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INSTITUIÇÕES DE DIREITO PÚBLICO E PRIVADO AULA 1 - DIREITO: O QUE É ISTO? A palavra Direito pode ser empregada em diversas acepções, todas com sentido próprio. O Direito como ciência: História, Sociologia, Economia, Antropologia, etc. Nesse sentido, o Direito ocupa um lugar distinto nos domínios das Ciências Sociais. Refere-se ao estudo do Direito, faculdade de Direito. O Direito como justiça: nesses casos, o Direito é usado no sentido de justiça, externando assim a importância dos deveres de cada um para com a coletividade. O Direito como ordenamento jurídico: um sistema de normas ou regras jurídicas que traga aos homens determinadas formas de comportamento, vigentes em um dado momento histórico. Quando a palavra Direito é mais utilizada. Exemplo: Os Direitos Constitucional, Administrativo, Tributário, Civil e do Trabalho. Jurisprudência: se refere à regra que surge depois que juízes decidem de forma idêntica sobre diversos casos semelhantes. Decisão reiterada de juízes, baseada em precedentes. Pode ser entendido como um conjunto de precedentes. Jurisconsulto: é o estudioso do Direito encarregado de emitir opiniões ou pareceres jurídicos. Ex.: advogados, procuradores, assessores jurídicos, dentre outros. Jurista: é o estudioso do Direito. Termo com sentido mais genérico do que jurisconsulto. Pode-se dizer que todo jurisconsulto é um jurista, mas nem todo jurista é um jurisconsulto. Direito Natural: é o direito que não está escrito, é o ordenamento jurídico ideal, correspondente a uma justiça superior e suprema. Era o bem como sinônimo do que é bom para o indivíduo, para a vida de cada homem. Os estoicos faziam da ciência sobre a natureza das coisas a base para as suas construções morais. Os princípios não são criados pelo homem e sim revelados pela própria natureza humana. Características: atemporal, informal, universal, não escrito e imutável. Tomás de Aquino (1225-1274), canonizado pela igreja católica, dizia que “É preciso fazer o bem e evitar o mal”. Para ele, o Direito Natural tinha origem divina. Hugo Grócio (1583-1645) declarou que o Direito Natural existiria mesmo que Deus ou qualquer outra divindade não existisse. Direito Positivo: norma explícita no texto constitucional, só vale o que está escrito, que foi “positivado” pelo Estado através do Poder Legislativo. Características: temporal, formal (depende de formalidades), dimensão espacial (varia de sociedade para sociedade), criado pelo homem, escrito e mutável. Direito Objetivo (norma agendi): se refere ao que é determinado por lei, a algo que deve fazer para se estar de acordo com a lei. Conjunto de normas impostas. Ex.: é proibido fumar em elevadores. Direito Subjetivo (facultas agendi): se refere ao que se pode fazer, ao que é permitido, concedido por lei. Permissão de agir conforme o direito objetivo. Ex.: o direito à defesa, presente em qualquer processo jurídico. Um não pode existir sem o outro. O direito objetivo existe em razão do direito subjetivo, para revelar a permissão de praticar atos. Direito Público: não reflete apenas interesses do Estado, o particular também é incluído, ainda que de forma secundária. Exemplo: casamento “no civil”. Direito Privado: prevalecem os interesses dos particulares, muito embora o Estado também se faça presente. Exemplo: a CLT obriga a existência de um conselho fiscal em qualquer sindicato, uma vez que, mesmo sendo entidades de Direito Privado, os sindicatos revestem-se de características essencialmente públicas, além de lidarem com o patrimônio e os interesses de um universo de pessoas maior do que seus quadros societários. Ramos do Direito Público: Direito Internacional Público: ocupa-se dos interesses de Estados independentes como o Brasil, Argentina, EUA, etc. É a celebração de tratados entre nações. Ex.: ONU, Organização Mundial do Comércio (OMC), Comunidade Europeia, etc. Direito Constitucional: estuda a Constituição, a principal lei de um país, onde estão definidos a organização do Estado e os direitos, as garantias e os deveres individuais e coletivos. Direito Administrativo: trata de normas que regulam a Administração Pública, uma estrutura de que se vale o governante para os fins do Estado. Ex.: nomeação de um servidor público. Direito Tributário: estuda as normas que regulam a arrecadação dos tributos, especialmente os impostos. Ex.: isenção ou redução de impostos para empresas que investem em projetos beneficentes. Direito Penal: trata das condutas prejudiciais à sociedade, denominadas crimes ou contravenções. Ex.: homicídio. Direito Processual: compreende as regras para a submissão ao Poder Judiciário dos conflitos que venham a se estabelecer no seio da sociedade. Possibilita a formação e o desenrolar do processo judicial. Ramos do Direito Privado: Direito Internacional Privado: compreende as regras que regulam os problemas ocasionados pelo conflito de leis de mais de um país onde as pessoas concentrem seus interesses. Ex.: casamento entre pessoas de países diferentes. Direito Civil: parte do Código Civil onde estão reunidas as principais regras que regulam os interesses dos particulares, tais como as que dizem respeito à família, à propriedade, aos contratos e aos bens em geral. Ex.: se um proprietário de imóvel quer despejar o inquilino. Direito Comercial: é o conjunto de regras que regulam a atividade comercial. Ex.: uma empresa de grande porte é sociedade anônima fechada e quer se tornar aberta para novos acionistas. Direito do Trabalho: trata das regras que dizem respeito à relação entre patrão e empregado (relação de emprego), bem como das ações oriundas da relação de trabalho (relações entre trabalhadores sem vínculo de emprego), quais sejam as decorrentes de trabalho autônomo; temporário; eventual e avulso, conforme alteração introduzida pela Emenda à Constituição nº 45, de 30 de dezembro de 2004. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) prevê a maioria dos dispositivos relacionados a este ramo especializado do Direito. Ex.: demissão de um funcionário. AULA 2 - O ORDENAMENTO JURÍDICO Ordem jurídica: ordem que se estabelece na sociedade pela aplicação das normas jurídicas. Ordenamento jurídico: as normas são organizadas entre si, obedecendo a princípios hierárquicos e preservadas por dispositivos que impedem sobreposições e contrariedades. A ordem jurídica acontece por causa do ordenamento jurídico. Para que tenha um ordenamento jurídico eficiente, é necessária a aplicação dos princípios: 1) Princípio do entrelaçamento: todas as leis, seja qual for o âmbito em que tenham sido criadas, agem em conjunto. Isso equivale a dizer que uma lei federal relaciona-se a outra estadual, somando-se o que cada uma determina, e não se anulando. 2) Princípio da fundamentação ou da derivação: segundo o qual as normas jurídicas se fundam, se originam e derivam de outras normas. Todas as leis partem da constituição. Ex.: qualquer lei municipal precisa encontrar respaldo na constituição. Nem todas as situações que ocorrem na vida em sociedade tem previsão em lei. Nesses casos, elas podem ser solucionadas por outros tipos de regras. Art. 4º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB), antiga Lei de Introdução ao Código Civil (LICC): “Quando a lei for omissa, o juiz recorrerá à analogia, aos costumes e aos princípios gerais do Direito”. Fontes do Direito: a principal fonte do direito é a lei. Fonte imediata, primária ou direta: lei. Lei em sentido estrito: a lei somente poderia ser assim considerada quando fosse fruto de elaboração do Poder Legislativo. Lei em sentido amplo: todo e qualquer ato que descrever e regular uma determinada conduta, mesmo que esse ato não vier do Poder Legislativo, seria considerado como lei. É a lei em sentido estrito somado com todas as outras formas normativas oriundas de outros poderes, como o decreto, o regulamento, a portaria, etc. É o caso das medidas provisórias, sendo atribuiçãodo Presidente da República, que, diante de uma situação de urgência e relevância, edita uma norma, para somente depois passar pela avaliação do Poder Legislativo. OBS.: Poder Legislativo: elabora a lei; Poder Executivo: executa, isto é, exige o cumprimento da lei; Poder Judiciário: decide as situações de violação da lei. Fontes mediatas, secundárias ou indiretas: A analogia: consiste em aplicar a uma situação não prevista em lei o dispositivo legal que se aplica a outra situação semelhante. Ex.: não tem regra específica para acidentes em bondes elétricos, no entanto, tem uma lei que regula a responsabilidade civil nas estradas de ferro. Assim, numerosas decisões têm sido proferidas baseadas nessa lei existente por analogia. Os costumes: são procedimentos constantes e uniformes adotados como obrigatórios por um grupo social, são reconhecidos ou impostos pelo Estado. Ex.: trajes e indumentárias locais. É composto pelo Uso (ato coletivo, diferente de hábito que é individual), que é o elemento material e objetivo que consiste na observância frequente da norma pela sociedade como por exemplo a moda, e pela Convicção, que é o elemento psicológico e subjetivo que é a certeza generalizada da sociedade de que a norma estabelecida funciona como lei como por exemplo a presença de animais em restaurantes (em Paris é comum, no Brasil nem tanto). Os princípios gerais do direito: são uma expressão introduzida no mundo jurídico pelos partidários do Direito Natural. Podemos hoje entender os princípios gerais do Direito como algumas normas fundamentais que se encontram, principalmente, nas declarações de direitos humanos que integram as constituições dos países. Ex.: “todos são iguais perante a lei…”, “homens e mulheres são iguais em direito e obrigações”, “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, senão em virtude de lei”. O costume no Direito Brasileiro: o costume tinha grande valor no Brasil, a ponto revogar leis estabelecidas. Em 1769 foi criada a Lei da Boa Razão, que só admitia o costume que não se impusesse contra a lei. Em 1916 o costume passou a ter função apenas supletiva e interpretativa, ou seja, o caso seria julgado com base nos costumes apenas quando não houvesse previsão de lei. Fontes de Direito secundárias nos dias atuais: praticamente não tem mais aplicação pois, à medida que os conflitos se repetem e que a sociedade se moderniza, seus costumes e princípios gerais do Direito vão sendo gradualmente transformados em normas escritas. Elas têm hoje uma função muito mais interpretativa para o juiz. Ex.: vocábulos como rapariga em alguns lugares é ofensa e em outros é lisonja. Isso será avaliado de acordo com a interpretação do juiz, baseado em costumes e analogias. Quando as interpretações provêm de integrantes do Poder Judiciário (ministros, desembargadores ou juízes), o conjunto delas é denominado jurisprudência. Quando a jurisprudência é adotada em razão de uma decisão tomada reiteradas vezes por um tribunal, ela pode ser condensada em súmulas de jurisprudência, que servem como precedente. Quando essas interpretações provêm de professores de Direito, advogados, entre outros profissionais da área jurídica, o conjunto delas será denominado doutrina. Hierarquia das leis: estão submetidas à constituição e quando a constituição muda, todas as outras que lhe são inferiores hierarquicamente também têm que mudar. 1) Constituição Federal e suas emendas; 2) Leis complementares; 3) Leis federais (todas, exceto as complementares); 4) Constituições estaduais e suas emendas; 5) Leis complementares às constituições estaduais; 6) Leis estaduais; 7) Leis orgânicas dos municípios; 8) Leis municipais. Constituição - a lei mais importante de um país. Leis complementares - explicam melhor o texto constitucional. Sua aprovação exige o voto da maioria absoluta dos parlamentares do Poder Legislativo. Leis ordinárias ou comuns - correspondem à maior parte das leis elaboradas pelo Poder Legislativo. Podem ser leis federais, estaduais ou municipais. A aprovação requer maioria simples. Medidas provisórias - aquelas que, em hipóteses relevantes e urgentes, o presidente da República pode editar. Tem força de lei ordinária e devem ser submetidas ao Congresso Nacional, que, se não as aprovar, convertendo-as em leis ordinárias, fará com que elas percam a validade após um certo período de tempo. Maioria absoluta: compõe-se a partir do primeiro número inteiro acima da metade de uma assembleia. Ex.: 501 - 251. Maioria relativa ou maioria simples: exige maior número de votos, desde que estejam presentes no plenário, da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, mais da metade dos parlamentares. Ou seja, caso haja maioria absoluta presente, a decisão será tomada com o voto da maioria presente. Maioria qualificada: refere-se sempre a um número fracionário. Ex.: a Constituição Federal só pode ser alterada por ⅗ dos votos totais dos senadores e dos deputados federais. Regras para determinar a força hierárquica de uma lei: 1) a maior das leis é a Constituição; 2) abaixo da Constituição estão as leis elaboradas pelo Poder Legislativo; 3) se há duas leis de mesma força hierárquica, prevalecerá a mais recente; se a força hierárquica for diferente, prevalecerá a de maior força hierárquica. Lei orgânica: lei genérica de caráter constitucional que pode ser a lei maior de um município ou do Distrito Federal, ou a lei que disciplina o funcionamento de uma categoria específica de alguns dos poderes. Por exemplo, a Lei Orgânica da Magistratura Nacional ou a Lei Orgânica do Ministério Público. AULA 3 - O ESTADO E SUA EVOLUÇÃO HISTÓRICA Artigo: unidade básica da lei. Divide-se em parágrafos, incisos e alíneas. Parágrafo: é a imediata divisão de um artigo, explicando a disposição principal. Inciso: também denominado item, divide o artigo ou parágrafo, atuando de forma a discriminar aquele. É expresso em algarismos romanos. Alínea ou letra: consiste numa das subdivisões do artigo, assinalada por uma letra. Estado antigo: pode ser exemplificado pelas antigas civilizações: chinesas, hindus, persas, assírias e egípcias. O Estado tinha duas características principais: a natureza unitária, porque não admitia qualquer divisão interior, seja ela territorial ou de funções, e a religiosidade, pois havia uma estreita relação entre o Estado e a divindade. Estado grego: pilares da igualdade de todos perante a lei e o primeiro momento intenso de divisão e organização de cidades. O Estado grego não era um Estado único, era formado por vários Estados helênicos, que conservavam a tradição de uma origem comum. Cada Estado desenvolveu seu próprio sistema de governo, suas leis, seus calendários e suas moedas (cidades-Estado). Nos Estados helênicos o indivíduo era cidadão ou escravo. A religião era politeísta (aceitavam várias divindades), mas não tinha grande influência, pois não conferiam caráter divino às autoridades. Ser cidadão para os gregos era ser habitante da cidade e poder participar das decisões que diziam respeito ao governo da cidade. Hoje, é poder conviver democraticamente em uma sociedade, é ter acesso à educação, saúde, lazer, aos bens culturais, etc. Estado romano: manteve as características de cidade-Estado. O governo central estava exclusivamente destinado às famílias aristocráticas. Passou por várias transformações políticas: monarquia, república e império. O Direito Contemporâneo do Brasil tem origem no Direito Romano. Foram os romanos que elaboraram os primeiros códigos jurídicos (ex.: a Lei das XII Tábuas). Estado medieval: puseram fim às cidades-Estado. Reorganizaram o Estado com o domínio de uma grande extensão territorial e a proliferação do cristianismo. Foi a fase mais instável por três fatores: advento do cristianismo, as invasões dos bárbaros e o feudalismo. A igreja acalentava o sonho de um grande império, mas as invasões dos povos bárbaros dificultaram oalcance desse objetivo, estabelecendo uma luta entre cristãos e não-cristãos. O feudalismo decorre da falta de comércio em virtude das guerras. Ocorre também a divisão da sociedade em grupos sociais: nobreza, clero e servos. Sem mobilidade social, o clero e a nobreza comandavam a sociedade. Valorizou-se a posse de terras por vassalagem (os proprietários menos poderosos se colocavam a serviço do senhor feudal), por benefício (ganhava uma faixa de terra para cultivar, sustentava sua família e dava para o senhor feudal uma parte da produção em troca) ou por imunidade (o beneficiado não precisava pagar o tributo ao senhor feudal). Principais características do Estado medieval: um poder maior, exercido pelo monarca, com uma infinidade de poderes menores, sem hierarquia definida (ducados, condados, baronatos etc.); incontável multiplicidade de ordens jurídicas (imperial, monárquica, eclesiástica etc.); permanente instabilidade política, econômica e social. Estado moderno: representou o fim da fragmentação política, o poder agora era centralizado, eliminando os poderes locais. Se configurou como nacional, como uma nação, ou seja, uma população determinada, habitando um território definido, que reconhece a sua identidade através da origem, tradição, cultura, costumes e, sobretudo, língua comum. Era monárquico, enfeixando nas mãos do rei todos os poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), o que caracterizava o absolutismo, fazendo o rei ser confundido como o próprio Estado. Foram marcados por transformações sociais, econômicas e políticas. Havia uma aliança entre a monarquia e a burguesia. O termo Estado passou a se referir às três grandes classes sociais que formavam a população dos países europeus: o clero (primeiro Estado), a nobreza (segundo Estado) e o povo (terceiro Estado). A palavra Estado com o sentido que tem hoje, só entrou na terminologia política dos povos ocidentais a partir do século XVI, após a Revolução Francesa (quando teve a separação do Estado e da Igreja, a proclamação do Estado secular, a participação popular do voto, o serviço militar generalizado etc.). A existência de um Estado hoje em dia pressupõe três elementos constitutivos: um elemento humano, denominado povo (população ou nação); um elemento físico ou geográfico (território); um elemento político (soberania). AULA 4 - OS ELEMENTOS DO ESTADO E SUAS FORMAS O Estado pode ser definido como: uma associação de homens e mulheres que vivem num território próprio, politicamente organizados sob um governo soberano. Elementos que formam o Estado: humanos, físicos (ou geográficos) e políticos. Para ser considerado como tal, deve ter: povoação permanente, território determinado, governo e capacidade de travar relações com outros Estados. Elemento humano: é denominado ora população, ora nação ou povo. População: tem significado econômico e estatístico, abrange o conjunto de pessoas que vivem num território. Essas pessoas podem ser nacionais, estrangeiros ou apátridas, podem ser classificadas como permanentes e flutuantes (pessoas em trânsito, de passagem). Nação: tem sentido de população determinada, que nasceu e habita um mesmo território, identificando-se também por meio da origem, da tradição, da cultura, dos costumes e da língua comum. Povo: é um conceito jurídico que serve para designar o conjunto de cidadãos, ou seja, aqueles de mesma nacionalidade que possuem direitos políticos. É o termo mais adequado, nos dias de hoje, para designar o elemento humano do Estado. Estado x Nação: pode existir uma nação que ainda não seja um Estado, por ser muito pequena ou por estar repartida em vários Estados. Podem ainda existir Estados que ainda não são nações, como em alguns países novos onde há um número grande de imigrantes chegando a cada dia, ou Estados que comportem várias nações como a União Soviética, por exemplo. Elemento físico ou geográfico: o território é a base geográfica do Estado, sobre a qual ele exerce sua soberania. Os limites do território são: terra firme, mar e ar. Terra firme: são os Estados que fazem fronteira. No caso do Brasil: Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia, Peru, Colômbia, Venezuela, Suriname, Guiana e Guiana Francesa. Mar: o alcance do nosso mar territorial é de 12 milhas marítimas, onde o país pode exercer sua autoridade plena. Já a zona econômica exclusiva (direitos exclusivos de exploração dos recursos naturais do mar) atinge 188 milhas adjacentes. Além das 200 milhas, temos o alto-mar (ponto do mar onde não se avista a terra e que se encontra fora do domínio de qualquer Estado internacional. Ar: os limites aéreos de um Estado obedecem àqueles definidos para a terra firme e para o mar. Acima desses limites, encontramos o espaço aéreo livre, que é franqueado à navegação por aeronaves de todos os povos e uso comum. Elemento político: é o poder de organizar juridicamente o Estado sem influências externas, fazendo valer suas decisões dentro do seu território. Somente quem tem soberania pode estabelecer a autonomia de alguém. Soberania: corresponde ao exercício efetivo de todos os poderes ligados às personalidade jurídica do Estado e ao exercício da autoridade, impondo seu ordenamento jurídico sobre todo o território. Seu representante máximo é a República Federativa do Brasil. A soberania é um poder supremo e independente que não está limitado a nenhum outro poder, interno ou externo. No Brasil, apenas o país como um todo, a República Federativa do Brasil, possui soberania. Autonomia: pode ser absoluta ou relativa. Quando é absoluta, não há nada que possa limitar a ação de quem a tem. Quando é relativa, está diretamente subordinada às limitações da vontade ou das determinações da entidade que mantém a autonomia absoluta ou soberana. Seus titulares são a União, os estados membros (ou federados), o Distrito Federal e os municípios. A autonomia é um poder subordinado que consiste em capacidades atribuídas pela lei máxima aos entes que integram o sistema federativo estatal, para que possam atuar dentro das suas esferas particulares de competências. Formas de Estado: de acordo com sua forma jurídica e administrativa, os Estados podem se organizar de maneira simples ou composta. Estado unitário: possui apenas uma esfera de poder legislativo, executivo e judiciário. O poder irradia por todo o território, sem limitações de natureza política. Estado unitário simples: não existem regiões administrativas autônomas, ou seja, a administração fica a cargo do poder central. Estado unitário desconcentrado: neste modelo, ocorre apenas a desconcentração administrativa territorial, o que significa que são criados órgãos territoriais desconcentrados que não têm personalidade jurídica própria e, assim, não têm autonomia e não podem tomar decisões sem o poder central. Estado unitário descentralizado: nesse modelo também é adotada a desconcentração territorial. No entanto, confere aos entes territoriais descentralizados personalidade jurídica própria, transferindo para eles, por lei nacional, as competências administrativas. Desta forma, não é necessário se reportar ao poder central. Estado composto: é aquele que apresenta uma estrutura complexa, em que o poder se reparte no espaço territorial e por isso não centraliza as decisões políticas e econômicas. Divide-se em: Federação: consiste na união de coletividades regionais (estados) dotadas de autonomia, denominadas estados federados ou estados membros. O congresso fica responsável principalmente pela votação para aprovação de leis. Ex.: Brasil, EUA, Alemanha, Suíça etc. No Brasil, essas entidades são a União, os Estados Membros, o Distrito Federal e os Municípios. Confederação: é o agrupamento de Estados soberanos com a finalidade principal de assegurar a defesa ou alavancar a economia comuns. Os Estados que constituem se fazem representar em um órgão central, denominado congresso, parlamento ou equivalente, que toma suas decisões por unanimidadeou maioria qualificada (fracionária). Não existe na prática, pois tendem a se transformar em federações. Uniões de Estados: 1) União real: só é possível entre monarquias. Consiste na união de dois ou mais Estados sob o governo de um único soberano. Não existe mais na atualidade. 2) União pessoal: também só existe em monarquias e ocorre quando um monarca ocupa o trono de dois ou mais países ao mesmo tempo. Não há exemplos na atualidade. 3) União incorporada: acontece quando dois ou mais Estados, já independentes, formam um único Estado, um novo Estado. Nos dias de hoje, os Estados soberanos organizam-se em comunidades visando fins econômicos, como os ex-Estados da União Soviética que criaram a CEI (Comunidade de Estados Independentes); os Estados do Cone Sul da América do Sul, que se organizaram no Mercosul (Mercado Comum do Cone do Sul); e a Commonwealth (Comunidade dos Estados Britânicos). AULA 5 - AS FORMAS DE GOVERNO O grupo de pessoas que realiza os objetivos do Estado é denominado governo. Por forma de governo entendemos o modo pelo qual se institui o poder na sociedade e como se relacionam governantes e governados. A mais famosa classificação das formas de governo, que costuma ser atribuída a Aristóteles, são: puras ou impuras. Puras (ou básicas): que tem por objetivo o bem da comunidade. 1) Monarquia: governo de um só, de caráter hereditário, que visa ao bem comum, com obediência às leis e às tradições. 2) Aristocracia: governo da minoria ou dos melhores (os mais ricos). 3) República ou Democracia: governo do povo, da maioria que exerce o respeito as leis e que beneficia a todos os cidadãos. Impuras (ou corrompidas): que visam vantagens apenas para o governante ou para a minoria. 1) Tirania: forma distorcida da monarquia, em que só governa e chega ao poder por atos ilegais. 2) Oligarquia: governo de um grupo economicamente poderoso. 3) Demagogia: governo nas mãos de uma multidão revoltada que indiretamente domina os representantes. Forma mista de governo: corresponde a uma limitação ou redução dos poderes da monarquia, da aristocracia ou da democracia mediante determinadas instituições políticas, como um senado aristocrático ou uma câmara democrática, que pode até ser denominada parlamento, como hoje vemos no Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte. No Reino Unido, o quadro político combina 3 elemento: a Coroa monárquica, representada pela rainha; a câmara aristocrática, denominada Câmara dos Lordes; e a câmara democrática ou popular, denominada Câmara dos Comuns, de modo que, dessa forma temos um governo misto exercido pelo “rei e seu parlamento”. Maquiavel propôs apenas 2 formas de governo: principado e república. Essa classificação é a que mais se aproxima da atual. Suas características são: Monarquia: 1) Vitaliciedade: monarca governa enquanto viver ou tiver condições de fazê-lo; 2) Hereditariedade: a escolha do monarca se faz pela linha sucessória, mas também pode ser eletiva, quando o monarca escolhe quem vai ser seu sucessor. 3) Irresponsabilidade: o monarca não tem responsabilidade política, não deve explicações. República: 1) Temporariedade: os governantes exercem o poder durante um tempo predeterminado por meio de um mandato. 2) Eletividade: os governantes são escolhidos por eleição. 3) Responsabilidade: os principais governantes são responsáveis politicamente, perante o povo ou outro órgão estabelecido constitucionalmente. Hoje em dia a monarquia é uma forma de governo em que o poder está concentrado nas mãos de uma única pessoa, mas a autoridade está limitada pelo texto constitucional. Podem ser: Quanto à sucessão: hereditárias ou eletivas. Quanto aos poderes conferidos ao monarca: absoluta (ilimitada - todos os poderes se concentram nas mãos do monarca) ou limitada (aquelas em que os poderes se repartem). A limitada pode ser: 1) monarquia constitucional: quando o monarca exerce o governo através do Poder Executivo e ao lado do Legislativo e do Judiciário, a atuação do monarca está regulada por uma constituição. Ex.: Bélgica, Dinamarca, Espanha, Noruega etc. 2) monarquia parlamentar: aquela em que o monarca não exerce função de governo, que fica nas mãos do primeiro-ministro. O monarca é o chefe do Estado reina, mas não governa. Ex.: Inglaterra. Rui Barbosa definiu o conceito de república como sendo a forma de governo em que os dois primeiros poderes constitucionais - o Legislativo e o Executivo - derivam de eleição popular. As repúblicas são classificadas em: 1) oligárquicas: quando a direção do Estado é confiada a um pequeno número de pessoas, que se encontram em situação de dominação. O povo não tem nenhuma autoridade; 2) aristocráticas: quando o direito de eleger órgãos supremos do poder está nas mãos de uma classe privilegiada. 3) democráticas: quando o direito de eleger pertence aos cidadãos, que podem também ser eleitos, sem distinção de classe, respeitadas apenas as exigências legais quanto à capacidade para praticar atos jurídicos. Caudilhismo: apresenta-se como forma de exercício de poder radicalmente oposta à democracia. Caudilho é o líder que exerce o caudilhismo, ele sobrepõe-se à lei, uma vez que sua própria vontade é considerada lei. Ele não admite crítica ou oposição, pois considera suas ordens incontestáveis. Com a morte do caudilho, salvo algumas exceções, seu sistema desmorona, pois é baseado na figura de um líder e não em uma ideologia. Na história, em especial na América Latina, houve muitos exemplos de caudilhos: na Bolívia Andrés Santa Cruz, na Venezuela Guzmán Blanco, no Brasil Getúlio Vargas etc. Ao mesmo tempo que o caudilhismo começou a se desenvolver na América Latina, 4 modelos de governo foram praticados: monárquico; executivo vitalício (transição entre a monarquia a república); executivo colegiado; e presidencialismo (derivado do sistema político norte-americano), acabou por se impor nos Estados latino-americanos. O governo surgiu da necessidade de materialização do Estado: eram necessárias pessoas que tomassem decisões em nome dele para que assim ficassem garantido o bem-estar da coletividade No que diz respeito às relações temos: 1) com a sociedade: formas de governo; 2) entre seus principais poderes: sistemas de governo; 3) do povo na sua escolha: sistemas políticos. AULA 6 - SISTEMAS DE GOVERNO E SISTEMAS POLÍTICOS Regime ou Sistema de Governo: é a expressão utilizada para indicar o modo de relacionamento dos 3 poderes do Estado, que são: 1) Legislativo: é o responsável pela elaboração das leis. No nível federal: Câmara dos Deputados e o Senado Federal (juntos formam o Congresso Nacional). No nível estadual: Assembleia Legislativa. No nível municipal: Câmara dos Vereadores. 2) Executivo: é o poder que executa, isto é, coloca em prática e fiscaliza o cumprimento das leis elaboradas pelo Legislativo. É a função administrativa. Está estruturado, no nível federal, em Presidência da República, integrada por vários órgãos, Vice-Presidência da República, Ministérios, Secretarias de Estado e Órgãos Federais. 3) Judiciário: é o que, transgredida a lei, aplica-a àquele que a tenha violado. Seu órgão máximo é o Supremo Tribunal Federal - STF -, que é o responsável pela integridade da Constituição brasileira. Esse poder está estruturado em 2 níveis: o federal (Justiça Federal) e o estadual (Justiça Estadual). A Justiça Federal divide-se em Comum e Especial (ou Especializada). A Justiça Comum tem os seguintes órgãos (por ordem hierárquica decrescente): Superior Tribunal de Justiça, Tribunais Regionais Federais, Varas Federais. A Justiça Especial possui três vertentes, com os seguintes órgãos máximos: Militar - Superior Tribunal Militar, do Trabalho - Tribunal Superior do Trabalho, Eleitoral - Tribunal Superior Eleitoral. Já a Justiça Estadual tem os seguintes órgãos (por ordem hierárquica decrescente): Tribunais de Justiça e Varas Estaduais. Sistema diz respeitoà teoria sobre um assunto, já Regime é a prática, o que efetivamente está adotado. Por exemplo, os dois sistemas de governo mais comuns são o presidencialismo e o parlamentarismo, mas o regime de governo do Brasil é o presidencialismo. Parlamentarismo Presidencialismo O chefe do gabinete é o líder do partido majoritário no parlamento, é denominado primeiro-ministro e é o O presidente da República é o chefe do governo. Ele é eleito pelo povo. chefe do governo. O povo elege os integrantes do parlamento. O parlamento pode levar o gabinete à renúncia, através do voto ou de moção de desconfiança. Se uma lei for considerada inconstitucional, o parlamento pode alterar a constituição. O parlamento (Poder Legislativo) não pode destituir ou levar à renúncia o governo, a não ser em caso de cometimento de crime de responsabilidade, através do impeachment. O governo pode dissolver o parlamento, a qualquer tempo que esta providência seja favorável à solidificação da sua maioria parlamentar. O governo não pode dissolver o parlamento. O chefe do governo, ao menos teoricamente, controla o parlamento. O chefe do governo não tem, nem teoricamente, o controle do parlamento (Poder Legislativo). Há cooperação de poderes. Há separação de poderes. Regime político: é o conjunto de princípios e regras que dizem respeito à participação do povo na seleção de governantes. Regimes democráticos podem ser classificados em 3 tipos: 1) Democracia Direta: é aquela exercida pessoalmente pelo próprio cidadão. Hoje a encontramos somente em alguns cantões (Estados) suíços, onde existe uma assembleia aberta aos cidadãos para votar assuntos de interesse coletivo como leis ordinárias, tratados, tributos etc. 2) Democracia Indireta ou Representativa: aquela em que o povo concede um mandato a alguns cidadãos para, na condição de seus representantes, externarem a vontade popular e tomarem decisões em seu nome, como se o próprio povo estivesse governando; 3) Democracia Semidireta ou Participativa: aquela em que o povo concede mandato a seus representantes, mas também se manifesta diretamente por meio de institutos apropriados como: - referendo: consulta popular que objetiva apreciar decisão tomada pelo governo (lei), quando a lei já está aprovada; - plebiscito: consulta popular prévia (anterior à constituição de uma lei) sobre decisão a ser tomada; - iniciativa popular: possibilidade de um certo número de eleitores vir a propor uma alteração no ordenamento jurídico, através de um anteprojeto de lei; - recall ou rechamada: fazer com que os eleitores voltem às urnas para resolver sobre as seguintes questões (nos EUA): revogar a eleição de alguém que tenha sido eleito, inclusive parlamentar; reformar decisão judicial sobre a constitucionalidade de uma lei. O Brasil, a partir da Nova Constituição Federal, passou a ser reconhecido como democracia participativa, em razão de ter adotado, no art. 14, o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular. Regimes autocráticos ou não-democráticos: imposição de dirigentes (o poder não é do povo, é imposto a ele), absolutismo de poder (os governantes concentram todos os poderes); irresponsabilidade dos dirigentes (não são considerados responsáveis, seja pelas ações, seja pelas omissões). Podem ser: 1) Autoritarismo (ou ditadura): é uma organização política na qual uma entidade única de poder (ditador, assembleia, junta, comitê ou partido) monopoliza o poder político sem permitir aos destinatários do poder uma participação eficaz na formação da vontade estatal. Embora possa existir uma ideologia política, sua atividade se limita a defender e justificar a estrutura política existente. 2) Totalitarismo: abrange toda a ordem política, moral e social do Estado. É uma estrutura vital e não somente um dispositivo de governo. Aspira a muito mais do que apenas a legítima exclusão dos legítimos destinatários do poder, pretende modelar a vida privada, a alma, os costumes do povo segundo uma ideologia dominante, que é imposta à força aos que não querem espontaneamente se adaptar a ela. Sua pretensão é o controle total. Principais características: ideologia oficial; sistema de partido único; controle policial exercido pelo Estado; concentração dos meios de propaganda nas mãos do Estado; concentração dos meios militares; direção estatal da economia. Ex.: nazismo e facismo. AULA 7 - DIREITO CONSTITUCIONAL: O INÍCIO DE TUDO O termo constituição tem dupla acepção: lato sensu (de forma geral, em sentido amplo), é o conjunto de elementos estruturais do Estado, sua composição geográfica, política, social, econômica, jurídica e administrativa; stricto sensu (especificamente, pontualmente), é a lei fundamental do Estado, ou seja, o corpo de leis que regem o Estado, limitando o poder de governo e determinando sua realização. Na Idade Média encontramos o Foral, uma legislação elaborada por um rei com o intuito de regulamentar a administração de terras conquistadas e que dispunham ainda sobre a cobrança de tributos e quaisquer outros privilégios. A Inglaterra foi pioneira na história do constitucionalismo (início do século XIII), em virtude de sua tradição liberal, de seu Direito Público Costumeiro e de seu sistema típico de regras fundamentais não escritas. No absolutismo (após o declínio do feudalismo), a hegemonia e o poder absoluto estavam nas mãos dos reis, que realizaram a centralização administrativa, construíram forças militares permanentes, criaram a burocracia e a padronização monetária e fiscal, procuraram estabelecer fronteiras de seus países e promoveram políticas mercantilistas e coloniais. No iluminismo, defendiam a igualdade de todos perante a lei, a tolerância religiosa e a livre expressão do pensamento. Os iluministas sugeriram um governo (monarquia ou república) constitucional e parlamentar. Esse caminho, conjugado a outros fatores culturais e sociais, culminaria no constitucionalismo, que buscava a afirmação da supremacia do indivíduo, a limitação do poder dos governantes, e a racionalização do poder. Podemos sintetizar a consequência dessa reflexão social em um movimento político-jurídico comum. Esse movimento pregava a necessidade de um instrumento que limitasse o poder político dos governantes dos Estados e conferisse segurança jurídica ao povo. Surge assim o conceito de constituição: o conjunto de princípios e normas organizadores do Estado e determinantes dos direitos fundamentais do homem. As constituições se classificam por: 1) Conteúdo: - Materiais: tratam apenas de matéria constitucional, dizem respeito aos elementos constituintes do Estado (povo, território, governo e finalidade). É aquela em que se assentam os direitos que deveriam figurar em todas as constituições, como os direitos humanos. - Formais: tratam também de outras matérias, além da matéria constitucional. Trata-se da constituição real, existente e eficaz. Nossa constituição é exemplo de carta formal. 2) Forma: - Escritas: são aquelas codificadas e sistematizadas em um texto único, elaborado por um órgão constituinte, como é o caso das constituições brasileiras, por exemplo. - Não-escritas ou dispersas: são aquelas cujas normas não se limitam a um documento único e solene, mas estão contidas em textos constitucionais esparsos. Geralmente são estruturadas a partir dos usos e costumes fixados pela tradição. Caso da constituição inglesa, por exemplo. 3) Modo de elaboração: - Históricas ou costumeiras: resultam de lenta formação histórica, de uma vagarosa evolução das tradições e costumes. - Dogmáticas: são constituições que sistematizam os dogmas (aquilo que é apresentado como certo e indiscutível) ou ideias políticas dominantes no Direito e na teoria política do momento de sua elaboração. Observação importante: são sempre escritas, como a brasileira. 4) Origem: - Populares, promulgadas ou democráticas: são aquelas que se originam de um órgão constituinte compostopor representantes do povo, eleitos com o fim de as elaborar e estabelecer. - Outorgadas: são elaboradas e estabelecidas sem a participação do povo, de vez que são impostas pelo governante que detém o poder (rei, imperador, presidente, ditador ou junta governativa). - Cesaristas: são elaboradas sem a participação popular (Assembleia Constituinte), mas submetidas ao povo por intermédio de um plebiscito (consulta popular prévia) ou referendo (consulta posterior) com a finalidade de legitimá-las. 5) Estabilidade: - Imutáveis: são aquelas em que se veda qualquer alteração, constituindo-se “relíquias históricas”. - Rígidas: são aquelas passíveis de alteração somente por procedimentos específicos, mais complexos (como o referendo, por exemplo). - Flexíveis: são aquelas que podem ser livremente modificadas pelo legislador, toda constituição costumeira é flexível, e a inglesa novamente exemplifica essa característica. - Semi-rígidas: são aquelas que estabelecem procedimentos específicos e mais complexos apenas para as emendas que objetivem alterar matéria constitucional. Somente as constituições escritas podem ser classificadas como semi-rígidas. 7) Extensão de seu texto: - Sintéticas, genéricas ou concisas: são aquelas que expõem concisamente a organização do Estado e os direitos individuais. Esse tipo de constituição tende a uma maior permanência e se ajusta melhor a países desenvolvidos. - Analíticas ou prolixas: típicas do século XX, são minuciosas em suas disposições, trazendo matéria alheia ao Direito Constitucional ao regulamentar outros temas, deixando pouco espaço para a atuação da legislação ordinária. Nossa atual constituição é exemplo dessa classificação, pois apresenta 316 artigos. Constituição do Brasil: quanto ao conteúdo é formal; quanto à forma é escrita; quanto ao modo de elaboração é dogmática; quanto à origem é popular/promulgada/democrática atualmente, mas já foi outorgada e cesarista em outras ocasiões; quanto à extensão de seu texto é analítica/prolixa. Outros doutrinadores apresentam uma classificação distinta. Hans Kelsen (1881-1973): pétreas, aquelas que não admitem modificação do seu texto ou relativamente pétreas, que admitem a modificação do texto constitucional; Ferdinand Lassalle (1825-1864): escritas: aquelas juridicamente instituídas, mas que nem sempre correspondem às aspirações populares, ou reais ou efetivas: que sintetizam as relações aspiradas pela comunidade. Karl Loewenstein: originárias, quando apresentam um princípio político novo ou derivadas, aquelas que não inovam. Diz a Constituição que serão natos “os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira”. Vale uma ressalva importante: nem todos os países adotam essa postura de naturalizar automaticamente quem não nasce em seus solos. AULA 8 - DIREITO CONSTITUCIONAL: O PODER CONSTITUINTE A doutrina do constitucionalismo prosperou em especial na França, a partir do pensamento iluminista, a constituição atuaria como uma norma jurídica superior às demais e ao próprio monarca. A aspiração máxima das ideias iluministas era a realização de valores individuais, e para isso considerou-se indispensável conter o poder político dos governantes por meio da própria estruturação de suas instituições, para alcançar as tão sonhadas liberdade e igualdade. O Estado liberal deveria ser regido por uma constituição, ou seja, uma lei básica, um código supremo, uma espécie de pacto ou contrato entre o povo e o Estado, cujo objetivo é o de registrar a formação e a limitação básica do Estado diante do indivíduo. Logo, se a constituição é a norma fundamental que cria, organiza e mantém a ordem jurídica do Estado, é natural que ela se origine de uma vontade e de um poder que nela se exprimem, o poder constituinte, poder de elaborar ou modificar uma constituição, de construir e reconstruir o ordenamento jurídico do Estado. A possibilidade de o poder constituinte reformular um entendimento que, por motivação sociocultural, esteja ultrapassado ou inadequado à realidade, como por exemplo as conquistas femininas, como o direito ao voto e a maior participação nas decisões políticas na sociedade (cotas para mulheres nas candidaturas partidárias). O poder constituinte pode ser classificado entre: 1) Poder Originário (genuíno, primário ou de primeiro grau): é o poder de elaborar uma constituição. No que concerne à sua natureza jurídica, esse poder não encontra limites no Direito Positivo anterior e não deve obediência a nenhuma regra jurídica preexistente. Por isso, é caracterizado como inicial (nenhum poder está acima dele), incondicionado (não se subordina a regras anteriores) e autônomo (decide a ideia de direito que prevalece no momento). O caráter inicial (original) remete à criação do Estado por intermédio da elaboração de uma constituição promulgada pela Assembleia Nacional Constituinte (ANC) ou de revolução, rebelião ou golpe de Estado, como foi o caso da revolução francesa. 2) Poder Derivado (instituído, reformador, secundário, constituído, ou de segundo grau): decorre de uma regra jurídica constitucional, e está sujeito a limitações expressas e implícitas; logo, passível de controle da constitucionalidade (forma de impedir que leis e atos normativos desrespeitem direitos e garantias individuais previstos constitucionalmente). Esse poder não pode criar uma nova constituição, apenas modificar dispositivos legais no texto constitucional. É, portanto, derivado (do poder originário), subordinado (está abaixo do poder originário) e condicionado (deve seguir regras já estabelecidas). Divide-se em: a) Reformador: objetiva criar condições permanentes para modificação do texto constitucional, adaptando-o às novas necessidades sociais, políticas e culturais b) Revisional: objetiva a reavaliação do texto constitucional após um determinado período de vigência, visando à mudança de seu conteúdo por um procedimento específico. c) Decorrente: refere-se aos estados-membros da Federação, respeitando os princípios constitucionais. Visa à estruturação das constituições dos estados-membros, resultando do poder de auto-organização que foi estabelecido pelo poder constituinte originário. REFORMA REVISÃO Aprovação exige ⅗ dos votos dos membros da Câmara dos Deputados e Senado Federal. Aprovação por maioria absoluta dos membros do Congresso. Aprovação em dois turnos, em cada casa legislativa. Aprovação em um só turno, em sessão unicameral. Permanente. Exercido uma única vez Sofre restrições do art. 60. Para uns, ele é irrestrito; para outros, só pode referir-se aos assuntos que foram objeto do ADCT. O poder constituinte pode exercer-se por: 1) assembleia constituinte: reunião dos representantes do povo; 2) aclamação: manifestação unânime através da qual os membros componentes de um determinado órgão aprovam uma proposição (bastante incomum em nosso país); 3) referendum constituinte: instrumento de consulta popular, que no Brasil se dá por votação semelhante à escolha de representantes em época de eleição; 4) aprovação dos estados-membros, nos Estados federais: esse aspecto tem a ver com o sistema de governo. Os senadores, indiretamente, representam os seus estados respectivos; logo, há uma participação indireta dos interesses dos estados federados; 5) revolução: revolta generalizada que derruba o poder instituído, como nas Revoluções Francesa, Americana, Cubana etc., e que normalmente gera uma nova constituição. AULA 9 - DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS Os direitos e garantias fundamentais surgem em decorrência da própria condição humana, garantidos constitucionalmente a todo e qualquer cidadão. Direitos fundamentais e organização do poder estatal são a essência do constitucionalismo. A organização do poder estatal é um meio para atingir as liberdadesestabelecidas pelos direitos fundamentais, estes que são verdadeiros critérios de legitimação do poder estatal e da ordem constitucional como um todo. Não basta ao Estado respeitá-los, é preciso promovê-los. Direitos fundamentais: à vida (daí a proibição da pena de morte no Brasil); à liberdade (locomoção, do exercício profissional, de reunião, de ir e vir); à igualdade (todos são iguais perante a lei); à segurança (é proibida a tortura e a inviolabilidade da moradia); à propriedade (proteção à propriedade literária, científica e artística, direito à herança). A atuação dos poderes públicos é limitada pela proteção a certos direitos dos cidadãos. A expressão “direitos fundamentais” refere-se aos direitos humanos constitucionalizados, diferentemente dos “direitos humanos”, que confere uma abrangência maior, englobando o plano internacional. Características do conjunto institucionalizado de direitos e garantias do ser humano: 1) Imprescritibilidade: não se perdem pelo decurso do tempo, ou seja, não prescrevem. 2) Inalienabilidade: significa a impossibilidade de transferência dos direitos a outra pessoa. 3) Irrenunciabilidade: entende-se que não se pode renunciar a nenhum desses direitos. Hoje há uma discussão a esse respeito, quando pensamos em temas como eutanásia, aborto e suicídio. Assim, o direito à vida e o direito à liberdade, ambos fundamentais, muitas vezes colidem entre si. 4) Universalidade: reflete a abrangência desses direitos, englobando todos os indivíduos, independentemente de seu sexo, cor, credo ou nacionalidade. Direitos humanos de 1ª geração: direitos e garantias individuais e políticos clássicos (liberdades públicas), surgidos institucionalmente a partir da Magna Charta (o direito à vida, o direito à liberdade, o direito à honra, o direito à dignidade). Foram gestados no século XVII, com a formulação de uma doutrina moderna que culminou na criação do Estado Moderno e na transição do sistema feudal para o capitalismo. Direitos humanos de 2ª geração: também chamados de metaindividuais, coletivos ou difusos, compreendem os direitos sociais, os direitos relativos à saúde, educação, previdência e assistência social, lazer, trabalho, segurança e transporte. Direito difuso: aqueles que não se destinam a um indivíduo em particular mas a uma determinada comunidade ou Estado, focam em primeiro plano a toda a espécie humana. São direitos de todos, mas que “não são de ninguém”. Por exemplo, vazamento de petróleo no mar pode prejudicar uma determinada espécie animal ou vegetal e o desenvolvimento dos ecossistemas. Direitos humanos de 3ª geração: são os chamados direitos de solidariedade ou fraternidade, que são conquistas sociais e democráticas. Englobam o direito ao meio ambiente equilibrado, o direito de defesa do consumidor, o direito à paz, o direito ao progresso e o direito à autodeterminação dos povos. Direito Ambiental: pode ser definido como o ramo do direito público interno que se ocupa dos princípios e normas destinados a impedir a destruição ou a degradação dos elementos da Natureza. AULA 10 - DIREITO ADMINISTRATIVO: A ESTRUTURA DA DEMOCRACIA Direito Administrativo: é o estudo das inúmeras normas que regulam a Administração Pública do Estado, esta que busca exercer as funções essenciais que lhe foram outorgadas pelo povo. O Direito Administrativo é uma especialização que trata da estrutura e das competências do Estado, além das relações sociais decorrentes das normas jurídicas que regulam tais competências. As principais funções do Estado: 1) Função legislativa: voltada à elaboração das normas que irão disciplinar a vida em sociedade. Congresso Nacional, Assembleias Legislativas, Câmara dos Vereadores, Câmara Legislativa do Distrito Federal. 2) Função jurisdicional ou judiciária: consiste na interpretação e na aplicação do Direito em situações concretas, exercida pelo Poder Judiciário, por meio dos juízes e tribunais competentes. 3) Função administrativa: busca essencialmente o atendimento das necessidades materiais do povo (elemento humano do Estado), sobretudo pela prestação de serviços públicos. Administração Pública: um conjunto de órgãos e entes (pessoas jurídicas dotadas de personalidade jurídica própria) estatais que produzem serviços, bens e utilidades em prol da coletividade. Dela depende a execução das decisões políticas do Governo, que visam a cumprir os objetivos do Estado, descritos no texto constitucional. Para realizar os objetivos do Estado, a administração pública alicerça suas ações nos seguintes princípios básicos, estabelecidos pela Constituição Federal de 1988: 1) O princípio da legalidade: significa sujeição aos mandamentos da lei, o que equivale a dizer que o administrador público não pode se afastar ou desviar dela, sob pena de praticar ato inválido e de expor-se à responsabilidade disciplinar, civil e criminal, conforme o caso. 2) O princípio da moralidade: diz respeito tanto à moral administrativa – imposta ao agente público para a sua conduta interna, segundo as exigências da instituição a que serve – quanto à moral comum, imposta ao homem para sua conduta externa, que acaba por se refletir na administração pública. A conduta pública, transmuta-se no princípio da probidade administrativa (norma que rege a conduta do administrador público e caso seus atos caracterizem improbidade pode, além de sofrer as sanções relativas a seu cargo, responder perante a Justiça como um cidadão comum). 3) O princípio da impessoalidade: o agente público deve ser impessoal em suas decisões, totalmente despido de qualquer inclinação, tendência ou preferência subjetiva, mesmo em benefício próprio. Identifica-se com o princípio da igualdade, que consiste em dispensar um tratamento igualitário a todos os administrados que se encontrem em uma determinada situação jurídica. O princípio da impessoalidade apresenta-se também como uma faceta do princípio da finalidade, que impõe ao administrador público que só pratique um ato visando seu fim legal, que é unicamente aquele que a norma de direito indica como objetivo do ato, de forma impessoal. 4) O princípio da publicidade: trata da divulgação dos atos dos agentes públicos. A princípio, todos esses atos devem ser publicados no Diário Oficial, só se admitindo sigilo nos casos de segurança nacional, investigações policiais ou por interesses superiores da administração pública, que serão preservados em processo previamente declarado sigiloso 5) O princípio da eficiência: os agentes públicos devem gerir os interesses públicos de modo a alcançar a melhor realização possível com os menores custos para a sociedade. Na administração pública só é permitido fazer o que a lei autoriza, diferentemente da esfera particular, em que é possível a realização de tudo o que a lei não proíba. Esta refere-se à natureza funcional do Estado. Logo, se um Estado tem suas funções ampliadas, as atividades da administração são também aumentadas. A função administrativa é exercida predominantemente pelo Poder Executivo, a quem incumbe prestar a grande maioria dos serviços considerados públicos (saúde, educação, segurança etc.). Entretanto, o Poder Legislativo e o Poder Judiciário também a exercem, por exemplo, quando administram os bens públicos afetados às suas atividades, quando promovem a organização de seus servidores, quando realizam licitações e firmam contratos. O Estado é a pessoa jurídica territorial soberana composta por três elementos básicos: povo, território e governo. A administração pública é o instrumento idôneo ao desempenho permanente e sistemático, legal e técnico dos serviços próprios do Estado ou daqueles por ele assumidos em benefício da coletividade. O governo concretiza a emanação do poder político, elemento essencial na constituição de um Estado. É responsável pela elaboração das políticas públicas e das estratégias necessárias à consecução dos objetivos do Estado consignados na Constituição.Ao Governo, na qualidade de elemento político do Estado e responsável pela condução política e transitória dos negócios do Estado, cabe a função de planejar ações políticas, com vistas à concretização dos objetivos do Estado explicitados em sua Constituição. À administração pública, cabe executar essas decisões políticas tomadas pelo governo. Ademais, vale ressaltar que a atuação da administração pública é permanente, sistemática e técnica; enquanto a atuação do governo é transitória e política. AULA 11 - A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA A administração pública no Brasil se divide em 3 níveis: administração federal, administração estadual ou distrital e administração municipal. Em cada um desses níveis federativos, a estrutura administrativa desdobra-se em direta e indireta. Administração direta: se constitui dos serviços integrados na estrutura administrativa da Presidência da República e dos Ministérios, os órgãos públicos. Administração indireta: compreende as seguintes categorias de entidades públicas, dotadas de personalidade jurídica própria (qualidade que se confere a capacidade de adquirir direitos e contrair obrigações): autarquias; empresas públicas; sociedades de economia mista; e as fundações públicas. Todas as entidades públicas vinculam-se ao ministério em cuja área de competência estiver enquadrada sua principal atividade. O órgão público é um elemento sem personalidade jurídica própria, que integra a estrutura de um ente federativo (União, estados, municípios ou Distrito Federal), que é a pessoa jurídica de Direito Público. Toda a sua atividade é atribuída à pessoa jurídica a que ele se vincula. Podem ser classificados: 1) Quanto à sua posição estatal: a) Independentes: aqueles originários da Constituição, sendo representativos dos poderes de Estado (Legislativo, Executivo e Judiciário), também denominados órgãos primários do Estado. Ex.: Poder Legislativo: Congresso Nacional, Assembleias Legislativas, Câmaras de Vereadores, Tribunais de Contas; Poder Executivo: Presidência da República, governos dos estados e do Distrito Federal, prefeituras municipais; Poder Judiciário: tribunais, juízes; Ministério Público. b) Autônomos: órgãos imediatamente abaixo dos órgãos independentes e diretamente subordinados a seus chefes. Têm autonomia administrativa, financeira e técnica e participam das decisões governamentais segundo as diretrizes dos órgãos independentes. Seus dirigentes, em regra, são agentes políticos nomeados em comissão. Ex.: Ministérios, secretarias de estado e de município, procuradorias-gerais de estado, dentre outros. c) Superiores: aqueles que possuem o poder de direção, chefia ou comando dos assuntos de sua competência específica, mas que estão sempre subordinados a uma chefia mais alta. Situam-se entre os órgãos autônomos e os subalternos. Não gozam de autonomia administrativa nem financeira, que são atributos dos órgãos independentes e autônomos a que pertencem. Ex.: Gabinetes, secretarias-gerais, coordenadorias, divisões, inspetorias, procuradorias administrativas e judiciais, departamentos, divisões, dentre outros. d) Subalternos: todos aqueles que se encontram subordinados a órgãos mais elevados. Realizam serviços de rotina, tarefas de formalização de atos administrativos, cumprimento de decisões superiores e atendimento ao público e encaminhando seus requerimentos. Ex.: Protocolos, portarias, seções de expediente, serviços, dentre outros. 2) Quanto à sua estrutura: a) simples, quando não possuem outros órgãos em sua estrutura. Ex.: protocolos e portarias. b) compostos, quando reúnem em sua estrutura outros órgãos menores. Ex.: ministério. 3) Quanto à sua atuação funcional: a) singulares: aqueles que atuam e decidem através de um único titular, que é seu chefe e representante (Ex.: Presidência da República, governadores, prefeituras, dentre outros). b) colegiados: aqueles que atuam e decidem pela manifestação conjunta e majoritária da vontade de seus vários titulares (Ex.: Congresso Nacional, tribunais, assembléias legislativas, dentre outros). A administração indireta brasileira: a execução indireta de serviços públicos parte de entidades públicas dotadas de personalidade jurídica própria. As diferentes classificações dessas entidades atendem a critérios bastante específicos, expressos em lei, e elas podem ser diferenciadas quando se analisam seu processo de criação, a natureza de sua personalidade jurídica (que pode ser pública ou privada, conforme o caso), seu patrimônio e a origem de seu capital (público, privado ou misto), o tipo de atividades que executa e sua forma (autarquias, sociedades anônimas etc.). Critério / Classificação (adm indireta) Autarquia Empresa pública Sociedade de economia mista Fundação Processo de criação Lei específica e decreto instituidor Autorização legislativa e levada ao registro civil público competente: registro civil ou junta comercial Autorização legislativa e o registro é feito na junta comercial Autorização legislativa e o registro é feito no registro civil de pessoas jurídicas Natureza da personalidade jurídica De direito público De direito privado De direito privado De direito público ou privado Patrimônio Próprio, já que pode ser utilizado sem autorização legislativa especial Próprio, constituído por bens do patrimônio público transferidos pela lei ou pelo decreto instituidores Próprio, constituído por bens públicos e particulares Próprio, transferido do patrimônio público Origem do capital Próprio, com autonomia de gestão administrativa e financeira Próprio e exclusivo do poder público ou conjugado com o de qualquer outro órgão da adm pública, direta ou indireta Próprio, conjugando capital público e privado, com prevalência acionária do poder público Conjuga recursos do poder público e de outras fontes, particulares (doações) ou públicas (subvenções) Tipo de atividades Atividades administrativas e não Explora atividade econômica e, portanto, Explora atividade econômica Atividades não lucrativas e que não exijam a execução lucrativas, que requeiram ser descentralizadas para o seu melhor funcionamento lucrativa, que o poder público seja levado a exercer por contingência administrativa por órgãos ou entidades de direito público, mas de interesse coletivo, de caráter social, de pesquisa, técnicas, científicas etc Forma Entidade estatal. A autarquia é, em si mesma, uma forma de constituição de uma pessoa jurídica Qualquer tipo de sociedade, civil ou comercial Somente sociedade anônima Somente a de fundação instituída de acordo com o modelo estabelecido pelo dl 200/67 AULA 12 - DIREITO PENAL - TEORIA GERAL DO CRIME: CONDUTA, TIPICIDADE E ANTIJURIDICIDADE