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Situação Problema - 1.3 - Filho doente, dói na gente Medicina Laboratorial Leucemias: Grupo de neoplasias hematológicas → proliferação descontrolada de precursores hematopoieticos. O defeito reside em alterações genéticas que atingem a célula tronco ou células progenitoras oriundas da medula óssea acarretando expressão anormal de proto-oncogenes ou genes supressores de tumor As alterações citogenéticas primárias ou secundárias originam um clone de células que se sobrepõem sobre as células normais devido à perda do controle do ciclo celular Instalação do processo leucêmico: Dominância clonal: Clones que apresentam as alterações genéticas se sobressaem sobre as células normais Insuficiência da medula óssea: Perda estrutural e funcional da medula Infiltração de células neoplásicas em órgãos e tecidos Imudeficiência e efeito tóxicos dos produtos das células tumorais no organismo Fatores desencadeantes: Do ambiente: Radiação ionizante (geralmente LMA) Drogas e agentes químicos (Ex. benzeno) Vírus (Ex. Epstein-Barr) Da pessoa: Fatores genéticos (Cromossomo Philadélfia – Ph: translocação entre o cromossomo 9 e 22 – 95% dos casos de LMC) Imunodeficiência e Disfunção crônica da medula óssea Classificação: As leucemias classificam-se em 4 tipos: agudas e crônicas, que por sua vez, subdividem-se em linfoides e mieloides Leucemias agudas: infiltrado medular demonstra predominância de blastos (células precursoras de origem mieloide ou linfoide) e o curso clínico é agressivo e rapidamente fatais, porém mais fáceis de curar Leucemias crônicas: maior proporção de células diferenciadas ou maduras e clinicamente tem sua progressão mais lenta (sem sintomas específicos no início), porém são mais difíceis de curar Leucemias agudas: Presença de células imaturas (células blásticas da série mieloide ou linfoide) no sangue Evolução rápida Alto risco de mortalidade Células leucêmicas não conseguem realizar as funções dos glóbulos brancos normais = Imunodeficiência Dominância clonal → Células tumorais sobre as células da medula óssea → Ocupam a medula óssea → Diminuição da multiplicação e diferenciação das linhagens normais → redução da produção de glóbulos vermelhos (anemia), plaquetas (plaquetopenia) e neutrófilos (neutropenia) Diagnóstico: presença de mais de 20% de blastos na medula óssea MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: Anemia (palidez e fraqueza) Infecções e febre recorrentes (granulocitopenia) Hemorragias (plaquetopenia) Esplenomegalia, dores ósseas e reumáticas (infiltração em órgãos e tecidos) Síndrome meníngea (cefaleia, náusea, vômito e visão turva) Leucemia Linfoide Aguda (LLA): É uma doença neoplásica resultante de alteração somática do clone precursor linfoide (acúmulo de linfoblastos na medula óssea) que pode ocorrer em diferentes pontos do seu amadurecimento Acomete principalmente crianças (incidência entre 3 e 7 anos) mas pode aparecer também em adultos Pode ser do tipo B (mais frequente) ou T Alterações cromossômicas mais frequentes: Hiperdiploidia > 50 cromossomos Hipodiploidia Associado com a LMA É a inclusão citoplasmática de enzimas lisossomais e peroxidase em paliçada Leucemias crônicas: Ausência de células imaturas no sangue, ou seja, proliferação de células maduras podendo ser linfoide ou mieloide e de evolução lenta Geralmente é descoberta durante exames de rotina (sem sintomas específicos no início da doença) Se agrava lentamente = a medida que o número de células leucêmicas aumenta Manifestações clínicas: fraqueza, anorexia, emagrecimento, dores ósseas e anemia (sintomatologia vaga) Leucemia Linfoide Crônica (LLC): É uma doença neoplásica resultante da proliferação maligna de células linfoides (linfócitos) maduras disfuncionais Pode ser do tipo B (mais frequente) ou T Predominante em homens na fase senil (rara antes dos 40 anos) Alterações cromossômicas mais frequentes: Trissomia do cromossomo 12 Deleção do cromossomo 13 Sangue periférico: Anemia discreta, normocítica, leucocitose↑ (30-200.000/mm3 ) com linfocitose, plaquetopenia ou número de plaquetas normal Esplenomegalia e hepatomegalia são usuais em estágios mais avançados Observação de manchas de Gümprecht na extensão sanguínea Manchas de Gümprecht: são decorrentes da fragilidade mecânica das células LLC que arrebentam facilmente durante o preparo da extensão do sangue Linfócitos que arrebentam/lisam durante o procedimento de esfregaço sanguíneo Leucemia Mieloide Crônica (LMC): É uma doença neoplásica clonal de uma célula-tronco multipotente originária da medula óssea Pode ocorrer em qualquer idade Alterações cromossômicas mais frequentes: Presença do cromossomo Philadélfia em cerca de 95% dos pacientes – t(9:22) – protooncogene c-ABL (cromossomo 9) é transferido para o cromossomo 22 ligando-se ao gene BCR O produto deste gene híbrido produz uma proteína com atividade tirosina quinase aumentada que interfere (estimula) no ciclo celular (proliferação) Divida em 3 fases: (1) FASE CRÔNICA - Aproximadamente 3 anos: Sem anemia ou anemia discreta normocítica e normocrômica Leucocitose moderada a acentuada (25.000- 100.000/mm3 ) Clínica: Aem sinais e sintomas Paciente apresenta neutrofilia (neutrófilos e mielócitos), basofilia e eosinofilia Os blastos respondem por menos de 5% de todos os leucócitos A maioria dos pacientes tem trombocitose As plaquetas são muitas vezes alargadas e pleomórficas (2) FASE ACELERADA - Caracterizada por um ou mais critérios a seguir (de acordo com OMS): As células perdem a capacidade de diferenciação gradualmente Blastos entre 10-19% no sangue periférico ou medula óssea Basofilia no sangue periférico (>20%) Plaquetopenia (nucleares (marcadores imunogênicos) – marcadores de linhagem celular – MIELOIDE ou LINFOIDE Para cada linhagem, pode existir um antígeno específico Os mieloblastos normalmente não expressam marcadores linfóides, imunoglobulina de membrana ou de citoplasma Deve-se usar uma bateria de anticorpos que assegure a distinção entre as leucemias – Citometria de Fluxo Citogenética: Estudo dos cromossomos em metáfase, para buscar alterações numéricas e/ou estruturai Objetivo: Prover a melhor classificação da leucemia, escolha terapêutica, definição de prognóstico, recaída ou evolução clonal 75% das LMA: Alterações de cariótipo mais comuns: t(15;17), t(8;21), inv(16), alterações envolvendo 11q23, trissomia 8, monossomia 7, monossomia 5, trissomia 21 e perda do X ou Y LLC: Anomalias cromossômicas mais comuns são: Trissomia 12 e a deleção do 13 LMC: Cromossomo Philadelphia (translocação braço longo 9;22) Leucemia Linfoide Aguda Leucemia Mieloide Aguda Morfo. Anatomia do osso do quadril, do osso esterno e da tíbia: Estes ossos são, de preferência ou de escolha, usados para coleta de medula óssea Osso do quadril: Acidentes ósseos: são irregularidades nos ossos, como saliências, depressões e aberturas, que ocorrem em áreas de contato com vasos, nervos, tendões e ligamentos É a união de 3 ossos: Ílio Acidentes ósseos: Tubérculo ilíaco Espinha ilíaca antero superior Espinha ilíaca antero inferior Espinha ilíaca postero superior Espinha ilíaca postero inferior Ísquio: Acidentes ósseos: Púbero isquiático Espinha isquiática Púbis: Acidentes ósseos: Tubérculo púbico Face sinfisial Tíbia: Acidentes ósseos: Tuberosidade da tíbia Malélo medial Face articular do malélo medial Face articular inferior Incisura fibular Osso esterno: Formado por 3 partes: Manúbrio Corpo do esterno Processo xifoide Medula óssea (MO): É um órgão difuso, volumoso e ativo, ou seja, diversos processos moleculares e celulares estão acontecendo No adulto saudável: Produz cerca de 2,5 bilhões de plaquetas e 1 bilhão de granulócitos por quilo de peso corporal por dia Produção é ajustada de acordo com as necessidades do organismo Localizada no canal medular dos ossos longos e é encontrada nas cavidades dos ossos esponjosos Pode ser divida de acordo com as características teciduais: MO Vermelha (hematógena): A cor se deve aos numerosos eritrócitos em diversos estágios de maturação No recém-nascido toda medula óssea é vermelha Com o avançar da idade, a maior parte da medula óssea vermelha se torna amarela progressivamente No adulto é encontrada: Todos estes apresentam característica de tecido ósseo esponjoso Esterno Vértebras Costelas Díploe dos ossos do crânio No adulto jovem (por volta dos 18 anos de idade) também pode ser encontrada: Nas epífises proximais do fêmur e do úmero Apífises apresentam tecido ósseo esponjoso Constituição: Células reticulares: associadas a fibras reticulares (colágeno do tipo III): Formam uma rede por onde passam capilares sinusoides (originados de capilares do endósteo) e terminam no vaso central grande que conduz o sangue para a circulação sistêmica venosa Função: Hemocitopoese: Na medula óssea, células-tronco se proliferam e se diferenciam em todos os tipos de células sanguíneas MO Amarela: Rica em células adiposas Não produz células sanguíneas Ainda há presença de células-tronco e, em certas situações patológicas, pode transformar-se em medula óssea vermelha Ex.: Em hemorragias muito intensas Tumor sólido: Quando forma-se uma massa tumoral de células tumorais em um determinado órgão, podendo levar a metástase a órgãos adjacentes, a distância, etc Ex.: Câncer de próstata, de mama, de fígado Tumor não sólido: Usualmente estão relacionados com tumores que ocorrem no sangue Ex.: Leucemia Leucemias: Neoplasia com amplo acometimento da medula óssea e, em geral, do sangue periférico Por definição, ela já é uma doença disseminada Neoplasias linfóides: Comprometimento das células de linhagem B, células T e células NK LLA – Leucemia Linfoblástica Aguda: Composta por células B e T imaturas = linfoblastos Câncer mais comum em crianças LLA B: cerca de 85%, manifestação na infância LLA T: menos comum, adolescentes LLC – Leucemia Linfoblástica Crônica Neoplasias mieloides: Mieloide afeta progenitores hematopoiéticos LMA – Leucemia Mieloide Aguda: Acúmulo de formas mieloides imaturas (blastos) na medula óssea, suprimindo a hematopoiese normal LLC – Leucemia Mieloide Crônica Tutoria Sistema hematopoético: O sangue é um tecido conjuntivo fluido que tem uma composição única, consistindo em plasma (parte líquida) e elementos figurados (células e fragmentos celulares) Plasma: Composição: água (92%), proteínas (7%), sais e substâncias orgânicas (2%) Desse modo, para a formação de plasma, é importante a ingestão de água, líquidos em geral, alimentos, etc Células e elementos figurados: Eritrócitos: também chamados de hemácias ou células vermelhas, correspondem à maior parcela de elementos celulares sanguíneos Leucócitos: também chamados de células brancas, constituem a menor parcela de elementos celulares. Existem cinco classes principais de leucócitos que apresentam funções diferenciadas em nosso organismo: Neutrófilos: constituem a primeira linha de defesa do organismo. Apresentam-se em maior número no sangue periférico em casos de infecções bacterianas. Eosinófilos: atuam como elemento fagocitário, especialmente, em infecções parasitárias e nos processos alérgicos Basófilos: penetram nos tecidos danificados e liberam histamina e outras substâncias químicas que promovem a inflamação, participando, também, nos processos alérgicos Monócitos: os monócitos saem dos vasos sanguíneos para executar uma função fagocitária nos tecidos (denominados, então, macrófagos). Sendo assim, são responsáveis pelo chamado sistema mononuclear fagocitário. Além disso, normalmente, apresentam-se em maior número em infecções virais Linfócitos: são a principal célula do sistema linfático para defesa geral do organismo e aparecem em maior número no sangue periférico quando há infecção viral ou no sangue de crianças saudáveis. Plaquetas: As plaquetas não têm núcleos, são fragmentos de citoplasma derivados de megacariócitos da medula óssea que entram na circulação sanguínea A formação, o desenvolvimento e a maturação dos elementos figurados do sangue (eritrócitos, leucócitos e plaquetas) ocorrem a partir da hematopoiese, em órgãos hematopoiéticos Antes do nascimento, a hematopoese ocorre inicialmente no saco vitelino do embrião e, posteriormente, no fígado, no baço, no timo e nos linfonodos do feto. A medula óssea vermelha torna-se o principal local de hematopoese nos últimos 3 meses de gestação e continua como fonte de células sanguíneas depois do nascimento e durante toda a vida Hematopoese: A hematopoiese garante o suprimento contínuo de células sanguíneas, que são essenciais para várias funções, como o transporte de oxigênio, defesa imunológica e coagulação. 1. Células-tronco pluripotentes da medula óssea vermelha se diferenciam em: Células-tronco mieloides Células-tronco linfoides 2. Células-tronco mieloides produzem: Eritrócitos (glóbulos vermelhos) Plaquetas Monócitos Neutrófilos Eosinófilos Basófilos 3. Células-tronco linfoides produzem: Linfócitos B e T Células NK (natural killer) Estimulantes principais: Eritropoetina (EPO): Estimula a produção de eritrócitos (hemácias) Trombopoetina (TPO): Estimula a produção de plaquetas Citocinas: Estimulam a formação de leucócitos (glóbulos brancos) Um precursor celular comum e indiferenciado é a célula-tronco hematopoiética, que é estimulada a se renovar e/ou se diferenciar nas demais células sanguíneas de acordo com as necessidades do organismo e com o auxílio de fatores reguladores (como hormônios, interleucinas, citocinas) Esse processo inicia ainda na fase embrionária e segue por toda a vida do indivíduo: o que muda são os locais em que a hematopoiese ocorre Ambas as linhagens iniciam com umacélula comum, o blasto (mieloblasto e linfoblasto) A linhagem linfoide produz um tipo de glóbulos brancos chamados linfócitos A linhagem mieloide produz os glóbulos vermelhos (eritrócitos), os granulócitos e monócitos (ambos glóbulos brancos) e as plaquetas Leucemia: É um câncer das células sanguíneas que tem origem na medula óssea, onde o corpo produz células sanguíneas Ela ocorre quando há um crescimento descontrolado de células imaturas (blastos) que interferem na produção normal de células sanguíneas, comprometendo a função do sistema imunológico Os principais tipos de leucemia são classificados com base na progressão (aguda ou crônica) e no tipo de linhagem da célula afetada (linfoide ou mieloide) Assim, temos quatro tipos principais: Leucemia Mieloide Aguda (LMA) Leucemia Mieloide Crônica (LMC) Leucemia Linfocítica Aguda (LLA) Leucemia Linfocítica Crônica (LLC) Leucemia aguda: presença de mais de 20% de blastos na medula óssea na apresentação clínica; evolução rápida da doença, com sintomas intensos e necessidade de tratamento imediato Leucemia Crônica: presença menor de blastos, há mais células maduras; evolução mais lenta, com sintomas menos intensos e um período de latência mais longo Leucemia Mieloide Aguda (LMA): Definição: Proliferação (clonal) rápida de células mieloides imaturas, de percursores mieloides Fisiopatologia: Inicia-se na medula óssea e expande-se para o sangue periférico Alterações cromossômicas: Translocações: t(15;17), t(8;21) Inversão no 16 Deleção do 5 ou 7 (subtipos) Mutações nos genes NPM1 e FLT3 Fusão dos genes PML e RARA: Formação do Gene de Fusão PML-RARA 1. Translocação Cromossômica: O gene PML (Promyelocytic Leukemia) está localizado no cromossomo 15, enquanto o gene RARA (Retinoic Acid Receptor Alpha) está no cromossomo 17. A translocação resulta na fusão dos genes PML e RARA, criando o gene de fusão PML-RARA 2.Produção da Proteína PML-RARA: O gene de fusão codifica uma proteína híbrida que combina elementos dos genes PML e RARA. A proteína PML-RARA tem atividade de represor transcripcional, interferindo na regulação da expressão gênica Mecanismos Patológicos 1. Inibição da Diferenciação Celular: A proteína PML-RARA se liga a elementos regulatórios de genes que são importantes para a diferenciação de promielócitos em células mieloides maduras Essa ligação impede a ativação de genes que promovem a maturação celular, levando a uma acumulação de promielócitos imaturos 2. Alterações na Sinalização de Retinoides: O RARA é um receptor para o ácido retinoico, que é crucial para a diferenciação celular A fusão PML-RARA interfere na sinalização do ácido retinoico, resultando na inibição da diferenciação de células mieloides e na persistência de promielócitos imaturos 3. Ativação de Vias de Proliferação e Evasão da Apoptose: A proteína PML-RARA pode modificar a expressão de genes que regulam o ciclo celular e a apoptose, promovendo a proliferação celular e a sobrevivência das células leucêmicas Esse efeito é em parte mediado pela repressão de genes pró-apoptóticos e pela ativação de genes que favorecem a sobrevivência celular. A fusão do gene PML-RARA é uma característica distintiva da leucemia promielocítica aguda (LPA), um subtipo específico de leucemia mieloide aguda (LMA) Epidemiologia: A LMA é a forma mais comum de leucemia aguda em adultos e a sua incidência aumenta com a idade, com começo mediano aos 65 anos Características histológicas e laboratoriais: Presença de bastão de Auer Apresenta Hb baixa (anemia, fraqueza), plaquetopenia, trombocitopenia (hemorragia), alta anisocitose (hemácias de tamanhos diferentes) Diagnóstico: Exame Físico: Avaliação clínica inicial Hemograma Completo: Detecta leucocitose, anemia, trombocitopenia, plaquetopenia (hematomas) Esfregaço de Sangue Periférico: Avaliação de blastos, presença de bastões de Auer, alta anisocitose (hemácias de tamanhos diferentes) Mielograma: Confirma a presença maior de 20% de blastos na medula óssea Citometria de Fluxo: Avalia o imunofenótipo dos blastos (tipo da leucemia) Citogenética e Biologia Molecular: Detecta anormalidades cromossômicas e mutações específicas (análise dos cromossomos) HLA (uso em transplantes): Exame para verificar compatibilidade de medula para transplante Sintomas associados a LMA: Insuficiência hematopoetica global Sobrecarga da medula óssea para tentar suprir as altas quantidades de mieloblasto (c. mieloide imaturas) Tratamento: Quimioterapia adicional para eliminar células residuais e prevenir recidiva Transplante de Células-Tronco: Indicado para pacientes com mau prognóstico ou recidiva Monitoramento da Doença Residual Mínima: Avaliação molecular para detectar células leucêmicas residuais Tratamento de Suporte: Controle de infecções, transfusões e manejo de complicações são essenciais durante todas as fases Tratamento com Ácido Retinoico: O tratamento padrão para LPA inclui o uso de ácido trans- retinoico (ATRA), que pode induzir a diferenciação das células promielócitas, revertendo o bloqueio causado pela fusão PML-RARA A combinação de ATRA com quimioterapia é eficaz para induzir remissão Leucemia Mieloide Crônica (LMC): Definição: Doença neoplásica na alteração das células pluripotentes da linhagem mielóide que causa superprodução de granulócitos (neut., basóf. e eosin.) Fisiopatologia: Presença do cromossomo Filadélfia: t(9;22) Gera gene de fusão BCR-ABL Como Ocorre a Translocação t(9;22)?: 1. Cromossomo 9 e Cromossomo 22: ABL1: Localizado no cromossomo 9, codifica uma tirosina quinase que regula o ciclo celular, especialmente a transição da fase G1 para a fase S, e a apoptose BCR: Localizado no cromossomo 22, participa de processos de sinalização celular relacionados ao crescimento e à sobrevivência celular 2. Formação do Gene de Fusão BCR-ABL1: Na LMC, ocorre uma troca de material genético entre o cromossomo 9 e o cromossomo 22 Parte do gene ABL1 do cromossomo 9 se funde com o gene BCR do cromossomo 22, criando um novo gene de fusão: BCR-ABL1 Essa translocação resulta em um cromossomo 22 anômalo, chamado cromossomo Filadélfia (Ph) Consequências da Fusão BCR-ABL1: 1. Tirosina Quinase Constitutivamente Ativa: O produto proteico BCR-ABL1 é uma tirosina quinase que está constantemente ativa, ou seja, não requer sinais regulatórios normais para funcionar Ciclo Celular: A ativação contínua do BCR-ABL1 promove a transição da fase G1 para a fase S do ciclo celular, estimulando a proliferação de células progenitoras mieloides 2. Sinalização Celular: Ativação de Cascatas de Sinalização: A tirosina quinase BCR-ABL1 fosforila proteínas intracelulares, ativando várias cascatas de sinalização, incluindo a via RAS/RAF/MEK/ERK. Isso leva à ativação de RAS, que promove: Proliferação celular Aumento da sobrevivência celular Inibição da apoptose 3. Evasão da Apoptose: Permeabilidade Mitocondrial: A proteína BCR- ABL1 altera a permeabilidade da membrana mitocondrial, resultando na liberação de proteínas antiapoptóticas e na inibição da atividade das caspases, que são essenciais para a apoptose, que ajuda as células leucêmicas a evitar a morte programada Função do ABL1: Em condições normais, ABL1 ajuda a controlar a apoptose em resposta a danos celulares. Com a fusão BCR-ABL1, essa função regulatória é perdida, resultando em uma resistência à apoptose 4. Efeitos Celulares Específicos: Proliferação Excessiva: A fusão BCR-ABL1 estimula a proliferação descontrolada de células progenitoras mieloides, levando à superprodução de granulócitos e outros tipos de células mieloides Diferenciação Aberrante: Embora as células proliferem de maneira descontrolada, ainda mantêm alguma capacidade de diferenciação, resultando em um aumento de células mieloides maduras e imaturas na MO e no sangue Epidemiologia: A doença ocorre em ambos os sexos, com mais frequência entre os 40 e 60 anos de idade A doença é responsável por cerca de 15% das leucemias O diagnóstico de LMC raramente é difícil e é confirmado pela presença característica do cromossomo FiladélfiaDiagnósticos: Exame Físico: Avaliação clínica inicial Hemograma Completo: Leucocitose; Os níveis de neutrófilos e mielócitos excedem aos de blastos e promielócitos; Aumento de basófilos Esfregaço de Sangue Periférico: Um espectro completo de células mieloides é visto no sangue periférico; Anemia normocítica normocrômica é comum Mielograma: Presença de menor que 20% de blastos; Medula óssea hipercelular com predominância granulocitopoética Citometria de Fluxo Citogenética e Biologia Molecular: Presença do gene de fusão BCR-ABL1 por análise RT-PCR e, em 98% dos casos, cromossomo Ph na análise citogenética HLA (uso em transplantes): Exame para verificar compatibilidade de medula para transplante Tratamento: Inibidores de Tirosinoquinase (TKI): Classe de medicamentos que bloqueiam a atividade da enzima tirosinoquinase Quimioterapia (Hidroxicarbamida): Medicamento utilizado para controlar a contagem de leucócitos, mas sem efeito sobre as células BCR-ABL1 positivas Interferon-α: Tratamento anterior à introdução dos TKIs, usado para controlar a LMC. Pode causar sintomas semelhantes à gripe, depressão e citopenia. Raramente, pode induzir remissão duradoura. Transplante de Células-Tronco (TCT): Procedimento curativo para LMC, indicado em casos de falha dos TKIs ou em fases avançadas da doença. A infusão de leucócitos do doador pode ser usada para tratar recaídas Leucemia Linfóide Aguda (LLA): Definição: Causada pelo acúmulo de linfoblastos na medula óssea e é a doença maligna mais comum na infância Fisiopatologia: Inicia-se no tecido linfoide e expande- se para o sangue periférico Alterações cromossômicas: Hiperdiploidia ( + de 50 cromossomos) Hipodiploidia ( - de 45 cromossomos) Translocações: t(12;21): Associada à LLA com um bom prognóstico, especialmente em crianças t(9;22): Associada à LLA de mau prognóstico (forma do cromossomo Filadélfia) t(8;14) e t(11;14): Geralmente associadas a linfomas, mas podem ocorrer em LLA Rearranjos no gene MLL (relação com a expressão gênica durante o desenvolvimento inicial da hematopoese) Presença de genes de fusão BCR-ABL Epidemiologia: Ocorre principalmente em crianças entre 2 a 5 anos, com 75% dos casos ocorrendo antes dos 6 anos Sistema imune está em desenvolvimento Diagnósticos: Exame Físico: Avaliação clínica inicial Hemograma Completo Esfregaço de Sangue Periférico Mielograma: Confirma a presença maior de 20% de blastos na medula óssea Citometria de Fluxo Citogenética e Biologia Molecular HLA (uso em transplantes) Diagnóstico diferencial: Hiperplasia de medula Tratamento: Quimioterapia Terapia-alvo (imunoterapia) Leucemia Linfóide Crônica (LLC): Definição: Acúmulo de linfócitos B maduros no sangue periférico, porém disfuncional, com fraca expressão de imunoglobulina (IgD ou IgM) Fisiopatologia: Inicia-se no tecido linfoide e expande- se para o sangue periférico Alterações cromossômicas: Trissomia do cromossomo 12 Deleção nos cromossomos 11, 13 e 17 Mutação do gene TP53 e da proteína ATM TP53 -> p53: a p53 atua (normal) como um supressor de tumor, respondendo a estresses celulares, como danos no DNA, hipoxia e superexpressão de oncogenes ATM é uma quinase que detecta danos no DNA e ativa vias de sinalização que incluem a fosforilação da p53 Consequências da Mutação do TP53: Perda da Resposta ao Estresse: As células não conseguem parar o ciclo celular em resposta a danos no DNA, permitindo a proliferação de células com mutações Evasão da Apoptose: Células com danos não são eliminadas, contribuindo para o acúmulo de linfócitos B anormais e a progressão da doença Proliferação Descontrolada: As células podem continuar a se dividir, levando ao aumento da linfocitose e à infiltração em órgãos linfóides, como linfonodos e baço Consequências da Disfunção da Proteína ATM: Falta de Ativação da p53: Sem a fosforilação da p53, a proteína não se dissocia do MDM2 e não se estabiliza, resultando em sua degradação Acúmulo de Danos no DNA: As células não conseguem reparar adequadamente os danos, levando à acumulação de mutações e instabilidade genômica Contribuição para a Progressão Tumoral: O acúmulo de células com danos não reparados e a incapacidade de induzir a apoptose aceleram a progressão da LLC Quando o ATM é funcional, ele fosforila a p53, permitindo sua estabilização e ativação Se tanto TP53 quanto ATM estão mutados ou disfuncionais, a capacidade da célula de responder a danos se torna comprometida, levando a: Proliferação Celular Descontrolada: A ausência de controle sobre o ciclo celular facilita a expansão de células B anormais Aumento da Instabilidade Genômica: As células acumulam mutações, aumentando o risco de transformação maligna Epidemiologia: A idade média ao diagnóstico é 72 anos, com apenas 15% dos casos antes dos 50 anos de idade, predomina no sexo masculino Diagnósticos: Exame Físico: Avaliação clínica inicial Hemograma Completo: Linfocitose (contagem aumentada de linfócitos); Esfregaço de Sangue Periférico: Anemia, normocítica e normocrômica nas fases tardias; Hemólise autoimune e trombocitopenia podem ocorrer; Hemoglobina e plaquetas: normais ou discretamente diminuídas; Presença de restos celulares (manchas de Gumprecht) Mielograma: Presença de menor que 20% de blastos Citometria de Fluxo/Imunofenotipagem: Células B (CD19+), baixos níveis de imunoglobulina; Citogenética e Biologia Molecular HLA (uso em transplantes) Diminuição da concentração de imunoglobulinas séricas, mais intensa na doença avançada Diagnóstico diferencial: Aumento dos linfonodos cervicais, axilares ou inguinais Imunossupressão: hipogamaglobulinemia e disfunção da imunidade celular: Início: infecções bacterianas - sinusite e infecções pulmonares Avançada: infecções fúngicas e virais - herpes- zóster Tratamento: Químioterapia Imunoterapia Sintomas gerais das leucemias: Febre: A febre na leucemia pode ser causada por uma infecção oportunista que se aproveita do fato dos leucócitos estarem doentes e incapazes de defender o organismo. O paciente com leucemia fica mais suscetível a infecções Suores noturnos Perda de peso Sintomas B: Alguns pacientes com doenças malignas do sangue, como linfomas e as leucemias, podem apresentar os chamados sintomas B, uma tríade composta por febre, suores noturnos e perda de peso não intencional Aumento dos linfonodos: O aparecimento de gânglios indolores, principalmente nas regiões do pescoço, axilas, clavícula e na fossa do cotovelo são um sintoma comum da leucemia, principalmente da leucemia linfocítica aguda (LLA) e da leucemia linfocítica crônica (LLC), onde mais de 50% dos pacientes apresentam esta alteração. Na leucemia mieloide aguda (LMA) o aumento dos linfonodos é pouco comum. Aumento do baço: O baço é uma espécie de linfonodo gigante, cuja principal função é destruir as células sanguíneas velhas, defeituosas e mal funcionantes. O aumento do tamanho do baço é muito comum nas formas LMC, LLA e LLC, podendo provocar dor no quadrante superior esquerdo do abdômen Cansaço e anemia: Como a proliferação de células cancerígenas é gigantesca, as mesmas acabam ocupando toda a medula óssea, atrapalhando a produção de outras células importantes do sangue, como as hemácias (glóbulos vermelhos). A queda na produção das hemácias leva à anemia, que por sua vez provoca sintomas como cansaço, astenia, intolerância aos esforços e palidez cutânea Sangramentos e manchas roxas na pele: Assim como a ocupação da medula pelas células leucêmicas provoca queda na produção das hemácias, o mesmo ocorre com as plaquetas, outro tipo de célula sanguínea produzida na medula óssea. Como as plaquetas são as células responsáveis pelo processo inicial da coagulação do sangue, é comum os pacientes com plaquetas baixas apresentarem sangramentos, principalmente na gengiva, e equimoses (manchas roxas na pele). Petéquias, que são múltiplos pequenos pontos vermelhos na pele, também podem ocorrer Dor nos ossos: Como a medula óssea fica dentro dos ossos, a expansão de clones malignos de leucócitos dentro da mesma pode provocar dores ósseas.Outra causa da dor óssea é a metastização do câncer para osso, que causa destruição dos mesmos (infiltração) Fatores de risco para leucemias: O risco de desenvolvimento de leucemia aumenta em pacientes com; História de exposição à radiação ionizante ou a produtos químicos (p. ex., benzeno, alguns pesticidas, hidrocarbonetos poliaromáticos na fumaça de cigarro), a exposição pode levar a leucemias aguda Tratamento prévio com certos antineoplásicos, incluindo agentes alquilantes, inibidores da topoisomerase II, hidroxiureia lenalidomida de manutenção após transplante e autólogo de células- tronco com regimes de condicionamento contendo melfalano para mieloma múltiplo; pode levar a um tipo de leucemia mieloide aguda chamada t-LMA ou LMA (leucemia mieloide aguda) relacionada a tratamento Infecções por vírus (p. ex., vírus T-linfotrópico humano 1 ou 2, vírus Epstein Barr) raramente podem causar certas modalidades de LLA, isso é encontrado principalmente em regiões onde essas infecções são comuns, como Ásia e África História de doenças hematológicas prévias, incluindo síndromes mielodisplásicas e neoplasias mieloproliferativas, que podem levar à leucemia mieloide aguda Condições genéticas preexistentes (p. ex., anemia de Fanconi, síndrome de Bloom, ataxia-telangiectasia, síndrome de Down, xeroderma pigmentoso, síndrome de Li-Fraumeni), que predispõem à leucemia mieloide aguda e à leucemia linfoblástica aguda Sítios de metástase das leucemias: Sistema nervoso central (SNC): Incluindo o cérebro e a medula espinhal, especialmente em leucemias como a leucemia linfoblástica aguda (LLA) Linfonodos: A leucemia pode afetar os gânglios linfáticos, que são partes do sistema imunológico Fígado: O fígado pode ser infiltrado por células leucêmicas, causando aumento do órgão (hepatomegalia) Baço: A leucemia pode se espalhar para o baço, levando à esplenomegalia (aumento do baço) Relação do sistema imune com as leucemias: Resumidamente, nas leucemias há uma produção inadequada das células de defesa, o que predispõe o organismo a infecções Em adição, o acúmulo de células anormais na medula óssea prejudica a produção de outros tipos celulares, predispondo o indivíduo a anemia e hemorragias, entre outros sintomas Tumores Sólidos Definição: Tumores sólidos são massas de tecido formadas por células anormais que se multiplicam de forma descontrolada. Eles crescem de maneira localizada em um órgão ou tecido específico. Tipos: Carcinomas e sarcomas Disseminação: Tumores sólidos podem se espalhar para outras partes do corpo através de metástase, normalmente por meio do sistema linfático ou da corrente sanguínea Tumores Não Sólidos Definição: Tumores não sólidos afetam principalmente o sangue, a medula óssea e o sistema linfático. Eles não formam massas compactas de tecido, mas consistem em células cancerígenas que se espalham pelo sangue ou linfa Tipos: Leucemias, linfomas e mieloma múltiplo Disseminação: Como as células anormais estão no sangue e/ou sistema linfático, esses cânceres são difusos, ou seja, espalham-se pelo corpo sem a formação de uma massa sólida Desvio à esquerda no hemograma: Acontece quando a medula óssea começa a liberar inúmeros leucócitos imaturos, principalmente neutrófilos, para uma resposta a antígenos de forma aguda. Na medicina laboratorial, quando usamos o termo "desvio à esquerda" estamos nos referindo à presença de células sanguíneas imaturas presentes numa amostra de sangue periférico O desvio à esquerda ocorre em resposta aos processos infecciosos bacterianos ou na leucemia mieloide crônica TBL Neoplasias Neoplasia pode ser entendida como a lesão constituída por proliferação celular anormal, descontrolada e autônoma, em geral com perda ou redução de diferenciação, resultando em células atípicas, em consequência de alterações em genes ou proteínas que regulam a multiplicação e a diferenciação das células Nesse contexto, o que diferencia uma neoplasia de uma displasia e hiperplasia é a autonomia de proliferação Quando ocorre em um órgão sólido, o maior número de células de uma neoplasia forma um tumor Dos pontos de vista clínico, evolutivo e de comportamento, as neoplasias são divididas em duas grandes categorias: benignas e malignas As benignas geralmente não são letais nem causam sérios transtornos para o hospedeiro, por isso mesmo, podem evoluir durante muito tempo e não colocam em risco a vida do seu portador As malignas, em geral, têm crescimento rápido e muitas provocam perturbações homeostáticas graves capazes de levar o indivíduo à morte Componentes: Parênquima tumoral: Composto por células neoplásicas em proliferação que determinam o comportamento e as consequência patológica Estroma: É um tecido de sustentação, formado por tecido conjuntivo, células inflamatórias e vasos sanguíneos, define crescimento e evolução tumoral Na prática, as neoplasias são chamadas de tumores, será empregado como sinônimo de neoplasia, que é a lesão expansiva formada por aumento do número de células Os tumores podem ser classificados de acordo com vários critérios: 1. Comportamento clínico (benignos ou malignos) 2. Aspecto microscópico (critério histomorfológico) Baseado na aparência celular e tecidual observada sob o microscópio, avaliando o grau de diferenciação das células tumorais 3. Origem da neoplasia (critério histogenético) Determina a origem tecidual ou celular das neoplasias 4. Alterações genômicas (critério molecular) muitas vezes com implicações etiopatogenéticas e terapêuticas Classificação baseada em alterações genéticas e moleculares, que podem influenciar tanto o diagnóstico quanto o tratamento Essas alterações são frequentemente exploradas para terapias direcionadas Nem sempre esses elementos são usados na denominação da lesão, sendo comuns alguns epônimos, como tumor de Wilms, linfoma de Hodgkin, linfoma de Burkitt, etc (classificação particular) Nomeclatura: 1. Sufixo "oma": qualquer neoplasia, tanto benigna quanto maligna Lipoma (tumor benigna de tecido adiposo) Linfoma (tumor maligno de órgãos linfoides) 2. Carcinoma: neoplasias malignas de epitélio de revestimento Adenocarcinoma 3. Sarcoma: neoplasias malignas de tecido conjuntivo (mesenquimal) Fibrossarcoma (câncer do tec. conj. fibroso) 4. Blastoma: neoplasias com características embrionárias Nefroblastoma (tumor maligno renal com características embrionárias) 5. Prefixo "Adeno": neoplasias de epitélio glandular Adenoma (tumor benigno de epitélio glandular) Adenocarcinoma (tumor maligno de epitélio glandular) A classificação das neoplasias não é algo simples e nem apenas um exercício só de identificação histogenética, mas visa identificar nos aspectos morfológicos de uma lesão elementos que permitem extrair informações prognósticas ou preditivas que auxiliem na escolha do melhor tratamento Em um mesmo local do corpo, é possível encontrar grande número de neoplasias diferentes Muitos deles são morfologicamente muito distintos, têm evolução clínica diferente e, portanto, necessitam de tratamentos também diferentes Em um laudo anatomopatológico, recebem nomes diferentes Um tumor classificado erroneamente leva a tratamentos ineficazes e sequelas desnecessárias Teratomas: São tumores benignos ou malignos originados de células toti ou multipotentes que surgem em gônadas (testículos ou ovários) e, menos frequentemente, em outras sedes, sobretudo em correspondência com a linha mediana do corpo. Como se originam de células pluripotentes, os teratomas são constituídos por tecidos derivados de mais de um folheto embrionário Em teratomas benignos, há diferenciação de tecidos, que formam estruturas organoides (pele e anexos, ossos, dentes, olho etc.), porém dispostos desordenadamente Em teratomas malignos, a diferenciação é limitada (são imaturos), encontrando-se apenas raros esboços organoides de permeio com as células que sofreram transformação maligna Podem interromper a circulação do líquor, comprimir e deslocar estruturas nervosas vitais e levar o paciente à morte Consequências da neoplasiabenigna: Obstrução de órgãos: Podem bloquear órgãos ou estruturas vitais Compressão de órgãos: Podem pressionar órgãos adjacentes comprometendo a sua função Produção de substância em maior quantidade: Alguns tumores benignos secretam substâncias em excesso, levando a distúrbios metabólicos Diferenciação celular: Processo em que uma célula não especializada (multipotente ou totipotente) passa por especialização a partir do remodelamento da cromatina Especialização das células ocorre com base no remodelamento da cromatina, ativando genes específicos e inativando outros, o que permite que as células adquiram funções distintas Após estas transformações, sua morfologia e fisiologia são definidas, o que as tornam capazes de realizar determinadas funções Após a fecundação, a vida do organismo inicia-se com apenas uma única célula Nesse sentido, todas as demais células que dela se originarem pela divisão celular (mitose) terão as mesmas informações genéticas, no entanto, exercerão funções diferentes por conta da expressão gênica Ativação dos genes necessários acompanhada da inativação daqueles desnecessários durante o processo de diferenciação celular Durante a clivagem do zigoto, moléculas chamadas determinantes citoplasmáticos são distribuídas assimetricamente entre os blastômeros, o que define as proteínas que cada célula produzirá e, consequentemente, sua futura especialização Fatores que interferem na diferenciação celular: patologias, inflamação, necessidades do organismo e interferência externa Mecanismo de diferenciação: 1. Segregação citoplasmática de moléculas determinantes no momento da clivagem do zigoto: Durante a clivagem do zigoto, moléculas chamadas determinantes citoplasmáticos são distribuídas assimetricamente entre os blastômeros, o que define as proteínas que cada célula produzirá e, consequentemente, sua futura especialização Determinantes citoplasmáticos são moléculas capazes de influenciar diretamente a atividade dos genes Teratoma cístico benigno (cisto dermoide) A: Massa irregular com tecidos de aspectos variados, incluindo pelos e dentes B: Aspecto microscópico, mostrando pele e seus anexos e lóbulo de cartilagem Neoplasias malignas: Taxa de crescimento alta devido a: angiogênese sustentada, mutação nos receptores, autossuficiência, evasão da apoptose, mutação de RAS, MYC, RB, TP53, ciclinas e CDK Crescimento infiltrativo Recidiva e metástase Células são indiferenciadas Atipia celular e arquitetural Tratamento: radioterapia, quimioterapia e cirurgia Mutação grave no DNA É invasivo e agressivo, suas células são indiferenciadas e crescem mais rápido e de forma mais desordenada que o tumor benigno Neoplasias benignas: Tumor com crescimento lento e bem delimitado Crescimento expansivo (de forma localizada) Não se infiltram ou destroem tecidos vizinhos Não recidivam Tratamento: cirurgia ou radioterapia Células não sofrem alteração grave no DNA Bem diferenciadas (parecem com epitélio normal) Mortalidade baixa É localizado, delimitidado, células são bem diferenciadas e especializadas, crescimento lento e não possuem capacidade de metastatizar Como regra, tumores benignos não recidivam após ressecção cirúrgica, não se infiltram nem destroem tecidos vizinhos e não ulceram, mas há excessões Adenoma pleomórfico de glândulas salivares com frequência recidiva após cirurgia se não removido completamente Tumores histologicamente benignos que podem ser letais: adenomas secretores de substâncias importantes na homeostase que, quando em excesso, podem causar morte (tumores pancreáticos secretores de insulina podem levar a hipoglicemia fatal) Gliomas: Tumor histologicamente benigno, mas biologicamente maligno de cavidade craniana. Situados profundamente no encéfalo, são de difícil acesso cirúrgico e não podem ser totalmente ressecados 2. Morfógenos: Durante o translado pela tuba uterina, células podem ser alcançadas por diferentes concentrações de substâncias presentes no meio, a depender de sua localização na mórula Esta diferenciação se deve ao fato de que altas concentrações do morfógeno ativariam grupos de genes diferentes daqueles ativados por baixas concentrações 3. Indução embrionária: Resulta da ação de células que agem enviando, por meio de moléculas por elas produzidas, sinais que estimulam células vizinhas a se diferenciarem em determinada direção Neste caso o estímulo pode levar a diferenciação de novas células semelhantes àquelas que produziram o estimulo, ou pode conduzir à formação de um novo tecido adjacente ao tecido original Transplante Nuclear: Experimentos de transplante nuclear demonstraram que o núcleo de uma célula diferenciada (como uma célula epitelial) ainda possui todo o material genético necessário para formar um organismo completo, quando reprogramado por fatores citoplasmáticos presentes no ovócito Isso reforça a ideia de que a diferenciação ocorre por meio da regulação gênica, e não pela perda de genes Carcinogênese: Processo de formação do câncer que, em geral, acontece lentamente, podendo levar vários anos para que uma célula cancerosa se prolifere e dê origem a um tumor visível Os efeitos acumulativos de diferentes agentes cancerígenos ou carcinógenos são os responsáveis pelo início, promoção e progressão do tumor: Estágio de iniciação da carcinogênese: Agente carcinogênico induz alterações genéticas permanentes nas células A iniciação tumoral é o processo que envolve a exposição das células normais a agentes químicos, físicos ou biológicos que causam danos irreversíveis nos genes, levando a ativação de oncogenes e/ou inativação de genes supressores de tumor Agente iniciador: carcinógenos A iniciação pode ser induzida por uma única aplicação de um agente cancerígeno, mesmo que em dose baixa As células podem permanecer estacionárias no estado de “iniciadas” durante tempos variados se não são estimuladas a dividir-se No entanto, células iniciadas respondem de maneira aumentada a alguns estímulos como, por exemplo, aos fatores de crescimento Ainda não é possível detectar o tumor clinicamente Elas encontram-se "preparadas", ou seja, "iniciadas" para a ação de um segundo grupo de agentes que atuará no próximo estágio Nem todas as células são igualmente susceptíveis aos carcinógenos, ou seja, nem todas as pessoas expostas a um carcinógeno desenvolverão câncer O risco depende de uma predisposição genética a um certo tipo de câncer Estágio de promoção da carcinogênese: Célula iniciada é estimulada a proliferação, ampliando o clone transformado Estimula o crescimento da célula que sofreu mutação, e pode acontecer a qualquer momento, após a transformação celular inicial Os fatores de promoção podem ser agentes químicos, processo inflamatório, hormônios e fatores que atuam no crescimento celular normal, chamado de agente promotor: São substâncias que têm em comum as propriedades de irritar tecidos e de provocar reações inflamatória e proliferativa Não tem ação mutagênica nem carcinogênica Ao contrário do iniciador, o promotor não se liga ao DNA nem provoca mutações Para conseguir efeito biológico, deve persistir no ambiente Seus efeitos revertem-se, caso a exposição a ele seja suspensa, decisiva para as ações preventivas do câncer Possui habilidade de reduzir o período de latência na formação de um tumor depois da exposição de um tecido a um iniciador, acelerando a formação Ex.: fenóis, hormônios, medicamentos, calor e etc A célula iniciada é transformada em célula maligna, de forma lenta e gradual Conversão maligna: transformação das células pré-neoplásicas em células que expressam o fenótipo maligno Necessita de mais trocas genéticas, as quais podem ocorrer por erros na síntese do DNA ou pela ativação do oncogenes, e/ou a inativação de genes supressores de tumor Para que ocorra essa transformação, é necessário um longo e continuado contato com o agente promotor A suspensão do contato com agentes promotores muitas vezes interrompe o processo no estágio da conversão maligna Ex.: componentes da alimentação ea exposição excessiva e prolongada a hormônios Diferente dos carcinógenos, os promotores não causam câncer por si A promoção não tem efeito sobre células que não passaram pela iniciação Alguns carcinógenos são suficientemente fortes para causar câncer sem necessitarem de uma promoção Ex.: Radiação ionizante (utilizada em raios-X) pode causar vários cânceres, especialmente sarcomas, leucemia, câncer da tireoide e câncer da mama Estágio de progressão da carcinogênese: O clone transformado prolifera e o tumor cresce Caracteriza pela multiplicação descontrolada e irreversível das células alteradas O câncer já está instalado, evoluindo até o surgimento das primeiras manifestações clínicas da doença Os fatores que promovem a iniciação ou progressão da carcinogênese são chamados agentes oncoaceleradores ou carcinógenos Ex.: fumo é um agente carcinógeno completo, pois possui componentes que atuam nos três estágios da carcinogênese A célula adquire características cada vez mais agressivas, devido a enorme quantidade de mutações sofridas A instabilidade genômica experimentada pela célula propicia um ambiente favorável às trocas genéticas, ocasionando: Amplificação de alguns genes Expressão alterada de outros Maior taxa de crescimento e aquisição de propriedades como a invasão local e a disseminação metastática A progressão neoplásica depende de mutações sucessivas nas células, modificações epigenéticas que influenciam na expressão gênica e dos fatores do hospedeiro (resposta imunológica) Modelo de carcinogênese Uma célula iniciada contém pelo menos uma mutação Mutações sucessivas e acumulativas originam células heterogêneas Algumas células morrem por apoptose ou são eliminadas pelo sistema imunológico Tumor resultante é formado por populações celulares heterogêneas Período prolongado entre o surgimento de um tumor e sua detecção clínica: várias mudanças genômica Tumor tende a se tornar mais agressivo: Velocidade de crescimento aumenta Resposta ao tratamento diminui Potencial de disseminação Metastatização Uma única mutação não é suficiente para transformar uma célula normal em uma célula cancerosa Desenvolvimento de um câncer em geral necessita que um número significativo de acidentes genéticos e epigenéticos raros e independentes ocorram em uma linhagem que provém de uma única célula Genes envolvidos no processo de carcinogênese: Genes cuja função esta diretamente associada à proliferação celular, ao controle da apoptose e à reparação do DNA danificado Proto-oncogenes: Os proto-oncogenes se transformam em oncogenes quando, ao sofreram mutações gênicas ou alterações cromossômicas, apresentam ganho de função ou hiperexpressão Oncogenes: genes que, quando expressos, causariam o aparecimento de uma neoplasia Os oncogenes têm sua expressão controlada pelos: MicroRNAs (miRNAs): São inibidores da expressão gênica pós- transcrição, impedindo a tradução Se os alvos desses miRNAs forem os genes supressores de tumor, o desenvolvimento tumoral é estimulado e eles passam a ser denominados oncomIRs Entretanto, os miRNAs podem inibir a tradução de oncogenes, assim, a baixa atividade desses miRNAs, induz a formação tumoral também RNAs mensageiros antissenso: É uma fita simples complementar homóloga ao mRNA que se liga ao oncogene, impedindo sua tradução Genes supressores de tumor: Função normal: Inibição de crescimento inapropriado A inativação deles contribui para o desenvolvimento do câncer pRB: sequestra fator de transcrição E2F, o qual ativa a entrada em G1 TP53 -> p53: inativa ciclinas e CDK, ativando inibidores (p21 e p16) e bloqueando a transcrição celular Genes reparadores de DNA: Codificam proteínas capazes de corrigir os erros na duplicação do material genético, antes da divisão As mutações nestes genes conduzem ao fracasso da reparação de erros no DNA permitindo que esses erros se perpetuem ao passar para as células filhas Caso as lesões não sejam reparadas, o acúmulo de mutações acelera a progressão tumoral. Metastogenes e genes supressores da metástase Odd one out: O agente promotor tem ação mutagênica e carcinogênica e para conseguir efeito biológico, deve persistir no ambiente 1. O agente promotor não tem ação mutagênica e nem carcinogênica e para conseguir efeito biológico, deve persistir no ambiente a. Isto significa que seus efeitos não revertem-se, caso a exposição a ele seja suspensa, sendo esta a grande diferença existente entre ele e o agente carcinogênico iniciador, decisiva para as ações preventivas do câncer 2. Isto significa que seus efeitos revertem-se, caso a exposição a ele seja suspensa, sendo esta a grande diferença existente entre ele e o agente carcinogênico iniciador, decisiva para as ações preventivas do câncer a. Os promotores tumorais se caracterizam pela sua habilidade para aumentar o período de latência na formação de um tumor depois da exposição de um tecido a um iniciador 3. Os promotores tumorais se caracterizam pela sua habilidade para diminuir/reduzir o período de latência na formação de um tumor depois da exposição de um tecido a um iniciador a.