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CONTRATOS INERNACIONAIS DE COMPRA E VENDA DE MERCADORIA 1. OBJETIVO Os Contratos internacionais são ferramentas importantes para regulamentar as transações comerciais entre as partes e garantir um ambiente justo e seguro para a realização de negócios. Esses contratos garantem que ambas as partes envolvidas na transação comercial compreendam seus direitos e obrigações, bem como as condições de entrega, pagamento e qualidade dos produtos ou serviços. Além disso, podem ajudar a prevenir litígios e conflitos comerciais, estabelecendo procedimentos de resolução de disputas. Ao final deste experimento, você deverá ser capaz de: · Reconhecer os elementos básicos da negociação de contratos internacionais de compra e venda; · Identificar a relevância da eleição do Foro Internacional para evitar divergências entre as partes quanto ao local no qual possíveis disputas devem ser resolvidas; · Listar as vantagens da inserção no contrato internacional de compra e venda de um órgão imparcial de solução de controvérsias ou da previsão de arbitragem. 2. ONDE UTILIZAR ESSES CONCEITOS O conhecimento do processo gradual de padronização, uniformização de cláusulas e regras nos contratos internacionais é essencial para atuar no comércio internacional. A compreensão dos termos e condições que regem as transações comerciais internacionais facilitará sua performance durante sua atividade profissional em uma negociação, minimizando o risco de futuros conflitos e disputas. A correta utilização desses termos e cláusulas, seja na fase contratual, na hipótese de algum tipo de conflito posterior, permitirá que você possa desempenhar sua função de forma segura e confiante. 3. O EXPERIMENTO Este experimento será baseado em uma simulação de uma negociação internacional entre duas empresas, sendo uma exportadora/vendedora brasileira e outra importadora/compradora italiana. A negociação ocorrerá por e-mail e durante a negociação dos termos do acordo entre as partes, você tomará conhecimento dos elementos e informações necessárias para a tomada de decisão e a instrução do contrato. 4. SEGURANÇA Não se aplica. 5. CENÁRIO A negociação decorrerá por e-mail, assim ao acessar o laboratório virtual você terá à sua frente um documento com a negociação e deverá selecionar as informações essenciais para elaborar um contrato internacional de compra e venda. Concluído Sumário teórico CONTRATO DE COMPRA E VENDA DE MERCADORIAS CONTRATO INTERNACIONAL DE COMPRA E VENDA Um contrato internacional de compra e venda é um acordo vinculante entre as partes envolvidas, geralmente um comprador/importador e um vendedor/exportador. Esse tipo de contrato é regido pelo Direito Internacional Privado, que estabelece as regras e os princípios aplicáveis às relações comerciais entre empresas ou indivíduos de diferentes países (D’ISEP, 2022). O Direito Internacional Privado vem harmonizando as normas legais aplicáveis às transações comerciais internacionais, buscando garantir a segurança jurídica e a previsibilidade nas relações comerciais internacionais. Mesmo assim, as regras aplicáveis podem variar de acordo com o país de origem das partes e com as convenções internacionais em vigor (VIEIRA, 2019). Nesse sentido, é importante que as partes envolvidas no contrato internacional se informem adequadamente sobre as leis aplicáveis e busquem assessoria jurídica especializada para evitar conflitos e garantir a eficácia do acordo. Um contrato de compra e venda internacional bem elaborado precisa conter cláusulas que definam a forma de pagamento, o prazo de entrega, o local de entrega, a qualidade das mercadorias, as garantias e os seguros envolvidos, bem como as consequências em caso de descumprimento de qualquer uma dessas cláusulas. Também pode incluir disposições relacionadas à lei aplicável e à jurisdição competente em caso de disputas. Além disso, o contrato pode ser acompanhado de outros documentos importantes, como faturas, listas de embalagem, certificados de origem, entre outros, que são necessários para a liberação das mercadorias nas alfândegas dos países envolvidos na transação. NEGOCIAÇÃO DO CONTRATO INTERNACIONAL A negociação do contrato internacional envolve uma série de fases que levam as partes que negociam ao consenso sobre seus termos. Segundo Gagliano e Pamplona Filho (2022), a negociação de um contrato segue um verdadeiro processo. No mesmo sentido, Lôbo (2018) chama de processo a sequência de momentos na formação do contrato. Durante essa sequência de momentos, é fundamental ter conhecimento da estrutura do contrato, do idioma em que se processa a negociação e o sistema jurídico da contraparte. Assim, todo contrato é o resultado de uma negociação ou manifestação de vontade. Os termos nos quais se baseia dependem de negociações que antecedem o envio de propostas. É justamente durante as negociações preliminares que as partes realizam as tratativas para definir como e se a relação comercial se consumará. Elas servem para estabelecer termos e condições comerciais. Portanto, as diferentes etapas da negociação ou de negociações sucessivas, juntamente com o envio da proposta e o possível aceite, compõem o processo de formação dos contratos internacionais (ARAÚJO, 2020). Pela ordem cronológica, primeiro as partes avaliam o custo-benefício de um negócio. Após as negociações preliminares, tem início a fase de envio de propostas, na qual as partes formalizam o que foi negociado, ou seja, os termos definidos na negociação. A proposta vai servir de base para o contrato, caso ele seja de fato consumado. Ainda com a proposta em mãos, é possível negociar e alterar termos até que se obtenha uma versão considerada final. Para tanto, é preciso uma manifestação de vontade: o aceite. Depois de aceita a proposta, é possível concluir o contrato, no qual as condições comerciais e contratuais negociadas, como valores, prazos, responsabilidades, exclusividade, confidencialidade, propriedade intelectual, não concorrência, entre outras, vão estar formalizadas (GOMES, 2019). Uma vez concluída a negociação, inicia-se o cumprimento do que foi acordado entre as partes, a fase contratual. Por fim, ocorre a fase pós-contratual, quando se desenrolam os atos supervenientes ao término do contrato. Pode parecer estranho, mas mesmo depois de encerrado o contrato há previsão de determinadas condutas por parte dos contratantes. Figura 1 – Fases da Formação do Contrato. Fonte: Elaboração pelo autor (2023). FASE PRÉ-CONTRATUAL Para efeito deste laboratório interessa a fase pré-contratual, na qual tem origem os elementos essenciais do contrato. Esta fase se divide em três etapas ao longo das quais as partes avaliam a viabilidade ou não do negócio. A primeira etapa é a das negociações preliminares, também chamada de etapa da pontuação. Nela as partes ainda não estão vinculadas ao negócio e, como ainda não houve manifestação de vontades, não há qualquer obrigatoriedade de prestação. Ainda é possível desistir do negócio sob a alegação de falta de interesse, sem responder por perdas e danos. As negociações não obrigam as partes a contratar, porém é possível haver algumas obrigações acessórias, como acordos de confidencialidade. De qualquer forma, essas tratativas iniciais são protegidas pelo Direito em razão da incidência do princípio da boafé, previsto na esfera cível (BRASIL, 2022). Assim, a quebra abusiva das negociações pode configurar responsabilidade civil do negociante. Durante a fase pré-contratual, cabem aos contratantes os deveres de lealdade e correção, de informação, de proteção, cuidado e sigilo. Mesmo que a parte não esteja agindo de má fé, se as negociações avançaram e a outra parte incorreu em gastos ou perdeu outras oportunidades porque foi levada a crer que a negociação seria consumada, cabe reparação. Lôbo (2018) esclarece, contudo, que os atos preparatórios, característicos da fase de pontuação, não devem ser confundidos com a promessa de contrato preliminar, também denominada pré-contrato, que é a obrigação de fazer um contrato definitivo (por exemplo, o compromissode venda). Essa modalidade contratual tem previsão e regramento no ordenamento jurídico nacional, que deve ser aplicado para a interpretação e resolução de possíveis controvérsias (BRASIL, 2022). A segunda etapa, a etapa da proposta (também conhecida como da oferta ou da policitação), corresponde à efetiva proposição de contrato que uma parte faz a outra manifestando o desejo de fechar o negócio. Costuma-se chamar de proponente (ou ofertante ou policitante) aquele que apresenta a oferta e de oblato quem recebe a proposta. A proposta tem força vinculante, o que significa que o proponente deve cumpri-la. Caso desista e não a cumpra, pode ser obrigado judicialmente a cumprir ou a fazer alguma forma de reparação. Os termos da proposta comercial, em regra, são vinculantes à parte que a envia, por isso deve ser enviada por escrito e com prazo para resposta. A última etapa da formação do contrato é a etapa de aceitação (ou oblação), que consiste na aquiescência a uma proposta formulada (LÔBO, 2018). É por meio da aceitação que o aceitante (oblato) manifesta sua anuência ao conteúdo da proposta formulada. Vale lembrar que, no caso de o aceitante desejar mudar o conteúdo da proposta, isso não vai caracterizar o aceite, mas uma contraproposta (nova proposta), que também pode ser considerada uma negociação parcial do contrato. Assim, é imperativo que a aceitação ocorra no prazo, sem adições, restrições ou modificações. A aquiescência precisa ser uma manifestação de vontade, expressa ou tácita, integral e tempestiva, sem alterações restritivas ou ampliativas, para tornar o contrato definitivamente concluído. INVOICE A conclusão de uma negociação implica na emissão de uma invoice (nota fiscal ou fatura). Trata-se de um documento comercial importante utilizado nas transações internacionais para fins de faturamento. Também conhecida como fatura comercial, a invoice é emitida pelo vendedor ou exportador para o comprador ou importador, e contém informações detalhadas sobre a transação de venda de bens ou serviços. A invoice é, portanto, um documento fundamental para a determinação dos impostos de importação, aplicação de tratados comerciais internacionais, controle aduaneiro e para a contabilidade das empresas envolvidas na transação. Além disso, ela pode ser exigida para o desembaraço aduaneiro, comprovação da propriedade dos bens e para a obtenção de financiamento e seguro. Ressalte-se que as exigências específicas de uma invoice podem variar de acordo com o país e as regulamentações comerciais envolvidas. Mesmo antes da negociação estar concluída é comum a emissão da Fatura Proforma (Proforma invoice), um documento que registra e formaliza uma intenção de compra e venda. Ela é utilizada apenas com o caráter informativo, como um orçamento ou uma proposta de negociação. Por isso, não há aspecto fiscal ou oficial, sendo que o importador pode aceitá-la ou recusá-la. A fatura proforma é apenas um comunicado, e não uma ordem de cobrança. Em resumo, a Proforma Invoice se assemelha a um orçamento, já que não gera efeitos tributários ou fiscais. É utilizada apenas para comunicação. Já o commercial invoice é um documento internacional que equivale à Nota Fiscal brasileira. CLÁUSULAS DO CONTRATO INTERNACIONAL Na Invoice encontramos cláusulas do contrato internacional de compra e venda de mercadorias que podem variar de acordo com as necessidades específicas das partes envolvidas e das leis aplicáveis ao negócio. No entanto, abaixo estão algumas cláusulas comuns que podem ser incluídas em um contrato internacional de compra e venda de mercadorias (NORMAS LEGAIS, 2023): A Invoice geralmente inclui os seguintes elementos: 1. Identificação das partes envolvidas: Nome, endereço e informações de contato do exportador (vendedor) e importador (comprador). 2. Descrição detalhada das mercadorias: O contrato deve conter uma descrição detalhada das mercadorias que serão objeto da compra e venda, incluindo quantidade, qualidade, especificações técnicas, marca, modelo, peso, descrição, número de série (se aplicável) e preços unitários. 3. Termos de venda: Condições acordadas entre o exportador e o importador, como Incoterms (termos de comércio internacional), método de pagamento, prazos de entrega, embalagem, seguro e outros termos comerciais específicos. 4. Valores financeiros: O valor total da transação, incluindo o preço dos produtos ou serviços, taxas de frete, embalagem, seguro, descontos (se aplicáveis) e o valor total a ser pago pelo comprador. 5. Informações fiscais: Números de identificação fiscal, como o número do registro de exportação do exportador e o número do registro de importação do importador, que podem ser exigidos pelas autoridades aduaneiras. 6. Termos de pagamento: Detalhes sobre a forma de pagamento acordada, como transferência bancária, carta de crédito ou outras formas de pagamento internacionalmente reconhecidas. 7. Inspeção e aceitação: O contrato deve estipular os termos de inspeção e aceitação das mercadorias, incluindo a data e o local da inspeção, as normas de qualidade aplicáveis e os procedimentos a serem seguidos em caso de não conformidade. 8. Garantias: O contrato pode prever garantias das partes, tais como garantias de qualidade, garantias de conformidade com as especificações técnicas, garantias de propriedade e garantias de pagamento. 9. Resolução de disputas: O contrato deve incluir cláusulas para resolução de disputas, tais como arbitragem ou mediação, indicando a lei aplicável e o foro competente para a solução de eventuais conflitos. 10. Força maior: O contrato deve prever cláusulas de força maior, para definir as circunstâncias em que a execução do contrato pode ser interrompida ou adiada por eventos fora do controle das partes, tais como desastres naturais ou conflitos políticos. É importante ressaltar que a redação precisa e clara do contrato é essencial para garantir que todas as obrigações e responsabilidades das partes envolvidas sejam devidamente estabelecidas e respeitadas ao longo da transação. Portanto, é recomendável que as partes envolvidas contem com o auxílio de profissionais especializados em contratos internacionais para a elaboração do documento. CLÁUSULA GERAL Em um contrato internacional de compra e venda, as partes podem escolher a lei aplicável ao contrato. No entanto, se não fizeram uma escolha específica, a cláusula geral definirá qual lei será aplicada ao contrato. Essa cláusula é importante porque as leis que regem as transações comerciais podem variar de país para país, o que pode afetar significativamente as obrigações das partes. A inclusão de uma cláusula geral pode fornecer clareza e previsibilidade ao contrato, permitindo que as partes saibam com antecedência qual lei será aplicada se não houver escolha específica. Além disso, essa cláusula pode ajudar a evitar disputas jurídicas dispendiosas e prolongadas que podem surgir se as partes discordarem da lei aplicável. CLÁUSULA DA LEI APLICÁVEL A cláusula da lei aplicável em um contrato internacional de compra e venda é uma disposição contratual que especifica qual lei será utilizada para governar o contrato. Ao incluir uma cláusula da lei aplicável, as partes concordam em seguir as leis de um país específico para governar o contrato. Essa escolha pode ser baseada em uma série de fatores, como o país onde o vendedor está localizado, onde o comprador está localizado, onde a entrega será realizada, entre outros (D’ISEP, 2022). Ao especificar a lei aplicável ao contrato, as partes podem evitar conflitos desnecessários e incertezas jurídicas, já que sabem exatamente quais leis serão aplicadas em caso de litígio ou disputa. Além disso, essa cláusula pode ajudar a garantir que o contrato seja executado de acordo com as leis do país escolhido, o que pode ser especialmente importante em transações internacionais, onde as diferenças culturais e jurídicas podem ser significativas. CLÁUSULA DAS FORMAS DE PAGAMENTO A cláusula de pagamento em um contrato internacional de compra e venda é uma disposição que estabelece as condiçõese prazos para o pagamento do preço acordado entre as partes. Essa cláusula é fundamental para garantir que o vendedor receba o pagamento pelo produto ou serviço que está sendo vendido, e que o comprador receba o produto ou serviço pelo qual está pagando (OLIVEIRA, 2017). Essa cláusula pode especificar diversos aspectos do pagamento, como a moeda em que será efetuado, as formas de pagamento aceitas, os prazos para pagamento, as garantias exigidas para o pagamento, entre outros. É importante que as partes negociem e definam esses aspectos de forma clara e objetiva, a fim de evitar desentendimentos e disputas no futuro. Algumas das cláusulas de pagamento mais comuns em contratos internacionais incluem a cláusula de pagamento antecipado, a cláusula de pagamento na entrega, a cláusula de pagamento por carta de crédito, a cláusula de pagamento em parcelas, entre outras. Cada uma dessas cláusulas pode ser mais adequada para determinados tipos de negociações e transações, dependendo das necessidades e interesses das partes envolvidas. CLÁUSULA DAS CONDIÇÕES DE VENDA OU TERMOS INTERNACIONAIS DE COMÉRCIO As condições de venda encontram-se nos termos internacionais de comércio (em inglês, International Commercial terms – Incoterms), publicados pela Câmara de Comércio Internacional. Trata-se de um conjunto de siglas que correspondem às modalidades acordadas no negócio para a sua perfeita execução. Pode-se inferir que as cláusulas e condições comuns são uma maneira unificada de comunicação contratual, na qual as partes manifestam o acordo das suas obrigações (D’ISEP, 2022). Ambas as partes no contrato internacional de compra e venda de mercadorias, portanto, devem seguir a orientação presente nos Incoterms. Assim, esses termos ou condições de compra e venda definem, nas transações internacionais de mercadorias, as condições em que os produtos devem ser exportados ou importados As regras Incoterms, como definido pela própria ICC (2022), “são os termos de troca mundiais essenciais para a venda de mercadorias”. Elas fornecem orientações específicas para indivíduos que participam diariamente da importação e exportação do comércio global. Tais regras podem ser classificadas a partir dos modais de transporte. Assim, os 11 Incoterms podem ser subdivididos em quatro grupos: E, F, C e D. O grupo E (partida) concentra as responsabilidades no importador e pode ser utilizado em qualquer modalidade de transporte (terrestre, marítimo ou aéreo). Assim sendo, o importador fica responsável por buscar a mercadoria no local e data combinados, bem como arcar com todos os riscos, como extravio ou avaria, e custos, como frete e seguro. Exemplo: o Incoterms EXW. O grupo F (free/frete não pago) indica também que o frete principal e o seguro internacional serão responsabilidades do importador. Consequentemente, nele se enquadram os Incoterms FCA, FAS e FOB. O grupo C (carriage/frete pago) informa que o transporte da mercadoria é pago pelo exportador/vendedor, que fica responsável por contratar e pagar o frete internacional. No entanto, recai sobre o importador a responsabilidade sobre os riscos e danos que possam ocorrer durante o transporte. Nesse grupo estão os Incoterms CFR, CIF, CIP e CPT. O Grupo D (delivery/chegada) determina que os exportadores sejam responsáveis pelos riscos até a entrega da carga, assim como pelos custos do frete até o destino. Neste grupo estão os Incoterms DAP, DPU e DDP. Em resumo, o que diferencia os Incoterms, no final das contas, é a distribuição de responsabilidades e custos entre o exportador e o importador, definindo quem vai contratar e pagar os custos logísticos no país de origem e no país de destino, o transporte internacional e o seguro internacional, entre outros pontos. As operações com os Incoterms que iniciam com as letras F e E (FOB, FCA, EXW) têm frete e/ou seguro internacionais a cargo do importador. Já os termos que iniciam com as letras C e D (CIF, CFR, CIP, CPT, DAP, DPU e DDP) têm frete e/ou seguro internacionais contratados pelo exportador. Em geral, as vendas realizadas na partida deixam os riscos do transporte a cargo do importador (comprador). Nesses casos, a mercadoria é entregue ainda em território nacional ao importador (comprador) ou a um transportador, é depositada no cais junto ao costado do navio ou, ainda, é colocada a bordo do navio. No caso de vendas na chegada, os riscos serão de responsabilidade do exportador (vendedor). Isso significa que o exportador deve entregar a mercadoria no porto de destino indicado pelo importador. Logo, as despesas do exportador variam de acordo com os compromissos que assume no contrato e que correspondem às condições do tipo de Incoterms negociado, tais como (BUENO, 2019): · Cost and freight/custo e frete/CFR (porto de destino nomeado); · Cost Insurance and Freight/custo, seguro e frete/CIF (porto de destino nomeado); · Carriage Paid to/transporte pago até/CPT (local de destino nomeado); · Carriage and Insurance Paid to/transporte e seguro pagos até/CIP (local de destino nomeado); · Delivery at place/Entregue no local/DAP (local de destino nomeado); · Delivery at place unloaded/Entregue no local desembarcado/DPU (Local de destino nomeado); · Delivery duty paid/Entregue com direitos pagos/DDP (local de destino nomeado). Em setembro de 2019, foi atualizada a lista de Incoterms para que atendessem a evolução e a modernização dos formatos de transações. A lista foi publicada entrou em vigor em 1º de janeiro de 2020. A versão Incoterms 2020 substituiu algumas siglas e incorporou novos modais de transporte (SANTOS; MARIANO, 2020). Na atual configuração, podemos identificar modalidades em que o exportador assume mais ou menos responsabilidades na transação comercial. Cada modalidade tem suas características específicas. A tabela dos Incoterms é um instrumento que ajuda identificar as normas que estão em vigor, suas siglas e o tipo de transporte de cada modalidade, sendo estabelecida e divulgada pela ICC. Como já mencionado, no dia 1º de janeiro de 2020 entraram em vigor os novos Incoterms, em substituição aos Incoterms de 2010. As mudanças são poucas e pretendem trazer mais clareza na distribuição dos custos do transporte entre vendedor (exportador) e comprador (importador) (BUENO, 2019). Em outras palavras, essas fórmulas contratuais estabelecem os direitos e as obrigações tanto do exportador quanto do importador, indicando, com exatidão, o significado do que foi negocial entre as partes. Figura 2 - Reponsabilidade do Vendedor e Responsabilidade do Comprador Fonte: Elaborado pelo autor (2023). CLÁUSULA DO FORO OU DA JURISDIÇÃO A cláusula do foro ou da jurisdição em um contrato internacional de compra e venda é uma disposição contratual que estabelece qual país ou jurisdição será responsável por resolver eventuais conflitos decorrentes do contrato (OLIVEIRA, 2017). Essa cláusula é importante porque, em casos de litígios entre as partes do contrato, a escolha do foro ou jurisdição correta pode ter implicações significativas, tais como a lei aplicável ao caso, a língua utilizada no processo, os custos envolvidos e a efetividade da decisão judicial. Normalmente, a cláusula do foro ou da jurisdição é negociada e acordada pelas partes envolvidas no contrato internacional, sendo uma parte importante do processo de negociação. CLÁUSULA DE ARBITRAGEM A cláusula de arbitragem em um contrato internacional de compra e venda é uma disposição que estabelece que quaisquer litígios decorrentes do contrato serão resolvidos por meio de um processo de arbitragem, em vez de um processo judicial (OLIVEIRA, 2017). A arbitragem é um método de resolução de conflitos em que as partes envolvidas escolhem um ou mais árbitros independentes para ouvir as suas posições e tomar uma decisão vinculativa para ambas as partes. É um processo mais rápido e menos formal do que um processo judicial tradicional, e pode ser realizado em qualquer lugar do mundo, conforme acordado pelas partes. A cláusula de arbitragem é frequentemente utilizada em contratos internacionais de comprae venda, pois pode ser uma forma mais eficiente e menos onerosa de resolver conflitos transnacionais. Além disso, a arbitragem pode oferecer maior privacidade e confidencialidade às partes do que um processo judicial. É importante notar que a escolha da arbitragem como método de resolução de conflitos deve ser negociada e acordada pelas partes envolvidas no contrato, e que a cláusula de arbitragem deve ser redigida de forma clara e precisa para evitar ambiguidades e garantir que a arbitragem seja realizada de acordo com as regras acordadas pelas partes (OLIVEIRA, 2017). Essa cláusula se tornou possível a partir da Lei de Arbitragem nº 9.307/1996 que estabelece na legislação brasileira as regras e os procedimentos para a utilização da arbitragem como meio de solução de conflitos de natureza civil ou comercial. A arbitragem se constitui, portanto, em um método alternativo ao Judiciário para resolver disputas, no qual as partes envolvidas escolhem um árbitro ou um tribunal arbitral para tomar uma decisão vinculativa. Antes da promulgação desta lei, a arbitragem era pouco utilizada no país já que não havia uma regulamentação específica para sua aplicação. A Lei de Arbitragem trouxe segurança jurídica e incentivou a utilização desse método de resolução de conflitos, tornando o Brasil mais alinhado com as práticas internacionais (OLIVEIRA, 2015). A principal característica da Lei de Arbitragem é a autonomia da vontade das partes envolvidas. Isso significa que as partes têm liberdade para escolher a arbitragem como meio de solução de conflitos e para determinar as regras e procedimentos que serão aplicados no processo arbitral. Além disso, as partes têm o direito de escolher os árbitros que julgarão a disputa, levando em consideração a experiência e a qualificação deles. A decisão proferida pelo tribunal arbitral tem o mesmo valor de uma sentença judicial e é definitiva, não cabendo recurso aos tribunais judiciais, exceto em casos específicos previstos em lei. Além disso, a sentença arbitral pode ser executada diretamente, sem a necessidade de homologação pelo Poder Judiciário, o que confere celeridade ao processo. A Lei de Arbitragem também estabelece algumas garantias e princípios fundamentais, como o devido processo legal, a igualdade entre as partes, a imparcialidade dos árbitros e a confidencialidade das informações e dos documentos apresentados no processo arbitral. CLÁUSULA DO IDIOMA A cláusula do idioma em um contrato internacional é uma disposição que estabelece qual idioma será utilizado para a redação do contrato e para a comunicação entre as partes durante a execução dele (NORMAS LEGAIS, 2023). Essa cláusula é importante porque, em um contrato internacional, as partes podem falar idiomas diferentes, o que pode levar a problemas de comunicação e interpretação das cláusulas do contrato. Além disso, em caso de litígios, a escolha do idioma a ser utilizado pode afetar a interpretação das cláusulas contratuais e a efetividade das decisões judiciais. Algumas cláusulas de idioma comuns em contratos internacionais incluem a obrigação de tradução de documentos relevantes para o idioma escolhido, ou ainda a possibilidade de usar interpretação simultânea durante reuniões e conferências. O CONTRATO A elaboração de um contrato de compra e venda internacional pode ser complexa devido às diversas variáveis envolvidas, como as leis aplicáveis, as especificidades do produto ou serviço, as condições de entrega, o pagamento, entre outros fatores. No entanto, você teve uma visão geral dos elementos essenciais que podem ser incluídos em um contrato de compra e venda internacional. É importante ressaltar que esses são apenas alguns pontos que podem ser incluídos em um contrato de compra e venda internacional. Dependendo da natureza do negócio e das partes envolvidas, podem ser necessárias cláusulas adicionais. Apesar de não haver regras sobre a forma do contrato, os elementos essenciais devem constar no mesmo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO, N. Direito internacional privado: teoria e prática brasileira. 9. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2020. BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasília: Presidência da República, [2022a]. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ leis/2002/l10406compilada.htm. Acesso em: 23 jan. 2023. BUENO, S. Conhecendo os Incoterms® 2020: conheça todos os novos termos internacionais de comércio e entenda as mudanças. São Leopoldo: Fazcomex, 2019. Ebook. ICC. Incoterms, 2020. Disponível em: https://iccwbo.org/resources-forbusiness/incoterms-rules/incoterms-2020/. Acesso em: 24 abr. 2023. Normas Legais. COMPRA E VENDA INTERNACIONAL DE MERCADORIAS – CLÁUSULAS NECESSÁRIAS. https://www.normaslegais.com.br/guia/clientes/compra-e-vendainternacional-2.htm. Acesso em: 23 abr.2023. D’ISEP, C. F. M.; COSTA, J. A. F. Contrato internacional. In: CAMPILONGO, C. F.; GONZAGA, A. A.; FREIRE, A. L. (coord.). Enciclopédia jurídica da PUC-SP. São Paulo: Universidade Católica de São Paulo, 2022. Disponível em: https://enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/502/edicao-1/contrato-internacional. Acesso em: 23 abr.2023. GAGLIANO, P. S.; PAMPLONA FILHO, R. Novo curso de direito civil: contratos. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2022. v. 4. GOMES, O. Contratos. 27. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019. LÔBO, P. Direito civil: contratos. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2018. v. 3. OLIVEIRA, Josiane. Cláusulas Essenciais dos Contratos de Compra e Venda de Mercadorias. JUSBRASIL, 2017. Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/artigos/clausulas-essenciais-dos-contratosinternacionais-de-compra-e-venda-de-mercadorias/482114583. Acesso em: 23 abr.2023. SANTOS, N. C.; MARIANO, R. D. Entenda o que mudou com os Incoterms 2020. Consultor Jurídico, 16 fev. 2020. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2020-fev-16/opiniaoentenda-mudou-incoterms-2020. Acesso em: 23 abr.2023. VIEIRA, Mariana. Contratos Internacionais: direito contratual internacional. Jusbrasil, 2019. Disponível em: https://marianavieira2004hotmailcom.jusbrasil.com.br/artigos/725777724/contratosinternacionais. Acesso em: 23 abr.2023. OLIVEIRA, Larissa Alderete Betio de. A Arbitragem na Administração Pública: Possibilidades e Desafios após a LEI Nº. 13.129/2015. Revista da PGE-MS. 17 ed. Roteiro INSTRUÇÕES GERAIS 1. Neste experimento, você irá aprimorar seus conhecimentos sobre o contrato de compra e venda de mercadorias. 2. Utilize a seção “Recomendações de Acesso” para melhor aproveitamento da experiência virtual e para respostas às perguntas frequentes a respeito do Laboratório Virtual. 3. Caso não saiba como manipular o Laboratório Virtual, utilize o “Tutorial” presente neste Roteiro. 4. Caso já possua familiaridade com o Laboratório Virtual, você encontrará as instruções para realização desta prática na subseção “Procedimentos”. 5. Ao finalizar o experimento, responda aos questionamentos da seção “Avaliação dos Resultados”. RECOMENDAÇÕES DE ACESSO DICAS DE DESEMPENHO Para otimizar a sua experiência no acesso aos laboratórios virtuais, siga as seguintes dicas de desempenho: · Feche outros aplicativos e abas: Certifique-se de fechar quaisquer outros aplicativos ou abas que possam estar consumindo recursos do seu computador, garantindo um desempenho mais eficiente. · Navegador Mozilla Firefox: Recomendamos o uso do navegador Mozilla Firefox, conhecido por seu baixo consumo de recursos em comparação a outros navegadores, proporcionando uma navegação mais fluida. · Aceleração de hardware: Experimente habilitar ou desabilitar a aceleração de hardware no seu navegador para otimizar o desempenho durante o acesso aos laboratórios virtuais. · Requisitos mínimos do sistema: Certifique-se de que seu computador atenda aos requisitos mínimos para acessar os laboratórios virtuais. Essa informação está disponível em nossa Central de Suporte. · Monitoramento do sistema: Utilize o Gerenciador de Tarefas (Ctrl + Shift + Esc) para verificar o uso do disco, memória e CPU. Se estiverem em 100%, considere fecharoutros aplicativos ou reiniciar a máquina para otimizar o desempenho. · Teste de velocidade de internet: Antes de acessar, realize um teste de velocidade de internet para garantir uma conexão estável e rápida durante o uso dos laboratórios virtuais. · Atualizações do navegador e sistema operacional: Mantenha seu navegador e sistema operacional atualizados para garantir compatibilidade e segurança durante o acesso aos laboratórios. PRECISA DE AJUDA? Em caso de dúvidas ou dificuldades técnicas, visite nossa Central de Suporte para encontrar artigos de ajuda e informações para usuários. Acesse a Central de Suporte através do link: https://suporte-virtual.algetec.com.br Se preferir, utilize os QR Codes abaixo para entrar em contato via WhatsApp ou ser direcionado para a Central de Suporte. Estamos aqui para ajudar! Conte conosco! DESCRIÇÃO DO LABORATÓRIO PROCEDIMENTOS ENTENDENDO O PROBLEMA Leia o texto contido na introdução e entenda o caso para seguir para a construção do contrato. CONSTRUINDO O CONTRATO Faça o contrato internacional de compra e venda, combinando os termos que melhor encaixem na construção do contrato. AVALIANDO OS RESULTADOS Siga para a seção “Avaliação dos Resultados” e responda de acordo com o que foi observado no experimento, associando também com os conhecimentos aprendidos sobre o tema. AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS 1. Como a lei protege as partes envolvidas em um contrato de compra e venda de mercadorias em caso de descumprimento dos termos acordados? 2. Quais são as cláusulas comuns que devem ser incluídas em um contrato de compra e venda de mercadorias para garantir a segurança e a eficácia da transação? TUTORIAL VIRTUALAB ENTENDENDO O PROBLEMA Inicie o experimento clicando com o botão esquerdo do mouse sobre o botão “iniciar”. Leia o texto contido na introdução, avance para a próxima etapa clicando com o botão esquerdo do mouse sobre o botão “Próximo”. Leia e entenda o caso do laboratório, em seguida prossiga clicando com o botão esquerdo do mouse em “Próximo”. CONSTRUINDO O CONTRATO Preencha a primeira parte do contrato clicando com o botão esquerdo do mouse sobre as opções e arraste-a para o espaço designado. Continue preenchendo as informações clicando com o botão esquerdo do mouse sobre a barra e arraste-a para baixo Continue o experimento clicando com o botão esquerdo do mouse em “Próximo”. Complete o contrato clicando com o botão esquerdo do mouse na opção de resposta e arraste até o espaço designado. Após completar todas as lacunas prossiga para a próxima etapa clicando com o botão esquerdo do mouse em “Próximo” Complete o contrato clicando com o botão esquerdo do mouse na opção de resposta e arraste até o espaço designado. Após completar todas as lacunas prossiga para a próxima etapa clicando com o botão esquerdo do mouse em “Próximo” Leia o texto em seguida prossiga clicando com o botão esquerdo do mouse em “Próximo”. Complete o contrato clicando com o botão esquerdo do mouse na opção de resposta e arraste até o espaço designado. Após completar todas as lacunas prossiga para a próxima etapa clicando com o botão esquerdo do mouse em “Próximo” Complete o contrato clicando com o botão esquerdo do mouse na opção de resposta e arraste até o espaço designado. Após completar todas as lacunas prossiga para a próxima etapa clicando com o botão esquerdo do mouse em “Próximo” Complete o contrato clicando com o botão esquerdo do mouse na opção de resposta e arraste até o espaço designado. Após completar todas as lacunas prossiga para a próxima etapa clicando com o botão esquerdo do mouse em “Próximo” Leia o e-mail completo clicando com o botão esquerdo do mouse sobre a barra e arraste para baixo. Após ler todo o e-mail prossiga clicando com o botão esquerdo do mouse em “Próximo”. Faça o download do contrato clicando com o botão esquerdo do mouse “Download do Contrato”. AVALIANDO OS RESULTADOS Siga para a seção “Avaliação dos Resultados” e responda de acordo com o que foi observado no experimento, associando também com os conhecimentos aprendidos sobre o tema. RESPOSTA: image3.png image4.png image5.png image6.png image7.jpeg image1.jpeg image8.jpeg image9.jpeg image10.jpeg image11.jpeg image12.jpeg image13.jpeg image14.jpeg image15.jpeg image16.jpeg image17.jpeg image2.jpeg image18.jpeg image19.jpeg image20.jpeg image21.jpeg image22.jpeg image23.jpeg image24.jpeg image25.jpeg image26.jpeg