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Projeto de Paisagismo Residencial Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª M.ª Ana Cristina Gentile Ferreira Revisão Textual: Prof.ª Esp. Kelciane da Rocha Campos Elementos de Composição Paisagística Elementos de Composição Paisagística • Aprender como trabalhar a harmonia entre os materiais, formas (linha, plano, textura) e o processo de ordenação dos elementos compositivos no espaço do jardim. OBJETIVO DE APRENDIZADO • Introdução; • Ponto e Linha; • Espaço; • Superfícies ou Texturas; • Padronagem; • Volume; • Cor; • Luz; • Equilíbrio; • Ritmo; • Contraste; • Ênfase ou Centro de Interesse; • Circulação; • Paginação. UNIDADE Elementos de Composição Paisagística Introdução “[...] um projeto paisagístico se equivale a um quadro com pintura em tela, um livro, uma escultura, onde o autor se comunica com alguém. Na realidade, o diferencial do paisagismo está na matéria-prima constituída dos recursos naturais e arquitetônicos e, sobretudo, pelos sentimentos. Tais sentimentos serão repassados aos usuários dos jardins por meio de elemen- tos vivos e inertes que constituirão a composição paisagística.” (LIRA FILHO et al., 2002, p. 17). O projeto de paisagismo será formado pela composição de vários elementos, que trabalhados de maneira conjunta serão responsáveis por demonstrar o resultado de con- cepção do projeto. Segundo o dicionário, entende-se por composição: Composição: Ação ou efeito de compor, formar um todo. Disposição do que constitui um todo; constituição. Maneira como algo está ou se encontra disposto; organização. [Por extensão] Aquilo que foi composto: a composição de um espetáculo. [Literatura] Criação literária; ela- boração artística. Fonte: https://bit.ly/38QSRw2 Assim como a definição literal da palavra, no projeto de paisagismo, a composição é o resultado direto do processo criativo do profissional. Para estabelecer o processo de comunicação, o paisagista lança mão de alguns elementos de comunicação (linha, forma, textura, cor, movimento, som), bem como dos princípios de estética (mensagem, equilíbrio, escala, dominância, harmonia, clímax). (LIRA FILHO et al., 2002, p. 11) Os primeiros elementos de composição, essenciais para o projeto, são o Ponto e a Linha. Segundo Fisher (1987), o ponto é o encontro de duas retas, ou segmentos de retas. O ponto é a representação da partícula geométrica mínima da matéria e do ponto de vista simbólico, é considerado como elemento de origem. Ponto e Linha O ponto é o elemento mais simples da representação gráfica e pode indicar uma re- ferência de desenho ou espaço. O ponto pode ter cor e tamanho, e sua forma de repre- sentação pode resultar em diferentes texturas; se o ponto for trabalhado em sequência, pode dar a impressão de ser uma linha ou, ainda, quando trabalhado repetidamente, pode resultar em diferentes texturas. Na Unidade anterior, pudemos ver que os pontos agrupados são capazes de dar volume à representação gráfica da vegetação ou, ainda, representar a presença de 8 9 gramas e forrações. Na figura a seguir, é possível observar como o tamanho e forma de se trabalhar o ponto poderão resultar em diferentes texturas. Fina Média Grossa Figura 1 Fonte: LIRA FILHO et al., 2002, p. 32 A linha é um elemento visual formado por infinitos pontos, que quando usados em sequência formam uma linha. A linha como elemento visual é responsável por mostrar direção; além disso, é capaz de criar formas, texturas e movimentos. Podemos classificar as linhas de duas formas: a geométrica e a gráfica. Na geometria, a linha é unidimensional, apresenta comprimento ilimitado, mas não possui altura, nem espessura; já no desenho gráfico, a linha passa a ter espessura e comprimento concretos. Todos, em algum momento, já traçaram um risco no papel, na parede, no chão ou em qualquer outra superfície. Na Geometria elementar, esse risco traçado com auxílio de uma régua ou à mão livre denomina-se linha. Trata-se de um traço contínuo com uma só dimensão (o comprimento) e, dependen- do da maneira como foi desenhada, pode ser classificada como: reta, curva ou mista (combinação de reta e curva). (LIRA FILHO et al., 2002, p. 25 ) A figura a seguir traz alguns exemplos dos tipos de traçados das linhas quando traba- lhadas de maneira contínua, pontilhada e tracejada. Quanto ao tipo de traçado as linhas podem ser: • Cheias ou contínuas: o traço é feito sem nenhuma interrupção, tornando o mocimento visual extremamente rápido. • Pontilhadas: representadas por meio de pontos. Os intervalos entre os pontos tornam o movimento visual mais lento. • Tracejadas: representados por meio de traços. Quanto maior o intervalo entre os traços, mais lento e pesado é o movimento. • Combinadas: representadas por meio de traços e pontos alternados. Figura 2 Fonte: Adaptada de SCRIBD, 2011 Importante! Assim como no desenho técnico, no paisagismo a linha deverá tirar partido da espessura e do peso gráfico para uma boa representação de projeto. Quando falamos especifica- mente das linhas no paisagismo, podemos percebê-las em uma fileira de árvores em formato de alamedas, na sequência de um piso, no projeto de iluminação, no desenho do mobiliário, enfim, estará presente em todos os detalhes do projeto. 9 UNIDADE Elementos de Composição Paisagística A figura a seguir mostra a relação da representação gráfica apresentada na unidade anterior e a aplicação de pontos e linhas para definir e caracterizar tipos de materiais utilizados nos elementos de composição, como pontos para areia, linhas para blocos e madeiras, entre outros. Figura 3 – Uso de linhas e pontos para representar tipos de materiais Fonte: Adaptada de REID, 1987 Lira Filho et al. (2002) também descrevem como a linha irá compor os elementos do paisagismo quando definem: No caso das palmeiras enfileiradas na alameda, ela é representada por uma sequência unidirecional na extensão da alameda. Mas, também, no caso de outros componentes, como bancos, arbustos, rochas, etc., elas podem ser definidas aos nossos olhos pelo limite entre componentes vi- suais diferentes no jardim. (LIRA FILHO et al., 2002, p. 26) Além das espessuras e pesos, as linhas também podem ser classificadas de acordo com seus formatos, sendo simples ou complexas. As linhas simples são divididas em retas e curvas, enquanto as linhas complexas podem ser poligonais, sinuosas ou mistas. A figura a seguir resume suas principais características. Retas – são as linhas que seguem sempre a mesma direção. Curvas – são as linhas que estão sempre em mudança de direção, de forma constante e suave. Poligonal ou quebrada – é a linha composta por segmentos de retas que possuem diversas direções. Sinuosa ou onduladas – compostas por uma sequência de linhas curvas. Mista ou mistilínea – compostas por linhas retas e curvas. As linhas complexas mudam de direção de formas mais livre e se classi�cam em: horizontal côncava convexa vertical inclinada Figura 4 Fonte: Adaptada de SCRIBD, 2011 10 11 A aplicação dos pontos e linhas é capaz de representar os conceitos de projeto de paisagismo. No exemplo a seguir, as linhas definem circulação, por exemplo, e pontos marcam o centro das vegetações e a textura do material pretendido no projeto, os deta- lhes serão definidos em etapa posterior. Figura 5 – Uso de linhas e pontos Fonte: REID, 1987 As linhas ainda são capazes de causar sensações diferentes. De maneira simplista, as sensações podem ser resumidas da seguinte forma: • Linhas horizontais: transmitem sensação de tranquilidade, paz, repouso, estabili- dade, calma, conforto e espaço; • Linhas verticais: provocam sensação de ascensão, espiritualidade, grandiosidade, crescimento e estabilidade; • Linhas inclinadas: provocam sensação de dispersão, instabilidade, movimento; • Linhas curvas: provocam sensação de graça, suavidade, movimento e dinamismo; • Linhas mistas: definidas pelo uso de linhas retas e curvas. Dependendo da maneira como se encontram no jardim, aslinhas passam ao observador várias sensações. A horizontalidade transmite sensações de segurança, evoca o chão onde pisamos. São linhas passivas, calmas. Sua direção normal é da esquerda para a direita. Também pode evocar des- canso, sono, dependendo de quem a percebe. Já a verticalidade inspira estabilidade. Sua direção, normalmente, é ascendente. Evoca vida, espiritu- alidade, magnificência. Todas as outras linhas carregam maior dinamismo visual e são menos estáveis. (LIRA FILHO et al., 2002, p. 28 ) De maneira mais detalhada, a figura a seguir mostra as diferentes sensações resultantes dos diversos formatos de linhas. 11 UNIDADE Elementos de Composição Paisagística Vertical Nobre Inspiradora Horizontal Calma Brutal Rugosa Sólida Estável Estática Focal - Fixa DinâmicaDecrescente Depressiva Crescente Expansiva Instável Caótica Confusa Concentração Paralelismo Excitação Nervosismo Divergência Divisão Otimista Feliz Pessimista Deprimida Indireta Curvilínea Feminina - Suave Fluída Ativa Efusiva Figura 6 Fonte: Adaptada de LIRA FILHO et al., 2002, p. 28 A sequência de fotos a seguir mostra como os formatos das linhas se aplicam no pai- sagismo. Na imagem da Casa Quinta da Baroneza I (esquerda), projeto de Debora Roig, podemos observar a linha reta aplicada ao paisagismo, com definição na circulação e uso da vegetação, assim como no projeto da Casa do Cafezal (direita), de FGMF Arquitetos. É interessante notar que as linhas retas aplicadas no projeto de paisagismo têm re- lação direta com o conceito arquitetônico das residências, que também possui formato bem definido, permitindo um resultado harmonioso com o conjunto. Figura 7 – Linha reta: discreta | Deborah Roig e FGMF Arquitetos Fonte: Reprodução A utilização de linhas horizontais com a intenção de causar a sensação de tranqui- lidade e repouso pode ser observada nos exemplos a seguir. Grandes áreas verdes e a escolha correta das espécies e outros elementos permitem que o projeto de paisagismo tenha resultado positivo. 12 13 Figura 8 – Linhas horizontais: tranquilidade e repouso | Jacobsen Arquitetura e Fernanda Padula Fonte: Reprodução A linha vertical é muito comum nos jardins verticais e muros verdes, com uso de trepa- deiras e pendentes. Podemos ver nos exemplos a seguir a linha vertical presente no con- ceito do paisagismo e sua aplicação fazendo parte, inclusive, da fachada da edificação. Figura 9 – Linhas verticais: ascensão, crescimento e estabilidade | asdesign e S+A Brazil Fonte: Reprodução A sensação de movimento, resultado do uso de linhas inclinadas e/ou curvas, pode ser alcançada de diferentes maneiras. Na topiaria trabalhada com formas mais orgâni- cas, ou na definição do desenho do jardim a partir de seus caminhos, ou ainda nas linhas curvas para dividir os tipos de espécies, o resultado dará um ar mais romântico e suave, conforme exemplos a seguir. Figura 10 – Linhas inclinadas: provocam sensação de movimento Fonte: Adaptada de Getty Images 13 UNIDADE Elementos de Composição Paisagística No exemplo a seguir, podemos observar como as linhas curvas do paisagismo acom- panham o conceito arquitetônico, da mesma forma que observamos nos exemplos de linhas retas. Figura 11 – Linhas curvas: graça, suavidade, movimento e dinamismo | ES Arquitetura e Tonkin Liu Arquitetos Fonte: Reprodução Espaço O espaço é formado por infinitos planos, portanto por infinitas retas e infinitos pon- tos. Ao se trabalhar com espaços extremos, pequenos ou grandes, pode ser difícil proje- tar. Para organizar a intenção do projeto a ser desenvolvido e a aplicação dos conceitos e funções pretendidas pelo profissional, trabalhar a setorização dos espaços irá auxiliar no desenvolvimento do projeto e será o ponto de partida. Trabalhar na forma de croqui para a organização do pensamento será um facilitador. A imagem a seguir apresenta como a setorização, com a aplicação da representação gráfica e de alguns elementos de composição aplicados, nos faz entender a primeira etapa do processo de criação. Os destaques na imagem mostram uma primeira ideia de definição de uso, circulação e formatos de desenhos, como as linhas curvas, para resultar em um espaço mais orgânico e dinâmico. 14 15 Figura 12 – Uso de linhas e pontos Fonte: Adaptada de REID, 1987 Quando falamos especificamente dos projetos de Paisagismo Residencial, o profis- sional deverá ficar atento às necessidades e anseios dos usuários; os resultados poderão variar bastante dependendo do uso que será feito do espaço pelos moradores. O paisagismo residencial vem sendo aplicado não apenas em áreas externas, mas em pequenas varandas ou, ainda, em ambientes como cozinhas e banheiros. Sendo assim, o profissional deverá ter em mente que o ambiente pequeno requer bastante flexibilidade na solução projetual e para isso, usar o conhecimento técnico e a criatividade é essencial para adaptar um espaço muito restrito a todas as atividades e materiais que ali devem ser organizados. Por outro lado, nos espaços muito grandes devemos prestar atenção para que estes não se tornem impessoais. Importante! Desenhar o espaço significa definir os percursos e caminhos, distribuir elementos capazes de permitir diferentes sensações. Os espaços criados serão reflexo de um desejo e muitas vezes expõem a personalidade de quem os cria e de quem os imagina. Os elementos de composição permitirão a criação de espaços. Superfícies ou Texturas Ao observarmos a superfície de uma mesa recoberta por vidro polido, ou um muro com heras enraizadas, sem tocá-las, é possível distinguir visual- mente que a superfície da mesa é lisa e a do muro é ligeiramente áspera. Isto quer dizer que na superfície dos objetos existe algo que nos transmite sensações, conforme os objetos se apresentem aos nossos olhos. A esta sensação denomina-se textura. (LIRA FILHO et al., 2002, p. 32 ) As superfícies e texturas no paisagismo permitirão principalmente o uso adequado dos elementos de composição de projeto, como, por exemplo, tipo de piso escolhido na 15 UNIDADE Elementos de Composição Paisagística circulação de pedestres, circulação de veículos, possíveis áreas molhadas, áreas públi- cas que demandem muita manutenção, enfim, além do resultado visual, a definição da superfície merece grande destaque. Podemos classificar as superfícies no paisagismo da seguinte forma: • Lisas ou brilhantes: Refletem mais o som e o calor e são de fácil manutenção. As co- res dos materiais parecerão mais intensas e mais próximas do observador. Se usadas em demasia, podem deixar o ambiente muito estimulante; • Rústicas, ásperas e opacas: Absorvem mais o som e o calor incidente e são de manutenção mais difícil. As cores das superfícies parecerão mais suaves e mais distantes do observador. Podem ser balanceadas por meio de cores e iluminação. Figuras 13 – Superfície lisa ou brilhante Fonte: Reprodução Figura 14 – Superfícies rústicas ou ásperas Fonte: Getty Images | Reprodução É preciso lembrar que o tipo de textura a ser utilizado será o que melhor atender às características das atividades desenvolvidas em cada ambiente, bem como ao estilo esco- lhido para ele. Por exemplo, em um projeto de paisagismo com a presença de piscina, as superfícies lisas podem se tornar escorregadias, portanto a escolha deverá considerar materiais com acabamentos de superfícies rústicas ou ásperas. 16 17 Padronagem Além dos elementos já citados, como linhas e texturas, temos o padrão de repetição e continuidade de um desenho, que chamamos de padronagem. As padronagens tam- bém devem se adaptar às superfícies onde serão empregadas: pequenas para pequenos ambientes e grandes para ambientes maiores. Em tecidos, estampas grandes têm mais sucesso em sofás, enquanto estampas pequenas se aplicam melhor a pequenos objetos (almofadas, assentos de cadeira etc.). Assim como o tipo de superfície, o material utilizado na padronagem também de- verá observar o uso. Por exemplo, quando falamos do usode padronagem em tecidos, devemos ficar atentos a onde estará presente no projeto; caso seja em um local com co- bertura, o tipo de tecido não precisa ser impermeável, diferentemente do uso em locais abertos, onde o material ficará sujeito a intempéries, como sol e chuva, ou seja, nesse último caso o material deverá ser resistente e lavável. As imagens a seguir trazem exemplos de padronagem aplicada em pisos cerâmicos, mobiliários e vasos. As estampas podem ser caracterizadas também com o elemento de composição cor, diferenciando-se pelas aplicações de imagens. Lembre-se, em um mesmo projeto, você poderá observar mais de um Elemento de Composição, nesses casos Padronagem e Cor. Figura 15 – Padronagem em piso Fonte: ibdi-edu.com.br | Reprodução Figura 16 – Padronagem de tecidos Fonte: Adaptada de Getty Images 17 UNIDADE Elementos de Composição Paisagística Volume O volume de um objeto é determinado pelo agrupamento de suas superfícies segundo um projeto construtivo particular e sofre influência dos outros elementos da composição: tipo da linha predominante, cor, luz, textura etc. Nas imagens a seguir, temos um lounge com acesso por uma pequena ponte, pre- sença de água e vegetação; o conjunto de elementos forma um volume interessante. Na outra imagem, uma espreguiçadeira com design diferenciado, uma estrutura de geodésica ao fundo e a composição de vasos e vegetações resultam no volume do projeto paisagístico. Figura 17 – Volume | Ricardo Novelli e Marcelo Palhais Fonte: Getty Images | Reprodução Cor É importante conhecer as características das cores e utilizá-las com sabedoria para que sejam aliadas num projeto de paisagismo. Além de nas paredes e pisos, a cor tam- bém pode ser explorada nos móveis e complementos. As cores são classificadas em primárias, secundárias e terciárias. O círculo cromático a seguir e o esquema de cores mostram quais são as cores de acordo com suas classificações. 18 19 Amarelo (primária) Violeta (Secundária) Vermelho (primária) Azul (primária) Laranja (Secundária) Verde (Secundária) Cores Quentes Cores Frias Figura 18 Cores Complementares Cores Análogas Cores Complementares Divididas Tríade Primárias Secundárias Terciárias São aquelas que estão opostas entre si, no círculo cromático. São contrastantes. São aquelas que estão em sequência entre si, no círculo cromático. O famoso tom sobre tom. É uma combinação entre uma cor e as cores em sequência a sua cor complementar. É uma combinação entre três cores que estão a uma mesma distância entre si, formando um triangulo no círculo cromático. Essas são algumas maneiras de combinar cores entre si, harmonias de cores. Combinando cores por seus tipos. Figura 19 Outras informações relevantes quanto às cores estão relacionadas à harmonia. Além dos tons neutros (preto, branco e cinza) e tons pastéis (cores secundárias misturadas ao cinza), as cores podem ser: • Análogas: (cores próximas no círculo cromático); • Complementares: (cores opostas no círculo cromático). Para entender melhor a relação das cores com a vegetação, a imagem a seguir traz referências de cores, divididas entre quentes e frias, em relação a algumas espécies uti- lizadas no paisagismo. 19 UNIDADE Elementos de Composição Paisagística Figura 20 Fonte: Getty Images | Pixabay Nas fotos a seguir, podemos observar a utilização das cores em elementos de compo- sição, como esculturas e vasos, lembrando que as cores no paisagismo devem ser usadas com equilíbrio; para isso, podemos usar como base para o projeto algumas sensações que as cores são capazes de proporcionar: • CORES FRIAS, COMO AZUL, VIOLETA E VERDE, ampliam o ambiente. Aconselháveis quando se quer passar uma sensação de espaço. • CORES QUENTES, COMO VERMELHO, AMARELO E LARANJA, tornam o ambiente visualmente menor. Além disso, são estimulantes. Figura 21 – Aplicação de cores em elementos de composição Fonte: Adaptada de Getty Images Figura 22 – Aplicação de cores na vegtação Fonte: Reprodução 20 21 Além da aplicação das cores a partir das flores e espécies de vegetação, nas imagens a seguir as cores são aplicadas em vasos, mobiliário e acabamento das paredes. Figura 23 – Aplicação de cores em elemesntos de composição Fonte: Getty Images Veja mais um exemplo de aplicação de cores em elementos de composição. Disponível em: https://bit.ly/3loc3GA Luz A luz artificial é uma importante ferramenta no projeto de paisagismo e pode ser utilizada para aumentar a funcionalidade de um ambiente. Para cada tipo de espaço deve existir uma proposta diferente de iluminação, pois para cada tarefa ou atividade desenvolvida é preciso uma iluminação adequada. Atualmente, existe no mercado uma enorme variedade de modelos de luminárias e de lâmpadas, bem como tecnologias capazes de atender aos mais diferentes usos: plafons, pendentes, spots externos (com ou sem trilhos), spots embutidos, mini spots, arandelas, lâmpadas de pé, sancas, abajures de mesa, luminárias de piso etc. No paisagismo, a iluminação poderá ter a função de organizar e direcionar a circu- lação ou, ainda, destacar alguma vegetação ou outro elemento. Além, é claro, de pos- sibilitar o uso do jardim inclusive no período da noite, permitindo ao indivíduo usufruir do paisagismo em diferentes momentos e muitas vezes causando sensações diferentes quando o espaço é comparado ao espaço com luz natural. 21 UNIDADE Elementos de Composição Paisagística Figura 24 – Exemplos de iluminação nos projetos de paisagismo Fonte: Reprodução Para saber mais sobre os tipos de luminárias e lâmpadas existentes atualmente e que po- dem ser usadas nos projetos de paisagismo, seguem links com algumas sugestões: • Iluminação para Jardins – Você também pode ter o jardim dos seus sonhos! Disponível em: https://bit.ly/3qV28cV • 50 inspirações para iluminação de jardim: tipos e modelos. Disponível em: https://bit.ly/30YkNtz Equilíbrio Criar uma paisagem equilibrada é essencial para que a mesma agrade ao observador. Mesmo que alguém seja inexperiente em arte, perceberá que uma composição sem equilíbrio certamente incomodará, denotando que existe algo de errado no jardim. Isto é fácil de se perceber, pois o equilíbrio é responsável pela sensação de estabilidade oferecida por um elemento ou composição presente no campo visual. Portanto, equilíbrio é estabilidade físico-visual. (LIRA FILHO et al., 2002, p. 146) Equilíbrio é a conjugação de forças opostas presentes no projeto. Pode ser classifi- cado em: 22 23 • Simétrico: é uma composição baseada num eixo vertical que passa pelo centro do conjunto, de modo que os pesos fiquem iguais dos dois lados. Transmite sensação de equilíbrio, organização, formalidade, rigidez e sobriedade; Figura 25 Fonte: Wikimedia Commons • Assimétrico: ao contrário da composição simétrica, a assimétrica requer um pouco mais de sentido estético, pois os pesos dos objetos escolhidos devem se equilibrar sem que os desenhos fiquem iguais dos dois lados. É uma solução mais informal e dinâmica, que tira o foco do centro e o coloca em toda a composição; Figura 26 Fonte: Getty Images • Radial: neste tipo de composição, os objetos são distribuídos a partir de um ponto cen- tral e se compensam pelas cores, formas e texturas. Sugere dinamismo e movimento. 23 UNIDADE Elementos de Composição Paisagística Figura 27 Fonte: Reprodução Ritmo Trata-se da repetição de um determinado elemento da composição, criando dinamismo. Disposição inteligente dos elementos, pode ser obtido a partir da repetição ou pelo movi- mento contínuo de formas e/ou elementos. Este princípio refere-se à sucessão dos elementos no jardim, conduzindo inteligente- mente a vista do observador para certos pontos que são os centros de atenção. A repetição de formas e cores em intervalos regulares pode levar a vista do observador a percorrer o campo visual sequencialmente de um centro de atenção para o seguinte. Entretanto, deve-se ter a precaução para evitar a monotonia, o cansaçovisual ou a irritação por excesso de repetições (LIRA FILHO et al., 2002, p. 154). Figura 28 Fonte: Adaptada de Getty Images Contraste O contraste num projeto tem relação com as formas, os tamanhos, os tons e as cores do conjunto. É muito importante, pois ajuda a quebrar a monotonia, aplicando mais dinâmica e expressividade ao ambiente. 24 25 O contraste se obtém quando se colocam juntos objetos com caracterís- ticas opostas em linha, tonalidade, textura, forma e cor. O contraste é o valor dos elementos e aumenta sua potência, variedade e profundidade. O contraste não é uma discordância. (GOULART, 2017) Figura 29 Fonte: Reprodução Ênfase ou Centro de Interesse Em toda paisagem deve haver um elemento de destaque que atraia a atenção e desperte um sentimento de admiração e prazer. Se considera um centro de interesse uma representação de um componente ou ele- mento de grande peso visual e conceitual. É um ponto para o qual se deseja atrair a atenção do observador. (GOULART, 2017 ) Um bom projeto apresentará centros de interesse suficientes para atrair a atenção e acrescentar movimento à composição. O exagero no número de pontos enfatizados poderá, entretanto, criar um ambiente “nervoso” e agitado, já que os olhos tendem a observar o que nos chama atenção. E para que não se incorra em monotonia na repetição de elementos, sugere-se que em certos pontos da sequência se faça uma mudança na continuidade. Com essa ên- fase ou ponto focal de interesse, articulam-se as partes de uma composição. Ela torna possível conter a variação dentro de uma estrutura equilibrada, rítmica e unificada. A ênfase representa uma mudança na continuidade, direção da circulação ou visão, uma alteração na maneira de utilizar uma área ou suas cercanias ou, ainda, transformações na qualidade do espaço. Enfim, a ênfase proporciona a mudança indispensável para que a monotonia não se instale na paisagem (LIRA FILHO et al. , 2002, p. 163). 25 UNIDADE Elementos de Composição Paisagística Nos exemplos a seguir, a Ênfase está na presença de uma fonte, em uma topiaria de animais, em uma piscina e mesmo em uma fogueira, portanto são várias as opções na escolha do projetista para usar esse elemento de composição no paisagismo. Figura 30 Fonte: Getty Images | Reprodução Circulação Em um projeto de paisagismo, deve-se sempre considerar os espaços destinados à passagem e à movimentação das pessoas. Os Caminhos através das paisagens devem ser muito mais do que apenas um trajeto de deslocamento daqui pra lá... Além da função de direcionar o trajeto dos visitantes, eles também podem compartilhar a sensação de leveza e beleza, contribuindo com toda a estrutura para um ambiente uniforme. (ROSSI, 2011) Desde o projeto arquitetônico deve haver cuidado com a circulação, o abrir e fechar de portas e janelas, as saídas, a posição do mobiliário etc. É aconselhável evitar mesas, cadeiras ou qualquer outra peça que fique em local de circulação constante. 26 27 Figura 31 Fonte: Reprodução Paginação Paginação é o nome que se dá ao modo de combinar e encaixar as peças de reves- timento (cerâmica, porcelanato, pastilhas, azulejo, taco, tábua corrida, laminado etc.). Acesse o link a seguir e veja alguns modelos e formatos existentes no mercado para compor a paginação dos pisos. Disponível em: https://bit.ly/2Q9Yxe9 É a paginação que dá personalidade ao revestimento e ajuda a definir a quantidade de peças necessárias para um determinado ambiente. O desenho do piso tem o poder de aumentar ou reduzir visualmente o espaço: paginação feita na vertical (no sentido do comprimento de quem observa) sugere maior profundidade; já a horizontal (no sentido da largura de quem observa) alarga o espaço. Figura 32 Fonte: Reprodução 27 UNIDADE Elementos de Composição Paisagística Resumindo, os principais Elementos de Composição Paisagística utilizados nos pro- jetos de paisagismo estudados nesta Unidade foram: • Linhas retas; • Linhas curvas; • Superfícies ou Texturas; • Padronagens; • Cor; • Luz; • Equilíbrio; • Ritmo; • Contraste; • Ênfase; • Circulação; • Paginação. Importante! É essencial lembrar que em um mesmo projeto são encontrados mais de um Elemen- tos de Composição, suas definições são norteadores na elaboração dos projetos, desde o momento inicial, com a setorização e definição de alguns desses elementos, como circulação, ênfase e outros, até o detalhamento, como paginação, padronagem e cores! Vimos nesta Unidade os principais Elementos de Composição que podemos utilizar no projeto de Paisagismo e na próxima Unidade, veremos como elaborar um Guia Prático de Paisagismo; somando os conhecimentos adquiridos, será possível iniciar um projeto de Paisagismo, desde sua concepção até sua elaboração final. 28 29 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites Paisagismo Digital https://bit.ly/3167HLf Paisagismo em Foco https://bit.ly/3qXkXwb Vídeos 5 tipos de uso paisagístico https://youtu.be/kIGtUF3rMe4 Leitura Top 10 mega projetos paisagísticos de 2014 https://bit.ly/30Rbr2K 29 UNIDADE Elementos de Composição Paisagística Referências BELLÉ, S. Apostila de paisagismo. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnolo- gia do Rio Grande do Sul – IFRS. Campus Bento Gonçalves, 2013. FISHER, E. A necessidade da arte. Tradução de Leandro Kondel. 9ª edição. São Paulo: Ed. Guanabara, 1987. FISHER, E. A Necessidade da Arte. Tradução – KONDEL, Leandro. Ed. Guanabara. 9ª edição. (1987) LIRA FILHO, J. A. de; PAIVA, H. N. de; GONÇALVES, W. Paisagismo: elementos de composição e estética. Coleção Jardinagem Paisagismo. Série Planejamento Paisagismo, volume 2. Viçosa, MG: Aprenda Fácil, 2002 (194p.: il.). PARADELLA, F. S. Apostila de criação da forma. UNESA – Universidade Estácio de Sá, Campus Centro IV. Sem data. Disponível em: <http://www.ensp.fiocruz.br/portal-ensp/_ uploads/documentos-pessoais/documento-pessoal_314.pdf>. Acesso em: 14/09/2018. Sites Visitados GOULART, I. Princípios de composição da paisagem. Jardineiro.net. 2017. Disponível em: <https://www.jardineiro.net/principios-de-composicao-da-paisagem.html>. Acesso em: 10/09/2018. ROSSI, M. Caminhos: sua importância no projeto de paisagismo. Paisagismo Digital. 2011. Disponível em: <https://paisagismodigital.com/noticias/?id=caminhos:-sua-impor- tancia-no-paisagismo-%7C--%7C-paisagismo-digital&in=204>. Acesso em: 10/09/2018. 30