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Sistema Nervoso O sistema nervoso anatomicamente é dividido em: • Sistema nervoso central: Porção do sistema nervoso que compreende todo o encéfalo e toda medula espinhal • Sistema nervoso periférico: Porção do sistema nervoso que compreende os nervos, gânglios e as terminações nervosas do sistema nervoso. O SNC se localiza no interior do esqueleto axial (Cavidade craniana e canal vertebral) e vai compreender estruturas como o Encéfalo e a Medula Espinhal. O encéfalo é a parte do sistema nervoso o qual compreende estruturas como o Cérebro, Cerebelo e Tronco encefálico. A medula se localiza dentro do canal vertebral. Já o SNP compreende tudo aquilo que são os nervos, cordões esbranquiçados que unem o SNC aos órgãos periféricos, integrando em todo ele as terminações nervosas e os 12 pares de nervos cranianos que podem ser sensitivos, motores ou mistos e os 31 pares de nervos espinhais ou raquidianos. Sistema Nervoso Central Medula Porção caudal do neuroeixo (Soma do encéfalo mais a medula), possuindo uma forma cilíndrica e com um ligeiro achatamento. Está localizada dentro do canal medular da coluna vertebral, seus limites são: • Superior: Forame magno do occipital • Inferior: Com a primeira ou segunda vertebra lombar (ou cone medular) Possui duas intumescências (dilatações) sendo uma cervical (C5-T1), que dá origem ao plexo braquial, e uma lombar (L1-S3), que dá origem ao plexo lombar e sacral. Essas dilatações ocorrem devido a maior quantidade de neurônios motores e interneurônios e estão associadas a inervação dos membros onde há necessidade de controle motor mais refinado. Possuem meninges que são envoltórios protetores, a medula possui 3 meninges de fora para dentro são: • Dura-Máter: Sendo a mais externa e resistente, formada por fibras colágenas, forma um tubo que se estende do forame magno até a vértebra S2. Entre a dura-máter e o osso temos um espaço chamado de epidural ou extradural por onde passa gordura e o plexo venoso cerebral • Aracnoide: Camada média, encostada na dura-máter, é uma camada fina, translúcida e avascular, se liga a pia-máter através de trabéculas aracnoides (Semelhantes a teias de aranha), entre a aracnoide e a dura-máter encontramos o espaço subdural (Em condições normais é um espaço vitual, em condições patológicas pode ser preenchido por sangue hematoma-subdural) • Pia-Máter: Camada mais interna, delgada e intimamente ligada ao tecido nervoso. Confere brilho intenso a superfície e é insinuada em sulcos e depressões (lesões aqui provocam hérnia de tecido nervoso). Entre as meninges, pia-máter e aracnoide encontramos um espaço chamado de Subaracnoídeo, que é preenchido por Liquor (líquido cérebro-espinal). A medula também é composta por ligamentos chamados de Denticulados ou Denteados, que encontramos em 21 pares e dispostos no plano coronal ao longo da mesma. Da medula saem 33 pares de nervos espinais, dos quais apenas 31 são funcionais e os 2 últimos são muito finos. Sendo eles: • Cervicais: 8 Pares • Torácicos: 12 Pares • Lombares: 5 Pares • Sacrais: 5 Pares • Coccígeos: 3 Pares Possuímos nervos unissegmentares, cujas fibras nascem de só um segmento medular como os intercostais e nervos formados pela mistura de fibras de vários segmentos, os plexos, que são chamados de nervos plurissegmetares. Todos os nervos espinais são mistos, isto é, carregam fibras motoras e sensitivas. Os plexos de origem espinal são: • Cervical: C3 e C5 formam o nervo frênico que inerva o diafragma. • Braquial: C5, C6, C7, C8, T1 (Pequena contribuição de C4 e T2) • Lombossacral: L1 a S3. Um nervo espinal é formado de cada lado da medula, onde filamentos radiculares anteriores e posteriores deixam a medula. Os filamentos logo em seguida se unem constituindo uma raiz ventral, anterior ou motora e uma raiz dorsal, posterior ou sensitiva (Essa última contém o gânglio espinal ou sensitivo.) Em corte transversal encontramos as substâncias branca e cinzenta. A branca de localização periférica é constituída de fibras mielínicas ascendentes e descendentes, sendo a cor branca devido a mielina. Se destacam na substância branca: • Sulcos longitudinais - Fissura mediana anterior (8) - Sulco mediano posterior (9) - Sulco intermédio posterior - Sulco lateral anterior (Y) - Sulco lateral posterior (X) • Funículos ou cordões - Funículo anterior. (4) - Funículo posterior. (6) - Funículo lateral. (5) Já a substância cinzenta que são aglomerados de corpos neuronais tem localização central e se apresenta em forma de H, em cada hemimedula encontamos: • Colunas ou cornos - Anterior (2): De onde saem as radículas ventrais ou anteriores (Motoras) - Posterior (1): De onde saem as radículas dorsais ou posteriores (Sensitivas) Unindo as duas barras de substância cinzenta temos o que chamamos de comissura cinzenta (3). No centro encontramos o Canal Central (10) resquício da luz do tubo neural Encéfalo Parte do sistema nervoso central localizada no interior do crânio, protegido por meninges e banhado pelo liquor. É dividido em: • Telencéfalo • Diencéfalo • Tronco encefálico (Mesencéfalo, ponte e bulbo) • Cerebelo Tronco Encefálico O tronco encefálico é contínuo com a medula espinal e é composto pelo bulbo, ponte e mesencéfalo. Posteriormente ao tronco encefálico se encontra o cerebelo, superiormente encontramos o diencéfalo, formado pelo tálamo, hipotálamo e epitálamo e apoiado no diencéfalo encontramos o telencéfalo. Bulbo Contínuo com a parte superior da medula espinal, forma a parte inferior do tronco encefálico, se iniciando na altura do forame magno e se estende até a margem inferior da ponte. Sua substância branca contém todos os tratos sensitivos e motores que se projetam entre a medula e outras partes do encéfalo, parte da substância branca formam protusões na parte anterior do bulbo chamadas Pirâmides Bulbares • Pirâmides bulbares: Elevações longitudinais formadas de fibras corticoespinais. 90% dos axônios da pirâmide esquerda cruzam para direita e 90% dos axônios da pirâmide direita cruzam para direita, cruzamento conhecido como decussação das pirâmides e explica porque cada lado do encéfalo é responsável pelos movimentos voluntários do lado oposto do corpo. O bulbo também apresenta vários núcleos (agrupamento de corpos celulares neuronais no SNC, alguns desses núcleos controlam funções como o centro cardiovascular e a área respiratória rítmica. (Também controlam reflexos de vômito, tosse, deglutição soluço.) Lateralmente a cada pirâmide encontramos uma protuberância chamada olivas, contém dois núcleos principais que são olivares superior e inferior. O inferior, atua como um centro integrador de sinais motores o superior (Apesar do nome não está localizado nas olivas bulbares e sim a nível da ponte) está envolvido na audição) Ponte Localizada logo acima do bulbo e anterior ao cerebelo, assim como o bulbo formado por núcleos e tratos. Dividida em uma região: • Ventral: Grande estação de transmissão sináptica composta por substância cinzenta conhecidas como núcleos pontinos • Dorsal: Forma metade superior do assoalho do 4 ventrículo Dentre suas funções encontramos como as de coordenação motora, equilíbrio. Temos a origem do nervo trigêmeo (V) localizado entre a parte média da ponte e lateralmente o pedúnculo cerebelar médio. Separando o bulbo da ponte encontramos um sulco chamado de sulco bulbo-pontino que dá origem a três pares craniais VI (ABDUCENTE), VII (FACIAL) , VIII (VESTIBULOCOCLEAR).Mesencéfalo Porção mais cranial do tronco encefálico, localizada entre a ponte e o diencéfalo. Contém o aqueducto cerebral ou de Sylvius, que conecta o terceiro ao quarto ventrículo. Da mesma forma que o bulbo e a ponte o mesencéfalo contém núcleos. É dividido em: • Ventral: Pedúnculos cerebrais • Dorsal: Teto mesencefálico Os pedúnculos cerebrais são dois feixes de fibra nervosas, um de cada lado, partindo unidos da borda superior da ponte. O nervo óculo motor (III) nasce no terço inferior na face medial dos pedúnculos cerebrais. O teto mesencefálico consiste em quatro núcleos que formam saliências na superfície dorsal denominados de corpos quadrigêmeos, cada saliência é denominada de colículo onde as 2 superiores são colículos superiores (Visual, auditivo e tátil no movimento reflexo) e os 2 inferiores são inferiores (Auditivos) Em um corte transverso o tegmento do mesencéfalo é composto de tratos ascendentes como o espinotalâmico e o lemnisco medial que levam informações sensoriais da medula espinal. Possui um núcleo rubro por conta da quantidade de suprimento sanguíneo local e auxilia na regulação de atividades motoras. E também contém substância negra que é uma massa nuclear cujas células contém grânulos de melanina em sem citoplasma. • Teto: Posterior ao aqueduto cerebral. Contendo colículos superiores e inferiores responsáveis por reflexos visuais, e processamento auditivo respectivamente. • Tegmento: Região central, contendo núcleos dos nervos III e IV (oculomotor e troclear) • Base: Parte mais anterior contento fibras do trato cortiço espinal, nuclear e pontino Cerebelo Segunda maior parte do encéfalo, corresponde a até 11% da massa do encéfalo está situado dorsalmente à ponte e ao bulbo, dos quais está separado pelo quarto ventrículo. O cerebelo tem um formato de borboleta, sua área central é conhecida como Verme e suas “asas” como hemisférios do cerebelo. Cada hemisfério é composto por lobos separados por distintas fissuras. Os lobos anterior e posterior controlam aspectos subconscientes dos movimentos da musculatura esquelética. Sua camada superficial é chamada de córtex e é formada por substância cinzenta, logo abaixo encontramos um trato de substância branca chamado de “Árvore da Vida” onde encontramos núcleos do cerebelo. Três pares de pedúnculos conectam o cerebelo com o tronco encefálico sendo eles o Superior, médio e inferior. Diencéfalo Porção do sistema nervoso entre o telencéfalo e o mesencéfalo, em razão da grande expansão dos hemisférios cerebrais o diencéfalo é quase totalmente que coberto sendo visualizado apenas na face inferior. É dividido em: • Tálamo: Maior componente do diencéfalo, forma as paredes laterais do terceiro ventrículo e responsável pela retransmissão sensorial • Hipotálamo: Parte inferior do diencéfalo e forma as paredes inferolaterais do terceiro ventrículo, é composto por cerca de doze núcleos agrupados em 4 regiões principais: Mamilar, tuberal, supraóptica e préóptica. Importante para controle do SNA, Produção de hormônios, regulação de emoções. • Subtálamo: Localizado inferiormente ao tálamo e lateralmente ao hipotálamo, conectado fortemente aos núcleos da base atuando no sistema extrapiramidal • Epitálamo: Parte mais posterior do diencéfalo, inclui a glândula pineal e a habenula. Pela pineal tem como função produção de melatonina e através da habenula conecta o sistema límbico a regiões do tronco participando da modulação emocional. Telencéfalo O telencéfalo compreende os dois hemisférios cerebrais e a lâmina terminal situada na porção anterior do III ventrículo, os dois hemisférios são unidos por uma larga faixa de fibras chamada Corpo Caloso, os hemisférios tem cavidades que são os ventrículos laterais direito e esquerdo que se comunicam com o III ventrículo pelos forames interventriculares. Cada hemisfério apresenta 3 polos Frontal, Occipital e Temporal e três faces Superolateral, convexa; Medial plana e inferior ou base do cérebro. A superfície do cérebro do homem apresenta depressões denominadas sulcos que delimitam os giros cerebrais. Sua existência permite aumento da superfície sem grande aumento de volume, grande parte da área ocupada pelo córtex está escondida nos sulcos Muitos desses sulcos são inconstantes e não recebem nenhuma denominação, já outros mais constantes, recebem denominações especiais e ajudam a delimitar os lobos e áreas cerebrais. Em cada hemisfério cerebral os dois sulcos mais importantes são o Lateral (Sylvius) e o Central (Rolando); Os sulcos ajudam a delimitar os lobos cerebrais que recebem sua denominação de acordo com os ossos do crânio. Assim temos lobos frontal, occipital e parietal. Além desses temos a ínsula, situada profundamente no sulco lateral e que não tem relação com ossos do crânio (A divisão em lobos não corresponde a uma divisão funcional, exceto pelo lobo occipital que está relacionado com a visão.) O lobo frontal localiza-se acima do sulco lateral e adiante do sulco central. Na face medial do cérebro o limite anterior do lobo occipital é o sulco parietoccipital, esse limite é situado em uma linha imaginária que une a terminação do sulco parietoccipital, na borda superior do hemisfério à incisura pré-occipital. Assim como na medula o telencéfalo é revestido por três meninges sendo elas as mesmas: • Dura-máter: Meninge mais superficial e resistente formada por tecido conjuntivo rico em fibras colágenas altamente vascularizada e inervada responsável por toda sensibilidade intracraneal (Tornando assim ela responsável por maior parte das cefaléias). Se difere da dura-máter espinal por formar dois folhetos sendo um externo ou periostal e interno ou meníngeo. • Aracnoide: Membrana delicada justaposta a aracnoide, entre a dura-máter e a aracnoide encontramos o espaço subdural que é virtual. Se separa da pia- máter através do espaço subaracnóideo atravessado por finas trabéculas chamadas de trabéculas aracnoides que lembram teias de aranha. É a única avascular das três meninges. Possui cisternas que são dilatações do espaço subaracnóideo onde temos grande quantidade de liquor. • Pia-máter: Mais intensa das meninges e é ligada intimamente a superfície do tecido nervoso nos relevos e depressões, a pia-máter acompanha os vasos que penetram o tecido nervoso, a partir do espaço subaracnóideo e então se funde a camada adventícia do vaso formando espaços perivasculares Sistema Nervoso Periférico Consiste em todos tecidos nervosos fora do SNC incluindo receptores, nervos, gânglios e plexos. • Nervo: feixe composto por centenas de milhares de axônios • Gânglios: massas de tecido nervoso • Plexos: extensas redes neuronais • Receptores: Estruturas do sistema nervoso que monitora mudanças no ambiente como exemplo, fotorreceptores, receptores olfatórios etc. • Terminações motoras: Terminações dos axônios dos neurônios motores É dividido em sistema nervoso somático (SNS) controlando ações voluntárias, sistema nervoso autônomo controlando funções involuntárias viscerais e sistema nervoso entérico sendo o sistema intrínseco do tubo digestório. O SNP é dividido funcionalmente em componentes: • Sensitivo (Aferente) Leva informações do corpo ao SNC, como exemplo as subdivisões somáticas aferentes vão levar informações de dor, temperatura, tato da pele. Já as viscerais, distensão intestinal, pressão arterial e etc. • Motor (Eferente) Leva comandos do SNC ao corpo, onde as subdivisões somáticas se relacionam com movimentos voluntários do músculo esquelético e a visceral, músculos lisos, cardíacos e glândulas.Histologia O tecido nervoso é distribuído pelo organismo formando uma rede de comunicações que constitui o sistema nervoso. Anatomicamente é dividido em SNC e SNP, que é formado pelos nervos e por pequenos agregados de células nervosas denominadas de gânglios. Os nervos são constituídos basicamente por prolongamentos dos Neurônios, no SNC os corpos celulares dos neurônios e seus prolongamentos concentram-se em locais diferentes fazendo com que sejam reconhecidos em porções distintas denominadas, substância branca ou cinzenta. Neurônios tem a propriedade de responder a estímulos nervosos mediante modificações na diferença de potencial elétrico na superfície externa de sua membrana célular. Obedecidas essas condições o estímulo se propaga ao longo da membrana, essa propagação se chama impulso nervoso. Neurônios Células nervosas responsáveis pela recepção e processamento de informações, atividades que terminam com a transmissão de sinalização por meio da liberação de neurotransmissores. Possuem morfologia complexa mas quase todos apresentam três componentes que são: • Dendritos: Prolongamentos, ramificados e numerosos que recebem estímulos do meio ambiente, de células sensoriais ou outros neurônios • Corpo celular ou pericárdio: Centro onde se concentram as organelas e também capaz de receber estímulos. • Axônio: Prolongamento de diâmetro constante, e ramificado em sua terminação, parte especializada na condução de impulsos para outras células Há muitos tipos de neurônios, que, de acordo com sua morfologia podem ser classificados em: • Bipolares: Possuem um dêndrito principal e um axônio • Multipolares: Vários dendritos e um axônio • Pseudounipolares: Emitem um curto prolongamento onde um se dirige ao SNP e outro ao SNC • Anaxônicos: Não possui axônio O corpo dos neurônios costuma ser rico em retículo endoplasmático granuloso, que são encontrados em aglomerados chamados de Corpúsculos de Nissl indicando a alta atividade de síntese proteica. As mitocôndrias existem em quantidade moderada e estão localizadas nas terminações dos axônios Os dendritos, são prolongamentos revestidos por membrana plasmática cujo diâmetro diminui à medida que se distanciam do corpo celular. São a parte receptora do neurônio e ramificam como galhos e seu conjunto é chamado de árvore dendrítica. Possuem pequenas saliências chamadas de espinhos dendríticos, e são locais nos quais prolongamentos de outros neurônios estabelecem sinapses. O axônio é um prolongamento único que transmite impulsos nervosos do neurônio para outras células, liberando moléculas como neurotransmissores, nueromoduladores, hormônios que agem na superfície dessas células. Geralmente o axônio se origina de uma saliência cônica do corpo celular denominada Cone de Implantação, o segmento inicial é o primeiro trecho do axônio, parte do cone e não é recoberto por mielina. É um trecho curto mas importante para geração do impulso nervoso pelo fato de sua membrana possuir grande concentração de canais iônicos de Na+ Neuroglia Ou simplesmente glia é um conjunto de vários tipos celulares existentes que não produzem estímulos nervosos, mas sustentam os neurônios física e funcionalmente fornecendo a eles um microambiente adequado para sua sobrevivência. As células da glia tem um corpo celular com prolongamentos, porém em cortes histológicos apenas é possível observar os seus núcleos que são geralmente menores que os dos neurônios. Formam o conjunto das células da glia: • Oligodendrócitos • Astrócitos • Células ependimárias • Células da micróglia Os oligodendrócitos possuem prolongamentos que enrolam em curtos trechos dos axônios com múltiplas camadas ricas em lipídeos, responsáveis pela produção da bainha de mielina, assim como as Células de Schwann (São encontradas exclusivamente no SNP) a qual isola eletricamente o axônio permitindo aceleração na condução do potencial de ação e também a condução saltatória. Os astrócitos participam da sustentação estrutural dos neurônios e do controle da composição iônica regulando a concentração de K+ do microambiente extracelular dos neurônios As células da micróglia apresentam marcadores característicos de macrófagos, e são consideradas como macrófagos residentes no SNC. Em sua classificação funcional os neurônios podem ser divididos em: • Sensitivos ou aferentes: Contém receptores sensitivos em seus dendritos, uma vez que um estímulo ativa um receptor sensitivo, o neurônio forma um impulso nervoso em seu axônio e esse impulso é transmitido ao SNC • Motores ou eferentes: Transmitem impulsos do SNC para longe do SNC em direção aos efetores (Músculos e glândulas) no SNP • Interneurônios: Processam as informações sensitivas recebidas dos neurônios e em seguida induzem a resposta motora. Sinalização elétrica Como as fibras musculares os neurônios são eletricamente excitáveis ou seja, podem gerar sinais elétricos em resposta aos estímulos. Tempos dois tipos de sinais elétricos: • Potenciais Graduados É uma mudança localizada e transitória no potencial de membrana de um neurônio que ocorre em resposta a um estímulo. Ele não se propaga ao longo do axônio como o potencial de ação, mas se espalha passivamente e diminui com a distância. Um potencial graduado ocorre quando um estímulo faz com que canais mecanoativos se abram ou se fechem em uma membrana de uma célula excitável. Normalmente esses canais estão presentes nos dendritos de neurônios sensitivos, consequentemente os potenciais graduados ocorrem principalmente nos dendritos e no corpo celular dos neurônios. É chamado de graduado porque sua amplitude é proporcional a intensidade do estímulo, pois este define a quantidade de canais que foram abertos e de quanto cada um permanece aberto. O potencial graduado pode tornar a membrana mais polarizada (Interno mais negativo) ou menos polarizada (Interno menos negativa). Quando a resposta torna a membrana mais polarizada é denominada potencial graduado de hiperpolarização, quando torna a membrana menos polarizada é denominada potencial graduado de despolarização. • Potenciais de ação Um potencial de ação é uma sequência de eventos de ocorrência rápida que diminuem e revertem o potencial de membrana e, por fim, o restauram eventualmente ao estado de repouso. Em um neurônio, um PA é chamado de impulso nervoso. Um impulso nervoso tem duas fases principais: despolarização e a de repolarização. Durante a fase de despolarização, o potencial de membrana negativo torna- se menos negativo, chega a zero e depois se torna positivo. Durante a fase de repolarização, o potencial de membrana é restaurado ao estado de repouso de - 70mV. Após a fase de repolarização pode haver uma fase pós-hiperpolarização, durante a qual o potencial de membrana torna-se mais negativo do que o nível de repouso. Dois tipos de canais dependentes de voltagem abrem-se e fecham-se durante um impulso nervoso. Esses canais estão presentes sobretudo na membrana plasmática do axônio e nos terminais axônicos, os primeiros canais que se abrem são os de Na+ dependentes de voltagem, permitindo a entrada de Na+ na célula, o causa a fase da despolarização. Em seguida os canais de K+ dependentes de voltagem se abrem, permitindo que o K+ flua para fora o que produz a fase de repolarização. A fase pós hiperpolarização ocorre quando esses canais permanecem abertos após o término da fase de repolarização. Para a célula voltar a seu estado de repouso é necessário a atuação de uma enzima chamada Na+/K+ ATPase que é responsável pela bomba sódio potássio. 3 Ions de Na+ são bombeados para fora e 2 ions de K+ são bombeados para dentro. Canais de vazamento de potássio contribuem para manter o neurônio em estado de repouso (O número decanais de K+ é maior que o número de canais de Ca+. A propagação do impulso nervoso funciona como uma fileira de dominós caindo em sequência, mas com uma peculiaridade, os dominós se levantam automaticamente após caírem (Repolarização), porém não podem cair de novo imediatamente (Período refratário). O início do impulso nervoso (potencial de ação) localiza-se no segmento inicial do axônio onde há alta densidade de canais de sódio dependentes de voltagem, se o potencial graduado atingir o limiar esses canais abrem permitindo a entrada rápida de sódio (despolarização). A entrada de sódio despolariza a membrana adjacente, essa despolarização ativa os próximos canais de sódio, esse ciclo se auto reforça até alcançar os terminais axônicos (retroalimentação positiva) essencial para a propagação contínua e unidirecional. Esse potencial de ação é regenerado em cada segmento do axônio. Assim cada ponto da membrana refaz o impulso com a mesma intensidade isso garante que o impulso não se extinga, diferente do potencial graduado. Quanto a propagação desses impulsos nervosos, existem duas, sendo uma condução contínua e outra condução saltatória. O tipo descrito até agora é a condução contínua, que envolve a despolarização e a repolarização passo a passo de cada segmento adjacente da membrana. A condução saltatória acontece em decorrência da distribuição desigual dos canais dependentes de voltagem. Poucos canais estão presentes em regiões banhadas por mielina. Por outro lado nos Nódulos de Ranvier (locais onde não estão coberto por mielina) contém muitos canais. Desse modo a corrente transportada flui através da membrana principalmente nos nódulos. Alguns fatores alteram a velocidade de propagação de um impulso nervoso como: • Quantidade de mielinização: Axônios mielinizados propagam mais impulsos • Diâmetro do axônio: Diâmetros maiores propagam mais rapidamente • Temperatura: Temperaturas mais baixas atrapalham a propagação Lembrando que para propagar esse impulso para outro neurônio, no final do axônio há a liberação de neurotransmissores (Neurônio pré sináptico) que é um gatilho que gera um novo potencial graduado no próximo neurônio (Pós-sináptico) que irá gerar um potencial de ação e assim continuamente. O impulso nervoso chega ao final do axônio, na fase de despolarização se abrem canais de Ca+2 aumentando seu influxo, esse aumento da concentração de cálcio, serve como um sinal que desencadeia a exocitose de vesículas sinápticas que armazenam neurotransmissores que são liberados na fenda sináptica, que logo em seguida se ligam a receptores desses neurotransmissores na membrana do neurônio pós-cináptico provocando um potencial graduado Com o exemplo do toque na caneta, os neurotransmissores vão ser como se eu estivesse novamente tocando na caneta (Um toque “químico”) que irá gerar um impulso gradual. Dependendo de quais íons os canais admitem o potencial pós-sináptico pode ser uma despolarização (Excitação) ou uma hiperpolarização (Inibição). Por exemplo, a abertura dos canais de Na+ permite o influxo de Na+, o que causa despolarização. No entanto, a abertura dos canais de Cl− ou K+ causa hiperpolarização. Neurotransmissores ligam-se a receptores na membrana do neurônio pós- cináptico. Quanto o neuro transmissor liga-se ao receptor correto um canal iônico abre-se e se forma um potencial pós-sináptico (PPSE ou PPSI). Esses receptores podem ser ionotrópicos que contém um local de ligação do neurotransmissor e um canal iônico na mesma proteína, ou podem ser metabotrópicos que contém um local de ligação do neurotransmissor, mas não tem um canal iônico como parte de sua estrutura, no entanto, possui uma proteína de membrana chamada de Proteína G que regula a abertura ou o fechamento desses canais. Um único receptor metabotrópico pode ativar uma proteína G, que ativa muitas enzimas, que por sua vez afetam centenas de canais ou outras proteínas. Isso dá muito mais poder ao sinal, mesmo com pouco neurotransmissor. Funções como atenção, motivação, vício, ansiedade, ritmos circadianos, saciedade, etc., exigem regulação lenta e profunda isso só os metabotrópicos conseguem fazer. Neurotransmissores Neurotransmissor Tipo Função Acetilcolina (ACh) Excitatório Com receptores nicotínicos atuam na entrada nos canais de iônicos de Na+, ocasionando uma despolarização e contração. Acetilcolina (ACh) Inibitório Com receptores muscarínicos, e receptores metabotrópicos via proteína-G atuam na redução da frequência cardíaca Glutamato (AMINOÁCIDO) Excitatório Com receptores ionotrópicos ou metabotrópicos atuando em funções como cognitivas memória, aprendizado Aspartato (AMINOÁCIDO) Excitatório Atua principalmente na medula espinal, e como o glutamato aumentam a probabilidade de um potencial de ação. GABA (AMINOÁCIDO) Inibitório Receptores ionotrópicos, abrem os canais de Cl- ocasionando uma hiperpolarização, receptores metabotrópicos abrem canais de K+ e fecham canais de Ca+2 Glicina (AMINOÁCIDO) Inibitório Receptor ionotrópicos abrem canais de Cl- Norepinefrina (Amina Biogênica) Excitatório Receptores metabotrópicos, papel excitatório (despertar de um sono profundo). Serotonina (Aminas Biogênicas) Excitatório ou Inibitório Dopamina (Aminas Biogênicas) Excitatório ou inibitório Todos receptores são metabotrópicos, influenciam no sistema de recompensa e no prazer, cognição e atenção. Os dois não competem, eles se complementam: • Ionotrópicos: para respostas rápidas — como reflexos, contrações musculares, sinapses sensoriais. • Metabotrópicos: para ajustes finos, memória, emoções, aprendizado, adaptação ETAPA SENSITIVA 1. Você encosta na caneta e a deformação na pele ativa mecanorreceptores sensoriais, isso abre canais iônicos e gera um potencial graduado local (Que ainda não é um impulso, é uma alteração pequena e proporcional ao estímulo) 2. Se esse potencial graduado for forte o suficiente e atingir o limiar, ele dispara um potencial de ação no Neurônio Sensorial Primário. Esse impulso sobe pelo axônio até o SNC (Medula) e faz sinapse com um interneurônio no SNC liberando neurotransmissores. 3. Na sinapse, o neurotransmissor se liga a receptores no interneurônio gerando novamente um potencial graduado, agora no interneurônio do SNC 4. Se o potencial for forte o suficiente, desencadeia um novo potencial de ação no interneurônio e esse sinal pode subir até regiões mais altas do encéfalo. 5. A percepção consciente só vai ocorrer quando o córtex somatossensorial é ativado ou seja: Só quando os últimos interneurônios dessa cadeia sináptica disparam potenciais de ação e ativam o córtex que você sente a caneta. ETAPA MOTORA Agora você decide usar a caneta para escrever 1. A decisão consciente ocorre no córtex motor primário, onde neurônios motores superiores geram um potencial graduado, isso leva a geração de um potencial de ação que desce pela medula espinal 2. O neurônio motor superior faz sinapse com o neurônio motor inferior na medula (No corno anterior na substância cinzenta). Nessa sinapse, o neurotransmissor causa um novo potencial graduado, se atingir o limiar ele vai gerar um potencial de ação no neurônio motor inferior onde seu axônio vai até o músculo esquelético dos dedos. 3. Na junção neuromuscular, o neurônio motor inferior libera Acetilcolina (ACh) que se liga a receptores na fibra muscular gerando um potencial de ação muscular ativando o retículo sarcoplasmático, liberando cálcio e iniciando a contração muscular.