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Layslla Amaral, 4° semestre 1 As consultas pré-natais representam uma oportunidade de envolver a gestante adulta nos cuidados médicos de rotina e otimizar os desfechos obstétricos para a mãe e o feto. Em geral, a consulta pré-natal deve revisar os sintomas que preocupem a gestante, avaliar o bem-estar materno e fetal e fornecer orientação antecipatória para as próximas semanas gestacionais antes da consulta seguinte. Embora muitas gestantes compareçam à consulta com um parente ou o parceiro, o examinador também deve se lembrar de entrevistar a paciente com privacidade, porque alguns componentes da anamnese e do rastreamento de saúde podem ser desconhecidos para outras pessoas que estejam presentes na sala para dar apoio à paciente. Esse é particularmente o caso com a história obstétrica pregressa, atitudes em relação à gravidez, uso de substâncias psicoativas, infecções sexualmente transmissíveis e violência doméstica. Durante a consulta inicial, a anamnese é coletada enquanto a paciente ainda está vestida. O pré-natal tem como objetivo garantir o progredir fisiológico da gestação, diminuindo os riscos e a ocorrência de complicações durante esse período e no momento do parto. As consultas têm o intuito de promover a saúde da gestante e da criança e ao mesmo tempo fornecer assistência psicossocial, atividades educativas e preventivas às mulheres que precisarem. A unidade básica de saúde (UBS) deve ser a porta de entrada da gestante no sistema de saúde, garantindo o acompanhamento continuado e longitudinal da mesma durante toda a gravidez. Para que isso seja possível, é necessária a realização do cadastro na unidade de saúde e preenchimento do Cartão da Gestante, preferencialmente no 1º trimestre da gravidez, para que intervenções oportunas possam ser tomadas desde o início do período gestacional, sejam elas preventivas ou terapêuticas. Também é garantido o atendimento da totalidade das puérperas e recém- nascidos cadastrados. As consultas de pré-natal abrangem a anamnese obstétrica, o exame físico ginecológico, a solicitação de exames complementares indicados, os Layslla Amaral, 4° semestre 2 cuidados com a imunização e a oferta de medicamentos necessários (como sulfato ferroso e ácido fólico), além da avaliação do estado nutricional. O programa de Pré-natal deve contar com uma equipe multiprofissional, composta por, no mínimo, um médico ginecologista/obstreta, um enfermeiro e um cirurgião-dentista (pré-natal na gestação de baixo risco), sendo devidamente encaminhada, quando necessário para outras especialidades. • Diagnóstico de gravidez: • Teste rápido de gravidez: pode ser feito na própria UBS, para confirmar o diagnóstico rápido de gravidez, acelerando o processo para confirmação da gravidez e início do pré-natal. • Beta-HCG: é utilizado como diagnóstico confirmatório e precoce da gravidez. Esse hormônio pode ser detectado no sangue periférico cerca de uma semana após a concepção, a partir disso, sua concentração sérica aumenta, atingindo o pico entre 60 a 90 dias durante a gestação. • USG: pode ser solicitado para o diagnóstico de certeza da gravidez, como também, dentre outros vários fatores, para a determinação da idade gestacional embrionária e/ou fetal, o que é de suma importância já que muitas vezes a data da última menstruação (DUM) é relatada incorretamente, impossibilitando o cálculo real da data provável do parto (DPP) e da Idade gestacional (IG). Sinais de presunção da gravidez: • Atraso menstrual; • Manifestações clínicas: náuseas, vômitos matutinos, tonturas, salivação excessiva, mudança de apetite, polaciúria, fadiga e sonolência; • Modificações anatômicas: aumento do volume mamário e da sua hipersensibilidade, com a saída do colostro e o aparecimento dos tubérculos de Montgomery; coloração violácea vulvar, cianose vaginal e cervical, além do aumento do volume abdominal. Layslla Amaral, 4° semestre 3 Sinais de probabilidade da gravidez: • Amolecimento da cérvice uterina e posterior aumento de volume; • Aumento das paredes vaginais e de sua vascularização; • ß-HCG positivo no soro materno a partir do 8º ou 9º dia após a fertilização. Sinais de certeza da gravidez: • Batimentos cardíacos fetais (BCF) presentes, detectados pelo Sonar doppler a partir de 12 semanas e pelo Pinard a partir de 20 semanas de gestação; • Movimentos fetais ativos (MFA) a partir da 18ª ou 20ª semanas; • Ultrassonografia. Após a confirmação da gravidez, a gestante é cadastrada no SisPRENATAL e dará início ao seu pré-natal. ➢ Cálculo da idade gestacional: - Quando a DUM é conhecida: Some o número de dias do intervalo entre a data da consulta e a DUM, e divide o resultado por 7. Exemplo: Data da consulta: 14/02/2020, DUM: 01/11/2019 106/7= 15 semanas e 1 dia - Quando não se sabe o dia certo da DUM, mas recorda o período menstrual: Se foi no início do mês, considera a DUM como dia 5, se foi no meio do mês considera a DUM como dia 15 e se foi no final do mês considera a DUM como dia 25. - Quando não sabe a DUM e o período menstrual: Analisa pela medida da altura uterina e movimentos fetais (que iniciam a partir de 18 semanas) ➢ Cálculo da data provável do parto: - Regra de Nagele: Soma 7 dias ao primeiro dia da DUM e subtrai 3 meses ao mês da DUM. Exemplos: DUM: 13/08/2010 DIA: 13+7=20 MÊS: 08-3= 5 ANO: 2011 DPP: 20/05/2011 DUM: 10/03/2009 DIA: 10+7=17 MÊS: 03+9=12 DPP: 17/12/2009 Layslla Amaral, 4° semestre 4 DUM: 28/01/2012 DIA: 28+7=35 (tira 4 dias) MÊS: 02+09=11 DPP: 04/11/2012 Primeira consulta • Número mínimo de consultas: 6 (médico e enfermagem). • Idade “ideal” para gestação: 18 – 34 anos. 52 ►Na primeira consulta da gestante deverão ser fornecidos: • O Cartão da Gestante, com a identificação preenchida, o número do Cartão Nacional da Saúde, o hospital de referência para o parto e as orientações sobre; • O calendário de vacinas e suas orientações; • A solicitação dos exames de rotina; • As orientações sobre a participação nas atividades educativas (reuniões e visitas domiciliares). Inicialmente, as consultas deverão ser mensais até a 28ª semana, posteriormente quinzenais entre a 28ª e a 36ª semana e, por fim, semanais no termo (após 37ª semana). ►Ficha de avaliação do risco gestacional: Na primeira consulta pré-natal irá se estabelecer a classificação do risco gestacional – realizado posteriormente em toda consulta – e o encaminhamento, quando necessário, ao pré-natal de alto risco ou à urgência/emergência obstétrica, com objetivo de reduzir a morbimortalidade materno-infantil. Exames complementares: Layslla Amaral, 4° semestre 5 ➢ Intercorrências: ➢ Dor abdominal inferior (segundo trimestre): o crescimento rápido no segundo trimestre causa tensão e estiramento dos ligamentos redondos que sustentam o útero, causando dor aguda ou em cólica com a movimentação ou mudança de posição. ➢ Estrias abdominais (segundo ou terceiro): A distensão da pele e a ruptura do colágeno na derme contribuem para a formação de linhas finas, geralmente róseas, ou estrias gravídicas. Estas podem persistir ou desaparecer com o tempo após o parto. ➢ Amenorreia (todos): Os altos níveis de estrogênio, progesterona e hCG aumentam a espessura do endométrio e impedem a menstruação, causando a ausência do ciclo menstrual, que muitas vezes é o primeiro sinal perceptível de gravidez. ➢ Dor nas costas (todos):O relaxamento dos ligamentos pélvicos induzido pelos hormônios contribui para as dores musculoesqueléticas. A lordose necessária para equilibrar o útero gravídico contribui para a distensão da região lombar. O aumento das mamas pode contribuir para dor na região superior do dorso. ➢ Sensibilidade/formiga mento das mamas (primeiro): Os hormônios da gravidez estimulam o crescimento do tecido mamário, provocando aumento do volume e possível dor, sensibilidade e formigamento. O aumento do fluxo sanguíneo torna as veias delicadas mais visíveis abaixo da pele. ➢ Constipação intestinal(todos): A constipação intestinal é o resultado do Layslla Amaral, 4° semestre 6 trânsito gastrintestinal mais lento em decorrência de alterações hormonais, desidratação causada por náuseas e vômitos e suplementação de ferro nas vitaminas pré natais. ➢ Contrações (terceiro): Contrações uterinas irregulares e imprevisíveis (contrações de Braxton Hicks) raramente estão associadas ao trabalho de parto. Contrações que se tornem regulares ou dolorosas devem ser avaliadas para determinar se consistem em início do trabalho de parto. ➢ Edema(terceiro): Diminuição do retorno venoso, obstrução do fluxo linfático e redução da pressão coloidosmótica do plasma provocam, com frequência, edema dos membros inferiores. Contudo, edema substancial e súbito e hipertensão arterial sistêmica são indícios de pré-eclâmpsia. ➢ Fadiga (primeiro/terceiro): A fadiga está relacionada à rápida mudança das demandas energéticas, efeitos sedativos da progesterona, alterações da mecânica corporal resultantes do útero gravídico e transtorno do sono. Muitas mulheres relatam maior energia e bem-estar durante o segundo trimestre. ➢ Pirose (todos): A progesterona relaxa o esfíncter esofágico inferior, possibilitando o refluxo do conteúdo gástrico para o esôfago. O útero gravídico também exerce pressão física sobre o estômago com o aumento da idade gestacional, contribuindo para os sintomas de refluxo. ➢ Hemorroidas (todos): podem ser causadas por constipação intestinal, diminuição do retorno venoso decorrente da pressão crescente da pelve, compressão por partes fetais e alteração do nível de atividade física durante a gravidez. ➢ Perda do tampão mucoso (terceiro): A eliminação do tampão mucoso é comum durante o trabalho de parto, mas pode ocorrer antes do início das contrações. Desde que não haja contrações regulares, sangramento ou extravasamento de líquido amniótico, é improvável que a perda do tampão Layslla Amaral, 4° semestre 7 mucoso estimule o início do trabalho de parto. ➢ Naúseas e/ou vômitos (primeiro): reflete as alterações hormonais, o peristaltismo gastrointestinal mais lento, alterações do olfato e paladar e fatores socioculturais. ➢ Polaciúria (todos): aumentos do volume sanguíneo e dataxa de filtração renal resultam em maior produção de urina, enquanto a pressão do útero gravídico reduz o espaço potencial da bexiga urinaria ➢ Corrimento vaginal (todos): Corrimento branco leitoso e assintomático, leucorreia, é causado por aumento das secreções dos epitélios vaginal e cervical em decorrência de congestão vascular e alterações hormonais. Qualquer corrimento de odor fétido ou pruriginoso deve ser investigado. ➢ Vacinas: Hepatite B: - Esquema completo, não precisa ser vacinada. - Vacinação incompleta, completar as doses até que seja realizado um total de três doses. Não vacinada ou vacinação desconhecida: deve ser aplicado três doses no esquema de 0, 1 e 6 meses. A primeira deve ser aplicada após o 1° trimestre. dT e dTpa: - Gestantes previamente vacinadas com 3 doses (incompleta), tomar 1 dose de dTpa a partir da 20° semana ou até 45 dias após o parto; -Gestantes com vacinação incompleta: tomar 1 dose com dT, (caso a gestante tenha tomado só 1 dose de dT); -►Gestantes não vacinadas ou com vacinação desconhecida: Realizar 2 doses de dT, Tomar 1 dose de dTpa a partir da 20ª semana de gestação ou até 45 dias após o parto (puerpério), respeitando o intervalo mínimo de 1 mês entre as vacinas. Influenza: dose única anual no momento em que estiver ocorrendo à campanha. Layslla Amaral, 4° semestre 8 Vacinas contraindicadas: ►Febre amarela ►Tríplice viral ►HPV ►Varicela ►Dengue A anamnese obstétrica é um instrumento propedêutico importante durante o cuidado pré- natal. Seu interrogatório é direcionado para assegurar que mãe e filho sejam avaliados, fazendo com que o concepto chegue a termo, viável e com saúde. Durante a consulta a grávida deve expor suas queixas, desconfortos e dúvidas, assim como, oportunizar a participação do parceiro e de familiares que também auxiliarão no cuidado dessa gestante e depois do bebê. Assim, mesmo que a gestante compareça referindo não apresentar queixa principal (que normalmente nesses casos é a própria consulta de acompanhamento pré-natal), o profissional médico deve seguir com um interrogatório direcionado à identificação das principais afecções ginecológicas e obstétricas com potencial de causarem intercorrências durante a gestação. A paciente deve comparecer com regularidade ao pré-natal, com visita mensal até 31 semanas; depois quinzenal, entre 32 a 36 semanas e semanal no termo até o parto. • Identificação: • Idade: notar os extremos de idade, menores de 16 e maiores de 35 anos. Nas mais jovens há aumento da ocorrência de hiperêmese e nas com idade mais avançada de mal formações estruturais no feto. A incidência de abortamento e pré-eclampsia é maior em ambos os casos. • Profissão: atentar para trabalhos em ambientes insalubres, que a exponha a irradiação, gases voláteis e intoxicação por fósforo, chumbo, arsênico, nicotina, mercúrio e agrotóxicos; que exijam que a gestante permaneça muito tempo em posição ortostática, sem para descanso ou pausa para alimentar- se. • Nível de escolaridade: o baixo nível de escolaridade é frequentemente associado a um menor número de consultas pré- natais, prole numerosa com falta de planejamento familiar, gestação indesejada, uniões instáveis e necessidade de manter atividades de trabalho até períodos próximos ao parto. •Naturalidade/Etnia: a naturalidade instiga investigação quanto a doenças da região, como malária, doença de Chagas e talassemias. As características étnicas interferem na estrutura corporal, à exemplo da baixa estatura e pelve pequena das mulheres orientais. • Estado conjugal: questionar sobre casamento ou união estável. O estado conjugal interfere na esfera socioeconômica, emocional e sexual, podendo comprometer o evoluir de uma gestação saudável, principalmente para aquelas que não apresentam parceiro fixo. Infecções genitais, práticas abortivas, eclampsia/pré-eclampsia e morbidade puerperal aumentam com a maior variedade de parceiros. Layslla Amaral, 4° semestre 9 • Antecedentes familiares: • Hipertensão arterial sistêmica: há maior prevalência de síndromes hipertensivas em gestantes que apresentam histórico familiar de 1º grau (exemplo: gestante com mãe e irmã que tiveram pré-eclâmpsia na gestação tem mais chance de ter a doença). • Diabetes mellitus: tem maior prevalência quando presente na linhagem materna. • Gemelidade: a natureza dessa herança permanece desconhecida, embora se saiba que gestantes filhas de mulheres que tiveram gêmeos tenham altas chances de também gerá-los. • Câncer: principalmente do trato genital e mamas, presentes nos parentes maternos dagrávida. • Malformações: essas alterações podem indicar distúrbios cromossomais, devendo-se orientar a gestante à realização de estudo genético quando presentes na família do casal. • Outras: como colagenoses, doenças hematológicas e antecedentes obstétricos ruins de parentes maternos da gestante. • Antecedentes pessoais: • Hipertensão arterial: a hipertensão crônica nas gestantes tende a cair no início da gestação e aumentar durante o terceiro trimestre para níveis um pouco acima do início da gravidez. Os desfechos adversos dependem em grande parte do desenvolvimento de pré- eclâmpsia sobrejacente. • Cardiopatia: doenças cardiovasculares variam na severidade e são responsáveis por complicar cerca de 1% das gestações e contribuir significantemente para o aumento da morbimortalidade materna. • Diabetes melitus: uma complicação gestacional comum. As mulheres podem ser divididas naquelas que já tinham o diagnóstico antes da gestação (pré gestacional) e nas que são diagnosticadas durante a gravidez (gestacional). A diabetes pré- gestacional é relacionada a maiores índices de anomalias fetais e risco de morte fetal, devendo os níveis de glicemia pós pandrial serem muito bem controlados. Não ocorre aumento de anormalidades fetais na diabetes gestacional, entretanto, nesses casos há altas chances do feto ter tamanho excessivo (macrossomia), caracterizado com peso ao nascer maior que 4.000 g. Crianças macrossômicas são associadas à parto laborioso e trauma ao nascimento (distócia do ombro normalmente). • Infecção urinária: é a infecção mais comum durante a gravidez. Embora a bacteriúria assintomática seja o achado mais comum, infecções sintomáticas podem ocorrer, entre elas cistite e Layslla Amaral, 4° semestre 10 pielonefrite. O tratamento dessas infecções é crucial, já que mesmo a infecção assintomática, quando não tratada, evoluirá para infecção sintomática em algum momento da gravidez. As infecções do trato urinário por si só são associadas ao aumento do risco do nascimento de crianças com baixo-peso ao nascer, parto prematuro, gestação associada à hipertensão e anemia. • Cirurgia em geral/cirurgia pélvica: principalmente as do aparelho reprodutor, como cesária pregressa e miomectomia, por aumentarem as chances de rotura uterina; corretoras de distopias genitais e fístulas vésico-vaginais, por contraindicarem parto transvaginal; outras realizadas sobre o colo uterino e as curetagens repetidas, por favorecerem a incompetência ístmo- cervical; além de operações mamárias, que, a depender da técnica, podem dificultar a amamentação. • Alergias: a fatores ambientais e medicamentos ou outros recursos que poderão ser utilizados durante a gestação, parto ou puerpério (exemplos: iodo, sulfas, dipirona, penicilina, ácido acetilsalicílico, etc). • Medicações em uso: atentar-se para droga, posologia e duração do uso. • Preocupações e atitudes em relação à gravidez: pergunte como se sente em relação á gravidez, se foi planejada ou não. Se não, ela planeja levar a gravidez a termo, abortar ou considerar a adoção? Há envolvimento do parceiro, do pai biológico do feto ou outra rede de suporte familiar? Ao pesquisar os pontos de vista da gestante, utilize questões abertas e seja flexível, sem fazer julgamentos. Respeite as diversas estruturas familiares, como o suporte familiar estendido, mãe solteira ou uma gravidez concebida por doação de esperma, com ou sem um parceiro de qualquer gênero. Apoie as escolhas da paciente quando surgirem confissões inesperadas, como uma gravidez resultante de um ato sexual coercitivo ou o desejo de encerrar a gravidez. • Antecedentes obstétricos: • Questionar sobre o número de vezes que a pacientes engravidou – Gesta(s). Não importando o número de conceptos ou o término da gestação. Nesse caso ela será considerada Gesta I, mesmo em caso de abortamento ou no nascimento de gêmeos. • Questionar sobre o número de partos – Para(s). Considera-se Para todo o parto que ocorreu após 22 semanas de gestação, não importando se foi um parto prematuro de um feto morto. Verificar quais foram as vias parto (abdominal ou vaginal), se Layslla Amaral, 4° semestre 11 houveram partos cesáreos, questionar a sua indicação. Se o parto ocorreu por via vaginal mas em situação transpélvica, questionar evolução e a necessidade do uso de fórcipe ou a realização de vácuo- extração. Confirmar a época gestacional no qual ocorreram, se pré-termo, à termo ou pós-termo. • Houveram abortamentos (gestações interrompidas até a 22ª semana de gravidez). Se sim, há necessidade de serem caracterizados: número, em qual intervalo de tempo e idade gestacional; se foram completos, incompletos ou infectados; espontâneos ou provocados; se necessitaram de curetagem ou aspiração uterina; e por fim, se existiram complicações após o abortamento. • Partos gemelares? • Ectopias? • Questionar a respeito de óbito(s) na primeira semana de vida (óbito neonatal precoce) ou após a primeira semana até 28 dias de nascido (óbito neonatal tardio). Verificar o intervalo de tempo entre a última gestação e a gestação atual. Lembrando que intervalos menores que 2 anos entre as gestações é prejudicial para a mulher, já que este é o tempo mínimo necessário para que a mesma restabeleça as suas reservas nutricionais e recuperar estados orgânicos modificados pela gestação. Também é importante dar atenção para intervalos maiores que 10 anos, nesses casos devemos lidar com a paciente como se ela nunca tivesse parido. Questionar peso do recém- nascido que nasceu com o maior peso, se teve o puerpério normal ou patológico, se amamentou e por quanto tempo, fazendo a média do tempo de amamentação (soma do total de tempo que essa gestante amamentou durante a vida dividido pelo número de filhos). O número de gestações (“gesta”) refere-se ao número de vezes que uma mulher engravidou e paridade é o número de vezes que ela deu à luz um feto de idade viável (≥ 24 semanas de gestação), independentemente de ser um nativivo ou natimorto. Por exemplo, uma mulher descrita como “gesta 2, para 2” (G2 P2) teve duas gestações e dois partos após 24 semanas, e uma mulher descrita como “gesta 2, para 0” (G2 P0) teve duas gestações, das quais nenhuma sobreviveu até a idade gestacional de 24 semanas. A paridade é adicionalmente dividida em partos a termo, partos pré-termo, abortos (abortos espontâneos e provocados) e nativivos. Uma mulher com dois abortos espontâneos antes de 20 semanas de gestação, três nativivos nascidos no termo e uma gravidez atual seria referida como “G6 P3023”. Um erro comum consiste em designar uma gestação múltipla, por exemplo, gemelar, com uma contagem de dois no número de gestações ou paridade. Na prática, cada gravidez recebe apenas uma contagem em qualquer categoria, independentemente do número de fetos, exceto para nativivos, quando todos são contados. Portanto, para uma primeira gravidez com gêmeos nascidos no termo, a designação correta seria G1 P1002. Layslla Amaral, 4° semestre 12 • Planos para amamentação. O aleitamento materno protege o lactente contra várias condições infecciosas e não infecciosas e exerce um efeito protetor sobre a mãe contra o câncer de mama e outras condições. Os planos para contracepção dependerão das preferências da paciente, da anamnese e da decisão relativa à amamentação. • Planos para contracepção pós-parto. Inicie essa discussão cedo, pois a contracepção pós-parto reduz o risco de gravidez indesejada e intervalos mais curtos entre as gestações, que estão ligados aaumentos dos resultados adversos da gestação. • ►Gestação atual: fazer cálculo da DUM (data da última menstruação) e DPP (data provável do parto) – verificar capítulo de pré- natal. Confirmar tipagem sanguínea e fator Rh. Questionar a respeito dos hábitos da gestante, se é tabagista ou faz ingestão de bebidas alcóolicas – já essas substâncias apresentam componentes que alcançam a corrente sanguínea facilmente, podendo causar abortamentos, malformações, crescimento intra-uterino restrito, parto prematuro e alterações neurológicas na criança. Averiguar se existiram intercorrências até o momento da primeira consulta e se a gestante tem apresentado êmese ou hiperêmese. O exame físico da gestante deve ser geral e completo, iniciando-se na primeira consulta do pré-natal, com ênfase nos aspectos ginecológicos e obstétricos. As pacientes devem ser examinadas em busca de alterações no estado geral, no peso, na pressão arterial, no volume da glândula tireoide, na ausculta cardíaca e pulmonar, na inspeção da pele e na palpação do abdome. Em acréscimo, é de fundamental importância a realização de exame ginecológico completo, incluindo a avaliação de vulga, vagina e mamas. O exame obstétrico, especificamente, inclui medida da altura uterina, que auxilia no rastreamento das alterações do crescimento fetal, das alterações no volume de líquido amniótico e de gestação múltipla, e ausculta dos batimentos cardíacos fetais com o sonar Doppler a partir de 9 a 12 semanas de gestação. Posicionamento: No início da gravidez, a paciente pode ser examinada no decúbito dorsal. Nos trimestres posteriores, a paciente deve adotar uma posição semissentada com os joelhos dobrados ou em uma posição de decúbito discretamente inclinada para a esquerda. Layslla Amaral, 4° semestre 13 Faça com que o toque e o movimento de suas mãos sejam confortáveis ao examinar a gestante. Aqueça as mãos e use uma palpação firme, mas gentil, em vez de pressão abrupta ou compressão. Quando possível, mantenhas os dedos da mão estendidos e unidos em um contato contínuo e delicado com a pele na superfície abdominal. As superfícies palmares das pontas dos dedos são as mais sensíveis. • Inspeção geral: avalie a saúde geral, o estado emocional, o estado nutricional e a coordenação neuromuscular da paciente quando ela entra na sala e caminha até a mesa de exame. - Altura e peso: Tratando-se mais especificamente do peso, sabe-se que o ganho adequado para uma paciente, segundo o Ministério da Saúde, fica no intervalo de 11,5 e 16 kg. -Temperatura; -Respiração: atenção para o terceiro trimestre, pois o crescimento uterino eleva o diafragma, o que pode levar a um quadro de dispneia. -Pulso; -Pressão arterial: quadros hipertensivos, como hipertensão gestacional, hipertensão crônica e pré- eclâmpsia, são muito temidos durante a gravidez e, em virtude disso, a verificação da pressão arterial deve ser uma constante em todas as consultas de pré-natal. A PA, idealmente, deve estar abaixo de 140/90mmHg. Caso a PA seja conhecida, a sistólica não pode ultrapassar 30mmHg do normal e a diastólica, 15mmHg. 1) Hipertensão gestacional: pressão Arterial Sistólica (PAS) ≥ 140 e Pressão Arterial Diastólica (PAD) ≥ 90. Surgimento após a 20ª semana de gestação e sem proteinúria. 2) Hipertensão crônica: PAS ≥ 140 e PAD ≥ 90 antes da gravidez, anterior a 20ª semana de gestação e após a 12ª semana de pós-parto; 3) Pré-eclâmpsia: PAS ≥ 140 e PAD ≥ 90. Surgimento após a 20ª semana de gestação e com proteinúria. Além da Layslla Amaral, 4° semestre 14 proteinúria e hipertensão, há edema; 4) A eclâmpsia apresenta as mesmas características da pré-eclâmpsia, porém com o acréscimo de convulsão. -Circunferência abdominal: 90-92 em gestantes a termo não obesas; -Faces: Áreas castanhas irregulares na testa, nas bochechas, no nariz e na mandíbula são conhecidas como cloasma ou melasma, a “máscara da gravidez”, um achado dermatológico normal durante a gravidez; - Cabelo: pode ficar seco, oleoso ou escasso durante a gravidez; -Olhos: observar a coloração das conjuntivas (a gestante possui uma tendência à anemia, quadro de hemodiluição por aumento do volume plasmático conhecido como anemia fisiológica da gestação, devido à queda do hematócrito e da hemoglobina); -Nariz: Inspecione as mucosas e o septo. Congestão nasal e sangramentos nasais são mais comuns durante a gravidez devido à congestão vascular decorrente do aumento do volume sanguíneo circulante; - Boca: avaliar gengivas e dentes. Em relação aos últimos, sabe-se que infecções podem levar à prematuridade e a baixo peso ao nascimento; - Tireoide: esperado um discreto aumento simétrico da glândula devido a efeitos hormonais (mais evidente a partir da 20a semana de gestação). Portanto, sempre inspecionar e palpar a tireoide. Aumento da tireoide, bócio e nódulos são anormais e exigem investigação; -Toráx e pulmões: inspecione o tórax para avaliar os contornos e os padrões respiratórios. Efetue a percussão para observar a elevação diafragmática que pode ser detectada já no primeiro trimestre. Ausculte para verificar a existência de sons respiratórios normais, sem sibilos, estertores ou roncos; -Coração: Palpe o impulso apical, que está desviado para cima e para a esquerda, na direção do quarto espaço intercostal pelo crescimento do útero. Ausculte o coração. Procure um zumbido venoso (venous hum) ou um sopro mamário contínuo (mammary souffle), encontrado com frequência na gravidez em decorrência do aumento do fluxo sanguíneo pela vasculatura das mamas. Avalie dispneia e sinais de insuficiência cardíaca para detectar uma possível miocardiopatia periparto, em particular nos últimos estágios da gravidez Layslla Amaral, 4° semestre 15 Sopros podem indicar anemia, mas também podem estar relacionados ao aumento fisiológico do volume de sangue circulante. Um sopro diastólico na gravidez nunca é normal e deve ser investigado com mais atenção. • Exame das mamas: O exame das mamas é semelhante ao realizado em pacientes não gestantes, mas com algumas diferenças dignas de nota. Na gravidez, as mamas apresentam importantes modificações, como proliferação das glândulas, aumento do volume, edema, vasodilatação (rede venosa de Haller), aumento da pigmentação da aréola primária, aparecimento da aréola secundária e hipertrofia das glândulas sebáceas do mamilo (tubérculos de Montgomery). - Inspecione a simetria e a cor das mamas e dos mamilos. As alterações normais incluem um padrão venoso pronunciado, mamilos e aréolas mais escuros e glândulas de Montgomery proeminentes, que tipicamente regridem após o parto. -Palpe a procura de massas e linfonodos axilares. As mamas normais podem estar doloridas e nodulares durante a gravidez -Comprima cada mamilo entre seu polegar e o dedo indicador; pode ocorrer expressão de colostro dos mamilos nos trimestres mais tardios. Assegure à paciente que isso é normal e que ela também pode apresentar uma “descida de leite”, extravasamento espontâneo leve muitas vezes acompanhado por uma sensação de cãibra na mama durante um banho quente ou um orgasmo no terceiro trimestre. ►Com 8 semanas de gestação: • Congestão mamária: hipertrofia. • Aréola primária: aréola hiperpigmentada. • Tubérculos de Montgomery: 12-15 glândulas mamárias acessórias ou sebáceas hipertrofiadas. ►Com 16 semanas de gestação: • Colostro: líquido que sai da mama e precede o leite materno. É possível verificar com a expressão. • Rede venosa de Haller: aumento da circulação venosa formando uma rede visívelsob a pele transparente das mamas. ►Com 20 semanas de gestação: • Sinal de Hunter: desenvolvimento da aréola secundária, escurecimento das mamas. Layslla Amaral, 4° semestre 16 • Exame obstétrico: Para o exame abdominal, ajude a paciente a passar para uma posição semissentada com os joelhos flexionado. Inspeção: ►Verificar o formato do abdome (plano, abaulado, ovoide ou globoide). Atentar também para modificações na pele, como a presença de: • Cicatrizes (investigar cirurgia de cesárea anterior). •Melasma ou cloasma. • Estrias (que são rupturas de fibras elásticas; quando recentes, são vermelhas ou azuladas e quando tardias, brancas). • Linha nigra: escurecimento da linha alba. • Edema. • Aumento exagerado do volume abdominal, indicativo de alterações importantes (polidrâmnio, gemelaridade e obesidade). Palpação: ►Verificar a consistência uterina: • Cística (líquido amniótico). • Elástica (parede uterina). • Pastosa (placenta). A palpação obstétrica deve ser realizada antes da medida da altura uterina. Ela deve iniciar-se pela delimitação do fundo uterino, bem como de todo o contorno da superfície uterina (este procedimento reduz o risco de erro da medida da altura uterina). A identificação da situação e da apresentação fetal é feita por meio da palpação obstétrica, procurando- se identificar os polos cefálico e pélvico e o dorso fetal, facilmente identificados a partir do terceiro trimestre. Manobras de Leopold: As manobras de Leopold são usadas para determinar a posição fetal no abdome materno a partir do segundo trimestre; a exatidão é maior após 36 semanas de gestação. Layslla Amaral, 4° semestre 17 • Primeira manobra (polo fetal superior). Fique ao lado da gestante, de frente para a sua cabeça. Palpe com delicadeza a parte mais alta do útero gravídico, com as pontas dos dedos unidas, para determinar qual parte fetal está localizada no fundo do útero, que é o “polo fetal superior”; • Segunda manobra (laterais do abdome materno). Coloque uma mão em cada lado do abdome da gestante, capturando o corpo do feto entre elas. Estabilize o útero com uma das mãos e palpe o feto com a outra, procurando o dorso em um lado e as extremidades no outro. • Terceira manobra (polo fetal inferior e descida para a pelve). Coloque as superfícies palmares das pontas dos dedos sobre o polo fetal, logo acima da sínfise púbica. Palpe a parte de apresentação fetal, avaliando a textura e a firmeza para distinguir a cabeça das nádegas. Avalie a descida, ou o encaixe, da parte de apresentação na pelve materna. • Quarta manobra (flexão da cabeça fetal).Usando uma mão de cada vez, deslize os dedos para baixo em cada lado do corpo fetal até atingir a “proeminência cefálica”, ou seja, onde estiver a projeção da sobrancelha ou do occipício fetal. Layslla Amaral, 4° semestre 18 • Medida da altura uterina: Com a mão direita, fixar a extremidade inicial (0 cm) da fita métrica, flexível e não extensível, na borda superior da sínfise púbica, passando-a entre os dedos indicador e médio da mão esquerda ou pela borda cubital esquerda. Proceder à leitura quando a borda cubital da mão atingir o fundo uterino. Passo a passo: 1) Posicione a gestante em decúbito dorsal, com o abdome descoberto. 2) Por meio da palpação, procure corrigir a dextroversão uterina. Delimite a borda superior da sínfise púbica e o fundo uterino. 3) Fixe a extremidade inicial da fita, na borda superior da sínfise púbica com uma das mãos, passando-a entre os dedos indicador e médio. 4) Deslize a fita métrica entre os dedos indicar e médio da outra mão até alcançar o útero com a margem cubital da mesma mão. 5) Proceda à leitura quando a borda cubital da mão atingir o fundo uterino. Layslla Amaral, 4° semestre 19 Ausculta de batimentos cardiofetais: O objetivo é: verificar a vitalidade do feto, por meio dos batimentos, reconhecera gravidez única ou múltipla, confirmar o diagnostico da apresentação da posição fetal. Obs: frequência cardíaca fetal considerada normal é entre 120 a 160 bpm. Como realizar? - Posicione a gestante em decúbito dorsal, com o abdômen descoberto; - Identifique o dorso fetal. Além de realizar a palpação, deve-se perguntar a gestante em qual lado ela sente mais os movimentos fetais, o dorso estará do lado oposto; -Segure o estetoscópio de Pinard pelo tubo, encostando a extremidade d abertura mais ampla no local previamente identificado como corresponde ao dorso fetal; -Encoste o pavilhão da orelha na outra extremidade do estetoscópio; -Faça com a cabeça, leve pressão sobre o esteto, e só então, retire a mão que segura o tubo; -Procure o ponto de melhor ausculta e controle o pulso da gestante para identificar se os batimentos são dele ou do bebê;