou a pedido fundamentado de 
qualquer das partes. 
CAPÍTULO IV
DA CONFISSÃO
 
Art. 197. O valor da confissão se aferirá pelos critérios 
adotados para os outros elementos de prova, e para a 
sua apreciação o juiz deverá confrontá-la com as demais 
provas do processo, verificando se entre ela e estas existe 
compatibilidade ou concordância.
 
Art. 198. O silêncio do acusado não importará 
confissão, mas poderá constituir elemento para a 
formação do convencimento do juiz.
 
Art. 199. A confissão, quando feita fora do 
interrogatório, será tomada por termo nos autos, 
observado o disposto no art. 195.
 
Art. 200. A confissão será divisível e retratável, sem 
prejuízo do livre convencimento do juiz, fundado no 
exame das provas em conjunto.
 
Qualificação e Oitiva do Ofendido
O “ofendido” é o titular do direito lesado ou posto 
em perigo. É a vítima, e, como tal, suas declarações 
correspondem à versão que lhe cabe dos fatos, tendo, 
consequencialmente, natureza probatória.
Conforme o art. 201, caput, do Código de Processo 
Penal, sempre que possível o ofendido será qualificado 
e perguntado sobre as circunstâncias da infração, quem 
seja ou presuma ser o seu autor, as provas que possa 
indicar, tomando-se por termo suas declarações.
A) Ofendido que, intimado, deixa de comparecer 
sem justo motivo. Se, intimado, deixa o ofendido de 
comparecer sem justo motivo, poderá ele ser conduzido 
à autoridade judicial medianteauxílio das autoridades 
policiais;
B) Dever de comunicação ao ofendido. O ofendido 
será comunicado dos atos processuais relativos ao 
ingresso e à saída do acusado da prisão, à designação de 
data para audiência e à sentença e respectivos acórdãos 
que a mantenham ou modifiquem (art. 201, §2º, CPP). 
As comunicações ao ofendido deverão ser feitas no 
endereço por ele indicado, admitindo-se, por sua opção, 
o uso de meio eletrônico (art. 201, §3º, CPP);
C) Direitos do ofendido. Antes do início da audiência, 
bem como durante sua realização, será reservado espaço 
separado para o ofendido (art. 201, §4º, CPP). Ademais, 
se entender necessário, poderá o juiz encaminhar o 
ofendido para atendimento multidisciplinar, a expensas 
do ofensor ou do Estado (art. 201, §5º, CPP). Por fim, 
o juiz deverá tomar as providências necessárias à 
preservação da intimidade, vida privada, honra e imagem 
do ofendido, podendo, inclusive, determinar segredo 
de justiça em relação aos dados, depoimentos e outras 
informações constantes dos autos a seu respeito para 
evitar sua exposição aos meios de comunicação (art. 201, 
§6º, CPP).
 
CAPÍTULO V
DO OFENDIDO
Art. 201. Sempre que possível, o ofendido será 
qualificado e perguntado sobre as circunstâncias da 
infração, quem seja ou presuma ser o seu autor, as 
provas que possa indicar, tomando-se por termo as suas 
declarações. 
§ 1o Se, intimado para esse fim, deixar de comparecer 
sem motivo justo, o ofendido poderá ser conduzido à 
presença da autoridade. 
§ 2o O ofendido será comunicado dos atos processuais 
relativos ao ingresso e à saída do acusado da prisão, 
à designação de data para audiência e à sentença e 
respectivos acórdãos que a mantenham ou modifiquem. 
§ 3o As comunicações ao ofendido deverão ser feitas 
no endereço por ele indicado, admitindo-se, por opção do 
ofendido, o uso de meio eletrônico. 
§ 4o Antes do início da audiência e durante a sua 
realização, será reservado espaço separado para o 
ofendido. 
§ 5o Se o juiz entender necessário, poderá encaminhar o 
ofendido para atendimento multidisciplinar, especialmente 
nas áreas psicossocial, de assistência jurídica e de saúde, a 
expensas do ofensor ou do Estado.
§ 6o O juiz tomará as providências necessárias à 
preservação da intimidade, vida privada, honra e imagem 
do ofendido, podendo, inclusive, determinar o segredo 
de justiça em relação aos dados, depoimentos e outras 
informações constantes dos autos a seu respeito para 
evitar sua exposição aos meios de comunicação. 
Testemunhas
É a pessoa sem qualquer interesse no deslinde da 
lide processual penal, que apenas relata à autoridade 
judicial sua percepção sobre os fatos, em face do que 
viu, ouviu ou sentiu (ela utiliza-se, veja, de sua percepção 
sensorial).
Consoante o disposto no art. 203, do Código de 
Processo Penal, a testemunha fará, sob palavra de honra, 
a promessa de dizer a verdade do que souber e lhe for 
perguntado, devendo declarar seu nome, sua idade, seu 
estado, sua residência, sua profissão, lugar onde exerce 
a atividade, se é parente de alguma das partes e em que 
grau, bem como relatar o que souber.
A) Espécies de testemunhas. Há se distinguir as 
testemunhas numerárias, das extranumerárias, dos 
informantes, das referidas, das próprias, das impróprias, 
das diretas, das indiretas, e das “de antecedentes”.
51
Direito Processual Penal
H) Testemunha que não conhecer a língua 
nacional. Quando a testemunha não conhecer a língua 
nacional, será nomeado intérprete para traduzir as 
perguntas e respostas (art. 223, caput, CPP);
I) Testemunha surda-muda. Tratando-se de surdo, 
mudo, ou surdo-mudo, proceder-se-á tal como no 
interrogatório do acusado para estas situações (art. 223, 
parágrafo único, CPP);
J) Testemunha que deixa de comparecer sem justo 
motivo. Se, regularmente intimada, a testemunha deixa 
de comparecer sem motivo justificado, o juiz poderá 
requisitar à autoridade policial a sua apresentação ou 
determinar que seja conduzida por oficial de justiça, que 
poderá solicitar o auxílio de força pública (art. 218, CPP);
K) Presença do réu na produção da prova 
testemunhal. Se o juiz verificar que a presença 
do réu poderá causar humilhação, temor, ou sério 
constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de 
modo que prejudique a verdade do depoimento, 
fará a inquirição por videoconferência e, somente na 
impossibilidade dessa forma, determinará a retirada do 
réu, prosseguindo na inquirição, com a presença do seu 
defensor (art. 217, caput, CPP);
L) Oitiva do Presidente da República, do Vice-
Presidente da República, dos Senadores, dos Deputados 
Federais, dos Ministros de Estado, dos Governadores 
de Estados e Territórios, dos Secretários de Estado, 
dos Prefeitos Municipais, dos Deputados Estaduais, 
dos membros do Poder Judiciário, dos membros do 
Ministério Público, dos Ministros dos Tribunais de 
Contas da União, dos Estados e do Distrito Federal. 
Estes serão inquiridos em local, dia e hora previamente 
designados pelo juiz (art. 221, caput, CPP). Ademais, o 
Presidente da República, o Vice-Presidente da República, 
o Presidente do Senado, o Presidente da Câmara dos 
Deputados, e o Ministro Presidente do Supremo Tribunal 
Federal poderão optar pela prestação de depoimento 
por escrito, caso em que as perguntas formuladas pelas 
partes e deferidas pelo juiz lhe serão transmitidas por 
ofício (art. 221, §1º, CPP);
M) Oitiva dos militares. Os militares serão 
requisitados junto à sua autoridade superior (art. 221, 
§2º, CPP);
N) Oitiva dos funcionários públicos. A expedição 
do mandado deve ser imediatamente comunicada ao 
chefe da repartição em que servirem, com indicação do 
dia e da hora marcados (art. 221, §3º, CPP);
O) Oitiva por carta precatória. A testemunha que 
morar fora da jurisdição do juiz será inquirida pelo juiz do 
lugar de sua residência, mediante carta precatória (que 
não suspenderá a instrução criminal), intimadas as partes 
(art. 222, caput, CPP). Vale lembrar que, aqui, também 
é prevista a possibilidade de oitiva da testemunha por 
videoconferência ou outro recurso tecnológico de 
transmissão de sons e imagens em tempo real, permitida 
a presença do defensor e podendo ser realizada, 
inclusive, durante a realização da audiência de instrução 
e julgamento (art. 222, §3º, CPP);
- As numerárias são aquelas arroladas pelas partes 
de acordo com o número máximo previsto em lei.
- As extranumerárias são as ouvidas por iniciativa do 
juiz após serem compromissadas.
- Os informantes são aquelas pessoas que não 
prestam compromisso e têm o valor de seu depoimento, 
exatamente por isso, bastante reduzido.
- As referidas são ouvidas por juiz após outros que 
depuseram antes delas a elas fazerem menção.
- As próprias são as que depõem sobre o fato objeto 
do litígio.
- As impróprias são a que prestam depoimento 
sobre um ato do processo, como o interrogatório, por 
exemplo.
- As diretas são as que prestam depoimento sobre 
um fato que presenciaram
- As indiretas são as que prestam o depoimento de 
fatos que ouviram dizer por palavras de outros.
- As “de antecedentes” são aquelas que prestam 
informações relevantes quanto à dosagem e aplicação 
da pena, por se referirem, primordialmente, a condições 
pessoais do acusado;
B) Pessoas que podem ser testemunha. 
Qualquer pessoa pode ser testemunha, como regra. 
O depoimento será prestado oralmente, não sendo 
permitido à testemunha trazê-lo por escrito. Não se 
vedará a testemunha, contudo, acesso a meros breves 
apontamentos para que não se esqueça de nada;
C) Pessoas que podem se recusar a depor. O 
ascendente, o descendente, o afim em linha reta, o 
cônjuge e o convivente, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho 
adotivo do acusado não estão obrigados a depor, salvo 
se não for possível, por outro modo, obter-se a prova do 
fato e de suas circunstâncias (art. 206, CPP);
D) Pessoas que estão proibidas de depor. As 
pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou 
profissão, devem guardar segredo, estão proibidas dedepor, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, 
quiserem dar seu testemunho (art. 207, CPP);
E) Pessoas que não serão compromissadas ao 
prestar testemunho. É o caso dos doentes e deficientes 
mentais; dos menores de quatorze anos; e do ascendente, 
descendente, afim em linha reta, cônjuge e convivente, 
irmão e pai, mãe, ou filho adotivo do acusado (art. 208, 
CPP);
F) Modo de inquirição das testemunhas. As 
testemunhas serão ouvidas individualmente, de modo 
que uma não saiba do que foi falado pela outra (art. 210, 
caput, primeira parte, CPP). O juiz deve advertir sobre a 
possibilidade de incurso no crime de falso testemunho 
(art. 210, caput, parte final, CPP). As perguntas serão 
formuladas pelas partes diretamente à testemunha, não 
admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, 
não tiverem relação com a causa ou importarem na 
repetição de outra já repetida.
G) Inquirição de pessoas impossibilitadas por 
enfermidade ou velhice. As pessoas impossibilitadas, 
por enfermidade ou por velhice, de comparecer para 
depor, serão inquiridas onde estiverem (art. 220, CPP);
52
Direito Processual Penal
P) Oitiva por carta rogatória. Aplica-se à carta 
rogatória o que se acabou de falar da carta precatória, 
respeitando-se a particularidade de que as cartas 
rogatórias somente serão expedidas se demonstrada 
previamente sua imprescindibilidade, arcando a parte 
requerente com os cursos do envio (art. 222-A, CPP);
Q) Prova testemunhal “para perpetuar a 
memória da prova”. É aquela prevista no art. 225, do 
Código de Processo Penal, segundo o qual, se qualquer 
testemunha houver de ausentar-se, ou, por enfermidade 
ou por velhice, inspirar receio de que ao tempo da 
instrução criminal já não exista, o juiz poderá, de ofício 
ou a requerimento de qualquer das partes, tomar-lhes 
antecipadamente o depoimento. 
R) Número de testemunhas. No procedimento 
comum ordinário, este número é de oito no máximo 
para cada parte (art. 401, CPP); no procedimento comum 
sumário, esse número é de no máximo cinco para cada 
parte (art. 532, CPP); no procedimento sumaríssimo, três 
é o número máximo de testemunhas de cada parte; e no 
plenário do júri o número máximo é de cinco testemunhas 
para cada parte (art. 422, CPP). Vale lembrar, ainda, que 
de acordo com o segundo parágrafo, do art. 209, CPP, 
não será computada como testemunha a pessoa que 
nada souber que interesse à decisão da causa. Também 
não entrarão nessa contagem o mero informante e a 
mera testemunha referida (art. 401, §1º, CPP).
CAPÍTULO VI
DAS TESTEMUNHAS
 
Art. 202. Toda pessoa poderá ser testemunha.
 
Art. 203. A testemunha fará, sob palavra de honra, 
a promessa de dizer a verdade do que souber e Ihe for 
perguntado, devendo declarar seu nome, sua idade, seu 
estado e sua residência, sua profissão, lugar onde exerce 
sua atividade, se é parente, e em que grau, de alguma 
das partes, ou quais suas relações com qualquer delas, e 
relatar o que souber, explicando sempre as razões de sua 
ciência ou as circunstâncias pelas quais possa avaliar-se 
de sua credibilidade.
 
Art. 204. O depoimento será prestado oralmente, não 
sendo permitido à testemunha trazê-lo por escrito.
Parágrafo único. Não será vedada à testemunha, 
entretanto, breve consulta a apontamentos.
 
Art. 205. Se ocorrer dúvida sobre a identidade da 
testemunha, o juiz procederá à verificação pelos meios ao 
seu alcance, podendo, entretanto, tomar-lhe o depoimento 
desde logo.
 
Art. 206. A testemunha não poderá eximir-se da 
obrigação de depor. Poderão, entretanto, recusar-se a 
fazê-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha 
reta, o cônjuge, ainda que desquitado, o irmão e o pai, a 
mãe, ou o filho adotivo do acusado, salvo quando não for 
possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova 
do fato e de suas circunstâncias.
 
Art. 207. São proibidas de depor as pessoas que, em 
razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam 
guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte 
interessada, quiserem dar o seu testemunho.
Art. 208. Não se deferirá o compromisso a que alude o 
art. 203 aos doentes e deficientes mentais e aos menores 
de 14 (quatorze) anos, nem às pessoas a que se refere o 
art. 206.
 
Art. 209. O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir 
outras testemunhas, além das indicadas pelas partes.
§ 1o Se ao juiz parecer conveniente, serão ouvidas as 
pessoas a que as testemunhas se referirem.
§ 2o Não será computada como testemunha a pessoa 
que nada souber que interesse à decisão da causa.
 
Art. 210. As testemunhas serão inquiridas cada uma 
de per si, de modo que umas não saibam nem ouçam os 
depoimentos das outras, devendo o juiz adverti-las das 
penas cominadas ao falso testemunho. 
Parágrafo único. Antes do início da audiência e durante 
a sua realização, serão reservados espaços separados para 
a garantia da incomunicabilidade das testemunhas. 
 
Art. 211. Se o juiz, ao pronunciar sentença final, 
reconhecer que alguma testemunha fez afirmação falsa, 
calou ou negou a verdade, remeterá cópia do depoimento 
à autoridade policial para a instauração de inquérito.
Parágrafo único. Tendo o depoimento sido prestado 
em plenário de julgamento, o juiz, no caso de proferir 
decisão na audiência (art. 538, § 2o), o tribunal (art. 561), 
ou o conselho de sentença, após a votação dos quesitos, 
poderão fazer apresentar imediatamente a testemunha à 
autoridade policial.
 
Art. 212. As perguntas serão formuladas pelas partes 
diretamente à testemunha, não admitindo o juiz aquelas 
que puderem induzir a resposta, não tiverem relação 
com a causa ou importarem na repetição de outra já 
respondida. 
Parágrafo único. Sobre os pontos não esclarecidos, o 
juiz poderá complementar a inquirição. 
 
Art. 213. O juiz não permitirá que a testemunha 
manifeste suas apreciações pessoais, salvo quando 
inseparáveis da narrativa do fato.
 
Art. 214. Antes de iniciado o depoimento, as partes 
poderão contraditar a testemunha ou arguir circunstâncias 
ou defeitos, que a tornem suspeita de parcialidade, 
ou indigna de fé. O juiz fará consignar a contradita ou 
arguição e a resposta da testemunha, mas só excluirá a 
testemunha ou não Ihe deferirá compromisso nos casos 
previstos nos arts. 207 e 208.
 
Art. 215. Na redação do depoimento, o juiz deverá 
cingir-se, tanto quanto possível, às expressões usadas 
pelas testemunhas, reproduzindo fielmente as suas frases.
 
Art. 216. O depoimento da testemunha será reduzido 
a termo, assinado por ela, pelo juiz e pelas partes. Se a 
testemunha não souber assinar, ou não puder fazê-lo, 
pedirá a alguém que o faça por ela, depois de lido na 
presença de ambos.
 
Art. 217. Se o juiz verificar que a presença do 
réu poderá causar humilhação, temor, ou sério 
constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de modo 
que prejudique a verdade do depoimento, fará a inquirição 
53
Direito Processual Penal
Parágrafo único. Aplica-se às cartas rogatórias o 
disposto nos §§ 1o e 2o do art. 222 deste Código. 
 
Art. 223. Quando a testemunha não conhecer a 
língua nacional, será nomeado intérprete para traduzir as 
perguntas e respostas.
Parágrafo único. Tratando-se de mudo, surdo ou 
surdo-mudo, proceder-se-á na conformidade do art. 192.
 
Art. 224. As testemunhas comunicarão ao juiz, dentro 
de um ano, qualquer mudança de residência, sujeitando-se, 
pela simples omissão, às penas do não-comparecimento.
 
Art. 225. Se qualquer testemunha houver de ausentar-
se, ou, por enfermidade ou por velhice, inspirar receio 
de que ao tempo da instrução criminal já não exista, o 
juiz poderá, de ofício ou a requerimento de qualquer das 
partes, tomar-lhe antecipadamente o depoimento.
 
Do Reconhecimento
 
O reconhecimento de pessoas/coisas é o ato pelo 
qual alguém verifica e confirma (ou nega) a identidade 
de pessoa ou coisa que lhe é mostrada.
De acordo com o art. 226, CPP, o itinerário do 
“reconhecimento” é o seguinte: a pessoa que tiver de fazer 
o reconhecimento será convidada a descreverteóricas apontadas pela Constituição 
Federal de 1988, bem como pelo CPP. Neste breve 
escorço histórico, vale salientar que o instituto legislativo 
citado entrou em vigor na data de 1º de janeiro de 1942, 
dispondo de uma preocupação proeminente com a 
segurança pública, tratando o Direito Penal desta mesma 
forma.
Contudo, a Constituição Federal é promulgada 
no ano de 1988, ainda com o CPP da década de 1940 
vigente – como ainda o é hodiernamente, mesmo com 
tantas alterações, forçando uma leitura constitucional 
sobre a letra fria do legislador ancestral. Neste ensejo, 
a nova ordem constitucional exigiu do processo penal 
a sua caracterização como garantia perante o arbítrio 
estatal, e não apenas como mero veículo de aplicação 
do direito penal, pautado na segurança pública.
Além da conceituação de sistema e sua análise 
estritamente jurídica, um breve escorço histórico a 
respeito de sua evolução também merece análise, uma 
vez que o direito, quer queira, quer não, é fruto da 
evolução humana na história.
Como bem salienta Paulo Rangel, definir sistema 
é crucial para não incorrer na falta de compreensão 
consequente que o assunto pode causar. Assim, 
sistema, dentre outros, pode ser caracterizado como o 
“conjunto de elementos, materiais ou ideias, entre os 
quais se possa encontrar ou definir alguma relação” . 
Portanto, em apertada síntese, sistema processual penal 
pode ser definido como o conjunto de princípios e 
regras constitucionais relacionadas ao sistema jurídico 
processual penal, variável conforme o momento político 
de cada estado soberano.
Importa frisar que a evolução dos sistemas 
processuais penais não se deu mediante uma linha 
histórica contínua a partir da execução de tais formas 
de resolução de conflitos. Por ora, encontram-se 
1 Fonte: https://jonathancferreira.jusbrasil.com.br
5
Direito Processual Penal
características do sistema acusatório, posteriormente do 
sistema inquisitório, não se seguindo a tradicional linha 
estudada de forma dogmática (sistema inquisitório, 
sistema acusatório e sistema misto).
Sistema Inquisitorial
Partindo de uma análise histórica em viés didático, o 
sistema inquisitorial, também denominado de inquisitivo, 
pode ser definido a partir de alguns caracteres, como a 
concentração de atos e poderes nas mãos do julgador, 
ser escrito e formal (rígido ao extremo), sigiloso – 
tanto o sigilo externo, para o público, quanto o sigilo 
interno, para as partes, ausência de contraditório como 
consequência lógica da concentração de poderes nas 
mãos de um julgador, dentre outros.
Destrinchando historicamente o sistema inquisitorial, 
pode-se frisar que, comumente, ele é sempre relembrado 
próximo à Santa Inquisição, momento histórico de 
perseguição aos “hereges” de iniciativa da Igreja Católica. 
Pode-se salientar que tal momento histórico decorreu 
da existência do Direito Canônico, sendo este entendido 
como a obediência a sua doutrina religiosa. Esta obteve 
uma expressiva diminuição de poderio no final do século 
XII, sendo atribuído a esse enfraquecimento o discurso 
dos “hereges”.
Todavia, de forma pretérita ao famoso Tribunal 
da Inquisição, o sistema em epígrafe fez-se presente 
no período romano. Em breve síntese, tem-se que as 
características predominantes do sistema em comento 
mantiveram-se no período romano, mesmo com a 
existência de evolução “processual” e indícios do sistema 
acusatório, e, em sua forma mais conhecida, na época 
medieval, através do famigerado Tribunal da Santa 
Inquisição.
Sistema Acusatório
Ato contínuo, seguindo-se pela linha histórica, o 
sistema acusatório é um modelo de sistema processual 
que foi inicialmente adotado até o século XII, sendo 
paulatinamente alterado até o século XIV. Destarte, 
posteriormente, ocorreram transformações para a 
adoção do sistema inquisitorial, inicialmente pelo Direito 
Canônico, e seguidamente pelo sistema de justiça, 
ocorrendo a ruptura completa entre o direito processual 
civil e o direito processual penal, inclusive.
O sistema acusatório venera pela oralidade, que 
culmina por uma celeridade, publicidade, com uma 
maior preocupação com a publicidade interna, isto é, 
para as partes, e, precipuamente, exercício de funções 
por órgãos distintos, o que pressupõe o contraditório, 
de sorte que haverá um sujeito para a acusação e outro 
para a realização do julgamento.
Acrescente-se, ainda, o entendimento exposto por 
Ada Pelegrini Grinover, Cândido Rangel Dinamarco e 
Antônio Carlos de Araújo Cintra, ao tratar de Teoria Geral 
do Processo, de que o processo penal resta fundado em 
uma relação jurídica, uma vez que estaria o estado e o 
indivíduo interligados por uma série de liames jurídicos, 
sendo possuidores de situações das quais lhes exigem de 
cada um deles a prática de atos e também a possibilidade 
de pratica-los, uma vez que o ordenamento permite tal 
técnica.
Aduzem, ainda, que o conflito de interesses entre o 
estado e o indivíduo no âmbito processual penal, na senda 
da relação jurídica, conduziria a uma controvérsia. Tal 
condução, finalizam, significa a negação da pretérita ideia 
de que o acusado era um objeto do processo, submetido 
de qualquer maneira às atividades persecutórias estatais. 
Tal ideia, deste modo, vai de encontro ao ideal de um 
sistema processual penal acusatório.
Ante ao exposto, depreende-se que o sistema 
acusatório é formado por caracteres intrínsecos, como 
a separação entre o órgão acusador e o órgão julgador, 
liberdade de acusação, liberdade de defesa, publicidade 
do procedimento e o contraditório. Como bem salienta 
Guilherme de Souza Nucci, em certos casos, há a livre 
produção de provas, bem como que a liberdade do réu 
deve(ria) ser a regra.
Sistema Misto
Por fim, no que se refere à evolução histórica dos 
sistemas processuais penais, há de se falar do sistema 
misto. Este sistema pode ser definido como uma 
amálgama dos dois sistemas anteriormente tratados. 
Seria composto em duas partes, sendo que na primeira, 
haveria a predominância do sistema inquisitorial, em 
que ocorreria o levantamento de informações, coleta de 
provas etc. No segundo momento, ocorreria a fase de 
julgamento, em que haveria a predominância do sistema 
acusatório. Dessa forma, em síntese, o sistema misto é 
uma conjuntura dos sistemas acusatório e inquisitório.
Cumpre enfatizar que, adotando-se o sentido 
histórico ora tratado, o sistema misto originou-se 
na França, nascendo com o Código Napoleônico de 
1808. Historicamente, é o último sistema a surgir, 
uma vez que se transmuta como uma junção dos dois 
anteriormente estudados. Contudo, importante citar que 
não há um sistema propriamente puro, eis que, como já 
mencionado, há a predominância de caracteres de um 
sistema, em que grande parte dos sistemas jurídicos do 
mundo atual seriam mistos.
Outrossim, alguns autores, quando dissertam sobre 
o sistema processual em específico, asseveram que ele 
observa as garantias constitucionais, mas mantém alguns 
resquícios do sistema inquisitivo, concluindo, quer 
queira, quer não, na fusão anteriormente mencionada. 
Assim, denominam tal sistema de “inquisitivo garantista”.
Aury Lopes Jr salienta que a classificação em sistema 
processual misto dos sistemas hodiernos, com a alusão 
de que os outros sistemas, em sua forma pura, seriam 
um mero tipo histórico, sem correspondência com os 
atuais, não enfrenta o ponto central da questão, que é o 
núcleo fundante do sistema.
Salienta o referido autor que apenas a existência 
de alguns aspectos de um sistema, como, à título 
exemplificativo, a separação entre órgão julgador e órgão 
acusador no sistema acusatório. Contudo, tal divisão 
não se mantém, uma vez que em outros aspectos, tais 
caracteres são perdidos. No caso exemplificado, seria 
a possibilidade de iniciativa probatória do juiz após o 
processo, isto é, após o recebimento da denúncia.
Por fim, o referido autor salienta que a divisão em 
duas fases, pre-processual e processual, não altera a 
conjuntura ditatorial imanente ao sistemaa pessoa/
coisa que deva ser reconhecida (inciso I); a pessoa/
coisa cujo reconhecimento se pretender será colocada, 
se possível, ao lado de outras pessoas/coisas que com 
ela tiverem qualquer semelhança, convidando-se quem 
tiver de fazer o reconhecimento a apontá-la (inciso II); 
se houver razão para recear que a pessoa chamada para 
o reconhecimento, por efeito de intimidação ou outra 
influência, não diga a verdade em face da pessoa que 
deve ser reconhecida, a autoridade providenciará para 
que esta não veja aquela (inciso III) (de acordo com o 
parágrafo único, do art. 226, CPP, o disposto neste inciso 
não terá aplicação na fase da instrução criminal ou em 
plenário de julgamento); do ato de reconhecimento se 
lavrará auto pormenorizado, subscrito pela autoridade, 
pela pessoa chamada para proceder ao reconhecimento 
e por duas testemunhas presenciais (inciso IV).
Vale lembrar, por fim, que se várias forem as pessoas 
chamadas a efetuar o reconhecimento de pessoa ou de 
objeto, cada uma fará a prova em separado, evitando-se 
qualquer comunicação entre elas (art. 228, CPP).
 
CAPÍTULO VII
DO RECONHECIMENTO DE PESSOAS E COISAS
 
Art. 226. Quando houver necessidade de fazer-se o 
reconhecimento de pessoa, proceder-se-á pela seguinte 
forma:
I - a pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será 
convidada a descrever a pessoa que deva ser reconhecida;
Il - a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será 
colocada, se possível, ao lado de outras que com ela 
tiverem qualquer semelhança, convidando-se quem tiver 
de fazer o reconhecimento a apontá-la;
III - se houver razão para recear que a pessoa chamada 
para o reconhecimento, por efeito de intimidação ou outra 
influência, não diga a verdade em face da pessoa que deve 
ser reconhecida, a autoridade providenciará para que esta 
não veja aquela;
por videoconferência e, somente na impossibilidade dessa 
forma, determinará a retirada do réu, prosseguindo na 
inquirição, com a presença do seu defensor. 
Parágrafo único. A adoção de qualquer das medidas 
previstas no caput deste artigo deverá constar do termo, 
assim como os motivos que a determinaram. 
 
Art. 218. Se, regularmente intimada, a testemunha 
deixar de comparecer sem motivo justificado, o juiz 
poderá requisitar à autoridade policial a sua apresentação 
ou determinar seja conduzida por oficial de justiça, que 
poderá solicitar o auxílio da força pública.
 
Art. 219. O juiz poderá aplicar à testemunha faltosa a 
multa prevista no art. 453, sem prejuízo do processo penal 
por crime de desobediência, e condená-la ao pagamento 
das custas da diligência. 
 
Art. 220. As pessoas impossibilitadas, por enfermidade 
ou por velhice, de comparecer para depor, serão inquiridas 
onde estiverem.
 
Art. 221. O Presidente e o Vice-Presidente da 
República, os senadores e deputados federais, os ministros 
de Estado, os governadores de Estados e Territórios, os 
secretários de Estado, os prefeitos do Distrito Federal e 
dos Municípios, os deputados às Assembleias Legislativas 
Estaduais, os membros do Poder Judiciário, os ministros e 
juízes dos Tribunais de Contas da União, dos Estados, do 
Distrito Federal, bem como os do Tribunal Marítimo serão 
inquiridos em local, dia e hora previamente ajustados 
entre eles e o juiz. 
§ 1o O Presidente e o Vice-Presidente da República, 
os presidentes do Senado Federal, da Câmara dos 
Deputados e do Supremo Tribunal Federal poderão optar 
pela prestação de depoimento por escrito, caso em que as 
perguntas, formuladas pelas partes e deferidas pelo juiz, 
Ihes serão transmitidas por ofício. 
§ 2o Os militares deverão ser requisitados à autoridade 
superior. 
§ 3o Aos funcionários públicos aplicar-se-á o disposto 
no art. 218, devendo, porém, a expedição do mandado 
ser imediatamente comunicada ao chefe da repartição em 
que servirem, com indicação do dia e da hora marcados. 
 
Art. 222. A testemunha que morar fora da jurisdição 
do juiz será inquirida pelo juiz do lugar de sua residência, 
expedindo-se, para esse fim, carta precatória, com prazo 
razoável, intimadas as partes.
§ 1o A expedição da precatória não suspenderá a 
instrução criminal.
§ 2o Findo o prazo marcado, poderá realizar-se o 
julgamento, mas, a todo tempo, a precatória, uma vez 
devolvida, será junta aos autos.
§ 3o Na hipótese prevista no caput deste artigo, a 
oitiva de testemunha poderá ser realizada por meio 
de videoconferência ou outro recurso tecnológico de 
transmissão de sons e imagens em tempo real, permitida 
a presença do defensor e podendo ser realizada, inclusive, 
durante a realização da audiência de instrução e 
julgamento. 
 
Art. 222-A. As cartas rogatórias só serão expedidas 
se demonstrada previamente a sua imprescindibilidade, 
arcando a parte requerente com os custos de envio. 
54
Direito Processual Penal
IV - do ato de reconhecimento lavrar-se-á auto 
pormenorizado, subscrito pela autoridade, pela pessoa 
chamada para proceder ao reconhecimento e por duas 
testemunhas presenciais.
Parágrafo único. O disposto no no III deste artigo 
não terá aplicação na fase da instrução criminal ou em 
plenário de julgamento.
 
Art. 227. No reconhecimento de objeto, proceder-se-á 
com as cautelas estabelecidas no artigo anterior, no que 
for aplicável.
 
Art. 228. Se várias forem as pessoas chamadas a 
efetuar o reconhecimento de pessoa ou de objeto, cada 
uma fará a prova em separado, evitando-se qualquer 
comunicação entre elas.
 
Da Acareação
Sempre que houver divergência de declarações 
sobre fatos ou circunstâncias relevantes, a acareação será 
admitida, com supedâneo no art. 229, caput, do Código 
de Processo Penal, entre acusados, entre acusados 
e testemunha, entre testemunhas, entre acusado ou 
testemunha e a pessoa ofendida, entre ofendidos etc. 
(as combinações são múltiplas, veja-se).
Com efeito, os acareados serão reperguntados, para 
que expliquem os pontos de divergências (ou seja, os 
acareados já devem ter sido ouvidos uma vez, fora da 
acareação), reduzindo-se a termo o ato de acareação.
CAPÍTULO VIII
DA ACAREAÇÃO
 
Art. 229. A acareação será admitida entre acusados, 
entre acusado e testemunha, entre testemunhas, entre 
acusado ou testemunha e a pessoa ofendida, e entre 
as pessoas ofendidas, sempre que divergirem, em suas 
declarações, sobre fatos ou circunstâncias relevantes.
Parágrafo único. Os acareados serão reperguntados, 
para que expliquem os pontos de divergências, reduzindo-
se a termo o ato de acareação.
 
Art. 230. Se ausente alguma testemunha, cujas 
declarações divirjam das de outra, que esteja presente, 
a esta se darão a conhecer os pontos da divergência, 
consignando-se no auto o que explicar ou observar. 
Se subsistir a discordância, expedir-se-á precatória à 
autoridade do lugar onde resida a testemunha ausente, 
transcrevendo-se as declarações desta e as da testemunha 
presente, nos pontos em que divergirem, bem como o texto 
do referido auto, a fim de que se complete a diligência, 
ouvindo-se a testemunha ausente, pela mesma forma 
estabelecida para a testemunha presente. Esta diligência 
só se realizará quando não importe demora prejudicial ao 
processo e o juiz a entenda conveniente.
Dos Documentos
Salvo os casos expressos em lei, as partes poderão 
apresentar documentos em qualquer fase do processo.
A) Conceito de “documento”, para efeito de prova. 
Quaisquer escritos, instrumentos ou papéis, públicos 
ou particulares, serão considerados documentos, com 
fulcro na cabeça do art. 232, CPP. Inclusive, à fotografia 
do documento, devidamente autenticada, se dará o 
mesmo valor do original (art. 232, parágrafo único, CPP).
O que são “instrumentos”? São documentos 
confeccionados com o estrito objetivo de fazer prova, 
como os contratos, por exemplo. O conceito de 
documento é muito mais amplo que o de “instrumento”, 
portanto;
B) Restrição a documento. De acordo com o art. 233, 
da Lei Adjetiva, as cartas particulares, interceptadas ou 
obtidas por meios criminosos, não serão admitidas em 
juízo, salvose exibidas pelo respectivo destinatário para 
defesa de seu direito (ainda que não haja consentimento 
do remetente);
C) Determinação judicial de juntada de documento. 
Se o juiz tiver notícia da existência de documento 
relativo a ponto relevante da acusação ou da defesa, 
providenciará, independentemente de requerimento 
de qualquer das partes, para sua juntada aos autos, se 
possível (art. 234, CPP);
D) Documento em língua estrangeira. Os documentos 
em língua estrangeira, sem prejuízo de sua juntada 
imediata, serão, se necessário, traduzidos por tradutor 
público, ou, na falta, por pessoa idônea nomeada pela 
autoridade (art. 236, CPP);
E) Devolução do documento às partes. Os documentos 
originais, juntos a processo findo, quando não exista 
motivo relevante que justifique a sua conservação nos 
autos, poderão, mediante requerimento e ouvido o 
Ministério Público, ser entregues à parte que os produziu, 
ficando o traslado nos autos (art. 238 CPP);
F) Documento particular e sua autenticidade. A letra 
e firma dos documentos particulares serão submetidas a 
exame pericial, quando contestada a sua autenticidade 
(art. 235, CPP);
G) Documento no júri. De acordo com o art. 479, do 
Código de Processo Penal, durante o julgamento não 
será permitida a leitura de documento ou a exibição 
de objeto que não tiver sido juntado aos autos com 
a antecedência mínima de três dias úteis, dando-se 
ciência à outra parte (compreende-se nessa proibição a 
leitura de jornais ou qualquer outro escrito, bem como 
a exibição de vídeos, gravações, fotografias, laudos, 
quadros, croqui ou qualquer outro meio assemelhado, 
cujo conteúdo versar sobre a matéria de fato submetida 
à apreciação e julgamento dos jurados).
 
CAPÍTULO IX
DOS DOCUMENTOS
 
Art. 231. Salvo os casos expressos em lei, as partes 
poderão apresentar documentos em qualquer fase do 
processo.
 
Art. 232. Consideram-se documentos quaisquer 
escritos, instrumentos ou papéis, públicos ou particulares.
Parágrafo único. À fotografia do documento, 
devidamente autenticada, se dará o mesmo valor do 
original.
 
Art. 233. As cartas particulares, interceptadas ou 
obtidas por meios criminosos, não serão admitidas em 
juízo.
Parágrafo único. As cartas poderão ser exibidas em 
juízo pelo respectivo destinatário, para a defesa de seu 
direito, ainda que não haja consentimento do signatário.
 
55
Direito Processual Penal
Art. 234. Se o juiz tiver notícia da existência de 
documento relativo a ponto relevante da acusação 
ou da defesa, providenciará, independentemente de 
requerimento de qualquer das partes, para sua juntada 
aos autos, se possível.
 
Art. 235. A letra e firma dos documentos particulares 
serão submetidas a exame pericial, quando contestada a 
sua autenticidade.
 
Art. 236. Os documentos em língua estrangeira, sem 
prejuízo de sua juntada imediata, serão, se necessário, 
traduzidos por tradutor público, ou, na falta, por pessoa 
idônea nomeada pela autoridade.
 
Art. 237. As públicas-formas só terão valor quando 
conferidas com o original, em presença da autoridade.
 
Art. 238. Os documentos originais, juntos a processo 
findo, quando não exista motivo relevante que justifique 
a sua conservação nos autos, poderão, mediante 
requerimento, e ouvido o Ministério Público, ser entregues 
à parte que os produziu, ficando traslado nos autos.
 
Dos Indícios
É todo e qualquer fato sinal, marca ou vestígio, 
conhecido e provado, que, possua relação necessária ou 
possível com outro fato, que se desconhece, prova ou 
leva a presumir a existência deste último.
O Art 239 do CPP define indício como: “a circunstância 
conhecida e provada que, tendo relação com o fato, 
autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou 
outras circunstâncias”.
 
Quando falamos em “indícios” temos que ter cuidado 
para não confundir estes com os “vestígios”, posto que 
para os leigos em criminalística e na linguagem destituída 
de características jurídicas, depreende-se que vestígios e 
indícios praticamente se constituem em sinônimos.
Para Aurélio Buarque de Holanda Pereira, em seu 
novo Dicionário da Língua Portuguesa, vestígio é: “Sinal 
que homem ou animal deixa com os pés no lugar por 
onde passa; rastro, rasto, pegada, pista; no sentido 
figurado, indício, sinal, pista, rastro, rasto”.
Entretanto, sob o enfoque criminalístico e também 
processualístico, há que se ter em mente a perfeita 
delimitação e diferenciação entre cada um dos vocábulos. 
Assim, qualquer marca, fato, sinal, que seja detectado 
em local onde haja sido praticado um fato delituoso é, 
em princípio, um vestígio.
Se tal vestígio, após devidamente analisado, 
interpretado e associado com os minuciosos exames 
laboratoriais e dados da investigação policial do 
fato, enquadrando-se em toda a sua moldura, tiver 
estabelecida a sua inequívoca relação com o fato 
delituoso e com as pessoas com este relacionadas, aí ele 
terá se transformado em indício.
Atesta-se, dessa forma, o que, com muita precisão, 
propriedade e singeleza distingue o eminente mestre 
Professor Gilberto Porto, em seu já referido Manual de 
Criminalística: “o vestígio encaminha; o indício aponta”.
 
CAPÍTULO X
DOS INDÍCIOS
 
Art. 239. Considera-se indício a circunstância 
conhecida e provada, que, tendo relação com o fato, 
autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou 
outras circunstâncias.
Da Busca e Apreensão
Trata-se de medida cuja essência visa evitar o 
desaparecimento de provas, podendo ser realizada 
tanto na fase inquisitorial como durante a ação penal. A 
apreensão, neste diapasão, nada mais é que o resultado 
da busca, isto é, se a busca resulta frutífera, procede-se à 
apreensão da coisa buscada.
A) Espécies de busca. A busca pode ser domiciliar 
(art. 240, §1º, CPP) ou pessoal (art. 240, §2º, CPP);
B) Hipóteses em que se utiliza a busca e apreensão. 
De acordo com o primeiro parágrafo, do art. 240, CPP, 
a busca domiciliar é comumente utilizada para prender 
criminosos (alínea “a”); para apreender coisas achadas ou 
obtidas por meios criminosos (alínea “b”); para apreender 
instrumentos de falsificação ou de contrafação e objetos 
falsificados ou contrafeitos (alínea “c”); para apreender 
armas e munições, instrumentos utilizados na prática 
de crime ou destinados a fim delituoso (alínea “d”); para 
descobrir objetos necessários à prova de infração ou à 
defesa do réu (alínea “e”); para apreender cartas, abertas 
ou não, destinadas ao acusado ou em seu poder, quando 
haja suspeita de que o conhecimento de seu conteúdo 
possa ser útil à elucidação do fato (alínea “f”); para 
apreender pessoas vítimas de crimes (alínea “g”); e para 
colher qualquer elemento de convicção (alínea “h”).
Já consoante o segundo parágrafo, do mesmo 
art. 240, a busca pessoal será utilizada quando houver 
fundada suspeita de que alguém oculte consigo arma 
proibida ou objetos mencionados nas letras “b”, “c”, “d”, 
“e”, e “f” do primeiro parágrafo visto acima;
C) Requerimento da busca. A busca poderá ser 
determinada de ofício ou a requerimento de qualquer 
das partes (art. 242, CPP);
D) Conteúdo do mandado de busca. Deverá o 
mandado, conforme o art. 243, CPP, indicar, o mais 
precisamente possível, a casa em que será realizada 
a diligência e o nome do respectivo proprietário ou 
morador, ou, no caso de busca pessoal, o nome da pessoa 
que terá de sofrê-la ou os sinais que a identifiquem (inciso 
I); mencionar os motivos e o fim da diligência (inciso II); 
ser subscrito pelo escrivão e assinado pela autoridade 
que o fizer expedir (inciso III); se houver ordem de prisão, 
esta constará do próprio texto do mandado de busca 
(§1º);
E) Documento em poder do defensor do acusado. 
Não será permitida a apreensão de documento em 
poder do defensor do acusado, salvo quando constituir 
elemento do corpo de delito (art. 243, §2º, CPP);
F) Busca independente de mandado. A busca 
pessoal independerá de mandado, no caso de prisão ou 
quando houver fundada suspeita de que a pessoa esteja56
Direito Processual Penal
na posse de arma proibida ou de objetos ou papéis que 
constituam corpo de delito, ou quando a medida for 
determinada no curso de busca domiciliar (art. 244, CPP);
G) Modo de execução da busca domiciliar. As 
buscas domiciliares serão executadas durante o dia, 
salvo se o morador consentir que se realizem a noite, e, 
antes de penetrarem na casa, os executores mostrarão e 
lerão o mandado ao morador, ou a quem os represente, 
intimando-o, em seguida, a abrir a porta (art. 245, caput, 
CPP). 
H) Cláusula de reserva de jurisdição. A busca 
domiciliar somente pode ser determinada pela 
autoridade judiciária. Uma Comissão Parlamentar de 
Inquérito, por exemplo, não tem competência para 
determinar busca domiciliar.
Ainda, convém lembrar que essa busca somente 
poderá ser feita durante o dia (a noite será possível 
desde que haja anuência do morador). “Dia”, conforme 
entendimento prevalente do critério misto, vai das seis 
horas da manhã (desde que já tenha nascido o sol) até 
dezoito horas (desde que o sol ainda não tenha se posto).
I) Busca em mulher. A busca em mulher será 
feita por outra mulher em regra, se isso não importar 
retardamento ou prejuízo da diligência;
J) Busca em território de jurisdição alheia. A 
autoridade ou seus agentes poderão penetrar no 
território de jurisdição alheia, ainda que de outro Estado, 
quando, para o fim de apreensão, forem no encalço de 
pessoa ou coisa, devendo apresentar-se à competente 
autoridade local, antes da diligência ou após, conforme 
a urgência desta (art. 250, caput, CPP). 
CAPÍTULO XI
DA BUSCA E DA APREENSÃO
 
Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal.
§ 1o Proceder-se-á à busca domiciliar, quando 
fundadas razões a autorizarem, para:
a) prender criminosos;
b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios 
criminosos;
c) apreender instrumentos de falsificação ou de 
contrafação e objetos falsificados ou contrafeitos;
d) apreender armas e munições, instrumentos 
utilizados na prática de crime ou destinados a fim 
delituoso;
e) descobrir objetos necessários à prova de infração ou 
à defesa do réu;
f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao 
acusado ou em seu poder, quando haja suspeita de que o 
conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação 
do fato;
g) apreender pessoas vítimas de crimes;
h) colher qualquer elemento de convicção.
§ 2o Proceder-se-á à busca pessoal quando houver 
fundada suspeita de que alguém oculte consigo arma 
proibida ou objetos mencionados nas letras b a f e letra h 
do parágrafo anterior.
 
Art. 241. Quando a própria autoridade policial ou 
judiciária não a realizar pessoalmente, a busca domiciliar 
deverá ser precedida da expedição de mandado.
Art. 242. A busca poderá ser determinada de ofício ou 
a requerimento de qualquer das partes.
 
Art. 243. O mandado de busca deverá:
I - indicar, o mais precisamente possível, a casa em 
que será realizada a diligência e o nome do respectivo 
proprietário ou morador; ou, no caso de busca pessoal, 
o nome da pessoa que terá de sofrê-la ou os sinais que a 
identifiquem;
II - mencionar o motivo e os fins da diligência;
III - ser subscrito pelo escrivão e assinado pela 
autoridade que o fizer expedir.
§ 1o Se houver ordem de prisão, constará do próprio 
texto do mandado de busca.
§ 2o Não será permitida a apreensão de documento 
em poder do defensor do acusado, salvo quando constituir 
elemento do corpo de delito.
 
Art. 244. A busca pessoal independerá de mandado, no 
caso de prisão ou quando houver fundada suspeita de que 
a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de objetos 
ou papéis que constituam corpo de delito, ou quando a 
medida for determinada no curso de busca domiciliar.
 
Art. 245. As buscas domiciliares serão executadas de 
dia, salvo se o morador consentir que se realizem à noite, 
e, antes de penetrarem na casa, os executores mostrarão 
e lerão o mandado ao morador, ou a quem o represente, 
intimando-o, em seguida, a abrir a porta.
§ 1o Se a própria autoridade der a busca, declarará 
previamente sua qualidade e o objeto da diligência.
§ 2o Em caso de desobediência, será arrombada a 
porta e forçada a entrada.
§ 3o Recalcitrando o morador, será permitido o 
emprego de força contra coisas existentes no interior da 
casa, para o descobrimento do que se procura.
§ 4o Observar-se-á o disposto nos §§ 2o e 3o, quando 
ausentes os moradores, devendo, neste caso, ser intimado 
a assistir à diligência qualquer vizinho, se houver e estiver 
presente.
§ 5o Se é determinada a pessoa ou coisa que se vai 
procurar, o morador será intimado a mostrá-la.
§ 6o Descoberta a pessoa ou coisa que se procura, 
será imediatamente apreendida e posta sob custódia da 
autoridade ou de seus agentes.
§ 7o Finda a diligência, os executores lavrarão auto 
circunstanciado, assinando-o com duas testemunhas 
presenciais, sem prejuízo do disposto no § 4o.
 
Art. 246. Aplicar-se-á também o disposto no artigo 
anterior, quando se tiver de proceder a busca em 
compartimento habitado ou em aposento ocupado de 
habitação coletiva ou em compartimento não aberto ao 
público, onde alguém exercer profissão ou atividade.
 
Art. 247. Não sendo encontrada a pessoa ou coisa 
procurada, os motivos da diligência serão comunicados a 
quem tiver sofrido a busca, se o requerer.
 
Art. 248. Em casa habitada, a busca será feita de 
modo que não moleste os moradores mais do que o 
indispensável para o êxito da diligência.
 
Art. 249. A busca em mulher será feita por outra 
mulher, se não importar retardamento ou prejuízo da 
diligência.
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Direito Processual Penal
(D) São objetos de prova testemunhal no processo 
penal fatos relativos ao estado das pessoas, como, por 
exemplo, casamento, menoridade, filiação e cidadania.
(E) O procedimento de acareação entre acusado 
e testemunha é típico da fase pré-processual da ação 
penal e deve ser presidido pelo delegado de polícia.
03. (PC/DF - Perito Criminal - IADES/2016) O 
Código de Processo Penal elenca um conjunto de regras 
que regulamentam a produção das provas no âmbito 
do processo criminal. No tocante às perícias em geral, 
as normas estão previstas nos artigos 158 a 184 da lei 
em comento. Quanto ao exame de corpo de delito, nos 
crimes
(A) que deixam vestígios, quando estes 
desaparecerem, a prova testemunhal não poderá suprir-
lhe a falta.
(B) que deixam vestígios, esse exame só pode ser 
realizado durante o dia.
(C) de lesões corporais, se o primeiro exame 
pericial tiver sido incompleto, proceder-se-á a exame 
complementar apenas por determinação da autoridade 
judicial.
(D) que deixam vestígios, será indispensável o exame 
de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo 
supri-lo a confissão do acusado.
(E) que deixam vestígios, será indispensável que as 
perícias sejam realizadas por dois peritos oficiais.
04. (PC/GO - Escrivão de Polícia Substituto - 
CESPE/2016) Quanto à prova pericial, assinale a opção 
correta.
(A) A confissão do acusado suprirá a ausência 
de laudo pericial para atestar o rompimento de 
obstáculo nos casos de furto mediante arrombamento, 
prevalecendo em tais situações a qualificadora do delito.
(B) O exame de corpo de delito somente poderá 
realizar-se durante o dia, de modo a não suscitar 
qualquer tipo de dúvida, sendo vedada a sua realização 
durante a noite.
(C) Prevê a legislação processual penal a obrigatória 
participação da defesa na produção da prova pericial na 
fase investigatória, antes do encerramento do IP e da 
elaboração do laudo pericial.
(D) Os exames de corpo de delito serão realizados 
por um perito oficial e, na falta deste, admite a lei que 
duas pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso 
superior e dotadas de habilidade técnica relacionada 
com a natureza do exame, sejam nomeadas para tal 
atividade.
(E) Em razão da especificidade da prova pericial, o 
seu resultado vincula o juízo; por isso, a sentença não 
poderá ser contrária à conclusão do laudo pericial.
05. (AL/MS - Agente de Polícia Legislativo- 
FCC/2016) Sobre o exame de corpo de delito e as 
perícias em geral, nos termos preconizados pelo Código 
de Processo Penal, é INCORRETO afirmar: 
(A) Na falta de perito oficial, o exame será realizado 
necessariamente por três pessoas idôneas, portadoras 
de diploma de curso superior preferencialmente na área 
específica, dentre as que tiverem habilitação técnica 
relacionada com a natureza do exame. 
Art. 250. A autoridade ou seus agentes poderão 
penetrar no território de jurisdição alheia, ainda que de 
outro Estado, quando, para o fim de apreensão, forem no 
seguimento de pessoa ou coisa, devendo apresentar-se à 
competente autoridade local, antes da diligência ou após, 
conforme a urgência desta.
§ 1o Entender-se-á que a autoridade ou seus agentes 
vão em seguimento da pessoa ou coisa, quando:
a) tendo conhecimento direto de sua remoção ou 
transporte, a seguirem sem interrupção, embora depois a 
percam de vista;
b) ainda que não a tenham avistado, mas sabendo, 
por informações fidedignas ou circunstâncias indiciárias, 
que está sendo removida ou transportada em determinada 
direção, forem ao seu encalço.
§ 2o Se as autoridades locais tiverem fundadas 
razões para duvidar da legitimidade das pessoas que, 
nas referidas diligências, entrarem pelos seus distritos, ou 
da legalidade dos mandados que apresentarem, poderão 
exigir as provas dessa legitimidade, mas de modo que não 
se frustre a diligência.
QUESTÕES
01. (TJ-MS - Analista Judiciário - Área Fim - PUC-
PR/2017) Sobre a prova no direito processual penal, 
marque a alternativa CORRETA. 
(A) São também inadmissíveis as provas derivadas 
das ilícitas, inclusive aquelas que evidenciam nexo de 
causalidade entre umas e outras, bem como aquelas que 
puderem ser obtidas por uma fonte independente das 
primeiras. 
(B) A confissão será indivisível e irretratável, sem 
prejuízo do livre convencimento do juiz, fundado no 
exame das provas em conjunto. 
(C) Considera-se indício a circunstância conhecida e 
provada, que, tendo relação com o fato, autorize, por 
indução, concluir-se a existência de outra ou outras 
circunstâncias; entretanto, tal espécie de prova não 
é aceita nos tribunais superiores por violar o princípio 
constitucional da ampla defesa.
(D) A prova emprestada, quando obedecidos 
os requisitos legais, tem sua condição de prova 
perfeitamente aceita no processo penal; no entanto, 
ela não tem o mesmo valor probatório da prova 
originalmente produzida. 
(E) O juiz formará sua convicção pela livre apreciação 
da prova produzida em contraditório judicial, não 
podendo fundamentar sua decisão exclusivamente 
nos elementos informativos colhidos na investigação, 
ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e 
antecipadas.
02. (PC/GO - Agente de Polícia Substituto - 
CESPE/2016) No que diz respeito às provas no processo 
penal, assinale a opção correta.
(A) Para se apurar o crime de lesão corporal, exige-
se prova pericial médica, que não pode ser suprida por 
testemunho.
(B) Se, no interrogatório em juízo, o réu confessar a 
autoria, ficará provada a alegação contida na denúncia, 
tornando-se desnecessária a produção de outras provas.
(C) As declarações do réu durante o interrogatório 
deverão ser avaliadas livremente pelo juiz, sendo valiosas 
para formar o livre convencimento do magistrado, 
quando amparadas em outros elementos de prova.
58
Direito Processual Penal
(B) Nos crimes cometidos com destruição ou 
rompimento de obstáculo a subtração da coisa, ou 
por meio de escalada, os peritos, além de descrever os 
vestígios, indicarão com que instrumentos, por que meios 
e em que época presumem ter sido o fato praticado. 
(C) O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo 
aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte. 
(D) Quando a infração deixar vestígios, será 
indispensável o exame de corpo de delito, direto ou 
indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. 
(E) Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz 
ou a autoridade policial negará a perícia requerida pelas 
partes, quando não for necessária ao esclarecimento da 
verdade.
06. (PC/PA - Escrivão de Polícia Civil - 
FUNCAB/2016) A prova em matéria processual penal 
tem por finalidade formar a convicção do magistrado 
sobre a materialidade e a autoria de um fato tido como 
criminoso. No que tange aos meios de prova, o Código 
de Processo Penal dispõe:
(A) o exame de corpo de delito não poderá ser feito 
em qualquer dia e a qualquer hora.
(B) quando a infração não deixar vestígios, será 
indispensável o exame de corpo de delito, direto ou 
indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
(C) o exame de corpo de delito e outras perícias 
serão realizados por perito oficial, portador de diploma 
de curso superior. Na falta de perito oficial, o exame será 
realizado por uma pessoa idônea, portadora de diploma 
de curso superior preferencialmente na área específica.
(D) no caso de autópsia, esta será feita pelo menos 
seis horas depois do óbito, salvo se os peritos, pela 
evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser 
feita antes daquele prazo, o que declararão no auto.
(E) não sendo possível o exame de corpo delito, por 
haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal 
não poderá suprir-lhe a falta.
07. (PC/PE - Escrivão de Polícia - CESPE/2016) 
Com relação ao exame de corpo de delito, assinale a 
opção correta.
(A) O exame de corpo de delito poderá ser suprido 
indiretamente pela confissão do acusado se os vestígios 
já tiverem desaparecido.
(B) Não tendo a infração deixado vestígios, será 
realizado o exame de corpo de delito de modo indireto.
(C) Tratando-se de lesões corporais, a falta de 
exame complementar poderá ser suprida pela prova 
testemunhal.
(D) Depende de mandado judicial a realização de 
exame de corpo de delito durante o período noturno.
(E) Requerido, pelas partes, o exame de corpo de 
delito, o juiz poderá negar a sua realização, se entender 
que é desnecessário ao esclarecimento da verdade.
08. (TJ/RS - Juiz de Direito Substituto – 
VUNESP/2018) A respeito das provas, assinale a 
alternativa correta.
(A) São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas 
do processo, as provas ilegítimas, assim entendidas as 
obtidas em violação a normas constitucionais ou legais.
(B) A pessoa que nada souber que interesse à decisão 
da causa será computada como testemunha.
(C) O exame para o reconhecimento de escritos, tal 
como o reconhecimento fotográfico, não tem previsão 
legal. 
(D) O juiz não tem iniciativa probatória.
(E) A falta de exame complementar, em caso de lesões 
corporais, poderá ser suprida pela prova testemunhal.
09. (PC-SC - Escrivão de Polícia Civil – FEPESE/2017) 
De acordo com a norma processual penal, a busca e 
apreensão:
(A) será apenas domiciliar, não podendo ter como 
objeto pessoa.
(B) deverá sempre ser precedida de mandado judicial. 
(C) quando feita em mulher, somente poderá ser 
realizada por outra mulher.
(D) poderá ser determinada de ofício ou a 
requerimento de qualquer das partes.
(E) deverá ocorrer na presença, indispensável, do 
Ministério Público.
10. (PC/SP - Investigador de Polícia – 
VUNESP/2018) No que concerne ao regramento 
específico das provas no CPP,
(A) o “reconhecimento de pessoas” em sede policial 
é diligência que não requer qualquer formalidade, 
sendo facultado ao Delegado, caso deseje, alinhar várias 
pessoas para que o reconhecedor aponte o autor do 
crime.
(B) a “acareação” é meio de prova expressamente 
previsto em lei, mas não se a admite entre acusados, 
sendo possível, apenas, entre testemunhas. 
(C) o ascendente pode se recusar a ser “testemunha”, 
mas, caso não o faça, deverá prestar compromisso de 
dizer a verdade. 
(D) consideram-se “documentos” para fins de prova 
quaisquer escritos, instrumentos ou papéis públicos, 
excluídos, expressamente, os particulares.
(E) a pessoa vítima de crime pode ser objeto de 
“busca e apreensão”.
GABARITO
1. E
2. C
3. D 
4.D
5. A 
6. D
7. C
8. E
9. D
10. E
6. DO JUIZ, DO MINISTÉRIO PÚBLICO,DO 
ACUSADO E DEFENSOR, DOS ASSISTENTES E 
AUXILIARES DA JUSTIÇA
SUJEITOS DO PROCESSO
Os principais agentes atuantes no processo judicial 
são o juiz, o membro do Ministério Público, o ofendido, 
e o acusado; já os colaterais são o assistente, os auxiliares 
da justiça, e os terceiros (interessados ou não) que atuam 
no processo.
59
Direito Processual Penal
A) Tiver funcionado seu cônjuge (convivente) 
ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou 
colateral até o terceiro grau, inclusive, como defensor 
ou advogado, órgão do Ministério Público, autoridade 
policial, auxiliar da justiça ou perito (inciso I);
B) Ele próprio houver desempenhado qualquer 
dessas funções ou servido como testemunha (inciso II);
C) Tiver funcionado como juiz de outra instância, 
pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre a questão 
(inciso III);
D) Ele próprio ou seu cônjuge (convivente) ou 
parente, consanguíneo ou afim em linha reta ou colateral 
até o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente 
interessado no feito (inciso IV).
Ademais, nos juízos coletivos, não poderão servir no 
mesmo processo os juízes que forem entre si parentes, 
consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral até o 
terceiro grau, inclusive (art. 253, CPP).
Há se tomar cuidado, neste prumo, com as hipóteses 
previstas nestes dois artigos. Aqui, veda-se ao juiz o 
exercício de jurisdição. Algo totalmente diferente do art. 
254, que traz causas de suspeição/impedimento. Enquanto 
nos arts. 252 e 253 se disciplina um “não atuar” do juiz 
(já que o dispositivo é claro ao falar que o julgador “não 
exercerá jurisdição”), no art. 254, que se verá a seguir, 
até pode o magistrado receber o processo para julgar, 
embora não deva (ou melhor, não possa) fazê-lo por 
questão de vício de imparcialidade.
4 Hipóteses de suspeição/impedimento do juiz 
São elas (art. 254, CPP):
A) Se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer 
deles (inciso I);
B) Se ele, seu cônjuge (convivente), ascendente ou 
descendente, estiver respondendo a processo por fato 
análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia 
(inciso II);
C) Se ele, seu cônjuge (convivente), ou parente, 
consanguíneo, ou afim, até o terceiro grau, inclusive, 
sustentar demanda ou responder a processo que tenha 
de ser julgado por qualquer das partes (inciso III);
D) Se tiver aconselhado qualquer das partes (inciso 
IV);
E) Se for credor ou devedor, tutor ou curador, de 
qualquer das partes (inciso V);
F) Se for sócio, acionista ou administrador de 
sociedade interessada no processo (inciso VI).
Urge ressaltar que o impedimento ou suspeição 
decorrente de parentesco por afinidade cessará pela 
dissolução do casamento (união estável) que lhe tiver 
dado causa, salvo sobrevindo descendentes; mas, ainda 
que dissolvido o casamento sem descendentes, não 
funcionará como juiz o sogro, o padrasto, o cunhado, o 
genro ou enteado de quem for parte no processo (art. 
255, CPP).
Urge ressalvar, por fim, que a suspeição não poderá 
ser declarada nem reconhecida, quando a parte injuriar 
o juiz ou de propósito der motivo para criá-la (art. 256, 
CPP).
Falar em “agentes principais” e “agentes acessórios” 
não permite graduar, contudo, um âmbito de importância 
de cada um, afinal, se tudo se resume em “relação 
jurídica processual”, dela devem fazer parte todos os 
indivíduos que conspirem em prol de uma solução, seja 
meramente terminativa de mérito, seja absolutória, ou 
seja condenatória.
Nos tópicos que seguem, há se estudar cada sujeito 
envolvido na relação jurídica processual de maneira 
isolada.
Juiz
De acordo com o art. 251, do Código de Processo 
Penal, ao juiz incumbirá prover a regularidade do 
processo e manter a ordem no curso dos respectivos 
atos, podendo, para tal fim, requisitar a força pública.
Assim, para garantir a regularidade do processo, o 
juiz exerce os seguintes poderes:
a) de polícia: para garantir o desenvolvimento 
regular e impedir atos capazes de perturbar o bom 
andamento do processo;
b) jurisdicionais: que compreendem atos 
ordinatórios, que ordenam e impulsionam o processo; e
c) instrutórios: que compreendem a colheita de 
provas.
1 Garantias 
São elas, de acordo com o art. 95, da Constituição 
Federal:
A) Vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será 
adquirida após dois anos de exercício, dependendo 
a perda do cargo, nesse período, de deliberação do 
tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais 
casos, de sentença judicial transitada em julgado (inciso 
I);
B) Inamovibilidade, salvo por motivo de interesse 
público, na forma do art. 93, VIII, da Constituição Federal 
(inciso II);
C) Irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto 
nos arts. 37, X e XI, 39, §4º, 150, II, 153, III, e 153, §2º, I, 
todos da CF (inciso IV).
2 Vedações impostas aos juízes 
Aos juízes é vedado (parágrafo único, do art. 95, da 
Constituição):
A) Exercer, ainda que em disponibilidade, outro 
cargo ou função, salvo uma de magistério (inciso I);
B) Receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou 
participação em processo (inciso II);
C) Dedicar-se à atividade político-partidária (inciso 
III);
D) Receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou 
contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou 
privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei (inciso 
IV);
E) Exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual 
se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento 
do cargo por aposentadoria ou exoneração (inciso V).
3 Hipóteses em que o juiz não poderá exercer 
jurisdição 
De acordo com o art. 252, do Código de Processo 
Penal, o juiz não poderá exercer jurisdição no processo 
em que:
60
Direito Processual Penal
TÍTULO VIII
DO JUIZ, DO MINISTÉRIO PÚBLICO, 
DO ACUSADO E DEFENSOR,DOS ASSISTENTES 
E AUXILIARES DA JUSTIÇA
CAPÍTULO I
DO JUIZ
Art. 251. Ao juiz incumbirá prover à regularidade do 
processo e manter a ordem no curso dos respectivos atos, 
podendo, para tal fim, requisitar a força pública.
Art. 252. O juiz não poderá exercer jurisdição no 
processo em que:
I - tiver funcionado seu cônjuge ou parente, 
consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o 
terceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado, 
órgão do Ministério Público, autoridade policial, auxiliar 
da justiça ou perito;
II - ele próprio houver desempenhado qualquer dessas 
funções ou servido como testemunha;
III - tiver funcionado como juiz de outra instância, 
pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre a questão;
IV - ele próprio ou seu cônjuge ou parente, 
consanguíneo ou afim em linha reta ou colateral até 
o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente 
interessado no feito.
Art. 253. Nos juízos coletivos, não poderão servir no 
mesmo processo os juízes que forem entre si parentes, 
consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral até o 
terceiro grau, inclusive.
Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, 
poderá ser recusado por qualquer das partes:
I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer 
deles;
II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, 
estiver respondendo a processo por fato análogo, sobre 
cujo caráter criminoso haja controvérsia;
III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo, ou 
afim, até o terceiro grau, inclusive, sustentar demanda 
ou responder a processo que tenha de ser julgado por 
qualquer das partes;
IV - se tiver aconselhado qualquer das partes;
V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de 
qualquer das partes;
Vl - se for sócio, acionista ou administrador de 
sociedade interessada no processo.
Art. 255. O impedimento ou suspeição decorrente 
de parentesco por afinidade cessará pela dissolução do 
casamento que Ihe tiver dado causa, salvo sobrevindo 
descendentes; mas, ainda que dissolvido o casamento 
sem descendentes, não funcionará como juiz o sogro, o 
padrasto, o cunhado, o genro ou enteado de quem for 
parte no processo.
Art. 256. A suspeição não poderá ser declarada nem 
reconhecida, quando a parte injuriar o juizou de propósito 
der motivo para criá-la.
Ministério Público
A atividade do Ministério Público é de suma 
importância na seara penal, seja porque titular da ação 
penal pública (art. 129, I, CF), seja porque fiscal da lei. Eis 
as duas funções que lhe são expressamente atribuídas 
em rol meramente exemplificativo pelos dois incisos do 
art. 257, do Diploma Processual Penal.
1 Princípios institucionais do Ministério Público 
O Ministério Público é instituição permanente, 
essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-
lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático, 
e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. Neste 
diapasão, são seus princípios institucionais, previstos no 
primeiro parágrafo, do art. 127, da Constituição Federal:
A) A unidade. Todos os membros do Ministério 
Público formam um órgão único;
B) A indivisibilidade. Todos os membros do Ministério 
Público formam um órgão indivisível;
C) A independência funcional. A independência 
funcional decorre da autonomia do Ministério Público, 
que é tanto administrativa, como normativa e financeira.
2 Garantias atribuídas aos membros do Ministério 
Público
São elas (art. 128, §5º, I, CF):
A) Vitaliciedade, após dois anos de exercício, não 
podendo perder o cargo senão por sentença judicial 
transitada em julgado (alínea “a”);
B) Inamovibilidade, salvo por motivo de interesse 
público, mediante decisão da maioria absoluta de órgão 
colegiado do Ministério Público, assegurada ampla 
defesa, obviamente (alínea “b”);
C) Irredutibilidade de subsídio, em regra (alínea “c”).
3 Vedações aos membros do Ministério Público 
São elas (art. 128, §5º, II, CF):
A) Receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, 
honorários, percentagens ou custas processuais (alínea 
“a”);
B) Exercer a advocacia (alínea “b”);
C) Participar de sociedade comercial, na forma de lei 
(alínea “c”);
D) Exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer 
outra função pública, salvo uma de magistério (alínea 
“d”);
E) Exercer atividade político-partidária, em regra 
(alínea “e”);
F) Receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou 
contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou 
privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei (alínea 
“f”).
4 Suspeição/impedimento/proibição do exercício 
de jurisdição do membro do Ministério Público
Consoante o art. 258, CPP, os órgãos do Ministério 
Público não funcionarão nos processos em que o juiz 
ou qualquer das partes for seu cônjuge (convivente), ou 
parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, 
até o terceiro grau, inclusive, e a eles se estendem, no 
que lhe for aplicável, as prescrições relativas à suspeição 
e aos impedimentos dos juízes.
CAPÍTULO II
DO MINISTÉRIO PÚBLICO
Art. 257. Ao Ministério Público cabe:
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na 
forma estabelecida neste Código; e
II - fiscalizar a execução da lei.
61
Direito Processual Penal
Art. 258. Os órgãos do Ministério Público não 
funcionarão nos processos em que o juiz ou qualquer das 
partes for seu cônjuge, ou parente, consanguíneo ou afim, 
em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, e 
a eles se estendem, no que Ihes for aplicável, as prescrições 
relativas à suspeição e aos impedimentos dos juízes.
O Delegado
O conceito de autoridade está diretamente ligado 
ao de poder de Estado. Considera-se autoridade todo 
aquele que com fundamento em lei, é parte integrante da 
estrutura do Estado e órgão do poder público, instituído 
especialmente para alcançar os fins deste, agindo por 
iniciativa própria, mercê de ordens e normas expedidas 
segundo sua discrição.
Considera-se consoante o ordenamento jurídico 
brasileiro que a autoridade policial é o Delegado de 
Polícia. Este preside os atos da polícia judiciária e como 
autoridade administrativa preside a Delegacia de Polícia, 
sendo que responde pelo regular trabalho na repartição.
A autoridade policial deve estar consciente de suas 
atribuições quando da prática de algum crime, posto 
que cabe ao tomar conhecimento da prática de infração 
penal, deve instaurar inquérito. Mas é preciso que se 
observem certas peculiaridades: se o delito for de ação 
penal privada, a autoridade policial somente poderá 
realizar as investigações se a vítima ou seu representante 
legal requerer (art. 5º, §5º, do CPP). Se for crime de 
ação penal pública, condicionada à representação, a 
autoridade policial, também somente poderá realizar 
as investigações se a vítima ou seu representante legal 
representar, nos termos do §4º do art. 5º do Código de 
Processo Penal. Mas, se o delito for de ação penal pública 
incondicionada, deverá a autoridade policial instaurar o 
inquérito policial, haja ou não manifestação da vontade 
da vítima ou de quem legalmente a represente.”
Como se percebe o papel da autoridade policial 
é extremamente importante, ele é o elemento que 
conduz, investiga e colhe provas que possam auxiliar a 
justiça no desenrolar do processo e aplicação das penas 
aos culpados, bem como também possam inocentar 
as pessoas que não tiveram nada haver com o fato 
criminoso.
A autoridade policial deve se possível se dirigir ao 
local do fato e deve ainda providenciar para que nada 
se modifique, objetivando a maior clareza sobre o 
crime ocorrido e suas provas. Cabe a ele ainda, ouvir 
o ofendido, as testemunhas, determinar quando forem 
necessários, exames periciais.
A autoridade policial também pode, quando julgar 
necessário voltar ao local da ocorrência dos fatos para 
reproduzi-los de maneira que possibilite descobrir 
provas essenciais para desvendar o crime, conforme o 
artigo 7º, do Código de Processo Penal. 
Com base no Código de Processo Penal, art. 4º, é 
competência da autoridade policial, ou seja, do delegado 
de polícia presidir, o inquérito policial, desta forma, a 
autoridade policial não é parte dentro do inquérito, mas 
ele atua entre as partes.
Desta forma, o delegado atua entre as partes, sendo 
que de um lado está o órgão de acusação, o Promotor 
de justiça, Procurador da República ou querelante; e de 
outro a parte acusada, ou seja, o indiciado ou querelado 
e seu advogado, quando tiver.
De posse desta posição o delegado deve agir na 
investigação criminal e na instrução do inquérito policial, 
agindo sempre com prudência, imparcialidade e sigilo, 
para descobrir acima de tudo a verdade dos fatos 
ocorridos.
No Estado de Direito, não se admite a figura 
do delegado inquisitor, que é aquele que acusa 
publicamente, aquele que apenas procura provas 
que possam incriminar o suspeito não levando em 
conta nenhum fato favorável aos direitos de defesa do 
indiciado.
O delegado de polícia deve continuar na condução 
das investigações e na presidência do inquérito, 
objetivando sempre descobrir a verdade dos fatos não 
importando se a verdade irá ou não incriminar o acusado.
O delegado deve trabalhar junto à comunidade para 
desempenhar as suas funções com êxito, mantendo 
sempre elos de cooperação com seus líderes e 
principalmente com o Ministério Público e a Magistratura.
Os Jurados 
Os jurados são membros da sociedade, possuidores 
de notória idoneidade, que participam dos julgamentos 
realizados no Tribunal do Júri. Aos jurados compete o 
julgamento dos crimes dolosos contra vida, consumados 
ou tentados, ou qualquer outro crime que tenha conexão 
com um crime doloso contra a vida. No Tribunal do Júri os 
jurados que compõem o Conselho de Sentença decidem 
se o réu é culpado ou inocente com base nas respostas 
dadas aos quesitos formulados pelo juiz presidente. 
A sentença é então proferida pelo juiz presidente do 
Tribunal do Júri.
O Investigado, O Indiciado, O Acusado, O 
Querelado Ou O Sentenciado 
No Inquérito Policial, aquele que formalmente 
apontado como suspeito pelo Estado, na fase pré-
processual, é chamado de investigado, averiguado, ou, 
se houver indiciamento, indiciado. Advinda a denúncia, 
é chamado de denunciado. Após o recebimento da 
denúncia é chamado de acusado ou réu ede querelado 
quando há apresentação de queixa nas ações penais 
de iniciativa privada. Após o trânsito em julgado da 
sentença penal condenatória é chamado de condenado 
ou sentenciado.
O Ofendido 
O ofendido é o sujeito passivo do crime, o titular 
do direito ofendido. Somente participará e deporá no 
Processo Penal se for pessoa física, a pessoa jurídica não 
o poderá fazer nem mesmo através do representante.
O artigo 201 do Código de Processo Penal diz: “Art. 
201. Sempre que possível, o ofendido será qualificado e 
perguntado sobre as circunstâncias da infração, quem seja 
ou presuma ser o seu autor, as provas que possa indicar, 
tomando-se por termo as suas declarações”.
Importante lembrar que essa possibilidade só existe 
nas ações públicas, pois quando é o autor da queixa-
crime ele não vai depor na qualidade de ofendido, e sim 
como parte autora.
Como claramente reza o artigo o depoimento só 
acontecerá diante da possibilidade, caso não o seja, o juiz 
pode entender pela dispensabilidade do depoimento, 
em casos de inconveniência ou impossibilidade.
62
Direito Processual Penal
Caso seja entendido pela necessidade e pela 
possibilidade o ofendido será intimado para prestar 
declarações, e nesse caso terá tratamento parecido ao 
dado às testemunhas, ou seja, se deixar de comparecer 
sem motivo justo à audiência para qual foi intimado 
poderá ser conduzido coercitivamente à autoridade.
Ainda no que diz respeito ao ofendido, o juiz poderá 
decidir pela necessidade de preservação deste, podendo 
determinar segredo de justiça em relação aos dados, 
depoimentos e outras informações constantes dos autos 
a seu respeito, como nos mostra o parágrafo 6º do art. 201 
do CPP. E ainda a lei de proteção às testemunhas incluiu 
o ofendido como protegido. Caso o juiz determine que 
o seja, ele deporá sem a presença do réu ou através de 
videoconferência. No caso de deferimento a qualificação 
do ofendido deverá ser ocultada.
Querelante 
É o sujeito ativo da relação processual penal em se 
tratando de crime de ação penal de iniciativa privada. 
Mais questões pertinentes ao querelante já foram 
estudadas quando da análise das espécies de ação penal 
privada em que atuam.
Acusado e Seu Defensor 
Conforme o art. 261, CPP, nenhum acusado, ainda 
que ausente ou foragido, será processado ou julgado 
sem defensor. Nesta frequência, de acordo com a Súmula 
nº 523, do Supremo Tribunal Federal, no processo penal, 
a falta de defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua 
deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para 
o réu.
Com isso, deve ficar superado qualquer entendimento 
quanto à possibilidade de se imaginar um réu no 
processo penal, qualquer que seja a gravidade do delito, 
desprovido de defesa e de defensor. Uma prova dessa 
necessidade pode ser observada no segundo parágrafo, 
do art. 396-A, CPP, segundo o qual não apresentada a 
resposta à acusação no prazo legal, ou se o acusado, 
citado, não constituir defensor, o juiz nomeará defensor 
para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos pelo 
prazo de dez dias.
Ato contínuo, a defesa do acusado divide-se em 
autodefesa (que é aquela exercida pelo próprio acusado, 
como quando simplesmente assinala no mandado de 
intimação o seu interesse de recorrer da decisão) e 
em defesa técnica (que é aquela feita por profissional 
competente e especializado). Neste sentido, consoante 
o parágrafo único, do art. 261, CPP, a defesa técnica, 
quando realizada por defensor público ou dativo, será 
sempre exercida através de manifestação fundamentada.
Se o acusado não tiver defensor, lhe será nomeado 
um pelo juiz, ressalvado o seu direito de, a todo tempo, 
nomear outro de sua confiança, ou a si mesmo defender-
se, caso tenha habilitação (art. 263, caput, CPP).
A constituição de defensor independerá de 
instrumento de mandato, se o acusado o indicar por 
ocasião do interrogatório (art. 266, CPP). Este defensor 
tanto poderá ser um advogado particular, como um 
advogado dativo, como um defensor público.
Ainda, o defensor não poderá abandonar o processo 
senão por motivo imperioso, comunicando previamente 
o juiz, sob pena de multa de dez a cem salários mínimos, 
sem prejuízo das demais sanções cabíveis (art. 265, 
caput, CPP). A audiência poderá ser adiada se o defensor, 
por motivo justificado, não puder comparecer (art. 265, 
§1º, CPP).
CAPÍTULO III
DO ACUSADO E SEU DEFENSOR
Art. 259. A impossibilidade de identificação do acusado 
com o seu verdadeiro nome ou outros qualificativos não 
retardará a ação penal, quando certa a identidade física. 
A qualquer tempo, no curso do processo, do julgamento 
ou da execução da sentença, se for descoberta a sua 
qualificação, far-se-á a retificação, por termo, nos autos, 
sem prejuízo da validade dos atos precedentes.
Art. 260. Se o acusado não atender à intimação para 
o interrogatório, reconhecimento ou qualquer outro ato 
que, sem ele, não possa ser realizado, a autoridade poderá 
mandar conduzi-lo à sua presença.
Parágrafo único. O mandado conterá, além da ordem 
de condução, os requisitos mencionados no art. 352, no 
que Ihe for aplicável.
Art. 261. Nenhum acusado, ainda que ausente ou 
foragido, será processado ou julgado sem defensor.
Parágrafo único. A defesa técnica, quando realizada 
por defensor público ou dativo, será sempre exercida 
através de manifestação fundamentada.
Art. 262. Ao acusado menor dar-se-á curador.
Art. 263. Se o acusado não o tiver, ser-lhe-á nomeado 
defensor pelo juiz, ressalvado o seu direito de, a todo 
tempo, nomear outro de sua confiança, ou a si mesmo 
defender-se, caso tenha habilitação.
Parágrafo único. O acusado, que não for pobre, 
será obrigado a pagar os honorários do defensor dativo, 
arbitrados pelo juiz.
Art. 264. Salvo motivo relevante, os advogados e 
solicitadores serão obrigados, sob pena de multa de cem a 
quinhentos mil-réis, a prestar seu patrocínio aos acusados, 
quando nomeados pelo Juiz.
Art. 265. O defensor não poderá abandonar o processo 
senão por motivo imperioso, comunicado previamente o 
juiz, sob pena de multa de 10 (dez) a 100 (cem) salários 
mínimos, sem prejuízo das demais sanções cabíveis.
§1º A audiência poderá ser adiada se, por motivo 
justificado, o defensor não puder comparecer.
§2º Incumbe ao defensor provar o impedimento 
até a abertura da audiência. Não o fazendo, o juiz não 
determinará o adiamento de ato algum do processo, 
devendo nomear defensor substituto, ainda que 
provisoriamente ou só para o efeito do ato.
Art. 266. A constituição de defensor independerá 
de instrumento de mandato, se o acusado o indicar por 
ocasião do interrogatório.
Art. 267. Nos termos do art. 252, não funcionarão 
como defensores os parentes do juiz.
Assistente 
O assistente o é do Ministério Público, e será 
representado pelo ofendido ou seu representante legal, 
ou, na falta destes, qualquer pessoa mencionada no art. 
31, CPP (cônjuge, convivente, ascendente, irmão).
Convém frisar, apenas, que o co-réu no mesmo 
processo não poderá intervir como assistente do 
Ministério Público (art. 270, CPP).
63
Direito Processual Penal
1 Finalidade da participação do assistente 
A finalidade de sua participação nos autos tanto pode 
se dar em razão de ver aplicada uma pena condizente à 
gravidade do dano ao acusado (num clamor meramente 
de justiça), como interessado em futura reparação civil 
partindo-se de decreto penal.
Afinal, vale lembrar que, a depender da espécie de 
decisão penal, se poderá ou não manejar a ação civil ex 
delicto. São muitos, pois, os interesses envolvidos: se a 
decisão penal afirmar categoricamente que o fato não 
ocorreu, isso faz coisa julgada no cível e impede a ação de 
reparação; se a decisão penal aplicar uma pena branda, 
provavelmente a reparação possível de ser pleiteada 
será em um valor menor; se a decisão aplicar pena grave, 
provavelmente a reparação pleiteada será maior. Veja-se, 
portanto, que a despeito de entendimento minoritário 
que defende a inconstitucionalidade da figura do 
assistentede acusação, são muitos os interesses em jogo 
defendidos por este agente que só recentemente vem 
tendo seu prisma de atuação maximizado.
2 Delitos que admitem a figura do assistente 
Nem todo tipo de delito admite a figura do assistente 
de acusação. Para que isso seja possível, mister se faz 
que o delito tenha um sujeito passivo determinado. Em 
um delito contra o meio ambiente, p. ex., não é possível 
a figura assistencial, dada a absoluta impropriedade de 
se saber quais foram, realmente, os sujeitos passivos do 
delito.
3 Admissão e atos do assistente
A admissão do assistente é possível enquanto 
não passar em julgado a sentença (lembrando que 
o assistente receberá a causa no estado em que esta 
se encontrar) (art. 269, CPP). Durante a audiência de 
instrução, debates e julgamento, do procedimento 
comum, o assistente terá o prazo de dez minutos para 
falar (prorrogáveis) após a fala do membro do Ministério 
Público. Já no procedimento do júri, o assistente 
somente será admitido se tiver requerido sua habilitação 
até cinco dias antes da data da sessão de julgamento na 
qual pretende atuar (art. 430, CPP).
Ainda, ao assistente será permitido propor meios 
de prova, requerer perguntas às testemunhas, participar 
do debate oral e arrazoar os recursos interpostos pelo 
Ministério Público ou por ele próprio (art. 271, caput, 
CPP). A título ilustrativo, o art. 598, CPP, prevê que, nos 
crimes de competência do tribunal do júri ou do juiz 
singular, se da sentença não for interposta apelação 
pelo Ministério Público no prazo legal, o ofendido ou 
qualquer das pessoas elencadas no art. 31, CPP (cônjuge, 
convivente, ascendente e irmão), ainda que não se tenha 
habilitado como assistente, poderá interpor apelação, 
que não terá, porém, efeito suspensivo. Isso significa 
que, habilitado ou não, diante da desídia ministerial, 
poderá o assistente recorrer via apelação.
Noutro exemplo, há se defender a revogação tácita 
da Súmula nº 208, do Supremo Tribunal Federal, a qual 
dispõe que o assistente do Ministério Público não pode 
recorrer extraordinariamente da decisão concessiva de 
habeas corpus. A revogação tácita de tal dispositivo 
deve-se à grande tendência de legitimação recursal do 
assistente de acusação.
Dando prosseguimento às funções do assistente, 
o juiz, ouvido o agente ministerial, decidirá acerca da 
realização das provas propostas pelo assistente (art. 271, 
§1º, CPP). O processo prosseguirá independentemente 
de nova intimação do assistente quando este, intimado, 
deixar de comparecer a qualquer dos atos da instrução ou 
do julgamento, sem motivo de força maior devidamente 
comprovado (art. 271, §2º, CPP). O Ministério Público 
será ouvido previamente sobre a admissão do assistente 
(art. 272, CPP).
4 Decisão que admite ou não a figura do assistente 
Do despacho que admitir ou não o assistente, 
preceitua o art. 273, da Lei Processual, não caberá 
recurso, devendo, entretanto, constar dos autos o 
pedido e a decisão.
CAPÍTULO IV
DOS ASSISTENTES
Art. 268. Em todos os termos da ação pública, poderá 
intervir, como assistente do Ministério Público, o ofendido 
ou seu representante legal, ou, na falta, qualquer das 
pessoas mencionadas no art. 31.
Art. 269. O assistente será admitido enquanto não 
passar em julgado a sentença e receberá a causa no 
estado em que se achar.
Art. 270. O corréu no mesmo processo não poderá 
intervir como assistente do Ministério Público.
Art. 271. Ao assistente será permitido propor meios de 
prova, requerer perguntas às testemunhas, aditar o libelo 
e os articulados, participar do debate oral e arrazoar os 
recursos interpostos pelo Ministério Público, ou por ele 
próprio, nos casos dos arts. 584, §1º, e 598.
§1º O juiz, ouvido o Ministério Público, decidirá acerca 
da realização das provas propostas pelo assistente.
§2º O processo prosseguirá independentemente de 
nova intimação do assistente, quando este, intimado, 
deixar de comparecer a qualquer dos atos da instrução ou 
do julgamento, sem motivo de força maior devidamente 
comprovado.
Art. 272. O Ministério Público será ouvido previamente 
sobre a admissão do assistente.
Art. 273. Do despacho que admitir, ou não, o assistente, 
não caberá recurso, devendo, entretanto, constar dos 
autos o pedido e a decisão.
Funcionários do Poder Judiciário – Serventuários 
da Justiça
Segundo o ilustre jurista Guilherme de Souza Nucci, 
as expressões funcionários e serventuários da justiça são 
termos correlatos, pois, denominam tanto os ocupantes 
de cargos públicos efetivos, como também os ocupantes 
de cargo ou função comissionados, desde que pagos 
pelo Estado e estejam a serviço do Poder Judiciário, a 
exemplo, os escrivães, escreventes, oficiais de justiça, 
dentre outros.
Durante toda a instrução processual, vários atos são 
realizados pelos funcionários da justiça, em decorrência 
das atribuições inerentes aos próprios cargos ou funções, 
de acordo com as respectivas normas regulamentadoras, 
em regra, são os chamados atos ordinatórios que 
independem de despacho e podem ser praticados de 
ofício.
64
Direito Processual Penal
De acordo com o art. 274 do Código de Processo 
Penal, estendem-se aos funcionários da justiça as 
disposições relativas aos casos de impedimento e 
suspeição dos juízes. Nesses casos, estes deverão 
abster-se de servir no processo e imediatamente prestar 
declaração nos autos, de acordo com o art. 112 do 
referido diploma. Caso isto não ocorra, o impedimento 
poderá ser argüido pelas partes, através do instrumento 
da exceção de suspeição, nos termos do art. 105 do CPP.
Peritos e Intérpretes 
São os auxiliares do juízo, isto é, agentes que, embora 
não servidores da justiça propriamente ditos, fornecem 
esclarecimentos e conhecimentos específicos acerca de 
determinados temas quando consultados.
Os peritos e intérpretes, ainda quando não-oficiais, 
estão sujeitos à disciplina judiciária, e as partes não 
intervirão em sua nomeação. Em contrapartida, o perito/
intérprete não poderá se furtar de seu ofício de forma 
injustificável, sob pena de multa, e, se for o caso, condução 
coercitiva (também incorrerão em multa se deixarem de 
atender à intimação ou a chamado de autoridade, se não 
comparecerem no dia e local designados para o exame, 
ou se não derem o laudo ou concorrerem para que a 
perícia não seja feita nos prazos estabelecidos).
Ademais, de acordo com o art. 279, do Código de 
Processo, não poderão ser peritos os que estiverem 
sujeitos à interdição de direito mencionada no art. 47, 
I (proibição de exercício de cargo, função ou atividade 
pública) e II (proibição do exercício de profissão, atividade 
ou ofício que dependam de habilitação especial, de 
licença ou autorização do poder público), do Código 
Penal (inciso I); os que tiverem prestado depoimento no 
processo ou opinado anteriormente sobre o objeto da 
perícia (inciso II); bem como os analfabetos e menores 
de vinte e um anos (inciso III).
Por fim, há se lembrar que é extensivo aos peritos e 
intérpretes, no que lhes for aplicável, o disposto sobre 
suspeição de juízes (art. 280, CPP).
Vamos acompanhar a seguir os dispositivos contidos 
no Código de Processo Penal referente ao presente assunto:
CAPÍTULO V
DOS FUNCIONÁRIOS DA JUSTIÇA
Art. 274. As prescrições sobre suspeição dos juízes 
estendem-se aos serventuários e funcionários da justiça, 
no que Ihes for aplicável.
CAPÍTULO VI
DOS PERITOS E INTÉRPRETES
Art. 275. O perito, ainda quando não oficial, estará 
sujeito à disciplina judiciária.
Art. 276. As partes não intervirão na nomeação do 
perito.
Art. 277. O perito nomeado pela autoridade será 
obrigado a aceitar o encargo, sob pena de multa de cem a 
quinhentos mil-réis, salvo escusa atendível.
Parágrafo único. Incorrerá na mesma multa o perito 
que, sem justa causa, provada imediatamente:
a) deixar de acudir à intimação ou ao chamado da 
autoridade;
b) não comparecer no dia e local designados para o 
exame;
c) não der o laudo, ou concorrer para que a perícia 
não seja feita,nos prazos estabelecidos.
Art. 278. No caso de não comparecimento do perito, 
sem justa causa, a autoridade poderá determinar a sua 
condução.
Art. 279. Não poderão ser peritos:
I - os que estiverem sujeitos à interdição de direito 
mencionada nos ns. I e IV do art. 69 do Código Penal;
II - os que tiverem prestado depoimento no processo 
ou opinado anteriormente sobre o objeto da perícia;
III - os analfabetos e os menores de 21 anos.
Art. 280. É extensivo aos peritos, no que Ihes for 
aplicável, o disposto sobre suspeição dos juízes.
Art. 281. Os intérpretes são, para todos os efeitos, 
equiparados aos peritos.
QUESTÕES
01. (Câmara de Campo Limpo Paulista/SP - 
Procurador Jurídico – VUNESP/2018) Nos expressos e 
literais termos do artigo 295 do CPP, têm direito à prisão 
especial – que nada mais é do que o recolhimento em 
local distinto da prisão comum – entre outros,
(A) o Vereador, o Magistrado e o Ministro de 
Confissão Religiosa.
(B) o Ministro de Estado, o Governador e o Agente 
Municipal de Trânsito.
(C) o Prefeito Municipal, o Praça das Forças Armadas 
e o Ministro do Tribunal de Contas.
(D) o Agente Fiscal de Posturas Públicas, o membro 
da Assembleia Legislativa dos Estados e os Delegados 
de Polícia.
(E) o Oficial das Forças Armadas, o diplomado por 
qualquer das faculdades superiores da República e o 
Agente Fiscal de Rendas.
02. (PC/AC - Agente de Polícia Civil - IBADE/2017) 
Sobre o tema prisão preventiva assinale a alternativa 
correta. 
(A) Não será permitido o emprego de força, salvo 
a indispensável no caso de resistência, de tentativa de 
fuga do preso, dos reincidentes e dos presos de alta 
periculosidade por terem passado pelo regime disciplinar 
diferenciado. 
(B) O mandado de prisão, na ausência do juiz, poderá 
ser lavrado e assinado pelo escrivão, ad referendum do 
juiz. 
(C) O mandado de prisão mencionará a infração 
penal e necessariamente a quantidade da pena privativa 
e de multa, bem como eventual pena pecuniária.
(D) A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia 
e a qualquer hora, respeitadas as restrições relativas à 
inviolabilidade do domicílio.
(E) A autoridade que ordenar a prisão fará expedir 
o respectivo mandado, salvo quando, por questão 
de urgência, nos crimes inafiançáveis, poderá a prisão 
ocorrer por ordem verbal do juiz.
65
Direito Processual Penal
03. (TJ/SP - Escrevente Técnico Judiciário - 
VUNESP/2017) Nos exatos termos do art. 253 do CPP, 
nos juízos coletivos, não poderão servir no mesmo 
processo os juízes que forem entre si parentes,
(A) consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral 
até o quarto grau, inclusive.
(B) consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral 
até o terceiro grau, inclusive, bem como amigos íntimos.
(C) consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral 
até o terceiro grau, inclusive, bem como amigos íntimos 
ou inimigos capitais.
(D) consanguíneos, excluídos os parentes afins.
(E) consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral 
até o terceiro grau, inclusive.
04. (IGP/RS - Técnico em Perícias - 
FUNDATEC/2017) De acordo com o Código de Processo 
Penal, o juiz dar-se-á por suspeito e, se não o fizer, 
poderá ser recusado por qualquer das partes se: 
(A) Ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, 
estiver respondendo a processo por fato análogo, sobre 
cujo caráter criminoso haja controvérsia.
(B) Tiver funcionado seu cônjuge ou parente, 
consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o 
terceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado, 
órgão do Ministério Público, autoridade policial, auxiliar 
da justiça ou perito.
(C) Ele próprio houver desempenhado qualquer 
dessas funções ou servido como testemunha.
(D) Tiver funcionado como juiz de outra instância, 
pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre a questão. 
(E) Ele próprio ou seu cônjuge ou parente, 
consanguíneo ou afim em linha reta ou colateral até 
o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente 
interessado no feito.
05. (PC/PE - Agente de Polícia - CESPE/2016) No 
que se refere à atuação do juiz, do Ministério Público, 
do acusado, do defensor, dos assistentes e auxiliares da 
justiça e aos atos de terceiros, assinale a opção correta.
(A) O acusado detém a prerrogativa de silenciar ao 
ser interrogado, mas esse direito pode ser interpretado 
contra ele, consoante o aforismo popular: quem cala 
consente.
(B) Assegura-se ao acusado a ampla defesa e o 
contraditório, mas isso não lhe retira plenamente a 
autonomia de vontade, de sorte que poderá dispensar 
advogado dativo ou defensor público, promovendo, por 
si mesmo, a sua defesa, ainda que não tenha condições 
técnicas para tanto.
(C) O réu denunciado em processo, por coautoria 
ou participação, pode atuar como assistente de 
acusação nesse mesmo processo se a defesa imputar 
exclusivamente ao outro acusado a prática do crime.
(D) No processo, o juiz exerce poderes de polícia — 
para garantir o desenvolvimento regular e tolher atos 
capazes de perturbar o bom andamento do processo 
— e poderes jurisdicionais — que compreendem atos 
ordinatórios, que ordenam e impulsionam o processo, 
e instrutórios, que compreendem a colheita de provas.
(E) Dados os princípios da unidade, da indivisibilidade 
e da independência funcional, não se aplicam ao 
Ministério Público as prescrições relativas a suspeição e 
impedimentos de juízes.
06. (TJ/SP - Escrevente Técnico Judiciário - 
VUNESP/2015) Ao Ministério Público compete, de 
acordo com o art. 257 do CPP, fiscalizar a execução da lei 
e promover, privativamente, a ação penal
(A) pública.
(B) pública incondicionada, e manifestar-se como 
custos legis, nas ações penais públicas condicionadas.
(C) privada, quando houver representação da vítima
(D) pública condicionada, e manifestar-se como 
custos legis, nas ações penais públicas incondicionadas.
(E) pública e, quando houver representação da 
vítima, promover em seu nome a ação penal privada
07. (STJ - Analista Judiciário - CESPE/2018) Acerca 
do inquérito policial, do acusado e seu defensor e da 
ação penal, julgue o item que se segue.
O titular da ação penal pública condicionada é o 
Ministério Público.
( ) Certo ( ) Errado
08. (TJ/SP - Escrevente Técnico Judiciário - 
VUNESP/2017) Determina o art. 261 do CPP que
(A) nenhum acusado, com exceção do foragido, será 
processado ou julgado sem defensor.
(B) salvo nos processos contravencionais e nos de 
rito sumaríssimo, nenhum acusado será processado ou 
julgado sem defensor.
(C) salvo nos casos de força maior, nenhum acusado, 
ainda que ausente ou foragido, será processado ou 
julgado sem defensor.
(D) nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, 
será processado ou julgado sem defensor.
(E) nenhum acusado, com exceção do revel, será 
processado ou julgado sem defensor.
09. (PC/BA - Investigador de Polícia – 
VUNESP/2018) Quanto aos assistentes de acusação, o 
Código de Processo Penal estabelece que
(A) o assistente é aquele que oferece a denúncia, na 
hipótese de inércia do Ministério Público nos crimes de 
ação penal pública.
(B) a morte do ofendido obsta que outrem atue ao 
lado do Ministério Público, no polo ativo.
(C) na hipótese de ação penal privada, poderá 
haver assistência de acusação tão somente se houver 
pluralidade de ofendidos.
(D) na hipótese de morte do ofendido, poderão 
habilitar-se como assistente seu cônjuge, ascendente, 
descendente ou irmão.
(E) a assistência inicia-se com a denúncia e conclui-
se, em havendo interesse do ofendido, com o término da 
execução da pena.
10. (TJ/AL - Técnico Judiciário - FGV/2018) Tício 
é funcionário auxiliar da justiça de certo cartório de 
Vara Criminal. Ao atuar em determinado procedimento, 
verifica que Mévio, que é seu credor em razão de 
empréstimo, figura como réu na ação penal.
Identificada tal situação, é correto afirmar que Tício: 
(A) não poderá participar da ação penal em razão 
da causa de suspeição prevista no Código de Processo 
Penal, tendo em vista que as prescrições sobre suspeição 
dos juízes estendem-seaos serventuários e funcionários 
da justiça;
66
Direito Processual Penal
(B) poderá participar da ação penal, tendo em 
vista que ser credor da parte não configura causa de 
impedimento e nem suspeição do magistrado a ser 
estendida ao funcionário auxiliar da justiça;
(C) não poderá participar da ação penal em razão 
da causa de impedimento prevista no Código de 
Processo Penal, tendo em vista que as prescrições sobre 
impedimento dos juízes estendem-se aos serventuários 
e funcionários da justiça;
(D) poderá participar da ação penal, tendo em vista 
que as prescrições sobre suspeição e impedimento dos 
juízes não se aplicam aos serventuários e funcionários 
da justiça;
(E) poderá participar da ação penal, tendo em 
vista que ser credor da parte é causa de impedimento 
e apenas as prescrições sobre suspeição dos juízes, de 
acordo com o Código de Processo Penal, aplicam-se aos 
funcionários da justiça.
GABARITO
01. A
02. D
03. E
04. A
05. D
06. A
07. CERTO
08. D
09. D
10. A
7. DA PRISÃO, DAS MEDIDAS CAUTELARES E 
DA LIBERDADE PROVISÓRIA
Conforme lição do doutrinador Fernando Capez, 
“prisão é a privação de liberdade de locomoção 
determinada por ordem escrita da autoridade 
competente ou em caso de flagrante delito”. A prisão 
é um “castigo” imposto pelo Estado ao condenado 
pela prática de infração penal, para que este possa se 
reabilitar visando restabelecer a ordem jurídica violada.
Embora seja este o sentido técnico da palavra, no 
direito pátrio ela possui vários significados diferentes, 
tais como pena privativa de liberdade; o ato da captura; 
a própria custódia etc.
No Brasil o sistema carcerário é conhecido por suas 
várias deficiências tais como: a superlotação; rebeliões; 
precariedade; insalubridade; falta de higiene e outros 
males que atingem a população carcerária e tanto 
preocupa a sociedade, quanto as autoridades. Todavia 
a criação de tais estabelecimentos para o cumprimento 
de pena, tem como objetivo retirar da sociedade aqueles 
que cometeram delitos passiveis da pena privativa 
de liberdade, ao tempo que os recupera para serem 
reinseridos de volta à sociedade.
A pena tem caráter retributivo, punir o agente 
delituoso do mal efetuado, como preventivo, ameaça 
punir todos que venham a cometer delitos, evitando que 
o indivíduo que praticou crime volte novamente a 
delinquir, além do papel de ressocializador.
Pena, é a resposta do Estado a uma conduta 
criminosa cometida por uma agente que age em 
desacordo às normas jurídicas vigente, é uma punição 
aplicada pelo estado. No Brasil há quatro modalidades 
distintas de penas de prisão: a penal, a administrativa, a 
disciplinar e a civil.
Dentre as penas previstas no Direito Penal Brasileiro, 
a privativa de liberdade é mais a severa, pois restringe 
um dos maiores bens do homem, a liberdade. A prisão 
consiste no confinamento do individuo, o qual será 
mantido sob vigilância e tutelado pelo estado, mantendo 
a sociedade segura daquele que infringiu uma regra 
social e colocou em risco bens considerados relevantes.
O objetivo da prisão é punir o infrator, retirando-o 
do seio da sociedade para que seja punido e 
ressocializado, para posteriormente ser reintroduzido na 
sociedade. A pena privativa de liberdade, possui caráter 
retributivo e preventivo, pois uma vez coíbe a prática de 
novos crimes e reforça a idéia de um Direito Penal eficaz, 
já que é de conhecimento público que a prática de 
determinado ato praticado em desacordo com a norma 
jurídica acarretará uma eventual sanção, uma pena.
A palavra prisão tem origem latina e significa ato de 
prender, dentre as penas privativa de liberdade existem a 
prisão simples, a detenção e a reclusão. A prisão simples 
é a mais branda dentre as três espécies, destinando-
se, somente às contravenções penais, não podendo ser 
cumprida, portanto, em regime fechado, tal espécie de 
pena privativa de liberdade pode ser cumprida somente 
em regime semiaberto e aberto. Tal fato se dá, por ser 
incompatível incluir um condenado por contravenção 
penal no mesmo ambiente em que haja indivíduos que 
cometeram crimes.
A detenção é aplicada aos crimes com um grau 
menor de gravidade em relação a reclusão, e seu 
cumprimento é efetuado em estabelecimentos de menor 
vigilância e cuidado, em regime aberto ou semiaberto. Já 
a reclusão é uma punição de delitos de maior gravidade 
e seu cumprimento é efetuado em estabelecimento de 
maior segurança.
 
ESPECIES DE PRISÃO
Quanto aos tipos de prisões existentes no Brasil 
podemos elencar as principais, quais são: prisão pena, 
prisão para fins de extradição, prisão civil, prisão 
temporária, prisão preventiva e prisão em flagrante.
 
PRISÃO PENA
A prisão é uma espécie de pena na qual o estado 
exerce o seu “jus puniendi”, já em sentido jurídico, consiste 
na privação do direito de liberdade de locomoção de 
uma determinada pessoa, pelo fato de ela ter violado 
uma norma penal. Todavia, o referido termo tem vários 
significados no ordenamento jurídico brasileiro, pois 
pode expressar a pena privativa de liberdade, o ato de 
captura ou a simples custódia da pessoa.
A prisão pena consiste na sanção imposta pelo 
estado, restringindo a liberdade de locomoção de um 
individuo, em razão de infringir norma jurídica e com 
sentença condenatória.
 
PRISÃO PARA FINS DE EXTRADIÇÃO
A prisão para fins de extradição é regulamentada 
pela Lei 12.878/2013, o qual preceitua em seu artigo 82, 
§1° e §2°:
67
Direito Processual Penal
Art. 82 O Estado interessado na extradição poderá, 
em caso de urgência e antes da formalização do pedido 
de extradição, ou conjuntamente com este, requerer a 
prisão cautelar do extraditando por via diplomática ou, 
quando previsto em tratado, ao Ministério da Justiça, 
que, após exame da presença dos pressupostos formais 
de admissibilidade exigidos nesta Lei ou em tratado, 
representará ao Supremo Tribunal Federal. 
§ 1o O pedido de prisão cautelar noticiará o crime 
cometido e deverá ser fundamentado, podendo ser 
apresentado por correio, fax, mensagem eletrônica ou 
qualquer outro meio que assegure a comunicação por 
escrito. 
§ 2o O pedido de prisão cautelar poderá ser 
apresentado ao Ministério da Justiça por meio da 
Organização Internacional de Polícia Criminal 
(Interpol), devidamente instruído com a documentação 
comprobatória da existência de ordem de prisão proferida 
por Estado estrangeiro. 
Extradição ocorre quando o Estado entrega a outro 
país um indivíduo que cometeu crime que é punido 
segundo as leis daquele país, e a do país onde se 
encontra, a fim de que lá ele seja processado ou cumpra 
a pena por esse ilícito. Até que ocorra a entrega do 
individuo este ficará sob tutela do estado sob prisão, 
tal processo garante a prisão preventiva do réu até que 
ocorra a extradição assegurando a aplicação da lei.
 
PRISÃO CIVIL
A prisão civil é uma medida coercitiva, econômica 
e social com o fim de fazer cumprir as obrigações do 
devedor de alimentos e do depositário infiel. É prevista 
pelo art. 5º da Constituição Federal em seu inciso LXVII. 
A prisão civil se difere da prisão penal uma vez que esta 
não ocorre após o trânsito em julgado da sentença penal 
condenatória, e sim como medida coercitiva.
No Brasil não é admita a prisão do depositário infiel 
ou por dívida, mas a prisão civil do devedor de alimentos 
é uma medida excepcional adotada. A reclusão para o 
devedor de alimentos tem como principal função não 
a de puni-lo, mas sim forçá-lo pagar o que deve, para 
garantir a sobrevivência do alimentando. A prática 
judicial criou a regra de que o alimentante só pode ser 
preso quando deixar de pagar três prestações, seja antes 
da citação, seja as que vencerem durante o processo, 
conforme Súmula 309 do STJ:
SÚMULA 309: O débito alimentar que autoriza a 
prisão civil do alimentante é o que compreende as três 
prestações anteriores à citação e as que vencerem no 
curso do processo.
PRISÃO TEMPORÁRIA
A prisão temporária, regulamentada pela Lei 
7.960/89, é utilizada durante a faseinquisitorial, 
pois, se o sistema foi suficiente a um “ditador”, não será 
suficiente a um sistema que vise a ser democrático.
Sistema selecionado pela Constituição Federal de 
1988 e em vigência no sistema brasileiro
Já tendo sido delineados, mesmo que de forma 
sucinta, os contornos dos sistemas processuais 
epigrafados, cumpre explanar a indagação natural. Qual 
foi o sistema processual adotado pela Constituição 
6
Direito Processual Penal
Federal de 1988? O debate é amplo e não se esgota, 
mas necessário é mencionar algumas ponderações. 
Salah Hassan Khaled Jr salienta que: “apesar de tais 
considerações, parte significativa dos processualistas 
penais afirma que no Brasil vigora um sistema misto, 
predominantemente considerado como acusatório”.
Outra parte da doutrina salienta que, hodiernamente, 
predomina o sistema acusatório, uma vez que a própria 
Constituição Federal dividiu as atribuições dos órgãos 
competentes para realizar as funções de acusação e 
jurisdicionais. Neste sentido, aduz Renato Brasileiro. 
Desta forma, não há consenso entre a doutrina 
pátria, conquanto haja uma maior parte dela que 
preceitue a escolha do sistema acusatório pela Carta 
Magna. Contudo, em que pese a escolha, grande parte 
dos ditames acusatórios ainda não são aplicados ao 
processo penal, em virtude de um Código de Processo 
Penal datado de 1940, instituído sob um regime ditatorial 
e com diversas antinomias com a Carta da República.
Neste sentido, a Lei 13.964/2019, intitulada como 
“Pacote Anticrime” promoveu mudanças no CPP, 
buscando, no que tange ao sistema processual, adequá-
lo ao sistema processual eleito pela CF/88. Tal legislação 
inseriu, dentro da temática do “juiz das garantias”, o art. 
3ª – A, que traz, expressamente, a previsão do sistema 
processual brasileiro dispor de natureza acusatória.2 
LEI PROCESSUAL PENAL: fontes, eficácia, 
interpretação, analogia, imunidades.
Fontes
A fonte é a origem do próprio direito e são as 
seguintes:
- Fonte de produção ou material: elabora a norma, 
de modo que no Brasil a competência para legislar 
sobre direito processual penal é da União, contudo a 
Constituição Federal, através do artigo 22, parágrafo 
único permite que por meio de lei complementar seja 
atribuída aos estados-membros a competência para 
legislar sobre processo penal, quando se trata de 
questões sobre direito local.
- Fonte formal ou de cognição: revela a norma, pode 
ser imediata ou mediata.
- Fonte de cognição imediata ou direta: são as leis e 
tratados.
- Fonte de cognição mediata, indireta ou supletiva: 
desdobra-se em princípios gerais do direito e costumes.
Eficácia
Em Direito eficácia é a aptidão para que se possa 
produzir efeitos jurídicos. Assim, diz-se que uma lei tem 
eficácia, quando ela está produzindo efeitos no mundo 
exterior – os efeitos de determinada lei podem ainda ser 
limitados a um determinado território (espaço) ou a um 
determinado período de tempo. Essa limitação aplica-se, 
inclusive, à lei processual.
Quanto ao espaço, a lei processual penal é regulada 
pelo princípio da territorialidade. De acordo com o que 
dispõe o artigo 1º do Código de Processo Penal, a lei pe-
nal é aplicável “em todo território nacional”. Dessa for-
ma, a lei processual penal tem eficácia em território na-
cional. Isto significa, portanto, que o CPP regulará todos 
os processos que vierem a se desenvolver em território 
brasileiro, por infrações cometidas no país (em respeito 
ao princípio do locus regit actum).
2 Fonte: www.iccs.com.br
Contudo, também de acordo com o que dispõe o 
artigo 1º, dessa vez em seu inciso I, essa aplicação po-
derá também ter exceções. Uma delas é quando existi-
rem tratados e convenções internacionais adotadas pelo 
Brasil – nestes casos específicos, o código de processo 
penal, a lei processual penal brasileira, não será aplicada.
Outra exceção se encontra, por exemplo, quando 
existe uma lei especial regulando a matéria. Como se 
sabe, de acordo com o princípio da especialidade, a lei 
especial deve sempre ser aplicada em detrimento da ge-
ral. Assim, nestes casos específicos, o código de proces-
so penal terá aplicação apenas de forma subsidiária. Isto 
ocorre, por exemplo, em se tratando de crimes militares, 
cujas normas estão definidas em código específico.
No tempo, as leis processuais estão reguladas na Lei 
de Introdução às normas do Direito Brasileiro – LINDB 
(Decreto-Lei no 4.657/1942). Assim, em regra, começam 
a viger após o período de vacatio legis (quarenta e cinco 
dias depois de publicada). A lei processual terá validade 
imediata e geral “respeitando o ato jurídico perfeito, a 
coisa julgada e o direito adquirido” (LINDB Art. 6º).
Tratando especificamente do Código de Proces-
so Penal, o artigo 2º dispõe como regra a aplicação 
imediata das leis processuais penais, sem prejuízo dos 
atos praticados sob a vigência da lei anterior – princípio 
do tempus regit actum. Isto significa que, entrando em 
vigor, a lei se aplica, desde logo, aos processos em curso, 
sem prejuízo dos atos já praticados na vigência da lei 
anterior. Assim, tem-se que a lei processual penal nova 
não retroage.
Lei Processual no espaço
Art. 1 o: O processo penal reger-se-á, em todo o terri-
tório brasileiro, por este Código, ressalvados: I - os trata-
dos, as convenções e regras de direito internacional;
II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da 
República, dos ministros de Estado, nos crimes conexos 
com os do Presidente da República, e dos ministros do 
Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade 
(Constituição, arts. 86, 89, § 2 o , e 100);
III - os processos da competência da Justiça Militar; 
IV - os processos da competência do tribunal especial 
(Constituição, art. 122, n o 17); V - os processos por crimes 
de imprensa. (Vide ADPF nº 130)
A aplicação da lei processual penal no espaço 
passa pelo estudo do Código de Processo Penal e 
da legislação extravagante que cuida dos conceitos 
empregados pelo legislador naquele diploma, como a 
noção de território nacional, e demais regras, princípios 
e conceitos propagados pela doutrina que estuda a 
teoria geral dos processos.
7
Direito Processual Penal
O processo, enquanto cuida de regras e princípios 
para aplicação do Direito ao caso concreto, é 
manifestação plena da Jurisdição e, ao mesmo tempo, 
configura limites para atividade soberana estatal, 
trazendo em seu bojo uma série de garantias de caráter 
constitucional. Sendo assim, enquanto manifestação 
plena de soberania, caberia ao legislador definir 
quando, onde e para quais casos são aplicáveis a 
legislação brasileira em seu aspecto material ou formal.
A relevância da aplicação da lei processual no 
espaço é, portanto, afirmação da própria soberania do 
Estado, que determinará como serão processados e 
julgados os feitos perante os juízos criminais brasileiros. 
Em sede penal, trata-se de garantia fundamental dos 
jurisdicionados, já que estes se encontram em especial 
condição de sujeição quando réus em demanda penal.
O princípio da territorialidade no ordenamento 
jurídico brasileiro
Tamanha é a importância do tema que este abre 
o Código de Processo Penal. Prescreve o art. 1º deste 
diploma:
O processo penal reger-se-á, em todo o território 
brasileiro, por este Código, ressalvados:
I - os tratados, as convenções e regras de direito 
internacional;
II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da 
República, dos ministros de Estado, nos crimes conexos 
com os do Presidente da República, e dos ministros do 
Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade 
(Constituição, arts. 86, 89, § 2o, e 100);
III - os processos da competência da Justiça Militar;
IV - os processos da competência do tribunal especial 
(Constituição, art. 122, no 17);
V - os processos por crimes de imprensa. Vide ADPF 
nº 130
Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este 
Código aos processos referidos nos nos. IV e V, quando as 
leis especiais que os regulam não dispuserem de modo 
diverso.de investigação, 
sua decretação geralmente efetua-se para assegurar o 
sucesso da diligência, ou quando o indiciado não possuir 
residência fixa ou não fornecer elementos suficientes 
para esclarecimento da identidade ou quando houver 
fundadas razões de autoria ou materialidade. O prazo 
da prisão temporária é de cinco dias podendo ser 
prorrogado por mais cinco dias.
 
Conforme a Lei 7.8960/89 é cabível a prisão nas 
seguintes hipóteses:
I - quando imprescindível para as investigações do 
inquérito policial;
II - quando o indicado não tiver residência fixa ou não 
fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua 
identidade;
III - quando houver fundadas razões, de acordo com 
qualquer prova admitida na legislação penal, de autoria 
ou participação do indiciado nos seguintes crimes:
a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2°);
b) sequestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e seus 
§§ 1° e 2°);
c) roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);
d) extorsão (art. 158, caput, e seus §§ 1° e 2°);
e) extorsão mediante sequestro (art. 159, caput, e seus 
§§ 1°, 2° e 3°);
f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o 
art. 223, caput, e parágrafo único);
g) atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua 
combinação com o art. 223, caput, e parágrafo único);
h) rapto violento (art. 219, e sua combinação com o 
art. 223 caput, e parágrafo único);
i) epidemia com resultado de morte (art. 267, § 1°);
j) envenenamento de água potável ou substância 
alimentícia ou medicinal qualificado pela morte (art. 270, 
caput, combinado com art. 285);
l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código 
Penal;
m) genocídio (arts. 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889, de 1° 
de outubro de 1956), em qualquer de sua formas típicas;
n) tráfico de drogas (art. 12 da Lei n° 6.368, de 21 de 
outubro de 1976);
o) crimes contra o sistema financeiro (Lei n° 7.492, de 
16 de junho de 1986).
A prisão temporária será decretada pela autoridade 
judicial em face da representação da autoridade policial 
ou de requerimento do Ministério Público.
PRISÃO PREVENTIVA
É uma medida cautelar ou medida excepcional de 
garantia do processo de conhecimento e de efetividade 
do processo de execução e ocorre como prevenção, 
no interesse da justiça, mesmo sem haver ainda uma 
condenação. A medida preventiva tem caráter de 
antecipar, de precaver. Tal medida é prevista no artigo 
312 do Código de Processo Penal Brasileiro, o qual 
preceitua:
Art. 312 A prisão preventiva poderá ser decretada 
como garantia da ordem pública, da ordem econômica, 
por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar 
a aplicação da lei penal, quando houver prova da 
existência do crime e indício suficiente de autoria. 
Na Constituição Federal, em seu art. 5º, inciso 
LXI, contempla a prisão preventiva. Tal mandamento 
constitucional encontra correspondente no art. 283 do 
Código Penal Brasileiro em sua redação atual, conferida 
pela Lei nº 12.403/2011 –, que prescreve que “Ninguém 
poderá ser preso senão em flagrante delito ou por 
ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária 
competente, em decorrência de sentença condenatória 
transitada em julgado ou, no curso da investigação ou 
do processo, em virtude de prisão temporária ou prisão 
preventiva”.
68
Direito Processual Penal
Para a efetivação da medida é necessário o 
preenchimento dos pressupostos processuais 
simultâneos, os quais são “fumus commissi delict” e o 
“periculum libertati”. O “fumus commissi delict” refere-
se aos indícios suficientes de autoria e materialidade 
do fato delituoso. Já o “periculum libertatis” refere-se 
aos elementos necessários ou requisitos alternativos os 
quais são: garantia da ordem pública, garantia da ordem 
econômica, conveniência da instrução criminal ou para 
assegurar a aplicação da lei penal.
Roteiro de estudo para Prisão Preventiva - – artigo 
311 ao 316 do Código de Processo Penal 
Pressupostos da Prisão Preventiva- art. 312 do Có-
digo de Processo Penal: fumus boni iuris e periculum in 
mora 
Momento da Prisão Preventiva - artigo 311 do CPP
Quem Pode Pleitear a Prisão Preventiva art. 311 e 13, 
IV Código de Processo Penal.
Despacho Judicial fundamentado – artigo 315 do Có-
digo de Processo Penal
Crimes Dolosos com Pena Privativa de Liberdade má-
xima superior a 04 anos – artigo 313, I do Código de 
Processo Penal.
Prisão Preventiva Subsidiária - artigos 312, § único 
(caso de descumprimento de qualquer das obrigações 
impostas de outras medidas cautelares) c/c 313, III (se 
o crime envolver violência doméstica e familiar, para 
garantir a execução das medidas protetivas de urgência) 
e § único, do CPP ( quando houver dúvida sobre a 
identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer 
elementos suficientes para esclarecê-la).
Prisão Preventiva e as Causas Excludentes de Ilicitude 
artigo 23 do Código Penal e artigo 314 do Código de 
Processo Penal,
Revogação da Prisão Preventiva artigo 316 do Código 
de processo penal
Prazo da prisão Preventiva: artigos 400 e 532 do Có-
digo de Processo penal
Prisão Domiciliar - art. 317 do CPP.
Hipóteses de cabimento da Prisão Domiciliar: Art. 
318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela do-
miciliar quando o agente for: 
I - maior de 80 (oitenta) anos; 
II - extremamente debilitado por motivo de doença 
grave; 
III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa 
menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência; 
IV - gestante a partir do 7o (sétimo) mês de gravidez 
ou sendo esta de alto risco. 
Parágrafo único. Para a substituição, o juiz exigirá 
prova idônea dos requisitos estabelecidos neste artigo.
PRISÃO EM FLAGRANTE
A prisão em flagrante é uma espécie de prisão na 
qual há previsão nos artigos 301 ao 310 do Código de 
Processo Penal, nos quais é possível identificar as várias 
espécies de flagrantes.
Flagrante vem da palavra latina “flagare” que 
significa arder, queimar. Isso significa que o ato está 
acontecendo, ou seja, a ação praticada ainda está 
em curso. Tal prisão tem natureza jurídica de um ato 
administrativo, pois independe de ordem judicial. Trata-
se de um mecanismo de autodefesa da sociedade na 
iminência de sofrer um dano, e dessa forma permitindo 
que qualquer pessoa possa privar, temporariamente, 
aquele que está praticando ou acaba de praticar infração 
penal, da sua liberdade de locomoção, não sendo 
necessário mandado de prisão.
Dentre as espécies de flagrantes, existem nove 
espécies, as quais são: flagrante obrigatório, flagrante 
facultativo, flagrante próprio, flagrante impróprio, 
flagrante ficto ou presumido, flagrante preparado, 
flagrante forjado, flagrante esperado, flagrante forjado e 
flagrante prorrogado.
ESPECIES DE FLAGRANTES
O flagrante é um termo, no direito penal, associado 
ao crime, consiste em uma ação está sendo concebida, 
acontecendo ou acabando de acontecer, no momento 
em que autoridades policiais ou qualquer do povo podem 
visualizá-la, e determinar a prisão sem necessidade 
de provas ou inquéritos do agente que a cometeu. O 
flagrante é dividido em etapas ou fases, as quais são: 
captura (momento do cerceamento da liberdade), 
condução coercitiva (consiste na condução do coator 
a autoridade policial), formalização (procedimentos 
previstos nos artigos ao 309 do CPP) e judicialização 
(prevista no artigo 310 do CPP).
A prisão em flagrante é um ato de cerceamento da 
liberdade do agente que praticou um delito ou que está 
praticando ou acabou de praticá-lo, e sua natureza é 
processual. Dessa forma a prisão em flagrante é a medida 
cautelar de privação de liberdade daquele que praticou o 
delito, sendo desnecessária qualquer autorização judicial 
e não caracteriza antecipação de pena.
 
- Flagrante Obrigatório
O flagrante obrigatório, compulsório ou coercitivo, 
ocorre quando certas pessoas possuem a obrigatoriedade 
de prender aquele que está em situação de flagrante 
delito, conforme preceitua o artigo 301 do Código de 
Processo Penal. Tais pessoas são agentes públicos das 
forçasComo se percebe, o legislador adotou o princípio 
da territorialidade como regra em nosso ordenamento 
jurídico, ou seja, ressalvadas as exceções trazidas pelos 
incisos deste artigo, sempre que houver uma demanda 
penal tramitando nos órgãos judiciários brasileiros, 
aplicar-se-á o Código de Processo Penal. Sem embargo, 
é possível que sejam realizados atos processuais 
estrangeiros no Brasil por meio de carta rogatória ou, 
ainda, que regras da legislação processual estrangeira 
sejam aplicados a feito em trâmite no Brasil como 
ferramenta de integração da lei.
Este princípio consagra, ainda, a singularidade 
do processo penal em território brasileiro. Nenhuma 
sanção penal poderá ser aplicada sem a observância 
de suas regras e princípios, a não ser que o legislador 
o faça por meio de outro instrumento legal. Não se 
admite a edição de normas com idêntica finalidade por 
outros entes federativos que não a União.
Os atos processuais penais deverão, portanto, ser 
praticados segundo a lei brasileira, o que não significa 
que a infração foi necessariamente cometida no País. 
Em verdade, a jurisdição brasileira será aplicável, 
mormente, quando o crime houver sido cometido no 
Brasil, justamente por ser expressão de sua soberania. 
O Código Penal, em seu art. 6º, adota a teoria da 
ubiquidade para determinar onde foi cometido o crime, 
qual seja, este é considerado cometido no local da 
atividade ou do resultado, e determina aquele diploma 
o território nacional para fins penais.
Assim, via de regra, cometido o crime dentro 
do território nacional, será a autoridade brasileira a 
responsável por instruir o feito tendente à aplicação de 
punição ao responsável, o que não obsta a incidência 
excepcional da extraterritorialidade. O crime poderá 
ter somente seu resultado no Brasil e, ainda assim, ser 
julgado segundo as leis penais e processuais brasileiras, 
pois neste caso é o CP que exclui a jurisdição estrangeira.
Percebe-se, outrossim, que existe um diálogo entre 
as diversas fontes do direito material e processual 
penal. Neste sentido, Nucci limita a aplicação do Código 
Penal ao âmbito internacional. Afirma o autor que
“o Código Penal destina-se, exclusivamente, ao 
denominado direito penal internacional, ou seja, à 
aplicação da lei penal no espaço, quando um crime tiver 
início no Brasil e terminar no exterior ou vice-versa (…). 
Para delitos cometidos no território nacional, continua 
valendo o disposto no art. 70 da lei processual. Em suma, 
conflito é somente aparente, mas não real”.
Além do território nacional em sentido estrito, 
exposto acima, o Código Penal regulou o cometimento 
de infrações a bordo de aeronaves e embarcações. O § 
1º do artigo supra inclui em território brasileiro aquelas 
de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro, 
onde quer que se encontrem, ou aquelas que estejam 
em alto-mar ou no espaço aéreo correspondente. Em 
oposição, as embarcações estrangeiras de natureza 
pública são consideradas território do País de origem 
e as privadas o são se estiverem em território neutro. 
É considerado território brasileiro em sentido amplo e, 
sendo assim, devem ser processadas e julgadas pelas 
autoridades nacionais.
É possível, ainda, que o Brasil avoque a competência 
de crimes cometidos no exterior. A extraterritorialidade 
da lei penal pode ser incondicionada (absoluta), casos 
em que o mero cometimento da infração no estrangeiro, 
sem o preenchimento de requisito algum, permitem 
que o réu seja processado e julgado validamente 
no Brasil, ainda que absolvido ou condenado no 
exterior, ou que o faça mediante o cumprimento de 
requisitos específicos, sendo esta a extraterritorialidade 
condicionada (relativa).
Em todo o caso, percebe-se que a regra processual, 
em termos espaciais, é a seguinte: o crime deve ser 
processado e julgado por autoridades brasileiras, 
aplicando-se o CPP, quando o crime for cometido 
em território nacional (em sentido amplo ou estrito) 
ou, ainda que cometido no exterior, o Brasil avoque 
competência para tal como expressão de sua soberania. 
Neste sentido, é de salutar importância o local de 
consumação do crime, pois dentre os juízes brasileiros, 
o Código de Processo Penal definirá aquele que é 
competente para processar e julgar o feito, tendo por 
regra como juízo competente aquele em que o crime 
se consumou (artigo 70, CPP). Prevalece, em tais casos, 
a teoria do resultado, pois entendeu o legislador que 
a Justiça e a Polícia do local da consumação teriam 
melhores condições para instruir o feito.
8
Direito Processual Penal
Fixada a competência brasileira, por haver sido 
o crime cometido no território brasileiro (em sentido 
lato) ou por, ainda que cometido no estrangeiro, 
o Estado brasileiro avoque esta competência 
(extraterritorialidade), resta saber qual o foro ou seção 
judiciária competentes para processar e julgar a infração 
cometidas a bordo das aeronaves e embarcações, já 
que não estão no território nacional em sentido estrito.
O Código de Processo Penal resolve a questão nos 
artigos 89 e 90, que afirmam que os crimes cometidos 
a bordo de embarcações serão processados e julgados 
“pela justiça do primeiro porto brasileiro em que tocar a 
embarcação, após o crime, ou, quando se afastar do País, 
pela do último em que houver tocado” (CPP, art. 89); e, 
no caso de aeronaves, “pela justiça da comarca em cujo 
território se verificar o pouso após o crime, ou pela da 
comarca de onde houver partido a aeronave” (CPP, art. 
90). Nota-se, em ambos os casos, que a competência 
será do foro ou seção judiciária de chegada, se o 
crime foi cometido na volta para o País ou em viagens 
nacionais, ou pelo porto ou aeroporto de saída, se 
cometido na saída do Brasil.
Exceções ao princípio da territorialidade
Feitas estas ponderações, cabe analisar cada inciso 
do artigo de abertura do Código de Processo Penal. O 
inciso I ressalva a aplicação do processo penal pátrio 
se houver tratados, convenções e regras de direito 
internacional que sejam a isso opostas. A subscrição do 
documento pelo Estado brasileiro integra os esforços 
internacionais para conter determinados crimes 
especialmente nocivos à comunidade internacional. 
Mesmo que o ato seja praticado no Brasil, haverá de ser 
respeitada o regramento processual internacional a que 
o País haja anuído.
A Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, 
ratificada pelo Brasil por meio do Decreto 56.435/65, 
traz uma série de imunidades penais aos integrantes 
da carreira diplomática que cometem delitos penais 
enquanto em serviço de seu país de origem. Ainda que 
a legislação processual penal brasileira lhes seja mais 
benéfica, esta é inaplicável por força do tratado.
O inciso II, por sua vez, exclui a aplicação do Código 
de Processo Penal nos casos de jurisdição política, 
quando a conduta criminosa será processada e julgada 
perante o Poder Legislativo. Neste caso, é o regimento 
interno da Câmara dos Deputados e do Senado Federal 
que disciplinarão a forma de processar e julgar tais 
condutas. Note-se que o Código de Processo Penal, 
editado sob a égide de Constituição anterior, deve 
ser interpretado à luz do atual regime constitucional, 
instituídas pelo artigo 52, incisos I e II da Carta Política.
Quanto ao inciso III, o Código de Processo Penal 
Militar (Decreto-Lei 1.002/1969)é que determinará o 
devido processo legal aplicável aos crimes sujeitos à 
sua jurisdição. As normas processuais penais comuns 
podem, no entanto, serem aplicadas supletivamente à 
legislação especial (artigo 3º, alínea a, do Código Penal 
Militar).
Já a disposição trazida no inciso IV não foi 
recepcionada pela Constituição Federal de 1988. Tal 
disposição se amoldava à Constituição de 1937, que 
previa a existência de tribunais de exceção. Contudo, 
tendo em vista que a criação de tribunais de exceção 
é vedada pelo atual ordenamento jurídico por ofender 
o princípio do juiz natural (artigo 5º, XXXVII e LIII), a 
prescrição do inciso IV fica prejudicada.
Não obstante,verifica-se que já foram criados 
tribunais de exceção no Brasil, como o Tribunal de 
Segurança Nacional para o processamento de crimes 
políticos. Em apertada síntese, Nucci afirma que este 
Tribunal era previsto pela Constituição de 1937 e que 
os crimes outrora julgados por ele, mormente políticos, 
devem ser julgados pela Justiça Federal.
O inciso V também se encontra prejudicado em 
face da procedência da ADPF 130-7, em que o Supremo 
Tribunal Federal declarou a não recepção da Lei de 
Imprensa pela Constituição de 1988. O cometimento 
de crime, ainda que relacionado à atividade jornalística, 
seguirá o rito procedimental comum. Sendo assim, as 
disposições processuais penais porventura expostas 
naquele diploma não podem ser aplicadas, devendo ser 
aplicadas as normas do Código de Processo Penal em 
sua inteireza.
Por fim, o parágrafo único excepciona os casos 
em que a legislação especial prescreve procedimento 
diverso. No magistério de Nucci, “quando a legislação 
especial regular procedimento diverso do previsto no 
CCP, pelo princípio da especialidade, aplica-se aquela e 
somente em caráter subsidiário este último. Ilustrando: 
Lei de Drogas (Lei 11.343/2006), Lei de Abuso de 
Autoridade (Lei 4.898/65), etc.”.
Em regra, a lei processual penal será aplicada 
a todas as infrações penais cometidas no território 
nacional. Trata-se do princípio “lex fori” ou “locus regit 
actum”, que se justifica pela soberania nacional, bem 
como pela ausência de sentido em aplicar legislação 
alienígena a fatos criminosos cometidos em território 
brasileiro.
Embora a regra constante do “caput” do 
art. 1º do CPP seja a territorialidade, não se pode deixar 
lembrar das exceções à aplicação da lei brasileira, 
presentes nos incisos do mesmo dispositivo, nas 
quais devem incidir normas incorporadas ao direito 
estrangeiro – em razão de tratados internacionais, 
por exemplo – ou regras nacionais que preveem 
regulamentação específica para determinadas situações 
– como na apuração dos crimes militares.
Memorize...
Exceções à aplicação do CPP: 
I - os tratados, as convenções e regras de direito 
internacional;
II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da 
República, dos ministros de Estado, nos crimes conexos 
com os do Presidente da República, e dos ministros do 
Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade 
(Constituição, arts. 86, 89, § 2 o , e 100); 
III - os processos da competência da Justiça Militar;
Lei Processual no Tempo
Em relação à aplicabilidade da lei no tempo, dispõe o 
art.2.°, do Código de Processo Penal, que “a lei processual 
penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade 
dos atos realizados sob a vigência da lei anterior”.
Institui-se, em matéria processual, a regra do tempus 
regit actum, isto é, de que a lei aplica-se imediatamente, 
não podendo, contudo, interferir em atos jurídicos 
perfeitos, já realizados.
Com efeito, pudesse a lei retroagir, para incidir 
em atos já praticados, haveria o risco à segurança 
jurídica, estando a validade dos atos processuais 
9
Direito Processual Penal
Nesse caso, sendo a representação mais benéfica 
ao imputado, por implicar uma barreira adicional à 
persecução penal e à concretização do próprio ius 
puniendi (ora, se não houver autorização do interessado, 
o Ministério não pode deduzir a ação penal), a lei 
processual retroagiu, pelo seu caráter material, inclusive 
para se aplicar a demandas já propostas.
Há casos também em que, na mesma alteração, há 
disposições favoráveis e prejudiciais, como ocorreu com a 
previsão, na própria Lei 9.099/95, da suspensão do curso 
do processo com a suspensão da prescrição, evitando-se 
que a pessoa, citada por edital, fosse julgada à revelia, 
dado o direito à ampla defesa, ao contraditório e ao 
devido processo legal. O entendimento que prevaleceu 
foi no sentido de que esta disposição não poderia 
retroagir para suspender processos anteriores, por 
conter disposições prejudiciais ao imputado (suspensão 
da prescrição).
Na verdade, nada impedia que se suspendessem os 
processos anteriores (para o bem da garantia da ampla 
defesa), mas se impedisse a incidência da suspensão da 
prescrição nesses casos. Sob a escusa da impossibilidade 
da combinação de leis, vigorou outra posição, impedindo-
se a suspensão dos processos anteriores.
Nem sempre é fácil, entretanto, averiguar quando 
uma norma processual tem conteúdo exclusivamente 
processual ou quando tem também conteúdo material. 
Gustavo Badaró defende uma visão mais ampla, para 
apurar se uma norma seria mista, discorrendo que assim 
será sempre que exprimir garantia constitucional.
Segundo o Autor, “são normas processuais de 
conteúdo material as regras que estabelecem as 
hipóteses de cabimento de prisões cautelares, os casos 
em que podem ser revogadas, o tempo de duração de 
tais prisões, a possibilidade de concessão de liberdade 
provisória com ou sem fiança, entre outras. Assim, 
quanto ao direito processual intertemporal, o intérprete 
deve, antes de mais nada, verificar se a norma, ainda 
que de natureza processual, exprime garantia ou direito 
constitucionalmente assegurado ao suposto infrator da lei 
penal. Para tais institutos, a regra de direito intertemporal 
deverá ser a mesma aplicada a todas as normas penais 
de conteúdo material, qual seja a da anterioridade da lei, 
vedada a retroatividade da lexgravior” 
Como já mencionado, as alterações legislativas de 
2008 acarretaram muitas mudanças em relação aos 
procedimentos previstos, e grandes dificuldade quanto 
à sua aplicabilidade, tendo em vista a alteração do 
momento da realização do interrogatório, previsto como 
o último ato do processo, a supressão do recurso do 
protesto por novo júri, a previsão de citação por hora 
certa, a previsão da identidade física do juiz, entre outras. 
Houve diversas decisões acerca dessas alterações, ora 
interpretando-as como de natureza processual, ora mista, 
acarretando soluções conflitantes para hipóteses iguais. 
Quantas ações penais não foram anuladas (e quantas 
não o foram) porque não se deu nova oportunidade para 
o interrogatório ao fim do processo, com a entrada em 
vigor da Lei 11719/2008?
O tema da aplicação da lei processual penal no 
tempo, muito embora pareça um assunto simples, suscita, 
em realidade, várias discussões não só acadêmicas, 
mas também práticas, sempre a cada alteração da lei 
processual.
anteriores sujeita à interferência de leis posteriores, ao 
imponderável. Procurando-se, justamente, evitar isso, as 
regras processuais serão ditadas pelas normas vigentes 
ao tempo da prática do ato jurídico.
A legislação levou em conta, para a resolução de 
problemas de sucessão de leis processuais, o sistema 
do isolamento do ato processual, não adotando outras 
opções, como da unidade processual (em que uma única 
lei deveria reger todo o procedimento) ou da incidência 
da norma por determinadas fases da persecução 
penal (investigatória, postulatória, instrutória, decisória 
e recursal), as quais poderiam ser regidas por leis 
diferentes.
Em algumas hipóteses, admite-se que a lei processual 
possa retroagir ou venha a ter ultratividade. Na verdade, 
não se trata de exceção à regra processual do tempus 
regit actum, mas de aplicação da lei penal quando a 
norma tiver natureza mista, em homenagem ao princípio 
constitucional da legalidade e da retroatividade benéfica.
Uma norma processual terá cunho penal (material) 
se dispuser sobre o direito de liberdade do sujeito 
(por exemplo, conferindo ou restringindo o instituto 
da fiança) ou mesmo se estiver ligada a situações que 
digam respeito à persecução do fato, tendo em vista a 
punibilidade (extinção da punibilidade).
Aplica-se a lógica vigente para a lei penal, (a) da 
vedação da lei posterior mais gravosa e, quando for o 
caso, (b) da retroatividade da lei penal mais benéfica.
Assim, se a nova alteração legal, de algum modo, 
facilitar (ou, por outro lado, dificultar) a concretização da 
punição estatal, quer pela ampliação, querpela restrição 
das causas que acarretam a extinção da punibilidade, 
haverá conteúdo penal.
Isso ocorreu com as alterações no processamento 
das ações penais nos crimes sexuais, cuja ação, antes, 
era, em regra, de iniciativa privada.
A princípio, poderia parecer uma simples alteração 
no modo como deveria ser deduzida a acusação, não 
tendo implicações penais. Contudo, em uma análise 
mais detida, com a previsão de uma nova forma 
do processamento da ação penal - hoje, em geral, 
condicionada à representação, não sendo mais de 
iniciativa privada – restringiram-se algumas hipóteses 
que - antes vigentes - levariam à extinção da punibilidade; 
na ação penal pública, ainda que condicionada – 
diferentemente do que ocorre na ação penal privada 
- não é cabível o perdão do ofendido ou a ocorrência 
de perempção, durante o curso do processo, tendo-se 
agravado, de tal modo, a situação jurídica do imputado 
com a novel legislação.
Com a mudança legal, passando a ação penal 
a ser de iniciativa do Ministério Público nos crimes 
sexuais, não haveria mais a possibilidade de a vítima, 
durante o processo, perdoar o infrator, perdão que, 
se aceito, acarretaria a extinção da sua punibilidade. 
Assim, inquestionavelmente, houve piora na situação do 
imputado, de maneira que a aplicação de lei no tempo, 
nesse caso, deve se orientar pela regra de direito penal 
material.
Por outro lado, na hipótese contrária, a lei processual 
pode acarretar melhora na situação do investigado, como 
ocorreu com a edição da Lei 9.099/95, que transformou 
os crimes de lesão corporal leve e culposa - antes 
processados mediante iniciativa apenas do Ministério 
Público (ação penal pública incondicionada) - em ação 
penal condicionada à representação.
10
Direito Processual Penal
Até uma simples alteração do prazo recursal pode ensejar grande polêmica, por prever mais (ou, principalmente, 
menos) dias para a interposição do recurso (hipótese bem factível, em tempos recentes, como ocorreu no processo 
civil, com a contagem do prazo em dias úteis).
Naquelas situações em que o prazo já está em curso, há (ou deveria haver), por óbvio, aplicação da lei antiga, pois 
que, a rigor, é a vigente ao tempo da sua prática, embora haja quem advogue a aplicação do prazo novo, se for maior. 
O mais prudente, contudo, em qualquer situação de dúvida, para evitar alegação da perda de prazo, é seguir sempre o 
prazo menor, pois não é impossível que algum tribunal interprete que se teria que recorrer no novo prazo (ainda que 
menor), mesmo que a lei entrasse em vigor no curso do prazo já aberto... Trata-se de um absurdo, obviamente, mas 
não é algo impossível de ocorrer e, convenha-se, até se discutir essa questão, para reverter a suposta preclusão, isso 
pode levar anos... Melhor evitar os riscos.
O ponto é que não existe um regramento expresso, de transição, que diga qual a lei aplicável em situações 
duvidosas; por exemplo, naquelas situações em que a decisão recorrível já é pública, embora a parte ainda não tenha 
sido intimada, fica sempre o questionamento para a parte: aplica-se o prazo da lei “antiga”, que estava vigente ao 
tempo da decisão (quando esta foi tornada pública) ou se aplica o prazo novo, possivelmente em vigor quando da 
intimação?
Embora seja um tema abordado na doutrina (a maior parte entende que, ao se tornar pública a decisão, já há a 
possibilidade de interpor o recurso, aplicando-se a lei vigente a esse tempo), não há uma previsão que diminua as 
dúvidas que se põem, a fim de se proporcionar maior segurança.
Quando as mudanças são muito profundas, é aconselhável que na nova lei se disponha sobre algum tipo de “regra 
de transição”, ou calibração, para tratar de pontos que acabarão gerando polêmica, até para se evitarem injustiças.
Assim estava previsto quando da edição do Código de Processo Penal, estabelecendo a Lei de Introdução, quanto 
ao prazo recursal, que se ele já tivesse se iniciado, “será regulado pela lei anterior, se estão não prescrever prazo menor 
do que o fixado no Código de Processo Penal”. Trata-se de uma opção justa, pois garante a aplicação do maior prazo.
Com relação às medidas processuais que acarretem restrição da liberdade, ou até de direitos (medidas protetivas 
ou medidas cautelares alternativas à prisão), ainda é necessária maior meditação e discussão por parte da doutrina, 
especialmente quanto às últimas. Se se entender que as medidas alternativas à prisão são mais benéficas para o 
imputado, por, precisamente, substituírem a prisão, quando antes não havia essa possibilidade (afinal, melhor ter que 
comparecer a juízo a ser preso), não há óbices à sua incidência. Entretanto, caso se entenda que elas são aplicadas 
independentemente de haver juízo quanto ao cabimento ou à necessidade da prisão, aí a questão muda de figura, já 
que a nova lei piorou a situação do imputado.
Muito embora se discorra sobre a natureza mista da norma quando estiver em jogo o direito à liberdade, evitando-
se a aplicação de lei posterior mais gravosa ao ius libertatis (por exemplo, a previsão quanto à inafiançabilidade de 
um crime não pode se aplicar a um fato considerado afiançável por lei anterior), o mesmo deveria valer para as novas 
hipóteses de prisão preventiva, de prisão temporária ou para a aplicação de protetivas que antes inexistentes.
Enfim, são tantas as variáveis nesse tema, o que evidencia que o assunto referente à aplicação da lei processual 
penal mereceria maior estudo e detalhamento da legislação, não sendo possível que um único artigo pretenda abordá-
lo, como ocorre tanto em sede de direito processual civil quanto penal.
Aplicação da lei processual quanto às pessoas
A princípio, a norma processual é aplicável a todos aqueles que se encontram em território nacional, nacionais ou 
não. 
Contudo, o ordenamento jurídico prevê algumas imunidades processuais. Assim, aos chefes de Estado e aos 
representantes de governos estrangeiros não se aplica a jurisdição penal brasileira. Trata-se da imunidade diplomática, 
decorrente da jurisdição enquanto expressão da soberania estatal. Contudo, devemos atentar para outra espécie de 
imunidade, a imunidade parlamentar. 
A imunidade parlamentar pode ser material ou absoluta, que alcança os membros do Congresso Nacional 
(Deputados Federais e Senadores), bem como os Deputados Estaduais e Vereadores, garantindo-lhes a inviolabilidade 
por suas palavras, opiniões e votos no exercício e limite do mandato parlamentar. A imunidade material, prevista 
no caput do art. 53 da CRFB/88, é também chamada inviolabilidade ou indenidade parlamentar. É uma imunidade 
irrenunciável, verdadeira garantia à liberdade dos membros do Poder Legislativo no exercício de suas funções. A 
imunidade processual, formal ou relativa alcança Senadores, Deputados Federais e Deputados Estaduais, não sendo 
estendida a Vereadores, e decorre do disposto nos parágrafos do mesmo art. 53 da Constituição Federal. 
No âmbito das imunidades processuais, destaque para a necessidade de comunicação à Casa Legislativa 
correspondente, que poderá, por maioria de seus membros, sustar o processo criminal em curso (§ 3º do art. 53, acima 
indicado).
11
Direito Processual Penal
Lembre-se...
Imunidade
Imunidade é aquela que garante ao parlamentar a prerrogativa de não ser responsabilizado pelas suas manifestações. 
Essas exceções permitem que através de tratados sejam criadas possibilidades de imunidades em relação à aplicação 
da lei penal para algumas pessoas. 
A - imunidade diplomática – art. 1º, inciso I, CPP 
B - imunidade do Presidente da República – art. 1º, inciso II, CPP 
C - imunidade parlamentar – art. 53, CF 
D - foro por prerrogativa de função - competência 
E - imunidade para servir como testemunha 
Imunidades diplomáticas 
As imunidades diplomáticas encontram fundamentos na Convenção de Viena, assinada em 18 de abril de 1961, 
aprovada no Brasil pelo Decreto Legislativo n° 103 de 1964, e ratificada em 23 de fevereiro de 1965. 
Estas imunidades foram criadas para que houvesseextremo respeito ao Estado representado, e para que as pessoas 
que exerçam essas funções possam exercê-las de forma eficaz. Desta forma essa imunidade é válida no Brasil somente 
para aqueles países que compartilham da Convenção, ou que possuem reciprocidade, ou seja, o mesmo tratamento 
com brasileiros que residem em função internacional, fora do país. 
Essa imunidade não deve ser vista como benefício ou privilégio pessoal, e sim como uma prerrogativa funcional, 
pois estas só são de alcance a pessoas como certas funções ou atividade que exercem. 
• Cônsules, agentes administrativos (pessoas físicas ou estrangeiras) - não gozam de imunidade, apenas atos 
realizados no exercício de suas funções. 
Imunidades Parlamentares 
A Imunidade parlamentar consiste em garantir que seja digno e eficiente o exercício da representação pública. 
Para isso o parlamentar precisa ser livre de pressões, logo a Constituição lhe dá imunidades absolutas, e relativas. 
Ampla liberdade por suas opiniões, palavras e votos, no exercício de suas funções, e proteção contra abusos e 
violação por parte dos outros Poderes. 
Constituição Federal: 
Art. 53 dispõe que é somente para os direitos penal e civil, não abrange o direito administrativo, ou questões de 
ordem disciplinar e política. 
Imunidade Parlamentar Relativa 
A imunidade parlamentar absoluta protege os representantes em cunho processual, e prisional. Esta imunidade 
após a Emenda Constitucional 35/2001 foi alvo de grandes mudanças para que se evitasse o desvirtuamento da regra, 
antes da EC 35/2001 só havia inviolabilidade prevista por irresponsabilidade pena, e agora há também na área civil. 
Para a imunidade da prisão havia votação secreta, e hoje a votação é publica. Tratando de processo, antes havia a 
necessidade de licença anterior da Casa para ser possível o recebimento da denúncia, hoje os crimes praticados após 
a diplomação não precisam de licença prévia. Hoje essas imunidades não alcançam a pessoa antes da sua diplomação. 
Esta imunidade também é conhecida como imunidade formal, processual, adjetiva ou imunidade processual, isto 
porque de acordo com art. 53, § 1.° a 5°, da Constituição Federal esta imunidade se aplica a prerrogativas processuais 
e prisionais. 
Alcança Deputados Federais, e Senadores, não sendo abrangidos os suplentes. 
Aos Deputados Estaduais serão dados os mesmos benefícios dos Federais, enquanto o município por ser regido 
através de Lei orgânica dará aos seus vereadores a imunidade absoluta, não incluindo as de cunho processual ou 
prisional. 
12
Direito Processual Penal
Quanto à prisão, diz o art. 53 § 2º da Constituição 
Federal: 
“desde a expedição do diploma, os membros do 
Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em 
flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos 
serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa 
respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus 
membros, resolva sobre a prisão.” 
Assim, caso o delito seja afiançável não poderá 
ocorrer a prisão, nem autuação em flagrante, entretanto 
se for inafiançável será ocorrida a prisão e os autos 
lavrados serão enviados à Câmara ou ao Senado, para 
que conforme o voto publico da maioria absoluta poderá 
determinar a soltura ou a prisão.
No que diz respeito ao processo, é permitido que 
após a expedição do diploma que sejam processados 
diante do Supremo Tribunal Federal. A imunidade alcança 
crimes comuns, crimes eleitorais, e às contravenções 
penais, portanto após o fim do mandato o processo 
deverá seguir de forma comum. 
Frise-se que àqueles que cometeram delito contra 
a administração pública não é válida essa regra, mesmo 
com o fim de seu mandato, e com a abertura da ação 
após o fim do mesmo, o processo continuará sendo 
julgado pelo Supremo Tribunal Federal. 
Quando houver denúncia contra o Senador ou 
Deputado Federal, por delitos cometidos após a 
diplomação, a ação penal é instaurada e logo após a 
Casa é informada de sua existência, para que por voto 
da maioria absoluta a andamento processual possa ser 
sustado. Essa sustação irá durar até o fim da ação, ou até 
o fim do mandato, onde acaba a imunidade. 
A Casa respectiva terá o prazo de 45 dias para decidir 
sobre o pedido de sustação. 
Se o crime tiver sido cometido antes da diplomação a 
Casa não precisará ser informada, isso ocorre, pois antes 
da diplomação o parlamentar não possui imunidade. 
Apesar destes citados benefícios, o parlamentar 
pode ser investigado através de inquérito policial. 
Ilustre-se que diante de estado de sítio as Imunidades 
Parlamentares Relativas serão válidas, só podendo ser 
suspensas diante do voto e dois terços dos membros da 
Casa, em atos praticados fora do Congresso Nacional, 
caso estes atos sejam incompatíveis com a execução. 
Imunidade Parlamentar Absoluta 
Os membros do Congresso Nacional são imputáveis, 
civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, 
palavras e votos emitidos em razão do exercício 
do mandato, conforme dita o artigo 53, caput, da 
Constituição Federal. 
Os representantes do Congresso Nacional não 
são passíveis de reparação de danos, desde que suas 
opiniões, palavras e votos, sejam proferidas como 
causa de suas atividades funcionais, dentro ou fora do 
Congresso, e também após ao mandato, pois estas são 
por ele protegidas. 
Esta imunidade ganha o título de absoluta, pois atinge 
qualquer manifestação parlamentar, independente de 
sua relação com o exercício de suas funções. 
O parlamentar atua no exercício regular de direito, 
e de suas funções, logo a imunidade absoluta não 
protege a pessoa, e sim suas funções, não podendo ser 
renunciada. 
Contra o parlamentar não poderá ser instalado 
inquérito policial, ou processo-crime por delito de 
opinião, palavra ou voto. Com o fim do mandato a 
imunidade se esgota, porém não poderá ser processado 
por qualquer infração cometida durante seu mandato. 
Para melhor entendimento: 
• STF (Crime comum: Presidente – após licença da 
Câmara dos Deputados [dois terços de seus membros], 
Vice-Presidente, seus próprios Ministros e o Procurador-
Geral da República; Crime de responsabilidade: 
membros dos Tribunais Superiores, do TCU, Chefes de 
Missão Diplomática de Caráter Permanente e Ministros 
de Estado [exceto os praticados em conexão com o 
Presidente da República); 
• STJ (Crime comum - Governadores mediante prévia 
autorização da Assembleia Legislativa; Crimes comuns 
e de responsabilidade – Desembargadores, membros 
dos TC estaduais e Distrital, dos TRFs, TREleitorais e do 
Trabalho, dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos 
Municípios e os do MP da União que oficiem perante 
Tribunais)
• TRFs (Crimes comuns e de responsabilidade – 
Juízes Federais, Justiça Militar e do Trabalho, Membros 
do MPU, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral 
• TJs (Prefeito, Juízes e membros do MP local) 
• Tribunal do Júri – súmula 721/STF
• Co-réu – estende –se (Súmula 704 – STF) 
Interpretação
Trata-se da sua aplicação em determinada situação, 
salientando-se, com Gabriel Ivo, a indisponibilidade “da 
presença do homem”, não sendo “exagerado dizer que o 
homem constitui em linguagem a incidência”.
•	 Quanto à origem: autêntica ou legislativa, 
doutrinária ou científica, judicial ou jurisprudencial;
•	 Quanto ao modo ou meios empregados: literal 
ou gramatical, teleológica, lógica, histórica e sistemática.
•	 Quanto ao resultado: declarativa, restritiva, 
extensiva ou ampliativa, progressiva, adaptativa ou 
evolutiva.
Analogia
É a forma de autointegração da lei, por meio dela 
que aplicamos a um fato não regido pela norma jurídica, 
dispositivo de lei para fato semelhante. Vale ressaltar 
que a analogia não pode ser usada para prejudicar o réu.
Nós encontramos a analogia legis e a analogia juris. 
Pela primeira aplica-se a norma positivada, já para essa 
última aplica-se os princípios jurídicos.
Juiz das garantias
Desde já cabe sublinhar a divisão, sem comunicação, 
entre as fases procedimentais e personagens diversos. 
Aplica-se a todos os

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