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Teoria do Estado e Jurisdição Constitucional | 
Introdução 
www.cenes.com.br | 1 
 
 
 
 
 
DISCIPLINA 
TEORIA DO ESTADO E JURISDIÇÃO 
CONSTITUCIONAL 
 
CONTEÚDO 
Sistemas de Governo: 
federalismo brasileiro 
Teoria do Estado e Jurisdição Constitucional | 
Introdução 
www.cenes.com.br | 2 
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Teoria do Estado e Jurisdição Constitucional | 
Introdução 
www.cenes.com.br | 3 
Sumário 
Sumário ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 3 
1 Introdução --------------------------------------------------------------------------------------------------- 4 
2 Organização do Estado ---------------------------------------------------------------------------------- 4 
2.1 Federalismo brasileiro -------------------------------------------------------------------------------------------------- 5 
2.2 Características e o equilíbrio federativo --------------------------------------------------------------------------- 6 
3 Entes federativos ------------------------------------------------------------------------------------------ 8 
3.1 Formação dos Estados e o equilíbrio federativo ---------------------------------------------------------------- 9 
3.2 Divisão de competências --------------------------------------------------------------------------------------------- 11 
4 Conclusão --------------------------------------------------------------------------------------------------- 13 
5 Referências Bibliográficas ------------------------------------------------------------------------------ 13 
 
 
Teoria do Estado e Jurisdição Constitucional | 
Introdução 
www.cenes.com.br | 4 
1 Introdução 
Durante a Idade Média o mundo vivia praticamente sob uma hegemonia absolutista, 
de modo que os territórios eram comandados por um senhor soberano, o qual trazia 
para si os aspectos que, posteriormente, seriam divididos em legislativo, executivo e 
judiciário, mantendo toda a população à mercê de suas vontades. Esses Estados eram 
organizados de forma unitária e absoluta, o poder político era localizado em um único 
polo e nas mãos do soberano. 
 
Posteriormente, associado a movimentos constitucionalistas que ganharam força na 
época, surge o federalismo com a Declaração de Independência Americana em 1776, 
vez que a carta foi construída com base em um grande ideal de igualdade, direitos 
humanos e nacionalismo. Depois desse período, assim como aconteceria com o Brasil 
em 1889, todos as nações americanas que antes eram unitárias, se agruparam com a 
intenção de formar um Estado Federal, consagrando de vez o federalismo na 
sociedade moderna. 
 
2 Organização do Estado 
A República Federativa do Brasil, conforme determina o art. 1º da Constituição Federal 
é formada pela união indissolúvel dos Estados, Municípios e do Distrito Federal, de 
modo que todos constituem o Estado Democrático de Direito, adotando o princípio 
federativo como critério ordenador da organização político-administrativa do Estado. 
O processo democrático federativo decorre de um movimento de segregação, que 
reuniu as partes do império que antes formavam um Estado unitário e, a partir de 
agora, constituem unidades federadas e autônomas. 
 
Ao longo da história, já se apresentaram diversas formas de Estado, cada um com 
características e aspectos próprios, mas, dentre tantas, se destacam com mais 
frequência duas, o modelo unitário e o federativo. De acordo com Nathalia Masson 
(2020) “a forma de Estado está relacionada com a distribuição do exercício do poder 
político em razão de um território, de forma que a existência (ou não) de 
descentralização dará o tom da opção feita pelo poder originário ao estruturar o 
Estado”. 
Teoria do Estado e Jurisdição Constitucional | 
Organização do Estado 
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Na forma de Estado unitária, embora possa haver uma descentralização interna 
administrativa, não há divisão geográfica do poder político, ele está localizado em um 
único núcleo estatal, que fica responsável por emitir todas as decisões. Em 
consonância, Nathalia Masson (2020) afirma que, o Estado unitário “é a forma básica 
de organização política, cuja característica é a concentração de poder, por um único 
homem ou órgão. Em que pese a inexistência de descentralização política, admite-se 
a descentralização administrativa, o que torna o Estado governável – afinal, um Estado 
unitário puro, marcado por absoluta centralização, é inviável e, por isso, não há um 
exemplo histórico que ilustre essa tipologia”. Assim, criou-se o modelo de Estado 
unitário descentralizado, adotado, atualmente, por Países como, por exemplo, França, 
Itália e Espanha. 
 
Por outro lado, na forma de Estado federativo o poder político é descentralizado em 
mais de um ente, todos funcionando perfeitamente como centros de comandos 
normativos e decisórios. Conforme destaca Flávia Bahia (2017) o modelo federativo 
de Estado é o mais comum utilizado atualmente, adotado, inclusive, pelo Brasil. Esse 
modelo é marcado pela descentralização geográfica do poder político, de modo que, 
os entes não estão subordinados uns aos outros e possuem autonomia entre si. Além 
disso, a autora complementa dizendo que, basicamente, para esta forma de Estado, o 
ente Federal é soberano com relação ao Direito Internacional, à medida que os 
Estados-membros são autônomos para o Direito Interno. 
 
2.1 Federalismo brasileiro 
O sistema federalista, nas palavras de André Ramos Tavares (2020), pode ser definido 
como um “conjunto de entidades autônomas que aderem a um vínculo indissolúvel, 
integrando-o. Dessa integração emerge uma entidade diversa das entidades 
componentes, e que incorpora a federação. No federalismo, portanto, há uma 
descentralização do poder, que não fica represado na órbita federal, sendo 
compartilhado pelos diversos integrantes do Estado”. 
 
Moldada a semelhança do sistema norte-americano, o modelo federativo aplicado no 
território brasileiro, nasce com a Proclamação da República em 1889e com a 
publicação do Decreto nº 1, que definiu a República como forma de Governo e 
Teoria do Estado e Jurisdição Constitucional | 
Organização do Estado 
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transformou todas as províncias em Estados, se mantendo vigente desde a primeira 
constituição republicana, em 1891, até os dias atuais, seguindo o Presidencialismo 
como sistema de governo, exceto pelo hiato presidencialista que durou de setembro 
de 1961 a janeiro de 1963. No entanto, embora semelhante, o federalismo brasileiro 
diverge do sistema norte-americano, no que toca a presença dos Municípios e do 
Distrito Federal, pois, não há notícia de outro País que adota o sistema federativo de 
Estado, que considere os Municípios como um dos polos do poder, geralmente são 
apenas os Estados. 
 
O federalismo é a forma de Estado que melhor se adaptou as sociedades e, devido à 
grande diversidade presente no globo, o modelo clássico teve que passar por algumas 
modificações, gerando diversas espécies, como, por exemplo, o federalismo por 
agregação e por desagregação, o federalismo dual e cooperativo, o federalismo 
simétrico e assimétrico, o federalismo orgânico, de integração, de equilíbrio e o 
tricotômico. 
 
No caso do Brasil, dizemos que trata-se de um federalismo: por desagregação, pois, 
o novo modelo surge da descentralização de um Estado unitário e soberano; 
simétrico, de modo que todos os Estado recebem idêntico tratamento, ainda, que no 
nosso caso, simetria provoque uma situação mais injusta do que justa, vez que Estados 
diferentes entre si, merecem um tratamento federativo diferente; tricotômico, vez que 
compreende os poderes da União, como poder central, dos Estados, como um poder 
regional, do Distrito Federal, como um poder regional e local, e dos Municípios, como 
um poder local; e orgânico, pois, o coletivo é priorizado em detrimento ao individual, 
a Constituição Federal de 1988 prioriza o bem comum (TAVARES, 2020). 
 
2.2 Características e o equilíbrio federativo 
De acordo com Alexandre de Moraes (2017) “a adoção da espécie federal de Estado 
gravita em torno do princípio da autonomia e da participação política e pressupõe a 
consagração de certas regras constitucionais, tendentes não somente à sua 
configuração, mas também à sua manutenção e indissolubilidade”. Desta forma, ainda 
que a Constituição Federal estabeleça a divisão de poderes entre os entes federativos, 
todos compartilham de características comuns, empregadas para a manutenção e 
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Organização do Estado 
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equilíbrio do sistema federativo brasileiro, são elas: 
a) Descentralização política: a descentralização política é a característica mais 
marcante do sistema federativo de Estado, conferindo a cada ente competência 
e autonomia entre si, para emitir comandos normativos e decisórios. Além disso, 
decorrem dessa característica, três outros elementos: 
• auto-organização: permite ao ente criar suas próprias Constituições – no 
caso dos Estados – ou Leis Orgânicas – no caso do Distrito Federal e dos 
Municípios; 
• autogoverno: é a capacidade conferida ao ente para que ele possa eleger 
seus próprios representantes; 
• autoadministração: essa capacidade confere ao ente a prerrogativa de 
realizar suas próprias atividades legislativas, administras e tributárias. 
 
Esses elementos são definidos, por Flávia Bahia (2017) como a “autonomia dos 
entes federativos”, que pode ser identificada pela “tríplice capacidade que os 
mesmos possuem de governo próprio, administração própria e organização 
própria”; 
 
b) Indissolubilidade dos entes federativos ou impossibilidade de secessão: o 
movimento secessionista é caracterizado pela separação ou divisão de 
determinada região e, no caso da federação, uma vez estabelecida não pode 
ser desfeita. O pacto federativo não pode ser quebrado pela retirada de algum 
ente autônomo da federação, em função do princípio da indissolubilidade dos 
Estados (entes federativos) previsto no art. 1º da CF/88 e consagrado como 
cláusula pétrea no art. 60, § 4º, I, também da CF/88. Inclusive, quando violado o 
princípio da indissolubilidade, a entidade que deu origem ao movimento pode 
ser submetida a um processo interventivo, o que nos leva a próxima 
característica; 
 
c) Possibilidade de intervenção federal: a intervenção federal só será suscitada 
quando o equilíbrio federativo estiver ameaçado, por alguma das possibilidades 
estritamente previstas no texto constitucional, como, por exemplo, movimentos 
separatistas, com o intuito de manter a integridade nacional (art. 34, I da 
Constituição Federal); 
 
d) Órgão de cúpula: o modelo federativo pressupõe a criação de um órgão de 
Teoria do Estado e Jurisdição Constitucional | 
Entes federativos 
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cúpula do Poder Judiciário, capaz de interpretar e resguardar as normas 
constitucionais. No caso do Brasil, esse órgão de cúpula é representado pelo 
Supremo Tribunal Federal; 
 
e) Órgão de representatividade dos Estado: a Constituição Federal prevê a 
criação de um órgão que reproduza o interesse dos Estados na formação da 
vontade e do interesse nacional, esse mandamento constitui o princípio da 
participação e, é representado pelo Senado Federal; 
 
f) Formação dos Estados-membros: no sistema federativo adotado pelo Brasil, 
é possível que haja a formação de novos Estados ou a modificação daqueles já 
existentes, desde que observadas as regras estabelecidas pela Constituição 
Federal. 
 
Essas características devem ser observadas desde a divisão de poderes estabelecidas 
entre os entes federativos até a execução das atividades estatais. Além disso, é válido 
destacar que, embora a Constituição Federal tenha adotado o sistema federativo, 
descentralizando geograficamente o poder político e tornando cada Estado 
autônomo, todos devem observar a premissa maior do Estado, que se traduz no 
alcance do bem comum. 
 
3 Entes federativos 
Em seu artigo 1º, a Constituição Federal/88 determina que, “a República Federativa do 
Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, 
constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos”. Assim, no 
mesmo sentido, Nathalia Masson (2020) estabelece que o sistema federativo pode ser 
conceituado como “a reunião, feita por uma Constituição, de entidades políticas 
autônomas unidas por um vínculo indissolúvel. Nesta reunião inexiste direito de 
secessão, havendo completa intolerância com movimentos separatistas, que serão 
firmemente coibidos”. Esse pensamento decorre do princípio da indissolubilidade dos 
Estados. 
 
Portanto, ainda que o poder político esteja fracionado entre os entes federativos, 
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Entes federativos 
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todos devem observar o princípio da indissolubilidade da federação, que veda a 
secessão dos Estados e garante a manutenção do pacto federativo, sendo, este ponto, 
fixado como cláusula pétrea no art. 60, § 4º, inciso I da CF/88. As cláusulas pétreas são 
estabelecidas pelo Poder Constituinte Originário, comissão responsável pela 
elaboração de uma nova Constituição, com o intuito de que, face a uma nova ordem 
constitucional ou eventuais alterações por Emendas Constitucionais, algumas 
premissas se mantenham a salvo, sem qualquer modificação. 
 
Na Constituição Federal de 1988, as cláusulas pétreas, em sua maioria, são dispostas 
no § 4º do art. 60, de modo que, independentemente de qualquer modificação, será 
assegurada a forma federativa de Estado, o voto direto, secreto, universal e periódico, 
a separação dos Poderes, os direitos e as garantias individuais. 
 
3.1 Formação dos Estados e o equilíbrio federativo 
A República Federativa do Brasil – ente de representação internacional – é formada 
pela União – pessoa jurídica de Direito Público Interno, sem personalidadeinternacional – pelos Estados, Distrito Federal e Municípios – entes federativos 
autônomos, perante o Direito Interno. No entanto, antes de avançarmos no conteúdo, 
é necessário esclarecer uma situação, considerando que adotamos o sistema 
Presidencialista, no qual o Presidente da República é, simultaneamente, chefe de 
Estado e de Governo e, consequentemente, representa tanto a República Federativa 
do Brasil quanto a União, são pessoas jurídicas distintas, a primeira é soberana com 
representatividade internacional, ao passo que a segunda é um ente autônomo de 
representatividade interna. 
 
De acordo com André Ramos Tavares (2020) “a União é uma pessoa jurídica de Direito 
Público interno. Assim, embora não conte com personalidade internacional – apenas 
atribuída ao Estado Federal brasileiro –, são as autoridades e os órgãos da União que 
representam o Estado Federal nos atos e relações do âmbito internacional”. Isto é, 
trata-se de uma pessoa jurídica, autônoma, de Direito Público Interno, cuja qual não 
possui personalidade internacional, função desempenhada pela República Federativa 
do Brasil. 
 
Teoria do Estado e Jurisdição Constitucional | 
Entes federativos 
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No mesmo sentido, Nathalia Masson (2020) afirma que “a União é o ente central da 
federação, possui total autonomia em relação às demais entidades federadas e 
concentra um grande volume de atribuições administrativas, legislativas e tributárias 
enunciadas ao longo do texto constitucional”. A autora complementa ainda dizendo 
que, a União, por se tratar de um ente autônomo e central, é formada pela reunião 
das partes regionais integrantes da federação (Estados, Distrito Federal e Municípios). 
 
Por outro lado, diferente da União que confere um pensamento unitário à 
organização, os Estados federados estão ligados a uma ideia disjuntiva, pois, ao todo 
são 26 Estados autônomos entre si, pessoas jurídicas de direito público interno que 
possuem governo, legislação e jurisdição próprios. Os estados-membros, na visão de 
Nathalia Masson (2020) podem ser definidos como “entidades primordiais e 
indispensáveis para a instituição da federação”, são consideradas “organizações 
políticas típicas” da forma Federativa de Estado, vez que concretizam a 
descentralização do poder político. 
 
Em consonância, Flávia Bahia (2017) destaca que, “os Estados-membros são as 
organizações jurídicas das coletividades regionais para o exercício, em caráter 
autônomo, das competências que lhes são deferidas pela Constituição Federal. Não 
são soberanos, e sim autônomos. Entre Estados e União não há hierarquia, convivendo 
todos em um mesmo nível jurídico, razão pela qual a União não pode interferir nos 
assuntos que a Constituição reserva aos Estados”. Inclusive, “por serem autônomos, a 
Constituição Federal delega aos Estados-membros a competência para estruturar seus 
Poderes, sem que haja qualquer interferência federal ou subordinação ao poder 
central: o Legislativo, nos termos do art. 27, CF/88, o Executivo, de acordo com o art. 
28, CF/88 e, igualmente, o Judiciário, conforme previsão do art. 125, CF/88” (MASSON, 
2020). 
 
Já, com relação aos municípios, esses só são reconhecidos como entes federativos 
autônomos após a entrada em vigor da Constituição da República de 1988, uma 
novidade sem precedentes trazida pela Magna Carta. Geralmente, a forma de 
federalismo que se apresenta na maioria dos Países é o dual ou bipartido, de modo 
que o poder é dividido apenas entre a União e os Estados, não passando os 
Municípios, nestes modelos, de uma simples divisão territorial. No Brasil, o federalismo 
Teoria do Estado e Jurisdição Constitucional | 
Entes federativos 
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é classificado como tricotômico, pois, os Municípios é considerado um verdadeiro 
ente federativo autônomo, com capacidade de auto-organização, de autogoverno e 
de autoadministração. 
 
Além disso, ainda que não possuam um sistema judiciário próprio nem representação 
no Senado Federal – representante do poder legislativo central – e, apesar de toda a 
crítica doutrinária a respeito do seu papel na Federação, os Municípios são 
reconhecidos como entes federados autônomos, participantes da organização político 
administra da República Federativa do Brasil, pelo art. 1º e 18 da Constituição Federal 
e no título a respeito da organização do Estado da nossa Magna Carta. 
 
Por fim, a Constituição Federal de 1988 também promoveu algumas alterações com 
relação ao Distrito Federal, eles deixaram de ser uma simples autarquia territorial para 
se tornar um ente federativo autônomo, que acumula atribuições dos Estados-
membros e dos Municípios. Assim, de acordo com Nathalia Masson (2020) o Distrito 
Federal pode ser definido como “um ente federativo autônomo, possuidor de 
atribuições legislativas, administrativas e judiciárias, consubstanciadas pela tríplice 
capacidade que envolve a auto-organização, o autogoverno e a autodeterminação”. 
 
3.2 Divisão de competências 
A divisão de competências é uma das principais características da forma federativa de 
Estado, pois, como o regime promove a descentralização geográfica do poder político 
entre os entes federados autônomos e hierarquicamente independentes, a 
Constituição Federal deve atribuir as competências de cada um, se atentando, ao 
máximo, para não gerar nenhum conflito. Assim, Ingo Walfgang (2019) define que as 
“competências administrativas correspondem aos poderes jurídicos de caráter não 
legislativo ou jurisdicional atribuídos pela CF aos diversos entes da Federação”. 
 
No entanto, diversas são as formas com que pode ocorrer a atribuição de 
competências entre os entes federativos. O meio tradicional nasce junto com a 
Constituição norte-americana de 1787 e, através dele presume-se que serão 
designados poderes enumerados para determinado ente, geralmente representado 
pela União, e para os demais poderes não enumerados. Posteriormente, com as 
Teoria do Estado e Jurisdição Constitucional | 
Entes federativos 
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modificações da sociedade, a forma tradicional foi adaptada e, atualmente, temos a 
previsão de competências enumeradas para todos os entes federativos, além da 
criação das chamadas competências comuns, na qual poderão atuar tanto a União 
quanto os Estados. 
 
Assim, com relação a este aspecto, André Tavares (2020) afirma que hoje encontramos 
algumas balizas na repartição de competências, através do chamado princípio da 
predominância do interesse. De acordo com o autor, “esse princípio significa, 
sucintamente, que à União cabe tratar das matérias de interesse geral, nacional, amplo. 
Aos Estados, daquelas que suscitam um interesse menor, mais regional. Por fim, aos 
Municípios cabe tratar das matérias de interesses restritos, especialmente locais, 
circunscritos a sua órbita menor”. 
 
No entanto, é importante destacar que, cada País adota um modelo federativo 
próprio, aquele que mais se ajusta a suas necessidades e, por isso, possui a 
prerrogativa de dividir a competência de seus entes como bem quiser, uns mais 
descentralizados do que outros, como é o caso dos Estados Unidos por exemplo, que 
equilibra atribuições entre a União e os Estados-membros, e do Brasil, que concentra 
uma grande quantidade de atribuições à União, deixando para os Estados e 
Municípios apenas as competências remanescentes. 
 
Em consonância, Nathalia Masson (2020) esclarece que, devido ao princípio da 
preponderância dos interesses, “compete à União cuidar das matérias e que 
predomina o interesse nacional, referentes ao País na sua totalidade. Já aos Estados 
outorga-se aos assuntos em que o interesse regional é de acentuada preponderância, 
restando aos Municípios aquelas matérias nas quais é marcante o interesse local, 
circunscrito a uma órbita bem mais restrita”. A autora destaca ainda que, com relação 
ao Distrito Federal, como ele acumula ascompetências estaduais e municipais, sua 
natureza é hibrida, pois, a Constituição Federal, em seu art. 32, § 1º, confere ao ente 
tanto atribuições de cunho regional quanto de cunho local. 
 
O processo de divisão de competências pode ser realizado por dois sistemas, o 
horizontal e o vertical. O sistema horizontal de divisão de competências surge na 
Teoria do Estado e Jurisdição Constitucional | 
Conclusão 
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Constituição Americana de 1787 e, é através dele que a Constituição Federal atribui a 
cada ente as atribuições de lhe dizem respeito, as matérias são específicas e 
particulares de cada ente federado, o qual exerce seu papel de forma isolada, sem a 
participação ou interferência dos outros entes. Já, o sistema vertical de divisão de 
competências, apresentado pela Constituição de Weimar em 1919, regula as 
competências comuns e concorrentes, que serão exercidas de forma conjunta entre 
os entes (MASSON, 2020). 
 
A Constituição Federal Brasileira faz parte do período chamado de neoclássico ou de 
cooperação, também conhecido como federalismo cooperativo, uma vez que o texto 
constitucional, com relação a divisão de competências, mescla as diretrizes do sistema 
horizontal, delegando a cada ente sua função específica, e do sistema vertical, quando 
estabelece algumas atividades comuns, que serão desenvolvidas em conjunto pelos 
entes federados. 
 
4 Conclusão 
A Constituição Federal de 1988 adota em seu art. 1º a forma federativa de Estado, 
descentralizando o poder político de forma geográfica entre os entes federados 
autônomos – União, Estados, Distrito Federal e Municípios – todos conectados por 
uma gama de características comuns, empregadas para a manutenção e equilíbrio do 
sistema federativo brasileiro, priorizando sempre a predominância do interesse 
público. 
 
Além disso, devido a descentralização do poder político entre os entes federativos, é 
necessário que o texto constitucional estabeleça uma divisão de competências, 
atribuindo a cada ente suas funções específicas (sistema horizontal) e de forma 
genérica as atividades comuns (sistema vertical), que poderão ser realizadas de forma 
conjunta pelos entes federativos. 
 
5 Referências Bibliográficas 
AGRA, W. de M. Curso de direito constitucional. 8 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014. 
Teoria do Estado e Jurisdição Constitucional | 
Referências Bibliográficas 
www.cenes.com.br | 14 
ARAÚJO, L. A. D.; NUNES JUNIOR, V. S. Curso de direito constitucional. 22 ed. São 
Paulo: Verbatim, 2017. 
BAHIA, F. Direito Constitucional. 3 ed. Recife: Armador, 2017. 
BARROSO, L. R. Curso de direito constitucional contemporâneo: os conceitos 
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2020. 
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MALUF, S. Teoria geral do Estado: atualizador prof. Miguel Alfredo Malufe Neto. 34 
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MASSON, N. Manual de Direito Constitucional. 8 ed. Ver. ampl. e atual. Salvador: 
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MENDES, G. F.; BRANCO, P. G. G. Curso de direito constitucional. 12 ed. São Paulo: 
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MORAES, A. de. Direito constitucional. 33 ed. rev. e atual. São Paulo: Atlas, 2017. 
SARLET, I. W.; MARINONI, L. G.; MITIDIERO, D. Curso de direito constitucional. 8 ed. 
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SILVA, J. A. Curso de direito constitucional positivo. 37 ed. São Paulo: Malheiros, 
2013. 
TAVARES, A. R. Curso de direito constitucional. 15 ed. São Paulo: Saraiva, 2017. 
TAVARES, A. R. Curso de direito constitucional. 18 ed. São Paulo: Saraiva Educação, 
2020. 
 
Teoria do Estado e Jurisdição Constitucional | 
Referências Bibliográficas 
www.cenes.com.br | 15 
 
 
Relações de poder
SST
Magalhães, C.; Rodrigues, J.
Relações de poder / Carlos Magalhães / Jocimara 
Rodrigues
Ano: 2020
nº de p.: 9
Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados.
Relações de Poder
3
Apresentação
Nesta Unidade, iremos estudar o poder e suas relações, ou seja, onde este irá atuar 
e quais as formas de dominação.
As relações de poder é que fazem com que um grupo ou sociedade perdure no 
tempo como uma organização específica. Quando falamos em ordem e mudança, o 
poder tem um papel essencial. Ele pode ser conservador de uma dada ordem, mas 
também transformador da ordem instituída.
O poder e suas faces
Para Karl Marx, a questão do poder diz respeito inevitavelmente à divisão da 
sociedade em classes e ao fato de que uma classe, ou classes, exercer domínio 
econômico sobre as outras, podendo transfigurar-se em domínio ideológico. Isto 
é, um domínio essencialmente econômico pode aparecer como resultado de uma 
vontade dos deuses, uma necessidade da sociedade ou a consequência natural de 
que uns são mais capazes do que outros.
Posições sociais e poder
Fonte:Plataforma Deduca (2020)
4
O conhecimento científico sobre a estrutura da sociedade e de sua organização 
para exploração pode ser fundamental para a luta revolucionária que pretende 
extinguir a exploração de uma classe sobre outra. Com isso, notamos que a 
sociedade, da forma como é enxergada por Marx, é o lugar do conflito permanente 
entre as classes. Mesmo quando esse conflito não é aberto, está presente, sendo a 
característica básica do sistema.
Pela posição que ocupam na produção, as classes são objetivamente antagônicas. 
A própria estrutura econômica da sociedade coloca-as em confronto. Instituições 
como o Direito ou a Religião poderiam exercer a função ideológica de mascarar 
a dominação e o conflito, mas este não deixaria de existir. Mesmo que patrões e 
empregados fizessem um acordo, isto seria, na concepção de Marx, equivocado.
Para Marx, esse conflito terminaria com a instituição da sociedade comunista onde 
não existiriam classes sociais e, portanto, o conflito de classes estaria terminado. 
Marx não detalhou muito as características que o comunismo teria. O mais 
importante seria a ausência de exploração e de conflito entre classes sociais. 
Quanto a Émile Durkheim, ele não deixou de abordar as questões do poder, embora 
preferisse tratá-las sob o termo coerção. Para o autor, a coletividade impõe-se em 
relação aos indivíduos. A força da imposição vem da coerção que é exercida pela 
coletividade. Quando falamos dos dois tipos de solidariedade, vislumbramos dois 
tipos importantes de coerção formal considerados por Durkheim.
A sociedade e o poder 
Fonte: Plataforma Deduca (2020)
Nas sociedades simples prevalece o direito repressivo. A preocupação principal 
desse tipo de direito é punir aquele que não cumpre determinada norma social 
por meio da imposição de dor, humilhação ou privação de liberdade. Desta forma, 
5
entende-se que todo erro punido repressivamente representa uma agressão não 
somente contra uma parte da sociedade, mas contra toda ela. As sociedades 
simples, na visão de Durkheim (1973), são duramente coercitivas em relação às 
manifestações de liberdade individual.
No direito restitutivo, a preocupação é fazer com que situações perturbadoras sejam 
restabelecidas e retornem ao seu estado original. Ao infrator cabe, simplesmente, 
reparar o dano causado. Isso acontece porque o dano causado não afeta a 
sociedade como um todo, mas apenas uma função específica desempenhada nela.
Nas sociedades modernas, industrializadas, onde há intensa divisão do trabalho, 
seriam onde prevalece o direito restitutivo, na concepção durkheimiana. A coerção 
contra as manifestações de liberdade individual seria muito menos frequente.
O poder a dominação
As questões de poder,seja como poder econômico e de classes, como coerção 
exercida pela coletividade, seja na relação entre poder e dominação, são 
extremamente atuais. É interessante pensar nas ideias dos clássicos em relação 
aos problemas com os quais nos deparamos no dia a dia. Estas são conjuntos 
de pessoas que pensam da mesma forma, têm as mesmas opiniões, as mesmas 
visões de mundo, apesar de fazerem parte de uma sociedade complexa em que os 
integrantes são muito diferentes uns dos outros. O fato é que tem havido pouca 
disposição para o convívio com as diferenças. As pessoas têm preferido viver em 
pequenos grupos de iguais. 
As lutas emancipatórias visam garantir o respeito aos diferentes e suas diferenças.
Fonte: Plataforma Deduca (2020)
6
Os tipos de dominação
Tipos puros de dominação legítima
Dominação 
tradicional
Baseada na crença na legitimidade das ordens 
estatuídas e no direito de mando daqueles que, em 
virtude dessas tradições, representam a autoridade. 
Esse é o tipo de dominação do feudalismo, 
da monarquia, do coronelismo brasileiro, das 
empresas familiares. Não é própria da sociedade 
contemporânea, mas não deixou de existir. Ainda 
podemos encontrá-lo em algumas situações.
Dominação 
carismática
Baseada na veneração extracotidiana da santidade do 
poder heróico ou do caráter exemplar de uma pessoa 
e das ordens por esta reveladas ou criadas. Esse tipo 
de dominação pode ocorrer a qualquer momento, 
já que diz respeito a uma qualidade estritamente 
individual do líder. A dominação racional está fundada 
na lei; a dominação tradicional está fundada no tempo, 
nos usos e costumes há muito praticados.
Fonte: autor. 
Dominação legitima
A dominação tradicional é baseada na crença da legitimidade das ordens 
estatuídas (presentes em estatutos, regulamentos, leis, códigos de conduta) e do 
direito de mando daqueles que, em virtude dessas ordens, estão nomeados para 
exercer a dominação. Podemos listar termos que têm relação com a dominação 
racional-legal: competência, regras, burocracia racional, qualificação, concurso, 
contrato, profissão, regras fixas. Esse é o tipo de dominação próprio da sociedade 
capitalista. 
Dominação Tradicional
A dominação tradicional é o tipo de dominação do feudalismo, da monarquia, 
do coronelismo brasileiro, das empresas familiares. Não é própria da sociedade 
7
contemporânea, mas não deixou de existir. Ainda podemos encontrá-la em algumas 
situações. 
Dominação carismática 
A dominação carismática é a baseada na veneração extracotidiana da santidade, 
do poder heróico ou do caráter exemplar de uma pessoa e das ordens por esta 
reveladas ou criadas. Esse tipo de dominação pode ocorrer a qualquer momento, 
já que diz respeito a uma qualidade estritamente individual do líder. A dominação 
racional está fundada na lei; a dominação tradicional está fundada no tempo, nos 
usos e costumes há muito praticados.
Esta dominação é disruptiva, ou seja, quando surge, quebra a ordem existente, seja 
essa ordem racional-legal, seja tradicional. Enquanto os seguidores conferirem a 
qualificação extraordinária ao líder, ele exercerá o mando. Líderes carismáticos, em 
geral, são religiosos, militares vencedores, políticos de oratória convincente. Hitler, 
Lênin, Antônio Conselheiro no Brasil são exemplos de líderes carismáticos.
Dominação carismática que exercida através da perfomance da pessoa
Fonte: Plataforma Deduca (2020)
Um dos maiores problemas da dominação carismática é a sua “rotinização”, ou 
seja, a transformação de algo que é extraordinário em algo rotineiro, cotidiano. Em 
geral, as ordens carismáticas acabam por estabelecer, com o passar do tempo, uma 
tradição ou uma burocracia racional-legal.
8
Fechamento
Esta Unidade apresentou o poder e sua atuação em sociedade, onde relacionou 
os pensadores que construiram a temática. Após, observou a relação poder e 
dominação. 
Em relação à dominação, trouxe consigo os seus tipos e, por fim, relacionou os 
desafios apresentados em sociedade e a necessidade de conviver com os diferentes 
e suas diferenças, bem como o respeito a estas. 
9
Referências
BERGER, P.; BERGER, B. Socialização: como ser um membro da sociedade. In 
FORACCHI, M. A. M.; MARTINS, J. S. Sociologia e sociedade: leituras de introdução à 
sociologia. Rio de Janeiro: LTC, 2006.
CASTRO, C. Textos básicos de sociologia: de Karl Marx a Zygmunt Bauman. São 
Paulo: Zahar, 2014.
DURKHEIM, E. Da divisão do trabalho social. 2.ed. São Paulo: Abril Cultural, 1999.
FORACCHI, M. A. M.; MARTINS, J. S. Sociologia e sociedade: leituras de introdução à 
sociologia. Rio de Janeiro: LTC, 2006.
MARX, K. A mercadoria: os fundamentos da produção da sociedade e do 
seu conhecimento. In: FORACCHI, M. A. M.; MARTINS, J. S. Sociologia e 
sociedade:leituras de introdução à sociologia. Rio de Janeiro: LTC, 2006.
SIMMEL, G. O âmbito da sociologia. In: CASTRO, C. Textos básicos de sociologia: de 
Karl Marx a Zygmunt Bauman. São Paulo: Zahar, 2014.
WEBER, M. Ação social e relação social. In: FORACCHI, M. A. M.; MARTINS, J. S. 
Sociologia e sociedade: leituras de introdução à sociologia. Rio de Janeiro: LTC, 
2006.
Sistemas de 
funcionamento da 
democracia
 
SST
Seidel, Carolina Cunha; Lopes, Franciele Aparecida
Sistemas de funcionamento da democracia / Carolina 
Cunha Seidel; Franciele Aparecida Lopes
Ano: 2020
nº de p.:
Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados.
12
3
Sistemas de funcionamento 
da democracia
Apresentação
Desde a década de 1980, os Estados têm passado por diversas mudanças em suas 
formas de administrar o Estado e suas políticas públicas. Reformas que sempre 
estão inspiradas nas práticas dos setores privados e que afetam todas as áreas de 
governo. No Brasil, não é diferente, pois diversos modelos foram tentados desde 
praticamente o nascimento da república.
Nesta unidade, estudaremos alguns dos elementos que fazem parte do governo, de 
modo a deixar você, estudante, mais bem capacitado para exercer sua cidadania de 
maneira consciente e com práticas transformadoras.
Conceito de democracia
Você sabe o que é democracia?
Democracia: Dada como “governado pelo povo”, é uma forma de 
governo em que todos os cidadãos elegíveis participam igualmente, 
seja diretamente ou por meio de representantes eleitos na criação 
deleis
Surgiu na Europa logo após a Revolução Gloriosa de 1688 e a 
Revolução Francesa de 1789. Nos Estados Unidos da América, 
surgiu depois da consolidação da independência no século XVIII.'
Curiosidade
4
Agora, vamos retomar as possíveis formas do regime democrático:
1. Democracia direta: 
O poder soberano e as questões políticas do Estado são exercidos pelo povo.
2. Democracia indireta ou representativa: 
As funções soberanas administrativas do Estado são realizadas pelo povo 
por meio de seus representantes, eleitos para representá-los por determinado 
prazo legal.
3. Democracia semidireta ou mista: 
O povo delega ou exerce parte do poder.
Veja o que diz Costin (2010, p. 9) a respeito da representação:
[...] o conceito de representação associa-se à ideia de que um corpo 
escolhido por cidadãos age em nome destes, e tal corpo é escolhido por 
meio de um procedimento eleitoral racionalmente estabelecido. Trata-se, 
antes de tudo, do Parlamento, em que um conjunto de representantes é 
eleito para decidir que leis deverão governar aquela sociedade e, mais 
especificamente, que políticas públicas serão implementadas. Inclui 
também o poder executivo, em que o presidente ou primeiro ministro age 
representando a coletividade que lhe outorgou o poder para tanto, por 
um período especificado, mas equilibrando seu poder com o do corpo 
legislativo.
Dessa forma, podemos dizer que o Estado representativo é o praticado hoje por 
diversos países. Nesse regime, o poder concedido ao representante pode ser 
retirado de duas formas: se não houver renovação do mandato nas eleições 
ou se houver cassação do mandato (para membros do Poder Legislativo) ou 
impeachment (parao presidente). Essa espécie de punição ocorre por decisão dos 
demais representantes caso alguma lei que rege a conduta desses membros seja 
burlada (COSTIN, 2010).
5
A democracia representativa, como o próprio nome já diz, 
acontece por meio da representação: o povo escolhe, por votações 
periódicas, quem irá representá-lo. Por essa escolha, a população 
está, de forma indireta, exercendo uma espécie de influência sobre 
as decisões do governo. Essa representação evita o poder absoluto, 
tendo em vista que a margem de autonomia do representante é, 
em teoria, limitada pelos representados (COSTIN, 2010).
Atenção
O Estado representativo inseriu novas ideias e trouxe avanços para a sociedade, 
transferindo poder aos cidadãos (que passam a ter mais valor que o Estado) e 
permitindo o aumento dos direitos políticos, chegando até o sufrágio universal. 
Sufrágio universal: É o direito de votar ou ser votado, isto é, o 
direito ao voto de todos os cidadãos adultos, sem restrição.
Curiosidade
Acquaviva (2010, p. 133) complementa:
Tanto a democracia representativa como a democracia semidireta 
apresentam um pressuposto que se destaca de imediato, qual seja, o 
da existência de um corpo eleitoral periodcamente renovado. No mundo 
moderno, quem se refere à democracia, refere-se, inevitavelmente, ao 
eleitorado, ao conjunto daqueles que são dotados de cidadania, enfim, 
àqueles que têm o direito de votar. Entretanto, para se saber quem terá 
o direito de votar é preciso, preliminarmente, estabelecer os requisitos 
para a obtenção de tal direito. Tais requisitos, estabelecidos na própria 
Constituição, constituem o sufrágio. (ACQUAVIVA, 2010, p. 133).
Essas mudanças criaram a necessidade de partidos e associações, um paradoxo 
em relação ao verdadeiro significado da representação, que inicialmente é feita por 
um representante e não por um conjunto deles (COSTIN, 2010).
6
Conselhos gestores de políticas 
públicas
Sobre conselhos gestores, Nahra (2006, p. 32) afirma que:
Os Conselhos Gestores de Políticas Públicas são canais institucionais, 
plurais, permanentes, autônomos, formados por representantes da 
sociedade civil e poder público, cuja atribuição é a de propor diretrizes das 
políticas públicas, fiscalizá-las, controlá-las e deliberar sobre elas, sendo 
órgãos de gestão pública vinculados à estrutura do Poder Executivo, ao 
qual cabe garantir a sua permanência.
A Constituição Federal de 1988 estabeleceu princípios mínimos norteadores da 
Administração Pública (BRASIL,1988).
A título de exemplo, temos dois importantíssimos princípios 
implícitos na Administração Pública: o princípio da supremacia 
do interesse público sobre o interesse privado e o princípio da 
indisponibilidade do interesse público.
Atenção
Assim, tanto a Administração Pública Direta quanto a Administração Pública 
Indireta de todos os poderes estão sujeitas aos princípios administrativos.
Administração pública direta
Compreende a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e seus 
respectivos órgãos. É assim nomeada pois tem suas atividades desenvolvidas pelo 
centro – trata-se da chamada centralização. Já na administração pública indireta, 
a prestação da atividade administrativa é retirada do núcleo ou do centro e é 
repassada para outros entes administrativos – descentralização, portanto.
7
Centralização: 
A atividade é desenvolvida pelo núcleo (administração pública direta).
Descentralização: 
A atividade é repassada para outros entes (administração pública indireta).
Tanto uma como a outra podem se organizar internamente, no intuito de distribuir 
funções e competências dentro de uma mesma pessoa jurídica. Quando isso 
ocorre, acontece o que chamamos de desconcentração.
Desconcentração: Resulta na criação de órgãos, que são centros 
de competências desprovidos de personalidade jurídica e que 
estão hierarquicamente subordinados à pessoa que os criou.É 
diferente da descentralização, que cria uma nova pessoa jurídica, 
não estando subordinada à pessoa que a criou.
Curiosidade
Administração pública indireta
Consiste na forma descentralizada de prestação da atividade administrativa. 
Sempre que houver descentralização administrativa, haverá, necessariamente, 
a criação de uma nova pessoa jurídica. Ela é formada pelas autarquias, pelas 
fundações públicas, pelas empresas públicas e pelas sociedades de economia 
mista. Essas entidades estão vinculadas à administração direta, entretanto, não 
estão subordinadas a ela.
Conceito de gestão e governança
Podemos definir a administração pública como um conjunto de órgãos, funcionários 
e procedimentos que o Estado usa para executar suas funções econômicas e os 
papéis que a sociedade lhe atribuiu em dado momento histórico (COSTIN, 2010). E 
8
é com base nesse contexto histórico que podemos dividir a Administração Pública 
em três modelos: patrimonialista, burocrático e gerencial.
Modelos de gestão pública
Modelo patrimonialista de gestãopública
Conforme Vieira (2016), a administração pública patrimonialista é derivada 
domodelo absolutista do século XVIII.
Como o nome sugere, está relacionado ao patrimônio – esse 
modelo não prevê a separação do patrimônio do Estado do 
patrimônio do governante.
Atenção
O Estado, então, era considerado uma propriedade do monarca e a população 
estava ali para servi-lo. Quem assumia um cargo público era considerado parte da 
nobreza real; portanto, essas posições eram muito cobiçadas, gerando corrupção e 
nepotismo, que marcaram esse período (VIEIRA,2016).
Outra característica desse modelo era a influência da religião na política, que 
dava ao monarca, além da autoridade real, o poder divino. Sendo assim, o povo 
devia lealdade a ele, não à nação, e qualquer tipo de ameaça ao governante era 
considerada, antes de tudo, um pecado (COSTIN, 2010).
A administração pública, inserida nesse contexto, era inexistente e, obviamente, não 
representava os interesses e a segurança da sociedade. Logo, tornou-se um modelo 
de gestão ineficiente e incabível.
Modelo burocrático de gestão pública
Este modelo surgiu no século XIX com o intuito de acabar com a corrupção e o 
nepotismo, trazendo um formato mais racional, rígido e autoritário na gerência dos 
processos que envolvem a administração pública. Para atingir essa eficiência, são 
9
utilizados alguns princípios, como desenvolvimento, profissionalização, hierarquia 
funcional, impessoalidade e formalismo, que serão descritos a seguir.
A profissionalização é baseada na meritocracia, ou seja, os profissionais são 
contratados de forma justa e promovidos por mérito. Em oposição ao nepotismo, 
a valorização e o crescimento do profissional estão atrelados ao seu bom 
desempenho (VIEIRA, 2016). Relacionado à profissionalização está outro princípio, 
a impessoalidade, na qual “os cargos pertencem à organização e não às pessoas, 
o que possibilita evitar a apropriação individual do poder” (VIEIRA, 2016, p. 34). 
Já o princípio da formalidade, nesse contexto, está atrelado aos deveres, às 
responsabilidades e à hierarquia administrativa.
A seguir, veja mais detalhes sobre os princípios básicos da administração 
burocrática (COSTIN, 2010).
1. Formalismo: 
Atividades, estruturas e procedimentos estão codificados em regras 
exaustivas para evitar a imprevisibilidade e instituir maior segurança jurí- 
dica nas decisões administrativas.
2. Impessoalidade: 
Interessa o cargo e a norma, e não a pessoa em sua subjetividade – aqui, 
as carreiras estão bem estruturadas, e a evolução do funcionário podeser 
prevista em bases objetivas.
3. Hierarquização: 
A burocracia contém uma cadeia de comando longa e clara, em que as 
decisões obedecem a uma lógica de hierarquia administrativa, prescrita em 
regulamentos expressos, com reduzida autonomia do administrador.
4. Rígido controle de meios: 
Para evitar a imprevisibilidade e introduzir ações corretivas a tempo, é 
necessário um constante monitoramento dos meios, especialmente dos 
procedimentos adotados pelosmembros da administração no cotidiano das 
suas atividade.
10
O modelo burocrático pareceu ser a melhor solução após o surgimento do Estado 
social, o qual trouxe consigo uma infinidade de tarefas e atribuições que, até então, 
não eram papel do governo, e algumas sequer existiam.
Se antes o Estado cuidava basicamente da proteção dos territórios 
e da administração de seus próprios bens, agora estava incumbido 
de prestar serviços como educação, saúde, vigilância sanitária, 
políticas sociais para combater desigualdades, entre outros.
Para dar conta de tudo isso,os seus princípios de comando, 
controle e rigidez nos processos pareciam a melhor saída para 
manter a eficiência da Administração Pública, controlando 
possíveis abusos e atitudes corruptas (COSTIN, 2010).
Saiba mais
No entanto, esses princípios trouxeram também alguns problemas. Preocupados 
em seguir os processos à risca, o excesso de regras e as extensas hierarquias 
desvirtuaram os funcionários de sua real função: servir os cidadãos com rapidez 
e eficiência. Eles estavam tão ensimesmados e focados em garantir o poder 
do Estado que acabaram afetando negativamente a população com processos 
morosos e inflexíveis (VIEIRA, 2016).
Apesar dessas falhas, o modelo burocrático perdurou ao longo dos Trinta Anos 
Gloriosos (1945-1973) e em parte dos anos 1980. Na segunda metade do 
séculoXX, porém, esse modelo entrou em crise por causa de vários fatores: a 
globalização econômica e suas transformações tecnológicas, que trouxeram mais 
competitividade e dinamismo ao mercado; a recessão econômica, decorrente das 
crises do petróleo em 1973 e 1979; a crise fiscal do Estado, que não conseguia mais 
financiar seus déficits; enfim, diversas mudanças que tornaram o Estado incapaz de 
resolver os problemas sociais decorrentes desses colapsos (VIEIRA, 2016). Esses 
fatores foram essenciais para que o Estado burocrático aos poucos fosse dando 
espaço ao modelo gerencial, o qual veremos aseguir.
11
Modelo gerencial de gestão pública
Nas palavras de Vieira (2016, p. 35), é baseado na“descentralização das decisões e 
das funções do Estado, a autonomia na gestão dos recursos humanos, materiais e 
financeiros e a ênfase na qualidade e na produtividade do serviço público”, com o 
objetivo de cortar custos e tornar o serviço público mais eficiente. 
Iniciado na Inglaterra em 1979 com a Primeira Ministra Margaret Thatcher, pode ser 
chamado também de Nova Gestão Pública. A aprovação do partido conservador 
significou uma conquista daqueles avessos ao Welfare state, isto é, o Estado de 
bem-estar social, cujo principal objetivo era a inserção de políticas públicas para 
assegurar as necessidades básicas do povo. O welfare state já estava em crise, com 
poucos recursos e poderes políticos enfraquecidos, portanto, e a vitória de Thatcher 
serviu como um catalisador para difundir o pensamento liberal contrário ao Estado 
burocrático.
Fechamento
Pode-se dizer que no Brasil, principalmente na década de 1930, reformas 
administrativas vêm acontecendo, levando o Estado a experimentar as falhas e as 
qualidades de diversos sistemas. Tais reformas fazem parte do amadurecimentos 
dos Estados, e não há mal nenhum nisso.
Talvez o Brasil encontre maiores dificuldades na consolidação da sua democracia 
exatamente por ser considerado uma democracia ainda em amadurecimento, já que 
passou a grande parte da história sob regimes autoritários,que, com seus defeitos, 
não evoluiram muito no quesito democracia.
12
Referências
ACQUAVIVA, M. Teoria Geral do Estado. São Paulo: Manole, 2010.
COSTIN, C. Administração Pública. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. 
NAHRA, C. M. L. Os conselhos municipais gestores de políticas públicas em Porto 
Alegre. Um panorama. Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Secretaria Municipal 
de Coordenação Política e Governança Local. Projeto: Conselhos Municipais –
Potencializando a Gestão Participativa, mar. 2006. Disponível em: <http://lproweb.
procempa.com.br/pmpa/prefpoa/observatorio/usu_doc/panorama.pdf>. Acesso 
em: 6 out. 2020.
VIEIRA, L. N. Administração Pública: modelos, conceitos, reformas e avanços para 
uma nova gestão. Curitiba: Intersaberes, 2016.
http://lproweb.procempa.com.br/pmpa/prefpoa/observatorio/usu_doc/panorama.pdf
http://lproweb.procempa.com.br/pmpa/prefpoa/observatorio/usu_doc/panorama.pdf
Estado: 
finalidade, 
formas de estado 
e formas de 
governo
 
SST
Codonho, Maria Leonor Paes Cavalcanti Ferreira
Estado: finalidade, formas de estado e formas de gover-
no / Maria Leonor Paes Cavalcanti Ferreira Codonho 
Local: 2020
nº de p. : 14
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Estado: finalidade, 
formas de estado e 
formas de governo
3
Apresentação 
Os Estados nacionais são um construção histórica e um fato consolidado na 
atualidade. Ser cidadão de um Estado traz diversas vantagens relacionados a 
direitos da personalidade, sociais e individuais. A existência dos Estados é um fato 
tão consolidado em nossas vidas que raramente nos questionamos sobre ele.
Neste estudo, o tema abordado será o Estado. Primeiro, será analisada a sua 
finalidade, isto é o porquê da existência dos Estados. Na segunda partes, o enfoque 
será nas formas de Estado, estudo que se refere às suas possíveis estruturas. Por 
fim, serão apresentadas o que são formas de governo e analisadas duas formas de 
governo específicas. 
Finalidade do estado
De acordo com Fuhrer e Milaré (2005), juridicamente falando, no plano externo o 
Estado visa defender sua independência e o território nacional e, no âmbito interno, 
manter a ordem pública, garantindo direitos e justiça.
Os autores sustentam que o Estado tem, também, como finalidade social promover 
o bem público, cabendo-lhe usar de todos os meios para favorecer ao indivíduo uma 
vida melhor.
Saúde pública
Fonte: Plataforma Deduca (2020).
4
Por exemplo, no Brasil, existe o Sistema Único de Saúde (SUS), que é uma política 
pública voltada para atender a todos os cidadãos brasileiros. O mesmo ocorre com 
a educação: a rede de escolas públicas deve garantir vagas e acesso a todos os 
cidadãos brasileiros para que cursem a Educação Básica. 
Que outros serviços devem ser fornecidos pelo Estado, pois são 
um direito do cidadão? Verifique se a lista que você fez constitui 
uma finalidade do Estado, como cumpridor do seu dever social. 
Curiosidade
Para cumprir com tais finalidades, o Estado se organiza em diferentes formatos. 
Formas de estado 
Quando falamos nas formas de Estado, nos referimos à sua estrutura. Enquanto 
alguns Estados apresentam-se como um todo homogêneo, com uma soberania 
absolutamente indivisa, outros surgem como um conjunto de outros Estados, 
fracionando, de certa maneira, soberania. Assim, segundo Fuhrer e Milaré (2005), o 
Estado é dividido em forma unitária e forma composta.
Forma unitária
O Estado unitário ou simples é formado por uma unidade indivisível e soberana. 
Esta soberania é exercida em dois âmbitos: frente ao povo e em relação aos outros 
Estados constituídos.
Nesse tipo de Estado, o governo nacional assume a direção exclusiva de todos os 
negócios públicos. Perceba, mesmo que exista uma divisão geográfica do Estado, 
como na Inglaterra, que possui distritos e condados, essas partes menores não 
possuem leis próprias: submetem-se totalmente à autoridade maior.
5
Inglaterra como um exemplo de Estado unitário
Fonte: Plataforma Deduca (2020)
Gusmão (1997) assinala que o Estado simples é aquele que, em regra, tem governo 
unitário, exercido em todo o seu território. Vale lembrar que, nesta forma, existe 
somente um Poder Executivo, um Poder Legislativo e um Poder Judiciário, todos 
centrais, com sede na capital. 
Fuhrer e Milaré (2005) destacam que nesse caso, todas as autoridades executivas 
ou judiciárias que existem no território são delegações do Poder Central, tirando 
dele sua força. São exemplos de Estados que adotam essa forma unitária: Espanha, 
França, Itália e Portugal.
Forma compostaO Estado composto surge quando dois ou mais Estados decidem se unir por 
algum motivo específico, como ocorreu quando Portugal e Espanha uniram-se pelo 
casamento realizado entre seus reis (Reino Unido de Castela e Aragão).
Atualmente, existem dois tipos de estados compostos: a federação e a 
confederação. 
6
Federação: 
a federação é formada pela união de várias unidades territoriais, chamadas de 
Estados-membros, que abdicam de sua soberania em favor da União Federal. 
Gusmão (1997) assinala que, na federação, o governo central é denominado 
de governo nacional ou federal, enquanto os governos regionais ou estaduais 
são aqueles que exercem o poder político nos territórios dos Estados-
membros que governam. O Brasil é um exemplo de federação. 
Fonte: Plataforma Deduca (2020)
Confederação: 
a confederação é formada por vários Estados soberanos que se unem por 
meio de tratados. Segundo Fuhrer e Milaré (2005), esta união pode ter em 
vista o desenvolvimento econômico, social, além de ampliar a segurança da 
população ou facilitar a defesa do território, por exemplo. 
Gusmão (1997) ressalta que, a confederação é a união de Estados soberanos 
para defesa em comum ou para realização de obra que visa o interesse de 
todos os seus membros. 
A confederação, por ser estabelecida por tratados internacionais, pode ter 
vida passageira: cada Estado pode se retirar a qualquer momento, embora 
isso nem sempre se realize na prática, pois os membros podem ser coagidos 
a permanecer na confederação. A ex-União Soviética era uma confederação 
formada por diferentes Estados-membros que ganharam autonomia com o fim 
da URSS. 
7
Fonte: Plataforma Deduca (2020)
Segundo Fuhrer e Milaré (2005), enquanto na federação os Estados-membros estão 
unidos por uma Constituição, de maneira que o Estado Federal é regulado pelo 
Direito Constitucional, na confederação os Estados estão ligados por um tratado 
internacional, regulados, portanto, pelo Direito Internacional 
Formas de Estado
Simples ou 
unitário
Não possui divisões que apresentem leis internas 
próprias.
Composto
Federação: os Estados-membros submetem-se totalmente ao poder central.
Confederação: Os Estados-membros conservam plena soberania. 
 
Fonte: Fuhrer e Milaré (2005)
8
Formas de governo
É importante distinguir as formas de Estado e as formas de governo. Segundo 
Martins (2010), as formas de governo são a monarquia e a república.
Monarquia
Na monarquia, quem governa e faz as leis é o soberano. Ele tem o poder supremo e 
vitalício. O trono é hereditário, ou seja, passado de pai para filho. 
Poder soberano
Fonte: Plataforma Deduca (2020).
A monarquia pode ser absoluta, limitada ou constitucional. Também pode ser 
categorizada em monarquia pura ou parlamentar.
Na monarquia absoluta, o governo caberá a um indivíduo que possuirá poderes 
ilimitados, fazendo e aplicando as leis. 
9
Na monarquia limitada o exercício do poder é feito por elementos aristocráticos e 
democráticos. A aristocracia é o governo de poucos, geralmente dos nobres e dos 
mais ricos.
A monarquia constitucional é aquela que ocorre quando o rei governa, mas sujeita-se 
às limitações previstas constitucionalmente. 
Na monarquia pura, o monarca é chefe de Estado e de governo.
Na monarquia parlamentar a chefia de governo é exercida pelo Gabinete ou Conselho 
de Ministros.
República
Segundo Martins (2010), a república é uma forma democrática de governo, exercida 
pelo povo, em seu benefício, por meio de voto. Na república os mandatos políticos 
são temporários e não há sucessão hereditária.
República por meio de votos
Fonte: Plataforma Deduca (2020).
O Brasil, desde sua instituição, passou por diferentes formas de Estado e de 
governo: foi Reino Unido a Portugal e Algarves (1815), viveu o sistema monarquista 
e o republicano, em diferentes modelos – incluindo o presidencialista e o 
parlamentarista. Passou, também, por ditaduras. É uma história que mostra a 
10
pluralidade de opções para reger as regras da convivência social, em que atuam as 
instituições de direito público e privado. 
Fechamento
Estudamos sobre alguns dos principais aspectos dos Estados. Como visto, além 
de serem formas de organização social complexas, os Estados cumprem funções 
e finalidade específicas como promover o bem comum, ser forte e garantir direitos 
sociais relacionados à saúde, educação etc.
Neste estudo, foi possível reconhecer que os Estados podem assumir formatos 
distintos, apesar de suas finalidades serem as mesmas. As classificações podem 
levar em conta tanto as estruturas como as formas de governo. 
11
Referências 
FUHRER, M. C. A.; MILARÉ, É. Manual de Direito Público e Privado. São Paulo: 
Revista dos Tribunais, 2005. 
GUSMÃO, P. D. de. Introdução ao Estudo do Direito. Rio de Janeiro: Forense, 1997. 
MARTINS, S. P. Instituições de Direito Público e Privado. São Paulo: Atlas, 2010.
Estado Democrático 
de Direito
 
SST
Sinflório, D.;
Estado Democrático de Direito / Débora Sinflório
Ano: 2020
nº de p.: 10 páginas
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Estado Democrático de Direito
3
Apresentação
Nesta Unidade, iremos estudar os elementos que compõem o Estado Democrático 
de Direito, que é a democracia ligada às questões do Direito. Na democracia em si é 
importante destacar que a compreensão do conceito de democracia é crucial para 
que seja possível entender as formas do regime democrático.
Assim, entender os mecaniamos democracia é de suma importância na 
construção do conceito que estamos iniciando o debate, ou seja, o Estado 
Democrático de Direito.
Formas de democracia
Democracia direta
O poder soberano e as questões políticas do Estado são exercidos pelo povo. Sobre 
esse tema, convém ressaltar que é comum encontrar doutrinadores que defendam 
a ação popular prevista na Constituição Federal brasileira de 1998, artigo 5ª, inciso 
LXXIII (qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a 
anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à 
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, 
ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da 
sucumbência), como instrumento de participação de democracia direta.
• Democracia indireta ou representativa:
as funções soberanas administrativas do Estado são realizadas pelo povo 
por meio de seus representantes eleitos para representá-los por determinado 
prazo legal.
• Democracia semidireta ou mista:
o povo delega ou exerce parte do poder. Ainda sobre tal tipo de democracia,
4
convém destacar que o povo dispõe de instrumentos democráticos, quais se 
destacam:
• Plebiscitos: 
a população é convocada para opinar sobre determinado assunto que esteja 
em debate para que opine antes que qualquer medida tenha sido adotada. A 
opinião popular apurada será a base para elaboração de lei posterior.
• Referendo: 
após o Congresso ter discutido e inicialmente aprovado uma lei, convocam-
se os cidadãos para que expressem opinião favorável ou contrária à nova 
legislação.
• Iniciativa Popular: 
outro instrumento de participação cidadã no qual os cidadãos 
constitucionalmente têm o direito de apresentar projetos de lei. No caso do 
Brasil, os projetos devem ser apresentados ao Congresso Nacional mediante 
a coleta de assinaturas de pelo menos 1% do eleitorado nacional, e que 
estejam os moradores assinantes localizados em pelo menos cinco estados 
brasileiros.
• Veto popular: 
ao cidadão é concedido o direito de vetar qualquer projeto de lei, 
independente das fases que tenha passado no processo legislativo. Não é 
admitido no Brasil.
• Recall: 
mediante voto popular, qualquer decisão judicial pode ser anulada. Adotada 
nos Estados Unidos.
5
Há participação do povo na democracia
Fonte: Plataforma Deduca (2020)
E você sabe quais são as formas do regime democrático adotadas no Brasil? 
Segundo a Nina Raniere (2019, p.325):
Estado Democráticode Direito é a modalidade do Estado constitucional e 
internacional de direito que, com o objetivo de promover e assegurar a mais 
ampla proteção dos direitos fundamentais, tem na dignidade humana o 
seu elemento nuclear e na soberania popular, na democracia e na justiça 
social os seus fundamentos. Nessa definição, a democracia acentua, por 
sua própria dinâmica (o exercício da soberania popular), a atualização do 
Estado. O Direito, de outra parte, representa o seu elemento conservador, 
de tal forma que os fins e objetivos estatais, assim como a sua forma 
de realização, são determinados pela via do livre processo político, sob a 
ordem jurídica.
A Constituição Federal de 1988 e o 
Estado Democrático de Direito
A Constituição Federal brasileira de 1988 prevê que o Brasil é um Estado 
Democrático de Direito, fato esse comprovado no caput do artigo 1º da 
Constituição, que assim dispõe: “A República Federativa do Brasil, formada pela 
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em 
Estado Democrático de Direito […]”.
6
Convém destacar que, ao elaborarem a Constituição de 1988, os legisladores 
somaram a expressão Democrático ao Estado de Direito outrora utilizado pelo país 
em constituições anteriores. Segundo Miguel Reale (2005, p. 149):
[…] o Estado deve ter origem e finalidade de acordo com o Direito manifestado 
livre e originariamente pelo próprio povo, excluída, por exemplo, a hipótese 
de adesão a uma Constituição outorgada por uma autoridade qualquer, 
civil ou militar, por mais que ela consagre os princípios democráticos. 
Poder-se-á acrescentar que o adjetivo “Democrático” pode também 
indicar o propósito de passar-se de um Estado de Direito, meramente 
formal, a um Estado de Direito e de Justiça Social, isto é, instaurado 
concretamente com base nos valores fundantes da comunidade. “Estado 
Democrático de Direito”, nessa linha de pensamento, equivaleria, em 
última análise, a “Estado de Direito e de Justiça Social”. A meu ver, esse é 
o espírito da Constituição de 1988. Não concordo, por conseguinte, com 
os juristas que consideram sinônimos os termos “Estado de Direito” e 
“Estado Democrático de Direito”. 
Considerando os dias atuais e a falta da ética política e social, é alarmante perceber 
que o objetivo de um Estado democrático de Direito, ou seja, de proteger os direitos 
fundamentais, tendo na dignidade humana o seu elemento nuclear e na soberania 
popular, na democracia e na justiça social os seus fundamentos têm tornado-se 
utópicos, pois a ética, a moral e o respeito estão sendo suprimidos na sociedade, 
cada vez mais corrompida.
A busca pela felicidade que outrora estava associada à virtude e valores, bem como 
à ética e à moral, na atualidade, tem sido associada à conquista de bens e prestígio, 
na qual o homem, em grande parte, ao invés de buscar a felicidade, busca no 
acúmulo de bens e na fama o sentido de ser feliz.
E quanto à política e aos valores éticos que cada parlamentar deveria 
comprometer-se e zelar para assegurar que o voto lhe concedido 
democraticamente pelo povo seja utilizado para o bem, em realidade em sua 
grande maioria tem sido menosprezado em favorecimento de fins pessoais ou 
de terceiros, corrompendo os valores éticos, morais e a política, alimentando a 
rejeição pública sobre temas políticos.
7
Os critérios dentro do conceito 
“democrático”
Um regime político pode ser chamado de “democrático” se satisfizer, de forma 
substancial, três critérios básicos: inclusão, competitividade e institucionalização 
de direitos civis e políticos fundamentais.
No regime político democrático há critérios básicos destinados à participação do povo
Fonte: Plataforma Deduca (2020).
• A inclusão 
refere-se ao fato de que as posições mais importantes nas áreas de 
autoridade executiva e legislativa são eletivas e a maior proporção possível 
de membros adultos da comunidade política pode participar dessas eleições.
• A competitividade 
significa não só que as eleições são competitivas, mas, também, e isso é 
muito importante, que a oposição possa operar sem obstáculos entre as 
eleições.
8
• Institucionalização de direitos civis: 
processo devido, associação, prática religiosa, liberdade de expressão e 
políticos fundamentais (votação, candidatura, etc.) são institucionalizações 
quando podem ser efetivamente exercidas, novamente, pela maior proporção 
possível de cidadãos.
A qualidade de uma democracia pode flutuar ao longo dessas dimensões, que são 
variações ordinais, pois são baixo condicionantes. Exemplo: se as autoridades 
forem eleitas, se o sufrágio for universal, se as eleições forem competitivas, se a 
oposição for permitida aos que exercem o poder, se os direitos civis e políticos 
podem ser exercidos por todos ou apenas por elites, etc.
Em geral o poder absoluto, mesmo quando baseado no consentimento dos 
cidadãos, é a negação da democracia. Os limites em questão podem ser 
consagrados em leis que determinam o que os governantes podem ou não fazer, ou 
podem ser baseadas em práticas consideradas legítimas por todos os importantes 
atores sociais e políticos.
Em qualquer caso, essas leis e práticas são institucionalizadas quando 
efetivamente limitam o poder daqueles que exercem o poder executivo, ou seja, o 
presidente ou o primeiro-ministro, as democracias republicanas e plebiscitárias.
A realidade é que, no caso brasileiro, por exemplo, a sociedade em geral não 
acredita na política e não consegue enxergar o paralelo ou a união entre a ética e 
política outrora defendida por pensadores como Aristóteles. 
Uma das principais razões pela desconfiança e o desprestigio é a corrupção 
no setor político. O surgimento de inumeráveis casos envolvendo políticos e 
partidos políticos em casos de corrupção fez com que expressiva parcela da 
população buscasse “limpar” o governo de indivíduos corruptos e antiéticos. 
Contudo, na realidade prática, a população acompanhou que o problema não era 
somente a violação dos valores éticos, morais e governamentais, mas também 
o companheirismo partidário político que impede que os seus sejam julgados e 
condenados por seus crimes.
9
Casos de políticos investigados com malas de dinheiro, gravações 
comprometedoras, em diversos casos não foram suficientes para que determinados 
políticos e empresários fossem presos, demonstrando a face da corrupção no país 
e os entraves legais. 
Índice da corrupção mundial
Fonte: Plataforma Deduca (2020).
Segundo dados colhidos pela Organização Não-Governamental Transparência 
Internacional, entidade responsável por publicar dados estáticos do nível de 
corrupção mundial, comprovou-se que o Brasil, no ano de 2016, ocupava a posição 
de número 79 entre os países mais corruptos do mundo. Um dos países menos 
corruptos do mundo é a Dinamarca, ao contrário da Somália, que por dez anos 
seguidos segue ocupando a posição entre os países mais corruptos do mundo.
Fechamento
O art. 1º da Constituição Federal do Brasil apresenta como fundamento o Estado 
Democrático de Direito, onde há união entre a igualdade do povo (democracia) e as 
leis (direito). A democracia representa um governo do povo e para o povo, onde a lei 
é a base desta.
O ser humano é dotado de valores éticos, os quais deverão possibilitar uma 
participação coerente e correta dentro da política, eliminando desvios de conduta 
ou postura.
10
Referências
DIAS, R. Ciência Política. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2013.
FLAMARION, C. R.; MELO, R.; FRATESCHI, Y. Manual de Filosofia Política: para os 
cursos de teoria do estado e ciência política, filosofia e ciências sociais 3. ed. São 
Paulo: Saraiva, 2018.
LA TAILLE, Y. de. Moral e Ética: dimensões intelectuais e afetivas. Porto Alegre: 
Artmed, 2006.
MONTESQUIEU, C. de S. O espírito das leis: as formas de governo, a federação, a 
divisão dos poderes. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.
RANIERI, N.B.S. Teoria do Estado: do Estado de Direito ao Estado Democrático de 
Direito. Barueri, SP: Manole, 2019.
REALE, M. O Estadodemocrático de direito e o conflito das ideologias. 3. ed. São 
Paulo: Saraiva, 2005.
VANIER, J. Aristóteles para quem busca a felicidade: A resposta da filosofia para 
aquilo que todos nós buscamos. (s.c.): Kindle Edition, 2016.
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Controle de Constitucionalidade 
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Sumário 
Sumário ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 3 
1 Controle de Constitucionalidade ---------------------------------------------------------------------- 4 
1.1 Origem do controle concentrado de constitucionalidade ---------------------------------------------------- 4 
2 Controle concentrado de constitucionalidade no Brasil ---------------------------------------- 5 
3 Ações específicas do controle judicial abstrato --------------------------------------------------- 8 
3.1 Ação direta de inconstitucionalidade (ADI) ----------------------------------------------------------------------- 8 
3.1.1 Legitimados ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 11 
3.1.2 Efeitos da decisão ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 12 
3.2 Ação de inconstitucionalidade por omissão (ADO) ----------------------------------------------------------- 14 
3.2.1 Legitimados ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 16 
3.2.2 Efeitos da decisão ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 16 
3.3 Ação declaratória de constitucionalidade (ADC) -------------------------------------------------------------- 17 
3.3.1 Legitimados ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 18 
3.3.2 Efeitos da decisão ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 18 
3.4 Arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF)------------------------------------------ 19 
3.4.1 Pressupostos gerais de cabimento ------------------------------------------------------------------------------------------- 20 
3.4.2 Legitimados ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 22 
3.4.3 Efeitos da decisão ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 22 
4 Referências Bibliográficas ------------------------------------------------------------------------------ 23 
 
 
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Controle de Constitucionalidade 
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1 Controle de Constitucionalidade 
A doutrina tem como marco histórico do controle de constitucionalidade o 
precedente Marbury v. Madison, que, em 1803, deu origem ao que conhecemos hoje 
como controle difuso de constitucionalidade. Nesse controle, também conhecido 
como modelo americano, “a fiscalização constitucional é realizada por todos os órgãos 
judiciais do ordenamento, sendo mais preciso denominá-lo universal”. Assim, no 
modelo difuso, o controle de constitucionalidade pode ser realizado por todos os 
órgãos do poder judiciário, mas claro, cada um dentro de suas competências 
(DIMOULIS e LUNARDI, 2016). 
 
Posteriormente, já em 1920, o jurista austríaco Hans Kelsen fundou o sistema 
concentrado de constitucionalidade, também conhecido como sistema europeu ou 
austríaco, devido a sua origem. No modelo concentrado de constitucionalidade, tema 
de estudo da nossa aula de hoje, o controle ocorre quando o ato de 
inconstitucionalidade é apreciado por um órgão superior, seja uma Corte 
Constitucional seja a Suprema Corte ou, no caso do Brasil, o Supremo Tribunal Federal, 
e não por vários tribunais como ocorre no controle difuso. 
 
No entanto, no Brasil, como veremos melhor adiante, embora inicialmente tenha-se 
adotado o sistema americano (difuso), com a promulgação da Constituição Federal de 
1988 o sistema europeu (concentrado) também foi inserido no ordenamento jurídico 
pátrio, transformando o Brasil em um dos países que adotam o controle misto ou 
híbrido. Neste modelo, conforme destacam Dimitri Dimoulis e Soraya Lunard (2016), 
há a possibilidade do Tribunal Supremo se manifestar de forma concentrada sobre a 
constitucionalidade de determinadas leis, ao mesmo tempo que os tribunais de 
primeira instância (qualquer juiz) podem realizar o controle de forma difusa, dentro 
dos limites de sua competência. 
 
1.1 Origem do controle concentrado de constitucionalidade 
O sistema concentrado de constitucionalidade surge na Europa juntamente com a 
promulgação da Constituição Austríaca em 1920 por meio de seu precursor Hans 
Kelsen. Diferente do modelo americano (difuso), em que o controle de 
constitucionalidade é realizado por todos os órgãos do poder judiciário, o sistema 
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Controle concentrado de constitucionalidade no Brasil 
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europeu tem como principal característica a concentração do controle em apenas um 
órgão, na Suprema Corte, ou também conhecida como Corte Constitucional. 
 
De acordo com Luís Roberto Barroso (2016), “para Kelsen, o controle de 
constitucionalidade não seria propriamente uma atividade judicial, mas uma função 
constitucional, que melhor se caracterizaria como atividade legislativa negativa.Idealizador do controle concentrado em um tribunal constitucional, considerava que 
a lei inconstitucional era válida até que uma decisão da corte viesse a pronunciar sua 
inconstitucionalidade. Antes disso, juízes e tribunais não poderiam deixar de aplicá-la. 
Após a decisão da corte constitucional, a lei seria retirada do mundo jurídico”. 
Conforme destaca o autor, era justamente com essa medida que Kelsen pretendia 
evitar um “governo de juízes”. 
 
No entanto, esse pensamento não perdurou por muito tempo. Em 1933 a Corte foi 
dissolvida em virtude do Decreto Presidencial nº 191, após a implementação de uma 
ditadura do Poder Executivo que posteriormente culminaria na junção da Áustria à 
Alemanha, que já estava sob o poder dos nazistas. Porém, conforme destacam Gilmar 
Mendes e Paulo Branco (2021), “terminado o conflito, a revelação dos horrores do 
totalitarismo reacendeu o ímpeto pela busca de soluções de preservação da dignidade 
humana, contra os abusos dos poderes estatais”. 
 
Assim, após o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, a Corte foi novamente 
instituída, agora com uma significativa ampliação no rol de legitimados para requerer 
a realização do controle de constitucionalidade, pois, depois de todas as atrocidades 
vivenciadas na época, percebeu-se que era necessária a existência de um instrumento 
capaz de zelar pelas normas constitucionais. Rapidamente, o modelo de justiça 
constitucional idealizado inicialmente por Kelsen se espalhou pela Europa, juntamente 
com o processo de democratização dos países. 
 
2 Controle concentrado de constitucionalidade no Brasil 
Durante a vigência das primeiras Constituições, quando o Brasil ainda caminhava sob 
o regime imperial, não existia qualquer forma de controle de constitucionalidade, ele 
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Controle concentrado de constitucionalidade no Brasil 
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foi introduzido no ordenamento jurídico brasileiro apenas em 1891 juntamente com 
o surgimento da República. Inicialmente, devido à forte influência americana no 
processo legislativo, o modelo de controle de constitucionalidade adotado pelo Brasil 
foi aquele desenvolvido pela Suprema Corte Norte-americana, realizado de forma 
incidental e difusa. O modelo americano permaneceu soberano até a promulgação da 
Constituição de 1988, quando o legislador insere no ordenamento jurídico a 
possibilidade do controle de constitucionalidade por via principal e concentrada, 
modelo baseado no europeu ou Austríaco. 
 
Assim, apesar de muitos doutrinadores considerarem o sistema de controle de 
constitucionalidade brasileiro como essencialmente difuso, já que foi o primeiro a 
surgir nas Constituições do país, o Brasil é um exemplo de sistema misto, já que 
combina tanto elementos do sistema concentrado (Austríaco) quanto do sistema 
difuso (Norte-americano). Esse terceiro modelo, que compila regras dos outros dois 
sistemas, é amplamente utilizado em países da América Latina. 
 
Segundo Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino (2017), o controle de 
constitucionalidade adotado pelo Brasil possui características singulares que se 
diferenciam da maioria dos outros Países, “Nele se conjugam os modelos difuso, 
oriundo do direito americano, possibilitando a todos os órgãos do Poder Judiciário a 
realização do controle incidental da constitucionalidade de leis e atos normativos, e 
concentrado, proveniente dos países europeus continentais, em que o órgão de 
cúpula do Poder Judiciário realiza o controle abstrato da constitucionalidade de 
normas jurídicas”. 
 
Neste sentido, destacam Dimitri Dimoulis e Soraya Lunard (2016) que “por mais que 
se procure, na Europa não será encontrado Tribunal com as competências e os ritos 
processuais do STF ou do Tribunal Constitucional da Bolívia, que são resultados 
peculiares de uma experiência histórica diversa da europeia”. Isto é, ao mesmo tempo 
que os Tribunais Superiores, no caso do Brasil o STF, decidem de forma concentrada 
sobre a constitucionalidade das normas, os tribunais de instâncias inferiores atuam no 
controle de constitucionalidade de forma difusa. 
 
Elementos de Teoria do Estado e de Jurisdição Constitucional | 
Controle concentrado de constitucionalidade no Brasil 
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De acordo com Lenio Streck (2018), “o controle concentrado de constitucionalidade é 
relativamente novo em nosso País. [...] até novembro de 1965 vigorava no Brasil o 
controle difuso de constitucionalidade, sendo que somente pela EC 16 é que foi 
introduzida essa novidade [...]. Até então, mantínhamo-nos fiéis à matriz norte-
americana, de controle eminentemente jurisdicional e difuso (judicial review)”. Com 
isso, o Brasil passa a fiscalizar a constitucionalidade não só das leis em sentido estrito, 
mas também todos os atos administrativos, as resoluções dos tribunais, decretos e 
portarias existentes no poder executivo e os demais atos, ainda que não sejam 
reconhecidos como essencialmente legislativos, dependendo do seu conteúdo, serão 
objeto do controle difuso ou concentrado de constitucionalidade. 
 
Geralmente, o controle concentrado de constitucionalidade é aquele realizado de 
forma abstrata, ou seja, que não se vincula juridicamente a interesses particulares e 
nem a um caso em concreto. Neste caso, a inconstitucionalidade da norma é verificada 
de forma abstrata e o julgador analisará apenas a sua compatibilidade com o texto 
constitucional, por meio de ações propostas diretamente no STF (ADI, ADC, ADO e 
ADPF), com o único intuito de eliminar a norma tida como inconstitucional do 
ordenamento jurídico, não admitindo-se que a parte (legitimado) desista da ação, pois 
se trata de um interesse indisponível e independe de um processo concreto. 
 
Além disso, considerando que esse modelo se vale de ações específicas propostas 
diretamente no Supremo, a via de ação é a principal. Isto é, a demanda se inicia com 
a indagação sobre a constitucionalidade da norma ou do ato e se encerra com uma 
sentença reconhecendo a procedência ou não do pedido realizado na inicial. No 
entanto, ainda é possível, em caráter excepcional, que o controle seja realizado de 
forma incidental, quando no decorrer do processo comum, a parte ou o julgador, de 
ofício, questionam a constitucionalidade da lei ou do ato antes da sentença. 
 
Portanto, é possível dizer que no Brasil adotamos um sistema combinado, pois, 
conforme destacam Dimitri Dimoulis e Soraya Lunardi (2016), as “ações cujo único 
objeto é a declaração de inconstitucionalidade, como a ADIn, estão previstas em 
paralelo ao controle de constitucionalidade realizado por qualquer tribunal no 
decorrer de um processo comum. Mesmo no âmbito de uma ADIn, o STF pode 
examinar incidentalmente e de ofício uma norma que não foi impugnada, mas que 
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Ações específicas do controle judicial abstrato 
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deveria ser aplicada para responder a demanda principal. Assim, podemos ter uma 
declaração incidental de inconstitucionalidade no controle principal e abstrato”. 
 
3 Ações específicas do controle judicial abstrato 
O controle judicial abstrato no Brasil pode ser exercido por meio da ação direta de 
inconstitucionalidade (ADI), da ação direta de inconstitucionalidade por omissão 
(ADO), da ação declaratória de constitucionalidade (ADC) e da arguição de 
descumprimento de preceito fundamental (ADPF), as quais veremos melhor na 
sequência. 
 
3.1 Ação direta de inconstitucionalidade (ADI) 
A ação direta de inconstitucionalidade, comumente conhecida como ADI, é uma das 
ações típicas do controle judicial abstrato, prevista no art. 102, inciso I, alínea “a” da 
Constituição Federal, tem o intuito somente de aferir a constitucionalidade de lei ou 
ato normativo objeto da ação. Nas palavras de Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino 
(2017), na ADI “a inconstitucionalidadeda lei é declarada em tese, vale dizer, sem que 
esteja sob apreciação qualquer caso concreto, já que o objeto da ação é justamente o 
exame da validade da lei em si. A declaração da inconstitucionalidade não é incidental, 
não ocorre no âmbito de controvérsia acerca de caso concreto que envolva aplicação 
de uma lei cuja validade se questiona; a própria ação tem por fim único o 
reconhecimento da invalidade da lei ou ato normativo impugnado”. 
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, 
cabendo-lhe: 
I - processar e julgar, originariamente: a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato 
normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato 
normativo federal. 
 
A ação tem por objetivo manter a supremacia e a ordem constitucional, retirando do 
ordenamento jurídico todas as normas que violem as diretrizes e os preceitos 
constitucionalmente estabelecidos. Como descrito por Dimitri Dimoulis e Soraya 
Lunardi (2016), “além de preservar a supremacia constitucional, a ADIn, tal como as 
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demais ações do controle de constitucionalidade abstrato, objetiva preservar a 
segurança jurídica, impedindo que surjam decisões discrepantes sobre a 
constitucionalidade”. 
 
Contudo, esse controle abstrato do qual decorre a ação direta de 
inconstitucionalidade não é realizado somente no âmbito federal, através do Supremo 
Tribunal Federal, sendo também conferido aos Estados-membros, de modo que os 
Tribunais de Justiça possuem competência para julgar as ADIns propostas para 
verificar a (in)constitucionalidade de leis estaduais e municipais em face das 
Constituições dos Estados (art. 125, §2º, CF). Contudo, em que pese exista essa 
delegação de competência do âmbito federal ao estadual e municipal, os efeitos da 
ação permanecem os mesmos, toda ADI terá, em regra, efeito erga omnes e ex tunc. 
Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta 
Constituição. 
§ 2º Cabe aos Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade de leis ou atos 
normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual, vedada a atribuição da 
legitimação para agir a um único órgão. 
 
Desta forma, se houver uma violação de lei federal em relação à Constituição Federal, 
a competência para processar e julgar a ação direta de inconstitucionalidade será do 
Supremo Tribunal Federal, afinal cabe a ele zelar pelos princípios constitucionalmente 
estabelecidos, nos termos do art. 102, inciso I, alínea “a” da CF. Da mesma forma que 
será de competência do STF se uma lei estadual violar a norma maior. No entanto, a 
competência será alterada e passa ao Tribunal de Justiça caso a violação da norma 
seja com relação à Constituição do Estado ou do Município, uma vez que cada Estado 
tem a obrigação de zelar pelos princípios constitucionalmente estabelecidos em seus 
respectivos territórios. 
 
Além disso, é possível que uma norma contrarie, ao mesmo tempo, preceitos 
estabelecidos na Constituição Estadual e na Constituição Federal, já que a primeira 
reproduz muitos aspectos apresentados na segunda. Assim, em face de uma violação 
estadual e federal, destaca Flávio Martins (2019), a competência será de ambos, de 
modo que será cabível tanto uma ADI no Tribunal de Justiça do estado que teve sua 
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constituição violada, quanto no Supremo Tribunal Federal por violação à Constituição 
Federal, porém se ajuizadas concomitantemente, segundo a jurisprudência 
predominante no STF, a ADI federal suspende a ADI estadual. 
Ação direta de inconstitucionalidade. Pedido de liminar. Lei nº 9.332, de 27 de dezembro de 
1995, do Estado de São Paulo. - Rejeição das preliminares de litispendência e de continência, 
porquanto, quando tramitam paralelamente duas ações diretas de inconstitucionalidade, uma 
no Tribunal de Justiça local e outra no Supremo Tribunal Federal, contra a mesma lei estadual 
impugnada em face de princípios constitucionais estaduais que são reprodução de princípios 
da Constituição Federal, suspende-se o curso da ação direta proposta perante o Tribunal 
estadual até o julgamento final da ação direta proposta perante o Supremo Tribunal Federal, 
conforme sustentou o relator da presente ação direta de inconstitucionalidade em voto que 
proferiu, em pedido de vista, na Reclamação 425. - Ocorrência, no caso, de relevância da 
fundamentação jurídica do autor, bem como de conveniência da concessão da cautelar. 
Suspenso o curso da ação direta de inconstitucionalidade nº 31.819 proposta perante o 
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, defere-se o pedido de liminar para suspender, ex 
nunc e até decisão final, a eficácia da Lei n 9.332, de 27 de dezembro de 1995, do Estado de 
São Paulo. 
(ADI 1423 MC, Relator(a): MOREIRA ALVES, Tribunal Pleno, julgado em 20/06/1996, DJ 22-11-
1996 PP-45684 EMENT VOL-01851-01 PP-00120) 
 
Outro ponto interessante é com relação à norma municipal que viole os preceitos 
estabelecidos na Constituição Federal, pois neste caso não cabe ADI estadual ou 
federal, afinal não cabe ao Tribunal de Justiça analisar violações à Constituição Federal, 
exceto quando a norma violar de forma simultânea as Constituições Estadual e 
Federal, e o Supremo Tribunal Federal, que seria o responsável, é vedado por expressa 
previsão do art. 102, I, “a”, o qual prevê a competência para decidir somente sobre lei 
federal ou estadual. Assim, além do controle difuso, no qual a inconstitucionalidade 
da norma poderá ser suscitada perante qualquer juiz ou tribunal, resta ao legitimado, 
no controle concentrado, a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 
(art. 102, I, “a”, segunda parte). 
 
Ainda, no caso do Distrito Federal, considerando que ele possui atribuições Estaduais 
e Municipais, existem algumas particularidades quanto ao controle de 
constitucionalidade realizado em suas normas. A Lei Orgânica do DF, por força do art. 
32 da CF, equipara-se à Constituição Estadual, portanto se houver uma violação de lei 
distrital, caberá contra ela ADI, direcionada ao Tribunal de Justiça do DF. Agora, se a 
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lei distrital violar o texto da Constituição Federal, a competência para julgar dependerá 
da natureza da norma, pois o DF possui tanto a competência municipal quanto a 
competência estadual. Assim, diante de uma violação constitucional de norma distrital 
cuja competência seja municipal, caberá ADPF, uma vez que o tratamento será o 
mesmo dado às leis municipais. Já se a violação decorrer de uma norma distrital cuja 
competência seja estadual, caberá ADI direcionada ao STF, nos termos do art. 102, I, 
“a” da CF. 
 
3.1.1 Legitimados 
Os legitimados para propor ação direta de inconstitucionalidade estão elencados em 
um rol taxativo previsto no art. 103 da Constituição Federal e no art. 2º da Lei 9.868/99. 
Os entes trazidos pelo artigo são classificados pela doutrina como legitimados 
universais (neutros) e especiais (interessados), da seguinte forma: 
→ LEGITIMADOS UNIVERSAIS 
 Presidente da República; 
 Mesa do Senado e da Câmara dos Deputados; 
 Procurador Geral da República; 
 Conselho Federal da OAB; 
 Partido Político com representação no Congresso Nacional. 
 
→ LEGITIMADOS ESPECIAIS 
 Mesa da Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do DF; 
 Governadores dos Estados ou do DF; 
 Confederações sindicais ou entidades de classe de âmbito nacional. 
 
Essa diferenciação entre legitimados universais e especiais é importante para a 
satisfaçãodo requisito da pertinência temática definido pelo Supremo Tribunal 
Federal e tido como essencial para os legitimados especiais, já que eles devem 
demonstrar a existência de um vínculo entre o objeto da ADI e a atividade que 
desempenham. Conforme destaca Flávio Martins (2019), “a pertinência temática deve 
ser vista como uma condição da ação, na modalidade interesse de agir. Trata-se de 
um interesse especial no objeto da ação, que deve ser provado pelo autor da ADI”. O 
critério da pertinência temática não é exigido dos legitimados considerados universais, 
ou seja, eles podem ajuizar ADI sobre qualquer assunto, independentemente da 
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existência do vínculo de sua atividade com o objeto da ação. 
 
3.1.1.1 Capacidade postulatória 
Segundo a jurisprudência do STF, somente alguns dos legitimados do art. 103 da 
Constituição possuem capacidade postulatória e podem propor Ação Direta de 
Inconstitucionalidade por si só, independentemente da figura do advogado, mesmo 
que não sejam habilitados pela Ordem dos Advogados do Brasil, podendo, inclusive, 
praticar diretamente todos os atos ordinariamente privativos de advogados. Os 
legitimados que possuem capacidade postulatória são: a) Presidente da República; b) 
Mesa do Senado Federal e da Câmara dos Deputados; c) Mesa de Assembleia 
Legislativa ou da Câmara Legislativa do DF; d) Governador de Estado ou do DF; e) 
Procurador-Geral da República; f) Conselho Federal da OAB. 
 
Portanto, os partidos políticos com representação no Congresso Nacional, as 
confederações sindicais e as entidades de classe de âmbito nacional não possuem 
capacidade postulatória e, por isso, só podem propor ações do controle abstrato por 
meio de um advogado regularmente inscrito nos quadros da OAB. 
 
3.1.2 Efeitos da decisão 
A decisão que reconhece a inconstitucionalidade de determinada norma pode ter dois 
efeitos, os que possuem reflexos pessoais e os que possuem reflexos temporais. O 
alcance pessoal dos efeitos da decisão proferida em sede de ADI é vinculante e contra 
todos, ou seja, a decisão possui o que chamamos de efeito erga omnes. Flávio Martins 
(2019) afirma que isso ocorre “porque a Ação Direta de Inconstitucionalidade consiste 
num controle abstrato de constitucionalidade, num processo objetivo, sem que haja 
réus, por exemplo. Assim, depois de uma análise abstrata da constitucionalidade da 
lei, a decisão do Supremo Tribunal Federal produzirá efeitos contra todos (erga 
omnes)”. 
 
No mesmo sentido, Dimitri Dimoulis e Soraya Lunard (2016) afirmam que o efeito erga 
omnes é característico do controle concentrado, “elaborado para que a declaração de 
inconstitucionalidade apresente efeitos gerais. A norma é anulada ou declarada ab 
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initio nula por violar dispositivos constitucionais, atingindo todos os interessados, 
independentemente de sua participação ao processo. A eliminação da norma gera o 
denominado efeito vinculante”. Esse também é o entendimento manifestado no 
parágrafo único do art. 28 da Lei 9.868/99. 
Art. 28. [...] 
Parágrafo único. A declaração de constitucionalidade ou de inconstitucionalidade, inclusive a 
interpretação conforme a Constituição e a declaração parcial de inconstitucionalidade sem 
redução de texto, têm eficácia contra todos e efeito vinculante em relação aos órgãos do Poder 
Judiciário e à Administração Pública federal, estadual e municipal. 
 
Por outro lado, com relação ao alcance temporal dos efeitos da decisão, em regra 
podemos classificar como ex tunc, pois quando determinada norma é declarada 
inconstitucional a decisão afeta sua validade, tornando-a nula desde o seu 
nascimento. Conforme destacam Dimitri Dimoulis e Soraya Lunard (2016), “no Brasil, 
tradicionalmente a decisão sobre a inconstitucionalidade é considerada declaratória, 
consistindo na verificação e proclamação de um vício que existia desde o início. Em 
decorrência disso, proclama-se que o fato ou ato jurídico objeto do controle ‘nunca 
existiu’ de iure, tendo a declaração efeito retroativo (ex tunc)”. 
 
No entanto, é possível que o STF module os efeitos temporais da decisão, o art. 27 da 
Lei 9.868/99 autoriza “o Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus 
membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia 
a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado”. Isto 
é, em regra, a decisão manifestada em sede de ADI será declaratória de 
inconstitucionalidade e, portanto, terá efeitos vinculativos erga omnes e ex tunc 
(retroativos), mas nada obsta que se cumpridos os requisitos estabelecidos no art. 27, 
o Supremo Tribunal Federal fixe a data a partir da qual sua decisão produzirá efeitos. 
 
De acordo com Flávio Martins (2016), “várias são as hipóteses: a) em regra, os efeitos 
da decisão são retroativos (retroagindo até o nascimento da lei – efeito ex tunc); b) o 
STF pode determinar que sua decisão retroaja apenas por um período posterior a 
edição da lei – alguns meses, alguns anos etc.; c) o STF pode determinar que sua 
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decisão não retroagirá, produzindo efeitos a partir do trânsito em julgado (efeito ex 
nunc); d) o STF pode determinar que sua decisão produzirá efeitos somente no futuro 
– depois de alguns meses, anos etc. (é o chamado efeito pro futuro ou prospectivo). 
Neste caso, a decisão do STF, em vez de ser declaratória, será constitutiva, pois 
manterá os efeitos já produzidos pela lei inconstitucional, determinando, criando um 
momento a partir do qual os efeitos de sua decisão serão gerados”. 
 
3.2 Ação de inconstitucionalidade por omissão (ADO) 
A ação de inconstitucionalidade por omissão (ADO) é uma das novidades trazidas pela 
Constituição Federal de 1988. Prevista no § 2º do art. 103, a ADO tem o condão de 
atacar as normas e atos que se mantêm omissos em face das normas constitucionais. 
No entanto, é importante destacar, logo de início, que a ação não pode ser oposta a 
qualquer tipo de omissão legislativa, já que este fenômeno pode ocorrer de formas 
distintas, de modo que um deles é atacável por ADO, e o outro, por mandado de 
injunção, o qual será suscitado sempre que a falta de norma regulamentadora tornar 
inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas 
inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania (art. 5º, LXXI, CF). 
 
Conforme destaca Luís Roberto Barroso (2016), “a omissão inconstitucional pode se 
dar no âmbito dos três Poderes, pela inércia ilegítima em adotar-se uma providência 
(i) normativa, (ii) político-administrativa ou (iii) judicial. Relativamente às omissões de 
natureza político-administrativa, existem remédios jurídicos variados, com destaque 
para o mandado de segurança e a ação civil pública. As omissões judiciais, por sua 
vez, deverão encontrar reparação no sistema de recursos instituídos pelo direito 
processual, sendo sanadas no âmbito interno do Judiciário. Por essa razão, o 
tratamento constitucional da inconstitucionalidade por omissão refere-se às omissões 
de cunho normativo, imputáveis tanto ao Legislativo, na edição de normas primárias, 
quanto ao Executivo, quando lhe toque expedir atos secundários de caráter geral, 
como regulamentos, instruções ou resoluções”. 
 
Assim, a omissão que será objeto do controle de constitucionalidade é aquela por 
ausência de complemento normativo, conforme definido no § 2º do art. 103 – 
“omissão de medida para tornar efetiva norma constitucional” – e no inciso I do art. 
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12-B da Lei 9.868/99 – “quanto ao cumprimento de dever constitucional de legislar ou 
quanto à adoção de providência de índole administrativa”. Esse tipo de omissão 
advém das chamadas “normas constitucionais de eficácia limitada de princípio 
institutivo”, uma vez que que elas geram ao Poder Público a obrigação de legislar, 
pois sem o devido complemento não são capazes, por si só, de produzir todos os seus 
efeitos. 
 
Nas palavras de Flávio Martins (2019), “existem duas espécies de inconstitucionalidade 
por omissão por ausência de complemento normativo: a) omissão total ou absoluta; 
b) omissão parcial. Na primeira, a norma infraconstitucional que regulamentaria a 
norma constitucional de eficácia limitada não existe por completo. [...] Por sua vez, a 
omissão pode ser parcial, quando, embora existindo o complemento, ele não regula 
a norma constitucional por completo”. Contudo, ainda que seja possível essa 
diferenciação em omissão total e parcial, no final das contas, o que define a aplicação 
da medida não é o grau de cumprimento dos deveres legislativos, mas a omissão da 
norma em si, se houve ou não a violação do dever de legislar. 
 
Desta forma, segundo Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino (2017) “a ADO tem como 
objeto a chamada omissão inconstitucional, que ocorre quando uma norma 
constitucional deixa de ser efetivamente aplicada pela falta de atuação normativa dos 
órgãos dos poderes constituídos”. No entanto, de acordo com os autores, dentre os 
diversos tipos de omissões, “na ADO só poderão ser impugnadas omissões normativas 
federais e estaduais, bem como as omissões do Distrito Federal concernentes a suas 
competências estaduais. As omissões de órgãos municipais (e do Distrito Federal, 
relativas as suas atribuições municipais) não se sujeitam a impugnação em ADO 
perante o Supremo Tribunal Federal”. 
 
Assim, possui competência para processar e julgar as ações de inconstitucionalidade 
por omissão, tal como na ação direta de inconstitucionalidade, o Supremo Tribunal 
Federal, por força do art. 102, I, “a” da Constituição Federal. A matéria também foi 
disciplinada pela Lei 12.063/09 que acrescentou na Lei 9.868/99 o capítulo II-A 
tratando especificamente sobre o processo e julgamento da ação de 
inconstitucionalidade por omissão. 
 
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Porém, a nova Lei se manteve omissa com relação à competência da legislação 
estadual e municipal. Mas, “conquanto não haja previsão expressa de mecanismo 
análogo à ação direta de inconstitucionalidade por omissão no plano estadual, a 
doutrina em geral admite essa possibilidade. Sua instituição harmoniza-se com a 
autonomia reconhecida ao Estado em matéria de auto-organização e autogoverno, 
desde que observado o modelo federal” (BARROSO, 2016). Inclusive, nada obsta que 
a Constituição estadual determine a competência do Tribunal de Justiça do Estado 
para processar e julgar lei ou ato normativo estadual ou municipal. 
 
3.2.1 Legitimados 
Assim como na ADI, são legitimados para propor ação de inconstitucionalidade por 
omissão todas as autoridades previstas no art. 103 da Constituição Federal e no art. 
12-A da Lei 9.868/99. 
→ Presidente da República; 
→ Mesa do Senado Federal ou da Câmara dos Deputados; 
→ Mesa da Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do DF; 
→ Governador de Estado ou do DF; 
→ Procurador-Geral da República; 
→ Conselho Federal da OAB; 
→ Partido político com representação no Congresso Nacional; 
→ Confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional. 
 
Além disso, tal como na ADI, a doutrina entende necessária para os legitimados 
especiais a satisfação do requisito da pertinência temática, ou seja, para que eles 
possam ingressar com a demanda em juízo é necessário demonstrar a existência de 
nexo entre o objeto da ADO, as finalidades e o âmbito de atuação da entidade. 
 
3.2.2 Efeitos da decisão 
Reconhecida a inconstitucionalidade da lei ou do ato por omissão, a decisão será 
remetida ao Poder competente para que este adote as providências necessárias. 
Assim, de acordo com Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino (2017), “se a omissão for 
de um dos Poderes do Estado, não há que se falar em fixação de prazo para a edição 
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da norma faltante. Porém, se a omissão for de um órgão administrativo (subordinado, 
sem função política, meramente executor de leis ou políticas públicas), será fixado um 
prazo de trinta dias, ou outro prazo razoável a ser estipulado excepcionalmente pelo 
Tribunal, para sua atuação visando a suprir a omissão inconstitucional”. 
 
3.3 Ação declaratória de constitucionalidade (ADC) 
A ação declaratória de constitucionalidade (ADC), diferente das outras que estudamos 
até aqui, pretende declarar a constitucionalidade de determinada lei ou ato normativo. 
Criada pela EC 3/93, que incluiu a parte final no art. 102, I, “a” da CF. 
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, 
cabendo-lhe: 
I - Processar e julgar, originariamente: a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato 
normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato 
normativo federal; 
 
A ADC tem por objetivo “abreviar o tempo – que em muitos casos pode ser longo – 
para obtenção de uma pronúncia do STF sobre a constitucionalidade de certo ato, que 
esteja originando dissenso nos juízos inferiores, consubstanciando um verdadeiro 
atalho para encerrar a controvérsia sobre a sua legitimidade” (PAULO e 
ALEXANDRINO, 2017). A decisão do STF manifestada em sede de ADC tem o condão 
de tornar a presunção relativa de constitucionalidade – presente em toda norma ou 
ato legal – em presunção absoluta de constitucionalidade. 
 
Inicialmente a proposta de uma nova ação que só confirmasse a constitucionalidade 
dos dispositivos legais pareceu um tanto quanto óbvia e sem tanta relevância. No 
entanto, conforme destacam Dimitri Dimoulis e Soraya Lunardi (2016), “sistemas que 
combinam o controle de constitucionalidade abstrato e concreto, como o brasileiro, 
podem ter resultados indesejáveis para a administração da justiça, como ocorre com 
a interposição em série de ações idênticas na substância para impugnar a 
constitucionalidade de certo dispositivo. A concessão de cautelares, em caso de ações 
individuais que questionam a constitucionalidade de normas, pode agravar ainda mais 
a situação, gerando discrepâncias e incerteza jurídica”. Assim, tanto a ADI quanto a 
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ADC, ao solucionarem a dúvida quanto a (in)constitucionalidade das normas e dos 
atos administrativos, cessam também com eventuais discussões sobre o tema no 
âmbito judiciário. 
 
A ação declaratória de constitucionalidade terá como objeto, por expressa 
determinação do art. 102, I, “a” da CF, somente as leis ou atos normativos federais. 
“Sem prejuízo, todavia, como já assinalado, de o Estado-membro, no exercício de sua 
autonomia política e observado o modelo federal, instituir uma ação análoga, com 
tramitação perante o Tribunal de Justiça, tendo por objeto lei estadual ou municipal e 
como paradigma a Constituição do Estado” (BARROSO, 2016). 
 
3.3.1 Legitimados 
A princípio, com o advento da EC 3/93, eram apenas quatro os legitimados para 
propor ação declaratória de constitucionalidade, o Presidente da República, a Mesa 
do Senado Federal, a Mesa da Câmara dos Deputados e o Procurador-Geral da 
República, ao passo que a ADI possui nove legitimados; além de todos os quatro já 
mencionados,a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do DF, o 
Governador de Estado ou do DF, o Conselho Federal da OAB e o partido político com 
representação no Congresso Nacional. 
 
No entanto, como a ADI e a ADC, como diz Flávio Martins (2019), “são dois lados de 
uma mesma moeda”, e por conta do caráter dúplice que representam, não faria o 
menor sentido uma delas ter o rol de legitimados restrito com relação a outra. Assim, 
com a reforma do judiciário, promovida por meio da EC 45/2004, alterou-se a redação 
do art. 103 da Constituição Federal, equiparando o rol de legitimados para as duas 
ações e revogando o § 4º onde era feito a distinção. Portanto, a partir de 2004, todos 
os legitimados para propor uma ADI podem ingressar com uma ADC, inclusive no que 
diz respeito ao critério da pertinência temática para os legitimados especiais. 
 
3.3.2 Efeitos da decisão 
De acordo com o art. 102, § 2º da Constituição Federal, “as decisões definitivas de 
mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de 
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inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalidade produzirão 
eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder 
Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e 
municipal”. Além disso, dispõe o parágrafo único do art. 28 da Lei 9.868/99 que a 
declaração de constitucionalidade “tem eficácia contra todos e efeito vinculante em 
relação aos órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública federal, estadual e 
municipal”. 
 
Portanto, assim como ocorre na ADI, a decisão manifestada em sede de ADC possui 
efeito vinculante e atingirá a todos (efeito erga omnes). “Isso porque a Ação 
Declaratória de Constitucionalidade consiste num controle abstrato de 
constitucionalidade, num processo objetivo, sem que haja réus, por exemplo. Assim, 
depois de uma análise abstrata da constitucionalidade da lei, a decisão do Supremo 
Tribunal Federal produzirá efeitos contra todos (erga omnes)”. 
 
Além disso, com relação aos efeitos temporais da decisão, este será ex tunc, ou seja, 
com eficácia retroativa, uma vez que as leis já nascem com uma presunção relativa de 
constitucionalidade e a decisão definitiva manifestada em sede de ação declaratória 
de constitucionalidade só vem para confirmar esse pensamento, tornando a 
presunção relativa absoluta. 
 
3.4 Arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF) 
Embora esteja prevista na Constituição Federal desde 1993 pela Emenda 
Constitucional nº 3, a arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF) 
só foi regulamentada 11 anos depois, pela Lei 9.882/99. Conforme destacam Dimitri 
Dimoulis e Soraya Lunardi (2016), o “objetivo geral da Arguição de Descumprimento 
de Preceito Fundamental (ADPF) é impedir que condutas ou normas contrárias a 
preceitos fundamentais decorrentes da Constituição comprometam a regularidade do 
sistema normativo, afetando a supremacia constitucional. Além de preservar a 
supremacia constitucional, a ADPF, tal como as demais ações de controle abstrato, 
preserva a segurança jurídica, impedindo que haja decisões discrepantes sobre a 
constitucionalidade de uma norma”. 
 
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A doutrina majoritária reconhece que a arguição de descumprimento de preceito 
fundamental (ADPF) pode ser realizada de duas formas distintas. A primeira é a ADPF 
principal, também conhecida como arguição autônoma, prevista no caput do art. 1º 
da Lei 9.882/99. Essa modalidade “será proposta perante o Supremo Tribunal Federal 
e terá por objeto evitar ou reparar lesão a preceito fundamental, resultante de ato do 
Poder Público”. 
 
Assim, Luís Roberto Barroso (2016) define que, “além do pressuposto geral da 
inexistência de qualquer outro meio eficaz de sanar a lesividade (o que lhe dá um 
caráter de subsidiariedade), exige-se (i) a ameaça ou violação a preceito fundamental 
e (ii) um ato estatal ou equiparável capaz de provocá-la. Trata-se, inequivocamente, 
de uma ação, análoga às ações diretas já instituídas na Constituição, por via da qual 
se suscita a jurisdição constitucional abstrata e concentrada do Supremo Tribunal 
Federal”. 
 
Por outro lado, a ADPF incidental, definida no art. 1º, parágrafo único e inciso I da Lei, 
tem como objeto “lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, incluindo os 
anteriores à CF 1988”, ou seja, todos objetos das outras ações de controle abstrato de 
constitucionalidade estudadas anteriormente. Por isso muito se questiona na doutrina 
a constitucionalidade da ADPF incidental, especialmente sobre dois aspectos, primeiro 
porque a lei ampliaria de forma indevida as hipóteses de cabimento da ADPF e, 
segundo porque, em tese, a Lei 9.882 contraria as dispões Constitucionais a respeito 
do descumprimento de norma municipal ou promulgada antes da entrada em vigor 
da CF/88. Contudo, esse tema ainda é muito sensível e não existe nada concreto, pois 
aguardamos. 
 
3.4.1 Pressupostos gerais de cabimento 
A arguição de descumprimento de preceito fundamental é suscitada para barrar 
condutas ou normas contrárias a preceitos fundamentais decorrentes da Constituição 
que comprometam a regularidade do sistema normativo, mas a sua arguição depende 
de uma série de requisitos, que se não forem observados podem comprometer a 
legitimidade da medida. 
 
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O primeiro requisito, obviamente, mas não menos importante, é o descumprimento 
de preceito fundamental. Como seu próprio nome já diz, a ADPF só poderá ser 
proposta em face das normas e condutas contrárias a preceitos fundamentais 
constitucionalmente estabelecidos. No entanto, conforme mencionamos 
anteriormente, nem a doutrina e tampouco a lei se ocuparam em definir o conceito 
de “preceito fundamental”, fato que o torna muito volátil no direito. Nas palavras de 
Luíz Roberto Barroso (2016), “a expressão preceito fundamental importa o 
reconhecimento de que a violação de determinadas normas — mais comumente 
princípios, mas eventualmente regras — traz consequências mais graves para o 
sistema jurídico como um todo”. Além disso, para ensejar a aplicação da medida não 
basta a simples alegação de não observância de um preceito fundamental ou a mera 
ameaça de lesão, a violação ao preceito deve ser real e concreta. 
 
O outro critério exigido para a propositura da demanda é a inexistência de outro meio 
idôneo, ou seja, a ADPF possui um caráter subsidiário, esse é o entendimento 
manifestado no art. 4º, § 1º da Lei 9.882/99 – “não será admitida arguição de 
descumprimento de preceito fundamental quando houver qualquer outro meio eficaz 
de sanar a lesividade”. Nesse sentido, destacam Dimitri Dimoulis e Soraya Lunardi 
(2016), “a ADPF deve preencher lacunas e não substituir as garantias e as ações 
existentes nem concorrer com elas, tornando ainda mais complexo o sistema de 
controle de constitucionalidade”. 
 
Além disso, o ajuizamento da ação presume que exista uma considerável relevância 
de controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo. Nas palavras de Luís 
Roberto Barroso (2016), esse critério torna-se relevante por dois motivos em especial, 
em primeiro lugar, porque a relevância da controvérsia “presta-se a justificar o 
afastamento da competência dos demais órgãos jurisdicionais e a transferência da 
discussão para o STF”, e, em segundo lugar, porque, ao apreciar a relevância da 
controvérsia constitucional, “sugere que o STF deve restringir sua atuação aos casos 
em que estejam em jogo questões relacionadas, porexemplo, ao núcleo dos direitos 
fundamentais, à estrutura essencial do Estado, e com grande repercussão social. Essa 
é a vocação de uma ação destinada a tutelar os preceitos fundamentais da 
Constituição”. Portanto, o grande objetivo por trás dos pressupostos gerais de 
cabimento da ADPF é direcionar a atuação dos órgãos de cúpula do Poder Judiciário 
nos casos de maior relevância, tanto para que eles tenham uma análise específica do 
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Tribunal quanto para que as decisões manifestadas em sede das ações do controle 
abstrato de constitucionalidade tenham maior repercussão social. 
 
3.4.2 Legitimados 
Dispõe o inciso I do art. 2º da Lei 9.882/99 que são legitimados para propor arguição 
de descumprimento de preceito fundamental os mesmos da ação direta de 
inconstitucionalidade. Portanto, assim como as demais ações abstratas de 
constitucionalidade, são legitimados para propor ADPF aqueles dispostos no rol do 
art. 103 da Constituição Federal. 
→ Presidente da República; 
→ Mesa do Senado Federal ou da Câmara dos Deputados; 
→ Mesa da Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do DF; 
→ Governador de Estado ou do DF; 
→ Procurador-Geral da República; 
→ Conselho Federal da OAB; 
→ Partido político com representação no Congresso Nacional; 
→ Confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional. 
 
Além disso, tal como na ADI, a doutrina entende necessária para os legitimados 
especiais a satisfação do requisito da pertinência temática, ou seja, para que eles 
possam ingressar com a demanda em juízo é necessário demonstrar a existência de 
nexo entre o objeto da ADO, as finalidades e o âmbito de atuação da entidade. 
 
3.4.3 Efeitos da decisão 
A decisão manifestada em sede de ADPF será proferida por maioria dos membros do 
STF – 6 Ministros –, embora tenham que estar presentes na seção de julgamento, ao 
menos, 8 Ministros. Além disso, com relação aos efeitos pessoais da decisão, esta 
possui efeito contra todos (erga omnes) e vinculará os demais órgãos do Poder 
Judiciário, nos termos do art. 10, § 3º, da Lei 9.882/99. 
 
Por fim, no que diz respeito aos efeitos temporais da decisão, em regra, serão 
retroativos, especialmente quando o Supremo Tribunal Federal declarar a 
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Referências Bibliográficas 
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inconstitucionalidade de determinada norma, pelo voto de dois terços de seus 
membros. Contudo, pelo mesmo número de votos, é possível que o Tribunal module 
os efeitos da decisão, “determinando que: a) a retroatividade seja limitada, em alguns 
meses, semanas, anos etc., mas em data posterior à entrada em vigor da norma; b) a 
decisão produzirá efeitos ex nunc, apenas (a partir de sua publicação); c) a decisão só 
produza efeitos no futuro (efeito pro futuro ou prospectivo)” (NUNES JR. 2019). 
Portanto, os efeitos aplicados à decisão de ADPF serão idênticos àqueles aplicados as 
demais ações do controle abstrato de constitucionalidade. 
 
4 Referências Bibliográficas 
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BARROSO, Luís Roberto. Curso de direito constitucional contemporâneo: os 
conceitos fundamentais e a construção do novo modelo. 9 ed. São Paulo: Saraiva 
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exposição sistemática da doutrina e análise crítica da jurisprudência. 7 ed. rev. e atual. 
São Paulo: Saraiva, 2016. 
DIMOULIS, Dimitri; Soraya Lunardi. Curso de processo constitucional: controle de 
constitucionalidade e remédios constitucionais. 4 ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: 
Atlas, 2016. 
FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 12 ed. rev., atual, 
e ampl. Salvador: JusPodivm, 2020. 
MASSON, Nathalia. Manual de direito constitucional. 8 ed. rev. ampl. e atual. 
Salvador: JusPODIVM, 2020. 
MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de direito 
constitucional. 16 ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2021. 
MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 33 ed. rev. e atual. São Paulo: Atlas, 
2017. 
NUNES JÚNIOR, Flávio Martins Alves. Curso de direito constitucional. 3 ed. São 
Paulo: Saraiva Educação, 2019. 
PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional descomplicado. 16 
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ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017. 
SARLET, Ingo Wolfgang; MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Curso de 
direito constitucional. 8 ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019. 
STRECK, Lenio Luiz. Jurisdição Constitucional. 5 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2018. 
 
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Referências Bibliográficas 
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