Prévia do material em texto
Revisão Para a Prova
Testes de personalidade.
Os testes de personalidade envolvem confrontos padronizados que instigam e avaliam diferenças individuais reveladoras nas reações.
Os testes objetivos têm respostas corretas que são facilmente medidas e definidas, mas podem não compreender os aspectos mais sutis da personalidade.
Os testes subjetivos valem-se de interpretações feitas por observadores ou por aqueles que aplicam os testes, mas podem gerar desacordos no que se refere às interpretações.
A melhor avaliação conta com vários instrumentos de medida para pintar o retrato de um indivíduo.
Os testes de personalidade devem ser confiáveis. A confiabilidade refere-se à consistência das classificações; as pessoas devem receber classificações semelhantes no mesmo teste, em diferentes ocasiões porque se presume que a personalidade é relativamente estável.
A Psicologia da personalidade pode ser definida como o estudo científico das forças psicológicas que tornam as pessoas únicas.
A personalidade tem oito aspectos principais:
1º- aspectos inconscientes: forças que não estão na consciência imediata.
2º- forças do ego: oferece um sentimento de identidade ou self.
3º- ser biológico: uma única natureza genética, física, fisiológica e temperamental.
4º- condicionados ou modelados: pelas experiências e pelo ambiente à sua volta.
5º- dimensão cognitiva: pensam e interpretam ativamente o mundo a seu redor.
6º- conjunto de traços, habilidade e predisposições específicos: cada pessoa tem determinadas capacidades e inclinações.
7º- dimensão espiritual: em relação a própria vida, que faz ponderar sobre o significado de sua existência.
8º- interação contínua: entre pessoa e determinado ambiente.
A principal contribuição da teoria da evolução darwinista para a psicologia da personalidade foi a maneira pela qual ela libertou o pensamento das suposições de controle divino.
A teoria moderna sobre a personalidade, década de 30 em diante, foi grandemente influenciada por Allport, Lewin e Murray.
Allport definiu a personalidade como “a organização dinâmica dos sistemas psicofísicos dentro do indivíduo que determinam sua adaptação pessoa ao respectivo ambiente”.
Lewin enfatizou que as forças que influenciam uma pessoa mudam de tempos em tempos e de uma situação para outra. As teorias modernas adotaram essa ênfase sobre a condição atual de uma pessoa em determinada circunstância.
Murray define personalidade como o “ramo da psicologia que se preocupa principalmente com o estudo sobre a vida humana e os fatores que influenciam seu curso”.
Os três preparam o terreno para a teoria moderna sobre a personalidade, ressaltando que o ser humano como um todo é que deveria ser o foco dos estudos, e não partes de sua essência ou grupo de organismos.
Os testes de personalidade devem ser confiáveis. A confiabilidade refere-se à consistência das classificações; as pessoas devem receber classificações semelhantes no mesmo teste, em diferentes ocasiões porque se presume que a personalidade é relativamente estável.
As boas avaliações levam em conta que os padrões básicos permanecem estáveis, mesmo que respostas cotidianas pareçam mudar. (Entretanto, a personalidade pode mudar a longo prazo ou em resposta a acontecimentos traumáticos.)
A confiabilidade de consistência interna examina as subpartes de um teste de personalidade. A confiabilidade teste-reteste compara as classificações em diferentes ocasiões, normalmente várias semanas depois.
Um dos maiores triunfos da avaliação da personalidade no século passado foi o desenvolvimento de vários tipos diferentes de testes válidos.
Os testes de personalidade mais comuns e fáceis de administrar dependem do auto relato das pessoas que estão sendo testadas; dentre eles estão o MMPI, o Personality Research Form, o Millon e o NEO-PI.
As avaliações biológicas modernas da personalidade baseiam-se na suposição de que a resposta está no sistema nervoso.
As atuais e excelentes experiências de avaliação nessa área concentram-se no cérebro, medindo o potencial eliciado por eletroencefalogramas (EEG), e no metabolismo da glicose (por meio da tomografia de emissão de pósitrons, PET).
A observação comportamental, como enumerar as experiências ou os comportamentos de uma pessoa, é outra técnica que se mostrou valiosa.
O experimentador que telefona ou envia mensagem por meio de um bipe a uma pessoa, para que ela faça anotações diárias sobre a atividade que está praticando naquele momento ou sobre processos de reflexão, está empregando o método de avaliação de amostragem de experiências.
A entrevista clássica da psicologia é a entrevista clínica, na qual o cliente fala sobre partes importantes ou problemáticas da própria vida.
Nos últimos anos, em geral, as entrevistas de avaliação tornaram-se mais sistemáticas ou estruturadas. Em vez de acompanhar os meandros do entrevistado, o entrevistador segue um plano definido.
No caso da entrevista estruturada Tipo A, a avaliação da personalidade baseia-se em parte nas respostas verbais e em parte nas respostas vocais não-verbais, como a sonoridade e a velocidade da fala.
Os indícios não-verbais da forma de expressão são na realidade uma maneira interessante e subutilizada de avaliar a personalidade.
Por exemplo, a forma de expressão é uma maneira excelente de avaliar o carisma pessoal. Em contraposição, cartas e diários (que contêm indícios não-verbais) podem ser excelente fonte de informações para o estudo sobre a mudança de personalidade porque fornecem dados de várias épocas.
Os testes projetivos, como o Rorschach, apresentam um estímulo desestruturado e possibilitam que a pessoa "projete" suas motivações internas no teste do avaliador.
Nesses testes, incluem-se atividades como desenhar uma figura, narrar uma história, completar uma frase ou fazer associações entre palavras. O principal inconveniente dos testes projetivos é o problema de classificação.
As interpretações pessoais do examinador podem oferecer-nos informações elucidativas interessantes para fazer um acompanhamento, mas não há nenhuma confiabilidade. Isto é, diferentes examinadores, ou o mesmo examinador mas em outra ocasião, podem ter interpretações diferentes.
Esse problema pode ser parcialmente solucionado treinando os classificadores em um esquema de classificação padronizado.
Se quisermos compreender com precisão determinado indivíduo, precisamos conhecer seu meio cultural e sua identidade cultural.
Isso é particularmente verdadeiro quando a cultura desse indivíduo não é a que está em voga. Por exemplo, experiências disparatadas foram feitas para avaliar a personalidade dos afro-americanos sem que houvesse algum esforço para compreender a cultura afro-americana.
Perspectiva Psicanalítica da Personalidade
Inconsciente: Para Freud, biólogo evolutivo, os sonhos eram produto da psique do indivíduo. Para ele, os sonhos eram fragmentos e sinais do inconsciente — parte inacessível da mente ao pensamento habitual e consciente (Freud. 1915).
De acordo com a teoria psicanalítica, os sonhos (na realidade a maior parte dos aspectos da experiência psicológica) têm dois níveis de conteúdo — conteúdo manifesto e conteúdo latente.
O conteúdo manifesto é aquilo de que a pessoa se lembra, e sobre o que ela conscientemente reflete.
O conteúdo latente é o significado encoberto.
Poderíamos comparar os sonhos com os icebergs — uma pequena parte flutua na superfície, mas a maior parte está escondida sob as águas. Essa é a marca da abordagem psicanalítica da personalidade — o conceito de que o que vemos na superfície (o que é manifesto) é apenas representação parcial da vastidão que está por baixo (o que é latente).
A implicação disso para a compreensão da personalidade é qualquer ferramenta ou teste de avaliação que se valha da resposta ou do auto relato consciente das pessoas ser necessariamente incompleto; essas ferramentas ou testes captam apenas o conteúdo manifesto. O inconsciente pode manifestar-se simbolicamente em um sonho.
Fase oral: os bebês, impulsionados a satisfazer suas pulsões de fomee sede, procuram o peito da mãe ou a mamadeira, bem como a segurança e o prazer que a amamentação proporciona. Felizmente, ou infelizmente, em algum momento, o bebê tem de parar de mamar e ser desmamado. Isso cria conflito entre o desejo de permanecer em um estado de segurança dependente e a necessidade biológica e psicológica de ser desmamado (“crescer”). Esse é um exemplo de conflito entre o id e o ego.
Alguns bebês resolvem facilmente esse conflito e redirecionam sua energia psicossexual (libido) para outros desafios. Algumas crianças, porém, têm dificuldade para fazer essa transição e de acordo com a teoria psicanalítica, tais crianças permanecem preocupadas em ser cuidadas ou em cuidar de, conservando sempre na boca a substância desejada. Tecnicamente, diz-se que elas ficaram fixadas na fase oral.
Fase anal: a criança de 2 anos, seguindo as pulsões do id, sente prazer no alívio — na diminuição da tensão — proporcionado pelo ato de defecar. Os pais, entretanto, querem controlar quando e onde a criança urina e defeca. Em outras palavras, os pais querem a proscrição da sociedade contra a defecação desenfreada representada no superego da criança.
Algumas crianças aprendem prontamente a adquirir esse autocontrole e isso se torna um aspecto saudável de sua personalidade. Outras exageram o aprendizado e começam a ter prazer em reter as fezes para manter algum controle sobre os pais. Elas soltam as fezes apenas quando estão seguras e dispostas. (A retenção de fezes por parte de algumas crianças chega a ameaçar tão seriamente sua saúde que elas precisam tomar laxantes.) Além disso, outras crianças lutam contra o esforço de controlar o ato de urinar e defecar, tentando manter liberdade total de ação. Segundo a teoria psicanalítica, esses padrões prosseguem durante toda a vida.
Fase fálica: por volta dos 4 anos, a criança entra na fase fálica, estágio em que a energia sexual concentra-se nos órgãos genitais. As crianças podem examinar o próprio órgão sexual e masturbar-se, mas a masturbação em público não é socialmente aceita. Da mesma forma, em várias famílias, a masturbação em lugares reservados é proibida pelos pais, o que pode ameaçar os filhos e desencadear consequências terríveis. A partir dessa fase, as crianças passam também a se concentrar nas diferenças entre garotos e garotas. Por volta dos 6 anos, a maioria já tem boa percepção de sua identidade de gênero. O que é central nessa fase da teoria freudiana é o complexo de Édipo.
Fase genital: Se uma pessoa vencer os vários desafios da primeira infância e ainda assim tiver energia sexual (isto é, não tiver fixações significativas), podemos supor que terá uma vida razoavelmente bem ajustada, dominada pela fase genital.
Freud tinha razão em propor que experiências da infância que se desviam dos padrões podem gerar idiossincrasias ou problemas de personalidade. Na verdade, essa suposição é a base de grande parte da psicoterapia dos dias de hoje, segundo a qual o ambiente inicial estabelece o padrão da vida posterior (Horowitz, 1998). Contudo, parece que Freud estava no caminho errado ao assumir que são as pulsões sexuais da infância que surgem repentinamente na adolescência.
Antes do século XX e antes do trabalho de Sigmund Freud, não havia psicologia da personalidade. Porém, até que Freud, seguindo o exemplo de Darwin, começou a investigar os fundamentos — as funções — da mente humana, não havia uma psicologia da personalidade e do comportamento humano. E não havia psicoterapia.
Freud revolucionou ainda mais a psicologia quando enfatizou que a sexualidade era o principal elemento da personalidade. Ele, portanto, ressaltou a importância das primeiras experiências da infância para a personalidade adulta. Essa suposição foi quase totalmente aceita nos círculos científicos, assim como pela cultura popular. Poucas pessoas, hoje, duvidam de que o tratamento negligente ou ofensivo a uma criança pequena — cm particular o abuso sexual — pode gerar influências devastadoras ao longo de toda a sua vida. Freud, além disso, afirmou que a essência da personalidade era formada por volta dos 5 anos, ideia também amplamente aceita. A importância dos primeiros anos na vida futura é pouco discutida, embora a abordagem de Freud sobre o desenvolvimento tenha sido estendida para a vida toda por outros estudiosos.
Pelo tato de as pessoas cm geral não terem consciência de suas pulsões e conflitos internos, Freud foi levado a investigar e a desenvolver uma outra contribuição influente — o conceito de inconsciente. A veracidade dos lapsos freudianos e a possibilidade de analisar os sonhos são amplamente aceitas. Isso, por sua vez, abriu caminho para a investigação de diferentes estruturas da mente.
Na medida em que a psicanálise considera o comportamento uma função dos conflitos internos, a abordagem passa a ter uma visão pessimista e determinista da personalidade. Além disso, ela segue uma orientação que busca compreender a patologia.
Perspectiva neo-analítica da personalidade: identidade
O inconsciente coletivo, talvez o mais controvertido, compreende um nível bem mais profundo de inconsciência e é composto de símbolos emocionais poderosos denominados arquétipos.
Esses arquétipos originaram-se das reações emocionais de nossos ancestrais a eventos que se repetem continuamente, como o nascer e o pôr-do-sol, a mudança das estações, e relações interpessoais que se repetem, como mãe-filho. A existência desses arquétipos ou padrões emocionais predispõe-nos a reagir de maneira previsível a estímulos comuns e recorrentes. Jung descreveu vários arquétipos diferentes, dentre eles o herói, o sábio ancião, o trapaceio e a sombra.
Jung postulou que a mente tem quatro funções: (1) sensação (“Há alguma coisa ali?”); (2) pensamento (“O que é aquilo ali?"); (3) sentimento ("Que valor tem isso?"); e (4) intuição (“De onde vem isso e para onde está indo?"). As funções pensamento e sentimento foram chamadas por Jung de racionais porque envolvem julgamento e ponderação. Em contraposição, as funções sensação e intuição foram denominadas irracionais porque a ponderação consciente praticamente não existe nesses processos. Embora todas essas funções existam em todos os indivíduos, uma delas normalmente é dominante.
Além dessas quatro funções. Jung descreveu duas principais atitudes: a extroversão e a introversão. Os extrovertidos direcionam a libido (energia psíquica) para coisas do mundo externo, enquanto os introvertidos concentram-se mais no mundo interior. Essas duas atitudes, combinadas com as quatro funções, geram oito tipos possíveis de personalidade.
Erik Erikson
Para Erikson, a fase adulta não era simplesmente uma reação às experiências na infância, mas um processo de desenvolvimento continuo influenciado por seus próprios estágios anteriores.
Erikson defende que a formação da identidade é um processo que dura a vida toda, rejeitando em parte as ideias europeias de que a personalidade é fixa e a vida é determinada; em vez disso, ele adotou o ponto de vista americano, mais filosófico, de que os indivíduos podem, e de fato experimentam, mudanças significativas. Nesse ponto de vista está implícito que o indivíduo deve assumir alguma responsabilidade pessoal pela própria vida.
Segundo Erikson, a personalidade (na verdade, Erikson focalizou a identidade) desenvolve-se ao longo de uma série de oito estágios a medida que a vida se desdobra (Erikson, 1965, 1978). O produto de cada estágio (isto é, a personalidade resultante) depende até certo ponto do produto do estágio anterior, e a negociação eficaz em cada estágio das crises do ego é fundamental para o crescimento favorável. Ele usou como base as fases de desenvolvimento psicossexual propostas por Freud; de fato seus primeiros cinco estágios refletem as crises do ego que estão entrelaçadas com as fases de Freud.
Perspectivas biológicas da personalidade
(a) Uma das mais interessantes evidências dos efeitos do temperamento biológico sobre a personalidade provém do trabalho do falecido psicólogo britânico Hans Eysenck, particularmente naárea da introversão-extroversão. Os introvertidos em geral são quietos, reservados e pensativos. Os extrovertidos são ativos, sociáveis c expansivos. A dimensão introversão-extroversão, portanto, agrupa elementos da dimensão atividade e da dimensão sociabilidade do temperamento. Embora as noções sobre introversão-extroversão apareçam em várias teorias da personalidade, Eysenck relaciona essa dimensão diretamente ao sistema nervoso central. A teoria de Eysenck sobre personalidade é biologicamente fundamentada.
A ideia básica por trás disso é a de os extrovertidos terem um nível relativamente baixo de excitação cerebral e, portanto, procurarem estimulação. Eles querem fazer coisas 'animadas'. No caso dos introvertidos, acredita-se que o nível de excitação do sistema nervoso central seja mais alto e, portanto, eles tendam a se esquivar de ambientes sociais estimulantes.
EFEITOS GENÉTICOS POR MEIO DO TEMPERAMENTO
No domínio humano, entretanto, os conselheiros e psicólogos infantis normalmente se surpreendem quando ficam sabendo que as chamadas crianças problemáticas, meninos e meninas particularmente agressivos ou hiperativos, as vezes provêm de famílias muito estáveis e afetuosas; os pais dessas crianças lamentam (em geral corretamente) que seus filhos tivessem nascido desse jeito. Logo, tendo em vista as notáveis limitações das explicações puramente ambientais, a atenção a teorias e pesquisas sobre o temperamento tem aumentado dia a dia.
Embora haja diferentes causas e modelos de temperamento, a maioria concorda com os quatro aspectos básicos de temperamento seguintes (Buss & Plomin, 1984; Rothbart, 1981: Thomas, Chess & Korn, 1982). Em primeiro lugar, há a dimensão atividade. Algumas crianças quase sempre agem vigorosamente, enquanto outras são mais passivas. Em segundo, há a dimensão emotividade. Algumas crianças são facilmente incitadas à raiva ou ao medo ou a outras emoções, enquanto outras são mais tranquilas e estáveis. Em terceiro lugar, há a dimensão sociabilidade. As crianças sociáveis aproximam-se e apreciam outras pessoas. Em quarto, há a dimensão agressividade/impulsividade, que descreve até que ponto as crianças são agressivas e frias, não conscienciosas e amigáveis.
Perspectiva behaviorista e da aprendizagem sobre a personalidade
Watson estava proclamando muito mais que uma teoria específica sobre a personalidade; ele estava adotando uma visão de mundo em que o ambiente é a solução para compreender uma pessoa. Consequentemente, se as crianças forem criadas de modo apropriado, vão se comportar de maneira adequada, porque sua personalidade é uma função do ambiente. Foram as suposições de Watson que fundamentaram o trabalho de B. F. Skinner.
Skinner veio a afirmar que poderia remontar seus comportamentos adultos aos reforça mentos recebidos na infância, não ao 'desenvolvimento da personalidade’ descrito por teóricos da personalidade tais como Freud e Jung. Skinner ressaltou que não havia dúvida de que a sua pessoa e personalidade resultavam do histórico de reforçamento recebido na infância — as recompensas e punições que tinha experimentado. Sua vida e sua personalidade, afirmou ele, haviam sido determinadas e controladas por eventos ambientais.
Skinner tornou-se uma espécie de adestrador de animais ao usar os princípios que ele havia desenvolvido fazia pouco tempo denominando-os condicionamento operante, ou seja, o comportamento é modificado por suas consequências.
A teoria de Skinner sobre o condicionamento operante enfatiza o estudo do comportamento público e observável, as condições ambientais e o processo pelo qual os acontecimentos circundantes determinam o comportamento. Portanto, essa teoria ressalta a função do comportamento (o que ele faz), em vez da estrutura da personalidade. Essa teoria é também determinista; nela não há de forma alguma o livre-arbítrio.
Suas investigações levaram-no a inventar o que às vezes é chamado de caixa de Skinner. Nesse recinto, o animal (ou uma criança) era separado de todas as influências ambientais irrelevantes, exceto aquelas sob o controle do experimentador. No caso dos animais, a caixa continha uma alavanca (para ser pressionada pelo rato) ou um pino (para que o pombo pudesse tocar com o bico). Quando o animal tocava na alavanca ou no pino, uma bolinha de comida era liberada (fornecendo reforço positivo), ou interrompia-se a administração de um estímulo aversivo, tal como o choque (fornecendo reforço negativo).
De acordo com Skinner, a psicopatologia é aprendida ou adquirida da mesma maneira que todos os outros comportamentos: a personalidade adaptativa ou mal-adaptativa (isto é, o comportamento) é adquirido por reforçamento. As pessoas não aprenderam a reação apropriada e apresentam um déficit comportamental, ou então aprenderam a reação errada. Além disso, alguns indivíduos podem ter sido punidos por comportamentos adaptativos. Portanto, o tratamento para “doenças mentais” é estabelecer contingências ambientais que recompensem comportamentos desejáveis.
Perspectiva cognitiva da personalidade.
Para citar um exemplo de abordagem perceptual-cognitiva, antiga mas influente, que se desenvolveu diretamente da psicologia da Gestalt, vejamos o fenômeno chamado dependência de campo. Todos os indivíduos têm uma forma distinta, constante e cognitiva de lidar com suas tarefas diárias de percepção, solução de problemas e tomada de decisões.
Falar de um estilo de cognição já bem investigada é a dependência de campo. As pessoas altamente dependentes de campo quando vão solucionar algum problema são muito influenciadas por aspectos do contexto (ou campo) em que o problema ocorre; aqueles salientes (altamente perceptíveis), mas não diretamente relevantes para a solução. Outras pessoas são independentes de campo e não tão influenciadas por fatores contextuais.
Em situações simples, há um benefício em ser independente de campo — você consegue encontrar a resposta certa —, mas, na maior parte das situações que as pessoas em geral enfrentam, nenhum dos dois extremos, sem exceção, é preferível. As pessoas, em sua maioria, incluem-se próximo ao centro desse continuum, combinando características de dependência e independência de campo.
O estilo independente de campo é mais analítico e admite níveis mais complexos de reestruturação na solução de problemas. O comportamento desses indivíduos e mais influenciado por aspectos internalizados da situação em que está solucionando um problema. A pessoa dependente de campo, por sua vez, tem uma sensibilidade maior ao contexto de um problema e tende a ser mais holística e intuitiva ao solucioná-lo. Além disso, as pessoas dependentes de campo são mais sensíveis ao contexto social e interpessoal.
Albert Bandura, teórico sociocognitivo cuja principal obra aborda a natureza da aprendizagem observacional, concentra-se nesse aspecto fundamental do comportamento humano, bem como na maneira pela qual a mente e exigências de dada situação combinam-se para determinar os atos de uma pessoa.
Bandura atribui um papel importante na personalidade ao que ele chama de auto sistema — conjunto de processos cognitivos por meio do qual uma pessoa percebe, avalia e regula o próprio comportamento, de modo que ele seja apropriado ao meio e eficaz para que ela alcance suas metas (Bandura, 1978). Portanto, além de o indivíduo ser influenciado por processos externos de reforçamento provenientes do ambiente, seu comportamento também e determinado por expectativas, reforçamento esperado, pensamentos, planos e metas — ou seja, pelos processos internos do self. A natureza cognitiva ativa do indivíduo durante a aprendizagem é fundamental; em vez de apenas reagir a um reforçamento direto após um acontecimento, alterando o comportamento no futuro, a pessoa pode imaginar e antecipar os efeitos do ambiente. O indivíduo pode antever as consequências possíveis de suas próprias ações e, portanto, escolher uma ação com base na resposta esperada do ambiente e das outras pessoas que nele se encontram.
Na visão de Bandura, o que mais influencia um observador a reproduzirou não um comportamento visto são as consequências esperadas desse comportamento — sua expectativa de resultado: as pessoas tendem a imitar um comportamento que acreditam desencadear resultados positivos. A expectativa de resultado baseia-se não apenas nas consequências observadas de reforçamento ou punição, mas também em consequências antecipadas (Bandura b Walters, 1963).
Formou teorias sobre mecanismos pelos quais as pessoas podem aprender apenas observando o comportamento de outras — aprendendo sem levar a cabo o comportamento e sem serem diretamente recompensadas ou punidas por esse comportamento. Isso é denominado aprendizagem observacional ou aprendizagem vicariante (vicariante pelo fato de ser ganha de segunda-mão, observando-se a experiência de outra pessoa). É também mencionada como modelação, o que significa que uma pessoa modela-se à imagem de outra.
Entretanto, segundo a visão de Bandura, as pessoas não copiam descuidadamente o comportamento dos outros, mas decidem de modo consciente se vão ou não se comportar de acordo com o comportamento aprendido pela observação.
Bandura (1997), portanto, acrescenta elementos cognitivos mais importantes à sua fórmula: a característica da personalidade conhecida por auto eficácia. Essa auto eficácia é uma expectativa — uma crença (expectativa) sobre quanto competente alguém é apto a manifestar um comportamento em determinada situação. A auto eficácia positiva é a convicção de que alguém está apto a manifestar com sucesso um comportamento. Sem o sentimento de auto eficácia (convicção muito específica à situação), a pessoa será bem menos propensa a sequer tentar manifestar um comportamento. De acordo com Bandura, a auto eficácia determina se tentaremos de algum modo agir, por quanto tempo persistiremos frente às dificuldades ou fracassos e como o sucesso ou o fracasso em uma atividade afetará nosso comportamento futuro.
Perspectivas do traço e da habilidade sobre a personalidade
Allport definiu personalidade como “a organização dinâmica dos sistemas psicofísicos no indivíduo, que determinam seu comportamento e modo de pensar característicos” (1961. p. 28). De acordo com essa visão, cada um de nós tem qualidades únicas e fundamentais. Nos últimos anos, algumas abordagens influentes da personalidade ampliaram o foco sobre o indivíduo para igualmente incorporar aspectos da situação. Esse conceito de personalidade é a perspectiva essencial de traços, pois, vê, no indivíduo, a personalidade como uma organização.
.De acordo com Allport, um traço é uma estrutura interna que “transmite vários estímulos funcionalmente equivalentes" e pode “orientar formas equivalentes de comportamento adaptativo e expressivo" (1961, p. 347). A equivalência funcional é a essência da abordagem de traços de Allport.
Pelo fato de as pessoas terem herança biológica comum e pertencerem a uma mesma cultura, e consequentemente terem herança cultural comum, faz sentido presumir que tenham também em comum várias estruturas de organização (traços). Allport atribuiu a isso o termo traços comuns. Os traços comuns são aqueles que pessoas de uma mesma população compartilham; são dimensões básicas.
Allport usou em algumas ocasiões o termo proprium para referir-se à essência da personalidade. (Proprium significa simplesmente a própria pessoa ou o self dela.) Com isso ele disse que há camadas na psique humana que abrangem um núcleo irredutível, o qual define quem somos.
Aprendemos a reconhecer milhares de pessoas diferentes por sua face. Nunca duas pessoas são exatamente semelhantes (exceto no caso de gêmeos idênticos). Logo, não deveria causar surpresa o fato de duas personalidades nunca serem exatamente semelhantes. Para compreender integralmente os indivíduos, precisamos usar métodos que levem em conta a singularidade de cada pessoa. Esses métodos são denominados idiográficos.
Um amplo leque de pesquisas, que foi iniciado na década de 60 e ganhou velocidade nas de 80, 90 e 2000, convergiu na ideia de que a maioria das abordagens de traços comuns da personalidade pode ser apreendida por meio de cinco dimensões. Relacionadas a seguir, essas dimensões ou fatores da personalidade vieram a ser chamados de os Cinco Grandes:
Extroversão (também chamada de expansão): As pessoas extrovertidas tendem a ser ativas, entusiásticas, dominantes, sociáveis e loquazes. As pessoas introvertidas tendem a ser tímidas, retraídas, submissas e quietas.
Amabilidade: As pessoas agradáveis são amáveis, cooperativas, confiáveis e afetuosas. As pessoas com uma classificação baixa nessa dimensão são frias, briguentas e indelicadas.
Conscienciosidade (também chamada de falta de impulsividade): As pessoas conscienciosas são geralmente cautelosas, dignas de confiança, organizadas e responsáveis. As pessoas impulsivas tendem a ser descuidadas, desordenadas e não-confiáveis. Antigas pesquisas sobre a personalidade chamavam essa dimensão de vontade.
Neuroticismo (também chamada de instabilidade emocional): As pessoas neuróticas tendem a ser nervosas, altamente sensíveis, tensas e preocupadas. As pessoas emocionalmente estáveis são calmas e satisfeitas.
Abertura (também chamada de cultura ou intelecto): As pessoas francas geralmente parecem imaginativas, espirituosas, originais e artísticas. As pessoas com uma classificação baixa nessa dimensão são superficiais, comuns ou simples.
Segundo Allport e outros, não há dúvida de que mais do que cinco dimensões de traço são necessárias para caracterizar cada um dos indivíduos — isto é, quando utilizada uma abordagem idiográfica. As cinco grandes destinam-se a análises nomotéticas, isto é, quando as mesmas dimensões são aplicadas entre indivíduos. Porém, essas cinco dimensões são suficientes para resumir traços comuns? Essa pergunta ainda não pode ser respondida. Novamente, o motivo é a não-existência de nenhuma teoria convincente e abrangente que explique por que cinco dimensões são suficientes para apreender o que precisamos saber ao comparar e contrastar os indivíduos.
A resposta de Allport a críticas desse tipo é muito perspicaz. Ele não dispensa a busca nomotética de traços comuns (a procura de leis gerais para todas as pessoas), nem a considera fútil. Allport diz apenas que essas tentativas são inconclusivas.
Uma abordagem da personalidade que imediatamente descarta as idiográficas talvez seja também aquela que deixa escapar informações importantes e singulares sobre mulheres, pessoas idosas e as de diferentes religiões, culturas e grupos étnicos. Em conclusão, uma abordagem estritamente nomotética pode ser tão imprecisa, quanto tentar descrever a inteligência de Einstein de acordo com um fator g de inteligência geral que pode ser medido em todas as pessoas.
Perspectivas humanista e existencial sobre a personalidade
Em virtude de o existencialismo sustentar que é simplificação exagerada achar que as pessoas são controladas por leis físicas imutáveis, essa abordagem não é determinística. Ou seja, as pessoas não podem ser vistas corretamente como peças de uma vasta engrenagem. Essa abordagem, portanto, incentiva teorias que levam em conta problemas de iniciativa individual, criatividade e autossatisfação. Esses são particularmente os assuntos de que se ocupam os psicólogos humanistas. As abordagens humanistas da psicologia da personalidade concentram-se nos aspectos efetivos e positivos do desenvolvimento e da realização dos seres humanos.
Humanismo
O humanismo é um movimento filosófico que enfatiza o valor ou mérito do indivíduo e a centralidade dos valores humanos. A abordagem humanista da personalidade, da mesma maneira, encarrega-se de assuntos sobre ética e valor pessoal.
As abordagens humanistas enfatizam a natureza criativa, espontânea e ativa dos seres humanos. Normalmente, elas são otimistas, como ao concentrarem-se na nobre capacidade humana de superar a privação e a desesperança. Contudo, não raro essas abordagens são pessimistas, como ao contemplarem a futilidade dos atos de uma pessoa. Todavia, essas abordagens tendem a adotar os aspectos espirituais e filosóficosda natureza humana (Rychlak, 1997).
Fundamentando-se no existencialismo, a abordagem humanista enfatiza o "ser" nos seres humanos. Ou seja, ela ressalta a qualidade especial efetiva e consciente dos seres humanos. A vida desenvolve-se à medida que as pessoas criam um mundo para si mesmas. Essa visão também se move com frequência do "sendo" para o "tornando-se", isto é, a personalidade saudável exibe um movimento efetivo em direção à autossatisfação.
Rogers exerceu uma tremenda influência no exercício da psicoterapia. Na terapia rogeriana, o terapeuta tende a ser acolhedor (a apoiar) e não-diretivo. O terapeuta é empático e dá ao cliente atenção positiva incondicional. Nos anos em que Rogers dedicou-se ao aconselhamento de crianças e à psicologia clínica, veio a compreender que é o cliente, e não o terapeuta, quem melhor compreende onde os problemas estão c em que direção a terapia deve prosseguir. Condizente com o ponto de vista existencial, Rogers via uma pessoa como um processo — uma constelação de potencialidades variáveis, em vez de uma quantidade fixa de traços. No ambiente psicológico de aceitação da terapia rogeriana centrada no cliente, uma pessoa aprende a deixar sua máscara cair e a tornar-se mais desprotegido e autoconfiante.
Para a mudança construtiva da personalidade durante a psicoterapia, Rogers propõe as duas condições necessárias seguintes; em primeiro lugar, o terapeuta precisa demonstrar ao cliente atenção positiva incondicional e, em segundo, o terapeuta precisa experienciar e compreender empaticamente a estrutura de referência interna do cliente e transmitir-lhe essa experiência (Rogers, 1951). Em outras palavras, um terapeuta franco e integrado pode perceber as tensões e os sentimentos incongruentes do cliente, retratá-los ao mesmo cliente e, desse modo, auxiliá-lo a se tornar mais maduro e auto integrado.